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Introdução
Na maioria das disputas, as partes envolvidas tem vários meios a sua disposição para reagirem aos
seus conflitos ou resolve-los. Os procedimentos disponíveis diferem, consideravelmente, na forma
como o conflito é direcionado e definido, e com frequência terminam em resultados diferentes, tanto
tangíveis quanto intangíveis.
Neste capítulo vamos começar com definições dos termos chaves que lhe ajudarão na compreensão.
Esperamos que o estudante entenda a importância da discussão dos conceitos deste estudo.
Esperamos que no fim desta unidade, o estudante seja capaz de valorizar o diálogo na resolução de
conflitos para a obtenção de paz rumo ao desenvolvimento.
Agora, siga a leitura e, depois, compara a definição da sua autoria com a que neste Módulo
propomos. Queremos também acreditar que, a partir da leitura da introdução do Módulo, você
percebeu que as definições aqui colocadas podem ser consideradas ainda inacabadas, principalmente
o conceito sobre a paz, dado que os indivíduos definem a paz de acordo com a situação que lhes
inquieta, por exemplo, se definíssemos paz estando em Macomia, Mocimboa da Praia e Palma,
lógico seria deferente se definíssemos paz estando no Chamanculo, Xipamanine, Maquinino, Goto,
Nhamudima, Bairro Novo em Cambine etc.
CONCEITOS
O QUE É PAZ?
De acordo com David Francis, define a paz como sendo: ausência de guerra, medo, conflito,
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ansiedade, sofrimento e violência. A paz é a coexistência pacífica (a paz aceita diferenças, aceita
conflitos também, mas esses conflitos sejam geridos duma forma construtiva), a paz é o bem-estar
social, tranquilidade, harmonia, saúde, educação, saneamento do meio ambiente, segurança etc. Ela
preocupa-se com a criação e com a manutenção da ordem justa dentro da sociedade assim como com
a resolução de conflitos por meios não violentos (Francis, 2006, p. 17-18).
Igualmente, Johan Galtung citado por Francis fala sobre três tipos de violência que são relevantes
para compreender a paz assim como as condições que criam situações da intranquilidade e
desassossego, que são:
Violência estrutural- que são as políticas e estruturas que causam sofrimento humano, mortes,
desgraça ou prejuízo.
Violência cultural- que tem a ver com normas dentro da cultura e práticas que criam descriminação,
injustiça e sofrimento humano. (Francis, 2006, p.18)
É importante notar que Galtung estendendo a definição da paz ele delineia a paz em duas dimensões
que são:
A paz negativa- que é a ausência de guerra, violência directa, medo e conflitos ao nível individual,
nacional, regional e internacionalmente.
A paz positiva- que tem a ver com a ausência de estruturas injustas, desigualdades nos
relacionamentos ou afinidades, justiça e paz interior ao nível individual.
Segundo Johan Galtung, paz não é só ausência de guerra. Paz é como os hebreus dizem SHALOM;
isso tem a ver com o bem-estar socio-económico. Paz é um estado de harmonia, segurança,
tranquilidade, saúde, educação, bom saneamento do meio ambiente, respeito pelos direitos
humanos; desenvolvimento, e que esse desenvolvimento é visto ou lido na cara humana. Paz
significa “paz positiva”.
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A paz tem sido muitas vezes definida como a ausência de guerra. A pergunta que surge é: Será que a
ausência da guerra significa mesmo paz? Pode haver paz mesmo quando há guerra?
As duas escolas de pensamento que sustentam este ponto de vista são os instrumentalistas- que
veem à paz como um meio para um fim. A ausência de guerra leva ao progresso e ao
desenvolvimento. Funcionalistas- a paz é vista de dois ângulos, a paz tem uma função social, a paz
como um produto de função de outras estruturas e instituições sociais.
Filosofia e paz
Para os filósofos paz é considerada como divina e original não corrompida pela existência humana.
Rousseu descreve a paz como um estado pacífico de existência sem desejos. Uma visão contrastante
dada por Hobbes argumenta que o estado da natureza foi conflituoso e a vida era solitária. Platão
discute justiça como a base da existência social pacífica.
Perspectiva Religiosa
A paz numa perspetiva religiosa emana do pessoal para o mundo. Religiões como Islamismo,
Cristianismo, Judaísmo, Hinduísmo, Budismo fazem referência à paz como a santidade da mente, do
corpo e da alma.
Definição Sociológica
Do ponto de vista sociológico, a paz é uma condição de harmonia social. A paz é uma condição em
que não há conflitos sociais isto é, grupos e indivíduos são capazes de satisfazer as suas
necessidades.
Existem duas formas aplicadas por estudiosos para a análise sociológica do termo paz, a saber: a
análise dos funcionalistas estruturais e análise do materialismo dialético.
Para os funcionalistas estruturais- a paz é alcançada onde as estruturas sociais existentes
desempenham adequadamente sua função, apoiadas por normas e valores culturais. Segundo o
materialismo dialético- a paz só é viável em sociedades em que a divisão de classes não existe
porque a sociedade produz o suficiente para dar a cada um de acordo com a sua necessidade (Karl
Marx, Engels, Lenine).
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Definição Politica
A paz política denota a ordem política onde os governos empregam força mínima no tratamento dos
cidadãos. A visão de mundo da classe dominante é tida como a ideologia dominante. A paz poderia
ser vista como um pacto contratual entre a classe dominante e classe dominada onde ambas as partes
no pacto respeitam o acordo e reconhecem um ao outro.
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Lição No. 2 Conceptualização (continuação)
Desenvolvimento
É trazer o estado da humanidade para uma condição melhor e humanamente aceitável do que é hoje,
ou pode ser definido como um processo de melhoramento de condições nas quais os seres humanos
vivem.
De acordo com Rodney citado por Ibeanu, o desenvolvimento envolve:
Primeiro: o melhoramento do conhecimento humano sobre a lei da natureza (ciência).
Segundo: aplicar esse conhecimento para criar ferramentas que melhoram as condições em que
trabalha e do meio ambiente em que vive (tecnologia).
Terceiro: uma organização razoável entre o trabalho e a recompensa/pagamento “uma relação social
de produção” (Ibeanu, 2006, p. 10)
De acordo com as Nações Unida, o desenvolvimento pode definido como um processo de aumentar
as escolhas possíveis das pessoas. O objectivo deste desenvolvimento deve ser de criar um ambiente
no qual as pessoas possam viver uma vida longa, saudável, criativa e feliz (UNDP, 1990, p. 9).
Diálogo
Diálogo- provém do termo latino dialogus, que por sua vez, provem de um conceito grego diálogos,
um diálogo é uma conversa entre duas ou mais pessoas, que manifestam as suas ideias ou afectos de
forma alternativa. Neste sentido, diálogo é também uma discussão ou uma troca de impressões com
vista a chegar a um entendimento.
Troca de ideias, discussão que busca um acordo entre as partes, ocorre sem desrespeitar a opinião do
outro, e procura também entender o ponto de vista de ambas as partes mantendo um respeito mutuo
durante todo o processo de diálogo.
Conflito
Segundo Dreu, conflito é um “processo que começa quando um indivíduo ou um grupo se sente
negativamente afectado por outra pessoa ou grupo” ( como esta citado em Alvarez et al., 2017).
Dreu, Weingart, Dimas, Lourenzo e Miguez, definem conflito como “Divergência de perspetivas,
percebida como geradora de tensão por pelo menos uma das partes envolvidas numa determinada
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interação e que pode ou não traduzir-se numa incompatibilidade de objectivos” (De Dreu &
Weingart, 2002; Dimas, Lourenzo e & Miguez, 2005).
Sob ponto de vista sociológico, Eva Maria Lakatos diz que há conflito quando numa relação social,
uma das partes envolvidas toma consciência de que para alcançar os seus próprios objectivos precisa
fazer com que o outro não atinja os seus (Lakatos & Marconi, 2006, P. 90). Desta forma, emerge a
hostilidade que pode se apresentar de diferentes maneiras: Ex: em rivalidade, debate, discussão,
contendas, litígios e ou em guerra.
Desta forma, concluímos que existem vários factores que contribuem para o surgimento de conflitos,
sendo assim, importante estudar as causas e tipos de conflitos.
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Ma comunicação;
Falta de abertura e diálogo permanente entre os indivíduos;
Assim como um comportamento negativo repetitivo;
Este é o tipo de conflito que pode conduzir a violência doméstica ex: a falta de tolerância.
Conflitos estruturais
As causas dos conflitos estruturais são relacionadas com:
A forma como a organização social esta estruturada;
A Distribuição desigual ou injusta de poder e de recursos. Tanto Moore assim como outros autores
como Chiavenato 2010, afirmam que os recursos são geralmente limitados e escassos, portanto se um
grupo pretende aumentar a sua quantidade de recursos, o outro grupo terá que perder ou abrir mão
para entregar uma parte dos seus recursos. Esta situação cria interesses divergentes por causa da
incompatibilidade;
Falta clareza dos que estão no poder na tomada de decisões;
Dias (2009) é da mesma opinião com Moore, quando afirma que: É comum o surgimento de
conflitos entre grupos ou organizações que possuem funções similares Ex. O Administrador e
presidente do Município, Governador e Secretario do Estado ou duas mulheres com mesmo marido
(porque as suas catividades se confundem).
5. Conflitos de interesses
Baseiam-se nas necessidades, onde as partes em conflitos lutam para obter a mesma coisa.
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Wagner (2009) afirma também que nestas circunstancias o conflito pode ser originado pelas
divergências e desacordos. O conflito pode ter origem hierárquico, onde as partes ou funcionários
divergem sobre seu prestígio dentro da organização. Os envolvidos no conflito tendem a pensar que o
outro pode ser promovido à chefia antes de si. Ex: funcionários que disputam o lugar de chefia.
TIPOS DE INTERESSES
Christopher Moore (1996) identifica 3 tipos de interesses:
Interesses substantivos, estes estão relacionados com recursos físicos tais como: Dinheiro, terra,
reservas de petróleo, minas etc.
Interesses psicológicos, estes estão relacionados com a confiança, justiça e respeito, (Ex.
Nepotismo).
Interesses processuais, estão ligados a maneira como a disputa será resolvida (Ex. quem estará a
dirigir o processo da resolução do caso, ou quem estará no dia da defesa da minha tese).
TIPOS/NIVEIS DE CONFLITO
Os conflitos podem ocorrer em vários níveis sendo os seguintes os mais comuns nas relações
humanas de acordo com o Christopher Moore.
Intrapessoal ou pessoal- Este conflito ocorre dentro do indivíduo ou envolve uma única pessoa.
Normalmente surge em situações em que o indivíduo procura na base das várias alternativas que tem
á disposição eleger a que se apresenta melhor, Ex: situação de um jovem que ganhou uma bolsa
completa para estudar no exterior numa situação que ele tem um casamento programado.
2. Interpessoal- Surge entre pessoas com interesses ou necessidades divergentes, diferenças
individuais, pontos de vistas diferentes. Podemos dizer que estes conflitos ocorrem entre duas
pessoas ou mais e podem acontecer por vários motivos: Ex; diferença de idades, sexo, valores,
crenças, diferença de papéis. etc.
3. Conflitos intragrupais- É um tipo de conflito que ocorre no seio de um grupo que pode ser um
clube, partido, igreja, famílias etc.
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4. Conflitos intergrupais- Este conflito ocorre entre dois ou mais grupos, organizações,
comunidades, instituições ou entre igrejas. O conflito intergrupal é bastante comum e pode dificultar
muito a coordenação e integração das actividades.
5. Conflitos indo grupais- Este conflito ocorre entre um individuo com um grupo. Ex: patronato e
trabalhadores, Reitor e estudantes, presidente e seu elenco, Bispa e seus membros ou pastores.
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Podem ter um potencial importante na melhoria e evolução das relações,
O conflito cria ou modifica regulamentos, normas, leis e instituições.
DESVANTAGENS DO CONFLITO
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aproxima as partes em conflitos podendo assim criar um ambiente de harmonia, paz e
desenvolvimento.
TAREFAS
REFERENCIAS BIBLIOGRAFIA
Alvarez et al., (2017, Setembro). A Gestão de Conflitos em Organizações Contemporâneas. A paper
presented at II Congresso Internacional de Conhecimento e Inovação- Foz de Iguaçu.
Francis, D. J. (2006). Peace and Conflict Studies: An African Overiview of Basic Concepts. In S.
G.Best (Ed.), Introuction to Peace Conflict Studies in West Africa: A Reader (pp. 15-34).
Ibeanu, O. (2006). Conceptualising Peace. In S. G.Best (Ed.), Introuction to Peace Conflict Studies
in West Africa: A Reader (pp. 3-14).
Lakatos, M & Marconi, M. A. (2006). Sociologia Geral, SP: Atlas.
Human Development Report hdr_1990_en_complete_nostats.pdf (undp.org)
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