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CULTURA E TEMPOS LIVRES

1. A B C D O X A D R E Z , p o r P e t a r T rifu n o v itc h e S av a
V u k o v itch
2. F I S H E R /S P A S S K I — C am p e o n a to M u n d ial de X a d re z
de 1972, p o r P e ta r T rifu n o v itc h
4. A B C D O B R ID G E , p o r P ie r r e J a is e H. L a h a n a
6. G U IA P R A T IC O D E F O T O G R A F IA , p o r W. D. E m a n u e l
6. A B C D O JU D O , p o r E . J . H a rris o n
7. COMO F A Z E R C IN E M A , .por P a u l P etzo ld
8. B R ID G E M O D E R N O , p o r P ie r r e J a is e H . L a h a n a
9. F O T O G R A F IA — T é cn icas e T ru q u e s I, p o r E d w in S m ith
10. E S T IL O S DO M O B IL IÁ R IO , p o r A. A u ssel
11. F O T O G R A F IA — T é c n ic a s ,e T ru q u e s II, p o r E d w in S m ith
12. A P E S C A S U B M A R IN A , p o r A n tô n io R ib e ra
13. T E O R IA D O S F IN A IS D E P A R T ID A , p o r Y u ri A v erb ach
14. A P R E N D A RA D IO , p o r B. F ig h ie ra
15. G U IA DO CAO, p o r L ouise L a lib e rté -R o b e rt e J e a n - P ie rr e
R o b e rt
16. A B C D O A Q U A R IO , p o r A n th o n y E v an s
17. IN IC IA Ç A O A E L E C T R IC ID A D E E A E L E C T R Ó N IC A
p o r F e rn a n d H u ré
18. OS T R A N S IS T O R E S , p o r F e rn a n d H u ré
19 K A R A T Ê I, ,por A lb re c h t P flü g e r
20. IN IC IA Ç Ã O AO R A D IO C O M A N D O D O S M O D E L O S R E ­
D U Z ID O S, p o r C. P é rico n e
21. C O N S T R U A O S E U R E C E P T O R , p o r B. F ig h ie ra
22. M O N T A G E N S E L E C T R Ó N IC A S , p o r B. F ig h ie ra
23. O B E R B E Q U IM E L É C T R IC O , p o r Villiy D re ie r
24. CACTOS, p o r J . N ila u s Je n s e n
25. IN IC IA Ç Ã O Ã A L T A F ID E L ID A D E , p o r P e te r T u rn e r
26. O A Q U A R IO D E A G U A D O C E, p o r P a u lo do O liv eira
27. A BC DO T Ê N IS , p o r F o n se c a V az
28. K A R A T Ê II, p o r A. P flü g e r
29. A B C D A C R IA Ç Ã O D E C A N A R IO S, p o r C u rt A f E n e h je lm
30. G IN A S T IC A F E M IN IN A , p o r S o n ja Heflmer Je n s e n
31. C A R T O M A N C IA , p o r R h e a K och
32. C A L C U L A D O R A S E L E C T R Ó N IC A S D E BOLSO , p o r
E . D am R a v n
33. O P A S T O R A LEM Ã O , p o r G illes L e g ra n d
34. X A D R E Z /T E O R IA DO M E IO JOGO, p o r I. B o n d arev sk y
35. M A N U A L DO S U P E R 8 - 1 , p o r M y ron A. M atzk in
36. ABC D A C R IA Ç Ã O D E P E R IQ U IT O S , p o r C y ril R. R o g ers
37. O L IV R O D OS G A TO S, p o r B a rb e i G e rb e r e H o rs t B ielfeld
38. M A N U A L DO S U P E R 8 - n , p o r M y ro n A . M atzk in
39 A B C DO M E R G U L H O D E S P O R T IV O , p o r W a lte r M a tte s
40. C IR C U IT O S IN T E G R A D O S / A P L IC A Ç Õ E S P R A T IC A S
p o r F . B e rg to ld
41. A A P IC U L T U R A , p o r H . R. C. R ich es
42. A BC DO C U L T IV O D A S P L A N T A S , p o r H. G. W ith a m
Fogg
43. A BC D A C R IA Ç Ã O D E PO M B O S, p o r K a i R. D aM
44. C O N S T R U Ç Ã O D E C A IX A S A CÜSTECAS D E ALTA
F ID E L ID A D E , p o r R . B ra u lt
45. R A Ç A S D E C A N A R IO S , p o r K la u s S p eich er
46. JO G O S D E C A R T A S , p o r G ra c ia n o D o lm a
47. C O C K E R S P A N IE L S , p o r H . S. LLoyd
48. A BC DA CAÇA, p o r F a b iá n A b ril
49. A P R E N D A T E L E V IS Ã O , p o r G o rd o n J . K ln g
©0. IN IC IA Ç Ã O A P E S C A , p o r J u a n N a d a i
51. B A S Q U E T E B O L , p o r M a riu s N o rre g a n d
52. C Ã ES D E CAÇA , p o r S a n tia g o P o n s
53. A P R E N D A E L E C T R Ó N IC A , p o r T . L . Siquires e C. M.
D easo n
54. A A V IC U L T U R A , p o r J im W o rth in g to n
55. A PR O D U Ç Ã O D E C O E L H O S , p o r P . S u rd e a u e R. H e n a ff
56. A B C D O S C O M P U T A D O R E S , p o r T. F . F r y
T. F. FRY

ABC DOS COMPUTADORES

EDITORIAL PRESENÇA LIVRARIA MARTINS FONTES


PORTUGAL BRASIL
Títullo original'
B EG IN iN ER® . G U ID E T O C O M PU TER ®
© Ccxpyrigt b y B U T T E R W O R T H & OO (P U B L IS H E R S ) L T D .,
1978 —>(LO ND RES1

T ra d u ç ã o d e C o n ceição J a r d im e E d u a rd o L ú cio N o g u e ira


F o to g r a fia d a c a p a g e n tilm e n te ced id a peila R e g isc o n ta

■Reservados to d o s o s d ire ito s


p iara a lín g u a .p o rtu g u esa à
E D IT O R IA L P R E S E N Ç A , L D A .
R u a A u g u s to G il, 3-5-A — L IS B O A
PREFÁCIO

Como o seu título sugere, o objectivo deste livro


consiste em in tro d u zir os seus leitores naquilo que é con­
siderado por m uitos um a área bastante m isteriosa da
tecnologia. É facto, no entanto, que todos sentim os de
um a m aneira ou de outra o efeito dos com putadores na
nossa vida de todos os dias, quer nos docum entos que
recebem os pelo correio e são preparados po r com puta­
dores, ou no nosso envolvim ento em decisões tom adas p o r
um a m áquina.
E ste livro permitir-nos-á descobrir um pouco do que
se encontra por trás destes p rodutos finais dos com puta­
dores, procurando explicar em term os sim ples o que o
com putador é e a m aneira com o realiza as funções de
que está encarregue. Não se p retende que o livro constitua
um tratado altam ente técnico e, de facto, apenas é possível
cobrir, n u m tão dim inuto núm ero de páginas, u m esboço
geral do assunto. N o entanto, poderá ser esta leitura que
estim ule o interesse dos leitores por um tem a ainda tão
ignorado, constituindo assim a obra u m po n to de par­
tida para estudo m ais detalhado daquilo que se tornou
um a das áreas mais im p ortantes e de m aior alcance da
tecnologia do m undo actual.
Gostaria de exprim ir os m eus agradecim entos a P eter
Fry pela ajuda que m e deu através dos seus am plos
conhecim entos de electrónica e a M arian B en tley que
tão bem se encarregou do trabalho de preparação do livro.

T. F. Fry

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1
IDÉIAS BÁSICAS SOBRE COMPUTADORES

É difícil p en sar em q u alq u er desenvolvim ento técnico


de m aio r im portância nos últim os vinte anos que ten h a
tido u m im pacto n a indústria, no com ércio e n a sociedade
em geral tão extenso com o os com putadores. R aram ente
m encionada h á apenas trin ta anos, a palavra «com putador»
transform ou-se n um term o p o r assim dizer «doméstico».
Todos ouvim os falar em com putadores, m u ito s de nós
ainda os olham os com um a c e rta desconfiança, m as pou­
cos tem os um a ideia suficientem ente adequada sobre o
que de facto são e aquilo p a ra que servem .
Sem en trarm o s excessivam ente em aspectos tecno­
lógicos, p rocuram os neste livro d a r um a ideia básica des­
tas m áquinas, exam inar a m aneira como realizam as suas
tarefas e considerar o interesse que assum em n a nossa
sociedade. No entanto, através das discussões m ais ap ro ­
fundadas que serão realizadas nos capítulos seguintes,
será conveniente m an ter p resen te a ta re fa fu n d am en tal
que se p reten d e que os com putadores realizem . Na sua
form a m ais sim ples, e sta tare fa podería ser descrita do
seguinte m odo: «aceitar e tr a ta r dados de tal m odo que
se to rn e possível o b ter inform ações com interesse». E sta
afirm ação introduz im ediatam ente os term os dados, tra­
tam ento destes e inform ação, e será bom p ro cu rarm o s
desde já esclarecer um pouco o significado de cada u m
deles. Talvez um a ilustração b astan te sim ples b aste p a ra
nos d ar um a ideia.

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C onsiderem os três núm eros, 7, 78 e 8. Podem os cha­
m ar-lhes dados. Como tais, não têm u m grande signi­
ficado p a ra nós. A fim de o b te r inform ações úteis, deve­
m os subm etê-los a algum trata m e n to adequado, p o r
exem plo, colocá-los p o r u m a d ad a ordem : 8 -7 -7 8 . E sta
indicação, se for incluída nu m contexto ap rop riad o , p o r
exemplo, no can to de um cheque, transform a-se n um a
inform ação com b astan te interesse: a data, 8 -7 -7 8 ,
8 d e Ju lho de 1978.
Os dados consistem então nos factos e valores rela­
cionados com um a situação que, isolada, pode não te r
q u alquer significado. T ratam ento é o processo através do
qual se relacionam e in te rp re ta m os dados, de tal m odo
que sejam obtidas inform ações com interesse, que pos­
sam os utilizar com algum fim. P ara re fo rça r este conceito
básico daquilo que um com p utador faz, considerem os
im ediatam ente dois exemplos.

1. Um fiscal lê o seu consum o de electricidade, ano­


tando num caderno a leitu ra do contado r. E sta leitu ra
será um dado. É enviado à com panhia de fornecim ento
de energia eléctrica, onde existem o utros dados relacio­
nados com o serviço que lhe é p restado . E stes o u tros
dados serão p o r exem plo o seu nom e, o seu endereço e o
núm ero de referência da sua conta bancária, a leitu ra
anterio r, p orm enores quanto ao preço p o r unidade que
deverá pagar e o u tras tarifas. Todos estes dados são en tão
trata d o s (ou processados), sendo então determ inado o
valor do seu consum o de energia em função de duas lei­
tu ra s do contador, o pagam ento que deverá ser executado
em função dos preços e tarifas p raticad o s, sendo depois
todos estes resultados canalizados com o inform ação
im p ressa sob a form a de um a co n ta que alguém in tro ­
duzirá na sua caixa do correio. 2

2. N um a fábrica, são enchidos autom aticam en te p o r


u m a m áquina sacos de u m quilogram a de farinha. E n­
qu anto o saco está a ser enchido, o seu peso é co n stan ­
tem ente m edido. E stes dados — o peso do saco — são

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trata d o s p o r com paração com o peso norm alizado do
saco, neste caso um quilo. Q uando am bos os pesos são
iguais, é gerada inform ação sob a form a de u m a in stru ção
à m áquina no sentido de c o rta r o enchim ento do saco,
rem over este e com eçar a encher outro.

C om putadores

O prim eiro com p utador com pletam ente autom ático,


ENIAC — E lectronic N um erical In te g ra to r and Com pu­
t e r — foi term inado n a Pensilvânia, em 1946. Pesava 30
toneladas, co ntinha 18 000 válvulas e diodos term iónicos
e ocupava 45 m 2.
Nos anos subsequentes, as m áquinas au m en taram no
en tanto de potência e de velocidade de funcionam ento,
enquanto sim ultaneam ente dim inuiam de tam anho, d e
m aneira drástica. A som a to tal de circuito s lógicos e a
capacidade de m em ória do co m p u tad o r ENIAC poderíam ,
hoje, e sta r contidos em circuitos electrónicos tran sisto ­
rizados que ocupam o espaço de um a pequena p astilh a
com 2,5 cm 2, enquanto a velocidade a que as operações
lógicas são realizadas é m edida em bilionésim os de
segundo.
Um co m p u tad o r não existe apenas p o r existir. E xiste
p ara realizar trabalho, realizar tarefas, n u m am biente
em que a sua necessidade é já reconhecida. Se agora p en ­
sarm os u m pouco, verificarem os que v irtu alm en te em
qualquer trab alh o p o r nós realizado é possível d istinguir
três factores básicos. Talvez isto possa tam bém ser m e­
lhor explicitado se observarm os um exemplo que nos
é b astan te fam iliar — o trata m e n to de um jard im .
No início do ano, se p retenderm os que a nossa acti-
vidade de jard in eiro s tenha algum sucesso, definim os um
plano ou, se quiserm os, um sistem a, que nos propom os
seguir d u ra n te todo o ano. E ste sistem a te rá p rim eira­
m ente em co n ta os objectivos que p retendem os atingir,
em term o s de flores, fru to s e vegetais que desejam os
cultivar. Definim os em seguida o nosso plano de op era­

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ções — sem enteira, e tc .— de m odo a que todas elas sejam
realizadas pela ordem que se to rn a necessária p a ra p o d er­
m os alcançar os nossos objectivos. P ortan to , realizam os
p rim eiram en te u m a planificação, u m sistem a.
E stas operações não só devem em seguida ser reali­
zadas pela ordem planeada, com o ainda cada u m a delas,
p a ra ser realizada com êxito, deverá obedecer a u m certo
nú m ero de regras, ou instruções.
A m aior p a rte das pessoas estão tão h ab itu ad as a
certas operações que de facto não parecem seguir um
d ado n úm ero de instruções detalhadas; com efeito, certas
operações são realizadas autom aticam ente sem p en sa r no
assunto. No en tan to , se essas operações n unca tiverem
sido executadas antes, som os obrigados a seguir um con­
ju n to de instruções que p o d erá te r a ap arên cia seguinte
(no caso de desejarm os cavar a te rra do jardim ):

1. Colocar a p á verticalm ente com o punho p a ra cim a,


ficando o gum e da p á encostado ao solo.

2. S egurar no punho com a m ão direita.

3. Com a m ão esquerda segurar o cabo da pá, a


m etade da d istância en tre o punho e a pá.

4. Coloque o pé esquerdo sobre o reb o rd o da


p á... etc.

E ste conju nto de instruções detalhadas define por-


m enorizadam ente a m aneira de u sa r a pá. É este o
segundo facto r que, em trab alh o de com putador, será
designado p o r programa. Os dois prim eiros elem entos, os
sistem as e os program as, são m uitas vezes designados
pela expressão inglesa softw are.
O terceiro facto r refere-se aos in stru m en to s de que
necessitam os p a ra realizar a tarefa, ou seja, no nosso
exemplo, todos os apetrechos p a ra o cultivo do jard im .
E stes serão conhecidos, no caso dos com putadores, pelo
term o hardware, igualm ente inglês. Como é evidente, no

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que se refere às operações realizadas com com putadores,
o acessório p rincip al será o p ró p rio com putador...

Softw are ........................... S istem as e program as


H ardw are ........................... M aquinaria e dispositivos

Talvez, neste m om ento, seja m elhor co n cen trarm o s


a nossa atenção no co m p u tad o r p ro p riam en te dito, a fim
de ob servar as suas funções básicas. Nos prim eiros tem ­
pos, os com putadores eram m uitas vezes designados pela
expressão enganadora de «cérebros electrónicos», e enga­
n ad ora p o rque um com p utador é afinal apenas um a m á­
quina b astan te sofisticada que tem m u itas lim itações
quando com parada a um cérebro. No en tan to , as suas
funções básicas podem ser bem explicadas p o r com ­
paração com um a tare fa sim ples que todos nós podem os
executar e, em grande p arte, m entalm ente.
Suponham os que, no final de cada sem ana, desejam os
verificar qual irá ser a som a que devemos pag ar ao jorna-
leiro. E ste sistem a obrigar-nos-á a (a) identificar e q u an ti­
ficar os jo rn ais e outros periódicos que tenham sido
entregues, (b) verificar o preço u n itário de cad a um deles,
(c) calcular os custos, m ultiplicando os preços u n itário s
pelas respectivas quantidades, (d) acrescen tar o u tro s custos
necessários (correios, etc.), (e) som ar todas estas q uantias,
a fim de o b ter o valor to tal da conta que deverem os
pagar.
Exam inem os com o deverem os realizar esta tarefa.
A p rim eira coisa de que necessitam os é um registo
de todos os jo rn ais e revistas entregues d u ra n te a sem ana.
E ste registo pode ser obtido p o r sim ples colocação de
um a lista n a parede da cozinha, e inscrição de um «visto»
à fren te de cada publicação assim que é recebida. No
final da sem ana, este docum ento será a base a p a rtir d a
qual vam os d eterm in ar o valor a pagar. Cham em os-lhe
então a entrada do sistem a.
A fase seguinte consiste em o b ter o preço de cada
publicação considerada. Você p o d erá m an ter um a lista
actualizada com o preço de cada um a delas, ou talvez

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saiba os preços de m em ória. Mas, q u er estejam escrito s
quer se encontrem na sua m em ória, estes preços estão
«guardados», p rontos a serem usados quan d o forem ne­
cessários. Isto traz o u tro elem ento ao nosso sistem a, neste
caso a m em ória ou registo.
E m seguida, é necessário fazer algum trabalho, que
co nsiste em co n tar o núm ero de exem plares de cada p ub li­
cação fornecidos d u ran te a sem ana, m ultiplicá-los pelo
preço u n itário e som ar todos os to tais assim obtidos, in­
cluindo outros custos, ob tendo en tão to d a a q u an tia que é
necessário pagar. Isto é u m a questão de sim ples aritm ética,
pelo que lhe podem os ch am ar p recisam ente isso — a ritm é­
tica. Com toda a probabilidade, estas resp o stas serão
então escritas n a lista original, constituindo-se um registo
da conta total e das suas diversas parcelas. Chamemos-lhe
a saída do sistem a.
Até agora, encontrám os q u atro elem entos básicos
neste m étodo de trabalho:

E n trad a ... R egisto... A ritm ética... Saída...

E xistem no entanto ainda dois o u tro s elem entos, tal­


vez não tão evidentes. O p rim eiro destes já foi m encio­
nado n o exemplo do jard im , e é a necessidade de seguir
u m a ro tin a de instruções, a fim de realizar a ta re fa com
êxito. Cham ám os-lhe um programa. O segundo tem a
ver com o facto de, tendo term inado a nossa aritm ética
e anotado a conta total, poderm os te r a certeza de não
te r feito qu alq u er erro. P ara te r a certeza, seria bom p ed ir
a o u tra pessoa que confirm asse os resultados. Isto in tro ­
duz u m elem ento de controlo.
Finalm ente, fieste exemplo, observem os um pouco
m ais de p erto aquilo que acontece e n tre os dois extrem os,
a en tra d a e a saída. N este caso, estam os a tr a ta r da d eter­
m inação de p a rte do m étodo de trab alh o , utilizando o
nosso cérebro e provavelm ente um pedaço de papel onde
assentam os as inform ações necessárias. Podem os ch am ar
a isto, ao nosso cérebro e ao pedaço de papel, a nossa
área de trabalho, ou seja, a área em que estam os envol­

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vidos no tratam ento da e n tra d a de m odo a o b ter a saída
p retendida. E ste tra ta m e n to envolverá, en tre o u tras coisas,
a leitu ra e o arm azenam ento tem p orário n a área de tra ­
balho de todos os artigos da lista de en trad a, assim com o
o preço de cada um deles obtido a p a rtir dos registos,
a fim de realizar as nossas operações aritm éticas e, en­
quanto o fazemos, consultando continuam en te as instru-
Arm azenam ento

Entrada Saída

F ig . l — R o tin a d e avaJliação do p re ç o dos jo rn a is a p a g a r.

ções a fim de verificar qual a ordem pela qual as operações


devem ser realizadas. S im ultaneam ente, m anter-nos-em os
atentos à possibilidade de se verificarem erro s e à neces­
sidade de verificar o rigor das operações p o r um p ro ­
cesso de confirm ação dos resultados.
A fig ura 1 m o stra a m aneira com o todos estes factores
se en contram presentes e se conjugam , nu m sim ples sis­
tem a m anual.

15
Acontece que um co m p u tad o r tra b a lh a de m an eira
b astan te sem elhante a e sta e incorp ora os m esm os factores
básicos:

A inform ação original, gravada


de u m a m an eira ou de outra, é lida E ntrada
pela m áquina.

A resp o sta com pleta é dada a


conhecer pela m áquina. Saída

E n tre am bas encontra-se a «área


de trabalho», à qual cham arem os Processador central

que arm azena e realiza as in stru ­


ções da m aneira definida num Programa

consultando igualm ente dados arm a­


zenados M emória

realizando os cálculos necessários e Unidade aritm ética

verificando todo o trab alh o efec-


tuado. Controlo

O «coração» de u m co m p u tad o r é então um disposi-


tivo conhecido pelo nom e de processador central. É neste
que todo o trab alh o é feito. P ara lhe com unicar a infor­
m ação sobre a qual deve tra b a lh a r, necessitam os de um
dispositivo que leia esta inform ação e a tra n sfira de
m aneira aceitável. Chama-se-lhe entrada. Do m esm o m odo,
as resp ostas obtidas no p ro cessad o r ce n tral devem ser
com unicadas ao exterior de m aneira aceitável e, p a ra tal,
necessitam os de um dispositivo de saída.
V erificám os que o co m p u tad o r deveria m an ter ou
«recordar» os dados enq u an to e stá a trab a lh ar, e a esta
capacidade cham a-se m em ória do com putador. No en­
tan to , a quan tid ade de dados que n orm alm en te deva ser
m an tid a em registo é tão vasta que, com o verem os num

16
capítulo m ais adiante, é im praticável que o p ro cessad o r a
possa m an ter em si próprio. Recorre-se então a registos
externos, ligados ao processador, sendo este capaz de
tra n sfe rir p a ra si p ró p rio q uaisquer dados de que neces­
site e que neles se encontrem . Isto dá origem à necessidade

^Dispositivo de^
arm aze.namento
V , _________/

.Fig. 2— E le m e n to s ibásicos d e um co m p u tad o r.

de acrescen tar dispositivos de registo aos de en tra d a e


saída já conhecidos.
Por conseguinte, ao observarm os um co m p u tad o r,
não encontrarem os um a única m áquina m as sim várias,
todas interligadas. A principal, com o vimos, é o proces­
sador cen tral, m as o seu trab alh o apoia-se nu m ce rto
núm ero de dispositivos de e n tra d a, saída e registo. E ste
conjunto c o n stitu irá um a configuração de com putador,
e os dispositivos que rodeiam e apoiam o pro cessad or
central são conhecidos pelo nom e de periféricos (figura 2).
2
17
O processador central

As principais características do p rocessador cen tral


são a sua capacidade p a ra aceitar e m an ip u lar dados,
arm azená-los e executar instruções p rogram adas quanto
a estes dados, assim com o verificar este procedim ento
através de u m sistem a de controlo. Além disso, com o é
evidente, deve te r capacidade p a ra com unicar, o u ap re­
sen tar na saída, os resultados deste processam ento.
Os dados em que o processador cen tral e stá a tra ­
b alh ar podem ser lidos d irectam ente p a ra registos nele
existentes sob a form a de inform ação p rim ária vinda de
um dispositivo de en trad a, ou podem já existir em m e­
m ó ria e serem tran sferid o s d esta p a ra o processador.
A m anipulação de dados den tro do p ro cessad o r pode
envolver m uitos processos diferentes, com o verem os m ais
adian te com m aior p orm enor, m as incluem a capacidade
de tra ta r funções aritm éticas, co m p a ra r os dados, e
inclusive chegar a decisões com base em critérios que
lhe terão sido fornecidos anteriorm ente. No en tan to , se
bem que um com p utador ten h a capacidade p ara realizar
b astan tes processos, apenas fará aquilo que as instruções
lhe tiverem dito p a ra fazer, e o veículo p a ra a com uni­
cação destas instruções é um p rogram a de co m putador,
tem p orariam ente arm azenado no processador, p erm itin ­
do-lhe realizar um a dada tare fa específica.
A capacidade do processador p a ra arm azen ar infor­
m ação é p o r vezes designada p o r m em ória do com putador.
No entanto , um com putador é ap enas u m a m áquina e só
pode re te r a inform ação que lhe é ap resen tad a nas form as
m ais sim ples. De facto, a m em ória do co m p u tad o r deve
apenas reco rd a r afirm ações com dois algarism os distintos
(0 e 1), e tod a a inform ação que lhe é ap resen tad a en­
contra-se codificada deste modo. Aplica-se assim um sis­
tem a num érico, conhecido pelo nom e de binário, o qual
será trata d o com algum p orm enor no C apítulo 3.

18
Entrada
Infelizm ente, não é norm alm ente possível alim en tar
dados ao co m p utador na sua form a original. Se pu d és­
sem os alim en tar a ta l lista de jo rn ais, a que já nos refe­
rim os, directam ente à m áquina, levá-la a realizar os cál­
culos e escrever a resp o sta no lugar correcto , ejectando
novam ente a lista pelo outro lado, tudo seria m ais sim ples.
No entanto, existem dificuldades que podem im pedir um
com p utad or de o fazer. Por exem plo, as listas podem te r
diferentes form atos e dim ensões, com as indicações ap re­
sentadas em posições diferentes. A form a da escrita
m anual pode diferir tan to de u m a lista p a ra o u tra que nos
seria difícil a nós p ró p rio s lê-la, quanto m ais a u m a
m áquina. P ara resolver estes problem as, a inform ação
deve (a) ser p re p ara d a num a dim ensão e n u m a form a
norm alizadas que a m áquina p ossa ser capaz de aceitar,
e (b) reg istad a de tal m odo que a m áquina p o ssa reco­
nhecê-la e lê-la.
Existe então um certo núm ero de técnicas que p reen ­
chem estes dois requisitos e que serão discutidas no
C apítulo 4.

Saída

Foi visto an terio rm en te que um com putador receberá


dados, relacioná-los-á e interpretá-los-á com o objectivo
de fornecer inform ação útil. É esta inform ação ú til que
re p resen ta a saída da m áquina. P ara ser útil, deve ser
com unicada ao exterior de um a m aneira que seja com ­
preensível. O capítulo 3 ap resen tará diferentes m aneiras
de um co m p utad or ap resen tar os seus resultados.

Tipos de com putador

Até agora, tem os estado a u sar o term o co m p u tad o r


num sentido b astan te geral, com o um a m áq u in a contro-

19
lada p o r um program a arm azenado intern am en te, que
tem a capacidade de reg istar inform ação e realizar um
determ inado num ero de processos com base n esta in for­
m ação. E xistem no en tan to dois tipos diferentes de com­
p u tad o r, o com putador digital e o com putador analógico,
se bem que possam os até acrescen tar um a terceira cate­
goria de com putadores híbridos, que serão de facto um a
com binação dos dois tipos anteriores, digital e analógico.

C om putadores digitais

Um com p utador digital é essencialm ente, com o o seu


nom e im plica, um a m áquina que tra b a lh a com base em
«dígitos» discretos, ou núm eros. Todo o processam ento
é realizado em term os de rep resentações num éricas da
inform ação trab alhada. O sistem a num érico norm alm ente
usado, como já vimos, é o sistem a binário, usando apenas
dois dígitos, o 0 e o 1. Toda a inform ação, q u er a sua
origem sejam dígitos decim ais, letras do alfabeto ou
sím bolos, é 'Convertida num a série de dígitos b inários e
arm azenada deste m odo. Todos os dados de e n tra d a são
convertidos em expressões b inárias, sendo todo o p ro ­
cessam ento realizado em term os de 0 e 1, e a saída recon­
v ertid a de novo p ara os caracteres convencionais alfa­
num éricos que todos usam os.

C om putadores analógicos

Talvez a m elhor m aneira de explicar a diferença


en tre os com putadores digitais e os analógicos consista em
em pregar um- exemplo m uito sim ples. Se quiséssem os
m edir, em litro s p o r m inuto, o caudal de água num a
to rneira, um a m aneira de o fazer consistiría em colocar
u m a série de recipientes de um litro sob a to rn eira, rem o­
vendo cada um deles à m edida que ficasse cheio. Se
contarm os o núm ero de recipientes enchidos em 30 se­
gundos, e o m ultiplicarm os p o r dois, obterem os um valor

20
rep resen tan d o o caudal em litros p o r m inuto. E sta é
um a m an eira «digital» de e n c a ra r o p roblem a — estam os
a tra b a lh a r neste caso com núm eros discretos. Isto, aliás,
dar-nos-ia o caudal apenas p a ra um determ inado m eio
m inuto, ignorando o facto de os caudais se poderem
alte ra r de um m inuto p ara o seguinte, devido a variáveis
com o sejam a velocidade da água e a ab e rtu ra d a to rneira.
Uma o u tra m aneira de resolver o p rob lem a consis­
tiría em m on tai1 dispositivos de controlo que m ed iríam
co ntinuam ente a velocidade da água e a a b e rtu ra da to r­
neira, converter estas m edidas em im pulsos eléctricos e
relacioná-los en tre si de m odo a p ro d u zir o m ovim ento
de um p o nteiro n um a escala graduada, indicando o cau d al
em litros p o r m inuto. Terem os en tão um a m an eira «ana­
lógica» de en c ara r o problem a. Com efeito, o co m p u tad o r
analógico está relacionado com a m edição contínua de
prop riedad es físicas e a realização de u m trata m e n to
destas m edidas, usando as p rop riedades físicas do p ró p rio
co m p u tador p ara fornecer u m a analogia do p roblem a
que se p reten d e resolver.
Um o u tro exemplo m uito sim ples desta função an a­
lógica m uitas vezes referido é o de um velocím etro de
autom óvel. N este caso, a posição do ponteiro, relativa­
m ente à escala na qual se m ove, re p resen ta a velocidade
da v iatu ra em quilôm etros p o r hora, sendo obtida, não
com putando núm eros, m as sim pelo controlo contínuo das
velocidades de rotação do veio e pela conversão destes
dados através das p ro p ried ad es físicas do dispositivo,
engrenagem e cabos, dando no final a leitu ra p reten d id a.

C om putadores híbridos

Não nos irem os re ferir agora a um o u tro tipo de


com putador, m as sim a um a m áquina que in co rp o ra
elem entos digitais e analógicos sim ultaneam ente.
Tem a vantagem de p o ssu ir um a m em ória em que as
instruções de program a podem ser arm azenadas e exe­
cutadas sem necessidade de um a regulação m anual e,

21
com o é evidente, pode arm azenar variáveis físicas, conver­
tendo-as em expressões digitais. Isto obriga à conversão
de m edidas de p rop riedades físicas em afirm ações digitais,
envolvendo o uso de conversores analógico-para-digital
e digital-para-analógico. P or exem plo, poderem os e sta r
interessados em m edir a intensidade variável de luz n u m a
dada área, p o r exemplo, um a gravura. P rim eiram ente,
poderem os a trib u ir um valor num érico às intensidades
variáveis, p o r exemplo 0 a 99. Se en tão dividirm os a
área num ce rto núm ero de «pontos» m u ito pequenos,
«varrerm os» fotoelectricam ente estes pon to s e relacio­
narm os os valores da co rren te induzida, obterem os um a
série de expressões digitais que podem ser arm azenadas
em registos e utilizadas a p a rtir daí, a fim de reconsti­
tu ir a g ravura m ais tarde. A operação de «varrim ento»
é o elem ento analógico do processo, enq u an to o arm a­
zenam ento de núm eros que re p resen tam a intensidade da
luz é o elem ento digital.

22
2
OS SISTEMAS NUMÉRICOS E O COMPUTADOR

Como já vim os, um requisito essencial d o co m p u tad o r


é a sua capacidade p a ra arm azenar inform ações. E ste p ro ­
cesso de arm azenam ento é, evidentem ente, algo com que
todos nós estam os fam iliarizados, dado que arm azenam os
m entalm ente inform ações desde que nascem os. C ham a­
m os a isto m em ória, e esta carac te rístic a de um com ­
p u ta d o r é tam bém norm alm ente conhecida pelo nom e
de m em ória do com putador. No entanto, se com pararm os
a m em ória de um co m p u tad o r com a do nosso céreb ro ,
aquele ficará m u ito m al visto... Podem os arm azen ar in fo r­
m ação em função de u m a v asta gam a de factores. Um
exemplo m uito sim ples e um dos p rim eiro s de que nos
recordam os é o das letras do abecedário e dos dez dígitos
0 a 9. Conhecem os estes ca racteres e podem os até m an i­
pulá-los de m odo a fo rm a r palavras, expressões e núm eros.
C om parado com o nosso cérebro, o pro cessad o r do
co m p utado r co n stitu i um dispositivo m uito sim ples e a
gam a de caracteres que o com p utador norm al pode tr a ta r
é b astan te lim itada, de facto, apenas dois... E sta função
do co m p u tad o r pode ser co m p arad a com um a luz eléctrica
que, n u m dado m om ento, só pode encontrar-se n u m d e
dois estados: acesa ou apagada. Se rep resen tarm o s o
estado «apagada» p o r u m zero — 0 — e o estad o «acesa»
pelo n ú m ero um — 1 — terem os a base do sistem a n u ­
m érico com que o co m p u tad o r pode trab a lh ar. O nom e
dado a um sistem a num érico que só utiliza estes dois
dígitos, 0 e 1, é o de sistem a binário.

23
Sistemas numéricos

São h ab itu alm ente usados diversos sistem as num é­


ricos com que qualquer de nós está fam iliarizado. Por
exemplo, quando m edim os o tem po, sabem os que 60
segundos constituem em m inuto, 60 m inutos co n stitu em
um a h o ra e 24 horas um dià. No antigo sistem a de m e­
didas inglês, 12 polegadas constituem um pé, três pés
co nstituem um a jard a , etc.
Em todos estes sistem as, verifica-se um «transporte»
de um a unidade quando se atinge um dado valor.

50 s + 40 s = 30, tra n sp o rte 1 = 1 m 30 s


6 polegadas + 9 polegadas = 3, tra n sp o rte 1 = 1 pé
e 3 polegadas.

N a nossa utilização diária dos núm eros, verificam os


que o sistem a m ais utilizado é o sistem a decim al ou
denário. O valor de cada dígito na expressão é d eterm i­
nado pela sua posição relativam ente aos outros. Cham a­
mos-lhe p o r vezes valor de posição. P or exemplo, no n ú ­
m ero 27 142, sabem os que o algarism o m ais à d ireita
significa 2 unidades, o seguinte 4 dezenas, o seguinte 1
centena, o seguinte 7 m ilhares e o últim o 2 dezenas de
m ilhar. C ada algarism o (ou dígito), quando lido da d ireita
p a ra a esquerda, re p resen ta um m últiplo de u m a po tên ­
cia cad a vez m aior de 10, em que 10° = 1, 101 = 10, 102 =
= 10 X 10 = 100, etc.

27 142 = (2 X104) + (7 X103) + (1X102) + (4 X101) + (2 X 10°) =


= 20 000 + 7 000 + 100 + 40 +2
= 27 142

Um sistem a num érico baseado em 1 — esta base é,


a propósito, referid a em q ualquer sistem a num érico pelo
nom e de raiz — envolve a utilização de dez sím bolos,
0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9.
Como vimos anteriorm ente, um com p u tad o r é inca­
paz de tra ta r um a gam a tão vasta de algarism os, e está

24
de facto lim itado à utilização de apenas dois, o 0’ e o 1.
Isto dá-nos um sistem a binário, cuja raiz é 2.
N um sistem a decim al, verifica-se o tran sp o rte de um a
unidade de cada vez que se atinge o valor 10, facto que
é indicado m ovendo p a ra a esq u erd a um 1 seguido de
um zero. N um sistem a binário, verifica-se esse tra n s­
p orte de cada vez que é atingido o algarism o 2, e isto é
indicado do m esm o m odo, ou seja, m ovendo p ara a
esquerd a um 1 seguido de um 0.

E m decim al 5 + 5 = 10 (decim al 10)

E m b in ário 1 + 1 = 10 (decim al equivalente 2) e


1 + 1 + 1 = 1, tra n sp o rte 1 = 11 (decim al
equivalente 3).

N um sistem a decim al, os valores de posição aum en­


tam de u m a potência adicional de 10 quando os m ove­
m os n u m a expressão num érica da d ireita p a ra a esquerda,
en q u an to num sistem a b inário estas posições aum entam
p o r potências adicionais de 2. Os valores de posição n um
sistem a decim al serão 104, 103, 102, 101, 10°, e num sis­
tem a b inário 24, 23, 22, 21, 2o (recorde-se que (2° =J), 21 =
= 2, 22 = 4, 23 = 8, etc.). Isto significa que a expressão
b in ária 11011 significará, da esquerda p ara a direita:

(1 X24)-f (1 x 2 3) + (0 x 2 2) + (l x 2 1) + (l X2°) =
= 16 + 8 + 0 +2 +1 = decim al 27.

Conversão de um a base para outra

D ecim a l p a ra binário

O princípio aqui usado consiste em dividir o n úm ero


decim al sucessivam ente p o r dois a té e sta r reduzido a
zero. Q uando na divisão p o r dois se obtém resto igual
a um , este transform a-se no dígito b inário 1; quando o

25
re sto é zero, transform a-se no dígito binário 0. A expressão
é form ad a da d ireita p a ra a esquerda.

Exem plo: co n v erter o núm ero decim al 349 p a ra bi­


nário.

3 4 9 /2 :

174,

«7,

43,

21 ,

10 ,

5,

2,

1,
0,

B in á rio e q u iv a le n te 1 0 1 0 1 1 1 0 1

& 0 t w Z 7 0 0
B in á rio p a ra d e c im a l H j] / & y í $

O valor decim al de u m a expressão b in ária é igual à


som a dos valores decim ais dos dígitos binários.

Exem plo: co n v erter o n úm ero b in ário 101011 p a ra


decim al.

1 0 1 0 1 l
= 2 5 + 0 + 23 + 0 + 21 + 2o
= 32 + 0 + 8 + 0 + 2 + 0 = deeümal 43

26
Fracções binárias

N um inteiro binário, as posições sucessivas p a ra a


esq u erd a aum entam d e valor de um a potência adicional
de dois. N um a fracção, as sucessivas posições p a ra a
d ireita dim inuem o seu valor de um a potência negativa
adicional de dois.

F racção F ra cçã o
b m á ria d e c im a l

i
.1 = 2-i °T = v, = 0,5

í
.01 = 2-2 = v 4 = 0,25 .
2X 2

1
.001 = 2 -3 = v 8 = 0,125
2 X 2 X 2

1
.0001 = 2 -4 = V 16 = 0,0625
2 X 2 X 2 X 2

C onversão d a fra c ç ã o d e c im a l e m b m á ria

M ultiplica-se a fracção decim al sucessivam ente p o r


dois, co ntando cada 1 d e tra n sp o rte com o um bin ário 1
e, se n ão houver tran sp o rte , com o b inário 0. Não se con­
sidera o tra n sp o rte p a ra efeitos da m ultiplicação seguinte.
A expressão b in ária é form ada da esquerda p a ra a d ireita.

27
Exem plo: converter a fracção decim al 0,625 p ara
fracção binária.
0,625
X 2

■1,050
x :2
0,500
X 2

--------------------- 1,000

1 0 1 b in á rio eq u iv a le n te

C onversão d e fra cçã o b in á ria etm fra c ç ã o d ecim a l

O valor decim al da expressão b in ária é igual à som a


dos valores decim ais das posições binárias.

Exemplo: converter a fracção b in ária 0,1101 em


fracção decimal.

l 1 0 1
= 2 -i + 2 -2 + 0 + 2 -4

= 1! 2 + V* + 0 + 1l 16

= 0,5 + 0,25 + 0 + 0,0625

= 0,8125, [fracção decimal-.

É evidente, a p a rtir destes exem plos, que q u alq u er


nú m ero decim al, inteiro, fracção o u m isto pode ser con­
vertido em expressão b in ária e que o co n trá rio é igual-
m ento verdadeiro, podendo q ualquer binário ser conver­
tido em decim al.

28
Por exemplo:

,1821,703 li2'5 = 11100011101,101101


101101111,0101 = 367,3125

A ritm ética binária

Sem nos preocuparm os, p o r agora, com a «mecânica»


do m odo com o o valor b inário é arm azenado num com ­
p u tad o r, nem com a m aneira com o é m anipulado nos p ro ­
cessos aritm éticos, vejam os no entanto um pouco os
princípios de que a m áquina se serve p a ra realizar as suas
somas.
É verdade que, p o r m uito com plexo que seja um
p rob lem a m atem ático, se tiver um a solução, pode ser
resolvido pela sim ples aplicação de q u atro operações
aritm éticas básicas, a saber, a som a, a m ultiplicação, a
sub tracção e a divisão. Em cálculo m anual, a redução
de um problem a a estas operações sim ples obrigaria a
em pregar m uito tem po na sua resolução, sendo p o rtan to
usadas técnicas m ais avançadas p a ra ap ressar o processo.
No en tan to , um com p utador trab a lh a tão rap id am en te que
pode realizar um a enorm e quantidade de operações aritm é­
ticas sim ples, n u m período de tem po b astan te curto.
Podem os assim utilizar a grande velocidade de fu n ­
cionam ento do com putador, p a ra sim plificar ainda m ais
os processos aritm éticos internos. U tilizando um m étodo
conhecido pelo nom e de som a com plem entar, podem os
tra ta r a sub tracção pelos m étodos da adição.
Nos cálculos decim ais, o com plem ento de um núm ero
é aquele que lhe deve ser som ado p a ra o b ter como to tal
zero. P or exemplo, o com plem ento decim al de 473 é 527.
Ao som ar estes núm eros, o resu ltad o será 1000, obtendo-se
p o rtan to zeros nas trê s posições pretendidas. P ara su b tra ir
473 de o u tro núm ero, p o r exemplo 982, soma-se a este o
com plem ento de 473, ou seja, 527 e tem os p o rtan to
527 + 982 = 1509. Ignorando o algarism o m ais significa­
tivo, obtém -se o resu ltad o correcto: 509.

29
A utilidade deste m étodo, ao calcu lar no sistem a
binário, decorre do facto de o com plem ento de um núm ero
ser extrem am ente fácil de en co n trar. B asta in v erter o
valor de todos os algarism os (um transform a-se em zero e
zero em um) e acrescen tar um ao resultado.
Vejam os um exemplo de süb tracção com plem entar,
utilizando núm eros expressos n a base binária:

111010 — 100111

D e te rm in a r o co m p lem en to d e 100111
in v e r te r o s a lg a r is m o s 011000
so m ar 1

011001 = v e rd a d e iro com pliem ento


■dejpoiiis a 111010
s o m a r o verei, co m p lem en to 011Q01,

( 1) 010011

R e su lta d o :

111010— 100111 = 10011

Por este processo de adição com plem entar, pode-se


elim inar a süb tracção das nossas operações básicas.
A m ultiplicação pode evidentem ente ser tam bém elim i­
n ad a p o r som a repetida. O resultado de 35 X 38 pode ser
d eterm inado som ando 35 a si p ró p rio 38 vezes. É este o
princípio básico que o com p utador u tiliza n a sua m ultipli­
cação b inária, se bem que sejam possíveis co rtes no tem po
necessário, utilizando técnicas de «deslocam ento». E stas
serão trata d as m ais adiante.
De um m odo sem elhante, a divisão pode ser realizada
p o r sübtracção repetitiva. O resultado de 1330 : 38 pode
ser d eterm inado contando o núm ero de vezes que 38 pode
ser sub traído de 1330, até se atingir o zero. Usando estas

30
técnicas n um com p utador, acaba-se p o r red u zir todas as
operações aritm éticas a sim ples adições binárias.
Até agora, todas as expressões b inárias u sadas foram
apresentadas em b inário puro, ou seja, em expressões
cujo valor é equivalente ao da expressão decim al original.
Ao tra ta r expressões binárias n u m com p utador, no en ­
tanto, estas não são necessariam ente arm azenadas sob
essa form a. Se bem que os com putadores utilizem q u ase
universalm ente a base b in ária com o sistem a num érico,
são m uitas vezes usadas variações n a construção das
expressões b inárias p o r razões de conveniência e de eco­
nom ia. Talvez seja bom n o ta r que estas técnicas diferentes
podem ser usadas em diferentes fabricos de m áquinas.
Segue-se um a listagem de algum as das m an eiras m ais
vulgares de u sar os binários de m odo diferente da form a
p u ra ou serial.

Codificação de decim al para binário

Um a o u tra m aneira de re g istar núm eros, usando o


princípio de rep resentação b inária, consiste em converter
cada dígito decim al individual no seu b inário equivalente,
em vez de converter todo o núm ero, ob ten d o um a ex­
p ressão b in ária contínua. O núm ero 359 p o r exemplo é
rep resen tad o em form a b in ária p u ra p o r 101100111; con­
vertendo cada algarism o individual p ara a base binária,
obtém-se

3 '5 9

11 101 1001

Ao arm azenar núm eros sob esta form a num com ­


p u tado r, é norm al a trib u ir um núm ero de dígitos sem pre

31
igual a cada um dos dez algarism o 0 a 9, o que d ará o
seguinte conjunto de valores:

0 = 0000
1 = 0001
2 = 0010
3 = 001.1
4 = 0100
õ = 0101
6 = 0110
7 = 0111
8 = 1000
9 = 1001

V oltando ao exemplo anterior, ou seja, 359 em código


binário, é im p o rtan te re co rd a r que o valor de posição
de cada algarism o binário em cad a grupo é m edido em
term os de potências de 2, e os grupos p rop riam en te
ditos em term os de potências de 10:

102 101 10°


[i2 \+ 2o] + [;22 + 0> + 2o] + [23 + 0 + o + 2° ]

Sistem a num érico octal

Verifica-se que são necessários q u atro «bits» (do


inglês «binary digits», ou seja, dígitos — ou algarism os —
binários) variando entre 0000 e 1001 p a ra exprim ir um
algarism o decim al en tre 0 e 9. No entanto, este co nju n to
de q u atro b its pode significar dezasseis valores diferentes,
en tre 0000 e 1111, o que significa que o uso da codificação
b in ária não é econôm ica no sentido de que seis dos a rra n ­
jo s possíveis não são utilizados. Se reduzirm os o núm ero
de b its de q u atro p a ra três, terem os possibilidades de
ex p rim ir oito valores, equivalentes aos núm eros deci­
m ais 0 a 7, ou seja 000-111. A expressão de núm eros
utilizando a base 8 — a raiz 8 — é designada p o r sistem a

32
octal e, quando cada algarism o do núm ero octal está
expresso em binário, cham am os-lhe sistem a octal codifi­
cado em binário.
Um núm ero decim al pode ser convertido em octal
de um a m aneira b astan te sem elhante à em pregue p a ra
o converter em binário, excepto no que se refere ao facto
de ser utilizada um a divisão p o r 8.
Exem plo: co nverter 6189 p a ra a base octal.
6 1 8 9 /8

E m term os decim ais esta expressão é agora igual a

(1 x <84) + (4 X 83)i + .0 + (i5 X 8*)i + (5 X 8°)


= 4096 + 2048 + 0 + 40 + 5 = 6189

Adição binária

Tal com o no caso da adição decim al é tran sp o rta d o


um p a ra a esq u erd a sem pre q u e é atingido o nú m ero 10,
no caso da adição b inária, é tran sp o rta d o um p a ra a
esquerd a sem pre que é atingido ò valor 2. As regras sim ­
ples são:
0 + 0 = 0
0 + 1 = 1
1 + 0 = 1
1 + 1 = 0, tr a n s p o r te 1
1 + 1 + 1 = 1, tr a n s p o r t e 1

8 33
Exemplo:
D ecim a l
42 101010
+ 60 111100

tr a n s p o r te 1 111
102 1100110

Note-se que não se verifica aqui um tra n sp o rte até


ao q u arto p a r de dígitos binários a p a rtir da direita. N este
caso, 1 + 1 é igual a 0 e tra n sp o rte 1 é o dígito m o strad o
abaixo da linha que se en c o n tra sob o quinto p a r de
dígitos. Aqui 0 + 1 + tra n sp o rte 1 é igual a 0 tra n sp o rte 1,
sendo o tra n sp o rte de 1 apresentado debaixo da linha sob
o sexto p a r de dígitos, onde 1 + 1 + 1 é igual a 1 tra n s­
p o rte de 1.

Subtracção binária
N este caso, interessa-nos d eterm in a r o verdadeiro
com plem ento do subtraetivo, realizando em seguida a
adição norm al como se m ostrou anteriorm ente.
Exemplo:
D ecim a l B m á rio
150 10010110
— 108 1101100

P rim e iro : d e te r m in a r o
v e rd a d e iro com pLem ento d e 1101100
in v e r te r d íg ito s 0010011
so m a r 1
0010100
S o m a r en tão : 10010110
0010100

(10)101010
I g n o r a r o d ig ito m a is
sig n ificativ o .
R e su lta d o : 101010 = 42

34
Caracteres alfabéticos em representação binária

Até agora, interessám o-nos apenas em observar a


m aneira com o os núm eros podem ser expressos em te r­
m os binários. Mas, com o é evidente, um com p u tad o r deve
tra ta r igualm ente caracteres alfabéticos e sím bolos, e
cada um destes deve ser ap resentado nos registos p o r
um a expressão b in ária única. Não existe um a m an eira
n orm alizada de o fazer, no sentido de que não existe um
m étodo único em pregue p o r todos os fabrican tes de com ­
putadores, m as vam os considerar em seguida um a m a­
n eira possível de resolver o problem a.
Como já vimos, os dez dígitos 0 a 9 podem ser
expressos p o r quantidades decim ais codificadas em b in á­
rio, 0000 a 1001. Pode-se en tão ad o p tar este princípio,
dividindo o alfabeto em três grupòs de 9, 9 e 8 caracteres,
consistindo em A a l , J a R e S a Z respectivam ente. A
posição n u m erad a da le tra em cad a grupo pode ser indi­
cada usando a m esm a gam a de rep resentação utilizada
no caso dos núm eros, ou seja, A = 0001, I — 1001. O
grupo pode então levar um prefixo de dois dígitos adi­
cionais que indicam o grupo a que p ertence aNletra. P or
exemplo, poderem os u sa r 01 p a ra o grupo A — I, 10 p a ra
o grupo J — R e 11 p ara o S — Z, deixando o prefixo 00
p ara re p re se n ta r um núm ero 0 — 9. N este caso, a le tra A
seria re p resen ta d a p o r 010001, K p o r 100010 e U p o r 110011,
assim com o 7 p o r 000111. No entanto, se bem que isto
explique o princípio usado n a codificação de caracteres,
torna-se evidente que, dado que num grupo de q u atro
b its existem dezasseis com binações possíveis, 0001— 1111,
u sar apenas nove de cada grupo constitui um processo
não econômico. É m uito m elhor u sar todas as com bi­
nações num grupo de seis b its entre 000000 e 111111,
obtendo-se então um to tal de 64 que nos perm ite u sa r
representações únicas p ara dez dígitos, 26 letras e até
28 sím bolos.
Tendo assim observado o sistem a num érico básico,
que é o binário, utilizado no p ro cessad o r de um com ­
p u tad o r, e a m aneira como este pode ser adap tad o e

35
utilizado de diferentes m aneiras, talvez devamos exam inar
agora como, em princípio, o co m p u tad o r arm azena toda
e sta inform ação.
Sem nos preocuparm os, de m om ento, com os aspectos
técnicos da m aneira com o tal é feito, b asta dizerm os
que um registo de co m p u tad o r consiste basicam ente
nu m grande núm ero de dispositivos, m uitos m ilhares num
co m p u tad o r de tam anho m édio, sendo cada um destes
capaz de re p resen ta r um 0 ou um 1, e tendo a possibili­
dade de ser invertido ou alterado, se tal fo r conveniente.
Q uaisquer que sejam os ca racteres que estam os a u sar,
estes terão evidentem ente de ser ordenado s e agrupados
de acordo com algum sistem a previam ente -determ inado,
de m odo a tra n sm itir algum a coisa que ten h a significado.
P or exemplo, se esta página estivesse cob erta p o r um a
sucessão contínua de caracteres alfabéticos, não teria
q u alq u er sentido. E stes deveríam ser agrupados em pala­
vras, sendo cad a um a delas diferenciada das seguintes
p o r um espaço, sendo ainda necessário com por estas
palavras em frases significantes e definir o início e o
final de cad a u m a dessas frases.
Assim, com todos estes Os e ls na m em ória do com­
p u tad o r, é necessário in tro d u zir algum a ord em no con­
ju n to p ara q u e todos eles ganhem um significado; m as
estabelecer esta ordem não é tão fácil com o no caso
dos caracteres com uns.
Vejam os p rim eiro os prob lem as que tem os de re­
solver:

1. É necessário um grupo de b its b inários (Os e ls)


p a ra definir cad a dígito, ca rá c te r ou símbolo.

2. É necessário u m ce rto núm ero destes grupos p ara


fo rm ar aquilo a que cham am os um a palavra ou urna
expressão num érica. E m term os de com putadores, cha­
m am os a isto um campo.

3. Um certo núm ero destas «palavras» ou cam pos


constituem aquilo a que usualm ente cham am os um a frase

36
m as, em term os de com putadores, isso é designado p o r
um registo de dados.

Tudo isto é expresso em dígitos binários e, p ara que


faça sentido, é necessário distinguir cada ca rac te r do
seguinte, cada cam po de qu alq u er o utro e cada registo de
qu alq uer outro. Tendo igualm ente em m ente, como se
disse an terio rm ente, que a m em ória do co m p u tad o r con­
terá possivelm ente centenas de m ilhares destes bits, to r­
na-se necessário sab er onde se encontra q u alq u er grupo
p artic u la r de inform ações.
Com eçamos p o rtan to por dois problem as principais:
(a) id en tificar a gam a de b its que re p resen ta cad a carácter,
cam po e registo, e (b) poder localizar qualq u er dado a r­
m azenado n a m em ória. Uma solução p ara o prim eiro
problem a, que pode surgir p o r si p róp ria, consiste em
m arc ar de algum m odo o p onto em que cad a grupo de b its
com eça e acaba, m as isto não é tão fácil com o parece.
Que m arca irem os usar? Só tem os duas alternativas,
0 e 1, e am bas são utilizadas p a ra co n stitu ir o p ró p rio
carácter.
Tendo posto de p a rte o uso dos p ró p rio s b its com o
m arcadores, poderem os p en sa r em seguida que um a m a­
n eira de resolver o p roblem a consistiría em dividir todos
os b its em grupos de um a dim ensão «standard», contendo
cada grupo um n úm ero suficiente de b its p a ra reg istar um
carácter. Fixa-se assim o lim ite de cada grupo, o que
significa que deixa de haver u m a necessidade de m arc ar
o ponto em que cada grupo com eça e term ina. Acei­
tando isto, podem os agora ir um pouco m ais adiante. Se
derm os a cada grupo um a referência única, terem os
então um m eio de localizar qu alq u er grupo que se to rn e
necessário p a ra os cálculos.
Talvez n este m om ento devam os re c o rd a r que são
actualm ente usados m uitos tipos diferentes de com puta­
dor. Não existe nenhum a m aneira norm alizada de orga­
n izar os dados arm azenados que seja com um a todos os
processad ores centrais, e de facto os m étodos de agru­

37
p am ento variam consideravelm ente. T endo isto em vista,
irem os re ferir apenas as idéias básicas.
O princípio básico consiste em usar, n a m em ória do
processador, grupos norm alizados de bits. Talvez pos­
sam os co nsiderar o assunto com o se tivéssem os um
grande núm ero de caixas pequenas, tendo cada u m a delas
um núm ero de referência, como se m o stra n a figura 3.
Cada caixa contém b its suficientes p a ra re g istar um ca-

da palavra Agrupam ento


norm alizado
1 de 6 bits

12 3 5 0 12 3 5 1 12 3 5 2 12 3 5 3 12 3 5 4 12 3 5 5
0 0 0 1 1 1 0 0 1 0 0 1 0 0 0 1 1 0
-i..i i i i i i i i » i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i
12 3 56 12 3 5 7 12 3 5 8 12 3 59 12 3 6 0 12 3 6 1

i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i
12 3 6 2 12 3 6 3 12 3 6 4 12 3 6 5 12 3 6 6 12 3 6 7
1 0 0 0 1 1 1 00 1 0 1
i i i i i i i i i i i i i i i 1 1 1 1 1 i i i i i i i i i i
12 3 6 8 12 3 6 9 12 3 7 0 12 3 7 1 12 3 72 12 3 7 3

- L I .1 1 1 -J ,i i i i i i i i i i » i i i i i i » i . i i l i i

O número « 7 » é guardado no endereço 1 2 3 5 1


A letra C é armazenada no endereço 12 3 6 5

F ig . 3 —•M a n e ira co m o a m e m ó ria de u m co m p u ta d o r é d iv id id a


em p a la v r a s e n d e reçáv eis.

rá c te r e este é localizado p o r referência ao núm ero d a


caixa. O nom e que dam os a este núm ero é endereço.
Tendo decidido dividir a m em ória em grupos de bits,
o p rob lem a seguinte consiste em d eterm in ar a dim ensão
do grupo. A figura 3 sugere seis b its p a ra cada grupo,
e esta é de facto um a dim ensão conveniente porque, com o
vim os an teriorm ente, p erm itirá acom odar qu alq u er dígito,
ca rác te r ou sím bolo e d á u m a gam a de 64 com binações
possíveis, 000000 — 111111 (0 — 63). Mas agora surge o u tra
com plicação. Suponham os que pretendem o s arm azenar
núm eros em expressões binárias p uras. O m aior núm ero
que poderem os re p re se n ta r neste caso será 63 (111111),
sendo já necessários sete b its até ao núm ero 127, oito
até 255, etc.

38
Devemos m encionar agora trê s pontos relativam ente
ao arm azenam ento de n úm eros no processador:

1. O arm azenam ento em codificação b in ária obriga


a utilizar um espaço m aio r que o ocupado pelo m esm o
núm ero n a base binária. P or exemplo, 271 em form a
b in ária p u ra necessita de nove bits, 100001111, en q u an to
em codificação b in ária já obriga a u sa r pelo m enos .12 bits:
0010 0111 0001. S eria p o rta n to m ais econôm ico arm azen ar
os valores em form a binária.
2. É habitual, n u m com putador, exp rim ir os núm eros
na form a b in ária a fim de realizar as operações aritm é­
ticas. São necessários circuitos electrónicos b astan te m ais
com plexos p a ra realizar estas operações em codificação
binária.
3. A m aio r p a rte dos dados arm azenados, tan to
num éricos com o alfabéticos, não serão sujeitos a proces­
sam ento aritm ético. Trata-se dos dados que têm u m a
n atu reza descritiva em vez de quantitativa, com o sejam
n úm eros de referência, datas, descrições, etc. E stes dados
m istos a lfa/num éricos só podem ser arm azenados n a
form a de grupo de caracteres.
Isto conduz-nos a um a situação em que alguns dados
são m elhor arm azenados c a rá c te r a c a rá c te r — de facto
isto re p resen ta frequentem ente a m aior p a rte dos dados, e
nesse caso o grupo de seis b its é id eal— enquanto os o u tro s
dados quantitativos devem ser arm azenados em fo rm a
b in ária p ura, p ara o que um grupo de apenas seis b its
é dem asiado pequeno. Uma solução consiste em realizar
um com prom isso en tre estes dois requisitos, tendo u m
grupo que co n terá um núm ero exacto de caracteres com
seis b its e seja, ao m esm o tem po, suficientem ente vasto
p ara acom odar um núm ero relativam ente grande expresso
em form a binária. P or exemplo, podem os dispor de um
grupo de 24 bits. E ste conterá q u atro grupos de caracteres
de seis b its ou um a expressão b in ária pura. N a figura 4,
apresentam -se alguns exemplos.

39
Talvez fosse bom , neste ponto, te n ta r racionalizar
a nossa term inologia. Já usám os diversas vezes o term o
«bit», que significa um único dígito binário, 0 o u 1.
Sugerim os que os dígitos binários, ou seja, os bits,
podem ser organizados em grupos de um a dim ensão n o r­
m alizada, p o r exemplo, 24. O nom e que darem os a cada
grupo destes é palavra. Por definição, cad a palavra possui
um único endereço. Sugerim os ainda que cada palavra,
Endereço

jL
2345
-1-01_0L0 0 0 0 0 0 110 0 111 11010111V 0 1 1
0

2346 i ---1------
0 0 0 1 1 oio 0 o i o iio o o o :
_i_i_i—1—1_1_1_,i—i—i_i_i_i_» « ■1.°!0.0.0i_0i_1i_1

2347
i *t »
■ o Io iI I --!
o ’-o-1--
l 1-o- 1-o-1-o- 1i--lh_ot ,o1 i|_l_|
i _
i »
i oI i Io Ii o1 iI
A — contem o equivalente binário puro de 2 6 5 2 3

B — contem o equivalente em codificação binária de 6 5 2 3


C — contém os' caracteres alfabéticos T A P E

F ig . 4 — E x e m p lo s -de u m a p a la v r a d e 24 b its.

contendo p o r exem plo 24 bits, p ossa ser subdividida num


certo n úm ero de localizações de caracteres, p o r exemplo,
q u atro de seis b its cada. E stas subdivisões são n o rm al­
m ente conhecidas pelo nom e de bytes. Talvez conviesse
m encionar agora que, ao co n trário de cad a palav ra que
é endereçável, ou seja, possui um a referência de endereço
único, os caracteres individuais, ou bytes, já não a têm .
No entanto, se os dados se en co n trarem organizados
de tal m odo que o p rim eiro deles a ser lido apareça
sem pre no p rim eiro grupo (ou seja byte) da palavra, e
os caracteres seguintes dispostos n u m a sequência estrita,
a m áquina n ecessitará apenas de conhecer o endereço da
palavra, lendo o p rim eiro c a rác te r continuando a fazê-lo
até receb er u m a instrução p a ra p a ra r a leitura. E sta ins­

40
tru ção de paragem pode ser dada dizendo à m áquina p a ra
ler um certo núm ero bem definido de caracteres, p o r
exemplo.
Um o u tro m étodo de levar a m áquina a in terro m p e r
a leitu ra dos dados co n sistirá em colocar u m grupo esp e­
cial de b its com o significado «parar» (nas instruções do
program a, utiliza-se neste caso a palavra inglesa «stop»)
depois do últim o c a rá c te r q u e deva ser lido.

41
3

LÓGICA DE COMPUTADORES

O objectivo deste cap ítulo consiste em ob serv ar


alguns dos princípios em que é baseada a concepção de
um com p utador. H oje em dia, ouve-se falar m uito de
autom ação, o que de facto se refere a um processo que
é realizado autom aticam ente. As m áquinas d istrib u id oras
foram em tem pos consideradas «autom áticas». Q uando
nelas se introduz um a m oeda, é-se servido auto m atica­
m ente do p roduto, em vez de se te r de falar com u m
vendedor agarrado a um a m áquina registadora. Quando
estam os a falar de autom ação pensam os nu m a tare fa que,
depois de iniciada, é co n tin u ad a até ao fim sem neces­
sidade de qu alquer o u tra intervenção hum ana. E sta p ro ­
pried ade autom ática é um a característica do com putador,
se bem que, evidentem ente, n ão b aste p o r si só p a ra o
definir n a m edida em que se devem re ferir além disso
a velocidade, o rigor e a capacidade p ara realizar op era­
ções bem definidas.
No entanto, observem os um pouco m ais de p erto
este p rincípio da autom ação. Se voltarm os ao exemplo
da m áquina distrib uidora, verificarem os que en tre o m o­
m ento em que a m oeda é inserida e aquele em que o
p ro d u to é ejectado se verifica um certo núm ero de p assos
lógicos realizados autom aticam ente. Q uando a m oeda é
inserida, a p rim eira coisa a fazer é realizar um a decisão
S im -N ã o no sentido de decidir se esta é ou não aceite.
Isto envolve algum tipo de m edição ou pesagem que

43
d eterm in ará o passo lógico seguinte, que será re je ita r
ou aceitar a m oeda. De facto, pode ser necessário in serir
m ais que u m a m oeda p a ra que a m áquina funcione, caso
em que é necessário realizar u m a adição lógica. Em
seguida, vem a referência à p a rte da m áquina onde se
en co n tra o p ro d u to em causa. É novam ente realizada u m a
decisão: se a caixa do p ro d u to está vazia é necessário
re je ita r a m oeda, se está cheia deve ser accionado o m eca­
nism o que fornece o p ro d u to ao exterior.
Tudo isto constitui evidentem ente um processo au to ­
m ático m ecânico ou electrom ecânico, envolvendo alavan­
cas, rodas, relés, etc. O p rocessador ce n tral de um com ­
p u ta d o r é autom ático num sentido m uito sem elhante.
Depois de um dado processam ento te r sido iniciado, con­
tin u ará sem q u alquer intervenção hum ana até te r term i­
nado. O p rim eiro com p u tad o r foi construído com o m esm o
tipo de alavancas, rodas, etc., m as estas, com o é evidente,
im pediam a sua ca rac te rístic a m ais interessan te — a velo­
cidade.
A ctualm ente, os com p utadores são integralm ente elec­
trónicos e a sua capacidade lógica e autom ática é m elho­
ra d a através do controlo do caudal dos im pulsos eléctricos.
Por m uito eficientes que os antigos dispositivos m ecâ­
nicos fossem , os seus tem pos de funcionam ento eram
m edidos em segundos. M esmo os prim eiros com putadores
in tegralm ente autom áticos p erm itiam tem pos de microsse-
gundos (m ilionésim os), e nas m áquinas m ais recentes já
pensam os em term os de nanossegundos (bilionésimos).
Um p o ten te co m p u tad o r m oderno pode realizar a som a
de dois núm eros de 18 b its em m enos de 500 nanossegun­
dos, o que significa que pode realizar cerca de dois m ilhões
de cálculos p o r segundo. Com o recente desenvolvim ento
dos circuitos integrados, devemos agora com eçar a p en sar
em term os de picossegundos (trilionésim os).
Nos p rim eiros tem pos, os com putadores eram p o r
vezes designados p o r «cérebros electrónicos». E ste con­
ceito não é m u ito apropriado. No entanto, se o objectivo
d e um co m p u tad o r consiste em substituir-nos, de resto
com aum ento de velocidade, n a realização de ce rtas ta re ­

44
fas que de outro m odo deveríam ser realizadas pelo nosso
cérebro, deve de qu alq u er m odo ser capaz de sim ular
os nossos processos m entais. O ra um a d as capacidades
que nós possuím os num grau m aior ou m enor é a do
pensam ento lógico. E sta é a capacidade de resolver um
p roblem a seguindo os seus passos lógicos até chegar à
solução. Q uando analisam os os aspectos essenciais, com o
vimos no C apítulo 2, um com p utador é apenas capaz de
tra ta r conceitos m uito básicos. Todo o seu «pensam ento»
é de facto realizado em term os de 0 e 1; isto n ão significa
que não seja capaz de resolver problem as extrem am ente
com plexos, m as significa que estes problem as devem, em
ú ltim a análise, ser reduzidos a term os de zeros e uns.

Lógica dos com putadores

M encionám os an terio rm en te o term o autom ação rela­


tivam ente a um com putador. A fim de realizar au to m a­
ticam ente um a sequência de acontecim entos em que dife­
rentes acções devem re su lta r de condições variáveis, as
acções devem ser baseadas n a lógica das condições em
causa. P o r exemplo, p a rte da lógica da m áq u in a d istrib u i­
do ra é, se a m oeda n ão tem o peso correcto , rejeitá-la.
O com putador, ao realizar as suas operações, será conce­
bido de m odo a ap licar técnicas lógicas, e n tre as quais
se en co n tram a lógica da adição, da com paração (verifi­
cando coincidências ou grandezas), a lógica da contagem
e a lógica da com plem entação (inversão ou negação).
Todas estas operações devem ser realizadas em term os
de dois únicos valores, 0 e 1. E sta lógica b in ária tem com o
base um a ciência m atem ática conhecida pelo nom e de
álgebra booleana, desenvolvida pelo m atem ático George
Boole (1815-1864).

A Á lg e b ra B oo lea na

N a álgebra convencional que todos nós usam os, as


variáveis de qualquer afirm ação do tipo A + B = C podem

45
te r um núm ero infinito de valores. E m álgebra booieana,
as variáveis rep resen tam condições e cada afirm ação boo-
leana indica a relação lógica e n tre estas condições u tili­
zando «ligadores» lógicos com o sejam o «e» e o «ou»
(em inglês «and» e «or» — são estes os term os usados na
esc rita das expressões booleanas). A aplicação da álgebra
booieana ao com p utador deve-se à restrição das variáveis,
neste caso, a apenas duas condições possíveis, «verdadeiro»
e «falso», ou, num ericam ente, 1 e 0. A m an eira de aplicar
esta álgebra booieana no com p utador fundam enta-se n a
utilização de circuitos e dispositivos electrónicos. Dado
que, n estas condições, o núm ero de variáveis de u m a afir­
m ação booieana tem um núm ero finito de valores (dois
apenas no caso da lógica de com putadores), en tão o
nú m ero de funções a que estas variáveis podem d ar ori­
gem é igualm ente finito. E ste núm ero pode ser expresso
pela q uantidade 2n, onde n é o núm ero de variáveis
b inárias. Com duas variáveis, o núm ero de funções é
então de 22 = 4.
N este capítulo, não se p retende ap resen tar porm eno-
rizadam ente as proposições da álgebra booieana, m as sim
ilu stra r a m aneira com o esta m atem ática fornece a base
de funções específicas de com putadores e, a p a rtir daí,
de dispositivos electrónicos específicos.
C onsiderem os p o r exem plo um a proposição b astan te
sim ples. «Se estiver vento e estiver a chover, levarei o
m eu casaco». E sta afirm ação contém três variáveis. As
duas p rim eiras, «se estiver a fazer vento» e «se estiver
a chover» podem ser designadas p o r variáveis indepen­
d e n te s — podem ser verdadeiras ou falsas. O valor da
terceira «levarei o casaco», se bem que deva tam bém
ser verdadeira ou falsa, dep enderá já do valor das ou tras
duas. Podem os p o rta n to descrevê-la com o u m a função (f)
das o u tras duas variáveis independentes. Se designarm os
as variáveis em causa p o r A, B e C, poderem os exprim ir
a situação sob a form a C = f(A , B). Como vim os an te­
riorm ente, o núm ero de com binações de duas variáveis
b inárias é 2n. N este caso n = 2 e p o rtan to as funções
possíveis e n tre estas serão 4.

46
As q u atro com binações possíveis no nosso exem ­
plo são:

Não chove Não faz vento


Chove Não faz, vento
Não chove Faz vento
Chove^ Faz vento

As funções produzidas p o r estas com binações serão


resp ectivam en te:

Não levo o casaco


Não levo o casaco
Não levo o casaco
Levo 0 casaco

A B c

0 0 0 0

0 i 0

1 0 0 M

1 1 1

F ig . 5 — Tajbela d e v e rd a d e d a fu n ç ã o ilógica A N D .

Como é evidente, é m uito m ais fácil exprim ir estes


resultado s sob a fo rm a de u m a tab ela (figura 5). E ste tipo
de tabela é designado p or tabela de verdade, dado que
dá o valor de verdade de C p a ra todas as com binações
de variáveis independentes (variáveis constitutivas) A e B.
Poderá ser m ais sim ples a firm a r apenas que a coluna C
rep resen ta a função de saída de todas as com binações

47
de entrada. De facto, é esta a term inologia que usam os
quando aplicam os estes princípios aos com putadores.
E m term os booleanos, terem os um a proposição cujas
funções são determ inadas pela ligação lógica AND («e»,
em português). Cham a-se a esta relação um a intersecção,
o que significa que C só é verdadeiro quando A e B o
são igualm ente. Poderem os exp rim ir este facto algebri-
cam ente pela expressão C = A.B.
O utra m aneira de exprim ir esta relação será através
de um diagrama de Venn, que co n stitu i de facto o equi-

F ig . 16— D ia g ra m a de lYienn p a r a a fu n ç ã o ló g ic a A N D .

valente, em gráfico, de um a tab ela de verdade. Um dia­


gram a de Venn consiste essencialm ente em dois círculos
no in terio r de um rectângulo. Aqueles rep resen tam as
duas variáveis de en tra d a A e B. A área b ran ca em qual­
q u er dos círculos ou no rectângulo re p resen ta o valor
falso ou 0, en quanto que a área trac ejad a re p resen ta o
valor verdade ou 1. O diagram a da figura 6 rep resen ta a
nossa proposição original.
Tudo o que se en c o n tra no in te rio r do círculo A re p re­
sen ta a variável de e n tra d a A, en q u a n to que tudo o que
se encon tra no in terio r do círculo B re p resen ta a variável
de e n tra d a B. Do m esm o m odo, tu d o o que se en co n tra
fo ra do círculo A re p resen ta o com plem ento de A, ou seja o
NÃO A (NOT A, em inglês), n o rm alm en te indicado p o r A,
e tudo o que está fora do círculo B é B. Tudo o que

48
está fora da área em que os círculos se sobrepõem é
com um às variáveis A e B que, com o já vimos, pode
ser rep resen tad o pela notação booleana A.B. É esta área
a tracejad o que re p resen ta a função*de saída C com o
verdadeira (1), verificando-se este resultado apenas quando

F ig . 7 U m 'Circuito eléctrico simples ilustrando a função AiMD.

A C igual a 1 quando A e B

& > forem iguais a 1

F lg . 8 — P o r t a A N D .

as duas variáveis de e n tra d a A e B constituem u m a con­


dição verdadeira.
E sta proposição é conhecida pelo nom e de função
lógica AND («e» em português), que de facto estipula
que, no caso de duas variáveis b inárias de en trad a, a
saída só será v erdadeira (1) quando am bas as en trad as o
forem . E sta função AND pode ser realizada p o r um sim ­
ples circuito eléctrico ap resentado na figura 7. P ara
que a lâm p ada C esteja acesa (valor lógico 1), am bos os
in terru p to res A e B devem e sta r ligados (terem am bos
o valor 1).
Os dispositivos que realizam electronicam ente as p ro ­
posições da álgebra booleana são conhecidos pelo nom e
de p o rta s (em inglês, «gates»). Um a p o rta AND, com o o
nom e im plica, é concebida p a ra realizar um a função AND.
4
49
E m itirá um im pulso de saída sem pre que forem aplica­
dos im pulsos sim ultaneam ente às duas en trad as (figura 8).
V oltem os agora à nossa proposição original e altere-
mo-la um pouco: «Se estiver a chover ou a fazer vento,
levarei o m eu casaco». A ligação lógica é agora realizada
p o r um OU, o que evidentem ente irá a lte ra r as funções
que derivam da condição das variáveis. Se bem que as
com binações de condições das variáveis de e n tra d a con­
tinuem a ser as já citadas, as funções serão agora:

Não levo o casaco


Levo o casaco
Levo o casaco
Levo o casaco

A tabela de verdade desta proposição OR («ou» em


inglês, que co nstitui o term o usado em álgebra boo-
leana) e o seu diagram a de Venn são ap resen tad o s na
figura 9. E m term os booleanos p o d ería ser expresso
com o C = A + B.

A B c

0 0 0

0 1 1

1 0 1

1 1 1

F ig . 9 — Taibela de v e rd a d e e d ia g r a m a de V enn p a r a a fu n ç ã o
!l ó g lc a O R.

Do m esm o m odo, as áreas tracejad as do círculo do


diagram a de Venn indicam um a posição de verdade p ara
A e p a ra B. Isto significa que se tan to A com o B forem
verdade (1), então a função de saída C deve ser igualm ente
verdade (1). Isto é conhecido pela designação de propo-

50
sição lógica OU e pode ser dem onstrado p o r um circuito
eléctrico sim ples (figura 10). P ara que a lâm pada C esteja
ligada, é necessário que pelo m enos um dos in terru p to res
A ou B o esteja.
Tal com o no caso da proposição AND, pode-se cons­
tru ir um a p o rta electrónica p a ra produzir as funções de

F ig . 10 — U m c irc u ito elé c tric o sim piles q u e m o s tr a a re a liz a ç ã o


d a iproposição OR.

um a proposição OR. Conhecida pelo nom e de p o rta OR,


em itirá um im pulso sem pre que esteja p resente um
im pulso em qualquer das en trad as ou em am bas sim ul­
taneam ente (figura 11).

A------►
C igual a 1 quando A , B
1 ------ C ou am bas iguais a 1

B------>-

F ig . 11 — A p o n ta OR.

Pensando agora no que se disse no Capítulo 2, as


regras básicas da adição são:

0 + 0 = 0
1 + 0 = 1
0 + 1 = 1
1 + 1 = 0, transporte 1.

51
Esquecendo p o r agora o tran sp o rte , é ainda evidente
que nenhum a das p o rtas discutidas até agora p ro d u zirá
exactam ente estes resultados. A p o rta OR satisfaz as três
p rim eiras condições, m as nenhum a resp eita a qu arta.
P ara tal, é necessário in tro d u zir um a o u tra proposição
booleana. E sta estipula que quando um a variável, p o r
exemplo B, é verdadeira, então tudo o que não é B, ou
é não-B (B), será falso e, reciprocam ente, quando B é
falso, B será verdadeiro. Isto constitui de facto um a pro­
posição de inversão, conhecida pelo nom e de função NOT
(«não» em português). E ste inversor p ossui apenas u m a
en tra d a e um a saída e significa, em term os práticos, que
a saída será 1 quando a en tra d a é 0 e 0 quando a en trad a
for 1.
Podem os agora ju n ta r estas três proposições, AND,
OR e NOT sob a form a d e um dado a rra n jo de p o rtas
que p erm itirá realizar a operação de adição. Chama-se
a este a rra n jo ou m ontagem um semi-som ador.

S e m i-s o m a d o r

A figura 12 m o stra um arran jo típico de p o rtas cons­


titu in d o um sem i-som ador, através do qual é possível o b te r
as q u atro com binações de valores de A e B como se segue:

E n tr a d a E n tr a d a p a r ta E n tr a d a p o r ta E n tra d a Saída
AND 1 AND 2 p o rta OR

A B
0 0 1 0 0 1 0 0 0
1 0 0 0 1 1 0 1 ,1
0 1 1 1 0 0 1 0 1
1 1 0 1 1 0 0 0 0

52
F ig. 1 2 —■.Semi-isotmador b in á rio ide u m b it (fu n ç ã o OR
e x c lu siv a ).

E sta m ontagem dá as condições daquilo que é de­


signado pela OR exclusiva, escrita sob a form a

C = A.B + À.B

o que significa que C (saída) é verdade (1) quando B


o é e A não, e quando A o é m as não B. E ste dispositivo,
um sem i-som ador de um bit, é designado p o r p o rta OR
exclusiva (figura 13).

Uma entrada em
A— ► A ou B, mas
> não em ambas,
dá um a saída
B—►

F ig . 13 —■P o r t a O r ex clu siv a.

S o m a d o r d e w m b it

Devemos considerar agora o p rob lem a do tra n sp o rte


do um , com o no caso do 1 + 1 = 0 tra n sp o rte 1 e
1 + 1 + 1 = 1 tra n sp o rte 1. P or definição, quando se veri­
fica o tra n sp o rte no processo de adição, terem os de u tili­

53
zar um a terceira entrada. N a tabela seguinte, Cl re p re­
sen ta a terceira entrada, de tran sp o rte , e C2 o segundo
im pulso de saída que irá surgir com o dígito de tran sp o rte.
A gam a de com binações de e n tra d a e de saída é ap re­
sentada a seguir:

E n tr a d a s S a íd a s
Cl A B s C2

0 0 0 0 0
0 0 1 1 0
0 1 0 1 0
0 1 1 0 1
1 0 0 1 0
1 0 1 0 1
1 1 0 0 1
1 1 1 1 1

A crescentando m ais p o rtas à p o rta exclusiva OR,


poderem os conceber um som ador com pleto de um b it
que corresp on derá a estes requisitos. A figura 14 m o stra
a m aneira com o este pode ser obtido.

F ig. 14 — S o m ad o r b in á rio d e u m b it.

1. As en trad as A e B são aplicadas sim ultaneam ente


à p o rta AND e à p rim eira p o rta exclusiva OR.
2. A saída da p rim eira p o rta exclusiva OR tra n s­
form a-se na e n tra d a da segunda p o rta exclusiva OR.

54
3. Q ualquer saída da p o rta AND é tra n sp o rta d a ao
conjunto seguinte de portas, com o segunda en tra d a à
segunda p o rta exclusiva OR, e ainda com o u m a en tra d a
adicional à p o rta AND. E sta p o rta AND d ará um im pulso
de saída se qu aisquer dois dos três im pulsos de en tra d a
estiverem presentes.

O a rra n jo da figura 14 constitui um exemplo do cir­


cuito necessário p a ra a adição d e dois dígitos b inários
— um som ador de um bit. N a p rática, estam os a tra ta r
de expressões b inárias contendo um certo núm ero de
dígitos. E xistem duas m aneiras de tra ta r a adição de dois
núm eros deste tipo. Um consiste em u sa r apenas u m
circuito de som a e alim entar os b its em pares, um de
cada núm ero, a p a r tir da direita. Chama-se a isto adição
em série m as, neste caso, o dígito de tra n sp o rte deve ser
atrasad o de u m ciclo, de m odo a que en tre no som ador ao
m esm o tem po que o p a r de b its sucessivo. A o u tra m a­
n eira co nsiste em m o n tar um certo núm ero de p o rta s in te r­
ligadas, através das quais todos os b its das expressões
p ossam p a ssa r sim ultaneam ente. Isto é conhecido pelo
nom e de adição paralela. Um exem plo deste m odo d e
adição, utilizando duas expressões b inárias de sete bits,
é m o strad o nas figuras 15 e 16.
A p a rte do processador cen tral do co m p u tad o r con­
cebida p a ra realizar as operações aritm éticas utilizando
estas p o rtas electrónicas é conhecida pelo nom e de uni­
dade aritm ética. E m m uitas m áquinas, existem localizações
especiais de registo, conhecidas pelo nom e de acum ula­
dores, p a ra as quais são tran sferid o s os núm eros que
devem ser trata d o s nestas operações aritm éticas e onde
são igualm ente guardados os resultados dos cálculos. P or
exemplo, pretende-se som ar X e Y, que se en contram na
m em ória do co m p utador nos endereços 496 e 723 re s­
pectivam ente. P rim eiram ente, copia-se a expressão X,
passando esta do endereço 496 p a ra um acu m u lad o r e em
seguida transp orta-se a expressão Y do endereço 723 a tr a ­
vés da unidade aritm ética ju n ta m e n te com o conteúdo
do acum ulador (X). A resp o sta re su ltan te é en tão colo-

55
P rim e ir a p o rta O R S e g u n d a p o rta O R
P o rta A N D ex c lu siv a
e x c lu siv a

E n tr a d a E n tr a d a E n tr a d a

P osição S a íd a S a íd a 1 2 S a íd a
1 2 3 1 2
do b it (d a p ri­ (sa íd a
(sa íd a A N D m eira A N D do
do a n d a r p o rta O R a n dar
a n te rio r) eooclusiva) a n te rio r)

1 0 0 0 0 0 0 0 0 0

2 0 1 0 0 0 1 1 1 0 1

3 1 1 0 1 1 1 0 0 0 0

4 0 0 1 0 0 0 0 0 1 1

5 0 1 0 0 0 1 1 1 0 1

6 1 1 0 1 1 1 0 0 0 0

7 0 0 1 0 0 0 0 0 1 1

F ig . 15 — A a d içã o -de 110110 e 100100 u tilizan d o u m a p o r ta A N D e d u a s p o r ta s O R o x clu siv as.


0

- ----------------7 ' ~ .
U

ii- í

-^1
T"
n ____________ r ____ -w______
— > -

1 j '

w A fi
1 ---------- — e— > ---------- * S

=1

____ __'w.____
n______ A__^___:
1 ; *
1--

(Fig. 16— Somador d* iseds toitis, ilustrando a adição de 110110


© 100100.

57
cada no acum ulador sub stituindo a expressão original X.
E ste to tal pode então ser tran sp o rta d o p ara um dos
endereços originais, colocado num endereço novo ou
retid o no acum ulador p a ra o u tro s cálculos.
E xistem no entanto algum as m áquinas que não u ti­
lizam acum uladores especiais com o tais, antes passando
os dados directam ente dos endereços de m em ória, através
da unidade aritm ética, e m ovim entando o resu ltad o di­
rectam ente p a ra um dos endereços originais, «apagando»
o dado original. E ste m odo de funcionam ento é designado
p o r «som a à m em ória».

Tem porização

Um com p u tador é um a m assa de equipam ento electró­


nico, através do qual se p assa co n stan tem en te inform ação,
sob a form a de dados e instruções, a velocidades extre­
m am ente grandes. Toda esta inform ação se en co n tra na
fo rm a de im pulsos eléctricos, rep resen tan d o dígitos bin á­
rios. A fim de realizar operações lógicas e aritm éticas,
é necessário sincronizar o m ovim ento destes b its de tal
m odo que sejam reunidos n a posição c o rrec ta nos m uitos
m ilhares de endereços de m em ória existentes, exactam ente
no m om ento indicado, m edido com um rigor de m ilioné­
sim os de segundo. E sta tem porização é sincronizada p o r
um dispositivo que em ite im pulsos que viajam através
de todas as p a rte s do com p utador a um a frequência
co n stan te d u ra n te todo o tem po em que o co m putador
está a trab alh ar. O nom e dado a este dispositivo é o de
gerador de im pulsos de tem porização, assum indo m u itas
vezes a form a de um oscilador de alta frequência con­
tro lad o p o r cristal que pode p ro d u zir im pulsos quadrados.
A frequência dos im pulsos de tem porização v aria de
m áquina p a ra m áquina. É cham ada razão de tem porização
e encontra-se na. região dos vários m egaciolos (milhões
de ciclos com pletos) p o r segundo. O im pulso de tempo-
xização é a m enor unidade indivisível de tem po do com ­
p u ta d o r e pode, pela sua presença, re p re se n ta r um binário

58
1 ou, através da sua ausência, um valor lógico 0. A razão
de tem porização determ ina to d a a escala de tem pos do
funcionam ento do com putador, dem orando cada operação
um núm ero bem definido de im pulsos. E ste intervalo
m ínim o de tem po en tre operações sucessivas de com ­
p u tad o r é designada p o r tem po cíclico da m áquina, um
factor que é n orm alm ente referido nas especificações da
m áquina, fornecidas pelo fabricante. O tem po cíclico é
m edido em m icrossegundos ou, em com putadores m uito
rápidos, em nanossegundos.

C onstrução das portas

As p o rtas constituem de facto um tipo de in te rru p to r,


sendo m uitas vezes designadas p o r interruptores lógicos.
Podem ser con struídas com q ualquer dispositivo capaz
de iniciar ou in terro m p e r o fluxo de corren te quando tal
se p retende; com efeito, com o vimos an terio rm en te,
podem ser co n stru íd as com circuitos eléctricos vulgares,
utilizando in terru p to res m anuais que serão aberto s ou
fechados à vontade do utilizador. E m alguns dispositivos
iniciais eram usados relés, ou seja, in terru p to res que
podem ser accionados aplicando a co rren te de um
electroím an. E ste tipo de dispositivo electrom agnético,
ap esar de te r b astan te segurança de funcionam ento, é
tam bém b astan te lento, e p o rta n to não pode ser usado
nas operações de com utação no in terio r do co m putador.
Alguns dos prim eiros com putadores usavam válvulas ter-
m iónicas p a ra c o n tro la r a em issão de corrente, m as no
caso dos com p utadores m odernos só se utilizam tra n ­
sistores.
B asicam ente, um tra n sisto r tem três elem entos, um
em issor, um a base e um colector. Pode tra b a lh a r a u m a
tensão m uito baixa e, ao co n trário de um a válvula, não
re q u er q ualquer circuito de aquecim ento. Alimenta-se
co rren te ^10 tra n sisto r através do em issor e obtém -se o u tra
co rren te a p a r tir d o colector. A base co n tro la o fluxo de
co rren te en tre am bos. Uma co rren te aplicada à base

59
provocará a passagem de um a c o rren te e n tre o em issor
e o colector, e a ausência dessa co rren te n a base im pe­
dirá a passagem de corrente e n tre os o u tros dois ele­
m entos. O dispositivo é conhecido pelo nom e de tra n ­
sisto r sem icondutor. E m term os b astan te sim ples, se for
aplicada um a en tra d a A à base do tran sisto r, um im pulso 1
provocará a passagem de co rren te através do dispositivo,
enquanto que um im pulso 0 a im pedirá.
A figura 17 m o stra alguns circu ito s tran sistorizados,
concebidos p a ra realizar a lógica das p o rtas AND, OR
e NOT. O circuito de p o rta AND contém dois tran sisto res
m ontados em série, o circuito OR dois tran sisto res em
paralelo e a acção do tra n sisto r único existente n a p o rta
NOT consiste em re tira r a co rren te da saída q uanto o
tra n sisto r está ligado, isto é, quando se en co n tra no
estado condutor.
O tipo de in te rru p to r lógico electrónico que tem os
estado a d iscu tir é apenas isto, ou seja, um dispositivo
que serve p a ra realizar operações de com utação, isto é,
em itir um im pulso de saída quando lhe é apresen tad o
um d eterm inado conjunto de im pulsos de en trad a. De
m odo nenhum arm azenará im pulsos que rep resen tem
dígitos binários p o r qu alq u er período de tem po. No en ­
tanto, os im pulsos que são apresentados aos in terru p to res
lógicos devem vir de algum lado, e o único sítio de onde
podem vir é algum dispositivo existente no processad o r
central, no qual possam encontrar-se arm azenados. Além
disso, o dispositivo de arm azenam ento deve p o ssu ir duas
qualidades, a saber, (a) a capacidade p a ra e m itir im pulsos
rep resentan do a inform ação b in ária arm azenada e re te r
esta inform ação (que de o u tro m odo seria d estru íd a e
perdida) e (b) a capacidade p a ra a lte ra r a inform ação que
contém , quando esta já não é necessária.
O arm azenam ento no p rocessador é basicam ente de
dois tipos. A m aior p a rte dos registos é concebida p ara
arm azenar a m assa de inform ação, dados e instruções de
program a, que deve ser utilizada m ais cedo ou m ais tarde,
enquanto que um pequeno núm ero de dispositivos de
m em ória é concebido p a ra g u ard ar inform ações p a ra

60
NOT

FUg. 17 — P o r ta s tr a n s is to riz a d a s A N O , O R e N O T .
utilização im ediata. E sta técnica será discutida em m aior
p orm en or no capítulo 5, pelo que agora apenas re ferire­
m os que a inform ação que se to rn a necessária é tra n s­
ferida da m em ória p a ra um de um pequeno núm ero de
registos de trab alh o e, quando a operação é com pletada,
tran sferid a de novo p ara a m em ória. Na m aior p a rte
das m áquinas, esta m em ória, com o é usualm ente cham ada,
utiliza um princípio de funcionam ento m agnético — os
núcleos de jerrite (ver o capítulo 5). E ste tipo de m em ória
não p erm ite realizar da m aneira m ais conveniente todos
os pontos m encionados em (a) e (b), e p o rtan to é usado
um princípio de funcionam ento d iferente na co n stru ção
dos registos de trabalho. Não só estes arm azenarão in fo r­
m ações sob a form a de um a rep resentação estável de
estados 0 e 1 d u ra n te um período indefinido, com o tam bém
actu arão com o in terru p to res electrónicos capazes de em i­
tirem im pulsos, quando tal se to rn a necessário, re p re ­
sentando o seu estado actual, e sendo ainda capazes de
a lte ra r esse estado sem pre que preciso, ou seja, destru in d o
a inform ação existente e substituindo-a p o r nova. E stes
dispositivos são designados pelo nom e de elem entos
bi-estáveis ou flip-flops.

Flip-Flops
Na sua form a m ais sim ples, este dispositivo te rá
duas entradas, S e R (ver a figura 18), e duas saídas que
designarem os p o r F e F (F e não F). Uma saída em F
será o equivalente do b inário 1, enquanto que um a saída
em F será equivalente ao binário 0. O aspecto m ais
im p o rtan te é que a saída se m an terá co n stan te em F ou F
(1 ou 0) até ser introduzida um a variação nas en trad as
S ou R. P or o u tras palavras, o seu estado será estável,
m antend o a m esm a inform ação, até ser in tro d u zid a u m a
variação nas entradas.
Sem e n tra r nos aspectos detalhados da electrónica
em pregue na sua construção, um flip-flop pod erá ser

62
co nstituído p o r dois tran sisto res ligados p o r um circuito
de realim entação. Isto significa que só um dos tra n sis­
tores esta rá a conduzir em qu alq u er m om ento, sendo o
segundo bloqueado através do circuito de realim entação.
E sta realim entação significa que, no caso de ser ali­
m entada um a tensão à base do tra n sisto r (a) levando-o
a conduzir —no sentido do em isso r p ara o colector — ,
sim ultaneam ente, através de u m a série de resistências,
Ssí(:as
Entrada Saída
F
Equivalente Equivalente s R F F
binário 1 binário 0

0 0 0 1
1 0 1 0
F lip flop

0 0 1 0
0 1 0 ■1.
Entradas
0 0 0 1
S R
( marcar) (remarcar)

iFftg. 1*8 — S ím b o lo ló g ico e ta b e la de v e rd a d e .

essa tensão b loqueará a base do tra n sisto r (b), não o


deixando conduzir. Inversam ente, um a tensão aplicada
à base de (b) im pedirá a condução em (a). R ecordando
que está aplicada continuam ente ao em issor um a co rren te
e que a sua passagem p ara o colector é determ inada pelo
estado da base, se se p retende que as en trad as S e R
influenciem o funcionam ento do flip-flop, deverão ser
ligadas à base dos dois tran sisto res. Prevalecem então
as seguintes condições:

1. P artindo do princípio de que F = 0, se for apli­


cado u m im pulso a S (S = 1), então a condição será
alterad a e F transform a-se em 1. M anter-se-á neste estado,

63
m esm o no caso de S v o ltar a 0. Isto é conhecido com o
acção de marcar.

2. Se for aplicado u m im pulso a R (R = 1), en q u an to


S = 0, então o dispositivo voltará ao seu estado original
F = 0. Isto é conhecido com o acção de remarcar.

Aplicação dos flip-flops

Como foi sugerido anteriorm ente, são necessários


registos especiais na p a rte de trab alh o do p ro cessador
central, a fim de g u ard ar inform ações im ediatam ente
utilizadas. C ada registo é constituído p o r um certo núm ero
de flip-flops, sendo cad a um deles capaz de g u ard ar um
dígito binário. Segue-se um a listagem de algum as das
tarefas que estes registos cum prem .

C o ntador bm ário

A contagem é um a técnica utilizada na m aio r p a rte


dos sistem as de trata m e n to de dados. No capítulo 7
podem -se en co n trar exemplos da sua utilização. Existe
um certo núm ero de dispositivos lógicos diferentes que
podem ser usados p ara este objectivo, sendo o apresen ­
tad o em seguida apenas um exemplo utilizando flip-flops.
Baseia-se num princípio de divisão p o r dois, o que
significa que p a ra cada duas en tra d a s ao circu ito lógico
contad or é dada apenas um a saída. Um conjunto de cir­
cuitos deste tipo é ligado de tal m odo que a saída do
p rim eiro se tran sfo rm a n a en tra d a do segundo, a saída
do segundo na en tra d a do terceiro, etc. Deste m odo, cada
circuito sucessivo re p resen ta rá u m a potência de dois cada
vez m aior, e os respectivos valores re p resen tarão um a
expressão b in ária pura. Na figura 19, apresenta-se um
elem ento único deste tipo de contador, conhecido pelo
nom e de divisor binário. Im agine-se que no flip-flop A, F
re p resen ta o arm azenam ento do valor lógico 1. A recicla-

64
gem d este im pulso, coincidente com o im pulso seguinte
n a p o rta AND 1, perm itir-lhe-á em itir u m im pulso de
«m arcação» ao flip-flop, que p o r sua vez em itirá u m
im pulso de saída que se tra n sfo rm a rá no im pulso de
e n tra d a do circuito seguinte. A p o rta AND 2 será bloqueada
dad o que se F = 1, F deverá se r igual a 0 e p o rta n to a
A tra s o 'd e um clcto

Fig. 19—■Elemento ée contagem de «'divisão por dois».

e n tra d a a esta p o rta será 0 e 1. O im pulso seguinte levará


a p o rta AND 2 a em itir um novo im pulso de m arcação
que to rn a rá F = O e p o rta n to não m otiv ará q u alq u er
novo im pulso ao circuito seguinte. D este m odo, cad a
segundo im pulso de en tra d a d a rá um a saída.

Complementação

Como já vim os, a com plem entação co n stitu i u m a


função n ecessária em aritm ética de com putadores p a ra
execução das funções de sub tracção e divisão. Utiliza o
circu ito NOT, ou princípio de inversão, convertendo Os
em ls e ls em Os. M antém -se o p rob lem a de som ar 1 a fim
de o b te r o com plem ento verdadeiro. Como já vimos, ao
d iscu tir a sub tracção com p lem entar an terio rm en te, o
dígito m ais significativo do resultado, o algarism o m ais
à esquerda, é sem pre u m 1 que deve ser ignorado quando
se lê a re sp o sta correcta. Na p rática, se este 1 fo r remo*
5
65
vido e tran sp o rta d o de m odo a ser som ado ao dígito m enos
significativo, a resp o sta será então o com plem ento ver­
dadeiro.

R e g is to s d e d eslo c a m e n to

Um registo de deslocam ento consiste nu m ce rto nú­


m ero de flip-flops interligados, suficiente p a ra acom odar
um a palavra, no qual a rep resentação b in ária pode ser
m ovim entada, ou deslocada, p ara o flip-flop seguinte sem ­
p re pela m esm a ordem , podendo este deslocam ento ser
realizado, flip-flop a flip-flop, ao longo de todo o conjunto
destes em caso de necessidade. Q uando o conteúdo de
um flip-flop é m ovido p a ra o seguinte, cham arem os ao
processo deslocam ento directo; quando m ovido p a ra o
an terio r, cham ar-lhe-em os deslocam ento inverso. Dois
exem plos do uso de registos de deslocam ento serão a
conversão do m ovim ento em série dos b its em m ovim ento
paralelo, com o se to rn a m uitas vezes necessário nos p ro ­
cessos de en tra d a /sa íd a , e as operações aritm éticas
necessárias p a ra dividir ou m u ltip licar um nú m ero pela
su a raiz. A figura 20 ilu stra a diferença da tran sferên cia
d e dados nos m odos em série e paralelo.
N a figura 21, apresenta-se um exemplo de circu ito
de registo de deslocam ento. Considere-se que no flip-flop A,
F = 1. E ste im pulso de saída é subm etido, ao m esm o
tem po que u m im pulso de tem porização (ou de com ando,
com o tam bém é cham ado), a um a p o rta AND, que p o r sua
vez em itirá um im pulso de m arcação p a ra A + 1, to rn an d o
F, neste segundo flip-flop, igual a 1. Dado que F = 0,
não será em itido q u alq u er im pulso de rem arcação a p a r­
tir d a o u tra p o rta AND. R eciprocam ente, se F em A for
igual a 1, então F deverá ser igual a 0. N este caso, é
em itido um im pulso de rem arcação a p a r tir da segunda
p o rta AND, to rn an d o F em A + 1 igual a l e p o rtan to
F = 0. São incorporados elem entos de atraso en tre o
flip-flop e as p o rtas AND, p erm itindo que o deslocam ento

66
de um im pulso seja efectuado antes de o im pulso Seguinte
se r inserido em A.

F ig . 20 — T ra n s fe rê n c ia d e p a la v r a s em sé rie e em p a ra le lo .

Im pulso de com ando « l l

67
Codificação decimal/ binária
N a m aior p a rte dos casos, os dados p rim eiram en te
com unicados a um co m p u tad o r são expressos em term os
decim ais utilizando os sím bolos 0 a 9 ou um a rep resen ­
tação destes sím bolos. No caso dos cartões p erfu rado s,
são rep resen tad o s p o r orifícios em posições bem definidas
e, no caso da e n tra d a através de teclas, p o r teclas espe­
cificadas.
Um a m aneira de co nverter a rep resen tação decim al
p a ra b in ária consiste em p assa r o im pulso criado ao
sen tir um orifício ou p re m ir um tecla, através das p o rta s
q u e rep resen tam valores binários. A saída destas p o rtas
é então m ovim entada p a ra registos de flip-flops que con­
terã o agora a rep resentação b in ária dos dados de en tra d a,
p ro n to s p a ra tran sferên cia p a ra endereços de m em ória.
A figura 22 m o stra em princípio a m aneira com o isto é
feito. P ara obtenção de saídas, existem descodificadores
d e b in ário p a ra decim al que realizam a m esm a tarefa.
N este caso, os dados são m ovim entados da m em ória p a ra
registos de flip-flops, cujas saídas são subm etidas sim ul­
taneam ente a u m certo núm ero de portas, sendo cada
u m a delas capaz de aceitar apenas o p ad rão bin ário do
dígito decim al rep resen tad o (figura 23).

Instruçõ es de descodificação

Vimos an terio rm en te que cada função que o p ro ­


cessador deve realizar é identificada p o r um dado p ad rão
binário, p erm anentem ente arm azenado n a m em ória. Ve­
jam o s agora a m aneira com o a m áquina escolhe o cir­
cu ito necessário p a ra realizar u m a dada função.
Como exemplo sim ples, considerem os apenas q u atro
funções, sendo cada u m a delas re p resen ta d a p o r u m
código bin ário de dois dígitos da seguinte m aneira:
S om ar 00
'S u b tra ir 01
D iv id ir 10
M u ltip lic a r 11

68
Decim al 0 1 2 3 £ 5 6 7 8 9

Fig*. i22 — C o d ificação d ecim al /b in á rio .

O código binário é m arcado num registo, neste caso


de dois flip-flops, e as saídas dos flip-flops conduzem a
q u atro p o rtas AND, cada u m a delas con tro lan d o u m a
das an terio res q u atro funções.
Se, p o r exemplo, os flip-flops contêm o código de
divisão — 10 — então a saída de A será F (binário 1) e a
saída de B, F (binário 0) (figura 24). E stes dois im pulsos
coincidirão apenas n um a das p o rta s AND, a qual co n tro ­
la rá a operação de divisão. P o r sua vez, e sta operação
levará a p o rta a e m itir um im pulso que activa o circuito
necessário.

69
Flíp flop.í

F ig . 23 —. iDescodif ic a ç ã o b in á ria /d e c im a l.

79
Somar

Subtrair

Dividir

Multiplicar

Fig. 24— rtescodificação das instruções.

71
4

ENTRADAS E SAÍDAS DE COMPUTADORES

Vim os an terio rm en te que o «cérebro» de u m com ­


p u ta d o r é o seu p ro cessad o r cen tral. E ste p ro cessado r
realiza u m certo trab alh o sobre dados que lhe são subm e­
tidos, arm azena os dados em que e stá a tra b a lh a r e
arm azena tam bém o p ro g ram a que d eterm in a os p ro ­
cessos a realizar. Realiza ainda u m a função de controlo,
regulando o caudal de dados e o seu trata m e n to , fazendo
tu do isto a velocidades incrivelm ente altas.
O objectivo deste capítulo consiste em co n sid erar
a m aneira com o estes dados, com os quais tra b a lh a o
p rocessad or central, são conduzidos até ele, e rev er a
m an eira com o os resu ltad o s do trata m e n to são com uni­
cados ao exterior. C ham arem os a estes dois elem entos as
funções de entrada e saída de u m com putador.

D ispositivos e m eios de entrada

E m ú ltim a análise, o p ro cessad o r c e n tra l de u m


co m p u tad o r digital só pode aceitar, com preender e m a­
n ip u lar inform ação que lhe seja ap resen tad a n a fo rm a
digital e, com o já vim os, isto significa u m a série de

73
dígitos binários. No que toca ao com putador, estes dígitos
b in ários são-lhe conduzidos sob a form a de u m a série
d e im pulsos eléctricos (figura 25).

_n 1
_
0
r
1
L n
1
_
0
_ n _
1

F ig . 25 — C o rre n te d e d íg ito s b in ário s.

É no en tan to difícil p en sar em q uaisqu er dados o b ti­


dos n esta fo rm a e ap resentados tal qual ao com putador.
Torna-se assim necessário c o n stru ir u m dispositivo, li­
gado ao processador, capaz de aceitar os dados n u m a
o u tra form a e de os co n v erter n u m a série de im pulsos
bin ário s que o p rocessador cen tral possa aceitar. Vimos
no capítulo 1 que estes são conhecidos com o dispositivos
d e en tra d a e fazem p a rte do grupo de m áquinas que
su p o rtam o pro cessador e são conhecidas p o r periféricos.
No entanto, se p ensarm os no assunto d u ra n te u n s
m om entos, verificarem os que o dispositivo de e n tra d a
é, em si, apenas u m a m áquina e só será capaz de ac eitar
dados n a fo rm a p a ra a qual foi concebido. Uma m áquina
de escrever, p o r exemplo, só ac eitará dados se p rem irm o s
as suas teclas. Não vale a pena falar-lhe e esp erar que
ela escreva o que lhe dizemos, ou m ostrar-lhe u m con­
ju n to de notas m anuscritas e esp e rar que ela auto m atica­
m en te as transcreva. Com o é evidente, os dados não são
necessariam en te originados n u m a form a aceitável pelo
dispositivo de en trad a. Devemos p o rta n to in te rp o r en tre
os dàdos originais e o dispositivo de e n tra d a algum m e­
canism o de conversão que os to rn e aceitáveis. Pode­
riam os, assim , conceber os estados seguintes, conducentes
áo ponto em que os dados são lidos p a ra a m em ória do
com p utado r:

O C O R R Ê N C IA

*
R E G IS T O O R IG IN A L
D A O C O R R Ê N C IA ----------- —» D O C U M EN T A Ç Ã O D E F O N T E

*
C O N V E R SÃ O P A R A U M A
F O R M A A C E IT A V E L
P E L A M A Q U I N A --------------- > P R E P A R A Ç Ã O D O S D A D O S

*
D IS P O S IT IV O S D E
E N T R A D A ---------------- ---------» E N T R A D A D E D A D O S

COM PUTAD OR

Como verem os, alguns m eios de e n tra d a u tilizarão


todos estes dados, enquanto o u tro s são concebidos p a ra
cu rto -circuitar p a rte deles. Isto tornar-se-á m ais ap aren te
à m ed id a que exam inarm os os m étodos de en tra d a u m
a um . N o en tanto, um o u tro m étodo que deverem os ob ser­
v ar antes de os discutirm os em p o rm en o r é que, essen­
cialm ente, são utilizados dois tipos distintos de dispositivo
p a ra tra n sfe rir dados p a ra o processador. Um destes será
co n stitu íd o pelos dispositivos de arm azenam ento e o o u tro
pelos dispositivos de en tra d a que estam os agora a consi­
derar. Antes de os dados poderem ser m antidos n u m
dispositivo de arm azenam ento, devem ser p rim eiram en te
lidos através de um dispositivo de en trad a. E stes dispo­
sitivos de arm azenam ento e sta rã o relacionados com a
en tra d a prim ária.

75
F alando em geral, os dispositivos de e n tra d a podem
ser gro sseiram ente subdivididos n as seguintes categorias:

1. Leitores de docum entos

2. Dispositivos de teclas

3. Meios m agnéticos

4. Dispositivos ópticos e acústicos.

L eitura de docum entos

J á vim os an terio rm en te que os dados registados n a


su a form a inicial podem não ser ap rop riado s p a ra en tra d a
d irecta através de um dispositivo de leitu ra ao proces­
sador, pelo que pode tornar-se necessário algum estado
in term éd io de p rep aração destes dados. Talvez possam os
ag ru p a r os docum entos nas seguintes três categorias:

a) Caso em que não é aceitável pela m áq u in a nem


o docum ento original nem o m odo com o os dados são
registados. P or exemplo, u m a anotação m anual n u m livro
d e contas. N este caso, os dados devem ser tran sc rito s
p a ra um m eio e nu m a form a que sejam aceitáveis. A m a­
n e ira m ais vulgar de o fazer consiste em u tilizar u m m eio
do tipo dos cartõ es ou fita p erfu rad a.

b) Caso em que o registo original e o m odo de registo


são am bos aceitáveis pela m áquina, com o acontece com
os caracteres em tin ta m agnética e caracteres ópticos.

c) Caso em que o docum ento original é aceitável


m as a form a de registo não, o que envolve a conversão
p a ra u m a fo rm a utilizável pela m áquina, m as usan d o o
docum ento original. Um exemplo disto consiste em u sa r
técn icas de sensibilização a m arcas em cartõ es perfu rad o s.

76
N atu ralm ente, o núm ero de estados através dos quais
os dados deverão p assa r antes de atingirem eventual­
m ente o com p utador dependerá dos três factores subli­
nhados. P or exem plo, os dados registados n u m docum ento

F ig . 2 6 — C o n v e rsã o d a fo n te p aria a m á q u in a .

esc rito à m ão poderíam te r de p a ssa r p o r todos os estados


ilustrad os n a figura 26, an tes de se iniciar o seu p ro ­
cessam ento.

Cartões perfurados

Um cartão p erfu rad o é u m pedaço de ca rtão d e a lta


qualidade, fabricado com u m a dim ensão exacta e u m a
esp essu ra bem definida. O rig o r destas dim ensões é d eter­
m in an te no que se refere à sua aceitação p o r u m a m áq u in a
d e leitu ra de cartões.
Se b em que ten h am sido desenvolvidos alguns tipos
e capacidades de cartões diferentes, o m ais usado actual-
m en te em trab alho de com putadores é o conhecido «car­
tão de 80 colunas» (figura 27).
O ca rtão encontra-se dividido em o iten ta colunas
verticais, tendo cada coluna 12 posições nas quais se
p odem a b rir orifícios. Cada coluna do cartão pode regis­
t a r um ca rácter, dígito, le tra ou sím bolo, através de
u m p ad rão de um , dois ou trê s orifícios, único p a ra
cada carácter. Os p adrões de orifícios re p resen tan d o
carac te res são conhecidos pelo nom e de código de p er-

77
F lg . 27 — C a rtã o p e rf u ra d o d e o ite n ta colunas»-
0 « < 1 M W «liM M C 5 t">
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00
furaçào. E ste código varia um pouco de sistem a p ara
sistem a.
P ara re g istar os dígitos 0 a 9, é p erfu rad o um único
orifício n a posição conveniente, com o se m o stra n as
colunas 1 a 10 da figura 27. A rep resentação de letras
é um pouco m ais difícil, dado que existem 26 no nosso
alfabeto (considerados o K, o W e o Y) m as apenas 12 posi­
ções de perfuração em cada coluna. E ste problem a é
resolvido dividindo o alfabeto em três grupos, A — I,
J — R e S — Z. O grupo em que se enco n tra a letra a
re p re se n ta r é indicado p o r um orifício n u m a das trê s
posições superiores de p erfuração, enqu an to que u m
segundo orifício em q u alq u er das restan tes nove posições
indica a posição da le tra no in te rio r do seu grupo. Isto
é ilustrado pelas colunas 18 — 43 da figura 27. O grupo
A — I é indicado p o r um orifício n a posição m ais acim a,
J — R n a seguinte e S — Z na posição O.
Não se pode re g istar apenas inform ação n u m érica
e alfabética, m as tàm bém um a gam a de sím bolos, tendó
cada u m deles o seu p ad rão único de orifícios. N as
colunas 11 — 17 e 44 — 64 da figura 27 apresentam -se
exemplos.
Como verem os, o princípio básico utilizado nos car­
tões p erfu rad o s consiste em d a r a cada posição vertical
um dado valor previam ente determ inado e codificar
tó da a inform ação que desejam os a p resen tar em term os
destes valores. O m esm o princípio se aplica às 80 colu­
nas, ao longo de todo o com prim ento do cartão. P ara
d a r algum sentido aos orifícios ab ertos, devemos a trib u ir
a cada coluna um dado significado prévio. P or exemplo,
se desejam os re p re se n ta r as seguintes inform ações num
cartão:

N úm ero de referência D escrição Q uantidade V alor

devemos a trib u ir um núm ero fixo de colunas p a ra re p re­


sentação do n úm ero de referência, um o u tro n úm ero bem
d eterm inado p ara co n ter a descrição, etc. E stes grupos
de colunas existentes nos cartões são conhecidos pela

79
designação de cam pos, e distinguem -se no rm alm en te en­
tre si p o r linhas verticais im p ressas n o cartão e um
cabeçalho de campo, p o r exemplo «Descrição», igualm ente
im presso n a p a rte su p erio r do cartão.
O conju nto da inform ação m encionado é conhecido
pelo nom e de registo de dados. Q uando u m cartão contém

F ig . 2 8 —'U m c a r t ã o d e registo© m ú ltip lo s. ^ In te rn a tio n a l C om -


p u te rs , L td .).

apenas u m destes registos, é no rm alm en te conhecido p o r


u m cartão de registo único. E m certas circunstâncias,
no entanto, pode tornar-se possível m a n te r dois ou m ais
registos num único cartão, caso em que nos referim os
a este com o cartão de registos m últiplos. N a fig u ra 28
apresenta-se u m exem plo destes cartões.

P rep a ra çã o d o s c a rtõ e s p e rfu ra d o s

E xistem duas m aneiras p rincip ais de p re p a ra r os car­


tões p a ra co n stitu írem en trad as adequadas. A p rim eira
d estas surge quando a inform ação original é p re p ara d a
d e u m a form a não aceitável pela m áquina, com o acontece
n o caso da m aior p a rte dos registos m anuscritos. N este
caso, a p rep aração envolve a le itu ra pelo op erad o r do
docum ento de origem e a e n tra d a d esta inform ação a tra ­

80
vés do teclado de um a m áquina p erfu rad o ra de cartõ es.
São au tom aticam ente alim entados cartões virgens a p a rtir
de um depósito acoplado à m áquina em causa, sendo
cada um deles p erfu rad o de acordo com a inform ação
b atid a no teclado e em seguida ejectado quando a sua
p erfuração se en c o n tra term inada. P ara excluir o uso de
um docum ento m anuscrito a fim de re g istar as in fo r­
m ações originais, em alguns sistem as os cartões são con­
cebidos de m odo que o registo original seja escrito no
p róp rio ca rtão , lido deste pelo o p erador com o ca rtão
já inserido na m áquina, sendo então os dados batidos no
teclado e perfu rados no m esm o cartão. Os cartõ es usados
deste m odo são designados p o r cartões de dupla função.
P ara elim inar este processo b astan te laborioso de
reg istar e em seguida tran sc rev e r p ara um a fo rm a p er­
furada, foi desenvolvida um a técnica conhecida p o r sensi­
bilização por marcas. Trata-se novam ente de um p ro ­
cesso de registo de dados no p ró p rio cartão, m as em vez
de u tilizar os caracteres m anuscritos norm ais, os dados
são indicados realizando, no ca rtão , um a m arca com u m
lápis de grafite na posição requerida. Depois de isto se r
feito, o cartão é passado p o r um a m áquina de perfu ração
a alta velocidade que «lerá» a posição das m arcas e p er­
fu ra rá o cartão nos m esm os pontos. Se bem que este
m étodo ten h a a vantagem de elim in ar a necessidade de
p e rfu ra r o cartão m anualm ente, na p rá tic a a sua apli­
cação é lim itada à inform ação num érica que envolva ape­
nas um a m arca em cada coluna.

R ig o r d o s ca rtõ es p e rfu ra d o s

É evidente que o rigor to tal constitui u m a caracte­


rística essencial de qualquer m eio de en tra d a de u m
com putador, senão, com o é evidente, os resu ltad o s obtidos
no processam ento dos dados não serão de confiança.
A fim de asseg urar o rigor em causa, é realizado um p ro ­
cesso de «verificação» n a p rep aração dos cartõ es p erfu ­
rados. E stes, tendo sido p erfu rad o s inicialm ente a p a r tir

81
da inform ação original, são então passados a um segundo
o p erad o r que rep ete a operação voltando a p e rfu ra r o
cartão a p a rtir do m esm o original. No caso de ex istirem
duas p erfurações que não correspondam , ou seja, se n a
segunda operação se te n ta r realizar um a perfu ração n um
p onto onde ainda não existe q u alq u er orifício, ou se não
fo r ensaiada u m a p erfu ração num p onto onde já existe
u m orifício, a m áquina assinalará a existência de um erro.
A razão desta diferença en tre as duas perfurações deve
en tão ser verificada, preparando-se um novo ca rtão sem
erro. E ste cartão corrigido deve p o r sua vez ser verificado
de m odo a assegurar o rigor da nova operação.

L e itu r a de ca rtõ es p e rfu ra d o s

Tendo sido verificado o rigor dos cartões, a in fo r­


m ação neles co n tid a deve então ser tran sferid a p a ra o
com putador. Isto é feito através de um dispositivo da
m áquina, ligado d irectam ente ao processad o r central,
conhecido pelo nom e de leitor de cartões. N este, os
cartões são passados a u m a velocidade b astan te grande
en tre um a fonte de luz e um a fila de células foto-eléctricas,
u m a p a ra cada posição vertical do cartão . Chama-se-lhe
posição de leitura. Quando existe um orifício, a luz pene­
tra r á no ca rtão e p rovocará o aparecim ento de um a carga
n a co rresp o nden te célula foto-eléctrica. A posição e o
p ad rão das células em que se verifica o aparecim ento
de cargas são reconhecidos pela m áquina e traduzidos
p o r im pulsos electrónicos ap rop riados em codificação
b in ária p a ra transm issão à m em ória do com putador.
Se bem que a verificação a n te rio r ten h a assegurado
o rigor da inform ação contida nos cartões, devem-se agora
a d o p tar m edidas que g arantam que a leitu ra é igualm ente
correcta. A m an eira de o fazer consiste no rm alm en te em
utilizar um a segunda posição de leitura, conhecida pelo
nom e de posição de verificação. Isto significa que os car­
tões são lidos duas vezes d u ran te o seu progresso através
da m áquina, sendo as duas leituras com paradas e os dados

82
fornecidos à m em ória do com putador, a m enos que as lei­
tu ras não sejam idênticas. Um a m aneira de realizar e sta
com paração consiste em co n tar o valor to tal d e todos os
orifícios existentes no cartão n a p rim eira fase de leitu ra
e colocar este total nu m registo. N a fase de verificação
é realizada um a contagem sem elhante e o seu resu ltad o é
igualm ente colocado no registo da m áquina com um sinal
m enos. O conteúdo do registo só é passado p a ra o p ro ­
cessador c e n tra l no caso de ser ob tido um to tal de zero
das duas leituras.
As velocidades de leitu ra dos cartões variam de m á­
quina p a ra m áquina, desde cerca de 300 cartões p o r m inuto
nos tipos m ais antigos e m ais lentos, até m ais de 1500
cartões p o r m inuto no caso das m áquinas m ais recentes.
Uma velocidade m édia de leitu ra será de cerca de 900
cartões p o r m inuto, dando um a velocidade de leitu ra de
caracteres de cerca de 1200 p o r segundo (c.p.s.).

Fita de papel perfurada

E ste m eio de en tra d a utiliza o m esm o princípio de


funcionam ento p ara registo de dados, m as u sa um a fita
contínua de papel em vez de cartões separados.
Cada ca rác te r é rep resen tad o p o r um p ad rão único
de orifícios, conhecido p o r armação, disposto tran sv e r­
salm ente n a fita de papel. O núm ero de orifícios que
podem ser abertos transversalm ente na fita varia de sis­
tem a p a ra sistem a. C ada posição de perfu ração ao longo
do com prim ento da fita é conhecida p o r banda. Assim,
um a fita de cinco b andas pode acom odar cinco orifícios
em largura. A m aior p a rte dos sistem as m odernos de
fita p erfu rad a utilizam um a fita de oito bandas que tem
a larg u ra de 25,4 m m . D estas oito bandas, sete são u sa­
das p a ra reg istar caracteres e a oitava, conhecida pelo
nom e de banda de paridade, é u sad a p a ra verificação.
Na figura 29, m ostra-se p a rte de um a fita de papel de oito
bandas. O nú m ero de diferentes com binações d e orifícios
que podem se r abertos em sete bandas é de 128, o que

83
p erm ite o uso de um código de p erfu ração de 128 carac­
teres. A figura 30 m o stra um código d e perfu ração de
128 caracteres em oito bandas.
Talvez seja conveniente neste p onto explicar o que é
entendido p o r «paridade» no que se refere ao registo e
arm azenam ento de dados em form a b inária. À m edida que
os dados são m ovim entados num co m p u tad o r e do p ro­
cessador p a ra os periféricos, existe sem pre a possibilidade
de erro devido à p erd a de um b it de dados o u o seu

--------Paridade

O rifício s
de engate

B and ai

A B C O C F C H I J K L M N O P O R S T U V W X V l

F ig . 29 — F i t a d e pajpel .p e rfu ra d a co m o ito banda®.

aparecim ento num ponto onde não se devia en co n trar.


P ara d ar algum elem ento de salvaguarda no caso de isto
se verificar, todas as afirm ações b in árias são exprim idas
de tal m odo que cada um a delas ten h a um n úm ero p ar
ou ím p ar de bits. Por exemplo, se fo r usad a u m a p ari­
dade p ar, quando existe um c a rác te r constitu íd o p o r um
nú m ero ím p ar de bits, é acrescentado um b it adicional
que to rn a rá o to tal par. Isto é ilu strad o n a figura 29,
onde se pode n o ta r que a le tra A tem dois bits, a letra B
igualm ente dois, m as a le tra C três b its e um q u arto
acrescentado n a b an d a de p aridade de m odo a o b ter um
resu ltad o par. D urante o processam ento, de cada vez que
um grupo de b its é m ovim entado, realiza-se u m a operação
de contagem . No caso de se o p ta r p o r um a p arid ad e par,

84
se o resu ltad o da contagem fo r ím par, é assinalado u m
estado de erro. O b it de paridade, ou orifício de p arid ad e
no caso da fita de papel p erfu rad a, é acrescentado au to ­
m aticam ente quando a fita é perfurada.

P rep a ra çã o d a fi t a d e p a p el p e rfu ra d a

E sta p rep aração é realizada através de u m p e rfu ra d o r


de fita em papel, um a m áquina à qual é alim entada fita
virgem a p a rtir de um a bobina, sendo esta passad a a tra ­
vés de um a posição de p erfuração e daí p a ra u m a nova
bobina de recepção. O teclado contém teclas que re p re ­
sentam um co n ju n to to tal de caracteres sem elhante ao d e
um a m áqu in a de escrever. Q uando se p rim e u m a tecla, a
m áquina escolhe autom aticam ente o p adrão co rrecto de
orifícios e p e rfu ra a fita de m aneira ap ro p riad a.
Tal com o no caso dos cartõ es perfurad o s, existe u m
controlo de rigor, um a vez m ais designado p o r verificação.
E m princípio, este controlo é sem elhante, sendo realizada
um a segunda operação de p erfu ração do m esm o m aterial
p o r um segundo operador, m as n este caso a segunda
p erfuração é realizada num novo com prim ento de fita.
A fita originalm ente p erfu rad a e um a nova fita virgem
são alim entadas sim ultaneam ente ao verificador e, à m e­
dida que se prim e cada tecla, realiza-se um a com paração
com a fita originalm ente p erfu rad a. Se as duas acções
coincidirem , a nova fita é p erfu rad a . Se assim não acon­
tecer, é fornecido um sinal de erro.

iModo de reg isto

Como vimos an teriorm ente, os cam pos e registos


num c a rtã o p erfu rad o têm u m com prim ento definido.
O nú m ero de caracteres que o ca rtão co n terá está fixado
em oitenta, e a dim ensão de ca d a cam po é previam ente
d eterm inad a quando o cartão é concebido. E sta consi­
d eração não se aplica à fita de papel, dado que é contínua.

85
No entanto, pode ser desejável tr a ta r a fita da m esm a
m aneira que o cartão , atrib u in d o um núm ero fixo de
caracteres p a ra cad a cam po, se bem que isto possa p ro ­
vocar um a p erd a de espaço. Se, p o r exemplo, fo r neces-

8 7 6 5 4 3 2 1 < Banda n ° B 7 6 5 4 3 2 1 < Banda n °


P 4 ? 1 8 4 2 1 < V alor de banda P 4 2 1 8 4 7 1 < V alo r de banda

Significado Significado

O TC0 iC o n tro lo de transmissão • 0 O SPACE


O • SOH In ício de títu lo 0 O 0 i Exclam ação
• o • STX In ício de texto 0 O 0 - C itação

o •• ETX Fin al de texto • • O 0 0 # Núm ero

• o # to r Fin al de transmissão • O0 c Libra


EklQ Inquérito 0 0 O0 0 x Por cento
0

o®® ACK To m ar conhecim ento • 0 O 00 8. E

• o .® ® ® BEL Cam painha, alarm e (soar) 6*


o 0 O® ® 0 Apostrofo
, Parêntesis
• • o BS Espaço atrás O.
o
0 0O esquerdo
• o • HT Tabulação horizontal 0 0 ®o 0 •Parêntesis direito

•o • FEi Efectuador de form ato 0 0 oo ® • Asterisco

• • o •• LF Alim entação de linha 0 0O ®0 » Mais


•o * FF A lim entação de forma 0 0 ® O0 . Com as
• ® o® ® CR Retorno da cabeça 0 0O ® • - H í f e n ou menos
• ® o ®0 SO Deslocam ento (saída) 0 0O0 0 . Período
• o ® # # SI Deslocam ento (entrada) 0 0 0 0 0 0 0 / Barra
• • o OLE Escapam ento de ligação de dados 00 O 0
• o • DC C o n tro lo de serviço 0 00 O 0 i
• o • DC, ® 00 0 0 2
• • o •• OC, 0 0 O 00 3
• o® OC, 0 0 0 O® 4

• • o # • NACK Conhecim ento negativo 0 0 O® ® 5


0 • O®® SYNC Pausa síncrona N 0® o ® 0 6
o
• o®®® Cl B Fin al de bloco de transmissão 3 0 00 O 0 0 0 7
••o CNCL Cancelar 3. 0 • 00O 8

• ••o 0 EM Final do m eio de entrada • ®0O 0 «


• ••0 0 SS In ício de sequência especial 0 00O 0 : Dois pontos
0®o •• ESC Escapam ento 0 0 00O 0 0 f Ponto e vírgula
e •• o * rs Separador de fila 000O 0 < Menor do que

••o® • cs Separador de grupo 0 • 00O 0 ® - Igual


•®o®® RS Separador de registo 0 000O 00 > Maior do que

• ® o® «® us Separador de unidade 0 0 0 0 0 0 0 7 Pergunta

O riffeios de engate O rifício s de engate

F ig . JO —‘iCódigo d e p e rf u ra ç ã o d e 128 c a ra c te re s em o ito


b a n d a s (s e te -bits d e d a d o s).

86
sário u m cam po m áxim o de cinco caracteres, dando u m a
gam a de quantidades até 99999, u m a q u an tid ad e real de,
p o r exemplo, 23 te ria de ser expressa acrescentando trê s
zeros sem q ualquer significado, ou seja, p ela expressão

87 6 6 4 3 2 1 < Banda n ° 87 6 5 4 3 2 1 < Banda n °


M 2 I I 4 2 1 < V alor de banda P 4 2 1 8 4 2 1 < V alor de banda

Significado Significado

•• O «• Em • • P - Sublinhar
• O • A • •• o • *
• O • U • •• o • b
• • O •• c • • O ••
• 00 0 • •• O0 d
•• o# • E 00 09 0 •
• • 099 F 0 9 0 09 1
• 0099 6 5* 9 0 9
3
0009 4
• • o M w 90 0 90
• • • o • i » 0 0 90 91
• • « o • j 90 90 0 i
9 00 00 K 009 90 00 *
• • 009 L 90 00 9 1
• mom 0 M 09 0 90 o • m
• • <>•• N 000 9000

•• 00000 O 00 00090

• • o F 0009 O P
• • • o • 0 , • • • O ' • 4
• • • o • R 000 O 0 (

• • o •• S 9900 O 00 »

• • • o # T 990 09 1
• • 00 • U 9900 O0 0 W

• • €>• • V 9009 090 *

• • • 0000 w s
909 O0 0 0 w

• • « « o ^ «/» 9 0 990 «

• ••o 0 V ® 9 0 9 090 0 V
0 0*0 0 Z 0 9 0 990 0 I

00 •• <> •• I Parentes!» recto esquerdo 0 0 900 09

• # # o # | Dólar 1 Reservado
> para sím bolos
•• • • O # • 1 Parêntesis recto direito 0 0 9 00 0 0 I nacionais
1 0909090 )
• 900000 - v\ Apagar

A A
O rifício s de engate O rifício s de engate

87
00023. No entanto, esta m aneira de en c ara r o p roblem a
tem a vantagem de se p o d er especificar à m áquina o
nú m ero de caracteres de cada cam po, e o n ú m ero de cam ­
pos em cada registo, pelo que ela sab erá exactam ente
onde com eçar e term inar. E ste tipo de registo é conhecido
pela designação de form ato fixo de co m p rim en to de
cam po.
P or o u tro lado, podem os p e rfu ra r n a fita o núm ero
exacto de ca racteres que de facto surgem no cam po, ou
seja, no exemplo anterior, os dígitos 23, se bem que da
próxim a vez que este cam po su rja possa te r um n úm ero
diferente de dígitos, p o r exemplo 1234. Se for utilizado
este m étodo, segue-se que se to rn a necessário id en tificar
n a fita onde se inicia e term in a cad a cam po e registo.
Isto pode ser feito term inando cad a grupo com um pa­
d rão especial de orifícios designados p o r m arcador. Como
é evidente, serão utilizados diferentes m arcadores p ara
in d icar o final de um cam po e o final de um registo.
A utilização da fita deste m odo é designada p o r fo rm a to
variável de com p rim ento de campo. N a p rática, pode to r­
nar-se v antajoso com b inar am bos os form atos, p artic u la r­
m ente quando certos cam pos, p o r exem plo um núm ero
de referência, são fixos p o r n atu reza e outros, p o r exemplo
u m a descrição, são variáveis. E ste m odo de registo é
designado p o r form ato fixo-variável de co m p rim en to de
cam po. Um a vantagem que convirá m encionar, n a u ti­
lização de um form ato de com prim ento fixo, é que
p erm ite a verificação de validade. Ou seja, dado que a
m áquina conhece quantos ca racteres surgirão em cada
cam po, pode in d icar um estado d e erro se, ao contá-los,
o núm ero não corresponde.

L e itu r a d e fi t a d e p a p e l p e rfu ra d a .

A leitu ra é realizada através de u m leito r de fita


p erfu rad a, consistindo basicam ente num m ecanism o de
b o b in a de alim entação que m ovim enta a fita atrav és da
m áquina, e u m a posição de leitura. A fita p assa e n tre um a
fonte de luz e um a fila de células fotoeléctricas, um a

88
p a ra cada b anda da fita. São produzidos im pulsos nas
células sem pre que a luz p en e tra na fita e convertidos
n a codificação b in ária relevante p ara arm azenam ento no
co m putador. As velocidades de leitu ra variam con sid era­
velm ente com os diferentes tipos de leito r de fita desde
cerca de 1000 a 2000 c.p.s.
Como vimos anteriorm ente, o uso de cartõ es e fita
de papel p erfurados com o en tra d a s envolverá no rm al­
m ente duas fases distintas:

1. P reparação da docum entação de fonte.

2. T ransferência destes dados p a ra o cartão ou a fita.

E ste processo é caro e laborioso, e assim , num a ten ­


tativa de elim inar a p rim eira destas duas fases, foram
desenvolvidas técnicas p a ra re g istar dados n a fonte de
um a m aneira com preensível p ela m áquina.
As técnicas m ais vulgarm ente usadas são:

«R econhecim ento de caracteres em tin ta m agnética»


(m.i.c.r., em inglês).
«R econhecim ento de caracteres ópticos» (o. c. r., em
inglês).

R econhecim ento de caracteres em tinta m agnética

E ste m étodo utiliza o princípio seguinte: se um m eio


co n d u to r fo r passado através de um cam po m agnético,
será induzida um a co rren te eléctrica no m eio prop o rcio ­
nalm ente à força do cam po m agnético existente. Assim,
se im p rim irm os um c a rá c te r com u m a tin ta contendo u m a
sub stância ferro-m agnética, a m agnetizarm os e a p assa r­
m os sobre um fio, será induzida um a co rren te n este fio
com u m a form a de o nda que reflectirá o fo rm ato do
carácter.
Os caracteres m ais vulgares usados em m uitos países
p ara este efeito são conhecidos pela designação E13B e

89
podem ser encontrados n a p a rte in ferio r dos cheques. N a
figura 31 são ilustrados estes caracteres.

1 2 3 S E
S 0 t! / ii"
1 2 3 5 6 ? B R □
Fi(g. 31 — C a ra c te re s M .I.C .R .

P rep a ra çã o d e d o cu m en to s m .i.c.r.

As considerações básicas n a p rep aração do m.i.c.r. são:

1. Dado que o docum ento de fonte co n stitu i igual­


m ente a form a de en trad a, a sua dim ensão deve m anter-se
d en tro das tolerâncias im postas pela m áquina usad a p ara
o seu processam ento.

2. A leitu ra com êxito dos caracteres depende d a re­


produção rigorosa do form ato do c a rá c te r e de u m a regu­
laridad e da densidade da tin ta. Isto ob riga a realizar u m a
im pressão de qualidade óptim a.

3. Os caracteres devem surgir nu m a posição pred e­


term in ad a no docum ento, a fim de assegu rar a sua posi­
ção co rrec ta na cabeça de leitura.

Existem duas fases n a codificação dos caracteres


em tin ta m agnética no docum ento. A p rim eira delas veri­
fica-se quan do o docum ento é originalm ente im presso.
E sta é lim itad a a dados não variáveis, com o seja, no


cam po dos cheques, o núm ero de referência da filial, o
núm ero de cheque e a referência da conta do cliente.
Chama-se-lhe pré-codificação.
A segunda fase consiste em c a p ta r os dados variáveis.
No caso dos cheques, estes serão constituíd o s pela q u an ­
tidade a p agar e pela en tid ad e a quem a im p o rtân cia deve
ser paga, am bos escritos pelo u ten te da conta. Chama-se
a isto pós-codificação. O m étodo usado consiste em p a s­
sar os cheques um a um p o r um a m áquina de teclado,
onde ca d a cheque se m antém visível enquanto o op erad o r
lê os dados e os escreve. O cheque é então passado a u m a
posição de im pressão, n a qual os caracteres são re p ro ­
duzidos utilizando tin ta m agnetizável.

L e itu r a d e ca ra c te re s m .i.c.r.

O elem ento ferro-m agnético existente n a tin ta é mag-


netizado, e os caracteres são passados sobre u m a cabeça
de leitu ra onde o m agnetism o induz um a co rren te no cir­
cuito de leitura. E sta c o rren te v aria rá com o fo rm ato do
carácter. C om parando o p ad rão d a co rren te induzida com
as ond as «standard» m an tid as no circu ito de leitu ra,
aquele p o d erá ser reconhecido com o rep resen tan d o d eter­
m inado carácter, sendo en tão produzidos os im pulsos
binários apropriados. As velocidades de leitu ra v ariarão
novam ente conform e a m áquina e dependerão, com o é
evidente, do núm ero de caracteres existentes no do­
cum ento. Uma velocidade razoável de leitu ra será de
cerca de 1200 docum entos p o r m inuto, e p resum indo q u e
existem , p o r exem plo, 75 caracteres em ca d a docum ento,
obterem os u m a velocidade de leitu ra de 1500 c.p.s.

R econhecim ento de caracteres ópticos

E ste m odo de registo é b a sta n te m ais p o p u lar e está


m uito m ais generalizado que o anterior. O princípio
usado aqui consiste em «varrer» cada c a rá c te r com u m a

91
fonte de luz e dirigir a luz reflectida através de u m sistem a
de lentes p a ra um a célula fotoeléctrica. A form a de onda
da co rren te assim induzida é u sad a p a ra id en tificar o

ÍE B H -B & T S B G -* .
ÍE B H -B & T B B O — .
F ig . 3 2 — C a ra c te re s O.C.R.

c a rác te r de u m a m aneira b astan te sem elhante à usada


no m.i.c.r.
Os caracteres o.c.r. não são tão estilizados com o os
caracteres m.i.c.r. e são m ais fáceis de ler pela vista
hum ana. O tipo o.c.r. n.° 2 é ap resentado n a figura 32.

D o cu m en to ® o.c.r.

Dado que aqui nos encontram os p e ra n te um sistem a


de reconhecim ento de caracteres que se fu n d am en ta ape­
nas n a form a do c a rác te r e não nas prop ried ad es da tin ta
usada, tem os um a situação em que o p ró p rio co m p utador,
através dos seus periféricos, pode p re p a ra r os docum en­
tos. E stes docum entos podem , p o r sua vez, ser reciclados
através do sistem a do co m p u tad o r num a nova fase de
processam ento. Um exem plo disto será um a co n ta de
electricidade. E sta será então p re p ara d a pelo co m p utador,
im p ressa em caracteres ópticos, e enviada ao cliente com
um pedido de que seja devolvida um a p a rte da fa ctu ra
quando for realizado o pagam ento. E sta p arte, que m uitas
vezes tem escrito «não d o b ra r p o r favor», pode ser ali­
m entada directam ente, através de u m leito r o.c.r., ao
com p u tad o r de m odo a reg istar o pagam ento.
O utra aplicação m uito im p o rtan te no cam po da lei­
tu ra óptica pode ser en c o n trad a nas técnicas de sensibi­
lização p o r m arcas. Um dos m étodos utilizados é b astan te

92
sem elhante ao d escrito an terio rm en te p a ra os cartões
perfurado s. São im pressas colunas verticais dos dígitos
0 a 9 num form ulário e um a m arca é realizada nos dígitos
de m odo a re p resen ta r um dado núm ero. Um segundo
m étodo, de introdução m ais recente, baseia-se no p rin ­
cípio de escolha en tre várias respostas, ou seja, selecção
de factores previam ente determ inados. C onsiderem os p o r
exemplo a p ergunta seguinte:
Q uantos segundos existem num m inuto: 15, 120, 37,
60, 210?
A resp o sta pode ser dada colocando um X sobre o
valor co rrecto ou sublinhando-o. Terem os en tão u m a
situação sim-não p a ra todas as variáveis referidas: não,
não, não, sim , não. É agora apenas necessário um leito r
que diferencie entre as variáveis m arcadas e as não m a r­
cadas, e obterem os assim u m a e n tra d a d irecta d e com ­
p u tad o r. N aturalm ente, a re sp o sta co rrecta encontrar-se-á
no p ro gram a de tal m odo que este arm azene a inform ação
correcta. E ste sistem a, norm alm ente designado p o r leitura
de marca óptica, e n c o n tra m uitas aplicações em sistem as
com erciais com putarizados. Um exemplo será um a ava­
liação de «stocks» utilizando u m a lista que é co m p arad a
a um a gam a d e níveis de stock, sendo o valor ap rop riad o
m arcado depois de u m a contagem directa dos stocks.

L e itu r a d e c a ra c te re s o.c.r.

Os caracteres e as m arcas ópticos são lidos am bos


p o r v arrim en to p o r um a fonte de luz, associada a células
foto-eléctricas. No caso dos caracteres, o reconhecim ento
é realizado em função da sua form a, e no das m arcas em
função d a sua posição. A m oderna leitu ra o.c.r. d ará u m a
velocidade d e cerca de 3 000 c.p.s.

Term inais de com putadores

E stam os a p en sar aqui em dispositivos que se encon­


tra m n o rm alm ente situados longe do com p u tad o r, fo rn e­

93
cendo a este um a ligação d irecta o u indirecta. Os term os
que usam os p a ra significar um a ligação d irecta ao com ­
p u ta d o r será on-line (em linha, em inglês), ou seja, a
inform ação é dirigida directam ente p a ra a m em ória do
co m p u tad or à m edida que e n tra nos term inais, sem se
re c o rre r a qu alquer intervenção m anual (figura 33).

F ig u r a 3 3 — T ra n s m is s ã o de d a d o s «on-line» e «off-üne».

Um term in al que seja usado p a ra tra n sm itir in fo r­


m ação p a ra um cen tro co m p u tad o r rem oto, no qual esta
inform ação seja reproduzida nu m a e n tra d a de co m p u ta­
do r (por exem plo, sob a form a d e fita perfu rad a) e em
seguida lida p a ra aproveitam ento pelo co m p u tad o r n um a
operação separada, será designado p o r term in al off-line.
C onsiderações de hardw are do co m p u tad o r determ in arão
o m odo de funcionam ento do term inal, on-line o u off-line.
E stas considerações serão discutidas num capítulo ulterio r.

Transm issão de dados

O processo de tra n sp o rte de dados à distância, de um


term inal p a ra o co m p u tad o r correspondente, é conhecido

94
pelo nom e de transm issão de dados. N um sentido estrito ,
o term o foi já associado a três m étodos d iferentes:

1. Quando os dados são fisicam ente tran sferid o s


da fonte p a ra a instalação do com putador. P or exemplo,
quando é p re p ara d a fita em papel p erfu rad a n um p o n to
rem oto e enviada p o r correio ao centro com putador.

2. Quando são usadas linhas de com unicação p a ra


tra n sm itir dados p a ra u m a m áquina off-line n a instalação
d.o com putador.

3. Q uando os dados são tran sm itid o s p o r linhas de


com unicação directam ente p a ra o com putador.

No en tan to , o term o tran sm issão de dados, m u itas


vezes designado p o r «transm issão autom ática de dados»,
é agora m ais geralm ente aceite com o designação do te r­
ceiro caso, o da en tra d a d ire c ta ao processad o r cen tral.
Vimos anteriorm ente, neste m esm o capítulo, que quando
se p re p ara m dados sob form a de perfuraçõ es em q u al­
q u er m eio, ao p assa r p o r u m leito r os orifícios codifi­
cados, estes são convertidos nu m a série de im pulsos
eléctricos conhecidos pelo nom e de b its ou dígitos b in á­
rios que, p o r sua vez, são arm azenados no co m p utador.
A transm issão autom ática de dados é basicam ente u m a
extensão deste princípio, aplicada a m aiores distâncias.
A tran sm issão é realizada através de linhas de com unica­
ção, e é fácil com preender que o tem po necessário p a ra
tra n sm itir um dado volum e de dados dependerá da efi­
cácia de funcionam ento do m eio em que são tran sm itid o s.
A u nidade usada p a ra definir a velocidade de tran sm issão
é conhecida p o r baud. Um b au d re p resen ta a tran sferên cia
de um b it p o r segundo.
A transm issão autom ática de dados utiliza no rm al­
m ente as linhas de com unicação d e telégrafo ou telefone,
se bem que em alguns casos sejam usadas linhas directas
privadas. As transm issões podem igualm ente ser realiza­

95
das utilizando com unicações de rádio, inclusivam ente p o r
via satélite.
O uso de linhas telegráficas não é norm alm ente con­
siderado óptim o p ara transm issão de dados de co m p u ta­
dores. Como se podería esperar, a velocidade de tra n s­
m issão é pequena, cerca de 100 bauds, e em geral ap re­
sen ta um a qualidade b astan te deficiente. A rede telefônica
constitui um m eio m ais rápido e de m elhor qualidade,
T elefo ne sobf* suport» Entrada por

F ig . 34r—»L ig a ç ã o te r m in a l — co m p u ta d o r.

que pode ser usado a diferentes velocidades, 200, 300,


600 ou 2400 bauds.
Pode ser utilizado qualquer código de caracteres em ­
pregue pelos fabricantes nestes serviços telefônicos a alta
velocidade, desde que se usem term inais de tran sm issão
ap ropriados. E stes term inais encontram -se ligados à rede
telefônica através de u m dispositivo telefônico designado
p o r m o d em , ab rev iatu ra de m odulador-desm odulador.
A m odulação é o processo através do qual se convertem
os dados digitais (ou seja, dados em fo rm a binária) n um a
rep resen tação analógica p ara efeitos de transm issão, sendo
a desm odulação a técnica de inversão deste processo no
co m putador. É p o rta n to necessário m o n tar «modems» em
am bas as extrem idades da ligação (figura 34).

96
Existe u m a segunda m aneira de tra n sm itir dados a
p a rtir dos term inais, se bem que esta funcione a u m a
pequena velocidade de e n tra d a /sa íd a . C onsiste em utilizar
um dispositivo designado p o r acoplador acústico (Fig. 35).
N este caso, coloca-se o cham ado «auscultador» de um
telefone norm al sobre um descanso concebido especial-
Entrada manual
lenta por chave

D e s m o d u la ç ã o Modulação

F ig . 3 5 —«U tilização d e um acopfoador a c ú stic o ax> te rm in a l.

m ente p a ra este fim e que co n stitu i p a rte in teg ran te do


term inal. Os sinais digitais do term inal são convertidos
em sinais audio e tran sm itid o s p ela linha de u m a m an eira
b astan te sem elhante à dos sinais das conversas telefônicas.
N a extrem idade onde se en c o n tra o com putador, são nova­
m ente convertidos em im pulsos digitais p ro n to s p a ra
en tra rem no p rocessador central.
A tran sm issão p o r acoplador acústico ap resen ta duas
desvantagens principais: (a) baixa velocidade de tra n s­
m issã o — o m áxim o possível é 200 bauds; (b) existe o
risco de os dados serem alterados devido a ruídos e stra­
nhos captados pelo sistem a. No entanto, é tam bém evi­
dente um a im p o rtan te vantagem no que se re fere ao facto
de o acoplador acústico p oder ser usado com qualq u er
instalação telefônica norm al, p erm itindo assim o uso de
term in ais p o rtáteis.

Term inais de com putador

E ssencialm ente, a m aior p a rte dos term in ais de com ­


p u tad o res tem um a função dupla, n a m edida em que
7
97
podem ser utilizados tan to p a ra e n tra d a com o p a ra saída.
Se bem que exista u m a extensa gam a de term inais, estes
podem ser grosseiram ente classificados nas seguintes
q u a tro categorias principais:

T erm inais de teletipo

T erm inais de processam ento


T erm inais de ap resentação visual

Term inais especializados

Todos estes têm em com um a possibilidade de serem


ligados on-line p o r linha de transm issão d irecta a um
processador central.

T e rm in a l de teletip o

De longe o tipo de term inal m ais usado, consiste num


teclado sem elhante ao de um a m áquina de escrever no
qual se podem in tro d u zir dados m anualm ente. E ste teclado
contém não só a gam a h ab itu al de caracteres alfanum é­
ricos com o ainda um certo núm ero de teclas de «co­
m ando», através das quais se podem tra n sm itir instruções
ao co m p utad or (figura 36).
O term in al incorp ora ainda u m dispositivo de im ­
pressão, de tal m odo que os dados introduzidos através
do teclado p ossam ser reproduzidos num a cópia, e que
serve ainda p a ra reg istar a inform ação au tom aticam ente
tran sm itid a do co m p utador p a ra o term inal.
P or definição, u m a im p ressora de teletipo de carac­
teres em série co n stitu i u m dispositivo lento de e n tra d a /
/saíd a, com u m a velocidade m áxim a de cerca de 300
caracteres p o r m inuto. Utilizando este tipo de dispositivo,
a transm issão de dados à m edida que vão sendo passados
ao teclado conduz a um a utilização m uito pouco econô­
m ica do com putador, dado que o p ro cessad o r cen tral

98
F ig u r a 36 — T e rm in a l de c o m p u ta d o r e re sp ectiv o tecüado
i(W estrex C o m p an y, iLtd).

99
se encon tra p arad o d u ra n te extensos períodos de tem po,
funcionando a u m a velocidade m uito in ferio r à possível.
P ara resolver este problem a, pode ser inco rp o rad a um a
p equena m em ória no term inal, que aceitará e m an terá
arm azenados os dados d u ra n te todo o tem po em que estão
a ser passados através do teclado. Q uando o co m putador
está p ro n to p a ra receb er estes dados, são então tran sm i­
tidos a um a alta velocidade e em conjunto. E ste dispo­
sitivo de m em ória é conhecido pela designação inglesa
buf f er. Isto significa que se pode ligar ao co m putador
u m certo núm ero de term inais on-line, podendo ser in tro ­
duzidos dados p o r tecla em todos eles sim ultaneam ente.
O com p u tad or receb erá os dados de cada um deles rota-
tivam eiite, tran sferin d o o conteúdo do b u ffer de cada
um p a ra a sua m em ória. E ste processo de ligação e
tran sferên cia sucessiva é tão ráp ido que cada term inal
parece e sta r em com unicação d irecta ao co m p u tad o r
constantem ente.

T e rm in a l d e p ro c e ssa m e n to

Como o nom e sugere, este é concebido p a ra tra ta r


dados. N a sua form a m ais com pleta, consiste nu m leitor,
n orm alm ente de cartões o u fita de papel perfu rad o s, um a
p equena unidade d e p rocessam ento que p erm ite controlo
e arm azenam ento em «buffer», e u m a im p resso ra d e linhas
relativam ente rápida.
E ste tipo de term in al torna-se cada vez m ais p opular,
dado que to rn a disponível, em p o n to s b astan te rem otos,
a capacidade de tra ta m e n to d e dados de u m grande com­
p u tad o r.

T e rm in a l de a p resen ta çã o , v is u a l

Trata-se de um dispositivo em que a inform ação pode


ser ap resen tad a visualm ente n u m visor co n stitu íd o p o r
u m tubo de raios catódicos. M uitos destes term inais

100
incorp o ram u m teclado p a ra realização de en trad as. A
en tra d a de dados é autom aticam ente ap resen tad a no visor,
tal com o os resultados do p rocessam ento realizado n a
unidade central.
As unidades de ap resentação visual têm a vantagem
de um curto tem po de resp osta, isto é, a inform ação é
a p resen tad a quase im ediatam ente quando é pedida, em
vez de se to rn a r necessário e sp e ra r que o registo seja
im presso, se bem que, evidentem ente, não se ob ten h a
assim u m a apresentação p erm anente.

T e r m in a is esp ecia liza dos

E sta categoria cobre u m a vasta gam a de dispositivos


concebidos p a ra aceitarem dados de u m a ou o u tra fo rm a
e transm iti-los directam ente p a ra u m co m putador.
Exem plos:

1. Dispositivos de controlo usados em verificação.

2. D ispositivos de escru tín io m agnético ou óptico


p ara leitu ra de dados codificados relativos a pro d u to s, p a ra
inventário im ediato de stocks.

3. T erm inais de actualização de docum entos. P or


exemplo, actualização de um livro de m ovim entação de
contas b ancárias (caderneta bancária).

Meios e dispositivos de saída

Q uando pensam os em term os de saídas de co m p u ta­


dores, estam os a considerar o processo pelo qual a m á­
quina com unica ou regista de q ualquer m an eira os re su l­
tados do seu processam ento. E m p rincípio, podem os
co nsiderar esta saída com o assum indo u m a de duas fo r­
m as: (a) saída interm édia, e (b), saída final.

101
No p rim eiro caso, a saída seria norm alm en te pas­
sada p ara algum tipo de m em ória onde seria m an tid a
até ser necessária, num passo u lte rio r do processam ento.
Um exem plo disto é o caso da ro tin a de inventariação
de stocks, em que são acum ulados valores diários n a
m em ória do com p utador até, periodicam ente, ser req ue­
rido o total.
No segundo caso, estam os a p en sa r no tipo de saída
concebida p a ra u m a ap resentação no ex terio r do com ­
p u tad o r, a fim de in fo rm ar o utilizador ou fu n d am en tar
as atitudes a tom ar. P or exem plo, u m a lista im p ressa
dos valores em stock, com o se sugeriu anterio rm en te.
Os dispositivos de arm azenam ento onde podem ser
g uardadas as saídas do com p utador são discutidos no
Capítulo 6, enq u an to que em seguida se dão algum as
indicações sobre os dispositivos usados p a ra ap resen tar
os resultados ao exterior, num a fo rm a q ue possa ser
com preendida.

S a íd a im p re s s a

Como form a de saída final, e sta é provavelm ente a


m ais usada. A m aior p a rte dos dispositivos de im pressão
final são de dois tipos, de caracter único ou im pressoras
em série e im pressoras de linha.

Im pressoras de carácter único. E stas m áquinas já


foram discutidas an terio rm en te n este m esm o capítulo, n a
secção dedicada aos term inais de com putadores. São no
entanto designadas m uitas vezes p o r tele-im pressoras,
m áquinas de interrogação ou de consola. É difícil in d icar
linhas absolutas de dem arcação e n tre as áreas de trab alh o
de cad a um destes subtipos. As m áquinas in terro g ad o ras
são norm alm ente as im p ressoras em série, relacionadas
com a com unicação on-line ao co m p u tad o r em am bos os
sentidos. São p o r vezes designadas p o r term inais inteli­
gentes. As m áquinas de consola são utilizadas com o u m
canal p ara com unicação co m p u tad o r/o p erad o r, en q u an to

102
o term o tele-im pressora se refere à transm issão d e dados
off-line, n orm alm ente sob a fo rm a de fita de papel p e r­
furada.

Im pressoras de linha. Como o nom e sugere, a ca rac­


terística m ais im p o rtan te de u m a im p resso ra de lin h a
consiste n a sua capacidade p a ra im p rim ir to d a u m a lin h a
de tipos sim ultaneam ente. Os dois tipos de im p resso ra
d e lin ha m ais usados p a ra trab alh o de co m p u tad o r
on-line são designados p o r im pressoras de cadeia e im ­
pressoras de cilindro.
O m ecanism o de im pressão de um a im p resso ra de
cadeia consiste n um a cadeia m etálica fechada, n a qual se
enco ntram m ontados um ou dois conjuntos com pletos
de im pressão. A cadeia ro d a continuam ente, paralelam en te
à linha de im pressão. A trás do papel, encontra-se u m a
fila de m artelo s que são lib ertados individualm ente quando
o ca rá c te r p retendido atinge a posição de im pressão
desejada. A velocidade de b atim en to do m artelo é sufi­
ciente p a ra se o b ter um a im pressão bem definida no papel,
ap esar de o co n ju n to im p resso r se m ovim entar a alta
velocidade.
Um m ecanism o de im p resso ra de cilindro (figura 37)
utiliza o m esm o princípio de m ovim entação contínua de
faces de im pressão, m as os ca racteres são m ontados n a
superfície de um cilindro m etálico e não n um a cadeia.
Todos os caracteres se en co n tram repetidos ao longo de
todo o cilindro, um a vez p a ra cad a posição de im pressão
(ver a figura 37).
O cilindro ro d a a alta velocidade, de tal m odo que
cada c a rá c te r seja apresentado ciclicam ente à linha de
im pressão. Quando, p o r exem plo, a linha dos A's está
alinhada pela posição de im pressão, são libertad o s sim ul­
tan eam ente os m artelos em todas as posições de linha
em que se p reten d e im p rim ir a letra A, com prim indo
o papel co n tra a face do tipo. E m seguida, é colocada
em posição a fila dos B's, etc., passando a vez a todos
os caracteres. Isto significa que toda um a linha de im p res­
são é o b tid a p o r cad a revolução do cilindro.

103
F ig . 3 7 —i Im p re s s o ra d e c ilin d ro — a r r a n jo geraU e d isposição
d o s c a r a c te r e s n o c ilin d ro d e im p re ssã o .

104
As velocidades de im pressão das im p resso ras de
cadeia o u de cilindro, se bem que dependam dos carac­
teres existentes n a linha e do núm ero de caracteres u sa­
dos, são b astan te altas. Uma im p ressora em linha rá p id a
pode p ro d u zir 1200 linhas p o r m inuto, cada um a com
120 caracteres.
O co njunto de caracteres de um a im p resso ra em
linha tem norm alm ente um m áxim o de 64 caracteres
d iferentes: 26 alfabéticos, e 10 num éricos, sendo os re s­
tan tes sím bolos (ver a figura 37). A linha de im pressão
pode co n sistir num conjunto de caracteres n um n úm ero
m áxim o de 160, se bem que p areçam hoje ser m ais p op u­
lares as linhas de im pressão de 120 caracteres.
Se bem que, com o já vim os, não seja ra ra u m a
velocidade de im pressão de 2400 c.p.s., e sta velocidade não
é ainda suficiente p a ra acom p anhar a velocidade de p ro ­
cessam ento de um com p utador. Isto significa que é p e r­
d id a u m a grande p a rte do tem po de processam ento, en­
quanto o com p utador se ocup a da tran sferên cia p a ra o
ex terio r e da im pressão dos dados de saída. No tem po
necessário p a ra im p rim ir um a linha — cerca de 50 milis-
segundos — o com p utador p odería facilm ente realizar
m ilhares de operações. Uma m aneira m uito utilizada de
red uzir este tem po p erdido consiste em d ar à im p resso ra
a sua m em ória pequena, de dim ensões reduzidas, a qual
será designada p o r «buffer» e p a ra a qual é possível
tra n sm itir to d a u m a linha de um a só vez. A im p ressora
encarrega-se então do controlo da operação de im pressão,
ex traindo os caracteres do b u ffer à m edida que vão sendo
necessários n a posição de im pressão. Isto deixa a área
de saída da m em ória do p rocessador livre p a ra receb er
a linha seguinte de saída e p erm ite igualm ente que o p ro ­
cessam ento continue enquanto se realiza a im pressão.
Se bem que o uso de um b u ffer p erm ita u tilizar o
tem po de processam ento de u m a m aneira m ais eficiente,
m antém -se ainda o facto de, m esm o nestas condições,
os dados não poderem ser processados m ais depressa
que a velocidade a que podem ser fornecidos pela m á­
quina. A saída pode no en tan to ser tem p o rariam en te

105
in scrita n um a fita m agnética, à velocidade de 150 c.p.s.
A fita m agnética é m ais tard e im p ressa d u ran te u m pe­
ríodo de paragem do processam ento.

C a rtõ es e f i ta d e p a p el p e rfu ra d o s

Ambos constituem form as de saída b astan te lenta,


consistindo em dados de saída p erfu rad o s n um a fo rm a
codificada. E stes dois m eios não se p re sta m a situações
em que se tra te m grandes volum es de dados, com o p o r
exemplo no caso de sistem as de processam ento de dados
com erciais, nos quais os volum es de saída e de en tra d a
são grandes relativam ente à quantidade de processam ento
a que os dados são subm etidos. No en tan to , a fita de papel
é m uitas vezes usada em aplicações científicas e m ate­
m áticas, nas quais se obtém u m a saída relativam ente
pequena, em relação ao volum e das operações de proces­
sam ento envolvidas.

S a íd a v is u a l

E ste term o é geralm ente usado p a ra significar a ap re­


sentação visual de inform ações nu m tub o de raios cató-
dicos. Uma unidade de ap resentação visual (em inglês
v.d.u.), já m encionada n a secção sobre term inais de com ­
p u tado res, co n stitu i um m eio b a stan te conveniente p a ra
a obtenção tem p o rária de dados. A inform ação é pedida
atrav és de u m a e n tra d a de teclado e em seguida ap resen ­
tada, quase im ediatam ente, no visor da unidade.
Pode-se realizar a m odificação dos dados assim ap re­
sentados, p o r en tra d a através do teclado. Isto p erm ite
actualizar o registo existente n a m em ória e a alteração
é reflectida no visor.
Do p onto de vista do utilizador, um v.d.u. tem a
vantagem de p o ssu ir u m ráp ido tem po de resp o sta, ou
seja, a inform ação pode ser ap resen tad a quase im ediata­

106
m ente após ser p edida e torna-se p o rtan to ideal n u m a
situação em que não é necessário possuir u m a cópia dos
dados de saída. No en tan to , são necessários um proces­
sad or relativam ente p o ten te e um «software» b astan te
com plexo p a ra su p o rtarem o uso de v.d.u.'s em q u alq u er
escala (figura 38).
Se bem que não en tre verdadeiram ente n a categoria
da ap resentação visual, a saída em m icrofilm e co n stitu i

F ig . 3 8 — U n id ad e d e a p re s e n ta ç ã o v isu a l (D a ta D y n a m ic s).

um a m an eira b astan te p rá tic a de reg istar p erm an en te­


m ente os dados de saída, fornecendo o m eio de obtenção
de u m a cópia p erm anente quando necessário e, sim ul­
taneam ente, p erm itindo econom ia em espaço de arm aze­
n am ento e facilidade de obtenção da saída. Nos p rim eiro s
tem pos d a utilização da saída em m icrofilm e, realizava-se
um processo em duas fases, p rim eiram en te de apresen­
tação visual ou em cópia perm anente e em seguida d e

107
fotografia ou fotocópia. No entanto, as técnicas foram
desenvolvidas no sentido da tran sferên cia d irecta da fita
m agnética p a ra m icrofilm e, u m m étodo extrem am ente
rápido de p ro d u z ir um a cópia perm anente.

S a íd a d ia g r a m á tic a

É m uitas vezes necessário ap re se n ta r a saída sob a


form a de um diagram a ou gráfico. As duas m aneiras de
o fazer consistem em u tilizar um traçador de increm ento
digital que form a um registo p erm an en te ou um v.d.u.,
o qual fornece um registo visual tem porário. No últim o
caso, o v.d.u. tem a vantagem de p e rm itir a m anipulação
da im agem (aum entada ou dim inuída, ou até alterad a em
perspectiva). O feixe electrónico que cria a apresentação
pode ser redirigido, m odificando au tom aticam en te os
dados digitais m antidos n a m em ória e que definem o
form ato do diagram a.
Um traç ad o r de increm ento digital é um dispositivo
usado p a ra co m unicar a saída do co m p u tad o r n u m a form a
gráfica im p ressa com o sejam diagram as, m apas ou dese­
nhos a traço. A m áquina consiste basicam ente n u m tam ­
bor, que se m ovim enta p a ra a fren te ou p a ra trás, no
qual é colocado papel. P ara o b ter u m registo rigoroso,
o papel é co ntrolado p o r apertos. Acima do tam bor,
encontra-se suspensa u m a p o n ta traçadora, capaz de se
m ovim entar p a ra a esquerda e a d ireita a to d a a larg u ra
do papel. Obtém-se assim um m ovim ento em q u atro
direcções básicas. A lterando as velocidades relativas do
papel e da ponta, pode-se o b te r no papel u m a linha com
qualquer direcção e curvatura. A m áquina é controlada
p o r um p rogram a, sendo as dim ensões e a form a das
linhas contro ladas p o r dados de saída. Se bem que a p ro ­
gram ação deste tipo de dispositivo seja b astan te com plexa
e a produção da apresentação final lenta relativam ente
a um v.d.u., constitui m esm o assim u m m étodo rápido
de p rodução de u m a cópia p erm an en te sob u m a form a
gráfica.

108
N ova
P o ssib ili­ D is tr i­ R e g isto e n tra d a O btenção
D isp o sitivo d a d es de C ópia I n te r r o ­ S a íd a in ­ p a ra s u b ­ de in fo r ­
buição perm a­
u tiliza ç ã o físic a gação te r m é d ia se q u e n te m a çõ es
e x te rn a n e n te
u tiliza çã o
Im p re s s o ra E x te n s a V V V V V
d e lin h a
T e rm in a l ReLativa- V V V
(te le tip o ) m e n te V
e x te n s a
U n id ad e M enos V V
de a p re ­ e x te n s a V
s e n ta ç ã o
v is u a l
T ra ç a d o r L im ita d a V L im ita d a
d e g r á f icos
V
M eio E x te n s a V
m a g n é tic o
M eio L im ita d a V V V
p e rfu ra d o

E m d e se n ­ V V V
M icro film e v o lv im en to (D u as (S e g u n d a
fa s e s ) fa s e )
R e sp o sta E m d esen ­
a u d io v o lv im en to
V V
(ilim itada)

F ig . 39 —■L is ta d e d isp o sitiv o s d e saíd a.


Saída acústica

Antes de term in ar e sta listagem dos dispositivos de


saída, devemos m encionar u m dos desenvolvim entos m ais
recentes, o da saída acústica. Se bem que ten h am sido
usados d u ran te algum tem po sintetizcidores de voz sob
a form a de gravadores sofisticados de fita ou disco, e
seja um processo relativam ente sim ples rep ro d u zir sons
escolhidos sob controlo do com putador, os desenvolvi­
m entos m ais recentes referem -se ao arm azenam ento de
sons, palavras, etc. sob a form a digital, em circuitos do
«estado sólido». E stes sinais digitais são lidos a p a r tir
da m em ória quando conveniente e alim entados atrav és
de um co nversor digital p a ra analógico, produzindo assim
u m sinal audio analógico que é passado p o r u m am pli­
ficad or e um alto-falante.
A figura 39 ap resen ta a lista d e potencialidades e u ti­
lizações dos dispositivos de saída.

110
5

O PROCESSADOR CENTRAL

F oram an terio rm en te m encionados dois term os re la­


cionados com a instalação de com putadores. E sses te r­
m os e ram hardw are e softw are. Softw are é o nom e dado
colectivam ente ao sistem a e aos program as, e h ard w are
ao co n ju n to de m áquinas que constituem o com putador,
incluindo o processador cen tral, os dispositivos de en­
tra d a e de saída e as m em órias.
O p o rm en o r m ais im p o rtan te do h ard w are do com ­
p u ta d o r é o processador central. Nos p rim eiro s tem pos,
os com putadores eram m uitas vezes referidos pelo nom e
de «cérebros electrónicos». Se bem que e sta expressão
dê ao com p u tad or um a im p o rtân cia que não tem , dado
que se tra ta apenas de um a m áquina e, com o tal, inclusi-
vam ente b astan te lim itada no que realiza relativam ente
às capacidades do nosso cérebro, o p ro cessad o r cen tral
é no e n ta n to o local onde todo o trab alh o é feito, onde
se realiza a função de direcção e onde são tom adas deci­
sões. Sob alguns pontos de vista, as suas funções são
sem elhantes a algum as que realizam os com o nosso cé­
rebro. E stas podem ser sum arizadas do seguinte m odo:

1. Um a capacidade de m em ória que arm azen ará e


p e rm itirá ir buscar, quando necessário, registos de in fo r­
m ação.

111
2. A capacidade de «recordar» u m a série de ins­
truções.

3. A capacidade de realizar funções lógicas, incluindo


a realização de operações aritm éticas.

4. A capacidade de verificar e c o n tro la r as suas


operações.

5. A capacidade de executar e «recordar» as in stru ­


ções recebidas. De facto até m ais que isto, dado que
é capaz de decidir quais das instruções devem ser efec-
tuadas e c o n tin u ar este processo sem intervenção hum ana,
a té ser realizado o objecto das instruções.

6. A capacidade de, através do controlo das acti-


vidades dos dispositivos periféricos, tra n sfe rir inform a­
ções com o e quando for necessário, m an ter estas in fo r­
m ações n a sua m em ória e finalm ente com unicar os resul­
tad os do seu trabalho.

Talvez n este ponto, antes de co n sid erar em detalhe


estas funções do processador central, seja ú til rever b re­
vem ente a relação e n tre o processador e o resto do com ­
p u tad o r. Já vimos an terio rm en te que, en q u an to todo o
trab alh o de processam ento é realizado no pro cessad or
cen tral, os dados sobre os quais este deve tra b a lh a r e os
p rogram as que especificam o trab alh o a realizar devem ser
alim entados ao co m p u tad o r a p a rtir de algum tipo de
dispositivos de arm azenam ento ou en trad a. Do m esm o
m odo, quando o trab alh o está com pletado, os resu ltad o s
devem ser retirad o s do processador p a ra um dispositivo
de arm azenam ento ou de saída. Isto significa que o p ro ­
cessador deve p ossuir um ce rto núm ero de «canais», a tra ­
vés dos quais esta inform ação pode p a ssa r p a ra e dos
periféricos.
De facto, designamo-los p o r canais de entrada e saída.
Um canal é pois um a via de e n tra d a ou saída do p ro ­
cessad or central. E m term o s sim ples, existe u m cabo,

112
vindo do dispositivo periférico e com u m a ficha n a ex tre­
m idade, que pode ser ligado a um destes canais de en-
tra d a /sa íd a . G ponto de ligação ao processad o r é designado
p o r interface. Um sistem a de com p u tad o r no qual q u alq u er
tipo de periférico possa ser ligado como se p re te n d a te rá
aquilo que se p o d erá designar p o r u m a interface «sta n ­
d a rd ».
Alguns processadores têm canais lentos e rápidos. Os
canais lentos são usados p a ra periféricos que tra n sp o r­
tam dados lentam ente, com o sejam os leitores de cartões,
o u os leitores ou im p ressoras de fita de papel. Os canais
rápidos são usados p a ra periféricos rápidos, com o sejam
os de fita m agnética e discos m agnéticos.
Um co m p u tad o r é então norm alm ente u m a «confi­
guração» de m áquinas, ligadas através de u m a interface,
sendo o processador ce n tral a p a rte cen tral de controlo.
O nom e que dam os a todo este co n ju n to de h ard w are é
configuração de com putador. A inter-relação dos p erifé­
ricos com o pro cessador cen tral é ilu strad a n a figura 40.
O bservem os agora as funções do p ró p rio p ro cessad o r
central e exam inem os com algum detalhe as funções
an terio rm en te m encionadas.

A m em ória

N a cap ítu lo 2, vim os que u m co m p u tad o r trab a lh a


com o m ais sim ples dos sistem as de num eração — o
sistem a binário. Vimos igualm ente que tod a a inform ação
existente no com putador, q u er ten h a um a fo rm a alfabé­
tica ou num érica, é expressa digitalm ente em term os de
0 ou 1. O segredo da m em ória de um pro cessad o r deve
p o rta n to re sid ir em algum tipo de dispositivo que possa,
em q u alq u er m om ento concreto, encontrar-se n u m de dois
estados, seja suficientem ente estável p a ra m an ter esse
estado indefinidam ente m as, sim ultaneam ente, ten h a a
capacidade de a lte ra r o seu estado de 0 p a ra 1 ou de 1
p a ra 0, conform e as necessidades. O utra condição ainda
é que deve ser possível discrim inar en tre estes dois esta-
8 113
Periféricos
de saída
Perif éricos

de entrada
Periféricos

F ig . 40 — P e rifé ric o s e p ro c e s s a d o r c e n tra l.


dos, de tal m odo que o estado binário rep resen tad o possa
ser «lido».
Talvez o exem plo m ais sim ples seja neste caso o de
um a lâm p ada eléctrica que rep resen te o 0 quando está
desligada e 1 quando está ligada, e que, q u er esteja ligada
q u er desligada, m an ten h a esse estado sem alteração. Como
é evidente, p en sar em u sa r circuitos deste tipo n u m a m e­
m ória de com p u tador é p erfeitam ente im possível.
E xistem dois o u tro s aspectos essenciais da m em ória
de um com putador. São eles o acesso e a velocidade. H á
pouco interesse em desenvolver a m ecânica de m em órias
de grandes dim ensões, a não ser que nelas seja possível
descob rir q ualquer registo p a rtic u la r quando é necessário.
Dado que a potência de um co m p u tad o r reside em g rande
p a rte n a velocidade ex trem am ente ráp id a a que é possível
localizar q u alq u er inform ação, seja qual fo r o sistem a
de arm azenam ento usado n a m em ória do p ro cessador,
este deve p restar-se a um a b u sca m uito rá p id a dos dados
convenientes. E xistem evidentem ente m u itas m an eiras
diferentes de arm azenar inform ação. Um exemplo b em
conhecido é o arm azenam ento de m úsica, p a ra o q u al
usam os discos ou fitas gravadas. Se p retendem os re p ro ­
duzir u m a dada frase da fita, é necessário bobiná-la n u m
gravado r até atingirm os a frase que nos in teressa ouvir.
No caso de um disco, se souberm os qual a faixa onde a
frase em causa se en co n tra gravada, podem os colocar
a agulha de rep rodução no local certo. Podem os d a r no­
m es a estes dois m étodos, designando o prim eiro p o r
acesso serial, dado que é necessário p assa r a fita to d a
até ao p onto desejado, e o segundo p o r acesso directo,
dado que podem os alcançar im ediatam en te o que p re ­
tendem os em q u alq u er dos lados do disco.
Como é evidente, o segundo m étodo de localização
é b a sta n te m ais rápido. São estas duas qualidades, a capa­
cidade de se dirigir d irectam ente à inform ação p re te n ­
dida, e a capacidade de o realizar a grande velocidade,

115
que dão origem à designação da m em ória como o registo
de acesso im ediato do com p utador.
E m seguida, devemos co n sid erar alguns dos dispo­
sitivos que podem ser usados p a ra co n stitu ir a m em ória
do processador, e isto de acordo com os critério s exigidos.
Alguns m erecer-nos-ão apenas um a c u rta m enção, m as
os m ais utilizados serão observados em m aior porm enor.

IÂriha d e a tr a s o d e m e rc ú rio

E ste foi um dos prim eiros dispositivos utilizados


p a ra arm azenam ento de inform ação em processadores.
Sem serm os dem asiado «técnicos», direm os que u m a linha
d e atra so de m ercúrio é um tub o de m ercúrio com um
cristal piezeléctrico em cad a extrem idade. E ste tipo de
cristal tem a p ro p ried ad e de se expandir e c o n tra ir quando
é passada u m a co rren te eléctrica variável através dele.
R eciprocam ente, p ro d u zirá u m a co rren te p u lsan te
q u an do é vibrado m ecanicam ente. Isto significa que u m a
série de im pulsos aplicados nu m a das extrem idades do
c rista l levam-no a vib rar, provocando u m a série de ondas
d e p ressão através do m ercúrio contido no tubo. E stas
o n das b atem no cristal n a o u tra extrem idade e levam-no
assim a vib rar, em itindo p o r sua vez um a série sem e­
lh an te de im pulsos, se bem que consideravelm ente m ais
fracos que o original. Se bem que este processo atra se
os im pulsos de, no m áxim o, cerca de um m ilissegundo,
se os sinais de saída forem am plificados e ap resentados
novam ente à e n tra d a do tubo, é ob tid a u m a m an eira
de circular, ou arm azenar, a inform ação indefinidam ente.
Q uando se p reten d e u sa r a inform ação em causa, esta
pode ser desviada p a ra um canal de saída. Se se p reten d e
arm azen ar u m a nova inform ação no circuito regenerativo
em causa, este é aberto, a fim de lim p ar o tubo de atra so
de linha, e a nova inform ação alim en tad a através do am ­
p lificado r (figura 41).

116
Cristal piéz eléctrico Cristal pièz eléctrico

F ig . 41 — L in h a de a t r a s a d e m e rc ú rio , in d ic a n d o -se a s é r ie d e
im puilsos em circuilação.

T a m b o re s m a g n é tic o s

O utro tipo de arm azenam ento utilizado nos p rim eiro s


p rocessadores era o tam bor m agnético. E ste não co n sti­
tu i v erdad eiram ente um registo de acesso im ediato, dado
que o m ovim ento m ecânico do tam b o r é necessário an tes
de p o d er ser localizada a inform ação preten d id a. Isto
ocupa um período apreciável de tem po — u m a m édia de
cerca de 10 m ilissegundos. O m étodo constitu i no en tan to
um g rande passo em fren te no sentido do aum ento de
volum e de dados que podiam ser m antidos no procest
sador. Se bem que os tam b ores tenham agora sido ultrar
passados cpm o registos dos processadores cen trais pelas
m em órias electrónicas e m agnéticas de «estado sólido»
(uso de sem icondutores), foram de facto rein troduzidos
nos ú ltim os anos com o form a de arm azenam ento de apoio*
Os tam b o res m agnéticos são tra ta d o s com algum detalhe
no C apítulo 6.

117
O m aior desenvolvim ento seguinte foi a in tro d u ção
de arm azenam ento em anéis ferrom agnéticos. É este que
se u sa com o registo de acesso im ediato n a m aio r p a rte
dos processadores cen trais actuais.

R e g is to d e n ú cleo de fe r r ite

E ste registo utiliza o princípio eléctrico elem en tar


que consiste no facto de, no caso de ser p assada um a
co rren te eléctrica através de u m fio, se fo rm a r um cam po
m agnético n a direcção dos p onteiros do relógio re la ti­
vam ente à direcção da corrente. Se se in v erter a direcção
d a co rren te, a direcção do cam po m agnético será inver­
tida. Se passarm os o fio pelo centro de um pequeno anel
capaz de ser m agnetizado, com o p o r exem plo um anel feito
d e fe rrite, ao p a ssa r u m a co rren te através d o fio, as extre-
)k > f

Polaridade . Corrente inversa


do magnetismo /\C Vv inversão da
polaridade

>
f

Direcção da corrente

F ig . 4 2 —' P rin c íp io d a m e m ó ria em n ú c le o d e fe r rite .

m idades das p artícu las de fe rrite q u e se o rien tam p a ra


o N o rte do cam po m agnético ap o n tarão n a direcção dos
p o nteiros do relógio segundo as linhas de fo rça do cam po
m agnético e m anter-se-ão nesse estado até ser in tro ­
duzida um a força que o altere. E sta força p o d eria ser
in tro d u zid a fazendo p a ssa r u m a co rren te de potencial
suficiente n a direcção op osta e ao longo do fio, inverten­
do-se então a po laridade do m agnetism o. Isto dá-nos pois
u m dispositivo b a stan te p rático e fácil de accionar, com
apenas dois estados (figura 42).
Um núcleo de fe rrite constitui então u m pequeno anel
de ferrite, com um d iâm etro in te rio r de 0,3 a 1,3 m m , que
p o r v irtu d e da direcção do seu m agnetism o pode ser
levado a re p re se n ta r um dígito binário 0 ou 1. No en tan to ,
necessitam os de dezenas de m ilhares destes anéis p a ra
arm azen ar to d a a inform ação necessária ao p ro cessador,
e p o r su a vez estes anéis devem ser m ontados em grupos
que rep resen tem palavras no com putador. A capacidade
de arm azenam ento do p rocessador é definida pelo n ú m ero
de p alavras que contém . Isto é expresso em term o s de K,
co n stan te que re p resen ta 1024 palavras. As m em órias são
n o rm alm en te co n stru íd as em m últiplos de 4K, co n sti­
tu in d o p o rta n to m em órias de 4 K, 8 K, 16 K, 32 K, etc.
Isto significa, p artin d o de u m a dim ensão da palav ra de
24 bits, que u m a m em ória de 4 K seria co n stitu íd a p or,
ignorando p o r agora q u aisq u er outros factores, cerca de
24 000 anéis de ferrite.
U m a com plicação adicional é que cada anel individual
deve ser acessível electricam ente de tal m odo que a direc­
ção do seu cam po m agnético, e p o rta n to tam b ém a sua
rep resen tação binária, possam ser controladas.
Os núcleos de fe rrite são m ontados n u m a m atriz (fi­
g ura 43), sendo cada linha de núcleos ligada p o r fios em
duas direcções e perp endiculares en tre si. Isto significa
que existe apenas um núcleo n a intersecção de q u aisq u er
dois fios. Dado que a co rren te necessária p a ra a lte ra r
a possibilidade do m agnetism o num núcleo deve ser de
u m valo r m ínim o necessário, se forem p assadas co rren tes
d e m etad e deste valor através de dois fios p erp endicula­
res e n tre si, o valor de co rren te necessário só será ob tid o
n o núcleo, onde os dois fios se interseetarem . Ou seja,
neste ponto a som a dos dois sem i-im pulsos é suficiente
p a ra a lte ra r a condição d este núcleo. Isto significa que
q u alq u er núcleo individual existente n a m atriz p o d erá ser
escolhido de acordo com a su a referência ú n ica n a grelh a
de fios.
Isto dá então acesso a q u alq u er núcleo individual
nu m a m atriz, se bem que se deve te r em co n ta que, n estas
condições, só u m núcleo pode ser atingido de cada vez.

119
'r

rv i - CcvV )I CcV)JI
\A
Cc \ \
K J [)J
Ccc
\ÁV

CcD)
^ Cc
(C ^ CcC Cn
r ^ r t

^ Cct f Cc ^ í ^ í í
T r ^ r cr t

c \ Co^ Tc C Cc^ f n

T Cr ^ C cr t

r^> (? ^ Tc
V í
V
0 estado do núcleo, marcado pode ser alterado fazendo passar meios impulsos pelos fios A e B

F ig . 4:3 —*S ecção de u m a m a tr iz d e m e m ó ria de n ú cleo s


m agnético® .
Q ualquer ten tativ a p a ra atingir dois núcleos sim ultanea­
m ente, fazendo p assa r correntes através de dois co nju n to s
de fios p erp endiculares e n tre si, en c o n traria q u atro
núcleos nos pontos de intersecção. Isto significa que, no
caso de desejarm os te r acesso sim ultâneo a u m g rupo
de núcleos rep resen tan d o u m a palavra, isto não p o d erá
ser feito no caso de todos eles se encontrarem n a m esm a
m atriz. E ste prob lem a é resolvido m ontando u m certo
núm ero de m atrizes verticalm ente um as p o r cim a das
o u tras (figura 44), de tal m odo que os núcleos aparecem
agora em colunas verticais, e cada coluna pode ser con­
sid erada com o um a palavra de com putador. Dado que os
núcleos existentes n a coluna se encontram m ontados em
grelhas de fios separadas, torna-se assim possível te r
acesso a um certo núm ero de núcleos sim ultaneam ente,
fazendo p assa r im pulsos através do m esm o conju n to co r­
resp ond ente de fios em cada grelha.
P artin d o do princípio de que com eçam os p o r u m
núcleo m agnetizado nu m a direcção que re p resen te zero,
se fizerm os p assa r sem i-im pulsos através dos fios A e B
(figura 43), então a p olaridade será invertida, dando o ri­
gem a u m estado 1. Como é evidente, é agora necessário
fo rnecer a capacidade p a ra in te rp re ta r ou «ler» o estado
em cad a núcleo. E sta função é novam ente fu n dam en­
tad a nu m princípio eléctrico elem entar. Se fo r m ovi­
m entado um cam po m agnético relativam ente a um fio,
será p ro d u zid a um a co rren te induzida no fio.
P ara ca p ta r esta co rren te induzida, passam os u m
terceiro fio S (figura 45) p o r ca d a núcleo. Se agora forem
passados sim ultaneam ente sem i-im pulsos através de A'— A
e B ' — B, no núcleo (a) da figura 45 a direcção do m agne­
tism o, no sentido dos p onteiros do relógio relativam ente
à direcção da co rrente, m anter-se-á inalterável e nen h u m
im pulso será constituído em S, m as no núcleo (b) o efeito
será o inverso da direcção do cam po e esta inversão p ro ­
vocará u m im pulso induzido em S.
Tem os agora no fio sensor S a rep resen tação do
estado b in ário dos dois núcleos (a) e (b) — nenhum im ­
pulso = zero, im pulso = um — m as deste m odo destruí-

121
© =0

Fig. 44 — iSeccão tridimensional. de um registo de núcleos com


seis pilanos. Cada coluna vertical representa uma palavra de
seis íbits que pode ser lida pelo fio sensível C.

122
m os a inform ação que se tin h a originalm ente, dado que
am bos os núcleos têm agora u m valor lógico zero. T or­
na-se agora necessário reg en erar o estado original dos
núcleos. Chama-se a isto o ciclo de regeneração. P ara tal,
B

Fig. 45— Leitura de um. núcleo de ferrite.

são passados im pulsos no sentido oposto ao longo dos


fios A — A' e B — B ' m as, com o é evidente, isto fa rá
p assa r am bos os núcleos (a) e (b) p a ra o estado 1 quando,
de facto, o núcleo (a) se encontrava originalm ente no
estad o 0. É então necessária u m a o u tra operação p a ra

123
im p edir u m núcleo, originalm ente no estad o zero, de ser
p assado p a ra 1 no ciclo de regeneração. Isto é feito pas­
sando um sem i-im pulso através do fio F — I no sentido
oposto a A — A', de tal m odo que os dois im pulsos dos
dois fios coincidam apenas no núcleo que não se p re ­
tende alterar. O efeito disto consiste evidentem ente em
te r dois sem i-im pulsos deslocando-se em sentidos opostos,
que se anu larão m utuam ente, e u m terceiro im pulso des­
locando-se perp endicularm ente, ao longo de B — B', que
é insuficiente p o r si só p a ra a lte ra r o estado do núcleo.
Uma desvantagem im p o rtan te das m em órias de
núcleos de fe rrite é que o seu fabrico se to rn a caro. A sua
construção em prega m u ita força de trab alh o , devido à
necessidade de m o n ta r m anualm ente os núcleos, passando
p o r cad a um deles os fios de le itu ra /e sc rita e sensor.
Os avanços técnicos realizados nos últim os anos nos
circuitos integrados ab riram cam inho ao uso de sem icon­
d uto res com o elem entos básicos de m em ória.

O s se m ic o n d u to re s

Já discutim os an terio rm en te o uso de sem icondutores


bipolares n a co nstrução de dispositivos bi-estáveis — flip-
-flops — quando tratá m o s dos dispositivos de arm azena­
m ento tem p orário (capítulo 3).
Como um flip-flop constitui u m dispositivo de a rm a ­
zenam ento estável, é h ab itu al u sa r nas m em órias p rin ci­
p ais sem icondutores metal-óxido. E ste dispositivo consiste
n u m a sanduíche de óxido m etálico en tre u m a p laca
m etálica e u m a b an d a de silício. A resistência, e p o rta n to
tam bém a condutividade, da p astilh a de silício pode ser
alterad a aplicando u m a carga à placa m etálica. Tem os
en tão u m a situação em que se p o d ería levar u m baixo
g ràu de condutividade a re p re se n ta r um bin ário 1 e u m a
alta condutividade um b inário 0. E stando de facto fios
ligados a am bas as extrem idades de u m a p astilh a de silí­
c io —>respéctivam ente um fio de fonte e um de drain, o
fio de fonte pode ser verificado através de u m am plifi­

124
cador sensor no que se refere a um a possível passagem
de corrente. Um prob lem a deste tipo de m em ória de
sem icondutores é que se to rn a b astan te «volátil»; isto
significa que, sendo aplicada a carga à p laca m etálica —
a «porta» — a m aior condutividade da p astilh a de silício
tem apenas u m a c u rta duração, de cerca de 2 a 20 milis-
segundos. É p o rtan to necessário re co n stitu ir co n tin u a­
m ente o estado dos sem icondutores, reciclando a in fo r­
m ação que re p resen tam em períodos de alguns milis-
segundos. Poderem os cham ar a isto ciclo de reanimação.
As m em órias sem icondutoras deste tipo, co n tra ria­
m ente à m em ória de núcleos ferrom agnéticos, dependem
d a c o rren te — a inform ação re p resen ta d a desaparece
assim que a fonte de c o rre n te é desligada. É arg um ento
que, no com p utador m oderno, isto não co n stitui u m a
grande desvantagem , dado que os periféricos m uito rá ­
pidos evitam a necessidade de arm azenar dados ou u m
p ro g ram a n a m em ória do p rocessador p o r períodos
significativos de tem po.
As m em órias sem icondutoras são m on tad as seguindo
u m p rincípio m uito sem elhante ao das m em órias de
núcleos: u m a m atriz de sem icondutores n u m plano, com
fios p a ra aceder a cada «bit» individual no respectivo
ponto de intersecção. São m ontadas algum as m atrizes
paralelas e n tre si, de m odo que o conjun to de sem icon­
du tores que surgem nas m esm as posições relativas em
to d as as m atrizes co n stitu irão u m a palav ra de co m p uta­
dor. C ada m atriz (figura 46) contém um a série de am pli­
ficadores de leitu ra e am plificadores sensores, sendo o
ciclo de reanim ação realizado contínua e au to m atica­
m ente através de circuitos que constituem p a rte in teg ran te
da m atriz. Com os desenvolvim entos actuais dos m icro-
circuitos integrados, é possível c o n stru ir m em órias sem i­
co n du toras m uito pequenas m as b astan te ráp id as e de
funcionam ento b astan te seguro, p o r exemplo, m em órias
de 4K n um a p astilha de 50 X 75 mm .
Todos os tipos de dispositivos de m em ória discutidos
até agora têm um a ca racterística em com um : o seu estado
pode ser alterado pela en tra d a de um im pulso eléctrico.

125
E sta é evidentem ente um a característica essencial,
d ado que se p reten d e que as m em órias arm azenem tem ­
p o rariam en te inform ação variável.

Memórias de leitura

P arte da inform ação m an tid a no p rocessad o r cen tral,


n o en tan to , n ão varia e é perm anente. Referim o-nos p o r

Um de 3 2

Fig. 46 — Exemplo de memória semicondutora de acesso cíclico.

126
exem plo à inform ação de controlo, com o seja o código
de funções da m áquina ou o seu sistem a de funciona­
m ento, ou ainda, p o r o u tro lado, os dados necessários em
funções de processam ento, com o p o r exemplo tabelas de
valores das constantes. Um exemplo deste ú ltim o tipo
é um a tab ela aritm ética consistindo num certo nú m ero
de posições reservadas n a m em ória, nas quais se m an têm
p erm anen tem ente a som a e a diferença en tre q u alq u er
p a r possível de dígitos binários. Isto fornece aliás u m a
m aneira altern ativ a de realizar operações aritm éticas.
P ara m an ter estes dados estáticos, são necessários
dispositivos de m em ória cu ja rep resentação b in ária não
possa ser alterad a depois de os registos terem sido cons­
tru ídos. Chama-se-lhes m em órias de leitura apenas. O es­
tad o destes registos, em term os binários, é co n stan te e
a sua saída será sem pre a m esm a, quando lhes forem
subm etidos im pulsos de entrada.

Organização da m em ória

Até agora, discutim os n este capítulo diversos dispo­


sitivos capazes de arm azenarem b its individuais e vim os
a m aneira com o é possível a lte ra r o estado destes dispo­
sitivos, de m odo a que possam re p re se n ta r 0 ou 1 con­
form e as necessidades, e igualm ente que deve ex istir u m
m étodo de d iscrim inar en tre am bos — um processo de
leitura. Além disso, no C apítulo 2, foi m encionado que
u m a m em ória que contenha apenas u m a am álgam a des­
tes b its não teria q u alq u er significado, a m enos que estes
se encontrassem organizados em grupos definidos, p er­
m itindo não só a diferenciação de p artes desses dados
e n tre si com o ainda fornecer um m eio de localizar qual­
q u er dado p a rtic u la r em term os de um endereço único.
N este ponto, talvez devéssem os o lhar um pouco m ais de
p erto estes grupos, conhecidos pela designação de palavras
de com p utad or.
T endo dito que um a palavra contém um nú m ero
sta n d a rd de bits, é necessário reconhecer que a dim ensão

127
de u m a palav ra varia de um a m áq u in a p a ra ou tra. E m
algum as m áquinas, p o d erá co n ter o núm ero suficiente
de b its p a ra re g istar u m carác te r, norm alm en te seis bits,
o que nos dá u m a situação em que cada c a rác te r tem
u m endereço único. A m aior p a rte das m áquinas, no
en tan to , utilizam u m a palavra de m aior dim ensão que
acom od ará um ce rto núm ero de caracteres ou u m a expres­
são b in ária relativam ente extensa. T rata-se das palavras
d e 16, 24, 36, 48, etc., b its. P ara efeitos das explicações
seguintes será u sad a u m a p alavra de 24 bits.

A palavra de com putador

Aquilo que é conhecido p o r p alav ra de 24 b its acom o­


dará, de facto, 25 bits. O vigésim o q uinto b it é usado com o
verificação de p arid ad e a fim de salvaguardar o rigo r
B it de paridade Endereço

i_ _ id
] 2345 i
i ] i 1
i
■ i i t i ■j ., ! i i i___i i i— 1 1 1 1 L i . l 1 1 1 1
t
B it de sinal

0 = +
1 = -

Fig. 47 — Palavra de vinte e quatro ibits.

dos dados quando estes são deslocados d en tro do com ­


p u ta d o r (figura 47).
Cada palavra, excepto as reservadas p a ra objectivos
especiais, com o sejam registadores ou acum uladores, é
capaz de g u ard ar um a in stru ção de p ro g ram a ou um dado.
C ada p alavra pode ser dividida num certo n úm ero de
subsecções designadas p o r bytes. No caso de u m a palavra
de 24 bits, cada byte co n terá seis bits, o que é suficiente
p a ra um ca rác te r — núm ero, le tra o u sím bolo. Se bem

128
que a palavra p ro p riam en te d ita tenha um endereço, os
bytes individuais não o têm .
O p rim eiro dos 24 b its de dados (figura 47) é u tili­
zado com o b it de «sinal». Um b it 0 nesta posição indica
u m núm ero positivo e um b it 1 indica um n úm ero nega­
tivo. O nú m ero positivo m aior que pode ser guardado
n um a p alavra de 24 b its é o rep resentado p o r 23 b its «1»:

011111111111111111111111

Isto equivalerá a 223 — 1, o que é igual a 8 388 607.


O núm ero m ais negativo que pode ser guardado é re p re­
sentado p o r u m «1» seguido de 23 zeros:

100000000000000000000000,

ou seja — 223, ou ainda, — 8 388 608.


R ecordem os que os núm eros negativos n a form a com ­
p leta são tais que 24 b its «1»:

111111111111111111111111

será o com plem ento de

000000000000000000000001,

ou seja, — 1. Uma palavra de 24 b its arm azen ará p o rta n to


qu alqu er núm ero sob a form a de um a expressão b in ária
p u ra ou serial, na gam a en tre — 8 388 608 e + 8 388 607.
Se é necessário arm azenar um n úm ero que u ltrap asse esta
gama, pode-se fazê-lo utilizando duas palavras adjacentes.
N este caso, o b it de sinal da palavra m enos significativa
não é usado com o p a rte da expressão, sendo colocado
no valor zero. O sinal é indicado pelo b it de sinal da
palavra m ais significativa. E sta p rá tic a de ju n ção a u m a
segunda p alavra é conhecida p o r aritm ética de com pri­
m ento duplo.
Os dados m antidos na m em ória assum irão um a de
duas form as — alfabética ou num érica. Como já vim os
9
129
anterio rm ente, a codificação alfabética é realizada em gru­
pos de seis b its e será p o rtan to arm azenad a sob a form a
d e q u atro caracteres p o r palavra. Os núm eros podem
ser altern ativ am ente descritivos ou quan titativ o s, como
p o r exem plo n a afirm ação «54 peças em stock de refe­
rência BG167C». Os algarism os no núm ero de referência
não se encontram sujeitos a qu alq u er processo autom á­
tico, en quanto que a quantidade «54» o pode perfeitam en te
estar. E nfrentam os então a escolha e n tre arm azen ar afir­
m ações num éricas quantitativas em fo rm a b in ária p u ra
ou em codificação b inária.
E m m uitos com putadores, am bas as form as são u tili­
zadas, m as em fases diferentes. Q uando se lê p rim eira­
m ente os dados p ara arm azenam ento n a m em ória, estes
encontram -se n o rm alm ente em codificação b inária. Qual­
q u er p a rte que deva p assa r p o r u m a operação aritm ética
é então con vertida num a afirm ação b in ária p u ra p ara
este fim e, quando os cálculos estão term inados, a res­
p o sta é novam ente reconvertida em p u ra codificação
bin ária, p a ra execução da saída.

Realização das operações aritm éticas

Já vimos no capítulo 2 a m aneira como as operações


aritm éticas podem , em a tritm ética b inária, ser reduzidas
a sim ples adições, e no cap ítulo 3 a m aneira com o um
som ador pode ser construído utilizando um a com binação
de p o rtas lógicas. A próxim a questão a considerar, em
princípio, é a form a com o o p rocessador realiza as ope­
rações aritm éticas. Dado que dois núm eros, ou operandos,
deverão e star presentes, são necessários dois registos espe­
ciais na u nidade aritm ética p a ra os guardar. Podem os
cham ar-lhes registos A e B (figura 48), se bem que na
m aio r p a rte dos sistem as o registo B seja igualm ente um
acum ulador, no qual podem ser m antidos os resultados
interm édios ou finais do processam ento.

130
As operações são controladas através de um registo de
controlo aritm ético que governará a série de fases necessá­
rias p a ra realizar os cálculos, a p rim eira das quais será
um a in stru ção p ara «limpar» (em inglês «clear») a fim
de «esvaziar» todos os registos.

F ig . 4 8 — iF unção «adição».

A d içã o

Sob um a instrução do program a, é dado acesso a


um «acum ulador de carga» ao endereço do operando
relevante na m em ória e a inform ação p o r este co n tid a é
circulada, sendo ab ertas as p o rtas necessárias p ara qu e
esta possa e n tra r no acum ulador.
Uma ordem «som ar ao acum ulador» d ará acesso ao
endereço do segundo operando e o seu conteúdo será
m ovim entado do m esm o m odo p ara o registo A. O con­
trolo aritm ético leva agora os dois operandos a circularem
através do som ador e o resu ltad o é então m ovim entado
de novo p a ra o acum ulador, sendo sobreposto ao seu
conteúdo anterior. F inalm ente, será executada um a ins­
tru ção p a ra m ovim entar o resu ltad o p ara o endereço de
destino n a m em ória.

131
Subtracção

Já vim os an terio rm en te que a m áquina não su b trai


realm ente, antes realizando e sta operação p o r adição
com plem entar. Isto significa que u m o u tro dispositivo
p o d erá ser necessário n a unidade aritm ética — um com-
plem entador. E ste é colocado em circu ito pelo controlo,
quando se p re te n d e executar u m a ordem de subtracção,
convertendo o sub traendo m antido no registo A, antes
da sua circulação através do som ador (figura 49). A p a rtir

F ig . 4 9 — F u n ç ã o « su b tracção » .

d este ponto, realiza-se um a adição norm al, sendo a «dife­


rença» gu ardad a novam ente no acum ulado r e lançada em
seguida no respectivo endereço de m em ória.
Surge u m a nova com plicação no caso de a m áq u in a
dever realizar u m a adição ou sub tracção algébrica, dado
que am bos os núm eros podem ser negativos. No caso da
adição, a reg ra consiste em som ar sinais iguais e su b tra ir
sinais diferentes (com plem entação e som a). P or exemplo:

Soma d e— *a e — b ....... soma


Som a de — a e + b ........ com plem entação e som a

132
Isto significa que se to rn a necessário um comple-
m en tad o r adicional, trab alh an d o ju n tam en te com o acum u­
lador, e um eo m p arad o r de sinal, trab alh an d o em con­
ju n to com os com plem entadores, a fim de decidir se é ou
não necessária a com plem entação.

M u ltip lica çã o

Como já vimos, a m ultiplicação pode ser efectuada


p o r adição repetida. E ste processo é, no en tanto, re la ti­
vam ente lento. Por exemplo, o cálculo 111011 (59) X
X 101011 (43) obrigaria a som ar 111011 a si p ró p rio 43
vezes. A m ultiplicação pode ser consideravelm ente en c u r­
tada, utilizando um princípio de deslocam ento, idealm ente
ap rop riado à aritm ética binária. E ste deslocam ento seguirá
as seguintes regras:

1. Se o p rim eiro dígito do m ultip licad o r for 1, o


m ultiplicando é copiado, m ovido p a ra o acum ulador e
deslocado de um espaço p a ra a direita. Se o prim eiro
dígito do m ultiplicador é 0, en tão o m ultiplicando mão
é copiado, m as as posições p a ra o p ro d u to no acum ulador
são deslocadas um espaço p a ra a direita.

2. Se o segundo dígito do m ultiplicador é 1, en tão


o m ultiplicando é circulado através do som ador ju n ta ­
m ente com o conteúdo do acum ulador, sendo o p ro d u to
p arcial re su ltan te m ovido de novo p a ra o acu m ulador e
deslocado m ais u m espaço p a ra a direita. Se fo r zero, o
conteúdo do acum ulador é apenas deslocado um espaço
p ara a direita.

3. E ste processo é rep etido até que o dígito final do


m ultip licador seja tratad o , e n esta fase será guardado
no acu m ulador o p ro d u to final.

133
M u ltip lican d o 111011
M u ltip lic a d o r 1 0 1 0 1 1
1.° d íg ito 111011 —-se 1, copia a o acu ­
m u lad o r.
111011 — d e s lo c a m e n to de
u m esp aço
2.° d ig ito 1 1 1 0 1 1 —*so m a ao a c u m u ­
la d o r
10110001 — p ro d u to p an cia l ao
acum uilador
10110001 — d e s l o c a m e n t o de
u m esp aço
3. ° d íg ito — n ã o so m a
10110001 — d e s l o c a m e n t o de
u m esp a ç o
4. ° d íg ito 1 1 1 0 1 1 —*so m a ao a c u m u ­
ilador
1010 0 01001 —»p ro d u to p a r c ia l a o
acu m u ilad o r
1 0 1 0 0 0 1 0 0 1 — d e s l o c a m e n t o de
u m e sp a ç o
5.° d íg ito — n ã o so m a
1 0 1 0 0 0 1 0 0 1 — d e s l o c a m e n t o de
u m esp a ç o
6. ° d íg ito 111011 — so m a ao acu m u -
la d o r
1 0 0 1 1 1 1 0 1 0 0 1 —•p ro d u to fin a l a o
acum uilador

= 2537.

E m term os do «hardw are» da unidade aritm ética,


isto significará que se to rn am necessários dois elem entos
adicionais. Um registo adicional p a ra m an ter o m ultipli­
cad o r (o m ultiplicando ficará no registo A) e um a p o rta
p a ra te sta r cada dígito do m ultiplicador, verificando se
o algarism o em causa é, em cada caso, um «zero» ou um
«um», e p a ra o rd en ar um a operação de soma no segundo
caso ou u m a operação de deslocam ento no p rim eiro

134
(figura 50). Depois de arm azenar o m ultiplicando e o
m u ltip licador nos registos A e Q respectivam ente, a ope-
Com t?oio de inform ações

de ensaio de dígitos

iFig. 5 0 — F u n ç ã o «muflítiiplicação».

ração de m ultiplicação continuará, de acordo com o


seguinte:
1. Verificação do dígito m ais à d ireita do m u ltip li­
cador, a fim de sab er se é 1 ou 0. Se for 1, m ovim entar
o m ultiplicando p a ra o acum ulador. O acum u lad o r contém
agora u m p ro d u to parcial, o u seja, o m ultiplicando vezes
o dígito m enos significativo do m ultiplicador.
2. Segue-se um a operação de deslocam ento. E xistem
diversas m aneiras de a realizar, m as considerem os n este
caso que a operação em causa m ovim enta o conteúdo
do acu m ulado r um espaço p a ra a direita. Isto é equiva­
lente a m ovim entar o p ro d u to do dígito seguinte do m ul­
tip licad or p a ra a esquerda.
3. O dígito seguinte do m ultiplicador, p a ra a esq u erd a,
é agora verificado. Se fo r 1, o m ultiplicando é m ovim en­
tado p a ra o som ador, som ado ao conteúdo do acu m ulador
e o resu ltad o arm azenado com o um novo p ro d u to parcial

135
no acum ulador. Se for 0, o m ultiplicando é ignorado e
n ão se realiza qualquer adição.

4. Realiza-se um novo deslocam ento p a ra a d ireita


com o em (2).

5. É verificado o dígito seguinte do m ultiplicador


com o anterio rm ente, sendo as operações rep etid as até o
cálculo e sta r com pleto, m om ento em que o p ro d u to final
é m antido no acum ulador, p ro n to a ser m ovim entado
p a ra um endereço de m em ória.

D ivisã o

Tal com o no caso da m ultiplicação, a divisão pode


ser realizada p o r sub tracção repetitiva, o que com efeito
significa a realização de u m a adição com plem entar rep e­
titiva. O uso de técnicas de deslocam ento en c u rtará no
en tan to novam ente este procedim ento. O dividendo é
m antido n u m acum ulador e o divisor no registo B. S erá
necessário um com plem entador p a ra en co n trar o com ple­
m ento do divisor, a fim de som ar através de u m som ador
paralelo. O dividendo e o com plem ento do divisor são cir­
culados através do som ador, alinhando pela extrem idade
esq uerd a das expressões. Se, com o resu ltad o da adição,
re su lta r u m resto negativo, o dividendo é deslocado um
espaço p a ra a esquerda, e o divisor é «subtraído» n esta
posição. Um resto positivo p ro v o cará o arm azenam ento
de um 1 n o lado direito do registo de quociente (figura 51).
T anto o dividendo com o o quociente são agora des­
locados u m espaço p a ra a esq u erd a e realiza-se a «sub­
tracção» do divisor. Um re sto negativo d ará um 0 n a
posição m ais à d ireita do registo do quociente, e um resto
positivo u m 1. E ste processo de deslocam ento p a ra a
esq uerda e «subtracção» é rep etido até o cálculo ser com ­
pletado. O registo do quociente contém agora o resultado,
p ro n to a ser novam ente m ovim entado p ara a m em ória.

136
Com boio de inf orm ações

: Para e da m emória

Os registos « A » e
«Q » deslocam -se
Registo «B»,J Registo « Q »
para a esquerda em
divisor quociente
cada ciclo

Com plem enta dor


i________________ I

Dividendo
«A »,
dividendo do Som ador
Resto
acum ulador Arm azenar o digito da
direita do quociente,
Ensaio do digito da 1
esquerda do resto, s e - f - se for 1 , pode subtrair,
for 0 não pode sub trair,— se for 0 não pode subtrair*
se for 1 pode subtrair Controlo de
| com plem ento
Se 0, somar divisor

F ig . 5 1 —"F u n ção «divisão».

Sum ário de funções do processador central

A figura 52 m ostra, nu m a form a m uito sim plificada,


a relação en tre as p arte s funcionais de um pro cessad o r
central. Nos term os m ais sim ples possíveis, a ro tin a no
in terio r do pro cessador cen tral pode ser definida nas
fases seguintes:

1. O endereço da p rim eira instrução de p ro g ram a é


enviada p a ra o co ntador do registo de p rogram a.

2. O endereço da in stru ção é m ovido p a ra um registo


de endereço.

3. É activado um selector de endereços, de m odo a


d ar acesso ao endereço de m em ória referido.

4. O conteúdo da p alavra existente no endereço é


m ovim entado p ara o registo b u ffer da m em ória.

137
oo
Memória

Periféricos de e n trad a-safd a


F ig . 52 — Visita simjpili-fiçada do p ro c e s sa d o r ce n tra i.
5. Se a palavra contém u m a instrução de program a,
é copiada e arm azenada no registo d e in stru çõ es de
program a.

6. A p a rte de codificação da operação, existente n a


in strução, é circulada através de um descodificador da
in strução, o qual p o r sua vez liga os circuitos lógicos que
irão realizar a operação em causa.

7. A p a rte de endereço do operando, existente n a in s­


trução, é m ovim entada p a ra o registo de endereços e em
seguida, através do p rocedim ento de selecção, é o b tid a
a palavra em causa no endereço ap rop riad o d a m em ória.

8. E sta palavra, contendo os dados que devem ser


utilizados nos cálculos, é agora m ovim entada através de
um b u ffer de m em ória p ara um acum ulador.

9. São realizadas as operações lógicas req u erid as


sobre os dados.

10. Os dados resu ltan tes das operações lógicas são


agora conduzidos novam ente p a ra a posição de m em ória
onde devem ficar, através do procedim ento de selecção
de endereços.

11. Ao co m p letar cada instrução, o co n tad o r do


registo do pro gram a é actualizado, de m odo a fo rnecer
o endereço da m em ória onde se encontra a in stru ção
seguinte.

12. As operações de e n tra d a e saída, p a ra e dos


periféricos, são com andadas pelo p rogram a da m an eira
especificada pelo código de operações existente na ins­
trução. Isto obrigará provavelm ente a um a codificação
ou descodificação d ecim al/b in ária, obrigando ain d a ao
uso dos processos de escolha de endereços, p a ra colocar
ou re tira r da m em ória as palavras necessárias.

139
6
ARMAZENAMENTO E OBTENÇÃO DE INFORMAÇÃO

N a nossa vida de todos os dias, verificam os q u e existe


u m grande núm ero de factos e valores que som os o b ri­
gados a consultar. Não seria realista sug erir que to d a
esta inform ação pode ser arm azenada em nós próp rio s,
ou seja, n a nossa p ró p ria m em ória, e p o rta n to estam os
hab ituados a m em orizar os dados que se to rn am m ais
im p ortantes p a ra nós e confiam os n a possibilidade de
descob rir o resto que nos in teressa em no tas, livros, etc.
Desde que saibam os onde p ro c u rar, som os n o rm alm en te
capazes de e n c o n tra r q u alq u er inform ação p reten d id a.
E ste processo pode ser designado p o r obtenção de info r­
mação.
E stam os p o rta n to a u sa r dois m étodos básicos de
arm azenam ento de inform ação, u m num a form a in tern a
— a no ssa p ró p ria m em ória — e o u tro num a fo rm a ex tern a
a nós p róprios. E xiste evidentem ente um a grande dife­
rença de tem po n a recolha de inform ação a p a r tir destas
duas fontes. Se lhe p erg u n tarem o seu núm ero de telefone,
p o d erá provavelm ente indicá-lo im ediatam ente, dado que
o tem n a m em ória. Devido a e sta facilidade, a sua m em ó­
ria p o d ería ser designada com o u m registo de acesso im e­
diato. É este com efeito o nom e dado ao registo exis­
ten te no processador ce n tral de um com p u tad o r, posto
que co n tém inform ação passível de uso im ediato. No
entanto, tal como na nossa m em ória, existe um a severa
lim itação ao volum e de dados q u e a m em ória do pro-

141
cessador p o d erá guardar. Se você necessitar do núm ero
de telefone de um a pessoa de quem não ten h a ouvido
falar anteriorm ente, é obrigado a re c o rre r a u m a lista
telefônica, dado que a m em orização de todos os núm eros
nela existentes estaria, em princípio, p a ra além das suas
capacidades. E m term os de com putadores, o nom e dado
ao m eio em que esta m assa de inform ação é m an tid a e
existe p a ra referência, quando e com o for necessária,
é o de m em órias auxiliares (m em órias de apoio).
Como é evidente, a p ro cu ra de um núm ero n u m a lista
telefônica levará um tem po considerável, b astan te m ais
longo que o necessário p a ra re co rd a r um nú m ero exis­
ten te na nossa m em ória. Do m esm o m odo, se bem que
as unidades de tem po envolvidas sejam m uito m enores,
m edidas neste caso em m ilissegundos, será necessário
u m período significativo de tem po p a ra localizar e ob ter
u m dado m antido nas m em órias auxiliares.
No en tan to , ao estabelecer esta analogia e n tre os regis­
tos de um com p utador e a nossa m em ória, devemos n o tar
u m a diferença b a stan te im p ortante. A inform ação é m an ­
tid a n a no ssa m em ória d u ran te um longo período de
tem po, aliás perm anentem ente em certo s casos. A m em ó­
ria do pro cessador central m antém a sua inform ação
d u ra n te talvez apenas u m a fracção de segundo. Toda a
inform ação é m antida em m em órias auxiliares e o p ro ­
cessador lim ita-se a escolher aquilo que p reten d e u tilizar
em q ualquer m om ento, transfere-o p a ra a sua p ró p ria
m em ória, trab a lh a com os dados em causa, e em seguida
tran sfere novam ente os resultados p a ra as m esm as m em ó­
rias auxiliares, rep etindo este p rocedim ento q u an tas vezes
fo r necessário até term in ar o processam ento.
E m conclusão, são usados dois tipos básicos de regis­
tos num com putador:

1. O registo interno que é a m em ória do processa­


dor, n a qual tem os u m acesso im ediato a q u alq u er dado.

142
2. O registo externo, n orm alm en te designado pelo
nom e de m em órias auxiliares; se bem que não con stitu a
u m a p a rte in tegrante do processador, está-lhe d irectam en te
ligado, de tal m odo que a inform ação nele co ntida pode
ser con sultada pelo p ro cessad o r em caso de necessidade.

R egisto interno (m em ória principal)

Já considerám os, nos capítulos 3 e 5, os tipos de m eios


de registo m ais geralm ente usados em processadores
centrais. Como verem os, a ca rac te rístic a m ais significativa
que distingue este tipo de arm azenam ento das m em órias
auxiliares é a de ser p u ra m e n te electrónica, não tendo
q u alq u er p a rte móvel. É isto q u e dá ao p ro cessad o r a
possibilidade de u m acesso im ediato a q u alq u er p a rte
dos registos, in dep endentem ente do ponto onde a in fo r­
m ação se encontra.

M em órias auxiliares

A diferença essencial en tre estas e a m em ória p rin ­


cipal é a da velocidade a que se recolhe a inform ação e
a facilidade em o fazer. V irtualm ente, todos os tipos de
m em órias auxiliares têm com o base algum a form a de
m eio de registo m agnético. Isto presta-se de u m a m an eira
b a stan te p rá tic a ao arm azenam ento em fo rm a b inária,
através d a sim ples presença ou ausência de áreas magne-
tizadas. As form as principais destes m eios de arm azena­
m ento m agnético, geralm ente usadas, são:

F itas m agnéticas
T am bores m agnéticos
Discos m agnéticos
C artões m agnéticos
Faixas m agnéticas
B arras m agnéticas

143
A n atu reza da construção física destes tipos de regis­
tos d eterm in ará quantos dados individuais podem ser
en contrados em cada um deles. E xistem basicam ente d uas
m aneiras de localizar um determ inado dado, que talvez
possam ser m elhor ilu strad as pelo exemplo seguinte.
Se p retendem os e n c o n tra r u m a palavra específica,
existente nesta página im pressa, e se sabem os qual a
linha em que se en c o n tra e a sua posição nessa linha,
pode-se ir d irectam ente à sua posição sem referência a
qu alq uer o u tra p arte do texto existente n a página. Inci-
dentalm ente, o n úm ero da linha e a sua posição n a linha
p o deríam ser designados p o r endereço da palavra em
causa. E ste tipo de localização é designado p o r acesso
directo. Se, p o r outro lado, a inform ação co n tid a n esta
página estivesse gravada num a fita m agnética, e não em
fo rm a im pressa, seria necessário, em algum a fase, re p ro ­
duzir a fita e ouvi-la até reconhecer a p alavra p a rtic u la r
p ro curada.
Dos tipos de m eios de arm azenam ento m agnético refe­
ridos na lista an terio r, as fitas m agnéticas en tra m n esta
ú ltim a categoria, a dos registos de acesso serial, en q u an to
os restan tes, num grau m aior ou m enor, constituem dis­
positivos de acesso directo. Talvez aqui se deva m encio­
nar, no in teresse da term inologia de com putadores, que
estes dispositivos de acesso directo são m uitas vezes
designados p o r registos de acesso livre. E isto p o r duas
razões. P rim eiro p orque qualquer dos dados pode ser con­
su ltado independentem ente daquilo que está registado
antes ou depois dele, e em segundo lugar p o rque não é
necessário arm azenar dados p o r q u alq u er ordem p a rti­
cular, p o r exemplo, um a sequência alfabética ou num érica.
Como exem plo sim ples do que acabam os de dizer,
considerem os que desejam os arm azenar 100 dados num e­
rados serialm ente de 0 a 99. A m aneira m ais p rá tic a de
o conseguir con sistiría em fazê-lo p o r um a ordem num é­
rica. Se o fizerm os num m eio de acesso serial, e em seguida
p ro cu rarm o s te r acesso livre a q u alq u er deles, p o r exem­
plo, prim eiro ao 98, em seguida ao 2 e depois ao 53, tor-
nar-se-ia m uito trab alhoso p assa r p o r todos os dados até

144
atin g ir o 98.°, vo ltar em seguida ao 2.° e depois novam ente
ao 53.°. A m em ória de acesso serial só é de facto p rá tic a
quando desejam os colher os dados pela ordem em que
estão arm azenados. Se no en tan to arm azenarm os os 100
dados p o r ordem num dispositivo de acesso livre, não
haverá q u alq u er p rob lem a em localizar u m deles. Desde
que saibam os onde se encontra, poderem os ir directa-
m ente ao seu encontro. E ste últim o p onto in tro d u z o
conceito de «endereçam ento» dos registos de acesso livre,
u m p rincípio que discutirem os com algum p o rm en o r m ais
adiante.

Fita m agnética

A fita m agnética é um processo m uito p rático de


arm azenar grandes volum es de dados num espaço re la­
tivam ente pequeno. E m essência, o princípio aqui usad o
é m uito sem elhante ao de um gravador de fita m agnética
p ara uso dom éstico, sendo os dados arm azenados em
bobinas de fita que podem ser carregadas n u m re p ro d u to r
d e fita com o e quando se pretende.

C a ra c te rístic a s físic a s

A fita m agnética u sad a em arm azenam ento de com ­


p u ta d o r é feita num plástico b astan te forte, como p o r
exem plo o designado p o r Mylar. E ste é revestido de u m
m aterial que pode ser m agnetizado e é m antido em b ob i­
nas, cu jo co m prim ento varia en tre 37 e 110 m etros. Se
bem que a larg u ra da fita varie de sistem a p a ra sistem a,
a m ais vulgarm ente usad a tem 12,7 m m de largo.
A fita é tra ta d a num re p ro d u to r que possui três ele­
m entos p rincip ais (ver a figura 53):

1. Um dispositivo de gravação, leitu ra e apagam ento.


10
145
2. Um m ecanism o p a ra passagem da fita em fren te
das cabeças de leitu ra e escrita.
3. Duas bobinas en tre as quais se pode m ovim entar
a fita.
B obina de Bobina de
alim entação
recepção

F ig . 53— R e p ro d u to r d e f i t a m a g n é tic a (e sq u e m a ).

M odo d e g ra va çã o

Os caracteres são gravados n a fita utilizando um m odo


b a sta n te sem elhante ao já descrito p a ra o caso da fita
de papel p erfu rad a, excepto no q u e se refere ao facto de,

146
em vez dos orifícios rep resen tan d o bits, serem m agnetiza-
das pequenas áreas ou pontos em toda a larg u ra da fita,
n a direcção oposta ao cam po m agnético p erm an en te da
m esm a. Os b its são posicionados longitudinalm ente n a
fita, naquilo que é designado p o r bandas (figura 54).
O núm ero de bandas existentes n a fita varia de sistem a
p a ra sistem a. A figura 54 m o stra um a secção de u m a
fita de oito bandas, das quais sete são usadas p a ra registo
de ca racteres e a oitava p a ra verificação de parid ad e.
O núm ero de caracteres que podem ser acom odados n u m
dado com prim ento de fita varia igualm ente de sistem a
p a ra sistem a. E ste dado é referido pelo nom e de densi­
dade e é expresso em term os de caracteres p o r m ilím etro
o u polegada. As densidades m ais vulgares são de 8, 22,
31 e 63 p o r m ilím etro (200, 550, 800 e 1600 p o r polegada).
A inform ação só pode ser escrita e lida n a fita, a tra ­
vés do p ro cessador central. Com efeito, isto significa que
os dados são lidos p a ra o p ro cessad o r central, m an tid o s
tem p o rariam en te n a sua m em ória, processados e, em
seguida, escritos novam ente em fita m agnética. É im p ra­
ticável ler dados a p a rtir de u m a fita, processá-los e
escrevê-los novam ente n a m esm a fita, dado que, d u ra n te
a fase de processam ento, o com p rim ento físico d o registo
de dados pode perfeitam ente aum entar. H avería então u m
espaço insuficiente p a ra eles na fita an terio rm en te
ocupada. A operação deve pois ser lida n u m a fita, reali­
zada, e os seus resultados inscritos nu m a segunda fita.
A dim ensão da m em ória do p rocessador d eterm in a rá o
volum e m áxim o de dados que podem ser trata d o s n u m a
operação de leitu ra escrita. A expressão que designa este
volum e de dados tran sferid o s num a operação é bloco de
dados, m as deve-se m encionar que a dim ensão da m em ória
prin cip al (a do p rocessador central) não co n stitui o único
fa cto r lim itativo; considerações de sistem a em term o s
de núm eros e dim ensão dos registos de dados desem ­
penh am aqui igualm ente u m papel.
T endo tran sferid o um bloco de dados, o p ro cessad o r
n ecessitará de tem po p a ra executar as operações necessá­
rias. C ontinuar a ro d a r a fita d u ra n te este tem po con-

147
Letra

Bandas de
gravação

1 2 ,7 mm

f
Banda de paridade
8, 2 2 , 3 1 , 6 3 , etc letras por mm

F ig . 54 — Exemipilto .de u m a secção d e -fita m a g n é tic a .


duziria evidentem ente à p erd a de longas secções d e fita
não gravada. P ara o evitar, a fita é p a ra d a en tre cada
operação de leitu ra e escrita. Mesmo assim , sub siste
ain da u m espaço em branco, se bem que m u ito pequeno,
provocado pelo processo de desaceleração an tes de p a ra r
e de aceleração até à velocidade necessária de gravação.
E ste espaço em b ranco en tre dois blocos de d ad o s é
designado p o r espaço entre blocos.

O rg a n iza çã o d e dados

Como é evidente, um a sucessão co n tín u a de filas de


dígitos binários, re p resen tan d o caracteres, n u m a fita não
teria em si p ró p ria q u alq u er significado. S eria sem elhante
a u m a página de livro co b erta de linhas com sucessões
con tín uas de letras. P ara que as letras ten h am u m sen­
tido, devem-se sep a rar as palavras, sendo assim cada u m a
d estas distinguida das o u tras p o r um espaço; as palavras
devem ainda ser a rra n ja d a s em frases, estas em p a rá ­
grafos, etc. Do m esm o m odo, n a fita, cada grupo de
caracteres rep resen tan d o um cam po de dados deve ser
bem definido, e o conjunto de cam pos que co n stitu em
u m reg isto de dados deve ain d a ser indicado. Isto é feito
in serin do «m arcadores», ou seja, padrões especiais d e b its
que o co m p utad or sab erá reconhecer, m o stran d o assim
onde é que cada cam po, registo e bloco term ina. E stes
m arcadores serão designados p o r m arcador de fim de
cam po, de fim de registo e de fim de bloco. A fig u ra 55
ilu stra este a rra n jo dos dados num a fita m agnética.
Como vim os an terio rm en te, é im praticável escolher
u m a fita m agnética p a ra gravar registos de tra ta m e n to
livre. O tem po envolvido n a passagem de u m a fita de
u m a p o n ta à outra, até ser en co n trad a u m a dada p alav ra
de com p utador, seria proibitivo. É p o rta n to vulgar u tilizar
o arm azenam ento em fita apenas quando os registos são
processados sequencialm ente, isto é, p o r u m a ordem p re ­
viam ente determ inada, n u m érica ou alfabética.

149
Marcador de final dé bloco

' ,* ;

Folga J _ Folga |
Bloco de dados Bloco de dados Bloco de dados
entre-blocos s 'entre-blocos
. I— . . i.

M arcador de final de registo

CC cc cc m Folga C
Registo de dados U.* Registp de dados li.' Registo de dados u.* LL entre 1
l 2 2 ' 2 2 blocos j

\
\
- E Marcador de final de campo
______
cc CO Fo lg a. (
o ò
Cam po de dados’ Cam po de dados Cam po de dados ui Cam po de dados u! ui u-’ entre /
2 22 2 blocos S

F ig . 5 5 — O rg a n iz a ç ã o d e -dados -em f i t a m a g n é tic a .


Velocidades de funcionamento e capacidade

Os dois factores princip ais que determ in am a tra n s ­


ferência de dados p a ra e do p ro cessad o r c e n tra l são:

a) a velocidade da fita sobre a cabeça d e le itu ra /


/e sc rita ,

b) a densidade.

E m teoria, a m áxim a velocidade de tran sferê n cia de


u m a fita que se m ovim ente a 305 centím etros p o r segundo
(120 polegadas p o r segundo) com um a d en sid ad e d e
31 caracteres p o r m ilím etro (800 p o r polegada) é de
96 K c.p.s. No en tan to , isto não tom a em consideração
o tem po necessário p a ra as operações de arra n q u e e
p arag em nos espaços e n tre blocos. N a p rática, a velocidade
d e tran sferên cia será consideravelm ente in ferio r a esta.
Os sistem as de fita variam tan to no que se refere à
densidade p erm itid a e à velocidade de m ovim ento d a
fita, que se to rn a im praticável definir u m a velocidadç
«standard» de leitu ra /e sc rita . E sta p o d erá ser q u a lq u e r
coisa e n tre 10 K a té 300 K c.p.s. Provavelm ente, u m a m édia
aceitável estará n a vizinhança de 150 a 200 K c.p.s.
A capacidade de um a b ob ina de fita dependerá evi-
d entem ente de um certo núm ero de variáveis. E stas inclui­
rão a densidade, considerações de concepção com o sejam
as dim ensões dos blocos de dados e a frequência re su l­
tan te de espaços en tre blocos, e evidentem ente o com pri­
m ento da p ró p ria fita. Como exemplo, pode p erfeitam en te
aco ntecer que u m a fita com 84 m etros de com prim ento
(2400 pés) con ten h a m ais de 15 m ilhões de caracteres.

M em ória de acesso directo

Antes de rever os tipos d e m em órias auxiliares que


en tra m n a categoria das m em órias de acesso directo,

151
talvez seja bom definir duas expressões que surgem fre­
quentem ente. São elas:

T em po de acesso. Trata-se do tem po m édio necessário


p a ra localizar q u alquer dado escolhido existente no dis­
positivo. E sta consideração não se aplica à fita m agnética,
dado que esta só pode ser tra ta d a serialm ente.

V elocidade de transferência. A velocidade a que os


dados, depois de localizados, podem ser tran sferid o s do
e p a ra o p rocessador central. Isto pode ser expresso em
term o s de caracteres p o r segundo, abreviado n a fo rm a de
K c.p.s., onde K é um prefixo q u e designa 1000.

T a m b o re s m a g n é tic o s

Antes d o aparecim ento dos registos de núcleos de


fe rrite , os tam b ores m agnéticos eram usados em m uitos
d o s prim eiros com p utadores com o tip o de m em ória de
acesso im ediato. A ctualm ente, au m en ta a sua utilização
com o fo rm a de arm azenam ento auxiliar de dados em
m assa.
B asicam ente, u m ta m b o r m agnético consiste nu m
cilin d ro feito n um m aterial não m agnético, cu ja sup er­
fície se en co n tra cob erta com um revestim ento m agnético.
E sta superfície está dividida num certo nú m ero de p istas
circu lares paralelas, sendo cada u m a delas p o r sua vez
dividida n um ce rto núm ero de secções de dim ensão n o r­
m alizada e capaz de re g istar um dado núm ero de dígitos
b in ários.
Os term os banda e palavra são utilizados em geral
com o sinônim os de p ista e secção, respectivam ente. Cada
b an d a tem um núm ero de referência único e, p o r sua vez,
cad a palav ra é n u m erad a no in te rio r da b an d a onde se
en c o n tra (figura 56). Isto significa que o conteúdo de cada
posição de registo pode ser descoberto p o r referência
ao seu nú m ero de b an d a e de palavra.

152
O tam b o r encontra-se m ontado nu m eixo e ro d a a
alta velocidade sob cabeças de le itu ra /e sc rita m ontadas,
u m a p a ra cada b anda, acim a da superfície do tam b o r.
Assim, p a ra u m tam b o r que ro d e à velocidade de 3000 re ­
voluções p o r m inuto, todos os dados existentes n a su a
superfície p assarão sob as cabeças de le itu ra /e sc rita em
20 m ilissegundos. Tendo em conta que a distân cia m édia

Cabeças de leitura e escrita

Fig. 156 —■Representação diagramáfcLca de um tambor magnético.

de q u alq u er palavra à cabeça será equivalente a m eia


rotação, o tem po m édio de acesso p a ra q u alq u er dado
seria de cerca de 10 m ilissegundos.
Como no caso da fita m agnética, a capacidade e
a velocidade de tran sferên cia de dados dos tam bores
variam consideravelm ente de sistem a p a ra sistem a. Um
exem plo típico seria u m a capacidade de oito m ilhões de
caracteres com u m a velocidade de tran sferên cia d e
100 K c.p.s., e um tem po de acesso de 10 m ilissegundos.

D iscos m a g n é tic o s

E stes constituem a form a m ais p o p u lar de registo de


acesso directo actualm ente utilizada em com putadores.

153
Características físicas. Um disco possui, em cada um
dos lados, um a superfície gravável n a qual podem ser
m agnetizadas pequenas áreas ou pontos, de m odo a re p re­
sen tarem dígitos binários, seguindo um princípio m uito
sem elh an te ao do tam bor. A superfície do disco é dividida
n u m certo núm ero de círculos concêntricos, designados
p o r bandas, ao longo dos quais se realiza a gravação.
A superfície é igualm ente dividida em sectores p o r um
certo núm ero de linhas não gravadas que se estendem do
ce n tro do disco p a ra a sua p eriferia (figura 57). Cada
secto r de cada b an d a pode re g istar u m nú m ero m áxim o
fixo de caracteres.
E xistem dois sistem as p rincip ais de discos. Um utiliza
u m único disco grande que se e n c o n tra perm an en tem ente
m on tado n u m a unidade designada p o r transporte do disco.
E ste sistem a é considerado com o de disco fixo . O o utro,
b a stan te m ais popular, utiliza u m certo núm ero de discos
m enores, m ontados p aralelam ente u n s aos o u tro s n u m
eixo central, fornecendo assim u m núm ero m ú ltiplo de
superfícies de gravação. E stes conjuntos de discos podem
ser m ontados à vontade no tra n sp o rte ou dele rem ovidos.
È designado p o r sistem a de discos interm utáveis. O tra n s­
p o rte é m antido p erm anentem ente «on-line» com o p ro ­
cessador, ao passo que os conjuntos de discos («disc
packs») q u e arm azenam dados ou p rogram as podem ser
guardados longe do co m p u tad o r p a ra utilização quando
necessário.
No caso do sistem a de discos interm utáveis, existe
u m certp núm ero de cabeças de le itu ra /e sc rita no tra n s­
p o rte, u m a p a ra cada superfície de gravação. E stas encon­
tram -se fixas nas extrem idades de braços móveis, dois p o r
disco, de m odo que podem ser m ovidas nos espaços en tre
os discos, varrendo cada cabeça u m a superfície de disco.
E stes b raços encontram -se p o r sua vez fixos a um a m on­
tagem conhecida pelo nom e de braço de arrasto. As
cabeças individuais de leitu ra e esc rita não se podem
m o vim entar in dependentem ente um as das o u tras, mo­
vendo-se tod as sim ultaneam ente com o b raço de arrasto .
Isto significa que, em q u alq u er m om ento, todas as ban d as

154
Ui
Ln Fig. 57 — Uma superfície de disco magnético.
que se en c o n tram n a m esm a posição relativ a em ca d a
disco são lidas sim ultaneam ente. O co n ju n to de discos
ro d a a alta velocidade relativam ente às cabeças de lei-
tu ra /e sc rita , dirigindo cad a secto r das b andas p a ra a
cabeça respectiva (figura 58).
Cada ca rác te r é gravado sob a form a de u m a suces­
são de b its ao longo da banda. P ara d istin g u ir cad a
c a rá c te r do seguinte, a b an d a encontra-se subdividida, em
cad a sector, em pequenos grupos de bits, n o rm alm en te
seis, sendo cad a u m desses grupos capaz de g u ard ar um
carácter. As operações de le itu ra /e sc rita são realizadas
p o r com ando do p rogram a, tran sferin d o dados e n tre o
disco e a m em ória do p rocessador. No entanto, deve-se
in co rp o rar um fa cto r im p o rtan te nessas instruções, a
saber, o endereço ou localização do secto r do disco do
q u al ou p a ra o qual se deve tra n sfe rir inform ações. E ste
endereço é determ inado p o r referência a três factores:
a superfície do disco, ò núm ero da b an d a n a superfície
Cabeças de leitura e escrita

Selector

Fig. 5 8—'Unidade intermutável de discos mostrando a salecção


de bandas e de superfícies.

156
e o núm ero do sector dentro de cad a banda. No caso de
e s ta r ligado ao co m p u tad o r m ais de u m tran sp o rte , to r­
na-se necessário um q u arto elem ento no endereço, que
id en tificará o tra n sp o rte onde se encontra o disco.

Organização dos dados. Como vimos, u m disco é divi­


dido num certo núm ero de unidades de arm azenam ento
de dim ensão fixa. N um determ inado sistem a, p o r exemplo,
a capacidade de gravação de um sector é de 512 caracteres.
O espaço ocupado p o r registos de dados individuais pode
v ariar b astante. Em alguns casos, pode ser possível m o n ta r
m ais que um num único sector, nou tro s talvez seja necessá­
rio todo um sector p a ra acom odar um registo e n o u tro s
ain d a o registo pode ser tão com prido que re q u eira dois
ou m ais sectores. No en tan to , q ualquer que seja o espaço
atrib u íd o a um registo de dados, devemos te r em conta a
prob ab ilidade de, d u ran te o processam ento, o co m p ri­
m ento do registo ser aum entado pela adição de novos
dados.
Surge assim o p rob lem a do que p o d erá acontecer no
caso de o registo se to rn a r dem asiado grande p a ra o espaço
originalm ente disponível. Não podem os te n ta r fo rçar a
gravação, senão a p a rte final do registo de grandes dim en­
sões ap ag ará o início do registo seguinte. P ara resolver
e sta situação, é h ab itu al re serv ar um certo nú m ero de
bandas designadas p o r «área livre». Quando um registo
u ltra p a ssa a sua dim ensão original, é passado p ara esta
á rea livre e é deixada um a «mensagem» n a sua localização
an terior, dizendo p a ra onde foi deslocado o registo. A p ro ­
cura do registo iniciar-se-á pela banda original, sendo
então enviada, pela indicação n esta existente, p a ra a
b an d a livre.
Os registos de dados em disco podem ser arm aze­
nados sequencialm ente ou livrem ente. Cada registo te rá
u m fa cto r indicativo único, conhecido p o r chave de registo.
E sta é norm alm ente apenas u m núm ero, p o r exemplo, u m
n ú m ero de conta b ancária. Q uando os registos são arm a­
zenados sequencialm ente, são-no pela ordem de registo.
E m arm azenam ento livre, não existe evidentem ente u m a

157
ordem p articu lar. Se se p re te n d e p rocessar sequencial­
m ente os registos, haverá um a óbvia vantagem de tem po
se forem arm azenados pela m esm a ordem , dado que as
localizações de m em ória são encontradas serialm ente.
Além disso, depois de localizado o endereço do p rim eiro
registo da sequência, não é necessário preocuparm o-nos
com o endereço do segundo, etc. dado que se seguem u n s
aos outros.

Organização da gravação. Se desejam os gravar, p o r


exemplo, 100 registos em disco, p oderá à p rim eira vista
p a re c e r que a m elhor m aneira de o fazer consistiria em
com eçar a g rav ar n a b an d a exterior de um disco escolhido,
quando esta se encontrasse cheia p assar à b an d a se­
guinte, etc., utilizando talvez dez bandas com dez registos
em cada um a.
Porém , se pensarm os m elhor, verificarem os que,
n estas condições, de todas as vezes que ten tarm o s p ro ­
c u ra r um registo n o u tra banda, a cabeça de leitu ra/es-
c rita deve ser m ovim entada. Isto levará cerca de 80 milis-
segundos. Se, no entanto, usarm os a b an d a co rresp o n ­
d en te em cada u m a das dez superfícies graváveis, ob ten d o
u m a m ontagem vertical das b andas em vez de horizon­
ta l (figura 59), terem os u m a situação em que todos os
registos são acessíveis sem q u alq u er m ovim ento da
cabeça de le itu ra /e sc rita . O nom e dado a um co n ju n to d e
b an d as utilizadas deste m odo é u m cilindro. Como é evi­
dente, pode-se to rn a r necessário um certo nú m ero de
cilindros adjacentes p a ra acom odar um co nju n to de
dados, o que significará que deverá haver um certo movi­
m ento da cabeça p a ra aceder a cada cilindro, m as a
técnica p erm ite no en tan to o b ter um a área de utilização
q u e m axim iza a q u antidade de dados que podem ser inves­
tigados em q u alq u er m ovim ento.

Velocidade de funcionam ento e capacidade. É difí­


cil fornecer velocidades de acesso, velocidades de tra n s­
ferência òu capacidades de arm azenam ento típicas, no
caso dos discos, devido à vasta gam a dos sistem as

158
actualm en te usados. O núm ero de b andas p o r disco v aria
e n tre 100 e 200 e a densidade, ou seja, o nú m ero de b its
que pode ser registado, p o r exemplo, num a polegada de
b anda, p o d erá ser de apenas 250 ou atingir cerca de 3000.
No entanto, deve-se n o ta r que estas densidades tam b ém
v ariam ao longo de um a m esm a superfície de disco, dado

CilindrQ

F ig . 59 — E s q u e m a d e cilin d ro d e a rm a z e n a m e n to .

que o com prim ento de u m a b a n d a p erto do cen tro deste


será b a sta n te in ferio r ao m esm o com prim ento na p eri­
feria. As velocidades de tran sferên cia são n o rm alm en te
d e 200 a 350 K c.p.s. O tem po de acesso é rep resen tad o
pelo tem po levado pela cabeça de le itu ra /e sc rita p a ra se
m ovim entar sobre a superfície do disco a té localizar a

159
b an d a co rrecta (tem po de procura) m ais o tem po neces­
sário p a ra o disco ro d a r até ser localizado o endereço
debaixo da cabeça (latência). E stes dois factores estarão
evidentem ente relacionados com a velocidade de ro tação
do disco e tam bém com o núm ero de ban d as p o r sup er­
fície. N o parágrafo seguinte, p retendem os apenas d ar um
exem plo de um a m em ória de discos interm utáveis.
Um tra n sp o rte de disco contém um co n ju n to de seis
■discos de 14 polegadas (35 cm) dando um to tal de dez
superfícies de gravação (as duas superfícies exteriores,
em cim a e em baixo, não são usadas p a ra registo de
dados). E xistem 200 b andas p o r superfície, cada u m a
dividida em oito blocos. C ada bloco reg istará 512 caracte­
res, dando 4096 caracteres p o r banda, 819 200 p o r sup er­
fície e 8 192 000 p o r conjunto de discos. Cada carác te r
é guardado em seis bits, con stitu in d o q u atro caracteres
a u nidade básica de arm azenam ento — um a p alavra de
24 bits. O disco ro d a a 2400 rev /m in . A velocidade de
tran sferê n cia é de 208 K c.p.s. e o tem po m édio de acesso
é de 97,5 m ilissegundos, com u m a latência de 12,5 milis-
segundos e u m tem po m édio de p ro c u ra de 85 m ilisse­
gundos. Pode-se m a n te r «on-line» sim ultaneam ente u m
c e rto núm ero de tran sp o rte s de discos. Oito unidades
destas d ariam u m m áxim o de capacidade de arm azena­
m ento on-line de 65 536 m ilhões de caracteres (o que
equivale, aproxim adam ente, a 250 livros do tam anho deste).

C a rtõ es m a g n é tic o s

O m eio de gravação neste caso assum e a fo rm a de um


cartão , se bem que o princípio de gravação m agnética
•de b its n a sua superfície seja sem elhante ao utilizado no
caso do disco ou da fita. Os cartões variam em dim ensão
d e sistem a p a ra sistem a, com um a superfície de gravação
de cerca de 320 a 450 cm 2 — p o r exemplo, 335 X 89 m m .
A superfície de gravação é dividida num certo nú m ero
d e bandas paralelas, sendo cada u m a delas dividida p o r
su a vez nu m determ inado núm ero de segm entos, dando

160
um a u nidade de arm azenam ento de capacidade fixa (fi­
gura 60).
Os cartões são m ontados em cartuchos onde se p ode
escolher um cartão individual, transportá-lo e m ovim en­
tá-lo em to rn o a um eixo rotativo, sobre o qual estão
suspensas cabeças de le itu ra /e sc rita . A identificação do

Cabeças de leitura e escrita

Cartão devolvido a 5 0 8 cm /s

F ig . 6 0 '— E s q u e m a :de d isp o sitiv o d e c a rtõ e s m ag n é tic o s.

ca rtã o é realizada através de u m p adrão único de ra n h u ­


ras no seu lado superior.
É h ab itu al m o n tar um certo núm ero de cabeças de
le itu ra /e sc rita sobre o eixo, cad a um a capaz de se m ovi­
m en tar e localizar assim um certo núm ero de b an d as —
p o r exem plo, 36 cabeças movendo-se p ara q u alq u er u m a de
q u atro posições, cobrindo assim operações em 144 bandas.
A capacidade de arm azenam ento de um ca rtã o m agné­
tico pode ser b astan te grande. Sendo cada c a rtão capaz
de arm azen ar 200 K caracteres, um dispositivo que con­
ten ha oito cartu ch o s de 256 cartõ es cada te rá u m a capaci­
ii
161
dade de arm azenam ento to tal de m ais de 5.000 m ilhões
de caracteres.
No en tan to , se bem que os sistem as de cartões tenham
a vantagem do seu grande volum e de arm azenam ento num
m eio de gravação relativam ente b arato , não obtiveram
a p op ularidade do disco ou da fita. Devido aos p ro ­
cessos m ecânicos envolvidos — m ovim ento do cartão e
posicionam ento da cabeça de leitu ra — os tem pos de
acesso tendem a ser grandes, variando e n tre 200 e 500 mi-
lissegundos. O aspecto m ecânico do dispositivo ap resen ta
aliás alguns problem as. Se os cartõ es se m ovim entarem
a, p o r exemplo, 960 cm /s, h á a possibilidade de deterio­
ração do c a rtão com a consequente p erd a de inform ação
gravada.

F a ix a s m a g n é tic a s

Um processo em princípio b a sta n te sem elhante ao


dos cartões m agnéticos é o sistem a IBM D atacell, u tili­
zando como m eio de gravação faixas m agnetizáveis de
cerca de 57 X 330 m m . Cada um a é dividida em 100 b andas
com um a capacidade de 2000 b its cada. As faixas são
m ontadas em grupos de dez, con stitu in d o um a subcélula;
u m co n ju n to de 20 subcélulas constitui u m a célula. A cé­
lula tem a fo rm a de um segm ento de cilindro, obtendo-se
um c a rre te i de form a cilíndrica quando se ju n ta m dez
células. Isto dá um a capacidade to tal do ca rre te i de
2.000 faixas. As células co n stitu em unidades de arm aze­
n am en to que podem ser inseridas ou re tira d as do carretei
conform e as necessidades.
P ara operações de le itu ra /e sc rita é escolhida um a
faixa individual p o r referência a u m a identificação codi­
ficada, ex traíd a da célula e p assad a p o r um eixo rotativo
com o no caso anterior. E ste ro d a a 1200 rev /m in , for­
m ando efectivam ente um pequeno tam b o r m agnético. So­
b re o eixo, encontram -se suspensas 20 cabeças de le itu ra /
/e sc rita , u m a p a ra cad a cinco b an d as de gravação, sus­
ceptíveis de ser colocadas sobre q u alq u er das cinco, de

162
m odo a que, em q ualquer m om ento, cada q u in ta b an d a
se encontre num a posição de gravação, e seja possível
aceder sim ultaneam ente a 20 b andas. E ste a rra n jo signi­
fica que, ao arm azenar dados, é possível u tilizar o sistem a
do cilindro, através do m esm o princípio já discutido
an terio rm en te p a ra os discos m agnéticos. Um a faixa con­
te rá cinco cilindros, cad a um com 20 bandas.
A capacidade total de um carretei com pleto, contendo
dez células de dados, é de 400 m ilhões de caracteres, e o
tem po m áxim o de acesso é de 600 m ilissegundos.

B a rra s m a g n é tic a s

T rata-se de um a form a de arm azenam ento extensi­


vam ente usad a em com p utadores de registo visível de
pequenas dim ensões e não nas m áquinas m aiores. São
discutidas no C apítulo 7.

163
7
COMO FUNCIONAM OS PROGRAMAS
DE COMPUTADOR

Um prog ram a de com p utador é apenas u m a lista de


instru ções que diz ao co m p utador o que deve fazer. N atu ­
ralm ente, aquilo que podem os esp erar que faça será aquilo
q u e pode fazer... O co n ju n to de coisas que pode fazer é
restringido pela especificação e co nstrução da m áquina.
Assim, as instruções do p ro g ram a devem ser lim itadas às
funções específicas da m áquina. P or o u tro lado, em qu al­
quer ta re fa p o r nós executada, com ou sem o auxílio
de m áquinas, se se p retende que as operações sejam exe­
cutadas convenientem ente, deve-se seguir u m a sequência
lógica. Do m esm o m odo, as instruções contidas n u m
prog ram a de co m p u tad o r devem ser ord enadas e a p re ­
sentadas à m áq uina p o r u m a sequência lógica que lhe
p erm ita realizar a tare fa que dela se espera.

Uma instrução de program a

P ara te r significado, q u alq u er in stru ção em q u alq u er


área de actividade deve in c o rp o rar dois factores. P or
exemplo, se pretendem os a b rir um buraco n a p ared e a
fim de colocar um p arafuso no qual possam os p e n d u ra r
um quadro, um a sim ples in stru ção «esburacar» teria
com o re su ltad o a a b e rtu ra de u m bom núm ero de buracos

165
n a parede sem servirem p a ra n ad a... A instru ção em causa
deve conter um a especificação quanto ao local onde se
p reten d e a b rir o buraco. Uma in stru ção não deve re fe rir
apenas o que h á a fazer, m as tam b ém especificar onde
se deve realizar a operação. E stas duas p arte s de um a
in stru ção podem ser designadas p o r operação e operando,
respectivam ente.

Operação

E sta será pois a p a rte da in stru ção que define o que


se p reten d e fazer. Como se sugeriu, em q ualq u er m áquina
ou peça de equipam ento h á u m lim ite q u anto à gam a
de operações que pode realizar. Um a m áqu in a de escrever
im p rim irá letras, núm eros, espaços, v o ltará atrá s, etc.,
ou seja, realizará um certo núm ero de tarefas, m as não
servirá, p o r exem plo, p a ra som ar. Acontece tam bém com
q ualquer dispositivo q u e nenhum a das suas funções será
executada sem u m a instrução, m esm o que esta se trad u za
apenas em p re m ir um a tecla ou fechar um in terru p to r.
O m esm o princípio se aplica ao com putador. É cons­
tru íd o p a ra realizar um a gam a finita de funções especí­
ficas e a realização de cada um a delas depende das in stru ­
ções necessárias. No exem plo da m áquin a de escrever,
cad a operação é id entificada p o r u m a tecla tendo um a
inscrição única. N um com p utador, cad a operação é iden­
tificada p o r um código binário único, arm azenado p erm a­
n en tem ente no processador. E ste é conhecido pelo código
de instruções d a m áquina, código m áquina ou código de
funções.
É este código que deve ser referido nas in struções
do program a. Q uando o p rocessador está p ro n to p a ra
executar u m á instrução, com para este código de operação
com os que se m antêm p erm anentem ente n a sua m em ória
até e n c o n trar um a equivalência. Liga então au to m atica­
m ente os circuitos que executarão a operação preten d id a.
Operando

A p a rte «operando» das instruções identifica os dados


com q u e a operação deve ser executada. Não o faz defi­
nindo o que são os dados, m as especificando onde devem
ser enco ntrados. Todos os dados existentes n a m em ória
de um com p utad or se en co n tram em posições (palavras)
da m em ória, cada um a delas com um endereço único.
É este endereço da p alavra que contém os dados que é
designado com o operando.
E ste a rra n jo de operação e operando é conhecido
pelo nom e de form ato da instrução (figura 61). N a sua
....................................... Palavra d e registo

Operação Operando

Código de operação da máquina Endereço da «palavra»

iFig. 61 — Um formato de instrução de endereço único.

fo rm a m ais sim ples, este fo rm ato co n terá o código da


in stru ção e um endereço, sendo p o rta n to referido com o
um fo rm a to de instrução de endereço único. No en tan to ,
os fo rm atos de in stru ção variam de m áquina p a ra m áqu in a
e podem c o n ter dois, três ou m esm o q u a tro endereços
na p a rte operando. P or exemplo, se desejam os que o com ­
p u ta d o r realize o seguinte: «som ar o conteúdo da posição
123 ao conteúdo da posição 234 e reg istar o resu ltad o n a
posição 345», as instruções dadas em três diferentes fo r­
m atos, de um , dois ou três endereços poderíam ser as
seguintes:

F orm ato de endereço único (serão necessárias n este


caso três instruções diferentes):

1. Colocar no acum ulador o conteúdo de 123.


2. S om ar o conteúdo de 234 ao acum ulador.

167
3. M ovim entar o conteúdo actu al do acum ulador
p a ra 345.

Usando codificações de funções num éricas im aginá­


rias, teríam os:

Código da operação Endereço do operando

1 24 123
2 30 234
3 34 345

Form ato de dois endereços (serão então necessárias


duas instruções):

1. S om ar o conteúdo da posição 123 ao conteúdo


da posição 234.

2. M ovim entar o conteúdo da posição 234 p a ra 345:

Código da operação (Endereço do Endereço do


l.° operando 2.° operando

1 30 123 234
2 34 234 345

F orm ato de três endereços (requerendo apenas um a


instrução):

S om ar o conteúdo da posição 123 ao da posição 234


e g u ard ar o resultado em 345.

Código da operação Endereço do Endereço do Endereço do


l.° operando 2.° operando 3.° operando

30 123 234 345

168
Instruções de armazenamento

P ara que u m a dada ta re fa seja realizada pelo com ­


p u tad o r, devem e sta r presentes dois factores essenciais:
(a) a in stru ção de program a; (b) os dados com os quais
se p reten d e trab alh ar. Ambos estes factores são m an ­
tidos n a m em ória do processador central, enquanto são
im ediatam ente necessários. A sua «casa» perm an en te será
provavelm ente nas m em órias auxiliares. O program a, cujo s
elem entos são as instruções, deve ser tran sferid o p a ra a
m em ória, quando necessário, sendo consultado da m esm a
m an eira que os dados são tran sferid o s da e p a ra a m em ó­
ria quando o p rogram a os pede.
As palavras em que a m em ória é dividida servem um
objectivo duplo: arm azenar dados ou u m a in stru ção de
program a, e não tem q u alq u er interesse que palavras são
usadas p a ra cada um a dessas funções. Como vimos an te­
riorm ente, a m ecânica da localização dos dados assen ta
n a localização do seu endereço com o operando da in stru ­
ção. Não podem os localizar um a instrução deste m odo,
dado que a instrução não pode ser o veículo do seu p ró ­
prio endereço. As instruções do program a devem p o rtan to
ser arm azenadas em endereços consecutivos de tal m odo
que, ao term in ar a execução de um a delas, o processad o r
passe au tom aticam ente p ara o endereço im ediato, encon­
tran d o a instru ção seguinte. Como é evidente, o endereço
da p rim eira in strução deve ser com unicado ao p rocessa­
dor antes de esta sequência se p o d er iniciar. Isto é reali­
zado d irecta ou indirectam ente pelo operador. S urgirá
o u tro p roblem a no caso de a distribuição de dados n a
m em ória ser tal que deixe insuficientes palavras conse­
cutivas p a ra acom odarem todo o program a. N este caso,
não h á q ualquer razão p a ra não arm azenar o p ro g ram a
nu m c e rto n úm ero de grupos separados de palavras, desde
que todas as palavras em cada um desses grupos sejam
consecutivas e a in stru ção da ú ltim a palav ra indique o
endereço da p rim eira palavra do grupo seguinte. Isto
é ilu strad o n a figura 62.

169
11110 11111 11112 11113 11114 11115
Instrução do Instrução do Instrução do Instrução do
Dados Dados programa programa programa programa

11116 11117 11118 11119 11120 11121


'Instrução do Instrução do
programa programa Dados Dados Dados Dados

11122 11123 11124 11125 111216 11127


Instrução do
Dados Dados Dados Dados Dados programa

11128 11129 11130 11131 11132 11133


Instrução do Instrução do Instrução do Instrução do Instrução do Instrução do
programa programa programa programa programa programa

As instruções do programa são itrabailhadas sequencialmente, começando pela palavra 11112.


A palavra 11117 conterá uma indicação de passagem para a palavra 11127.
Fig. 62 — Armazenamento de instruções de programa e de dados no processador central
Execução de uma instrução
C onsiderem os que tem os u m certo núm ero de in stru ­
ções arm azenadas num a sequência de endereços e u m
n úm ero de dados nu m a o u tra sequência. P retendem os
que o processad or realize as instruções, p ela ordem em
que estas se encontram arm azenadas, sobre dados esco­
lhidos.
A p rim e ira coisa que o processador deve fazer con­
siste em en c o n trar o endereço da p rim eira in stru ção que,
como vim os anteriorm ente, será provavelm ente com uni­
cada pelo op erad o r da m áquina. E ste endereço é en tão
introduzido e arm azenado num registo especial, conhecido
pelo nom e de registo de program a. A função deste registo
consiste agora em co n tro lar cad a passo do ciclo de ope­
rações necessário p a ra executar a instrução. E m seguida,
fornece-se um exem plo que explicará a m an eira com o
estes passos devem ser executados, se b em q u e não sejam
necessariam ente com uns a todos os tipos de m áquina.

1. O endereço da in stru ção contida no registo de


p ro gram a é m ovim entado p a ra um registo de endereço,
que p o r sua vez o introduz nu m selector de endereços,
onde é com parado ao endereço das palavras arm azenadas
até ser descoberta u m a coincidência.

2. O acesso a e sta p alavra é agora estabelecido e o


seu conteúdo, ou seja, a in stru ção p ro p riam en te dita, é
m ovim entada p a ra o u tro registo designado p o r registo
de instrução. E ste co n terá o código da operação e o ende­
reço do operando.

3. O código da operação é m ovido p a ra um descodi-


ficador da operação. E ste contém um a série de p o rtas,
um a p a ra cada operação que a m áquina deve executar.
Uma p o rta em itirá um im pulso de activação quando o
código da m áq uina que re p resen ta a operação p o r ela
controlada é subm etido a u m a en trad a. O código de en­
trad a, idêntico ao código da m áquina, é subm etido a todas

171
as p o rtas e será rejeitad o p o r todas, excepto as designadas
p a ra activar a operação que o m esm o código rep resen ta.
O im pulso en tão em itido provoca a execução da operação.

4. O endereço do operando é copiado do registo de


in strução p a ra o registo de endereço, que p o r sua vez o
introduz no selector de endereços com o no passo 1.

5. O conteúdo do endereço do operando, ou seja, o


co njunto de dados a trab a lh ar, é tran sferid o p ara um
acum ulador ou p a ra a unidade aritm ética.

6. É então executada a operação p reten d id a n a u n i­


dade aritm ética e o resultado é lançado novam ente no
acum ulador.

7. O endereço de instrução contido no registo de p ro ­


gram a é agora aum entado de 1 num co ntador, ob ten ­
do-se assim o endereço da in stru ção seguinte. A ro tin a
volta agora ao passo 1, e recom eça-se o ciclo da instru ção
seguinte.

A figura 63 ilu stra este ciclo de execução de um a


in strução de program a.

N íveis de program a dos com putadores

Até agora tem os pensado em instruções de pro g ram a


em term os de afirm ações num éricas codificadas que são
m antid as n a m em ória sob a form a de expressões b inárias.
De facto, em ú ltim a análise, é e sta a única form a qu e a
m áq uina reconhecerá e aceitará. Um pro g ram a escrito
deste m odo, indicando a operação n a in stru ção sob a
fo rm a de u m código de operação num érico e o operando
com o endereço num érico absoluto da palavra, é conhecido
pelo nom e de program a de código-m áquina e é p o r vezes
referido com o codificação absoluta. Como é evidente, se
u m p ro g ram ad o r estivesse a escrever um p ro g ram a n esta

172
form a, não u tilizaria um a rep resentação b in ária dos n ú ­
m eros m as sim os dígitos decim ais norm ais. As in stru çõ es
seriam então p erfu rad as nu m ca rtã o ou n u m a fita e a
conversão decim al p a ra binário realizar-se-ia au to m atica­
m ente n a leitura.

Pig. 63 — Execução de uma instrução de programa.

173
Se p ensarm os n a p a rte op erativa da in stru ção , veri­
ficarem os que, se bem que a indicação desta p o r um
nú m ero tem a vantagem de ser directam en te reconhecível
pela m áquina, do ponto de vista do p ro g ram ad o r é incon­
veniente, dado que deve m em orizar ou seguir u m a lista
p ro cu ran d o a codificação de cada função, esc rita no seu
p ró p rio program a. Seria m uito sim ples se o código da
operação tivesse algum a sem elhança com a descrição d a
função. Nos p rim eiros tem pos do trab alh o em com puta­
dores, isto conduziu ao uso de códigos alfabéticos que,
em si, po deríam ser reconhecidos com o um a função. Com
efeito, este princípio ainda hoje é usado em algum as
linguagens de com putador. E ste tipo de código é designado
p o r m nem ónica (da palavra grega que significa m em ória).
Se bem que não exista q u alquer código m nem ónico co­
m um a todas as m áquinas — os fab ricantes ten d eram a
desenvolver os seus p ró p rio s códigos individuais — o p rin ­
cípio geral consiste em relacionar o código com a função.
P or exemplo, o código de m u ltip licar é MULT, o código
de tran sferên cia é TRAN, o código d e som a é ADD (som ar,
em inglês), etc. Isto significa que u m a instru ção em fo r­
m ato de endereço único p odería ser escrita:

O peração O perando
LOAiD 3456

(mnemónica de acumuflar
dor de carga— «toad
acumullator» >

Utiliza-se assim ainda um endereço de operando absoluto.


Surge no en tan to o p roblem a de o co m p u tad o r ser
incapaz d e com p reender o term o MULT. Só é capaz de
aceitar e ac tu a r de acordo com esta in stru ção se for re p re­
sentada, p o r exemplo, p o r 11101. Isto significa que é
necessário in sta la r q u alq u er tipo de dispositivo de tra ­
dução que converta a p rim eira expressão n a segunda.
R ecordando q ue quando MULT atinge o p ro cessad o r pode
ser expresso p o r 100100 110011 100011 110010 (decim al

174
em codificação binária), devem os te r no pro cessad o r al­
gum a indicação de que

100100 110011 100011 110010 = 11101

É suficientem ente sim ples p re p a ra r u m a indicação


deste gênero, m o strando a m nem ónica equivalente p a ra
cada código de operação, e arm azenar todas essas indica­
ções n a m em ória de m odo que a m nem ónica possa ser
traduzida no código absoluto da m áquina, que é então
arm azenado sob esta form a com o p arte do form ato de
instrução.
Podem os levar a questão um pouco m ais longe e
co n cen trar a nossa atenção n a p a rte de operando da
instrução , argum entando que se deveria ap licar aí o
m esm o princípio. A especificação das posições de ende­
reço com o endereços ab solutos significa que o p ro g ra­
m ado r deve m an ter u m a lista das posições com u m a n ota
do que nelas se encontra. Isto é um processo m uito
laborioso. Do ponto de vista da program ação, seria m u ito
m ais sim ples in dicar o nom e dos dados em vez do ende­
reço em que se encontram . Utilizando u m a m nem ónica
p ara o operando, a instrução a n terio r pod ería assu m ir a
form a seguinte:

M ULT C A SH

(«dinhed.ro» em inglês; .s:erá o nome


dos dados existentes na posição 3456)

N este caso, estam os a u sa r um endereço sim bólico


em vez de um endereço absoluto. Surge novam ente o p ro ­
blem a de a m áquina dever tra d u z ir o endereço sim bólico
em endereço absoluto e, além disso, dever p ro d u zir sozi­
nha este endereço absoluto. P or o u tras palavras, ao rece­
b er u m a in strução que m ande ler qualquer coisa cham ada
«cash», o p ro cessador deve p ro c u ra r n a sua m em ória,
en c o n trar um lugar livre e to m ar n ota de onde «arrum ou»

175
a inform ação. Relaciona então o endereço sim bólico com
o endereço absoluto. Quando m ais tard e recebe a in stru ção
em causa, MULT CASH, pode p ro c u ra r «cash» n a sua
«lista» p a ra descobrir o sítio onde colocou a inform ação.
Um p ro g ram a usado utilizando estes princípios de
m nem ónicas e endereços sim bólicos é considerado como
tendo sido escrito n u m a linguagem «assembly» («mon­
tada»). Não se afasta do form ato b ase da m áquina e não
dim inui o n ú m ero d e instruções que devem ser escritas,
havendo u m a equivalência e n tre am bas de um p a ra um .
O p rog ram a que é usado p a ra trad u z ir em código de fun­
ções da m áq uina é um programa-m áquina. N este ponto,
seria conveniente in tro d u zir m ais dois term os. Trata-se
de program a prim ário e program a secundário. O pro g ram a
p rim ário é o p ro gram a tal com o foi escrito pelo p ro g ra­
m ador, q u e n este caso o será n u m a linguagem assem bly.
O p ro g ram a secundário é o p ro g ram a em código-m áquina
que re su lta da trad u ção do prim eiro. Os passos da con­
versão de um no o u tro são os seguintes (figura 64):

1. O p rogram a p rim ário é gravado n u m m eio de en­


trad a, com o p o r exem plo os cartões p erfu rad o s ou a
fita de papel p erfu rad a.

2. O program a-m áquina é lido n a m em ória do p ro ­


cessado r (este p rogram a é fornecido pelo fabrican te ju n ­
tam ente com a m áquina e é m antido em algum tipo de
m em ória auxiliar, p o r exemplo, em cartõ es p erfu rad o s
ou fita m agnética).

3. O p ro g ram a p rim ário é agora lido p a ra a m em ória,


onde cada afirm ação é co m p arad a com o program a-m á­
quina, sendo en tão determ inado o seu equivalente código-
-m áquina.

4. As afirm ações em código-m áquina, que agora


co nstituem o p rogram a secundário, são in co rp o rad as nas
m em órias auxiliares, ficando em estado de serem utiliza­
das pelo p ro cessad o r sem pre que necessário.

176
A obtenção de u m p ro g ram a secundário é u m a ta re fa
realizada u m a só vez. Depois de o p ro g ram a te r sido
produzido, é ele que será utilizado em todos os p ro ­
cessam entos futuros.
Um program a-m áquina pode realizar as seguintes
funções:

a) T rad uzir u m a m nem ónica de função n o seu equi­


valente num érico em linguagem m áquina.

Apenas
uma ves

s
s

Programa
m áquina
usado com o
se pretende

F ig . <64 — «M ontagem » d e u m p r o g r a m a p rim á rio .

12 177
b) T raduzir os endereços sim bólicos em endereços
absolutos.
c) T rad uzir as instruções de acordo com o necessá­
rio form ato da m áquina.
d) A trib u ir áreas de arm azenam ento.

e) R ealizar a equivalência en tre endereços sim bólicos


e endereços absolutos.

As técnicas de program ação discutidas até agora não


se afastara m m uito do form ato básico da m áq u in a — de
facto apenas sub stituím os m nem ónicas p o r núm eros. Ao
escrever estes program as, tornou-se evidente p a ra os p ro ­
gram adores que certas com binações de instruções ocorriam
m u itas vezes. E ra p o rtan to lógico escrever o nom e da
função que rep resentava o grupo de instruções e d a r ao
program a-m áquina a capacidade de reconhecer esse nom e
e reconvertê-lo autom aticam ente n a série original de ins­
truções que lhe deram origem . O tipo de instru ção sim ples
de p rog ram a que produz um conjunto de in struções em
código-m áquina é designado p o r instrução m acro. T ra­
ta-se agora de u m a relação de um p a ra m uitos.

Linguagens de com putador


O passo seguinte no desenvolvim ento das linguagens
consistia em evitar escrever inform ações no fo rm ato d a
m áquina. Isto sim plifica novam ente o trab alh o do com ­
p u tad o r, perm itindo-lhe e s tru tu ra r o seu p ro g ram a n a
m esm a linguagem u sad a p a ra definir o problem a, o que
p erm itiu p assa r de linguagens orientadas em função da
m áquina p a ra linguagens orientadas em função do p ro ­
blem a. No entanto, m esm o nesta form a, existia ainda um a
tendência p a ra os fab ricantes desenvolverem linguagens
concebidas especificam ente p a ra as suas p ró p rias m áqui­
nas. Isto conduziu ao desenvolvim ento de linguagens uni­
versais que podem ser usadas em q u alq u er m áquina.

178
Linguagens universais,

No final dos anos 50, os fab ricantes de co m p u tad o res


e os seus utilizadores com eçaram a congregar esforços
no sentido de conceberem linguagens «standard» ou un i­
versais qüe fossem independentes das m áquinas. Inicial­
m ente, fòram desenvolvidas linguagens universais sep ara­
das de m odo a cobrirem duas áreas principais de processa­
m ento, os sistem as com erciais e os problem as m atem áticos.
E ram elas a linguagem Cobol (Common B usiness O rienta-
ted Language) no prim eiro caso, e a Fortran (Form ula
T ranslation) p a ra aplicações no sector das m atem áticas.
Mais tard e, foi acrescentado um o u tro pro g ram a p a ra
processam ento de problem as m atem áticos, tendo sido
desenvolvido com o nom e de Algol (Algprithm ic Language).
E m 1966 foi introduzida a linguagem PL/1 com o lin­
guagem universal capaz de tr a ta r sim ultaneam ente apli­
cações còm erciais e m atem áticas. Um exemplo das afir­
m ações escritas num a destas linguagens stan d ard , a Cobol,
é dado n a figura 65.
E stas linguagens sta n d a rd que se afastam da cons­
tru ção do form ato da m áquina são m uitas vezes designa­
das p o r linguagens de alto nível, enquanto que as lingua­
gens assem bly e de codificação-m áquina referid as an te­
rio rm en te são conhecidas p o r linguagens de baixo nível.
Mas continuava a haver um p rob lem a n a utilização
dás linguagens stan d ard — não existia aind a um a n o rm a­
lização no cam po da concepção do hardw are. O fo rm ato
básico de in stru ção diferia de m áquina p a ra m áq u in a e
p o rta n to tornou-se necessário fornecer o m eio de a d a p ta r
u m p ro g ram a escrito num a linguagem stan d ard p a ra uso
num dado co m putador. Istò foi realizado p o r fab rican tes
que produziam os seus p ró p rio s p rogram as de conversão
separados, sem elhantes em princípio ao program a-m á-
quina, que trad u ziriam o p ro g ram a stan d ard p rim ário no
seu equivalente p ro g ram a secundário. A este nível de lin­
guagem, o pro gram a de conversão é designado p or com ­
pilador e o processo de conversão p o r compilação.

179
SEQ U EN CEN o.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 11 12 1 3 1 4 1 5 16 17 18 19 2 0 21 2 2 23 2 4 2 5 2 6 27 2 8 2 9 3 0 3 1 3 2 3 3 3 4 3 5 3 6 3 7 3 8 3 9 4 0 4 1 4 2 .4 3 4 4 4 5 4 6 4 7 4 8 4 9 5 0 51 5 2 53 5 4 5 5 5 6 5 7 5 8 59 6 0

0 0 1 0 1 0 1 DE NTI F. ICATI ON Dl . VI S I ON__________ ________ ....... ; ........................!............


o ; o 'i o 2 0 P ROG RAM. - I. D. . STOCK- VAL, . . * ........................;................................. .... .............
0 0*1 2 0 0 E NV 1 r o n m e n Y d i v i s ' i o ‘n . r , ‘ * ' T ” ™ *"’™ !' ' T —-’-*” --........
0 0 1 2 1 0 CO NF 1 GURAT 1 ON SECTI 0 N . * *.... ..,
001220 SO UR C E - COMP UT E R . DE CS Y S T . E M- 1 0 . , ........................................ ; ........... .; ....
0j>.1 . 230 0 B j ’E CTXCO MPU.T ER..; d E C S Y.S.T.E M.-VO.,.. . . . ............................
...
(Tõ V a V ò P RO C E DURE *D*l V I S I 0 N / ] ..............."** * . ' *.................^ *...........]...........
0*01 4 2 0 PARA - 1 . •
001430 OP E N 1 NP UT CARD- FI . LE. * . . . . ......... ........................................................
0 0*1 4 4 0 OPEN ÒUfPUT. P R I N*T - F Í.L.E . ..................................
o;oj"4'5';o M.O.V È . SP. AC E;S. .T.O , P- RÊC. „ ................................... .........................
- : - E' f C -*- - . .
0 0: 1^5 1 ;0 P'rÀ=R:À
0 0 1=5 2 0 ... READ CARD F I L E AT END GO TO- PARA - 5 . ‘ ‘ '
0.0:1; 5 3 :Ò MjÕ.V E.„ S.-.C..0 D.E, J .0 ...P.-..C...Q.D.E.,^ ....................... ...................... i .
...
ÓÒí 6 1 *0 M:Ü:L T 1 P L Y ;R P R *1 C È B Y. 0 ÜÀNT 1 T V G1.V Í NG . S VÂ LÍ) É .
00.1 62:0 a id ;p.....s .V;A:l -u -e ....j ..q : ...t v .a ..l , u .e .,...... :.... . * ...................*..........................................
õT0: i 6:3 Ò M;OV E S.VALUE. TO f - V - A l U E . - ...
...

P ig . 65 — A firm a ç õ e s o rie n ta d a s ,em fu n ç ã o do p ro b le m a , e m lin g u a g e m iCobo.1.


Antes de ab an d o n ar e sta súm ula das linguagens de
co m p utador, deve-se m encionar um o utro tipo im p o rtan te.
T rata-se da linguagem interrogativa, cujo exemplo m ais
utilizado é a Basic. No capítulo 4 encontra-se u m a descri­
ção do uso de term inais situados a grande d istân cia do
com putador. E stes term inais são norm alm en te m eios d e

10 LET A = 0
20 LET B = 0
30 FOR 1 = 1 TO 75
AO READ M
50 IF M >100 THEN 1A0
60 LET A = A ♦ M
65 PRINT A
70 IF M >39 THEN 90
80 LET B = B + 1
90 NEXT I
100 LET C = A/ A
110 P R IN T « N Ú M E R O D E F A L T A S » , B
120 p r in t « í n d i c e m é d i o », c
130 GOTO 160
1A0 p r i n t « í n d i c e e r r a d o », m

1A5 GOTO 90
150 D A T A « 7 5 N Ú M E R O S »
160 END

iFig. 66 —. A firm a ç õ e s d e p r o g r a m a em B asic.

ligação nos dois sentidos, p erm itin d o de facto ao o p era­


d o r do term in al conduzir u m a conversação com o com ­
p u tad o r. P o r esta razão, este tipo de linguagem é p o r
vezes designado p o r linguagem «conversacional». A lin­
guagem Basic, concebida p a ra utilização deste m odo, tem
um a con strução b astan te sim ples e adapta-se p o rta n to
idealm ente p a ra uso p o r pessoas sem u m trein o p o rm e­
norizado de program ação. Um exemplo de afirm ações em
B asic é dado n a figura 66.

181
8
GRANDES E PEQUENOS SISTEMAS
DE HARDWARE

O objectivo deste capítulo consiste em rever os dife­


ren tes tipos de co m p utador digital actualm en te u sados e
os seus diferentes m odos de funcionam ento.
Os prim eiros com putadores digitais, concebidos p a ra
p rocessam ento de dados em larga escala, pouco m ais
fizeram que ençarregar-se de enorm es qu an tid ad es de
tra b a lh o ro tin eiro que an terio rm en te era realizado m anual-
jnente. E ste tipo de trab alh o pode ser feito p o r um com ­
p u ta d o r rap id am en te e com grande rigor.
A m aio r p a rte dos p rim eiros sistem as com erciais
recebiam registos de e n tra d a d u ra n te u m período de
tem p o — um dia, um a sem ana ou um m ês — e em seguida
processavam -nos em co n ju n to de u m a só vez. Os registos
de dados tendiam a ser obtidos de m odos não aceitáveis
pelas m áquinas o que significava que se to rn av a primei*
ram en te necessário convertê-los num a form a que a má*
quina pudesse ler, com o seja em cartões p erfu rad o s ou
fita de papel p erfu rad a. Liam-se então grupos destes
cartões p a ra algum tipo de m em ória auxiliar, norm al-
m ente de tipo m agnético. Isto era feito periodicam ente
à m edida que esses grupos de cartões iam sendo obtidos
,e assim , d u ra n te um certo período de tem po, todos os
registos de en tra d a — norm alm ente conhecidos p o r regis­
tos de m o v im en to — eram concentrados p a ra u m a d ata
de m ovim ento, p o r exem plo, o final de cada m ês. E sta

183
fita de m ovim ento e ra então com p arada com o u tras con­
tendo dados de com paração, com inform ações sobre com­
p ras, vendas ou stock, resu ltan d o no p ro d u to final dese­
j a d o — dados sobre vendas, listas de m ovim ento dos
stocks, etc.
De um p on to de vista do sistem a, este p rocessam ento
p o r «lotes» tin h a um a desvantagem im p o rtan te, n a m edida
em que os registos n unca se encontravam exactam ente
e m dia. A concentração de lotes de registos n u m dado
período de tem po significa que o co m p u tad o r está sem pre
a tra ta r com acontecim entos que se verificaram no passado
— dados históricos. Do lado das vantagens, estes sistem as
de p rocessam ento p o r lotes tinham um a concepção bas­
ta n te sim ples, um p ad rão de acontecim entos claram en te
definido sem a necessidade de u m h ard w are ou softw are
altam ente sofisticados.
N o en tanto, ap esar destes factores, o p ro cessam ento
p o r lotes é ain da usado, m esm o nas m áquinas m ais sofis­
ticadas e m ais ráp idas actualm ente existentes. E m m uitos
sistem as, não h á necessidade de disp o r de inform ação
-imediata absolu tam ente em dia, p o r exemplo, n u m sis­
tem a concebido p a ra p ro d u zir contas de electricidade.
Do pon to de vista do hardw are, as p rim eiras m áquinas
eram apenas capazes de realizar um a operação de cada
vez, não só ficando restringidas a u m único program a,
com o ain da a u m único procedim ento d en tro desse p ro ­
gram a. O g rau de eficiência da utilização d a m áquina era
p o rta n to pobre. O p rocessam ento era efectuado n u m m odo
serial, ou seja, cada procedim ento devia se r com pletado
an tes de se iniciar o seguinte. Recorde-se que o objecto
d o p rocessado r c e n tral consiste em p ro c essar dados. N um ã
situação em que deve ocupar-se p rim eiram en te com a
le itu ra e arm azenam ento de dados, e em seguida com o
séu processam ento, term inando p o r ju n ta r e d a r saída
a um conjun to de dados para, p o r exemplo, u m a im ­
p resso ra, a m aio r p a rte do seu tem po é ocupada nos
p rocessos de e n tra d a e saída e só um a pequena p a rte
no verdadeiro processam ento. Isto deve-se, p o r um lado,
a velocidades de tran sferên cia de e n tra d a /sa íd a m u ito

184
lentas e, p o r outro, à sua p otência de p ro cessam ento
ex trem am ente rápida.

Sim ultaneidade

U m a m an eira de m elh o ra r o rendim ento do processa­


d or consiste em fornecer m eios que lhe p erm itam realizar
dois procedim entos sim ultaneam ente, ou seja, realizar a
sua função de processam ento ao m esm o tem po que se
estão a verificar processos de en tra d a ou saída de dados,
ò que pode ser feito utilizando técnicas «buffer». Isto
significa qüe os dados de e n tra d a são p rim eiram en te colo­
cados em áreas não endereçáveis de arm azenam ento e,
do m esm o m odo, os dados de saída são reunidos em áreas
não endereçáveis. É então possível sob rep o r funções de
en trad a, saída e processam ento, aum entando a p rop o rção
de tem po gasto em p rocessam ento (figura 67). No en tan to ,
isto re p re se n ta apenas u m pequeno aum ento m arginal do
ren dim en to do processador.

Aíül ti -programação

É pois evidente que u m fa c to r lim itativo im p o rtan te


do grau de rendim ento a que o processado r trab a lh a são
as com p arativam ente lentas velocidades operacionais dos
dispositivos de en tra d a e de saída. É um pouco com o tra ­
b a lh a r nu m a linha de produção em que os objectos com
que se trab a lh a chegam a intervalos de um m inuto, m as
em que só são necessários seis segundos p a ra realizar
o trab alh o necessário nesse ponto. N estas circunstâncias,
pode-se arg u m en tar que o m ais inteligente a fazer será
in iciar u m a segunda linha de p rodução de tal m odo que
se possam a lte rn a r no fornecim ento do m aterial, em vez
de se te r de esp erar 54 segundos em cada m inuto. Isto
teria, pelo m enos, o efeito de d up licar o ren d im en to
de 10 % p a ra 20 %. Pode-se ainda dizer que, se m o n tarm o s
dez linhas de produção, o rendim ento pode ser m axim i-

185
(a) Processamento serial

Entrada Processamento Saída

Escala de tempo

(b) Processamento por buffer

Entrada

Processamento

Saída

1------------L______ I______ l— ... . .1______ J______ L. ______ I______ L._____ 1______ L ______ I______1_______L > •______ l______ 1_______I
Escala de tempo

Fig. 6 7 — Simultanei-dade. (a) Pr acessamento serially (b) Processamento buffer.


zado p a ra 100 %. Isto teoricam ente, pois n a p rá tic a ra ra ­
m ente é possível.
O m esm o acontece com o processad o r cen tral. Se
enqu anto está a tra b a lh a r u m program a, ex istirem longos
intervalos à esp era de dados, p orque não lhe d ar o u tro
trab alh o d u ra n te estes intervalos? Isto pode ser feito
arm azenando no p rocessador dois ou m ais p rogram as
sim ultaneam ente, de tal m odo que, no caso de não p o d er
tra b a lh a r num deles devido à lentidão da actividade p eri­
férica, com ute p a ra o u tro onde possa realizar o processa­
m ento. E ste tipo de funcionam ento é conhecido pelo
nom e de multi-programação.
A m ulti-program ação pode no en tan to ser apenas
efectuada num a m áquina relativam ente p o ten te que ten h a
sido especificam ente concebida p a ra funcion ar deste m odo.
A m áqu ina in co rp o rará um sistem a op erató rio ou de
controlo, capaz de decidir qual o p rogram a que deve ser
processado. O utro requisito é que exista um núm ero sufi­
ciente de periféricos — e n trad a, saída e arm azenam ento *—
p ara ap o iar a realização desses processam entos m últiplos.
Como exemplo sim ples, considerem os dois p ro g ra­
m as, A e B, arm azenados no processador. O p ro g ram a A
pede um a leitu ra de cartões perfurados, m antendo o seu
conteúdo n a m em ória até terem sido lidos dez cartões e
passando depois tudo p a ra fita m agnética. C onsiderem os
que n ecessitará de 100 m ilissegundos p a ra ler um cartão
m às apenas de 5 m ilissegundos p a ra ju n ta r o seu con­
teúdo n a m em ória, p ro n to p a ra ser utilizado. O p ro ­
gram a B obriga a um cálculo dem orado, absorvendo
200 m ilissegundos de tem po de processam ento. T rab a­
lhando com o program a A, o processador, depois de ler
o p rim eiro cartão, ocupar-se-á d u ran te 5 m ilissegundos
do tra ta m e n to dos seus dados, o que significa que te rá de
esp erar 95 m ilissegundos até term in ar a leitu ra do cartão
seguinte. No en tan to , no final do seu processam ento de
5 m ilissegundos, te rá enviado u m a m ensagem ao sistem a
o p eratório pedindo dados do segundo cartão.
O sistem a op eratório com unicará então com o leito r
de cartões, verificando que este e stá ocupado a ler u m

187
cartão. N este ponto, p a ra rá as operações no p ro g ram a A
e p ro c u ra rá q ualquer o u tra coisa p a ra m a n te r o p ro ­
cessador ocupado. E sta operação é conhecida pelo nom e
de suspensão do programa. Descobre-se então o p ro g ram a
B à esp era de tem po disponível e o sistem a com uta o
controlo p a ra ele, dando assim ao p rocessad o r algum a
coisa que fazer. Depois de p assarem 5 m ilissegundos, o
leito r de cartõ es te rá term inado a leitu ra do segundo
cartão, enviando um a m ensagem nesse sentido ao sistem a
op eratório. P oderá haver dois p rogram as pedindo tem po
de processam ento. O sistem a te rá então de decidir qual
deles vai ser trab alhado. E sta decisão é realizada de
acordo com as p rioridades que lhe foram p reviam ente
com unicadas no início das operações. Se considerarm os
que A tem p rio rid ad e relativam ente a B, então o co n tro lo
é novam ente com utado p a ra A n este ponto, in terro m p en d o
ò trab alh o que se está a fazer em B m esm o q u e este
n ão ten h a sido com pletado. Chama-se a isto u m a in­
terrupção do programa. O controlo pode ser novam ente
com utado p a ra B quan d o houver m ais algum tem po de
esp era no p ro cessam ento de A.
E ste exemplo baseia-se apenas em dois p ro g ram as
— u m a situação norm alm ente designada p o r programação
dupla. E xiste u m a m ulti-program ação quando diversos
pro gram as estão a ser realizados sim ultaneam ente, tendo
cada um deles um a determ in ad a p rioridad e. E m teoria,
a m ulti-program ação p o d eria p e rm itir u m ren d im en to de
100 % do processador central. N a p rática, a sequência de
actividade de processam ento en tre os p rogram as não é
provavelm ente contínua e p o rta n to a utilização é de facto
in ferio r à m áxim a. No entanto, este m odo de funciona­
m ento p erm ite um aum ento b a sta n te no tó rio de ren d i­
m ento do processador.
Até agora, tem os pensado nu m co m p utad o r com o u m a
m áquina, colocado no centro de um a grande actividade,
com dados referentes a esta actividade que lhe são con­
duzidos p a ra efeitos de processam ento. E sta é de facto
u m a situação b a sta n te conveniente, quando todos os dados

188
são originados n u m a área concentrada p e rto do com ­
p u tad o r.
No entanto, em m uitos casos, esta situação não se
verifica. Os escritórios, oficinas, etc., podem e sta r espa­
lhados p o r um a área b a sta n te vasta, talvez em todo o
te rritó rio de um país. Isto deixa-nos duas alternativas. Ou
m o n ta r u m certo núm ero de pequenos co m putadores
nestes diferentes p ontos e p ro c essar os dados localm ente,
ou in sta la r um sistem a de p rocessam ento cen tral que
satisfaça tod as as necessidades de p rocessam ento da orga­
nização.
Se bem que a segunda altern ativ a ten h a a desvantagem
in eren te de te r de m ovim entar dados a longa distância,
beneficia em m uitos casos d a im p o rtan te vantagem d a
econom ia em hardw are, de co n stitu ir u m a fo n te c e n tra­
lizada de inform ações e de d a r um m aio r controlo de
to da a organização. De facto, nos últim os anos, tendeu-se
p a ra o estabelecim ento de com putadores centrais, grandes
e p otentes, capazes de tra ta re m dados originados n u m a
vasta área. Sabem os agora evidentem ente que algum as
destas m áquinas p otentes trab a lh am com dados enviados
ao centro p o r correio a p a rtir de todo o país, p o r exemplo,
um co m p u tad or centralizado de atrib uição de licenças de
veículos.
N o secto r com ercial, m uitos com putadores trab a lh am
com dados que lhes são tran sm itid o s p o r term in ais
rem otos, situados em filiais e escritórios locais. O sistem a
usado nos bancos é um exem plo disto. E ste sistem a tem
a vantagem de não só p e rm itir a transm issão m uito rá p id a
dos dados originados num a filial ao com putador, com o
ainda p e rm itir à filial o acesso à inform ação contida no
co m p utador central.
No capítulo 4, deu-se u m a panorâm ica da tran sm issão
de dados e um a descrição dos term inais usados p ara tal.
A sua utilização introduz o u tro princípio no uso do com ­
p u tad o r, conhecido p o r acesso m ú ltip lo . Isto significa que
u m certo núm ero de pontos de en tra d a e saída longe do
com p u tad o r têm um acesso à m áquina directo e, p a ra
todos os efeitos p ráticos, sim ultâneo.

189
Partilha do tempo

A essência de um m odo operacional de p a rtilh a do


tem po consiste em fornecer as condições em que um dado
núm ero de utilizadores tem acesso a um co m p u tad o r
— um a situação de acesso m últiplo. Os utilizadores com u­
nicam com o com p utador através de teletipo ou de um
dispositivo term in al de ap resentação visual de dados. P ara
ser eficaz, o tem po de resp osta, ou seja, o tem po necessá­
rio p a ra que o com p utador com ece a devolver inform a­
ções, deve ser curto. E de facto inferior, norm alm ente, a
5 segundos.
Um sistem a de p a rtilh a de tem po fornece um a situação
em que u m certo núm ero de utilizadores têm acesso ao
co m p u iaao r v irtu aim ente ao m esm o tem po. Os utilizadores
têm term in ais rem otos ligados p o r linhas de tran sm issão
ao com putador. Cada term in al tem o seu pequeno reg isto
de dados, conhecido pelo nom e de buffer, no qual são
m antidos os dados enquanto se estão a realizar as opera­
ções de en tra d a e saída. A razão disto é que, se os dados
fossem tran sm itid o s c a rác te r p o r c a rác te r à m edida q u e
en trassem através do teclado do term inal, este processo
seria dem asiado lento p a ra o co m p utador ligado n a o u tra
extrem idade. Q uando a en tra d a p o r teclas está term in ad a,
o conteúdo do b u ffer pode ser tran sferid o p a ra o cen tro
a alta velocidade. Do m esm o m odo, a saída do com p u tad o r
é tam bém tran sferid a p a ra o b u ffer term inal, onde é o
p ró p rio term inal que controla a saída da sua im p resso ra
serial. E nqu anto este processo de e n tra d a /sa íd a se realiza
nu m dado term inal, o processador pode co n tin u ar o seu
trab alh o, subm etido a outros term inais.
E stando um grande núm ero de utilizadores ligados
a u m a m áquina, todos eles pedindo tem po de processa­
m ento, é necessário existir um núm ero co rresp o n d en te
de p rogram as p a ra satisfazer todas estas necessidades.
Um p rocessador pode tra b a lh a r apenas num pro g ram a
de cada vez, tornando-se p o rtan to necessário arm azen ar
todos os p rogram as dos utilizadores em algum tipo de
dispositivo de acesso directo do qual possam ser tran sfe-

190
ridòs p a ra o p rocessador à m edida das necessidades. N a
p rática, o que acontece é que é atrib uído a cada term in al
de utilização um período de tem po d u ra n te o qual o seu
p ro g ram a é ap resentado ao processador e obtém , de
facto, u m uso exclusivo do p rocessador d u ran te esse
período. E ste período de tem po é b astan te pequeno, p ro ­
vavelm ente de apenas cerca de 10 m ilissegundos. Tendo

em conta que o p rocessador é provavelm ente capaz de


com p letar m ais de um m ilhão de cálculos p o r segundo, é
evidentem ente possível realizar um grande trab alh o m esm o
naquele reduzido período de tem po.
O sistem a op eratório n u m a situação de p a rtilh a de
tem po fa rá circu lar todos os term inais, atrib u in d o u m a
«fatia» de tem po a cada um deles rotativam en te (figura 68).
N um segundo, um sistem a m oderno de p a rtilh a de tem po

191
pode aten d e r m uitos term inais. Se bem que o p ro cessad o r
p ossa tra b a lh a r apenas num p ro g ram a de cada vez, em
m ulti-program ação não h á razões p a ra que não estejam
guardados em m em ória vários program as sim ultaneam ente.
E ste p rincíp io é utilizado em p a rtilh a de tem po. P or
exem plo, considerem os que estão arm azenados os p ro ­
gram as dos utilizadores A e B sim ultaneam ente. Q uando
term in a a fracção de tem po a trib u íd a a A, o controlo é
im ediatam ente com utado p a ra o p ro g ram a B. E n q u an to
B está a ser processado, A é re tira d o da m em ória do
p ro cessad o r p a ra um disco e C é tran sferid o do disco
ocupando o seu lugar. Quando term in a o tem po de B,
p assa a se r processado C, B é m ovim entado p a ra fo ra d a
m em ória e D acede a esta. E ste processo co ntinua até
todos os utilizadores terem tido um a fracção de tem po de
p ro cessam ento e, em seguida, o ciclo inicia-se novam ente.

S istem a s de tem po real

A ca rac te rístic a m ais im p o rtan te dos sistem as de


tem po real é que devem ser capazes de aceitar e p ro cessar
dados no m om ento da sua ocorrência e realim en tar os
resu ltad o s a tem po de a lte ra r a ocorrência em causa. No
en tan to , o tem po de resposta, ou seja, o atraso de tem po
e n tre os dados originais e a realim entação dos resu ltad o s,
v aria rá conform e a aplicação.
P or exemplo, p a ra afectar o com portam ento de u m
m íssil em voo, o tem po de resp o sta deve ser da ordem
dos m ilissegundos. P ara o b ter inform ações do estado da
co n ta de um cliente, re su ltan te da ap resentação de u m
cheque, já será possível to lera r tem pos d e realim entação
m aiores.
O u tra ca rac te rístic a de um sistem a de tem po real é
que os dados existentes em m em ória são im ediatam ente
actualizados pelos novos dados de en trad a, à m edida que
são produzidos. Um exemplo clássico de um sistem a de
tem po real é o das reservas de lugares em aviões. N este,
o pedido de u m lugar é ap resen tad o n u m term in al e pro-

192
vocará a ap resentação dos lugares ainda existentes no
voo. O lug ar agora reservado deve ser im ediatam ente m ar­
cado, ou seja, os dados existentes em m em ória devem
se r actualizados, senão será fornecida um a inform ação
in co rrecta ao próxim o cliente. Os sistem as de tem po

Fig. 6 9 —•Funcionamento em itempo real.

real (figura 69) trab a lh am atrav és de term in ais com


acesso directo e im ediato ao co m p u tad o r e, através deles,
a registos de dados e de program as. Isto significa u m
re q u isito de h ard w are em sistem as com erciais, em term o s
de m em órias auxiliares de acesso directo, em larga escala.

C om putadores pequenos

N os últim os anos, observou-se um a revolução n a m a­


q u in aria de escritório utilizada p a ra cálculos e actualização
d e contas. H á dez anos, a m aio r p a rte destes dispositivos
eram p u ra m e n te m ecânicos ou electrom ecânicos. As m á­
quinas d e calcular m ecânicas e ram b a stan te com uns e a
m aio r p a rte das m áquinas de actualização de contas fun-
dam entavam -se no uso de b a rra s de funcionam ento m ecâ­
13
193
nico, p a ra realizar o reduzido p rocessam ento de que eram
capazes. Tudo isto já foi u ltrap assad o e a electrónica
ocupou, tam b ém neste cam po, o lugar da m ecânica. Já
existem inclusivam ente m áquinas de escrever au tom áticas
de arm azenam ento em fita m agnética e con tro lad as elec-
tronicam ente.
Com o desenvolvim ento de circuitos integrados de
reduzidas dim ensões, foram introduzidas m áquinas de
cálculo electrónicas com u m a gam a fixa de funções
aritm éticas. Foi-lhes m ais tard e acrescentad a u m a m em ó­
ria de fraca capacidade, e em seguida sucederam -se m á­
quinas program áveis capazes de arm azen ar e executar
pro gram as apresentados através ide u m teclado ou de um
m eio de arm azenam ento m agnético. As calculadoras electró­
nicas tornaram -se e n tre ta n to b á sta n te populares, tendo
chegado a su b stitu ir com pletam ente os velhos dispositivos
m ecânicos. São b aratas, têm um funcionam ento seguro,
e são fáceis de utilizar e m uito ráp idas.
S im ultaneam ente, a electrónica foi aplicada a m áqui­
n as de contabilidade. As registadoras m ecânicas de cál­
culo rotativ o foram su b stitu íd as p o r circuitos som adores
electrónicos e as b a rra s m ecânicas pelo p ro g ram a arm a­
zenado electronicam ente. F oram acrescentadas possibili­
d ades de arm azenam ento de dados, tendo estas m áquinas
recebido o nom e de «com putadores de secretária» ou «de
escritório», se bem que h a ja fortes dúvidas de que m u itas
destas m áquinas pudessem ser de facto designadas p o r
co m putadores no sentido lato da palavra; no en tanto, o
nom e pelo qual são conhecidas as m áquinas de contabi­
lidade electrónicas m odernas é o de com putador de
registo visível (ver a figura 70).

C o m p u ta d o res d e re g isto v is ív e l

Uma característica im p o rtan te de u m sistem a de com ­


p u tad o r, co nsiderada p o r m uitas pessoas còm o u m a des­
vantagem , é que os registos relacionados com os sistem as
que processa são m antidos ém registos m agnéticos ou

194
F ig . 7 0 —-U m c o m p u ta d o r -de re g is to visívelli (K ieu zle D a ta
S y s te m s ),

electrónicos, evidentem ente im possíveis de ler directa-


m ente. P ara receb er os registos de um a m an eira lisível>
é necessário p ed ir ao co m p u tad o r que ós im p rim a ou
ap resente ao ex terior de o u tro m odo. Isto c o n tra sta com
as antigas m áquinas de contabilidade, nas quais era fo r­
necido um papel im presso o u cartão com u m registo da
situação de cada cliente ou p roduto. E ste cartão forneciá
não só balanços actualizados, com o ain d a co ntinha a
h istó ria das transacções realizadas d u ra n te um longo
p eríodo de tem po. C onstituía u m m eio m uito conveniente
e sim ples de disp or de u m registo fácil de consultar.
M uitas firm as têm um a c e rta relutância em d isp en sar
esta facilidade.
O utro factor, p artic u la rm en te p a ra as em presas de
dim ensões m édias ou pequenas, é o capital necessário e
os custos de m anutenção p a ra a aquisição de um com ­
p u ta d o r verdadeiro. E ste valor é ju stificad o no caso de
o volum e de trab alh o a p ro c essar ser suficiente p a ra m an ­

195
te r a m áquina ocupada m as, no caso da m aio r p a rte
dessas firm as, isso não acontece.
N os últim o s anos, surgiu um a p ro c u ra cada vez m aio r
d e pequenos com p utadores que são relativam ente fáceis
d e in sta la r e de utilizar, e fornecendo um registo visível
das transacções— o co m p u tad o r de registo visível. E xiste
agora u m a v asta gam a de com p utadores deste tipo no
m ercado, variando consideravelm ente de p o tência de p ro ­
cessam ento e nas possibilidades de en trad a, saída e arm a­
zenam ento. Os com entários seguintes são com uns à m aio r
p a rte d as m áquinas relativam ente b a ra ta s deste tipo.

E le m e n to s id e u m c o m p u ta d o r d e re g isto v is ív e l

Do p o nto de vista d e sistem a, estes com p u tad o res


n ão se afastam em p rincípio das velhas m áquinas de
contabilidade, sendo m antido u m ficheiro de cartõ es e
ten d o cada um deles u m registo im presso de transacções
p assadas. À m edida que eram realizadas novas transacções,
depois de serem p rim eiram en te registadas n a docum en­
tação ;— requisições de stock, etc. — eram ap resen tad as
atrav és de u m teclado, actualizando o cartão ou ficha e
calculando au to m aticam ente os balanços actuais. De um
p o n to de v ista de h ardw are, a alteração m ais im p o rtan te
co nsistiu no fornecim ento de um m eio p a ra e n tra d a auto­
m ática de dados estáticos referidos a cada ficha. Isto é
realizado arm azenando os dados n u m a fita m agnética que
c o rre ao longo do com prim ento da ficha.
P or exem plo, num sistem a de salários, seria arm aze­
n ad a a inform ação seguinte:

Identificação do em pregado: núm ero, nom e, d e p a r­


tam ento.
D etalhes da rem uneração: salário ou h o ras norm ais,
salário em h o ras extraordinárias.
D eduções no salário: previdência, etc.
Porm enores de im postos: im posto a pagar, código do
im posto.

196
Ao in serir a ficha n a m áquina, estes dados são au to ­
m aticam en te in scritos n a m em ória, co n stitu in d o a b ase
do cálculo do salário líquido do m ês an terio r.
A e n tra d a p rim ária é executada através de u m teclado
accionado m anualm ente. E ste contém norm alm en te três
secções. P rim eiram ente, um a secção alfa /n u m é rica p a ra
e n tra d a de dados descritivos (nom es, endereços, descrição
de p rod uto s, etc.). A identificação dos dados, p o r exemplo,
o n ú m ero da conta, é verificada p o r en tra d a de teclado
com parando com a versão arm azenada n a b a rra m agné­
tica, sendo a ficha re je ita d a se estes dados não coinci­
direm . A segunda p a rte do teclado, num a secção n u m érica
de dez dígitos, é u sad a p a ra a e n tra d a de dados q u an ti­
tativos, e a terceira secção contém as teclas que co ntrolam
as funções da m áquina. M uitas m áquinas inco rp o ram u m a
linha visual alfa /n u m é rica de ap resentação de dados
acim a do teclado, n a qual são m ostrados os dados à m edida
ique en tra m n a m áquina, p erm itindo realizar u m a veri­
ficação visual. Serve igualm ente p a ra co n tro la r o p ro ­
gram a, m o stran d o a fase p o r ele atingida. E xiste u m a
en treface em m uitas m áquinas de registo visível p a ra
e n tra d a au tom ática através de cartõ es p erfu rad o s o u de
fita de papel p erfu rad a.
N os m odelos básicos a saída é realizada de d u as
form as:

1. Com o registo im presso nas fichas.

2. Os balanços podem se r registados n a b a rra m agné­


tica d a ficha. Isto fornece autom aticam ente u m a avaliação
do balanço quando a ficha é u sad a de novo. Os dados
q uan titativ os são igualm ente registados em m em ória, de
m odo a fornecer to tais de controlo e p e rm itir as análises
n ecessárias no final.

Se b em que n u m a escala m enor, o p ro cessad o r cen­


tra l executa funções b a sta n te sem elhantes às do p ro ­
cessador cen tral de um co m p utador de m aiores dim ensões.
É típica a utilização de um a m em ória de acesso im ediato

197
de 8 K palavras de 16 bits, capaz de g u ard ar um program a
e igualm ente dados necessários, enquanto estes são p ro ­
cessados. In c o rp o ra um a unidade aritm ética que realiza
o processam ento num érico norm alizado, e um sistem a de
controlo que vigia a execução do p ro g ram a e das operações
de hardw are.
Os p rogram as são construídos num código m nem ónico
b a sta n te sim ples. Podem ser lidos p a ra a m em ória ou
p a ra um m eio de arm azenam ento m agnético, através do
teclado da m áquina, se bem que os fab rican tes forneçam
norm alm en te pro gram as como p a rte do softw are de origem
d a m áquina. Uma m aneira b astan te generalizada de
g u ard ar estes program as é em fita m agnética, m an tid a
em cassettes em circu ito fechado. E sta disposição da
fita m agnética evita a necessidade de a reb o b in ar no sen­
tid o inverso. Ao in serir a cassette n a m áqu in a e ao p re m ir
a tecla da função desejada, o p ro g ram a é passado à
m em ória p a ra execução.
E n tre as vantagens atrib u íd as aos co m p u tad o res de
registo visível, encontram -se as seguintes:

1. São fáceis de in sta la r n u m escritório vulgar. Isto


significa que não é necessário p ro ced er a grandes alte­
rações n a organização do dep artam ento. A m áquina tor-
na-se p a rte do d ep artam ento em vez de ser este que se
tran sfo rm a num a p a rte d o sistem a da m áqüiáá.

2. No caso de m uitas aplicações com erciais, u m com ­


p u ta d o r de registo visível realizará o seu trab alh o de um a
m an eira tãò adequada e eficaz com o u m co m putador
m aior, se bem que a u m a m en o r velocidade.

3. O funcionam ento da m áquina é relativam ente


sim ples e, até certo ponto, não obriga a utilizar um ope­
ra d o r especializado. Um op erad o r de m áquinas tradicio­
nais de co ntabilidade não deve te r q ualq u er dificuldade
em utilizá-la, depois de um curto período de treino.

198
4. M uitos com putadores, a fim de serem rendosos,
devem ser utilizados num a b ase de 24 ho ras p o r dia. Os
com p u tado res de registo visível podem tra b a lh a r en tre
as 9 e as 17 horas, sendo provavelm ente m ais b arato ,
a longo prazo, in stalar um a segunda m áquin a que u tilizar
a a n te rio r no dobro das horas.

5. Não são necessários sistem as especializados nem


pessoal de program ação, não existindo n orm alm ente,
n estas instalações, u m d irec to r de serviço e todo o re sto
do pessoal que se en co n tra necessariam ente em instalações
de com putadores de m aiores dim ensões. F alando em geral,
tan to os sistem as de com putadores de registo visível com o
os pro gram as necessários são fornecidos pelo p ró p rio
fabricante.

6. O co m p u tad o r de registo visível m oderno tende a


co n stitu ir um a peça de equipam ento de grande segurança
de funcionam ento. Os custos de m anutenção são b a sta n te
baixos, e as p erd as de tem po devidas aos períodos de
pouco trab alh o tendem a se r pequenas. E xcluindo o salár
rio do op erado r, o custo to tal de m anutenção de um com ­
p u ta d o r de registo visível pode ser b astan te baixo.

M inicom putadores e m icroprocessadores

Não ficaria com p leta a nossa ap resentação dos d is­


positivos existentes, sem u m a b reve m enção às duas áreas
de tecnologia de com putadores actualm ente em m ais rá ­
pido desenvolvim ento — os m inicom putadores e os micro*
processadores.

M in ic o m p u ta d o re s

T rata-se de com p utadores com um p rocessad o r cen tral


de dim ensões b astan te reduzidas, to rn ad as possíveis pela
utilização de circuitos integrados sob a form a de p astilh as

199
sem icondutoras. E m geral, estas m áquinas são capazes
de co n tro la r u m a gam a de en trad as, saídas e periféricos
de arm azenam ento d e dados de m an eira b astan te sem e­
lh an te à de u m co m p utador «convencional». A sua p rin ­
cip al desvantagem consiste nas suas velocidades opera­
cionais com parativam ente lentas, devido à lim itad a capa­
cidade de arm azenam ento de p alavras neste tipo de
m áquina.

M icrop ro cessa d o res

E stes rep resen tam provavelm ente o desenvolvim ento


m ais significativo em dispositivos autom áticos dos ú lti­
m os anos, cujo potencial, p artic u la rm en te n a in d ú stria,
com eça apenas a ser sentido. Não são com putadores no
sentido que tem os estado a d iscu tir até agora, consti­
tu indo antes dispositivos de controlo, facilm ente progra-
m áveis, e sendo p a rte in teg ran te do dispositivo que con­
tro lam . Isto co n tra sta com um co m p u tad o r que co n trola
actividades exteriores a si p ró p rio e até, possivelm ente,
rem otas. O m icroprocessam ento foi to rn ad o possível
devido ao desenvolvim ento de p astilhas sem icondutoras
«micro» que podem ser program adas p a ra in iciar e con­
tro la r u m a gam a de funções p reviam ente d eterm in ad a e
c o n tin u ar a re p e tir a ro tin a até receb erem u m a in stru ção
p a ra p arar.
Um exem plo com um do uso d e u m m icrop ro cessad o r
é nas consolas de jogos de televisão, onde é utilizado p a ra
sim ular e co n tro la r o m ovim ento de u m a bola n u m visor
de televisão.
N o en tanto, o seu m aior potencial reside no cam po
dos processos industriais. Nos p rim eiros tem pos da au to ­
m ação de m áquinas controladas p o r com putadores, o com ­
p o rtam e n to das m áquinas era governado p o r u m p ro ­
g ram a arm azenado num com p u tad o r situado longe da
m áquina. Um m icroprocessador, no en tan to , co n stitu i
p a rte da p ró p ria m áquina, o que significa que tem os
u m a espécie de «robot» tal que a m áq u in a fe rram e n ta

200
executará u m ce rto núm ero de actividades au to m atica­
m ente.
U m a im plicação grave do q u e acaba de ser dito é o
deslocam ento dos operadores que, de o u tro m odo, deve­
ríam accionar a m áquina m anualm ente. N a m edida em
que os m icro-processadores são agora b astan te b a ra to s
e u m a m áqu ina «robot» p o r eles controlad a pode m u itas
vezes realizar o trab alh o que an terio rm en te req u eria u m
certo nú m ero de operadores, o seu uso generalizado
parece su rg ir com o econom icam ente sólido m as o v alor
social a p ag ar deverá ser m edido em term o s d e u m a p ro ­
cura cada vez m enor de em prego m anual.

201
9
O COMPUTADOR E A SOCIEDADE

N ão é objectivo deste cap ítulo fornecer u m a expli­


cação técnica detalhada do funcionam ento dos sistem as
de co m p u tad o r que influenciam a nossa vida de todos os
dias, m as sim d ar u m a c u rta descrição daquilo que podem
fazer.

Aplicações com erciais

A m aio ria dos com p utadores actualm en te usados


são-no m uito p artic u la rm en te em firm as com erciais e
in d u striais, p a ra p ro cessar a quan tid ad e de dados u tili­
zados n a actividade com ercial. Seria de facto razoável
a firm a r que m ais de 80 % dos com putadores usados o
são n esta área. E n tre os sistem as que vulgarm ente u tili­
zam o p rocessam ento p o r com p utadores, encontram -se
òs seguintes.

L is ta s de p a g a m e n to s

E ste foi talvez o p rim eiro dos sistem as com erciais


a ser co m putarizado — de facto, um a das p rim eiras m á­
quinas LEÕ (Lyon's E lectronic Office) era u sad a p a ra este
fim. A folha d e pagam ento que recebem os ju n tam en te
com o nosso salário no final de cada sem ana ou m ês
roí, m uito provavelm ente, produzida p o r um co m p u iaao r.

203
Uma lista de pagam entos, devido ao grande nú m ero
de cálculos sim ples envolvidos e o grande nú m ero de
variáveis que contém relacionadas com o valor dos salá­
rios, deduções, etc., é o tipo de sistem a que pode u tilizar
idealm ente as qualidades oferecidas p o r um co m p u tado r.
E xistem dois elem entos básicos nu m sistem a de listas
de pagam entos. P rim eiram ente, os dados «standard» ou
«estáticos» relacionados com cad a em pregado. E stes inclui­
rã o detalhes pessoais e de identificação, u m a indicação
do pagam ento b ru to , detalhes das contribuições, etc.,
assim com o balanços de pagam ento em b ru to , to tal de
im postos pagos e de pagam entos líquidos actualizados.
E m segundo lugar, haverá dados correntes relacionados
com o período p a ra o q u al o pagam ento é calculado.
E stes p oderão incluir o núm ero de ho ras d e trab alh o ,
subsídios de h oras ex traordinárias, bônus especiais, etc.
O p rim eiro conjunto de dados será m antid o n a m em ória
auxiliar do com p utador p a ra uso cíclico, dad o que as
listas de pagam ento são p re p ara d as periodicam ente.
O segundo é p rep arad o sem analm ente o u m ensalm ente e
transform a-se n a e n tra d a do p rocessam en to d a lista.
À m edida que são processados dados relacionados com
cada em pregado, é feita referência aos dados de com ­
p aração existentes em m em ória, são realizados os cál­
culos necessários e feitas as deduções, obtendo-se u m a
indicação do pagam ento líquido que o em pregado rece­
b erá. E n treta n to , os dados contidos n a ficha de com pa­
ração serão actualizados, dando valores revistos do paga­
m ento b ru to actualizado, etc. Os im postos e as o u tras
deduções terã o sido acum ulados em registos, de tal m odo
que, no final da lista de pagam entos, existirá um to tal
de controlo p a ra ca d a u m destes elem entos. D u ran te o
seu funcionam ento, o co m p u tad o r im p rim irá as listas de
piagamento e, possivelm ente, cheques e envelopes p a ra
c o n ter os quan titativos ap rop riados, assim com o um
sum ário do pagam ento to tal dando custo s em b ru to ,
deduções totais e pagam ento líquido total. Q uando o
pagam ento é realizado em dinheiro, forn ecerá tam bém
u m a lista m ostrando as quantidades de n o tas de dife­

204
ren te valor facial e de m oedas req u erid as p a ra fazer os
pagam entos.

C o n tro lo de s to c k s

E ste o u tro sistem a presta-se tam b ém m u ito facilm ente


à utilização de m étodos com putarizados, fornecendo não
só u m a função de ap reçam ento dos p ro d u to s que pode
p o r su a vez ser usad a p a ra análise de custo s como, ain d a
m ais im p o rtan te, m a n te r os níveis de stocks nos seus
valores óptim os do p onto de vista econôm ico. S tocks
excessivos conduzem a perdas p o r deterioração, despesas
excessivas de arm azenam ento e capital p a rad o que pode
ser utilizado com vantagem n o u tro s sectores. Se os stocks
forem dem asiado reduzidos, h á a possibilidade de p e rd e r
vendas, devido à ausência de m aterial em stock.
U m a ficha de controlo de stocks conterá:

A identificação e descrição de cada p ro d u to em stock.


Níveis norm ais de stock.
Preços do p roduto.
U m a definição dos níveis m ínim o e m áxim o de stock.
U m a ordem de p reenchim ento de stocks, basead a n o
tem po necessário p a ra su b stitu ição dos m esm os.

Os dados de m ovim ento consistirão essencialm entè em :

Identificação de cada p ro d u to em stock.


Q uantidade de cada p ro d u to que e n tra o u sai de
arm azém .

O p rocessam ento dos dados de m ovim ento, com pa­


rado com a ficha de stock, p ro d u zirá relató rio s de saídas,
que incluirão:

Identificação, descrição* quantidade, p reço u n itário e


valor to tal do m ovim ento de cada p ro d u to em arm azém
— inform ação necessária p a ra facturação de vendas.

205
Uma lista de todos os p ro d u to s em stock que estejam
no nível m ínim o.
Uma lista dos p ro d u to s que estão a atin g ir os níveis
m ínim os de arm azenam ento, a fim de ser lançada u m a
o rd em de p reenchim ento dos níveis norm ais de stock.
Totais de controlo, m o stran d o os valores to tais de
e n tra d a e saída dos p ro d u to s n u m dado período.

Q uando desejável, será tam b ém p roduzida u m a lista


com pleta de todos os p ro d u to s em stock, suas quan tid ad es
e valores, p a ra avaliação dos stocks.
E tam b ém um a lista de p ro d u to s com pequena m ovi­
m entação, que p e rm itirá to m ar ce rtas m edidas, p o r
exemplo, sob a form a de redução de preços (saldos), a
fim de os elim inar.

A c tiv id á d e ban cária

É este talvez o exem plo clássico da utilização com er­


cial de com putadores. O volum e de papel tra ta d o d iaria­
m ente pelos bancos — cheques, ordens de pagam ento,
etc. — é vasto. Os registos de todos os bancos actuais
estão agora com putarizados, dad o que é esta a ú nica
m an eira p rá tic a de copiar a enorm e m assa de papel, a
tem po de co rresp o n d er às transacções com erciais p o r ela
rep resen tadas. Os m ilhões de cheques tratad o s pelo banco
até à h o ra de fecho em q u alq u er dia devem ser lançados
n as contas dos clientes e nos balanços diários que devem
ser usados pelas direcções e adm inistrações em cada dia.
As contas dos clientes são m antidas nos co m p u ta­
dores centrais, num sistem a de arm azenam ento de acesso
directo, n orm alm ente utilizando discos. A inform ação
relativa a cada cliente incluirá a identificação do n úm ero
da conta, o nom e e a m orada, detalhes das transacções
anterio res desde ò últim o extracto de conta, in fo rm a­
ção sobre balanços e p orm enores sobre pagam entos à
ordem , etc.

206
C ada filial do banco receb erá d u ra n te o dia cheques
lançados em m uitos outros bancos, de tal m odo que a
p rim eira tare fa consiste em o b ter os dados necessários.
Às dívidas en tre bancos devem ser calculadas, o que é
realizado através dos com p utadores centrais de cada um
deles. E m seguida, os cheques devem p a ssa r pelo centro
co m p u tad o r do banco, onde são distrib uíd o s pelas filiais
e u sado s p a ra actualizar a ficha do cliente.
Os relatórios de saída incluirão u m a lista dos b alan ­
ços de todos os clientes das filiais que deve ser ap re­
sen tad a à direcção da filial n a m anhã seguinte e, ro ta ­
tivam ente, os ex tractos de c o n ta a serem enviados aos
clientes.
Um desenvolvim ento m ais recente n a autom ação b an ­
c á ria é o uso de term inais interrogativos, nos quais é
possível o b ter im ediatam ente todos os detalhes p re te n ­
d id o s sobre a conta de cada cliente.
É in teressan te n o ta r que os sistem as b an cários cons­
titu e m um bom exemplo do uso de docum entação p ri­
m ária, im ediatam ente utilizável pela m áquina. É u sado
um sistem a m.i.c.r. com caracteres im pressos n a p a rte
in ferio r do cheque. Isto evita a necessidade de p re p a ra r
grandes quantidades de dados, constituindo um docum ento
que pode ser lido d irectam ente pelo com putador.
Um o u tro serviço b ancário dependente dos com puta­
dores é o sistem a de cartão de crédito. S eria com pleta­
m ente im praticável u tilizar este sistem a sem com putado­
res que processem a m assa de vendas realizadas em m uitos
m ilhares de pontos de venda em todo um país.
O utro aspecto essencial do sistem a é o acesso im ediato
p o r telefone às contas dos clientes p a ra efeitos de con­
cessão de crédito. Isto só pode ser realizado através de
m em órias de acesso directo de grande volum e.

R e g is ta de v e n d a s

N os últim os anos, a influência do co m p u tad o r tem


sido cada vez m ais sentida, m esm o ao nível do com ércio

207
local. Isto d eu origem a técnicas diferentes das u sad as
em grandes instalações de com putadores, concebidas p a ra
tra ta re m o m ovim ento de um grande volum e de p ro d u to s
d e baixo p reço unitário. Os desenvolvim entos iniciais u ti­
lizavam o princípio de m ini-cartões p erfu rad o s. O ca rtão
continha, sob form a p erfu rad a, dados que identificavam
o p ro d u to e o u tras inform ações necessárias p a ra co n trolo
de vendas e d e stocks. Q uando ca d a artigo é vendido, o
c a rtã o é destacado do artigo em cau sa e ap resen tad o a
u m leito r de cartões, sendo os dados tran sferid o s p a ra
u m a fita que pode ser ap resen tad a n a e n tra d a de u m
co m p utador.
Um desenvolvim ento m ais recen te foi a com putari-
zação de n o tas de caixa. E stas, que constitu em a m an eira
tradicion al de re g istar as vendas a dinheiro, in co rp o raram
sem p re u m certo grau de análise, realizado pela pressão
de teclas, sendo os to tais im pressos em n o tas gerais n o
final do dia. O registo de vendas em fo rm a lisível pelo
co m p u tad o r é agora possível através do teclado de e n tra d a
q u e p assa os dados p a ra cassettes de fita m agnética. E ste
processo é ainda, no entanto, um processo laborioso, dad o
que a identificação do processo e o preço devem conti­
n u a r a se r com unicados p o r teclas, com u m elevado risco
de erro.
O desenvolvim ento m ais recente em registos de ven­
das consiste em elim inar o teclado das n o tas d e caixa
e fornecer um m eio de com unicar os dados sob re vendas
de m odo com pletam ente autom ático. Os m étodos variam ,
m as o princípio básico consiste ainda em im p rim ir dados
d e m aneira codificada em cada artigo, no rm alm en te u m
grupo de linhas ou b arras de espessuras diferentes que
re p resen ta m u m a codificação binária. E sta é então escru-
tin ad a op ticam ente ou m agneticam ente nu m dispositivo
que p ro d u zirá um a série de im pulsos co rrespondentes
ao p ad rão codificado e os tran sm itirão d irectam en te ao
com putador. Os procedim entos de validação no in te rio r
do dispositivo d e leitu ra assinalarão q u alq u er incorrecção
de leitura, de m odo que seja possível corrigi-là. O dispo­
sitivo de leitu ra é u m pequeno in stru m en to , u m pouco

208
com o u m a caneta, ligada p o r fio eléctrico e que se m ovi­
m enta sobre o código im presso. O sistem a obriga eviden­
tem ente a que cad a p ro d u to individual contenha a sua
p ró p ria codificação im pressa. E sta pode, em m uitos casos,
ser incluída n a im pressão da etiqueta, o que p o r sua vez
p erm ite p o u p a r um a grande p a rte do trab alh o necessário
p a ra a trib u ir preços a cad a p roduto, com o acontece
co rren tem en te em m uitos p ostos de venda a retalho.

S e rv iç o s de g á s e electricid a d e

B asta lan çar um a vista de olhos à co n ta de gás ou


electricidade, p a ra verificar a grande dependência üestas
in d ú strias em relação aos com putadores. F o ram tam bém
desenvolvidas técnicas especializadas de processam ento
p a ra co rresp o n d er aos requisitos necessários neste cam po.
O uso generalizado do p rincípio de e n tra d a de dados o.c.r.
e das técnicas de leitu ra de m arcas podem facilitar as
leitu ras de contadores.
Como em m uitas o u tras condições com erciais, o sis­
tem a fundám enta-se em fichas de com p utad o r que contêm
dados de com paração relacionados com cad a co n ta in d i­
vidual e m ovim entos de dados produzidos n a fonte, oú
seja, o co ntador do cliente. A ficha de com paração contém
um registo da leitu ra a n te rio r e, ao en tra rem novos dados,
estes são com parados à leitu ra em causa, sendo determ i­
nado o consum o no tem po decorrido e definidos os preços
a pagar. São então acrescentadas quaisquer deduções ou
im postos, sendo a conta re m etid a ao consum idor.
Um a característica única destes sistem as é que a
n o ta de pagam ento ju n ta à conta de gás ou electricidade
co n stitui um docum ento que deve ser devolvido. C ontém
caracteres lisíveis pela m áquina, de tal m odo que o des­
tacável que deve ser devolvido pode ser alim entado
directam ente aos dispositivos de leitu ra p a ra com paração
com a ficha do cliente disponível no com putador. Daí a
in strução, p o r vezes ex istente n a factura, no sentido
14
209
de «não dobrar», dado que o leito r em causa não aceitará
docum entos m utilados ou vincados.

P olícia

Os com p utadores p ro v aram c o n stitu ir u m m eio ideal


p a ra arm azenam ento de dados relativos a prisões, actua-
ções típicas de crim inosos, im pressões digitais, descrições
pessoais, etc. O seu valor não consiste apenas n a grande
velocidade de registo, m as ainda n a sua capacidade p a ra
realizar com parações e escolher registos p artin d o de c ri­
térios conhecidos. P or exemplo, um a descrição geral
com unicada à m áquina p ro d u zirá u m a lista de pessoas
cujos registos existem em m em ória e que co rresp o n d em
à descrição ap resentada.

Im p o s to s locais

E ste co n stitu i tam b ém um dos p rim eiro s usos dos


com putadores n a área das autoridades públicas. É necessá­
rio m an ter em ficheiros um a grande q u an tid ad e de info r­
m ações relacionadas com p rop riedades individuais, as
quais constituem a base do cálculo de valores rateáveis.
N um sistem a de com p utador, estes dados são m antidos
em fichas de com paração, norm alm ente d o tipo m agnético,
e incluirão a identificação da p rop riedade, iden tidad e do
ocupante, base do rateam ento, identificação do dono, no
caso de este não ser o p ró p rio ocupante, codificação que
indica o tipo de p rop riedade e um a conta individual da
pessoa responsável pelos pagam entos de im postos.
Isto dá todas as inform ações necessárias p a ra cal­
cu lar as taxas devidas, depois de te r sido fixado o im posto
u n itário em causa. O co m p utador im prim e então as taxas
devidas que são seguidam ente enviadas ao ocupante.

210
Aplicações industriais

As aplicações que d iscutim os até agora foram essen­


cialm ente sistem as d e processam ento de dados, principal-
m en te relacionados com questões financeiras. N o entanto,
o co m p u tad o r é tam b ém u m in stru m en to m u ito válido
e p restáv el nos p ró p rio s processos in d u striais.

P la n ifica çã o d e p ro du ção

A m axim ização dos rendim entos de pro d u ção fu n d a­


m enta-se n o uso óptim o dos recursos p rodutivos existen­
tes. P ara a o b ter, devem ser tidos em co n ta os seguintes
fa cto res:

E xistência d e suficientes quantidades de m atérias


p rim as e peças sobresselentes, a fim de ev itar p aragens
de p rod ução devido à escassez desses p ro d u to s.
E xistência de m ateriais e peças do tipo necessário
n a a ltu ra co rrec ta e no local certo n a cadeia de produção.
D efinição das possibilidades d a m áquina, de m odo a
o b ter u m andam ento regular da produção e evitando que,
nu m a zona de trab alho, este se acum ule sem ser despa­
chado, enquan to n a fase seguinte as m áquinas esperam
p o r trab alh o.
D istribuição eficaz de recursos hum anos.

P ara re u n ir todos estes factores de m odo a o b te r


o plano m ais eficaz de produção, o co m p u tad o r necessi­
ta rá dos seguintes tipos de inform ação:

1. Características dos m ateriais, não só em term o s


d e descrição e quantidades de m atérias prim as e peças
req u erid as p a ra p ro d u zir u m determ inado p ro d u to , com o
'ainda a fase da produção em que estes devem e star
disponíveis.

211
2. C aracterísticas de instalação, identificando os
tipos, capacidades, velocidades, etc., das m áquinas exis­
ten tes e o u tro equipam ento, assim com o os seus req u i­
sitos em term os de, p o r exemplo, tem po de m anutenção,
ferram en tas e operadores.

3. C aracterísticas de funcionam ento, d an d o detalh es


q u an to a p ro cesso s de fabrico, tem po de operação, etc.

Com to d a esta inform ação, o co m p u tad o r será capaz


de p ro d u zir «modelos» p a ra d iferentes níveis de produção,
m o stran d o os estrangulam entos que se podem v erificar
ou as potencialidades que podem v ir a ser subutilizadas.
Podem çn tão ser realizados aju stam en to s nos tem pos de
funcionam ento, aum entando ou dim inuindo potencialida­
des ou aind a m odificando processos, com vista a conseguir
as m elhores condições de trabalho, a m elhor acum ula ão
de potencialidades possível, e o m elhor fluxo de m ateriais
e peças de m odo a o b ter o m aior nível p rá tic o de re n ­
dim entos.

C on traio de p ro cesso s

Como o nom e im plica, este controlo envolve a u tili­


zação de com p utadores p a ra fiscalizar a p rodução efectiva
ou processos in dustriais. Trata-se de um a área que se
p re sta a um p rocessam ento de com p u tad o r em tem po
real, com o n um a situação de produção in d u strial con­
tínua, sendo os dados relativos ao processo d eterm inados
pelo com p u tad o r e as suas conclusões realim en tad as de
m odo a m odificar, se necessário, factores que co ntrolam
o fluxo de produção.
Um exem plo disto é a produção de papel, n a qual
é necessário um controlo estrito da espessura, à m edida
que vai sendo produzido. Um dispositivo de controlo
on-line m ed irá constantem ente a esp essura e tra n sm itirá
e sta inform ação ao com p utador. No caso de a espessu ra
sa ir fo ra d e determ inadas tolerâncias, o co m p u tad o r en­

212
viará im ediatam ente n in a m ensagem à m áquina, iniciando
a acção co rrec to ra necessária.
O utro exem plo ain d a é o controlo d a p ro dução de
electricidade. N este caso, n ão se tra ta apenas d e uiri
processo de controlo, m as sim d e um sistem a que d e te r­
m in a rá p reviam ente as necessidades prováveis de electri­
cidade. O co m p u tad o r te rá de re g istar n a su a m em ó ria
os dad o s im p o rtan tes em relação a todos os facto res que
influenciam e sta p rodução — condições de tem po, flutuar
ções dependentes do m om ento do dia, o dia da sem ana, a
época do ano, etc. E stes registos são então tidos em co n ta
à luz das condições existentes em cada m om ento, sendo
fe ita u m a previsão da p ro c u ra provável de electricidade.
Além disto, se existirem em ficha dados estatísticos rela­
cionados com a produção de electricidade de to d as as
estações, e se estes dados estiverem p o r su a vez relacio­
nados com as várias áreas d e distribuição, o co m p u tad o r
será capaz de avisar com antecedência quais as estações
que devem ser desligadas ou p ostas em funcionam ento,
de m odo a asseg u rar um equilíb rio en tre a p ro c u ra de
co rren te e a capacidade de produção d esta. Um sistem a
deste tip o aju d a ainda, p o r um lado, a ev itar a sobrecarga
e consequentes cortes de energia, e p o r o u tro lado, a
ob viar a u m a p erd a indevida de com bustível, re su ltan te
de u m a situação de produção excessiva.

Educação

Nos últim os anos, aum entou rap id am en te o u so de


com putadores em processos de aquisição de conhecim en­
tos. V irtualm ente todas as universidades, escolas técnicas
e m uitos colégios de tecnologia têm o seu p ró p rio com ­
p u tad o r, ou pelo m enos acesso a um .
Como é evidente, um a p rop orção significativa do uso
destas m áquinas é dedicado ao aprendizado de m anusea-
m ento dos p ró p rio s com putadores, ou seja, d e processa­
m ento de dados, técnica de com putadores, cursos d e pro-

213
gramaçãó,, etc. No en tan to , é tam bém feito um uso exten­
sivo dos com putadores em o u tra s disciplinas.
E m trab alh o experim ental que envolva tem as de física,
biologia o u sociologia, podém ser elaborados pro g ram as
que prod uzam «modelos» (ou seja, sim ulacros d e situar
ções) que constituem u m a op ortunidade de en saiar teo­
rias. Dados variáveis e estatísticas relacionadas com dife-
te n te s condições são então aplicadas aó m odelo, cujo
efeito será determ inado pelo com p utador. Isto ev ita a
ta re fa quase im possível de p ro d u zir situações experi­
m entais reais.
Gs com p utadores podem ser igualm ente utilizado^
com o fe rram e n ta de ensino, m esm o no caso de estu d an tes
de poucá idade, num processo designado p o r ensino pro­
gramado. E ste sistem a é ainda m uito lim itado em vários
países, m as usado d e m aneira extensiva n a América.
O princípio utilizado consiste em arm azenar m aterial edu­
cativo em fichas de co m p utador n u m a progressão lógica
d e um a dada m atéria. São en tão p ro jeçtad as unidades
d e inform ação num visor p a ra consulta e aprendizado
pelo estu d an te. Depois são p ro jeçtad as p erg u n tas sobre
e sta inform ação ap resentando várias resp o stas das quais
apenas u m a é correcta.
Espera-se que o estu d an te indique a resp o sta co rrecta
utilizando u m a «caneta lum inosa» ou prem indo u m a tecla
que re p resen ta essa resposta. Se fo r realizada u m a escolha
c o rre c ta e n tre as respostas, o co m p utad o r p a ssa rá ao
tem a seguinte, enquanto que um a escolha e rrad a p ro ­
vocará a ap resentação de inform ações adicionais sobre
o m esm o tem a. D este m odo, u m estu d an te é colocado
n u m a situação de aprendizagem , cu ja evolução pode ser
co n tro lad a p o r ele p ró p rio individualm ente, sem necessi­
dade de vigilância co n stan te p o r um professor.
Um a in teressan te aplicação educacional é a revisão
de provas, caso em que as resp ostas às perg u n tas serão
feitas p o r escolha en tre um certo núm ero de possibi­
lidades.

214
Se, p o r exemplo, considerarm os a pergunta:

«A relva é verde, am arela, verm elha, violeta, azul?»

a resp o sta pode ser dada riscando com um a caneta ou


sublinhando a palavra «verde». Terem os assim u m a con­
dição sim-não p a ra todas as variáveis ap resen tad as; p o r
o u tras palavras, a p erg u n ta foi resp ondida p o r sim , não,
não, não, não. Apenas necessitam os agora de u m leito r
que diferencie e n tre as variáveis m arcadas e não m arca­
das, obtendo-se assim um a e n tra d a d irecta em term o s
binários. N atu ralm ente, a tecla de resp o sta será indicada
no p ro g ram a de m odo a que se possam to m ar decisões
e n tre a resp o sta co rrecta e a errada.
Um a o u tra utilização de com p utadores em educação
é a que se to rn a possível no cam po da ad m inistração.
A qu antidad e d e papel utilizada nu m a escola ou colégio
é im ensa, dado que o estabelecim ento pode ser freq uen ­
tad o p o r m ilhares de estu d an tes. Um co m p u tad o r cons­
titu i u m sistem a m uito conveniente e de referência rá p id a
p a ra re g istar dados sobre os estu d an tes, incluindo re su lta ­
dos de exam es, e p a ra análise estatístic a destes registos.

S istem a s de inform ação de gestão

Duas áreas p artic u la rm en te im p o rtan tes no cam po


da gestão são (a) o controlo de actividades co rren tes,
e (b) a planificação de actividades fu tu ras. P ara realizar
estas em boas condições, deve haver inform ação disponível
sob a form a co rrecta e na altu ra m ais conveniente p a ra
consulta pelos gestores. As decisões b aseadas em in form a­
ções a m enos (ou inclusivam ente a m ais) podem ser
in correctas, e as fundam entadas em dados atrasad o s podem
ser dem asiado tard ia s p ara poderem te r algum a utilidade.
N estas condições, um a vantagem evidente do u so dos
com p utadores consistirá no aum ento da velocidade do
ciclo de ap resentação dos dados necessários, não só re d u ­
zindo o núm ero de estágios processuais envolvidos, com o

215
ain da realizando funções básicas n a determ inação desses
dados a grande velocidade. E m m uitos sistem as m anuais,
a p rodução de infprm ação de con tro lo pode c o n stitu ir
um processo m uito lento e laborioso, devendo m uitas
vezes p e rc o rre r toda um a h iera rq u ia de níveis operacionais
an tes de ser possível o b ter um a ideia geral, utilizável
pela ad m inistração. N a a ltu ra em que se dispõe final­
m ente da inform ação, já passou o m om ento em que devia
ser tom ada a decisão eficaz.
P ara u m co m p utador que contenha todas as fichas
relativas às actividades consideradas, trata-se no en tan to
d e um processo único. De facto, se pensarm os em term o s
d e capacidade in terrogativa dos term inais, é evidente­
m ente possível disp or de inform ação com pletam ente
actualizada num visor m ontado n a p ró p ria secretária do
gestor.
No en tan to, se bem que a rapidez de obtenção de
dados seja um a consideração cru cial num sistem a de
inform ação de gestão, o g rau de p o rm en o r em que esta
inform ação é ap resen tad a é tam b ém m uito im p o rtan te.
A gestão a alto nível não está in teressad a em receber
enorm es quan tidades de dados com detalhes de todas
as transacções e actividades. Depois de definidos objecti-
vos e orçam entos, os gestores estão p rincipalm ente in te­
ressados naqueles sectores em que a evolução não corres­
pondeu às previsões. A gestão a níveis inferiores, no
en tanto , já re q u ere rá um a m aior q u antidade de porm enor,
no que se refere à sua esfera de responsabilidade. P ara
que u m d irecto r de produção tom e as acções necessárias,
pode ser suficiente sab er que a fáb rica A não está a
c u m p rir os seus objectivos. O d irec to r da fáb rica A já
necessitará, no entanto, de u m a descrição m ais d etalhada
das actividades nessa unidade de produção, a fim de po d er
id en tificar as deficiências existentes, en q uanto que o
chefe de u m dep artam ento p oderá ser obrigado a conhe­
cer, em todos os porm enores, cada um dos factores de
p rodução que lhe dizem respeito.
É n estas áreas que o co m p u tad o r se to rn a m ais im p o r­
tante. A sua capacidade p a ra ser p rogram ado de m odo a

216
discrim in ar en tre a excepção e a regra e p ro d u zir p o r
sua vez a inform ação estatístic a relevante no g rau de
p o rm en o r necessário p a ra cad a nível da ad m inistração,
co n stitu i u m a fe rram e n ta de controlo de gestão que de
o u tro m odo não seria possível.
Ao nível da planificação fu tu ra , o com p u tad o r pode
igualm ente d esem penhar um papel m uito im p o rtan te n a
determ inação dos resultados prováveis do desenvolvi­
m ento u lterio r da actividade. O processo de sim ulação
significa co n stru ir m odelos m atem áticos que re p resen tam
u m a situação real, ap licar estes diversos p arâm etro s de
m odo a re p re se n ta r condições variáveis e levar o com ­
p u ta d o r a d eterm in ar os resultados prováveis. A sim ulação
co n stitu i u m a fe rram e n ta m uito ú til n a ten tativ a de
determ inação de tendências fu tu ra s dos negócios e acti­
vidade p ro d u tiv a em função dos recursos existentes, alte­
rações de concepção, p ro c u ra do p ro d u to e condições
gerais do m ercado nacional e internacional.
Um o u tro auxiliar im p o rtan te de gestão em que o
co m p u tad o r pode tam bém desem penhar um im p o rtan te
papel são as técnicas de planeam ento de instalações, das
quais as duas m ais im p o rtan tes actualm en te são a PERT
(Program E valuation and Review Techniques) e a CPA
(Criticai P ath Analysis). N um p rojecto complexo, que u ti­
lize u m a vasta gam a de recu rso s que devem ser coorde­
nados de acordo com um p ro g ram a de actividades em
tem pos críticos, estas técnicas p rocuram especificar o
p ro g ram a de actividades com recursos óptim os que resu l­
tam n a realização e funcionam ento m ais eficazes do p ro ­
jecto. E xistem p rogram as norm alizados p a ra aplicação
destas técnicas.

O utras aplicações
C ontrolo de tr á fe g o

O com p u tador tem perm itido o desenvolvim ento d e sis­


tem as de controlo de tráfego utilizando luzes que acendem
em função de volum es de tráfego e não de tem pos. E m vez

217
de tem pos fixos de variação das luzes de tráfego, existem
dispositivos de controlo nas ruas que, quando se aproxim a
tráfego, assinalam este facto a um m onitor, tran sm itin d o
essa inform ação a um com putador, no qual se en contram
registados dados quanto à m aneira de co n tro lar o tráfego
em cada p on to concreto. Os sinais podem então ser accio-
nados p o r controlo com putarizado, p erm itin d o o b te r um
caudal óptim o de veículos.

A v ia ç ã o

Os com putadores têm sido m uito utilizados p a ra


au m en ta r a segurança das viagens aéreas, tan to do po n to
de vista do voo individual com o do controlo do tráfego
aéreo geral. O desenvolvim ento de m inicom putadores e
a sua instalação a bordo de aviões forneceu um m eio de
controlo contínuo das condições de voo e do funciona­
m ento m ecânico, perm itindo ainda facilitar a relacionação
de todos estes factores. A trip ulação do avião dispõe assim
de inform ações necessárias p a ra efeitos de navegação ou
sobre erro s de funcionam ento e, p o r vezes, é até possível
desencadear auto m aticam ente u m a acção correctiva. O au­
m ento m uito rápido, nos últim os anos, do tráfego aéreo
conduziu ao uso de com putadores p a ra p ro cessar dados
relacionados com o m ovim ento dos aviões, a fim de com-
p u ta riz a r ro tas, níveis de voo, traje cto s de aproxim a­
ção, etc., aum entando a segurança do voo.

M ed icina

Os pequenos com putadores, além de serem b astan te


usados no m odo de processam ento de dados p a ra m an ter
registos clínicos, estão a e n c o n tra r um uso cada vez m aior
n a p ró p ria p rá tic a da m edicina. Dispositivos de varri-
m ento ligados on-line ao com p utador podem ser ligados
a um doente de m odo a vigiar as suas condições clínicas.
Q ualquer variação no estad o do doente que obrigue a

218
realizar um trata m e n to pode assim ser im ediatam ente
assinalada.

Utilizações sociais dos com putadores

O facto de os com putadores terem tido um im pacto


notório n a sociedade nos últim os anos não pode eviden­
tem ente ser negado. Mas que tenham trazido m u itas
vantagens à sociedade já p o d erá ser contestável. Quase
todos tivem os já a experiência daquelas, felizm ente ra ra s,
ocasiões em que um co m p u tad o r e rra e prod u z um a co nta
com um to tal «ultrajante», e p a ra m uitos de nós o tal
papelinho que diz «por favor não dobrar» é u m a cons­
tan te fonte de irritação . M uitas pessoas estão preocup a­
das, e talvez até um pouco am edrontadas, com o efeito
que os com putadores estão a te r n a n o ssa sociedade, p a r­
ticu larm en te nas seguintes áreas.

E m prego

Um argum ento com algum valor, que m uitas vezes


é lançado em apoio dos com putadores, é que a m áquina
elim ina a necessidade de u tilizar m uitos dos in stru m en to s
an terio rm en te associados a trab alh o s de ro tin a nos escri­
tórios. De facto, esta é um a área em que o co m p u tad o r
pode tra b a lh a r m uito m ais depressa e eficientem ente
que o equipam ento tradicional. O reverso d esta situação é
que, sim ultaneam ente, se desaloja assim u m a grande p a rte
dos em pregados, provocando desem prego.
A experiência m ostrou, nos prim eiro anos do processa­
m ento de sistem as com erciais, que o m edo de desem prego
era até certo p onto infundado, devido à necessidade de
p re p a ra r intensivam ente os dados p a ra utilização pela
p ró p ria m áquina, p o r exemplo, na p rep aração de cartõ es
perfurados. No entanto, nos últim os anos, com a in tro ­
dução de técnicas m ais directas de captação de dados, o
p rob lem a tornou-se m ais evidente.

219
É nas áreas em que os dispositivos com putadores
fo ram introduzidos p a ra fornecer um certo g rau de au to ­
m ação de processos in d u striais que o deslocam ento de
trab alh o m anual p arece co n stitu ir um facto r de m aio r
im portância. Como se m encionou no capítulo 8, o uso
de u m m icrop ro cessador p a ra co n tro la r m áquinas-ferra-
m entas «robot» constitui u m a tecnologia em crescim ento
ráp id o que deve eventualm ente conduzir ao desalojam ento
de núm ero s significativos d e an terio res op eradores do
equipam ento.

I m p esso a lid a d e

Com a in trodução dos com putadores, algum as rela­


ções hum an as fo ram alteradas. A ntigam ente, e ra possível
e n tra r pela p o rta de u m a rep artição p a ra resolver directa-
m ente um p rob lem a com o in sp ecto r local. H oje, os regis­
tos de im postos estão contidos nu m co m p u tad o r que
se en co n tra talvez a centenas de quilôm etros de d istância
e é necessário e sp e ra r algum tem po p a ra que o nosso
registo seja re tira d o do co m p utador e enviado p a ra o
local. E m alguns países, a renovação da licença de tele­
visão vem de um ponto do país, a da c a rta de condução
de outro, a do im posto autom óvel de outro, etc. Os ser­
viços encontram -se cada vez m ais centralizados, com u m
sentim ento crescente de que nos encontram os cada vez
m ais longe das pessoas que se ocupam desses serviços.

V id a p riv a d a

M uitas pessoas encontram -se cada vez m ais preo cup a­


das com o volum e de dados pessoais, relacionados com
cad a u m de nós, m antido em locais centralizados. Se
b em que isto possa conduzir a u m a adm inistração m ais
eficaz dos serviços, é um facto que detalhes sobre os nossos
rendim entos, im postos, registos de saúde, créditos, edu­
cação, etc., são m antidos em fichas de com p u tad o r e

220
as pessoas estão preocup adas com a possibilidade de
p o d e r ser dado acesso não autorizado a esta inform ação,
in fringindo a vida privada. Acontece de facto que a con­
fidencialidade dos registos existentes em com putadores é
m ais salvaguardada que a dos registos escritos em fichei­
ros locais. São tom adas rígidas precauções em todos
os centros de com putadores p a ra im p edir o acesso não
au to rizad o aos registos.
Se bem que h a ja deficiências no uso cada vez m aio r
de com putadores, é certo que estes troux eram grandes
benefícios à sociedade.

A d m in is tra ç ã o

Parece inevitável que o crescim ento, q u er em term o s


d e qualidade q u er de dim ensão, trag a consigo u m aum ento
desproporcionado da qu an tid ad e de papel escrito que o
acom panha. Isto tem sido verdadeiro n a sociedade em
geral, à m edida que os níveis de vida têm aum entado,
provocando um núm ero cada vez m aior de situações que
obrigam a preencher form ulários e fornecer um nú m ero
cad a vez m aior de inform ações pessoais. O m esm o pode
acontecer no nosso em prego, à m edida que cresce a orga­
nização onde trabalham os. A com unicação escrita tend e
a sobrepor-se às antigas relações pessoais; o preenchi­
m ento de um form ulário torna-se necessário nos casos
em q u e um sim ples in terro g ató rio pessoal bastava. N a
ad m in istração do com ércio e da indústria, a m ultiplicidade
de legislações centrais e locais conduziu a aum entos no
volum e de «papelada» necessária.
M esmo com a introdução de com putadores, a p ro ­
porção de força de trab alh o aplicada em ad m in istração
e trab alh o em escritórios tem aum entado continuam ente.
Sem os com putadores, o aum ento do núm ero de pessoas
em pregadas em trab alh o de escritório teria sido m u ito
m ais nítido. Os com p utadores não só elim inaram grande

221
p a rte do equipam ento que de o u tro m odo seria necessário,
com o ainda cria ra m novas áreas de actividade m u ito
m ais estim ulante.

P ro d u tivid a d e

A utilização de com putadores em actividade in d u s­


trial, controlo de produção, investigação técnica, controlo
de stocks, investigação de m ercados, etc., pode co nduzir
a um nível de rendim ento m uito sup erio r no uso dos
recursos existentes. O desgaste pode ser m inim izado, o
tem po necessário p a ra m uitos p ro jecto s de investigação
e planeam ento dim inuído significativam ente e a eficácia
d a p rodução optim izada através da coordenação de p ro ­
cessos de produção. Tudo isto beneficia a sociedade, p er­
m itindo o b ter p ro d u to s m ais b arato s, m aio r qualidade
técnica e um a gam a cada vez m aior de p ro d u to s que
podem enriquecer os nossos tem pos livres, au m en ta r a
nossa saúde e p ro p o rcio n ar locais de trab alh o m ais esti­
m ulantes.

In o va çã o

Sem o com putador, é difícil ver com o poderíam ser


realizados alguns serviços que todos exigimos. O sistem a
de cartões de crédito não seria possível sem con tro lo
p o r com putador. Se bem que a previsão m eteorológica
ainda seja um a a rte im perfeita, sem o co m p u tad o r e a
aparelhagem que lhe e stá associada sê-lo-ia ainda m ais.
Sem o p o d er de cálculo de um com p utado r e a sua capa­
cidade p a ra sim ular e resolver situações p rob lem áticas
existentes, m uitos dos p rodutos que actualm ente usam os
no nosso dia-a-dia teriam levado m uito m ais tem po a
surgir.
F inalm ente, se as pessoas p reten d em a su a televisão
a cores com transm issões p o r satélite p a ra todo o m undo;

222
se p reten d em u m a gam a ca d a vez m ais v asta de p ro d u to s
que facilitem o seu trab alh o diário; se q u erem um a gam a
de serviços cad a vez m ais v asta no cam po das finanças,
da m edicina e dos serviços sociais, en tão devem ac eitar
as ferram en tas necessárias p a ra tal. E, e n tre estas, o com ­
p u ta d o r é provavelm ente a m ais p erfeita h oje existente.

223
ÍNDICE

P R E F A C IO ... 7

1— . Id é ia s b á sic a s so b re c o m p u ta d o re s ......................... 9

2— O s s is te m a s n u m é ric o s e o c o m p u t a d o r .............. . 23

3 — ‘L ó g ica d e c o m p u t a d o r e s ........................................................ 43

4 — -E n trad as e s a íd a s d e co m p u ta d o re s ............ 73

5 —»O p ro c e s sa d o r c e n tra l ... 111

6 — A rm a z e n a m e n to e o b te n ç ã o d e in fo rm a ç ã o ............ 141

7 —- C om o fu n c io n a m o s p ro g r a m a s d e c o m p u ta d o r ... 135

8 — G ra n d e s e p eq u en o s s is te m a s d e « h a r d w a r e » ............ 183

9—O c o m p u ta d o r e a so c ie d a d e ....................................... 203


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em 1979
ipara a
EDITORIAL PRESENÇA, LDA.
na
Tipografia Nunes, L»da.— Porto

Tiragem 3 000 -exemplares

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