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CAMPINA GRANDE
2018
1. INTRODUÇÃO
Podemos dizer que a alcalinidade é a capacidade que um sistema aquoso possui de
neutralizar ácidos. Essa propriedade corresponde, principalmente, à presença de sais de ácidos
fracos, bases fortes e bases fracas. Nesse estudo daremos foco ao hidróxido, ao carbonato e o
bicarbonato (sendo a presença de hidróxido e do carbonato indicadores de uma alcalinidade
forte e a presença do bicarbonato, de uma alcalinidade fraca). A alcalinidade está diretamente
ligada à dureza da água, portanto a sua aparência, uma água com alta alcalinidade é turva.
Chamamos de ácidos aquelas substâncias que, em meio aquoso, liberam íons H+ e
podem ser caracterizados com pH abaixo de 7 em solução; já as substâncias que se dissociam
em meio aquoso liberando íons de hidroxila (OH-) são chamadas de bases e apresentam pH
acima de 7. A reação de neutralização acontece pela interação entre ácidos e bases formando
um sal e água. O ácido liberam cátions H+ que se unem aos ânions OH- liberados pela base
formando a água, enquanto a formação do sal se dá pela união do ânion do ácido com o cátion
da base.
Genericamente, temos:
HA + BOH → H2O + BA
Sendo HA o ácido, onde H representa o cátion, BOH a base, cujo ânion está
representado por OH e o sal resultante da reação está identificado por BA, uma vez que é a
junção do ânion do ácido (A) com o cátion da base (B), como dito anteriormente. Já a água é
representada pela sua fórmula habitual e podemos observar que é produto da união do cátion
do ácido com o ânion da base, como também já foi citado.
Nesta aula prática determinamos a alcalinidade de uma amostra de água, assim como o
grau de pureza de uma soda cáustica comercial, através da titulação de neutralização
ácido/base utilizando ácido sulfúrico a 0,02 N, fazendo uso dos indicadores fenolftaleína a
0,5% e metilorange a 0,4%, para então realizarmos os cálculos necessários para a
determinação desejada. O ácido utilizado na titulação também foi preparado e padronizado
nessa prática.
2. OBJETIVOS
● Preparar e padronizar o ácido sulfúrico a 0,02 N;
● Determinar a alcalinidade de uma amostra de água tratada;
● Determinação do grau de pureza da soda cáustica comercial.
3. MATERIAIS UTILIZADOS
3.1. Preparação da Solução de Ácido Sulfúrico 0,02 N
● Vidrarias e equipamentos:
- Um béquer de 250 mL;
- Uma pipeta graduada de escoamento completo de 5 mL;
- Um pipetador;
- Um bastão de vidro;
- Um balão volumétrico de 1000 mL;
- Um funil de vidro; e
- Uma pisseta contendo água destilada.
● Reagentes:
- Ácido sulfúrico (H2SO4).
● Reagentes:
- Padrão primário carbonato de sódio (Na2Ca3), solução de ácido sulfúrico 0,02
N e indicador fenolftaleína 0,5%.
● Reagentes:
- Solução de ácido sulfúrico 0,02 N, indicador fenolftaleína 0,5% e indicador
alaranjado de metila (metilorange) 0,4%.
● Reagentes:
- Soda cáustica comercial, ácido clorídrico a 0,10 N, indicadores fenolftaleína a
0,5% e metilorange a 0,4%.
4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
4.1. Preparação da Solução de Ácido Sulfúrico 0,02 N
Como precisaremos da solução de ácido sulfúrico 0,02 N para titular a amostra de
água e determinar sua alcalinidade, teremos que preparar essa solução que até então não
existia no laboratório utilizado, portanto, para prepará-la, seguiremos alguns passos:
● Medir 0,56 mL de ácido sulfúrico concentrado com uma pipeta graduada;
● Sob agitação constante, transferir esse volume para um béquer de 250 mL
contendo cerca de 200 mL de água destilada;
● Utilizando um bastão de vidro, homogeneizar a solução e transferir esse volume
para um balão volumétrico de 1000 mL;
● Completar o volume do balão com água destilada e verter o mesmo para
homogeneizar bem a solução.
nº de equivalentes
N= V (L) (i)
m(g)
nº de eq. H 2SO4 = EqH SO (g /eq)
(ii)
2 4
MMH (g /mol)
2 SO4
Eq H 2 SO4 = n [H] (iv)
m do soluto (g)
τ= m da solução (g) . 100% (v)
mH SO (g)
2 4
Eq H SO (g /Eq) . V (L)
N
τ = 2 4
mH SO (g)
2 4
m da solução (g)
N m da solução (g)
τ = mH SO (g /Eq) . V (L)
2 4
Porém sabemos que Vm corresponde à densidade, logo, obtemos:
N d (Kg /L)
τ = Eq (g /Eq) , consequentemente
τ . d (g /L)
N= Eq (g /Eq) (vi)
MMH (g /mol)
2 SO4
Eq H 2 SO4 = n [H]
98,08 g /mol
EqH2SO4= 2 Eq /mol
τ . d (g /L)
N= Eq H SO (g /Eq)
2 4
N = 35,6443 Eq/L
Portanto, temos:
NC . VC = ND . VD (viii)
Onde:
NC = Concentração normal do ácido concentrado;
VC = Volume do ácido concentrado;
ND = Concentração normal do ácido diluído (ou da solução); e
VD = Volume do ácido diluído (ou da solução).
Logo:
N D (Eq /L) . V D (L)
VC = N C (Eq /L)
0,02 Eq /L . 1 L
VC = 35,6443 Eq /L
V C = 5, 61 × 10−4 L
V C = 0, 56 mL
M M Na (g /mol)
2 CO3
EqNa2CO3= n [N a] (x)
106 g /mol
Eq N a2 CO3 = 2 Eq /mol
Eq N a2 CO3 = 53 g /Eq
mN a2 CO3 = 0, 0106 g
P=0 0 0 T
T
P< 2
0 2P T - 2P
T
P= 2
0 T 0
T
P> 2
2P - T 2T - 2P 0
P=T T 0 0
NC . VC = ND . VD
Eq
35, 6443 L . 0, 6 mL = N D . 1000 mL
N D = 0, 0213 Eq /L
A partir desses valores podemos calcular as concentrações reais para cada volume
gasto para, então, fazermos a média e determinarmos a concentração real da solução de
ácido sulfúrico preparada. Para esse cálculo, utilizaremos a equação (ix)
mN a CO (g)
N H 2 SO4 . . V H 2 SO4 = Eq N a
2 3
2 CO3
0,0113 g
N H 2 SO4 . . 0, 0105 L = 53 Eq /L
N H 2 SO4 = 0, 0203 Eq /L
ẋN = 0, 0189 Eq /L
Esse cálculo nos permitiu conhecer a real concentração de ácido clorídrico presente na
solução, que ficou bem próximo do valor inicialmente proposto. Como não obtivemos o
valor igual ao valor teórico, precisamos calcular o fator de correção para essa solução, que
é obtido por:
Nr
F= Na (xi)
Onde:
F = Fator de correção;
NR = Normalidade real;
NA = Normalidade aparente ou teórica.
Portanto, substituindo em (xi), temos:
0,0189 Eq /L
F= 0,02 Eq /L
F = 0,945
mCaCO (g)
C CaCO3 = 3
V amostra (L) (xii)
Portanto:
mCaCO
N H 2 SO4 . V H 2 SO4 = Eq CaCO
3
100 g /mol
Eq CaCO3 = 2 Eq /mol
Eq CaCO3 = 50 g /Eq
Já o segundo ( V H 2 SO4 ) é obtido através das relações expostas na Tabela 1, como já foi
dito anteriormente, estamos lidando com o primeiro caso, na coluna HCO3-. Sabendo disso,
temos:
V H 2 SO4 = T
V H 2 SO4 = 4 mL
Portanto, substituindo (xiii) em (xii) e aplicandos os dados que temos, ficamos com:
Eq g
0,0189 L
. 4 mL . 50 Eq 1000 mg
C CaCO3 = 50 mL . 1g
A partir disso, podemos dizer que, para cada litro de amostra, encontramos 75 mg de
CaCO3 , ou 75 ppm (partes por milhão) de CaCO3 , indicando que a amostra analisada
apresenta traços dessa substância, estando dentros dos padrões de potabilidade aceitos.
Onde NHCl é a concentração normal do ácido clorídrico; VHCl é a relação entre o volume
do ácido gasto na titulação e a Tabela 1; EqNaOH é o equivalente-grama do hidróxido de
sódio; e mamostra é a massa em gramas utilizada da solução preparada com a soda cáustica
comercial. Podemos observar que não possuímos todos os dados necessários, mas temos
como obtê-los. O equivalente-grama do NaOH pode ser obtido pela equação (iv), observe:
M M N aOH (g /mol)
Eq N aOH = n [N a]
40 g /mol
Eq N aOH = 1 Eq /mol
Eq N aOH = 40 g /Eq
Agora só nos resta saber a massa em gramas do hidróxido de sódio contido na parte da
amostra que foi titulada. como utilizamos 25 mL de um total de 25o mL da solução preparada,
chegamos a conclusão de que fizemos uso de um décimo da amostra, portanto um décimo da
massa pesada, portanto, mamostra = 0,06938 g.
Já conhecendo todos os valores das nossas variáveis, voltaremos à equação (xii)
substituindo os valores e obtendo:
Eq g
mN aOH 0,1 L
. 11,7 mL . 40 Eq 1L
%( mamostra )= 0,06938 g . 1000 mL . 100%
mN aOH
%( mamostra ) = 67, 45%
Esse valor que obtivemos nos indica quanto de soda cáustica (NaOH) realmente está
presente na amostra, portanto, nos mostra a pureza desse produto. Mas também podemos
calcular a porcentagem de impurezas que ali existem do mesmo modo feito anteriormente,
utilizando o carbonato de sódio como referência de impurezas (também chamado de grau
de carbonatação). Utilizaremos novamente a equação (xii), vejamos:
mN a CO N HCl . V HCl . Eq N a CO
%( 2
mamostra
3
)= mamostra
2 3
M M Na (g /mol)
2 CO3
Eq N a2 CO3 = n [N a]
106 g /mol
Eq N a2 CO3 = 2 Eq /mol
Eq N a2 CO3 = 53 g /Eq
mN a CO N HCl . V HCl . Eq N a CO
%( 2
mamostra
3
)= mamostra
2 3
Eq g
mN a 0,1 . 4,9 mL . 53
2 CO3 L Eq 1L
%( mamostra
)= 0,06938 g
. 1000 mL
. 100%
mN a
2 CO3
%( mamostra ) = 35, 13%
A partir desse cálculo podemos dizer que 35,13% da quantidade total da soda cáustica
é de impurezas, um teor relativamente alto.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da prática II de titulometria de neutralização podemos aprender conceitos e
práticas necessárias em nossa área, como é o caso da determinação de alcalinidade da água,
um padrão de potabilidade que deve ser seguido e é regido pela Portaria 2914/2011 do
Ministério de soluções podemos aprender e revisar alguns conceitos básicos que são muito
importantes no dia a dia de um laboratório, principalmente em um voltado para a área de da
Saúde. Também podemos observar a aplicação das mesmas técnicas com outras finalidades e
com outra amostra que não água, como aconteceu com a determinação da pureza de uma soda
cáustica comercial.
Trazendo essa temática para a área do saneamento ambiental, podemos considerar a água
como uma solução a ser analisada e qualificada para que se possa obter melhor
aproveitamento. Portanto, as técnicas e métodos aprendidos nessa prática nos serão bastante
útil.
Referências
DA SILVA, André Luís Silva. Alcalinidade; InfoEscola. Disponível em:
<https://www.infoescola.com/quimica/alcalinidade/>. Acesso em 27 de mar de 2018.