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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do E.S.

Curso: Especialização em Currículo e Ensino na Educação Básica.


Componente curricular: Bases Teóricas do Currículo
Atividade 7: Resenha Crítica - O legado de Paulo Freire para as
políticas de currículo e para a formação de educadores no Brasil
Componentes: Laís A. Mascarenhas - Luiza Betânia G. Lacerda

O legado de Paulo Freire para as políticas de currículo e para a formação de


educadores no Brasil é significativo e duradouro. Freire foi um educador, filósofo e
pedagogo brasileiro, reconhecido internacionalmente por suas contribuições
inovadoras para a teoria e prática da educação. Seu pensamento influenciou
profundamente as políticas educacionais e a formação de educadores no Brasil,
especialmente a partir da década de 1960.

O método de ensino de Freire destaca a importância do diálogo entre educadores e


educandos. Ele acreditava na construção coletiva do conhecimento e na valorização
da experiência de vida dos alunos, incentivando práticas pedagógicas que valorizam
a participação ativa dos alunos e a reflexão crítica. Esse enfoque transformador tem
influenciado as práticas pedagógicas em diversos níveis de ensino no Brasil.

A visão de Freire sobre educação impactou as políticas de currículo no Brasil,


promovendo uma abordagem mais crítica e contextualizada. Sua ênfase na
interdisciplinaridade e na relação entre teoria e prática contribuiu para repensar a
estrutura curricular em muitas instituições de ensino. Além de seu impacto nacional,
as ideias de Paulo Freire transcenderam as fronteiras brasileiras.

Sua abordagem pedagógica inspirou educadores em todo o mundo, influenciando


debates sobre educação, inclusão social e justiça. Apesar de sua influência positiva,
o legado de Freire também enfrentou críticas e resistências, especialmente de
correntes mais conservadoras. Algumas críticas argumentam que suas ideias são
utópicas ou impraticáveis em certos contextos.

O legado de Paulo Freire para as políticas de currículo e formação de educadores


no Brasil é marcado por uma abordagem pedagógica centrada na libertação, diálogo
e conscientização. Suas ideias continuam a ser uma fonte de inspiração e reflexão
para aqueles que buscam transformar a educação em uma ferramenta para a
emancipação e a justiça social.

O artigo em questão examina o impacto de Paulo Freire nas políticas de currículo e


na formação de educadores no Brasil, mas com olhar na sua atuação enquanto
secretário de educação na cidade de São Paulo nos anos de 1989 a 1991, em que
procurou estabelecer uma prática democrática na reorganização curricular do
estado com base no pensamento de promoção da emancipação do sujeito e da
construção de uma escola com princípios democráticos que viesse assim,
transformar também a sociedade com os anos. A análise é baseada nas ideias
fundamentais de Freire em como contribuir para a reformulação das políticas de
currículo, enfatizando a importância da abordagem crítica e emancipadora.

Exploração das práticas pedagógicas freirianas foram incorporadas nos programas


de formação de professores, assim como nos debates sobre como o estado deveria
pensar seu currículo, destacando exemplos específicos de instituições que
adotaram tais abordagens, batizadas de escolas pilotos. A implementação de um
currículo e de uma política curricular na perspectiva de Paulo Freire, considerando
os eixos discutidos, requer uma abordagem participativa, crítica e contextualizada,
com ideais de democratização das decisões para transformação não apenas do
ambiente como também extra muros.

Promover a participação ativa de educadores, alunos, pais e membros da


comunidade na construção coletiva do currículo foi o principal foco do projeto de
Freire no processo em que foi secretário, ciente que não poderia se pensar um país
com ideais democráticos sem uma prática que condiz com os princípios tais.

Uma das ações necessárias, na perspectiva discutida, visa adotar metodologias


ativas que promovam a participação dos alunos no processo de aprendizagem.
Estratégias como o ensino por projetos, debates, estudos de caso e práticas de
campo podem ser incorporadas. Através de uma Implementação de práticas de
avaliação formativa que enfatizem o desenvolvimento de habilidades críticas, a
autoavaliação e a reflexão. A avaliação deve ser vista como uma ferramenta para o
aprendizado, não apenas para a atribuição de notas. Além disso, incentivar a
interdisciplinaridade, promovendo a integração entre diferentes disciplinas e áreas
do conhecimento. Isso ajuda os alunos a compreenderem a complexidade e a
interconexão dos temas abordados.

A implementação de um currículo na perspectiva de Paulo Freire demanda um


compromisso contínuo com a participação, a contextualização e a transformação
social. Essas ações visam criar um ambiente educacional que não apenas transmite
conhecimentos, mas também promove a consciência crítica, a autonomia e a
cidadania ativa.

O processo de pensar o currículo, como aponta o texto, se organizou em quatro


eixos:
a) a construção coletiva caracterizada por um amplo processo participativo nas
decisões e ações sobre o currículo.
b) o respeito ao princípio da autonomia da escola, permitindo o resgate de
práticas valiosas, ao mesmo tempo criando e recriando experiências
curriculares que favoreçam a diversidade na unidade
c) valorização da unidade teórico-prática refletida no movimento de
“ação-reflexão-ação” sobre experiências curriculares (acrescentou-se aqui o
entendimento de que a construção de novas práticas pudesse ocorrer
inicialmente em situações pontuais, antecedendo a ampliação gradativa do
novo processo de construção curricular para todas as escolas da rede)
d) A formação permanente dos profissionais do ensino, desenvolvida
necessariamente a partir de uma análise crítica do currículo em ação, ou
seja, do que efetivamente acontece na escola, buscando-se, pela consciência
de acertos e desacertos, localizar os pontos críticos que requerem
fundamentos, revisão e superação de práticas.

O movimento inicial se deu pela problematização e sistematização, onde a


problematização foi a construção coletiva com a comunidade escolar de qual era a
visão de escola que se tinha. Todo o processo foi documentado para entender como
esse currículo viria a ser reestruturado, o que também posteriormente, destacou-se
como princípio ativo a elaboração de projetos político pedagógicos próprios,
concretizando o princípio de autonomia das escolas, o que demonstrou a partir dos
projetos criados, o olhar para a necessidade de construção de currículos não
permanentes, mas sim em processo, onde sua construção altera-se conforme a
necessidade da escola e da comunidade, uma vez que estamos passíveis de
mudanças constantemente.

O legado, assim como os princípios filosóficos de Paulo Freire sempre foram muito
criticados e descredibilizados uma vez que deixa claro que não há um “método” mas
sim, um sul para se pensar a escola e a partir da coletividade democrática que
podemos pensar uma educação crítica e transformadora. Pensar a epistemologia de
uma prática pedagógica escolar que visa a formação integral dos educandos assim
como, a transformação social, emancipação e portanto superação das
desigualdades baseado no princípio de equidade e responsabilidade, os eixos
apresentados pelo texto nos permite vislumbrar uma possibilidade de efetivação de
um currículo crítico.

A formação, seja ela na educação básica ao ensino superior, pensada a partir de


uma visão crítica, sempre partirá da ideia de não só qual educando e educanda
queremos formar, mas qual o projeto de sociedade desejamos ter, pensando em
uma perspectiva democrática e com ideais reais de equidade, capaz de transformar
a si e o todo. Desta forma, os pressupostos de Freire apontados no texto permite
olharmos para o real hoje, quando falamos de uma escola que promova uma
formação integral, mas que se esquece que a mesma não está isolada do todo, e
sim se constitui na sua pluralidade, fazendo com que pensar coletivamente o
currículo e torná-lo dinâmico é o caminho para vislumbrarmos uma mudança
significativa não só na escola como fora dela.

Pensar a educação no Brasil exige olhar para ela mesma, e com ela construir e
reconstruir um projeto de país que vise transformar, emancipar e diminuir as
desigualdades, pois, o comprometimento com a criticidade, com a ciência, com a
garantia de direitos sendo efetivadas, a possibilidade de crescimento econômico se
torna consequência e não objetivo, sendo o sul o de sujeitos capazes de pensar e
solidarizar de maneira ativa e concreta para a construção da nação.

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