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APONTAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DAS RELAÇÕES ENTRE


BIOGRAFIA E HISTÓRIA: UM PANORAMA INICIAL DAS NOTAS DE PESQUISA

Caio Corrêa Derossi

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo compreender e analisar as relações para a


produção do conhecimento histórico entre a biografia e a história. Para tanto, o
trabalho de abordagem teórico-metodológica qualitativa se debruçou na literatura
especializada para refletir sobre as relações. As principais conclusões apontam para
as potencialidades para a escrita da história refletindo a partir das biografias.

Palavras-chave: Biografia. História. Escrita da história.

THEORETICAL-METHODOLOGICAL NOTES ON THE RELATIONSHIP


BETWEEN BIOGRAPHY AND HISTORY: AN INITIAL OVERVIEW OF
RESEARCH NOTES

ABSTRACT

This article aims to understand and analyze the relationship between biography and
history in the production of historical knowledge. In order to do so, the work of a
qualitative theoretical-methodological approach was based on specialized literature
to reflect on the relationships. The main conclusions point to the potential for writing
history by reflecting on biographies.

Keywords: Biography; History; History writing.

Palavras iniciais
Pági
naP
O presente texto fará um arrazoado teórico-metodológico das relações entre a história AG
E
e a biografia, focando principalmente, nas potencialidades que o olhar que parte do indivíduo \*
ME
para tencionar aspectos sociais, pode legar para a produção do conhecimento histórico. A RG
proposição encaminhou para o reconhecimento da biografia como um objeto transdisciplinar EF
OR
que orienta, com o sujeito como ponto de partida, a reflexão das tramas complexas das vidas MA
T2
que se produzem imiscuídas, nas não menos elaboradas, dinâmicas sociais.

Anais da XV Semana de História, FECLESC/ UECE (Quixadá/CE), 2023.


Neste sentido, o objetivo do texto foi compreender e analisar as relações para a
produção do conhecimento histórico entre a biografia e a história. Para tanto, a literatura
acerca da temática foi mobilizada para a observação dos horizontes tratados, de modo geral e
ampliado.

Nesta perspectiva, segundo Pinheiro (2018, p. 60) “Abraçar o conjunto biográfico de


uma vida é um desafio que muitos têm se aventurado a fazer, mesmo sabendo que o horizonte
humano comporta uma multiplicidade de ações cotidianas que se revelam em diferentes
contextos da sociedade”. Assim, o diálogo que parte do presente mobilizando o passado, é
feito refletindo as trajetórias e os contextos de vida de um determinado sujeito.

Priore (2009) retratou que a biografia em contexto de usos pela história é recente, em
termos de sua retomada pela produção do conhecimento, já que, figura desde a antiguidade
clássica enquanto um gênero textual e seguiu, tanto em um viés positivista e religioso, a ter
contatos explicativos com a história, mudando ao longo do tempo. Para a autora (2009), foi a
partir do período do Renascimento, com a emergência do individualismo, que as biografias
ganharam mais forças no cenário global, justamente pela sua posição de valorização dos
sujeitos.

Mas, para além disto, as biografias deixam de ser representativas apenas de um


indivíduo e, passam a ser representativas de uma nação. Em um primeiro momento, em razão
da apropriação positivista, mas que, com outro significado, é revelador para se refletir as
ações dos sujeitos no âmbito social. Desta forma, para Levi (2006, p. 176) destacou que “[...]
às vezes as biografias são usadas especificamente para esclarecer o contexto”.

Neste sentido, entre as transformações próprias dos movimentos epistemológicos de


construção do conhecimento histórico, o texto refletiu também as mudanças nas
considerações dos estudos históricos acerca das biografias. As orientações, por conseguinte,
indicam também, os entendimentos acerca dos sujeitos na história, com seus traços de agência Pági
naP
e de subjetividade, inserido em um contexto localizado de dimensão social. AG
E
\*
A biografia e a história: correlação e construção das tramas complexas dos sujeitos e da ME
sociedade RG
EF
A presente seção fez com base na literatura especializada, um balanço teórico-metodológico OR
MA
das relações entre a história e a biografia. Para tanto, como ênfase oferecida, foi pensada as T2
potencialidades da vida e das trajetórias narradas, entendidas aqui, não de forma linear, mas

Anais da XV Semana de História, FECLESC/ UECE (Quixadá/CE), 2023.


sim, complexas, em uma perspectiva de também ser indiciosa para a compreensão das malhas
sociais. E, por conseguinte, fazer um exame epistemológico da construção dos saberes em
história, observando as transformações ao longo do tempo.

Gonçalves (2009) retratou que, na contemporaneidade, existiu uma epidemia


biográfica, o que é corroborado por Arfuch (2010), que também pontuou a emergência e o
interesse dos trabalhos, não apenas em âmbito acadêmico, de personagens individuais, com
ênfase nos arranjos subjetivos. Para Guimarães (2008), estes interesses pelas biografias
correspondem a uma mudança epistemológica que procura entender os sujeitos da ação, suas
experiências e seus testemunhos. O autor (2008) retomou ao conceito de giro testemunhal,
proposto por Sarlo (2005) e que encontrou ressonância em Schmidt (1997; 2004), em razão da
crise dos paradigmas estruturalistas.

Ao fim, Conceição (2011), sinalizou que, em complemento com supracitado, a


valorização de um discurso considerado pós-moderno, de valorização de um olhar micro para
as subjetividades. Cumpre ressaltar que, as biografias compõem um objeto interdisciplinar de
estudo, com diversas possibilidades de relação entre os sujeitos e as narrativas, que no caso
específico, se centrou na produção de conhecimento histórico, no horizonte de questões das
escritas biográficas e da história.

Ferreira (1992) destacou que, entre as variadas relações entre as biografias e a história,
o seu ponto de implicação com a história política é relevante, já que se possibilitou voltar o
olhar para o indivíduo, suas representações e articulações, agora não mais, de forma ingênua e
considerada metódica, mas sim, com a crítica às fontes, a consideração da pluralidade e dos
interesses acerca da vida dos sujeitos. Neste sentido, Levillain (2003) sinalizou que tal
movimento de renovação da história política, que jogou luz nos sujeitos e em suas ações,
acabaram por também, renovar e oxigenar, as relações entre a história e a biografia.

Pode-se afirmar, portanto, que no campo histórico, a micro história contribui, como Pági
naP
uma área destacada, para que as pesquisas (auto) biográficas com sujeitos comuns, com seus AG
E
cotidianos e suas memórias tivessem protagonismo. Dosse (2009), neste sentido, alerta para o \*
pesquisador que mescla as biografias com a história, que o trabalho deve contemplar tudo que
ME
RG
foi produzido pelo biografado, com o cuidado metodológico necessário à escrita e a EF
OR
organização. MA
T2

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Deste modo, Dosse (2009, p. 67) com relação às entradas dos tempos e das memórias
narradas na construção do texto biográfico e de pesquisa, sinalizou que:

[...] o tratamento da temporalidade permite incontáveis contínuo do nascimento à


morte da personagem biografada, e as liberdades do autor com o uso do tempo. O
empenho em dar mais eficácia ao relato pode conduzir ao rompimento da linearidade
cronológica e à adoção das múltiplas vozes narrativas que participam dos vários
registros de temporalidade. O mais das vezes, o biógrafo procura alternar capítulos
de tonalidade diacrônica com capítulos de tonalidade temática. Resulta daí um relato
misto que procura reencontrar duas coerências de temporalidades diferentes, a da
lógica própria à sucessão dos eventos e a que emana da unidade da pessoa resgatada
pelo biógrafo. A narração biográfica não é, pois, como salienta Madelénat,
homogênea. É, bem ao contrário, uma estrutura inelutavelmente compósita, uma
convergência de relatos diversos enredados uns nos outros. Nisso, lembra a escrita
da história e do romance.

Isto é corroborado por Sousa (2009) que, em uma investigação específica


compreendeu que:

Era impossível reter a totalidade de uma vida com uma ordem cronológico-linear.
Mas era possível narrar diversos momentos, abandonando a lógica começo, meio e
fim. Assim, a dimensão da vida da professora Normalista se torna multifacetada.
[…] estranhar os momentos de sua vida narrados e curiosidades pitorescas da sua
vida, das pessoas e dos lugares em que viveu, no entanto, a descrição era necessária
para a compreensão de sua história de vida.

Assim, Souza e Lopes (2012) destacaram que, embora muitas biografias tenham se
assentado em uma perspectiva cronológica, não necessariamente, ela é a única e restrita forma
de se organizar um estudo biográfico, podendo parecer tais elementos da existência, de uma
forma não biológica ou evolutiva. Um exemplo disto é o trabalho de Alves (2021), para citar
um. Destarte, Pinheiro (2018, p. 61) destacou que, em função “[...] de um passado agora
cristalizado na memória daqueles que presenciaram as vivências e experiências e isso, por si
só, impossibilita o registro em sua totalidade”.

Tal perspectiva é consubstanciada por Rémond (2003), que encarou esta história
política em um olhar de intercessão com outros aspectos teórico-metodológicos e que,
Pági
naP
compreendeu que “o político não constitui um setor separado: é uma modalidade da prática AG
E
social” (RÉMOND, 2003, p. 35-36). O autor (2003, p. 445) ainda complementou que, em \*
ME
termos da representação, que se faz presente nas biografias, neste caso: RG
EF
Seria ingênuo acreditar que o político escapa das determinações externas, das OR
MA
T2
pressões, das solicitações de todo o tipo. Foi – e continua sendo – uma contribuição
das pesquisas das últimas décadas lançar luz sobre o jogo dos interesses, as
correspondências entre os pertencimentos sociais e as escolhas políticas,

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acompanhar a intervenção dos grupos de pressão e mostrar que a decisão política era
resultante de uma multiplicidade de fatores.

No bojo dos entendimentos empreendidos pela história política, cumpre destacar que
as biografias, nesta perspectiva, não se reduzem a um olhar linear do sujeito e da sua história,
nem a primazia de que ele, como representado outrora, fosse representante dos considerados
grandes homens que participaram dos também denominados grandes eventos. O interesse no
caso, é nos movimentos de seleção e de produção das biografias, como também, no próprio
reconhecimento das singularidades e contradições do sujeito retratado. Por isto, Loriga (1998,
p. 249) retratou que:

O indivíduo não tem como missão revelar a essência da humanidade; ao contrário,


ele deve permanecer particular e fragmentado. Só assim, por meio de diferentes
movimentos individuais, é que se pode romper as homogeneidades aparentes (por
exemplo, a instituição, a comunidade ou o grupo social) e revelar os conflitos que
presidiram à formação e à edificação das práticas culturais: penso nas inércias e nas
ineficácias normativas, mas também nas incoerências que existem entre as diferentes
normas, e na maneira pela qual os indivíduos, “façam” eles ou não a história,
moldam e modificam as relações de poder.

Desta forma, Levi (2006) marcou que as biografias podem contribuir com a
compreensão dos sujeitos históricos inseridos nos contextos sociais, oferecendo uma margem
para se refletir sobre as ações particulares e deliberadas dos sujeitos, sem prescindir, dos
meandros políticos, históricos e espaciais, por exemplo. Para o autor (2006, p. 179-180)

Nenhum sistema normativo é suficientemente estruturado para eliminar qualquer


possibilidade de escolha consciente, de manipulação, ou de interpretação das regras,
de negociação. [...] A importância da biografia é permitir uma descrição das normas
e de seu funcionamento efetivo, sendo este considerado não mais o resultado
exclusivo de um desacordo entre regras e práticas, mas também de incoerências
estruturais e inevitáveis entre as próprias normas, incoerências que autorizam a
multiplicação e a diversificação das práticas. [...] abordar a realidade histórica a
partir de um esquema único de ações e reações, mostrando, ao contrário, que a
repartição desigual do poder, por maior e mais coercitiva que seja, sempre deixa
alguma margem de manobra para os dominados; estes podem então impor às
dominantes mudanças nada desprezíveis. Talvez seja apenas uma nuança, mas [...] Pági
não se pode analisar a mudança social sem que se reconheça previamente a naP
existência irredutível de uma certa liberdade vis-à-vis as formas rígidas e as origens AG
da reprodução das estruturas de dominação. E
\*
Neste sentido, Levi (2006) destacou que as biografias precisam ser consideradas ME
RG
inseridas em uma miríade de interesses e locais de produção de quem escreve e de quem é EF
OR
retratado, gerando assim, o entendimento de que, desta forma, as relações entre biografia e MA
T2

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história, não são ilusórias, como destacou Bourdieu (2006), já que se problematiza e se aponta
os limites e os objetivos em um processo de construção do conhecimento.

Para o sociólogo francês (2006), as narrativas (auto) biográficas encaminham para uma
ilusão retórica, já que trazem as vidas dos sujeitos de modo linear e coerente, o que não
correspondem a uma ordem da realidade, mas sim, se aproxima de uma lógica literária,
romanceada. Bourdieu entendeu o biógrafo como profissional da hermenêutica, da
interpretação. Calligaris (1998) identificou nos romances modernos uma linha inicial e de
recurso de verossimilhança com as (auto) biografias, o que corrobora com o entendimento
destacado de Bourdieu.

Schmidt (1997; 2004) evidenciou que as biografias, em razão do gênero, do


aparecimento e da via de comunicação, são próprias da área literária, em um primeiro
momento. Entretanto, isto, mesmo com diferenças epistemológicas e de trabalho, não impede
a comunicação com o campo histórico. Pois, novamente, mesmo com singularidades na
investigação das fontes e nos objetivos da investigação, o historiador conta com uma
imaginação, com uma curiosidade, ora partilhada e mais própria da literatura, além de poder
entender a biografia como uma fonte documental multifacetada.

Almeida (2014) destacou que na biografia literária, o autor tem mais liberdade de
criação e do uso da imaginação, com o objetivo de deixar a história mais palatável aos seus
leitores. Entretanto, o trabalho do historiador, para Dosse (2009) deve buscar uma justa
medida, com a perícia documental e das fontes. Entretanto, o próprio autor (2009, p. 21)
destacou que o historiador que faz biografia “[...] não se acha, de modo algum, muito distante
da postura do cientista. Sua ambição é recriar, graças ao relato, o movimento de uma vida.
Isto, reflete nas escolhas do autor, no uso da imaginação para pensar em algumas lacunas
deixadas na pesquisa, bem como, uma visão epistemológica de pesquisa que aproxima
pesquisador e pesquisado.
Pági
naP
Em diálogo com a proposta, Arfuch (2010) entendeu que narrar produz um outro AG
E
ordenamento de identidade, por mobilizar, de modo distinto, o tempo, as experiências e a \*
própria narração, que vão implicar, na sua articulação, em uma nova representação. Portanto,
ME
RG
partindo da premissa que a vivência é caótica, desordenada e a narração é um modo EF
OR
organizado, sistematizado e coeso, em um sentido de entendimento lógico, a narrativa se MA
T2
difere da ação, em razão da organização proposta. Logo, existe uma implicação evidente na

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relação: na mesma proporção que a narração sistematiza uma vida, clivada por interesses
teórico-metodológicos variados, em prol de um ordenamento coerente e coeso de leitura e
interpretação, a ação, por sua vez, não cabe e/ou não se limita ao narrado, por ser, como já
apontado, múltipla e complexa.

Deste modo, Schmidt (1997), que em estudo, refletiu sobre o interesse pelo biográfico
e as escritas produzidas por historiadores e jornalistas, frisou que, de forma compartilhada, a
biografia permite pensar a posição de um sujeito individual, específico, diante do contexto
social que é produzido e que o indivíduo também é produtor. Portanto, o autor (1997),
destacou um cenário que oportuniza pensar os conflitos de quem produz a biografia, bem
como, das questões próprias vividas pelo biografado. Ao fim, Dosse (2009, p. 67) destacou
que o trabalho biográfico impõe retratar sobre a vida de um sujeito que mesmo “[...] sem o
saber, sob a luz dos holofotes”, o que ainda reforça a necessidade do trabalho de escolhas e de
seleções.

O próprio trabalho de Schmidt (2009) e de Bernardes (2009) corroboraram para


sinalizar, com diferentes questões, as particularidades das vidas de mulheres, que mesmo
diante das opressões diversas, em uma sociedade patriarcal e estruturada, conseguiram, dentro
de limites, subverter algumas ordens e guiar ações distintas das imaginadas para os
estereótipos da época. Logo, o investimento de tais pesquisas, seguiram os pressupostos de
que a biografia não é vista como uma narração cronológica e linear, mas sim, uma forma de
pensar, a partir do indivíduo, uma trama, uma malha, complexa de relações, de sociabilidades
que os sujeitos participam. Destarte, Revel (1998, p. 38) ressaltou que a experiência
biográfica pode ser compreendida “como um conjunto de tentativas, de escolhas, de tomadas
de posição diante da incerteza. Ela não é mais pensável apenas sob a forma da necessidade –
esta vida existiu e a morte a transformou em destino -, mas como um campo de possibilidades
entre as quais o ator histórico teve de escolher”.
Pági
Os sentidos da discussão encaminham para os movimentos de transformação da naP
AG
biografia na história, uma vez que, Burke (1997), demonstrou que a representação do sujeito E
mudou, saindo de um mero produto de um contexto, para um indivíduo com agência e com
\*
ME
deliberações, que mesmo circunstanciada, limitadas, revelam uma complexidade. Desta RG
EF
forma, na direção de agência, trabalhos como de Wadi e Souza (2009), apontaram que, diante OR
MA
da confluência de variadas questões, as biografias não são reduções ilusórias de uma vida T2
linear. Um exemplo disto é retratado por Le Goff (1999, p. 18) que, retratando um sujeito

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histórico, afirmou que “Ele se constrói a si mesmo e constrói sua época tanto quanto é
construído por ela. E essa construção é feita de acasos, hesitações, escolhas”.

E Conceição (2011), ainda assinalou que, a exemplo do trabalho de Costa (2009), o


que pode parecer, à primeira vista, uma narrativa de evolução simples de personalidades que
mantinham vínculos com o mundo religioso, são na verdade, um movimento de intercessão e
de rupturas que modificaram os sujeitos, ao longo do tempo. Logo, as curvas da vida, como
denominou Rojas (2000), são possíveis de serem reconhecidas.

Nesta perspectiva, concorda-se com Elias (1994) que os sujeitos e as sociedades são
indissociáveis, e que estão em uma relação dinâmica, contínua e de interação que se formam e
conformam. Por isso, é interessante pensar que as biografias podem ser tomadas pela história
como um objeto que vislumbra as tramas e as construções sociais dos sujeitos em um contexto
histórico delineado. O próprio Elias (1995) trouxe, em uma perspectiva biográfica, as relações
de construção entre o indivíduo e a sociedade.

Por isto, Gomes (2009, p. 44) ressaltou que a escrita da história perpassa os “projetos e
desejos que atores construíram e desconstruíram com o passar do tempo”. Isto não quer dizer,
como aponta Velho (1994, p. 40), no campo da antropologia, que o estudo das (auto)
biografias deva ser fundado em “um voluntarismo individualista agonístico ou um
determinismo sociocultural rígido”, mas sim, como um horizonte, uma miríade de
oportunidades.

Então, retoma-se Levi (2006) para ressaltar que, mesmo considerando a complexidade
dos interesses e clivagens que marcam as biografias, é relevante, ao trabalho do historiador,
sobre as relações do indivíduo com o mundo social, observando suas agências e limitações
diante dos componentes objetivos e contextuais. Assim, entende-se como Arfuch (2010, p.
100) que a produção da biografia se dá de modo dialógico, já que “não há possibilidade de
afirmação da subjetividade sem intersubjetividade; consequentemente, toda biografia ou Pági
naP
relato da experiência é, num ponto, coletivo, expressão de uma época, de um grupo, de uma AG
E
geração, de uma classe, de uma narrativa comum de identidade”. Logo, entendendo desta \*
forma, a ideia de uma ilusão biográfica também não é pertinente, pois não se trata de uma
ME
RG
narrativa linear do sujeito, mas sim, de um quadro relacional com a sociedade e com seus EF
OR
demais agentes e componentes. MA
T2

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Como um exemplo, no campo da história intelectual, Sirinelli (2003), mesmo
apontando para algumas dificuldades de análise dos laços sociais, ressaltou a importância de
se refletir sobre as relações sociais e os indivíduos, como forma de perceber suas atuações nas
tramas complexas das produções de poder. Neste sentido, o trabalho do historiador com a
biografia encaminha para uma direção do reconhecimento das complexidades deste sujeito,
em um campo histórico, com agências e com limitações, revelando as instabilidades e as
possibilidades de mudança. Sobre isto, Cerutti (1998, p. 189) retratou que:

A imagem da vida social governada por normas exteriores uma concepção muito
menos linear, mas bem mais rica da relação existente entre indivíduo e o mundo
circundante. O indivíduo pode ser visto como um ser racional e social que persegue
objetivos; as regras e os limites impostos às suas próprias capacidades de escolha
estão essencialmente inscritos nas relações sociais que ele mantém. Eles se situam,
portanto na rede de obrigações, de expectativas, de reciprocidades, que caracteriza a
vida social. Numa tal perspectiva, o centro da análise será constituído pelo próprio
processo social – e, portanto, pelas interações individuais nos diferentes contextos
sociais – e não apenas pelas instituições. Das estruturas e das instituições, a atenção
se desloca para os processos e as interações.

Assim, as biografias permitem, conforme apontado por Cerutti (1998), entender, a


partir de um olhar inicial para o micro, o sujeito, relações globais e, mais que isto, as ações
dos sujeitos perante tais constructos. Cumpre ainda ressaltar que, tanto Loriga (1998), como
Cerutti (1998), lançaram um olhar da micro história e da microanálise em geral, que em suas
pesquisas, que não será aprofundado aqui, mas que, traz na proposição de Guimarães (2000,
p. 222) um entendimento de que “a narrativa histórica não é apenas o relato do efetivamente
acontecido porque necessário à razão histórica, mas também o relato das alternativas possíveis
apostas num jogo a ser decidido pelos atores históricos em questão”.

Ainda sobre o assunto, Revel (1998) endossou como é pertinente marcar as relações
individuais dos sujeitos, sem perder uma dimensão coletiva da experiência social, como em
um jogo de escala. Por isto, Schmidt (1997, p. 2-3) afirmou que:
Pági
A recuperação dos sujeitos individuais na história pode ser vista como uma reação naP
aos enfoques excessivamente estruturalistas, descamados de “humanidade”, que AG
caracterizaram boa parte da produção historiográfica contemporânea. E
Metodologicamente, esta mudança implica o recuo da história quantitativa e serial e \*
o avanço dos estudos de caso e da micro história. ME
RG
Assim, como disposto por Schmidt (1997), o olhar para o micro não despreza
EF
OR
MA
T2
ou desconsidera os aspectos sociais e globais, já que, o estudo que parte da biografia não se
refere a uma redução, mas sim, um olhar do macro que parte do sujeito. E como afirmou

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Revel (1998, p. 12-13) “uma realidade social não é a mesma dependendo do nível de análise –
ou (...) da escala de observação”. Assim, Cerutti (1998, p. 196) complementou que:

São as diferentes relações de escalas que geram decalagens de informações entre


indivíduos que ocupam posições diferentes na hierarquia social, assim como entre
indivíduos e grupos ou instituições. A diferença de escala, portanto, não é apenas
resultado de um processo de construção do objeto pelo historiador; ela é também
“uma prerrogativa do próprio objeto”. Escalas diferentes implicam informações
diferentes, possibilidades diversas de interpretação e ação. Essa leitura estratificada
da realidade social contribui para restituir a pluralidade das vozes que a compõem.

Nesta perspectiva, reforça-se que, para além que tenciona as escalas de poderes e de
sujeitos no contexto da sociedade, ilustra-se, em razão do reconhecimento, trabalhos como de
Levi (2000) e Ginzburg (1998), no campo da micro história, são significativos para refletir o
movimento de escalas, discutido no caso das biografias. Portanto, a proposição da relação
entre as biografias e a história é a de, entre outras, refletir sobre as inserções e ações dos
sujeitos contextualizados em um cenário histórico, cultural, espacial e econômico.

Deste modo, a ideia de Schmidt (2004) de grafia de vida para o trabalho do historiador
com a biografia, encaminha justamente para pensar as tramas relacionais dos sujeitos e a sua
inserção histórica, ressaltando o que o autor (2004, p. 139) destacou:

Que os indivíduos biografados – como qualquer indivíduo -, a cada momento de


suas vidas, têm diante de si um futuro incerto e indeterminado, diante do qual fazem
escolhas, seguem alguns caminhos e não outros. Se hoje esse futuro já é passado, e o
resultado das escolhas feitas conhecido, o biógrafo tem a tarefa de recuperar o
‘drama da liberdade’ (...) dos personagens – as incertezas, as oscilações, as
incoerências e, por que não?, o papel do acaso – mostrando que suas trajetórias não
estavam predeterminadas desde o início.

Portanto, os sujeitos, reconhecidos nas redes complexas de suas trajetórias e do


movimento narrativo das biografias, podem apresentar ao historiador, gestos e ações que
permitem refletir sobre suas agências, bem como, os movimentos dialéticos com a sociedade,
entendendo os limites contextuais. Destarte, mesmo com diferenças próprias dos campos do Pági
conhecimento e dos objetivos científicos, biógrafos e historiadores compartilham, cada qual naP
AG
com sua idiossincrasia, os movimentos de seleção e de interesses variados acerca da vida e E
\*
dos processos narrativos do biografado. ME
RG
Considerações finais EF
OR
MA
Com o objetivo de compreender e analisar as relações para a produção do T2
conhecimento histórico entre a biografia e a história, o texto buscou, a partir da literatura

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especializada, mapear alguns pontos de toque e de intercessão. Para tanto, considerando as
dimensões de pesquisa da história, considerando, em primeiro plano, o indivíduo, com as
produções sociais das suas agências e subjetividades.

O enfoque, no entanto, não prescinde que o ponto de partida da vida do sujeito, não
pudesse indicar os contextos social, histórico, espacial, econômico e político, observando
novamente, limites e possibilidades dos indivíduos na sociedade. Isto, direciona para a
indissociável relação entre sujeitos e sociedade, em uma produção dialógica.

Deste modo, reconhece-se que o sujeito não se circunscreve apenas a si próprio, mas
ele também responde a um conjunto da sociedade e de suas tramas sociais, que impõem ao
pesquisador, segundo Levi (2006, p. 176) o trabalho de:

[...] interpretar as vicissitudes biográficas à luz de um contexto que as torne


possíveis e, logo, normais. [...] uma vida não pode ser compreendida unicamente
através de seus desvios ou singularidades, mas, ao contrário, mostrando-se que cada
desvio aparente em relação às normas ocorre em um contexto histórico que o
justifica. Essa perspectiva deu ótimos resultados, tendo-se em geral conseguido
manter o equilíbrio entre a especificidade da trajetória individual e o sistema social
como um todo.

O trabalho do historiador, neste sentido, conforme destacou Almeida (2014), é de


partir das mais diversas fontes e considerações do/sobre o biografado, construir uma espécie
de imagem que congregue, de modo plural e verossímil, a vida do sujeito em questão. Logo,
concordando com Malatian (2008, p. 27) que “a biografia (...) (é) entendida como leitura do
as social”, reforça-se o laço indissociável do sujeito com a sociedade e de como eles vão se
produzindo ao longo do tempo, para usar uma referência de Thompson (1987). Destarte, foi
proposto um balanço teórico-metodológico das relações entre a biografia e a história,
refletindo seus pontos de toque para a construção do conhecimento histórico.

Portanto, o empreendimento do texto foi situar, a partir das produções teórico-


metodológicas , as relações entre a história e a biografia. O destacado foi pensar como que a Pági
naP
vida do sujeito, reconhecida em toda a sua complexidade de produção própria e da AG
E
organização narrativa, oferece sinais indiciosos para refletir como as malhas da vida social. \*
ME
RG
Referências EF
OR
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