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Em uma época em que não se tem registros, dizem que houve um anão das
montanhas, tão zeloso em seu oficio que ganhou a imortalidade dos deuses.
Thali, nascera onde hoje são as regiões barbaras, nas montanhas azuis. Aprendiz
de Urin, o ferreiro do rei anão Duri, Thali era promissor no que fazia, aprendera a
moldar o aço como seu mestre, porém, não sentia-se satisfeito com o material que
produzia. As placas de peito reluziam após o polimento, as espadas e lanças
silvavam, porém, Thali não sentia-se satisfeito. Despediu-se de seu mestre que
nada mais tinha a lhe ensinar e foi embora das montanhas azuis para procurar algo
que pudesse dar as suas peças um valor inestimável.
Vagando de cidade em cidade, passando por distritos, feudos e reinos, Thali
embarcou em um pequeno navio cargueiro, que atravessaria o mundo conhecido de
uma ponta a outra.
Em um dos dias de viagem, uma grande tempestade assolou a embarcação,
trazendo ondas gigantes e raios que cada vez mais brilhantes rasgavam o céus.
Orações a todos os deuses foram ouvidas vindo da boca de todos os marinheiros,
entre tanto, todas elas eram fortemente abafadas pelo grito de desespero que se
seguia.
Thali, assim como os demais fez suas preces, com a fé abalada por não ver
resposta imediata vindo daqueles que poderiam salvar não só a ele, mas a todos na
embarcação, praguejou, e assim como os demais… afundou. Os pulmões ardiam.
Seu martelo, presente de seu mestre Urin, o levava ainda mais para o abismo, que
estava deixando de ser azul, para se tornar negro como a mais pura maldade. A
cabeça pensava em seu lar, as montanhas azuis, de onde pensara que nunca devia
ter saído, as lembranças tornaram-se turvas e foram esmaecendo junto com sua
consciência.
Sua ultima lembrança foi a forja, “ah a forja”, seu único prazer e deleite. Lembrou-se
do dia que forjou o martelo do rei. Aniquilador de escudos foi seu ultimo e melhor
trabalho nas montanhas, um martelo de guerra reluzente, feito do melhor aço e
ouro, cravejado de pequenos rubis em suas laterais, tão grande quanto um filhote
de anão, com o cabo longo que se desmontava, deixando-o perfeito para uso em
cavalaria e corpo-a-corpo. Aniquilador de escudos, ele assim o batizou, e assim ao
rei entregou.
Thali estava a beira mar, com seu martelo em sua mão, sentou-se agradeceu aos
deuses e começou a andar, quando notou que algo semelhante a um humano,
porém, mais alto. Não conseguia distinguir o que era. Então se aproximou, um ser
símio, muito mais alto que o normal, um grande gorila, ele era Branco como a neve,
carregava consigo o cabo do que parecia ter sido uma maça. Com placas
armaduradas gastas envolvendo seus ombros, braceletes e cinto dourados, em um
entalhe que ele nunca tinha visto. Com uma voz que parecia o de quebrar de muitas
ondas, ele perguntou:
“O que faz aqui? Você não é bem vindo a esse lugar.”
Curvando-se ele contou como viera e que não sabia que lugar era esse. Contou dos
sonhos, quem era e por que tinha saído das montanhas azuis.
“Você está na morada dos primeiros deuses, aqueles que formaram o mundo.”,
Disse o Símio. “Timir é meu nome, e aqui moro com meus irmãos. Curioso como
vieste parar aqui, mas este lugar não é para mortais. Infelizmente você irá morrer
pequena criatura.”, terminou lamentando.
“Meu senhor, por favor não o faça, deixe-me provar meu valor. Vejo que sua maça
está em pedaços e acredito que posso refaze-la.”, disse o anão.
“Me entregue o material e uma forja, meu senhor, e te darei as armas e armaduras
que nunca teve.”
“Tudo bem criatura, te darei a forja e uma estrela para me fazeres uma maça
inigualável, mas caso não a termine no tempo determinado, quebre sua ferramenta
ou me entregue um produto que não é digno, te entregarei pessoalmente a morte,
para que ela faça de você o que quiser.”
Uma forja lhe foi entregue, uma pequena estrela azul e por meses Thali trabalhou.
Timir acompanhou de perto, seus irmãos olharam com atenção o trabalho do anão,
que trabalhava noite e dia, para entregar a grande maça de Timir. Mal tinha
começado e já tinha batizado seu trabalho, chamaria a maça de Quebradora de
Ossos. Não via que estava cercado de deuses, percebia somente que o fogo
Thali, chegara na aquele lugar, que era uma ilha, jovem. Com uma disposição
invejável a muitos, porém, agora, apesar da grande força que o acompanhava, seu
vigor já não era o mesmo, seu corpo mostrava sinais de que sua vida estava no
final. De barba branca numa grossa trança e cabelos ralos, sentiu que finalmente
produziu uma peça de valor inestimável e poderia descansar, mas Timir e seus
irmãos acharam aquele trabalho tão bom, que lhe devolveram a força e juventude
eternas, tornaram-no seu ferreiro, o ferreiro dos deuses, aquele que pode moldar
uma estrela a seu bel prazer a serviço eterno dos 4 irmãos.
Dizem que os 4 irmãos se retiraram, voltaram a seu eterno lar, mas Thali continua
na ilha, produzindo itens inestimáveis. E um dia, quem achar a morada dos deuses,
conseguirá coisas que nenhuma outra criatura no mundo jamais imaginou.