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Farmacologia V
Farmacologia V
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Mediadores Químicos – Parte I
• Introdução;
• Sinalização Química Entre as Células;
• Transmissão Colinérgica;
• Transmissão Adrenérgica;
• Depressão, Ansiedade e a Relação com os Neurotransmissores.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Correlacionar os aspectos teóricos da farmacologia básica com os principais
mediadores químicos.
UNIDADE Mediadores Químicos – Parte I
Introdução
Nesta Unidade, abordaremos os principais mediadores químicos envolvidos na trans-
missão simpática e parassimpática.
Antes de iniciarmos, que tal relembrarmos alguns conceitos?
O Sistema Nervoso é dividido em Sistema Nervoso Central (SNC) e pelo Sistema
Nervoso Periférico (SNP).
O SNC é composto pelo encéfalo e pela medula espinhal e é responsável por receber
as informações, analisá-las e as integrar, a fim de proporcionar uma resposta.
Já o SNP carregará as informações dos órgãos para o SNC e vice-versa. O SNP se
subdivide em eferente e aferente.
Na porção eferente, os neurônios transportam os sinais originados do cérebro e da me-
dula espinhal. Já o aferente compõe aquele que traz as informações da periferia ao SNC.
Os neurônios aferentes trazem os impulsos sensoriais a fim de modular a função da di-
visão eferente por meio de arcos reflexos ou vias neurais que intermedeiam a ação reflexa.
Sistema Nervoso
Encéfalo
Central
SISTEMA Medula Espinhal
Parassimpático
NERVOSO
Divisão Aferente
Sistema Nervoso
Sistema Autônomo Simpático
Periférico
Divisão Eferente
Sistema Somático Entérico
Os órgãos viscerais são inervados por uma cadeia de dois neurônios, controlados por
outra via eferente, denominada Sistema Nervoso Autônomo.
Durante muito tempo, o Sistema Nervoso Entérico foi considerado uma porção pós-
-ganglionar da divisão parassimpática do Sistema Nervoso Autônomo (SNA). Atual-
mente, é reconhecido como divisão própria do Sistema Nervoso Autônomo, junta-
mente com os Sistemas Nervosos Simpático e Parassimpático, mas ainda é possível
encontrar em diversas Literaturas somente as divisões simpática e parassimpática.
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Neurônios eferentes
O SNA transporta impulsos nervosos do SNC para os órgãos efetores por meio de
dois tipos de neurônios:
• Pré-ganglionar,
• Pós-ganglionar.
Transmissor Transmissor
Corpo celular
ganglionar neuroefetor
Neurônios aferentes
Os neurônios aferentes são também denominados fibras do SNA e são responsáveis
pela regulação reflexa desse sistema e na sinalização do SNC para influenciar os ramos
eferentes do Sistema.
Neurônios simpáticos
O SNA eferente é dividido nos Sistemas Nervosos Simpático, Parassimpático e Entérico.
Anatomicamente, os neurônios simpáticos e parassimpáticos se originam no SNC e
emergem de duas regiões diferentes da medula espinal.
Os neurônios pré-ganglionares do Sistema Simpático se originam das regiões torácica
e lombar da medula espinal (T1 à L2) e fazem sinapse em duas cadeias de gânglios que
correm próximos e paralelos em cada lado da medula espinal.
Os neurônios pré-ganglionares são curtos comparados aos pós-ganglionares. Os axô-
nios dos neurônios pós-ganglionares se estendem desses gânglios até os tecidos que eles
inervam e regulam (órgãos efetores).
Essa estruturação permite a essa divisão do SNA ativar numerosos órgãos efetores
ao mesmo tempo.
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UNIDADE Mediadores Químicos – Parte I
Neurônios parassimpáticos
As fibras pré-ganglionares parassimpáticas emergem com os nervos craniais III (ocu-
lomotor), VII (facial), IX (glossofaríngeo) e X (vago), bem como da região sacral da medula
espinal (S2 a S4) e fazem sinapse nos gânglios próximos dos órgãos efetores.
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O Sistema Nervoso Simpático é amplamente distribuído, inervando todos os siste-
mas efetores do organismo. Em contraste, a distribuição da divisão parassimpática é
mais limitada.
As fibras pré-ganglionares simpáticas têm uma influência muito mais ampla do que as
fibras parassimpáticas e fazem sinapse com um número maior de fibras pós-ganglionares.
Essa organização permite a descarga difusa do Sistema Nervoso Simpático.
Assim, um neurônio motor somático pode inervar até 100 fibras musculares. Esse
arranjo leva à formação da unidade motora.
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UNIDADE Mediadores Químicos – Parte I
Gânglio
Simpático Receptor
Neurônio Pré-Ganglionar Neurônio Adrenérgico
Órgãos efetores
Pós-Ganglionar
Acetilcolina
Corpo celular Receptor Norepinefrina
Nicotínico
Gânglio
Receptor
Parassimpático
Neurônio Pós-Ganglionar Muscarínico
Neurônio
Pré-Ganglionar
Acetilcolina
Corpo celular Receptor Acetilcolina
Nicotínico
Músculo esquelético
Somático Sem Receptor
Gânglio Nicotínico
Cada uma dessas substâncias se liga a uma família específica de receptores, para
obtenção de uma resposta. No SNA há predominância da acetilcolina e norepinefrina,
enquanto no SNC essas substâncias são mais amplas.
Transmissão Colinérgica
É aquela transmissão mediada pela Acetilcolina (Ach), no neurônio colinérgico.
A acetilcolina intermedeia a transmissão do impulso nervoso através dos gânglios
autônomos nos Sistemas Nervosos Simpático e Parassimpático. Ela é a neurotrans-
missora na suprarrenal.
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A transmissão dos nervos pós-ganglionares autônomos para órgãos efetores no Sis-
tema Parassimpático e para alguns órgãos do Sistema Simpático também envolve a
liberação de acetilcolina.
No Sistema Nervoso Somático, a transmissão na junção neuromuscular (ou seja, entre
a fibra nervosa e o músculo voluntário) também é colinérgica.
A neurotransmissão nos neurônios colinérgicos envolve seis etapas (CLARK, 2013):
1. Síntese de Acetilcolina: a colina é transportada do líquido extracelular para o
citoplasma do neurônio colinérgico por um sistema carregador dependente de
energia que cotransporta sódio e carrega permanentemente uma carga positiva
e, dessa forma, não consegue difundir-se através da membrana. A captação da
colina é o passo limitante da síntese de ACh. A colina-acetiltransferase catalisa
a reação da colina com a acetilcoenzima A (CoA) para formar ACh (um éster)
no citosol. A acetil-CoA é originada da mitocôndria e é produzida pela oxida-
ção de piruvato e de ácidos graxos;
2. Armazenamento: a ACh é empacotada em vesículas pré-sinápticas por um pro-
cesso de transporte ativo acoplado ao efluxo de prótons. A vesícula madura con-
tém não só ACh, mas também Trifosfato de Adenosina (ATP) e Proteoglicano.
O ATP é um cotransmissor que atua em receptores pré-juncionais purinérgicos
inibindo a liberação de ACh ou norepinefrina. A cotransmissão nos neurônios
autônomos é uma regra, e não a exceção. Isso significa que a maioria das vesícu-
las contém o neurotransmissor primário (neste caso, a ACh), e o cotransmissor
que aumenta ou diminui o efeito do neurotransmissor primário. Os neurotrans-
missores em vesículas, ao longo do terminal do nervo no neurônio pré-sináptico,
parecem contas de um colar de pérolas e são denominadas varicosidades;
3. Liberação: quando um potencial de ação, propagado por canais de sódio
voltagem-dependentes, chega ao terminal nervoso, abrem-se canais de cálcio
voltagem-dependentes na membrana pré-sináptica, causando um aumento na
concentração de cálcio intracelular. Níveis elevados de cálcio promovem a fusão
das vesículas sinápticas com a membrana celular e a liberação do seu conteúdo
no espaço sináptico. Essa liberação pode ser bloqueada pela toxina botulínica.
Em contraste, a toxina da aranha viúva negra provoca a liberação de toda a
ACh armazenada nas vesículas esvaziando-as na fenda sináptica;
4. Ligação de Ach ao seu receptor: a ACh liberada das vesículas sinápticas
difunde-se através do espaço sináptico e se liga a um dos dois receptores pós-
-sinápticos na célula-alvo, ao receptor pré-sináptico na membrana do neurônio
que liberou a ACh ou a outros receptores-alvo pré-sinápticos. Os receptores
pós-sinápticos colinérgicos na superfície dos órgãos efetores são divididos em
duas classes – muscarínicos e nicotínicos. A ligação ao receptor leva a uma res-
posta fisiológica no interior da célula, como o início de um impulso nervoso na
fibra pós-ganglionar ou a ativação de enzimas específicas nas células efetoras
mediados por moléculas segundas mensageiras;
5. Degradação do neurotransmissor na fenda sináptica (ou seja, o espaço entre
os terminais nervosos e os receptores adjacentes localizados nos nervos ou
órgãos efetores): o sinal no local efetor pós-juncional termina rapidamente devido
à hidrólise da ACh pela AChE formando colina e acetato na fenda sináptica;
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UNIDADE Mediadores Químicos – Parte I
Receptores colinérgicos
Os receptores colinérgicos podem ser muscarínicos e nicotínicos. Podem ser diferen-
ciadas entre si com base em suas diferentes afinidades para fármacos que mimetizam a
ação da ACh (fármacos colinomiméticos ou parassimpaticomiméticos).
Receptores muscarínicos
Os receptores muscarínicos pertencem à classe dos receptores acoplados à proteína G.
Esses receptores, além de se ligarem à ACh, reconhecem a muscarina, um alcaloide
que está presente em certos cogumelos venenosos. Porém, os receptores muscarínicos
apresentam baixa afinidade pela nicotina. Estudos de ligação e inibidores específicos,
diferenciaram cinco subclasses de receptores muscarínicos: M1, M2, M3, M4 e M5.
Embora esses cinco receptores tenham sido identificados por clonagem gênica, apenas
os receptores M1, M2 e M3 foram caracterizados funcionalmente.
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Esses receptores se localizam em gânglios do Sistema Nervoso Periférico e nos ór-
gãos efetores autonômicos, como coração, músculos lisos, cérebro e glândulas exócrinas.
Receptores nicotínicos
Esses receptores, além de ligarem a ACh, reconhecem a nicotina, mas têm baixa
afinidade pela muscarina. O receptor nicotínico é composto de cinco subunidades e
funciona como um canal iônico disparado pelo ligante.
A ligação de duas moléculas de ACh provoca uma alteração conformacional que permite
a entrada de íons sódio, resultando na despolarização da célula efetora.
Transmissão Adrenérgica
As catecolaminas, em especial a noradrenalina ou a norepinefrina, exercem um papel
importante na transmissão no SNP Simpático.
Importante!
Você sabe o que são catecolaminas? São moléculas que possuem um grupamento ca-
tecol e que são importantes para a manutenção da homeostase corpórea. As principais
representantes das catecolaminas são a dopamina, a epinefrina (adrenalina) e a norepi-
nefrina. Cada uma delas tem um efeito, excitatório ou inibitório.
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Figura 6 – Esquema representando a síntese e liberação de
noradrenalina (norepinefrina) do neurônio adrenérgico
Fonte: CLARK, 2013
Receptores adrenérgicos
No Sistema Nervoso Simpático, várias classes de adrenorreceptores podem ser di-
ferenciadas farmacologicamente. Duas famílias de receptores, designadas α e β, foram
inicialmente identificadas com base na resposta aos agonistas adrenérgicos epinefrina,
norepinefrina e isoproterenol.
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UNIDADE Mediadores Químicos – Parte I
Adrenorreceptores
1 2 1 2
Inibição liberação
Vasoconstrição Taquicardia Vasodilatação
de norepinefrina
Aumento da Aumento de
Midríase liberação de
liberação de renina glucagon
Fechamento Relaxamento da
esfíncter bexiga musculatura uterina
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
O que são neurotransmissores?
https://youtu.be/FD8Qaw1TS-k
Farmacologia Sistema Nervoso autônomo
https://bit.ly/3ste3Ad
Leitura
Sistema colinérgico: revisitando receptores, regulação e a relação
com a doença de Alzheimer, esquizofrenia, epilepsia e tabagismo
https://bit.ly/31qAPNk
Influência dos polimorfismos dos genes dos receptores β–adrenérgicos
na regulação cardiovascular e no desenvolvimento das doenças cardiovasculares
https://bit.ly/31vrmo0
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UNIDADE Mediadores Químicos – Parte I
Referências
FUCHS, F. D.; WANNMACHER, L. Farmacologia Clínica. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan. 4.ed. 2010.
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