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Cris Siqueira
Colaboração para o UOL, em Las Vegas
09/11/2017 04h00
"Em 2017, a União Soviética vai se tornar capitalista, mas, para não serem
superados, os EUA vão afundar no fascismo". A profecia é de uma bruxa,
personagem da graphic novel "Sopa de Lágrimas", de Gilbert Hernandez.
Quando a história foi publicada pela primeira vez nos anos de 1980, o
cartunista californiano não poderia imaginar que organizações fascistas como
a Ku Klux Klan fossem de fato voltar às manchetes norte-americanas este ano.
"Na verdade, estas ideias sempre existiram no país. A única diferença é que
agora estão expostas na mídia e na internet", diz Hernandez, que se juntou à
resistência a Donald Trump, participando de manifestações e desenhando
cartazes que ridicularizam o presidente, acusado de estimular ideologias de
extrema direita. O artista, de família mexicana e que hoje mora em Las Vegas,
também escreveu uma história para o "The Village Voice" sobre o polêmico
muro entre os Estados Unidos e o México, uma das principais promessas de
campanha de Trump.
C O N T I N UA A P Ó S P U B L I C I DA D E
A editora Veneta está tentando tirar este atraso, focando no trabalho de Gilbert:
"Diastrofismo Humano" é a segunda parte de uma trilogia iniciada com "Sopa
de Lágrimas", lançada no ano passado. O livro inclui histórias desenhadas em
um período de quase dez anos (1987 a 1996), mas ainda assim faz sentido
como um volume avulso, oferecendo a novos leitores uma ótima oportunidade
de se familiarizar com o universo de Hernandez.
Todo dia é uma novidade, um novo escândalo. Para mim isso só mostra o quão
corrupto é o sistema. O próprio fato de ele ser presidente é culpa do colégio
eleitoral. Eles queriam o Trump, colocaram ele lá e agora não conseguem tirar.
Ele diz as coisas mais idiotas e continua lá, não vai sair. É um cara rico com um
corte de cabelo horroroso. Tinha um programa de TV. As pessoas adoram tudo
isso.
Tanto você quanto seu irmão Jaime incluem referências ao Zé do Caixão nas
suas histórias. Qual é a conexão entre o personagem e a "Love and Rockets"?
Eu assisti "À Meia Noite Levarei Sua Alma" há muitos anos e me impressionei
com as imagens. É um filme sem censura, especialmente os motivos religiosos.
Quer dizer, ele tira a coroa de espinhos de uma imagem de Jesus e usa para
espancar um homem. Ao mesmo tempo tem um lado meio "Os Três Patetas",
como quando ele aponta dois dedos para a câmera antes de arrancar os olhos
de um cara. Eu e o Jaime ficamos impressionadíssimos. Aí o Mike Vraney
[fundador da distribuidora alternativa Something Weird Video, que morreu em
2014] adquiriu os direitos e logo todo mundo começou a falar do "Coffin Joe"
["Zé do Caixão" em inglês]. Eu dizia: "A gente assistiu faz tempo". Quando ele
veio aos Estados Unidos, eu tive que ir lá tirar uma foto com ele.
Carol Kovinick Hernandez, José Mojica Marins e Gilbert Hernandez na convenção de terror e ficção científica
Horri-Fy em Los Angeles, 1994
Imagem: Arquivo pessoal
Na premiação em San Diego você disse que é jovem demais para entrar para o
Will Eisner Hall of Fame. O que este reconhecimento significa neste momento
da sua carreira?
Fico feliz por ser reconhecido, mas para mim é um processo que ainda está
em andamento. Sei que são 35 anos, e o fato de ainda desenhar gibis que as
pessoas querem ler é algo muito bom. Mas sinto que estou no meio do
caminho, tentando ainda chegar ao meu melhor trabalho.
SERVIÇO
"Diastrofismo Humano", de Gilbert Hernandez
Editora Veneta
256 páginas
Preço: R$ 89,90
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