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GLOBALIZAÇÃO. ISSO É RUIM?

Trump grita contra o que ele chama de “invasão da América.” Seu lema, “a América em primeiro
lugar” pretende ressuscitar um nacionalismo anacrônico, ultrapassado pela própria evolução do
nosso mundo. Um nacionalismo que lembra os discursos nazistas, de um ser superior, de uma nação
superior, destinada a reinar sobre todos os outros povos. Na base de seu discurso, está a
contraposição entre as corporações americanas versus as corporações mundializadas.

Essa é uma briga dentro da esfera do próprio capital. Dentro da esfera daquele 1% de
supermilionários, que se contrapõem aos 99% de pobres e dependentes. Essa é uma globalização de
natureza econômico-financeira, e não a globalização que irá manter a Mãe Terra viva.

A globalização é um processo irreversível, uma nova etapa de evolução da Terra, onde Terra e
Humanidade formam uma única entidade complexa.

Nas palavras do astronauta John Young, “lá embaixo, está a Terra, este planeta azul-branco,
belíssimo, resplandecente, nossa pátria humana. Daqui da Lua eu o seguro na palma de minha mão.
E desta perspectiva não há nele brancos ou negros, divisões entre leste e oeste, comunistas e
capitalistas, norte e sul. Todos formamos uma única Terra. Temos que aprender a amar esta planeta
do qual somos parte”.

Nas palavras do jesuíta Teilhard de Chardin, “a idade das nações passou. Se não quisermos morrer,
é hora de sacudirmos os velhos preconceitos e construir a Terra. A Terra não se tornará consciente
de si mesma por nenhum outro meio senão pela crise de conversão e de transformação.” Essa crise
está clara nas nossas mentes. Na medida em que criamos os meios para nossa própria
autodestruição, na medida em que tiramos da Natureza tudo que podemos e muito mais do que ela
aguenta nos tornamos responsáveis pela única casa que podemos habitar.

No fundo, a globalização começou na Era dos Descobrimentos. Uma globalização na forma de


ocidentalização, quando a Europa deu início à sua aventura colonialista e imperialista que duraria
séculos. Uma globalização que impunha a cultura branca, a política branca e a religião cristã. Uma
aventura que lançou mão de grande violência, de genocídios, etnocídios e de ecocídios. Para a
maioria dos povos, ela significou um trauma e uma tragédia, cujas consequências se fazem sentir
até os dias de hoje, também entre nós que fomos colonizados, que introduzimos a escravidão e nos
rendemos às grandes potências imperialistas.

O caminho de hoje é resgatar o verdadeiro, positivo e irrefutável sentido da globalização. Resgatar


– como fez a ONU ao oficializar o termo – o sentido de Mãe Terra, como um organismo vivo que
deve ser respeitado, venerado, cuidado.

O Papa Francisco, na encíclica Laudato Si, usa a expressão Casa Comum, que mostra muito
claramente o sentido de unidade da espécie humana habitando o mesmo espaço comum.

Entender esse processo, aceitá-lo e partilhar dele é um salto para frente. Não podemos retroceder e
fecharmo-nos, como pretende Trump, nos nossos limites nacionais e com a consciência reduzida.
Nós, homens e mulheres, temos que nos adequar a esse novo passo que a Terra deu, esse
superorganismo vivo, Gaia. Nós somos o momento de consciência e de inteligência da Terra. Por
isso somos a Terra que sente, pensa, ama, cuida e venera. Somos os únicos entre os seres da
natureza cuja missão ética é de cuidar desta herança bem-aventurada, fazê-la um lar habitável para
nós e para toda a comunidade de vida.

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