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Farmacologia Ii
Farmacologia Ii
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Farmacocinética – Absorção,
Distribuição e Excreção
• Absorção;
• Biodisponibilidade;
• Distribuição;
• Metabolização;
• Excreção;
• Resolução da Situação Problema.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Correlacionar os aspectos teóricos da farmacocinética para as diferentes vias de adminis
tração de medicamentos.
UNIDADE Farmacocinética – Absorção,
Distribuição e Excreção
Contextualização
Para que um fármaco exerça o efeito desejado, ele necessita entrar no organismo e
se distribuir até alcançar o seu sítio de ação (ou alvo farmacológico). E, então, ele precisa
interagir com seu alvo, muitas vezes, por receptores específicos, que estão na parede da
célula ou mesmo no seu interior.
O estabelecimento de esquemas posológicos e ajustes relacionadas a situações fisioló-
gicas, tais como idade, sexo, peso e hábitos de vida são estudados pela farmacocinética.
A farmacocinética é o segmento da farmacologia responsável pelo estudo do
destino dos fármacos no organismo e corresponde aos processos de absorção,
distribuição, biotransformação (ou metabolização) e excreção da droga (ADME).
O conceito de cinética é bastante interessante, pois aprenderemos juntos como o
fármaco se movimenta pelo corpo. Vamos nessa?
Situação Problema
Para iniciar, vamos começar estudando o caso da Dona Alzira, uma senhora de 67 anos,
que foi ao geriatra para uma consulta de rotina. Na consulta, queixou-se de dores de
cabeça, então, seu médico, Dr. Milton, prescreveu um medicamento para as dores:
PRESCRIÇÃO
Nome: Alzira da Silva
Uso interno.
Figura 1
Ao chegar à farmácia, Dona Alzira questionou se o medicamento poderia ser líquido,
já que estava com dificuldade de engolir devido à idade. Vamos entender, então, as dife-
renças dessas formas farmacêuticas e os conceitos de farmacocinética?
Pense em um medicamento que é administrado por uma via e deve fazer seu efeito em um
local distante. Qual será o caminho que ele percorre?
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Droga Organismo
FARMACOCINÉTICA FARMACODINÂMICA
• Vias de administração; • Local de ação;
• Absorção; • Mecanismo de ação;
• Distribuição; • Efeitos.
• Biotransformação;
• Eliminação.
Ao analisarmos a figura acima (Figura 2), é possível visualizar a relação entre dois
conceitos importantes, farmacocinética e farmacodinâmica, que estudaremos ao longo
desta disciplina. Nesta unidade, vamos nos concentrar nos conceitos de farmacocinética.
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UNIDADE Farmacocinética – Absorção,
Distribuição e Excreção
Absorção
A absorção pode ser definida como a passagem da droga de seu sítio de administra-
ção para a corrente sanguínea. Vai influenciar diretamente o início e a magnitude do
efeito farmacológico e é um determinante para a escolha das vias de administração de
fármacos. Se há uma absorção inadequada, os efeitos farmacológicos praticamente são
inexistentes e diversos fatores podem interferir na absorção, como o pH ácido do estô-
mago, que pode destruir alguns tipos de moléculas, entre outros fatores.
Importante!
O choque reduz drasticamente o fluxo sanguíneo nos tecidos subcutâneos! Então, para
pacientes nessa condição, deve-se prensar em vias alternativas à via subcutânea.
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• Tempo de contato com a superfície de absorção: o tempo de contato também
aumenta a possibilidade de absorção. Um exemplo fácil para compreender esse
caso é a diarreia: o fármaco acaba se deslocando muito rapidamente pelo trato gas-
trintestinal, prejudicando assim a absorção. Já o retardo no transporte do fármaco
do estômago para o intestino reduz sua velocidade de absorção;
Você Sabia?
A presença de alimento no estômago dilui o medicamento e retarda o esvaziamento
gástrico. Por isso, quando um fármaco é ingerido com o alimento, em geral, será absor
vido mais lentamente. Vale lembrar que não é regra, muitas vezes, a presença de ali
mentos pode favorecer a absorção de alguns tipos de moléculas, estamos aqui avaliando
a interferência do tempo de contato com a superfície.
Biodisponibilidade
A biodisponibilidade pode ser definida pela quantidade de fármaco disponível para
ser utilizado pelo organismo. Também vai indicar a velocidade com que a droga chegará
ao sangue.
Voltando ao nosso exemplo inicial, Dona Alzira recebeu uma prescrição de 500mg
de dipirona. Ao utilizar por via oral, a dipirona tem biodisponibilidade de 90%. Mas o
que isso significa? Significa que 90% da dose inicial, ou seja, 450mg chegarão à corrente
sanguínea e estarão disponíveis nos receptores:
Biodisponibilidade 90%
Corrente Sanguínea
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UNIDADE Farmacocinética – Absorção,
Distribuição e Excreção
A biodisponibilidade será calculada pela área sob a curva da via oral dividida pela área
sob a curva da via injetável e vai indicar a proporção da via oral em relação a via injetável.
Nesse exemplo usamos a via oral, mas podemos transpor esse conceito de biodispo-
nibilidade para as outras vias de administração.
Dose máxima
Concentração Sérica do Fármaco
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Distribuição
O fármaco precisa alcançar seu órgão-alvo em concentrações terapêuticas adequadas
para exercer o efeito desejado. A distribuição inicia-se através do sistema circulatório.
Após a absorção na circulação, o fármaco é capaz de alcançar qualquer órgão e/ou teci-
do (com exceção do cérebro). Como medir a concentração do fármaco no órgão-alvo é
uma tarefa quase impossível, utilizam-se as concentrações plasmáticas. Há uma variação
na capacidade de diferentes tecidos captarem diferentes fármacos, assim como no fluxo
sanguíneo de cada órgão e tecido, que influenciarão diretamente a concentração plas-
mática e, consequentemente, a quantidade que necessitará ser administrada.
Dose
Volume de Distribuição (Vd ) =
Concentração plasmátca do fármaco
Metabolização
O processo de metabolização também é conhecido como biotransformação. Esse
processo tem como objetivo tornar a molécula do fármaco mais hidrossolúvel para faci-
litar a eliminação no organismo.
Excreção
Imediatamente após a administração, o fármaco entra no organismo e começa seu
processo de eliminação que envolve 3 vias:
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UNIDADE Farmacocinética – Absorção,
Distribuição e Excreção
Esses processos fazem com que a cada unidade de tempo, a concentração no plasma
diminua após atingir o pico de ação, como pode ser visto na figura abaixo. A eliminação
de fármacos do organismo requer que a substância seja polar para que a excreção seja
eficiente. A principal via de excreção é por meio dos rins na urina, mas os produtos
podem ser eliminados por outros meios como fezes, suor, respiração e leite materno.
Dose máxima
Concentração Sérica do Fármaco
2
Dose mínima
Tempo
1 Fase de distribuição
2 Fase de eliminação
Figura 5 – Curva de distribuição e eliminação de um fármaco administrado por via injetável
Cl total =
Cl renal + Cl hepática + Cl pulmonar + Cl outras
Metabolismo + Excreção
Depuração =
Concentração Plasmática do Fármaco
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A meia-vida (t1/2) é o tempo em que a concentração inicial de fármaco no plasma cai
pela metade. Vamos retomar o exemplo da Dona Alzira: foi prescrita dipirona 500mg,
então, o tempo de meia-vida será aquele no qual a concentração caia pela metade, ou
seja, 250mg. A meia-vida estará diretamente relacionada com a frequência de adminis-
tração do fármaco e pode ser calculada da seguinte maneira:
0, 693 xVd
Tempo de meia vida ( t1/2 ) =
Depuração
Para a ação farmacológica, a concentração do fármaco tem que estar dentro da janela
terapêutica, isto é, entre a dose mínima para produzir efeito farmacológico e a dose máxima
tóxica. Assim, necessita-se de algumas meias-vidas para que se atinja a janela terapêutica e
a dose de equilíbrio, sendo esse número variável para diversos fármacos. Por isso, muitas
vezes, um medicamento demora algum tempo para iniciar sua resposta farmacológica.
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UNIDADE Farmacocinética – Absorção,
Distribuição e Excreção
Pico de ação
Dose máxima
Área sob a curva (ASC ou AUC)
Sérica do Fármaco
Janela
Concentração
Através da análise dessa figura, podemos observar um início de ação, a partir da ad-
ministração de um fármaco. Após absorção, inicia-se então a fase de distribuição, onde
o fármaco será distribuído até atingir o tecido-alvo. A janela terapêutica é um conceito
que se refere a uma janela entre a dose mínima efetiva e a dose máxima tóxica, ou seja,
doses entre esses valores, provavelmente exercerão um efeito terapêutico. Quando fala-
mos de janela terapêutica, temos que pensar em fármacos com uma janela terapêutica
estreita, ou seja, a dose mínima efetiva está próxima da dose máxima tóxica, então,
devemos atentar a esses fármacos para que os pacientes não tenham efeitos tóxicos. Um
exemplo clássico de fármaco com janela terapêutica estreita é a digoxina.
A duração de ação está relacionada ao ultrapassar a faixa mínima efetiva até atingir o
pico de ação, ou seja, a concentração plasmática máxima atingida após a administração
do fármaco.
Os fármacos que se enquadram nesta categoria de janela terapêutica estreita são denomina
dos de fármacos com “baixo índice terapêutico”, como a dose efetiva e tóxica desses produtos
é muito próxima, parte da legislação de boas práticas de manipulação de medicamentos é
destinada a regulamentar a manipulação desses produtos em farmácias com manipulação.
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Janela
Sérica do Fármaco
Concentração
terapêutica
LEGENDA Tempo
Adesivo transdérmico
Comprimido convencional
Comprimido sublingual
Supositório
Injetável
E uma pergunta bastante comum dos pacientes é: como o analgésico sabe qual parte
do corpo está doendo? A “parte que está doendo” libera citocinas e possui a circulação
sanguínea local modificada, assim o fármaco que foi absorvido e distribuído chegará ao
tecido e, então, haverá o efeito farmacológico desejado – mas o fármaco, estando na
circulação sanguínea, atinge também outros locais e tecidos, por isso os medicamentos
geralmente possuem efeitos secundários ao esperado.
Para encerrar esta unidade, assista a este vídeo e veja todos os processos de ADME.
Disponível em: https://youtu.be/j688ggKizjA
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UNIDADE Farmacocinética – Absorção,
Distribuição e Excreção
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Farmacologia ilustrada
CLARK, M. A. et al. Farmacologia ilustrada. 5. ed. Porto Alegre-RS: Artmed,
2013. 611p.
Vídeos
Farmacocinética e Farmacodinâmica – Aula Completa
Aula sobre farmacocinética e farmacodinâmica ministrada pelo Conselho Regional
de Farmácia do Rio Grande do Norte.
https://youtu.be/UoRtnEHBxTk
Resumão Farmacocinética – Prof. Felipe Magalhães
https://youtu.be/42tBnQZjRq0
Leitura
Farmacocinética e mecanismos de teratogenicidade dos medicamentos na gestação:
uma revisão da literatura
https://bit.ly/2OFCM5R
Uso de medicamentos durante a gestação e a lactação em mulheres militares na região metropolitana de
Belo Horizonte e sua associação com o tempo de aleitamento materno
https://bit.ly/38SS2mr
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Referências
BRUNTON, L. L. et al. As Bases Farmacológicas da Terapêutica de Goodman &
Gilman. 11. ed. Porto Alegre-RS: Mc Graw Hill/Artmed, 2010.
CLARK, M. A. et al. Farmacologia ilustrada. 5. ed. Porto Alegre-RS: Artmed, 2013. 611p.
RANG, H. P. et al. RANG & DALE: Farmacologia. 7. ed. Rio de Janeiro-RJ: Elsevier, 2012.
Site Visitado
BRASIL. Bula Dipirona. Anvisa. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/datavisa/
fila_bula/frmVisualizarBula.asp>. Acesso em: 19/06/2020.
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