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Artigos

por Gebaldo José de Sousa


Karl Wickland e sua obra Trinta anos
entre os mortos
Hermínio C. Miranda, no artigo ‘O Dr. Wickland
e os seus “mortos”’ 1 refere-se ao livro deste
médico: Thirty Years Among the Dead – Trinta
anos entre os mortos.
Nesse longo período, socorreu Entidades
sofredoras que se manifestaram pela
mediunidade da própria esposa.
Chegou a esse processo casualmente.
Serviu-se da compaixão pelos que sofrem,
encarnados ou não.
Seu livro, lamentavelmente, não foi traduzido
para nosso idioma!
Único reparo que fazemos ao estudo que
esse distinto médico realizou: concluiu,
equivocadamente pela inexistência da Lei da
Reencarnação – baseando-se em
depoimentos de Espíritos ignorantes das Leis
de Deus e de outros, que presumia espíritos
superiores! Os primeiros, por entender que
nascer de novo
Não há registro de que conhecesse a
Doutrina Espírita, mas em muitas conclusões
revela verdades comuns a ela. A ponto de o
próprio Hermínio, afirmar:
Não resta dúvida de que tudo isso é
estritamente doutrinário, ou seja, está contido
na Doutrina Espírita ordenada por
Kardec. (Pág. 6, deste texto).
Soube redigir com clareza e objetividade,
revelando sua inteligência e sagacidade.
Era um homem com muitas atividades e,
cremos, continuou a cumprir seus deveres,
em todas elas – ao tempo em que se
dedicou, com a participação dedicada de sua
esposa, a essa longa e exaustiva pesquisa. E
teve ainda o cuidado de contratar pessoa que
as registrou por meio da estenografia, o que
lhe permitiu ordenar, sistematizar e publicar
seu raro e precioso livro.
Estudemos o texto do nosso Hermínio que,
como sempre, realizou tarefas com lições
para todos aqueles que nos dedicamos às
reuniões de desobsessão! Muito podemos
aprender com ele, melhorando nossas
atividades!
TRINTA ANOS ENTRE OS MORTOS – Karl
Wickland
Hermínio Corrêa de Miranda –
REFORMADOR. Lendo e comentando, jan.
1972.
No artigo acima, alternarei citações ora do
Dr. Wickland, ora do nosso Hermínio (em
itálico).
Este último, referindo-se ao Dr. Wickland,
afirma, à página 15:
“Um dia – conta ele – ao voltar para casa à
tarde, teve uma surpresa. Sua mulher
manifestou súbito mal–estar, queixando-se de
estranhas sensações. Estava quase a cair,
quando se empertigou e disse ao marido:
– Que história é essa de me cortar?
(O Dr. Wickland estivera fazendo um estudo de
anatomia, dissecando a perna do cadáver de
um homem de cerca de 60 anos).
Respondeu-lhe o médico que não estava
cortando ninguém, mas o Espírito, indignado,
voltou à carga:
– Naturalmente que está. Você está cortando
a minha perna.
O Dr. Wickland descobriu então que o
manifestante era o dono do cadáver e se
dispôs a uma longa conversação com ele. O
velho não concordava de forma alguma com
aquela retaliação de suas carnes. O Dr.
Wickland procurou fazer a esposa sentar-se
para estar mais à vontade e o Espírito
novamente protestou, dizendo que ele, o
doutor, não tinha o direito de tocar-lhe o corpo.
O médico respondeu-lhe que tinha todo o
direito de tocar o corpo de sua própria esposa.
– Sua esposa! Que é que você está dizendo?
Não sou mulher, sou homem!
Foi-lhe explicado, então, que ele havia
abandonado o corpo físico e que no momento
controlava o corpo da esposa do médico, e
que seu cadáver se encontrava na câmara do
colégio. Finalmente, o Espírito entendeu sua
posição e o médico prosseguiu:
– Suponha que eu estivesse agora cortando
o seu corpo, lá no colégio... isso não poderia
matar você, uma vez que você está aqui.
O argumento era aceitável.
– Acho que devo estar naquele estado a que
chamam “morto”. Então, de nada me serve
mais o meu velho corpo. Se você pode
aprender alguma coisa cortando-o, prossiga
e corte o que quiser.
E daí passou a pedir um pouco de tabaco para
mastigar, o que foi negado. O pormenor, no
entanto, serviu como elemento de controle,
pois que a Sra. Wickland detestava qualquer
tipo de fumo e o doutor verificou,
posteriormente, pelo exame do cadáver, que
ele realmente fora inveterado mastigador de
tabaco.”
***
Hermínio afirmou que muitos outros casos
iguais se deram.
Menciona especialmente o caso de um
homem da raça negra, que lhe deu muito
trabalho, para convencê-lo da ideia da morte.
Ao buscar conscientizá-lo, recomendou-lhe
observar as mãos da médium, as quais não
podiam ser dele.
Respondeu-lhe que buscava embranquecê-
las, eis que trabalhava numa lavanderia.
Embora teimoso, foi, a muito custo,
convencido de sua desencarnação.
***
Com o desenvolvimento dos seus trabalhos, o
Dr. Wickland conseguiu resultados
experimentais notáveis.
Às vezes, parece um tanto brusco:
‘Há quanto tempo você morreu?’, pergunta.
Ou então:
‘Você está utilizando o corpo de minha
mulher.’ ‘Qual é o seu nome?’ ‘De onde você
vem?’
Em inúmeras oportunidades o Espírito não
está ainda preparado para responder a essas
interpelações, que lhe parecem absurdas e
incompreensíveis. Como pode um homem
utilizar-se do corpo de uma mulher para falar?
‘Morto? Eu não estou morto... estou muito
vivo, falando, pensando...’
Com o tempo, no entanto, adquiriu o médico
grande experiência em lidar com os Espíritos
atormentados, conseguindo libertá-los de suas
angústias com a ajuda de seus amigos
espirituais. Realiza, assim, um estudo fecundo
acerca das perturbações mentais e resume da
seguinte forma o seu método de trabalho:
‘A transferência da aberração mental ou da
psicose do paciente para o intermediário
psíquico (médium), a Senhora Wickland, é
facilitada pelo uso da eletricidade estática
aplicada ao paciente, frequentemente na
presença do médium. Embora inofensiva
para o paciente, a eletricidade é
extremamente eficaz, dado que o Espírito
obsessor não pode resistir por muito tempo
ao tratamento elétrico e é assim desalojado.’
Em seguida, com auxílio dos amigos
espirituais, o obsessor é atraído para o
médium e com ele vão os sintomas que o
paciente exibia, o que prova indubitavelmente
que o Espírito obsessor é a causa da
perturbação.
Uma pergunta poderia então surgir, diz o Dr.
Wickland.
Por que as inteligências mais evoluídas não
tomam conta dos Espíritos perturbados para
esclarecê-los sem necessidade de recorrer ao
médium?
É que muitos desses Espíritos se acham de tal
maneira envolvidos por suas fixações e
impressões terrenas que somente se tornam
acessíveis quando postos em contato com as
condições físicas que experimentavam
quando na carne. Uma vez conscientes do
novo estado em que se encontram depois da
morte, torna-se mais fácil o caminho da
recuperação total. Muitos deles são difíceis de
doutrinar e esclarecer por causa do
entranhado dogmatismo de suas opiniões ou
de suas paixões, seus ódios e frustações.
Quanto à médium, a despeito de tão longos
anos de trabalho psíquico e de demonstrar
toda aquela terrível sequência de distúrbios
mentais temporários, jamais sofreu qualquer
disfunção psíquica. Foi sempre equilibrada,
sadia, positiva, racional. Exerceu sua
mediunidade abençoada durante 35 anos.
‘O objetivo do nosso trabalho – escreve o Dr.
Wickland, à página 35 – tem sido o de obter
segura e incontestável evidência em
primeira mão acerca das condições
‘póstumas’; pormenorizados relatos de
centenas de experiências foram
estenografados, a fim de registrar a exata
situação das inteligências comunicantes.’
Nesses trinta anos, sua pesquisa infatigável
acumulou um acervo considerável de fatos, de
tal forma que ‘parece incrível – escreve ele –
que pensadores inteligentes, interessados
em outros campos do pensame­nto,
pudessem por tão largo tempo ignorar esses
fatos simples que podem ser tão facilmente
verificados’.
O livro prossegue com a transcrição e
comentário de dezenas de diálogos entre o Dr.
Wickland e os Espíritos manifestantes, nas
mais estranhas e variadas condições, mas
com a predominância esmagadora de aflições,
desenganos e angústias, invariavelmente
devidos ao desconhecimento total das
condições de vida no mundo espiritual.
O Dr. Wickland classifica seus casos em
categorias mais ou menos semelhantes, as
quais separa por capítulos. Por exemplo:
Espíritos atormentadores, que provocam
desinteligências entre casais; Espíritos que,
em vida, praticaram crimes, ou, em espírito,
induziram outros a fazê-lo; suicidas, casos de
amnésia, intoxicação por drogas ou pelo
álcool, invalidismo psíquico; Espíritos de
órfãos, de materialistas, de egoístas; Espíritos
presos às diversas crenças, como a ortodoxia
cristã, especialmente alguns casos dramáticos
de pastores protestantes perdidos
completamente na confusão das suas ideias
acerca do mundo espiritual; e, finalmente,
Espíritos que ‘em vida’ foram adeptos
fervorosos da Ciência Cristã ou da Teosofia.
***
O autor registra que aguardou muitos anos
para ler Thirty Years Among the Dead (“Trinta
Anos Entre os Mortos”).
“O Dr. Carl Wickland era médico e todo seu
trabalho se apoia na excelente mediunidade
da esposa, Anna Wickland, que com grande
devotamento colocou suas faculdades a
serviço do amor fraterno e das pesquisas de
seu marido.”
(...) “O prefácio de seu livro contém apenas
meia dúzia de linhas encimadas por uma
citação que não podemos deixar de
traduzir: ‘Leia, não para condenar, mas para
ponderar e considerar.’
‘A natureza visível – diz ele – não é mais do
que o invisível, o Real, tornado manifesto por
meio de uma combinação de elementos; a
ciência nos informa que noventa e cinco por
cento da vegetação é derivada do ar ou
atmosfera.’ Dessa maneira, ‘o objetivo é
apenas uma combinação de substâncias e
forças invisíveis’, sendo fácil, portanto,
entender a existência do mundo espiritual.
Ademais, ‘nenhum outro assunto tem sido
tão bem autenticado através dos tempos e
em toda a literatura como o da existência do
espírito e a vida futura.’
“Os amores e os ódios deste mundo são
transferidos para o mundo espiritual.”
Grandes pensadores no passado
‘repetidamente se referem à existência do
espírito como fato bem conhecido’. Estão
nesse rol Sócrates, o pai imortal da filosofia,
Heródoto, o grande historiador, Sófocles,
Eurípedes, Platão, Aristóteles, Horácio, Virgílio,
Plutarco, Flavius Josephus, para citar uns
poucos dentre os maiores.
De todas as opiniões citadas pelo Dr.
Wickland, porém, a que melhor impressiona
pela sua concisão e objetividade é do Dr.
Thomas J. Hudson, autor de um livro
intitulado’ ‘A Lei dos Fenômenos Psíquicos’.
Disse Hudson: ‘O homem que nega os
fenômenos do espiritualismo hoje não merece
ser chamado cético – é simplesmente
ignorante.’
(...)
O mundo espiritual e o físico estão em
constante interação: o plano espiritual não é
uma vaga intangibilidade, mas real e natural,
uma vasta zona de substância refinada, de
atividade e progresso, e a vida ali é uma
continuação da vida no mundo físico.’
O fenômeno da morte – uma palavra que
reconhece inadequada – ocorre de maneira
tão natural e simples que grande número de
pessoas, depois de abandonarem o corpo
físico, não têm consciência de que a transição
se deu e, sem conhecimento da vida
espiritual, ficam totalmente inconscientes do
fato de haverem passado para outro estado do
ser.’
(...)
Por outro lado, a morte não faz de um pecador
um santo e de um ignorante um sábio.
Há os que permanecem presos aos interesses
que por aqui ficaram: ‘Onde está o teu tesouro
– anotou Mateus – aí estará o teu coração.
Muitos ficam em estado de sonolência
pesada, outros se acham perdidos e confusos.
Alguns, ‘impelidos por inclinações egoístas ou
maldosas, buscam uma evasão para suas
tendências, permanecendo em tais condições
até que esses desejos destrutivos sejam
superados, quando a alma brada por
compreensão e luz e os espíritos evoluídos
conseguem alcançá-los e ajudá-los’.
Nesse estado, em que lhes falta o corpo o
corpo físico que possuíam na Terra, os seres
desencarnados são atraídos pelo clarão
magnético que emana dos seres encarnados
e, consciente ou inconscientemente, se ligam
às suas auras ‘encontrando dessa forma
condições para se expressarem através da
influenciação, obsessão ou possessão de
seres humanos’. Assim, os pensamentos e
impulsos do Espírito passam a atuar sobre o
ser encarnado, provocando distúrbios de toda
sorte, confusão de sentimentos, angústias e
sofrimentos. São os ‘demônios’ de todos os
tempos, assim chamados pela tradição tecida
na repetição de incontáveis exemplos.
Muitos Espíritos sofredores não entendiam a
necessidade de ‘nascer de novo’.
Pensavam que voltariam a ser crianças – a
reencarnar – aproximando-se de suas auras,
apossando-se dos corpos dos infantes, para
atuar no mundo físico. Para eles, reencarnar
seriam assim. Não percebiam os males que
provocavam a eles e respectivos familiares.
‘A influência dessas entidades
desencarnadas – prossegue o Dr. Wickland –
é a causa de muitos acontecimentos
inexplicáveis e obscuros da vida terrena e
em grande parte da infelicidade do mundo.
Pureza de vida e de motivação, ou elevada
intelectualidade não oferecem
necessariamente proteção contra a
obsessão; a identificação e conhecimento
desses problemas são a única proteção.’
Não resta dúvida de que tudo isso é
estritamente doutrinário, ou seja, está contido
na Doutrina Espírita ordenada por Kardec.
(...)
‘A humanidade – escreve o Dr. Wickland –
está envolvida pela influência do
pensamento de milhões de seres
desencarnados que ainda não alcançaram
integral compreensão dos objetivos mais
elevados da vida. O reconhecimento desse
fato explica uma grande porção de
pensamentos indesejáveis, emoções,
estranhos presságios, estados de depressão,
irritabilidade, impulsos desarrazoados,
explosões irracionais de temperamento,
paixões incontroláveis e inúmeras outras
manifestações mentais.’
Não admira, pois, que, com o crescimento
geométrico da população mundial e aumento
desordenado das tensões criadas pela
chamada civilização, se multipliquem também
os desequilíbrios mentais provocados por
agentes inteligentes invisíveis. Por isso, já há
mais de meio século o Dr. Winslow, da
Inglaterra, citado pelo seu colega Wickland,
manifestava sua preocupação pela sanidade
mental da humanidade ao escrever: ‘O mundo
inteiro ficará doido dentro de pouco tempo.’
(...)
Em Trenton, nos Estados Unidos,
experimentou-se, conforme relata o Dr.
Wickland, o tratamento de doentes mentais
pela remoção de dentes estragados, amídalas
afetadas ou órgãos comprometidos, e, em
muitos casos, se obteve êxito, dando origem à
teoria de que as doenças mentais eram
provocadas pelo envenenamento (das) toxinas
despejadas na corrente sanguínea pelos
órgãos infeccionados.
(...)
Tempos depois as estatísticas revelaram que
o crescimento das doenças mentais era
proporcionalmente maior que o aumento
populacional e que o progresso da
odontologia invalidava essa teoria.
(...)
Por outro lado, o Dr. Wickland observa que
suas experiências o levam a concluir que, a
despeito do mau estado dos dentes, seus
pacientes se curavam logo que o Espírito
obsessor era desalojado de sua posição junto
ao doente.
O autor propunha a tese de que ‘as curas
anunciadas pelo Hospital de Trenton,
poderiam, pelo menos em parte, ser devidas
ao fato de que os Espíritos eram desalojados
pelo próprio tratamento dentário ou
cirúrgico.’
Aliás, ele acabou criando um aparelho
destinado a dar choques em pacientes sob
obsessão, para que pudesse afugentar o
obsessor e depois doutriná-lo através da
mediunidade de Anna Wickland.
Com isso, demonstrou que o Espírito era
expulso da aura magnética do paciente pela
sensação de dor provocada pelo choque, mas
que, se não fosse convenientemente
doutrinado, ou seja, esclarecido quanto à sua
condição, voltaria a atormentar a sua vítima,
muitas vezes inconsciente do que fazia;
apenas buscava um contato humano que lhe
desse novamente a ilusão de estar vivo na
carne.
Os próprios Espíritos confessaram-lhe em
inúmeras oportunidades que estavam muito
bem, quando foram expulsos pela dor
insuportável do choque de que muitos não
sabiam explicar a origem, nem a razão de ser.
Tais experiências iam revelando aspectos
insuspeitados do mecanismo das
perturbações psíquicas, que o Dr. Wickland
aproveitava com inteligência, dado que
dispunha, com facilidade, de excelente
médium em quem confiava sem restrições.
Foi assim que conseguiu realizar um trabalho
tão significativo, não somente colhendo em
primeira mão material autêntico, que depois
enfeixou no seu livro, como libertando de suas
angústias e perplexidades inúmeros Espíritos
sofredores que impunham seu desequilíbrio a
criaturas encarnadas.
***
Concluo meu estudo dessa pesquisa
analisada por Hermínio – com a habilidade,
competência, simplicidade e clareza que o
caracterizavam – registrando o que me
inspirou a fazê-lo:
Um leitor anônimo – meu amigo – dirigiu
carta à Editora Lachâtre, em dez/2009, com a
seguinte redação:
“Prezados Senhores,
Tenho em mãos a obra ‘As Vidas Sucessivas’,
de Albert de Rochas, publicada por essa
Editora em 2002, com a participação do
excelente escritor espírita Hermínio C. de
Miranda.
Ele citou, em muitos de seus artigos, uma
outra obra também raríssima e, creio, ainda
não editada em português: "Trinta Anos Entre
os Mortos".
Quem sabe, também com a participação do
eminente escritor, divulguem também essa
outra obra extraordinária?
Fica aqui minha sugestão, pedindo-lhes,
ainda, apresentar meu abraço e
agradecimentos ao nosso irmão Hermínio C.
de Miranda, que consegue tratar de assuntos
complexos com extrema clareza.
Cordialmente, ...”
A Editora respondeu-lhe que livros dessa
natureza têm edição com custos elevados e
raros são aqueles que os adquirem, não
havendo retorno para as despesas dessas
edições. Não havia, pois, como atender o
pedido do leitor.
Em 12.12.2009, esse meu amigo recebeu e-
mail do escritor:
“Caro leitor e amigo:
Muito obrigado por suas generosas palavras
acerca de meus escritos.
O que mais poderia desejar o velho escriba,
além do carinho e do estímulo de leitores
como você?
Sua sugestão no sentido de traduzir o precioso
livro do Dr. Wickland, está há muito tempo, em
minhas cogitações.
Sempre gostei de resgatar do injusto
esquecimento, obras raras e importantes
como essa.
Inicialmente, foi minha intenção traduzir As
vidas sucessivas, do coronel Albert de Rochas,
para o que havia sido convidado por Alexandre
Rocha, da Lachâtre, mas não deu.
Eram muito intensas, na época, minhas
atividades profissionais e mais as que me
cabiam no meio espírita.
Enviei meu raríssimo exemplar para a editora,
que fez uma xerox e mandou traduzi-lo.
Enfrentei, mais tarde, a tarefa de traduzir A
feira dos casamentos, de Rochester e, depois,
O mistério de Edwin Drood, de Dickens, bem
como a de escrever Memória cósmica, sobre
The Soul of Things, de William Denton.
Enfrentei, ainda, a penosa tradução de A
história triste, recém lançada, em três volumes
e mais o livro no qual fui colocado
honrosamente, junto com Ernesto Bozzano,
para analisar o chamado mistério de Patience
Worth.
Nesse ínterim, o livro do Dr. Wickland não saiu
de minha lista, mas nunca tive oportunidade
de fazê-lo em vista de ter de priorizar, por
obvias razões, meus próprios escritos, tanto
em artigos como em livros.
Trinta anos entre os mortos continua na fila.
O problema é que, apesar de aposentado há
trinta anos, tenho mais coisas a fazer do que
tempo para fazê-las.
Mesmo porque daqui a alguns dias, logo no
início de janeiro, estarei completando 90 anos
de idade.
Vamos ver até onde e quando terei suficiente
gasolina no tanque, para continuar rodando
por aqui.
Reitero meus agradecimentos por suas
expressões de estímulo.
Fraternalmente, Hermínio C. Miranda”
Na mesma data (12.12.09), o missivista
ofereceu-lhe a seguinte resposta:
“Prezado escritor Hermínio C. Miranda.
Muita Paz!
Agradeço-lhe por sua generosa manifestação
desta data, em resposta à minha
sugestão para que traduza Trinta Anos Entre
os Mortos.
Longa vida ao nobre e produtivo irmão, com
saúde, paz e a lucidez que o caracteriza, em
todos seus escritos!
Desenvolve suas obras com tal maestria e
simplicidade que sinto haver certa
cumplicidade entre o autor e o leitor.
Há nelas um fio condutor que nos instiga a
curiosidade e que nos favorece o
aprendizado.
Li preciosa declaração sua, numa entrevista,
em que afirma:
‘Digo isso parodiando conhecido autor
americano, ao confessar que escreve para
saber o que ele próprio está pensando.’
De minha parte, escrevo singelos artigos para
divulgar a Doutrina Espírita e ousaria
acrescentar à afirmação citada que o
escrever é também uma forma de aprender a
pensar. É uma espécie de maiêutica. A meu
ver, só escreve bem quem pensa com
clareza.
Espero que a obra Trinta Anos Entre os
Mortos não seja tão extensa e mereça, quem
sabe, após os idos de janeiro de 2010, sua
atenção.
Creio que ela, grafada por um homem que
desconhecia a Doutrina Espírita, mas que
utilizou método por ela preconizado, será
precioso instrumento para divulgar nossa
amada Doutrina.
Saiba que está em minhas preces – pelo
tanto que lhe devo – e receba o abraço
fraternal do admirador...
Referência bibliográfica:
REFORMADOR. Ano 90, n. 1, p. 13 a 19, jan. 1972.

O Consolador
Revista Semanal de Divulgação Espírita

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