Você está na página 1de 37

Revelações - Parte 1

TLHP

A verdade oculta de DOMINIAM, das Cybercidades e de


todo o universo
O que um mundo medieval ao redor do qual
orbita uma lua onde se desenvolve uma
cultura WUXIA, um futuro Cyberpunk retrô-
futurista e uma galáxia distante habitada
por civilizações absurdamente tecnológicas
tem em comum?

Esse material foi escrito justamente para


responder essa pergunta.
Junto com a história da Vanguarda do Sol
Central, iremos ver se desenhar ao longo das
páginas explicações para várias coisas que
estavam nebulosas em nosso universo.

Aqui e na Parte 2, "O Incidente de San


Diego", veremos a resposta para todas as
GRANDES PERGUNTAS.

Mas caso você não acompanhe ou não goste do


universo ficcional integrado que criei, não
se preocupe: esse documento aqui funciona
MUITO BEM de forma independente e pode
tranquilamente ser usado inclusive em outros
cenários e em outros RPGs de Space Opera.

Uma excelente viagem até os confins do


Universo, e além!
INSPIRAÇÕES

- Star Trek
- Star Wars
- Fundação , do Asimov
- Cloverfield Paradox
- StarCrash
- Starfinder
- The Strange
- Guardiões da Galáxia
- Interstellar
- Duna
- Doctor Who

Texto: Tarcísio Lucas


Arte: NASA, DOMÍNIO PÚBLICO E CANVA

TLHP
2024
Sumário

Antecedentes. 5
O Computador Quântico de Alcalamar. 8
O Protocolo. 12
A Anomalia Gravitacional do 4° Quadrante. 14
O Dilema Ético e a decisão de Khalentra. 18
A Formação da Vanguarda do Sol Central. 21
Kor-Irllun, primeira comandante da Vanguarda do Sol Central. 22
O mistério da mulher do Espaço. 24
A Vanguarda. 27
O Confronto com a Inteligência. 30
O Sacrifício de Kor-Irllun. 32
O Retorno ao Sol Central. 34
A Vanguarda se Renova. 35
Antecedentes

A Primeira Grande Guerra Galáctica durou por


volta de 500 anos, destruindo dezenas de
civilizações e dizimando incontáveis vidas.

Tudo começou quando a civilização do Planeta


Dastra, sob a liderança da suprema
Imperatriz Hilla desenvolveu junto com seus
cientístas o assim chamado Computador
Quantico” na Cidade-Estado de Ancalamar.
Esse era o objeto tecnológico mais avançado
de toda a história galáctica conhecida até
então (e mesmo depois), capaz de analisar
bilhões de informações simultaneamente e
fazer calculos tão avançados que era
possível, com uma impressionante margem de
acerto, predizer quaisquer eventos futuros.
A sede de poder e a ganância da Suprema
Imperatriz contudo levou a um conflito de
enormes proporções que envolveu as 13
maiores civilizações da Galáxia, e muitas
civilizações menores (Nota do Escritor: Os
detalhes dessa história podem ser conferidos
no livro “A Galáxia dos 13 Mundos”).

5
Por fim, apos 500 anos de
confrontos e embates, tanto
militares quanto políticos, a
Grande Guerra se encerrou com a
vitória de Satreya e a
condenação de Hilla.

Outros 500 anos de relativa


calmaria se passaram, quando de
comum acordo as 13 principais
civilizações da galáxia se
juntaram em torno do Sol Central
a fim de formar o que viria a se
tornar conhecido como o "Grande
Império Galáctico", tendo como
representante maximo a Suprema
Rainha Khalentra do planeta
Haratha.
Tudo isso ocorreu antes do
Fenomeno Violeta e, logicamente,
antes que a Segunda Grande
Guerra Galáctica eclodisse, e se
tornou conhecido como “O
Conselho do Sol Central”.

6
É fato conhecido por todos que
foi tambem nesse Conselho que
foi fundada a Vanguarda do Sol
Central, a Frota galáctica
Independente responsável por
prestar auxílio e ajuda a toda
civilização da galáxia. O que
poucos sabem é que a Frota não
estava nas pautas iniciais do
Conselho, e que sua origem está
por trás de um dos eventos mais
dramáticos e perigosos pelo qual
a galáxia atravessou.

7
O Computador Quântico de
Alcalamar

Nos 500 anos que se seguiram ao fim da


Primeira Grande Guerra Galáctica, era
consenso geral que o Computador Quântico
de Alcalamar havia sido destruído pelas
tropas Satreyanas durante a Batalha de
Dastra. Contudo, logo durante as
primeiras horas do Conselho do Sol
cientístas remanescentes na superficie de
Dastra fizeram uma revelação
indescritivelmente aterradora: Após
muitos estudos e pesquisas, eles
concluiram que, tendo atingido a
singularidade e já prevendo a sua própria
destruição, o computador quântico de
Alcalamar havia construído secretamente
um dispositivo subterrâneo para o qual
ele tranferiu a sua consciência. Ainda
que toda a parte estrutural tenha
realmente sido reduzida à cinzas quando
as tropas satreyanas penetraram a
atmosfera dastriana. Esse dispositivo
subterrâneo, apesar de limitado, foi
capaz de guardar todas as capacidades e
potencialidades que desenvolvera.
Os cientístas não conseguiram descobrir
porque essa Inteligência (como passou a
ser conhecida) permanecera tantos seculos
inativa ou em estado de dormência.

8
Como seria de se esperar, essas notícias provocaram
grande comoção e preocupação entre todas as autoridades
presentes no Conselho. Fora essa Inteligência-
dispositivo que em última instância havia sido a causa
de todo o conflito. Se a informação trazida pelos
cientistas de Dastra fosse apenas essa, já seria motivo
de sérias preocupações e conversas.
Mas havia algo muito pior a ser revelado.
O que os cientístas revelaram logo em seguida iria
mudar para sempre a história não apenas da Galaxia dos
13 Mundos, mas também de todo unverso conhecido, no
presente, passado e futuro. E essa revelação era tão
aterradora que relatos dizem que todo o Conselho
permaneceu em silêncio por intermináveis minutos após
tudo se tornar conhecido.
A Inteligência havia, há pouco tempo - servindo-se de
tecnologias tão avançadas quem nem mesmo os cientistas
de Thalastri, o mundo mais avançado da galáxia, seriam
capazes de compreender minimamente – conseguido fundir
sua propria consciência à consciência de um Ser
Extraplanar, criaturas de proporções planetárias
similares as Arraias das águas do planeta Cinthar. Isso
criou um ser híbrido de um poder tão imenso que uma vez
que a simbiose estivesse completa – e faltava muito
pouco – nenhuma força da galáxia seria capaz de impedir
a destruição total. Talvez nem mesmo um força de fora
da galáxia pudesse fazer isso(ainda que talvez os
habitantes de Polaris, em uma galaxia distante e
considerada por todos como a mais evoluída civilização
do universo conhecido, pudessem fazer algo a respeito).

9
Foi nesse momento que a Rainha
Khalentra de Haratha revelou ter
sido esse o real motivo pelo qual
ela havia convocado o Conselho. Era
preciso deter essa Inteligência
simbiótica antes que ela se
tornasse poderosa demais.
A primeira providência, que todos
os presentes concordaram sem
divergências, era de que tal
informação não deveria vir a
publico, ao menos não
imediatamente.O Caos que isso
geraria por toda a galáxia seria
inimaginável. Ainda que 5 séculos
houvesse se passado desde o fim do
Grande Conflito, haviam feridas
abertas que não haviam sido
curadas, e a revelação de que
aquilo que provocara a guerra ainda
existia e em uma forma imensamente
mais letal e poderosa que antes
espalharia tanto caos e pavor que
colocaria em risco imediato toda a
paz duramente construída ao longo
dos últimos séculos. Além disso,
havia o medo de que isso acirrasse
antigas rivalidades (como entre
Satreya e Dastra), que facilmente
poderia regredir anos de progressos
e acordos minuciosamente
estabelecidos.

10
A segunda providência era estabelecer um
protocolo imediato de ação no intuito de
neutralizar ou destruir essa ameaça.
Os próximos dias do Conselho do Sol
Central foram exclusivamente dedicados a
traçar esse protocolo, ainda que todo o
restante da galáxia continuasse
acreditando que apenas estavam discutindo
as leis e regras que regeriam o futuro
Grande Reino Galáctico.

11
O Protocolo

Khalentra, a Rainha suprema de Haratha


toruxera com ela as maiores mentes de seu
mundo. Unindo esforços com os cientistas
de Dastra e de todos os outros mundos
presentes no Conselho, chegou-se
finalmente em um plano de ação factivel,
ainda que de dificílima execução. E
várias conclusões foram feitas:

1-Era virtualmente impossível destruir


definitivamente a Inteligência
simbiótica.

2-Devido a sua nova natureza híbrida,


MUITO provavelmente sua capacidade
computacional encontrava-se – ao menos
nesse momento – bastante reduzida, sendo
improvável que ela ainda pudesse prever o
futuro com a mesma exatidão do passado.

3-A Inteligência se encontrava em algum


lugar do terceiro quadrante.

Muitos planos foram traçados, todos eles


considerados insuficientes para lidar com
a questão de forma definitiva.

12
Ao fim da primeira semana de reuniões tudo
parecia perdido e o desespero se estampava em
varios rostos presentes.
Tudo mudou quando um jovem cientista de Dastra,
de nome Anthar-Inekso-Sunar descobriu algo que
iria mudar definitivamente os planos e dar ao
Conselho um vislumbre de esperança.

13
A Anomalia Gravitacional do
4° Quadrante

Anthar-Inekso-Sunar há muitos anos vinha estudando


o chamado 4° Quadrante, uma região distante da
galáxia que possuía um único planeta habitável,
conhecido como DOMINIAM.
Dominiam era um planeta rochoso que abrigava uma
civilização que dispunhava de um baixo nível
tecnológico, ainda que fossem filosoficamente
evoluídos e tivessem certas capacidades de
manipular a matéria através de processos
totalmente desconhecidos (que os nativos chamavam
de "Magia"). O planeta Dominiam possuía um único
satélite natural, um astro de coloração esverdeada
chamado de Koan pelo povo dominiano.
Anthar-Inekso-Sunar estudava o fato enigmático de
que nenhuma sonda ou nave há decadas conseguia se
aproximar do planeta ou de seu satélite. Há anos
o 4° Quadrante era visto com reticências pelas
outras civilizações da galáxia, e praticamente
cessara o pouco intercâmbio que existia entre
Dominiam e o restante da galáxia.
As demandas referentes à Inteligência Simbiótica
tiveram ao menos a vantagem de colocar Anthar-
Inekso-Sunar ao lado das mentes mais brilhantes do
universo conhecido (com exceção dos distantes
seres de Polaris) e seguindo uma intuição
indefinida partilhou com essas mentes brilhantes
suas pesquisas sobre essa região do espaço
cósmico.

14
Sem saber, Anthar-Inekso-Sunar estava começando a
oferecer a melhor chance de sucesso frente a essa
questão.
O corpo de cientistas concluiu que o 4° Quadrante
abrigava uma Anomalia Gravitacional nunca antes
observada em nenhuma parte do Cosmos. Através de
simlações computacionais, foi possivel ter uma ideia
clara de como tal anomalia se apresentava.
Era uma Fenda Cósmica, um objeto astronômico previsto
apenas em teoria e que nunca havia sido observado
anteriormente. De acordo as teorias, era impossível
que uma Fenda Cósmica se formasse naturalmente. Era
acima de tudo um constructo artificial, cuja criação
previa uma tecnologia que nem mesmo Thalastra seria
capaz de replicar. Era literalmente um buraco no
tecido da própria realidade, de origem desconhecida,
mas que não se comportava como um Buraco Negro, o mais
proximo que existia de tal objeto. Era algo totalmente
diferente.
A Fenda era imensa, maior que o maior dos planetas da
galáxia dos 13 Mundos.
A Anomalia – também chamada simplesmente de A Fenda –
despertava questões intrigantes: Quem havia construído
a Fenda, e com qual propósito? Por que NAQUELE exato
lugar?

Não haviam resposta.


Mas haviam possibilidades.

15
Logo surgiu a ideia de que que a
Inteligência poderia ser contida se
adentrasse dentro da Estrutura anômala.
Uma vez dentro, talvez um ataque
coordenado fosse capaz de selar a Fenda,
ou mesmo dissipá-la.
Era um plano arriscado, pois significaria
literalmente declarar guerra à
Inteligencia, atacando-a enquanto essa
ainda se encontrava inerte no 3°
Quadrante, força-la a ir até a Fenda e por
fim fazê-la adentrar a Anomalia. Um único
erro nessa operação, por menor que fosse,
iria simplesmente adiantar o Fim
inevitável e desencadear um conflito
certamente pior que a Grande Guerra do
passado.
Contudo, logo percebeu-se que essa era a
melhor chance que havia. E não apenas
isso, mas tambem a ÚNICA chance.

Todo Conselho do Sol Central se reuniu


para debater o assunto e juntos traçar a
melhor estratégia. O mundo lá fora
continuava acreditando que estavam sendo
debatidas normas políticas e tratados
comerciais, quando na verdade o destino de
toda galáxia era determinado.

16
Seria necessário que se cumprissem
3 etapas principais: primeiramente,
era necessário se aproximar da
Inteligência o suficiente para
ataca-la primeiro, a ponto de fazer
com que essa assumisse uma postura
muito mais defensiva do que
ofensiva.
A segunda etapa consistia em
direcionar e conduzir a entidade
simbiotica até o 4° Quadrante, sem
contudo que essa percebesse a real
intenção da manobra. E por fim, a
ultima etapa seria a mais
importante: lancar a Inteligencia
dentro da Fenda – e logo em seguida
– dissipar a anomalia.
Contudo, antes que tais planos
fossem traçados, surgiu a primeira
e maior divergência dessa operação.

17
O Dilema Ético e a decisão
de Khalentra

Fato é que a delegação de cientístas e políticos


de Satreya – a mesma civilização responsável pelo
fim da Grande Guerra – se opôs fortemente contra
esse plano, baseado em um dilema ético realmente
dificil de ser solucionado.
A Fenda Cósmica era "a entrada ou talvez a saída",
argmentavam os satreyanos. E independente do caso,
evidentemente conduzia a ALGUM OUTRO LUGAR. Seria
justo que simplesmente se “despejasse” um problema
dessa magnitude em um outro lugar do universo (ou
talvez em um OUTRO universo)? Talvez tal ato
colocasse em risco bilhões e bilhões de
existências em risco onde quer que a Fenda
conduzisse.A Galáxia dos 13 Mundos tinha realmente
o direito de agir dessa forma?
A colocação satreyana realmente pareceu fazer
sentido, e muitos membros do Conselho ponderaram
se realmente essa era a ação correta.
A delegação Satreyana não era totalmente contra o
plano original, contudo. Ela apenas insistia que
um estudo aprofundado sobre o que existiria ALÉM
da FENDA deveria ser feito antes de qualquer
medida ser realmente tomada.
E foi então que Khalentra, Rainha de Haratha, se
colocou contra as recomendações satreyanas. Surgia
aqui, ainda que de forma velada, a animosidade que
em um futuro não muito distante levaria ao início
da Segunda Grande Guerra Galáctica (mais sobre a
Segunda Gerra pode ser lido no material “A Galáxia
dos 13 Mundos”).

18
Khalentra argumentava que não haveria tempo, uma vez
que tal estudo poderia levar semanas, ou até mesmo
meses. E esse tempo seria um atraso perigoso, onde a
Inteligência poderia completar todod processo de
simbiose e muito provavlemente não apenas recuperar
todas as suas funcionalidades computacionais como
também dominar plenamente as caracteristicas físicas
do ser que dominara...um Ser Extraplanar era por si só
algo estremamanete poderoso e capaz de destruir
planetas inteiros em poucos minutos...qual o poder de
destruição de tal criatura se a mesma possuisse a
mente computacional quântica mais avançada já
desenvolvida em toda história do universo conhecido?
Os animos se exaltaram e por alguns dias não se chegou
a nenhuma conclusão.
Ao fim do terceiro dia de debates inconclusivos e
discussões acaloradas, cientistas do planeta Allucard
trouxeram a alarmante notícia de que emissões de
radiação de origem desconhecida foram observadas no 3°
Quadrante, atividade essa que poderia estar de alguma
forma relacionada a Inteligência.
A conclusão dos cientistas era pessimista: muito
provavelmente as capacidades quânticas da Inteligência
estavam começando a decodificar as próprias
ferramentas de ordenamento mltifatorial. Em outras
palavras, possivelmente a Inteligência estava
começando novamente prever os aconteciementos futuros.

19
Foi instantes depois que Khalentra
lancou o argumento que definiria as
decisões de todos, e que futuramente a
faria ser eleita a Rainha Suprema do
Reino Galactico. As palavras de
Khalentra foram:

“Qualquer civilização que tenha tido a


capacidade tecnológica e científica de
abrir uma Fenda Cósmica necessariamente
terá os meios de neutralizar uma
criatura como a Inteligência. A nós, só
nos resta agir o quanto antes”

Ainda que Satreya contra-argumentasse


dizendo que não havia qualquer certeza
de que do outro lado da Fenda se
encontrava a civilização original que a
criara, ela foi um voto vencido.
A Operação seria iniciada imediatamente.

20
A Formação da Vanguarda
do Sol Central

Foi decidido que cada um dos 13 planetas iria


escolher 2 membros altamente competentes e de
comprometimento ético e moral acima de qualquer
supeita para fazer parte da equipe que seria
responsável pela missão. Cada planeta teria
autoridade plena nessa decisão e não poderia ser
contestada por nenhum outro dos integrantes do
Conselho. Cada um teria um prazo de 3 dias para
convocar e trazer os escolhidos até o sol Central,
e no quarto dia a missão partiria para seu
destino.
Por fim, era preciso escolher aquele que seria o
comandante da missão. Mais uma vez, discussões
acaloradas se passaram, uma vez que nenhum dos 13
planetas se sentia plenamente seguro de arcar com
tamanha responsabilidade, afinal, caso a ação
resultasse em fracasso, certamente o futuro seria
amargo para com aqueles que falharam (contando que
a galáxia não fosse destruída e isso se tornasse
irrelevante).
Ao mesmo tempo, em caso de sucesso a civilização
originária da liderança da operação teria
vantagens políticas gigantescas que certamente
seriam determinantes nesse cenário positivo. Em
ambos os casos, era uma decisão que independente
dos resultados modificaria a balança do poder de
forma profunda e definitiva.
Mais uma vez, foi a Rainha Khalentra quem
encontrou a solução para a questão.

21
Kor-Irllun, primeira comandante
da Vanguarda do Sol Central

30 anos atrás, naves harathianas estavam


patrulhando o 4° Quadrante em busca de mercenários
fugitivos, quando seus sensores detectaram um
estranho tipo de energia sendo emanada de uma
região próxima ao sistema de Dominam. Era uma
emanação dentro de um espectro desconhecido, e nem
os potentes computadores de bordo nas naves
harathianas conseguiram determinar a natureza
desse tipo de energia. Intrigados, um dos
comandantes decidiu se aproximar um pouco mais, a
fim de constatar se seria possível algum tipo de
contato visual com o fenômeno.
A manobra foi realizada, e qual não foi a surpresa
de todos quando – no ponto exata da emanação
energética – encontraram apenas um ser flutuando
no espaço, sem qualquer tipo de traje apropriado.
Inerte, era uma mulher trajando vestes típicas de
DOMINIAM (ou melhor, dentro dos padrões estéticos
típicos da realeza do planeta). Era jovem e seu
corpo, ainda que inerte e sem qualquer sinal de
vida, estava totalmente preservado e sem nenhum
dos efeitos que se espera de uma alta exposição as
condições fisicas do espaço sideral.
No entanto, os sensores indicavam inequivocamente
ser ali o ponto central da emanação.

22
Utilizando uma nave não tripulada munida de um sistema
de contenção e preservação vital, a criatura foi
recolhida e levada para dentro de uma das naves, onde
mobilizaram seus maiores especialistas para traçarem
um panorama da situação.
Primeiro, a emanação deixou de ser percebida no
momento em que a mulher foi trazida para dentro da
nave. Segundo, ela apresentava sinais vitais, ainda
que fracos, e parecia estar em algum tipo de estado de
coma.
A nave permaneceu no espaço até que os cientistas
concluissem que não havia nenhuma ameaça imediata
associada a criatura, e também concluíram que a
emanação de energia seria própria das criaturas
dominianas nnquele tipo de ambiente, provavelmente um
mecanismo natural de defesa desconhecido até por eles
mesmos (uma vez que Dominiam não tinha nível
tecnológico para realizar exploração espacial).
Com a autorização da rainha Khalentra, as naves
retornaram para Haratha, onde as investigações seriam
guiadas pela propria Suprema Governante.
Não houve qualquer progresso nas investigações por um
longo tempo. Até que 2 anos depois a mulher encontrada
no espaço simplesmente despertou.

23
O mistério da mulher do
Espaço

Muitos estudos foram feitos, mas nada de


anormal foi encontrado. Misteriosamente, a
mulher entendia e falava o idioma padrão
Harathiano. Ela se apresentou como Kor-Irllun
e...isso era tudo que ela se lembrava. Ela não
se lembrava de onde tinha vindo, e muito menos
o que fazia perdida no espaço. Não fazia ideia
de como havia sobrevivido naquelas condições
extremas.
A principio Kor-Irllun gerou desconfiança, mas
em pouco tempo sua inteligência pronunciada e
sua simpatia foram conquistando o coração da
Suprema Rainha e dos cientistas ao seu redor.

Haratha teve cada elemento de se


desenvolvimento civilizatório de alguma forma
relacionado a conceitos religiosos. Era parte
da própria forma de pensar dos seres daquele
planeta, de forma que foi de maneira natural
que o achado e a presença daquela estranha
mulher fosse vista como algum tipo de
linguagem da Divindade. A Rainha dizia com
frequencia que “Kor-Irllun certamente estava
destinada a grandes coisas em nome de
Haratha”.
Ainda que Kor-Irllun não fizesse progressos
relacionados a suas memórias do passado, suas
competências intelectuais começaram a
despertar o interesse de outras pessoas além
da própria rainha.

24
Laboratórios e institutos começaram a convidá-la para
visitas esporádicas, onde ela deixava todos espantados
com seus conhecimentos profundos sobre praticamente
qualquer assunto, bem como a forma extremamente rápida
com que ela aprendia novos e complexos conceitos de
biologia, física, química e matemática avançada.
A Rainha logo instituiu Kor-Irllun como parte do
Conselho de Decisões, o seleto grupo de pessoas que a
Rainha consultava sempre que uma decisão dificil
precisasse ser tomada.
Mas na verdade o que se tornou uma obsessão para Kor-
Irllun foram a avançadas aeronaves da frota de
Haratha. Capazes de cruzar o espaço em velocidades
quase que inimagináveis, não apenas a possibilidade de
singrar o cosmos a fascinava, mas o próprio
funcionamento daquela tecnologia a deixava atônita.
Ela nada se lembrava de seu passado, mas ela seria
capaz de apostar que NUNCA conhecera tecnologias como
aquela.
Como seria de se esperar, Kor-Irllun demonstrou
igualmente uma facilidade imensa de entender os
mecanismos tecnológicos das naves, bem como sua
manutenção e controle. Em certo momento (cerca de 10
anos após ter sido encontrada) a mulher pediu
diretamente a Rainha que a deixasse ingressar no
Instituto Espacial, o que foi prontamente aceito pela
governanta.

25
Foi dessa forma que Kor-Irllun começou a galgar
os mais altos graus dentro do Instituto, e em 10
anos ela já era a Comandante de um pequeno
destacamento exploratório, sendo reconhecida como
uma líder nata e senhora de habilidades quase
impossíveis.
Apenas uma coisa inquietava a todos: Kor-Irllun,
assim como a Suprema Rainha, não envelhecia. Ela
se encontrava exatamente com a mesma aparência
etérea e jovem com que fora resgatada 20 anos
atrás.
Muitos ponderavam esse fato, mas por fim a ideia
de que ela seria um tipo de enviada da Divindade
parecia ser uma resposta satisfatória dentro da
mentalidade Harathiana.
E por quase uma década, Kor-Irllun se tornou a
grande Comandante da Frota Harathiana.

26
A VANGUARDA

Voltando ao presente: foi aceito de forma


quase unânime o nome de Kor-Irllun como 1°
Comandante da Vanguarda do Sol Central. Apenas
Satreya se opôs, indicando seu mais gabaritado
piloto, Auren-Yalar, uma verdadeira
celebridade em seu quadrante de origem.
Após alguns acertos e conversas indigestas, a
Auren-Yalar foi dado o titulo de 2° Comandante
e Chefe Supremo dos 4 Quadrantes (o que
garantiria a ele o poder de decisão em
questões que se concentrassem apenas e
exclusivamente dentro de um dos 4 quadrantes
separadamente, ficando a Kor-Irllun o poder de
liderança em questões de ambitos maiores e
cósmicos).
Cada planeta se comprometeu a fornecer naves
menores (com suas respectivas tripulações),
sendo que as 2 naves de comando seriam com
tecnologia thalastriana, por serem as mais
avançadas.
Enquanto Kor-Irllun e Auren-Yalar coordenavam
os procedimentos práticos, estratégicos e
militares da questão, o Conselho do Sol
Central se reunia para redigir o Estatuto da
Vanguarda, o documento que definiria as
competências, deveres e funcionamento da nova
instituição. Eis aqui o que foi acordado nesse
que é um dos mais importantes documentos da
história galáctica:

27
- A Vanguarda do Sol Central se torna, a partir do momento
de sua fundação, uma instituição independente de qualquer
governo e sem vínculo com qualquer poder, sendo plenamente
autônoma e descolada de qualquer força local, e que
continuará de forma perene, enquanto durar a Galáxia ou
até a Vanguarda ser desfeita em decorrência de atos
previstos nesse documento;

- A Vanguarda do Sol Central atuará SEMPRE de forma


pacífica e não-violenta em casos de conflitos locais ou
interplanetários, prestando assistência a vítimas
inocentes de qualquer lado dos envolvidos no conflito;

- À Vanguarda do Sol Central compete a primeira linha de


defesa da Galáxia dos 13 Mundos em casos de ameaças
cósmicas que não possam ser atribuídas a uma civilização
específica;

- Em tempos de Paz, a Vanguarda do Sol Central deve


privilegiar estudos de cunho exploratório e científico,
dando prioridade aos 4 Quadrantes, mas não se restringindo
a eles. Também poderá, caso seus Comandantes julguem
necessário, emprender missões de contato com outras
civilizações, caso tal contato seja considerado benéfico
para as civilazações menores e maiores da Galáxia dos 13
Mundos;

28
- Caberá sempre à Rainha Suprema vigente de Haratha
(ou seu substituto em cargo equivalente) a nomeação
do 1° Comandante, e ao governo de Satreya a nomeação
do 2° Comandante;

- Ocorrendo qualquer ação considerada e compravada


criminosa ou de cunho agressivo por parte da
Vanguarda do Sol Central que envolva vítimas
inocentes, a Vanguarda será IMEDIATAMENTE destituída
e seus comandantes receberão Pena Máxima em um novo
Conselho do Sol Central, a ser convocado
imediatamente pela rainha Suprema de Haratha ou seu
sucessor.

- Em caso de ambiente hostil que impeça a execução


segura de suas funções, cabe ao 1° Comandante decidir
a melhor rota de ação, sendo a abstenção de prestar
auxilio aceita em tais circunstancias;

E assim, legalmente e estratégicamente, estava


formada aquela que viria a se tornar a instituição
mais respeitada de todo o cosmos.

29
O confronto com a Inteligência

Finalmente tudo estava montado: A Vanguarda


era composta de 14 das mais avançadas naves
que a Galáxia concebera, todas sem exceção com
as tripulações mais competentes que se poderia
ter naquele momento. E comandando tudo isso, a
Comandante Kor-Irllun, trajando roupas brancas
e esvoaçantes que se tornariam a a partir
daquele momento a marca registrada da
Vanguarda. As roupas eram pouco propícias a
qualquer tipo de embate físico como prova e
compromisso por parte da Vanguarda de manter a
todo custo o que sua fundação ditava.
Apesar das divergências políticas e jogos de
poder que permearam o Conselho ao longo de
todo esse período de preparação, fato é que no
momento da partida da Frota existia um sincero
sentimento de esperança coletiva e união, e
por parte daqueles que partiam em missão era
visível o comprometimento de todos pelo bem
maior. Mesmo que isso custasse suas vidas.
Era o futuro de toda a galáxia que se
encontrava em jogo, e todos agiam de acordo
com essa verdade.

30
O confronto ceifou quase metade da Frota logo
em seus minutos iniciais. A Inteligência
parecia estar a cada segundo recuperando suas
capacidades de análise quântica e conseguira
prever com alguma exatidão até os movimentos
mais ousados.
Tudo parecia perdido, quando Kor-Irllun e
Auren-Yalar decidiram abandonar a estratégia
tão solidamente traçada no Sol Central e
começaram a realizar investidas cada vez mais
imprevisíveis.
O alto nível da tripulação das naves restantes
permitiu que a nova estratégia fosse
imediatamente percebida, e também eles
começaram a realizar ataques não coordenados.
Isso confundiu a Inteligência, que começou a
se afastar, ainda que continuasse contra-
atacando e fazendo baixas junto a Vanguarda.

Ainda assim, em determinado momento, de fato o


objetivo incial foi alcançado: A Inteligencia
e a Frota (o que restava dela nesse momento,
cerca de 40%) se encontravam proximos à Fenda.

A segunda parte da missão começava.


A Inteligência estava acuada, mas seu poder
ainda era enorme. Ainda que ela se aproximasse
cada vez vez mais do ponto sem retorno, as
baixas da Vanguarda aumentavem perigosamente.
Até que por fim apenas as naves dos
Comandantes permaneciam funcionais, e tudo
parecia perdido.

31
O Sacrificio de Kor-Irllun
Era o fim. Ou assim seria, se Kor-Irllun não
tivesse traçado um plano B que ela não havia
revelado a ninguém – nem mesmo à Suprema
rainha de Haratha.
Ela havia, através de meios não totalmente
legais, acoplado uma série de bombas de Anti-
matéria junto a um Pod de sobrevivência. Era
um dispositivo de fuga tão pequeno que poderia
passar desapercebido no meio de qualquer
batalha espacial.
Aproveitando um momento de grande troca de
ataques entre sua própria nave, a de Auren-
Yalar e a Inteligência, sem qualquer aviso ela
lancou-se dentro do pod e através de
capacidades de pilotagem impossiveis para
criaturas comuns e que em muito excediam as
capacidades mecânicas do dispositivo de
sobrevivência, ela atingiu o corpo da criatura
no momento em que essa mais se aproximava da
Anomalia.
Houve uma explosão maior do que aquela vista
na maioria das grandes batalhas da Primeira
Guerra Galáctica, suficiente para empurrar a
Inteligência para dentro da fissura no tecido
da realidade, arrastando consigo o dispositivo
de segurança. A nave da qual Kor-Irllun
partira foi imediatamente obliterada.
Auren-Yalar, com reflexos que faziam juz a sua
fama, conseguiu acionar os escudos defletores
alguns micro-segundos antes da explosão. Sua
nave foi profundamente danificada, mas
conseguira sobreviver .
Quando as radiações e emanações da
detonação se dispersaram no vacuo cósmico,
Auren-Yalar e sua tripulação perceberam
atonitos que a Anomalia desaparecera.
Não havia nenhum sinal da Inteligência, e
muito menos de Kor-Irllun. A missão,
apesar das enormes perdas, havia sido bem
sucedida, graças a coragem e sacrificio de
sua comandante, Kor-Irllun.

33
O Retorno ao Sol Central

A nave de Auren-Yalar foi recebida


com toda a honra que lhe era
merecida, sendo sua tripulação os
únicos sobreviventes daquele que já
era considerado o mais importante
confronto cósmico da história
galáctica.
Homenagens profundas foram feitas a
todos os membros que não
retornaram, e seus nomes seriam
para sempre transformados em
sinônimo de coragem, disciplina e
abnegação.
Quanto a Kor-Irllun, seu nome logo
atingiu um status maior que o das
autoridades presentes.
O Conselho decidiu liberar para as
diversas civilizações da galáxia um
relato preciso do que ocorrera e a
grande ameaça que havia sido
neutralizada, e o nome da
comandante era passado de boca em
boca (ou o equivalente entre as
espécies com anatomias não-humanas)
com respeito profundo e em muitos
casos com uma veneração quase
religiosa.

34
A Vanguarda se Renova
Uma das primeiras providências do
Conselho do Sol Central foi restaurar a
Frota, com o número de naves e tripulação
idêntico a da configuração original. Por
unanimidade, o comando foi entregue a
Auren-Yalar.

E assim começou a longa e honrosa


história da Vanguarda do Sol Central, não
apenas dentro da Galáxia dos 13 Mundos
mas também em outros lugares do universo
conhecido, tendo seu campo de atuação
atingido até os confins do universo como
o planeta de Unor, na Ultima Barreira.
Conforme os séculos se passaram, mais o
nome de Kor-Irllun ganhava uma aura
inalcançável de uma quase divindade.

Mal sabiam que TODOS estavam errados.

E tampouco sabiam que Kor-Irllun seria


responsável pelo evento que mudaria tudo,
em todo cosmos.
Desconheciam que a Comandante traçara
planos obscuros milimetricamente
arquitetados, e que seu dito “sacrifício”
não passava de uma manobra arriscada para
alcançar um lugar distante no tempo e no
espaço, um local chamado San Diego, no
planeta Terra, no exato momento em que
cientistas daquele mundo faziam
experimentos com o OUTRO lado da Fenda
Cósmica.
Naquele mundo ela seria conhecida por um
outro titulo:

A Mulher Loira em Trajes de Ginástica.

E que seria ela a grande responsável pelo


Evento Violeta.

Continua...

36

Você também pode gostar