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OUTUBRO
2020.
Referencial Teórico- Metodológico
Esse campo tem por meandros discussões recente que fomentam diálogos e
discussões importantes para a Nova História Cultural, sendo que Pesavento (2005)
entende este dialogo por meio da
Todavia, Henry Rouss em seu livro História do tempo presente, vinte anos
depois (2007) afirma que
O surgimento da história do tempo presente corresponde às mudanças pelas
quais as sociedades desenvolvidas vêm passando em relação à sua maneira de
relacionar-se com o passado, tanto em termos nacionais como em termos
gerais (ROUSSO, 2007, p. 19).
No que tange ao objetivo desta pesquisa, entende-se que o cinema é uma fonte
histórica necessária para a História do Tempo Presente, sendo que Marc Ferro no livro
Cinema e História (2010) afirma que o historiador que trabalha com o cinema deve
estar atento não apenas ao conteúdo da história narrada no filme, mas também às
imagens e aos seus significados. Letícia Schneider Ferreira em seu artigo O cinema
como fonte da história: elementos para discussão (2009) dialoga com esse pressuposto
ao relacionar possiblidades de análises que vinculam o cinema, dentro do campo da
História do tempo presente, considera que:
Felipe Pereira da Silva Davson em seu artigo O cinema como fonte histórica e
como representação social: alguns apontamentos (2018) ao comentar sobre essa
categoria pontua que a história no cinema auxilia por meio de uma análise, o que a
película queria passar ao utilizar uma história como narrativa.
Ferro (2010) ao comentar sobre a análise do cinema como fonte histórica aponta
para aspectos que devem ser levados em conta, assim como o contexto, tendo em vista
uma análise mais aprofundada. Para ele é necessário:
O autor por fim afirma que cinema, é o lugar das “construções e projeções do
imaginário, da aferição de sensibilidades e práticas sociais e também lugar de
representação”. (CODATO, 2008, p.55). Sendo assim, no cinema, o conceito de
representação social, resume-se ao processo social de fazer com que imagens, sons, e
signos signifiquem algo. E é através dessas representações sociais que o cinema
estabelece seu vínculo com a crítica social que este deseja retratar. O diretor ou diretora,
nesse sentido, constrói representações por meio do filme, apropriando-se dos elementos
da realidade histórica na qual se insere ressignificando esses elementos com base em
sua visão de mundo para então representa-los, não deixando de lado todo um ambiente
cinematográfico no qual também se encontra. Existe uma semelhança da ideia defendida
por Codato (2008) com o conceito de representação em Roger Chartier. Ambos
consideram que o filme faz uma interpretação do recorte que faz do real e o transforma
em outra realidade, esta sendo específica do filme.
Joan Scott em seu artigo, Gênero: uma categoria útil de análise histórica (1995)
diz que:
Scott (1995) ainda demostra que o gênero é utilizado para designar relações
entre os sexos, na medida em que as mulheres fazem parte do mundo dos homens e
vice-versa, indicando as construções sociais, onde são atribuídos comportamentos,
hábitos e ações as mulheres e aos homens, sendo dessa forma uma categoria social, que
permeia a sexualidade, mas não determina. De acordo com ela, as posições teóricas que
comportam a análise de gênero são as seguintes: “explicações para com a origem do
patriarcado, preocupação com as críticas feministas e explicar as origens para a
reprodução e produção de identidade de gênero para os sujeitos” (SCOOT, 1995, p. 09).
Ao que se refere à representação de mulheres no cinema Rosana Cássia Kamita
(2017) em seu artigo: Relações de gênero no cinema: contestação e resistência postula
que a representação das mulheres no cinema é marcada pela presença e ausência, pois
na maior parte das vezes, tal realidade se apresenta como objeto a partir de um olhar
masculino e como imagem de enfraquecimento quando este é responsável pela criação
de sentido.
Ann Kaplan em sua obra: A Mulher e o Cinema: os dois lados da câmera (1995)
ao comentar sobre a representação de mulheres na indústria cinematográfica, afirma que
a presença de roteiristas mulheres pode influenciar a escolha de filmes com
protagonistas também mulheres, fato presente na obra, visto que o filme Maria
Madalena é roteirizado por mulheres.
Com base nisso, Bárbara Kristensen e Jóam Evans Pin no artigo: Produção
Fílmica com nome de mulher: visões e projeções de gênero (2007), afirmam que há
constantemente uma luta por representações sociais e que esse processo está presente no
cinema, pois as representações presentes em um filme são produtos de uma memória
coletiva, que é acessada para cumprir com uma determinada demanda, que no caso da
obra cinematográfica de 2018, parte de uma renovação da imagem da personagem
histórica que precisa ser refletida sociedade, dado ao contexto de produção, que solicita
representações que fujam dos arquétipos de santificação e demonização, mas que
consigam visibilizar as mulheres que foram marginalizadas, por meio da condenação
religiosa, trazendo narrativas que mostrem suas atuações e os papéis desempenhados
por elas.
Por fim, encontra-se a metodologia chamada de análise fílmica que é definida
por Manuela Penafria no artigo Análise de filmes - conceitos e metodologia (2009)
como a que diz respeito ao processo de decomposição de um filme.
Francis Vanoye e Anne Goliot Lété no livro Ensaio sobre a análise fílmica
(2006) afirmam que analisar uma obra audiovisual implica em duas etapas importantes:
decompor (descrever) e, em seguida, estabelecer e compreender as relações entre os
elementos decompostos, ou seja, interpretar.
Para Vanoye e Goliot-Léte (2006, p.12), “analisar um filme não é mais vê-lo, é
revê-lo, e, mais ainda, examiná-lo tecnicamente”, sendo necessário voltar à obra
estabelecendo uma relação entre os elementos encontrados. Para tal, é preciso vencer o
que os autores chamam de ‘obstáculos de ordem material’, no intuito de melhor
estabelecer dispositivos de observação. O autor e a autora enxergam a análise fílmica da
seguinte forma:
Referências Bibliográficas
PESAVENTO, Sandra Jatahy. História e História Cultural. 2ª. Ed, Belo Horizonte-
MG: Autêntica, 2005.
ROUSSO, Henry. A história do tempo presente, vinte anos depois. Boletim IHTP, n.
75, 2007.
Representação
KAPLAN, Ann. A mulher e o cinema: os dois lados da câmera. Rio de Janeiro: Rocco,
1995.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & realidade,
v. 20, n. 2, 1995.
Memória
KRISTENSEN, Bárbara; PIM, Joám Evans. Produção fílmica com nome de mulher:
Visões e projeções de gênero. Comunicación e cidadanía: revista internacional de
jornalismo social= social journalism international review, n. 1, p. 107-118, 2007.
Análise Fílmica