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O mês de setembro de 2015 marcou um momento significativo na busca por um

mundo mais sustentável com o advento da Agenda 2030, que trouxe consigo os

Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Pouco mais de um mês depois, o

Instituto Terroá surgiu com a missão de trabalhar sistematicamente em prol do

desenvolvimento sustentável. Agora, em setembro de 2023, a Agenda 2030 marca o

meio de seu caminho e está próximo de acontecer o SDG Summit 2023, uma

conferência global de grande importância que será realizada em Nova Iorque (EUA),

de 18 a 19 deste mês.

Os ODS representam um conjunto global de objetivos e metas destinadas a abordar

desafios globais, e o Terroá abraçou essa mesma premissa, adotando diversas

abordagens para contribuir com esses objetivos. A abordagem do Terroá é baseada

no conceito de localização dos ODS, ou seja, implementar desafios globais em uma

escala local, focando em territórios e perspectivas locais. A organização tem

desempenhado um papel ativo na promoção dos ODS, integrando-os em projetos e

empresas. O Terroá promove a criação, adaptação e aplicação de tecnologias

sociais e outras soluções para enfrentar os desafios que diversas comunidades e

territórios enfrentam, abrangendo setores tão diversos quanto agricultura, economia,

educação, meio ambiente e governança.

Além disso, o Terroá participa de campanhas de disseminação dos ODS, tanto em

nível nacional quanto internacional. Em 2019, a organização apresentou seu trabalho

no Global Festival of Action, um evento que compartilha a ideia de disseminação

dos ODS e iniciativas para sua implementação. Recentemente, o Terroá e parceiros

receberam um prêmio da ONU (SDG Action Awards) em reconhecimento aos

esforços nessa área. O Instituto tem ainda um perfil no Mapa Global de Ações, onde

parte de suas ações de impacto são registradas.


No entanto, embora o mundo tenha avançado desde a adoção dos ODS, estamos

agora na metade do caminho em direção a 2030 e há desafios a serem superados.

O “Sustainable Development Report 2023“, divulgado em junho de 2023, revela que

todos os ODS estão seriamente fora do caminho. O progresso em 50% é fraco e

insuficiente, e a pandemia e outras crises têm contribuído para essa estagnação.

Na Figura: Painel Mundial dos ODS no ponto médio da Agenda 2030. Fonte

“Sustainable Development Report 2023”

O relatório estabeleceu que indicadores de saúde, acesso à vacinação, pobreza e

desemprego sofreram reversões globais significativas.

No contexto brasileiro, de acordo com o Relatório Luz sobre a Agenda 2030 no

Brasil, produzido por mais de 60 organizações da sociedade civil, o desafio é ainda

maior: com apenas 0,59% das 168 metas analisadas demonstrando progresso

satisfatório, e mais de 80% dos compromissos em retrocesso, sob ameaça ou


estagnados. É crucial que haja um esforço coletivo para acelerar o progresso em

direção aos ODS.

Neste contexto, o SDG Summit de 2023 assume um papel fundamental. Marcando a

metade do prazo estabelecido para a concretização da Agenda 2030, este evento

oferece a oportunidade de reacender a esperança, otimismo e entusiasmo pela

Agenda 2030. Para alcançar os ODS, é fundamental aumentar significativamente o

financiamento, envolver organizações da sociedade civil, alinhar investimentos

privados com os ODS, reformar os quadros institucionais e desenvolver

mecanismos para monitorar o progresso de forma transparente.

Dada a importância do evento, a partir de 15 de setembro inicia-se a chamada

Semana Global para #Act4SDGs, uma mobilização global que ocorre antes da

Conferência, para mostrar aos líderes mundiais que as pessoas em todo o mundo

estão comprometidas, dedicadas e inspiradas a agir em relação aos ODS. A

mobilização deste ano centra-se nos temas principais do Clima, Paz, Igualdade de

Gênero, Inclusão e Sistemas Alimentares Sustentáveis, à medida que a comunidade

global se reúne para marcar o ponto intermediário da Agenda dos ODS.

O Instituto Terroá acompanhará os desdobramentos do evento e apresentará

algumas mensagens-chave para o avanço nos ODS que, inclusive, encontram-se nos

relatórios apresentados.

Seguem abaixo os pontos de destaque que devem ser levadas ao SDG Summit

2023:

● Os ODS são uma “agenda de investimento” que requer uma revisão da


Arquitetura Financeira Global.
● É crucial aumentar o financiamento para governos, empresas e organizações
da sociedade civil que trabalham para implementar os ODS.
● Instituir programas de combate à violência no campo e de proteção aos
povos e comunidades tradicionais, além de aperfeiçoar as políticas públicas
de combate à desigualdade por meio de apoio aos arranjos produtivos locais
sustentáveis e inovadores.
● Destinar orçamento adequado para investimentos em adaptação e resiliência
climática, incluindo gestão de riscos e prevenção e resposta a desastres,
especialmente para populações em situação de maior vulnerabilidade
socioeconômica.
● Retomar os programas de Aquisição de Alimentos (PAA), Programa Nacional
de Alimentação Escolar (PNAE), Política de Garantia de Preços Mínimos para
os Produtos da Sociobiodiversidade (PGPM-Bio) e de Cisternas.
● Efetivar a gestão democrática da educação e, em conjunto com a
comunidade escolar, desenvolver estratégias para que a educação pública
retome as atividades presenciais em segurança, garantindo investimentos em
infraestrutura e saneamento, acesso à internet, aparelhos e tecnologias da
informação.
● Ampliar a política de cotas raciais e sociais, os recursos para bolsas-auxílio,
permanência e investimentos na formação de professores e professoras de
todos os níveis.
● Revogar todas as leis que proíbam ou inibam a abordagem de gênero nas
escolas e promover o debate sobre diversidade sexual nos ambientes
escolares, assegurando adequada educação sobre sexualidade e
reconstituindo as políticas de educação em direitos humanos no país.
● Garantir o direito à educação plena, com políticas públicas que promovam a
equidade nos projetos político-pedagógicos, revogando propostas
curriculares conteudistas e limitadas que invisibilizam as diversas
desigualdades (de raça e etnia, pertencimento religioso, territórios, gerações,
gênero e deficiências) e realidades educacionais do país.
● Priorizar a população ainda sem nenhum acesso ou sem acesso adequado –
que demandam maiores investimentos e um menor retorno de tarifa – nos
novos contratos de prestação e planos de saneamento básico, considerando
a regionalização proposta no novo Marco Legal do Saneamento.
● Assegurar, nos Planos de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos implantados
pelos municípios, determinações sobre a disposição adequada de rejeitos em
aterros sanitários, coletas seletivas, logística reversa, Responsabilidade
Estendida dos Produtores/Fabricantes, garantindo o protagonismo e a
remuneração apropriada de catadores e catadoras nos serviços de coleta,
triagem e acondicionamento de recicláveis.
● Atualizar o Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas (PNA),
conforme o PL 6539/2019, fornecendo apoio técnico às articulações para
cooperação de caráter subnacional e implementando com urgência os planos
locais, além de ampliar o orçamento do Cemaden e da Defesa Civil.
● Regulamentar e implementar políticas públicas, como o Programa de Ação
Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca, e o
Programa Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais, retomar o Fundo
Amazônia e o Fundo Clima e acelerar as análises e validações do Sistema
Nacional de Cadastro Ambiental Rural (Sicar), de modo que se possa dar
início ao Programa de Regularização Ambiental (PRA).
● Retomar de forma estruturada a Política Nacional de Agroecologia e
Produção Orgânica (PLANAPO) e fomentar políticas para a transição
agroecológica sustentável de cadeias de valor, bem como a agroecologia
urbana, hortas comunitárias, e demais medidas que fomentem agricultura
sustentável, segurança alimentar e geração de renda e inclusão
socioeconômica para pequenos produtores.
● Fortalecer os principais órgãos ambientais de fiscalização e conservação
ambiental, como o IBAMA, ICMBio, bem como o Plano de Ação para
Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) em
seus quatro eixos temáticas: fomento a atividades produtivas sustentáveis;
monitoramento e controle ambiental; ordenamento fundiário e territorial; e
instrumentos normativos e econômicos voltados à redução do
desmatamento e à efetivação das ações abrangidas.
● Ampliar as campanhas, articulações (como o Pacto Global) e mecanismos de
pressão em cadeias de valor nacionais e internacionais para que as empresas
adotem estratégias ESG mais ousadas – padrões e normas voluntárias de
sustentabilidade, garantia de origem e rastreabilidade, critérios de
fornecimento sustentável, mitigação de emissões de GEE, salário digno e
respeito aos direitos humanos, entre outras medidas fundamentais na gestão
empresarial responsável.

Nossos desafios são grandes, mas, como destacam os relatórios, os ODS ainda são

alcançáveis. O Instituto Terroá e milhares de outras organizações pelo mundo

continuarão comprometidos em contribuir para um futuro mais sustentável.

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