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A Letra G

Proponho-me hoje, nesta minha prancha, a falar-vos um pouco da letra G. Do que pude
compreender, a Letra G – por mim observada pela primeira vez no Grau de Companheiro e em
substituição do triangulo luminoso - representa uma panóplia de ideias, conceitos – tantos deles
presentes em inúmeros rituais – e por isso, também fundamentais para nós, maçons.

Do ponto de vista histórico, a letra G transporta-nos para o início da Mç.’. especulativa que se
começou a desenvolver na Europa pelos Séculos XVI e XVII. (Escritos existem onde a Letra G era
igualmente utilizada em rituais da maçonaria especulativa).

Como tantos outros temas na Mç.’., a letra G é igualmente interpretada de diferentes formas,
e sendo que cada uma delas transmite, ou procura transmitir aspetos amplamente dispares. Nesse
sentido, forçado que sou – até por economia de espaço – foco-me nas mensagens que do ponto de
vista racional mais sentido me fazem, e por outro, igualmente as conclusões mais comummente
aceites entre os vários irmãos que já tanto discorreram sobre o assunto.

Para nós, maçons, G é a letra sagrada. Que habita notoriamente no centro do esquadro. Letra
sagrada até no sentido de ser a primeira letra da Palavra “Deus”, no inglês God. Por sua vez, a letra
G é igualmente o início das palavras Gnose, Génio, Geração, e Gravitação.

Desde logo, e nesta medida, Gnose que não pode ser desassociada da sabedoria. Do
conhecimento por excelência. Uma ciência superior às crenças vulgares. Sabedoria como um dos
pilares fundamentais da nossa Ordem. O conhecimento e acima de tudo a procura por esse
conhecimento é dos tópicos mais apreciados e incentivados na Mç.’., é um processo constante de
toda e de cada ação de um dos irmãos. Por isso sim, a letra G, é indubitavelmente Sabedoria.

Por outro lado, Génio. Essa busca incessante deve desenvolver e instigar um ir.’.
Companheiro, o encontrar o seu génio individual. É esta a sua viagem. A procura da beleza, no
esforço permanente de um grau evolutivo a que ambiciona pertencer. Que quer fazer parte. E por
isso, a letra G é naturalmente, Evolução.
Ainda Geração. Geração como conceito fundamental da Mç.’.. Que a incorpora e lhe permite
ser infinita. Maior que cada um de nós, seus obreiros. Perpétua na palavra que passamos, nos
princípios que desenvolvemos nos valores que partilhamos. Por isso, intemporal. Intemporal por nos
dotar de capacidade de construir os novos, os que vêm, os mais preparados e que darão
continuidade. Por isso, e também por isso, a Letra G é igualmente Construção. Futuro.

Letra G de gravitação. Gravitação como força de atração que a terra exerce sobre todo e
qualquer material à sua superfície, no seu interior, ou mesmo em locais limítrofes a si. A gravidade
terreste que é indissociável da representação da união dos todos nós irmãos. De uma unidade
fraterna, e solidariedade permanente. A virtude de partilhar e auxiliar sem reservas nem
contrapartidas. Livremente. A virtude de incentivar os Irmãos a praticarem a filantropia. E pois então,
a Letra G igualmente como Generosidade.

Certo é que inúmeras outras interpretações são possíveis de serem lidas, estudadas e
questionadas. Inclusive uma interpretação que refere não existir senão um grande mistério inócuo,
sobre a Letra G. Confesso a minha dificuldade de subscrever esta resposta tão simplista quanto
poética.

A Letra G tem sim um propósito, e mantém sim significados na nossa Ordem. Um significado
e profundo conceito que abarca tudo o mais que tive oportunidade de apresentar aos irmãos nesta
peça. Ou seja, no fundo, a Letra G como Geometria. Geometria como a arte ou mesmo a ciência de
medir. Medir não apenas de avaliar distâncias, mas medir de sopesar o mundo. Medir de rigor, a
medida de mim e a medida do universo. A medida de cada um de nós e de cada egrégora. Medir.
Medir como forma de construção do Templo de cada um, e ainda medir, medir como forma
preparatória e essencial para a transformação do espírito e acolhimento do conhecimento.
Conhecimento, tão indispensável aliado desta nossa viagem. A letra G é a origem, a origem da Arte
Real, isto é, a base para o uso de todas as ferramentas de um Maçom.

Disse.

Winston Churchill, Comp.’. da ARL.’. Dom Pedro de Alcântara

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