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Vol.51(3),pp.

106-109 (Jan - Mar 2017) Revista UNINGÁ

TEORIA DO LINK E O PAPEL DO MÉDICO VETERINÁRIO


NO DIAGNÓSTICO DE MAUS-TRATOS
LINK THEORY AND THE ROLE OF THE VETERINARIANS IN THE DIAGNOSIS OF
ANIMAL ABUSE

MÁRIO ARTHUR DA COSTA LEAL¹*, SÉRVIO TÚLIO JACINTO REIS2


1. Médico Veterinário. Aluno do Curso de Pós-Graduação em Medicina Veterinária Legal do Instituto Qualittas de Pós-Graduação; 2. Médico Veteriná-
rio. Perito Criminal Federal. Setor Técnico-Científico. Polícia Federal. Curitiba, PR.

* Rua Cesário Alvim, 604, apto. 305, bloco A2, Residencial Cesário Alvim, Cidade Velha, Belém, Pará, Brasil CEP: 66023-170.
marthurleal@yahoo.com.br
Recebido em 20/12/2016. Aceito para publicação em 11/01/2017

RESUMO adolescentes, mulheres e ho mens, vítimas ou autores de


agressões focalizaram o perfil do agressor e os fatores
No presente artigo objetivou-se desenvolver uma revisão da que levaram a este comportamento (FLETHOUS, 1980;
literatura sobre a “Teoria do Link”, discutindo contribui-
ções dos médicos veterinários no diagnóstico de HENSLEY et al., 2005; CURRIE, 2005; GA LLA GHER
maus-tratos aos animais e sua relação com casos de violên- et al., 2008; DeGUE; DILILLO, 2009; McPHEDRAN,
cia doméstica. Para isso, foram analisadas produções aca- 2009; GULLONE, 2011; FEBRES et al., 2012; McE-
dêmicas em livros e artigos científicos, publicados em pe- WEN, 2013)
riódicos e sítios eletrônicos especializados. Os resultados Os animais de co mpanhia são considerados memb ros
apontam para a necessidade de padronização no diagnós- da família, por isso, em famílias onde qualquer forma de
tico de possíveis situações de maus tratos, a inclusão da violência possa existir, o abuso animal também é mais
medicina veterinária legal no currículo dos cursos de gra- provável de existir (CA RLSILSE-FRANK, 2004). No
duação em medicina veterinária e o desenvolvimento de contexto de abusos e violência doméstica, as a meaças ou
ações integradas na esfera da saúde, segurança pública e
atuação profissional do médico veterinário. a agressão direta aos animais de estimação são as formas
mais utilizadas para estabelecer controle sobre os outros
PALAV RAS -CHAV E: Teoria do link, medicina veterinária (ARKOW, 1992). Além disso, Flynn (2000) sugere que
legal, animais, maus-tratos. os animais tornam-se vítimas de violência em casas
problemát icas porque seus tutores os classificam co mo
ABSTRACT "propriedade".
No Brasil, Nassaro (2013) pesquisou a relação de
This article aims to develop a literature review on the "Link autores de crimes de maus -tratos aos animais,
Theory", discussing the contributions of veterinarians in the registrados pela Polícia M ilitar do Estado de São Paulo –
diagnosis of animal maltreatment and its relation with cases of PMESP, co m a execução de outros crimes, em especial
domestic violence. For this, we analyzed academic productions os violentos, fundamentado na “teoria do link”. Através
in books and scientific articles, published in periodicals and dos achados da pesquisa, propôs o atendimento da
specialized electronic sites. The results point to the need for polícia aos crimes de maus-tratos aos animais co mo u ma
standardization in the diagnosis of possible maltreatment situa-
ação preventiva primária ao co met imento de crimes
tions, the inclusion of legal veterinary medicine in the curricu-
lum of undergraduate courses in veterinary medicine and the futuros, assim co mo criar treinamento especializado para
development of integrated actions in the sphere of health, public atendimento dessas ocorrências e ainda rever a pena
safety and professional practice of the vet physician. atribuída pela lei de crimes amb ientais ao crime de
maus-tratos aos animais.
KEYWORDS: Link theory, veterinary medicine legal, ani- Muitas vezes o médico veterinário se depara com si-
mals, mistreatment. tuações de maus-tratos contra animais e se pergunta se
poderia ter respondido mais eficazmente a essas situa-
1. INTRODUÇÃO ções (CROOK, 2000). É importante identificar as cate-
gorias de maus-tratos dentre o abuso físico que consiste
A “Teoria do Lin k” aponta que há u ma relação signi- em agressão, lesões pérfuro-incisas, queimaduras, enve-
ficativa entre a p rática de maus -tratos aos animais e a nenamento, entre outros, o abuso sexual onde o an imal é
violência contra pessoas (LOCKWOOD, 2000). Diver- utilizado para satisfação sexual e a negligência, privando
sos estudos que investigaram tal relação em crianças,

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o animal de co mida, água, abrigo, co mpanhia ou animais quando decidissem sair de suas casas ( GA L-
assistencia méd ico veterinária (CROOK, 2000; LAGHER et al. 2008).
McGUINNESS, 2005; GALLAGHER et al. 2008). Estudos realizados em vários países identificam a
O médico veterinário possui condições para reco- falta de conhecimento de órgãos públicos no que diz
nhecer lesões não acidentais, o que possibilita a identifi- respeito ao apoio as vítimas e como proceder co m os
cação de uma forma de agressão contra o animal e u m animais vít imas de maus-tratos em casas problemáticas.
possível elo co m a vio lência doméstica, podendo através Sendo este um problema de saúde pública, o que neces-
do cliente chegar ao agressor e quebrar um ciclo de vio- sita de maior atenção por parte dos órgãos competentes e
lência, já que é um dos primeiros profissionais a terem profissionais da área de saúde, que devem trabalhar em
contato com u m animal maltratado (A RKOW, 1992; conjunto, inclusive veterinários que são os primeiros a
CROOK, 2000; LOCKWOOD, 2000; GA LLA GHER et terem contato com o animal possivelmente maltratado
al. 2008). O papel do médico veterinário no diagnóstico (CA RLSILSE-FRA NK, 2004; McGUINNESS, 2005;
de maus-tratos e a possível prevenção de atos futuros de GALLAGHER et al. 2008; ARKOW, 2015)
violência tornam este profissional o advogado para o No estudo realizado por Nassaro (2013), foi
bem-estar dos animais (ARKOW, 2015). identificado que o Centro de Operações da Polícia
A lei 9.605 de 1998 dispõe sobre maus -tratos a Militar (COPOM ) do Co mando do Policiamento da
animais e o caracteriza co mo crime amb iental sujeito a Capital (CPC) e dois centros de Operações do Corpo de
pena de multa e reclusão. No entato as formas de Bo mbeiros (COBOM ) da Po licia M ilitar desconheciam
identifcação e direcionamentos legais e de apoio às um código específico para ocorrências envolvendo
vítimas, tanto seres humanos como animais, pós maus-tratos aos animais.
identificação no Brasil ainda é ínfimo na grande maioria Arkow (2015) caracterizou lesões e alterações físicas
dos casos. Co m isso o presente artigo faz u ma revisão da e de comportamento, co m o intuito de auxiliar o méd ico
literatura buscando identificar p ráticas e princíp ios com veterinário na identificação de situações de maus -tratos.
potencial para melhorar as ações de médicos veterinários Lesões inexplicáveis ou co m reicidência em u m animal
mediante casos de maus-tratos aos animais. ou em vários animais, evidência de lesões de costela,
escore corporal baixo, casos de envenenamento,
2. MATERIAL E MÉTODOS queimaduras, contusões e ferimentos por instrumentos
perfurocortantes, múltip las fraturas, ferimentos por
O presente artigo consiste em u ma revisão de litera- arma de fogo, presença de cicatrizes, feridas e traumas
tura sobre a “Teoria do Lin k” e sobre possíveis contri- característicos de animais usados em co mpetições de
buições dos médicos veterinários no combate aos luta, de cães ou galo.
maus-tratos aos animais e a violência do méstica. Para Assim co mo negligência, que pode incluir infestação
tanto, foram pesquisadas informações existentes em li- por ectoparasitas, doença dentária, falta de hig ienização
vros, artigos científicos e sítios eletrônicos especializa- com o animal, desidratação, sinais de doença, dor, an-
dos. gústia ou lesões que necessitem de tratamento, vocaliza-
ção, abuso sexual, onde o animal demonstra medo de seu
3. DESENVOLVIMENTO dono ou de pessoas em geral.
Os estudos realizados até o mo mento fazem co m que Para Crook (2000), reconhecer os maus -tratos de
a “Teoria do link” cada vez mais ganhe força. forma direta nem sempre é possível. A negligência pode
Demonstram a agressividade direcionada aos animais de ser involuntária, devido à falta de educação,
companhia co mo u ma forma de impor o controle representando assim u m lapso temporário nos cuidados
med iante a u ma pessoa da família ou até mes mo pelo do responsável, ou até mesmo ser crônico. No entanto, a
simp les fato de realizar maus -tratos como forma de autora salienta a importância de identificar a gravidade
prazer. No entanto, na maioria dos casos essas ações do problema, sua frequência e sua duração.
ocorrem sem serem identificadas e, quando identificadas, O médico veterinário possui condições para
o ato de vio lência já está instalado a mu ito tempo dentro reconhecer lesões não acidentais e situações de
do amb iente familiar podendo desencadear na morte do maus-tratos (CROOK, 2000; LOCKW OOD, 2000).
animal de estimação (GA LLA GHER et al. 2008; Segundo Arkow, 2015, se o méd ico veterinário através
ARKOW, 2015). de exame de rot ina suspeitar de maus -tratos, este deve
Muitas mulheres que sofreram agressões no ambiente conversar com o cliente para tentar resolver a situação,
familiar relatram a demora em procurar ajuda ou se caso o cliente se co mporte de forma agressiva ou sob
refugiar em abrigos devido ao medo de possiveis suspeita, o médico veterinário deve informar as
retaliações aos seus animais de estimação, u ma vez que autoridades responsáveis para med idas de combate e
estes animais ficariam aos cuidados do agressor e não prevenção a essas agressões. Em situações graves a
conhecerem nenhum local que pudessem abrigar estes quebra de confidencialidade do cliente é justificada.

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O médico veterinário nem sempre tem consciência Arkow (2015), identificou a deficiência de
do seu papel, quando diante de casos de maus -tratos conhecimento de termos adequados para compor u m
contra animais. Alguns fatores influenciam essa situação, laudo pericial por parte dos médicos veterinarios. Sendo
como não seguir um padrão na identificação e assim, p ropôs a utilização de alguns termos padrões para
diferenciação de lesões não acidentais, a dificuldade de orientar na confeccção do laudo. Seguem os termos
identificar o cliente co mo o autor dos maus -tratos, o sugeridos:
medo de perder um cliente, de participar de possiveis • Crueldade animal: o termo mais prevalente,
lit ígios ou sofrer retalizações por parte do cliente implicando uma inflição deliberada de dor, da qual o
(LOCKWOOD, 2000; McGUINNESS, 2005). ofensor obtém gozo ou diversão.
Nos Estados Unidos, Lockwood (2000) relata que a • Abuso de animais: maus-tratos voluntários ou ne-
forma de notificação e proteção ao profissional méd ico gligentes, independentemente da intenção, motivação ou
veterinário muda de acordo co m o estado, as denúncias estado mental do agressor.
são obrigatórias em alguns estados, em outros as • Negligência an imal: u m ato de o missão que signi-
denúncias ocorrem so mente através de mandatos fica u ma falta de cuidado, a fo rma mais comu m de
judiciais e ainda ocorre em alguns estados o incentivo à maus-tratos.
notificação de abuso fornecendo proteção ao profissional • Acúmulo de animais: negligência em u ma escala
que notifica. Os profissionais amparados se sentem mais significativa envolvendo grande número de an imais,
seguros e com isso ocorre o au mento das notificações mu itas vezes mantidos em condições de deterioração
dos profissionais como resposta. abaixo dos padrões mín imos de nutrição, saneamento e
O méd ico veterinário pode tornar-se mais ativo em cuidados veterinários.
busca de ajudar sua co munidade com o intuito de • Abuso físico de animais: u ma amp la gama de atos
prevenção e combate a violência do méstica, co mo apoiar injustos que requerem engajamento ativo, como bater,
na investigação e documentação de maus -tratos aos chutar, sufocar, jogar, agitar, envenenar e queimar. A
animais, atuarem co mo testemunhas experientes na acu- apresentação clínica inclu i lesões no esqueleto, tecido
sação de maus-tratos aos animais, serem "sentinelas" mo le ou órgãos sustentados como resultado de espanca-
para outras formas de violência social co mo abuso in- mento ou maus-tratos repetidos.
fantil e v iolência do méstica, tornarem-se part icipantes • Lesões não acidentais: sinônimo de abuso físico.
em equipes mult idisciplinares de resposta e "refúgio
• Abuso sexual de animais: atos abusivos ou conduta
seguro" que fornecem serviços de abrigar e cuidar dos sexual co m u m an imal envolvendo o reto, ânus ou geni-
animais de estimação e das vítimas de violência do més-
tália e zoofilia (u ma forte preferência erótica para ani-
tica, serem participantes e instrutores em treinamento
mais).
cruzado com profissionais de serviços sociais e de cui-
• Abuso emocional: u m conceito predominante no
dado e controle de animais sobre o reconhecimento do
léxico da violência interpessoal geralmente ausente das
abuso e da negligência e ainda co mo apoiadores e parti-
leis de crueldade animal.
cipantes de programas de prevenção e intervenção para
Pode-se notar a deficiência no do mín io nos diversos
as populações atingidas ou não pelos maus -tratos
campos da medicina veterinária legal, desde a parte
(LOCKWOOD, 2000).
conceitual até o seu desenvolvimento prático, nas pes-
Croock (2000) trata a med icina veterinária co mo u ma
quisas realizadas até o momento. Isso se deve a defici-
profissão capaz de quebrar o ciclo de violência. O
ência no ensino da medicina veterinária em relação a
comitê de bem-estar animal da associação de medicina
disciplinas ligadas a maus -tratos contra os animais
veterinária do Canadá identificou estratégias para
(LOCKWOOD, 2000; McGUINNESS, 2005). No
abordar as questões de combate aos maus -tratos,
Brasil, atualmente poucos cursos de graduação possuem
sugerindo a elaboração de documento que atribui a
a medicina veterinária legal co mo d isciplina obrigatória
responsabilidade ao médico veterinário de notificar
na grade curricular. Sendo assim, o ens ino não é efetivo
situações de maus-tratos, criar consultorias para orientar
e muitos profissionais ao se depararem co m situações de
os profissionais sobre o seu papel med iante as questões
maus-tratos não sabem como proceder.
dos maus-tratos, educar os profissionais e o público
Várias propostas podem ser retiradas das pesquisas
sobre maus-tratos, trabalhar em conjunto com as Leis e
realizadas para melhorar o papel do médico veterinário
regulamentos para que melhor contemple estas questões.
med iante situações de maus -tratos. Gallagher e colegas
Ainda a associação médica veterinária do Canadá
(2008) propõem que médicos veterinários façam parte de
declara responsabilidade do médico veterinário
uma rede de apoio para lidar co m situações de violência
identificar e notificar às autoridades situações de abuso,
contra animais, pro mover ações junto a órgãos públicos
maus-tratos e negligência, sendo este ato necessário
de adoção temporária ou permanente nos casos confir-
visando proteger a saúde e o bem-estar de animais e
mados de maus-tratos dos animais envolvidos, trabalhar
pessoas.
no conscientização e in formação de maus -tratos junto à

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comunidade para melhor d ivulgação e conhecimento do REFERÊNCIAS


tema, co m investimento na formação dos médicos vete- [01] ARKOW, P. The correlations between cruelty to animals
rinários para melhor lidarem co m essas situações em and child abuse and the implications for veterinary medi-
suas vidas profissionais. cine. Can Vet J, v.33, n.8, p.518-21, 1992.
Arkow (1992), sugere que o médico veterinário deve [02] ARKOW, P. Recognizing and responding to cases of
levar a sério os relatos de crueldade com os animais. suspected animal cruelty, abuse, and neglect: what the
Haja v isto que um incidente relacionado com animais veterinarian needs to know. Veterinary M edicine: Re-
pode ser o primeiro ponto de prevenção e intervenção search and Reports, v.6, p.349-59, 2015.
contra maus-tratos. Acima de tudo não ter medo de se [03] CARLISLE-FRANK, P. et al. Selective battering of the
envolver e se colocarem na obrigação moral e family pet. Anthrozoos: A Multidisciplinary J of The In-
teractions of People and Animals, v.17, n.1, p.26-42,
profissional de co municar tais suspeitas e ainda trabalhar 2004.
para melhorias na legislação que atendam as [04] CROOK, A. The CVM A Animal Abuse Position How we
necessidades dos eventos relacionados aos maus -tratos. got here. Can Vet J, v.41, n.11, p.631-35, 2000.
Jack (2000) salienta a impo rtância de tratar os animais [05] CURRIER, C.L. Animal cruelty by children exposed to
como seres sencientes e atribuir esta condição domestic violence. Child Abuse & Neglact, v.30, n.4,
legalmente para assegurar penas mais duras a quem p.425-35, 2006.
intentar contra os animais. [06] DeGUE, S. et al. Is Animal Cruelty a “Red Flag” for
No Brasil, Nassaro (2013) propõe que as instituições Family Violence? Investigating Co-Occurring Violence
de segurança pública adotem u m procedimento Toward Children, Partners, and Pets. J of Interpersonal
Violence, v.24, n.6, p. 1036-056, 2009.
operacional padrão (POP) específico e instruções [07] FEBRES, J. et al. Adulthood Animal Abuse among
continuadas para o atendimento a crimes de maus -tratos Women Court-Referred to Batterer Intervention Pro-
contra animais co mo u ma ação de prevenção primária ao grams. National Institute of Health, v.27, n.15, 3115-126,
cometimento e futuros delitos. Propõe ainda a revisão 2012.
pena atribuída pelas leis de crimes abientais ao crime de [08] FELTHOUS, A.R. Childhood Antecedents of Aggressive
maus-tratos aos animais, que prevê atualmente pena de Behaviors In M ale Psychiatric Patients. Bull Am Acad
três meses a u m ano de detenção, sendo enquadrado Psichiatry Law, v.8, n.1, p.104-10, 1980.
como em crime de menor potencial ofensivo. [09] FLYNN, C.P. Battered wo men and their animal
Segundo Nassaro (2013), a única platafo rma concreta companions: simbolyc interaction between human
de denúncia para crimes contra animais e que possui and nonhuman animals. Society & Animals, v.8,
alguma informação sobre quantitativo de delitos neste n.2, p.99-127, 2000.
amb ito é a delegacia de meio ambiente. Esta situação [10] GALLAGHER, B. et al. Animal abuse and intimate
partner violence: Researching the link and its significance
poderia ser melhorada se as demais instituições de
in Ireland – a veterinary perspective. Irish Vet J, v.61,
segurança adotassem med idas mais especificas para este
n.10, p.658-67, 2008.
tipo de crime e t rabalhassem em conjunto para o [11] GULLONE, E. Conceptualising Animal Abuse with an
combate eficaz do crime de maus -tratos contra animais. Antisocial Behaviour Framework. Animals, v.1, n.1,
p.144-60, 2011.
4. CONCLUSÃO [12] JACK, D.C. Horns of dilemma: The vetri-legal implica-
tions of animal abuse. Can Vet J, v.41, n.11, p.715-20,
Podemos observar na literatura algu mas lacunas que 2000.
precisam ser preenchidas para melhor atender o animal [13] LOCKWOOD, R. Animal cruelty and human violence:
vítima de crime de maus -tratos e para a capacitação dos The veterinarian’s role is making the connection – The
profissionais médicos veterinários para lidar co m essa American experience. Can Vet J, v.41, n.11, p.876-78,
situação. Um dos aspectos encontrados é a necessidade 2000.
de um padrão diagnóstico de situações sugestivas de [14] M cEWEN, F.S. et al. Is childhood cruelty to animals a
marker for physical maltreatment in a prospective cohort
maus-tratos. Para isso, um ponto importante a ser
study of children? National Institute of Health, v.38, n.3,
definido é o ensino da medicina veterinária legal dentro
p.533-43, 2014.
dos cursos de graduação em medcin ia veterinária, para [15] M cGUINNESS, K. et al. Non-accidental injury in com-
que os profissionais estejam preparados para a panion animals in the Republic of Ireland. Irish Vet J,
identificação do problema e fechamento de diagnóstico v.58, n.7, 392-96, 2005.
de modo mais consistente, a fim de contribuirem para a [16] M cPHEDRAN, S. Animal Abuse, Family Violence, and
prevenção de futuros crimes tanto contra animais co mo Child Wellbeing: A Review. J Fam Viol, v.24, n.1,
contra seres humanos. Além disso, sugere-se que p.41-52, 2009.
instituições de saúde e segurança pública e méd icos [17] NASSARO, M .R.F. M aus tratos aos animais e violência
contra as pessoas. 1. ed. São Paulo: Edição do Autor,
veterinários trabalhem em conjunto para que as ações
2013.
estejam atreladas e o combate ao crime contra animais
seja eficaz.

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