Você está na página 1de 144

O Affair do Lobo

Matilha DeWitt 14
Marcy Jacks
Phillip Keyes está se recuperando do tempo que passou como um lobo quase
selvagem após a morte da sua esposa. Praticamente afastado da sua matilha e
filho, ele precisa ficar sozinho.
Trevor Knight reconhece seu companheiro no segundo que o vê, e os dois
rapidamente se tornam amigos antes dele perceber que são algo mais, mas a
negação dele ao seu acasalamento só machuca os dois.
Ele pode ser paciente, e não vai empurrar muito, sabendo que Phillip ainda
está sofrendo e não quer que ninguém pense menos da sua falecida esposa,
então ambos concordam em manter o seu acasalamento em segredo, por
enquanto.
Mas quando um velho inimigo reaparece, querendo se vingar de Phillip, não
importa o custo, ele terá que aprender o que lhe é mais importante, o homem
que está vivo e na sua frente, ou os velhos fantasmas que carregava, antes de
Trevor estar perdido para ele para sempre.
Capítulo Um

Um fogo crepitava no centro do grupo, uma mistura de homens


altos e musculosos e os ômegas um pouco menores que se sentavam ao
redor dele.
O calor não alcançava a pele fria de Phillip. Quase nada mais
conseguia.
A mulher sábia falava com aquele médium vampiro e com o
shifter puma, ambos de pé ao lado dela.
A matilha de James DeWitt certamente se diversificou no ano
passado. Phillip tinha que admitir isso.
A visão de muitos dos seus ex-companheiros de matilha, a
maioria dos quais costumava responder a ele e sentar-se ao redor do
fogo com a sua própria mulher sábia, lembrou-lhe que não era mais um
líder alfa.
O que provavelmente era o melhor. Provou quão pouco poderia
lidar com isso nesses últimos meses, não é?
— Passei muitos meses contemplando essa questão — disse a
velha Maggie, a mulher sábia, enquanto estava em frente ao fogo.
Phillip achava que talvez ela devesse se afastar um ou dois
passos antes que o vestido de verão floral dela, esticado sobre o seu
corpo rechonchudo, pegasse fogo por estar perto demais ou algo assim.
— Ivan, Storm e eu estamos de acordo de que esta é a única
razão lógica pela qual muitos dos nossos machos estão encontrando seus
companheiros em outros machos, fêmeas com outras fêmeas e alfas
com alfas.
Phillip sentiu um par de olhos nele. Olhos que o seguiam pelas
últimas quatro semanas, desde que finalmente retornou da sua fuga
enlouquecida para a floresta.
Quase enlouqueceu. Inferno, pelo que James havia lhe dito
sobre o seu comportamento, talvez tivesse estado um pouco selvagem.
Lobos selvagens eram perigosos e muitas vezes não pensavam no
sentido humano da palavra antes de partirem para o ataque.
Estava bem agora. Ou assim pensava, mas eles ainda estavam
procurando pelo outro lobo, Luke, um ex-caçador que tinha sido
transformado. Até agora, nenhum relato tinha chegado de quaisquer
ataques de animais na área, e talvez essa fosse a razão pela qual todo
mundo estava arrastando os pés sobre o assunto, mas Phillip queria
acabar com essa reunião, fugir daqueles esperançosos e brilhantes olhos
cor de avelã que o encarava e sair caçando.
— Então, o que está causando isso? — Nick perguntou.
Ele era cego e, antigamente, um guerreiro da matilha de Phillip
antes do homem acasalar com um dos alfas de James e decidir fazer
desta matilha sua residência permanente. Ele ainda o tratava com muito
respeito, mas era outro lembrete de como falhou como líder.
Nick podia ser cego, mas era o melhor assassino de caçadores
que já vira. Às vezes pensava que se tivesse pedido ao homem que fosse
morar com o seu companheiro na sua matilha, talvez houvesse energia
suficiente do lado de Phillip para lutar contra os caçadores. Muitos dos
seus alfas e ômegas ainda estariam vivos.
Assim como a sua esposa, Helen.
Storm, o shifter puma com cabelo comprido e liso que era tão
loiro que era quase branco, limpou a garganta. Phillip sempre se
perguntou como ele perdeu o olho direito, mas não queria perguntar,
embora às vezes não conseguisse se impedir de olhar para o tapa-olho.
— Eu conversei com o meu companheiro sobre isso, assim
como James, mas a maioria de vocês ainda não sabe o que está
acontecendo com os pumas. Eles estão fazendo leis agora declarando
que qualquer homem ou mulher elegível tem que acasalar com o sexo
oposto. Começaram a perceber que os números nas espécies estão
caindo, e estão agindo contra isso.
Houve alguns murmúrios entre os alfas sentados ao redor do
fogo.
James foi o primeiro a levantar-se para acalmar as suspeitas de
todos.
— Os pumas não vão começar uma guerra conosco porque
fazemos as coisas de maneira diferente. Não falei com ninguém das
famílias de pumas, mas até onde sei, não há sangue ruim no meio deles
também. Ninguém precisa se preocupar.
— Mas o que isso tem a ver com todos tendo companheiros do
mesmo sexo? — Tristan perguntou. Ele segurava a mão daquele caçador
com quem acasalara, um homem chamado Isaac.
Bem, talvez ex-caçador fosse o termo adequado para ele, e não
era o único ex-caçador na matilha agora com as novas adições de
Everett King e Storm, assim como aquele garoto, Chance.
Ainda assim, Phillip preferia evitá-los. Não estava muito disposto
a socializar com nenhum caçador, seja ele ex ou não.
— É porque estamos ficando muito numerosos — disse Ivan. —
Para os vampiros, isso acontece a cada cem anos, ou assim nos
disseram. Nosso povo fica muito numeroso, e assim nossas mulheres ou
se tornam estéreis ou cada novo vampiro nascido cresce para descobrir
que eles preferem seu próprio sexo.
Todo mundo se agarrava às palavras do vampiro, até mesmo
Phillip.
— A coisa que os vampiros e lobos compartilham é que
podemos infectar um humano com os nossos genes, ou podemos criar
mais simplesmente mordendo-os. Mas curiosamente, muitos de nós
ameaçam o nosso modo de vida. Só podemos sobreviver em segredo,
então, encontrarmos companheiros no nosso próprio sexo, é uma
maneira da natureza desacelerar a frequência com que reproduzimos.
Mais ou menos como a peste que dizimou grande parte da população
humana nos tempos medievais.
Todos se moveram. Ninguém gostava particularmente de ter a
sua situação comparada com a de uma doença mortal e de fácil
disseminação.
— Então o que isso significa? — Perguntou um lobo chamado
Ryan. Phillip não conseguia lembrar o sobrenome do homem, mas a
menos que estivesse misturando suas histórias, esse era o cara que era
ex-detetive da polícia e também acasalado com um lobo chamado
Blasius.
Blasius andava e falava como se fosse um viking ou algo assim.
Não ficaria surpreso se realmente fosse, pela maneira como as
coisas estavam acontecendo por aqui. Nunca tinha visto uma matilha
cheia de tantos personagens estranhos antes.
A velha Maggie respondeu à pergunta de Ryan. Ele era um ex-
humano, assim como muitos dos lobos na matilha, então também
estariam curiosos sobre o que essa nova tendência significava.
— Queremos assegurar a todos que não encontramos nada fora
do comum sobre a maneira como a nossa matilha está evoluindo.
Também é possível que outros grupos estejam passando por uma
situação semelhante, mas como eles estão lidando com o assunto, não
temos certeza. Tenha certeza de que, independentemente de quais
mudanças possam surgir, todos ainda são bem-vindos neste grupo, e se
alguém vier a desafiar o nosso modo de vida, não seremos dóceis.
Phillip levantou e saiu. Não queria mais ouvir.
Estava a apenas seis metros de distância da luz e do calor do
fogo quando ouviu passos suaves atrás dele. Esperou até que estivesse a
mais uns cinquenta passos antes de perder completamente a paciência,
parar e virar.
— Por que você está me seguindo?
Trevor Knight parecia um cervo preso nos faróis, o pobre rapaz.
— Você realmente acha que eu não notaria você lá atrás? —
Perguntou Phillip.
Trevor apertou a mandíbula e desviou o olhar. Ele não era
originalmente da matilha DeWitt, nem era um ex-membro seguindo sob
o seu comando.
Era um homem que tinha sido forçado a ser transformado por
outro lobo.
— Eu só pensei que você poderia querer alguma companhia.
O que Phillip pensou em fazer fez o seu corpo apertar. Odiava
que estivesse olhando para esse homem e pensando nas coisas que
pensava, especialmente quando ainda estava de luto. Cristo, nem
mesmo um ano se passou desde que Helen tinha...
Parou abruptamente esse pensamento antes que pudesse
continuar. Não queria pensar em Helen enquanto lutava contra os
pensamentos por Trevor.
— Eu saí porque não queria companhia — disse, e então girou
nos calcanhares e caminhou mais fundo na floresta. A escuridão o fez se
sentir melhor.
Os pés correndo de Trevor rangeram nas folhas secas e galhos
antes da sua mão agarrar o ombro de Phillip.
Ele era um alfa, então era rápido e silencioso quando queria,
mas Phillip não tinha conseguido ser um líder alfa por ser mais lento ou
mais fraco que os outros. O agarrou pelos braços e rapidamente girou o
homem ao redor, apoiando-o na árvore mais próxima.
Trevor não tinha medo dele, porém, o bastardo. O olhou com
tanta emoção quanto Phillip.
— Você ouviu o que eles disseram. Isto é normal. Por que está
lutando contra isso?
Porque sua esposa estava morta, mas ainda estava viva para
ele. Porque não podia deixá-la ir e admitir para o mundo que, apesar do
quanto a amava, ela não era sua companheira.
O homem em pé na frente dele aparentemente era.
— Ninguém tem que saber — disse Trevor em voz baixa.
Phillip não conseguia acreditar no que acabara de ouvir.
— Você manteria algo assim em segredo? Acha que estamos no
ensino médio ou algo assim?
— Não seja um idiota — Trevor atirou de volta. — Estou com
você há um mês e não nasci um lobo, mas até eu posso ver que algo
está acontecendo aqui.
Ele molhou os lábios e Phillip sentiu uma pontada de culpa pela
forma como ignorava descaradamente os sentimentos do homem.
— Eu não aguento mais. Preciso tocar você. Preciso estar perto
de você. Não posso mais dormir à noite porque tudo em que penso é em
você.
O rosto dele ficou vermelho quando as palavras saíram da sua
boca, e Phillip entendeu o porquê.
Estava mantendo o homem acordado durante a noite porque
Trevor estava se tocando enquanto pensava nele.
Phillip não estava prestes a admitir que houve momentos,
muitas vezes, quando fez o mesmo.
Eles se conheceram logo depois que foi resgatado por James
DeWitt e a sua matilha. Phillip basicamente se perdeu depois que Helen
foi brutalmente assassinada. Tinha ido tão longe na sua loucura que
abandonou sua matilha, e filho, aos cuidados de James e o seu
companheiro, Corey. Passara a maior parte do tempo na floresta, a
princípio atacando qualquer caçador que encontrasse, depois desistindo
e vivendo na natureza como se fosse um verdadeiro lobo.
Passou tanto tempo na sua pele de lobo que quase começou a
pensar que era um lobo. Quase se tornara selvagem.
Então se deparou com um par de caçadores torturando outro
lobo, enquanto o companheiro do cara assistia. Phillip queria morrer,
mas a visão de caçadores, até mesmo o cheiro deles, sempre mexia com
ele. Cuidou deles rapidamente e depois foi enviado para obter a ajuda de
James DeWitt.
Basicamente foi forçado a voltar à vida normal. Isto é, tão
normal quanto se poderia esperar de um lobo.
Essa não foi a primeira vez que viu Trevor Knight, isso
aconteceu depois que Helen foi levada. Mal o notou e esqueceu tudo
sobre ele. Não foi até que foi trazido para a matilha DeWitt que o viu
novamente e realmente o notou.
Não conseguia descrever os sentimentos que passavam por ele.
Teria que ser um escritor ou poeta para que isso fosse possível. Foi
quase como no dia em que conheceu Helen, apenas mais forte. Pelo
menos dez vezes mais forte.
Ele tinha os olhos mais lindos que Phillip já vira. Helen tinha
olhos adoráveis, eles eram de um tom de azul que só aparecia de manhã
quando o sol nascia, mas os de Trevor era algo completamente diferente.
Eles eram um avelã dourado brilhante que era quase como olhar nos
olhos dourados de um lobo transformado. Seu cabelo era loiro brilhante
e emoldurava um rosto tão perfeito que duvidava que o homem tivesse
visto algum tipo de dificuldade na sua vida. Antes de ser atacado e
transformado em lobo contra a sua vontade, claro.
Parecia que poderia ser um modelo em uma revista ou algo
assim.
Phillip não. Ele tinha sessenta e seis anos de idade, e enquanto
os lobos envelheciam mais lentamente do que os humanos, ainda
parecia mais velho do que Trevor aos vinte e três anos.
Fazer amizade com o homem com quem fantasiava à noite era
um erro. Vir a esta matilha foi um erro, mas não podia sair agora.
Sua memória pode ter ficado um pouco fodida depois que quase
foi à loucura, mas o seu filho estava vivo e aqui, sendo criado por James
e Corey. Sammy ainda não tinha mudado, mas Phillip ficou chocado ao
perceber que o garoto não o havia reconhecido.
Tinha esquecido seu pai em todo o tempo que esteve fora.
Phillip não podia sair de novo.
— Eu sei que você era casado com uma mulher antes, — Trevor
disse gentilmente, e Phillip percebeu o jeito que não usava o nome dela
enquanto eles estavam tão perto. — Mas você não pode negar que isso
está começando a afetá-lo negativamente também.
Ele estava certo. Claro. Estava ficando com raiva de tudo e de
todos. Não conseguia dormir a noite e as pessoas começaram a notar
sua mudança de humor.
— Então sua proposta é que façamos isso escondido para que
ninguém perceba?
A ideia parecia tão barata, e odiava o fato de que isso o
atraísse. Ele realmente era escória.
Trevor assentiu.
— Você não é gay. Entendi. Vou te levar de qualquer jeito que
posso te ter. Pode me ter de qualquer jeito, e eu não vou dizer uma
palavra sobre isso para ninguém, só por favor...
O aperto de Trevor nos braços de Phillip suavizou quando ele
deslizou as mãos até os ombros. Esse olhar sempre esperançoso nos
seus olhos dourados estava de volta, e ele não podia mais dizer não.
Enfiou as mãos naquele cabelo perfeito e puxou o rosto de
Trevor para frente, para um beijo.
Capítulo Dois

Trevor não sabia se podia chamar o que estava acontecendo de


beijo, pois parecia muito mais como dominação da sua boca e língua.
Seus dentes se chocaram no começo, mas Phillip não se incomodou em
se afastar apesar da sensação aguda que deve ter sentido nas raízes dos
seus dentes.
Trevor com certeza sentiu isso.
Ele não ia reclamar. Phillip manteve o controle firme sobre
Trevor, e era assim que ele gostava, e quando Phillip moveu a cabeça
para o lado, ele voluntariamente foi junto para o passeio.
Finalmente. Finalmente.
O joelho de Phillip estava entre as suas pernas, separando-as e
esfregando contra o seu pau ainda vestido. Ele já estava duro e
pulsando, mas aquele único toque fez as suas pernas cederem, e se
Phillip não estivesse ali para apoiá-lo, ele teria caído de joelhos.
Não que ele se importasse. A ideia tinha o seu apelo, mas seria
para um momento posterior. Isso não era fazer amor nem simplesmente
foder. Eles estavam reivindicando um ao outro. Depois de quatro longas
semanas estando na presença desse homem, Trevor finalmente o teria.
Seu corpo e mente ficariam satisfeitos.
— Queria você por tanto tempo. — Disse Trevor quando Phillip
se afastou para respirar.
O fato dele não ter dito a Trevor para calar a boca era a melhor
parte.
Phillip manteve uma mão no corpo de Trevor enquanto a outra
desceu para o cinto e o abriu. Trevor ouviu o barulho lá embaixo e
pensou que ele próprio deveria começar a se despir também.
Ele estava vestindo apenas uma calça jeans e uma camiseta
branca com uma camisa vermelha xadrez abotoada por cima que estava
bem aberta.
Ele tirou a camisa antes de passar a camiseta branca pela
cabeça. Eles tiveram que afastar as bocas para longe um do outro para
que isso fosse possível, mas quando Trevor segurou a parte de trás da
cabeça de Phillip e o seu cabelo macio e lindo, o homem hesitou. Os
olhos dele pareciam estar colados no peito de Trevor.
Merda. Talvez a visão dele sem camisa estivesse deixando Phillip
com a intenção de desistir. A última coisa que ele queria era que Phillip
corresse com medo.
— Ei, olhe para mim.
Para um antigo líder alfa, ele nunca pareceu tão inseguro para
Trevor, nem mesmo quando foi trazido de volta para na matilha para
aprender como ser normal novamente.
— Ainda está comigo? — Trevor perguntou.
— Sim. — Os olhos de Phillip voltaram para o seu peito. — É
apenas diferente.
Ele imaginou que era. Trevor tinha trabalhado muito nos dias
antes de se tornar um lobo, e após a infecção e transformação, seu
corpo só parecia ficar mais forte.
Isso provavelmente não era o que Phillip estava pensando, no
entanto.
Ele estava notando a diferença no seu peito comparado ao de
uma mulher.
Ainda assim, ele se exercitou para conseguir esses peitorais. Ele
era estupidamente orgulhoso do seu pacote de seis, além de gostar de
cuidar de si mesmo.
Phillip usou isso para provocá-lo sobre a sua aparência, antes
que tivesse notado havia algo diferente entre eles e começou a evitá-lo.
Ele costumava fazer piada sobre como ele deveria ter sido um modelo ou
algo assim.
Trevor estava muito envergonhado para dizer a ele que
exatamente essa teria sido sua carreira escolhida e que ele até tirou
fotos profissionais e enviou para agentes e tudo mais.
Ele não estava exatamente na cidade certa para começar uma
carreira como modelo quando havia sido infectado. Estava trabalhando
de cidade para cidade quando isso aconteceu, determinado a chegar a
Nova York de um jeito ou de outro. Muita dessa determinação também
foi apenas o seu interior teimoso, rejeitando as palavras do seu pai que
ele era apenas outra bicha que não conseguiria nada.
Ele colocou esse pensamento fora da sua mente e se concentrou
no que Phillip estava fazendo com ele.
Os mamilos de Trevor estavam duros e eretos. Phillip olhou para
eles como se quisesse fazer algo para eles.
— Você pode tocá-los se você quiser.
Os olhos de Phillip voltaram para ele, como se ele estivesse
perguntando.
— Você está falando sério?
Trevor estava falando sério. Ele preferiria que Phillip colocasse
sua boca nos seus mamilos, mas hoje à noite era sobre Phillip. Trevor
demorou a responder. Ele estava apenas tentando relaxar o outro
homem para a ideia de fazer sexo com ele, não importava as
preliminares.
Por agora.
— É tudo para você. — Disse Trevor, esperando que o seu tom
fosse encorajador.
Phillip o tocou. Suas mãos estavam quentes contra a pele de
Trevor, e elas fizeram cócegas enquanto Phillip traçava as curvas e sulcos
dos músculos de Trevor. Seus polegares percorreram os mamilos de
Trevor, e todo o seu corpo estremeceu.
Phillip o olhou.
— Eu gosto disso. — admitiu Trevor.
Phillip olhou de volta para o peito de Trevor, como se ele
estivesse estudando uma pintura em um museu ou algo assim. Trevor
dificilmente poderia aguenta mais.
— Toque-me mais. Toque-me. — implorou. Ele pensou que
poderia aliviar os comandos e pedidos, mas droga, Phillip não estava
tornando isso fácil.
Para seu total choque e prazer, Phillip se abaixou, abriu a boca,
e prendeu um dos mamilos de Trevor.
Trevor teve que morder o lábio inferior para abafar um gemido,
mas ele tinha certeza que Phillip ainda ouvira. Trevor agora estava
girando sem graça contra o joelho de Phillip. Ele não se importava mais.
Ele só queria gozar de alguma forma que envolvesse ser tocado pelo
homem acima dele.
A boca de Phillip se moveu para o outro mamilo e ele usou os
dentes e língua para brincar também.
O alfa interior de Trevor queria jogar Phillip no chão, arrancar as
suas roupas e fodê-lo até esgotá-lo, mas isso não ia acontecer. Trevor
segurou aquela parte mais luxuriosa de si mesmo por enquanto. Phillip
era novo nisso e ainda estava de luto e assustado. Eles iam fazer as
coisas no ritmo dele até que finalmente chegasse à conclusão de que não
podia escolher quem era seu companheiro ou decidir quando estar com
ele.
Trevor se moveu contra o outro homem, e gemeu quando sentiu
a língua de Phillip ao longo da dobra do seu pescoço enquanto o provava
e beijava. Ele estava pensando sobre isso também, Trevor podia dizer.
Ele ia gozar. Ele podia sentir isso.
— Oh foda-se! Phil!
Phillip abruptamente se afastou dele, e o pior tipo de horror
preencheu tudo dentro do peito de Trevor logo antes do outro homem
agarrá-lo e jogá-lo na grama, sujeira e musgo.
— Não até que eu diga. — disse Phillip, sua voz baixa e
autoritária.
O corpo de Trevor estava tão tenso que ele teve que lutar contra
o desejo de apenas gozar. Embora tenha conseguido se controlar, não foi
exatamente fácil enquanto o seu pênis latejava dentro da sua calça.
Provavelmente deveria tirá-la antes que a arruinasse ou algo
parecido.
Ele começou a fazer exatamente isso, quase quebrando o botão
e zíper na sua pressa, mordendo o lábio inferior com o prazer de apenas
passar o material abaixo dos seus quadris.
O ar frio contra o seu pênis ajudou um pouco. Pelo menos ele
não estava em qualquer perigo de gozar antes que tivesse a chance de
chegar a qualquer diversão.
Como um lobo, ele tinha a habilidade de se recuperar
novamente em segundos, então isso não era necessariamente o que ele
estava preocupado. Ele apenas não queria gozar antes que Phillip tivesse
a chance de realmente tocá-lo. Ele apenas desejava ter lembrado de
trazer lubrificante ou algo assim, então Phillip poderia penetrá-lo com o
seu pênis grosso. Ele queria tudo com o outro homem, mas isso teria
que esperar.
Phillip, a princípio, parecia estar perdido quanto ao que deveria
fazer, mas então ele optou por mais desses beijos intensos.
Quando ambos estavam completamente nus, Phillip empurrou
seu pênis na virilha de Trevor, e ambos gemeram.
Trevor não estava preocupado que eles seriam vistos ou ouvidos
da distância que estavam. Alguém teria que estar andando aqui para vê-
los neste momento, e todo mundo estava muito ocupado aprendendo
sobre as alterações na sua matilha.
Trevor só queria que Phillip aceitasse essas mudanças.
Phillip empurrou contra ele, duro e rápido, como se estivessem
realmente fodendo. Trevor amou o deslizar de carne contra carne e como
seus corpos aqueciam onde se tocavam, enquanto se moviam um contra
o outro. Ele desejou que estivessem realmente fazendo sexo agora. Ele
desejava que Phillip o amasse tanto quanto ele o amava.
Trevor gemeu quando seu orgasmo rasgou através dele, mas ele
ainda estava duro, mesmo quando seu pênis terminou jorrando sêmen
no seu estômago. Ele esticou a mão para acariciar-se, e cada nervo no
seu corpo se contraiu em espasmos quando ele tocou seu pau sensível.
Os lobos deveriam ficar duros rápidos, mas isso era insano. Ele
e Phillip estavam lutando contra isso por muito tempo, aparentemente.
Os quadris incrivelmente rápidos de Phillip se moviam ainda
mais rápido, quase afundando Trevor no chão no momento que ele
gemeu e engasgou com cada pressão dos seus quadris.
Trevor podia sentir tudo entre eles com seus sentidos afiados.
Era isso. Sua ligação estava prestes a ser completada, e eles não
estavam sequer fazendo sexo. Ele ouviu a batida rápida do coração de
Phillip dentro do seu peito e a maneira como seus pulmões se expandiam
e contraiam em explosões rápidas enquanto ele tomava oxigênio. Então
ele começou a ouvir os pensamentos do homem.
“Tão bom pra caralho. Vou te foder aqui no chão. Meu. Meu. De
mais ninguém."
Trevor imaginou que talvez Phillip não soubesse que eles agora
poderiam ouvir os pensamentos desprotegidos um do outro. Caso
contrário, o outro homem poderia ter sido mais cuidadoso com o que ele
pensava. Ele teria que contar a ele sobre isso depois que os dois
gozassem.
O aperto de Phillip nos seus quadris se intensificou ao ponto de
dor, e ele soltou um longo uivo para a noite, assim que Trevor sentiu o
leve inchaço no pênis de Phillip, seguido por um jorrar quente de fluido
sobre o seu estômago novamente.
Talvez isso fosse tudo o que era necessário para uma
reivindicação apropriada de companheiros. Bastava ter os fluidos
trocados ou algo assim.
Ele não estava prestes a começar a pensar nos detalhes disso.
Phillip desmoronou em Trevor, e Trevor nunca se sentiu melhor
em toda a sua vida. Eles finalmente completaram a sua ligação. Eles
reivindicaram um ao outro depois de quatro semanas de lutar contra
isso.
Então os dois perceberam que estavam deitados nos seus
próprios fluidos e se levantaram, ambos se moveram para se deitar em
um trecho de grama depois de se limparem com algumas folhas macias.
Trevor ficou chocado e satisfeito quando Phillip se permitiu
deitar contra o peito dele, e então ele passou os braços ao redor da
cintura de Trevor, segurando-o perto e compartilhando o calor dos seus
corpos.
Era porque ele estava vulnerável, Trevor disse a si mesmo. Ele
apenas teve um orgasmo com o seu companheiro e as suas defesas
estavam baixas. Aquilo tudo era certo. Trevor tomaria o que pudesse.
Ele segurou Phillip perto, ouvindo a batida do seu coração e o
expandir e contrair dos seus pulmões enquanto respirava profunda e
uniformemente. Nenhum deles estava dormindo. Trevor sentiu como se
pudesse adormecer ali, atuando como travesseiro pessoal do corpo de
Phillip.
Talvez ele tenha começado a baixar a guarda também, e talvez
ele começou a cochilar um pouco. Caso contrário, ele nunca teria
permitido se inclinar e pressionar um beijo no cabelo de Phillip. Não
quando ele sabia que o outro homem não estaria pronto ou apreciaria o
carinho.
O que eles estavam fazendo antes, aquela pressão dura das
bocas e mordidas, esses não eram os beijos suaves que Trevor tinha
pressionado no topo da cabeça de Phillip.
Phillip imediatamente se retirou dos braços de Trevor, e o ar frio
da noite assaltou o seu corpo.
— Eu vou voltar. — disse ele, e Trevor notou a maneira como
ele se vestida sem olhar para ele.
— Certo, eu acho que vou, também. — disse Trevor, e então ele
se levantou e começou a recolher as suas roupas. Não demorou muito
tempo.
Phillip suspirou quando estava vestido, mas não começou a
andar de volta para as casas onde todos estavam hospedados.
— Olha, eu não quero ser um idiota ou qualquer coisa, e eu não
quero ignorar os seus sentimentos...
— Eu disse que está tudo bem. — disse Trevor, fechando o
jeans. Ele olhou para Phillip e tentou de alguma forma projetar
mentalmente para o outro homem como ele se sentia sobre o assunto.
Ele não queria prender Phillip a uma relação. Algo assim só estaria
fadado ao fracasso, acasalados ou não, mas eles não podiam ignorar os
impulsos instintivos que passavam sem ferir os dois.
— Você não está pronto para um relacionamento. Tudo bem,
mas eu ainda vou estar aqui para quando você precisar... se aliviar. —
Levou um segundo para pensar na palavra certa, e embora ele desejasse
que houvesse uma maneira melhor dizê-lo, liberação era exatamente o
que ambos precisariam em muitos níveis.
— E quando você estiver pronto para isso. — Trevor continuou.
— Eu estarei aqui quando você quiser algo mais também.
Phillip forçou um sorriso fraco para ele, e então se virou e
começou a andar de volta para na matilha. Trevor esperou alguns
minutos, deixando as estrelas lhe fazendo companhia antes de decidir
seguir o outro homem. Ele não queria deixar muito óbvio para na
matilha o que eles estavam fazendo, não quando Phillip só queria ficar
sozinho.
Ainda assim, ele realmente esperava que estivesse fazendo a
coisa certa ao fazer um arranjo como este. Ele esperava que Phillip não
demorasse muito. Trevor não estava esperando resultados do dia para a
noite, mas se eles fossem fazer isso durante o próximo ano, ele não
sabia se o seu coração seria capaz de aguentar.
Phillip sabia que eles eram companheiros, mas não sabia que
Trevor já estava apaixonado por ele. E ele preferia que continuasse
daquela maneira. Pelo menos por um tempo.

Capítulo Três

Phillip desejou que segurar seu próprio filho não lhe parecesse
tão estranho.
Era culpa dele mesmo. Ele foi o único que fugiu depois que a
sua matilha foi atacada, ficou quase selvagem, e apenas desmoronou
nas costuras.
A velha Maggie foi a única a sugerir que foi a parte de quase ir à
loucura que tinha estragado as suas memórias. Ele de alguma forma
começou a acreditar que Helen tinha sido assassinada quando ainda
estava grávida com o filhote, e enquanto isso, Sammy já tinha alguns
meses de idade.
O fato de ter sobrevivido era um milagre em si mesmo. Talvez
os caçadores tivessem deixado o garoto por último. Talvez eles tivessem
realmente mostrado um pouco de humanidade e decidiram não matar
uma criança na sua vingança.
De qualquer forma, Phillip estava pelo menos feliz por isso, e
algumas das suas memórias começaram a corrigir ao longo das semanas
desde que retornou. O suficiente para perceber o quanto seu filho
cresceu desde que fugiu, o que sempre o envergonhava ainda mais.
Sammy parecia completamente desconfortável nos braços de
Phillip e estava constantemente olhando para Corey, o companheiro de
James, como se esperando o outro homem voltar e pegá-lo.
James e o seu companheiro estavam criando o filho de Phillip e
agora Sammy não sabia quem era o seu verdadeiro pai.
— Eu acho que eu lembro disso — disse Phillip, se abaixando e
segurando um boneco do Ursinho Pooh. Era o tipo de coisa macia com
olhos costurados que Helen insistiu que os brinquedos de Sammy
fossem. Ela não queria arriscar que ele tirasse alguma coisa do
brinquedo que pudesse sufocá-lo ou que o material fosse muito áspero
contra a sua pele macia. Pela aparência das coisas, James conseguiu
trazer muito do berçário da antiga casa de Phillip, bem como algumas
coisas mais recentes que não reconheceu.
— Você gosta desse cara, certo? — Phillip acenou o boneco na
frente do rosto de Sammy.
Aquelas bochechas rechonchudas se contraíram enquanto ele
empurrava o brinquedo para Phillip com um ruído de desdém. Phillip não
entendeu.
— O quê? Você ama o Ursinho Pooh — disse Phillip, e tentou
mostrar a Sammy o rosto que uma vez o fez tão feliz sempre que tinha
que entrar no seu berço.
Mais uma vez, Sammy fez um barulho alto que provavelmente
era fala de bebê para não e depois empurrou de volta contra a mão do
seu pai.
Phillip não entendia o que estava fazendo de errado.
— Aqui, tente este — disse Corey, aparecendo ao seu lado com
um coelho de pelúcia na mão.
Phillip olhou para a coisa. Não era um coelho de desenho
animado, ou qualquer outro lugar que Phillip reconhecesse. Pegou no
boneco oferecido de qualquer forma.
— De onde veio isso? É um da casa?
Corey sacudiu a cabeça.
— Não, uma das mães daqui foi procurar no seu velho baú de
brinquedos. Seus filhotes são muito grandes agora, e ela deu todos os
brinquedos de bebê para qualquer um com filhotes menores. Ele parece
gostar desse.
Phillip apresentou o coelho cinza ao seu filho e, para seu
choque, mãos pequenas e fortes se estenderam e pegaram o brinquedo.
Sammy balbuciou alegremente, agitando o coelho como se fosse
um prêmio ou algo assim. Phillip olhou para Corey e viu a maneira como
o outro homem estava olhando para o menino com triste afeição.
Corey era um ômega, e ele basicamente estava se levantando à
noite para dar mamadeira, trocar fraldas e lidar com as brincadeiras,
sonecas, e birras, juntamente com James, quando Phillip deveria ter sido
o único a fazer todas essas coisas. Claramente, ele se apegou.
O que poderia fazer sobre isso? Este era seu filho, não de Corey.
Assim por que sentiu outro tijolo pesado sendo adicionado à pilha que já
estava se construindo dentro dele?
Sua garganta se fechou e ele entregou Sammy de volta para
Corey quando o menino começou a estender-se para o homem e berrar
seus comandos.
— Up! Up! Up!
— Eu não posso — Corey disse, mas facilmente pegou o
menino em seus braços quando Phillip pressionou.
— Ele ainda está se acostumando comigo. E ainda prefere você.
Eu vou apenas sair por um tempo e volto logo. Preciso limpar a minha
cabeça.
— Está tudo bem? — Corey perguntou, claramente pensando
nas memórias nebulosas de Phillip.
— Sim. Sim. Eu só preciso de uma caminhada.
O que precisava era de Helen de volta. O que precisava era de
uma máquina do tempo para que pudesse voltar e proteger sua esposa
quando estava sendo torturada até a morte pelos caçadores.
Ele saiu da casa principal, onde o alfa, seu companheiro, e a
sábia ficavam. Era a maior casa e situava-se basicamente na cabeceira
de todas as outras casas menores.
James se ofereceu para abrir espaço para ele naquela casa
porque era aí que Sammy morava, assim como o fato de Phillip ser um
antigo alfa principal. O homem estava tentando ser respeitoso, mas
Phillip não tinha mais liderança sobre ninguém. Ele aceitou de bom grado
um quarto numa casa compartilhada com alguns dos ômegas sem
companheiro mais próxima a casa principal.
Também não foi até lá. Seu lobo queria correr, e Phillip estava
enlouquecendo mantendo-o trancado.
Não, não queria apenas fugir. Havia algo mais que queria fazer.
Fazia dois dias desde a última vez que esteve com Trevor, e estava
ansioso como o inferno já.
Ele achava que poderia continuar por mais tempo sem depender
do homem, mas estava claro que se unir de vez em quando não seria
uma opção.
Ia ter que fazer-lhe uma visita hoje à noite. Sabia sem dúvida
na sua mente que se ele estava tão nervoso, Trevor também estaria.
Encontrou Cole primeiro. O homem não estava com o seu
companheiro caçador, o que era bom.
— Ei, você viu Trevor por aí?
Cole e Trevor eram amigos. Eles chegaram a matilha DeWitt ao
mesmo tempo como parte do mesmo grupo de quase selvagens lobos
que fugiram dos seus lobos internos.
Cole piscou estupidamente para ele. Não podia culpá-lo. Esta foi
provavelmente a primeira vez que saiu do seu caminho para falar com o
homem. Não era pessoal. Phillip só não queria ficar sozinho com ele no
caso do resultado final ser que teria que ter uma boa conversa com o
companheiro do cara, ex-caçador ou não.
— Você sabe onde ele está? — Phillip solicitou.
Finalmente Cole piscou e respondeu.
— Sim, acho que ele saiu para caçar.
Perfeito. Haveria outros lobos por perto para ajudar Trevor na
captura daquele dia, mas ainda podia pegá-lo sozinho por um tempo.
— Obrigado — disse Phillip e, em seguida, rapidamente fez o
seu caminho para as árvores. Encontrou um dos bancos de madeira que
James tinha construído em certas áreas espalhadas pela terra, abriu o
trinco escondido no banco, e depois se despiu e enfiou as roupas dentro.
Eles eram uma boa ideia, e pelo que lhe foi dito, perder e ter
suas roupas rasgadas estava se tornando menos um problema por causa
deles.
Agora que estava suficientemente nu, Phillip se transformou no
seu lobo.
Levou seu tempo com a mudança, deixando seus músculos
mudarem e esticar e os seus ossos se quebrarem e se realinhar. Trinta
segundos mais tarde, estava em quatro patas, sacudindo seu pelo cinza.
Então estava fora para uma corrida.
A corrida sempre o ajudou a relaxar. Havia algo de bom sobre o
vento passando por seu rosto e, pele, bem como a sensação das
almofadas das,e suas patas batendo no chão enquanto corria.
Não era o suficiente. Não dessa vez. Ele não podia fugir das
coisas que o magoavam, porque sabia muito bem que iriam segui-lo, e
havia apenas uma cura imediata que poderia imaginar.
Talvez fosse por causa da maneira como se reuniram no último
encontro, reforçando o seu vínculo, mas Phillip foi capaz de sentir o
cheiro dele antes que pudesse cheirar mais alguém com ele. Concentrou-
se no perfume doce de canela e correu direto para ele.
Por que diabos Trevor tinha que lavar o seu corpo com
sabonetes perfumados? Curtia isso? Ainda bem que o cheiro não o
seguia na forma de lobo, caso contrário, poderia ser difícil de caçar.
Estava correndo por uns bons cinco minutos antes de encontrar
o outro homem escorregando no topo de uma colina. O vento mudou,
levando o cheiro de Phillip para o nariz de Trevor, e ele virou e trancou os
olhos cor de ouro nele.
Phillip notou a forma como o nariz de Trevor expandiu.
Ele mudou de volta para a sua forma humana. Não tinha
interesse em tentar seduzir o homem enquanto estava na sua pele de
lobo.
O nariz de Trevor alargou novamente, e agora seus olhos
estavam presos no pênis de Phillip.
Ele sabia que estava semi ereto. Todo o sangue que o seu corpo
poderia poupar estava correndo para lá ficando ainda mais duro agora
que tinha Trevor na sua mira.
“O que você está fazendo aqui?” Trevor perguntou, usando
aquela voz interior que dois lobos acasalados tinham.
Phillip nunca havia experimentado isso antes. Ele e Helen
tinham às vezes se perguntado se talvez fosse uma coisa supersticiosa.
Talvez os lobos acasalados estivessem mentindo sobre isso porque fazia
sua união parecer muito mais oficial.
Phillip esperava tanto que fosse esse o caso. Houve uma época
em que pensou que Helen era sua companheira e que talvez houvesse
algum tipo de erro interno que mantinha seus cérebros e corpos de fazer
toda a coisa psíquica.
Ela tinha sido tudo que ele sempre quis e o satisfez além de
qualquer outra pessoa que veio antes dela. Como poderia não ter sido
dele? companheira?
Ela não era. O lobo parado na sua frente era, e o corpo de
Phillip estava reagindo com uma força pulsante que nunca teve com
Helen, mesmo quando estavam mais apaixonados.
Trevor fez a mudança para a sua forma humana. Seu cabelo
estava desgrenhado da sua corrida, mas ele estava brilhando com boa
saúde quando veio descendo a colina.
— O que há de errado? — Ele perguntou, embora devesse ter
sentido a mesma coisa que Phillip, porque o seu pênis estava subindo e
descendo entre as suas pernas duro e ansioso.
Não adiantava mentir sobre isso.
— Eu preciso de você — disse Phillip quando chegou perto do
outro homem.
Foi quase perfeita a maneira como se uniram, e também não, ao
mesmo tempo. A boca de Trevor não era nada como estava acostumado,
embora seus lábios ainda fossem surpreendentemente macios, e embora
ele tivesse se barbeado naquela manhã, Phillip podia sentir os pelos
grossos crescendo em torno da sua boca e mandíbula enquanto se
beijavam.
Não tinha notado nada disso da última vez. Talvez tenha sido
porque o seu pau estava em grande parte no controle.
Então, ocorreu-lhe que estava realmente beijando um homem.
Não era uma mulher que ele estava segurando, e de jeito nenhum
poderia fingir que era, porque o corpo firme que estava segurando não
era parecido em nada com a suavidade que estava acostumado a partir
de Helen.
“Não pense nela agora.”
Os dois já estavam nus, então a próxima parte foi fácil. Phillip
virou Trevor e empurrou-o contra a bétula mais próxima.
Não era como se tivesse tomado lições sobre este tipo de sexo
desde que ele e Trevor tinha estado juntos pela última vez, então fez a
única coisa que podia pensar em fazer. Cuspiu na sua mão rapidamente
e acariciou o seu pau pesado e dolorido. Espalhou a saliva ao redor, o
tempo todo cutucando as pernas de Trevor com os pés. Alinhou seu pau
com aquele ânus apertado e começou a empurrar para a frente.
— Espere.
Essa única palavra, falada através de dentes cerrados, fez com
que ele parasse em horror. Esperar? Ele estava falando sério? Ele iria
parar?
— O que foi?
Phillip perguntou, dificilmente capaz de lidar com o pensamento
do que faria se Trevor quisesse apenas falar sobre essa coisa toda.
Trevor olhou por cima do ombro para ele e balançou a cabeça.
— Eu não acho que vai ser o suficiente.
Não era? Phillip queria sexo, e não achava que poderia
simplesmente fazer o que eles fizeram da última vez.
“O que vamos fazer?” Pensou que com certeza que dois homens
ainda podiam sobreviver com saliva.
— Nós podemos — disse Trevor, lembrando Phillip que ele ainda
estava mantendo seus pensamentos desprotegidos. O homem tinha
falado sobre isso antes, mas era difícil manter o diálogo interior para si
mesmo.
— Então por que…?
— Eu sou um lobo agora e tudo — disse Trevor. — Me foi dito
que, como um lobo, provavelmente posso passar sem lubrificação e
ainda vai ser bom. Tolerância à dor e força e tudo isso.
Phillip esperou com quase nenhuma paciência para ele chegar
ao ponto.
— Mas eu fui humano primeiro, e lembro de uma vez tentar
ficar sem isso. Não foi divertido. Eu não acho que posso fazer sexo sem
lubrificante.
Phillip queria rastejar em um buraco e morrer.
Deve ter sido óbvio pelo olhar no seu rosto, porque Trevor
agarrou-o pela mão.
— Está tudo bem. Minhas roupas estão num banco perto daqui.
Eu tenho carregado um pouco de lubrificante desde a última vez.
Phillip suspirou quando Trevor liderou o caminho.
— Graças a Deus.
Trevor estava certo. O banco estava perto, mas a corrida de dois
minutos para chegar a isso ainda parecia uma eternidade.
Trevor abriu o trinco superior e alcançou o interior, puxando um
jeans e enfiou a mão nos bolsos, o tempo todo resmungando para si
mesmo.
— Vamos lá. Vamos lá.
Finalmente ele tirou um tubo novo. Ainda tinha o invólucro de
plástico sobre a tampa.
Trevor sorriu para ele quando o puxou.
— Nós vamos usar isto. Vai ser melhor assim.
Phillip ia ter que aceitar a sua palavra, porque esta seria a sua
primeira vez com um homem.
Então Trevor levou-o de volta para as árvores.
— O banco não seria mais confortável?
Era de madeira, mas deveria definitivamente ser suficiente.
Trevor sacudiu a cabeça.
— Muitos membros da matilha estão indos e vindo ao redor
deles. Eu não sou contra as pessoas saberem sobre nós, mas não quero
que alguém me veja fazendo sexo.
Isso fazia sentido.
Estavam quase de volta ao lugar de onde vieram quando Trevor
parou e empurrou a garrafa de lubrificante agora não selada nas mãos
dele.
— Use seus dedos primeiro.
Phillip estava cheio de um novo tipo de horror.
— Meus dedos?
— Estique o músculo um pouco. Não vai doer tanto assim.
Oh merda. Não tinha pensado sobre o que ele estaria fazendo
agora que estava aqui.
— Como é que eu…?
— Apenas espalhe um pouco disso nos seus dedos. Use um
dedo primeiro depois dois, depois um terceiro. Vá devagar de lá até que
não pareça tão apertado. Isso deve ser o suficiente. Eu não acho que
vou precisar de mais do que isso.
Isso não parecia tão ruim. Poderia fazer isso. Não era como se
Trevor estivesse lhe pedindo para enfiar o punho inteiro ali ou algo
assim.
— Eu acho que você teve a ideia certa quando me empurrou
contra a árvore — disse Trevor, virando para ficar na frente de outro
vidoeiro.
— Vai me dar algo para me segurar.
Ele não podia acreditar que estava prestes a fazer isso. Abriu a
tampa a garrafinha e espalhou o material em torno dos seus dedos,
sendo muito generoso com a quantidade, e depois empurrou um dentro
do ânus de Trevor.
O outro homem arqueou um pouco, ficou tenso e suspirou.
Phillip observou-o enquanto ele pressionava o rosto contra a casca
branca da bétula.
— Isso é bom. Use outro.
Phillip fez como lhe foi dito. Sentiu-se um pouco envergonhado
por ter seus dedos na bunda de outro homem, se estivesse sendo
completamente honesto consigo mesmo.
Esticou o músculo, movendo suavemente os dedos ao redor, e
então adicionou o terceiro.
Esse foi o que Trevor apertou mais ao redor, e Phillip estava
realmente feliz que ele tivesse pensado à frente e trouxe algo que ambos
poderiam usar, caso contrário, isso poderia não estar acontecendo em
absoluto.
— Você vai parar de pensar sobre isso e só os leve mais fundo!
— Trevor falou.
Phillip endureceu. Porra. Não estava guardando seus
pensamentos, e agora que parou para prestar atenção, Trevor realmente
não se sentia tão apertado mais.
— Você quer isso? Tudo bem.
Phillip passou o braço em volta dos ombros de Trevor e enfiou
seus dedos tão duro e profundo quanto conseguiu. Trevor foi até o topo
dos seus dedos e gritou conforme as pontas dos dedos de Phillip
roçavam contra algo dentro dele.
Era isso. Era isso que ele queria encontrar. Phillip segurou o
homem mais apertado, mesmo quando os dedos de Trevor deixaram
marcas longas de arranhões descendo a base da árvore, arrancando a
casca e cicatrizando a madeira.
— Isso é bom. Bem aí! — Trevor gritou, ido de encontro aos
dedos de Phillip.
Ele podia de repente ver o apelo para isso. Gostava de assistir
Trevor enlouquecido com necessidade. Isso fez o seu pênis pulsar e
pulsar ainda mais e deixou suas bolas pesadas doerem ainda mais.
Phillip gentilmente agarrou o lóbulo da orelha de Trevor com os
dentes.
Gostava de fazer isso com...
“Não pense nela.”
— Eu vou te foder até você gritar por mim. Vou colocar meu
pau dentro de você, e você vai me montar até explodir.
— Sim — Trevor gemeu, se foi em resposta ao que Phillip
estava dizendo ou só porque estava se divertindo tanto, não sabia dizer.
Decidiu que já era o suficiente quando quase começou a parecer
que Trevor estava se esfregando contra a árvore, assim como contra os
seus dedos, e ele os removeu do corpo de Trevor.
Trevor gemeu com a perda e quase se virou. Phillip fez com que
ele enfrentasse a árvore novamente.
— Fique aí — ordenou.
Ele agarrou Trevor pelas mãos e as içou acima da sua cabeça.
Encontrou um forte galho na árvore e colocou as mãos do
homem sobre ele.
— Você solta isso, e eu juro que vou parar — ele disse,
praticamente rosnando o comando no ouvido de Trevor enquanto seu
alfa interno assumia.
Meio que esperava algum tipo de resposta negativa,
considerando que Trevor era um alfa também, mas ele apenas assentiu.
— Ok — ele disse, e Phillip não soltou as mãos até sentir os
seus dedos apertando o galho.
Agora Phillip o tinha inteiramente para si. Ele permitiu que os
seus dedos trilhassem os braços fortes de Trevor, sentindo os músculos
saudáveis por baixo da sua pele quente e bronzeada. Ele não tinha uma
cicatriz em qualquer lugar no seu corpo. A pele nele era tão perfeita.
Trevor era mesmo lindo. Foi uma pena que ele tenha sido
forçado a se tornar um lobo. Ele poderia ter feito sucesso no negócio de
modelo.
Trevor pensou que Phillip não sabia disso, mas ele sabia. As
pessoas tinham conversado muito com ele nos primeiros dias quando
chegou a esta matilha, quando pensaram que ele tinha a mente de um
menino de cinco anos de idade.
Cole tinha sido o único a mencioná-lo, antes de Phillip
finalmente se afastar dele e começar a evitá-lo e ao seu companheiro.
Phillip lubrificou seu pênis, usando o máximo de lubrificante que
pôde, tomando cuidado para não manter a mão em si mesmo por muito
tempo. Não estava pronto para gozar ainda.
Ele era um grande crente em qualidade sobre quantidade
quando se tratava de hábitos sexuais de lobo, e queria extrair isso desta
vez.
Não queria que terminasse em alguns minutos.
Deslizou as mãos pelos quadris de Trevor, ainda explorando o
outro homem, como ele se sentia, sua pele, seus músculos e os pelos
grossos que cresciam do peito ao umbigo. Ele e Trevor tinham
praticamente a mesma altura, mas pela maneira como o homem tinha se
esticado ele parecia mais alto.
Trevor gemeu quando Phillip finalmente ganhou coragem para
esticar a mão ao redor e tocar o seu pênis. Ele gemeu novamente
quando Phillip agarrou-o um pouco mais apertado, e ele também se
empurrou na mão de Phillip.
— Porra, isso é legal. Foda-me enquanto você me acaricia —
disse ele.
Ele só poderia fazer isso. Todos os pequenos arrepios e tremores
e cada reação que conseguiu retirar de Trevor só fez Phillip quer o
homem muito mais.
Finalmente parou de brincar e agarrou o seu pênis, alinhando-o
com o ânus de Trevor, e mergulhou dentro.
A incrível sensação de ser engolido por outro corpo foi algo que
ele quase esqueceu. Isso era exatamente o que necessitava.
Trevor ao arquear quase tirou o pau de Phillip enquanto ele
gemia ao ser preenchido. Suas mãos caíram do galho da árvore, mas
ainda assim conseguiu mantê-las acima da sua cabeça enquanto
arranhava a árvore.
— Leve-os de volta até lá — Phillip exigiu, empurrando duro e
profundamente dentro do outro homem.
Trevor gemeu e fez o que lhe foi dito, esticando o corpo
enquanto Phillip o fodia.
— Toque me. Por favor, me toque, — Trevor implorou.
Phillip pensou que faria isso só porque o homem pediu de forma
agradável. Ele manteve um braço no peito de Trevor e esticou a outra
mão para baixo envolvendo os dedos em torno do seu pau ingurgitado.
Ele era grande, maior que Phillip, e estava feliz por não estar na
posição de Trevor agora, porque não havia como ter algo assim na sua
bunda ser prazeroso, acasalado ou não.
Phillip manteve seus movimentos duros e rápidos, mas diminuiu
a velocidade e parou sempre que estava chegando ao fim. Trevor gemeu
e empurrou contra ele o melhor que podia, e quando Phillip sentiu o
pênis do outro homem começar a inchar, agarrou-o firmemente pela
base para manter o seu orgasmo controlado.
— Não, não! Deixe-me gozar — disse Trevor, descendo uma
mão para segurar o seu pênis.
Phillip segurou-o mais apertado, mas imaginou que iria deixar a
ofensa deslizar. Apesar do quanto queria arrastar isso, ambos estavam
claramente na borda.
Soltou o pau de Trevor, e o homem atirou a mão para baixo e
acariciou-se rápido enquanto Phillip fodeu-o com força e rapidez contra a
árvore.
O ânus de Trevor apertou e apertou em torno do seu pau, quase
ao ponto de dor, mas isso foi exatamente o que levou Phillip sobre a
borda quando suas bolas ficaram apertadas e o orgasmo correu através
do seu pau.
Atirou-se profundamente dentro do homem, e embora já o
tivesse reivindicado, sentindo-se dentro de Trevor, seu sêmen nele
também, sentiu quase como se o estivesse reivindicando novamente.
Ambos desmoronaram contra a árvore. A árvore de bétula não
tinha grande espessura também, então realmente foi mais como se
Phillip tivesse desmoronado contra as costas de Trevor, e este estivesse
inclinado fortemente contra a árvore, tentando se impedir de cair.
O calor do corpo de Trevor era tentador e agradável, mas
afastou-se dele. Não tinha esquecido que Trevor deveria estar caçando a
refeição desta noite com alguns dos outros alfas, e não queria prender o
homem e colocá-lo em apuros.
— Uh, obrigado — disse, não tendo a menor ideia do que dizer,
mas ainda foi provavelmente a coisa errada.
Trevor tinha acabado de o deixar fode-lo. Ele não tinha lhe dado
uma carona para a cidade ou qualquer coisa.
— Não foi nada — disse Trevor, e se levantou olhando para
Phillip.
Teve que desviar o olhar. A visão de Trevor tão suado
imediatamente depois do sexo enviou todos os tipos de sinais para o seu
pênis. Queria transar com ele novamente.
Isso era ridículo.
— Eu também quero — disse Trevor.
Phillip franziu a testa.
— Eu realmente vou aproveitar quando aprender a manter
meus pensamentos para mim mesmo.
Trevor corou. Phillip pensou que era engraçado a forma como
um lobo alfa ainda podia corar. Ele parecia muito legal assim.
— Bem, você não pensou em nada muito particular quando
está perto de mim então não me preocuparia com isso.
Mas ele estava preocupado. Às vezes se esforçava para manter
a sua esposa fora dos seus pensamentos enquanto estava com o homem
na frente dele. A última coisa que queria fazer era trazê-la para isso.
Tinha quase certeza que ela iria querer que seguisse em frente,
não pensasse nela enquanto fazia sexo com um homem.
— De qualquer forma — disse Trevor — eu queria saber se você
queria ir ver um filme ou algo mais tarde?
A questão era tão normal em comparação com o que estavam
fazendo que o desnorteou.
— O quê?
Trevor tinha aquele olhar esperançoso no seu rosto, e Phillip
lembrou que ele ainda não tinha vinte e quatro anos. Tão jovem.
— Eu percebi que nós realmente não passamos algum tempo
juntos, então por que não assistir filmes antigos? Você prometeu me
mostrar todos os monstros originais dos filmes dos seus dias.
Cristo, o cara poderia fazê-lo parecer mais velho? Não era como
se tivesse cem ou qualquer coisa.
Ainda assim, os filmes em preto e branco, bem como alguns
filmes obscuros de vampiros que saíram quando a TV a cores estava
começando a se tornar mais comum, eram todas as coisas que Trevor
poderia facilmente encontrar no Netflix ou algo assim se ele realmente
quisesse assisti-los.
Filmes de terror eram uma das poucas coisas que Phillip tinha
em comum com o jovem na frente dele. Houve um momento em que
sugeriu que Trevor parasse os filmes da serra e assistisse algo com um
pouco mais de bom gosto, como Drácula ou Nosferatu. Os originais e
não os remakes. Ia ter que ter certeza de que Trevor visse os filmes
como esse que surgiram antes de Phillip nascer, não depois. Ele não era
tão velho assim.
Phillip era um lobo, mas ainda gostava de filmes de vampiros e
monstros. Os outros acharam estranho, mas Trevor não. Provavelmente
porque ele costumava ser humano.
Trevor sabia disso também. Ele estava tentando convidar Phillip
para um encontro, basicamente. Isso era o que assistir a um filme juntos
representava, não era?
Ele e Helen tinham feito coisas assim? Provavelmente, porque
eles tinham sido casados, mas suas memórias ainda estavam enevoadas
por causa do seu tempo como um lobo quase selvagem.
— Não precisamos fazer nada. Nós nem precisamos conversar
— Trevor disse quando Phillip não respondeu. — Vai ser apenas uma
coisa de amigos, como antes.
Assim como antes, quando eles eram quase amigos.
Supôs que tratar Trevor como um amigo que estava fodendo era
pelo menos melhor do que tratá-lo como apenas um cara que estava
fodendo. Phillip assentiu.
— OK. Nós vamos para o seu quarto, no entanto.
Trevor parecia confuso.
— Por que o meu? O seu quarto não é maior?
Essa seria a suposição natural, já que Phillip tinha sido um líder
alfa e Trevor nunca tinha visto o seu quarto, mas não era maior.
James estava construindo mais casas e adicionando novos
quartos, mas sua matilha estava crescendo. O quarto de Phillip era
pequeno. Supôs que teria sido maior se tivesse concordado em viver no
quarto de hóspedes na casa principal, mas era tarde demais para isso.
Ele era um novo membro da matilha, e ninguém importante, realmente.
Não queria ter um maior espaço até que sentisse que o ganhou.
— Na verdade, seu quarto é maior e você tem uma TV. Eu não.
Os olhos de Trevor realmente se arregalaram, como se o
pensamento de não ter uma televisão no quarto fosse pré-histórico.
Phillip nunca tinha sido consciente disso.
— Mesmo?
— Sim com certeza. Não fique tão chocado. Eu vou fornecer os
lanches.
Capítulo Quatro

Eles não tinham definido exatamente a data em que veriam o


filme, mas Phillip não estava disposto a adiar. Não ia agir como criança
sobre isso e ignorar o homem apenas para não passar tempo com ele.
Foi para a cidade naquele dia, puxando a carteira pela primeira
vez em meses, e ficou satisfeito em notar que quando enfiou o cartão no
caixa eletrônico, conseguiu tirar algum dinheiro.
Pelo menos o banco tinha sido bem cuidado enquanto estava
fora.
Brampton era uma cidade pequena. Sua principal rua comercial
também era onde muitos dos moradores viviam. Eles moravam nos
apartamentos acima das suas lojas ou um pouco mais para fora da
cidade.
De qualquer forma, deveria ter tudo o que precisava.
Os lobos não tinham permissão para entrar na cidade por muito
tempo. Somente curtos períodos de tempo. Sempre foi melhor que o
povo da cidade soubesse tão pouco quanto possível sobre as pessoas
que viviam nas casas vinte minutos descendo a estrada, mas sempre
havia coisas que precisavam ser feitas e isso não poderia ser adiado.
Trabalho, por um lado. Alguns dos alfas de James DeWitt
trabalhavam sem registro para os cidadãos de Brampton, movendo
objetos pesados, jardinagem, e ultimamente até pequenos projetos de
construção. Então havia também sempre alguém comprando comida e
roupas e outras necessidades, mas Phillip não estava aqui por nenhuma
dessas razões. Nem tinha pedido permissão para entrar na cidade.
Também não ia pedir por isso. Não era um dos alfas de James,
não importa o quanto apreciava a ajuda do homem, e estava se sentindo
mais do que capaz de entrar no único posto de gasolina da cidade para
comprar pipoca de micro-ondas.
Isso, e o aniversário de um aninho do seu filho estava se
aproximando. Ia ter que lhe dar um presente.
Sammy não se lembrava do dia, não importa o que Phillip
fizesse, mas Phillip se lembrava disso. Ele jurou para si mesmo que
nunca se permitiria esquecê-lo, ou o seu filho.
Só queria ter Helen aqui com ele para que pudesse ajudá-lo a
escolher algo. Nunca fora bom em fazer compras. Ela não tinha sido
muito boa sobre isso também, mas então se lembrou de coisas de
repente aparecendo na sua casa. O berço, um roqueiro, bichos de
pelúcia, roupas, e até mesmo um monitor de bebê, apesar do fato de
que ambos tinham excelente ouvido e não precisariam da coisa.
Phillip pegou duas caixas de pipoca, dois sacos de batatas fritas
e duas garrafas grandes de refrigerante. Isso deveria ser suficiente para
os dois, para assistir alguns filmes. Ficou um pouco surpreso ar ver que
também estavam vendendo garrafas de lubrificante ao lado dos
preservativos, e tentou não ficar muito envergonhado quando pediu ao
caixa para adicioná-lo à sua compra. Trevor não deveria ser o único a
estar pensando coisas assim.
O garoto de cara cheia de espinhas apenas sorriu para ele
enquanto registrava a compra. Phillip saiu rapidamente depois disso.
Em seguida, foi até o brechó. Não havia exatamente um
shopping center em Brampton, então era aí que a maioria das pessoas
deixavam as roupas depois que enjoavam das que pediam online.
Entrou e encontrou muitas roupas bonitas para Sammy vestir,
muitas que pareciam estar em estado quase novo, apesar do fato de que
eram doações. Uma das senhoras atrás do balcão até lhe deu uma
olhada quando perguntou que roupas caberiam melhor em uma criança
de um ano de idade.
— Oh! Para o seu menino? — Seu rosto ficou vermelho quando
ela perguntou, olhando as roupas com dinossauros e bolas de beisebol
que Phillip estava segurando na sua mão.
— Sim. Não sou tão bom assim, realmente.
— Está tudo bem. Sua esposa costuma fazer as compras?
Ele pegou o jeito que ela perguntou, olhando-o curiosamente
mais uma vez quando o levou de volta ao corredor de roupas de bebê.
Ela estava examinando-o. Provavelmente tinha um bebê ou dois
na sua casa.
— Ela costumava fazer isso. — E isso era tudo o que iria dizer
sobre o assunto.
A mulher loira realmente pegou-o pelo braço e começou
mostrando-lhe uma por uma, cada peça de roupa, a que ficaria mais
fofa, a mais quente, mais confortável, melhor para o seu bolso, e assim
por diante.
Ela era realmente muito ansiosa em ajudá-lo.
Olhou para a figura dela quando virou. Quadris largos que eram
bons para a gravidez e seios grandes que testavam os limites dos botões
da sua blusa. Esta mulher definitivamente tinha alguns filhos.
Então entendeu. Era a coisa do pai solteiro. Já tinha visto isso
antes nos filmes e na televisão, mas não achava que era real. As mães
solteiras eram atraídas por pais solteiros como ninguém, e esta mulher
estava totalmente nele.
Permitiu que ela o ajudasse, fazendo o melhor para manter o
rosto neutro, mas o tempo todo estava olhando para ela e se
perguntando por que não estava reagindo aos seus avanços sutis.
Ela era uma mulher, e ainda gostava de mulheres tanto quanto
sabia, e ela era bonita o suficiente. Parecia ter cerca de trinta anos.
Aquilo era ainda menos da metade da sua idade, mas trinta era
definitivamente mais apropriado do que vinte e três. Talvez tenha sido o
fato dela estar usando muito perfume que o estava afastando.
Seja qual for o caso, não estava sentindo nenhum tipo de
reação emocional a ela. Talvez fosse o fato de estar acasalado.
Sim, tinha que ser isso.
— Há mais alguma coisa com a qual você precise de ajuda? —
Ela perguntou. Em algum momento durante todo o seu útil balbucio ela
lhe disse o seu nome, mas Phillip estava um pouco envergonhado de
admitir que não conseguia lembrar-se.
— Não, acho que tenho tudo — disse ele. Escolheu as roupas
que queria e os brinquedos de bebê que ela assegurou que eram
apropriados para um ano de idade. Imaginou que iria para a biblioteca
ao lado e veria se tinham algum livro ilustrado nas suas pilhas de
descarte. Sammy estava começando a aprender palavras agora, então
seria uma boa ideia.
— Bem, então, deixe-me levá-lo de volta para a caixa
registradora da frente.
Com um sorriso e um mexer dos seus quadris, a balconista
levou Phillip de volta para a frente.
No caminho, passou por outra prateleira cheia de livros. Não
livros infantis como queria, mas havia um em especial que chamou sua
atenção.
Drácula. Isso foi uma coincidência.
— Encontrou outra coisa, querido?
— Sim, acho que sim — disse Phillip e acrescentou o livro à sua
pilha de itens.
A mulher olhou para ele e ensacou seus itens com o que deveria
ter sido o sorriso mais feliz no seu rosto. Ela também pegou um cartão
do balcão e entregou a ele. Ele nem sabia que as pessoas que
trabalhavam em brechós tinham seus próprios cartões impressos. Talvez
ela fosse a gerente.
— Ligue para mim se precisar de mais ajuda — disse ela.
Ele rapidamente olhou para o cartão. Nancy era o nome escrito
nele.
— Eu vou fazer isso — disse ele e, em seguida, saiu pela porta
com Nancy acenando alegremente atrás dele.
Ele andou um pouco pela rua, esperando até que estivesse
longe o suficiente da vitrine para que ela não o visse rapidamente jogar
o pequeno cartão com todos os números na lata de lixo.
Ele já tinha um encontro.

Eric assistiu Phillip entrar na biblioteca ao lado. O homem


parecia tão preso em tudo o que estava fazendo que não estava ciente
do fato de que estava sendo vigiado.
— Você acha que devemos contar a James sobre isso? — Eric,
irmão gêmeo de Eli, perguntou.
Ninguém que olhasse para qualquer um deles saberia que eles
eram gêmeos, no entanto. Desde que Eric foi morto, acasalou com um
vampiro, e depois desenvolveu a capacidade de assumir o controle
daquele corpo vampiro, bem, ambos pareciam diferentes.
Era uma longa história.
— Eu acho que sim, quero dizer que não tinha ouvido falar que
ele estava vindo para a cidade, mas não parece que está fazendo algo
errado. Eu acho que ele está apenas fazendo compras. — Eli disse.
Eric coçou o queixo.
— Sim, eu acho que sim. Ouvi dizer que o aniversário do seu
filho está chegando. Talvez todos os lanches sejam para uma festa?
— Talvez. Há um par de filhotes mais novos na matilha que
ainda seriam jovens o suficiente para um aniversário de um ano de
idade. Se é isso que ele está planejando, ele realmente não pegou o
suficiente.
— Concordo. Ainda me lembro de quando John comeu todo o
saco de doces de Halloween que ele recolheu em uma noite.
— Em uma hora — disse Eric.
Eli assentiu e então riu.
— O pequeno bastardo estúpido fez foi ficar doente.
Eric sorriu para o seu irmão. Era bom poder sair com ele assim.
Ele tinha que possuir o corpo de Ivan para fazer isso, com permissão de
Ivan, é claro, mas agora eram capazes de ter um relacionamento
novamente.
A coisa divertida era que enquanto ele estava nesse corpo, a
natureza vampira de Ivan parecia adormecer. O sol não queimava a sua
pele enquanto Eric estava no banco do motorista, e ele poderia até se
transformar num lobo, e o tempo todo o espírito de Ivan dormia
pacificamente no interior do seu corpo.
Ainda era estranho para ele olhar no espelho e ver um rosto que
não era dele. Essa parte ainda o deixava desconfortável.
— Então, pelo menos, vamos perguntar a James sobre isso? —
Eric perguntou, confirmando o que ambos sabiam o que tinha que ser
feito.
Eric encolheu os ombros.
— Poderíamos. No mínimo, devemos perguntar se ele sabe de
alguma coisa sobre aquela mulher.
— Que mulher? — Perguntou Eli, olhando para a biblioteca onde
Phillip ainda estava. — Você está falando sobre a senhora na loja?
Ambos tinham sido capazes de se esgueirar até as janelas da
frente e rapidamente atingiu seu pico enquanto Phillip passava por suas
compras, mas Eric não estava falando sobre ela.
— Ela está bem ali, parada perto das portas. A morena.
— Cara, não tem ninguém lá.
— Quem diabos é você? — Com uma clareza impressionante,
Eric percebeu o que ele estava vendo. — Ah merda.
— O que? O que foi? — Eli perguntou.
Eric ia ter que fazer algumas perguntas a Phillip antes que
pudesse confirmar, mas havia apenas uma explicação para o porquê de
uma mulher fantasma estar seguindo o homem.
— Acho que vejo a esposa morta de Phillip.

Capítulo Cinco

— Drácula?
— Sim, eu achei que você poderia lê-lo em algum momento e
obter alguns dos detalhes da história que não estão no filme.
Trevor não tinha muitos livros nas suas prateleiras, e a maioria
dos que tinha eram novelas gráficas, mas ainda assim, Phillip lhe trouxe
um presente. Estava tocado.
— Obrigado. Eu vou ler.
Se afastou, permitindo que entrasse na cabana.
Ele olhou ao redor.
— Onde está todo mundo?
Trevor fechou a porta.
— Terminei meu trabalho e as tarefas do dia, e os outros estão
saindo para socializar ou algo assim. Nós devemos ter a casa toda para
nós.
Que era exatamente o que Trevor queria. Não estava prestes a
admitir para o homem que também subornou os dois ômegas e um alfa
que estavam com ele para sair de casa durante a maior parte da noite. A
essa altura, eles provavelmente estavam fazendo quem sabia o quê. Não
se importava nem um pouco.
Então tomou nota dos sacos de plástico que Phillip segurava na
mão. Podia ver através deles os rótulos dos sacos de batatas fritas e
garrafas de refrigerante.
— São para o filme?
Phillip conseguiu sorrir enquanto levantava as sacolas.
— Você acha que isso vai durar a noite toda?
O que Trevor realmente queria saber era se Phillip sabia que ele
estava flexionando o músculo do braço quando fez isso.
— Devemos ficar bem, se racionarmos corretamente — disse e,
em seguida, limpou a garganta. — A TV da sala de estar é maior. Vamos
assistir nela.
Era quase confortável, a maneira como eles se moviam, como
se estivessem fazendo isso há anos. Phillip colocou os sacos de pipoca no
microondas e logo a casa inteira cheirava a manteiga e sal.
Trevor colocou o filme na TV e depois serviu suas bebidas.
Phillip entregou a ele o seu próprio saco de pipoca e juntos eles
voltaram para o sofá.
Sabia que ele tinha pensado que viria assistir ao filme no seu
quarto, mas se eles quisessem sexo, poderiam sempre ir lá mais tarde.
Ou ficar no sofá. Não queria que nenhum dos seus colegas de quarto os
ouvisse. Isso era definitivamente melhor.
Ficou um pouco desapontado quando Phillip não se sentou
imediatamente ao lado dele no sofá. Não sentou do outro lado
completamente. Estava mais no meio, enquanto Trevor estava perto do
braço.
Se sentiu um idiota. Foi ele quem disse a Phillip que tudo bem
se quisesse ir devagar, e aqui estava, imaginando por que o homem não
estava abraçando-o ou algo assim.
Realmente precisava parar de pensar nisso e apenas curtir o
filme e a companhia.
Não podia. Foi o filme mais longo da sua vida, ou parecia que
era assim. Pegou apenas algumas partes antes de Phillip se mexer no
seu assento ou lamber o sal e a manteiga dos seus dedos, trazendo sua
consciência sobre ele de volta.
O filme mal tinha acabado, e estava tão excitado que pensou
em pular no homem ali mesmo. E eles só conseguiram passar por um
dos três que concordaram em assistir juntos.
— O que você achou? — Phillip perguntou quando acabou.
Trevor tentou juntar os pedaços que tinha visto.
— Eu entendo porque Bela Lugosi ainda é falada hoje em dia.
Faz um ótimo Drácula, mas isso não parece assustador para mim.
Não assustador o suficiente se mal pôde prestar atenção a isso.
— Foi assustador quando saiu.
Trevor podia admitir que era um bom pedaço de cinema.
Simplesmente não conseguia imaginar alguém que estivesse com medo
disso.
— Eu vejo esse olhar no seu rosto. É verdade — Phillip disse,
levando seu saco de pipoca vazia para o lixo embaixo da pia da cozinha.
O saco de pipoca de Trevor ainda estava meio cheio e frio agora.
— Eu acho.
Phillip suspirou.
— Sim, você não estava prestando atenção.
Trevor ficou rígido.
— Sim, eu estava!
Phillip voltou para o sofá.
— Não, você não estava. Eu posso sentir o seu cheiro.
Seu corpo congelou completamente. Foda-se, foda-se. Às vezes
esquecia que havia outras pessoas na matilha que tinham narizes
supersensíveis como ele. Phillip estava sentado ao lado dele o tempo
todo, e sentiu o seu cheiro.
— Tudo bem — disse Phillip. — Eu não me importo.
— Bem, eu não achava que hoje à noite estaríamos fazendo
isso, já que estamos indo para a coisa toda de amigos — disse Trevor,
ainda envergonhado de si mesmo.
— Nós somos amigos. E estamos fazendo isso também, —
Phillip disse, e ele tentou alcança-lo.
Se aproximou e tentou não parecer muito ansioso, permitindo
que Phillip colocasse as mãos nele. Amava o calor que sentia em volta do
pescoço e até mesmo através do material da camiseta que usava
enquanto a outra mão dele deslizava pelas suas costas.
Bem, esperava apenas uma noite casual como nos velhos
tempos, mas estava mais do que disposto a aceitar isso também. Desde
que significasse que Phillip iria beijá-lo e tocá-lo como fez ontem na
floresta. Sua boca e pele queimavam por esses toques. Não achava que
poderia sobreviver sem eles.
Levantou a perna e sentou no colo de Phillip. Ficou satisfeito ao
ver que o outro homem estava em um estado de excitação similar ao
dele. Achava que realmente não estava prestando atenção se não tinha
notado isso.
Talvez a pipoca mascarasse o cheiro. Se esse era o caso, então
precisava começar a praticar suas habilidades um pouco mais.
Todos esses pensamentos foram embora quando os olhos de
Phillip se voltaram para a sua boca, e então cuidadosamente se inclinou
para frente. Quando ele o beijou e o abraçou, Trevor fechou os olhos e
lentamente começou a balançar os quadris contra os dele.
O outro homem gemeu e o apertou um pouco mais, quase
empurrando seus quadris para frente e para trás, criando mais atrito.
— Isso é bom — disse Trevor com um suspiro.
— Eu quero que você me monte assim — Phillip disse, e
estendeu a mão e pressionou mais beijos gentis e exploradores ao longo
do seu pescoço e mandíbula.
Seu cérebro alcançou-o rapidamente nesse ponto. Merda.
— Uh, você meio que usou todo lubrificante da última vez que
estivermos juntos, mas tudo bem. Aposto que há algo aqui que podemos
usar.
Estava prestes a sair de cima dele e ver se poderia encontrar
qualquer loção para as mãos ou algo assim quando as mãos de Phillip na
sua cintura ficaram apertadas novamente.
— O que...?
— Eu tenho uma coisa — disse Phillip, depois soltou os seus
quadris e começou a procurar no bolso direito. Puxou um tubo. — Eu
pensei, apenas no caso, desde que você não gosta sem.
Phillip parecia tão tímido quando disse isso, e novamente,
Trevor sentiu o calor se espalhar dentro dele pelo outro homem.
Os outros lobos acasalados tinham lhe dito que ele seria capaz
de lidar com isso sem lubrificante, que a sua força iria dominá-lo e
ajudá-lo para que pudesse se divertir, mas achava que todos eram
loucos. Não havia nenhuma maneira no inferno que foderia sem
lubrificante, e não se importava com o que eles disseram sobre as
capacidades do seu novo corpo.
Estava feliz por um deles ter pensado no futuro.
Pegou a pequena garrafa da mão de Phillip e rapidamente se
levantou, depois puxou o homem de pé.
— Onde estamos indo?
— Para o meu quarto — disse Trevor. — Eu pedi aos outros para
sair esta noite, mas eles ainda podem voltar.
Ele levantou as sobrancelhas.
— Você pediu para eles saírem?
Porra, esqueceu disso. Bem, foi pego agora.
— Os subornei realmente.
Phillip riu e juntos foram pelo corredor até o seu quarto.
— Eu acho que não queremos arriscar estragar o sofá também.
Eles estavam na sua maioria em silêncio enquanto se despiam.
Trevor não tinha esquecido que Phillip queria manter isso apenas entre
eles por agora, e enquanto não havia ninguém na casa, ainda havia
outros vagando pela propriedade, e as paredes dificilmente eram à prova
de som.
— Fique na cama — Phillip ordenou, e Trevor prontamente fez o
que lhe foi dito.

Phillip amava o jeito que Trevor era rápido em obedecer os seus


comandos.
Não havia nenhuma luta pelo poder no quarto enquanto eles
estavam assim. Seus lobos alfas não tiveram que lutar pela posição
dominante. Era só os dois se divertindo.
Isso era bom. Foi assim que imaginou que deveria ser. Talvez
por isso se encontrasse relaxando cada vez mais na presença de Trevor.
Eles nunca pareciam lutar. Apenas se encaixavam tão bem juntos.
Phillip franziu a testa ante o pensamento. Precisava da conexão
com o corpo de Trevor para satisfazer os seus desejos instintivos de se
relacionar e estar com o seu companheiro. Não queria um
relacionamento fora disso. Ainda não.
Colocou o joelho na cama, o colchão mergulhando sob o seu
peso. Esta seria outra novidade para eles. Iam foder em uma cama,
corretamente, em vez da floresta como animais ou algo assim.
Estava feliz por isso.
Trevor se posicionou de costas. Phillip não entendia como isso
deveria funcionar, mas não queria admitir sua ignorância.
— Fique nas mãos e joelhos. Será mais fácil assim — disse ele
e depois esperou que Trevor o obedecesse e não fizesse perguntas.
Ele fez. Sorriu para ele e prontamente virou nas mãos e joelhos.
— Use muito, assim como fez da última vez — disse Trevor por
cima do ombro.
Phillip fez o que lhe pediu e destampou a garrafa de lubrificante.
Era algum tipo de gel que esquentou contra os seus dedos. Nunca teve
que comprar nada disso quando estava com Helen, então não pensou em
verificar o rótulo para ver o que fazia.
Agora sabia.
Não tinha mais medo de preparar o corpo de Trevor para ele.
Agora que estava acostumado com isso, descobriu que realmente
gostava disso. Gostava de ouvir o jeito que lamentava por ele, e as
respostas que tirava do homem sempre o deixara saber que estava
fazendo certo.
Tentou algo um pouco diferente desta vez. A visão das bolas de
Trevor penduradas entre as pernas o tinha um pouco curioso, então
quando ele enfiou os dedos dentro, tentando encontrar o mesmo local
que fez o homem ficar tão selvagem antes, usou a outra mão para
massagear os seus testículos.
Phillip lidou com eles do jeito que gostava de ter as suas
próprias bolas acariciadas, e Trevor estremeceu. Seus braços dobraram,
e o seu rosto caiu nos seus travesseiros, o que provavelmente era uma
coisa boa, ou então alguém de fora poderia ter ouvido os barulhos que
estava fazendo.
Suas palavras foram abafadas, então Phillip não tinha ideia do
que estava dizendo, mas era relativamente fácil para ele dizer que as
respostas eram positivas. Então seus dedos pressionaram contra o
pequeno ponto dentro dele, sua próstata, e Trevor estremeceu quando
gozou.
Pressionou os dedos ainda mais, tirando o prazer dele. Estava
completamente paralisado pelo homem. Não conseguia tirar os olhos de
Trevor. Nunca olhou para outro homem antes e pensou nas coisas que
fazia agora. Sempre soube que homens podiam ser legais de se ver, mas
eles não faziam nada por ele, não como Trevor.
Trevor levantou-se, ofegante e suando, fora dos travesseiros
que acabara de gritar. Seu rosto continha o tipo de satisfação suada que
acompanhava correr uma maratona e terminar em primeiro lugar.
— Estou pronto. Foda-me. — disse ele, ainda ofegante.
— Com prazer — disse Phillip, e cuidadosamente removeu os
dedos e passou o que sobrou do lubrificante no seu pau. O material
deixou o seu pênis todo quente e formigando. Foi realmente muito bom.
Alinhou a cabeça com o ânus de Trevor e lentamente empurrou
para dentro.
Foi tão bom quanto se lembrava. Levou um minuto ou mais
antes que pudesse ficar totalmente submerso, mas quando o fez, foi
ainda melhor do que da última vez.
Não podia se negar isso. Era bom demais. Graças a Deus ele e
Trevor eram amigos o suficiente para serem capazes de fazer isso sem
machucar nenhum deles. Caso contrário, não sabia como poderia
sobreviver sem isso.
— Isso é bom. Foda-me — Trevor disse, e Phillip pegou o jeito
que a sua mão foi entre as suas pernas para acariciar-se quando
começou a empurrar dentro e fora dele.
A cama começou a ranger e gemer embaixo deles. Bateu contra
a parede, mas ele não conseguia mais se importar se eram ou não
apanhados. Por que se importava para começar? Não era da conta de
ninguém quem fodia.
— Ah, porra, você é muito gostoso — Phillip ofegou. As pontas
dos seus dedos provavelmente estavam deixando hematomas nos
quadris de Trevor, mas o outro homem não reclamou.
Ele só podia ofegar sua resposta, o que Phillip não entendeu.
Parou brevemente e ergueu a perna de modo que o seu pé
estava deitado no colchão, o joelho para cima, e então começou a bater
no outro homem novamente. O novo ângulo permitiu que fosse mais
fundo do que antes, e isso lhe dava mais espaço para mover seus
quadris.
Trevor apertou o seu ânus em torno dele, e quase desabou de
costas.
— Oh foda-se! Faça isso de novo.
Ele fez como lhe foi dito, de novo e de novo. Phillip tentou se
conter, mas o seu corpo estava pronto, e bombeou seus quadris em
movimentos rápidos e curtos, tentando gozar. Seu pênis inchou e as
suas bolas ficaram apertadas quando o orgasmo correu através dele.
Quase não ouviu o que Trevor disse quando desceu da sua alta,
mas as palavras ainda conseguiram penetrar no seu cérebro.
— Eu te amo.
Phillip congelou. Esperou que os espasmos do orgasmo dele o
deixassem antes que gentilmente saísse do homem.
Trevor ficou completamente parado. Phillip não sabia o que
estava esperando. Talvez esperasse que saísse do quarto ou algo assim,
mas ele não estava bravo, mesmo que a declaração o deixasse um pouco
alarmado.
Se sentia estranho de joelhos assim enquanto Trevor estava
curvado. Agarrou-o pelo ombro e virou-o.
O rosto dele tinha todos os tipos de preocupação sobre isso. Ele
realmente esperava que Phillip fosse embora.
— Desculpe, eu não deveria ter dito isso — disse.
Phillip não respondeu. Não sabia o que dizer.
— Tudo bem — disse. Era a única coisa em que conseguia
pensar.
Isso também tinha sido um erro, e não o que Trevor esperava
ouvir quando se afastou dele. Era quase como se tivesse vergonha de
lhe mostrar o seu rosto ou algo assim.
— Olha, você não tem que ficar por aqui mais se não quiser. Eu
não vou te culpar por não ficar.
Trevor queria que ficasse? A julgar por suas palavras, Phillip ia
assumir que definitivamente sim.
A noite ainda era jovem, mas estava meio cansado, e não
queria fugiro para sua própria cabana como se estivesse fazendo algo
errado ou como se tivesse vergonha do homem embaixo dele.
Principalmente, Phillip só sentia falta de algum contato humano.
— Deite-se comigo — disse.
Trevor olhou por cima do ombro para ele, e Phillip se deitou de
lado, mantendo os olhos no outro homem e esperando que o seguisse.
— Você está falando sério? — Ele perguntou.
Phillip assentiu.
— Sim, venha aqui.
Ficou com os seus braços abertos para ele, e Trevor afundou
lentamente neles.
Trevor manteve os olhos nele, procurando por quaisquer sinais
de que estivesse mudando de ideia ou algo assim, mas Phillip não estava
prestes a fazer isso.
Queria isso.
O calor do corpo de Trevor o aqueceu e ele adorou. Era
confortável e apenas o que precisava. Gostou do jeito que as mãos dele
se enrolaram ao seu redor, e gostou da sensação do hálito quente contra
o seu peito.
Segurou o homem como se fosse um ursinho de pelúcia ou algo
assim, e se sentia patético por isso. Isso não impediu que se sentisse tão
bem que quase podia adormecer.
— Eu gostaria de poder dizer de volta para você...
— Eu estou bem, se você não pode — disse Trevor.
— Não, você não está.
— Não, realmente, eu estou. — Trevor olhou para ele sem se
afastar do seu peito. Até conseguiu um sorriso nervoso. — Estou feliz
que não tenha corrido para as colinas quando eu disse isso.
Phillip teve que rir.
— Foi meio inesperado. — Então ele fechou os olhos e suspirou.
— Eu ainda a amo.
— Eu sei. Não esperaria que você abandonasse todos os seus
sentimentos por ela só porque apareci. Sei que não funciona assim.
— A maioria das outras pessoas da sua idade não seria tão
compreensiva. — Phillip disse, que era outra razão pela qual eles se
tornaram amigos em primeiro lugar. Trevor era maduro para a idade
dele, mesmo que ainda lesse aqueles gibis grossos e nerd.
— A maioria das outras pessoas não foi levada do seu
apartamento no meio da noite e se transformaram em um lobo —
respondeu Trevor.
Isso estava certo. Ele tinha passado muito para um cara da
idade dele.
Teve que amadurecer rapidamente. Era a única maneira que ele,
Cole e os outros que tinham sido alterados contra a vontade poderiam
sobreviver na floresta e se certificar de que os ômegas com eles
sobrevivessem também.
— Certo. Eu esqueci — Phillip disse, e então molhou seus
lábios. Deveria pensar melhor do que achar que isso poderia ser
estritamente sobre sexo.
Eles estavam acasalados, é claro que os sentimentos se
envolviam, e agora Phillip tinha que começar a conversar com Trevor
sobre eles.
— Eu gosto de você, Trevor. Realmente gosto, mas não estou
pronto para substituí-la. Não posso fazer isso com ela. Mesmo agora eu
sinto que estou traindo-a, mesmo sabendo que se foi.
Trevor segurou-o com mais força.
— Eu posso esperar por você.

Capítulo Seis

Eles se abraçaram, apenas conversando baixinho por um tempo.


O humor sexual tinha praticamente morrido pelo assunto, mas no
momento eles estavam curtindo a companhia um do outro, assim como
a sensação de ter outra pessoa ali no quarto.
Phillip tinha que admitir que ele gostava disso. Ele não estava
apaixonado por Trevor, ele não achava que estivesse, mas no momento
ele sabia que poderia facilmente entrar nessa emoção e estar
perfeitamente contente.
Alguém quebrou a atmosfera pacífica ao bater na porta da
frente.
Os dois se sentaram de repente. Phillip olhou para Trevor
quando ele saiu da cama e começou a colocar uma roupa limpa.
— Seus colegas de quarto bateriam?
— Eu duvido, — disse Trevor, em seguida, desceu o corredor
para atender a porta.
Phillip achou que deveria levantar também. Não parecia que
eles voltariam para a cama hoje à noite. Foi um pouco decepcionante,
mas ele podia lidar com isso agora que tinha o outro homem.
Pelo menos ele não passaria a noite toda acordado, lutando
contra sua luxúria.
Phillip ouviu Trevor falando com alguém enquanto ele colocava o
seu jeans. Ele tinha certeza de que não era James na porta. Ele teria
batido uma vez e depois entrado, como era seu direito em uma matilha
que era o líder.
Estranhamente, ele não sabia quem estava na porta. Seu nariz
parecia estar falhando.
Talvez o cheiro do sexo fosse tão pesado que bloqueasse o
exterior.
A voz de Trevor ficou um pouco mais alta, e embora Phillip não
pudesse sentir o cheiro da pessoa se aproximando, ele podia ouvir o
barulho pesado de botas no chão quando eles se aproximaram da porta
de Trevor.
Não havia lugar para Phillip correr e se esconder, e não ia fazer
isso de qualquer maneira. Quem quer que estivesse vindo, ele iria
enfrentá-los de frente.
A porta se abriu, revelando o rosto pálido do vampiro Ivan,
apenas seus olhos não estavam vermelhos hoje.
Isso deveria significar que o espírito do seu protetor lobo Eric
estava dentro dele.
Phillip franziu a testa ao ver o homem. Ele tinha certeza de que
não havia nada entre Trevor e Eric, ou Ivan, quem quer que fosse, que
faria o outro homem invadir casa assim, como um amante ciumento.
— O que você quer? — Phillip exigiu. Seu alfa interior ainda
estava muito ofendido com a invasão, independentemente do motivo.
Os olhos de Eric caíram em uma cadeira no canto ao lado do
armário. Ele ficou ali por uns sessenta segundos, e isso foi muito tempo.
No momento em que ele saiu e olhou de volta para Phillip,
Trevor tinha voltado para a sala e estava dando a Phillip um olhar de
desculpas por permitir que Eric passasse por ele.
— Eric, ou Ivan, quem quer que seja, o que você está fazendo
aqui? — Phillip exigiu novamente.
Eric suspirou ao vê-lo, e ele lançou um olhar rápido e
compassivo para Trevor.
— Phillip, eu preciso falar com você rapidamente.
Phillip cruzou os braços.
— Tudo bem. Fale.
Eric esperou um segundo, ainda lançando olhares duvidosos
para Trevor.
— Uh, sozinho seria melhor.
Phillip não estava disposto a ter nada disso. Não até que ele
soubesse do que se tratava.
— É porque deixei as terras da matilha sem autorização?
Não fazia sentido fingir que ele não tinha. Independentemente
do homem na frente dele saber ou não que havia saído, Phillip sabia que
alguém iria confrontá-lo com isso eventualmente. Bem poderia ser
agora.
A mandíbula de Eric se contraiu levemente.
— Não. Eu vi você, mas ainda não contei a James sobre isso.
Eu não acho que ele vai fazer muito caso sobre isso de qualquer
maneira. Ele te respeita o suficiente para deixar a ofensa passar.
— Então o que foi? Estou com alguém.
Ele notou o modo como Trevor parecia se alegrar com as
palavras de Phillip.
— Você realmente me quer falando sobre a sua companheira na
frente do seu amante? — Eric perguntou, embora as palavras não
fossem mordazes.
Todo o rosto de Phillip ficou frio e os seus olhos se arregalaram.
— Apenas venha comigo. A velha Maggie e James estão no
lago. Precisamos te dizer uma coisa. Mostrar-lhe uma coisa, realmente.
Eric se virou sem outra palavra. Ele saiu do quarto e seguiu pelo
corredor até a porta da frente.
Como se estivesse sendo levado pelo nariz, Phillip o seguiu.
Algo sobre a sua esposa. Haviam algumas notícias sobre Helen
que ele precisava ouvir.

Trevor assistiu os dois homens saírem, e ele tentou o seu


melhor absoluto para impedir que tudo dentro dele implodisse de
curiosidade. E raiva.
Philip estava claramente pronto para deixar na matilha saber
que ele e Trevor estavam juntos, mais ou menos, mas ele ainda estava
disposto a deixar as outras pessoas pensarem que ele era apenas um
amante em vez de um companheiro. Ele quase corrigiu Eric quando
falou, mas manteve a boca fechada em respeito aos desejos de Phillip.
Ele ia dar ao cara o benefício da dúvida, mesmo que ele não
quisesse nada mais do que seguir os dois para a lagoa e descobrir o que
quer que eles sabiam sobre a falecida esposa de Phillip.
Ele se sentou na cama e decidiu esperar em vez disso.

Eles o levaram para dentro da floresta. A noite tinha caído


algumas horas atrás, e então tudo estava escuro e frio, mas Phillip podia
ver muito bem enquanto Eric o levou mais para dentro.
Logo, Phillip ouviu a água da pequena cachoeira que alimentava
a lagoa e cheirava a água, assim como a vida vegetal que crescia dentro
dela.
Ele já esteve aqui algumas vezes para beber da água.
Tinha algum tipo de misterioso poder de cura, e ele tinha que
admitir que quando ele bebeu da água enquanto se recuperava do seu
tempo como um lobo selvagem, ele se sentia melhor e mais no controle
de si mesmo.
A Velha Maggie estava realmente esperando lá. Ela usava um
vestido de verão vermelho com um padrão de rosa, e a grande
protuberância nas costas estava um pouco escondida pelo lenço largo
amarrado em volta do pescoço. Ela tinha sua bengala retorcida na mão,
embora Phillip duvidasse que ela precisasse. Ele viu a rapidez com que
ela se movia de vez em quando.
James estava ao lado dela, e ele ouviu Phillip e Eric vindo
porque se afastou da água para olhar para eles. Seu rosto marcado
continha um traço de tristeza, e Phillip ficou preocupado.
Alguém empurrou o botão de pânico interno, porque ele quase
correu para o outro alfa.
— Sammy está bem? Aconteceu alguma coisa?
Sammy era parte de Helen, então talvez seja isso que Eric quis
dizer quando falou sobre ela. Se algo tivesse acontecido com o seu filho
enquanto ele não estava lá para protegê-lo, então ele realmente
enlouqueceria de tristeza.
— Não, relaxe, relaxe. Ele está bem. Eu o deixei com Corey.
Phillip soltou um suspiro de alívio. Ele esperou que o seu ritmo
cardíaco voltasse ao normal, e então começou a olhar o que estava ao
seu redor.
— O que é tudo isso então?
James olhou para Eric.
— Ivan e Eric me disseram que estavam te observando
ultimamente. Você está ciente de que eles estão compartilhando um
corpo certo?
Sim, estava. Isso já foi dito a ele algumas vezes.
Eric era um fantasma e Ivan era um médium que podia ver
outros fantasmas e, às vezes, eles compartilhavam um corpo. Ele contou
o mesmo para James, para que o homem soubesse que estava
atualizado sobre essa história.
— Certo, bem. — James pareceu olhar para Eric em busca de
apoio.
Isso não era normal. Ele era o alfa da matilha. Nada deveria
deixá-lo tão inseguro que ele precisaria da ajuda de outro homem para
explicar o que estava acontecendo.
Eric veio para ficar ao lado dele, apenas quando Phillip olhou
para ele, seus olhos eram da cor vermelha de um vampiro.
De volta a Ivan, parecia.
— Eu notei algo sempre que olho para você. Mesmo agora eu
vejo, e depois de esbarrar com você, eu tenho certeza que você não está
ciente disso.
Ivan propositadamente não mencionou o nome de Trevor,
olhando para James e a velha Maggie. Ele estava tentando ser
diplomático, mas James ainda pegou.
— O que você notou?
O alfa principal estava apenas curioso, Phillip disse a si mesmo.
Phillip não tinha que responder, e se ele dissesse que preferia não falar
sobre isso, James não iria repreendê-lo.
Ele queria manter o que tinha com Trevor em segredo, para
evitar que as pessoas pensassem que Helen não era realmente sua
companheira e para proteger a sua memória.
Lobos frequentemente esperavam por seus companheiros
porque era considerado impróprio se casar com qualquer um que não
fosse um companheiro. Coisas assim só levavam a complicações e
traições aos olhos dos sábios homens e mulheres de cada matilha.
Mas ela se foi agora, não importava o que ele fizesse. Não
estava pronto para morar com Trevor, mas não queria mais esconder o
homem. Ele não era uma doença.
— Ele me encontrou com Trevor na sua cabana. Tenho certeza
que ele cheirou o que nós tínhamos feito antes.
As sobrancelhas escuras e tortas de James se ergueram.
— Oh? Bem, apenas me faça um favor e não deixe isso se
estender por muito tempo. Ele é um jovem lobo, e eu não quero ver
nenhum de vocês se machuque quando ele encontrar seu companheiro.
Phillip molhou os lábios. Hora de confessar algo que ninguém
neste grupo conhecia.
— Trevor é meu companheiro, James.
Aquelas sobrancelhas escuras foram ainda mais altas na linha
do cabelo de James.
— Mas, pensei que Helen...
Ele parou. Não havia exatamente um jeito educado de expressar
as perguntas que, sem dúvida, passavam por sua cabeça.
— Oh, merda, — disse Ivan.
— Helen e eu nunca acasalamos. Eu a amava de qualquer
maneira e às vezes até conseguia me convencer que estávamos
acasalados. Nós nos casamos e dissemos a todos na minha matilha que
estávamos acasalados para torná-lo oficial. Eu não queria que ninguém
questionasse sua autoridade ou a chamasse de concubina.
Ou questionassem os direitos que o seu filho tinha de liderar a
matilha um dia. Claro, isso não era mais o objetivo, considerando que
Phillip não tinha mais uma matilha. Ele olhou fixamente para James
neste momento.
— Eu gostaria de continuar assim.
— Você ainda quer manter isso em segredo? — James
perguntou.
— O que eu quero é que ninguém chame a minha falecida
esposa de prostituta porque não estávamos casados, — disse Phillip. Ele
coçou a testa com o polegar após a explosão, depois se dirigiu ao alfa
novamente. — As pessoas vão descobrir eventualmente. Isso é
inevitável e eu não me importo mais. Eu só não quero que isso seja
transmitido até que Trevor e eu tenhamos nos entendido melhor.
A velha Maggie franziu o cenho para ele. Sua resposta foi a que
mais confundiu Phillip.
— Talvez esta seja a verdadeira razão para sua inquietação.
Assistir um ex-parceiro amado com outro seria muito doloroso.
Algo dentro de Phillip rachou quando a velha disse isso.
— O que você disse?
Realmente, ele queria que ela repetisse. Porque quase soou
como se a mulher sábia estava falando sobre a sua esposa no tempo
presente.
— É por isso que nós trouxemos você aqui. Para explicar o que
Eric e eu temos visto, — disse Ivan.
Phillip lembrou que o homem era médium e tinha a habilidade
de ver espíritos.
— O que você tem visto? — Ele perguntou, quase com muito
medo de ouvir a resposta.
Ivan levou-o até a água. Phillip lembrava vagamente de estar
aqui uma ou duas vezes antes, quando ainda estava se recuperando.
Esta seria a primeira vez que ele voltava para cá e ainda era de bom
senso.
Ivan apontou para a água, e Phillip olhou para a piscina,
notando seu reflexo, o de Ivan, o de James, assim como o rosto ainda
velho de velha Maggie.
Havia outra pessoa lá que ele quase não viu. Teve que apertar
os olhos antes que a imagem desbotada se tornasse clara o suficiente
para ele reconhecer.
Ele tropeçou para trás quando reconheceu o rosto transparente
de Helen, de pé ao lado dele. Ele tropeçou nos seus próprios pés e caiu
de bunda, mas isso não o impediu de andar como caranguejo para trás
só para ficar longe do que ele tinha visto.
Ivan olhou para ele com uma expressão de pena.
— Eu imaginei que você seria capaz de vê-la através da água.
Este é um lugar espiritual.
Phillip sacudiu a cabeça.
— Ela não podia ter... Ela é um fantasma?
Ivan assentiu.
— Eu sinto muito. Eu realmente não passei nenhum tempo na
sua companhia antes, então eu nunca a notei, mas agora eu a vejo. Ela
é muito bonita, e está sempre com você, onde quer que você vá.
— Por quê? O que isso significa? — Phillip perguntou. Ele
finalmente conseguiu se levantar e se limpar. Olhou em volta, como se
esperasse vê-la, mas é claro que não podia.
Ela estava lá. Não podia vê-la, mas ela estava lá.
— Ela está assombrando você porque ela está presa aqui.
Precisamos ajudá-la a passar para a próxima vida, ou ela se tornará um
espírito violento e nunca partirá.
Capítulo Sete

Phillip queria voltar para a matilha sozinho depois que a notícia


lhe foi dada. Ele precisava de uma chance para pensar sobre o que
tinham acabado de saber, e ele repetiu a conversa na sua cabeça.
— O que está mantendo-a aqui? Por que ela não pode seguir
em frente? — Phillip perguntou ao vampiro médium, uma nota de
desespero na sua voz.
No começo, ele assumiu que tinha algo a ver com Sammy.
Que talvez Helen estivesse preocupada com a segurança do seu
filho, e que isso era um presságio para as coisas terríveis que viriam.
Não, essa não foi a resposta que recebeu. Ele teve que passar
as mãos pelo rosto. O que ouviu quase o deixou doente.
— Ela está aqui por sua causa. Ela segue você onde quer que
você vá, então você é a causa. Algo que você está fazendo está
acorrentando-a aqui.
Ele queria vomitar ao pensar na sua falecida esposa vendo-o
transar com Trevor. Isso deve ter aparecido no seu rosto, porque a Velha
Maggie comentou sobre a sua aparência verde.
— Talvez devêssemos dobrá-lo nas árvores para evitar que ele
vomite no lago. Os espíritos podem não gostar disso.
Havia apenas um espírito em particular com o qual Phillip se
importava, e ele estava dividido entre a vontade de apenas gritar o
quanto estava arrependido e ao mesmo tempo começar a gritar em sua
defesa.
Ela estava morta. Se foi. Ele ainda pode estar sentindo culpa de
sobreviver, mas não estava fazendo nada errado por estar com Trevor. O
homem era seu companheiro, pelo amor de Deus. Ele gostava de Trevor.
Ele odiava que a sua esposa os estivesse observando enquanto os dois
estavam sendo íntimos, mas como poderia o espírito dela culpá-lo por
seguir o que a natureza queria para ele?
Tinha que haver algo mais além disso. Helen não era o tipo de
mulher que faria algo assim, guardaria esse tipo de ressentimento.
Phillip estremeceu ao voltar para as cabanas e as luzes das
janelas logo se tornaram visíveis à distância. Trevor estaria onde essas
luzes estavam. Ele estaria esperando por ele? Phillip tinha mesmo o
coração para ir até ele neste momento?
Phillip e Helen tinham falado sobre o que fariam se algum deles
encontrasse seu verdadeiro companheiro.
No começo, sempre que um deles queria ter uma conversa
adulta sobre o assunto, geralmente terminava com alguém chorando,
muitos gritos e recebendo muito do nada sobre o assunto.
Então eles começaram a progredir e aprenderam a falar um com
o outro sobre o que poderia acontecer.
Phillip estava esperançoso. Ele pensou que talvez sua
companheira pudesse entender e estar disposta a compartilhar algum
tipo de relacionamento polígamo. Havia alguns líderes alfas que
praticavam isso quando se apaixonavam por pessoas que não eram suas
companheiras, afinal de contas.
Ele não queria ser um idiota possessivo sobre isso também, e
embora ele não tivesse gostado da ideia na época, ele até se ofereceu
para dividi-la com qualquer macho com quem Helen acasalasse também.
Ela tinha sido firmemente contra a ideia até que ficou grávida de
Sammy. Depois disso, tornou-se uma questão de proteger o direito de
Sammy de herdar a matilha, ou, no mínimo, não ser visto como um
membro menor, porque seus pais estavam indo contra as regras quando
o haviam concebido.
Filhos de concubinas não eram exatamente respeitados.
Isso significava que não era o relacionamento dele com Trevor
que estava fazendo com que ela assombrasse Phillip.
— Você sabe? Você pode me dizer alguma coisa? — Phillip tinha
pedido e depois explicou o que ele e Helen haviam concordado para dar
ao médium algo para trabalhar.
— Bem, se não é um problema de ciúmes, é porque você não a
deixou ir.
— O que? — Phillip perguntou, franzindo a testa.
Ivan teve que explicar melhor.
— Se você tem certeza absoluta de que não é o relacionamento
em si, que você acasalou com Trevor, então é porque você está
mantendo-a ligada a você com a sua incapacidade de deixá-la ir. Você é
o único que ainda não mudou.
E assim, Phillip sabia que o vampiro tinha acertado na cabeça,
porque ele não a deixou ir. Ela ainda estava na maioria dos seus
pensamentos todos os dias. Ele lutou para mantê-la fora da sua cabeça
enquanto ele estava dentro de Trevor.
Era ele. Ele tinha que aprender a deixá-la ir, libertá-la. Ele tinha
que seguir em frente ou ela se tornaria um fantasma violento, como Ivan
explicou.
Ela estava condenada se tivesse que esperar que Phillip parasse
de amá-la.
Que coisa injusta esperar que ele simplesmente desligasse.
Era incrivelmente egoísta dele, mas voltou para a casa onde
sabia que Trevor estava esperando por ele. A atração pelo seu
companheiro era forte, tão forte que não podia ignorar.
Precisava de conforto. Queria lutar contra alguns caçadores,
mas entrar no seu companheiro era igualmente atraente, embora, com
toda probabilidade, eles passariam a noite conversando sobre o que
Phillip havia descoberto. Só de ver Trevor seria o suficiente para resolver
seus demônios interiores, por enquanto.
Ainda assim, sua necessidade de tocar seu companheiro, e o
conforto que ele tanto queria, era tão grande que, se Trevor lhe desse
qualquer pequena dica, qualquer sugestão sutil de que ele também
desejava Phillip, Phillip saltaria para isso. Agarrando a chance.
Se não, bem, o máximo que ele estava disposto a fazer era
estar perto dele, talvez segurar sua mão, oferecer um beijo casto. Se
Trevor não se oferecesse, Phillip não ia pedir, mas se ele fizesse...
— Helen, espero que Deus esteja fechando os seus olhos e
desvie o olhar, porque não consigo me afastar dele agora.

Trevor pulou quando ouviu a porta se abrindo. Ele se levantou


do sofá e olhou para o corredor. Phillip enviou-lhe um aceno fraco.
— Espero que você não se importe, — disse ele, mantendo a
voz baixa e ficando ao lado da porta. — Eu não queria acordar seus
colegas de quarto. Imaginei que eles estariam de volta agora.
Eles voltaram e, como já era tarde, todos devem ter ido para os
seus próprios quartos. Trevor ainda estava ventilando o seu quarto, mas
tinha certeza de que os outros ainda podiam sentir o cheiro do sexo que
permanecia em torno da sua porta.
Ele os subornou para sair por algumas horas. Não era preciso
ser um gênio para descobrir o que ele estava fazendo.
— Sim, eles voltaram. Você pode entrar, você sabe — ele disse,
acenando para Phillip.
Phillip tirou os sapatos como um bom convidado e se
aproximou. A televisão da sala de estar estava ligada, mas em silêncio
enquanto os comerciais circulavam pela TV tarde da noite.
— O que aconteceu? — Trevor perguntou quando Phillip se
sentou ao lado dele.
O homem juntou as mãos entre os joelhos. Ele parecia tão
preocupado.
— Eu acho que era óbvio que o médium vampiro saberia sobre
nós depois que ele nos encontrou, mas não foi por isso que eu contei a
James e a velha Maggie sobre nós.
Os olhos de Trevor se arregalaram.
— Você quer dizer...
— Eles sabem que estamos acasalados e pretendo deixar a
matilha saber disso também. James me prometeu que ninguém vai além
de sussurrar algo negativo sobre Helen. Ele conhece muitos dos alfas e
ômegas pessoalmente, e eu conheço alguns deles, mas outros são novos
por este caminho ou para a vida ou ainda têm o pensamento preso nos
velhos tempos.
Phillip respirou fundo.
— Eu não quero esconder você. Eu posso não estar pronto para
me apaixonar por você, mas não é certo que eu esconda isso dos outros.
Cristo, tem sido apenas um par de dias e eu não posso nem manter o
meu próprio voto de silêncio.
— E quanto a Sammy? — Trevor perguntou. Ele não queria
admitir que não estava totalmente ciente da possibilidade dos membros
da matilha falarem mal da esposa morta de Phillip porque eles não
tinham sido acasalados. Agora que ele sabia, também queria saber se
isso afetaria a criança.
— Já que não estou mais liderando uma matilha, dificilmente
importa se os alfas sabem que ele não é meu verdadeiro herdeiro. Talvez
ele seja considerado meu verdadeiro herdeiro agora que estou acasalado
com um homem, e a reprodução é impossível neste ponto — disse Phillip
com um sorriso torto.
Trevor devolveu aquele sorriso.
— Incomoda-o mesmo, que eu seja pai? Você é muito jovem
para assumir as responsabilidades de uma criança. Eu mal sei como
cuidar dele pessoalmente.
— Oh, bem. — Trevor deveria ter visto essa pergunta
chegando. Ele não sabia por que ele estava despreparado por isso. — Eu
nunca pensei sobre isso, para ser honesto.
— Não te assusta que eu venha com um bebê? Eventualmente,
vou aprender a cuidar dele e ele vai morar comigo. Tem certeza de que
ainda quer algo comigo?
— Mais do que sexo para evitar que os nossos lobos internos
enlouqueçam?
As bochechas de Phillip estavam coradas.
— Basicamente sim.
Trevor entrelaçou os dedos entre os joelhos, espelhando Phillip,
e então suspirou.
— Vou ser sincero, não me lembro muito da minha vida antes
de deixar a casa dos meus pais. Eu sei que eu tinha pais e que eu tinha
irmãos e que eles eram todos mais novos que eu. As coisas eram difíceis
às vezes, eu sei disso. Eu acho que a lembrança enevoada é porque eu
fiquei meio selvagem também, depois que me transformei.
Phillip sorriu para ele, sem dúvida pensando nas suas próprias
memórias nebulosas. Era outra coisa que eles tinham em comum, Trevor
percebeu.
— Apesar disso, lembro-me de certas pequenas coisas. Elas
não são claras, mas estão lá. Ajudando a fazer o café da manhã, o dever
de casa, e antes disso, sim, até trocar fraldas.
Trevor fez questão de olhar diretamente para Phillip.
— As crianças não me assustam. Não sei se você percebeu,
mas eu tenho idade suficiente para tê-los.
Phillip assentiu e soltou um longo suspiro.
— Essa não era exatamente a reação que eu esperava, —
Trevor admitiu.
— Desculpe, acho que não terminei de jogar tudo em você.
Trevor franziu a testa, tentando pensar sobre isso.
— O que poderia ser maior do que as crianças que me
assustariam longe de você? Eu te amo.
Trevor desejou que Phillip não parecesse tão triste quando ele
falou aquelas palavras.
— Eu sei que você ama e eu gosto de você. Muito.
— E eu estou bem com isso, por enquanto, — Trevor foi rápido
em dizer.
Aquele olhar de dor ainda estava nos olhos de Phillip quando
olhou para ele.
— Trevor, Helen está me assombrando. Isso é o que o médium
queria que eu soubesse.
As entranhas de Trevor congelaram.
— Você está falando sério?
— Isso soa como algo que eu brincaria?
— Não, claro que não. Eu sinto muito. É só que... Ela está aqui
agora? — Trevor disse, olhando ao redor e se perguntando se ele veria
uma figura fantasmagórica em algum lugar ou se talvez as luzes
começariam a piscar ou algo assim.
— Provavelmente. Ivan e a Velha Maggie pensam que eu estou
acorrentando-a a mim, que a minha incapacidade de deixá-la ir é o que
a impede de seguir em frente.
— Bem, até agora ela não machucou ninguém, — disse Trevor.
Phillip esfregou o rosto.
— Por ficar aqui, ela vai lentamente começar a perder a cabeça.
Por assim dizer. Ela se tornará um fantasma violento. Um espírito
perdido. Ela vai começar a machucar as pessoas se eu não for capaz de
deixá-la ir.
O coração de Trevor afundou. Sua esperança para o futuro que
ele poderia ter com Phillip era cada vez mais sombria.
— Você também não pode desligar o amor. Você pode.
Não era uma pergunta. Mesmo ele sabia que isso era verdade.
Phillip olhou para ele bruscamente.
— Isso é o que eu pensei enquanto vinha para cá.
— O que você vai fazer? — Trevor perguntou. Ele estendeu a
mão sobre as almofadas do sofá e a perna de Phillip e fechou os dedos
ao redor da mão de Phillip, esperando oferecer algum conforto.
Suas esperanças foram frustradas quando Phillip se afastou do
toque.
— Eu não sei o que fazer ainda, mas, Trevor... Eu acho que
você e eu não devemos ser íntimos por um tempo.
O coração de Trevor estava bombeando quente e pesado nos
seus ouvidos. Ele mal conseguia pensar além do barulho.
— Por quê?
— Não foi isso que eu quis dizer. Na verdade, não. Eu não vou
nos cortar completamente um do outro, e eu não quero ser cruel aqui.
Nós ainda precisamos um do outro. Eu ainda preciso de você, senão não
estaria aqui. Seu lobo interior, e você, ficaram tão feridos quanto eu, se
nos evitarmos completamente. O que estou sugerindo é que relaxemos
um pouco e nos unamos quando for absolutamente necessário. Eu
realmente não quero que a minha esposa me veja na cama com outro
homem. Qualquer um, para esse assunto. Eu não quero deixar as coisas
pior, mas vai me deixar um pouco louco se eu não puder te ver de vez
em quando, mesmo que não tenhamos relações sexuais.
Trevor queria argumentar que ela já os tinha visto juntos se
estivesse assombrando-o. Ele queria dizer que talvez ela fosse a razão
para a incapacidade de Phillip de seguir em frente, e não o contrário.
Mas então ele estaria colocando a culpa em uma mulher morta e
lutando com Phillip sobre algo que o homem nunca veria o lado de
Trevor.
— Ok, — disse ele, fixando sua boca em uma linha firme e, em
seguida, mordendo os lábios para se impedir de dizer alguma coisa que
ele não deveria.
— Tudo bem? — Phillip perguntou.
— Sim, tudo bem, — Trevor estalou, e ele apertou os punhos
com tanta força que as suas unhas cravaram dolorosamente nas palmas
das mãos.
— Trevor, eu...
— Você deveria ir, — disse Trevor, olhando por cima do ombro
e, em seguida, rapidamente olhando para longe. — Estou cansado.
Provavelmente vou para a cama.
O mais provável é que ele fosse fugir e correr na forma de lobo
apenas para fugir do estresse. Não queria que Phillip soubesse disso, e
não queria que o homem o seguisse.
Ou olhar para o rosto dele e ver o quão perto Trevor estava de
chorar. Seus olhos ardiam e a sua garganta estava se fechando. Doía
respirar quando a tensão interior ficou pior e pior a cada segundo que
Phillip olhava para suas costas.
Ele finalmente ouviu o barulho das molas e almofadas do sofá
enquanto Phillip se levantava.
Saia. Por favor saia.
Phillip deve ter finalmente se virado, porque então seus passos
soaram quando ele caminhou pelo corredor em direção à porta, pegou
seus sapatos, e então ele se foi.
A primeira coisa que Trevor fez foi soltar um suspiro quando a
porta se fechou.
Ele ficou lá por mais um minuto, deixando os músculos tensos
do seu corpo relaxarem. Era mais difícil do que deveria ser, e o seu corpo
ainda estava tenso demais.
Ele caminhou para o seu quarto. Estava mais do que certo de
que nenhum dos seus companheiros de quarto tinha ouvido sua
conversa com Phillip. Ele não podia ouvir nada além do silêncio de dentro
de cada quarto que passava. Sim, definitivamente dormindo. Eles não
estavam esperando por ninguém.
Trevor desejou que ele não tivesse esperado nada. O homem
poderia não querer mais esconder o que eles eram, mas queria evitá-lo
agora. Foi como um passo à frente e dois passos para trás.
Ele lutou contra a vontade de bater à porta do seu quarto como
uma criança, mas quando estava sozinho lá, finalmente se soltou e
permitiu que as suas lágrimas caíssem.
Não era como se houvesse alguém vendo. Nenhuma razão para
esconder isso.
Então ele viu o livro na sua cama. Drácula.
Em um ataque de raiva cega, Trevor agarrou-o e atirou-o contra
a parede. Ele não se importava mais se estivesse agindo como uma
criança, e não se importava se acordasse alguém.
Ele jogou o romance com tal força que colocou um buraco na
parede antes de saltar e cair no chão.
Ele imediatamente se arrependeu do que fez quando várias
páginas rasgadas flutuaram mais devagar para o chão do que o livro.
Isso o fez querer chorar ainda mais quando se abaixou para
limpar sua bagunça.

Capítulo Oito

Phillip passou os dois dias seguintes principalmente na


companhia da Anciã Maggie e de Ivan, e depois se reportando a James.
Ele tinha que aprender a libertar corretamente sua esposa, para
que ela possa ter uma vida após a morte que fosse mais do que apenas
ficar vagando como um zumbi fantasma, indiferente a tudo ao seu redor,
e só existente para assustar os vivos.
Ivan quase não ajudou. O homem sugeriu meditação e longas
caminhadas. Ele disse que ele deveria falar em voz alta com ela, como
se ela estivesse lá, para dar a ele a chance de dizer as coisas que não
teve a chance de dizer antes que ela morresse.
Ele seguiu essas sugestões, esperando por privacidade para
falar com uma mulher que não podia ver, mas as únicas coisas que ele
conseguiu dizer foi o quanto sentia por ela ter morrido, como sentia falta
dela, e pedindo desculpa por estar sendo um péssimo pai.
Ele nunca se sentiu melhor ou mais leve.
A Anciã Maggie sugeriu que Phillip visitasse o túmulo de Helen.
Ele não tinha feito isso desde que veio morar com a matilha DeWitt.
James teve que cuidar desses detalhes enquanto Phillip estava ocupado
perdendo sua mente na floresta, por isso seu túmulo era um espaço
marcado dentro da propriedade.
Ele tentou ir, comprou flores para a ocasião e pensou em levar
Sammy junto.
O menino estava ficando um pouco mais acostumado com ele,
embora sua preferência por Corey ao invés de Phillip ainda era óbvia.
Phillip imaginava que se classificava mais ou menos próximo a um tio
favorito, mas ambos estavam dando passos de bebê.
Ele vestiu Sammy com roupas limpas, a melhor que ele tinha,
levou ele e as flores para o lugar onde o túmulo devia estar, e depois
parou ao vê-lo.
O de Helen parecia igual aos outros, a maioria era da sua antiga
matilha. Alguns eram desta matilha. Existia uma bela pedra com o nome
dela, sua data de nascimento e morte, e era isso. Claro que não haveria
uma inscrição amorosa, porque ele não estava lá para gravar.
Ele prontamente colocou as flores para baixo, virou-se e saiu.
Helen não estava naquela sepultura de qualquer maneira. Ela
era um fantasma seguindo-o. Então qual era o sentido?
Todos esses pensamentos sobre ela, o fizeram refletir no que ele
estava ou não fazendo, que não estava ajudando. Ele sentia falta de
Trevor e o seu lobo também sentia falta dele.
Ao contrário de Helen, Trevor estava vivo, real e quente. Ele
podia falar com Trevor e rir com ele.
Fazia apenas dois dias, mas ele precisava vê-lo novamente.
Talvez isso seria suficiente para satisfazer os desejos que estavam
correndo soltos dentro dele.
Ele soltou Sammy com um beijo e um abraço quando o deixou
com Corey. Como de costume, o homem estava feliz por ter Sammy de
volta na casa principal, como se ele pensasse que toda vez que Phillip
vinha buscá-lo ou passava um tempo com ele significava que seria a
última vez que Sammy iria passar a noite sob o seu teto.
Phillip deixou isso de lado por enquanto. Ele queria ver o seu
companheiro.
Ele bateu na porta e não ficou surpreso que outra pessoa o
atendeu.
Era uma ômega, com cabelos ruivos, e provavelmente com
idade próxima a de Trevor.
— Trevor esta? — Ele perguntou.
Era fácil dizer que ela havia nascido um lobo pelo jeito que ela
olhou para ele. Não exatamente com desdém, mas dificilmente com
qualquer respeito também.
Phillip sabia que isso aconteceria, mas era melhor que
sentissem repugnância por Phillip se casar e começar uma família com
uma mulher que não era sua companheira, abertamente ou não, e
colocar esses sentimentos exclusivamente nele, em vez de Helen ou no
seu filho.
— Trevor está? — Ele perguntou novamente.
— Não, ele está em patrulha.
Phillip franziu a testa.
— Patrulha? — Ele olhou para o relógio. Era apenas depois das
quatro. — Ele só faz patrulhas matinais, eu pensei que era o dia de folga
dele.
— Eu não sei. — Disse a garota, exasperada. — Eu não
acompanho o que ele faz ou não. Talvez ele tenha pedido mais tempo.
Essa era uma possibilidade. James e Phillip lideravam suas
matilhas com regras semelhantes, e muitos líderes de matilha também
adotavam esse método.
Pagar os membros das suas matilhas para executar certas
tarefas que eram consideradas mais do que tarefas. Os alfas geralmente
recebiam uma parte, embora pequena, do dinheiro da conta principal do
alfa. Talvez Trevor quisesse o dinheiro.
Talvez ele quisesse ficar longe de Phillip por um tempo.
A única maneira que ele poderia descobrir era perguntando ao
próprio Trevor. E já que ele estava fora no seu tempo de patrulha, Phillip
ia ter que rastreá-lo.
Phillip agradeceu a garota e partiu.
Seguir o cheiro de Trevor foi fácil. Tornara-se familiar para ele
depois de todas as vezes que eles estiveram juntos e foi fácil de rastrear.
Ele cheirava a pinheiros e a terra que ele gostava de atravessar,
misturado com o sabonete com aroma de canela que ele usava no
chuveiro, suor limpo e o seu aroma natural.
Phillip estava propositadamente passando pela cabana onde
Trevor vivia, na esperança de pegar um breve cheiro dele nestes últimos
dois dias para manter o seu lobo interior focado. Agora o perfume só
serviu para guia-lo diretamente para o homem
Ele ficou levemente desapontado ao notar que o cheiro de
James também estava no ar e próximo. Parecia que Trevor tinha agido
como seu segundo, o lobo para vigiar as suas costas nessa patrulha em
particular.
Isso não poderia ser bom. Se os alfas estavam patrulhando em
pares, então isso significava que haviam sentido cheiro de caçadores na
área.
Phillip encontrou um banco para guardar as suas roupas e se
transformou no seu lobo. Ele não tinha estado em patrulha ainda
simplesmente porque James não tinha lhe dado o sinal verde. Ele ainda
era um lobo selvagem em recuperação, e ainda não tinha convencido o
homem no comando que estava pronto para tomar quaisquer
responsabilidades para a matilha.
Isso ia mudar agora.
Ele os encontrou a cerca de um quilômetro de distância,
patrulhando o terreno alto e olhando para baixo em um vale de árvores
menores e arbustos, bem como o solo encharcado por onde os riachos
transbordavam.
Phillip não os chamou. Ele sabia que não devia chamar atenção
para si mesmo. Ele apenas os observou em silêncio.
Ele assistiu a maneira como Trevor se movia, o jeito que ele
estava próximo ao chão, suas orelhas em pé, seu nariz mexendo
enquanto procurava por qualquer perfume útil. Eles não seriam capazes
de cheirar Phillip. Não da sua posição contra o vento.
Para um lobo tão jovem, ele já estava bem treinado. Phillip
estava orgulhoso dele.
A posição do vento também dificultava a busca de qualquer
coisa no campo. Não havia cobertura suficiente para manter o controle.
Caçadores poderiam estar esperando apenas ao redor com as suas
armas em mãos, esperando por algo que não parecia inteiramente
humano para cair na sua armadilha.
Phillip não viu nem sentiu nada, e ele não pegou nenhum aroma
estranhos de dentro do campo.
Ele ainda esperou James entrar antes que ele fizesse seu
movimento. E se James achava que era seguro o suficiente, então
provavelmente não havia perigo estar no campo.
Trevor seguiu seu alfa principal, e os dois homens se
transformaram.
A visão do seu companheiro em forma de lobo aliviou um pouco
da dor dentro dele, mas a visão de Trevor nu, seus músculos saudáveis
praticamente brilhando à luz do sol, lembrou-lhe que ele não tinha
tocado no homem em quase três dias.
Será que outros shifters acasalados confiavam tanto nos seus
companheiros? Isso era praticamente ridículo.
Eles falavam um com o outro com calma e normalidade como se
não estivessem ambos nus a sessenta centímetros um do outro. Phillip
teve que controlar a sua ira e lembrar-se que não só James era
acasalado a outra pessoa, mas lobos acasalados ou não, se viam nus o
tempo todo. Isso não era grande coisa.
Enquanto James apontava áreas que precisavam de atenção,
Phillip resolveu descer e se juntar a eles.
Ambos ergueram os olhos bruscamente ao ouvir o som das suas
patas mastigando os galhos e a grama. Ele foi cuidadoso e silencioso
enquanto os vigiava, mas agora ele queria que eles o vissem.
Levou menos de quinze segundos para se transformar na sua
forma humana.
Trevor não estava olhando para ele quando ele terminou.
Phillip acenou para James.
— James.
O alfa principal assentiu de volta.
— Phil. Eu acho que você está muito bem se você pode nos
surpreender assim.
— Sim.
Ele olhou para Trevor. O homem virou as costas e estava
lentamente começando a percorrer o amplo círculo que compunha o
campo. Ele parecia pensar que Phillip queria privacidade com James ou
algo assim.
— O que aconteceu com o Mick? Ele não é o seu beta? — Phillip
perguntou.
James olhou para onde Trevor ainda estava andando fingindo
observar as árvores e manter os dois seguros enquanto eles
conversavam. Uma das suas sobrancelhas tortas no rosto marcado
levantou quando ele olhou de volta para Phillip.
— Ele está com alguns dos alfas mais jovens, treinando-os.
Fazia sentido.
— Eu acho que estou apenas inquieto, acho que é hora de
perguntar se posso entrar em rotação.
— Você está se sentindo bem? — Perguntou James.
Phillip assentiu.
— Definitivamente.
James o olhou especulativamente. Embora Phillip estivesse
vivendo nas terras da sua matilha, ele não se considerava um membro
da matilha de James, nem James o tinha forçado a entregar sua
lealdade. Isso não parecia ser necessário. Phillip não era uma ameaça à
sua liderança desde que nenhum shifter com um pingo de juízo queria
seguir um lobo selvagem. Por causa disso, James não conseguia ler seus
pensamentos, e Phillip não podia projetar nada para ele.
Ele ainda sabia o que o homem estava pensando. James sabia
perfeitamente bem, isso tinha tudo a ver com Trevor.
— Ok, desde que você está aqui, você pode nos ajudar a
farejar a área.
— Quando você ouviu falar sobre os caçadores da última vez?
— Phillip perguntou. Ele manteve sua voz profissional. Por dentro ele
esperava encontrar alguns daqueles bastardos presunçosos para que
pudesse finalmente ter um pouco da vingança que ele estava querendo
há tanto tempo.
Foi Trevor quem respondeu, embora ainda estivesse de costas
para eles.
— Eu cheirei pólvora na área duas noites atrás. Não tinha sido
queimada, então ainda estava nas balas, mas estava lá.
— Você? — Perguntou Phillip. Duas noites atrás? Merda, logo
depois de Phillip ter lhe dado a notícia, o homem tinha claramente saído
correndo para limpar sua cabeça.
Era por isso que ele estava com James. Não só porque o beta de
James estava treinando outros, e não porque todos os outros alfas na
matilha com mais experiência estavam indispostos. Ele estava
mostrando a área onde ele cheirou a pólvora para James.
— E isso é propriedade privada. — Disse James, tirando Phillip
dos seus pensamentos dele. — Então, nós temos alguns transgressores
na área, ou há verdadeiros caçadores examinando o local para ver se
conseguem encontrar qualquer coisa paranormal.
E considerando as vidas que todos levaram, coincidência não era
a desculpa para esse tipo de coisa.
— O que você gostaria que eu fizesse? — Perguntou Phillip. Ele
olhou para Trevor, esperando que James o mandasse embora com o
outro homem. Ele queria estar por perto para proteger seu companheiro.
Ele não queria que Trevor ficasse aqui, mesmo que ele estivesse com um
lobo experiente e duro como James.
Phillip queria Trevor de volta às cabanas, preferivelmente
protegendo os ômegas de ataques, se chegasse a isso.
Phillip se certificaria de que nunca chegasse a isso.
James olhou para Trevor e depois olhou para o céu e suspirou.
— Vá até lá e diga o que precisa ser dito. Iremos voltar a
patrulhar depois para ver o que pode ser encontrado. Não quero
distrações até voltarmos à propriedade principal.
Phillip pode não ter jurado lealdade a esta matilha, mas era
sábio o suficiente para não discordar. Ele respondeu como se fosse
apenas outro alfa.
— Sim senhor.
James fez um som impaciente no fundo da garganta antes de se
afastar. Talvez ele também desaprovasse a maneira como Phillip lidava
com as coisas.
Bem, o que diabos o homem esperava que ele fizesse? Ele
esteve lá quando a Velha Maggie e aquele médium lhe contaram sobre
Helen.
Phillip apenas balançou a cabeça e começou a caminhar até o
seu companheiro.
Ele se sentiu melhor com cada passo que deu, mas não gostou
do jeito que a espinha de Trevor endureceu a cada passo que ele dava
também.
— Olá. — Disse quando estava ao lado do homem.
Trevor suspirou e cruzou os braços.
— Oi.
Claramente, isso seria mais difícil do que Phillip esperava.
— Você saiu correndo depois que eu saí naquela noite? Isso é
perigoso.
— Sim, bem, eu peguei o cheiro de possíveis caçadores, e isso
é bom para a matilha. Agora sabemos que algo pode estar chegando.
Trevor o teve lá. Phillip só queria que ele não soasse tão
defensivo sobre isso.
— Eu sinto sua falta. — Ele admitiu. Ele levantou a mão para
tocar o homem mais jovem, mas depois ele recuou no último segundo.
— Com medo que a sua esposa vá ver você me tocando? —
Trevor disse.
Phillip ficou chocado com a amargura na sua voz.
— Eu não estou com medo de te tocar, Trevor. Eu só não sei se
você quer que eu faça isso.
Trevor soltou um suspiro e esfregou as mãos no rosto.
— Claro que eu quero. Você é meu companheiro e estou
tentando ser paciente com tudo isso, eu realmente estou, mas está me
afetando.
— Eu posso ver isso. — disse Phillip. — E eu não quero isso.
Aqueles primeiros dias, pensei que estávamos indo bem juntos. Nós
estávamos ficando confortáveis um com o outro, e então isso aconteceu.
— Sim. — Concordou Trevor. — Isso aconteceu.
— Trevor.
— Olha, eu não sou de pedra, ok? Dói quando a pessoa que
você ama diz que não pode ficar com você, por causa de outra pessoa.
Phillip estremeceu. Não era tão simples assim, mas era
parecido, e as palavras de Trevor chegaram até ele. Ele queria tocar
Trevor ainda mais agora.
Ele queria colocar sua reivindicação sobre o homem, para provar
que Trevor pertencia a ele e só a ele e nada era mais importante que os
dois estarem juntos.
Mas não à custa de alguém que ele costumava amar sendo
forçada a andar na terra em um estado de limbo.
— Então... — disse Phillip. — Encontrou alguma coisa dos
caçadores?
Trevor olhou para ele pelo canto do olho, e ele pegou a oferta de
paz pequena e frágil.
— Ainda não. Ainda estamos tentando descobrir o que poderia
tê-los trazido até aqui. Não houve nenhum caçador perto da matilha, ou
mesmo na propriedade, em um longo tempo.
Phillip assentiu. Tinha se passado alguns meses pacíficos para a
Matilha DeWitt, e as quatro semanas que Phillip tinha estado em torno,
uma normalidade calma, para um shifter, foi o que o trouxe de volta do
abismo.
— Nós vamos descobrir o que está trazendo-os aqui. — disse
Phillip. — E se não pudermos faze-los sair, vamos matá-los.
Trevor assentiu.
— Definitivamente.
Phillip não aguentou mais. Ele olhou para a esquerda e depois a
direita, procurando por James. Quando ele não viu o homem, ele usou o
nariz. Parecia que ele tinha saído do campo para dar-lhes alguma
privacidade, talvez até mesmo alguma proteção se eles estivessem em
um momento vulnerável?
— Devemos ir. — Disse Trevor, e ele se virou e começou a se
afastar.
Phillip estendeu a mão e gentilmente o pegou pelos braços,
trazendo-o de volta. Pela primeira vez desde que chegou aqui, os olhos
castanho brilhantes de Trevor encontraram os seus. E eles
demonstravam sua insegurança e como ainda estava magoado.
Apesar disso, ele permitiu que Phillip colocasse a mão atrás do
seu pescoço e o puxasse para um beijo.
Me desculpe, Helen, mas você se foi. Eu ainda estou aqui.
Foi um beijo suave e gentil, e então não mais. As mãos de
Trevor encontraram o caminho até a cintura de Phillip, e quando Trevor
puxou seus quadris juntos, Phillip gemeu quando seu pau meio duro fez
contato com o de Trevor. Ele estava sofrendo estes últimos dias também,
parecia.
Trevor foi o único a acabar com tudo. Ele recuou, quase
relutantemente, e ambos estavam ofegantes.
— Você tem certeza que pode fazer isso? Se nós continuarmos,
eu não vou ficar necessitado.
Phillip passou os dedos pelo cabelo loiro multicolorido de Trevor,
admirando todos os destaques.
— Eu quero você. — disse ele, em seguida, sorriu antes de
olhar para baixo em si mesmo. — Caso você não tenha notado.
Trevor retornou seu sorriso e puxou-o para mais perto
novamente para outro beijo duro e desesperado.
Phillip segurou o homem mais jovem como se ele fosse sua
tábua de salvação. Não era um beijo particularmente gracioso, mas
ainda era perfeito.
Trevor mordeu suavemente o lábio inferior de Phillip e quando
ele trouxe sua língua para frente para lamber levemente a pequena
marca vermelha que tinha feito, Phillip abriu para ele.
O pênis de Phillip estava duro e latejante agora, assim como o
de Trevor.
Phillip deixou seus dedos cavarem um pouco mais fundo na pele
macia e quente de Trevor, e gemeu na boca do outro homem quando
Trevor puxou seus quadris para esfregar um no outro.
Ele nunca se sentiu tão vivo antes de conhecer Trevo. Ele estava
apenas vivendo, passando pelos movimentos de acordar, reaprendendo
como agir como humano, comer e dormir.
Então ele descobriu a conexão entre ele e o homem nos seus
braços, e ele negou, quase ficando louco novamente. Ele precisava de
Trevor. Esse homem, essa conexão com outra pessoa, era o que fazia ele
seguir em frente.
— Eu estava perdido sem você. — Disse Phillip quando Trevor
moveu seus lábios até o pescoço dele.
O outro homem olhou para ele bruscamente, e então com um
sorriso, ficou um pouco mais ereto e capturou a boca de Phillip mais uma
vez.
O homem parecia tão feliz, como se Phillip tivesse declarado seu
amor a ele. Talvez um dia, e talvez aquele dia estivesse próximo, talvez
ele até o amasse agora, mas ele não podia dizer. Ainda não.
Trevor não pareceu se importar quando habilmente enganchou
sua perna nas de Phillip e empurrando-o para trás. Phillip se deixou cair
e não ficou de todo surpreso quando Trevor segurou seus braços com
força para que não caísse de vez no chão.
Trevor gentilmente o abaixou, e ele colocou seu corpo por cima
de Phillip.
— Não acho que tenha um banco por aqui onde você guardou o
lubrificante, tem?
A repentina risada de Trevor sobre o peito dele fez cócegas,
enquanto ele o beijava, especialmente com os pelos que cresciam em
torno da sua boca e mandíbula.
— Não, só nós hoje.
— Vergonha. — disse Phillip, olhando para o céu azul, em
seguida, de volta ao seu amante. Ele gostava de pensar em Trevor
assim. Ele era um amante. Soava importante e romântico. Não barato.
Trevor não era barato.
— Quando voltarmos, seja para a sua casa ou para a minha...
— disse Phillip, — eu quero você dentro de mim.
Os olhos de Trevor se arregalaram.
— Mesmo?
— Sim. — Phillip correu os dedos pelo cabelo macio novamente.
Ele não entendia como Trevor podia ter uma pele, cabelo e olhos tão
claros, mas o seu lobo ser negro como a meia-noite. — Eu quero tentar
isso. Eu quero que você faça comigo o que eu tenho feito a você.
Aquele sorriso brilhante retornou e iluminou o rosto de Trevor e
Phillip o beijou novamente.
Eles se moveram um contra o outro, tentando ficar quietos e
lento, sabendo que James estava próximo em algum lugar, tentando ser
diplomáticos, mas não conseguiram se conter por muito tempo
Phillip abriu mais as pernas, dando a Trevor mais espaço para
empurrar contra ele. Ele estendeu a mão e espalmou a bunda de Trevor,
pressionando suas virilhas com mais força.
Trevor gemeu. Seja do movimento mais duro ou pela maneira
como Phillip agarrou a sua bunda, ele não podia dizer.
Aquela sensação de estar completo de antes entrou em Phillip
novamente. Trevor estava sobre ele, marcando-o. O vazio fugiu dos
espaços escuros dentro do peito de Phillip, e o seu coração inchou
enquanto observava o prazer atravessar o rosto de Trevor enquanto ele
bufava e gemia.
— Ughhh, goze para mim, Phil. Goze, goze!
Phillip estava bem atrás dele, mas ele se esticou rapidamente,
agarrando seus pênis e acariciando com força. Ele apertou os dentes o
prazer, seus olhos quase rolando na parte de trás de sua cabeça, mas
ficou focado.
Sua mão trabalhou até a cabeça do pênis de Trevor, e ele
pressionou seu polegar contra a fenda, adicionando apenas a menor
quantidade de pressão.
Trevor ficou rígido, e Phillip sentiu a onda de calor contra a sua
mão. Ele usou o esperma de Trevor como lubrificante enquanto se
acariciava.
— Trevor. — Phillip ofegou, e ele jogou a cabeça para trás no
chão e abriu a boca quando gozou, e Trevor aproveitou isso, quando ele
pressionou os lábios contra os de Phillip, terminando o seu encontro com
um beijo.
O alto do sexo só poderiam durar por um tempo, e embora eles
não tivessem realmente feito sexo, foi tão bom quanto.
— A distância realmente deixou você mais carinhoso — disse
Trevor, espelhando os pensamentos de Phillip enquanto ambos
recuperavam o fôlego.
Phillip sorriu para ele, absorvendo a beleza nua de Trevor
enquanto eles estavam na luz do sol.
— Sim, deixou.
Ele estendeu a mão e limpou a mão na grama. Ao se levantar,
ofereceu a mão a Trevor, e, embora ele tenha tomado, ele podia sentir
que a incerteza estava de volta no outro homem.
— Então. — Trevor disse, soltando sua mão e ficando de pé. Ele
estava novamente sem olhar para o rosto de Phillip. — Até a próxima
vez?
— Trevor, eu não quero que a gente fique assim.
Trevor olhou para ele, mas foi sem entusiasmo.
— Eu também não. Eu não estou interessado em compartilhar
você com um fantasma, não importa quem ela seja, mas eu não posso
forçá-lo a fazer nada também.
Phillip pensou nos momentos que passaram juntos, assistindo
filmes de terror antigos, e antes mesmo de saber que estavam
acasalados, apenas sentados em silêncio perto do fogo do lado de fora,
falando sobre os tempos em que eles tinham sido selvagens e família
que mal se lembravam. Ele lembrou do calor da mão de Trevor enquanto
se tocavam, e quão flexível seus lábios eram quando se beijaram e ele
gostava de todas essas coisas. E não queria perder isso.
— Você não está me forçando a fazer nada, e nem estar
acasalado com você está me fazendo fazer isso também.
Trevor enviou-lhe um olhar curioso e desconfiado.
Phillip hesitou novamente, mas desta vez quando ele foi para
Trevor, ele não hesitou e segurou as bochechas do homem. Ele trouxe-o
para a frente para um beijo suave.
Os olhos de Trevor se fecharam quando suas bocas fizeram
contato, e Phillip se permitiu fazer o mesmo.
Phillip se afastou, lambendo os lábios. Ele olhou para Trevor, e
era como se o estivesse vendo pela primeira vez. Algo tinha mudado.
— Eu não quero mais te negar. Não importa o que a razão diz.
Isso não ajuda Helen, e não está ajudando nenhum de nós. Eu quero
uma chance real de estar com você. Eu gosto de você. Eu gosto de estar
na sua companhia. Você faz com que me sinta vivo de novo, como se eu
não estivesse enlouquecendo.
Essa felicidade retornou aos olhos brilhantes de Trevor.
— E sobre...? — Ele parou, como se não quisesse quebrar o
momento dizendo o nome dela.
— Eu vou encontrar uma maneira de salvar Helen que será
mais honrosa do que o que tenho feito até agora. Eu quero colocar
minha vida de volta nos trilhos, e eu quero você ao meu lado.
Trevor o beijou. Foi uma coisa feliz e desleixada que fez o
coração de Phillip bombear descontroladamente no seu peito.
Ele não tinha estragado tanto as coisas ao ponto do homem não
querer perdoá-lo. Ele ainda podia ser feliz. Eles poderiam ser felizes
juntos.
Não era tarde demais.
— Vocês dois estão prontos aí embaixo? — A voz de James
chamou de algum lugar sobre a colina. — Acho que devemos sair.
Phillip e Trevor sorriram um para o outro. Suas mãos tocaram as
bochechas um do outro pela última vez, e então suas testas se tocaram,
antes que decidissem subir a colina e sair do campo.
Pobre James provavelmente tinha cheirado o que eles estavam
fazendo, se ele não tinha ouvido, e ele nem queria olhar para baixo
apenas no caso deles ainda estarem enroscados um no outro.
Eles continuariam mais tarde.
Capítulo Nove

Phillip falou com James rapidamente antes de todos terem


mudado para lobos para ir patrulhar a floresta.
Phillip queria que o alfa lhe dissesse em que poderia ajudar, pois
estaria fazendo sua parte ali na matilha, e ia entregar sua lealdade ao
homem.
Poderia também torná-lo oficial. Pois estava morando na terra
por mais de um mês agora.
A única coisa que James não faria por ele era dar-lhe o mesmo
patrulhamento que Trevor. Poderiam sair no mesmo horário, mas eles
não poderiam trabalhar juntos. Trevor o olhou como se estivesse prestes
a protestar, mas Phillip segurou a sua mão e apertou.
Eles se olharam e sem palavras, ou mesmo usando sua conexão
mental, Phillip tinha sido capaz de dizer a ele para não perguntar.
Discutiriam isso mais tarde.
Trevor fechou sua boca e deixou ir.
Phillip entendeu a decisão de James. Como um antigo líder alfa,
tinha sua matilha sob regras semelhantes antes também.
Trabalhando tão perto de um companheiro em situações
potencialmente perigosas pode parecer ideal. Afinal, quem melhor para
vigiar as suas costas do que um companheiro? O problema era que
companheiros podiam se tornar descuidados com os outros. Perderiam o
foco quando acreditavam que o outro estaria em perigo, e parariam de
pensar corretamente.
Não. Dessa forma era melhor.
Todos eles estavam agora em forma de lobo, e desde que não
encontraram nada e o sol estava começando a se pôr, decidiram voltar.
O lobo de James resmungou algo para Trevor. Porque Phillip
ainda não podia escutar os pensamentos de James, Trevor teve que falar
para ele.
“Vou sair com Nick amanhã, e James estará com você. O vento
está engraçado hoje, então não vamos parar de procurar até termos
certeza de que não há ameaça.”
Phillip olhou para o céu. O vento estava soprando e agora
nuvens cinzentas estavam começando a escurecer o azul e a noite se
aproximava.
O cheiro da chuva estava no ar, e Phillip tinha um mau
pressentimento pesando-o.
Então algo no ar mudou, e houve o estalo de um galho à
distância. Parou e imediatamente se virou.
Um arbusto se movia à distância, como se pelo vento ou algo
tendo passado por seus galhos.
“O que foi isso?” Trevor perguntou, olhando para ele e depois
para baixo no arbusto a vários metros de distância.
James também parou e veio para ver o que estava acontecendo.
“Acho que algo está aí.” Disse Phillip, dando um passo à frente.
Cuidadosamente cheirou o ar, procurando por qualquer coisa
que os tivesse seguido.
James e Trevor fizeram o mesmo, apenas no caso, mas foi
Phillip quem notou primeiro, e deu um passo chocado para trás.
“Phil?”
Balançou sua cabeça. Memórias obscuras o atacaram de
semanas antes, quando ainda estava selvagem e todo momento tinha
sido apenas um sonho terrível que precisava ser superado.
Havia algo familiar no cheiro que veio ao seu focinho, algo que
fez flashes de olhos irritados e dentes afiados passarem diante dos seus
olhos.
Quando os abriu novamente, estava no chão, com a cabeça no
colo humano de Trevor. Trevor estava falando com ele, mas as palavras
vieram como se fosse através de um túnel que ficava muito longe. Seu
rosto estava preocupado, e estava acariciando as orelhas e o seu rosto,
tentando acordá-lo.
Realmente desmaiou? Cristo todo-poderoso. E na frente do seu
companheiro e de James também, quando ainda estava tentando
convencer James de que era capaz de vir para a rotação.
“Estou bem.” Disse Phillip através do seu link, e conseguiu
voltar as suas patas, embora cambaleasse. Trevor sorriu em aparente
alívio.
— Graças a Deus. — Disse, ainda segurando no rosto de Phillip,
acariciando suas orelhas e pressionando suas testas juntas. — O que
aconteceu?
Phillip não sabia o que aconteceu. Estava prestes a dizer o
mesmo quando avistou o grande par de olhos brilhantes no caminho que
os três acabaram de vir.
Phillip olhou para eles e não conseguiu desviar o olhar.
Eles o atraíram, hipnotizando-o como uma mariposa para uma
luz brilhante.
Saiu a tempo de notar o tamanho do animal. Era pelo menos
duas a três vezes o tamanho de um alfa, e os lábios negros enrolados
revelavam presas que pingavam longas cordas de baba. Um pedaço da
orelha direita estava faltando, e os pelos do enorme lobo branco estavam
levantados, e estava agachado no chão.
A queda de Phillip deve ter distraído Trevor e James, porque eles
apenas olharam para cima e perceberam que o lobo gigante estava lá
quando Phillip olhou para ele.
Era o homem que Phillip acidentalmente infectou enquanto
estava selvagem. Luke, se lembrava do nome certo. Quando resgatou
aquele caçador, Everett King, e o seu companheiro, Cole Dane, um pouco
mais de quatro semanas atrás, Luke tinha sido um dos caçadores que
Phillip tinha atacado.
Phillip atacou os caçadores que capturaram o par e estavam
torturando Cole na frente de Everett. Matou todos menos este,
deixando-o para morrer.
Isso tinha sido um grande erro, porque Phillip o havia
transformado, e claramente, ser transformado por um lobo selvagem
tinha seus efeitos, porque Luke era enorme.
Trevor rapidamente se levantou, e James rosnou de volta para o
grande lobo quando colocou uma pata na frente da outra.
O lobo se lançou.
Não! James não podia lutar contra um monstro como esse
sozinho, e Trevor estaria tão bom quanto morto até que ele pudesse
mudar para o seu lobo e tem a chance de lutar.
Phillip saltou à frente, passando por James e em direção ao
grande Lobo.
— Não! — Trevor gritou.
Phillip colidiu com o lobo no ar quando ambos pularam. Era
forte. Foi como bater em um ônibus que se aproxima que não se
incomodou em parar por cortesia ao animal que acabou de atingir a
duzentos quilômetros por hora.
Luke estava lutando com dentes, garras e raiva, e agora Phillip
estava praticamente nas garras da criatura.
Pelo menos agora todos sabiam o que os caçadores procuravam.
Devem ter rastreado Luke aqui. Ninguém esperava que o Lobo
selvagem viesse farejando a matilha de DeWitt. Sabiam melhor nessa
parte agora.
Phillip estava sendo despedaçado como o brinquedo de mastigar
de um cachorro. A queimadura da dor que sentiu por todo o corpo
acabou por deixá-lo, e permitiu que o corpo ficasse mole na boca de
Luke. Não estava pronto para morrer, e ainda queria pelo menos obter
algumas boas mordidas para que Trevor e James pudessem ter a
vantagem inicial que precisavam para voltar para a matilha e avisar a
todos que esse monstro fora de controle estava chegando.
Quando o corpo dele caiu, o tremor parou. Ainda parecia que
havia algum barulho grave acontecendo dentro do seu crânio, e quando
Luke deixou-o fora da sua boca, o mundo abaixo dele rodou
enjoativamente.
Os gritos desesperados de Trevor romperam a dor e a vertigem
que ele sentia.
— Não! Fique longe dele!
Não! O idiota deveria ter mudado e corrido por sua vida.
Não ficado lá enquanto Phillip estava recebendo sua bunda
entregue a ele.
Não se atreveu a olhar para o seu companheiro, mas pelo que
podia ouvir, James estava rosnando para o homem, provavelmente
enviando-lhe alguns comandos, impedindo-o de saltar para a luta.
Trevor faria isso, se o seu alfa não estivesse ali.
Phillip sentiu o enorme nariz de Luke descer, e a respiração
quente contra o seu rosto, seguido pela rajada de ar frio, ele saiba que o
seu cheiro estava sendo verificado para a morte.
Pode muito bem fazer a sua jogada agora, então.
Phillip abriu a boca e se levantou. Luke recuou surpreso, mas
não foi rápido o suficiente para evitar que a sua outra orelha ficasse
presa entre os dentes de Phillip. Mordeu com força, rasgando através da
pele, e Luke soltou um uivo alto e cheio de dor antes que começasse a
sacudir a cabeça com força e o seu corpo, tentando forçar Phillip a sair
dele.
Phillip apertou suas mandíbulas. Não deixaria este animal
selvagem em qualquer lugar perto de Trevor, ou da matilha, ou do seu
filho.
Se Luke queria vingança por ser transformado em um lobo
selvagem, teria que trabalhar para isso.
Finalmente, Luke conseguiu afastá-lo. O corpo de Phillip foi
arremessado em uma árvore, e soltou um grito quando suas costas
fizeram contato. Pensou ter ouvido um estalo na sua espinha, mas como
conseguiu ficar nos seus pés, sabia que nada havia sido quebrado.
O lobo se lançou para ele novamente. Phillip usou tudo o que
tinha, toda a energia deixada no seu corpo, para saltar fora do caminho.
Luke como um lobo era tão poderoso que caiu através da
árvore, quebrando-a na base com o tipo de pressão que lembrou Phillip
da arma de um caçador.
O lobo virou, cuspindo longas lascas entre os seus dentes
maciços, dentes que eram quatro vezes o tamanho dos na boca de
Phillip.
“Vou te matar.” Phillip ouviu dentro da sua mente. “Então vou
matar aquele garoto que estava transando com você.”
Phillip congelou, tanto pela voz que ouvia quanto pela ameaça.
“Nós podemos nos comunicar assim? Como?” Phillip exigiu.
As rugas brancas no topo das costas do lobo subiram mais alto,
até que estavam praticamente em pé.
“Como diabos deveria saber disso? Sou um caçador, não um
lobo. Quando eu te matar, minha maldição será quebrada.”
Realmente pensou que tudo que tinha que fazer era matar o
lobo para curar a si mesmo. Alguns caçadores ainda pensavam isso.
Acreditavam nisso por causa do que tinham visto nos filmes, então não
era como se pudesse inteiramente culpar o homem por estar errado. Não
era como se fosse culpa dele que estava fazendo sua pesquisa em todos
os lugares errados.
Phillip conseguiu rapidamente olhar para trás antes de colocar
seus olhos de volta na ameaça à sua frente. Trevor e James foram
embora.
Isso era bom. Não queria que o vissem morto. Phillip estava
disposto a apostar que a única razão pela qual James tinha sido capaz de
fazer Trevor seguir suas ordens para sair de lá foi porque Trevor tinha
visto Phillip se levantar.
Phillip era um alfa. Iria lidar com isso.
“Não há cura para você.”
“Mentiroso!”
“Matar aquele que te infectou por uma cura é apenas um mito,
e não faz sentido de qualquer maneira. Por que a minha morte
reverteria os efeitos do veneno da licantropia que coloquei no seu
corpo?”
Luke deu outro golpe nele, e o seu rosnado irritado mostrou
seus dentes poderosos e os ferimentos de Phillip doíam quando olhou
para eles.
Cristo, ficou surpreso que o lobo não o tivesse mordido ao meio.
Então, espere, Phillip foi o único a transformá-lo. Sem querer,
claro, mas ainda era o criador deste lobo.
Era duro como o inferno, e cada centímetro dele doía, mas
Phillip estava ereto. Levantou a cabeça e mostrou os dentes para o outro
lobo.
“Você vai ficar parado.”
Luke parou no seu próximo passo para frente.
“O que?”
“Eu sou seu alfa e você não vai me atacar. Irá ficar ai. Agora
mesmo.”
Phillip se aproximou do outro lobo, mantendo seus pelos
levantados o tempo todo.
Luke deu um passo para trás, seu rosto zangado e rosnando de
repente inseguro. Então a raiva voltou aos seus olhos, e os seus lábios
se afastaram quando começou a avançar mais uma vez.
Apenas no caso de ser um estranho jogo de galinha, Phillip não
baixou a guarda.
“Pare. Eu disse pare!”
Luke não respondeu dessa vez ou deu qualquer indicação de
que ouviu o que Phillip tinha dito.
A conexão foi interrompida. Quase assim que Phillip percebeu
que estava lá, foi embora. Claro, Luke era um enorme alfa. Seria fácil
para ele se separar do comando instintivo que sentia pelo outro alfa que
o criou, especialmente com o sangue escorrendo pelas patas de Phillip.
Não viu outra opção. Correu por sua vida.
Luke uivou e deu início a perseguição. Phillip não olhou para trás
enquanto avançava, se alongava e empurrava seus músculos quebrados
e feridos tão duro quanto podia. Suas patas batiam contra o chão
enquanto os sons das árvores quebradas ressoavam atrás dele.
Luke era como um trator com foguetes. Era muito rápido e
poderoso, e desta vez não queria deixar Phillip viver.
Levá-lo embora, deveria levá-lo para longe da matilha, Phillip
pensou quando fez uma curva acentuada em torno de um grupo de
grandes rochas. Isso não fez nada para dar-lhe alguma vantagem sobre
o lobo gigante. Se alguma coisa, chegou mais perto.
Os sons da respiração de Luke e o estrondo no chão enquanto
suas patas golpeavam a terra atrás de Phillip o deixaram saber que o seu
fim estava quase aqui. Não ia ser capaz de superar o monstro atrás dele.
Estava muito ferido e lento, e apesar das muitas árvores que Luke
esbarrou e quebrou, quase não fizeram nada para atrasá-lo.
Dentes estalando agarraram sua cauda e Phillip gritou pela dor
que subiu por sua espinha.
Um golpe de sorte e Luke tropeçou em alguma coisa. E deu um
mergulho no chão, talvez, mas abriu a mandíbula em choque e libertou
Phillip antes que pudesse lhe morder a cauda.
Continuou correndo, e Luke se endireitou e o seguiu
ansiosamente.
Imagens de Sammy passaram pela mente dele. Ia perder o
primeiro aniversário do seu filho, porque ia morrer.
Teria um aniversário se Phillip pudesse tirar Luke de cima dele.
Tinha que distrair o lobo selvagem tempo suficiente para Trevor e James
reunirem todos os alfas extras para lutar.
Sammy iria sobreviver. Trevor também.
Trevor...
A batida contra o chão parou de repente. Phillip estava tão
focado em correr que dificilmente notou no início, e estava pelo menos
quinze metros à frente antes de conseguir parar.
Suas feridas alcançaram-no e a sua parada foi mais um
tropeçar, cair e rolar no chão antes que o seu corpo finalmente parasse.
Se levantou com um gemido, curioso para saber por que o lobo
gigante tinha parado de derrubar bétulas e pinheiros jovens na sua
tentativa de comê-lo.
Luke estava olhando para Phillip. Sua boca gigante não estava
nem aberta e ofegante pela corrida.
A língua de Phillip estava fora e os seus pulmões e garganta
queimavam enquanto tentou se refrescar. Estava correndo com fumaça
naquele momento. E se Luke decidiu parar de jogar qualquer jogo que
estava jogando, Phillip não sabia quanto mais poderia correr.
De repente, o lobo maior virou a cabeça e olhou para trás, no
rastro de árvores quebradas que deixou para trás. Então seus brilhantes
olhos dourados voltaram para Phillip.
Phillip nunca tinha visto um sorriso mais sinistro na boca de um
lobo. Luke inclinou a cabeça, as pálpebras indo para meio mastro o tipo
de olhar como um sorriso puxando para cima do lado da sua boca,
revelando aqueles dentes afiados.
Não. Sabia. Ele descobriu que Phillip o estava guiando para
longe.
Phillip ficou de quatro e depois gritou quando caiu para trás no
seu estômago.
Luke soltou um bufo de nojo, e então se virou e correu de volta
para a direção da matilha DeWitt.
Não! Sammy! Trevor!
Usando suas garras e arranhando a sujeira no processo, Phillip
puxou-se de volta para suas patas. Forçou as pernas a obedecer-lhe e
empurrou a dor e o sangue da sua mente enquanto corria atrás do
grande lobo com mais velocidade do que tinha quando estava correndo
por sua vida.
Luke estava à frente dele. Phillip não sabia o que iria fazer se de
alguma forma milagrosa conseguisse pegá-lo, mas tinha que continuar.
Mesmo que o seu último ato fosse alcançar o lobo apenas para arrancar
um dos seus olhos, bem, pelo menos ajudaria a enfraquecê-lo e dar aos
outros alfas mais chance de lutar quando a batalha por suas vidas
acontecesse.
Tinha que chegar até ele! Não podia deixá-lo ferir sua família
apenas para voltar para ele. Não faria isso!
Estavam quase no meio do caminho de volta para a área
principal da propriedade, e Phillip estava começando a ficar para trás.
Suas patas estavam dormentes e embora comandasse suas pernas a se
mover mais rápido, para não parar, estavam começando a desobedecê-
lo.
Ia cair de novo. Ia sangrar até a morte lá no chão, e Luke ia
atacar as duas únicas pessoas no mundo que Phillip amava.
Sentiu seu corpo começar a cair. Se sentiu caindo. Luke caiu
primeiro.
Outra bola de pelo, negra desta vez, voou em cima dele,
surpreendendo o lobo maior o fazendo cair e rolar.
Phillip fez o mesmo antes que ele pudesse colidir com o
monstro, no entanto, em retrospecto, isso provavelmente foi um erro, já
que queria alcançar o lobo desonesto.
Não conseguia nem se levantar do chão. Poeira voou para todos
os lugares quando os dois shifters colidiram. Entrou nos seus olhos,
ouvidos, e até pelo nariz dele. Ele espirrou várias vezes.
Mesmo antes da poeira assentar e o seu nariz e olhos
clarearem, já sabia quem era o misterioso lobo que atacou Luke.
Quando a nuvem de poeira voadora finalmente se estabilizou,
estava certo, e o seu coração afundou ao ver seu companheiro. Seu
companheiro que era um alfa, e um grande alfa, parecia nada mais do
que um magro ômega ao lado do enorme poder de Luke.
Trevor estava rosnando para o shifter, os dentes arreganhados e
arrepiado enquanto estava no caminho que leva de volta para a matilha.
“Não. Você vai morrer.” Phillip tentou dizer através do link. Não
tinha certeza se a mensagem chegou ao seu amante, porque Trevor não
recuou ou olhou para ele.
Talvez fosse porque estava muito ocupado rosnando e
circulando o lobo perigoso na frente dele.
Tinha que ser isso, porque quando Trevor latiu e mostrou os
dentes para Luke, Phillip podia ouvir os pensamentos na sua cabeça.
Eram pensamentos que Luke não estaria a par, mas Phillip ainda estava
ouvindo alto e claro.
“Vou te Matar. Vou te matar se você chegar perto desse
garoto.”
Estava falando sobre Sammy, Phillip percebeu. Trevor estava
focado em proteger o filho de Phillip. Nem estava pensando na matilha.
Só então seus olhos se encontraram, e Phillip sabia que Trevor
tinha ouviu seu comando anterior. Estava ignorando isso, e ia morrer por
isso.
Luke latiu de volta para Trevor como se tivesse ouvido a
desagradável ameaça passando pela cabeça do lobo menor.
Trevor foi forçado a dar um passo atrás quando Luke avançou.
Phillip lutou e lutou para se colocar de quatro, mas seus ossos
se sentiam liquefeitos. Mal conseguia controlar o tremor no seu corpo ou
ficar em pé.
“Trevor, corra de volta para matilha. Pegue o Sammy e saia
daqui. Vou distraí-lo.” Ordenou Phillip.
“Não.” Respondeu Trevor, mais uma vez não olhando para ele
quando olhou para baixo na ameaça diante dele. “Não vou deixá-lo te
matar.”
Mas o que Phillip deveria fazer se Luke matasse Trevor?
Suas tripas subiram para sua garganta enquanto observava os
dois. A boca de Luke se abriu e Phillip se deparou com o horror que
estava prestes a assistir seu companheiro, não, o homem que amava,
ser apanhado por aqueles dentes e comido.
Phillip soltou um grito alto.
“Não!”
Trevor caiu de bruços e deslizou por baixo do lobo gigante que o
atacou assim que os dentes de Luke desceram e erraram.
Trevor usou suas garras e conseguiu se virar, e em um
movimento tão rápido que Phillip quase perdeu, pulou em cima de Luke
por trás, depois pulou no seu pescoço e começou a morder o seu rosto e
o que restava das suas orelhas.
Luke uivou e se debateu, mas Trevor conseguiu manter um
aperto firme e não seria abalado tão facilmente. Ou em tudo.
Parecia estar bem, e Phillip até se permitiu ter esperança de que
Trevor poderia ser capaz de tirar os olhos do lobo maior e derrubá-lo, o
deixando desamparado, fácil de matar.
Luke pareceu ficar esperto quando Trevor subiu mais alto, mais
perto dos seus olhos. O coração de Phillip parou quando assistiu Luke
dar a volta, jogando toda a cabeça para trás e, em seguida, batendo o
corpo contra o chão, e Trevor estava lá.
Phillip uivou e disparou para a frente o mais rápido que pôde ao
ver o lobo de Trevor seguro no primeiro esmagamento contra o chão, e
depois soltar-se no segundo, e depois não se mexer para se defender ou
até mesmo tentar chegar a segurança quando Luke fez um terceiro
movimento.
Phillip conseguiu engatinhar e quase correu para Luke antes do
lobo notar que o seu atacante estava caído e não estava se levantando.
A cauda de Luke se agitou descontroladamente, e Phillip mordeu duro,
seus dentes de alguma forma passando por todo o pelo e pegando o
longo pedaço de carne e osso por baixo.
Luke recuou novamente, mas desta vez, uivou de dor, antes de
Phillip ser arrastado para o maior movimento da sua vida.
Nunca tinha montado um touro antes, nem mesmo uma
daquelas máquinas que o faziam sentir como se estivesse naquele
animal, mas imaginou que era assim. O mundo girava em torno dele,
não podia se concentrar em nada além de manter os dentes apertados, e
quando tudo girou, seu corpo começou a reagir. Ficou enjoado e tonto.
Era quase como se estivesse em um passeio de carrossel, e isso não foi
divertido.
Pelo menos conseguiu tirar a atenção de Luke de Trevor.
Phillip só queria poder olhar para baixo e ver se o homem
estava inteiro, respirando, vivo, qualquer coisa, mas ainda não conseguia
se concentrar em qualquer coisa.
Não percebeu quando aconteceu, mas quando seu corpo bateu
na base pesada de um pinheiro e depois caiu através dos espinhosos
ramos, sabia que algo havia cedido.
Ainda havia pele na sua boca e gosto de sangue na sua lingua.
Levou um segundo para perceber que não havia mais nada sob as suas
mandíbulas apertadas.
A pele e o pelo devem ter sido arrancados, com toda a luta e o
giro, Phillip tinha deslizado completamente e estava mordendo.
Sentiu as vibrações no chão quando Luke se aproximou dele,
mas a terra girava abaixo dele, e não podia mais dizer de que direção o
outro lobo estava vindo.
“Trevor?” Tentou localizar seu companheiro, tentou procurá-lo
com o nariz e os olhos, mas tudo estava fora de ordem. Não conseguiu
encontrar Trevor, e ainda não sabia se o outro lobo estava vivo. Trevor
não estava respondendo seu chamado mental.
Um hálito quente que cheirava a sangue e sujeira flutuava forte
e pesado sobre o seu corpo. Sua visão estava embaçada, mas
reconheceu que havia uma boca gigante respirando acima dele.
Uma grande coisa molhada espirrou na sua pele. Cristo, Luke
estava babando nele. Estava indo realmente comê-lo.
“Trevor.”
Houve um rosnado, e Phillip sentiu o toque daqueles lábios
gigantescos de lobo em torno do seu corpo quando de repente e sem
aviso foi arrancado.
Conseguiu abrir os olhos. Estavam pesados, como se houvesse
pequenas pedras coladas às suas pálpebras, mas as abriu e conseguiu se
concentrar em todo o turbilhão.
Não havia menos de dez outros alfas em cima de Luke. Alguns
estavam em forma humana, e mais nas suas formas de lobo. Phillip
reconheceu todos e cada um deles da matilha DeWitt, bem como alguns
membros pertencentes à sua antiga matilha.
— Vamos. Vamos tirar você daqui. — Alguém disse acima dele.
Dois pares de mãos humanas trabalharam sob seu corpo e
começaram a levantá-lo. Reconheceu o cheiro e queria gemer.
Os caçadores. Os ex-caçadores, de qualquer forma. Isaac Foster
e Everett King. Phillip ajudou a salvar a vida de Everett não muito tempo
atrás, e embora não queria nada em troca de um homem que costumava
matar lobos, parecia que agora a dívida seria finalmente paga.
Quanto a Isaac, bem, Phillip agora lhe devia uma. Phillip estava
em dívida com um ex-caçador e ia ter que começar a tratar o outro
homem com pelo menos alguma medida de respeito.
Talvez os dois. Isso ia ser difícil de engolir uma vez que fosse
capaz de fazer a sua garganta funcionar.
— Você pode mudar para sua forma humana. Isso pode ser
mais fácil. — Disse Isaac.
Isso estava certo. Phillip estava além da capacidade de lutar.
Não haveria mais batalhas para ele hoje, ou mesmo no próximo mês.
Conseguiu levantar a cabeça e viu o jeito que Luke estava sendo
atacado. Os alfas ainda nas suas formas de lobo estavam mordendo as
pernas de Luke e patas e o que restou da sua cauda. Aqueles na sua
forma humana tinham subido em cima das suas costas com muito mais
facilidade do que Trevor mais cedo, e estavam atacando os pontos fracos
de Luke com uma ferocidade que não queria ver.
Olhou para Trevor, e o seu coração apertou quando não pode
ver o lobo negro sangrando deitado onde Phillip tinha visto pela última
vez.
Talvez tenha conseguido se levantar e sair enquanto os alfas
fizeram Luke ficar completamente louco de raiva. Teria que chegar a um
lugar seguro, do mesmo jeito que Isaac e Everett tinham arrastado
Phillip para longe enquanto Luke girou, rosnou e chutou, destruindo
muitas outras árvores em um círculo que criou para si mesmo.
Phillip estava concentrado. Não ia ser rápido na forma de lobo,
então pelo menos se ficasse em dois pés, seria mais fácil para os
homens acima dele ajudá-lo a chegar a Trevor.
A transformação foi rápida, surpreendentemente. Apesar dos
seus ferimentos, estava nu e em forma humana mais uma vez.
Isaac olhou para ele e assobiou.
— Porra, esse lobo te usou como um brinquedo de mastigar ou
o quê?
Everett estalou o pescoço e assobiou também.
— Você é sortudo de não estar morto.
Então o ex-caçador olhou para onde os muitos alfas estavam
subjugando seu lobo gigante, com os olhos arregalados.
— Cole. — Sussurrou.
Phillip não achava que o homem tivesse alguma coisa com que
se preocupar, tanto quanto seu próprio companheiro estava preocupado.
Parecia que os alfas tinham tudo sob controle. Luke estava lentamente
cansando, sangue estragou o casaco branco e finalmente parecia
cansado.
— Trevor. — Disse Phillip. Não podia farejar o seu companheiro
por causa de todo o sangue no seu nariz. Deve ter acontecido quando
bateu na árvore. O seu nariz não estava exatamente entupido ao ponto
de parecer que estava com um resfriado, mas ainda não era capaz de
sentir os cheiros. — Onde está Trevor?
— Nós vamos levá-lo para ele. Venha. — Isaac disse, e Phillip
pensou poderia dever ao homem um pouco mais pela rapidez com que o
levou pelos destroços que os alfas estavam criando.
Havia outro grupo, um menor, todos os quais estavam na forma
humana, e para choque de Phillip, alguns deles eram ômegas.
Havia um homem ajoelhado ao lado de Trevor, o reconfortando
e acariciando o seu casaco, evitando as bandagens que haviam sido
colocadas e estavam encharcadas de sangue.
O cercaram e o tocaram como se fosse um cachorro moribundo.
Não esperavam que sobrevivesse.
Phillip se separou de Isaac e atravessou a pequena multidão que
circulava seu companheiro. O ômega que enfaixou e confortava Trevor
era o homem com os olhos multicoloridos. Um olho marrom, o outro
azul. Chris.
No folclore dos lobos, esses olhos significavam boa sorte.
Talvez Chris estivesse tentando dar um pouco dessa sorte a
Trevor, esperando que sobrevivesse.
— Dê para mim. — Disse Phillip, caindo de joelhos na frente da
forma propensa. Trevor mal tinha a boca aberta e a língua pendendo
para fora, mas enquanto Phillip puxou seu corpo mole nos seus braços,
teve que admitir que grande parte da sua própria esperança foi drenada.
Gentilmente sacudiu o corpo de lobo nos seus braços, depois
alisou a pele ao redor dos olhos e focinho. Era difícil dizer por causa do
pelo preto, mas parecia que o sangue estava cobrindo a maior parte
dele, fazendo-o pegajoso e molhado por toda parte.
— Trevor. Entendi. Estou aqui. Você vai ficar bem.

Capítulo Dez

Trevor não abriu os olhos, não a princípio. Quando o fez, o


coração de Phillip acelerou imediatamente antes de quase parar
imediatamente novamente à vista de como seus olhos outrora brilhantes
se pareciam.
Deve ter havido algum reconhecimento lá porque Trevor
balançou o rabo fracamente ao vê-lo. Talvez tenha sido apenas o som da
sua voz que Trevor reconheceu.
— Estou aqui. Estou com você. — Phillip disse novamente,
apenas no caso de que essa fosse a situação.
— Precisamos fazê-lo mudar para sua forma humana. — Chris,
o homem com a olhos de duas cores, disse. — Não podemos ver as suas
feridas corretamente sob o seu casaco de pelo. Se estiver em forma
humana, podemos ver o que precisa ser costurado.
Chris de repente olhou para ele de cima a baixo também.
— Você precisará de pontos também.
Phillip tinha se esquecido de si mesmo enquanto segurava
Trevor. Já poderia dizer qual era o problema, mesmo com o bloqueio do
pelo no caminho.
Phillip tinha sido mordido, mas o seu casaco de pelo tinha
funcionado como um escudo, impedindo os dentes de Luke de ir mais
fundo no tempo que Phillip tinha passado dentro dessas mandíbulas.
Estava ferido e sangrando, mas poderia aguentar por mais algum tempo.
Trevor, por outro lado, era um caso diferente. Luke não o havia
mordido. Bateu o peso de todo o seu corpo nele muitas vezes. Phillip
estava disposto a apostar que as feridas de Trevor eram internas e que
aquelas manchas sangrentas eram de lugares onde seus ossos estavam
trincados.
Ainda assim, fazê-lo mudar para a forma humana pode ajudar
nisso. Os ossos tinham que romper e se realinhar para que a mudança
fosse possível. Talvez fossem reparados quando estivesse em forma
humana.
— Trevor? Você pode me ouvir?
Trevor podia fazer pouco além de piscar os olhos como se
tivesse sido drogado ou algo assim.
— Trevor?
“Posso te ouvir.” Disse através da sua ligação mental. Mesmo a
sua voz interior soava turva.
— Preciso que você tente mudar para sua forma humana. Pode
reparar seus ossos quebrados.
Se iria ou não reparar qualquer hemorragia interna ou qualquer
outra coisa que estava acontecendo dentro dele era uma outra estória.
Quando não respondeu, Phillip sentiu a cabeça ficar leve. O
sacudiu novamente, odiou o som dolorido que Trevor fez quando estava
sendo muito rude, mas feliz com o fato de que isso significava que
continua vivo.
Essa nebulosidade na parte de trás do seu cérebro não
desapareceu, no entanto.
Phillip estava mais ferido do que pensava.
— Você me ouviu?
“Ouvi você.” Mais uma vez, a voz interior de Trevor estava fraca,
mas todo o seu corpo mudou. A pele ondulou, e então começou a mudar
lentamente.
Os olhos de Phillip ficaram quentes e a sua garganta dolorida e
grossa.
— Bom. Muito bem. — Disse, acariciando o pelo de Trevor até
se tornar cabelo na sua cabeça.
Sua pele era uma sombra pálida do outro lado do cinza. Todo
seu corpo tremia, e agora que as ataduras que tinham sido embrulhadas
em torno dele ou ficaram muito soltas ou caíram completamente, Phillip
pode ver melhor o dano por si mesmo.
Definitivamente havia ossos quebrados, e alguns que tinham
cravado através da sua pele. Os buracos sangrentos aqui e ali que não
tinham curado, principalmente em torno das suas costelas, eram um
testemunho disso.
Pelo menos não havia ossos saindo deles. Phillip tinha estado
certo. A transformação tinha endireitado seus ossos, mas não tinha
curado os outros ferimentos.
Phillip rapidamente olhou para trás para onde Luke estava.
Estava caído e sangrando e não se mexendo. Eles o pegaram.
Olhou de volta para o seu amante.
— Você o impediu de chegar a matilha. Você conseguiu tempo
para esses caras chegarem aqui.
— Não ia deixar você para trás. — Disse Trevor. Phillip teria
achado que era um bom sinal a maneira como não tropeçou nas suas
palavras, mas sua voz era tão baixa e os seus olhos não estavam
abertos.
— Abra seus olhos para mim. Você precisa ficar acordado.
Trevor assentiu, mas não fez como lhe foi dito.
Phillip olhou para cima e ao redor para os outros lobos que
estavam apenas de pé ali. Estendeu a mão e agarrou Chris pelo pulso,
seu aperto era tão forte que os olhos do homem se arregalaram.
— Você pode ajudá-lo?
Os homens ao redor dele pareciam se afastar quando Chris
balançou a sua cabeça.
— Não sou um... Não posso fazer nada além de primeiros
socorros.
— Nós podemos tentar levá-lo para a lagoa. — Isaac foi o único
a dizer isso quando deu um passo à frente na multidão. Embora a
ameaça do lobo gigante estivesse eliminada, ainda mantinha as mãos
nas suas armas, que estavam descansando nos seus coldres. — Isso nos
ajudou antes.
Certo. Phillip tinha esquecido disso. Mesmo ele bebeu a água
daquele lugar estranho e espiritual e se sentiu melhor quando estava
passando por seu tempo de cura depois de ficar selvagem.
Phillip afastou o cabelo suado dos olhos de Trevor. Não sabia se
era uma coisa boa que o homem não estava reagindo. Não tremeu ao
seu toque, não abriu os olhos. Nada.
— Ouviu isso? Nós vamos chegar lá, bebê, não se preocupe.
Você vai ficar bem.
Isaac e Everett pareciam assumir o controle do grupo enquanto
os outros alfas ainda estavam se certificando de que Luke estivesse
morto. Eles organizaram todos para reunir tantos galhos quanto
pudessem, grandes e preferencialmente dos pinheiros, com instruções
para certificar-se de que as agulhas estavam macias antes de quebrar
qualquer coisa.
Fizeram uma maca improvisada em tempo recorde. Foi uma boa
ideia que Phillip não poderia sequer reclamar sobre o quão útil os ex-
caçadores estavam sendo. Não se importava mais com a ajuda vindo
deles. Só queria que Trevor estivesse vivo.
Segurou firme a mão de Trevor enquanto os outros alfas
começaram a tecer os galhos. Firmemente ordenou a Trevor que
apertasse sua mão a cada cinco segundos. Esperava que isso forçasse o
homem a permanecer consciente, não adormecer e não morrer.
— Você não vai morrer. — Disse Phillip, tranquilizando-se
principalmente. — Não vou te deixar.
Para sua surpresa, os lábios de Trevor se contraíram, como se
estivesse prestes a sorrir.
Não usou a boca para falar com ele. Usou o link mental que
compartilhavam desde que tinham reivindicado um ao outro como
companheiros.
“Está tudo bem. Está tudo bem.”
— Cale-se. Não está bem. — Disse Phillip, e a sua cabeça girou
novamente quando quase gritou as palavras. Então seus olhos nadaram
e a sua visão ficou borrada. — Você precisa viver.
“Não, eu não sei. Vai ficar tudo bem.” Trevor disse. “Você vai
ficar bem assim como a matilha. Você vai poder voltar para o seu filho.”
Phillip não gostou do jeito que ele estava falando, como se tudo
logo estaria seguindo em frente sem ele.
“Não poderia deixar você para trás.”
— Trevor, fique vivo por mim, ou vou te dar o inferno por ser
um idiota mais tarde.
Trevor não se mexeu nem respondeu. A maca improvisada
estava pronta, e Phillip ajudou a mover Trevor para ela. Phillip ficou de
pé e embora seu corpo gritasse a cada passo que dava, mantinha o
ritmo dos alfas que carregavam Trevor entre eles, e nunca soltou a mão
do seu companheiro.
— Você estava me contando sobre a sua família antes. Vou te
ajudar a lembrar deles. Vou levá-lo para ir vê-los. — Disse, apertando a
mão de Trevor quando ele não apertou depois de quinze segundos. —
Você é jovem demais para morrer, então nem pense nisso.
“Estou com minha família, Phillip. Não preciso de mais nada.”
“Bem, eu preciso de você.” Disse Phillip, usando seu link desta
vez.
Considerando que antes não queria nada mais do que aprender
como manter os pensamentos privados, deliberadamente agora procurou
a presença interior da mente de Trevor. Precisava de provas de que o
outro homem estava lá.
Trevor não balançou a cabeça, e não moveu um músculo no seu
corpo, mas Phillip podia sentir a resposta negativa.
“Não, você não precisa. Você ficará bem.” Disse Trevor.
“Prometa que você ficará bem.”
Não podia deixá-lo ir. Não podia deixar Trevor morrer. Trevor foi
permitindo que seus ferimentos assumirem porque não achava que tinha
algo para voltar. Estava pensando que Phillip o não amava, de modo que
seria de alguma forma mais fácil para Phillip seguir em frente com a sua
vida depois que ele se fosse.
Estúpido. Estúpido. Estúpido.
— Pare de falar assim. Preciso de você. Trevor, me escute. Te
amo. Eu amo. Prometo que amo. Então você precisa voltar, tudo bem?
Fique consciente e não morra.
Os olhos de Trevor ainda estavam fechados, mas Phillip viu
através da sua própria visão borrada a umidade que apareceu debaixo
das suas pálpebras.
— Você me ouve? Não se atreva a morrer. — Phillip exigiu. —
Com quem diabos eu deveria falar por aqui? Ou assistir velho filmes? Eu
te amo, Trevor. Por favor não morra.
Phillip estava soluçando agora, e isso só fez a dor nebulosa na
sua cabeça piorar. Não foi até que o aperto de Trevor na sua mão relaxou
totalmente que o seu coração queimou, e então seus próprios ferimentos
chegaram até ele e ele desmaiou.
Estava em uma cama quando acordou. Não era a dele. Já podia
cheirar todas as coisas do lado de fora da porta do quarto. Tinha o cheiro
de James, Corey, a velha Maggie, Mick e todos os cheiros que veio com
Sammy em casa.
Estava no quarto de hóspedes da casa principal da matilha
DeWitt.
Seus olhos ainda pareciam nublados, mas Phillip estava
imediatamente ciente da falta do perfume de Trevor, tanto no quarto
quanto na casa. Não havia calor no outro lado da cama, sugerindo que
não estava deitado ao lado dele e nunca esteve lá.
Colocou a mão no rosto. Não sabia de quem estava se
escondendo desde que não havia mais ninguém lá, mas só tinha que
fazer isso para enquanto seus olhos ardiam e o seu rosto se enrugava.
Quando ouviu o barulho pesado de botas e o suave clique da
maçaneta da porta girando, Phillip rapidamente enxugou as lágrimas e
colocou uma expressão que esperava que fosse neutra.
Para sua surpresa, James entrou, e o que foi ainda mais
chocante do que isso foi que Sammy estava em seus braços. O rapaz
estava no antebraço e estendeu os pequenos braços, tentando envolvê-
los ao redor do grande pescoço de James, mas é claro que era
impossível para ele fazer isso. James manteve a mão livre nas costas de
Sammy para suporte adicional.
Às vezes Phillip não podia acreditar que o seu filho já tinha um
ano de idade.
Na verdade, espere um minuto.
— Há quanto tempo estou desacordado?
— Quase cinco dias agora. Suas feridas eram mais extensas do
que pensamos, mesmo depois de começarmos a derramar a água de
cura na sua garganta.
— Quase cinco... — Phillip parou, e então olhou para o seu
filho, que estava olhando para ele com curiosidade. — Desculpe, perdi
seu aniversário, amigo.
— Não acho que ele se importa. — Disse James. — Todas as
coisas consideradas, foi mais uma celebração tranquila de qualquer
maneira.
Phillip imaginou que seria. Seus pensamentos voltaram para
Trevor e a maneira como a mão dele tinha relaxado no final.
— Ele está morto? — Perguntou e, em seguida, respirou fundo
quando as palavras que não queria que fossem verdade deixaram a sua
boca.
— Não. Ele está vivo.
Phillip olhou bruscamente para o outro homem.
— Ainda está em péssimo estado. Vocês dois fazem um bom
par com todos os ferimentos que ambos sofreram.
Phillip tentou sentar e ficou surpreso quando pôde com apenas
alguma dor leve.
— Onde ele está?
— Ainda inconsciente. Não acordou ainda. Está de volta à sua
cabana. A anciã Maggie, Corey e Chris basicamente pegaram o seu
quarto e o transformaram em um mini hospital, e ainda estão tendo que
fazê-lo beber a água da lagoa.
Embora fosse a melhor notícia que poderia ter recebido, havia
ainda a parte cínica dentro dele que precisava confirmar.
— Posso ir vê-lo?
James parecia magoado que precisava perguntar.
— Se você está acordado e capaz de andar, então
provavelmente será bom para os dois. Tive que te colocar neste quarto
para que Corey ou eu pudéssemos trazer Sammy entre as nossas outras
responsabilidades. Nós achamos que gostaria assim.
Phillip olhou para o filho. O rosto de Sammy se derreteu da
confusa cautela para um sorriso brilhante.
Phillip sorriu de volta. Sim. Foi bom para ele.
— Obrigado, mas se não for incômodo, poderia me levar para
ver Trevor?
— É claro. — Disse James.
Phillip ouviu o suspiro do homem quando tirou as cobertas dele
mesmo e colocou os pés descalços no chão de madeira.
— Phillip, preciso me desculpar por isso.
Phillip franziu a testa e virou-se para olhá-lo.
— Pelo quê?
— Luke. Isso foi totalmente minha culpa. Sou o único que deu a
ordem ao resto da minha matilha para deixá-lo ir um mês atrás, quando
você o criou. Pensei que como um lobo selvagem, estaria mais inclinado
a evitar o confronto com os seres humanos, e depois do que havia o Cole
e Everett que precisava vigiar, assim como você.
Se sentia mal pela decisão que tomara.
— Se Trevor tivesse morrido, poderia ter sido algo mais
problemático te perdoar, mas como ele está vivo, acho que posso deixar
isso para trás.
— Isso não é bom o suficiente. Tomei uma decisão ruim e
quero admitir isso, e por causa disso minha própria matilha foi colocada
em perigo, e ambos você e o seu companheiro quase morreram.
— Não sei o que quer que eu diga, James DeWitt. — Disse
Phillip. — Não estarei lançando um desafio para assumir o controle da
sua matilha por uma má decisão. Tenho certeza que você esfregaria o
chão comigo se tentasse neste estado de qualquer maneira.
James sorriu, suas cicatrizes parecendo mais profundas quando
fez isso.
— Só quero que saiba que não vou estar tomando nenhuma
decisão ruim assim novamente.
Phillip assentiu, aceitando a palavra de James e a sua mão para
ajudá-lo a levantar.
— Tudo certo.

O quarto de Trevor cheirava a todo tipo de droga vendida sem


receita que poderia ser comprada. Havia bandagens de reposição na sua
cabeceira, juntamente com várias garrafas de desinfetante e garrafas de
água. Sabia que aquelas continham a água especial da lagoa espiritual.
O lugar de cura.
A água não poderia estar fazendo muito se Trevor ainda estava
desacordado, mas parecia mais que estava dormindo em vez de
inconsciente. Sua cabeça estava ligeiramente virada para o lado e estava
precisando fazer a barba. Phillip não tinha percebido como Trevor se
parecia com barba antes. Nunca pensou sobre isso.
Talvez a única razão pela qual não gostou dela estar lá era
porque Trevor não podia cuidar de si mesmo e ficou tão ferido que nem
tinha acordado ainda.
Os cobertores azuis estavam enfiados nas axilas e uma mão
descansava levemente no seu estômago enquanto a outra estava ao seu
lado.
— Seu coração parou duas vezes. — Disse James. — Isaac teve
que fazer RCP, e então todos nós o mergulhamos na água assim que
conseguimos chegar lá. Você também.
Phillip teve um flash repentino de memória, e percebeu que
James estava dizendo a verdade. Não que tivesse algum motivo para
mentir, mas o fato de que Phillip poderia se lembrar se tornou muito
mais realidade de alguma forma.
Deve ter estado à deriva dentro e fora da consciência no
momento que chegaram ao lago. Tudo o que podia ver era alfas lutando
em todo lugar, gritando comandos para ômegas conseguirem
suprimentos. A água espirrando em torno deles enquanto corriam com a
sua carga ferida, e então todo o corpo de Phillip estava sob a água.
Curiosamente, foi aí que as coisas ficaram um pouco mais claras
na sua memória. Seus olhos estavam abertos na água, e era tão
cristalina, era quase como se não estivesse na água.
Podia ver Trevor, provavelmente a apenas três metros dele. A
água estava manchada de vermelho ao redor dos dois, mas isso não
parou Phillip de ver o seu amante.
Trevor ainda estava como morto, seu cabelo acenando em modo
fantasma na água. As mãos dos alfas que seguravam Trevor sob a água
eram gentis enquanto usavam a água para também limpar o sangue das
suas feridas abertas.
As coisas aconteceram em câmera lenta depois disso. As mãos
começaram a puxar Trevor e Phillip de volta para que ambos pudessem
respirar, mas apesar disso, se lembrou de ficar debaixo d'água por muito
mais tempo.
Helen estava lá. Lembrou de tê-la visto na água também, mas
sua forma fantasmagórica não o surpreendeu nem o assustou.
Seu rosto estava bem na frente dele, mas mal podia reconhecê-
la. Seu cérebro não estava funcionando direito, ou então ele iria pedi-lhe
para fazer o que pudesse para salvar Trevor. Iria dizer a ela que sentia
muito por amar outra pessoa, mas amava, e não queria que aquele
homem morresse.
Talvez ela tenha entendido depois de tudo, porque a próxima
coisa que Phillip percebeu, era que o seu rosto pálido espectral não
estava mais na frente dele, e ela foi até o outro homem na lagoa e
estava pairando sobre Trevor.
Suas mãos tocaram o rosto de Trevor, seu pescoço e peito. Por
uma fração de segundo, Phillip temeu que estivesse puxando a alma de
Trevor fora do seu corpo quando começou a brilhar a mesma cor azulada
que ela tinha por todo o corpo dela.
Então percebeu o que ela estava fazendo. Não estava tentando
tirar a alma de Trevor. Estava tentando mantê-la dentro.
Era por isso que a lagoa às vezes trazia as pessoas de volta à
vida.
As almas que estavam lá não permitiam que alma do moribundo
saísse.
Phillip sacudiu o pensamento da cabeça. A revelação não
significava nada para ele no momento, e agora tudo o que se importava
era o homem na cama.
Olhou por cima do ombro para James, que assentiu com a
cabeça em compreensão.
Phillip beijou a testa do filho antes que os dois saíssem, e Phillip
estava sozinho com o seu amante.
Meio que gostaria de ter tido tempo para se vestir com algo
além das roupas que tinha dormido nos últimos dias, mas chegar aqui o
mais rápido possível era sua prioridade.
Mancou para a cadeira que havia sido colocada ao lado da cama
de Trevor. Foi difícil para Phillip olhar para ele deitado lá e não pensar no
contraste gritante entre agora e quando estiveram pela última vez juntos
neste quarto. Seus corpos se unindo, tomando completo controle dos
dois enquanto gemiam e deslizavam um contra o outro.
Seria assim de novo. Trevor estava vivo, e voltariam a se unir.
Phillip pegou sua mão e apertou-a com força.
— Ei, Trevor, estou aqui.
Não houve resposta e não esperava uma. Trevor acordar agora
só porque Phillip tinha entrado no quarto seria apenas um pouco perfeito
demais.
Phillip começou a falar. Sentiu a necessidade de preencher o
silêncio com alguma coisa, e se falasse, talvez Trevor o ouvisse, talvez
poderia fingir que o outro homem estava acordado e que iria responder.
— Você quase me deixou lá por um segundo. Não pense que
não posso lembrar disso, porque lembro. Vi você quase deixar o seu
corpo.
Helen o salvou na água. Tinha feito isso por Phillip, sabendo que
estava poupando o companheiro de Phillip.
— Minha esposa teve que salvar a sua bunda lá antes que
pudesse decolar sem mim. Queria que pudesse conhecê-la. Teria gostado
dela.
Phillip apertou a mão de Trevor ainda mais. Foi um fato
reconfortante que a sua mão estava quente e não fria, que havia sangue
quente ainda bombeando nas suas veias e não derramado por todo o
chão em algum lugar na floresta.
— Mas ela foi embora agora. Sempre vou amá-la, eu acho, mas
não posso viver sem você. Não pode entrar na minha vida assim e
pensar que pode apenas me deixar. Nunca faça algo tão estúpido quanto
isso de novo. Da próxima vez que eu disser para você fugir de um lobo
selvagem gigante, é melhor fazê-lo, senão serei o único a te matar.
Ainda sem resposta. Phillip enxugou os olhos e se inclinou sobre
a cama. Pressionou seus lábios em Trevor. Abaixo da nitidez do bigode,
seus lábios estavam quentes, macios, flexíveis e imóveis.
— Vou dar uma saída. Há algo que preciso fazer, mas prometo
que voltarei. Eu te amo. Continue respirando.
Phillip disse que precisava ir, mas se viu parado ali, segurando a
mão de Trevor por mais um minuto antes que pudesse soltar os dedos
do outro homem e virou-se para a porta. Era hora de deixar os ômegas
voltar aqui para que pudessem fazer o seu trabalho, verificar os
medicamentos e ataduras, e coisas assim. Ou até mesmo para dar a
Trevor outro gole daquela água milagrosa. James realmente deveria
engarrafar e vender essas coisas. A matilha não teria que pensar em
dinheiro nunca mais.
Phillip poupou mais um olhar para o amante na cama e depois
saiu do quarto.

Capítulo Onze

Phillip foi para o lago. Quanto mais andava sozinho, mais as


suas pernas eram capazes de carregá-lo sem muito problema.
Ainda assim, depois de cerca de alguns metros, estava disposto
a se apossar de uma das bengalas de reposição da anciã Maggie, mesmo
que apenas para afastar o que estava acontecendo com os seus
músculos.
Ele não queria segurá-lo, ou aceitar isso do ômega que o estava
seguindo agora a uma pequena distância, mas sim, ajudava.
Ele parou quando chegou à água clara, pouco antes dos seus
sapatos poderem ficar molhados. Phillip olhou para trás para onde o
ômega estava se arrastando na entrada da lagoa.
Ele iria ouvir cada palavra que Phillip dissesse se ficasse por
perto. Ele era um ômega, então não era como se estivesse lá para
proteção de Phillip.
O trabalho do homem era ter certeza de que Phillip não
desmoronasse ou desmaiasse ou algo assim. Ele era um ômega curador,
essa era sua especialidade, mas Phillip estava se sentindo bem o
suficiente para estar ali sozinho agora.
— Você pode me dar um minuto? — Ele perguntou.
O outro homem olhou para Phillip. Ele tinha talvez uns trinta e
poucos anos, então não era tão jovem e inexperiente que o pedido Phillip
fosse perturba-lo sobre as regras.
Em vez disso, o homem assentiu e foi embora. Ele ainda estaria
por perto. Não havia como ele deixar um homem que considerava ser
um paciente totalmente sozinho, mas pelo menos agora Phillip teria a
chance de falar livremente.
— Obrigado pelo que você fez. Helen... Eu não posso nem...
Não tinha exatamente vindo aqui com um discurso escrito, e
não era todo dia que alguém falava com um ente querido falecido e tinha
mais do que fé de contar que o seu público estava escutando.
— Eu o amo. Eu acho que o amei desde o início, mas estava
muito preso, no que aconteceu com a gente para querer admitir isso ou
até mesmo querer amá-lo. Eu nunca quis te machucar, e nunca quis
amarrar você a mim nisso. Não foi justo.
Ele limpou a garganta e olhou para trás mais uma vez só para
ter certeza de que o outro cara ainda estava desaparecido. Ele pegou o
perfume do homem e continuou falando quando teve certeza de que ele
estava longe o suficiente e não estava espionando.
— Eu percebi algo hoje, quando minhas memórias do que você
fez voltaram. Não é que eu não possa te deixar ir e te manter amarrada
a mim e ao meu relacionamento com Trevor... Bem, eu não queria
colocar isso debaixo do seu nariz, mas claramente você aceita. Caso
contrário, você não o teria salvo.
— As pessoas morrem e as que amam sempre as amam, mas
esses espíritos não são forçados a ficar na terra como você, então eu
acho que sabe o que é isso. Você não está sendo forçada a ficar aqui.
Você está aqui porque você quer estar aqui, porque você acha que
precisa estar.
Phillip inspirou profundamente. Seu coração estava batendo
selvagem dentro do seu peito, mas ele sentiu como se estivesse
rasgando algo de si mesmo, algo que o esteve infectando por tanto
tempo. Ele sabia que seria melhor, mais saudável e mais feliz sem isso.
— Eu te amo, mas eu o amo agora, e eu quero passar o resto
da minha vida com ele, mas eu não vou me esquecer de você também.
Eu quero que você saiba disso. Eu também quero que você saiba que
sinto muito pelo que fiz ao nosso filho. É por isso que você ainda está
aqui, não é? Eu abandonei o Sammy para ir na minha própria pequena
viagem de culpa, e quase enlouqueci, e agora ele mal sabe que sou seu
pai ou sobre a sua mãe. Eu não vou fazer isso novamente. Eu vou cuidar
bem dele. Ele sempre será capaz de confiar em mim e você também. Eu
vou manter nosso garoto seguro. Você não precisa mais se preocupar
com ele.
Como o que aconteceu na primeira vez que veio ali e percebeu
que não só a lagoa era uma espécie de local de cura espiritual, mas
principalmente assombrada também, a água parecia brilhar.
Estava mais brilhante que antes. O azul claro brilhava como se
houvesse uma centena de holofotes de baixo da superfície da água.
Phillip teve que levantar a mão para cobrir os olhos contra a luz.
Não olhou para baixo, e ele mal podia ver, mas ele viu a sombra
que apareceu na frente dele.
Não, não uma sombra. Tinha uma forma e características,
suaves olhos gentis, mas a luz, Deus, a luz era tão brilhante que ele mal
conseguia distinguir mais que isso.
— Helen?
Mãos suaves tocaram o seu pulso, puxando a mão dele dos
olhos. Ele teve que apertar os olhos contra a luz, mas ele ainda mal
conseguia ver o rosto na frente dele.
Não havia cheiro no fantasma, apenas toque e a pouca visão
que ele tinha.
Ela parecia estar sorrindo.
O alívio veio através dele como uma onda, e o peso que tinha e
sabia que estava carregando nas costas desapareceu, fazendo-o se
sentir mais leve, mais alto e mais no controle de si mesmo.
Aqueles dedos fantasmagóricos mantiveram seu toque leve nos
seus braços, e viajaram para cima, passando pelos ombros e pelo
pescoço até que estavam nas suas bochechas.
Helen baixou o rosto e pela primeira vez desde que ela morreu,
ele sentiu a sensação dos seus lábios contra os dele.
Foi o seu beijo de despedida. Foi casto, fez o seu coração doer,
mas isso não o fez ansiar por mais nada.
A luz desapareceu de repente, tão rápido como se alguém
tivesse desligado um interruptor, e com a luz Helen também se foi.
Phillip tentou abrir os olhos, mas flashes brilhantes ainda
estavam o cegando. Ele piscou várias vezes e depois esfregou o rosto,
mas isso não exatamente ajudou.
Tudo o que sabia com certeza era que ela tinha ido embora. Ele
estava totalmente sozinho em frente a lagoa. Helen havia seguido em
frente.
Phillip tropeçou cegamente por um minuto, tentando encontrar
seu caminho de volta, mas as manchas na frente dos seus olhos eram
persistentes.
Uma mão agarrou-o pelo cotovelo e ele tentou empurrá-lo para
longe até que a voz do ômega que veio com ele falou.
— Senhor? Você está bem? Eu vi você lutando para andar.
Ele não viu aquela luz brilhante? Ele não poderia ter ido tão
longe.
— Estou bem. É só que estou esperando que as manchas
desapareçam.
— Manchas?
— Você não viu aquela luz?
O ômega hesitou por um segundo, e foi então que Phillip
percebeu que a luz só tinha sido visível só para ele.
— Vou levá-lo para casa para descansar, senhor. Você ainda
está se curando.
Phillip realmente não achava que ele estava.

Ele ia ficar louco só de ficar no seu quarto, bebendo mais dessa


água e tomando remédios para as dores de cabeça que pareciam ir e vir.
Ele desejou uma e outra vez ir e ver Trevor, ficar ao lado dele na
cama, mas a anciã Maggie tinha sido inflexível que o descanso era bom
para ele também.
Pelo menos Sammy estava sempre disponível. Seu sorriso fez
Phillip se iluminar, e gostava de brincar com seus brinquedos com ele.
Phillip leu uma história para dormir pela primeira vez em muito tempo.
Sammy ficou mais interessado nas cores brilhantes das fotos, mas ele
era um bom garoto que ficou sentado na maior parte no seu colo.
O olhar preocupado no rosto de Corey quando chegou a hora
deles colocarem o menino para dormir não passou despercebido por
Phillip ou pelo companheiro de Corey.
James assistiu Corey, pegar o menino em seus braços, sair do
quarto e em direção a creche de Sammy.
Phillip sentiu um pedaço de culpa no seu estômago. Ele ainda
estava na sua cama, sentado sobre as cobertas desde que o seu tropeço
ao redor da lagoa havia sido relatado. Ele não foi autorizado a fazer
muita caminhada ultimamente.
— Ele está muito ligado, não é?
James olhou-o e então sorriu um pouco tristemente.
— Sim. Eu tenho certeza que você sabe que nunca seremos
capazes de ter filhos, e adoção é improvável, e quando seu filhote foi
jogado no nosso colo…
Phillip estremeceu.
— Me desculpe por isso.
James sacudiu a cabeça.
— Não. Eu não quis dizer isso, mas sim, Corey está ligado a
ele. Eu tentei dizer a ele para não se apegar demais que você acabaria
voltando para o menino.
James o olhou de cima a baixo, e ele parecia saber sem até
mesmo pedir detalhes sobre o assunto.
— Eu acho que vai ser em breve?
Phillip assentiu.
— Sim. Eu sempre serei grato a ambos, no entanto. Ele parece
feliz e saudável. Isso é melhor do que eu teria feito.
James assentiu bruscamente. Ele cruzou os braços e se virou.
— Trevor será um excelente parceiro para você criá-lo. Ele
sempre foi bom com Sammy sempre que os dois estavam perto. Você é
muito sortudo.
Phillip teve muita sorte. Ele também teria que ser cego para não
ver que, apesar do que James tinha acabado de lhe dizer sobre o aviso
de Corey contra se apegar, James se ligou ao filhote sem pretender.
Não havia nada que Phillip pudesse fazer sobre isso. Sammy era
seu filhote, e uma vez que Phillip estivesse de volta a seus pés, ele ia
começar a cria-lo novamente.
Corey voltou para o quarto. O sorriso forçado no rosto dele era
óbvio quando ele pegou a mão muito maior de James.
— Ele está dormindo. Estou meio cansado, no entanto. Estava
querendo saber se você viraria comigo?
Phillip não podia deixar que eles fossem torturados assim. Não
depois do que eles tinham feito por ele.
— Na verdade, Corey, James, tem algo que eu estava querendo
dizer a vocês dois.
Eles olharam para ele. O rosto de Corey era o mais preocupado
e com medo. Era quase como se o pobre rapaz esperasse que Phillip lhe
negasse acesso a Sammy depois disso.
Ele se sentiu estranho ter que fazer este tipo de declaração,
enquanto estava deitado na cama e eles estavam de pé, mas não havia
nada que poderia ser feito sobre isso.
— Ouçam, vocês dois fizeram algo tão incrível por mim. Eu não
posso paga-los por cuidar do meu filho. — Ele limpou a garganta, as
emoções de quão terrível pai ele tinha sido estavam chegando a ele. —
Vocês dois sabem que a maioria dos lobos realmente não têm família, e
os que tem são os que fizeram. Helen e eu não éramos diferentes. Nós
não tivemos quaisquer pais ou irmãos, e se vocês não tivessem cuidado
do meu filho, eu não sei o que teria acontecido com ele. Eu estava
esperando que vocês dois quisessem assumir o papel como padrinhos,
se alguma coisa acontecer a mim ou a Trevor.
Phillip observou suas expressões de perto, e a julgar pelo modo
que James sorriu e Corey o abraçou, ele estava disposto a apostar que a
resposta seria um firme sim.

Capítulo Doze

Ele esperou que Corey e James saíssem do seu quarto e, em


seguida, a última verificação medica da noite. Phillip tomou seus
analgésicos e bebeu a água da lagoa espiritual, embora ele tivesse
certeza de que a água tinha feito tudo por ele, neste momento.
Ele esperou a casa se acomodar depois disso e os ruídos nos
outros quartos se aquietarem.
Levou um tempo muito longo antes dos corações de Corey e
James abrandarem para um padrão de sono normal. Phillip podia
imaginar o porquê, mas ele não ia lá.
Por volta da uma da madrugada, decidiu fugir.
Foi muito mais difícil do que a maioria das pessoas pensava que
seria, sair despercebido de uma casa de lobo.
Para fazer algo assim, era necessário fazer quase nenhum ruído,
especialmente em uma casa onde até mesmo o menor rangido nas
tábuas no meio da noite poderia acordar os ocupantes e tê-los fora dos
seus quartos e no modo de ataque.
Ele não seguiu a rota convencional. Foi até a janela dele tão
silenciosamente quanto podia e a abriu.
Se alguém na casa ouviu o barulho, pequeno como era,
provavelmente achariam que Phillip estava apenas tomando um pouco
de ar fresco. As noites estavam ficando mais quentes agora.
Ele sentou-se no peitoril da janela e teve que levantar as
pernas. Foi patético, mas funcionou. Ele estava do lado de fora e
andando mancando, com a maior determinação que já teve, para a
cabana de Trevor.
Ele passaria a noite com o seu amante, e iria fazer isso ou
naquela cadeira desconfortável ao lado da cama, ou, se pudesse de
alguma forma conseguir acordar o homem dessa vez, talvez engatinhar
com ele e dormir assim.
Isso estava acontecendo. Ele tinha que ter certeza que Trevor
sabia e que acreditou nele.
Mais uma vez, Phillip teve que usar a janela, mas desta vez teve
que fazer silêncio extra. Ninguém dentro diria que Trevor estava
levantando para tomar ar fresco, não quando ainda estava na cama.
Não havia grades nessas janelas. Havia grades em algumas das
janelas da matilha, mas isso foi apenas para ajudar a manter os intrusos
fora. Foi descoberto rapidamente que tal coisa mal ajudou em tudo
quando os intrusos eram lobos selvagens, então James ordenou que as
grades fossem removidas, e todos os novos quartos e casas que estavam
sendo construídos não deviam tê-las.
Isso foi uma boa notícia para ele.
Ele tinha acabado de colocar os dedos sob a moldura de
madeira da janela e estava lentamente começando a desliza-la para cima
quando subiu mais rápido do que havia antecipado, e o seu coração foi
para sua garganta na sombra que viu lá.
— Phillip?
A voz de Trevor. Estava rouca e baixa, mas estava lá.
Ele ficou estupidamente parado por um minuto, seu cérebro
digerindo o que estava vendo. Ele cuspiu quando finalmente falou.
— Você está acordado.
Trevor se inclinou para fora da janela um pouco, a luz da lua
iluminando suas características. Sombras estavam sob seus olhos,
profundas e com sacos combinando. Se ele estava acordado, era porque
acordou recentemente, parecia.
— Por que você está na janela? — Trevor perguntou, uma
carranca no rosto, sem dúvida, pensando no que poderia trazer seu
amante ali a esta hora da noite.
— Eu estava vindo para vê-lo. Para me sentar com você. —
Phillip disse, se sentindo totalmente estúpido.
A boca de Trevor estava tão perto, ele realmente não pode se
conter.
As mãos de Phillip pareciam se mover por conta própria quando
ele as esticou e segurou o rosto de Trevor. A barba ainda estava lá, e
ainda arranhou contra a sua boca quando Phillip o beijou.
Os lábios de Trevor estavam rachados e ásperos, e a sua boca
tinha o tipo de gosto que veio com o bafo matutino.
Phillip não pôde se forçar a se afastar da doçura disto. Seu beijo
se aprofundou e as suas línguas se tocaram, se apresentando
novamente. O coração de Phillip estava acelerado e podia ouvir o de
Trevor fazendo o mesmo, e podia sentir o cheiro da luxúria do homem.
Ele se afastou então, e só porque não tinha certeza se deveria
estar incentivando esse tipo de reação dele depois que ele acabou de
acordou de quase uma semana de sono.
Isso não significava que Phillip tirou as mãos.
— Como você está se sentindo?
Trevor sorriu para ele.
— Tipo como merda. Estou morrendo de fome e o meu corpo
parece que foi atropelado por um ônibus, mas por outro lado eu acho
que estou bem.
Phillip riu um pouco, e acariciou seus polegares na suavidade da
pele de Trevor, bem como o arranhão da sua barba.
— Você ficará feliz em saber que a sua boa aparência está
intacta.
Trevor sorriu para ele e, em seguida, com o tipo de força que
Phillip não achava que ele possuía, Trevor estendeu os braços para
agarra-lo, e então começou a puxá-lo pela janela.
Phillip ajudou o máximo que pôde, ele queria entrar lá tanto
quanto qualquer um, mas no momento em que ele conseguiu, eles
caíram no chão em um emaranhado de membros suados e sorrisos.
Phillip beijou seu companheiro novamente, e juntos se ajudaram
a levantar.
— Todas as suas feridas eram internas. Você tem sorte de estar
vivo. — Phillip disse.
Trevor se acomodou sob os cobertores com um gemido.
— Eu me lembro de que você não estava muito melhor.
Phillip nem queria pensar em como foi horrível assistir Luke
jogando todo o seu corpo em cima de Trevor e então observando como
Trevor não se levantou novamente depois disso.
— Eu estou supondo que porque eu estou aqui, e nada parece
rasgado em pedaços, que nós o pegamos? — Trevor perguntou, e Phillip
ajudou a dobrar os cobertores em torno das suas pernas.
— Sim. James me falou mais cedo. — Phillip disse. — Eles
levaram o corpo para mais longe da terra da matilha. Eu acho que estão
esperando que se os caçadores estiverem rastreando Luke, então
encontrariam o corpo longe e não chegariam tão perto de Brampton.
— Isso funcionaria? — Trevor perguntou.
— Eu não acho que os caçadores têm o tipo de equipamento
CSI que você vê na TV. Eles provavelmente vão acreditar.
— Antes que mais caçadores apareçam de qualquer maneira. —
Trevor disse.
— Sim. Eles sempre aparecem.
Phillip ficou ali por um minuto, de repente, sem palavras.
— Você se lembra do que eu te disse quando estávamos
voltando? Quando os outros alfas estavam levando você para a lagoa?
— Antes de desmaiar?
Phillip assentiu.
— Não lembro muito. — Trevor disse, com um encolher de
ombros, e na escuridão, Phillip podia ver a maneira como aqueles olhos
brilhantes cintilavam de vez em quando, timidamente e inseguros.
— Mas, a menos que eu estivesse alucinando, eu tenho certeza
que você estava me dizendo algo importante.
— Algo? — Phillip disse.
Trevor pigarreou. Quando ele estendeu a mão para uma das
garrafas de água na sua mesa de cabeceira, Phillip apressadamente
pegou e a colocou na mão dele.
Quando a pele deles se tocou, seus olhos se encontraram.
— Você se lembra de mim te dizendo que eu te amo?
A garganta de Trevor trabalhou em um duro engolir. Sua
resposta foi tão baixa que Phillip mal ouviu.
— Sim.
Phillip colocou as duas mãos ao redor de Trevor e aquela
maldita água garrafa que ele estava segurando.
— Eu quis dizer isso. Eu realmente quis. Eu não sei o que eu
teria feito se você tivesse morrido. Quando eu vi você descer e não se
levantar…
A voz de Phillip falhou, e ele desejou que fosse muito mais forte
do que era. A verdade da questão era que, embora tenha fugido e quase
enlouqueceu depois que Helen foi tirada dele, se Trevor morresse, teria
enlouquecido. Sem perguntas.
— Se você tivesse me deixado assim, eu não teria sido melhor
do que o lobo que os alfas mataram. Eu não teria sido capaz de voltar
disso.
Ele notou o brilho das lágrimas nos olhos brilhantes de Trevor, e
ele reagiu de forma semelhante. Ele fungou e enxugou os olhos.
— Não faça isso. Você está me fazendo chorar.
— Certo, como se eu fosse capaz de desligar isso. — Trevor
disse com uma risada entre soluços.
Era natural que as suas bocas se unissem novamente, tão duras
e tão cheias de desejo e amor.
— Você quer dizer isso? — Trevor perguntou quando eles se
separaram.
— Claro que eu quero dizer isso. — Phillip disse, puxando o
rosto para frente novamente.
Trevor se afastou novamente, um ligeiro olhar de alarme nos
seus olhos que Phillip estava preocupado.
— Espere um minuto e a sua esposa?
Phillip relaxou um pouco, e ele segurou as bochechas de Trevor.
— Ela não é mais minha esposa. Ela não tem sido desde o dia
em que morreu.
— Mas o espírito dela...
— Se foi. É só você e eu agora.
Trevor riu novamente através das suas lágrimas, e então se
seguraram, se abraçando em cima da cama até que Trevor finalmente
conseguiu puxar Phillip nisso.
— Tem certeza? — Phillip perguntou. Isso não era sobre sexo,
mas não queria sufocar o homem quando ele ainda estava se
recuperando dos seus ferimentos. A última coisa que ele queria era
dormir ao lado do homem, apenas para acordar de manhã e encontrar-
se meio enrolado em cima dele e Trevor sufocado ou algo assim.
Mas isso era estúpido. Ele estava sendo paranoico.
— Eu quero te abraçar. — Trevor disse.
Como poderia dizer não? Lembrando-se da sua paranoia, Phillip
permitiu-se afundar no espaço confortável que ele estava a partir de
agora reivindicando como seu. O lado direito da cama de Trevor.
Então alguma coisa o cutucou nas costas, e ele estendeu a mão
para pegar o objeto ofensivo.
Era o livro Drácula, o que ele deu para Trevor. A borda estava
cutucando a sua pele. Ele olhou para o outro homem e sorriu.
— Leitura leve?
— Tentei ler por algumas páginas, mas para ser sincero fiquei
cansado, então eu meio que mantive perto de mim.
Phillip ficou tocado. Ele folheou as páginas e notou que várias
estavam soltas e caindo. Ele não queria estragar o livro mais do que já
estava, no entanto, ele colocou na mesa de cabeceira e começou a se
aconchegar.
— Bom aqui. — Phillip disse, virando para o outro homem.
Trevor já tinha as mãos na parte de trás do cabelo de Phillip e
no pescoço e estava puxando-o para perto.
— É melhor quando você está aqui. Eu amo você.
Phillip beijou seu companheiro no escuro, dizendo olá ao seu
futuro de felicidade.

FIM

Você também pode gostar