Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CURSO DE PEDAGOGIA
MÓDULO
LIBRAS
2020
DIRETORA GERAL
Suzana Karling
VICE-DIRETORA GERAL
Prof.ª Me. Daniela Caldas Acosta
DIRETOR PEDAGÓGICO
Prof. Me. Argemiro Aluísio Karling
COORDENADORA DO CURSO
Profª. Me. Tais Reis Leal Murta
ELABORAÇÃO DO MATERIAL
Prof.ª Me. Janaina Ciboto Mulati
FORMATAÇÃO
Nenhuma parte deste fascículo pode ser reproduzida sem autorização expressa do IEC e dos autores.
Graduação em Pedagogia
SUMÁRIO
I EMENTA_____________________________________________________________4
II INTRODUÇÃO _______________________________________________________4
UNIDADE I ___________________________________________________________14
3
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
I EMENTA
II INTRODUÇÃO
Neste caso, as leis 10.408 e 10.098 de 2000, estabelecem as normas gerais e critérios
básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou mobilidade
reduzida e definem a deficiência auditiva como perda auditiva bilateral, parcial ou total.
Quando tratamos de LIBRAS a maioria das pessoas acreditam que seja um conjunto de
gestos e sinais para se expressar. No entanto, esta língua possui características próprias
como as demais línguas. Apesar de caracterizar-se por uma língua nova, ela apresenta um
conjunto de regras que fundamentam sua base gramatical e sintática, que pode ser
constituída pelos parâmetros da LIBRAS, que estão apresentados neste módulo.
O acadêmico do curso tem como ponto de partida este módulo para construir sua
aprendizagem sobre a LIBRAS, no entanto suas leituras não devem se restringir ao
conteúdo deste módulo, a prática da conversação da LIBRAS pode ser obtida com o contato
com o indivíduo surdo, em comunidades surdas, igrejas, escolas e outros grupos de surdos.
4
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
Estas ações poderão contribuir na construção, divulgação e compreensão desta língua para
o desenvolvimento integral do educando surdo.
IV ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
Para você aprender com mais facilidade, observe o que está previsto no Guia de
Estudo. Este tem fundamentação científica sólida para você conseguir aprendizagem mais
eficiente e duradoura.
Para você saber o que precisa aprender neste módulo, observe o que consta na
Apresentação do Módulo.
Seus estudos podem ser feitos, seguindo as palavras-chave e realizando as
atividades e questões previstos nos próximos itens, interpretando e resumindo a apostila,
pesquisando na Internet, na Hemeroteca e biblioteca da FAINSEP.
Nem todas as respostas serão encontradas no fascículo. Você precisa aprender a
lidar com buscas na Internet, pois é a forma mais rápida fonte de consulta. Não copie nada.
Escreva tudo com suas próprias palavras. Assim você aprende muito mais e comprova que
entendeu o que estudou. Copiar e colar é plágio e crime, e sua nota pode ser zero.
5
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
Essas atividades vão ajudá-lo (a) a aprender a aprender, não só para o estudo do
módulo, mas para a vida toda.
Para aprender de verdade, a FAINSEP recomenda que você execute todas as
atividades, tanto as obrigatórias quanto as para saber mais. Tem dúvida sobre alguma
atividade ou interpretação de questão ou de onde e como pesquisar resposta, poste
mensagem no Moodle ou envie e-mail para o tutor do módulo. Mas se você tiver acesso à
Internet, entre no Google e procure o item da ementa que você está estudando. Assim,
você saberá solucionar suas dúvidas mais rapidamente e aprender muito mais do que
consultar o tutor.
Além disso, é importante que você vá aos encontros presenciais onde e quando
houver. Assim se aprende melhor ainda.
Na EAD, a aprendizagem se dá pelo esforço e estudo do próprio aluno. O conteúdo
está no material didático: textos, livros, vídeos, imagens, práticas, ações e estratégias. Em
EAD, você precisa aprender a aprender. É isso que importa. Observe bem, se você não
tiver lido e estudado, não terá dúvida. Sem conhecimento do assunto, você não terá
condições de debater e contribuir para discutir as questões nos encontros presenciais.
Quanto mais você pesquisar em outras fontes como livros, artigos, internet,
hemeroteca, vídeos, jornais, revistas, Youtube, entre outras, mais conhecimento sobre o
assunto você vai adquirir, possibilitando que seu aprendizado seja mais efetivo.
Elabore síntese de tudo que você for vendo e lendo sobre o módulo. Quem escreve
no papel o que entendeu e pensou, escreve também no cérebro. Isso tem sólida
fundamentação científica.
Para ter sucesso em seus estudos, siga as seguintes orientações:
Ler, entender e observar as orientações que constam no Guia de Estudo e
neste módulo.
Vir aos dois primeiros encontros presenciais, para aprender como aprender a
distância. Com isso, você já cumpre parte das atividades práticas que são
obrigatórias por lei.
Manter-se atento e disciplinado em relação às atividades e ao cronograma do
curso, para evitar que o ritmo de estudo diminua ao longo do tempo.
Organizar bem sua agenda, a fim de reservar um horário adequado para os
estudos.
Ler, interpretar, esquematizar, resumir, analisar textos para tirar conclusões e
reelaborar ideias para formar uma boa estrutura mental.
6
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
4.1 PALAVRAS-CHAVE
7
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
8
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
12. De acordo com suas leituras, elabore uma interpretação da citação de Skiliar (1999, p.
17): “[...] ao invés de entender o surdo como uma exclusão e um isolamento no silêncio,
entender como uma experiência e uma representação visual”.
13. A inclusão escolar da pessoa surda só será de fato legítima se houver respeito a sua
língua, identidade e cultura. Com base nessa afirmação, explique as vertentes teóricas que
reconhece a língua, a identidade e a cultura surda como elementos fundamentais na
formação desse sujeito.
14. A incorporação da língua de sinais à educação dos surdos motiva a criação de softwares
para o ensino e utilização dessa língua no computador. Assim, podemos utilizar estes
softwares e/ou aplicativos como recurso pedagógico. Pesquise um recurso tecnológico e
sugira uma atividade prática com o mesmo em uma sala inclusiva (com alunos ouvintes e
surdos).
16. Analise a Lei 10.436/02 e o Decreto 5.626/05, aponte o aspecto central que norteiam
estes documentos. Em seguida, descreva qual tema é tratado no Decreto 5.626/05, art. 13.
E quais avanços esses documentos legais trouxeram à comunidade surda.
17. Elabore um texto que aborde a relação entre a Legislação em LIBRAS e os direitos
humanos.
18. Realize uma síntese da tabela conhecer um pouco das leis vigentes que vão nos
auxiliares sobre os direitos da pessoa com deficiência e especialmente a Surdez.
20. Quadro (2004) menciona que a “[...] língua natural é uma realização específica da
faculdade de linguagem que se dicotomiza num sistema abstrato de regras finitas, as quais
permitem a produção de um número ilimitado de frases. Além disso, a utilização efetiva
desse sistema, com fim social, permite a comunicação entre os seus usuários.” Com base
nesta citação, explique além da LIBRAS, como a comunidade, família e estabelecem
comunicação com os surdos.
9
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
23. No início da vida das crianças, os gestos são uma ferramenta fundamental de
comunicação dos bebês. Destaque a importância da linguagem gestual para o
desenvolvimento de outras modalidades linguísticas. Em seguida, descreva a relação dos
gestos com a LIBRAS.
24. A família, de uma forma geral, desempenha a função de cuidar, promover a saúde, o
bem-estar e dar proteção. Em uma família com filho surdo, acrescenta-se a isto a função
da aprendizagem de uma outra língua, a Libras. Desse modo, descreva as estratégias
utilizadas pelas famílias para viabilizar o desenvolvimento da aprendizagem da criança
surda.
25. O pluralismo é um conceito que tem aplicações em diversos âmbitos e que está
associado à pluralidade e à convivência de coisas bastante diferentes umas das outras. Um
sistema plural é aquele que aceita, reconhece e tolera a existência de diferentes posições,
opiniões ou pensamentos. A heterogeneidade social, cultural, ideológica, religiosa e étnica
é protegida pelo pluralismo. Sendo assim, explique como pluralismo de linguagens pode
contribuir para a educação dos Surdos.
26. Silvestre (2007) afirma que para que uma escola seja realmente inclusiva o objetivo
principal é proporcionar que o aluno surdo participe plenamente da vida e das atividades
do centro escolar, sendo que os professores tenham altas expectativas com relação a todos
os alunos, inclusive, obviamente, os surdos. A transformação das atuais escolas
integradoras em escolas inclusivas depende da implantação progressiva de estratégias que
eliminem as diferentes barreiras de comunicação e de aprendizagem existentes. Destaque
qual a importância do módulo LIBRAS na formação do pedagogo.
30. Discorra sobre os fundamentos que amparam o bilinguismo como fundamento para o
desenvolvimento da educação dos surdos.
31. Como a família do indivíduo surdo pode contribuir para o seu desenvolvimento social,
educacional e pessoal.
32. Descreva as estratégias que a família do aluno surdo deve desenvolver para que ocorra
o aprendizado da LIBRAS.
10
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
33. Elabore uma tabela comparativa das semelhanças e diferenças da LIBRAS com outras
línguas.
34. De acordo com seus estudos do tópico “OS ESTUDOS CLÁSSICOS DAS LÍNGUAS
DE SINAIS”, elabore uma síntese dos aspectos mais relevantes no que se refere a LIBRAS.
36. Quando uma pessoa aprende uma língua, apreende também hábitos culturais e os
contextos em que certas expressões são utilizadas. Como por exemplo, as formas de
comunicação entre outras. Geralmente, aqui no Brasil, em quais situações os surdos
utilizam o alfabeto manual ou datilológico? Explique.
39. Mediante suas leituras, explique por que a LIBRAS é considerada uma linguagem gesto-
visual?
40. Partindo dos conceitos acima definidos, compare os aspectos fonológicos da LIBRAS
com os aspectos fonológicos da Língua Portuguesa.
11
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
1. Pesquise uma atividade educativa que envolva a Matemática, e outra que envolva a
Língua Portuguesa com a respectiva tradução para a LIBRAS.
Sugestão:
Nome, animais, frutas, alimentos, profissões, saudações, numerais entre outros.
http://www.acessibilidadebrasil.org.br/libras/
V AVALIAÇÃO
12
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
Para realizar a avaliação on-line, você terá três tentativas. A avaliação permanecerá
aberta para sua conclusão até 48h antes do fechamento do módulo (data do Exame
Presencial). Você poderá pesquisar onde quiser. Lembre-se de que você tem que estudar
para a vida e para ser um bom profissional. Você é o responsável por isso. O dever da
FAINSEP é oferecer condições e avaliar o seu conhecimento.
Quem mais souber, mais poder terá. Poder para realizar o melhor negócio, obter
melhores cargos, ser aprovado em concursos, poder para argumentar e convencer, poder
para facilitar a promoção para níveis superiores, bem como, para ter salários mais altos e
mais lucro.
Com peso 6 (seis), com duas questões objetivas, valendo 1 ponto cada, e mais seis
descritivas com pontuação de 1,0 ou 1,5.
VI RECUPERAÇÃO DE NOTAS
Exame on-line: se você não atingir a média nas avaliações on-line, terá que solicitar
o exame de recuperação, escrito. Este procedimento deve ser feito na secretaria do
curso, mediante taxa de pagamento. É composto por 10 questões discursivas,
realizadas sem consulta, nas dependências da FAINSEP, Polo ou Centro de
Estudos.
Exame Presencial: caso não consiga atingir a média mínima (6,0), você poderá fazer
o exame de 2ª oportunidade, no prazo de 10 a 20 dias após o encerramento do
módulo. Se, mesmo assim, não atingir a média, terá uma 3ª oportunidade. Aqueles
que não fizeram o exame no prazo estabelecido terão que solicitar requerimento na
secretaria do curso, mediante taxa de pagamento.
13
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
UNIDADE I
Estude esta
unidade
HISTÓRICO DA LIBRAS
antes da
LIBRAS: UMA ANÁLISE HISTÓRICA NA tutoria!
PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
RESUMO
Esse artigo tem a finalidade de mostrar o trabalho realizado nas escolas municipais,
abordando as dificuldades de aprendizagem, sendo implantadas diretrizes que favorecem
um projeto realizado com ações para reorganizar os serviços de Atendimento Educacional
Especializado, que será focado para deficientes auditivos nas escolas regulares da rede
pública de São Roque.
1 INTRODUÇÃO
14
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
as escolas com salas especiais, resultado mudanças na estrutura da escola para que todos
os alunos tenham suas necessidades atendidas, ficando um trabalho amplo.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação impulsionou o desenvolvimento da
educação com o compromisso de sua qualidade, criando condições para melhoria da
inclusão dessas crianças, proporcionando a elas uma orientação mais especifica logo na
infância.
Sabe-se constitucionalmente a criança deficiente auditiva, tem direito a educação e
saúde, bem como solicitar uma interprete para auxilia-lo em aula, traduzindo a língua oral
para a língua de sinais. O Ministério da Educação implementa diretrizes e ações que
reorganizam um serviço chamado de Atendimento Educacional Especializado, o AEE,
oferecido aos alunos com deficiência visando sua futura formação comtemplando seu
aprendizado de qualidade, mas não substituindo o ensino regular.
A sala de AEE, que será explicada será voltada para os deficientes auditivos,
devendo ser compreendida no seu momento histórico de forma a contribuírem para
construção de uma proposta bilíngue, que irá permitir que essas crianças surdas na
aquisição de seu aprendizado, duas línguas: a língua portuguesa, em modalidade oral e
escrita e a LIBRAS, sigla referente ao significado de língua brasileira de sinais.
Lima (2006, p.7), apresenta em uma das suas edições “Educação Infantil, saberes e
práticas da inclusão”, que diz a proposta bilíngue traz uma grande contribuição para o
desenvolvimento da criança surda ao reconhecer a LIBRAS como uma língua, com todo o
potencial expressivo de uma língua oral e como instrumento fortalecido de estrutura
linguísticas. O bilinguismo favorece o desenvolvimento cognitivo, alarga horizontes e amplia
o pensamento criativo da criança surda, possibilitando a compreensão de sua “diferença” e
de sua própria identidade.
O Decreto n. 5.626/05 que regulamenta a Lei n. 10.436/02, visando ao acesso à
escola dos surdos, dispõe sobre a inclusão da Libras como disciplina curricular, a formação
e a certificação do professor, instrutor/interprete de LIBRAS, o ensino da Língua Portuguesa
como segunda língua para alunos surdos e a organização na educação bilíngue no ensino
regular.
O documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria Ministerial
n. 555, de 5 de julho de 2007, prorrogada pela Portaria n. 948, de 09 de outubro de 2007
aponta que o objetivo da Política Nacional da Educação Especial na perspectiva da
Educação Inclusiva é garantir o acesso, a participação e aprendizagem dos alunos com
deficiência, transtornos, etc., orientando os Sistemas de Ensino para promover respostas
às necessidades educacionais garantindo transversalidade da educação especial desde a
educação infantil até a educação superior; Atendimento Educacional Especializado;
continuidade na escolarização nos níveis mais elevados de ensino; formação de
professores para salas de AEE e mais profissionais da educação e para inclusão escolar;
família e comunidade; mobília; equipamentos; transporte e articulação intersetorial na
implementação das políticas públicas.
15
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
Afirma Lima (2006, p. 18) que todas as crianças surdas em sua linguagem devem
efetivar-se mediante o aprendizado da língua portuguesa e da aquisição da LIBRAS, assim
a língua do país de origem do surdo deve ser sua segunda língua, no caso do Brasil,
estamos falando do português.
A LIBRAS não é apenas uma linguagem, uma vez que prestam as mesmas funções
das línguas orais, pois elas possuem todos os níveis linguísticos e como toda língua de
sinais, a libras é uma língua de modalidade visual- gestual não estabelecida através do
canal oral, mas através da visão e da utilização do espaço.
Com a língua de sinais se desenvolve de forma logica e aceitável que os surdos se
comuniquem naturalmente utilizando das mãos, cabeça e outras partes do corpo, por
estarem privados da audição.
A origem da Língua Brasileira de Sinais veio da língua de sinais francesa, com o
criador Charles Michel de L´Eppe (1712-1789) no século XVIII, que foi o oficial divulgador
da linguagem de sinais. Ele sendo o superior das origens que foi ordenando, assumiu o
compromisso de ensinar uma linguagem de sinais, como a missão dominarem essa língua.
Favalli (2000) explica que somente 1975 foi fundada a primeira escola com próprio
dinheiro de L`Eppe, sendo professor e diretor, dirigia tudo. Escreveu seu próprio livro
usando seu método de ensinar, era um dicionário com gramatica da linguagem de sinais.
Tinha um objetivo de fazer com que as pessoas surdas aprendessem a se expressar e
compreender, desenvolvendo pensamentos e ideias próprias, não pelo som, mas sim por
meio de sinais.
Quando L´Eppe morreu quem assumiu seu cargo na escola foiAbbé Sicard (1742-
1822), diretor nomeado pelo Instituto Nacional de Surdos, publicou um livro com gramatica
geral e outro detalhado de como ele treinou Jean Massieu, sendo o primeiro professor
surdo.
Vários Institutos foram fundados como o Instituto Santa Terezinha. Em 1922, a
Escola Municipal de Educação Especial Heller em 1950, o Instituto Nacional de São Paulo
em 1954. Em 1968, Roy Holcon da origem ao método de comunicação Total, que tem como
principal preocupação os processos comunicativos entre surdos e ouvintes, e surdos e
surdos, esta filosofia também se preocupa com a aprendizagem da língua oral pela criança
surda, mas acredita que os aspectos cognitivos, emocionais e sociais, não devem ser
deixados de lado em prol do aprendizado exclusivo da língua oral. Por este motivo, essa
filosofia defende a utilização de recursos espaço-visual-manual como facilitadores da
comunicação. (GOLDFELD, 2002, p. 38)
A partir da década de 80, o Bilinguismo começa a ganhar força. Segundo esta
filosofia, o surdo deve adquirir primeiramente, como língua materna, a língua de sinais,
considera a sua língua natural. Somente como segunda língua deveria ser ensinada a
língua oficial do país. O Bilinguismo percebe a surdez a diferença linguística, e não como
deficiência a ser normalizada através da reabilitação.
No Brasil, a educação dos surdos teve início durante o Segundo Império. Com a
chegada do educador HernestHuet, ex-aluno do Instituto de Paris, que trouxe o alfabeto
manual francês e a Língua Francesa de Sinais. Deu-se origem a Língua Brasileira de Sinais,
com grande influência da língua francesa. Huet apresentou documentos importantes para
educar os surdos, mas ainda não havia escolas especiais. Solicitou, então, ao Imperador
Dom Pedro II, um prédio para fundar, em 26 de setembro de 1857. O Instituto dos Surdos
do Rio de Janeiro, atual Instituto Nacional de Educação dos Surdos – INES.
Aqui no Brasil, a preocupação em ampliar os serviços prestados aos surdos não é
muito investida. Dificilmente vemos na televisão exibições em libras, ou seja, uma interprete
traduzindo a fala nos programas, já no que diz respeito a abordagem educacional a ser
adotada, não existe um consenso sobre qual delas: oralismo, comunicação total ou
bilinguismo.
16
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
A Libras não é universal, pois todos os países têm seus próprios sinais, gestos que
desempenham diferentes funções, com diferentes expressões faciais deferindo de região
para região, o que faz assim legitimar ainda mais a língua.
Muitas outras escolas especiais foram presentes na educação do surdo no Brasil e
no mundo, e por isso todos os professores, educadores voluntários envolvidos, registraram
de alguma maneira sua importância quebrando uma barreira que impedia a comunicação
do surdo, ampliando oportunidades para melhor socialização do surdo no mundo.
3 A Educação Inclusiva
A educação inclusiva se organizou como AEE substituindo as antigas salas
chamadas “salas especiais”, que ali matriculadas crianças com diferentes necessidades
educacionais. Assim o conceito normalidade/anormalidade, determina formas de
atendimento clinico –terapêutico fortemente ancorado nos testes psicrométricos que por
meio de diagnósticos, definem as práticas escolares para os alunos com deficiência
(MEC/SEESP – Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva).
No Brasil, o atendimento as pessoas com deficiência tiveram início na época do
Império com a criação de duas instituições: o Imperial Instituto dos meninos cegos, em
1854, atual Instituto Benjamim Constant – IBC, e o Instituto dos Surdos mudos, em 1857,
hoje Instituto Nacional da Educação de surdos – INES, ambos no Rio de Janeiro. No início
do século XX é fundado o Instituto Pestalozzi (1926), instituto especializado no atendimento
as pessoas com deficiência mental, em 1954 é fundada a primeira Associação de Pais e
Amigos dos Excepcionais – APAE, e 1945 é criado o primeiro Atendimento Educacional
Especializado as pessoas com superdotação na sociedade Pestalozzi por Helena Anfipoff.
Em 1961, o AEE as pessoas com deficiência passam ser fundamentado pelas
disposições da Lei Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, Lei nº 4,024/61 que
aponta o direito dos “excepcionais” a educação, preferencialmente dentro do sistema geral
de ensino.
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, no artigo
59, preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos,
recursos e organização especificas para atender as suas necessidades, assegura a
terminalidade específica aquelas que não atingem o nível exigido para conclusão do ensino
fundamental, em virtude de suas deficiências, e assegura a aceleração de estudos aos
superdotados para conclusão do programa escolar. Também define, dentre as normas para
organização da educação básica, a “possibilidade de avanço nos cursos e nas séries
mediante verificação do aprendizado”, (artigo 24, inciso V) e “[...] oportunidade educacionais
apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de
vida e de trabalho, mediante cursos e exames” (artigo 37).
Em 2004, o Ministério Público Federal publica o documento “O acesso de alunos
com Deficiência as escolas comuns da rede regular”, com objetivo de disseminar os
conceitos e diretrizes mundiais para a inclusão, reafirmando o direito da escolarização de
alunos com e sem deficiência nas turmas comuns do ensino regular.
Segundo capitulo VI – Diretrizes da Política Nacional de Educação na Perspectiva
da Educação Inclusiva que diz a educação especial é uma modalidade de ensino que
perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o AEE, disponibiliza os recurso e
serviços e orienta quanto a sua utilização no processo de ensino e aprendizagem nas
turmas comuns do ensino regular.
Para os alunos surdos que estão matriculados nas escolas comuns, são adequados
a eles a educação bilíngue, ou seja, a Língua Portuguesa que é desenvolvida como a
segunda língua e na modalidade escrita para os surdos, os serviços de tradutor/interprete
de Libras (Língua Brasileira de Sinais) e o ensino de Libras como sua primeira língua.
17
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
Dentre muitas discussões sobre a inclusão nas escolas, surge o desafio de encontrar
uma solução que ajude as crianças com deficiência auditiva a permanecerem nas escolas.
Algumas escolas já abriram espaço e abraçaram a inclusão, ofertando aos alunos
mudanças na organização pedagógica, valorizando as diferenças sem discriminá-las.
Sobre esse assunto Mantoan e Prieto registram:
A inclusão dessas crianças é uma grande responsabilidade que vai englobar toda a
educação, como secretários, diretores, professores, funcionários, pois essa reestruturação
que existe é preciso para atender as necessidades educacionais especiais a todos os
alunos. A construção de uma escola com inclusão requer clareza no que se diz respeito da
diferença, pois para o surdo a escola normal ou a especial o importante é a excelência de
seu trabalho. Assim a coordenação da escola tem o importante dever de aplicar um
programa pedagógico que atenda às necessidades, oferecer para comunidade escolar
capacitações, buscar parcerias, sempre pensando na melhor adaptação, e melhor
aprendizado para o aluno surdo dentro das escolas comuns.
É preciso que essas crianças aprendam a socializar-se, a formação de novos valores
deve a partir do respeito às diferenças e do aprender a conviver com o diferente (LIMA,
2006, p. 12). O resultado de respeitar a diferença e aprender a conviver com ela, todos
contribuindo uns com os outros, incluindo o D.A. na sociedade normalmente, é uma
construção de um todo mais harmonioso e feliz, para uma construção de um novo homem.
A inclusão do aluno surdo ou D.A. nas escolas deve acontecer desde a educação
infantil até o ensino superior, utilizando os recursos que são oferecidos, para que possam
ultrapassar todas as barreiras que existem dentro do processo educacional e usar seus
direitos na cidadania, de acordo com os princípios constitucionais do país.
18
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
Dentro das salas de aulas, os alunos com deficiência auditiva enfrentam diversos
preconceitos, por serem considerados diferentes de todos os outros, os dificultando suas
possibilidades. Mas para que essa questão seja minimizada, e o aluno não saia da escola
prejudicado em seu aprendizado, já existem escolas que abraçam a inclusão desses
alunos, propondo a eles o Atendimento Educacional Especializado, que atende,
possibilitando aos alunos a ampliação de seus conhecimentos, de seus estímulos
adequados ao seu potencial cognitivo, sócio afetivo, linguístico e político-cultural e melhora
de sua socialização e aprendizado. Que para ser efetivada faz-se necessária considerar
que os alunos com surdez têm direito de acesso ao conhecimento, à acessibilidade bem
como ao Atendimento Educacional Especializado (DAMÁZIO, 2007, p. 15).
As escolas que realizam esse trabalho pedagógico para os alunos surdos ou D.A.
que estão matriculados, chamado Atendimento Educacional Especializado (AEE),
desenvolve um planejamento que utiliza da Língua de Sinais e Língua Portuguesa, num
período adicional, ou não, ao da aula, de horas de estudo.
Esse trabalho vai favorecer ao aluno surdo ou D.A. meios para beneficiar sua
aprendizagem, proporcionando também um ambiente estimulante, que precisa e que possa
explorar e desafiar seu pensamento e sua capacidade, em todos os sentidos. Nele são
destacados três Momentos Didático-Pedagógico: O Momento Didático-Pedagógico em
Libras, Momento Didático-Pedagógico para o ensino de Libras.
O planejamento do AEE é elaborado e desenvolvido pelo professor que ministra a
aula, em Libras, pelo professor de Língua Portuguesa e pelo professor da sala de aula
normal, a partir da definição do conteúdo curricular, com pesquisas sobre o assunto a ser
ensinado, seguido de um plano é finalizado. É feito um relatório diariamente de cada aluno,
em seus diversos comportamentos, avanços, individualmente, a partir da definição do
conteúdo curricular, inter-relacionados. É feito também uma seleção e elaboração dos
recursos didáticos para o AEE, colocando a frente a necessidade de cada aluno com surdez
ou D.A.
Dentro do plano feito pelos professores, deve incluir conteúdos sobre a sociabilidade,
a cognição, a linguagem (oral, escrita, viso-espacial), afetividade, motricidade, aptidões,
interesses, habilidades e talentos com o objetivo de fazer com que os alunos com surdez
ou D.A., consigam absorver e entender a maioria dos conteúdos.
São feitos relatórios com registros, observações dos avanços e dificuldades para a
direção e coordenação da escola e do AEE, que deverá sempre estar ciente dos dados
colhidos ao longo do processo e demais avaliações referentes ao desenvolvimento e
desempenho de cada aluno. Conforme Damázio (2007) explica, cada um dos Momentos
Didáticos Pedagógicos.
19
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
Na escola comum, o ideal é que haja professores que realizem esse atendimento,
sendo que os mesmos precisam ser formados para ser professor e ter pleno domínio da
Língua de Sinais. O professor em Língua de Sinais ministra a aula utilizando a Língua de
Sinais nas diferentes modalidades, etapas e níveis de ensino como meio de comunicação
e interlocução.
O planejamento do AEE em Libras é feito pelo professor especializado, junto com
professores de turma comum e com de Língua Portuguesa, pois o conteúdo deste trabalho
é semelhante ao desenvolvido na sala de aula comum.
O AEE em Libras fornece para o aluno uma base de conceito dessa Língua e do
conteúdo curricular estudado na sala de aula comum, para compreensão do conteúdo.
Nesse atendimento também há explicações das ideias dos conteúdos estudados em sala
de aula comum, como um reforço. Os professores utilizam bastantes imagens visuais e
quando o conceito é muito abstrato recorrem a outros recursos, como o teatro, por exemplo:
didáticos utilizados na sala de aula comum para a compreensão dos conteúdos são também
utilizados no AEE em Libras.
Espera-se que no decorrer do AEE em Libras, os alunos se interessam, questionem,
analisem, critiquem, fazem analogias, associem o que já sabem com os novos
conhecimentos adquiridos com o estudo. Damázio (2007) finaliza a parte do AEE em Libras
dizendo que os professores que atuam no desenvolvimento de cada aluno, apresentam
além da relação de todos os conceitos estudados, organizando a representação deles em
forma de desenhos e gravuras, que ficam no caderno de registro do aluno.
20
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
21
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
5. Considerações Finais
A Educação Infantil é seguida da Lei LDB n. 9.394/96 para crianças até três anos de
idade, frequentar em creches e pré-escolas para crianças de quatro a seis anos. Segue
assim o objetivo de desenvolver aspectos físicos, psicológicos e sociais, para
complementar a família e comunidade, cuidando e educando.
Nessa perspectiva de educação segue um currículo de possibilidade com três
objetivos, que Lima (2006, p. 43), ressalta sua importância dentro da Educação Infantil que
são a construção da identidade e da autonomia; a interação e socialização da criança no
meio social, familiar e escolar; e ampliação progressiva dos conhecimentos do mundo.
Santana (2007, p. 21 ) comenta:
22
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
23
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
Referências Bibliográficas
BRASILIA, Presidencia da Republica, Casa civil, Subchefia para assuntos jurídicos, Decreto n.
5.626/05 que regulamenta a Lei n. 10.436/02.Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de
2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19
de dezembro de 2000.
FAVALLI, Paulo, Meus primeiros sinais, São Paulo, Editora Panda, 2000.
LIMA, Daisy Maria Collet de Araújo, Educação infantil: saberes e práticas da inclusão:
dificuldades de comunicação e sinalização: surdez, 4ª edição, Secretaria de Estado da
Educação do Distrito Federal, Brasília, MEC, 2006.
MANTOAN, Maria Tereza Eglér, Inclusão escolar: pontose contrapontos, Rosangela Gavioli
Prieto; Valeria Amorim Arantes, organizadora. – São Paulo: Summus, 2006.
SALLES, Heloisa Maria Moreira Lima– Ensino de língua portuguesa para surdos: Caminhos
para a prática pedagógica, VL 2 – MEC, SEESP, Brasília, 2004.
O que é a Libras?
De acordo com Capovilla (2005), é a língua natural dos surdos. A Libras como toda
Língua de Sinais, é uma língua de modalidade gestual-visual porque utiliza, como canal ou
meio de comunicação, movimentos gestuais e expressões faciais que são percebidos pela
24
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
visão; portanto, diferencia da Língua Portuguesa, que é uma língua de modalidade oral-
auditiva por utilizar, como canal ou meio de comunicação, sons articulados que são
percebidos pelos ouvidos. Mas, as diferenças não estão somente na utilização de canais
diferentes, estão também nas estruturas gramaticais de cada língua.
A área da saúde define a surdez como sendo um déficit auditivo e classifica a surdez
(leve, profunda, congênita, pré-linguística etc.), interpretando a surdez no sentido biológico
e/ou patológico. O audiômetro é um aparelho utilizado para medir a sensibilidade auditiva,
a intensidade sonora é avaliada em decibel (dB) (BEVILACQÜA, 1998).
Por meio desse instrumento é possível a realização de alguns testes de acordo com
a sensibilidade auditiva do indivíduo, para a classificação em níveis (BEVILACQÜA, 1998,
p. 89):
Audição normal - de 0 15 dB
Surdez leve – de 16 a 40 dB. Nesse caso a pessoa pode apresentar dificuldade
para ouvir o som do tic-tac do relógio, ou mesmo uma
conversação silenciosa (cochicho).
Surdez moderada – de 41 a 55 dB. Com esse grau de perda auditiva a pessoa
pode apresentar alguma dificuldade para ouvir uma voz fraca ou o canto de um pássaro.
Surdez acentuada – de 56 a 70 dB. Com esse grau de perda auditiva a pessoa
poderá ter alguma dificuldade para ouvir uma conversação norma dificuldades para ouvir o
telefone tocando ou ruídos das máquinas de escrever num escritório.
Surdez profunda – acima de 91 dB. Nesse caso a pessoa poderá ter dificuldade
para ouvir o ruído de caminhão, de discoteca, de uma máquina de serrar madeira ou, ainda,
o ruído de um avião decolando.
A surdez pode classificada como unilateral, quando se apresenta em apenas um
ouvido e bilateral, quando acomete ambos ouvidos.
Vários estudos demonstram-se contrários a interpretação da surdez como deficiência,
tendo a pessoa surda como deficiente, isto é, contrários a definição de surdez enquanto a
falta de algo. Os grupos organizados culturalmente de surdos não aceitam e se definem
como deficientes auditivos, pois o importante para eles não é a atenção sobre a falta da
audição (WRIGLEY, 1996).
A surdez reconhecida e definida pelos surdos depende de sua identidade grupal, ao
invés de sua característica física que os remete como indivíduos inferiores aos ouvintes.
Para a comunidade surda a interpretação da surdez deve incluir a experiência da surdez
no âmbito psicossocial e cultural, relacionados ao desenvolvimento do indivíduo surdo
(SKLIAR, 1998).
25
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
Fonte: http://cvpassoapasso.blogspot.com.br/2011/07/grau-de-surdez.html
Dessa forma, o surdo corresponde a um indivíduo que não ouve (e como os surdos
se consideram), apresentam um déficit de audição que os impossibilita de adquirir
naturalmente a língua oral auditiva, apresentando dessa maneira, estratégias cognitivas,
comportamentais e culturais diferentes da maioria das pessoas que ouvem.
De acordo com Quadros e Karnopp (2004), a expressão surdo-mudo muitas vezes
é utilizada erroneamente quando destinadas ao surdo. Isso se dá em função de que uma
pessoa surda não significa que ela seja muda, pois a mudez é outra deficiência. Os
membros de comunidades surdas, consideram como deficiente auditivo a pessoa que não
26
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
participa de Associações e não sabe Libras, a Língua de sinais. Por outro lado, o surdo é
aquele que tem a Libras (língua Brasileira de Sinais), como sua língua materna.
LIBRAS corresponde a um sistema linguístico legítimo e natural, utilizado pela
comunidade surda brasileira, de modalidade gestual-visual e com estrutura gramatical
independente da Língua portuguesa falada no Brasil. A Língua Brasileira de Sinais,
possibilita o desenvolvimento linguístico, social e intelectual daquele que a utiliza enquanto
instrumento comunicativo, favorecendo seu acesso ao conhecimento cultural-científico,
bem como a integração no grupo social ao qual pertence.
Os surdos consideram que por ser a Libras uma língua própria da comunidade surda
brasileira, deve-se procurar garantir que o ensino desta língua seja realizado,
preferencialmente, por professores/instrutores surdos, viabilizando dessa forma maior
riqueza interativa cultural entre professor/instrutor surdo e alunos. Para tanto, se faz
necessário capacitar cada vez mais surdos para serem professores e instrutores conforme
as exigências legais e o proposto pelas federações e associações de surdos.
A comunidade surda é uma fonte de riqueza de informações para educadores e
interessados em mais detalhes sobre a Libras. O reconhecimento oficial no Brasil da Língua
Brasileira de Sinais (LIBRAS) como meio de comunicação de uso corrente, bem como a
garantia pela administração pública de preparação de profissionais que atuem na área com
o devido conhecimento e fluência da mesma, vêm ampliando a demanda por profissionais
habilitados no ensino da Libras.
Torna-se urgente que a profissão de professor/instrutor da Língua Brasileira de
Sinais e de intérprete da Libras sejam regulamentadas. O reconhecimento legal destas
profissões assegura maior qualidade e postura ética dos profissionais. Facilita e permite a
inclusão de professores/instrutores de Libras no quadro de profissionais das escolas onde
há surdo estudando e permite a criação do cargo de intérprete para os serviços públicos e
espaços públicos frequentados pelas pessoas surdas.
27
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
http://causaseconsequenciasdasurdez.blogspot.com.br/
28
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
Estude esta
UNIDADE II unidade
antes da
tutoria!
IDENTIDADE, CULTURA E DIVERSIDADE
29
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
30
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
entendido como os constraints2 que orientam as ações dos indivíduos nas mais diversas
situações sociais.
A noção de habitus pode ser entendida como a parte entre a estrutura e a prática,
sendo formado por um sistema de disposições gerais que precisariam ser adaptados pelo
sujeito a cada conjuntura específica de ação. Já a abordagem sociocultural enfatiza que o
processo de apropriação de significados e elementos da cultura, depende dos limites e
possibilidades (constraints) socialmente referenciados, constituindo o que Branco e
Valsiner (1997) definem como processo de canalização cultural.
SOBRE A CULTURA
2 Constraints podem ser entendidos como o conjunto de limites e possibilidades que o contexto oferece aos
indivíduos, promovendo o desenvolvimento.
31
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
32
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
A CULTURA ESCOLAR
33
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
IDENTIDADE SURDA
34
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
De acordo com Souza (1998), mesmo os surdos oralizados passam a fazer uma
leitura de mundo somente a partir do uso da língua de sinais e, antes disso, suas
possibilidades de participar ativamente com e na comunidade ouvinte são bastante
reduzidas. Disso decorre uma identidade fragmentada: o surdo que não domina a língua de
sinais não se identifica com o grupo de surdos, tampouco se identifica com o ouvinte.
Assim, para que a construção da identidade surda aconteça é essencial o encontro surdo-
surdo, pois têm-se observado, nesses anos de interação professor ouvinte-professor surdo,
que o interlocutor privilegiado da criança surda é o próprio surdo.
EPISÓDIO
A psicóloga propõe que os alunos conheçam as palavras para que depois de familiarizados
com as mesmas, façam uma brincadeira com elas.
Ao apresentar o significado das palavras extrovertido e introvertido, enfatizando ,a questão
da vergonha, sendo o extrovertido àquele que não tem vergonha e o introvertido àquele que tem,
os alunos apresentam alguma dificuldade na distinção dos termos.
Então, uma aluna se manifesta e explica a diferença entre as palavras como sendo: o
extrovertido, àquele que é corajoso, e que ao entrar em um lugar e não conhecer ninguém, fala com
as pessoas, e se apresenta. E o introvertido, aquele que tem medo e se mantém num canto sem
fazer contato com ninguém. Os alunos, então sinalizam que entenderam e dão exemplos de colegas
que consideram extrovertidos e introvertidos.3
3 É necessário salientar que a instituição adota uma metodologia de trabalho com o surdo voltada para a
oralidade. Assim sendo, o trabalho foi realizado pela profissional conciliando o uso simultâneo de sinais em
35
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
2 LEGISLAÇÃO
Libras e fala. Já a aluna, apesar de ser oralizada e ter uma pronuncia inteligível, utilizou apenas Libras quando
foi explicar os conceitos aos colegas.
36
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
A luta pela busca da garantia dos direitos dos surdos e pelo reconhecimento dos
diferentes aspectos culturais e sociais da comunidade surda, a legislação foi uma aliada na
repercussão da legitimidade destes direitos.
Texto retirado do e-boock R LINEIRA PRESTES - 2016 – REPOSITÓRIO
Na disciplina Legislação em Libras eu, professor Roger Linera Prestes, destaco a
importância da Legislação no contexto histórico vivido, os novos conceitos e oportunidades
que orientam a inclusão e o reconhecimento do uso de Libras pela comunidade surda e nos
métodos de ensino-aprendizagem. O conhecimento e as reflexões da legislação são de
grande importância para entender a inclusão.
37
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
1985, diz no Art. 1º “Ficam estabelecidas normas gerais que asseguram o pleno exercício
dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiências, e sua efetiva
integração social, nos termos desta Lei”. Mas é a Constituição Federal que assegura os
direitos das pessoas com necessidades especiais pois a sociedade precisa aceitar as
diferenças não com a visão de doente.
O Governo Federal equipara as condições das pessoas com deficiência, oferecendo
programas, planos e incentivos para os Estados e Municípios para diminuir as lacunas
existentes entre as pessoas com e sem deficiência. A Constituição Federal é Lei
fundamental e suprema do pais. Em fevereiro de 1987, o deputado Ulysses Guimarães
abriu as sessões da Assembleia Nacional Constituinte, composta por 559 congressistas,
para tal designados que escreveu e aprovou uma nova Carta Constitucional. A atual
Constituição da República Federativa do Brasil, foi promulgada em 5 de outubro de 1988.
O preâmbulo da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988 reza: Nós,
representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para
instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a
justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos,
fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a
solução pacifica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte
Constituição da República Federativa do Brasil.
Na Constituição. são os seguintes os dispositivos referentes à pessoa portadora de
deficiência TÍTULO II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais CAPÍTULO I - Dos Direitos
e Deveres Individuais e Coletivos Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes: CAPÍTULO II - Dos Direitos Sociais Art. 7º. São direitos dos trabalhadores
urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXXI-
proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do
trabalhador portador de deficiência. TÍTULO III - Da Organização do Estado Art. 23. É
competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
CAPÍTULO II - Da União
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras
de deficiência; Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre: XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de
deficiência. TÍTULO III – Da Organização do Estado CAPÍTULO VII - Da administração
Pública SEÇÃO I - Disposições Gerais Art. 37. A administração pública direta, indireta ou
38
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e, também, ao seguinte: VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos
públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão.
TÍTULO VIII - Da Ordem Social Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela
necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
CAPÍTULO II - Da Seguridade Social SEÇÃO IV - Da assistência Social IV - a habilitação e
reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida
comunitária; V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora
de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria
manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
CAPÍTULO III - Da Educação, da Cultura e do Desporto SEÇÃO I - Da Educação Art. 208.
O dever do estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: III - atendimento
educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular
de ensino; IV - acesso aos níveis mais elevados de ensino, da pesquisa e da criação
artística, segundo a capacidade de cada um. CAPÍTULO VII - Da Família, da Criança, do
Adolescente e do Idoso Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar
à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito,
à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. §1º- O Estado
promoverá programas de assistência integral à saúde da criança e do adolescente, admitida
a participação de entidades não governamentais e obedecendo os seguintes preceitos: II -
criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de
deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente
portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a
facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e
obstáculos arquitetônicos. §2º- A lei disporá sobre normas de construção de logradouros e
edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir
o acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência.
Deficiência, conforme o disposto no art. 227, 2º. TÍTULO IX - Das Disposições
Constitucionais Gerais Art. 244. A lei disporá sobre a adaptação dos logradouros, dos
edifícios de uso público e dos veículos de transporte coletivo atualmente existentes a fim
de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência, conforme o disposto
no artigo 227,2º. Esta diminuição de lacunas não remete ao desejo de normalização do
Governo Federal, mas sim de aproximar e aprimorar as condições de acesso a todos os
39
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
sujeitos, em especial para as classes marginalizadas que até então não obtinham as
mesmas oportunidades. NORMALIZAÇÃO – Na tentativa de aproximar dos padrões de
normalidade, acaba por buscar características, condições e práticas que são desenvolvidas
pelas pessoas dentro do que é estipulado para qualquer idade, raça, condição orgânica,
condição socioeconômica, credo, padrões sociais, educacionais e cultural, entre outras[...]
(BRASIL 1999).
Vamos conhecer um pouco das leis vigentes que vão nos auxiliares sobre os
direitos da pessoa com deficiência e especialmente a Surdez:
40
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
CONSIDERAÇÕES FINAIS
41
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
UNIDADE III
Estude esta
unidade
antes da
LINGUAGEM GESTUAL AO LINGUÍSTICO tutoria!
A língua de sinais tem seu estatuto gestual, a gestualidade na fala inicia-se com a
vocalização. Para interagir com a sociedade a criança surda usa gestos, icônicos e
indicativos a fim de comunicar-se com os ouvintes. Pelo fato de que a língua de sinais
possui um canal vísio-manual, os sinais são confundidos muitas vezes com gestos. Os
gestos servem como intermediários para a aquisição tanto da linguagem oral quanto da
língua de sinais.
O gesto tem estatuto simbólico, pois se trata de atividade aprendida em meio as
interações sociais, assim como pode ser considerado integrante dos processos de
significação. Se o gesto é simbólico coma a língua, pode se dizer que há relação de
interdependência entre tais sistemas semióticos e cognitivos, e entre a língua e o gesto.
Considerando os aspectos sociais, interativos, cognitivos e linguísticos do gesto, é
fundamental e item essencial para preceder a linguagem oral e de sinais. O gesto serve
como mediador entre outras funções simbólicas. Como exemplo, o gesto e a língua de
sinais, assim como a fala, fazem parte das práticas discursivas que ocorrem nas interações
do surdo, e a aquisição da língua de sinais possibilita ao surdo continuidade simbólica e
imersão na linguagem.
De acordo com Santana (2007) a língua de sinais teve seu estatuto linguístico
estabelecido por Stokoe (1972), que analisou os sinais espacialmente e demonstrou que
cada um possuía pelo menos três partes independentes e cada parte apresenta número
limitado de combinações: localização, espaço, configuração de mão. O quarto parâmetro
foi apresentado dois anos depois por Battison (1974) orientação.
As expressões faciais também representam componente fundamental que compõem os
sinais. Semanticamente a língua de sinais possui vocabulário menor de que a língua oral
(1:100).
O alfabeto manual também foi estudado como parte da semiologia das línguas de
sinais, no entanto seu formato é diferente das línguas naturais. Contudo, o alfabeto manual
pode ser considerado como ponte entre a linguagem oral e a língua de sinais. Em outras
palavras o alfabeto digital é um tipo de sistema manual que representa a ortografia da
linguagem oral. Geralmente é utilizado para nomes próprios, lugares, nomes científicos ou
vocábulos que não possuem sinais. Dessa maneira, o alfabeto manual faz parte da língua
42
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
NÚMEROS
43
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
Fonte: http://psicopedagogiaeducacao.blogspot.com.br/2010/04/alfabeto-manual.html
SANTOS, Lara Ferreira dos: GIL, Maria StelIa Coutinho de Alcântara. Do gesto ao sinal na
Educação Infantil: o aprendizado de Libras por crianças surdas. RefrEL, v. 10, n. 19, 2012,
[www.revei.in tbr].
44
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
INTRODUÇÃO
45
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
46
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
1. MÉTODO
O presente estudo foi desenvolvido a partir do banco de dados de um projeto de pesquisa,
desenvolvido nos anos de 2005 e 20066. Do exame dos registros que compunham o banco
de dados foram destacados alguns aspectos relacionados à aquisição de Libras por
crianças surdas. O cenário da pesquisa foi uma Escola Municipal de Ensino Infantil (EMET),
num município de porte médio do interior do Estado de São Paulo, que oferecia um
Programa de Educação Inclusiva Bilíngue, visando atender às necessidades das crianças
surdas atendidas. As Oficinas de Libras foram selecionadas para exame detalhado por
serem um espaço destinado ao ensino/uso exclusivo da Libras, conduzidas por um instrutor
surdo, no contra turno das aulas.
Os participantes foram nove crianças surdas que frequentavam a escola comum e
as Oficinas de Libras oferecidas na própria escola; um instrutor surdo (IS), fluente em
Libras, com aproximadamente 19 anos, com experiência de ensino e responsável pelas
atividades das Oficinas; uma profissional ouvinte fluente em Libras e uma pesquisadora
ouvinte usuária de Libras. As Oficinas ocorreram durante o segundo semestre de 2005,
duas vezes por semana, com duração de noventa minutos cada. O participante focal deste
estudo foi um menino surdo, aqui chamado Felipe7; durante as oficinas observou-se seu
comportamento diante da exposição à Libras e também suas relações com os demais
presentes. Felipe foi selecionado de acordo com alguns critérios: era a criança mais agitada
dentre os colegas de oficinas8; apresentava o mais restrito conhecimento de Libras e
demonstrou um desenvolvimento claramente identificável da Libras no decorrer do
semestre. Ele era filho de pais ouvintes, tinha quatro anos de idade e era sua primeira
experiência escolar e com Libras.
6 Projeto de pesquisa desenvolvido e financiado pelo programa FAPIC, no período de 08/2005 à 07/2006,
protocolo CONSEPE n° 15405. (Luciano, 2005; Luciano, 2006)
7 Trata-se de um nome fictício para proteção da identidade do participante.
8 Por ser a criança mais agitada era também a que apresentava menor contato visual com os
interlocutores, diferente das demais crianças que permaneciam atentas aos enunciados; este fator é
imprescindível para o aprendizado de uma língua visuo-gestual, por isto despertou nosso interesse.
47
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
Da massa de registros foram selecionados para exame minucioso três Oficinas que
ocorreram nos meses de agosto, outubro e dezembro de 2005. Do registro das atividades
foram recortados três episódios considerados apropriados para se observar a continuidade
no processo ensino-aprendizagem Libras e o desenvolvimento do aluno surdo durante as
interações nas Oficinas. Os trechos recortados foram transcritos9 e analisados
considerando-se: a simultaneidade da apresentação de modelo de sinal pelo IS/reprodução
do sinal por Felipe; simultaneidade ou não da presença do sinal e seu correspondente
referente; a iniciativa da interação; o número e tipo "de participantes das interações (Felipe,
IS, colegas, referentes ausentes). Como os diálogos eram em Libras, e o interesse de
pesquisa é exatamente a aquisição de sinais/língua, as transcrições preservaram os
enunciados dos sujeitos, visando a compreensão destes conforme sua produção. As
representações da Libras atenderam ao procedimento de notação adaptado de Lacerda
(1996). As principais formas de registro10 foram as seguintes:
EM CAIXA ALTA - enunciados em Libras;
"entre aspas e em itálico" - enunciados falados;
(entre parênteses) - gestos e ações não verbais;
E-N-T-R-E H-Í-F-E-N-S - soletração com alfabeto digital.
A análise dos dados respeitou a cronologia dos eventos e buscou identificar e discutir a
aquisição da língua de sinais pela criança surda, no decorrer de quatro meses (Souza,
2000). As análises e discussão destacaram acontecimentos peculiares nos quais os
sinais/língua de sinais foram os disparadores, apresentando-se o contexto no qual
ocorreram, o seu desenrolar e as suas consequências para o participante.
2. RESULTADOS E DISCUSSÃO
2.1 EPISÓDIO 111 AGOSTO DE 2005
A atividade proposta foi um jogo de boliche com o objetivo da apropriação dos
números em Libras, tema abordado anteriormente, conforme os registros. O IS explicou as
regras do jogo e, Felipe, durante toda a explicação do IS, esteve agitado: gritava, levantava-
se, apoiava-se sobre a mesa e repetia alguns sinais realizados pelo instrutor, O IS dirigiu-
se ao menino:
IS: QUANTO NÚMERO? O QUE? NÚMERO? SINAL NÚMERO? (olha para Felipe)
NUMERO QUANTO? (abaixa-se, pega um pino de boliche no chão, aponta para o pino,
olha para Felipe) SINAL?
Felipe: (faz o gesto de um com o dedo indicador)
IS: NÃO, UM. CERTO? UM.
Felipe: UM.
IS: UM. (Faz o gesto de um com o dedo indicador) NÃO, UM. UM. UM. (e aponta para o
pino) UM.
Felipe: UM. (Felipe grita por aproximadamente 17 segundos) UM, DOIS, UM.
(O IS oferece o sinal correspondente corrigindo Felipe quando ele realiza um gesto 12. O
menino repete o sinal, mas, logo em seguida, realiza gestos, sendo corrigido por IS;
predomina a dispersão e os gritos de Felipe com repetição de alguns dos sinais realizados
pelo IS. Em continuidade:)
9 As transcrições foram realizadas pela primeira autora deste estudo, pois é fluente na língua e também
intérprete profissional de Libras.
10 Para melhor compreender a representação da Libras, ver Felipe (2001).
11 Legenda para os episódios: IS - instrutor surdo; P0 - pesquisadora ouvinte; Felipe: nome fictício da
criança surda.
12 Embora o gesto realizado por Felipe possa ser considerado um sinal (há duas formas de realizar o sinal
48
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
IS: (aponta para um pino) UM. (aponta para o outro pino) DOIS.
Felipe: UM, DOIS, UM, DOIS. (Gritando, realiza o sinal com a mão direita) UM, DOIS. (Com
a mão esquerda faz o gesto de um e dois. Aproxima mão direita fazendo sinal e mão
esquerda fazendo gesto com olhar fixo para ambas.)
IS: (mostra os dois pinos para os alunos) QUANTO? DOIS!
Felipe: (olha para IS, depois, dirigindo-se a colega em sua frente grita. Movimenta a boca
emitindo sons)
IS: (sacode os dois pinos, um em cada mão, olhando para os alunos)
(Crianças sinalizam e gesticulam todas ao mesmo tempo)
Felipe: DOIS.
IS: (abaixa-se em direção aos pinos)
Felipe: (cruza os braços, com a testa franzida, deita-se sobre a mesa, tapando os olhos)
IS: (levanta-se, mostra três pinos para os alunos)
Neste primeiro episódio, Felipe teve poucos momentos de atenção e envolvimento
com a atividade. Vale lembrar que se tratava da primeira experiência escolar da criança e
muito do que era sinalizado não era compreendido por Felipe. Naquele período, Felipe tinha
os primeiros contatos com as regras de convivência escolar com outros surdos e com a
Libras. Em alguns momentos, a criança interagiu apenas com o IS que ocupava um lugar
de referência na Oficina. O fato de IS pedir atenção aos alunos repetidamente criava a
oportunidade de Felipe dar algumas respostas direcionadas a ele e não aos colegas. O
menino ainda não iniciava narrativas, pois, provavelmente, ainda não possuía vocabulário
suficiente e assim atinha-se ao tema abordado e aos sinais relacionados: números.
Um aspecto que merece destaque aconteceu quando Felipe realizou os sinais
corretamente com a mão direita (sinais: UM DOIS) ao mesmo tempo em que fazia o gesto
com a mão esquerda (gestos de um e dois). Em seguida, atento às mãos, aproximou-as,
cada uma delas em uma configuração - sinal e gesto. Não é possível afirmar a
compreensão, pela criança, da diferença entre o gesto e o sinal durante o episódio
transcrito. Felipe, entretanto, imediatamente depois realizou o sinal corretamente, indicando
mudança no domínio do sinal numérico. A aproximação das mãos na configuração de gesto
e de sinal, acompanhada pelo olhar direcionado às mãos próximas urna da outra, permite
destacar pelo menos dois acontecimentos proporcionados pelas atividades: Felipe
reproduziu o sinal repetidamente realizado por IS; ao reproduzir o sinal com a mão direita,
manteve a produção gesto que lhe era familiar e usual com a outra mão; tanto aproximar
as mãos quanto olhá-las atentamente parecem indicar a percepção do menino sobre a
diferença entre o gesto caseiro e o sinal solicitado na escola, o que parece um importante
caminho para se identificar o início da aquisição de língua de sinais. Felipe, em seguida,
realizou o sinal solicitado pelo IS.
IS: (toca o braço de Felipe) VOCÊS JOGAR LIXO ÁRVORE, LIXO ÁRVORE CHEIRO,
RESPIRAR...
Felipe: (toca a mesa, levanta-se, sacode a mão direita em frente ao rosto do IS)
IS: (continua sinalizando, olhando para todas as crianças) SECAR, ÁRVORE SAÚDE
49
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
50
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
Felipe: (olha para sua sacola, olha para a PO e sinaliza) MUITO. MUITO.
PO: BOM!
IS: (aponta para uma colega da sala e faz o sinal dela) POUCO ELA, VOCÊ PRONTO.
PRONTO? (olha para o pé de Felipe e sinaliza para a PO) PÉ, FRIO, FRIO TOSSE, NÃO.
Felipe: (olha para a colega; fecha a sacola e segue em direção à sua cadeira)
PO: (bate palmas em direção a Felipe)
Felipe: (volta em direção à brincadeira; olha para seu pé e olha para o IS)
PO: FEBRE, FRIO.
IS: FEBRE, NÃO-PODER, FRIO. (gesticula para Felipe esperar e pega a sacola de sua
mão; levanta-a em direção à PO). (SINAL DE PO) DAR (SINAL DE PO).
Felipe: (entrega a sacola para a PO)
PO: OBRIGADA.
IS: (ergue a blusa de Felipe, pega o dinheiro e coloca em sua mão direita)
PO: (passa os objetos no caixa)
IS: QUANTO DINHEIRO DIGITAR-CAIXA VER SOMAR, ATÉ FIM. DINHEIRO ELA?
DESCULPA! DINHEIRO VER DINHEIRO APRENDER DINHEIRO?
Felipe: (olha para PO, sacode a mão em direção ao IS; aponta um dos objetos na mão da
PO) CASA MAMÃE FEBRE EU. (balança a cabeça para cima e para baixo)
PO: SOMAR...
IS: (dá atenção a outra criança por alguns segundos, e volta a olhar para Felipe)
IS: DINHEIRO?
PO: DOIS.
Felipe: (vai até sua carteira, pega mais uma nota de dinheiro e entrega ao IS)
IS: (pega as notas) VINTE-E-UM, VINTE-E-UM. (P0 olha para o IS e sinaliza: UM.)
PO: (olha para Felipe) UM.
IS: UM.
Felipe: UM
P0: NÚMERO UM.
Felipe: (mostra a nota para o IS) UM.
IS: CERTO UM, CERTO.
PO: NÚMERO UM.
Felipe: (sorri e entrega o dinheiro à P0)
PO: VER, LEGAL. (pega o dinheiro e entrega a sacola) TCHAU, BOM, TCHAU!
Assim como no Episódio 2, Felipe iniciou o diálogo. Desta vez ele se manteve atento
à atividade enquanto durou. A atividade, naquele momento, requeria que a atenção de IS
e de PO estivessem voltadas para o "comprador" Felipe. Destaca-se que, possivelmente,
receber atenção visual quase exclusiva cria oportunidade para o menino interagir com os
interlocutores e não apenas para lhes pedir a atenção.
O nível de abstração e a complexidade no uso de sinais foram ampliados. O menino
não apenas comunicou-se sem necessitar da visualização imediata e simultânea do sinal,
como prescindiu de "sinais modelo" a serem reproduzidos por ele. Além disso, introduziu
um referencial distante geográfica e temporalmente participando de outro tema (FRIO,
FEBRE, CASA e MAMÃE), produzindo sinais que não foram realizados por nenhum dos
51
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
CONCLUSÃO
Os dados analisados possibilitaram a identificação de aspectos do processo de aquisição
de Libras por urna criança surda na Educação Infantil. Os episódios transcritos mostram
que a comunicação gestual dá lugar à sinalização, e permitiram discutir aspectos relevantes
para a análise da aquisição da Libras por crianças pequenas. Permitiu também considerar
que durante a aquisição dessa língua há probabilidade de que todas as crianças surdas
compartilhem certas mudanças quando se apropriam da língua.
A atenção visual de crianças surdas é fundamental para a aquisição e desenvolvimento da
Libras, e sabe-se que a duração da atenção é curta, pois elas conhecem e apreendem as
coisas do mundo através da visão - e isso inclui imagens, movimentos, cores, expressões
- além da própria língua. Cabe aos seus interlocutores (familiares, adultos surdos,
professores) buscar estratégias para ocuparem o campo visual da melhor maneira possível,
com o objetivo de dominar a língua. O contato com usuários fluentes da Libras é
imprescindível, visto que a criança precisa conviver e estar exposta a um modelo de língua
no qual possa espelhar-se para desenvolvê-la.
Notou-se que à medida que os gestos foram substituídos por sinais, ao longo do semestre,
ampliava-se o nível de abstração da criança e a complexidade de suas
produções/sinalizações. Outro aspecto que merece destaque foi o aumento do número de
interlocutores d4 língua nas interações: a criança passou a dialogar com outros
participantes das atividades, possivelmente em decorrência da ampliação de seu léxico, do
compartilhamento de regras. .de convivência, do contato com iguais que aumentaram a
comunicação propiciando maior autonomia para o locutor.
Assim, acreditamos que a aquisição da língua de sinais por crianças surdas pode se dar
rapidamente, desde que o ambiente linguístico oferecido considere modelos adequados,
atividades que considerem a percepção visual, diferentes interlocutores e pares surdos, e
que permitam, de forma contextualizada, que a criança seja uma narradora, transformando
seu conhecimento informal em língua. Iniciativas escolares com programas bilingues
mostram-se bastante adequadas para essa faixa etária, já que as escolas ditas inclusivas
não apresentam propostas como a descrita neste estudo, que oferecem um ambiente
específico para o ensino da Libras, tarefa complexa e que merece maior cuidado, visando
a real inclusão educacional de surdos e o respeito por sua condição linguística diferenciada.
52
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
A família, de uma forma geral, desempenha a função de cuidar, promover a saúde, o bem
estar e dar proteção. Em uma família com filho surdo, acrescenta-se a isto a função da
aprendizagem de uma outra língua, a Libras. O objetivo deste estudo foi identificar na
literatura o papel da família junto ao filho surdo. Trata-se de uma reflexão estruturada a
partir da revisão de publicações que tinham como temática o estudo junto a famílias de
surdos. O estudo demonstrou a dificuldade da aceitação da surdez para os pais, bem como
ressaltou a importância da Língua de Sinais para o desenvolvimento do surdo e para o
13Educador Físico. Professora da Associação Norte Paranaense de Audio Comunicação Infantil (AMPACIN).
E-mail: bethdumont@hotmail.com
14 Enfermeira. Doutora em Filosofia da Enfermagem. Coordenadora do Mestrado de Enfermagem da
53
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
INTRODUÇÃO
O trabalho em uma escola para surdos na cidade de Maringá, PR, lecionando a disciplina
de Educação Física para alunos da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio
permite-nos acompanhar o desenvolvimento dos educandos e perceber suas dificuldades
e capacidades de superação.
Algumas características do viver desses indivíduos despertaram em nós o interesse
em conhecer, com maior profundidade, o papel da família em suas vidas, especialmente no
que se refere ao apoio dado para a educação formal, a comunicação e o relacionamento
entre eles (o surdo e seus pais).
Para tanto, inicialmente procuramos compreender a atuação da família de uma
forma global, buscando estabelecer o seu papel na formação dos indivíduos. Identificamos
que os primeiros passos para o desenvolvimento natural e social do ser humano são dados
dentro da família, pois ela constitui o primeiro grupo no qual a criança é inserida e tem suas
primeiras experiências e relacionamentos interpessoais.
Desse modo, quando a família passa por perturbações em suas interações, pode
se apresentar como um grupo de referência confuso, deixando de proporcionar um
aprendizado construtivo. É por isto que muitos dos comportamentos e reações individuais
revelam o tipo de configuração familiar na qual o sujeito está inserido (KNOBEL, 1992).
É na família que se inicia a sociedade, nela os indivíduos organizam conceitos e
buscam a maturidade por meio de trocas entre seus membros. Por esse motivo, as
maneiras de educar são incessantes. Trata-se de um processo que vai do nascer ao morrer,
sendo a família considerada, via de regra, a principal responsável pela formação do caráter
de uma pessoa.
Gomes (1994) considera a família como agente primário de socialização, possuindo
cada uma delas regras que regulam o seu funcionamento. As primeiras relações de afeto
dos filhos são provenientes dos pais, e esse convívio será responsável por futuros
comportamentos no meio social, permitindo ou não a sua adaptação. Esse papel da família
contribuirá para que o filho tenha uma aprendizagem mais humana, forme uma
personalidade única, desenvolva sua autoimagem e se relacione com a sociedade.
Nessa perspectiva, Knobel (1992), ao refletir sobre a família, observa que a mesma,
ao interagir com os filhos, ajudará a formar a personalidade, determinando aí suas
características sociais. Muitos fenômenos sociais são percebidos e examinados em função
de características da família. Nesse processo de troca, a família está inserida na construção
de um estado de maturidade que se dá por meio da convivência com os filhos. As atitudes
e comportamentos dos pais e demais membros familiares, expressos por suas interações,
têm um impacto decisivo no desenvolvimento psicossocial de um filho.
A família atua não só no sentido de amparar física, emocional e socialmente os seus
membros, mas também esclarecendo o que é melhor ou pior para seu crescimento,
cabendo a ela a responsabilidade de proporcionar qualidade de vida aos mesmos.
54
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
Para Motta et al. (2003), os cuidados oferecidos pela família constituem estratégias
que favorecem o desenvolvimento humano à medida que proporcionam amor, afeto,
proteção e segurança dentro de um espaço de inclusão e acolhimento aos filhos.
E a qualidade dessas relações que permite um melhor relacionamento consigo
mesmo e o melhor convívio social com as outras pessoas.
Para a criança, o ambiente familiar pode ou não, dependendo de sua qualidade,
proporcionar o estabelecimento de vínculos e apego com os membros familiares,
contribuindo para a formação de sua estrutura psíquica (MOTTA et al., 2003).
Temos a noção de que, normalmente d por toda a vida, a família vai proporcionar a
perfeita satisfação física ou moral de seus filhos, sendo que, para isso, ela deve respeitar,
conhecer e entender as diferenças existentes entre eles.
A principal satisfação dos filhos é ter uma boa interação social dentro do lar, pois
essa interação exerce importante papei para o desempenho infantil e, consequentemente,
nas demais fases da vida. No processo de interação social, a comunicação favorece a
compreensão das dúvidas, a demonstração de carinho e amor, entre outras coisas, uma
vez que para adquirir essas informações é necessário estabelecer-se uma mesma
linguagem (QUADROS, 2000).
Ao identificar a importância da comunicação na qualidade da interação familiar, e
por conseguinte na formação dos indivíduos, preocupamo-nos em desvelar como isto
ocorre nos casos de crianças surdas.
É importante nos reportarmos à ideia de Quadros (2000), o qual esclarece que a
deficiência não é um problema da pessoa que a tem, mas sim de quem a vê. Isto é de suma
importância, pois a problemática que envolve esses indivíduos está intimamente
relacionada com o preconceito e a aceitação dessa condição.
A família enfrenta muitas dificuldades para aceitar a deficiência. É uma descoberta
traumática e confusa, em que a mesma busca justificativas sobre por que serem eles os
escolhidos (ALMEIDA, 1993). Não raramente negam o fato, ou seja, recusam-se a ver e
admitir a deficiência do filho, buscando, na maioria das vezes, um atendimento tardio, o que
pode prejudicar o desenvolvimento da criança e de suas habilidades.
Passando essa fase, os pais enfrentam, segundo Almeida (1993), a fase da
negociação: uma espécie de compensação, em que os pais tentarão encontrar estratégias
para a melhoria das condições de vida de seu filho portador de deficiência.
Mais adiante, outros estágios aparecem, como a raiva, a depressão e a aceitação.
Raiva pela falta dos resultados esperados, raiva do outro (médico, professores e demais
profissionais), pela falta de colaboração e por não ver amenizada a deficiência do filho. A
depressão surge normalmente em decorrência da falta de adaptação à condição. Uma vez
que os pais já estejam conscientes da deficiência do filho, acaba ocorrendo a aceitação.
A surdez, por ser invisível, não é compreendida pelos ouvintes, mas tem uma
interferência enorme no desenvolvimento social, educacional e emocional do indivíduo
surdo. Quadros (2000) identificou vários estudos que apontam ser este um dos problemas
de saúde mais ignorados no mundo, por falta de atenção e de prevenção. Sem dúvida, a
sociedade não se adapta à ideia do deficiente como alguém produtivo, porque valoriza
apenas o exterior, encarando a eficiência como um conceito restritivo - o estereótipo da
perfeição.
Ante o exposto, constitui objetivo deste trabalho: identificar, na literatura, o papel da
55
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
METODOLOGIA
Para a realização deste estudo, fizemos um levantamento nas bases de dados
LILACS (Literatura-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde); BDENF (Base de dados
da Enfermagem); SCIELO, Banco de Teses da Capes e Biblioteca Virtual em Saúde Pública
BVS-SP referente aos últimos vinte anos.
As palavras-chaves utilizadas para a localização de referências foram: família,
surdez e educação. Realizamos várias tentativas de conjugação de termos, como, por
exemplo: família e saúde, saúde e surdez, deficiente auditivo e família, família do deficiente
auditivo, entre outras, sem, no entanto, alcançarmos êxito, uma vez que nem um artigo de
interesse para o estudo foi identificado a partir dessas conjugações.
No levantamento efetuado, encontramos apenas cinco estudos científicos e, por
essa razão, resolvemos incluir as referências encontradas na biblioteca do Colégio Modelo
de Maringá para Surdos (nove referências), além do material encontrado em consultas a
sites disponíveis na Internet e de domínio público.
O levantamento e a captura de referências foram realizados no período de
novembro de 2004 a abril de 2005.
O papel da família
O desenvolvimento humano se dá no campo das relações sociais e o modo como
os indivíduos se comportam em um dado contexto interacional é influenciado pelas normas,
crenças, valores e papéis sociais vinculados às instituições e à estrutura sociocultural da
qual esses indivíduos fazem parte.
Para melhor compreender o papel da família no cuidado a uma criança surda, é
necessário considerarmos os vários subsistemas componentes da família, que são
independentes e desenvolvem relações únicas, e que todos os membros, inclusive a
criança, influenciam e alteram esse sistema. Ela, portanto, não é mera receptora dos
padrões sociais oriundos do meio ambiente.
Assim, a despeito do fato de que a vinda de uma criança com deficiência se constitui
uma fase crítica, exigindo adaptações e o estabelecimento de novas prioridades na família
(BRITO; DESSEN, 1999), não podemos deixar de considerar que o desenvolvimento da
criança é resultante do empreendimento conjunto entre ela e o adulto que dela cuida e que
as interações e as relações com as pessoas e os sistemas sociais têm um papel crucial
para as aquisições e para a construção de formações psicológicas cada vez mais
sofisticadas.
56
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
Urna boa aliança familial, segundo Brito e Dessen (1999), é fundamental para a
aceitação do deficiente no seio familiar. Mas para que isto ocorra faz-se necessário o
estabelecimento de uma interação efetiva, o que é favorecido pelo estabelecimento do
diagnóstico precoce da surdez e consequentemente da adoção, o mais cedo possível, de
um correto processo de comunicação entre a família e a criança surda.
Castro (1999) considera que, para uma boa formação, há necessidade de
participação efetiva por parte dos pais, visto que o apoio da família constitui a base para a
socialização do surdo, sua compreensão das coisas e o entendimento de suas diferenças.
A forma como a pessoa surda é tratada em casa irí determinar a imagem que ela
terá de si mesma (STELLING, 1999), porque é na família que muitos valores, crenças e
costumes são transmitidos de geração para geração, por meio da linguagem.
Guarinelio (2004) caracteriza a família como o lugar ideal para se iniciar o
atendimento de base para os surdos. Destaca a família como a primeira escola responsável
pelas capacidades desenvolvidas das crianças. Salienta a importância de pais e mães
preparados e conscientes de seu papel para obter o aproveitamento de todas as
oportunidades geradas no lar.
Assim como Guarineilo (2004), estudos da Divisão de Educação e Reabilitação dos
Distúrbios da Comunicação - PUC (1999) ressaltam o papel da família como cooperadora
para o processo do desenvolvimento do surdo, no sentido de garantir a esse indivíduo um
futuro de independência e produtividade na sociedade. Também concebe a escola e a
comunidade como parceiras, desenvolvendo no surdo a sua auto- estima e independência
para escolher seu modelo de vida.
Na percepção das famílias, o esforço para se comunicar e a disponibilidade para
aprender e ensinar também facilitam o convívio com a criança surda, no entanto, esse
esforço não costuma ocorrer por parte de todos os membros da família, sendo que, em
geral, as mães se comunicam melhor com os filhos, e todas conhecem a língua de Libras
(OLIVEIRA et al., 2004; DIAS et al., 2005).
Marcon (1999) postula que, a despeito das transformações ocorridas no papel da
mulher e da própria família através das gerações, suscitando o surgimento de novas
práticas relacionadas à criação dos filhos no interior da família, a mulher continua sendo,
na família, a principal responsável pela criação dos filhos. E conforme os estudos
analisados, essa responsabilidade aumenta quando se trata de um filho deficiente ou com
necessidades especiais.
Brito e Dessen (1999) acrescentam que, na presença de uma criança especial, a
mãe é a mais atingida, pois enquanto o envolvimento do pai com a criança tende a
decrescer com o tempo, a responsabilidade da mãe tende a aumentar. Esse cenário pode
trazer consequências sérias para a vida da mãe, resultando em estresse, em seu
isolamento em relação aos demais familiares e vice-versa, podendo levar, inclusive, à
separação conjugal.
Oliveira et al. (2004), Guarinello (2004) e Dias et al. (2005) também apontam a mãe
como o principal suporte dos filhos deficientes, e assinalam que normalmente são elas que
ficam em casa assumindo todas as responsabilidades do lar, o que inclui os cuidados com
o filho que apresenta necessidades especiais. Essa condição frequentemente gera uma
sobrecarga para as mães, sendo normal isso acontecer principalmente em famílias de nível
econômico mais baixo, quando a família não pode contar com uma extensa rede de suporte
57
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
formal.
58
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
59
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
já disponíveis na sociedade.
Brito e Dessen (1999) referem que a primeira necessidade dos familiares de um
surdo é a aceitação da mudança de hábito. É necessário, nesses casos, que a família
procure se adaptar aos acontecimentos, acompanhando as evoluções do filho e seu
desenvolvimento global, buscando saber lidar com as diferenças e aceitar os desafios, para,
dessa forma, conseguir criar e estimular essa criança de forma adequada e afetuosa.
Com relação a esse aspecto, a Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios
da Comunicação (PONTIFÍCIA, 1999) considera necessário o apoio da família, para que o
surdo, principalmente na fase adulta, conquiste sua independência socioemocional por
meio de aquisição da autoconfiança e autossuficiência. Neste sentido, o surdo encontra na
família características semelhantes a sua, fazendo dela uma verdadeira fonte de
informação e referência.
Comunicação em família
É por meio da comunicação que o ser humano se integra, participa, convive e se
socializa. Nesse processo, a família aparece como grande responsável, pois é nela que se
inicia a formação social de um ser humano. Para isso acontecer, é necessário o
estabelecimento de um canal de linguagem comum. Assim, o que normalmente se
desenvolve em uma família de ouvintes torna-se um desafio quando existe um surdo dentro
de casa (ASSOCIAÇÃO..., 1999).
Isso ocorre porque a surdez não pode ser vista ou mesmo entendida pelos ouvintes
em um primeiro momento, o que acaba gerando interferências para o desenvolvimento
social, educacional e emocional do surdo (ASSOCIAÇÃO..., 1999). A surdez, segundo
especialistas, é um dos problemas de saúde mais ignorados do mundo, por falta de
mecanismos eficientes de atenção e de prevenção.
Assim, a relação do surdo com sua família é diferenciada, visto que sua primeira
língua é a de sinais, enquanto que a de seus familiares é a falada e ouvida. Isto nos leva a
compreendermos a surdez dentro da perspectiva de uma diferença.
Goldfeld (1997), ao abordar essa situação, considera o surdo um indivíduo com
língua, cultura e identidade próprias, ou seja, um sujeito bilíngue, sendo a língua materna
a dos sinais e a segunda língua a portuguesa. Desse modo, desde os primeiros anos de
vida o surdo deve ser exposto aos sinais, desenvolvendo assim sua linguagem e sua
cognição.
De acordo com a mesma autora, "mais de 90% dos surdos têm família ouvinte. Para
que a criança tenha sucesso na aquisição da língua de sinais, é necessário que a família
também aprenda a mesma, de forma que a criança possa utilizá-la para se comunicar em
casa" (p. 40).
A participação da família na comunicação do surdo, por meio dos sinais, possibilitará
a esse indivíduo a interação com o mundo e tornará o convívio mais agradável e feliz.
Igualmente essa língua, na educação e nas escolas, vai proporcionar a vivência de uma
realidade bilíngue das relações culturais, institucionais e sociais.
Ainda que se sobressaia a influência social ou escolar sobre o portador de
deficiência, a família necessita conscientizar-se da sua importância para não permitir que a
sociedade interfira no caminho e em decisões que esse indivíduo deve percorrer.
60
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
61
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
62
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
Ainda com relação a esse aspecto, Dias et al. (2005) asseveram que somente o
acesso à língua de sinais, por meio de interações sociais com as pessoas surdas, pode
garantir práticas comunicativas apropriadas ao desenvolvimento pleno, cognitivo e
linguístico das crianças surdas. Bergmann (2001), por sua vez, afirma que, por meio ao
acesso à língua de sinais, os surdos desenvolveram a comunicação, resgataram a sintonia
afetiva com a mãe, a construção de significados e se situaram no mundo. Enfim,
melhoraram até a fisionomia, tornaram-se mais felizes, seus olhos passaram a brilhar,
despertaram para a vida, para o mundo, por entender e sentirem-se entendidos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
63
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
64
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
3.2 BILINGUISMO
65
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
Introdução
66
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
conseguir que todos os seus alunos cheguem a ser membros plenos da comunidade de
leitores e escritores. O bilinguismo permite que, dada a relação entre o adulto e a criança,
esta possa construir urna autoimagem positiva como sujeito surdo, sem perder a
possibilidade de se integrar numa comunidade de ouvintes. A proposta bilíngue possibilita
ao leitor surdo fazer uso das duas línguas, escolhendo a qual irá utilizar em cada situação
linguística.
Língua de sinais
67
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
Por muito tempo, a escola ignorou as especificidades dos alunos surdos, trabalhando
com eles da mesma forma que com os ouvintes, usando os mesmos materiais, bem como
os mesmos métodos, submetendo-os a um processo da língua escrita por meio de uma
prática estruturada e repetitiva, o que resultou restrições de vocabulário, uso de frases
estereotipadas, nas quais faltam os elementos de ligação e dificultam o uso efetivo da
língua. Se a pessoa com surdez não tiver um bom domínio da língua, certamente terá
dificuldades na compreensão de muitas palavras do texto.
Diante do exposto, Terzi comenta que: "(...) a ênfase na decodificação das palavras
independente do seu significado cria, na escola, uma pseudolinguagem para falar da
escrita, produzindo uma ruptura tanto no desenvolvimento da linguagem oral do aluno,
como na linguagem escrita." (1995: 15).
Para que leiam e escrevam, as crianças surdas, assim como todas as outras precisam
ter conhecimento de mundo de forma que possam recontextualizar o escrito e daí derivar
sentido. Necessitam de conhecimento sobre a escrita para que possam encontrar as
palavras, estruturas das orações, assim como para criar estratégias que lhes permitam
compreender textos lidos. Para isso, toma-se necessário descartar o uso de materiais de
leitura de baixo nível apresentados aos alunos surdos, pois assim contribuir-se-á em grande
parte para as dificuldades de leitura que esses apresentam. Friães e Pereira analisaram a
leitura de adolescentes surdos e concluíram que
O argumento de que o aluno surdo tem muita dificuldade de ler faz com que
os professores evitem a atividade e, assim, a leitura vai-se tornando cada
vez mais difícil, limitando-se a textos pequenos, facilitados, tanto semântica
como sinteticamente, empobrecidos e, muitas vezes, não adaptados ao
interesse dos alunos (FRIÃES e PEREIRA, 2000, p. 121-122).
68
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
Considerações Finais
Fica evidente a importância da educação bilíngue para a aprendizagem da criança
surda, sendo fundamental, para isso, que as atividades realizadas sejam adaptadas
conforme necessidades. Diante disso, o aluno surdo precisa de uma metodologia de ensino
própria, sala de aula adequada, em que predomine o visual. É importante perceber que a
pessoa surdez tem as mesmas possibilidades de desenvolvimento da pessoa ouvinte,
precisando as que suas necessidades especiais sejam atendidas.
A língua de sinas torna-se imprescindível para esse processo de aprendizagem, bem
como a língua portuguesa, visto que, a primeira, servirá de mediadora para a segunda, e a
alfabetização será de forma natural, primeiramente entende-se a Libras, e, aos poucos,
associa-se ao português.
É preciso, que a escola, não se preocupe apenas em alfabetizar os alunos surdos,
mas sim, ofereça-lhes condições para que se tornem leitores e escritores, não apenas
codificadores e decodificadores dos símbolos gráficos, apoiando-se menos na relação
oralidade/escrita, e sim, no aspecto visual da escrita como fator relevante no processo de
sua aquisição. Desse modo, teremos surdos alfabetizados em ambas as línguas,
conhecedores de sua cultura, bem como da cultura ouvinte, favorecendo assim o pleno
desenvolvimento desses sujeitos, e a sua participação na saciedade, exercendo seu papel
de cidadão.
69
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
UNIDADE IV
Estude esta
unidade
FONOLOGIA DA LÍNGUA DE SINAIS antes da
tutoria!
70
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
RESUMO
As línguas de sinais que são visuais-espaciais oferecem um campo de análise que se refere
aos possíveis efeitos que a diferença na modalidade pode implicar para as teorias
linguísticas e para as análises discursivas. Neste artigo, vamos nos deter a discutir os
efeitos de modalidade na perspectiva teórica apresentando uma revisão dos estudos
clássicos das línguas de sinais, bem como dos estudos que buscam compreender as
especificidades dessas línguas.
71
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
72
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
apenas simultâneos, mas apresentam uma sequência estrutural, por exemplo, um sinal
pode ter duas CM ou L em uma sequência. Esta proposta tornou possível uma análise do
morfema de concordância consistindo de traços de locação como afixo independente que
é ajuntado ao verbo não especificado para a locação.
Lillo-Martin (1991) apresenta uma análise da sintaxe da língua de sinais com
respaldo no processo de aquisição da linguagem em crianças surdas filhas de pais surdos.
A autora evidencia que a língua de sinais americana é analisável segundo os princípios e
parâmetros propostos pela teoria gerativa. Neidle, Kegl, MacLaughlin, Bahan & Lee (2000)
apresentam a sintaxe da língua de sinais americana. Os autores apresentam marcações
manuais e não manuais como expressões de traços sintáticos abstratos. Desenvolvem uma
análise da estrutura da língua de sinais com base na teoria gerativa. Ferreira-Brito (1995)
apresenta uma breve descrição linguística da língua de sinais brasileira incluindo,
principalmente, alguns aspectos fonológicos e morfológicos.
A autora menciona que o estudo de uma língua em uma modalidade visual-espacial
pode afetar as teorias linguísticas quanto aos preceitos teóricos, quanto à gramática ao se
rever a noção de arbitrariedade, a noção de linearidade e a noção do que seja central em
uma determinada língua (p.11-12). Karnopp (1994, 1999) apresenta um estudo mais
voltado para a representação fonológica da língua de sinais brasileira.
Analisa, inclusive, as implicações de processos fonológicos na aquisição da língua
de sinais brasileira. Quadros (1995, 1999) desenvolve uma análise da estrutura da língua
de sinais brasileira. Sua proposta decorre da classificação dos verbos nesta língua que
apresentam ou não concordância. Quadros e Karnopp (2004) apresentam uma descrição
linguística da língua de sinais brasileira nos níveis fonológico, morfológico e sintático.
73
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
estabelecidos no discurso das línguas de sinais é de como tais pontos podem ser
representados na gramática. Onde estes pontos espaciais (pronomes) são especificados
no léxico?
Lillo-Martin e Klima (1986) propõem uma análise para este problema: há apenas uma
entrada para pronome com locação não específica (uma variável), mas com a interpretação
determinada através do discurso. Liddell (1990, 1995) sugere que os pontos no espaço
devem ser descritos como entidades mentais (pictóricas).
Segundo sua análise, tais entidades não podem fazer parte do sistema linguístico,
pois envolvem espaços reais contendo uma representação mental do objeto/referência em
si. Assim, não há necessidade de definir o locus fonológica e morfologicamente. Além disso,
a concordância verbal deixa de existir enquanto concordância do ponto de vista linguístico.
Rathmann e Mathur (2002) analisam a proposta de Liddell e mostram que o problema se
apresenta considerando os níveis de variação fonética dos locus em línguas de sinais,
sendo eles formal e de determinação de fronteiras.
No primeiro caso, se se estabelecesse um ponto no espaço para JOÃO no lado
esquerdo, se tenta voltar ao mesmo ponto ao referir JOÃO durante o discurso. No segundo
caso, um ponto diferente do ponto estabelecido para JOÃO pode ter um significado
diferente. Uma vez que há correspondência entre o ponto e o referente, cada locus deve
ser listado no léxico.
Apesar de os locus de não primeira pessoas fazerem parte de um conjunto que
apresenta “ligação” dentro do discurso, o critério do léxico que determina listabilidade não
é observado. Assim, o problema de infinitude está relacionado com a listabilidade. Os
autores destacam também evidências linguísticas (e psicolinguísticas) de que concordância
existe na língua de sinais americana. Apesar da existência destes classificadores, parece
que o sistema linguístico é ordenado de forma linear em algum nível que obviamente não
é trivial.
Lillo-Martin (2002) justifica a existência de concordância nas línguas de sinais como
elemento gramatical a partir de vários aspectos linguísticos, entre eles, a autora menciona
os seguintes: as formas para primeira pessoa e não-primeira pessoa são diferentes; a
presença de marcação de número nos verbos apresenta múltiplas formas em diferentes
línguas de sinais; a existência de auxiliar em algumas línguas de sinais que expressam a
relação sujeito-verbo-objeto nas construções com verbos que não marcam concordância.
No entanto, Lillo-Martin destaca que há um tipo de construção, os verbos chamados
de verbos manuais e/ou verbos classificadores, que parece romper com todas as regras na
língua de sinais em todos os níveis de análise (sintático, morfológico e fonológico), uma vez
74
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
75
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
76
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
REFERÊNCIAS
AARONS, D. Aspects of the syntax of American Sign Language. Ph.D. Dissertation, Boston
University, Boston, MA. 1994.
BOUCHARD, D. Sign Languages & Language Universals: The status of Order & Position in
Grammar. Sign Language Studies. 91, 1996, p.101-160.
EMMOREY, k. Repetition Priming with Aspect and Agreement Morphology in American Sign
Language. Journal of Psycholinguistic Sign Language. v.20. n.5. 1991. p. 365-388.
FERREIRA-BRITO, L. Por uma gramática das línguas de sinais. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro/UFRJ, 1995.
FISCHER, S. The Head Parameter In ASL. SLR'87 Papers from The Fourth International
Symposium on Sign Language Research. Lappeenranta, Finland July 15 - 19, 1987. W.H.
Edmondson & F. Karlsson (eds). Volume 10.
SIGNUM - Verlag. Hamburg. 1990. p.75-85. FISCHER, S. Verb Inflections in American Sign
Language and Their Acquisition by the Deaf Child. Paper presented at The Winter Meeting of the
Linguistic Society of America. [s.l] [s.n.]. 1973.
FROMKIN, V. & RODMAN, R. An Introduction to Language. Forth Worth: 5. ed., Harcourt Brace
Jovanovich College, 1993.
LIDDELL, S. Four Functions of a Locus: Reexaming the Structure of Space. In ASL. In Sign
Language Research - Theorical Issues. Gallaudet University Press. Washington. 1990. p. 176-200.
LIDDELL, S. American Sign Language Syntax. Mouton Publisher. The Hague. 1980. LILLO-
MARTIN, D. One syntax or two? Sign Language and Syntactic Theory. In Glot International. (to
appear)
77
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
LILLO-MARTIN, D. Where are all the modality effects? In MEIER, R. P.; CORNIER, K A; QUINTO,
D. G. (eds.) Modality and Structure in Signed Language and Spoken Language. Cambridge:
Cambridge University Press. 2002.
LILLO-MARTIN, D. C. Studies of American Sign Language Syntax and the Principles and
Parameters of Universal Grammar. In SLR'87 Papers from The Fourth International Symposium on
Sign Language Research. Lappeenranta, Finland July 15 - 19, 1987. v.10.
PADDEN, C. The Relation Between Space and Grammar in ASL Verb Morphology. Sign Language
Research - Theorethical Issues. Gallaudet University Press. Washington. 1990. p.118-132.
PETRONIO, K. A focus position in ASL. MIT Working Papers in Linguistics. 14:211-225. Department
of Linguistics and Philosophy of MIT. 1991.
PETRONIO, K. & LILLO-MARTIN, D. WH Movement and the Spec of CP: Evidence from American
Sign Language. Language. Volume 73. Number 1. 1997. p.18-57
PETITTO, L. On the Autonomy of Language and Gesture: Evidence from the Acquisition of Personal
Pronouns in American Sign Language. Cognition, vol. 27. 1987. p.1-52.
QUADROS, R. M. de. Phrase Structure of Brazilian Sign Language. Tese de Doutorado. PUC/RS.
Porto Alegre. 1999.
QUADROS, R. M. de. As categorias vazias pronominais: uma análise alternativa com base na língua
de sinais brasileira e reflexos no processo de aquisição. Dissertação de Mestrado. PUCRS. Porto
Alegre. 1995.
QUADROS, R. M. de. Educação de surdos:a aquisição da linguagem. Artes Médicas. Porto Alegre.
1997.
78
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
RATHMANN, C. and MATHUR, G. Is verb agreement the same cross-modally? In . MEIER, R. P.;
CORNIER; K. A.; QUINTO, D. G. (EDS.) Modality and Structure in Signed Language and Spoken
Language. Cambridge: Cambridge University Press. 2002.
SHEPARD-KEGL, J. Locative relations in American Sign Language Word Formation, Syntax, and
Discourse. Ph.D. Dissertation. MIT. 1985.
SMITH, W. Evidence for Auxiliaries in Taiwan Sign Language. SLR'87 Papers from The Fourth
International Symposium on Sign Language Research. Lappeenranta, Finland July 15 - 19, 1987.
v.10.
STOKOE, W. Sign and Culture: A Reader for Students of American Sign Language. Maryland:
Linstok Press, 1960.
SUPALLA, T. Structure and Acquisition of Verbs of Motion and Location in American Sign Language.
Ph.D. Dissertation, University of California, San Diego. 1982.
SUPALLA, T. The classifier system in ASL. In CRAIG, C. (ORG.). Noun classes and categorization:
Typological studies in language. Philadelphia: John Benjamin Publishing Co. 1986.
5 INTÉRPRETE DE LIBRAS
79
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
RESUMO
Este estudo pretende elucidar a concepção dos Intérpretes de Língua de Sinais (ILS) acerca
do processo de escolarização do aluno surdo. Traçando o perfil do ILS; analisando o que
entendem por inclusão do surdo; descrevendo quem é o aluno surdo incluso na percepção
dos ILS; compreendendo como entendem a escola inclusiva para o surdo e elucidando qual
o papel do ILS na educação do aluno surdo. Realizado no primeiro semestre de 2010, de
natureza qualitativa, especificamente estudo de caso. Os sujeitos foram três ILS da cidade
de Teresina-PI. Foi utilizada a entrevista semiestruturada, obtendo assim as percepções
dos ILS sobre o processo de escolarização do aluno surdo, e por meio da análise de suas
falas apontaram suas percepções do processo de escolarização do aluno surdo incluso na
escola regular. Obtivemos como resultados dados que apresentam a fragilidade da atual
política de inclusão no Piauí; um retrato das salas de aulas desprovida de recurso para
proporcionar a inclusão. Nosso referencial teórico são autores que estudam a Inclusão;
Educação Especial e Surdez, alguns deles são: Sá (2009); Baptista (2008); Strobel (2008);
Skliar (2007); Soares (2005); Rosa
(2005).
PALAVRAS-CHAVE: Educação Inclusiva; Surdez; Intérprete de Libras.
INTRODUÇÃO
16
Bacharel em Enfermagem pela Faculdade NOVAFAPI; Professor da Faculdade de Educação São Francisco,
Pedreiras-MA; Colaborador da Pesquisa.
80
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
REFERENCIAL TEÓRICO
81
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
82
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
METODOLOGIA
Este estudo foi realizado no primeiro semestre de 2010 e para a concretização dos
objetivos deste estudo, utilizamos o enfoque qualitativo, uma vez que, nesse processo, o
próprio objeto a ser pesquisado requer urna análise a partir das subjetividades dos sujeitos
que estão inseridos num contexto histórico específico, justificamos nossa opção por esse
método por apresentar a melhor relação do sujeito pesquisador com a subjetividade dos
sujeitos pesquisados e o conhecimento a ser construído, como comenta Chizzotti (1988
p.79), quando nos diz que a abordagem qualitativa é uma relação dinâmica entre o mundo
real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto.
Optamos pela pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso, por ser um mecanismo
que possibilita a apreensão do conhecimento humano gerado constantemente nas relações
que se constituem em uma pesquisa. André (2005) explica que o conhecimento gerado a
partir de um estudo de caso é diferente do conhecimento derivado de outras pesquisas,
porque o conhecimento gerado pelo estudo de caso configura-se como um eco em nossa
experiência, sendo vivo e concreto.
Os sujeitos desta pesquisa são três ILS. Escolhidos pelos seguintes motivos:
pessoas de fácil acesso; participantes da comunidade surda em Teresina, na militância por
direitos dos surdos; atuarem, como ILS. Os mesmos foram convidados a escolher o nome
de uma ave como o seu nome fictício, e são eles: Pardal; Xexéu e Beija-Flor.
O instrumento utilizado foi: entrevista semiestruturada. André (2005) afirma que o
uso da entrevista semiestruturada representa um momento de uma dinâmica para o grupo
ou para as pessoas pesquisadas.
DESENVOLVIMENTO
O primeiro sujeito é beija-flor, do sexo feminino, reside nas cidades Teresina e Picos,
solteira, não possui filhos, declara-se professor/Intérprete, têm 26 (vinte e seis) anos de
idade, portadora de diploma de curso superior pela Universidade Federal do Piauí- UFPI,
no curso de Licenciatura em Pedagogia no ano de 2008, com pós-graduação em LIBRAS
pelo Instituto Federal do Piauí - IFPI, no ano de 2009. Atualmente é professora da UFPI no
campus Senador Helvídio Nunes de Barros, na cidade de Picos- P1. Em sua carteira de
trabalho não existe registro de contrato como Intérprete de Língua de Sinais e sua atuação
nesta função é na maior parte das vezes de cunho particular.
O segundo sujeito é Xexéu, mora em Teresina, do sexo masculino, solteiro, não
possui filhos, têm 29 (vinte e nove) anos de idade, declara-se professor/intérprete.
Atualmente trabalha na Unidade Escolar Matias Olimpio, onde atua como coordenador do
ensino de surdos. Formado em Licenciatura Plena em Física, pela Universidade Estadual
do Piauí (UESPI), no ano de 2004. Pós-graduado em LIBRAS pelo UFPI no ano de 2009.
Em sua carteira de trabalho não existe registro de contratação como Intérprete de Língua
de Sinais. Sua atuação de interpretação concentra-se na rede pública de ensino.
O terceiro sujeito é Pardal, mora em Teresina, do sexo masculino, não possui filhos,
declara-se Professor/ Instrutor! Intérprete. Têm 24 (vinte e quatro) anos de idade.
Atualmente trabalha na rede municipal de ensino de Teresina como professor de inglês.
83
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
84
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
nossa pesquisa apresentam duas linhas de pensamento, uma que considera que os alunos
estão sendo incluídos; outra que não, pois não percebe a inclusão e, sim, a integração.
Pardal acredita que a inclusão está acontecendo de fato e para ser consolidada é questão
de tempo, pois não acredita que um movimento dessa magnitude possa ser avaliado em
tão pouco tempo. Acredita que os alunos incluídos na escola podem provocar decisões
quanto às estratégias traçadas pelo corpo escolar para proporcionar a inclusão de seus
alunos.
Beija-flor e Xexéu apresentam ideias que nos levam a perceber que o modelo atual
de inclusão não possibilita a verdadeira inclusão. Nos discursos foi possível perceber que
esse modelo é visto por eles como uma integração disfarçada. Eles chegaram a relatar
divers6s casos em que professores ministram aulas sem nenhum conhecimento das
metodologias adequadas aos alunos surdos e sem conhecerem nada sobre Libras, casos
de castigos por não realizarem a escrita de acordo com a gramática vigente, fatos esses
que os impede de propiciar a esses alunos uma chance de desenvolver seu raciocínio como
os alunos ouvintes.
Afirmam que até mesmo para irem para o intervalo, os alunos surdos são
dependentes dos ouvintes, não existindo mecanismos para sua autonomia. Podemos
perceber o descontentamento com a instituição escolar, pois mesmo no discurso mais
otimista fica claro que a inclusão ainda não acontece, sendo concedido aos sujeitos apenas
a esperança do provável dia "D" para alunos surdos e demais portadores de necessidades
educacionais especiais. Enquanto isso, os demais grupos marginalizados silenciosamente
pela força da autoridade pedagógica da escola esperam com resignação e paciência a
efetivação de seus direitos como seres humanos.
Felipe (2006); Rosa (2005) nos mostram que a profissão de Intérprete de Libras
nasceu no convivo com o surdo, no seio familiar, vizinhos, amigos e demais pessoas com
contato com o surdo, mostram também quem que em raros casos acontece de o sujeito
mover-se a realização desta tarefa sem que exista um motivo concreto para tal fato.
Objetivando também descobrir quem são os intérpretes de Língua de Sinais,
analisamos as suas falas, e nos foi possível perceber que em cada um dos sujeitos
aconteceu algo diferente em sua formação profissional, vejamos. Xexéu diz que escolheu
ser intérprete de Libras, sendo motivado pela disciplina ondas sonoras, do fluxograma de
seu curso de Licenciatura em Física. Motivo que o levou a estudar ondas sonoras em
aparelhos de auxílio a audição em surdos que possuem grau leve de surdez. Desde então
entrou em contato com a comunidade surda e pretende ser ILS por muito tempo e em um
futuro deseja não mais desempenhar essa função, deseja trabalhar na formação de novos
intérpretes.
Pardal tornou-se intérprete por conta de um irmão surdo, relata que desde sua
infância que não gostava de ver seu irmão excluso das diversas situações e tentava sanar
o problema (sem saber este sujeito estava usando mecanismos do método da
Comunicação Total). Depois de algum tempo fez curso de intérprete e com muito contato
com a comunidade surda, desempenha a função que hoje tem. E pretende ser até o fim de
sua vida.
Beija-flor não escolheu e veementemente não se denomina intérprete. Diz que é
professora, e ressalta que em muitas ocasiões sente-se até incomodada com essa função
a ela atribuída. Pelo motivo de relacionar-se bem com a comunidade surda, foi eleita como
intérprete pelos próprios surdo.
Curiosos perceber que os estudos de Rosa (2005) elucidam os três casos
apresentados, onde relata a não profissionalização do intérprete, sendo este o principal fato
que dificulta a inclusão dos surdos. Os cinco maiores problemas elencados pelos sujeitos
são: i° Não profissionalização do Intérprete; 2°- A falta de regulamentação da profissão; 3°-
A falta de um sindicato ou organização onde estes possam se agrupar; 4°A baixa
remuneração, ou a não remuneração (em muitos dos casos o serviço é encarado como
caridade), o que ocasiona o não investimento na própria formação; 5°- A falta de
85
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
reconhecimento social.
Quanto ao papel do Intérprete na Educação do Surdo essa questão foi muito clara
na fala de todos os sujeitos da pesquisa, e a função do intérprete para eles vai além da
ideia de ponte de ligação entre pessoas de cultura e língua diferentes. Percebem o
profissional intérprete como alguém responsável pelo fomento de atitudes positivas em
relação à inclusão, provocando o envolvimento de todos os sujeitos da equipe pedagógica
da escola, professores, alunos, servidores e pais, para conhecer o que é inclusão e assim
ocasionar a valorização do diferente e não as ideias de normalização dos conceitos de ser
aceitável.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A história mostra que as relações entre surdos e ouvintes têm sido de apropriação e
controle das pessoas ouvintes. Nesse sentido de apropriação o intérprete, por ser ouvinte,
pode "colonizar" no momento da interpretação, remetendo o surdo à situação de submissão
usual, com o grupo hegemônico ouvinte administrando a identidade das pessoas surdas.
Os intérpretes participantes desta pesquisa, não optaram diretamente por ser
intérpretes, aconteceu por situações familiares, ou no percurso da vida profissional
enveredaram por esse caminho. Ressaltando que nenhum deles desempenha apenas essa
função, todos são professores e de modo esporádico ou simultâneo exercem a
interpretação. Eles percebem os surdos como um sujeito batalhador por seus direitos.
Entretanto aparece também a ideia de vítima social, fruto de uma política de falsa inclusão,
que busca o barateamento da educação.
A importância do intérprete como participante do processo de escolarização e da
conquista de espaço da comunidade surda dentro do ambiente escolar, é o ponto base para
que aconteça a inclusão do aluno surdo nas escolas de ensino regular, e sua atuação deve
procurar conduzir o surdo à autonomia. E sua função vai muita além da ideia de ligação,
pois transpassa a noção de integração chegando à política social da inclusão, sendo assim
um grande responsável pela aceitação do surdo na comunidade escolar.
Com todas essas informações podemos concluir que ser ILS ainda é uma profissão
nova e necessita de mais estudos. É urgente que o Estado e demais organizações façam
intervenções para proporcionar formação de TSL de alta qualidade, pois isso implica
diretamente na qualidade do ensino oferecido aos surdos, e ao longo dos anos, a formação
de uma consciência política livre de alienações. Atualmente, qualquer sujeito pode declarar-
se Intérprete de Libras, justo pelo fato do único exame nacional para a proficiência não ser
requisito para tal titulação.
Atualmente, o Intérprete de Libras é a grande chave para a inclusão do surdo,
ultrapassando a ideia de inclusão na sala de aula, possibilitando o surdo ser incluso junto
ao livro didático, aos trabalhos em grupo, as brincadeiras, aos colegas de colégio,
funcionários, docentes, equipe pedagógica e todos os que formam o espaço escolar.
REFERÊNCIAS
_______. Decreto N. 5.626. Regulamenta a Lei n. 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre
a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei n. 10.098, de 19 de dezembro de 2000.
Publicada no Diário Oficial da União em 22/12/2005.
86
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
ALBRES, Neiva de Aquino; NEVES, Sylvia Lia Grespan (Orgs.). Libras em estudo: formação de
profissionais. São Paulo: FENEIS, 2013. (Acervo Virtual).
ALMEIDA, M. A. A criança deficiente e a aceitação da família. Rio de Janeiro: Nova Era, 1993.
ALMEIDA, Nancy, Vinagre Fonseca de; GIL, Maria Stella Coutinho de Alcântara. Contribuições para
a estimulação do desenvolvimento de bebês de risco. São Carlos: EdUFSCar, 2010.
ANDRÉ, Marli. E. D. A. de. Estudo de caso em pesquisa e avaliação educacional. Brasília, vol.
13, 2005.
BARTHES, Roland. Aula: aula inaugural da cadeira de semiologia literária do colégio de França.
Tradução e posfácio de Leyla Perrone Moisés. l4. ed. São Paulo: Cultrix, 2007.
BOTELHO, Paula. Linguagem e Letramento na educação dos Surdo. Belo Horizonte: Autêntica,
2002.
BRASIL, Decreto n.° 5626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei n.° 10.436, de 24 de
abril de 2002, que dispõe sobre a língua brasileira de sinais - libras, e.o artigo 18 da Lei n.° 10.098,
de 19 de dezembro de 2000. Brasília: Fernando Haddad, 2005.
BRASIL, Lei n.° 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a língua brasileira de sinais - libras e
dá outras providências. Brasília: Paulo Renato Souza, 2002.
BRITO, A. M. W.; DESSEN, M. A. Crianças surdas e suas famílias: um panorama geral. Psicologia:
Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 12, n. 2, p. 429-445, 1999.
87
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
CAGLIARI, Luiz Carlos. Noções básicas: fonética e fonologia. In:Análise fonológica: Introdução à
teoria e à prática, com especial destaque para o modelo fonêmico.
Campinas: Mercado de Letras, 2002, p. 17-50.
CASELLI, Maria Cristina; VOLTERRA, Virginia. From communication to language in hearing and
deaf children. In: VOLTERRA, Virginia; ERTING, Carol J. (Eds.).
CASTRO, Alberto R.; CARVALHO, Ilza S. Comunicação por língua brasileira de sinais. 4. ed.
Brasília: SENAC, 2011.
CASTRO, R. G. Libras: urna ponte para comunicação entre pais ouvintes e filhos surdos. 1999.
Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Educação Especial Infantil e Fundamentai)—
Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 1999.
DE PAULA, L. S. B. Cultura escolar, cultura surda e construção de identidades na escola. Rev. Bras.
Ed. Esp., Marília, v.15, n.3, p.407-416, Set.-Dez. 2009.
DIZEU, Liliane Correia Toscano de Brito.; CAPORALI, Sueli Aparecida. A língua de sinais
constituindo o surdo como sujeito. Educação e Sociedade, Campinas, v. 26, n. 91, maio/ago. 2005.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdt7es/v26n91/a14v2691.pdf. Acesso em: 10 out. 2007.
EAGLETON, Terry. A ideia de Cultura. São Paulo: Editora UNESP, 2005.
FARIA, L. M. et al. A cultura escolar como unidade de análise. Educação e Pesquisa, v.30, n.1, p.
38- 49 , 2004.
FERNANDES, S. Educação bilíngüe para surdos: trilhando caminhos para a prática pedagógica.
Curitiba: SEED, 2004.
FERREIRA BRITO, Lucinda. Integração social & educação de surdos. RJ.: Babel, 1993. -------------
--Por uma gramática de Língua de Sinais. Rj.: Tempo Brasileiro, 1995.
FERREIRA, Lucinda. Por uma gramática da língua de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,
2010.
FERREIRA, W. B.; BERTOLDO, M. E. J.; MOITA, FM. Reflexões da presença de uma criança
deficiente auditiva na (dês) organização intrafamiliar. Temas Desenvolv., São Paulo, v. 4, p. 17-24,
2003.
88
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
From gesture to language in hearing and deaf children. Washington, D.C.: Gallaudet University
Press, 1994.
GESSER, Audrei. Libras? Que língua é essa?: crenças e preconceitos em torno da língua de sinais
e da realidade surda. São Paulo: Parábola,2009.
GOMES, H. G. Educação para família: uma proposta de trabalho preventivo. Rev. Bras.
GURGEL, Taís Margutti do Amaral. O papel do instrutor surdo na promoção da vivência da língua
de sinais por crianças surdas. 2004. 90€ Dissertação de Mestrado em Educação. Universidade
Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 2004.
KRISTEVA, Julia. Le langage, cet inconnu. Une initiation d Ia lingüistique. Paris: Éditions du Seuil,
1981.
KUBASKI, C.; MORAES, V. P.. O bilinguismo como proposta educacional para crianças surdas. In:
IX Congresso Nacional de Educação – EDUCERE. III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia,
2009, Curitiba. Anais... Curitiba: PUC-PR, 2009, p.3413-3419.
LACERDA, C.B. F. A família ouvinte de sujeitos surdos: reflexões a partir do contato com a língua
de sinais. Temas Desenvolv., São Paulo, v. 67, n. 12, mar./abr. 2003.
LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de. O interprete de língua de sinais no contexto de uma sala de
aula de alunos ouvintes: problematizando a questão. In: GOES, Maria Cecília Rafael de (Org.).
Surdez: processos educativos e subjetividade. São Paulo: Lovise, 2000a. Cap.4: p. 51- 84.
LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de. Os processos dialógicos entre aluno surdo e educador
ouvinte: examinando a construção de conhecimentos. 1996. 165€ Tese de Doutorado em Psicologia
da Educação. Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1996.
LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de; LODI, Ana Claudia. O desenvolvimento do narrar em
crianças surdas: 'o contexto do grupo e a importância da língua de sinais. Temas sobre
desenvolvimento, São Paulo, v. 15 (85-86), 2006.
LERNER, D. Ler e escrever na escola: o rela, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed,
2002.
89
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
LODI, A. C. B. Plurilinguísmo e Surdez: Uma leitura bakhtiniana da história da educação dos surdos.
Educação e Pesquisa, São Paulo, v.31, n.3, p.409-424, set/dez. 2005.
MENDES, Enicéia Gonçalves. A radicalização do debate sobre inclusão escolar no Brasil. Revista
Brasileira de Educação, v. 11 n. 33, 2006.
MOURA, Maria Cecília de; LODI, Ana Claudia Balieiro.; HARRISON, Kathryn Marie Pacheco.
História e Educação: o surdo, a oralidade e o uso de sinais. In: LOPES FILHO, Otacílio. (Ed.) .
Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Editora Roca, 1997.
NEGRELLI, M. E. D,; MARCON, S. S. Família e criança surda. Ciênc Cuid e Saúde. 2006;5(1):98-
107.
OLIVEIRA, R. G. et al. A experiência de famílias no convívio com a criança surda. Rev. Acta
Scientiarum, Maringá, v.26,ri. 1, p. 183-191, 2004.
OLIVEIRA, Zilma deMoraes; MELLO, Ana Maria; VITÓRIA, Teima; FERREIRA, Maria Clotilde.
Creches: crianças, faz de conta & cia. Petrópolis: Editora Vozes, 1993.
PEREIRA, M.C.C. Aquisição da língua portuguesa por aprendizes surdos. In: Seminário
90
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
Desafios para ,o próximo milênio. Rio de Janeiro: INES, Divisão de Estudos e Pesquisas, 2000.
p.95-100.
PERLIN, G. Identidades surdas. In: SKLÍAR, C. A surdez: tm olhar sobre as diferenças. Porto Alegre:
Editora Mediação, 1998.
PERLIN, Gladis. Cultura Surda: um jeito próprio de perceber o mundo. Santa Cruz do Sul,
PERLIN, Gladis. Identidade Surda e Currículo. In: LACERDA, C. B. F. de; GÓES, M. C. R. de (Org.).
Surdez: processos educativos e subjetividade. São Paulo: Lovise, 2000.
QUADORS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Porto Alegre: Artrned, 2004.
QUADROS, Ronice M.; KARNOPP, L. B. Língua de sinais brasileira: estudos linguísticos. Porto
Alegre: Artmed, 2004.
RAMOS, Clélia Regina & GOLDFELD, Marcia. "Vendo Vozes: os passos dados na direção da
realização de um programa de televisão para crianças surdas" in GELES número 6, Ano 5,
Babel,1992.
RAMOS, Clélia Regina. LIBRAS: A Língua de Sinais dos Surdos Brasileiros. Editora Arara Azul
Ltda, Petrópolis, Rio de Janeiro, mai., 2004. Disponível em http://www.editora-arara-azul.com.br/
REIS, Vania Prata Ferreira. A criança surda e seu mundo: o estado-da-arte, as políticas e as
intervenções necessárias. Dissertação de mestrado (n.p.). Vitória: Universidade Federal do Espírito
Santo, 1992.
REVISTA NOVA ESCOLA. Ano VIII. Número 69. Setembro de 1993. S.P.: Fundação Victor Civita.
ROSA. A. M. (Res) significando a questão da linguagem no trabalho com a criança surda. São
Paulo: Editora Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2005.
SÁ, Nídia Regina Limeira de. Cultura, Poder e Educação de Surdos. São Paulo: Paulinas, (2009).
91
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
SACKS, Oliver. Vendo vocês: uma jornada pelo mundo dos surdos. Rio de Janeiro: Imago, 1990.
SALLES. H. et ai. Ensino de língua portuguesa para surdos: caminhos para a prática
pedagógica. Secretaria de Educação Especial, MEC/SEESP, Brasília, lv. 2007. SKLIAR, C. B
(Org.) Educação e exclusão: abordagem sócio antropológica da educação especial. Porto
Alegre: Média; 2007.
SÁNCHEZ,C. La adquisición de Ia língua escrita sin mediación lingua oral. Caracas: OEA,
1989.
SANTANA, Ana Paula. et al. O estatuto simbólico dos gestos no contexto da surdez. Psicologia em
Estudo, Maringá, v. 13, n. 2, abr./jun. 2008.
SANTANA, Ana Paula. Surdez e Linguagem. Aspectos e implicações neurolinguísticas. 3 ed. São
Paulo: Plexus, 2007.
SANTOS, L. F.; GIL, M. S. C. A.. Do gesto ao sinal na Educação Infantil: o aprendizado de Libras
por crianças surdas. ReVEL, v. 10, n. 19, 2012. [www.revel.inf.br].
SANTOS, Lara Ferreira dos. O instrutor surdo em uma escola inclusiva bilingue: sua atuação junto
aos alunos surdos no espaço da Oficina de Língua Brasileira de Sinais. Dissertação de Mestrado
em Educação. Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 2007.
SILVA, Thais Cristófaro. Fonética e fonologia do português. São Paulo: Contexto, 2009.
SKLIAR, C. Discursos y práticas sobre a deficiência y normalidad. Lãs exclusiones del lenguaje,del
grupou de la Mente. In: GENTILI, P. Códigos para Ia ciudadania. La formación ética como prática
de Ia libertad. Madrid/Buenos Aires: Santillana, 2000.
SKLIAR, C. Um olhar sobre o nosso olhar acerca da surdez e das diferenças. In: ______. A surdez:
um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Editora Mediação, 1998. p. 7-32.
SKLIAR, C., et al., El acesso de los niõs sordos AL bilinguismo y AL biculturalismo. Ver. Infância y
aprendizagem. 69/70. Madrid. 1995.
SOARES, Fabiana Martins Rodrigues; LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de. O aluno surdo em
escola regular: um estudo de caso sobre a construção da identidade. In: GÓES, Maria Cecília Rafael
de; LAPLANE, Adriana Lia Friszrnan de (Org.). Políticas e práticas de educação inclusiva.
Campinas: Autores Associados, 2004.
SOARES, Maria Aparecida Leite. História da Educação dos surdo no Brasil. - 2. Ed. Campinas,
SP: Autores Associados, 2005.
92
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
SOUZA, Deisy das Graças de. O conceito de contingência: um enfoque histórico. Temas em
Psicologia da SBP, v. 8, n. 2, 2000.
SOUZA, R. M. Que palavra te falta? Lingüística, educação e surdez. São Paulo: Martins
Fontes,1998.
STELLING, E. P. A relação da pessoa surda com sua família. Revista Espaço, Rio de Janeiro, n.
II, p. 45-47,1999.
STOKOE, W. C. Semiotcs and human sign language. Mouton: The Hague: 1972.
STROBEL, Karin Lflian. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Ed. Da UFSC,
2008.
TURA, M.L.R. A cultura escolar e identidade. Revista Espaço, Rio de Janeiro: INES, n.16, p.15-19,
2001.
TURETTA, Beatriz Aparecida Reis. A criança surda e seus interlocutores num programa de escola
inclusiva com abordagem bilíngue. 2006. 90€ Dissertação de Mestrado em Educação. Universidade
Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 2006.
VELOSO, Eden; MAIA FILHO, Valdeci. Aprenda libras com eficiência e rapidez. v.1; 2. Curitiba:
Autores Paranaenses, 2010.
WOLL, Bencie. "Historical and comparative aspects of British Sign Language" in Sgn and school:
using Signs in deaf ('hildren Development. Clevendon.: Multilingual Matters Ltd., 1987.
WRIGLEY, O. The politics of deafness. Washington: Gallaudet University Press, 1996.
WRIGLEY, Owen. The politics of deafness. Washington: Gallaudet University Press, 1996.
ZAMPIERI, Marinês Amália. Professor ouvinte e aluno surdo: possibilidades de relação pedagógica
na sala de aula com intérprete de LIBRAS - língua portuguesa. 11 O Dissertação de Mestrado em
Educação. Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 2006.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/tradutorlibras.pdf - O intérprete de LIBRAS
93
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
www.ines.gov.br/Pagimas/biblioteca.asp
www.ines.gov.br/ines_livros/livro.html
www.editoraarara-azul.com.br.
www.seed.pr.gov.br
www.mec.gov.br
www.acessobrasil.org.br
www.editora-arara-azul.com.br
ANEXO
94
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
95
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
96
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
97
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
98
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
99
LIBRAS
Graduação em Pedagogia
100