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— Eles vão ficar bem? — perguntou o menino.

— Vão, vão sim — respondeu a companheira dos dois homens feridos. — David e Edward
são fortes.

Os dois tinham sido gravemente feridos uma hora atrás. O garoto, após matar o hobgoblin,
buscou ajuda.

Logo chegaram alguns membros do Comitê de Segurança ao Aventureiro para ajudá-los. Os


curandeiros do comitê conseguiram salvá-los.

Agora, a mulher e o garoto estavam próximos à porta do quarto dos dois feridos.

— Se eu fosse além de uma curandeira… eu poderia ter evitado isso.

— Ei, se não fosse você, eles poderiam ter… morrido!

— Tsk, é só que… é bem mais maneiro usar uma espada ou conjurar magia de fogo, mas eu
nasci pra ser curandeira.

— Ué — o garoto estranhou — mas não é só aprender?

— Ha! Ha! Não somos elfos, menino. Humanos nascem com um propósito; o meu foi ser
uma curandeira, mesmo sem eu querer.

O garoto aquietou-se. Alguém abençoado pelo destino a ter tanto poder não entenderia o que
é ser algo que você não quer ser.

— Por sinal, qual seu nome?

— Oraquim!

— Oraquim… — repetiu e se atentou: Que nome diferente. Após isso, correspondeu: — Meu
nome é Angélica.

— Prazer, Angélica! — cumprimentou-a, estendendo sua mão.

— Ah… prazer…! — Estendeu de volta.

Após o cumprimento, uma voz soou de dentro do quarto: — Alguém aí? Angélica?

Ela logo abriu a porta — David! — e foi checar seu amigo.


— Eu estou bem, eu estou bem… só estou meio cansado… — Sentou-se na cama. — Aquele
ali… — apontou para o menino.

— Ah sim! David, esse é Oraquim. Foi ele quem nos salvou… apesar da aparência.

— Quê?! — arregalou os olhos. — Fomos superados por essa criança? Estamos perdidos
mesmo.

Oraquim se aproximou de David e esticou sua mão.


— Prazer!

— Hum… — recuou um pouco, mas o cumprimentou: — Prazer, obrigado por nos salvar…
eh… Oraquim! Isso.

— Não foi nada de mais, hi hi — envergonhou-se.

— Que porra é essa na sua cabeça?! — Edward assustou a todos com seu grito. — Tira essa
merda, moleque!

— Eu?! — Oraquim perguntou.

— Sim! Ninguém mais usa chapéu pontudo assim! Tá fora de moda já.

Vergonhosamente, Oraquim tirou o chapéu de sua cabeça, escondendo-o por trás de seu
corpo.
— Desculpa…

— Edward! — reprimiu-o Angélica.

— Bom dia pra vocês também — o homem ironizou.

Com os homens enfim recuperados, agradeceram aos membros do comitê.

Os três estavam voltando para a guilda, carregando um saco com os itens que carregavam
antes de serem atacados pelo hobgoblin.

Mas não estavam sozinhos. Oraquim os seguia com um sorriso inocente e feliz. Mas
assustador… de certa forma.

Quando chegaram à guilda, Angélica disse a seus colegas para entrarem e confrontou o
garoto:

— O que você tá fazendo seguindo a gente?


— Hã? Não somos colegas de grupo?

— Quê? Claro que não… Nós te agradecemos, Oraquim. Você é uma criança forte e tals, mas
não podemos te colocar no nosso grupo.

— Ah… já sei… — lembrou Oraquim. — É porque não sou crescido o bastante?

Angélica, de braços cruzados, acenou um “sim” com a cabeça.

— Eu pensei… que eu poderia ser um aventureiro se me juntasse ao grupo de vocês. Eu só


queria ser um… aventureiro — chorou.

— Ah… Espera aí, não precisa chorar. — Angélica ficou sem jeito, pensava: O que acalma
uma criança?...

— Sniff… — continuava chorando baixo.

— Olha… Que tal… Eh…


Oraquim cobria os olhos com as mãos e mantinha a cabeça baixa.

— Tá bom! Pode ser…

Ao ouvir, Oraquim começou a cessar o choro: — É… sniff… sério…?

— Sim, sim, é sério. Mas não conte a ninguém.

— Quando vou para a minha primeira missão?

— Eh… Segunda! — Era terça. — Segunda pode ser. Pouco depois do sol nascer, me
encontre em frente à guilda.

— Tá! — Foi-se embora, mas não antes de se despedir: — Tchau, Angélica!

Angélica, preocupada, apenas acenou com sua mão. Acabei de fazer merda.

— Angélica — Edward chamou — já trocamos os itens por… Ah, o moleque foi embora?
Graças a Deus! Não aguentava mais ver aquele chapéu tenebroso dele.

— É… sim…, ele foi. Que bom, não é? Ha, ha, ha…〜

— Hum? Por que cê tá nervosa?

— Por nada! Só estava relembrando o quanto chegamos perto da morte.


— Entendi. — Edward se aproximou e pôs sua mão no ombro de Angélica, dizendo: —
Relaxa, deu tudo certo. Por mais que eu realmente odeie dizer isso, o garoto salvou a gente.

Angélica soltou um suspiro.


— Estou cansada, eu acho. Edward, que tal…

Ele estava olhando para cima, murmurando para si mesmo: — … Doraquem…? Olarin…?
Obalin…? Como era o nome do moleque mesmo?

— Oraquim.

— Oraquim… É…, é isso mesmo! Verdade! Valeu, não lembrava… — pausou por um
minuto. — Que nome feio, puta que pariu! Ó Senhor, tenha piedade dessa criança…

David logo voltou também.


— Tudo pronto. Peguei outra missão pra gente, coletar algumas flores de lírio roxas.

Então foram em busca cinco dessas flores raras e que tinham propriedades curativas.

Como não se tratava de uma missão de risco, David e Edward poderiam descansar.

— Achei mais uma — avisou Angélica.

— Ótimo — dizia David — só falta mais uma.

Edward estava mais distante dos outros, procurando por alguma flor. Tudo estava calmo; era
só coletar flores afinal…

Crac!

— Huh? O que foi isso? — Edward olhou à sua volta, procurando a origem do som.

Parece algo se partindo…, deduziu. Entrou um pouco para dentro da floresta, procurando
pelo chão.

— Um galho — descobriu. — Foi só um…

De repente, ao seu lado, surgiu uma criatura que parecia tão alta quanto uma árvore. Era um
ogro com mais de dois metros de altura!

— Qu…! — Antes que Edward pudesse falar, o ogro o atacou, tentando pegar seu pescoço
com as mãos.

Edward deu um salto para trás e correu para seus amigos.


— Gente!

Isso chamou a atenção de David e Angélica, e ambos viram o ogro, que caminhava devagar
até eles.

— Edward, você está bem?! — perguntou Angélica

— Oof!... Sim… oof… mas aquele bicho… oof… é muito alto…

— Fiquem em posição!

A posição do grupo era simples: os dois homens na frente e a mulher atrás, com seus braços
esticados para curar quando necessário.

O ogro se aproximava, e os três se preparavam. Entretanto, algo saiu da floresta e disparou


contra o ogro.

Wham! Uma bola de fogo verde atingiu o ogro, o evaporando na hora. Sumiu em forma de
fumaça, apenas as cinzas sobraram.

Quando olharam para de onde veio o fogo, disseram, em uníssono:

— Você?!

Oraquim apenas disse: — Oi, gente!

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