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Epístola de Jeremias

Bíblia Teshuvaíta
Parte 1 - Antigo Testamento
Volume 1 - Tanakh
Versão adaptada por Tiago Reggio.

Nota 1: Esta epístola (carta) está contida no livro de Baruch da Bíblia Católica e, embora
pareça
ser apócrifa para outros grupos ditos cristãos, ela condena veementemente a idolatria e é
de
fato inspirada por Deus. Ela é sagrada/canônica para a Igreja Cristã Teshuvaíta Ortodoxa.

Nota 2: A carta original não tem divisão em capítulos. Fiz essa divisão para que o leitor não
se canse ao ler todo o texto, pois ele é grande. O conteúdo, porém, não foi mudado.

[Cópia da carta de Jeremias aos israelitas que estavam na Babilônia, a qual faz uma sátira
contra a idolatria.]

Capítulo 1

1 Por causa dos pecados que vós cometestes contra Deus é que estais sendo levados
prisioneiros para a Babilônia, sob as ordens do rei deles, Nabucodonosor.
2 Vós chegareis à Babilônia, aí ficareis por muitos dias, um longo tempo, ou seja, durante
sete gerações; depois disso, vou tirar-vos daí em paz.
3 Durante esse tempo, vós vereis na Babilônia deuses de prata, de ouro e de madeira, que
costumam ser carregados nos ombros e provocam temor entre os pagãos.
4 Cuidado para não ficardes vós também parecendo com esses estrangeiros, nem vos
deixardes influenciar pelo temor desses deuses.
5 Quando vós virdes as multidões ajoelhadas na frente e atrás deles, penseis dentro de vós
mesmos: "É só a Ti, Yahuh, que devemos adorar".
6 Pois o Meu Anjo estará sempre convosco, e ele pediria conta da vossa vida.
7 A língua desses deuses foi feita por um artista; ela está coberta de prata ou de ouro, mas
é de mentira e não pode falar.
8 Como se faz com a moça que gosta de enfeites, pegam ouro e fazem uma coroa para
colocar na cabeça de seus deuses.
9 De vez em quando, os sacerdotes, tendo tirado ouro e prata dos seus deuses para o seu
próprio proveito, o dão até a prostitutas de bordéis.
10 Eles enfeitam com roupas, como se fossem gente, a esses deuses de prata, de ouro ou
de madeira. Mas eles não podem livrar-se da ferrugem nem do caruncho.
11 Depois de tê-los vestido com roupas caras, são obrigados a limpar-lhes a cara, por
causa da poeira que do templo lhes caiu em cima.

Capítulo 2

1 Um deus fica com o cetro na mão, como se fosse na região uma autoridade, mas não é
capaz de destruir quem o ofende.
2 Outro tem uma faca ou machadinha na mão, e não é capaz de se defender de inimigos ou
ladrões.
3 Por aí se vê que eles não são deuses, e vós não deveis temê-los.
4 Como a vasilha que se quebra e perde a serventia, assim também são esses deuses,
instalados nos templos deles.
5 Os olhos desses deuses vivem cheios de poeira levantada pelos pés daqueles que
entram no templo.
6 Da mesma forma como se fecham com segurança todas as portas por trás de alguém que
ofendeu o rei e fica preso e condenado à morte, assim também os sacerdotes fecham os
templos com portas, trancas e ferrolhos, para que seus deuses não sejam roubados por
ladrões.
7 Acendem mais lâmpadas para eles que para si mesmos, embora esses deuses não sejam
capazes de ver nenhuma delas.
8 Como o madeiramento do templo, cujo cerne dizem estar carunchado por cupins saídos
do chão, assim também esses deuses nada sentem quando suas roupas ou eles próprios
são corroídos.
9 O rosto deles fica escuro por causa da fumaça do templo.
10 Em volta deles, por cima de suas cabeças, voam morcegos, andorinhas e outros
passarinhos, e até gatos saltam.
11 Por aí se vê que eles não são deuses, e vós não deveis temê-los.

Capítulo 3

1 Quanto ao ouro de que são cobertos para ficarem bonitos, se ninguém lhes dá lustro, não
brilha. Eles mesmos, nem quando foram fundidos, sentiram coisa alguma.
2 Embora não tenham vida, eles foram comprados por um preço muito caro.
3 Sem pés, são carregados nos ombros, mostrando aos homens a sua falta de valor. Até
quem cuida deles passa vergonha, pois se um desses deuses cai no chão, ele é que tem de
levantá-lo.
4 E quando alguém os coloca erguidos e de pé, eles não são capazes de andar por si
mesmos; se tombam, não podem se endireitar. Os dons são oferecidos a eles como a
mortos.
5 Para proveito próprio, os sacerdotes vendem o que foi sacrificado a esses deuses; a outra
parte, as mulheres salgam, sem dar nada aos pobres e necessitados. Até a mulher
menstruada ou que acaba de dar à luz toca nesses sacrifícios.
6 Portanto, sabendo que não são deuses, não tenhais medo deles.
7 Como poderiam ser deuses? São mulheres que oferecem sacrifícios a esses deuses de
prata, de ouro e de madeira.
8 Nos templos deles, os sacerdotes circulam com a roupa rasgada, a barba e o cabelo
cortado e a cabeça descoberta, em sinal de luto.
9 Urram [berram] e gritam diante de seus deuses, como alguns fazem nas cerimônias
fúnebres.
10 Os sacerdotes tiram a roupa dos deuses para vestir suas mulheres e crianças.

Capítulo 4
1 E esses deuses, favorecidos ou prejudicados por alguém, não são capazes de retribuir.
Não podem nomear nem destronar reis.
2 Eles também não são capazes de dar a ninguém riqueza alguma, nem sequer uma única
moeda. Se alguém lhes faz uma promessa e depois não cumpre, eles não podem reclamar.
3 Não podem salvar ninguém da morte, nem podem livrar o fraco das mãos do poderoso.
4 Não são capazes de devolver a vista ao cego, nem de livrar do perigo homem nenhum;
5 não têm compaixão pela viúva, nem prestam ajuda nenhuma ao órfão.
6 Esses deuses de madeira prateada ou dourada parecem pedras tiradas do morro: quem
se ocupa deles só vai passar vergonha.
7 Como, então, pensar ou dizer que são deuses?
8 Até mesmo os caldeus os desrespeitam. Quando veem alguém mudo, incapaz de falar,
eles o apresentam ao deus Bel, pedindo que o faça falar, como se ele fosse capaz de ouvir.
9 Mas, porque não têm bom senso, eles são incapazes de refletir nisso e de abandonar
esses deuses.
10 Mulheres põem uma corda na cintura e sentam-se à beira do caminho, queimando farelo
como incenso.
11 Quando uma delas é levada por algum homem que passa, a fim de dormir com ele,
começa a desprezar a companheira, que não teve a mesma honra nem arrebentou a corda.

Capítulo 5

1 Tudo o que fazem com eles é falso. Então, como é que se vai pensar ou dizer que são
deuses?
2 Esses deuses foram fabricados por escultores e ourives, e não podem ser nada mais
daquilo que os seus autores queriam que fossem.
3 Aqueles que os fizeram não vivem muitos anos; então, como pode ser deus aquilo que
eles fizeram?
4 Deixaram apenas mentira e vergonha para seus descendentes.
5 Quando surge uma guerra ou desgraça muito grande, os sacerdotes discutem a maneira
de
se esconderem juntamente com esses deuses.
6 Assim, dá para entender que não são deuses, pois não são capazes de se livrarem a si
mesmos durante uma guerra ou catástrofe.
7 Não sendo mais que objetos de madeira, dourados ou prateados, por aí fiquem todos
sabendo que são de mentira. Que eles não são deuses fique claro para todos os povos e
reis; são apenas criação do trabalho humano, e nenhuma ação divina existe neles.
8 Então, quem não vê que eles não são deuses?
9 Esses deuses nunca farão surgir um rei para uma região, nem mandarão chuva para os
homens.
10 Jamais defenderão a própria causa, nem libertarão injustiçado algum, pois são
impotentes, são como gralhas que voam entre o céu e a terra.

Capítulo 6

1 Se aparecer um fogo no templo desses deuses de madeira, dourados ou prateados, seus


sacerdotes poderão fugir para se salvar, mas eles serão queimados junto com o
madeiramento.
2 Eles não são capazes de resistir a um rei ou aos inimigos.
3 Então, como é que se vai aceitar ou imaginar que são deuses?
4 Esses deuses de madeira, deuses dourados ou prateados, não podem escapar nem dos
ladrões ou assaltantes. Mais fortes, os ladrões arrancam-lhes o ouro ou a prata e vão-se
embora carregando as roupas que esses deuses vestiam, sem que eles possam acudir a si
mesmos.
5 Mais vale um rei que mostra bravura ou mesmo um objeto de utilidade em casa, do qual o
dono pode se servir, do que esses deuses falsos. Mais vale uma porta que, numa casa,
protege tudo o que está dentro, do que esses falsos deuses. Mais vale uma coluna de
madeira
no palácio, do que esses falsos deuses.
6 O Sol, a Lua e as estrelas, brilhando, cumprem espontaneamente a missão de ser úteis.
7 O relâmpago, quando aparece, é bem visível. O próprio vento sopra em qualquer região.
8 As nuvens obedecem, quando Deus as manda percorrer o mundo inteiro. O raio,
mandado lá de cima para devastar montes e matas, cumpre o que lhe é determinado.
9 Esses deuses, porém, não podem ser comparados com essas coisas, nem na aparência
nem na força.
10 Portanto, como é possível pensar que sejam deuses ou chamá-los assim? São
incapazes de promover a justiça ou de fazer qualquer coisa boa para os homens.

Capítulo 7

1 Portanto, sabendo que não são deuses, não tenhais medo deles.
2 Esses deuses não podem amaldiçoar nem abençoar os reis;
3 não podem servir aos pagãos como sinais no céu, pois nem brilham como o Sol, nem são
claros como a Lua.
4 Até as feras valem mais do que eles, pois as feras podem fazer alguma coisa por si
mesmas, ao menos fugindo para um esconderijo.
5 Então, em nada eles se mostram ser deuses. Por isso, não tenhais medo deles.
6 Como espantalho em plantação de pepinos, que nada vigia, assim são esses deuses de
madeira, dourados ou prateados.
7 Esses deuses de madeira, dourados ou prateados, se parecem com espinheiro no jardim,
onde os passarinhos vêm pousar, ou, então, com cadáver jogado em cova escura.
8 Pelas roupas de púrpura ou linho que vão apodrecendo em cima deles, vós já podeis
saber que não são deuses. Ao contrário, eles também serão comidos e se tornarão
vergonha para o país.
9 Então, é melhor ser homem honrado que não tem ídolos, pois assim não terá do que se
envergonhar.

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