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BEM-ESTAR ANIMAL E POSSE RESPONSAVEL NO CONTEXTO DA

SOCIEDADE BRASILEIRA.

1-Rafael Caetano.

2-Carolina Hoeller Da Silva Boeing.

Resumo: Este artigo é um desdobramento sobre a temática do Bem-estar animal e da posse


responsável envolvendo cães e gatos na saúde pública. Esta pesquisa tem a intensão de
apresentar, através de pesquisas bibliográficas a importância do Bem-estar animal em um
contexto da sociedade brasileira no sentido de proteção aos animais relacionando ao
Serviço Social.

Palavras-chave: Bem-Estar animal, Posse Responsável, Políticas Públicas, Serviço Social.

Abstract: This article is an unfolding about the topical of animal welfare and responsible
tenure involving cats and dogs in public health. This research has the intension to present,
through a bibliographic research the importance of animal welfare and responsible tenure in
a context of the Brazilian society in the sense of animal protection relating to Social
Service.

Key words: Animal welfare- Responsible tenure- Public policies- Social Service.

1-Introdução: Definição de Bem-estar animal e posse responsável.

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Inicialmente é fundamental definirmos os conceitos de posse responsável e Bem-
estar animal. Na discussão do Bem-estar animal a definição do próprio conceito constitui o
primeiro desafio do tema, dada à complexidade do assunto observada entre os cientistas que
atuam na área. Segundo Hughes (1982), o Bem-estar animal corresponde a um estado onde
o animal está em harmonia com a natureza ou com o seu ambiente. Hurnik (1992)
adicionou a ideia de que o Bem-estar animal significa uma alta qualidade de vida do
animal, defendendo que um ótimo funcionamento biológico do organismo ocorre somente
quando a sua vida está identificada ou alinhada com o ambiente, reiterando que este cenário
denomina-se estado de harmonia. O Bem-estar animal está associado a sobrevivência e
saúde do animal, lesões, doenças, subnutrição e estresse (HURNIK 1992).

Na abordagem de Almeida (2014), pode-se entender como posse responsável, uma


série de idéias que ajudam os donos e responsáveis por animais a compreender suas
necessidades. De acordo com o autor supracitado a questão da posse responsável de
animais domésticos é uma das mais urgentes construções jurídicas do Direito Ambiental.
Ainda segundo o autor visto a crescente demanda que se tem verificado nas sociedades,
pois a urbanização cada vez mais crescente vem suplantando hábitos coletivos entre os
indivíduos que, isolados em seus lares, tem constituído fortes laços afetivos com algumas
espécies, como é o caso dos cães e gatos, transformando-os em verdadeiros entes
familiares.

O autor relata, porém que esse relacionamento nem sempre foi ético e
ambientalmente correto. No cotidiano, observam-se muitas arbitrariedades praticadas pelo
homem que aniquilam a dignidade desses seres geralmente indefesos, ao promover toda
sorte de maus-tratos e crueldade, ou então, adestram-nos para se tornarem violentos e,
assim, portá-los como se arma fosse, quando não os abandona a toda sorte de riscos,
transformando-os em vítimas inocentes e vetores de doenças, afetando, inclusive, a saúde
pública (ALMEIDA, 2014).

Neste contexto, este artigo tratará de temas como: Bem-estar animal, posse
responsável no contexto da sociedade Brasileira. O interesse pelo tema veio da experiência
do autor desenvolvida em estágio curricular obrigatório no curso de Serviço Social nos

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anos de 2018 e 2019. Ao animais são vítimas da sociedade brasileira e tem seus direitos
defasados por falta de protecionismo do estado (GALVÃO, 2010).

2-Bem-estar animal e posse responsável envolvendo animais de estimação,


(Cães e gatos).

Segundo a abordagem de Negrão (2013) as questões relativas às condições de Bem-


Estar dos animais, durante os últimos anos num contexto de realidade Brasileira, têm sido
abordadas com mais intensidade em razão do questionamento social em relação às formas
de exploração animal sob a ótica industrial que visa a produtividade das espécies em série
sem atentar para o sofrimento animal. O autor define que o Bem-estar animal é uma ciência
que está sendo construída e defende que, o Bem-estar animal não deve estar restrito aos
animais de produção, mas sim devem ser estendidos para alcançar a todos os animais sem
distinção.

No caso desta pesquisa, o Bem-estar dos animais domésticos é posto em evidência,


por serem os animais mais próximos do dia-a-dia dos seres humanos, presentes nos lares na
forma de companhia inclusive como membros da família. O Bem-estar animal é tema
recorrente na sociedade atual e que desperta o interesse dos profissionais que lidam com
animais, bem como o desejo social de programas e políticas em favor destes, além de maior
rigor no cumprimento das leis protetivas, (NEGRÃO, 2013).

Segundo Santana et al (2004), posse responsável é a condição na qual o guardião de


um animal de companhia aceita e se compromete a assumir uma série de deveres centrados
nas necessidades físicas, psicológicas e ambientais de seu animal, assim como, prevenir os
riscos (potencial de agressão, transmissão de doenças ou danos a terceiros) que seu animal
possa causar à comunidade ou ao ambiente, como interpretado pela legislação vigente.

A violência contra animais é constante na sociedade humana que desconhece ou


ignora a dignidade animal, na qualidade de ser que sente, sofre, tem necessidades e direitos
(SANTANA et al. 2004). Tal atitude humana é proveniente da pretensa superioridade de
que este se atribui, ou seja, um fenômeno cultural que Peter Singer denomina como

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“especismo”, que é conceituado pelo: Como sendo um preconceito ou atitude tendenciosa
em favor dos interesses dos membros de sua própria espécie e contra os de outras espécies
ou seja, demonstra a resistência do ser humano em reconhecer a sua natureza animal, assim
como considerar os demais seres vivos como passíveis de apropriação e domínio (SINGER,
2004).

A falta de planejamento orientada sob os princípios da posse responsável acarreta


vários fatores, dentre eles a compra impulsiva de animais, estimulada por comerciantes que
os expõe como mercadorias, essa relação de consumo, muitas vezes, não desperta o vínculo
afetivo que deve nortear a relação entre homem e animal, fazendo com que as pessoas
acabem descartando seus animais de estimação, por se tornarem desinteressantes após a
empolgação inicial (SANTANA et al., 2004).

A seguir iremos abordar os principais temas referentes aos maus-tratos aos animais
e o impacto destas ações para a sociedade:

2.1 Abandono.

Na abordagem de Castaneda et al, (2001) como consequência do abandono, a


densidade populacional de animais errantes, vulgarmente denominados “vira-latas”, alcança
números incalculáveis nas ruas das grandes cidades. Um dos principais problemas oriundos
da superpopulação desses animais decorre de os mesmos estarem expostos a todo tipo de
doenças, intempéries e perigos, sendo vítimas de várias zoonoses, doenças carências e
mutilações, constituindo um sério problema de saúde pública. Essa problemática é agravada
em virtude do acelerado grau de reprodução e proliferação desses animais (CASTANEDA
ET AL, 2010).

Segundo Santana et al (2004) a guarda irresponsável de animais de companhia


resulta no abandono em avenidas, parques, imediações de clínicas veterinárias e outros
espaços públicos. Os proprietários também deixam seus animais nos centros de zoonoses,
mesmo sendo informados que o animal poderá, futuramente, ser submetido à eutanásia. O
abandono de animais têm graves consequências e representa sofrimento para os animais

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abandonados; perigo para a saúde pública; aumento dos gastos públicos e a superlotação
em ONGs. O risco sanitário ocasionado pela superpopulação de animais errantes, formada
pela rápida reprodução de animais abandonados, chama a atenção do Estado que vem
tentando atuar de forma a prevenir o abandono (SANTANA et al, 2004).

2.2 Maus-tratos.

Roothbard, (2010) concorda que o crime de maus-tratos aos animais possui ligação
com a filosofia libertária. Essa filosofia se funda no princípio da não agressão. Segundo
Roothbard (2010) esse princípio ético propõe que não deve haver nenhum tipo de agressão
ou violação ao direito à vida, a liberdade e a propriedade. O autor supracitado relata que
essa filosofia libertária compreende que somente ao homem são conferidos direitos em
razão de sua capacidade individual de escolha consciente, necessidade de utilização da
mente e da energia para a adoção de objetivos e valores para fins de alcançar sobrevivência
e prosperidade por meio de sua capacidade de comunicação e interação com outros seres
humanos (ROTHBARD, 2010).

Já para Singer (2004), o utilitarismo é uma doutrina ética que tem como fundamento
o Bem-estar máximo. Segundo o cálculo utilitarista deve incluir todos os seres dotados de
sensibilidade, incluindo os animais. Singer (2004) reconhece que a não inclusão dos
animais seria uma forma de especismo, preconceito de espécie. Singer (2004) considera que
o fundamental em filosofia moral não é a capacidade de raciocinar ou falar, mas
simplesmente a capacidade de sofrer. Ou seja, a capacidade de sentir dor é condição
suficiente para que um ser seja levado em consideração em questões morais, (SINGER
2004).

Capez (2007) afirma que os maus-tratos aos animais domésticos é uma preocupação
do mundo moderno, que tem na preservação, melhoria e recuperação da qualidade
ambiental propícia à vida (art. 2º da Lei nº 6.938/81 - Política Nacional de Meio Ambiente),
os pilares fundamentais da sociedade. Acerca do conceito de maus-tratos, Capez (2007)
ensina que não consiste em bater, espancar, ou ainda manter o animal em lugar sujo,

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inadequado, sem comida e água. Cita ainda que o dolo é subjetivo, pois consiste na vontade
livre e consciente do indivíduo praticar os atos de maus-tratos. (CAPEZ, 2007).

De acordo com Galvão (2010) maus-tratos é o ato de submeter alguém a tratamento


cruel, trabalhos forçados e/ou privação de alimentos ou cuidados. Esses são praticados
pelas pessoas por motivos que envolvem aspectos culturais, sociais e psicológicos, sendo
muitas vezes praticado sem a consciência de que tal ato é prejudicial (GALVÃO, 2010).

2.3 Transmissões de doenças.

Castaneda et al (2001) propõe que apesar da evidência de que o Bem-estar dos cães
de rua pode ser aceitável em algumas ocasiões. A situação mais frequente caracteriza-se por
condições de saúde física e mental deficientes, agravadas pela maior suscetibilidade a
estados de sofrimento e exposição a maus- tratos (CASTAÑEDA et al, 2001).

Almeida (2014) relata, porém que esse relacionamento nem sempre foi ético e
ambientalmente correto. No cotidiano, observam-se muitas arbitrariedades praticadas pelo
homem que aniquilam a dignidade desses seres geralmente indefesos, ao promover toda
sorte de maus-tratos e crueldade, ou então, adestram-nos para se tornarem violentos e,
assim, portá-los como se arma fosse, quando não os abandona a toda sorte de riscos,
transformando-os em vítimas inocentes e vetores de doenças, afetando, inclusive, a saúde
pública.

O autor relata, porém que esse relacionamento nem sempre foi ético e
ambientalmente correto. No cotidiano, observam-se muitas arbitrariedades praticadas pelo
homem que aniquilam a dignidade desses seres geralmente indefesos, ao promover toda
sorte de maus-tratos e crueldade, ou então, adestram-nos para se tornarem violentos e,
assim, portá-los como se arma fosse, quando não os abandona a toda sorte de riscos,
transformando-os em vítimas inocentes e vetores de doenças, afetando, inclusive, a saúde
pública (ALMEIDA, 2014).

O autor relata que com o estreito convívio dos seres humanos e os animais, deve-se
estar atento ao risco de zoonoses transmitidas, assim como, ter o conhecimento dessas
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zoonoses, realizar a prevenção, garantindo assim, melhores condições de saúde a todos. A
transmissão das zoonoses pode ocorrer através do contato direto com os animais infectados
ou, através de alimentos e água contaminados. Ocorre devido, a ausência de medidas
simples de controle sanitário e populacional de animais. Segundo o autor dentre as
zoonoses mais comuns transmitidas por animais de companhia, se destacam micoses, Sarna
Sarcóptica causada por ácaro, pulgas, Ancilostomose, Toxocaríase, Teníase, Brucelose
entre outras.

A seguir vamos abordar os aspectos metodológicos da pesquisa: tipo de estudo e


objeto da pesquisa.

3- Aspectos metodológicos da pesquisa: tipo de estudo e objeto de pesquisa.

Este artigo foi elaborado através de uma pesquisa bibliográfica. Segundo Gil (2007)
a pesquisa bibliográfica se da a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas,
e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de
web sites.

O objeto de pesquisa é o Bem-estar animal e a posse responsável no contexto da


sociedade brasileira. A seguir iremos contemplar a apresentação dos resultados envolvendo
legislações e políticas públicas junto a procedimentos de regulamentação em um contexto
da sociedade brasileira.

4- Apresentação dos resultados:

4.1 Legislações e políticas públicas relacionadas ao Bem-Estar Animal e Posse


Responsável num contexto da sociedade brasileira.

Rothbard (2010) relata que o conhecimento acerca da legislação sobre os maus-


tratos com animais é de extrema importância para uma possível prevenção contra os abusos
cometidos a esses. Segundo Rothbard (2010) a falta de conhecimento da população sobre
os direitos dos animais implica na ausência de reivindicação de direitos junto às autoridades

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públicas. O autor ainda afirma que a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 225, §1º,
inciso VII, reconhece que os animais são seres vivos dotados de direitos, impondo a
sociedade e ao Estado o dever de respeitar a vida, a liberdade corporal e a integridade física
deles, além de proibir expressamente as práticas que provoquem a extinção ou submetam à
crueldade, qualquer animal.

A abordagem acerca das legislações protetivas dos animais adquire importância de


cunho interdisciplinar abarcando os direitos dos animais em todos os aspectos, incluindo
também a saúde pública sendo que crimes de maus-tratos aos animais possui ligação com a
filosofia libertária (ROTHBARD, 2010).

A filosofia de Rothbard (2010) se funda no princípio da não agressão. Esse


princípio ético propõe que não deve haver nenhum tipo de agressão ou violação ao direito à
vida, a liberdade e a propriedade. Rothbard (2010) propõe que essa filosofia libertária
compreende que somente ao homem são conferidos direitos em razão de sua capacidade
individual de escolha consciente, necessidade de utilização da mente e da energia para a
adoção de objetivos e valores para fins de alcançar sobrevivência e prosperidade por meio
de sua capacidade de comunicação e interação com outros seres humanos (ROTHBARD,
2010).

Para Muraro e Alves (2014) ao se deparar com os maus-tratos contra os animais, a


pessoa deverá imediatamente se dirigir à autoridade policial e relatar o crime para
averiguação. As delegacias têm obrigação de registrar o crime; se o escrivão se recusar, o
delegado de plantão deve ser acionado, e, se este for omisso, tal fato deve ser levado ao
conhecimento ao Ministério Público (MURARO, ALVES, 2014).

Segundo, Galvão (2010) a Constituição Federal de 1988 reconhece que os animais


têm direitos, impondo a sociedade e ao Estado o dever de proteção (art. 225, §1º, inciso
VII). Seguindo esse entendimento Galvão (2010) aborda a Lei dos Crimes Ambientais (Lei
nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998) em seu art. 32 prevê sanções para os infratores ou
quem praticar ato de abuso contra qualquer animal, estabelecendo o seguinte: “Praticar ato
de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados,
nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. O parágrafo 1º deste

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artigo disciplina que incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel
em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos
alternativos”. Nos crimes previstos na Lei nº 9.605/98, a ação penal é pública e
incondicionada, ou seja, qualquer cidadão poderá recorrer ao Ministério Público que é o
titular da ação penal. Galvão relata que o Ministério Público ingressará com ação judicial
em defesa do animal e a punição se dará com base no art. 32 da Lei dos Crimes Ambientais
(GALVÃO, 2010).

Na abordagem de Rodrigues (2013) ocorre que, a pena por ser inferior a dois anos
de prisão. O autor supracitado relata que o Poder Judiciário fornece penas alternativas, por
exemplo, quando o infrator recupera o dano ou paga seu crédito para com a sociedade.
Assim segundo Rodrigues (2013), será aplicada a Lei nº 9.099/95 (Lei dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais). Segundo essa lei, no art. 76, é possível a aplicação da pena
restritiva de direitos ou multa, se aceito pelo réu e tiver o aval do juiz. Rodrigues (2013)
relata por essa razão, diz-se que a pena para quem maltrata animais, atualmente, é branda.
As sanções previstas na Lei nº 9.099/95 não são hábeis à função de prevenir condutas
ilícitas. A Lei dos Juizados Especiais Criminais permite a transação, o que serve de
estímulo à prática de atos de maus-tratos (RODRIGUES, 2003).

Na abordagem de Almeida (2014) usar o Direito Penal para garantir a proteção


efetiva do ambiente é uma premente necessidade, visto que as penalidades referentes aos
maus-tratos contra animais possuem penas insuficientes para coibir tal prática. Para Gomes
(2013), um fator relevante e que contribui para os maus-tratos de animais no Brasil é a falta
de leis mais rigorosas para os que cometem crimes contra os animais. Segundo Gomes
guardiões irresponsáveis maltratam os animais, porque sabem que, na maioria das vezes,
ocorre a transação penal (a pena é convertida na prestação de serviços, pagamento de cesta
básica, entre outras), uma vez que o crime de maus-tratos é considerado de baixo potencial
ofensivo de acordo com a Lei Federal nº 9.099/95. Gomes (2013) relata que esses direitos
devem estar positivados na legislação. Ainda segundo o autor a questão dos direitos dos
animais tem grande importância, pois se os animais tiverem direitos, estes têm de ser
respeitados, mesmo com encargos aos seres humanos. Gomes (2013) defende que os
animais têm direitos, têm seguramente o direito de não serem mortos.

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Gomes (2013) defende como mecanismo jurídico de proteção, a Lei nº 7.347, de
24 de julho de 1985 elenca considerações a respeito da ação civil pública ambiental na
efetividade da proteção ao meio ambiente, inclusive no que diz respeito aos maus-tratos
com animais apenas com a Constituição Federal de 1988, que elevou o meio ambiente ao
status constitucional, é que os animais passaram a ser vistos como sujeitos de direitos.
Segundo Gomes (2013), a Constituição Federal de 1988 reconhece que os animais têm
direitos, impondo a sociedade e ao Estado o dever de proteção (art. 225, §1º, inciso VII).
Seguindo esse entendimento do autor supracitado também cita a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998) em seu art. 32 prevê sanções para os
infratores ou quem praticar ato de abuso contra qualquer animal, estabelecendo o seguinte:
Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. O
parágrafo 1º deste artigo disciplina que Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência
dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando
existirem recursos alternativos (GOMES, 2013).

Para Almeida (2014) a utilização do Direito Penal para garantir a proteção efetiva
do meio ambiente se torna cada vez mais necessária, pois as penalidades decorrentes dos
maus-tratos contra animais não são suficientes para dar fim a tal prática, visto que as
normas que tratam deste tema apresentam pena irrisória em contrassenso ao caráter ilícito
do fato.

4.2- O Processo de Regulação.

De acordo com Rodrigues (2008), as leis surgem para disciplinar o comportamento


da sociedade de forma a determinar, regulamentar, nortear e dirigir as posturas dos
indivíduos, promovendo a ordem e a harmonia dos membros de uma sociedade. Estas
disposições compõem a legislação, cujo objetivo é o de regrar as condutas humanas,
observando princípios éticos e morais. A responsabilidade sobre o controle da população de
animais domésticos, recai, nos municípios, sobre os órgãos executores de controle de
zoonoses, cujas criações e atribuições encontram-se reguladas por lei. Logo, leis municipais

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são instrumento de regulação de uma política ou programa descontrole animal para o
município (RODRIGUES, 2008).

Para Ackel (2001) a efetividade e a eficiência de uma política pública de controle de


população animal são necessário entendimento e obediência à legislação vigente; programa
permanente de educação ambiental; desenvolvimento de estratégias de comunicação e
informação à população; estruturação das atividades do programa pelo poder público;
atendimento às prioridades pelo poder público; capacitação dos profissionais das áreas
envolvidas e participação da comunidade e atuação das organizações não-governamentais.
Para a efetividade e a eficiência de uma política pública de controle de população animal
são necessários: entendimento e obediência à legislação vigente (ACKEL, 2001).

Segundo Rodrigues (2008) a maioria dos municípios brasileiros enfrentam


problemas relativos a animais sem controle (errantes); crias indesejadas; abandono animal;
superpopulação de animais; criação e comercialização desregrada ou irregular; denúncias
de maus-tratos e outras; mordeduras e demais agravos e desconhecimento ou não
incorporação dos preceitos de Bem-estar animal para o desenvolvimento de um programa
de controle de animais.

Segundo a abordagem de Galvão (2010) assim, aos animais deve ser garantido um
lar com condições de vida e saúde, fornecendo-lhes alimentação, higiene, cuidados médico
veterinários, lazer, enfim, tudo o que é necessário para o Bem-estar, o que deve ser
concretizado por meio de políticas públicas em prol da saúde pública e do respeito a
legislação e aos direitos inerentes aos animais.

O autor supracitado consta que a manutenção do Bem-estar animal é dever de todos,


visto que os animais são considerados parte do meio ambiente, o qual deve ser
ecologicamente equilibrado e, portanto, sadio, para as presentes e futuras gerações. Galvão
(2010) verifica que constantes inquietações com o Bem-estar animal refletem-se na
necessidade de implementação de políticas públicas em seu favor, bem como de maiores
reivindicações por parte da sociedade.

Ainda é comum que esses infratores não sejam denunciados, porque muitas
testemunhas têm medo de sofrerem represália (GALVÃO, 2010).
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5- Considerações Finais.

A difusão dos princípios do Bem- estar animal e posse responsável propiciou


algumas mudanças em relação aos cuidados dispensados aos animais. Esta mudança de
atitude acarretou melhorias na qualidade de vida dos animais, e consequentemente,
elevação dos padrões de Bem-estar dos mesmos.

É um tema de grande importância porque essa preocupação, aos poucos, vem


crescendo no Brasil, ao que já é possível perceber a sua devida importância. Dessa forma,
é preciso que Políticas Públicas e legislações sejam implementadas em favor dos animais,
com ampla divulgação por meio de campanhas para que a sociedade brasileira, cada vez
mais, conheça o seu dever de proteger os animais e evitar que estes sejam maltratados.

A implantação de um programa de Bem-estar animal necessita de profissionais


qualificados como Assistentes Sociais, Veterinários entre outros profissionais. Além da
alocação de recursos financeiros, técnicos e equipes de trabalho, exige planejamento que
englobe: estudo prévio (diagnóstico), ações preventivas, controle, monitoramento,
avaliação e dedicação permanente (que exige o envolvimento e o propósito de todos).

A atuação do Poder Público precisa ser eficiente, modificando condutas e


prevenindo o abandono de animais, ser humanitária, justa e de responsabilidade de todos.
Incluindo as autoridades, profissionais de saúde, educadores, organizações não
governamentais e cidadãos em geral. A função de proteger o Meio Ambiente, em especial
os animais, é um dever de todos, da sociedade em geral, a qual tem seus direitos garantidos,
porém seus deveres, incluindo neles, a preservação da natureza como um todo, o que inclui
a proteção dos animais. O que será garantido, por meio da posse responsável dos cães e da
conscientização dessa sociedade da dignidade a eles inerente.

Conclui-se que no contexto dessa pesquisa são atributos do Assistente Social,


realizar estudos e pesquisas para avaliar a realidade social, além de produzir parecer social
e propor medidas e políticas sociais; Planejar, elaborar e executar planos, programas e
projetos sociais entre outras atribuições pertinentes ao Assistente Social. O Assistente

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Social na área de Bem- estar animal tem a função social de garantir o cumprimento de
programas e projetos de protecionismo animal. Devido a defasagem por parte do Estado
em assegurar a integridade Física dos animais no contexto da sociedade brasileira. Eu pude
contemplar a importância do Serviço Social no contexto do Bem-estar animal relacionando
a pratica do estágio. Através de todas as vivencias nas atividades da Dibea registradas no
Diário de Campo. Durante os respectivos períodos de estágio em 2018 e 2019. Relatando
sobre reuniões junto a outros profissionais de saúde para formulação, execução e avaliação
de programas e projetos voltados ao Bem-Estar animal.

Conforme já mencionado possibilitou a oportunidade de vivenciar como estagiário


na Diretoria de Bem-estar Animal (DIBEA), no município de São José, Santa Catarina.
Possibilitou uma vivencia inspiradora para esta pesquisa. Relacionando conhecimento
teórico ao técnico operativo. Através do estudo prévio (diagnóstico), projeto de intervenção
e projeto de avaliação.

6- Referências Bibliográficas:

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