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Curso de Graduação em Psicologia

Professor: Ma. Jéssica Pascoalino Pinheiro


Disciplina: Cidadania e Direitos Humanos

Direitos Humanos e a Cultura de Paz

Discentes:
Samuel Silva Pontes
Maria Tailane de Freitas Silva

ITAPIPOCA – CEARÁ
2023
INTRODUÇÃO
Os direitos humanos estão associados aos direitos sociais básicos, bem como, à cultura
de respeito à dignidade da pessoa humana, mediante a promoção e a vivência dos valores
da liberdade, da justiça, da igualdade, da solidariedade, da cooperação, da tolerância e da
paz. A cultura de paz busca promover o respeito mútuo, a não violência e a cooperação
entre os indivíduos e as sociedades.
Construir uma Cultura de Paz é gerar as transformações necessárias para que a paz seja o
norteador de todas as relações humanas e sociais, no sentido de promover a convivência
com a diferença e o respeito. São mudanças que vão desde a dimensão dos valores,
atitudes e estilos de vida até a estrutura econômica, jurídica e a participação cidadã.
Desenvolver a Cultura de Paz supõe trabalhar de forma integrada no intuito das grandes
mudanças desejadas pela humanidade – justiça social, igualdade entre os sexos,
eliminação do racismo, eliminação do ageísmo, tolerância religiosa, respeito às minorias,
educação e saúde integral, equilíbrio ecológico e liberdade política.
É necessário que o psicólogo social consiga romper várias barreiras para atingir seu
objetivo de contribuir para uma sociedade melhor, pois o meio social se encontra cheio
de entraves para que se alcance um serviço público igualitário, integral e universal. ,
percebe-se a importância da Psicologia Social não somente como produtora de
conhecimentos a respeito dos indivíduos e suas interações, como também atuante
determinante na própria sociedade, devendo tratar-se de uma atuação que ajude pessoas
e diminua o impacto das desigualdades ou, quem sabe, reduza as próprias desigualdades
sociais.

DESENVOLVIMENTO
A liberdade, a igualdade, a tolerância, a dignidade e respeito (independente de raça, cor,
etnia, credo religioso, inclinação política partidária
ou classe social) são preceitos fundamentais no entendimento dos direitos
humanos (ONU, 1948). Para Bobbio (2004), os direitos do homem começaram
como direitos naturais universais, mas foram se desenvolvendo como direitos
positivos particulares, para só depois passarem a ter sua plena realização como
direitos positivos universais. Segundo Flores (2010), é preciso superar a ideia de que
direitos humanos são apenas prescrições veiculadas em tratados e convenções
internacionais.
Faz-se necessário transformar a realidade em busca de uma efetivação da
dignidade do ser humano, e esta será alcançada com o acesso igualitário e não
hierarquizado aos bens necessários para uma vida digna. Daí a ideia de que os
direitos humanos surgem como fruto das lutas sociais.
No que se refere a Cultura da Paz, é gerar as transformações necessárias para que a paz
seja o norteador de todas as relações humanas e sociais, no sentido de promover a
convivência com a diferença e o respeito. São mudanças que vão desde a dimensão dos
valores, atitudes e estilos de vida até a estrutura econômica, jurídica e a participação
cidadã.
Com o passar do tempo, viu-se que a Cultura da Paz, entendida como a ausência de
conflitos, não garantia a convivência harmônica entre as nações. Havia diversos pontos
que precisavam de uma reflexão mais detalhada por influenciar, direta ou indiretamente,
na geração de situações de conflito. Dentre outros, se apontavam a existência de estruturas
sociais e econômicas injustas capazes, por elas mesmas, de provocar as mais diversas
formas de confrontos, enfrentamentos e revoltas sociais.
No Brasil, após anos de ditadura militar, que teve como uma das
características a supressão de direitos e liberdades, torturas e detenções
arbitrárias, iniciou-se por volta de 1985 um processo de transição lenta e gradual
ao regime democrático, com a mobilização e articulação de novos atores e
movimentos sociais que lutaram por suas reivindicações. Todo esse processo
culminou com a promulgação da Constituição Brasileira em 1988 (PIOVESAN,
2009).
A Constituição de 1988 legitimou a democracia participativa e, segundo
Gonçalves (2010) um dos grandes desafios à Psicologia é o de provocar a
participação dos indivíduos e o controle social das políticas rumo à
transformação social que tem como norte a garantia dos direitos humanos.
No entanto, no Brasil, a Psicologia surgiu como área de produção de
conhecimento e de atuação profissional comprometida com a ideologia
dominante e com as elites do país.
Segundo Santos (2014), a Psicologia e os Direitos Humanos aproximam-se entre si à
medida que ambos trabalham com seres humanos e suas várias
condições, situações e contextos. Neste sentido, como o objeto de trabalho das
duas áreas é o ser humano, a dignidade humana é eixo norteador dos Direitos Humanos,
além de ser uma meta importante para a Psicologia. Para o autor, a
intervenção psicológica pode contribuir de forma direta com a efetivação dos
direitos humanos, porque pode garantir o direito, assim como prevenir, identificar
e tratar violações de direitos humanos. Este diálogo, portanto, pode proporcionar
a construção de uma sociedade mais justa, visando o respeito da dignidade
humana.
A PRÁTICA DA NÃO-VIOLÊNCIA
A busca por uma Cultura de Paz se faz no dia a dia e engloba a negação de práticas
violentas para a resolução de conflitos, de sorte que não se esgota na inércia da mera
passividade. Em outras palavras, a Cultura de Não-violência é pressuposto básico para
que se promova uma Cultura de Paz, e a metodologia de ação para que se construa um
mundo de paz. Fazendo um breve passeio pela história, afirma-se que a não-violência
renasceu com Gandhi, na luta pela independência da Índia; já nos Estados Unidos, a
bandeira da não violência foi erguida por Martin Luther King, objetivando combater a
discriminação racial que assolava o país; no Brasil e na América Latina, o foco inicial é
garantir a aplicação das leis que dialogam com a Declaração Universal dos Direitos do
Homem (CARDEAL ARNS, 1977), além de ter sido, no Brasil especificamente, a maior
arma contra a ditadura militar .
Nesta perspectiva, uma Cultura de Não-Violência não se esgota apenas em uma
perspectiva de pacifismo. Para além disso, o promotor de uma Cultura de Não-Violência
e, portanto, um militante da causa, não se limita a apenas negar a violência como meio de
resolver conflito. Ele também atua no sentido de combater a violência e as injustiças que
o circundam. A não-violência é, nesse sentido, uma estratégia de luta e de militância, uma
forma de batalhar pela paz, sem negá-la.
Segundo Hamilton Faria (2002), a busca por uma Cultura de Paz e de Não-Violência não
pode se esgotar apenas na rejeição da violência. É preciso mais que isso. Em suas
palavras, não há de se rejeitar apenas: “a violência criminalizada, passível de condenação
judicial, mas também aquela naturalizada, não reconhecida pelos cidadãos, que passa
distante do processo e da punição.”
Considerando isso, pode-se afirmar que a Psicologia tem ferramentas para o trabalho de
redução de conflitos, comunicação não violenta, habilidades sociais e emocionais, de
forma a garantir a segurança social e a paz.
A Psicologia pode contribuir para a reconciliação e o (re)estabelecimento de confiança
entre pessoas e grupos; apoiar formalmente processos diplomáticos para a paz;
implementar políticas e práticas de inclusão e justiça social; desenvolver e implementar
programas de desenvolvimento educativo, social e de saúde sensíveis às dinâmicas do
conflito/paz.
É a Saúde Psicológica que permite às pessoas realizar as suas capacidades e potencial,
lidar com o estresse, trabalhar produtivamente e contribuir ativamente para a sua
comunidade. Os Psicólogos e Psicólogas podem contribuir para o desenvolvimento destas
estratégias – nomeadamente, da manutenção de rotinas de sono e descanso, de adopção
de uma alimentação saudável, da prática de atividade física regular, da realização de
atividades de lazer, de desenvolvimento de estratégias de auto regulação emocional e de
comunicação saudável com os outros – no decurso de processos de consulta psicológica
ou psicoterapia, na implementação de programas de promoção da Saúde Psicológica nas
escolas ou em contextos laborais, por exemplo. E com isso ajudar para a cultura de paz
por meio desses desenvolvimentos de habilidades com a comunicação, resolução de
conflitos e promoção da empatia e compreensão entre as pessoas.

CONCLUSÃO
Podemos concluir que a cultura de paz não se limita apenas à ausência de conflitos
armados, mas abrange a criação ativa de condições que promovam a reconciliação, a
justiça social, a cooperação e o respeito mútuo entre os indivíduos e as comunidades.
A psicologia social desempenha um papel importante na compreensão dos processos
individuais e coletivos que influenciam a criação e a manutenção de uma cultura de paz.
Devemos entender os direitos básicos do ser humano e promover uma cultura que valorize
a tolerância, a empatia e a resolução de conflitos é fundamental para construir uma
sociedade mais justa e pacífica. Nesse sentido, a psicologia social pode oferecer insights
valiosos sobre como educar as pessoas, promover a conscientização, mudar atitudes e
comportamentos para construir uma cultura de paz mais sólida.
A educação desempenha um papel fundamental na promoção desses valores e na
mudança de mentalidade, pois pode influenciar a maneira como as pessoas percebem os
outros, resolvem conflitos e se relacionam em sociedade. Portanto, a psicologia social
destaca a importância da educação, do diálogo intercultural e da sensibilização para
promover uma sociedade mais justa, onde os direitos humanos sejam respeitados e a paz
seja cultivada.
REFERÊNCIAS
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Disponível em:
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2022/12/1401713/folheto_saps_caderno_tematico_pse
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LIRA, K. F. S. D. Direitos humanos, educação e psicologia: relato de experiência docente.
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