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6ª edição: 2023 – Revista e Ampliada

Todas as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia versão Almeida


Revista e Atualizada. Outras consultas foram feitas na versão
Atualizada Corrigida Fiel e na MacArthur.

Edição de Texto: Rafael Agostinho


Revisão: João Paulo Padilha
Sumário
APRESENTAÇÃO
PREFÁCIO

AGRADECIMENTO ............................................................................................. 8
CAPÍTULO 1
IGREJA E ISRAEL ........................................................................... 11
O CHAMADO DE ISRAEL E O CHAMADO DA IGREJA .................................. 11
O QUE SIGNIFICA A PARÁBOLA DAS DEZ VIRGENS? ................................. 13
O QUE É A IGREJA? ............................................................................................ 15
A BÍBLIA ENSINA QUE OS CRISTÃOS DEVEM CONGREGAR NO TEMPLO?
.............................................................................................................................. .30
FIM DOS TEMPLOS ............................................................................................. 36
CRISTIANISMO OU JUDAÍSMO? O Judaísmo não é o padrão para a adoração cristã
............................................................................................................................... 37
A IGREJA NÃO É A CONTINUAÇÃO DE ISRAEL ............................................ 41
DISPENSACIONALISMO: A importância da hermenêutica bíblica ....................... 48
POR QUE NÃO CONGREGO EM DENOMINAÇÕES RELIGIOSAS ................. 55
A RUÍNA DO TESTEMUNHO CRISTÃO E A CRIAÇÃO DE DENOMINAÇÕES
RELIGIOSAS ........................................................................................................ 69
A CASA DE DEUS EM 1 TIMÓTEO 3.15 ............................................................ 79
O QUE SIGNIFICA “O ISRAEL DE DEUS” NO NOVO TESTAMENTO? .......... 80
SERÁ QUE “ISRAEL DE DEUS” EM GÁLATAS 6.16 SIGNIFICA QUE OS
CRISTÃOS SÃO ISRAELITAS? ........................................................................... 82
CAPÍTULO 2
FIM DOS TEMPOS ........................................................................... 83
A IGREJA NÃO TEM NENHUMA RELAÇÃO COM A TRIBULAÇÃO ............ 83
ORDEM CRONOLÓGICA DOS ACONTECIMENTOS PROFÉTICOS ............... 84
OS SALVOS PARTICIPAM DO JULGAMENTO FINAL? .................................. 88
A DIFERENÇA ENTRE O ARREBATAMENTO E A SEGUNDA VINDA ........ 90
AS PROVAS BÍBLICAS DE QUE O ARREBATAMENTO OCORRE ANTES
DA TRIBULAÇÃO ............................................................................................ 91
O VERDADEIRO SIGNIFICADO DE “APOSTASIA” EM 2 TESSALONICENSES
2.3 .......................................................................................................................... 98
COMO SERÁ A SEGUNDA VINDA DE JESUS? ................................................ 99
QUAL O SIGNIFICADO DA BESTA E DO 666 EM APOCALIPSE? ................ 102
E QUANTO AOS “MIL ANOS” EM APOCALIPSE 20? .................................... 104
DOIS POVOS, DOIS EVANGELHOS E DOIS DESTINOS ................................ 106
SERÁ QUE O CHAMADO PARA ABENÇOAR OS GENTIOS, PROMETIDO NO
ANTIGO TESTAMENTO, É O EVANGELHO DA GRAÇA DE DEUS PREGADO
HOJE? .................................................................................................................. 108
MATEUS 24 ESTÁ FALANDO DA IGREJA? .................................................... 111
NEM TUDO FOI ESCRITO PARA VOCÊ .......................................................... 120
O QUE É A NOVA ALIANÇA PROMETIDA POR DEUS? ............................... 122
CAPÍTULO 3
PREDESTINAÇÃO VS. LIVRE ARBÍTRIO ................................ 124
O LIVRE ARBÍTRIO É UMA ILUSÃO .............................................................. 124
ELEIÇÃO INCONDICIONAL E REPROVAÇÃO INCONDICIONAL............... 129
CRISTO DO ARMINIANISMO VS. CRISTO DA BÍBLIA
– Arminianos e Calvinistas são irmãos na fé? ..................................................... 131
DEUS AMA TODO O MUNDO? Desvendando o mito........................................ 138
O SIGNIFICADO DE “MUNDO” NA BÍBLIA ................................................... 141
PROVIDÊNCIA DE DEUS OU GRAÇA COMUM? ........................................... 145
POR QUE O ARMINIANISMO E PROVA HERÉTICO? Uma análise sobre as
crenças e ensinos de Jacob Armínius .................................................................... 149
POR QUE DEVO OBEDECER A DEUS SE JÁ ESTÁ TUDO DECRETADO? .. 151
DETERMINISMO BÍBLICO OU FATALISMO? ................................................ 155
DEUS DECRETA TUDO, INCLUINDO O PECADO ......................................... 158
O AUTOR DO MAL E A ORDEM DOS SEUS DECRETOS .............................. 159
O AUTOR DO MAL SEGUNDO A BÍBLIA ....................................................... 160
VONTADE PRECEPTIVA E VONTADE DECRETIVA .................................... 174
CAPÍTULO 4
DÍZIMO, OFERTAS, CONTRIBUIÇÃO, ETC. ............................ 176
A VERDADE SOBRE O DÍZIMO ....................................................................... 176
OFERTA VOLUNTÁRIA NA IGREJA ............................................................... 185
DEUS ORDENA QUE SOCORRAMOS OS MAIS NECESSITADOS DA IGREJA
............................................................................................................................. 189
JESUS MANDOU DAR O DÍZIMO? .................................................................. 194
AINDA SOBRE AS LEIS DA BÍBLIA ................................................................ 198
UM ALERTA BÍBLICO ................................................................................... 200
POR QUE A LEI DO DÍZIMO NÃO É PARA O CRISTÃO ............................... 201
OS JUDEUS ATUAIS AINDA DÃO O DÍZIMO? ............................................... 215
COMO SURGIU A IDEIA DE DAR DÍZIMO A UMA INSTITUIÇÃO RELIGIOSA?
............................................................................................................................. 216
CAPÍTULO 5
CASAMENTO, DIVÓRCIO E NOVAS NÚPCIAS ....................... 220
DIVÓRCIO E SEGUNDO CASAMENTO DE DIVORCIADOS ......................... 220
ADULTÉRIO: O PECADO DE ESTIMAÇÃO DA IGREJA MODERNA ........... 236
A ANTIGA SERPENTE NOS DIAS ATUAIS ..................................................... 239
RESPOSTAS A PERGUNTAS FREQUENTES................................................... 241
O GATILHO PARA UM CASAMENTO INFELIZ ............................................. 246
CAPÍTULO 6
DIAS SANTOS E FESTAS RELIGIOSAS ..................................... 252
A VERDADE SOBRE O SÁBADO E OUTROS “DIAS SANTOS” .................... 252
O CRISTÃO DEVE GUARDAR O SÁBADO? ................................................... 257
SERIA O DOMINGO UM SUBSTITUTO DO SÁBADO JUDAICO? ................ 266
O NATAL ............................................................................................................ 269
UM ÍDOLO CHAMADO "DIA DE NATAL" ...................................................... 278
UM MENINO NOS CORROMPEU (Por Elizabete Andrade) .............................. 279
O NATAL É IDOLATRIA (Por Elizabete Andrade) ............................................ 281
A ORIGEM DA DATA DO NATAL ................................................................... 282
NATAL: PRÁTICA ABOMINADA POR DEUS ................................................. 285
NATAL, TAMUZ E MITRA Como tudo começou .............................................. 292
16 REGRAS IMUTÁVEIS CONTRA O JUGO DESIGUAL COM OS INFIÉIS . 297
ADIAPHORA Um alerta sobre os princípios que regulam o Culto ....................... 303

CAPÍTULO 7
SINAIS E MILAGRES .................................................................... 306
O DOM DE LÍNGUAS SEGUNDO A BÍBLIA ................................................... 306
OS DONS DE SINAIS CESSARAM ................................................................... 319
A FARSA DO CONTINUÍSMO .......................................................................... 329
O QUE SÃO AQUELAS “LÍNGUAS ESTRANHAS” DOS PENTECOSTAIS? . 330
A ORIGEM DO PENTECOSTALISMO E SEUS DANOS À IGREJA DE DEUS335
PENTECOSTALISMO: A filha feiticeira do arminianismo .................................. 338
CAPÍTULO 8
DISCIPLINA NA IGREJA .............................................................. 346
DEUS NOS PROÍBE DE JULGAR? .................................................................... 346
DEVEMOS EXPOR OS FALSOS MESTRES E CITAR SEUS NOMES ............. 352
O “SILÊNCIO” DOS TAGARELAS .................................................................... 353
CAPÍTULO 9
A DOUTRINA DA SEPARAÇÃO .................................................. 355
2 CORÍNTIOS 6.14-18
Um chamado à separação ................................................................................... 355
2 JOÃO 1.10-11 ................................................................................................... 362
Aparte-se dos falsos mestres............................................................................... 362
CAPÍTULO 10
SEITAS ............................................................................................. 365
BÍBLIA VS. CATOLICISMO ROMANO ............................................................ 365
PEDRO POSSUI AS CHAVES DA IGREJA? ..................................................... 380
DEUS NÃO TEM MÃE ....................................................................................... 381
MARIA É MÃE DE DEUS? Se não, de onde surgiu a heresia? ............................ 402
A RAINHA DO CÉU ........................................................................................... 405
QUEM É A RAINHA DO CÉU?.......................................................................... 407
MARIA SEGUNDO A BÍBLIA: Indagações e Respostas ..................................... 415
COMO SURGIU A ORAÇÃO DA AVE MARIA? .............................................. 422
DESMASCARANDO O ESPIRITISMO .............................................................. 423
AS INCRÍVEIS SEMELHANÇAS ENTRE O CATOLICISMO E O ESPIRITISMO
............................................................................................................................. 452
O QUE SÃO AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ?................................................. 461
CAPÍTULO 11
TRINDADE ...................................................................................... 468
TENHO QUE CRER NA TRINDADE PARA SER SALVO? .............................. 468
JESUS CRISTO SEMPRE EXISTIU ................................................................... 474
CAPÍTULO 12
OS DEZ MANDAMENTOS ............................................................ 484
A DIVISÃO CORRETA DOS DEZ MANDAMENTOS ...................................... 484
CAPÍTULO 13
PODE OU NÃO PODE? .................................................................. 487
POSSO OUVIR MÚSICAS DO MUNDO? .......................................................... 487
FUMAR É PECADO? .......................................................................................... 491
DEVEMOS ESTAR SUJEITOS ÀS AUTORIDADES......................................... 504
PENA DE MORTE E LEGÍTIMA DEFESA SEGUNDO A BÍBLIA ................... 510
CAPÍTULO 14
A ESFERA DE MINISTÉRIO DAS MULHERES NA IGREJA .. 514
PASTORADO FEMININO? ................................................................................ 514
O MINISTÉRIO DAS MULHERES NA OBRA DO EVANGELHO ................... 516
UM CHAMADO DE DEUS ÀS ESPOSAS E MÃES .......................................... 521
EXORTAÇÃO ÀS MAMÃES CRISTÃS............................................................. 523
O USO DO VÉU .................................................................................................. 526
PUDOR E MODÉSTIA CRISTÃ ......................................................................... 534
SEUS FILHOS PRECISAM SABER ................................................................... 541
CAPÍTULO 15
ACONSELHAMENTO .................................................................... 543
AOS CRISTÃOS INTERNAUTAS:
Uma carta de encorajamento .............................................................................. 543
AGRADECIMENTO

Àquele que é Poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos


irrepreensíveis, com alegria, perante a Sua glória, ao único Deus sábio,
Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora, e para todo o
sempre. Amém.

8
APRESENTAÇÃO

Meu nome é João Paulo Mendes Padilha, mais conhecido no âmbito virtual por
JP Padilha. Não sou pastor, nem padre, nem clérigo. Não estou ligado a nenhuma
denominação ou organização religiosa. Congrego somente ao nome do Senhor
Jesus (Mt 18.20), fora do sistema denominacional, sem templos, sem líderes, sem
sacerdotes, sem dízimos e coisas semelhantes. As ideias que exponho neste livro
não são originalmente minhas, mas são fruto do que tenho aprendido com a
Palavra de Deus fora dos sistemas denominacionais criados pelos homens.
Muitas das coisas que expresso aqui eu aprendi com irmãos que também estão
congregados ao nome do Senhor, sendo alguns deles atuais e outros que viveram
em outras épocas.
Há alguns tempos li o livro “A Ordem de Deus", de Bruce Anstey. O que me
chamou a atenção nesse livro, além do conteúdo libertador, foi a forma
inigualável com que o autor coloca em ordem os principais tópicos que todo
cristão sincero busca nas Escrituras para saber se está em conformidade com a
doutrina dos apóstolos, e, especialmente, se está congregando na Igreja de Deus
segundo a ordem estabelecida por Deus ou se apenas segue tradições de homens.
Muitas pessoas realmente desejam entender se estão de acordo com o que Deus
ordena que elas façam ou se estão apenas seguindo doutrinas inventadas pelo
denominacionalismo religioso.
Espero que o livro "O Evangelho sem Disfarces" seja de auxílio para muitos
irmãos e irmãs em Cristo, e que ele se transforme em um instrumento a mais para
glorificar a Deus.

9
PREFÁCIO

Este livro tem por objetivo exaltar o Senhor Jesus Cristo e estabelecer o fato de
que a Palavra de Deus deve ter a supremacia sobre quaisquer ideias e tradições
humanas. Acredito que estas páginas não apenas resultarão em glória e honra ao
nosso Senhor Jesus Cristo, como também serão para bênção dos filhos de Deus.
Ao longo das páginas deste livro procuro apontar, com fidelidade e creio que
também com amor, a falta de fundamento bíblico para a ordem de governo e
prática tradicionalmente aceita entre os cristãos professos. Também me dedico a
temas de extrema importância, os quais são distorcidos pelo sistema religioso
criado pelos homens durante muito tempo, trazendo o escândalo de muitas
pessoas ao saberem que muitas das doutrinas que elas aprenderam por toda a vida
nunca passaram de fábulas judaicas e pagãs.
Além de apontar alguns erros do sistema religioso tradicional, meu objetivo é
apresentar princípios bíblicos da ordem estabelecida por Deus para o
funcionamento de uma assembleia cristã. Minha intenção não é meramente
denegrir as denominações religiosas existentes na cristandade ou os cristãos
associados a elas. Sei que há homens e mulheres ainda perdidos dentro deste
“curral”, mas eu, de fato, não tenho por objetivo fazer uma mera análise crítica
das várias denominações religiosas existentes no cristianismo professo apenas
pela crítica em si mesma, mas intenciono apontar os erros do sistema como um
todo, e assim o farei, sob a base da Escritura Sagrada.
Meu grande desejo é tornar conhecida a ordem bíblica dada por Deus para os
cristãos se congregarem para adoração e ministério da Palavra, de maneira que
todos os que tiverem tal exercício possam conhecer esse padrão em sua
simplicidade, assim como ele é apresentado na Escritura.
Não reivindico para mim a originalidade da verdade que está compilada aqui.
Estas coisas têm sido escritas e ensinadas por irmãos por mais de 150 anos. O
que tenho buscado fazer nesta obra é apresentar ao leitor uma nova retórica
dessas verdades. O conteúdo é o mesmo, mas com palavras que possam alcançar
as pessoas por meio de uma linguagem mais direta, simples e objetiva.
Encomendo agora o leitor ao Senhor e à verdade que aqui será exposta. Minha
oração é que cada cristão que venha a ler este material seja honesto, espiritual e
maduro o suficiente para reconhecer as verdades que aqui são apresentadas. Que
o Deus da Palavra nos dê graça para cumprirmos a Sua vontade segundo os
moldes estabelecidos por Ele mesmo na Santa Escritura.
10
CAPÍTULO 1
IGREJA E ISRAEL

O CHAMADO DE ISRAEL E O CHAMADO


DA IGREJA

As Escrituras Sagradas nos mostram uma clara diferença entre o chamado de


Israel e o chamado da Igreja, e entender essa diferença é o ponto de partida para
um entendimento amplo a respeito de quase tudo que a Bíblia nos ensina. Uma
boa compreensão da distinção entre o chamado de Israel e o chamado da Igreja
nos faz apreciar com entendimento o que é dito em relação aos dois povos, pois
um é terreno e o outro celestial. Misturar esses dois chamados e mesclar as
passagens bíblicas concernentes a um povo ou a outro é o gatilho para uma
enorme confusão na Casa de Deus. E é o que temos visto na cristandade: Hoje,
poucos cristãos discernem a maneira de Deus tratar com o homem nas diferentes
dispensações* através dos tempos.

O CHAMADO DE ISRAEL
O chamado de Israel, cujo pai é Abraão, é terreno: "E apareceu o SENHOR a
Abrão, e disse-lhe: À tua semente darei esta terra"[Canaã] (Gênesis 12.7). O
Senhor disse a Jacó (Israel): "Eu sou o Senhor, o Deus de seu pai Abraão, o Deus
de Isaque; esta terra em que estás deitado darei a você e sua semente" (Gênesis
28.13). Abraão foi chamado por Jeová quase dois mil anos a.C (De acordo com
as genealogias em Gênesis, a data da criação de Adão foi estabelecida em 4.004
a.C).

O CHAMADO DA IGREJA
O chamado da Igreja [isto é, o conjunto de todos os pecadores salvos pela
soberana graça de Deus desde a descida do Espírito Santo, no dia de Pentecostes,
em Atos 2, até o arrebatamento da Igreja], é celestial (Hb 3.1). Nossa pátria está
no céu (Fp 3.20). Nossa esperança está guardada no céu (Cl 1.5), a qual é Cristo
em nós, a esperança da glória (Cl 1.27), e nossas bênçãos são celestiais (Ef 1.3).

11
A Igreja foi eleita [em Cristo] antes da fundação do mundo:
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com
todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também nos
elegeu nEle antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e
irrepreensíveis diante dEle em amor; e nos predestinou para filhos de adoção
por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de Sua vontade, para
louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado, em
quem temos a redenção pelo Seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as
riquezas da Sua graça”(Efésios 1.3-7).

O QUE É UMA DISPENSAÇÃO?


Uma dispensação é a maneira como Deus trata com o homem durante um
determinado período de tempo, quando este é provado e testado
quanto à obediência a certas revelações definidas da vontade de Deus. Por
exemplo, desde os dias de Moisés até Cristo o homem foi provado sob a Lei. O
período atual é chamado de "dispensação da graça de Deus" (Ef 3.2). No Milênio
o homem será provado sob o reinado pessoal de Cristo, sem a presença de um
tentador (Satanás) – é a chamada "dispensação da plenitude dos tempos" (Ef
1.10).
Existem ao todo sete dispensações nas quais o homem tem sido provado: (1) em
inocência, (2) em consciência (da expulsão do jardim do Éden ao dilúvio), (3) em
autoridade ou governo (do dilúvio a Abraão), (4) sob a promessa (de Abraão a
Lei), (5) sob a Lei (da Lei a Cristo), (6) sob a graça (de Cristo ao arrebatamento),
(7) sob o reinado pessoal de Cristo (da vinda de Cristo ao final do Milênio).
A maioria das pessoas da cristandade moderna desconhece essas grandes
verdades dispensacionais da Bíblia. Isso se dá pela proliferação de ideias
advindas da Teologia do Pacto (ou Aliancismo, como também é conhecida), e, de
uns tempos para cá, temos visto o quão além da heresia essa vertente
denominacionalista vai com suas tradições romanas/agostinianas de
interpretação.
Todavia, com o amadurecimento bíblico vem a consciência de que não existe
"doutrina secundária", como muitos argumentam a fim de ficarem confortáveis
no jugo desigual. E quando se trata de Eclesiologia e Escatologia, a coisa
fica mais séria do que se pode imaginar à primeira vista.
Agora note a seriedade de tudo isso: Os teólogos do Pacto e seus seguidores
estão errados a respeito de Israel e também a respeito da Igreja de Deus. Visto

12
que cerca de 70% das Escrituras falam de Israel e apenas 10% ou 15% falam da
Igreja, todas essas pessoas estão erradas a respeito de Israel e da Igreja. Sendo
assim, elas estão erradas a respeito da maior parte da Bíblia!

O QUE SIGNIFICA A PARÁBOLA DAS DEZ


VIRGENS?

Para se ter uma compreensão desta parábola é necessário entender sobre os tipos
e figuras que a Bíblia nos fornece em todo o seu pano de fundo a respeito de
Israel e Igreja. A parábola das dez virgens é muitas vezes atribuída erroneamente
à Igreja. Isso se dá pela má interpretação de textos que deveriam ser analisados
com mais cuidado e sob a ótica histórico-gramatical das Escrituras. A parábola
que vemos em Mateus 25 fala do testemunho de um modo geral (pois fala de
luz), e a relação ali estabelecida parece ser muito mais com Israel (povo terrenal
de Deus) do que com a Igreja (povo celestial de Deus).
A parábola começa falando do reino dos céus, que é o caráter da profissão de fé
neste mundo, onde se mescla verdadeiros e falsos em sua profissão individual de
fé. No reino dos céus há joio e trigo, virgens tolas e prudentes. Não se pode
esquecer do fato de que as virgens não são noivas do Noivo, mas fazem o papel
que hoje chamaríamos de “damas de companhia”.
Para entender melhor sobre isso é necessário compreender os tipos e figuras que
as Escrituras nos fornecem. Em um certo sentido, o Senhor tem duas noivas ou
esposas: Israel e a Igreja. Cantares é um poema de amor do Noivo para a noiva, e
é exatamente de Israel que Cantares está falando. Israel é Sua primeira noiva. O
Salmo 45 é uma profecia desse matrimônio do Senhor com Israel, o qual ocorrerá
futuramente, após o período da tribulação que cairá sobre toda a terra.
O livro de Ester tem um profundo significado em forma de figuras, no qual
Assuero está no papel da autoridade máxima (que é Deus; porém, Deus não é
citado no livro), e a esposa gentia desse rei o despreza (uma clara figura da Igreja
antes do arrebatamento: Orgulhosa, no espírito de Laodiceia, que não quer dar
testemunho de sua glória para o mundo). Então ela sai de cena (é reprovada como
testemunho) e uma esposa judia toma o seu lugar em um período de grande
tribulação, já que a tribulação tem como objetivo refinar a nação de Israel e
manifestar o remanescente judeu fiel que fará jus a esse testemunho diante de
Deus.

13
Continuando com os tipos e figuras, Mardoqueu seria um tipo de Cristo, o
homem obediente que salva a vida e a honra do rei sem reivindicar nada em
troca. Por esta razão Mardoqueu acaba sendo instrumento na salvação do povo
judeu. Assim como Jesus na tentação do deserto, Mardoqueu se nega a prestar
adoração a Hamã, uma figura de Satanás.
J. N. Darby faz o seguinte comentário sobre a parábola das dez virgens:
"Os professos, durante a ausência do Senhor, são aqui representados como
virgens, que saem para encontrar o Noivo, e iluminarem Seu caminho até a casa.
Nesta passagem Ele NÃO é o Noivo da igreja. Ninguém irá encontrar-se com Ele
para suas núpcias com a Igreja no céu. A noiva não aparece nesta parábola. Se
ela tivesse sido apresentada aqui, então teria sido Jerusalém na terra. Neste
sentido a assembleia não é vista nestes capítulos. Aqui se trata da
responsabilidade individual durante a ausência de Cristo”.
É muito provável que o número 5 na Bíblia se refira à responsabilidade humana.
Pelo menos ele aparece muito associado a isso nas Escrituras. São cinco os livros
dados a Moisés de todas as coisas que os homens deveriam cumprir na
dispensação da Lei. São dez os mandamentos: *Cinco se referem à
responsabilidade para com Deus e cinco estão associados à responsabilidade para
com o próximo.
Nota*: Para entender melhor a respeito dessa divisão em grupos de 5 e 5 nos dez
mandamentos ao invés de 4 e 6 como muitos costumam dividi-los, leia o artigo
"A divisão correta dos dez mandamentos", no capítulo "Os Dez Mandamentos":
Considerando que 'virgem' é uma figura da Igreja, as cinco virgens prudentes nos
falam da responsabilidade do testemunho que foi deixado nas mãos dos homens,
enquanto outras cinco nos falam do testemunho que não tem o azeite, ou seja,
considerando que o azeite é uma figura de unção, do Espírito Santo, trata-se da
esfera da falsa profissão de fé dos que apenas professam ser cristãos – a falsa
noiva de Apocalipse (a meretriz).
Quando o Noivo vem, somente as virgens que são verdadeiras entram para a Sua
presença. As outras virgens recebem a sentença: “Nunca vos conheci” (Mt 7.23).
Sendo assim, é pouco provável que o número 5 seja o número das esposas do
Cordeiro, pois há uma noiva no sentido coletivo da Igreja. Os tipos e figuras nos
mostram que nas Escrituras o Senhor possui duas esposas. Da primeira Ele Se
divorciou por sua infidelidade (Ez 16; Jr 3.8). Essa é Sua esposa terrenal, Israel.
Todavia, Ele tornará a recebê-la porque prometeu que um dia voltaria Seus olhos
para ela novamente. A outra noiva é a Igreja, a qual Ele apresentará a Si mesmo
como virgem pura.

14
Além de todas essas evidências, podemos perceber que Mateus 25 não fala de
Igreja, nem do arrebatamento da mesma, em nenhum momento e em nenhum
aspecto. O texto fala claramente a respeito da vinda de Cristo para julgar as
nações após o período da tribulação.

O QUE É A IGREJA?

A palavra Igreja advém do termo grego Ecclesia. Etimologicamente, esse termo


significa “Chamados para Fora”. Esta palavra é usada para se referir a uma
congregação, assembleia, reunião ou grupo de pessoas que se reúnem para seguir,
cultuar e adorar a Deus e servir a Cristo. Curiosamente, este vocábulo também é
usado para denotar uma assembleia secular. No mundo grego, igreja designava
uma assembleia ou reunião. Podia ser um grupo político ou simplesmente um
ajuntamento de pessoas (At 19.32,41).
Sendo assim, segue-se que a Igreja é um grupo de pessoas que se reúnem para
aprender sobre Deus e adorá-Lo. Nos evangelhos de João, Marcos, Lucas e
Mateus o termo Ecclesia é um termo novo que aparece somente em dois
versículos (Mt 16.18; 18.17). O apóstolo Lucas usou bastante a
palavra Ecclesia no livro de Atos, tornando-o mais comum ao leitor. Em seguida,
Paulo escreveu sobre a Ecclesia (igreja) na maioria de suas cartas. Por fim, João
aplica o mesmo termo em Apocalipse para se referir às congregações locais dos
santos.
Não é preciso ir muito longe para constatar que igreja nada mais significa do que
Congregação. No Velho Testamento, por exemplo, Israel era simplesmente "A
Congregação". A palavra foi também usada pelos primeiros cristãos da era pós-
apostólica, se referindo a si próprios como “Igreja” ou “Congregação” de forma
individual. Este é o real significado da palavra "igreja", que se aplica tanto a
todos os fiéis no mundo como a qualquer grupo local de crentes em Jesus Cristo.
Onde estiver uma reunião de pessoas em que o nome de Deus é adorado em
espírito e em verdade, ali está a igreja. O Novo Testamento freqüentemente usa o
singular "igreja" mesmo quando muitos grupos de fiéis se reúnem em vários
lugares do mundo (At 9.31; 2 Co 1.1). Mas, e as “igrejas”? O termo "igrejas" é
raramente encontrado na Bíblia (At 15.41; 16.5), e cada um desses grupos é um
lugar onde Deus está presente (Mt 16.18; 18.17).

15
TERMINOLOGIA CONVENCIONAL VS. TERMINOLOGIA
BÍBLICA
Ao longo dos séculos, muitos termos bíblicos que expressam as verdades mais
simples das Escrituras foram distorcidos por “teólogos” e líderes religiosos.
Hoje, boa parte da confusão existente no testemunho cristão vem dessas
terminologias criadas por homens. A teologia moderna é praticamente baseada
nisso. Os chamados “doutores em teologia” pegaram muitos termos das
Escrituras exatamente para esvaziá-los de seu sentido bíblico, dando depois a
esses termos significados inventados pelos homens para fundamentarem seus
próprios sistemas teológicos. Isso acontece em maior medida no sistema
denominacional, onde a base eclesiástica já começa errada. Como consequência,
quando comparamos essas ideias com a Palavra de Deus, vemos que elas estão
muito distantes da verdade.
Um dos exemplos mais evidentes de como essas terminologias convencionais
deram um novo e distorcido sentido para um termo bíblico é a palavra "igreja". A
maioria dos cristãos usa este termo para se referir a um edifício ou templo aonde
os cristãos vão quando se congregam para adoração. Essas pessoas dizem
"Vamos à igreja" ao se referirem à sua reunião nesse edifício. Todavia, a Bíblia
nunca utiliza a palavra "igreja" desta maneira. A Bíblia fala da igreja como um
grupo de pessoas redimidas que foram "chamadas para fora" de entre judeus e
gentios por meio de sua crença no evangelho da graça. Esse grupo especial de
salvos compõe o Corpo de Cristo e um dia será arrebatado nos ares e estará para
sempre com o Senhor Jesus Cristo (1 Ts 4.17). Esse povo celestial, chamado
Igreja, reinará com o Senhor na terra como Sua noiva, por mil anos, após o
período conhecido como “Tribulação” (Ap 20.6).
A Bíblia é muito clara quanto ao significado de Igreja. A Palavra de Deus não
deixa dúvidas quanto a isso. Ela mostra claramente que a igreja NÃO é um
edifício material, pois está escrito que Cristo amou a igreja e Se entregou à morte
por ela (Ef 5.25-26). Obviamente, isso não poderia ser dito a respeito de um
edifício construído por mãos humanas. A Palavra de Deus também nos diz que a
igreja costumava ser encontrada na casa de algumas pessoas (Rm 16.5; 1 Co
16.19; Cl 4.15; Fl 2). Ela diz que a igreja tinha ouvidos para receber instrução
(At 11.22, 26); que tinha poder de discernimento para saber a vontade do Senhor
(At 15.22); que podia orar (At 12.5), ser saudada (Rm 16.5) e ser perseguida (At
8.1; 1 Co 15.9).
A partir dessas referências fica óbvio que a igreja é um grupo de pessoas salvas
pela graça de Deus, e não um edifício de pedras, tijolos e madeira. A igreja não é
um templo. A igreja é um organismo vivo, feito de pessoas salvas.

16
Depois de um tempo me dedicando a respeito da verdade sobre a igreja na Bíblia,
fui muito questionado por “crentes” e "Ministros" pertencentes a denominações
religiosas (instituições). Essas pessoas sempre me perguntam a razão de eu não
mais “ir à igreja”. Minha resposta é direta e concisa: "A única igreja que encontro
na Bíblia é aquela que se lançou ao pescoço de Paulo e o beijou!”. Quando digo
isso, me refiro a Atos 20.37. E então, sempre que posso, eu aponto para algum
desses templos chamados “igrejas” e digo: "Se aquela coisa ali se lançar ao meu
pescoço, ela certamente irá me matar!".
Muitos também usam erroneamente este termo (igreja) para descrever uma seita
na igreja. Eles falam de alguém ser membro de uma igreja quando o que querem
dizer é ser membro de uma seita denominacional (ou não-denominacional) na
igreja. Todavia, a verdade é que as Escrituras não falam de sermos membros de
qualquer outra coisa que não seja o Corpo de Cristo. Todo crente no Senhor Jesus
Cristo é um membro desse corpo (1 Co 12.12, 27).
Também ouvimos pessoas falando de pessoas "se afiliarem à igreja", quando, na
prática, estão se referindo a pessoas que se unem a uma seita na igreja. Não
obstante, a igreja não é uma associação à qual os homens podem voluntariamente
se ligarem ou dela se desligarem conforme a sua vontade, como acontece no caso
das seitas. A Bíblia não ensina que devemos "nos fazer membros" de uma igreja.
Só existe uma igreja na Bíblia: a ela o Senhor (e não nós) acrescenta pessoas
quando elas creem nEle para salvação (At 2.47; 5.14; 11.24; 1 Co 6.17). Uma vez
perguntaram a um irmão, o qual entendia muito bem esta verdade, a que igreja
ele pertencia. Ele respondeu: "Pertenço à igreja da qual ninguém é capaz de se
fazer membro!". Evidentemente a pessoa que fez a pergunta ficou bastante
surpresa e indagou: "Então como vocês conseguem os novos membros?". Ele
respondeu: "Ah, é o Senhor quem os acrescenta pelo Espírito quando são salvos,
mas as pessoas não podem acrescentar-se a si mesmas por sua própria vontade"
(1 Co 12.13). A única coisa à qual poderíamos nos "juntar" – e deveríamos
buscar fazê-lo – é à comunhão dos santos (At 9.26). Porém, não podemos fazer a
nós mesmos membros da Igreja de Deus.
Há quem às vezes pergunte: "Quem é que dirige a sua igreja?". As pessoas
pensam que vamos falar o nome de algum "Ministro". Todavia, a Cabeça da
igreja, mencionada na Bíblia, está no céu – é o próprio Cristo (Cl 1.18)!
Também costumamos ouvir pessoas dizendo: "Nossa igreja ensina tal e tal
coisa...". Todavia, não existe qualquer ideia na Palavra de Deus de que a igreja
ensine alguma coisa. Tal ideia é totalmente humana. Isso pode se encaixar bem
às várias organizações denominacionais com suas doutrinas e credos formulados
segundo o padrão de sua seita. Nesse caso, as pessoas não estão erradas se

17
disserem que aquela organização ensina. Todavia, uma organização de homens
não é a igreja! A igreja não é um corpo legislativo que estabelece regras, leis e
doutrinas. Ela não ensina, mas é ensinada pela Palavra! E isso é feito por
indivíduos com dons que são levantados pelo próprio Cristo, a Cabeça da igreja,
que está hoje ressuscitado no céu (At 11.26).
A primeira vez que a Bíblia nos apresenta o termo Igreja é quando Jesus fala
sobre o seu fundamento em Mateus 16.18. Neste versículo a palavra abriga o seu
real sentido: "Edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão
sobre ela". Ou seja, Jesus está claramente falando da igreja dos santos como um
único povo celestial (e não terrenal, como Israel). Já pensou se alguém
interrompesse Jesus nesta hora e dissesse: “Mas, mestre, se alguém não está
reunido conosco aqui, neste local ou num templo institucionalizado, este não
pode ser membro da igreja.”? Todo leitor sincero já deve imaginar qual seria a
reação de Jesus diante de tal bestialidade, não é mesmo?
O termo grego Ecclesia (igreja) é repetidamente usado com expressões
adicionais, apontando para o fato de que esta igreja a qual Cristo e os apóstolos
se referem é a “Igreja de Deus” (1 Co 1.2; 10.32) ou as “igrejas de Cristo” (Rm
16.16). Isso acontece porque o termo, em sua raiz etimológica comum, recebe
seu significado distinto em outras religiões e grupos. Deve-se lembrar que o
termo surgiu na Grécia e era usado para se referir a qualquer tipo de assembleia,
ajuntamento ou comunidade, seja ela secular ou cristã.
Com isto, a igreja cristã é considerada como a Assembleia dos últimos tempos.
Ela é a Congregação dos santos de Deus, “chamados para fora” do sistema
judaico (Hb 13.13). Ela é a Reunião dos eleitos predestinados a cumprir os
propósitos de Deus na terra por meio de seu testemunho diante dos pagãos. O
apóstolo Paulo se dirige aos cristãos de Corinto dizendo que eles são
aqueles "sobre quem os fins dos séculos têm chegado" (1 Co 10.11). Isto é, Deus
chamou o Seu povo com santa vocação, tanto entre os judeus quanto entre os
gentios. Ambos os povos (judeus e gentios) receberam de Deus o poder do
Espírito Santo, que é a Palavra revelada, e o próprio Espírito Santo para habitar
em seus corpos (e não em templos de tijolos). Esse único povo, composto por
judeus e gentios, agora compartilham das “Boas Novas” (Evangelho) do amor
absoluto de Deus pelo Seu povo eleito (Ef 2.11-22). Podemos constatar nos
evangelhos que Cristo escolheu doze discípulos os quais constituiu apóstolos
para serem os fundamentos do evangelho da graça (epístolas dos apóstolos).
Em se tratando da salvação, a igreja de Deus reúne os santos a fim de que não
haja distinção entre judeu e grego; nem entre escravo e liberto; nem entre homem
e mulher, “porque todos vós sois UM em Cristo Jesus" (Gl 3.28). Isto não

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significa que esses povos (judeus e gentios) tenham perdido sua identidade como
nações, mas sim que, em se tratando da igreja de Cristo para a salvação, não há
diferença entre eles. Esta comunidade é chamada "Corpo de Cristo" (Rm 12.5;
Ef 1.22-2; 4.12; 1 Co 12.12-13). A igreja é a composição de todos os salvos
escolhidos de Deus, os quais estão espalhados pelo mundo (At 9.31; 1 Co 6.4; Ef
1.22; Cl 1.18).
Sendo assim, a realidade histórica e morfológica da palavra Igreja coloca
em xeque a falácia de “pastores” e líderes cristãos que tentam subjugar os
membros de suas denominações às suas tradições para conduzi-los ao que lhes é
de interesse pessoal, profissional, político e religioso. Além do mais, tais
doutores, sob o nome de “pastores”, reduzem a Palavra de Deus a nada e jogam
na lata do lixo as expressões intencionadas pelos escritores inspirados pelo
Espírito Santo na Bíblia. Tudo isso, pensam eles, vale a pena para “honrar a
Deus” em detrimento da verdadeira adoração e culto prescritos na Bíblia.

A ORDEM DE DEUS PARA A ADORAÇÃO E MINISTÉRIO NA


IGREJA
Percebemos que o padrão de Deus para a reunião de crentes na nova dispensação
é muito diferente daquele estabelecido para Israel. Aos judeus era ordenado que
adorassem a Deus somente no Templo de Jerusalém, pois lá era o lugar escolhido
por Deus para ser cultuado e adorado no Velho Testamento. Os israelitas deviam
buscar “o local que o Senhor, o Seu Deus, escolhesse dentre todas as tribos para
ali pôr o Seu nome para Sua habitação.” (Dt 12.5). Mas a ordem de Deus para a
igreja é diferente. Jesus deixa muito claro o Seu ensino de como a igreja deveria
se reunir: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no
meio deles” (Mt 18.20). A partir disso, vemos como seria simples a forma como
os cristãos deveriam se congregar para a adoração e ministério. O nome do
Senhor Jesus é o único nome ao qual os crentes deveriam se reunir. Nenhum
nome de alguma seita ou denominação pode ser o centro dessa congregação, mas
tão somente o nome de Jesus. Na casa de Priscila e Áquila, por exemplo, se
reuniam os cristãos ao nome do Senhor Jesus somente, para culto e adoração ao
Senhor. Aqui nós vemos um novo padrão para a adoração e ministério na
dispensação da graça (Rm 16.5, 1 Co 16.19). Muitas passagens nos mostram esta
reunião de pessoas que compõem o Corpo de Cristo. Paulo, por exemplo, se
refere aos cristãos de Coríntios como sendo igrejas de modo individual: "...
quando vos reunis como igreja" (1 Coríntios 11.18). Isso significa que a igreja é
o povo de Deus composto por pessoas salvas, especialmente quando se juntam
para adoração.

19
Em textos como Mateus 18.17, Atos 5.11, 1 Coríntios 4.17 e Filipenses
4.15, Igreja se refere a todo e qualquer grupo de cristãos que moram em um lugar
qualquer. A Bíblia frequentemente usa a palavra Igreja para se referir à
localização específica de uma congregação cristã, como no caso das frases "a
igreja em Jerusalém" (Atos 8.1), "em Corinto" (1 Coríntios 1.2) e "em
Tessalônica" (1 Tessalonicenses 1.1).
A Congregação de Cristo (Igreja) não está localizada em um lugar específico
somente, mas representa tanto uma congregação local como a igreja de Cristo
num todo. Em muitas passagens, tais como em 1 Coríntios 14.19, 28, 35, o
apóstolo Paulo se refere à igreja como uma reunião de fiéis que designa uma
congregação local. Porém, esta mesma igreja corresponde a todos os fiéis
(passados, presentes e futuros) do mundo todo, os quais formam a igreja de
Cristo. A igreja é nada menos do que o Corpo de Cristo composto por santos
escolhidos antes da fundação do mundo, tanto quando ajuntados em uma
congregação local como quando ligados em espírito no mundo todo. Há muitas
congregações locais, pertencentes a este único Corpo, citadas no Novo
Testamento para as quais os apóstolos escreveram as epístolas (cartas) de
exortação, aconselhamento e instrução, revelados diretamente por Cristo para
serem obedecidos pela igreja (Rm 16.3-5, 14, 15; 1 Co 1:1; 1 Co 16.19-20; Cl
4.15-16; Fl 1.1-2).

QUAL O LUGAR DE SE ADORAR A DEUS?


Acabamos de ver como a reunião dos santos para a adoração e ministério é
simples e diferente do sistema judaico de adoração. Visto que os membros
visíveis do Corpo de Cristo, estando uma vez juntos, devem se reunir em algum
lugar, qual é o local adequado ou mais correto para se adorar a Deus? No
evangelho da graça, nem a oração, nem qualquer outro ato do culto a Deus é
restrito a um lugar predeterminado, nem se torna mais aceito por Deus por causa
do lugar em que a adoração Lhe é oferecida. Deus deve ser adorado em todo o
lugar, em espírito e em verdade – seja em secreto, seja em família ou numa
assembleia pública. O que importa para Deus é que a igreja O adore em espírito e
em verdade, como nos é ensinado em João 4.21-24: “Crê-me que a hora vem,
em que nem neste monte nem em Jerusalém (templo) adorareis o Pai... Mas a
hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é
Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”.
Nenhuma das bases testamentárias que falam da adoração cristã limita ela a uma
reunião sectária ou as estigmatiza como instituições denominacionais. Nenhuma

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parte das Escrituras, ao se referir à igreja de Deus, é usada para dizer que ela se
trata de uma denominação ou instituição oficial onde o crente deve permanecer
trancafiado para que possa ser membro do Corpo de Cristo e adorar a Deus.
Nenhuma! Muito pelo contrário, vemos a Bíblia nos ensinando que o crente é
livre em Cristo Jesus para adorar e orar ao Pai por meio da fé em Cristo Jesus
somente (Jo 5.21; 1 Tm 2.8; Jo 4.23-24; Mt 6.6; Hb 10.25; 13.13; At 2.42).

Esta íntima relação entre Cristo e Sua igreja é apontada por Paulo como análoga
à unidade e conexão do “corpo físico” (Rm 12.4-8, 1 Co 12.12-27). Desta forma,
todas as funções do corpo têm seu lugar exato. A divisão no Corpo de Cristo (isto
é, na igreja) revela que ela está doente. Por diversas vezes o apóstolo Paulo
exorta o "Corpo de Cristo" à unidade do Espírito. Todavia, sempre que a Bíblia
se refere ao mundo fora desse Corpo, ela inverte a ordem e exorta a igreja a se
separar do mundo e de seu sistema religioso. A Igreja é um corpo do qual Cristo
é a Cabeça. Deus comprou esta congregação com o sangue de seu Filho (At
20.28) e não com os tijolos usados para construir templos e instituições
denominacionais criadas por homens corruptos e avarentos que fazem negócio
com o evangelho, tentando unir ímpios e santos numa respectiva instituição
mercantilista para fins escusos.

CHAMADOS PARA FORA DO ARRAIAL


“Saiamos, pois, em direção a Ele, para fora do arraial” (Hebreus 13.13). Esta
passagem é uma ordem para que saiamos para fora do judaísmo ou de qualquer
sistema religioso criado pelos homens. Já vimos no início do artigo que a palavra
“Igreja” vem do termo grego Ekklesia, que significa "Chamados para Fora". Em
João 10 o curral e o rebanho representam dois princípios de reunião distintos.
Ambos mantêm as ovelhas reunidas, mas de maneiras totalmente diferentes. Um
curral ou aprisco é uma circunferência sem um centro, enquanto um rebanho é
um centro sem uma circunferência. Em um curral as ovelhas são mantidas juntas
pela cerca, o que nos fala dos princípios restritivos do sistema legalista da antiga
dispensação, a qual mantinha os israelitas juntos. Em um rebanho não há
necessidade de uma cerca, pois o Pastor no meio das ovelhas exerce atração
sobre elas, que por sua vez são atraídas por Ele. As ovelhas são mantidas juntas,
mas sobre um princípio completamente diferente do arraial (judaísmo). Este é o
princípio de reunião no Cristianismo (Mt 18.20). Os cristãos se reúnem para
adoração e ministério, não por serem forçados a isso, mas por desejarem estar
onde Cristo está no meio.

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Bruce Anstey explica Hebreus 13.13 da seguinte forma:
"Hebreus 13.13 nos fala que o lugar escolhido pelo Senhor -- onde Ele está no
meio -- é “fora do arraial”. O “arraial” é uma palavra que o Espírito de Deus usa
para indicar o judaísmo e todos os princípios e práticas judaicas. Os cristãos
costumam perder este ponto de vista e acabam adotando em seus lugares de
adoração muitas coisas que estão conectadas à adoração judaica. Eles ignoram o
claro ensino das Escrituras que indica que o tabernáculo é uma figura do
verdadeiro santuário, ao qual agora temos acesso pelo Espírito (Hb 9:8-9, 23-24).
No entanto, acabaram usando o judaísmo como um padrão para suas
organizações eclesiásticas. Erigiram grandes templos e catedrais “feitos por mãos
de homens” (At 17:24-25), emprestando assim muitas coisas do Antigo
Testamento em seu sentido literal como um padrão para sua adoração. Eles
perderam completamente de vista o fato de que o verdadeiro terreno de reunião e
adoração cristã é uma maneira totalmente nova de se aproximar de Deus “em
espírito e em verdade” (Jo 4:23-24; Hb 10:19-20). Tal terreno encontra-se
totalmente fora dos princípios e práticas judaizantes. Qualquer pessoa que
estivesse procurando pelo lugar da escolha do Senhor teria de procurar fora de
todos esses lugares da cristandade -- da basílica de São Pedro, em Roma, à menor
capela evangélica -- pois todos esses lugares trazem, em maior ou menor escala,
os paramentos do judaísmo mesclados na estrutura de seus cultos de adoração".
Quando a igreja apostólica se iniciou em Jerusalém em Atos 2 (após a morte e
ressurreição de Cristo), os fiéis deram início às reuniões nos lares. A reunião da
igreja nos lares consiste na comunhão e adoração. Em Atos 2.42-47 constatamos
que os primeiros cristãos se reuniam nos lares para ouvir os ensinamentos de
Cristo através dos apóstolos e para celebrar a Comunhão ("o partir do pão") entre
os irmãos. Os encontros da igreja nos lares consistem em (1) compartilhar
refeições (2 Pe 2.13; Jd 1.12), (2) recitar as Escrituras (Ef 5.18-20, Cl 3.16-
17), cantar hinos e salmos a Deus e alegremente louvar ao Senhor (Ef 5.18-
20, Cl 3.16-17), (3) oração (At 12.12) e (4) leitura da Palavra de Deus e
meditação no evangelho da graça (At 15.30, Cl 4.16).

A CONGREGAÇÃO É MAIS IMPORTANTE DO QUE A


SUFICIÊNCIA DE CRISTO?
Paulo era um homem extremamente solitário. Na maior parte de sua vida ele teve
de encarar suas maiores provações sozinho. Contudo, Jesus Cristo estava com ele

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e era suficiente para ele. Sempre que estabeleço exemplos como o de Paulo,
muitos me questionam: “Mas eu não sou Paulo”. E é aqui que reside o problema.
Enquanto você tiver esse tipo de pensamento e postura você jamais será qualquer
coisa parecida com Paulo. Você não é Paulo (e eu de fato não afirmei isso), mas
você está convicto de que confia no mesmo Cristo no qual Paulo confiou, e esse
Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre. Sendo assim, não existe nenhuma
diferença entre um verdadeiro cristão e Paulo. Logo, jamais devemos sacrificar a
suficiência de Cristo no intuito de preservar a importância da comunhão na
igreja. Se você é incapaz de passar o dia sem depender de outro homem para
sustentá-lo espiritualmente, não infecte aos outros com sua fraqueza,
incredulidade e idolatria.
Supostos líderes e pregadores que negam a suficiência de Cristo na vida do
indivíduo a fim de preservar a importância da comunidade cristã deveriam ser
repelidos pela igreja. A congregação local é, de fato, um plano de Deus para o
Seu povo, mas não um fator de sobrevivência espiritual. A comunhão da igreja é
um meio de auxílio, não de salvação. Somos salvos por crermos em Jesus Cristo
como único e suficiente Salvador e não porque estamos congregando. A
congregação não é uma vacina contra o pecado. Cristo é suficiente para a
sobrevivência do cristão. Ele é a única fonte de graça, conhecimento, santidade e
perseverança para cada indivíduo à parte da congregação. Isto é inegociável.
Milhares de santos, tanto no período testamentário como na história da igreja,
tiveram que se submeter à solidão e ao desprezo por estarem longe de
congregações locais, não porque eles desprezavam a comunhão dos santos, mas
porque foram condicionados por Deus a viverem desta forma. A reunião com os
irmãos é um plano de Deus para o fortalecimento e edificação de um corpo, mas
nunca se tratou de uma norma bíblica para a permanência do indivíduo na
presença de Deus e sob os cuidados dEle. Se a congregação fosse necessária para
a salvação dos santos, o próprio Cristo teria pecado por violar tal regra
institucionalista que jamais fora requerida por Deus.
Apesar das reviravoltas para se tentar justificar a idolatria no testemunho cristão,
com toda essa dependência de se construir templos denominacionais para seguir
a Cristo, a Palavra de Deus não muda. O termo grego Ecclesia – “Tirados Para
Fora” – continua tendo o seu legítimo significado: Congregação ou assembleia.
Como já vimos, esta congregação pode estar reunida em qualquer lugar, contanto
que o único nome ao qual esteja congregada seja o nome do Senhor Jesus Cristo.
Todavia, doutores e mestres sincretistas tem colocado palavras na boca de Deus e
instituído regras e elementos nunca antes estabelecidos por Deus em Sua santa
Palavra. Quanto a eles, é preciso que se diga:

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"O profeta que tiver a presunção de falar alguma palavra em Meu nome, que
Eu não lhe tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses,
esse profeta morrerá". (Deuteronômio 18.20). "Porque eu testifico a todo
aquele que ouvir as palavras da profecia deste Livro que, se alguém lhes
acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas
neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do Livro desta profecia, Deus
‘tirará a sua parte do livro da vida’, e da cidade santa, e das coisas que estão
escritas neste livro" (Apocalipse 22.18,19). "Tudo o que eu te ordeno,
observarás para fazer; nada lhe acrescentarás nem diminuirás".
(Deuteronômio 12.32).
Líderes religiosos que tentam colocar Deus dentro de uma caixinha devem ser
rejeitados pelo povo de Deus e repelidos pela igreja. Esses lobos vestidos de
cordeiro estipulam regras baseadas em seus próprios caprichos, remendando um
versículo aqui e outro ali, escolhendo uma porção de textos fora de contexto na
Bíblia para fundamentarem suas sinagogas cheias de adornos judaicos. Eles se
baseiam na era patriarcal (ou lei de Moisés) a fim de manter os crentes da nova
dispensação acorrentados dentro de quatro paredes. Faz-se necessário refutar
esses falsos mestres dizendo: Assim diz o Senhor: "O Altíssimo não habita em
templos feitos por mãos de homens, como diz o profeta: O céu é o meu trono, e
a terra o estrado dos meus pés. Que casa me edificareis? diz o Senhor, ou qual
é o lugar do meu repouso? Porventura não fez a minha mão todas estas
coisas? Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós
sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais". (Atos 7.48-
51).

“NÃO DEIXANDO A NOSSA CONGREGAÇÃO”


Muitos são os membros das mega-denominações religiosas que negligenciam as
passagens supracitadas com base no texto de Hebreus 10.25, que diz o
seguinte: “Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns,
antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai
aproximando aquele dia” (Hebreus 10.25). Essa objeção mostra-se inválida pelo
simples fato de que o autor inspirado não diz nada mais do que simplesmente isto
– que a congregação dos santos não deve ser abandonada. Porém, nós, que
aprendemos a verdade sobre o modo correto de congregar como “um só corpo”,
não negamos que a congregação seja importante na vida do crente. Todavia, não
se pode ir além do que está escrito, isto é, que abandonar a congregação quando
esta lhe é disponível constitui-se um perigo para a unidade cristã, e não para a
sobrevivência espiritual e segurança da salvação. O texto de Hb 10 nos fala da

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qualidade de vida que teremos durante nossa peregrinação neste mundo se
observarmos a comunhão entre irmãos. Somente isso. O apóstolo da graça
adverte: “E eu, irmãos, apliquei estas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo,
por amor de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está
escrito” (1 Coríntios 4:6).
Jamais devemos ir além do que está revelado nas Escrituras por causa de um
versículo isolado de seu contexto. Devemos sempre analisar cada texto de acordo
com o que vem antes e depois do mesmo. Quem acha que é possível entender a
Bíblia com tudo junto e misturado cai em erros assim. Pelo fato da Bíblia dizer
que a comunhão do “um só corpo” é importante e que a mesma não deve ser
abandonada, significaria que todo homem que é colocado numa condição de
solidão está fora do Corpo de Cristo. Isso é uma grande heresia. É inferir no texto
um significado que não é encontrado na mensagem e que entrará em total
desacordo com todos os versículos que foram citados neste artigo.

A SALVAÇÃO SE DÁ POR MEIO DE CRISTO OU DA IGREJA?


Muitas pessoas pensam que é a Igreja que salva e que não há salvação fora da
Igreja. Esse erro é muito conhecido na seita Católica Romana e é também
cometido pelas denominações evangélicas ou protestantes. Assim, confunde-se
Igreja com Cristo. Mas o que diz a Escritura? Como a Bíblia responde a essa
importante questão?
“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de
Deus” (João 1.12). O que a Escritura diz a respeito de nos tornarmos filhos de
Deus? Tornamo-nos filhos de Deus ao receber a Jesus Cristo como nosso
Salvador. A propósito, ninguém pode “aceitar a Jesus”, como muitos pensam,
como se Jesus necessitasse da aceitação humana para habitar em alguém. Na
verdade a Bíblia diz que Cristo habita em nós quando O recebemos, e não
quando O aceitamos. Independente de aceitarmos ou não a Ele, Ele operará a Sua
vontade nos Seus escolhidos (Fp 2.13). A Escritura não cita nada aqui sobre a
Igreja.
“Para que todo o que nEle crê tenha a vida eterna” (João 3.15). Como se obtém
a vida eterna? Pertencendo à Igreja? Não. Mas sim depositando a fé
integralmente no Senhor Jesus Cristo.
“Deus amou ao ‘mundo’ (Kosmos aqui se refere aos escolhidos, não a cada
indivíduo do mundo – vide contexto) de tal maneira que deu o Seu Filho
Unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna” (João 3.16). Novamente, nem uma palavra da Escritura sobre a Igreja.

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Mais uma vez, o que temos aqui é apenas Cristo. Todo aquele que nEle crê e
confia tem a vida eterna.
“Quem crê no Filho tem a vida eterna; todavia, aquele que se mantém rebelde
contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus
[eternamente]” (João 3.36). Nossa salvação repousa inteiramente sobre o nosso
relacionamento com Cristo e não com a Igreja, pois é Cristo quem nos salva. A
Igreja não é mencionada quando se trata da salvação dos escolhidos.
“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por
mim” (João 14.6). Foi Jesus quem afirmou isso. Perceba que Ele não disse “a
Igreja é o caminho!” ou “ninguém vem ao Pai senão pela Igreja”. Não. Ele
apenas disse: “Eu sou o caminho”. Jesus Cristo é o único caminho que pode nos
levar até Deus.
“Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não
tem a vida” (1 João 5.12). Mais uma vez Jesus nos diz, por meio do apóstolo
João, que não é a Igreja, mas Ele mesmo, o Cristo, que salva. Ele diz: “Aquele
que tem o Filho”, não “aquele que tem a igreja”.
“Não há salvação em nenhum outro; porque debaixo do céu não existe
nenhum outro nome dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos
salvos” (Atos 4.12). Agora o testemunho e a palavra de autoridade vem por meio
do próprio Pedro – aquele que a Igreja Católica costuma dizer erroneamente que
é o fundamento da Igreja –. O que Pedro diz? Ele diz que a salvação está em
Cristo e em nenhum outro nome. “Nenhum outro nome”, diz ele, seja do
protestantismo ou do catolicismo romano; seja padre, papa, pastor, Maria ou
qualquer outro santo. “Nenhum outro... debaixo do céu”, insiste Pedro, qualquer
que seja a denominação (seita) em que alguém esteja inserido. Pedro declara que
a salvação se dá por meio de Cristo e só de Cristo. Então, por que não nos
voltarmos para Cristo, já que a própria Bíblia diz que Ele é quem salva e não a
Igreja?

UM CHAMADO À SEPARAÇÃO
De Gênesis à Apocalipse vemos que a ordem clara sempre foi "Sair do meio
herético", mesmo que isto acarrete em solidão e desprezo. Este ensino bíblico
tem sido rejeitado e violado através dos tempos para se manter a unidade terrena
e o jugo desigual. Por outro lado, quando alguém, sob o pretexto de humildade,
permanece em um ambiente poluído e comunga com a heresia e a blasfêmia em

26
nome da união eclesiástica, ele está sendo rebelde contra Deus em favor da
necessidade de outro homem para sustentá-lo espiritualmente (idolatria), negando
a suficiência de Cristo e lutando por interesses próprios. Este alguém pensa estar
honrando a Cristo, mas está honrando a si mesmo e aos seus próprios mestres.
Somos poucos, mas continuamos com o mesmo objetivo e não abrimos mão da
nossa ortodoxia e visão bíblica a respeito da igreja dos santos. Enquanto
respirarmos, nenhuma denominação humana nos acorrentará em suas sinagogas
heréticas, ecumênicas e sincretistas. Enquanto estivermos vivos, a igreja do
SENHOR estará firme sob a autoridade máxima das Escrituras e em combate
contra qualquer sistema religioso corrupto que tente nos amarrar e amordaçar
com discursos sofísticos que visam o lucro pessoal, denominacional e político.
Os religiosos do sistema denominacional nos acusam de sermos "separatistas" e
"contenciosos" por sermos contra o denominacionalismo na Igreja de Deus. Ora,
se querem nos acusar disso, por que eles vivem se separando, inclusive por
nomes que possam diferenciá-los uns dos outros, tais como "presbiterianos",
"batistas", "assembleianos", etc., como se a Bíblia tivesse ensinado que existem
vários tipos de "evangelhos", cada qual com seu próprio sistema doutrinário? Se
querem que nos reunamos com aqueles que professam doutrinas estranhas ao
evangelho dos apóstolos, por que não fazem eles isso? Por que eles não praticam
o erro que tanto nos pressionam a praticar?
Na prática, alguém que se une a uma determinada denominação em detrimento
das outras, já não tem autoridade para criticar aqueles que querem se separar das
denominações, pois foi exatamente o que fez! Ao limitar-se a uma denominação,
acabou deixando de lado todas as outras, pois ninguém pode ser Batista e
Presbiteriano ao mesmo tempo. Portanto, ao unir-se à denominação de sua
escolha, sua atitude o excluiu de todas as outras, deixando assim de guardar a
unidade do Espírito. Quem quiser argumentar sobre este ponto precisará primeiro
praticar por si mesmo a unidade que espera que os outros pratiquem.

“OUTRA SEITA”?
Talvez alguém venha a dizer: "Se fizermos tudo o que você diz, e começarmos a
nos reunir com aqueles que congregam sobre as bases bíblicas, será que não
estaríamos apenas nos filiando a outra divisão ou seita da igreja?". A resposta
simples para esta pergunta é que a obediência à Palavra de Deus nunca é uma
dissidência. É isto que os cristãos deveriam estar fazendo há muito tempo. Se os
cristãos se reunirem em obediência à Palavra de Deus, em conformidade com a

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verdade do "um só corpo", eles jamais poderão ser considerados uma seita,
mesmo que existissem apenas dois ou três se colocando nesse terreno. Se eles
estiverem congregados pelo Espírito em torno do Senhor Jesus não estarão no
terreno do sectarismo: eles estarão no divino centro, pois Cristo é o centro divino
para o Seu povo (Gn 49:10; Sl 50:5; Mt 18:20; 1 Co 5:4).

BÍBLIA VS. PSICO-AFIRMACIONISMO


A mera negação da verdade não constitui uma refutação contra ela. Muitos
doutores e mestres das várias seitas e denominações que se contrapõem a mim
jamais me encaram à nível doutrinário. Eles estabelecem julgamentos hipócritas,
xingamentos e calúnias contra minha vida pessoal, mas nunca são capazes de
falarem segundo a Escritura. Nestas circunstâncias, o que eu faço é deixar que
tais opositores da verdade se afundem na lama do "psico-afirmacionismo" (ou
PA), onde “psico” significa maluco e “afirmacionismo” refere-se à prática de
afirmar suas visões repetidamente sem fornecer argumentos para suportá-las.
Visto que esse método, adotado pela maioria das pessoas, é o de afirmar sua
visão repetidamente, torna-se para mim [algumas vezes] tedioso responder e
refutar os mesmos comentários linha por linha.
Enquanto muitos se perdem em um círculo vicioso de queixas repetidas e
desgastadas, o que posso fazer é juntá-las em uma lista e reforçar as mesmas
respostas aos que de fato possuem “ouvidos para ouvir”.
Um exemplo de como a desonestidade e canalhice desses hereges podem atingir
um nível de iniquidade é o termo “Desigrejado”. Eles se referem aos santos
congregados ao nome do Senhor como “desigrejados” pelo fato de não fazerem
parte das várias divisões denominacionais que se encontram na cristandade. A
definição de "Desigrejado" atribuída aos santos que congregam fora do sistema
denominacional está errada. Este termo nem mesmo existe. Todavia, num ato de
histeria coletiva eles repetem como papagaios: "mas você é um desigrejado...
você é um desigrejado!", sem contudo apresentarem uma premissa plausível que
sirva de base para suas convicções e nos torne de fato aquilo de que somos
acusados.
"Não fales ao ouvido do tolo, porque desprezará a sabedoria das tuas
palavras" (Provérbios 23.9).
O termo "Desigrejado" é tendencioso, falacioso e totalmente desconexo. Ele
carrega uma conotação pejorativa e está destinado àquelas pessoas que não fazem
mais parte da confusão das denominações (empresas) religiosas porque

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descobriram que essas instituições não possuem nenhum amparo das Escrituras, e
que elas são simplesmente uma ordem inventada pelo homem.
Portanto, que todo leitor esteja apto para ouvir as palavras deste artigo, as quais,
sob a base das Escrituras, mostram de forma cristalina que se você e sua família
creem em Jesus Cristo vocês fazem parte do Corpo de Cristo e não podem ser
retirados jamais desse Corpo. Se nos reunimos para o culto a Deus em casa,
somos a igreja de Cristo congregando entre irmãos.
Não somente as denominações evangélicas têm enganado a muitos com a ideia
insana de que seus templos são a igreja, a fim de trancafiarem os fieis dentro de
seus templos institucionalistas. Na história constatamos que esse movimento
papista surgiu há muito tempo. A igreja católica romana, por exemplo, usou dos
mesmos estratagemas para estigmatizar a pessoa de Lutero e dar continuidade à
manipulação religiosa. Lutero foi considerado pelo Papa Leão X como um
“desigrejado”. A falácia consistia na mesma premissa de hoje – a de que se você
não pertence à uma denominação considerada oficial pelos “sacerdotes”,
“doutores” e “mestres”, e de acordo com suas tradições superficiais, você
automaticamente não faz parte da igreja de Cristo. Meu desejo é que Deus,
segundo o beneplácito da Sua vontade, venha a falar aos corações de Seus
escolhidos por meio deste artigo para que pessoas voltem a observar a
simplicidade do evangelho da graça de Deus.

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A BÍBLIA ENSINA QUE OS CRISTÃOS
DEVEM CONGREGAR NO TEMPLO?

Uma das justificativas mais usadas pelos religiosos (fariseus) do sistema


denominacional para fundamentarem a ideia de que os cristãos devem se reunir
em um templo para a adoração e ministério está em Atos 2.46, onde diz que
aqueles cristãos estavam “perseverando unânimes todos os dias no templo”.
Apesar da Escritura nos mostrar claramente que os primeiros cristãos
congregavam em suas casas, fazendo da adoração no lar um substituto para a
adoração no Templo, muitos dos “pastores” e líderes religiosos insistem que o
padrão para a adoração e ministério na Igreja é estar em um templo, e que
aqueles que não estão dentro do templo são “desigrejados”.
Todavia, quem pensa ser possível entender a Bíblia com tudo junto e misturado
cai em erros assim: Por encontrar os discípulos nos Evangelhos adorando a Deus
no Templo, e fazendo isso até nos primeiros dias da história da Igreja, deverá
imitá-los. Porém, fazer isso é não entender que o Templo de Jerusalém — e não
alguma construção católica ou protestante — era o único lugar de adoração
autorizado pelo Senhor para Israel.
Deus nunca ordenou que os cristãos fossem ao Templo para cultuá-lo. No
começo da Igreja, eles simplesmente continuaram fazendo isso durante um tempo
por inércia, de forma espontânea, porque ainda não haviam recebido a revelação
de Paulo do que realmente se tratava a Igreja e de como a adoração e ministério
funcionaria de uma forma completamente diferente daquela conhecida por eles
até então. À partir da revelação dada especialmente a Paulo, o apóstolo dos
gentios, os discípulos entenderam que o lugar de cultuar e adorar a Deus já não
era mais o Templo físico que estava em Jerusalém, mas sim o Nome do Senhor
Jesus, como Ele [Jesus] já havia profetizado (Mt 18.20). Pela doutrina revelada
aos apóstolos, em especial Paulo, logo após o período em que a Igreja ainda
estava se organizando em Atos, esses discípulos entenderam que havia agora três
classes de pessoas no mundo: Judeus, gentios e Igreja: "Portai-vos de modo que
não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos [gentios], nem à igreja de
Deus" (1 Coríntios 10.32).
No entanto, antes mesmo que essas coisas viessem à luz, Jesus já havia
vaticinado esse momento de ruptura com aquela ordem de coisas do Judaísmo,
quando disse à mulher samaritana: "Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem
neste monte nem em Jerusalém (Templo) adorareis o Pai. Vós adorais o que não
sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus. Mas a

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hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é
Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em
verdade." (João 4.21-24).
Mais à frente, essa ruptura seria cimentada pela revelação do que é, de fato, a
Igreja. Essa revelação do Espírito Santo foi dada inicialmente ao apóstolo Paulo,
e também através de epístolas como aos Gálatas e Hebreus.
Além dessas revelações sobre como a Igreja deveria se reunir numa assembleia, a
história ainda nos trouxe eventos indicando que Deus faria com que Sua vontade
a respeito de tudo isso seria feita, como no caso da permissão de Deus para que
os cristãos fossem afugentados de Jerusalém por conta da perseguição
desencadeada com a morte de Estêvão (cf. Atos 11.19). O que Deus quis com
isso? A destruição do Templo no ano 70 d.C.
Ou seja, não somente a revelação dada aos apóstolos e o aviso de Jesus Cristo de
que o Templo não seria mais um lugar de adoração, como também os próprios
desígnios de Deus foram essenciais para mostrar de forma clara ao povo cristão
que Ele não queria ser adorado em “templos de pedras”, cheias de adornos
judaicos e com “sacrifícios de tolos”.
O que falta a esses “pastores” e “ministros” do sistema religioso denominacional
é o entendimento que me faltaria se eu tentasse socorrer um acidentado e tentasse
reconstruir seu corpo. Por não ser médico, eu acabaria costurando os órgãos nos
lugares errados, na ordem errada e para cumprirem funções erradas. O resultado
seria um corpo bem ao estilo Frankenstein. Assim são as denominações
existentes na cristandade, e é assim que muitos de seus ministros tentam explicar
a Bíblia, sorteando os versículos que mais lhe agradam e que se encaixam em
suas doutrinas pré-estabelecidas.
Quanto a isso, o apóstolo Paulo instrui Timóteo da seguinte forma: “Procura
apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se
envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2.15).
A versão de J. N. Darby, se traduzida para o português, ficaria assim: “Esforça-te
diligentemente para apresentar-te aprovado a Deus, como obreiro que não tem
de que se envergonhar, cortando com precisão a palavra da verdade”. Nesta
versão, a imagem que temos é de um bisturi nas mãos de um hábil médico que
separa os órgãos corretamente, de acordo com seu lugar, posição e função.
A primeira edição da Bíblia em inglês, publicada em 1535 por iniciativa do Rei
Tiago da Inglaterra, ou “King James”, trazia um prefácio de Miles Coverdale que
trazia um conselho semelhante: “Será de grande auxílio para entenderes as

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Escrituras se atentares, não apenas para o que é dito ou escrito, mas de quem e
para quem, com que palavras, em que época, onde, com que intenção, em quais
circunstâncias, e considerando o que vem antes e o que vem depois”.
Sendo assim, não se pode querer entender a Bíblia como um saco de versículos
que você sacode, mistura e tira dali uma passagem qualquer para embasar uma
doutrina. Como escreveu Coverdale, é preciso saber “de quem e para quem...
onde, com que intenção e em quais circunstâncias” aquela passagem aparece ali.
Quando aprendemos sobre a história do Brasil, a professora começa falando de
Cabral e do descobrimento, e não da Operação Lava-Jato, para não surja alguma
dúvida de que Cabral ela está falando. Assim acontece com a revelação de Deus.
A revelação de Deus nas Escrituras foi progressiva e dada em etapas.
Quando Jesus esteve neste mundo, ele avisou aos Seus discípulos de que não
havia explicado tudo quanto havia de explicar. Ele avisou o seguinte: “Ainda
tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. Mas, quando
vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não
falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há
de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de
anunciar” (Jo 16.12-14). A partir disso, dá para perceber a insanidade que é
alguém achar que pode entender a Bíblia lendo apenas o que Jesus ensinou nos
Evangelhos judaicos (aqueles que aparecem antes de Atos).
A carta aos Hebreus fala da revelação incompleta recebida pelos profetas do
Antigo Testamento: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de
muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias
pelo Filho” (Hebreus 1.1).
Em alguns casos, o próprio entendimento dos profetas ficara incompleto diante
de algumas revelações divinas. Eles recebiam a revelação e não entendiam nada
do que Deus estava passando para eles. Foi exatamente o que ocorreu com
Daniel: “Eu, pois, ouvi, mas não entendi; por isso eu disse: Senhor meu, qual
será o fim destas coisas? E ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão
fechadas e seladas até ao tempo do fim” (Dn 12.8-9). Daniel tinha em mãos uma
mensagem criptografada que ele próprio não poderia ler e entender.
Pedro também fala de algo parecido a respeito de revelações bíblicas que nem os
profetas que receberam essas mensagens haviam entendido, pois não era o
momento de eles entenderem: “Da qual salvação inquiriram e trataram
diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada
indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava
neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam
de vir, e a glória que se lhes havia de seguir. Aos quais foi revelado que, não
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para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos
foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos
pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem atentar” (1
Pedro1.10-12).
Portanto, quando chegamos em Atos dos Apóstolos encontramos a Igreja recém
formada, mas não compreendida pelos próprios discípulos sobre os quais o
Espírito Santo desceu em línguas como que de fogo. Pedro tem ali uma revelação
de que, em parte, aquilo era semelhante à profecia feita em Joel 2.28. Todavia,
tudo indicava que ele estava se referindo apenas à semelhança, pois não vemos
que naquele momento tenham aparecido “prodígios em cima, no céu; e sinais em
baixo na terra, sangue, fogo e vapor de fumo”, e nem se converteu o sol em
trevas “e a lua em sangue” (At 2.16-20; Jl 2.28-31).
Sendo assim, naquele estágio da revelação de Deus, nos primeiros capítulos de
Atos, nem Pedro sabia muitas coisas, como ficaria comprovado no episódio com
Cornélio. Ele não fazia ideia de que as chaves que recebera do Senhor nos
Evangelhos serviriam para introduzir os gentios e samaritanos no Corpo de
Cristo, além dos judeus que acabavam de ser acrescentados à Igreja em Atos 2.
Enquanto isso, Deus estaria preparando um vaso escolhido para receber as
revelações que faltavam ser reveladas sobre os mistérios de Deus. “Disse-lhe,
porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o
meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel” (Atos 9.15). Mais
à frente, Paulo diria: “Por esta causa eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo
por vós, os gentios; se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que
para convosco me foi dada; como me foi este mistério manifestado pela
revelação, como antes um pouco vos escrevi; por isso, quando ledes, podeis
perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual noutros séculos
não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo
Espírito aos seus santos apóstolos e profetas; a saber, que os gentios são co-
herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo
evangelho; do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi
dado segundo a operação do seu poder. A mim, o mínimo de todos os santos, me
foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as
riquezas incompreensíveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja a
dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo
criou por meio de Jesus Cristo; para que agora, pela igreja, a multiforme
sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus.” (Ef
3.1-10).

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Percebe agora, caro leitor, como é impossível entender a Bíblia apenas sacudindo
um saco de versículos e tirando aquele que bem entender? Existe uma ordem, e o
livro de Atos é exatamente isso, atos ou ações dos apóstolos e da Igreja ao longo
de seu período inicial, incluindo falhas e reajustes, como aconteceu no caso da
“distribuição de alimentos”.
No capítulo 2 de Atos, os primeiros cristãos “estavam juntos, e tinham tudo em
comum, e vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo
cada um havia de mister” (At 2.44-45). Aquilo era uma iniciativa deles e não
uma ordem de Deus para o povo cristão. Em primeiro lugar, não existe ali uma
lei de Cristo dizendo que a Igreja deveria agir daquela maneira. Em segundo
lugar, aquele método de ajudar os irmãos mais necessitados não durou muito
tempo, pois logo o egoísmo se fez presente entre eles: “Ora, naqueles dias,
crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra
os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério
cotidiano” (Atos 6.1). A partir dali, os apóstolos precisaram decidir como
organizar tudo aquilo na Igreja de Deus. Tudo isso nos mostra que os cristãos
viviam um tempo de transição, de transformação e organização até que as
primeiras doutrinas para a Igreja viessem por meio da carta aos Romanos. Por
esta razão, usar um versículo isolado de Atos 2 para afirmar que cristãos devem
adorar em um templo é não entender que o livro de Atos não tem nada a ver com
doutrina, mas, predominantemente com uma fase de estabelecimento e
organização da Igreja de Deus.

SÓ EXISTIU UM TEMPLO INSTITUÍDO POR DEUS, E ESSE


TEMPLO NÃO FOI FEITO PARA CRISTÃOS, MAS PARA
JUDEUS
Só havia um Templo instituído por Deus, e todo judeu estava proibido de adorar
ou oferecer sacrifícios (dízimos) em outro lugar que não fosse o Templo de
Jerusalém. Muitas pessoas pensam que as sinagogas eram o mesmo que o
Templo. Isso é um erro. As sinagogas não eram templos nem lugares de
adoração; elas eram escolas de judaísmo onde os judeus liam e aprendiam as
Escrituras.
Os primeiros discípulos frequentaram o Templo de Jerusalém em Atos 2
simplesmente porque eles ainda não sabiam o que era a Igreja, pois as primeiras
revelações de como a Igreja funcionaria viriam por meio de Paulo, e isso estava
um pouco longe de acontecer. Tudo era muito difícil para eles ali, no nascedouro
da Igreja. A conversão de Paulo ainda não havia ocorrido. Quando Paulo se
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converteu, ele veio a receber a revelação do "mistério" para poder explicar tudo
quanto estava oculto até ali para os crentes da antiga dispensação. Digno de nota
é que, se encontramos alguns cristãos indo às sinagogas depois disso, um leitor
atento saberá que esses cristãos iam lá para pregar o evangelho aos judeus, e não
para congregar com os judeus.
Após essa explicação, fica bem mais fácil entender o motivo pelo qual os
primeiros cristãos visitavam o Templo de Jerusalém. As faculdades de teologia
das diferentes vertentes denominacionais preparam seus ministros segundo o seu
próprio "corpo doutrinário". Para quem não sabe, a expressão “corpo doutrinário”
é usada por “pastores” e “ministros” dessas denominações para designar seu
próprio sistema de doutrina predeterminado. Ou seja, é esse "corpo doutrinário"
que irá definir como deve ser o entendimento da Bíblia naquela instituição
religiosa em particular. Quando se trata de uma instituição que prega, por
exemplo, obras da Lei, creio que o nome mais adequado para esse "corpo
doutrinário" seria "cadáver doutrinário", pois a doutrina apresentada por Paulo à
Igreja deixa muito claro que a letra da Lei só pode matar, e não dar vida; e por
isso ela é chamada de "ministério da morte". Para melhor compreensão, confira
Romanos 7.5-6 e 2 Coríntios 3.6-8.
Em suma, ainda que diferentes “ministros” de diferentes denominações possam
argumentar que tudo o que está em seu "corpo doutrinário" veio da Bíblia, fica
óbvio que cada uma dessas denominações sorteou as passagens que melhor se
encaixam em sua doutrina já determinada pelos fundadores ou pelo “poder
central” daquela denominação. O resultado é uma cristandade cheia de monstros
doutrinários ao estilo Frankenstein, que inegavelmente foram montados com
passagens bíblicas costuradas entre si, mas completamente fora de seu lugar e da
função que Deus determinou para elas.
Hoje entendo melhor o que um irmão da Califórnia, que já está com o Senhor,
queria dizer quando se referia a algum "Seminário Teológico" – ou "Theological
Seminary" em inglês – como "Theological Cemetery" ou "Cemitério Teológico".
O som do trocadilho funciona melhor em inglês.

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FIM DOS TEMPLOS

Fazemos muitas coisas sem perguntar nada a Deus. É por essa razão que existe
tanta confusão no testemunho cristão. Geralmente não olhamos para as Escrituras
com a intenção sincera de saber o que Deus realmente quer de nós, cristãos, e não
dos judeus no Velho Testamento ou nos evangelhos judaicos. Um caso clássico
deste problema é o dos templos e santuários que cristãos constroem como se
fossem lugares físicos de adoração. Muitas vezes esses cristãos são “bem
intencionados”, mas sua boa intenção não os livra de tal pecado. Todavia, fica a
pergunta: “Será que Deus ordenou que os cristãos construíssem templos e
adotassem o modelo judaico de adoração na Sua Igreja?”.
Sabemos que Deus deu instruções detalhadas à Israel a respeito do local onde Ele
queria ser adorado. Não era permitido que os judeus imitassem os pagãos em sua
forma de adoração, pois os pagãos adoravam a seus deuses onde e como bem
entendiam. Por esta razão, Deus ordenou aos israelitas a buscarem “o local que o
Senhor, o Seu Deus, escolhesse dentre todas as tribos para ali pôr o Seu nome
para Sua habitação” (Deuteronômio 12.5). A partir dali, não haveria outro nome
e não haveria outro lugar onde Deus pudesse ser adorado. Deus ainda os
alertou: “Tenham o cuidado de não sacrificar os seus holocaustos (dízimos) em
qualquer lugar que lhes agrade. Ofereçam-nos somente no local que o Senhor
escolher” (Deuteronômio 12.13-14). Esse lugar seria o Templo construído em
Jerusalém por direção divina. Somente ali o povo de Israel podia e deveria
adorar.
Jesus, quando esteve na terra, profetizou a respeito de uma mudança radical que
estava para ocorrer por direção de Deus. Diante da afirmação da mulher
samaritana de que os “judeus dizem que Jerusalém é o lugar onde se deve
adorar”, ele declarou: “Está próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai
nem neste monte, nem em Jerusalém (Templo)... mas está chegando a hora, e de
fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e
em verdade... Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem
em espírito e em verdade” (João 4.20-23). O cumprimento desta profecia veio
bem rápido, no ano 70 d.C, quando Deus permitiu a destruição total do Templo
de Jerusalém, pondo fim ao modelo judaico de adoração. A epístola aos Hebreus
é uma comprovação de tudo isso.
Hoje nós não temos um templo onde adorar, nem estamos separados da presença
de Deus por um véu, como os judeus estavam, porque “temos plena confiança
para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus, por um novo e vivo
caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo” (Hb 10.19-20).
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Para nós, cristãos, não existe um lugar físico de adoração, como no caso de
Israel. E por mais que os líderes religiosos do nosso século insistam em negar, o
princípio de que é o nome do Senhor que valida o lugar da adoração cristã
permanece: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí
estou eu no meio deles” (Mt 18.20). A ordem dirigida a nós, Igreja, é muito clara
nesse sentido: “Saiamos, pois, a Ele [Jesus] para fora do arraial” (Hb 13.13). O
arraial aqui é o sistema judaico de adoração ou qualquer coisa semelhante a isso,
como aprendemos no capítulo 1 deste livro. Mas alguém pode perguntar: “Aonde
iremos?”. O melhor a se fazer é perguntarmos ao próprio Senhor Jesus, como os
apóstolos fizeram: “Onde queres que a preparemos?” (Lc 22.9).

CRISTIANISMO OU JUDAÍSMO?
O Judaísmo não é o padrão para a adoração cristã

Parece que as “igrejas” da cristandade em geral não entenderam que o Judaísmo


não é um padrão para a adoração cristã. As várias denominações evangélicas e
católicas espalhadas pelo mundo, incluindo até mesmo alguns grupos reunidos ao
nome do Senhor, têm ignorado o ensino claro das Escrituras que mostra que o
tabernáculo é uma figura do verdadeiro santuário ao qual agora temos acesso
pelo Espírito (Hb 9.8-9, 23-24).
Mesmo assim, as “igrejas” têm usado o tabernáculo como um padrão para suas
construções cheias de luxo e com adornos judaicos. As igrejas emprestaram
muitas coisas do Antigo Testamento para introduzi-las literalmente em seus
lugares de adoração e cultos religiosos, perdendo de vista o verdadeiro
significado dessas coisas que um dia voltarão para outro propósito, na
dispensação da plenitude dos tempos (no reino milenar de Cristo sobre a Terra).
A cristandade, especialmente denominacional, erigiu magníficos edifícios e
catedrais usando o padrão do templo do Antigo Testamento, pensando estar
agradando a Deus com essas coisas. Essas construções religiosas recebem o
nome de "Templo" ou "Tabernáculo" para permanecerem alinhadas ao judaísmo
do Antigo Testamento. Algumas denominações chegam ao ponto de separar uma
parte dessas construções como se fosse um lugar mais santo do que o resto da
construção, chamando-o de "Santíssimo" ou "Santuário", como acontecia no
tabernáculo do Antigo Testamento. Tudo isso mostra que há muito tempo os
cristãos perderam de vista o fato de que hoje a casa de Deus é uma "casa
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espiritual" construída de pessoas redimidas (1Co 3.9; Ef 2.19-22; Hb 3.6; 1Pd
2.5), e não uma casa material no sentido literal da palavra.
Segue abaixo uma lista de algumas coisas que a igreja emprestou do judaísmo e,
por conta disso, provocou tantos danos na vida de muitas pessoas:
● O uso literal de templos e catedrais como lugares de adoração.
● Uma classe especial de homens que exercem seu ofício a serviço da
congregação.
● O uso de instrumentos musicais para ajudar na adoração.
● O uso de um coral.
● O uso de incenso para criar uma atmosfera espiritual.
● O uso de vestes religiosas pelos "Ministros" e membros do coral.
● O uso de um altar literal (sem sacrifícios).
● A prática do dízimo.
● A observância de dias santos e festas religiosas.
● Um rol de membros com os nomes dos que estão congregados.
Alguém pode choramingar pelo fato de que muitos desses elementos judaicos
foram alterados de alguma forma para se adaptarem ao contexto cristão, mas o
fato é que esses elementos continuam carregando os adornos do judaísmo. Esse
tipo de influência judaica, com seus princípios e práticas, permeou a igreja e,
como consequência, as pessoas não sabem mais responder a uma simples
pergunta: “O QUE É A IGREJA?”. Isso se aplica a qualquer tipo de pessoa: seja
ela comum, crente, descrente, religiosa, estudante da bíblia, etc. A pessoa não
responde à esta simples pergunta porque na verdade ela não faz a mínima ideia
do que seja a Igreja. Ela irá tentar responder conforme os parâmetros dos ensinos
de seus líderes e do corpo doutrinário de sua seita, mas não chegará nem perto do
que a Bíblia diz.
Muitas dessas coisas têm estado associadas ao cristianismo há tanto tempo, que
já foram aceitas pelas massas como se viessem de Deus. A maioria das pessoas
acha bom ter essa mistura judaico-cristã, pois facilita tudo. "Pra quê aprender
tudo de novo, se estamos felizes aqui, não?”.
Infelizmente, misturar essas duas ordens distintas de se aproximar de Deus
destruiu a distinção original que existia em cada uma delas, fazendo com que o
resultado dessa mistura não fosse nem judaísmo, nem cristianismo. O que temos
hoje na cristandade pode ser chamado de qualquer coisa, menos de cristianismo
ou de judaísmo.

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IGREJAS DE PEDRAS E TIJOLOS DIFICULTAM O AVANÇO
DO EVANGELHO
As pessoas em geral ficaram tão acostumadas com a falsa ideia de que as
construções religiosas são “igrejas”, que elas acabaram acreditando que este era o
ideal de Deus na Bíblia, e isso gera muita confusão na mente dessas pessoas
porque quando elas vão comparar tal realidade com as Escrituras elas não
encontram nada disso lá. Veja bem: na opinião da maioria das pessoas essas
construções são um sinônimo de cristianismo. Todavia, o Novo Testamento nem
sequer menciona essas características entre as coisas que Deus deseja para a
Igreja.
Abaixo eu irei provar ao leitor que existem pelo menos cinco boas razões para
esses edifícios, associados ao cristianismo, mais atrapalharem do que ajudarem o
evangelho:

1) Eles não são bíblicos.


Como já fora demonstrado, simplesmente não existe qualquer fundamento
bíblico para isso no Novo Testamento.

2) Eles transmitem ao mundo uma mensagem errada.


A grande maioria das pessoas é levada a pensar que o cristianismo é uma
continuação do judaísmo, apenas com algumas novas alterações cristãs. Elas
erroneamente concluem que Deus habita em "templos feitos por mãos", e que
só pode ser adorado nesses templos (At 17.24-25). É exatamente a partir desse
fato que as pessoas aceitaram a falsa ideia de que alguém precisa ir a um edifício
chamado "igreja" para orar e se aproximar de Deus.

3) Eles não são econômicos.


Essa ênfase a edifícios luxuosos leva muitos “pastores” e outros tipos de líderes
denominacionais a gastarem muito dinheiro para ornamentarem suas sinagogas.
Enquanto milhões de pessoas – em especial irmãos em Cristo – padecem de fome
em todo o mundo, tanto no sentido espiritual como material, esses líderes
religiosos utilizam o dinheiro da maneira mais antibíblica que se pode imaginar.
Bruce Anstey explica esse ponto da seguinte forma:

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“A maior parte dos fundos que a igreja recebe em suas coletas deveria ser usada
para permitir a pregação do evangelho e a disseminação da verdade, não para
financiar modernas construções e organizações para-eclesiásticas. O pesado ônus
desses investimentos e de seus juros faz com que os líderes eclesiásticos peçam
ofertas cada vez mais generosas a fim de pagarem pela construção e por sua
manutenção. Com isso as pessoas podem ser levadas a acreditar que Deus só está
interessado em dinheiro. Com milhões sendo coletados todas as semanas, parece
que a maior dificuldade dos cristãos não está em dar, mas em direcionar os
fundos que são arrecadados. Hudson Taylor disse: ‘O problema da igreja não é a
falta de fundos, mas a falta de consagração de fundos!’".

4) Esses edifícios são uma hipocrisia.


Enquanto esses “pastores” constroem esses imensos edifícios, eles dizem ao
mundo que amam as pessoas e se interessam profundamente por suas almas.
Porém, essa mensagem que eles estão passando não é muito convincente. Se a
igreja está tão interessada nas pessoas necessitadas deste mundo, por que não
sacrificar um pouco do esplendor de suas edificações chamadas de “igreja”? Ao
construir seus edifícios luxuosos, a igreja está demonstrando que está mais
preocupada com a própria glória e conforto do que com as pessoas necessitadas.

5) Esses edifícios intimidam.


Pessoas que tiveram pouco ou nenhum contato com o cristianismo não entrarão
nessas luxuosas construções associadas ao cristianismo. Edifícios cheios de
pompa tendem a espantar, e não atrair essas pessoas. Tudo lhes parece muito
opressor (As pessoas do mundo parecem ter um senso melhor que os cristãos
daquilo que convém ao cristianismo – Lucas 16.8). Existe uma forte reação
contra o formalismo, especialmente entre os jovens. As pessoas também têm
medo de serem convidadas a contribuir com dinheiro. Mesmo assim, muitas
dessas pessoas estariam prontas a ir a um estudo bíblico na forma de uma
conversa numa casa ou em um salão menos pretensioso. Elas se sentem mais à
vontade em uma atmosfera informal e não profissional, o que é exatamente
ensinado na doutrina dos apóstolos, ficando assim mais receptivas a receberem o
evangelho.
Portanto, esses grandes edifícios e templos luxuosos e confortáveis são um
empecilho ao evangelho, e tão somente mostram que não somos mais sábios do
que a Palavra de Deus. O padrão simples que Deus nos deu em Sua Palavra é
sempre o melhor caminho, pois "o caminho de Deus é perfeito" (Sl 18.30).

40
A IGREJA NÃO É A CONTINUAÇÃO DE
ISRAEL

Maior parte do sistema religioso crê e ensina erroneamente que a Igreja é a


continuidade de Israel. Essa crença é adotada pelo catolicismo romano e também
por grande parte do protestantismo fundamentalista. A teoria é baseada na
famigerada “Teologia do Pacto”, que contaminou maior parte da cristandade ao
longo dos tempos, principalmente após o século 4º.
Na história vemos que a ideia herética de que a Igreja seja a continuidade de
Israel produziu algumas aberrações, tais como o desejo de destruir os judeus, a
começar pelos católicos (Inquisição) e depois por protestantes (Alemanha). Um
exemplo disso é Lutero, que tinha uma aversão mórbida pelos judeus, como se
eles fossem um câncer no desenrolar da história do mundo. Apesar de Deus ter
usado Sua Palavra para resgatar a doutrina da “salvação pela graça” e
“justificação pela fé” por meio de Lutero, o mesmo não pode ser dito a respeito
da amargura que ele tinha contra os judeus devido à má compreensão sobre o
povo terrenal de Deus – Israel.
O sentimento de anti-semitismo de Martinho Lutero pode ser visto em um de
seus escritos:
"Em primeiro lugar, suas sinagogas deveriam ser queimadas... Em segundo
lugar, suas casas também deveriam ser demolidas e arrasadas... Em terceiro,
seus livros de oração e Talmudes deveriam ser confiscados... Em quarto, os
rabinos deveriam ser proibidos de ensinar, sob pena de morte... Em quinto lugar,
os passaportes e privilégios de viagem deveriam ser absolutamente vetados aos
judeus... Em sexto, eles deveriam ser proibidos de praticar a agiotagem... Em
sétimo lugar, os judeus e judias jovens e fortes deveriam pôr a mão no
debulhador, no machado, na enxada, na pá, na roca e no fuso para ganhar o seu
pão no suor do seu rosto... Deveríamos banir os vis preguiçosos de nossa
sociedade ... Portanto, fora com eles... Resumindo, caros príncipes e nobres que
têm judeus em seus domínios, se este meu conselho não vos serve, encontrai
solução melhor, para que vós e nós possamos nos ver livres dessa insuportável
carga infernal – os judeus". ("Concerning the Jews and their lies" - por
Martinho Lutero).
Como se pode ver, a mente de Martinho Lutero, por consequência da Teologia do
Pacto que permeou a cristandade em seu tempo e se alastrou pelo mundo até o
século 19, era completamente cega quanto ao futuro profetizado para Israel na

41
Bíblia. Lutero não tinha nenhuma compreensão sobre as dispensações das
Escrituras e os desdobramentos delas.

SERÁ QUE TEMOS QUE PREGAR O “EVANGELHO” AOS


QUATRO CANTOS DO MUNDO PARA QUE CRISTO POSSA
RETORNAR PARA ARREBATAR A SUA IGREJA?
Outras consequências podem ser vistas por causa desse pensamento a respeito de
Israel e Igreja. Por conta das pessoas pensarem que não existe um futuro para
Israel e que tal futuro seria a Igreja, elas automaticamente são levadas a concluir
que os comandos de se “pregar o evangelho aos quatro cantos do mundo para
Cristo poder voltar” são para os cristãos.
Essas pessoas imaginam que é necessário que todo homem, em cada lugar do
mundo, deve ser evangelizado como condição prévia para a volta de Cristo,
quando, na verdade, a ordem do "Ide" em Mateus 10.7 e 24.14 foi dada aos
apóstolos em circunstâncias claramente judaicas. Ou seja, Jesus estava falando do
"evangelho do Reino" ali. O evangelho do reino é aquele que anuncia a volta do
Rei de Israel. É muito importante entender isto: que o evangelho do reino,
descrito por Jesus nestas ocasiões, não é o evangelho da graça. O evangelho do
reino diz: “Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus”, enquanto o
evangelho da graça diz: “Creia no Senhor Jesus e será salvo”.
Segundo os que pensam que devemos pregar o “evangelho do reino” a toda
criatura para Jesus voltar, enquanto o mundo não for totalmente evangelizado
Cristo não poderá retornar para arrebatar a Sua igreja, o que Ele prometeu com
tanta veemência. Portanto, segundo os que interpretam a Bíblia com tudo junto e
misturado, seria bobagem crer que o Senhor poderia vir a qualquer momento para
arrebatar a Sua amada Noiva (Igreja), como era a esperança de Paulo e de outros,
os quais obviamente sabiam que o evangelho da graça não seria pregado em todo
o mundo dentro do período de suas vidas.
Veja o que Paulo diz aqui: “Depois NÓS, OS QUE FICARMOS VIVOS,
seremos arrebatados...” (1 Tessalonicenses 4.17).

A FALSA TEOLOGIA DO DOMÍNIO


Outra aberração que podemos constatar na crença de que o cristianismo precisa
primeiro conquistar e dominar o mundo para que Cristo possa voltar, são as
cruzadas, antigas e modernas, em sua ânsia conquistadora de dominar a terra e
transformá-la em um “mundo cristão”. O desejo norte-americano de uma
42
hegemonia ocidental, que às vezes faz uso de meios militares para atingir tal fim,
faz parte do programa da “Teologia do Domínio” (ou Teologia do Pacto, para ser
mais exato). A Teologia do Domínio, professada pelo ex-presidente Bush e por
parte dos batistas fundamentalistas do sul dos Estados Unidos, vem desse desejo.

ISRAEL E IGREJA SÃO DOIS POVOS DISTINTOS


Sem mais delongas, vamos aos fatos: Israel e Igreja são dois povos diferentes, e
isso é claramente explicado em Romanos 11. Israel está no presente momento em
estado de torpor e cegueira enquanto Deus trata com a Igreja. Todavia, isso irá
mudar. No fim, um remanescente judeu fiel irá se converter a Deus, e Deus terá
os dois povos: Israel, escolhido desde a fundação do mundo (Mt 25.34), e a
Igreja, escolhida antes da fundação do mundo (Ef 1.4).
A Igreja não é Israel. Eu não sou o “Israel de Deus”. Sou um cristão. Para ser
Israel eu teria que me tornar israelita ou, no mínimo, me tornar um prosélito,
passando a ter minhas práticas e costumes pautados nas ordenanças judaicas.
Além disso, para ser um israelita, eu teria que buscar em Jerusalém o meu lugar
de adoração (o Templo de Jerusalém), como fora ordenado aos judeus no Antigo
Testamento.
Romanos 11 fala muito disso e nós deveríamos dar mais atenção ao que está
explícito nesta passagem.
Mario Persona explica:
“Romanos 11 usa como exemplo a oliveira, a árvore de onde provém o azeite
que é tantas vezes usado nas Escrituras como figura do Espírito Santo, pois o
azeite é o combustível da luz que ilumina. O assunto do capítulo não é a
salvação ou o testemunho individual, mas o testemunho coletivo de Deus na
terra, ora nas mãos de seu povo Israel, ora nas mãos da Igreja, em diferentes
épocas sob influência e direção do Espírito Santo.
Israel, os ramos naturais, foram quebrados, e a Igreja, os ramos de oliveira
brava, enxertados. Considerando que uns e outros são meros ramos, podemos
deduzir que a árvore continua existindo independente deles, porque a árvore é o
testemunho de Deus em sua totalidade. Os ramos são aquelas coisas que partem
do tronco e expandem seu alcance, o que vem bem de encontro à ideia de um
testemunho crescente e abrangente.
Em Gênesis 12 Deus prometeu a Abraão que ele seria o pai de uma grande
nação, e obviamente sabemos tratar-se de Israel. Abraão foi pai de Isaque e avô
de Jacó, que teve seu nome mudado para Israel. A promessa incluía que todas as
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nações da terra seriam abençoadas por meio de Israel, ao qual Deus chamou de
sua "menina dos olhos".”
Agora note a seriedade de tudo isso:
“Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação
vem dos judeus” (João 4.22).
“Para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo, e para
que pela fé nós recebamos a promessa do Espírito” (Gálatas 3.14).
Essas passagens não estão dizendo que os gentios (nós) se tornariam judeus ou
Israel para serem abençoados. A mensagem está dizendo que nós, gentios,
desfrutaríamos da bênção que, por intermédio de Abraão e de Israel, chegaria até
nós na Pessoa de Jesus Cristo e de seu sacrifício consumado. Portanto, hoje
somos salvos independente de nos tornarmos judeus ou parte da nação de Israel.
O fato de nós, cristãos, existirmos, independente de Israel, não significa que
Israel tenha deixado de ser a “menina dos olhos” de Deus, a nação terrenal de
Deus, e muito menos significa que esta nação tenha perdido as bênçãos das
promessas que Deus lhe deu.
Se antes Deus olhava para o mundo e enxergava apenas dois povos, Israel e
gentios, hoje Deus enxerga três: Israel, gentios e Igreja. Veja:
“Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos
[gentios], nem à igreja de Deus” (1 Coríntios 10.32).
Ora, se o Espírito Santo de Deus faz essa distinção nas Escrituras, quem somos
nós para dizer que Israel e Igreja são a mesma coisa? Quem nos persuadiu a crer
em uma aberração dessas? Ora, Paulo não faria tal distinção entre esses três
povos se a Igreja fosse apenas uma continuidade de Israel, e nem falaria de um
futuro ainda a ser realizado para Israel em Romanos 11 e em várias outras
passagens de suas epístolas.
“Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque
também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim”
(Romanos 11.1).
Nessa passagem Paulo está falando do povo de Israel. Basta ler o contexto. Paulo
deixa claro que Deus não rejeitou Seu povo terrenal, Israel, citando ele próprio
como exemplo inato de um israelita. O apóstolo se apresenta aqui como um
judeu de nascença e apresenta as credenciais que o identificam como um judeu,
embora ele seja membro do Corpo de Cristo (Igreja) agora.

44
DEUS NÃO É UM MENTIROSO
Sendo assim, embora Israel tenha falhado em seu testemunho, sua identidade
como povo e as promessas ainda não cumpridas a esta nação não deixaram de
existir. Por que? Porque Deus não é um mentiroso. Portanto, Suas promessas
para Israel são verdadeiras e certamente ainda serão cumpridas (2Co 1.20). As
pessoas que se perderam nas heresias da Teologia do Pacto necessitam reajustar
sua eclesiologia e escatologia para se conformarem com a verdade das Escrituras
e com a verdadeira natureza de Deus, o qual não mente. E dizer que Israel não
tem um futuro a ser cumprido por Deus é chamá-lo de mentiroso. Não seria isso
uma blasfêmia? Essa é a lógica de tudo isso.
É realmente difícil compreender como os ditos “teólogos” e “pregadores” da
Teologia do Pacto podem aplicar à Igreja promessas da Escritura que, em seu
sentido normal de interpretação, aplicam-se claramente ao povo de Israel e à
Palestina. E essas promessas ainda devem ser cumpridas no futuro. Os livros
proféticos estão cheios de ensinamentos que, se forem interpretados
normalmente, sem alegorizações infundadas, seriam inspiradores. O aprendizado
resultante da compreensão dessas profecias seria uma magnífica segurança de um
futuro grande e glorioso. A partir do instante em que essas profecias são
espiritualizadas em sua interpretação, elas se tornam ridículas – Quando
aplicadas à igreja, elas são uma comédia.
Como já fora dito, o Israel de Deus tornará a ser o centro da atenção neste mundo
e Deus tornará a tratar com ele, não importa quanto tempo demore. Se não fosse
assim, não teríamos mais que nos preocupar com Israel, e até seria um favor se
tal nação desaparecesse da face da terra para deixar o caminho livre para a Igreja.
Era assim que pensavam os católicos medievais, era assim que pensava Lutero e
outros protestantes, e é assim que muitos ainda pensam.
O apóstolo Paulo, apesar de admitir o fracasso de Israel e falar da Igreja sendo
introduzida por Deus como Seu testemunho na presente dispensação, deixa claro
que ainda há uma dispensação à frente, chamada de “dispensação da plenitude
dos tempos” (Ef 1.10), prevista para Israel no fim de toda a história humana,
confirmando assim a identidade e singularidade desse povo que ainda irá ver
cumpridas as promessas feitas por Deus no Antigo Testamento:
“Digo, pois: Porventura [os israelitas] tropeçaram, para que caíssem? De modo
nenhum, mas pela sua queda veio a salvação aos gentios, para os incitar à
emulação. E se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a
riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!” (Romanos 11.11-12).
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O TESTEMUNHO DE ISRAEL E O TESTEMUNHO DA IGREJA
Abaixo veremos alguns versículos onde Paulo mostra diretamente à Igreja o
perigo de seu testemunho também ser cortado, como foi o caso de Israel por sua
incredulidade. E é exatamente o que tem ocorrido. Israel falhou em seu
testemunho e, agora, a Igreja também mostra que falhou. Todavia, deixaremos
para falar sobre a falha no testemunho cristão em outro artigo. Nas epístolas que
se seguem o apóstolo fala de dois povos distintos. Se a Igreja fosse a
continuidade natural de Israel, não haveriam essas comparações na Bíblia. O
versículo 23 de Romanos 11, por exemplo, deixa bem claro que Israel continua
apenas em "stand by" (ou em suspensão), mostrando assim a possibilidade de sua
readmissão ao testemunho de Deus na terra. E é exatamente o que ainda irá
ocorrer no chamado Milênio (os mil anos de reinado de Cristo na terra).
“E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados;
porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar” (Romanos 11.23).
Finalmente, a Bíblia mostra que é apenas uma questão de tempo para que isso
aconteça: "até que a plenitude dos gentios haja entrado". Veja:
“Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais
de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a
plenitude dos gentios haja entrado. E assim todo o Israel será salvo, como está
escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades. E esta
será a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados” (Romanos
11.25-27).
A expressão "quando eu tirar os seus pecados" denota que a Igreja não é a
continuidade de Israel, mas uma entidade distinta, pois Deus ainda irá tratar com
Israel num futuro próximo, que é o tempo também citado no versículo 31:
“Assim também estes agora foram desobedientes, para também alcançarem [no
futuro] misericórdia pela misericórdia a vós demonstrada” (Rom 11.31).

A HISTÓRIA SOMADA ÀS PROFECIAS


É importante e muito motivador notar que a história se encaixa com todas essas
profecias que temos visto, especialmente com relação a Israel. Em 1967,
soldados judeus entraram em Jerusalém, largaram suas armas e correram para o
Muro das Lamentações, chorando profundamente. Isso mostra que atualmente

46
Israel tem mostrado, com mais clareza do que nunca, que seu atual estado está
em perfeita harmonia com o que Deus prometeu que faria a esta nação. É
impressionante ver teólogos do pacto negarem a significância disso no corredor
da história em conformidade com as Escrituras. Ora, no ano 70 d.C, até 1967,
cerca de 2.000 anos até aqui, Jerusalém tem estado sob o domínio e controle dos
gentios, e agora os judeus reconquistaram a cidade de Jerusalém. Jesus profetizou
sobre isso. Ele disse que Jerusalém seria pisada sob os pés dos gentios até que
a medida destes fosse completada (Romanos 11.25-27). Isso é
assombrosamente maravilhoso para quem aceita o que é dito pelas Escrituras
sagradas, mas é estarrecedor para quem ainda acredita que Israel é uma nação
esquecida por Deus e que a Igreja tomou o seu lugar de alguma forma espiritual.
Todavia, o que parece estarrecedor e confuso para os teólogos do pacto está
perfeitamente de acordo com as Escrituras. A sobrevivência dos judeus é
exatamente o que deveríamos esperar ao aplicarmos consistentemente a
hermenêutica literal à profecia bíblica e se entendermos que a eleição soberana
de Deus sobre a nação de Israel é incondicional e distinta da Igreja. Ele fez
promessas à Israel no Antigo Testamento que ainda não foram cumpridas, mas
serão no futuro. Uma futura geração de israelitas étnicos na salvação e no
restabelecimento do reino messiânico terreno está por vir, juntamente com o
cumprimento total de todas as promessas feitas à Israel.
A ideia da Igreja substituir Israel ou ser sua continuação não deve ser tratada
como uma mera questão secundária ou “opinião teológica”, como muitos têm
afirmado. Esse pensamento a respeito de Israel e Igreja é uma heresia e ponto
final. A propósito, eu a considero até mesmo maligna por desprezar todas as
promessas feitas por Deus especificamente a esse povo e tentar usurpá-las para a
Igreja. Até meados do século 19 Israel era visto pela cristandade em geral com
indiferença e desprezo. Agora pense comigo, caro leitor: a "menina dos olhos" de
Deus vista com desprezo pelos que se dizem seguidores de Cristo, um judeu!
Consegue imaginar como isso é visto por Deus?
Desde o século 19 temos visto como muitos entenderam as verdades
dispensacionais da Bíblia. Porém, infelizmente a atual Teologia da Prosperidade,
filha caçula da Teologia do Pacto, volta a tentar aplicar à Igreja as promessas
feitas a Israel no Antigo Testamento, causando um retrocesso dos cristãos aos
tempos do catolicismo medieval.

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DISPENSACIONALISMO:
A importância da hermenêutica bíblica

A hermenêutica verdadeiramente bíblica exige três regras indispensáveis para


uma teologia honesta e sem distorções da Escritura Sagrada:

1. A HERMENÊUTICA HISTÓRICO-GRAMATICAL
CONSISTENTE ELIMINA ALEGORIZAÇÕES INFUNDADAS:
Se a maioria dos cristãos soubesse dos desdobramentos que a Eclesiologia e
Escatologia trazem para a vida prática do cristão, não estaria atribuindo o tema a
uma mera “questão secundária" ou “erro teológico” ao invés de uma clara
heresia. A prática do “pedobatismo” (batismo infantil), por exemplo, é só a ponta
do Iceberg herético da Teologia do Pacto ou Aliancista. Essa tradição romana
ficou enraizada no coração de maior parte da cristandade e causa danos
irreversíveis na ortodoxia cristã de forma direta. Há alguns anos atrás eu não diria
isso, pois ainda era imaturo demais para perceber. Mas, tendo me aprofundado
um pouquinho no tópico e vasculhado as conseqüências doutrinárias resultantes
de uma Eclesiologia surgida com as alegorias mirabolantes de Agostinho,
descobri que o assunto não se trata meramente de ênfase, mas de conteúdo. Tanto
os apóstolos como os cristãos dos dois primeiros séculos pós-apostólico jamais
foram conhecidos por defenderem uma visão anti-dispensacionalista. Por que?
Porque a visão dispensacional das Escrituras é o que se espera de alguém que lê a
Bíblia da forma intencionada pelo Espírito Santo.

O que é a hermenêutica?
A hermenêutica bíblica é o estudo dos princípios e métodos de interpretação do
texto bíblico. Segundo os comandos claros de 2 Timóteo 2.15, ao se envolverem
com a hermenêutica, os crentes devem "procurar se apresentar a Deus
aprovados, como obreiros que não têm de que se envergonharem, que
manejam bem a palavra da verdade” (v.15).
Deste modo, o objetivo central da hermenêutica dispensacionalista é nos guiar
dentro das passagens bíblicas com o propósito de nos levar a uma interpretação
aplicada pela própria Escritura, e jamais pela ótica limitada de métodos
humanistas, tais como o método de interpretação histórico-crítico ou alegórico.

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Assim, com base no método histórico-gramatical [literal] dos textos sagrados,
atestado e aprovado pelo tempo, a intenção da hermenêutica dispensacional é
mostrar o genuíno entendimento e aplicação da Teologia Bíblica. Toda teologia
é, por definição, bíblica. Mas, quando falamos de Teologia Bíblica em termos de
método interpretativo, estamos a tratar daquilo que foi dito somente pelos autores
inspirados das Escrituras Sagradas, sem subterfúgios em opiniões de teólogos
e/ou manuscritos não-inspirados – ou até mesmo na aplicação da Teologia
Filosófica, que inclina-se a defender a fé cristã a nível apologético e se ocupa de
temas não respondidos de forma direta pela Escritura.
A regra indispensável e crucial para o método histórico-gramatical de
interpretação é que a Bíblia deve ser interpretada literalmente, a menos que
ela mesma nos forneça outra interpretação textual que aponte claramente para um
simbolismo intencionado pelo autor inspirado. Isso significa que a Bíblia deve ser
sempre interpretada com base em seu significado normal, literal ou simples, a
menos que o texto sagrado exija uma visão alegórica do texto que está sendo lido
e o autor inspirado mostre claramente sua intenção de apontar para uma
conclusão simbólica da passagem.
A hermenêutica dispensacionalista se diferencia de todas as outras hermenêuticas
por conta de sua consistência. Quando de frente para uma passagem bíblica, ela
nos mostra de forma concisa se alguma figura de linguagem está, de fato, sendo
empregada no manuscrito dos profetas ou dos apóstolos. A primeira intenção do
leitor ao abrir a Bíblia deve ser buscar o sentido normal/literal do texto. Essa
regra é imprescindível. Após fazê-lo, caso não seja possível interpretar a
passagem de forma literal, então o leitor pode e deve tentar encontrar outra
interpretação que não seja a literal.
Na Bíblia não existem contradições ou múltiplos sentidos. Ela diz o que deseja
realmente dizer e não pergunta ao homem se ele tem uma opinião secundária a
respeito do que está escrito. Por exemplo, quando Jesus fala de ter alimentado "os
cinco mil homens" em Marcos 8.19, o princípio da hermenêutica irrefutável
exige que entendamos os “cinco mil” como um número literal – ou seja, havia
uma multidão de cinco mil pessoas esfomeadas e que foram alimentadas com
verdadeiros pães e peixes por um Salvador dotado de poder milagroso. Qualquer
tentativa de "espiritualizar" o número descrito em Marcos 8.19, ou de negar um
milagre literal de Cristo nesse contexto, é lançar a inerrância das Escrituras na
lata do lixo, acrescentando alegorias não intencionadas pelo Espírito Santo. Isso é
ignorar as leis da linguagem exigidas pelo autor inspirado, que é comunicar um
número real, literal e conciso, sem brechas para alegorizações.

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Muitos intérpretes, sobretudo aliancistas [adeptos da teologia do pacto] cometem
o erro grosseiro de tentar buscar significados esotéricos que nunca são
encontrados nas entrelinhas do texto sagrado, como se cada passagem tivesse
uma verdade espiritual oculta que, segundo eles, deveríamos tentar decifrar. A
hermenêutica bíblica do Dispensacionalismo nos protege desses estratagemas e
nos mantém fiéis ao significado intencionado pela Palavra de Deus e mui longe
de alegorizações estapafúrdias de versículos claramente literais que não nos
permitem enxergar qualquer sinal de simbolismo na passagem bíblica.
A abordagem literal na interpretação não elimina cegamente as figuras de
linguagem, nem os símbolos, nem as alegorias e os tipos da Bíblia. Todavia, se a
natureza das frases exigir que interpretemos um texto alegoricamente, ela
certamente nos levará a um segundo sentido da passagem. O método literal de
interpretação é o único freio saudável e seguro para a imaginação do homem.
Esse método é o único que se coaduna com a natureza da inspiração divina nas
Escrituras.

A INCONSISTÊNCIA DA HERMENÊUTICA ALIANCISTA


É de extrema importância saber que uma teologia não é uma hermenêutica. Tal
pensamento prejudica a interpretação correta da Bíblia. Na realidade, uma
hermenêutica (princípios de interpretação de literatura) aplicada por uma
exegese habilidosa (aplicação artística de princípios interpretativos) conduz o
leitor a uma teologia, mas não o inverso. Infelizmente, todos os que seguem o
inverso disso têm colocado o carro proverbial teológico na frente do boi/cavalo
hermenêutico.
Todavia, todo adepto da Teologia do Pacto segue esse processo, consciente ou
inconscientemente, em parte ou no todo, quando vai lidar com a identidade da
igreja (Eclesiologia) e o futuro de Israel (Escatologia).
Quando os “teólogos do pacto” não atingem seu fim teológico predeterminado
usando a hermenêutica normal (que os tem servido bem em todas as áreas da
teologia), eles mudam a sua hermenêutica para gerar as conclusões
predeterminadas por eles mesmos, com as quais começaram. Esse erro produz
uma abordagem preconceituosa para com a interpretação bíblica a fim de validar
uma conclusão preestabelecida pelo “corpo doutrinário” de sua escolha. Essa é
uma maneira inaceitável, inconsistente e inválida de interpretar a Bíblia. Sendo
assim, devemos rejeitar em todas as esferas esse método corrupto de
interpretação bíblica.

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Somente uma hermenêutica consistente, com o uso do método histórico-
gramatical (literal) de interpretação bíblica, pode conduzir o leitor à interpretação
intencionada por Deus do texto sagrado. Para entender as dispensações da Bíblia
é necessário que tenhamos uma hermenêutica histórico-gramatical consistente
(ou seja, literal) na interpretação de toda a Escritura. Para tal, o primeiro passo é
usar de uma teologia pressuposicional, e não predeterminada e preconceituosa.

O QUE GANHAMOS COM ISSO?


O Dispensacionalismo não necessita de novas regras de interpretação quando
deparado com os textos proféticos, em especial no Antigo Testamento, onde
maior parte das profecias a respeito do futuro de Israel é encontrada. O texto
bíblico é lido em seu sentido normal, dentro de seu contexto. E isso nos leva a
respeitar a linguagem simbólica e as figuras de discursos quando elas são
empregadas pelo Espírito Santo na Palavra. Ao ter uma visão dispensacional da
Bíblia, você consegue entender a linguagem intencionada por Deus no Antigo
Testamento, como a história de Josué, ou ao altamente figurativo Cantares, ou
livros proféticos que, em sua maioria, falam de forma direta e literal. Quanto ao
Novo Testamento, o resultado é ainda mais gratificante, pois o Novo Testamento
não será usado para interpretar o Velho Testamento – um grande erro que muitos
também cometem e por isso ficam confusos. O Velho Testamento é interpretado
por ele mesmo, não pelo Novo Testamento.
Um exemplo disso é a diferença entre o arrebatamento da Igreja e a segunda
vinda de Jesus. A menos que algum mandato claro e incontestável da Escritura
mude o modo como a pessoa interpreta a profecia do Antigo Testamento sobre a
segunda vinda de Jesus para reinar (e não há nenhum mandato para tal), então a
Escritura deve ser interpretada consistentemente ao longo de toda a Bíblia. E
somente uma visão dispensacional proporciona ao leitor o entendimento de que o
arrebatamento da Igreja não tem nada a ver com a segunda vinda de Jesus, a qual
ocorrerá no mínimo sete anos depois do arrebatamento (o intervalo entre os dois
eventos é chamado de “Tribulação” – Essa tribulação durará sete anos).

2. O TEXTO DENTRO DO CONTEXTO


A segunda lei fundamental que rege a hermenêutica dispensacionalista, ou seja,
bíblica, é que as passagens devem ser interpretadas visando seu contexto
histórico, gramatical e contextual.

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1 – O Contexto Histórico:
Ao interpretar uma passagem historicamente, o leitor deve se empenhar em
compreender a cultura, pano de fundo e situação que deu origem ao respectivo
texto, considerando o contexto do texto. Por exemplo, a fim de compreender
plenamente a fuga de Jonas em Jonas 1.1-3, faz-se necessário entender a
correlação que a história dos assírios tem com a história de Israel.

2 – O Contexto Gramatical:
Interpretar uma passagem gramaticalmente requer que sigamos as regras
gramaticais exigidas pelo texto sagrado e que reconheçamos as nuances do
hebraico e grego. Por exemplo, quando Paulo escreve sobre "nosso grande Deus
e Salvador, Jesus Cristo" em Tito 2.13, as regras gramaticais atestam
categoricamente que “Deus e Salvador” são termos paralelos e ambos conectados
a Jesus Cristo. Em outras palavras, Paulo claramente aponta Jesus como "nosso
grande Deus”.

3 – O Contexto em Si:
Ao interpretar os versículos de uma passagem de forma contextual, estamos
cientes de que isso envolve a lei imutável que rege toda a Palavra de Deus, onde
o leitor deve, por temor a Deus, considerar todo o contexto de um versículo ou
passagem antes de determinar o seu significado. Quando deparado com um texto
bíblico difícil de ser conciliado com passagens aparentemente opostas à sua
premissa, os versículos anteriores e posteriores devem ser imediatamente
consultados para a conclusão intencionada pelos autores inspirados por Deus.
O Espírito Santo não é débil e a Bíblia jamais contradiz a Si mesma. A Bíblia
responde por si mesma a qualquer dúvida humana, em qualquer passagem que
possa apresentar dificuldades de correlação entre um ponto e outro por falta de
uma análise aprofundada de seu amplo contexto. Tomemos como exemplo o
livro de Eclesiastes. Muitas declarações enigmáticas em Eclesiastes tornam-se
mais claras quando mantidas em seu devido contexto – o livro de Eclesiastes é
escrito a partir da perspectiva terrena "debaixo do sol" (Ec 1.3). A frase “debaixo
do sol” é repetida cerca de trinta vezes pelo rei Salomão, inspirado pelo Espírito
Santo, estabelecendo o contexto real para tudo o que é "vaidade" neste mundo.

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3. A ESCRITURA INTERPRETA A ESCRITURA
A terceira regra crucial da hermenêutica dispensacionalista que se diferencia de
todas as visões teológicas, se contrapondo especialmente à Teologia Reformada
do Pacto (Aliancismo), é o fato inexorável de que a Escritura interpreta a própria
Escritura. Por esta razão, os cristãos que já possuem uma compreensão
dispensacional da Bíblia sempre comparam a Escritura com a própria Escritura
ao tentarem determinar o significado de uma passagem ao invés de construir uma
“teologia apropriada” com o intuito errôneo de aplicar uma hermenêutica
predeterminada, como fazem os teólogos do pacto. Como já fora dito, uma boa
hermenêutica produz uma boa teologia, mas nunca o inverso. Por exemplo, Isaías
condena o desejo de Judá de buscar ajuda do Egito. É importante salientar o fato
de que a sua dependência em uma cavalaria forte (Is 31.1) era motivada, em
parte, pela proibição explícita de Deus de que Seu povo não deveria ir ao Egito
em busca de cavalos (Dt 17.16).
Nos últimos tempos, o Dispensacionalismo tem sido maldosamente distorcido
por “doutores” de várias denominações religiosas no desespero de defenderem
suas convicções heréticas. A visão dispensacional da Bíblia tem sido alvo de
ataques desonestos e das mais variadas formas de perversão que se pode
imaginar, pois a visão dispensacionalista liberta os leitores de uma hermenêutica
espúria e predeterminada por uma teologia de plástico, condicionada a olhar para
a Bíblia com os olhos da incredulidade alegórica. O resultado dramático de
nossos dias é notado pelas discrepâncias desse sistema religioso denominacional
e corrompido que vemos hoje.
As pessoas evitam estudar com uma ótica dispensacional por caírem nos
sofismas maldosos criados pelo sistema religioso e por acreditarem cegamente
em conceitos criados pelos anti-dispensacionalistas. Doutores não-
dispensacionalistas se empenham em criar conceitos que nunca foram defendidos
pelo Dispensacionalismo. Quando isso não funciona, esses “ministros” se
dedicam a apontar erros obsoletos que os próprios dispensacionalistas corrigiram
ao longo do tempo. Ou seja, a elaboração errada de uma premissa leva a
conclusões obviamente errôneas, tendo como objetivo promover uma falsa
acusação.

53
CONCLUSÃO
A hermenêutica dispensacionalista aponta para a correta interpretação da Bíblia,
sem mutilar seu real propósito ao se comunicar com os santos de Deus. O
propósito da hermenêutica dispensacional é, sobretudo, nos proteger da má
aplicação da exegese escriturística e nos livrar de qualquer outra concepção
alegórica infundada que possa corromper a nossa compreensão da verdade. A
Palavra de Deus é a verdade (Jo 17.17). Queremos ver a verdade, conhecer a
verdade e viver a verdade. É por isso que a hermenêutica dispensacional, a qual
consiste num método histórico-gramatical consistente – isto é, sem abandoná-lo
ao lidar com textos proféticos e relacionados à Eclesiologia e Escatologia – é a
melhor opção para quem deseja saber o que a Bíblia de fato está nos
comunicando, e não o que a tradição dos homens quer que sigamos.

54
POR QUE NÃO CONGREGO EM
DENOMINAÇÕES RELIGIOSAS

Com tudo que tenho ensinado, muitas perguntas surgem por parte das pessoas
que são afiliadas às várias denominações religiosas espalhadas mundo afora, tais
como: “Você não congrega em nenhuma denominação? Você não possui líderes
espirituais, presbíteros ou pastores para te guiarem? Você diz que o livre arbítrio
é uma ilusão e que a Bíblia fala de predestinação. Mas, se você é calvinista, como
pode se desfazer das tradições da Reforma Protestante Reformada? Acho que
você se baseia em suas próprias opiniões!”.

Em primeiro lugar, não, eu não pertenço a nenhuma denominação religiosa.


Depois de um tempo me dedicando a respeito da verdade sobre a Igreja na Bíblia,
fui muito questionado por “crentes” e "Ministros" pertencentes a denominações
religiosas (instituições). Eles pensam que aqueles edifícios de pedras e tijolos são
a Igreja. Essas pessoas sempre me perguntam por que “não vou mais à igreja”.
Oras, a única Igreja que encontro na Bíblia é aquela que se lançou ao pescoço de
Paulo e o beijou! (At 20.37). Se aquela coisa que eles chamam de “Igreja” se
lançar ao meu pescoço, ela certamente irá me matar!

Se congregamos? É claro que congregamos! Porém, somente ao nome do Senhor.


Nós, que somos o “CORPO DE CRISTO” (e não uma denominação – seita),
jamais pregamos que não se deve congregar. Pelo contrário, tão somente
seguimos a ordem de Cristo: "Onde estiverem dois ou três reunidos em meu
nome, aí estou Eu no meio deles" (Mateus 18.20).

Apesar da Escritura nos mostrar claramente que os primeiros cristãos


congregavam em suas casas (1Co 16.5,19; Cl 4.15; Fm 1.2), fazendo da adoração
no lar um substituto para a adoração no Templo, muitos dos “pastores” e líderes
religiosos insistem que o padrão para a adoração e ministério na Igreja é estar em
um templo, e que aqueles que não estão dentro do templo são “desigrejados”
(termo inventado pelos religiosos para denegrir e caluniar os cristãos que se
libertaram do sistema religioso denominacional).

Congregar em nome do Senhor é uma coisa (Mt 18.20); fazer parte de seitas
(denominações criadas por homens, que dividem o Corpo de Cristo) é OUTRA.
Você precisa entender a diferença entre Igreja e instituição religiosa. Jesus nunca
mandou institucionalizar sua Igreja. Ele abomina isso.

55
NÃO TENHO COMPROMISSO COM CALVINO
Quanto ao fato de eu crer na soberania divina de Deus e em seus eternos
decretos, eu não dependo de Calvino pra isso. Basta eu ler a Bíblia para aprender
sobre a predestinação e a total falta de base testamentária para o que chamam de
livre arbítrio (Lm 3.37-38; Dt 32.39; Is 45.7; Rm 7.15-19). Não tenho
compromisso com homens, muito menos com a Reforma Protestante, a qual se
constitui apenas mais uma forma de dividir o Corpo de Cristo após o período do
Catolicismo medieval. Meu compromisso é com as Escrituras. Congrego
somente ao nome do Senhor, nos lares dos meus irmãos em Cristo e em meu lar
(Mt 18.20).

Eu não tenho opinião própria. Eu apenas falo e faço o que aprendi com a Bíblia.
Aqueles que fazem parte de instituições religiosas é que se aderem a opiniões de
homens, pois a institucionalização da Igreja, isto é, seu sectarismo religioso, foi
uma coisa inventada pelo homem e que trouxe sérios danos ao Corpo Místico de
Cristo, o qual é um só.

ISSO NÃO SERIA OUTRA FORMA DE SECTARISMO?


Talvez alguém venha a dizer: “Se fizermos tudo o que você diz, e começarmos a
nos reunir com aqueles que congregam sobre as bases bíblicas, será que não
estaríamos apenas nos filiando a outra divisão ou seita da igreja?”. A resposta
simples para esta pergunta é que a obediência à Palavra de Deus nunca é uma
dissidência. É isto que os cristãos deveriam estar fazendo há muito tempo. Se os
cristãos se reunirem em obediência à Palavra de Deus, em conformidade com a
verdade do "um só corpo", eles jamais poderão ser considerados uma seita,
mesmo que existissem apenas dois ou três se colocando nesse terreno. Se eles
estiverem congregados pelo Espírito em torno do Senhor Jesus não estarão no
terreno do sectarismo: eles estarão no divino centro, pois Cristo é o centro divino
para o Seu povo (Gn 49.10; Sl 50.5; Mt 18.20; 1Co 5.4).

Na prática, alguém que se une a uma determinada denominação em detrimento


das outras, já não tem autoridade para criticar aqueles que querem se separar das
denominações, pois foi exatamente o que fez! Ao limitar-se a uma denominação,
acabou deixando de lado todas as outras, pois ninguém pode ser Batista e
Presbiteriano ao mesmo tempo. Portanto, ao unir-se à denominação de sua
escolha, sua atitude o excluiu de todas as outras, deixando assim de guardar a
unidade do Espírito. Quem quiser argumentar sobre este ponto precisará primeiro
praticar por si mesmo a unidade que espera que os outros pratiquem.

56
Alguns nos acusam de causar divisões dentro da congregação onde estamos pelo
fato de não estarmos inseridos nas instituições religiosas criadas pelos homens. A
resposta para isso é que não há divisão onde eu congrego porque aqui a gente
aplica disciplinas ordenadas pelas Escrituras e corrige o erro doutrinário que é
levantado por alguém. Não há divisão aqui, pois, se alguém se levantar para
tentar impingir doutrinas estranhas na assembleia, este alguém será admoestado
e, posteriormente, excomungado. É isso que as Escrituras do Novo Testamento
nos ensinam e é isso que fazemos (1Co 14.29; Gl 1.6-10; Tt 3.10-11).

MAS, ISSO NÃO SERIA OUTRA FORMA DE SISTEMA


RELIGIOSO?
Outros, ainda, dizem que estamos apenas criando outra forma de sistema, e que
tudo é sistema. De forma alguma isso faz sentido, pois o Corpo de Cristo é um
povo celestial, não terrenal, como é o caso de Israel. Além do mais, nós nos
reunimos somente ao nome do Senhor (Mt 18.20), e não em torno de uma
denominação religiosa com doutrinas pré-concebidas. Geralmente as
denominações religiosas contém um compêndio de regras em seu corpo
doutrinário, as quais não podem ser violadas, nem questionadas pelos membros
da seita (denominação). Isso é antibíblico. Existem vários homens dentro da
Igreja que possuem diferentes dons para se levantarem em meio à assembleia e
que deveriam estar participando da ministração. Porém, dentro de uma instituição
religiosa é proibido que outra pessoa, que não seja o seu “líder eclesiástico” ou
um “clérigo”, se levante para apontar algum erro ou usar de seu dom. Esse dom
poderia ser, por exemplo, o de exortação, e, deste modo, aquele que pudesse estar
dizendo coisas que não condiz com a Palavra inspirada seria exortado na
assembleia por alguém com o dom da exortação. Porém, os membros das várias
denominações religiosas espalhadas pelo mundo já se esqueceram ou deixaram
de lado o fato de que existem vários dons além daquele conhecido como
“pastorado” (Rm 12.6-8).

“De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é
profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se
é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar;
o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que
exercita misericórdia, com alegria” (Romanos 12.6-8).

Veja no versículo acima que, diferente das denominações religiosas criadas pelos
homens, as igrejas possuem homens com vários tipos de dons para serem
exercidos livremente – sempre que o Espírito Santo os guiar – em um culto na
57
assembleia. E eles não deveriam ficar presos a uma única assembleia, e sim ter
liberdade para usar seus dons aonde o Espírito os guiassem para ir. Mas, como
podemos perceber no atual século, todos esses homens são calados pelos assim
conhecidos “pastores da igreja” ou “líderes da igreja”. São clérigos com status de
“líder espiritual”, os quais geralmente são donos do templo construído com o
dinheiro requerido daquela instituição. Esse dinheiro é chamado por eles de
“dízimo” (outra heresia que faz parte dessas instituições religiosas para arrecadar
fundos para a construção de seus templos com adornos judaicos).

As pessoas que se enveredam nesses templos chamados de “igreja” não fazem a


mínima ideia do que seja Igreja. Se você perguntar a elas o que é a Igreja, você
ouvirá os maiores absurdos em suas respostas, mas não ouvirá o que a Bíblia diz
sobre isso. Nem chegará perto. Essas pessoas demonstram total falta de
conhecimento sobre a IGREJA. O que é a Igreja? Você sabe dizer? Eles pensam
que Igreja constitui-se naqueles templos religiosos com adornos judaicos com
placas em suas portas, dizendo-se “Igreja”. Mas aquilo não é Igreja. A Igreja não
é um templo; ela é um povo feito de carne e osso.

"Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e
vãs sutilezas, segundo a TRADIÇÃO dos homens, segundo os rudimentos do
mundo, e não segundo Cristo" (Colossenses 2:8).

MEU LÍDER ESPIRITUAL É O ESPÍRITO DE DEUS – O


ESPÍRITO DE DEUS DEVE USAR PARA FALAR QUEM ELE
QUER
Meu líder espiritual é o Espírito Santo, que habita em mim justamente para me
ensinar tudo quanto Jesus ensinou. Foi para isso que o Espírito Santo veio sobre a
Igreja: “... quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a
verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos
anunciará o que há de vir” (João 16.13). Eu não tenho um “líder espiritual” com
o título de “pastor”. Em 1 Coríntios 12, um grande princípio do ministério cristão
é que, ao nos reunirmos em assembleia, o Espírito de Deus deve ter o direito de
empregar quem Ele desejar para falar. Sabemos que, na Igreja, a partir do nosso
Sumo Sacerdote (Jesus – Hb 4.14; 7.26), somos todos sacerdotes na Igreja (1Pe
2.9). Com isso, o Espírito deve ter liberdade na assembleia para guiar aquele que
Ele escolher para falar, exercitando assim seu dom no ministério. O capítulo
estabelece claramente que os dons devem ser exercitados na assembleia pelo
mesmo Espírito que concede o dom a cada indivíduo quando este é salvo. “Um

58
só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente [os
dons] a cada um como quer” (1Coríntios 12.7,11).

Não existe no Novo Testamento qualquer outra ordem para o ministério senão
esta da direção soberana do Espírito Santo. As Escrituras partem do princípio de
que temos fé para confiar na liderança do Espírito. Se nós deixarmos que o
Espírito Santo lidere na assembleia, Ele tomará quaisquer que sejam os dons que
estiverem ali e irá usá-los para a edificação dos santos no ministério. Portanto, o
princípio é simples. O Espírito Santo está na igreja, usando os dons conforme Ele
escolher para a edificação de todos. É esta a ordem de Deus para o ministério
cristão. Sendo assim, como se pode esperar que o Espírito Santo reparta a cada
homem exatamente conforme Ele escolher, se a igreja tiver estabelecido uma
ordem de coisas na qual um homem ocupe o lugar de liderança na assembleia?
Na prática isso é o mesmo que negar a liderança do Espírito Santo! O Espírito
pode querer levantar este ou aquele para o ministério, mas acaba sendo
“bloqueado e impedido” por causa de uma ordem humana. Em muitas igrejas os
cultos são programados de antemão – às vezes com dias de antecedência! No
entanto, não encontramos tal ideia nas Escrituras. Tudo isso pode ter sido criado
com boas intenções, mas não é a ordem que Deus instituiu.

CRISTO LIDERA A SUA IGREJA, E NÃO O HOMEM


Muitas pessoas nos perguntam quem lidera a nossa congregação. Elas imaginam
que vamos dizer o nome de algum “pastor” ou “ministro”. Mas o fato é que a
cabeça da Igreja é Cristo (Cl 1.18; Ef 5.23). É Ele quem lidera a Sua Igreja. E
quem é que irá nos guiar no ministério e adoração durante o culto? Oras, foi pelo
poder do Espírito que Deus fez o mundo e tudo o que nele existe (Jó 26.13; 33.4;
Gn 1.2). Portanto, podemos ter certeza de que Ele é capaz de liderar alguns
cristãos congregados para adoração e ministério. Se tivermos Alguém tão grande
e competente como é esta Pessoa divina presente no meio dos santos
congregados, não precisaremos designar um homem para fazer o Seu serviço,
não importa quão capacitada essa pessoa possa ser. C. H. Mackintosh escreveu:
“Se Cristo está em nosso meio (Mt 18.20), por que ousaríamos pensar em colocar
alguém para presidir? Por que não conceder a Ele o Seu lugar de direito e deixar
que o Espírito de Deus nos lidere e nos dirija na adoração e no ministério? Não
há qualquer necessidade de termos uma autoridade humana”.

Todavia, as denominações colocaram um homem (um “Pastor” ou “Ministro”)


para conduzir a adoração. Na Bíblia, porém, não encontramos a ideia de que
Deus tenha colocado um pastor ou ministro para conduzir a adoração da igreja.

59
Citando W. T. P. Wolston a esse respeito, “existe na cristandade a ideia de que
‘pastor’ é alguém colocado para dirigir uma congregação. A ideia está na cabeça
das pessoas, mas não nas Escrituras!”.

O PASTOR DA IGREJA É CRISTO


Há aqueles que nos acusam de não termos um “líder presbiterial” ou “pastoral”, e
que isso nos torna “desigrejados” (termo pejorativo inventado por aqueles que
nos acusam de não congregarmos – uma calúnia). O fato é que você JAMAIS
encontrará nas Escrituras a ideia de um homem ser “pastor de uma igreja local”,
ou, ainda, “pastor de uma denominação (seita) dentro da igreja” e muito menos
um homem que tenha o título de “Pastor da Igreja”, pois o Pastor da Igreja
é Cristo (Jo 10.11). Quando entendemos a diferença entre dom e ofício, e como
as Escrituras as tratam de formas distintas, percebemos o quão longe da verdade
estão afirmações do tipo “Ele é o Pastor de uma igreja”. Em circunstâncias
normais, o pastorado nunca é “o” único dom em uma igreja local. Tampouco um
pastor por vocação deve ficar restrito a exercitar seu dom em “uma” igreja local
ou até mesmo em uma seita dentro da igreja. O seu dom lhe foi dado para ser
usado para o proveito de todo o Corpo de Cristo. O modo biblicamente correto de
dizer seria “Ele é um pastor NA igreja de Deus” – o Corpo de Cristo.

O único lugar nas Escrituras onde encontramos alguém presidindo sobre uma
assembleia local é o caso de Diótrefes, um homem mau (3Jo 9-10). Ele mandava
e desmandava na congregação, exercendo uma função que jamais fora outorgada
a nenhum membro do Corpo de Cristo, que é a de um Clérigo acima dos demais
cristãos. Assim agem os pequenos papas evangélicos que reinam soberanos nas
várias denominações religiosas da cristandade professa.

Os membros de instituições religiosas estão aprisionados e acorrentados por


homens que se dizem “pastores da igreja”. Que pena! Escravos de tradições dos
homens!

Com base nisso, as pessoas muitas vezes me perguntam: “Quer dizer que você
não acredita que devemos ter um ‘pastor’?”. Vamos responder a essa pergunta de
forma bíblica.

60
ISSO SIGNIFICA QUE NÃO ACREDITAMOS NA EXISTÊNCIA
DE PASTORES?
Com base naquilo que acabei de dizer, alguns inferem que não acreditamos na
existência de pastores na igreja, mas a verdade é que acreditamos sim, pois a
Bíblia fala de pastores (Ef 4.11). Um pastor é alguém que recebeu o dom de
pastorear o rebanho de Deus. Trata-se de um dos muitos dons que Cristo deu à
igreja.

Nossa objeção é quanto ao que as igrejas denominacionais chamam de “Pastor”.


Transformaram o dom em algo que não é encontrado nas Escrituras. Extraíram o
termo das Escrituras e o aplicaram à posição de um clérigo, algo que não é
encontrado na Bíblia. O que mais causa confusão é que, em sistemas assim, uma
pessoa pode ocupar tal posição e nem mesmo ter o dom de “Pastor”! Talvez ele
tenha o dom de evangelista ou mestre etc., e mesmo assim acabará levando o
título de “Pastor”! Que triste confusão foi introduzida na casa de Deus!

A ASSEMBLÉIA LOCAL NECESSITA DE TODOS OS DONS EM


SEU MEIO; NÃO SÓ DE PASTOR; NÃO SÓ DE UM HOMEM
Um dos princípios sobre o ministério cristão que é muito distorcido e
fraudulosamente aplicado nas instituições religiosas é que sempre há um homem
designado como “pastor da igreja” que irá usar disso para mandar e desmandar
em todos os membros da igreja, sem que ninguém possa contestar o que ele diz.
Porém, se, conforme as Escrituras, Cristo distribuiu os dons pelo Espírito aos
diversos membros do Seu corpo, e considerando que esses dons não são todos
possuídos por um único homem, precisamos da participação nas reuniões de
todos os que têm um dom para isso. O Apóstolo diz que “a um pelo Espírito é
dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da
ciência; e a outro, pelo mesmo Espírito...” (1Co 12.4-10,29-30). Fica
perfeitamente claro nesta passagem que uma vez que os dons não estão todos de
posse de um só homem, a assembleia irá precisar de mais de um homem
ministrando, isto se quiserem obter o benefício dos dons que porventura existam
em seu meio. Todavia, o sistema clerical existente no cristianismo
denominacional impede isso. O que acontece nesse sistema é que um homem
arrecada dinheiro dos membros de sua seita construída com pedras e tijolos,
impondo sobre estes membros a lei mosaica do dízimo (como se dízimo
significasse dinheiro – nunca significou) e se coloca no papel de um clérigo que
irá controlar aquela congregação. Essa é uma das maiores heresias inventadas na
61
história das denominações religiosas. Isso não tem nada a ver com a Igreja de
Deus.

Alguns poderão dizer: “Nossa igreja não tem apenas um homem como ministro.
Temos dois ou três pastores”. Todavia, ainda assim continuam sem entender esta
passagem. A intenção de Deus é que a Igreja possa crescer “pelo auxílio de todas
as juntas”, não de apenas duas ou três (Ef 4.16). É verdade que provavelmente
nem todos tenham um dom para ministrar publicamente a Palavra, mas, como já
mencionamos, as Escrituras indicam que todos os que estiverem capacitados
devem ter a liberdade de ministrar na assembleia. A Palavra de Deus diz que
“todos podereis profetizar, uns depois dos outros; para que todos aprendam, e
todos sejam consolados” (1Co 14.24, 31). Também é verdade que um homem
pode ter mais de um dom, mas as Escrituras são claras no sentido de que uma só
pessoa não possui todos os dons. O Apóstolo até mesmo chega a fazer uma
advertência quanto ao perigo de não considerarmos a diversidade de dons que
Deus colocou no corpo. Ele diz: “O olho não pode dizer à mão: Não tenho
necessidade de ti; nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós”
(1Co 12.21). Isto demonstra que todos os membros no corpo têm algo para
contribuir, ainda que aos nossos olhos pareçam insignificantes. Todavia, a ordem
clerical estabelecida nas denominações religiosas é um sistema no qual duas ou
três pessoas cuidam do ministério. Trata-se de um sistema que impede que outros
dons sejam exercitados na igreja, o que é outra forma de se dizer “não tenho
necessidade de ti”.

Aqueles que ocupam uma posição ministerial nessas ditas igrejas discordam
veementemente disso, pois afirmam que em suas “igrejas” encorajam as pessoas
a se reunirem para exercitar seus dons – mas isso se limita a reuniões domésticas
de estudo da Bíblia. O contexto destes capítulos, porém, trata do exercício dos
dons nas reuniões da assembleia (1Co 11.17,18,20,33,34; 14.23,26). A questão é:
“Acaso eles permitem que haja liberdade dos dons na igreja?”. A resposta é não,
eles não permitem.

O SACERDÓCIO DE TODOS OS CRENTES


O significado da palavra “sacerdote” é “aquele que faz a oferta” (Hb 5.1; 8.3; 1Pe
2.5). Um sacerdote é alguém que tem o privilégio de entrar na presença de Deus
em lugar do povo. No cristianismo o sacerdote exerce seu sacerdócio ao oferecer
os sacrifícios de louvor a Deus, e ao apresentar as petições a Deus em oração (Hb
13.15; 1Jo 5.14-15). Todavia, uma das causas da fraqueza e confusão que
prevalece na igreja professa é que, em muitos casos, o sacerdócio é considerado

62
como um direito limitado a uma classe privilegiada de pessoas, algumas delas
que nem sequer são salvas!

A verdade é que todos os cristãos são sacerdotes. É isto que as Escrituras


ensinam. O livro de Apocalipse declara que os cristãos são feitos “sacerdotes
para Deus” por meio da fé na obra consumada de Cristo na cruz (Ap 1.6; 5.10).
A epístola de Pedro confirma isto, dizendo que “vós também, como pedras vivas,
sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios
espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo” (1Pe 2.5, 9). Além disso, a
epístola aos Hebreus exorta todos os cristãos a se aproximarem de Deus além do
véu, entrando no santuário ou “santo dos santos” (Hb 10.19-22; 13.15-16). O
fato de dizer que o Senhor é o “Grande Sacerdote” ou “Sumo Sacerdote” implica
que existe um grupo de sacerdotes que está abaixo dEle. Ele não presidiria como
“grande” ou “sumo” sacerdote se não existissem sacerdotes sob Ele. Pela mesma
razão, uma pessoa não seria chamada de líder de algum grupo de pessoas se não
existissem pessoas para ele liderar. A exortação em Hebreus 10.19-22 visa
encorajar os cristãos a se aproximarem de Deus e desempenharem seus
privilégios sacerdotais.

Em cada uma das passagens do Novo Testamento onde o assunto do sacerdócio é


tratado, não há qualquer menção – nem uma sequer – de que apenas alguns
dentre os santos sejam sacerdotes. Tampouco existe em qualquer outro lugar do
Novo Testamento algo semelhante. Quando o Novo Testamento fala de
sacerdócio, ele se refere, sem exceção, a todos os crentes como constituídos com
este privilégio. Além do mais, essas passagens não apenas nos falam que todos os
cristãos são sacerdotes, como também aprendemos delas que somos sacerdotes
com privilégios que vão além daqueles que tinham os sacerdotes da época do
Antigo Testamento.

Um sacerdote no cristianismo pode aproximar-se da própria presença de Deus, no


santo dos santos. Esse é um lugar onde nenhum filho de Aarão podia entrar. Até
mesmo quando Aarão, o sumo sacerdote em Israel, entrava uma vez por ano além
do véu, ele não o fazia com ousadia, como podemos fazer agora. No dia da
Expiação ele entrava ali com medo de morrer, mas nós podemos entrar “em
inteira certeza de fé”. Além disso, os sacerdotes da linhagem de Aarão prestavam
um culto do qual pouco compreendiam. Eles não sabiam por que deviam fazer as
coisas que lhes eram ordenadas. Mas nós temos um “culto racional” (Rm 12.1).
Podemos desempenhar nossas funções sacerdotais com entendimento de tudo
aquilo que fazemos na presença de Deus.

Portanto, considerando que as Escrituras ensinam que todos os cristãos são


sacerdotes, e que todos nós temos igual privilégio de desempenhar nosso

63
sacerdócio na presença de Deus, fica claro que não existe a necessidade de um
clérigo para fazer isso pelos demais. Nas reuniões de adoração e oração (quando
os cristãos exercitam seu sacerdócio), tudo o que precisamos é esperar no
Espírito de Deus para que Ele dirija as orações e os louvores dos santos. Se
permitirmos que Ele lidere na assembleia, no lugar que Lhe é de direito, Ele irá
guiar um irmão aqui e outro ali a expressar de forma audível uma adoração e
louvor, como quem fala por toda a assembleia. (Evidentemente entendemos que
não somente desempenhamos nosso sacerdócio nas ocasiões em que estamos
congregados em uma assembleia. A qualquer momento um cristão pode entrar na
própria presença de Deus em oração e adoração e desempenhar seu papel de
sacerdote. Mas no contexto deste artigo estamos falando de cristãos reunidos em
uma assembleia para adoração e ministério).

Quando compreendemos a proximidade do relacionamento que todos os cristãos


têm como parte do corpo e noiva de Cristo, podemos ver como a ideia de uma
casta ministerial mais próxima de Deus do que os demais é totalmente
incompatível com isso (Ef 2.13; 5.25-32). Se nós, como cristãos, adotarmos uma
classe de pessoas assim, estaremos negando que somos capacitados, como
sacerdotes, a oferecer sacrifícios espirituais a Deus. Na prática isso destrói os
privilégios do cristianismo e, em certo sentido, restaura o judaísmo, ou ao menos
nos leva de volta para aquele nível.

Enquanto algumas poucas denominações chegam ao ponto de possuírem um


clérigo com o título de “Sacerdote” (dando a entender que os demais naquela
denominação não o são), a maioria das igrejas chamadas evangélicas denomina
seu clérigo de “Pastor” ou “Ministro”. Isso faz pouca diferença, pois uma posição
assim na igreja não está de acordo com a verdade das Escrituras. Trata-se de uma
função puramente inventada pelo homem.

TÍTULOS LISONJEIROS
As organizações eclesiásticas da cristandade não apenas criaram uma posição que
não existe na Palavra de Deus, mas também adicionaram a ela vários títulos que
tampouco encontramos nas Escrituras. Títulos como “Ministro”, “Pastor” ou
“Doutor em Divindade” são encontrados na maioria das denominações.

É certo que palavras como “ministro” e “pastor” são mencionadas na Bíblia, mas
nunca são usadas como títulos. Como já dissemos, pastor é um dom, não um
título clerical. O ensino da Palavra de Deus é este: “Que não faça eu acepção de

64
pessoas, nem use de palavras lisonjeiras com o homem! Porque não sei usar de
lisonjas; em breve me levaria o meu Criador” (Jó 32.21-22).

O Senhor Jesus disse: “Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque
um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos. E a ninguém
na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus.
Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo. O
maior dentre vós será vosso servo. E o que a si mesmo se exaltar será
humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado” (Mateus 23.8-12).
Todavia, mesmo que as Escrituras digam isso com total clareza, algumas
denominações chamam seus clérigos de “Padre”, que vem do latim e significa
“Pai”.

Como já foi mencionado, algumas organizações eclesiásticas usam o título


“Doutor”. A palavra “doutor” vem do latim “docere”, que significa ensinar.
Portanto, um doutor é um mestre. Mas isto é uma das coisas que o Senhor disse
que não deveríamos usar para nos identificarmos uns aos outros! Quando um
homem é apresentado a uma audiência como “Doutor Fulano”, a implicação que
isso tem é que suas palavras têm autoridade por causa do grau de conhecimento
que ele alcançou. Obviamente algo assim não tem qualquer fundamento nas
Escrituras. Não estamos dizendo aqui que seja errado ter o título de “Doutor” nas
profissões seculares, mas trata-se de algo que não tem lugar nas coisas de Deus.

Algumas denominações chegam ao ponto de usar o título “Reverendo”. Todavia,


a Bíblia, na versão inglesa, diz que "reverend" ("reverendo") é o nome do
Senhor! O Salmo 111.9 da versão inglesa King James, traduzido para o
português, diz: “Santo e reverendo é o Seu nome”. Acaso seria correto o homem
usar um termo que é atribuído ao Senhor como um título para si mesmo? É claro
que não.

Quando os moradores da Licaônia tentaram atribuir a Barnabé e Paulo títulos


elevados, eles se recusaram a recebê-los, dizendo: “Senhores, por que fazeis
essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões”
(At 14.15). Semelhantemente, hoje todo servo do Senhor deveria recusar títulos
lisonjeiros. A Palavra de Deus ensina que pastor é apenas mais um dentre os
muitos dons dados por Cristo (Ef 4.11). Por que alguém iria querer elevar
especificamente este dom na igreja, ao ponto de transformá-lo em um título
oficial que ocupasse um lugar de preeminência sobre os outros dons? Não existe
uma linha sequer nas Escrituras que indique que a igreja deveria fazer algo assim.

65
A PALAVRA “DESIGREJADO”
Aqueles que estão acorrentados e amordaçados pelo sistema religioso
denominacional nos acusam de “desigrejados” e dizem que nossa posição do
“Um só Corpo” significa que não congregamos, visto que estamos fora do
sistema religioso denominacional. Esse é um exemplo de como a desonestidade e
canalhice desses hereges podem atingir um nível de iniquidade ainda maior. Eles
se referem aos santos congregados ao nome do Senhor como “desigrejados” pelo
fato de não fazerem parte das várias divisões denominacionais que se encontram
na cristandade. Porém, a definição de "desigrejado" atribuída aos santos que
congregam fora do sistema denominacional está errada. Este termo nem mesmo
existe. O correto seria dizer que somos “apóstatas” se fosse o caso de “abandono
da fé” ou “da congregação”. Mas isso está longe de ser um fato. Todavia, num
ato de histeria coletiva eles repetem como papagaios: “mas você é um
desigrejado... você é um desigrejado!”, sem contudo apresentarem uma premissa
plausível que sirva de base para suas convicções e nos torne de fato aquilo de que
somos acusados.

Mas, eu pergunto: Como se “desigrejar” da Igreja? O que isso pode significar?


Tal acusação trata-se de uma falácia conveniente a fim de nos pressionar a voltar
àquilo que não provém da ordem de Deus, isto é, voltar a fazer parte de seitas ou
sinagogas onde doutrinas estranhas são pré-concebidas por um – assim chamado
– “pastor”, onde os membros da denominação aceitam tudo que é dito ali, sem
nada questionar. Ainda que a palavra “Desigrejado” existisse, seria impossível
alguém se “desigrejar”, visto que ninguém dentre os escolhidos de Deus pode se
fazer membro da Igreja ou se desfazer dela por vontade própria. Se você nasceu
de novo e é nova criatura em Cristo, já é um membro do CORPO DE CRISTO e
ninguém pode lhe arrebatar das mãos dEle (Jo 15.16; Jo 10.28). Uma boa forma
de provar isso é que a Bíblia diz que não somos nós que nos fazemos membros
do Corpo de Cristo, mas sim o Espírito de Deus que nos introduz na Igreja dEle:
“... E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de
salvar” (Atos 2.47). O fato é que Deus não ordenou ninguém a instituir
denominações. Ele disse para congregarmos “EM SEU NOME” (Mt 18.20), não
no templo. Ao contrário do que diz Atos 2.47, que diz que o Senhor acrescenta à
Igreja aqueles que hão de ser salvos, as organizações religiosas vão atrás de seus
membros e usam de apelos para isso. Já na Igreja de Cristo este apelo se mostra
desnecessário, já que o próprio Senhor irá acrescentar à Igreja aqueles que hão de
ser salvos. Eu faço parte desta Igreja, da qual eu não poderia me fazer membro
por mim mesmo, mas fui acrescentado pelo Senhor a ela (At 2.47).

66
“Não fales ao ouvido do tolo, porque desprezará a sabedoria das tuas
palavras” (Provérbios 23.9).

O termo "Desigrejado" é tendencioso, falacioso e totalmente desconexo. Ele


carrega uma conotação pejorativa e está destinado àquelas pessoas que não fazem
mais parte da confusão das denominações (empresas) religiosas porque
descobriram que essas instituições não possuem nenhum amparo das Escrituras, e
que elas são simplesmente uma ordem inventada pelo homem.

Portanto, que todo leitor esteja apto para ouvir as palavras deste artigo, as quais,
sob a base das Escrituras, mostram de forma cristalina que se você e sua família
creem em Jesus Cristo vocês fazem parte do Corpo de Cristo e não podem ser
retirados jamais desse Corpo. Se nos reunimos para o culto a Deus em casa,
somos a igreja de Cristo congregando entre irmãos.

Não somente as denominações evangélicas têm enganado a muitos com a ideia


insana de que seus templos são a igreja, a fim de trancafiarem os fieis dentro de
seus templos institucionalistas. Na história constatamos que esse movimento
papista surgiu há muito tempo. A igreja católica romana, por exemplo, usou dos
mesmos estratagemas para estigmatizar a pessoa de Lutero e dar continuidade à
manipulação religiosa. Lutero foi considerado pelo Papa Leão X como um
“desigrejado”. A falácia consistia na mesma premissa de hoje – a de que se você
não pertence à denominação considerada oficial pelos “sacerdotes”, “doutores” e
“mestres”, e de acordo com suas tradições superficiais, você automaticamente
não faz parte da Igreja de Cristo. Meu desejo é que Deus, segundo o beneplácito
da Sua vontade, venha a falar aos corações de Seus escolhidos por meio deste
artigo para que pessoas voltem a observar a simplicidade do evangelho da graça
de Deus.

67
LIBERTO DO SISTEMA
O servo do Senhor não deve se deixar prender e acorrentar por uma organização
denominacional criada por homens. O Apóstolo Paulo não se deixou colocar sob
o comando de qualquer tipo de organização criada pelo homem. Ele disse:
“Procuro eu agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens,
não seria servo de Cristo” (Gálatas 1.10). Ele disse também: “O que é chamado
pelo Senhor, sendo servo, é liberto do Senhor; e da mesma maneira também o
que é chamado sendo livre, servo é de Cristo. Fostes comprados por bom preço;
não vos façais servos dos homens” (1 Coríntios 7:22-23).

“O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra,
não habita em templos feitos por mãos de homens” (Atos 17.24). “Ou não
sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós,
proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (1 Coríntios 6.19). O
templo de Deus é o nosso corpo, não edifícios feitos de pedras e tijolos com
mãos humanas.

Guarde bem o que eu irei lhes dizer: As pessoas não se reúnem em uma “igreja”;
é a igreja que se reúne em um lugar.

Portanto, minha resposta quanto à pressão que geralmente os idólatras de seus


clérigos impõem sobre mim é que eu já fui liberto dessas correntes do sistema
religioso! Hoje o meu Pastor é Cristo.

68
A RUÍNA DO TESTEMUNHO CRISTÃO E A
CRIAÇÃO DE DENOMINAÇÕES
RELIGIOSAS

Vivemos em uma época em que os cristãos têm uma visão triunfalista da Igreja,
como se ela fosse uma instituição filantrópica que irá dominar o mundo pelo fato
de ser o povo de Deus na terra. É o que eu costumo chamar de “Teologia do
Domínio”. Em grande parte, isso acontece por causa da crença na Teologia do
Pacto (ou aliancismo, como é comumente conhecida nos meandros dos
seminários teológicos das instituições religiosas). Os seguidores dessa teologia
creem que as promessas de prosperidade e vitória terrenas contidas no Velho
Testamento estão endereçadas a nós, a Igreja de Deus. Grave engano! Aquelas
promessas foram feitas claramente ao remanescente judeu fiel que ainda terá suas
promessas cumpridas no futuro. Por enquanto, Israel continua em estado de
torpor e cegueira, pois Deus está em constante tratativa com a Igreja agora, visto
que estamos na dispensação da graça. Ainda nos resta uma dispensação: A
dispensação da plenitude dos tempos, onde um reino de justiça e descanso virá
sobre a terra. Será o reinado de Cristo por mil anos. A crença de que a Igreja seja
uma espécie de continuidade de Israel e que isso significa que ela conquistará o
mundo e converterá a maioria dos corações influencia diretamente a nossa atitude
e conduta diante do mal que sempre prevalece no mundo, e isso não deveria ser
uma surpresa para o cristão. Jesus nunca disse que teríamos um lugar de destaque
no mundo. Pelo contrário – Ele disse que seríamos perseguidos e mortos por
sermos cristãos. Um dentre muitos erros que cometemos é o de nos intrometer na
política deste mundo. Na verdade, o cristianismo não é triunfalista e não tem o
dever de transformar este mundo em um lugar agradável ao cristão. Até porque
as segundas epístolas se encarregam de profetizar sobre o fracasso do testemunho
da Igreja na terra, não de seu sucesso. Assim como Israel falhou, a Igreja também
falhou. E é necessário que a Igreja fracasse porque assim foi profetizado para que
Cristo a arrebate antes das coisas piorarem (pois elas vão PIORAR). Não temos
uma pátria aqui. Nossa pátria está nos céus.

Nosso Senhor Jesus Cristo há de nos arrebatar nos ares a qualquer momento.
"Ora vem, Senhor Jesus" – Esse sim deve ser o nosso desejo frequente – o
arrebatamento, não a melhoria de um mundo condenado e com data de
vencimento!

Na história vemos que a ideia herética de que a Igreja seja a continuidade de


Israel, e que por isso ela deve conquistar o mundo, produziu algumas aberrações,

69
tais como o desejo de destruir os judeus, a começar pelos católicos (Inquisição) e
depois por protestantes (Alemanha). Um exemplo disso é Lutero, que tinha uma
aversão mórbida pelos judeus, como se eles fossem um câncer no desenrolar da
história do mundo. Apesar de Deus ter usado Sua Palavra para resgatar a doutrina
da “salvação pela graça” e “justificação pela fé” por meio de Lutero, o mesmo
não pode ser dito a respeito da amargura que ele tinha contra os judeus devido à
má compreensão sobre o povo terrenal de Deus – Israel.

O sentimento de anti-semitismo de Martinho Lutero pode ser visto em um de


seus escritos:

"Em primeiro lugar, suas sinagogas deveriam ser queimadas... Em segundo


lugar, suas casas também deveriam ser demolidas e arrasadas... Em terceiro,
seus livros de oração e Talmudes deveriam ser confiscados... Em quarto, os
rabinos deveriam ser proibidos de ensinar, sob pena de morte... Em quinto lugar,
os passaportes e privilégios de viagem deveriam ser absolutamente vetados aos
judeus... Em sexto, eles deveriam ser proibidos de praticar a agiotagem... Em
sétimo lugar, os judeus e judias jovens e fortes deveriam pôr a mão no
debulhador, no machado, na enxada, na pá, na roca e no fuso para ganhar o seu
pão no suor do seu rosto... Deveríamos banir os vis preguiçosos de nossa
sociedade ... Portanto, fora com eles... Resumindo, caros príncipes e nobres que
têm judeus em seus domínios, se este meu conselho não vos serve, encontrai
solução melhor, para que vós e nós possamos nos ver livres dessa insuportável
carga infernal – os judeus". ("Concerning the Jews and their lies" - por
Martinho Lutero).

Como se pode ver, a mente de Martinho Lutero, por consequência da Teologia do


Pacto que permeou a cristandade em seu tempo e se alastrou pelo mundo até o
século 19, era completamente cega quanto ao futuro profetizado para Israel na
Bíblia. Lutero não tinha nenhuma compreensão sobre as dispensações das
Escrituras e os desdobramentos delas.

Outra aberração que podemos constatar na crença de que o cristianismo precisa


primeiro conquistar e dominar o mundo para que Cristo possa voltar são as
cruzadas, antigas e modernas, em sua ânsia conquistadora de dominar a terra e
transformá-la em um “mundo cristão”. O desejo norte-americano de uma
hegemonia ocidental, que às vezes faz uso de meios militares para atingir tal fim,
faz parte do programa da “Teologia do Domínio” (ou Teologia do Pacto, para ser
mais exato). A Teologia do Domínio, professada pelo ex-presidente Bush e por
parte dos batistas fundamentalistas do sul dos Estados Unidos, vem desse desejo.

70
TEMOS QUE PREGAR O “EVANGELHO” A TODA CRIATURA
NO MUNDO PARA QUE CRISTO POSSA RETORNAR PARA
ARREBATAR A SUA IGREJA?
Outras consequências podem ser vistas por causa desse pensamento a respeito de
Israel e Igreja. Por conta das pessoas pensarem que não existe um futuro para
Israel e que tal futuro seria a Igreja, elas automaticamente são levadas a concluir
que os comandos de se “pregar o evangelho aos quatro cantos do mundo para
Cristo poder voltar” são para os cristãos.

Essas pessoas imaginam que é necessário que todo homem, em cada lugar do
mundo, deve ser evangelizado como condição prévia para a volta de Cristo,
quando, na verdade, a ordem do "Ide" em Mateus 10.7 e 24.14 foi dada aos
apóstolos em circunstâncias claramente judaicas. Ou seja, Jesus estava falando
do "evangelho do Reino" ali. O evangelho do reino é aquele que anuncia a volta
do Rei de Israel. É muito importante entender isto: que o evangelho do reino,
descrito por Jesus nestas ocasiões, não é o evangelho da graça. Uma nova aliança
será feita com Israel no Milênio, após a Tribulação (Jr 31.31-33), não com a
Igreja. A Igreja não teve uma velha aliança e nem terá uma nova, visto que ela só
veio a ser inaugurada em Atos 2. Não existe Igreja no Velho Testamento, e isso
inclui os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João. Quando falamos da nova
aliança, estamos nos referindo a Israel, o povo terrenal de Deus. O remanescente
de judeus que virá a sofrer na Tribulação dará testemunho durante os sete anos de
Tribulação, levando o evangelho do Reino a toda criatura. Sim, a ordem do “ide”
foi dada claramente aos apóstolos em circunstâncias judaicas, falando do
evangelho do reino, aquele que anuncia o retorno do Rei de Israel após a
Tribulação (Mt 28.19). Esse não é o evangelho da graça, o qual pregamos hoje.

O evangelho da graça diz: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo” (Atos
16.31). O evangelho do Reino, que foi pregado por João Batista aos judeus de
sua época e que ainda voltará a ser pregado pelo remanescente judeu no futuro,
diz: “Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” (Mateus 3.2). Um é o
evangelho da graça; o outro é o evangelho do Reino.

Segundo os que pensam que devemos pregar o “evangelho do reino” a toda


criatura para Jesus voltar, enquanto o mundo não for totalmente evangelizado
Cristo não poderá retornar para arrebatar a Sua igreja, o que Ele prometeu com
tanta veemência. Portanto, segundo os que interpretam a Bíblia com tudo junto e
misturado, seria bobagem crer que o Senhor poderia vir a qualquer momento para
arrebatar a Sua amada Noiva (Igreja), como era a esperança de Paulo e de outros,

71
os quais obviamente sabiam que o evangelho da graça não seria pregado em todo
o mundo dentro do período de suas vidas.

Veja o que Paulo diz aqui: “Depois NÓS, OS QUE FICARMOS VIVOS,
seremos arrebatados...” (1 Tessalonicenses 4.17). Paulo tinha esperança de ser
arrebatado ainda vivo, e essa deve ser a nossa esperança também: o
arrebatamento, quando Cristo vier nos ares para nos levar para a Casa do Pai (o
Céu – 1Ts 4.13-18; Ap 3.10).

Se antes Deus olhava para o mundo e enxergava apenas dois povos, Israel e
gentios, hoje Deus enxerga três: Israel, gentios e Igreja. Veja: “Portai-vos de
modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos [gentios], nem à
igreja de Deus” (1 Coríntios 10.32).

Ora, se o Espírito Santo de Deus faz essa distinção nas Escrituras, quem somos
nós para dizer que Israel e Igreja são a mesma coisa? Quem nos persuadiu a crer
em uma aberração dessas? Ora, Paulo não faria tal distinção entre esses três
povos se a Igreja fosse apenas uma continuidade de Israel, e nem falaria de um
futuro ainda a ser realizado para Israel em Romanos 11 e em várias outras
passagens de suas epístolas.

A IGREJA FALHOU E NÓS VIVEMOS OS ÚLTIMOS TEMPOS


Quando consultamos a Palavra de Deus, podemos constatar que quase todos os
escritores do Novo Testamento previram que a ruína e o abandono da Palavra de
Deus entrariam no testemunho cristão. Portanto, não deveria ser uma grande
surpresa para nós quando víssemos esse abandono da ordem de Deus na criação
de instituições ou denominações religiosas se autoproclamando “igrejas”. Trata-
se daquelas construções com adornos judaicos onde um (assim chamado)
“pastor” preside a congregação (algo que nunca é visto na Bíblia).

AS “SEGUNDAS” EPÍSTOLAS SÃO PROFECIAS SOBRE A


FALHA NO TESTEMUNHO CRISTÃO
As "segundas" epístolas do Novo Testamento se ocupam particularmente deste
assunto. Cada epístola revela algum aspecto da fé cristã sendo abandonado e,
consequentemente, assinala o caminho para aqueles que são fiéis seguirem em
cada situação.

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1. A 2ª epístola aos Efésios descreve o abandono do primeiro amor (Ap 2.1-7).

2. A 2ª epístola aos Tessalonicenses trata do abandono da bendita esperança – o


arrebatamento (a vinda do Senhor nos ares para levar consigo a Igreja para o
Céu).

3. A 2ª epístola de João considera a gravidade de se abandonar a doutrina de


Cristo.

4. A 2ª epístola de Pedro apresenta o abandono da piedade prática.

5. A 2ª epístola aos Coríntios trata, dentre outras coisas, do abandono da


autoridade apostólica conforme é encontrada nas Escrituras.

6. A 2ª epístola a Timóteo nos fala do abandono da ordem na casa de Deus (Esta


está particularmente conectada ao assunto que estamos tratando).

O TESTEMUNHO DE PAULO
O apóstolo Paulo nos alertou para o fato de que haveria um grande abandono da
Palavra de Deus entre os cristãos professos. Ele disse: "Porque eu sei isto que,
depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não
pouparão ao rebanho; e que de entre vós mesmos se levantarão homens que
falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si" (Atos 20.29-30).

Em suas epístolas a Timóteo, ele mencionou aqueles que naufragariam na fé


(1Tm 1.19-20), que apostatariam da fé – do conjunto formado pela verdade cristã
(1Tm 4.1-3), que se afastariam da fé (1Tm 6.10), que se desviariam da fé (1Tm
6.20-21), que perverteriam a fé de outros por meio de seus ensinos heréticos
(2Tm 2.18), e que se tornariam reprovados quanto à fé (2Tm 3.8). Ele disse que
chegaria um tempo em que os cristãos professos, de um modo geral, não
suportariam a sã doutrina, mas desviariam seus ouvidos da verdade, voltando-se
para as fábulas que não têm qualquer fundamento na Palavra de Deus (2Tm 4.2-
4). Ele disse que os padrões morais no testemunho cristão também se
degenerariam até chegarem ao mesmo nível dos praticados entre os pagãos (2Tm
3.1-5; cf. Rm 1.28-32). Ele falou de impostores que se levantariam professando
conhecer a verdade, os quais imitariam os poderes miraculosos de Deus em uma
tentativa de resistirem à verdade (2Tm 3.7-8). Ele também falou que as coisas
NÃO melhorariam, mas que "homens maus e enganadores" dentro do
testemunho cristão (pois é este o contexto do artigo) iriam "de mal para pior"
(2Tm 3.13). Basta darmos uma olhada superficial no testemunho cristão de

73
nossos dias para vermos que todas essas previsões chegaram ao seu triste
cumprimento.

O TESTEMUNHO DE MATEUS
Nas parábolas do reino dos céus o apóstolo Mateus indica o mesmo abandono da
ordem de Deus. Nelas o Senhor Jesus disse que um inimigo (Satanás) viria e
semearia "joio no meio do trigo". Isto indica que no reino dos céus haveria a
intromissão de professantes falsos e sem vida. Como resultado disso, o reino teria
uma mistura de crentes verdadeiros (trigo) e falsos professantes (joio), os quais
não seriam separados até o fim desta era (Mt 13.24-30,38-41).

Mateus registra que o Senhor Jesus ensinou às multidões que um vasto sistema
cresceria a partir da simplicidade original do cristianismo, e que, no final, não
sobraria qualquer semelhança daquilo que era no princípio. Isso nos fala
claramente do abandono da simplicidade da Igreja e do início de um sistema
institucionalista cheio de denominações religiosas, cada qual com sua doutrina
preconcebida, o qual dividiria o “Corpo de Cristo”. Ele usou a figura de uma
"semente de mostarda" sendo plantada na terra e crescendo demais, até se tornar
uma imensa árvore, na qual as aves do céu viriam se aninhar. A grande árvore
nos fala de domínio e poder (Ez 31.3-7; Dn 4.10,11,22-34). O Senhor indicava,
assim, que a profissão cristã se desenvolveria na forma de uma grande instituição
mundana, dando ao cristianismo um aspecto de grandeza e pretensão. A profissão
cristã acabou se transformando em um grande sistema de religião, política e
negócios. Nela os homens se esforçam para conseguir honra, grandeza e poder.
As "aves do céu" nos falam de espíritos malignos (Ap 18.2) que se apoderariam
das mentes dos homens e os influenciariam para que ensinassem doutrinas de
demônios (1Tm 4.1).

Se você já teve a oportunidade de presenciar o barulho que sai de uma árvore


cheia de pássaros, certamente entendeu o quão exata é essa figura da confusão
que existe no testemunho cristão. As aves estão todas gorjeando ao mesmo
tempo, todas elas aparentando ter algo a dizer, mas suas vozes são todas
conflitantes. É isso o que ouvimos quando atentamos para as milhares de vozes
das várias assim chamadas “igrejas” existentes na cristandade (Mt 13.31-32).

O Senhor Jesus continuou, falando da mulher que introduziu "fermento" em "três


medidas de farinha" (Mt 13.33). Isso nos fala de outro aspecto da ruína que se
abateu sobre a profissão cristã. Se as aves na imensa árvore ilustram a grande
confusão na profissão externa da cristandade, por meio da criação de

74
denominações religiosas (instituições), a qual iria se desenvolver, o fermento na
massa nos fala da grande corrupção interna que acabaria permeando a
cristandade. Nas Escrituras, o fermento é uma figura ou tipo do mal (Mt 16.6; Mc
8.15; 1Co 5.6-8; Gl 5.7-10). A "massa" é uma figura de Cristo, que é "o Pão da
vida". É Ele o alimento espiritual dos filhos de Deus (Jo 6.33-35,51-58).
Portanto, o Senhor indicou que a Igreja professa (a mulher) iria corromper o
alimento dos filhos de Deus ao introduzir má doutrina na Igreja, misturando-a
com a verdade acerca da Sua Pessoa. E foi exatamente o que aconteceu. Na vasta
profissão da cristandade, muitos ensinos heréticos e malignos têm sido
associados à Pessoa de Cristo.

Sendo assim, estas três parábolas no evangelho de Mateus indicam que haveria a
introdução de pessoas malignas (Mt 13.24-30), espíritos malignos (Mt 13.31-32;
1Tm 4.1) e doutrinas malignas (Mt 13.33).

Algumas outras similaridades do reino, no evangelho de Mateus, também


indicam essa ruína que acabaria se introduzindo na Igreja. Por exemplo, Mateus
25.1-13 diz que todas as dez virgens tosquenejaram e adormeceram. Elas
estavam dormindo quando deveriam estar vigilantes.

O TESTEMUNHO DE PEDRO
O apóstolo Pedro também falou dos ensinos malignos que surgiriam no
testemunho cristão. Ele disse que falsos mestres se levantariam dentre os santos
de Deus e introduziriam "heresias de perdição" que muitos seguiriam – até ao
ponto de falarem mal do caminho da verdade (2Pd 2.1-3; 3.16).

Heresia não é somente ensinar má doutrina, mas criar seitas – denominações.


Uma "heresia" ou "seita" é, por definição, a criação de um partido ou divisão
dentro de uma igreja, o qual rompe com as demais denominações e forma a sua
própria comunhão em torno de uma opinião particular ou doutrina preconcebida.
Embora a heresia esteja conectada ao ensino de coisas heterodoxas e blasfemas,
ela é, na sua mais pura essência, a formação de uma divisão notória na Igreja. A
heresia, predominantemente, está associada à formação de denominações
(sectarismos ou seitas). Por se afiliarem a essas denominações criadas por
homens, os membros dessas instituições constantemente pensam em heresia
apenas como um errinho teológico ou “questão secundária” (termo muito usado
hoje pelos liberalistas teológicos). A mais sutil de todas as heresias é aquela que
se desenvolve em torno de alguma parcela da verdade até excluir outras
verdades. Podem existir muitos verdadeiros crentes conectados a essas heresias.

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Todavia, uma "heresia de perdição", da qual Pedro fala, é uma seita
(denominação) que constrói sua causa em torno de doutrinas destruidoras de
almas.

Quando observamos a vasta profissão da cristandade, vemos todas as inúmeras


divisões e seitas que existem na igreja. Segundo estatísticas recentes, existem
hoje mais de mil comunhões denominacionais! Felizmente podemos dizer que
alguns desses grupos eclesiásticos não se constituem heresias "de perdição",
embora não deixem de serem divisões na Igreja, o que desemboca
inevitavelmente em sectarismo. Além disso, não podemos nos esquecer de que as
Escrituras nos ordenam a rejeitar a heresia porque é uma obra da carne (Tt
3.10,11; 1Co 11.19; Gl 5.20). “Ao homem herege, depois de uma ou duas
admoestações, evita-o, sabendo que o tal está pervertido, e vive pecando,
estando já em si mesmo condenado” (Tito 3.10,11).

O TESTEMUNHO DE JOÃO
Enquanto o apóstolo Paulo nos alerta sobre aqueles que retrocedem às más
doutrinas, abandonando a revelação da verdade cristã (Hb 10.38-39), o apóstolo
João adverte a respeito daqueles que a ultrapassam (ou "prevaricam") e não
permanecem nela (2Jo 9). João falou desse desvio como resultado do trabalho de
mestres anticristãos. A respeito deles, João afirma: "Saíram de nós, mas não
eram de nós" (1 João 2.19).

Ao dizer "nós", aqui e em muitos outros lugares de sua epístola, João está se
referindo aos apóstolos. Sair da comunhão e doutrina dos apóstolos é o mesmo
que abandoná-las. Enquanto João se referia primariamente ao abandono da
doutrina concernente à Pessoa de Cristo, podemos ver que o testemunho cristão
não parou por aí. Muito daquilo que é aceito como ordem na igreja não tem
qualquer fundamento nos ensinos dos apóstolos. O que vemos nos faz lembrar o
que o Senhor disse aos Fariseus, ao afirmar que eles estavam "ensinando
doutrinas que são mandamentos de homens". Ele também disse: "Bem invalidais
o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição" (Marcos 7.7,9).

O TESTEMUNHO DE JUDAS
Judas também nos diz que certos homens se introduziriam furtivamente entre os
cristãos e converteriam "em dissolução a graça de nosso Deus" (Jd 1.4). Ele
descreve o caráter dos que corromperiam o testemunho cristão como pessoas que

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entrariam "pelo caminho de Caim", sendo levadas "ao erro de Balaão", e
perecendo "na rebelião de Coré" (Jd 1.11). Estas três coisas descrevem muito
bem o tipo de erro eclesiástico que hoje prevalece na cristandade.

Primeiro, há o "caminho de Caim", que descreve a tentativa de se mostrar boas


obras para Deus como forma de ser aceito por Ele. Caim era um homem religioso
por ter oferecido um sacrifício a Deus, mas o que ele ofereceu a Deus, numa
tentativa de obter aceitação, foi obra de suas próprias mãos, sendo rejeitado por
isso (Gn 4.1-5). Sua oferta não tinha o sangue que prefiguraria o sacrifício cabal
do sangue derramado do Senhor Jesus Cristo, sem o qual ninguém pode ser
abençoado por Deus. Hoje está sendo pregado nos púlpitos de muitas
denominações religiosas um evangelho sem sangue, o qual nem mesmo é o
evangelho. Por meio dele muitos têm sido levados a crer que podem apresentar
suas boas obras a Deus em troca de aceitação e salvação, mesmo que a Bíblia
indique claramente que a salvação "não vem das obras" (Ef 2.8,9; Tt 3.5; Rm 4.4-
8).

Em seguida vemos o "erro de Balaão", que nos fala do desejo de ensinar coisas
que não provêm de Deus em troca de dinheiro e posição. Balaão se apresentou a
Balaque e aos moabitas como um profeta com a intenção de profetizar a eles
visando prejudicar o povo de Deus (Nm 22-24). Ainda que muitos pregadores de
hoje talvez não tenham a intenção de prejudicar o povo de Deus, muitos deles
estão, do mesmo modo, ensinando doutrinas estranhas à Igreja. Trata-se de
homens que claramente ensinam doutrinas que não são encontradas nas
Escrituras para igualmente buscarem posições elevadas na igreja.

Finalmente temos a "rebelião de Coré", que é a organização de um partido de


homens que desafiam a ordem dada por Deus para o sacerdócio. Coré e seus
correligionários queriam uma posição acima do povo de Deus, a qual não lhes
havia sido concedida por Deus. Na profissão cristã existe uma organização
similar de uma classe especial de homens para presidirem sobre o rebanho de
Deus, o que é conhecido como clero. Esses homens falam deliberadamente do
rebanho de Deus como se fosse o rebanho "deles". Esse tipo de organização, da
qual estamos tratando desde o início deste artigo, pode muito bem ter surgido
com boas intenções, e pode ser que existam muitos que atualmente ocupam esse
lugar de boa mente, mas mesmo assim trata-se de um sistema de coisas que não
tem qualquer fundamento na Palavra de Deus. Em essência, tal sistema desafia o
genuíno sacerdócio que pertence a cada crente.

77
O TESTEMUNHO DO SENHOR
Finalmente, o próprio Senhor condena um grupo de pessoas que se levantaria na
Igreja, chamados de "nicolaítas" (Ap 2.6,15). Essas pessoas introduziram
impurezas no testemunho cristão; e pelo significado de seu nome, muitos
estudiosos da Bíblia concluíram que estas podem muito bem ter sido as primeiras
sementes do clericalismo. A palavra "nico" significa "governar", e "laitan" – que
é a mesma palavra para laico – significa "povo". Os nicolaítas eram um partido
formado por pessoas que aparentemente buscavam meios de "governar sobre o
povo" e, por isso, poderiam muito bem ter sido o início do sistema que faz
distinção entre clero e leigos. O Senhor nos diz especificamente que as "obras" e
as "doutrinas" dos nicolaítas são coisas que Ele odeia (Ap 2.6,15).

Temos nisso tudo um testemunho abundante de quase todos os escritores do


Novo Testamento sobre o fato de que haveria um grande distanciamento da
simplicidade da fé cristã, do evangelho da graça e da Igreja (2Co 11.3-4). Os
apóstolos nos disseram que, em sua ausência, surgiria um sistema de coisas que
não teria qualquer fundamento na Palavra de Deus. É verdade que em algumas
igrejas ocorre uma parcela maior desse erro eclesiástico do que em outras.
Todavia, seja na basílica de São Pedro em Roma, seja na menor capela
evangélica, a maioria delas – se não todas – traz os princípios básicos do
clericalismo inseridos em seus sistemas de governo.

O crente que é instruído segundo os pensamentos de Deus não tem alternativa


senão admitir que aquilo que se apresenta aos homens como a Igreja de Deus
hoje tem pouca ou nenhuma semelhança com a Igreja de Deus conforme é
apresentada nas Escrituras. Sua pergunta poderá ser: "O que aconteceu?" Em
poucas palavras, a resposta é que nós (a Igreja) fracassamos.

78
A CASA DE DEUS EM 1 TIMÓTEO 3.15

“...para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do
Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (1 Timóteo 3.15).

A casa de Deus mencionada em 1Tm 3.15 não está falando nada sobre templos
de pedras e tijolos, mas sim da cristandade num todo. Para entender sobre o
sentido do termo "Casa de Deus", é necessário ler sobre isso em 2Tm 2.20, onde
está o contexto de tudo isso: "Ora, numa GRANDE CASA não somente há
vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra,
outros, porém, para desonra" (2 Timóteo 2.20). Nesse caso, trata-se do mau
testemunho dentro da “GRANDE CASA” que se tornou o Cristianismo e seu mau
testemunho por meio dos "vasos para desonra", os quais estão inseridos em
nosso meio. Leia os dois capítulos para entender melhor.

Temos outra referência ao termo "CASA" nesse sentido, onde é dito: "VÓS
também, como pedras vivas, sois edificados CASA ESPIRITUAL e sacerdócio
santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo"
(1 Pedro 2.5).

Além do mais, a Bíblia é bem específica ao dizer que o Templo de Deus, na


dispensação da graça, somos nós mesmos: "VÓS sois o templo do Deus vivente,
como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e
eles serão o meu povo" (2 Coríntios 6.16). Sendo assim, mais uma vez
constatamos que a Casa de Deus mencionada nas epístolas dos apóstolos é
ESPIRITUAL e não feita de pedras e tijolos, como era o caso do Templo dos
judeus na dispensação da Lei. Somos a Igreja de Deus, não o Israel de Deus.

79
O QUE SIGNIFICA “O ISRAEL DE DEUS”
NO NOVO TESTAMENTO?

ISRAEL DE DEUS – Esse termo refere-se aos judeus crentes no Senhor Jesus
Cristo que foram salvos e trazidos para fora da nação de Israel (Gl 6.16; At 26.17
– “Livrando-te deste povo”). Eles são “um remanescente, segundo a eleição da
graça”, daquela nação (Rm 11.5 – AIBB) e agora fazem parte da Igreja de Deus.
Mas isso não significa que a Igreja seja o Israel de Deus ou que os cristãos
tenham se tornado “israelitas espirituais”, como é apontado hereticamente pelos
teólogos do pacto. Embora o “Israel de Deus” (judeus convertidos ao evangelho
da graça) faça parte da Igreja, isso não significa que a nação de Israel tenha
perdido sua identidade como um povo terrenal de Deus e que espera pelas
promessas feitas exclusivamente a este povo no Antigo Testamento, as quais
ainda não foram cumpridas, mas serão no Reino milenial de Cristo sobre a terra.

Israel e Igreja são dois povos diferentes, e isso é claramente explicado em


Romanos 11. Israel está no presente momento em estado de torpor e cegueira
enquanto Deus trata com a Igreja. Todavia, isso irá mudar. No fim, um
remanescente judeu fiel irá se converter a Deus, e Deus terá os dois
povos: Israel, escolhido desde a fundação do mundo (Mt 25.34), e a Igreja,
escolhida antes da fundação do mundo (Ef 1.4).

A Igreja não é Israel. Eu não sou o “Israel de Deus”. Sou um cristão. Para ser
Israel eu teria que me tornar israelita ou, no mínimo, me tornar um prosélito,
passando a ter minhas práticas e costumes pautados nas ordenanças judaicas.
Além disso, para ser um israelita, eu teria que buscar em Jerusalém o meu lugar
de adoração (o Templo de Jerusalém), como fora ordenado aos judeus no Antigo
Testamento.

Romanos 11 fala muito disso e nós deveríamos dar mais atenção ao que está
explícito nesta passagem.

Mario Persona explica:

“Romanos 11 usa como exemplo a oliveira, a árvore de onde provém o azeite que
é tantas vezes usado nas Escrituras como figura do Espírito Santo, pois o azeite é
o combustível da luz que ilumina. O assunto do capítulo não é a salvação ou o
testemunho individual, mas o testemunho coletivo de Deus na terra, ora nas mãos
de seu povo Israel, ora nas mãos da Igreja, em diferentes épocas sob influência e
direção do Espírito Santo.

80
Israel, os ramos naturais, foram quebrados, e a Igreja, os ramos de oliveira brava,
enxertados. Considerando que uns e outros são meros ramos, podemos deduzir
que a árvore continua existindo independente deles, porque a árvore é o
testemunho de Deus em sua totalidade. Os ramos são aquelas coisas que partem
do tronco e expandem seu alcance, o que vem bem de encontro à ideia de um
testemunho crescente e abrangente.

Em Gênesis 12 Deus prometeu a Abraão que ele seria o pai de uma grande nação,
e obviamente sabemos tratar-se de Israel. Abraão foi pai de Isaque e avô de Jacó,
que teve seu nome mudado para Israel. A promessa incluía que todas as nações
da terra seriam abençoadas por meio de Israel, ao qual Deus chamou de sua
"menina dos olhos".” (Mario Persona – O que Respondi).

Agora note a seriedade de tudo isso:

“Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação
vem dos judeus” (João 4.22).

“Para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo, e para
que pela fé nós recebamos a promessa do Espírito” (Gálatas 3.14).

Essas passagens não estão dizendo que os gentios (nós) se tornariam judeus ou
Israel para serem abençoados. A mensagem está dizendo que nós, gentios,
desfrutaríamos da bênção que, por intermédio de Abraão e de Israel, chegaria até
nós na Pessoa de Jesus Cristo e de seu sacrifício consumado. Portanto, hoje
somos salvos independente de nos tornarmos judeus ou parte da nação de Israel.
O fato de nós, cristãos, existirmos, independente de Israel, não significa que
Israel tenha deixado de ser a “menina dos olhos” de Deus, a nação terrenal de
Deus, e muito menos significa que esta nação tenha perdido as bênçãos das
promessas que Deus lhe deu.

Se antes Deus olhava para o mundo e enxergava apenas dois povos, Israel e
gentios, hoje Deus enxerga três: Israel, gentios e Igreja. Veja:

“Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos
[gentios], nem à igreja de Deus” (1 Coríntios 10.32).

Ora, se o Espírito Santo de Deus faz essa distinção nas Escrituras, quem somos
nós para dizer que Israel e Igreja são a mesma coisa? Quem nos persuadiu a crer
em uma aberração dessas? Ora, Paulo não faria tal distinção entre esses três
povos se a Igreja fosse apenas uma continuidade de Israel, e nem falaria de um
futuro ainda a ser realizado para Israel em Romanos 11 e em várias outras
passagens de suas epístolas.

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“Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque
também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de
Benjamim” (Romanos 11.1).

Nessa passagem Paulo está falando do povo de Israel. Basta ler o contexto. Paulo
deixa claro que Deus não rejeitou Seu povo terrenal, Israel, citando ele próprio
como exemplo inato de um israelita. O apóstolo se apresenta aqui como um
judeu de nascença e apresenta as credenciais que o identificam como um judeu,
embora ele seja membro do Corpo de Cristo (Igreja) agora.

SERÁ QUE “ISRAEL DE DEUS” EM


GÁLATAS 6.16 SIGNIFICA QUE OS
CRISTÃOS SÃO ISRAELITAS?

“E a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles
e sobre o Israel de Deus” (Gálatas 6.16).

O termo “Israel de Deus” (Gl 6.16) é usado pelos seguidores da Teologia do


Pacto como prova de que os cristãos seriam israelitas espirituais. Mas isso é mais
uma vez uma mera menção feita por Paulo que precisa ser colocada no contexto a
fim de ser corretamente entendida. Tirar três ou quatro palavras de um versículo
e construir em torno delas uma doutrina não passa de uma fraca teologia, além de
ser uma heresia.

O que, então, significa esta frase? Ela se refere àqueles da nação de Israel
(israelitas de nascença) que foram salvos pela graça de Deus e agora são parte da
Igreja (Rm 11.5). O artigo “e” na frase “e sobre o Israel de Deus” distingue os
crentes judeus dos que pertencem à companhia dos cristãos gentios. Paulo faz
menção deles no final da epístola porque o cerne de suas observações ao longo da
carta tinha sido de reprimenda aos cristãos por estarem adotando a Lei de Moisés
e introduzindo princípios legalistas no Cristianismo. Ele queria que fosse
demonstrada uma “misericórdia” especial para com seus conterrâneos (judeus
convertidos ao cristianismo) que tinham antecedente israelita. Se por um lado
não havia desculpa para cristãos gentios por natureza adotarem a Lei, Paulo
queria que os santos das assembleias da Galácia fossem pacientes com aqueles
dentre eles que tinham ascendência judaica e demoravam a abandonar as amarras
do Judaísmo. Ele sabia que não era fácil para quem tinha sido criado naquele
sistema deixar de lado tudo de uma só vez (Lc 5.39), e, por isso, era preciso
demonstrar paciência para com eles (Rm 14.1-6). A epístola aos Hebreus é
testemunha disso.

82
CAPÍTULO 2
FIM DOS TEMPOS

A IGREJA NÃO TEM NENHUMA RELAÇÃO


COM A TRIBULAÇÃO

Em nenhuma parte do evangelho da graça (epístolas dos apóstolos) o cristão é


instruído a se preparar para a vinda do Anticristo e da grande tribulação. Isso é
dito aos judeus nos evangelhos do Antigo Testamento, quando Israel é alertada
sobre coisas referentes a ela. Aqueles acontecimentos descritos em Mt 24-25 se
divergem completamente do que é dito aos cristãos no evangelho da graça. É
dito à Igreja que ela será arrebatada nos ares, e não que ela estará na terra na
grande tribulação. No arrebatamento, Cristo vem nos ares, arrebata a Igreja e
retorna ao céu (1Ts 4.17). Já no evento final da segunda vinda, após a grande
tribulação, Cristo desce à terra para habitar e reinar por mil anos (Mt 25.31-32).
Se uma pessoa não sabe diferenciar o que é dito para Israel do que é dito para a
Igreja, ela tentará encaixar 1Ts 4 com Mt 25 e fará uma verdadeira 'salada mista'
com as Escrituras, visto que à Israel é dito uma coisa e à Igreja é dito outra.
Nas poucas vezes em que a Igreja é mencionada em Apocalipse, a promessa feita
a ela é tão simples quanto consoladora: "Como guardaste a palavra da minha
paciência, também Eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo
o mundo, para tentar os que habitam na terra" (Apocalipse 3.10).
Existe um remanescente judeu fiel que está encarregado de levar o 'evangelho do
reino' a todos os cantos do mundo durante a tribulação. Esse evangelho do reino
não é o evangelho da graça. Ele anuncia a volta do Rei de Israel no fim da grande
tribulação. É muito importante perceber essa distinção na Bíblia.
A propósito, você já percebeu que não existe Igreja antes de Atos 2? Pois é, caro
leitor. Entenda: Jesus ainda não havia inaugurado a Igreja e nem os apóstolos
sabiam como isso aconteceria, até que um dia, na festa chamada "Pentecostes", a
Igreja foi inaugurada e uma fase de transição foi iniciada. Um tempo depois
disso, as epístolas nos diriam como viver a prática cristã e não as leis do
Judaísmo, que até então era tudo que os servos de Deus conheciam.

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ORDEM CRONOLÓGICA DOS
ACONTECIMENTOS PROFÉTICOS

Muitas pessoas têm ficado confusas acerca dos eventos finais da humanidade que
a Bíblia nos apresenta. Essas pessoas estão soltas e perdidas, como ovelhas
desgarradas que não possuem um Pastor, acreditando e criando, por si mesmas,
estórias mirabolantes sobre o “fim dos tempos”, sobre o Anticristo e
especialmente sobre o número da besta (666). Os filmes hollywoodianos, a mídia
sensacionalista e as teorias conspiratórias são o combustível para a criação de
teorias ainda mais absurdas nas mentes menos favorecidas. O YouTube está
repleto dessas teorias e, por falta de uma orientação teológica séria e responsável,
essas pessoas acreditam em tudo que veem. Vivem assustadas, amedrontadas e
acabam ficando alienadas com tanta fantasia que circunda suas cabeças.
De algumas décadas para cá, temos visto como a falta de conhecimento de Deus
e o avanço tecnológico tornam a vinda de Cristo mais próxima do que nunca.
Todavia, isso não deveria ser uma surpresa para um cristão. É óbvio que estamos
diante dos últimos tempos, pois Jesus e os apóstolos já dizem isso há mais de
dois mil anos. A questão que gera confusão, principalmente entre os "teoristas da
conspiração" e adeptos da herética Teologia do Pacto, é que as instruções dadas à
Igreja no evangelho da graça (epístolas dos apóstolos) são para os cristãos
esperarem pelo ARREBATAMENTO DA IGREJA, que ocorrerá bem antes da
manifestação do Anticristo e da “Tribulação” (conhecida como Septuagésima
Semana de Daniel), como será mostrado aqui.
Devido ao engano de Satanás e de “doutores” que deviam ter estudado a Bíblia
por mais tempo ao invés de ensiná-la, muitos têm deixado de lado o estudo
saudável dos acontecimentos proféticos. E isso é uma realidade muito triste, visto
que a Escritura está repleta de ensinos que poderiam libertar as pessoas de muitas
dúvidas cruéis.
Para facilitar o entendimento dos que de fato desejam aprender a ordem dos
acontecimentos proféticos, resolvi tecer aqui um resumo que desfará o nó da
cabeça de muitos.
Em primeiro lugar, acontecerá o arrebatamento da Igreja (1Ts 4.17). Esse evento
é iminente, ou seja, está para acontecer a qualquer momento. Entretanto, no
arrebatamento Jesus não desce à terra, mas “vem nos ares” e arrebata para Si
todos os “salvos desde o princípio do mundo”. Nesse dia, os que estiverem
mortos ressuscitarão antes, e os que estiverem vivos serão transformados e
subirão para o céu juntamente com os ressuscitados. Com isso, ficarão na terra

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dois grupos de indivíduos: 1) Aqueles que ouviram o evangelho e não creram; 2)
Os que não ouviram o evangelho e não tiveram a oportunidade de estarem entre
os salvos.
Vale ressaltar que não haverá uma segunda chance para os que ouviram e não
creram. Esses indivíduos continuarão incrédulos porque Deus os fará crer na
mentira do Anticristo que se levantará após o arrebatamento da Igreja (1Ts
2.7-12). Já aqueles que nunca ouviram, tanto judeus como gentios, poderão ainda
se converter na Tribulação que durará sete anos na terra.
Outra coisa importante que deve ser ressaltada é que somente os salvos são
ressuscitados para o arrebatamento. Os perdidos só serão ressuscitados após o
Milênio para serem julgados. Ou seja, há um intervalo de mil anos entre a
ressurreição dos mortos salvos e a dos mortos condenados.
Em segundo lugar, ao fim da Tribulação de sete anos, os salvos arrebatados
descerão com Cristo para julgar as nações. Essa é a segunda vinda de Cristo,
descrita em Mt 24–25. Naquele momento, o Milênio terá iniciado – Será o Reino
de mil anos de Cristo sobre a terra. Digno de nota é que os santos arrebatados não
serão súditos na terra durante o Milênio, mas reinarão juntamente com Cristo
sobre a terra (2Tm 2.12). Apenas os judeus e gentios que se converteram durante
a Tribulação é que serão súditos durante o Reinado de Cristo. Eles viverão como
pessoas comuns e não terão corpos glorificados como os santos arrebatados.
Por fim, virá o juízo final, conhecido como "Grande Trono Branco". Ali sim os
mortos em seus pecados recebem seus corpos de volta e são trazidos diante do
Senhor para receberem a sentença do castigo eterno. Os salvos NÃO participam
desse ato judicial, pois foram salvos para sempre antes de tudo isso. Quem
chegar diante do "Grande Trono Branco" com um pecado sequer já estará
condenado. A passagem abaixo deixa claro que aquele que crê em Cristo não
entra em juízo ou julgamento: "Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a
minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, e não entra em
juízo, mas passou da morte para a vida." (Jo 5.24).
As expressões "Ouve", "crê", "tem", "não entra em juízo" e "passou da morte
para a vida", no momento em que creu, são expressões muito claras nesse
sentido. Todo aquele que creu em Cristo tem o Espírito Santo habitando em si
como garantia de sua salvação. Jesus fez uma promessa aos escolhidos, e essa
promessa é indissolúvel: O Espírito Santo nunca deixará o crente. Portanto,
pessoas convertidas, habitadas pelo Espírito Santo, NÃO comparecerão jamais
diante do "Grande Trono Branco" para serem julgadas (conferir Jo 14.16, Ef.
1.13).

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Todavia, haverá sim uma escala de condenação, pois o Senhor Jesus nos ensinou
isso quando disse que haveria maior juízo para uma cidade do que para outra, ou
quando falou dos religiosos de sua época, alertando os discípulos: "Guardai-vos
dos escribas, que gostam de andar com vestes talares e muito apreciam as
saudações nas praças, as primeiras cadeiras nas sinagogas e os primeiros
lugares nos banquetes; os quais devoram as casas das viúvas e, para o justificar,
fazem longas orações; estes sofrerão juízo muito mais severo." (Lc 20.46-47).

COMO ENTENDER O JUÍZO FINAL? QUEM PARTICIPA


DESSE JUÍZO? EM QUE MOMENTO ISSO OCORRE?
O Juízo Final é apenas para os perdidos, pois daquele evento não sairá um salvo
sequer. O Juízo Final é para lavrar a pena de cada um de acordo com o que
praticaram em vida. Basta lembrar que bastou um pecado apenas para que Adão e
Eva fossem expulsos da presença de Deus. Quem, pois, poderia alegar hoje ter
apenas um pecado? E quem poderia dizer que nunca pecou? Segue abaixo o texto
em Apocalipse que descreve tudo isso:
"O diabo, que as enganava, foi lançado no lago de fogo que arde com enxofre,
onde já haviam sido lançados a besta e o falso profeta. Eles serão atormentados
dia e noite, para todo o sempre. Depois vi um grande trono branco e aquele que
nele estava assentado. A terra e o céu fugiram da sua presença, e não se
encontrou lugar para eles. Vi também os mortos, grandes e pequenos, de pé
diante do trono, e livros foram abertos. Outro livro foi aberto, o livro da vida. Os
mortos foram julgados de acordo com o que tinham feito, segundo o que estava
registrado nos livros. O mar entregou os mortos que nele havia, e a morte e o
Hades entregaram os mortos que neles havia; e cada um foi julgado de acordo
com o que tinha feito. Então a morte e o Hades foram lançados no lago de fogo.
O lago de fogo é a segunda morte. Se o nome de alguém não foi encontrado no
livro da vida, este foi lançado no lago de fogo" (Ap 20:10-15).

O QUE É O LAGO DE FOGO? ALGUÉM JÁ FOI PARA LÁ?


O lago de fogo, confundido por muitos com o "inferno", foi preparado para o
diabo e seus anjos, que é para onde vão também os perdidos. Mas este lugar, por
enquanto, está vazio. Ninguém nunca esteve lá, como pensam muitos. Os mortos
em seus pecados (sem salvação) estão no hades (grego – “Inferno”, que significa
“Sepultura”), que é uma condição de morte enquanto aguardam a ressurreição de
seus corpos para serem lançados no “lago de fogo” (Mt 25.41; Ap 20:10-15).
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Trata-se de um lugar temporário, no qual os mortos perdidos aguardam o Juízo
Final para a condenação deles (Pv 15.24; Mt 23.33; 2Pe 2.4-17). Essa
condenação é eterna, pois assim o Senhor a chama: "E irão estes para o
tormento eterno, mas os justos para a vida eterna" (Mateus 25.46). Se
duvidarmos que a condenação é eterna, teremos de duvidar também que a vida
seja eterna. O Senhor avisou de forma clara que o fogo "nunca" se apaga: “Onde
o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga” (Marcos 9.44). Da mesma
forma, Ele consolou os Seus escolhidos dizendo que "nunca" pereceriam nem
seriam arrebatados de Sua mão: “E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de
perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão” (João 10.28).
O destino dos perdidos é serem ressuscitados somente após o Milênio para serem
julgados no Grande Trono Branco. O lago de fogo será a habitação final e eterna
dos perversos, preordenados para este mesmo fim, mediante os decretos de Deus
(Sl 9.7; Mt 25.41; Jd 1.4). No fim, o lago de fogo será inaugurado quando a besta
e o falso profeta forem lançados lá (Ap 20:10-15), juntamente com os perdidos.
Os salvos não fazem parte dessa lista, pois já estão com Cristo e jamais serão
tirados de Sua presença (Jo 5.24).

QUAL O PAPEL DE SATANÁS NISSO TUDO?


Durante os mil anos de reinado de Cristo e Sua Igreja sobre a terra, Satanás estará
preso. Ele não terá poder para tentar ninguém durante esse tempo. Após esses mil
anos, Satanás será solto novamente para que sejam revelados aqueles que
viverem no reino terreno de Cristo sem terem realmente se convertido (Lembre-
se de que o reino de mil anos será habitado por pessoas vivas em seus corpos
naturais. Esse grupo de pessoas não faz parte do grupo de salvos com corpos
glorificados). Esse tempo de liberdade de satanás durará pouco, como é dito em
Apocalipse, e então ele será finalmente lançado no lago de fogo onde o tormento
é "para sempre", e não temporário como ensinam algumas seitas e religiões.
Sendo assim, a esperança dos apóstolos, especialmente enfatizada por Paulo, era
de serem arrebatados ainda em vida, visto que Jesus prometeu que arrebataria
Sua amada noiva (Igreja) a qualquer momento. Esse evento é iminente e
totalmente distinto de Sua segunda vinda juntamente com os santos arrebatados
para REINAR EM ISRAEL – o que ocorrerá após a grande tribulação.
Portanto, a esperança do crente é a vinda de Cristo para arrebatá-lo nos ares, e
não a vinda do Anticristo, o qual não tem nenhuma associação com a Igreja de
Deus. A Igreja não espera pelo Anticristo, mas sim por Cristo. Simples assim.

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OS SALVOS PARTICIPAM DO
JULGAMENTO FINAL?

Não, os salvos não participam do julgamento final. É impossível ser mais claro
do que João 5.24. Segue abaixo as diferentes versões para que o leitor possa
comparar e testificar (LITV e YLT são traduções literais do grego para o inglês):
(ACF) Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê
naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas
passou da morte para a vida.
(ARC) Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê
naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas
passou da morte para a vida.
(Biblia) Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê
naquele que me enviou tem a vida eterna e não incorre na condenação, mas
passou da morte para a vida.
(Darby) Verily, verily, I say unto you, that he that hears my word, and believes
him that has sent me, has life eternal, and does not come into judgment, but is
passed out of death into life.
(KJV) Verily, verily, I say unto you, He that heareth my word, and believeth on
him that sent me, hath everlasting life, and shall not come into condemnation;
but is passed from death unto life.
(LITV) Truly, truly, I say to you, The one who hears My Word, and believes the
One who has sent Me, has everlasting life, and does not come into judgment, but
has passed out of death into life.
(NVI) "Eu lhes asseguro: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me
enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para a
vida.
(PJFA) Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê
naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da
morte para a vida.
(YLT) `Verily, verily, I say to you--He who is hearing my word, and is believing
Him who sent me, hath life age-during, and to judgment he doth not come, but
hath passed out of the death to the life.

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Atente-se para os tempos dos verbos, os quais revelam uma transformação
imutável na posição do pecador salvo: “ouve”, “crê”, “TEM”, “ENTRARÁ”,
“PASSOU”. A passagem NÃO diz que o salvo “terá” vida eterna, mas que tem a
vida eterna no momento em que crê, o que significa um direito adquirido por
graça, e tão somente pela graça.
Há diferentes tipos de juízo que você encontra na Bíblia, mas é importante
distinguir cada um deles. Na ordem dos eventos proféticos, primeiro vem o
arrebatamento da Igreja (os salvos) e dos que morreram em Cristo.
Para estes não há julgamento ou condenação, pois Cristo pagou o preço de sua
redenção. Nas palavras de Mario Persona, “Deus seria tão injusto de julgar um
crente quanto um juiz humano seria injusto de julgar alguém por um crime que
outro confessou e pagou a pena. Cristo confessou nossos pecados (levou sobre si)
e pagou a pena”.

O “GRANDE TRONO BRANCO” NÃO É O “TRIBUNAL DE


CRISTO”
Os crentes não são julgados no Grande Trono Branco, pois são salvos desde o
princípio do mundo. O que os crentes encontrarão é o Tribunal de Cristo descrito
em 2Co 5.10: "Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para
que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou
mal". Em 1 Coríntios Paulo fala mais desse tribunal que não tem caráter
condenatório, mas de apreciação das obras praticadas pelo crente. É algo
parecido com um concurso de pintura, onde o que está sendo julgado não é o
pintor, mas a qualidade de seu trabalho.
"E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras
preciosas, madeira, feno, palha, A obra de cada um se manifestará; na verdade o
dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a
obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse
receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o
tal SERÁ SALVO, todavia como pelo fogo" (1 Coríntios 3.12-15).
Essa passagem nos ensina de forma clara que até mesmo aquele que não fez obra
alguma digna de ser aproveitada SERÁ SALVO.
Durante o reino milenar de Cristo haverá julgamentos todas as manhãs com a
aplicação da Pena de Morte imediata. Todavia, essa pena é para os indivíduos
que estiverem vivendo na Terra. A Igreja não estará necessariamente na terra no
milênio, mas estará vivendo no céu. Ao final desse milênio haverá o Grande
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Trono Branco onde serão julgados todos os que não foram salvos, cujos nomes
não estavam no Livro da Vida.
Quando analisamos Apocalipse 20, percebemos como esse julgamento se trata de
um ato judicial que visa apenas dar a sentença. Esse julgamento não tem a
finalidade de estabelecer se a pessoa deve ou não ser salva. Todos são
condenados ali. Não há um salvo em Cristo que participa desse evento, mas
somente os predestinados à perdição (os réprobos).

A DIFERENÇA ENTRE O
ARREBATAMENTO E A SEGUNDA VINDA

A herética "Teologia do Pacto", também conhecida como "aliancismo", ensina


que o arrebatamento e a segunda vinda são um mesmo evento, com tudo junto e
misturado. Essa crença é aceita pelo catolicismo romano e também por maior
parte do denominacionalismo evangélico. O povo, em sua ignorância, costuma
trazer para a igreja de Cristo aquilo que Ele disse em Mateus 24 para judeus, não
para nós, cristãos. Repare que não há sequer um aviso no evangelho dos
apóstolos sobre a "ira de Deus sendo derramada sobre a Noiva de Cristo". Isso
não é encontrado nas epístolas porque a Tribulação não tem relação com a Igreja,
mas trata-se de um período de rigorosa disciplina de Deus sobre o povo de Israel
e sobre os pagãos. O remanescente judeu fiel, guardado por Deus, passará por
essa prova (a grande tribulação) a fim de dar testemunho do evangelho do reino,
aquele que anuncia o retorno do Rei. É importante notar que não existia Igreja
quando Jesus avisou ISRAEL sobre o sofrimento que está por vir. Quando
aquelas coisas ocorrerem, nós, a IGREJA, já teremos sido arrebatados no mínimo
alguns meses antes.
"Basta a cada dia o seu próprio mal"... e nós não precisamos ter medo da ira de
Deus sobre a terra, pois nos foi dado um presente especial -- o arrebatamento nos
ares com Cristo (1Ts 4-5), e assim seremos livrados “da hora da tentação que há
de vir sobre o mundo todo" (Ap 3.10). Foi DEUS quem fez essa promessa à
Igreja. E ELE não mente.

90
AS PROVAS BÍBLICAS DE QUE O ARREBATAMENTO
OCORRE ANTES DA TRIBULAÇÃO

1. A PROMESSA DE JESUS DE GUARDAR A IGREJA DA


HORA DA TENTAÇÃO
Jesus promete à Igreja que ela será removida da terra antes da hora da tentação
que está por vir sobre toda a terra: “Porque guardaste a palavra da minha
perseverança, também Eu te guardarei da hora da tentação (ou “provação” em
algumas traduções) que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os
que habitam sobre a terra” (Apocalipse 3.10).
Jesus promete uma recompensa à Igreja pela sua “perseverança” durante as
tribulações da vida. Essa recompensa é ser guardada de um período único –
“hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro”. Essa é simplesmente a
resposta da razão do arrebatamento da Igreja. O arrebatamento é uma promessa
ou recompensa para a Igreja pela perseverança durante o sofrimento. A Igreja
que suporta as provações deste presente momento será guardada DA HORA
especial de experimentação que irá atingir os habitantes da terra.
Com isso, uma pergunta sempre surge: A frase “guardarei da” (Grego tēreō ek)
em Apocalipse 3.10 significa “um contínuo estado seguro fora de” ou um
“seguro de entre de”? A primeira opção é a resposta correta. A preposição Grega
“ek” carrega muitas vezes a ideia de “surgimento”, mas nem sempre é assim.
Dois notáveis exemplos disso encontram-se em 2 Coríntios 1.10 e 1
Tessalonicenses 1.10. Na passagem de 2 Coríntios, Paulo detalha como Deus o
salvou de potencial perigo. Agora note uma passagem ainda mais convincente:
Em 1 Tessalonicenses 1.10, quando Paulo declara que Jesus resgatará crentes da
ira por vir, a ideia não é de um “surgimento após passar por algo”, mas sim de
“proteção de entrar em algo”.
Além disso, se Apocalipse 3.10 se referisse meramente à uma divina proteção
“em meio à hora de provação” ao invés de “da hora da provação”, como está
explícito no texto, como ficariam aqueles que morreram por Jesus durante este
tempo? Deus não os protegeu? Teria Deus mentido? O disseminado martírio dos
santos durante o período da Tribulação exige que a promessa signifique
“guardar fora da” hora de experimentação, e não “guardar em meio a”.

91
2. A IGREJA NÃO É MENCIONADA EM NENHUM LUGAR DE
APOCALIPSE QUANDO O ASSUNTO NÃO SE REFERE A ELA
Do capítulo 6 ao 18 de Apocalipse, a Igreja não é mencionada. O termo comum
no Novo Testamento para “Igreja” é ekklēsia. Esse termo é usado dezenove vezes
em Apocalipse 1–3 com relação à igreja histórica do primeiro século. A palavra
“Igreja” aparece apenas mais uma vez no epílogo do livro (Apocalipse 22.16).
Em parte alguma de Apocalipse 6–18 é mencionada a “Igreja.” Isso é tão
significativo que fica difícil imaginar como alguém é capaz de não se perguntar
por que isso acontece durante esses capítulos de Apocalipse. É improvável que o
apóstolo João passasse de instruções detalhadas para a Igreja em Apocalipse 1–3
para um absoluto silêncio sobre a Igreja por treze capítulos se a Igreja estivesse
na Tribulação. Se a Igreja fosse experimentar a Tribulação, certamente teríamos
em mãos o mais detalhado estudo de eventos da tribulação com a Igreja incluída
nesse período. Mas o fato é que João não inclui a Igreja nesse contexto. A total
ausência da “Igreja” na terra durante os eventos de Apocalipse 6–18 explica
perfeitamente o porquê de um arrebatamento.

3. O ARREBATAMENTO NÃO TERIA MOTIVOS PARA


OCORRER SE NÃO FOSSE PARA LIVRAR A IGREJA DA
TRIBULAÇÃO
Se a Igreja fosse passar pela Tribulação, o arrebatamento dela seria totalmente
sem fundamento e não teria uma razão para Jesus arrebatá-la nos ares. Se, como
muitos propõem erroneamente, Deus preserva a Igreja de forma milagrosa
somente “em meio à tribulação”, qual a razão de haver um arrebatamento? Se a
intenção é evitar a ira de Deus no Armagedom, por que Deus não continuaria
protegendo os santos na terra da mesma maneira que protegeu Israel das pragas
no Egito (Ex 8.22; 9.4, 26; 10.23; 11.7)?
E quanto à separação entre as ovelhas e bodes em Mateus 25.31-46? Se o
arrebatamento e a segunda vinda fossem um evento só, a separação subsequente
entre as ovelhas e os bodes em Mateus 25.31-46 seria ridiculamente redundante.
A separação entre bodes e ovelhas simplesmente já teria ocorrido no
arrebatamento sem a necessidade de outra.
Outra coisa intrigante é: se todos os crentes da Tribulação são arrebatados e
glorificados pouco antes do reino milenar, como muitos defendem, quem
preencheria a população durante o reino milenar de Cristo na terra? Todos os

92
crentes já teriam um corpo glorificado naquele tempo, enquanto as Escrituras
indicam claramente que os descrentes vivos serão julgados no final da Tribulação
e removidos da terra para serem julgados (Mt 13.41-42; 25.41). Essas realidades
não se enquadram com o ensino bíblico de que crentes teriam filhos durante os
mil anos de reinado de Cristo e que eles serão capazes de cometer pecado e
rebelião (Is 65.20; cf. Ap 20.7-10).
Se você, caro leitor, acha que já viu incoerência demais nas crendices da
Teologia do Pacto, prepare-se para esta: O paradigma “pós-tribulacionista” da
igreja sendo arrebatada e imediatamente trazida de volta à terra não deixa tempo
para o Tribunal de Cristo (1Co 3.10-15; 2Co 5.10) ou para as bodas (Ap 19.6-
10). Lembre-se que não devemos confundir o Tribunal de Cristo com o Grande
Trono Branco (Conferir artigo anterior – “Os salvos participam do julgamento
final?”). Assim, a cronologia de um arrebatamento durante ou após a tribulação
não faz qualquer sentido. Tal pensamento não possui resquício de lógica. Essa
teoria é estapafúrdia e incongruente com o julgamento das nações, dos bodes e
ovelhas e dos dois eventos críticos do fim dos tempos. O ensino claro das
Escrituras sobre o arrebatamento acontecendo antes da Tribulação evita
todas essas dificuldades de interpretação.

4. NÃO EXISTE NENHUM ALERTA PREPARATÓRIO NAS


EPÍSTOLAS A RESPEITO DE UMA TRIBULAÇÃO IMINENTE
SOBRE A IGREJA NA TERRA
Se você for na Bíblia, perceberá que as epístolas dos apóstolos não contêm
quaisquer alertas preparatórios sobre uma tribulação iminente para os crentes da
era da Igreja. As instruções de Deus contêm uma variedade de alertas, mas os
crentes não são alertados a se prepararem para entrar na Tribulação vindoura e
suportar a ira de Deus no momento da provação sobre a terra.
O Novo Testamento nos alerta sobre vários males que aconteceriam durante a era
da Igreja: Ele nos alerta sobre heresias e falsos profetas (At 20.29-30; 2Pe 2.1;
1Jo 4.1-3; Jd 1.4); nos alerta a respeito da vida ímpia (Ef 4.25-5:7; 1Ts 4.3-8; Hb
12.1); nos alerta a perseverarmos em meio à presente tribulação (1Ts 2.13-14;
2Ts. 1:4), etc. Todavia, há um silencio total quando se trata de preparar a
Igreja para a Tribulação global e catastrófica descrita em Apocalipse 6–18,
a qual durará sete anos. As Escrituras fazem total silêncio sobre esse evento,
que seria tão traumático para a Igreja caso ela tivesse que suportar esse período
de experimentação de toda a terra habitável. Se a Igreja fosse experimentar
qualquer parte do período da Tribulação, deveríamos esperar que as Escrituras
93
ensinassem a existência, o propósito e a conduta da Igreja nele. Mas elas não
ensinam nada sobre isso. Não existe qualquer ensino a respeito desse assunto na
Bíblia e não há nenhuma instrução para a Igreja com relação à Tribulação
vindoura de sete anos.

5. O ARREBATAMENTO É A ESPERANÇA QUE CONSOLA O


CRENTE
Em 1 Tessalonicenses 4.13-18 descobrimos a razão de Paulo ter consolado os
Tessalonicenses. Os Tessalonicenses estavam entristecidos por temerem que seus
entes queridos perdessem a segunda vinda de Jesus porque haviam morrido.
Qualquer posição anti-dispensacional dessa mensagem faz com que a carta de
consolo do apóstolo Paulo aos Tessalonicenses perca todo o seu sentido, pois, se
não fosse por essa angústia dos crentes em Tessalônica, deveríamos esperar o
oposto das preocupações ali refletidas. Em primeiro lugar, os Tessalonicenses
estariam felizes e se regozijando, pois saberiam que seus entes queridos estão no
lar com o Senhor e não irão enfrentar os horrores da Tribulação. Porém, ao
olharmos atentamente para a carta, descobrimos que eles ainda não sabiam disso,
e por esta razão Paulo lhes fala a respeito do arrebatamento que aconteceria a
qualquer momento, trazendo o entendimento de que seus entes queridos ainda
haveriam de ser arrebatados nos ares para se encontrarem com o Senhor
juntamente conosco, os vivos.

6. O ARREBATAMENTO É UMA PROMESSA DE CONFORTO


E TAMBÉM DA PRESENÇA IMINENTE COM CRISTO
O que a passagem de João 14.1-3 e 1 Tessalonicenses 4.13-18 têm em comum?
Os dois textos se referem ao estado de conforto e presença com o Senhor Jesus
Cristo antes que a Tribulação venha sobre a terra. Vejamos:
● A promessa da presença com Cristo:
“Onde eu estou, estejais vós também” (João 14.3). “E, assim, estaremos para
sempre com o Senhor” (1 Tessalonicenses 4.17).
● A promessa de conforto:
“Não se turbe o vosso coração” (João 14.1). “Consolai-vos, pois, uns aos outros
com estas palavras” (1 Tessalonicenses 4.18).

94
Jesus explica claramente aos discípulos que Ele estava indo para a Casa do Pai
(o céu) preparar lugar para eles, e que retornaria para os receber, para que eles
pudessem estar onde Ele está agora (João 14:1-3). A frase “onde Eu estou”,
embora implicando presença contínua no geral, aqui significa presença no céu
em particular. Veja bem: Em João 3.34, Jesus se dirige aos fariseus dizendo:
“Para onde Eu vou, vós não podeis ir”. Perceba que Jesus, ao falar com os
fariseus a esse respeito, não estava falando de sua presente morada na terra, mas
de Sua ressurreta presença à destra do Pai. Em João 14.1-3, “Onde eu estou”
significa “no céu”.
Se o arrebatamento fosse depois da Tribulação, os santos teriam que se encontrar
com Cristo nos ares e descer imediatamente à terra, sem experimentar a promessa
feita por Jesus em João 14. Sabemos que João 14 se refere ao arrebatamento e
não faz qualquer referência a juízo. Somente o entendimento bíblico de que o
arrebatamento ocorre como Jesus prometeu – ou seja, antes da Tribulação
vindoura – nos permite ver a coerência da linguagem de João 14.1-3; e somente
esse posicionamento bíblico permite que entendamos o fato de que os santos
arrebatados habitarão com Jesus por um tempo significativo na Casa de Seu Pai
(o céu).

7. OITO DIFERENÇAS ENTRE O ARREBATAMENTO DA


IGREJA E A SEGUNDA VINDA DE JESUS PARA REINAR NA
TERRA
Uma coisa é o arrebatamento; outra coisa é a volta de Cristo para reinar. Se
compararmos o arrebatamento, descrito em 1 Tessalonicenses 4.13-18 e em 1
Coríntios 15.50-58, com a segunda vinda de Cristo em Mateus 24–25, veremos
pelo menos oito contrastes gritantes entre um evento e outro. Vejamos:
1. No arrebatamento, Cristo vem nos ares e retorna ao céu (1Ts 4.17). Todavia,
na segunda vinda, Cristo vem à terra para habitar e reinar (Mt 25.31-32).
2. No arrebatamento, Cristo reúne os Seus santos, que pertencem à Igreja (1Ts
4.17). Todavia, na segunda vinda, os anjos é que reúnem os eleitos de Deus (Mt
24.31).
3. No arrebatamento, Cristo vem para recompensar (1Ts 4.17). Já na segunda
vinda, Cristo vem para julgar, não para recompensar (Mt 25.31-46).
4. No arrebatamento há a ressurreição dos mortos que estão em Cristo para que
sejam arrebatados juntos com os vivos (1Ts 4.15-16). Mas, na segunda vinda,

95
nenhuma ressurreição acontece com a descida de Cristo. Nada é mencionado na
Bíblia a respeito de ressurreição na segunda vinda de Cristo.
5. No arrebatamento, os crentes são tirados da terra (1Ts 4.15-17). Todavia, na
segunda vinda, os descrentes é que são removidos da terra (Mt 24.37-41).
6. No arrebatamento, os descrentes permanecem na terra (1Ts 4.15-17). Porém,
na segunda vinda, os crentes é que permanecem na terra (Mt 25.34).
7. No arrebatamento não existe menção alguma sobre o reino de Cristo na terra.
Todavia, na segunda vinda, a Bíblia é clara ao dizer que o reino de Cristo na terra
será estabelecido (Mt 25.34).
8. No arrebatamento, os crentes receberão corpos glorificados (1Co 15.51-57). Já
na segunda vinda, nenhum vivo receberá um corpo glorificado.

8. AS PARÁBOLAS DE CRISTO NOS MOSTRAM AS


DIFERENÇAS ENTRE O ARREBATAMENTO E A SEGUNDA
VINDA
Em Mateus 13 constatamos que a Bíblia nos mostra diferenças gigantescas entre
o arrebatamento e a segunda vinda de Cristo à terra:
Na parábola do trigo e do joio, o joio representa os descrentes e o trigo representa
os crentes. Jesus diz que o joio (descrentes) será retirado do meio do trigo
(crentes) na Sua segunda vinda (Mt 13.30, 40). Todavia, no arrebatamento, a
passagem de 1 Tessalonicenses 4.15-17 diz que os crentes serão removidos da
terra, enquanto os descrentes ficarão aqui.
Outra parábola que fala disso é a parábola da rede. Nessa parábola os peixes
ruins (descrentes) são retirados do meio dos peixes bons (crentes) no ápice da
segunda vinda de Cristo (Mt 13.48-50), enquanto os crentes são removidos de
entre os descrentes no arrebatamento (1Ts 4.15-17).
Finalmente, a Bíblia não menciona o arrebatamento em nenhum dos textos mais
detalhados sobre a segunda vinda de Cristo, que são Mateus 24 e Apocalipse 19.

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Abaixo está a tabela de passagens bíblicas sobre dois eventos distintos:
Arrebatamento da Igreja e Segunda Vinda de Jesus. Entre o Arrebatamento da
Igreja e a Segunda Vinda de Jesus há um intervalo de sete anos de Tribulação
sobre a Terra, conhecida como Septuagésima Semana de Daniel.

TABELA DE PASSAGENS BÍBLICAS SOBRE O


ARREBATAMENTO E SOBRE A SEGUNDA VINDA

ARREBATAMENTO SEGUNDA VINDA

João 14.1-3 Daniel 2.44-45


Romanos 8.19 Daniel 7.9-14
1 Coríntios 1.7-8 Daniel 12.1-3
1 Coríntios 15.51-53 Zacarias 12.10
1 Coríntios 16.22 Zacarias 14.1-15
Filipenses 3.20-21 Mateus 13.41
Filipenses 4.5 Mateus 24.15-31
Colossenses 3.4 Mateus 26.64
1 Tessalonicenses 1.10 Marcos 13.14-27
1 Tessalonicenses 2.19 Marcos 14.62
1 Tessalonicenses 4.13-18 Lucas 21.25-28
1 Tessalonicenses 5.9 Atos 1.9-11
1 Tessalonicenses 5.23 Atos 3.19-21
2 Tessalonicenses 2.1 1 Tessalonicenses 3.13
2 Tessalonicenses 2.3 2 Tessalonicenses 1.6-10
1 Timóteo 6.14 2 Tessalonicenses 2.8
2 Timóteo 4.1 1 Pedro 4.12-13
2 Timóteo 4.8 2 Pedro 3.1-14
Tito 2.13 Judas 1.14-15
Hebreus 9.28 Apocalipse 1.7
Tiago 5.7-9 Apocalipse 19.11–20.6
1 Pedro 1.7, 13 Apocalipse 22.7,12,20
1 Pedro 5.4
1 João 2.28-32
Judas 1.21
Apocalipse 2.25
Apocalipse 3.10

97
O VERDADEIRO SIGNIFICADO DE
“APOSTASIA” EM 2 TESSALONICENSES
2.3

Grande parte dos cristãos professos costuma pensar que antes do arrebatamento
ocorrer e os crentes se reunirem a Jesus nos ares será necessário que ocorra uma
grande rebelião de cristãos professos contra o evangelho. Tal crença é baseada
em 2 Tessalonicenses 2.3, que diz: "Ninguém de modo algum vos engane; porque
isto não sucederá sem que venha primeiro a apostasia e seja revelado o homem
do pecado, o filho da perdição".
Todavia, a palavra "apostasia" nunca foi traduzida nas bíblias antigas no sentido
de "abandono da fé". Somente com o advento da Bíblia King James é que esse
sentido passou a ser adotado por muitos crentes, sem que eles soubessem que não
há razão alguma para aplicar esse sentido ao termo “apostasia”. Infelizmente,
porém, a bíblia King James Version teve uma influência tão grande que até
mesmo os léxicos do Novo Testamento passaram a definir "apostasia" como
mero "abandono da fé".
A verdade, contudo, é que a palavra "apostasia" significa apenas "Partida". Ou
seja, somente o contexto de uma determinada passagem pode definir se o termo
“apostasia” se trata de uma partida em que uma pessoa abandona algo bom ou
algo ruim. Assim, a ideia de que a "partida" citada em 2 Tessalonicenses 2.3
signifique “abandono da fé” resulta de um trabalho de dedução e não de tradução.
Em contraste com o entendimento negativo de que o termo signifique somente
“abandono da fé”, está o fato de que a hermenêutica nos mostra que o verbo que
está na raiz da palavra "apostasia" é aphistemi, que ocorre quinze vezes no Novo
Testamento e significa simplesmente "partir" (ou “ir embora”). Temos exemplos
disso em Lucas 2.37, 4.13 e em Atos 12.10, versículos que retratam a ação de ir
embora, partir ou deixar um lugar ou alguém.
Portanto, em 2 Tessalonicenses 2.3 podemos constatar com veemência que Paulo
está lembrando os crentes de Tessalônica que a Segunda Vinda do Senhor não
ocorrerá sem que antes ocorra a "partida", isto é, o arrebatamento da igreja, o que
ocorrerá bem antes da segunda vinda de Jesus para reinar na terra. Tudo isso
confirma a posição dispensacional da Bíblia.
O artigo definido acoplado ao termo "apostasia" no texto em pauta aponta para o
fato de que a partida de que Paulo falava era algo com que os tessalonicenses já
estavam familiarizados. Do mesmo modo, a menção da "nossa reunião com Ele"

98
no verso 1 cria um contexto em que a noção de "partida" da Igreja se encaixa
melhor ao assunto tratado do que a ideia de "abandono da fé".
Portanto, o sentido de “Apostasia” em 2 Tessalonicenses 2.3 está relacionado à
nossa partida para o céu, quando o Senhor Jesus vier nos ares para nos arrebatar
antes que ocorra a tribulação sobre a terra. Mais um ponto para a visão
dispensacional das Escrituras.

COMO SERÁ A SEGUNDA VINDA DE


JESUS?

“Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o
traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém”
(Apocalipse 1.7).
A parte do versículo que mais gera discussão é: “todo olho o verá, até os mesmos
que o traspassaram”. Isso acontece porque muitos ainda não compreendem que
“todo o olho o verá” não significa que isso acontecerá tudo de uma só vez. Isso
não acontecerá de forma simultânea, mas progressiva. A Bíblia diz que Jesus virá
com as nuvens do céu, exatamente como os discípulos o viram subir quando
estavam no Monte das Oliveiras. Todavia, esse processo será gradual e pouco a
pouco as pessoas comparecerão ao evento de Sua presença na terra – mais
precisamente no Monte das Oliveiras, que é de onde Ele subiu para o céu da
primeira vez, e isso será explicado mais à frente.
Em Mateus 25 constatamos que esse evento é chamado de Julgamento das
Nações devido ao modo como elas se comportaram em relação aos seus
“pequenos irmãos”, os judeus. O panorama completo da profecia da Segunda
Vinda nos mostra que diferentes juízos irão cair em diferentes partes do mundo
naquele momento: Primeiro Jesus irá tratar, de forma privativa, com o Seu povo
Israel – os judeus –, representados pelas duas tribos: Judá e Benjamim.
A Bíblia nos fornece uma figura disso na maneira como José, um tipo de Cristo
no Reino, se revelou a seus irmãos. “Então José não se podia conter diante de
todos os que estavam com ele; e clamou: Fazei sair daqui a todo o homem; e
ninguém ficou com ele, quando José se deu a conhecer a seus irmãos” (Gênesis
45.1). Da primeira vez, Cristo “veio para o que era seu (os judeus), e os seus não
o receberam” (João 1.11), e só depois disso Ele passou a tratar com as demais

99
nações do mundo. Da mesma maneira isso acontecerá em Sua Segunda Vinda.
Primeiro Ele tratará com o Seu povo Israel e, em segundo lugar, com os pagãos.
A dificuldade com a interpretação desse evento começa quando as pessoas
associam o versículo de Apocalipse 1.7 a uma outra passagem de Mateus 24, a
qual parece falar de uma “manifestação gloriosa”, como aquelas que os artistas
costumam pintar em quadros ou as imagens que são publicadas em revistas de
seitas como “Testemunhas de Jeová” e “Adventismo do Sétimo Dia”. Nessas
imagens mirabolantes há multidões olhando para uma imagem de Jesus descendo
das nuvens abertas e cercado de raios de luz e anjos tocando trombetas.
Obviamente, pessoas que passaram a vida sendo condicionadas a verem essas
imagens como legítimas acabam achando que, para o mundo inteiro enxergar a
Segunda Vinda de Jesus, a terra teria de ser plana e não esférica, ou com
transmissão global de TV via satélite, o que condicionaria a vinda de Cristo à
invenção da TV, satélites, repórteres etc.
À parte dessas questões inventadas pelo misticismo moderno, vamos à passagem:
“Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais. Eis que ele
está no interior da casa; não acrediteis. Porque, assim como o relâmpago sai do
oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do
homem. Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias... Então
aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se
lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder
e grande glória” (Mateus 24.28-30).
Esta passagem começa falando dos falsos anúncios da volta de Cristo que
poderão confundir o remanescente judeu fiel que irá se converter nos períodos
mais difíceis da Grande Tribulação. Neste capítulo 24 de Mateus a Igreja já terá
sido arrebatada ao céu anos antes, e, se você não entende o arrebatamento ou as
diferentes dispensações das Escrituras, terá de aprender isso, pois são coisas
fundamentais para se compreender a profecia bíblica. As palavras “relâmpago”,
“ocidente” e “oriente” significam que a vinda de Jesus será inquestionável,
porém, com foco no juízo que Ele traz consigo. O “relâmpago” nos fala de um
juízo rápido. Quando um raio cai sobre uma árvore, ela é queimada
imediatamente. Águias ou aves de rapina têm o mesmo sentido de juízo rápido
sobre os cadáveres — homens com aparência de que vivem, mas que estão
mortos espiritualmente. Em suma, a volta de Cristo para julgar as nações será
inequívoca, e seu juízo rápido como um raio do qual ninguém escapará.

100
ONDE E COMO JESUS VIRÁ EM SUA SEGUNDA VINDA?
Para saber onde e como Ele virá em Sua Segunda Vinda após a Tribulação de
sete anos, é preciso consultar a Bíblia para ver de onde e como Ele partiu ao
despedir-se dos discípulos no Jardim das Oliveiras após Sua ressurreição.
“E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o
recebeu, ocultando-o a seus olhos. E, estando com os olhos fitos no céu,
enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois homens vestidos de
branco. Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o
céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim
como para o céu o vistes ir. Então voltaram para Jerusalém, do monte chamado
das Oliveiras, o qual está perto de Jerusalém, à distância do caminho de um
sábado” (Atos 1.9-12).
Se Atos 1.9-12 fala da subida de Jesus, Zacarias 14.4 fala da descida:
“E naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está
defronte de Jerusalém para o oriente; e o monte das Oliveiras será fendido pelo
meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; e metade
do monte se apartará para o norte, e a outra metade dele para o sul” (Zacarias
14.4).
Aqui será o momento do encontro com “a casa de Davi”, enquanto as outras
tribos ainda estarão para ser recolhidas pelos anjos. Jesus será visto,
primeiramente, por aqueles que o pregaram na cruz. Essas pessoas não serão as
mesmas de sua época na terra, mas serão os descendentes daqueles que há dois
mil anos disseram: “O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos” (Mateus
27.25).
Em Zacarias 12.10, onde se encontra uma das profecias da Segunda Vinda de
Jesus, vemos mais detalhes desse encontro: “Mas sobre a casa de Davi, e sobre
os habitantes de Jerusalém, derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e
olharão para mim, a quem traspassaram; e prantea-lo-ão sobre ele, como quem
pranteia pelo filho unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora
amargamente pelo primogênito” (Zacarias 12.10).
Diante dos fatos expostos, vemos como é importante conhecer as dispensações
da Bíblia, o arrebatamento da Igreja e o panorama de toda a profecia para
entender a segunda vinda de Jesus para reinar sobre a terra, o que só irá ocorrer
após a Tribulação de sete anos na terra (Septuagésima Semana de Daniel). Se não
tivermos um entendimento claro dessas dispensações, podemos ser enganados
pela visão reducionista das seitas religiosas normalmente propagada pelo
denominacionalismo católico e evangélico. Muitas dessas religiões nem mesmo
101
conseguem distinguir a diferença entre o arrebatamento da Igreja e a segunda
vinda de Jesus. A manifestação de Cristo para restabelecer o Seu reino em Sua
segunda vinda acontecerá no mínimo sete anos após o arrebatamento. Durante
esse intervalo entre o arrebatamento e a segunda vinda haverá a Tribulação e a
Grande Tribulação. Como já fora dito, a manifestação de Cristo na terra tem uma
sequência que começa com Sua aparição em particular aos judeus, levando-os a
sair pela terra para dar a boa notícia de que Cristo, o Rei de Israel, voltou.
A propósito, é disso que fala a passagem de Isaías 52.6-8, a qual temos o
costume de usar como exemplo de evangelização. No entanto, sua aplicação
primária é profética. Vejamos:
“Portanto o meu povo saberá o meu nome; pois, naquele dia, saberá que sou eu
mesmo o que falo: Eis-me aqui. Quão formosos são, sobre os montes, os pés do
que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, do que anuncia o bem, que faz
ouvir a salvação, do que diz a Sião: O teu Deus reina! Eis a voz dos teus
atalaias. Eles alçam a voz, juntamente exultam; porque olho a olho verão,
quando o Senhor fizer Sião voltar” (Isaías 52.6-8).

QUAL O SIGNIFICADO DA BESTA E DO


666 EM APOCALIPSE?

A palavra "besta" é empregada na Bíblia de forma simbólica e significa a


“ignorância do homem” (Salmos 73.22). O sentido da palavra é assim usado para
mostrar o homem agindo como uma criatura irracional, isto é,, sem consciência
diante de Deus. No texto original, essa palavra é a mesma que aparece traduzida
de forma diferente em Salmos 94.8 e em Jeremias 10.8,14,21; 51.17.
Na Bíblia, esta palavra é também usada para se referir a grandes poderes
seculares. Sendo assim, ela tem diferentes características, dependendo da criatura
simbólica que é descrita. Em geral, o termo “Besta” representa a ausência de
qualquer conexão moral com Deus. Por exemplo, o termo “Besta” foi usado
desta mesma forma por Daniel ao se referir aos quatro grandes reinos (Dn
7.3-23). Outro caso em que a palavra foi usada assim é em Apocalipse, quando
João se refere ao Anticristo e ao Império Romano restabelecido como a “Besta”
(Ap 13.1; 20.10).

O NÚMERO 666 EM APOCALIPSE


102
Em geral, os números contidos em Apocalipse são literais. Dos vários números
descritos em Apocalipse, somente dois são usados de forma simbólica: “sete
espíritos” em Apocalipse 1.4 e “666” em Apocalipse 13.18. A respeito do
número 666, muitos já tentaram decifrá-lo, fazendo contas mirabolantes e
chegando a identificar os papas católicos como sendo a besta. Todavia, isso é
dizer o que a Bíblia nunca disse e, portanto, trata-se de uma forma irreverente e
perigosa de se interpretar a Bíblia. De fato, a Bíblia nos mostra que a besta tem
poder eclesiástico. Porém, em Apocalipse 17.16 vemos que não somente Roma,
como também a grande meretriz, a Babilônia, que é a cristandade professa num
todo, será desolada pelos dez chifres da besta.
Em geral, a cristandade professa inclui todo o “sistema cristão” criado por
homens, o qual estará, naquele tempo, unificado sob a influência de Roma.
Todavia, os verdadeiros crentes, até mesmo aqueles que neste momento
pertencem a tais sistemas, serão arrebatados por Cristo antes da revelação da
besta, pois mesmo na ignorância eclesiástica e debaixo de tanta confusão eles
creem no verdadeiro evangelho e não se conformam com muita coisa que
acontece no sistema religioso.
Naquele tempo – que não está longe de acontecer – ficarão aqui na terra apenas
as organizações chamadas “cristãs”, com seus membros que não tiverem sido
renascidos, os quais continuarão a celebrar seus cultos e ofícios religiosos, se
unindo cada vez mais em uma grande e fraterna irmandade ecumênica, até darem
as boas-vindas à besta.
O número 666 significa número de homem. Na Bíblia, o número 7 significa algo
espiritualmente completo e costuma estar relacionado ao bem e à perfeição. (Nm
8.2, Lv 4.6,17; 8.11; Ap 1.4). Todavia, o número 6 significa imperfeição ou algo
incompleto, pois não chega a ser sete. O número 3 é algo completo em seu
testemunho, assim como Deus é completo sendo uma Trindade – Pai, Filho e
Espírito Santo – mesmo sendo um só Deus.
Sendo assim, o número 6 repetido três vezes pode ser identificado como a
completa imperfeição. A Bíblia nos mostra que Satanás irá querer imitar a
Trindade divina por meio de sua própria atuação, da besta e do falso profeta.
Com isso, podemos concluir que 666 representa a imperfeição elevada ao seu
grau máximo. Pode até ser que o número em si tenha um significado mais
particular, identificando um determinado homem. No entanto, todas essas coisas
são apenas suposições e nós não devemos nos esquecer do fato de que o número
666 em Apocalipse não são três números “6”, como se significasse “seis, seis,
seis” ou “meia, meia, meia”, como muitos pensam. Na Bíblia, esse número é
inteiro: “Seiscentos e sessenta e seis”.

103
Todavia, para nós cristãos, todo esse trabalho em ficar tentando desvendar o
significado do “666” de Apocalipse é inútil, pois o iníquo só será revelado após o
arrebatamento da Igreja. Ou seja, é infrutífero ficar tentando associar o número
666 a algum homem.
Do mesmo modo que teria sido impossível para um israelita do Antigo
Testamento discernir a Igreja, a qual só seria revelada a Paulo em seu ministério
e, em seguida, aos outros apóstolos e profetas do NT (Ef 3.5), é impossível para
nós, a Igreja, ficar tentando desvendar algo que não diz respeito a nós. A Igreja
não foi discernida por ninguém dentre os santos de Deus antes de sua formação
no dia de Pentecostes. Portanto, tentar discernir algo que só irá interessar o
remanescente judeu fiel após o arrebatamento – durante a Tribulação de sete anos
– não é exatamente o que Deus deseja por parte daqueles que hoje fazem parte do
Corpo de Cristo – a Igreja. O remanescente judeu, o qual irá se converter durante
a Tribulação após o arrebatamento da Igreja, terá subsídios suficientes para
discernir a identidade do homem ao qual o número 666 está relacionado.

E QUANTO AOS “MIL ANOS” EM


APOCALIPSE 20?

Uma das dificuldades que poderiam ser evitadas na cristandade se o método


literal (normal) das Escrituras fosse respeitado é com relação aos números
contidos em livros proféticos e principalmente em Apocalipse. Nada precisava
ser tão difícil e o livro de Apocalipse não seria tão “temido” por causa da
ignorância acerca desse ponto. Falaremos um pouco sobre passagens que contém
números que, se fossem levados a sério, em seu sentido normal, muitos males
teriam sido evitados ao longo dos séculos na teologia cristã.
A regra básica da hermenêutica da Bíblia determina que os números devem ser
aceitos por seu valor real, comunicando uma grandeza matemática, e isso só deve
ser ignorado se houver uma evidência substancial que garanta o contrário. E
tenha certeza de que a Bíblia lhe mostrará isso, sempre que você estiver diante de
um número na Escritura Sagrada. A interpretação literal dos números bíblicos é o
ponto de partida para descomplicar vários textos proféticos, doutrinários,
poéticos, etc. Essa regra indispensável é encontrada em toda a Bíblia, incluindo
em Apocalipse.
Um resumo de números em Apocalipse sustenta isso. Vejamos:
104
Sete igrejas e sete anjos em Apocalipse 1 referem-se a sete igrejas literais e seus
mensageiros. Doze tribos e doze apóstolos referem-se ao real número histórico
(Ap 21.11-14). Dez dias (Ap 2.10), cinco meses (Ap 9.5), um terço da
humanidade (Ap 9.15), duas testemunhas (Ap 11.3), quarenta e dois meses (Ap
11.2), 1.260 dias (Ap 11.3), doze estrelas (Ap 12.1), dez chifres (Ap 13.1), mil e
seiscentos estádios (Ap 14.20), três demônios (Ap 16.13) e cinco reis caídos (Ap
17.9-10), todos usam números em seu sentido normal – literal.
Dos vários números descritos em Apocalipse, somente dois números são usados
de forma simbólica: “sete espíritos” em Apocalipse 1.4 e “666” em Apocalipse
13.18.
Portanto, "mil anos" (1.000 anos) em Apocalipse 20 significa exatamente MIL
ANOS literalmente. Os mil anos do reinado de Cristo sobre a terra durarão
respectivamente MIL ANOS. Durante esses mil anos, satanás ficará preso no
abismo.
Os números em Apocalipse, em geral, são literais e não simbólicos,
especialmente quando esses números se referem a tempo. É isso que as pessoas
precisam entender para uma compreensão sadia das profecias contidas em toda a
Escritura.
Em Apocalipse 4–20 existem cerca de vinte e cinco referências de medições de
tempo. Apenas duas dessas referências deixam de ser literais, e, mesmo assim,
não envolvem números reais:
1 – "O grande dia da ira dEle" (Ap 6.17) provavelmente excederá 24 horas.
2 – "A hora do seu juízo" (Ap 14.7) aparentemente se estende para além de
sessenta minutos.
No entanto, não há nada na frase "mil anos" (Ap 20) que sugira uma
interpretação simbólica.

105
DOIS POVOS, DOIS EVANGELHOS E DOIS
DESTINOS

“O evangelho da graça de Deus” (At 20.24) que é pregado hoje e “o evangelho


do reino” (Mt 4.23; 24:14) que será pregado durante a Tribulação são
inteiramente diferentes. São dois evangelhos distintos pregados para dois
propósitos distintos. O evangelho da graça de Deus chama pessoas para o céu; o
evangelho do reino chama pessoas para as bênçãos sobre a Terra. O evangelho
pregado hoje anuncia uma esperança, um chamado e um destino celestiais para
aqueles que creem (Cl 1.5; 1Pe 1.4; Fp 3.20; 2Co 5.1-2; Hb 3.1). O evangelho do
reino, que será pregado na Tribulação, anuncia uma bênção terrenal sob o reinado
de Cristo no Milênio (Mt 24.14; Sl 96). O evangelho do reino anuncia as boas
novas do reino prometido no Velho Testamento (2Sm 7.16; Dn 2.44-45,7.9-27),
o qual está para ser estabelecido no advento do Messias em sua segunda vinda, e
aqueles que receberem o Rei em fé irão ter parte nas suas bênçãos terrenais. Esse
evangelho do reino foi primeiro pregado por João Batista na primeira vinda de
Cristo (Mt 3.1-2). O Senhor e Seus discípulos também o pregaram (Mt
4.23,10.7). A pregação deles consistia em chamar as nações a se arrependerem e
assim ficariam num estado apropriado para receberem o Rei. Se o tivessem
recebido, Ele teria estabelecido o seu reino na sua primeira vinda, como
prometido pelos profetas do Velho Testamento. Porém, infelizmente, Israel
rejeitou seu Rei e assim perdeu a oportunidade de ter o reino estabelecido em
todo o seu poder e manifestação. Quando Israel rejeitou seu Rei, o evangelho do
reino parou de ser anunciado porque o reino não estava mais sendo oferecido a
eles. Ao invés disso, Deus enviou o evangelho de Sua graça ao mundo gentio
para chamar dentre eles um povo para o Seu Nome (Atos 13.44-48; 15.14; Rm
11.11). Este evangelho ainda está sendo pregado hoje.

O evangelho do reino voltará a ser pregado futuramente pelo remanescente judeu


fiel após a Igreja ser chamada ao céu no arrebatamento. Nesse tempo, Deus
tornará a tratar com Israel de onde parou há quase 2.000 anos. Israel será salvo
no dia vindouro (isto é, um remanescente entre eles – Rm 9.6-8; 11.26-27) e o
reino será introduzido em poder (Ap 11.15).

O ponto que precisamos aprender é este: Não há menção do evangelho da graça


de Deus sendo pregado na Tribulação – apenas o evangelho do reino (Mt 24.14).
A razão óbvia é que o evangelho da graça chama crentes para serem parte da
Igreja e, como a Igreja não estará na Terra durante a Tribulação, o evangelho da
graça não será pregado.

106
Deus não enviará dois diferentes evangelhos ao mesmo tempo. Isto traria uma
total confusão e iria confundir a chamada celestial da Igreja com a chamada
terrenal de Israel com suas respectivas esperanças e destinos. Entender esse
ponto nos revela que é impossível ter a Igreja e o remanescente judeu crente no
período da Tribulação ao mesmo tempo. Se, durante a Tribulação, o evangelho
da graça de Deus fosse pregado e chamasse os crentes dentre os judeus e gentios
e os colocasse na Igreja, cada vez que um judeu cresse no evangelho da graça ele
seria tirado de sua posição judaica e seria feito parte da Igreja, o que tiraria o
“Israel de Deus” de cena (Rm 11.5; Gl 6.16 – Leia sobre “o Israel de Deus”).
Assim, nunca haveria um remanescente judeu crente! Uma consideração
cuidadosa dessa questão prova que a Igreja e o remanescente judeu não podem
estar na Terra ao mesmo tempo durante a Tribulação.

Ou seja, o fato de que o evangelho da graça de Deus não será pregado na


Tribulação mostra que o arrebatamento já terá ocorrido.

Uma nova aliança será feita com Israel no Milênio, após a Tribulação (Jr 31.31-
33), não com a Igreja. A Igreja não teve uma velha aliança e nem terá uma nova,
visto que ela só veio a ser inaugurada em Atos 2. Não existe Igreja no Velho
Testamento, e isso inclui os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João.
Quando falamos da nova aliança, estamos nos referindo a Israel, o povo terrenal
de Deus. O remanescente de judeus que virá a sofrer na Tribulação dará
testemunho durante os sete anos de Tribulação, levando o evangelho do Reino a
toda criatura. Sim, a ordem do “ide” foi dada claramente aos apóstolos em
circunstâncias judaicas, falando do evangelho do reino, aquele que anuncia o
retorno do Rei de Israel após a Tribulação (Mt 28.19). Esse não é o evangelho da
graça, o qual pregamos hoje.

O evangelho da graça diz: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo” (Atos
16.31). O evangelho do Reino, que foi pregado por João Batista aos judeus de
sua época e que ainda voltará a ser pregado pelo remanescente judeu no futuro,
diz: “Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” (Mateus 3.2). Um é o
evangelho da graça; o outro é o evangelho do Reino.

107
SERÁ QUE O CHAMADO PARA
ABENÇOAR OS GENTIOS, PROMETIDO
NO ANTIGO TESTAMENTO, É O
EVANGELHO DA GRAÇA DE DEUS
PREGADO HOJE?

Deus prometeu abençoar os gentios por meio de um chamado evangelístico


(Isaías 42.1-8; 49.3-8; 52.7; 55.1-5). Os teólogos do Pacto nos dizem que aquela
promessa está se cumprindo hoje no chamado do Evangelho da Graça de Deus
(Atos 20.24). As passagens do Novo Testamento que usam para tentar provar
isso são Atos 13.46-47, 2 Coríntios 6.2 e Romanos 10.15.

Atos 13.46-47 – “Mas Paulo e Barnabé, usando de ousadia, disseram: Era


mister que a vós se vos pregasse primeiro a palavra de Deus; mas, visto que a
rejeitais, e não vos julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os
gentios; porque o Senhor assim no-lo mandou: Eu te pus para luz dos gentios, A
fim de que sejas para salvação até os confins da terra”.

Paulo e Barnabé estavam pregando o evangelho da graça de Deus aos judeus e


prosélitos gentios em Antioquia da Pisídia. Mas quando os judeus rejeitaram a
mensagem, Paulo citou Isaías 49.6, discernindo daquela passagem o que ele e
Barnabé deveriam fazer naquela situação – o objetivo era alcançar os gentios
com aquela mensagem de graça.

Os teólogos do Pacto nos dizem que Atos 13.47 seria o cumprimento de Isaías
49.6, pois esta passagem é citada em Atos todavia, como já mencionamos, existe
uma regra geral de que quando uma profecia do Antigo Testamento se cumpre no
tempo do Novo Testamento o texto diz que é isso que está acontecendo. Todavia,
não existe tal declaração em Atos 13.47. Dizer que se trata de um cumprimento
da profecia quando o Espírito Santo não faz menção a isso é violar um dos
princípios básicos de interpretação bíblica. Além disso, Isaías 49.6 não está
falando de evangelistas cristãos recebendo um chamado para pregar o Evangelho
da Graça de Deus aos gentios, e nem está falando do remanescente de judeus
fiéis que no futuro receberão um chamado para pregar o Evangelho do Reino aos
gentios. Um exame atento da passagem mostrará que ela tem a ver com uma
palavra de encorajamento ao Senhor Jesus quando Ele foi rejeitado por ocasião
de Sua primeira vinda (Isaías 49.4-5). Quando os judeus O rejeitaram, Deus
prometeu a Jesus que em um dia futuro Ele não apenas seria recebido pelos

108
“preservados”, que constituirão o remanescente de judeus, mas também pelas dez
“tribos de Jacó”. E mais que isso, o Senhor seria uma bênção para milhões de
“gentios” que seriam introduzidos no reino nessa ocasião (Apocalipse 7.9). A
passagem em Isaías indica que os judeus e as dez tribos devem ser restauradas ao
Senhor antes que a bênção à qual Isaías estava se referindo em conexão com os
gentios fosse realizada por eles. Isso obviamente ainda não aconteceu. Isso
mostra que o que Isaías estava dizendo não poderia ser a mesma coisa que está
acontecendo hoje na pregação do Evangelho da Graça de Deus. O chamado atual
é algo diferente, ainda que esteja alinhado com o modo de proceder de Deus. É
por isso que Isaías é citado aqui em Atos 13.

Paulo estava apenas fazendo uso de Isaías 49.6 (que textualmente se refere ao
Senhor Jesus) para sua própria senda de serviço. Da passagem ele extraiu o
ensino de que ele e Barnabé deveriam ir aos gentios com o Evangelho da Graça
de Deus porque os judeus haviam voltado suas costas para sua mensagem. Paulo
acreditava que o Senhor lhe havia enviado neste sentido, considerando o
princípio que está envolvido naquele versículo.

2 Coríntios 6.2 – “Porque ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te


socorri no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora,
o dia da salvação”.

Os teólogos do Pacto nos dizem que, por Paulo haver citado Isaías 49.8 em 2
Coríntios 6.2 em conexão com a pregação do evangelho nestes tempos da era
cristã, isso provaria (para eles) que Isaías 49 estaria se cumprindo hoje, e que a
bênção prometida para os gentios em Isaías 49 estaria sendo realizada em nossos
dias em algum sentido espiritual por aqueles que creem.

Volto a repetir que o Espírito de Deus não diz que este versículo é um
cumprimento, portanto aventurar-se a dizer que é não passa de uma afirmação
infundada. A passagem em Isaías 49.9 não está falando do chamado de Deus para
obreiros cristãos pregarem o evangelho. Isaías estava falando profeticamente do
encorajamento dado por Deus ao Messias de Israel (o Senhor Jesus) quando Ele
foi rejeitado em Sua primeira vinda (Isaías 49.4; João 1.11). Deus prometeu a Ele
naquela ocasião que Sua oração concernente à salvação de Israel seria ouvida em
“tempo aceitável” (Isaías 49.8) – o que ocorrerá em Sua segunda vinda – na
Manifestação de Cristo (Salmos 110.3). Aquele dia será um “dia da salvação”
para o remanescente de Israel. Deus irá operar para sua bênção e prometeu
assistir o Senhor nessa realização. Paulo faz uma aplicação a partir de Isaías
49.8 para encorajar cristãos a se ocuparem em servir no tempo presente quando o
Evangelho da Graça de Deus está sendo pregado. O ponto que Paulo quer
ressaltar é que podemos contar com a assistência de Deus nesta obra de modo

109
similar (compare com Marcos 16.20). Ele coloca diante dos olhos dos coríntios a
passagem como um encorajamento para eles se envolverem no “ministério da
reconciliação” (2 Coríntios 5.18-20) “na qualidade de cooperadores” (2 Timóteo
6.1 – ARA) com ele e Timóteo.

Portanto, o “dia da salvação” ao qual Isaías estava se referindo não é este


presente dia da salvação, mas um tempo futuro em conexão com a bênção de
Israel. Todavia, o princípio contido no versículo é válido para todas as épocas,
pois Deus está profundamente interessado em alcançar os gentios com o
evangelho, tanto agora como num dia vindouro. Por esta razão a passagem é
mencionada em 2 Coríntios 6.

Romanos 10.15 – “E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito:
Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem
alegres novas de boas coisas”.

Os teólogos do Pacto dizem que, uma vez que Isaías 52.7 (que tem a ver com a
salvação e bênção de Israel) é citado neste versículo de Romanos 10 em conexão
com a pregação do evangelho hoje, então isso provaria que aqueles que creem no
evangelho hoje se tornam israelitas espirituais.

Volto a repetir que Romanos 10 não declara que Isaías 52.7 estaria se cumprindo
nos dias de hoje. Paulo citou o versículo do Antigo Testamento para mostrar que
é um privilégio anunciar “o evangelho” e trazer “alegres novas” de salvação para
o povo. As boas novas mencionadas em Isaías 52.7 são aquelas que os arautos
judeus irão anunciar em um tempo futuro ao povo que tiver sido deixado na terra
de Israel após o Rei do Norte a ter devastado (Daniel 11.40-42). Sua mensagem
será que o Messias voltou e está prestes a estabelecer Seu reino em justiça, e
assim salvar Seu povo de seus inimigos que terão destruído sua terra. Paulo
estava fazendo uma aplicação daquele versículo de Isaías, pois, independente de
ser cristã a mensagem que anuncia as boas novas da obra consumada de Cristo na
cruz ou, no caso dos judeus, as boas novas de que Cristo terá voltado para
estabelecer Seu reino, em ambos os casos deve ser considerado um privilégio
poder anunciá-las.

110
MATEUS 24 ESTÁ FALANDO DA IGREJA?

Não. O capítulo inteiro de Mateus 24 está dedicado a falar com Israel, o povo
terrenal de Deus. Para provar este ponto eu não preciso fazer uma exposição do
capítulo inteiro. Basta que analisemos alguns versículos para entender que a
Igreja não é mencionada em nenhuma linha sequer de Mateus 24, nem tampouco
poderia, já que ela viria a ser inaugurada somente em Atos 2, com a descida do
Espírito Santo.

A passagem que iremos abordar é de Mateus 24.13-22. Porém, antes de


começarmos, é imprescindível que se diga que Mateus 24 está inteiramente
direcionado a Israel, com riqueza de detalhes. Em especial, este capítulo trata do
momento em que a Igreja já terá sido removida da terra no arrebatamento. Trata-
se do início da Tribulação. O capítulo 24 de Mateus, entre outras passagens que
falam da Tribulação, costuma ser conectado pelos teólogos do pacto à Igreja na
terra. Porém, isso é um absurdo! Trata-se de uma forma irresponsável e
irreverente de aplicar acontecimentos futuros claramente ligados a Israel e fazer
com que a Igreja usurpe das promessas de bênçãos e castigos feitos claramente
ao povo judeu! A ideia da Igreja substituir Israel ou ser sua continuação não deve
ser tratada como uma mera questão secundária ou “opinião teológica”, como
muitos têm afirmado. Esse pensamento a respeito de Israel e Igreja é uma heresia
e ponto final. A propósito, eu a considero até mesmo maligna por desprezar todas
as promessas feitas por Deus especificamente a esse povo e tentar usurpá-las para
a Igreja.

De um modo geral, Mateus 24 trata do futuro – do tempo da Tribulação e vinda


de Cristo para Israel. A Igreja, que é formada por todos os salvos, será arrebatada
antes do tempo ou período da Tribulação, como vemos em Apocalipse
3.10: “Como guardaste a palavra da minha paciência, também Eu te guardarei
da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que
habitam na terra” (cf. 1Ts 4.17). Repare que “hora” na passagem é um período
de tempo bem definido. A frase “guardarei da” (Grego tēreō ek) em Apocalipse
3.10 significa “um contínuo estado seguro fora de”.

Sendo assim, voltemos nossa atenção à passagem de Mateus 24.13-22. Aqui


aprenderemos que tudo o que Jesus diz está direcionado a Israel, não à Igreja.

“Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo. E este evangelho do
reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então
virá o fim. Quando, pois, virdes estar no lugar santo a abominação de

111
desolação, predita pelo profeta Daniel (quem lê, entenda), então os que
estiverem na Judéia fujam para os montes; quem estiver no eirado não desça
para tirar as coisas de sua casa, e quem estiver no campo não volte atrás para
apanhar a sua capa. Mas ai das que estiverem grávidas, e das que
amamentarem naqueles dias! Orai para que a vossa fuga não suceda no
inverno nem no sábado; porque haverá então uma tribulação tão grande, como
nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá. E se
aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por causa
dos escolhidos serão abreviados aqueles dias” (Mateus 24.13-22 – grifo meu).

O problema de incluir os cristãos nesta passagem é que as pessoas pensam que


Jesus está falando com a Igreja. Isso é uma falsa interpretação do texto. O
capítulo 24 de Mateus inteiro é direcionado a Israel, em especial ao remanescente
de judeus fieis que irá se converter na Tribulação, após a Igreja deixar a terra no
arrebatamento. Muitos têm dificuldade para entender a profecia por não
discernirem o lugar distinto que Israel e Igreja ocupam nas Escrituras e nos
propósitos de Deus. Não existia Igreja no contexto de Mateus 24, nem em
nenhum lugar do Velho Testamento, o que inclui os evangelhos de Mateus,
Marcos, Lucas e João. A Igreja só veio a existir em Atos 2. Em Mateus 24 Jesus
está falando com ISRAEL e de ISRAEL, se referindo ao período da Tribulação
sobre a terra, quando a Igreja já terá sido arrebatada nos ares no mínimo alguns
meses antes. A Tribulação NÃO É para a Igreja. A Tribulação é um período onde
Deus irá refinar a nação de Israel e cumprir Sua promessa de trazer de volta o
Seu remanescente judeu fiel, conforme a nova aliança que Ele fará com eles (Jr
31.31-33; Rm 11.23,25-27,31).

O EVANGELHO DO REINO NÃO É O EVANGELHO DA


GRAÇA
No versículo 14 Jesus diz: “E este evangelho do reino será pregado em todo o
mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim”. Repare que Jesus
não está falando do evangelho da graça, o qual só aparece nas epístolas dos
apóstolos. Ele está falando do “evangelho do reino”, o qual anuncia o retorno do
Rei de Israel para reinar por mil anos sobre a terra, e isso se dará início em Israel.
O remanescente de judeus que virá a sofrer na Tribulação dará testemunho
durante os sete anos de Tribulação, levando o evangelho do Reino a toda criatura.
Sim, a ordem do “ide” foi dada claramente aos apóstolos em circunstâncias
judaicas, falando do evangelho do reino, aquele que anuncia o retorno do Rei de
Israel após a Tribulação (Mt 28.19). Esse não é o evangelho da graça, o qual

112
pregamos hoje. O evangelho da graça diz: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás
salvo” (Atos 16.31). O evangelho do Reino, que foi pregado por João Batista aos
judeus de sua época e que ainda voltará a ser pregado pelo remanescente judeu
no futuro, diz: “Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” (Mateus
3.2). Um é o evangelho da graça; o outro é o evangelho do Reino.

SEREI SALVO SE PERSEVERAR ATÉ O FIM?


Voltemos ao versículo 13, onde Jesus diz: “aquele que perseverar até ao fim,
esse será salvo”. Se, como muitos fazem, aplicarmos esta passagem à Igreja,
encontraremos mais um grande problema. Essa aplicação equivocada do verso
faz com que muitos crentes não tenham a certeza da sua salvação, pois eles
pensam que precisam “perseverar até o fim” de suas vidas para serem salvos. Isso
faz da salvação uma obra obtida por esforço humano e joga na lata do lixo a
“salvação pela graça” (Ef 2.8,9). O versículo 13 deve ser lido tendo em vista o
contexto de toda a passagem aqui apresentada, o qual fala claramente da grande
TRIBULAÇÃO e do sofrimento dos judeus – “Então, os que estiverem na
JUDÉIA, fujam para os montes” (vs 16)... “E orai para que a vossa fuga não
aconteça no inverno nem no sábado (vs 20)... etc. Ainda sobre o versículo 13, ele
deve estar conectado à conclusão da passagem, que está no versículo 22: “E se
aqueles dias não fossem abreviados, NENHUMA CARNE SE SALVARIA; mas
por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias”. Esse é o contexto.

O significado disso é que os que estiverem passando pela grande Tribulação


devem perseverar para se manterem vivos se quiserem entrar no reino terreno de
Cristo, o qual Ele terá inaugurado em Sua segunda vinda após a Tribulação. Não
há nada aqui sobre perseverança para a salvação do espírito e/ou salvação eterna,
mas sim sobre perseverança para não morrer; para não perder a vida do corpo de
CARNE durante a grande Tribulação.

A FUGA NO INVERNO OU NO SÁBADO


Mas, e quanto à “fuga no inverno ou no sábado” (vs. 20)? Por que Jesus alertou
os judeus a orarem para que a Tribulação não ocorra nessas circunstâncias? E
quanto ao possível sofrimento maior entre as “grávidas e as que amamentarem”
(vs. 19)? Há pelo menos quatro boas razões para acreditarmos que Jesus está se
referindo ao remanescente judeu fiel que sofrerá com a terrível Tribulação que
virá sobre a Terra após o arrebatamento da Igreja:

113
1 – O LUGAR SANTO
No versículo 15 é dito sobre o “lugar santo” sendo ocupado pela abominação
da desolação. Esse lugar santo não é uma construção onde se reúnem cristãos,
muito menos um edifício católico ou evangélico como vemos por aí. O lugar
santo citado em Mateus 24 será o terceiro Templo de Jerusalém que será ocupado
e profanado pelo Anticristo (Mt 24.15,16; 2Ts 2.3,4; Ap 11.1,2). Também
podemos ver no Antigo Testamento a profecia sobre o terceiro Templo em
Daniel 9.27; 11.31; 12.11.

Em Daniel 9.27, o profeta refere-se aos eventos finais da última semana da


chamada “70 Semanas de Daniel” ou “Septuagésima Semana de Daniel” (Dn
9.24), em que o pronome “ele” diz respeito ao “príncipe que há de vir”,
conhecido no Novo Testamento como o Anticristo (Anti-Messias): “e ele
firmará aliança com muitos por uma semana” é uma referência ao povo judeu
(Dn 9.24). Essa “semana” citada refere-se aos sete anos de Tribulação em que,
“na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação”, afirmação que
aponta para a existência de um templo em funcionamento em Jerusalém nos
últimos dias.

A vinda desse príncipe, o pequeno chifre (Dn 7.8), trará profanação ao templo
e perseguição violenta contra o povo judeu: “e sobre a asa das abominações
virá o assolador”... enquanto a expressão “e isso até à consumação” aponta para
a volta vitoriosa do Messias (Dn 2.35,45). Com o fim da septuagésima semana
virá juízo sobre o assolador: “e o que está determinado será derramado sobre o
assolador”.

Ainda em Daniel 11.31, para corroborar com a presença de um templo judaico


reconstruído em Jerusalém, é dito que o Anticristo profanará o santuário e
cessará o sacrifício contínuo. Essa será a primeira metade dos sete anos de
Tribulação. A partir desse tenebroso evento, começará a contar os últimos três
anos e meio, ou mil, duzentos e noventa dias (Dn 12.11).

“Ai daqueles que desejam o dia do Senhor! Para que quereis vós este dia do
Senhor? Será de trevas e não de luz” (Amós 5.18). O “dia do Senhor” é
justamente o dia de Sua ira – o período da Tribulação. A ira do Senhor jamais
cairá sobre a Sua Igreja, pois Cristo disse que não há condenação para a Igreja, já
que ninguém pode tirá-la de Suas mãos (Jo 10.28).

A prova de que essa semana final (Tribulação e Grande Tribulação) ainda não se
cumpriu na história está no fato de Cristo definitivamente relacionar esses
importantes eventos com sua segunda vinda para julgar as nações (Mt 24.6,15-

114
16). Esse evento se difere do arrebatamento da Igreja, que terá ocorrido antes da
Tribulação de sete anos. O arrebatamento da Igreja ocorre antes do período da
Tribulação (Ap 3.10), enquanto a segunda vinda de Cristo ocorre após esse
período (Mt 24.27-30). Sendo assim, Cristo descerá em Sua segunda vinda com a
Igreja já arrebatada para reinar por mil anos sobre a Terra.

Portanto, no primeiro ponto, tratando-se do versículo 15, quando chegamos na


parte em que diz “no lugar santo a abominação de desolação, predita pelo
profeta Daniel”, estamos falando do Anticristo invadindo e profanando o novo e
terceiro Templo de Jerusalém. O apóstolo Paulo fala da manifestação do
Anticristo como “o homem do pecado” e “o filho da perdição”, querendo ser
adorado. Para isso ele “se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus,
ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus,
querendo parecer Deus” (2 Tessalonicenses 2.3,4).

Por isso, o terceiro templo também é conhecido como o templo da Tribulação e o


templo do Anticristo. Conforme João em Apocalipse, haverá um templo com
altar e adoração construído pelos judeus ortodoxos para o período da Tribulação
(Ap 11.1). Esse templo será profanado pelo Anticristo e pisado pelos gentios:

“E deixa o átrio que está fora do templo, e não o meças; porque foi dado às
nações, e pisarão a cidade santa por quarenta e dois meses” (Apocalipse 11.2).

Mas o domínio do Anticristo não durará para sempre sobre o Monte do Templo,
pois ele será interrompido pelo advento do Messias, isto é, na segunda vinda de
Cristo com Sua Igreja, o qual o destruirá e finalmente estabelecerá o seu reino em
Jerusalém e sobre toda a terra (Ap 20.4).

AS GRÁVIDAS, O INVERNO E O SÁBADO


No versículo 16 Jesus fala para os judeus fugirem para os montes quando virem
que a “abominação da desolação entrou no lugar santo” – no Templo de
Jerusalém.

Quando chegamos nos versículos 19 e 20, vemos Jesus falando do sofrimento


maior entre as grávidas e alertando para que eles orem para que tudo isso não
ocorra no inverno ou no sábado. Sendo assim, temos três problemas aqui quando
ocorrer aquele terrível dia: 1 – “Ai das grávidas e das que amamentarem naquele
dia” (vs. 19); 2 – A fuga não pode ocorrer no inverno (vs. 20a) nem no sábado
(vs. 20b)). Mas, por que?

115
Jesus adverte sobre o sofrimento das grávidas e os perigos de "fugirem para os
montes" no inverno ou no Sábado. Temos três empecilhos para a fuga dos judeus
que estiverem em Jerusalém neste dia.

Deve-se ressaltar que não há espaço para a interpretação estapafúrdia dos


teólogos do pacto que dizem que essa passagem está direcionada a nós, a Igreja
de Deus. Oras, se a fuga para os montes, em Mateus 24, se referisse ao povo
celestial de Deus, aos nascidos do Espírito Santo, sendo convertidos em Cristo
Jesus, não haveria necessidade de adverti-los sobre o inverno, o Sábado judaico e
as grávidas, já que:

A IGREJA NÃO PRECISA FUGIR DE NADA


Mais uma vez, esse recado (de fugir para os montes) não é para a Igreja. Não
precisamos fugir de nada! Assim como os primeiros cristãos da era apostólica e
pós-apostólica, somos entregues à morte todos os dias por amor a Cristo (Rm
8.36), e “nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os
principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século,
contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Efésios 6.12).
Durante toda a era da Igreja (povo celestial de Deus), os cristãos são perseguidos
e assassinados por seguirem a Cristo, e não há registro no Novo Testamento, isto
é, de Atos até Apocalipse, de uma ordem dada à Igreja para que fuja do
Anticristo. Isso mostra que nós, o Corpo de Cristo, não teremos nem contato com
ele. Então, sabemos que a ordem de “fugir para os montes” só pode estar
conectada ao povo judeu que estará exatamente onde o Anticristo estará, isto é,
em Israel, no Templo.

2 – POR QUE ORAR PARA QUE NÃO OCORRA NO


INVERNO?
Por que orar para que aquelas coisas não ocorram no inverno? Quem tem um
pouco de conhecimento sobre a região de Israel e de toda a Palestina saberá que
nos finais de ano, por volta de dezembro segundo o nosso calendário, os invernos
na região de Israel são rigorosos, impedindo qualquer deslocamento amplo de
pessoas. O frio lá é quase insuportável nessa época. No Oriente Médio em
novembro, quando o clima está mais ameno, possibilitava que os pastores
guardassem o rebanho de suas ovelhas durante as vigílias da noite (Lucas 2.8).

116
Esse ato jamais poderia ocorrer na Judéia durante o inverno, perto do fim do ano.
Por que? Porque os pastores tiravam seus rebanhos dos campos em meados de
outubro e, durante a noite, os abrigavam rapidamente para protegê-los do
rigoroso inverno que se aproximava. Era um tempo frio e de muitas chuvas.

A Bíblia nos mostra com muita clareza, em Esdras 10.9,13, que o inverno em
Israel era época de chuvas e de muito frio, o que tornava impossível a
permanência dos pastores com seus rebanhos durante as frígidas noites no
campo:

“Então todos os homens de Judá e Benjamim em três dias se ajuntaram em


Jerusalém; era o nono mês, aos vinte dias do mês; e todo o povo se assentou na
praça da casa de Deus, tremendo por este negócio e por causa das grandes
chuvas” (Esdras 10.9).

“Porém o povo é muito, e também é tempo de grandes chuvas, e não se pode


estar aqui fora; nem é obra de um dia nem de dois, porque somos muitos os que
transgredimos neste negócio” (Esdras 10.13).

Portanto, é essa a razão de Jesus ter dito aos judeus para que, naquele dia, eles
orem para que a sua fuga não aconteça no inverno. Será impossível saírem nos
campos para se deslocarem para qualquer lugar que seja nessa época do ano.

3 – POR QUE ORAR PARA QUE NÃO OCORRA NO


SÁBADO?
O que os gentios ou a Igreja de Deus tem a ver com o Sábado dos judeus?
NADA. Portanto, mais uma vez, vemos que Jesus se dirige diretamente aos
judeus que sofrerão na Tribulação. Por que orar para que não ocorra no Sábado
(vs. 20)? Aqui já podemos incluir a resposta para o sofrimento das grávidas
caso o Anticristo apareça neste dia sagrado, o Sábado. A palavra “Sábado” vem
do hebraico Shabat, que significa “Descanso” – o dia judaico dedicado ao
descanso e ao culto. Todavia, para o cristão, mediante o evangelho da graça e
conforme vários versículos do Novo Testamento, o próprio Cristo é o nosso
sábado, pois é Ele quem diz ser o nosso Sábado, e é Nele que somos convidados
a descansar todos os dias, em espírito e em verdade (Mt 11.28; Mc 7.27,28; Jo
4.23).

O Sábado está entre os Dez Mandamentos do Antigo Testamento da Bíblia. A


ordem de Deus para o povo de Israel na dispensação da lei era esta:

117
“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás
toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás
nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua
serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas.
Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e
ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o
santificou” (Êxodo 20.8-11).

Em Deuteronômio vemos mais uma razão para Deus ter ordenado ao povo de
Israel que guardasse o dia do Sábado. Os israelitas deviam guardar o Sábado para
que se lembrassem da libertação da escravidão do Egito:

“Guarda o dia de sábado, para o santificar, como te ordenou o Senhor teu Deus.
Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho. Mas o sétimo dia é o sábado
do Senhor teu Deus; não farás nenhum trabalho nele, nem tu, nem teu filho, nem
tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu boi, nem o teu jumento,
nem animal algum teu, nem o estrangeiro que está dentro de tuas portas; para
que o teu servo e a tua serva descansem como tu; porque te lembrarás que foste
servo na terra do Egito, e que o Senhor teu Deus te tirou dali com mão forte e
braço estendido; por isso o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia
de sábado” (Deuteronômio 5.12-15).

A pena de morte era imputada àqueles que não cumpriam com a guarda do
sábado. Ninguém, dentre os judeus, podia fazer qualquer obra ou trabalho, por
mais pequeno que fosse o ato. Essa é uma aliança perpétua para com o Seu povo
terreno, Israel. Assim, Deus disse a Israel:

"Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: Tu, pois, fala aos filhos de Israel,
dizendo: Certamente guardareis meus sábados; porquanto isso é um sinal entre
mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o Senhor, que vos
santifica. Portanto guardareis o sábado, porque santo é para vós; aquele que o
profanar certamente morrerá; porque qualquer que nele fizer alguma obra,
aquela alma será eliminada do meio do seu povo. Seis dias se trabalhará,
porém o sétimo dia é o sábado do descanso, santo ao Senhor; qualquer que no
dia do sábado fizer algum trabalho, certamente morrerá. Guardarão, pois, o
sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas gerações por aliança
perpétua. Entre mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre; porque
em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, e ao sétimo dia descansou, e
restaurou-se" (Êxodo 31.12-17).

O texto é claro: A guarda do sábado é um sinal ou aliança apenas para os filhos


de Israel e a ninguém mais.

118
O Sábado era o sinal da aliança de Deus para com eles. Era um prenúncio do
descanso no qual o povo de Deus deveria entrar. Todavia, por causa da
desobediência e total desprezo por parte daqueles que se dirigiam à terra
prometida, Deus jurou em Sua ira que não entrariam no Seu “descanso” (Salmo
95.11). Deus tem o propósito de introduzir o Seu povo (Israel) no Seu descanso,
para o qual permanece ainda a guarda do Sábado (Hebreus 4.9).

Aprofundando-nos um pouco mais na questão etimológica, vemos que a palavra


hebraica ‫שבת‬, shabāt, tem relação com o verbo ‫שבת‬, shavāt, que significa
"cessar", "parar". Ou seja, apesar do Shabat ter uma relação predominante com
"descanso" ou "período de descanso", temos uma tradução mais literal, que seria
"Cessação", com a nítida implicação em "parar o trabalho". Portanto, Shabat é o
dia de cessação do trabalho.

4 – AS GRÁVIDAS
O fato dos judeus não poderem se esforçar no Sábado e a dificuldade de
locomoção das grávidas judias irão dificultar em muito a fuga para os montes
quando o Anticristo se introduzir no Templo santo e se autoproclamar “Deus”. É
por isso que Jesus alertou os judeus sobre o sofrimento das grávidas (vs 19) e
para que o Anticristo não chegue ao Templo no inverno ou no santo Sábado
dos judeus (vs. 20).

Já imaginou o sofrimento das grávidas e das que amamentam quando o


Anticristo chegar até o Templo no inverno ou no sábado? Como já fora
explicado, o Sábado judaico é o dia da “Cessação”, quando não se pode fazer
obra ou esforço algum.

Desde a queda do homem Deus tem trabalhado no sentido de ser misericordioso.


Porém, o homem sempre rejeita a Deus. No Antigo Testamento dizia que Deus
visitaria a maldade dos pais nos filhos por gerações, e isso nos mostra como são
graves as consequências de nossas escolhas erradas.

Mateus 24 é dirigido ao povo judeu, o mesmo que rejeitou o Messias e irá sofrer
por isso. Hoje os judeus estão de volta à terra, mas em incredulidade, isto é, não
como o cumprimento da profecia que diz que o próprio Deus os levará para lá.
Por terem voltado por iniciativa própria, eles nada mais do que agravaram sua
própria situação, pois é ali mesmo que cairão os juízos descritos em Mateus 24.
Do povo judeu, que estiver na terra de Israel por ocasião da grande tribulação,
apenas um terço sobreviverá.

119
“Em toda a terra, diz o Senhor, as duas partes dela serão exterminadas, e
expirarão; mas a terceira parte restará nela. E farei passar esta terceira parte
pelo fogo, e a purificarei, como se purifica a prata, e a provarei, como se prova
o ouro. Ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: É meu povo; e ela dirá:
O Senhor é meu Deus” (Zacarias 13.8-9).

Portanto, quando você lê “ai das grávidas e das que amamentarem naqueles
dias”, você está lendo sobre as mulheres judias e seus filhos, os quais sofrerão o
dano das escolhas erradas daquele povo ou da rejeição de seu Messias.

“Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do
mundo até agora, nem tampouco há de haver. E, se aqueles dias não fossem
abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão
abreviados aqueles dias” (Mateus 24.21,22).

NEM TUDO FOI ESCRITO PARA VOCÊ

Se eu encontrar uma linda carta de amor na rua, cujo destinatário tem por nome
Geraldo, eu não tenho o direito de tomar aquelas palavras para mim. Elas foram
escritas para o Geraldo, não para o JP Padilha. Assim acontece com as promessas
de restauração terrena, benção terrena, juízo terreno, etc., que Deus fez somente à
nação de Israel e que muitos cristãos professos querem tomar para si (Se bem que
eles revindicam somente as promessas de "bençãos terrenas" e isolam as de
"juízo terreno". Curioso, não?).

No evangelho da graça não há promessas de prosperidade terrena! As promessas


de prosperidade terrena são feitas somente à Israel, a nação terrena de Deus. A
Igreja é a nação celestial de Deus e não terrena. Por isso que é necessário ir até o
Antigo Testamento para encontrar promessas de prosperidade que NUNCA
foram feitas à Igreja, a qual só veio a existir em Atos 2. Essas promessas ainda
serão cumpridas à nação de ISRAEL futuramente, em uma próxima dispensação,
no reino milenar de Cristo sobre a Terra.

Com a IGREJA a conversa é totalmente diferente. Basta ir nas epístolas,


especialmente de Paulo. Na terra nós somos como "a escória do mundo". Somos
peregrinos aqui. Somos odiados pelo mundo, e não amados por ele (Lc 21.17).

120
Por meio das instruções a Timóteo, Paulo nos ordena: "Procura apresentar-te a
Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja
bem a palavra da verdade. Mas evita os falatórios profanos, porque produzirão
maior impiedade" (2 Timóteo 2.15,16). A versão de J. N. Darby, se traduzida
para o português, ficaria assim: “Esforça-te diligentemente para apresentar-te
aprovado a Deus, como obreiro que não tem de que se envergonhar, cortando
com precisão a palavra da verdade”. Nesta versão, a imagem que temos é de um
bisturi nas mãos de um hábil médico que separa os órgãos corretamente, de
acordo com seu lugar, posição e função.

A primeira edição da Bíblia em inglês, publicada em 1535 por iniciativa do Rei


Tiago da Inglaterra, ou “King James”, trazia um prefácio de Miles Coverdale que
trazia um conselho semelhante: “Será de grande auxílio para entenderes as
Escrituras se atentares, não apenas para o que é dito ou escrito, mas de quem e
para quem, com que palavras, em que época, onde, com que intenção, em quais
circunstâncias, e considerando o que vem antes e o que vem depois”.

Sendo assim, não se pode querer entender a Bíblia como um saco de versículos
que você sacode, mistura e tira dali uma passagem qualquer para embasar uma
doutrina. Como escreveu Coverdale, é preciso saber “de quem e para quem...
onde, com que intenção e em quais circunstâncias” aquela passagem aparece ali.

Mas alguém vem e me pergunta: Mas e se Deus quiser abençoar algum crente
materialmente? Sim, Deus pode prosperar na vida de um crente materialmente...
mas Ele só faz isso quando quer e não porque prometeu isso. O apóstolo Paulo
chega a mencionar esse grupo de "ricos segundo o mundo" na Igreja dos santos
(crentes em Cristo, servos de Deus, que devem ser liberais com suas riquezas,
abençoando os irmãos mais pobres com tudo que possuem – cf. 1Tm 6.17,18). O
apóstolo ainda os adverte dizendo que eles não devem buscar por mais riquezas
além do que já possuem naturalmente, pois isso pode levá-los ao "amor ao
dinheiro" ou às "coisas terrenas” (1Tm 6.8-11).

121
O QUE É A NOVA ALIANÇA PROMETIDA
POR DEUS?

Os teólogos do Pacto (aliancistas, se assim preferir) não veem problema em


inferir coisas das Escrituras para fazê-las encaixar em sua interpretação.
Chamamos a isso de “fator de correção arbitrária”. Um exemplo disso é a
invenção dos termos “Pacto das Obras” e “Pacto da Graça” — dos quais as
Escrituras não fazem qualquer menção. Eles também dizem que a “nova aliança”
(ou “novo pacto” ou “novo concerto”, dependendo da tradução) foi feita no
tempo presente com a Igreja. Todavia, não existe nada nas Escrituras que ensine
isso. Cada vez que é mencionada a Nova Aliança ou Pacto, as Escrituras
declaram que não é algo que foi feito agora, mas algo que será feito no futuro
com Israel. O Senhor diz: “estabelecerei uma nova aliança” e não “estabeleci
uma nova aliança”. “Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança
nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que
fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do
Egito; porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver
desposado, diz o Senhor. Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel
depois ‘daqueles dias’*, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a
escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo”
(Jeremias 31.31-33). “Depois daqueles dias” significa “depois da Tribulação” de
sete anos que virá sobre a terra.

As Escrituras dizem claramente que essa aliança ou pacto será “com a casa de
Israel e com a casa de Judá” — não com a Igreja (Hb 8.8-12). Em contraste, as
bênçãos cristãs são, via de regra, vistas como possessão presente dos crentes (Ef
1.3-14 – “... fomos feitos...”), enquanto as bênçãos para Israel na profecia são
futuras. O apóstolo Paulo confirma isso declarando que “as alianças” e “as
promessas” pertencem aos seus conterrâneos. Ele qualifica com exatidão quem
são eles, não deixando qualquer margem para dúvida, ao dizer: “meus parentes
segundo a carne, que são israelitas” (Rm 9.3-4). Isso jamais poderia ser
interpretado como uma companhia de crentes espirituais dos dias de hoje que
tenham sido chamados dentre os gentios, como ensinam os teólogos do Pacto.

Por exemplo, em Hebreus 4 o autor menciona que “resta ainda um repouso para
o povo de Deus” (Hb 4.9). Isso se refere a algo que irá ocorrer depois que
terminar o tempo do Cristianismo na terra. Tem a ver com um dia futuro quando
o Senhor introduzirá o Seu povo em seu descanso final. Além disso, os capítulos
5 ao 7 falam do sacerdócio de Cristo sendo segundo a ordem de
122
“Melquisedeque”. Este é um aspecto futuro e milenial de Seu sacerdócio, quando
Ele irá reinar como rei e sacerdote por mil anos na terra, e um remanescente de
Israel será abençoado por Ele (Zc 6.13; Sl 110.1-4). No capítulo 8 o autor de
Hebreus mostra que a Nova Aliança será estabelecida “com a casa de Israel e
com a casa de Judá”. O Senhor insiste que isso ainda não foi feito, mas é algo
que irá fazer no futuro (“Estabelecerei...” – Hb 8.8-12).

O capítulo 10 menciona o Novo Pacto ou Aliança mais uma vez, e deixa claro
que é algo que Ele ainda fará com Israel no futuro (“Esta é a aliança que farei
com eles depois daqueles dias” – Hb 10.16). No capítulo 12 temos a promessa
de que o Senhor irá abalar “não só a terra, senão também o céu” (Hb 12.26-29),
o que se refere ao tempo quando Seus juízos cairão sobre a terra. Sabemos das
Escrituras dos Profetas que essas coisas serão entendidas por Israel quando eles
forem restaurados ao Senhor e abençoados em Seu reinado público.

123
CAPÍTULO 3
PREDESTINAÇÃO VS. LIVRE ARBÍTRIO

O LIVRE ARBÍTRIO É UMA ILUSÃO

Deus declara em Sua Palavra:


“Quem poderá falar e fazer acontecer, se o SENHOR não o tiver decretado?
Porventura não é da boca do Altíssimo que sai tanto o bem como o mal?”
(Lamentações 3.37-38).
“Vede agora que Eu, Eu o sou, e mais nenhum deus há além de mim; Eu
mato, e Eu faço viver; Eu firo, e Eu saro, e ninguém há que escape da minha
mão” (Deuteronômio 32.39).
“Eu formo a luz, e crio as trevas; Eu faço a paz, e crio o mal; Eu, o SENHOR,
faço todas estas coisas” (Isaías 45.7).
O apóstolo Paulo declara a respeito de sua natureza humana:
“Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que
aborreço isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.
De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em
mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem
algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem.
Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço”
(Romanos 7.15.19).
Acabamos de ver como a Bíblia é direta ao ponto quando se trata dos decretos de
Deus e da escravidão do homem. Deus diz que não há nada que fuja de Seus
eternos decretos, e Paulo diz que o bem que ele deseja fazer ele não consegue
fazer, mas o mal que ele não quer fazer, esse ele faz. Sendo assim, não é preciso
ir muito longe para concluir que a Escritura derruba por terra toda a tentativa
inútil de legitimar a teoria do “livre arbítrio”.
A ideia do livre arbítrio surgiu de uma doutrina criada por homens há muitos
séculos, a qual visa, entre outras coisas, atribuir algum mérito ao homem por suas
“boas ações”. Essa doutrina anti-bíblica domina maior parte da cristandade e
talvez seja a mais danosa para o entendimento correto a respeito da obra da
salvação. Se quiséssemos resumir este tema, bastaria dizer que o livre arbítrio é

124
nada mais do que “agir livre de qualquer influência”, seja ela boa ou má.
Todavia, o propósito deste livro é provar, sob a base da Escritura, que o homem
não tem livre arbítrio a partir do momento em que ele já nasce escravo do seu
próprio pecado (Sl 51.5). Isso não significa que o homem não faça suas escolhas,
mas que todas as suas escolhas partem de uma influência interna ou externa. Ou
seja, este capítulo objetiva provar, predominantemente, que o homem perdido é
incapaz de se salvar e que o homem salvo é incapaz de se perder. A segurança da
salvação, em Cristo Jesus, é confirmada na Bíblia. Como isso será provado? A
resposta é simples: por meio da Escritura Sagrada.
Quando o pecado entrou no mundo, o homem ganhou o conhecimento do bem e
do mal, mas não lhe foi dado poder para fazer o bem por conta própria ou para
evitar o mal. A Bíblia nos ensina isso através do Espírito Santo, dizendo: "Todos
se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem
um sequer" (Romanos 3.12). É aqui que todo leitor interessado no assunto
deveria começar: na doutrina da Depravação Total do homem, em Romanos 3.
Pois é aqui que é provado que o homem não pode fazer o bem por si mesmo, pois
ele é corrompido em todas as suas faculdades. Qualquer boa obra que ele faça,
isso veio do alto, isto é, de Deus.
No entanto, a palavra "bem" na passagem que acabamos de ver não se refere a
um “bem” aos olhos humanos, mas ao que é bom aos olhos de Deus. No que diz
respeito às obras do homem caído, o mesmo capítulo de Romanos continua
dizendo: "A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua urdem engano,
veneno de víbora está nos seus lábios; a boca, eles a têm cheia de rapina e
maldade; seus pés são velozes para derramar sangue; nos seus caminhos há
destruição e morte; e desconheceram o caminho da paz" (Romanos 3:13-17).
Veja o que Deus fala a respeito das nossas próprias obras de justiça:
"Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da
imundícia" (Isaías 64.6). No texto original, a expressão "trapo da
imundícia" é "pano de menstruação". Ou seja, se você considerar o fato de que
Deus coloca nossas justiças no mesmo nível de um absorvente higiênico usado,
vai perceber que não existe nem reciclagem para nossas boas obras.
A respeito disso, Mario Persona comenta:
“Se ‘fazer o bem’ fosse escolher sorvete de coco, eu nunca faria o bem porque
escolho o que considero melhor para mim, não para o dono da sorveteria. Um
religioso acredita fazer o bem, mas se ele não é convertido a Cristo está apenas
fazendo de conta, porque, no final, está mesmo escolhendo fazer aquilo que acha
melhor para si mesmo. Pense nas pessoas “caridosas” que fazem boas obras
visando eliminar o próprio carma ou pecado e você irá entender o que estou
125
dizendo. Para elas o sofrimento alheio é um grande negócio se a boa ação de
amenizá-lo valer milhas na viagem para o Paraíso. Erradicar a miséria e o
sofrimento seria péssimo, porque aí o religioso só poderia se livrar do próprio
carma sofrendo horrivelmente”.
As boas obras são fruto da salvação, e não um pré-requisito para ser salvo. Essas
boas obras vêm acompanhadas de uma fé única em Jesus Cristo e especialmente
de conhecimento de Deus. Vejamos o que diz a Bíblia:
"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de
Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura
sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para
que andássemos nelas." (Ef 2:8-10).
Ou seja, somos salvos “para” as boas obras e não “pelas” boas obras. Só o que
já fora dito aqui já prova que o livre arbítrio é uma ilusão ensinada na maioria das
ditas igrejas evangélicas e no catolicismo romano. Tudo que a doutrina do livre
arbítrio – também conhecida como Arminianismo - ensina não passa de mera
filosofia humana.
Mas alguém poderá perguntar: “E quando a Bíblia fala das boas obras como uma
das marcas do cristão? Quer dizer que o homem de Deus não faz o bem?”. Em
Atos 10 é dito que Cornélio era um homem "piedoso e temente a Deus, com toda
a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo, e de contínuo orava a
Deus" (Atos 10.2), e suas esmolas e orações eram aceitas por Deus. Como pode
ter sido assim? Parece ser uma contradição com o que é dito em Romanos 3,
onde Paulo escreve com todas as letras: "Como está escrito: Não há um justo,
nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a
Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o
bem, não há nem um só" (Romanos 3.10-12).
À primeira vista isso pode parecer uma contradição, pois em Romanos 3 Paulo
está falando do homem natural, o qual ainda vive em sua natureza adâmica e não
se converteu a Cristo em sua consciência, como é dito em Efésios 2.2-3:
"...andando segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do
ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos
nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade
da carne e dos pensamentos; e éramos POR NATUREZA filhos da ira, como os
outros também".
O texto sagrado está claramente dizendo que ou somos escravos do pecado ou
somos escravos de Cristo. Essa conclusão já seria o suficiente para concluirmos
o assunto.

126
Cornélio era um gentio convertido ao Judaísmo, isto é, um prosélito. E isso
também o mantinha muito próximo da Palavra de Deus. A palavra "água" no
capítulo 3 de João foi aplicada pelo Espírito Santo (o "vento" de João 3) a
Cornélio para que ele nascesse de novo, por meio da conversão a Jesus Cristo.
Por meio da "água" da Palavra e do "Espírito", Deus havia deixado Cornélio
pronto para ouvir o claro evangelho de que Cristo morreu, ressuscitou e voltará.
Pedro pregou a Cornélio em Atos 10.38-44, e então ele creu no evangelho da
graça e foi selado com o Espírito Santo.
Agora note algo interessante: somente quando o evangelho da graça é pregado e
recebido em sua clareza, é que o Espírito Santo sela a pessoa que crê:
"A palavra que ele enviou aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus
Cristo (este é o Senhor de todos); esta palavra, vós bem sabeis, veio por toda a
Judeia, começando pela Galileia, depois do batismo que João pregou; como
Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou
fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com
ele. E nós somos testemunhas de todas as coisas que fez, tanto na terra da Judeia
como em Jerusalém; ao qual mataram, pendurando-o num madeiro. A este
ressuscitou Deus ao terceiro dia, e fez que se manifestasse, não a todo o povo,
mas às testemunhas que Deus antes ordenara; a nós, que comemos e bebemos
juntamente com ele, depois que ressuscitou dentre os mortos. E nos mandou
pregar ao povo, e testificar que ele é o que por Deus foi constituído juiz dos
vivos e dos mortos. A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que
nele creem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome. E, dizendo Pedro
ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra.
E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro,
maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre
os gentios" (Atos 10.36-45).
O ser humano é uma criatura caída. Não existe no homem qualquer partícula de
sanidade e bondade que o leve a escolher fazer o bem ou a crer em Jesus Cristo.
“Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode
ver o reino de Deus” (João 3.3). O que Jesus quer dizer com isso? Certamente
Ele não está se referindo ao batismo com água, mas sim ao batismo com o
Espírito Santo, que é o que converte o homem. Quando Jesus disse "Necessário
vos é nascer de novo", ele não estava dando uma ordem do tipo "se esforce para
nascer", pois, se fosse assim, a própria expressão “nascer” já teria sido usada de
maneira errada. Afinal, quem de nós decidiu nascer ou fez qualquer esforço na
hora do parto? Você consegue imaginar o médico gritando para a futura mãe de
pernas abertas: "Vamos lá, Zezinho, força garoto! Você consegue! Coloque o

127
pezinho na parede do útero e empurre! Se quiser, jogo uma corda daí de dentro,
que você segura nela e eu puxo!". Não, não é assim que acontece o novo
nascimento ao qual Jesus se refere. Esse novo nascimento só pode ser operado
pelo Espírito de Deus para converter o homem de seus pecados e fazê-lo seguir a
Cristo pelo resto de Sua vida. Veja bem: Em nosso nascimento carnal, fomos a
parte mais passiva de todos os envolvidos. Nossos pais decidiram ter um filho,
nossa mãe passou nove meses cuidando de nossa gestação, e todo esforço, dor e
sangue derramado vieram dela, não de nós.
Assim é a salvação: uma obra exclusiva de Deus, sem nenhuma participação do
homem. Essa salvação teve início nos tempos eternos, passou pelo novo
nascimento e se consumou com o selo do Espírito Santo, sem qualquer
participação do homem.
Nenhum homem salvo pode resistir ao Espírito Santo: “As minhas ovelhas
ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna,
e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que
mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebata-las da mão de meu Pai.
Eu e o Pai somos um” (João 10.27-30). Da mesma maneira, nenhum homem
condenado pode se achegar a Deus, pois, por mais que ele às vezes tente se
arrepender de seus pecados, não há uma conversão genuína: “Porque bem sabeis
que, querendo ele [Esaú] ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque
não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou”
(Hebreus 12.17).
"O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem
para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito." (João 3.8).
Na passagem abaixo, em Efésios 1.3-14, passou-se uma eternidade até que
chegasse o momento em que uma ação vinda de nós — o crer em Cristo —
acontecesse. Mas essa ação parte primeiramente de Deus, que parte em nosso
resgate para nos ressuscitar e nos dar a vida eterna, pois estamos mortos em
nossos delitos e pecados. Deus nos elegeu, predestinou, providenciou a redenção
(sim, Ele providenciou a redenção antes de existir o homem), descobriu o
mistério da Sua vontade (não fomos nós os espertos que descobrimos por nós
mesmos), nos incluiu em sua herança, "segundo o conselho da Sua vontade", ou
seja, porque Ele quis, até chegarmos ao ponto em que ouvimos, cremos e Ele nos
selou com o Espírito Santo, garantindo assim a nossa salvação eterna e
irreversível, a qual ninguém pode nos tirar.
"Bendito O DEUS E PAI de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual NOS ABENÇOOU
com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também
NOS ELEGEU nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e

128
irrepreensíveis diante dele em amor; E NOS PREDESTINOU para filhos de
adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade,
para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado,
em quem TEMOS A REDENÇÃO pelo seu sangue, a remissão das ofensas,
segundo as riquezas da sua graça, que ele fez abundar para conosco em toda a
sabedoria e prudência; DESCOBRINDO-NOS O MISTÉRIO DA SUA
VONTADE, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a
congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos,
tanto as que estão nos céus como as que estão na terra; nele, digo, em quem
também FOMOS FEITOS HERANÇA, havendo sido PREDESTINADOS,
conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo O CONSELHO
DA SUA VONTADE; com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que
primeiro esperamos em Cristo; em quem também vós estais, depois que
OUVISTES a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele
também CRIDO, FOSTES SELADOS COM O ESPÍRITO SANTO DA
PROMESSA. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão
adquirida, para louvor da sua glória" (Efésios 1.3-14).

ELEIÇÃO INCONDICIONAL E
REPROVAÇÃO INCONDICIONAL

Existem, pelo menos, 13 pontos básicos para entender o funcionamento da obra


da salvação, que é a maneira como Deus predestinou alguns homens à salvação e
condenou o restante da humanidade à perdição eterna de acordo com a Sua
vontade:
1 - Deus não salva o homem porque o homem crê nEle. Deus não salva com base
na reação humana, mas unicamente por meio de Sua soberana vontade, isto é,
Deus salvou o homem [eleito] porque quis (Romanos 9.16-24).
2 - O amor de Deus é salvífico, e aqueles a quem Ele amou, antes os predestinou
para a vida eterna. Deus os amou na eternidade, portanto, tais homens, assim
escolhidos, não podem decair da graça e/ou perder a salvação (Romanos 8.29-
30).
3 - Deus é quem concede a Fé. Só pode crer nEle aquele a quem foi concedido a
Fé (Filipenses 1.29).

129
4 - Não somente a Fé, mas todo o processo da salvação [fé, doutrina,
santificação, boas obras, justificação] é operado exclusivamente por Deus. O
homem não tem participação nenhuma em sua salvação (Filipenses 2.13). A
graça é um dom de Deus, e todo o processo da salvação é dom exclusivo de Deus
e não do homem. Portanto, suas obras não podem salvá-lo (Efésios 2.8,9). Ainda
assim, o homem é responsabilizado pelos seus atos e não pode se queixar
(Romanos 9.13-20; Atos 4.26-28).
5 - O homem [eleito] não é salvo "por causa" das boas obras, mas salvo "para" as
boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas (Efésios 2.8-10).
6 - Toda a "boa obra" tem seus elementos bíblicos estabelecidos e não são
meramente atitudes humanistas de caridade. Estas boas obras são operadas pelo
Espírito Santo e não pelo homem (João 16.8 / João 14.16,17).
7 - As nossas próprias obras são vistas por Deus como “trapos da imundícia”.
Nossa própria justiça é como esterco perante Deus. Todos nós somos, por
natureza, como o imundo, e murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades
como um vento nos arrebatam (Isaías 64.6).
8 - Em nós mesmos, isto é, em nossa carne, não habita bem algum. Portanto, se o
homem for deixado a mercê de sua própria escolha, ele sempre escolherá o mal
(Romanos 7.15-25).
9 - O homem não é salvo porque creu em Jesus; ao contrário, o homem crê em
Jesus porque foi salvo (Atos 13.48).
10 - Do mesmo modo, o homem não escolhe a Cristo por si mesmo, mas Cristo é
quem o escolhe seletivamente. Estes homens, assim escolhidos, darão frutos
segundo a operação do Espírito Santo, que neles habitará por meio da intercessão
única de Cristo (João 15.16).
11 - Ninguém pode caminhar em direção a Cristo se o Pai não lhe trouxer até Ele
(João 6.44). O verbo grego "trouxer", na Bíblia, significa "arrastar", "puxar à
força", "tomar posse". Isso significa que quando Deus escolhe alguém Ele não
pergunta se aquele alguém o aceita como Deus ou não; ele simplesmente será
convertido porque Deus o fará se converter de seus maus caminhos. E estes
mesmos escolhidos serão preservados por Deus até o fim; e ainda que lhes seja
permitido pecar muitas vezes, contudo, o Senhor os disciplinará e os colocará de
volta em seu caminho (João 10.27-30).
12 - Deus preordenou a perdição eterna de muitos homens e anjos, que serão
lançados no fogo eterno por causa de seus pecados (Romanos 9.13-24). Embora
Deus tenha decretado sua condenação, tais homens e anjos estão indesculpáveis
diante de Deus, porquanto todos nascemos maus e merecemos o inferno
130
(Romanos 3). E não somente isso, como Deus, em Sua soberania, enviará sobre
os ímpios o "espírito do engano", para que creiam na mentira, rejeitem a verdade
e sejam condenados (2 Tessalonicenses 2.11,12).
13 - Deus é Bom, Santo e Justo. Seus eternos decretos não interferem em Seu
caráter. O fato de Deus decretar o mal não o torna Mau. Deus a ninguém tenta,
mas conduz o homem à tentação de seu próprio coração (Tiago 1.13-15). Este
mesmo Deus também induz o homem para ser tentado por Satanás e testado por
meio disso, assim como o fez com Seu próprio Filho Jesus Cristo (Mateus 4.1).
"E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor;
e CRERAM todos quantos estavam ORDENADOS para a vida eterna" (Atos
13.48).

CRISTO DO ARMINIANISMO VS. CRISTO


DA BÍBLIA
– Arminianos e Calvinistas são irmãos na fé? –

Antes de começar, devo lembrar o leitor de que quando falo de “Calvinismo Vs.
Arminianismo” eu estou me limitando ao seu sentido original e histórico, isto é,
apenas ao que diz respeito à doutrina da salvação (soteriologia) e como ela
funciona nos desígnios de Deus. Refiro-me ao Calvinismo tendo em vista
somente os Cinco Pontos do Calvinismo, e não a tradição conhecida como
“Reforma Protestante”, a qual engloba não somente a questão soteriológica,
como também traz conceitos denominacionais que não estão de acordo com a
Bíblia. Esses termos técnicos são inevitáveis para tratar do assunto
“Predestinação Vs. Livre Arbítrio”, e, portanto, é a única forma de ensinar ao
leitor como Deus predestina Seus santos escolhidos à salvação e os perdidos à
condenação.

131
A LÓGICA NOS DIZ QUE ARMINIANOS E CALVINISTAS NÃO
SÃO IRMÃOS NA FÉ
Existe um princípio imutável chamado Lógica. Esse princípio tem me
acompanhado desde que conheci a Palavra de Deus, e tem sido meu escudo
contra o sincretismo e ecumenismo religioso até aqui. A Lógica é, por definição,
um gatilho bíblico que nos protege de proposições contraditórias e sofismas
religiosos. Em suma, a Lógica se trata do raciocínio que se pauta na dedução, e
este raciocínio é composto basicamente por duas premissas ou proposições
(maior e menor), a partir das quais se alcança uma conclusão. Por exemplo:
"Todos os homens são mortais. Frederico é homem. Logo, Frederico é mortal”.
Se eu mudar uma das duas premissas que concluem que Frederico é mortal, a
conclusão da mortalidade de Frederico estará errada. Ou seja, segundo a lógica,
para que se afirme que Frederico é mortal em conformidade com uma premissa
maior e menor, é obrigatoriamente necessário que (1) todos os homens sejam
mortais e que (2) Frederico seja homem. Conclusão: Frederico é mortal.
Uma premissa errada leva a conclusões obviamente errôneas. Não se pode
elaborar um silogismo básico e coerente quando as premissas de um determinado
conceito não coadunam com a conclusão final. E é por isso que hoje eu irei dar
uma breve explicação sobre a razão pela qual arminianos e calvinistas não são
irmãos na fé e jamais poderiam ser. Quando quero dar uma resposta rápida, eu
simplesmente digo que os arminianos servem a um deus estranho à Bíblia, e não
ao Deus das Escrituras. Simples assim! Mas, a mera afirmação da minha parte
não é o bastante para provar uma premissa e estabelecer uma conclusão. Isso é
típico de analfabetos funcionais quando querem provar alguma ideia por meio da
mera repetição de uma ideologia.
Portanto, tecerei abaixo dois princípios básicos, porém distintos, fáceis de se
entender. Minha intenção neste artigo é mostrar o quanto a Igreja necessita de
uma atenção urgente em relação ao “Jugo Desigual”, onde arminianos e
calvinistas têm andado de mãos dadas e se ajuntado numa perversão doutrinária
em massa, invalidando a Palavra de Deus e provocando danos irreversíveis à
ortodoxia cristã.

132
1. O CRISTO DO ARMINIANISMO
● O Cristo do Arminianismo ama a todas as pessoas do mundo e deseja que todas
elas sejam salvas.
● Ele pagou pelos pecados de todos os homens, sem exceção, e faz tudo que está
ao seu alcance a fim de convencer os ímpios a se converterem. Todavia, sua
oferta aos pecadores e seu poder de salvar são, na maioria das vezes, frustrados.
Por que? Porque a maioria dos ímpios dizem “Não” ao seu chamado e se negam
a vir até ele.
● Seu poder é limitado e seu sacrifício na cruz foi em vão, pois os pecadores
receberam desse "deus" um dom chamado “livre arbítrio”, com o qual o homem
decide, por si mesmo, ir ou não em direção a Cristo para se entregar a ele. O
“livre arbítrio” do homem não pode ser violado por Cristo e o homem é quem
decide se aceita ou não servir a ele.
● O Cristo do Arminianismo morreu na cruz por todo o mundo, isto é, por cada
indivíduo da humanidade, sem exceção. Com isso, ele estabeleceu a
possibilidade de salvação para todos, dando a oportunidade do homem escolher
ser salvo ou não pelo sangue derramado no madeiro. Sua morte na cruz não fora
suficiente para salvar os escolhidos de Deus. Seu sacrifício depende inteiramente
da escolha do homem em se converter de seus pecados ou não. Sendo assim,
muitos homens pelos quais Cristo morreu irão para o inferno.
● Esse Cristo débil, impotente e frustrado perde a muitos pelos quais ele morreu
e “salvou”, visto que os tais abandonam a “fé” por si mesmos. Deste modo,
quando Cristo os convence de que são verdadeiramente “salvos” e lhes implanta
a “certeza da salvação”, esta segurança não está alicerçada na vontade soberana
de Deus ou em Seu poder inesgotável, mas na escolha humana, quando o homem
aceita Jesus em seu coração (e haja apelos carismáticos para convencer um
pecador a “aceitar” esse falso cristo).

2. O CRISTO DA BÍBLIA
● Esse é o Cristo do Calvinismo (Pesquisar sobre os Cinco Pontos do
Calvinismo). Ele veementemente ama somente aos que lhe pertencem, os quais
Deus escolheu incondicionalmente para a vida eterna, antes mesmo da fundação
do mundo (Ef 1.4). Ele jamais sequer orou pelos réprobos e deixou isso muito
bem registrado (Jo 17.9), visto que o amor do Pai não recai, em nenhum nível ou
aspecto, sobre os que foram predestinados à perdição. Antes, Sua ira sobre os tais
permanece eternamente (Sl 5.5; 11.5; 73.17-20; Sl 92.5-7; Pv 3.33; Pv 24.16; Ml
133
1.2-4; Hc 1.13; Jo 17.9; Jo 3.36; 13.1; Rm 9.13; 1Pe 3.12; Ef 1.4,9,11; Rm 8.30;
2Tm 1.9; 1Ts 5.9; Rm 9.11-16; Ef. 1.19; 2.8-9; Jd 1).
● Deus, por meio do Espírito Santo, eficazmente chama os Seus eleitos de modo
que, por meio da vocação a eles concedida, não podem resistir por si mesmos e
certamente se converterão. Antes que o mundo fosse criado, Deus escolheu e
predestinou os Seus à salvação. Ele não fez qualquer uma dessas escolhas com
base em Sua onisciência ou porque previu fé em tais homens, mas os escolheu
segundo o Seu eterno e imutável propósito, conforme Seu santo conselho e
beneplácito de Sua vontade, de acordo com Sua graça única [e não múltipla].
Esse Deus, o único Deus, não se baseou em nenhuma fé prevista ou em alguma
boa obra humana para salvar os Seus escolhidos, nem por qualquer outra
característica na criatura que pudesse movê-Lo como condição para salvá-los (Ef
1.4, 9, 11; Rm 8.30; 2Tm. 1.9; 1Ts, 5.9; Rm 9.11-16; Ef 1.19: e 2.8-9).
● Ele não somente ama Seus escolhidos incondicionalmente, como também os
“leva pela orelha”, não importando se eles querem ou não ser salvos. Ele os
preserva por meio da disciplina, de modo que nenhuma de Suas ovelhas podem
decair da graça que uma vez foi dada aos santos. Nenhuma de Suas ovelhas pode
se perder ou ser arrebatada de Suas mãos (Jo 10.28). Ainda que cometam
pecados no curso de suas vidas, tais escolhidos de Cristo serão preservados pelo
poder do Espírito Santo e perseverarão na genuína fé e doutrina até o fim. Pelo
eterno e mui livre propósito da Sua vontade, Deus preordenou todos os meios
conducentes a esse fim glorioso. Ou seja, os santos eleitos, tendo nascido
escravos do pecado de Adão, são remidos por Cristo e presenteados pela
verdadeira fé, por meio do Espírito e no devido tempo determinado por Deus. Por
esta razão, os santos escolhidos de Deus são justificados, adotados, santificados e
guardados por Cristo nesta fé imutável e eterna. Não há absolutamente ninguém
além dos eleitos que seja remido, chamado de forma eficaz, justificado nos céus,
adotado, santificado e glorificado por causa da salvação conquistada por Cristo
na cruz do calvário (1Pe 1.2; Ef 1.4 e 2.10; 2Ts 2.13; 1Ts. 5.9-10; Tt 2.14; Rm
8.30; Ef 1.5; 1Pe 1.5; Jo 6.64-65; 17.9; Rm 8.28; 1Jo 2.19).
● Contrariando radicalmente o falso Cristo do Arminianismo, o Cristo da Bíblia
soberanamente regenera o pecador eleito à margem de sua aceitação ou rejeição
temporária. Visto que, sem a regeneração espiritual, o pecador está morto
espiritualmente (Rm 3), o pecador jamais pode escolher a Cristo por si mesmo
(Jo 6.65). A fé não é uma contribuição do homem para sua salvação. A fé não
provém do coração do homem, mas é um dom recebido do alto. Não há nenhuma
participação do homem nesse processo salvífico. A salvação, bem como todos os
frutos que dela procedem, é uma dádiva exclusiva de Deus, não do homem (Jo
3.3; 6.44,65; 15.16; Rm 9.16; Ef 2.1,8-10; Fp 1.29; Hb 12.2).

134
● O Deus da Bíblia concede misericórdia a quem Ele quer e a recusa a quem Ele
quer. Cristo morreu somente pelos eleitos, conquistando eficazmente a salvação
para todos aqueles por quem Ele morreu. Sua morte foi uma satisfação vicária,
que poderosamente quitou a dívida de Seu povo eleito. Ele escolhe ou recusa Sua
bondade como Lhe apraz, para a glória do Seu soberano poder sobre as suas
criaturas. Com isto, o restante dos homens foi predestinado à perdição eterna,
para louvor da gloriosa justiça de Deus, que não tem a obrigação de salvar
ninguém, mas o fez por pura graça. Sem a Sua graça, nenhum homem seria salvo
e todos caminhariam segundo sua própria inclinação para o mal (Rm 1.18-32; 3).
A justiça de Deus requer que Ele não contemple os réprobos e os lance no
inferno por causa de seus pecados (Mt 11.25-26; Rm 9.17-22; 2Tm. 2.20; Jd 1.4;
1Pe 2.8).

PREMISSA MAIOR
Um é o Cristo do Arminianismo e o outro é o Cristo da Bíblia. Um é falso e o
outro é verdadeiro. São dois cristos avaliados aqui, e ambos são completamente
opostos. Se você está assustado com isso, saiba que a Bíblia diz que existem
milhares deles (Mt 24.24; 1Co 8.5) e não somente dois ou três. Se, conforme
apresentado pelo artigo, os dois cristos são tão radicalmente distintos, um deles
tem de ser o verdadeiro: ou aquele que não possui sequer uma base bíblica sólida,
ou Aquele que testifica cada uma das passagens da Escritura Sagrada, as quais
foram aqui supracitadas.

PREMISSA MENOR
A Bíblia expressamente diz que não se pode servir e amar a dois senhores. A
Bíblia é enfática em dizer que você deve amar um e odiar o outro (Mt 6.24).
Você certamente pode ter dois amigos, dois irmãos, dois carros, dois hobbies e
até dois empregos. Mas a Escritura o proíbe categoricamente de servir a dois
cristos. Ou você ama e serve a um, ou você ama e serve a outro. A palavra
“Servo”, muitas vezes empregada de forma romantizada em nossas traduções
bíblicas, significa literalmente “Escravo”. Ou você é escravo do verdadeiro
Cristo ou é escravo do falso. A escravidão é absoluta e não permite sociedade
com outros senhores. A escravidão exige tudo aquilo que lhe pertence — todo o
seu tempo, toda a sua lealdade, todo o seu trabalho, todo o seu coração, toda a
sua alma. Os cristãos professos dos nossos dias insistem em acreditar que estão
servindo ao genuíno Cristo dando as mãos para os que servem ao falso cristo. E

135
não somente isto: Os que insistem em servir a dois cristos chamam os seguidores
do falso cristo de irmãos! O fato é que você pode até pensar que está sendo um
cristão agindo assim; você pode achar que ama a Jesus porque “vai à igreja”
regularmente e porque é apaixonado pelo evangelho que você criou com a sua
própria mente; mas a sua prostituição não será ignorada no dia do juízo, visto que
você pensa que pode andar com o Cristo da Bíblia e ter um pequeno caso com
outro cristo – o falso cristo.
A Diferença entre Calvinismo e Arminianismo é ainda mais profunda que se
pode parecer à primeira vista. Não é simplesmente questão de ênfase, mas de
conteúdo. O calvinista crê em um Deus que realmente salva; enquanto o
arminiano crê em um Deus que possibilita que o homem se salve. O calvinista
crê em um Deus Pai que elege de fato; o arminiano crê em um Deus Pai que
apenas ratifica a eleição que os homens farão sobre si mesmos. O calvinista crê
em um Redentor que objetivamente redime pecadores; o arminiano crê em um
redentor em potencial, que apenas viabiliza a redenção dos salvos. O calvinista
crê em um Espírito Santo que chama soberana e eficazmente indivíduos; o
arminiano crê em um Espírito Santo que apenas “persuade moralmente”, mas que
pode ser resistido. O lema do calvinista é: “Seja feita a Tua vontade”. O lema
central da seita arminiana é: "Levante-se e caminhe comigo, ó Criador; vou lhe
mostrar o que eu quero".

CONCLUSÃO LÓGICA
Arminianos e calvinistas não são irmãos. Jamais o poderiam ser. Eles não
possuem a mesma fé. Eles não servem ao mesmo Cristo. Não há qualquer
vínculo entre o Cristo da seita arminiana e o Cristo da Bíblia. Eu poderia falar
sobre o cristo do Catolicismo Romano, do Espiritismo e de muitos outros
milhares de cristos espalhados pelo mundo religioso. Todavia, não há, no atual
século, um falso cristo que tenha enganado tanta gente como o cristo do
arminianismo, com seu evangelho ardiloso e sagaz. Tenho plena convicção e
afirmo com propriedade que, sem explanações como essas do artigo, a maioria
das pessoas passaria a vida inteira sem notar a diferença entre um Cristo e outro.
Tudo isso é resultado do sincretismo e ecumenismo religiosos que reinam
soberanos em todo o mundo, em especial nas seitas denominacionais, onde o
intento é adquirir membros para encherem seus templos luxuosos e cheios de
adornos judaicos.

136
UM CHAMADO À SEPARAÇÃO
“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem
a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que
concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que
consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus
vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e Eu serei o seu
Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o
Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai,
e vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso" (2 Coríntios
6.14-18).
Essa passagem se aplica – veementemente – a membros de seitas arminianas. Um
“jugo” é tudo aquilo que une. Aqueles que pertencem a uma seita arminiana ou
pentecostal estão unidos em um compromisso oficial e em uma aliança com seus
membros “irmãos”. Muitos de seus membros/irmãos não dão nenhuma evidência
de terem nascido de novo. Eles podem acreditar em um “Deus Soberano”, mas
qual o amor que eles têm pela soberania exaustiva de Deus? Qual é a sua relação
com os eternos decretos de Deus? Eles simplesmente as negam.
“Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” (Amós 3.3).
Pode aqueles que devem o seu tudo a Cristo, tanto para o tempo presente quanto
para a eternidade, ter comunhão com aqueles que desprezam e rejeitam ao Deus
da Palavra? Portanto, que todo e qualquer leitor cristão que esteja em jugo
desigual com arminianos saia debaixo dele sem demora.

137
DEUS AMA TODO O MUNDO?
Desvendando o mito

Certamente Deus ama o mundo, mas não todos os indivíduos que compõem o
mundo. Na Escritura, as palavras "Mundo", "Todos", "Toda a gente" e outras
expressões semelhantes raramente significam toda a raça humana (Jo 7.4; 12.19;
At 17.6; 1Co 11.32). No Antigo Testamento Deus amava somente a nação de
Israel (Dt 7.7), mas isso não poderia ser dito de todo e qualquer israelita, pois
“nem todos os que são de Israel são israelitas” (Rm 9.6), isto é, nem todos são
judeus convertidos ao SENHOR. No Novo Testamento vemos que Deus diz amar
indivíduos de todo o mundo, como no caso de João 3.16, onde a palavra
“mundo” se refere aos escolhidos e não a cada indivíduo da terra, e isso será
provado mais à frente neste capítulo.
"Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho
não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece" (João 3.36).
Como poderia a ira (ódio) de Deus estar sobre alguém que Ele amou na
eternidade? De maneira que o versículo acima salienta que somente os que creem
em Seu Filho é que são amados por Ele.
São muitos os cristãos professos que negam que Deus possa odiar alguns
pecadores, os quais estão condenados à perdição. A maioria das pessoas que
compõem a cristandade atual crê que Deus não pode odiar um pecador, e acredita
cegamente que Ele ama a todos os seres humanos, sem exceção. Mas o fato é que
Deus odeia, não somente o pecado, como também o pecador não salvo. Um
exemplo disso é Esaú (Rm 9.13). Além de Esaú, Deus também “odeia a todos os
que praticam a maldade” (Sl 5.5).
Cristo morreu na cruz para salvar somente aqueles a quem Deus ama, e não para
salvar Judas, Herodes, Pilatos ou outros “cujos nomes não estão escritos no livro
da vida, desde a fundação do mundo” (Ap 17.8). A Bíblia é clara ao dizer que
Cristo veio para salvar aqueles que o Pai havia lhe dado (Jo 6.37-39; 17.2).
“Como [Cristo] havia amado os Seus, que estavam no mundo, amou-os até o
fim” (João 13.1), e isso significa que Ele não amou a todos os homens que estão
no mundo, mas tão somente “os Seus, que estavam no mundo”.
Estando uma vez em Cristo Jesus, o pecador eleito é amado por Deus (Ef 1.4-6).
Todavia, sem o espírito de Cristo, os pecadores são odiados por Deus em todo o
tempo, pois Deus “não tem prazer na iniquidade” (Sl 5.4). Muito pelo contrário,
Deus “ama a justiça” (Sl 11.7).

138
Jesus Cristo morreu por Suas ovelhas, mas não morreu e nem sequer orou pelos
bodes (Jo 10.26- 27; 17.9). Visto que o amor de Deus não é falho, Ele de fato
salva a todos a quem Ele ama. Todos aqueles que são alvos de Seu amor são
salvos e não podem perder a salvação. Deus busca, por Si mesmo, aqueles a
quem Ele ama, e faz com que os Seus escolhidos O amem (1Jo 4.19).
Deus não é obrigado a amar ninguém, mas escolhe livremente a quem Ele ama, e
por isso o homem não tem o direito de se queixar (Rm 9.13- 20).
Quem ensina que Deus ama todo o mundo, isto é, a cada indivíduo do mundo,
está cometendo o pecado da mentira e da heresia. Ensinar que Deus ama todo o
mundo é dizer que Deus manda Seus filhos, adotados em Cristo Jesus, para o
inferno. Isso é roubar o filho de Deus do conforto da salvação e “encorajar os
ímpios a não se desviarem dos seus maus caminhos para salvarem a sua vida”
(Ez 13.22), o que os leva para longe de suas responsabilidades como cristãos.

A LINGUAGEM UNIVERSAL NA BÍBLIA


Muitos afirmam que Deus ama todo o mundo devido à linguagem universal que a
Bíblia muitas vezes usa, tais como “o Senhor não quer que nenhum pereça” (2
Pedro 3.9) ou “todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo” (Rm
10.13). No entanto, essas objeções partem daqueles que desconsideram o
contexto da mensagem e mostram a total ignorância do leitor com relação à
linguagem usada na Escritura. Ora, frequentemente usamos linguagem universal
para tudo que fazemos na vida. Por exemplo, quando o professor pergunta “Todo
o mundo tem uma caneta?”, ele obviamente não está falando com o mundo
inteiro, mas somente com sua classe de alunos. Quando um pai diz “Todo o
mundo entre no carro!”, ele não está chamando o mundo todo para entrar em seu
carro, mas tão somente a sua família.
Vejamos algumas passagens que usam a linguagem universal para se referir a
indivíduos específicos:
Mateus 10.22 – “odiados de todos sereis”; João 3.26 – “e todos vão ter com
ele”;
Atos 19.19 – “trouxeram os seus livros, e os queimaram na presença de todos”;
Romanos 16.19 – “quanto à vossa obediência, é ela conhecida de todos”.
Nessas passagens, o termo “todos” não significa cada indivíduo da raça humana.
Similarmente, “todo o que” significa “todos aqueles que…”. Não significa todo
o mundo.

139
“Todo o que nele crê” (João 3.16) significa todos aqueles que crêem ou “todos
os crentes”, não a raça humana inteira.
Da mesma maneira, “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”
(Rm 10.13) não significa que todo o mundo pode ou invocará o nome do Senhor.
O fato de Deus amar somente os salvos não os torna justificáveis, mas
JUSTIFICADOS. “Por meio dEle, todo aquele que crê é justificado de todas as
coisas das quais não podiam ser justificados pela lei de Moisés” (Atos 13.39). O
sacrifício consumado de Cristo cobre os pecados do pecador eleito. Quando Deus
salva uma pessoa, Ele a regenera e veste com vestes brancas como a neve, com
vestes de justiça. Os méritos de Cristo são atribuídos a ela. Deus a ama
Cristocentricamente, ou seja, pelos méritos de Cristo, por Sua perfeita e
imaculada justiça. Nem uma gota do Seu santo sangue foi derramado em vão. No
último grande Dia não haverá um Salvador desapontado e derrotado, mas Um
que “verá o fruto do trabalho da Sua alma, e ficará satisfeito” (Is 53.11). Não são
nossas palavras, mas a infalível asserção dEle que declara: “O meu conselho
subsistirá, e farei toda a minha vontade” (Isaías 46.10). Sobre esta impregnável
Rocha nós descansamos.
Deus não ama o homem por aquilo que ele é, pois não há nada no pecador digno
de atrair em Deus Seu afeto e amor, mas apenas o Seu justo e merecido juízo,
além do Seu ódio. Porém, Deus ama Cristocentricamente pecadores salvos antes
da fundação do mundo (Ef 2).
“O qual se deu a si mesmo por nós (nós – a Igreja) para nos remir de toda a
iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras” (Tito
2.14). A Bíblia diz que Jesus se entregou por nós, não por todo o mundo. Os
pecadores pelos quais Cristo morreu são chamados de: Suas ovelhas (Jo 10.11-
15), Sua igreja (At 20.28; Ef 5.25-27), Seu povo (Mt 1.21) e Seus eleitos (Rm
8.32-35). Perceba que o povo pelo qual Cristo morreu passa a ter uma identidade
específica, se diferenciando do mundo caído, e tudo isso é uma dádiva de Deus,
não do homem.
“Eu rogo por eles. Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, pois
são Teus” (João 17.9).
E ainda aos Seus, a Igreja, afirmou Cristo: “Se o mundo os odeia, tenham em
mente que antes odiou a mim. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria
como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas Eu os escolhi,
tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia” (João 15.18-19).

140
Quanto aos ímpios (vasos de ira, preparados para a perdição, conforme Romanos
9), a ira de Deus sobre eles permanece, e não o Seu amor (Jo 3.36; Sl 11.5; Pv
3.32 / 2Co 2.14-15 / 2Co 4.3).
Por mais que a maioria das pessoas afirme amar a Deus, a Bíblia ensina que os
pecadores odeiam a Deus (Rm 8.7) e JAMAIS invocarão o Seu nome. Isaías
lamenta que “ninguém há que invoque o Teu [i.e., de Deus] nome” (Is 64.7), e
Paulo acrescenta: “não há ninguém que busque a Deus” (Rm 3.11). Alguns
homens são verdadeiramente despertados a invocarem a Deus, e isso é obra do
Espírito de Deus, o qual graciosamente concede fé e arrependimento a alguns (At
11.18; Ef 2.8; Fp 1.29), mas cega e endurece a outros (Js 11.20; Mt 11.25; Jo
12.40; Rm 9.18).

O SIGNIFICADO DE “MUNDO” NA BÍBLIA

“Deus amou ao ‘mundo’ de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito para
que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”
(João 3.16).

A maioria das pessoas olha para esse versículo e acha que Deus ama todo o
mundo, ou seja, cada indivíduo do mundo, sem exceção. Isso é um terrível
engano de Satanás e uma forma de distorcer a visão correta do que Deus nos
revela em Sua santa Palavra. Na verdade, Deus não ama a todos os indivíduos do
mundo, nem tampouco poderia, visto que Ele salva a todos quantos Ele ama, e
ninguém dentre os Seus amados escolhidos pode ser arrebatado de Suas mãos (Jo
10.26-30). Se Deus amasse a todos os indivíduos do mundo, certamente todos
seriam salvos, pois Ele não é mentiroso, nem débil, nem fraco. Deus salva a
quem Ele ama e ponto final. Então, como explicar esta incógnita de João 3.16? E
as outras passagens que citam o termo “Mundo”?
A palavra “Kosmos” (Mundo) aqui, em João 3.16, se refere aos escolhidos, e
não a cada indivíduo do mundo. O próprio contexto responde à indagação que
poderia ser feita com relação a isso. Indivíduos do mundo todo são salvos, mas
não todos os indivíduos do mundo. A passagem está dizendo que Deus ama
indivíduos do mundo todo (de todas as tribos, nações, etnias, etc.). Quando a
Bíblia diz que não há acepção de pessoas, ela está se referindo ao fato de que

141
Deus não escolheu os salvos com base no país ou nação onde eles nasceram, ou
em sua descendência, ou em qualquer mérito pessoal. Se por um lado não há
acepção de pessoas, por outro há EXCEÇÃO de pessoas! Por exemplo, se
interpretássemos "mundo" como "cada indivíduo do mundo" em João 3.16,
teríamos que aplicar o mesmo sentido em 1 João 5.19 – “Todo o mundo está no
maligno” --, e então teríamos um grande e terrível paradoxo. Todavia, a Bíblia
não contém paradoxos. Ela não contradiz a si mesma. Quando João diz que “todo
o mundo está no maligno”, ele está claramente dizendo que todo o mundo, fora
do círculo de crentes em Jesus Cristo, está no maligno. Ele está se referindo ao
mundo dos descrentes/perdidos, não ao mundo dos crentes.
Ainda que não possamos ter todo o entendimento da língua grega, a Bíblia
contém passagens com explicações amplas que nos fornecem o significado de
“mundo” em toda a Escritura. Sem um método histórico-gramatical consistente
na interpretação da Bíblia, fica impossível entender a palavra "mundo" em toda a
Escritura, pois essa palavra pode significar VÁRIAS coisas em toda a Escritura.
Segue abaixo uma lista de significados de “Kosmos” (Mundo) que, mesmo para
aqueles que não são “expert” em grego, fica fácil de entender apenas pelo seu
contexto gramatical:

1 - "Kosmos" é usado para definir o Universo como um todo:


Atos 17.24 – “O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do
céu e da terra”.

2 - "Kosmos" é usado para definir a Terra:


João 13.1 – "Ora, antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que já era chegada
a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus que
estavam no mundo, amou-os até ao fim”. Na Bíblia, a frase “Passar deste
mundo” significa “deixar esta terra”.
Efésios 1.4 – “Como também nos elegeu nEle antes da fundação do mundo”.
Essa expressão significa “antes da terra ser fundada” (cf. Jó 38.4).

142
3 - "Kosmos" é usado para definir o sistema mundial:
João 12.31 – “Agora, é o juízo deste mundo; agora, será expulso o príncipe
deste mundo”. Confira também Mateus 4.8 e 1 João 5.19.

4 - "Kosmos" é usado para definir toda a raça humana:


Romanos 3.19 – “Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão
debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja
condenável diante de Deus”. Aqui sim nós vemos a palavra “mundo” sendo
usada para se referir a cada indivíduo do mundo, pois é dito na Bíblia que todos
nós nascemos debaixo da ira de Deus (cf. Romanos 3). A menos que Deus
partisse em resgate de alguns, todos os homens estariam condenados.

5 - "Kosmos" é usado para definir a humanidade com exceção dos crentes; isto é,
para se referir somente aos descrentes/perdidos:
João 15.18 – “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me
odiou a mim”. Os crentes não “odeiam” a Cristo, de forma que “o mundo” aqui
significa o mundo dos descrentes em contraste com os crentes que amam a
Cristo.
Romanos 3.6 – “E, se a nossa injustiça for causa da justiça de Deus, que
diremos? Porventura será Deus injusto, trazendo ira sobre nós? (Falo como
homem.) De maneira nenhuma; de outro modo, como julgará Deus o
mundo?”. Aqui vemos outra passagem onde “o mundo” não pode significar
“você, eu e cada pessoa da humanidade”, pois os crentes não serão “julgados”
por Deus (cf. João 5.24). Sendo assim, aqui também é o “mundo dos descrentes”
que está sendo mencionado.

6 - "Kosmos" é usado para definir os gentios (nós, que não somos de Israel) em
contraste com os judeus (que são israelitas: povo terrenal de Deus):
Romanos 11.12 – “E, se a sua (de Israel) queda é a riqueza do mundo, e a sua
(de Israel) diminuição, a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude (de
Israel)!”. Note como a primeira menção ao mundo é definida pela riqueza que
ele adquiriu por meio de uma nação em especial: Israel. Aqui, novamente, “o

143
mundo” não pode significar toda a humanidade porque o texto faz distinção entre
a nação de Israel e o restante da humanidade, que é o mundo fora de Israel!

7 - Finalmente, "Kosmos" é usado para se referir somente aos crentes/salvos –


tanto da Igreja de Deus como do Israel de Deus (Jo 1.29; 3.16,17; 6.33; 12.47;
1Co 4.9; 2Co 5.19). Desta vez, deixarei que o leitor abra sua Bíblia e seja
abençoado com sabedoria e entendimento. Basta uma simples leitura e o
discernimento do Espírito Santo para que toda a dúvida acerca do tema seja
aniquilada.

A IMPORTÂNCIA DO CONTEXTO GRAMATICAL


Interpretar uma passagem gramaticalmente requer que sigamos as regras
gramaticais exigidas pelo texto sagrado e que reconheçamos as nuances do
hebraico e grego.
Por exemplo, quando Paulo escreve que Deus já havia feito Sua escolha entre
Jacó e Esaú antes mesmo de eles terem nascido, antes mesmo de terem feito bem
ou mal a alguém (Rm 9.11), as regras gramaticais atestam categoricamente que
Deus não escolhe as pessoas pelas suas obras, mas as escolhe
incondicionalmente para as boas obras, as quais Ele mesmo preparou para que
Seus escolhidos pratiquem (Ef 2.10), e isso está em perfeita harmonia com todo o
contexto apresentado pela Escritura a respeito da escolha de Deus em salvar
alguns e condenar outros soberanamente, antes mesmo que o mundo existisse.
Em outras palavras, o apóstolo Paulo claramente aponta para o fato de que o
homem não pode se queixar quando Deus faz Suas escolhas, e que Deus faz o
que bem entender com Suas criaturas, sem nada precisar perguntar a elas (Rm
9.13-24).
A Palavra de Deus não traz dúvidas, mas respostas. O Deus da Palavra não é um
Deus de confusão e nunca traz confusão para nossa mente (1Co 14.33).

144
PROVIDÊNCIA DE DEUS OU GRAÇA
COMUM?

A teoria da “graça comum” diz que Deus derrama Sua graça sobre salvos e
réprobos (perdidos). Mas, será que isso está de acordo com as Escrituras? A ideia
de um amor dúbio de Deus por cada indivíduo da humanidade é resultado de um
falso ensino soteriológico, muito conhecido como Universalismo ou Graça
Comum, que visa unir conceitos arminianos à doutrina bíblica da eleição a fim de
promover a confortável “paz” do ecumenismo religioso. Porquanto geralmente
seus adeptos usam um argumento que, à primeira vista, é muito forte a seu favor,
alegando que o amor de Deus está, em algum sentido que eles nunca esclarecem
biblicamente, sobre todas as Suas criaturas, tanto sobre santos como sobre ímpios
(mesmo estes tendo sido condenados ao inferno). Tais proclamadores de
doutrinas estranhas ao evangelho acusam de “radicais” aqueles que tomaram a
iniciativa de condenar suas heresias que, sob o uso do sofisma, têm como
finalidade atribuir a Deus um tipo de dualidade em seus atributos divinos.
A graça comum, segundo seus defensores, responderia aos incrédulos a
indagação acerca de como Deus pode odiar pessoas as quais Ele mantém em
estado de saúde, riqueza e segurança terrenas. Tudo isso se aplicaria à uma
suposta graça à parte que, de acordo com a teoria, é distinta daquela única graça
que a Bíblia nos apresenta: a graça salvadora. Concederíamos que esse
argumento é mais do que suficiente se eles pudessem provar o seu intento – de
que Deus ama a todos os homens em geral e derrama algum tipo de graça sobre
os ímpios ao sustentá-los com coisas boas na terra –. Todavia, se mostrarmos
claramente que são eles que, com suas cavilações, nos pressionam a crer que
Deus ama pessoas que Ele mesmo predestinou ao inferno, sem, contudo,
apresentar qualquer argumento testamentário para sustentar essa premissa, o que
lhes restará, senão que esse pretexto que fraudulosamente alegam seja levado
pelo vento?
Através dos tempos, muitos ditos “teólogos” têm insistido em permanecer nesta
falsa doutrina. Eles afirmam categoricamente, porém, sem nenhum amparo das
Escrituras, que Deus distribui Seu amor a todos os indivíduos do mundo, sem
exceção. Para justificar tal heresia grosseira, afirmam que, embora Deus tenha
elegido apenas alguns para a salvação e condenado o restante ao inferno, Seu
eterno amor (que não possui sombra de variação) está sobre os eleitos e também
sobre os perdidos. Para provar essa falsa premissa eles argumentam dizendo que
Deus, ao sustentar e suprir as necessidades terrenas dos réprobos, significa o
mesmo que amá-los. E o nome dado para essa confusa ideia é “Graça Comum”,
145
um tipo de graça diferente da única que encontramos na Bíblia – a graça
salvadora de Deus. Mas, será que a Bíblia concorda com isso? Será que existem
“duas graças”, uma que salva e outra que não salva? Vejamos como a Bíblia
explica esse terrível paradoxo no qual os adeptos da graça comum se afundaram
por meio de influências arminianas.
As Escrituras claramente ensinam que Deus odeia o pecador. E não somente isso,
como também concede meios de sustento e prazeres terrenos para a sua própria
destruição (Sl 5.5; 11.5; 73.17-20; 92.5-7; Pv 3.33; Ml 1.2-4; Rm 9.13; 1Pe
3.12).
É aqui que a teoria da graça comum inicia o seu declínio. Uma das provas que
tornam a teoria da graça comum inconsistente é que a graça de Deus não está nas
coisas. Todas as coisas constituem-se meios pelos quais Deus salva os justos
(eleitos/justificados) e condena os injustos (réprobos/predestinados à perdição).
Toda e qualquer satisfação terrena que um ímpio degenerado desfruta é para a
sua própria destruição. Sendo esses homens racionais e morais, isso os torna
responsáveis por cada ato (Rm 1.19,20). Deus providencia alimento, vestes, sol,
chuva... a todos quantos estão vivos (Mt 5.45). Mas isso não tem nada a ver com
Seu eterno amor e graça sobre alguém. Portanto, o que muitos chamam de graça
comum é, na verdade, providência de Deus. Como será provado nas linhas que se
seguem, a providência de Deus nem sempre significa algo bom para alguém na
terra.
As coisas deste mundo são indiscutivelmente comuns, mas a graça nunca é
comum. A graça não tem nada de comum. Ela é salvífica. Alguns adeptos
protestantes da assim conhecida “Tradição Reformada” podem tentar distorcer
isso uma vida toda por meio de manuscritos humanistas e sob o apelo para a
emoção. Contudo, a Palavra de Deus continua dizendo que a graça é somente
uma, e é salvífica. Não existem duas “graças” – uma temporária e outra eterna,
como querem afirmar os ditos “protestantes reformados” e similares. Enquanto
esses fariseus atuais repetem a mesma lamúria, a Escritura os responde com uma
bofetada na face: Só existe Graça Salvadora. Se não salva, não é graça; é
maldição (Pv 24.15-16). Ponto final.
A doutrina da graça comum deve ser rejeitada em todas as suas esferas, sob a
base da Escritura. A graça comum ensina que Deus ama o réprobo, enquanto as
Escrituras proclamam que “o Senhor odeia ao avarento” (Salmos 10.4 - KJV).
Ainda nos salmos, lemos que Deus odeia “a todos os que praticam a maldade”
(Salmos 5.5). Você provavelmente já deve ter ouvido esta frase: “Deus odeia o
pecado, mas ama o pecador”! Porém, essa ideia trata-se de uma grande mentira.
Deus não ama o pecador. Antes, Ele odeia o pecado e também o pecador. Deus

146
lança no inferno o pecador, e não o seu pecado. Além do mais, “o SENHOR
prova o justo; porém ao ímpio e ao que ama a violência odeia a Sua [de Deus]
alma” (Salmos 11.5). Aqui está a intensidade da aversão de Deus ao réprobo:
Sua própria alma – tudo o que Ele é – detesta-o. Assim, Deus “sobre os ímpios
fará chover laços, fogo, enxofre e vento tempestuoso” (v. 6).
A teoria da ‘graça comum’ ensina que as coisas boas que os réprobos recebem
nesta vida são a prova do amor de Deus por eles. Todavia, esse foi o engano de
Asafe quando ele pensou que os ímpios eram amados por Deus porque
prosperavam no mundo (Sl 73.12); e esse continua sendo o engano de muitos.
Porém, quando Asafe entrou “no santuário de Deus” (v. 17), compreendeu que
“a prosperidade dos ímpios” (v. 3) – sua saúde (v. 4), comida (v. 7), riquezas (v.
12) – “certamente” se tratava de Deus colocando-os em “lugares
escorregadios” antes de lançá-los na “destruição” (v. 18). Assim como Asafe,
devemos compreender que Deus dá coisas boas aos ímpios em Sua providência,
mas Ele “despreza-os” (v. 20) por sua impiedade (v. 8).
Nas palavras de Salomão, o mais sábio dos homens de todos os tempos, ele diz:
“A maldição do SENHOR habita na casa do ímpio” (Pv. 3.33). Isso significa que
todas as coisas boas em sua casa – esposa, filhos, possessões, alimento, etc. – não
chegam com o amor de Deus, mas com a Sua maldição.
Algumas pessoas dizem que rejeitamos a graça comum sob a base de inferências
extraídas a partir do conselho eterno da predestinação de Deus. Porém, a verdade
revelada de Deus da predestinação não é a única doutrina que milita contra a
graça comum. Contra a unidade de Deus (Dt 6.4), a graça comum ensina que
Deus tem dois amores, duas misericórdias, duas benignidades, etc. Contra a
imutabilidade de Deus (Ml. 3.6), a graça comum ensina que Deus ama os
réprobos no tempo e, depois, os odeia na eternidade. Contra a justiça divina, que
é tão grande que Deus “não pode ver o mal” (Hb 1.13), a graça comum diz que
Deus ama aqueles que são completamente iníquos (Rm 3.10-18). Resumindo, a
graça comum postula um amor temporário, limitado, mutável e injusto de Deus
(fora de Jesus Cristo!) pelo réprobo. Todavia, as Escrituras nos ensinam que
Deus ama a Si mesmo e à Sua Igreja eleita (Ef 5.25) com um amor particular
(Rm 9.18), eterno (Rm 8.37-39), infinito (Ef 3.17-19) e imutável (Sl 136) em
Jesus Cristo.
Essa heresia de um “amor de Deus pelos réprobos” tem sido usada por muitos
para destruir a antítese (Gn 3.15), amenizar a depravação total, comprometer a
expiação particular (limitada aos eleitos), pregar um desejo de Deus de salvar o
réprobo, silenciar o fato de que Deus odeia a todos os quais Ele não amou na
eternidade e, então, negar a eleição e reprovação incondicional, recusando,

147
assim, condenar o arminianismo e seus falsos mestres, permitindo a comunhão
com os arminianos em uma grande festa ecumênica onde o jugo desigual é quem
dita as regras.

DEUS ODEIA O PECADO E TAMBÉM O PECADOR


O amor de Deus e a Sua ira andam de mãos dadas (Nm 14.18; Rm 11.22; Hb
12.5). Sempre que a Bíblia menciona a ira de Deus, ela automaticamente envolve
o Seu amor. Isso acontece pelo fato de que a ira de Deus é uma expressão inata
do Seu amor (Sl 136.14-21). Isto é, não há como falar do amor de Deus sem falar
da Sua ira. Seus atributos são eternos e se correlacionam em perfeita harmonia.
Sem a Sua ira, Seus atributos seriam falhos. Sem a Sua santa ira, Deus seria
indiferente com o pecado e nenhum pecador estaria no inferno agora. Sem a Sua
ira, Deus mostraria uma total ausência de moralidade em Seu caráter. Sem a Sua
ira, Deus estaria em comunhão com a blasfêmia e corrupção do mundo.
A pureza de Deus exige que Ele odeie o que é impuro. Deus é amor (1Jo 4.8), e
por isso Ele tem de ser ódio (Cl 3:6). A questão não é que Deus "deixa de amar"
ou “deixa de odiar”. Seus atributos são eternos – não possuem começo nem fim.
Sua ira sobre os réprobos permanece o tempo todo e não apenas num momento
isolado (Jo 3.36). A doutrina dos atributos de Deus é uma das mais omitidas e
evitadas pela igreja prostituta da América. Dificilmente acharemos, hoje, uma
congregação onde os atributos de Deus sejam ensinados da maneira que a Bíblia
nos apresenta. Não se trata de mera “questão secundária” (termo muito usado
hoje por liberalistas teológicos), mas de uma doutrina essencial da fé cristã que
exige, com urgência, a atenção dos santos (Jo 3.36; Sl 11.5; Pv 3.32; 6.16-19;
8.13-17; 2Co 2.14, 15; 2Co 4.3; Rm 9.13; Sl 5.5).

148
POR QUE O ARMINIANISMO E PROVA
HERÉTICO?
Uma análise sobre as crenças e ensinos de Jacob
Armínius

Jacob Arminius foi um líder religioso adepto da Teologia Reformada do Pacto do


século 16. Em uma determinada época ele havia feito juramentos concernentes à
sua subordinação aos primeiros documentos confessionais da “Fé Reformada”
(também conhecida como Teologia do Pacto) da denominação da Holanda. Esses
documentos eram a “Confissão Belga” e o “Catecismo de Heidelberg”. Ele
começou a ensinar a epístola de Romanos, estava indo muito bem e teve sucesso
teológico em Romanos 7 e 8. A problemática se deu quando Arminius se deparou
com Romanos 9. Para resolver o “problema do mal” e tentar “exonerar” Deus de
Seus eternos decretos, Jacob Arminius, com base em Romanos 9, começou a
ensinar que os decretos de Deus não foram ativamente operados antes da
fundação do mundo, mas sim baseados na Sua presciência divina. Tal ensino
contrariara de forma absurda a soberania de Deus descrita nas Escrituras, visto
que punha à baixo Sua onipotência e a substituía com as doutrinas da “fé
prevista” e “eleição condicionada”, isto é, doutrinas que ensinam que Deus salva
seus escolhidos com base no que Ele vê no futuro e debaixo do inviolável livre-
arbítrio do homem, o qual recebe uma salvação meritória – não pela graça –,
condicionada às suas “boas obras”. Obviamente que esta crença cria sérios
problemas para a teologia, uma vez que Deus, sabendo de todos os eventos que
haviam de ocorrer no mundo (incluindo a queda humana), não poderia deixar de
ser o Autor da história da humanidade. Uma vez que Deus sabe de tudo quanto
deve ocorrer, logicamente é Ele quem colocou tais eventos no corredor da
história, a menos que se diga que alguém ou algo, à parte do Criador, construiu
este ou aquele evento futuro.
A tensão levantada pela interpretação estapafúrdia de Arminius com relação aos
decretos de Deus não teve a ver diretamente com a existência ou não dos decretos
de Deus, mas sim se esses decretos haviam sido determinados por Deus de forma
ativa, antes da fundação do mundo, ou de forma “passiva”, deixando que os
homens construíssem a história e estivessem livres de Deus em seus atos, o que
automaticamente colocaria Deus em uma posição de expectativa quanto às
atitudes do homem. E foi exatamente a segunda tese que fora levantada como
legítima por Arminius.

149
Como conseqüência, vemos então cinco doutrinas estranhas sendo impingidas
por Arminius na cristandade (esses ensinos resultariam nas cinco doutrinas
sistematizadas pelos remonstrantes, cujo sistema de crenças viria a ser
denominado como Arminianismo):

1 - Como resultado das falcatruas de Arminius, Deus, então, não seria mais
soberano e autor sem par da história do homem, mas um expectador frustrado
com a ação humana e sempre à mercê das más escolhas de Suas criaturas.
Basicamente, o resultado do ensinamento de Arminius dentro da Igreja
Reformada Holandesa e na cristandade num todo é que os mesmos desembocam
abruptamente na crença no deus pelagiano chamado “Livre Arbítrio”, contrário
ao Deus bíblico que tudo decreta segundo o beneplácito de Sua vontade, e não
conforme qualquer mérito humano. A Predestinação de Deus é substituída
perversamente por meras permissões concedidas por um deus inconstante. A
Eleição passa a ser condicionada aos méritos dos homens e não mais reconhecida
como incondicional, imutável e eterna. Porém, quando o tema é decreto divino, a
Bíblia, em oposição ao conceito espúrio da eleição condicionada aos atos da
criatura, é bem mais positiva – os eternos decretos (Predestinação) de Deus são
determinativos, perfeitos e imutáveis.

2 - Vale salientar que Arminius não necessariamente negava os decretos de Deus


ou a “salvação pela graça”, mas construía seu próprio conceito que viria a ser
chamado tecnicamente de “graça preveniente”. Essa doutrina herética, por meio
de sofismas dogmáticos, defende que, embora os decretos de Deus estejam na
Bíblia, eles são operados somente com base na onisciência de Deus. Igualmente,
de forma ainda mais controversa, o Arminianismo afirma que a graça não é uma
obra pertencente somente ao Doador da Fé (Deus), mas uma forma de conceder
ao homem participação no processo salvífico dos escolhidos. E é aqui que o
problema aumenta.

3 - Arminius também não defendia a posição bíblica de que o homem nasce


depravado em todas as suas faculdades. Em vez disso, ele ingeria nas mentes
fracas a idéia de que o homem nasce bom, mas o pecado, vindo a ser colocado
em prática, contamina o homem. Ele negava claramente a doutrina da
“Depravação Total” (que viria a ser sistematizada mais tarde em oposição aos
remonstrantes de Armínius no Sínodo de Dort).

4 - Em quarto lugar, Arminius, desenfreadamente, negava em seus ensinos o que


viria a ser conhecido como “Expiação Limitada [ou] Particular”. A posição
bíblica, concernente à doutrina da salvação, é a de que o sangue de Cristo pagou
pelos pecados dos eleitos na Cruz do Calvário de uma vez por todas, não sendo

150
possível que um homem justificado pelo sacrifício de Cristo venha a decair da
graça, uma vez dada aos santos antes da fundação do mundo. Este é mais um
problema que resultaria [igualmente] nos cinco pontos do Calvinismo contra as
heresias dos remonstrantes (o Arminianismo). Arminius, rompendo seus laços
com as Escrituras Sagradas, assumira uma posição oposta à expiação eficaz de
Cristo na Cruz. O problema apresentado aqui é denominado como “Teoria
Governamental da Expiação”.

5 - Em última instância, quanto à Perseverança dos Santos, Arminius deixa a


tensão em aberto, embora seus ensinos heréticos tenham resultado,
consequentemente, em uma posição inversa à “perseverança dos santos”, uma
vez que o sacrifício de Cristo – segundo os seus ensinamentos – não é eficaz em
seus sermões, mas passível de falhas por conseqüência da escolha humana em
rejeitar a salvação.
Hoje vemos discípulos de Armínius surgindo cada vez mais, e, junto com eles, os
antigos ensinos que uma vez haviam sido rejeitados e combatidos por muitos
cristãos. Hoje, 80% das denominações ditas protestantes são, na verdade, seitas
arminianas sob o título de “igreja evangélica”. O Pentecostalismo, assim como
outras vertentes do arminianismo, é apenas uma das conseqüências doutrinárias
oriundas desse distúrbio soteriológico e espiritual.

POR QUE DEVO OBEDECER A DEUS SE JÁ


ESTÁ TUDO DECRETADO?

A mais satisfatória resposta para esta queixa está em Rm 9.19-24. Nesta


passagem Paulo antecipa a mesma lamúria de forma retórica (ele já 'previa' que
alguém pudesse questionar sua mensagem) e que se refere aos eternos decretos
de Deus. Veja o contexto da pergunta retórica e como Paulo lida com ela:
"Então me questionarás: "Por que Deus ainda nos responsabiliza? Pois, quem
pode resistir à Sua vontade?" Mas, quem és tu, ó homem, para discutires com
Deus? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: "Por que me fizeste
assim?" Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer
um vaso para honra e outro para desonra? E que direis se Deus, querendo
mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência
os vasos da ira, preparados para a perdição; para que também desse a conhecer
151
as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes
preparou, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus,
mas também dentre os gentios"? (Romanos 9.19-24).
Do verso 14 ao 29 de Romanos 9 (vide o contexto) podemos encontrar uma
“diatribe”. Trata-se de um recurso de retórica em que o escritor responde aos
questionamentos de um opositor imaginário. Os questionamentos levantados pelo
opositor arminiano estão em Rm 9.14 e 9.19. A “diatribe” é um artifício muito
eficaz ao lidar com incrédulos que tentam achar respostas não concedidas de
forma exaustiva na Bíblia, mas que estão implícitas em seu determinismo em
termos de soberania divina. Porém, este recurso só funciona se o autor está
entendendo corretamente o opositor. Todos os dois questionamentos do opositor
(9.14 e 9.19) tem a ver com a “injustiça de escolher uns para a salvação e
predestinar outros para a perdição eterna”. Se o apóstolo Paulo estivesse lidando
com os preceitos de Deus ou, ainda, com a ‘eleição de nações’ ao invés de
indivíduos, ele poderia ter corrigido este equívoco e concluído da seguinte
maneira: “Não estou tratando dos decretos eternos de Deus, mas de seus
preceitos para a igreja; não estou falando de pessoas, mas de nações”. Contudo, o
apóstolo estabelece a objeção como legítima e a responde de forma direta,
concisa e sem eufemismos, enfatizando sua intenção de falar sobre os decretos de
Deus em termos de metafísica, e não de Suas ordens direcionadas a todos os
homens para que obedeçam. Ele também deixa claro que não se refere à nenhuma
‘promessa terrena à Israel’ aqui (como em outras passagens), mas à eleição de
indivíduos para a Salvação.
Sendo assim, a ordem é clara: Obedeça a Deus e se cale diante dos desígnios do
Senhor. Prostre-se diante de Deus, em temor e tremor. Ponto final.
A Bíblia é assim: Ela não se coloca na obrigação de responder a todas as nossas
perguntas. Ela não se permite dizer o "por quê" de muitas coisas, mas vai direto
ao ponto e ordena que o homem se cale diante de Deus. A Palavra de Deus é
DETERMINISTA, não fatalista.

DECRETOS E PRECEITOS
Muitos incautos apelam para passagens normativas como Ezequiel 18.32, na
tentativa de driblar Deus de Seus eternos decretos e ainda assim o manter na
posição de ‘totalmente Soberano’. Todavia, passagens como Ezequiel 18.32,
assim como milhares de outras, onde Deus ordena a todos que se arrependam de
seus pecados e escolham viver em santidade com Ele, não estão lidando com os
decretos divinos, mas sim com os preceitos de Deus – Sua ordem universal para

152
que todo homem se arrependa e se converta de seus maus caminhos (At 3.19). O
Deus que ordenou a Faraó que libertasse Seu povo é o mesmo Deus que, no
contexto seguinte, endureceu o coração de Faraó para que este não o
obedecesse (Ex 8.1; 10.27). É por esta razão que Paulo menciona Faraó como
exemplo clássico de como Deus lida com suas criaturas num nível metafísico, em
Romanos 9: “Porque diz a Escritura a Faraó: ‘Para isto mesmo te levantei;
para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda
a terra’. Logo, pois, Deus se compadece de quem Ele quer e endurece a quem
Ele quer”. (Romanos 9.17,18).

NÃO EXISTE JUSTIFICAÇÃO SEM SANTIFICAÇÃO


➜ "Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde?
De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos
ainda nele? ➜ Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus
Cristo fomos batizados na sua morte? ➜ De sorte que fomos sepultados com ele
pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos,
pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se
fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o
seremos na da sua ressurreição; sabendo isto, que o nosso homem velho foi com
ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos
mais ao pecado. ➜ Porque aquele que está morto está justificado do pecado.
Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos;
sabendo que, tendo sido Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a
morte não mais tem domínio sobre ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez
morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus. ➜ Assim também
vós considerai-vos certamente mortos para o pecado, mas vivos para Deus em
Cristo Jesus nosso Senhor. Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo
mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências; nem tampouco
apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniqüidade; mas
apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus,
como instrumentos de justiça. ➜ Porque o pecado não terá domínio sobre vós,
pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. ➜ Pois que? Pecaremos
porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum.
Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois
servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência
para a justiça? ➜ Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado,
obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. E, libertados

153
do pecado, fostes feitos servos da justiça. ➜ Falo como homem, pela fraqueza
da vossa carne; pois que, assim como apresentastes os vossos membros para
servirem à imundícia, e à maldade para maldade, assim apresentai agora os
vossos membros para servirem à justiça para santificação. Porque, quando éreis
servos do pecado, estáveis livres da justiça. E que fruto tínheis então das coisas
de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte. Mas agora,
libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para
santificação, e por fim a vida eterna. ➜ Porque o salário do pecado é a morte,
mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor"
(Romanos 6:1-23).

O ANTINOMIANISMO
A palavra “antinomianismo” vem de duas palavras gregas: anti, que significa
"contra", e nomos, que significa "lei". Sendo assim, antinomianismo significa
“contra a lei”. Tal crença se baseia na ideia de que, se Jesus pagou pelos nossos
pecados na cruz e aboliu o Velho Testamento, os cristãos não são ordenados a
obedecer as leis morais de Deus que, por meio de Cristo, são direcionadas à
igreja. De fato, Cristo cumpriu a lei, pagou pelos pecados dos eleitos e aboliu o
Velho Testamento (2Co 3.2-18; Rm 10.4; Gl 3.23-25; Ef 2.15). Todavia, Ele
estabeleceu leis para a Igreja cumprir e muitas delas de forma intensificada. Se
antes não podia tocar em mulher alheia, agora o crente não pode sequer olhá-la
para desejá-la (Mt 5.28). O antinomianismo trata-se de uma doutrina luterana de
João Agrícola (1494-1566), que, em nome da “supremacia da fé e da graça
divina”, ensina a indiferença para com a lei, como se a igreja estivesse isenta de
sua responsabilidade para com a Doutrina dos Apóstolos e livre para pecar. A
propósito, este é o real conceito de “hiper-calvinismo” (termo muito mal
compreendido pelos próprios calvinistas hoje). De fato, Cristo encerrou, na Cruz
do Calvário, as leis cerimoniais do Antigo Testamento, as quais para nós não
passam de “fábulas judaicas” (Tt 1.14) e “ordenanças caducas” (Cl 2.11-23).
Todavia, Sua LEI para a Igreja está intacta e o mandamento que resume todo o
Novo Testamento, em termos de obediência, é: "Sede santos" (1Pe 1.15,16)...
“porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação” (1 Ts
4:7).

154
CONCLUSÃO
A soberania de Deus e a responsabilidade humana andam de mãos dadas. Não se
pode separar uma da outra. Do contrário, isto seria "Fatalismo" e não
Calvinismo. Não há espaço para a vontade do homem nos eternos decretos de
Deus. De fato, o homem é um ser dotado de vontades, mas não de livre-arbítrio.
Aquele que é chamado por Cristo recebe a liberdade da escravidão do pecado e
do jugo de Satanás e do mundo, mas jamais poderá dizer que um dia foi [ou é]
livre de Deus.
Não existe justificação sem santificação. Do contrário, isto seria antinomianismo:
uma afronta às leis de Deus direcionadas aos Seus filhos.
"Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à
imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E
aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também
justificou; e aos que justificou a estes também glorificou" (Romanos 8:29,30).

DETERMINISMO BÍBLICO OU
FATALISMO?

Você que crê na doutrina da Predestinação sempre irá ouvir dizer por aí que, se
Deus já preordenou tudo quanto há de acontecer e predestinou um grupo de
salvos para a vida eterna e outro grupo [de réprobos] para a perdição eterna,
significa que não precisamos nos preocupar com os Seus mandamentos, já que, o
que tem de ser será. Mas, será que é isso que caracteriza as Doutrinas da Graça?
São muitas as ramificações de seitas arminianas e pentecostais que, com
discursos sofísticos e isolamento de textos cruciais para o entendimento bíblico,
espumam heresias e ignoram o fato bíblico de que a Soberania de Deus e a
Responsabilidade Humana não são inimigas, mas estão de mãos dadas. Não se
pode separar essas duas irmãs inseparáveis. Portanto, deixarei algumas dicas para
que você saiba como lidar com os “espantalhos teológicos” do arminianismo,
como este supracitado, que certamente encontrará aos montes pela internet,
sobretudo em blogs e páginas [heréticas] arminianas e pentecostais.

155
1. A premissa apresentada em sua pergunta não se trata de Calvinismo e das
doutrinas da graça, muito menos interfere na bíblica Doutrina da Eleição
Incondicional.
2. A queixa supracitada em sua pergunta é geralmente repetida pelos oponentes
da verdade numa sequência mórbida de "psico-afirmacionismo" (ou PA), onde
“psico” significa maluco e “afirmacionismo” refere-se à prática de afirmar suas
visões repetidamente sem fornecer argumentos para suportá-las.
3. A construção do espantalho é notória. O que é um espantalho nesse aspecto?
Os opositores da verdade criam um conceito Calvinista que nunca existiu, para
então poder atacá-lo, já que são incapazes de confrontar ou refutar a Soteriologia
Calvinista (pois ela é bíblica). O Calvinismo jamais afirmou que o fato de tudo
estar predestinado signifique que Deus não nos responsabiliza por nossos atos, e
isso é muito importante saber.
4. O espantalho construído na pergunta tem nome – Fatalismo – uma seita que
adota o pressuposto que os arminianos tanto atribuem a nós calvinistas,
desonestamente, na tentativa de nos caluniar e fazer com que pessoas mais
incautas caiam no erro de julgar o que não conhecem.
5. O Calvinismo, ao contrário do Fatalismo, defende que a Bíblia é Determinista.
E é muito importante que você entenda a diferença entre um e outro para nunca
mais ser trapaceado por doutrinas demoníacas que não zelam pela verdade, mas
buscam ofuscá-la através de ensinos heréticos.

QUAL A DIFERENÇA ENTRE FATALISMO E


DETERMINISMO?
● DETERMINISMO: Todo evento tem uma causa e tudo no universo é
absolutamente dependente e regido por Deus. Todo genuíno calvinista é
determinista por definição. O fato de nós, deterministas, acreditarmos que todos
os eventos, incluindo as ações humanas, são predeterminados de antemão por
nosso Deus, faz com que muitos incautos confundam nossa crença com o
Fatalismo, doutrina esta que anula a responsabilidade humana ou as ordens
estabelecidas por Deus para serem seguidas e obedecidas. O determinismo é
incompatível com o livre-arbítrio, mas não exclui a “vontade humana” (que
desemboca na responsabilidade por seus atos), que é o termo usado para
referirmos ao arbítrio. Que existe arbítrio, isto é fato. Só que o arbítrio não é
livre. Podemos provar isso sem usar a Teologia, dando como exemplo
circunstâncias empíricas, tais como: uma pessoa traumatizada com a dor de dente

156
não consegue escolher a profissão de dentista. Ela está sob influência de seu
TRAUMA interno. Ela pode negar isso, mas os fatos não podem ser negados sob
o uso do senso comum. Outro exemplo: Se você foi picado por uma abelha,
dificilmente admitirá, em sã consciência, que escolheu passar por isso. Quem
escolhe uma terrível picada de abelha? A menos que se tenha uma INFLUÊNCIA
interna ou externa, ninguém se moveria. Você escolhe ser médico porque quando
criança sonhou com esse ofício por meio de influências alheias, ou, no mínimo,
está sendo influenciado pela VOCAÇÃO interna.
O Determinismo de Deus faz isso. Ele faz com que suas criaturas estejam sujeitas
a alguma influência, seja ela interna ou externa. Sendo assim, ainda que os
hereges tenham milhares de chiliques com a verdade exposta pela Escritura, eles
tem de lidar com o fato de que, ainda que colocássemos de lado a Bíblia, a
própria Ciência irá dizer que ele não possui o arbítrio livre, mas que ele sempre
será escravo de alguma coisa. No caso da Escritura, ou você é escravo do pecado
que herdou de Adão, ou você é escravo de Cristo. De modo que, ainda que não
possamos explicar esse mistério com nosso entendimento limitado, e,
considerando que a Bíblia não explica o “porquê” Deus determina todos os
acontecimentos e ações humanas e, mesmo assim, o homem continua
responsável por suas escolhas, nós, calvinistas, nos dobramos diante da verdade
divina sem questioná-la. Se houvesse a resposta do “porquê” Deus age assim,
certamente afirmaríamos. Todavia, o lema do verdadeiro cristão continua de pé:
“Onde a Bíblia se cala, nós nos calamos”. Isso é Determinismo Bíblico:
Soberania de Deus e Responsabilidade Humana são princípios que não se opõem
um ao outro, mas andam juntos. São milhares de versículos onde esses dois
acontecimentos ocorrem simultaneamente, ou seja, o decreto de Deus sendo ali
estabelecido enquanto o seu preceito está sendo desobedecido por determinação
do próprio Deus que proibiu a desobediência. Em poucas palavras, o
Determinismo Bíblico defende que Deus determina que um homem faça aquilo
que Ele mesmo reprova. Mas, como isso ocorre? A Bíblia não responde. Por isso
ela é determinista. Ela determina, mas não dá explicações ao homem.
● FATALISMO: A crença de que "o que será, será", já que todos os eventos
passados, presentes e futuros já foram predeterminados por Deus ou outra força
poderosa. Esta doutrina antibíblica sustenta que, se as nossas almas vão para o
céu ou para o inferno, independente de nossas escolhas, significa que não
precisamos nos responsabilizar ou nos mover para nada. O Fatalismo vai de
encontro com o Determinismo Bíblico porque lança na fogueira todas as
passagens em que o homem é responsabilizado por suas obras, mesmo Deus
tendo o predestinado para aquilo. Isso não é e nunca foi a Soteriologia Calvinista.
E sempre que um pseudo-cristão, herege ou arminiano (dá no mesmo) vier até

157
você para apontá-lo como fatalista por crer na Doutrina da Eleição e da
Predestinação Ativa, leve-o a se questionar, antes, o que venha a ser Fatalismo.
Após isso, é só ver a mágica acontecer. Ou o indivíduo se manterá em estado
circular, repedindo e repedindo aquilo que ele não pode provar nem contradizer,
ou simplesmente ficará furioso com você e o acusará de não ter o “espírito” (eu
sempre escuto essa).

DEUS DECRETA TUDO, INCLUINDO O


PECADO

As Escrituras são claras ao nos mostrar que: (1) Deus é a causa primeira de todas
as ações e coisas naturais (Is 26.12; Rm 11.36; Ef 1.11; Sl 33.15; Pv 21.1; At
17.28; Tg 4.15); (2) Deus predetermina as ações naturais nas quais o pecado está
anexado, como vemos no caso em que José foi vendido ao Egito pelos seus
irmãos (Gn 45.5-8; 50.20; At 7.9) e na crucificação de Cristo (Mt 26.24; Lc
22.22; Jo 19.10-11; At 2.23; 4.28); (3) Deus faz uso de instrumentos perversos
para punir seu povo (Is 10.5-6; Jr 16.16; Sl 105.25; Jó 1.21); (4) a mão de Deus
age imediatamente no ato do pecado (2Sm 12.11; 16.10-22; 24.11; 1Rs 11.31-37;
12.24; 2Rs 9.3; 10.30; 1Rs 22.23; Ap 17.17); (5) a permissão eficaz de Deus para
que o pecado seja praticado é mais comum do que se imagina (1Sm 2.25; Jó
12.16-20); (6) o endurecimento judicial de Deus sobre o coração dos pecadores é
tão claro como a neve (Sl 81.12; 69.22-27; Rm 11.10; Is 6.10; 29.10; 19.11-14;
44.18-19; 60.2; Rm 1.28; 2Ts 2.11). Portanto, temos a natureza do
endurecimento judicial de Deus sobre os corações dos ímpios em seis
proposições. Finalmente, (7) Deus regula o pecado para a sua glória (Êx 9.14-16;
Pv 16.4; Rm 9.21-22; 1Pe 2.8).

158
O AUTOR DO MAL E A ORDEM DOS SEUS
DECRETOS

"Eu formo a luz, e crio as trevas; Eu faço a paz, e crio o mal; Eu, o Senhor, faço
todas estas coisas" (Isaías 45:7).
A teoria do livre arbítrio é obsoleta e não possui mais a força necessária para
convencer as mentes pensantes. Nenhum homem que pense racionalmente irá
acreditar nesta fábula. A Bíblia não menciona esse conto de fadas. Mesmo assim,
mantenho um desafio aos defensores dessa ideia ilusória: Tente, por si mesmo,
não pecar por um dia. Se você conseguir, eu jogo minha bíblia fora e passo a
acreditar no livre arbítrio e descarto a verdade inexorável de que Deus decretou
todas as ações humanas, incluindo o pecado.
Alguém poderá perguntar: "Mas, se não podemos impedir o pecado em nossas
vidas, de que maneira somos salvos? Como iremos para o céu?" A resposta para
isso é que não somos salvos por obedecer a Deus (a obediência é resultado da
salvação, e não um pré-requisito para ser salvo), mas por crermos em Jesus
Cristo como único Salvador e por nos arrependermos de nossos pecados em todo
o tempo em que vivemos.
"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de
Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura
Sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para
que andássemos nelas" (Efésios 2:8-10).
"Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a
Sua boa vontade" (Filipenses 2:13).
As Escrituras nos mostram claramente que Deus é o Autor sem par de todas as
coisas, tanto do bem como do mal. Por isso, não devemos confundir a ordem dos
decretos de Deus com a ordem de sua aplicação histórica. Com efeito, aliás, no
que concerne à aplicação histórica, Deus realmente espera a queda do homem
para depois aplicar sua salvação. Mas aqui estamos lidando com metafísica, e,
neste caso, a cadeia dos decretos de Deus pode ser esboçada da seguinte maneira:
(1) Glória de Deus (o fim último de todos os movimentos);
(2) eleição de alguns indivíduos para a salvação e de alguns indivíduos para a
condenação;
(3) provisão de uma salvação para os eleitos;
(4) aplicação dos benefícios redentores de Cristo aos eleitos;
159
(5) queda do homem; e
(6) criação.
Por isso diz a Escritura: Jesus é a "Pedra de tropeço e Rocha de escândalo para
aqueles que tropeçam na Palavra, sendo desobedientes; para o que também
foram DESTINADOS. Mas vós (os salvos) sois a geração ELEITA, o sacerdócio
real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele
que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz" (1 Pedro 2.8-9).
"O Senhor fez todas as coisas para atender aos Seus próprios desígnios, até o
ímpio para o dia do mal (...). Os dados são lançados na mesa, mas do Senhor
procede toda a determinação" (Provérbios 16.4,33).

O AUTOR DO MAL SEGUNDO A BÍBLIA

1. A FÁCIL COMPREENSÃO DO QUE ESTÁ REVELADO


A Teodiceia bíblica é óbvia e determinista, pelo menos para quem admite o que
está nas Escrituras. Deus criou o bem e o mal e continua sendo Bom e Santo.
Sim, Deus não somente criou o bem, como também criou o mal e o pecado que
será praticado pelo pecador. Apologética é fácil; porém, as doutrinas mais
simples das Escrituras são dificultadas por homens que tentam detectar
argumentos que possam defender Deus daquilo que Ele não precisa ser defendido
– de Sua soberania exaustiva em conformidade com Sua bondade e santidade.
As pessoas têm dificuldade em distinguir o ato santo de Deus em criar o "pecado
como conceito" da "prática do pecado". Deus decreta que o homem peque por
razões não pecaminosas, e isto, por mais absurdo que nos pareça humanamente,
não afeta o caráter santo e bondoso de Deus. Essas pessoas não notam a distinção
clara entre “criador do mal” e “praticante do mal”. Se eu escrevo um livro, eu
crio os personagens e defino cada uma de suas características, peculiaridades,
distintivos, emoções, atos e pensamentos. Eu, o autor do livro, determinarei
como tudo irá acabar, assim como fiz com que tudo se estabelecesse desde a
primeira página. No entanto, quem são os responsáveis pelos seus atos? O autor
do livro ou os personagens? A resposta é “os personagens” por uma questão de
lógica: Eu, o autor do livro, determinei que os personagens fossem os
responsáveis por cada uma de suas ações, sejam em pensamentos, palavras ou em
obras. Como dono da obra, tenho o poder e o direito de fazer o que bem entendo
com os personagens que criei para minha própria satisfação como dono da obra,
sem que isso afete a minha índole.

160
Quando cristãos (em especial os ditos protestantes reformados) são questionados
se Deus é o “autor do pecado”, eles são rápidos em dizer: “Não, Deus não pode
ser o autor do pecado”, e, então, começam a se retorcer, batem a cabeça na
parede, perdem o sono durante noites e se contorcem no chão tentando atribuir ao
homem algum poder de “auto-determinação”, isto é, algum tipo de liberdade que
torne o homem culpado (mesmo quando não há nenhuma relação estabelecida
entre liberdade e culpabilidade), e, todavia, ainda deixar Deus com a
soberania “total”.
Em contrapartida, quando alguns “calvinistas de vitrine” alegam que minha
convicção da soberania divina faz de Deus o autor do pecado, minha tendência é
reagir dizendo: “E daí?”. Cristãos que discordam de mim cantarolam
estupidamente: “Mas ele faz de Deus o autor do pecado... ele faz de Deus o autor
do pecado...”. Contudo, a mera negação de uma premissa não serve de argumento
ou objeção, e eu jamais me deparei com um doutorzinho diplomado que
expusesse uma explicação sequer meio decente do que há de errado em Deus ser
o autor do pecado, em nenhuma obra teológica ou filosófica, escrita por qualquer
um deles, em qualquer época ou de qualquer perspectiva.

2. A EXPRESSÃO HEBRAICA PARA MAL: “RA”


“Eu formo a luz, e crio as trevas; Eu faço a paz, e crio o mal; Eu, o Senhor, faço
todas estas coisas” (Isaías 45.7)
A expressão hebraica usada para mal é “Ra”. Esta palavra é utilizada na Bíblia
tanto para referir-se ao *mal*, contrário de bem (moral), quanto para *mau*,
contrário de bom (adjetivo). Em Gênesis 2.9, 3.5 e 3.22, “Ra” é o termo hebraico
usado para definir o mal absoluto. Da mesma forma, o mesmo termo é usado em
Gênesis 6.5 para afirmar que o coração do homem é inclinado para o mal,
resultado de sua depravação total.
Eu poderia passar dias, meses e anos citando dezenas de outros textos bíblicos
onde “Ra” (mal ou mau) é expressado na Bíblia para definir tanto o mal moral e
absoluto quanto o mau adjetivo: nocivo, danoso, defeituoso, desastroso –
Contrário ao que é bom; muito ruim; moralmente reprovável; que faz maldades.
Tudo dependerá do princípio da hermenêutica irrefutável, isto é, do contexto em
que a palavra “Ra” está inserida. No caso de Isaías 45.7, por exemplo, a palavra
tem o seu significado mais amplo, significando tanto *mal* quanto *mau*.
Ora, qualquer teólogo honesto, ao atentar-se para todo o contexto do capítulo 45
de Isaías, pode constatar que o vocábulo hebraico “Ra” está claramente
apontando para mal moral e também para mal no que diz respeito à infelicidade
ou desastres naturais. Quando a passagem é verificada de forma minuciosa, fica
patente que Deus é o criador do mal. Tão clara como a neve, esta compreensão
virá à tona se percebermos que o autor inspirado nesse capítulo apresenta Deus
como absolutamente SOBERANO e CONDUTOR sem par da história (incluindo
161
a de Ciro). Para provar este ponto, basta que analisemos passagens que nos falem
mais claramente:
“E não nos *conduzas* à tentação; mas livra-nos do *mal*; porque teu é o
reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém” (Mateus 6.13).
Perceba que Mateus 6.13 está falando de tentação. Sabemos que o tentador é
satanás, e que seu objetivo é nos convencer a pecar (Mt 4.1). Logo, o termo “Ra”
(mal ou mau) usado em Mateus 6.13 é para definir o mal moral – perversão,
pecado, transgressão (grego – Kakós)..., e se você nega a autoria e domínio de
Deus sobre o mal, não tem o direito de orar com estas palavras: “E não nos
*conduzas* à tentação; mas livra-nos do *mal*...!
Quando oramos com estas palavras, estamos, por definição, declarando que Deus
é o Autor do mal, pois Ele é quem nos conduz à tentação, assim como fez com
Seu próprio Filho (Mt 4.1). Contudo, Deus não tenta a ninguém e nem pode ser
tentado pelo mal, pois nEle não há trevas (Tg 1.13). Há de se compreender a
diferença entre criador e tentador. O criador é quem deu vida ao tentador, e
não o contrário. Nesse sentido, Deus, o Criador, é quem conduz o homem à
tentação, possui domínio sobre o tentador e rege todo o cenário, bem como as
criaturas que estão sob tentação, conforme os eternos decretos de um Deus
Soberano e que não deve explicações às suas criaturas (Lm 3.37). Isto é
biblicamente óbvio, irrefutável e cristalino. Somente incrédulos, pagãos,
moleques metidos a teólogos (na verdade são papagaios de outros homens que se
dizem teólogos) e pregadores inconstantes negam tamanha e estupenda verdade:
a de que Deus é o Autor de tudo quanto acontece, não sendo Ele o responsável
pelas ações humanas, mas o condutor destas ações, as quais Ele determinou [na
eternidade] que satisfariam toda a Sua vontade e, sobretudo, manifestariam a Sua
glória.
Tanto a ACF (Almeida Corrigida Fiel) quanto a ARC (Almeida Revista e
Corrigida), edição 1948 (NOTA 1) trazem esta mesma definição: “E não nos
induzas (ou “conduzas”) à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino,
e o poder, e a glória, para sempre. Amém” (Mateus 6.13).
O Espírito Santo conduziu Cristo para ser provado no deserto, Deus conduziu
Abraão para ser provado no Monte Moriá, e Deus nos conduz para sermos
provados: “Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias
tentações; sabendo que a prova da vossa fé opera a paciência” (Tiago 1.2-3).
Mas Deus NUNCA nos tentou (no sentido de operar o pecado diretamente) para
pecarmos. “Ninguém, sendo tentado, diga: 'De Deus sou tentado;' porque Deus
não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta” (Tiago 1.13). Neste sentido, a
Bíblia é clara e se explica a si mesma. Definitivamente, Deus a ninguém tenta,
mas conduz tudo e a todos, tanto a tentação como o tentador, bem como o
que está sendo tentado.

162
3. SOBERANIA DE DEUS E RESPONSABILIDADE HUMANA
3.1 – O mais terrível ato de maldade e injustiça moral na história da humanidade
foi decretado e executado ativamente por Deus através de agentes secundários:
“Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma
se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus
dias; e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão” (Isaías 53.10).
“Porque verdadeiramente contra o Teu santo Filho Jesus, que Tu ungiste, se
ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de
Israel; para fazerem tudo o que a Tua mão e o Teu conselho tinham
anteriormente determinado que se havia de fazer” (Atos 4.27,28).
– Quem se levantou contra Deus e o Seu Ungido (Jesus)? Os reis da Terra e os
governantes.
– Quem se reuniu para conspirar contra Jesus Cristo? Herodes, Pôncio Pilatos,
os gentios (nações do mundo) e os povos de Israel nesta cidade (Jerusalém).
– Quem determinou de antemão, segundo o Seu poder e Sua vontade, as ações
dos reis, dos governantes, de Herodes, de Pôncio Pilatos, dos gentios e de Israel?
DEUS.
Independente da inconformação dos que se opõem à soberania exaustiva de
Deus, e independente de pseudo-teólogos que abrem mão de uma hermenêutica
pressuposicional para dar lugar aos seus próprios conceitos baseados na emoção,
Deus ativamente decretou a morte de Cristo por uma boa razão, a saber, a
redenção dos Seus eleitos. Sendo assim, Deus cria e predestina o mal com bons
propósitos em mente, a fim de manifestar a Sua glória.
Entretanto, os inimigos da verdade (incluindo calvinistas professos) insistem em
dizer que, ao decretar que males aconteçam e que homens pequem, Deus se torna
mau em Si mesmo, o que implica em uma blasfêmia. Esse argumento é pobre,
fraco, débil e sem resquício de hermenêutica. Para provar este ponto, basta
lembrar que: (1) Deus está acima da Lei (Ele é a Lei). (2) Para que Deus seja mau
ao decretar o mal, é necessário que Ele crie uma lei dizendo que, ao criar e
decretar o mal, Ele se torna mau. Porém, Ele não o fez. Ao contrário, Sua lei
consiste em que Ele cria o mal, predestina homens a praticá-lo, responsabiliza o
homem pelo pecado e ainda assim Ele (Deus) continua sendo perfeitamente Bom
e Justo (Rm 9.13-24).
A Bíblia é determinista e não abre uma audiência para sugestões. Ela determina
que todo homem seja mau e Deus seja bom, em qualquer circunstância (Rm 3.3-
8).
3.2 – Assim como Deus predestinou a mais terrível ação pecaminosa registrada
na Bíblia e na história – a morte injusta de Cristo na cruz – para satisfazer a Sua
própria glória, eleitos e réprobos são ambos criados para este mesmo fim:

163
“Direi ao norte: Dá; e ao sul: Não retenhas. Trazei meus filhos de longe e
minhas filhas das extremidades da terra – a todo aquele que é chamado pelo
meu nome, e que criei para minha glória, e que formei e fiz” (Isaías 43.6-7).
“Nele, digo, em quem também fomos escolhidos, havendo sido predestinados,
conforme o propósito dAquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da
Sua vontade; com o fim de sermos para louvor da Sua glória, nós os que
primeiro esperamos em Cristo” (Efésios 1.11-12).
“E Eu endurecerei o coração de Faraó, para que os persiga, e serei glorificado
em Faraó e em todo o seu exército, e saberão os egípcios que Eu sou o
SENHOR...” (Êxodo 14.4).
“Porque diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei; para em ti
mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra... E
que direis se Deus, querendo mostrar a Sua ira, e dar a conhecer o Seu poder,
suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; para
que também desse a conhecer as riquezas da Sua glória nos vasos de
misericórdia, que para glória já dantes preparou...?” (Romanos 9.17,22-23).

4. ORANDO EM SUBMISSÃO A DEUS


“Por que, ó Senhor, nos fazes errar dos teus caminhos? Por que endureces o
nosso coração, para que não te temamos? Volta, por amor dos teus servos, às
tribos da tua herança” (Isaías 63.17).
Assim como o profeta acima, o genuíno cristão não deve sentir dificuldade
alguma em expressar tais palavras em sua oração. Quando clamamos a Deus em
oração – tendo em vista seus eternos decretos – não estamos o culpando por
nossos pecados, mas admitindo que sem Ele não podemos caminhar em Sua
direção, senão que a nossa única atitude será pecar contra o Criador. Assim como
Jó, olhamos para o alto, glorificamos a Deus pelos Seus desígnios e assumimos
nossas responsabilidades diante dEle. Se alguém nos questiona, dizendo: “Como
pode você adorar e servir um Deus que predetermina que males aconteçam,
incluindo pelas nossas próprias mãos?”, devemos responder da mesma forma que
Jó respondeu à sua esposa: “Como fala qualquer doida, falas tu; receberemos o
bem de Deus, e não receberíamos o mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus
lábios” (Jó 2.10).
Coloque os manuscritos de teólogos em segundo plano, submeta as tradições dos
reformadores à supremacia das Escrituras, reduza os documentos e concílios
legados pelo magistério das denominações religiosas à nada, e consulte somente
a Bíblia sob o princípio da hermenêutica irrefutável para, então, saber quem é o
Criador do mal. Abra mão de tradições de homens e olhe para as Escrituras. Você
verá que Deus é o Autor sem par de tudo – do bem e do mal.

164
5. SE PROSTRANDO DIANTE DA SOBERANIA DO CRIADOR
O apóstolo Paulo não usa meios termos quanto ao que de fato explica as más
ações dos ímpios destinados à perdição: “E por isso Deus lhes enviará a
operação do erro, para que creiam na mentira; para que sejam julgados todos
os que não creram na verdade, antes tiveram prazer na iniquidade” (2
Tessalonicenses 2.11,12). Deus envia um espírito (uma entidade maligna) sobre
os réprobos, de forma ativa (não “permissiva”), e ainda assim o homem é
responsável por não ter crido na verdade. Ponto final.
Da mesma forma, no livro de Lamentações o autor não poupa as palavras para
descrever Deus como o Autor do mal, atribuindo ao homem toda a culpa pelos
danos resultantes e advertindo que todo homem se incline perante o Senhor com
espírito de humildade: “Quem poderá falar e fazer acontecer, se o Senhor não o
tiver decretado? Não é da boca do Altíssimo que vêm tanto o mal como o bem?
Como pode um homem reclamar quando é punido por seus pecados?
Examinemos e submetamos à prova os nossos caminhos, e depois voltemos ao
Senhor” (Lamentações 3:37-40).
Deus quis criar o mal e responsabilizar a nós. Isso o torna Injusto? De maneira
alguma. Ele não deve explicações a ninguém e eu me prostro diante do
determinismo da Escritura. “Seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso.
Como está escrito: De modo que são justas as tuas palavras e prevaleces quando
julgas” (Romanos 3.4).

6. O MAL É UMA REALIDADE ATIVA NO MUNDO


Alguns seguidores de doutrinas de homens e de tradições ultrapassadas, com
base na Teodiceia de Agostinho, têm afirmado que o mal não possui existência
em si mesmo, e que ele não é algo que de fato exista, e sim uma corrupção do
que já existe. Ou seja, segundo a tradição destes, o mal seria a ausência, distorção
ou privação do que é bom. Ora, o que sobrará de tais teorias se tão somente
abrirmos a boca em favor da Palavra inspirada?
A Bíblia nos mostra claramente que o mal é um ser ATIVO no mundo: “Sede
sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando
como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pedro 5.8). O diabo é tão real
quanto o Seu Criador. Se o mal não existisse em si mesmo, Deus não teria nos
ordenado que o mortificássemos e lutássemos contra ele (Cl 3.5-8; Ef 6.12)!

165
7. DEUS DECRETA O PECADO E PUNE O PECADOR POR
SUA PRÓPRIA INIQUIDADE
“E se o profeta for enganado, e falar alguma coisa, eu, o Senhor, terei enganado
esse profeta; e estenderei a minha mão contra ele, e destruí-lo-ei do meio do meu
povo Israel. E levarão sobre si o castigo da sua iniqüidade; o castigo do profeta
será como o castigo de quem o consultar” (Ezequiel 14.9,10).
Visto que “nEle vivemos, e nos movemos, e existimos” (Atos 17.28), num nível
metafísico, é absolutamente impossível fazer algo em independência de Deus.
Sem Ele, uma pessoa não pode nem mesmo pensar ou se mover. Como, então, o
mal pode ser tramado e cometido em total independência dEle? Como alguém
pode ao menos pensar o mal à parte da vontade e do propósito de Deus? Ao invés
de tentar “proteger” Deus de algo que Ele não precisa ser protegido, deveríamos
reconhecer alegremente, com a Bíblia, que Deus decretou ativamente o mal, e
então, tratar com o assunto sobre esta base, com temor e reverência à Sua
Palavra. Quem é de Deus o teme e o obedece.

8. DETERMINISMO BÍBLICO
“A Este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus,
prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos” (Atos 2.23 – grifo
meu).
– Quem determinou tudo de antemão? Resposta: DEUS.
– Quem entregou Jesus para ser morto? Resposta: DEUS.
– Quem é o CULPADO pela morte de Jesus? Resposta: Os injustos.
– Quem está com as mãos sujas de sangue? Resposta: Os injustos.
Não é necessário que eu diga mais nada sobre esta passagem. Ela é tão clara
como o meio-dia: Deus predeterminou – na eternidade – que os injustos
matassem o Seu filho e os fez responsáveis por isso. Deus decreta o mal, mas
quem o pratica é o homem.

9. QUEM É O AUTOR E QUEM É O TENTADOR?


“Então Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo”
(Mateus 4.1).
– Quem é o Autor da história? Resposta: Deus.
– Quem está sendo tentado? Resposta: Jesus.
– Quem é o tentador? Resposta: O diabo.

166
Mais uma vez eu não preciso explicar nada. Não há necessidade de uma
exposição teológica aqui. Basta ser letrado e honesto com as Escrituras Sagradas.
O Espírito Santo levou Jesus para ser tentado pelo diabo. Perceba que quem
determinou que isso acontecesse foi Deus, não o diabo. O diabo apenas cumpriu
com a vontade de Deus.

10. DECRETO, PUNIÇÃO E RECOMPENSA SOBRE OS


HOMENS
“Continue o injusto a praticar injustiça; continue o imundo na imundícia;
continue o justo a praticar justiça; e continue o santo a santificar-se. Eis que
venho em breve! A minha recompensa está comigo, e Eu retribuirei a cada um de
acordo com o que fez” (Apocalipse 22.11,12).
Veja bem o que dito aqui. Deus decretou que o homem bom continue sendo bom
e que o homem mau continue sendo mau. E Ele recompensará a cada um pelo
que fizeram. Mas, por que Deus age assim? Essa é a pergunta que homens
carnais fazem a si mesmos. O fato é que Deus não pensa como nós. Nosso senso
de bondade e justiça não é igual ao padrão de bondade e justiça de Deus.

11. O CRIADOR, O CÃO E A COLEIRA


O diabo não é uma criatura que surgiu à parte de Deus. Ele também não é um
“deus menor” que fica competindo as almas com o Altíssimo, como numa luta de
boxe. Não há competidores contra um Deus onipotente. O nome disso seria
Dualismo teológico. Dois deuses competindo as almas dos homens. Apesar de
muitos negarem crer desta forma, eles pregam o evangelho com este
entendimento – o de que Deus está competindo com Satanás de alguma forma.
Uma das falácias que podem ser descritas dentro do dualismo teológico é a
crença de que o homem pode perder a salvação, como se o diabo tivesse o poder
de tirar algum eleito das mãos de Deus. Mas a verdade é que a salvação dos
eleitos foi conquistada por Cristo na cruz do calvário. O homem não pode se
salvar por si mesmo. Essa salvação já foi conquistada. Foi Cristo quem nos
escolheu e ninguém pode nos arrebatar de Suas mãos. Quanto àqueles que hão de
se perder, eles não podem fazer nada para se salvar, por mais que busquem pelos
seus próprios esforços (Hb 12.17).
“O Senhor disse a Satanás: ‘Pois bem, ele está nas suas mãos; apenas poupe a
vida dele’. Saiu, pois, Satanás da presença do Senhor e afligiu Jó com feridas
terríveis, da sola dos pés ao alto da cabeça” (Jó 2.6,7).
Embora a realidade que nos cerca no mundo espiritual seja inconcebível à mentes
carnais, o que está escrito permanece. Nenhuma hoste espiritual, homem ou
criatura pode se mover sem o comando de Seu Criador. Satanás não é um
oponente que desconhece os propósitos de Deus. Ao contrário, ele é um cãozinho

167
na coleira de Seu Dono e sabe muito bem (sabe mais do que muitos homens) o
fim para o qual está destinado.

12. DEUS CRIOU O MAL E CONTINUA SENDO BOM


Muitos chamam de “hiper-calvinismo” aquilo que é e sempre foi o calvinismo
ortodoxo. Nenhuma criatura é e nunca foi, de algum modo, livre de Deus. Como
já fora provado, isso seria é dualismo. Portanto, não adianta recorrer à lista de
termos como “paradoxos bíblicos”, “vontade permissiva", “decreto permissivo"
(isso é que é um belo exemplo de paradoxo!), pois nada disso coaduna com a
consistência e lógica das Escrituras. Obviamente que Deus não transgride e nem
peca, pois Ele é a Lei (ex-lex). Deus não faz o que é mau, pois isso é atribuído
somente aos seres criados. Somente criaturas pecam, e é assim porque foi
decretado por Deus que assim seja. Ele decide e decreta ativamente o bem e o
mal em suas criaturas, como lhe aprouver, e isso é bom, simplesmente porque é
Deus quem faz.
Deus é bom e o homem é mau e responderá perante Deus pela sua rebelião. O
homem reluta em admitir tal verdade, pois, de alguma forma, quer manter algum
tipo de controle sobre o bem e o mal, por vezes até fazendo mau uso da Bíblia.
Ele sai em 'defesa de Deus' (como se um verme fosse capaz disso) dirimindo
verdades incontestes das Escrituras, e, ao declarar que Deus meramente
“permite” o mal, pensa poder “livrar” o Criador de ser mal visto pelos vermes.
Ora, Deus se mostra como Ele é (“Eu Sou o que Sou”) pela Sua própria Palavra.
Ele já respondeu com precisão! Quem somos nós para dizer que Sua resposta é
um “paradoxo”?
Que Seus filhos Lhe rendam glória!
Davi foi chamado “homem segundo o coração de Deus”, e, no entanto, fez
muitas coisas erradas (na verdade absurdas) e ainda assim não tinha qualquer
receio em dizer que tudo quanto ocorria, incluindo seus atos, vinha de Deus,
embora ele (Davi) assumisse a culpa pelos distúrbios de joelhos: “Os Teus olhos
viram o meu corpo ainda informe; e no Teu livro todas estas coisas foram
escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas
havia” (Salmos 139.16).

13. DEUS, O DIABO E O PECADO DO HOMEM


Entre as muitas objeções falaciosas e tolas contra o fato de que Deus é o Autor do
mal está o apelo à Tiago 1.13. Vejamos:
“Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser
tentado pelo mal, e a ninguém tenta” (Tiago 1.13).

168
Usar este verso para negar que Deus é o Autor do pecado é um dos maus usos da
Escritura sobre os quais eu adverti em muitos dos meus artigos sobre o tema. Ela
não é tão escandalosa como o abuso que muitos teólogos desonestos fazem de
Isaías, mas, todavia, é um mau uso do verso, e no sentido de que este mau uso é
muito mais popular e influente, ele tem sido um erro muito mais danoso.
Considere o contexto. Tiago está discutindo o desenvolvimento prático da fé
cristã em sua carta e, assim, ele freqüentemente enfatiza a responsabilidade direta
do cristão e de uma perspectiva cristã imediata. Tiago está apontando que o
cristão deve considerar e agir em suas lutas como um cristão; ele não está
tratando com metafísica. Em outras palavras, ele está tratando seus assuntos do
ponto de vista de um cristão com relação às suas considerações e
responsabilidades imediatas, e não com relação à princípios metafísicos mais
amplos. Não há nada neste verso sobre os eternos decretos de Deus. Tiago não
está tratando de predestinação aqui.
Contudo, quando estamos discutindo a “Soberania Divina Vs. Liberdade
Humana”, causa e efeito, etc., nós estamos tratando de fato com metafísica.
Certamente, as conclusões alcançadas neste nível carregam implicações
necessárias para a vida prática, e o que a Bíblia ensina sobre metafísica e vida
prática é completamente consistente uma com a outra. Todavia, é verdade que
enquanto a discussão permanecer num nível metafísico, o ponto de referência
será diferente, de forma que alguém deve ser cuidadoso para não inferir
invalidamente um princípio metafísico de um verso sobre instrução prática. Ou
seja, devemos tomar cuidado para não usar um verso sobre os preceitos de Deus
para concluir um assunto sobre os decretos de Deus. Os preceitos de Deus tratam
da vida prática do cristão, enquanto os decretos de Deus tratam daquilo que Deus
já decretou de antemão que aconteça, independente da minha obediência aos
Seus preceitos.
Com isto em mente, leia a passagem novamente. Ela não afirma ou nega que
Deus seja o Autor do pecado – ela não aborda o assunto de forma alguma. Sua
preocupação é completamente diferente. Ela apenas te diz que Deus não é o
tentador, o que é totalmente diferente de dizer que Deus não é o Autor do mal (ou
do pecado, se assim preferir).
Isto é, se Deus diretamente te faz pecar, isto O torna o “Autor” do pecado (pelo
menos no sentido errôneo que as pessoas freqüentemente usam a expressão), mas
o “pecador” ou “praticante do erro” ainda é você. Deus usa agentes secundários
para que o homem seja tentado, como o próprio coração do homem (Tg 1.14) e
Satanás e seus demônios (1Pe 5.8; 1Co 7.5; Ef 4.27). Visto que o pecado é a
transgressão da lei divina, para Deus ser um pecador ou praticante do erro, Ele
deve decretar uma lei moral que proíba a Si mesmo de ser o Autor do pecado, e,
então, quando Ele agir como o Autor do pecado de alguma forma, Ele se torna
um pecador ou praticante do pecado.
Porém, a menos que isto aconteça, Deus ser o Autor do pecado não O faz um
pecador ou praticante do pecado. Os termos “autor”, “pecador”, “praticante do
pecado” e “tentador” são relativamente precisos – pelo menos precisos o
169
suficiente para serem distinguidos uns dos outros. E o fato de Deus ser o “Autor”
do pecado não diz nada se Ele é também um “pecador”, “praticante do erro” ou
um “tentador”. E alguém não ser um praticante do erro significa, por definição,
que Ele não faz nada errado. Portanto, mesmo que Deus seja o Autor do pecado,
isso não significa automaticamente que haja algo de errado nisso ou que Ele seja
um praticante do pecado.
Certamente, ser “Autor” do pecado implica um controle muito maior sobre o
pecador e sobre o pecado do que ser um tentador. Apesar do diabo e a cobiça
poderem ser o tentador e você ser o pecador, é Deus quem diretamente e
completamente controla ambos, o tentador e o pecador – e a relação entre eles.
Embora Deus não seja o tentador, Ele deliberadamente e soberanamente envia
espíritos maus para tentar (1Rs 22.19-23) e para atormentar (1Sm 16.14-23,
18.10, 19.9). Em tudo isso Deus é justo por definição.
O verso de Tiago 1.13 está lhe dizendo que, quando você trata com a tentação,
você deve tratar diretamente com a sua cobiça, e não simplesmente culpar Deus e
não fazer nada depois, ou permanecer em seu pecado. O verso está falando da sua
responsabilidade como cristão. É pra você assumir o seu erro e nunca culpar a
Deus pelo seu pecado, uma vez que, apesar de Deus ter decretado suas más
ações, o pecador continua sendo você. Leia todo o capítulo 1 de Tiago e veja se
esta não é a ênfase óbvia. Ele trata com alegria, fé, perseverança, dúvida,
orgulho, desejo mau (cobiça), ira, corrupção moral e ser um praticante da
Palavra. Ele está tratando com as responsabilidades diretas do cristão na vida
prática, e ele faz isso as relacionando aos motivos internos e características da
pessoa.
No verso 13 de Tiago 1, ele está instruindo o crente sobre como se aproximar
corretamente de uma tentação – ele não está tentando explicar a metafísica por
detrás disso. Ele está considerando a responsabilidade do crente com respeito aos
fatores interiores na santificação, e não a causa metafísica ou princípio para estes.
Mas a causa metafísica ou princípio é exatamente o que estamos discutindo
quando consideramos se Deus é o Autor do pecado. Portanto, Tiago 1.13 não é
diretamente aplicável ao nosso assunto. Se alguém ainda deseja negar que Deus é
o Autor do pecado, ele terá que usar outra passagem das Escrituras.
Aqueles que citam Tiago 1 para afirmar que Deus não pode ser o Autor do
pecado podem usar o verso 17 para reforçar o entendimento deles do verso 13.
Ali diz: “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai
das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” (Tiago 1.17).
Contudo, se o verso 17 for interpretado de uma forma que seja consistente com a
interpretação deles do verso 13, então isto faria com que o verso 17 contradizesse
Isaías 45.7. Todavia, se o verso 17 for corretamente interpretado, de forma que
não mais contradiga Isaías 45.7, ele não mais reforça a falsa interpretação deles
do verso 13. Um exame mais detalhado do verso 17 terá que esperar até outra
hora, mas o que eu tenho simplesmente dito já torna a interpretação deles do
verso 17 impossível, de forma que não preciso dizer mais nada para o nosso

170
presente propósito. O ponto é que nada nesta passagem de Tiago nega (ou
afirma) que Deus é o Autor do pecado.
O motivo e efeito admitidos da resposta reformada popular é para satisfazer os
padrões humanos de justiça e retidão. Dabney, Shedd e outros admitem que a
resposta deles têm em vista satisfazer a intuição humana. Não fosse o fato da
soberania absoluta de Deus ser repugnante para a intuição humana pecaminosa,
feita defeituosa pelos efeitos noéticos do pecado, a questão sobre o “Autor do
pecado” não teria nenhum ponto de entrada lógico nas discussões teológicas de
forma alguma.
Em contraste, o método bíblico para este tipo de perguntas e objeções não é
justificar Deus, mas, em primeiro lugar, repreender o homem por questionar e
objetar a Deus por Ele ser quem Ele é e o que Ele faz ao decretar todas as coisas.
Isaías 45 é um exemplo:
“Eu sou o SENHOR, e não há outro; fora de mim não há deus... Eu sou o
SENHOR, e não há outro. Eu formo a luz e crio as trevas; Eu faço a paz e crio
o mal; Eu, o SENHOR, faço todas essas coisas...” (vs. 5-7 – grifo meu).
“Porventura, dirá o barro ao que o formou: Que fazes? Ou a tua obra: Não tens
mãos?” (vs.9).
“Ai daquele que diz ao pai: Que é o que geras? E à mulher: Que dás tu à luz?”
(vs. 10).
Em outras palavras, “Eu sou o único Deus. Seja na prosperidade ou no desastre,
Eu sou o criador de todas estas coisas! Não há outro Deus para fazê-las. Você
ousa me questionar sobre isto? Quem é você para objetar?”.
Note que, embora este verso possa não estabelecer conclusivamente cada detalhe,
diferentemente de Tiago 1.13, ele tem algo a ver com metafísica – com os eternos
decretos de Deus. Ele é o único Deus, e isso está inseparavelmente conectado ao
fato de que é este um e único Deus quem causa “todas estas coisas”, incluindo
tanto a prosperidade como o desastre. Ele é o criador de todas elas. Isto é uma
negação de qualquer tipo de dualismo – não há outro poder que possa causar
prosperidade ou desastre. (Alguns fazem uma distinção entre mal natural e moral,
mas a Bíblia diz que Deus causa ambos. Vide artigo “O Problema do Mal”, por
Vincent Cheung).
Deus não diz: “Oh, não! Eu não sou o Autor do pecado. Embora Eu seja a causa
última de todas as coisas, Eu me distancio de causar diretamente o mal ao
estabelecer causas secundárias e agentes livres. Assim, embora Eu crie e sustente
todas as coisas, os homens pecam livremente, pensando e agindo segundo as suas
próprias disposições. As disposições más vêm de Adão. Quanto a como Adão
adquiriu suas disposições más... bem, isso simplesmente terá que permanecer um
mistério para você”.

171
Se esta é a resposta de Deus, por que não pular direto para o mistério e nos
economizar algum tempo? Ainda bem que não é essa a resposta de Deus para
nós!
A Bíblia nunca responde a este tipo de questões e objeções dessa forma. Há
muitas passagens bíblicas dizendo que Deus causa todas as coisas, e a metafísica
por detrás disso é explicada pela onipotência de Deus – a mesma onipotência
criou tudo.
Por outro lado, todas as passagens que as pessoas usam para negar que Deus é o
Autor do pecado ou para provar o compatibilismo são apenas descrições de
eventos e motivos, sem tratar com a causa metafísica daqueles eventos e motivos.
Porém, ao invés de dar a resposta popular, que é fraca, evasiva, incoerente e
confusa, Deus, sem embaraço algum, diz: “Sim, Eu faço todas as coisas. O que
você vai fazer a respeito disso? Quem é você para sequer me questionar sobre
isso?”. Quando chegamos na metafísica, incluindo a relação de Deus com as
decisões humanas, seja para o bem ou para o mal, é assim que a Bíblia responde.

O TENDÃO DE AQUILES DOS QUE NEGAM A


SOBERANIA DE DEUS
Leiamos Romanos 9.19-21:

“Dir-me-ás, então: Por que Deus ainda nos responsabiliza? Porquanto, quem
resiste à Sua vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas?
Porventura, a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?
Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso
para honra e outro para desonra?”.
Novamente, isto tem algo a ver com metafísica (determinismo, liberdade, etc.),
visto que o contexto tem a ver com eleição e reprovação; tem a ver com o criar
do eleito e do não-eleito; tem a ver com como o oleiro faz o vaso à partir do
barro.
Paulo não diz: “Oh, não! Você não entende. Embora Deus determine todas as
coisas, Ele causa todas as coisas apenas te permitindo fazer decisões livremente
segundo a sua própria natureza, que veio de Adão, cuja natureza misteriosamente
de santa se tornou má, de forma que Deus não é o Autor do pecado e você é
responsável pelas suas próprias decisões e ações”. Não, Paulo não diz isso.
Pelo contrário, Paulo diz que o controle de Deus sobre os “vasos para honra” e
os “vasos para desonra” é como o controle do oleiro sobre uma massa de barro.
(Certamente, isto é apenas uma analogia; na realidade, o controle de Deus sobre
nós é muito maior do que o controle de um oleiro sobre o seu barro, visto que o
oleiro não criou o barro e seu controle sobre ele é limitado. Por exemplo, ele não
pode fazer com que o barro se torne ouro, mas Deus criou o próprio material com
o qual Ele trabalha e Ele tem controle completo sobre ele). E assim como a massa

172
de barro não pode questionar o oleiro, a resposta de Paulo ao objetor não é “Mas
você se tornou mal por si mesmo” ou “Mas você pratica o mal segundo a sua
própria natureza”, mas, pelo contrário, ele diz: “Porventura a coisa formada dirá
ao que a formou: Por que me fizeste assim?” (vs. 20 – afirmando assim que os
réprobos são feitos réprobos por Deus e que eles não têm direito de reclamar).
Paulo também não diz “Mas Deus não é o Autor do pecado”. Pelo contrário, ele
diz “Deus tem o direito de fazer uma pessoa justa e outra pessoa má; de salvar
uma e condenar outra. Certamente ninguém pode resistir a Sua vontade! Mas
quem é você para replicar?”.
Esta é a atitude da Bíblia. Ela repreende o objetor e responde a objeção ao
mesmo tempo. Mas a resposta não nega que Deus é a causa direta do pecado;
pelo contrário, ela ousadamente diz que Deus tem o direito de fazer tudo o que
Ele quer e que Ele faz tudo o que Ele quer. Ao invés de dar um passo para trás ou
para o lado, ela dá um passo em direção ao objetor e dá-lhe uma bofetada na
cara!
E esta é a resposta de Deus. Ela é forte, direta, simples, coerente e irrefutável. Ela
é perfeita.

14. UM ALERTA SOBRE O DUALISMO TEOLÓGICO


A filosofia dualista, adotada por seitas como o Arminianismo e Pentecostalismo,
consiste no ensino de que o bem foi criado por uma divindade e o mal foi criado
por outra divindade (ou seja, existem dois criadores). Esta heresia tem se
espalhado drasticamente até mesmo pelos corredores das denominações
protestantes históricas e não condiz com a soberania do Deus revelado nas
Escrituras. Em sua premissa original, o dualismo religioso afirma que, no mundo,
há duas forças mutuamente hostis, sendo que uma delas é a origem de todo bem e
a outra a origem de todo mal. A heresia é sutil e passa desapercebida, pois tem
uma conotação própria em cada movimento adepto da respectiva filosofia (direta
ou indiretamente). Algumas ditas “igrejas” (se é que podemos chamá-las assim),
na tentativa de driblar a autoria de Deus sobre o mal, afirmam que o mal não
possui existência própria (???) e que não passa de uma “ofuscação do bem”.
Outras dizem que o mal se auto-criou (do nada)... e outras ainda dizem que o
criador do mal é o diabo. Outras vão ainda mais longe, afirmando que o homem
criou o mal ao desobedecer a Deus (como se um verme fosse capaz de dar
origem a alguma coisa no universo). Seja como for, são muitas as ramificações
desse movimento, cada uma com um interesse distinto... e muitas vezes até
político.

173
CONCLUSÃO
Deus criou TUDO. O diabo é o diabo de Deus. Ele é um cãozinho na coleira de
Seu Criador e só age de acordo com o Seu comando. Muitos pensam, por
consequência do dualismo teológico, que o diabo reina ou reinará no lago de
fogo, onde o tormento é eterno. Não. DEUS é quem reina e reinará sobre tudo.
Isso é muito pior do que qualquer outra “má notícia”.
Sendo assim, podemos e devemos afirmar, sem falso temor, que Deus é o criador
do mal e também do mau. Ele é o Autor de tudo. Quem mais pode criar alguma
coisa? De fato, é realmente triste ver o cenário que hoje se autoproclama
“cristão”, tudo para de alguma forma defender Deus daquilo que Ele não precisa
ser defendido – de conceitos humanistas e limitados sobre quem Ele é e o que Ele
faz.
“Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez”
(João 1.3).

VONTADE PRECEPTIVA E VONTADE


DECRETIVA

É necessário entender que existem, no caráter soberano de Deus, duas vontades,


porém, com um único intuito: Glorificar o seu nome. Quais são essas DUAS
VONTADES? Vontade Preceptiva e Vontade Decretiva:

O que a Bíblia quer dizer quando fala da vontade de Deus? Deus sempre impõe
sua vontade? Pode a vontade de Deus ser resistida ou frustrada? Considere os
seguintes textos:

“Bem sei que tudo podes, e que nenhum dos teus planos pode ser frustrado”
(Jó 42.2).

“Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua
vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem
lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Dn 4.35).

“No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada” (Sl 115.3; cf Ef 1.11).

Todavia, a Bíblia também diz que a vontade de Deus é que todos os homens
sejam salvos (1Tm 2.4) e que todos cheguem ao arrependimento (2Pe 3.9). Como

174
podemos reconciliar essas duas declarações aparentemente contraditórias às
mensagens relacionadas aos seus decretos eternos? Uma resposta é encontrada na
distinção entre a vontade preceptiva de Deus e sua vontade decretiva.

Considere Êxodo 4.21-23 e a dureza do coração de faraó. Deus, através de


Moisés, ordenará que Faraó deixe o povo ir. Esta é a vontade preceptiva de
Deus, isto é, sua vontade de preceito ou ordem. Ela é o que Deus diz que deveria
acontecer. Podemos também chamar isso de vontade revelada de Deus ou de
vontade moral. Mas Deus também diz que endurecerá o coração de Faraó, de
sorte que Faraó recusará a ordem de deixar o povo ir. Esta é a vontade decretiva
de Deus, ou seja, sua vontade de decreto ou propósito. Neste ponto estamos
lidando com metafísica; com coisas que acontecem nos lugares celestiais, onde o
homem não tem acesso. O que Deus decretou acontecerá. A vontade decretiva de
Deus é também conhecida como sua vontade oculta, ou vontade soberana ou
vontade eficiente. Assim, o que vemos [em Êxodo] é que Deus ordena que Faraó
faça algo que a vontade do próprio Deus não permite. A boa coisa que Deus
ordena Ele impede. E aquilo que Ele decreta que aconteça envolve pecado.

Assim, a vontade decretiva de Deus refere-se ao secreto, tudo que engloba seu
divino propósito de acordo com o que Ele predestinou, seja o que for que venha a
acontecer. Sua vontade preceptiva refere-se às ordens e proibições nas Escrituras.
Alguém necessita contar com o fato de que Deus muitas vezes decreta aquilo que
Ele mesmo proibiu. Ou seja, a sua vontade preceptiva é uma ordem de que o
evento X deve ocorrer, ao passo que nas Escrituras a vontade decretiva de Deus
irá fazer com que o evento X não ocorra.

A vontade de Deus é às vezes frustrada porque Ele assim o quer, pois Ele tem
dado a um dos seus desejos precedência sobre outro. Deus não planeja causar
tudo o que Ele valoriza, mas Ele nunca falha em causar tudo o que Ele planejou.

175
CAPÍTULO 4
DÍZIMO, OFERTAS, CONTRIBUIÇÃO, ETC.

A VERDADE SOBRE O DÍZIMO

Este artigo se trata de uma exortação aos que inutilmente se esforçam em


“agradar a Deus” com porcentagens monetárias fixas e mensais em suas
denominações religiosas, achando que Deus requer do crente alguma quantia em
dinheiro para, assim, conceder a salvação a ele. O fato de as pessoas carregarem
essa "carga" levítica nos ombros (por mais que não admitam) torna o ato
"dizimista" penoso e perigoso para a vida espiritual. Acredite, caro leitor: você
ganhará mais espiritualmente em buscar entender que não há dízimos a serem
pagos em algum templo religioso do que em empenhar-se nesta labuta inútil
chamada "Dízimo".
Quando um fiel compreende o que é ofertar financeiramente na igreja, a fim de
ajudar a manter a obra do Senhor e suprir as necessidades dos mais pobres da
Igreja de Deus, no intuito de cooperar com a congregação dos santos, ele passa a
ser livre e apto para contribuir com a quantia proporcional à sua renda, sem
nenhuma imposição da lei. Todavia, para se ter um entendimento claro sobre o
tema, é necessário saber distinguir as “Ordenanças Judaicas” das “Leis de Cristo”
no cristianismo.

DESVENDANDO O MITO
A prática do dízimo (dar 10% da renda para uma instituição religiosa) se tornou
parte integrante dos cultos nas igrejas denominacionais. Todavia, o dízimo nunca
fez parte da doutrina dos apóstolos; a doutrina do dízimo é uma instituição
claramente judaica; trata-se nada mais do que uma ordenança adotada pela
cristandade da ordem de coisas do Judaísmo. A epístola aos Hebreus chama essa
ordem de coisas de "arraial" (Lv 27.30-34; Nm 18.21-24; Hb 13.13). O dízimo
não tem lugar no cristianismo. O cristianismo funciona sob princípios
completamente diferentes do sistema da lei mosaica. Sendo assim, impor tal
padrão sobre os filhos de Deus no cristianismo é não entender a graça e a
diferença que existe entre judaísmo e cristianismo; entre Israel e Igreja.

176
O dízimo era uma instituição exclusiva do Israel de Deus, imposta aos filhos de
Israel que estavam debaixo da lei. Por outro lado, no cristianismo, o novo homem
não precisa de uma lei. O homem verdadeiramente convertido a Cristo se deleita
em agradar a Deus e fazer a Sua vontade (Rm 8.4). Portanto, colocar o novo
homem, nascido de novo em Cristo Jesus, debaixo da lei e sob qualquer
ordenança judaica como o Dízimo é achar que existe algo nesta vida que poderia
agir fora da vontade de Deus. O fato é que não existe tal impulso legalista em um
crente na dispensação da graça que esteja andando no Espírito.
No judaísmo não importava se a pessoa queria ou não dizimar (fazer sacrifícios
de animais e plantações), pois, mesmo assim, tal pessoa era obrigada a se
desfazer de seus 10% de renda e devolvê-la à “Casa do Tesouro”, a qual não
existe mais. Essa era a lei. A contribuição na Igreja de Deus, seja ela monetária
ou em mantimentos, não se baseia sob tais princípios judaizantes. No momento
em que o cristão faz uma contribuição, ele está se colocando sob princípios muito
mais elevados do que aquele conhecido no judaísmo como Dízimo.
A Bíblia é muito clara ao nos mostrar que os crentes do Novo Testamento nunca
são ordenados a dizimar. As passagens de Mateus 22.15-22 e Romanos 13.1-7
nos revelam a única “doação” que é requerida do crente na era da igreja, que é o
pagamento de impostos para o governo. É interessante notar que nós, na
América, atualmente pagamos entre 20 e 30 por cento de nossos rendimentos
para o governo – uma figura muito similar à exigência do dízimo na teocracia de
Israel.

O DÍZIMO NO JUDAÍSMO
Para o funcionamento da lei do dízimo, é necessário haver um sacerdote. Para ter
sacerdote, é preciso ter “o Templo onde habita o Nome do Senhor” (Dt 12.11). O
único templo permitido para culto, adoração e pagamento do dízimo era o
Templo de Jerusalém. Mas esse templo não existe mais. Ele foi destruído no ano
70 d.C, como profetizado por Jesus. Além do mais, seria necessário que
estivéssemos ainda “debaixo da lei”, a lei cerimonial ordenada aos judeus. Mas
não pense que ao cumprir a lei do dízimo você ficaria isento do restante das leis
exigidas pela Torá. Como será mostrado mais à frente, a Bíblia diz que quem
vive pela lei e tropeça em um só ponto dela é culpado de transgredir toda a lei.
Quem vive por estas leis, por elas será morto. Todo aquele que vive por estas leis
deve cumprir cada vírgula dela e não somente uma parcela dela.
“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha
casa” (Malaquias 3.10).

177
Onde estão os outros dízimos que a Lei exige? Por que os – assim intitulados –
pastores estão os omitindo? Sei que os advogados do “Dízimo” gostam de usar
este versículo como pretexto para arrecadação de dinheiro dos fieis inseridos em
suas denominações. Sinto muito em desapontá-los, mas, este versículo se trata de
uma repreensão feita por Deus ao povo judeu por sua desobediência às leis de
Moisés, e não tem nada sobre a prática da Igreja de Deus aqui. Estamos falando
da dispensação da lei, não da graça. Estamos falando do Velho Testamento. No
versículo 7 da passagem de Malaquias 3, vemos a razão de Deus ter dito isto aos
judeus:
“Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os
guardastes” (Malaquias 3.7).
Quais eram os estatutos instituídos por Deus aos judeus? Será que eram iguais
aos dos cristãos? Não. As leis cerimoniais regulavam o ministério no santuário
do Tabernáculo e, posteriormente, no Templo. Elas tratavam também da vida e
do serviço dos sacerdotes. Na Bíblia encontramos três tipos de leis: Lei Civil, Lei
Cerimonial e Lei Moral. Ainda falaremos sobre o respectivo tema. Voltemos
nosso foco para o Dízimo.

O QUE DEUS DIZIA PARA OS JUDEUS


"Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos*, e não os
guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós, diz o Senhor dos
Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar? Roubará o homem a
Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e
nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim,
toda esta "nação" (Israel). Trazei todos os dízimos** à casa do tesouro, para
que haja mantimento na minha casa (Templo de Jerusalém), e depois fazei prova
de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do
céu (Chuva), e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar
suficiente para a recolherdes (os alimentos provenientes do plantio voltariam a
crescer)" (Malaquias 3.7-10). (Ênfase minha).
Nota*
Estatutos – Ordenanças da Lei Mosaica.

178
Nota**
Dízimos – Existiam CINCO tipos de dízimo, os quais são:

O DÍZIMO DE ABRAÃO – A primeira vez que a palavra “Dízimo” é


mencionada na Bíblia é em Gênesis 14.20: “E deu-lhe o dízimo de tudo”. Esta
atitude de Abrão foi voluntária e isolada. Abrão nunca mais dizimou em sua vida.
Também é importante entender que esse dízimo não provinha de seus próprios
bens, mas dos despojos da guerra contra Sodoma e Gomorra. Abrão pegou dos
bens do rei de Sodoma que havia recuperado e deu 10% deles a Melquisedeque.
Repare que Abrão não deu do que era seu, mas do que era do rei de Sodoma. O
rei de Sodoma ofereceu que Abrão ficasse com os 90% de seus bens, mas este
recusou-se a aceitar até mesmo a correia de uma sandália. Portanto, nada do que
Abrão deu a Melquisedeque era realmente seu. Falaremos mais sobre esse dízimo
de Abrão como introdução do tema “Dízimo”.

O DÍZIMO DOS LEVITAS (Números 18.21-24) – Primeiro dízimo da Lei,


sendo ele entregue anualmente. “Aos filhos de Levi dei todos os dízimos em
Israel por herança, pelo serviço que prestam, serviço da tenda da congregação”,
disse Deus (Nm 18.21). Os levitas passaram a receber esse auxílio consagrado
porque não tinham nenhuma herança no meio dos israelitas (Nm 18.23). Essa
contribuição servia para a sua manutenção.

O DÍZIMO DOS DÍZIMOS – Também anual, outro tipo de dízimo que


havia era o dízimo dos dízimos, retirado do que os levitas recebiam dos israelitas.
Os levitas deveriam levar esse dízimo à Casa do Tesouro, que se encontrava
numa repartição do Templo de Jerusalém. Essa contribuição era “considerada
equivalente à do trigo tirado da eira e do vinho do tanque de prensar uvas” (Nm
18.27).
Em Neemias 10.38 está escrito que “o sacerdote, filho de Arão, estaria com os
levitas quando os levitas recebessem os dízimos, e que os levitas trariam os
dízimos dos dízimos à Casa do nosso Deus, às câmaras da casa do tesouro”.
Números 18.26 fundamenta esta verdade: “[…] também falarás aos levitas e dir-
lhes-ás: Quando receberdes os dízimos dos filhos de Israel […], deles
oferecereis uma oferta alçada ao SENHOR: o dízimo dos dízimos […] e deles
dareis a oferta alçada do SENHOR a Arão, o sacerdote”.

179
O DÍZIMO DAS FESTAS (Deuteronômio 14.22-27) – Igualmente anual, o
quarto tipo de dízimo mencionado na Bíblia é o dízimo festivo. Sobre este
evento, Deus havia dado ordem para que, dentre os holocaustos, os sacrifícios, as
ofertas alçadas, os votos, as ofertas voluntárias e a entrega dos primogênitos, os
israelitas trouxessem ao lugar que Ele escolheria também os dízimos que
deveriam ser extraídos dos nove décimos restantes da produção do povo, já que
este deveria entregar aos levitas um décimo de suas colheitas, frutas e animais
dos rebanhos.
Nesse lugar que Deus, à época, iria escolher – ou seja, posteriormente Jerusalém
–, o povo de Israel deveria comer esses dízimos perante o Senhor e se alegrar em
Sua presença, celebrando a ocasião de maneira festiva (Dt 12.5-6, 11-12, 17-19).

O DÍZIMO TRIENAL OU DÍZIMO DA CARIDADE (Deuteronômio


14.28,29) – Este dízimo era usado de três em três anos para aliviar as
necessidades dos levitas, estrangeiros, órfãos e viúvas. Podemos entender acerca
do quinto tipo de dízimo pelo que está escrito em Deuteronômio 14.28-29:
“Ao fim de três anos, tirarás todos os dízimos da tua novidade no mesmo ano e
os recolherás nas tuas portas. Então, virá o levita (pois nem parte nem herança
tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas
portas, e comerão, e fartar-se-ão, para que o SENHOR, teu Deus, te abençoe em
toda a obra das tuas mãos, que fizeres”.
Como mencionado, essa contribuição caridosa era feita a cada três anos, e era
chamada de “o ano dos dízimos” (Dt 26.12). Ela não deveria ser levada ao
tabernáculo, mas sim compartilhada com os pobres daquele tempo. Era um
mandamento divino (Dt 26.13-14) e trazia consigo grandíssimas promessas de
Deus:
“E o Senhor hoje te declarou que tu lhe serás por seu próprio povo, como te tem
dito, e que guardarás todos os seus mandamentos. Para assim te exaltar sobre
todas as nações que criou, para louvor, e para fama, e para glória, e para que
sejas um povo santo ao Senhor teu Deus, como tem falado” (Deuteronômio
26.18,19).
Portanto, é de se admirar que as denominações religiosas estejam tentando omitir
isso ao povo cristão, quando falam somente de um dízimo religioso, ou seja, o
que é citado em Malaquias 3, simplesmente porque este se encaixa melhor em

180
seus propósitos e heresias, ignorando os outros quatro importantes dízimos
religiosos da Bíblia.

E O "DEVORADOR" DO VERSÍCULO 11?


Esta é mais uma das dúvidas mais frequentes quando o assunto é Dízimo. As
denominações religiosas, em especial as evangélicas, costumam dizer que o
“devorador” do verso 11 de Malaquias 3 é um demônio que rouba nossas
finanças quando não “pagamos o dízimo” para o “pastor” da “igreja”. Se eu fosse
citar as passagens mais usadas por estelionatários da fé, certamente essa estaria
no topo.
Para facilitar, vamos colocar novamente os significados do texto para chegarmos
à conclusão óbvia de quem seja esse “devorador” tão temido pelos dizimistas
modernos:

1 – A nação com quem Deus está se comunicando é Israel.


2 – A Casa para onde deveriam levar os dízimos (alimentos) era o Templo de
Jerusalém, o lugar que o Senhor escolheu para habitar o Seu nome na
dispensação da lei.

3 – Quando Deus promete que irá “abrir as janelas do céu e derramar bênçãos”
sobre o Seu povo Israel, Ele está se referindo à chuva, pois sem a chuva não há
alimento para se colher. Quando os israelitas voltassem a cumprir com a lei do
dízimo, os alimentos provenientes do plantio voltariam a crescer.

4 – Finalmente, chegamos no versículo 11, o qual eu deixei para mencionar


somente agora, pois minha intenção é mostrar ao leitor que o contexto de toda a
passagem se refere a um simples inseto, e não a um demônio querendo fazer os
fieis ficarem pobres; muito menos na era da Igreja, visto que estamos falando de
um contexto judaico, onde a Igreja nem mesmo existia.
Observemos a passagem tão temida:
“E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da
vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o Senhor dos
Exércitos” (Malaquias 3.11).
Deus acaba de concluir Sua promessa de que a terra de Israel não seria mais
estéril, ou seja, voltaria a dar frutos para que os judeus pudessem se alimentar,
fazer holocaustos e sacrifícios de animais.

181
Hoje vemos que o “devorador” de Malaquias 3 possui até um nome artístico e
bem sensacionalista: “Demônio das Finanças”. Mas, de onde tiraram essa ideia?
Obviamente que da Bíblia não. A verdade é que o devorador que Malaquias cita
aqui era simplesmente um “gafanhoto” ou gafanhotos. Na Bíblia, os
gafanhotos recebem vários nomes, tais como: gafanhotos, migrador, devorador
e destruidor. Esses gafanhotos destruíam as colheitas e videiras por onde quer
que passassem, aniquilando os frutos da terra (Lv 11.22; Am 4.6-11; Jl 1.3-4).
O devorador não é um demônio; ele não é um ser maligno que vem para roubar
o seu dinheiro e fazê-lo ficar pobre se você não pagar o dízimo, como é ensinado
hoje por hereges estelionatários e facínoras que vendem um evangelho
prostituído para se enriquecerem às custas da ignorância dos membros de suas
denominações (seitas).
Preste atenção nesta passagem de Joel 1.4:
“O que o gafanhoto cortador deixou, o gafanhoto peregrino comeu; o que o
gafanhoto peregrino deixou, o gafanhoto devastador comeu; o que o gafanhoto
devastador deixou, o gafanhoto devorador comeu” (Joel 1.4).
A quem a Bíblia chama de devorador? Ao gafanhoto devorador. Quem era,
então, o devorador no Antigo Testamento? O texto sagrado acabou de nos
responder: Os gafanhotos. Não há uma linha sequer onde os demônios são
mencionados aqui.
Agora veja o texto de Joel 2.25:
"Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto migrador, pelo
destruidor e pelo cortador, o meu grande exército que enviei contra vós
outros" (Joel 2.25).
Quem é o migrador, o destruidor e o cortador nas passagens onde o tema é o
plantio e a colheita da produção de alimentos para sustento do povo de Israel? Se
observarmos a continuação do verso, a conclusão se mostra tão clara quanto o sol
do meio dia; senão vejamos:
“E comereis abundantemente e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor
vosso Deus, que procedeu para convosco maravilhosamente; e o meu povo
nunca mais será envergonhado” (Joel 2.26).
Como consequência de Deus tirar o “devorador” (gafanhoto) do meio do plantio
do povo exclusivo de Israel, e também as portas do céu sendo abertas para que
haja chuva, o povo de Deus daquela velha dispensação voltaria a se fartar, como
prometido por Deus caso Seu povo tornasse a obedecer os Seus estatutos.

182
PARA QUEM DEVERIA SER ENTREGUE OS DÍZIMOS?
Somente os levitas tinham o direito de receber em mãos o dízimo como sustento,
e não o sacerdote. Por via de regra, também se tomava certas porções do dízimo
para aliviar as necessidades dos estrangeiros, órfãos e viúvas. Ao terceiro ano, o
dízimo referente a este ano não devia ser entregue diretamente nas aldeias locais
e visto à disposição em quantidade, não somente aos Levitas, como também aos
órfãos, estrangeiros e viúvas. (Dt 12.5-7; Dt 14.22-29. Dt 26.12-14).
Agora eu pergunto ao leitor: Seu “pastor” é sacerdote? Ainda existe sacerdote?
Ainda existe o Templo de Jerusalém? Você faz sacrifícios de animais? Você é
judeu? Você dizima à maneira de Deus ou dos homens? Você viaja até Jerusalém
a fim de encontrar a “Casa do Tesouro” para dizimar? Qual animal você usa para
o sacrifício?
Muitas outras perguntas poderiam ser feitas, de modo que não caberiam neste
livro; e eu posso garantir que nenhuma delas seria respondida de acordo com a lei
do Dízimo bíblico.

DÍZIMO NUNCA SIGNIFICOU DINHEIRO


Na Palavra de Deus o dízimo consiste sempre em alimento. Somente alimento!
As igrejas heréticas ensinam que os dízimos bíblicos incluem todas as fontes de
renda. No entanto, não devemos usar o Dicionário Aurélio para definir o que é o
dízimo ou não. A Palavra de Deus é a única fonte de conhecimento para definir a
palavra “dízimo”. Devemos nos empenhar em conhecer as Escrituras e entrar em
uma boa concordância bíblica. Quando estudamos a respeito disso, descobrimos
que a definição usada pelos advogados do dízimo está assombrosamente errada.
Na Palavra de Deus, o vocábulo “dízimo” não aparece sozinho. Embora já
existisse dinheiro, a substância do dízimo divino jamais foi dinheiro. Ele era o
“dízimo do alimento”. Isso é muito importante. Os verdadeiros dízimos bíblicos
eram sempre e tão somente o alimento proveniente das fazendas e rebanhos,
somente dos israelitas que vivessem exclusivamente dentro da Terra Santa de
Deus, às fronteiras nacionais de Israel. A fartura provinha da mão de Deus e não
da manufatura ou habilidade do homem.
Existem 15 versos de 11 capítulos e 8 livros, de Levítico 27 a Lucas 11, que
descrevem o conteúdo do dízimo. E o conteúdo jamais incluiu dinheiro, prata,
ouro ou qualquer outra coisa além de alimento. Mesmo assim, a definição
incorreta de “dizimar” é uma das maiores mentiras ensinadas por denominações
heréticas na história da cristandade (Cf. Levítico 27.30,32; Números 18.27,28;

183
Deuteronômio 12.17; 14.22, 23, 26; 2 Crônicas 31.5; Neemias 10.37; 13.5;
Malaquias 3.10; Mateus 23.23 e Lucas 11.42).

O DÍZIMO NÃO É ENCONTRADO NA DOUTRINA DOS


APÓSTOLOS, NEM AS PRÁTICAS HERÉTICAS LIGADAS AO
DÍZIMO
A doutrina dos apóstolos está nas epístolas. É de suma importância lembrar-se
disso a fim de não misturar o contexto judaico com o contexto cristão. A Igreja
foi inaugurada no livro de Atos, no capítulo 2. O livro de Atos é,
predominantemente, um livro de experiências que mostra a fase de
amadurecimento da Igreja primitiva e de seu contato com o sobrenatural de Deus,
visto que Deus fez muitos sinais e milagres durante esta fase de transição e
crescimento espiritual.
Você não encontrará o dízimo na doutrina dos apóstolos, exceto por alguma
citação fazendo referência ao Antigo Testamento e à Lei. Além de não encontrar
o dízimo na doutrina dos apóstolos, também não encontrará igrejas denominadas
(exceto pela identificação da cidade onde estavam), templos, pastores dirigindo
congregações, mulheres falando nas reuniões da igreja, altares, música
instrumental na adoração, corais, homílias, danças, ensaios, dias santos, escolas
de teologia, um clero distinto dos leigos, roupas ou cadeiras diferentes para certas
pessoas do clero, títulos honoríficos, presidente disso, diretor daquilo... e muitas
outras coisas inventadas pelas denominações criadas pelos homens.
Na doutrina dos apóstolos os cristãos não constroem templos, nem trazem outro
nome que diferencie os crentes uns dos outros além do nome de Cristo. Na
doutrina dos apóstolos ninguém se faz membro de alguma instituição religiosa,
ninguém assina algum contrato para obter carteirinha...
Na doutrina dos apóstolos você jamais verá crentes prestando juramento a algum
sistema religioso. Na verdade, os crentes da Igreja de Deus são exortados a
reconhecerem que há um só Corpo de Cristo, o qual inclui TODOS os salvos
desde a fundação do mundo. Os cristãos são ordenados a darem testemunho
prático disso quando congregam somente ao nome do Senhor Jesus para a
comunhão e aprendizado da doutrina dos apóstolos, além de celebrar a ceia do
Senhor à mesa do Senhor e dedicarem tempo à oração.
Individualmente – e não como igreja – os cristãos são levados a pregarem o
evangelho, mas não são capacitados por alguma escola de teologia e nem
enviados por alguma junta de missões ou liderança. Toda obra é imputada apenas
184
pelo Espírito Santo, não por denominações (seitas) religiosas. Tais homens, com
dons específicos e sem nenhum interesse no dinheiro, saem para a obra do
Senhor e jamais pedem dinheiro aos irmãos para se dedicarem à obra, visto que a
obra é do Senhor e Ele irá sempre prover as necessidades dos que são destinados
ao ministério; se forem realmente pertencentes ao Senhor. O cristão não pede
dinheiro em troca da pregação do evangelho, nem aos seus irmãos e muito menos
aos incrédulos.
Na doutrina dos apóstolos os cristãos não promovem partidos políticos, nem
apoiam candidatos, mas simplesmente cumprem com a lei porque não são
inimigos do governo enquanto o mesmo não estabelece leis que contrariem a lei
de Deus. Os cristãos são simplesmente cidadãos celestiais que estão
momentaneamente vivendo na Terra, um planeta que não lhes pertence. Eles não
se iludem em transformar este lugar em um "mundo melhor", pois sabem muito
bem qual é o seu destino.

OFERTA VOLUNTÁRIA NA IGREJA

Depois que descobrimos que a lei do dízimo não é uma ordem de Deus para a
Igreja, fica a seguinte pergunta: Se não somos ordenados a dizimar como os
judeus, como funciona a contribuição cristã dentro do Corpo de Cristo?
A resposta para isso é muito simples: Em 2 Coríntios 8–9 encontramos os
princípios para o cristão ofertar. É preciso ter muita atenção a partir de agora,
pois nestes capítulos, ou em qualquer outro lugar do Novo Testamento, não há
uma palavra sequer que diga que os cristãos devem utilizar o método legal do
dízimo em seu ato de ofertar. Nos capítulos 8 e 9 de 2 Coríntios, os princípios da
contribuição cristã são especificados de maneira bem simples.
Primeiro, devemos nos dar a nós mesmos para o Senhor e nos entregarmos à
vontade de Deus, e só então doar nosso dinheiro ou nossos bens conforme a
medida proporcional à nossa renda.
“Será aceita segundo o que qualquer tem, e não segundo o que não tem" (2
Coríntios 8:5, 11-12).
Para que a oferta tenha algum valor diante de Deus, é necessário que a
contribuição cristã venha do coração daquele que dá. Se não há uma "prontidão
de vontade", algo espontâneo e realmente sincero, o ato de doar dinheiro ou bens

185
não passa de algo obrigatório e, portanto, não existirá qualquer valor real de
sacrifício nisso. A caridade, nesses termos, provém de Deus e da maneira que Ele
estabelece na Sua Palavra, e não da vã imaginação do homem e de seus próprios
métodos.
Um dos vários exemplos desse contexto sobre a doação para Deus e Sua obra é
encontrado em 2 Coríntios 9:6-9. Todavia, é comum nas denominações religiosas
o “pastor” ou “líder” citar a passagem somente até o versículo 7, deixando de
lado o seu contexto. Se cada leitor se atentasse para esses textos em sua
totalidade, veria que essa doação não deve ser dirigida somente a homens que se
auto-intitulam clérigos, pastores, padres e coisas semelhantes, mas sim aos
necessitados da Igreja de Cristo. O que acontece em muitas dessas sinagogas de
satanás, chamadas de igrejas, onde o dízimo é requerido dos cristãos, é que as
passagens de 2 Coríntios 8–9 não são mencionadas por completo. Mas quando
lemos o seu contexto, vemos que o dinheiro ali doado não é para ser direcionado
a homens que se dizem “pastores da igreja”, e sim aos pobres. Vejamos:
“E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em
abundância, em abundância ceifará. Cada um contribua segundo propôs no seu
coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com
alegria” (2 Coríntios 9:6-7).
Acabamos de ler uma passagem que fala da contribuição cristã na igreja de Deus.
Porém, lemos apenas até o versículo 7. Agora note como fica a passagem em seu
contexto completo:
"Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por
necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria. – e a passagem continua
– E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que
tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra;
conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; a sua justiça permanece para
sempre (2 Coríntios 9:7-9).
A palavra-chave, na passagem que acabamos de ler, é “deu aos pobres”, e não a
um clérigo, sacerdote, padre, pastor ou seja lá o que mais tenham inventado em
meio a cristandade professa em termos de “títulos lisonjeiros”. Nessa passagem o
apóstolo não está ordenando que os cristãos deem dinheiro para supostos
pastores, mas sim para qualquer irmão que sofra necessidades ou viva do
ministério e da obra do Senhor, sendo ele pastor, evangelista, diácono ou
qualquer crente com dons diferentes desses.

186
O PROPÓSITO DA CONTRIBUIÇÃO CRISTÃ
Os capítulos 8 e 9 de 2 Coríntios também revelam o propósito da contribuição
cristã. O apóstolo mostra que o ato de dar é para:
● Expressar comunhão com outros membros do corpo de Cristo (2 Co 8:4).
● Abundar em cada aspecto da experiência cristã (2 Co 8:7).
● Provar a realidade de nosso amor (2 Co 8:8,24).
● Imitar nosso Senhor Jesus (2 Co 8:9).
● Ajudar a atender as necessidades de outros (2 Co 8:13-15).
● Experimentar, na prática, a abundância com que Deus nos supre conforme Sua
total suficiência (2 Co 9:8-10).
● Criar condições para que outros agradeçam a Deus (2 Co 9:11-15).
● Permitir que tenhamos abundância creditada em nosso favor (Fp 4:17).

Como podemos constatar até aqui, na ordem de Deus aos cristãos não existe
dízimo. Em lugar do dízimo, existem as coletas feitas regularmente quando os
santos se reúnem no primeiro dia da semana. A Palavra de Deus diz: "Ora,
quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei
às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de
parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade" (1 Co 16:1-2). Embora
a coleta mencionada nesta passagem fosse para as necessidades específicas dos
santos em Jerusalém, o princípio continua valendo para os cristãos hoje. Não é
uma questão de cultura, mas de um princípio normativo para toda a era da Igreja.
Ainda existem necessidades específicas na igreja e a lei que rege a coleta da
oferta continua de pé.
A coleta do dinheiro, ou de qualquer forma de doação, deve ser feita no momento
em que os santos se reúnem para partir o pão no primeiro dia da semana, isto é,
no dia do Senhor (At 20:7). Vale salientar que o primeiro dia da semana não é
um dia santo, mas apenas o dia escolhido pelos apóstolos na era apostólica para
facilitar as circunstâncias em que viviam naquele período. O dia do Senhor não é
um substituto do Sábado Judaico, mas sim um dia como qualquer outro e que
fora escolhido para culto e adoração a Deus. Mesmo que quiséssemos transferir o
Sábado Judaico para a nossa agenda, isso seria impossível, visto que o calendário
judaico é lunar, dependendo de fases concernentes à mesma. Sendo assim, tudo
isso pode ser feito em outro dia da semana, se assim for necessário. A passagem

187
de Hebreus 13:15-16 conecta o sacrifício da "beneficência e comunicação" com o
"sacrifício de louvor" que é oferecido no partir do pão.
No entanto, existe um erro muito comum nas ditas “igrejas” da atualidade, que é
a coleta da oferta feita por pessoas não salvas ou por incrédulos. Isso é realmente
estarrecedor e uma desonra ao Senhor. Essas denominações encorajam até
mesmo os ímpios a ofertarem nas coletas. A impressão que essa atitude dá é
óbvia: as pessoas pertencentes a este mundo pensam que podem fazer algo de
aceitável a Deus e negociar com o SENHOR em troca de dinheiro. A coleta da
oferta, direcionada ao homem ainda em seu estado não regenerado, é antibíblica e
prejudicial àqueles que não são convertidos.
Outra impressão que o mundo tem da Igreja por causa desse distúrbio nas
denominações religiosas é que o cristianismo é visto como um sistema de "toma-
lá-dá-cá". Nesse ponto a vergonha alheia é inevitável, pois eu mesmo já ouvi
clichês dos mundanos quanto a isso, tais como: "Seu Deus deve ser bem pobre,
pois Ele está sempre obrigando vocês cristãos a pedirem dinheiro!".
Definitivamente, não se encontra na Bíblia coletas envolvendo pessoas que não
são salvas. A Bíblia é clara ao nos mostrar que a prática de fazer coletas públicas
é proibida na Igreja de Deus. Para evitar ideias erradas que o mundo pudesse ter
dos cristãos, os servos do Senhor no início da igreja tinham o cuidado de não
tomar "nada" daqueles dentre as nações às quais eles levavam o evangelho,
pessoas que não conheciam o Senhor (3 Jo 1:7). Esta continua sendo a ordem
para a igreja hoje.

188
DEUS ORDENA QUE SOCORRAMOS OS
MAIS NECESSITADOS DA IGREJA

Embora não exista o dízimo na doutrina dos apóstolos, nos é comunicado sobre a
beneficência no Corpo de Cristo, isto é, o ato de socorrer os mais pobres e
enfermos. Temos o dever indissolúvel, sempre que pudermos, de prover
alimento, vestes ou quantias em dinheiro aos necessitados e àqueles que se
dedicam integralmente ao trabalho do evangelho. Não devemos, jamais, nos
envergonhar do modo simples como Jesus nos ensina a cuidar uns dos outros na
Igreja, pois no mundo as coisas ocorrem de maneira semelhante e ninguém se
envergonha. A diferença é que no mundo as pessoas se orgulham de seus
próprios atos de “caridade” e se empenham em fazê-lo em troca da salvação e
para serem vistos pelos homens, enquanto nós, cristãos, somos ordenados a fazer
com que “a nossa mão esquerda não veja o que faz a nossa direita” (Mt 6:3).
No princípio da Igreja, os primeiros cristãos até chegaram a ter tudo em comum,
dividindo até mesmo suas terras e heranças com os irmãos menos favorecidos;
mas a ruína que se instalou no testemunho cristão tornou esse ato impraticável. É
por isso que nas epístolas nós temos ordens específicas de como reorganizar tudo
isso.
No Novo Testamento, os cristãos são exortados a não se esquecerem "da
beneficência e comunicação, porque com tais sacrifícios Deus se agrada." (Hb
13:16). A caridade jamais deve ser praticada na tentativa de conquistar a
salvação, pois a salvação foi concedida ao crente de graça, pela fé em Cristo
Jesus. Temos o dever de ajudar nossos irmãos porque o que Deus nos dá não
deve ser considerado como sendo de nós mesmos. Todo cristão deve entender
que é apenas despenseiro (responsável pela despensa) de Deus para distribuir o
que Deus lhe dá com sabedoria e para suprir as necessidades da obra e do povo
de Deus.
Assim como o Senhor Jesus foi liberal, dando sua própria vida por nós, o
Espírito, através dos apóstolos, exorta: "Portanto, tive por coisa necessária
exortar estes irmãos, para que primeiro fossem ter convosco, e preparassem de
antemão a vossa bênção, já antes anunciada, para que esteja pronta como
bênção, e não como avareza. E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco
também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará." (2
Coríntios 9:5-6).
Ao contrário da Lei, quando o israelita era obrigado a devolver uma porcentagem
fixa como forma de sacrifício, ao cristão é dito para que ele doe aos pobres da

189
Igreja de Deus conforme a sua prosperidade. Jesus ordena da seguinte
forma: "cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou
por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria. E Deus é poderoso
para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo,
toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra; conforme está escrito:
Espalhou, deu aos pobres; A sua justiça permanece para sempre."(2 Coríntios
9:7-9).
Como consequência natural dos atributos do Senhor, Deus promete a manutenção
das necessidades do crente, como abrigo e sustento. Isso não ocorre como no
Antigo Testamento, quando era prometida prosperidade e riquezas terrenas aos
israelitas. Ao contrário do que pregam os teólogos da prosperidade, Deus pode
sim prover mais que o necessário ao crente, porém jamais para o crente se
enriquecer ou receber terras, etc. Deus provê o necessário ao crente para que ele
possa ser mais liberal em sua obra para o Senhor, e não para enriquecer-se.

NÃO DEVEMOS DESEJAR RIQUEZAS TERRENAS


Ao se enlaçarem na heresia do Dízimo, muitos crentes se perdem no desejo louco
de acumular dinheiro e toda forma de riqueza terrena para si. Pregadores da
Teologia da Prosperidade estão sempre envenenando as mentes incautas,
levando-as ao desvario de suas mentes. Porém, a Palavra de Deus é enfática em
nos mostrar que o desejo de ser rico é loucura:
"Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso
contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em
muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição
e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa
cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas
dores." (1 Timóteo 6:8-10). "Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a
tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é aquele que para si
ajunta tesouros, e não é rico para com Deus." (Lucas 12:20-21).
A partir dessas referências bíblicas, fica fácil perceber que os ditos “pregadores
da prosperidade” transformam seus seguidores em loucos para que caiam em
laço, perdição e ruína; seus seguidores se desviem da fé e se traspassam com
muitas dores.

190
TODA PROVISÃO DO CRENTE VEM DE DEUS
"Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, também vos dê pão para comer, e
multiplique a vossa sementeira, e aumente os frutos da vossa justiça, para que
em tudo enriqueçais PARA TODA A BENEFICÊNCIA, a qual faz que por nós se
deem graças a Deus. Porque a administração deste serviço, não só supre as
necessidades dos santos, mas também é abundante em muitas graças, que se
dão a Deus. Visto como, na prova desta administração, glorificam a Deus pela
submissão, que confessais quanto ao evangelho de Cristo, e pela liberalidade de
vossos dons para com eles, e para com todos" (2 Coríntios 9:10-13).
Portanto, Deus nos provê e nos sustenta com o objetivo de nos fazer provedores
daqueles que têm necessidades e também daqueles que trabalham na obra do
evangelho sem pedir nada a ninguém. O fato de não pedirem não significa que
não necessitem. Muitas vezes esses homens, os quais trabalham somente em prol
do evangelho, necessitam da ajuda da Igreja e são exercitados a depender
somente do Senhor, o qual irá mover corações de indivíduos e assembleias para
que possam prover o necessário a eles, para que continuem a levar o evangelho e
o ministério da Palavra à frente. Sempre que um cristão ajuda alguém em suas
necessidades, tanto para supri-lo em sua pobreza como para que o evangelho
continue sendo pregado, está produzindo "graças a Deus... muitas graças que se
dão a Deus" (2 Co 9:10-13). Com isso aprendemos que o propósito de toda a
contribuição cristã não é o enriquecimento, mas a glória de Deus. Sempre a
glória de Deus.
O fato de congregarmos somente ao nome do Senhor, fora das denominações e
dos sistemas religiosos, isentos de heresias como a do dízimo, não torna as coisas
mais baratas para nós. Na verdade, é melhor pensarmos bem se estamos vivendo
conforme os moldes estabelecidos por Deus a respeito da beneficência para com
todos os irmãos necessitados da Igreja de Cristo ou se estamos vivendo na
avareza e egoísmo de nossos corações, deixando de lado aqueles que necessitam
da nossa ajuda financeira. A motivação do crente nas coisas de Deus nunca deve
ser material, nem mesmo no sentido de dar ou receber.
A propósito, não preciso nem falar sobre o que as denominações evangélicas
fazem para acumular riquezas em seus edifícios de pedras e em suas vidas
ímpias, tais como campanhas, votos, promessas e tantas outras coisas praticadas
na cristandade hoje, não é mesmo? Todo cristão genuíno sabe muito bem que tais
práticas não passam de mesquinharias, de pessoas que desejam fazer barganha
com Deus para, de algum modo, se enriquecerem.

191
COMO OS SERVOS DO SENHOR DEVEM SER MANTIDOS
FINANCEIRAMENTE?
Uma vez que aprendemos que os servos de Deus não devem jamais receber um
salário pelo que fazem na obra do Senhor, alguém poderá perguntar de que modo
esses servos devem ser mantidos financeiramente. Mais uma vez devemos buscar
a resposta na Palavra de Deus. O apóstolo Paulo, entre outros que serviam
juntamente com ele, é um exemplo de como os servos do Senhor devem efetuar
seu serviço para Ele (1 Tm 1:16; Fp 3:17). Esses homens eram "servos de Jesus
Cristo" e não servos de alguma seita (denominação) ou divisão na igreja (Rm 1:1;
Fp 1:1; 2 Pd 1:1; Jd 1 etc.). Eles realmente acreditavam que o Senhor os tinha
enviado para fazer o trabalho, e que se Ele verdadeiramente os enviara,
certamente também cuidaria deles. "Quem jamais milita à sua própria custa?" (1
Coríntios 9:7). Sendo assim, esses servos de Deus saíam em campo "nada
tomando dos gentios", pois confiavam em Deus e tinham a plena convicção de
que Ele supriria todas as suas necessidades (Jo 7; Fp 4:19). Todavia, para agir
desta forma é preciso que o servo do Senhor tenha fé. Nunca faltará suprimento
vindo de Deus para a obra a qual Ele nos enviou. Sempre que a obra é feita à
maneira de Deus, é certo que seremos supridos em todas as nossas necessidades.
O que deve ser mais uma vez ressaltado é que Deus jamais prometeu deixar
alguém rico na Igreja, mas sim prover tão somente o que precisamos. Lembre-se,
caro leitor, do que já fora dito pela Bíblia aqui: “o desejo pela riqueza leva o
homem à loucura”.
Nos primeiros dias da igreja, haviam duas maneiras pelas quais os servos do
Senhor eram mantidos financeiramente:

1) Através do seu próprio trabalho.


Os servos do Senhor se mantinham a si mesmos trabalhando com suas próprias
mãos. O apóstolo Paulo é um exemplo disso. Ele trabalhava como fabricante de
tendas enquanto servia ao Senhor (At 18:3). Paulo diz o seguinte aos anciãos de
Éfeso: "Sim, vós mesmos sabeis que para o que me era necessário a mim, e aos
que estão comigo, estas mãos me serviram. Tenho vos mostrado em tudo que,
trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do
Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber" (At
20:34-35).
Aos Tessalonicenses, Paulo escreveu: "Nem de graça comemos o pão de homem
algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos

192
pesados a nenhum de vós. Não porque não tivéssemos autoridade, mas para vos
dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes" (2 Ts 3:8-9).

2) Através de doações da Igreja.


A segunda maneira pela qual os servos de Deus devem ser mantidos é através de
doações dos santos que desejam expressar sua comunhão com a obra na qual os
irmãos estão empenhados. Na época de Paulo, essas doações vinham de duas
fontes: das assembleias locais, conforme Paulo disse aos Filipenses: "Fizestes
bem em tomar parte na minha aflição. E bem sabeis também, ó filipenses, que,
no princípio do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja
comunicou comigo com respeito a dar e a receber, senão vós somente; porque
também uma e outra vez me mandastes o necessário a Tessalônica. Não que
procure dádivas, mas procuro o fruto que cresça para a vossa conta" (Fp 4:14-
17); e de indivíduos específicos, como ele menciona aos Gálatas: "O que é
instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui" (Gl
6:6; Hb 13:16; 1 Tm 6:17-19).
Todavia, os servos do Senhor tomavam o cuidado de fazer a obra de Deus "nada
tomando dos gentios" (3 Jo 7). Os "gentios" aqui eram os incrédulos dentre
aqueles para quem eles pregavam. Eles tinham esse cuidado para se precaver de
dar ao mundo uma impressão errada de que o evangelho é algo que uma pessoa
possa comprar. E este é o padrão para a manutenção dos servos de Deus nos dias
de hoje.
Com relação ao segundo ponto, é triste observar que se trata de um dos vários
desastres da ruína no testemunho cristão. De um lado vemos homens corruptos e
hereges, já condenados por suas heresias de perdição, recebendo o dinheiro do
povo que promove suas pilantragens e cavilações disfarçadas de evangelho. De
outro lado, vemos homens que são genuínos servos do Senhor passando por
necessidades inefáveis, tanto na área da saúde como financeira, sem que ninguém
dentre os professos da fé cristã os ajudem. Esse distúrbio ocorre há vários séculos
por causa das sérias consequências de se criar denominações religiosas e
preceitos de homens perversos que transtornam o evangelho puro e simples do
Senhor Jesus. Os assim chamados “pastores” vivem como se fossem deuses,
enquanto os verdadeiros embaixadores de Cristo na Terra passam fome e outras
formas de necessidade.

193
JESUS MANDOU DAR O DÍZIMO?

Outra pergunta frequente, que surge depois que aprendemos que o dízimo não faz
parte dos princípios da Igreja de Deus, é esta: Jesus mandou dar o dízimo ou
não? Afinal, vemos Ele falando sobre isso nos evangelhos, ordenando que os
judeus paguem o dízimo.
Sim, Jesus disse em Mateus 23:23: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!
pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante
da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não
omitir aquelas". E esta mesma ordem é repetida em Lucas 11:42. No entanto,
Jesus não estava falando com cristãos, mas sim com judeus. A ordem de cumprir
com a lei do dízimo foi dada claramente aos “escribas e fariseus hipócritas”, pois
eles só obedeciam aquilo que lhes convinha. A Igreja nem mesmo existia nesse
contexto e, portanto, Jesus não poderia estar falando com ela, já que ela viria a
ser inaugurada em Atos 2.
Costumamos ver a Bíblia dividida de forma errada, onde os evangelhos fazem
parte do Novo Testamento. Mas isso foi uma tramoia arquitetada por hereges
durante a história a fim de transferir para a Igreja os comandos mais severos
dados a Israel. Na prática, o Novo Testamento começa no livro histórico de Atos,
e não nos evangelhos que obviamente nos mostram um contexto judaico somado
a algumas profecias, sinais e milagres de Jesus como uma forma de mostrar ao
povo que Ele era, de fato, o Filho Unigênito do Pai, o Deus encarnado. Não há
Novo Testamento sem a morte do Testador: “E por isso [Jesus] é Mediador de
um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das
transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam
a promessa da herança eterna. Porque onde há testamento, é necessário que
intervenha a morte do testador. Porque um testamento tem força onde houve
morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?” (Hebreus 9:15-17).
Sendo assim, é um grande erro se basear em passagens dos evangelhos para
tentar legitimar heresias como o “dízimo cristão”, pois, nessas passagens, muitas
outras ordens foram dadas claramente aos judeus porque eles ainda viviam
debaixo da lei.
Vejamos alguns exemplos:

1) Em Mateus 8:4 Jesus curou um leproso e lhe ordenou que fosse ao templo
oferecer os sacrifícios ordenados pelos sacerdotes de Israel: "vai mostrar-te ao
sacerdote e fazer a oferta que Moisés ordenou, para servir de testemunho ao

194
povo”. Esses sacrifícios haviam sido determinados em Levítico 14:4-7 para todo
aquele que fosse curado de lepra, e consistia em sacrificar "duas aves vivas e
limpas, e pau de cedro, e estofo carmesim, e hissopo", uma das quais era morta
"num vaso de barro, sobre águas correntes", enquanto "a ave viva, e o pau de
cedro, e o estofo carmesim, e o hissopo" deviam ser molhados "no sangue da ave
que foi imolada sobre as águas correntes. E, sobre aquele que há de purificar-se
da lepra" o sangue deveria ser aspergido "sete vezes; então, o declarará limpo e
soltará a ave viva para o campo aberto” (Lv 14:4-7)
E agora? Será que os advogados do dízimo darão ordens aos cristãos para que
cumpram também com esta lei? Como um cristão deveria agir nessas
circunstâncias, tendo em vista que não estamos em Israel, nem existe um
sacerdote e o Templo foi destruído? E, ainda que existisse o Templo, se um
cristão se atreve a ir até lá para tentar oferecer um sacrifício na mesquita
islâmica, a qual ocupa hoje o lugar do Templo, é muito provável que algum
radical islâmico transforme esse cristão em sacrifício. Outro problema é que o
cristão também teria dificuldades de encontrar um sacerdote da linhagem de
Levi, como devia ser no mandamento dado pela Lei de Moisés.

2) Jesus também ordenou que, em casos de desavença entre os crentes da velha


dispensação, a oferta levada até o altar deveria ser deixada perante o altar
enquanto a reconciliação não fosse concluída entre os irmãos: "Se, pois, ao
trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma
coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te
com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta” (Mateus 5:23-24).
Mais uma vez eu pergunto: e agora? Como o cristão deve prosseguir se um dia
entrar em desavença com um irmão? Ora, a desavença com o irmão é um pecado,
e sabemos que no Antigo Testamento, da mesma forma que o dízimo era
obrigatório os pecados exigiam sacrifício de animais. Como faremos para
cumprir com esta lei?

3) No mesmo capítulo que vimos no ponto 2, Jesus diz: "Porque em verdade vos
digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei,
até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto
que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino
dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado
grande no reino dos céus” (Mateus 5:18).
E agora? Como nós, cristãos, deveríamos fazer com a lei? Escolher uma aqui e
rejeitar outra lá? Não é bem assim que funciona. O dízimo, a oferta pela cura e os
sacrifícios pelos pecados, incluindo ofensas contra seu irmão, eram ditados pela

195
Lei dada a Moisés. Portanto, se o cristão quiser guardar um mandamento —
como o dízimo, por exemplo — ele terá também de guardar todos os outros.
Dito isto, talvez alguém venha a dizer que os sacrifícios de animais em nada têm
a ver com a lei do dízimo e que disso nós estamos isentos, uma vez que o
Cordeiro de Deus (Jesus) foi sacrificado por nós. A resposta para tal é que não
somente os sacrifícios de animais eram exigidos pela Lei, como também a pena
de morte por causa da blasfêmia, da maldição lançada sobre o pai e a mãe, do
adultério, do sábado que devia ser guardado, da prostituição (sexo entre
solteiros), da homossexualidade, etc. Todos esses casos eram punidos com a
morte.
Vejamos alguns exemplos:
"Aquele que blasfemar o nome do Senhor, certamente morrerá; toda a
congregação certamente o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural,
blasfemando o nome do Senhor, será morto" (Levítico 24:16).
"Quando um homem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, certamente morrerá;
amaldiçoou a seu pai ou a sua mãe; o seu sangue será sobre ele" (Levítico 20:9).
"Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado
com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera"
(Levítico 20:10).
"Seis dias se trabalhará, mas o sétimo dia vos será santo, o sábado do repouso
ao Senhor; todo aquele que nele fizer qualquer trabalho morrerá" (Êxodo 35:2).
"Porém se isto for verdadeiro, isto é, que a virgindade não se achou na moça,
então levarão a moça à porta da casa de seu pai, e os homens da sua cidade a
apedrejarão, até que morra; pois fez loucura em Israel, prostituindo-se na casa
de seu pai; assim tirarás o mal do meio de ti" (Deuteronômio 22:20,21).
"Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher,
ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles"
(Levítico 20:13).
Se eu fosse citar todos os mandamentos semelhantes a esses na Bíblia, daria um
livro inteiro sobre a pena de morte para tais crimes. Sim, todos esses pecados são
crimes na teocracia de Israel.
Voltemos, então, ao tema Dízimo: qual era o mandamento referente a isso?
"Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das
árvores, são do SENHOR; santas são ao Senhor..." (Levítico 27:30 etc.).

196
Jesus era judeu e, portanto, cumpriu com todos os mandamentos da dispensação
da lei. E é por isso que Ele ordenou que os escribas e fariseus dessem o dízimo.
Ele deu tal ordem porque o contexto dos evangelhos naquela ocasião é o
judaísmo e Ele está tratando com judeus, o povo escolhido por Deus para
habitar na terra. Havia o Templo, havia sacerdotes, sacrifícios, pena de morte
por apedrejamento para adúlteros, para virgens que fornicavam, para
homossexuais e até para filhos que ofendessem os pais; além dos sacrifícios de
animais (dízimos) que eram requeridos em vários outros casos, como na troca
pela cura da lepra.
Ao não entenderem o que na Bíblia é dito a Israel, sob a Lei, e o que é dito à
Igreja, sob a graça, a qual só foi formada depois do período dos evangelhos, no
capítulo 2 de Atos, as pessoas que fazem parte do sistema religioso
denominacional sempre precisam escolher o que da Lei irão ou não cumprir. É
isso que a maioria das religiões “cristãs” fazem, especialmente as que seguem a
Teologia do Pacto. Essas pessoas simplesmente não entendem as diferentes
dispensações da Bíblia.
Não obstante, ao fazerem isso — ou seja, escolher qual mandamento da Lei irá
ou não cumprir — essas pessoas estão tropeçando naquilo que Jesus disse:
"Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e
assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele,
porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos
céus." (Mateus 5:18).
Agora, preste muita atenção neste versículo:
"Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se
culpado de todos." (Tiago 2:10).
Se você olhar com atenção para esta passagem, verá que todo o dinheiro que
você deu a vida inteira para essas denominações religiosas heréticas de nada
valeu se você deixou de cumprir qualquer outro ponto da Lei, e será culpado de
todos os mandamentos que deixou para trás.
Para piorar as coisas, até na hora de dar o dízimo você certamente não cumpriu
tudo do jeito que estava escrito: "Trazei todos os dízimos à casa do tesouro"
(Malaquias 3:10). A "casa do tesouro" não é a tesouraria de algum edifício
chamado "igreja", abrigado em um templo de tijolos feito por homens. A "casa
do tesouro" era um aposento do Templo de Jerusalém que foi destruído há quase
dois mil anos. Esse lugar não existe mais. Portanto, pergunto aos “dizimistas”
modernos: Para onde vocês irão levar os seus dízimos?

197
AINDA SOBRE AS LEIS DA BÍBLIA

Paulo menciona muito o termo “lei” nos assuntos que enfoca, de maneira ora
explícita e clara, ora dificultosa ao entendimento imediato. Certo é que Paulo
estabelece a diversidade de leis, realçando uma, a Lei de Deus, também
conhecida como Lei Moral, e mostrando a caducidade de outra, a Lei de Moisés,
também conhecida como Lei Cerimonial ou Lei Mosaica, na qual era constituída
de: sacrifícios, ofertas diversas, circuncisão, dias de festas, sábados, abstinência
de determinados alimentos... etc.
A maioria dos cristãos de hoje crê que a Lei de Deus, isto é, a lei moral,
incluindo os dez mandamentos que se repetem no Novo Testamento (com
exceção do Sábado Judaico), foi abolida quando Cristo morreu na cruz. Isso é um
grave engano. Isso ocorre porque estes mesmos cristãos aplicam ao termo "Lei",
encontrado nas Escrituras, como a definição de todas as leis da Bíblia. Não
sancionam a separação delas e discordam que haja distinção entre as mesmas.
Tudo se resume, pensam eles, na Lei de Moisés.
Porém, admitir que a Bíblia só apresenta uma lei, que tudo é Lei de Moisés, não
havendo, portanto, distinção entre elas, é o mesmo que dizer ser ela um
amontoado de contradições. De fato, existem leis provindas de Deus, que foram
enunciadas, escritas e entregues por Moisés, e entre elas está a Lei Cerimonial,
constituída de rituais que os judeus deveriam praticar até que viesse o Messias
Jesus (Ex 24:7; Dt 31:24 a 26). É aqui, na Lei Cerimonial, que encontramos o
Dízimo, e não nos mandamentos de Deus para a Igreja no Novo Testamento.
Os rituais cerimoniais que Deus estabeleceu simbolizavam o evangelho para eles
(judeus) e compunham-se de ordenanças como: ofertas diversas, holocaustos,
abluções, sacrifícios, dias anuais de festas específicas e deveres sacerdotais. Tais
ordenanças foram registradas na Lei de Moisés [Lei Cerimonial], não na ordem
de Deus para a Igreja. (2 Cr 23:18; 2 Cr 30:15-17; Ed 3:1-5).
Todo o cerimonialismo das ordenanças judaicas representava Cristo, e este
mesmo cerimonialismo foi cessado em Cristo, na Cruz do Calvário. Todos os
estatutos e leis cerimoniais que eram realizados pelos judeus apontavam para Ele,
mas Ele as findou na Cruz. Todas as coisas realizadas representavam o sacrifício
vicário, o perdão e a salvação realizados por Cristo na cruz (Cl 2:8-19).

198
Pesquisando atentamente as Escrituras, podemos encontrar muitas leis civis e
cerimoniais como:
● Leis acerca dos altares - Êxodo 20:22-26;
● Leis acerca dos servos - Êxodo 21:1-11;
● Leis acerca da violência - Êxodo 21:12-36;
● Leis acerca da propriedade - Êxodo 22:1-15;
● Leis civis e religiosas - Êxodo 22:16-31;
● Lei dietética - Levítico 11;
● Repetição de diversas leis - Levítico 19...
● Leis para os sacerdotes - Levítico 21:1-24;
Nenhuma destas leis são direcionadas aos cristãos. Essas leis não representam as
Doutrinas da Graça. Somente os Dez Mandamentos são encontrados no NT para
os cristãos, e estes são explanados de forma complexa em todo o Novo
Testamento, principalmente nas epístolas. A única lei entre os dez mandamentos
que não é encontrada no NT é a Guarda do Sábado, pois se tratava de uma lei
cerimonial direcionada exclusivamente ao povo de Israel, de acordo com o
calendário lunar. A Lei Moral dos dez mandamentos (Ex 31:18) é um código
particular e distinto, escrito e entregue pelo próprio Deus a Moisés; ela é
universal e eterna, com exceção da guarda do Sábado judaico (Is 56:1-8; Mt
5:17-20; Ec 12:13,14).
Portanto, estudando com cuidado e humildade, buscando o auxílio do Senhor
para compreender essas leis, poderemos, através do Espírito Santo, ter a mente
esclarecida e encontrar na Bíblia o significado de todas elas. Estude as epístolas
dos apóstolos com fervor e em oração a Deus, porque Ele dá entendimento aos
símplices e aos mais iletrados dos homens, concedendo-lhes o espírito de
sabedoria e revelação (Ef 1:17; Sl 19:7; Pv 2:6).

199
UM ALERTA BÍBLICO

“Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e
vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo,
e não segundo Cristo; (...) E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na
incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos
todas as ofensas, havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas
"ordenanças", a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio
de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs
publicamente e deles triunfou em si mesmo. Portanto, NINGUÉM VOS
JULGUE pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua
nova, ou dos SÁBADOS*, que são SOMBRAS DAS COISAS FUTURAS, mas o
corpo é de Cristo. Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de
humildade e culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu; estando
debalde inchado na sua carnal compreensão, e não ligado à cabeça, da qual
todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em
aumento de Deus. SE, POIS, ESTAIS MORTOS COM CRISTO QUANTO
AOS RUDIMENTOS DO MUNDO, POR QUE VOS CARREGAM AINDA DE
ORDENANÇAS, COMO SE VIVÊSSEIS NO MUNDO, TAIS COMO: NÃO
TOQUES, NÃO PROVES, NÃO MANUSEIES? As quais coisas todas perecem
pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; as quais têm, na
verdade, alguma APARÊNCIA DE SABEDORIA, EM DEVOÇÃO
VOLUNTÁRIA, humildade, e em disciplina do corpo, MAS NÃO SÃO DE
VALOR ALGUM SENÃO PARA A SATISFAÇÃO DA CARNE” (Colossenses 2:8-
23).
"O Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens, como diz o
profeta: O céu é o meu trono,e a terra o estrado dos meus pés. Que casa me
edificareis? diz o Senhor, Ou qual é o lugar do meu repouso"? (Atos 7:48,49).
Na dispensação da lei, Deus habitava no Templo de Jerusalém, e ali era
depositado o dízimo pelos judeus:
"Então haverá um lugar que escolherá o Senhor vosso Deus para ali fazer
HABITAR O SEU NOME; ali trareis tudo o que vos ordeno; os vossos
holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos DÍZIMOS, e a oferta alçada da
vossa mão, e toda a escolha dos vossos votos que fizerdes ao
Senhor" (Deuteronômio 12:11).
Na dispensação da graça o Senhor não habita em templos de tijolos (At 7:48,49).
Portanto, não adianta você pensar que estará o agradando com "sacrifícios" e

200
"holocaustos" (dízimos), ainda que isso fosse possível hoje. Na dispensação da
lei, o Senhor habitava exatamente no Templo de Jerusalém, onde Ele mesmo
escolheu para habitar o Seu Nome (Dt 12:11). Aquele que não cumpria com a lei
do Dízimo estava sujeito à pena de morte por desobediência.
Nota*
A palavra Sábado em hebraico é Shabbath – Dia judaico dedicado ao descanso e
ao culto. Mas, para o cristão, Cristo é o verdadeiro sábado, pois Nele somos
convidados a descansar todos os dias (Mt 11:28). A "guarda do sábado" também
era um sinal ou aliança apenas para os filhos de Israel e para ninguém mais.
Todavia, havia uma profecia ou promessa de que Deus faria cessar os “sábados”
(Os 2:11). Assim acontece com o Dízimo; ele cessou juntamente com todas as
ordenanças judaicas. Jesus aboliu o Velho Testamento (2 Co 3). Para o cristão, o
Velho Testamento é um livro de tipos e figuras.
Alguém pode perguntar: Mas e os dez mandamentos? Todos os dez
mandamentos estão contidos no Novo Testamento para os cristãos obedecerem,
menos a guarda do sábado. Cristo toma para Si o Senhorio total e supremo sobre
o Sábado, tornando-se o descanso perpétuo dos crentes (Mc 2:27-28). Por falta
de espaço, deixaremos para falar sobre o Sábado judaico em outra ocasião.

POR QUE A LEI DO DÍZIMO NÃO É PARA


O CRISTÃO

Você sabia que existem CINCO tipos de dízimos mencionados na Bíblia? Um foi
voluntário, dado por Abraão uma única vez, antes de se tornar lei. Na Lei
existiram quatro tipos de dízimo, sendo um deles usado para aliviar as
necessidades dos levitas, estrangeiros, órfãos e viúvas. E para ficar ainda mais
interessante, NENHUM desses dízimos era mensal. O de Abraão foi um caso
isolado, dado uma única vez em sua vida; três dízimos da Lei eram anuais e o
“Dízimo da Caridade” era dado de três em três anos. Ficou curioso? Acompanhe
o artigo até o fim para entender um pouco sobre isso.

Definindo o dízimo de acordo com o entendimento espúrio que se tem por parte
das denominações religiosas hoje, podemos resumir da seguinte maneira: De
acordo com a visão antibíblica das ditas “igrejas” de nossos dias, dízimo é dar
10% do seu salário para uma organização religiosa (ou, como deveríamos

201
designar – uma seita) a qual a pessoa é afiliada. Geralmente, essa quantia em
dinheiro é ofertada nos cultos de domingo. Então, esse dinheiro é usado para dar
sustentação ao orçamento da – assim chamada – “igreja” (aluguel, contas
diversas, salário do “pastor” ou de qualquer outro tipo de “clero” da organização,
bem como para as suas “missões”, etc.). Para muitos, não dar o dízimo é
considerado um pecado. Para tanto, os falsos profetas utilizam o texto de
Malaquias 3.8-12 para amedrontar os frequentadores da seita. Vejamos o que diz
o texto:

“Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: em que te


roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque
a mim me roubais, sim, toda esta nação. Trazei todos os dízimos à casa do
tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim
nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não
derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a
recolherdes. E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os
frutos da vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o SENHOR
dos Exércitos”.

A maioria das pessoas usa esses versículos para dizer que o ato de não trazer os
“dízimos e ofertas” para a “casa de Deus” (conceito que eles tomam para dar
significado às construções de seus templos) é um pecado e retira o povo de suas
“bênçãos”. O problema de usar a passagem acima, assim como outras passagens
semelhantes do Velho Testamento, para dar ensejo à aplicação do dízimo na
dispensação da graça é que essa passagem e a lei mosaica na qual ela está
inserida eram válidas somente à nação de Israel, e pertence ao Antigo
Testamento. Senão, vejamos:

1 – A nação com quem Deus está se comunicando é Israel. Sim, o profeta está
repreendendo a NAÇÃO DE ISRAEL, visto que os israelitas estavam roubando
os dízimos, isto é, aqueles três tipos de dízimos encontrados na Lei. Além disso,
para deixar mais claro ainda o contexto dessa passagem, lemos o seguinte no
verso 4 do capítulo 4: “Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo, que lhe mandei
em Horebe para todo o Israel, a saber, estatutos e juízos”.

2 – A Casa para onde deveriam levar os dízimos (alimentos) era o Templo de


Jerusalém, o lugar que o Senhor escolheu para habitar o Seu nome na
dispensação da lei. A Casa do Tesouro era uma repartição no Templo
estabelecida para este fim: Ser entregue os dízimos.

3 – Quando Deus promete que irá “abrir as janelas do céu e derramar bênçãos”
sobre o Seu povo Israel, Ele está se referindo à chuva, pois sem a chuva não há

202
alimento para se colher. Quando os israelitas voltassem a cumprir com a lei do
dízimo, os alimentos provenientes do plantio voltariam a crescer.

4 – Finalmente, chegamos no versículo 11, a passagem tão temida por falta de


conhecimento sobre o que vem a ser o “devorador” do verso. Esse versículo está
falando de um inseto (gafanhoto), e não de um demônio querendo fazer os fieis
ficarem pobres; muito menos na era da Igreja, visto que estamos falando de um
contexto judaico, onde a Igreja nem mesmo existia. Para tanto, basta
consultarmos as passagens onde o gafanhoto é descrito da mesma forma – como
“devorador”. Observemos, primeiramente, a passagem tão temida:

“E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da


vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o Senhor dos
Exércitos” (Malaquias 3.11).

Deus acaba de concluir Sua promessa de que a terra de Israel não seria mais
estéril, ou seja, voltaria a dar frutos para que os judeus pudessem se alimentar,
fazer holocaustos e sacrifícios de animais.

Hoje vemos que o “devorador” de Malaquias 3 possui até um nome artístico e


bem sensacionalista: “Demônio das Finanças”. Mas, de onde tiraram essa ideia?
Obviamente que da Bíblia não. A verdade é que o devorador que Malaquias cita
aqui era simplesmente um “gafanhoto” ou gafanhotos. Na Bíblia, os
gafanhotos recebem vários nomes, tais como: gafanhotos, migrador, devorador
e destruidor. Esses gafanhotos destruíam as colheitas e videiras por onde quer
que passassem, aniquilando os frutos da terra (Lv 11.22; Am 4.6-11; Jl 1.3-4).

O devorador não é um demônio; ele não é um ser maligno que vem para roubar
o seu dinheiro e fazê-lo ficar pobre se você não pagar o dízimo, como é ensinado
hoje por hereges estelionatários e facínoras que vendem um evangelho
prostituído para se enriquecerem às custas da ignorância dos membros de suas
denominações (seitas).

Preste atenção nesta passagem de Joel 1.4:

“O que o gafanhoto cortador deixou, o gafanhoto peregrino comeu; o que o


gafanhoto peregrino deixou, o gafanhoto devastador comeu; o que o gafanhoto
devastador deixou, o gafanhoto devorador comeu” (Joel 1.4).

A quem a Bíblia chama de devorador? Ao gafanhoto devorador. Quem era,


então, o devorador no Antigo Testamento? O texto sagrado acabou de nos
responder: Os gafanhotos. Não há uma linha sequer onde os demônios são
mencionados aqui.

203
Agora veja o texto de Joel 2.25:

"Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto migrador, pelo


destruidor e pelo cortador, o meu grande exército que enviei contra vós
outros" (Joel 2.25).

Quem é o migrador, o destruidor e o cortador nas passagens onde o tema é o


plantio e a colheita da produção de alimentos para sustento do povo de Israel? Se
observarmos a continuação do verso, a conclusão se mostra tão clara quanto o sol
do meio dia; senão vejamos:

“E comereis abundantemente e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor


vosso Deus, que procedeu para convosco maravilhosamente; e o meu povo
nunca mais será envergonhado” (Joel 2.26).

Como consequência de Deus tirar o “devorador” (gafanhoto) do meio do plantio


do povo exclusivo de Israel, e também as portas do céu sendo abertas para que
haja chuva, o povo de Deus daquela velha dispensação voltaria a se fartar, como
prometido por Deus caso Seu povo tornasse a obedecer os Seus estatutos.

CINCO TIPOS DE DÍZIMOS NO VELHO TESTAMENTO


O DÍZIMO DE ABRAÃO – A primeira vez que a palavra “Dízimo” é
mencionada na Bíblia é em Gênesis 14.20: “E deu-lhe o dízimo de tudo”. Esta
atitude de Abrão foi voluntária e isolada. Abrão nunca mais dizimou em sua vida.
Também é importante entender que esse dízimo não provinha de seus próprios
bens, mas dos despojos da guerra contra Sodoma e Gomorra. Abrão pegou dos
bens do rei de Sodoma que havia recuperado e deu 10% deles a Melquisedeque.
Repare que Abrão não deu do que era seu, mas do que era do rei de Sodoma. O
rei de Sodoma ofereceu que Abrão ficasse com os 90% de seus bens, mas este
recusou-se a aceitar até mesmo a correia de uma sandália. Portanto, nada do que
Abrão deu a Melquisedeque era realmente seu. Falaremos mais sobre esse dízimo
de Abrão como introdução do tema “Dízimo”.

O DÍZIMO DOS LEVITAS (Números 18.21-24) – Primeiro dízimo da Lei,


sendo ele entregue anualmente. “Aos filhos de Levi dei todos os dízimos em
Israel por herança, pelo serviço que prestam, serviço da tenda da congregação”,
disse Deus (Nm 18.21). Os levitas passaram a receber esse auxílio consagrado
porque não tinham nenhuma herança no meio dos israelitas (Nm 18.23). Essa
contribuição servia para a sua manutenção.

204
O DÍZIMO DOS DÍZIMOS – Também anual, outro tipo de dízimo que havia
era o dízimo dos dízimos, retirado do que os levitas recebiam dos israelitas. Os
levitas deveriam levar esse dízimo à Casa do Tesouro, que se encontrava numa
repartição do Templo de Jerusalém. Essa contribuição era “considerada
equivalente à do trigo tirado da eira e do vinho do tanque de prensar uvas” (Nm
18.27).

Em Neemias 10.38 está escrito que “o sacerdote, filho de Arão, estaria com os
levitas quando os levitas recebessem os dízimos, e que os levitas trariam os
dízimos dos dízimos à Casa do nosso Deus, às câmaras da casa do tesouro”.

Números 18.26 fundamenta esta verdade: “[…] também falarás aos levitas e dir-
lhes-ás: Quando receberdes os dízimos dos filhos de Israel […], deles
oferecereis uma oferta alçada ao SENHOR: o dízimo dos dízimos […] e deles
dareis a oferta alçada do SENHOR a Arão, o sacerdote”.

O DÍZIMO DAS FESTAS (Deuteronômio 14.22-27) – Igualmente anual, o


quarto tipo de dízimo mencionado na Bíblia é o dízimo festivo. Sobre este
evento, Deus havia dado ordem para que, dentre os holocaustos, os sacrifícios, as
ofertas alçadas, os votos, as ofertas voluntárias e a entrega dos primogênitos, os
israelitas trouxessem ao lugar que Ele escolheria também os dízimos que
deveriam ser extraídos dos nove décimos restantes da produção do povo, já que
este deveria entregar aos levitas um décimo de suas colheitas, frutas e animais
dos rebanhos.

Nesse lugar que Deus, à época, iria escolher – ou seja, posteriormente Jerusalém
–, o povo de Israel deveria comer esses dízimos perante o Senhor e se alegrar em
Sua presença, celebrando a ocasião de maneira festiva (Dt 12.5-6, 11-12, 17-19).

O DÍZIMO TRIENAL OU DÍZIMO DA CARIDADE (Deuteronômio


14.28,29) – Este dízimo era usado de três em três anos para aliviar as
necessidades dos levitas, estrangeiros, órfãos e viúvas. Podemos entender acerca
do quinto tipo de dízimo pelo que está escrito em Deuteronômio 14.28-29:

“Ao fim de três anos, tirarás todos os dízimos da tua novidade no mesmo ano e
os recolherás nas tuas portas. Então, virá o levita (pois nem parte nem herança
tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas
portas, e comerão, e fartar-se-ão, para que o SENHOR, teu Deus, te abençoe em
toda a obra das tuas mãos, que fizeres”.

Como mencionado, essa contribuição caridosa era feita a cada três anos, e era
chamada de “o ano dos dízimos” (Dt 26.12). Ela não deveria ser levada ao
tabernáculo, mas sim compartilhada com os pobres daquele tempo. Era um

205
mandamento divino (Dt 26.13-14) e trazia consigo grandíssimas promessas de
Deus:

“E o Senhor hoje te declarou que tu lhe serás por seu próprio povo, como te tem
dito, e que guardarás todos os seus mandamentos. Para assim te exaltar sobre
todas as nações que criou, para louvor, e para fama, e para glória, e para que
sejas um povo santo ao Senhor teu Deus, como tem falado” (Deuteronômio
26.18,19).

Portanto, é de se admirar que as denominações religiosas estejam tentando omitir


isso ao povo cristão, quando falam somente de um dízimo religioso, ou seja, o
que é citado em Malaquias 3, simplesmente porque este se encaixa melhor em
seus propósitos e heresias, ignorando os outros quatro importantes dízimos
religiosos da Bíblia.

O DÍZIMO DE ABRAÃO
Quando abrimos a Bíblia em Gênesis 14.8-24 e Hebreus 7.1-10, algumas
perguntas são necessárias para um bom entendimento dos textos: “Quem deu o
dízimo?”, “De onde veio o dízimo?” e “A quem o dízimo foi entregue?”.
Podemos responder às três perguntas de forma bem resumida:

Os reis de Sodoma e Gomorra e seus aliados guerrearam contra Quedorlaomer e


outros reis, os quais venceram e aprisionaram Ló (sobrinho de Abrão),
juntamente com os reis de Sodoma, Gomorra etc. Abrão recebeu a notícia da
prisão, juntou seus servos e partiu para a guerra contra Quedorlaomer a fim de
libertar seu sobrinho Ló. Abrão venceu seu inimigo e libertou seu sobrinho.

Voltando da guerra, Abrão se encontrou com o agradecido rei de Sodoma, o qual


se prontificou a dar-lhe tudo quanto era seu e havia sido recuperado na batalha.
Abrão encontrou-se também com Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do
Deus Altíssimo, o qual deu pão e vinho a Abrão e o abençoou.

Em troca da boa ação de Melquisedeque, Abrão pegou, dos bens do rei de


Sodoma que havia recuperado após a batalha, e deu 10% desses bens a
Melquisedeque. Repare que Abrão não deu do que era seu, mas do que era do rei
de Sodoma. O rei de Sodoma ofereceu que Abrão ficasse com os 90% de seus
bens, mas Abrão recusou-se a aceitar até mesmo a correia de uma sandália.
Portanto, nada do que Abrão deu a Melquisedeque era realmente seu.

206
Quem deu o dízimo? Abrão.
De onde veio o dízimo? Dos bens do rei de Sodoma.
A quem o dízimo foi dado? A Melquisedeque.

Se alguém quiser obrigá-lo a dar o dízimo com base na passagem de Hebreus


7.1-10, você terá de fazê-lo entregando algo que não é seu. Por exemplo,
imaginemos que você fosse um policial. Depois de lutar contra a quadrilha que
assaltou o Banco e prender os bandidos, você deveria entregar para a sua religião
10% do dinheiro roubado que você recuperou e devolver o restante (90%) para o
Banco, mesmo que o banqueiro insistisse para que você ficasse com tudo.
Absurdo, não é mesmo?! Da mesma forma, é um absurdo usar Hebreus 7.1-
10 para justificar a lei do dízimo na atual dispensação – a dispensação da graça.
Sendo assim, fica fácil de entender que o dízimo de Abrão não pode ser usado
como exemplo para legitimar o que os hereges chamam de “Dízimo Cristão”.
Além do mais, Abraão deu o dízimo uma única vez em sua vida. Esse ato não foi
repetido.

OS DÍZIMOS DA LEI MOSAICA


O vocábulo “Dízimo” se encontra muitas vezes nos livros de Levítico, Números
e Deuteronômio, e nós vamos entender um pouco sobre o porquê disso. Abaixo
estão algumas referências:

Levítico 27.30-34 – “Também todas as dízimas do campo, da semente do campo,


do fruto das árvores, são do Senhor; santas são do Senhor. Porém, se alguém
das suas dízimas resgatar alguma coisa, acrescentará a sua quinta parte sobre
ela. No tocante a todas as dízimas do gado e do rebanho, tudo o que passar
debaixo da vara, o dízimo será santo ao Senhor. Não se investigará entre o bom
e o mau, nem o trocará; mas, se de alguma maneira o trocar, tanto um como o
outro será santo; não serão resgatados. Estes são os mandamentos que o
Senhor ordenou a Moisés, para os filhos de Israel, no monte Sinai”.

Preste muita atenção no último versículo. A lei do dízimo faz parte dos
mandamentos que o SENHOR ordenou a MOISÉS, PARA OS FILHOS DE
ISRAEL, no monte Sinai. Essas leis, de cunho cerimonial, foram abolidas por
Cristo. A lei do dízimo, sendo parte das demais leis, foi instituída não para a
aplicação dos pagãos e muito menos para a prática da Igreja, a qual nem existia.
A Igreja era um mistério a ser revelado futuramente desde então (Cl 1.26; Ef
3.3,4,9; Rm 16.25; 1Tm 3.9).

207
Analisemos com atenção a passagem que acabamos de ler em Levítico. Para
onde se supõe que esses dízimos iriam e para quê eles seriam usados? A resposta
para essa pergunta está em Números 18.21:

“E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança,
pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação”.

Analisemos todo o contexto para entendermos um pouco mais sobre essa


referência ao dízimo:

Números 18.20-32 – “Disse também o senhor a Arão: na sua terra herança


nenhuma terás, e no meio deles, nenhuma parte terás; eu sou a tua parte e a tua
herança no meio dos filhos de Israel. E eis que aos filhos de Levi tenho dado
todos os dízimos em Israel por herança, pelo ministério que executam, o
ministério da tenda da congregação. E nunca mais os filhos de Israel se
chegarão à tenda da congregação, para que não levem sobre si o pecado e
morram. Mas os levitas executarão o ministério da tenda da congregação, e eles
levarão sobre si a sua iniquidade; pelas vossas gerações estatuto perpétuo será;
e no meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão, porque os dízimos dos
filhos de Israel, que oferecerem ao Senhor em oferta alçada, tenho dado por
herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: no meio dos filhos de Israel
nenhuma herança terão. Então o Senhor falou a Moisés, dizendo: também
falarás aos levitas, e dir-lhes-ás: quando receberdes os dízimos dos filhos de
Israel, que eu deles vos tenho dado por vossa herança, deles oferecereis uma
oferta alçada ao Senhor, os dízimos dos dízimos. E contar-se-vos-á a vossa
oferta alçada, como grão da eira, e com plenitude do lagar. Assim também
oferecereis ao Senhor uma oferta alçada de todos os vossos dízimos, que
receberdes dos filhos de Israel, e deles dareis a oferta alçada do Senhor a Arão,
o sacerdote. De todas as vossas dádivas oferecereis toda a oferta alçada do
Senhor; de tudo o melhor deles, a sua santa parte. Dir-lhes-ás pois: quando
oferecerdes o melhor deles, como novidade da eira, e como novidade do lagar,
se contará aos levitas. E o comereis em todo lugar, vós e as vossas famílias,
porque vosso galardão é pelo vosso ministério na tenda da congregação. Assim,
não levareis sobre vós o pecado, quando deles oferecerdes o melhor; e não
profanareis as coisas santas dos filhos de Israel, para que não morrais”.

O dízimo era destinado aos levitas, os quais formavam naquele momento a tribo
sacerdotal de Israel. O dízimo era a sua (dos levitas) recompensa pelo serviço do
tabernáculo e depois do templo. Números 18.31 diz isso claramente: “porque
vosso galardão é pelo vosso ministério na tenda da congregação”. Isso seria
contado por eles “como novidade da eira, e como novidade do lagar” (Números

208
18.30). De fato, os levitas tinham que devolver o seu próprio dízimo proveniente
do primeiro.

Esses dízimos e ofertas foram dadas a Arão e era para ser a oferta alçada do
Senhor:

“Disse mais o Senhor a Arão: Eis que eu te tenho dado a guarda das minhas
ofertas alçadas, com todas as coisas santas dos filhos de Israel; por causa da
unção as tenho dado a ti e a teus filhos por estatuto perpétuo” (Números 18.8 –
Cf. Números 18.8-32).

O DÍZIMO DESTINADO AOS LEVITAS, ESTRANGEIROS,


ÓRFÃOS E VIÚVAS
Façamos a seguinte pergunta: O dízimo dos levitas é o único dízimo da Lei
contido nas Escrituras? A resposta é NÃO. Em Deuteronômio 14.22-29 nos
deparamos com outro dízimo – em outro contexto e com outro propósito: O
dízimo doado por Deus aos levitas, estrangeiros, órfãos e viúvas.

Esse dízimo era praticado de três em três anos. A ordem era a seguinte: “E,
perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu
nome, COMERÁS OS DÍZIMOS do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os
primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao
Senhor teu Deus todos os dias” (Deuteronômio 14.23). Se observarmos o
contexto de Deuteronômio 14, veremos o que deveria ser feito com os dízimos
caso os filhos de Israel estivessem distantes do lugar escolhido pelo SENHOR
para ali consumi-los:

“E quando o caminho te for tão comprido que os não possas levar, por estar
longe de ti o lugar que escolher o Senhor teu Deus para ali pôr o seu nome,
quando o Senhor teu Deus te tiver abençoado; então VENDE-OS, e ata o
dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que escolher o Senhor teu Deus; e aquele
dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por
vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali
perante o Senhor teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa” (Deuteronômio 14:24-
26).

Será que os dizimistas modernos conseguem "vender dinheiro"? A passagem é


clara quanto à ordem de Deus para que os filhos de Israel, quando distantes do
lugar onde o Senhor escolhesse para ali pôr o Seu nome, de VENDER os
dízimos, pegar o dinheiro recebido e fazer compras de tudo quanto desejasse o

209
seu coração. E agora? O que os dizimistas contemporâneos, se dizendo cristãos,
irão fazer com essa ORDENANÇA CLARAMENTE JUDAICA? Comerão suas
notas de cem reais? Venderão seu dinheiro?

Note que esse dízimo era consumido pelas mesmas pessoas que haviam de
ofertar, mas estavam impedidas de chegar até o Templo de Jerusalém devido à
distância. Isso se difere do que lemos em Levítico e em Números anteriormente,
onde o dízimo estava destinado somente aos levitas. Trata-se de uma nova forma
de lidar com o dízimo. De fato, todo terceiro ano este dízimo era para ser usado
de forma diferente: No final daquele ano, este dízimo devia ser coletado pelos
levitas, estrangeiros, órfãos e viúvas para seu próprio sustento:

“Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro,
e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão”
(Deuteronômio 14.29).

Além do mais, a cada sete anos deveria ter o Shabat - Sábado


(“descanso/inatividade”), nome dado ao dia de descanso semanal no judaísmo,
simbolizando o sétimo dia em Gênesis, após os seis dias de Criação, no qual nada
era semeado nem colhido pelo proprietário da terra (Levítico 25.1-5), mas todas
as pessoas eram chamadas para comer o que a terra trouxesse de si mesma
(Levítico 25.6-7), assim como do grande excedente do sexto ano que Deus havia
prometido dar (Levítico 25.20-22).

O VELHO TESTAMENTO NÃO ESTÁ ENDEREÇADO AO


CRISTÃO
O Velho Testamento é brilhante e igualmente importante para nos ensinar muitas
coisas a respeito de Deus e de Seus mandamentos morais. Porém, os
mandamentos morais não devem ser confundidos com as leis cerimoniais, nas
quais está inserida a lei do dízimo. A lei do dízimo não está entre as leis morais
as quais devemos seguir. Parte integrante do Velho Testamento, inspirado por
Deus, está ali para nosso aprendizado. No entanto, o Velho Testamento não está
endereçado a nós, cristãos.

“Porque também Cristo não agradou a si mesmo, mas, como está escrito: Sobre
mim caíram as injúrias dos que te injuriavam. Porque tudo o que dantes foi
escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das
Escrituras tenhamos esperança” (Romanos 15.3,4).

210
“Porque todo o sumo sacerdote é constituído para oferecer dons e ‘sacrifícios’
(dízimos); por isso era necessário que este também tivesse alguma coisa que
oferecer. Ora, se Ele (Jesus) estivesse na terra, nem tão pouco sacerdote seria,
havendo ainda sacerdotes que oferecem dons segundo a lei, os quais servem de
EXEMPLO E SOMBRA das coisas celestiais, como Moisés divinamente foi
avisado, estando já para acabar o tabernáculo; porque foi dito: Olha, faze tudo
conforme o modelo que no monte se te mostrou” (Hebreus 8.3-5) – Ênfase
minha.

Em 1 Coríntios 10.1-12 constatamos ainda mais o porquê do Velho Testamento


nos servir de exemplo para que não tropecemos nas leis de Cristo, fazendo-nos
semelhantes àqueles que estavam debaixo da lei e foram desobedientes a Deus.
As coisas escritas no Velho Testamento foram-nos “feitas em FIGURA” (Cf.
1Co 10.1-12).

O que quer que encontremos no Velho Testamento, foi escrito para o nosso
aprendizado. Nós, cristãos, podemos aprender através de Deuteronômio,
Malaquias ou através de qualquer outro livro do Velho Testamento. Contudo,
embora o Velho Testamento esteja registrado para o nosso aprendizado, nem
tudo ali está escrito para a nossa aplicação. O Velho Testamento é endereçado
aos judeus que estavam vivendo sob a lei mosaica. Jesus Cristo não havia
chegado ainda. O preço pelos nossos pecados ainda não havia sido pago na cruz
do calvário. O nosso Sumo Sacerdote ainda não havia chegado. Paulo diz em
Gálatas 3.23-26:

“Mas antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados


para aquela fé que se havia de manifestar. De maneira que a lei nos serviu de
aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados. Mas,
depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio. Porque todos sois filhos de
Deus pela fé em Cristo Jesus” (Gálatas 3.23-26).

A lei do dízimo esteve em vigor no que conhecemos como dispensação da lei. E


se você deseja entender sobre o funcionamento do dízimo e sua caducidade é
melhor que tenha um entendimento sobre as dispensações da Bíblia. Uma
dispensação é a maneira como Deus trata com o homem durante um determinado
período de tempo, quando este é provado e testado quanto à obediência a certas
revelações definidas da vontade de Deus. Por exemplo, desde os dias de Moisés
até Cristo o homem foi provado sob a Lei. O período atual é chamado de
"dispensação da graça de Deus" (Ef 3.2). No Milênio o homem será provado sob
o reinado pessoal de Cristo, sem a presença de um tentador (Satanás) – é a
chamada "dispensação da plenitude dos tempos" (Ef 1.10).

211
Existem ao todo sete dispensações nas quais o homem tem sido provado: (1) em
inocência, (2) em consciência (da expulsão do jardim do Éden ao dilúvio), (3) em
autoridade ou governo (do dilúvio a Abraão), (4) sob a promessa (de Abraão à
Lei), (5) sob a Lei (da Lei a Cristo), (6) sob a graça (de Cristo ao arrebatamento),
(7) sob o reinado pessoal de Cristo (da vinda de Cristo ao final do Milênio).

A dispensação da graça é o período em que vivemos agora. Há uma diferença


gigantesca entre o período que antecede o sacrifício de Cristo e o que sucede o
mesmo. Esses dois períodos se diferem na maneira como Deus trata com o
homem. Eis a pergunta: Podemos aprender alguma coisa com o Velho
Testamento? Definitivamente SIM. Mas o Velho Testamento está endereçado a
nós? NÃO necessariamente. Você pode ler os Salmos e os Provérbios e obter
guia para sua vida hoje. É a sabedoria eterna de Deus que atravessa o tempo. Por
outro lado, podemos consultar passagens específicas da lei, tais como as
passagens sobre o dízimo, ou as passagens sobre o sacrifício de touros, ou as
celebrações que eles tinham em Israel, como por exemplo a Páscoa. Embora você
possa aprender com essas passagens das Escrituras Sagradas, elas não se aplicam
diretamente a nós. O mesmo é válido para tudo o que se refira à lei mosaica, pois
ela foi abolida por Cristo (Mt 11.13; Lc 16.16; Cl 2.14; Ef 2.14-15). É como ler
os códigos de leis que não têm mais validade. Você pode aprender por eles, mas
eles não serão aplicados porque são obsoletos.

Ora, se a Lei foi abolida, vamos aplicá-la novamente? De fato, nós, cristãos,
temos muito o que aprender a partir do Velho Testamento, mas nada se deve
aplicar da lei cerimonial contida no mesmo. O Velho Testamento está ABOLIDO
e, juntamente com ele, a lei do dízimo a qual lhe pertence.

CONCLUSÃO
Sabemos que a lei Mosaica, juntamente com as profecias, tinha como objetivo
identificar o Messias, Jesus Cristo. Lemos isso em Gálatas 3.24:

“Assim, a lei foi o nosso tutor até Cristo, para que fôssemos justificados pela
fé”.

E que a Lei foi abolida por Cristo conforme é dito em Efésios 2.15:

“Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia
em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a
paz”.

212
Visto que a lei Mosaica foi abolida debaixo da nova dispensação – a dispensação
da graça de Deus – não há sequer um texto no Novo Testamento em que os
apóstolos de Jesus Cristo tenham cobrado os 10% de seus sacrifícios e
holocaustos (dízimo) dos fieis da Igreja. E pode acreditar que JAMAIS veremos
os discípulos de Cristo cobrando 10% mensais em dinheiro dos seus seguidores e
irmãos, prática herética das denominações religiosas da cristandade em geral.

O dízimo, nos moldes do Antigo Testamento, não é mais aplicável nos nossos
dias. Tanto isso é verdade que nem os judeus praticam a lei do dízimo, visto que
não há o Templo de Jerusalém. Os judeus não dão o dízimo desde que o Templo
de Jerusalém foi destruído no ano 70 d.C e a adoração judaica foi interrompida.
Nesse sentido, os judeus acabam sendo mais bíblicos e coerentes do que os
“cristãos” denominacionais, pois eles, os judeus, sabem que o dízimo só podia
ser entregue aos levitas na Casa do Tesouro (Dt 26.12-14; Ml 3.10), que era uma
repartição no Templo de Jerusalém. Eles também sabem que o dízimo nunca
significou dinheiro, mas somente alimento (Dt 12.5-7; Dt 14.22-29. Dt 26.12-
14).

A Epístola aos Hebreus, principalmente os capítulos 9 e 10, deixa bastante claro


que todas as cerimônias do Antigo Testamento foram abolidas com a vinda de
Cristo, pois elas apenas tipificavam Aquele que viria e eram sombras da
realidade que é Cristo. Além dessa epístola, Paulo fala constantemente sobre a
abolição das cerimônias do Antigo Testamento no Novo Testamento, como em
Gálatas 4.8-11, Colossenses 2.8-23, etc.

Assim, a questão é determinar se o dízimo fazia parte da lei cerimonial ou da lei


moral. A lei moral é permanente e a cerimonial, como já fora dito, é transitória.
Assim, constatamos que o dízimo foi igualmente transitório, pois fazia parte da
lei cerimonial e não moral. Quando analisamos o Antigo Testamento,
percebemos que o dízimo estava totalmente amarrado ao sistema sacrificial
daquele tempo e havia vários tipos de dízimo (Lv 27.32; Nm 18.21-28; Dt 12.6-
17; 14.22-28; 26.12).

Estando dessa forma ligado aos sacrifícios e ao sacerdócio veterotestamentário, o


dízimo como era praticado no Antigo Testamento é impraticável nos dias de
hoje. Assim, ele pertence à Lei cerimonial do Antigo Testamento e não adianta
tentar encontrar a lei do dízimo sendo aplicada no Novo Testamento. Não há
nada sobre dízimo no Novo Testamento.

Considere o seguinte diálogo:

João: Tem um gato invisível sobre aquela mesa.

213
Pedro: Não tem não!

João: Prove que não tem.

É quem afirma a existência de um gato invisível que precisa provar que ele
existe. O Pedro do diálogo acima não precisa provar nada. Ou seja, os adeptos do
herético "Dízimo Cristão" é que devem provar que ele está na Bíblia. Eu, no
entanto, não preciso provar nada. Onde está a lei do Dízimo no Novo
Testamento?

Vale ressaltar que o Novo Testamento só começa com a morte do Testador (Jesus
- Hebreus 9.15-17); ou seja, os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João não
fazem parte do Novo Testamento. A doutrina dos apóstolos está nas epístolas. É
de suma importância lembrar-se disso a fim de não misturar o contexto judaico
com o contexto cristão. A Igreja foi inaugurada no livro de Atos, no capítulo 2. O
livro de Atos é, predominantemente, um livro de experiências que mostra a fase
de amadurecimento da Igreja primitiva e de seu contato com o sobrenatural de
Deus, visto que Deus fez muitos sinais e milagres durante esta fase de transição e
crescimento espiritual.

Você não encontrará o dízimo na doutrina dos apóstolos, exceto por alguma
citação fazendo referência ao Antigo Testamento e à Lei.

“E por isso é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte


para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os
chamados recebam a promessa da herança eterna. Porque onde há testamento,
é necessário que intervenha a morte do testador. Porque um testamento tem
força onde houve morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?”
(Hebreus 9.15-17).

214
OS JUDEUS ATUAIS AINDA DÃO O
DÍZIMO?

Não. Os judeus não dão o dízimo desde que o Templo de Jerusalém foi destruído
no ano 70 d.C e a adoração judaica foi interrompida. Nesse sentido, os judeus
acabam sendo mais bíblicos e coerentes do que os “cristãos” denominacionais,
pois eles, os judeus, sabem que o dízimo só podia ser entregue aos levitas na
Casa do Tesouro (Dt 26.12-14; Ml 3.10), que era uma repartição no Templo de
Jerusalém. Eles também sabem que o dízimo nunca significou dinheiro, mas
somente alimento (Dt 12.5-7; Dt 14.22-29. Dt 26.12-14). Existem 15 versos de
11 capítulos e 8 livros, de Levítico 27 a Lucas 11, que descrevem o conteúdo do
dízimo. E o conteúdo jamais incluiu dinheiro, prata, ouro ou qualquer outra coisa
além de alimento. Mesmo assim, a definição incorreta de “dizimar” é uma das
maiores mentiras ensinadas por denominações heréticas na história da
cristandade (Cf. Levítico 27.30,32; Números 18.27,28; Deuteronômio 12.17;
14.22,23,26; 2 Crônicas 31.5; Neemias 10.37; 13.5; Malaquias 3.10; Mateus
23.23 e Lucas 11.42). Em nenhum lugar da Bíblia o Dízimo é entregue em
dinheiro aos levitas na Casa do Tesouro, a qual se encontrava no Templo de
Jerusalém.

Então nos deparamos com a seguinte pergunta: A lei do Dízimo ainda funciona?
A resposta é óbvia: NÃO. Nada disso está mais em vigor hoje no Judaísmo, pois
não há o Templo de Jerusalém. Por essa razão, quando um dito “cristão” chama
de Templo aquele edifício que ele constrói com tijolos, pedras e cimento, ele está
sendo motivo de riso para qualquer judeu que conheça o Antigo Testamento. E
quando o cristão entrega o “dízimo” a um – assim chamado - “pastor” (pois esse
diz que que a Casa do Tesouro é a Tesouraria da sua instituição religiosa), ele já
passa a ser motivo de GARGALHADA para o judeu. E quando ele (o “pastor”)
constrói um templo como réplica do que havia em Jerusalém, o judeu já fica
IRADO porque a brincadeira passou dos limites e virou falta de respeito. Tudo
isso que vemos na cristandade nada mais é do que uma caricatura mal feita do
Judaísmo; todavia, infelizmente, a maioria dos cristãos hoje não percebe isso.

215
COMO SURGIU A IDEIA DE DAR DÍZIMO
A UMA INSTITUIÇÃO RELIGIOSA?

O dízimo é bíblico? Sim. O dízimo é cristão? NÃO. A lei do dízimo pertence à


dispensação da Lei e era uma instituição puramente judaica. No Novo
Testamento não há nenhum registro sequer dessa prática e por cerca de 300 anos
da história da Igreja não encontramos os cristãos dizimando, até porque o dízimo
consistia em sacrifícios de animais e colheitas das plantações.

A ORIGEM DO “DÍZIMO CRISTÃO” E DO SALÁRIO DO


CLERO
Cipriano (200-258 d.C.) foi o primeiro escritor “cristão” a mencionar a prática de
sustentar financeiramente o “clero” – uma classe especial de homens
considerados “líderes” da Igreja de Cristo. Cipriano argumentou em seus escritos
antibíblicos que, da mesma forma que os levitas foram sustentados pelo dízimo
no Velho Testamento, assim também o “clero cristão” deveria ser sustentado pelo
dízimo – imposição que consiste em pagar 10% de sua renda a uma instituição
religiosa. Todavia, isso representa uma das mais repugnantes ideias que alguém
poderia ter com relação à Igreja. A partir do momento em que Cristo morre na
cruz e ressuscita dentre os mortos, o sistema levítico está eliminado, juntamente
com todo o tipo de lei mosaica e sacerdócio veterotestamentário. Na Igreja todos
os crentes são sacerdotes, tendo como Sumo Sacerdote Jesus Cristo, que está nos
céus. Por essa razão, se um dito “sacerdote” demanda dízimo dos fieis da Igreja
de Deus, ele está praticando HERESIA e estelionato! O pedido de Cipriano foi
bem incomum naquele tempo. Tanto que não foi apoiado nem divulgado pelo
povo cristão naquela época, mas somente muito tempo depois.

Além de Cipriano, nenhum escritor cristão antes de Constantino (272 d.C. - 337
d.C.) jamais utilizou referências do Velho Testamento para impor sobre a Igreja a
lei do dízimo. Foi apenas no século IV, 300 anos depois de Cristo, que alguns
líderes cristãos começaram a defender a lei do dízimo como prática cristã a fim
de sustentar o clero. Mesmo assim, isso não chegou a ser comum entre os
cristãos até o século VIII! Segundo o que podemos constatar na história, pelos
primeiros 700 anos o dízimo quase não fora mencionado entre os cristãos, até
mesmo entre as denominações religiosas (seitas) que começaram a ser instituídas
a partir do século IV, por meio de Constantino. Vale ressaltar que, até que a
216
institucionalização da Igreja começasse por volta do século IV no império
romano, os cristãos se reuniam como Jesus havia ensinado em Mateus 18.20,
dentro de suas casas e em lugares menos pretenciosos do que aquelas réplicas do
Templo judaico que vemos na ruína do testemunho cristão hoje. A judaização da
Igreja começou exatamente no século IV, com Constantino. Porém, a ideia do
dízimo, como já fora mencionado, já estava circulando pouco tempo antes, com
os ensinos de Cipriano.

DA TEORIA PARA A PRÁTICA


Para ser mais exato, o assim chamado “dízimo cristão” migrou do Estado para a
Igreja. Na prática, tudo começou com o Estado tendo total influência sobre as
denominações religiosas e vice-versa, como é o exemplo da “Igreja Anglicana”
na Inglaterra e da “Igreja Católica Romana” na Itália. Na Europa Ocidental,
exigir o dízimo da produção de alguém era cobrar o aluguel da terra que lhe era
dada em arrendamento. Na medida em que a cobrança do aluguel de 10% era
entregue à Igreja, esta aumentava sua quantidade de terras ao longo da Europa.
Essa prática resultou em um novo significado relacionado a esta cobrança de
10%. Logo chegou a ser identificada com o dízimo levítico! Por conseguinte, o
“dízimo cristão” como instituição foi baseado em uma fusão da prática do Velho
Testamento com a instituição pagã (o Estado). Isto é, não podemos dizer que se
trata de Judaísmo nem de Cristianismo, visto que nem Israel, nem a Igreja
edificada por Cristo jamais exerceu esse tipo de “dízimo” em dinheiro pago a um
“clero”.

Já no século XVIII, o “dízimo cristão” chegou a ser um requisito legal nas ditas
“igrejas” em muitas áreas da Europa Ocidental. Nessa época o conceito bíblico
do dízimo judaico, como lei cerimonial praticada no Antigo Testamento, já havia
desaparecido. O “dízimo cristão” tornou-se obrigatório ao longo da Europa cristã.

Em outras palavras, antes do século VIII, o “dízimo cristão” era um ato de oferta
voluntária (o termo “dízimo” já havia sido distorcido pelas denominações
religiosas). Mas pelo fim do século X, ele passou a ser uma exigência legal para
sustentar a Igreja Estatal — exigida pelo clero e colocada em vigor pelas
autoridades seculares!

Infelizmente, com essa judaização da Igreja, a maioria das denominações


religiosas modernas, principalmente aquelas conhecidas como “igreja

217
evangélica”, dá continuidade ao ato de dizimar em dinheiro como uma exigência
legal. Certamente você não vai ser castigado fisicamente por não dizimar. Porém,
se você não for dizimista — isto se aplica à maioria das igrejas modernas — você
será excluído das posições importantes do ministério da denominação a qual está
afiliado, e sempre será culpado e atacado de cima do púlpito das instituições ditas
cristãs.

Quanto à ideia do clero receber salários mensais, os ministros da Igreja de Deus


não receberam salários durante os primeiros três séculos d.C. Durante 300 anos
isso não é encontrado na história da Igreja. Porém, quando Constantino, líder
estatal da igreja em Roma, entrou em cena ele instituiu a prática de pagar um
salário fixo ao clero. Esse salário era proveniente dos fundos eclesiásticos e das
tesourarias municipais e imperiais. Assim, pois, nasceu o salário do clero, uma
prática daninha que não tem resquício de apoio do Novo Testamento. Mas isso
não é tudo. O ato de pagar um salário ao – assim chamado hoje – “pastor”
obriga-o a ser complacente com os homens. É a lei do “faça por merecer” (o dito
“pastor” diz o que as pessoas querem ouvir e as pessoas dão dinheiro a ele por
isso). O então pastor se torna escravo dos homens. O “vale refeição” do pastor
está garantido na medida em que ele se faz simpático à congregação. Assim, pois,
ele nunca está à vontade para expressar-se livremente sem temer perder alguns
fortes dizimistas. Esta é a praga do sistema do pastor assalariado.

CONCLUSÃO
Embora o dízimo seja bíblico, ele não é cristão. Jesus Cristo nunca ensinou isso
aos cristãos e jamais impôs tal lei à Sua amada noiva – a Igreja. Os cristãos do
século I não o observaram e por cerca de 300 anos o povo de Deus não o
praticou. Dizimar não foi uma prática aceita em grande escala entre os cristãos
até o século VIII! O ato da oferta no Novo Testamento era segundo a capacidade
de cada um e este sim tem a ver com dinheiro e todo o tipo de posse, além de não
ser uma imposição da lei, mas sim um ato de caridade pessoal (1Co 16.1-2; 2Co
8.5, 11-12). Os cristãos doavam AOS POBRES para ajudar a outros, a fim de
apoiar obreiros apostólicos da Igreja, permitindo-lhes viajar e fundar igrejas (2Co
9.9). O apóstolo Paulo falou sobre “dar e receber” e deixou claro que não
desejava servir de peso a ninguém (2Ts 3.8,9; Fp 4.15-19). NINGUÉM dentre os
cristãos primitivos pediu dinheiro em troca de exercer seu ministério com
honestidade. Um dos testemunhos da Igreja Primitiva foi o de revelar o quão
liberais eram os cristãos com relação aos pobres e necessitados. Foi isso que fez
com que gente de fora da Igreja, inclusive o filósofo Galeno, presenciasse o

218
poder gigantesco e encantador da Igreja Primitiva e dissesse: “Olhe como se
amam uns aos outros”.

Definitivamente, o dízimo pertence ao Velho Testamento, onde um sistema de


tributação foi estabelecido para apoiar os pobres e onde havia um sacerdócio
especial separado para ministrar ao Senhor. Com a vinda de Jesus Cristo, houve
uma “mudança na lei” — o antigo acordo foi “cancelado” e “posto de lado”,
dando lugar a um novo. Agora, todos somos sacerdotes — livres para entrar no
Santo dos santos, isto é, na presença de Deus (Ap 1.6; 5.10; 1Pe 2.5, 9; Hb 10.19-
22; 13.15-16). A Lei, o velho sacerdócio e o dízimo, todos foram crucificados
com Cristo. Agora não há cortina do templo, nem imposto do templo, e não há
um sacerdócio especial que se coloca entre Deus e o homem. Você, querido
cristão, foi libertado da atadura da lei do dízimo e da obrigação de apoiar o
sistema clerical inventado pelos homens.

219
CAPÍTULO 5
CASAMENTO, DIVÓRCIO E NOVAS
NÚPCIAS

DIVÓRCIO E SEGUNDO CASAMENTO DE


DIVORCIADOS

"Eu odeio o divórcio; Eu odeio o homem que faz uma coisa tão cruel assim.
Portanto, tenham cuidado, e que ninguém seja infiel à sua mulher"
(Malaquias 2.16).

Malaquias nos lembra aqui que a vontade de Deus, a respeito do casamento,


sempre foi a mesma. Enquanto milhares de pessoas no mundo procuram
justificativas baseadas nos abusos que eram tolerados durante a era patriarcal –
sob a Lei Mosaica – Jesus nos diz que a ordem de Deus sempre foi a
mesma: "Não tendes lido que o Criador, desde o princípio os fez homem e
mulher, e que disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua
mulher, tornando-se os dois uma só carne?... Portanto o que Deus ajuntou, não
o separe o homem" (Mateus 19.4-6).
Quando se tem o cuidado de não presumir certas premissas antes da interpretação
bíblica e, ao mesmo tempo, se emprega uma abordagem normal e consistente
para entender a Escritura, fica fácil chegar ao entendimento irrefutável de que o
divórcio e o segundo casamento de divorciados são ambos proibidos por Deus
em sua Palavra. As palavras que se seguem definem a abordagem bíblica que
conduz à interpretação correta do tema, começando com a análise exegética de
Mateus 19.9 – o versículo bíblico mais usado pelos hereges como suposto
fundamento para a defesa do divórcio e adultério do segundo casamento. Aqui
será mostrada a razão pela qual um cristão deve estudar a Bíblia sempre levando
em conta a mensagem do evangelho num todo, e não com base em interpretações
que mutilam a lei que rege todo um pano de fundo de determinado assunto
bíblico.
O princípio da hermenêutica irrefutável exige que qualquer passagem da
Escritura, por mais difícil que seja de se interpretar, não pode, em hipótese

220
alguma, entrar em conflito com a antítese apresentada pelos principais textos
normativos da Bíblia. Ou seja, a lei de Deus, de Gênesis à Apocalipse, quanto ao
divórcio e segundo casamento de divorciados, diz que nem um nem outro é
permitido ao homem, exceto em caso de viuvez, como será provado mais à
frente.
Mesmo Deus tendo dito no princípio que o que Ele uniu o homem não pode
separar (Gn 2.24), mesmo Ele tendo enviado profetas como Malaquias para
ratificar tal mandamento (Ml 2.16), mesmo Jesus tendo carimbado a lei do
casamento uno e indissolúvel (Mt 19.3-9) e mesmo o apóstolo Paulo tendo
enfatizado tudo isso com riqueza de detalhes (Rm 7.1-3; 1Co 7.10,11,15,39), a
igreja moderna insiste em prostituir a Palavra pura de Deus. O mundo atual está
cheio de pessoas procurando justificar a própria crueldade do divórcio, prática
que Deus condenou peremptoriamente. Alguns argumentam que o divórcio é
melhor do que sofrer as dificuldades de um casamento problemático; mas Deus
diz que odeia o divórcio. Muitos alegam que o divórcio é a melhor opção
quando o sentimento de amor diminui ou quando conflitos e diferenças
aparecem; mas Deus diz que odeia o divórcio.
Sempre que trato desse tema, o principal questionamento é sempre o
mesmo: "Padilha, você diz isso porque não passou por problemas no
casamento"! Isso é lá argumento para o pecado? Significaria que eu, por não ter
tido outra mulher ou me divorciado, não passo por provações em outras áreas da
vida? Ora, eu poderia reivindicar tal falsa compaixão quando me fosse
conveniente, não é mesmo? Todavia, o casamento não se trata de um conto de
fadas. Na verdade, o casamento é o maior teste de amor incondicional: Deus lhe
concede um cônjuge que não irá cumprir com todas as suas exigências e você
será provado nisso. Visto que amor incondicional significa amar sem considerar
os pecados e defeitos do próximo, o casamento é a melhor forma de mostrar a
verdadeira face de alguém que se diz servo de Deus.

ANÁLISE EXEGÉTICA DE MATEUS 19.3-11


"Então chegaram ao pé dele os fariseus, tentando-o, e dizendo-lhe: É lícito ao
homem repudiar sua mulher por qualquer motivo? Ele, porém, respondendo,
disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os
fez, e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e
serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne.
Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. Disseram-lhe eles: Então,
por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la? Disse-lhes ele:

221
Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas
mulheres; mas ao princípio não foi assim. Eu vos digo, porém, que qualquer que
repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra,
comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério.
Disseram-lhe seus discípulos: Se assim é a condição do homem relativamente à
mulher, não convém casar. Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem receber
esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido” (Mateus 19.3-11).
Com base nos versículos acima, analisaremos seis pontos cruciais da passagem
bíblica para o entendimento correto do texto sagrado.

1. A Pergunta dos fariseus e a resposta de Jesus (v. 3-6):


O texto apresenta alguns detalhes interessantes. O primeiro deles é que os
fariseus vieram até Jesus para o “tentar”, não para aprender com Ele. Esses
mestres da lei não precisavam aprender nada sobre isso, pois eram os mais
eruditos estudiosos acadêmicos da época. Sua intenção era incitar Cristo a
blasfemar contra a lei de Moisés com base numa permissão temporária
ocorrida durante o ministério de Moisés, e não com base na lei de Deus, a
qual Jesus cita como refutação prévia. Isto é, ao ser indagado acerca do tema,
Jesus Cristo aponta para o que está em Gênesis 2.24, asseverando que o que
vale é o que Deus estabeleceu e não o que Ele tolerou numa determinada
época. A resposta de Cristo foi enfática, direta e concisa: Não; não pode se
divorciar por motivo algum.

2. A Réplica tendenciosa dos fariseus (v. 7,8):


A justificativa usada para defender a legitimidade do divórcio e de um novo
casamento está em Deuteronômio 24.1. E é a esse versículo que os fariseus
supracitados e os falsos mestres da atualidade recorrem quando querem
legitimar o pecado do divórcio e adultério. Todavia, Jesus critica a falha
exegética dos fariseus em reconhecerem qualquer legislação nos livros de
Moisés para esse ato. Na verdade, não há qualquer menção de uma lei
aprovando o divórcio como norma para o povo de Deus em Deuteronômio
24.1, mas tão somente uma descrição do estado conturbado em que se
encontravam os hebreus daquele contexto.
Assim, a pergunta que todos os defensores do “re-casamento” amam fazer
foi feita também pelos fariseus que mantinham a mesma justificativa para
deixarem suas esposas: "Por que Moisés mandou"? E é aqui que encontramos
um segundo fator imprescindível para o entendimento correto do contexto.
222
Jesus responde à indagação tendenciosa com uma correção sobre a falsa
premissa que eles tinham em relação a Moisés: “Moisés... permitiu...”!
Ou seja, Moisés não mandou nada. Deus nunca deu tal ordem. Deus jamais
estabeleceu uma lei que contrariasse o Seu próprio mandamento quando ainda
nem havia uma lista com os dez mandamentos. Na verdade, a lei que proíbe
qualquer tipo de separação conjugal se baseia na criação (Gn 2.24) e não nas
ordenanças que regiam o período mosaico para fins de regulamentação do
estado espiritualmente decaído dos hebreus. E é para lá [Gn 2.24] que Jesus
aponta ao dizer o que é legítimo e imutável: “... no princípio não foi
assim” (v. 7,8).
Jesus está simplesmente dizendo aos fariseus que Moisés não mandou
ninguém se separar ou se juntar a outrem, e que a permissão por ele dada foi
um caso isolado, temporário, mutável e ilegítimo para o povo de Deus. O que
vale é o que Deus disse no início de tudo. É como se Jesus dissesse assim:
“agora sou Eu, Jesus, quem estou falando; e não Moisés”. Casamento é um
só, pois dois indivíduos passam a ser um só (Gn 2.24).

3. Cristo invalida a "permissão" de Moisés (v. 9a):


"EU VOS DIGO, PORÉM” é a peça-chave que estabelece uma ordem clara
de Cristo em oposição à permissão de repúdio em qualquer circunstância.
Após salientar que Moisés deu aquela permissão temporária no período
cerimonial por um motivo específico – a dureza de seus corações –, Jesus
invalida a permissão de Moisés, eliminando qualquer espécie de argumento
que possa ser usado como justificativa para a separação de um casal casado.
Os termos “Eu, Porém, vos digo” são freqüentes nas falas de Jesus. É uma
marca evidente em todo o período de seu ministério. Toda vez que Jesus se
depara com a elite religiosa de Israel com seus métodos de lavagem
cerimonial, requeridos pelos fariseus, Ele os confronta com um sonoro “Eu,
porém, vos digo”. Toda vez que esses termos são usados por Jesus é para
invalidar alguma premissa baseada em ordenanças que nunca passaram de
fábulas criadas pelo sistema chamado Tradição dos Antigos (cf. Mt 15.3). Tal
distintivo de Cristo resultou em um ódio muito grande no coração dos
doutores da lei. Esses doutores eram os mais eruditos estudiosos da Escritura
naquela época. Assim, fica fácil entender por que os conflitos entre Jesus e os
fariseus era constante.

223
4. A cláusula de exceção (v. 9b):
No verso 9 de Mateus 19 fica patente que há uma cláusula de exceção para
algum tipo de repúdio. Que tipo de repúdio é esse, uma vez que Jesus acabara
de estabelecer uma regra tão enfática e imutável para o povo de Deus? Se um
casal de casados não pode se separar “por motivo nenhum” (v. 4-6), a que
tipo de casal Jesus se refere ao falar de uma cláusula? Teria Jesus entrado em
contradição consigo mesmo? A Bíblia contém paradoxos? A Escritura se
contradiz? A resposta é obviamente não.
Como será provado ao longo deste capítulo, Jesus, neste verso, não está
abrindo exceção nenhuma para casados. A palavra grega usada para se referir
à cláusula de exceção é Porneia, que significa fornicação. Pessoas casadas
não praticam fornicação quando traem seus cônjuges. Elas praticam adultério,
que é o termo usado duas vezes por Jesus para se referir especificamente ao
pecado da separação ou do segundo casamento de divorciados. A palavra
grega para adultério é outra – Moicheia.
Sendo assim, a cláusula de exceção aqui é concedida somente ao casal de
noivos; pessoas que ainda não oficializaram o casamento. Se houver traição
por parte de uma das partes durante o período de noivado, o cônjuge traído
tem o direito (mas não o dever) de abandonar a relação durante esse período.
A fornicação é um ato pecaminoso praticado por solteiros, não por casados. O
Espírito Santo teria se esquecido disso na hora de se revelar na Palavra? Não,
caro leitor. Se ao invés da palavra porneia (fornicação) a cláusula
fosse moicheia (adultério), então Jesus estaria abrindo uma exceção para
casados. Mas não é isso que a Bíblia está dizendo em Mateus 19.9. Cristo é
minucioso e categórico quando se refere à porneia (fornicação) para referir-se
à exceção, e usa o termo moicheia (adultério) duas vezes adiante, em um
mesmo versículo, fazendo uma diferenciação irrefutável entre uma prática e
outra, com a finalidade de falar exclusivamente sobre o pecado do divórcio e
também do segundo casamento de divorciados – o adultério.
Em algumas raras ocasiões, o termo moicheia é generalizado, significando
tanto fornicação como adultério. Mas esse não é o caso de Mateus 19.9. Nessa
passagem, duas expressões gregas específicas são usadas para dar significado
a dois atos distintos – fornicação e adultério. O único outro lugar além de
Mateus 5.32 e 19.9 onde Mateus usa a palavra porneia é em 15.19. Nesse
verso, o termo porneia é utilizado junto com moicheia. Assim, a evidência
contextual primária para o uso das duas palavras em Mateus 19.9 é que o
autor inspirado faz uma clara distinção entre porneia e moicheia,
esclarecendo aos ouvintes que o termo porneia está ali para se diferenciar da

224
prática do adultério (moicheia). Em termos diretos, Mateus está usando o
termo grego porneia em seu sentido normal de fornicação. Esse sempre foi o
significado primário dessa palavra. Do mesmo modo, ele usa a
expressão moicheia para tratar especificamente da prática do adultério.

5. Descomplicando com um texto-chave (Mateus 1.18-20):


Não por acaso, encontramos em João 8.41 o termo porneia, onde os líderes
judeus indiretamente acusam Jesus de ter nascido de porneia
(fornicação/prostituição). Uma vez que os fariseus não aceitam que Jesus
havia sido concebido pelo Espírito Santo, eles acusam Maria de ter praticado
fornicação e afirmam que Jesus era o resultado desse ato. Dito isso, é
necessário voltarmos ao texto que fala sobre o nascimento de Cristo,
em Mateus 1.18-20, e assim eliminaremos toda e qualquer queixa acerca de
Mateus 19.9 que possa ser usada como argumento por hereges, divorcistas e
adúlteros.
Nos versos aqui analisados (Mt 1.18-20), José e Maria são apontados como
marido (Aner) e mulher (gunaika). No entanto, eles são descritos na passagem
como sendo ainda noivos um do outro, e não casados. Isso ocorre por dois
motivos: (1) As palavras para marido e esposa são simplesmente homem e
mulher, e (2) o noivado judeu não se tratava de algo banal como no atual
século e na cultura em que vivemos, mas era um compromisso sério e
significativo diante de testemunhas e autoridades. No versículo 19, José toma
a decisão de divorciar-se de Maria. A palavra usada para o divórcio aqui é a
mesma descrita em Mateus 5.32 e 19.9. Agora note um fator determinante
para a conclusão da correta interpretação de Mateus 19.9 – o apóstolo Mateus
diz aqui que José era "justo" em sua decisão de se separar de Maria. Sua
atitude era justa porque, do ponto de vista da acusação dos fariseus, Maria
praticara porneia (fornicação). Assim, enquanto Mateus constrói toda a
narrativa do seu evangelho, ele se encontra numa situação complicada ao ter
de explicar o capítulo 19 sem entrar em contradição com o capítulo 5. O
autor, inspirado pelo Espírito Santo, se vê diante de uma responsabilidade
muito grande. Diante dos seus olhos estão os comandos diretos e absolutos de
Jesus de que “se um homem se divorcia de sua esposa e casa com outra,
comete adultério”, isto é, ele comete uma grave injustiça.
Uma vez que Mateus nos ensina que o “divórcio” de José, descrito no
capítulo 1, trata-se de uma "justa" possibilidade, ele chega no capítulo 19 e
aplica uma cuidadosa diferenciação entre porneia e moicheia a fim de evitar a
inconsistência gritante entre o que ele disse sobre José e o que Jesus diz sobre

225
o divórcio. Consciente de que o leitor honesto entenderia não somente o
contexto como os termos gregos empregados para a distinção entre um
pecado e outro, Mateus insere a cláusula de exceção (porneia – fornicação)
no intuito de exonerar José e mostrar que o tipo de divórcio que alguém pode
assumir durante o noivado – por causa de fornicação – está em perfeita
harmonia com o que Jesus disse.
Essa interpretação é consistente e resultante de uma aplicação exegética
honesta, sem os malabarismos que a maioria faz para tentar legitimar um
pecado que Deus condena de Gênesis a Apocalipse. Pelo menos quatro
vantagens exegéticas ficam evidentes a respeito da exceção concedida por
Cristo em Mateus 19.9:
(1) Esta interpretação não força Mateus a contradizer o significado claro e
absoluto de Marcos e Lucas. A força e significado das expressões usadas por
Marcos e Lucas não abrem margens sequer para uma discussão; (2) ela
fornece uma explicação lógica para o emprego de porneia ao invés de
moicheia na frase de exceção de Mateus; (3) ela enquadra o uso do termo
porneia em seu significado predominante – fornicação – em Mateus 5.32 e
19.9; e (4) promove a verdade do absoluto mandamento de Jesus de que o
divórcio e a nova união entre divorciados são ambos condenados por Deus,
sem permitir que isto entre em contradição com a retidão da intenção de José
ao resolver divorciar-se de sua noiva Maria.
Portanto, não podemos fugir do fato de que a distinção entre o que era
considerado como porneia e o que era considerado como moicheia foi
minuciosamente mantido na literatura judaica pré-cristã e no Novo
Testamento.

6. A frustração dos discípulos que pensavam poder se divorciar (v.


10,11):
"Disseram-lhe seus discípulos: Se assim é a condição do homem
relativamente à mulher, não convém casar. Ele, porém, lhes disse: Nem todos
podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido".
Primeiro, a frustração dos discípulos diante da proibição direta de Jesus
quanto ao divórcio e novo casamento de divorciados é um ponto significativo.
Assim como os fariseus, os discípulos ali presentes também estavam
acostumados com a tradição dos antigos, também conhecida como Torá
Oral. A reação dos discípulos, descrita nos versos 10 e 11 diante da resposta
de Jesus sobre repúdio ou novas núpcias, é peremptória para o desenlace do

226
texto, pondo fim à discussão entre Jesus e os fariseus que o
experimentavam: "Se assim é a condição do homem relativamente à mulher,
não convém casar "! O que isso significa? Significa que, muito mais agora,
após aquele período complicado no ministério de Moisés com o povo hebreu,
o casamento era algo muito mais sério do que eles podiam imaginar. Agora os
discípulos tinham compreendido que o matrimônio conjugal se tratara de uma
união vitalícia, santa e irrevogável, que mais tarde seria a analogia usada
pelos apóstolos para se referir à própria noiva de Cristo – a Igreja (Ef 5.22-
33). Pergunto ao leitor: Cristo se divorcia de sua amada noiva, embora ela o
traia todos os dias?
Segundo, Cristo se direciona aos discípulos e diz exatamente o que Paulo
reforçaria nas epístolas: "Nem todos podem receber esta palavra, mas só
aqueles a quem foi concedido" (v. 11). Em 1Coríntios 7.20, Paulo se encontra
falando sobre a vocação do casamento, a qual nem todos estão destinados a
receber: “... cada um fique na vocação em que foi chamado". Assim, a fim de
acalmar o espírito de seus discípulos, Jesus os conduz ao entendimento de que
cada um recebe de Deus um dom diferente, por divino decreto, e em Sua
soberania é onde eles devem descansar. Portanto, Mateus 19.3-11 não
permite Divórcio nem Segundo Casamento.

A SAMARITANA E SEUS CINCO "MARIDOS"


Uma vez que as dúvidas acerca do polêmico versículo de Mateus 19.9 foram
desfeitas sob o uso responsável de uma exegese sadia, uma simples leitura das
normas prescritas nas epístolas será suficiente para reforçar a lei da imutabilidade
da união matrimonial feita por Deus entre um homem e uma mulher.
Antes de observarmos o que é dito em Romanos 7 e 1Coríntios 7, é importante
que o leitor preste muita atenção ao diálogo entre Jesus e uma mulher samaritana
que havia passado por cinco maridos em sua vida:
"Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, e
não venha aqui tirá-la. Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido, e vem cá. A
mulher respondeu, e disse: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem:
Não tenho marido; Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu
marido; isto disseste com verdade" (João 4.15-18).
A mulher com quem Jesus está falando nesta passagem era uma samaritana. Os
samaritanos surgiram de uma mistura de povos e crenças pagãs, e não eram bem
vistos pelos judeus em Jerusalém, nem mesmo considerados como humanos, mas
como animais (cf. Mc 7.25-27). O fato de Jesus não rejeitar os samaritanos
227
quando estes se achegavam a Ele foi motivo de escândalo para a maioria dos
judeus. Além da idolatria (adoração a outros deuses) misturada aos conceitos
judaicos, os samaritanos acreditavam que o local correto de se adorar a Deus era
o monte Gerizim, e não o templo de Jerusalém. A crença de que a adoração a
Deus devia ser feita no monte Gerizim é descrita na continuação deste mesmo
diálogo de Jesus com a mulher samaritana, do verso 19 ao 24. Foi ali que Jesus
declarou que a verdadeira adoração não seria mais avaliada com base no lugar
onde uma pessoa estivesse, mas que a verdadeira adoração seria reconhecida por
um espírito sincero, independente de se estar em um templo ou monte qualquer
(v. 23,24).
Fica difícil imaginar que Jesus teria em vão intimidado a mulher samaritana a
chamar seu “marido” para, só então, receber a água da vida, que traz a vida
eterna. Cristo a instiga a confessar seu real estado espiritual. Ela não necessitava
do marido por perto para receber a salvação. Isto parece insignificante para
doutores diplomados que não se interessam por cada mensagem que Jesus
transmite toda vez que abre sua boca. Mas o fato é que, sabendo que a mulher
estava em adultério, Jesus provoca a mulher a dizer que seu atual marido não era,
de fato, MARIDO. A conclusão textual é a peça-chave que coloca a samaritana
em uma posição de adultério. Jesus diz: “Disseste bem: ‘Não tenho marido’;
Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste
com verdade” (v. 17,18). Isso ocorre pelo fato de que seu MARIDO certamente
ainda estava vivo. De outra maneira, Cristo não teria dito que o atual “cônjuge”
não era de fato seu marido. Se ela havia ficado viúva do primeiro, ou do segundo,
ou, ainda, do terceiro, isso não é revelado na Escritura, nem mesmo necessário
para a conclusão de uma premissa. O fato é que esta mulher estava em adultério
porque se separou do legítimo marido e se “casou” outra vez. E é assim que o
diálogo sobre casamento se encerra em João 4.15-18.

DESERÇÃO E ABANDONO
"Todavia, aos casados mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher não se aparte
do marido. Se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com
o marido; e que o marido não deixe a mulher (...). Mas, se o descrente quiser
apartar-se, que se aparte; em tais casos (irreconciliáveis), não fica sujeito à
servidão nem o irmão (repudiado), nem a irmã (repudiada); Deus vos tem
chamado à paz" (1Coríntios 7.10,11,15).
O foco de Paulo em 1Coríntios 7 é a relação entre um homem e uma mulher.
Todo o capítulo é composto por uma série de mandamentos e conselhos

228
destinados a três grupos diferentes: (1) solteiros ou viúvos, (2) casados e (3)
crentes que se casaram com descrentes. O apóstolo fala acerca do celibato, do
casamento e dos crentes que haviam se casado com pagãos. Portanto, para que o
nosso foco seja mantido neste capítulo, falaremos sobre os deveres
predominantes dos solteiros e viúvos em outra ocasião. O que importa agora é
desfazer o engano de Satanás e dos falsos mestres a respeito do divórcio e
segundo casamento.
Paulo proíbe o divórcio e o faz sob a base de que Jesus o proibiu (Mc 10.9; Lc
16.18; Mt 19.3-9). Não se trata de uma mera opinião do apóstolo, mas da
revelação direta de Jesus Cristo a ele, já que nenhum apóstolo escreveu sob
qualquer influência que não fosse do Espírito Santo. Paulo diz: "aos casados
mando, não eu, mas o Senhor", a fim de asseverar aos crentes de Corinto que
Jesus já havia ensinado tudo isso nos evangelhos, e que, portanto, ele não estava
dizendo nada novo ali. Ao contemplar a possibilidade de um rompimento
forçado, Paulo proíbe expressamente que haja um novo casamento. Pode parecer
uma doutrina severa para “cristãos” relativistas e pagãos da nossa era, mas o fato
é que em Corinto havia uma lassidão espiritual fora do comum, característica que
marcou aquela igreja como sendo a mais resistente à disciplina cristã devido aos
costumes de suas antigas crenças em deuses pagãos. Nada pertencente a esta vida
deveria tomar a atenção dos crentes de Corinto, e Paulo não deu mole para as
ovelhas daquela congregação. Isso explica por que a linguagem de Paulo é tão
severa ao se dirigir a uma classe de recém-convertidos que, outrora, praticava
orgias em devoção a todo tipo de deuses da antiga Grécia. Portanto, era
necessário que qualquer tipo de pensamento impuro fosse evitado entre os
Coríntios, especialmente na área sexual. E Paulo não poupou a cinta. Divórcio
não! Segundo casamento, exceto em caso de viuvez, também não!

As quatro regras imutáveis para os casados da Igreja de Deus, prescritas em 1


Coríntios 7, são:

1. Não se aparte do cônjuge.


2. Se apartar (separação forçada), fique sem casar.
3. Ou, que se reconcilie com o marido.
4. Que o marido não deixe a mulher.
Se houver traição dentro do matrimônio, o perdão e a oração para que o cônjuge
seja transformado(a) em uma nova criatura em Cristo é a opção correta.

229
A única exceção para novas núpcias está destinada aos viúvos, no final da carta:
"A mulher casada está ligada pela lei todo o tempo que o seu marido vive; mas,
se falecer o seu marido, fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja
no Senhor" (1Coríntios 7.39).
Quaisquer que sejam as justificativas dos advogados do divórcio e “re-
casamento”, nenhuma passagem da Escritura pode ensinar o contrário do que está
enfaticamente ordenado em 1Coríntios 7.39. Esta passagem é a conclusão lógica
de todo um pano de fundo que vimos até aqui. Todo o ensinamento de Cristo
sobre relação conjugal, separação ou união com terceiros é concluído aqui. Um
novo casamento só é permitido em caso de óbito (morte física; túmulo).
Em 1 Coríntios 7, Paulo tem ciência de que uma possível separação forçada é
inevitável. Quando ele escreve aos Coríntios sobre o assunto, ele está
considerando em sua mente a possibilidade de um adultério sem arrependimento
e de casos como a deserção e a violência doméstica. A fim de deixar claro ao
leitor de que o divórcio e o novo casamento de divorciados são ambos
condenados por Deus, ele se dirige aos cônjuges que sofreram o rompimento
forçado e os alerta sob a base das mesmas palavras do Jesus histórico. Esses
indivíduos abandonados no casamento devem se manter no celibato, pois Deus
os chamou para a paz e eles não estão fadados a forçarem ninguém a manter
laços com eles.
Portanto, Lucas 16.18, Marcos 10.11-12 e Mateus 19.3-11 são as normas que o
apóstolo Paulo tem em mente quando vai tratar sobre o assunto com a Igreja de
Cristo na dispensação da graça. É por essa razão que ele diz: “... aos casados
mando, não eu, mas o Senhor“, fazendo alusão ao que Jesus já havia dito nos
evangelhos, mas que precisava ser enfatizado para um povo de difícil
compreensão.

O CASAMENTO É O ESPELHO DA RELAÇÃO ENTRE CRISTO


E A IGREJA
A analogia entre a relação de Cristo e a Igreja com o Casamento não foi feita em
vão pelo apóstolo da graça. Quando a Bíblia diz que o Casamento é como Cristo
e a Igreja, tudo fica evidente nesse assunto. O que é correto ou não no casamento
deve ser decidido, sobretudo, à luz desta analogia –Marido e Esposa / Cristo e a
Igreja. Façamos a seguinte pergunta: Quantas vezes por dia a Igreja trai a Cristo?
Se eu fosse contar, perderia a conta. Mas, se eu perguntar como Cristo reage à
traição de Seu Corpo, a Igreja, a resposta é óbvia: Perdoando. O casamento é um

230
teste para o desenvolvimento da santidade. Ele é o crivo pelo qual se manifestam
os filhos de Deus e os filhos do diabo.
“Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; porque o
marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo
ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a
Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos. Vós,
maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si
mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da
água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula,
nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os
maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem
ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém odiou a sua
própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja;
porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos. Por isso
deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois
NUMA SÓ CARNE. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e
da igreja. Assim também vós, cada um em particular, ame a sua própria mulher
como a si mesmo, e a mulher reverencie o marido” (Efésios 5:22-33).

O SEGUNDO CASAMENTO NÃO É RECONHECIDO POR


DEUS
A psicologia moderna e os livros de autoajuda tomaram o lugar da Palavra de
Deus nos púlpitos. Hoje, quando um pastor moderno vai “pregar”, ele se
preocupa com a autoestima das ovelhas e não com suas almas. Troca-se o "Toma
a Sua Cruz" pelo "Seja Feliz". Alguns líderes religiosos tem se afrouxado diante
de homens e mulheres que já se divorciaram e casaram com outros. Quando
deparados com a situação, omitem partes da verdade com o intuito de não
ofender o pecador. Então eu pergunto: Como continuar no "segundo casamento"
se isso implica em "continuar no adultério"? A menos que esse seja um método
de aconselhamento que objetiva encaminhar adúlteros para o inferno, não se pode
afirmar outra coisa senão que se trata de heresia.
Portanto, é necessário que o leitor tenha uma atenção dobrada neste momento.
Preste muita atenção ao que é dito em Romanos 7.2-3, pois aqui será provado
que todo “segundo casamento de divorciados” é, na realidade, um contínuo
adultério.
“Porque a mulher que tem marido, está ligada pela lei ao marido dela enquanto
ele estiver vivendo; mas se o marido morrer, ela está livre da lei do marido dela.
231
De sorte que, enquanto estiver vivendo o marido dela, se ela se casar com outro
homem, ela será chamada de adúltera; mas, se morto o marido dela, ela livre
está daquela lei; de modo que ela não é adúltera, ainda que ela se case com
outro homem” (Romanos 7.2-3).

1 - Essa mulher casa novamente com outro homem, estando o seu marido ainda
vivo.

2 - Essa mulher que casa novamente com outro homem (não interessa o motivo
nem a "legitimidade" atribuída pelos homens), não se livrou do fato de que o seu
legítimo marido (o primeiro) ainda é chamado de M-A-R-I-D-O. Não existe “ex-
marido” na Bíblia. Essa ideia foi inventada por pecadores para racionalizar o
pecado do adultério. Em nenhuma parte das Escrituras você encontrará o termo
“ex-marido”. O fato de que o legítimo marido ainda é chamado de M-A-R-I-D-O,
apesar da mulher tê-lo deixado e casado com outro, derruba por terra toda a
tentativa inútil de dizer que a nova união entre divorciados é reconhecida por
Deus. Essa nova união não é reconhecida por Deus. Deus aplica a esta mulher o
título de ADÚLTERA! Este é o nome dela – ADÚLTERA. Ela tem dois
maridos!
Se o divórcio fosse válido e anulasse o casamento, a passagem de Romanos 7.1-3
estaria totalmente em desacordo com as Escrituras, entrando numa contradição
descabida com a tese do divórcio e novo casamento apresentada até aqui. Tal
pensamento secular gera um total descrédito sobre a Palavra de Deus e lança a
inerrância das Escrituras na lata do lixo!

3 - Ela será chamada (grego chrematizo = considere-se avisada por Deus) de


adúltera. Isso significa que ela está num estado de adultério contínuo, e não
apenas num ato de adultério isolado como querem afirmar os liberalistas da igreja
moderna. Jesus está dizendo que ela será chamada de adúltera! Esse é o título
dela por definição. E mais, ela continuará sendo adúltera enquanto o verdadeiro
marido estiver vivo. Sim, é uma tragédia para qualquer família, mas é o retrato
que a Palavra de Deus apresenta acerca desse pecado!

4 - A fidelidade deve ser mantida "enquanto ele estiver vivendo" e não


"enquanto ele for fiel", muito menos "até que eles se divorciem", como querem
afirmar os defensores do divórcio por causa de infidelidade.
● Infidelidade não quebra a união do casamento.
● Abandono não quebra a união do casamento.
● Divórcio não quebra a união do casamento.

232
Infidelidade, abandono e divórcio trazem maldição e profanação para o
casamento, mas não quebram a união do casamento. Os dois cônjuges continuam
sendo uma só carne até que a morte os separe.
Ao olharmos para o mundo religioso, fica evidente a fala dobre de pessoas
inconstantes (Pv 17.20; Tg 1.8). A maioria dos casais fala uma coisa, mas em
suas mentes pensam de outra maneira. Os votos feitos na cerimônia não servem
de nada. São palavras. Nada mais do que palavras. São cristãos nominais –
apenas no nome. São mentirosos e, portanto, filhos do diabo, o pai da mentira.
São pessoas ímpias. Jamais foram regeneradas. Sua língua está cheia de rapina e
hipocrisia.
João Batista apontou e condenou o pecado de Herodes, o governador da Judeia,
que estava em adultério porque se uniu a uma mulher divorciada. Essa mulher era
esposa de seu irmão Felipe (Mt 14.3-4). Preste atenção nisso. João apontou o
dedo na fuça de um governador em público. Observe a coragem, ousadia e
intrepidez de João Batista e compare esse servo de Deus com os que se dizem
“pregadores do evangelho” hoje. João Batista não tinha medo de apontar o
pecado, nem de repreender os mestres e poderosos. Com efeito, João Batista não
se enquadra na abordagem pacifista e carismática dos "profetas" do nosso século,
em nenhum nível e em nenhum aspecto.
O resultado é que, diferentemente da mulher samaritana (Jo 4.15-18) e da mulher
judia que também havia cometido adultério e se arrependido (Jo 8.11), o ódio de
Herodias contra o profeta cresceu em seu coração. Herodias não abandonou o seu
pecado. Ela escolheu outro caminho – matar um servo de Deus, pensando que
assim calaria suas palavras.
João Batista foi punido com a morte por ter uma visão bíblica do casamento.
Teve sua cabeça arrancada por não fazer parte de uma elite religiosa que visava o
lucro pessoal e político; que valorizava mais as suas tradições do que a Palavra
de Deus; que vivia de aparências. João Batista não dobrou seus joelhos diante da
diplomacia acadêmica. Ele cumpriu com fidelidade sua missão de profeta na
terra.
Com efeito, não há uma só linha no Novo Testamento que sirva de amparo para a
quebra da aliança do casamento, exceto a morte. A única forma de um cristão se
casar de novo é somente "se o marido morrer" e ponto final. Não há o que
discutir. Os divorcistas e adúlteros não têm para onde correr. Ou eles usam a
permissão de Moisés como desculpa (o que é exatamente o que os fariseus da
época de Jesus fizeram), ou terão de concordar com a antítese que aponta para a
proibição do divórcio e também de um novo casamento entre divorciados (Gn
2.24; Ml 2.16; Mt 19.3-11; Mc 10.2-12; Lc 16.18; 1Co 7.10,11,15,39; Rm 7.1-3).

233
Você diz servir ao Deus da Bíblia? Então saiba que Ele odeia o divórcio e o
adultério. E Ele não muda. Esse Deus é imutável. Você quer se divorciar? Quer
se “recasar”? Então faça-o sem distorcer as Escrituras para a sua satisfação
carnal. Há milhares de religiões que apoiam a poligamia e você não precisa
ultrapassar os limites da insensatez ao tentar legitimar tal abominação por meio
da Bíblia. Poupe a si mesmo e aos mais fracos de tamanha aberração ilógica e
busque, sem demora, por uma religião pagã que forneça a você os conceitos e
práticas que lhe convém.

UM CONSELHO AOS IRMÃOS QUE POSSUEM MEMBROS


DIVORCIADOS NA IGREJA
Embora o pastor tenha o dever de guiar as ovelhas de Cristo no caminho da Sã
Doutrina, ele não é responsável pelos atos pecaminosos de ninguém. A Bíblia
não manda que um pastor examine alguém. Ao contrário, a Bíblia ordena que o
homem deve examinar a si mesmo (1Co 11.28). Ou seja, o casal que se encontra
no adultério do “segundo-casamento” deve examinar a si mesmo à luz das
Escrituras para saber se está em conformidade com a Palavra, e não jogar a
responsabilidade nas costas dos demais crentes ou, como de costume, no pastor
ou em algum tipo de líder de uma igreja local. Como em qualquer pecado, quem
criou essa confusão foi o casal separado e mais ninguém além dele. “De maneira
que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus” (Romanos 14.12).

UM CHAMADO AO ARREPENDIMENTO
A Bíblia diz que os adúlteros não herdarão o reino dos céus (1Co 6.10). O
versículo de João 8.11 fala exatamente sobre uma mulher que adulterou. O que
Jesus disse a ela? "Vá e não peques mais". Em momento algum Ele diz
"permaneça no adultério", mas sim "Vá e não peques mais". Jesus não estava
interessado se aquela moça (deveras casada, pois praticou moicheia - adultério) já
havia construído outra vida e com outra pessoa. Jesus não perguntou a ela o que
lhe faria sentir bem consigo mesma, ou, ainda, se as circunstâncias da sua vida
possuíam barreiras demais para se acertar com Deus. E são exatamente estas
coisas que os pastores do século presente fazem: "Ah... você já formou outra
família? Bom, nesse caso concedemos uma exceção para você"! Quem inventou
tal bestialidade? Quem deu o direito ou autoridade de revirarmos os 66 livros da
Escritura de cabeça para baixo com a finalidade de "abrir uma exceçãozinha"
para o irmão que está em pecado? Nem todos suportam ouvir essa verdade, mas é

234
isso que a Bíblia ensina. Quem recasa destruiu, irremediavelmente, a figura
indissolúvel do relacionamento entre Cristo e a igreja, comparados com o marido
e com a esposa respectivamente (Ef 5.24-25 ).
O verdadeiro arrependimento produz mudança de pensamento, e o pensamento
produz mudança de atitude. A própria lógica nos diz isso. Ou sai do adultério ou
fica nele. As duas coisas ao mesmo tempo não existe. Os que aceitam que
divórcio e “re-casamento” são de fato condenados pela Bíblia e, ao mesmo
tempo, negam que aqueles que se mantém no erro do “segundo-casamento” estão
em constante ADULTÉRIO, estão a cometer um paradoxo sem precedentes. Isso
é afrontar a inteligência humana.
Quando uma pessoa ouve a verdade, ela toma uma atitude ou outra: Ou ela vai
para o lado certo ou ela vai para o lado errado. Uma pessoa arrependida do
divórcio e do "novo casamento" irá criar uma ruptura no adultério, por mais que
ela tente impedir. Eu vi isso acontecer. Certa vez uma mulher adúltera entendeu
meu artigo a respeito do tema e ficou ARREPENDIDA. Automaticamente a
relação dela com o adúltero entrou em crise. O que ela fez para cessar a crise?
Escolheu o caminho errado e voltou atrás! Ela encontrou uma brecha na lei de
Moisés e justificou seu ato por meio desta brecha. Depois disso ela rompeu todos
os contatos comigo para não ouvir mais nada sobre o assunto.
Diante do exposto, uma pergunta popular sempre surge: “O adultério anula o
Sacrifício Expiatório de Cristo?” Esse tipo de pergunta jamais deveria ser feita
por um cristão. Isso prova o quão longe ele se encontra de Deus. Pois nada e nem
ninguém anula o sacrifício de Cristo. O fato é que, como qualquer outro pecado,
o divórcio e o adultério do segundo casamento, quando não retratados
(abandonados), são simplesmente o resultado da não-regeneração do pecador. É o
fruto resultante de um não-eleito. Não existe justificação sem santificação. Do
contrário, isso seria antinomianismo (cf. Rm 6.1-23). A obediência é o resultado
da salvação e não um pré-requisito para ser salvo. "Porque somos feitura Sua [de
Deus], criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para
que andássemos nelas" (Efésios 2.10). Ou seja, o fato de sermos salvos pela
graça e não pelas obras não significa permissão para pecar. Pelo contrário, a
graça é concedida justamente para tornar possível a santificação do eleito. "Não
sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois
servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência
para a justiça?"(Romanos 6.16). A ovelha pode cair na lama, mas só um porco
consegue permanecer nela.

235
ADULTÉRIO: O PECADO DE ESTIMAÇÃO
DA IGREJA MODERNA

Os falsos mestres da igreja contemporânea impingiu na mente dos incautos que o


adultério cometido no segundo casamento é tolerado por Deus em vista da
impossibilidade de ser abandonado. A segunda justificativa, igualmente contrária
às Escrituras, é de que Deus considera os tempos da ignorância em que os
cônjuges deram início a tal iniquidade. Os adeptos do divórcio e segundo
casamento de divorciados tratam essa prática como um "pecado de estimação",
condenando os demais pecados e elevando-os a um nível de iniquidade superior
ao do divórcio e segundo casamento de divorciados. Todos os pecados que
devem ser abandonados no novo nascimento em Cristo são, em sua maioria,
condenados pelas várias denominações religiosas ao redor do mundo. Todavia,
quando o pecado do adultério vem à tona, joga-se a inerrância das Escrituras na
lata do lixo e adota-se uma premissa sensacionalista que apela para a emoção em
detrimento da lei de Cristo.
Isto é, o ladrão deve se arrepender e parar de roubar... o mentiroso deve se
arrepender e parar de mentir... etc., mas o adúltero, segundo a premissa da maior
parte dos cristãos professos da atualidade, embora seja igualmente chamado ao
arrependimento, não necessita parar de adulterar com o “segundo marido” (ou
segunda esposa). Ora, onde está a lógica e o temor a Deus nisso? É impossível
um pecador remido por Cristo dar continuidade a um pecado, senão que sua vida
é feita de arrependimento diário. De fato, santidade não é sinônimo de perfeição
neste mundo; porém, a santidade é mais do que isso: é o contínuo
arrependimento e abandono do pecado e de tudo que é impuro (Rm 6). Quando
contrariam esse princípio bíblico, é como se os advogados do divórcio e do
segundo casamento de divorciados estivessem dizendo que o Espírito Santo é
débil e limitado em seu poder de conceder arrependimento ao casal adúltero,
conforme a graça que opera eficazmente em todos os santos. Tais amantes de si
mesmos estabelecem, por conta própria, uma “cláusula” inexistente na Palavra de
Deus a fim de legitimar algo que Deus odeia! – “Eu odeio o divórcio; Eu odeio
o homem que faz uma coisa tão cruel assim. Portanto, tenham cuidado, e que
ninguém seja infiel à sua mulher" (Malaquias 2.16).
O divórcio e o segundo casamento de divorciados são dois [dentre muitos]
“Bezerros de Ouro” da igreja do século XXI. Se um – assim chamado – pastor
sobe no púlpito e condena a mentira, todos batem palmas e não medem esforços
para repreender irmãos que permanecem na mentira. Os que ainda se mantém no
pecado do homicídio, da idolatria ou da prostituição (sexo entre solteiros) são
236
vistos como monstros; afinal, ninguém está vendo você mentir em casa, no
trabalho ou nas ruas. Ninguém está vendo você matar o próximo ao nutrir ódio
por alguém que lhe fez mal; e ninguém está vendo você dizer que seus filhos são
a coisa mais importante da sua vida (idolatria). Porém, se um servo de Deus é
levantado para pregar a sã doutrina na Igreja, condenando o divórcio e o segundo
casamento de divorciados, quantas pessoas, no dia de hoje, poderão se esconder
debaixo da terra e manter a aparência de santidade?
Com isto em mente, temos constatado que, na maioria dos casos, o que ocorre
não é a ignorância acerca do pecado do divórcio e segundo casamento entre
divorciados, mas sim a vergonha da exposição à igreja e ao público. Embora a
máscara do “bom testemunho” seja facilmente mantida por um tempo,
certamente, um dia, a Palavra de Deus saltará aos brados contra os que
adulteram, na frente de toda a congregação.
Esconder o pecado da mentira é fácil. O difícil é esconder o "ex-marido" (não
existe esse termo na Bíblia) debaixo da cama e fingir que é fiel à Bíblia. Quem
pode dizer e provar que a mentira é mais fácil de ser abandonada do que o
adultério? Ou, quem pode afirmar, sem falso temor, que a “avareza” (que
também é idolatria) é mais fácil de ser abandonada do que o adultério? Examine-
se a si mesmo e se pergunte: “Seria eu capaz de lançar minha TV a Cabo pela
janela hoje?”.
Homens e mulheres que se divorciaram e se uniram a terceiros costumam se
colocar em um status elevado diante de Deus por meio de um gnosticismo
presunçoso e sem nenhum consenso com a Bíblia. Quando as justificativas
baseadas na lei mosaica falham – e certamente irão falhar – essas pessoas se
refugiam em subterfúgios sensacionalistas, tais como a auto-justificação, uma
vez que não possuem o amparo das Escrituras Sagradas para seus atos. Eles
dizem: “Você não sabe o que eu sinto... você não conhece o meu coração... você
não sabe o que é dor...”, como se os demais crentes da Igreja de Deus não
tivessem sua própria cruz para carregar, e, assim, lançam pedras sobre os que de
bom grado tentam alertá-los. É como se o pecado do divórcio e “re-casamento”
fosse uma espécie de “iniquidade tolerável à parte”, com exceções variadas e
atalhos para o reino dos céus. Todavia, é necessário que se diga: Não existe
justificação sem santificação. A crença de que um homem pode caminhar para
o Céu sem ser santificado [dia após dia] provém do Antinomianismo (vide meu
artigo sobre o termo – “Por Que Devo Me Arrepender Se Já Está Tudo
Decretado?”).

237
PERMISSÃO ILIMITADA
Se o segundo casamento entre divorciados é correto, qual o problema com o
vigésimo? Toda vez que faço essa pergunta a um defensor do Divórcio e do
segundo casamento de divorciados, o silêncio toma conta do ambiente e ninguém
é capaz de tentar mais uma “cambalhota teológica” para justificar essas heresias.
Os hereges, adúlteros e divorcistas simplesmente teriam que alegar uma
“permissão ilimitada”, entrando em um total desacordo com as Escrituras.
Alguns alegam que Deus tolera o adultério por parte daqueles que se casaram
várias vezes porque ainda não haviam se convertido. Mas a lei do casamento não
consiste numa união que pode ser dissolvida enquanto se é um ímpio. Ao
contrário disso, quando Deus diz aos Seus filhos que não considera os “tempos
da ignorância”, Ele está dizendo que o chamado ao arrependimento é universal,
independente do que os homens tenham feito no passado. Mas, se alguém insiste
em me contradizer, o que lhe restará senão uma total ausência de sensatez quando
eu fizer a seguinte indagação: Se a regra é considerar os tempos da ignorância,
por que os defensores do divórcio e da permanência no adultério do segundo
casamento não aplicam a mesma regra e da mesma maneira aos outros pecados
ao invés de ensinar as ovelhas a abandonarem "a velha natureza”?
Em termos diretos, por que tais facínoras, que se autoproclamam pastores,
ensinam aos quatro ventos que a vida de pecado deve ser abandonada pelo crente
ao se tornar “nova criatura” (2 Co 5.17), mas, paradoxalmente, tomam para si a
autoridade de abrir uma “exceçãozinha” para os que permanecem no adultério?

RESSALVAS E CONSIDERAÇÕES
Um ponto importante a ser considerado é que nós somos acostumados a desejar e
amar para depois casar. No entanto, a Bíblia ensina o contrário: o amor é
construído no casamento, e não o inverso. Você decide amar ou não uma pessoa.
De outra forma, o amor não poderia ser um mandamento. Por isso há tanto
sofrimento quando descobrimos a verdade nas Escrituras. Fazemos nossas más
escolhas e praticamos nossas perversidades antes da conversão e depois não
queremos acertar nossas vidas com Deus. Culpamos a Deus pelos nossos
distúrbios, quando, na verdade, toda a nossa ignorância é consequência dos
nossos próprios pecados. Nós nascemos odiando a Deus (Rm 3). É preciso
entender que a partir do momento em que começamos a andar com Jesus,
sofreremos as dores consequentes dos nossos atos, e viveremos uma vida de
arrependimento e mudança de caráter. A situação é complicada, mas é a realidade
que a Bíblia nos apresenta a respeito do “novo nascimento”. Quando nos
238
convertemos, temos muito o que acertar com Deus; e isso exige que passemos
por uma metamorfose. A metamorfose não é nada confortável; ela é dolorosa até
que termine seu processo. Sem isso, o evangelho perde todo o seu sentido.
Minha pergunta final aos atuais “pastores” e “líderes religiosos” é: Por que a
passagem de Romanos 7.2-3 não é lida publicamente em suas sinagogas? Ou, no
mínimo, por que essa passagem bíblica é tão evitada e censurada em seus ditos
cultos?
“A mulher que tem marido está ligada pela lei ao marido dela enquanto ele
estiver vivendo; mas se o marido morrer, ela está livre da lei do marido dela.
De sorte que, enquanto estiver vivendo o marido dela, se ela se casar com outro
homem, ela será chamada de adúltera; mas, se morto o marido dela, ela livre
está daquela lei; de modo que ela não é adúltera, ainda que ela se case com
outro homem” (Romanos 7:2-3).

A ANTIGA SERPENTE NOS DIAS ATUAIS

Deus ordenou a Adão que “não comesse da árvore do conhecimento do bem e do


mal”, e reforçou: “Porque, no dia que dela comeres, certamente morrerás”
(Genesis 2:17). Mas Satanás disse: “É certo que não morrereis” (Genesis 3:4).
Deus estabeleceu uma ordem clara ao homem, mas o homem a desobedeceu, e
nós já conhecemos as consequências. Deus não se fez de desentendido, não
deixou de cumprir Sua Palavra e não teve Adão por inocente. Deus não torna
atrás em Sua Palavra (Isaías 45:23).
Apliquemos, agora, esta mensagem ao tema “Divórcio e Segundo Casamento de
Divorciados”:

Deus disse:
● "Eu odeio o divórcio; Eu odeio o homem que faz uma coisa tão cruel assim”
(Ml 2:16);
● “O que Deus uniu, não o separe o homem” (Mt 19:6);
● “Marido e esposa estão ligados pela lei até que a morte os separe” (Rm 7:2-3);

239
● “A união matrimonial é indissolúvel, e uma nova união só é permitida em caso
de viuvez” (1Co 7:39);
● “Não é permitida a separação. Se, porém, ocorrer uma separação forçada (caso
de abandono, por exemplo), fique sem se casar ou se reconcilie com o seu
cônjuge” (1Co 7:10-11);
● “Quem se casa de novo, estando o marido (ou esposa) vivo, está em contínuo
adultério” (Mt 19:3-6; 5:27-28; Rm 7:2-3);
● “Os adúlteros não herdarão o reino dos céus” (Rm 1:31-32; 1Co 6:10; Gl 5:19-
21; Ef 5:3-5; Cl 3:5-6; 1Ts 4:3-8; Hb 13:4; 2Pe 2:14-17; Ap 22:14-15).

A Palavra de Deus é clara, imutável, direta, irrefutável e consistente! Nela não há


sombra de variação ou espaço para a auto-justificação. Deus disse: “É proibido se
divorciar; é proibido o segundo casamento de divorciados!”. Ponto.

Satanás diz:
● “Ah, Deus não me quer sofrendo”;
● “Ah, Deus me fez para ser feliz”;
● “Ah, Deus não leva em conta o tempo da ignorância”;
● “Ah, Deus me perdoa sem que eu me converta; Ele não vai querer minha
tristeza”;
● “Ah, larga ele(a) e case-se de novo; Deus quer o seu bem”;
● “Ah, estou feliz no meu atual [segundo] casamento! Deus não é carrasco”!

Essas e outras infinidades de justificativas são usadas a fim de ignorar, distorcer


e blasfemar as ordens claras e diretas de Deus. Assim como Adão e Eva, os
adúlteros continuam [igualmente] buscando a quem culpar por seu pecado de
estimação: “A culpa é do meu marido”... “a culpa é da minha esposa”... “a culpa
é do diabo” (Gênesis 3:12-13).
Mas, você se atentou para o que Deus fez com Adão e Eva? Por que tantos
adúlteros, se dizendo cristãos, acham que Ele não cumprirá Sua Palavra para
conosco? Porventura Deus torna atrás em Sua Palavra?

240
A Palavra do Deus vivo é absolutamente clara:
"Eu odeio o divórcio; Eu odeio o homem que faz uma coisa tão cruel assim.
Portanto, tenham cuidado, e que ninguém seja infiel à sua mulher"(Malaquias
2.16).
“Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem
semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne
ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida
eterna” (Gálatas 6:7,8).
Deus não terá o culpado por inocente (Ex 34:7; Nm 14:18; Na 1:3). Ele irá
despejar sua ira sobre os filhos da desobediência (Cl 3:6; Ef 5:6). Não sou eu
quem estou dizendo isso; é a Palavra de Deus; é o próprio DEUS!
“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos
pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor”
(Atos 3:19).

RESPOSTAS A PERGUNTAS FREQUENTES

PERGUNTA: Qual a sua opinião sobre casamento forçado? Ex: Uma jovem
menor é forçada a se casar com alguém que a violentou. Essa jovem poderia se
casar novamente com alguém de sua escolha?
RESPOSTA: Não existe tal exceção para novas núpcias. A Bíblia diz que
somente a viuvez permite ao cônjuge um novo casamento. Também não existe
"casamento forçado". No caso da jovem, ela pode escolher ser fiel a Deus e
sofrer as consequências de se dizer "não" ao casamento que lhe foi imputado.
Todos nós temos responsabilidade sobre nossas ações. Um bom exemplo disso é
o caso de Sadraque, Mesaque e Abednego, que tinham duas opções: Ou eles
obedeciam ao decreto do rei Nabucodonosor, o qual consistia em adorar a
estátua que ele havia feito para todos os povos adorarem, ou eles seriam
queimados na fornalha. Se aqueles três judeus optassem por adorar a estátua,
seriam punidos por Deus; e se optassem pela desobediência ao rei, seriam
queimados vivos. A decisão desses três servos de Deus foi dizer “não” ao rei
Nabucodonosor. Será que ser queimado vivo numa fornalha é menos doloroso
do que um estupro? Para melhor entendimento da história, recomendo ao leitor
que leia toda a trama em Daniel 3.

241
PERGUNTA: Mas, sendo menor de idade (cerca de 15 anos) não dá pra dizer
“não” e sofrer as consequências. Isso é impossível.
RESPOSTA: Depende de como a pessoa foi educada. Depende se o indivíduo
foi disciplinado segundo os moldes bíblicos ou segundo os padrões mundanos.
Meus filhos, hoje, têm 3 e 5 anos e sabem muito bem dizer "não" para muitas
coisas. Mas, digamos que um deles fosse forçado a se casar com uma mulher que
não desejasse. Ainda assim o casamento é VITALÍCIO. É irrevogável. Nada é
por acaso. Deus continua em Seu trono e é Ele quem determina cada
acontecimento em nossas vidas. Ele diz: “Vede agora que Eu, Eu o sou, e mais
nenhum deus há além de mim; Eu mato, e Eu faço viver; Eu firo, e Eu saro, e
ninguém há que escape da minha mão” (Deuteronômio 32.39).
Um segundo ponto a ser considerado é que nós somos acostumados a desejar e
amar para depois casar. No entanto, a Bíblia ensina o contrário: o amor é
construído no casamento, e não o inverso. Você decide amar ou não uma pessoa.
De outra forma, o amor não poderia ser um mandamento. Maria, por exemplo,
tinha cerca de 15 anos quando foi PROMETIDA a José. A Bíblia diz que
José “não conheceu Maria” enquanto ela não deu à luz a Jesus, que foi
concebido pelo Espírito Santo (Mt 1.25). Quando a Bíblia diz que José “não a
conheceu”, isto se refere ao fato de que José não teve ato sexual, nem qualquer
intimidade com Maria até o nascimento de Jesus e a oficialização do matrimônio.
O amor entre os dois foi sendo moldado conforme os anos de seu casamento,
muito tempo depois, e não o inverso, como somos acostumados na nossa geração
e cultura perversas. No mundo e na época em que vivemos, as pessoas têm
relações sexuais e constroem o “amor” para depois se casarem. Isso se
chama Prostituição na Bíblia. É um ato totalmente antibíblico e abominável a
Deus.

PERGUNTA: Mas, e se o homem com quem fui forçada a me casar for mau? Se
fosse um casamento minuciosamente arranjado, concordaria com você. Mas
casar uma mulher com um homem que a estuprou é algo impossível de se
suportar. Não se pode respeitar um homem assim, nem ser submissa a ele.
RESPOSTA: Deus não ordena que a mulher respeite o marido por causa do
marido, mas sim para honrar a Deus. Não tem a ver com obediência ao homem,
mas com submissão primária a Deus. Poderíamos falar de várias outras situações
além do casamento forçado aqui, como por exemplo os cristãos primitivos que
eram jogados na arena com os leões. Eles podiam dizer "não" e serem mortos
antes da arena, mas, em sua maioria, preferiam correr o risco com os leões.
242
Certamente vale a pena tentar pensar em algo mais doloroso do que um estupro.
Mais uma vez eu apelo para a soberania de Deus; ela não falha; ela não possui
sombra de variação. O "casamento forçado" é algo triste, em especial quando o
homem estuprou sua futura esposa. Mas, será que é a coisa mais triste que existe
na vida cristã? Será que tudo é tão ruim que não possa ser piorado? Meditemos,
pois, nas ordens de Deus e não em nossa vã maneira de pensar.

PERGUNTA: E se o sofrimento em um casamento for maior do que nossa


capacidade de suportar? E se for da vontade de Deus que eu não consiga dar
conta disso?
RESPOSTA: Se fosse além do que o cônjuge pudesse suportar, Deus seria um
mentiroso ao dizer que nos concede somente aflições que podemos suportar, e
você certamente não estaria aqui para contar sua história. Deus não somente nos
capacita a suportar as aflições a nós concedida, como também nos promete um
escape: “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não
vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o
escape, para que a possais suportar” (1 Coríntios 10.13). Se Deus faz tal
promessa a todos os santos da Igreja, por que, então, essa promessa não se
cumpriria na vida de um casal que sofre com um casamento cercado de
confusão?
Porventura é fácil perdoar aos que nos maltratam? Não. Assim como não é fácil
ficar um dia sequer sem pecar, porque aquele que diz que não tem pecado é
mentiroso. Todavia, Deus perdoa àqueles que se arrependem de seus pecados, e é
Ele, Deus, quem opera nos Seus santos o querer e o efetuar, segundo a Sua boa
vontade:
“Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a
sua boa vontade. Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas; para
que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma
geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no
mundo” (Filipenses 2.13-15).
“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há
verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos
perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.
Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está
em nós” (1 João 1.8-10).
Deus não irá se adaptar aos nossos caprichos, nem concordar com nossos
pecados ou ficar alheio à nossa rebeldia. O SENHOR não tem o culpado por

243
inocente. Existe a paz de Cristo e a paz do mundo. Pense bem em qual paz você
está buscando. A Soberania de Deus e a responsabilidade humana andam de
mãos dadas.

PERGUNTA: E se o homem com quem me casei for violento? Devo sofrer


agressões e até ser morta por obediência a Deus?
RESPOSTA: Assim como no caso de qualquer vítima de assalto, assassinato ou
sequestro, seja ela solteira ou casada, a Palavra de Deus não diz que alguém deve
sofrer violência doméstica ou qualquer tipo de crime dessa magnitude. Para tal,
Deus nos ensina que as autoridades por Ele constituídas estão a nosso serviço,
atendendo exatamente a esses casos (Rm 13.1-6). O apóstolo Paulo explica que
as autoridades são ministros de Deus para o nosso bem, estando elas sujeitas aos
nossos pedidos de socorro. Elas estão postas por Deus para castigar o homem que
faz o mal, como no caso do marido que agride sua esposa. O apóstolo prossegue
dizendo que é por esse motivo que nós pagamos tributos (impostos) ao Estado ou
governo.
Ou seja, o cristão ou cristã que está sendo vítima de maus tratos tem o direito e
até mesmo o dever de recorrer às autoridades humanas, acionando a Polícia e
outros meios de socorro. O indivíduo agressor pode vir a ser preso ou sofrer
outros tipos de penalidades pelos seus atos criminosos. Isso pode até mesmo
fazer uma mulher ou homem se livrar forçadamente do compromisso
matrimonial. Todavia, vale ressaltar que o casamento entre ambos não foi
findado. Ainda que o cônjuge agressor esteja numa prisão perpétua, enquanto ele
estiver vivendo o cônjuge agredido deve permanecer no celibato, pois o
casamento é indissolúvel. Essa aliança permanece enquanto os dois viverem,
mesmo que à distância, como é o caso em questão.

PERGUNTA: E quem começou a andar com Jesus depois que já tinha se


divorciado?
RESPOSTA: Quem matava, não mata mais... quem roubava, não rouba mais...
e, da mesma forma, quem adulterava, não adultera mais, pois os adúlteros não
herdarão o reino dos céus (1 Co 6.10). Muitos chegam a dizer: “Então, se um
assassino mata alguém, como ele tornará atrás em seu ato, visto que a vítima já
está morta?”. Ora, a resposta para tal é que pessoas mortas não voltam à vida (Hb
9.27), mas o casamento ainda não está morto, e o matrimônio é VITALÍCIO. Isto
é, enquanto o cônjuge estiver vivendo, o casamento sempre estará de pé (Rm 7.1-
3; Ef 4.27-28). Somente a morte separa o marido de sua esposa e ponto final.

244
Também sabemos que no nosso caso quem oficializa o casamento é o Estado, ou
seja, a autoridade instituída por Deus para tais meios. Não vivemos na teocracia
de Israel, quando as coisas funcionam de forma diferente na oficialização do
casamento. O que causa muita confusão é que muita gente pensa que tem que
estar convertido para se casar e ser considerado casado. Nada disso. A lei que
rege o matrimônio se baseia na criação. O casamento vem antes da Lei (Gn 2.24).

CONCLUSÃO:
Jesus disse para os fariseus que Deus estabeleceu a ordem da imutabilidade do
casamento antes mesmo da Lei (Gn 2.24; Mt 19.4-9). Os fariseus ficaram
desesperados com isso. Até os discípulos ficaram com medo de se casar (Mt
19.10). O apóstolo Paulo tinha muito medo do casamento e até chegou a dar
conselhos próprios aos homens, dizendo: "Se você está bem sem mulher, não
procure mulher" (1 Coríntios 7.27). Isso é muito sério. Como toda a ordem de
Deus, o assunto “Casamento” exige total sujeição da nossa parte para com Deus.
Nada disso deveria ser causa de escândalo ao cristão. Nada disso deveria impedi-
lo de ser fiel a Deus. Nada nesta vida deveria tomar o lugar de Deus em nossos
corações: “Nenhum de nós vive para si, e nenhum morre para si. Porque, se
vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De
sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor (Romanos 14.7,8).
Não estamos sozinhos no "vale da sombra e da morte". Cada membro do Corpo
de Cristo sofre as mesmas aflições pelo mundo afora: “Sede sóbrios; vigiai;
porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão,
buscando a quem possa tragar; ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as
mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo” (1 Pedro 5.8,9).
Quem ama a Deus, guarda os Seus mandamentos: “E nisto sabemos que o
conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-
o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a
verdade” (1 João 2.3,4).

245
O GATILHO PARA UM CASAMENTO
INFELIZ

“Vós, mulheres, sejam SUBMISSAS a vossos maridos, como ao Senhor; porque


o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo
ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a
Cristo, assim também as mulheres sejam em TUDO sujeitas a seus maridos. Vós,
maridos, AMAI vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si
mesmo se entregou por ela” (Efésios 5.22-25).

Quando Deus ordena que a mulher seja em TUDO submissa ao marido, é para
que ela esteja debaixo de sua autoridade sem restrições, se submetendo à sua
vontade sem se opor nem reclamar. E quanto ao homem? Deus ordena que o
homem ame sua esposa, certo? Isso significa que o amor não é um sentimento
que (como dizem muitos) surge do nada, ou que vem naturalmente ao seu
coração. Não, não é isso. O amor é um mandamento. Sendo um mandamento,
quando obedecido, este amor é real e racional. Ele é verdadeiro. E isso significa
que o marido terá um excesso de zelo e dedicação total à sua esposa, como se ele
estivesse fazendo bem a si mesmo. Existem quatro tipos de amor nas Escrituras
Sagradas, visto que não se ama a Deus, à esposa, ao irmão e ao amigo da mesma
forma. São quatro os tipos de amor na Bíblia: o amor a Deus (amor acima de
todas as coisas, do grego Ágape), ao cônjuge (amor romântico, do grego Eros),
ao irmão (amor fraternal, do grego Storge) e ao amigo (amor de amizade, do
grego Philia). Sendo assim, o amor que o homem tem pela esposa é o amor Eros
– o amor romântico.
O gatilho para um casamento fracassado é este: o esposo crê que deve dar à sua
esposa o que ele pensa que ela merece e a esposa responde ao esposo conforme o
que ela pensa que ele merece. E essa é a fonte de todas as nossas lutas.
Basicamente o homem diz: “Se a minha esposa me respeitar, eu a amarei”. E a
mulher diz: “Se o meu esposo me amar, eu me submeterei a ele”. Oras, estamos
enganando a quem com essa birra? Estamos enganando a nós mesmos, não a
Deus. Por que? A esposa está disposta a obedecer à ordem de Deus somente se
seu marido agir bem com ela, e, igualmente, o marido está decidido a amá-la
somente se ela se submeter a ele. Todavia, Deus sempre age conforme Seus
preceitos. Deus sempre age bem.
O que acontece é o seguinte: Deus nunca falhou e você se recusa a amar sua
esposa porque ela não está agindo de acordo com a ordem de Deus. Ela não está

246
sendo submissa a você. Porém, há algo que você precisa aprender: Deus é o
centro do casamento e você deve se comportar de acordo com o que Ele te
ordenou e não conforme o que sua esposa merece. O homem diz: “Bem, quando
a minha esposa me respeitar, então eu a amarei”. Eis o problema: A esposa
sempre falhará. O respeito da sua esposa nunca será perfeito. Sendo assim, você
sempre terá desculpas para não amar sua esposa.
Da mesma forma, a mulher diz: “Eu só serei submissa e respeitarei o meu marido
quando ele me amar”. Mas o amor dele sempre terá falhas. Sempre! E você, que
é mulher, sempre terá desculpas para não respeitar o seu esposo.
Todavia, vocês precisam aprender o seguinte: É Deus quem está ordenando essas
coisas a vocês. É Deus. E Ele nunca dá desculpas para a sua desobediência. Eu
tenho que amar a minha esposa, mesmo que me pareça que ela não merece. E ela
terá que me respeitar quando, às vezes, não sou merecedor de seu respeito.
“Vós, mulheres, sejam SUBMISSAS aos vossos maridos, como ao Senhor;
porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da
igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja
está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em TUDO sujeitas a seus
maridos. Vós, maridos, AMAI vossas mulheres, como também Cristo amou a
igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a
lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa,
sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim
devem os maridos AMAR as suas próprias mulheres, como a seus próprios
corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém
odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à
igreja; porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos. Por
isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois
numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da
igreja. Assim também vós, cada um em particular, AME a sua própria mulher
como a si mesmo, e a mulher REVERENCIE o marido” (Efésios 5.22-33).
Sempre que o assunto é Sujeição, devemos ter duas coisas em mente: (1) Todos
nós estamos sujeitos a alguma autoridade: filhos aos pais, esposas aos maridos,
homens às autoridades civis e aos governantes. Porém, a lei da sujeição não para
aqui. Todas as classes supracitadas devem estar sujeitas primeiro a Deus, a
Suprema Autoridade. E é isso que o mundo não entende. (2) Nenhuma
autoridade, exceto a de Deus, é absoluta. Sendo assim, quando qualquer pessoa,
em posição de autoridade, exige de seus liderados qualquer coisa contrária à
Palavra de Deus, os cristãos tem o dever de desobedecê-la em prol da obediência
à Autoridade Suprema que é Deus.

247
Tudo isso concorda com o que descobrimos sobre casamento e/ou família no
Novo Testamento. Os esposos possuem a responsabilidade inicial da liderança e
as esposas são chamadas a submeterem-se à liderança de seus esposos (Ef 5.22-
33; Cl 3.18-19; 1Pe 3.1-7). O chamado à submissão para a esposa não está
fundamentado em meras normas culturais, pois ela é chamada a submeter-se a
seu esposo assim como a Igreja é chamada a submeter-se a Cristo (Ef 5.22-24).
Paulo designa o casamento como um “mistério” (Ef 5.32), e este mistério é que o
casamento reflete o relacionamento de Cristo com a Igreja, não deixando
qualquer espaço para os que relativizam o evangelho a fim de argumentar que a
submissão da mulher seja algo cultural e transitório.
Deus ordenou que a mulher obedeça ao marido em tudo e ponto final (Ef 5.22-
24). Ele não propôs uma condição para tal. Isso é uma ordem direta. Quanto ao
amor do homem para com sua esposa, a regra é a mesma. O homem deve amar
sua esposa até à morte e ponto final (vs. 25-30).

E SE MEU MARIDO NÃO OBEDECER?


Essa é uma pergunta muito frequente entre as irmãs, visto que, estando uma vez
em sujeição total ao marido, elas têm de obedecer caladas. Então, o que fazer se o
marido, de repente, desobedecer a Deus? O que a mulher deve fazer se o marido,
quem sabe, começar a tratá-la mal? A Palavra de Deus tem a resposta:
“Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos próprios maridos;
para que também, se alguns (maridos) não obedecem à palavra, PELO PORTE
de suas mulheres sejam ganhos SEM PALAVRA; considerando a vossa vida
casta, em temor. O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no
uso de jóias de ouro, na compostura dos vestidos; mas o homem encoberto no
coração; no incorruptível traje de um espírito manso e quieto, que é precioso
diante de Deus. Porque assim se adornavam também antigamente as santas
mulheres que esperavam em Deus, e estavam sujeitas aos seus próprios maridos;
COMO SARA OBEDECIA A ABRAÃO, CHAMANDO-LHE SENHOR; da
qual vós sois filhas, fazendo o bem, e não temendo nenhum espanto” (1 Pedro
3.1-6).
Esse é o modo como a MULHER CRISTÃ ganha o marido: No comportamento,
no seu modo de vestir (com pudor e modéstia), no seu porte, na maneira de viver
e, principalmente, na sua submissão total a ele. A mulher ganha o marido com o
seu modo de se portar, e não com a língua. Ela deve ser uma imitadora de Sara,
esposa de Abraão. Ela não precisa abrir a boca para atrair seu marido. Isso é um

248
dom maravilhoso dado por Deus às mulheres. Respeite seu marido; chame-o de
senhor, como Sara fazia. O resultado será brilhante!
“Toda mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba com as próprias
mãos” (Provérbios 14.1). A mulher cristã deve entender que, neste caso, o poder
está em suas mãos, pois foi Deus quem o disse.

O AMOR EROS E A IMPORTÂNCIA DO SEXO


Eros é o amor romântico – de marido para esposa e vice-versa. Ele é
caracterizado pelo romance, pela paixão e pelo desejo. Está associado ao prazer,
à atração física e ao sexo. E é aqui que entra outro problema no casamento que
está em ruínas: a falta de sexo. Senão, vejamos:
"Não vos priveis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo,
para vos aplicardes ao jejum e à oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para
que Satanás não vos tente pela vossa incontinência" (1Coríntios 7.5).

1. Não deixem de fazer SEXO regularmente.


2. Só podem cessar o SEXO sob 4 condições:
● Se os dois estiverem de acordo.
● Apenas por um brevíssimo tempo.
● Para se dedicarem à oração e jejum.
● Após tudo feito, voltem ao ato sexual regular.

3. Se o casal não preservar o ato SEXUAL constante, Satanás tentará uma


das partes (ou as duas) através da lascívia.

Isso não é uma proposta passível de opção. A Bíblia não faz sugestões. Ela
determina o que é correto ou não para a vida cristã. Sim, a falta de relação sexual
destrói o casamento. A falta de sexo causa distanciamento entre o casal. Todo
casal que não se atenta aos princípios estabelecidos por Cristo ao casamento não
suporta as pressões com que o mundo, o diabo e a carne lhe acometem. Verifique
e faça uma pesquisa sobre o testemunho de casais não-convertidos e testifique
por si mesmo o que digo. Não é necessário a teologia para provar tal realidade

249
perversa; basta entender um pouco de estatística. Nenhum casamento é
duradouro sem a obediência aos preceitos imputados aos casados.
Geralmente chamam de "aliança" o que na verdade não passa de um simples anel
de ouro. Todavia, a palavra "Aliança" deriva do hebraico "Berith", que significa
Pacto ou Selo. Por acaso você já viu um judeu ou um cristão na Bíblia usando
"anel de aliança"? Pois bem, e nem nunca verá. O Deus da Palavra é o Deus de
alianças. Em todo o período testamentário Ele institui seus conceitos por meio de
uma aliança. A aliança feita com os homens para a salvação tem como símbolo
terreno o casamento entre UM HOMEM E UMA MULHER (Gênesis 2). Tanto
uma como a outra não tem fim. A única distinção entre a primeira e a segunda é
que o casamento se finda com a morte física, enquanto a aliança de Deus nas
dispensações bíblicas são eternas e irrevogáveis – a aliança feita com Israel para
o reinado de Cristo por mil anos na terra e a aliança feita com a Igreja num todo
para a salvação.
Mulher, seu corpo não pertence mais a ti mesma; seu corpo pertence ao seu
marido. Homem, seu corpo não pertence mais a ti mesmo; seu corpo agora
pertence à sua mulher. Vocês não têm o direito de negar sexo um ao outro,
exceto nos casos supracitados em 1 Coríntios 7.5, quando os mesmos se
encontram em perfeita harmonia.

FAÇAM SEXO
"O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher ao
marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o
marido; e também da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu
próprio corpo, mas tem-no a mulher. Não vos priveis um ao outro, senão por
consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes ao jejum e à
oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás não vos tente pela
vossa incontinência" (1Coríntios 7.3-5).
Quando casados, seus corpos não mais pertencem a si mesmos, mas estão em
sujeição mútua. Ao contrário da prostituição (sexo entre solteiros), o sexo não é
meramente um momento de satisfação carnal, mas um gatilho indispensável e
poderoso concedido por Deus para a batalha contra as hostes espirituais da
maldade. O sexo não foi criado por satanás. Satanás não cria nada; ele distorce,
deturpa, prostitui, adultera e modifica sofisticamente com o intuito de promover
o pecado. O sexo é projeto de Deus e possui regras imutáveis. Assim como o
Culto e a Ceia possuem elementos irrevogáveis prescritos pela Bíblia para a
aceitação de Deus na vida eclesiástica, o sexo possui normas e não pode ser

250
praticado de modo condenável pela Bíblia (isto é, não deve ser praticado fora do
casamento). Se os crentes contemporâneos tivessem ciência do que significa o
sexo biblicamente, estariam tomando providências radicais para mantê-lo em seu
estado santo e agradável diante de Deus.
Resumindo, Deus mandou a esposa se submeter às vontades do marido, pois o
marido é sua autoridade. Deus mandou o homem amar a esposa como Cristo ama
a Igreja, se entregando à morte por ela. Deus mandou o casal ter relação sexual
regular. Sim, Deus MANDOU VOCÊS FAZEREM SEXO COM
REGULARIDADE. Eis a tríade para o casamento bíblico e feliz: Submissão da
mulher, amor do homem e sexo entre ambos.

251
CAPÍTULO 6
DIAS SANTOS E FESTAS RELIGIOSAS

A VERDADE SOBRE O SÁBADO E


OUTROS “DIAS SANTOS”

A primeira coisa que um cristão deve saber a respeito do Sábado Judaico é que
esta lei se trata de uma ordem de Deus dada ao povo de Israel e não à Igreja. A
segunda coisa é que o sábado não foi abolido, nem mesmo um i ou um til da lei,
como Jesus mesmo disse, e nós constataremos isso mais à frente. A terceira coisa
importante é que devemos sempre saber diferenciar as ordens dadas por Deus a
Israel das ordens dadas por Ele à Igreja. As ordens dadas a Israel são diferentes
das que Ele estabeleceu para Sua Igreja. Dito isto, vamos tentar falar mais a
respeito deste mandamento e entender por que a Igreja está isenta do mesmo.
A palavra “Sábado” vem do hebraico Shabat, que significa “Descanso” – o dia
judaico dedicado ao descanso e ao culto. Todavia, para o cristão, mediante o
evangelho da graça e conforme os versículos que aqui serão apresentados de
forma sistemática, o próprio Cristo é o nosso sábado, pois é Ele quem diz ser o
nosso Sábado, e é Nele que somos convidados a descansar todos os dias, em
espírito e em verdade (Mt 11.28; Mc 7.27,28; Jo 4.23).
Muitos grupos e seitas religiosas, tais como Adventismo do Sétimo Dia, Igreja
Presbiteriana do Brasil e Igreja Católica Romana, ensinam que deveríamos
guardar um dia para o Senhor. No Adventismo do Sétimo Dia este dia é o sétimo,
enquanto que na Igreja Presbiteriana e Católica é o primeiro. Isso ocorre porque,
de acordo com a crença presbiteriana e católica, o Shabat foi transferido para o
dia do Senhor, que é o primeiro dia da semana escolhido pelos apóstolos e
primeiros cristãos para culto, adoração e ministério, quando partiam o pão entre
si (At 20.7; 1 Co 16.2). Porém, o dia do Senhor não tem nenhuma relação com o
Sábado judaico. Essas pobres almas dedicam um “culto especial” em favor de um
“dia santo” nunca antes estabelecido pelo evangelho de Cristo! Isso se chama
idolatria. Trata-se do ato de considerar um dia como sendo “santo” ou mais
importante do que os outros. Isso ocorre pela falta de conhecimento, de um
estudo responsável das Escrituras e pela ausência de uma compreensão saudável
acerca das dispensações da Bíblia. De fato, como já fora dito em outro capítulo, o
Sábado Judaico não é encontrado no Novo Testamento porque se trata de uma
252
instituição puramente judaica, provida de um calendário lunar e impossível de ser
praticada pela Igreja cristã, ainda que existisse tal lei na dispensação da graça,
isto é, no Novo Testamento.

O SÁBADO JUDAICO
O Sábado está entre os Dez Mandamentos do Antigo Testamento da Bíblia. A
ordem de Deus para o povo de Israel na dispensação da lei era esta:
“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás
toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás
nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua
serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas.
Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e
ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o
santificou” (Êxodo 20.8-11).
Em Deuteronômio vemos mais uma razão para Deus ter ordenado ao povo de
Israel que guardasse o dia do Sábado. Os israelitas deviam guardar o Sábado para
que se lembrassem da libertação da escravidão do Egito:
“Guarda o dia de sábado, para o santificar, como te ordenou o Senhor teu Deus.
Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho. Mas o sétimo dia é o sábado
do Senhor teu Deus; não farás nenhum trabalho nele, nem tu, nem teu filho, nem
tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu boi, nem o teu jumento,
nem animal algum teu, nem o estrangeiro que está dentro de tuas portas; para
que o teu servo e a tua serva descansem como tu; porque te lembrarás que foste
servo na terra do Egito, e que o Senhor teu Deus te tirou dali com mão forte e
braço estendido; por isso o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia
de sábado” (Deuteronômio 5.12-15).
A pena de morte era imputada àqueles que não cumpriam com a guarda do
sábado. Ninguém, dentre os judeus, podia fazer qualquer obra ou trabalho, por
mais pequeno que fosse o ato. Essa é uma aliança perpétua para com o Seu povo
terreno, Israel. Assim, Deus disse a Israel:
"Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: Tu, pois, fala aos filhos de Israel,
dizendo: Certamente guardareis meus sábados; porquanto isso é um sinal entre
mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o Senhor, que vos
santifica. Portanto guardareis o sábado, porque santo é para vós; aquele que o
profanar certamente morrerá; porque qualquer que nele fizer alguma obra,
aquela alma será eliminada do meio do seu povo. Seis dias se trabalhará,

253
porém o sétimo dia é o sábado do descanso, santo ao Senhor; qualquer que no
dia do sábado fizer algum trabalho, certamente morrerá. Guardarão, pois, o
sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas gerações por aliança perpétua.
Entre mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre; porque em seis dias
fez o Senhor os céus e a terra, e ao sétimo dia descansou, e restaurou-se" (Êxodo
31.12-17).
O texto é claro: A guarda do sábado é um sinal ou aliança apenas para os filhos
de Israel e a ninguém mais. Mas há uma profecia para a chegada de uma Nova
Aliança ou Novo Pacto para com Israel. Falaremos sobre a cessação do Sábado
mais à frente.

Em suma, o Tanach e o Sidur (livro judaico de rezas) descrevem o Shabat como


tendo três propósitos:
1 – Uma comemoração da redenção da escravidão dos israelitas do antigo Egito;
2 – Uma comemoração das criações do universo de Deus;
3 – Uma pequena experiência do mundo na Era Messiânica.

O primeiro mandamento relacionado ao Shabat é o quarto dos Dez


Mandamentos (Ex 20.8-10 e Dt 5.12-14). O status especial do Shabat como dia
sagrado aparece no Tanach: “E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que
fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou
Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que
Deus criara e fizera” (Gênesis 2.3).
Em Levítico 23 vemos que o Sábado tinha um lugar peculiar nas ordenanças de
Israel: “Seis dias trabalho se fará, mas o sétimo dia será o sábado do descanso,
santa convocação; nenhum trabalho fareis; sábado do Senhor é em todas as
vossas habitações” (Levítico 23.3). Para um melhor entendimento dos comandos
de Levítico 23, sugiro que o leitor atente-se para o capítulo completo.
Nas festas de Jeová, nas santas convocações, o Sábado de Jeová é mencionado
primeiramente como a prova da grandiosa intenção de Deus em libertar Israel da
escravidão do Egito. Essa é a razão pela qual o Senhor ordenou os judeus a
guardarem o sábado (Dt 5.15). O Sábado era o sinal da aliança de Deus para com
eles. Era um prenúncio do descanso no qual o povo de Deus deveria entrar.
Todavia, por causa da desobediência e total desprezo por parte daqueles que se
dirigiam à terra prometida, Deus jurou em Sua ira que não entrariam no Seu
“descanso” (Salmo 95.11). Deus tem o propósito de introduzir o Seu povo
254
(Israel) no Seu descanso, para o qual permanece ainda a guarda do Sábado
(Hebreus 4.9).
Nosso Senhor Jesus ofendeu os judeus várias vezes por não guardar o Sábado à
maneira dos judeus segundo a Torá. Isso aconteceu devido aos atos de
misericórdia que Ele praticava durante o dia em que se guardava o Sábado. No
entanto, esses atos de Jesus prenunciavam a aproximação da dissolução da
aliança da lei (Ex 31.13,17; Ez 20.12,20).
Aprofundando-nos um pouco mais na questão etimológica, vemos que a palavra
hebraica ‫שבת‬, shabāt, tem relação com o verbo ‫שבת‬, shavāt, que significa
"cessar", "parar". Ou seja, apesar do Shabat ter uma relação predominante com
"descanso" ou "período de descanso", temos uma tradução mais literal, que seria
"Cessação", com a nítida implicação em "parar o trabalho". Portanto, Shabat é o
dia de cessação do trabalho. O descanso, nesse caso, é implícito na tradição
judaica, não sendo uma denotação da palavra em si. Por exemplo, a palavra em
hebraico para "greve" é shevita, que vem da mesma raiz hebraica que Shabat e
tem a mesma implicação. Nesse caso, sempre que uma greve acontece vemos
trabalhadores praticando o Shabat de alguma forma, porém, não de maneira
ativa, consciente ou sequer normativa, visto que estes não estão pensando em
honrar a Deus, mas em se rebelar contra o Estado ou governo instituído a uma
nação gentia... etc.

AS SEITAS QUE GUARDAM O “SÁBADO”


Vale aqui um alerta sobre uma denominação religiosa muito conhecida por
guardar o “sábado”: O Adventismo do Sétimo Dia. É bom alertar o leitor de que
as crenças e ensinos de seitas como o Adventismo são instituídas em total
desobediência à Palavra de Deus. São ensinamentos puramente heréticos e sem
fundamento algum nas Escrituras Sagradas. De fato, o Adventismo do Sétimo
Dia, assim como religiões semelhantes a ele, desenvolvem suas bases
doutrinárias no movimento criado por William Miller, que tinha o péssimo hábito
de marcar a data da volta de Cristo. Mais tarde, o movimento adotou para si uma
profetisa chamada Ellen White, a qual alegava ter visões e receber revelações
diretas de Deus. O Adventismo do Sétimo Dia é quase todo baseado nos ensinos
e “visões” de Ellen White, e a Palavra de Deus nos dá razões suficientes para não
darmos crédito a esses ensinos. Muito pelo contrário, a Palavra de Deus nos
exorta a abominar tais doutrinas, chamando-as de doutrinas de demônios e
preceitos de homens (1 Tm 4.1; Mt 15.9).

255
À propósito, o fato das seitas, tais como o Adventismo do Sétimo Dia,
permitirem que mulheres estejam em funções que são direcionadas somente aos
homens já as coloca na lista das piores seitas pentecostais e carismáticas da
cristandade moderna:
"Como em todas as igrejas dos santos, as mulheres estejam caladas nas igrejas;
porque lhes não é permitido falar; mas estejam submissas como também ordena
a lei. E, se querem aprender alguma coisa, perguntem em casa a seus próprios
maridos; porque é indecoroso para a mulher o falar na igreja. Porventura foi de
vós que partiu a palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós? Se alguém se
considera profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são
mandamentos do Senhor" (1 Coríntios 14).
Se Ellen White se considerasse realmente espiritual, ela teria reconhecido esse
mandamento do Senhor: que as mulheres não devem ensinar e devem
permanecer caladas nas reuniões da igreja. Não se trata de considerar a mulher
inferior ao homem ou de um capricho cultural da época neo-testamentária, mas
trata-se de uma questão de ordem que o próprio Deus estabeleceu: "Reconheça
que as coisas que vos escrevo são MANDAMENTOS DO SENHOR".
A razão pela qual esse mandamento é dado à Igreja é esta:
"A mulher aprenda em silêncio com toda a submissão. Pois não permito que a
mulher ensine, nem tenha domínio sobre o homem, mas que esteja em silêncio.
Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas
a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão" (1 Timóteo 2:11-14).
Ou seja, a razão pela qual a mulher não deve “abrir a boca” na congregação
durante o culto ou no ministério é que Adão não foi enganado, mas simplesmente
decidiu seguir sua mulher na decisão que ela já tinha tomado. Eva seguiu as
palavras da Serpente e foi enganada. Por esta razão Deus não permite que a
mulher ensine ou fale nas reuniões da igreja: a mulher é mais suscetível ao
engano e à heresia nas coisas referentes à doutrina. Não sou eu quem digo isso,
mas a doutrina dos apóstolos. A mulher possui sua esfera de atuação na Igreja,
mas essa esfera não inclui o ato de ensinar doutrinas aos homens. É assim que
funciona porque Deus assim ordenou à Igreja.
Portanto, na maioria das vezes, é infrutífero ensinar qualquer coisa aos membros
da seita Adventista porque eles continuarão tirando suas conclusões com base em
doutrinas ensinadas por uma mulher, algo claramente desautorizado por Deus. De
nada adiantaria eu tentar curar o ferimento no pé de alguém que pretende
continuar usando sapato com prego. A propósito, se Deus nos proíbe de ouvir
“doutrinas e preceitos de homens”, quanto mais somos proibidos de dar ouvidos
a doutrinas e preceitos inventados por mulheres?
256
Sendo assim, quando o alicerce da doutrina está fora do fundamento original,
todas as doutrinas relacionadas a este alicerce estão corrompidas. Em outras
palavras, quando o alicerce de uma casa está fora do projeto original de sua
estrutura, todas as suas paredes, por mais belas e firmes que sejam, estarão
igualmente fora do projeto original. É uma questão de fundamento. Você segue
as doutrinas ensinadas por seitas judaizantes que guardam o “sábado”? Então
você precisa se empenhar em resolver isso antes de querer entender outras coisas
da Palavra de Deus. É necessário que o crente saia imediatamente do sistema no
qual ele se acostumou com o erro para que ele possa aprender a verdade.

O CRISTÃO DEVE GUARDAR O SÁBADO?

A resposta é “não”. O Sábado nunca foi ordenado às nações pagãs, nem à Igreja
de Deus, mas tão somente à nação de Israel. Dentre os pecados citados no Novo
Testamento, a guarda do Sábado nunca é mencionada. A transgressão do Sábado
simplesmente não existe na dispensação da graça, porque o povo celestial (Igreja)
de Deus não possui essa lei.
O maior problema dos cristãos professos da atualidade não é a falta de estudo da
Palavra, mas a falta de compreensão da diferença entre o que é dito para Israel e
o que é dito para a Igreja. Não sancionam a distinção que há entre a nação
terrenal de Deus e o Seu povo celestial. Quando exortamos essas pessoas a
respeito do tema, agem como animais irracionais; nos acusam de sermos
"estudiosos e detalhistas demais". Por conta disso, fica a critério de cada um o
que irão ou não cumprir na Bíblia. Cada denominação religiosa segue uma
cosmovisão mais bizarra do que a outra por causa desse distúrbio. Na visão
dessas pessoas, a Bíblia é um conjunto de leis direcionadas somente à Igreja,
quando, na verdade, a Igreja só veio a existir em Atos 2.
Vale salientar que a Lei não foi abolida. A Lei continua tendo o seu papel, pois
foi o próprio Senhor Jesus Cristo que afirmou que não veio para abolir a lei, mas
sim para cumpri-la (Mt 5.17). Aliás, Ele foi o único capaz de cumpri-la. Nenhum
outro homem pode cumprir a Lei.
No entanto, é preciso que entendamos que, na Bíblia, existem duas coisas
completamente distintas: o que funcionava antes da Igreja e o que é direcionado
para a Igreja. Enquanto a morte e ressurreição de Cristo não ocorre na Bíblia,
Deus está tratando com Seu povo terreno, Israel. Após a morte e ressurreição de

257
Jesus, Deus coloca Israel de lado e começa a tratar com o Seu povo celestial, a
Igreja, escolhida antes mesmo dos judeus nos desígnios de Deus, antes mesmo da
fundação do mundo. Finalmente, após o período experimental de Atos, chegamos
na doutrina dos apóstolos (epístolas), onde os preceitos para a Igreja estão
compilados. Ali sim, Deus está falando especificamente com os santos da Igreja.
Todavia, por não entender o que vem antes da Igreja e o que vem depois dela, a
maioria das pessoas da cristandade encontra muita dificuldade para compreender
o princípio do Sábado ou o Shabat dos judeus. Muita gente acredita que o cristão
deve guardar o Sábado da mesma maneira que faziam os israelitas.

O SÁBADO NÃO É ENCONTRADO NO NOVO TESTAMENTO


Não só nos preceitos de Atos 15.19-20, 29, como também em todo o Novo
Testamento, ou seja, na doutrina dos apóstolos, não há recomendação ou
mandamento para se guardar o Sábado, apesar de encontrarmos todos os outros
mandamentos do Decálogo:

1º Mandamento no Antigo Testamento: "Não terás outros deuses diante de mim"


(Êxodo 20.3).
1º Mandamento no Novo Testamento: "Assim que, quanto ao comer das coisas
sacrificadas aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há
outro Deus, senão um só" (I Coríntios 8.4).

2º Mandamento no Antigo Testamento: "Não farás para ti imagem de escultura,


nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra,
nem nas águas debaixo da terra" (Êxodo 20.4).
2º Mandamento no Novo Testamento: "Filhinhos, guardai-vos dos ídolos.
Amém" (1 João 5.21).

3º Mandamento no Antigo Testamento: "Não tomarás o nome do Senhor teu


Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em
vão" (Êxodo 20.7)
3º Mandamento no Novo Testamento: "Para que o nome de Deus e a doutrina
não sejam blasfemados". (I Timóteo 6.1b).

258
4º Mandamento no Antigo Testamento: "Lembra-te do dia do sábado, para o
santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o
sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem
tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu
estrangeiro, que está dentro das tuas portas" (Êxodo 20.8-10).
4º Mandamento no Novo Testamento: NÃO EXISTE!

5° Mandamento no Antigo Testamento: "Honra a teu pai e a tua mãe, para que
se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá" (Êxodo 20.12).
5º Mandamento no Novo Testamento: "Honra a teu pai e a tua mãe, que é o
primeiro mandamento com promessa" (Efésios 6.2).

6º Mandamento no Antigo Testamento: "Não assassinarás" (Êxodo 20.13).


6° Mandamento no Novo Testamento: "Com efeito:...não matarás..." (Romanos
13.9).

7º Mandamento no Antigo Testamento: "Não adulterarás" (Êxodo 20.14).


7º Mandamento no Novo Testamento: "Não erreis:... nem os adúlteros
herdarão o reino de Deus" (1 Coríntios 6.10).

8º Mandamento no Antigo Testamento: "Não furtarás" (Êxodo 20.15).


8º Mandamento no Novo Testamento: "Aquele que furtava, não furte mais;
antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que
repartir com o que tiver necessidade" (Efésios 4.28).

9º Mandamento no Antigo Testamento: "Não dirás falso testemunho contra o teu


próximo" (Êxodo 20.16).
9º Mandamento no Novo Testamento: "Com efeito:... não darás falso
testemunho, ..." (Romanos 13.9).

259
10º Mandamento no Antigo Testamento: "Não cobiçarás a casa do teu próximo,
não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o
seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo" (Êxodo 20.17).
10º Mandamento no Novo Testamento: "Com efeito:... não cobiçarás"
(Romanos 13.9).

POR QUE O QUARTO MANDAMENTO DO DECÁLOGO NÃO


APARECE NO NOVO TESTAMENTO?
"Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da
lei" (Hebreus 7.12).
“Porque não temos um Sumo Sacerdote que não possa compadecer-se das
nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem
pecado. Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos
alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo
oportuno” (Hebreus 4.15,16).
“Chamado por Deus Sumo Sacerdote (Jesus), segundo a ordem de
Melquisedeque” (Hebreus 5.10).
“... Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente Sumo Sacerdote,
segundo a ordem de Melquisedeque” (Hebreus 6.20).
“Temos um Sumo Sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono
da majestade, Ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, o qual o
Senhor fundou, e não o homem. Porque todo o sumo sacerdote é constituído para
oferecer dons e sacrifícios; por isso era necessário que este também tivesse
alguma coisa que oferecer. Ora, se ele estivesse na terra, nem tão pouco
sacerdote seria, havendo ainda sacerdotes que oferecem dons segundo a lei, Os
quais servem de exemplo e sombra das coisas celestiais” (Hebreus 8.1-5).
“Mas, vindo Cristo, o Sumo Sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais
perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação,
Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma
vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção” (Hebreus 9.11,12).
Porque em Deuteronômio Deus diz a Israel: "Porque te lembrarás que foste
servo na terra do Egito, e que o Senhor teu Deus te tirou dali com mão forte e
braço estendido; por isso o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia de
sábado" (Deuteronômio 5.15).

260
O texto sagrado nos mostra que Deus ordenou a guarda do Sábado em lembrança
da libertação de Israel da escravidão do Egito, e, por isso, a ordenança do Sábado
é exclusiva para Israel. Ela em nada tem a ver com a Igreja.
Agora, note bem uma coisa: É muito importante perceber que o apóstolo Paulo
disse que tudo de útil ensinou, e que não deixou de ensinar todo o conselho de
Deus à Igreja. Ora, se Paulo não deixou passar nada do que Deus estabelecera ao
Seu povo celestial, onde está o “Sábado Cristão”? A resposta para tal é que o
apóstolo nada ensinou para nós cristãos a respeito do Sábado:
"Como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar, e ensinar publicamente e
pelas casas, testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a conversão a Deus,
e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, no dia de hoje, vos protesto que
estou limpo do sangue de todos. Porque nunca deixei de vos anunciar todo o
conselho de Deus" (Atos 20.20,21,26,27).
Sendo assim, pergunto aos defensores do Sábado: Paulo ensinou ou não todo o
conselho de Deus? Teria Paulo esquecido de ensinar que temos que guardar o
Sábado? Precisamos separar as coisas e abrir mão de doutrinas de homens, dos
nossos vãos costumes e tradições religiosas a fim de compreender a simplicidade
do que é dito para nós, cristãos. Nós, a Igreja de Deus, somos salvos quando
cremos no Senhor Jesus, quando cremos no evangelho da graça e recebemos o
Espírito Santo, e não por guardar o Sábado ou outro “dia santo” que tenham
inventado por aí:
"Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o
evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o
Espírito Santo da promessa" (Efésios 1.3).
"Não deem ouvidos às fábulas judaicas, nem aos mandamentos de homens que se
desviam da verdade" (Tito 1.14).
Todos os dias para os cristãos devem ser santos, visto que a qualquer momento
Jesus arrebatará a Igreja nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor
(1 Ts 4.17).

AS PROMESSAS DE QUE A GUARDA DO SÁBADO CESSARIA


"Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de
Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no
dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porque eles
invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor.
Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o
261
Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu
serei o seu Deus e eles serão o meu povo" (Jeremias 31.31-33).
NOTA: Essa promessa é feita à Israel, não à Igreja. Essa nova aliança é
prometida à nação de Israel. Israel está agora em estado de total cegueira
enquanto Deus trata com a Igreja. Por isso que essa promessa se cumpre em todo
homem que se converte a Jesus Cristo, como no caso dos cristãos judeus, que
antes estavam debaixo da Lei de Moisés. No entanto, quanto à Israel, essa
promessa ainda não foi cumprida, mas será futuramente.
Essa Nova Aliança trará o fim do Sábado:
"E farei cessar todo o seu gozo, as suas festas, as suas luas novas, e os seus
sábados, e todas as suas festividades" (Oséias 2:11).
Essa promessa se cumpriu na pessoa de Cristo para todos aqueles que se
convertem ao Seu nome:
"Havendo (Cristo) riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a
qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a
na cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e
deles triunfou em si mesmo. Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo
beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados"
(Colossenses 2.14-16).
Por essa razão, nos preceitos ensinados pelos apóstolos aos gentios que se
convertem ao Evangelho de Cristo, a guarda do Sábado não aparece. Há sim
muitas coisas as quais devemos guardar no Novo Testamento, mas nada é dito a
respeito de guardar o Sábado:
"Por isso julgo que não se deve perturbar os gentios que se convertem a Deus.
Mas escrever-lhes que se guardem das contaminações dos ídolos, da
prostituição, do que é sufocado e do sangue. Que vos guardem das coisas
sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição, das
quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá" (Atos 15.19-20; 29).
Isso é o que a Bíblia diz. Isso é o princípio da hermenêutica irrefutável, quando
os contextos acerca de um determinado assunto são unidos através de uma
exegese histórico-gramatical consistente e concluem uma premissa sensata, sem
eufemismos filosóficos.

262
QUAIS SÃO AS ORDENS PARA A IGREJA?
Enquanto os opositores do evangelho da graça pensam em uma resposta ridícula
e esdrúxula para a minha explanação sobre o tema, tecerei aqui os princípios da
Igreja de Deus que colocam em xeque toda essa prática judaizante infundada.
Todo “sabatista” ou “dominguista” defende a ideia de que a Igreja deve guardar
um dia especial para santificação, culto, adoração, oração e demais ordens de
Deus. Porém, quando olhamos para os ensinamentos de Jesus Cristo a respeito da
conduta cristã, não é bem assim que funciona.
O Senhor Jesus Cristo ensinou que:
1 – Devemos desenvolver nossa santidade em todo o tempo, sem cessar (1 Pe
1:7; 1:15-20; 1 Tm 2:1-2; 2:8; At 6:4; 2 Tm 1:3; 1 Ts 1:3; Ef 4:20-32).
2 – Devemos orar e dar graças em todo o tempo, sem cessar (1 Ts 1:3; 2:13;
5:17; Lc 18:1; 1 Tm 2:8).
3 – Devemos cultuar a Deus todos os dias. Ainda que por tradição tenhamos o
“dia do Senhor”, que é o primeiro dia da semana para culto, adoração e
ministério públicos, esse culto também se estende à vida cotidiana e ao lar, sem
cessar (Rm 12:1-2; Jo 4:19-24).
4 – Na nova dispensação, na Igreja de Deus, não há um templo onde devamos
adorar a Deus, nem lugar especial algum que tenha sido estabelecido por Ele para
culto, adoração e ministério. No evangelho da graça, nem a oração, nem qualquer
outro ato do culto a Deus está restrito a um determinado lugar, nem se torna mais
aceito por causa do lugar em que se ofereça ou para o qual se dirija. Deus deve
ser adorado em todo o lugar, em espírito e verdade (Jo 4.19-24; 5.21; Ml 1.11; 1
Tm 2.8; Jr 10.25; Jó 1.5; 2 Sm 6.18-20; Dt 6:6-7; Mt 6:11; 6:6; Is 56:7; Hb
10:25; Pv 5:34; At 2:42).
O apóstolo Paulo nivela a prática cerimonial de observância de dias festivos e
sagrados, de judeus e gentios, quando diz:
“Digo, pois, que todo o tempo que o herdeiro é menino em nada difere do servo,
ainda que seja senhor de tudo; mas está debaixo de tutores e curadores até ao
tempo determinado pelo pai. Assim também nós, quando éramos meninos,
estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo.
Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher,
nascido sob a lei, Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos
a adoção de filhos. E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o
Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. Assim que já não és mais servo, mas
filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo. Mas, quando não

263
conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses. Mas agora,
conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra
vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?
Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós, que não haja
trabalhado em vão para convosco” (Gálatas 4.1-11).
Inspirado pelo Espírito Santo, o apóstolo da graça denomina a prática da “guarda
de dias” como sendo rudimentos fracos e pobres, pois, vindo a plenitude dos
tempos, Deus enviou o Seu Filho para remir os que estavam “debaixo da lei” –
presos à lei mosaica e às ordenanças caducas da era patriarcal. Paulo chama tais
rudimentos de: Fracos, pobres, e que exigem subserviência. O apóstolo
estabelece uma conexão de equiparação e isso acaba sendo estarrecedor, uma vez
que, para Paulo, a prática vivenciada antes da fé cristã no paganismo e o assédio
dos judaizantes na luta pela observância da Lei Mosaica são a mesma coisa! Para
o apóstolo, tais práticas à parte da pessoa de Jesus Cristo possuem a mesma
essência e tornam sem efeito a fé cristã. Sendo assim, ou você é um religioso
partidário ou é uma nova criatura em Cristo (GL 5.6; 6.15; 2Co 5.17).
Jesus Cristo, nosso Sábado, nos chama para descansar nEle todos os dias da
nossa vida terrena: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu
vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e
humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas" (Mateus
11.28,29).
"E disse-lhes: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa
do sábado. Assim o Filho do homem até do sábado é Senhor" (Marcos 2.27-28).

A PRÁTICA MODERNA DA GUARDA DO SÁBADO


Examine a cena comigo: As crianças despertam com um cheiro agradável que
toma conta de todos os recintos da casa. É o cheiro doce que brota do forno, de
onde uma fornada de uma deliciosa challah está a ponto de sair. É o um odor
marcante que aviva em sua mente a lembrança de que se aproxima um “dia
especial”, o dia de Deus, pensam elas. Elas sabem que aquele pão especial
somente pode ser preparado na véspera do Shabat, comemorando a provisão
dupla de maná que o Eterno Jeová dava a Seu Povo no Deserto. Assim, elas se
levantam bendizendo ao Eterno! É assim que começa o dia da preparação em
uma família judia: com um marcante cheiro que não é sentido em nenhum
momento durante a semana. É um dia “santo”, com propósitos santos em
circunstâncias santas, pensam elas. Este momento é esperado com alegria pela

264
família, pois todos se reunirão para receber as bênçãos do “Sábado” e agradecer a
Deus por este “templo no tempo”, no qual nos encontramos com Ele.
Cada membro da família se prepara com esmero e emoção por esse dia
maravilhoso e especial. Eles esperaram passar toda uma semana da agenda pagã
para viverem esse momento. Com anseio e antecipação pelo “Sábado” que irão
receber, a alegria se estampa no rosto de cada membro da família judaizante que
certamente não irá cumprir o Sábado Judaico como ele de fato deveria ser
cumprido, conforme o Antigo Testamento e o calendário de Israel.
Mas existe um problema: A palavra “Sábado” possui um outro sentido além de
“Descanso”. O Sábado Judaico é também conhecido como "cessar de
trabalhar". O que muitos não sabem é que o dia do Shabbat não é somente um
dia de descanso – é um dia de “santidade”, quando as pessoas podem, por um
curto período de tempo, deixar de lado suas perversidades, preocupações e
objetivos da vida terrena e devotar-se à renovação espiritual e atividade religiosa
no Templo. Porém, onde está o Templo? Sabemos ser o Templo de Jerusalém o
único lugar escolhido pelo Senhor nas Escrituras para culto, adoração e guarda
do Sábado. Como, então, os supostos guardadores do Sábado, do Domingo ou de
qualquer outro “dia santo” irão fazer? Certo é que toda essa tentativa de cumprir
com qualquer lei judaica faz com que o resultado seja nem Cristianismo nem
Judaísmo, senão que uma mistura estapafúrdia de religiosidade seja praticada por
cada um à sua maneira.
Quando as pessoas engrandecem somente um dia com o propósito de adorar a
Deus, elas simplesmente o transformam em um ídolo. Na verdade, essas pessoas,
presas ao sistema religioso denominacional, insistem que têm feito assim para a
honra de Deus. Contudo, estão honrando ao diabo.
Nenhum dia é superior ao outro. Quando insistimos em criar uma prática baseada
em nossas vãs filosofias e caprichos, blasfemamos contra Deus e criamos um
ídolo, embora tenhamos feito tudo isso em nome de Deus. Quando tentamos
adorar a Deus com ociosidade espiritual num “dia santo”, praticamos um pecado
grave demais para ser suportado, pois tal obra carnal atrai outros pecados até
atingirmos a medida da iniquidade.

265
SERIA O DOMINGO UM SUBSTITUTO DO
SÁBADO JUDAICO?

Não. O Domingo do calendário ocidental não substitui o Sábado dos judeus. As


regulamentações que regem a observância da guarda do dia do Sábado estão no
Antigo Testamento. Tais regulamentações são aspectos da lei cerimonial (lei de
Moisés) e não moral. Ou seja, o Sábado judaico não tem lugar no Novo
Testamento. Essas regulamentações mosaicas não estão mais em vigor, pois
foram juntamente findadas com o sistema de sacrifícios, o sacerdócio levítico e
todos os outros aspectos da lei de Moisés que prefiguravam Cristo.
Em Colossenses 2.16-17, Paulo refere-se explicitamente à guarda do dia do
Sábado como uma “sombra de Cristo”, a qual não é mais obrigatória desde que a
substância (Cristo) veio. Os versos nos mostram que o Sábado semanal está em
vista quando lemos a frase "nos sábados, nas luas novas e nas festas fixas". Essa
frase faz referência aos dias santos judaicos do ano, dos meses e das semanas do
calendário judaico, os quais fazem parte da aliança perpétua com Israel (cf. 1 Cr
23.31, 2 Cr 2.4; 31.3, Ez 45.17; Os 2.11).
Se o apóstolo da graça estivesse falando de datas cerimoniais especiais de
descanso na passagem de Colossenses 2.16-17, por que ele usaria a palavra
"Sábado” (Shaba)? Sendo assim, fica patente que Paulo trata esses “dias e festas
cerimoniais” como algo ultrapassado e ilegítimo para a Igreja de Deus.
Como já fora tratado neste capítulo, o Sábado era um sinal para Israel na aliança
mosaica (Ex 31.16-17, Ez 20.12; Nm 9.14). Todavia, a Igreja não é o
cumprimento da nova aliança prometida a Israel. Esta nova aliança ainda será
cumprida no futuro (Hb 8). Todavia, a Igreja de Cristo não está obrigada a
observar o sinal da aliança mosaica, nem o sinal da nova aliança que será feita
com Israel.
Também observamos que o Novo Testamento não ordena que os cristãos
guardem o dia do Sábado, e as razões aqui mostradas são mais do que
suficientes. Os apóstolos estabeleceram o "primeiro dia da semana" (At 20.7;
1Co 16.2) para culto, adoração e ministério. Deus não ordenou que o
cultuássemos no primeiro dia da semana. Isso foi uma decisão humana apenas.
Portanto, o culto público pode ser feito em qualquer dia da semana, se assim for
possível ou necessário. Não há sequer uma ordem de Deus no Novo Testamento
de que devemos "guardar o domingo" como um "dia especial" para Ele.

266
Vale ressaltar que não somente na era da Igreja o Sábado jamais fora ordenado às
nações gentílicas, como também em nenhum período do Antigo Testamento
Deus ordenou que os gentios guardassem o dia do Sábado, senão que Ele o fez
somente a Israel, Seu povo terreno, a Sua “menina dos olhos”. Na Bíblia, os
gentios nunca são condenados por não guardarem o dia do Sábado. Ora, se a
observância deste dia sagrado dos judeus fosse um princípio moral e universal,
certamente teríamos ordens detalhadas nas epístolas dos apóstolos acerca deste
mandamento. Mas o fato é que não vemos nada disso no evangelho da graça.
Também não existem quaisquer comandos na Bíblia para se guardar o dia de
Sábado antes da promulgação da lei no monte Sinai. Ou seja, antes de Moisés,
ninguém foi ordenado a seguir esta lei.
No dia em que os apóstolos se reuniram no Concílio de Jerusalém (At 15), eles
não estabeleceram a guarda do dia do Sábado para os cristãos gentios,
simplesmente porque não faria qualquer sentido. Jesus nunca deu tal ordem aos
apóstolos, nem enquanto estava fisicamente com eles nem nas revelações à Igreja
primitiva.
Qualquer israelita que descumprisse a guarda do Sábado estava sujeito à pena de
morte (Ex 31.12-17). O apóstolo Paulo advertiu os gentios sobre diferentes
pecados em suas epístolas, mas nunca falou nada sobre ter que guardar o Sábado.
Absolutamente nada. A propósito, não somente Paulo, como nenhum apóstolo
jamais deu tal ordem aos gentios.
Em Gálatas 4.10-11, Paulo repreende os gálatas por pensarem que Deus esperava
que eles guardassem “dias santos e especiais”, incluindo o Sábado:
“Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como
tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis
servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio que eu haja
trabalhado em vão para convosco” (Gálatas 4.9-11).
Em um determinado período da Igreja primitiva, os cristãos judaicos (judeus
recém convertidos) ainda guardavam o dia do Sábado e condenavam os cristãos
gentios por não fazerem o mesmo. Isso ocorria porque os cristãos judaicos ainda
não compreendiam que estavam em uma nova dispensação. Os cristãos gentios
estavam sendo mal tratados pelos cristãos judaicos por não guardarem o dia do
Sábado. Assim, Paulo repreendeu severamente os cristãos judaicos por imporem
tal lei aos gentios:
“Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé
ou cai. Mas estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar. Um faz
diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja
inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o
267
Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz” (Romanos
14.4-6).
Portanto, definitivamente, o Domingo do calendário ocidental não substituiu o
Sábado para ser dia de Shabat. Em contrapartida, temos o primeiro dia da semana
como referência dos apóstolos, momento em que os crentes se reúnem para a
celebração de Sua ressurreição, a qual ocorre no primeiro dia da semana. Para
nós, cristãos, cada dia, cada hora, cada minuto e cada momento é um momento
santo como o Sábado, mas não por cessarmos de trabalhar ou de fazer quaisquer
tarefas, e sim porque fazemos um trabalho espiritual em nós mesmos e
descansamos sob o nome do Senhor Jesus Cristo e na Sua salvação em nós (Hb
4.9-11).
“Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus. Porque aquele que
entrou no seu repouso, ele próprio repousou de suas obras, como Deus das suas.
Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo
exemplo de desobediência. Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais
penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma
e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e
intenções do coração. E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes
todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de
tratar. Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que
penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos
um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém,
um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemos, pois, com
confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar
graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno” (Hebreus 4.9-16).

268
O NATAL

“Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja
maldito”
(Gálatas 1.9).

O Natal está chegando! Todos estão bastante ansiosos para mais um ‘aniversário
de Jesus’! Um dia para se comemorar, para se reunir em família, sorrir,
reencontrar antigos amigos, etc. Talvez seja o dia mais pacifista do ano, não é
mesmo? Mas, o que é “Natal”? O vocábulo Natal origina-se na palavra “Christ-
mass” – Christ (Cristo) e Mass (Missa), a “missa de Cristo”. Sendo assim, é de
origem Romana, que por sua vez pegou emprestada do Paganismo. Todavia,
alguém será rápido em cantarolar em tom de rebeldia: “Natal é o dia em que
comemoramos o nascimento do Salvador... do Senhor Jesus Cristo”! E então eu
pergunto: Será? QUEM autorizou tal comemoração? Certamente não foi Deus.
Quando consultamos a Bíblia, vemos que Cristo ordenou a Seus discípulos que
se “lembrassem” de Sua morte (um memorial), porém, nenhum registro sequer é
encontrado nas Escrituras, de Gênesis à Apocalipse, de que nosso SENHOR
tenha nos ordenado ou instituído a celebração de Seu nascimento. A propósito,
quem foi que estabeleceu o dia e o mês em que Ele nasceu? A Bíblia se cala a
respeito disso. Nós, como cristãos, não deveríamos nos calar mutuamente?
“Tudo o que Eu te ordeno, observarás para fazer; nada lhe acrescentarás nem
diminuirás” (Deuteronômio 12.32).
Seria obra do acaso que as únicas comemorações de “aniversário” mencionadas
na Palavra de Deus sejam as de Faraó (Gn 40.20) e de Herodes (Mt 14.6)? Essas
coisas não estariam registradas “para nossa instrução” (2 Tm 3.16)? E se estão ali
para nossa instrução, podemos afirmar, sem falso temor, que não temos aplicado
tudo isso ao nosso coração em santidade diante de Deus? A Bíblia não contém
palavras vãs, ensinos nulos ou normas sem efeitos. Em toda a Escritura vemos
que nem os cristãos, nem os judeus jamais praticaram a tradição do ‘aniversário’,
senão que os pagãos o fizeram. Por que? Porque o aniversário é um culto ao
homem. É uma forma de reivindicar um dia especial para si. E se Jesus Cristo
não o fez, por que temos a presunção em achar que podemos fazê-lo para nós ou
para Ele?
“Assim diz o SENHOR: Não aprendais o caminho dos gentios (…), porque os
costumes dos povos são vaidade” (Jeremias 10.2-3).

269
Quem são as pessoas que celebram o “Natal”? Isso não é difícil de responder.
Todo o “mundo civilizado” comemora o Natal. Milhões de pessoas que nunca
ouviram falar do evangelho da graça, que não fazem qualquer profissão genuína
de fé, desprezam e rejeitam o nosso Salvador, e outras milhões de pessoas que,
embora aleguem ser seus seguidores, com suas obras O negam. Elas se juntam
em bebedices no Dia chamado Natal sob o pretexto de que estão honrando ao
Senhor Jesus ou, no mínimo, ao Seu ‘aniversário’. Na melhor das hipóteses,
pergunto: É biblicamente correto que cristãos professos se juntem aos Seus
inimigos de Deus em uma rodada mundana de gratificação carnal, onde a
bebedice e a glutonaria reinam soberanas na farra natalina? Uma alma
genuinamente regenerada pensaria que Ele, a quem o mundo rejeitou, é
glorificado nesse ritual macabro ou tem prazer em tal participação de alegrias
mundanas? Na verdade, os costumes dos povos são VAIDADE, e está escrito:
“Não seguirás a multidão para fazeres o mal” (Êxodo 23.2).

O PAPAI NOEL, AS CRIANÇAS E OS PRESENTES


“Educa a criança no caminho em que deve andar, para que, quando envelhecer,
ela não se desvie dele” (Provérbios 22.6).
A Escritura ordena que eduquemos nossas crianças “na doutrina e admoestação
do Senhor” (Efésios 6.4). Todavia, onde, na Palavra de Deus, Ele nos ordena a
dar-lhes alguma “diversão”? E se queremos diverti-las, será que realmente damos
às crianças alguma coisa boa quando nos envolvemos com aquilo que não pode
ser aprovado por Deus? Se não podemos pedir a benção do SENHOR para
alguma coisa, como o faremos?
Alguns argumentam pela “observância do Natal” com base em “dar presentes às
crianças por meio do caridoso Papai Noel”. Mas, quem é Papai Noel? Seria
apenas um personagem de estórias em quadrinhos para incentivar pessoas a
serem caridosas nesse dia tão especial? A resposta é “Não”. Podemos resumir o
Papai Noel como um personagem místico inventado por homens, e, não por
acaso, inspirado em São Nicolau, um dos intercessores da seita Católica Romana.
Seu público alvo são as crianças. Seu objetivo predominante é ensinar os infantes
a negociarem sua obediência aos pais. Esse personagem místico objetiva, de
forma subliminar, formar cidadãos avarentos, interesseiros e desobedientes aos
pais. E eu não preciso citar versículos para provar esse ponto. Basta olharmos à
nossa volta para testificarmos uma geração de débeis espirituais.

270
O Papai Noel é uma sátira ao Deus da Bíblia. Um escárnio do Altíssimo. Ele se
apresenta às crianças como um ser que possui dois dos atributos de Deus, os
quais são:
1 - Onisciente, pois sabe o que todas elas estão pensando e fazendo;
2 - Onipresente, pois está sempre em todos os lugares ao mesmo tempo.
E se você acha que isso não gera conseqüências drásticas na vida espiritual dos
pequenos, preste atenção nas próximas linhas que virão.
O Papai Noel escuta o pedido das orações feitas pelos pequenos quando estes lhe
fazem petições em troca de uma vida honesta e obediente diante de Deus. No
final, todas aquelas crianças que foram frustradas por não receberem o que fora
prometido se rebelam dia após dia contra Deus, e não contra o Papai Noel. Por
que? Porque o compromisso feito com o “velhinho barbudo” não foi cumprido. O
bom velhinho quebrou o pacto, embora essas crianças tenham tudo ao seu
alcance para serem “boas” e “obedientes” a Deus. Seus presentes em troca de
uma vida reta não foram entregues como combinado.
Essa figura e o costume de ligá-lo ao Evangelho não tem nenhuma base bíblica.
Trata-se de um personagem decididamente pagão, transplantado para o
Cristianismo através do Catolicismo Romano. Por meio desse conto de fadas
vemos massas alienadas pelo papismo romano há séculos e que nunca
experimentaram uma conversão genuína a Jesus Cristo. Tais indivíduos
simplesmente tornaram-se “cristãos" por conveniência, injunções políticas e
interesses econômicos. Além da vasta multidão de católicos romanos, outros
ramos religiosos também abrigam esses cristãos nominais. Por conta da total
ausência de conhecimento bíblico, misturam filosofias e práticas pagãs com um
falso evangelho já prostituído. Para piorar tudo isso, líderes e ditos pastores
fomentam ainda mais tais costumes estranhos ao Cristianismo, pois, se não o
fizerem, em algum nível ou aspecto, suas ditas “igrejas” praticamente ficarão
vazias.
Sendo assim, os pais cometem dois erros: Primeiro, porque mentir é pecado. Eles
estão mentindo para seus filhos. Segundo, porque o dano psicológico e o trauma
sofrido por essas crianças ao descobrirem que tudo não passava de uma fantasia
folclórica são fatos numéricos. Isso é estatística. Não é preciso usar a Bíblia para
argumentar sobre este ponto.

271
COMO SURGIU O PAPAI NOEL?
A origem do Papai Noel, embora embutida na igreja católica romana, remonta
épocas e tradições distintas. Essa idéia desenvolveu-se de uma antiga lenda
norueguesa. Os noruegueses criam que a deusa Hertha aparecia na lareira e trazia
boa sorte para o lar. Esse costume chegou no Brasil e não são poucas as crianças
que acreditam piamente que os presentes que receberam foram trazidos por Papai
Noel. Mais tarde, ao crescerem, descobrem que isso não passava de mentira, o
que as leva a relacionar a história do nascimento de Jesus como uma das maiores
mentiras que lhes foram impingidas na infância.
Subliminarmente, isso as inibe de acreditarem em Jesus, pois, se um fato central
do Natal como a figura de Papai Noel provou-se ser pura lenda, por que não seria
lenda o resto dos fatos relacionados ao Natal? Outro fator que entristece os
cristãos que desejam ver a Igreja de Cristo em toda a sua pureza e temor a Deus,
é o fato de homens sérios, cristãos devotos, que jamais teriam a coragem de
vestir uma fantasia de carnaval, não hesitarem em fantasiar-se de Papai Noel e
"fingir" que distribuem às crianças os presentes que seus próprios pais já haviam
comprado de antemão. Quanta enganação e mau exemplo aos pequeninos! O
velho mitológico chamado Papai Noel tem tomado o lugar de Cristo nos corações
de nossos filhos há séculos e ninguém vê a gravidade disso. Mentir é um ato
proveniente do Diabo! Quem mente não é filho de Deus, mas sim do Diabo (Jo
8.44).
“Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi
homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade
nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é
mentiroso, e pai da mentira” (João 8.44).
Há tantas questões que poderiam ser abordadas aqui, que não caberiam neste
livro. Portanto, a partir deste capítulo, comece a buscar intrinsecamente por
informações concretas sobre a abominação do festival de Natal. Abra a Bíblia em
oração e submissão à Palavra inspirada de Deus. Não pense que o assunto se
limita ao Papai Noel. Não. Este artigo é um breve comentário sobre alguns
pontos que devem ser considerados com urgência pela Igreja, que somos nós, a
respeito da prática macabra do dia chamado Natal.

272
O ENTRETENIMENTO É O GATILHO PARA O
AFASTAMENTO DA PALAVRA DE DEUS
Muitos argumentam que as crianças ficam “desiludidas” quando falamos a
verdade a elas sobre a idolatria do Natal, e que devemos a elas algum
“entretenimento” por serem crianças. Mas eu pergunto: É necessário fazê-lo sob
a máscara de honrar o nascimento do Salvador? Qual a necessidade de arrastar
Seu santo nome para a conexão com uma temporada de festividade carnal e
materialista? Será que isso é levar os filhos para fora do Egito (Ex 10.9-10), o
qual representa o mundo, ou seria simplesmente uma mistura profana com os
egípcios do século presente a fim de, “por um pouco de tempo, ter o gozo do
pecado” (Hb 11.25)?

COMO ABANDONAR UMA TRADIÇÃO DE FAMÍLIA?


“Não penseis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada;
porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua
mãe, e a nora contra sua sogra; e assim os inimigos do homem serão os seus
familiares. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e
quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não
toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim. Quem achar a sua
vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á”
(Mateus 10.34-39).
“Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim. Se
vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do
mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.
Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor.
Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a
minha palavra, também guardarão a vossa. Mas tudo isto vos farão por causa do
meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou” (João 15.18-21).
A pergunta que não se cala é esta: “O que devemos fazer então? Se deixarmos de
comemorar o Natal, nossos amigos, familiares e irmãos pensarão mal de nós e
provavelmente nos verão como fanáticos, radicais, legalistas, extremistas,
arrogantes, soberbos, religiosos, loucos etc”. Todavia, será que a intenção do
evangelho é agradar o homem? Jesus disse: “Bem-aventurados sois vós, quando
vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por
minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus;
porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós” (Mateus
5.11,12). Será que abandonar tal festividade perversa não seria exatamente o que

273
promoveria a obediência a Deus? Não seria isso o que o nosso Mestre vaticinou
sobre nós em Sua Palavra?
A iniciativa honesta de quem está há muito tempo nessa tradição seria notificar a
todos os amigos e parentes – via internet se estiver distante – que a partir de
agora você não se propõe mais a enviar “presentes de Natal” como outrora. E,
provavelmente, eles perguntarão por quê. Dê seus motivos. Não se envergonhe
do evangelho. Diga simplesmente que você foi levado pela Escritura à conclusão
de que a “comemoração do Natal” é uma coisa puramente mundana, desprovida
da aprovação das Escrituras; diga a eles que tudo isso se trata de uma instituição
pagã e romanista, e que, agora que você enxerga isso, não pode mais compactuar
com suas abominações (Ef 5.11). Diga a todos que você é um “homem livre” no
Senhor agora (1 Co 7.22), e que, portanto, se recusa a servir ao deus que eles
criaram com a sua própria mente (Mt 6.24).
“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem
a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que
concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que
consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus
vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu
Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o
Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai,
e vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso” (2 Coríntios
6.14-18).
Obviamente que muitos me perguntarão a respeito dos “cartões de Natal” com
um “textinho” da Escritura contido neles. Ora, isso também é uma abominação
aos olhos de Deus. Por que? Porque Sua Palavra proíbe expressamente misturas
profanas. Muitos cristãos já entendem o real significado da idolatria dos dias
festivos pagãos e da insustentabilidade do Natal. O que falta para esse grupo de
pessoas é compreender o significado de "jugo desigual", “pacto com as más
obras" e suas implicações para a vida espiritual. Eles frequentemente usufruem
de um pretexto nada convincente de que estão a reunir-se com suas famílias e
amigos no intuito de apresentar-lhes o verdadeiro Deus. Mas eles não conhecem
a Deus. Criam para si métodos humanistas jamais estabelecidos por Deus, mas
antes condenados na Escritura Sagrada.
O que é uma “mistura profana”? No contexto com que estamos lidando, trata-se
da tentativa frustrada de tentar misturar a pura Palavra de Deus com a “Missa”
romanista de “Cristo” (Christ-Mass). Portanto, se você tem tanta necessidade de
enviar mensagens com versículos para seus amigos, parentes e irmãos, por que
não fazê-lo em outra época do ano, tanto aos ímpios como aos cristãos, mas não

274
com “Natal” neles? Ora, o que você pensaria a respeito de um convite para um
filme de comédia no cinema com a passagem de Isaías 53.5 no rodapé? Isso faz
algum sentido?
Tudo está tão confuso e bagunçado que não se pode contemplar. Não há sentido
em nada disso. Mas – eu garanto – aos olhos de Deus, o circo e o cinema são
muito menos desagradáveis que a “Celebração do Natal” das ditas “igrejas”
romanistas e protestantes. Por que? Porque esta é feita sob o disfarce do santo
nome de Cristo, e aqueles não.
“Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais
até ser dia perfeito” (Provérbios 4.18).
Deus concede conhecimento segundo a Sua boa vontade a todo aquele que possui
um coração que almeja genuinamente agradá-lO. Ele graciosamente concede
sabedoria a todos os que O invocam de verdade e não da boca para a fora. Se
Deus deseja usar Sua Palavra por meio deste artigo para abrir os olhos de alguns
de Seus filhos eleitos, para que reconheçam o mal que tem crescido em nosso
meio, bem como para mostrá-los que eles têm desonrado a Cristo ao ligar o nome
do Homem de Dores com um “Feliz Natal”, então junte-se a mim na confissão
desse terrível pecado a Deus, buscando Sua graça para que nos seja dada a
libertação completa de toda essa lama ecumenista e sincretista, e louve-O pela
luz que Ele lhe concedeu aqui e agora.

OS IDÓLATRAS NÃO HERDARÃO O REINO DOS CÉUS


“O Senhor cedo vem para arrebatar sua amada noiva nos ares” (1 Ts 4.16,17; Ap
22.12). Será que realmente cremos nisso? “Porque andamos por fé, e não por
vista” (2 Co 5.7). Se é assim, quais têm sido os efeitos dessa fé na nossa
peregrinação? Será que possuímos a verdadeira fé? Talvez você participe de mais
um Natal na terra. Durante sua farra natalina, pode ser que o Senhor desça dos
céus “com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus”, para levar
os Seus escolhidos consigo (1 Ts 4.16-18), e certamente você não estará entre
eles. Não, não estará. Você gostaria de ser tirado de uma “festinha de Natal” para
encontrá-Lo nos ares? O chamado por enquanto é “Saiam do meio deles” (2 Co
6.17). Isto é, saiam de uma Cristandade sem Deus, saiam de uma horrível
máscara de “religião” que agora se encobre sob Seu nome, saiam de um sistema
judaizante e corrupto que não se cansa de provocar a ira do Senhor. “Saiamos,
pois, a Ele fora do arraial, levando o Seu vitupério” (Hb 13.13). Saiam do
denominacionalismo e do sectarismo religioso.

275
Jesus declarou que “de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de
dar conta no dia do juízo” (Mt 12.36). Se cada “palavra ociosa” será registrada,
certamente o serão cada energia gasta para entreter as pessoas com festas carnais,
cada centavo desperdiçado com troca de presentes inúteis e que visam diminuir o
irmão menos favorecido, cada hora desperdiçada com pensamentos dúbios sobre
Cristo e Sua vontade para a Igreja! Se ainda estivermos na terra quando os dias
finais deste ano chegarem, que possamos sinceramente, pela operação de Deus,
orar em submissão a Deus, para que sua graça nos alcance e nós possamos viver
e agir como cristãos, não como o mundo. Uma voz dirá ao seu ouvido: “bem
está, servo bom e fiel” (Mt 25.23), e isso será uma compensação ampla à
zombaria e aos insultos que recebemos neste exato momento daquelas almas sem
Cristo (mas que pensam estar com Ele porque possuem uma religião ou
denominação religiosa).
Será que algum cristão imagina, em sã consciência, por um momento sequer, que
quando ele ou ela estiver perante o santo Senhor, se arrependerá de ter vivido de
forma “muito rígida” na terra? Haveria o mínimo risco da reprovação de Deus a
qualquer um dos Seus eleitos porque foram “muito radicais” ao se absterem “das
concupiscências carnais que combatem contra a alma” (1 Pe 2.11)? Você pode
até ganhar a simpatia e retribuição dos religiosos mundanos e sem o Espírito,
hoje, ao ceder em “pequenos” pontos quando de fronte às suas ameaças e
intimidações perversas. Mas será que receberemos o sorriso e aprovação de Deus
“nAquele dia”? Sejamos, pois, mais preocupados com o que Deus pensa sobre
nós do que com o que os mortos pensam a nosso respeito.
“Não seguirás a multidão para fazeres o mal” (Êxodo 23.2).
É muito fácil ficar à mercê do crivo da opinião popular. Por outro lado, é
necessário que um homem possua realmente a graça de Deus para que possa
nadar contra a correnteza. E é exatamente isso que um eleito de Deus, salvo pela
graça, herdeiro do Céu, deve fazer: não ser conformado “com este mundo” (Rm
12.2), negar-se a si mesmo, tomar a sua cruz e seguir a um Cristo rejeitado,
vituperado, difamado e caluniado.
Será que um dia poderemos dizer em alta voz: “Desviei os meus pés de todo
caminho mau, para guardar a Tua palavra” (Salmos 119.101)?.

HERESIAS NOVAS EM SEITAS VELHAS


Um dito “pastor”, conhecido como Marcos Granconato, é dono de uma dessas
instituições denominacionais que vemos por aí, popularmente chamadas de
“igrejas”. Este homem costuma ensinar aos membros de sua seita que a prova de

276
que o Natal é bíblico se encontra no fato de que os anjos são vistos "festejando" o
nascimento de Jesus (Lc 2.13,14). Ora, a partir deste prisma, podemos dizer que
o adultério é "bíblico" porque vemos Davi adulterando na Bíblia (2 Sm 11.2-4).
Pegar um versículo isolado e jogar dentro de uma caixinha doutrinária própria é
muito fácil. E é o que esses – assim chamados – “pastores” fazem o tempo todo
para embasarem suas próprias doutrinas. Você só precisa pegar as passagens da
Bíblia e jogar tudo ali na caixinha e depois sortear a que mais se encaixa em seus
padrões denominacionais. Ora, quem é que falou que é errado festejar o
nascimento de alguém quando este nasce? Se esse fosse o caso, nem daríamos
início à discussão. O fato é que Jesus condena a observância de "dias santos" e
"datas especiais" na Igreja de Deus. Simples assim.
“Ah, mas a gente celebra o “natal correto”. Como assim? Natal correto? Que
tipos de superstições têm tomado conta do entendimento dos cristãos? Não existe
“Natal correto”. Natal é Natal, Mamon é Mamon, diabo é diabo e Deus é DEUS.
Devemos dizer “não” a toda doutrina de demônios e conceitos criados por
homens.
“Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o
vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam
fraudulosamente. Antes, seguindo a VERDADE em amor, cresçamos em tudo
naquele que é a cabeça, Cristo” (Efésios 4.14-15).
“E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela
renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável, e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12.2).
Qual é a dificuldade em entender o que se fala em Romanos 12.2? Essas
dificuldades podem ser explicadas a partir dos textos bíblicos que tratam dos
eternos decretos de Deus: “Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por
isso vós não as escutais, porque não sois de Deus” (João 8.47).

UM CONSELHO FINAL AOS ANCIÃOS, PASTORES,


CONSELHEIROS, EVANGELISTAS, ETC.
A Palavra de Deus dirigida a vocês é: “sê O EXEMPLO dos fiéis, na palavra, no
trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza” (1 Timóteo 4.12).
Será que eu estaria sendo desonesto em dizer que cada uma das intituladas
“igrejas” corruptas que você conhece, que já cuspiram na Escritura ao negarem
todos os aspectos fundamentais da fé e da doutrina, terão suas “celebrações de
Natal” neste 25 de dezembro? Depois de tudo dito, eu lhe pergunto: Você as

277
imitará? Honestamente, eu oro para que você e outros, que possuem dons
específicos na obra do ensino, tais como o “dom pastoral” (e não o título de
pastor) seja consistente em protestar contra os métodos antibíblicos de se
“levantar dinheiro” e sancionar “cultos de Natal”. Eu rogo ao SENHOR para que
você, que recebeu a responsabilidade de pastorear “NA” Igreja de Cristo (e não
“a” Igreja de Cristo), busque sem demora pela força e sabedoria necessárias para
explicar com firmeza à congregação dos santos, porém com amor, a verdade de
Deus sobre esse tema. Eu oro, sobretudo, para que você faça o que muitos nunca
fazem e nunca farão: Anunciar que você não pode mais ter parte ou ser conivente
com os próximos feriados pagãos, romanistas e mundanos.

UM ÍDOLO CHAMADO "DIA DE NATAL"

Estamos chegando ao fim do ano. Ao final de dezembro, costuma-se lotar as


reuniões de culto. Por que isso acontece? Porque é “dia de Natal”. Quem
inventou tal estupidez? Pobres bestas! Trata-se nada mais, nada menos, do que
um eufemismo apropriado para todos que comparecem à reunião no dia 25 de
dezembro para honrar e cultuar o seu ídolo Natal. Essas pessoas realmente
pensam que honram a Deus. Em suas mentes estão celebrando um “dia santo”
para Deus, ou, no mínimo, transformando-o em um. Na verdade, elas são
frequentemente admoestadas em suas ditas “igrejas” de que seja expressamente
normativo separar um dia do ano para festejar o “aniversário de Jesus”, no qual
todos se lembrarão, com extrema prostração, de todo o bem ocorrido por causa
do seu nascimento no mundo. Todos ali presentes ouvirão, com demasiado
misticismo, a história do nascimento de Jesus sendo recontada. É assim que
acontece nas instituições religiosas que se autoproclamam cristãs, em maior parte
da cristandade moderna.
Ainda que o “Aniversário” tivesse lugar nos princípios de Deus (e não tem),
pessoas que pensam que Jesus Cristo nasceu no dia 25 de dezembro são tão
ineptas quanto animais irracionais. Quando elas engrandecem somente um dia
com propósito estúpido de adorar a Deus em um dia especial, consciente ou
inconscientemente, estão simplesmente transformando este dia em um ÍDOLO.
Assim como Israel criou para si ídolos para serem destruídos, também a Igreja do
nosso século construiu ídolos que serão igualmente aniquilados, incluindo o seu
precioso Natal: “... fizeram ídolos para si, para serem destruídos” (Oséias 8.4).

278
Os ditos “crentes” insistem que têm feito tudo isso para honrar a Deus. No
entanto, honram ao diabo.
Consideremos o que Deus tem a nos dizer sobre o assunto. Em 1 Samuel 15
vemos que Saul intencionava agradar a Deus poupando Aguage, o rei dos
amalequitas, juntamente com os melhores despojos e gado. Saul disse tanto
quanto os celebradores do Natal: "Eu quero adorar a Deus". A língua de Saul
estava cheia de devoção e boa intenção. No entanto, qual foi a resposta que ele
recebeu de Deus? "Você é adivinho! Você é herege! Você é apóstata"! Ou
seja, as pessoas afirmam estar honrando a Deus ao celebrarem o maldito Natal,
mas Deus os rejeita e rejeita tudo o que eles fazem.
Consequentemente, o mesmo pode-se dizer de qualquer outro “dia santo” que
criamos para Deus. Nenhum dia é superior a outro. Não importa se lembramos do
nascimento do Senhor Jesus Cristo em qualquer mês do ano, seja numa quarta-
feira, quinta-feira ou em qualquer outro dia. Porém, quando insistimos em criar
uma prática baseada em nossos caprichos, fazendo dela um “dia sagrado”,
blasfemamos contra Deus e criamos para nós um ídolo. Quando você adora a
Deus com ociosidade espiritual em um “dia santo”, praticamos um grave pecado
de se suportar, pois isso atrai outros pecados até atingirmos a medida da
iniquidade.
Finalmente, prestemos atenção ao que Deus nos ensina em Miquéias 5.7-14.
Nesta passagem aprendemos que Deus não apenas despojará coisas que são más
em si mesmas, como também eliminará do nosso meio qualquer coisa que
promova superstição, tal como o Natal dos ímpios.

UM MENINO NOS CORROMPEU


(Por Elizabete Andrade)

O natal nunca foi comemorado pelos primeiros cristãos. Se essa farra religiosa
fosse realmente aprovada por Deus, ou instituída pelo Altíssimo, certamente
haveria registros dela nos evangelhos ou nas epístolas dos apóstolos. Pergunto
aos que entendem ser o natal uma festa cristã: Em que se baseiam para a grande
farra natalina? – Esqueçamos aqui que a farra venha do catolicismo – Apenas por
qual entendimento da Palavra podemos admitir que isto seja um genuíno culto ao
Senhor? Por nenhum entendimento, obviamente. Então devemos admitir que os
crentes não sabem o que fazem.
279
Gostaria que guardássemos esta frase: "O Espírito Santo não guia ninguém pelo
caminho errado". A origem do natal é pagã, de muitos matizes (misturas). Temos
a árvore de Aserá, cujo culto eram relações sexuais de sacerdotisas com muitos
homens diante da árvore (Poste ídolo representativo da deusa da fertilidade dos
cananeus); o nascimento do Sol, deus do Egito, nascimento de Saturno, deus
romano, etc.
A igreja romana paganizou o cristianismo ou cristianizou o paganismo? Se você
pingar uma gota de esgoto em um jarro de água limpa, você limpa a água suja ou
suja a água limpa? Exato! O catolicismo sujou – tornou imundo – o cristianismo.
O mundo despreza Cristo! Seria impossível que o cultuasse agora: “Era
desprezado e o mais indigno entre os homens, homem de dores, experimentado
nos trabalhos e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era
desprezado, e não fizemos dele caso algum” (Isaías 53.3).
A Escritura proíbe claramente de cantar parabéns para Jesus, uma data de
aniversário. Não há data alguma que se deva guardar, pois a guarda desses dias
representa absoluta ignorância: “Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes,
sendo conhecidos de Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e
pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e
anos. Receio de vós que haja eu trabalhado em vão para convosco” (Gálatas 4.9-
11). Eu receio de vós que tenha trabalhado em vão, inutilmente, para convosco.
Não devemos nem discutir sobre a provável data de nascimento de Jesus, pois
está escrito acerca de Melquisedeque, que prefigura Cristo: “sem pai, sem mãe,
sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas, sendo feito
semelhante ao Filho de Deus, permanece Sacerdote para sempre” (Hebreus 7.3).
Discutir sobre a data de nascimento de Jesus seria o mesmo que discutir se era
mais moreno ou louro, de olhos claros ou negros, se os bonecos colados em
cruzes do catolicismo são fiéis ao verdadeiro. É inútil discutir, questionar sobre o
período, estação do ano ou a data provável do nascimento do Senhor. Há uma
causa maligna nessas discussões: Tornar Jesus um homem comum; apenas um
menino.

280
O NATAL É IDOLATRIA
(Por Elizabete Andrade)

O natal é idolatria. Muitos bebem e comem em reverência ao deus Saturno. Mas


onde está o Deus verdadeiro? O Altíssimo está assentado sobre o Seu alto e
sublime trono: “No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi ao Senhor assentado
sobre um alto e sublime trono; e o Seu séquito enchia o templo” (Isaías 6.1).
Às vezes chamamos alguém de “sem noção”. Mas quantos de nós, crentes
selados por Deus, duvidamos da soberania absoluta do Altíssimo para cultuar
Baal, Saturno e outros deuses que não conhecemos da mesma forma que fizeram
nossos antepassados? Imaginemos um “sábio” arminiano dizendo que crentes
idólatras perdem a salvação por esse pecado. Mas, quanto a isso, a Escritura
contraria os seguidores de Arminius, dizendo: “Palavra fiel é esta: que, se
morrermos com ele, também com ele viveremos; se sofrermos, também com ele
reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará; se formos infiéis, ele
permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo” (2 Timóteo 2.11-13). Portanto,
ninguém dentre os salvos morrerá sem antes descobrir que a farra do Natal é um
pecado. Deus o convencerá desse pecado antes de levá-lo para Casa.
Não duvidemos, porém, que ELE não se importe com o Seu povo quando este cai
na idolatria mundana da farra natalina. Está escrito: “Mas, se estais sem
disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois, então, bastardos e não
filhos” (Hebreus 12.8). Sabemos o que é a disciplina do nosso Deus pelos ossos
quebrados, ligamentos arrebentados e o que mais não sabemos ainda. Pela
Palavra, somos muito advertidos: “Portanto, meus amados, fugi da idolatria” (1
Coríntios 10.14). A Escritura é clara quanto ao culto de hoje: “Antes, digo que as
coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios e não a Deus. E
não quero que sejais participantes com os demônios. Não podeis beber o cálice
do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do
Senhor e da mesa dos demônios” (1 Coríntios 10.20-21). As comidas e bebidas
não serão santificadas por uma oração em um culto indevido. Do contrário, os
que adoram a “Rainha do Céu” teriam suas rezas validadas pela sinceridade com
que as fazem nos seus festejos. O nosso Salvador não pode ser cultuado da
mesma forma que os demônios são cultuados pelo mundo (ler Deuteronômio cap
12 dos verso 29 ao 32). Cristo não é aniversariante de natal algum, pois não
existe um natal verdadeiro. Somente a Escritura: “Escondi a tua palavra no meu
coração, para eu não pecar contra ti.” (Salmos 119: 11).

281
A farra do natal, porém, deve ser refutada pelo princípio estabelecido pela
Palavra de Deus. A Lei é clara quando proíbe que o nosso Deus seja cultuado da
mesma forma que outros deuses também são cultuados:
“Quando o Senhor, teu Deus, desarraigar de diante de ti as nações, aonde vais a
possuí-las, e as possuíres e habitares na sua terra, guarda-te que te não enlaces
após elas, depois que forem destruídas diante de ti; e que não perguntes acerca
dos seus deuses, dizendo: Assim como serviram estas nações os seus deuses, do
mesmo modo também farei eu. Assim não farás ao Senhor, teu Deus, porque tudo
o que é abominável ao Senhor e que ele aborrece fizeram eles a seus deuses, pois
até seus filhos e suas filhas queimaram com fogo aos seus deuses. Tudo o que eu
te ordeno observarás; nada lhe acrescentarás nem diminuirás” (Deuteronômio
12.29- 32).
A Lei de Deus exclui a possibilidade de alguém dizer honestamente: “O natal que
eu comemoro é o nascimento do verdadeiro Cristo”. Debater sobre a época certa
do nascimento do Senhor também acaba sendo um motivo para justificar a farra
em qualquer data. Quando Deus quis revelar uma data, isso ficava registrado na
Escritura: “Depois disso, sucedeu que, no ano trinta e sete do cativeiro de
Joaquim, rei de Judá, no mês duodécimo, aos vinte e sete do mês, Evil-
Merodaque, rei de Babilônia, libertou, no ano em que reinou, a Joaquim, rei de
Judá, da casa da prisão” (2 Reis 25: 27). A farra do natal é pecado de
desobediência.

A ORIGEM DA DATA DO NATAL

A escolha da data não tem nada a ver com o nascimento de Jesus Cristo. Durante
os primeiros três séculos da nossa era, os cristãos não celebraram o Natal. Esta
festa só começou a ser introduzida após o início da formação daquele sistema que
hoje é conhecido como Igreja Romana (isto é, no século 4º). Ou seja, os católicos
romanos aproveitaram uma importante festa pagã realizada por volta do dia 25 de
dezembro e tentaram “cristianizar” a data, comemorando o nascimento de Jesus
pela primeira vez no ano 354. A tal festa pagã, chamada Natalis Solis Invicti
("nascimento do sol invencível"), era uma homenagem ao deus persa Mitra,
popular em Roma. As comemorações aconteciam durante o solstício de inverno,
o dia mais curto do ano. No hemisfério norte, o solstício não tem data fixa - ele

282
costuma ser próximo do dia 22 de dezembro, podendo cair até no dia 25. Essa é a
origem da data.
Mas, será que Jesus realmente nasceu no período de fim de ano? Absolutamente
não. Sob a análise do Novo Testamento e dos primeiros séculos d.C no
cristianismo, é consenso entre os verdadeiros cristãos que Ele NÃO nasceu em
25 de dezembro. A probabilidade de Jesus ter nascido entre março e novembro é
resultado de uma análise mais responsável da Bíblia, embora não seja importante
descobrir o tempo em que Ele nasceu. Uma vez que Deus não tenha nos dado
uma revelação da data do nascimento de Cristo, a investigação da mesma torna-
se insignificante e até mesmo uma grande perda de tempo, senão até mesmo uma
ideia maligna.
O evangelista Lucas afirma que Jesus nasceu na época de um grande
recenseamento, o qual obrigava as pessoas a saírem do campo e irem às cidades
se alistar. No entanto, em dezembro, os invernos na região de Israel são
rigorosos, impedindo qualquer deslocamento amplo de pessoas. O frio é quase
insuportável nessa época e não dá para imaginar um menino nascendo numa
estrebaria. Mesmo lá dentro, o frio seria insuportável no mês de dezembro. A
interpretação histórico-gramatical aplicada nos textos sagrados provam que o
nascimento de Jesus ocorreu entre março e novembro, quando o clima no Oriente
Médio é mais ameno.
Quando Jesus nasceu havia naquela mesma comarca pastores que estavam no
campo. Esses pastores guardavam o rebanho durante as vigílias da noite (Lucas
2.8). Esse ato jamais poderia ocorrer na Judéia durante o mês de dezembro. Por
que? Porque os pastores tiravam seus rebanhos dos campos em meados de
outubro e, durante a noite, os abrigavam rapidamente para protegê-los do
rigoroso inverno que se aproximava. Era um tempo frio e de muitas chuvas.
A Bíblia nos mostra com muita clareza, em Esdras 10.9,13, que o inverno em
Israel era época de chuvas e de muito frio, o que tornava impossível a
permanência dos pastores com seus rebanhos durante as frígidas noites no
campo:
“Então todos os homens de Judá e Benjamim em três dias se ajuntaram em
Jerusalém; era o nono mês, aos vinte dias do mês; e todo o povo se assentou na
praça da casa de Deus, tremendo por este negócio e por causa das grandes
chuvas” (Esdras 10.9).
“Porém o povo é muito, e também é tempo de grandes chuvas, e não se pode
estar aqui fora; nem é obra de um dia nem de dois, porque somos muitos os que
transgredimos neste negócio” (Esdras 10.13).

283
Na história do cristianismo também vemos alguns escritores falando sobre o
assunto:
–– Enciclopédia Católica (edição de 1911): "A festa do Natal não estava incluída
entre as primeiras festividades da Igreja... os primeiros indícios dela são
provenientes do Egito... os costumes pagãos relacionados com o princípio do ano
se concentravam na festa do Natal".
–– Orígenes, um dos chamados “pais da Igreja” (ver mesma enciclopédia acima)
também disse: "... não vemos nas Escrituras ninguém que haja celebrado o
aniversário de Jesus ou celebrado um grande banquete no dia do seu natalício.
Somente os pecadores (como Faraó e Herodes) celebravam com grande regozijo,
anualmente, o dia em que nasceram neste mundo".

CONCLUSÃO
Se fosse da vontade de Deus que guardássemos e celebrássemos o aniversário do
nascimento de Jesus Cristo, Ele não haveria ocultado sua data exata, nem nos
deixaria sem nenhuma menção a esta comemoração em toda a Bíblia. Ao invés
de envolvermo-nos numa festa de origem não encontrada na Bíblia, mas somente
no paganismo, somos ordenados a adorar a Deus, a relembrar biblicamente a
morte do nosso Salvador e a pregar a respeito desta morte e seu significado, bem
como ensinar à Igreja sobre a vitoriosa ressurreição de Jesus, o arrebatamento
nos ares quando Ele vier para buscar Sua Igreja, Sua segunda vinda para reinar
por mil anos na terra, sua mensagem de salvação para os que crêem e falar da
perdição dos que não creem de fato.

284
NATAL:
PRÁTICA ABOMINADA POR DEUS

O Natal consiste em elementos diversos, personagens advindos do paganismo,


como por exemplo a figura do Papai Noel (São Nicolau) e muitos rituais
sincretistas. A farra do Natal nada mais é do que uma festa na qual homens e
demônios são reverenciados em meio ao consumismo, prostituição e avareza. No
âmbito religioso denominacional, tanto para evangélicos como para católicos
romanos, a sincrética celebração do Natal consiste em temáticas relacionadas ao
nascimento de Jesus Cristo, embora eles mesmos coloquem as figuras
antibíblicas para funcionamento do festejo em si. O fato é que festejar o Natal de
qualquer maneira é uma prática pagã abominada (odiada) por Deus. Trata-se de
um ritual demoníaco e extremamente danoso para a vida espiritual. Façamos,
portanto, algumas análises das razões pelas quais um cristão não deve praticar a
celebração do Natal em nenhum aspecto e em nenhum grau. Falaremos, agora, de
como a Bíblia estabelece os meios pelos quais devemos cultuar e adorar a Deus,
e, sobretudo, por que Ele rejeita o rito de Natal e todas as demais festas e cultos
semelhantes ao mesmo.
Na história podemos constatar que milhares de deuses pagãos nasceram
precisamente no dia 25 de dezembro, segundo o calendário ocidental.
Ironicamente (pasme), Jesus Cristo NÃO nasceu neste dia, como fora mostrado
em um artigo anterior. Uma simples pesquisa na história e na Bíblia, com relação
ao dia em que Jesus nasceu, nos mostra a probabilidade gigantesca de que Jesus
nasceu em uma época totalmente distinta da farra natalina. Por ora, deixaremos
para falar sobre as origens do Natal em outro artigo.

AS VÁRIAS FESTAS PAGÃS DURANTE O ANO


Elizabete Andrade, uma irmã zelosa para com a Sagrada Escritura, assevera da
seguinte forma:
“Observamos que há uma quase infinita quantidade de cultos disponíveis durante
um ano. Além das já conhecidas figuras (demônios) religiosas dos seguidores dos
papas, temos o próprio culto aos homens. Iniciamos o ano com a fraternidade
universal (ecumenismo) e a festa para o deus Jano, deus do início e das
mudanças, em 1º de janeiro. Quando desejamos “feliz ano novo” (isso nunca foi
ensinado aos cristãos), prestamos esse culto sem a noção do que fazemos. Não
sejamos ingênuos nessas coisas. Muitos cristãos seguem o jejum da igreja

285
“caótica” romana, na blasfêmia da paixão de Cristo (falso cristo).
Semelhantemente aos papistas, fazemos marcha para Jesus, rito reprovado por
Deus em sua Palavra, pois assim diz o SENHOR: “Congregai-vos e vinde;
chegai-vos juntos, vós que escapastes das nações; nada sabem os que conduzem
em procissão as suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um
deus que não pode salvar” (Isaías 45.20).
Dia da mulher, dia da Bíblia, dia das mães, dia dos pais, dia das crianças, culto de
aniversário da “igreja”, do “pastor”, etc., todos disfarçados com o nome de “ação
de graças”, até chegar ao Culto ao Sol – O Natal – Esta é a pior idolatria que os
cristãos nominais praticam; sem contar, é claro, os que enganam seus filhos com
o místico Papai Noel.
Prosseguiremos como ponto fora da curva. Nunca fomos a uma “marcha para
Jesus”. Nessa marcha vemos figuras de fogo e pombas nas vestes; misturam-se
incrédulos com terços e rosários, sem que um desses seja corrigido. Isso não é
evangelho. Isso pode ser qualquer coisa, menos evangelho. Devemos perceber
que há idolatrias disponíveis, nas quais muitos têm encontrado “conforto
espiritual”. Esperamos minimamente que julguem essas palavras segundo a reta
justiça, segundo a Palavra de Deus, e não segundo o que se pensa ser correto fora
das Escrituras”.

POR QUE O NATAL É ANTIBÍBLICO?


Os princípios bíblicos que regulam o ato de culto determinam que somente as
Escrituras representam o padrão de toda e qualquer posição cristã, seja no lar, na
congregação ou no trabalho. Nada se acrescenta e nada se retira da Palavra. O
princípio regulador do culto a Deus define uma congregação saudável da não
saudável. Ele estabelece a pureza da Igreja.
“Porventura não errais vós em razão de não saberdes as Escrituras nem o poder
de Deus”? (Marcos 12.24).
A pergunta de Cristo não poderia ser mais irônica nem tão indicadora! Em
grande parte de seu majestoso e divino ministério, Sua vontade preceptiva é
apresentada em forma de “pergunta retórica”. Ele perguntava em forma de
resposta, e, com um único ponto de interrogação aparentemente vazio, a Lei de
Deus é exposta de modo perfeito. Em Marcos 12.24, nosso Senhor nos ensina
respectivamente qual o maior erro que um homem pode cometer em sua vida:
“ser ignorante acerca das Escrituras e do poder de Deus” – o desconhecimento do
que deve ser nossa “regra” [cânon] de fé e conduta limitada. Difícil coisa é
imaginar como um ensinamento do nosso Mestre poderia ser tão profundo e

286
indicativo em um único versículo, bem como condenatória. De alguma forma
Jesus está reforçando o que está em Oséias 4.6: “O meu povo foi destruído,
porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também
eu te rejeitarei”. Todavia, Marcos 12.24 diz respeito à implicação espiritual e
eterna dos que não conhecem a Deus, pois, Deus e Sua Palavra são uma mesma
Pessoa, juntamente com o Espírito Santo (1 João 5.7), e a maioria dos homens
que se autoproclamam “cristãos” não faz ideia do que isso significa.
As bases bíblicas relacionadas às normas de culto a Deus são muitas e são
enfáticas demais para serem ignoradas. Deuteronômio 12.32 e Gálatas 1.9 seriam
suficientes para admoestar um cristão amadurecido, que está pronto para ouvir a
verdade. Mas as circunstâncias em que vivemos e a cultura perversa em que
estamos inseridos nos leva à concepção de que vale a pena se empenhar em
mostrar a verdade da forma mais ampla possível. Ninguém mais presta atenção
ao que Deus está dizendo ao Seu povo quanto ao fato de que não devemos imitar
as nações ímpias em Seu culto sagrado, e que Ele, somente Ele, determina como
será adorado pelos santos.
A antítese que rege o que pode ser feito ou não no culto a Deus está em
Deuteronômio 12.29-32:
"Quando o SENHOR teu Deus desarraigar de diante de ti as nações... guarda-te,
que não te enlaces seguindo-as, depois que forem destruídas diante de ti; e que
não perguntes acerca dos seus deuses, dizendo: "Assim como serviram estas
nações os seus deuses, do mesmo modo também farei eu". Assim NÃO farás ao
SENHOR teu Deus; porque tudo o que é abominável ao SENHOR, e que Ele
odeia, fizeram eles a seus deuses;... Tudo o que Eu te ordeno, observarás para
fazer; NADA lhe acrescentarás nem diminuirás” (Deuteronômio 12.29-32).

QUANDO INSTITUÍMOS O QUE NÃO FOI INSTITUÍDO


No Antigo Testamento vemos claramente diversas festas e cerimônias instituídas
pelo próprio Deus: a Páscoa, a festa dos pães asmos, a festa do Pentecostes e a
festa dos Tabernáculos. É importante destacar que estas festas faziam parte da lei
cerimonial judaica e foram cumpridas em Cristo, sendo, portanto, abolidas na
nova dispensação. A festa do Pentecostes aconteceu uma vez e não acontecerá de
novo porque teve seu propósito cumprido (ainda falaremos mais sobre o
Pentecostes - Atos 2). No Novo Testamento não há nenhum tipo de festa ou
cerimônia estabelecida por Deus para Sua igreja, com exceção da Ceia do
Senhor, que celebra a ressurreição de Cristo, e o batismo, que é o anúncio
público da conversão daqueles que passam a crer em Deus e seguir a Cristo.

287
No entanto, não há fundamento algum para qualquer comemoração do
aniversário de Jesus. Não existe aniversário para cristão. A Bíblia registra
homens pagãos que faziam celebrações anuais em comemoração de seu
nascimento, mas não de cristãos praticando o mesmo ato antropocêntrico, onde o
homem é louvado anualmente pelo dia de seu nascimento e aplaudido por sua
vinda com os seus devidos méritos.
Os únicos a celebrarem os seus aniversários na Bíblia foram Faraó (Gn 40.20) e
Herodes (Mt 14.6; Mc 6.21). Nem os judeus, nem os cristãos celebram os seus
aniversários na Bíblia, e menos ainda o de Cristo, que implica na profanação do
culto a Deus e viola os claros comandos de que Ele deve ser adorado somente da
forma como Ele mesmo estabeleceu na Palavra (Dt 12.32).
Outrossim, visto que o Apóstolo da graça enfatiza que as festividades
cerimoniais da era patriarcal não mais fazem parte do Culto de Deus, fica ainda
mais estupenda a ordem de não se praticar um ritual que sequer foi instituído pela
Bíblia um dia. Se por um lado a Páscoa não é elemento de culto na Igreja de
Deus por ser uma celebração judaica, por outro lado o Natal é apontado por Deus
como “doutrina de demônios”:
“E não quero que sejais participantes com os demônios. Não podeis beber o
cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa
do Senhor e da mesa dos demônios. Ou irritaremos o Senhor? Somos nós mais
fortes do que ele?” (1 Coríntios 10.20-22).
A pergunta que não se cala é: Por que a Igreja tem se entregado a esta
bestialidade chamada Natal? Que superstições macabras tem envenenado o
entendimento dos cristãos? Alguns são rápidos em dizer: “Ah, mas a gente
celebra o “natal correto”. Qual Natal correto? De onde tiraram essa ideia?
“Porventura não errais vós em razão de não conhecerdes as Escrituras nem o
poder de Deus?” (Marcos 12.24).
A Igreja moderna absorveu praticamente todas as tradições natalinas. São poucas
as ditas “igrejas” que não decoram e iluminam seus templos luxuosos com
motivos natalinos, armam árvores de Natal, trocam presentes, fazem “ceia de
Natal” e assim por diante. O culto de Natal adicionou ainda uma série de
elementos estranhos ao culto cristão, tais como cantatas, jograis e representações
teatrais.

288
“MAS JESUS NASCEU, NÃO NASCEU?”
Uma das objeções mais levantadas para defender o ritual do Natal é que o
nascimento de Jesus Cristo foi registrado na Bíblia. De fato, o Senhor se fez
carne e foi concebido pelo Espírito Santo na virgem Maria: “Ora, o nascimento
de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes
de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo” (Mateus 1.18). –
Ora, não há nisso motivo para a idolatria e blasfêmia promovidas pelo
Catolicismo Romano. O sofisma romano trata de que Maria seja “mãe de Deus”
e as pessoas não fazem idéia do quanto isso é grave, visto que Deus não foi
gerado por ninguém, mas é Eterno – Ele foi, é e sempre será.
O fato é que a passagem usada como argumento para a festa de Natal não é
normativa e sim narrativa. Não há ordens apostólicas a serem seguidas nessa
passagem, mas tão somente a revelação do evangelho de Mateus registrado para
os que crêem no Príncipe da Paz. É de se admirar que os ditos “pastores” (é
assim que são chamados) estejam omitindo isso à Igreja, isto é, que uma
passagem como essa não deve ser tratada como norma para a Igreja, mas como
testemunho da vinda de nosso Redentor. Os evangelhos de Mateus, Marcos,
Lucas e João são judaicos, não cristãos. São cartas históricas com predominância
no judaísmo e nos sinais e milagres de Jesus em Sua primeira vinda. Esses
registros históricos não fazem parte do Novo Testamento, como já fora provado
em outro capítulo sobre o assunto.

MANDAMENTOS CONCERNENTES AO PRINCÍPIO


REGULADOR DO CULTO, ADORAÇÃO E MINISTÉRIO
Porventura o Natal está incluído no evangelho de Cristo? Os petulantes que
respondem “sim” necessitam, indubitavelmente, da compreensão acerca da lógica
e da sanidade. Um cristão que responde “sim” a esta pergunta, ou precisa de
tratamento psiquiátrico ou nunca leu as Escrituras. Vejamos algumas passagens
que são mandamentos referentes ao que pode ou não ser feito no culto a Deus.
Essas passagens nos mostram que os falsos mestres não obedecem a essas
ordens, pois ensinam coisas que não foram ordenadas à Igreja de Deus:
“Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja
MALDITO” (Gálatas 1.9).
“E eu, irmãos, apliquei estas coisas por amor de vós; para que em nós aprendais
a não ir além do que está escrito” (1 Coríntios 4.6).

289
“Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o
fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele.
Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é
Jesus Cristo” (1 Coríntios 3.10,11).
“Arraigados e sobreedificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes
ensinados, nela abundando em ação de graças. Tende cuidado, para que
ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a
tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo”
(Colossenses 2.7,8).
"Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela
carne? Será em vão que tenhais padecido tanto? Se é que isso também foi em
vão" (Gálatas 3.3,4).
Já fui pagão e “misticista” um dia; nasci inimigo de Deus, cresci em um lar
católico-romano, fiz parte da instituição reformada, conhecida como “Igreja
Presbiteriana” ou “Igreja Reformada”, bebi das heresias da Teologia do Pacto e
passei dois anos dentro do movimento pentecostal. Enquanto eu buscava por
Deus nessas denominações religiosas inventadas por homens, a Bíblia me guiava
para fora de todo aquele sistema. Cristo estava comigo e estava sempre me
fazendo avançar... a “sair do meio deles” (Is 52.11; 2 Co 6.17). Cristo não me
chamou para ser “morno” (Ap 3.16) e hoje estou aqui para mostrar ao leitor
deste livro que a Palavra de Deus tem poder para convencer o homem. Todavia,
somente ouve a Deus “quem tem ouvidos para ouvir” (Mt 11.15; Ap 13.9) e
ninguém mais. Quem não é de Deus não pode ouvir a Sua voz, pois é filho do
diabo, não de Deus. Quem é filho de Deus ouve a Sua voz.
“Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais,
porque não sois de Deus” (João 8.47).
“Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho
dito. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem”
(João 10.26,27).
Romper com os berços de Roma requer muita coragem e ousadia. A convicção e
força necessárias para esse rompimento com o sistema religioso herético são
concedidos pelo Espírito Santo, para que não nos mostremos frouxos diante dos
pequenos papas que reinam 'soberanos' nas denominações evangélicas, católicas
e demais instituições religiosas do século XXI! O paganismo é patriarca do
consumismo e da avareza.

290
CONCLUSÃO
A comemoração do Natal é uma doutrina de homens e isto não agrada a Deus.
Pelo contrário, causa a Sua ira, cujo Seu juízo não tardará sobre os filhos da
desobediência. Nenhuma dessas festividades de origem pagã e idólatra são
agradáveis a Deus, quanto menos no culto ao Senhor. Como demonstrado nos
versículos que abordam o tema de forma direta, o Senhor abomina (odeia) a
todos aqueles que o cultuam como os pagãos cultuam os seus deuses. Por esta
razão, Ele estabelece regras para o Seu culto, as quais não podem ser alteradas,
perturbadas ou deturpadas fraudulosamente.
A pergunta que fica é esta: Como nos separar de toda essa confusão religiosa? A
resposta para tal é: “nos separando”. Ora, a Bíblia fala para nos apartarmos de
tudo que é profano. Não existe concórdia entre Deus e o diabo. Ou você é filho
de Deus ou você é filho do diabo.
Muitos cristãos já entendem o real significado da idolatria dos dias festivos
pagãos e da insustentabilidade do Natal. O que falta para essa grande massa é
compreender o significado de “jugo desigual” e “pacto com as más obras” (Sl
141.4; 2 Jo 1.10,11; 2 Co 6.14-18; Ef 5.11), bem como as suas implicações para a
vida espiritual. Líderes religiosos, das mais variadas seitas cristãs,
frequentemente usufruem de um pretexto nada convincente de que estão a reunir-
se com suas famílias e amigos no intuito de apresentar a eles o verdadeiro Deus.
Criam para si métodos humanistas jamais autorizados pelas Escrituras, mas antes
condenados pela Palavra de Deus. Criaram para si um “deus pessoal”; um deus
que deixa seus filhos à mercê de suas regrinhas insanas e medíocres, muitas
vezes com finalidades evangelísticas, mas que servem de tropeço e não de
evangelização.
A ordem é clara:
“E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-
as” (Efésios 5.11).
“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem
a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que
concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que
consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus
vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e Eu serei o seu
Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o
Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai,
e vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso" (2 Coríntios
6.14-18).

291
Deixaremos para nos aprofundar nessa passagem em um momento mais
oportuno, no capítulo: “A Doutrina da Separação”.

NATAL, TAMUZ E MITRA


Como tudo começou

Para entender a relação entre o Natal, sinal da cruz, o famoso "santíssimo


sacrário" em forma de sol e sua relação com Tamuz e Mitra, é de suma
importância que façamos uma viagem no tempo e na história das religiões e
costumes que deram início a essas práticas. Esses costumes são seguidos
fielmente por ditos cristãos em todo o sistema religioso denominacional e
também fora das denominações. Se na Bíblia não encontramos tais práticas como
sendo ensinamentos de Cristo, de onde, então, elas surgiram?
O Natal possui uma variedade de origens. Porém, antes mesmo que a “Igreja de
Roma” viesse a introduzir esta festa pagã na cristandade, a Bíblia já nos mostrava
o precursor de toda essa mitologia, e seu nome era Ninrode. Muito antes do
sistema romano criar o Natal, este personagem bíblico já havia dado início ao que
hoje é celebrado como “nascimento do menino Jesus”. Na Bíblia vemos uma
breve descrição relativa a Ninrode e ao significado do seu nome: “Rebelde”.
Ninrode foi um rei reprovado por Deus por causa de sua maldade, rebeldia e
soberba. Tratava-se de um rei “caçador e matador”, em contraste com a idéia de
um “rei-pastor”. Um caçador se deleita em satisfazer sua própria vontade às
custas de suas vítimas. Mas um pastor preocupa-se em proteger seus animais e
cuidar deles. A declaração de que Ninrode foi “poderoso caçador diante do
Senhor” (Gn 10.9) tem um sentido pejorativo. Para Deus, coisa alguma era e
continua sendo a glorificação da “força bruta” por parte dos homens; e nada é
mais comum, por parte da humanidade, do que dar pouca importância ao
sofrimento humano. Ninrode acreditava ser mais poderoso do que Deus, e, no dia
em que ele disse ser o dono do Sol, a paciência de Deus para com Ninrode se
esgotou – O SENHOR ordenou a sua morte.
Ninrode não tinha escrúpulos, e uma das provas disso é que ele tomou sua mãe
como mulher (esposa). Após sua morte, sua mãe Semíramis*, que acreditava ser
mãe de um deus, se impôs como deusa. Semíramis (ou Samiramez) se deitou
com vários homens (se prostituiu) até se engravidar de seu segundo filho, Tamuz.
É aqui que o “Menino Jesus” nasce na história.

292
Nota*:
Segundo a mitologia, Semíramis foi uma rainha que, de acordo com as lendas
gregas e persas, reinou sobre Pérsia, Assíria, Armênia, Arábia, Egito e sobre toda
a Ásia por mais de 42 anos. Ela foi a fundadora da Babilônia e de seus jardins
suspensos. Finalmente, subiu ao céu transformada em pomba após entregar a
coroa ao seu filho Tamuz.
Mas, será que temos algum registro bíblico sobre Tamuz, o filho de Semíramis?
Sim, nós temos. No livro de Ezequiel, Deus abomina Tamuz e Mitra, e todos os
que os adoram:
"Então me disse: Viste, filho do homem, o que os anciãos da casa de Israel fazem
nas trevas, cada um nas suas câmaras pintadas de imagens? Pois dizem: O
Senhor não nos vê; o Senhor abandonou a terra. E disse-me: Ainda tornarás a
ver maiores abominações, que estes fazem. E levou-me à entrada da porta da
casa do Senhor, que está do lado norte, e eis que estavam ali mulheres
assentadas chorando a Tamuz. E disse-me: Vês isto, filho do homem? Ainda
tornarás a ver abominações maiores do que estas. E levou-me para o átrio
interior da casa do Senhor, e eis que estavam à entrada do templo do Senhor,
entre o pórtico e o altar, cerca de vinte e cinco homens, de costas para o templo
do Senhor, e com os rostos para o oriente; e eles, virados para o oriente
adoravam o sol. Então me disse: Vês isto, filho do homem? Há porventura coisa
mais leviana para a casa de Judá, do que tais abominações, que fazem aqui?
Havendo enchido a terra de violência, tornam a irritar-me; e ei-los a chegar o
ramo ao seu nariz. Por isso também eu os tratarei com furor; o meu olho não
poupará, nem terei piedade; ainda que me gritem aos ouvidos com grande voz,
contudo não os ouvirei” (Ezequiel 8.12-18).

1. Quem é Tamuz?
2. Quem é o Sol adorado pelos judeus no texto?
3. Por que Deus se irou contra os que adoravam esses deuses?

Para compreender esta passagem da Bíblia, é necessário que verifiquemos a


história da mitologia grega e romana a fim de entender melhor a origem desses
deuses e como eles influenciam a cristandade até hoje, usando o nome de Deus e
da Igreja Cristã para enganar e fraudar o Evangelho de Cristo com evocações a
tais deuses.

293
A DEVOÇÃO AO "MENINO JESUS" (TAMUZ)
O bíblico Tamuz era um deus dos sumérios conhecido como Dumuzi e pelos
egípcios como Osíris. Tamuz tinha como “companheira” Asterote, a “rainha do
céu” (isso te lembra algo?) – Ishtar para os acádios, Ísis para os egípcios e
“Inanna” para os sumérios. O relacionamento entre Osíris e Ísis correspondem
notavelmente ao relacionamento e às características dos “babilônios” Tamuz e
Ishtar. Assim, é consenso entre os peritos que eles são os mesmos. O eterno
apaixonado da deusa “Inanna”, ou seja, Tamuz, trata-se de um humano que
acabou por se tornar um deus assim que morreu, estando associado à vegetação e
à agricultura, "porquanto é um deus que morreu jovem, e ressuscitou no ano
seguinte (e assim se sucede também à vegetação, que todos os anos renasce)".
Neste contexto podemos compreender a origem do aclamado "MENINO
JESUS", feito de gesso, com os braços estendidos e as mãos posicionadas de
forma a fazer o sinal da cruz. Este é Tamuz, adorado e venerado pelos católicos
romanos desde que Constantino entrou no comando de Roma. Esse deus foi
muito cultuado, mais tarde, em “Babilônia”, sob o mesmo nome, Tamuz, como
se vê em Ezequiel 8.14. É quase certeza que sua lenda esteja por de trás de outros
cultos antigos, como o de “Baal” nas terras de Canaã e o de Adónis na Grécia
Clássica.

O SINAL DA CRUZ
O sinal da cruz é um movimento ritualístico executado com as mãos pela maioria
das pessoas inseridas nos mais variados ramos do “Cristianismo”. Este sinal é
realizado desenhando-se no ar uma cruz sobre si mesmo, sobre outras pessoas ou
sobre “objetos”. Todavia, a sua origem se dá numa épica e complexa conspiração
religiosa para contaminar a Igreja Cristã.
O deus Tamuz era representado pela primeira letra de seu nome, que é o antigo
Tau, uma cruz. Ou seja, o "sinal da cruz" era o símbolo religioso de Tamuz. O
Expository Dictionary of New Testament Words (Dicionário Expositivo de
Palavras do Novo Testamento) é específico, afirmando que a cruz “teve sua
origem na antiga Caldéia, e era usada como o símbolo do deus Tamuz (tendo o
formato da mística Tau, a letra inicial do nome dele)”.
Você certamente já deve ter visto muitos católicos romanos com este "T"
pendurado no pescoço. Os clérigos e padres da dita “Igreja Católica” usam muito
esse “T” preso a uma corrente ou corda em seus pescoços.
É significativo o seguinte comentário no livro "The Cross in Ritual, Architecture,
and Art" (A Cruz no Ritual, na Arquitetura e na Arte): “É estranho, porém,
294
inquestionavelmente um fato, que em eras muito anteriores ao nascimento de
Cristo, e desde então em terras não tocadas pelo ensino da Igreja, a Cruz tenha
sido usada como símbolo sagrado. O grego Baco, o tírio Tamuz, o caldeu Bel e o
nórdico Odin, para seus devotos eram simbolizados por uma figura cruciforme”.

O NATAL É UMA CELEBRAÇÃO AO DEUS SOL MITRA


Mitra é o deus pagão do Sol na mitologia persa. No início deste artigo nós
falamos sobre ele a partir de Ezequiel 8, quando Deus falou a respeito da
abominação da adoração a Tamuz e ao Sol. Essa divindade é adorada pelos
pagãos desde a fundação do Catolicismo Romano pelo imperador Constantino
(306 d.C).
O símbolo solar se encontra nos quatro cantos do vaticano, especialmente onde
se guarda a chamada "Hóstia". Vemos ali o sol feito com materiais dourados,
dando alusão à Mitra. Ao longo dos séculos, foi incorporada a vasta e sincretista
Mitologia hindu; e posteriormente a Mitologia romana. Na Índia e Pérsia
representava a luz; significando literalmente em persa Divindade solar.
As várias misturas ritualistas resultantes dessa divindade são assombrosas. Após
a vitória de Alexandre, o Grande, sobre os persas, o culto a Mitra se propagou
por todo o Mundo Helenístico. Nos séculos III e IV da era cristã, as religiões
romanas, identificando-se com o caráter viril e luminoso do deus Mitra,
transformaram o culto a Mitra no Mitraísmo. Segundo Heródoto, Mitra era a
deusa Afrodite Urânia, trazida pelos assírios com o nome Mylitta e pelos árabes
com o nome Alitta.
Finalmente, o culto de Mitra chegou à Europa através desses povos, ganhando na
Grécia antiga uma efêmera analogia à deusa Hemera; pouco antes do nascimento
de Alexandre Magno. Com a adoção da religião grega pelos romanos em 146
a.C, Mitra foi literalmente adotado como equivalente à Hemera, onde se manteve
até o século III.
Em Roma, foi culto de alguns imperadores, ao lado do "Sol Invictus"; ambos
eram os Protetores do Império (como o é até hoje, porém, com nomes alterados
intencionalmente, fazendo uma analogia ao verdadeiro Deus, o Deus de Israel e
dos cristãos). Algumas peculiaridades do Mitraísmo foram agregadas a outras
religiões, principalmente ao Cristianismo.
Desde a antiguidade, o nascimento de Mitra era celebrado em 25 DE
DEZEMBRO. Os cristãos nominais acreditam estar festejando o aniversário de
Cristo, quando, na prática, estão celebrando o nascimento de Mitra. Todavia, o
Mitraísmo entrou em decadência a partir da adoção do Cristianismo como
“religião oficial” do Império Romano. Segundo a tradição romana, o Mitraísmo

295
entrou em decadência frente ao Cristianismo por não ser tão inclusivo quanto a
religião cristã. Mas tudo isso não passava de interesses políticos e não de uma
atração devota ao evangelho de Cristo. Na prática, o culto a Mitra continuou
como antes, usando, porém, os nomes relacionados a Deus.
O culto a Mitra era permitido apenas aos homens, e, ainda assim, aos homens
iniciados em um ritual que acontecia somente em algumas épocas do ano. O
ritual de iniciação na religião mitraica consistia em levar o neófito (iniciante no
Cristianismo) até o altar de Mitra, amarrado e vendado, onde o sacerdote oferecia
a ele a “Coroa do Mundo”, colocando-a sobre sua cabeça. A pessoa que estava
sendo introduzida no falso Cristianismo deveria recusar a coroa e responder:
"Mitra é minha única coroa".
Como se pode notar, o culto a Mitra passou por diversas transformações,
difundindo-se gradualmente até alcançar um lugar proeminente na Pérsia e
representar o principal oponente do Cristianismo no mundo Romano, nas
primeiras etapas de sua expansão. Entretanto, com a adoção do Cristianismo
como “religião oficial” do Império Romano, o Mitraísmo foi embutido no
Cristianismo de forma subliminar. Por de trás dessa farsa, os cristãos recebiam
riquezas e terras em troca da aceitação por parte do sagaz imperador romano,
sendo Mitra o “Messias Romano”, uma alusão a Jesus Cristo.

CONCLUSÃO
Se você não sabia do que se tratava os nomes Tamuz e Sol (Mitra) em Ezequiel
8.12-18, agora você sabe. Sempre que o dia 25 de dezembro chegar, você se
lembrará desses fatos e da Palavra do Senhor ao amaldiçoar a todos os que
adoram a esses deuses, consciente ou inconscientemente.
"O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu
rejeitaste o conhecimento, também EU te rejeitarei, para que não sejas sacerdote
diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me
esquecerei de teus filhos" (Oséias 4.6).

296
16 REGRAS IMUTÁVEIS CONTRA O JUGO
DESIGUAL COM OS INFIÉIS

Será que Deus aceita que nos misturemos aos infiéis em um culto estranho ao
evangelho? Será que Ele aceita em Seu culto qualquer forma de adoração? Seria
correto adorá-lo da forma que os pagãos fazem aos seus deuses, com pretexto de
que não importa a origem da prática? Será que a união entre crentes e incrédulos
em uma grande festa ecumênica seria aceito por Deus? A Bíblia responde:

1. Deus ordena em Sua Palavra que não prossigamos em cultuá-lo segundo


qualquer costume ou tradição que não proceda tão somente da forma como Ele
mesmo instituiu que devêssemos adorá-lo e cultuá-lo. Estas normas, assim
determinadas pela Bíblia e imutáveis em seus decretos, não estão passíveis de
opções, intenções do coração humano, imaginações, fábulas, costumes ou
quaisquer pretextos de piedade e amor a Ele. Não podemos crer, ensinar/pregar e
fazer o que se opõe ao único e insubstituível evangelho. A Palavra de Deus não
tolera nenhum acrescentamento às regras impostas por Ele mesmo ao Seu povo.
“Quando o SENHOR teu Deus desarraigar de diante de ti as nações, aonde
vais a possuí-las, e as possuíres e habitares na sua terra, guarda-te, que não te
enlaces seguindo-as, depois que forem destruídas diante de ti; e que não
perguntes acerca dos seus deuses, dizendo: -- Assim como serviram estas
nações os seus deuses, do mesmo modo também farei eu -- . Assim NÃO farás
ao SENHOR teu Deus; porque tudo o que é abominável ao SENHOR, e que
Ele odeia, fizeram eles a seus deuses; pois até seus filhos e suas filhas
queimaram no fogo aos seus deuses. Tudo o que Eu te ordeno, observarás para
fazer; nada lhe acrescentarás nem diminuirás.” (Deuteronômio 12.29-32).

2. Deus disse-nos claramente que não aceitará este tipo de culto, festividade ou
adoração não prescrita por Ele mesmo na Santa Escritura. Ainda que alguém
tenha a intenção de honrá-Lo com tais rituais à parte da Escritura Sagrada, as
mesmas são de origem pagã, e, como tal, é abominável e honra não a Ele, mas
sim aos demônios.

"Assim diz o SENHOR: 'Não aprendais o caminho dos gentios, ... Porque os
costumes dos povos são vaidade; ...'" (Jeremias 10.2-3).

3. Deus não quer que O honremos como nos orienta a nossa própria consciência.

297
"Deus é Espírito; e importa que os que O adoram O adorem em espírito e em
verdade" (João 4.24).

4. O que é a verdade? Jesus disse que a Sua palavra, a Bíblia, é a verdade (João
17.17). A Bíblia diz que Deus não aceitará culto de pessoas que, querendo honrar
a Cristo, adotem um costume pagão.
"Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens"
(Mateus 15.9).

5. Toda prática religiosa ou que possua qualquer aspecto de doutrinas estranhas


ao evangelho, o que foi explícita e indiscutivelmente proibido ou exemplificado
com clara desaprovação de Deus em Sua Palavra deve ser rejeitado e considerado
maldito.

“Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à


graça de Cristo para outro evangelho; o qual não é outro, mas há alguns que
vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós
mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos
tenho anunciado, seja REPROVADO. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de
novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que
já recebestes, seja MALDITO. Porque, persuado eu agora a homens ou a
Deus? ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos
homens, não seria servo de Cristo. Mas faço-vos saber, irmãos, que o
evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens. Porque não o
recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo”
(Gálatas 1.6-12).

6. Não se pode servir, adorar e cultuar a Deus e, ao mesmo tempo, servir, adorar
e cultuar aos demônios. Não se pode ser escravo de dois deuses. Ou se ama um e
odeia o outro, ou vice-versa.
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o
outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a
Mamom” (Mateus 6.24).

7. O verdadeiro cristão, nascido de novo, em Cristo Jesus, não pode sequer ter
participação em tais festividades, nem se assentar à mesa dos demônios.
“Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos
demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os
demônios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não
podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. Ou
298
irritaremos o Senhor? Somos nós mais fortes do que ele?” (1 Coríntios 10.20-
22).

8. Esta decisão não está relacionada ao mero ato de comer ou beber aquilo que é
consagrado ou procedente dos gentios, mas sim à conduta exemplar do cristão
diante de um mundo corrompido pela astúcia de Satanás. Tal posicionamento
tem o intuito de não pôr em tropeço as mentes mais fracas. Não é uma questão de
comer ou beber, mas de portar-se de modo a não escandalizar aqueles que nos
observam, sejam os pagãos, seja a Igreja de Deus.
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as
coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam. Ninguém busque o
proveito próprio; antes cada um o que é de outrem. Comei de tudo quanto se
vende no açougue, sem perguntar nada, por causa da consciência. Porque a
terra é do Senhor e toda a sua plenitude. E, se algum dos infiéis vos convidar, e
quiserdes ir, comei de tudo o que se puser diante de vós, sem nada perguntar,
por causa da consciência. Mas, se alguém vos disser: "Isto foi sacrificado aos
ídolos”, não comais, por causa daquele que vos advertiu e por causa da
consciência; porque a terra é do Senhor, e toda a sua plenitude. Digo, porém, a
consciência, não a tua, mas a do outro. Pois por que há de a minha liberdade
ser julgada pela consciência de outrem? E, se eu com graça participo, por que
sou blasfemado naquilo por que dou graças? Portanto, quer comais quer
bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus. Portai-
vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à
igreja de Deus. Como também eu em tudo agrado a todos, não buscando o meu
próprio proveito, mas o de muitos, para que assim se possam salvar” (1
Coríntios 10.23-33).

9. A correlação entre buscar o proveito do próximo e dar testemunho diante dos


pagãos é explícita e ordenada na Bíblia, e é justamente esta realidade que faz
diferenciação entre o justo e o injusto; entre o que serve a Deus e o que não serve
a Deus.
“Por isso também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra
principal da esquina, eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido.
E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, a pedra que
os edificadores reprovaram, essa foi a principal da esquina, E uma pedra de
tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo
desobedientes; para o que também foram destinados. Mas vós sois a geração
eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis
as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;
Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não
299
tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia. Amados,
peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das
concupiscências carnais, que combatem contra a alma; Tendo o vosso viver
honesto entre os gentios; para que, naquilo em que falam mal de vós, como de
malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação, pelas boas obras que em
vós observem” (1 Pedro 2.6-12).

10. É evidente que falarão mal de nós e irão ranger seus dentes contra nossa
conduta, pela nossa firmeza e pelo nosso posicionamento diante de Deus e dos
homens. Mas, se o mundo, ou as nações do mundo, ou os pagãos (ambos com o
mesmo sentido na Bíblia) não vos odeia, acredite: Seu cristianismo é duvidoso e
certamente não dá frutos.
“Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim. Se
vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do
mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.
Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu
senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se
guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. Mas tudo isto vos
farão por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou”
(João 15.18-21).

11. Não se deve buscar agradar à família e aos parentes que, por tradição,
seguem a Satanás. O objetivo central do cristão é agradar a Deus e não aos
homens. Caso contrário, você não é servo de Cristo.
“Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a
homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo”
(Gálatas 1.10).

12. Seja Sal e Luz do mundo. As boas obras para as quais fomos chamados
possuem um crivo que confirma se estamos de fato nas boas obras, haja vista que
tais boas obras, operadas pelo Espírito Santo, são concedidas juntamente com a
perseguição dos que observam a maneira que lidamos com o estilo de vida do
mundo e de como a renunciamos em temor a Deus, absorvendo os danos e
sofrendo os distúrbios causados pela posição firmada e testificada na “Rocha”.
Preste atenção nisso: Muitos fazem “boas obras” e, contudo, não dão frutos
dignos de arrependimento, nem são servos do Altíssimo, nem se acham em graça
e conhecimento de Jesus Cristo, como por exemplo os espíritas. Esta é a prova
inexorável de que esses indivíduos "caridosos" não são SAL e LUZ do mundo. O
que você deve saber acerca do contexto de Mateus 5.10 é que a credencial de sua
fidelidade a Deus não vem meramente por meio das boas obras, mas pela

300
maneira com que você as manuseia e pelas aflições que são concedidas
juntamente com elas. E isso significa que você deve ser separado do mundo. As
boas obras descritas na Bíblia estão de mãos dadas com as perseguições e
aflições que sofreremos por nosso posicionamento radical com Cristo. Observe o
contexto:
“Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque
deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e
perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque
assim perseguiram os profetas que foram antes de vós. Vós sois o SAL da terra;
e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão
para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a LUZ do mundo; não
se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Nem se acende a
candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que
estão na casa. --> Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que
vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus <-- ”
(Mateus 5.10-16).

13. Não comungue de tais festividades não ordenadas por Deus, mas antes
condene tais obras infrutíferas com coragem e confiança no Deus que lhe separou
do mundo.
“E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-
as” (Efésios 5.11).

14. Não seja participante de nada que seja abominável ao Senhor da Palavra.
Não se junte à sua família nas práticas mundanas e carnais, nem com parentes,
nem com amigos, nem ainda com aqueles que se dizem irmãos e não o são. Não
tenha parte com eles em nada que entre em conflito com o evangelho que você
recebeu do alto.
“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade
tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que
concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que
consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do
Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei
o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos,
diz o Senhor;E não toqueis nada imundo,E eu vos receberei; E eu serei para
vós Pai,E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso” (2
Coríntios 6.14-18).

301
15. Não se adapte a nenhuma prática ritualística de cunho festivo ou religioso, a
qual não fora ordenada pela Bíblia ou permitida pela mesma. O crente é chamado
para se separar do mundo e não para andar com ele. Não se conforme nem aceite
isso dentro de sua casa, porquanto a renovação da sua mente, em Cristo Jesus,
será testificada através da abnegação de tudo que não provém de Deus, incluindo
os costumes mais sutis do mundo.
“E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela
renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável, e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12.2).

16. Toda fábula judaica ou misticismo pagão, quer seja atribuída a Deus ou não,
deve ser rejeitada, porquanto muitos falsos mestres adentram a Igreja de Deus
com discursos à base de sofisma, enganando a muitos com pretextos de piedade e
pregações ecumênicas, visando o interesse político de suas instituições e não o
zelo pela sã doutrina estabelecida na Santa Escritura. Tais opositores da verdade,
com semblantes de anjos, são bons em introduzir ensinamentos e práticas que
corroborem com seus próprios desejos carnais e doutrinas de demônios. Todavia,
eles jamais admitirão o erro de impingir na cabeça dos incautos práticas que não
se conformam com o evangelho. Antes continuarão insistindo na mentira de que
pregam o verdadeiro evangelho.
“Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo
comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias
concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas
tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o
teu ministério” (2 Timóteo 4.3-5).

302
ADIAPHORA
Um alerta sobre os princípios que regulam o Culto

Adiaphora (do grego ἀδιάφορα - adiaforon) é a palavra usada para se referir a


algo que não é obrigatório nem proibido. Em outros contextos, possui também o
sentido de "insignificante". Esta é a palavra adotada pelas denominações
religiosas, tanto tradicionais como carismáticas. Elas aderiram a posição luterana
da interpretação livre. Isto é, quando a Escritura não estabelece uma ordem direta
de permissibilidade, assim entendem estar livres para determinar e instituir o que
não foi instituído para o culto e adoração na Igreja.
Lamentavelmente, a maioria dos cultos realizados por ditos cristãos, hoje, não
observa as normas estabelecidas pelo próprio Deus em relação ao Seu Culto.
Porém, a Escritura determina, de forma cristalina, que só se pode ser aceito no
Culto aquilo que está expressamente ordenado na Palavra como padrão de
adoração.
Não existem cultos específicos em que Deus se sinta mais amado ou menos
afrontado. Não existem “dias santos” ou “especiais” que Deus tenha estabelecido
à Igreja para que o culto a Ele seja mais agradável. Porventura é nos dado
autoridade para saquear a limitação dos elementos de culto estabelecidos
detalhadamente pelo Deus da Palavra, seja no Velho ou no Novo Testamento?
Não, em nenhum lugar da Bíblia. Isto se aplica a todas as formas de
entretenimento que Deus jamais permitiu ou ordenou que Seu povo praticasse em
Seu culto.
O que vemos na Bíblia é a ordem clara de se adorar a Deus através dos meios que
Ele mesmo estabeleceu, e não com base na imaginação humana. A Escritura nos
ensina claramente que o modo aceitável de adorar o verdadeiro Deus é instituído
por Ele mesmo e expressamente limitado pela Sua vontade revelada. Assim,
Deus não deve ser adorado segundo as imaginações e invenções dos homens,
nem sob as sugestões de Satanás nem sob qualquer representação visível ou de
qualquer outro modo não prescrito nas Santas Escrituras (Dt 12.32; Pv 30.6; Mt
I5.9; Jo 4.24; 1 Co 3.10,11; 4.6; Gl 1.6-10; Cl 2.7,8).
Um exemplo de como o povo tem se perdido por conta da não-observância
desses princípios são os instrumentos musicais como forma de entretenimento
dentro do culto a Deus. Ora, se acrescentamos esses instrumentos como forma de
adoração a Deus, sendo que Ele não nos ordenou tal prática judaica, como
poderemos saber que outras coisas piores não serão acrescentadas no culto?
Como podemos observar na atual cristandade, o resultado da desobediência nesse
303
ponto é que agora as pessoas usam de todo o tipo de diversão como norma para o
culto, tal como representações teatrais, danças, cantores “gospel” e até o maldito
“Natal”, uma profanação ao nosso Deus e um insulto ao Homem de Dores
(conferir artigos anteriores, neste mesmo capítulo, sobre o Natal).
Os que alegam ser irrelevante o que se deve ou não fazer dentro do culto dizem:
“Mas isso são apenas circunstâncias do culto; sabemos não ser elementos do
culto”. Ora, se partirmos dessa premissa, como saberemos que daqui a alguns
dias não teremos mulheres seminuas dançando em torno de um poste ídolo para
divertir os ditos “crentes” em uma assembleia? Se as "meras circunstâncias" são
permitidas no culto a Deus em detrimento do princípio regulador do culto, como
no caso dos instrumentos musicais, uma mulher de biquíni no culto também é
uma circunstância aceitável, pois não faz parte dos elementos de culto, mas é
uma “circunstância”, como alegam os defensores de que não devemos dar
importância para aquilo que não é nitidamente proibido pela Palavra de Deus.
Sendo assim, aonde isso vai parar? Segundo tal premissa, podemos fazer o que
quisermos no culto a Deus. Por isso precisamos observar e obedecer os princípios
que regulam o culto e nos restringir a eles.
Culto não é lugar de ouvir músicas, nem de celebrar cultos que não foram
expressamente prescritos pela Palavra de Deus na dispensação da graça. O
"Natal", a “Páscoa”, o “Teatro”, a “Dança” e tantas outras formas de
entretenimentos pagãos e mundanos são puramente direcionadas a deuses pagãos.
Nenhuma dessas práticas possuem resquício de amparo da Escritura.
Algumas pessoas reclamam dizendo que sentem falta de instrumentos musicais
para adorarem a Deus, e que esses instrumentos são “circunstâncias comuns” no
culto, tais como orar de joelhos ou de olhos fechados. Todavia, orar de joelhos ou
de olhos fechados não interfere nos princípios que regulam o culto. O fato é que a
Bíblia diz que o único instrumento para se adorar a Deus no Novo Testamento é
um coração puro e os lábios dos que adoram ao SENHOR. Ponto final.
O problema de muitos é não entender a diferença entre o sistema de coisas do
judaísmo e o novo modo de culto e ministério do cristianismo. As pessoas
querem imitar o que os israelitas faziam, mas não percebem que aquele era o
modo ordenado por Deus na antiga dispensação para adoração. Os instrumentos
musicais não fazem parte do culto na Igreja de Deus (de Atos a Apocalipse). Não
somos o Israel de Deus. Somos a Igreja de Deus.
A palavra Cânone, em hebraico “qenéh” e no grego “kanóni”, tem o significado
de "régua" ou "cana [de medir]", no sentido de um catálogo. Isto significa que
não somos nós quem determinamos as regras de Culto e adoração a Deus. A
Bíblia nos ensina, em toda a sua base e essência escriturística, que não temos o

304
direito de revirar as Escrituras de cabeça para baixo, sacudi-la e, após não
encontrar qualquer brecha para nossas vãs tradições, simplesmente estabelecê-las
como normas de culto a Deus, ao bel prazer e sem nenhuma autoridade divina
revelada.
Onde a Bíblia se cala, nós, cristãos, nos calamos simultaneamente. No Antigo
Testamento vemos Deus ordenando Seu povo Israel que o adore segundo os
padrões estabelecidos por Ele, e jamais segundo os moldes mundanos. Da mesma
forma, no Novo Testamento, Deus ordena a Igreja que faça o mesmo que Ele
ordenara a Israel neste sentido. Nada se deve acrescentar e nada se deve subtrair
da Escritura Sagrada.
“Tudo o que Eu te ordeno, observarás para fazer; nada lhe acrescentarás nem
diminuirás” (Deuteronômio 12.32).
“Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens”
(Mateus 15.9).
"E eu, irmãos, apliquei estas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo, por amor
de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito" (1
Coríntios 4.6).
“Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro
que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas
que estão escritas neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do livro
desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das
coisas que estão escritas neste livro” (Apocalipse 22.18,19).

305
CAPÍTULO 7
SINAIS E MILAGRES

O DOM DE LÍNGUAS SEGUNDO A BÍBLIA

Deus prometeu que usaria nações do mundo todo para transmitir Sua Palavra ao
Seu povo escolhido. Por meio de outras línguas, Seu povo receberia as “boas
novas” e, ainda assim, muitos não ouviriam os Seus preceitos.
"Está escrito na Lei: Por gente doutras línguas, e por outros lábios, falarei a
este povo; e ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor. De sorte que as línguas
são um sinal, não para os fiéis, mas para os infiéis; e a profecia não é sinal para
os infiéis, mas para os fiéis" (1 Co 14.21,22).
Essa promessa se cumpriu em Atos 2, com a descida do Espírito Santo. Ali a
Igreja estava sendo inaugurada, como Jesus havia prometido de antemão que
faria (Jo 15.26; Jo 16.13; Jo 16.7,8). Um novo povo, um povo celestial e
separado para a dispensação da graça, estava nascendo naquele exato momento.
Vejamos a passagem onde foi registrado o cumprimento desta promessa:
"E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas,
conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem... E todos pasmavam e se
maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois que! não são galileus todos esses
homens que estão falando?... os temos ouvido em nossas próprias línguas falar
das grandezas de Deus" (At 2.4-11).
Quando o assunto é o “dom de línguas”, temos que nos ater a duas perguntas
importantes:

1. Qual era o propósito do dom de línguas?


2. Essas línguas eram idiomas normalmente falados no mundo, ou eram
meramente um balbuciar de palavras sem significação e em estado de êxtase?

Os versículos citados no início respondem com muita clareza a estas perguntas:


(1) Essas línguas foram dadas como um sinal para incrédulos e não para os

306
crentes; (2) e eram línguas entendidas por todas as pessoas que vieram de
países onde aqueles idiomas eram falados. Ou seja, eram idiomas comuns,
porém, de vários países diferentes.
Se considerarmos esses dois fatores, todas as passagens que tratam do assunto se
tornarão claras de uma só vez. Quanto ao fato de elas existirem ou não nos dias
de hoje, não, elas não existem. Se existissem, deveríamos esperar que essas
línguas fossem as mesmas mencionadas pelas Escrituras. Deus concedeu sinais
ao Seu povo para confirmar a Sua Palavra para os incrédulos antes que o Novo
Testamento viesse a ser escrito (Mc 16.20; Hb 2.3,4).
O que atualmente é chamado de “dom de línguas” apresenta três problemas: (1)
Essas línguas não são utilizadas para proclamar as grandezas de Deus aos
incrédulos em suas próprias línguas; (2) essas chamadas “línguas” estão sempre
associadas a algum erro sério acerca da Pessoa e obra de Jesus Cristo; (3) elas
estão conectadas a várias outras práticas heréticas advindas das mais perversas
seitas.
Tudo isso deve nos servir de alerta para que não tenhamos qualquer relação com
tais movimentos. A Palavra de Deus diz que devemos "examinar tudo e reter
somente o bem" (1 Ts 5.21). Ou seja, devemos examinar essas práticas sob o
manuseio responsável das Escrituras e em total submissão a elas, pois muitos são
os ramos da cristandade, num todo, que praticam esse tipo de heresia.
Em Atos dos apóstolos encontramos três passagens que falam a respeito do dom
de línguas:

1 – Em Atos 2, no dia em que se comemorava a festa de Pentecostes, o Espírito


Santo desceu sobre o povo conforme a promessa feita em Atos 1.4,5. Essa
promessa também é encontrada em João 7.39; 16.7. Até aquele momento Deus
estava tratando somente com a nação de Israel. Enquanto na terra, Jesus declarou
de forma enfática: "Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de
Israel" (Mateus 15.24). Ele também disse aos Seus discípulos: "Não ireis pelo
caminho das gentes (gentios), nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide
antes às ovelhas perdidas da casa de Israel" (Mateus 10.5,6). Todavia, naquele
dia de Pentecostes, uma promessa feita por Jesus nos evangelhos judaicos estava
para ser cumprida, pois antes Ele havia dito aos Seus discípulos: "... edificarei a
minha Igreja" (Mateus 16.18). Ou seja, quando Jesus fez esta promessa, a Igreja
ainda não existia. Ela só viria a existir em Atos 2. Essa Igreja seria composta de
judeus e gentios que se convertessem a Ele (1 Co 12.13). A parede de separação
entre judeus e gentios, no que diz respeito à salvação, estava para ser derrubada
(Ef 2.14). Com isto em mente, qual sinal poderia ser mais apropriado para
transmitir aos povos as boas novas, senão o dom de línguas? Com isso, a
307
mensagem das grandezas de Deus foi assim proclamada em muitas línguas
diferentes, sem qualquer aprendizado prévio por parte dos que as falavam. Deus
mostrou ao Seu povo judeu que Ele estava indo além das fronteiras de Israel
agora. Agora, não somente Israel, como também os gentios estavam incluídos na
promessa de salvação eterna. E foi por meio do dom de línguas que os apóstolos
e associados a eles transmitiram a mensagem do evangelho a vários povos
distintos, pois assim era necessário para que essas nações pudessem entender o
que os servos de Deus estavam proclamando.

2 – Atos 10.46 é a nossa próxima referência ao dom de línguas. Havia na casa de


Cornélio um grupo de gentios. Deus está ali para apresentar a Cornélio o Seu
povo celestial, a Igreja, que agora foi formado com a introdução dos gentios.
Sabemos ser Israel o povo terrenal de Deus, e não celestial. Cornélio apenas
conhecia o povo terrenal de Deus, o qual agora está posto de lado no presente
momento. Pedro é encarregado de pregar o evangelho da graça a ele. Quando
Pedro terminou, o Espírito Santo veio sobre eles e eles falaram em línguas e
foram introduzidos imediatamente à Igreja de Deus, Seu povo celestial que agora
está sendo tratado na dispensação da graça. Em Atos 11.4-18 Pedro se recorda
daquele acontecimento extraordinário e diz: "caiu sobre eles o Espírito Santo,
como também sobre nós ao princípio". Ora, isso deixa bem claro que eles
também falaram em outras línguas igualmente inteligíveis (idiomas falados neste
mundo) e não com palavras sem sentido, pois foi assim que o dom de línguas
havia sido dado "ao princípio". Mais uma vez vemos que isso estava em perfeita
harmonia com os desígnios de Deus em demonstrar que Ele estava alcançando
pessoas do mundo todo além de Israel. Agora, não somente Israel comporia um
grupo de salvos, como também as nações gentílicas seriam incluídas no ato de
Deus em salvar indivíduos por meio do evangelho. Aqueles que se encontravam
na assembléia em Jerusalém foram levados a admitir tudo isso, pois
disseram: "Na verdade até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida"
(At 11.18).

3 – Nossa próxima consulta a respeito do dom de línguas é em Atos 19.6,


quando Paulo vai a Éfeso. Havia ali um grupo de discípulos que nunca havia
ouvido o evangelho da graça de Deus. Esses homens já haviam aceitado a
mensagem de João Batista, o qual proclamava a vinda do Messias. João Batista já
os havia batizado nas águas e eles já haviam se arrependido de seus pecados.
Porém, esses indivíduos ainda não tinham qualquer conhecimento sobre o
evangelho da graça. Tudo o que eles conheciam era a mensagem do chamado ao
308
arrependimento proclamada por João Batista. Quando Paulo chega até eles, ele
prega acerca do Senhor Jesus que morreu e ressuscitou, e que o Espírito Santo foi
enviado ao Seu povo. João já havia prenunciado que o Senhor Jesus viria para
batizar Seus escolhidos com o Espírito Santo e não com água (Mt 3.11), e isso já
havia acontecido no dia de Pentecostes (At 2), exatamente como Jesus havia
profetizado que aconteceria em Atos 1.5. Agora já não era mais necessário
esperar pelo batismo do Espírito Santo, pois Ele já havia vindo, e, assim, quando
Paulo impôs suas mãos sobre aqueles homens em Éfeso, estes receberam o
Espírito Santo imediatamente. Eles também deram testemunho do ocorrido ao
falar em outras línguas, dizendo que o cristianismo não era igual à mensagem de
João à nação de Israel, pois a mensagem do evangelho no cristianismo ia além do
povo de Israel e alcançava até os gentios. É muito importante notar que a epístola
de Paulo aos Efésios não menciona o dom de línguas, mas revela claramente
como a parede de separação entre judeus e gentios, com relação à salvação, foi
derrubada, formando um só corpo em Cristo (Ef 2.14-16; 3.6).

O DOM DE LÍNGUAS NA DOUTRINA DOS APÓSTOLOS


Após o livro de Atos, dá-se início às epístolas: a doutrina dos apóstolos. A única
epístola que fala do dom de línguas é a de 1 Coríntios. É interessante notar que a
Escritura nos revela que aos Coríntios não faltava nenhum dom, e, ainda assim,
eram cristãos carnais (1 Co 1.7; 3.1). A Palavra de Deus diz que "os dons e a
vocação de Deus são sem arrependimento" (Rm 11.29). Isto é, Deus não retira
um dom que tenha sido dado a uma pessoa, mesmo que ela não o esteja
utilizando em conformidade com a Sua vontade revelada em Sua Palavra. É
possível usar um dom dado por Deus de maneira errada ou fazê-lo apenas para
exibição e exaltação própria. Ou seja, ter dons espirituais na Igreja primitiva não
provava que alguém era realmente convertido e salvo. Além disso, é muito
importante notar que nem todos os crentes em Corinto possuíam o dom de
línguas (1 Co 12.30). Alguns dentre os que haviam recebido esse dom não
estavam praticando o dom da maneira correta, pois não o usavam em amor, nem
para proveito da Igreja de Deus, mas tão somente para a própria satisfação, além
de estarem enganando a si mesmos com algo que não era necessariamente a
prática do dom de línguas; eles tinham o dom, mas a forma como a usavam tirava
de cena o que o dom de línguas realmente deveria promover dentro do corpo de
Cristo. Por esse motivo, o apóstolo Paulo os exorta a não agirem como meninos
que gostam de se exibir (1 Co 13.11; 14.20).
Agora note algo muito importante: Em 1 Coríntios 13.8-10 diz que as línguas
não serão necessárias quando “vier o que é perfeito” e, portanto, cessarão na

309
glória vindoura. Preste muita atenção – aqui não é dito nada sobre o dom de
línguas, mas sobre as línguas em si. Elas é que cessarão quando vier o que é
perfeito. Assim como as línguas, também não será necessária a profecia, e o
conhecimento não será mais em parte. Isso ocorrerá porque todos serão de um
mesmo parecer e falarão uma mesma língua (ou idioma). Quanto ao dom de
línguas, ele cessou (juntamente com a era apostólica) porque cumpriu seu
propósito de anunciar o evangelho da graça aos gentios.
A criação e proliferação das diferentes línguas começaram com a torre de Babel,
quando o homem, em seu orgulho, procurou erguer uma torre de tijolos cujo topo
alcançaria os céus (Gn 11). Ou seja, antes do ocorrido com a torre de Babel,
todos os povos falavam uma mesma língua. A partir do momento em que o
Espírito Santo desceu no dia de Pentecostes em Atos 2, Deus começou a
construir uma casa espiritual (a Igreja), da qual todos os crentes fazem parte
como pedras vivas, não importando que língua falem ou a que nacionalidade
pertençam. Mais uma vez vemos a sabedoria de Deus em apresentar esse algo
novo – a Igreja – por meio do dom de línguas na era apostólica. Portanto, o uso
leviano desse dom, sem amor e para pura exibição, era expressamente reprovado
por Deus, como pudemos destacar.
Em 1 Coríntios 14 o apóstolo Paulo trata mais uma vez deste assunto e estabelece
as regras para o seu uso em assembléia. Nas ocasiões anteriormente registradas
em Atos, elas não eram usadas na assembleia quando os irmãos se reuniam, mas
apenas como um sinal para cumprir o propósito para o qual Deus lhes havia
dado. Esse dom dado por Deus só era proibido na Igreja primitiva quando não
houvesse um intérprete. Com exceção disso, ele podia ser praticado sempre que
fosse para a edificação da Igreja. Se o dom fosse usado adequadamente, ele
serviria para lembrar os cristãos acerca da graça de Deus em operar Sua salvação
entre as nações do mundo todo, reunindo-os em um só corpo em Cristo.
Naturalmente, hoje, quando um estrangeiro nos visita na Igreja, é obviamente
necessário que haja um intérprete. Assim também era a regra na Igreja primitiva,
porém, com o uso do dom de línguas sobrenatural. Hoje não temos a
necessidade do dom de línguas, uma vez que podemos aprender com facilidade
as várias línguas de outros países, sem a necessidade de uma emergência, como
aconteceu em Atos 2.
No entanto, mesmo em nossos dias podemos ser propensos a esquecer que, em
uma assembléia onde todos falam a mesma língua, Deus está salvando almas de
toda tribo, língua, povo e nação, dando a elas o Espírito Santo e introduzindo
essas almas ao corpo de Cristo. É uma triste realidade com que temos de lidar
com o mal testemunho da Igreja.

310
A MÁ COMPREENSÃO DOS CORÍNTIOS SOBRE O DOM DE
LÍNGUAS
Existia um grande problema na igreja de Coríntios: Os coríntios estavam usando
o dom de línguas para a própria exibição, para mostrar que eram mais
“espirituais” que os demais crentes da congregação, e, por esta razão, Paulo
precisou repreendê-los e impedi-los de falar em outra língua desconhecida dos
presentes. Paulo continuou sua repreensão ao dizer que, a partir daquele
momento, eles só poderiam usar esse dom quando houvesse um intérprete, para
que toda a assembleia entendesse a revelação do evangelho. Mas o apóstolo lhes
abriu uma exceção; ele disse aos coríntios que eles poderiam falar em outras
línguas somente "consigo mesmos e com Deus", visto que Deus entende todas as
línguas, e, assim, toda aquela ânsia por falar em outras línguas seria praticada
sem pecado e sem perturbar a Igreja.
Se eu estou em uma reunião onde ninguém compreende o inglês, certamente irei
falar comigo mesmo e com Deus somente. Mas a passagem de 1 Coríntios
14.21,22 deixa claro que o dom de línguas não se trata de um estado de êxtase
onde uma pessoa começa a pronunciar sílabas sem sentido. Mais uma vez é
necessário que se diga que as línguas que Paulo menciona ali eram diferentes
idiomas para servir de sinal para os incrédulos que não conheciam a Deus, o
poder de Deus e como a mensagem da salvação chegava agora a todas as nações
do mundo. Se nenhum dos presentes na assembléia pudesse entender a língua, e
se não houvesse nenhum intérprete, ela não serviria de nada; não teria proveito
algum para a igreja; ela não cumpriria o propósito de Deus ao conceder esse dom
em Atos 2.
A Bíblia enfatiza que toda essa bagunça em Coríntios pareceria loucura para os
estranhos que chegassem à igreja de Coríntios e não pudessem compreender o
que estava sendo falado. Seria uma confusão total, tal como é hoje nas mais
pérfidas seitas da cristandade. Assim como vemos nessas assim chamadas
“igrejas” de hoje, Deus não seria glorificado e ninguém seria edificado (1 Co
14.21-25).
Mas a pergunta que normalmente se faz é se ainda temos o dom de línguas em
nossos dias. Perguntar isso já é dar a resposta, pois não existe uma pessoa ou
grupo que possa admitir ser capaz de fazer o que aconteceu em Atos 2, reunindo
um grupo de pessoas de "todas as nações que estão debaixo do céu" (At 2.5), e
então falar-lhes, em suas próprias línguas, das grandezas de Deus. Esse tema
ainda será tratado mais à frente neste capítulo.

311
O QUE SIGNIFICA A EXPRESSÃO “FALA MISTÉRIOS”?
Em 1 Coríntios 14.2 Paulo diz que “o que fala em língua desconhecida não fala
aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala
mistérios”. Muita gente pensa que o termo “mistério” ali está relacionado a algo
sobrenatural ou até mesmo uma língua angelical sendo direcionada a Deus
enquanto se praticava o dom, mas isso não tem nada a ver com o texto, como
será explicado mais à frente. A expressão “mistério” nessa passagem se refere ao
evangelho da graça que esteve oculto a todos os homens antes da revelação do
Novo Testamento. Todavia, agora, as boas novas não são mais mistérios porque
os apóstolos cumpriram seu papel em receber diretamente de Deus as revelações
daquilo que, até então, era um “mistério” para nós. Para provar este ponto, basta
observarmos as várias vezes em que a expressão “mistério” é mencionada com
este sentido nas epístolas:
“O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e
que agora foi manifesto aos seus santos” (Colossenses 1.26).
“E demonstrar a todos qual seja a comunhão do mistério, que desde os séculos
esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo” (Efésios 3.9).
“Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a
pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério que desde tempos
eternos esteve oculto” (Romanos 16.25).
“Guardando o mistério da fé numa consciência pura” (1 Timóteo 3.9).
“Por isso, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de
Cristo” (Efésios 3.4).
“Como me foi este mistério manifestado pela revelação, como antes um pouco
vos escrevi” (Efésios 3.3).
“Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que
propusera em si mesmo” (Efésios 1.9).
Como podemos observar, o “mistério” mencionado em 1 Coríntios 14.2 é o
evangelho da graça sendo agora comunicado a todos e comungado entre os
irmãos em Cristo Jesus. Uma tradução melhor desta passagem seria: “quem fala
em língua [como dom], deve falar apenas dos mistérios de Deus ao entendimento
dos homens e isto pelo Espírito”.
O termo “mistério” aparece cinco vezes em 1 Coríntios, nos versos 2.7; 4.1; 13.2;
14.2; 15.51, e outras dez vezes em Colossenses e Efésios. Já a palavra
“mistérios”, no plural, aparece somente três vezes, que é em 1 Coríntios 4.1;

312
13.2; 14.2). Para o autor inspirado, o sentido de “mistério” é sempre algo uma
vez oculto e que agora foi revelado por Deus.
A ordem de Paulo no capítulo e no verso é que os ouvintes deveriam receber os
benefícios do dom de línguas. Assim, aqueles com tal dom deveriam proclamar
os “mistérios” uma vez ocultos, mas agora revelados, pelo Espírito Santo. O
texto jamais sugere a ideia de que falar em línguas é falar em espírito somente a
Deus, como se esse fosse o propósito do dom. Quando o apóstolo restringe os
coríntios a fazê-lo é para que haja ordem na igreja e eles possam usar o dom de
forma não leviana. Se não fosse assim, não haveria a necessidade da tradução ou
interpretação por parte dos intérpretes. Ora, qual a necessidade de ser algo
audível em todo o tempo, se posso orar em minha própria mente?
O verso diz também que “ninguém entende” o que o falante está pronunciando. É
importante saber que o fato dos ouvintes não entenderem não significa que a fala
é estática; existem outras razões para isso, tais como: problemas de audição, não
ser nativo da língua, muitos estarem falando ao mesmo tempo, falar muito baixo,
etc. Paulo diz: “vós, se, com a língua, não disserdes palavra [logos]
compreensível [eusemos: claramente reconhecível], como se entenderá o que
dizeis?” (v. 9 – ênfase minha). Aliás, se uma “língua” não pode ser inteligível,
ela deixa de ser língua, pois isto pressupõe entendimento. Paulo resolve o
problema da falta de compreensão entre os crentes exigindo a presença constante
de um intérprete ou tradutor que torne a fala compreensível (vs. 13,27).
A expressão “entende”, no original é akouo, que significa “ouvir uma fala ou
linguagem”. Assim, o problema não está no ouvido da pessoa, mas na capacidade
de compreender o que está sendo dito ou a língua que está sendo pronunciada. A
LXX (versão bíblica septuaginta) usa a mesma expressão para definir o problema
da confusão de línguas em Babel (Gênesis 11.1-9).
É importante saber que na expressão “visto que ninguém o entende”, o “o”,
pronome pessoal do caso oblíquo, não se encontra no texto original do Novo
Testamento. Ou seja, no versículo em sua forma original ficaria “visto que
ninguém entende”.

313
“MAS, E AS LÍNGUAS DOS ANJOS?”
Em 1 Coríntios 13.1 está escrito: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e
dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que
tine”.
Quando Paulo fala das “línguas dos homens e dos anjos”, ele está dizendo aos
coríntios que o que eles estão fazendo é como se os anjos estivessem pregando
outro evangelho, e não o evangelho de Cristo. Ora, em toda a Bíblia vemos que
os anjos são capazes de pronunciar qualquer língua deste mundo, e que os anjos
eleitos são espíritos ministrados que cuidam de todos os filhos de Deus,
independentemente de sua nacionalidade (Hb 1.13,14).
Sendo assim, não encontramos nas epístolas nenhum pensamento acerca de uma
suposta "língua celestial", como é ensinado hereticamente por várias seitas na
cristandade hoje. Devemos ter em mente que uma língua desconhecida pelo
mundo (ou “língua estranha” ao mundo) não poderia dar nenhum testemunho aos
incrédulos. Como já fora dito, as línguas foram dadas como um “sinal para os
incrédulos”. Uma língua sem significação não pode edificar a ninguém, pois
nenhuma pessoa a entende.
Todavia, baseando-se nesse versículo, pentecostais e carismáticos acreditam falar
a “língua dos anjos” ao balbuciarem aquelas palavras sem significação, com
sílabas aleatórias que não formam linguagem real alguma, tais como: “Decanta
labaxúrias”, “Xalamanáias”, “Suricanta lanapraia”, “Derecanta Cantararamás”,
“Xurébias”... etc. Eles crêem veementemente que falar desta forma é pronunciar
as “línguas dos anjos”.
Mas será que é isso que Paulo ensinou em sua epístola quando fez referência ao
termo “línguas dos anjos” em 1 Coríntios 13.1? Claro que a resposta é “não”.
Como já fora mencionado, na Bíblia, nem os próprios anjos jamais falaram
assim. Toda vez que um anjo trouxe a mensagem a alguém na Bíblia, este usou a
língua comum da pessoa que recebeu a mensagem de Deus.

O QUE PAULO QUER DIZER COM A EXPRESSÃO “LÍNGUAS


DOS ANJOS”?
Uma simples leitura do texto sagrado mostra que em 1 Coríntios 13 Paulo
emprega com freqüência uma figura de linguagem chamada “hipérbole”. A
hipérbole consiste no ato de transmitir uma mensagem por meio do exagero. Às
vezes o exagero usado pela hipérbole é tão elevado que chega ao absurdo. Ao
usar esta figura de linguagem (hipérbole), podemos dizer coisas que na verdade

314
não existem e nem nunca existirão, apenas com o intuito de passar uma
mensagem enfática aos ouvintes.
Em 1 Coríntios 4.15, por exemplo, observamos: “Ainda que vocês possam
ter dez mil tutores em Cristo, vocês não tem muitos pais, pois em Cristo Jesus eu
mesmo os gerei por meio do evangelho”. Isso é uma hipérbole. Trata-se de um
exagero tão extremo que chega ao ponto do impossível, visto que ninguém
poderia ter dez mil tutores de uma só vez. E é exatamente essa a figura de
linguagem usada em 1 Coríntios 13.
Uma prova disso é que no mesmo texto (1 Co 13) Paulo usa outras hipérboles
para concluir sua mensagem a respeito da importância do amor. O apóstolo fala
de “conhecer todos os mistérios” e de “saber toda a ciência”. Tudo isso é um
óbvio exagero! Não há ninguém no mundo que conheça todos os mistérios, nem
qualquer homem que detenha em sua mente toda a ciência. Esse exagero usado
na linguagem de Paulo nesse versículo tem o intuito de mostrar aos crentes a
magnitude do amor, que é o centro da mensagem ali. O uso de hipérboles nessa
passagem é notório para qualquer iniciante em interpretação de texto. Não é
preciso ser nenhum “mestre na teologia” para compreender o que está em 1
Coríntios 13. Basta ser letrado e sensato para tirar as conclusões óbvias nessa
passagem.
Portanto, ninguém fala línguas de anjos. O fato é que essas línguas nem existem.
O apóstolo da graça expressa daquela forma para ensinar que nada é mais
importante que o amor (vide todo o contexto – 13.1-8).
O maior erro do mundo é pensar que se está falando línguas de anjos ao
pronunciar sílabas desconexas e sem significado algum. Ops... acabei de usar
uma hipérbole. É claro que esse não é o maior erro do mundo, e qualquer leitor
comum sabe muito bem disso!

TODAS AS PASSAGENS SOBRE O DOM DE LÍNGUAS


REFEREM-SE À IDIOMAS HUMANOS
Em nenhuma parte das Escrituras é ensinado que o dom de línguas fosse
qualquer outra coisa senão idiomas humanos. Tampouco há qualquer sugestão de
que as línguas descritas em 1 Coríntios 12–14 eram diferentes das línguas
miraculosas descritas em Atos 2, no Dia de Pentecostes. O vocábulo grego usado
para descrever tal dom, em ambas as passagens, é “glossa”. A Bíblia mostra em
Atos que os discípulos falavam em línguas conhecidas no mundo inteiro. Os
judeus incrédulos que presenciaram aquele milagre em Jerusalém ficaram cheios
de "perplexidade, porquanto cada um os ouvia falar na sua própria
315
língua" (At 2.6). Lucas nos apresenta uma lista de quinze países e áreas
diferentes cujas línguas eram faladas naquele momento (vv. 8-11).
Ratificando ainda mais tal realidade, a palavra grega “dialektos”, de onde
procede o vocábulo português "dialeto", também é usada com referências às
línguas em Atos 2.6,8. Os incrédulos presentes no Dia de Pentecostes ouviram a
mensagem divina anunciada nos dialetos locais. Essa descrição na Bíblia não
poderia jamais ser aplicada ao discurso extático da “glossolalia” – prática
herética de muitas seitas carismáticas. Portanto, a passagem de 1 Coríntios não
pode ser usada como argumento de que Paulo defendia a prática de “falar em
línguas estranhas em estado de êxtase”, com palavras sem sentido e muito menos
qualquer tipo de “língua celestial ou angélica”.
Além do mais, a Bíblia ensina que o dom de línguas era inferior aos outros dons
extraordinários. Esse dom foi concedido primordialmente como um sinal (1 Co
14.22) e não podia edificar a igreja sem o acompanhamento da revelação de
Cristo. O dom também era usado pelos coríntios de forma errônea, pois faziam
uso do dom para fins de edificação pessoal (14.4). A igreja se reúne para
edificação de todo um corpo, não para satisfação própria ou para ficar em busca
de experiências pessoais. Portanto, o dom de línguas tinha uma utilidade limitada
na Igreja. Era um dom que havia de cessar ainda na era apostólica.

O BATISMO DO ESPÍRITO SANTO


1. Em primeiro lugar, a Bíblia ensina que o batismo do Espírito Santo é
concedido a todos os crentes no momento da conversão (Ef 1.13), independente
se foram ou não batizados nas águas, uma vez que o batismo nas águas é um rito
cerimonial e não uma transformação espiritual. João Batista, por exemplo, já era
cheio do Espírito Santo quando ainda estava no ventre de sua mãe (Lc 1.15).
2. Em segunda instância, o batismo do Espírito Santo não é alcançado pelo
esforço do ser-humano em obtê-lo (1 Co 12.13; Gl 3.2).
3. Além do fato do Espírito Santo passar a habitar o homem no momento exato
da sua conversão, não há nenhuma necessidade do batismo do Espírito Santo ser
evidenciado pelo dom de línguas, já que na Igreja Primitiva esse dom era dado
somente a alguns (1 Co 12.30).
Todavia, pentecostais, carismáticos e continuístas crêem, em sua vasta ignorância
bíblica, que o batismo do Espírito Santo é uma espécie de “segunda bênção”
concedida após a “conversão” do crente. Ou seja, na mente deles, a primeira
benção que Deus concede é a conversão e a segunda é o “batismo NO Espírito

316
Santo” (como costumam chamar). Não satisfeitos com tamanha heresia, os
pentecostais e carismáticos afirmam que o batismo do Espírito Santo é uma
dádiva concedida por Deus somente aos cristãos mais “ungidos” e que eles
devem buscá-lo com orações, jejuns, clamores, lágrimas e vigílias nos “montes”.
Estas pobres almas passam dias e noites gritando, chorando, gemendo, uivando,
pulando, girando e se contorcendo no chão enquanto clamam [aos berros] pela tal
"bênção".
E a coisa não pára por aí. Nas reuniões pentecostais e carismáticas, aqueles que
são supostamente "batizados" pelo Espírito Santo começam a balbuciar o que
eles crêem ser “línguas estranhas”, e, num estado de êxtase, caem no chão (o que
é chamado por eles de “cair no espírito”) onde ficam rolando ou se sacudindo
como se estivessem tendo uma convulsão. Numa manifestação frenética de
loucura total, agem como animais irracionais, chegando a manifestar
comportamentos animalescos denominados como “unções especiais”, tais como
“unção do leão”, “unção do urso”, “unção da lagartixa”... etc. Quanto a isto, há
vários tipos de “unção” que os pentecostais afirmam receber de Deus como prova
do batismo do Espírito Santo. Quem nunca ouviu falar ou até mesmo presenciou
a “unção do riso”? Uma pesquisa no google é suficiente para deixar qualquer
pessoa instruída assustada. É uma insanidade após outra nesse pragmatismo
religioso. Muitos chegam a desmaiar e ficam deitados por horas a fio, inertes,
como se estivessem mortos... e por aí vai.
Toda essa loucura que eles chamam de evangelho vale a pena para eles, uma vez
que tais abutres acreditam que o batismo do Espírito Santo eleva o crente a um
patamar espiritual diferenciado dos demais crentes, tornando-o participante de
uma elite de homens “espirituais” que se situam acima dos crentes comuns, bem
como de uma vida repleta de experiências “poderosas” com Deus.
Todavia, em contraste com toda essa loucura que vemos no movimento
pentecostal e carismático, vemos outra realidade na Bíblia e na história do
Cristianismo. No berçário da igreja cristã, o Espírito Santo desceu sobre os que
creram (At 2), e estes falaram em “outras línguas", as quais não haviam
aprendido porque não possuíam estudo nem preparo para fazê-lo por si mesmos.
Eles anunciavam as grandezas de Deus nas línguas de outras nações segundo o
Espírito Santo lhes concedia que falassem. Não obstante, a Bíblia mostra que o
dom de línguas era dado a poucos membros da Igreja após o episódio isolado de
Pentecostes. A maioria das igrejas primitivas não possuía o dom de línguas.
Contudo, os salvos dessas igrejas foram batizados pelo Espírito Santo ao se
converterem a Jesus Cristo, mesmo sem o dom de línguas.

317
Com relação aos pentecostais, carismáticos e continuístas, vemos a presunção de
tais caviladores e insensatos em querer dar continuidade ao batismo do Espírito
Santo com a imposição de mãos e carimbá-lo com a manifestação do dom de
línguas. E eu pergunto a esses hereges lunáticos: Se para as pessoas receberem o
Espírito Santo elas devem provar isso sob a manifestação do dom de línguas, o
que vocês farão com os mudos? Se o testemunho da presença do Espírito Santo
são os dons extraordinários, o que faremos com os santos que deram frutos
dignos de arrependimento sem nunca terem manifestado dom extraordinário
algum? Se vocês esperam que o Espírito Santo habite em alguém mediante esses
“sinais e milagres”, de que maneira, então, ele foi dado a Jesus? Porventura
vemos Jesus manifestando o dom de línguas em seu batismo? Tendo Ele a
plenitude do Espírito, não seria sensato que a Bíblia nos comunicasse a respeito
de tamanha demonstração de “XARAMANÁIAS” num nível astronômico e de
proporções escalafobéticas?

O FIM DOS DONS DE SINAIS E A CONTINUIDADE DOS


DONS DE MINISTÉRIO
Não apenas o dom de línguas, como também todos os dons de sinais cessaram
ainda na era apostólica, como será provado no decorrer deste capítulo. As
Escrituras não prometem que os dons de línguas, curas e milagres, que incluíam
até o ressuscitar mortos, conforme eram exercidos na Igreja primitiva por pessoas
especialmente dotadas desses dons, iriam continuar. Sabemos que eles existiram
nos primeiros dias da Igreja, como está claramente registrado em Atos e
Coríntios como sinais para confirmarem a Palavra que ainda não tinha sido
escrita.
Embora os dons de sinais tenham cessado, encontramos na Escritura a promessa
da continuidade dos dons de ministério para edificação da Igreja (Ef 4.7-16).
Temos, agora, na Palavra escrita, o “fundamento” do Cristianismo lançado pelos
apóstolos e profetas (Rm 16.26; 1 Co 3.10; Ef 2.20-22), e a continuação dos dons
de ministério, "para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à
unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida
da estatura completa de Cristo. Para que não sejamos mais meninos
inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina" (Ef 4.12-14).

318
OS DONS DE SINAIS CESSARAM

A Escritura toda nos ensina que os “dons espirituais” (ou sinais) mencionados no
Novo Testamento tinham como propósito legitimar a vinda do Messias e revelar
os ensinos que Cristo comunicaria aos apóstolos por meio da revelação divina.
Um exemplo desses sinais é o dom de línguas. Uma vez que os apóstolos eram
simples trabalhadores que não teriam condições humanas para anunciar as
grandes revelações do evangelho da graça aos povos do mundo inteiro, somente
um dom especial, dado pelo Espírito Santo, seria capaz de capacitá-los a
transmitir a mensagem da cruz aos pagãos em suas próprias línguas maternas,
sem jamais terem estudado e aprendido línguas estrangeiras, até porque esse
processo levaria anos. Esse dom concedido aos apóstolos na festa de Pentecostes,
onde sempre se reuniam nações de todos os cantos do mundo, deixou de existir
no fim da era apostólica. Não somente o dom de línguas, como também todos os
dons extraordinários cessaram juntamente com ele. Tais dons abrangiam o falar
em outras línguas, profecias inéditas, curas e milagres. É necessário ressaltar que
o termo “línguas estranhas”, encontrado em algumas versões bíblicas, entra em
desacordo total com o idioma em que o Novo Testamento foi traduzido – o
grego koiné. O termo “línguas estranhas”, na língua original do Novo
Testamento, não existe. Ao invés disso, encontramos o termo “outras línguas”,
ou “línguas diferentes”, ou “línguas estrangeiras”, etc. Esse é o sentido original
do termo usado no Novo Testamento quando o assunto é o “falar em outras
línguas”.
Todavia, cabe aqui uma ressalva imprescindível: Ao contrário do que nos
acusam, nós, cristãos que entendemos sobre o assunto, não negamos que Deus
realiza obras milagrosas, seja no campo da comunicação ou da saúde, como e
quando quer, interferindo na ordem natural das coisas. Muito pelo contrário. Nós
cremos e ensinamos tão somente aquilo que a Escritura revela, isto é, que os dons
extraordinários cessaram porque tinham um propósito específico, temporário e
destinado para fins que a Bíblia menciona do início ao fim. Como cristãos
genuínos, acreditamos piamente que os milagres de Deus não mais decorrem do
exercício de “dons especiais” dados a este ou aquele indivíduo em particular, mas
sim da oração da fé (Tg 5.14-15).
A Bíblia também ensina que até mesmo os milagres que Deus faz em nossos
tempos são bastante raros, o que se difere completamente dos tempos em que os
dons espirituais apostólicos estavam em vigência. Na época em que esses dons
eram manifestados, os milagres eram extremamente numerosos (At 5.12-16; 8.4-
8; 28.7-10) e não há nenhum registro bíblico de que um servo de Deus, dotado de

319
tais poderes, tenha falhado ao ministrar a cura de um enfermo. Como pode-se
notar, essa realidade na Escritura se mostra bem diferente das tramoias e
maluquices que vemos hoje em dia, quando supostos detentores desses “dons”
constantemente “determinam” curas que nunca acontecem. Todo mundo já deve
ter visto, ao menos uma vez, um episódio deste na TV ou em outras seitas
evangélicas pentecostais, no movimento carismático da seita católica romana,
etc.
Mas, a nível introdutório, qual a minha base para dizer que esses dons de sinais
cessaram, uma vez que minha única regra de fé e prática é a Escritura Sagrada?
De que maneira eu posso provar, como bom soldado de Cristo, que o que estou
dizendo é de autoridade escriturística?
Podemos resumir a resposta em dois pontos:

1. A Escritura
A Palavra de Deus mostra que os tempos dos milagres foram propositalmente
poucos ao longo da história testamentária, abrangendo apenas os tempos de
Moisés e Josué, os dias de Elias e Eliseu e as eras de Jesus e dos apóstolos. Essas
são as três fases em que os sinais de Deus foram manifestos de forma
sobrenatural ao Seu povo, e ambas as três tiveram uma duração limitada e restrita
a esses servos. Tais sinais e grandes prodígios foram designados por Deus com
propósitos específicos que, quando finalmente atingidos, puseram fim ao tempo
das constantes intervenções divinas sobrenaturais. Na epístola aos Hebreus
constatamos que o autor inspirado ensina que o propósito daqueles sinais foi
autenticar a mensagem do evangelho ao tempo do seu surgimento, provando a
todos que ela era verdadeira (Hb 2.3-4). Uma vez consumada essa autenticação, o
propósito central dos milagres foi alcançado e sua frequência começou a
desmoronar de forma clara. De modo determinista e normativo, o Novo
Testamento revela que já nos primeiros anos da década de 60 da era apostólica,
os milagres eram raros e que o dom de cura já não mais existia (Fp 2.26-27; 1Tm
5.23; 2Tm 4.20).

2. Os Fatos
Não somente a Escritura, como a simples observação inteligente dos fatos nos
traz esta plena convicção bíblica. Deus mostra aos Seus filhos aquilo que Ele
revelou na Palavra. Com efeito, basta o cristão olhar à sua volta para perceber
que ninguém mais tem hoje os dons de línguas, profecias ou curas milagrosas.
Tudo o que se vê na atualidade são arremedos grosseiros desses dons – teatros

320
cuja artificialidade pode ser percebida por qualquer criança. Essas encenações
blasfemas e heréticas só servem para prejudicar a Igreja de Cristo, lançando-a em
total descrédito diante da população pagã.
Como já foi mencionado, há aqueles que professam possuir o dom de línguas e
outros dons de sinais em nossos dias. À medida que colocamos à prova suas
afirmativas, pela Palavra de Deus e pelos próprios fatos, constatamos que não
somente seus discursos, como também suas práticas não são iguais àquilo que
nos é apresentado no livro de Atos e em 1 Coríntios. Eles não usam o suposto
dom de línguas como um sinal para os incrédulos e nem podem fazer com que
um grupo de doentes se aproxime e sejam todos curados (At 5.12-16). Mesmo
com respeito às curas registradas em Atos, não existe a certeza de que aqueles
que foram curados fossem crentes, mas tudo indica justamente o contrário, pois
se tratava de um sinal para confirmar a Palavra aos incrédulos. Aliás, os
verdadeiros crentes não necessitam que a Palavra lhes seja confirmada, pois eles
a receberam como sendo a Palavra de Deus (1Ts 2.13). É também importante
notar que a cura tem relação com o tempo ou século futuro (Hb 6.5; Is 33.24; Sl
103.3). Ou seja, a cura milagrosa tratava-se de um sinal dirigido especialmente
àqueles que haviam rejeitado o seu Messias, mostrando que é Ele quem irá, no
futuro, trazer as bênçãos do reino sobre a terra; e que Ele Se encontra agora
ressuscitado à destra do Pai, e que essas obras de poder eram feitas em nome
dEle (At 4.9,10).
No reino de mil anos de Cristo sobre a terra, chamada de “dispensação da
plenitude dos tempos”, haverá duas esferas distintas de bênção das quais o
Senhor será o centro (Ef 1.10). Haverá a esfera celestial à qual pertence à Igreja
(2Co 5.1; Cl 1.5; 1Pd 1.3,4) e haverá a esfera terrenal a qual pertence à
Jerusalém, cuja nação será o centro na terra (Is 4.3-5; 65.18). Nós, a Igreja,
somos o povo celestial de Deus e aguardamos o momento da Sua vinda para nos
arrebatar nos ares, quando seremos transformados e teremos nossos corpos
glorificados, isto é, à imagem do corpo glorioso de Cristo (Fp 3.20,21). Enquanto
isso, neste “tabernáculo”, ou seja, nesta morada que é o nosso corpo físico,
"gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu" (2Co
5.2).
Dito isto, sejamos responsáveis e muito cuidadosos ao consultarmos a Bíblia a
respeito das doenças mencionadas entre os crentes nas epístolas, ou seja, as
doenças que acometeram o povo celestial de Deus nesses registros apostólicos.
Em Romanos 8.23 lemos o seguinte: "nós mesmos, que temos as primícias do
Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a
redenção do nosso corpo". Note que não há aqui nenhuma referência à cura, mas
sim ao ato de esperar pela redenção de nosso corpo. O Espírito, enquanto

321
isso, "ajuda as nossas fraquezas" ("enfermidades" - cf. versão inglesa). Essa
passagem não diz que o Espírito de Deus remove nossas doenças, mas que Ele
nos ajuda em nossas enfermidades.

O ESPINHO NA CARNE DE PAULO


Em 2 Coríntios 12.7-10 a Bíblia nos mostra que Paulo tinha um “espinho na
carne”. A Bíblia não diz com clareza o que era esse espinho. Porém, ao nos
atentarmos ao contexto histórico e textual de 2 Coríntios percebemos que o
espinho na carne de Paulo provavelmente era algum homem que atuava entre os
coríntios – uma figura religiosa influente dentro da igreja de Corinto –, o qual se
opunha ao ministério de Paulo, perturbando sua vida, desrespeitando-o,
caluniando-o, estimulando a perseguição contra ele, desencorajando a igreja a
ajudá-lo em suas necessidades e deixando-o muito abatido. Essa interpretação
nos parece mais sensata porque explicaria o fato de que no verso 10 Paulo
associa o espinho na carne a injúrias, necessidades, perseguições e angústias.
Portanto, uma enfermidade na alma, como por exemplo a depressão, ou qualquer
coisa que esteja mais associada aos males da alma, parece se encaixar melhor ao
espinho na carne de Paulo. Não dá para ter certeza, mas é certo afirmar que o
contexto da passagem nos dá essa pista.

PAULO, TIMÓTEO E TRÓFIMO FICARAM DOENTES


Já em Gálatas 4.13, Paulo está, de fato, falando de uma “enfermidade física” que
lhe acometeu (versão Almeida Revista e Atualizada), e, ainda assim, Deus não o
curou, mas o ensinou a depender dEle naquela dificuldade.
Timóteo tinha "freqüentes enfermidades", mas Paulo não o curou, nem lhe
indicou alguém que o curasse, mas o aconselhou que utilizasse um remédio para
sua enfermidade (1Tm 5.23).
Em 2 Timóteo 4.20, Paulo deixou Trófimo doente em Mileto, embora tivesse
curado tantas pessoas durante seu ministério apostólico (Atos 19.11,12; 28.8,9).

A ORAÇÃO DA FÉ SUBSTITUIU O DOM DE CURA


Como já fora demonstrado na Bíblia, à medida com que a era apostólica se
findava, o dom de cura entrava em decadência. Em Tiago 5.14-18 encontramos o
caso de um que, estando doente, chama pelos anciãos para orarem por ele. Não se
trata da fé do doente que lhe restaura a saúde – sua fé nem mesmo é mencionada
322
– mas trata-se de um exercício de fé da parte daqueles que orarem por ele. A
passagem também não menciona o dom de cura, mas sim a oração do homem
sendo respondida diante de uma enfermidade. Ali aprendemos que aquele que
está doente deve ser honesto e reconhecer seus pecados para que possa confessá-
los. Aqueles que oram discernem a vontade de Deus em relação à enfermidade, e,
orando de acordo com a vontade de Deus, Ele responde à oração. Não há menção
aqui de uma cura súbita e miraculosa, mas do Senhor levantando o enfermo
novamente.
Além do mais, naqueles dias havia anciãos (ou presbíteros) designados pelos
apóstolos. Em contrapartida, hoje não há apóstolos ou quem tenha recebido
autoridade delegada diretamente por eles para estabelecer anciãos, como era o
caso de Tito (Tt 1.5). A Bíblia nos mostra que, mesmo na era apostólica, a
assembléia local nunca nomeava os seus próprios anciãos, embora não exista
dúvida de que mesmo nestes nossos dias de ruína e fracasso Deus permaneça fiel
à Sua Igreja, e assim como Paulo previu que viriam dias em que lobos vorazes
entrariam (e estão entrando) no rebanho, ele se referiu também àqueles anciãos
de Éfeso não como tendo sido nomeados por ele, mas pelo Espírito Santo (At
20.28.30).
Hoje não existem anciãos (bispos ou presbíteros) oficiais na Igreja. O que temos
na Igreja de Deus são homens levantados por Ele para tomar conta do Seu povo,
em um espírito de humildade e amor pelo rebanho de Deus. É por essa razão que
Tiago menciona o caso de Elias na passagem em questão, um profeta nos dias de
ruína e divisão de Israel, e demonstra como ele era conhecedor da vontade de
Deus em suas orações. Primeiro Elias reconheceu a necessidade de disciplina
para o povo de Deus para, só então, orar para que a chuva fosse suspendida. Em
seguida, ele novamente ora para que haja chuva, e Deus responde porque a
oração de Elias se encontra em perfeita harmonia com Sua vontade após
disciplinar o Seu povo. Hoje, nós, cristãos, vemos com frequência como Deus
responde a orações que são feitas de acordo com Sua vontade e não conforme
nossos próprios caprichos e vaidades. Vemos isso acontecer em situações de
grande dificuldade ou quando Deus restaura a saúde de alguém após uma oração.
Todavia, é necessário que compreendamos as épocas e circunstâncias em que
vivemos hoje, bem como buscar pelo discernimento da vontade de Deus a
respeito da oração feita de forma bíblica (Ef 5.17). Se oramos segundo a vontade
de Deus, Ele certamente nos ouve.

323
QUANDO DEUS USA AS NOSSAS ENFERMIDADES PARA
CUMPRIR SEUS PROPÓSITOS
1 Coríntios 11.30 nos dá uma demonstração inata de como Deus usa uma
enfermidade humana em Seus desígnios governamentais, sem nada perguntar a
ninguém. Deus permitiu que os coríntios ficassem “fracos e doentes” por não
terem julgado a si mesmos por seu proceder negligente e irresponsável. Isso
aconteceu em Coríntios por causa do pecado não julgado entre eles.
Deus pode e usa nossas doenças para fins que Ele estabeleceu de antemão, para
nosso bem, não para nosso mal. Embora o cristão esteja eternamente seguro no
que diz respeito à salvação de sua alma, ele se encontra sob os desígnios
governamentais de Deus, e Deus às vezes utiliza a doença para tratar com os que
são Seus. Se nos recusamos a escutar, poderemos perder o privilégio de vivermos
aqui como um testemunho para Cristo, embora o sangue de Cristo já nos tenha
tornado prontos para o céu. Isso não significa que toda doença seja uma punição,
pois ela pode ser apenas parte da nossa natureza caída, uma vez que nosso corpo
geme após a queda de Adão, como também pode ser um modo de Deus estar
disciplinando alguém por meio desta ou daquela enfermidade, como quando se
poda uma videira para que produza mais fruto – o que era exatamente o caso de
Paulo em 2 Coríntios 12.7-10.

OS FALSOS MILAGRES DA ERA PÓS-APOSTÓLICA


Jamais devemos ir além da Palavra de Deus (Gl 1.6-10; 1 Co 4.6; Sl 62.5; Nm
23.19). Aqueles que buscam por dons de sinais nos dias de hoje estão indo além
da Palavra de Deus e praticando heresias. Por conta dessa busca frenética por
“poderes milagrosos”, muitos se encontram vulneráveis a "todo vento de
doutrina" e ao poder de Satanás (Sl 17.4,5; 2Tm 2.24-26). Falsos profetas farão
sinais e maravilhas no futuro (Mt 24.24), mas serão sinais feitos pelo poder de
Satanás, e a única maneira de termos certeza se algo é de Deus é observando se
aquilo está em harmonia com a Palavra de Deus.
Todas as passagens das Escrituras que tratam dos últimos dias da história nunca
falam de sinais e milagres, mas sim da fraqueza dos crentes e do abandono de
Deus em suas vidas. Veja, por si mesmo, o que Paulo diz a respeito da Igreja em
seus últimos dias em 2 Timóteo 3. Veja, por si mesmo, o que João diz sobre os
últimos dias da Igreja em Laodicéia (Ap 3.14-20). Veja, por si mesmo, o que
Pedro diz em 2 Pedro 3.3,4 a respeito dos últimos dias da Igreja.

324
O Espírito Santo foi dado no dia do Pentecostes, e agora, como uma Pessoa
divina, Ele habita nos corpos dos crentes (1Co 6.19) e Se encontra também na
casa professa da cristandade (Ef 2.22). O Senhor Jesus falou disso (Jo 14.16,17),
dizendo aos discípulos, antes do dia de Pentecostes, que esperassem por Sua
vinda em cujo tempo eles seriam "do alto revestidos de poder" (Lc 24.49). Em
Corinto, não foi dito aos crentes que esperassem que viesse "poder" sobre eles,
mas que deveriam usar os dons do Espírito, os quais Deus lhes havia dado,
inteligentemente, dirigidos por Sua Palavra e em uma santa liberdade, conforme
fossem guiados pelo Espírito (1Co 12.4-11). O Espírito e a Palavra não podem
ser separados sem que se caia no misticismo e na perdição. Por outro lado, o
mesmo acontece no racionalismo quando separamos o Espírito da Palavra.
Além de inútil, é perigoso aguardar por um segundo derramamento adicional do
Espírito Santo em nós, além daquele que temos. Somos habitados pelo Espírito
de Deus e a Palavra diz que isso nos basta.
O movimento carismático leva as pessoas a buscarem por demonstrações de
poder que não estão em conformidade com a Palavra de Deus, e, portanto, não
são pelo Espírito de Deus. Mesmo nos dias de hoje a demonstração desse poder e
as ditas "línguas" estão com freqüência associadas à má doutrina acerca da
Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo, como também ligadas a outras práticas
macabras e heréticas, pois Satanás se transfigura em "anjo de luz" (2Co 11.13-
15); ele é como um "leão que brama ao nosso derredor, buscando a quem possa
devorar" (1Pe 5.8,9). Seu grande alvo sempre foi atacar a gloriosa Pessoa e a
obra consumada de nosso bendito Senhor e Salvador Jesus Cristo, e o movimento
carismático é uma de suas maiores armas hoje.

O VERDADEIRO PODER DE DEUS EM NÓS


Nós não devemos buscar por "poder", nem tampouco precisamos, pois, se somos
verdadeiros crentes, nascidos em Cristo Jesus para uma nova vida, nós
simplesmente somos habitados pelo Espírito de Deus, que é o verdadeiro poder,
o qual nos capacita a andar como filhos de Deus, adotados em Cristo Jesus. Neste
momento o Espírito Santo habita os corpos de todos que creram no evangelho (Ef
1.13). Note com muita atenção que não há qualquer registro nas Escrituras de
alguém que tenha recebido ordens de esperar pelo batismo do Espírito Santo após
o dia de Pentecostes. O que existe é a exortação que diz: "Enchei-vos do
Espírito" (Ef 5.18), que significa que devemos permitir que Ele nos guie em tudo
o que fazemos. Ela é dada em contraste com o embriagar-se com vinho, uma vez
que alguém assim estaria fora de controle, enquanto que aquele que está cheio

325
com o Espírito encontra-se sob controle, pois dois aspectos do fruto do Espírito
são temperança e equilíbrio próprio (Gl 5.22,23 – Almeida Versão Atualizada).
Onde o Espírito de Deus está verdadeiramente guiando, aí há liberdade e serviço
racional, inteligente e bíblico.
Deus quer que todos os que são Seus "venham ao conhecimento da verdade"
(1Tm 2.4). O caminho de obediência à Sua Palavra é o único caminho seguro e
verdadeiramente feliz, e neste caminho não existem desapontamentos e nem
esperanças perdidas. Os caminhos da sabedoria "são caminhos de delícias, e
todas as suas veredas, paz" (Pv 3.17).
A Palavra de Deus não nos ordena a buscar por um segundo Pentecostes, jamais.
O que a Bíblia nos ordena a fazer é observar como devemos agir e como
devemos nos reunir ao Nome do Senhor Jesus Cristo em obediência (Mt 18.20),
numa época em que a cristandade se tornou uma grande casa, com "vasos para
honra, outros, porém, para desonra" (2Tm 2.16-26).

TRÊS PONTOS CRUCIAIS SOBRE O FIM DO DOM DE


LÍNGUAS BÍBLICO
Quais as evidências de que o dom de línguas cessou?

1. O dom de línguas era um dom miraculoso de revelação inédita, e, como já


observamos repetidas vezes, a era dos milagres e da revelação chegou ao fim
com os apóstolos. Os últimos milagres registrados no Novo Testamento
ocorreram por volta do ano 58 d.C., nas curas realizadas na ilha de Malta (Atos
28.7-10). Do ano 58 ao 96, momento em que João escreveu o livro de
Apocalipse, nenhum milagre foi registrado. Os sinais milagrosos como o de
línguas e curas são mencionados em 1 Coríntios, uma das primeiras epístolas a
serem escritas. Embora duas epístolas posteriores tratem cabalmente sobre os
dons do Espírito, as mesmas não fazem qualquer referência aos sinais milagrosos
do dom de línguas e curas instantâneas. Muito pelo contrário, as cartas de Efésios
e Romanos descrevem os dons miraculosos como sinais obsoletos e
desnecessários para a edificação da Igreja. Em ambas as epístolas os dons
extraordinários de línguas e curas já eram considerados sinais pertencentes ao
passado (Hb 2.3,4). Com isto, a autoridade e a mensagem dos apóstolos não
necessitavam mais de confirmação por meio de sinais. Antes do fim do século I,
todo o Novo Testamento já havia sido escrito e circulava pelas igrejas de Cristo.
Sendo assim, os dons de revelação acompanhados de sinais milagrosos haviam
cumprido seu propósito e cessaram. Ao fim da era apostólica, com a morte de

326
João, os sinais que identificavam os apóstolos como mensageiros da revelação
divina já haviam se tornado questionáveis (2Co 12.12).

2. Como já fora testificado aqui, o dom de línguas tinha como objetivo ser um
sinal para o Israel incrédulo. Também significava que Deus havia começado uma
nova obra que incluiria os gentios (nações fora de Israel). O Senhor se
comunicaria agora com todas as nações em suas próprias línguas por meio do
evangelho de Cristo. O dom de línguas simbolizava tanto a maldição divina sobre
a nação desobediente como também a benção de Deus sobre indivíduos do
mundo todo. Com o estabelecimento da Igreja, Deus começou a se revelar aos
povos espalhados pelo mundo e em todas as línguas. Contudo, uma vez que a
Sua revelação fosse comunicada por completo, tal sinal milagroso já não era mais
necessário. O povo de Deus, a partir do fim da era apostólica, viveria da fé na
Palavra revelada e nunca confiaria em nada fora dela.

3. As próprias epístolas registram que o dom de línguas cessou. Outra vez é


significativo perceber que as manifestações das “línguas” são mencionadas
apenas nas primeiras cartas do Novo Testamento. Depois de 1 Coríntios, Paulo
escreveu pelo menos doze epístolas em que não mais menciona as “línguas”.
Pedro, Tiago, João e Judas jamais as mencionaram. O dom de línguas durou por
um breve período de tempo (mencionado em Atos e 1 Coríntios) e desapareceu
na medida com que a mensagem do evangelho foi disseminada.
Com efeito, logo que a Igreja de Deus foi estabelecida, o dom de línguas
desapareceu. As epístolas posteriores não o mencionam. Tampouco se vê a Igreja
pós-apostólica falando sobre isso. Os assim conhecidos “pais da Igreja” jamais
mencionaram nada a respeito de “línguas”.

CONCLUSÃO
A Palavra de Deus nos ensina que hoje não há necessidade de um sinal para
comprovar que Deus está em constante tratamento com Seu povo à partir de uma
única nação – ISRAEL – a fim de lidar com nações do mundo inteiro. Israel é a
nação escolhida por Deus como um canal de Sua eterna misericórdia para com o
povo escolhido, o qual é composto por indivíduos do mundo todo. Não há
absolutamente nenhuma ordem normativa para a prática do dom de línguas. Em
contrapartida, ao perceber a fixação dos cristãos pelo dom, o apóstolo Paulo
rapidamente os repreendeu sob a base de que o dom de línguas não era a
credencial do verdadeiro cristão, mas sim os frutos do mesmo.

327
A partir de três pontos sabemos identificar o verdadeiro cristão hoje:

1. Qual é a credencial de um genuíno cristão? Jesus disse


que “pelos frutos sereis conhecidos” (Mt 7.20) e não que “pelos dons sereis
conhecidos”.

2. Os cristãos devem buscar por sinais? A Bíblia diz que “os judeus pedem sinais
e os gregos buscam sabedoria, mas que nós, cristãos, pregamos a Cristo
crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gregos” (1Co
1.22,23).
3. O que é o poder de Deus para a salvação? Jesus diz que “o evangelho é o
poder de Deus” (Rm 1.16), e não que os dons, sinais, curas e línguas o são.
Cristo também diz que “a verdade vos libertará” (Jo 8.32), e não que
“os dons/sinais vos libertarão”.
Em uma certa ocasião, Jesus disse a Pedro: "Para trás de mim, Satanás" (Mt
16.23), mostrando que até mesmo um genuíno crente, útil e verdadeiro na obra
do Senhor, pode ser seduzido e usado por Satanás. O cristão verdadeiro não vive
de sinais, mas vive da fé (Rm 1.17). A fé não pede sinais. Quem pede sinais é a
dúvida. O homem que nasceu de novo, que recebeu o Espírito Santo, não busca
por sinais, mas pelo conhecimento da Palavra revelada porque esse é o poder de
Deus: Seu conhecimento.

328
A FARSA DO CONTINUÍSMO

Em meio a essa confusão provocada pelo movimento pentecostal desde seu


surgimento em 1906, surgiu uma vertente sofística no próprio seio das
denominações ditas “tradicionais”, a qual viria, igualmente, a se contrapor à
Bíblia: o “Continuísmo”. Os adeptos desse movimento carismático não são muito
diferentes dos pentecostais, mas possuem algumas peculiaridades que tem como
finalidade convencer os outros de que, ao mesmo tempo em que acreditam que
todos os dons/sinais da era apostólica se findaram, por outro lado – dizem eles –
esses dons ainda estão em vigor, porém, de formas diferentes. Assim, os
continuístas se colocam em um status acima dos pentecostais, afirmando que seu
grupo não é herético como o movimento pentecostal pelo fato de que eles creem
nesses sinais na forma como funcionavam nos dias dos apóstolos, e não na
famigerada glossolalia do Pentecostalismo, onde se ouve “labaxúrias derecanta
xalamáias xalabás”. Ou seja, os continuístas creem e ensinam que os dons de
sinais da era apostólica ainda estão em funcionamento e que os crentes podem
exercer o dom de línguas se cumprirem a regra de falarem em idiomas humanos,
o que aconteceu em Atos e em 1 Coríntios. Porém, se você pedir para um
continuísta lhe mostrar alguém que seja dotado desse dom, ou mesmo uma
denominação religiosa em que esses dons estejam em pleno funcionamento, você
ouvirá respostas incrivelmente absurdas, desconexas e sem fundamento bíblico, e
ainda será acusado de incrédulo por tentar mostrar a essa pessoa que tudo isso
não passa de um eufemismo apropriado para dar continuidade ao que o
Pentecostalismo começou há algumas décadas.
Nas redes sociais costumo fazer perguntas a fim de extrair dessas pobres almas
alguma resposta que contenha algum sentido para tal crendice. As respostas são
sempre baseadas na experiência – no pragmatismo religioso – ou no que se ouviu
falar de outros crentes. Em alguns casos, toda essa situação chega a ser
engraçada. Dentre as respostas que aparecem nos comentários estão: - “O dom de
línguas existe, mas só o dom de ‘línguas angélicas’ (???), pois as ‘línguas
humanas’ cessaram”; - “Os dons de sinais só aparecem em períodos de
‘avivamento’”; - “Deus é invisível e, mesmo assim, cremos nele; e com os dons
de sinais ocorre a mesma coisa”; “Você pediu o endereço de algum pastor
curandeiro que opere os sinais e cure pessoas... toma aqui... mas saiba que eu
nunca curei ninguém!” (?????). Confesso que não há outra saída para mim senão
rir desses meninos supersticiosos e teimosos.
Qualquer cristão instruído também se surpreenderá se começar a procurar alguém
que tenha sido curado milagrosamente por um continuísta, ou por um assim

329
chamado “pastor” ou por algum crente que alegue ter o “dom de cura”. Em um
país infectado por seitas pentecostais espalhadas em cada esquina, todas elas
continuístas e cheias de crenças pagãs com práticas estranhas ao evangelho, você
ficará perplexo ao ver que não há um cego sequer que tenha sido curado nelas,
mesmo naquelas que estão funcionando há décadas. O continuísmo é, na prática,
uma piada de mau gosto que desemboca na mesma heresia pentecostal – uma
crendice ingênua e, em muitos casos, uma prática de heresia para fins lucrativos,
sem qualquer relação com as Escrituras e com os fatos.
O Pentecostalismo e seu filho caçulo, o continuísmo, têm causado um grande
impacto negativo sobre a Igreja dos santos. Todavia, a verdadeira doutrina e
espiritualidade da Igreja de Deus deve ser o foco do nosso trabalho em Cristo
Jesus, mesmo debaixo de ataques, calúnias e rancores por parte da maioria.
Devemos estar dispostos a desmascarar tais fábulas insanas e proclamar a todos o
evangelho puro e sem mácula, centrado na salvação e na santificação do pecador,
longe de sonhos, visões e curas imaginárias.

O QUE SÃO AQUELAS “LÍNGUAS


ESTRANHAS” DOS PENTECOSTAIS?

Chama-se Glossolalia, um fenômeno geralmente acompanhado de "expressões


de êxtase". Glossolalia é a prática de proferir sons ininteligíveis que se parecem
com uma linguagem real enquanto o praticante fica em estado de êxtase. A
glossolalia é muitas vezes confundida com a xenoglossia, a qual se refere ao ato
de pronunciar idiomas reais, que é o caso do verdadeiro dom de línguas bíblico.
Ou seja, enquanto a glossolalia consiste no ato de falar em um idioma
inexistente, nunca antes proferido por qualquer ser humano em sã consciência, a
xenoglossia é a capacidade de falar fluentemente uma ou mais línguas
estrangeiras sem nunca ter tido um contato prévio com as mesmas.
A xenoglossia não é uma habilidade inata ou natural, mas um dom sobrenatural.
Em contraste com a xenoglossia, uma vasta lista de estudos nos mostra que a
glossolalia (praticada pelos pentecostais e carismáticos) é um comportamento
aprendido, seja por imposição de falsos profetas ou através do sentimentalismo.
Outro fator que coopera para a prática da glossolalia é a técnica de persuasão e
até mesmo da hipnose que os ditos “profetas” do Pentecostalismo provocam nas
pessoas.

330
Os pentecostais e outros movimentos carismáticos oriundos acreditam que existe
uma explicação “sobrenatural” para a glossolalia, associando essa prática ao dom
de línguas descrito no Novo Testamento. Eles acreditam que o falar em línguas é
a manifestação sobrenatural necessária para legitimar o batismo que receberam
do Espírito Santo, que passou a habitar neles por meio dessa manifestação, como
no dia de Pentecostes (At 2) e na igreja de Corinto (1Co). Porém, muito longe
das línguas idiomáticas expressadas no Novo Testamento, a glossolalia é um
grande instrumento nas mãos de Satanás para um engano em massa. Trata-se de
uma ferramenta muito útil nas mãos do diabo, o qual facilmente provoca um
contágio colossal de histeria nas denominações religiosas pentecostais. E isso
acontece numa escala cada vez maior.
Tudo o que se ouve nessas falas mirabolantes durante os cultos carismáticos é
uma profusão de engano, confusão e barulho. Por uma questão de lógica, nenhum
cristão verdadeiro – que nasceu de novo – pode declarar que estamos de fato
“ouvindo as revelações de Deus por meio do dom de línguas, cada um na nossa
própria língua em que somos nascidos" (At 2.8), como ocorrido na festa de
Pentecostes em Jerusalém, onde a Igreja de Cristo foi inaugurada, e em outras
situações isoladas durante o período de Atos, bem como nas manifestações
sobrenaturais que encontramos em 1 Coríntios.
Simplificando, a prática da glossolalia não é o dom de línguas bíblico. Paulo
ensinou claramente que o principal objetivo do dom de falar em línguas era servir
de sinal para os incrédulos [judeus] que não criam no evangelho da graça, bem
como espalhar a boa notícia, o evangelho de Cristo (1Co 14.19,22). Conforme
nos testifica Atos 2, tal dom espiritual consistia na capacidade concedida pelo
Espírito Santo de realizar a pronúncia de línguas estrangeiras sem nunca tê-las
estudado. Isso ocorreu para que os apóstolos pudessem evangelizar as nações do
mundo numa velocidade incrivelmente inesperada, fazendo com que a
mensagem do evangelho da graça se espalhasse por toda a terra em questão de
décadas.

COMO SE PRATICA A GLOSSOLALIA?


Uma pesquisa realizada pelo Centro Médico Luterano demonstra que a
glossolalia é facilmente aprendida com instruções simples. Do mesmo modo, foi-
se observado nessa pesquisa que os alunos puderam exibir o "falar em línguas"
sem ficarem inconscientes ou sob comportamentos de transe. Outro teste
realizado com sessenta alunos mostrou que depois de escutar uma amostra de um
minuto de glossolalia, 20% dos alunos foram capazes de imitar os sons com
precisão. Após algum treino, 70% conseguiu.

331
A glossolalia pode ser observada em praticamente toda parte do mundo.
Religiões pagãs por todo o globo são obcecadas por línguas. Algumas delas são
os Xamãs no Sudão, o culto Xangô da Costa Oeste da África, o culto Zor da
Etiópia, o culto Vodu no Haiti e os aborígines da América do Sul e Austrália.
Murmurar ou falar sons ininteligíveis que soam como uma compreensão mística
profunda por homens religiosos é uma prática antiga.
Existem basicamente dois aspectos para a glossolalia: O primeiro é falar ou
murmurar em sons que se parecem com linguagem. Quase todo mundo é capaz
de fazer isso, até mesmo crianças antes de aprenderem a falar podem imitar a
linguagem real, embora de forma ininteligível e desconexa. Não há
absolutamente nada de extraordinário nisso. O outro aspecto da glossolalia é o
êxtase ou a demonstração de euforia em transe. Também não há nada de
incomum nisso, embora seja mais difícil fazê-lo intencionalmente do que
meramente proferir sons que se parecem com linguagem.

O CÉREBRO DE QUEM PENSA ESTAR FALANDO EM


LÍNGUAS
Ao pesquisar mais sobre a aberração da glossolalia praticada por seitas
carismáticas, encontrei o seguinte comentário de um artigo muito esclarecedor:
“O fato de que as línguas pronunciadas pelos movimentos carismáticos são
falsas, além de estar de acordo com a exegese bíblica, também passou a receber o
apoio de provas científicas. Em 2006, uma equipe de cientistas da Universidade
da Pensilvânia realizou experimentos em um grupo de membros de seitas
pentecostais enquanto eles praticavam a glossolalia – as famosas “línguas
estranhas”. Sob o manuseio de técnicas específicas de medicina nuclear, os
cientistas avaliaram o fluxo sanguíneo em determinadas porções do cérebro
daqueles indivíduos e descobriram que as regiões associadas à linguagem nao ̃
eram ativadas durante o exercício do suposto "dom". Ou seja, isso mostrou, de
forma clara, que aquelas pessoas não estavam falando língua alguma.
Por outro lado, a análise revelou que porções do cérebro fortemente associadas
ao aprendizado inconsciente e à memorização implícita (regiões ricas em
"neurônios espelho") ficavam mais ativas durante o "falar em línguas" dos
pentecostais, deixando claro que aquelas pessoas estavam apenas reproduzindo
ou imitando sons que ouviram em suas instituições religiosas ou em outras
reuniões de cunho pentecostal e carismático.
Feito isso, a equipe de cientistas ainda verificou que, durante a experiência
daquelas ditas "línguas estranhas", a parte do cérebro que coordena e integra
332
atividades conscientes e inconscientes (o tálamo) entra em atividade mais
intensa. Em meio a isso tudo, a pessoa "sente" que o "dom" está "fluindo
naturalmente"; ela tem uma sensaçaõ agradável e experimenta certo alívio do
estresse.
Todas essas conclusões tiraram o debate sobre línguas do campo da opiniao ̃
pessoal, revelando, de forma objetiva, que as chamadas “línguas estranhas” que
os pentecostais alegam praticar não tem nada de sobrenatural, entrando em total
desacordo com a experiência registrada no livro de Atos e na epístola de 1
Coríntios”.

MISTÉRIO REVELADO PELA CIÊNCIA


Doutores em Linguística que estudaram a glossolalia moderna passaram anos
pesquisando pessoalmente a manifestação da glossolalia, visitando grupos
pentecostais e carismáticos em vários países do mundo. Entre eles está o
professor de linguística William Samarin, da Universidade de Toronto. William
Samarin explica o seguinte:
"Não há mistério sobre a glossolalia. Amostras gravadas são fáceis de se obter e
analisar. Elas sempre acabam por ser a mesma coisa: "Sequências de sílabas,
compostas de sons retirados de todos aqueles que o orador conhece, reunidos
mais ou menos ao acaso, mas que, no entanto, surgem como unidades
semelhantes a palavras e frases por causa do realismo, do ritmo e da melodia
semelhante à linguagem. Glossolalia é, de fato, como uma linguagem em alguns
aspectos; mas isso é só porque o orador (inconscientemente) quer que seja uma
linguagem. No entanto, apesar das semelhanças superficiais, a glossolalia não é
fundamentalmente uma linguagem. Todos os tipos de glossolalia que já foram
estudados não produziram recursos que cheguem a sugerir que eles refletem
algum tipo de sistema de comunicação (...). Glossolalia não é um fenômeno
sobrenatural. Na verdade, qualquer um pode produzir glossolalia se for
desinibido e descobrir qual é o truque.
Quando o completo aparato das ciências linguísticas faz pressão sobre a
glossolalia, ela acaba revelando ter apenas aparência de linguagem." (Dr.
William Samarin).

333
O PERIGO DA PRÁTICA ENGANOSA DA GLOSSOLALIA
Em seu livro “Fogo Estranho”, John MacArthur esclarece:
“Na realidade, as expressões modernas de glossolalia são enganosas e perigosas,
oferecendo apenas uma pretensão de espiritualidade genuína. Pentecostais podem
dizer que é Deus falando através deles, mas não há absolutamente nenhuma
evidência que confirme a noção de que a glossolalia moderna vem do Espírito
Santo ou o auxilia em seu trabalho de produzir santidade. Por outro lado, há
muitas boas razões para evitar tal prática. Ela é, de fato, comum em várias seitas
e falsas religiões e entre seus seguidores – desde os curandeiros do Vodu
Africano e monges místicos do budismo até os fundadores do Mormonismo.
Historicamente, o discurso irracional e extático tem sido associado apenas a
grupos marginais heréticos, dos montanistas aos jansenistas e irvingitas. A
mesma experiência espiritualmente vazia é essencialmente idêntica à prática
carismática moderna. Os evangélicos hoje, em grande parte, desconhecem a
história da prática (...); pensam na glossolalia como algo praticado na época
apostólica da Igreja. Isso é um terrível engano.
Na longa história da Igreja, depois dos dias dos Apóstolos, onde quer que o
fenômeno da glossolalia surgisse, era encarado como uma heresia. A glossolalia
foi, sobretudo, confinada aos séculos XIX e XX. Mas, independentemente de
onde e como surgiu, ela nunca foi aceita pelas igrejas históricas da Cristandade.
Foi universalmente repudiada pelas igrejas cristãs como uma aberração
doutrinária e emocional’” (John MacArthur / Livro: Fogo Estranho).
Em suma, essa prática herética dos pentecostais é uma falsificação que, sob
qualquer aspecto, fica aquém do dom de línguas descrito no Novo Testamento.
Os praticantes dessa aberração afirmam ter recebido o dom bíblico de falar em
línguas, mas, no final, não possuem outra saída senão reconhecer que as falas
confusas deles não possuem nenhuma das características de uma língua real.
Podemos resumir o falso dom de línguas dos pentecostais por meio de duas
características:
1. As assim chamadas "línguas estranhas" manifestadas nas reuniões da seita
evangélica pentecostal são um comportamento aprendido que consiste em sílabas
incompreensíveis, repetitivas, gaguejadas e sem significação.
2. Em contraste com isso, o dom de línguas no Novo Testamento consistia na
habilidade sobrenatural de falar precisamente em uma língua estrangeira que o
falante jamais havia aprendido ou sequer estudado.

334
Conclusão: Embora os pentecostais possam apoderar-se da terminologia bíblica –
dom de línguas – para descrever a prática dessas expressões malucas e sem
nexo, tal comportamento fabricado não tem nenhuma relação com o genuíno dom
de línguas da Bíblia.

A ORIGEM DO PENTECOSTALISMO E
SEUS DANOS À IGREJA DE DEUS

Embora muitas das crenças e práticas macabras do Pentecostalismo já tivessem


sido introduzidas na cristandade por John Wesley no século 18, o movimento
pentecostal só foi oficializado em 1906, por um homem chamado William Joseph
Seymour, um afro-americano intitulado “pregador” por sua seita e fundador do
Pentecostalismo nos Estados Unidos da América. As manifestações demoníacas
nas denominações carismáticas vieram, predominantemente, deste homem.
Naquele tempo, Seymour iniciou reuniões num barracão na Rua Azuza, número
312, em Los Angeles, EUA. Nessas reuniões, a ênfase era a busca do batismo
com o Espírito Santo, o que Seymour cria ser uma experiência mística pós-
conversão e acompanhada pelo “falar em línguas”. Testemunhas oculares
relataram que, na Rua Azuza, as pessoas passavam dias e noites gritando,
chorando, gemendo, uivando, pulando, girando e se contorcendo, enquanto
clamavam pela "bênção especial” do batismo do Espírito Santo com
acompanhamento do “falar em línguas”. Aqueles que achavam ter conseguido
alcançar o tal “batismo”, balbuciavam o que criam ser “línguas estranhas”, com
palavras sem nenhuma significação. Os membros da seita ficavam em êxtase,
caíam no chão e ficavam rolando ou se sacudindo, numa manifestação frenética
de loucura total. Outros, ainda, desmaiavam e ficavam deitados por horas a fio,
inertes, como se estivessem mortos.
Não é preciso dizer qual foi o resultado disso. Neste capítulo há informações
suficientes para saber o que originou toda essa confusão e blasfêmia a respeito da
obra do Espírito Santo. Embora não seja a única seita carismática a levar pessoas
para o abismo, o Pentecostalismo demonstrou ser um dos maiores inimigos da
Igreja de Deus.
Se no romanismo temos a figura de um papa apenas, no movimento pentecostal
ocorre a diabólica proliferação de um exército de pequenos papas locais, todos
reivindicando autoridade divina e infalibilidade absoluta sob os títulos de pastor,
bispo, reverendo, apóstolo, profeta, patriarca, mestre disso, doutor daquilo, etc.
335
Com incrível ousadia, todas essas figuras alegam receber revelações inéditas por
parte de Deus, isto é, além do que está escrito na Bíblia. Eles afirmam com
veemência que Deus lhes fala diretamente, sem que para isso eles precisem
consultar as Escrituras para saberem o que de fato é ou não correto em suas ditas
igrejas. À semelhança dos pontífices medievais, esses indivíduos das mais
variadas instituições religiosas evangélicas não aceitam que suas opiniões e
condutas sejam questionadas por ninguém e em nenhum grau. Outrossim, à
semelhança dos papas renascentistas, tais facínoras exploram a boa-fé dos crentes
que os seguem fielmente, amontoando tesouros para si, vendendo objetos inúteis
os quais eles dizem ser santos e dotados de poder. Tudo isso acontece numa
escala tão grande hoje, que fica fácil concluir que os papas medievais, em termos
de engano e estelionato, teriam muito o que aprender com os pequenos papas que
reinam soberanos nas assim chamadas igrejas da cristandade.

“CUIDADO... A LETRA MATA!”


Se você já fez parte de alguma seita pentecostal, certamente já ouviu muito esse
clichê em tom de ameaça. Os falsos mestres do Pentecostalismo costumam
intimidar as massas justamente por meio deste clichê: “Cuidado... não estudem
demais a Bíblia, pois está escrito que a Letra mata”. Para tal, eles se baseiam em
2 Coríntios 3.6. Com isso, as pessoas que seguem esses impostores ficam com
medo de estudar as Escrituras e nunca são estimuladas a se dedicarem à Teologia,
além de doar todo o seu dinheiro às suas instituições, como parte da dívida que
eles chamam de “dízimo” (confira o capítulo 4 – sobre o Dízimo).
Todavia, a frase “a Letra mata” em 2 Coríntios 3.6 não tem nada a ver com
alguma proibição de Deus para que os crentes não se aprofundem no
conhecimento de Seus preceitos. Aliás, tudo isso entra em contraste com o que
Deus nos ordena, que é a busca incessante pelo Seu conhecimento, para que não
fiquemos na ignorância (Mc 12.24). O fato é que o contexto da citação de 2
Coríntios 3.6 é suficiente para mostrar que Paulo fala ali da Lei Mosaica (a letra)
e seu impacto mortal sobre aqueles que tentam ser justificados por meio da sua
observância.
A “letra”, no contexto, se refere à “lei”, porque a lei veio para matar, não para dar
vida, enquanto o “espírito” se refere à graça, onde encontramos a justificação
pela fé no Novo Testamento: “O qual nos fez também capazes de ser ministros
de um novo testamento, não da letra (lei), mas do espírito (graça); porque a
letra (lei) mata e o espírito (graça) vivifica” (2 Coríntios 3.6 – ênfase minha).
Tanto isso é verdade que basta olharmos para a continuação da passagem, nos
versos 7 e 8, onde se fala sobre dois ministérios, que são o da lei (letra), que

336
mata, e do espírito (graça), que vivifica: “E, se o ministério da morte, gravado
com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não
podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual
era transitória, como não será de maior glória o ministério do Espírito? (2
Coríntios 3.7,8). Esse é o contexto. Aqui o apóstolo está dizendo que o ministério
do espírito (Novo Testamento – evangelho da graça) é superior ao ministério da
morte (lei), pois a lei veio para matar, mas o Espírito veio para vivificar.
Porém, para os ineptos pentecostais, nesse texto, Paulo, justamente o apóstolo
mais estudioso do Novo Testamento (At 26.24), reprovava o dedicado estudo da
Palavra de Deus! Quanta estupidez! Quanta barbárie!
Tudo isso resulta em uma óbvia preguiça intelectual e dá ensejo para que homens
sem nenhum preparo teológico sejam ordenados pelas suas assim chamadas
igrejas. Por conta da ausência do estudo responsável das Escrituras, esses homens
seguem as imaginações de seu próprio coração e chamam tudo o que lhes vêm à
mente de “revelação”. Consequentemente, eles ensinam aos seus seguidores
absurdos que vão desde as tolices mais ingênuas até as heresias mais deploráveis
e maléficas. Na verdade, esses fatos se mostram tão evidentes hoje, que qualquer
cristão com conhecimento básico das Escrituras sabe que é mais fácil encontrar
um dente na boca de um torcedor corintiano do que uma frase de alto valor
doutrinário na boca de um “pastor” pentecostal.
Poucas vezes na história houve uma fábrica de heresias tão produtiva como o
Pentecostalismo. Nem Márcion, o arqui-herege do século 2, nem os montanistas,
nem os defensores da cristologia heterodoxa que ameaçou a Igreja nos séculos 4
e 5, nem os cátaros, nem o catolicismo medieval, nem os radicais da época da
Reforma, nem as seitas pseudocristãs mais depravadas da atualidade superaram o
Pentecostalismo na criação de doutrinas blasfemas e preceitos antibíblicos. Sem
dúvida, um genuíno cristão, nascido em Cristo Jesus, se sentiria mais à vontade
numa missa dirigida pelo Papa Inocêncio III do que em um “culto de libertação”
realizado por pentecostais. Mas, claro, sabemos ser um erro fazer qualquer uma
das duas coisas.

337
PENTECOSTALISMO:
A FILHA FEITICEIRA DO ARMINIANISMO

"E estava ali um certo homem, chamado Simão, que anteriormente exercera
naquela cidade a arte mágica, e tinha iludido o povo de Samaria, dizendo que
era uma grande personagem; ao qual todos atendiam, desde o menor até ao
maior, dizendo: Este é a grande virtude de Deus. E atendiam-no, porque já
desde muito tempo os havia iludido com artes mágicas (...), E Simão, vendo que
pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu
dinheiro, dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre
quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo. Mas disse-lhe Pedro: O teu
dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança
por dinheiro" (Atos 8.9-20).
De todas as seitas arminianas que envergonharam o testemunho da Igreja até
hoje, o Pentecostalismo é o mais danoso e também o mais bem elaborado. Ele
agrega elementos que podem ser encontrados em todas as religiões contrárias aos
princípios da Bíblia. Fica fácil concluir esta premissa quando o histórico do
movimento, bem como suas crenças e práticas, oriundas dos mais obscuros
rituais espiritistas e umbandistas, são analisadas sob a autoridade da Santa
Escritura. Em matéria de superstição, heresia, engano e estelionato, os papas
renascentistas teriam muito o que aprender com os mestres da “igreja”
pentecostal.
Na passagem citada no início, observamos a expressão inata dos falsos apóstolos
de hoje. Simão era um homem que fazia "milagres e prodígios" semelhantes aos
que vemos hoje, tais como profecias, curas e “línguas estranhas” (o termo
“estranhas” não consta na tradução original – grego koiné). A narrativa nos
mostra também que este homem, ao contrário dos verdadeiros apóstolos, adquiria
grande lucro financeiro com o povo de Samaria através de suas magias [v.18].
Sua proeminência e autoridade por meio da persuasão são notórias no texto
bíblico, e o povo de Samaria o apontava como sendo um homem com virtude de
Deus [v. 9,10].

338
NÃO EXISTEM MAIS APÓSTOLOS
Simão, o mago, pensava poder adquirir os dons apostólicos por conta própria,
sem ter sido vocacionado por Deus entre os doze. A ilusão e devaneio dos falsos
mestres pentecostais consistem no fato de que eles não apresentam as credenciais
necessárias para o apostolado, ainda que isso fosse possível após a consumação
da revelação escriturística (que era a finalidade crucial do apostolado e dos sinais
da era apostólica).
Vejamos quais são os requisitos para se ser um apóstolo e operar milagres:

1. Naõ ser colocado na funçaõ apostólica por homem algum (Gl 1.1,11-12).
2. Naõ ser nomeado apóstolo por si mesmo (Rm 1.5; 2Co 11.13; Ap 2.2).
3. Ser colocado por Deus numa posição de desprezo, miséria e sofrimento (1Co
4.9-13).

4. Ser testemunha ocular da ressurreição de Cristo, com exceção de Paulo, o


apóstolo fora do tempo, que viu a Cristo ressuscitado um tempo depois (At 9.15;
Rm 1.1; 1Co 9.1; 15.8; 15.9,10).

5. Ser canal de revelação doutrinária inédita (1Co 15.3; Ef 3.4-6).


6. Ser instrumento de realização de milagres (2Co 12.12).
7. Ser missionário pioneiro (Rm 15.20; 2Co 10.13-16).

Se algum dentre os requisitos mencionados faltar, qualquer pessoa que se


apresente como apóstolo é falso. É necessário entender que o ministério de Jesus
consistia em sinais e prodígios a fim de mostrar aos incrédulos que Ele era o
DEUS Vivo encarnado. Sempre que Ele operava um milagre, Sua intenção
predominante consistia em autenticar Sua divindade sem os malabarismos dos
magos, cartomantes, curandeiros e espiritistas da época (Lc 5.18-26). E assim, os
apóstolos, tendo recebido poder do Espírito para operarem os mesmos milagres
(Mc 16.18), completaram suas carreiras até o fechamento do Cânon Bíblico. O
apóstolo Paulo também autentificou seu apostolado ao envergonhar falsos
curandeiros e adivinhadores em público (At 16.16-18). Por isso o apóstolo Tiago
estabelece claramente as normas a serem seguidas quando alguém está enfermo
na igreja (Tg 5.14-15), já que os dons de sinais haviam de cessar, o que
aconteceu com o dom de cura (1Co 13.8).
A finalidade desses dons extraordinários era tão somente validar a Escritura,
provar que o Messias veio e que, adiante, Sua Igreja havia sido inaugurada com a

339
era dos apóstolos (Atos 2). Ora, se existe algum neo-apóstolo (homem dotado do
dom de cura) em uma congregação, presumo que, por dever de ofício, ele deva
provar que é dotado de tais poderes milagrosos por meio das seguintes
credenciais de Marcos 16.18, direcionadas somente aos doze: (1) Pegar em
serpentes sem sofrer nenhum dano; (2) ser imune a bebidas venenosas; (3) e
curar qualquer enfermidade instantaneamente, por meio da imposição de mãos,
sem nenhum método de apelo ou intervenção medicinal.

ERA PRECISO TER FÉ PARA SER CURADO


MILAGROSAMENTE NA ERA DOS SINAIS E MILAGRES?
O dom de cura não exigia que o enfermo tivesse fé, já que Cristo e os apóstolos
curaram e expulsaram demônios de pessoas que eram completamente incrédulas
(At 3.1-10). Tanto no ministério de Jesus quanto na era apostólica ninguém
precisava ter a fé para ser curado ou liberto! Quando Jesus os estimulava a ter fé,
era com a finalidade última de que cressem que Ele era o Messias e que Deus
havia cumprido Sua promessa de enviar o Cordeiro que havia de ser imolado
para o perdão dos eleitos. Cristo e os apóstolos curaram multidões de pessoas
que, em sua maioria, eram incrédulas. Todo o processo neo-testamentário [em
termos de milagres] consistiu em sinais e prodígios para os incrédulos
respectivamente. Isso também ocorreu na era de Moisés e de Elias, no Velho
Testamento. A maioria das pessoas que compunham o povo de Deus no período
bíblico era cética e, embora tenha experimentado grandes sinais milagrosos em
sua vida, se perdera.

AINDA EXISTEM MILAGRES?


Milagres de Deus existem, mas não homens dotados do "dom de cura" ou algo
parecido. Um milagre de Deus é alcançado por meio da oração da fé e pode
ocorrer de forma direta ou com acompanhamento da medicina (Tg 5.14-15).
Todavia, isso não significa que Deus irá dizer "sim" para todas as nossas
petições. Muitas vezes Ele diz "não" (2Co 12.7-10). No caso de Paulo, Deus
respondeu "não" à sua súplica. No nosso caso, a resposta vem por meio do
discernimento espiritual e compreensão da Palavra de Deus, a qual se comunica
conosco (1Jo 5.7).
Fazer sinais e prodígios, atrair multidões com uma eloquência arrebatadora e
adquirir bens terrenos não nos diz que um dito "profeta" é de Deus. Além do
mais, todas essas características milagrosas, somadas à riqueza material, são

340
distintivos próprios de Satanás (2 Coríntios 11.13-15). Não foi Deus quem
prometeu riquezas e bens para ser adorado; foi Satanás quem fez tal promessa
(Mt 4.8-9). Satanás detém [por ora] todos os reinos deste mundo e a glória deste
mundo. Tais falsos profetas do movimento pentecostal e carismático, com suas
cavilações e magias concedidas por demônios, levam milhões de pessoas
incautas, mortas espiritualmente, a acreditarem que por meio do "dízimo e
oferta" alcançam bençãos do "Espírito Santo" e até mesmo compram sua
salvação.

QUAL O PAPEL DO ESPÍRITO SANTO NA IGREJA?


"Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade;
porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos
anunciará o que há de vir" (João 16.13).
O simples fato do movimento pentecostal enaltecer o Espírito Santo em seus
discursos e tê-lo como o centro de suas mensagens vazias é a prova cabal de que
Deus não tem parte nenhuma com essa instituição recheada de gritarias, pulos e
mensagens emotivas. Ora, porventura é tão difícil entender o que Cristo nos diz
sobre o papel do Espírito Santo na Igreja? "Quando o Espírito da VERDADE
vier, nos guiará em toda a verdade"; Por que? "Porque NÃO falará de si mesmo,
mas dirá aquilo que Eu (Jesus) vos ensino através da Palavra”. Quando o
Espírito Santo está presente em uma congregação cristã, o nome de Cristo é
exaltado, o Espírito Santo leva as pessoas a glorificarem a Cristo, a louvarem a
Cristo, a enaltecerem o nome de Cristo, a falarem do evangelho de Cristo e a
viverem como Cristo. Cristo [e não o Espírito Santo] é o centro da mensagem da
genuína Igreja onde o Espírito Santo repousa e opera.
O papel do Espírito Santo na Igreja dos santos jamais foi enaltecer a si mesmo ou
falar de si mesmo, mas o de enaltecer a Cristo, falar da pessoa de Cristo e
esclarecer tudo quanto Ele ensinou. É por esta razão que, sob uma simples
análise, constatamos que os que se chamam “profetas” [pentecostais] nunca
alimentam suas ovelhas com o evangelho. Em seus discursos estapafúrdios,
falam de prosperidade, cura, dons espirituais e poder para governar; porém
jamais falam sobre o pecado, suas implicações na vida espiritual e o
arrependimento para a salvação. Repare também que o centro da mensagem
pentecostal é o Espírito Santo. O Espírito Santo é enfatizado demasiadamente
nessas sinagogas. E muitos de vocês ficarão assustados com o que eu irei lhes
dizer: O fato de o Espírito Santo ser exaltado em demasia no culto a Deus é a
prova viva de que o verdadeiro Espírito Santo NÃO está lá.

341
"E, quando ele [o Espírito Santo] vier, convencerá o mundo do pecado, e da
justiça e do juízo" (João 16.8).
A verdadeira fé vem acompanhada de doutrina e não de dons espirituais, pois o
Espírito não fala de si mesmo, mas daquilo que está revelado e selado na Bíblia
(Jo 16.13). Cristo, ao prometer o Espírito, declarou que o Espírito não falaria de
si mesmo, mas lembraria e instilaria nas mentes o que Ele havia transmitido
através da Palavra. Portanto, o Espírito, prometido a nós, não tem a tarefa de
inventar novas e inauditas revelações, ou de forjar um novo tipo de doutrina para
nos afastar da doutrina recebida do evangelho, mas de selar nossas mentes com
essa mesma doutrina que é revelada pelo evangelho.
Arrependimento significa uma mudança de mente. Visto que Deus é aquele que
concede arrependimento, isso significa que não é a pessoa quem muda a sua
própria mente, mas é Deus quem muda a mente de uma pessoa. Ao que Ele muda
a sua mente? Paulo diz que o arrependimento leva a “um conhecimento da
verdade”. Novamente, isso se resume a uma questão de doutrina. Esta é a forma
como devemos reconhecer o verdadeiro arrependimento. Não existe nenhum
arrependimento a menos que a pessoa passe a afirmar as doutrinas verdadeiras.
Se ela não afirma as doutrinas verdadeiras, então ela não se arrependeu e ainda
permanece em seus pecados. Só tem o Espírito Santo aquele a quem foi dado
antes o conhecimento da Sã Doutrina dos apóstolos e de sua própria depravação
total.
Leiamos novamente: "E, quando ele (o Espírito Santo) vier, convencerá o mundo
do pecado, e da justiça e do juízo" (João 16.8).
Por que Jesus disse "conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará" (João
8.32), ao invés de "conhecereis o amor, e o amor vos libertará"? A resposta para
tal é que Cristo está dizendo nesse verso que sem a doutrina é impossível amar
como Ele amou. Em termos mais amplos, você pode fazer mil tipos de obras
caridosas e distribuir milhares de "abraços grátis" pelo mundo afora, e, mesmo
assim, estará caminhando para o inferno se não tiver ciência e convicção do
pecado, da justiça e do juízo.

A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE
Voltemos à pergunta: qual o papel do Espírito Santo na Igreja dos santos?
Convencer o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. Esse é o papel do Espírito
Santo. Agora olhe para as sinagogas pentecostais e veja as pregações que são
feitas e os frutos delas. Você não vê pessoas chorando por causa do pecado. Você
vê pessoas chorando [emotivas] porque foram convencidas de que seu "dízimo"

342
lhes dará a casa própria. Você não vê pessoas convencidas do pecado, pois, de
outra maneira, não estariam buscando pela casa própria (esse papel cabe a Deus,
se assim o desejar), mas sim pelo Reino de Deus e Sua Justiça.
O que mais se busca numa seita pentecostal? Prosperidade. Mas a Bíblia ordena:
"Não pergunteis, pois, que haveis de comer, ou que haveis de beber, e não andeis
inquietos. Porque as nações do mundo buscam todas essas coisas; mas vosso Pai
sabe que precisais delas. Buscai antes o reino de Deus, e todas estas coisas vos
serão acrescentadas" (Lucas 12.29-31).
A genuína Igreja de Deus não busca por comida, nem por bebida, nem por
roupas, nem por casas, nem por carros. A autêntica Igreja de Deus busca pelo
Seu Reino. O papel de prover o sustento é do Senhor; o papel do escravo é fazer
a vontade de Seu Senhor.
Observe, por exemplo, algumas das "profecias" de um homem chamado Silas
Malafaia em suas pregações na seita pentecostal: "Quanto mais você ofertar [dar
dinheiro], mais será abençoado e cheio de Deus na sua vida"... "faça uma
proposta com Deus: Tire tal porcentagem de seu salário durante um ano, e Deus
lhe concederá a sua casa própria"... "Quem não dá oferta não sairá daqui
abençoado"... "Eu não vou deixar de usufruir do que é meu porque eu sei o preço
que paguei... etc”.
Agora note o que diz a Escritura e faça a comparação:
● O preço foi pago por Cristo com Seu sangue: "O qual se deu a si mesmo em
preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo" (1 Timóteo
2.6).
● Os eleitos não foram comprados por dinheiro. O preço da redenção é
caríssimo; ninguém pode pagar. Não fomos comprados por “dízimos” e ofertas:
"Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso
corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus" (1 Coríntios 6.20)...
"Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes
resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos
pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e
incontaminado" (1 Pedro 1.18,19).
● Quem busca por prosperidade não é filho de Deus, mas de Mamon, e o seu
coração está fixado no dinheiro e na solução de seus problemas terrenos: "Não
ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os
ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a
ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde
estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração" (Mateus 6.19-21).
343
● Ironicamente, a carta de Paulo à Timóteo é endereçada especialmente àqueles
que foram vocacionados a cuidarem das ovelhas de Cristo. E ela nos diz respeito
sobre muitas coisas relacionadas ao perigo da busca pelo enriquecimento, que é
consequência de uma falsa doutrina de homens que desviaram-se da fé. Vejamos:
"Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs
palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a
piedade, é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de
palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas,
perversas contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da
verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais. Mas é
grande lucro a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este
mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e
com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser
ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e
nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao
dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram
da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de
Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência,
a mansidão. Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual
também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas
testemunhas" (1 Timóteo 6.3-12).
Como se pode notar na epístola de 1 Timóteo, os “pastores” da Teologia da
Prosperidade deviam se atentar melhor a essas normas [leis] imutáveis antes de
saírem por aí ensinando doutrinas de demônios enquanto somente eles prosperam
e o rebanho de Cristo continua pobre e ignorante, bem como os seguidores da
Teologia do Pacto continuam na avareza, na blasfêmia e a passos largos em
direção ao inferno.
Ainda a respeito da Teologia da Prosperidade, voltemos a refletir sobre Simão, o
mago. Como vimos no início deste artigo, ele era um adivinhador, uma espécie
de cartomante ou espiritista da época. Mas Simão não pára por aí. Ele também foi
um dos precursores da Teologia da Prosperidade. Esse facínora acreditava que,
por meio do dinheiro [oferta], ele podia adquirir poder de batizar as pessoas com
o Espírito Santo através da imposição de mãos, dom este que fora dado somente
aos apóstolos e a ninguém mais [como já fora provado neste artigo].
E desde então muitos Simões têm surgido no meio do povo cristão, já preparados
para a perdição, e que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens
ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus (Jd 1.4-19; Mt 24.11,24;
2Pe 2.1; 1Co 5.11-13; 2 Co 6.14-18; 2 Jo 1.10-11; 1Tm 6.3-5; Tt 3.10-11; Gl 1.7-
10; Ef 5.11; Sl 1; Am 3.3; Ap 3.15,16).

344
Cuidado! Não brinque de ser crente. Acautele-se dos "falsos profetas... que
introduzirão encobertamente heresias de perdição em vosso meio" (2Pe 2.1). Se
você pertence a uma seita pentecostal, saia o quanto antes de lá e procure uma
igreja onde os irmãos já aprenderam sobre a ordem de Deus de como se deve
congregar e se reunir somente ao nome de Jesus (conferir cap. 1 – artigo: “O que
é a Igreja?”) Faça cultos domésticos, estude e examine as Escrituras tendo como
guia o Espírito Santo, em comunhão com outros irmãos que possuem o dom do
ensino. Mensageiros fiéis devem alertar as ovelhas perdidas que se encontram em
meio aos hereges e os identificar pelo nome. Todavia, há de se dizer que isso não
é suficiente para tornar sua identidade amplamente conhecida, pois a maioria
dessas jovens ovelhas, desgarrada e sem instrução bíblica, não entende tal perigo
e muitas vezes não quer entender, pois não lhes foi dado ouvidos para ouvir –
elas simplesmente não podem crer nessas grandes verdades porque não são
ovelhas de Cristo (Jo 10.26). Essas ovelhas não têm medo da mentira, mas sim da
verdade. É isso que tem causado tanta destruição de rebanhos conduzidos pelos
lobos do Pentecostalismo.

345
CAPÍTULO 8
DISCIPLINA NA IGREJA

DEUS NOS PROÍBE DE JULGAR?

“Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser
julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas? Não
sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes
a esta vida?” (1 Coríntios 6.2,3).

Julgar é uma ordem e não um pecado. A Escritura determina que um dos deveres
primordiais dos santos neste mundo é JULGAR. Mas, como, quando e a quem
julgar? Vejamos o que a Bíblia responde:

● Julgar segundo a reta justiça:


"Não julgueis segundo a aparência, mas JULGAI segundo a reta justiça" (João
7.24).
● Julgar todas as coisas:
"Mas o que é espiritual JULGA todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado
por ninguém" (1 Coríntios 2.15).
● Julgar o pecado na Igreja:
"Pois, por que eu deveria julgar também os que estão de fora da igreja? Não
JULGAIS vós os que estão dentro? Tirai pois do meio de vós esse iníquo" (1
Coríntios 5.12-13).
● Julgar disputas entre irmãos:
"Para vos envergonhar o digo. Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um,
que possa JULGAR entre seus irmãos?" (1 Coríntios 6.5).
● Julgar as pregações:
"E falem dois ou três profetas, e os outros JULGUEM" (1 Coríntios 14.29).
● Julgar aqueles que pregam um falso evangelho:
"Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho
além do que já vos tenho anunciado, seja MALDITO. Assim, como já vo-lo

346
dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro
evangelho além do que já recebestes, seja AMALDIÇOADO” (Gálatas 1.8,9).
● Julgar [e condenar] as obras das trevas:
"E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes
CONDENAI-AS publicamente" (Efésios 5.11).
● Julgar os pregadores:
"Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os ‘espíritos’ (homens) são
de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo" (1 João
4.1).

Além dos textos supracitados, há uma vasta lista de passagens bíblicas, tanto no
Velho Testamento como no Novo Testamento, que nos estabelece uma das
ordens mais enfáticas de Deus ao Seu povo: JULGUE! Sendo assim, eu poderia
facilmente escrever um livro que tratasse somente desse tema.

A SÍNDROME DE “NÃO JULGUEIS”


"Não julgueis" (Mateus 7.1a). Esta é a frase sacramental de todo ignorante que
julga hipocritamente. Por que? Porque geralmente esse clichê antibíblico é usado
para estabelecer julgamentos condenatórios contra aqueles que julgam retamente.
Ou seja, não é raro vermos pessoas que se dizem contra o ato de julgar apontando
o dedo para nós. Se os profetas, Jesus Cristo e os apóstolos nos ensinam a julgar,
como poderíamos lidar com tamanha contradição se o versículo acima fosse
interpretado de forma isolada?
O fato é que o versículo 1 de Mateus 7 está ligado ao seu contexto que deve ser
analisado em sua inteireza. Antes que analfabetos funcionais ou falsos mestres
possam isolar fraudulosamente a metade do versículo e sair falando aos quatro
ventos que “não podemos julgar para que não sejamos julgados”, devemos estar
preparados e armados com a “Espada do Espírito, que é a Palavra” (Ef 6.17), a
fim de tapar a boca de tais insensatos, combater os ardis do diabo e desarmar o
inimigo com o conhecimento de Deus. Sendo assim, analisemos sem demora o
contexto de Mateus 7, onde se encontra o verso:

Mateus 7.1-5: "Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo
com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos
hão de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu

347
irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão:
Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira
primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu
irmão” (Mateus 7.1-5).

Esse é o contexto! Jesus está aqui nos ensinando que não devemos julgar um
pecador se nós nos encontramos na mesma prática pecaminosa que ele. Do
contrário, seremos os “hipócritas” do verso 5! Note que Jesus começa dizendo:
"... por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a
trave que está no teu olho? ". Jesus está chamando este – que deseja tirar o cisco
do olho do outro – de hipócrita, pois seu julgamento não é reto nem sensato, visto
que o sujeito que está julgando permanece na mesma prática pecaminosa do que
está sendo julgado, seja em um nível menor ou maior. Sendo assim, o ato
condenado por Cristo aqui está direcionado ao indivíduo que, no afã de julgar
alguém, não vê que no seu próprio olho tem uma trave gigantesca! O
ensinamento é este: que não julguemos alguém se estivermos na mesma prática
que este alguém comete, e não que não devemos julgar as pessoas. Muito pelo
contrário: É nosso dever julgar todas as coisas.
Note que o que Jesus ensinou em Mateus 7.1-5 é o mesmo que Paulo resume em
Romanos 2.3: “E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que,
fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?” (Romanos 2.3). Ou seja, só
podemos julgar alguém ou várias pessoas se estivermos numa posição digna de
julgá-los. Esse é o ensino.

OS CÃES E PORCOS DO VERSO 6


A continuação da passagem tem muito a nos fornecer como prova cabal de que
Jesus não está nos proibindo de julgar as pessoas, mas, pelo contrário Ele está, na
verdade, nos orientando a JULGAR a tudo e a todos com coerência e sabedoria.
Vejamos o verso 6, que é onde se conclui a norma:
“Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas,
não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem” (Mateus
7.6).
Como definiríamos os “cães e porcos” após a sua detecção, se não pudéssemos
antes julgá-los com a Palavra e avaliá-los segundo as características apresentadas
por Cristo no verso 6? É justamente quando damos pérolas a um cão que
saberemos que ele é um cachorro devido a sua reação de pisar as pérolas, visto

348
que um cachorro não distingue pérolas de pedras. Isto é, ao ouvir as verdades do
evangelho, o pecador intitulado como “cachorro” por Cristo interpreta seus
ensinamentos como pedradas, ou seja, como uma ofensa. Igualmente, é assim
que se sucede a um porco: Ambos, cão e porco, ao receberem as “coisas santas”,
reagem como se estivessem sendo agredidos, pisoteiam as “pérolas” e nos atacam
com a finalidade de nos espedaçar. As pessoas que rejeitam o evangelho que
pregamos ficam com raiva das coisas que estamos dizendo, pois o que estamos
dizendo vem da Palavra de Deus e elas odeiam os preceitos de Deus, por mais
que não admitam. Elas podem não admitir, mas a irritação delas diante das
grandes verdades do evangelho mostra quem elas são: cães e porcos.

DEVEMOS JULGAR E DAR NOME AOS BODES


● João Batista chama os saduceus de "raça de víboras" (Mt 3.7).
● Jesus chamou os fariseus de "raça de víboras" (Mt 23.33).
● Também os chamou de "filhos do diabo" (Jo 8.44).
● Judas chama os falsos profetas de "animais irracionais" (Jd 1.10).
● João chama a todos os que vivem na prática do pecado de "filhos do diabo"
(1Jo 3.8-10).

● Jesus chama os Mestres da Lei e os fariseus de:


- "hipócritas" (Mt 23.13,14,15,23,25,27,29);
- "guias cegos" (Mt 23.16,24);
- "cegos insensatos" (Mt 23.17);
- "sepulcros caiados" (Mt 23.27);
- "serpentes" (Mt 23.33)...

● O apóstolo Pedro chama os falsos Mestres de:


- "insolentes" (2Pe 2.10);
- "arrogantes" (2Pe 2.10);
- "difamadores" (2Pe 2.12);
- "criaturas irracionais" (2Pe 2.12);
349
- "injustos" (2Pe 2.13);
- "devassos" (2Pe 2.13);
- "malditos" (2Pe 2.14)...

JESUS NUNCA FOI SIMPÁTICO OU TOLERANTE COM


HEREGES E “DOUTORES” DA LEI
A interação de Jesus com as autoridades religiosas de sua época não era nada
cordial; pelo contrário: era hostil. Ao consultarmos a Bíblia, vemos o primeiro
momento da relação de Cristo com os “doutores da lei” em Lucas 5.17. Daquele
momento até chegarmos em Lucas 24.20, onde é mencionado um grupo de
"chefes dos sacerdotes e autoridades", toda vez que a elite religiosa de Israel
aparece diante de Jesus há conflito entre eles (entre Jesus e os fariseus). Nessa
rivalidade, muitas vezes é o próprio Jesus quem, de caso pensado, provoca as
hostilidades. Quando Ele fala com os líderes religiosos ou sobre eles – seja em
público ou em particular –, normalmente é para julgá-los e condená-los como
tolos e hipócritas (Lc 11.40; 12.1; 13.15; 18.10-14). Quando Jesus percebe que
eles estão o observando a fim de acusá-lo de violar suas restrições artificiais
acerca do sábado ou dos sistemas de lavagem cerimonial criados por eles
mesmos, Ele desafia de propósito suas regras (Lc 6.7-11; 11.37-44; 14.1-6). Em
Lucas 11.45-54 observamos que Jesus fora informado de que Seu julgamento
contra os fariseus ofendia os peritos na lei. Esses peritos na lei eram os principais
estudiosos e acadêmicos do Antigo Testamento daquela época. Quando Jesus
ficou sabendo que eles estavam ofendidos por causa de Seu apontamento contra
eles, imediatamente Ele se dirigiu aos peritos da lei e rasgou o verbo contra eles
também (Lc 11.45-54).
Jesus nunca usou a abordagem pacifista com hereges, nem mesmo lhes estendeu
a mão para cumprimentá-los. Jesus não tolerava religiosos hipócritas que
insistiam em permanecer na ignorância. Ele jamais se reuniu com eles em uma
fraternidade ecumênica e muito menos fez o tipo de apelo particular gentil que os
ditos “cristãos” da nossa era normalmente costumam fazer antes de advertir os
outros sobre os perigos de se relacionar com falsos mestres. Mesmo quando
lidava com as figuras religiosas mais respeitadas de sua época, Ele enfrentava os
enganos delas de um modo ousado e direto. Às vezes, o enfrentamento de Jesus
contra as crenças e práticas dos doutores da lei era tão intrépido que Ele os
colocava em uma situação de vergonha, expondo-os ao ridículo.

350
Jesus não era “simpático” com os doutores e mestres conforme algum padrão
pós-moderno que conhecemos, nem lhes estendia a falsa cortesia acadêmica. Ele
não convidava esses ditos “doutores” para uma conversa particular sobre seus
diferentes “pontos de vista”, pois, para Jesus, não era uma questão de ponto de
vista, mas da Verdade contra a mentira. Cristo não exprimia suas falas com
eufemismos a fim de não ofender aqueles que o estavam ouvindo; não tentava
suavizar sua repreensão contra os hereges. Ele não se importava em transformar
seus ensinamentos em discursos totalmente impessoais para evitar que os
sentimentos dos ouvintes fossem feridos; Ele não se importava em fazer nada
para diminuir a rigidez de suas críticas, nem se preocupava em amenizar o caráter
repreensivo de suas severas palavras contra o erro, e muito menos tentava
minimizar o constrangimento público dos fariseus quando estes eram
repreendidos por Ele. Cristo deixava o mais claro possível que desaprovava a
religião desses assim chamados “doutores” e “mestres”. Toda vez que Ele
mencionava esses lobos em pele de cordeiro, parecia totalmente insensível à
vergonha e frustração deles diante de Sua sinceridade. Sabendo que estavam
buscando razões para serem insultados, Jesus muitas vezes fazia e dizia as
mesmas coisas que sabia que os deixariam ainda mais ofendidos.
Sem dúvida, é significativo que a abordagem que Jesus usava para lidar com o
engano religioso é nitidamente diferente dos métodos usados pelas ditas igrejas
do nosso século.
Será que essa personalidade excêntrica e polêmica de Jesus ganharia a admiração
dos acadêmicos e doutores em teologia hoje? Consideremos, pois, o modo como
Jesus tratava seus adversários. Admitamos que seu proceder na terra é, na
verdade, uma repreensão séria à Igreja da nossa geração. É necessário que nos
atentemos cuidadosamente ao modo como o nosso Mestre Jesus Cristo lidava
com falsos mestres, ao que Ele pensava a respeito do engano religioso, ao modo
como Ele defendia a verdade, a quem Ele reconhecia como sendo de Deus e a
quem Ele julgava como herege e condenado – e a como Ele, na verdade, não se
encaixava no estereótipo meigo que hoje tão frequentemente os crentes lhe
impõem.

351
DEVEMOS EXPOR OS FALSOS MESTRES E
CITAR SEUS NOMES

Não tenha medo de expor os falsos mestres que nos rodeiam, porquanto isso não
somente nos é lícito, como nos é expressamente ordenado a fazer, como bons
soldados de Cristo. A Bíblia nos admoesta a expor os erros dos que se dizem
mestres, profetas, apóstolos, etc., mas que são protótipos do Anticristo que há de
vir. Você não somente deve denunciá-los, como também deve citar seus nomes.
A Bíblia diz que para os falsos mestres há maior condenação (Ez 13.3). Nunca
foi correto tolerar falsos mestres. Eles devem ser julgados pela Palavra de Deus e
expostos à Igreja. É claro que aqueles que querem desobedecer a Palavra de Deus
irão buscar todos os meios para evitar esse ensino (1Jo 4.1; Is 8.20).
No mais, segue abaixo um compêndio de atitudes que devem ser tomadas para
com os falsos mestres e hereges:

1. Devemos prová-los (1Jo 4.1);


2. Devemos evitá-los (Rm 16.17);
3. Devemos repreendê-los (Tt 1.9,13);
4. Não devemos ter comunhão com eles (Ef 5.11);
5. Não devemos trabalhar com eles (2Ts 3.6,14-15; 1Tm 6.3-5);
6. Devemos nos afastar deles (2Tm 3.5,7; 2Tm 4.2);
7. Não devemos recebê-los em nossa casa (2Jo 10.11);
8. Devemos rejeitá-los como heréticos (Tt 3.10-11);
9. Devemos estar alertas com relação àqueles que pregam outro evangelho, isto
é, o falso evangelho (2Co 11.4; Gl 1.6-10);

10. Devemos nos separar deles (2Co 6.17).

Portanto, devemos denunciar tais apóstolos de Satanás, inclusive citando seus


nomes. Se até os apóstolos citaram nomes de seus próprios irmãos quando eles
praticaram algum erro, o que se dirá da nossa responsabilidade como cristãos em
citar o nome de cada falso mestre em nossos dias:
a) Paulo citou Pedro publicamente (Gl 2.11-14);

352
b) Paulo citou Demas (2Tm 4.10);
c) Paulo citou Himeneu e Alexandre (1Tm 1.18-20);
d) Paulo citou Himeneu e Fileto (2Tm 2.15-18);
e) Paulo citou Alexandre, o latoeiro (2Tm 1.14-15);
f) João citou Diótrefes (3 Jo 9-11);
g) Moisés, Pedro, Judas e João citaram o nome de Balaão (Nm 22.25; 2Pe 2.15;
Jd 1.11; Ap 2.14.

Portanto, é correto e normativo expor as heresias em nosso meio e citar o nome


daqueles que compõem as suas várias seitas, trazendo consigo não somente as
antigas heresias macabras dos tempos antigos, como também criando conceitos
sórdidos e blasfemos acerca de Deus e até mesmo do Espírito Santo, como é o
caso do Pentecostalismo e de outras seitas carismáticas, etc.
É correto "batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos" (Judas 1.3). E como
foi uma vez entregue, nunca mais foi necessária uma revisão.

O “SILÊNCIO” DOS TAGARELAS

A Escritura determina que um dos deveres primordiais dos santos neste mundo é
JULGAR: “Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o
mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas
mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as
coisas pertencentes a esta vida?” (1Coríntios 6.2,3).
Há uma vasta lista de passagens bíblicas, tanto no Velho Testamento como no
Novo, que nos estabelece uma das ordens mais enfáticas de Deus ao Seu
povo: 'JULGUE e CONDENE o erro, a tempo e fora de tempo'. Sendo assim, eu
poderia facilmente escrever um livro que tratasse somente desse tema.
No entanto, um movimento pseudo-piedoso cresce em oposição ao evangelho.
Eu costumo chamá-lo de "Seita dos Não-Julgueis". O que os membros dessa
falsa religião fazem? Eles julgam você pelo seu ato de julgar, e geralmente o

353
fazem com uma agressividade pobre de argumentos e sob a base de uma lista de
xingamentos que não caberiam neste comentário. Os tagarelas defensores do
"silêncio" são as pessoas mais hostis que podemos imaginar no campo
ideológico, religioso e político. Além de não possuírem fundamentos para suas
premissas claramente paradoxais, ainda te condenam por você tentar ensiná-los
sobre qualquer assunto em que se deva estabelecer um julgamento justo. São
analfabetos funcionais que passam a vida apontando os cinco dedos para os
santos de Deus, embora, contraditoriamente, eles sejam contra o ato de julgar em
qualquer sentido. Criam todo um estereótipo sensacionalista sob o nome de "paz
e amor", mas não dormem enquanto não conseguem estigmatizar aqueles que, de
bom grado, só tentaram alertá-los de seus erros.
Essa incoerência colossal em massa se estende na medida com que os defensores
do "Silêncio" são os primeiros a se pronunciar contra o protesto. Eles nunca
dizem nada contra o erro porque, dizem eles, isso deve ser discutido de "boca
fechada". Agora veja onde a coisa vai parar: a heresia, segundo esses falsos
piedosos, deve ser debatida às escuras (tente imaginar Jesus pensando dessa
forma de frente para os fariseus de sua época); mas, paradoxalmente, encontram
razões para nos atacar publicamente por causa do nosso prognóstico, e
geralmente o fazem por meio do "ad hominem", isto é, por meio de ataques
contra a nossa vida pessoal, e não contra a ideia discutida.
Ora, se esses mansos e amorosos "cristãos”, inimigos do protesto contra a
heresia, se opõem ao ato de julgar publicamente, por que abrem a boca para
estabelecer julgamentos hipócritas contra os que combatem o erro?
Guarde bem isto: Todo "cristão de vitrine", ou seja, falso cristão, que repudia o
ato de julgar e que se emudece diante da profanação, com discursos de amor e
piedade, pode ser facilmente detectado por falar frívola e inconsequentemente
sem nada trazer de edificação. O falso piedoso é detectado por falar muito sem
nada dizer de importante. Ele jamais irá estragar a festinha dos falsos mestres; ao
contrário, ele irá censurar os que julgam retamente.
"E levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos libertinos, e dos
cireneus e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Asia, e
DISPUTAVAM com Estêvão. Mas o Espírito de Deus dava tanta sabedoria a
Estêvão, que ele ganhava todas as DISCUSSÕES" (Atos 6.9,10).
“Abre a tua boca a favor do mudo, pela causa de todos que são designados à
destruição. Abre a tua boca; julga retamente; e faze justiça aos pobres e aos
necessitados” (Provérbios 31.8,9).

354
CAPÍTULO 9
A DOUTRINA DA SEPARAÇÃO

2 CORÍNTIOS 6.14-18
UM CHAMADO À SEPARAÇÃO
“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem
a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que
concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que
consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus
vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e Eu serei o seu
Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o
Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai,
e vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso"
(2 Coríntios 6.14-18).
Talvez esta seja a doutrina mais importante da Escritura Sagrada: a Doutrina da
Separação. Por que? Porque toda a história testamentária se trata de Deus
chamando o Seu povo para se separar do mundo e de suas concupiscências. Seja
com o Seu povo terrenal, Israel, seja com o Seu povo celestial, a Igreja, a ordem
é sempre a mesma: “Saiam do meio deles” (v. 17).
A passagem de 2 Coríntios 6.14-18 resume toda a exortação divina para que o
Seu povo não se misture ou tenha vínculos com o mundo. Trata-se de um
chamado para os que pertencem a Cristo a se manterem longe de todo o tipo de
associação íntima com os ímpios. Ele expressamente os proíbe de entrar em
alianças com os não-convertidos. Deus definitivamente proíbe Seus filhos de
andarem de mãos dadas com os mundanos. É uma advertência aplicável a todas
as fases e áreas das nossas vidas – religiosa, doméstica, social, comercial, etc., e
jamais houve um momento em que mais necessitamos pressionar os cristãos a
cumprirem com este mandamento do que agora. Os dias em que vivemos são
marcados pelo "espírito de compromisso" (ecumenismo). A maioria esmagante
dos cristãos professos acredita piamente que pode andar com Deus e com o
mundo ao mesmo tempo. Mesmo com tantas exortações bíblicas, a impressão é
que esses ditos cristãos nunca leram sequer uma linha das Escrituras ou, no
mínimo, não enxergaram o que está ali. Por todos os lados vemos misturas
profanas, alianças ímpias e jugos desiguais. Muitos cristãos professos parecem
estar tentando descobrir quão perto do mundo podem andar e ainda ir para o céu.

355
EM CADA DISPENSAÇÃO, A ORDEM SEMPRE FOI: SEPARE-SE
Em cada dispensação da Bíblia essa ordem divina foi dada.
Para Abraão, a Palavra peremptória de Deus foi: “Sai-te da tua terra, da tua
parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei” (Gênesis 12.1).
Para Israel, Ele disse: “Não fareis segundo as obras da terra do Egito, em que
habitastes, nem fareis segundo as obras da terra de Canaã, para a qual vos levo,
nem andareis nos seus estatutos” (Levítico 18.3). E disse também: “Não andeis
nos costumes das nações que eu expulso de diante de vós” (Levítico 20.23).
Todavia, o descaso de Israel com relação à ordem de se separar do mundo
resultou nos severos castigos que caíram sobre essa nação.
Nos evangelhos, vemos João Batista, o precursor de Cristo, do lado de fora do
judaísmo organizado dos seus dias. João Batista estava ali para exortar os
homens a fugirem da ira vindoura. “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir
da ira futura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento;... E também
agora está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não
produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo” (Mateus 3.7,8,10).
Cristo disse sobre Si mesmo: “o Porteiro abre (a porta) e chama às Suas ovelhas
pelo nome, e as traz para fora” (João 10.3).
Em Atos 2 vemos que, no dia de Pentecostes, a palavra de Deus à Igreja foi:
“Salvai-vos desta geração perversa” (Atos 2.40).
Em Hebreus, vemos Paulo exortando os crentes a saírem para fora do sistema
religioso judaico e de toda relação com o mundo: “Saiamos, pois, a Ele (Jesus),
para fora do arraial” (Hb 13.13). Arraial é o nome dado à forma como o povo
judeu era guiado por Deus na antiga dispensação. O arraial se difere amplamente
do “rebanho” de Cristo, que é a Igreja na nova dispensação (Conferir cap. 1 –
Artigo: “O que é a Igreja?”).
O chamado de Deus para o Seu povo na Babilônia da nossa geração é: “Sai dela,
povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não
incorras nas suas pragas” (Apocalipse 18.4).
Em Romanos 16.17 é dito para nos desviarmos daqueles mundanos que se
infiltram entre nós: “E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões
e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles”.
Em 2 Timóteo 2.20-21 nos é comunicado: “Ora, numa grande casa não somente
há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra,
outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas,

356
será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado
para toda a boa obra” (2 Timóteo 2.20,21). O termo “grande casa” significa a
cristandade professa num todo, onde devemos estar preparados para nos purificar
do que é sujo e nos separar daqueles que são “vasos para desonra”.
Em 2 Timóteo 3.2-5 temos a ordem clara de nos separarmos dos “homens
amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos,
desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural,
irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os
bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos
de Deus, os quais, tendo aparência de piedade, negam a eficácia dela”. E a
passagem termina com um sonoro “Destes afasta-te” (v. 5).
O comando para a Igreja em 2 Tessalonicenses 3.14 é: “se alguém não obedecer
à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele”.
Certamente que a ordem de Deus em 1 Coríntios 5.11 é uma das mais radicais na
Escritura: “Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que,
dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou
beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais”. Isto é, a ordem de Deus é
para que, quando detectarmos um falso irmão entre nós, alguém que nos chama
de irmão, mas não o é, devemos nos separar dele.
“Não vos prendais a um jugo desigual” – Essa sempre foi e continua sendo a
palavra de Deus para o Seu povo hoje: Não permanecer sozinho, mas em um só
corpo como Igreja, longe da intimidade com o mundo e seu sistema.

UM MANDAMENTO ESQUECIDO
“Não vos prendais a um jugo desigual” (v. 14).
Uma das maiores inquietações que tenho sofrido em meu espírito é com o total
descaso para com este mandamento, pois se trata de um mandamento, mas tem
sido tratado como uma mera “sugestão” ou “questão secundária”, largamente
responsável pelo baixo nível espiritual que agora prevalece entre os cristãos
professos. Não me admira, pois, que o pulso espiritual de muitos crentes bata tão
debilmente. Não me admira que as suas reuniões de culto, adoração e ministério
estejam tão mal frequentadas. Não me admira que as suas reuniões de oração
estejam ainda mais contaminadas por falsos crentes. Os cristãos que estão em
jugo desigual não têm coração para a oração, pois a desobediência nesse ponto
traz desdobramentos para a devoção real do coração a Cristo. Ninguém pode ser

357
um seguidor desacorrentado do Senhor Jesus Cristo e, ao mesmo tempo e de
alguma forma, preso aos Seus inimigos.
“Não vos prendais a um jugo desigual” – Essa é a ordem dada aos verdadeiros
cristãos piedosos; aqueles que realmente amam a Deus e estão dispostos a
deixarem família e até a própria vida para segui-lO.
“Não vos prendais a um jugo desigual” – Essa é uma ordem que se aplica
primeiramente às nossas relações no âmbito da Igreja. Quantos cristãos são
membros das chamadas “igrejas” (quando na verdade são membros de seitas
denominacionais), onde muita coisa está acontecendo de errado e que eles sabem
que está acontecendo em desacordo direto com a Palavra de Deus? O falso
ensino nos púlpitos, as atrações mundanas usadas para atrair os ímpios e os
métodos mundanos utilizados para financiá-las; ou o recebimento constante em
sua membresia por parte daqueles que não dão nenhuma evidência de ter nascido
de novo. Os crentes em Cristo que permanecem em tais “igrejas” estão
desonrando o Seu Senhor, começando pelo fato de se afiliarem ao
denominacionalismo religioso, entrando em total contraste com a ordem simples
de Jesus de que deveríamos nos reunir somente ao Seu nome (Mt 18.20). Essas
pessoas respondem: “Mas todas as “igrejas” são iguais, e se as renunciarmos, o
que poderíamos fazer? Temos de ir a algum lugar aos domingos...!”. Pobres
bestas! Essa linguagem mostra claramente que eles estão colocando seus próprios
interesses acima da glória de Cristo. Os cristãos precisam aprender com urgência
que a Bíblia nos ordena a nos apartar de toda a confusão criada pelas várias
denominações de homens, e que melhor é ficar em casa e aprender a Palavra de
Deus ali do que ter comunhão com aquilo que Sua Palavra condena. A propósito,
foi assim que a Igreja deu início às reuniões para culto ao Senhor – reunindo-se
em suas próprias casas – e assim continuou desde então, substituindo aquele
velho sistema de reunião dos judeus no Templo (1Co 16.5, 19; Cl 4.15; Fm 1.2).
“Não vos prendais a um jugo desigual” – Indubitavelmente que essa ordem se
aplica à separação de membros de Ordens Secretas, como no caso da Maçonaria.
Eu nem preciso dizer a magnitude perversa que a seita maçônica alcançou na
cristandade professa, em especial nas ditas “igrejas evangélicas”, tanto
tradicionais como modernas. E isso certamente se aplica a nós, que temos
insistido em imitar essa relação ecumênica, mesmo fora das denominações. Um
“jugo” é tudo aquilo que une. Aqueles que pertencem a uma “loja maçônica”
estão unidos em juramento solene e em uma aliança com os seus membros
“irmãos”. Os companheiros-membros dessa seita não dão nenhuma evidência de
terem nascido de novo, mas continuam em nosso meio. Eles podem acreditar em
um “Ser Supremo”, mas qual o amor que eles têm pela Palavra de Deus (Bíblia)?
Qual é a sua relação com o Filho de Deus? “Porventura andarão dois juntos, se

358
não estiverem de acordo?” (Amós 3.3). Pode aqueles que devem o seu tudo a
Cristo, tanto para o tempo presente quanto para a eternidade, ter comunhão com
aqueles que “desprezam e rejeitam” a Ele? Portanto, que todo e qualquer leitor
cristão que esteja em jugo desigual saia debaixo dele sem demora.
“Não vos prendais a um jugo desigual” – Isso se aplica à escolha de um cônjuge
para o casamento. Cuidado com a sua escolha, pois, uma vez casado com uma
mulher mundana, não poderá se separar jamais, até que a morte os separe. Há
apenas duas famílias neste mundo: os filhos de Deus e os filhos do diabo (1 João
3.10). O sofrimento por parte do cristão em um casamento misto é inevitável
nessa relação, visto que é a única relação da qual ele não pode se livrar até que a
morte lhe sobrevenha (Rm 7.2-3). Embora a graça de Deus lhe sustente durante o
casamento indissolúvel, o fardo de uma esposa ímpia no relacionamento é quase
impossível de se suportar. Trata-se do amargo colher da semeadura. Em todo
caso, é o pobre cristão que sofre. Atente-se para as histórias inspiradas de Sansão,
Salomão e Acabe, e veja por si mesmo as consequências de suas alianças
profanas com mulheres ímpias. Assim como o peso de um chumbo nas costas de
um homem que espera chegar a um lugar distante, semelhantemente é um cristão
no seu progredir espiritualmente ao lado de uma esposa mundana. A vigilância
em oração é crucial antes da escolha de um cônjuge, pois, desta aliança só se
pode livrar de duas maneiras: no arrebatamento do Senhor Jesus ou na morte de
um dos dois.
“Não vos prendais a um jugo desigual” – Isso se refere também a parcerias de
negócios. A desobediência do mandamento neste sentido tem destruído o
testemunho cristão de muitos e traspassando-os com muitas dores. Não estamos
falando aqui de viver isolado dentro de uma caverna, mas de um afastamento
radical daqueles profissionais ou sócios em negócios que se mostram claramente
ímpios e que não irão se converter. O que quer que possa ser obtido deste mundo
na busca incessante por riqueza e prestígio social, apenas compensará a miserável
perda de comunhão com Deus. E isso pode ser comprovado em Provérbios 1.10-
14. Cristo chamou os Seus para não somente entrar por uma porta estreita, como
também trilhar um caminho apertado, e se um cristão deixa esse caminho
apertado para se aventurar em uma estrada mais larga, isso significará castigos
severos, perdas de partir o coração, e, talvez, o resultado inevitável de um não
eleito. O cristão é chamado a “guardar-se da corrupção do mundo” (Tg 1.27).
Nessa passagem é dito que essa é a “religião pura e imaculada para com Deus e
Pai” (v. 27ª).
E quanto à 2 Coríntios 7.1?: “Ora, amados, pois que temos tais promessas,
purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a
santificação no temor de Deus”. Se qualquer ocupação ou associação com os

359
mundanos nos tira a atenção para com a Palavra de Deus, dificulta nossa
comunhão com Ele e tira o nosso prazer para com as coisas espirituais, então ela
deve ser abandonada. Cuidado com a “lepra” nas vestes (Levítico 13.47).
“Porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a
luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem
o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? (vv
14-16).
As palavras ditas nessa passagem são explícitas e enfáticas demais para serem
ignoradas ou distorcidas por hereges e falsos mestres que desejam continuar em
sua comunhão com as trevas, em especial aqueles que possuem grandes “igrejas”
(empresas nas quais o lucro pessoal ou de uma membresia denominacional é o
que importa). Não há argumentos sensatos que possam negar a ordem direta de
separação nessas linhas do texto sagrado. Quão minuciosos são os termos desta
exortação e a razão pela qual ela está ali: “Sociedade, comunhão, concórdia,
parte e consenso” são termos tão simples que não necessitam de intérprete,
embora sempre apareçam os assim chamados “doutores em teologia” para dizer:
ó, não, isso é algo referente àquela cultura ou época; tudo bem andarmos todos
juntos numa grande e fraterna irmandade!”.
Todo tipo de união, aliança, parceria e envolvimento íntimo com os incrédulos
está expressamente proibido ao cristão. Essa é a ordem de Deus. É impossível
encontrar, dentro de toda a Escritura Sagrada, uma linguagem mais simples sobre
qualquer assunto do que nós temos aqui: Justiça e injustiça; luz e escuridão;
Cristo e Belial – o que eles têm em comum? Que ligação há entre eles? Os
contrastes apresentados são muito pontuados e meticulosos. “Justiça” é certo
fazer, “injustiça” é errado fazer. O infalível e único padrão de ação correta é “a
palavra da justiça” (Hebreus 5.13). Unicamente por isso são reguladas a vida e o
caminhar do cristão com Deus. Mas o mundano O despreza e O desafia. Então,
que “comunhão” pode haver entre aquele que está em sujeição à Palavra de Deus
com quem não está? “Luz” e “trevas”. “Deus é luz” (1Jo 1.5) e Seus santos são
“os filhos da luz” (Lucas 16.8). Mas os filhos do diabo são “trevas” (Ef 5.8).
Que comunhão, pois, poderia haver entre membros de famílias tão antagônicas?
“Cristo” e “Belial” – que concórdia pode haver entre aquele para quem Cristo é
tudo e aquele que O despreza e O rejeita?

A ORDEM, A RAZÃO DA ORDEM E A RECOMPENSA


“Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e
entre eles andarei; e Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo [Por isso saí
do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu

360
vos receberei; e Eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz
o Senhor Todo-Poderoso” (vv 16-18).
Esse é o final do texto de 2 Coríntios 6.14-18. Que benção inefável encontramos
no fim da passagem! Em primeiro lugar, temos a ordem direta: “Não vos
prendais a um jugo desigual”. Em segundo lugar, Deus nos dá a razão pela qual
devemos obedecê-lO: “porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça?”.
Em terceiro lugar Ele nos dá o incentivo. Trata-se da promessa para todos os que
O obedecem e se separam do mundo. E essa promessa, na verdade, são sete
promessas compiladas em uma só:
1) “Neles habitarei”;
2) “entre eles andarei”;
3) “E Eu serei o seu Deus”;
4) “e eles serão o meu povo”,
5) “e Eu vos receberei”;
6) “e serei para vós Pai”;
7) “e vós sereis para mim filhos e filhas”.

“Neles habitarei” é comunhão; “e entre eles andarei” é companheirismo; “e Eu


serei o seu Deus” é relacionamento. Primeiro neles, e, então, para eles. E “se
Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8.31). Entende como essa
passagem não é vista como deveria nos nossos dias? Percebe o abismo em que a
atual Igreja está caindo?
“E eles serão o meu povo” é propriedade – reconhecidos como Seus. “E Eu vos
receberei” significa que estamos sendo trazidos para Ele de modo que
experimentemos esse relacionamento entre Pai e filho, além de estarmos
conscientes da proximidade como nosso Pai celestial. “E serei para vós Pai”
significa que não somos mais filhos da ira, mas filhos do Altíssimo para sempre,
e isso é irrevogável. “E vós sereis para mim filhos e filhas” significa que tal
separação do mundo irá fornecer a demonstração dos frutos de que realmente
somos Seus “filhos e filhas”.
Sem dúvida, se obedecermos à ordem de separação que nos foi dada em 2
Coríntios 6.14-18, encontraremos um caminho cercado de dificuldades e
certamente despertaremos a hostilidade de todos. Assim, se nossos olhos não
estiverem fixos no nosso Deus Todo-Poderoso, é certo que não suportaremos o
peso com que o diabo, o mundo e a nossa própria carne nos acometem. Não

361
poderemos suportar tamanha pressão e certamente desfaleceremos se não
obedecermos à esta ordem do nosso Deus, o qual tem nos “chamado para fora”
(esse é o significado da palavra “Igreja” – vide artigo “O que é a Igreja?” – cap.
1).
Ao obedecermos a este grande mandamento de nos separarmos do mundo,
devemos estar com nossos olhos fixos em Deus e na eternidade que nos espera.
Todavia, note que o coração que se apodera do incentivo abençoado descrito no
final da exortação torna nossa conduta mais fácil e agradável; afinal, não é em
vão que Cristo nos prometeu: “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai,
e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o
Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Vinde a mim, todos os que estais
cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei
de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as
vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11.27-
30).
A obediência à ordem de se separar do mundo se tornará leve como uma pena no
momento em que você crer que Cristo cumpre com Sua promessa de carregar
todo o peso por nós.

2 JOÃO 1.10-11
APARTE-SE DOS FALSOS MESTRES

A passagem de 2 João 1.10-11 é extremamente vigorosa a respeito do combate ao


erro da heresia, e João deixou isso muito bem registrado por meio da revelação
de nosso Senhor Jesus Cristo. Aqui ele adverte a um grupo de cristãos a não
receber em suas casas qualquer um que não traz a sã doutrina, muito menos dar-
lhes as boas-vindas, “porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice
das suas obras más” (2Jo 1.10,11). E a história não deixa por menos. Um
homem chamado Irineu, em sua conhecida obra “Contra as Heresias”, no livro
III, escreve sobre um episódio interessante envolvendo o apóstolo João e um
homem chamado Cerinto. Esse fato histórico é contado por Policarpo, conhecido
como bispo de Esmirna e discípulo de João: “E há quem o tenham ouvido dizer
que João, o discípulo do Senhor, indo banhar-se em Éfeso e tendo visto Cerinto
nos banhos, saltou para fora das termas sem ter-se banhado e disse: ‘Fujamos,
não ocorra que também as termas venham abaixo por estar dentro Cerinto, o
inimigo da verdade’".

362
Assim, podemos constatar o zelo que João nutria pela verdade, o qual legou para
os cristãos subsequentes a munição necessária para que os falsos ensinos
religiosos fossem combatidos.
Não há muito o que se dizer sobre a ordem estabelecida em 2 João 1.10,11, pois a
linguagem de João é objetiva e direta, deixando claro que aqueles que exercem o
papel de ensino e pregam um falso evangelho devem ser radicalmente rejeitados
como hereges. Em segundo lugar, o apóstolo aqui define uma aplicação prática
de como defender a verdade com ousadia e intrepidez: “Se alguém chega até
vocês e não traz o verdadeiro ensino do evangelho, não o recebam em casa
nem o saúdem”. Essa seria uma tradução mais direta ao ponto.
A proibição nesta passagem não se trata de se afastar dos ignorantes acerca do
evangelho. O ensino desses dois versículos não se aplica aos incrédulos que
possam querer visitá-lo em seu lar, nem mesmo àqueles que pertencem a uma
seita ou religião falsa, mas que são pessoas comuns e que ainda estão te
conhecendo ou estão em período de aprendizagem. O ensino da passagem em
questão é que você não deve acolher em sua casa os falsos mestres que alegam
pregar o evangelho de Jesus Cristo; porém, eles pregam um outro evangelho, e
não o verdadeiro (cf. Gálatas 1.6-10). Geralmente esses falsos mestres possuem
títulos religiosos, tais como “Pastor Fulano”, “Reverendo Cicrano”, “Doutor
Disso” ou “Mestre Daquilo“, mas o genuíno cristão saberá identificar esses falsos
mestres de qualquer forma, pois, de um modo ou de outro, esses homens se
apresentarão como “ensinadores” ou “professores” que se dizem “teólogos”.
Provavelmente você deve ter se lembrado da seita “Testemunhas de Jeová”,
muito conhecida por rondar as casas de homens e mulheres que desconhecem a
Bíblia a fim de induzi-los a seguir seus padrões doutrinários encharcados de
heresia e doutrinas de demônios. Aqueles livretos são muito comuns para
facilitar o engano sobre os mais incautos, pois neles contém um compêndio de
regras preestabelecidas que afastam as pessoas do que a Bíblia realmente diz.
Sendo assim, a ordem é que não prestemos nenhum tipo de assistência a esses
falsos mestres que desejam entrar em nossa casa com a finalidade de nos ensinar
uma doutrina falsa e emprestar a sua credibilidade.
Certamente que a mulher para quem João escreveu estava, por qualquer motivo e
em nome da “comunhão cristã”, recebendo falsos mestres em sua casa. Naquele
caso os falsos mestres procuravam justamente pessoas compassivas e bem-
intencionadas como essa mulher, descrita na carta. Em 2 Timóteo 3.6 lemos
sobre o assunto: “Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e
levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias
concupiscências”.

363
Sem anciãos ou outros homens cuidadores na Igreja para estarem atentos a esses
perigos, as mulheres eram mais suscetíveis ao engano naquela época. Tendo se
estabelecido em casas, os falsos mestres esperavam, eventualmente, "rastejar"
para dentro da Igreja. O mesmo acontece hoje. O falso ensino insidiosamente
invade casas cristãs através da televisão, rádio, internet e literatura. E isso sem
mencionar que a mulher continua sendo mais suscetível ao engano (1Tm 2.11-
14).
Os emissários de Satanás são ameaçadores e não perdem tempo em seu serviço.
A ordem de Cristo por meio de João consiste até mesmo em não saudá-los, pois
aquele que os saúda tem participação em suas obras más. Mais uma vez o
historiador Irineu nos apresenta outro caso em seu livro “Contra as Heresias”,
que é sobre um servo de Deus que se negou a cumprimentar um herege muito
conhecido em sua época. Irineu registrou que Policarpo, chamado “pai da igreja”
no século II, quando de frente para o notório herege Márcio, reagiu da forma que
todo cristão deveria, em algum nível, reagir. Policarpo, ao ser perguntado pelo
notório herético Márcio: "Você me conhece?", respondeu: "Eu conheço você – o
primogênito de Satanás" (“Contra as Heresias”, 3.3.4).
Portanto, a passagem de 2 João 1.10-11 não está limitada somente aos hereges
viajantes daquela época, como querem afirmar os ecumenistas dos nossos dias.
Essa passagem não está limitada ao tempo em que a mensagem fora escrita, nem
reduzida a admoestar os crentes a rejeitarem somente gnósticos ou pessoas que
negam a humanidade e divindade de Cristo, mas aponta para um princípio
normativo para a Igreja em toda a sua era. Assim, a Igreja não deve se submeter
ao proselitismo com falsos mestres que deturpam o evangelho da graça em algum
nível ou aspecto.
Relativistas teológicos têm argumentado que a fala de João em 2 João 1.10-11
está restrita somente ao grupo gnóstico ao qual ele se refere naquela ocasião, o
que entraria em total desacordo com a Doutrina da Separação bíblica expressa de
forma ainda mais severa em outros textos da Escritura, tais como 2 Coríntios
6.14-18 e Gálatas 1.6-10. O princípio da hermenêutica irrefutável exige que a
passagem de 2 João 1.10-11 seja, de fato, uma ordem de separação bíblica à
Igreja de Deus, que implica não somente aos hereges gnósticos daqueles tempos,
como também a qualquer grupo ou líder que tente persuadir a Igreja com
qualquer doutrina que se oponha ao verdadeiro evangelho, o qual não é outro.
Qualquer ponto do evangelho que é distorcido, minimizado ou acrescentado faz
da sã doutrina “outro evangelho”, não tendo nenhuma relação com o verdadeiro e
único evangelho (cf. Gl 1.6-10).

364
CAPÍTULO 10
SEITAS

BÍBLIA VS. CATOLICISMO ROMANO

Este artigo é um resumo introdutório que objetiva esclarecer as principais


dúvidas dos católicos romanos que buscam um relacionamento pessoal e correto
com Jesus Cristo. Ao longo dos tempos, muitos desses católicos têm tentado
romper os laços com Roma e seus dogmas, os quais não fazem mais sentido para
os que realmente querem entender a verdade de Deus. Esses indivíduos, aos
quais me dirijo nas próximas linhas, são diferentes daqueles preguiçosos que se
rendem às tradições da instituição católica romana sem raciocinar, sem
questionar ou se opor àquilo que lhes parece contraditório à Bíblia.
Diferentemente daqueles que foram criados e educados debaixo de uma
autoridade papal desde pequenos, essas pessoas têm consciência de que seus
folhetos de missa semanais têm pouco (ou nenhum) amparo das Escrituras. Eles
finalmente perceberam que suas tradições religiosas se diferem amplamente de
Cristo e de Sua Palavra (a Bíblia).

Com relação aos católicos militantes e irrepreensíveis, os quais desprezam o


verdadeiro conhecimento da Palavra de Deus em prol de suas tradições papistas,
saliento que não precisam participar do que será exposto aqui. Vocês não são
obrigados a lerem este artigo, nem a me suportarem em seus espaços virtuais.
Sendo assim, sugiro que cliquem no botão "Excluir" ou "Bloquear" e continuem
felizes na lama da ignorância religiosa medieval.

O QUE ENSINA A BÍBLIA CATÓLICA?


O livro que tenho em mãos é uma Bíblia católica. Você alguma vez chegou a lê-
la? Se ainda não, deveria. Não há diferenças nas passagens bíblicas com relação a
qualquer outra Bíblia cristã. O papa Benedito XV disse o seguinte sobre ela:

"A responsabilidade do nosso ofício apostólico nos impele a promover o estudo


da Sagrada Escritura, segundo os ensinos de nossos predecessores Leão XII e Pio
X. Não devemos jamais desistir de estimular os fieis a lerem diariamente os

365
evangelhos, os Atos e as epístolas, de forma a obter deles o alimento para a alma.
Ignorância bíblica produz ignorância a respeito de Cristo".

Concordo com as palavras ditas acima. E é por essa razão que, diante de algumas
perguntas importantíssimas, iremos inclinar nossa atenção para a Bíblia em busca
de respostas.

1. JESUS DISSE SER PEDRO O FUNDAMENTO DA IGREJA?


Jesus disse, conforme cita a Bíblia: "...tu és Pedro, e sobre esta Rocha edificarei
a minha igreja" (Mateus 16.18).

Líderes e fieis católicos costumam ler este versículo e concluir que Jesus está
dizendo que Pedro é o fundamento da Igreja. Mas isso é uma heresia. É muito
importante saber que Jesus não disse que construiria Sua Igreja tendo a pessoa de
Pedro como fundamento. Existem duas palavras-chaves nesse versículo que são
diferentes uma da outra: A primeira delas é “Pedra” (grego – Petros); e a segunda
é “Rocha” (grego – Petra). O que Jesus diz é "Edificarei a minha Igreja sobre
esta Rocha", e não sobre esta “pedra”. Ele mesmo é a Rocha. Jesus jamais disse
que edificaria a Sua Igreja sobre Pedro, uma "pedra". O que acontece é que na
maioria das traduções bíblicas o manuscrito nos foi apresentado de forma
simplória, sem alguns detalhes do grego que precisaríamos em algumas
passagens para uma melhor compreensão delas. E é o caso de Mateus 16.18 – na
tradução original (grego Koiné) a palavra “pedra” não aparece duas vezes, mas
somente na primeira vez, quando Jesus se refere a Pedro. Na segunda vez, Jesus
fala sobre si mesmo, a Rocha.

A identificação de Jesus como a Rocha já existia. Porém, os judeus não sabiam


disso. Foi Jesus a Rocha que acompanhou os israelitas na peregrinação no
deserto: "E beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da
pedra espiritual que os seguia; e a pedra (Petra) era Cristo” (1Co 10.4). Numa
tradução mais fiel seria a palavra “Rocha”.

A dificuldade dos leitores surge porque algumas traduções em português usam


"pedra" tanto para PETROS como para PETRA. Em 1 Pedro 2.5-8 podemos
constatar esse sentido, onde o próprio Pedro chama os cristãos de "pedras" e
Jesus de "Rocha": “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa
espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a
Deus por Jesus Cristo. Por isso também na Escritura se contém: Eis que ponho
em Sião a Pedra principal da esquina, eleita e preciosa; e quem nela crer não
será confundido” (1 Pedro 2.5,6).

366
A Igreja, portanto, não é edificada sobre Pedro nem sobre seus sucessores, mas
sobre o próprio Cristo, a Rocha. Para confirmar isso, basta consultarmos vários
outros textos nas epístolas, como por exemplo no caso de 1 Coríntios
3.11: "Ninguém pode lançar outro fundamento além do que foi posto, o qual é
Jesus Cristo" (1 Coríntios 3.11).

Como vemos, o apóstolo Paulo também nos ensina que Cristo é o Fundamento, a
Rocha. Sobre esta Rocha é que a Igreja está edificada (Confira também 1Co
10.4).

2. O SACRIFÍCIO DIÁRIO DA MISSA AINDA É NECESSÁRIO?


Vejamos o que diz a Bíblia, em Hebreus 10.11-12,14 e 18: “Todo sacerdote se
apresenta, dia após dia, a exercer o serviço sagrado e a oferecer muitas vezes
os mesmos sacrifícios, que nunca jamais podem remover pecados”. Assim, de
acordo com a Bíblia, de nada vale oferecer sacrifícios diários, já que o próprio
Deus diz que eles “nunca jamais podem remover pecados”.

“Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos


pecados, assentou-se à destra de Deus (v. 12)...Porque, com uma única oferta,
aperfeiçoou para sempre os que estão sendo santificados... Ora, onde há
remissão destes, já não há oferta pelo pecado” (v. 18).

Quão maravilhosa e estupenda é a obra de Jesus! Ele ofereceu “um único


sacrifício”. Que “único sacrifício pelos pecados” foi esse? O próprio Jesus! Sim,
Ele Se entregou na cruz do Calvário como oferta pelos pecados dos eleitos. Tal
sacrifício não pode ser repetido, pois Deus diz que ele vale “para sempre”. Esse
“único sacrifício” é suficiente para a “remissão” dos pecados. No verso 18 se
conclui: “já não há oferta pelo pecado”. Graças a Deus não há mais necessidade
de sacrifício. “Está consumado”, clamou Jesus quando foi suspenso na cruz para
a nossa (dos eleitos) redenção. A obra foi acabada, a redenção obtida, a dívida
quitada. Sim, Jesus mesmo a pagou completamente.

O sacrifício da missa não é mais necessário. Segundo a própria Bíblia católica


(que não foi alterada, exceto pelo acrescentamento dos livros apócrifos –
históricos), Jesus realizou o único sacrifício que necessitava ser oferecido. O que
se pode acrescentar a um trabalho concluído? Deus mesmo diz que “já não há
[mais] oferta pelo pecado”.

367
Na ceia do Senhor, o pão e o vinho relembram o Seu sacrifício único e suficiente.
Trata-se de um memorial ordenado por Jesus aos Seus escolhidos. Não
oferecemos Jesus em sacrifício novamente.

3. PODEM MARIA, UM “SACERDOTE” OU OS SANTOS


SEREM NOSSOS MEDIADORES DIANTE DE DEUS?
Quando abrimos a Bíblia, lemos: "Há um só Deus e um só Mediador entre
Deus e os homens, Jesus Cristo, homem" (1 Timóteo 2.5). Portanto, se há
apenas um Mediador – pois é isso que Deus diz – não pode haver dois. A Bíblia
afirma que há apenas um Mediador e este é Jesus Cristo.

Em 1 João 2.1-2 lemos: "Se, todavia, alguém pecar, temos um Advogado junto
ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e Ele é a propiciação pelos nossos pecados".
Quem é, portanto, o nosso Advogado? Maria? Não. Jesus Cristo. Quem é a nossa
propiciação? Maria? Não. Jesus Cristo. Vemos que não há nenhuma menção à
Maria como intercessora em nenhum lugar das Escrituras.

Em contrapartida, vemos Maria se colocando no mesmo papel que os demais


santos de todas as eras, isto é, o de serva do Senhor: “A minha alma engrandece
ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador; porque atentou
para a insignificância de sua serva; pois eis que desde agora todas as gerações
me chamarão bem-aventurada” (Lucas 1.46-48).

Alguém pode alegar que o versículo 48 indica que ela está sendo colocada num
status acima dos demais crentes ou no papel de “Senhora de alguém” por ter sido
chamada “bem-aventurada”. No entanto, a Bíblia nos ensina que todos aqueles
que ouvem a Palavra de Deus e fazem a Sua vontade são igualmente bem-
aventurados e até mais do que a própria Maria, como Jesus salienta em Lucas
11.27-28:

“E aconteceu que, dizendo Ele estas coisas, uma mulher dentre a multidão,
levantando a voz, lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos
em que mamaste. Mas Ele disse: ANTES bem-aventurados os que ouvem a
palavra de Deus e a guardam” (Lucas 11.27,28).

Quando uma mulher, em meio a multidão, tentou exaltar Maria, Jesus foi rápido
em repreendê-la, dizendo: “ANTES bem-aventurados os que ouvem a palavra
de Deus e a guardam” (vs. 27,28). O termo “bem-aventurado”, usado em várias
outras ocasiões por Jesus ao se dirigir a outras pessoas na Bíblia, significa
simplesmente “Feliz”. Ser “bem-aventurado” não é privilégio apenas de Maria.

368
Temos outro exemplo no Velho Testamento, onde uma mulher é chamada
igualmente “bem-aventurada”. Trata-se de Lia, esposa de Jacó: “Então disse Lia:
Para minha ventura; porque as filhas me terão por bem-aventurada” (Gênesis
30.13). E o que dizer do Sermão do Monte? Maria foi bem-aventurada assim
como são aqueles tantos mencionados pelo Senhor Jesus Cristo em Mateus 5.

Sendo assim, não se pode inferir um sentido que não existe em Lucas 1.48, pois
ali não diz que Maria seria a única bem-aventurada. E mesmo que fosse a única,
seria impossível tirar qualquer conclusão de que ela fosse um tipo de intercessora
após a morte. Interpretações como essas são aberrativas, e o argumento de que
ela seja a única santa com base nesse versículo é extremamente evasivo e
antibíblico. O sentido de santo na Bíblia é que todo aquele que é nascido de
novo, em Cristo Jesus, é santo (santificado). Na Bíblia, santo não significa
“perfeição”, mas “Justificação”.

Pergunto ao leitor: Não seria melhor imitarmos Maria, entregando todo o nosso
ser ao Único e Suficiente Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo? Pois
essa foi a posição de Maria enquanto esteve viva: O de “serva do Senhor”, e não
de “Senhora de alguém”.

4. O QUE É UM SANTO?
Um dos maiores enganos promovidos pela tradição católica em oposição à Bíblia
está no significado da palavra "santo". Segundo o que lhes foi ensinado fora da
Bíblia, um santo seria aquela pessoa que vive ou viveu uma vida exemplar.
Todavia, a Bíblia NUNCA usou o termo “santo” nesse sentido. A Escritura
Sagrada usa o termo “santo” para descrever todos os crentes, isto é, todos aqueles
que verdadeiramente se converteram a Cristo – até mesmo aqueles em Corinto,
que eram notórios por suas divisões e carnalidade (1Co 3.1-4). Os crentes que se
encontravam em Corinto estavam associados ao mal moral (1Co 5) e alguns
chegaram ao ponto de professar uma má doutrina que atacava os próprios
fundamentos do cristianismo (1Co 15). Não existe um grupo de cristãos na Bíblia
que estivesse em uma situação mais precária do que os coríntios. Talvez os
Gálatas possam ser comparados, mas isso não será discutido agora. Mesmo
assim, apesar de todo o fracasso dos coríntios, a Palavra de Deus os chama de
"santos" (1Co 1.2)! Sendo assim, percebemos facilmente que a Bíblia aplica à
palavra "santo" um sentido totalmente diferente do que as pessoas costumam
pensar atualmente.

369
As pessoas costumam pensar que ser santo é algo mais que ser cristão. Isso é um
terrível engano e vai contra o que a Bíblia nos ensina a respeito das duas
terminologias. Na verdade, um cristão é algo mais do que um santo! Aqueles que
desconhecem a Bíblia podem se escandalizar com esta doutrina porque a maioria
das pessoas, pelo menos na América, é considerada cristã, porém, pouquíssimos
em todo o mundo são considerados santos. Talvez nenhum destes seja visto
assim até chegar ao céu. Não obstante, a Bíblia ensina o contrário: Um cristão é
um santo e muito mais do que isso.

Nas palavras de Bruce Anstey, “santo é alguém "santificado". Ser santificado,


posicionalmente falando, é ter sido "colocado à parte" ou "separado" por Deus
para bênção. Isso acontece quando nascemos de novo. Aqueles que são nascidos
de Deus foram colocados à parte ou SEPARADOS da massa da humanidade que
caminha rumo à destruição. Todos os crentes desde o início dos tempos são
santos. Por isso podemos chamar de "santos" aqueles que viveram nos tempos do
Antigo Testamento (Dt 33.3; 1Sm 2.9; 2Cr 6.41 etc.). Todavia, eles não eram
cristãos. Apenas os crentes a partir de Pentecostes até o Arrebatamento estão
nessa posição diante de Deus. Um "cristão" é alguém que creu "no evangelho da
vossa salvação" e, por conseguinte, foi selado com o Espírito, tendo assim sido
feito parte da Igreja (Ef 1.13). Ele foi deste modo colocado em uma posição
muito mais abençoada (estando ligado a Cristo, a Cabeça da Igreja) do que um
santo do Antigo Testamento. O cristão é um santo, mas é muito mais que isso –
ele é membro do corpo de Cristo (1Co 12.12-13) e filho de Deus (Rm 8.14-15;
Gl 4.5-7; Ef 1.5). Estas são coisas que os santos do Antigo Testamento não eram.
(Existe também a santificação prática, que tem a ver com o aperfeiçoamento da
santidade na vida do crente – que significa tornar nossa vida praticamente
consistente com nossa posição – Jo 17.17; 1Ts 4.3-4; 5.23; Hb12.14; 2Co 7.1)”
(Trecho de “A Ordem de Deus” – Bruce Anstey).

5. EXISTE SACERDOTE (OU CLÉRIGO)?


O significado da palavra "sacerdote" é "aquele que faz a oferta" (Hb 5.1; 8.3; 1Pe
2.5). Um sacerdote é alguém que tem o privilégio de entrar na presença de Deus
em lugar do povo. No cristianismo, todos nós somos sacerdotes, diferentemente
do judaísmo, onde tudo funcionava diferente. Como sacerdotes em Cristo Jesus,
exercemos nosso sacerdócio ao oferecer os sacrifícios de louvor a Deus e ao
apresentar as petições a Ele em oração (Hb 13.15; 1Jo 5.14-15). Por isso que na
Bíblia diz que, a partir do momento em que Jesus nos apresenta o evangelho da
graça, todos nós somos sacerdotes, tendo Ele como nosso Sumo Sacerdote para
sempre:
370
Quem são os sacerdotes no cristianismo? “Mas vós sois a geração eleita, o
sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes
daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2.9).

E quem é o nosso Sumo Sacerdote? “Visto que temos um grande sumo


sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente
a nossa confissão” (Hebreus 4.14). “Porque nos convinha tal Sumo Sacerdote,
santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que
os céus” (Hebreus 7.26).

Todavia, uma das causas da confusão que prevalece na cristandade professa é


que, em muitos casos, o sacerdócio é considerado como um direito limitado a
uma classe privilegiada de pessoas (os chamados “Padres”, “Pastores”,
“Ministros”, etc), sendo que algumas delas nem sequer são salvas!

Por meio de Cristo, nosso Sumo Sacerdote nos céus, todos os cristãos são
sacerdotes. O livro de Apocalipse declara que os cristãos são feitos "sacerdotes
para Deus" por meio da fé na obra consumada de Cristo na cruz (Ap 1.6; 5.10).
A epístola de Pedro confirma isso, dizendo que "vós também, como pedras vivas,
sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios
espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo" (1Pe 2.5, 9). Além disso, a
epístola aos Hebreus exorta todos os cristãos a se aproximarem de Deus além do
véu, entrando no santuário ou "santo dos santos" (Hb 10.19-22; 13.15-16).

O fato de dizer que o Senhor é o "Grande Sacerdote" ou "Sumo


Sacerdote" implica que existe um grupo de sacerdotes que está abaixo dEle. Ele
não presidiria como "grande" ou "sumo" sacerdote se não existissem sacerdotes
sob Ele. Pela mesma razão, uma pessoa não seria chamada de líder de algum
grupo de pessoas se não existissem pessoas para ele liderar. A exortação em
Hebreus 10.19-22 visa encorajar os cristãos a se aproximarem de Deus e
desempenharem seus privilégios sacerdotais.

Em cada uma das passagens do Novo Testamento, onde o assunto do sacerdócio


é tratado, não há qualquer menção – nem uma sequer – de que apenas alguns
dentre os santos sejam sacerdotes. Tampouco existe em qualquer outro lugar do
Novo Testamento algo semelhante. Quando o Novo Testamento fala de
sacerdócio, ele se refere, sem exceção, a todos os crentes como constituídos com
este privilégio. Além do mais, essas passagens não apenas nos falam que todos os
cristãos são sacerdotes, como também aprendemos delas que somos sacerdotes
com privilégios que vão além daqueles que tinham os sacerdotes do Antigo
Testamento.

371
Um sacerdote no cristianismo pode aproximar-se da própria presença de Deus, no
santo dos santos. Esse é um lugar onde nenhum filho de Aarão podia entrar. Até
mesmo quando Aarão, o sumo sacerdote em Israel, entrava uma vez por ano além
do véu, ele não o fazia com ousadia, como podemos fazer agora. No dia da
Expiação (sacrifício de animais) ele entrava ali com medo de morrer, mas nós
podemos entrar "em inteira certeza de fé". Além disso, os sacerdotes da linhagem
de Aarão prestavam um culto do qual pouco compreendiam. Eles não sabiam por
que deviam fazer as coisas que lhes eram ordenadas. Mas nós temos um "culto
racional" (Rm 12.1). Podemos desempenhar nossas funções sacerdotais com
entendimento de tudo aquilo que fazemos na presença de Deus.

Portanto, considerando que as Escrituras ensinam que todos os cristãos são


sacerdotes, e que todos nós temos igual privilégio de desempenhar nosso
sacerdócio na presença de Deus, fica claro que não existe a necessidade de um
clérigo para fazer isso pelos demais. Nas reuniões de culto, adoração e oração
(quando os cristãos exercitam seu sacerdócio), tudo o que precisamos é esperar
no Espírito de Deus para que Ele dirija as orações e os louvores dos santos. Se
permitirmos que Ele lidere na assembleia, no lugar que Lhe é de direito, Ele irá
guiar um irmão aqui e outro ali a expressar de forma audível uma adoração e
louvor, como quem fala por toda a assembleia.

Evidentemente entendemos que não somente desempenhamos nosso sacerdócio


nas ocasiões em que estamos congregados em uma assembleia. A qualquer
momento um cristão pode entrar na própria presença de Deus em oração e
adoração e desempenhar seu papel de sacerdote. Todavia, no contexto deste
ponto em específico, estamos falando de cristãos reunidos em uma assembleia
para adoração e ministério.

Quando compreendemos a proximidade do relacionamento que todos os cristãos


têm como parte do Corpo e Noiva de Cristo, podemos ver como a ideia de uma
casta ministerial mais próxima de Deus do que os demais é totalmente
incompatível com isso (Ef 2.13; 5.25-32). Se nós, como cristãos, adotarmos uma
classe de pessoas assim, estaremos negando que somos capacitados, como
sacerdotes, a oferecer sacrifícios espirituais a Deus. Na prática, isso destrói os
privilégios do cristianismo e, em certo sentido, restaura o judaísmo, ou ao menos
nos leva de volta para aquele nível.

372
TÍTULOS LISONJEIROS
Enquanto algumas poucas denominações chegam ao ponto de possuírem um
clérigo com o título de "Sacerdote” (dando a entender que os demais naquela
denominação não o são), a maioria das igrejas chamadas evangélicas denomina
seu clérigo como "Pastor", "Reverendo", "Ministro", etc. Nesse caso não há
muita diferença, pois uma posição assim na igreja não está de acordo com a
verdade das Escrituras. Trata-se de uma função puramente inventada pelo
homem.

É certo que palavras como “ministro” e “pastor” são mencionadas na Bíblia, mas
nunca são usadas como títulos. “Pastor” é um dom, não um título clerical. O
ensino da Palavra de Deus é este: “Que não faça eu acepção de pessoas, nem
use de palavras lisonjeiras com o homem! Porque não sei usar de lisonjas; em
breve me levaria o meu Criador” (Jó 32.21-22).

O Senhor Jesus disse: “Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque
um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos. E a ninguém
na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus.
Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo. O
maior dentre vós será vosso servo. E o que a si mesmo se exaltar será
humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado” (Mateus 23.8-12).
Todavia, mesmo que as Escrituras digam isso com total clareza, algumas
denominações chamam seus clérigos de “Padre”, que vem do latim e significa
“Pai”. Este é o caso do Catolicismo Romano.

Algumas denominações chegam ao ponto de usar o título “Reverendo”. Todavia,


a Bíblia, na versão inglesa, diz que "reverend" ("reverendo") é o nome do
Senhor! O Salmo 111.9 da versão inglesa King James, traduzido para o
português, diz: “Santo e reverendo é o Seu nome”. Acaso seria correto o homem
usar um termo que é atribuído ao Senhor como um título para si mesmo? É claro
que não.

Quando os moradores da Licaônia tentaram atribuir a Barnabé e Paulo títulos


elevados, eles se recusaram a recebê-los, dizendo: “Senhores, por que fazeis
essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas
paixões” (At 14.15). Semelhantemente, hoje todo servo do Senhor deveria
recusar títulos lisonjeiros. A Palavra de Deus ensina que pastor é apenas mais um
dentre os muitos dons dados por Cristo (Ef 4.11). Por que alguém iria querer
elevar especificamente este dom na igreja, ao ponto de transformá-lo em um
título oficial que ocupasse um lugar de preeminência sobre os outros dons? Não

373
existe uma linha sequer nas Escrituras que indique que a igreja deveria fazer algo
assim.

6. PODE O “SACERDOTE” PERDOAR PECADOS?


Como já vimos no ponto anterior, não existem mais sacerdotes no sentido do
Antigo Testamento, pois o evangelho da graça estabelece que todo crente em
Jesus é sacerdote, tendo como único Sumo Sacerdote Jesus. Sendo assim, a
pergunta mais correta é: Pode algum homem perdoar os pecados? A Bíblia
registra uma questão levantada pelos escribas diante de Jesus. A questão
era: “Por que fala ele [Jesus] deste modo? Isto é blasfêmia! Quem pode
perdoar pecados, senão um, que é Deus?” (Marcos 2.5-11). Jesus, em primeira
instância, aceitou o questionamento como legítimo, pois os escribas estavam
certos. Somente Deus pode perdoar os pecados.

Ninguém pode perdoar pecados senão Deus. Para o homem comum, o simples
reivindicar desse poder já é uma blasfêmia. Mas Jesus disse aos escribas: “O
Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados” (v. 10).
Assim, Jesus não era mero homem. Jesus é Deus. Nenhum homem pode perdoar
pecados, mas Jesus pode e o fez porque Ele é Deus. Nenhum “padre” ou “pastor”
(como são erroneamente chamados) pode perdoar pecados, pois são meros
homens. Temos livre acesso a Deus por meio de Jesus Cristo, nosso Mediador,
para obtermos o perdão de nossos pecados.

Rebeldes não podem perdoar rebeldes; apenas Deus pode. Pecadores não podem
perdoar pecadores; só Deus pode. O principal dos apóstolos deixou isso claro ao
falar a Cornélio, como se lê em Atos 10.43: “Dele [Jesus] todos os profetas dão
testemunho de que, por meio de Seu nome, todo aquele que nEle crê recebe
remissão de pecados”. Portanto, os apóstolos não praticavam a confissão
auricular de pecados. Isso é pura invenção religiosa e não possui nenhum amparo
das Escrituras.

7. DEVE-SE POSSUIR IMAGENS DOS SANTOS E DO


SENHOR E SE PROSTRAR DIANTE DELAS EM ADORAÇÃO?
A Bíblia diz “NÃO”! Veja o que diz Êxodo 20.4-5: “Não farás para ti imagem
de escultura... Não as adorarás, nem lhes darás culto” (Confira também
Deuteronômio 4.15-23 e Isaías 44.15-19).

374
Assim, fica claro que a Bíblia proíbe e condena terminantemente o uso de
imagens e a adoração a elas. Na verdade, a veneração das “relíquias dos santos”
nem sequer é mencionada na Bíblia.

Mas alguém poderá questionar: “A igreja católica diz que podemos ter imagens e
que devemos adorá-las ou consultá-las”. De fato, a Igreja Católica diz “sim” à
adoração de imagens. O Catecismo do Concílio de Trento não somente permite,
mas determina que “quem é contra a adoração de imagens e relíquias deve ser
AMALDIÇOADO pelo papa”. O Concílio de Trento é, segundo a tradição
católica, IRREVOGÁVEL.

Portanto, se você se diz católico romano e é contra a adoração dos santos, das
imagens e relíquias porque compreende que a Bíblia proíbe e condena tal prática,
você está se contrapondo à sua própria religião e ao “soberano” papa, o qual é
considerado vigário de Cristo pela Igreja Católica Romana. Nesse caso, aqueles
que afirmam ou se posicionam ao contrário do que a tradição católica ensina não
estão de acordo com o ensino da Igreja Católica. Não seria melhor se posicionar
com a Palavra de Deus ao invés de se submeter a uma tradição humana?

8. ALGUÉM VAI PARA O “PURGATÓRIO” APÓS A MORTE?


Quando consultamos a Bíblia, da primeira à última palavra, não encontramos
nela um único versículo sobre a doutrina do purgatório. Não há absolutamente
nenhum ensino sobre isso nas Escrituras. Essa doutrina é, portanto, uma invenção
humana, pois Deus não a menciona na Bíblia. Por outro lado, a Bíblia afirma que
os filhos de Deus (os eleitos), ao partirem desta vida, vão direto para a presença
de Cristo. Vejamos:

“Tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente


melhor” (Filipenses 1.23).

Perceba que quando partirmos desta vida não iremos para um “purgatório”, pois
esse lugar não existe. Nós, os “salvos antes da fundação do mundo” (Ef 1.4),
vamos direto para a presença gloriosa de Jesus. Iremos para onde Ele está! Se
houvesse purgatório, partir desta vida não seria “incomparavelmente melhor” do
que ficar aqui. “Estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e
habitar com o Senhor” (2 Coríntios 5.8).

No momento em que deixarmos o corpo, estaremos na presença do SENHOR.


Esse ensino é claro e inegável na própria Bíblia católica (como já fora salientado,
não há diferença entre as passagens da Bíblia católica e as passagens da Bíblia

375
original). Isso significa que o salvo jamais terá de sofrer a pena dos seus pecados.
Seu julgamento já é passado. Veja o que diz a Bíblia em João 5.24 (que Deus
ilumine a sua mente para esta verdade!): “Quem ouve a minha palavra e crê
nAquele que me enviou tem a vida eterna, e não entra em juízo, mas passou da
morte para a vida”.

Preste atenção na conjugação “passou da morte para a vida”. No momento da


conversão, o crente passa de um estado de perdição para a vida eterna, e não
entrará em condenação jamais. Sendo assim, o purgatório não existe. A
propósito, porventura aquele ladrão na cruz não foi diretamente para o paraíso
com Cristo no momento da crucificação? A promessa de Jesus para ele foi: “Em
verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23.43). Jesus não
disse a ele que ele estaria em uma espécie de purgatório, mas sim no paraíso. Se
o ladrão na cruz não precisou sofrer por seus pecados após arrepender-se e
voltar-se para Cristo, por que, então, você teria de sofrer pelos pecados dos quais
foi perdoado de uma vez por todas naquela Cruz? Não, você não vai para o
purgatório, pois tal lugar não existe. Se você é um salvo, irá para a presença de
Cristo. Se você não é um salvo, está condenado e por isso não crê, nem ouve (Jo
3.36).

Se você já é salvo, seu destino é ir direto para o céu e estar com Cristo. Jesus
suportou todo o sofrimento necessário pelos escolhidos de Deus. Ele pagou o
preço do pecado por você [se você é um salvo], pois o seu sofrimento não
adiantaria de nada. Suas obras não podem salvá-lo da ira de Deus, a qual
permanece sobre os réprobos eternamente (Jo 3.36). É o sangue de Jesus que nos
lava dos pecados, não o nosso sofrimento ou boas obras (1Jo 1.7). Não há nada
que você possa fazer para libertar os seus queridos do “purgatório”, pois tal lugar
nem sequer existe. Aqueles que morrem no SENHOR “descansam” e são “bem-
aventurados” [felizes], conforme diz Apocalipse 14.13. Como poderiam estar
assim se estivessem sofrendo em um purgatório?

9. A SALVAÇÃO SE DÁ POR MEIO DE CRISTO OU DA


IGREJA?
Muitas pessoas pensam que é a Igreja que salva e que não há salvação fora da
Igreja Católica Romana (e esse erro é também cometido pela Igreja Evangélica
ou Protestante). Assim, confunde-se Igreja com Cristo. Mas o que diz a
Escritura? Como a Bíblia católica responde a essa importante questão?

376
“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de
Deus” (João 1.12). O que a Escritura diz a respeito de nos tornarmos filhos de
Deus? Tornamo-nos filhos de Deus ao receber a Jesus Cristo como nosso
Salvador. A propósito, ninguém pode “aceitar a Jesus”, como muitos pensam,
como se Jesus necessitasse da aceitação humana para habitar em alguém. Na
verdade a Bíblia diz que Cristo habita em nós quando O recebemos, e não
quando O aceitamos. Independente de aceitarmos ou não a Ele, Ele operará a Sua
vontade nos Seus escolhidos (Fp 2.13). A Escritura não cita nada aqui sobre a
Igreja.

“Para que todo o que nEle crê tenha a vida eterna” (João 3.15). Como se obtém
a vida eterna? Pertencendo à Igreja? Não. Mas sim depositando a fé
integralmente no Senhor Jesus Cristo.

“Deus amou ao mundo (Kosmos – Mundo – aqui se refere aos escolhidos, não
a cada indivíduo do mundo – vide contexto) de tal maneira que deu o Seu
Filho Unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna” (João 3.16). Novamente, nem uma palavra da Escritura sobre a
Igreja. Mais uma vez, o que temos aqui é apenas Cristo. Todo aquele que nEle
crê e confia tem a vida eterna.

“Quem crê no Filho tem a vida eterna; todavia, aquele que se mantém rebelde
contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus
[eternamente]” (João 3.36). Nossa salvação repousa inteiramente sobre o nosso
relacionamento com Cristo e não com a Igreja, pois é Cristo quem nos salva. A
Igreja não é mencionada quando se trata da salvação dos escolhidos.

“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por
mim” (João 14.6). Foi Jesus quem afirmou isso. Perceba que Ele não disse “a
Igreja é o caminho!” ou “ninguém vem ao Pai senão pela Igreja”. Não. Ele
apenas disse: “Eu sou o caminho”. Jesus Cristo é o único caminho que pode nos
levar até Deus.

“Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não
tem a vida” (1 João 5.12). Mais uma vez Jesus nos diz, por meio do apóstolo
João, que não é a Igreja, mas Ele mesmo, o Cristo, que salva. Ele diz: “Aquele
que tem o Filho”, não “aquele que tem a Igreja”.

“Não há salvação em nenhum outro; porque debaixo do céu não existe


nenhum outro nome dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos
salvos” (Atos 4.12). Agora o testemunho e a palavra de autoridade vem dos
lábios do próprio Pedro. O que ele diz? Pedro diz que a salvação está no nome de
Cristo e em nenhum outro nome. “Nenhum outro nome”, diz ele, seja do

377
protestantismo ou do catolicismo romano; seja padre, papa, pastor, Maria ou
qualquer outro “santo”.

“Nenhum outro... debaixo do céu”, insiste Pedro, qualquer que seja a


denominação (seita) em que alguém esteja inserido por pura ignorância. Pedro
declara que a salvação se dá por meio de Cristo e só de Cristo. Então, por que
não nos voltarmos para Cristo, já que a própria Bíblia católica diz que Ele é
quem salva e não a Igreja?

10. SOMOS SALVOS PELAS OBRAS OU PELA GRAÇA?


A maioria esmagadora de crentes dentro da cristandade moderna, incluindo
católicos romanos e evangélicos, diz que é pelas obras e pelos sacramentos. A
Bíblia, porém, afirma que é somente pela graça, mediante a fé (Ef 2.8-9). Qual
dessas posições está correta? Se é por obras, não pode ser pela graça; e se é pela
graça, não pode ser por obras. Das duas, uma: Ou você se salva a si mesmo pelas
obras, ou Deus salva você pela graça, mediante a fé por Ele concedida. Vejamos:

“Mas, ao que não trabalha [pela própria salvação], porém crê naquele que
justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça” (Romanos 4.5).

“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de
Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8-9).

“Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo Sua misericórdia,
Ele nos salvou” (Tito 3.5).

É isso que a Bíblia ensina. Você pode ler tudo isso na Bíblia original ou na Bíblia
católica. Em ambas as Bíblias essas verdades estão contidas com riqueza de
detalhes. O que você fará a respeito disso? Todos esses versículos que acabamos
de contemplar mostram, de modo claro e definitivo, que a salvação não é por
obras, mas pela graça, mediante a fé que Deus concede aos seus eleitos.

Porém, onde entra o papel das obras? A Bíblia responde da seguinte forma a essa
questão: “Mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei
a minha fé” (Tiago 2.18). As obras são frutos da verdadeira fé. A verdadeira fé
produz as boas obras e não o inverso. Somos salvos PARA as boas obras e não
pelas boas obras: “Porque somos feitura Sua [de Deus], criados em Cristo
Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou [de antemão] para que
andássemos nelas” (Efésios 2.10).

378
Se você foi salvo, sua vida irá mostrar isso por meio das suas obras. Tudo que o
verdadeiro cristão faz para Deus, ele o faz porque é salvo, não porque busca ser
salvo por meio disso. “Fé sem obras é morta” (Tg 2.26). Se não há mudança, e
se a pessoa permanece escrava dos mesmos pecados, não tendo experimentado a
libertação de suas más obras, então, não há evidência de que ela tenha sido
salva. “Assim, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas antigas já
passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Coríntios 5.17).

E agora? Você crerá na Palavra de Deus tal como ela está registrada na Bíblia ou
continuará crendo em doutrinas de demônios? Faça uma escolha. Lembre-se: Há
apenas duas religiões no mundo – uma de Deus, outra dos homens. A religião
dos homens prega a salvação pelas obras (pelo próprio esforço, por meio de
jejuns, rezas e obediência à Igreja). Isso transforma a pessoa em sua própria
salvadora. A religião de Deus diz que a salvação é pela graça conquistada por
Jesus Cristo na cruz do Calvário, pois Ele pagou o preço de uma vez por todas no
madeiro. “O justo viverá da fé” (Romanos 1.17). Nesse caso, Cristo é o
Salvador.

O meu apelo é para que os escolhidos de Deus que estejam lendo este artigo
desistam de toda confiança em si mesmo, de todo esforço, de toda obra e
sacramento (não estamos falando da nossa responsabilidade imediata como
cristão, mas sim da Salvação). Abra o coração para Jesus Cristo, se arrependa de
seus pecados, peça perdão a Ele por ter vivido uma falsa religião até aqui, e O
invoque como Seu Salvador único e pessoal. Confie no sacrifício de Cristo e no
sangue que Ele derramou para a salvação dos que creem. Ele diz: “Vinde a mim,
todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei” (Mateus
11.28).

Ele nunca rejeitou ninguém dentre os que O buscam da maneira bíblica. “O que
vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (João 6.37). Venha, então, e ore
para que Ele lhe conceda a verdadeira fé, pois “é Deus quem opera em vós tanto
o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade” (Filipenses 2.13). Por
que continuar rebelde? Por que continuar tentando a Deus, uma vez que Ele se
revelou de forma tão simples? Como podemos perceber, a Bíblia e a tradição
católica romana entram em total contradição. Ou você crê e pratica o que está na
Bíblia, ou você abre mão das Escrituras para seguir suas vãs tradições.

Disse Jesus: “Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa


tradição” (Marcos 7.9 – cf. Mc 7.13; Mt 15.6).

379
PEDRO POSSUI AS CHAVES DA IGREJA?

Em primeiro lugar, Pedro está morto. Ele só será ressuscitado no arrebatamento


da Igreja, juntamente com os outros santos que morreram em Cristo (Hb 9.27;
1Ts 4.16,17). Em segundo lugar, Mateus 16.19 nos diz que Pedro recebeu “as
chaves do reino dos céus”. Essas não são as chaves da Igreja, mas do reino. Elas
são o batismo e o discipulado. Por meio destas duas coisas é que uma pessoa
entra no reino de forma exterior. É o anúncio público de que você crê em Cristo.
Todavia, essa ainda não é uma transformação interna, embora possa acontecer de
modo simultâneo a ela. Para entrar na Igreja de Deus – o Corpo de Cristo – a
pessoa deve nascer de Deus e ser selada com o Espírito Santo (Jo 3.5; 1Co 12.12-
13; Ef 1.13). A pessoa é batizada com o Espírito Santo no momento em que crê
verdadeiramente em Cristo como único Senhor e Salvador. Isto é, a Bíblia ensina
que o batismo do Espírito Santo é dado a todos os crentes, sem que eles precisem
se esforçar para obtê-lo (1Co 12.13; Gl 3.2). Também ensina que isso ocorre no
momento da conversão (Ef 1.13).

Mas, voltando ao ponto principal do assunto, Pedro NÃO recebeu as chaves da


Igreja. Isso é mais uma invenção do Catolicismo Romano para enganar os pobres
fieis católicos. Como eu já disse no início, Mateus 16.19 nos diz que Pedro
recebeu “as chaves do reino dos céus”, não as chaves da Igreja. Reino não é
sinônimo de Igreja. O reino se trata da cristandade professa em geral, onde há
“joio” e “trigo” (falsos crentes e verdadeiros crentes). Esse reino começou dez
dias antes do início da Igreja, quando o Senhor voltou para o Céu (Lc 19.12; At
1.9-11) e também irá continuar na terra depois que a Igreja tiver sido levada para
o céu (no Arrebatamento) até o final do período de sete anos de Tribulação. Já na
Igreja de Cristo, só há crentes salvos. A Igreja é o Corpo místico de Cristo onde
somente os salvos têm lugar.

380
DEUS NÃO TEM MÃE

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele
estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele
nada do que foi feito se fez... E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e
vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de
verdade.” (João 1.1-3, 14).

SEM PRINCÍPIO, NEM FIM


Todo ser humano começa a existir no momento da concepção. A origem da vida
inicia-se pela união de um óvulo da mãe a um espermatozóide do pai, como
sabemos. Jesus Cristo, entretanto (por ser Deus), já existia ANTES do momento
de Sua concepção (como lemos nos versículos acima), pelo Espírito Santo, no
ventre de Maria. Como está escrito, Ele sempre existiu. Ele sempre foi, é e será.
Ele é eterno. Ele não tem princípio nem fim de dias.

Logo em Gênesis, na passagem em que se fala da criação do mundo, temos a


declaração de que Cristo estava no momento da criação. Ele – Cristo – CRIOU o
mundo, juntamente com o Pai e o Espírito Santo. Preste atenção ao que é dito
ali: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança...” (Gênesis 1.26 – Grifo meu). O verbo “façamos” (na 3ª pessoa do
plural) refere-se ao Deus Triúno: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Logicamente,
Jesus Cristo também estava presente no momento da criação.

Em Miquéias 5.2 há uma profecia sobre o nascimento de Jesus Cristo. Porém,


preste muita atenção no final do versículo, pois aqui será mostrado que a
passagem em questão fala da sua condição eterna antes de vir a este mundo por
meio de um nascimento:

“E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me


sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos,
desde os dias da eternidade” (Miquéias 5.2 – grifo meu).

A Bíblia nos diz que todas as coisas vieram a existir através de Jesus Cristo,
(inclusive os seres humanos e, aqui, Maria, a mãe de Jesus Cristo, está
incluída): “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na
terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados,

381
sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele” (Colossenses 1.16).“Todas
as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (João
1.3). “Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o
conheceu” (João 1.10 – Grifos meus).

O profeta Isaías, ao falar sobre a vinda do Messias, descreveu algumas de Suas


características divinas e, portanto, eternas: “Porque um menino nos nasceu, um
filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu
nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da
Paz” (Isaías 9.6 – Grifos meus).

Melquisedeque, Rei de Salém, foi um tipo de Cristo, um símbolo do Messias que


viria (o Senhor Jesus Cristo), por apresentar as mesmas características humanas
do Filho Unigênito de Deus: “Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo
princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de
Deus, permanece sacerdote para sempre” (Hebreus 7.3). Para conhecer a
história de Melquisedeque e saber um pouco sobre quem foi este homem,
consulte Gênesis 14.8-24.

Hebreus 7.3 e 15 nos ensinam de modo cristalino que Melquisedeque foi um tipo
de Jesus Cristo. Assim como Adão, Moisés, Arão ou Davi, ele foi um homem
mortal, cuja pessoa e vida, de várias maneiras, foram um símbolo de Jesus Cristo.

A antítese de Hebreus 7.3 é esta: Aqui nós aprendemos que a respectiva


passagem tem o principal intuito de esclarecer que Deus fez de Melquisedeque
um tipo de Seu filho no Antigo Testamento, nos avisando sobre a vinda do
Messias, o Senhor Jesus. A fim de salientar as características típicas desse sumo
sacerdote, a Bíblia omite propositalmente o dia de seu nascimento, sua
filiação, seu parentesco e linha genealógica. Isso não quer dizer que ele não
teve pai (pois até o antítipo, Jesus de Nazaré, teve o Espírito Santo como seu Pai
– e é certo que sua mãe, Maria, é mencionada nos evangelhos), nem que ele
jamais nascera (pois até Cristo, em sua forma humana, teve de nascer de mulher).
A questão é que o aparecimento dramático e repentino de Melquisedeque ficou
mais notável quando ele foi apresentado como porta-voz do Senhor a Abraão,
servindo como arquétipo do futuro Cristo, o qual derramaria bênçãos sobre o
povo de Deus.

Jesus Cristo não teve princípio, nem fim, pois Ele é Deus. Sendo Deus, Ele é
Eterno. Em Apocalipse 1.8 Ele mesmo fala sobre Sua Eternidade e
Onipotência: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que
é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso”. Antes disso, Ele já havia dito

382
no evangelho judaico de João: “... Em verdade, em verdade vos digo que antes
que Abraão existisse, Eu sou” (João 8.58 – Grifos meus).

JESUS CRISTO HOMEM


Não obstante, em um dado momento da história, Jesus também Se tornou
100% Homem. Ele Se encarnou neste mundo com um corpo físico (o qual Ele
possui até hoje e que se tornou corpo glorificado em virtude de Sua Ressurreição)
com o objetivo de morrer em nosso lugar (morte vicária), tendo nascido e vivido
sem pecado algum (Mt 27.24; Lc 23.4, 14, 47; Hb 4.15, 7.26, 9.14; 1Pe 1.19).

Em João 1.14 está escrito: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos
a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de
verdade” (João 1.14 – Grifos meus).

JESUS CRISTO DEUS


Diante do que temos aprendido aqui, vemos que Jesus Cristo é 100% Deus (Mt
14.33, 27.54; Mc 1.1; Lc 4.41; Jo 1.49, 3.18, 8.23, 58, 10.30, 11.4, 27, 20.31;
2Co 1.19; Hb 4.14; 1Jo 5.10; 2Pe 1.1; Ap 2.18; etc.). Ele é a segunda pessoa da
Trindade e, ao mesmo tempo, 100% Homem (Mt 8.20, 9.6, 12.8, 16.28, 25.31;
Lc 24.7; Jo 3.13, 6.62; At 7.56; Ap 1.13, 14.14; etc.), concomitantemente, o que,
para nós, é um mistério que devemos aceitar pela fé. Geralmente eu costumo
dizer aos meus ouvintes o seguinte: Tentar entender a Trindade custará a sua
sanidade mental; negá-la custará a sua alma. As Escrituras também nos
revelam que: “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se
manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos
gentios, crido no mundo, recebido acima na glória.” (1 Timóteo 3.16 – Grifo
meu).

OS HERÉTICOS DOGMAS CATÓLICOS


Mesmo Jesus Cristo sendo Eterno (pois Ele é DEUS), a seita Católica Romana
(esta falsa religião que se autodenomina “Cristianismo”, mas não é) faz
verdadeiros malabarismos com as passagens das Escrituras. Na verdade, não
somente faz malabarismos com os textos inspirados, como também retira e
acrescenta o que bem entende das Escrituras (cf. Deuteronômio 12.32), criando

383
dogmas heréticos no decorrer de sua história a fim de forçar seus seguidores a
crerem em tudo o que os “papas” afirmam (e venham a afirmar). Os fieis
católicos não possuem o direito de questionar os ensinamentos dos padres e do
papa, visto que isso acarreta em ser amaldiçoado pelo papa e excomungado da
(assim chamada) igreja.

Para “fundamentar” suas doutrinas de demônios, esta falsa religião elabora uma
falsa crença após outra, tal qual uma tremenda colcha de retalhos, na tentativa
(eficaz, lamentavelmente) de divinizar Maria, tornando-a uma “deusa”. Vejamos
alguns desses dogmas:

1 – DOGMA DA “MATERNIDADE DIVINA”


Esse dogma foi proclamado pelo Concílio de Éfeso, em 431, segundo o qual
Maria seria a "mãe de Deus" (em grego Theotokos e em latim Mater Dei). O
referido Concílio proclamou que "se alguém não confessa que o Emanuel é
verdadeiramente Deus, e que por isso a Santíssima Virgem é Mãe de Deus,
já que engendrou segundo a carne o Verbo de Deus encarnado, seja
anátema".

Sites católicos por toda a internet chegam ao cúmulo de alegar que tal dogma é
uma “lógica irretorquível”, concluindo, desta forma, que “Maria é a mãe de
Deus”, enganando os incautos católicos. Pobres almas! E ai de quem ousar
questionar tal ensinamento! Ora, afirmar que uma mulher, um ser humano (que
teve um início de existência), sendo, portanto, uma criatura de Deus, possa ser a
“mãe de Deus”, que é ETERNO (sem princípio nem fim), é absurdo, herético e
ilógico!

Os pobres católicos confundem o fato de Maria ter sido apenas o vaso pelo qual
Jesus Cristo Se encarnou e, diante disso, interpretam que ela se tornou a “mãe de
Deus”. Isto é uma heresia que contradiz as próprias palavras de Maria (Lucas
1.46-49; João 2.1-5). Se você abrir a Bíblia, verá que Maria não concorda com
isso em hipótese alguma e ficaria chocada com o que estão fazendo em torno de
seu nome e com sua história.

A Bíblia descreve a concepção do corpo humano de Jesus Cristo da seguinte


forma: “Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe,
desposada com José, antes de se ajuntarem (antes de terem relações sexuais),
achou-se ter concebido do Espírito Santo. Então José, seu marido, como era
justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. E, projetando ele
isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de

384
Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é
do Espírito Santo” (Mateus 1.18-20 – Grifos meus).

Quanto à Sua humanidade, Jesus nasceu de Maria (enquanto ela ainda era
virgem), sendo um Homem perfeito, por não haver herdado a natureza humana
pecaminosa que todos recebem, visto que não foi concebido por José, pois, não
houve relação sexual. A concepção de Jesus foi obra exclusiva do Espírito Santo,
pela virtude do Altíssimo (Lucas 1.35). Por isso, JESUS CRISTO é o Cordeiro
de Deus “imaculado e incontaminado” (1Pe 1.19b) por não ter a mancha do
pecado original: “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa
compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi
tentado, mas sem pecado” (Hebreus 4.15 – Grifos meus).

Quanto à Sua divindade, não foi o filho de José que nasceu, mas o Filho de Deus
que nos foi dado: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu
Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna.” (João 3.16). É importante destacar que o contexto dessa passagem
diz que somente aquele que nele crê terá a vida eterna. Nem todos crerão.
Sabemos disso pelas Escrituras.

Como podemos constatar com bases bíblicas exaustivas, Maria NÃO gerou a
divindade de Jesus, mas apenas Seu corpo humano! Ele sempre existiu, pois é
Infinito, é Deus, é Eterno!!! Ele foi o Único que nasceu imaculado e nunca
pecou (Adão e Eva foram “criados” sem pecado, depois pecaram). Somente
Cristo é perfeito! Deus, o Pai, não tem “mãe”, muito menos “pai”!

Uma das passagens nas quais a igreja católica se “apóia” (e distorce) é a que
narra o momento em que Isabel, ao ver Maria, exclamou: “Bendita és tu entre as
mulheres, e bendito o fruto do teu ventre. E de onde me provém isto a mim, que
venha visitar-me a mãe do meu Senhor?” (Lucas 1.41-42 – Grifos meus). Com
base neste trecho grifado, esta falsa religião alega que Isabel teria reconhecido
Maria como sendo a “mãe de Deus”. Quanta PROFANAÇÃO ao distorcer a
Palavra de Deus e tirar os versículos de seus contextos!!!

Ora, qualquer pessoa no mínimo letrada entenderá que Isabel se referia, nesta
passagem, ao Messias (a Jesus Cristo) que iria nascer e não a Deus Pai. Jesus é o
Cristo (Mt 16.16, 20; Lc 2.11, 26, 4.41; Jo 4.25, 42), o Salvador (Lc 1.47, 2.11;
Jo 4.42; At 5.31; Fp 3.20; 2Tm 1.10; Tt 1.4; 2Pe 1.11, 2.20, 3.18; 1Jo 4.14), o
Senhor (Lc 2.11; Fp 3.20; 2Pe 1.11, 2.20, 3.18), o Ungido (At 4.26-27) pelo qual
os judeus tanto ansiavam. Eles não esperavam por Deus Pai (YHWH), mas pelo
Messias.

385
Temos o exemplo de Davi, que, referindo-se ao Messias (Jesus Cristo),
disse: “disse o Senhor [Deus Pai] ao meu Senhor (Deus Filho – Jesus Cristo):
Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo
dos teus pés” (Salmos 110.1 – ênfase minha). Aqui vemos que tanto o Deus Pai
quanto Jesus Cristo é chamado de ‘Senhor’.

Concluímos que obviamente Isabel se referia a Jesus, o Filho de Deus, de quem


Maria era a mãe (humanamente falando). Maria não é “mãe de Deus”, nem
tampouco “mãe da humanidade”.

A fim de tentar “justificar” suas pretensões de que Maria seja a “mãe da


humanidade”, a Igreja Católica Romana “apoia-se” na passagem bíblica onde
Jesus Cristo, na cruz, pede ao apóstolo amado (João) para cuidar de Maria.
Porém, note que Jesus, como sempre fez, teve o cuidado minucioso de se dirigir a
Maria como “mulher” e não como “mãe”, no intuito de que Maria não fosse
enaltecida em nenhum nível ou aspecto: “Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o
discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o
teu filho” (João 19.26-27a – Grifo meu). Entretanto, a seita Católica Romana diz
que Maria se tornou, em virtude desta passagem bíblica, a “mãe de todos nós”.
Heresia pura! Além do mais, atente-se para o fato de que Jesus, ali no Calvário,
não disse a Maria que cuidasse de João, mas a João que cuidasse de Maria. Basta
ler o final do versículo 27: “E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua
casa”.

Agora, note algo interessante. Jesus deixou Maria aos cuidados de João apóstolo
e não de Seus irmãos de sangue. Por que? No contexto de João 7.3-8,
compreendemos isso com facilidade: “Porque nem mesmo seus irmãos criam
nele” (João 7.5), ao contrário dos Seus discípulos e apóstolos – irmãos
espirituais! E esse ocorrido deve-se ao cumprimento de uma profecia que
dizia: “Tenho-me tornado um estranho para com meus irmãos, e um
desconhecido para com os filhos de minha mãe” (Salmos 69.8).

Então eu pergunto: Desde quando João representou “toda a humanidade”? Por


que não há um só relato neotestamentário de alguém chamando Maria de mãe ou
lhe fazendo alguma petição, solicitando sua “intercessão” ou “mediação”?

Se há uma mulher que poderia receber o título de “mãe da humanidade”, esta


mulher é EVA, a primeira mulher criada, da qual todos nós somos descendentes e
da qual todos nós (inclusive Maria) herdamos o pecado: “E chamou Adão o
nome de sua mulher Eva; porquanto era a mãe de todos os viventes”. (Gênesis
3.20 – Grifo meu). Nem por isso chamamos Eva de “Santa Eva”, nossa “mãe do
céu”, nem lhe dirigimos petições!

386
Em 1 Pedro 3.1-6, Sara, mulher de Abraão, é citada como exemplo a ser seguido
pelas mulheres cristãs. Por que Pedro não citou Maria? Além do mais, neste
mesmo contexto, as mulheres cristãs são chamadas "filhas de Sara”. Por que não
são chamadas filhas de Maria?

Maria não é nossa “mãe no céu” e nunca foi “rainha”, pois nunca teve um
reinado. Pelo contrário. Ela mesma se identificou como uma humilde serva do
Senhor, como podemos comprovar nas Escrituras. A única “divindade” que a
Bíblia identifica com o título de “Rainha dos Céus” é um abominável ídolo
pagão (um demônio) que provocou a ira de Deus contra o Seu povo: “Os filhos
apanham a lenha, e os pais acendem o fogo, e as mulheres preparam a massa,
para fazerem bolos à rainha dos céus, e oferecem libações a outros
deuses, para me provocarem à ira” (Jeremias 7.18 – Grifo meu). Aliás, este
demônio, chamado “Rainha dos Céus“, é quem tem aparecido pelo mundo nas
chamadas "aparições marianas". (Confira também: Jr 44.17; Sl 21.13; 47:9; 57:5;
Fp 2.9-10; Ap 5.12, etc.).

Maria teve várias virtudes (o que é inegável), mas isso não faz dela uma “rainha”
(Jr 7.18; 1Co 8.5-6; 1Tm 6.14-15), nem “medianeira” (Jo 14.6; 1Tm 2.5), nem
“advogada” (1Jo 2.1), muito menos “co-redentora” (Jo 6.37; 1Tm 2.6), e nem dá
a ela outros títulos inventados por Roma (pois esses atributos são exclusivos de
Jesus Cristo, conforme se vê pelos versículos bíblicos supracitados).

Maria é nossa abençoada irmã em Cristo, tendo sido apenas um vaso nas mãos de
Deus para trazer ao mundo o Filho Unigênito do Senhor (este foi o seu
ministério). Maria apenas teve seu ventre usado para que Jesus viesse ao mundo
como Homem, para sofrer como Homem, cumprir a lei e pagar o preço pelos
pecados dos eleitos de Deus. Tanto isso é verdade, que o Novo Testamento nada
fala sobre ela, senão no capítulo 1 de Atos. Se você nunca reparou, a última
menção de Maria nas páginas do Novo Testamento é no primeiro capítulo de
Atos. E antes que você fale de Apocalipse 12, a “mulher” ali é figurativa de
Israel, de quem veio o Salvador do mundo.

Maria não é “nossa mãe”, nem "mãe da humanidade"! O que se dirá "mãe de
Deus”!!!

2 – DOGMA DA “IMACULADA CONCEIÇÃO”


A Igreja Católica Romana vai ainda mais longe ao ensinar o absurdo de que
Maria foi “concebida sem pecado”, visto que somente assim poderia ter gerado
Jesus Cristo, sem pecado. Ora, a Bíblia nos ensina que a concepção do corpo

387
humano de Jesus Cristo deu-se por obra EXCLUSIVA do Espírito Santo (Mt
1.18-20). Maria não gerou a divindade de Cristo, pois Ele é Deus e, portanto, não
tem pecado!

Na bula dogmática Ineffabilis Deus, foi feita a definição (invenção) oficial do


dogma da “Imaculada Conceição de Maria”. Em 8 de dezembro de 1854, disse
Pio IX: “(...) que a doutrina que defende que a beatíssima Virgem Maria foi
preservada de toda a mancha do pecado original desde o primeiro instante da
sua concepção, por singular graça de privilégio de Deus onipotente e em
atenção aos merecimentos de Jesus Cristo salvador do gênero humano, foi
revelada por Deus e que, por isso deve ser admitida com fé firme e constante
por todos os fiéis”.

Ora, seguindo este raciocínio estapafúrdio, a conclusão seria a seguinte: Se para


Jesus ser imaculado fosse necessário que sua mãe também o houvesse sido,
logicamente entende-se que as mesmas razões existem para que tivessem sido
imaculadas a mãe de Maria e sua avó, e assim sucessivamente, até chegar a Eva,
que, por sua vez, não era imaculada. Esta é simplesmente a conseqüência teórica
que, ainda que resista ao bom sentido e à coerência (e resiste), temos que admitir
se aceitarmos como válidas as suposições apologéticas dos concepcionistas
marianos. É a conclusão resultante de uma premissa completamente sem
sensatez.

A única forma de Maria ter sido gerada sem pecado seria mediante a intervenção
direta do Espírito Santo no ventre de sua mãe, tal como aconteceu com Jesus. E
essa exceção teria registro prioritário na Bíblia.

Maria foi uma humilde serva do Senhor e, ao ser visitada pelo anjo Gabriel, não
hesitou em se humilhar diante do SENHOR, dizendo: “...eis aqui a serva do
Senhor...” (Lucas 1.38). Sendo uma pecadora como qualquer outro ser humano
(Rm 3.23, 5.12), Maria tem tido seu nome, ministério e papel bíblico distorcidos
pela seita Católica. A própria Maria sabia de seu estado de pecadora e que
necessitava de um Salvador: “E o meu espírito se alegra em Deus meu
Salvador” (Lucas 1.47). Ela não é Deus (não é divina), mas foi uma criatura
humana, descendente de Adão e Eva e, conseqüentemente, pecadora: “Porque
todos [inclusive Maria] pecaram e destituídos estão da glória de
Deus” (Romanos 3.23). “Portanto, como por um homem entrou o pecado no
mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos [inclusive
Maria] os homens por isso que todos pecaram” (Romanos 5.12 – Ênfases
minhas).

388
Maria se deleitou em demonstrar sua indignidade como mero ser-humano
contaminado pelo pecado, dizendo: “Porque atentou na baixeza de sua
serva...” (Lucas 1.48). Ela foi agraciada em dar à luz a Jesus Cristo (Graça =
favor NÃO merecido): “Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas,
porque achaste graça diante de Deus.” (Lucas 1.30 – Grifos meus). Um favor
imerecido é algo que alguém recebe sem merecer; sem ter feito nada para que
ocorra.

Uma coisa interessante é que até hoje as judias têm a esperança de serem
escolhidas para ser a mãe do “Messias”, tendo em vista que os judeus não
reconheceram o Messias na Sua primeira vinda. Cristo “veio para o que era seu,
e os seus não o receberam.” (João 1.11). Os judeus não creem na primeira vinda
de Cristo – eles desprezam a Cristo porque não creem que era Ele quem veio da
primeira vez.

MARIA NÃO É SUPERIORA A NINGUÉM


É imprescindível ressaltar que não há menção da genealogia de Maria nas
Escrituras. Ela era mãe humana de Jesus Cristo e não era alguém “sem pecado”
ou superior às outras mulheres. As profecias que diziam que Jesus seria
descendente do Rei Davi se cumprem na genealogia de José, não de Maria. O pai
de José era “Jacó” e “Heli” (Mt 1.16, 20; Lc 1.27; Lc 3.23). Sendo assim, José
era filho de Davi. Quanto a Maria, nada se sabe sobre sua genealogia porque a
Bíblia não se importa com isso.

Maria é a mulher menos citada na Bíblia. As Escrituras Sagradas têm pouco a


dizer sobre Maria. São, na verdade, extremamente lacônicas ao falar de sua vida.
Não tem ela lugar de proeminência nos evangelhos. Como disse uma autora
católica: “Parece até ausente do ministério de Jesus, seu filho”. Dois dos
evangelistas até deixam de colocá-la no início do relato (Marcos e João), pois, na
história da infância de Jesus, nos chamados “Evangelhos da Infância”, ela é
somente relatada em Mateus e Lucas.

Suas últimas palavras registradas nos evangelhos judaicos foram as do casamento


em Caná da Galiléia (João 2.3). Fora esse episódio, quantas anotações temos do
que ela falou? Em Mateus e em Marcos nada foi registrado. Em Lucas, (1) na
cena da anunciação (1.34,38), (2) no Magnificat (1.46-55) e (3) em 2.48 quando
Jesus já está com doze anos e fora levado para se tornar um "Bar Mitzvá".

As Escrituras não se importam em mencionar a genealogia de Maria, nem se


encarregam em mencioná-la depois de Atos 1, o primeiro livro do Novo

389
Testamento. A última vez que Maria é mencionada na Bíblia é em Atos 1.13-15,
onde também menciona os irmãos de Jesus juntos a cento e vinte pessoas:

“Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as


mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus irmãos”. Depois disso, Maria nunca
mais é mencionada. Eu realmente não entendo a razão dessa insistência das
pessoas em buscar socorro em Maria, já que ela não aparece nem mesmo na
doutrina dos apóstolos para a Igreja, ou seja, nas epístolas. Ou seja, se ela nem
mesmo está nas epístolas, ela não tem valor doutrinário algum. E mais uma vez é
necessário que se diga: a “mulher” de Apocalipse 12 é figurativa de Israel, de
quem veio o Salvador do mundo. Então eu pergunto ao leitor: Se Maria é “rainha
do céu”, “senhora de alguém”, “mãe dos cristãos” ou, ainda pior, “mãe de Deus”,
por que ela só é mencionada (pouquíssimas vezes) nos evangelhos judaicos onde
se narra o ministério de Jesus na terra?

As profecias que dizem que Cristo seria da linhagem de Davi são essas: 2Sm
7.12-16; 1Cr 17.11-14; Is 11.1, 10; Mt 1.1, 9.27, 15.22, 21.9; At 13.22-23; Rm
1.3, 15.12; 2Tm 2.8; Ap 5.5, 22.16, etc. OBSERVAÇÃO: Ler apêndice no final
deste artigo a respeito da genealogia de José.

Através de Seu pai adotivo, José, descendente de Davi, Jesus tinha o direito
legal ao trono de Davi. Quanto a Maria, Jesus teria direito a quê? A qual trono
milenial? Nenhum, obviamente. Cristo reinará por mil anos no trono de Davi
porque é descendente de Davi por parte de seu pai, José.

Por que estou dizendo essas coisas? Para mostrar a vocês que é muito mais fácil
inferiorizar Maria do que superiorizá-la. Simples assim!

Muitos exaltam Maria pelo fato dela ter sido chamada “bem-aventurada”. Sim,
Maria disse que seria chamada “bem-aventurada” (Lc 1.48). Porém, o termo
“bem-aventurado”, usado em várias outras ocasiões por Jesus ao se dirigir a
outras pessoas na Bíblia, significa simplesmente “Feliz”. Ser “bem-aventurado”
não é privilégio apenas de Maria. Comecemos com um exemplo no Velho
Testamento, onde uma mulher é chamada igualmente “bem-aventurada”. Trata-se
de Lia, esposa de Jacó: “Então disse Lia: Para minha ventura; porque as filhas
me terão por bem-aventurada” (Gênesis 30.13). E o que dizer do Sermão do
Monte? Maria foi bem-aventurada assim como são aqueles tantos mencionados
pelo Senhor Jesus Cristo em Mateus 5. Há uma passagem onde uma mulher tenta
exaltar Maria equivocadamente, querendo dizer a Jesus que sua mãe era mais
bem-aventurada do que os demais seguidores dEle. Jesus a replicou
imediatamente: “... Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a
guardam.” (Lucas 11.28).

390
Outro fato que prova que Maria era tão pecadora quanto todo ser-humano é que
quando se cumpriram os dias da sua purificação, segundo a Lei (Lv 12.2-3; Lc
2.22), Maria e José foram consagrar Jesus Cristo no templo, como era feito com
todo macho “primogênito” dos casais (Lc 2.23) e, naquele mesmo momento,
Maria levou consigo a oferta “pelo pecado” ao altar, conforme a Lei (cf. Lv 2.6,
8): “E para darem a oferta segundo o disposto na lei do Senhor: Um par de
rolas ou dois pombinhos” (Lucas 2.24). Assim como todos os judeus, a fim de
deixar de ser considerada imunda, Maria cumpriu o mandamento em questão,
conforme constava na Lei de Moisés.

Embora exponhamos as verdades mais simples das Escrituras, como podemos


ver acima, os católicos continuam com a mente cauterizada e ainda consideram
Maria “divina” (especial, digna de adoração, alguém que não cometeu pecados
durante sua vida, etc.) em virtude dos “ensinos papais”. Não há resquício de
temor diante de Deus. Acerca destes, é necessário que se lembre: “O temor do
Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a
instrução” (Provérbios 1.7).

A criação desse ídolo chamado “Mãe de Deus” e a adoração do mesmo é


LOUCURA. Essas pessoas são loucas! Sim, loucas! Esses fieis à “Mãe de Deus”
cometem o grave pecado da idolatria. Deus nos ordena explicitamente que não
adoremos nenhum ser-humano ou imagem que o represente (At 10.25-26, 14.14-
18). “E Jesus, respondendo, disse-lhe: Vai-te para trás de mim, Satanás;
porque está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás” (Lucas
4.8).

3 – DOGMA DA “PERPÉTUA VIRGINDADE”


A seita Católica Romana ensina aos seus fiéis que Maria não teve relações
sexuais com José, seu marido, e que ela não teve outros filhos, permanecendo
virgem, mesmo após Jesus ter nascido (“virgem antes, durante e depois do
parto”), o que contraria várias passagens bíblicas que mostram o contrário. Para
tal afirmação, essa religião se baseia na passagem bíblica que diz: “Portanto o
mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um
filho, e chamará o seu nome Emanuel” (Isaías 7.14 – Grifo meu).

Oras, Jesus foi concebido (como vemos na Bíblia) por obra do Espírito Santo e
Maria ERA sim virgem ATÉ o nascimento dEle. Isto ocorreu para que se
cumprisse a profecia de Isaías. Na Bíblia lemos o seguinte: “E José, despertando
do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher;

391
e não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe por
nome Jesus” (Mateus 1.24-25 – Grifo meu). Esta passagem é cristalina ao
mostrar que José não “conheceu” (não teve relações sexuais com) Maria ATÉ
que ela desse à luz seu filho “primogênito” (primogênito = primeiro filho). Se
Jesus não tivesse sido o primeiro filho de Maria, a palavra deveria ser “único” e
não “primogênito”!

O verbo “CONHECER”, na Bíblia, quando se refere a um casal, tem a conotação


de “manter relação sexual” e não apenas “saber quem é uma pessoa”.

Maria já conhecia José (no sentido de “saber quem ele era”, assim como já
conhecia outros homens, evidentemente, por “saber quem eles eram”), pois os
mesmos já se encontravam comprometidos, como lemos na passagem que diz
que o anjo Gabriel apareceu: “A uma virgem desposada com um homem, cujo
nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria” (Lucas 1.27 –
Grifo meu). Maria ficou surpresa, pois não havia tido, até então, nenhuma relação
sexual. Por ser virgem (e, portanto, não teria como ter um filho), ela perguntou
ao anjo: “Como se fará isto, visto que NÃO CONHEÇO homem
algum?” (Lucas 1.34 – Grifo meu).

Vejamos alguns outros exemplos:

“E CONHECEU Adão a Eva, sua mulher, e ela CONCEBEU e deu à luz a


Caim, e disse: Alcancei do Senhor um homem” (Gênesis 4.1)

“E levantaram-se de madrugada, e adoraram perante o Senhor, e voltaram, e


chegaram à sua casa, em Ramá, e Elcana CONHECEU a Ana sua mulher, e o
Senhor se lembrou dela. E sucedeu que, passado algum tempo, Ana
CONCEBEU, e deu à luz um filho, ao qual chamou Samuel; porque, dizia ela,
o tenho pedido ao Senhor” (1 Samuel 1.19-20)

“Sendo, pois, o rei Davi já velho, e entrado em dias, cobriam-no de roupas,


porém não se aquecia... E era a moça sobremaneira formosa; e tinha cuidado
do rei, e o servia; porém o rei NÃO A CONHECEU” (1 Reis 1.1,4 – Grifo
meu).

Como podemos constatar, com exceção da passagem de 1 Reis 1.1,4 (visto que
Davi já era velho e, portanto, não teve relações sexuais com a moça), o verbo
“CONHECER” nesses textos bíblicos possuem o significado de RELAÇÃO
SEXUAL, visto que filhos foram concebidos logo após os cônjuges se
“conhecerem no sentido de ter relações sexuais”!

392
Tendo em vista que Jesus foi o Filho primogênito de Maria, isto significa que a
mesma teve outros filhos e, portanto, o falso dogma da “Perpétua Virgindade”
cai por terra.

As Escrituras confirmam este fato mostrando que Jesus teve quatro irmãos, os
quais foram filhos naturais/legítimos de José com Maria. Seus irmãos eram
Tiago, José, Simão e Judas. Ele também teve algumas irmãs (cf. Mt 12.46-50,
13.55-56; Mc 6.3; Lc 2.7; Jo 2.12, 7.3-10; At 1.14; 1Co 9.5; Gl 1.19). Porém, a
seita Católica Romana teve a coragem escandalosa de inventar que a palavra
“irmão” significa “primo”, contrariando todas as passagens bíblicas que falam
dos irmãos e irmãs de Jesus. Como consequência, isso também leva a distorcer o
significado da palavra “irmão” em qualquer outro contexto das Escrituras.

A palavra “irmão” é usada 346 vezes no Novo Testamento e não significa


“primo” em nenhuma delas. Se a palavra “irmão”, na Bíblia,
significasse “primo”, Jesus, em Lucas 8.19-21, estaria dizendo que Sua mãe e
seus “primos” são aqueles que ouvem a Palavra e a cumprem. Isto não faz
sentido, pois Ele disse claramente “irmãos”. Neste contexto, esta palavra foi
usada para designar a ‘irmandade espiritual’ e não à consanguínea! Entretanto,
todas as vezes que a palavra “irmão” é usada no Novo Testamento para designar
uma relação de família, com laços de parentesco consanguíneo, ela simplesmente
significa “irmão”! Quando as Escrituras querem afirmar algo contrário a isso,
elas certamente nos levam a esse entendimento, como foi no caso de Lucas 8.19-
21. Mas esse não é o caso de Mateus 12.46-50 e de todos os outros versículos
mencionados acima. A Bíblia contém NOVE referências aos irmãos
consanguíneos de Jesus, e mesmo assim a seita Católica Romana tem a coragem
de negar esse fato. Por que? Para tentar transformar Maria em uma mulher
virgem, o que ela não é.

Jesus Cristo é o Filho UNIGÊNITO DE DEUS (o Único Filho de Deus – João


3.16), mas é O PRIMOGÊNITO de Maria (o primeiro filho gerado em Maria –
Mateus 1.25). Maria não é “mãe de Deus”, mas “filha de Deus”! Ela não é “nossa
mãe”, mas é “irmã” daqueles que crêem em Jesus Cristo e também são, em
virtude disto e igualmente a ela, Filhos de Deus!!!

4 – DOGMA DA “ASSUNÇÃO DE MARIA”


Esta é mais uma heresia hedionda criada pela ICAR com o intuito de divinizar a
humilde serva do Senhor, levando o incauto povo católico a cometer o
abominável pecado da idolatria, até porque eles precisam “justificar” a adoração

393
e as orações direcionadas à Maria, como se ela fosse “medianeira”, o que,
também, é uma blasfêmia, haja vista que a Bíblia nos ensina que “há um só Deus
e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1 Timóteo
2.5).

Em minhas pesquisas na elaboração deste artigo eu busquei entender de onde


procedeu tal aberração doutrinária. E eu encontrei. Esta crença é uma derivação
do dogma da perpétua virgindade e da imaculada conceição de Maria. Tal
preceito marca um passo mais na tendência romanista à exaltação de Maria como
objeto de culto religioso. Antes de sua definição oficial, o Papa Pio XII havia
consultado todos os bispos católicos do mundo, na Carta Apostólica ‘Deiparae
Virginis’, em 1 de maio de 1946, sobre a conveniência e possibilidade de
declarar como dogma a crença na Assunção de Maria. A resposta do episcopado
foi favorável à ideia da proclamação. E, com efeito, no dia 1 de novembro de
1950, o Papa Pio XII, na Constituição Apostólica ‘Munificentissimus Deus’, fez
o seguinte pronunciamento: “Nós pronunciamos, declaramos e definimos que
é um dogma revelado por Deus, no qual a Imaculada Mãe de Deus, a sempre
Virgem Maria, foi levada aos céus em corpo e alma quando terminou o
curso de sua vida na terra".

É interessante notarmos que, apesar de muitos católicos pensarem que Maria foi
trasladada aos céus, sem ter morrido, o dogma da “Assunção de Maria” diz que
ela MORREU. Sim. É isso que está lá. Ora, se, como afirma a ICAR, Maria foi
“concebida sem pecado” (dogma da “Imaculada Conceição”), foi “assunta aos
céus” (dogma da “Assunção), mas morreu, como ocorre com qualquer
descendente de Adão e Eva (Rm 3.23), como eles fazem para conciliar estes dois
“dogmas” tão opostos entre si, visto que Romanos 5.12 nos ensina que a morte é
consequência do pecado?

O Único que entregou o Seu Espírito antes de morrer, venceu a morte e


ressuscitou foi JESUS CRISTO! A morte não teve poder sobre Ele, pois Ele foi o
Único que nasceu sem o pecado original e nunca pecou.

Perceba como a seita Católica Romana tenta “costurar” esta colcha de retalhos,
conforme consta nesta citação retirada de um site católico: “É verdade que na
Revelação a morte se apresenta como castigo do pecado. Todavia, o fato de a
Igreja proclamar Maria liberta do pecado original por singular privilégio
divino não induz a concluir que Ela recebeu também a imortalidade
corporal. A Mãe não é superior ao Filho, que assumiu a morte, dando-lhe
novo significado e transformando-a em instrumento de salvação”. (???) O
quê?

394
Para “justificar” as contradições desses dogmas, o falecido “papa” João Paulo II,
em audiência datada de 25/06/97, ensinou sobre o que ele chamou de “Dormição
de Maria” e assim se manifestou: “O Novo Testamento não dá nenhuma
informação sobre as circunstâncias da morte de Maria. Este silêncio induz
supor que se produziu normalmente, sem nenhum fato digno de menção. Se
não tivesse sido assim, como teria podido passar despercebida essa notícia
aos seus contemporâneos, sem que chegasse, de alguma maneira até nós? No
que diz respeito às causas da morte de Maria, não parecem fundadas as
opiniões que querem excluir as causas naturais. (...) Qualquer que tenha sido
o fato orgânico e biológico que, do ponto de vista físico, Lhe tenha produzido
a morte, pode-se dizer que o trânsito desta vida para a outra foi para Maria
um amadurecimento da graça na glória, de modo que nunca melhor que
nesse caso a morte pode conceber-se como uma ’dormição’” (Destaque meu).

As heresias católicas são tantas que eles atribuem a Maria o pronome “Lhe”, em
letra maiúscula, como lemos acima, tornando-a, em suas próprias mentes, divina,
o que é uma blasfêmia contra o Deus vivo, pois esta forma pronominal deve ser
usada apenas quando nos referimos ao Deus Triúno (o Pai, o Filho e o Espírito
Santo).

ESTÃO CRIANDO O QUINTO DOGMA MARIANO


Por incrível que pareça, não satisfeita em divinizar Maria e em atribuir a ela
tantos títulos e honrarias, com incrível ousadia a ICAR se prepara para inventar
mais um dogma. Este é ainda mais blasfemo que os anteriores.

Trata-se do dogma da “Co-redenção mariana”. Segundo a crença, que já está


em prática, embora não oficializada pelo papa, Maria é cooperadora na nossa
salvação e remissão de nossos pecados. HERESIA DAS HERESIAS! Esta falsa
“religião” ainda alega que Maria é a “Mãe de Todos os povos da Terra” e que
este “quinto dogma” irá fortalecer esta tese.

Acredite se quiser – Em um site católico, lê-se a seguinte citação herética com


relação ao título de “co-redentora”: “Desde muitos anos tenho a absoluta
convicção de que, sem este último título honorífico, não está perfeito o ‘canal
de Graças’ das graças necessárias para que se complete a nossa redenção”.

Essa é a BLASFÊMIA DAS BLASFÊMIAS! Jesus Cristo viveu neste mundo


sem pecado algum, cumpriu a Lei, sujeitou-Se à infame morte na cruz,
derramando Seu precioso sangue para nos redimir e, agora, uma organização que

395
se diz “cristã” vêm nos dizer que somente com a criação do dogma da “co-
redentora” é que se completará a nossa redenção??? Misericórdia!!!

De acordo com mais fontes católicas, a “justificativa” para darem tal título a
Maria é a seguinte: “Porque, efetivamente, Maria sofreu toda a Paixão com
Jesus. Misteriosamente ela viveu cada dor em seu coração, com o mesmo
efeito terrificante que o Filho a sofreu no corpo e no espírito. Jamais, em
toda a história do homem, em milhares de crucificações ocorridas, se viu
uma Mãe que tivesse a fortaleza interior capaz de acompanhar seu filho, e
de suportar tudo sem um ai, sem um grito, num caminho tão doloroso como
foi o do Calvário de Jesus. Maria somente conseguiu isso porque ela é
indissoluvelmente ligada ao seu Filho Jesus, porque Ele efetivamente é
Carne da carne de Maria, e é Sangue do sangue de Maria; eis aí o que leva
ao Dogma da Co-redenção”.

Agora atente-se para algo muito incoerente. Se alguma pobre vítima católica ou
algum simplório protestante ousa questionar os ensinamentos desta seita,
mostrando que são antibíblicos, os líderes e fieis católicos agressivamente se
antecipam com ameaças heréticas, desmerecendo as Escrituras e até chegando a
CONFESSAR que a Bíblia NÃO ensina, nem legitima seus dogmas. Muitos
deles confessam, sem temor, que a tradição católica está acima das Escrituras. A
maioria deles faz isso há muito tempo. Mas a verdade é que, se eles fossem a
Igreja de Deus realmente, saberiam que a Igreja não é uma organização que
ensina, mas sim um povo que é ensinado pelas Escrituras. A Igreja não ensina
nada, mas é ensinada pela Palavra. Por que? Porque a Igreja é um povo, não uma
organização ou um templo de pedras e tijolos. Quanto a nós, a Igreja dos santos,
que não faz parte do sistema religioso institucional, teremos de lidar com os
distúrbios sem a ajuda dos protestantes, visto que o protestantismo nada mais é
do que uma denominação com ídolos diferentes.

Nós, a verdadeira Igreja de Cristo, que não fazemos parte de nenhuma


organização religiosa, nem católica nem evangélica, que congregamos somente
ao nome do Senhor (Mt 18.20), ficamos no fogo cruzado. E nós continuaremos
denunciando toda e qualquer doutrina de demônios como essa – a doutrina da
Co-redentora, a salvadora dos cristãos, junto a Cristo na cruz do Calvário.

Agora, tente imaginar se um de nós, que congrega somente ao nome do Senhor


(Mt 18.20), em nossos lares, fora de toda essa bagunça, repreende os abutres
dessa seita! Já imaginou? Nós, que não fazemos parte de organização religiosa
(pois assim o Senhor Jesus ensinou), ficamos no fogo cruzado, e eu explico por
que. Simplesmente porque católicos e protestantes não se convergem mais. Esse
barco já foi! Eles não se importam em andar de mãos dadas, em uma grande e

396
fraterna amizade, enquanto olham para nós com ares de piedade e arrogância,
dizendo em suas mentes: “Quem são estes que se separam de nós, como se
fossem melhores do que nós?”. Há de se admitir que a coisa mais difícil na
Cristandade hoje é ser Igreja ao invés de fazer parte de instituições criadas por
homens e seguir doutrinas de demônios.

Como se vê, as Escrituras não ensinam tais dogmas, pois são todos frutos das
mentes apóstatas dos líderes romanos!

Os absurdos do Catolicismo parecem não ter fim. Vejamos esta citação que foi
publicada na Revista Time: “Entre todas as mulheres que já viveram, a mãe
de Jesus Cristo é a mais celebrada, a mais venerada... Entre os católicos
romanos, a Madona, ou Nossa Senhora, é reconhecida não somente como a
Mãe de Deus, mas também, de acordo com muitos papas, a Rainha do
Universo, Rainha dos Céus, Trono de Sabedoria e até Esposa do Espírito
Santo” (Revista Time, "Serva ou Feminista?", 30/12/1991, pg. 62-66).

Isso é simplesmente ABOMINÁVEL.

Perceba que o raciocínio católico romano não é somente ilógico, herético e


antibíblico, como também é uma afronta à razão humana: Segundo a “lógica”
católica, pelo fato de Maria ter gerado o corpo humano do Filho de Deus, ela se
tornou a “mãe do próprio Deus” e, ao mesmo tempo, “esposa do Espírito Santo”!
Ou seja, ela é esposa de Um (o Espírito Santo), mãe de Outro (Jesus Cristo) e,
consequentemente, “mãe de Deus Pai”, que também é seu Criador. Alguém que
tenha um raciocínio lógico consegue entender algo tão repugnante? Será que
esses degenerados crêem também que José (pai adotivo de Jesus em Sua natureza
humana) se tornou, por causa disso, o “pai adotivo de Deus”?

É lamentável, mas não me surpreende que milhões de pessoas que acreditam


nesta falácia não podem sequer questioná-la, senão, serão excomungados,
amaldiçoados e condenados ao “fogo do inferno” pelo próprio papa (como se os
papas e padres tivessem poder para tal...). Sim, isso está no Catecismo do
Concílio de Trento da tradição católica. O Catecismo do Concílio de
Trento determina que “quem é contra a adoração de imagens e relíquias deve
ser AMALDIÇOADO pelo papa”. O Concílio de Trento é, segundo a tradição
católica, IRREVOGÁVEL. E agora? E se o um pobre católico menos ortodoxo
resolve não dignificar Maria? E se este mesmo incauto católico não tiver
conhecimento da Bíblia e for pressionado a fazer aquilo que Deus abomina?
Sinto muito em dizer, mas isso já acontece há séculos!

397
CONCLUSÃO:
É realmente lastimável que em pleno século XXI alguns iludidos fieis a seus –
assim chamados – “padres” ainda crêem que Maria é a “mãe de Deus”, com tanta
informação disponível em vários meios de comunicação, em especial a internet.
Todavia, quem disse que a Igreja seria aquilo que Deus ordenou? Sabemos que a
Igreja, assim como Israel, falharia em seu testemunho. Não obstante, estamos
aqui para chamar a atenção do remanescente fiel de Deus, pois Ele nos ordenou a
fazê-lo.

Dizer que Deus tem uma Mãe, e que esta mãe é Maria, e que Maria é co-
redentora ao lado de Cristo... e assim por diante... fere a lógica e o bom senso,
além de ser antibíblico e, portanto, uma heresia. É diabólico. É abominável. É
satânico! É coisa de catecismo católico, colocado ainda nas mentes das crianças,
pois estas ainda não têm discernimento e maturidade. Elas nem mesmo sabem
ler. É uma lavagem cerebral indescritível.

A Palavra de Deus, por meio de Paulo, nos adverte sobre a crença em qualquer
doutrina que esteja fora das Escrituras Sagradas: “Maravilho-me de que tão
depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro
evangelho; o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem
transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do
céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja
AMALDIÇOADO. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo
digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja
MALDITO” (Gálatas 1.6-9 – Ênfase minha).

Uma criatura não pode ser “mãe” do Deus Eterno. Como vimos, Maria não é
divina, nem eterna. Nem tampouco onisciente, onipresente, muito menos
onipotente. Esses atributos são exclusivos do Deus Triúno. Não há um
“Santíssimo Quarteto” no céu! Há uma santíssima Trindade lá!

Vê-se, com certa freqüência, alguns adesivos em carros de católicos com uma
herética frase, que diz: “Peça à Mãe que o Filho atende”. Os católicos pensam
que Jesus Cristo é um “deus irado” que precisa que “sua mãe” interceda junto a
“ele” pelos fiéis aqui da Terra, a fim de que eles obtenham o que fora requerido
em suas petições. Enquanto isso, Jesus Cristo nos diz: “... tudo quanto em meu
nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda” (João 15.16). “Até agora nada
pedistes em meu nome; pedi, e recebereis, para que o vosso gozo se
cumpra” (João 16.24).

398
O fato é que devemos fazer nossas petições diretamente ao Pai, em nome do
Filho, e o Pai pode atender, se for da Sua vontade: “E esta é a confiança que
temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos
ouve” (1 João 5.14). “Ora, nós sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas,
se alguém é temente a Deus, e faz a sua vontade, a esse ouve” (João 9.31 – cf.
Mt 6.10, 26.42; Lc 11.2, 22.42; Jo 9.31; At 21.14; Rm 1.10, 15.32; Ef 5.17; Fp
2.13; Hb 13.21; Tg 1.17; 1Pe 4.2; etc.].

Porém, mesmo assim, diariamente, milhões de pessoas oram a Maria, pedindo-


lhe graças (sendo que ela não é onisciente nem medianeira). Não devemos nos
esquecer de que a Bíblia alerta que pedidos (rezas) feitos às imagens e ídolos,
que são demônios (1Co 10.20), são possíveis de serem atendidos.

Todavia, precisamos entender que nem sempre o que dá certo é de Deus: “O meu
povo consulta a sua madeira, e a sua vara lhe responde, porque o espírito da
luxúria os engana, e prostituem-se, apartando-se da sujeição do seu
Deus” (Oséias 4.12).

Diante de tudo o que as Escrituras nos ensinam, nota-se que a “senhora” dos
católicos não é a Maria da Bíblia, a humilde “serva do Senhor”, a mãe de Jesus
Cristo, que foi salva pela fé nEle. Trata-se, na verdade, de um ídolo criado por
sua falsa “religião”, que usurpa títulos e atributos do único e verdadeiro Deus,
transferindo-os para uma criatura humana, levando o povo ao terrível e
abominável pecado da idolatria!

DEUS NÃO É PAI DE TODAS AS PESSOAS


No céu, só há um Pai, o Senhor, e não uma mãe ou “senhora”: “Um só Deus e
Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós” (Efésios 4.6 –
Paulo está falando com a igreja aqui. Por isso o termo “Pai de todos”, visto que
Deus só é Pai daqueles os quais Ele salvou na eternidade). O próprio Jesus O
chama de Pai (Lc 22.42; Jo 5.17, 30; etc.).

O ensino católico da “Paternidade Universal de Deus” é mais uma doutrina pagã


e apóstata, pois a Bíblia nos mostra que Deus só é Pai dos salvos. Somente são
“filhos de Deus” aqueles que nasceram de novo (Jo 3.3,5), pela graça, mediante a
fé em Jesus Cristo (Jo 1.12-13; Mt 5.9,44,45; Lc 6.35; Jo 12.36; Rm 8.14-16;
9.26; Gl 3.26; 4.5,7; Ef 1.5; 2.3; 5.1,8; 1Jo 3.1,10). Os demais seres humanos são
meras criaturas e não filhos. Portanto, além de não terem uma “mãe” no céu,
muito menos têm um “pai”!

399
O que acontece é o seguinte: Para a igreja católica, a "tradição" é superior à
Palavra de Deus. Quando há algum conflito de entendimento entre a Bíblia e a
tradição da igreja, a tradição da seita deve prevalecer!!! Os fariseus da época de
Jesus também agiam assim. Suas premissas eram baseadas em ordenanças que
nunca passaram de fábulas criadas pelo sistema chamado Tradição dos
Antigos (cf. Mt 15.3), também conhecido como Torah. Assim, toda vez que Jesus
se encontrava com os fariseus havia conflito. Jesus não se baseava na Torah, mas
nos mandamentos de Deus. Pois bem, agindo da mesma forma que os fariseus da
época de Cristo, fica fácil para a ICAR enganar seus simplórios fiéis, não é
mesmo? Ou seja, o que esses homens hereges, falíveis, apóstatas e pecadores
disserem vale mais do que o que Deus disse em Sua Palavra eterna, inerrante e
infalível. Para comprovar o que digo, basta ler as bulas papais e as decisões dos
"concílios" da ICAR.

Deus não tem “mãe”, muito menos “pai”. Porém, apesar da ICAR ensinar que
“Deus tem mãe”, outra seita tão perigosa quanto ela, a dos mórmons
(Mormonismo) ensina que “Deus tem pai” (que seria o “avô de Jesus”) e que
este, por sua vez, possui outro pai, e, assim, sucessivamente, o que é um
verdadeiro “sarapatel teológico”!

Como se vê, a fé sem fundamento é fanatismo (fé cega)! Aliás, não há “fé” que
justifique tanta afronta à Palavra de Deus! Por isso, a Bíblia deve ser a única
regra de fé e prática de todo aquele que se diz cristão. Caso contrário, a pessoa
estará sujeita a situações grotescas como essas que acabamos de ver. E no
protestantismo a coisa não é diferente. Vemos que a diferença está no tipo de
ídolo que adoram.

“À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque


não há luz neles” (Isaías 8.20). “Porque há um só Deus e um só Mediador
entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1 Timóteo 2.5).

_______________________________________________________

APÊNDICE – A GENEALOGIA DE JOSÉ


Não se sabe porquê em Mateus 1.16 Jacó aparece como o pai legítimo de José
enquanto em Lucas 3.23 vemos Heli como tal. Permita-me, por gentileza,
apresentar dois pareceres que, a meu ver, são mais bíblicos em favor da
genealogia de José em Lucas.

1 – O Levirato. A definição e origem do levirato na Bíblia remetem a uma antiga


prática encontrada no Antigo Testamento de se casar com a viúva do irmão
falecido para dar continuidade à sua linhagem. Essa prática tinha como principal
objetivo garantir a continuidade da linhagem familiar e proporcionar proteção às

400
viúvas. Esse termo tem sua origem no latim "levir", que significa "marido da
irmã". Segundo a passagem, caso um homem falecesse sem deixar filhos, seu
irmão deveria casar-se com a viúva e gerar um descendente. O primogênito desse
casamento seria considerado filho do irmão falecido, garantindo a continuidade
do nome e da herança familiar. Ou seja, quando Jacó morreu, Heli teria tomado
sua viúva como esposa. José seria filho de Jacó no sentido legal, e de Heli, no
sentido de pai de criação.

Exemplos bíblicos de prática sobre levirato na Bíblia são encontrados em


algumas passagens do Antigo Testamento. Um exemplo marcante está no livro
de Rute. Rute, uma moabita, era casada com um homem de Belém, que morreu
sem deixar filhos. Boaz, um parente próximo do falecido, assumiu o papel de
redentor e casou-se com Rute, cumprindo assim suas responsabilidades . Essa
união gerou Obede, avô do rei Davi.

Outro exemplo é encontrado em Gênesis 38, envolvendo Judá, seu filho Er e a


nora Tamar. Er morreu, e Onã, seu irmão, deveria se casar com Tamar para
cumprir esse "ritual". Porém, Onã se recusou a gerar descendência para seu
irmão falecido e, com o tempo, também acabou morrendo. Tamar, então,
enganou Judá, fazendo-se passar por prostituta, e concebeu gêmeos dele,
garantindo a linhagem. Essa prática não era obrigatória. Se o irmão não quisesse
cumprir com essa responsabilidade, um ritual descrito em Deuteronômio 25.7-
10 poderia liberá-lo do dever. No entanto, tal atitude poderia
acarretar desonra perante a comunidade:

“Porém, se o homem não quiser tomar sua cunhada, esta subirá à porta dos
anciãos, e dirá: Meu cunhado recusa suscitar a seu irmão nome em Israel; não
quer cumprir para comigo o dever de cunhado. Então os anciãos da sua cidade o
chamarão, e com ele falarão; e, se ele persistir, e disser: Não quero tomá-la;
então sua cunhada se chegará a ele na presença dos anciãos, e lhe descalçará o
sapato do pé, e lhe cuspirá no rosto, e protestará, e dirá: Assim se fará ao
homem que não edificar a casa de seu irmão; e o seu nome se chamará em
Israel: A casa do descalçado”.

2 – Um outro parecer é que Jacó e Heli podem ser dois nomes distintos para uma
mesma pessoa, visto que ambos procedem de Matã (Mt 1.15; Lc 3.24). Essa
também não é uma forma absurda de pensar. Temos no Antigo Testamento
vários exemplos dessa natureza, principalmente entre os reis de Judá. Na própria
genealogia de Jesus, Néri, ao invés de Jeconias, aparece como pai de Salatiel (Mt
1.12; Lc 3.27).

401
Concluindo: Considerando, pois, que ambas as genealogias são de José, então, ou
(1) José era filho de Jacó e de Heli, no sentido de fato para um e de direito para
outro, ou (2) Jacó e Heli eram a mesma pessoa com nomes diferentes.

Seja como for, a Bíblia diz que José era descendente de Davi e ponto. Diante de
questões paradoxais como essas, o verdadeiro crente não diz o que Deus não
revelou explicitamente. Em vez disso, ele reconhece a pequenez de sua mente e
diz: “Eu não sei”.

MARIA É MÃE DE DEUS?


SE NÃO, DE ONDE SURGIU A HERESIA?

Antes de começar, eu gostaria de salientar o quanto é absurdo ter que explicar


por que Deus não tem mãe. Não é uma coisa óbvia? Ele é o Criador do universo,
não? Ele não nasceu de ninguém nem foi criado, mas simplesmente é, desde os
tempos eternos. Todo ser humano começa a existir no momento da concepção. A
origem da vida inicia-se pela união de um óvulo da mãe com um espermatozoide
do pai. Isso é provado pela Bíblia, pela Ciência e até pelo senso comum.
Todavia, Jesus Cristo, por ser Deus, já existia ANTES do momento de Sua
concepção, pelo Espírito Santo, no ventre de Maria.

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele
estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele
nada do que foi feito se fez... E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e
vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de
verdade.” (João 1.1-3, 14).

Sim, Ele estava na eternidade com o Pai antes que Maria pudesse imaginar que
um dia existiria e que conceberia o filho de Deus por meio do Espírito Santo.
Sendo assim, como Maria poderia ser mãe de Deus por ter concebido Jesus, se
Jesus sempre existiu?

Até mesmo para mim isso é assustador! O meu Deus SEMPRE existiu. Ele é, e
ponto. Isso não bastaria para convencer as pessoas de que o Senhor não tem pai
nem mãe? É uma questão de apologética, obviamente. Não podemos entender
como um DEUS sempre foi... eternamente... sem dar explicações ao homem de
como isso funciona. E eu temo e tremo diante do meu Deus por causa disso!
402
Mas, infelizmente, a maioria dos religiosos – e aqui nós vamos enfatizar o
catolicismo – crê que Deus tem uma mãe porque Ele usou uma mulher para que
Seu filho pudesse vir ao mundo como homem-Deus.

A Bíblia nos diz que todas as coisas vieram a existir através de Jesus Cristo,
(inclusive os seres humanos e, aqui, Maria, a mãe de Jesus Cristo, está
incluída): “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na
terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados,
sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele”. (Colossenses 1.16).
“Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se
fez”. (João 1.3). “Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não
o conheceu”. (João 1.10).

Em conversas esporádicas com católicos, esse é o ponto das Escrituras mais


delicado de se tratar com eles: a posição de Maria no plano da redenção. Por que?
Porque colocar Maria como co-autora no plano da redenção é um pecado
hediondo e difícil de suportar. Trata-se de uma blasfêmia contra Deus, o único e
verdadeiro Salvador!

Ao longo da história, a Igreja Católica tem elaborado uma série de doutrinas


estranhas sobre a mãe de Jesus. Porém, quando examinamos as Escrituras,
percebemos que essas doutrinas não vêm da palavra de Deus.

O uso da expressão "Maria, mãe de Deus" foi oficialmente autorizado no


Concílio de Éfeso no século V. O concílio procurou resolver uma diferença entre
alguns bispos em referência à divindade e à humanidade de Jesus. A Bíblia
apresenta Jesus como Deus que se fez carne (Jo 1.1,14). Várias pessoas, em
especial aquelas que se dizem “pastores da igreja”, têm tentado separar esses dois
atributos de Jesus Cristo, às vezes sugerindo que sejam duas pessoas distintas –
uma espiritual e a outra carnal (???). Não contentes com as afirmações das
Escrituras, alguns homens procuram explicar detalhadamente coisas que Deus
não revelou (cf. Deuteronômio 12.32). O resultado, freqüentemente, é que um
extremo falso provoca uma reação igualmente errada, e novas falsas doutrinas
brotam.

O que aconteceu foi o seguinte: Alguns teólogos se reuniram em Éfeso, uma


cidade conhecida por sua exaltação de uma deidade feminina (cf. Atos 19.23-41).
Eles não se contentaram em estudar o que as Escrituras dizem sobre a
humanidade e a divindade de Jesus Cristo. Eles desprezaram a suficiência das
Escrituras. Assim, para defender o fato de que Jesus é Deus, eles argumentaram
da seguinte forma: “Emanuel realmente é Deus, e a santa Virgem é, portanto,
Mãe de Deus” (John A. Hardon, S.J., The Catholic Catechism, 135).

403
Superficialmente, a lógica parece válida, e, assim, foi oficializado o dogma de
"Theotokos" (Mãe de Deus), uma doutrina que não se encontra na Bíblia. E eu
costumo dizer que essa talvez seja a maior das heresias, pois coloca Maria na
posição de mandante de Deus. Ela manda e Ele obedece. Ou, ainda pior, ela
esteve na eternidade com Ele também.

Após tudo isso, como consequência, várias outras novas doutrinas sobre Maria
surgiram. Ao não acreditarem nas afirmações bíblicas de que Maria perdeu sua
virgindade com José logo após conceber Jesus (cf. Marcos 6.3), acrescentaram a
doutrina da virgindade perpétua dela. Aí já é demais!!! Tentando defender a
“pureza” de Maria (como se fosse pecado ter relações sexuais com o marido)
enquanto negavam a inocência e pureza de todas as crianças, inventaram a noção
da imaculada conceição, que se tornou dogma no século XIX.

Em 1950, Pio XII tomou mais um passo, segundo a vontade de milhões de


católicos, quando decretou como dogma da seita católica a crença da Assunção
de Maria ao céu. Opa! Será que já não foram longe demais? Agora, no início do
século XXI, o Vaticano está sendo bombardeado com petições para exaltar Maria
ainda mais. A ideia de Maria como co-redentora dos salvos já é uma doutrina
explícita na crença católica. Todavia, por enquanto, não foi decidido se Roma
ordenará que Maria seja vista oficialmente como co-redentora ao lado de Jesus.
O fato é que, na prática, isso já acontece. O povo católico a vê como co-
redentora. Simples assim.

Com tudo isso que temos visto na Cristandade, devemos aprender algumas lições
importantes: Não devemos negar nada que a Bíblia afirma sobre Maria, mas
também não devemos criar ou aceitar doutrinas humanas e demoníacas sobre a
mãe de Jesus. Quando refutamos doutrinas falsas, precisamos ter cuidado para
não inventar outras coisas igualmente erradas. Devemos sempre falar de acordo
com as Escrituras, sem nada acrescentar (1Pe 4.11; 1 Co 4.6; 2Jo 9).

404
A RAINHA DO CÉU

O termo "a rainha dos céus" aparece duas vezes na Bíblia, ambas no livro de
Jeremias. O primeiro incidente está em conexão com o que os israelitas estavam
fazendo de errado (errado é pouco; foi terrível), provocando a ira do Senhor.
Famílias inteiras estavam envolvidas em idolatria. As crianças buscavam a
madeira que os homens usavam para construir altares para adorar falsos deuses.
As mulheres estavam envolvidas em fazer a massa para os bolos e pães a serem
oferecidos à "Rainha do Céu" (Jeremias 7.18). O termo “Rainha do Céu” se
refere a Ishtar, uma deusa assíria e babilônica, também chamada de Astarote ou
Astarte por vários outros grupos. Achava-se que ela era a esposa do falso deus
Baal, também conhecido como Moloque. A motivação das mulheres em adorar
Astarote decorre da sua reputação como a deusa da fertilidade e, como ter filhos
era algo muito desejado pelas mulheres da época, a adoração desta "rainha do
céu" era excessiva entre as civilizações pagãs. Infelizmente, tornou-se popular
entre os israelitas também.

A segunda referência à rainha do céu é encontrada em Jeremias 44.17-25, onde


Jeremias está proclamando ao povo a palavra que havia recebido do SENHOR.
Ele lembra às pessoas de que a sua desobediência e idolatria causaram a ira do
Senhor e que Ele iria puni-los com calamidade. Jeremias os adverte que maiores
castigos viriam se não se arrependessem. Qual foi a resposta dos israelitas? Eles
respondem que não têm nenhuma intenção em abrir mão da sua adoração aos
ídolos, prometendo continuar a oferecer libações à rainha do céu, Astarote, e até
mesmo ir tão longe quanto dar-lhe o reconhecimento pela paz e prosperidade de
que uma vez desfrutaram. Porém, essa paz e prosperidade não haviam sido
recebidas da rainha dos céus, mas por causa da graça e misericórdia de Deus.

Não temos um documento histórico que deixe claro onde se originou a ideia
profana de que Astarote era uma consorte do Senhor, mas é fácil perceber como a
mistura do paganismo, que exalta uma deusa junto ao culto do verdadeiro Rei do
céu, o Senhor Jeová, pode levar à combinação de Deus e Astarote. E já que a
adoração de Astarote envolvia a sexualidade (fertilidade, procriação, templo da
prostituição), a relação resultante para a mente depravada seria naturalmente uma
relação de natureza sexual entre Deus e Astarote. Obviamente, a ideia da "rainha
do céu" ser a companheira ou amante do Rei dos céus é extremamente idólatra,
escandalosa e antibíblica.

405
Não há e nunca houve uma rainha do céu. Certamente há um Rei do Céu, o
Senhor dos Exércitos, o Senhor Yahweh. Ele é o único que reina e não
compartilha o Seu reinado, trono ou autoridade com ninguém. A Sua glória Ele
não dá a outrem. A ideia de que Maria, mãe de Jesus, é a rainha do céu não tem
nenhum amparo das Escrituras, mas decorre das proclamações de padres e papas
da Igreja Católica Romana. Enquanto Maria certamente era uma jovem escrava
de Deus, muito abençoada por ter sido escolhida para gerar o Salvador do
mundo, ela não era de forma alguma divina ou sem pecado, e nem deve ser
adorada, reverenciada, venerada ou receber orações. Todo verdadeiro cristão se
recusa a ser adorado. Maria se recusa a ser adorada. Pedro e os apóstolos se
recusaram a serem adorados (Atos 10.25-26; 14.13-14). Os santos anjos se
recusam a serem adorados (Apocalipse 19.10; 22:9). A antítese bíblica é sempre
a mesma: "Adore a Deus, e tão somente a Deus!". Oferecer adoração, reverência
ou veneração a outrem senão a Deus é nada menos do que idolatria. As próprias
palavras de Maria no seu "Magnificat" (Lucas 1.46-55) revelam que ela nunca
enxergou a si mesma como "imaculada" e merecedora de veneração, mas sim que
ela dependia da graça de Deus para a salvação: "e o meu espírito se alegrou em
Deus, meu Salvador”. Somente os pecadores precisam de um salvador, e Maria
reconheceu essa necessidade em si mesma. Ela reconheceu que era pecadora!
Veja o texto. Leia-o quantas vezes for preciso, orando para que o Espírito Santo
lhe revele isso.

Além do mais, Jesus repreendeu uma mulher que clamou: "Bem-aventurada


aquela que te concebeu, e os seios que te amamentaram!". (Lucas 11.27),
respondendo-lhe: "Antes, bem-aventurados são os que ouvem a palavra de
Deus e a guardam!". O que Jesus queria nos ensinar ao dizer essas palavras? A
resposta é que, ao fazer isso, Ele eliminou qualquer ideia de que Maria fosse a
única santa dentre os servos de Deus; Ele deteriorou qualquer tendência de
alguém elevar Maria a um status de veneração; Ele simplesmente apontou para o
fato de que Maria não era objeto de adoração. Ele com certeza poderia ter dito:
"Sim, bendita seja a Rainha do Céu!", mas não foi isso o que Ele fez. Ele estava
afirmando a mesma verdade que a Bíblia afirma – Não há uma rainha do céu, e
as únicas referências bíblicas à "rainha dos céus" estão relacionadas à deusa de
uma religião idólatra e falsa.

406
QUEM É A RAINHA DO CÉU?

Tudo começa com a distorção da pessoa de Maria, mãe de Jesus. Pegaram seu
nome e criaram uma deusa para adorar. Transformaram Maria em um ídolo; em
uma deusa. Seu nome? ‘Rainha do Céu’. Por que fizeram isso? Por que fizeram
de uma serva do Senhor uma deusa que intercede do céu e até mesmo salva
crentes? É extremamente bizarro, errado e antibíblico transformar esta humilde
serva de Deus na ‘rainha do céu’, como fez a seita Católica Romana. Trata-se de
algo inconcebível! É a idolatria das idolatrias. Não há nenhuma rainha no céu. Há
apenas um Rei! Apenas O único, verdadeiro e eterno Rei.

Criaram para si uma deusa e chamam-na de “rainha do céu”. Não. Não há uma
rainha no céu. Dizer que no céu há uma rainha é mais do que profanar o santo
nome do Senhor. Isso é criar um ídolo, e o culto a Maria é nada menos que uma
idolatria. Maria não é a rainha do céu. No céu não tem nenhuma rainha. O céu
é ocupado por um Rei que é uma Trindade. O céu não é um quarteto
sagrado; é uma Trindade.

A assim conhecida Igreja Católica Romana não inventou a ‘rainha do céu’. Ela
tomou emprestada do paganismo. Embora a “Nossa Senhora” tenha surgido de
vários matizes pagãos, iremos falar agora de um em específico. Abra sua Bíblia
em Jeremias 7 e leia com muita atenção o que é dito ali. A ideia de uma “rainha
do céu” (ou Nossa Senhora) não tem nenhuma correlação com o Cristianismo.
Não, não tem. Na realidade, trata-se de um conceito pagão que remonta ao
Antigo Testamento. E isto é muito, muito importante saber.

Jeremias foi chamado por Deus para ser um profeta, um homem para pregar e
fazer julgamento sobre o reino do sul, Judá e Jerusalém. No entanto, os povos
daquelas províncias eram extremamente pecaminosos (cf. Jeremias 7.8). Eles
confiavam em palavras enganosas. Eles estavam roubando, matando, cometendo
adultério, jurando falsamente, oferecendo sacrifícios a Baal, andando após outros
deuses, rejeitando totalmente o Deus verdadeiro.

O versículo 16 é um pronunciamento do julgamento de Deus sobre aquele


povo: “E tu, Jeremias, não interceda por este povo e não eleves em favor dele
um só lamento ou oração, e não insistas junto a mim porque não vou te dar
ouvidos quanto a isso!”. Versículo 17: “Não vês tu como essas pessoas agem
nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém?”.

407
Agora, observe o versículo 18: “Os filhos ajuntam a lenha, os pais acendem o
fogo e as mulheres preparam a massa para fazerem tortas à deusa que é
chamada de Rainha dos Céus; depois ainda fazem libações, ofertas de bebidas
derramadas, a outras falsas divindades; tudo isso para me ferir e provocar a
minha ira”. O quê? Oferecendo bolos à rainha dos céus???

A ‘rainha do céu’ era um deus falso. A rainha do céu era um ídolo pagão. E ela
era a rainha dos deuses. No versículos 19 lemos: “Contudo, será que é a minha
pessoa que eles estão ofendendo? questiona Yahweh”. Eles estavam realmente
trazendo a ira divina sobre as suas cabeças. No versículo 20 Deus diz o que fará
com os que adoram a rainha dos céus: “Por isso, assim assevera Yahweh, o
Eterno: ‘Eis que a minha ira ardente será derramada sobre este lugar, sobre
todas as pessoas, os animais, e as árvores do campo, como também sobre todo o
produto do solo; tal ira incendiará como fogo, e não poderá ser extinta!’”.

O povo simplesmente decidiu adorar a rainha do céu – um ídolo criado pelos


pagãos o qual se chamava rainha dos céus. Um falso deus. Na verdade, uma falsa
deusa. Essa criatura imaginária e demoníaca também era conhecida como
Astarote (no culto a Baal) e Astarte (na adoração de Moloque). Esta falsa deusa é
aquela adorada pelas feministas, a alta sacerdotisa da falsa religião, Semíramis ou
Ísis – Essa deusa do paganismo também era detentora de vários outros nomes e,
para piorar a situação, os judeus a estavam adorando.

No capítulo 44 de Jeremias temos a constatação de como eles eram tão


profundamente dedicados a ela. Trocaram o Rei do céu pela ‘rainha do céu’.
SIM. Eles fizeram isso e eu irei lhes mostrar. Eles haviam trocado o culto ao
Verdadeiro Deus pela adoração a esse ídolo – a rainha do céu. No versículo 11
começa o pronunciamento da sentença de Deus sobre eles: “Portanto assim diz o
Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: Eis que eu ponho o meu rosto contra vós
para mal, e para desarraigar a todo o Judá”.

Quando chegamos nos versículos 15 e 16, encontramos o seguinte: “Então


responderam a Jeremias todos os homens que sabiam que suas mulheres
queimavam incenso a deuses estranhos, e todas as mulheres que estavam
presentes em grande multidão, como também todo o povo que habitava na terra
do Egito, em Patros, dizendo: Quanto à palavra que nos anunciaste em nome
do Senhor, não obedeceremos a ti”.

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Quanto sacrilégio! Quanta profanação contra o santo nome do Senhor! Quanta
falta de temor a Deus! Quanto horror saiu dos lábios daqueles homens!!! Prestem
atenção em como eles reagiram diante do que haviam acabado de ouvir da boca
do SENHOR! Eles simplesmente disseram ao profeta do Senhor: ‘Nós não
vamos dar ouvidos a qualquer coisa que você disse!’. Em vez disso, no versículo
17, vemos que eles ainda acrescentaram levianamente: “Mas certamente
cumpriremos toda a palavra que saiu da nossa boca, queimando incenso à
rainha dos céus, e oferecendo-lhe libações, como nós e nossos pais, nossos reis
e nossos príncipes, temos feito, nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém; e
então tínhamos fartura de pão, e andávamos alegres, e não víamos mal
algum”.

Em outras palavras: ‘Nós vamos seguir nossos próprios pontos de vista. É assim
que nós cremos. Nós continuaremos a oferecer sacrifícios à rainha do céu, a
derramar libações a ela, e, não apenas como nós mesmos, mas como nossos
antepassados, os nossos reis e nossos príncipes fizeram!!!’.

Você já deve ter ouvido muito disso da boca de católicos romanos, não? Eles
dizem basicamente a mesma coisa: ‘Nós vamos continuar crendo e praticando
nossas próprias tradições, independente do que diz a Bíblia, isto é, o que diz o
próprio Senhor. Continuaremos a adorar, a fazer petições e a pedir intercessão a
rainha do céu!!!’.

Voltando a Jeremias 44, toda a nação seguia adorando a rainha do céu naquela
altura e a justificativa dos adoradores desse demônio está no final do versículo
17: “tínhamos fartura de pão, e andávamos alegres, e não víamos mal
algum”. Quanta ilusão e devaneio! Eles acreditavam que sua prosperidade no
passado não foi um resultado da misericórdia e bênção de Deus, mas um
resultado de sua adoração à rainha do céu.

Nos versos 18 e 19 vemos mais justificativas para tal pecado hediondo: “Mas
desde que cessamos de queimar incenso à rainha dos céus, e de lhe oferecer
libações, tivemos falta de tudo, e fomos consumidos pela espada e pela fome. E
quando nós queimávamos incenso à rainha dos céus, e lhe oferecíamos
libações, acaso lhe fizemos bolos, para a adorar, e oferecemos-lhe libações sem
nossos maridos?”.

Agora deixe-me esclarecer mais uma curiosidade: Essa criação e adoração de


uma deusa chamada rainha do céu se trata de um MOVIMENTO FEMINISTA,
embora seus maridos tenham participado muitas vezes. Estas mulheres queriam

409
uma rainha no céu. Por que? Porque a ideia de existir apenas um REI lhes faz
ranger os dentes. Elas querem uma mulher deusa lá. Elas querem uma mulher
intercedendo, salvando, curando, prosperando em suas vidas. Elas não querem o
Rei dos Reis. Elas desprezam e odeiam a Deus. Elas estavam cansadas de uma
sociedade patriarcal e queriam um culto matriarcal. E assim elas criaram uma
rainha do céu. E o pior – seus maridos seguiram juntos. FROUXOS! E eles o
faziam concluindo que tudo que era bom em sua história passada poderia ser
atribuído a ela e que tudo de ruim havia ocorrido porque eles tinham deixado o
culto à rainha do céu.

Essa é a origem da crença na rainha dos céus – a famigerada ‘Nossa


Senhora’. Mas, e quanto a Maria? Maria não é a rainha dos céus e nem existe
uma! Declarar a existência de uma rainha no céu é blasfemar contra o Deus vivo
e verdadeiro, o santo Rei do céu. Maria era uma serva de Deus – uma escrava
submissa. Nada mais que isso.

A VISÃO BIZARRA E ANTIBÍBLICA DO CATOLICISMO


SOBRE MARIA

A visão católica romana a respeito de Maria é totalmente pagã. Trata-se de uma


crença católica no seu mais alto nível de paganismo.

Segundo o Papa Bento XV em 1918, “Maria sofreu junto com Cristo e quase
morreu com ele, podendo muito bem ser dito que ela redimiu a raça humana
com Cristo”. Que blasfêmia!!!

O Papa Pio XI, em 1923, disse: “A Virgem das Dores compartilha a obra da
redenção com Jesus Cristo“.

O Papa Leão XIII disse em 1891: “Ninguém pode se aproximar de Cristo,


exceto através de sua mãe”.

O catecismo católico declara: “Minha salvação depende de mediação de


Maria em união com Cristo por causa de sua posição exaltada como
mediadora de toda a graça”.

Segundo o Vaticano II: “A intercessão de Maria continua a alcançar-nos o


dom da salvação eterna”.

410
Deixe-me lhe dizer algo sobre Maria: ela não é co-redentora. Ela não é
mediadora da graça. Ela nunca ouviu uma oração de ninguém. Maria nunca ouviu
ninguém orar a ela e nunca fez nada por ninguém em resposta às preces que se
fazem a ela. Ela não pode ouvir orações.

Maria é apenas mais uma dentre os inúmeros servos santos que estão na presença
de Deus. Os santos de Deus, ou seja, todos aqueles que morrem em Cristo e vão
para o céu, não ouvem orações; eles não respondem orações. Eles não ajudam as
pessoas. Eles não têm nada a ver com o que está acontecendo no presente século.
Eles não estão conscientes de nada do que acontece aqui. Eles não sabem o que
você está pensando ou “rezando”. Eles não podem ouvi-lo falar.

Mais uma vez, repito: Isso é uma invenção pagã abraçada pelo Catolicismo
Romano. É uma forma de idolatria e de alto nível de iniquidade colocar Maria
como outro membro da Trindade, que ouve e responde às nossas orações; que
intermedia e dispensa graça. Dizer que Maria é detentora de tais poderes é um
pecado grave demais para suportar! Nada poderia ser mais contrário às
Escrituras.

A propósito, Maria jamais apareceu a ninguém, nem nunca assistiu alguém em


qualquer coisa após sua morte.

Há de se saber também que esse culto à Maria é tão grande no catolicismo


romano, que o papa sofre uma enorme pressão para poder continuar a exercer seu
poder de infalibilidade papal e afirmar essa crença como dogma na seita católica.
Pois bem, embora esta crença seja tão arraigada ao catolicismo, ela nunca foi
estabelecida como dogma oficial da Igreja Católica. Ficou curioso? Confuso?

O fato é que há um grande movimento para que isso aconteça e, de acordo com
especialistas católicos, o dogma deve ter este texto: “Maria é co-redentora e
mediadora de toda a graça, como um defensor para o povo de Deus”.
Certamente é mais uma profanação hedionda contra o Deus das Escrituras.

O Papa recebe milhares de assinaturas (cerca de 200 mil) por mês para tornar este
dogma oficial. Pelo menos na época do papa João Paulo II, segundo minhas
pesquisas, era 200 mil assinaturas. A ideia é esta: Que de alguma forma,
misticamente, Maria tenha participado da morte de Cristo e, assim,
adquiriu a redenção; que Maria participa da obra da redenção alcançada
pelo seu Filho por ser a fonte da redenção para os pecadores.

411
A ideia é esta: Deus, o Pai, é um Salvador muito relutante e realmente não está
preocupado com você. Jesus é um pouco mais bonzinho e se preocupa com você,
mas Ele é uma espécie de Deus insensível também, relutante para salvar o
pecador ou atender a uma prece. É aí que entra o dogma católico sobre o papel de
Maria. O Deus Pai e Jesus Cristo não podem resistir à Sua mãe! Nesse caso, o
que você tem que fazer é solicitar a ajuda de Maria e ela, então, irá a Jesus e...
quem pode resistir à própria mãe?!?

Assim é a atuação de Maria segundo a tradição demoníaca do catolicismo. E os


fieis ainda dizem o seguinte: que as graças que fluem a partir do sofrimento de
Jesus, as graças da salvação e da santificação... as graças que fluem de Jesus são
concedidas somente se Maria interceder em favor deles. Deus diz “não” e Jesus
diz “não”, e, então, Maria vai até eles e diz: “Vão e façam o que eu mando. Eu
sou a intercessora deles”. Todas as orações, todas as petições dos fiéis na terra
devem fluir através de Maria que, em seguida, irá conduzi-las a Jesus (!!!).
BLASFÊMIA DAS BLASFÊMIAS!

Nada disso é verdade. Maria não é intercessora de ninguém. Desde que ela
morreu e foi para o céu, ela nunca mais ouviu ninguém orar. Nem ela, nem os
assim chamados ‘santos’ no catolicismo. A Bíblia diz em 1 Timóteo 2: 5: “há
um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem”.

O Catolicismo Romano é completamente idólatra, pois criou deuses falsos e um


sistema de adoração em torno desses falsos deuses, os quais destroem a pureza e
a singularidade do trabalho mediador de Jesus Cristo. Isso não é pouca coisa não;
é enorme. É heresia de perdição!

Durante o século XX, de quase todos os continentes, visionários relataram


que Maria fez aparições por mais de 400 vezes. Isso é mais do que nos três
séculos anteriores combinados. Ela apareceu 400 vezes durante um século.

Mas, o que é a verdade? A verdade é que ela nunca apareceu uma vez sequer, em
qualquer lugar, para qualquer um! Eu tenho lido algumas coisas absurdas, tais
como o fato de que ela apareceu em um tortilla. Após isso, construíram um
santuário no Texas e milhares, dezenas de milhares de pessoas passaram a
adorar a virgem da tortilla. Alguns de vocês podem rir, mas não é
brincadeira! Ocorreu no Texas. E as aparições nas nuvens? Você já deve ter
lido sobre isso.

412
Acredita-se que Maria é mediadora materna. Maria não é mediadora. Maria não
ouve orações. Maria nunca fez aparições. E dezenas de milhões de pessoas,
literalmente, inundam estes ‘santuários’ para adorarem o que é imaginado como
sendo alguma aparição da tal ‘Virgem’.

Em 1997 o papa João Paulo II disse: “Tendo criado o homem macho e fêmea,
o Senhor também quer colocar a nova Eva ao lado do novo Adão na
redenção”. Segundo esse credo, o novo Adão, é claro, é Cristo, e a nova Eva é
Maria.

E ele continua: “Maria, a nova Eva, assim, torna-se o ícone perfeito para a
Igreja. Podemos, portanto, rogar à Santíssima Virgem, confiantemente
implorando-lhe ajuda na conscientização do papel singular que lhe foi
confiado por Deus, o papel de colaboradora na redenção”. Isso é uma
blasfêmia!!! Ele atribuiu a Maria o papel de salvadora. Sim, de
SALVADORA!!!

Inclusive, este mesmo herege atribuiu a Maria o livramento de sua vida em 1981,
durante uma tentativa de assassinato que sofreu. Oras, Maria não pode salvar
nem livrar a vida de ninguém. Ela não está velando por ninguém. Maria é um
espírito no céu com todo o resto dos santos que estão lá, fazendo o que devem
fazer lá, e não tem nada a ver com o que estamos fazendo aqui.

A doutrina católica da virgindade perpétua de Maria, a doutrina da


Assunção de Maria (segundo a qual ela subiu ao céu sem passar pela morte),
a doutrina de Maria como co-redentora e co-mediadora, ou qualquer outra
doutrina existente ou que venha a existir no catolicismo, todas passaram ou
passarão a existir através de decreto papal. Tais doutrinas não passam pelo
crivo das Escrituras. Elas não têm nada a ver com a Bíblia. Elas não têm
respaldo nem fundamento bíblico. Não há resquício dessas doutrinas de
demônios nas Escrituras Sagradas.

Você quer saber como Maria via a si mesma? Ela não disse: “Eis aqui a rainha
dos céus”. Ela disse: “Eis aqui a escrava do Senhor.” Ela é nada mais do que uma
serva submissa. No versículo 47 de Lucas 1, ela diz: “Deus é meu Salvador”. Ela
precisava de um Salvador, como todo mundo. Ela não era nada, mas um servo.
Ela não era uma parte do resgate. Ela não era sem pecado, imaculada. Ela era
uma menina simples, humilde, a quem foi dado um privilégio. E como um servo,
ela respondeu e disse: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”.

413
Apesar de todos os riscos, ela estava disposta a se submeter a Deus. Que história!
Não há detalhes desnecessários. Que história! Versos breves, sem detalhes
desnecessários, simples, delicado, sério, profundo, velado, pois o véu sobre a
concepção milagrosa nunca realmente foi totalmente levantado. Não temos
nenhuma descrição de como isso aconteceu. Nós só sabemos que isso aconteceu
e isso aconteceu e não podemos tecer qualquer comentário, porque é indescritível
para a mente humana.

E Maria se rendeu e se submeteu. E a história termina com este fechamento


simples: “E o anjo ausentou-se dela.” Missão cumprida, Gabriel voltou para a
presença de Deus. O Homem-Deus ira nascer. O unigênito Filho de Deus, Jesus,
que salvaria o seu povo dos seus pecados, o Divino Redentor, a prole santa, o Rei
divino que reinaria sobre um reino espiritual que duraria para sempre.

Pare de adorar Maria! Ela não quer adoração. Ela ficaria chocada se pudesse ver
o que fizeram com sua pessoa. Ela ficaria profundamente triste se pudesse saber
o que está acontecendo em torno de sua história.

A história de Maria nos diz que Deus usa humanos como instrumentos que
estejam à disposição. Essa é a lição de Maria. Devemos vê-la como uma fiel,
submissa e jovem garota que se submeteu completamente à vontade de Deus.
Não se importando com os riscos, ela creu na palavra de Deus, no poder de Deus,
e ela se submetia à vontade de Deus. E Ele ainda está fazendo Sua obra, se não
tão milagrosamente visível, com certeza tem usado seu povo para operar milagres
espirituais. Ele usou Maria e continua usando outros de seus santos escolhidos.

Deus demonstra seu ódio pelos ídolos ao estabelecer milhares de mandamentos,


em toda a Escritura, proibindo a criação de ídolos e a adoração aos mesmos.
Mandamentos extremamente rígidos são encontrados, em toda a Bíblia,
concernentes à proibição de se criar em nossa mente um ídolo ou construí-lo com
nossas próprias mãos para adorá-lo. E seu ódio é tamanho pelos falsos deuses,
que o primeiro mandamento do decálogo é este:

“Não terás outros deuses além de mim. Não farás para ti nenhum ídolo, nem
alguma imagem de escultura que seja semelhante a algo no céu, na terra, ou
nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás” (Êxodo
20.3-5).

Existem milhares e milhares de versículos concernentes a isso, e Deus não poupa


palavras de maldição contra aqueles que praticam tal abominação – a idolatria.

414
Você precisa saber a verdade por detrás de uma das maiores heresias inventadas
pelos religiosos ao longo da história da cristandade. Estamos falando da idolatria
à Maria como sendo “Nossa Senhora”. E eu espero que este pequeno artigo tenha
sido suficiente para o começo de um estudo mais aprofundado sobre isso. Atente-
se ao conhecimento de Deus!

Sabe o que a Bíblia diz sobre a imagem dela e de outros ídolos? A Bíblia os
descreve da seguinte forma:

“Têm boca, mas não falam; olhos têm, mas não vêem. Têm ouvidos, mas não
ouvem; narizes têm, mas não cheiram. Têm mãos, mas não apalpam; pés têm,
mas não andam; nem som algum sai da sua garganta. A eles se tornem
semelhantes os que os fazem, assim como todos os que neles confiam” (Salmos
115.5-8).

“Nada sabem os que conduzem em procissão as suas imagens de escultura,


feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar” (Isaías 45.20b).

“Por que se amotinam os gentios, e os povos imaginam coisas vãs?


(...). Aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles. Então lhes
falará na sua ira, e no seu furor os turbará” (Salmos 2.1-5).

MARIA SEGUNDO A BÍBLIA:


Indagações e Respostas

INDAGAÇÃO: Maria é esposa do Espírito Santo e mãe de Deus.

RESPOSTA: Absolutamente não. Talvez essa seja a maior heresia do


Catolicismo Romano. Certamente Maria era filha de Deus Pai (pois nasceu de
novo) e mãe de Jesus, o Filho de Deus em sua humanidade. Mas isso não faz dela
esposa do Espírito Santo por ter concebido dele. A questão é: Desde quando
Jesus é Filho de Deus? Será que é desde que o Espírito Santo concebeu Jesus no
ventre de Maria? Dizer isso seria negar o Filho Eterno e que o Pai enviou o Filho
ao mundo quando o Pai já era Pai e o Filho já era Filho, ou seja, na eternidade.

415
Em João 16.28 Jesus diz: "Saí do Pai e vim ao mundo; outra vez, deixo o mundo
e vou para o Pai". Para que Jesus saísse do Pai era necessário que o Pai já fosse
Pai na eternidade e que o Filho já estivesse com o Pai eternamente. Em outra
passagem ele fala do amor que o Pai tinha por ele como Filho antes da fundação
do mundo, ou seja, na eternidade. “Pai, a minha vontade é que onde eu estou,
estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me
conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo”. (João 17.24 ARA).

Portanto, Jesus já era Deus Filho nos tempos eternos, antes mesmo de Maria
existir. Sendo assim, ela não deu à luz a Deus — pense no absurdo de alguém
dizer que foi um ser humano que gerou Deus! —, mas foi mãe da manifestação
do Filho de Deus em carne quando este veio ao mundo. Maria foi a mãe do ser
humano Jesus. O Filho de Deus não iniciou sua existência no ventre de uma
mulher; isso aconteceu apenas com o Homem Jesus. Deus sempre existiu, e dizer
que Maria é mãe de Deus é fazer de uma mulher mortal uma divindade superior
ao próprio Deus, o que é inconcebível. Fazer do Espírito Santo esposo de Maria é
tornar José adúltero por se casar com uma mulher cujo suposto marido, o Espírito
Santo, ainda estava vivo.

A passagem mais usada pelos católicos para afirmar que Maria é mãe de Deus é
esta: "E, naqueles dias, levantando-se Maria, foi apressada às montanhas, a uma
cidade de Judá, e entrou em casa de Zacarias, e saudou a Isabel. E aconteceu
que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre; e
Isabel foi cheia do Espírito Santo. E exclamou com grande voz, e disse: Bendita
és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre. E de onde me provém isto
a mim, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor? Pois eis que, ao chegar aos
meus ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria no meu
ventre. Bem-aventurada a que creu, pois hão de cumprir-se as coisas que da
parte do Senhor lhe foram ditas". (Lucas 1.39-45).

O fato de Isabel, que sentiu o bebê João Batista pular em seu ventre, ter chamado
o menino no ventre de Maria de "meu Senhor" não tem nada a ver com a absurda
teoria de considerar Maria mãe de Deus. Isabel não disse "mãe de meu Deus",
como tenta ensinar a doutrina católica mariana, da qual NENHUM apóstolo
jamais falou em suas cartas.

Se você nunca reparou, a última menção de Maria nas páginas do Novo


Testamento está em Atos 1.13-15, onde também menciona os irmãos de Jesus
juntos a cento e vinte pessoas: “Todos estes perseveravam unanimemente em
oração e súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus irmãos”.
Depois disso, Maria nunca mais é mencionada. Eu realmente não entendo a razão
dessa insistência das pessoas em buscar socorro em Maria, já que ela NUNCA

416
aparece na doutrina dos apóstolos para a Igreja, ou seja, nas epístolas. E antes
que você fale de Apocalipse 12, a “mulher” ali é figurativa de Israel, de quem
veio o Salvador do mundo. Foi isso que Jesus disse à mulher samaritana: "Vós
adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem
dos judeus." (João 4.22). Mas, voltando à nossa passagem, o que Isabel disse
foi "mãe de meu Senhor".

Ao ser "cheia do Espírito Santo", Isabel passou a falar coisas que ela não poderia
saber naturalmente – coisas que apenas o Espírito de Deus poderia ter revelado a
ela. E uma delas foi que Maria ocupava um lugar singular na criação e redenção
do homem. Era ela "a mulher", e não meramente "uma mulher", à qual o Senhor
se referiu em Gênesis 3.15 como sendo aquela cuja semente ou descendente
esmagaria a cabeça da serpente. Era também "a virgem", e não meramente "uma
virgem", que iria conceber sem a participação do homem, como foi profetizado
em Isaías 7.14.

Não se pode perder de vista que estamos diante de uma cena judaica e de Deus
tratando com judeus. O conceito de salvação que um judeu tinha era de salvação
nacional do povo de Israel para viver para sempre na terra da promessa. A
revelação ainda não tinha chegado ao ponto em que chegou com Cristo
(evangelhos judaicos) e mais ainda com o ministério do Espírito dado aos
apóstolos e profetas da Igreja (epístolas dos apóstolos).

INDAGAÇÃO: Maria, sendo mãe de Cristo, se torna nossa mãe, assim como se
tornou mãe de João no Calvário.

RESPOSTA: Heresia! Os que crêem em Deus não se tornam filhos de Cristo,


mas “filhos de Deus”. Muito embora Jesus seja Deus, existe uma diferença entre
as Pessoas da Trindade. Além disso, Maria não é esposa de Deus para nos
considerarmos filhos dela. Quanto ao que aconteceu no Calvário, além de Jesus
não a chamar de mãe, mas de “mulher” (ou “senhora”), não foi dito a Maria que
cuidasse de João, mas a João que cuidasse de Maria:

“Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava
presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo:
Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa” (João
19.26).

417
INDAGAÇÃO: Maria intercede por nós no céu.

RESPOSTA: Heresia das heresias! Maria pode até estar no céu, como qualquer
outro santo de Deus, pois somos tão santos quanto ela. O único Intercessor entre
Deus e os homens é Jesus Cristo. Portanto, se há apenas um Mediador – pois é
isso que Deus diz – não pode haver dois. A Bíblia afirma que há apenas um
Mediador e este é Jesus Cristo.

Quando abrimos a Bíblia, lemos: "Há um só Deus e um só Intercessor entre


Deus e os homens, Jesus Cristo, homem" (1 Timóteo 2.5).

Em 1 João 2.1-2 lemos: "Se, todavia, alguém pecar, temos um Advogado junto
ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e Ele é a propiciação pelos nossos pecados".
Quem é, portanto, o nosso Advogado? Maria? Não. Jesus Cristo. Quem é a nossa
propiciação? Maria? Não. Jesus Cristo. Vemos que não há nenhuma menção à
Maria como intercessora em nenhum lugar das Escrituras.

INDAGAÇÃO: Maria não teve outros filhos com José.

RESPOSTA: Errado. Em Marcos 6.3 Jesus e seus irmãos são mencionados


como tais em relação a Maria: “Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão
de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? E não estão aqui conosco suas
irmãs?”.

INDAGAÇÃO: José tinha 93 anos e Maria 12 na data da concepção de Jesus...


José era viúvo e tinha 6 filhos, quatro homens e duas mulheres... tudo isso antes
de Jesus. Maria tinha sido prometida a José, pois seus pais haviam morrido e ela
ainda morava no Templo.

RESPOSTA: Errado. Eu não sei de onde vocês, católicos, tiram essas ideias
mirabolantes, mas terei paciência para responder a mais essa indagação. Maria
morava em sua própria casa em Nazaré, enquanto o Templo ficava em Jerusalém,
a 150 quilômetros. Ela estava desposada com José quando o anjo lhe apareceu.
Quando se diz desposada, significa que ela estava noiva de José. No noivado,
José e Maria já moravam juntos, mas não havia toque algum. Somente após o
casamento José pôde “conhecer” a Maria (ter relações sexuais com ela).

“E não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe por
nome Jesus” (Mateus 1.25). O termo “conheceu” neste versículo significa que,
somente depois de 1 a 2 anos (tempo de noivado costumeiro da época), José teve
relações sexuais com Maria e teve outros filhos com ela.
418
“E, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galiléia,
chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem, cujo nome era José,
da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria” (Lucas 1.26).

INDAGAÇÃO: José morreu com 111 anos quando Jesus apenas tinha 12.

RESPOSTA: Mais um erro. Jesus tinha 12 anos quando José e Maria o levaram
ao Templo em Jerusalém.

"Todos os anos seus pais iam a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando ele
completou doze anos de idade, eles subiram à festa, conforme o costume.
Terminada a festa, voltando seus pais para casa, o menino Jesus ficou em
Jerusalém, sem que eles percebessem" (Lucas 2.41).

INDAGAÇÃO: Tiago era o filho preferido de Maria, pois era o mais novo.

RESPOSTA: Especulação. Não existe qualquer registro da idade de Maria ou de


José, nem de predileção por algum filho. Mesmo que existisse, se a tese de que
Jesus seria o único filho legítimo de Maria e que José seria viúvo com 6 filhos,
como Tiago poderia ser o mais novo? A teoria de Tiago sendo mais novo que
Jesus e, ao mesmo tempo, não sendo filho legítimo de Maria, implica que José
teria tido outra mulher depois do nascimento de Jesus. Oras, isso é chamar José
de adúltero, já que o casamento é uno e vitalício. O casamento é irrevogável, até
que a morte os separe. Não se casa duas vezes ou com duas mulheres.

INDAGAÇÃO: Maria já estava salva por mérito e merecimento pelo “sim” dado
a Deus e por sua falta de mácula.

RESPOSTA: Heresia das grandes! Dizer que Maria não tinha pecado é negar a
Palavra de Deus que diz que todos nós – repito – todos nós nascemos debaixo do
pecado. Senão, vejamos:

“Não há um justo, nem um sequer. Não há NINGUÉM que entenda; não


há NINGUÉM que busque a Deus. TODOS se extraviaram, e juntamente se
fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há NEM UM SÓ” (Romanos
3.10).

Ao tentar dignificar Maria, considerando-a isenta do pecado original (algo que só


Jesus foi, pois ele foi concebido pelo Espírito Santo), acabamos negando a

419
própria Palavra de Deus em sua totalidade. Seria preciso fazer um acréscimo no
versículo de Romanos 3.10 (algo do tipo “exceto Maria”) e também em 2
Coríntios 2.15: “Ele morreu por todos”... “exceto por Maria”. Ou seja, seria o
mesmo que dizer que Jesus não precisou morrer na cruz por Maria, pois Maria se
salvou por si mesma. Se isso não é o pior dos sacrilégios contra Deus, o que seria
então? Além disso, considerar que Maria fosse isenta do pecado original é o
mesmo que dizer que ela teria sido gerada pelo Espírito Santo. Veja bem – Seria
o mesmo que afirmar que temos dois salvadores: Maria e Jesus.

INDAGAÇÃO: Maria tinha um papel muito mais importante do que qualquer


apóstolo de Jesus na Igreja primitiva. Aliás, todo cristão na época chamava Maria
de mãe e Pedro de pai. Por isso o nome papa (papa=pai).

RESPOSTA: Mais uma heresia. Não há qualquer evidência disso no Novo


Testamento e a última vez que Maria aparece é no capítulo 1 de Atos, antes da
formação da Igreja, que se dá no capítulo 2. Ela nunca mais é mencionada, nem
em Atos, nem nas epístolas, as quais trazem a doutrina dos apóstolos para a
Igreja.

Quanto a Pedro ser chamado de pai pelos cristãos, para fazerem isso eles teriam
de desobedecer ao mandamento do próprio Senhor (como muitos hoje
desobedecem) que nos ordenou a não chamarmos a ninguém de Pai, pois um só é
o nosso Pai, o qual está nos céus:

“E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual


está nos céus” (Mateus 23.9).

Inclusive, a palavra “padre”, também usada para se referir aos clérigos da seita
católica, vem do latim, que significa “pai”. Então eu pergunto: Isso é ou não é
uma heresia que atinge um nível de iniquidade inefável?

INDAGAÇÃO: Não foi apenas Deus a dar o seu único filho para nos salvar, mas
também Maria.

RESPOSTA: Essa é uma das mais hediondas heresias da seita católica, pois
coloca Maria como co-autora da salvação. Na verdade, segundo a Bíblia, Maria
se colocou no lugar de serva do SENHOR, e não de senhora de Cristo ou de
qualquer cristão. Cristo é nosso único Senhor e Salvador, além de ser o único
Intercessor entre Deus e os homens. Só há um DEUS, e Ele não dará a Sua glória
a outrem:

420
“Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se
alegra em Deus meu Salvador; porque atentou na pequenez de sua serva; pois
eis que desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada: porque
me fez grandes coisas o Poderoso; e santo é o seu nome” (Lucas 1.46-49).

“Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus


Cristo homem. O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para
servir de testemunho a seu tempo” (1 Timóteo 2.5,6).

“Eu revelei, salvei e anunciei. Antes de mim nenhum deus se formou, nem haverá
algum depois de mim. Eu, eu mesmo, sou o Senhor, e além de mim não há
salvador algum” (Isaías 43.10-11).

“Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória pois a outrem não darei,
nem o meu louvor às imagens de escultura” (Isaías 42.8).

INDAGAÇÃO: Maria é muito mais do que a Bíblia mostra.

RESPOSTA: Toda pessoa que fala uma coisa dessas está falando de qualquer
coisa, menos da Palavra de Deus. Isso é ir além das Escrituras. É colocar palavras
na boca de Deus, as quais Ele nunca disse. Quando Paulo se despediu dos
anciãos de Éfeso, ele já previa que não apenas lobos cruéis (não cristãos)
entrariam no rebanho para exterminá-lo, mas também que homens (cristãos) se
levantariam dentro do rebanho para falar coisas distorcidas a fim de atraírem
discípulos após si. Qual o antídoto de Paulo contra esses perigos? Ele encomenda
os cristãos a Deus e à “PALAVRA DA SUA GRAÇA”, a mesma à qual os
católicos e similares não dão qualquer valor ao tecer elucubrações que só servem
para desviar os olhos daquele que é o único e suficiente Salvador, Jesus Cristo.

“Sei que, depois da minha partida, lobos ferozes penetrarão no meio de vocês e
não pouparão o rebanho. E dentre vocês mesmos se levantarão homens que
torcerão a verdade, a fim de atrair os discípulos. Por isso, vigiem! Lembrem-se
de que durante três anos jamais cessei de advertir a cada um de vocês disso,
noite e dia, com lágrimas. Agora, eu os entrego a Deus e à palavra da sua
graça, que pode edificá-los e dar-lhes herança entre todos os que são
santificados” (Atos 20.29-32).

A Palavra de Deus é o único terreno seguro para o cristão se precaver de ideias


de homens e demônios.

"Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os


chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho que, na realidade,

421
não é o evangelho. O que ocorre é que algumas pessoas os estão perturbando,
querendo perverter o evangelho de Cristo. Mas ainda que nós ou um anjo do
céu pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja
amaldiçoado! Como já dissemos, agora repito: Se alguém lhes anuncia um
evangelho diferente daquele que já receberam, que seja
amaldiçoado!" (Gálatas 1.7-9).

COMO SURGIU A ORAÇÃO DA AVE


MARIA?

Na Bíblia, a primeira parte da saudação a Maria quando esta estava grávida de


Jesus não é uma oração, mas sim uma saudação de um anjo. Isso está registrado
em Lucas 1.28: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” O anjo não
pronunciou mais nenhuma palavra a Maria. A segunda saudação vem por parte
de Isabel, que se dirigiu a Maria, e isso se encontra no versículo 42: “Bendita és
tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre”. Já a segunda parte em
forma de súplica a Maria, com as palavras “mãe de Deus” e pedindo que ela
“rogue por nós”, NÃO EXISTE. Juntaram dois versículos distantes de seus
contextos, inventaram uma oração que nem sequer é mencionada nas Escrituras e
deram a Maria um status de intercessora que não foi dado a nenhum santo sequer,
mas somente a Jesus (1Tm 2.5).

O ACRESCENTAMENTO DA SEGUNDA PARTE


Inicialmente, esta união entre as duas saudações era encontrada somente na
liturgia católico-romana, e só mais tarde tornou-se uma oração popular. O seu
uso como fórmula de oração começou nos mosteiros, em torno do ano
1000, e foi, aos poucos, se difundindo, tornando-se universal após o século XIII.
O texto, porém, compreendia somente a primeira parte, sem o nome de Jesus.

Foi somente no século XV que se acrescentou a segunda parte da Ave


Maria: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora
de nossa morte. Amém”. E foi nesta época também que se acrescentou o nome
“Jesus” no final da primeira parte. Esta segunda parte é de origem popular-

422
eclesial e também foi surgindo aos poucos. Todavia, além de a saudação do anjo
não ser uma oração (pois foi apenas uma saudação), a segunda parte da oração
nem mesmo existe nas Escrituras Sagradas. Elas foram inventadas pelo clero
romano a fim de elevar ainda mais o status da suposta “intercessora” da Igreja.
Mas tudo isso não passa de uma enganação em massa.

Vale a pena lembrar o sermão no qual Bernardino de Senna (+ 1444), ao


comentar a Ave-Maria, disse que, ao final desta, se poderia acrescentar “Santa
Maria, rogai por nós pecadores”. A súplica a Maria começa com o adjetivo
“santa” porque Maria é a primeira entre todos os santos venerados pela seita
católica romana. Segundo os clérigos e fieis católicos, Maria é a maior dentre os
santos (como são chamados) e a mais venerada dentre eles. A fórmula atual da
Ave Maria, que se difundiu lentamente, foi divulgada no breviário publicado em
1568, por ordem do papa Pio V.

DESMASCARANDO O ESPIRITISMO

O espiritismo é, sem dúvida, uma das heresias mais hediondas e que mais cresce
no mundo hoje. O Brasil, particularmente, detém o triste recorde de maior reduto
espiritista do mundo. O seu crescimento se dá, em grande parte, devido ao
fascínio que os seus ensinos exercem sobre as mentes de pessoas desprovidas do
verdadeiro conhecimento da Palavra de Deus. Elas estão alienadas e totalmente
distantes de Deus.

Alheio à Palavra de Deus e divorciado de toda a verdade, o espiritismo tem se


constituído de uma espécie de “profundezas de Satanás”, pronto a tragar pessoas
incautas que estão a buscar a Deus em todos os lugares e por todos os meios.
Pessoas que desconhecem o evangelho não sabem o risco que correm
espiritualmente ao buscar a Deus fora das Escrituras Sagradas.

423
1. RESUMO HISTÓRICO DO ESPIRITISMO
O espiritismo se constitui no mais antigo engano religioso já surgido.
Porém, em sua forma moderna como hoje é conhecido, o seu ressurgimento se
deve a duas jovens norte-americanas, Margaret e Kate Fox, de Hydeville, Estado
de Nova Iorque.

ESTRANHOS FENÔMENOS:
Em dezembro de 1847, Margaret e Kate Fox, respectivamente de doze e dez
anos, começaram a ouvir pancadas em diferentes pontos da casa onde moravam.
A princípio, julgaram que esses ruídos fossem produzidos por ratos e
camundongos que infestavam a casa. Porém, quando os lençóis começaram a ser
arrancados das camas por mãos invisíveis, cadeiras e mesas tiradas dos seus
lugares e uma mão fria tocou no rosto de uma das meninas, percebeu-se que o
que estava acontecendo eram fenômenos sobrenaturais. A partir daí, as meninas
criaram um meio de se comunicar com o autor dos ruídos, o qual respondia
perguntas com um determinado número de pancadas.

EXPANSÃO DO MOVIMENTO:
Partindo desse acontecimento que recebeu ampla cobertura dos meios de
comunicação da época, propagaram-se sessões espíritas por toda a América do
Norte. Na Inglaterra, porém, a consulta aos mortos já era muito popular entre as
camadas sociais mais elevadas. Por conseguinte, os médiuns norte-americanos
encontraram ali solo fértil, onde a semente do superticionismo espírita haveria de
ser semeada, nascer, crescer, florescer e frutificar. Na época, outros países da
Europa também foram visitados com sucesso pelos espíritas norte-americanos.
Na França, a figura de Allan Kardec é a principal dos arraiais espiritistas. Léon
Hippolyte Rivail (o verdadeiro nome de Allan Kardec), nascido em Lyon, na
França, em 1804, filho de um advogado, tomou o pseudônimo de Allan Kardec
por acreditar ser este a reencarnação de um poeta celta com esse nome. Dizia ter
recebido a missão de pregar uma nova religião, o que começou a fazer em 30 de
abril de 1856. Um ano depois, publicou “O Livro dos Espíritos”, que muito
contribuiu na propaganda espiritista. Dotado de inteligência e inigualável
sagacidade, estudou toda a literatura afim disponível na Inglaterra e nos Estados
unidos e dizia ser guiado por espíritos protetores. Notabilizou-se por introduzir
no espiritismo a idéia da reencarnação. De 1861 a 1867, publicou quatro livros:

424
“Livro dos Médiuns”, “O Evangelho segundo o Espiritismo”, “O Céu e o
Inferno” e “A Gênese”.

Sendo um homem dotado de características físicas e mentais de grande


resistência, Allan Kardec foi “apóstolo” das novas idéias que haveriam de influir
na organização do espiritismo. Fundou a Revista Espírita, periódico mensal
editado em vários idiomas. Ele mesmo assentou as bases da “Sociedade
Continuadora da Missão de Allan Kardec”. Morreu em 1869.

2. SUBDIVISÕES DO ESPIRITISMO
Embora consideremos o espiritismo igual em toda a sua maneira de ser, os
próprios espíritas preferem admitir haver diferentes formas de espiritismo, assim
designadas:

ESPIRITISMO COMUM:
Dentre as muitas práticas dessa classe de espiritismo, destacam-se as seguintes:

a) Quiromancia – Adivinhação pelo exame das linhas das mãos. É o mesmo que
“quiroscopia”.

b) Cartomancia – Adivinhação pela decifração de combinações de cartas de


jogar.

c) Grafologia – Estudo dos elementos normais e principalmente patológicos de


uma personalidade, feito através da análise da sua escrita.

d) Hidromancia – Adivinhação pela aparência e movimento de um líquido,


geralmente por meio da água.

e) Astrologia – Estudo e/ou conhecimento da influência dos astros, especialmente


dos signos, no destino e no comportamento dos homens; também conhecida
como “uranoscopia”.

BAIXO ESPIRITISMO:
O baixo espiritismo, também conhecido como espiritismo pagão, inculto e sem
disfarce, identifica-se pelas seguintes práticas:

425
a) Vudu – Culto de negros, antilhanos, de origem animista, e que se vale de
certos elementos do ritual católico romano. É praticado principalmente no Haiti.

b) Candomblé – Religião dos negros ioruba, na Bahia.

c) Umbanda – Designação dos cultos afro-brasileiros, os quais se confundem


com os da macumba e dos candomblés da Bahia, xangô de Pernambuco,
pajelança da Amazônia, catimbó e outros cultos sincréticos.

d) Quimbanda – Ritual da macumba que se confunde com os do umbanda.

e) Macumba – Sincretismo religioso afro-brasileiro derivado do candomblé, com


elementos de várias religiões africanas, de religiões indígenas brasileiras e do
catolicismo romano.

ESPIRITISMO CIENTÍFICO:
O espiritismo científico é também chamado “alto Espiritismo”, “Espiritismo
Ortodoxo”, “Espiritismo Profissional” ou “Espiritualismo”. Ele se manifesta,
inclusive, como “sociedade”, como, por exemplo, a LBV (Legião da Boa
Vontade), fundada e presidida por muitos anos pelo já falecido Alziro Zarur. Esta
classe de espiritismo tem sido conhecida também como:

a) Ecletismo – Sistema filosófico dos que não seguem sistema algum, escolhendo
de cada um a parte que lhe parece mais próxima da verdade.

b) Esoterismo – Doutrina ou atitude de espírito que preconiza que o ensinamento


da verdade deve reservar-se a um número restrito de iniciados, escolhidos por sua
influência ou valor moral.

c) Teosofismo – Conjunto de doutrinas religioso-filosóficas que têm por objetivo


a união do homem com a divindade mediante a elevação progressiva do espírito
até a iluminação. Iniciado por Helena Petrovna Blavatsky, mística norte-
americana (1831-1891), fanática adepta do budismo e do Iamaísmo.

ESPIRITISMO KARDECISTA:
O espiritismo Kardecista é a classe de espiritismo comumente praticada no Brasil
e tem como principais teses, entre muitas outras, as seguintes:

a) Possibilidade de comunicação com os espíritos desencarnados.

426
b) Crença da reencarnação.

c) Crença de que ninguém pode impedir o homem de sofrer as conseqüências dos


seus atos.

d) Crença na pluralidade dos mundos habitados.

e) A caridade é a virtude suprema e que define o ser humano; é aplicada tanto aos
vivos como aos mortos.

f) Deus, embora exista, é um ser impessoal, habitando em um mundo longínquo.

g) Mais perto dos homens estão os “espíritos-guia”.

h) Jesus foi um médium e reformador judeu, nada mais que isto.

Evidentemente, o diabo é um demagogo muito versátil e maleável, capaz de


muitas transformações. Aos psicólogos, ele diz: “Trago-vos uma nova ciência”.
Aos ocultistas, ele assevera: “Dou-vos a chave para os últimos segredos da
criação”. Aos racionalistas e teólogos modernistas, ele declara: “Não estou aí.
Nem mesmo existo”. Assim faz o espiritismo: muda de roupagem, como o
camaleão muda de cor, de acordo com o ambiente, ainda que, na essência,
continue sempre o mesmo: supersticioso, fraudulento, mau e diabólico.

3. A TEORIA DA REENCARNAÇÃO
A teoria da reencarnação se constitui no cerne de toda a discussão espiritista.
Destruída esta teoria, o espiritismo não poderá subsistir. Sobre este assunto,
escreveu Allan Kardec: “A reencarnação fazia parte dos dogmas judaicos sob o
nome de ressurreição… A reencarnação é a volta da alma ou espírito à vida
corporal, mas em outro corpo novamente formado para ele que nada tem de
comum com o antigo” (O Evangelho Segundo o Espiritismo).

A BÍBLIA NEGA A REENCARNAÇÃO E REFORÇA A


RESSURREIÇÃO
A Bíblia não faz qualquer referência à palavra “Reencarnação” e tampouco a
confunde com a palavra “Ressurreição”. Segundo o dicionário Escolar da Língua
Portuguesa, da Francisco da Silveira Bueno, “Reencarnação é o ato ou efeito de

427
reencarnar; é uma pluralidade de existências”. É a crença de que, após a morte, a
alma e o espírito de um ser humano retorna à vida com outro corpo.

Em contraste com essa ideia, a palavra “Ressurreição”, no grego, é “Anastasis” e


“Égersis”, ou seja, levantar, erguer, surgir, sair de um local ou de uma situação
para outra, com o mesmo corpo, alma e espírito. No latim, “Ressurreição” é o ato
de ressurgir, voltar à vida, reanimar-se. Biblicamente, entende-se o termo
“Ressurreição” como o mesmo que ressurgir dos mortos, e, em linguagem mais
popular, união da alma e do espírito ao corpo após a morte física.

RESSURREIÇÃO NA BÍBLIA
No decorrer de toda a narrativa bíblica, são mencionados oito casos de
ressurreição, sendo sete de restauração da vida na terra, isto é, ressurreição para
tornar a morrer, e um de ressurreição no sentido pleno e final – o de Jesus, que já
ocorreu, e de seus santos no arrebatamento – que ainda há de ocorrer antes da
Tribulação vindoura. A ressurreição de Jesus é diferente porque se trata de
ressurreição para nunca mais morrer, assim como ocorrerá com a Igreja dos
santos antes da Tribulação (1Ts 4.16-17; Ap 3.10). No caso de Jesus, sua
ressurreição não se dá somente pelo fato de Ele ser Deus, mas porque, ao
ressurgir, tornou-se Ele o primeiro da ressurreição real (1Co 15.20-23).

Comecemos falando das ressurreições futuras e, no final, falaremos daquelas já


ocorridas. Sim, TODOS ressuscitarão, cada um por sua vez e com objetivos e
destinos diferentes. Deus sempre faz distinção entre salvos e perdidos, até
quando diz dos salvos que “dormem” e dos perdidos que estão mortos. Por isso
você não encontrará o mesmo tratamento dado à ressurreição dos perdidos como
o que é dado à ressurreição dos salvos em passagens como 1 Coríntios 15, onde
tudo ali é muito positivo na forma de linguagem utilizada.

Repare que ele fala da ressurreição DENTRE os mortos, ou seja, dos salvos,
enquanto os mortos continuam mortos aguardando pela ressurreição da
condenação que ocorrerá no Juízo Final:

“Assim também a ressurreição DENTRE os mortos. Semeia-se o corpo em


corrupção; ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará
em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor. Semeia-se corpo
natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo
espiritual” (1Co 15.32-44).

428
Não podíamos esperar que Deus falasse da ressurreição dos perdidos como uma
ressurreição em incorrupção, glória e vigor porque estes privilégios são
exclusividade dos salvos. Mas, que os perdidos ressuscitarão é um fato. Mas ai
deles quando ressuscitarem, porque do sofrimento atual que experimentam no
hades (inferno) enquanto estão apenas em alma e espírito, entrarão numa
eternidade de sofrimento no lago de fogo com seus corpos também, como já fora
explicado.

A Bíblia fala da ressurreição de todos os mortos. Porém, a mesma Bíblia faz


distinção entre os que ressuscitarão para a vida e os que ressuscitarão para a
condenação, lembrando sempre que a ressurreição não significa ganhar um novo
corpo, mas sim receber de volta o nosso corpo em uma condição que não morre
mais. Quando Jesus ressuscitou, o túmulo ficou vazio. Seu corpo não ficou lá.

“E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e
outros para vergonha e desprezo eterno. Os que forem sábios, pois,
resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos ensinam a
justiça, como as estrelas sempre e eternamente” (Daniel 12.2-3).

“Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos
sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição
da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação” (João 5.28-
29).

Antes que você se apresse em achar que é fazendo o bem que se obtém a vida
eterna, o versículo está falando do apanhado geral e final. Os que aí aparecem
com a característica de terem feito o bem são aqueles que foram salvos pela
graça, mediante a fé (e não por obras), para praticarem o bem que Deus lhes
designou fazerem. Isso vai contra tudo o que o espiritismo ensina, pois no
espiritismo o que importa é se você faz o “bem” segundo o que você pensa,
enquanto na Bíblia é dito que você é salvo pela graça, mediante a fé somente, e
não por praticar o “bem” segundo a sua imaginação. Senão, vejamos:

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de
Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura
sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para
que andássemos nelas” (Efésios 2.8-10).

Outro versículo que fala da ressurreição dos que fizeram o bem por terem sido
justificados pela fé é Lucas 14.14: “E serás bem-aventurado; porque eles não
têm com que to recompensar; mas recompensado te será na ressurreição dos
justos”. Mas não se apresse em achar que a ressurreição é só dos justos,
pois Atos 24.15 logo corrige tal pensamento: “Tendo esperança em Deus, como

429
estes mesmos também esperam, de que há de haver ressurreição de mortos,
assim dos justos como dos injustos”.

Jesus ressuscitou de entre os mortos, e os salvos também ressuscitarão de entre


os mortos, pois a ressurreição é seletiva. Repare no versículo abaixo a
palavra "dentre" ou "de entre". Uma coisa é dizer que todos ressuscitarão, ou
falar genericamente da ressurreição "dos mortos"; outra coisa é traçar uma
distinção para alguns que ressuscitarão "dentre" ou "de entre" os mortos,
enquanto outros continuam mortos, como também já fora mencionado aqui.

“Mas os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro, e a


ressurreição DENTRE os mortos, nem hão de casar, nem ser dados em
casamento” (Lucas 20.35).

Quando Jesus ressuscitou, somente o seu corpo saiu da sepultura naquela


condição que os salvos terão, isto é, de um corpo perfeito e incorruptível, não
mais sujeito ao tempo e ao espaço. Os corpos dos salvos, quando forem
ressuscitados, serão de carne e ossos, assim como é o corpo de Jesus hoje no céu.
Todavia, repare que é dito que sua ressurreição foi “dentre” os mortos, pois os
outros continuaram em suas sepulturas naquele tempo.

“E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito DENTRE os


mortos, para que em tudo tenha a preeminência” (Colossenses 1.18).

“E esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou DENTRE os mortos, a


saber, Jesus, que nos livra da ira futura” (1 Tessalonicenses 1.10).

No fim dos tempos, ressuscitarão apenas os perdidos, os quais receberão de volta


seus corpos para poderem receber a sentença da condenação eterna no lago de
fogo:

“E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja


presença fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles. E vi os mortos,
grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e
abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas
que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o mar os mortos
que nele havia; e a morte e o hades deram os mortos que neles havia; e foram
julgados cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados
no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no
livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Apocalipse 20.11-15).

Esta passagem, que costuma ser chamada de "Juízo Final", é na realidade o juízo
final dos perdidos. Nenhum salvo tem participação nisso, visto que já terão sido
salvos em vida e, se morreram, já estarão ressuscitados para a vida. Aqui apenas
430
os mortos aparecem. A passagem que diz “deu o mar os mortos que nele havia, e
a morte e o hades deram os mortos que neles havia” nos fala dos corpos, das
almas e dos espíritos. Um corpo sepultado no mar é a condição de maior
degradação que você possa imaginar, já que na vida marinha, em quase toda a
sua esfera, é carnívora e literalmente nada sobra de um corpo sepultado lá.
Mesmo assim, Deus saberá recuperar cada partícula dele na ressurreição.
O hades nos fala da condição de morte em que se encontram as almas e espíritos
dos mortos, separados de seus corpos. O que muitos não sabem é que o hades é o
verdadeiro inferno, onde ficam os perdidos em um estado de morte, ao contrário
do que muitos pensam, alegando que o inferno é o lugar de sofrimento dos
mortos perdidos. Só que lá é apenas um lugar temporário até que eles sejam
lançados no verdadeiro lugar de sofrimento eterno – o Lago de Fogo e Enxofre.

É bom lembrar que o assunto aqui é a ressurreição definitiva, aquela da qual


ninguém mais voltará a morrer, e não as ressurreições que encontramos nas
Escrituras, como a de Lázaro e outros. Ainda falaremos sobre as ressurreições
que ocorreram no período testamentário.

A expressão “ressurreição dentre os mortos”, como em Lucas 20.35 e Filipenses


3.11, implica numa ressurreição da qual somente os justos participarão. Os
participantes da verdadeira ressurreição não mais morrerão (Lc 20.36). Essa
expressão é a tradução correta do original. A palavra “dentre” indica que os
mortos perdidos continuarão sepultados quando os santos ressuscitarem no
arrebatamento, porquanto a ressurreição dos perdidos ocorre somente no Juízo
Final para que eles sejam julgados e lançados no Lago de Fogo (Ap 20.10-15).
Há um intervalo de mil e sete anos entre a ressurreição dos salvos e a dos
perdidos, visto que Cristo e Sua Igreja (ressuscitada e arrebatada antes da
Tribulação) reinarão sobre a terra por mil anos – por isso é chamada de “primeira
ressurreição”, pois se trata dos salvos ressuscitando mil e sete anos antes dos
perdidos (Ap 20.6). Ou seja, os salvos são ressuscitados para irem para o céu,
enquanto os perdidos são ressuscitados para serem condenados e nada mais (Ap
20.10-15).

AS RESSURREIÇÕES OCORRIDAS NO PERÍODO


TESTAMENTÁRIO
Há oito casos de ressurreição, sendo sete de restauração da vida, isto é,
ressurreição para tornar a morrer, e um de ressurreição no sentido pleno e final –
o de Jesus, que já ocorreu. No caso de Jesus é diferente porque Ele já subiu ao
céu e, em breve, ressuscitará a sua Igreja para estar com Ele na casa do Pai, e
431
assim a Igreja ficará por um tempo significativo no céu, como prometido por Ele
(Jo 14.3; 1Ts 4.17).

Além da ressurreição de Jesus, sete outros casos de ressurreição na Bíblia são


mencionados. Podemos constatar isso por ordem cronológica:

1 – O filho da viúva de Sarepta (1Rs 17.19-22);

2 – O filho da sunamita (2Rs 4.32-35);

3 – O defunto que foi lançado na cova de Eliseu (2Rs 13.21);

4 – A filha de Jairo (Mc 5.21-23,35-43);

5 – O filho da viúva de Naim (Lc 7.11-17);

6 – Lázaro (Jo 11.1-46);

7 – Dorcas (At 9.36-43).

O caso da ressurreição de Jesus, que, como já dissemos, é diferente por Ele já ter
subido aos céus, está registrado em Mateus 28.10-10, Marcos 16.1-8, Lucas 24.1-
12, João 20.1-10 e em 1 Coríntios 15.4,20-23.

Allan Kardec nega ressurreição da seguinte forma: “A ressurreição implica na


volta da vida ao corpo já morto – o que a ciência demonstra ser materialmente
impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo foram, depois de muito
tempo, dispersos e absorvidos”.

É evidente que esta teoria de Allan Kardec não pode prevalecer, uma vez que se
baseia em conceitos de homens e não nas Escrituras, que declaram a
possibilidade da ressurreição dos mortos. Não vem ao caso citarmos aqui os
casos de mortos que foram ressuscitados antes de serem levados à sepultura.
Citaremos abaixo apenas dois casos de mortos que foram levantados dentre os
mortos após quatro e três dias de sepultados: Lázaro e Jesus.

LÁZARO:
O testemunho de João no capítulo 11 é que Lázaro:

1 – Estava morto (vs. 14,21,32,37);

2 – Estava sepultado já havia quatro dias (vs. 17,39);

3 – Já cheirava mal (vs. 39);

432
4 – Foi ressuscitado ainda amortalhado (vs. 44);

5 – Foi ressuscitado com o mesmo corpo e com a mesma aparência que possuía
antes de morrer (vs. 44).

JESUS:
O testemunho das Escrituras quanto à morte e ressurreição de Jesus Cristo é que:

1 – Os soldados romanos testemunharam que Cristo estava morto (Jo 19.33).

2 – José de Arimateia e Nicodemos sepultaram-no (Jo 19.38-42).

3 – Ele ressuscitou no primeiro dia da semana (Lc 24.6).

4 – Mesmo depois de ressuscitado, Ele ainda portava as marcas dos cravos nas
mãos a fim de mostrar que seu corpo, agora vivo, era o mesmo no qual sofrera a
crucificação, porém, glorificado (Lc 24.39; Jo 20.27).

UMA TEORIA ABSURDA


Procurando dar sentido bíblico à absurda teoria da reencarnação, Allan Kardec
lança mão do capítulo 3 de João para dizer que Jesus ensinou sobre a
reencarnação. Os tradutores da obra de Allan Kardec, conhecida como “O
Evangelho Segundo o Espiritismo”, usaram a versão bíblica do padre Antônio
Pereira de Figueiredo como texto base de sua tradução, grifando o versículo 3 de
João 3: “Na verdade te digo que não pode ver o reino de Deus senão aquele que
renascer de novo” (grifo meu), quando o versículo original é escrito da seguinte
forma: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não
pode ver o reino de Deus” (grifo meu).

Oras, “Renascer” já significa nascer de novo, enquanto que “renascer de novo”,


como foi acrescentado pelos tradutores do “Evangelho Segundo o Espiritismo”,
se constitui numa intolerável redundância e heresia, mas não sem sentido próprio
por parte do espiritismo que por tudo procura provar que a absurda teoria da
reencarnação tem fundamento na Bíblia.

433
JOÃO BATISTA ERA ELIAS REENCARNADO?
Dirigindo-se a Jesus, perguntaram-lhe os seus discípulos: – “Por que dizem, pois,
os escribas ser necessário que Elias venha primeiro? Então Jesus respondeu: –
De fato Elias já veio, e não o reconheceram, antes fizeram com ele tudo quanto
quiseram… Então os discípulos entenderam que lhes falara a respeito de João
Batista” (Mateus 17.10-13).

A opinião espiritista destas passagens é aberrativa! Prevalecendo-se do


literalismo destes versículos, escreveu Allan Kardec: “A noção de que João
Batista era Elias e de que os profetas podiam reviver na terra, depara-se em
muitos passos dos Evangelhos, especialmente nos acima citados. Se tal crença
fosse um erro, Jesus não a deixaria de combater, como fez com muitas outras,
mas, longe disso, a sancionou com sua autoridade…” “É ele mesmo o Elias, que
havia de vir”. Aí não há nem figuras nem alegorias; é uma afirmação positiva”
(O Evangelho Segundo o Espiritismo, págs 25-27).

OBJEÇÃO BÍBLICA
Um dos conceitos de hermenêutica mais conhecido e que não deve ser ignorado é
aquele que diz que a Bíblia interpreta a si mesma. Portanto, como verdadeiros
cristãos, somos impedidos de fazer uso de recursos alheios ao espírito bíblico
para interpretar o mais simples dos seus ensinos. A Bíblia mesma dá respostas às
suas indagações. A prova disso é que quando perguntado a João Batista se ele era
Elias encarnado ou não, Ele mesmo responde, dizendo: “Não sou” (João 1.21).

Sobre João Batista, é dito em Lucas 1.17: “E irá adiante dele no espírito e
virtude de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à
prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto”.
Isto não quer dizer que João fosse Elias, mas que no seu ministério haveria
peculiaridade do ministério de Elias. De fato, a Bíblia não trata de nenhum outro
caso de dois homens, cujos ministérios tenham tanta semelhança como João
Batista e Elias. Essa situação é semelhante ao jargão que diz “Tal pai, tal filho”.
Isto não quer dizer que o filho seja absolutamente igual ao pai, ou que um seja a
reencarnação do outro, mas sim que existem hábitos comuns entre ambos.

434
CINCO PONTOS A CONSIDERAR SOBRE JOÃO BATISTA E
ELIAS
Dentre as muitas razões pelas quais devemos crer que João Batista não era Elias
reencarnado, temos os seguintes fatos:

• Os judeus criam que João Batista fosse Elias ressuscitado, não reencarnado (Lc
9.7-8).

• Se os judeus realmente acreditassem que João era Elias reencarnado e não


ressuscitado, não teriam noutra oportunidade admitido que Cristo fosse Elias
ressuscitado. João Batista e Cristo, que viveram simultaneamente por cerca de
trinta anos, não podiam ser Elias ressuscitado ou reencarnado ao mesmo tempo
(Lc 9.7-9).

• Se reencarnação é o fato ou efeito de reencarnar, pluralidade de existências com


um só espírito, é evidente que um vivo não pode ser a reencarnação de alguém
que nunca morreu. Fica claro assim que João Batista não era Elias, já que Elias
não morreu, mas foi arrebatado vivo ao céu (2Rs 2.11).

• Se João Batista fosse Elias, seria ele o primeiro a saber disso, e não os judeus
ou os espíritas. Quando lhe perguntaram “És tu Elias?”, ele respondeu
rispidamente: “Não sou” (João 1.21).

• Se João Batista fosse Elias reencarnado, no momento da transfiguração de


Cristo teriam aparecido Moisés e João Batista, e não Moisés e Elias (Mt 17.18).

Fica provado, portanto, que as Escrituras não apoiam a absurda teoria espiritista
da reencarnação. Até mesmo os chamados “fatos comprovados” da reencarnação,
apresentados pelos advogados do espiritismo, na verdade não comprovam coisa
alguma.

4. A INVOCAÇÃO DE MORTOS
Reencarnação e invocação de mortos são as duas principais estacas de
sustentação de toda a fraude espiritista. Se ambas puderem ser removidas, o
espiritismo cai por terra irremediavelmente. E já caiu.

435
DEUS CONDENA A INVOCAÇÃO DE MORTOS
Aos hebreus que saíram do Egito e se aproximavam de Canaã, por intermédio de
Moisés, disse o Senhor Deus:

“Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te der, não aprenderás a fazer
conforme as abominações daquelas nações. Entre ti se não achará quem faça
passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem
prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador de
encantamentos, nem que consulte um espírito adivinhante, nem mágico, nem
quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao
Senhor, e por estas abominações o Senhor teu Deus as lança fora diante dele.
Perfeito serás, como o Senhor teu Deus. Porque nações, que hás de possuir,
ouvem os prognasticadores e os adivinhadores; porém a ti o Senhor teu Deus
não permitiu tal coisa” (Deuteronômio 18.9-14).

Com base neste mandamento, que veio por meio de Moisés, no seu livro “O Céu
e o Inferno”, Allan Kardec diz: “… Moisés devia, pois, por política, inspirar nos
hebreus aversão a todos os costumes que pudessem ter semelhança e pontos de
contatos com o inimigo”.

Alegar que Moisés se opunha aos costumes pagãos dos cananeus por razões
simplesmente políticas, como afirma Allan Kardec, atesta a completa ignorância
do espiritismo quanto às Escrituras Sagradas.

A proibição divina de se consultar os mortos não prova que havia comunicação


com os mortos. Prova apenas que havia consulta aos mortos, o que não significa
comunicação real com eles. Era apenas uma tentativa de comunicação. Nas
práticas de tais consultas aos mortos, sempre existiram embustes, mistificações,
mentiras, farsas e manifestações de demônios. É o que acontece nas sessões
espíritas, onde espíritos demoníacos – espíritos enganadores – manifestam-se,
identificando-se com pessoas amadas que faleceram. Alguns desses espíritos têm
aparecido, identificando-se com os nomes de grandes homens, ministrando
ensinos e até apresentando projetos éticos e humanitários, os quais terminam
sempre em destroços. São espíritos que se prestam ao serviço do pai da mentira,
Satanás.

O povo de Deus, porém, possui a inigualável revelação de Deus pela qual


disciplina a sua vida: “Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm
espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não
consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos? À

436
lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há
luz neles” (Isaías 8.19-20).

ESTADO DOS MORTOS


O testemunho geral das Escrituras é que os mortos, devido ao estado em que se
encontram, não têm parte em nada que se faz e acontece na Terra (Ec 9.5-6; Sl
88.10-12; Is 38.18-19; Jó 7.9-10).

Nenhum dos textos bíblicos mencionados contradiz a esperança bíblica da


ressurreição dos mortos, uns para a vida eterna, outros para vergonha e perdição
eterna. Os citados textos mostram, sim, que o homem, após a morte, na sepultura,
jamais poderá voltar à vida de outrora, e que na sepultura nada poderá fazer por
si mesmo e muito menos pelos vivos que ainda estão na Terra.

SAUL E A MÉDIUM DE EN-DOR:


Sugiro que o leitor abra a sua Bíblia neste momento e leia o capítulo 28 de 1
Samuel. Leia todo o capítulo e em seguida volte à leitura deste artigo.

Concluída a leitura desta porção das Escrituras, algumas perguntas vêm à mente,
tais como: É ou não possível comunicar-se com os espíritos de pessoas falecidas?
Foi ou não Samuel quem apareceu na sessão espírita em En-Dor? Muitas
respostas poderiam ser dadas aqui, como por exemplo: “A assembléia judaica
sempre acreditou que Samuel realmente apareceu naquela ocasião”. Essa também
era a opinião de alguns dos mais destacados escritores da Igreja dos primeiros
séculos, tais como Justino Mártir e Orígenes. Porém, vemos homens de mais
destaque na história da Igreja dizendo o contrário. Tertuliano, Jerônimo, Lutero e
Calvino acreditavam – com toda a razão – que um demônio apareceu em forma
de pessoa, personificando Samuel. Oras, é muito fácil concordar com estes
homens, uma vez que eles não precisaram ir muito longe para perceber, logo no
versículo 7, após Saul não obter respostas por parte de Deus (pois Deus não
respondia mais às suas orações), o mesmo mandou que seus criados fossem atrás
de uma mulher com “espírito de feiticeira”. Seus criados sabiam que em En-Dor
havia uma mulher que tinha um “espírito de adivinhação” (vs 7). Era
simplesmente uma necromante – uma bruxa. Todos nós sabemos o que Deus
pensa de uma necromante. Quem se atentou ao capítulo inteiro de 1 Samuel 28
sabe muito bem que já no versículo 7 não é preciso pensar muito antes de tirar
uma conclusão.

437
Até mesmo uma despretensiosa análise de 1 Samuel 28 mostra com clareza
meridiana que um espírito de engano (e não Samuel) foi quem apareceu na
sessão espírita de En-Dor. Dentre as muitas provas contra a opinião de que
Samuel (já morto) apareceu naquela ocasião, destacam-se as seguintes:

1 – Nem a médium nem o seu espírito de mediunidade exerciam qualquer poder


sobre a pessoa de Samuel. Só Deus exercia esse poder; pelo que não iria permitir
que seu fiel servo viesse a se tornar parte de uma prática que o próprio Deus
condenou (Dt 18.9-14). Deus não iria permitir que uma prática enganosa desse
certo porque Ele mesmo disse que se trata de um engano de Satanás. Então, por
que Deus permitiria uma aberração dessas?

2 – Quando vivo, Samuel informou a Saul que Deus o tinha rejeitado. Após isso,
Samuel nunca mais disse coisa alguma a esse rei. Nem em vida e muito menos
em morte.

3 – Se fosse Samuel que tivesse aparecido na ocasião, ele não teria mentido,
dizendo que Saul perturbara seu descanso. Oras, Samuel era profeta de Deus.
Como ele poderia fazer uma coisa dessas, mesmo em vida? E mais: Samuel não
diria que Saul e seus filhos estariam com ele no dia seguinte (vs. 19).

4 – Saul mesmo disse que Deus não lhe respondia nem pelo ministério dos
profetas e nem por sonhos (vs. 6,15), pelo que Deus, no último momento, não
teria cedido ao desejo de Saul de receber outra revelação, não teria entrado em
contradição com sua Palavra que nega a possibilidade de vivos terem contato
com os mortos (Jó 7.9-10; Ec 9.5-6; Lc 16.31), não teria criado a impressão de
que tentar entrar em contato com os mortos não é um pecado – o mau agindo –
como Ele mesmo disse ser (Dt 18.9-14) e não teria afirmado que Saul morreu por
causa da consulta feita à médium (1Cr 10.13).

5 – Saul disse à médium a quem ela deveria chamar. É óbvio que ela não tinha
conhecimento da aparência de Samuel quando ele estava vivo. Mas as Escrituras
não nos deixam sem resposta quanto a isso. Se você abrir a Bíblia em 2 Coríntios
11.14, verá que Satanás pode se disfarçar de qualquer criatura. Ele se transfigura
até mesmo em anjo de luz (2Co 11.14).

6 – A médium temeu porque: (a) em seu transe ela reconheceu Saul (vs. 12), que
era conhecido como inimigo das práticas espiritistas, como Deus sempre o
ensinou. (b) Ela viu um espírito pairando em torno da aparição que, com
“prodígios de mentira”, se fazia passar por Samuel.

7 – Saul mesmo não viu Samuel. Ele simplesmente supôs que era Samuel de
acordo com a descrição da médium.

438
8 – Quanto à profecia abordada durante a sessão em En-Dor, temos as seguintes
possibilidades:

• A mulher percebeu o medo de Saul de que o seu fim era iminente, e isso ela
predisse.

• A mulher tomou conhecimento da profecia feita antes por Samuel (1Sm


15.15,18), que vinha perseguindo Saul (1Sm 16.2; 20.31, etc.) pelo que lhe disse
que ele esperava ouvir.

• Se um demônio se fazia passar por Samuel e falou por meio da médium, então a
mulher teria sido lembrada da profecia de Samuel, fazendo uso dela.

9 – Não era necessário que alguém fosse perito ou estrategista em guerras para
prever a derrota de Saul e de Israel diante dos filisteus. A Bíblia nos ensina que
“o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23), e isso é válido para toda a era do
povo de Deus. No capítulo 15 de 1 Samuel, a questão dessa guerra já havia sido
levantada bem antes de Saul consultar a médium.

10 – A parte final do vaticínio da médium não foi verdadeira no seu


cumprimento, pois, nem Saul morreu no dia seguinte, nem morreram nesse dia
todos os seus filhos. Pelo contrário, o SENHOR o puniu tempos depois,
justamente por ele ter consultado a médium, traindo a LEI MORAL de Deus.

“Assim morreu Saul por causa da transgressão que cometeu contra o Senhor,
por causa da palavra do Senhor, a qual não havia guardado; e também porque
buscou a adivinhadora para a consultar” (1 Crônicas 10.13).

PROFUNDEZAS DE SATANÁS
A melhor maneira de se definir o espiritismo é chamá-lo de “Profundezas de
Satanás” (Ap 2.24). Assim devemos ter sempre em mente os fatos que mostram
que Satanás é o pai da mentira (Jo 8.44), sabe imitar a realidade com os seus
embustes (Ex 7.22; 8.7), se transforma em anjo de luz (2Co 11.14) e tem o poder
de operar milagres (2Ts 2.9).

Aqueles que se envolvem com o espiritismo estão sob as malhas da rede de


Satanás, correndo o risco de jamais se libertarem dela.

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5. PODEM OS MORTOS AJUDAR OS VIVOS?
Para saber se os mortos podem ajudar ou não os vivos, leia a parábola do rico e
Lázaro, contada por Jesus em Lucas 16.19-31. Precisamente os versículos 22 e
23 dizem: “E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o
seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado. E no Hades, ergueu os
olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio”.

Veja que contraste: Lázaro morre e é levado ao Paraíso de Deus, enquanto que o
rico, ao morrer, é lançado no inferno de horror, de onde, em agonia, clama: “Pai
Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta
do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama”
(vs. 24).

Naquele instante de extrema dor e sofrimento, um pequenino favor de Lázaro


seria suficiente para amenizar o sofrimento daquele infeliz. Porém, o pai Abraão
respondeu: “Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro
somente males; e agora este é consolado e tu atormentado. E, além disso, está
posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar
daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá parar para cá” (vs. 25-
26). Esta parábola seria suficiente para um crente genuíno sair correndo do
espiritismo, pois a mensagem predominante de Cristo ao contar esta estória é: É
IMPOSSÍVEL, POR DECRETO DE DEUS, QUE UM MORTO VENHA
PARA O MUNDO DOS VIVOS, OU QUE TENHA QUALQUER
CONTATO COM O MUNDO NOVAMENTE. Em contrapartida, podemos
consultar passagens onde a ordem é direta: “... Aos homens está ordenado
morrerem uma só vez, vindo depois disso o juízo” (Hebreus 9.27).

Feita uma análise desta passagem, as conclusões a que chegamos são:

a) A vida no porvir será uma conseqüência natural da vida que viveu aqui na
terra. Lázaro, que era piedoso e temente a Deus aqui, ao morrer foi levado para o
Paraíso, enquanto que o homem rico, vaidoso e indiferente às necessidades dos
outros, morreu e foi levado para o inferno de trevas e sofrimento.

b) O lugar para onde serão lançados os perdidos será um lugar de sofrimento


eterno (Mt 25.46), e não um lugar de purificação e aperfeiçoamento dos espíritos.

c) Se o homem aqui, vivendo ímpia e perversamente, possui uma “porta de


escape” após a morte, como admite o espiritismo, o evangelho de Cristo deixa de
ser o que é. O sacrifício de Cristo torna-se a coisa mais absurda sobre a qual já se
teve notícia. Seu sacrifício vicário não teria sentido algum.

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d) Se um falecido pudesse, de alguma forma, ajudar os seus entes queridos vivos,
o rico não teria rogado a Abraão que enviasse Lázaro à casa dos seus irmãos a
fim de adverti-los do perigo de cair no inferno. Se um morto pudesse ajudar um
vivo, ele mesmo teria feito isso.

e) Se fosse possível que o espírito de um falecido pudesse ajudar os vivos, Deus


teria permitido que Lázaro, um dos mortos, ou o próprio homem rico exercesse
influência junto aos parentes deste.

f) Tudo quanto o homem precisava conhecer concernente à salvação e à vida


eterna se encontra claramente nos escritos de Moisés, dos profetas, dos
evangelistas e dos apóstolos do nosso Senhor Jesus Cristo.

Toda revelação divina escrita encerra-se nas seguintes palavras de Jesus Cristo:
“Eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se
alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que
estão escritas neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta
profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das
coisas que estão escritas neste livro” (Apocalipse 22.18,19)

Assim, os chamados “bons ensinamentos” dos espíritos dos mortos, defendidos


pelo espiritismo, nada mais são do que ensinamentos de demônios, pois se
apresenta como nova fonte de revelação, em detrimento da verdadeira revelação
de Deus – a Bíblia Sagrada.

Quanto a isso, a Palavra de Deus não poderia ser mais clara do que em Gálatas
1.6-10: “Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou
à graça de Cristo para outro evangelho; o qual não é outro, mas há alguns que
vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós
mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos
tenho anunciado, seja AMALDIÇOADO. Assim, como já vo-lo dissemos, agora
de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do
que já recebestes, seja MALDITO. Porque, persuado eu agora a homens ou a
Deus? ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos
homens, não seria servo de Cristo” (Gálatas 1.6-10 – ênfase minha).

6. DE DEUS NÃO SE ZOMBA


As pessoas correm um grande perigo quando se enveredam a essas tristes
aventuras e experiências de sessões espiritistas. Para ilustrar isso, usaremos a
história do bispo episcopal James A. Pike, envolvendo a morte do seu filho Jim e

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o relacionamento de ambos com o espiritismo. Esta história foi publicada no
Anuário Espírita de 1971. A intenção ao nos reportarmos a ela é oferecer
subsídios ao leitor no combate ao erro espiritista e advertir aqueles que estão se
deixando iludir por esses ensinos e experiências de demônios.

A TRÁGICA MORTE DE JIM


Pike tinha um único filho, Jim, um belo e culto jovem. Em 1966, pai e filho se
encontravam na Inglaterra, em Cambridge. Jim decidiu voltar aos Estados
Unidos. Voou para Nova York e, ali, no seu quarto de hotel, se matou com um
tiro. Jim tinha dificuldades em se relacionar com as pessoas e estava distante em
relação ao pai. Por ironia, somente após a morte, através de médiuns americanos
e Ingleses, ele teria conseguido, segundo o relato, comunicar-se com seu pai,
Pike. Jim tinha 22 anos. Sua morte deixou seu pai arrasado! A coisa ficou ainda
mais dramática porque, por incrível que pareça, Pike não acreditava na vida após
a morte. Era seminarista católico e se desiludiu com o catolicismo. Mesmo como
bispo episcopal, sua situação era embaraçosa: sem admitir os dogmas da religião,
via-se constantemente atacado e não poucas vezes taxado de herege (Pudera).

COISAS ESTRANHAS COMEÇAM A ACONTECER


Após os funerais do filho, nos Estados Unidos, Pike voltou com seus problemas
para Cambridge. No quarto do hotel onde antes estivera com o filho, coisas
estranhas começaram a acontecer. Roupas eram atiradas dos armários, livros
moviam-se das estantes, etc.

Como qualquer pessoa que se envolve com o espiritismo, Pike resolveu dar um
passo desastroso na vida. Em lugar de normalizar a sua situação com Deus, saiu à
procura de alguém que pudesse explicar tais fenômenos. Foi assim que, com a
ajuda de amigos, entrou em contato com uma médium inglesa chamada Ena
Twigg. Uma sessão foi marcada e Pike teve o primeiro contato com aquele que
julgou ser o espírito do seu filho Jim. O suposto espírito dizia: “Tenho sido tão
infeliz!” Quando solicitado pelo pai, respondeu que não acreditava em Deus
como uma “pessoa”, mas que, agora, acreditava na eternidade (???).

Além disso, o rapaz o exortou a prosseguir em suas pesquisas e “predisse” que o


pai abandonaria sua “igreja”. Pike se mostrou constrangido, mas Jim insistiu:
“Você o fará”. Isto ocorrerá no dia 1º de agosto.

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PIKE DEIXA A IGREJA
Logo após voltar à América, Pike entrou em contato com o médium americano
Arthur Ford, com o qual participou de um programa de televisão. No citado
programa, Ford ficou em transe, transmitiu mensagens que ele acreditava ser de
Jim a Pike. O programa produziu tão grande escândalo, que deixou a imprensa
americana e inglesa num verdadeiro reboliço. A igreja Episcopal protestou e Pike
resolveu deixá-la.

Não muito depois da morte de Jim, após ingerir forte dose de barbitúricos, morre
a senhora Marem Bergrud, secretária de confiança de Pike. Ela sofria de câncer.
Alguns dias atrás, estando ela melhor de saúde, os espíritos cochicharam ao seu
ouvido que, se ela pusesse fim a sua vida, ela poderia perpetuar aquele estado de
melhora. Foi o que ela fez.

Com a morte do filho e agora da secretária, Pike ficou ainda mais devastado.
Mesmo assim, continuou buscando fenômenos relacionados com o além-do-
túmulo.

O OUTRO LADO
Pike juntou todo o material das sessões espíritas das quais havia participado e
escreveu o livro “O OUTRO LADO”. Pike foi uma presa fácil, caindo sob a
armadilha do espiritismo sem nenhuma resistência. Ao abandonar a Igreja
Episcopal, Pike decidiu fundar uma entidade para estudos psíquicos em um dos
seus diálogos com o suposto espírito de seu filho. Jim indagou se ele ouvia falar
de Jesus no espiritismo, ao que Pike respondeu: “Meus mentores dizem: ‘Você
ainda não está em condições de compreender. Eu não encontrei nada, mas todos
falam a respeito de Jesus como um místico – um vidente. Eles não o mencionam
como o salvador, mas como um exemplo (Mais uma vez, como de costume de
qualquer seita, Cristo é apresentado não como o Salvador de seus escolhidos,
mas como um “exemplo de homem moral”). Você compreendeu? O que eu tenho
a dizer é que Jesus é ‘triunfante’. Você não pode me pedir que lhe diga o que
ainda não compreendo. Ele não é o salvador, mas um exemplo a ser seguido”. Na
folhinha de revelações ainda é acrescentado: “… e agora Pike julga-se um
‘cristão autêntico’”.

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A LEI DA SEMEADURA E DA COLHEITA
Pike partiu para a Palestina a fim de fazer uma pesquisa a respeito de Jesus
Cristo, nos próprios lugares por onde Jesus andou, e exerceu o seu ministério
espiritista. A Bíblia já não valia mais nada para ele. Jesus, o Cristo – o Filho de
Deus, não passava de um místico, um vidente, e nada mais que isso. Ali
aconteceu o que certamente ele não previa: no dia 7 de setembro de 1969 o seu
corpo foi encontrado sem vida, quase que completamente encoberto pela areia
dos desertos próximos do mar Morto.

Vale a pena lembrar o que a Palavra de Deus diz quanto a isso: “Não vos
enganeis; Deus não se deixa ser zombado; pois tudo o que o homem semear, isso
também ceifará. Porque quem semeia na sua carne, da carne ceifará corrupção;
mas quem semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna” (Gálatas 6.7-8).

7. VOCABULÁRIO ESPIRITISTA
Assim como a pessoa é conhecida pelo vocabulário que usa, de igual modo o
espiritismo é mais bem identificado por seu vocabulário, usado para comunicar
os seus enganos. É evidente que muitas das palavras seguintes, usadas no
linguajar espiritista, podem ter diferentes sentidos. Na lista a seguir, vamos dar o
significado de cada termo usado pela seita, de acordo com a interpretação dada
pelo próprio espiritismo.

PALAVRAS DE ENGANO
Do grande universo de vocábulos usados pelo espiritismo, destacam-se os
seguintes:

• MÉDIUM – Pessoa a quem se atribui o poder de se comunicar com os espíritos


de pessoas mortas.

• MEDIUNIDADE – É o fenômeno em que uma pessoa recebe um outro


espírito, supostamente de uma pessoa falecida, sendo que esse espírito recebido
passa a dominar a mente do médium. Nisso, o espírito passa a falar por meio
desse médium, usando o seu corpo para tal.

• CLARIVIDÊNCIA E CLARIUNDIÊNCIA – Fenômenos segundo os quais


uma pessoa pode sentir, observar e ver os espíritos que a rodeiam, servindo de
elo de ligação e comunicação entre o mundo visível e invisível.
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• LEVITAÇÃO – Força psíquica por uma ou mais mentes na imposição de
mãos, onde o objeto ou uma pessoa pode se elevar do solo. É muito praticada na
parapsicologia, que é uma falsa ciência. Resumindo: Uma farsa tão escancarada
que somente as mentes mais incautas, desprovidas de intelecto ou do próprio
senso comum, chega a acreditar.

• TELEPATIA – Comunicação por via sensorial entre duas mentes à distância;


transmissão de pensamento.

• CRIPTESTESIA – É o fenômeno da sensação do oculto, ou seja, o


conhecimento de um fato transmitido por um morto, sem conhecimento de
nenhum vivo.

• PREMONIÇÃO – Sensação ou pressentimento do que vai acontecer.

• METAGNOMIA – É a resolução de problemas matemáticos – obras artísticas


que se produzem e línguas desconhecidas que se decifram. É muito parecido com
aquelas línguas desconexas que os evangélicos pentecostais pronunciam,
achando que estão a exercer o “dom de línguas” da era apostólica. Um grande
engano de satanás.

• TELECINÉSIA – Movimentos de objetos, toque de instrumentos musicais e


alterações de balanços sem o toque de mãos.

• IDIOPLASTIA – É a alteração do corpo físico em virtude do pensamento.

CARACTERÍSTICAS DESSES FENÔMENOS


Cássio Colombo, em um “Estudo sobre o Espiritismo”, chama a nossa atenção
para o fato de que esses “fenômenos”:

1 – Não são fatos comuns da vida; antes, impressionam pela sua anormalidade.

2 – Ocorrem apenas com determinadas pessoas que também recebem o nome de


“clarividentes” ou “médiuns”.

3 – Todos são, pelo menos na aparência, fatos inteligentes.

4 – São fenômenos que ninguém tem a consciência das causas. Daí a atribuí-los
cada qual a outrem, ou seja, não há entidade responsável pelos trabalhos.

5 – Os fenômenos meta-psíquicos independem de espaço e de tempo. Há


conhecimentos diretos e imediatos.

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6 – Há condições necessárias para as manifestações meta-psíquicas:
concentração, penumbra, etc. O medo, a desconfiança e o sarcasmo perturbam
essas manifestações.

7 – Há quase sempre o que se tem chamado de projeção, isto é, os fenômenos são


objetivos e não subjetivos. Não há alucinações.

8 – As mensagens mediúnicas são muitas vezes apresentadas de modo simbólico.


Exemplo: para simbolizar uma morte, surge uma despedida.

9 – Os fenômenos referidos várias vezes ocorrem na hora da morte. Suponha-se


que, neste caso, os fenômenos surjam por causa da tensão emotiva e das
condições vitais que, fugindo à regra, permitem a manifestação das forças
latentes do suposto espírito.

10 – Há comportamentos nas manifestações meta-psíquicas que parecem


expressar existência de personalidades dos que tomam parte da sessão. É o caso
da fraude e da fantasia comuns no espiritismo.

8. O ESPIRITSMO E AS SUAS CRENÇAS


Já fora dito que as duas principais estacas de sustentação do Espiritismo são o
dogma da reencarnação e a alegada possibilidade de os vivos se comunicarem
com os espíritos dos mortos. Mas a doutrina espiritista é muito mais que isso,
como é mostrado a seguir:

COMPLEXO DOUTRINÁRIO:
O conjunto de doutrinas do espiritismo é grande e complexo. Na verdade, se
constitui em um esquema de negação de toda a Doutrina Bíblica Cristã. Veja, por
exemplo, o que crê o espiritismo acerca dos seguintes temas da doutrina cristã:

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A PREPOTÊNCIA E AS BLASFÊMIAS DO ESPIRITISMO
CONTRA A BÍBLIA

DEUS:

“Ab-rogamos a idéia de um Deus pessoal” (The Physical Phenomena In


Spiritualism Revealed).

“Deve-se entender que existem tantos deuses quantos as mentes que necessitam
de um deus para adorar; não apenas um, dois, ou três, mas muitos” (The Banner
of. Light, 03/02/1866).

CRISTO:

“Qual o sentido da palavra Cristo? Não é, como se supõe geralmente, o Filho do


Criador de todas as coisas? Qualquer ser justo e perfeito é Cristo” (Spiritual
Telegraph, n. º 37).

“Cristo foi um “homem bom”, e não poderia ter sido divino, exceto no sentido de
que todos somos divinos” (Mensagem por um “espírito”, citado por Raupert em
Spiritist Phenomena and Their Interpretation).

A EXPIAÇÃO (Sacrifício):

“A doutrina ortodoxa da Expiação é um remanescente dos maiores absurdos dos


tempos primitivos, e é imoral desde o âmago. A razão dessa doutrina (bíblica) é
que o homem nasce neste mundo como pecador perdido, arruinado, merecedor
do inferno. Que mentira ultrajante! Porventura o sangue não ferve de indignação
ante tal doutrina?” (Médium and Daybreak).

A QUEDA:

“Nunca houve qualquer evidência de uma queda do homem” (A. Conan Doyle).

“Precisamos rejeitar o conceito de criaturas caídas. Pela queda deve-se entender a


descida do espírito à matéria” (The True Light).

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O DIABO:

Quanto à existência de Satanás e seus anjos (demônios), Allan Kardec diz:


“Satanás e seus anjos são tão somente espíritos atrasados, impuros, mas que um
dia chegarão à perfeição, tornando-se ‘anjos de luz’”. No Livro dos Espíritos,
questão 131, assim diz Kardec com referência a Satanás: “É evidente que se trata
de personificação do mal sob a forma alegórica”.

O INFERNO - HADES (Aqui eles confundem o inferno com o lago de fogo).

“Posso dizer que o inferno é eliminado totalmente, como há muito tem sido
eliminado do pensamento de todo o homem sensato. Essa idéia odiante e
blasfema em relação ao Criador originou-se do exagero de frases orientais, e
talvez tenha tido sua utilidade numa era brutal, quando os homens eram
assustados com as chamas, como as feras são espantadas pelos viajantes” (A.
Conan Doyle, em Outlines of. Spiritualism).

A IGREJA:

“Passo a passo avançou a Igreja Cristã, e ao fazê-lo passo a passo, a tocha do


espiritismo foi retrocedendo, até que quase não se podia mais perceber uma
fagulha brilhante em meio às trevas espessas… Por mais de mil e oitocentos anos
a chamada Igreja Cristã se tem imposto entre os mortais e os espíritos, barrando
toda oportunidade de progresso e desenvolvimento. Atualmente, ela se ergue
como completa barreira ao progresso humano, como já fazia há mil e oitocentos
anos” (Mind and Matter, 08/-5/1880).

“Se o cristianismo sobreviver, o espiritismo deve morrer; e se o espiritismo tiver


de sobreviver, o cristianismo deve desaparecer. São as antíteses um do outro…”
(Mind and Matter, junho de 1880).

A BÍBLIA:

“Asseverar que ela [a Bíblia] é um livro santo e divino, e que Deus inspirou os
seus escritores para tornar conhecida a vontade divina, é um grosseiro ultraje e
um logro para o público” (Outline of. Spiritualism).

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“Gostamos pouco de discutir baseados na Bíblia porque, além de a conhecermos
mal, encontramos nela, misturados com os mais santos e sábios ensinamentos, os
mais descabidos e inaceitáveis absurdos” (Carlos Imbassaby), (O Espiritismo
Analisado).

REFUTAÇÃO BÍBLICA CONTRA ESSAS AFIRMAÇÕES


PROFANAS
A Bíblia Sagrada, a espada do Espírito Santo, lança a doutrina espiritista por terra
e declara em alto e bom som que:

DEUS PAI:

a) É um Ser Pessoal (Jo 17.3; Sl 116.1-2; Gn 6.6; Ap 3.19);

b) É um Ser Único e, ao mesmo tempo, Triúno (Ex 3.14; Lm 3.37-38; Dt 6.4;


32.39; 43.13; 45.7; Pv 16.4; Ef 1.3-14; Fp 2.13; 1Tm 1.17; Jd 1.25).

JESUS CRISTO:

a) É superior aos homens (Hb 7.26);

b) Ele é Deus encarnado e visível, filho do Altíssimo, Profeta, Sacerdote e Rei, e


não um médium (Jo 1.1,14; 8.23,24,28; 10.30; 14.8,9; 1Jo 1.1; 5.20; At 3.19-24;
Tt 2.13; Hb 7:26-27; Fp 2.9-11).

A EXPIAÇÃO:

a) Foi um ato voluntário de Cristo (Tt 2.14);

b) Foi um ato de sacrifício de Jesus para que, somente pela graça, mediante a fé
dada por Deus aos escolhidos, eles alcancem a salvação. Por causa do sacrifício
de Jesus, tudo que o cristão precisa para ser salvo é crer nEle. Essa fé não é
alcançada por esforço próprio, mas é um dom gratuito de Deus (At 10.43; Ef 2.8-
10);

c) É adquirida pelo sangue de Cristo, segundo a riqueza da sua graça (Ef 1.7).

449
A QUEDA:

a) Sobreveio como conseqüência da desobediência do homem (Rm 5.12,15,19);

b) Decorreu da tentação do Diabo (Gn 3.1-5; 1Tm 2.14).

O DIABO:

O Novo Testamento deixa bem claro que Satanás – que é descrito como “o deus
deste século” (2Co 4.4) e “o príncipe deste mundo” (Jo 12.31; 14.30; 16.11; cf.
1Jo 4.4) – é extremamente ativo na terra durante a era atual. Ele não somente
“anda em derredor, como leão que ruge, buscando a quem possa devorar” (1Pe
5.8), mas também está envolvido em uma série de outras atividades: ele conta
mentiras (Jo 8.44); ele tenta crentes a pecar (1Co 7.5; Ef 4.27); ele se disfarça
como um anjo de luz (2Co 11.13-15); ele procura enganar os filhos de Deus (2Co
11.3); ele arrebata o evangelho dos corações incrédulos (Mt 13.19; Mc 4.15; Lc
8.12; cf 1Ts 3.5); ele leva “vantagens” sobre crentes (2Co 2.11); ele influencia as
pessoas a mentir (At 5.3); ele mantém os incrédulos sob seu poder (At 26.18; Ef
2.2; 1Jo 5.19); ele “esbofeteia” os servos de Deus (2Co 12.7); ele impede o
progresso do ministério (1Ts 2.18); ele procura destruir a fé dos crentes (Lc
22.31); ele promove guerra contra a igreja (Ef 6.11-17); ele ilude e engana as
pessoas, mantendo-as cativas para fazerem sua vontade (2Tm 2.26).

O LAGO DE FOGO:

O lago de fogo, confundido por muitos com o "inferno", foi preparado para o
diabo e seus anjos, que é para onde vão também os perdidos. Mas este lugar, por
enquanto, está vazio. Ninguém nunca esteve lá, como pensam muitos. Os mortos
em seus pecados (sem salvação) estão no hades (grego – “Inferno”, que significa
“Sepultura”), que é uma condição de morte enquanto aguardam a ressurreição de
seus corpos para serem lançados no “lago de fogo” (Mt 25.41; Ap 20:10-15).
Trata-se de um lugar temporário, no qual os mortos perdidos aguardam o Juízo
Final para a condenação deles (Pv 15.24; Mt 23.33; 2Pe 2.4-17). Essa
condenação é eterna, pois assim o Senhor a chama: "E irão estes para o
tormento eterno, mas os justos para a vida eterna" (Mateus 25.46). Se
duvidarmos que a condenação é eterna, teremos de duvidar também que a vida
seja eterna. O Senhor avisou de forma clara que o fogo "nunca" se apaga: “Onde
o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga” (Marcos 9.44). Da mesma
forma, Ele consolou os Seus escolhidos dizendo que "nunca" pereceriam nem

450
seriam arrebatados de Sua mão: “E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de
perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão” (João 10.28).

O destino dos perdidos, incluindo dos espíritas, é serem ressuscitados somente


após o Milênio para serem julgados no Grande Trono Branco. O lago de fogo
será a habitação final e eterna dos perversos, preordenados para este mesmo fim,
mediante os decretos de Deus (Sl 9.7; Mt 25.41; Jd 1.4). No fim, o lago de fogo
será inaugurado quando a besta e o falso profeta forem lançados lá (Ap 20:10-
15), juntamente com os perdidos. Os salvos não fazem parte dessa lista, pois já
estão com Cristo e jamais serão tirados de Sua presença (Jo 5.24).

A IGREJA:

a) Foi fundada por Jesus Cristo (Mt 16.18);

b) Jamais será vencida (Mt 16.18);

c) É guardada pelo Senhor e será arrebatada ao céu, sendo livrada da Tribulação


que virá sobre a terra (Ap 3.10).

A BÍBLIA:

a) É a Palavra de Deus (2Sm 22.31; Sl 12.6; Jr 1.12);

b) Foi escrita sob inspiração divina (1Co 2.4);

c) É absolutamente digna de confiança (Hb 4.12);

d) É descrita como pura (Sl 19.8); espiritual (Rm 7.14); santa, justa e boa (Rm
7.12); amplíssima (Sl 119.96); perfeita (Sl 19.7; Rm 12.2); verdadeira (Sl
119.142); não pesada (1Jo 5.3).

A passagem em Efésios 2.8-10 é a estaca que finca no coração dos espíritas, pois
ali está o resumo bíblico de que “pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto
não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se
glorie; porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras,
as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2.8-10).

Um certo poeta alemão, chamado Henrique Heine, disse uma vez:

“Depois de haver passado tantos e tantos longos anos de minha vida e


correra a taberna da filosofia, depois de me haver entregado a todas as

451
politiquices do espírito e ter participado de todos os sistemas possíveis, sem
neles encontrar satisfação, ajoelho-me diante da Bíblia”.

AS INCRÍVEIS SEMELHANÇAS ENTRE O


CATOLICISMO E O ESPIRITISMO

Sem sombra de dúvidas o Catolicismo Romano e o Espiritismo são duas dentre


as maiores seitas antibíblicas do mundo. Neste artigo nós iremos falar
exatamente sobre algumas semelhanças que o Catolicismo Romano nega ter com
o Espiritismo. Embora o Catolicismo Romano condene o Espiritismo, não é
pequeno o número de crenças e práticas que andam de mãos dadas pelos
meandros das duas religiões. Fiéis romanistas por toda a parte creem, em algum
nível e em algum aspecto, em alguma religião espírita. Eles praticam o
espiritismo (muitas vezes sem se darem conta disso) e frequentam seus trabalhos,
numa mistura de crenças que seriam “paralelas” com a religião herdada de seus
pais como “única” e “santa” no mundo inteiro. Digo “paralelas” com aspas
porque, no final das contas, o leitor verá que não há paralelismo algum entre as
duas religiões. O que podemos encontrar são pequenos diferentes meios de se
chegar ao mesmo abismo antibíblico.

Não são poucos os que, além de serem devotos de Maria e frequentarem


assiduamente a seita católica, também creem em religiões esotéricas e
astrológicas, confiam na força dos cristais ou sejam bruxos e encantadores. Esses
fiéis misturam a fé do evangelho de Cristo com práticas condenadas pela própria
Bíblia, inclusive satanistas. São pessoas muitas vezes cultas e bem informadas,
mas que depositam sua confiança nos astros, na numerologia, no tarô, nos “pais
de santo”, nos necromantes e em vários outros tipos de doutrinas de demônios.
Essas pessoas praticam coisas abomináveis a Deus. Não satisfeitas com as
aberrações do Catolicismo Romano ortodoxo, essas pessoas querem ir além. Elas
querem o máximo de contato com o mundo dos mortos e não medem esforços
para invocá-los em suas sessões espíritas. Elas não admitem que são sessões
espíritas. Mas, se a invocação aos mortos não é uma sessão espírita, o que mais
poderia ser? Elas invocam os nomes dos santos mortos e não querem ser
comparadas aos espíritas? Oras, quanta hipocrisia! Afinal de contas, a prática é a
mesma!

452
Uma reportagem da revista “Isto É” (n. 1629 – 6/20/2000, p. 96) nos dá um
exemplo deste sincretismo religioso:

“Católica fervorosa e organizadora de uma festa do Divino que dura 15 dias,


Maria Celeste Santos, a dona Celeste, é figura de destaque em São Luís do
Maranhão. Quando o papa João Paulo II visitou a cidade, em outubro de 1991,
ela foi escolhida para lhe entregar uma bandeja de prata em nome da
população. Na época, porém, circulou pela cidade o boato de que o presente
havia sido oferecido à Sua ‘Santidade’ pelo vodum Averequetê, que teria se
incorporado em dona Celeste durante a solenidade. Embora não comente o
episódio, ela sempre assumiu que é consagrada a Averequetê. Além de católica
praticante, dona Celeste é também uma das líderes espirituais da Casa das
Minas, um terreiro fundado em 1840 para cultuar os voduns, divindades
africanas trazidas para o Brasil pelos escravos”.

O Catolicismo Romano possui em seu rol de doutrinas algumas práticas que se


assemelham à citada acima, principalmente ao Espiritismo Kardecista. Pe. Artur
Betti (2003), ao tentar refutar o Espiritismo, esclarece que as semelhanças entre
Catolicismo Romano e Espiritismo são muitas e que o Catolicismo Romano
condena crenças que ele mesmo possui, mas que existem com outra
nomenclatura e história. Assim se expressa Artur Betti (p. 141 e 142):

“A doutrina espírita, até hoje, continua tendo como base e fundamentação a


doutrinação original, acrescida das “comunicações dos espíritos”. Três pontos
constituem verdadeiros dogmas para os espíritas: reencarnação, mediunidade e
a fantasia de falar com os mortos (...) Segundo a sua doutrina, os espíritos se
manifestam às pessoas, diretamente ou através da evocação ou chamamento
feito pelo médium, que é um intermediário entre o mundo intermediário e o físico
(...) Sabemos que a Palavra de Deus, a Bíblia, condena totalmente tais práticas e
ensinamentos (...) Quem crê nessas coisas demonstra desconhecer a Bíblia, que
diz: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8.31). Desconhece
também que, após a morte, vamos para um estado de vida definitivo, conforme o
ensinamento do próprio Jesus (Lc 16.20-31)”.

Uma matéria publicada em um site católico (comshalom.org) rechaça aqueles


que tentam encontrar semelhanças entre o Catolicismo e o Espiritismo,
apontando 40 diferenças entre as duas religiões. A grande maioria dos pontos de
fé citados concorda com o Catolicismo, obviamente. Por exemplo, quando se diz
na matéria que a doutrina espírita nega a inspiração divina da Bíblia, a divindade
de Cristo, a criação do mundo e do homem por Deus do nada, a redenção em
Cristo, a existência do Céu e do inferno, entre outras.

453
Por outro lado, há de se dizer que em alguns pontos a doutrina espírita chega a
concordar com a Bíblia, como quando nega a autoridade do Magistério da Igreja,
a infalibilidade dos papas, os dogmas referentes a Maria, o valor dos
sacramentos, a eficácia redentora do batismo nas águas (como se o batismo nas
águas salvasse alguém), a presença real de Cristo na Eucaristia e a existência do
purgatório. Todavia, devemos nos lembrar de que Satanás é sutil e sagas. Ele não
negaria grande parte das Escrituras Sagradas para enganar o homem. O que ele
faz, desde que tentou Jesus no deserto, é bem mais elaborado e caviloso. Quando
ele deseja enganar, ele usa as Escrituras para distorcê-las e usá-las fora de seu
contexto, fazendo mau uso das passagens bíblicas a fim de enganar por meio da
própria Escritura (Mt 4.5-7).

O que o autor do artigo católico parece não saber é que as semelhanças entre o
Catolicismo e o Espiritismo são muito mais sérias e comprometedoras do que as
suas diferenças. Lendo os comentários acerca do Espiritismo feitos pelo padre
Betti, podemos relembrar algumas doutrinas católicas que em tudo combinam
com as doutrinas espíritas:

1. SALVAÇÃO E EVOLUÇÃO ESPIRITUAL ATRAVÉS DAS


OBRAS
O Catolicismo Romano tem sua crença baseada na “salvação por obras”. Embora
afirmem que a salvação é pela graça, mediante a fé somente (Ef 2.8,9), é
necessário – dentre várias outras coisas – o batismo, isto é, uma obra de iniciação
no Cristianismo antes da fé. Sem o batismo, dizem eles, o fiel não recebe o
Espírito Santo, não é salvo e não pode fazer parte da “Igreja”.

O Espiritismo, embora não creia na salvação da alma como crê o Catolicismo e o


Protestantismo, mas na sua constante evolução espiritual até a perfeição, prega
que a “salvação” se dá através das obras de caridade e do sofrimento pelo qual o
espírito passa para purificar-se de seus pecados. A isto eles chamam de
“expiação”, a qual parece substituir a expiação de Cristo na cruz. De qualquer
forma, tanto do ponto de vista do Catolicismo Romano quanto do Espiritismo, a
alma só alcança seu objetivo através de obras feitas pelas próprias mãos, onde
faz-se necessário o sofrimento físico para ambos, como ensina Kardec no “Livro
dos Espíritos” (2002):

“Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para
uns é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm
que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a

454
expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de
suportar a parte que lhe toca na obra da criação. ‘Para executá-la é que, em cada
mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial
desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É
assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta”.

2. PURGATÓRIO E REENCARNAÇÃO
Esta purificação nos lembra do sistema do purgatório, sendo que o purgatório é o
fogo purificador do Catolicismo e a reencarnação é o sistema purificador do
Espiritismo. Após uma vida inteira dedicada a Deus e à “Igreja”, ou mesmo após
uma vida não tão santa e piedosa, o católico romano ainda tem que amargar uma
estadia no purgatório para purificar-se daqueles pecados que não foram
totalmente expiados em vida – uma clara negação de que Cristo morreu na cruz
para pagar pelos pecados dos eleitos (Cl 2.13-15). Esta purificação se dá através
do fogo purificador e da intervenção dos vivos ao seu favor. No Espiritismo o
sistema é parecido – existe a necessidade de purificação (expiação) e os meios:
sofrimentos e provas. No Concílio de Trento podemos ler:

983. “Já que a Igreja Católica, instruída pelo Espírito Santo, apoiada nas
Sagradas Letras e na antiga Tradição dos Padres, ensinou nos sagrados Concílios
e recentemente também neste Concílio Ecumênico, que existe purgatório [cfr. n°
840], e que as almas que nele estão detidas são aliviadas pelos sufrágios dos fiéis,
principalmente pelo sacrifício do altar [cfr. n° 940, 950], prescreve o santo
Concílio aos bispos que façam com que os fiéis mantenham e creiam a sã
doutrina sobre o purgatório, aliás transmitida pelos santos Padres e pelos
Sagrados Concílios, e que a mesma doutrina seja pregada com diligência por toda
parte. Sejam, outrossim, excluídas das pregações populares à gente simples
as questões difíceis e sutis e as que não edificam (cfr. l. Tim l, 4) nem aumentam
a piedade. Igualmente não seja permitido divulgar ou discorrer sobre assuntos
duvidosos ou que trazem a aparência do falso. Sejam ainda proibidas como
escandalosas e prejudiciais aos fiéis aquelas coisas que têm em vista provocar a
curiosidade ou que rescendem a superstição ou a um torpe lucro...”

840. Cân. 30. “Se alguém disser que a todo pecador penitente, que recebeu a
graça da justificação, é de tal modo perdoada a ofensa e desfeita e abolida a
obrigação à pena eterna, que não lhe fica obrigação alguma de pena temporal a
pagar, seja neste mundo ou no outro, no purgatório, antes que lhe possam ser
abertas as portas para o reino dos céus — seja excomungado” [cfr. n° 807].

A doutrina católica do purgatório, também ensinada no seu Catecismo, se


apresenta como um lugar para quem já tem a salvação eterna garantida, mas que

455
ainda precisa de uma purificação extra a fim de obter uma santidade necessária
para entrar na alegria do Céu (nº 1030 a 1032). Isto significa que o sacrifício
vicário de Cristo na cruz foi em vão, pois a crença do purgatório consiste na ideia
de que as pessoas são salvas pelos seus próprios méritos ou pela intercessão de
parentes e amigos vivos. Com isso, o morto prepara a sua alma para a salvação
definitiva enquanto os entes queridos ou amigos rogam pelo indivíduo que
supostamente está pagando pelos seus pecados no purgatório. Ou seja, a doutrina
do purgatório elimina o fato de que foi Cristo quem pagou pelos pecados dos
eleitos de uma vez por todas e coloca nas mãos dos homens o poder de salvarem-
se a si mesmos e aos outros. De qualquer forma, de acordo com esse dogma, não
existe uma ida direta para o céu por meio de Cristo, assim como é impossível
para o fiel católico ou espírita purificar-se de uma vez por todas em apenas uma
vida.

Assim como o purgatório é a segunda chance de Deus ao fiel católico, a


reencarnação é a segunda chance de Deus ao espírita. O que o fiel católico
purifica depois de morto no purgatório, o fiel espírita purifica, também depois de
morto, através de outras encarnações. Todavia, o Espiritismo não crê no inferno
(e menos ainda no lago de fogo – onde o sofrimento dos perdidos é eterno – Mt
25.41,46; Ap 20.10-15). Já o Catolicismo crê no “tormento eterno” e por isso se
apegam às indulgências, missas, orações e mortificações. No texto abaixo citado
(idem, p. 121) está explícita a semelhança entre a segunda chance do católico
para se arrepender e purificar-se dos seus pecados após a sua morte e a segunda
chance do espírita para se santificar onde, em vida, não o pôde fazer. Também
podemos notar neste trecho o universalismo – a ideia herética de que Deus tem
por filhos todos os seres humanos:

“Na justiça de Deus e na revelação, pois incessantemente repetimos: o bom pai


deixa sempre aberta a seus filhos uma porta para o arrependimento. Não te diz a
razão que seria injusto privar para sempre da felicidade eterna todos aqueles de
quem não dependeu o melhorarem-se? Não são filhos de Deus todos os homens?
Só entre os egoístas se encontram a iniquidade, o ódio implacável e os castigos
sem remissão” (...) Todos os espíritos tendem para a perfeição e Deus lhes faculta
os meios de alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal. Sua
justiça, porém, lhe concede realizar, em novas existências, o que não puderam
fazer ou concluir numa primeira prova”.

456
3. A COMUNHÃO DOS SANTOS (VIVOS E MORTOS) E AS
MESAS BRANCAS
O Catolicismo Romano critica o Espiritismo pela sua conduta em relação aos
mortos em mesas brancas através dos médiuns ou livremente através do espírito
intervindo no mundo dos vivos. Todavia, o dogma da “comunhão dos santos”
coloca o fiel católico em contato com os que já morreram para venerá-los e
observar seu exemplo de vida. E mais: o Concílio Vaticano II, cânon. 136, vai
muito mais além quando afirma:

“Todavia não somente a título de exemplo veneramos a memória dos habitantes


do céu, mas mais ainda para corroborar a união de toda a Igreja no Espírito, pelo
exercício da caridade fraterna (cf. Ef 4.1-6). Porque assim como a comunhão
cristã entre os viajores mais nos aproxima de Cristo, assim o consórcio com os
Santos nos une também a Cristo, do Qual como de sua Fonte e Cabeça promana
toda a graça e a vida do próprio Povo de Deus. Convém portanto sumamente que
amemos esses amigos e co-herdeiros de Jesus Cristo, além disso irmãos e
exímios benfeitores nossos, rendamos devidas graças a Deus por eles, ‘os
invoquemos com súplicas e que recorramos às suas orações, à sua
intercessão e ao seu auxílio’ para impetrarmos de Deus as graças necessárias,
por meio de Seu Filho Jesus Cristo, único Redentor e Salvador nosso”.

Porém, tudo o que já vimos sobre o purgatório e que se refere à “comunhão dos
santos” nos leva a crer que o Catolicismo Romano mantém uma prática de
convívio com os mortos tão profunda quanto o Espiritismo. Senão vejamos: a) os
espíritas consultam os mortos; os católicos rezam a eles, fazem votos, promessas
e simpatias; b) os espíritas acreditam em “fantasmas”, que são espíritos (bons ou
maus) que entram em contato com os vivos para algum fim; os católicos contêm
uma vasta lista de aparições de santos que já morreram, principalmente de
Maria. De 1347 a 1987 foram 24 aparições de Maria reconhecidas pela Igreja
Católica. Ainda existem 10 sendo examinadas pela “Igreja” e 47 sem
pronunciamento oficial, estas datando até o ano de 1994. Temos o total de 81
aparições de Maria espalhadas pelo mundo. Isto sem contar o número de
aparições não contadas de intervenções de diversos santos mundo a fora, seja
diretamente e de forma pessoal, seja concedendo graças.

Evocar uma pessoa falecida implica comunicar-se com ela. Você diz seu nome,
conversa com ela, pede seu auxílio, ouve a sua voz, sente a sua presença, etc.
Todas essas coisas acontecem quando um fiel católico se ajoelha para rezar a
algum santo falecido ou mesmo a um parente ou defunto milagreiro da moda.
Oras, esta é uma prática espírita, como podemos ver no “O Livro dos Médiuns”,

457
de Allan Kardec (2007, p. 364): “Todos os espíritos, qualquer que seja o grau em
que se encontrem na escala espiritual, podem ser evocados”. A forma como cada
um procede é diferente, mas o fim é o mesmo. O padre Artur Betti, no texto
supracitado, fala da “fantasia de falar com os mortos”. Mas não seria exatamente
isso que os católicos fazem todas as vezes que rezam pedindo a intercessão de
algum santo falecido ou quando invocam seus entes já falecidos, pedindo-lhes
auxílio e bênçãos? Não seria um poder mediúnico o daqueles que afirmam ver,
ouvir e conversar com os santos mortos, principalmente com Maria, como no
caso das aparições em Fátima? Ora, se os mortos não têm qualquer tipo de
contato com os vivos, como poderão ouvir orações e, ainda pior, respondê-las?

4. SANTOS CATÓLICOS E ENTIDADES DA UMBANDA


Dentro do seu discurso ecumênico, o Catolicismo Romano convive
tranquilamente com o sincretismo religioso, o que o leva a promover cultos
ecumênicos com judeus, muçulmanos, espíritas, evangélicos e adeptos de
diversas religiões afro-brasileiras. Dentro deste sincretismo religioso, podemos
perceber algo em comum com os santos católicos e os orixás da Umbanda (Baixo
Espiritismo). Muitos santos cultuados pelo Catolicismo Romano são invocados
pelos umbandistas com nomes diferentes. Alguns exemplos: Jesus Cristo
(OXALÁ), Nossa Senhora (YEMANJÁ), Cosme e Damião (CRIANÇAS), São
Jorge (OGUM), São Sebastião (OXOSSI), São Jerônimo (XANGÔ), São
Cipriano ou São Lázaro (PRETOS-VELHOS), etc. É certo que a forma como
cada um trata estes ícones e os invoca é diferente, mas a essência permanece a
mesma: culto aos mortos e idolatria. Assim como os espíritas, os católicos
possuem seus ídolos e vice-versa.

5. OBRAS DE CARIDADE
Outra semelhança entre estas duas religiões é a prática da caridade como pré-
requisito para ser salvo. É claro que praticar a caridade é um mandamento
bíblico. Todo aquele que é convertido ao evangelho de Cristo produz “boas
obras” (Efésios 2.10), se empenha na caridade, auxilia os que nada têm, etc. O
que os católicos e espíritas não entendem é que essas boas obras não podem
salvá-los, por mais que eles se esforcem em se salvar a si mesmos por meio
disso. Basta ler os dois versículos anteriores a essa passagem: “Porque pela
graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não
vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8,9). Além do mais, o

458
próprio versículo 10 diz que Deus nos “preparou para que andássemos nas boas
obras”, e não que essas obras procedem de nós mesmos. Essa é, sem dúvida, a
estaca que finca no coração dos católicos e espíritas. Suas próprias obras de
justiça não podem salvá-los e isso está registrado nas Escrituras.

As obras de justiça citadas na Bíblia em nada tem a ver com justiça social, como
prega a “Teologia da Libertação”, mas sim com a prática do amor, isto é: a
caridade está inserida dentro de um contexto de amor e não político. Todavia, o
objetivo desta caridade advinda de instituições filantrópicas é que torna a prática
católica e espírita repreensível. Os católicos praticam a caridade como uma forma
de aliviar suas futuras dores no purgatório e merecer o Reino dos Céus, além de
aliviar o sofrimento de seus entes queridos que já estão lá. As obras formam
aquilo que o Catecismo da Igreja Católica denomina de “mérito do homem” (nº
2007 e 2008). Embora o Catecismo confirme que a salvação é somente mérito de
Cristo e que tudo vem do Criador, este mesmo Catecismo católico ensina o
seguinte:

“O mérito do homem diante de Deus, na vida cristã, provém do fato de que Deus
livremente determinou associar o homem à obra de sua graça. A ação paternal
de Deus vem em primeiro lugar por seu impulso, e o livre agir do homem, em
segundo lugar, colaborando com Ele, de sorte que os méritos das boas obras
devem ser atribuídos à graça de Deus, primeiramente, e só em segundo lugar ao
fiel. O próprio mérito do homem cabe, aliás, a Deus, pois suas boas ações
procedem, em Cristo, das inspirações e do auxílio do Espírito Santo”.

O Catecismo católico consegue separar “salvação” de “vida eterna” (nº 2010),


como se ambos não fossem a mesma coisa, para confirmar a meritocracia do
homem no plano da salvação. Já os espíritas praticam a caridade como uma
obrigação religiosa da alma para evoluir em seu Karma – amenizar seu
sofrimento infligido pela necessidade de expiar seus pecados pela eternidade. Isto
não descarta a possibilidade das pastorais católicas e as obras de caridade
espíritas estarem agindo com boas intenções, mas, a princípio, seriam essas as
motivações para tais práticas. No entanto, a caridade deve ser praticada como
mandamento divino, por amor, sem esperar receber nada em troca,
principalmente naquilo que concerne à salvação da alma. Esta não pode ser
comprada.

459
CONCLUSÃO
Como podemos ver, as doutrinas e práticas romanistas e as espíritas têm fortes
ligações. Embora difiram no modo de se praticar, a essência e a prática são as
mesmas. A busca frenética pelo contato com os mortos, as visões e aparições de
pessoas que já morreram, a necessidade de obras em favor próprio e para obter a
salvação, a purificação dos pecados, a idolatria, etc., estão todas de mãos dadas
com o Catolicismo Romano e o Espiritismo. Todas formam um conjunto de
crenças que se mesclam em um sincretismo religioso pagão totalmente
desprovido de fundamento bíblico. Para tal feita, os católicos romanos possuem a
Tradição e, os espíritas, inúmeros livros, sendo o principal deles “O Evangelho
segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec. Tanto um quanto outro pecam em não
reconhecerem as Escrituras Sagradas como única regra de fé e conduta,
assemelhando-se aos Mórmons e aos Testemunhas de Jeová, cujas literaturas
também pretendem ser complementares ou substitutivas à Bíblia.

Se perguntarmos a algum católico comum se ele é espírita, ele negará e


provavelmente se benzerá três vezes. Mas se mudarmos a pergunta para os cinco
pontos tratados acima, ouviremos várias afirmativas. Depois, confrontado com a
realidade de que sua crença está intimamente ligada a práticas Kardecistas, o que
ele dirá?

Tanto o Catolicismo Romano quanto o Espiritismo existem para anular a eficácia


do sacrifício expiatório de Cristo. É como se Jesus tivesse falhado em sua missão
em salvar os predestinados à salvação, os quais Deus escolheu antes da fundação
do mundo (Ef 1.4). É como se Jesus não tivesse dito “tome a sua cruz e siga-me”
(Mc 8.34), mas “tome seus méritos, suas obras e as obras dos que já morreram e
siga-me”. As Escrituras são claras em dizer que só existe um Intercessor entre
Deus e os homens, o qual é Jesus Cristo e mais ninguém (1Tm 2.5). Então, por
que os católicos e os espíritas insistem em buscar ajuda por meio da intercessão
dos mortos? Porventura não leram nas Escrituras que, por detrás desses supostos
mortos está Satanás (Lv 20.27; At 16.16; 2Co 11.14)? Salvação sem Jesus como
único Intercessor não é salvação. Salvação por obras também não é salvação.

O Catolicismo Romano e o Espiritismo existem para negar a doutrina da


depravação total, comprometer a expiação particular (limitada aos eleitos),
pregar um desejo de Deus de salvar o réprobo, silenciar o fato de que Deus odeia
a todos os quais Ele não amou na eternidade e, então, negar a eleição e
reprovação incondicional, recusando, assim, condenar o universalismo religioso
e seus falsos mestres, permitindo a comunhão aberrativa com pessoas de todas as
religiões, em uma grande festa ecumênica onde o jugo desigual é quem dita as
regras.
460
“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho
além do que já vos tenho anunciado, seja amaldiçoado. Assim, como já vo-lo
dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro
evangelho além do que já recebestes, seja maldito. Porque, persuado eu agora
a homens ou a Deus? ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda
agradando aos homens, não seria servo de Cristo” (Gálatas 1.8-10).

O QUE SÃO AS TESTEMUNHAS DE


JEOVÁ?

“Testemunhas de Jeová” é uma religião que usa a Bíblia de forma


deliberadamente herética, enganando seus seguidores. Suas doutrinas procuram
diminuir o Nome que está acima de todo nome, o Senhor Jesus Cristo. Eles
negam que Cristo seja Deus e não dão honra ao filho como ao Pai (cf. João 5.23).
A estes devemos tratar como está escrito em 2 João 1.7-11, pois são inimigos de
Deus.

A salvação que pregam está baseada em obras, principalmente uma que é a de


divulgar a doutrina da Sociedade Torre de Vigia e fazer novos escravos. Há,
inclusive, um ranking dos melhores do mundo nessa prática de distribuição de
literatura. A isso eles chamam "pregar o evangelho". Exceto para um suposto
grupo de 144.000 membros da organização, os membros comuns não têm
nenhuma esperança de viver no céu e o máximo que almejam é um lugar no
Reino de mil anos que acontecerá aqui na terra. Mas, de onde surgiu esta
contagem (144.000)? No final do artigo isso será explicado.

Jamais devemos sequer perder tempo ouvindo os membros desta seita, visto que
não podemos aproveitar nada do que dizem. Mesmo que uma certa porcentagem
do que dizem possa ser encontrado na Bíblia, não devemos dar ouvidos a eles.
Lembre-se de que há venenos para rato que são feitos com 90% do mais puro
milho e apenas 10% de veneno fatal. Se você perguntar algo a eles, a resposta
virá de um livro que eles possuem especialmente preparado com respostas para
as principais perguntas das pessoas. Alguns deles levam o livro na pasta. Porém,
não o usam publicamente.

461
Diante de um membro das Testemunhas de Jeová, devemos apenas pregar o
evangelho da graça de Deus e bater na tecla de que Cristo veio ao mundo para
salvar os pecadores, e que é preciso crer nEle e em Sua obra consumada na cruz.
Quando desejam falar sobre profecia, bom será que não percamos tempo em
entrar neste tópico com eles, pois não entenderão a profecia corretamente
enquanto não se converterem a Cristo.

BÍBLIA VS. TESTEMUNHAS DE JEOVÁ


Aqui vão algumas coisas que as Testemunhas de Jeová crêem e a resposta bíblica
para cada uma das aberrações que geralmente ensinam. Veja como seus ensinos e
crenças se diferem daquilo que a Bíblia diz:

Erro das TJ: O Espírito Santo é uma força ativa impessoal de Deus, The
Watchtower, June 1, 1952, p. 24. O Espírito Santo é uma força, Reasoning from
the Scriptures, 1985, pp. 406-407.

Refutação: O Espírito Santo é uma Pessoa divina que pensa, sente, sofre, fala,
etc.

"E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a


Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado" (Atos 13.2).

"E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia
da redenção" (Efésios 4.30).

Erro das TJ: Somente os membros da organização serão salvos, The Watchtower,
Feb, 15, 1979, p. 30.

Refutação: O único meio de salvação é a pessoa de Jesus Cristo, graças à Sua


obra na cruz. Nenhuma organização pode salvar.

"E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum


outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos" (Atos
4.12).

Erro das TJ: Jesus foi um anjo que se tornou um homem, The Watchtower, May
15, 1963, p. 307. Jesus foi o único homem perfeito, mas não Deus em carne,
Reasoning from the Scriptures, 1985, pp. 306.

Refutação: Jesus é Deus, assim como o Pai é Deus e o Espírito Santo é Deus.
Não há como entender; apenas crer.

462
“Eu e o Pai somos UM” (João 10.30).

“Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo;
e estes três são um” (1 João 5.7).

“E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para que
conheçamos ao Verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho
Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1 João 5.20).

“Se vós me conhecêsseis, também conheceríeis a meu Pai. De agora em diante


o conheceis e o vistes” (João 14.7).

“NO princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”
(João 1.1).

“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a
glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (João 1.14).

“O QUE era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos
olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida”
(1 João 1.1).

“Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do


nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus” (Tito 2.13).

Erro das TJ: Jesus não voltou da morte em seu corpo físico, Awake! July 22,
1973, p. 4. Jesus foi ressucitado "não como criatura humana, mas um espírito."
Let God be True, p. 276.

Refutação: A visão do Senhor ressuscitado foi um privilégio apenas dos


discípulos. Ele ressuscitou em um corpo físico, diferente do que tinha antes, pois
era capaz de atravessar portas e paredes, mas igualmente físico. Não era um
espírito.

“E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles
Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e
disse: Paz seja convosco. Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as
minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo,
mas crente. E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!” (João
20.26-28).

“Então eles apresentaram-lhe parte de um peixe assado, e um favo de mel; O


que ele tomou, e comeu diante deles” (Lucas 24.41-42).

463
“Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive
ainda a maior parte, mas alguns já dormem também” (1 Coríntios 15.6).

Erro das TJ: Jesus retornou à terra invisivelmente, em 1914, The Truth Shall
Make You Free, p. 300.

Refutação: Muitas religiões alegam ter Cristo voltado. No caso das TJ isso foi
previsto numa falsa profecia que depois da data anunciada precisou receber a
adição do “invisivelmente” para não voltarem atrás.

“E então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo; ou: Ei-lo ali; não acrediteis”
(Marcos 13.21).

Erro das TJ: A Trindade não existe, Let God be True, p. 101-100.

Refutação: A existência da Trindade foi revelada no batismo do Senhor. O


Espírito Santo desceu na forma de uma pomba e pousou sobre Ele; e Deus Pai
declarou: “Este é meu Filho amado em quem me comprazo” (Mateus 3.17).
João 20.17 revela que o Pai é uma Pessoa distinta e que é Deus. 1 João 5.20
revela que Jesus é uma Pessoa distinta e que é Deus. Muitas passagens revelam
que o Espírito Santo é uma Pessoa e é Deus (Gn 1.2; Mt 4.1; Jo 16.13; At 10.19;
13.2,4; 20.28; Rm 15.30; 1Co 2.10).

As três Pessoas são citadas na fórmula instituída por Cristo no batismo (Mt
28.19). No entanto, há um só Deus (1Tm 2.5). Satanás terá uma imitação da
Trindade, representada na Besta, no falso profeta e no próprio Satanás (Ap
13.4,11; 20.10).

Erro das TJ: Boas obras são necessárias para a salvação, Studies in the
Scriptures, Vol. 1, pp. 150, 152. A salvação é pela fé e pelo que você fizer,
Studies in the Scriptures, Vol. 1, p. 150,152.

Refutação: As boas obras não salvam. Elas apenas podem ajudar a revelar se uma
pessoa é salva em função dos frutos visíveis de sua transformação.

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de
Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura
sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para
que andássemos nelas” (Efésios 2.8-10).

Erro das TJ: A alma cessa sua existência na morte, Let God be True, p. 59, 60,
67. Não existe inferno de fogo onde os condenados serão punidos, Let God be
True, p. 79, 80.

464
Refutação: O inferno é o hades (sepultura), onde ficam os mortos perdidos até
serem ressuscitados no fim do reino milenial de Cristo na terra para serem
condenados. Só então serão lançados no Lago de Fogo (confundido por muitos
com o inferno. O lago de fogo, onde o sofrimento é eterno, foi criado para
Satanás e seus anjos, mas os homens também acabarão lá, embora não fosse essa
a intenção original. Mesmo assim, não há fim para a alma ou para o fogo do
sofrimento eterno. A palavra chave aí é "NUNCA". Assim como o salvo
NUNCA perderá sua salvação, o condenado NUNCA ficará livre de sua
condenação.

“E, se a tua mão te escandalizar, corta-a; melhor é para ti entrares na vida


aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca
se apaga, Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga” (Marcos
9.43-44).

“Ele tem a pá na sua mão; e limpará a sua eira, e ajuntará o trigo no seu
celeiro, mas queimará a palha com fogo que nunca se apaga” (Lucas 3.17).

Erro das TJ: Somente 144.000 Testemunhas de Jeová irão para o céu, Reasoning
from the Scriptures, 1985, pp. 166-167, 361; Let God be True, p. 121.

Refutação: O texto de Apocalipse mostra claramente que os 144.00 selados se


tratam de ISRAELITAS das diferentes tribos de Israel, e não gentios salvos e
pertencentes ao Corpo de Cristo que é a Igreja, cuja porção é celestial.

“E ouvi o número dos assinalados, e eram cento e quarenta e quatro mil


assinalados, de todas as tribos dos filhos de Israel. Da tribo de Judá, havia doze
mil assinalados; da tribo de Rúben, doze mil assinalados; da tribo de Gade,
doze mil assinalados...” (Apocalipse 7.4).

Erro das TJ: Transfusão de sangue é pecado, Reasoning from the Scriptures,
1985, pp. 72-73.

Refutação: A passagem bíblica no Antigo Testamento e sua confirmação no


Novo Testamento referente a essa questão mostra claramente tratar-se de
“comer” sangue. Confundir o ato de comer com uma transfusão, que pode nem
ser de sangue, mas de um derivado, é um erro grosseiro.

“Somente esforça-te para que não comas o sangue; pois o sangue é vida; pelo
que não comerás a vida com a carne” (Deuteronômio 12.23 – admoestação
feita a Israel).

“Todavia, quanto aos que crêem dos gentios, já nós havemos escrito, e achado
por bem, que nada disto observem; mas que só se guardem do que se sacrifica
465
aos ídolos, e do sangue, e do sufocado e da prostituição” (Atos 21.25
admoestação feita aos crentes gentios – Igreja).

Erro das TJ: É possível perder a sua salvação, Reasoning from the Scriptures,
1985, pp. 358-359.

Refutação: Não é possível tirar das mãos de Deus aquele a quem Ele salvou pelo
sacrifício de Seu próprio Filho. A palavra chave é "NUNCA".

“E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da


minha mão” (João 10.28).

QUEM SÃO OS 144.000 SELADOS DE APOCALIPSE?


As “Testemunhas de Jeová” costumam usar o versículo de Apocalipse 7.4-8 para
dizerem que somente 144.000 Testemunhas de Jeová irão para o céu. Esta é uma
das maiores HERESIAS desta seita e qualquer criança alfabetizada pode
constatar que o versículo de Apocalipse 7.4 está falando de JUDEUS que se
converterão na Tribulação vindoura. São judeus israelitas, não gentios. Repare
que a Bíblia identifica cada uma de suas tribos.

“E ouvi o número dos assinalados, e eram cento e quarenta e quatro mil


assinalados, de todas as tribos dos filhos de Israel. Da tribo de Judá, havia doze
mil assinalados; da tribo de Rúben, doze mil assinalados; da tribo de Gade,
doze mil assinalados...” (Apocalipse 7.4).

Além dos judeus convertidos, há uma multidão (Ap 7.9-17) de gentios


convertidos que passarão pela tribulação (Ap 7.14).

A ordem dos acontecimentos é mais ou menos a seguinte: Acontece o


arrebatamento da Igreja (1Ts 4.17), que inclui todos os salvos por Cristo. Ficarão
na terra os que ouviram o evangelho e não creram e os que não ouviram o
evangelho e não tiveram, portanto, a oportunidade de subirem no arrebatamento
entre os salvos da Igreja. Os que ouviram e não creram não terão outra chance,
pois Deus os fará crer na mentira do Anticristo que se levantará após o
arrebatamento da Igreja (1Ts 2.7-12).

Porém, os que não ouviram, judeus e gentios, poderão ainda se converter na


Tribulação, e é desses que trata a passagem em Apocalipse em questão. No final
da Tribulação, voltaremos com Cristo para julgar as nações (Segunda vinda) e
terá início o Milênio, o Reino de Cristo sobre a terra. Não participaremos do

466
Reino como súditos na terra, mas reinaremos com Cristo sobre a terra (2Tm
2.12). Entrarão no Milênio os judeus e gentios convertidos durante a Tribulação.

COMO REAGIR ÀS VISITAS DOS “TESTEMUNHAS DE


JEOVÁ”?
O correto é repreendê-los e não recebê-los em casa, nem dar as boas vindas; nem
mesmo cumprimentá-los (2Jo 1.10-11). Sendo assim, após detectá-los como
falsos mestres, aplica-se Tito 3.10-11 e, por fim, 2Jo 1.10-11 naqueles
indivíduos, pois são irrepreensíveis.

“Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o, sabendo que
esse tal está pervertido, e vive em pecado, estando já em si mesmo condenado”
(Tito 3.10,11).

“Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa,
nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras”
(2 João 1.10,11).

Não é correto se submeter ao proselitismo deles ou tentar convencê-los por nós


mesmos. Cristo ORDENOU que não déssemos as coisas santas aos cães após
sabermos que são cães (Mt 7.6). Visto que isso é um mandamento, pecamos ao
desobedecê-lo.

467
CAPÍTULO 11
TRINDADE

TENHO QUE CRER NA TRINDADE PARA


SER SALVO?

Com o surgimento de seitas anticristãs, tais como as Testemunhas de Jeová, os


Espíritas e os Mórmons, incluindo todas as seitas pentecostais conhecidas como
“igreja evangélica”, juntamente com teorias conspiratórias, tais como aquelas que
dizem que a Bíblia foi alterada, que os “Illuminatis” dominam o mundo e que o
Anticristo é o fulano de tal, etc., muitas pessoas têm ficado confusas e até mesmo
céticas diante de questões simples das Escrituras Sagradas. As pessoas estão tão
envolvidas com os enganos promovidos por esses sites e vídeos de “especialistas
no mal” que acabam abandonando a fé e simplesmente se tornam inimigas da
verdade do evangelho. Embora seus “tutores” conspiracionistas digam que agora
elas possuem uma “verdade oculta” aos crentes da Igreja de Deus, na verdade
elas abandonaram a única verdade que leva à salvação – a Palavra de
Deus. Sendo assim, este artigo visa responder, sob a base da Escritura, se uma
pessoa precisa ou não crer na Trindade para ser salva.
O Trinitarianismo é o ensino contido na Bíblia de que Deus é um Ser triuno. Isto
é, Deus tem Se revelado em Sua Palavra por meio de três pessoas igualmente
eternas, e essas três Pessoas são, ao mesmo tempo, UM. Ou seja, não se trata de
“três deuses”, mas de um Deus que coexiste em três pessoas divinamente
distintas. Deus não se revela de “três modos”, como acreditam alguns, mas Ele se
revela por meio de três pessoas divinas. É fundamental que saibamos que só
existe UM Deus. A Trindade não é um conjunto de três deuses. As Escrituras
são claras em dizer que só existe UM Deus.

A PALAVRA “TRINDADE”
A palavra “Trindade” não aparece na Bíblia. Esse termo foi elaborado para dar
nome ao conceito bíblico irrefutável de que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são
Um mesmo Deus. Sabemos que há só um Deus (Is 44.6). Não existe outro deus
além dEle. Como já fora dito anteriormente, esse Deus se manifesta por meio de
três pessoas:
468
O Pai –– O Deus Pai é a origem de todas as coisas. Todos os Seus eternos
decretos estão expressos na Pessoa do Pai (Mc 13.32). Sua soberania, bondade,
ira, santidade e juízo sobre todo o mundo são conceitos expressos com detalhes
descritivos em toda a Escritura.
O Filho –– O Filho é a manifestação visível de Deus: Jesus Cristo. Jesus é Deus
em forma humana, o qual conseguimos ver e compreender (Jo 1.14). Por meio de
Jesus Cristo, Deus trouxe a salvação aos Seus escolhidos somente (Rm 8.30).
Jesus é o único acesso ao Pai (1Tm 2.5-6) e somente Ele, por meio de Seu
sacrifício na cruz, cobre os pecados dos eleitos de Deus (Jo 15.16; 17.9).
O Espírito Santo –– O Espirito Santo é o Espírito de Deus agindo em nós. Deus
passa a fazer morada em nosso espírito por meio do Seu Espírito Santo (Mc 1.8;
Jo 3.5; 1Co 2.11-12). O Espírito Santo veio ao mundo para habitar nos santos
espalhados no mundo, a fim de glorificar a Cristo. É o Espírito Santo que nos faz
entender os ensinamentos de Cristo. É o Espírito Santo que nos leva a seguir os
caminhos de Cristo. É o Espírito Santo que nos capacita a ser como Cristo, e
somente Ele, o Espírito Santo, nos convence de toda a Verdade revelada na
Palavra, que é Cristo (Jo 16.13). Sendo assim, o papel do Espírito Santo na Igreja
jamais é o de enaltecer a si mesmo ou falar de si mesmo, mas o de enaltecer a
Cristo, falar da pessoa de Cristo e esclarecer tudo quanto Cristo nos ensinou.

A TRINDADE EM POUCAS PALAVRAS


Jesus é Deus, assim como o Pai é Deus e o Espírito Santo é Deus. Não há como
entender isso com a nossa mente, mas apenas crer por meio da fé operada pelo
Espírito Santo (Ef 2.8-9). A Trindade pode ser vista logo no início da criação do
mundo:
“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança...” (Gênesis 1.26).
Perceba a conjugação “Façamos” e “nossa”. Tanto o Pai como o Filho e o
Espírito Santo estavam ali presentes no momento da criação. Tudo foi criado por
Deus, e, tudo foi criado pelas três pessoas que compõem esse Deus – o Pai, o
Filho e o Espírito Santo.

469
O PAI É DEUS
“EU SOU O QUE SOU” (Êxodo 3.14).
“Quem poderá falar e fazer acontecer, se o SENHOR não o tiver decretado?
Porventura não é da boca do Altíssimo que sai tanto o bem como o
mal?” (Lamentações 3.37-38).
“Vede agora que Eu, Eu o sou, e mais nenhum deus há além de mim; Eu mato, e
Eu faço viver; Eu firo, e Eu saro, e ninguém há que escape da minha mão”
(Deuteronômio 32.39).
“Ainda antes que houvesse dia, Eu sou; e ninguém há que possa fazer escapar
das minhas mãos; agindo Eu, quem o impedirá?” (Isaías 43.13).
"Eu formo a luz, e crio as trevas; Eu faço a paz, e crio o mal; Eu, o Senhor, faço
todas estas coisas" (Isaías 45.7).
"Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a
Sua boa vontade” (Filipenses 2:13).
"O Senhor fez todas as coisas para atender aos Seus próprios desígnios, até o
ímpio para o dia do mal" (Provérbios 16.4).
"Bendito O DEUS E PAI de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual NOS ABENÇOOU
com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também
NOS ELEGEU nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e
irrepreensíveis diante dele em amor; E NOS PREDESTINOU para filhos de
adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade,
para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado,
em quem TEMOS A REDENÇÃO pelo seu sangue, a remissão das ofensas,
segundo as riquezas da sua graça, que ele fez abundar para conosco em toda a
sabedoria e prudência; DESCOBRINDO-NOS O MISTÉRIO DA SUA
VONTADE, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a
congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos,
tanto as que estão nos céus como as que estão na terra; nele, digo, em quem
também FOMOS FEITOS HERANÇA, havendo sido PREDESTINADOS,
conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo O CONSELHO
DA SUA VONTADE; com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que
primeiro esperamos em Cristo; em quem também vós estais, depois que
OUVISTES a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele
também CRIDO, FOSTES SELADOS COM O ESPÍRITO SANTO DA
PROMESSA. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão
adquirida, para louvor da sua glória" (Efésios 1.3-14).

470
JESUS CRISTO É DEUS
"Eu e o Pai somos UM" (João 10.30).
"E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para que
conheçamos ao Verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho
Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna" (1 João 5.20).
"NO princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus"
(João 1.1).
"E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória
do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade" (João 1.14).
"O QUE era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos,
o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida" (1 João
1.1).
“Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso
grande Deus e Salvador Cristo Jesus” (Tito 2.13).
“Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus:
Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê
a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (João 14.8,9).
“E dizia-lhes: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não
sou deste mundo. Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque se
não crerdes que EU SOU, morrereis em vossos pecados” (João 8.23,24).
“Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão
existisse, EU SOU” (João 8.28).

O ESPÍRITO SANTO É DEUS


O Espírito Santo é uma Pessoa divina que pensa, sente, sofre, fala, etc.
"Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e
estes três são UM" (1 João 5.7).
"E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a
Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado" (Atos 13.2).
"E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia
da redenção" (Efésios 4.30).

471
“Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da
água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne
é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito” (João 3.5,6).
“Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar,
aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim” (João
15.26).
“Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade,
fidelidade” (Gálatas 5.22).
“Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome,
esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho
dito” (João 14.26).
“Ele vos batizará com o Espírito Santo” (Mateus 3.11).
Inclusive, vemos na Bíblia o Espírito Santo conduzindo Jesus ao deserto para ser
tentado por satanás: “Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para
ser tentado pelo diabo” (Mateus 4.1).
Há muitas outras referências ao Espírito Santo na Bíblia (Ef 5.18; Rm 14.17; At
2.38; Lc 4.18; Jo 14.16-26; 2Co 1.22; Hb 9.14; Jo 3.5-7; Sl 51.11; Mt 10.19,20;
etc).

COMO ORAR A UM DEUS TRINO?


A oração do santo é sempre teocêntrica. Devemos derramar nossos corações
diante do Pai suplicando somente por meio do santo nome de Cristo, que é a
única intercessão entre Deus e os homens (1Tm 2.5-6). A Bíblia diz que por nós
mesmos não sabemos orar, mas que, ao nos entregarmos à oração por meio da
intercessão de Cristo, o Espírito Santo intercede por nós com gemidos
inexprimíveis (Rm 8.26), e é nisto que descansamos com confiança. Devemos,
sobretudo, reconhecer que a verdadeira oração é um dom do Pai e não do
homem. Ele, o SENHOR, outorga a oração por meio do Filho e opera-a em nós
através do Seu Espírito Santo. O Espírito Santo, por sua vez, eleva esta mesma
oração de volta ao Filho, Jesus Cristo, o qual a santifica e a apresenta aceitável ao
Pai. A oração é uma cadeia teocêntrica — movendo-se do Pai, por meio do Filho,
mediante o Espírito Santo, que a envia de volta ao Filho para que chegue até o
Pai.

472
A IMPORTÂNCIA DO CONTEXTO GRAMATICAL
Interpretar uma passagem gramaticalmente requer que sigamos as regras
gramaticais exigidas pelo texto sagrado e que reconheçamos as nuances do
hebraico e grego. Por exemplo, quando Paulo escreve sobre "nosso grande Deus
e Salvador Cristo Jesus" em Tito 2.13, as regras gramaticais atestam
categoricamente que “Deus” e “Salvador” são termos paralelos e ambos
conectados a Jesus Cristo. Em outras palavras, Paulo claramente aponta Jesus
como "nosso grande Deus”.
A Palavra de Deus não deixa espaço para dúvidas. O Deus da Palavra não é um
Deus de confusão e nunca traz confusão para nossa mente (1Co 14.33). Há um só
Deus que coexiste em três pessoas – Pai, Filho e Espírito Santo. É aqui que a
mente humana estaciona. Nós, a Igreja de Deus, mesmo com todos os nossos
limites, devemos crer na Trindade por temor a Deus. Se pudéssemos
compreender a DEUS em Sua plenitude, Ele não seria Deus.

“TENHO QUE CRER NA TRINDADE PARA SER SALVO?”


A resposta é Sim. A divindade de Cristo é de uma importância crucial
na soteriologia (doutrina da salvação). Muitas pessoas hoje, se dizendo “cristãs”,
não creem que Jesus seja Deus. Isso é algo sério demais e que deve ser tratado
com severidade. Se Jesus não fosse Deus, Sua morte não poderia ter pagado a
penalidade infinita do pecado. Sua morte teria sido vã e Seu sacrifício
absolutamente nulo. No entanto, somente Deus é infinito. Ele não teve começo
nem fim. Todas as criaturas nos céus, na terra e nas águas debaixo da terra,
incluindo os anjos, são finitos – eles foram criados por Deus. Somente a morte de
um Ser infinito poderia quitar a dívida dos nossos pecados por toda a eternidade.
A Bíblia nos ensina que Jesus é o Salvador, o Messias, o Cordeiro de Deus que
tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Todo e qualquer posicionamento não-bíblico
da divindade de Cristo desemboca inevitavelmente em uma heresia grave sobre a
obra da salvação.
Uma das marcas patentes das seitas “cristãs” que negam a divindade de Cristo é o
ensino herético de que o homem necessita adicionar suas “obras” ao sacrifício
vicário de Cristo para que as pessoas possam se converter e ser salvas. Porém, o
que lhes restará, senão que suas vãs filosofias que com astúcia espalham virem
fumaça ao refutarmos suas cavilações sob a base da Palavra de Deus?
Em suma, a fé cristã consiste em adorar a um único Deus em Trindade, e a
Trindade em Unidade. Não se deve confundir as Pessoas que compõem a

473
Trindade, nem dividir a Sua essência. A Pessoa do Pai é uma, a do Filho é outra,
e a do Espírito Santo outra. Todavia no Pai, no Filho e no Espírito Santo há uma
mesma Divindade, igual em glória e co-eterna majestade.
Não se pode compreender a Trindade intelectualmente, nem mesmo entendê-la
de forma exaustiva, pois não nos foi dado entendimento para isso. Deus
simplesmente ordena que creiamos e confiemos em Jesus Cristo como Deus
encarnado e Salvador daqueles que Deus predestinou para a salvação. Tentar
entender a Trindade custará a sua sanidade mental. Negá-la custará a sua alma.

JESUS CRISTO SEMPRE EXISTIU

Jesus NÃO foi criado, como muitas religiões anticristãs ensinam hereticamente.
Algumas dessas seitas satânicas são as Testemunhas de Jeová, os Espíritas e os
Mórmons. Sendo Jesus uma Pessoa divina da Trindade – o Deus Filho – Ele é
eterno. Ele sempre existiu e sempre irá existir.

A Bíblia nos mostra claramente que, antes de se tornar Homem na terra, Jesus
sempre existiu com o Pai e o Espírito Santo na eternidade. Os textos sagrados
que temos abundantemente à disposição afirmam, explicitamente, a existência
eterna de Jesus. Mas, antes de provarmos tudo isso com o manuseio responsável
das Escrituras, vamos tratar, brevemente, daqueles versículos que aparentemente
negam a existência eterna de Cristo. Quais são eles?

1 – Um dos versículos usados para se tentar negar a divindade de Cristo e alegar


que Ele foi criado por Deus está no livro de Provérbios: “O SENHOR Deus me
criou antes de tudo, antes das suas obras mais antigas” (Provérbios 8.22).

Muitos acreditam e ensinam que este versículo seria uma profecia referente ao
próprio Cristo, o qual, na passagem, teria afirmado que foi criado por Deus. No
entanto, não há, neste texto, nenhuma referência explícita ou implícita a Jesus. O
versículo em questão trata da soberania de Deus em ter DECRETADO o
nascimento ou criação de alguém antes mesmo que existisse o mundo. Um
exemplo está em Jeremias 1.5, que diz: “Antes que te formasse no ventre te
conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por
profeta” (Jeremias 1.5). Ou seja, em Provérbios 8.22 o rei Salomão está
confirmando que Deus já havia decretado, de antemão, a sua criação, antes
mesmo que existisse vida sobre a terra. O Senhor decretou – na eternidade – que

474
Salomão um dia nasceria, e Salomão contempla isso diante do Senhor. O assunto
ali são os eternos decretos de Deus.

Outro exemplo de como Deus já havia planejado e decretado o nascimento de


alguém na eternidade, decretando, inclusive, todas as suas ações, boas e más, e
como seria a sua vida do começo ao fim, está em Salmos 139.16. Ali o salmista
diz a Deus: “Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro
todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas,
quando nem ainda uma delas havia” (Salmos 139.16).

Podemos resumir a explicação desse versículo com mais um texto sagrado que
trata dos eternos decretos de Deus e na sua ação em decretar, antes que o mundo
viesse a existir, o nascimento de alguém. E não somente isso, como Deus
também planeja cada ação daquele a quem Ele dará vida. Além do mais, aqui
será dito que Deus elegeu um homem para a salvação e outro para a perdição
eterna. Senão, vejamos:

“Porque a palavra da promessa é esta: Por este tempo virei, e Sara terá um
filho. E não somente esta, mas também Rebeca, quando concebeu de um, de
Isaque, nosso pai; porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem
ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não
por causa das obras, mas por aquele que chama), foi-lhe dito a ela: O maior
servirá ao menor. Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú” (Romanos
9.9-13 – Grifo meu).

Veja bem o que a passagem está dizendo. Deus, em Sua soberania divina,
segundo o beneplácito de Sua vontade, antes mesmo de ter criado Jacó e Esaú,
amou a Jacó e odiou a Esaú. Eles não haviam nascido ainda. Jacó e Esaú não
haviam executado nenhuma ação na vida, nem mesmo nascido, e Deus já havia
decidido amar a Jacó (o que leva Jacó a ser um salvo) e odiar a Esaú (o que leva
Esaú a ser um réprobo – um condenado à perdição).

Resumindo, a passagem de Provérbios 8.22 é só mais uma dentre milhares de


milhares que falam da eleição ou decreto de Deus sobre a humanidade. O texto
não se refere, de maneira alguma, a uma profecia sobre Jesus sendo criado. Jesus
sempre existiu. Ele é eterno. Não tem princípio nem fim.

2 – O segundo versículo que causa muita confusão por causa daqueles que
tentam negar a divindade de Cristo, e que, aos olhos daqueles desatentos pode
parecer negar a eterna existência de Cristo, está na epístola de Paulo aos
Colossenses, onde lemos: “Este [Jesus] é a imagem do Deus invisível, o
primogênito de toda a criação” (Colossenses 1.15).

475
Com base na expressão “o primogênito de toda a criação”, muitas pessoas
afirmam que Jesus foi o primeiro a ser criado por Deus em toda a criação. Mas,
será que é isso que o texto está nos ensinando? Não! O ensino é outro. De acordo
com a Chave Lingüística do Novo Testamento Grego [RIENECKER, Fritz &
ROGERS, Cleon. Chave Lingüística do Novo Testamento Grego, São Paulo:
Edições Vida Nova. 1985 p. 420], a palavra Prototokos (Primogênito) enfatiza a
pré-existência e singularidade de Cristo, bem como a sua superioridade sobre a
criação. O termo não indica que Cristo foi criado; pelo contrário, indica que Ele é
o soberano da criação.

Tudo bem que não é segredo para ninguém que a palavra “Primogênito” significa
“o que veio primeiro”. Em uma família com 3 filhos, o primogênito é o mais
velho deles. Porém, esse não é o único significado da palavra. Ainda bem, pois
teríamos um grande problema para lidar com tamanha contradição com o restante
da Bíblia, a qual fala demasiadamente sobre a divindade de Cristo, como será
provado aqui. Pois bem, o termo usado por Paulo é a palavra
grega Prototokos, que além de significar “aquele que veio primeiro”, também se
refere à proeminência quanto à posição. Guarde bem este termo:
PROEMINÊNCIA QUANTO À POSIÇÃO. É isso que a passagem de
Colossenses 1.15 está falando sobre Jesus. Ele é PROEMINENTE QUANTO À
POSIÇÃO.

Na carta aos Hebreus, o autor utiliza o termo para mostrar como até os anjos
adoram o Primogênito, referindo-se à sua posição, relevância e título (Hb 1.6).
Já na carta de Paulo aos Romanos, o termo é utilizado para mostrar a
proeminência de Cristo sobre todos os seus irmãos adotados por meio dele
(Rm 8.29). Quando Paulo fala de Cristo como o Primogênito da criação,
significa que Cristo é mais importante e proeminente em relação a toda
criatura.

Além disso, Cristo é chamado em Hebreus e no Evangelho de João de filho


Unigênito do Pai, distinguindo a sua natureza de todos os outros filhos adotados,
que somos nós, a Igreja.

476
TEXTOS QUE FALAM DA POSIÇÃO DE PRIMOGENITURA
Vamos entender melhor a importância e o sentido da Primogenitura. O termo é
extremamente relevante em toda a Escritura e desde o Antigo Testamento
podemos ver ele sendo usado para designar “aquele que vem primeiro”, mas
também para referir-se a um direito legal ou um título. Vamos ver alguns
exemplos:

Jacó e Esaú

Na famosa história entre os dois irmãos, Jacó suborna Esaú pelo seu direito de
primogenitura. Se esse direito representasse apenas quem nasceu primeiro, seria
impossível que a condição de primogenitura deixasse de ser de Esaú. Ainda
assim, quem concede o direito é o próprio Deus, que “amou Jacó, porém odiou a
Esaú” (Ml 1.2, 3; Rm 9.9-13). A proeminência entre os filhos de Isaque foi de
Jacó. É dele que descende o Messias, são dele as 12 tribos que formam a nação
de Israel.

Manassés e Efraim

Outro exemplo de primogenitura para o filho mais novo acontece com os dois
filhos de José. Quando vão receber a benção de seu avô, Israel, José posiciona o
primogênito (o mais velho) sob a mão direita e o mais novo sob a mão esquerda
de Jacó. Porém, o Patriarca inverte as suas mãos. Pensando ser por conta da sua
cegueira (pois já era avançado em idade), José corrige o pai, que logo afirma: “o
seu irmão menor será maior do que ele” (Gênesis 48.19). Ali fica clara a
proeminência de Efraim sobre o seu irmão mais velho, Manassés.

Israel, primogênita entre as nações

Outro exemplo pode ser visto quando Deus, por meio do profeta Jeremias, refere-
se à Efraim (Israel) como a primogênita dentre as nações. Israel não é a primeira
nação a surgir na Bíblia, porém é a primeira a ser escolhida e tinha proeminência
sobre todas as demais nações no Antigo Testamento. E ainda voltará a ser no
milênio de Cristo sobre a terra.

O VALOR DA PRIMOGENITURA
É importante destacar também como na época a primogenitura era extremamente
relevante. Quem possuía o direito era responsável pelo nome, herança e
responsável pelo futuro do seu clã (família). Na época, o clã tinha um valor muito

477
maior que o indivíduo. Isso fica visível pela importância de ser “filho de Davi”
ou “filhos de Abraão”.

Isso também é evidenciado na Páscoa, quando os primogênitos do Egito morrem,


o que mostrou a impotência dos deuses do Egito em proteger o herdeiro, o
proeminente, dos clãs.

CRISTO, SENHOR SOBRE A CRIAÇÃO


Sendo assim, fica claro como Paulo, em Colossenses 1.15, nunca quis dizer que
Jesus foi criado; ao contrário disso, ele ressaltou o valor imensuravelmente
superior de Jesus sobre toda a criação.

Alegar que Cristo foi criado seria concordar com a heresia que o próprio
Apóstolo estava tentando combater.

Além do mais, o versículo seguinte também deixa clara a intenção do seu autor:
“… o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as
coisas…” (Colossenses 1.15-16 – Grifo meu).

Preste atenção no “pois” e no que vem depois disso. Muitas vezes não notamos a
importância das conjunções na Bíblia, mas aqui, o “pois” (hoti no grego)
esclarece qualquer dúvida. Esse “pois” é uma conjunção explicativa, significando
“porque”, “uma vez que”, “visto que”. Ele é o mais proeminente sobre toda
criação “PORQUE nele foram criadas todas as coisas”.

Cristo não é só o mais importante, como é a causa de toda a Criação! Portanto,


tentar alegar que Cristo foi criado por conta desse versículo é jogar no lixo toda a
teologia paulina, todo o contexto da carta e todos os versos que cercam a frase. A
afirmação de Paulo não nega, mas concorda com toda a teologia das Escrituras –
a de que Cristo é Deus e, portanto, eterno.

Por essa razão é tão fundamental nunca tirarmos um versículo do seu contexto e
sempre irmos a fundo para entender o seu significado. A Bíblia explica a Bíblia
e, nesse caso, não foi diferente.

3 – O terceiro texto que parece negar a eterna existência de Jesus está no livro de
Apocalipse: “E ao anjo da igreja de Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a
testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus” (Apocalipse
3.14).

478
Muitos se apegam à expressão “princípio da criação de Deus” para, também,
defender que Jesus teve um começo ou um princípio. Errado. Muito errado.
Segundo os autores do livro Resposta às Seitas – um manual popular sobre
interpretações equivocadas das seitas, o termo prego, arché, traduzido como
“princípio”, neste versículo, traz o sentido de “aquele que começa”, “origem”,
“fonte” ou “causa fundamental”. Este versículo enfatiza que Jesus é o arquiteto
da criação (Hb 1.2).

TEXTOS QUE PROVAM QUE JESUS CRISTO SEMPRE EXISTIU


“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele
estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele
nada do que foi feito se fez... E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e
vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de
verdade.” (João 1.1-3, 14).

SEM PRINCÍPIO, NEM FIM


Todo ser humano começa a existir no momento da concepção. A origem da vida
inicia-se pela união de um óvulo da mãe a um espermatozóide do pai, como
sabemos. Jesus Cristo, entretanto (por ser Deus), já existia ANTES do momento
de Sua concepção (como lemos nos versículos acima), pelo Espírito Santo, no
ventre de Maria. Como está escrito, Ele sempre existiu. Ele sempre foi, é e será.
Ele é eterno. Ele não tem princípio nem fim de dias.

Logo em Gênesis, na passagem em que se fala da criação do mundo, temos a


declaração de que Cristo estava no momento da criação. Ele – Cristo – CRIOU o
mundo, juntamente com o Pai e o Espírito Santo. Preste atenção ao que é dito
ali: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança...” (Gênesis 1.26 – Grifo meu). O verbo “façamos” (na 3ª pessoa do
plural) refere-se ao Deus Triúno: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Logicamente,
Jesus Cristo também estava presente no momento da criação.

Em Miquéias 5.2 há uma profecia sobre o nascimento de Jesus Cristo. Porém,


preste muita atenção no final do versículo, pois aqui será mostrado que a
passagem em questão fala da sua condição eterna antes de vir a este mundo por
meio de um nascimento:

479
“E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me
sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos,
desde os dias da eternidade” (Miquéias 5.2 – grifo meu).

A Bíblia nos diz que todas as coisas vieram a existir através de Jesus Cristo,
(inclusive os seres humanos e, aqui, Maria, a mãe de Jesus Cristo, está
incluída): “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na
terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados,
sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele” (Colossenses 1.16).“Todas
as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (João
1.3). “Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o
conheceu” (João 1.10 – Grifos meus).

O profeta Isaías, ao falar sobre a vinda do Messias, descreveu algumas de Suas


características divinas e, portanto, eternas: “Porque um menino nos nasceu, um
filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu
nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da
Paz” (Isaías 9.6 – Grifos meus).

Melquisedeque, Rei de Salém, foi um tipo de Cristo, um símbolo do Messias que


viria (o Senhor Jesus Cristo), por apresentar as mesmas características humanas
do Filho Unigênito de Deus: “Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo
princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de
Deus, permanece sacerdote para sempre” (Hebreus 7.3). Para conhecer a
história de Melquisedeque e saber um pouco sobre quem foi este homem,
consulte Gênesis 14.8-24.

Hebreus 7.3 e 15 nos ensinam de modo cristalino que Melquisedeque foi um tipo
de Jesus Cristo. Assim como Adão, Moisés, Arão ou Davi, ele foi um homem
mortal, cuja pessoa e vida, de várias maneiras, foram um símbolo de Jesus Cristo.

A antítese de Hebreus 7.3 é esta: Aqui nós aprendemos que a respectiva


passagem tem o principal intuito de esclarecer que Deus fez de Melquisedeque
um tipo de Seu filho no Antigo Testamento, nos avisando sobre a vinda do
Messias, o Senhor Jesus. A fim de salientar as características típicas desse sumo
sacerdote, a Bíblia omite propositalmente o dia de seu nascimento, sua
filiação, seu parentesco e linha genealógica. Isso não quer dizer que ele não
teve pai (pois até o antítipo, Jesus de Nazaré, teve o Espírito Santo como seu Pai
– e é certo que sua mãe, Maria, é mencionada nos evangelhos), nem que ele
jamais nascera (pois até Cristo, em sua forma humana, teve de nascer de mulher).
A questão é que o aparecimento dramático e repentino de Melquisedeque ficou
mais notável quando ele foi apresentado como porta-voz do Senhor a Abraão,

480
servindo como arquétipo do futuro Cristo, o qual derramaria bênçãos sobre o
povo de Deus.

Jesus Cristo não teve princípio, nem fim, pois Ele é Deus. Sendo Deus, Ele é
Eterno. Em Apocalipse 1.8 Ele mesmo fala sobre Sua Eternidade e
Onipotência: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que
é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso”. Antes disso, Ele já havia dito
no evangelho judaico de João: “... Em verdade, em verdade vos digo que antes
que Abraão existisse, Eu sou” (João 8.58 – Grifos meus)

JESUS CRISTO HOMEM


Não obstante, em um dado momento da história, Jesus também Se tornou
100% Homem. Ele Se encarnou neste mundo com um corpo físico (o qual Ele
possui até hoje e que se tornou corpo glorificado em virtude de Sua Ressurreição)
com o objetivo de morrer em nosso lugar (morte vicária), tendo nascido e vivido
sem pecado algum (Mt 27.24; Lc 23.4, 14, 47; Hb 4.15, 7.26, 9.14; 1Pe 1.19).

Em João 1.14 está escrito: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos
a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de
verdade” (João 1.14 – Grifos meus).

JESUS CRISTO DEUS


Diante do que temos aprendido aqui, vemos que Jesus Cristo é 100% Deus (Mt
14.33, 27.54; Mc 1.1; Lc 4.41; Jo 1.49, 3.18, 8.23, 24, 58, 10.30, 11.4, 27, 20.31;
2Co 1.19; Hb 4.14; 1Jo 5.10; 2Pe 1.1; Ap 2.18; etc.). Ele é a segunda pessoa da
Trindade e, ao mesmo tempo, 100% Homem (Mt 8.20, 9.6, 12.8, 16.28, 25.31;
Lc 24.7; Jo 3.13, 6.62; At 7.56; Ap 1.13, 14.14; etc.), concomitantemente, o que,
para nós, é um mistério que devemos aceitar pela fé. Geralmente eu costumo
dizer aos meus ouvintes o seguinte: Tentar entender a Trindade custará a sua
sanidade mental; negá-la custará a sua alma. As Escrituras também nos
revelam que: “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se
manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos
gentios, crido no mundo, recebido acima na glória.” (1 Timóteo 3.16 – Grifo
meu).

481
Com tantas referências bíblicas supracitadas, fica difícil compreender como uma
pessoa pode negar que as Escrituras estão dizendo que Cristo é Deus e, portanto,
eterno. Ele sempre existiu. Não teve começo nem fim de dias.

Agora, preste muita atenção numa das passagens que mais enfatizam a divindade
de nosso Senhor Jesus Cristo:

“E vieram ter com ele conduzindo um paralítico, trazido por quatro. E, não
podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o telhado
onde estava, e, fazendo um buraco, baixaram o leito em que jazia o paralítico.
E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus
pecados. E estavam ali assentados alguns dos escribas, que arrazoavam em
seus corações, dizendo: Por que diz este assim blasfêmias? Quem pode perdoar
pecados, senão Deus? E Jesus, conhecendo logo em seu espírito que assim
arrazoavam entre si, lhes disse: Por que arrazoais sobre estas coisas em vossos
corações? Qual é mais fácil? dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus
pecados; ou dizer-lhe: Levanta-te, e toma o teu leito, e anda? Ora, para que
saibais que o Filho do homem tem na terra poder para perdoar pecados (disse
ao paralítico) a ti te digo: Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa. E
levantou-se e, tomando logo o leito, saiu em presença de todos, de sorte que
todos se admiraram e glorificaram a Deus, dizendo: Nunca tal vimos” (Marcos
2.3-12 – Grifo meu).

Cristo provou ali, naquela ocasião, que Ele era Deus. Ele não somente perdoa
pecados, como pode todas as coisas através de Seu poder milagroso!

Para finalizar, citarei algumas das passagens que estão incluídas no artigo como
referências para cada afirmação. Se eu fosse citar todas elas, certamente que este
artigo se transformaria em um livro.

"Eu e o Pai somos UM" (João 10.30).

"Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo;
e estes três são UM" (1 João 5.7).

"E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para que
conheçamos ao Verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho
Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna" (1 João 5.20).

"NO princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus"
(João 1.1).

"E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a
glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade" (João 1.14).

482
"O QUE era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos
olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da
vida" (1 João 1.1).

“Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do


nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus” (Tito 2.13).

“Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus:
Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me
vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (João 14.8,9).

“E dizia-lhes: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não
sou deste mundo. Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque
se não crerdes que EU SOU, morrereis em vossos pecados” (João 8.23,24).

“Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão


existisse, EU SOU” (João 8.28).

483
CAPÍTULO 12
OS DEZ MANDAMENTOS

A DIVISÃO CORRETA DOS DEZ


MANDAMENTOS

Em Êxodo 20 encontramos os dez mandamentos do Pentateuco: Os cinco


primeiros estão relacionados à responsabilidade para com Deus e os cinco
últimos para com o próximo. Todavia, muitos “estudiosos” costumam entender
apenas os quatro primeiros mandamentos como se esses se referissem à
responsabilidade do homem para com Deus, fazendo dos seis últimos um
compêndio de leis relacionado à responsabilidade para com o próximo.
A nível de introdução, vamos resumir os Dez Mandamentos de Êxodo 20 para
que tenhamos uma visão melhor:
1. Não ter outros deuses.
2. Não fazer ou adorar ídolos.
3. Não dizer o nome de Deus em vão.
4. Guardar o sétimo dia (essa lei é de cunho cerimonial e restrita aos judeus).
5. Honrar pai e mãe.
6. Não assassinar.
7. Não adulterar.
8. Não furtar.
9. Não mentir.
10. Não cobiçar*.
Nota*: No catecismo católico romano, o último mandamento foi dividido em
dois: 9 - "não cobiçar a mulher do próximo" e 10 - "não cobiçar as coisas
alheias". A intenção da seita é fazer com que a contagem dos mandamentos
continue sendo “Dez” após a extração do segundo mandamento que fala de
imagens. Essa versão foi aceita sem contestação durante os séculos em que o

484
catolicismo romano proibia a leitura da Bíblia, impedindo as pessoas de irem
conferir o que dizia o texto original das Escrituras.
A divisão correta dos dez mandamentos fica mais fácil de se entender se
considerarmos que os cinco primeiros mandamentos são de responsabilidade
vertical, enquanto os cinco últimos são de responsabilidade horizontal. Ou seja,
os cinco primeiros correspondem à responsabilidade do homem para com quem
está acima dele, o que se enquadra melhor ao verbo "honrar". Desta maneira você
inclui toda uma cadeia de comando que chega até Deus. Já os cinco últimos
mandamentos estão associados ao relacionamento com as pessoas, independente
do grau de parentesco.
O quinto mandamento não nos fala exatamente de como devemos tratar as
pessoas, mas está predominantemente ligado ao ato de reconhecer uma
autoridade (alguém acima de nós, como é requerido nos quatro primeiros). Por
esta razão que “honrar pai e mãe” não depende de quem seja o pai e a mãe ou de
como eles se comportam.
Há quem alegue que este mandamento não deve ser obedecido quando se trata de
pais que maltratam os filhos ou abusam dos mesmos. Porém, isso é um engano.
Se aplicarmos o mesmo raciocínio ao lidar com os textos que falam das outras
autoridades, a obediência e honra às potestades superiores ficará a nosso critério,
fazendo com que essas autoridades estejam submissas ao juízo que fazemos
delas. Todavia, a Bíblia é consistente quanto à subordinação às autoridades
postas por Deus no mundo. Considere o que escreveu o apóstolo Paulo:
“Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há
autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele
instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade, resiste à ordenação
de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação” (Romanos 13.1-
2).
Quando nos lembramos do fato de que quem escreveu isso estava sob o domínio
de Nero, conseguimos entender que obviamente o apóstolo da graça não estava
falando que deveríamos estar sujeitos apenas às autoridades politicamente
corretas. Foi exatamente assim no caso de Daniel e seus amigos quando debaixo
da autoridade de Nabucodonosor. Foi também o caso de Davi, que mesmo
sabendo que seria o rei sucessor de Saul não ousou feri-lo. Por que? Porque Davi
o reconheceu como rei. Foi o caso do Senhor Jesus, que se sujeitou como ovelha
muda nas mãos de seus algozes. Pôncio Pilatos disse a Jesus que tinha poder para
soltá-lo se Ele dissesse qualquer coisa a seu favor. Mas, qual foi a resposta de
Jesus a ele? “Nenhuma autoridade terias sobre mim se não tivesse sido dado do
alto” (Jo 19.11). Jesus estava sendo claramente injustiçado por uma autoridade

485
que podia livrá-lo com apenas uma defesa de Jesus. Mas a atitude de Jesus foi se
submeter a essa autoridade e sofrer o dano da injustiça.
Existe apenas uma exceção que devemos ter em mente: A sujeição às autoridades
não implica fazer aquilo que contraria a vontade de Deus em Seus preceitos.
Quando qualquer lei contrária à Palavra de Deus é estabelecida pelos homens,
temos o dever de desobedecê-la em prol da sujeição à autoridade máxima, que é
Deus. Se uma autoridade tenta exigir que eu mate inocentes, como cristão eu
devo me negar a fazê-lo, pois a honra e a sujeição a Deus estão acima da sujeição
aos homens. É muito importante entender isso.
Portanto, devemos reconhecer que o quinto mandamento tem muito mais a ver
com os quatro primeiros do que com os cinco últimos que condenam o pecado do
assassinato, do adultério, do furto, da mentira e da cobiça. Esses cinco últimos
não possuem qualquer relação com a obediência, honra ou sujeição à autoridades
superiores, que é o que vemos nos primeiros cinco mandamentos. Por isso há
mais sensatez em que os dez mandamentos de Êxodo 20 sejam divididos em 5 e
5, sendo os primeiros relacionados a Deus (fonte de toda autoridade) e os últimos
relacionados ao próximo.

486
CAPÍTULO 13
PODE OU NÃO PODE?

POSSO OUVIR MÚSICAS DO MUNDO?

Sim. O cristão pode ouvir boas músicas feitas por pessoas que não são
necessariamente convertidas. Aliás, muitas das músicas seculares são mais
bíblicas do que as que se dizem “gospel”. Ao mesmo tempo que uma música
gospel pode se mostrar ímpia, profana e blasfema, uma música secular pode se
mostrar inteiramente bíblica. Não encontramos na Bíblia uma separação entre
“músicas do mundo” e músicas que seriam “sagradas”. Essa é uma separação
inventada pelos homens e até mesmo recente. É claro que existe diferença entre
as músicas que ouvimos como forma de entretenimento e o louvor, que consiste
em se direcionar somente a Deus para adorá-lo com nossos lábios (sem
instrumentos adicionais). Músicas seculares são para entretenimento; são para
relaxar, se divertir, etc. Louvor é para ser direcionado somente a Deus, não para
diversão e barulho.
É evidente que não são todas as músicas que nos convém ouvir, mas de nenhuma
forma a Bíblia nos proíbe de ouvir músicas que não se enquadrem em um padrão
criado por homens que classificaram certas músicas como sacras ou gospel e
outras como “não sagradas” e profanas.
Temos inteira liberdade para ouvir músicas que não contrariam as verdades da
Palavra de Deus. Elas certamente podem ser ouvidas sem problema. Na Bíblia é
dito que os judeus não somente louvavam ao Senhor, como também cantavam e
dançavam respeitosamente as canções oriundas da nação de Israel.
Como já fora tratado neste livro, no culto a Deus não é permitido instrumentos
musicais, nem danças, nem qualquer representação não estabelecida por Ele
mesmo para culto e ministério. Em contraste, para os judeus o corpo físico e a
demonstração externa de adoração era extremamente importante, e estava
intimamente ligado à religião. No Antigo Testamento, a dança era uma
manifestação de adoração a Deus e comumente utilizada após vitórias militares e
durante celebrações ou festividades. Partindo-se do princípio que Jesus era judeu
e sua pregação estava fortemente ligada aos princípios designados a Israel,
logicamente que Ele também participava de todas as cerimônias judaicas.

487
O que devemos saber também é que não somente as letras das músicas que
ouvimos devem ser analisadas minuciosamente, como também seus ritmos, visto
que existem ritmos que incitam naturalmente à sensualidade e devem ser evitados
e até mesmo abominados, como no caso do “funk brasileiro”, “axé”, etc. Se uma
música possui uma letra digna de aceitação por parte da Palavra de Deus, mas
seu ritmo leva pessoas em direção ao pecado, é o mesmo que ouvir músicas com
letras satânicas. Da mesma forma, se o ritmo não te leva ao pecado, mas a letra é
profana e pecaminosa, dá no mesmo. Isso é pecado e ponto.
Assim como devemos analisar tudo sob a autoridade máxima das Escrituras
Sagradas, com a música não é diferente. Todo cristão deve aprender a ser seletivo
com relação a tudo em sua vida, e não somente à música, separando o que não é
de Deus daquilo que não é de Deus.
Não se trata somente de música. A regra serve para todo tipo de arte (livros,
filmes, peças, televisão e também músicas ditas “gospel”). Existem muitas coisas
que prejudicam a nossa vida espiritual e que não nos edificam. Essas coisas
devem ser rejeitadas para nossa saúde espiritual, seja música, seja filme, seja
programa de TV ou outra qualquer coisa.
Existem músicas chamadas “músicas do mundo” que são lindas e puras e que não
se enquadram no rótulo “gospel” ou evangélica”, pois o que existe de profanação
no denominacionalismo evangélico hoje não se pode contar nos dedos. Há muitas
músicas seculares que falam da natureza, do amor, do romance entre casais
casados, dos vários sentimentos da nossa alma, da sociedade e de muitas outras
coisas boas e dignas. Não há pecado algum em ouvi-las.
A Bíblia diz: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é
honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é
de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”
(Filipenses 4.8). Isso significa que é mais do que justo e normativo que
busquemos pensar e fazer coisas que nos façam sentir bem durante a nossa
peregrinação na terra. Ora, é a própria Bíblia quem nos diz isso.
Uma coisa que devemos notar é que vários dos poemas bíblicos não falam
diretamente sobre Deus, mas contém sabedoria e poesia inspiradoras que, no fim,
acabam apontando para a grandeza de Deus. Não há pecado em trazê-las para
dentro de nossos ouvidos.
Paulo ensina que o tipo de separação que os ignorantes fazem entre coisas puras e
impuras nem sempre é correta quando é feita fora do que a Palavra de Deus
ensina: “Todas as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros e
descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente como a consciência deles estão
corrompidas” (Tito 1.15).
488
MÚSICAS “GOSPEL” QUE SÃO PIORES QUE “MÚSICAS DO
MUNDO”
As músicas ditas “evangélicas” ou até mesmo “cristãs”, incluindo aquelas que os
religiosos erroneamente chamam de “louvor”, precisam sempre passar por uma
análise criteriosa, pois muitas delas são de conteúdo profano e antibíblico, com
letras totalmente contrárias aos princípios da Palavra de Deus. Devemos tomar
muito cuidado, especialmente com essas, visto que muita música “gospel” causa
prejuízo à vida espiritual e ensinam heresias de perdição. Esse tipo de música
deve ser rejeitado em todo o seu conteúdo. Ao mesmo tempo, existem músicas de
autores não cristãos que têm ritmos e mensagens extremamente profundas a
respeito das grandezas das coisas criadas por Deus.
Sendo assim, vamos separar as coisas:
1 – Quando se trata do culto e do ministério, Deus não nos permite fazer o que
bem entendemos, como usar instrumentos musicais, cantores celebridades e
coisas parecidas. No Novo Testamento, quando se trata de culto e ministério,
esse tipo de entretenimento não é permitido na congregação. Em outro capítulo,
onde falamos sobre a Igreja e seu funcionamento, deixamos bem claro a forma
estabelecida por Deus para ser adorado nas reuniões entre os santos.
2 – Fora do culto e das reuniões de ensino e disciplina da Palavra, podemos nos
espelhar nos judeus como forma de glorificar a Deus por meio da alegria da
música pura e sem mácula. Deus criou a música para Seu louvor e também para
que O glorifiquemos nisso. Nas celebrações fora do culto, que vemos na Bíblia,
sempre tinham músicas.

À parte da reunião dos crentes para adoração e ministério, bem como dos
princípios que regulam o culto, a música pode servir para:
● Se acalmar (1 Samuel 16.23);

● Celebrar eventos importantes (Êxodo 15.20-21);

● Se ligar com o espiritual (2 Reis 3.15).

Finalmente, para lidarmos com essas decisões diárias sobre o que trazemos para
dentro de nós e o que rejeitamos, fica a seguinte passagem:
“Julgai todas as coisas, retende o que é bom; abstende-vos de toda forma de
mal” (1 Tessalonicenses 5.21-22).
489
POR QUE OS INSTRUMENTOS MUSICAIS NÃO SÃO
PERMITIDOS NO CULTO A DEUS?
Para falar sobre este ponto, gostaria de citar algumas das palavras de Bruce
Anstey em seu livro “A Ordem de Deus”. Bruce Anstey comenta que “os
sacrifícios cristãos não são literais e exteriores como no judaísmo, mas
sim "sacrifícios espirituais" (1 Pe 2:5; Hb 13:15; Jo 4:23; Fp 3:3). Já que o
cristão adora "em espírito e em verdade", ele poderia sentar-se em uma cadeira
sem se movimentar, e mesmo assim poderia ser produzido em seu espírito um
verdadeiro louvor e adoração a Deus por meio do Espírito Santo que habita nele.
Esta é a verdadeira adoração celestial. O cristão não necessita de uma orquestra
ou de um coro para extrair adoração de seu coração, como era o caso de Israel no
judaísmo.
Adorar com o auxílio de instrumentos musicais é adorar da forma judaica.
Misturar o conhecimento e a revelação inerentes ao cristianismo com a ordem
judaica de adoração (a qual é essencialmente o que a maioria das assim chamadas
"igrejas" fazem) não é cristianismo autêntico. No céu não haverá necessidade de
um auxílio mecânico e exterior à adoração a Deus, e os cristãos tampouco
precisam deles agora, pois já estão adorando a Deus do modo celestial.
Por esta razão não encontramos no livro de Atos ou nas epístolas qualquer
referência de cristãos adorando ao Senhor usando instrumentos musicais. Não
existe uma menção sequer nas epístolas do Novo Testamento de uma adoração
cristã auxiliada por instrumentos musicais. Os únicos dois instrumentos que os
cristãos têm para adorar a Deus são o "coração" (Cl 3:16; Ef 5:19) e
os "lábios" (Hb 13:15). No cristianismo tudo o que encontramos é "cantando e
salmodiando ao Senhor no vosso coração" (Ef 5:19; Cl 3:16). Somos
instruídos a oferecer "sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o
fruto dos lábios que confessam o Seu nome" (Hb 13:15). Mesmo assim, a
distinção entre a adoração cristã e o judaísmo tem sido ignorada nas
denominações. Bandas e até grandes orquestras passaram a fazer parte integral
dos "cultos de adoração" de nossos dias. Isso é chamado de "ministério de
música", mas o objetivo parece ser mais voltado ao entretenimento da audiência
do que ao ministério [Não existe “Ministério de Música” na Bíblia].
Não somente inexiste qualquer direção na Palavra de Deus para os cristãos
adorarem dessa maneira, como a própria história mostra que a música
instrumental não teve virtualmente qualquer parte no cristianismo durante os
primeiros 1.400 anos! (Há uma total ausência de música instrumental na igreja
nos primeiros 700 anos, seguidos de uma ferrenha oposição a ela durante os
próximos 700 anos). Foi somente nos últimos séculos que a música instrumental
490
passou a ser aceita e usada na adoração e na atividade evangelística. A questão é:
Se o chamado "ministério de música" é tão importante para a vida da assembleia,
como a igreja hoje a considera, por que o apóstolo Paulo não exortou as
assembleias às quais escreveu a adotarem um "ministério de música" em suas
reuniões? E por que não existe qualquer menção disso no Novo Testamento?
Cremos que o uso de instrumentos musicais na adoração – além de muitas outras
coisas inventadas pelo homem que acabaram sendo introduzidas – é uma
evidência do distanciamento que as Escrituras nos alertam que ocorreria com a
igreja. À medida que as coisas no testemunho cristão foram se afastando da
ordem dada por Deus, a música instrumental foi pouco a pouco conquistando um
lugar (porém não sem oposição), até acabar sendo aceita como normal para a
adoração cristã. Ela pode ter sido até introduzida com boas intenções, mas
mesmo assim não tem lugar na adoração cristã.
Não queremos com isso dizer que o cristão não possa tocar música instrumental,
mas apenas que ela não tem lugar na adoração cristã. J. N. Darby escreveu: "Se
eu puder fazer um pobre pai enfermo dormir com música, tocarei a música mais
bela que puder encontrar; mas ela irá estragar qualquer adoração ao introduzir o
prazer dos sentidos naquilo que deveria ser fruto do poder do Espírito de Deus"
(Bruce Anstey – “A Ordem de Deus – pág. 81-84).

FUMAR É PECADO?

Antes de mais nada, é necessário comunicar ao leitor de que o meu objetivo neste
capítulo é expor a sã doutrina dos apóstolos em sua pureza e condenar a heresia e
o julgamento hipócrita contra hábitos que a Bíblia jamais condenou. Meu alvo
neste trabalho é o Gnosticismo moderno disfarçado de “igreja santa”,
desfazendo-me de qualquer posição baseada no senso comum. Também é
necessário ressaltar que este artigo não é um estímulo ao fumo – um pequeno
exemplo que escolhi como peça-chave para falar sobre o consumo de qualquer
substância química em geral. Ou seja, cada leitor em particular deve inclinar sua
ótica ao texto com base no uso moderado ou exagerado de uma determinada
substância digerível que seja considerado relevante na discussão teológica.
Particularmente, sou abstêmio, embora não veja nenhum pecado em quem bebe
com moderação, visto que a Bíblia não o faz. Por outro lado, hoje sou um
fumante moderado de palheiro, e, da mesma forma, não me condeno naquilo que
aprovo (Rm 14.22). Antes dou graças a Deus por tudo (1Ts 5.18), e tudo que faço
com consciência limpa, o faço para a Sua glória (1Co 10.29-31).

491
Por razão de zelo pelos que não têm consciência, digo que, por mim, ninguém no
mundo fumaria ou beberia, nem faria qualquer outra coisa que possa escandalizar
o seu irmão (1Co 10.32), uma vez que busco sempre pelo proveito do próximo e
não o meu próprio, embora eu não possa alcançar a todos (1Co 10.33).

FUMAR É PECADO?
As Escrituras não estabelecem qualquer restrição ou proibição direta ao consumo
do cigarro, do cachimbo ou do charuto. Todavia, isto não significa que a mesma
Escritura não contenha uma resposta quanto à pergunta. Ela responde a várias
questões não tratadas de maneira direta por Deus, mas de forma a apontar
costumes e práticas que constituem a mesma natureza.
Para começar, devemos entender que a Bíblia é quem determina o que é pecado,
e não o homem. Da mesma forma, os hábitos viciosos do ser humano não são
pecaminosos pelo fato de serem viciosos. A Palavra de DEUS é quem estipula se
uma prática viciosa é ou não pecado. A Palavra de Deus também apresentará ao
leitor a diferença entre restrição e proibição, como no caso da bebida alcoólica,
frequentemente causadora de males incontáveis no período testamentário, mas
que no entanto não é proibida de forma exaustiva por Deus. A mesma Bíblia que
nos adverte sobre os perigos do vinho (Pv 20.1) também diz que o mesmo vinho
é recomendado em doses equilibradas para fins de tratamento estomacal e para
várias outras enfermidades (1Tm 5.23). E agora? Será que a Bíblia é – como
dizem alguns insensatos – contraditória? Não. Quando a Bíblia trata deste
assunto, ela aplica regras de como lidar com qualquer tipo de substância natural
que Deus, em sua infinita sabedoria, proporcionou ao homem para que ele
usufrua com equilíbrio e sabedoria (Gl 5.22). Na verdade, isso é tão fácil de
entender que basta raciocinar no fato de que os medicamentos mais simples que
ingerimos no dia a dia são mais danosos ao corpo do que o cigarro e a bebida
juntos. Para ser mais franco, uma simples análise dos componentes do adoçante
(produto muito bem visto pela cultura atual) fará com que os leitores humildes
admitam que condenar um homem que fuma um charuto para relaxar não faz
sentido algum, além de ser antibíblico.
Antes de darmos início ao exame das Escrituras Sagradas, vamos observar alguns
pontos interessantes da história do Cristianismo com relação ao fumo:
Em primeiro lugar, até poucas décadas atrás o cigarro nunca foi considerado um
mal pelos cristãos ortodoxos. Na verdade, o fumo começou a ser apontado como
pecado por alguns ramos do protestantismo na metade do século XX, somente
quando descobriram os malefícios da nicotina. Ainda assim, até hoje se espera de

492
tais religiosos um argumento plausível que faça do fumo em si um pecado diante
de Deus.
Considerado como uma prática indiferente, no passado era comum ver cristãos
piedosos, claramente fieis a Deus e à Sua Palavra, fumarem seus cachimbos e
charutos pelas ruas. Isso porque os cristãos mais instruídos estavam atentos ao
que de fato era pecaminoso, como por exemplo o uso de roupas íntimas em
público. Para quem não sabe, quando o biquíni foi inventado, as empresas
tiveram que contratar prostitutas para propagarem seus produtos, uma vez que as
mulheres da época, mesmo as não-cristãs, ficaram chocadas e se negaram, por
muitos anos, a ficarem seminuas em qualquer lugar público. Mas o mundo é
mesmo muito louco. A falta de pudor e modéstia, severamente condenada na
Bíblia sob o nome de lascívia e prostituição, é vista pelas igrejas contemporâneas
como algo normal. Enquanto isso, os fumantes que fazem uso moderado do
cigarro são vistos como monstros, mesmo Deus nunca tendo proferido qualquer
julgamento contra eles.
Não obstante, muitos argumentam dizendo que fumar é pecado por várias razões
sem nexo. Tais argumentos são tão circulares e repetitivos que chegam a clamar
por inteligência. Vejamos alguns desses argumentos e respondamos a eles com a
Palavra de Deus.

493
1. “Fumar é pecado porque vicia”.
Se o cigarro é pecado por ser um vício, o café, o chocolate, os refrigerantes, os
chás e o chimarrão do sul também o são, pois todos eles contêm cafeína,
uma substância química estruturalmente semelhante à nicotina contida no tabaco,
com poder de causar dependência (vício) equivalente ao desta última.
“A Cafeína é a droga psicoativa mais amplamente consumida e é um estimulante
de uso legal facilmente disponível até para crianças. A Cafeína tem sido
ocasionalmente considerada uma droga de abuso e seu potencial para causar
dependência tem sido debatido”. [NAOSHI OGAWA md, HIROFUMI UEKI
md (2007); Clinical importance of caffeine dependence and abuse/Psychiatry and
Clinical Neurosciences, Volume 61, Number 3, June 2007, pp. 263-268(6)].
Agora note uma coisa interessante no sistema religioso mundano - Comer em
demasia é um pecado denunciado com todas as letras na Palavra de Deus. A
glutonaria aparece ao lado de "invejas, homicídios e bebedices" em Gálatas 5.21.
Ela é também companheira das "dissoluções, concupiscências, borrachices,
bebedices e abomináveis idolatrias" em 1 Pedro 4.3 e Romanos 13.13, além de
ter sido particularmente denunciada pelo próprio Senhor Jesus em Lucas 21.34.
Ainda assim, você já deve ter presenciado muito crente obeso lançar condenações
maldosas contra um irmão fumante. Certamente que pessoas como essas ainda
não aprenderam, ou, no mínimo, se esqueceram do ensino de Jesus sobre o
julgamento hipócrita em Mateus 7.4: "Como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o
argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a
trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão".

Esta passagem, muitas vezes usada para afirmar que Jesus nos proíbe de julgar o
erro, na verdade é uma denúncia contra um tipo de julgamento específico. Aqui,
o Senhor Jesus condena o julgamento hipócrita, que é quando julgamos alguém
por algo que nós mesmos praticamos. No caso em questão, qualquer pessoa que
tenha vícios (seja em televisão, em celular, em doces, em refrigerantes ou café)
está julgando sem a reta justiça requerida por Cristo na passagem e, portanto, está
em pecado.

2. “Fumar é pecado porque destrói o templo do Espírito Santo que somos


nós”.
Quantas vezes somos surpreendidos por clichês do tipo: "Você fuma? Então você
está destruindo o templo do Espírito Santo”. “Você fez tatuagem? Então você
está destruindo o templo do Espírito Santo”. Você come salsicha? Então você
está destruindo o templo do Espírito Santo...” etc. Há várias outras razões pelas
494
quais a ignorância acerca das Escrituras Sagradas leva cristãos nominais a esse
entendimento espúrio. Contudo, a simples leitura do contexto bíblico nos diz o
que é "Destruir o Templo do Espírito Santo", que somos nós. Quando a Palavra
de Deus diz isso, ela está se referindo a um pecado específico: A prostituição (ou,
em outras traduções – fornicação). Observemos: "Fugi da FORNICAÇÃO. Todo
o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas O QUE FORNICA PECA
CONTRA O SEU PRÓPRIO CORPO. Ou não sabeis que o vosso corpo é o
templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois
de vós mesmos?" (1 Coríntios 6.18,19).
Mais uma vez, o julgamento contra o fumo em si é herético. Tal postura farisaica
não condiz com a genuína Palavra de Deus e deve ser considerada como um falso
evangelho, isto é, maldito (Gl 1.6-10). Neste caso, até que se prove o contrário,
quem está condenado ao inferno são aqueles que traçam um prognóstico
desprovido da reta justiça e contrário às leis de Cristo. Tais indivíduos devem se
arrepender de fazerem julgamentos hipócritas e se converter de seus maus
caminhos.

EQUILÍBRIO PRÓPRIO
“Não é o que entra pela boca que torna o homem impuro, mas o que sai de sua
boca, isto o torna impuro...” (Mateus 15.11).
“Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio.
Então chega o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: ‘Eis aí um glutão
e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores. Todavia, a sabedoria é
comprovada pelas obras que são seus frutos” (Mateus 11.18,19).

1. A Bíblia não proíbe o consumo de substâncias naturais, mas se restringe


em condenar o ABUSO delas.
Um dos frutos do Espírito é o equilíbrio próprio (Gl 5.22). A virtude do
equilíbrio próprio consiste em evitar toda espécie de excesso ou descontrole. Ou
seja, tanto o ABUSO da comida como o do álcool, do fumo ou de medicamentos
é condenado explicitamente pela Escritura (Gl 5.22). Porém, nada é dito contra
qualquer uma dessas coisas em si mesmas. Em contraste com o fruto do Espírito,
encontramos dezessete obras da carne nos versículos 19,20 e 21 de Gálatas 5.
Entre elas estão a glutonaria e a bebedice, ambas relacionadas ao ato de
ABUSAR da comida e da bebida, não de fazer o uso equilibrado delas. Sendo
assim, comer, beber e fumar moderadamente não é pecado.

495
2. A hipocrisia disfarçada de piedade.
Pessoas por todas as partes consomem uma quantidade equilibrada de cigarros de
tabaco, uma ou duas vezes por dia. Algumas delas usufruem disso uma ou duas
vezes por semana. Isso vale também para o cachimbo e o charuto. Não obstante,
não há estudo comprovado nenhum que prove que o fumo moderado cause
qualquer dano relevante à saúde. E isso não é, em hipótese alguma, um incentivo
para se fumar. Todavia, posso afirmar, sem falso temor e sob a base da ciência,
que o cigarro é menos nocivo ao corpo humano do que muitas porcarias que a
nossa sociedade consome tranquilamente nos Fast-food's da vida, sem que
nenhum moralista hipócrita venha nos incomodar com prognósticos insensatos
envolvendo o nosso caráter cristão. Os poucos cristãos genuínos que ainda
restam na cristandade piram com esse tipo de farisaísmo mascarado de piedade e
ortopraxia.
Sob a base da Escritura e após exaustivo exame temente e responsável da Palavra
de Deus, aprendi que não é a comida, o álcool ou o fumo que degrada o homem,
mas o homem é quem degrada tanto a comida como o álcool, o fumo e tudo que
ele encontra pela frente. É o mau uso que faz do homem um dependente mórbido
das coisas terrenas, fazendo-o criar ídolos para si (Cl 3.5). Nunca vi taças de
vinho com vida própria, se insinuando para os homens com trajes de prostituta,
olhos lascivos e línguas venenosas, colocando-se em suas bocas. Do mesmo
modo, jamais presenciei um cigarro se levantando para envenenar a mente das
pessoas com palavras torpes, ganância, inveja, mentiras, calúnias, falsas suspeitas
e heresias de perdição. A propósito, tenho certeza que jamais verei um cigarro
falante pedindo para ser fumado. Logo, concluímos que o mal está no homem e
não no que ele toca, prova ou manuseia (Cl 2.20,21).

3. TRÊS PREMISSAS E UMA CONCLUSÃO


1 - O primeiro milagre de Cristo, o qual inaugurou Seu ministério na terra, foi
transformar a água em vinho em uma festa de casamento (Jo 2.1-12).
2 - Deus não pode ser tentado pelo mal, e Ele a ninguém tenta (Tg 1.13).
3 - Ao contrário do cigarro e de outras substâncias existentes no mundo, a bebida
é claramente apontada pela Bíblia como algo extremamente perigoso para a vida
espiritual (embora não condenável em si), e que deve ser evitado. Um pequeno
exemplo dentre muitos está em Isaías 28.7. Veja o que Deus diz sobre o vinho e
sobre qualquer outra bebida forte: “Mas também estes erram por causa do vinho,
e com a bebida forte se desencaminham; até o sacerdote e o profeta erram por

496
causa da bebida forte; são absorvidos pelo vinho; desencaminham-se por causa
da bebida forte; andam errados na visão e tropeçam no juízo” (Isaías 28.7).

CONCLUSÃO
Pergunto aos fariseus da nova era: Jesus pecou? Ou, como costumam afirmar os
liberalistas teológicos, a Bíblia entra em contradição consigo mesma? Como
alguém, sendo no mínimo alfabetizado, pode afirmar que tomar vinho ou
qualquer outro tipo de bebida com álcool, de forma moderada, santa e agradável
diante de Deus, é pecaminoso? Se a bebida alcoólica, que possui componentes
que podem alucinar um homem devido ao seu mau uso, como poderíamos
condenar um ato tão demasiadamente menos ameaçador como o fumo?
Mas, se alguém ousa repetir as velhas queixas baseadas em seus próprios
pensamentos e tradições humanistas, inúteis para a vida espiritual, o que lhes
restará senão que suas vãs filosofias virem fumaça quando o Filho do Homem
vier para julgar todos os que viveram de fato no pecado, incluindo o ato de julgar
sem a reta justiça (Jo 7.24)? Visto que a lei e o testemunho são os alicerces do
julgamento justo, como escaparão do inferno (Is 8.20)?
Mas, aos que ouvem a palavra da verdade e se vêem livres dos velhos hábitos,
digo: O fruto do equilíbrio próprio produz no homem a vontade e a aplicação de
uma vida longe de hábitos exacerbados, quer no comer, quer no beber ou no
fumar. A temperança o leva a evitar toda a espécie de excessos, inclusive de
medicamentos prescritos por médicos vocacionados por Deus para esta tarefa (o
apóstolo Lucas era um). A Escritura alerta o tempo todo sobre aqueles que, em
estado de embriaguez ou por gosto imoderado de qualquer coisa, estão pecando
contra aqueles por quem Cristo se sacrificou e pondo em risco a segurança de
todos à sua volta, tornando-se culpados por suas quedas.

BÍBLIA VS. ACHISMO


"Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu
irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça. Tens tu fé? Tem-na em ti
mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo
naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvidas, se come está condenado,
porque não come por fé; e tudo o que não é de fé é pecado" (Romanos 14.21-23).
Enquanto eu dava continuidade neste artigo, uma senhora, se dizendo “cristã”,
com ares de intelectual e postura soberba, fez um comentário no meu Facebook

497
no mínimo estarrecedor – pelo menos para alguém que se diz cristão. Assim,
percebendo o perigo de alguém passar a ter uma mente cauterizada como a dela,
e preocupado com aqueles que podem ser contaminados pelo mesmo tipo de
mentalidade, registrei suas palavras, as quais se seguem: “Entendo como pecado
qualquer vício! Mas é aí que o Espírito Santo entra: para nos convencer do
pecado, da justiça e do juízo. ‘Tô tranqüila!’ A morte de Jesus por mim não foi
em vão; ele morreu pelos meus pecados de ontem, hoje e do futuro. Santificação,
é esse processo que devemos viver: de tentar agradar a Deus todos os dias” (Sra.
Achismo).
Para a compreensão do leitor, editei os erros ortográficos e pontuações da Sra.
Achismo. Como se pode perceber, também adaptei seu nome para que ela não
seja exposta e reflita nas palavras de correção as quais tecerei igualmente no
parágrafo abaixo:
Pensamentos como o da Sra. Achismo podem parecer bíblicos à primeira vista,
mas não são. Na verdade, esse tipo de confusão doutrinária traz sérios
desdobramentos para a vida prática do cristão e o coloca numa situação bem
complicada. A respeito do primeiro ponto, a Bíblia diz: "Bem-aventurado
aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova" (Romanos 14:22).
Isto significa que, quando você se condena por qualquer prática que não
constitui-se necessariamente pecado, você está tornando-a pecado por si mesmo e
está condenando a si mesmo porque sua consciência está suja. Em segundo lugar,
o argumento de que "não é preciso se preocupar com isso ou aquilo pelo fato de
Jesus ter pagado o preço na cruz" é uma heresia antiga, praticada principalmente
pelos antinomiano. Essa doutrina possui até o seu sistema de doutrinas próprio e
se chama “Antinomianismo” (Confira o artigo chamado “Por Que Devo
Obedecer a Deus se Já Está Tudo Decretado?” – Cap. 3). Adeptos da filosofia
antinomiana pensam que a graça de Deus anula a responsabilidade da Igreja em
se santificar em temor e obediência às leis de Cristo. Tal doutrina antibíblica é
também denominada como “Fatalismo Teológico”. Portanto, que todo leitor
esteja atento a este alerta e fuja de tais heresias.
“Todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os
contaminados e infiéis; antes o seu entendimento e consciência estão
contaminados. Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras,
sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra” (Tito
1.15,16).
A sacarose possui mais de setenta e seis (76) meios de acabar com a saúde de um
ser humano. Se os indivíduos que condenam o hábito de fumar se baseiam na

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impureza dos alimentos e de qualquer substância ingerida, eles terão que dizer
adeus ao AÇÚCAR.
Segue abaixo o link de um artigo chamado “Os 76 Modos do Açúcar acabar com
a Saúde”: http://www.guiavegano.com/nutricao/nancy/76modos.htm
“O açúcar é oito vezes mais viciante que a cocaína e seu consumo diário é a
causa de 95% de todas as doenças existentes” (David Permulter – Phd
americano – autor do livro A Dieta da Mente).

FALSOS PROFETAS SEMPRE CONDENARÃO OU


ACEITARÃO AQUILO QUE LHES CONVÉM
Não demorará muito tempo e, assim como ocorreu ao longo da história do
Cristianismo, surgirão mais falsos mestres gnósticos para estipularem suas listas
preferidas de “pecados” para manter a mente de homens carnais e ineptos cativas
às suas fábulas e longe da Escritura Sagrada. O diabo é sagaz, e se tem uma
técnica que ele desenvolveu e aperfeiçoou com maestria durante a história da
humanidade é o sofisma. Assim, ele pode usar grandes verdades de Deus para
distorcê-las, aplicando regras com aparência de santidade a fim de que a doutrina
de Cristo seja censurada e o pecado – o verdadeiro pecado – faça um ninho nas
cabeças incautas.
Tais doutores engravatados têm disseminado e praticado os pecados mais
abominados por Deus como se fossem práticas normais. Através do método do
sofisma, eles apresentam um falso evangelho em seus púlpitos ao se declararem
abstêmios de tantas coisas para, no final, fazerem uma falsa aplicação da Palavra
de Deus. O divórcio e o segundo casamento de divorciados (Conferir cap. 5) são
pecados enfaticamente condenados por Cristo, e, no entanto, ambas as práticas
são tidas como santas nas igrejas que rotulam o fumante de “pecador”. Enquanto
esses facínoras, travestidos de “pastores”, defendem o divórcio e o segundo
casamento de divorciados como direitos invioláveis, com pretextos baseados na
era patriarcal (ordenanças caducas da lei de Moisés), a inerrância das Escrituras é
lançada no mar do esquecimento e essas duas práticas pecaminosas não são
mencionadas nas suas ditas “igrejas”.
Querem condenar o crente por fumar um charuto antes de dormir, lançar outro
crente na fogueira porque fez uma tatuagem das no braço, lançar no inferno
outros vários fieis que tomam doses equilibradas de cerveja em casa com sua
família, mas pensam estar sendo “cristãos” ao ordenarem e seguirem “pastores”
que estão divorciados e/ou no vigésimo casamento.

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Porém, eu lhes digo que todos que permanecem em estado de adultério ao
deixarem seus cônjuges e se juntarem com terceiros irão para o inferno. Por que?
Porque Jesus Cristo assim o diz (Mt 19.3-11; 1Co 7.10,11; 1Co 7.39; Rm 7.1-3;
1Co 7.15).

A LIBERDADE CRISTÃ E SEUS ASPECTOS


As cartas de Paulo são as mais enfáticas sobre a liberdade cristã e como nós
devemos vivê-la com autoridade, não dando ouvidos ao que o próprio apóstolo
denomina como “fábulas judaicas” e “doutrinas de homens”. Também é
necessário uma busca pela maturidade espiritual a fim de que nossa liberdade não
seja confundida com “liberalismo teológico”, o que está longe de ser sinônimo de
liberdade em Cristo. O liberalismo desemboca na irresponsabilidade e falta de
consciência para com a vida do próximo, além de nos afastar das leis de Cristo.
Por outro lado, a liberdade cristã resulta em uma completa emancipação de
inibições e tabus religiosos sem ferir nenhum princípio bíblico. Ou seja, o cristão,
quando entende e desfruta dessa libertação, tem uma consciência limpa porque
sabe o que é pecado e o que não é. Isso é bem diferente de ser “liberal”.
Não sendo conivente com qualquer padrão antibíblico, o apóstolo Paulo se
adaptava facilmente a qualquer ambiente com a finalidade de apresentar Cristo
(1Co 9.22). Longe dos métodos liberalistas do ecumenismo religioso, o qual tem
a pretensão de apresentar um evangelho que se adapte ao gosto do pecador, Paulo
tinha como alvo apresentar o verdadeiro Cristo a estas pessoas de diferentes
lugares pagãos, sem, contudo, tentar retirar o fio da navalha do evangelho.
Da mesma forma, ao desfrutar da liberdade cristã com ousadia e intrepidez, o
mesmo Paulo sabia que muitos cristãos não eram completamente libertos na
consciência como ele. E essa deve ser nossa postura diante dos “fracos na fé”.
Estamos agora falando da nossa conduta diante de pessoas que [ainda] estão em
fase de crescimento espiritual. Elas simplesmente não estão preparadas para lidar
com a liberdade concedida por Cristo em termos de ambientes, circunstâncias e
culturas variadas. Nas palavras de Paulo, são bebezinhos espirituais e ainda se
alimentam de leite, não de alimento sólido, porque ainda são incapazes de ingeri-
lo.
“E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como
a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não
podíeis, nem tampouco ainda agora podeis” (1 Coríntios 3.1,2).

500
OS FRACOS E OS FORTES NA IGREJA
Dois grupos da comunidade cristã em Roma são o centro da mensagem de
Romanos 14.1–15.13, identificados como “os fracos” e “os fortes”. Nesta carta, o
apóstolo dos gentios exige que os “fracos” sejam tratados com mais tato,
paciência e sabedoria pelos mais “fortes”.

OS FRACOS
A palavra grega para “fraco” é astheneo, que indica “fraqueza”, “indigência”,
“impotência”, “falta de força por variados motivos”. No Novo Testamento, o
termo é usado pelo menos quarenta vezes para designar doentes físicos. Desta
forma, fica fácil perceber que o autor inspirado aponta para um tipo de “fé
enferma”, ou, como eu prefiro chamar, “processo de amadurecimento na fé”.
Sendo assim, o que falta ao fraco não é a fé em si, mas a liberdade de
consciência. O fraco na fé vê pecado em tudo. Ele ainda não se libertou das
correntes do legalismo religioso. Tudo é impuro aos seus olhos porque ele se
acostumou assim... e, por mais que ele tenha dificuldades para aceitar que certas
práticas são insignificantes aos olhos de Deus, ele precisa ser ensinado e
admoestado com mais tato.
Mas, afinal, quem são os fracos mencionados nesse contexto? Examinemos as
possibilidades com base na carta em questão:

1. Ex-idólatras – Recém-convertidos do paganismo; grupo semelhante ao


mencionado por Paulo em 1 Coríntios 8. Indivíduos que, mesmo resgatados da
idolatria, por escrúpulo (hesitação da consciência), sentiam-se impedidos de
comer carne que, antes de ser vendida nos açougues, era dedicada a ídolos.
2. Ascetas – Pessoas que exercitavam a disciplina do “autocontrole do corpo”,
considerando que isso era algo necessário e imprescindível para chegar até Deus.
Havia ascetas presentes na igreja em Roma, o que explica por que se abstinham
do vinho e da carne (Rm 14.21).
3. Legalistas – Consideravam as abstenções como “boas obras” necessárias para
a salvação. Esse grupo é facilmente encontrado em qualquer esquina hoje,
especialmente entre evangélicos e católicos, e, sobretudo, no movimento
pentecostal e carismático. Eles não entendem a suficiência da fé em Cristo Jesus
para a justificação do salvo.

501
4. Cristãos judeus – No caso da epístola que estamos examinando, essa é a
possibilidade mais satisfatória. Eram os que ainda permaneciam com a
consciência voltada para as regras do judaísmo, especialmente referentes a dietas
(comer apenas alimentos considerados limpos – Rm 14.14,20) e aos dias festivos
do Velho Testamento, os quais foram abolidos por Cristo (guarda do sábado e
festivais judaicos – cerimônias que nunca foram ordenadas aos cristãos). A carne
de porco, por exemplo, era considerada impura no Judaísmo e a Lei exigia que
eles não a comecem. É por isso que os cristãos judeus tiveram tanta dificuldade
para deixar esse vão costume, uma vez que a abstinência de alimentos no
cristianismo é totalmente inútil e, às vezes, pecaminoso.

OS “FORTES”
A palavra grega para “forte” é dynatos, e significa “alma forte”, “capaz de
suportar calamidades com coragem e paciência, firmes nas virtudes cristãs”.
Embora todo homem seja fraco por natureza (Rm 3), aqui o termo indica um
cristão maduro na fé e no trato com o próximo, pois Cristo concedeu a ele essa
força, enquanto que para outros não.
Por dever de ofício, devo esclarecer ao leitor que esses “fortes” na fé não são
fortes por serem valentes em si mesmos, nem por serem mais espirituais que os
fracos aqui mencionados. Nesse sentido, devo lembrar-vos de que “quando estou
fraco é que sou forte” (2Co 12.10). Todavia, aqui nós estamos a tratar de uma
força no sentido de que o crente está amadurecido espiritualmente para lidar com
ambientes e circunstâncias que não interferem mais em seu caráter cristão,
embora ele deva vigiar em todo o tempo a fim de se manter de pé (1Co 10.12).
Com a Igreja atual não é diferente. Assim como a igreja em Roma, o cenário da
igreja de nossos dias revela sua inegável similaridade. Existem fracos e fortes na
fé. É nosso dever orar sem cessar para que os poucos cristãos que ainda prezam
pelo evangelho santo e puro saibam lidar com essas pessoas debaixo do temor a
Deus e com conhecimento.

A MATURIDADE NA FÉ (Rm 14.1-2)


A Palavra de Deus registra pelo menos quatro níveis de fé dentro do Corpo de
Cristo: (1) nenhuma fé (Mc 4.35-41), (2) pouca fé (Mt 14.22-33), (3) grande fé
(Mt 15.21-28) e (4) inigualável fé (Mt 8.5-15). Continuando nossa análise do
contexto de Romanos 14.1–15.13, percebemos que a união entre os membros da
igreja em Roma estava ameaçada. Isso aconteceu pelo fato de que os cristãos
502
maduros, já libertos do jugo do legalismo e das regrinhas caducas do judaísmo,
estavam em constante conflito com os cristãos imaturos, os quais ainda
permaneciam debaixo de pensamentos e filosofias hipócritas, mesmo tendo o
conhecimento de Deus. Enquanto o primeiro grupo entendia bem a amplitude da
liberdade cristã pela fé em Cristo Jesus e sob as leis direcionadas à Igreja de
Deus, o segundo grupo se mantinha com a consciência perturbada devido às
velhas crenças e práticas arraigadas em suas mentes. Eles simplesmente não
sabiam exatamente o que fazer e o que não fazer quando se deparavam com
questões frívolas da vida, tais como: “posso comer isto? Posso beber aquilo?
Posso usar isso? Posso tocar naquilo?”... etc.
Mais uma vez, com a Igreja atual não é diferente. O problema da falta de pureza
na consciência ainda insiste em corromper a Igreja de Cristo e a levar muitos a se
apostatarem da fé (uns por causa do legalismo, outros devido ao liberalismo). Ao
questionarem os assim chamados “pastores” e “líderes” a respeito do uso do
fumo, da bebida, da tatuagem e de outros hábitos alvos do farisaísmo secular, os
membros são alienados pelos mais variados tipos de respostas malucas que visam
prendê-los debaixo de um jugo cruel e inútil para a vida espiritual. Isso é tão
sério, que pessoas por toda a parte, pensando servir a Deus, se afastam de Sua lei
para dar ênfase a essas listas de regrinhas que lhe foram impostas pelo sistema
religioso com relação aos hábitos, usos e costumes que a Bíblia jamais condenou
em si mesmos.
De volta às passagens bíblicas, sabendo que os cristãos maduros entenderiam
melhor esse conflito, o apóstolo da graça direciona a eles duas ordens práticas em
relação aos imaturos – enfermos na fé: “Ora, quanto ao que está enfermo na fé,
recebei-o, não em contendas sobre dúvidas” (Romanos 14.1). Imaturos e
enfermos na fé são aqueles que vêem pecado em tudo: no comer, no beber, no
fumar, etc.
1. Recebam de forma genuína e de boa mente aos que são débeis na fé, porquanto
não estamos, agora, lidando com ímpios irredutíveis, mas com homens
claramente tardios em compreender o que vocês já compreendem. Eles são lentos
no entendimento, mas não estão regredindo, nem se apostatando. Antes, mesmo
devagar, estão crescendo em graça e conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.
Portanto, recebamos esses queridos irmãos com amor não fingido.
2. Não entrem em contendas duvidosas com esses crentes; não os recebam com o
objetivo de discutir opiniões frívolas e inúteis para a salvação. Não entrem em
conflito envolvendo a consciência individual.
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as
coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam” (1 Coríntios 10.23).

503
DEVEMOS ESTAR SUJEITOS ÀS
AUTORIDADES

“Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há


autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele
instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade, resiste à ordenação
de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação”
(Romanos 13.1-2).
Quando nos lembramos do fato de que quem escreveu isso estava sob o domínio
de Nero, conseguimos entender que obviamente o apóstolo da graça não estava
falando que deveríamos estar sujeitos apenas às autoridades politicamente
corretas. Foi exatamente assim no caso de Daniel e seus amigos quando debaixo
da autoridade de Nabucodonosor. Foi também o caso de Davi, que mesmo
sabendo que seria o rei sucessor de Saul não ousou feri-lo. Por que? Porque Davi
o reconheceu como rei. Foi o caso do Senhor Jesus, que se sujeitou como ovelha
muda nas mãos de seus algozes. Pôncio Pilatos disse a Jesus que tinha poder para
soltá-lo se Ele dissesse qualquer coisa a seu favor. Mas, qual foi a resposta de
Jesus a ele? “Nenhuma autoridade terias sobre mim se não tivesse sido dado do
alto” (Jo 19.11). Jesus estava sendo claramente injustiçado por uma autoridade
que podia livrá-lo com apenas uma defesa de Jesus. Mas a atitude de Jesus foi se
submeter a essa autoridade e sofrer o dano da injustiça.
Existe apenas uma exceção que devemos ter em mente: A sujeição às autoridades
não implica fazer aquilo que contraria a vontade de Deus em Seus preceitos.
Quando qualquer lei contrária à Palavra de Deus é estabelecida pelos homens,
temos o dever de desobedecê-la em prol da sujeição à autoridade máxima, que é
Deus. Se uma autoridade tenta exigir que eu mate inocentes, como cristão eu
devo me negar a fazê-lo, pois a honra e a sujeição a Deus estão acima da sujeição
aos homens. É muito importante entender isso.
Entre as dificuldades que alguns cristãos terão para entender o que estou dizendo,
está o fato de que a maioria não entende a diferença entre Israel (nação terrenal
de Deus) e Igreja (nação celestial de Deus). Isso ocorre devido à má compreensão
de religiosos que ainda buscam legitimar suas ações com base em exemplos de
homens do Antigo Testamento que estavam destinados a interferirem nas coisas
do mundo, tanto na política como nos costumes alheios. Para um israelita isso
fazia todo o sentido porque sua esperança estava nas promessas que Deus fez
especificamente à nação de Israel, como a restauração da nação e o reinado de
mil anos de Cristo que ainda ocorrerá na terra, tendo como centro do mundo a

504
“menina dos olhos” de Deus – Israel. Portanto, o israelita do Antigo Testamento
era até mesmo ordenado a pegar em armas para reconquistar, por várias vezes,
sua terra prometida.
Mas, nada disso faz qualquer sentido para o cristão que entende as dispensações
da Bíblia. Nós não temos uma pátria aqui. Aqui não é o nosso lugar, nem Deus
nos prometeu nada concernente a bênçãos terrenas. Nossa cidade está nos céus.
Se por um lado era normal João Batista se intrometer na vida privada de Herodes
por ele cometer adultério ao se juntar com a esposa de seu irmão, por outro, um
cristão maduro tem ciência de que não deve desejar que o mundo viva segundo
os padrões estabelecidos por Deus. Isso jamais irá acontecer e Jesus deixou tudo
isso muito claro, especialmente nas epístolas. E é pelo mesmo motivo que vemos
ditos cristãos depredando templos católicos e de outras religiões pagãs mundo
afora. Tais cristãos nominais amam o mundo e as coisas do mundo, e por isso
querem, à força, transformá-lo em um lugar saudável para eles. E eles o fazem
sob as mais absurdas justificativas que jamais serão encontradas na Palavra de
Deus.
Sempre que o assunto é Sujeição, devemos ter duas coisas em mente: (1) Todos
nós estamos sujeitos a alguma autoridade: filhos aos pais, esposas aos maridos,
homens às autoridades civis e aos governantes. Porém, a lei da sujeição não para
aqui. Todas as classes supracitadas devem estar sujeitas primeiro a Deus, a
Suprema Autoridade. E é isso que o mundo não entende. (2) Nenhuma
autoridade, exceto a de Deus, é absoluta. Sendo assim, quando qualquer pessoa,
em posição de autoridade, exige de seus liderados qualquer coisa contrária à
Palavra de Deus, os cristãos tem o dever de desobedecê-la em prol da obediência
à Autoridade Suprema que é Deus.
É justamente por não entenderem a hierarquia da sujeição bíblica que muitos
ignorantes, se dizendo sábios, aplicam normas bíblicas de forma incorreta e se
tornam hereges por serem arrogantes. Você já deve ter presenciado muitas
pessoas dizendo que você não pode abandonar as tradições religiosas de seus pais
porque isso faria de você um transgressor do quinto mandamento. Se não, pelo
menos eu vivo ouvindo isso! E não adianta explicar a essas pobres almas que o
primeiro mandamento vem antes do quinto, pois a maioria delas jamais entenderá
e continuará a achar que o número 5 vem antes do 1.
Sem mais delongas, atentemo-nos para algumas passagens:
“Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há
autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele
instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de
Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação. Porque os

505
magistrados não são para temor quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal.
Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a
autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme;
porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus,
vingador, para castigar o que pratica o mal. É necessário que lhe estejais
sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de
consciência. Por esse motivo também pagais tributos, porque são ministros de
Deus, atendendo constantemente a este serviço. Pagai a todos o que lhes é
devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito,
respeito; a quem honra, honra” (Romanos 13.1-7).
Então, aparecem aquelas velhas queixas, tais como: “Mas e se a autoridade for
má? E se os impostos forem abusivos?”. A minha resposta é que eu duvido
bastante que você tenha vivido sob um governo pior do que o de Pilatos ou Nero,
e foi debaixo da autoridade desses governantes que estiveram o Senhor Jesus, os
apóstolos e também os cristãos da metade do século I. Contudo, o Senhor Jesus
Cristo, Criador do Universo, se submeteu aos cruéis desígnios de Pilatos,
reconhecendo que sua autoridade vinha, não dele mesmo, mas de Deus (Jo
19.11). Portanto, um cristão genuíno deve sempre olhar para uma autoridade –
seja ela boa ou má – reconhecendo que Deus está acima dela e que foi Ele
mesmo quem a colocou ali, para Sua glória e para cumprir Seus eternos decretos.
A razão pela qual a Igreja permanece nesta posição pode ser colocada através de
pelo menos nove princípios irrevogáveis:
1 – Nós, cristãos, não pertencemos a este mundo. Somos cidadãos celestiais (Fp
3.20).
2 – Possuímos a Palavra de Deus como regra de fé e conduta. O que é certo e
errado é decidido à luz da Palavra de Deus e não dos homens (Gl 1.6-10).
3 – Somos habitados pelo Espírito Santo, o qual intercede por nós e não tem o
papel de falar de si mesmo, mas de transmitir tudo o que Cristo nos ensina por
meio da Palavra (Jo 16.13).
4 – Nosso exemplo de conduta vem do Senhor Jesus Cristo e não dos homens.
Assim, tudo o que decidimos na mente, bem como o que falamos e o que
fazemos, é com base no comportamento de Cristo (1Co 11.1).
5 – Nós, cristãos, somos livres em Cristo, mas não livres de Cristo. Somos
escravos dEle e, portanto, estamos sujeitos a Ele como nosso SENHOR (Ef 6.6).
6 – Ao mesmo tempo em que devemos estar sujeitos às autoridades humanas por
serem ministros de Deus para castigar o que faz o mal (Rm 13.1-7), também
sabemos que quando essas autoridades exigem que contrariemos as leis de
506
Cristo, expressas na Palavra, é nosso dever desobedecê-las em sujeição primária
a Deus. Se iremos tomar uma decisão envolvendo nossas autoridades
governamentais, o faremos sob a base do que a nossa autoridade máxima
(DEUS) diz, e não o inverso (2Co 10.4,5).
7 – Como cristãos genuínos, não carregamos conosco uma lista de regrinhas
medíocres e gnosticistas do tipo “pode ou não pode?”, como os pentecostais e
“testemunhas de jiová” (Cl 2.20-23).
8 – Nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados,
contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes
espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef 6.12).
9 – Jesus nos ensina a como prosseguir diante de governos ímpios:
"E, observando-o, mandaram espias, que se fingissem justos, para o apanharem
nalguma palavra, e o entregarem à jurisdição e poder do presidente. E
perguntaram-lhe, dizendo: 'Mestre, nós sabemos que falas e ensinas bem e
retamente, e que não consideras a aparência da pessoa, mas ensinas com
verdade o caminho de Deus. É-nos lícito dar tributo a César ou não?' E,
entendendo ele a sua astúcia, disse-lhes: 'Por que me tentais? Mostrai-me uma
moeda. De quem tem a imagem e a inscrição?' E, respondendo eles, disseram:
'De César'. Disse-lhes então: 'Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o
que é de Deus'. E não puderam apanhá-lo em palavra alguma diante do povo; e,
maravilhados da sua resposta, calaram-se" (Lucas 20.20-26).
Portanto, cristãos que se preocupam e se envolvem no combate às injustiças da
política ainda não entenderam a sua cidadania celestial. Eles pensam que este
mundo deveria ser um lar cristão, quando, na verdade, Jesus deixou bem claro
que não temos um lar aqui, e que este mundo está com data de validade. Não há
esperança nenhuma para este mundo. Ele já está condenado. Então, eu pergunto:
Por que os ditos cristãos da atualidade se intrometem no que não é da sua conta?

É CORRETO AO CRISTÃO FAZER GREVES?


“Sujeitai-vos, pois, a toda a ordenação humana por amor do Senhor; quer ao
rei, como superior; quer aos governadores, como por ele enviados para castigo
dos malfeitores, e para louvor dos que fazem o bem. Porque assim é a vontade de
Deus, que, fazendo bem, tapeis a boca à ignorância dos homens insensatos;
como livres, e não tendo a liberdade por cobertura da malícia, mas como servos
de Deus. Honrai a todos. Amai a fraternidade. Temei a Deus. Honrai ao rei. Vós,

507
servos, sujeitai-vos com todo o temor aos senhores, não somente aos bons e
humanos, mas também aos maus. Porque é coisa agradável, que alguém, por
causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente.
Porque, que glória será essa, se, pecando, sois esbofeteados e sofreis? Mas se,
fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis, isso é agradável a Deus. Porque para
isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o
exemplo, para que sigais as suas pisadas. O qual não cometeu pecado, nem na
sua boca se achou engano. O qual, quando o injuriavam, não injuriava, e
quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga
justamente” (1Pedro 2.13-23).
Na vida profissional, se o cristão é autônomo, ele tem um vínculo moral com o
cliente, e se trabalha em qualquer tipo de empresa, ele cria esse mesmo vínculo
com seu patrão e se compromete a atender seus serviços de forma honesta e bem
feita. O cliente ou patrão são pessoas usadas por Deus para prover nosso sustento
– independente se o patrão é ou não um homem justo diante de Deus. Um
verdadeiro cristão, portanto, não deve de modo algum desapontá-lo ou deixar de
atendê-lo com reta justiça.
E então pessoas me convidam para uma greve (seja por impostos abusivos,
corrupções para todo lado e tudo que temos visto no país). E essa greve irá afetar
diretamente a vida daqueles que o próprio Deus instituiu para pagar meu salário,
o qual será para sustento da minha família. Sim, caro leitor, é DEUS quem
instituiu essas autoridades para colocar a comida em nossa mesa, independente se
você reclama de estar comendo somente arroz com feijão (e ainda se diz cristão).
Então eu pergunto: tal ato é justo diante da Palavra de Deus? Tudo isso está em
concórdia com a doutrina de Cristo? Cristo está comigo nessas paralisações
políticas em favor de um “mundo melhor”? É esse o objetivo de um cristão
bíblico? Foi isso que Jesus nos ordenou a fazer? Onde? Quando? Em qual
epístola?
Entenda: Se um grupo de pessoas decide promover uma greve contra seus
patrões e um cristão concorda em participar porque está insatisfeito com o seu
salário, esse cristão estará desobedecendo a Deus. Por que? Porque Deus nos
ordena que obedeçamos aos nossos patrões independentemente de qualquer
injustiça que os mesmos estejam cometendo contra nós. A menos que seu patrão
o mande fazer algo que entre em conflito com a lei de Deus, a ordem de obedecer
a autoridade constituída por Deus para seu sustento está na Bíblia e não irá sair
de lá. O que está escrito permanece.

508
COMO REAGIR DIANTE DE AUTORIDADES PERVERSAS E
INJUSTAS?
É muito comum vermos ditos cristãos se rebelarem contra as autoridades,
pensando, assim, que estão fazendo um bem maior. Essas pessoas parecem se
sentir como os super-heróis dos cinemas. Mas, será que é correto falar mal das
autoridades? Seria correto desobedecê-las por mera vingança pessoal? Será que
estamos sendo cristãos ao nos intrometermos nos negócios deste mundo? Será
que é biblicamente lícito que eu saia por aí “combatendo a carne e o sangue”,
como se eu fosse uma espécie de “Rambo”? É correto ao cristão escrever livros e
gravar vídeos com o propósito de levar as pessoas à desobediência e rebelião? Eu
estou sendo um homem fiel a Deus quando chego ao ponto de sonegar impostos
ao governo e influenciar os outros a fazerem o mesmo? A resposta para todas
essas perguntas é “não”.
Para provar este ponto, faço um desafio àqueles ditos “cristãos” que sempre
desejam fazer justiça com as próprias mãos: Tente repetir as passagens abaixo em
voz alta enquanto segura um cartaz em uma manifestação que tem efeito negativo
sobre seus senhores segundo a carne, e, ao mesmo tempo, se tiver coragem, diga
para si mesmo diante do espelho: ‘Eu sou um CRISTÃO’.
“A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os
homens” (Romanos 12.14).
“Evitai que alguém dê a outrem mal por mal, mas segui sempre o bem, tanto uns
para com os outros, como para com todos” (1 Tessalonicenses 5.15).
“Não tornando mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário,
bendizendo; sabendo que para isto fostes chamados, para que por herança
alcanceis a bênção” (1 Pedro 3.9)
“Vós, servos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não servindo
só na aparência, como para agradar aos homens, mas em simplicidade de
coração, temendo a Deus. E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração,
como ao Senhor, e não aos homens, sabendo que recebereis do Senhor o
galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis. Mas quem fizer agravo
receberá o agravo que fizer; pois não há acepção de pessoas” (Colossenses
3.22-25).
“É necessário que lhe estejais sujeitos [às autoridades], não somente por causa
do temor da punição, mas também por dever de consciência” (Romanos 13.5).
Se você é, de fato, um cristão, entenda de uma vez por todas que as dificuldades,
aflições e tribulações estarão sempre com você. Se você abrir a Bíblia e os livros
509
sobre a história dos pais da Igreja, verá que nada disso era estranho aos cristãos
primitivos. Por que? Porque eles entenderam o que Jesus disse aos seus: “No
mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo” (Jo 16.33).

PENA DE MORTE E LEGÍTIMA DEFESA


SEGUNDO A BÍBLIA

Na Teocracia de Israel, a Lei ordenava a pena de morte para vários atos:


Assassinato (Ex 21.12), sequestro (Ex 21.16), sexo com animais (Ex 22.19),
adultério (Lv 20.10), homossexualidade (Lv 20:13), ser um falso profeta (Dt
13.5), prostituição e estupro (Deuteronômio 22.4), e para diversos outros crimes.
Esse era um padrão governamental muito superior a todos os que já conhecemos
até hoje, visto que foi o próprio Deus quem o instituiu para o Seu povo. Assim,
muitas coisas abomináveis aos Seus olhos eram consideradas crime e punidas
com a morte ou por meio de outras punições estabelecidas pelo governo
teocrático de Israel. Todo cristão deveria desejar um governo teocrático, tal como
era no período mosaico (sob a lei de Moisés), pois ele não precisa temer as
autoridades, visto que não está em pecado, mas segue uma vida reta diante do
SENHOR (Rm 13.3-4).
No entanto, embora existissem severas punições para tais crimes (pecados), Deus
frequentemente demonstrava misericórdia quando a pena de morte era imputada.
Davi, por exemplo, cometeu adultério e homicídio, e mesmo assim Deus não
exigiu que sua vida fosse tirada (2 Sm 11.1-5, 14-17; 2 Sm 12.13).
Todavia, segundo a justiça divina de Deus, todo e qualquer pecado que nós
cometemos deveria resultar na pena de morte (Rm 6.23). Felizmente, Deus
demonstra o Seu amor por nós não nos condenando, mas dando-nos a vida
eterna, isto é, aos Seus escolhidos, perdoando-os todos os Seus pecados sem a
punição que era requerida na era patriarcal, sob a teocracia de Israel (Rm 5.8).

“NÃO MATARÁS” – O SEXTO MANDAMENTO


Encontramos no Antigo Testamento o sexto mandamento "não matarás".
Todavia, essa não é a tradução correta que a maioria das Bíblias nos apresenta. A
palavra hebraica usada no sexto mandamento é "Rasah", que significa
510
“assassinar”, "matar sem motivo” ou “matar fora da lei", e não “Harag”, que
significa “matar alguém”. Ou seja, uma melhor tradução do texto sagrado seria:
“Não assassinarás” (hebraico “Rasah”). Esse é o sentido original que o
hebraico nos apresenta nesse mandamento. Sendo assim, o sexto mandamento do
SENHOR em Ex 20.13 é “Não assassinarás”, que indica um crime e também
um pecado. Portanto, esta lei não significa a proibição de toda morte, como por
exemplo na sentença penal.
O próprio Senhor Jesus usou o termo “Rasah” em Mateus 5.17, 21,22, quando
disse:
”Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas: não vim para revogar, vim
para cumprir... Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás (Rasah –
assassinarás); e: quem matar (assassinar) será réu de juízo (pena de morte
segundo a lei – Ex 20.13, Dt 5.17). Eu porém, vos digo que todo aquele que,
‘sem motivo’, se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento (pena de
morte)”. [ênfase minha].
“Rasah” é o tipo de crime ao qual a Lei está enfatizando em Mateus 5.21,22. De
acordo com esse versículo, podemos concluir que outra interpretação da Lei
seria: “Não matarás sem motivo!” (v. 22).
Sendo assim, a proibição do sexto mandamento é contra o assassinato ou a
vingança pessoal, e não uma proibição da execução penal de um criminoso pelo
governo instituído por Deus.
Quando os fariseus trouxeram a Jesus uma mulher que havia sido pega em
adultério e perguntaram a Ele se ela deveria ser apedrejada, Jesus respondeu:
“Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire a
pedra” (João 8.7). Esse versículo não deve ser usado para indicar que Jesus
rejeitava a pena de morte daquela adúltera, nem em qualquer outra situação.
Jesus estava simplesmente expondo a hipocrisia dos fariseus. Os fariseus queriam
fazer com que Jesus violasse a lei civil do Antigo Testamento. Eles realmente
não se importavam com o fato de a mulher ser apedrejada, pois a lei exigia que o
adúltero devia estar junto com a adúltera para serem ambos punidos pelo crime
(onde estava o homem que adulterou com ela?).

511
LEGÍTIMA DEFESA
“Se alguém derramar o sangue do homem (assassinato), pelo homem se
derramará o seu (legítima defesa e pena capital); porque Deus fez o homem
segundo a Sua imagem” (Gênesis 9.6).
"Se alguém matar à espada, esse alguém deve ser morto à espada (pena de
morte). Aqui está a paciência e a fé dos santos" (Apocalipse 13.10). [Grifo meu].
Matar em legítima defesa não é pecado; é cumprir a vontade de Deus. Homicida
ou assassino é aquele que intenciona tirar a vida de alguém para obter lucro ou
vantagem indevida sobre o inocente. Aquele que obsta tais iníquos age como
magistrado contra o mal. Alguém que, podendo defender a si, aos seus, ou
outrem contra o mal, não o fazendo, é cúmplice desse mal. Sua covardia em não
agir em defesa do bem o iguala ao criminoso. Somente alguém sem nenhuma
dignidade deixa de proteger o inocente para preservar o criminoso iníquo. É isso
que a Bíblia está nos ensinando.

QUEM INSTITUIU A PENA DE MORTE?


Foi Deus quem instituiu a pena de morte: “Se alguém derramar o sangue do
homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a
Sua imagem” (Gênesis 9.6). Jesus concorda com a pena de morte em Apocalipse
13.9-10. Ele também demonstrou estar sujeito à lei e de acordo com a Pena de
Morte quando a mesma foi imputada a alguém (João 8.1-11).
O apóstolo Paulo definitivamente reconheceu o poder do governo para instituir a
pena de morte onde fosse apropriado (Rm 13.1-5).
Não devemos nos esquecer de que o Deus que disse “não assassinarás” é o
mesmo Deus que disse “Mate!” a Moisés, Saul, Josué e a outros de Seus servos
no Antigo Testamento.
Sim, Deus permite a pena de morte, porquanto Ele mesmo a instituiu. Mas, ao
mesmo tempo, Deus nem sempre exige a pena de morte quando ela é aplicável.

QUAL DEVERIA SER A VISÃO DE UM CRISTÃO ACERCA DA


PENA DE MORTE?
Primeiro, devemos nos lembrar de que Deus instituiu a pena de morte na Sua
Palavra. Portanto, seria presunçoso da nossa parte pensar que nós podemos

512
instituir um padrão mais alto que o Dele ou que nós podemos ser mais bondosos
do que Ele. Deus tem um padrão mais alto do que o de qualquer outro ser, visto
que Ele é Deus; Ele é Perfeito. Esse padrão se aplica não apenas a nós, mas a Ele
mesmo. Portanto, Ele ama em um grau infinito, tem misericórdia em um grau
infinito e tem ira em um grau infinito, e tudo isto se mantém em perfeito
equilíbrio.
Segundo, nós devemos reconhecer que Deus deu ao governo humano a
autoridade de determinar a pena de morte quando ela tiver que ser aplicada (Gn
9.6; Rm 13.1-7). Não é bíblico afirmar que Deus se opõe à pena de morte. Nós
não temos o direito de nos rebelar contra o governo quando este tiver de executar
os autores dos seus crimes, pois estaríamos lutando contra o próprio Deus que o
instituiu, além de estarmos desobedecendo uma autoridade posta por Deus para o
nosso bem, não para o nosso mal. É claro que, em contrapartida, os cristãos
jamais devem comemorar quando a pena de morte é empregada. O fato é que não
é bíblico ir contra a pena de morte.

● Textos básicos: Romanos 13.3-4 e Apocalipse 13.9-10:

"Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más.
Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás louvor dela. Porque
ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz
debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz
o mal". (Romanos 13.3-4).

"Se alguém tem ouvidos, ouça. Se alguém leva em cativeiro, em cativeiro irá; se
alguém matar à espada, necessário é que à espada seja morto. Aqui está a
paciência e a fé dos santos". (Apocalipse 13.9-10).

Gordon Clark resume essa questão da seguinte forma: “A pena de morte é


especificada tanto no Antigo Testamento (Gênesis 9.6 ª) como no Novo
Testamento (Romanos 13.4). Ela é implicada em Gênesis 4.14 e aprovada em
Atos 25.11. A pena capital é, portanto, uma parte integral da ética cristã. Esforços
contemporâneos para abolir a pena de morte procedem de uma visão não-cristã
do homem, uma teoria secular da lei criminal e uma baixa estima do valor da
vida” (Gordon Haddon Clark - Essays on ethics and Politics P.10,11).

513
CAPÍTULO 14
A ESFERA DE MINISTÉRIO DAS MULHERES
NA IGREJA

PASTORADO FEMININO?

Há muitos artigos bíblicos sobre a heresia do pastorado feminino. Essa doutrina


ímpia sempre foi muito comum em denominações pentecostais, mas conquistou
espaço nas igrejas (seitas) históricas nos últimos tempos. Os textos mais
explícitos sobre o tema na Bíblia são Atos 6.1-7; 1 Timóteo 2.11-15; 1 Coríntios
14.34-36 e 1 Coríntios 11. 2-16. Algumas dessas passagens foram analisadas
com mais profundidade nos esboços que tenho feito a fim de escrever artigos
mais complexos. O pequeno artigo que se segue é uma forma de mostrar que a
Escritura não usa meios termos e não contradiz a si mesma. A Bíblia é
determinista e não abre margens para conjecturas, culturas, costumes e épocas.
Além disso, a relação intrínseca entre a família e a Igreja mostra que aquele que é
a cabeça na família (Ef 5.21-33) também deve exercer a liderança na Igreja. As
credenciais para o “pastorado” na Igreja apostólica, assim como qualquer função
onde o papel é o ensino sobre os homens, estão prescritas em 1 Timóteo e Tito 1.
A vocação do ensino e da pregação é apenas um dos requisitos para o pastorado,
ou para o evangelista, ou para qualquer lugar onde o homem exerce seu papel de
ensinar e doutrinar. Há outros, como por exemplo, governar a própria casa e ser
M-A-R-I-D-O de uma só mulher, que não podem ser preenchidos por mulheres
cristãs, por mais dons que tenham.
Em 1 Coríntios 14.34-37, o apóstolo Paulo não usa meios termos:
“As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido
falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender
alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é
vergonhoso que as mulheres falem na igreja. Porventura saiu dentre vós a
palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós? Se alguém cuida ser profeta,
ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do
Senhor” (1 Coríntios 14.34-37).
Agora note o “Xeque-mate” da questão: Quando o apóstolo diz no verso 37: “se
alguém pensa ser espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são

514
mandamentos do Senhor” (1 Co 14.37), ele destrói o argumento relativista
daqueles que rejeitam as claras e normativas instruções de Paulo sob a base de
que elas são meramente culturais. O mandamento nessa passagem é normativo
para toda a Igreja e em toda a sua era.
Em 1 Timóteo 2.12 ele diz, peremptoriamente:
“Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o
marido, mas que esteja em silêncio”.
É inconcebível imaginar como Cristo poderia ter sido mais claro do que nessas
duas passagens. As mulheres são proibidas de “falar”, isto é, de “ensinar” na
igreja. O ministério de ensino na igreja, com exceção do ensino de mulher para
mulher ou de mulheres aos seus filhos, pertence aos homens (compare 1 Timóteo
3 e Tito 1). Isto não se trata de ser maior ou melhor. Se trata da lei de Deus onde
Ele estabelece papéis distintos ao homem e à mulher. Quando tal mandamento é
violado, o Espírito de Deus não tem participação nenhuma e o que sobra são
palavras advindas de filosofias humanas e discursos cheios de apelo.
"Os opressores do meu povo são crianças, e mulheres dominam sobre ele; ah,
povo meu! Os que te guiam te enganam, e destroem o caminho das tuas veredas”
(Isaías 3.12).

DÉBORA NÃO É EXEMPLO PARA A IGREJA; SARA SIM.


Em nenhum episódio bíblico vemos a mulher como pastora, como líder
espiritual. Débora, uma profetiza que julgou a Israel no período dos Juízes, foi
usada por Deus como juíza e profetisa e nunca como uma líder. Deus a usava
como profeta, para entregar ao povo a Sua Palavra, mas Débora não era
“pastora”. Baraque era quem liderava e estava no comando. Tanto que Deus usou
Débora para dizer a Baraque: "Levanta-te, pois esse é o dia que o Senhor tem
dado a Sísera nas tuas mãos; porventura, o Senhor não saiu diante de ti? Baraque,
pois, desceu do monte Tabor, e dez mil homens após ele". (Jz 4.14). Não é uma
questão de inteligência; é uma questão de uma simples leitura bíblica.
Na doutrina dos apóstolos, o exemplo que temos de mulher que serve a Deus é
Sara, e não Débora:
"... vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos próprios maridos; para que também,
se alguns não obedecem à palavra, pelo porte de suas mulheres sejam ganhos
sem palavra; considerando a vossa vida casta, em temor. O enfeite delas não
seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de jóias de ouro, na compostura
dos vestidos; mas o homem encoberto no coração; no incorruptível traje de um
515
espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus. Porque assim se
adornavam também antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus, e
estavam sujeitas aos seus próprios maridos; como Sara obedecia a Abraão,
chamando-lhe senhor; da qual vós sois filhas, fazendo o bem, e não temendo
nenhum espanto" (1 Pedro 3:1-6).

O MINISTÉRIO DAS MULHERES NA OBRA


DO EVANGELHO
Muitos crentes professos não aceitam o lugar em que Deus colocou a mulher na
Igreja e pensam que esses papéis e dons deveriam ser como os dos homens. Essas
pessoas alegam que o que está restrito aos homens na obra do Evangelho, como
por exemplo o ministério do ensino da Palavra e da autoridade dentro da
congregação, depende da cultura e do tempo em que vivemos. Tais relativistas
dizem: “Hoje não precisamos seguir o que está na Bíblia; a mulher pode sim
exercer um ofício que não foi dado explicitamente pelas Escrituras Sagradas; ela
pode falar na congregação, mesmo Deus tendo dito na Bíblia que ela deve ficar
calada na Igreja e só fazer perguntas ao próprio marido em casa”.
Ora, quanto a isso, a Bíblia é explícita: “As vossas mulheres estejam caladas nas
igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também
ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus
próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja.
Porventura saiu dentre vós a palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós?
Se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos
escrevo são mandamentos do Senhor” (1 Coríntios 14.34-37).
Como já fora provado aqui, com relação ao lugar da mulher na congregação dos
santos, “se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que
vos escrevo são mandamentos do Senhor” (cf. 1 Coríntios 14.34-37). Ou seja, é
mandamento do SENHOR; não uma sugestão passível de épocas e tradições. A
Bíblia não segue nossos padrões de cultura, nem está aquém do pensamento
secular que circunda as mentes cauterizadas do sistema religioso criado pelos
homens. Não interessa o que nós achamos; o que interessa é o que a Palavra de
Deus diz.
Porém, o fato da mulher não poder exercer papel de homem, não significa que ela
não tenha o seu papel na Igreja de Deus. Muito pelo contrário: Ela tem muito a
fazer – talvez até mais do que o homem, como veremos à frente. Sendo assim,

516
voltemos nossos olhos para o ministério das mulheres na obra do evangelho sob a
ótica da Escritura, com base na doutrina dos apóstolos, pois é ali que está o nosso
sistema de doutrina, e não no Velho Testamento. Joguemos no lixo todo o
pensamento baseado em tradições humanas. Vamos, agora, procurar nos
versículos bíblicos do Novo Testamento a base para sabermos quais os papeis
que podem e devem ser desenvolvidos pelas irmãs na Igreja de Deus.

1 – As Mulheres serviam a Jesus e aos Seus discípulos no Seu Ministério:


"... andava de cidade em cidade, pregando e anunciando... e os doze iam com
Ele, e algumas mulheres, que haviam sido curadas de espíritos malignos e de
enfermidades; Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios, e
Joana, mulher de Cusa, procurador de Herodes e Suzana, e muitas outras que O
serviam com as Suas fazendas” (Lucas 8.1-3).

2 – Exercem o Ministério da Hospitalidade:


“E uma certa mulher, chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de
Tiatira, e que servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração para que
estivesse atenta ao que Paulo dizia. E, depois que foi batizada, ela e a sua casa,
nos rogou, dizendo: Se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor, entrai em
minha casa, e ficai ali. E nos constrangeu a isso” (Atos 16.14-15).

3 – Devem educar os filhos na Palavra:


“E vós, pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e
admoestação do Senhor” (Efésios 6.4).

4 – Devem cooperar na expansão do Evangelho:


4.1 – Ensinando as outras mulheres a orarem e a tratarem das coisas divinas
com uma cobertura na cabeça, em sinal de reverência aos seus maridos e
para servir de exemplo aos anjos, os quais as observam:
“... toda a mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua
própria cabeça, porque é como se estivesse rapada (...). Portanto, a mulher deve
ter sobre a cabeça sinal de poderio, por causa dos anjos” (1 Coríntios 11.5,10).
4.2 – Servindo ao Senhor em geral:

517
A igreja em Roma tinha um bom grupo de cooperadoras. Paulo saúda OITO
delas no capítulo 16: Priscila, “cooperadora em Cristo” (v. 3), Maria, “que
trabalhou muito por nós” (v. 6), “Trifena e a Trifosa, as quais trabalhavam no
Senhor” (v.12a) e também “Pérside, a qual muito trabalhou no Senhor” (v.
12b). “Júlia, a Nereu e a sua irmã, e a Olimpas” (v. 15). As irmãs filipenses
eram zelosas cooperadoras de Paulo: “Rogo a Evódia, e rogo a Síntique, que
sintam o mesmo no Senhor. E peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro,
que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho, e com
Clemente, e com os meus outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da
vida” (Filipenses 4.2,3).

5 – Ensinam doutrina às mulheres mais novas e lhes ensinam a como se


portarem:
“As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias no seu viver, como
convém a santas, não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras no bem;
para que ensinem as mulheres novas a serem prudentes, a amarem seus maridos,
a amarem seus filhos, a serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a
seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada” (Tito 2.3-5).
Ao explicar que há um padrão de idade para que a mulher seja considerada viúva,
Paulo exorta a Igreja a observar os seguintes requisitos nas mulheres para que
sejam aceitas como sendo irmãs em Cristo. Esses requisitos estão descritos em 1
Timóteo 5.9-10:
• Mulher de um só marido, pois o casamento só acaba com a morte de um dos
cônjuges (conferir o capítulo 5 – Casamento, Divórcio e Novas Núpcias),
• Tendo testemunho de boas obras,
• Se criou os filhos (Educação bíblica, disciplina, etc),
• Se exercitou hospitalidade,
• Se lavou os pés aos santos,
• Se socorreu os aflitos,
• Se praticou toda a boa obra.

6 – Devem ser caridosas:


“E havia em Jope uma discípula chamada Tabita, que traduzido se diz Dorcas.
Esta estava cheia de boas obras e esmolas que fazia” (Atos 9.36).

518
7 – Devem ter pudor e modéstia; sua vestimenta deve ser a boa obra e não a
sensualidade; elas jamais devem ser sensuais:
“... as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com
tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, mas (como convém a
mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras” (1 Timóteo
2.9,10).

8 – Devem dar testemunho prático de suas boas obras:


“Tendo testemunho de boas obras: Se criou os filhos, se exercitou hospitalidade,
se lavou os pés aos santos, se socorreu os aflitos, se praticou toda a boa obra”
(1 Timóteo 5.10).

9 – Devem instruir as mulheres mais novas na sã doutrina dos apóstolos:


As irmãs experientes possuem a responsabilidade de serem "Mães na Fé" para
instruir as mais novas. Mulheres novas, vindas do paganismo em Éfeso, Creta e
outros lugares na época em que Paulo escreveu a Tito, precisavam da melhor
instrução possível para uma vida cristã exemplar. Essa necessidade é a mesma
hoje! O campo de ensino das mulheres para com suas irmãs compreende todos os
níveis e aspectos da vida. Com isso em mente, temos DOZE requisitos que
estipulam as regras que compõem a ortopraxia impecável da mulher cristã:
“As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam (1) sérias no seu viver, como
convém a (2) santas, (3) não caluniadoras, (4) não dadas a muito vinho, (5)
mestras no bem; para que ensinem as mulheres novas a serem (6) prudentes, (7)
a amarem seus maridos, (8) a amarem seus filhos, a serem (9) moderadas, (10)
castas, (11) boas donas de casa, (12) sujeitas a seus maridos, a fim de que a
palavra de Deus não seja blasfemada” (Tito 2.3-5).
Perceba o que a Bíblia está dizendo: A Palavra de Deus está sendo blasfemada
quando qualquer uma dessas exigências são descumpridas pela mulher cristã.
Isso indica, inexoravelmente, que as normas aqui estabelecidas não se tratam de
cultura e época, mas de um princípio imutável para toda a era da Igreja de Deus.
Nessa passagem (Tt 2.3-5) encontramos os principais deveres da mulher no
Reino de Deus: Deveres sociais, conjugais, diários, domésticos, educadores e
pedagogos.

519
10 – Em 1 Pedro 3.1-6 encontramos mais um compêndio de regras para que
as mulheres cristãs sejam exemplos de conduta, servindo de testemunho
prático da vida cristã de uma mulher que serve a Deus.
“Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos próprios maridos;
para que também, se alguns não obedecem à palavra, pelo porte de suas
mulheres sejam ganhos sem palavra; considerando a vossa vida casta, em
temor. O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de
jóias de ouro, na compostura dos vestidos; mas o homem encoberto no coração;
no incorruptível traje de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de
Deus. Porque assim se adornavam também antigamente as santas mulheres que
esperavam em Deus, e estavam sujeitas aos seus próprios maridos; como Sara
obedecia a Abraão, chamando-lhe senhor; da qual vós sois filhas, fazendo o
bem, e não temendo nenhum espanto” (1 Pedro 3.1-6).
A passagem de 1 Pedro 3.1-6 nos ensina que:
• A mulher cristã está sempre sujeita ao seu marido;
• A mulher cristã não ganha o marido com palavras. Ela ganha seu marido com o
seu modo de se comportar, SEM usar palavra alguma.
• A mulher cristã é casta (Tem pureza de alma e de corpo, é recatada, se veste
com pudor e modéstia).
• A mulher cristã é temente a Deus.
• A mulher cristã não se preocupa com o enfeite externo, mas sim com o interno
– “que é o seu marido encoberto no coração; no incorruptível traje de um espírito
manso”. Essa é a preocupação dela.
• A mulher cristã se espelha nas santas mulheres antigas, que assim se adornavam
no espírito.
• A mulher cristã se apoia no exemplo de Sara, a qual obedecia a seu marido
Abraão, chamando-lhe de senhor.
• A mulher cristã faz o bem e não o mal.
• A mulher cristã não teme nenhum espanto, pois confia no Seu Senhor.

11 – Servem na obra da Oração:


“... se alguma mulher tem marido descrente, e ele consente em habitar com ela,
não o deixe. Porque o marido descrente é santificado pela mulher; e a mulher
descrente é santificada pelo marido; de outra sorte os vossos filhos seriam
imundos; mas agora são santos” (1 Coríntios 7.13,14).
“Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as
mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus irmãos” (Atos 1.14).

520
“E, considerando ele nisto, foi à casa de Maria, mãe de João, que tinha por
sobrenome Marcos, onde muitos estavam reunidos e oravam” (Atos 12.12).
Embora a mulher não tenha autoridade para exercer nenhuma autoridade sobre o
homem, seja na congregação ou no lar, ela possui muitos dons dados por Deus
para serem exercidos na Igreja. Assim como os homens, toda mulher tem um
dom que precisa ser identificado e colocado em prática, para a edificação do
Corpo de Cristo. Diferentemente do negativismo e do feminismo criados por
tradições e interpretações estapafúrdias das mulheres rebeldes e perniciosas que
temos visto por aí, a mulher cristã tem muito a fazer pelo Reino de Deus.

UM CHAMADO DE DEUS ÀS ESPOSAS E


MÃES

Eu quero iniciar esta pequena exortação com um trecho do livro "A Mulher
Puritana", de David Lipsy. O autor descreve os puritanos do século XVII da
seguinte forma:

“Talvez alguém possa responder que algumas esposas e mães são também, ao
mesmo tempo, mulheres com profissão de tempo integral. A puritana típica
(cristã), com uma mistura de grave preocupação e suave espanto, perguntaria em
resposta: ‘Como seria possível que cristãos, de todos os povos, ousassem revirar
a ordenança da própria criação de Deus e Seus planos para as mulheres de cabeça
para baixo, pedindo-lhes que sacrifiquem um tempo precioso e energia de seus
chamados primários dados por Deus e desviá-las para fazer aquilo que Deus dá
normalmente para os homens?”.
Depois de ensinar como mulheres não casadas deviam trabalhar para seu próprio
sustento, John James comenta que “no casamento... o marido deve ganhar com o
suor de seu rosto, não apenas seu próprio pão, mas o de sua família”. Na
sociedade puritana era bem-estabelecido que um dos deveres fundamentais do
homem no casamento era prover sua esposa e família com roupas e alimento
adequados. Para ele, pedir que sua esposa faça isso, exceto em circunstâncias que
o privem de assim o fazer, era considerado paganismo. A justiça até mesmo
reconhecia este sustento como parte essencial de dívida à mulher como virtude
do casamento.

521
É possível, amigos, que nós realmente precisemos considerar se de fato estamos
prestando atenção suficiente, tanto em casa como nos círculos da igreja como um
todo, ao tipo e quantidade de preparação que nossas moças recebem para aquele
chamado que a maioria delas um dia ocuparão: aquele de esposa e mãe? Nossas
escolas estão fazendo isso? Elas fazem isso o bastante? Como pais, nós estamos
impingindo em nossas moças e senhoras uma alta consideração para com o
abençoado lugar que Deus designou para a maioria das mulheres: o de esposa e
mãe?” (A Mulher Puritana – David Lipsy).

O principal motivo pelo qual as mulheres casadas e mães não podem optar por
terceirizar seu ministério familiar é a Lei da Criação. A lei da criação não pode
ser rejeitada como limitada culturalmente. Isso seria um enorme relativismo
teológico e uma genuína blasfêmia contra Deus e Suas ordens para a Igreja.
Para provar este ponto, lembremo-nos de como o Novo Testamento faz
referências à ordem criada quando lidando com muitos outros aspectos além
deste. Por exemplo, a homossexualidade não está em harmonia com a vontade de
Deus porque é “contrária à natureza humana” (Rm 1.26); ou seja, esta prática
viola o que Deus pretendia quando fez seres humanos macho e fêmea – homem e
mulher (Gn 1.26-27). Semelhantemente, Cristo ensina que o divórcio e o
adultério do novo matrimônio com terceiros não são de procedência divina desde
que, na criação, Deus tenha feito um homem e uma mulher para que “ambos
sejam uma só carne até que a morte os separe”, significando que o divórcio e o
segundo casamento de divorciados são expressamente proibidos por Deus com
base na lei da criação (Gn 2.24; Rm 7.2,3; Mt 19.3-12 – Confira o cap. 5). Um
terceiro exemplo é que toda comida deve ser recebida com ação de graças desde
que o mesmo seja um dom da mão criadora de Deus (1Tm 4.3-5).
Tudo isso concorda com o que descobrimos sobre casamento e/ou família no
Novo Testamento. Os esposos possuem a responsabilidade inicial da liderança e
as esposas são chamadas a submeterem-se à liderança de seus esposos (Ef 5.22-
33; Cl 3.18-19; 1Pe 3.1-7). O chamado à submissão para a esposa não está
fundamentado em meras normas culturais, pois ela é chamada a submeter-se a
seu esposo assim como a Igreja é chamada a submeter-se a Cristo (Ef 5.22-24).
Paulo designa o casamento como um “mistério” (Ef 5.32), e este mistério é que
o casamento reflete o relacionamento de Cristo com a Igreja, não deixando
qualquer espaço para os que relativizam o evangelho a fim de argumentar que o
ministério da mulher seja algo cultural e transitório.
É crucial observar que um papel diferente para as mulheres não significa a
inferioridade delas. Homens e mulheres foram igualmente criados à imagem de

522
Deus (Gn 1.26-27). Eles têm igual acesso à salvação em Cristo (Gl 3.28) e,
juntos, são herdeiros da grandiosa salvação que é nossa em Jesus Cristo (1Pe
3.7). Os escritores bíblicos não lançam calúnias sobre a dignidade, inteligência e
personalidade das mulheres. Vemos isso ainda mais claramente quando
reconhecemos que, assim como Cristo submete-se ao Pai (1Co 15.28), as esposas
devem em tudo submeter-se aos seus esposos (Ef 5.24), educarem seus filhos
segundo a sã doutrina de Cristo (Dt 6.6,7; Pv 22.6; Ef 6.4; 2Co 12.14b) e
dedicarem tempo integral ao seu lar, a fim de que a Palavra de Deus não seja
blasfemada (Tt 2.5).
Portanto, mulher, se você foi chamada para ser Esposa e Mãe, não se rebaixe a
ponto de ser rainha em qualquer lugar do mundo. Se as mulheres do mundo
vituperam sua missão e debocham de sua divina carreira, lembre-se que este é o
sinal de que o Criador dos céus e da terra está com você e não com as mulheres
do mundo, porque do mundo são (1Jo 4.5); e você não é do mundo, assim como
Cristo também não é (João 17.16).

EXORTAÇÃO ÀS MAMÃES CRISTÃS

Se seu filho estivesse com câncer terminal, o que você faria? Você
provavelmente deixaria o emprego profissional, se colocaria ao lado dele em
tempo integral e não perderia sequer um segundo do tempo que lhe resta com ele;
e você mesma prepararia o REMÉDIO diário para mantê-lo são e consciente
enquanto fosse possível, e certamente daria início a ORAÇÕES ininterruptas
para que Deus o salvasse das tormentas daquela dor. Acertei?
Pois bem, o fato é que você negligencia algo infinitamente mais importante do
que a saúde física de seu filho. Está a condená-lo a um sofrimento terrivelmente
maior do que um simples câncer, e, se você recebeu filhos de Deus para cuidar e
um LAR para governar, você não tem o direito de revirar as normas da Escritura
de cabeça para baixo no intuito de satisfazer seus desejos profissionais e alcançar
interesses próprios. Você não tem o direito de jogar no lixo as leis estabelecidas
por Deus à mulher casada e mãe. Você está condenando seu filho ao inferno
quando abre mão de sua responsabilidade de dedicar-se à doutrinação bíblica
integral de sua prole. Sob pretextos mundanos e com base em suas necessidades
financeiras, você lança seu pequenino em uma creche ou nas mãos de parentes
como se a soberania de Deus estivesse debaixo das suas necessidades terrenas.
Seja lá quem mais for o indivíduo ao qual você confiou "a herança que Deus lhe
523
deu" (Sl 127.3), você prestará contas pela alma de seu filho um dia, o qual lhe foi
concedido para ser educado, disciplinado e encaminhado por você e por mais
ninguém.
Seu filho não nasceu com câncer. Ele nasceu MORTO (Rm 3). E para ter vida ele
necessita de alimento espiritual (Doutrina Bíblica), remédio (Cristo), oração
incessante e atenção multiplicada. E esta responsabilidade foi dada aos pais, não
às creches, escolas, parentes ou amigos. Seu filho caminha a passos largos para o
inferno enquanto você relativiza as Escrituras e diz: "As mães dos tempos
bíblicos viveram em outra cultura e em outra época". Não, as mães bíblicas
viveram na mesma cultura sórdida que você; porém, não trataram a Palavra de
Deus como algo mutável e ultrapassado, mas sim como princípios imutáveis,
santos, perfeitos e eternos.
Alguém poderia perguntar: “Mas como sustentaremos nossos filhos se não
trabalharmos fora de casa?”. A resposta para isso está em Salmos 127:
“Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o
SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela. Inútil vos será
levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois é o
SENHOR quem dá o sustento aos Seus, ainda que estejam dormindo. Eis que os
filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão. Como flechas
na mão de um homem poderoso, assim são os filhos que um homem tem na sua
juventude. Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão
confundidos, mas falarão com os seus inimigos à porta” (Salmos 127.1-5).
Você confia de fato nessas palavras? Você é uma cristã? Você crê no que Deus
diz acerca do sustento que Ele dá aos que Lhe pertencem? Não espere ouvir essas
palavras nas ditas “igrejas” atuais. Talvez alguém tenha a sorte de ouvi-las e
acatá-las em uma congregação pequena, onde os anciãos prezem pela pregação
pura da Palavra de Deus e conservem suas ovelhas na Sã Doutrina dos
Apóstolos. Todavia, eu não contaria com isso nos dias tenebrosos em que
vivemos, exceto ao considerar o remanescente da Igreja que já entendeu a ordem
de Deus de como congregar ao Seu nome e não em instituições religiosas que se
dizem “igrejas” (cf. cap. 1 – artigo: “O que é a Igreja?”). Raramente você ouvirá
de um “pastor” moderno que você, ao deixar os filhos aos cuidados do Estado ou
de outras pessoas para fazer aquilo que foi destinado aos pais, está em pecado. A
maioria dos ditos “pastores” e outros tipos de líderes de hoje não têm
consideração para com o abençoado lugar que Deus designou para a maioria das
mulheres: o de ESPOSA e MÃE. Mas a Palavra continua viva e mais cortante
que uma espada de dois gumes (Hb 4.12).
Isto é uma ORDEM e não uma sugestão:

524
"Quero, pois, que as que são moças se casem, gerem filhos, governem a casa, e
não dêem ocasião ao adversário de maldizer; porque já algumas se desviaram,
seguindo à Satanás. Se algum crente ou alguma crente tem viúvas, socorra-as, e
não se sobrecarregue a igreja, para que se possam sustentar as que deveras são
viúvas" (1 Timóteo 5.14-16).
“Assim, poderão orientar as mulheres mais jovens a amarem seus maridos e
seus filhos, a serem prudentes e puras, a estarem ocupadas em casa, e a serem
bondosas e sujeitas a seus maridos, a fim de que a Palavra de Deus não seja
blasfemada” (Tito 2.4-5).
As passagens acima nos ensinam que quando uma esposa, seja ela mãe ou estéril,
desobedece a tais mandamentos, ela se torna blasfema e contrária à Palavra de
Deus. Ela faz tropeçar milhares de jovens que a observam. E isso é algo que a
maioria dos cristãos professos da atualidade jamais irá entender.
Sei que palavras como essas se encontram na contramão do Sistema. Ora, se
estivesse de acordo com os pensamentos e filosofias do mundo, não seria o
Evangelho. Todavia, o futuro de nossos filhos dirá quem está com a razão. Não
tenho medo de afirmar que vale muito mais um filho equilibrado e crente diante
das dificuldades financeiras (ainda que passemos fome) do que uma vida farta
com o filho desequilibrado e longe do Senhor.
Um pregador certa vez disse: "Se por um lado essa geração tem sofrido com
homens omissos, que deixaram de ser machos em virtude da lobotomia sofrida
pelo marxismo cultural, por outro, encontramos a masculinização das mulheres,
que em nome de uma pseudo-liberdade abandonaram a doçura e a feminilidade,
tão necessárias à educação dos filhos". É exatamente essa a nossa realidade.
A mulher profissional é completamente incompatível com a mulher que faz
profissão de esposa e mãe. A mulher solteira pode (e deve) trabalhar pelo seu
sustento e buscar sua autonomia profissional e outras necessidades que, para uma
casada e mãe, são tarefas secundárias que não devem tomar sequer um segundo
de seu ministério - o de ESPOSA e MÃE.
A ESPOSA e MÃE de um Lar tem como principal papel a árdua tarefa de formar
cidadãos espirituais – verdadeiramente servos do Altíssimo – e inaugurar o Reino
de DEUS em seu lar; tarefa esta que, sob a lei da criação, tem um valor
infinitamente superior ao do profissionalismo terreno. O marido é o líder e
provedor do lar. A esposa é a governanta desse lar. O marido trabalha para prover
alimento e vestes decentes à esposa e filhos. A mulher trabalha para manter a
ordem e educação dos filhos quando o marido está fora ou à trabalho. Esta é a
ordem natural de DEUS para a Família. Os bons frutos de um lar que assim
procede são nítidos e claros como o meio-dia. O resultado desse procedimento
525
santo é a estupenda presença do Espírito de Deus e a formação impecável do
caráter dos filhos, levando-os a uma conduta irrepreensível diante dos pagãos.
Seu filho(a) nasceu morto(a) em delitos e pecados (Rm 3). A pergunta é: O que
você fará a respeito disso? Você serve a Deus ou a si mesma? A resposta para
esta pergunta estará na sua reação ao ler este texto.

O USO DO VÉU

Este é, sem dúvida, um dos mandamentos mais desobedecidos e negligenciados


na cristandade professa atual: o uso do véu para as mulheres. Seu uso vai além
do culto público. Embora a Palavra de Deus não especifique o momento exato
onde a mulher deva usar o véu em sua cabeça, não temos autoridade para afirmar
que esta ordem se aplique apenas às reuniões da assembleia. Seu uso é mais
amplo. Sua aplicação se estende a qualquer lugar onde a Palavra de Deus esteja
sendo estudada ou quando a mulher estiver em oração, seja em reuniões públicas
ou em particular.

QUAL A RAZÃO DE SE COBRIR A CABEÇA?


Não são poucas as pessoas que perguntam: "Por que Deus iria querer e ordenar
que as mulheres cristãs cobrissem a cabeça? Qual a utilidade disso?". A própria
Bíblia responde: "Por causa dos anjos" (1Co 11.10). Deus não apenas nos dá a
ordem, como também explica a razão. No verso 10 é dito que a razão é “por
causa dos anjos” que as observam. Por não trazerem sobre a cabeça o sinal de
poderio, o qual os anjos observam, as mulheres que não cobrem a cabeça quando
oram ou tratam das questões de Deus estão desonrando os homens aos quais
deveriam estar sujeitas, e fazem isso diante das potestades celestiais que
deveriam estar aprendendo por meio da Igreja (Efésios 3.10).
Se fizermos essas mesmas perguntas a um “teólogo”, ele certamente responderá
que a passagem foi escrita por causa dos costumes, do lugar, da época, das
prostitutas que tinham cabeça rapada, da “aversão de Paulo por mulheres” (essa é
até engraçada) e outras explicações espúrias que você certamente já conhece.
Mas, se perguntarmos à Palavra de Deus, veremos a resposta no próprio
versículo. "Por causa dos anjos". Anjos não seguem a moda, cultura ou

526
costumes; e os anjos não mudaram desde então, embora essas coisas tenham
mudado em nossa sociedade.
Deus estabeleceu uma ordem clara ao Seu povo. Homens e mulheres cristãs não
podem, de maneira alguma, negligenciar tal mandamento, pois se trata de um
mandamento – uma norma claramente estabelecida à Igreja. É muito importante
que observemos todo o contexto da passagem que trata da questão do uso do véu,
pois assim saberemos por que essa ordem se encontra ali e entenderemos a razão
de ser uma norma para toda a era da Igreja:
“Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a
cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo. Todo o homem que ora ou
profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça. Mas toda a
mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua própria
cabeça, porque é como se estivesse rapada. Portanto, se a mulher não se cobre
com véu, tosquie-se também. Mas, se para a mulher é coisa indecente tosquiar-se
ou rapar-se, que ponha o véu. O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque
é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem. Porque o
homem não provém da mulher, mas a mulher do homem. Porque também o
homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem.
Portanto, a mulher deve ter sobre a cabeça sinal de poderio, por causa dos
anjos. Todavia, nem o homem é sem a mulher, nem a mulher sem o homem, no
Senhor. Porque, como a mulher provém do homem, assim também o homem
provém da mulher, mas tudo vem de Deus. Julgai entre vós mesmos: é decente
que a mulher ore a Deus descoberta? Ou não vos ensina a mesma natureza que é
desonra para o homem ter cabelo crescido? Mas ter a mulher cabelo crescido
lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu” (1 Coríntios 11.3-
15).
Dentro da ordem que Deus estabeleceu, o homem que cobre a cabeça quando ora
desonra sua cabeça, que é Cristo. A mulher que não cobre sua cabeça quando ora
desonra sua cabeça que é o homem (1Co 11.3-5). O homem é a glória de Deus e
a mulher é a glória do homem.
Bruce Anstey explica da seguinte forma:
“O ato de descobrir a cabeça por parte dos irmãos e o de cobrir a cabeça por parte
das irmãs são demonstrações dos princípios envolvidos na confissão cristã. O
Apóstolo mostra no início do capítulo que no cristianismo a cabeça do homem
representa Cristo. Paulo diz: "Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de
todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de
Cristo" (1Co 11.3). Em seguida ele mostra que, por esta razão, os irmãos devem
descobrir a cabeça quando tratam das coisas divinas. Ao fazerem assim eles

527
reconhecem que toda glória pertence a Cristo. Trata-se de um ato deliberado de
testemunho da parte dos irmãos, e reflete nosso desejo de conceder toda glória a
Cristo, nossa Cabeça viva no céu. Paulo diz: "O homem, pois, não deve cobrir a
cabeça, porque é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do
homem" (1Co 11.7). Esta atitude glorifica a Cristo e deve ser feita tendo isto em
vista.
Por outro lado, no cristianismo a mulher representa a glória do homem. Ali
diz: "O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de
Deus, mas a mulher é a glória do homem. Porque o homem não provém da
mulher, mas a mulher do homem. Porque também o homem não foi criado por
causa da mulher, mas a mulher por causa do homem. Portanto, a mulher deve
ter sobre a cabeça sinal de poderio [autoridade], por causa dos anjos" (1Co
11.7-10). O cabelo da mulher é um sinal da glória natural do primeiro homem. O
cabelo é seu véu permanente de beleza e glória (1Co 11.15). O apóstolo ensina
que o cabelo da mulher deve ser coberto quando estiverem sendo tratadas as
coisas divinas, por causa do que o cabelo representa. Quando as irmãs usam uma
cobertura na cabeça, elas estão proclamando o fato de que não reconhecemos o
primeiro homem como tendo qualquer lugar no cristianismo. Trata-se de uma
confissão de que o homem e sua glória não têm lugar nas coisas divinas” (Bruce
Anstey – “A Ordem de Deus”).

Por meio desse ensino, a Escritura nos mostra que os cristãos são um
espetáculo divinamente preparado: Os anjos estão aprendendo a sabedoria de
Deus em Seu agir entre os cristãos na terra (1Co 4.9; Ef 3.10).
Essa é a beleza do cristianismo: Temos um "culto racional" (Rm 12.1). Quando
entendemos a razão de Deus nos dar uma ordem, nossa obrigação é obedecer a
Sua Palavra, e podemos fazer isso de forma inteligente e com um propósito. Isso
se contrapõe completamente ao culto que era oferecido pelos judeus sob a Lei; os
israelitas não entendiam muito daquilo que faziam em seu culto a Deus.

DOIS ARGUMENTOS USADOS PARA NÃO SE USAR O VÉU


1 – "Cobrir a cabeça era um costume cultural antigo que não deve ser
considerado hoje!"
A Bíblia deixa claro que as coisas que Paulo ensinou em relação ao uso do véu
pela mulher não foram reveladas exclusivamente aos Coríntios, mas sim para
serem praticadas "em todo o lugar" (1Co 1.2). A maioria dos cristãos hoje não

528
segue esse preceito, geralmente alegando questões culturais. O problema de
analisarmos o que nos é ordenado nas epístolas dos apóstolos tendo em vista a
cultura, época e situação de cada um acaba por levar a Igreja ao pecado em outras
questões, sendo algumas delas muito mais graves. Por exemplo, vemos que em
nossa época fica cada vez mais comum coisas como a “prostituição” (sexo fora
do casamento) e a homossexualidade. Ambas as coisas são pecados, mas entram
em nosso meio através do mesmo subterfúgio usado pelos relativistas que alegam
que o uso do véu é uma questão de cultura, circunstância e/ou época.
Em 1 Coríntios 11, ao falar do véu ou cobertura da cabeça da mulher quando ela
ora ou “profetiza” (fala das coisas de Deus), a Bíblia diz:
"Portanto, a mulher deve ter sobre a cabeça sinal de poderio, por causa dos
anjos” (1 Coríntios 11,10).
Fica claro que a Bíblia não diz que essa ordem seria somente para a época dos
apóstolos. Se essas coisas fossem apenas para aquela época, ficaria difícil para
um “teólogo relativista” explicar a razão pela qual a Igreja observou esse
mandamento – de cobrir a cabeça – desde o princípio até cerca de 50 anos atrás.
São 1900 anos! Será que a Igreja agiu de maneira errada todo esse tempo?

2 – “Mas o cabelo da mulher é o seu véu!"


Esse é outro argumento estúpido por parte daqueles que se rebelam contra a
ordem clara do SENHOR a fim de descartar o uso do véu pela mulher. No verso
15 da passagem é dito que “ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso, porque o
cabelo lhe foi dado em lugar de véu". Com base nesse único versículo, eles
alegam que a mulher já estaria cumprindo com o mandamento do uso do véu se
ela possuir cabelos longos, pois, conforme a interpretação desses, os seus cabelos
já estariam funcionando como um véu em sua cabeça. Grande engano!
Não obstante, isso não tem nada a ver com o que o apóstolo está dizendo na
respectiva passagem. Nesse verso são mencionadas duas coberturas, e não
somente uma. Paulo propositalmente usa duas palavras diferentes para distinguir
as duas coisas. Infelizmente, na maioria das traduções isso não está indicado, e,
por essa razão, o leitor acaba concluindo, muitas vezes de forma sincera, que o
cabelo é uma cobertura suficiente para a mulher. Mais uma vez teremos que
recorrer ao idioma original em que o Novo Testamento foi escrito para
entendermos melhor esses detalhes.

529
DUAS PALAVRAS-CHAVES
No grego koiné, que é a tradução original do Novo Testamento, a palavra
"cobrir", nos versículos 4 a 6, é diferente da palavra usada no versículo 15. No
versículo 15 a palavra original é “peribolaiou” e indica o cabelo enrolado em
torno da cabeça. Na linguagem moderna seria o equivalente a um penteado ou
algo semelhante. Portanto, o cabelo da mulher é um véu (ou cobertura) de glória
e beleza que a natureza lhe concedeu.
Todavia, a palavra que aparece do verso 4 ao 6 não é “peribolaiou”, e sim
“katakalupo”, que indica uma cobertura artificial para o cabelo – algo como um
chapéu, lenço etc. É por essa razão que não existe fundamento para a ideia de que
a mulher não precisa usar uma cobertura sobre a cabeça quando ora ou trata das
questões de Deus, seja em público ou em particular.
Alguns argumentos são levantados por pessoas sinceras e outros são levantados
por pessoas que querem fazer a sua própria vontade; e são exatamente esses
argumentos (do segundo grupo) que acabam se mostrando ridículos a tal ponto
que nem mesmo merecem ser levados a sério. A ideia de que o próprio cabelo da
mulher satisfaz a ordem de cobri-lo é um exemplo disso. Se o cabelo é a
cobertura a qual a passagem se refere, então os homens também trariam, por
natureza, uma cobertura, pois eles têm cabelo tanto quanto as mulheres!
Para dificultar ainda mais a coisa, vale uma pergunta que deixará qualquer
“metido à teólogo” de cabelo em pé: Se o cabelo das irmãs já representa, por si
mesmo, a cobertura para a cabeça em 1 Coríntios 11, como poderiam os irmãos
orarem e profetizarem em obediência à Palavra de Deus se estiverem impedidos
de ministrar a Palavra com a cabeça coberta? (1Co 11.4). Será que Paulo
desejava que todos os irmãos que ministram a Palavra na reunião tivessem a
cabeça raspada? É óbvio que aqueles dentre os opositores do “uso do véu” que
forem sinceros dirão que isso não faz qualquer sentido. Mas aqueles que se
mostram irredutíveis diante da ordem de Deus irão ranger seus dentes e não
darão o braço a torcer, embora não possuam nada para argumentar, senão os
velhos xingamentos de sempre. Que tal mais uma pergunta para os embaraçar
ainda mais? Se os opositores do “uso do véu” acreditam que o cabelo seja um
véu, por que não raspam a cabeça? Eu nunca presenciei sequer um grupo de
cristãos que faça isso. Evidentemente, não é de cabelo natural que a passagem
está tratando ao falar do véu.

530
"LEVANDO O SEU VITUPÉRIO"
Ao observarmos na Bíblia o lugar e ministério das irmãs na Igreja, tendo em vista
o declínio do testemunho cristão nos últimos dias, fica bastante óbvio que a
recusa das mulheres em aceitar o lugar que Deus lhes designou é apenas mais
uma evidência do grande abandono da verdade por parte da Igreja. Jesus nunca
disse que a Igreja se tornaria uma religião oficial no mundo e que este mundo
seria um lugar genuinamente cristianizado. Como já fora tratado no capítulo 1
deste livro, onde falamos sobre a Igreja e a falha em seu testemunho, a história é
bem diferente de acordo com a Escritura. O testemunho da Igreja falhou, assim
como aconteceu com Israel na antiga dispensação.
O problema disso – e de muitos outros assuntos que tratamos neste livro – é que
os cristãos não querem levar o vitupério ou a vergonha que está associada à
prática do cristianismo bíblico. Como consequência, eles inventam todo tipo de
desculpas para não seguirem as simples ordens da Palavra de Deus, as quais, em
sua maioria, não precisam que um “expert” em hebraico ou grego interprete para
nós.
Aqueles que atenderem à exortação "saiamos, pois, a Ele fora do arraial" irão
levar "Seu vitupério", "vergonha", "rejeição" (Hb 13.13). Não há como
escapar disso; não há atalhos para seguir a Cristo do modo como está
expressamente ordenado na Santa Escritura. O cristianismo normal é assim.
Devemos, por temor e tremor diante de Deus, estar preparados para aceitar e nos
submetermos aos Seus mandamentos. Se por um lado podemos ser
envergonhados por causa do nome do Senhor Jesus, por outro teremos também
um senso de Sua aprovação em nossa alma. Isso porque existe um gozo na senda
de se fazer a vontade de Deus, gozo este que só é conhecido daqueles que
caminham nela: "Deleito-me em fazer a Tua vontade, ó Deus meu" (Sl 40.8; Jr
15.16).

O COSTUME ERA DE NÃO SER CONTENCIOSO OU DE NÃO


COBRIR A CABEÇA?

"Se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de
Deus" (1 Coríntios 11.16).

531
Maior parte dos cristãos professos hoje lê os versos sobre a mulher cobrir a
cabeça (e o homem descobrir) quando ora ou fala da Palavra de Deus, e não
concorda, concluindo erroneamente que as igrejas de Deus da era apostólica não
tinham esse costume de as mulheres cobrirem a cabeça (e os homens
descobrirem).
Mario Persona comenta sobre essa confusão interpretativa:

“Essas pessoas olham para 1 Coríntios 11.16 e pensam que a palavra "costume"
se refere a cobrir (ou descobrir) a cabeça. Ali diz: "Mas, se alguém quiser ser
contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus". É fácil
perceber a que "costume" Paulo se referia se você trocar a expressão "ser
contencioso" por "cuspir no prato". Então ficaria assim: "Se alguém quiser cuspir
no prato, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus". De que "costume"
então o apóstolo estaria falando? De homens não cobrirem a cabeça e mulheres
cobrirem, ou de "ser contencioso"?
O mesmo apóstolo Paulo, chamado de machista por alguns, escreveu:
"Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha
presença, porém, MUITO MAIS AGORA NA MINHA AUSÊNCIA, desenvolvei a
vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o
querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade. Fazei tudo sem
murmurações NEM CONTENDAS, para que vos torneis irrepreensíveis e
sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e
corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo, preservando a palavra
da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem
me esforcei inutilmente” (Fp 2:12-16).
Nesta passagem é possível ver seu uso da palavra "contendas" associado à não
obediência da doutrina que lhe foi dada pelo Espírito Santo. Portanto, não faria
sentido ele falar tudo aquilo sobre o homem orar com a cabeça descoberta para
chegar no final e dizer que não havia esse costume nas igrejas de Deus. Ah, me
desculpe! O assunto era a mulher cobrir a cabeça. Mas aí, se era desse "costume"
que Paulo estaria falando não ter, como ficaria o ensino sobre o homem descobrir
a cabeça quando ora ou profetiza? Seria isso também um costume que nem ele e
nem as igrejas de Deus teriam? Ou será que o "não temos tal costume" estaria
associado ao "contender"?
Basta consultar uma professora de português para ela dizer a você que a frase
"nós não temos tal costume" está diretamente relacionada ao que o apóstolo disse
imediatamente antes, "se alguém quiser ser contencioso" (1Co 11.16). Ou seja,

532
“como cristãos não temos o costume de sermos contenciosos” (Mario Persona –
O que Respondi – “A mulher que ora sem véu ou sem cobrir a cabeça está
salva?”).

Vamos fazer o seguinte para facilitar ainda mais essa questão da frase “não
temos tal costume” de 1 Coríntios 11.16. Abaixo eu tecerei vários trechos de
passagens bíblicas que deixam isso tão claro que fica impossível um cristão
honesto negar o que fora exposto a respeito do assunto:
"Andemos honestamente, como de dia, não em contendas (Rm 13.13)... Ora,
quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas
(Rm 14.1)... me foi comunicado pelos da família de Cloé que há contendas entre
vós (1Co 1.11).... pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não
sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? (1Co 3.3)...
desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas (1Tm 1.6)... É soberbo, e
nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras (1Tm 6.4)...
Contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade (1Tm
6.5)... ordenando-lhes diante do Senhor que não tenham contendas de palavras,
que para nada aproveitam" (2Tm 2.14).
Sendo assim, não faria qualquer sentido a Bíblia nos ensinar tudo o que está do
versículo 1 ao 15 de 1 Coríntios 11 só para chegar à conclusão de que não temos
o costume de as mulheres cobrirem a cabeça no momento da oração e culto a
Deus. A propósito, se a frase "não temos tal costume" tivesse qualquer
associação com o que ele discorreu com tantos detalhes anteriormente, teríamos
de incluir nisso a ordem estabelecida no versículo 3, ou seja, "Cristo é a cabeça
do homem, o homem a cabeça da mulher, e Deus a cabeça de Cristo". Ora,
porventura somos ordenados a rejeitar o fato de que Cristo é a cabeça do homem,
o homem a cabeça da mulher, e Deus a cabeça de Cristo?
Outra coisa interessante é que a história, mais uma vez, condiz com as Escrituras,
pois ficaria sem sentido algum os séculos de "costume" de cristãos do gênero
masculino que tiravam o chapéu na hora de orar, expressando respeito à ordem
estabelecida por Deus em Sua Palavra. Aliás, ainda podemos ver esse “costume”
sendo praticado em muitos lugares, em especial nas ocasiões em que se põe a
comida na mesa. Muitos homens (alguns deles nem são cristãos) descobrem a
cabeça no momento da refeição, o que vai de encontro com a Ceia do Senhor –
com o partir do pão entre os irmãos em uma assembleia. Se para a mulher fosse
indiferente orar com a cabeça coberta ou descoberta, então o mesmo deveria
valer para o homem. Essa é a conclusão lógica de tudo o que temos aprendido
sobre o uso do véu para as mulheres cristãs.

533
Tenho certeza que a maioria dos ditos cristãos de hoje não darão a mínima
importância para o que foi falado aqui. Todavia, o texto sagrado mostra que Deus
dá tanta importância ao assunto que Ele não resumiu essas coisas da forma que
os opositores da verdade resumem, dizendo que isso é coisa de outra época... de
outros povos... para outros fins. Deus poderia simplesmente ter dito: "Todo
homem ou mulher que ora ou profetiza, faça do jeito que achar melhor, porque é
indiferente cobrir ou não a cabeça". Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, poderia
ter escrito simplesmente isso e as árvores teriam agradecido a economia de papel
de bilhões de Bíblias com quase trezentas palavras a menos. Mas o que vemos é
bem diferente. Deus dá tanta importância a esta ordem que Ele fez questão de nos
revelar os detalhes de como colocá-la em prática.
Lembremo-nos de que a salvação é pela graça, mediante a fé em Cristo e no Seu
sacrifício consumado no Calvário. Mas não se engane – a verdadeira fé da qual
estamos falando resulta em obediência, não em rebeldia e arrogância.

PUDOR E MODÉSTIA CRISTÃ

Aqui está mais uma ordem de Deus para as mulheres cristãs, que é se vestir como
cristã. A desobediência nesse ponto trata-se de um dos maiores escândalos da
Igreja do século XXI: a falta de “pudor e modéstia”. Não estamos tratando da
vestimenta interna, mas da externa, pois ela é consequência da primeira. Não
adianta usar o velho jargão: “O que importa é o interior e não o exterior”, visto
que uma mulher cristã, quando convertida, sabe muito bem que o seu corpo agora
pertence a Cristo; e provavelmente Cristo não se agrada de vestimentas que
estimulam o pecado. Roupa não leva ninguém para o Céu, mas, certamente,
quem é do Céu sabe o que vestir. Lembremo-nos de que a primeira coisa que
Deus fez quando o pecado entrou no mundo foi cobrir Adão e Eva (Gn 3.21).
Será que Ele fez isso sem nenhuma razão? Deus faria algo em vão, sem nenhum
propósito?
Algumas mulheres podem alegar que Deus não faz diferenciação entre vestes
cristãs e vestes mundanas, mas a verdade é que Ele faz sim: “E eis que uma
mulher lhe saiu ao encontro com vestes de prostituta, e astúcia de coração”
(Provérbios 7.10). Perceba no verso que não somente a veste é pecaminosa, como
tudo está relacionado à má intenção de quem está por trás da veste despudorada.
Faça uma pergunta a si mesma: Você tem glorificado a Deus através do uso deste
decote ou tem dado espaço para Satanás? “Ou não sabeis que o vosso corpo é o
534
templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois
de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a
Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1
Coríntios 6.19,20).
Portanto, a nível de introdução, já sabemos que a Bíblia ensina que existem
vestes de cristãs e vestes de prostitutas, e que o nosso corpo não pertence a nós
mesmos, e que devemos glorificar a Deus em nossos corpos ao invés de incitar o
próximo a pecar.
É verdade que a primeira vestimenta que se manifesta no genuíno servo de Cristo
é interna e espiritual. O verdadeiro cristão já está a arrancar os panos sujos do
pecado e retirando os maus pensamentos da sua mente. O servo de Deus está em
constante mudança interna, substituindo as velhas roupas sujas do pecado por
novas roupas de santidade e entendimento da vontade de Deus (Cl 3.1-16). Ele
está procurando, a cada dia, ser mais parecido com o Senhor Jesus Cristo e se
esforça para desenvolver as atitudes piedosas que Cristo ensinou e demonstrou
(Mt 5.1-12).
Todavia, por mais que muitos afirmem estar praticando essas coisas, essas
pessoas não demonstram estar aplicando nada disso quando olhamos para suas
vestes externas. Não há pudor; não há modéstia (1Tm 2.9). Temos que ter em
mente que qualquer transformação interna sempre irá modificar o
comportamento externo. Por exemplo, no caso do ladrão ou do mentiroso, ele
não irá mais roubar nem mentir, como as pessoas do mundo (Ef 4.25-29). Todos
os aspectos da vida do cristão são colocados sob o controle de Deus. E esse Deus
a quem você alega servir é Santo (1Pe 1.13-16).
As pessoas que não se interessam em saber como devem se vestir dizem servi-lO,
quando, na verdade, estão servindo a Satanás. Mulheres que mostram seus sutiãs
ao vestirem uma “blusinha” dizem servir a Deus, mas não servem. Mulheres que
usam calças apertadas nas nádegas pensam servir a Deus, mas não estão servindo
a Deus, e sim a Satanás. Mulheres que usam decotes pensam que servem ao
Altíssimo, mas não estão servindo ao Altíssimo, e sim a Satanás. Mulheres que
mostram as pernas, as costas... e fazem de tudo para que seus corpos sejam vistos
ao invés da esplêndida presença de Cristo não servem a Cristo; elas servem ao
diabo. Essa é a verdade. Essas mulheres pecam e fazem os homens pecarem, e
depois dizem: “Servimos a Deus”.
"O caminho da mulher adúltera é assim: ela come, depois limpa a sua boca e
diz: Não fiz nada de mal"! (Provérbios 30.20).
É assim que as mulheres ditas cristãs de hoje agem. Elas não se importam com o
que está acontecendo do outro lado – aos olhos dos homens e de Deus –, mas
535
Deus dá tanta importância para isso que nos deixou mandamentos a serem
seguidos em Sua Palavra. De igual modo, o homem é atraído pela lascívia
quando a mulher, de forma astuciosa, coloca seu corpo à mostra.
Mas alguém poderá argumentar dizendo que isso apenas se trata de quando a
mulher é tocada por um homem. A resposta para isso está na Bíblia, pois o
adultério não se trata apenas do toque, mas do olhar provocado pela mulher
adúltera: “Eu, porém, vos digo, que qualquer que OLHAR para uma mulher para
a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela. Portanto, se o teu olho
direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que
se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno"
(Mt 5.27-29). Portanto, toda vez que você se apresenta em um lugar com vestes
que incitam o homem a pecar você está adulterando.
“O preço de uma prostituta é um pedaço de pão, mas a adúltera sai à caça de
vidas preciosas” (Provérbios 6.26).
Alguém ainda poderá dizer: “Mas a culpa é do homem que está me olhando, e
não minha”. Porém, a Bíblia diz o contrário: “É impossível que não venham
escândalos, mas ai daquele por quem vierem! Melhor lhe fora que lhe pusessem
ao pescoço uma mó de atafona, e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar
um destes pequenos” (Lucas 17.1,2). E agora, qual desculpa você dará para se
vestir como uma prostituta?
E o que dizer dos clubes de piscina? Seria um ambiente saudável para uma cristã
ou cristão? Seria possível imaginar Jesus em um ambiente assim? Qual seria a
Sua reação ao ver uma geração de cristãos que ficam seminus em um clube
aquático? Qual a diferença entre sutiã, calcinha e biquíni? Certamente esse tipo
de ambiente sensual, promíscuo e perverso não agrada a Deus, visto que Ele é
Santo e “tão puro de olhos, que não pode contemplar o mal” (Hc 1.13). E se
Deus não pode contemplar o mal, de que modo você acha que Ele olha para
aqueles que praticam tais abominações?
“Aquele, pois, que cuida estar em pé, tome cuidado para que não caia” (1
Coríntios 10.12).
Uma das características mais marcantes de uma prostituta são as calças marcando
as nádegas. Mas a coisa não pára por aí. Vestidos ou saias curtas que impedem de
se abaixar ou de levantar os próprios braços, bem como vestidos ou saias que
marcam o corpo, levam homens a quererem saber o que vem dentro. Vestidos ou
saias que contornam as nádegas são tão pecaminosos quanto um biquíni. A
propósito, foi assim que o biquíni veio a ser fabricado. As mulheres da década de
60 se negavam a vesti-lo para fazer a propaganda, e as empresas tiveram que
contratar prostitutas profissionais para que o produto viesse a ser vendido.
536
Para que ninguém ouse dizer que este artigo se trata de mais um machista no
mundo, vejamos o comentário de uma mulher cristã, chamada Letícia Fernanda
da Silva:

“Muitas mulheres e moças atualmente perderam seu próprio valor e muitas


mulheres cristãs não têm se dado conta disso - o que acaba por as levar se
vestindo conforme o mundo tem ditado; isto é, a moda. Por que digo isso? Tenho
notado o quanto muitas mulheres e moças têm se iludido ao pensarem que é
bonito usar vestimentas que mostram todas as suas curvas, tais como: roupas
justíssimas delineando seu corpo, shorts e saias curtas e blusas decotadas. Mas,
se fosse para ser assim, Deus não teria vestido Adão e Eva como diz na Bíblia:
"E o Senhor Deus fez túnicas de peles para Adão e sua mulher, e os vestiu"
(Gênesis 3.21). Na Palavra também está escrito: "Que do mesmo modo as
mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças,
ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos. Mas (como convém a mulheres
que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras" (1 Timóteo 2.9-10).
Noto ainda que muitas mulheres e moças usam roupas indecentes com a intenção
de chamar a atenção do público masculino. Então, questiono a vocês, mulheres,
moças: Por que se iludem em achar que para conquistar um homem é necessário
usar roupas justíssimas delineando seus corpos, shorts, saias curtas e blusas
decotadas, ou, então, se alegram e se sentem bem quando os homens as olham e
as desejam?
"A mulher graciosa guarda a honra como os violentos guardam as riquezas"
(Provérbios 11.16).
O que significa guardar a honra? É se valorizar (mas sem ser sensual), evitar que
falem mal de você (suas roupas devem refletir sua postura cristã), guardar seu
corpo para seu esposo ou futuro esposo, pois somente ele tem ou terá o direito de
te desejar e saber como é seu corpo. Mulheres e moças que fazem os homens
terem pensamentos impuros (pecar) devido ao seu modo de se vestir, um dia com
certeza serão cobradas pelo Senhor.
“Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham
escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem” (Mateus 18.7).
Creio que toda a mulher sonha em ser amada, respeitada e valorizada por um
homem. Por isso quero lhes dizer que, para isso acontecer, você deve guardar sua
honra, pois no momento que você não a guarda, acaba perdendo o que você mais
gostaria de ter por parte de um homem: amor, respeito e valor. Não é se vestindo
537
com trajes vulgares que irá conquistar verdadeiramente um homem; talvez você
até o conquiste, mas é por um pequeno tempo - ou seja, até o tempo de seu corpo
permanecer bonito, e isso infelizmente será por poucos anos. Se assim você agir,
não poderá reclamar se for deixada, pois você o "conquistou" apenas com seu
corpo bonito, e não com o seu caráter; afinal, no momento em que a beleza
externa deixa de existir, esse tipo de "amor" perece. Todavia, se você conquistá-
lo com seu caráter e ele realmente gostar de você por seres uma mulher virtuosa e
com temor ao Senhor, então ele te amará até que a morte os separe, pois o caráter
prevalece pela vida toda, mas a beleza é apenas por um determinado tempo.
"Enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher que teme ao SENHOR,
essa sim será louvada" (Provérbios 31.30).
Por acaso as mulheres de antigamente usavam roupas indecentes como as de
hoje? E seus casamentos eram duradouros. Quem antigamente usava roupas
curtas, decotadas e justas? Perdoem-me, mas nem preciso dizer quem eram essas
mulheres.
Pergunte, portanto, a um homem de Deus, qual mulher ele escolheria para ser sua
esposa: aquela que se veste com roupas justíssimas delineando seu corpo, shorts
e saias curtas e blusas decotadas ou aquela que guarda seu corpo para seu futuro
esposo. Creio que um homem verdadeiramente de Deus escolheria aquela que se
valoriza e guarda sua honra.
Algumas perguntas para nossa reflexão:
● Com que intuito tenho me vestido?

● Por que me visto com roupas curtas, decotadas e apertadas?

● O que pretendo com isso?

● Vou glorificar a Deus?

● Serei bem vista com as roupas que estou usando?

● Será que com essa roupa nenhum homem vai me olhar e pecar?

"Portanto, quer comais quer bebais, ou façais, qualquer outra coisa, fazei tudo
para glória de Deus" (1 Coríntios 10.31).” (Comentário por Letícia Fernanda Da
Silva – Blog 2Tm 3.16).

Lembremo-nos aqui que esta mensagem não se aplica somente à mulher, mas ao
homem. Um homem sem camisa ou de sunga em público é tão depravado quanto
uma mulher com decote, short curto ou costas à mostra. Sendo assim, que o leitor

538
esteja atento para o fato de que eu não preciso mencionar o gênero masculino
para falar de pudor e modéstia, pois isso está implícito e seria totalmente
redundante.
A lascívia no homem funciona um pouco diferente do que na mulher. O homem é
mais propenso ao que vê. Quando um homem quer cometer lascívia, a primeira
coisa que ele faz é apontar os olhos para o corpo da mulher. Quando uma mulher
quer cometer lascívia, a primeira coisa que ela faz é direcionar o seu corpo para
os olhos de um homem. A mulher lasciva não olha, mas deseja ser olhada. O
homem incontinente usa os olhos. A mulher incontinente usa o corpo. O homem
deseja; a mulher quer ser desejada. O homem ímpio é atraído pelo que vê. A
mulher ímpia é atraída pelo toque, e, ao desejar ser tocada, ela antes apresenta o
produto na vitrine. É claro que tudo isso pode ocorrer de modo inverso, mas a
predominância é inegável.
Uma mulher não usa decote atoa, ou, ainda, para levar pessoas a Jesus Cristo. A
menos que eu seja convencido pela Escritura de que eu estou errado, a mulher
que usa decote o faz para atrair os olhos dos homens e levá-los a desejá-la.
Igualmente, um homem não olha para o corpo de uma mulher em vão, mas sim
com um objetivo em mente: Tocá-lo.
"Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação,
impureza, lascívia (...)" (Gálatas 5.19).
"E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e
concupiscências" (Gálatas 5.24).
"Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a fornicação, a
impureza, o afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é
idolatria; pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência;
nas quais, também, em outro tempo andastes, quando vivíeis nelas" (Colossenses
3.5-7).
O pecado da lascívia tem entrado na vida dos crentes de uma forma muito
natural. Isso acontece devido à velha natureza pecaminosa que insiste em
sobreviver e, sobretudo, devido à relativização teológica e liberalismo da Igreja.
A lascívia apresenta-se nas pessoas que, levadas por sentimentos diversos,
pensamentos impróprios e sem uma genuína conversão, deixam-se moldar pelos
costumes comuns aos ímpios. Essas pessoas se conformaram com o presente
século e não atentaram para a ordem de "não se conformarem com as coisas do
mundo, mas antes serem transformadas pela renovação do seu entendimento"
(Romanos 12.2). Elas ignoram o fato de que a verdadeira Religião Cristã consiste
em "APARTAR-SE DA CORRUPÇÃO DO MUNDO" (Tiago 1.27) e tornam-se

539
adeptas de roupas inadequadas aos servos de Deus. Tornam-se sensuais e
incontinentes, reprovadas por Deus.
“Mas vós, amados, lembrai-vos das palavras que vos foram preditas pelos
apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais vos diziam que nos últimos
tempos haveria escarnecedores que andariam segundo as suas ímpias
concupiscências (desejos carnais). Estes são os que a si mesmos se separam,
sensuais, que não têm o Espírito. Mas vós, amados, edificando-vos a vós
mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo, conservai-vos a
vós mesmos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus
Cristo para a vida eterna” (Judas 1.17-21).
"Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos,
nem à igreja de Deus" (1 Coríntios 10.32).
“E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela
renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável, e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12.2).
"Pois os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os
que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito" (Romanos 8.5).

Não é pecado ser bela. A mulher de Deus passa desapercebida aos olhos
mundanos. Sua beleza reflete tanto Cristo, que ela desaparece. Você se veste para
atrair primeiramente os homens ou a Cristo? Todavia, "como jóia de ouro no
focinho de uma PORCA, assim é a mulher formosa que NÃO TEM
DISCRIÇÃO" (Provérbios 11.22). Como podemos ver, o pecado não está em
"ser bela", mas no querer mostrar seu corpo.

540
SEUS FILHOS PRECISAM SABER

"Educa a criança no caminho em que deve andar; para que, quando ela
envelhecer, não se desvie dele"
(Provérbios 22.6).

Seus filhos precisam saber quem é o Deus verdadeiro; o Deus das Escrituras; o
Deus que predestina um número limitado de homens para a salvação e o restante
deles para a perdição (Rm 9.13-24). Enquanto você apresentar um deus emotivo
e débil aos seus filhos, cujo o caráter do mesmo constitui-se um conto de fadas
onde só existe amor e todos são salvos porque fizeram “boas obras”, seus filhos
continuarão caminhando para o inferno. Um deus que ama a todos, que deseja
salvar a todos, que implora a aceitação dos homens e não sabe o que será do
futuro de suas criaturas por causa do inviolável “livre-arbítrio” do homem NÃO é
o Deus das Escrituras. Esse deus que você apresenta aos seus filhos não é o Deus
que criou o céu e a terra.
Deus não ama a quem Ele não salva, e Ele não tem por inocente o culpado.
Quando Deus olha para a humanidade, o que Ele vê é DEPRAVAÇÃO (Rm 3).
Muitas coisas que você põe para o seu filho assistir, Deus odeia. Ele sente
repulsa. O Deus das Escrituras é um Deus Santo, de olhos tão puros que não pode
sequer contemplar o mal (Hc 1.13), em nenhum nível e em nenhum gênero.
Um número infindável de conteúdo ateísta e entretenimento marxista é
impingido na mente das crianças, todos os dias, em todo lugar e em todo o
momento; e você prestará contas a Deus por cada segundo que você encharcou a
mente de seus filhos com "Xuxa", "Fada Madrinha", "Coelhinho da Páscoa" e
"Papai Noel".
Seus filhos precisam saber que Deus é um Deus que se ira todos os dias (Sl 7.11)
e odeia a todos que praticam a maldade (Sl 5:5).
Conte aos seus filhos que Deus ama somente aos que O amam (Pv 8.17), e que
Cristo nunca sequer rogou pelos que não pertencem ao Senhor (Jo 17.9). Conte a
eles que, ao desconhecerem a Bíblia e ficarem enojados com a Palavra aqui
exposta, eles estão desconhecendo e se enojando do próprio Deus da Palavra (Mc
12.24). Jesus é a Palavra (1Jo 5.7). Se alguém não tem interesse e não ama a
Palavra, esse alguém não se interessa nem ama a Cristo. Esse alguém criou um
deus em seu próprio coração e pensa que esse é o verdadeiro deus. E não é por

541
menos, pois sabemos que o coração do homem é enganoso e perverso, mais do
que todas as coisas (Jr 17.9).
A primeira coisa que uma criança precisa aprender na vida é a TEMER a Deus,
porquanto o verdadeiro conhecimento vem acompanhado de TEMOR a Deus. Se
seus filhos dizem amar a Deus, mas não se interessam por Sua Palavra e nem O
temem, eles estão no caminho da loucura e da perdição.
"O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a
sabedoria e a instrução" (Provérbios 1.7).
Se você diz para os seus filhos que o Espírito Santo está presente onde o
conhecimento das Escrituras é nulo, você está completamente enganado ou é um
mentiroso. Onde a Escritura (em sua interpretação única) não se faz presente, não
há resquício da presença do Espírito Santo (1Jo 5.7). Se eu perguntar aos pais
que estão lendo este texto quais são os atributos de Deus e suas implicações, 95%
deles não saberão responder, e muitos nem mesmo fazem ideia do que significa a
palavra "atributo".
"Ouvi agora isto, ó povo insensato, e sem coração, que tendes olhos e não
vedes, que tendes ouvidos e não ouvis" (Jeremias 5.21).
“Escrevi-lhe as grandezas da minha lei, porém essas são estimadas como coisa
estranha” (Oséias 8.12).
"Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está
perto" (Isaías 55.6).
"Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e
aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a
ele" (João 14.21).
"Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em recitar os meus estatutos, e em tomar
a minha aliança na tua boca? Visto que odeias a correção, e lanças as minhas
palavras para detrás de ti" (Salmos 50.16,17).

542
CAPÍTULO 15
ACONSELHAMENTO

AOS CRISTÃOS INTERNAUTAS:


Uma carta de encorajamento

No meio religioso, especialmente na tão conhecida “igreja evangélica”, é comum


ver os ditos “pastores” e todo o tipo de “ministro” desencorajando os jovens a se
dedicarem à pregação do evangelho. Vou melhorar essa frase para que ninguém
encontre brechas para distorcê-la: Os religiosos dos nossos tempos, donos das
mais variadas organizações evangélicas e afins, não necessariamente
desencorajam os jovens a evangelizarem, mas lutam para que eles não digam
aquilo que deve ser dito: a VERDADE. Sim, aquelas verdades que suas
instituições pútridas não querem que sejam ditas em público, nem em particular.
E, com a chegada da internet, os jovens cristãos começaram a desempenhar seus
dons ministeriais, sendo muitos deles ministros genuínos do evangelho, que não
estão interessados em lucrar com o evangelho, nem em ganhar os aplausos do
mundo, nem em encher suas publicações virtuais de “curtidas”, mas só querem
uma coisa: Servir a Deus por meio da pregação da Palavra de Deus em Sua total
pureza. E é isso que tem feito os “donos de empresas religiosas” (chefes de
denominações ou instituições que têm por nome “igreja evangélica” ou coisa
parecida) ficarem desesperados, pois até algumas décadas, quando a internet não
existia, esses fariseus mantinham o monopólio do “evangelismo” na América
(falo da América porque conheço apenas o estado de ruína da Igreja nesta área
geográfica; mas sei que no mundo todo isso acontece em algum nível). Todavia,
vamos colocar os pingos nos “i”s. Esta mensagem é pra você, jovem cristão, que
tem sofrido deboches, injúrias, calúnias, zombarias e até censuras por parte
desses manipuladores e “doutores da lei”.
Sabe por que seu "pastor" diz que a internet é "prejudicial"? Porque foi através da
internet que o evangelho da cruz se expandiu e expôs a verdadeira face do falso
cristianismo que reina na América. Isso prejudica as alianças políticas entre as
denominações e diminui seus erários eclesiásticos, pondo em risco cargos
pastorais remunerados e fechando instituições mercantilistas que nunca tiveram a
intenção genuína de sofrer e morrer pelo evangelho, mas tão somente de manter

543
os bancos de suas sinagogas ocupados no intuito de garantir o sucesso requerido
pela diplomacia ecumênica.
Concílios, reuniões e conferências ecumênicas de todos os lados do âmbito
denominacionalista têm sido frequentes nos últimos tempos, tanto pelo lado
carismático quanto pelo lado “ortodoxo” (a palavra Tradicional cabe melhor
aqui), a fim de elaborarem palestras sofísticas sob o pretexto de que os jovens
têm se "rebelado" contra Deus ao se oporem aos sistemas de lavagem cerebral
criados pelas grandes empresas evangélicas. Inúmeras convenções se desesperam
em estabelecer novas regras alienantes com o intento de persuadir as mentes
fracas a "voltarem seus olhos para a igreja" e "fugirem do meio virtual" porque -
dizem eles - a internet causa divisões entre pessoas ao invés de uni-las como
irmãs.
Mas, será que Cristo - o verdadeiro Cristo - sugere que Suas palavras possuem o
objetivo de unir o mundo e transformá-lo em uma grande "irmandade"? Será que
o Cristo da Bíblia convida os homens a se submeterem às aberrações teológicas
de seus líderes sincretistas para que a paz seja mantida em detrimento da
Verdade? Será que o Cristo da Escritura, em algum nível ou aspecto, recomendou
que permanecêssemos unidos em nome do "amor", mesmo que isso custe a
anulação total de Suas severas ordens de separação do pecado e da heresia? Será
que o mandamento de Cristo consiste em manter a paz e unidade terrenas em
lugar da doutrina pura e imaculada, ainda que isto resulte em uma guerra pela
Verdade? Será que o Cristo da Palavra concordaria com os sorrisos largos e
batidinhas hipócritas nas costas dos que, se dizendo irmãos, são inimigos inatos
da Verdade? Será que o Cristo do evangelho está de acordo com todas essas
definições antibíblicas de "amor" quando Suas palavras são lançadas no mar do
esquecimento em prol de uma união cujo o emblema é a "paz e harmonia acima
da obediência a Deus"?
A resposta para as perguntas acima está no capítulo 9 – A Doutrina da Separação.
Para aqueles que estão lendo este livro via internet, segue abaixo os links de dois
artigos desse capítulo:
2 Coríntios 6.14-18 – Um Chamado à Separação:
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2019/11/2-corintios-614-18-um-chamado-
separacao.html
2 João 1.10-11 – Aparte-se dos falsos mestres:
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2019/11/2-joao-110-11-aparte-se-dos-
falsos.html
Antes da internet, as ovelhas eram alimentadas com as mensagens pútridas da
mídia católica romana e pentecostal-carismática. Há vinte anos atrás, sem o
544
Facebook, as pessoas não faziam ideia do que se trata "depravação total",
"eleição incondicional", "expiação limitada", "graça irresistível" e "perseverança
dos santos". Por décadas, o Brasil foi catequizado pelos falsos profetas do
Pentecostalismo americano. Assim como na era de Lutero, uma nuvem negra e
carregada de heresias papistas, espiritistas e gnósticas cobria os céus do Brasil.
Irmãos espalhados pelo continente africano e asiático desconheciam as
verdadeiras doutrinas da graça.
Mas o SENHOR tinha um plano: Criar um meio de comunicação independente e
de alcance global enquanto a festa sincretista ocorria nos anos 80. Tudo parecia
perdido e silencioso, mas a internet estava em processo de aperfeiçoamento e
criação de novos programas. Através de um jovem programador e empresário,
chamado Mark Elliot Zuckerberg, juntamente com alguns colegas da
"Universidade de Harvard", trouxe em 2004 o que conhecemos como Facebook.
A respectiva rede social, por meio de seu sistema alternativo de comunicação,
expandiu o verdadeiro evangelho, sem laços com denominações religiosas
criadas por homens, com uma força e velocidade nunca antes vistas pelos cristãos
dos séculos passados.
No ano de 2012, um bilhão de usuários já tinha acesso ao verdadeiro evangelho,
desconhecido pela sociedade pós-moderna. A maior rede de comunicação do
mundo, em toda a história humana, neste exato momento divide nações e tribos
por meio da Escritura Sagrada, sob o manuseio dos santos escolhidos e
vocacionados à escrita. Outros fazem vídeos... outros montam blogs... etc.
A sã doutrina dos apóstolos, que teve início no "dia do Pentecostes" em Atos 2,
quando o Espírito Santo concedeu aos apóstolos o dom sobrenatural de falar em
várias línguas para que todas as nações ouvissem o evangelho de Cristo, agora é
continuada pelos dedos que correm sobre as teclas. Ao teclar de um "Enter", a
Palavra de Deus, santa e imaculada, atinge os quatro cantos da Terra.
Portanto, cada vez que você, internauta escritor, blogueiro ou editor, for insultado
por causa do dom que recebeu de Cristo para a evangelização, alegre-se e
regozije-se nisto, pois, jamais, em toda a história da civilização, uma pequena
porção de cristãos verdadeiros foi tão privilegiada como a nossa. E tampouco o
"dom de línguas" da era apostólica (o qual cessou juntamente com o fim do
tempo dos apóstolos) supera o esplendor e eficácia dos que foram vocacionados a
usarem os teclados.

545
Charles Haddon Spurgeon, um conhecido pregador do século XIX, diz o seguinte
à respeito dos dons concedidos aos santos para a glória de Deus:

“Quando você lamentar a iniquidade do mundo, não deixe as suas emoções


terminarem em lágrimas; mero choro não fará nada sem ação. Fiquem de pé; vós
que tendes voz e conhecimento, vão e preguem o evangelho, preguem em cada
rua e canto dessa grande cidade. Vós que tendes riquezas, vão e usem-nas com os
pobres, doentes, necessitados, com os que estão à beira da morte, os analfabetos e
os ignorantes. Vós que tendes poder de oração, vão e orem. Vós que sabeis
manusear a caneta, vão e escrevam! Escrevam inclusive as iniquidades cometidas
– cada homem no seu posto, cada um com a sua arma nesse dia de batalha; agora
por Deus e por sua verdade; por Deus e pelo o que é justo. Que cada um de nós
que conhecemos o Senhor possamos lutar usando o Seu estandarte!” (Charles
Haddon Spurgeon - Livro: “Lições Do Casamento De Um Pastor: Charles e
Susannah Spurgeon" – por Dr. Gerald Bilkes).

Jovem internauta, seu nome agora é "Teólogo de Internet", como costumam te


chamar pejorativamente com a intenção de pará-los. Isso é para que você
diminua cada vez mais, e Cristo cresça em você. Para que ninguém veja outra
face senão a de Jesus Cristo, nosso Senhor.
"Ninguém despreze a tua juventude; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no
trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza. Persiste em ler, exortar e ensinar,
até que eu vá. Não desprezes o dom que há em ti (...); Medita estas coisas;
ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos. Tem
cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo
isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem" (1 Timóteo 4.12-16).
"Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo.
Por isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos
homens" (Efésios 4.7,8).
"Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros
da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de
Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para
que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e
poder para todo o sempre. Amém" (1 Pedro 4.10,11).
"Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai,
e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu

546
vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação
dos séculos. Amém" (Mateus 28:19,20).
Jovem internauta, se o seu dom é com as teclas, vá e escreva nesse dia de
batalha! Se tiver que se gloriar, glorie-se no Senhor e nas afrontas suportadas!
Não é você quem deve aparecer, mas sim a Palavra.

SE ESTES SE CALAREM, AS PRÓPRIAS PEDRAS CLAMARÃO!


Os assim conhecidos “pastores” e líderes que se gabam por estar em cima de um
púlpito e menosprezam o ministério virtual estão a presumir que um templo com
200 pessoas possui mais ouvidos que 2 bilhões de famílias espalhadas na maior
rede social do mundo. Amantes de palco que desprezam os que receberam o dom
da escrita para proclamar o evangelho a todas as nações por meio da internet
estão a desfazer do próprio ministério apostólico, que foi erguido e selado através
da escrita e não com microfones e holofotes. Doutores que tentam censurar os
servos de Cristo que usam todos os recursos concedidos por Deus para que Sua
Sã Doutrina seja espalhada pelo mundo são homens duvidosos e hipócritas que
deviam se preocupar mais com o avanço do Reino de Deus do que com a
insistência de uma união profana e em desacordo com a Palavra inspirada. Suas
sinagogas aumentam em número e diminuem em conversões.
Todo homem com título de “pastor”, de “reverendo” (ou sei lá do que mais
tenham inventado como títulos lisonjeiros para intimidarem seus seguidores
ineptos), que tenta impedir que as ovelhas de Cristo tenham acesso à variedade
de materiais que suprem as dúvidas que outrora estavam debaixo do tapete, com
pretexto de que está "protegendo-as", na verdade demonstra insegurança quanto
ao que está de fato pregando, e manifesta total desespero com o fato da Sã
Doutrina estar sendo apregoada em tempo integral, sem que qualquer método
humanista possa impedir.
"Finalmente, irmãos, pedimos que orem por nós. Orem para que a mensagem do
Senhor se espalhe rapidamente e seja honrada por onde quer que vá, como
aconteceu quando chegou a vocês. Orem também para que sejamos libertos dos
perversos e maus, pois nem todos têm fé" (2Ts 3.1-2).
A primeira preocupação de Paulo era esta: Se o evangelho estava sendo
espalhado e honrado. Seu pedido de oração consistia [respectivamente] em: 1)
“Orem para que a Palavra se espalhe rapidamente e seja honrada por onde quer
que vá”. 2) “Orem para que sejamos libertos dos perversos e maus”.
Considerando a prioridade do apóstolo no contexto, isto é, que a Palavra alcance
o máximo de pessoas o mais rápido possível, poderíamos afirmar, sem falso
547
temor, que dentre os perversos e maus mencionados por Paulo estão aqueles que
tentam AMORDAÇAR os que anunciam a verdade sem nenhum interesse
próprio.
"E disseram-lhe de entre a multidão alguns dos fariseus: Mestre, repreende os
teus discípulos. E, respondendo ele, disse-lhes: Digo-vos que, se estes se
calarem, as próprias pedras clamarão. (Lucas 19.39,40).
A marca registrada de todo fariseu é e sempre foi a tentativa de censurar os
discípulos de Cristo.

548
“Paz seja com os irmãos, e amor com fé da parte de Deus Pai e da do Senhor
Jesus Cristo. A graça seja com todos os que amam a nosso Senhor Jesus Cristo
em sinceridade. Amém”.
(Efésios 6:23,24)

549
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