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br
LONDRES, 1808, HIPÓLITO JOSÉ DA COSTA. BRASÍLIA, 1960, ASSIS CHATEAUBRIAND

CORREIO BRAZILIENSE BRASÍLIA, DISTRITO FEDERAL, QUINTA-FEIRA, 18 DE JANEIRO DE 2024 NÚMERO 22.221 • 26 PÁGINAS • R$ 4,00

Antônia, 39, e o horror do feminicídio

Na véspera em que completaria 40 anos de idade, Antônia Maria da Silva foi assassinada pelo companheiro
Francisco Faria da Silva, 46, no Recanto das Emas. É a terceira mulher morta por questões de gênero nos últimos
oito dias. Depois de esfaquear covardemente Antônia, Francisco tentou se matar e foi levado ao hospital.
O criminoso tinha pelo menos três passagens na polícia por denúncias com base na Lei Maria da Penha.

PÁGINA 15

Kayo Magalhães/CB/D.A Press

Centro-Oeste
Governadores
vão reforçar
ação conjunta Um dos temas que mais tem preocupado a população e que deve dominar as discussões nas eleições
municipais deste ano, a segurança pública está na pauta da próxima reunião do Consórcio Interesta-
dual de Desenvolvimento do Brasil Central, na terça-feira, em Brasília. Secretário executivo do grupo,
José Eduardo Pereira foi o convidado do CB.Poder e confirmou que os chefes dos Executivos do Centro

na segurança
-Oeste — e também de Rondônia, Maranhão e Tocantins — vão reforçar a necessidade de uma ação
conjunta, que extrapole as divisas, no combate à violência e ao crime organizado. Um protocolo nes-
te sentido já foi assinado entre os governos. Segundo ele, a saúde mental dos policiais estará em dis-
cussão, principalmente após a tragédia ocorrida com dois PMs do DF. No programa de ontem tam-
bém foram abordados desenvolvimento social, alimentação, produção do agro e reforma tributária.

PÁGINA 2 E EIXO CAPITAL, 14

Ed Alves/CB/D.A Press

Lucca: a
Martin Keep/AFP

paixão por
escrever e
a nota mil
Morador de Sobradinho
e postulante a vaga em
engenharia da comunicação
Bia quebra tabu da UnB, Lucca Santos Aguilar,
17 anos, foi o único brasiliense
na Austrália no grupo de 60 alunos com
desempenho máximo na
Classificada pela primeira vez redação do Enem. Ao lado
para a terceira fase do Grand da família, ele elogiou o tema
Slam, a tenista brasileira terá e cobrou mais atenção com
pela frente a russa Maria a educação. “É um direito
Timofeeva na próxima etapa. humano essencial e todo
jovem, independentemente da
instituição de ensino, cidade
ou classe social, deve se sentir
Confira o Guia do capaz de ser um aluno nota mil”.

Gauchão 2024 PÁGINA 17

PÁGINAS 19 E 20

Safin Hamid/AFP

Versão juvenil
Justiça Fisco ataca
Sarrubbo no ministério Irã ataca e amplia
da Turma da quem ganha
Mônica entra
Procurador-geral de São
Paulo deve ser o segundo da
pasta de Lewandowski.
tensão dois salários
em cartaz Teerã bombardeia
PÁGINA 22
PÁGINA 3 alvos no Paquistão,
Iraque (foto) e Síria,
mínimos
e alerta que “não vê
om.br
cultura.df@dabr.c
3214-1179
3214-1178/

Estudo da Unafisco mostra que

Carlos Vieira
Editor: José

Concurso
.br
josecarlos.df@dabr.com

rte
Diversão&A
CORREIO BRAZILIENSE
, 18 de janeiro
de 2024
Brasília, quinta-feira

laura Campanella
Turma da Mônica
Jovem: Reflexos
do medo
limites para uso da trabalhadores com renda de dois
capacidade militar”.
desde mui-
“Eu vejo o desenhoe depois tive
a
to pequenininh

mínimos terão de pagar Imposto de

com
coleção dos quadrinhosda Turma
mais de 100 revistasEstou com
da Mônica Jovem.para o filme!

“Enem” volta em 2026

boas expectativas e a série
Vi todos os anterioresque fiquei
também, confesso a mudança

Ofensiva eleva risco

meio receosa sobre tenho es-
ainda
do elenco, mas
um bom filme!”
peranças de ser
20,

Renda em 2024. A faixa de isenção

Amanda Malta,
Psicologia
estudante de

de guerra se espalhar. não atinge o total a ser recebido por

Ministra da Gestão afirma
para está media-
ser um empurrão “A expectativa muito do
lançando pode de cinema, um esfor- na, não gosteiMas amo a
salas
essa volta às bem-vindo, pois
o es- elenco jovem. então estou
ço que será muitocom os amigos ou com saga de Umbra,ver como vai
petáculo de sair da animada para os efeitos vi-
ABrEU* curtir essa experiência e
» MAriA ClArA a família para como entre- ser o roteiro a ler com os
fundamental ressalta o
DAEHN sétima arte é suais. Aprendi muita refe-
» riCArDO reflexão de vida”,
tenimento e

eles, pois o piso de remuneração foi

Eça. gibis e peguei da

que seleção unificada deverá

realizador Mauriciogem narra a entrada rência dos quadrinhos

A
Tur-
pós os filmes La- Jovem
ma da Mônica: Mônica:
O longa-metra Ensino Médio, no
s ao Turma da Mônicaestilo de
meu
dos personagen de lidar com os mis- para montar
ços e Turma da série retra- qual terão
Lições, e uma o Bairro do Li- desenho.”
amada
da galera mais às te- térios que cercam dia de aula, a Ariel Guerra,
a infância No primeiro
tando da Mônica volta moeiro.
que o Museu
do Limoei- 23, artista visual
do Brasil, a Turmavez inspirada na releitu- turma descobre e decide se unir em uma
lonas, mas dessa

PÁGINA 9
de Mônica, ro será leiloado
adolescentes tentar salvá-lo.
E, enquan-
ra das versões Cascão e Milena. Turma missão para o,
Cebola, Magali, Reflexos do medo es- o que está acontecend
lidando com

corrigido para R$ 1.412.

to investigam
da Mônica Jovem: podem estar que ima-

ser feita de dois em dois anos.

que a for- percebem que
cinemas. “Vejo maior do
treia hoje aos para o cinema na- uma ameaça muito inclui atores já
mação de audiência a ver com identidade
elenco
ginam. O novotelevisão, como Sophia
cional tem muito me preocupa. conhecidos da interpreta a proprie-
e algo que sempre neces- Valverde, que azul mais famoso do
seja
Acredito que tária do coelho Xande Valois dá vi-
estarmos
sário é sempre a fim mundo (Sansão). será Ma-
fazendo um esforço il a Bianca Paiva comecei
a
o público infantojuven da ao Cebola, aparece no
papel “Quando
de acostumar o nosso conteúdo. Co- gali, Théo SalomãoRoberto apresenta ler, meus pais
ver s de Carol aprender a m os
ir ao cinema de Cascão e aventura também reú- sempre comprava
cedo! Os personagen par- de um tem-
meçar desde fizeram Milena. A nova Mateus Solano, que gibis. Depois
Souza sempre tantas ge- se tor-
Mauricio de das vidas de simples, ne nomes como versão do Louco po, a era digital na mi-
te do cotidiano por serem interpreta Licurgo, Jovem; Eliana nou mais presente
rações exatamenteformas dignas de ve- Mônica
na Turma da tia Nena, que também descobri os
nha vida e eu da
leves e por terempassarem lições e con- a
, A TURMA DA
Fonseca como da tur- filminhos
e e pa- live actions aqui Cinegibis, que ti-
rem o mundo outros
Turma da Mônica Já as-
óriA rEViTAliZADAEM VERSÃO
criança nos
legais para a esteve (O coro, sucesso
ceitos muito criar um conteúdo ma; Carol Amaral Vinícius nham no YouTube.do que
ra o jovem. Portanto,
como este filme
que estamos
lançando,
no es- COM A TrAJET AOS CINEMAS
Denise e Bruno
vou eu), como de Jerê. Há, ainda, par- sisti mais
vezes
e creio que
MÔNICA CHEGA
à frente Bopp
PErSONAGENS,

PÁGINA 7
reflexões contar

PÁGINA 8
cria (Spider), Maria posso
que além de entreter Júlia Rabello, Mônica foi
DE MEDOS DAS
ver, é muito necessário”, ticipações de a Turma da
pectador, a meuMaurício Eça, de longas marco na mi-
JUVENIL. AlÉM ES PESSOAiS
e Rodrigo Fernandes. criador dos quadri- um grande
avalia o diretor O filme e Carrossel 2: O Mauricio de Sousa, Espero que
TO DE QUESTõ , faz uma participação nha infância. traga es-
Há ENFrENTAMEN
como Carrossel: Joaquina. nhos homônimos Escola e brin- me
o novo filme de nostal-
sumiço de Mariacriado na parceria entre o porteiro da em um fil- o
especial como se sentiment
Com roteiro a pri- s, organi- pela terceira vez e diver-
e Antonio Arruda, novidades tecnológica is. ca de ser ator seus personagens. “Acre- gia, de conforto eu sen-
Regina Negrini da Turma da Mônica Jo- nte a como e forças sobrenatura me baseado nos universo do
são pois era o que
meira aventura mantém um espírito e principalme zações secretas tenha alcançado um se prega nesse lia os meus
viveram na clássica de turma entre eles, dito que o que são valores muito essen- tia quando
vem nos cinemas fran- “Espero que isso — tanto da tec- ”
e promete inaugurar relação de amizade,um dos personagens. tudo Mauricio de Sousa e que sempre contri- gibis da turminha.
de amizade filmes para os fãs. A ver- cada equilíbrio em dos momentos de má- ciais, muito universais gerações e seguem
quia de quatro s foi lan- está dentro de em um momento dife- nologia quanto —, mas com o lúdico Estela Campos, engenha-
dos personagen Agora, eles estão em um rito de passa- buíram com inúmeras é realmente
são reciclada pela Mauricio de Sousa gica empregados bem presente. Tenho de hoje. A TMJ 20, estudante
de
rente da vida
deles, E assim nos dias um conteúdo que agra-
çada em 2008 Turma da Mônica no Ensino Médio. ainda se fazendo deixamos, um passo à frente, ria da computação
gem que é a entrada e crescer, viver no- a pandemia do que a clás-
Produções, intitulada e traços que remetem criança dito que após ir aos cinemas e exis- da idades mais
adolescentes
eles em suas
Jovem, com estilo os deixar de ser a crian- de ou conecta com
Na nova etapa, mas sem deixar o ci- por exemplo, que nunca foram sica turma e se
aos mangás japoneses. com os vos desafios, deles”, comenta tem muitas idades sentiram essa ex- pontua o diretor.
e têm que lidar ça que está dentro tornam-se mais de- pouco questões e anseios”,
amigos cresceram da entrada na adoles- pouco foram, que o que estamos
diversos desafios perda alguma na es- neasta. As aventurasenvolvem adversida- periência. E acredito
cência. “Não
vejo safiadoras e agora o Bairro do Limoeiro,
s. Pelo contrário. des que ameaçam A
os: Divulgação

sência dos personagen s, tudo que eles

, AGOrA CrESCiD
O DNA dos personagen NA TUrMA
NOViDADES,

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Política
2 • Correio Braziliense • Brasília, quinta-feira, 18 de janeiro de 2024
»Entrevista | JOSÉ EDUARDO PEREIRA | SECRETÁRIO EXECUTIVO DO CONSÓRCIO BRASIL CENTRAL
Dirigente do grupo — formado pelos governos do Centro-Oeste, do Maranhão, de Rondônia e de Tocantins — destaca a busca por ações
conjuntas para combater a criminalidade e cuidar da saúde mental dos policiais. Gestores se reunirão na terça-feira, em Brasília
União de esforços pela
segurança pública
O
secretário executivo do Consórcio Inte-
restadual de Desenvolvimento do Bra-
sil Central, José Eduardo Pereira, des-
tacou o esforço do grupo em busca de
soluções para a segurança pública, inclusive a
abordagem de aspectos como a saúde mental
dos policiais.
Um dos temas fundamentais do país
tem sido a segurança pública. Como o
Consórcio Brasil Central pode trabalhar
o assunto, integrar as polícias e lidar
com a questão da saúde mental das
corporações?
Há uma preocupação com esse epi-
sódio recente na polícia de Brasília. O
consórcio entra justamente com a busca
dessa comunhão de esforços. No fim do
ano, em Rio Quente (GO), no fórum de
governadores que ocorreu lá, do Consór-
cio Brasil Central, os governadores assi-
naram um protocolo de união das polí-
cias, extrapolando as divisas dos estados
e fazendo com que sejam um território
único, de ação conjunta das polícias. Lo-
gicamente entram aspectos como o da
saúde mental. Vai ser tema da próxima
reunião do grupo de trabalho que há en-
tre os secretários de Segurança dos esta-
dos do consórcio, coordenados pelo se-
cretário de Segurança de Mato Grosso,
César Augusto Roveri.
Como será essa união das polícias?
Está em andamento, em cada estado,
a atualização dos planos. Há também
uma noção de tolerância zero em rela-
ção à criminalidade, com a proposição
de unir todos esses estados em torno de
um único protocolo, fazendo com que
o território seja único de ações conjun-
tas, proposto pelo governador Ronaldo
Caiado. Ibaneis (Rocha) esteve lá e assi-
nou o protocolo junto a Wanderlei Bar-
bosa, governador de Tocantins; Eduar-
do Riedel, governador de Mato Grosso
do Sul; Carlos Orleans Brandão Júnior,
governador do Maranhão.
A Secretaria Nacional de Segurança
Pública também atuará?
Os próprios secretários de Segurança
estão com a bola para, a partir daí, de-
senvolverem junto ao governo federal e
outros entes no sentido de fazer um bem
bolado de segurança pública nacional.
Nesses estados do consórcio, existe
algum tipo de disputa e rejeição, como
vimos acontecer no ano passado em
relação ao Fundo Constitucional do DF?
Alguma cobiça de que esse fundo possa
ser distribuído?
Não há sinal de disputa nem de uma
guerra surda. Logicamente que as ava-
liações são feitas, eles são homens de
diálogo, e está tudo bem.
O que mais será pautado na reunião?
Sabemos que a segurança alimentar é
um dos tópicos.
Na reunião, teremos como palestran-
te o ministro Wellington Dias (Ministé-
rio do Desenvolvimento e Assistência
Social) e assinaremos com ele o Plano
Brasil Sem Fome, fazendo com que to-
dos os estados produtores do agro pos-
sam, efetivamente, se inserir nessa pau-
ta, que ganha relevância internacional.
Esse é o nosso grande tema no momen-
to, além de outros que podem surgir. Ca-
da governador terá 10 minutos para ma-
nifestações.
O fato de alguns estados do Centro-Oeste
serem fortes no agro não acaba deixando-
os um pouco esquecidos nas políticas de
combate à fome no governo federal?
Tem de haver um trabalho muito de-
terminado em torno dos aspectos fe-
derativos. Há que haver um equilíbrio.
A Reforma Tributária veio na busca de
» ANA MARIA CAMPOS, DENISE ROTHENBURG E MARINA DANTAS*
O tema estará na pauta de reunião do grupo, na
terça-feira, em Brasília. O consórcio é formado pe-
los estados do Centro-Oeste, pelo Distrito Federal e
por Maranhão, Rondônia e Tocantins.
“Há uma noção de tolerância zero em relação à
criminalidade, com a proposição de unir todos es-
ses estados em torno de um único protocolo, fazendo
Kayo Magalhães/CB/D.A Press
estabelecer cenários mais igualitários no
trato, mas também gerou um burburinho
entre os governadores do Centro-Oeste
que são produtores, entre os aspectos da
desoneração da cadeia produtiva, ICMS.
Uma série de pontos que realmente mo-
vimentaram os debates dos governado-
res do Consórcio Brasil Central no Par-
lamento; nas comissões; com Bernard
Appy; com o presidente da Câmara, Ar-
thur Lira; depois, no Senado, com o pre-
sidente Rodrigo Pacheco. Houve, logica-
mente, um trabalho com esses governa-
dores no sentido de equalizar determina-
das situações que pudessem ser desfavo-
ráveis aos estados que são fortes produ-
tores. Essa equalização vem por meio do
diálogo, que foi o que se buscou. Mitigar
uma disputa fiscal tributária, digamos as-
sim, acho que é o grande mote.
A regulamentação da Reforma
Tributária é motivo de embates no
Congresso. O governador Ronaldo
Caiado (Goiás) foi contra a reforma,
mas agora quer participar ativamente
da regulamentação. Como será esse
trabalho?
São gestores, seres políticos, o diálo-
go é a tônica, e o consórcio busca justa-
mente unir as pontas e fazer com que
haja esse aplainado no cenário, no senti-
do de buscar um denominador comum.
O debate continua, e a Reforma Admi-
nistrativa também começa a entrar no
cenário. Ou seja, são aspectos muito re-
levantes, e eles têm conversado entre si
para buscar um denominador comum.
Quando o governador Caiado, embora
tenha sido incisivamente contra a Re-
forma Tributária, participa, ele demons-
tra altivez e abertura no sentido de fazer
com que o texto aprovado possa ser tra-
balhado da melhor forma possível. Pa-
ra que se encontre uma saída honrosa,
sob o ponto de vista tributário, para es-
ses estados que se sentem prejudicados.
com que o território seja único, de ação conjunta”, “fazendo com que todos os estados produtores do
ressaltou Pereira, em entrevista ao programa CB.Po- agro possam, efetivamente, se inserir nessa pauta,
der — parceria entre o Correio e a TV Brasília. que ganha relevância internacional”, conforme en-
Outro foco da reunião em Brasília será a seguran- fatizou o secretário executivo. Ele também comen-
ça alimentar. No evento, estará presente o ministro tou sobre a Reforma Tributária e aquisição de me-
do Desenvolvimento e Assistência Social, Welling- dicamentos de alto custo. A seguir, os principais tre-
ton Dias, e será assinado o Plano Brasil Sem Fome, chos da entrevista.
Há uma noção Como o DF pode colaborar para que haja
união e desenvolvimento regional de
de tolerância todos os estados do consórcio?
zero em relação O mote do consórcio é unir para me-
lhorar. O governador Ibaneis disse, de
à criminalidade, forma bem aberta, que o DF não per-
dia com a Reforma Tributária, mas que
com a proposição estava junto com os estados que consi-
de unir todos esses deravam que a Reforma Tributária tra-
zia prejuízos, para que, dentro do blo-
estados em torno de co, o conjunto pudesse trabalhar alter-
um único protocolo, nativas. O Consórcio Brasil Central é um
terço do Brasil. Ele forma uma junção de
fazendo com que o estados com territórios contíguos. Co-
mo são bons gestores, têm sensibilida-
território seja único, de política, podem encontrar saídas de
de ação conjunta” maneiras a dialogar com o governo fe-
deral, com o ministro Haddad, com o
presidente Lula, com o ministro Padilha,
“Serão trabalhados para encontrar as melhores saídas. Além
do que, somadas as bancadas, são 75 de-
(na reunião) a putados federais e 21 senadores, então é
segurança alimentar, um bloco forte.
o Brasil sem fome, Por que Maranhão, Rondônia e Tocantins
entraram no consórcio, se era para ser
e isso perpassa apenas os estados do Centro-Oeste?
sustentabilidade, Certamente aconteceu algum diálo-
go depois daquele momento de monta-
meio ambiente, gem do consórcio. Buscou-se visualizar
tecnologia, porque condições para que o consórcio, que é
de estados produtores, pudesse ter tam-
o mundo precisa bém alguns canais por meio desses esta-
dos, como Rondônia, que é fronteiriço,
e já discute isso o nosso olhar de desenvolvimento pelo
em COPs, por pacífico. O Maranhão, também sob um
ponto de vista de produção, seria um ca-
exemplo. A COP de nal de escoamento das produções. To-
cantins tem toda uma identificação com
Belém discutirá, o Centro-Oeste, embora seja do Norte.
logicamente, meio
Em relação ao DF, as exportações e a
ambiente, mas vai chegada de mercadorias vêm muito pelo
Sudeste. Como Brasília e esses estados
discutir segurança podem cooperar para conseguir atrair
alimentar” esse tipo de comércio para a região?
O governador Ibaneis iniciou e o
Editor: Carlos Alexandre de Souza
carlosalexandre.df@dabr.com.br
3214-1292 / 1104 (Brasil/Política)
governador Mauro está fortalecendo a
nossa área internacional do consórcio.
Nossa diretora de relações internacio-
nais do consórcio, Renata Zuquim, foi,
durante muito tempo, chefe do escritó-
rio internacional de relações interna-
cionais do GDF. O trabalho tem que ser
persistente. À medida que o Brasil ga-
nhou Brasília no centro, o país precisou
e precisa se desenvolver no centro, pois
as bordas já estão desenvolvidas e ga-
nham muito.
A respeito dessa área internacional que
será desenvolvida, agora, dentro do
consórcio, quais são esses projetos? É
transformar Brasília em um hub para
receber e exportar mercadorias desses
estados?
Potencializar o Centro-Oeste, jun-
to a quem já tem passos à frente, co-
mo Goiás. É necessário que se traba-
lhe com equipamentos que já estão à
disposição. O aeroporto de Brasília é
fantástico, mas a cidade não conta, por
exemplo, com um Centro Internacional
de Cargas dos Correios. Quem tem é
Curitiba, que recebe o e-commerce de
Miami, por exemplo. Eu estive no hub
de Miami para entendê-lo e fazer com
que nós pudéssemos trabalhar o que já
temos e potencializar o hub que envol-
ve Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, Tocantins, Maranhão, Rondônia,
fazendo um combo de potencialização.
Isso entra em diálogos internacionais.
Estamos com uma área específica para
isso, dialogando com embaixadores, e
teremos, agora, a presença de mais de
20 embaixadores no evento de terça-
feira. Porque será trabalhada seguran-
ça alimentar, o Brasil sem fome, e isso
perpassa sustentabilidade, meio am-
biente, tecnologia, porque o mundo
precisa e já discute isso em COPs, por
exemplo. A COP de Belém discutirá,
logicamente, meio ambiente, mas vai
discutir segurança alimentar.
Assunto importante do consórcio é
também o trabalho que se faz para
comprar medicamentos mais baratos e
até alguns que se tornam inacessíveis
para determinadas unidades da
Federação. A união facilita essa compra?
Os estados têm realmente dificul-
dades de aquisição de medicamentos
de alto custo, que são comprados pe-
lo consórcio através desse programa.
Os estados demandam, nós passamos
o ano todo coletando e recolhendo as
demandas, publicamos edital, as em-
presas se apresentam, nossas atas saem
e, a partir daí, os estados passam a pe-
dir ao consórcio aquisição de lotes, co-
mo aqui no DF, com lotes relacionados
a medicações para dengue. O GDF agiu
rapidamente, nós assinamos o termo
de rateio de 2024 e já estamos em vias
para aquisição desses medicamentos
com agilidade, pois compramos dire-
tamente e em grande escala. Logo, as
empresas, os fármacos e as distribuido-
ras nos vendem, os estados passam os
valores para o consórcio e o consórcio
só paga quando chega, então as empre-
sas voam com isso. Gera eficiência no
atendimento das demandas de medi-
camentos de alto custo, esses que mui-
tas vezes não estão nas prateleiras das
farmácias públicas.
*Estagiária sob supervisão de
Cida Barbosa

PODER
Rumo à equipe de Lewandowski
Procurador-geral de Justiça de São Paulo deve assumir a Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça
» RENATO SOUZA
O
procurador-geral de
Justiça de São Paulo,
Mario Luiz Sarrubbo,
deve assumir a Secre-
taria Nacional de Segurança
Pública no Ministério da Justi-
ça na gestão Ricardo Lewando-
wski. Fontes consultadas pelo
Correio apontam que o convi-
te já foi feito e o escolhido es-
tá inclinado a aceitar, assim
que deixar o cargo que ocupa
atualmente — o que deve ocor-
rer até abril.
As tratativas estão em torno
de detalhes sobre as funções que
ele assumirá, assim como na ava-
liação de um plano de gestão e
segurança pública a ser lançado
pela pasta.
Sarrubbo tem o apoio do
ministro Alexandre de Moraes,
que antes de ser escolhido pa-
ra o Supremo Tribunal Federal
(STF), em 2017, pelo ex-pre-
sidente Michel Temer, atuou
como secretário de Segurança
Pública de São Paulo. A gestão
de Moraes foi considerada exi-
tosa, principalmente no com-
bate ao narcotráfico e às orga-
nizações criminosas.
Lewandowski deixou a Cor-
te ano passado, ao completar
75 anos de idade, o limite pa-
ra permanecer no cargo. No
entanto, continuou próximo
dos atuais ocupantes das ca-
deiras da instância máxima
da Justiça no país.
Na próxima semana, o ma-
gistrado aposentado deve co-
meçar a anunciar formalmente
a equipe. Ele tomará posse em
fevereiro, com a saída de Flá-
vio Dino, que vai ocupar uma
das cadeiras do Senado até o
dia 22 do mesmo mês, quan-
do então assumirá a vaga dei-
xada pela ministra Rosa Weber
no Supremo.
Sarrubbo é visto como de
Retomada de investimentos públicos em controversa refinaria
» INGRID SOARES
O presidente Luiz Inácio Lu-
la da Silva dá a largada, hoje, no
roteiro de viagens pelo Brasil. O
chefe do Executivo visitará a po-
lêmica Refinaria Abreu e Lima
(Rnest), em Ipojuca (PE). A obra,
superfaturada, foi um dos alvos
da Operação Lava-Jato, que ori-
ginalmente apurou esquema de
desvio de recursos na Petrobras.
Ao lado do presidente da es-
tatal, Jean Paul Prates, Lula par-
ticipará da cerimônia de anúncio
da retomada de investimentos na
unidade, com investimento de
R$ 6 bilhões. O valor está inserido
no orçamento de R$ 92 bilhões
destinado ao estado por meio do
Novo Programa de Aceleração do
Crescimento (Novo PAC).
Em coletiva, ontem, no Reci-
fe, integrantes da Petrobras deta-
lharam a retomada das obras da
refinaria. A estatal pretende au-
mentar em 40% a produção de
diesel no país. Mariana Cavas-
sin, gerente executiva de proje-
tos de Desenvolvimento da Pro-
dução da petroleira, afirmou que
a obra é “robusta, viável e tem re-
torno garantido” e que a Rnest
vai ampliar a capacidade, de 100
mil barris por dia para 260 mil
barris por dia até 2028.
A segunda etapa, que deve en-
trar em operação em 2025, é a
ampliação da produção do Trem
1 (Revamp), que proporcionará
aumento de carga, melhor escoa-
mento de produtos leves e maior
capacidade de processamento de
petróleo do pré-sal.
“Vai permitir que a gente au-
mente a capacidade para 130
mil barris. Até 2025, vamos ter
ampliado em 30% a capacida-
de de processamento da refina-
ria”, destacou.
Já em fase de contratação, a
construção do Trem 2 da refina-
ria pernambucana tem data pa-
ra finalização em 2028, quando
passará a ter capacidade para
processar 260 mil barris de pe-
tróleo por dia. As obras do Trem
2 estão previstas para o segundo
Governo do Estado de São Paulo/Divulgação
Para assumir a secretaria do Ministério da Justiça, o procurador Mario Sarrubbo terá de se aposentar do Ministério Público do estado
Atribuições
A Secretaria Nacional
de Segurança Pública
assessora o ministro da
Justiça na implementação
da Política Nacional de
Segurança Pública e dos
chamados Programas
Federais de Prevenção
Social e Controle da
Violência e Criminalidade.
Cabe ao secretário
promover a integração das
forças policiais nos estados,
com definição de metas
contra a criminalidade.
semestre de 2024, e conclusão,
para 2028.
A Petrobrás estima ainda a ge-
ração de cerca de 30 mil empre-
gos diretos e indiretos.
O secretário adjunto de mo-
nitoramento e articulação da
Casa Civil, Rogério da Veiga,
apontou que a continuidade do
empreendimento é parte da ob-
sessão do governo com o cresci-
mento econômico.
Ano eleitoral
Conforme já anunciado por
Lula, ele pretende visitar todas as
unidades da Federação ainda no
primeiro semestre deste ano. Ao
longo de 2023, o presidente fez
uma série de viagens por quatro
continentes: América, Ásia, Eu-
ropa e África. No total, o chefe
do Executivo esteve em 24 paí-
ses. Ele foi criticado por conta da
agenda internacional se compa-
rada à nacional.
Como cabo eleitoral, Lula de-
verá ainda dar atenção espe-
cial a Minas Gerais e São Paulo,
maiores colégios eleitorais do
país, para a formação de cha-
pas e palanques.
Também hoje, na Bahia, o
presidente participará da assi-
natura do acordo para a cria-
ção do Parque Tecnológico Ae-
roespacial local, a ser instalado
na Base Aérea de Salvador. A ex-
pectativa é que sejam investidos
R$ 650 milhões na construção e
um valor equivalente em equi-
pamentos e laboratórios.
Amanhã, em aceno às For-
ças Armadas, Lula estará na ce-
rimônia de transmissão de cargo
do Comando Militar do Nordes-
te (CMNE), no Curado, também
no Recife. Na sequência, partici-
pará da solenidade de assinatura
do Termo de Compromisso para
construção da Escola de Sargen-
tos, no mesmo local.
À tarde, a previsão é de que Lula
participe do Lançamento da Pedra
Fundamental do campus do Insti-
tuto Tecnológico de Aeronáutica
(ITA), na Base Aérea de Fortaleza.
perfil técnico, mas também com
posições firmes, que podem ren-
der polêmica. Em ações movidas
pelo Ministério Público de São
Paulo, ele se manifestou favorá-
vel à retirada de frases religiosas
de órgãos públicos.
Em uma ação enviada ao
Tribunal de Justiça do estado
para que municípios retirem
frases ligadas a Bíblia, Sarru-
bbo afirma que “não compete
ao Poder Legislativo munici-
pal criar preferência por de-
terminada religião — como
o faz pela instituição da lei-
tura de um versículo de um
dos livros da Bíblia Sagrada
Ricardo Stuckert / PR
O presidente Lula estará, hoje, na Refinaria Abreu e Lima, que foi alvo da Operação Lava-Jato
A concorrida visitação ao Planalto
» EVANDRO ÉBOLI
Os ataques do 8 de janeiro de
2023, com a depredação das se-
des dos Três Poderes, provoca-
ram o interesse da sociedade em
ver de perto como estão hoje des-
ses prédios e as obras de seus in-
teriores e ouvir histórias sobre o
mais duro ataque à democracia
desde a ditadura.
O Palácio do Planalto está sen-
do o último a abrir suas portas
para a visitação. Em menos de
uma semana, centenas de pes-
soas se cadastraram para um
tour por suas dependências.
A visitação ao Planalto, que es-
tava fechado para receber turistas
há três anos, foi retomada no últi-
mo final de semana. E se dá sem-
pre aos domingos. Até agora, nas
dezenas de grupos formados pa-
ra ingressar no prédio até o final
de abril, cerca de 2.300 visitantes
Correio Braziliense • Brasília, quinta-feira, 18 de janeiro de 2024 • Política • 3
e a invocação da proteção de
Deus sobre os trabalhos”.
Ele alegou que as manifes-
tações religiosas são “exclusiva-
mente aos cristãos”, deixando de
lado, por exemplo, referências
aos judeus e muçulmanos.
Estrutura
Além de Sarrubbo, Lewando-
wski começa a escolher outros
nomes para a cúpula do minis-
tério. Um dos mais cotados é o
jurista Manoel Carlos Neto, que
está sendo sondado para assumir
o cargo de número dois da pas-
ta, ou seja, secretário executivo,
garantiram suas reservas no site
do Palácio. Não há mais vagas até
o início de maio.
A reforma e a reabertura do
Planalto ao público foram dois
pedidos do presidente Luiz Iná-
cio Lula da Silva. Para retomar a
visitação, o prédio teve de pas-
sar por reformas. A recuperação
do acervo artístico se dá em par-
ceria com o Iphan (Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional) e a Universidade Fe-
deral de Pelotas (UFPel). Prin-
cipalmente depois do vandalis-
mo do 8 de janeiro. O edifício e
várias obras depredadas foram
recuperadas, restauradas e es-
tão em exposição.
As visitações, agora, contam
com reforço de seguranças, que
circulam entre os grupos. A rea-
dequação incluiu a colocação
de um biombo transparente
no terceiro andar, para que as
função atualmente ocupada por
Ricardo Cappelli. Ele também es-
tá sendo avaliado para Secretário
Nacional de Justiça, posto hoje
do advogado Augusto de Arru-
da Botelho.
O nome de Ana Maria Alva-
renga Mamede Neves é cogita-
do para ocupar a chefia de ga-
binete do ministro. Em conver-
sas com o presidente Luiz Iná-
cio Lula da Silva, Lewandowski
prometeu dar continuidade aos
projetos e às políticas que esta-
vam sendo executados na gestão
de Flávio Dino.
Movimentos sociais de-
fendem o nome de Benedito
pessoas possam ver o gabinete
da Presidência.
O roteiro da visita inclui o tér-
reo, o segundo e o terceiro anda-
res e ainda o subsolo, onde fica
um novo espaço para exposições.
O Planalto havia sido reaber-
to a visitas no início do governo
Bolsonaro, mas fechou ante as
restrições sanitárias em decor-
rência da covid-19, ainda que a
gestão do ex-presidente tenha
sido marcada pelo negacionis-
mo em relação a doença.
Mesmo com a suspensão da
visitação para o público em geral,
nesse período, o Planalto abriu
suas portas para grupos restri-
tos. Políticos, militares em via-
gens de instrução e servidores
recém-admitidos tinham a prer-
rogativa e o privilégio desse aces-
so, com direito a um guia turísti-
co da equipe.
O prejuízo total nos prédios
Saiba mais
À frente do Gaeco
O paulistano Mario Sarrubbo
atua no Ministério Público do
estado há mais de 30 anos.
Trabalhou na Procuradoria de
Justiça Criminal e foi alçado
a subprocurador-geral de
Políticas Criminais do órgão.
Durante sua gestão na área,
foram realizadas cerca de 500
operações do Gaeco.
No órgão, Sarrubbo
implementou a chamada
“política da tríplice vertente”
de combate às organizações
criminosas, que tem como
diretriz o enfrentamento dos
três pilares básicos desses
grupos: crime organizado,
lavagem de dinheiro e
corrupção de agentes públicos.
Em abril de 2020, o procurador
foi escolhido pelo então
governador João Doria para
suceder Gianpaolo Smanio na
chefia do Ministério Público
paulista. Foi reconduzido
ao cargo em 2022 pelo
governador Rodrigo Garcia.
Mariano, ouvidor das polícias de
São Paulo, criador da sigla Susp,
do Sistema Nacional de Seguran-
ça Pública, na equipe do ministé-
rio. Ele é bem-visto por políticos
de esquerda, movimentos sociais
e especialistas.
Cappelli deve colaborar
com o processo de transição
no final do mês, quando retor-
na de um período de recesso.
O destino dele ainda não está
selado. Mas existe um esforço
de integrantes do governo fe-
deral, de Flávio Dino e de ou-
tros nomes próximos a Lula,
para que seja mantido na es-
trutura da pasta.
» Secretaria-Geral
troca nº 2
O ministro-chefe da Secretaria-
Geral da Presidência da
República, Márcio Macêdo,
nomeou a nova secretária
executiva da pasta. Kelli
Cristine de Oliveira Mafort
assume o posto deixado por
Maria Fernanda Ramos Coelho,
que pediu exoneração na
semana passada. A mudança
ocorre em meio a uma crise na
Secretaria-Geral. A pasta de
Macêdo usou dinheiro público
para custear a viagem de
três servidores para Aracaju,
onde houve uma festa de
carnaval fora de época, no
fim de 2023. Um deles foi um
fotógrafo oficial da Presidência,
encarregado de registrar o
passo a passo de Macêdo na
festa. A folia não foi registrada
na agenda pública do ministro.
dos Três Poderes, com os ata-
ques dos golpistas, ficou em,
pelo menos, R$ 24 milhões. O
Supremo Tribunal Federal
(STF) “lidera”, com R$ 12 mi-
lhões. O Planalto tem a segun-
da conta mais alta resultante do
quebra-quebra.
A estimativa é de que a fatura
fique próxima dos R$ 8 milhões.
Esse número ainda não está fe-
chado, até mesmo pela dificul-
dade de se calcular.
Dos itens histórico-artísticos
avariados, os mobiliários dani-
ficados tiveram o serviço de res-
tauro solicitado para empresas
de marcenaria, vidraçaria, ser-
ralheria e tapeçaria.
Já a restauração das peças his-
tóricas e artísticas, que exigem
trabalho mais especializado, es-
tá sendo realizada por meio de
acordos de cooperação técnica
com o Iphan.
4 • Política • Brasília, quinta-feira, 18 de janeiro de 2024 • Correio Braziliense

Brasília-DF DENISE ROTHENBURG

deniserothenburg.df@dabr.com.br

A hora do micro CURTIDAS

Vem aí o “desenrola PJ”

Engana-se quem pensa que Márcio França está Agora lascou/ Se Lula enfrentava
insatisfeito com a pasta do empreendedorismo. dificuldades com a bancada
Experiente nessa área, ele criará um “cartão” evangélica, agora vai ficar pior.
a ser enviado para o endereço de todo o O fim dos benefícios fiscais
microempreendedor individual ainda este
semestre. Assim, todos os MEIs passarão a ser
identificados e vão ganhar pontuação para ter
e a ampliação do prazo concedidos às prebendas de
pastores levará os oposicionistas
aos templos com a narrativa
de que o atual presidente não é

do Simples
acesso mais facilitado ao crédito. França é da linha
“o ministro é que faz a pasta”. amigo desses fiéis.

Mariana Lins/CB/D.A Press

Se a moda pega... De olho nos micros e pequenos

Alguns setores da bancada evangélica pretendem empresários e empreendedores, o
consultar o presidente da Câmara, Arthur Lira ministro do Empreendedorismo,
(PP-AL), sobre a possibilidade de sustar a decisão Microempresa e Empresa de pequeno
da Receita Federal que suspendeu o ato do governo porte, Márcio França, tem encontro
Bolsonaro que ampliava os benefícios fiscais sobre marcado, hoje, com o ministro da
prebendas de pastores. Se a área jurídica da Câmara Fazenda, Fernando Haddad, para discutir
aceitar levar a plenário uma proposta de decreto a ampliação do prazo de opção pelo
legislativo sobre o tema, outras virão. Simples, que vence em 31 de janeiro.
“Basta uma resolução para passar
isso para maio. Teremos esse período
... nada ficará de pé para providenciar o ‘desenrola’ para as
pessoas jurídicas. O ‘desenrola’ era para 8
Hildo na espera/ O governo
ainda não conseguiu resolver
Hoje, o governo enfrenta dificuldades de manter milhões de pessoas e 1,5 milhão o usou. a crise no MDB. O partido está
os vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Se Disse ao presidente Lula: os outros estão esperando a poeira baixar entre o
o Poder Legislativo passar a aceitar derrubar todas lá na PJ (pessoa jurídica). Desenrolar ministro das Cidades, Jader Filho
as medidas adotadas pelo governo, como decretos, para PJ é dar vida a essas pessoas e (foto), e o grupo de José Sarney,
portarias e resoluções, há muita gente convicta de opção de crédito”, disse o ministro, em ao qual pertence o ex-secretário-
que, aí sim, a administração pública acaba. entrevista à tevê Rede Vida, que foi ao ar executivo Hildo Rocha,
nessa quarta-feira. exonerado na semana passada.
Depois, é que vão sentar-se à
Sai o PSB... »»» mesa para resolver.
Na virada deste ano, 374 mil foram
O convite ao procurador-geral de São Paulo, Mário excluídos do MEI (microempreendedor Onde mora o perigo/ Se o
Sarrubbo, para assumir a Secretaria Nacional de individual). Agora, a ideia é evitar ministro escolher um novo
Segurança Pública, tira mais um integrante do PSB que isso ocorra na virada para 2025. secretário sem combinar com a
do Ministério da Justiça. O governo ainda não definiu O governo está convencido de que a bancada da Câmara, a relação
o que fará com o quase ex-secretário Tadeu Alencar, capacidade de geração de empregos está interna no MDB vai piorar.
nem com o secretário-executivo Ricardo Cappelli. nesse segmento, de micros e pequenas
empresas. Governadores na lida/
Será discutida a criação de uma De olho na ampliação das
... entra o STF “rampa”, para evitar que empresários que
arrecadam um pouco acima do limite
exportações da Região Centro-
Oeste, os governadores do
Ao escolher Sarrubbo, o ministro da Justiça do MEI (R$ 81 mil) possam pagar seus Consórcio Brasil Central
Ricardo Lewandowski leva para o comando da impostos sem serem excluídos por terem receberão pelo menos 20
segurança pública um nome próximo ao ministro faturamento superior. Ou seja, serviço não embaixadores na reunião de
do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, falta para esse encontro dos dois ministros. terça-feira. É hora de promover o
que já foi secretário de Segurança de São Paulo. agro e o cerrado.

PODER

Economia é pauta prioritária

Na retomada do trabalho no Congresso, Palácio jogará todas as fichas em medidas que sejam ativo político nas eleições municipais
Jefferson Rudy/Agência Senado
» EVANDRO ÉBOLI
Inteligência (PP-AL), se alinha com o Palácio
do Planalto sobre a imposição de

O
Congresso volta a fun-
cionar em 5 de feverei-
ro com todo o interesse
do governo voltado para
a pauta de votação dos deputa-
dos e senadores. Por se tratar de
ano eleitoral, o Palácio do Planal-
to vai tentar priorizar a aprova-
ção das medidas que reforcem o
bom momento da economia e
que também sejam um ativo po-
lítico nas urnas.
Ainda é uma incógnita se irá
à votação a medida provisória
editada pelo governo, no final
do ano passado, que reonera al-
guns setores da economia. O pre-
sidente Luiz Inácio Lula da Silva
foi comunicado pelo presiden-
te do Senado, Rodrigo Pacheco
(PSD-MG), que a derrota é cer-
ta, se a MP for a voto. A equi-
pe econômica tenta um acordo
com o Congresso e pode enviar
um projeto de lei em substitui-
ção à medida.
Nesse início de ano legislati-
vo, o principal desafio do gover-
no é evitar novas derrotas nos
vetos de Lula. Dos 30 que foram
votados pelos parlamentares, em
2023, 16 foram rejeitados total ou
parcialmente. Em 2 de janeiro, ao
sancionar a Lei de Diretrizes Or-
çamentárias (LDO), Lula vetou
que o pagamento das emendas
obrigatórias de deputados e se-
nadores fossem liquidadas até
30 de junho deste ano.
Os governistas, principalmen-
te petistas, têm se queixado e cri-
ticado publicamente as amarras
e as dificuldades que o Congres-
so tem colocado para o governo,
no que se refere ao Orçamen-
to. Entendem esses parlamenta-
res que o Palácio do Planalto es-
tá virando refém e perdendo au-
tonomia sobre definição de gas-
tos dos recursos públicos. Em
ano que deputados e senadores
Pacheco e Lira divergem sobre a possibilidade de limitar a permanência de um ministro no Supremo
querem eleger “seus” prefeitos,
esse será um desafio para o Po-
der Executivo.
Os presidentes de cada ca-
sa legislativa têm suas priorida-
des, que não necessariamente
são convergentes. Arthur Lira
(PP-AL), da Câmara, deixou cla-
ro que pretende dedicar este ano
à aprovação da complementa-
ção da Reforma Tributária, ain-
da pendente de muita regula-
mentação.
Fake news
Anunciou, também, que pre-
tende ver aprovado um mar-
co regulatório para a explora-
ção da inteligência artificial (IA)
nas eleições. O deputado enten-
de que essa ferramenta se tor-
nou um “aprimoramento” das
fake news, pois a possibilidade
de montagem de diálogos ou de
declarações falsas, se passando
por verdadeiras — as chamadas
“deep fakes” —, coloca em risco
o processo eleitoral.
Pacheco, pelo seu lado, repe-
tiu algumas vezes que quer ten-
tar aprovar, neste ano, o fim da
reeleição para todos os cargos de
poderes executivos — o que atin-
ge os prefeitos, os governadores
e o presidente da República. Pre-
tende substituir esse sistema pe-
lo mandato de cinco anos.
O presidente do Senado es-
tá disposto, ainda, a voltar a tra-
var uma queda de braço com o
Supremo Tribunal Federal e im-
por limites aos mandatos dos mi-
nistros da Corte. Para que essa
alteração aconteça, será preci-
so a aprovação de proposta de
emenda constitucional (PEC). Li-
ra anunciou divergir dessas duas
pretensões de Pacheco — para o
presidente da Câmara, estabe-
lecer prazo de permanência de
um ministro do STF é descabido.
“Imaginem uma pessoa que
vá para o Supremo com 44 anos,
45 anos, que sabe que vai sair
com 55. O que é que vai se espe-
rar de isenção de julgamento de
alguém que sabe que cada dia
será um dia menos?”, observou
o presidente da Câmara, há al-
gum tempo.
Pacheco e Lira têm algu-
mas pautas em comum. Como
uma mudança na Constituição
que restrinja o direito de partidos
políticos, com ínfima represen-
tação no Congresso, de ingres-
sar com ações de inconstitucio-
nalidade no STF para barrar leis
aprovadas pelo Poder Legislativo
e sancionadas pelo presidente da
República.
artificial na
mira do STF
Com o projeto de lei das fake
news “emperrado”, como classi-
ficou o presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), Luís Ro-
berto Barroso, o ministro defen-
deu que, caso o Legislativo não
avance no debate, o Poder Judi-
ciário terá que tomar essa frente.
A afirmação foi feita, ontem, em
entrevista à CNN Brasil.
“O ideal nessa matéria, tanto
das plataformas quanto da inteli-
gência artificial (IA), é que venha
uma regulamentação do Congres-
so. Se não houver essa atuação,
é possível que o Tribunal Supe-
rior Eleitoral TSE e o STF tenham
que agir”, adiantou. Porém, o pre-
sidente da Câmara, Arthur Lira
Exército queria comprar adegas
O Ministério da Defesa enca-
minhou um ofício à Mesa Dire-
tora da Câmara dos Deputados
explicando as razões pelas quais
queria adquirir, via licitação pú-
blica, 10 adegas de vinho, no valor
de R$ 6.219 cada. A justificativa
dada pelo general Marcus Augus-
to da Silva Neto, recebida pela Ca-
sa no último dia 12, foi de que os
itens proporcionam “um ambien-
te mais agradável e confortável”.
A resposta atende a pedido
do deputado Gilson Marques
(Novo-SC). A aquisição seria fei-
ta para cinco hotéis de trânsito
do Exército, na Bahia e em Ser-
gipe, usados por militares em
missões fora de suas sedes, em
férias com as famílias, entre ou-
tras ocasiões.
restrições à inteligência artificial.
Barroso aproveitou para fa-
zer uma crítica velada ao Poder
Legislativo. “O problema é que,
às vezes, o Congresso não atua.
Aparece um caso concreto, a gen-
te tem que atuar e dizem que a
gente está judicializando a po-
lítica. Mas a verdade é que o Su-
premo não pode dizer ‘não julgo
porque não tem lei’”, pontuou.
Os principais disseminadores da
crítica ao chamado “ativismo ju-
diciário” são os bolsonaristas.
O TSE, por sua vez, pode entrar
em cena para “enfrentar algumas
disfunções que podem prejudicar
o fluxo das eleições municipais
desse ano”, afirmou o ministro,
sobre a ausência de uma regula-
ção. O tema é importante, conti-
nuou Barroso, porque a inteligên-
cia artificial (IA) “conjugada com a
atuação das plataformas” permite
a massificação da desinformação.
“A presença de uma adega de
vinhos para serem vendidos aos
hóspedes pode melhorar a expe-
riência do usuário nos hotéis de
trânsito, proporcionando um am-
biente mais agradável e confortá-
vel. Pode também ser um diferen-
cial, contribuindo para a compe-
titividade desses hotéis no mer-
cado de hospedagem transitória”,
diz o ofício, que acrescenta que a
aquisição poderia “gerar receitas
adicionais ou extraorçamentárias”.
Segundo o documento, a
compra não foi efetivada. “Essas
adegas foram inseridas no regis-
tro de preço em questão, para
que, caso haja geração de recei-
ta suficiente para adquiri-las, o
processo possibilite a efetivação
da compra.”
Brasil
5 • Correio Braziliense • Brasília, quinta-feira, 18 de janeiro de 2024
Imunização ainda gera
polêmica 3 anos depois
Apesar da constatação da eficiência das aplicações, existe quem dissemine a dúvida — que prejudica, sobretudo, as crianças
» ISABEL DOURADO*
E
m 17 de janeiro de 2021,
a enfermeira Mônica Ca-
lazans, hoje com 57 anos,
tornou-se personagem
da história ao receber, no Bra-
sil, a primeira dose da Corona-
Vac — produzida pelo Institu-
to Butantan em parceria com
a farmacêutica chinesa Sino-
vac —, no Hospital das Clínicas
de São Paulo. Ontem, ao com-
pletar três anos dessa aplica-
ção, especialistas ouvidos pe-
lo Correio voltaram a reforçar
a importância do imunizante
e explicaram que a vacina foi
fundamental para se superar a
pandemia de covid-19.
Mas as polêmicas não desapa-
receram. Uma pesquisa de opi-
nião, aplicada pelo Conselho Fe-
deral de Medicina (CFM), sobre a
obrigatoriedade da vacinação de
crianças, entre seis meses e qua-
tro anos de idade, contra o novo
coronavírus, tem sido duramente
criticada pela comunidade cien-
tífica. A Sociedade Brasileira de
Imunizações (SBIm), por exem-
plo, ataca a sondagem e consi-
dera que “equiparar crenças pes-
soais à ciência pode gerar insegu-
rança na comunidade médica e
afastar a população das salas de
vacinação” — diz, em nota.
“Quando a gente viu as vaci-
nas sendo aprovadas pela Anvisa
e, no minuto seguinte à aprova-
ção, a Mônica Calazans receben-
do a primeira dose, foi um alívio
para todos. Particularmente, fui
investigador da vacina da Astra-
zeneca no Brasil e pude ver esse
resultado. Foi uma emoção in-
descritível”, lembra o vice-pre-
sidente da SBIm, Renato Kfouri.
Menores
Ele chama a atenção para a
baixa cobertura vacinal do públi-
co infantil. Dados do Ministério
Vacina contra dengue é pouca
A ministra da Saúde, Nísia
Trindade, explicou ontem, em
Davos, na Suíça — onde participa
do Fórum Econômico Mundial
— os motivos pelos quais a va-
cina da dengue será aplicada em
apenas 1,1% da população bra-
sileira. Conforme disse, o fabri-
cante do imunizante, o laborató-
rio japonês Takeda Pharma, tem
baixa capacidade de produção e
é por causa disso que o Ministé-
rio da Saúde dispõe de apenas 5
milhões de doses, o que permi-
tiria a imunização de aproxima-
damente 2,5 milhões de pessoas.
O número não cobre todas as
pessoas na faixa etária prioriza-
da, de seis aos 16 anos, que so-
mam 30,5 milhões no país, con-
forme levantamento do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatís-
tica (IBGE). Na última segunda-
feira, o diretor do Plano Nacional
de Imunizações (PNI), Eder Gat-
ti Fernandes, salientou que “de
seis a 16 anos é uma faixa etá-
ria que vamos priorizar. Dentro
dela, a gente vai decidir qual é
o melhor grupo etário a se vaci-
nar e atingir o resultado que se-
ja operacionalmente interessan-
te para estados e municípios”.
Nísia disse que ainda não es-
tá fechado como vai ser a vaci-
nação. “Depende da faixa etá-
ria, mas, também, do estado ou
município mais afetado. Vamos
Quando a gente viu
as vacinas sendo
aprovadas pela Anvisa
e, no minuto seguinte
à aprovação, a Mônica
Calazans recebendo a
primeira dose, foi um
alívio. Uma emoção
indescritível”
Renato Kfouri,
vice-presidente da Sociedade
Brasileira de Imunizações
da Saúde apontam que apenas
22,2% das crianças abaixo de cin-
co anos tomaram as duas doses
contra a covid. No público de seis
meses a dois anos, o percentual é
menor — apenas 13,0% recebe-
ram as duas aplicações.
“A imunização pediátrica es-
tá baixíssima. As crianças aca-
baram ficando para o fim por-
que as vacinas foram destina-
das, primeiro, aos mais velhos.
Quando chegou (para as crian-
ças), a pandemia estava mais cal-
ma. Veio a falsa percepção de que
a covid não era importante ne-
las, além de haver um bombar-
deio de mentiras de que as vaci-
nas fariam mal. É a primeira vez
que a gente vê pais vacinados e
protegidos que não querem pro-
teger os filhos”, lamenta Kfouri.
Na avaliação da cobertura
vacinal pelo Ministério da Saú-
de, para o esquema primário de
duas doses com os imunizan-
tes monovalentes, o índice é de
83,86%. Mas, no caso da bivalen-
te, desenvolvida para enfrentar
Jakob Polacsek/World Economic Forum
Nísia: entrega de doses será aos municípios mais afetados pela doença
olhar a faixa etária e a disponi-
bilidade de vacinas, porque são
necessárias 10 milhões de doses,
mais ou menos, para vacinar es-
sa população”.
A ministra observou, porém,
que não basta a imunização e
que são necessárias outras me-
didas para conter a dengue, que
passa por um aumento de casos
no Brasil. “Vacina é um instru-
mento importantíssimo, mas não
é único. Estamos recomendando
as estratégias de controle. Identi-
ficamos que 75% da transmissão
Editor: Carlos Alexandre de Souza
carlosalexandre.df@dabr.com.br
3214-1292 / 1104 (Brasil/Política)
covid-19
Nelson Almeida/AFP
sub-linhagens da variante ômi-
cron do vírus, apenas 16,26% da
população a tomou.
Bergmann Morais, profes-
sor e virologista do Instituto de
Ciências Biológicas da Univer-
sidade de Brasília (UnB), refor-
ça que a vacina foi fundamental
para evitar mais mortes, além das
708.739 registradas até ontem no
painel Coronavírus Brasil. “O nú-
mero de óbitos diminuiu drasti-
camente. Quem nega isso, nega
a própria vida. A vacina diminuiu
muito o número de mortes e, de
2021 para cá, houve uma dimi-
nuição grande de pessoas hos-
pitalizadas. A vacina disponível
contra doenças infecciosas nor-
malmente evita 2 milhões de óbi-
tos por ano. Com a covid, não foi
diferente — evitou milhões. Se
não houvesse a vacina, teríamos
muito mais mortes nesses três
anos”, afirma.
Em nota ao Correio, o Minis-
tério da Saúde ressaltou que os
fármacos disponibilizados pelo
Programa Nacional de Imuniza- Em 17 de janeiro de 2021, Mônica Calazans recebeu a primeira dose do país da vacina contra a covid-19
ções continuam a oferecer pro-
teção contra as formas graves da
covid e “os grupos aptos a rece-
bê-las não devem adiar a vaci-
nação”. O imunizante contra a
covid-19 passou a fazer parte do
PNI no começo deste mês.
O programa possibilitou que
o Brasil se tornasse pioneiro na
incorporação da vacina contra
a covid ao calendário do Siste-
ma Único de Saúde (SUS). Até o
momento, são cinco os fármacos
autorizados pela Agência Nacio-
nal de Vigilância Sanitária (An-
visa) disponibilizados pelo PNI:
duas com autorização para uso
emergencial (CoronaVac-Butan-
tan e Comirnaty bivalente Pfizer)
e três com registro definitivo (As-
traZeneca-Fiocruz, Janssen-Ci-
lag e Comirnaty-Pfizer-Wyeth).
*Estagiária sob a supervisão
de Fabio Grecchi
da doença ocorre dentro das ca-
sas ou no entorno delas. O con-
trole dos vetores é importantíssi-
mo”, disse, referindo-se aos mos-
quitos transmissores, que se pro-
liferam na água parada.
Pelo cronograma do PNI, a
imunização — que requer duas
aplicações da vacina — deve co-
meçar em fevereiro. “Incorpora-
mos essa tecnologia, foi uma de-
cisão pioneira num sistema pú-
blico, mas o laboratório tem uma
disponibilidade limitada de do-
ses”, lembrou a ministra.
6 • Brasil • Brasília, quinta-feira, 18 de janeiro de 2024 • Correio Braziliense
VIOLÊNCIA
Novo golpe contra o garimpo
Operação da PF nas terras dos ianomâmis recolhe armas, coletes balísticos e munições dos exploradores ilegais de minério
» RENATO SOUZA
A
Polícia Federal apreen-
deu, ontem, armas, co-
letes balísticos, muni-
ções, rádios comunica-
dores e outros equipamentos
de garimpeiros que voltaram à
Terra Indígena Yanomami, em
Roraima. Os agentes abriram
uma nova ofensiva no rastro de
criminosos que permanecem
na reserva, mesmo após a série
de ações realizadas pela corpo-
ração ao longo de 2023 para ex-
pulsão de invasores e destrui-
ção da infraestrutura usada pe-
los exploradores ilegais.
Segundo a PF, as ações de
combate ao garimpo na re-
serva dos ianomâmis não têm
data para acabar. A ofensiva é
continuação da Operação Li-
bertação, aberta no começo
do ano passado para retirar os
garimpeiros das comunidades
indígenas.
No começo do ano passado, o
governo declarou emergência sa-
nitária de importância nacional
na região — condição que per-
manece até hoje. O governo fe-
deral tem admitido que a situa-
ção dos ianomâmis, afetados pe-
la fome, pela malária, pela con-
taminação por mercúrio e com
as terras invadidas por garim-
peiros ilegais, não será resolvida
em pouco tempo.
20 mil expulsos
Ao longo dos últimos me-
ses, a PF estima que expulsou
mais de 20 mil exploradores ir-
regulares. Para não serem pre-
sos, há relatos de que os garim-
peiros fugiram para a Guiana
e a Venezuela, além de terem
se espalhado pelo Amazonas.
Mas uma boa parte deles con-
tinua dentro da própria reser-
va, apenas atuando em locais
mais remotos — uma vez que
a terra dos ianomâmis equiva-
le à área dos estados do Rio de
Janeiro e Espírito Santo.
No início do mês, o Palácio do
Planalto anunciou investimen-
to de R$ 1,2 bilhão para ações
no território dos indígenas este
DIGNIDADE MENSTRUAL
Farmácias
distribuem
absorventes
O programa Farmácia Popu-
lar começou a distribuir, ontem,
absorventes para a população
em situação de vulnerabilidade
social. De acordo com o Minis-
tério da Saúde, terão direito as
mulheres e as jovens que vivem
abaixo da linha da pobreza e es-
tejam matriculados em escolas
públicas, em situação de rua ou
em vulnerabilidade extrema. In-
ternas do sistema prisional tam-
bém acessarão o produto de hi-
giene íntima.
Segundo a pasta, a ação con-
tribui no combate às desigualda-
des causadas pela pobreza mens-
trual. “A menstruação é um pro-
cesso natural, que ocorre em to-
do o mundo com, pelo menos,
metade da população. Ainda as-
sim, dados da Organização das
Nações Unidas (ONU) apontam
que a pobreza menstrual, asso-
ciada aos tabus que ainda cer-
cam essa condição, pode ocasio-
nar evasão escolar e desemprego.
No Brasil, uma em cada quatro
meninas falta à escola durante
o período menstrual e cerca de
quatro milhões sofrem com pri-
vação de higiene no ambiente es-
colar (acesso a absorventes, ba-
nheiros e sabonetes)”, salienta o
ministério.
O público-alvo do programa
abrange 24 milhões de pessoas.
Mais de 31 mil unidades creden-
ciadas no Farmácia Popular es-
tão aptas a distribuir os absor-
ventes — podem recebê-los bra-
sileiras ou estrangeiras que vi-
vem no país, com idade entre 10
27
MIL
indígenas da etnia vivem
na reserva, cuja área
equivale as dos estados
do Rio de Janeiro e do
Espírito Santo somadas.
Exploradores ilegais
invadem as terras em
busca de ouro, cassiterita e
pedras preciosas
ano, com um plano de atuação
permanente de órgãos federais
em toda a área. O governo indi-
cou a construção de uma unida-
de de saúde e de postos de segu-
rança permanentes na capital ro-
raimense, Boa Vista, com o obje-
tivo de conter a atuação ilegal de
garimpeiros.
Na semana passada, o pre-
sidente Luiz Inácio Lula da Sil-
va reuniu ministros e destacou
que a invasão das terras dos
ianomâmis será tratada como
questão de Estado. Em dezem-
bro, a Justiça Federal em Rorai-
ma atendeu ao pedido do Mi-
nistério Público Federal e or-
denou a elaboração de um no-
vo cronograma de ações con-
tra o garimpo ilegal na reserva.
Devem participar do proces-
so a Fundação Nacional dos Po-
vos Indígenas (Funai), o Insti-
tuto Chico Mendes de Conser-
vação da Biodiversidade (ICM-
Bio) e o Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama). Ao
protocolar solicitação na Justi-
ça, a Procuradoria narrou o re-
torno de garimpeiros à reserva,
denunciando relatos de alicia-
mento e prostituição.
A previsão é de que seja apli-
cado, neste ano, R$ 1,2 bilhão
para ações estruturantes na re-
serva. A PF e as Forças Armadas
têm ficado permanente no local.
Cerca de 27 mil indígenas vivem
em comunidades espalhadas pe-
la reserva.
Ed Alves/CB/D.A Press
Os produtos higiênicos podem ser retirados gratuitamente nas mais de 31 mil farmácias credenciadas
e 49 anos, inscritas no Cadastro
Único (CadÚnico) e que tenham
renda familiar mensal de até R$
218 por pessoa.
Estudantes das instituições
públicas de ensino também de-
vem estar no CadÚnico — mas,
neste caso, a renda familiar men-
sal por pessoa deve ser de até
meio salário mínimo (R$ 706).
Para pessoas em situação de rua,
não há limite de renda.
A distribuição dos absorven-
tes integra o Programa de Pro-
teção e Promoção da Saúde e
Dignidade Menstrual, e reúne
os ministérios da Saúde, dos
Direitos Humanos e Cidadania,
Reprodução/Polícia Federal
Agentes da PF montam explosivos para destruir acampamento dos garimpeiros ilegais, que exploram minerais na terra dos ianomâmis
Galerista: imagens flagram suspeito
A Polícia Civil do Rio de Ja-
neiro analisa as imagens de
câmeras de segurança que
mostram um homem que te-
ria invadido a casa do galeris-
ta norte-americano Brent Sik-
kema, encontrado morto na
segunda-feira a golpes de al-
gum objeto perfurante. O sus-
peito, porém, usa um boné, o
que indica que sabia da exis-
tência do sistema de vigilân-
cia — teria usado a peça pa-
ra tentar não ser identificado.
O homem também o levou di-
nheiro em espécie que havia na
casa e os agentes acreditam tra-
tar-se um crime de latrocínio —
roubo seguido de assassinato.
A polícia apura quanto haveria
em cédulas na casa do galerista.
Na terça-feira, os investigadores
da Delegacia de Homicídios da
da Justiça e Segurança Públi-
ca, do Desenvolvimento e As-
sistência Social, da Família e
Combate à Fome, das Mulhe-
res e da Educação.
Documentação
Para garantir o benefício, é
preciso apresentar um documen-
to de identificação pessoal com
número do Cadastro de Pessoas
Físicas (CPF) e a Autorização do
Programa Dignidade Menstrual,
em formato digital ou impresso,
que deve ser gerada via aplicativo
ou site do Meu SUS Digital — no-
va versão do aplicativo Conecte
Capital (DHC) recolheram ima-
gens de 13 câmeras, de dentro e
de fora do imóvel de Brent.
O corpo do marchand foi en-
contrado por sua advogada, Si-
mone Nunes, sobre uma cama,
no interior da residência. À po-
lícia, ela relatou que não conse-
guia contato com Brent desde o
sábado e decidiu ir à casa dele
— da qual tinha chave —, de-
pois que faltou a uma reunião
que tinham marcado, na manhã
de segunda-feira.
Brent era um apaixonado
pelo Brasil e esteve no Rio pa-
ra passar as festas de fim de
ano — voltaria na terça-feira
para os Estados Unidos, a fim
de encontrar o marido e o fi-
lho. Simone afirmou que o ga-
lerista pretendia se mudar pa-
ra o Rio de Janeiro, tanto que
SUS. A aquisição de absorventes
para menores de 16 anos deve
ser feita pelo responsável legal.
Quem tiver alguma dificuldade
pode obter orientações pelo nú-
mero Disque Saúde 136.
O programa traz, ainda, es-
tratégias para conscientiza-
ção da população e qualifica-
ção técnica de agentes públi-
cos — que têm sido desenvol-
vidas pelo ministério desde o
ano passado, com abordagem
de temas como menarca (pri-
meira menstruação), preven-
ção de infecções, doenças e
combate aos estigmas que en-
volvem essa condição.
dera entrada no processo para
a obtenção de visto permanen-
te no Brasil.
A casa do galerista, um sobra-
do na Chácara do Algodão, no
Horto, zona sul da capital flumi-
nense, foi adquirido há aproxi-
madamente 10 anos. Era onde
Bret ficava em suas frequentes
visitas ao Rio. O local onde fica
a casa o deixava mais perto dos
ateliês de artistas brasileiros re-
nomados, como Beatriz Milhazes
e Angelo Venosa.
Pouco contato
Ele não era fluente em por-
tuguês e, por isso, tinha pou-
co contato com os vizinhos.
Quando Brent não estava no
Brasil, era Simone quem cui-
dava do imóvel. De acordo com
IMPOSTOS
Receita extingue isenção de
contribuição de pastores
A Receita Federal suspendeu,
ontem, uma medida da gestão an-
terior da autarquia que ampliava
a isenção de contribuições pre-
videnciárias sobre a remunera-
ção de pastores e chefes religio-
sos, e livrava as igrejas de dívidas
milionárias. A decisão, assinada
pelo atual chefe do fisco, Robin-
son Barreirinhas, foi publicada no
Diário Oficial da União (DOU).
Às vésperas da campanha
eleitoral de 2022, o então secre-
tário especial da Receita, Julio
Cesar Vieira Gomes, publicou
ato liberando as igrejas de re-
colher contribuições previden-
ciárias sobre as chamadas pre-
bendas, um tipo de remunera-
ção especial por meio da qual as
igrejas pagam pastores e demais
lideranças. Elas não são conside-
radas “salários”, mas um tipo de
pagamento “em face do mister
religioso ou para a subsistência”.
À época, o presidente Jair
Bolsonaro buscava consolidar
o apoio do segmento evangéli-
co para a tentativa de se reele-
ger. Técnicos da Receita apon-
tam que as prebendas se torna-
ram um mecanismo para que as
denominações religiosas não re-
colham contribuições previden-
ciárias e Imposto de Renda.
Além de liberar as contribui-
ções, a decisão de Vieira Gomes,
que tinha tom interpretativo da
legislação, criou um precedente
oficial para que as igrejas ques-
tionassem a cobrança de dívi-
das previdenciárias milionárias.
É que quando o ato foi publica-
do, em 1º de agosto de 2022, a Re-
ceita cobrava dívidas previden-
ciárias de diversas instituições
a advogada, o marchand “era
uma pessoa maravilhosa, bon-
dosa, generosa e defensora das
questões sociais”. Salientou,
ainda, que o amigo e cliente
“se sentia acolhido” no Brasil.
A importância da galeria da
qual era coproprietário, a Sik-
kema Jenkins & Co., em Nova
York, pode ser medida pelos ar-
tistas cujas obras exibe — pin-
tores como o peruano William
Córdova, a canadense Magalie
Guérin e o americano Louis Fra-
tino têm trabalhos em exibição
no espaço. Também podem ser
encontrados materiais do ar-
tista multimídia novaiorquino
Burt Barr e da escultora cana-
dense Erin Schirreff.
Entre os amigos de Brent, des-
taca-se a ex-primeira-dama dos
EUA Michelle Obama.
religiosas que, no entendimen-
to do fisco, não faziam jus às
isenções porque as prebendas
vinham sendo usadas de forma
inadequada, em substituição a
salários.
No Ato Declaratório Executi-
vo nº 1, publicado ontem, Bar-
reirinhas, indicado ao posto pe-
lo ministro da Fazenda, Fernan-
do Haddad, suspende a eficá-
cia do ADI publicado pela ges-
tão anterior. “Com o ato decla-
ratório anterior, provavelmen-
te o contribuinte compareceu
à Receita e pediu para (a dí-
vida) ser anulada. Cancelando
o ADI de 2022, a Receita pode
voltar a lançar? Pode, mas não
aquilo que já ultrapassou cinco
anos. O que era de 2016 não po-
de lançar mais. A existência da-
quele ADI de 2022 tem grandes
chances de ter causado prejuí-
zo? Sim. Lançamentos de fatos
geradores antigos todos foram
cancelados”, afirmou Mauro Sil-
va, presidente da Unafisco Na-
cional, uma das entidades que
congregam os auditores fiscais
da Receita Federal.
Ex-chefe da Receita no gover-
no Bolsonaro, Vieira Gomes se
envolveu na polêmica da pres-
são a funcionários do fisco para
que liberassem um conjunto de
joias enviadas pela Arábia Sau-
dita a Bolsonaro. A entrada dos
itens no país com uma comitiva
oficial do governo foi barrada na
alfândega de Guarulhos.
No fim do governo Bolsonaro,
Vieira Gomes recebeu a indica-
ção para ser adido tributário em
Paris. Ele foi exonerado da Recei-
ta em maio do ano passado.
Economia
7 • Correio Braziliense — Brasília, quinta-feira, 18 de janeiro de 2024
Bolsas
Na quarta-feira
0,6%
132.834
0,25%
São Paulo
Nova York
12/1
IR: renda de dois
salários perderá isenção
Análise da Unafisco Nacional mostra que correção do mínimo impacta diretamente a faixa de renda antes considerada isenta
» EDLA LULA
» VITÓRIA TORRES*
U
m estudo da Unafisco Na-
cional aponta que traba-
lhadores com renda de
dois salários mínimos vol-
tarão a pagar o Imposto sobre a
Renda das Pessoas Físicas (IRPF)
em 2024. De acordo com a enti-
dade, que representa os auditores
fiscais da Receita Federal, a recen-
te correção do salário mínimo im-
pactou diretamente a faixa de ren-
da antes considerada isenta.
Embora o governo tenha ele-
vado a faixa de isenção do Im-
posto de Renda no ano passado,
não foi suficiente para manter os
trabalhadores que ganham dois
mínimos fora da tributação. O
levantamento da Unafisco mos-
tra que essa parcela da popula-
ção volta a ser tributada, reco-
lhendo R$ 13,80 de imposto to-
do mês. “É, no mínimo, um ab-
surdo”, afirmou Mauro Silva, pre-
sidente da entidade.
“O governo vendeu a ideia de
isenção para quem ganha até
dois salários mínimos, mas isso
não é verdade. Essa parcela ago-
ra recolherá R$ 13,80 de imposto
todo mês”, observou.
A entidade lembra que a de-
fasagem também impacta apo-
sentados e pensionistas do INSS,
com reajuste de 10,16% em 2024.
“O governo está penalizando
quem ganha menos. É crucial
corrigir a tabela do IRPF para
refletir a realidade da inflação”,
acrescentou Mauro Silva.
Promessa de campanha
No ano passado, o governo
reimplantou a política de valo-
rização do salário mínimo, pro-
messa de campanha e uma das
marcas das gestões petistas. Com
o retorno dessa política, a remu-
neração passa a ter aumento real,
deixando de ser corrigido apenas
pela inflação.
A nova lei do salário mínimo
prevê que os reajustes anuais
levem em conta a inflação
COMÉRCIO
Varejo reage e cresce
0,1% em novembro
» FERNANDA STRICKLAND
As vendas do comércio vare-
jista do Brasil se recuperaram
da queda de 0,3% em outubro
do ano passado, e tiveram alta
de 0,1% em novembro, impul-
sionadas pela última tempora-
da da black friday. De acordo
com dados divulgados ontem pe-
la Pesquisa Mensal de Comércio
(PMC), do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), o
setor encontra-se 1,9% abaixo do
recorde da série (novembro de
2020) e está 4,5% acima do pata-
mar pré-pandemia de covid-19
(fevereiro de 2020).
O acumulado do ano chegou a
1,7% e, o dos últimos 12 meses, a
1,5%. De acordo com o IBGE, es-
se foi o segundo mês consecuti-
vo que o indicador mostrou es-
tabilidade ante o mês anterior.
Segundo o gerente da pesqui-
sa, Cristiano Santos, o comércio
Pontuação B3
Ibovespa nos últimos dias
128.523
15/1 16/1
Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Com novo piso salarial, brasileiros com renda a partir de dois salários mínimos perdem o direito à isenção. Unafisco defende revisão da tabela
medida pelo Índice Nacional de
Preços ao Consumidor (INPC)
dos 12 meses anteriores, mais
a taxa de crescimento real do
Produto Interno Bruto (PIB) do
segundo ano anterior ao ano vi-
gente. Caso a economia brasi-
leira não apresente crescimen-
to real, o valor será reajustado
apenas pelo INPC.
Com esse cálculo, o governo
estipulou o ganho de R$ 1.412
para o mínimo pago nos venci-
mentos a partir de janeiro des-
te ano. Por outro lado, sem o au-
mento da faixa de isenção na ta-
bela do imposto de renda, na
mesma proporção, aqueles que
ganham os dois salários mínimos
acabam devolvendo dinheiro
tem uma trajetória de crescimen-
to em 2023, “mas sem avanços
significativos mês a mês”. “O se-
tor apresentou uma volatilidade
muito baixa com resultados mui-
to próximos de zero. Com exce-
ção de janeiro, o restante do ano
houve estabilidade ou taxas mui-
to baixas”, destacou.
Efeito black friday
Das oito atividades pesqui-
sadas, seis tiveram resulta-
dos positivos em novembro de
2023. Na avaliação de Cristia-
no Santos, um dos fatores que
explicam o resultado é a black
friday, que acontece no fim de
novembro. No ano passado, a
data ajudou a garantir a estabi-
lidade das vendas. Quatro ati-
vidades são mais influenciadas
pela temporada de compras:
tecidos, vestuário e calçados;
móveis e eletrodomésticos. No
Dólar
Na quarta-feira Últimos
11/janeiro 4,875
R$4,931 12/janeiro 4,857
17/1
(+ 0,09%) 15/janeiro 4,960
16/janeiro 4,925
TRIBUTAÇÃO
para o próprio governo.
A correção da tabela também
é uma promessa de campanha.
Já empossado, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) chegou
a anunciar que pretende elevar
a isenção para os R$ 5 mil. Po-
rém, as restrições orçamentárias
impediram que isso fosse feito
em 2023. O ministro da Fazen-
da, Fernando Haddad, prome-
teu enviar, no primeiro semes-
tre, a reforma da tributação da
renda, que inclui a elevação da
faixa de isenção.
Impacto
O estudante Adalto Júnior, 35
anos, que é residente jurídico,
Ed Alves/CB/DA.Press
IBGE aponta que black friday sustentou atividades que mais cresceram
entanto, equipamentos e mate-
rial para escritório, informática
e outros artigos de uso pessoal e
doméstico tiveram grande des-
taque no ano passado.
“A atividade que mais cresceu
foi equipamentos e material para
escritório, informática e comuni-
cação, que avançou 18,6%, segui-
da por móveis e eletrodomésti-
cos (4,5%). Além da black friday,
o fator que mais contribuiu para
o desempenho de equipamentos
Salário mínimo
Comercial, venda
R$ 1.412 na quarta-feira
R$ 5,321
recebendo dois salários míni-
mos, expressou preocupações
sobre o impacto do recolhimen-
to do imposto todo mês. “Isso re-
duz a capacidade de consumo e a
qualidade de vida de cada um de
nós, especialmente consideran-
do todas as despesas que temos
ultimamente, como gasolina ca-
ra, comida cara, produtos de lim-
peza caros. Esse valor vai impac-
tar muito as famílias. É muito im-
portante, além de só aumentar o
salário mínimo, equalizar todas
as outras áreas”, disse.
Para a cobradora de ônibus
aposentada, Lúcia Galvão, 64, é
frustrante a forma como os impos-
tos afetam desproporcionalmente
aqueles que ganham menos. Ela
e material para escritório, infor-
mática e comunicação, foi a de-
preciação do dólar, que recuou
2,5% em novembro, ajudando
nas vendas dos produtos de in-
formática”, explicou especialista.
As demais atividades no cam-
po positivo foram combustíveis
e lubrificantes (1,0%), Outros
artigos de uso pessoal e domés-
tico (1,0%) e hiper, supermerca-
dos, produtos alimentícios, be-
bidas e fumo (0,1%).
Euro CDI
Ao ano
11,65%
lembra que além do imposto de
renda, a tributação sobre consu-
mo também pesa no bolso. “É um
absurdo esses impostos, sempre
os que ganham menos são os que
pagam mais”, desabafa.
O advogado Eliseu Fernan-
do Galdino Mariano destaca o
aspecto da “injustiça tributária”,
em que aposentados têm que pa-
gar o imposto de renda quando
mais necessitam, especialmente
com o aumento dos gastos rela-
cionados à velhice. O jurista con-
sidera uma “necessidade urgen-
te” alinhar a tabela do IR à valo-
rização do salário mínimo, para
evitar mais impactos negativos
na vida dos aposentados e pen-
sionistas do INSS.
EXTERIOR
China facilitará
entrada de brasileiros
» VINICIUS DORIA
Maior parceiro comercial do
Brasil, a China vai facilitar a en-
trada de brasileiros no país com
a flexibilização de regras para
emissão de visto. O ato será assi-
nado pelo ministro de Negócios
Estrangeiros chinês — que cor-
responde ao cargo de chanceler
—, Wang Yi, que chega, hoje, ao
Brasil, para uma visita oficial. À
noite, ele participa de um jantar
com o ministro das Relações Ex-
teriores, Mauro Vieira, no Itama-
raty. Os dois vão tratar, ainda, da
visita que o presidente da China,
Xi Jinping, fará ao Brasil, em no-
vembro, por ocasião da reunião
de cúpula do G20, que está sob a
presidência brasileira.
Amanhã, os dois participam
da 4ª Reunião do Diálogo Estra-
tégico Global Brasil-China, que
vai debater temas de interesse
bilateral e multilateral, como a
Editor: Carlos Alexandre de Souza
carlosalexandre.df@dabr.com.br
3214-1292 / 1104 (Brasil/Política)
CDB Inflação
IPCA do IBGE (em %)
Prefixado
Julho/2023 0,12
30 dias (ao ano)
Agosto/2023 0,23
Setembro/2023 0,26
11,45% Outubro/2023 0,24
Novembro/2023 0,28
“Ao meu entender é injusto
o aposentado no momento em
que mais precisa, ou seja, em
sua velhice, quando aumentam
os gastos com medicamentos,
plano de saúde, ainda presen-
ciar a possibilidade de descon-
tos a título de imposto de renda
em seu benefício de aposenta-
doria”, observou.
Mariano também expôs a
conjuntura econômica, com al-
tas nos preços de alimentos e be-
bidas, tornando crucial a corre-
ção anual da tabela de isenção,
mantendo-a proporcional à valo-
rização do salário mínimo. “Para
corrigir esse problema, entendo
ser necessário que haja correção
da tabela de isenção de forma
anual, na mesma proporção da
valorização do salário mínimo”.
Correção
De acordo com o especialis-
ta em direito previdenciário Jo-
sé Hailton Diana, trabalhadores
que recebem a partir de dois sa-
lários mínimos estarão sujeitos
novamente ao Imposto de Ren-
da. Ele também enfatizou a ne-
cessidade de corrigir a tabela de
isenção anualmente, seguindo a
valorização do salário mínimo,
para garantir justiça fiscal.
“Entendemos que a medida
mais adequada seria a nova cor-
reção da tabela do imposto de
renda, até porque a ideia da cor-
reção da tabela é proporcionar
uma justiça fiscal para aquela fai-
xa da população que recebe uma
remuneração menor”, apontou.
“O ideal seria que o presiden-
te enviasse para o Congresso Na-
cional um projeto de lei atrelan-
do as faixas de isenção a percen-
tuais do salário mínimo, de mo-
do que sempre que houver a cor-
reção do salário mínimo automa-
ticamente as faixas igualmente
seriam corrigidas, evitando es-
sas distorções e prejuízo aos tra-
balhadores”, concluiu.
* Estagiária sob a supervisão de
Luana Patriolino
reforma do Conselho de Segu-
rança das Nações Unidas, a ins-
tabilidade geopolítica decorrente
dos conflitos armados em Gaza e
na Ucrânia, e a cooperação entre
os dois países nas áreas de co-
mércio, investimentos e ciência,
tecnologia e inovação. “O sentido
desse diálogo, aberto em 2012, é
estratégico e político”, explicou
o secretário de Ásia e Pacífico
do Itamaraty, Eduardo Saboia,
ao Correio.
Na reunião de amanhã, Wang
Yi assinará um ato que estenderá
para dez anos o prazo de valida-
de do visto de entrada em terri-
tório chinês com direito a múlti-
plas viagens. Atualmente, o pra-
zo de validade do visto de múlti-
plas entradas é de 90 dias. Desde
2009, a China é o maior parceiro
comercial do Brasil, e a amplia-
ção e flexibilização da validade
dos vistos é uma demanda dos
empresários brasileiros.
8 • Negócios • Brasília, quinta-feira, 18 de janeiro de 2024 • Correio Braziliense

Mercado S/A AMAURI SEGALLA

amaurisegalla@diariosassociados.com.br
Se as tensões no Mar Vermelho não
provocaram efeitos na cotação do petróleo, o
mesmo não se pode dizer sobre o preço do frete

Google demite
funcionários no Brasil
O Google ajustou o seu quadro de
funcionários no Brasil. Nesta semana, a
big tech americana cortou profissionais
da área de vendas e produtos, repetindo
um movimento que foi feito em outros
países. “Todos os anos passamos por
um processo rigoroso para estruturar
nossa equipe. Como parte disso, algumas
centenas de funções em todo o mundo
estão sendo eliminadas, e os funcionários
afetados poderão se candidatar a vagas
abertas na equipe ou em outro lugar no
Google”, disse a empresa em comunicado.
Dívida pública dispara
nos Estados Unidos
Os Estados Unidos têm um tremendo
desafio pela frente: reduzir a sua dívida
pública. Ela superou recentemente a inédita
marca dos US$ 34 trilhões, que equivalem a
algo como 120% do PIB do país. O alto nível
de endividamento afeta a credibilidade do
país e, em última instância, compromete
o próprio crescimento econômico. Apesar
disso, o tema não parece preocupar o
presidente Joe Biden. Em ano de eleição, o
democrata não está nada disposto a segurar
os gastos públicos.
Fábrica histórica da Ford
vai virar galpão logístico
RAPIDINHAS
Apesar de conflitos armados,
cotação do petróleo cai » A operadora Vivo e o Banco do Brasil são as
únicas representantes brasileiras na lista das
100 empresas mais sustentáveis do mundo,
segundo a Corporate Knights, organização
Reprodução
A cotação global do petróleo focada em economia sustentável. A relação foi
vive situação inédita: quando anunciada ontem, durante o Fórum Econômico
há conflitos armados no Mundial, realizado em Davos, na Suíça.
Oriente Médio, o preço do
produto costumeiramente » Para determinar a classificação e composição
sobe. Agora, contudo, é do ranking, a Corporate Knights analisa 6,7 mil
diferente. As tensões locais não companhias, comparando-as com seus pares
foram suficientes para fazer os da indústria global a partir de indicadores
valores subirem. Pelo contrário: de desempenho que abrangem diferentes
o barril de petróleo do tipo aspectos, como receita e investimento
Brent alcançou ontem a marca
de US$ 77, o que representa
sustentável, gestão de recursos, gestão
de funcionários, clima, entre outros.
uma queda de 10% em relação
a um ano atrás. O que explica » A Vale passou a integrar a plataforma
isso? Segundo especialistas, 1 trillion tress (1t.org), iniciativa que é
a demanda global fraca é parte dos esforços do Fórum Econômico
responsável pelo fenômeno. Se as tensões no Mar Vermelho – expressas na guerra entre Mundial para acelerar soluções capazes
os Houthis, apoiados pelo Irã, e o governo do Iêmen – não provocaram efeitos na cotação de conservar, restaurar e cultivar árvores e
do petróleo, o mesmo não se pode dizer sobre o preço do frete. Segundo a consultoria florestas ao redor do mundo. Para participar
Eurasia, os volumes de carga na região caíram 65% em relação aos níveis normais. Quem do 1t.org, as empresas só são elegíveis se
se arriscar a passar por ali pagará mais pelo transporte – o aumento dos valores poderá cumprirem metas de redução de emissões
superar os 50%. Isso é ruim para a inflação global, que estava em trajetória descendente. alinhadas com o Acordo de Paris.
» O varejo brasileiro continua com o pé no freio.
Em novembro, as vendas subiram 0,1% em
AFP
relação a outubro, segundo o IBGE. Nos últimos
dozes meses, o setor avançou modesto 1,5%.
Há uma razão principal para isso: o alto nível
de endividamento dos brasileiros. Em vez de
comprar, as pessoas estão pagando dívidas.
Vamos manter

2,8%
Um espaço histórico da indústria
automotiva brasileira se tornará em breve uma relação
um condomínio logístico. Trata-se da adulta com o
antiga fábrica da Ford em São Bernardo do
Campo (SP), que está prestes a ser vendida Brasil” deverá ser o crescimento do turismo
para a conterrânea americana Prologis. A brasileiro em 2024, segundo projeção
unidade foi inaugurada pela montadora Javier Milei, presidente
da Confederação Nacional do Comércio
Willys nos anos 50 do século passado e da Argentina
de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O
foi comprada pela Ford em 1967. De lá desempenho modesto reflete a alta de
saíram modelos emblemáticos, como o preços das passagens aéreas
Maverick, Corcel e Escort. A Ford encerrou
a produção de carros no Brasil em 2021.

CARREIRA E TRABALHO

Novo Enem dos Concursos em 2026

Reprodução

Governo avalia a realização de processos

unificados de dois em dois anos, diz
ministra da Gestão e da Inovação em Ao longo deste e
dos outros anos,
Serviços Públicos, Esther Dweck
vamos contemplar
» VITÓRIA TORRES* o Enem dos Concursos, que sele- outros ministérios
» YASMIN RAJAB cionará 6.640 servidores para 21
órgãos públicos federais. O do-
que não estão

A
ministra da Gestão e
da Inovação em Servi-
ços Públicos (MGI), Es-
ther Dweck, disse on-
tem que há possibilidade de
realização de mais um Concur-
so Público Nacional Unificado
(CPNU) em 2026. Em partici-
pação no programa “Bom Dia,
Ministra”, a chefe da pasta des-
tacou que a previsão é que o
certame seja realizado de dois
em dois anos, para recompor o
quadro de servidores públicos
de todos os ministérios.
“Ao longo deste e dos outros
anos, vamos contemplar outros
ministérios que não estão nessa
primeira leva. A gente foi priori-
zando áreas que estavam muito
desfalcadas e que não tiveram
concursos recentes. A nossa ex-
cumento traz informações so- nessa primeira
bre os blocos temáticos, conteú-
do das provas, critérios de clas- leva. A gente foi
sificação e desclassificação, va- priorizando áreas
lidade do certame e composição
das notas finais. que estavam muito
Acesso desfalcadas e
que não tiveram
Os candidatos poderão se
inscrever a partir de 19 de ja- concursos recentes”
neiro, no site da Fundação
Cesgranrio, banca organiza- Esther Dweck,
dora. O período será encerrado ministra do MGI
em 9 de fevereiro. As provas es-
tão marcadas para serem apli-
cadas em 5 de maio.
A inscrição será, exclusiva-
mente, via conta Gov.br. Por ou-
tro lado, a ministra Esther Dweck
destacou preocupação com a ga-
rantia da acessibilidade aos can-

Venda da Amil é aprovada pelo Cade

pectativa é que o concurso seja
de dois em dois anos para suprir
toda a demanda”, disse.
Esther Dweck explicou a im-
portância de ampliar a diversi-
dade geográfica para garantir a
representação de diferentes re-
giões do país no serviço público,
promovendo uma base ampla
para o desenvolvimento de polí-
ticas públicas. “Percebemos que
os ministérios tinham muita di-
ficuldade de fazer um concurso.
Justamente por estarem há vários
anos sem concurso, os ministé-
rios tinham perdido a capacida-
de de fazer o concurso”, afirmou.
O governo federal publicou na
semana passada o edital com as
regras para o concurso unificado,
didatos, mencionando que há
negociações com o Banco do
Brasil e os Correios para ofere-
cer agências físicas nas 220 ci-
dades onde haverá provas, com
o intuito de facilitar a inscrição
aos que não têm acesso a dispo-
sitivos eletrônicos.
“Se alguém tiver alguma di-
ficuldade com o aplicativo, não
tiver um smartphone ou com-
putador em casa, queremos que
possa fazer a inscrição também.
Estamos tentando garantir agên-
cias físicas até sexta. O nosso ob-
jetivo é que todos os brasileiros
possam fazer”, disse a ministra.
*Estagiária sob a supervisão de
Luana Patriolino
A Superintendência-Geral do
Conselho Administrativo de De-
fesa Econômica (Cade) aprovou
a venda da Amil, que pertencia
ao United Health Group (UHG),
para o empresário José Seripie-
ri Filho, que fundou a Qualicorp
e a Qsaúde. O aval foi oficializa-
do ontem no Diário Oficial da
União (DOU).
Segundo o parecer sobre a
operação, todas as empresas nas
quais o comprador detém par-
ticipação indireta pertencen-
tes ao Grupo QSaúde não es-
tão em operação. Foi apontado
também que o empresário não
possui ações em outras empre-
sas com atividades em merca-
dos horizontal ou verticalmen-
te relacionados àqueles em que
atua o Grupo Amil.
“Assim, a operação repre-
senta apenas uma substitui-
ção de agente econômico e de-
cidiu pela sua aprovação sem
restrições”, disse o Cade, lem-
brando que o negócio tam-
bém está sujeito à aprovação
da Agência Nacional de Saú-
de Suplementar (ANS).
Se o tribunal não avocar
os atos de concentração para
análise ou se ninguém recor-
rer da decisão dentro de um
prazo de 15 dias, o aval para a
venda será definitivo. “A Amil
atua na operação de planos
de saúde médico-hospitala-
res e de planos exclusivamen-
te odontológicos, individuais,
familiares e coletivos em todo
o Brasil. O grupo possui ain-
da hospitais e centros médi-
cos (unidades ambulatoriais)
para a prestação de serviços
médico-hospitalares, além de
contar com rede credenciada
de médicos, hospitais e labora-
tórios. Já o comprador possui
atividades no ramo de investi-
mentos financeiros e imobiliá-
rios”, apontou o Cade.
Essa é a maior transação de
fusão e aquisição (M&A, na si-
gla em inglês) feita no país en-
tre uma única pessoa física e
uma companhia, José Seripie-
ri Filho pagará R$ 2 bilhões ao
UHG e assumirá passivos de cer-
ca de R$ 9 bilhões. O valor total,
porém, pode ser maior por cau-
sa de eventuais contenciosos.
(Agência Estado)
Mundo
9 • Correio Braziliense • Brasília, quinta-feira, 18 de janeiro de 2024
Irã ataca vizinhos e
eleva a tensão
Disparo de mísseis iranianos contra grupo extremista no Paquistão provoca crise diplomática. Teerã adverte que “não vê
limites” ao uso da capacidade militar. Bombardeio à Síria alveja Estado Islâmico. EUA classificam huthis como terroristas
» RODRIGO CRAVEIRO
O
regime do Irã prometeu
uma reação “proporcional,
dura e decisiva” a qualquer
um que ameaçar o país teo-
crático islâmico. O ministro da De-
fesa iraniano, general de brigada
Mohammadreza Ashtiani, fez a ad-
vertência horas depois de seu país
disparar mísseis contra os territó-
rios do Paquistão, da Síria e do Ira-
que, em uma escalada de tensão
que coloca em alerta todo o Oriente
Médio. Teerã também alertou que
“não vê limites no uso da capaci-
dade militar” contra quem o amea-
çar. Em retaliação aos assassinatos
de 11 policiais na cidade de Rask
e na província do Baloquistão, na
fronteira iraniano-paquistanesa, o
Irã bombardeou uma suposta ba-
se do grupo terrorista Jaish Al-Adl,
que operava no país vizinho.
O Paquistão denunciou a mor-
te de duas crianças na operação
e adotou protesto diplomático:
convocou o seu embaixador em
Teerã e impediu a volta do repre-
sentante diplomático de Teerã a
Islamabad. Em nota, o governo de
Islamabad disse que o ataque é
“completamente inaceitável e po-
de ter consequências graves”.
“Não toleramos que terroristas
operem dentro dos territórios do
Iraque e do Paquistão, represen-
tando uma ameaça à segurança do
Irã. Nós respeitamos a soberania e
a integridade territorial do Paquis-
tão, mas não permitiremos que a
segurança do Irã seja comprome-
tida”, declarou o ministro das Re-
lações Exteriores iraniano, Hossein
Amirabdollahian. “Consideramos
que a segurança do Iraque e do Pa-
quistão é a do Irã”, acrescentou o
chanceler, citado pela agência de
notícias estatal Irna. “Nós alveja-
mos o Jaish Al-Adl, não os cidadãos
paquistaneses.” Na terça-feira, Tee-
rã atacou posições do grupo extre-
mista Estado Islâmico perto da ci-
dade síria de Harem e um suposto
quartel-general da Mossad — o ser-
viço secreto israelense — em Erbil,
no Curdistão iraquiano.
Em entrevista ao Correio, Alon
Ben-Meir, professor de relações in-
ternacionais da Universidade de
Nova York e especialista em Orien-
te Médio, explicou que o Irã não
tem o costume de se engajar dire-
tamente em ataques contra nações
ou grupos percebidos como inimi-
gos. “O Irã quis exibir seus múscu-
los e demonstrar a capacidade de
EQUADOR
Promotor que investigava invasão a emissora é morto
Mais um crime no Equador evi-
dencia a crise de segurança no país.
César Suárez, promotor que inves-
tigava o ataque de encapuzados
fortemente armados à emissora TC
Televisión, em 9 de janeiro passa-
do, foi assassinado na tarde de on-
tem enquanto dirigia seu carro pela
Avenida de Los Bomberos, em Los
Ceibos, na cidade de Guayaquil.
“Diante do assassinato de nosso
colega César Suárez (...), serei en-
fática: os grupos de crime organi-
zado, os criminosos, os terroris-
tas não impedirão nosso compro-
misso com a sociedade equatoria-
na”, reagiu a procuradora-geral do
Equador, Diana Salazar.
Os pistoleiros dispararam con-
tra a caminhonete de Suárez atin-
gindo o lado da janela do moto-
rista. Horas depois, o carro utili-
zado no crime foi encontrado
seus mísseis, ao atingir alvos em
países vizinhos. No Paquistão, o
regime iraniano acusou o gover-
no de apoiar um grupo separatista
em Baloquistão que lançou um ata-
que durante o aniversário de mor-
te do general Qassem Soleimani, da
Guarda Revolucionária. A ofensiva
na Síria estava ligada ao Estado Islâ-
mico, que tem investido contra for-
ças iranianas ao longo da fronteira.
A ação no Iraque foi dirigida à re-
gião curda, onde o governo de Tee-
rã acusa separatistas de abrigarem
um acampamento da inteligência
israelense”, comentou.
Ben-Meir acredita que o Irã
não se envolve diretamente com
os EUA e com Israel por desejar
prevenir uma escalada bélica na
região. “O governo iraniano justi-
ficou os ataques porque, do pon-
to de vista de Teerã, não houve es-
colha, a não ser retaliar. Teerã tam-
bém quis enviar uma mensagem
a Israel de que, caso o governo de
Benjamin Netanyahu ataque insta-
lações nucleares ou mate cientistas
iranianos, não hesitará em respon-
der com mísseis. Na minha opi-
nião, esses bombardeios são ape-
nas uma demonstração de poder,
para demonstrar que o regime teo-
crático islâmico é capaz de realizar
tais ações, se necessário.”
Ainda segundo Ben-Meir, o Irã
é uma grande potência no Oriente
Médio, com capacidades militares
importantes, principalmente nas
áreas de defesa e de mísseis. “Nem
o Iraque nem a Síria o veem como
ameaça, porque continuam a cola-
borar com Teerã em uma gama de
assuntos. O ataque no norte do Ira-
que, no entanto, irritou Bagdá, que
convocou o embaixador no Irã para
expressar sua ira.”
Os EUA fizeram um protesto
formal. “Condenamos esses ata-
ques; vimos o Irã violar as fron-
teiras soberanas de três vizinhos
apenas nos últimos dois dias”,
declarou Matthew Miller, porta-
voz do Departamento de Estado.
Iêmen
No Mar Vermelho, rebeldes se-
paratistas huthis — apoiados pe-
lo Irã — atacaram um barco dos
EUA diante da costa da cidade ie-
menita de Áden, horas depois de
Washington incluir o grupo separa-
tista na lista de entidades terroris-
tas. “As forças navais huthis ataca-
ram um barco americano chamado
Genco Picardy com vários mísseis”,
incendiado. Em recente entrevista
ao jornal El Universo, de Quito, o
promotor chegou a confirmar que
não tinha escola policial, apesar de
ter liderado o interrogatório dos
13 homens que renderam os
funcionários da TC Televisión
no momento em que o pro-
grama jornalístico El Noticie-
ro era transmitido ao vivo. As
imagens do ataque repercu-
tiram em todo o mundo. Se-
gundo a agência de notícias
France-Presse, a própria pro-
curadora-geral tem sofrido amea-
ças de morte por parte do grupo do
narcotráfico Los Lobos.
Jose Luis Calderón, jornalis-
ta da TC Televisión que ficou 40
minutos sob a mira de uma ar-
ma e teve uma dinamite colo-
cada dentro do bolso do pale-
tó, defende a necessidade de
ORIENTE MÉDIO
AFP
declarou o porta-voz militar Yahya
Saree na televisão. A tripulação não
sofreu ferimentos e seguiu viagem.
Muhammad Al-Bukhaiti, 50
Christian Vinueza/AFP
Membros da Polícia Nacional na cena do crime, em Guayaquil
anos, membro do gabinete políti-
co do Movimento Huthi, desquali-
ficou a decisão dos EUA de conge-
lar os fundos do grupo e de impedir
seus membros de entrarem no país.
“Não temos dinheiro para temer o
congelamento, nem temos vontade
de visitar os EUA”, disse ao Correio.
uma investigação rigorosa so-
bre as circunstâncias do aten-
tado. “É preciso averiguar se o
assassinato do promotor tem li-
gação com a incursão terrorista
na nossa emissora. Isso porque
ele também investigava outros
casos ligados à corrupção no se-
tor hospitalar, como o superfa-
turamento de contratos de in-
sumos com sobrepreço durante
a pandemia”, disse ao Correio,
por meio do WhatsApp.
Segundo o repórter, um homem
de nome Daniel Salcedo foi deti-
do, na terça-feira, no Panamá,
depois de ser interrogado algu-
mas vezes por Suárez pelo es-
quema de corrupção. “Prefiro
não me apressar nem dizer que a
morte teve ligação com a invasão
à TC Televisón pois seria realmente
inapropridado. Mas a situação que
Editora: Ana Paula Macedo
anapaula.df@dabr.com.br
3214-1195 • 3214-1172
Outdoor em Teerã
traz a imagem
de míssil iraniano
e a frase "Preparem
seus caixões"
Muhammad Nasser Al-Bukhaiti,
50 anos, membro do gabinete
político do Movimento Huthi
Facebook/Reprodução
Como vê a decisão
dos EUA de
declararem vocês
como terroristas?
Esta decisão é
uma prova de im-
potência e falên-
cia, pois estamos em guerra com
eles. Além disso, o Ansar Allah (ga-
binete polítíco dos huthis) repre-
senta o Estado do Iêmen e goza de
grande apoio popular em âmbito
local, árabe e islâmico. Os EUA ra-
pidamente se verão isolados e in-
capazes de se beneficiarem dessa
decisão. Além disso, essa decisão
desgasta a credibilidade dos EUA,
pois é difícil convencer as pessoas
de que alguém que busca deter um
genocídio é um terrorista.
Os EUA acusam os huthis
de terem fortes ligações com
o Hamas. Isso ocorre?
Sim, temos fortes relações
com todos os movimentos da re-
sistência palestina, incluindo o
Hamas, e isso é fonte de orgulho
para nós. (RC)
enfrentamos no país é realmente
crítica”, admitiu Calderón.
“As unidades de investigação
realizam interrogatórios per-
tinentes para encontrar os res-
ponsáveis” no principal porto do
país, relatou um representante
da Polícia Nacional do Equador
à agência France-Presse. Em en-
trevista ao Correio, publicada na
terça-feira, o presidente equato-
riano, Daniel Noboa, afirmou que
seu governo atacou o coração do
narcotráfico, ao asfixiar financeira-
mente os grupos do crime organi-
zado e firmar o decreto sobre con-
flito armado interno, o qual clas-
sifica essas facções como terroris-
tas. “Este governo é o primeiro a
deckarar terroristas as máfias do
tráfico de drogas e a considerá
-las alvos militares das forças po-
liciais”, assegurou. (RC)
Opinião 10 • Correio Braziliense • Brasília, quinta-feira, 18 de janeiro de 2024
VISÃO DO CORREIO
O duro combate
à desinformação
D
ias antes de dar início ao encon-
tro anual deste ano, na segunda-
feira, em Davos, na Suíça, o Fó-
rum Econômico Mundial divul-
gou seu tradicional relatório de riscos pa-
ra o planeta. Pela primeira vez, mais de
1,4 mil especialistas apontaram a disse-
minação de desinformação como a prin-
cipal ameaça global, que tem força o su-
ficiente para provocar agitações sociais,
desestabilizar governos e minar a demo-
cracia. Na visão desses analistas, o qua-
dro tende a se agravar numa velocidade
assustadora, diante do uso da inteligên-
cia artificial nesse processo. A tecnologia
é capaz de manipular imagens, voz, dis-
torcer dados e dar veracidade a mentiras.
Os especialistas chamam a atenção
para o fato de as fake news estarem do-
minando os debates sem que os gover-
nos sejam capazes de conter esse movi-
mento com a rapidez necessária. O te-
mor é de que, num mundo já polariza-
do, com guerras ganhando proporções
preocupantes, a desinformação tome
conta de processos eleitorais fundamen-
tais para ditar os rumos do planeta. Nes-
te ano, serão mais de 70. Haverá disputas
para o Parlamento Europeu, e os Estados
Unidos definirão o próximo presidente
da República. Os cidadãos de potências
emergentes, como a Índia e a Indonésia,
também irão às urnas. A lista de pleitos é
engrossada por México, Peru, Reino Uni-
do, Panamá e República Dominicana. No
Brasil, o ano será de eleições municipais.
Está mais do que na hora, portanto, de
o Congresso brasileiro definir limites para
a internet, com uma consistente regulação
das redes sociais. O projeto de lei das fake
news foi mais do que debatido no último
ano e está pronto para votação em ple-
nário. Se não levarem adiante a propos-
ta que tem como relator o deputado Or-
lando Silva, a Câmara e o Senado terão de
assumir a responsabilidade de que foram
lenientes com aqueles que usam a menti-
ra como arma para atacar pessoas e insti-
tuições. Que ninguém duvide da disposi-
ção dos que desprezam a democracia em
usar todas as ferramentas disponíveis para
inundar as campanhas eleitorais de inver-
dades, pregando o ódio e a intolerância.
Regulação não pode ser comparada à
CIDA BARBOSA
cidabarbosa.df@dabr.com.br
Empenho pela vacinação
É inegável — e as ações mostram isso
— a disposição do governo atual de fa-
zer o Brasil voltar a ser um exemplo de
imunização. Sem a retomada das altas
coberturas vacinais, o país abre a porta
para a reintrodução de doenças que es-
tavam erradicadas ou controladas por
aqui. Obviamente, essa postura respon-
sável é um dever do Estado, mas foi ne-
gligenciada na gestão anterior.
Lembro aqui: tivemos quatro anos
de um governo negacionista da ciência.
Consequentemente, houve escassez de
campanhas de comunicação — outrora
feitas massivamente — alertando a po-
pulação para a importância da vacina-
ção. Na pandemia da covid-19, foi o hor-
ror. Demora na compra de imunizantes,
reiteradas tentativas de demover a po-
pulação de tomar as doses e apologia ao
uso de medicamentos comprovadamen-
te ineficazes contra o vírus. Proliferaram,
também, as fake news sobre vacinas.
Nesta gestão do Ministério da Saú-
de, são múltiplas as ações para reto-
mar as coberturas vacinais no patamar
preconizado pela Organização Mundial
da Saúde — de ao menos 95%. E os re-
sultados estão aparecendo. Ao fim do
GUILHERME AUGUSTO MACHADO
Presidente
Leonardo Guilherme Lourenço Moisés
Vice-Presidente executivo
Valda César
Superintendente de Negócios e Marketing
censura. Os adeptos da desinformação
tentam disseminar a visão de que, ao se
impor limites à internet, está se ferin-
do o direito constitucional da liberdade
de expressão. União Europeia, Canadá
e Austrália têm avançado no sentido de
controlar as redes sociais, sem que isso
represente ameaça ao direito de as pes-
soas se manifestarem livremente. O que
se quer é que as big techs tenham re-
gras semelhantes às impostas aos meios
de comunicação tradicionais, que po-
dem ser punidos em caso de abusos. No
mundo virtual, é o vale-tudo. Tanto que
se transformou em terreno fértil para o
crime organizado, o terrorismo e o tráfi-
co de seres humanos.
O Brasil não pode ficar para trás nesse
debate. As fake news 4.0, agravadas pela
inteligência artificial, precisam ser com-
batidas com todo o rigor. No retorno do
Congresso aos trabalhos, em fevereiro
próximo, o projeto que trata sobre o te-
ma terá de ser prioridade não apenas por
causa das eleições municipais, mas, so-
bretudo, para salvar vidas. São cada vez
mais frequentes relatos de pais que per-
deram os filhos para a desinformação.
Crianças e adolescentes têm sido leva-
dos a tirar a própria vida, seja por não
conseguirem lidar com notícias falsas a
respeito deles, seja por indução do sub-
mundo que opera na deep web. A mons-
truosidade no mundo virtual das menti-
ras não tem limites.
O Legislativo, inclusive, deve agir para
não levar o Judiciário a definir as regras
para a internet. É visível que o Supremo
Tribunal Federal (STF) está comprometi-
do com o combate à desinformação, mas
cabe a deputados e senadores chegarem
a um consenso em torno das regras que
prevalecerão em lei. Os líderes de todos
os partidos devem ser chamados para o
debate, como manda o regime democrá-
tico. Divergências são naturais. Por isso,
há a opção do voto em plenário na Casa
do povo. Já passou da hora de se tratar a
Lei das Fake News com o respeito que ela
merece, sem nenhum tipo de ideologia.
A sociedade, que elegeu seus represen-
tantes no parlamento, não pode pecar
pela omissão, sob o risco de ser a maior
vítima da onda de mentiras.
ano passado, oito imunizantes reco-
mendados para o público infantil regis-
traram aumento na cobertura em rela-
ção a 2022.
Agora, o Brasil vai se tornar o primei-
ro país a oferecer vacina contra a dengue
gratuitamente na rede pública de saúde.
A imunização está prevista para começar
no mês que vem. A prioridade será para
crianças e adolescentes na faixa etária
de 6 a 16 anos, mas, como o número de
doses é limitado, somente 2,5 milhões
desse público serão atendidos.
O fato de haver apenas 5 milhões de
doses disponíveis — a imunização ocor-
re em duas etapas — fez a ministra Ní-
sia Trindade ser alvo de críticas, inclu-
sive de apoiadores do governo negacio-
nista! Ela explicou que a vacina não está
acessível em maior número, neste mo-
mento, porque o laboratório responsá-
vel pela produção tem disponibilidade
limitada de doses.
Pelo empenho do ministério, desde
o início do governo, para levar à popu-
lação a proteção garantida por vacinas,
tenho convicção de que tudo será feito
para vencer esse obstáculo o mais bre-
ve possível.
‘‘Na quarta parte nova os campos ara
E se mais mundo houvera, lá chegara’’
Camões, e, VII e 14
Ana Dubeux
Diretora de Redação
Editora: Carmen Souza // carmensouza.df@dabr.com.br
opiniao.df@dabr.com.br || 3214-1157
» Sr. Redator
» Cartas ao Sr. Redator devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome e endereço completo, fotocópia de identidade e telefone para contato.
E-mail: sredat.df@dabr.com.br
Detran
Desabafos
» Pode até não mudar a situação,
É um escândalo: a renovação da carteira de motoris-
ta custa mais de R$ 450! Taxas e mais taxas....muito di- mas altera sua disposição
nheiro para as autoescolas. Por que não podemos le-
var atestado médico e fazer isso direto no Detran? É ur- Será que Messi, ex-atleta em
gente que se apure quem, e como, está ganhando mui-
to dinheiro com isso. O envio de uma simples carteira atividade, ficou com vergonha
pelos Correios custa R$ 78. O boleto do IPVA não está
mais sendo enviado pelos Correios nem o documento em receber o prêmio The Best, de
de renovação, mas pagamos R$ 85 de taxa anualmente melhor jogador de futebol de 2023?
ao Detran. É urgente que o GDF volte a emitir o boleto
e o certificado e os envie à residência dos contribuin- Luis Baldez — Asa Sul
tes. Muitas pessoas são idosas, não têm computador ou
acesso ao App, que é péssimo. Ministério Público, va-
mos agir a favor da população! Que cancelem a cobran- Lula, estou te dando o aumento
ça e enviem, pelo menos por email, o boleto e o certifi-
cado de licenciamento. da aposentadoria de quem ganha
mais de um salário mínimo. Não
» Elaine Maria Holanda
Asa Sul quero esse aumento de miséria.
Eleições Você enganou os aposentados.
Ivete Mendes Dias Dias — São Paulo
Dirceu e Valdemar. Não é dupla sertaneja despon-
tando. São políticos matreiros e calejados. Tomaram Dengue: Vicente Pires não está no
conta do noticiário. Criaram ganchos e cascas de bana-
nas no tabuleiro do xadrez político. Para todos os gos- mapa da borrifação? Será possível?
tos. O presidente do PL ousou cutucar Bolsonaro na vi-
rilha, elogiando Lula. Provocação pura. Para acordar Marcos Paulino — Vicente Pires
o ex-presidente, salientando que é hora de entrar na
campanha eleitoral. Vestir a camisa do PL, provar que,
realmente, conta com milhões de seguidores. José Dir-
Se tratada a covid com mais dedicação
ceu, fundador do PT, por sua vez, não se fez de rogado. e seriedade no país, teríamos tido mais
Voltando a falar grosso, depois de anistiado pelo Supre-
mo Tribunal Federal (STF), sacudiu Lula, o PT e aliados, vacinação e menos mortes. Cerca de
lembrando, carregando nas tintas e nas palavras, que as 600 milhões de vacinações e de 150
eleições estão na porta. Eleição é tarefa para profissio-
nais. Hora de botar o bloco nas ruas. Para Zé Dirceu, é
preciso agir, sair do berço da acomodação e do triunfa-
mil a 200 mil mortes a menos.
lismo. Mostrar o que o governo tem feito em benefício José de Jesus Moraes Rêgo — Asa Norte
da coletividade. Sob pena do partido naufragar nas ur-
nas de outubro. Valdemar e Dirceu estão fartos de saber
que vitórias significativas este ano, de prefeitos e verea-
Pouca serventia terá um ministério
dores, são termômetros valiosos para enfrentar con- responsável pela segurança
fiantes as eleições presidenciais de 2026.
pública burocrático e afeito a
» Vicente Limongi Netto
Lago Norte relatórios e pareceres. A situação
atual exige ações urgentes e um
Potência ambiental
quadro conhecedor e operador
Nem sempre gostamos de admitir. Mas a verdade é de ações estruturantes.
que nosso país conta pouco na cena global. Respon-
demos por apenas 1,3% das exportações mundiais. A Marcos Gomes Figueira — Sudoeste
China tem 13% das vendas totais. Se descontarmos a
presença marcante em algumas commodities, no ge-
ral, somos coadjuvantes. Também pouco se fala do Bra-
sil lá fora, e, frequentemente, as raras notícias não são que nos acusam destruíram quase toda a sua cobertura
boas. Mas há uma marcante exceção: a área ambien- nativa e, portanto, não têm moral para nos dizer o que
tal. É quando viramos gigantes. Numa hipotética reu- fazer. É imperioso cuidar já do destino da maior flores-
nião com apenas quatro participantes para debater for- ta do mundo. Até pelos erros cometidos por outras na-
mas mais sustentáveis de atuação, o Brasil teria neces- ções, sabemos o caminho que não devemos trilhar. E
sariamente de estar presente, ao lado de EUA, China e precisamos provar que o desenvolvimento humano é
União Europeia. É impossível pensar no futuro do pla- plenamente compatível com a floresta em pé.
neta sem levar em conta os rios, as florestas e a biodi-
versidade brasileiros. Por isso mesmo, é impossível não » Renato Mendes Prestes
se preocupar com a destruição deles. Muitos dos países Águas Claras
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Novo plano para pessoas
com deficiência deixa
muitos de fora
Diretor-assistente de direitos das pessoas com deficiência na Human Rights Watch
O
governo federal divulgou
seu novo plano de direitos
humanos para os cerca de
18 milhões de pessoas com
deficiência no Brasil. Mas o plano
Novo Viver sem Limites deixa de
fora milhares de pessoas com defi-
ciência que vivem em instituições
em todo o país.
No início de setembro, ciente de
que o plano seria apresentado em
breve, a Human Rights Watch fez
reuniões com autoridades da Se-
cretaria Nacional dos Direitos da
Pessoa com Deficiência e da Pre-
sidência da República. Esperáva-
mos que eles endereçassem nos-
sas preocupações sobre o desca-
so com as pessoas com deficiên-
cia que vivem em instituições de
acolhimento no Brasil.
Entre 2016 e 2018, a Human
Rights Watch visitou diversas ins-
tituições para pessoas com defi-
ciência nos estados de São Paulo,
Rio de Janeiro, Bahia e no Distrito
Federal. Constatamos que milha-
res de pessoas com deficiência vi-
vem em instituições, muitas delas
desde a infância, com graves vio-
lações de seus direitos fundamen-
tais. Muitas enfrentam isolamento,
falta de acesso à educação, restri-
ções ao seu direito de tomar deci-
sões, contenções físicas e, muitas
vezes, químicas, bem como empobreci-
mento generalizado de suas vidas.
O primeiro plano Viver sem Limites, apre-
sentado em 2011, contemplava a criação de
residências inclusivas para garantir que as
pessoas com deficiência pudessem viver em
comunidade. No relatório de 2018, a Human
Rights Watch aponta que essas residências
são um passo positivo, em comparação às
grandes instituições no Brasil, algumas das
quais abrigam centenas de pessoas.
No entanto, essas residências inclusivas
compartilham muitos dos aspectos problemá-
ticos de grandes instituições, incluindo o fato
de seus residentes não terem permissão para
exercer o controle sobre a própria vida e as de-
cisões diárias. A maioria das pessoas com defi-
ciência que vivem em residências inclusivas está
sob curatela, com sua capacidade legal restrita,
e sua existência diária completamente regula-
mentada pelos funcionários dessas instituições.
Muitos não têm permissão para fazer sim-
ples escolhas cotidianas que a maioria das
pessoas têm garantidas, como a hora de acor-
dar, quais atividades participar, com quem
socializar e, em geral, a vida que desejam le-
var. Algumas residências inclusivas permitem
um pouco mais de autonomia do que outras,
permitindo que os residentes saiam sozinhos.
Mas o denominador comum é que as pes-
soas não têm a opção de decidir se querem
ou não estar lá, porque não há alternativas
para elas viverem de maneira independente
e serem incluídas na comunidade, um dos
Transição energética e as pérolas do futuro
Coordenador técnico do Instituto E+ Transição Energética
Í
cones de elegância e refinamento ao longo
da maior parte da história, as pérolas per-
mitem um paralelo com a busca por alter-
nativas na transição energética. Enquan-
to o mundo da moda recupera os antigos co-
lares, a COP28 emerge como um palco cru-
cial para discutir o futuro energético global.
No século 19, territórios do Golfo Pérsico
tinham as pérolas como elemento central de
sua economia. As reviravoltas da sorte, no en-
tanto, transformaram radicalmente a econo-
mia local, com a descoberta do petróleo, que
afetou profundamente o desenvolvimento do
capitalismo no século 20.
Parte das regiões dependentes do com-
bustível fóssil parece estar conseguindo se li-
vrar dessa maldição econômica. Dubai, por
exemplo, vem diversificando seu PIB, com-
posto, agora, também por serviços, comér-
cio e produção industrial. Mas as negocia-
ções na COP28 mostraram que, apesar dessas
mudanças, o petróleo ainda tem peso fortís-
simo em boa parte do mundo, como indica
a declaração do presidente do evento (e tam-
bém da petroleira Adnoc), Ahmed Al Jaber, de
que não há critério científico para a elimina-
ção dos combustíveis fósseis.
Felizmente, no caso da COP, alguns resul-
tados foram obtidos, sendo o principal deles
a proposição, no documento final, da transi-
ção dos combustíveis fósseis (transitioning
away from, no termo em inglês). Não conse-
guimos, no entanto, a esperada — e urgente
» CARLOS RÍOS ESPINOSA
direitos básicos estabelecidos pelo direito
internacional dos direitos humanos aplicá-
vel ao Brasil.
O Novo Viver Sem Limites nem mesmo
reconhece a existência dessas pessoas, de-
monstrando que elas simplesmente não es-
tão na agenda das políticas públicas desen-
volvida pelo governo Lula.
Em setembro, pesquisadores da Human
Rights Watch entrevistaram novamente pes-
soas que haviam conhecido em 2016, incluin-
do uma mulher com deficiência física que
morava em uma grande instituição transfor-
mada em uma residência inclusiva.
Desta vez, ela não pôde sequer falar livre-
mente conosco, porque um funcionário da
instituição estava sempre presente. Quando
pedimos seu consentimento para a entrevis-
ta, a equipe nos proibiu, dizendo que ela não
tinha autonomia para decidir sobre esse as-
sunto e que uma ordem judicial seria neces-
sária, já que ela estava sob curatela.
No Novo Viver sem Limites, o governo bra-
sileiro se comprometeu a “responder à neces-
sidade de ir além das entregas de bens e ser-
viços à população, enfrentando de maneira
sistêmica as violências e discriminações so-
fridas pelas pessoas com deficiência na so-
ciedade brasileira” e a defender seus direitos
humanos. Seu fracasso em explicitamente se
referir às pessoas com deficiência que vivem
em instituições e estabelecer ações concre-
tas para apoiá-las com serviços na comuni-
dade é inconsistente com esse compromisso.
» CLAUBER LEITE
— eliminação gradual (phase out).
O fato é que as discussões, na conferência,
refletem as dificuldades de uma mudança da
magnitude necessária — não custa lembrar
que o ano de 2023 recentemente foi confirma-
do como o mais quente da história. Os com-
promissos proferidos de aumento dos inves-
timentos em fontes renováveis de energia —
118 países, incluindo o Brasil, concordaram
em triplicar sua capacidade nessas fontes,
atingindo um total de 11.000 GW até 2030 —
podem ser interpretados como uma resposta
reativa, em vez de iniciativas proativas na di-
reção de uma verdadeira transição energética.
O Brasil compartilha desse dilema. Ho-
je, nosso principal desafio em termos des-
sa transição é garantir, ao menos, a ma-
nutenção da renovabilidade da nossa ma-
triz energética. Mas o ingresso na Opep+,
a possibilidade de exploração de petróleo
em novas fronteiras, como a Margem Equa-
torial, e o sucesso dos leilões de concessão
de novos blocos do energético acentuam o
desafio, reforçado pela importância preo-
cupante das usinas térmicas a gás natural
no setor elétrico e pela perspectiva de no-
vas contratações nesse sentido.
Não há dúvidas de que o brilho dessas
pérolas, somado a condições extremamen-
te precárias em que vive grande parcela po-
pulação brasileira, segue hipnotizando boa
parte da nossa sociedade por seu poten-
cial de geração de divisas ao país. Porém, a
Correio Braziliense • Brasília, quinta-feira, 18 de janeiro de 2024 • Opinião • 11
A
É ainda mais decepcionante que o governo
continue confiando no modelo das chama-
das residências inclusivas sem realizar uma
avaliação sistemática do modelo nos locais
em que foi implementado.
O Comitê sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência, órgão responsável pela in-
terpretação dos direitos estabelecidos no tra-
tado das Nações Unidas sobre deficiência,
tem repetidamente instado os países que ra-
tificaram esse tratado, incluindo o Brasil, a se
absterem de construir novas instituições e a
criarem planos para a desinstitucionalização
das pessoas com deficiência.
Nunca é tarde demais para o Brasil adi-
cionar esse componente ao seu plano. Para
começar, o governo deveria avaliar as resi-
dências que foram criadas e fazer mudanças
nas políticas de admissão para garantir que
as pessoas que moram lá queiram estar lá.
O governo deveria revisar a forma como
essas residências são organizadas para que
as pessoas tenham mais opções sobre seus
horários e suas atividades diárias. E essas re-
sidências devem treinar suas equipes para
apoiar, e não controlar, os residentes.
O próximo passo seria criar um modelo de
vida comunitária independente, para que as
pessoas que estão nessas residências possam
fazer a transição e para que as pessoas que es-
tão atualmente em grandes instituições pos-
sam se mudar para as residências inclusivas.
O novo plano é apenas um começo, e o go-
verno Lula não deve parar por aí.
história nos ensina e as mudanças climáti-
cas exigem que busquemos alternativas às
soluções do século passado.
Pelo menos, parte dessas alternativas
já está mais próxima do que muitos ima-
ginam. A cadeia do hidrogênio de baixas
emissões em desenvolvimento é, indubita-
velmente, o novo colar que podemos exibir
nos salões, nesses novos tempos. E não se
trata de um colar simples, mera coleção de
esferas alinhadas sobre roupas de grife ou
suas imitações: o hidrogênio de baixo car-
bono pode ir muito além do que uma sim-
ples commodity para exportação.
O potencial brasileiro de produção do in-
sumo a partir de fontes renováveis de ener-
gia e a nossa capacidade de diálogo, combi-
nados com o anseio dos grandes comprado-
res globais por produtos industriais de baixo
carbono e sua disposição de pagar um prê-
mio por esse diferencial, têm tudo para se
destacarem como a principal chave da nos-
sa transição energética.
Afinal, tal dinâmica pode ir muito além
dos efeitos da indústria fóssil de apenas me-
lhorar as condições da nossa balança comer-
cial. Pode, sim, proporcionar uma transfor-
mação da nossa produção num ciclo virtuoso
de investimentos produtivos, diversificação
econômica e geração de emprego e de renda.
Sem dúvida temos pérolas que, se bem cul-
tivadas, farão uma enorme diferença para o
futuro de todos nós.
Saúde suplementar
em momento de
reorganização
» VERA VALENTE
Diretora executiva da FenaSaúde
saúde suplementar brasileira vive momento de reor-
ganização, que deriva de efeitos dramáticos sobre os
custos assistenciais que vêm desde a pandemia. En-
quanto, de um lado, vemos o número de associados
aos planos de saúde crescer continuamente, de outro, os re-
sultados econômico-financeiros permanecem preocupantes.
Mais que nunca, mostram-se necessárias mudanças agudas
na cadeia de prestação de serviços de saúde privados, de for-
ma a reavivar a sustentabilidade do setor.
Em 2023, as operadoras de planos de saúde privados tive-
ram mais um ano positivo em termos de crescimento do mer-
cado. Assim tem sido desde a pandemia, com mais brasileiros
buscando a segurança e a qualidade oferecidas pelo sistema de
saúde suplementar. O ano registrou o maior patamar de bene-
ficiários da história, com cerca de 51 milhões de usuários co-
bertos por planos de assistência médica e mais de 32 milhões
com planos exclusivamente odontológicos (os números defi-
nitivos só são divulgados em fevereiro).
Em contraste com a expansão do número de beneficiários,
os resultados econômico-financeiros mantiveram-se tímidos
em 2023. Até o terceiro trimestre, dado oficial mais recente, as
operadoras de planos médico-hospitalares registraram lucro
líquido de R$ 2,3 bilhões, revertendo prejuízo de R$ 3,4 bilhões
em igual período de 2023. O resultado pode, à primeira vista,
até parecer robusto, mas equivale a apenas 1,3% do total das
receitas obtidas com contraprestações (mensalidades) pelas
operadoras, o que evidencia a estreitíssima margem de lucro
com que o setor tem trabalhado.
Mais preocupante são os resultados operacionais — ou se-
ja, aqueles decorrentes do negócio de planos de saúde pro-
priamente dito. Até o terceiro trimestre, houve novo prejuízo
operacional, desta vez de R$ 6,3 bilhões. Assim tem sido, de
forma praticamente ininterrupta, desde o segundo trimestre
de 2021: de 10 trimestres, nove tiveram resultados negativos,
acumulando rombo de R$ 20,8 bilhões até agora.
Segue, portanto, consolidando-se um modelo de negócio
em que resultados operacionais muito fracos são atenuados
por resultados financeiros mais expressivos, vindos, sobretu-
do, dos ganhos com a aplicação financeira das provisões das
operadoras. Tal dependência preocupa o setor, particularmen-
te em cenário de queda das taxas de juros que remuneram as
reservas — entre aplicações garantidoras e livres, a soma, ho-
je, é de R$ 107 bilhões.
Diante dessa situação, os planos têm procurado reorgani-
zar-se, buscando mensalidades mais sustentáveis, capazes de
fazer frente à alta das despesas assistenciais dos beneficiários
e, ainda, fazendo ajustes de custos na gestão das operações.
Numa situação assim, medidas que resguardem o caixa das
operadoras se fazem necessárias, ou melhor, obrigatórias, a
bem de toda a cadeia de prestação de serviços de saúde pri-
vada, profundamente dependente da remuneração paga re-
gularmente pelos planos.
É o que as operadoras têm feito, por exemplo, ao exami-
nar melhor gastos que podem ser indevidos ou superfatura-
dos e atuar para aperfeiçoar a gestão dos recursos. E, tam-
bém, ao dedicar enormes esforços para combater fraudes e
diminuir desperdícios, numa cruzada que, felizmente, co-
meça a envolver largas camadas da sociedade — segundo
estudo recém-publicado pelo IESS (Instituto de Estudos da
Saúde Suplementar), tais perdas equivalem a 12,7% das re-
ceitas totais da saúde suplementar.
As perspectivas para este ano de 2024 são de que, em termos
de cobertura, o desempenho dos planos continue dependen-
do, como sempre dependeu, do comportamento da economia
em geral e, mais especificamente, das condições do mercado
de trabalho. Há uma correlação estreita entre emprego formal
e desempenho dos planos coletivos empresariais, que corres-
pondem a mais de 70% das contratações no país.
No campo econômico-financeiro, o maior desafio é a per-
manência do descompasso entre o aumento das obrigações
dos planos impostas por novos regramentos legais e regulató-
rios — logo, resultando em mais despesas assistenciais — sem
as receitas correspondentes. Em grande medida, a situação
dos planos de saúde vem se deteriorando nos últimos tempos
por causa de alterações de regras que não levaram em consi-
deração seus respectivos impactos financeiros — como, por
exemplo, a incorporação de novos e caríssimos medicamen-
tos e o fim de limites de sessões para certos tipos de terapias.
Todos os elos da cadeia perdem com essa situação. As cer-
ca de 700 operadoras de planos de saúde médico-hospitalares
privados em atividade no país são a porta de entrada de um
gigantesco sistema. São elas que efetuam, ao repassar quase
90% do que recebem de seus associados na forma de mensa-
lidades, os pagamentos devidos aos prestadores pelos atendi-
mentos ministrados aos pacientes: 83% das receitas dos prin-
cipais hospitais privados e 61% da dos laboratórios provêm
das transferências feitas pelos planos.
É sempre bom lembrar que a saúde suplementar permite
a realização de aproximadamente 1,8 bilhão de procedimen-
tos de saúde anuais, com a cobertura de mais de cerca de R$
200 bilhões em despesas assistenciais realizadas em torno de
129 mil estabelecimentos de saúde. Movimentamos ao redor
de 3% do PIB e constituímo-nos num dos principais empre-
gadores do país, com quase 5 milhões de colaboradores, dos
quais 420 mil são médicos que atendem o setor privado com
exclusividade ou dividindo seu tempo com o SUS. É a sobrevi-
vência de toda essa rede de assistência que ora está sob risco.
Também em função disso, as maiores preocupações do se-
tor em relação a 2024 referem-se à garantia de um ambiente
regulatório mais estável, que dê mais previsibilidade e segu-
rança jurídica para o negócio de planos de saúde no país. Nes-
te sentido, acompanhamos com especial atenção a evolução
das discussões em torno da revisão do marco legal dos planos
de saúde em marcha na Câmara dos Deputados, com regime
de urgência estabelecido. É crucial uma reflexão conjunta da
sociedade, com especial atenção das esferas governamentais,
a começar pelo Ministério da Saúde, sobre a urgência e a gra-
vidade da situação.
Nosso foco principal continua sendo ajudar a fazer com que
mais brasileiros consigam ter um plano de saúde, seja com
planos mais acessíveis, seja com regras mais competitivas ou
com medidas que ajudem a conter a alta dos custos dos tra-
tamentos de saúde — um desafio que não é apenas brasileiro,
é mundial. Passos em falso podem determinar o fim da saú-
de privada no país tal como a conhecemos hoje, com efeitos
danosos também sobre a saúde pública, que, sem condições
e sem orçamento, teria de absorver enorme demanda adicio-
nal. Não é disso que o país precisa.
Saúde&Ciência
12 • Correio Braziliense • Brasília, quinta-feira, 18 de janeiro de 2024
Editora: Ana Paula Macedo
anapaula.df@dabr.com.br
3214-1195 • 3214-1172

Opioides, risco para o feto YURIY DYACHYSHYN

Estudo australiano analisou 401.462

crianças cujas mães fizeram uso dos
medicamentos apresentaram ameaças
de infecção, eczema e dermatite e asma

» ISABELLA ALMEIDA bebês apresentaram diferenças

significativas em relação a ca-

A
exposição pré-natal aos
opioides — medicamen-
tos cuja base envolve ele-
mentos, como codeína,
di-hidrocodeína, tramadol, me-
tadona, fentanil, morfina e oxi-
codona — foi associada a um ris-
co aumentado de infecção, ec-
zema e dermatite e asma em be-
bês filhos de mães que fizeram o
uso dessas substâncias. É o que
aponta pesquisa feita com 401
mil recém-nascidos.
O estudo da University of Wes-
tern da Austrália foi publicado
ontem, na revista Jama, e inves-
tigou os efeitos dos opioides
durante a gravidez nas condi-
ções relacionadas ao sistema
imunológico em crianças. Os
cientistas identificaram três ti-
pos de problemas.
De acordo com o estudo, há
possibilidades de doenças infec-
ciosas, condições associadas a
um sistema imunológico hipera-
tivo e inflamação, e doenças au-
toimunes, como artrite idiopáti-
ca juvenil, lúpus eritematoso sis-
têmico, doença inflamatória in-
testinal e diabetes tipo 1.
Resultados
Para a pesquisa, os pesquisa-
dores utilizaram dados do Siste-
ma de Notificação de Partos, Co-
leta de Dados de Morbidade Hos-
pitalar, Coleta de Dados de Pron-
to-Socorro e Registro de Óbitos
da Austrália Ocidental. Também
foram empregados modelos de
regressão logística para analisar
as condições perinatais e mode-
los para examinar as condições
infantis, controlando para fato-
res, como idade gestacional.
Os resultados revelaram que
0,4% das 401.462 crianças estu-
dadas tiveram exposição pré-
natal a opioides (POE), e esses
racterísticas perinatais em com-
paração com aquelas sem POE.
Os autores também destaca-
ram a importância de considerar
a situação socioeconômica, o ta-
bagismo materno durante a gra-
videz e outras variáveis relevan-
tes ao interpretar os resultados.
As informações analisadas
mostraram que crianças com
POE tinham um risco significati-
vamente maior de hospitalização
ou de necessidade de ir ao pron-
to-socorro em razão de doenças
infecciosas, como pneumonia,
meningite e sepse, em compara-
ção com aquelas sem POE.
Os bebês expostos aos opioi-
des ainda na barriga da mãe ti-
veram um risco elevado de ec-
zema e dermatite, bem como de
condições associadas a um siste-
ma imunológico hiperativo e in-
flamação, como asma, alergias e
artrite idiopática juvenil.
Análises
Daniela Anderson, pediatra e
docente da Faculdade de Ciên-
cias Médicas da Universidade Es-
tadual de Campinas (Unicamp),
detalha que, quando a mãe in-
gere essas substâncias, seja pa-
ra controle de dor ou de algu-
ma patologia, ele se dilui na
corrente sanguínea materna e
chega até a corrente sanguínea
do bebê, atravessando a barrei-
ra placentária.
“Podem ter múltiplos efeitos
no bebê em formação, princi-
palmente quando utilizado em
grande quantidade e de modo re-
corrente no primeiro semestre”,
afirma Daniela Anderson.
Os autores também observa-
ram que a presença de síndrome
de abstinência neonatal (NAS) po-
de desempenhar um papel im-
portante no risco de condições
Palavra de especialista
Olhar para a mãe
"Precisamos sempre cuidar da
saúde materna, mesmo antes do
período da concepção, para ha-
ver ter uma boa qualidade de vi-
da e isso, consequentemente, faz
com que o uso excessivo de opioi-
des diminua. É importante rea-
lizar atendimento sobre a ques-
tão emocional da mulher e, junto
a isso, prescrever bons hábitos de
vida que façam com que essa futu-
ra mãe tenha menos doenças rela-
cionadas ao sedentarismo. Ter uma
NAS
É um conjunto de sinais e sintomas que podem ocorrer
em recém-nascidos expostos a substâncias viciantes,
principalmente opioides, durante a gravidez
perinatais, incluindo infecção,
eczema e dermatite. No entanto,
após o período perinatal, a NAS
pode não ser um fator primário
alimentação saudável, evitar ali-
mentos ultraprocessados e praticar
exercícios regularmente pode im-
pactar em médio e longo prazo na
redução do uso de opioides e, con-
sequentemente, minimizar as con-
sequências que acometem os fetos
em gestação."
Daniela Anderson, pediatra e
docente da Faculdade de Ciências
Médicas da Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp)
para condições relacionadas ao
sistema imunológico.
João Paulo Becker Lotu-
fo, especialista da Sociedade
As medicações podem interferir nas
crianças causando alterações no
sistema imunológico, inflamações e
Brasileira de Pediatria (SBP)
para assuntos de álcool, taba-
co e outras drogas, reforça que
reconhecimento das substân-
cias pelo cérebro do feto pode
aumentar sua possibilidade de
dependência no futuro.
“Qualquer droga utilizada na
gestação terá forte impacto na
formação do cérebro do feto. Is-
so ocorre com nicotina, álcool,
maconha e opiáceos. A síndrome
de abstinência de todas as drogas
pode ocorrer aumentando a per-
manência dos RN nas materni-
dades”, alerta Becker. “A conduta
com tabaco, álcool e maconha
seria um tratamento de supor-
te, mas com opioides a absti-
nência é mais severa e neces-
sita de cuidados especiais pa-
ra diminuí-la”, acrescenta ele.
Conforme os cientistas, os re-
sultados sugerem ainda que a ex-
posição a opioides durante a gra-
videz pode modificar o desenvol-
vimento do sistema imunológico,
alterando como ele reage. No en-
tanto, os autores observaram uma
diferença substancial entre as con-
dições e os opioides usados para
indicações específicas, incluindo
o tratamento da dor e do transtor-
no do uso de opioides.
até diabete do tipo 1
Lucas Fadel, coordenador da
UTI neonatal e infantil da San-
ta Casa de São José dos Cam-
pos, em São Paulo, frisa que
ainda não são claros os meca-
nismos da relação entre a ex-
posição pré-natal aos opioides
e a interferência no desenvolvi-
mento do sistema imunológico.
“O ensaio ainda tem muitas
limitações estatísticas e popula-
cionais para se traçar tal parale-
lo. Seria interessante outro traba-
lho comparando a exposição aos
opioides não indutores de imunos-
supressão com os indutores”, afir-
ma Fadel. “Para avaliar um trata-
mento analgésico com menor po-
tencial deletério ao sistema imune
dos bebês no caso de ser necessá-
rio opioides em gestantes.”
Os pesquisadores consideram
que os achados do estudo têm im-
plicações relevantes para a prática
clínica e no desenvolvimento de polí-
ticas de saúde. Destacando a impor-
tância de uma abordagem integra-
da para identificar e apoiar crianças
expostas a opioides antes do nasci-
mento. Ressaltam também a neces-
sidade de considerar fatores socioe-
conômicos e comportamentais ao
avaliar o risco de condições imuno-
lógicas dos pequenos.

Jennyfriedrichs, Pixabay/Divulgação

Saúde bucal: o fungo e as cáries infantis

Candida albicans é um fungo
patogênico recentemente reconhe-
cido por seu papel no desenvol-
vimento de cáries graves na pri-
meira infância. Um estudo, publi-
cado, ontem, na revista Plos One,
investigou a colonização oral por
C. albicans em mães e crianças, re-
velando alta similaridade genética
entre os germes isolados de genito-
ras e filhos. Os resultados indicaram
uma alta taxa de transmissão vertical
do fungo, com potenciais implica-
ções para a prevenção e tratamento
de cáries dos pequenos.
O estudo incluiu 160 pares de
mãe e filho. Foram selecionados
pacientes que frequentavam clíni-
cas odontológicas em Nova York.
Os materiais isolados de C. albi-
cans foram obtidos da saliva e da
placa dental de mulheres grávidas e
seus filhos, em oito visitas ao longo
de dois anos. A análise genética re-
velou 227 isolados do fungo, sendo
94% deles de mãe e filho altamente
relacionados geneticamente.
Para os estudiosos, o ensaio
fornece informações valiosas so-
bre a colonização oral de C. albi-
cans em mães e filhos, destacan-
do a contribuição materna para
a transmissão desse fungo pato-
gênico. Além disso, abre caminho
para futuras pesquisas que possam
se aprofundar nesse tema e suas
aplicações clínicas.
Giovanna Zanini Rodrigues,
dentista pela Universidade de Bra-
sília, detalha que a transmissão ver-
tical do fungo ocorre de mãe para
filho durante o parto ou através do
aleitamento materno. “Há ainda a
transmissão horizontal, que en-
volve a disseminação através do
contato direto com secreção oral
contaminada”, diz ela.
A dentista acrescenta que o Can-
dida Albicans é oportunista. “Des-
taco a necessidade de procurar um
profissional de saúde bucal para
realizar o diagnóstico e determinar
o tratamento. É importante ainda
manter a higiene bucal adequada
e evitar o compartilhamento de ob-
jetos pessoais”, completa. (IA) A higiene é a melhor prevenção, dizem os especialistas

AstRonomiA

Buraco negro mais antigo encontrado AFP

Cientistas da Universidade de
Cambridge, do Reino Unido, uti-
lizaram o Telescópio Espacial
James Webb para detectar o bu-
raco negro mais antigo encon-
trado até hoje. De acordo com
os pesquisadores, é o mais anti-
go já registrado com aproxima-
damente 400 milhões de anos,
após o Big Bang — datado de
mais de 13 bilhões de anos.
Para os astrônomos, o corpo
celeste desafia a compreensão
atual de como eles se formam.
Esse corpo celeste é 200
milhões de anos mais antigo
do que qualquer outro bura-
co negro massivo já observa-
do, disse à AFP o coautor do
estudo e astrônomo da Uni-
versidade de Cambridge, Jan
Scholtz. Apresenta uma massa
1,6 milhão de vezes maior do imagem feita pelo Hubble mostrando a galáxia Gn-z11, no
que a do nosso Sol. A detec- centro na qual o telescópio Espacial James Webb descobriu o
ção é considerada “um sal- buraco negro que tem cerca de 400 milhões de anos
to gigante em frente”, para o
professor Roberto Maiolino,
autor principal do trabalho. achado está devorando material de estrelas, matando lentamente
Um buraco negro supermas- da galáxia hospedeira para ali- a galáxia, mas também mataria o
sivo ter surgido tão cedo no mentar seu crescimento. No en- próprio buraco negro, pois tam-
Universo desafia as suposições tanto, os cientistas descobriram bém acabaria com sua fonte de
sobre como eles se formam e que o antigo buraco negro devo- alimento.
crescem. Os astrônomos acre- ra matéria com muito mais vigor Em 2022, o Webb tomou o lu-
ditam esses corpos celestes no que os seus irmãos. gar do Hubble como o telescó-
centro de galáxias cresceram A jovem galáxia hospedeira, pio espacial mais poderoso, de-
até ao tamanho atual ao longo a GN-z11 é compacta, cerca de sencadeando uma série de des-
de bilhões de anos. Mas o tama- cem vezes menor que a Via Lác- cobertas que têm os cientistas
nho do recém-descoberto su- tea, mas o buraco negro provavel- correndo para acompanhá-las.
gere que eles podem surgir de mente prejudica o desenvolvimen- Não só descobriu o buraco ne-
outras formas:”nascer grandes” to. Quando esse tipo de corpo ce- gro no coração de GN-z11, mas
ou aumentam de proporção a leste consome muito gás, eles em- também detectou galáxias ain-
partir de restos de matérias do purram o gás para longe como um da mais distantes no tempo e es-
próprio Universo. vento ultrarrápido. Esse”vento” po- paço, que são maiores do que se
Como todos os outros, o deria parar o processo de formação pensava possível.

Cidades
+ política e economia no DF
Inadimplência atinge
51,98% dos brasilienses
Dados apontam para mais da metade da população do Distrito Federal em situação de endividamento ou inadimplência. Cartão de
crédito e empréstimos bancários estão entre as principais causas de atraso. Especialistas dão dicas de como sair do vermelho
» JÚLIA ELEUTÉRIO
» MILA FERREIRA
» LUIS FELLYPE RODRIGUES*
N
o Distrito Federal, 51,98%
da população adulta está
inadimplente, o que repre-
senta 1,2 milhão de pes-
soas. Os dados são da edição de de-
zembro de 2023 do Mapa da Ina-
dimplência e Renegociação de Dí-
vidas da Serasa. De acordo com a
Pesquisa de Endividamento e Ina-
dimplência do Consumidor (Peic),
de dezembro de 2023, 79,9% das
pessoas estão endividadas na ca-
pital do país. Especialistas falam
sobre como se organizar e tentar
sair do vermelho em 2024.
Mário Barroso, 48 anos, veio
do Piauí para tentar ganhar a vi-
da, no DF. A solução encontrada
foi como vendedor ambulante.
Durante a pandemia da covid-19,
as coisas começaram a ficar ruins.
“Ninguém queria comprar. Todos
estavam com medo do vírus, e eu
passei um aperto muito grande.
A única saída era abusar dos car-
tões de crédito. No momento em
que atrasei a primeira fatura, mi-
nha dívida começou. Logo che-
gou a próxima mensalidade, jun-
tando com outras e me compli-
quei”, comenta.
A negociação com os bancos
tem sido o único meio encontra-
do para a quitação. “Estou pagan-
do aos poucos. O processo é len-
to, mas estou conseguindo. O que
não posso fazer é tirar a comida
da mesa da minha família para
pagar os outros. Além do aluguel,
que não posso atrasar para não
ser despejado. A crescente nas
vendas tem me dado um grande
impulso”, afirma.
De acordo com a Serasa, 32,8%
dos inadimplentes no Distrito Fe-
deral devem bancos ou cartão de
crédito. Morador de Valparaí-
so 2 Pedro Alvez, 72, destaca que
sempre foi um bom pagador e
nunca deu passos maiores que a
perna. No momento em que ce-
deu seu cartão a dívida foi cons-
truída. “Emprestei meu cartão pa-
ra minha filha e ela fez compras
no valor de R$ 13 mil. Eu não vou
conseguir pagar isso. Se fosse algo
que eu tivesse feito, arcaria com o
dinheiro”, explica.
O aposentado explica que tem
trabalhado vendendo queijos e
dessa forma não será possível pa-
gar uma dívida dessas. “Eu não ga-
nho quase nada com essas vendas.
Como vou quitar isso? Infelizmen-
te meu nome vai ficar sujo. Eu não
imaginava que chegaria em uma
situação como essa”, lamenta.
A PEIC mostra que os princi-
pais tipos de dívida são de cartão
de crédito, de cheque especial, de
carnês e de financiamentos. Se-
gundo a pesquisa do Serasa, o valor
total das dívidas no DF é de R$ 9,7
bilhões, com média de R$ 7,6 mil
para cada pessoa. Em relação às
faixas etárias, os maiores inadim-
plentes da capital têm entre 41 e 60
anos (38,3%). Em seguida, apare-
ce a população entre 26 e 40 anos
(33,3%) e as pessoas com mais de
60 anos (17,6%).
O arquiteto aposentado João
Gonçalves, 75, conta que sempre
comprou tudo à vista, justamente
para evitar entrar em dívidas. Mas
tudo mudou após um empréstimo
feito em um banco. “Sempre me li-
garam oferecendo um valor, nunca
aceitei. Até que um dia caí na canta-
da. O juros que cobravam era absur-
do. Até comecei a pagar as parcelas,
mas chegou um momento em que
desisti e deixei de lado”, informa.
Luis Fellype Rodrigues
Pedro Alvez, conta que sua filha fez uma compra no cartão no valor de R$ 13 mil
Gonçalves relata que rece-
beu diversas propostas para sa-
nar o débito, mas o valor pedi-
do é muito maior do que ele pe-
gou. “Dessa forma não dá negó-
cio. Não irei pagar um valor que
eu não recebi. Sempre busquei
manter minhas finanças em dia,
por isso, futuramente pretendo
fazer uma negociação, mas esse
não é o momento correto. Vou
conversar e avaliar isso com meu
contador”, analisa.
Vendedor ambulante e pai de
quatro filhos, Cláudio Bezerra, 49
anos, cita que suas dívidas come-
çaram a crescer após o uso desen-
freado de cartões de crédito. “Foi
há três anos. Costumava comprar
em várias lojas e, no início, con-
seguia arcar com as despesas, po-
rém, chegou um momento que
não tinha mais condições. A dívida
é superior a R$ 15 mil. As finanças
viraram uma bola de neve desen-
freada”, destaca.
Quitar esses débitos é algo total-
mente fora de alcance, pois o va-
lor é alto. Cláudio afirma que até
pagou algumas lojas, mas foram
poucas. “Algumas empresas fize-
ram vista grossa quando busquei
uma solução. Então, deixei de lado.
Usar cartão sem cuidado foi meu
maior erro, esse tipo de compra
deve ser muito bem planejada pa-
ra não causar problemas”, ressalta.
Sair do vermelho
Pâmela Ferreira, 36, trabalha
como empacotadora em um mer-
cado no Sudoeste, e é outra que es-
tá em uma situação de endivida-
mento. A forma que gastou no fim
de ano foi o principal vilão para a
moradora do Gama. “Gastei mui-
to na ceia de Natal e com roupas.
Era algo simples, não parecia gran-
de coisa. Tínhamos outras contas
para pagar e, quando juntei com
outras dívidas do pessoal da casa,
virou um problemão.”
O pagamento do Programa de
Integração Social (PIS) e o adian-
tamento do Fundo de Garantia
por Tempo de Serviço (FGTS), po-
dem ser as melhores soluções pa-
ra Pâmela aliviar o bolso. “Se tu-
do ocorrer bem e eu conseguir fa-
zer esses dois saques, eu me livro
dessas dívidas. Pretendo estar ze-
rada até março. É quase R$ 2 mil.
ECONOMIA
Minha família tem se desdobrado
para sair dessa situação.”
Finais de ano são os momentos
nos quais todos devem ficar alertas
para não contraírem grandes dívi-
das. O morador de Ceilândia, Lean-
dro Filho Nascimento, 39, conta
que os gastos com eletrodomésti-
cos, roupas, brinquedos e comida
foram os principais motivos para
o endividamento. “Estou corren-
do atrás do leite derramado. Além
Brasília, quinta-feira, 18 de janeiro de 2024 •฀Correio฀Braziliense฀฀• 13
Luis Fellype Rodrigues
"O banco cobra um valor muito maior do que eu havia pegado", afirma João Gonçalves
dessas contas, existem algumas de
2008, superando os R$ 3 mil. Sem
mencionar a pensão dos três fi-
lhos e o aluguel da casa. É mui-
to puxado.”
O pai de família acredita que
o governo deveria ter uma aten-
ção nesses casos e fornecer algum
auxílio para ajudar a sair dessa si-
tuação. “Eu nunca fui beneficiado
com nada desse tipo, seria interes-
sante e uma grande ajuda. Estou
Editor: José Carlos Vieira (Cidades)
josecarlos.df@dabr.com.br e
Tels. : 3214-1119/3214-1113
Atendimento ao leitor: 3342-1000
cidades.df@dabr.com.br
batalhando para tentar sair dessa poupança. Buscar rendas extras
situação. Acredito que vou conse- também pode ser interessante”, co-
guir”, conclui. menta Petra Duque.
Felipe Tavares, economista- Outra recomendação da con-
chefe da Confederação Nacional sultora financeira para manter
do Comércio de Bens, Serviços e as contas em dia é se atentar de
Turismo (CNC) detalha que o pra- que eventualidades ocorrem e
zo médio de atraso das contas do que não se deve gastar todo o sa-
DF é de 69 dias, sendo o maior gru- lário em um mês, muito menos
po de inadimplentes tendo con- considerar o limite do cartão de
tas em atraso com mais de 90 dias. crédito como parte da renda. “É
“Esse resultado é condizente com ideal sempre ter uma reserva de
a raiz da inadimplência brasileira, emergência de pelo menos 6 me-
que é social. Uma vez que o grupo ses do custo de vida, mais ideal 12
mais vulnerável para se tornar ina- meses. Havendo reserva de emer-
dimplente é o de menor renda. É gência e espaço no orçamento,
natural que o atraso seja presente mesmo que pequeno, dificilmen-
em mais de um mês, ou seja, maior te se entra na situação de supe-
do que 90 dias. Isso ocorre porque rendividamento”, destaca.
o orçamento apertado possui pou- A educadora e consultora fi-
ca capacidade de adaptação a im- nanceira, Catharina Sacerdote,
previstos, de forma que ao entrar aconselha o uso de um “calen-
na inadimplência, ele demora um dário financeiro”, em que a pes-
pouco mais para sair.” soa pode usar a ferramenta que
ela achar melhor como planilha,
Dicas caderno ou até um calendário,
para que ela projete as receitas e
Ao Correio, especialista des- despesas do ano. “Ao longo dos
taca que é preciso organização e meses, recomendo que mante-
planejamento para sair do verme- nha o hábito de planejar o mês,
lho e evitar contrair novas dívidas. sempre antes dele chegar, e faça
Consultora fi- uma revisão se-
nanceira e mes- manal, se os pla-
tra em econo- nos estão se rea-
mia pela Univer- Qual a diferença? lizando. É mui-
sidade de Brasília to comum pre-
(UnB), Petra Du- O endividamento consiste em cisar ajustar pla-
que alerta. “Não fazer compromissos futuros nos, isso aconte-
há truque: o co- de pagamento. Inadimplência ce com a maio-
bertor é curto! É é quando a dívida venceu e ria das pessoas
preciso se orga- as obrigações financeiras não e até das empre-
nizar para quitar foram cumpridas. sas, o importan-
as dívidas”. A es- te é manter es-
pecialista ressal- sa constância de
ta que é impor- acompanhar as
tante, na hora de acertar as contas finanças de perto”, sugestiona.
atrasadas, focar em quitar as dívi- Com um planejamento por
das com juros mais altos primeiro meio de anotações, Catharina res-
e aproveitar programas de rene- salta que a pessoa consegue obser-
gociação, como o Desenrola Bra- var que em alguns meses os cus-
sil, para obter descontos atrativos. tos naturalmente aumentam, como
Segundo a consultora, é válido nos meses em que se paga impostos
lembrar também que a economia como IPTU e IPVA, sendo possível
comportamental mostra que não traçar um plano mais consistente
é natural do ser humano se com- para um período maior. “É possível
prometer a guardar dinheiro sem também avaliar quais ações preci-
se forçar a isso. “Opções como o sam ser tomadas imediatamente,
débito automático para se forçar como um plano para incrementar
a poupar são muito interessantes a renda mensal, priorizar quais dí-
para se organizar financeiramen- vidas são mais importantes renego-
te, e mesmo só 1% do salário que ciar agora ou esperar um momento
seja poupado já faz diferença no melhor, ou o plano de investimen-
longo prazo e insere o hábito de tos ao longo do ano”, detalha.
14 • Cidades • Brasília, quinta-feira, 18 de janeiro de 2024 • Correio Braziliense

Eixo Capital
ANA MARIA CAMPOS
anacampos.df@dabr.com.br

Reprodução/Instagram
Alessandro Praciano/Divulgação

Entre Brasília, São

Atenção Paulo e Salvador
a quem Depois do casamento
precisa de neste sábado, Flavia Peres vai
continuar se dividindo entre
cuidados Brasília e São Paulo. Ela passa
os fins de semana aqui e os dias
úteis na capital paulista, sem
O Iges-DF tem deixar de ir com frequência
acompanhado a Salvador, onde preside o Instituto Terra Firme, voltado a ações sociais,
dados sobre inaugurado em novembro no Museu de Arte Moderna da Bahia, com a
atendimentos presença de muitos políticos baianos. Augusto Lima, o noivo, é de Salvador,

Informações para psiquiátricos nas

UPAs para mapear
casos graves de
mas tem escritório em São Paulo. No primeiro semestre de 2023, o Banco
Master apresentou lucro de R$ 290,5 milhões, com alta de 384% em relação
ao mesmo período do ano passado, segundo reportagem de O Globo.
melhorar a gestão doenças mentais.
São pacientes
que procuram Felicidade
Desde que assumiu a presidência do Instituto de Gestão Estratégica ajuda de forma
do Distrito Federal (Iges-DF), o médico Juracy Lacerda Cavalcanti Jr, reiterada, o que Flávia Peres, agora Lima, está muito feliz. “Já sofri muito.
especialista em gestão hospitalar, adotou métodos de eficiência da configura que O que mais desejo agora é que todos sejam felizes.
iniciativa privada na administração do Hospital de Base, do Hospital de podem ter um De coração”, disse a ex-deputada à coluna.
Santa Maria e das UPAs. A mudança passa pelo acesso a informações. surto. Essas
Juracy tem on-line todos os dados sobre tempo de espera nas filas de pessoas deverão
atendimento, origem dos pacientes, tipos de doenças mais comuns, ser procuradas
tempo de demora dos pareceres médicos, procura por consultas e pelas equipes
da Saúde da
Vamos pedalar?

Pedro Ventura/Agência Brasilia

tratamentos de moradores de outros estados. Com esse detalhamento,
ele tem argumentos para debater em reuniões e cobrar. Por exemplo, os Família e pelos
dados indicam que as unidades administradas pelo Iges-DF atenderam, CAPs (Centros
em 2023, 1.174.727 pacientes, sendo 77% em clínica médica. Desses, de Atenção
10% vieram de Goiás. “Quando cheguei, vi a necessidade de organizar Psicossocial).
as informações e montamos, sem qualquer custo, só com nosso pessoal, Depois da tragédia
esse sistema de acompanhamento de dados”, explica. Antes de assumir na Polícia Militar,
a presidência do Iges-DF, Juracy trabalhava no Hospital Daher. Além de a medida será
atuar na administração, entrava na linha de frente, como ocorreu, reforçada.
por exemplo, na pandemia, quando trabalhou atendendo
pacientes até sofrendo com uma dengue.
Saúde mental na pauta dos governadores
A saúde mental também será tema de debates entre os governadores de sete unidades da
federação que compõem o consórcio Brasil Central (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão e Rondônia. As mortes na PMDF demonstraram
que esse é um tema que não pode ser escondido debaixo do tapete.
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
O Executivo sancionou a Lei
do Cicloturismo, para incentivar
o uso da bicicleta para turismo.
A lei entra em vigor em 180 dias.
Além de estimular o ciclismo e
o turismo ecológico, a iniciativa
tem como propósito promover o
lazer e a atividade física, valorizar
a cultura e os atrativos do DF, além de movimentar a economia. O autor da proposta,
deputado Robério Negreiros (PSD), líder do governo na Câmara Legislativa, afirma
que o cicloturismo é uma atividade reconhecida mundialmente, e cita o exemplo da
EuroVelo, a Rede Europeia de Ciclovias, que inclui 17 rotas cicláveis de longa distância
que cruzam o continente europeu. “O cicloturista diferencia-se do turista comum,
pois seu objetivo não é simplesmente chegar ao destino final, mas aproveitar o
caminho, que geralmente percorre estradas rurais e secundárias com muitos atrativos
naturais e culturais”, argumenta o distrital. Para viabilizar a prática no DF, a lei prevê a
definição de rotas, que devem observar o relevo, as bacias hidrográficas e a formação
histórica, cultural e social de cada região. Além disso, a norma atribui ao Poder Público
a obrigação de mapear e implantar sinalização dos atrativos naturais, monumentos
históricos, hospedagens e outros serviços presentes nas rotas. O DF possui uma malha

Ed Alves/CB/DA.Press

cicloviária de cerca de 664km, com circuitos em 30 regiões administrativas.

Receptadores de cabos
Luis Fellype Rodrigues
e fios poderão ser
multados em até R$ 24 mil
Empresas de telefonia, metrô e energia
enfrentam interrupções em seus serviços
devido a roubos de cabos e fios, com prejuízos
Mais próximos financeiros e impacto na vida dos usuários. De
olho numa solução para esse problema, foi sancionada lei de autoria do deputado
Marcada para a próxima semana, a primeira edição do Fórum Brasil Central tem aproximado os distrital Eduardo Pedrosa (União). A legislação estabelece multas de até R$ 24 mil
governadores participantes em torno dos mesmos problemas. E tem operado milagres, como a para estabelecimentos flagrados receptando esse tipo de material. Eduardo Pedrosa
aproximação ou, no mínimo, construção de uma relação amistosa entre os governadores do DF, relembra casos específicos, como os furtos de cabos da rede de energia do metrô de
Ibaneis Rocha, e de Goiás, Ronaldo Caiado. No ano passado, na reunião em Rio Quente, Brasília, que chegaram a paralisar a cidade, gerando transtornos consideráveis para
perto de Caldas Novas, muita gente achou que Ibaneis não iria. Mas foi e passou dois dias. os usuários desse meio de transporte cotidiano.

Acompanhe a cobertura da política local com @anacampos_cb

CRIME AMBIENTAL / Grupo investigado pela Polícia Civil tinha participação de um sargento da PM e vendia
terrenos irregulares no Park Way. Organização planejava lucrar cerca de R$ 5,5 milhões com a comercialização de 33 lotes

Esquema milionário de grilagem Fotos: PCDF/Reprodução

» JÚLIA ELEUTÉRIO

U
m sargento da Polícia Mi-
litar do Distrito Federal
(PMDF) e outras seis pes-
soas foram alvos de uma
operação da Polícia Civil do DF
(PCDF) por suspeita de parcela-
mento irregular de solo no Park
Way. Segundo as investigações, a
organização criminosa planeja-
va lucrar cerca de R$ 5,5 milhões
com a venda de 33 lotes. Ao todo,
foram cumpridos sete mandados
de busca e apreensão nas regiões
administrativas do Park Way, Cru-
zeiro, Jardim Botânico e Gama.
A investigação policial, inicia- De acordo a Dema, a investigação começou após denúncia de um grupo de pessoas O sargento da PM mantinha um automóvel de luxo, avaliado em mais de R$ 350 mil
da em 2022, apontou que, ao me-
nos, sete indivíduos se associa-
ram para realizar o parcelamen- De acordo com o delegado da realizar o parcelamento no local. os policiais localizaram um veí- criminosa. Se somadas, as pe- pelo menos, 14 operações da
to irregular de uma área locali- Dema, Douglas Fernandes, a in- Além das quatro pessoas, dois cor- culo de luxo, avaliado em mais de nas podem chegar a 13 anos de PCDF, em 2023. Na última, em
zada na Quadra 13, Conjunto 2, vestigação começou após um gru- retores também foram alvos das R$ 350 mil. “Durante as buscas, prisão. De acordo com a polícia, 12 de dezembro, foram presas
chácara 29-C, do Park Way, que po de pessoas procurar a unidade buscas por estarem contribuindo foi possível apreender diversos as investigações continuam para cinco pessoas, que estavam fa-
corresponde a Área de Proteção policial para relatar que haviam com a divulgação da venda dos lo- documentos, inclusive, o mapa analisar os objetos apreendidos, zendo uma obra sem autoriza-
Ambiental do Planalto Central. sido enganadas na compra de lo- tes e um contador do condomínio, com a disposição dos lotes. Além “Agora vamos analisar os docu- ção ambiental, no Condomínio
A operação, chamada de “Park tes. “O PM e outro investigado fo- que é suspeito de localizar outros disso, dois veículos de luxo foram mentos para verificar qual o efe- Recanto Villa Lobos, na região
Way Legal”, foi realizada pela ram ao terreno e disseram que eles compradores de terrenos. apreendidos em razão de haver tivo papel de cada um dos inves- do Altiplano Leste. O terreno
Coordenação Especial de Prote- eram os novos proprietários e que O local se tornaria um con- suspeita de terem sido adquiri- tigados, além de verificar se há ocupado ilegalmente pertence
ção ao Meio Ambiente, à Ordem quem já havia comprado, teria domínio com 33 lotes de apro- dos com dinheiro ilícito prove- outros envolvidos”, destacou o à Terracap e faz parte da Área de
Urbanística e ao Animal (Cepe- que conversar com eles para resol- ximadamente 300 m², batizado niente da venda ilegal dos lotes”, delegado da Dema. Proteção Ambiental da Bacia do
ma), por meio da Delegacia de ver a situação”, disse o delegado. de Solar dos Pinheiros. Os sus- comentou o delegado. Rio São Bartolomeu.
Combate à Ocupação Irregular Após isso, as diligências avan- peitos planejavam vender cada Além do crime de parcela- Ações Pela Secretaria da DF Legal,
do Solo e aos Crimes contra a Or- çaram e foi possível perceber que unidade por R$ 165 mil, o que mento, os integrantes da organi- de 1º de janeiro de 2023 até o
dem Urbanística e o Meio Am- o militar, a esposa e outros dois daria um valor aproximado de zação também são investigados O combate ao parcelamen- último dia 9, foram realizadas
biente (DEMA). homens estavam associados para R$ 5,5 milhões. Com o sargento, por dano ambiental e associação to irregular do solo foi alvo de, 126 operações.
 Correio Braziliense • Brasília, quinta-feira, 18 de janeiro de 2024 • Cidades • 15

Crônica da Cidade
SEVERINO FRANCISCO | severinofrancisco.df@dabr.com.br

Mediúnica Como assim?

com Sartre
Em nome da liberdade, se cometem
hoje muitas irresponsabilidades. Por is-
so, esta coluna conseguiu uma entre-
vista mediúnica exclusiva com o filóso-
fo existencialista Jean-Paul Sartre, para
quem a liberdade é o fundamento da vi-
da humana. Fala, mestre.
O que quer dizer colocar a liberdade no
centro de nossa vida?
Você é livre, escolha, quero dizer, in-
vente. Antes de viverdes, a vida não é na-
da; mas de vós depende dar-lhe um sen-
tido, e o valor não é outra coisa senão es-
se sentido que escolherdes.
Estamos sós e sem desculpas, é o
que traduzirei dizendo que o homem
está condenado a ser livre. Condena-
do, porque não se criou a si próprio; e
no entanto livre, porque uma vez lan-
çado no mundo, é responsável por tu-
do quanto fizer.
Mas isso não pode levar a uma onda de
irresponsabilidade?
Quando dizemos que o homem é res-
ponsável por si próprio, não queremos
dizer que o homem é responsável pela
sua estrita individualidade, mas que é
responsável por todos os homens.
Quais as implicações dos atos
individuais sobre o interesse coletivo?
Certamente muitas pessoas acredi-
tam que ao agirem só implicam isso
a si próprias, e quando se lhes diz: e
se toda gente fizesse assim?, elas dão
de ombros e respondem: nem toda a
gente faz assim. Ora, a verdade é que
devemos perguntar-nos sempre: o
que aconteceria, se toda a gente fi-
zesse o mesmo?
Mas não existem as circunstâncias que
favorecem ou tolhem a nossa liberdade?
O essencial é a escolha. A vida de um
escravo que se rebela e morre no curso
da sublevação é uma vida livre. Nós so-
mos o que fazemos do que os outros fa-
zem de nós.
E se uma pessoa é covarde?
Não há temperamento covarde.
O que diz o existencialista é que o
covarde se faz covarde, que o he-
rói se faz herói; há sempre uma
possibilidade para o covarde de já
não ser covarde, como para o herói
de deixar de o ser.
Poderia dar um exemplo do que chama
de má-fé?
As circunstâncias foram contra mim,
eu valia muito mais do que aquilo que
fui. É certo que não tive um grande
amor, ou uma grande amizade, mas foi
porque não encontrei um homem ou
uma mulher que fossem dignos disso,
não escrevi livros muito bons, mas foi
porque não tive tempo livre para o fa-
zer. Não tive filhos a quem me dedicas-
se, mas foi porque não encontrei o ho-
mem com quem pudesse realizar a mi-
nha vida.
E o que o senhor diria para essa pessoa?
O homem não é mais que a sua vida.
O que acha do futuro da humanidade?
Podemos descambar para o fascismo?
Sendo sabido que estes homens
são livres e que decidirão livremente
amanhã do que será o homem; ama-
nhã, alguns homens podem decidir
estabelecer o fascismo; e os outros
podem ser suficientemente covar-
des e desorganizados para consen-
tirem nisso. Na realidade, as coisas
serão tais como o homem tiver deci-
dido que elas sejam.
Em suma, o que é liberdade?
Liberdade é responsabilidade.
O existencialismo não é uma filosofia
pessimista?
Não, é otimista, é uma doutrina da
ação e da responsabilidade, mostra que
o nosso destino está em nossas mãos.

Antônia Maria da Silva completaria 40 anos, hoje, mas foi vítima da crueldade de Francisco Farias, 46 anos. Ferido,
o criminoso foi preso e levado ao Hospital de Base. Esta é a terceira tragédia registrada em apenas sete dias

Morta a facadas por um covarde

Pedro Marra/CB

Onde pedir ajuda

LIGUE 190 de Defesa da Mulher (Nudem)
Polícia Militar do Distrito » Endereço: Fórum José Júlio
Federal (PMDF); Leal Fagundes, Setor de
Múltiplas Atividades Sul,
LIGUE 197 Trecho 3, Lotes 4/6, BL 4
Polícia Civil do DF (PCDF); » Telefones: (061) 3103-1926 /
» E-mail: denuncia197@ 3103-1928 / 3103-1765
» PEDRO MARRA pcdf.df.gov.br » WhatsApp (61) 999359-0032
» MARIANA SARAIVA » WhatsApp: (61) 98626-1197 » E-mail: najmulher@defensoria.
» ARTHUR DE SOUZA df.gov.br
» PABLO GIOVANNI LIGUE 180 NÚCLEOS DO PRÓ-VÍTIMA
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

» Central de Atendimento à Ceilândia

A
ntônia Maria da Silva Car-
valho, 39 anos, entrou para
uma triste estatística e tor-
nou-se a terceira mulher ví-
tima de femincídio este ano, e em
apenas uma semana, no Distrito
Federal. O assassino, Francisco Fa-
rias da Silva, 46, atingiu a compa-
nheira com duas facadas, na frente
do filho de 3 anos, e depois tentou
tirar a própria vida, mas sem su-
cesso. O episódio covarde aconte-
ceu, ontem, no Recanto das Emas,
na Quadra 604, conjunto 1. Antô-
nia Maria era natural de Batalha, no
Piauí, e completaria 40 anos hoje.
Segundo o delegado-chefe da
27ª Delegacia de Polícia (Recanto
das Emas), Fernando Fernandes, o
suspeito tem passagens por vias de
fato, em 2002, e tentativa de homi-
cídio, em 2005 contra outra com-
panheira — quando ainda não es-
tava em vigor a Lei Maria da Penha.
“O crime de hoje (ontem) foi pra-
ticado na frente do filho deles, de
3 anos. Foram duas facadas. Pelo
menos uma delas no peito, próxi-
mo do pescoço”, detalha o investi-
gador. A criança foi levada à DP on-
de aguardava por um familiar ou fi-
caria aos cuidados do conselho tu-
telar da região.
Ainda segundo a polícia, o ho-
mem estava em prisão domiciliar,
adquirida em 2019. O casal morava
junto há pouco menos de um ano.
A mulher não tinha medida prote-
tiva de urgência.
De acordo com o amigo da víti-
ma Pablo Lopes Alencar, 27, o ca-
sal não aparentava desavenças. “Ela
sempre me falou que era um bom
relacionamento, que os dois viviam
muito bem. Não sei se foi um ata-
que dele de loucura ou dela”, con-
tou o rapaz aos prantos.
Pablo conta que costumava cur-
tir momentos de lazer com Antônia
Crime ocorreu no Recanto das Emas, na frente de criança de 3 anos, que assistiu o pai esfaquear a mãe
Três perguntas para
Raoni Maciel, Promotor de Justiça e Coordenador do Núcleo da Vida, do MPDFT
Por que tantos casos de
feminicídio no DF?
Os crimes de feminicídios que
são cometidos no Distrito Fede-
ral são punidos de forma célere e
rigorosa. No último levantamen-
to, a quase totalidade de femini-
cidas estava preso, alguns poucos
foragidos. As penas impostas ul-
trapassam médias de 20 anos de
reclusão. Infelizmente, embora
seja necessária, a punição não
está sendo suficiente para frear
o ímpeto assassino de alguns ho-
mens no Distrito Federal.
Fotos: PCDF/Divulgação
Francisco havia tentado matar
outra companheira em 2005
O que pode ser feito para coibir
esse crime tão bárbaro?
O feminicídio é produto de
uma sociedade machista e vio-
lenta. Brasília é a capital de um
país historicamente fundado em
bases violentas e machistas. Pre-
cisamos encarar isso de frente,
com humildade, e tomar todas
as atitudes que sejam necessárias
para parar essa tragédia. Precisa-
mos de uma atuação coordena-
da entre estado e sociedade civil,
agentes públicos e população,
para mudar esse jogo.
PCDF/Divulgação
Antônia Maria completaria
40 anos hoje
Mulher, canal da Secretaria
Nacional de Políticas para as
Mulheres;
DELEGACIAS ESPECIAIS
DE ATENDIMENTO À
MULHER (DEAM)
Deam 1: previne, reprime e
investiga os crimes praticados
contra a mulher em todo o DF, à
exceção de Ceilândia.
» Endereço: EQS 204/205, Asa
Sul.
Qual tipo de alteração » Telefones: 3207-6172 /
poderia ser feita na lei 3207-6195 / 98362-5673
para tentar inibir
possíveis autores? Deam 2: previne, reprime e
A medida protetiva é um ins- investiga crimes contra a mulher
trumento muito importante, à praticados em Ceilândia.
disposição do estado, para pro- » Endereço: St. M QNM 2,
teger a mulher que está sob Ceilândia
ameaça. Penso que podería- » Telefoes: 3207-7391 /
mos discutir com o Congres- 3207-7408 / 3207-7438
so Nacional a possibilidade de
prevermos punições um pou- MINISTÉRIO DA MULHER,
co mais severas para o crime DA FAMÍLIA E DOS DIREITOS
de descumprimento de medi- HUMANOS
da protetiva.
» Whatsapp: (61) 99656-5008 -
Canal 24h
SECRETARIA DA MULHER DO
em bares. “Sempre encontrava com DF
ela. Às vezes eu estava bebendo em » Whatsapp: (61) 99415-0635;
um bar, ela passava e dizia ‘oi meu
filho. Tudo bem?’. Via os dois jun- MPDFT
tos com o filho deles, levando pa- » Promotorias nas regiões
ra lanchar. Mas nunca vi momen- administrativas do DF
tos de agressão nem de um lado e » Núcleo de Gênero
nem do outro”, assegura. » Endereço: Eixo Monumental,
Após o crime, Francisco Farias Praça do Buriti, Lote 2, Sala
deu uma facada no próprio peito, 144, Sede do MPDFT
mas o corte não foi profundo ao » Telefones: 3343-6086 e 3343-
ponto de colocar a vida do suspeito 9625
em risco. Ele foi encaminhado pelo » E-mail: pro-mulher@mpdft.
Corpo de Bombeiros Militar do Dis- mp.br;
trito Federal (CBMDF) ao Hospital
de Base do Distrito Federal (HBDF), DEFENSORIA PÚBLICA DO DF
onde passou por cirurgia e perma- Núcleo de Assistência Jurídica
neceu sob custódia policial.
» End.: Shopping Popular de
Ceilândia – Espaço na Hora
» Telefone: (61) 9 8314-0620
Guará
» End.: Lúcio Costa QELC
Alpendre dos Jovens – Lúcio
Costa
» Telefone: (61) 9 8314-0619
Horário 08:00 às 17:00
Paranoá
» End.: Quadra 05, Conjunto 03,
Área Especial D – Parque de
Obras
» Telefones: (61) 9 8314-0622
Horário: 08:00 às 17:00
Planaltina
» End.: Fórum Desembargador
Lúcio Batista Arantes,
1º Andar, Salas 111/114
» Telefones: (61) 9 8314-0611
3103-2405
Rodoferroviária
» End: Estação Rodoferroviária,
Ala Norte, Sala 04 –
Brasília/DF
» Telefones: (61) 98314-0626 /
2104-4288
Recanto das Emas
» End.: Estação da Cidadania –
Céu das Artes, Quadra 113,
Área Especial 01
» Telefones: (61) 9 8314-0613
Itapõa
» End.: Praça dos Direitos,
Quadra 203 – Del Lago II
» Telefone: (61) 9 8314-0632
Taguatinga
» End.: Administração Regional
de Taguatinga – Espaço da
Mulher – Praça do Relógio
» Telefones: (061) 98314-0631
» Site: https://www.sejus.df.gov.
br/pro-vitima/

Obituário
Sepultamentos realizados em 17 de janeiro de 2024 / Envie uma foto e um texto de no máximo três linhas sobre o seu ente querido para: SIG, Quadra 2, Lote 340, Setor Gráfico. Ou pelo e-mail: cidades.df@dabr.com.br

» Campo da Esperança » Taguatinga » Gama » Sobradinho

Albertina Nunes de Souza,
97 anos
Aylla Vitória da Silva Rezende,
menos de 1 ano
Celina Gomes Fonseca,
10 anos
Edilene José de Almeida,
44 anos
Luciana Soares Lima, 51 anos
Maria Vitória Ferreira Marinho,
menos de 1 ano
Nelzina dos Santos Alves,
61 anos
Nilza de Souza Maciel,
57 anos
Rosaly Nishizawa, 64 anos
Alice Pereira de Souza, 85 anos
Conceição da Silva Cardoso,
90 anos
Eugênia Oliveira Saraiva, 84 anos
Eunice Alves dos Santos, 80 anos
Euricles Alves da Silva, 70 anos
Kelvyn Lucas Rangel Lima, 7 anos
Maria dos Remédios da Silva
Costa, 63 anos
Nelson Coimbra de Senna Dias,
91 anos
Olvoni Pinto da Silva, 80 anos
Regina Maria de Jesus, 74 anos
Thais dos Santos Oliveira, 35 anos
Wesley dos Santos Oliveira,
35 anos
Inacamar Rodrigues Borges,
53 anos
José Pereira Lima, 88 anos
Maria Zilda Coelho Facchini,
77 anos
Sebastião Cesário, 54 anos
» Planaltina
Gercília Vieira Rocha, 76 anos
Theo Ramos Resende,
» Jardim Metropolitano
menos de 1 ano
» Brazlândia
Arguelina Gonçalves dos Santos,
83 anos
Varonil José Teixeira,
75 anos
MINISTÉRIO DO
Antônio Teixeira do Carmo Filho, DESENVOLVIMENTO E
88 anos
ASSISTÊNCIA SOCIAL, FAMÍLIA
E COMBATE À FOME
Carlos Roberto de Oliveira,
70 anos
Miraltina Ferreira Rodrigues, AVISO DE LICITAÇÃO
75 anos Pregão Eletrônico nº 01/2024 – MDS
Rosalina Calaca de Oliveira, Nº Processo 71000.048053/2023-54. O objeto da presente licitação é a escolha
da proposta mais vantajosa para a Contratação de PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
80 anos DE AGENCIAMENTO DE VIAGENS, COMPREENDENDO A EMISSÃO,
REMARCAÇÃO, CANCELAMENTO DE PASSAGENS AÉREAS nacionais e
internacionais e SEGURO VIAGEM para viagens internacionais, a fim de atender
as necessidades institucionais do MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO E
Aldeir Quirino de Oliveira, ASSISTÊNCIA SOCIAL, FAMÍLIA E COMBATE A FOME, conforme condições,
44 anos quantidades e exigências estabelecidas no Edital e seus anexos. Entrega das
Propostas: a partir de 18/01/2024, no sítio www.gov.br/compras. Abertura das
Maria do Carmo Soares Pereira, propostas: 01/02/2024, às 10h00min. Esclarecimentos: licitacao@mds.gov.br
84 anos (cremação) Lívia Maria Duarte Zanetti
José Marinaldo do Nascimento, Agente de Contratação
76 anos (cremação)
16 • Cidades • Brasília, quinta-feira, 18 de janeiro de 2024 • Correio Braziliense

Vencer por meios que não acredito me

Capital S/A SAMANTA SALLUM
samantasallum.df@cbnet.com.br
trazem resultados que não preciso
Mahatma Gandh

Curso de como traçar meta para os negócios

Ed Alves/CB/DA.Press

Isenção de imposto para importação, fim do Para se ter um negócio bem-sucedido, é preciso definir metas e
objetivos, estabelecer prazos e ter um plano de ação. Essas são
Perse e da desoneração da folha provocam etapas fundamentais para manter a empresa funcionando, assim
como buscar o seu sucesso. Para apoiar os empreendedores do
confronto entre empresariado e Haddad ramo alimentício, o Instituto Assaí, da empresa Assai Atacasista,
realizará em parceria com o Sebrae, no dia 30 de janeiro, o curso
online ao vivo “Como Definir Metas para o Ano”.

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Entidades empresariais estão apelando ao Judiciário
para derrubar medidas do Ministério da Fazenda.
Ontem veio mais uma reação da Confederação Nacional Caio Monteiro

Setor produtivo do DF não é da Indústria (CNI) e da Confederação Nacional do Consultoria do Sebrae

Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Elas vão
próximo de Ney Ferraz protocolar ação direta de inconstitucionalidade no A aula, que vai simular
Supremo Tribunal Federal situações do dia a dia,
Já era esperado, porém, mesmo
(STF) contra a isenção do será ministrada pelo Caio
assim, o setor produtivo local ainda
imposto de importação Monteiro, consultor Sebrae. Os
não comemorou a união novamente
para bens de pequeno interessados devem se inscrever
da Secretaria de Fazenda com a de
valor destinados a pessoas até o dia 29 de janeiro pelo link:
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

Planejamento no governo Ibaneis. A

físicas no Brasil. A medida (https://www.academiaassai.
volta da secretaria de Economia até é
assinada, em portaria, pelo com.br/eventos). Todos(as) que
bem vista por tornar a área mais ágil. A
ministro Fernando Haddad concluírem o curso receberão
questão é o nome do futuro secretário.
está valendo desde junho certificado de participação.
Com a saída de André Clemente da
pasta, há pouco mais de 1 ano, para o para compras de
Tribunal de Contas, o governador decidiu até 50 dólares.
dividir a estrutura. E, na época, disse à
coluna que “não fazia sentido manter Violação à livre concorrência Com selo comemorativo, Sinduscon-DF inicia
uma supersecretaria sem Clemente para
tocar. ”Ao longo dos últimos meses, as A CNI e a CNC argumentam que há vício de constitucionalidade, uma vez que a ações de 60 anos
desoneração tributária das importações de bens de pequeno valor em remessas

Pedro Ventura/Agencia Brasilia

entidades empresariais passaram a ter O Sindicato da
mais interlocução com a Fazenda, com postais internacionais não possui equivalência para as transações inteiramente Indústria da
o secretário Itamar Feitosa e sua equipe. nacionais (que suportam integralmente a carga tributária brasileira). Assim, ficariam Construção Civil
Alguns empresários se queixavam configuradas violações aos princípios da isonomia, da livre concorrência, do mercado do Distrito Federal
por Ney Ferraz, no Planejamento, ser interno como patrimônio nacional e do desenvolvimento nacional. (Sinduscon-DF)
pouco acessível. Nem participava dos lançará um novo selo
eventos das entidades. O setor espera, se Em 10 anos, entre 2013 e 2022, as importações de pequeno valor saltaram de institucional pelo seu
confirmada a sinalização de Ibaneis de 60º aniversário, que
reunificar as secretarias e nomear Ferraz, US$ 800 milhões para US$ 13,1 bilhões. será comemorado no
uma aproximação maior por parte dele. dia 19 de março. O selo,
André Clemente se destacou na gestão que destaca os principais pontos turísticos de Brasília, marca o
da pasta no primeiro governo Ibaneis Impacto Reação nacional e local início de uma série de ações da entidade planejadas para o ano,
na mediação com o empresariado e era com o objetivo de celebrar a data e integrar ainda mais o setor.
bastante respeitado no meio. Segundo as confederações, Entidades nacionais e regionais também se
dados econômicos atuais mobilizam para impedir o fim do programa de Planejamento urbano
mostram que a total socorro ao setor de eventos, bares e restaurantes
Mariana Lins

desoneração do imposto
de importação resulta em
relevante impacto negativo
em indicadores nacionais,
como crescimento do PIB,
emprego, massa salarial e
arrecadação.
pelos prejuízos causados na pandemia, o Perse.
A CNC e a Abrasel também entraram com ação
judicial. A reoneração da folha de pagamento de 17
setores econômicos é outro ponto de atrito. Ambas
as medidas constam na MP 1.202/23. As empresas
esperam que o Congresso mantenha os benefícios e
ganhe o cabo de guerra com o Ministério da Fazenda.
“O Sinduscon-DF chega aos seus 60 anos com o seu
protagonismo na defesa da qualidade de vida para toda a
população, a partir do constante respeito ao planejamento
urbano do Distrito Federal. Esse aniversário será mais um
grande marco para manter a construção civil como referência
do setor produtivo do DF”, destacou o presidente do
Sinduscon-DF, Adalberto Valadão Júnior.

Fotos: Ed Alves/CB/DA.Press
O pai, Oswaldin Santos, a mãe,
Lucimere Aguilar, e a irmã Daphne
Aguilar mimam Lucca, que retribui:
“sou muito grato por isso”
Aluno nota mil destaca
esforço e apoio da família
Único estudante do DF a ter desempenho máximo na redação do Enem, Lucca Santos Aguilar reconhece a diferença de
oportunidades entre os jovens brasileiros, mas defende que todos, de escola pública ou particular, devem se sentir capazes
» ALINE GOUVEIA
» *CAMILA COIMBRA
L
ucca Santos Aguilar, 17 anos,
morador de Sobradinho, foi o
único estudante do Distrito Fe-
deral a tirar mil na redação do
Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem) de 2023. Em todo o país, 60
candidatos conquistaram a nota má-
xima. Ao Correio, o jovem brasilien-
se conta que sempre gostou muito
de escrever, incluindo outros gêne-
ros textuais como crônicas, poesias
e contos, e planeja cursar engenha-
ria da computação na Universidade
de Brasília (UnB).
“Me sinto honrado e muito fe-
liz por essa conquista, pois eu real-
mente não esperava que um sonho
tão grandioso fosse se tornar reali-
dade. Isso é fruto do meu esforço e
do apoio da minha família, dos meus
professores e de todos que estiveram
ao meu lado nessa jornada”, diz Luc-
ca, que terminou o ensino médio no
ano passado no colégio Leonardo da
Vinci, na Asa Norte.
Das 60 redações que tiraram no-
ta máxima, apenas quatro estudan-
tes da rede pública alcançaram 1.000
pontos. Para Lucca, esse dado evi-
dencia a disparidade de oportuni-
dades entre os estudantes brasilei-
ros. O jovem cobra atenção das au-
toridades. “A educação é um direito
humano essencial e todo jovem, in-
dependentemente da instituição de
ensino, cidade ou classe social, deve
se sentir capaz de ser um aluno nota
mil”, defende o estudante.
O tema da redação deste ano foi
“Desafios para o enfrentamento da
invisibilidade do trabalho de cuida-
do realizado pela mulher no Brasil”.
Lucca avaliou positivamente a abor-
dagem do Enem. Segundo ele, o te-
ma foi pertinente à realidade do país.
“O Brasil é uma nação culturalmente
preconceituosa e esses estigmas afe-
tam de diversas formas as pessoas,
sobretudo a população feminina.
Uma faceta dessa triste realidade é
a invisibilidade do trabalho realiza-
do pelas cuidadoras e donas de ca-
sa, que muitas vezes escutam coisas
como ‘Está cansada? Mas você nem
trabalha direito”’, opina.
O jovem defende que as mulhe-
res que exercem o trabalho do cui-
dado devem ter o esforço reconhe-
cido e os direitos valorizados. “Seus
trabalhos não devem representar um
empecilho para seu desenvolvimen-
to pessoal e não devem atrapalhar
seus estudos. Quando uma prova
nacionalmente reconhecida decide
abordar esse assunto, é natural que
as pessoas passem a refletir sobre o
tema e observar a realidade de forma
Lucca sonha em fazer uma segunda graduação, mestrado ou doutorado em uma instituição de renome internacional
mais crítica, o que é sensacional”, ar-
gumenta o estudante.
E esse olhar sensível aos aspectos
da sociedade se reflete em escolhas
pessoais, pois Lucca afirma que a op-
ção pelo curso voltado para a área
de tecnologia se deve ao potencial
de impacto social. “Envolve desen-
volvimento de aparelhos e próteses
médicas, programas de inteligência
artificial diversos e aparatos tecno-
lógicos que podem reduzir impac-
tos ambientais. Sinto que vou ser fe-
liz trabalhando nessa área e estarei
ajudando outras pessoas, isso não
tem preço”, cita.
Para alcançar a nota 1.000, Luc-
ca diz que lia bastante, o que o au-
xiliou no desenvolvimento do vo-
cabulário e do senso crítico. “Outra
coisa que me ajudou bastante a me-
lhorar minha escrita foi participar
de atividades extracurriculares, co-
mo a Iniciativa Logos e o programa
júnior da Academia de Ciências de
Nova York, projetos voltados para a
iniciação científica de estudantes de
escolas públicas e particulares. Par-
ticipando deles, pude escrever arti-
gos científicos, conhecer novas pes-
soas e estudar sobre assuntos diver-
sos”, lembra o jovem.
Base familiar
O apoio da família na jornada
estudantil foi essencial para Luc-
ca. “Meus pais sempre foram meus
fãs número um e sou muito privi-
legiado nisso. Minha família sem-
pre foi meu alicerce. Está comigo
Correio Braziliense • Brasília, quinta-feira, 18 de janeiro de 2024 • Cidades • 17
nos momentos difíceis e também
nas comemorações. Sou muito gra-
to por isso”, declara.
Lucca é filho de Oswaldin Santos,
É uma satisfação que é bancário, e da professora Lu-
muito grande, cimere Aguilar. A mãe do estudante
sentimento de atribui o excelente desempenho do
filho no Enem ao trabalho coletivo
missão cumprida, que envolveu pais, escola e o pró-
pois ele é um prio Lucca. “É uma sensação de ale-
gria e orgulho muito grande. Além
menino muito de ter tirado a nota 1.000 na reda-
esforçado” ção do Enem, ele se destacou mui-
to, pois foi a única pessoa do Distri-
Lucimere Aguilar, to Federal. É uma satisfação muito
grande, sentimento de missão cum-
mãe
prida, pois ele é um menino muito
esforçado. Com dedicação e disci-
plina, podemos colher bons frutos”,
conta Lucimere.
O jovem sonha um dia poder tra-
balhar na Agência Espacial Norte
-Americana (Nasa) ou na Microsoft,
além de fazer uma segunda gradua-
ção, mestrado ou doutorado em uma
Quero estar instituição de renome internacional,
presente como Massachusetts Institute of Te-
em projetos chnology (MIT) ou a Universidade
de São Paulo (USP). Lucca também
voluntários, almeja viajar pelo mundo.
impactar “Eu valorizo muito a prática da
cidadania. Quero estar presente em
positivamente as projetos voluntários, impactar posi-
pessoas e o mundo tivamente as pessoas e o mundo por
meio das minhas ações e inspirar ou-
por meio das tros jovens a serem protagonistas em
minhas ações” suas comunidades. Também carrego
sonhos de infância, como ter um ga-
Lucca Santos Aguillar, tinho de estimação e escrever um li-
17 anos vro, que, um dia, também se torna-
rão realidade”, relata Lucca.
Dicas nota mil
Lucca afirma que cuidar da saúde
mental é fundamental no processo de
estudar para vestibulares. “Não adian-
ta saber todo o conteúdo, todos os re-
pertórios possíveis, todas as fórmulas,
mas não conseguir fazer a prova devi-
do a uma crise de ansiedade ou não
se sentir confiante e relaxado”, explica.
Outra dica dada pelo estudante é
tentar encontrar um parceiro de estu-
dos ou montar um grupo com essa fi-
nalidade. “Estar com outras pessoas po-
de te ajudar a manter a disciplina, tirar
suas dúvidas e te motivar”, exemplifica.
Palavra de mestre
Para fazer uma boa redação, a pro-
fessora de língua portuguesa Palo-
ma Abdallah indica que, primeiro,
o aluno conheça bem as competên-
cias avaliadas pela banca. Seguindo
a máxima de que todo bom escritor
é bom leitor, a especialista considera
fundamental que o aluno leia livros
e acompanhe as notícias. “É preciso
estar atento ao que está se discutin-
do no país, pois ajuda a desenvolver
a argumentação”, ressalta.
Paloma destaca a necessidade de
realizar treinamentos. “É necessário
que cada um perceba, com as notas
e com a própria autoavaliação do seu
processo de escrita, como o texto fica
melhor e como ele consegue escrever
em menos tempo”.
A professora diz que o aluno deve
ter o domínio da língua portuguesa e
sentencia: “Uma boa nota de redação
não é construída a um mês da prova,
ela é fruto de uma história de estudo,
de dedicação e de oportunidades.”
Na mesma perspectiva, a professo-
ra de redação Bárbara Andrade Soares
acrescenta que, na hora de desenvol-
ver um bom texto, é importante reco-
nhecer a problemática colocada no
tema. A partir daí, é necessário que o
aluno faça um projeto de texto e de-
fina sua defesa central e as estratégias
argumentativas para produzir a tese.
Para conseguir a nota 1.000, o estu-
dante deve saber articular os conheci-
mentos de diversas áreas para defender
um ponto de vista de maneira original.
Isso demanda a leitura de jornais, so-
bretudo acompanhando opiniões de
especialistas, estar atento às discus-
sões contemporâneas, pensamentos
filosóficos e sociológicos, além de as-
sistir séries e filmes. “Fugir de estraté-
gias baseadas em decorar repertórios
socioculturais quaisquer e utilizá-los de
modo descontextualizado é uma boa
forma de se destacar”, finaliza.
*Estagiária sob a supervisão
de Márcia Machado
18 • Cidades • Brasília, quinta-feira, 18 de janeiro de 2024 • Correio Braziliense

Tel: 3214-1146 • e-mail: grita.df@dabr.com.br

Tome Nota
As informações para esta seção são publicadas gratuitamente. O material
Isto é Brasília
de divulgação deve ser enviado com informações completas do evento Ed Alves/CB

(inclusive data e preço), no mínimo cinco dias úteis antes de sua realização.

CURSOS Desligamentos novo show de comédia Murilo Coa-

Empreendedorismo
Em 20 de janeiro, das 9h às 19h, o
Spazio Villa Regia, em Vicente Pires,
sedia o evento Mulheres Incríveis.
Serão abordados temas como saú-
de, bem-estar e autoestima. Os
ingressos são gratuitos e podem ser
obtidos no site sympla.com.br. Mas,
para ter acesso ao local, o partici-
pante deve entregar 1kg de alimento
não perecível. Os itens arrecadados
serão doados a pessoas em situação
de vulnerabilidade.
Informática
A Faculdade Estácio está oferecen-
do oportunidades na área de tec-
nologia por meio do curso Prepara
Tech, com aulas para desenvolver
habilidades em TI, nos níveis básico
e avançado. A proposta é atender
tanto pessoas que querem ingressar
na carreira quanto as que têm expe-
riência e pretendem se aprofundar
na área. Os participantes não pagam
nada e recebem certificado. As ins-
crições podem ser feitas pelo site
online.estacio.br/p/prepara-tech.
Línguas
O Espaço de Cultura Garcia em
parceria com a Casa do Ceará em
Brasília está oferecendo cursos de
inglês, francês, italiano e espanhol
nos níveis básico, intermediário e
avançado. Também serão oferta-
das aulas de conversação. As aulas
começam dia 5 de fevereiro com
turmas no período da manhã, tarde
e noite. A matrícula custa R$ 60 e o
valor do curso é de seis parcelas de
R$ 210, totalizando R$ 1.260. Para
mais informações (61) 99375-2936.
OUTROS
Oiticica
O CCBB Brasília recebe a exposição
A invenção da cor: Magic Square
até 29 de fevereiro. A mostra reúne
obras do pintor e escultor carioca
Hélio Oiticica e pode ser visitada
de terça-feira a domingo, das 9h às
20h30. A entrada é gratuita.
Bloco
O Bloco do Silva, com repertório de
músicas clássicas brasileiras que
foram sucesso em outros verões,
estará no Mané Garrincha em 19 de
janeiro, às 19h. Os ingressos cus-
tam a partir de R$ 150 e podem ser
adquiridos no site sympla.com.br.
Cênicas
O teatro Makeda — A Rainha da
Arábia Feliz está em cartaz até 14 de
fevereiro, no CCBB Brasília. O espe-
táculo conta a história de uma prin-
Telefones úteis
Polícia Militar 190
Polícia Civil 197
Aeroporto Internacional 3364-9000
SLU - Limpeza 3213-0153
Caesb 115
CEB - Plantão 116
Corpo de Bombeiros 193
Correios 3003-0100
Defesa Civil 3355-8199
Delegacia da Mulher 3442-4301
Detran 154
DF Trans 156, opção 6
programados
de energia
» Planaltina
Horário: 9h às 13h
Local: Condomínio Mestre
Darmas, Módulos 9 ao 18, I, M,
MR 01, Quadras 2 e 22.
Serviço: modernização de rede.
» Arniqueira
Horário: 9h às 15h
Local: Colônia Agrícola
Arniqueira, Chácaras 20, 66 e 70.
Local: Colônia Agrícola Veredão,
Chácaras 1 a 12, 14, 18 a 26, 33,
60, 68, Conjuntos 2, 4 e Quadra 4.
Local: QR 209, Conjunto 5.
Local: Setor Habitacional
Arniqueira, Chácaras 2, 9, 11, 13,
14, 19 a 21, 24, 25, 66 a 71, 73,
Conjuntos 4 a 6, Lotes 1, 4
e Quadra 4.
cesa educada por seu trisavô para se
tornar uma rainha. As sessões são
as sextas-feiras e aos sábados, às
17h, e aos domingos, às 11h e às 17h.
Os ingressos custam R$ 15 (meia) e
R$ 30 (inteira), disponíveis no site
bb.com.br/cultura.
Consultoria
O evento Estratégias Avançadas de
Vendas e Negociação ocorre em 20
de janeiro, das 8h30 às 12h30, em
Águas Claras. Dividido em aulas
com temas como psicologia da
persuasão, negociação estratégi-
ca e fechamento de vendas, entre
outros, pretende ajudar o partici-
pante a desbloquear seu potencial
e a se destacar no mundo das ven-
das. A produção é da Consultoria
Sunflower. Os ingressos variam de
R$ 164,90 (primeiro lote) a R$ 235
(segundo lote), e estão à venda no
site sympla.com.br.
Programa de férias
O CCBB Brasília convida o público
de todas as idades para participar do
seu Programa Educativo com pro-
gramação especial de férias. Diver-
sas oficinas acontecem de terça-feira
a domingo, das 9h às 21h, com uma
abordagem técnica educacional para
desenvolvimento infantil e de terça-
feira a sexta-feira com workshop
de aquarela, teatro, cerâmica entre
outros. O programa acontece até
31 de janeiro com entrada gratuita.
Ingressos no site ccbb.com.br/brasi-
lia ou presencialmente.
Humor
Murilo Couto se apresentará em
Brasília em 27 de janeiro, às 21h,
no Teatro Unip, na 913 Sul. Em seu
Doação de Órgãos 3325-5055
Farmácias de Plantão
GDF - Atendimento ao Cidadão
Metrô - Atendimento ao Usuário 3353-7373
Passaporte (DPF)
Previsão do Tempo
3245-1288
3344-0500
Procon - Defesa do Consumidor
Programação de Filmes 3481-0139
Pronto-Socorro (Ambulância)
Receita Federal 3412-4000
Rodoferroviária 3363-2281
ch, o humorista transforma o teatro
em uma hilária palestra motivacio-
nal de autoconhecimento, transfor-
mação espiritual e desenvolvimento
pessoal, profissional e financeiro.
Os ingressos custam R$ 65 (meia)
e R$ 130 (inteira), disponíveis no site
ingressodigital.com. Mais informa-
ções pelo telefone (61) 99212-9500.
Pintura
A exposição Metamorfose: Fluxos
entre Cores e Formas, do artista
Osvaldo Orias, estará em cartaz
de 18 de janeiro a 3 de março, de
terça-feira a domingo, das 10h às
20h, na Galeria Rubem Valentim.
As pinturas sintetizam as impres-
sões do autor sobre a paisagem
brasileira, com influências da
América Central e da Europa. A
entrada é gratuita.
Ah, o céu de Brasília...
Quantas vezes, caro leitor, você não leu, ouviu ou falou sobre o céu de Brasília? Pois é, uma das épocas
Colônia de férias
O Espaço Cultural Renato Russo rea-
do ano em que ele mais é amado, admirado e elogiado é o verão. Com o forte calor, chuva, sem nuvens
liza a sua colônia de férias com ativi- ou com elas fazendo um lindo mosaico, o firmamento mostra seu charme e inspira o brasiliense, que
dades de cerâmica fria e de palhaça- precisa enfrentar a rua, seja a pé, de bicicleta ou mesmo dentro de um carro. Olhar para o alto e negar
ria. As atividades são para crianças que esse azul é único, exclusividade da capital do país, é contrariar o morador daqui, especialmente
de 8 a 11 anos e acontecem até 28 de quando negado por algum forasteiro. A verdade é que, seja nas regiões administrativas ou na devida
janeiro. As turmas são divididas em contemplação pela estátua de Juscelino Kubitschek, não há como igualar o nosso céu.
dois grupos: o primeiro, de terça-fei-
ra a sábado, das 9h às 12h. O segun-
do, nesses mesmos dias, das 14h30 Poste sua foto com a hashtag #istoebrasiliacb
às 17h. Os ingressos custam R$ 50. e ela pode ser publicada nesta coluna aos domingos
#istoebrasiliacb
Mais informações: sympla.com.br.
Samba no pé
Até 1° de fevereiro, o Espaço Cultural
Renato Russo oferece um curso de
» Destaques Acompanhe o Correio nas redes sociais
samba de gafieira e samba no pé.
As aulas são realizadas as terças e Gastronomia
quintas-feiras, das 19h30 às 20h30. /correiobraziliense
Os ingressos variam entre R$ 135
» A 3ª edição do Festival
(com a doação de 1kg de alimento
Comida de Rua chega
Quem quiser fazer sugestões ao
em Brasília trazendo
não perecível) e R$ 150 (sem doação
pratos típicos da região
Correio pode usar o canal de interação @cbfotografia
de alimento), e estão disponíveis no com a redação do jornal por meio do
site sympla.com.br.
norte para a capital do
WhatsApp. Com o programa instalado
Brasil. Além de comidas
em um smartphone, adicione o
Rap de qualidade, o festival
telefone à sua lista de contatos.
@correio
Em comemoração aos 50 anos da conta com shows, feira de
cultura do hip-hop, a exposição artesanato, brinquedos
Peso-Histórias do Rap DF chega à para a criançada e as
Galeria Risofloras, em Ceilândia, tradicionais competições O tempo em Brasília
de hoje a 9 de fevereiro. A mostra de melhor receita. O
conta com quase 90 obras retra- evento acontece nos dias Muitas nuvens com
tando o panorama e momentos 20 e 21 de janeiro, a partir pancadas de chuva e
históricos do rap na capital do das 10h, na praça da trovoadas isoladas.
Brasil. As visitas são de segunda quadra 3, de Sobradinho
a sexta-feira, das 14h às 18h, com l. A entrada é gratuita.
entrada gratuita. Mais informações Mais informações no
pelo número (61) 98143-8945. Instragram @festival.
comidaderua. Umidade relativa
Stand up
O humorista Raphael Ghanem apre- Interpretação Máxima 90% Mínima 30%
senta o stand up Se é que você me
entende, em 21 de janeiro, às 21h30. » A atriz Denise Fraga
No espetáculo, ele conta a história conduzirá o workshop A temperatura
de sua vida. A performance será no O Intérprete e a
Teatro Royal Tulip e os ingressos Comunicação do Texto. A 40
variam entre R$ 45 e R$ 160, dispo- atividade, promovida pela
níveis no site sympla.com.br. Caixa Cultural, é gratuita Máxima 30º 35
30
e voltada para artistas 25
profissionais de Brasília, 20
com vivências de leituras 19º 15
e exercícios cênicos a
Mínima
10
partir de trechos das 5
0
Autorização para vaga especial obras A visita da velha
4/1 11/1 18/1
132 Divtran I - Plano Piloto senhora, de Friedrich
SAIN, Lote A, Bloco B, Ed. Sede -
156 Dürrenmattt, e a A vida
Detran/DF 12h e 14h às 18h
Divpol - Plano Piloto SAM,
de Galileu, de Bertolt
Bloco T, Depósito do Detran Brecht. O curso será em O sol A lua
Divtran II - Taguatinga QNL 30, 20 de janeiro, das 14h30
151
Conjunto A, Lotes 2 a 6, Tag. Norte às 17h. Serão 20 vagas
Nascente
Sertran I - Sobradinho Quadra 14 - disponíveis e as 5h30
192 ao lado do Colégio La Salle
inscrições podem ser
Sertran II - Gama SAIN, Lote 3, Poente
Av. Contorno - Gama-DF
feitas pelo site 18h28
Cheia Minguante Nova Crescente
caixacultural.gov.br. 25/1 4/1 11/1 18/1

grita geral grita.df@dabr.com.br (cartas: SIG, Quadra 2, Lote 340 / CEP 70.610-901)

SAMAMBAIA VICENTE PIRES

BOCA DE LOBO SUJA SEM FAIXA DE PEDESTRE

A limpeza das bocas de lobo torna-se fundamental no período A professora Laura Cordeiro, 47 anos, conta que a travessia na Rua 12
chuvoso, mas a situação encontrada na 411, conjunto 11 de da Vicente Pires próximo aos mercados é bem complicada. Segundo ela
Samambaia Norte é de acúmulo de lixo na boca de lobo. De acordo “ A Rua 12 é muito movimentada de carros e, para fazer a travessia, é
com o morador da região Geraldo Afonso, de 42 anos, a situação é necessário se arriscar na pista junto com os carros por que não existe uma
a seguinte: “ O lixo toma de conta dessa boca de lobo já tem algum faixa de pedestre e esse problema já tem há algum tempo. Precisamos de
tempo, com a chegada da chuva não tem onde para a água uma faixa nesse local para que tragédias não aconteçam”, alerta.
escorrer e ainda esse lixo ajuda a atrair insetos que
acabam indo para as casas”, disse. » O Detran-DF informa que, retomou a revitalização da sinalização
horizontal Distrito Federal, desde o início de janeiro, seguindo um
» Em nota, a Novacap informa que desobstruiu cerca de 400 mil cronograma de ações, com prioridade para os pontos de grande
metros quadrados de bacias de detenção ao longo do ano passado. circulação de pedestres e veículos. O serviço está sendo prestado, no
Nesse período, foram realizadas manutenções em mais de 8,5 mil momento, em Ceilândia, nas pistas recapeadas da Elmo Serejo e da
bocas de lobo e 1 mil poços de visita. O serviço ajuda na circulação Via N2 Norte. É importante ressaltar que a realização da sinalização
e no fluxo de veículos e de pedestres em áreas urbanas após chuvas horizontal (pintura) necessita que a via esteja completamente seca,
intensas, uma vez que favorece o escoamento da água. Os serviços portanto o Detran segue o cronograma nas localidades sem previsão de
podem ser solicitados pela população, via Ouvidoria do GDF (162), chuvas no dia da pintura. O Detran está ciente da demanda em Vicente
e são necessários para evitar alagamentos e enxurradas. Pires e reforça que os locais fazem parte do cronograma de revitalização.
19 • Brasília, quinta-feira, 18 de janeiro de 2024
CORREIO BRAZILIENSE
ESPORTES
correiobraziliense.com.br/esportes - Subeditor: Marcos Paulo Lima E-mail: esportes.df@dabr.com.br Telefone: (61) 3214-1176
GUIA DO GAUCHÃO Símbolo da alternância de domínio entre Grêmio e Internacional, troféu do torneio estadual do Rio Grande
do Sul tem gosto especial para os rivais em 2024. Para o tricolor, vale ampliação do domínio. Colorado quer evitar jejum inédito
Taça da rivalidade
DANILO QUEIROZ
P
ara muitos, em termos de
futebol, o Rio Grande do
Sul se divide, basicamen-
te, em vermelho e azul.
Por lá, se você não é Grêmio, é In-
ternacional. Outros tantos, nem
sempre restritos ao estado de ori-
gem de tais clubes, consideram a
rivalidade Gre-Nal como a maior
envolvendo equipes do futebol
brasileiro. Em termos regionais,
esse sentimento sempre é ma-
ximizado no Campeonato Gaú-
cho. A partir de sábado, o esta-
dual mais bipartidarista do Bra-
sil abre uma nova edição com os
rivais, mais uma vez, de lado bas-
tante opostos. Enquanto o trico-
lor mira ampliar a sequência em
busca de um recorde de títulos,
o colorado tenta sair da seca pa-
ra não emendar a pior série ne-
gativa da história.
Explica-se: atual hexacam-
peão gaúcho entre 2018 e 2023,
o Grêmio tem em vista um ce-
nário comemorado de antemão
por todos os torcedores do clu-
be graças à possibilidade de co-
memorar a própria vitória e, di-
retamente, “celebrar” a ruína do
maior rival. Se engatar o sétimo
título seguido no Rio Grande do
Sul em 2024, o tricolor chegará
ao feito pela segunda vez e ficará
mais perto de igualar uma mar-
ca do Internacional. Entre 1969
e 1976, o colorado conquistou o
único octacampeonato na his-
tória do Gauchão. De quebra, se
ficar com a taça, o tricolor fará o
adversário alcançar a maior série
pessoal sem troféus do estadual.
A equipe do Beira-Rio nunca fi-
cou na fila local por oito anos.
Sequências grandes de con-
quistas ou jejuns estão intima-
mente ligadas à trajetória do
Campeonato Gaúcho. Além do
octacampeonato, o Inter tem um
hepta no currículo. A dupla Gre-
Nal engatou sequências de seis
taças por três oportunidades ca-
da. Nos pentas consecutivos, o
tricolor tem ligeira vantagem: 4 x
3. E para os rivais, ter o domínio
caseiro é assunto bastante sério.
O retrospecto geral do Estadual é
prova fiel dessa importância. Os
clubes praticamente alternam o
topo do Rio Grande do Sul desde
a criação do torneio estadual, em
1919. Das 103 edições disputadas
desde então (há uma lacuna de
dois anos causada pela Revolu-
ção de 1923), os times de Porto
Alegre faturaram 87.
Alijados da rivalidade entre o
azul do Grêmio e o vermelho do
Internacional, os clubes de me-
nor expressão poucas vezes al-
cançaram o topo. Nem mesmo
equipes com certa tradição em
âmbito nacional têm o costu-
me de colocar a hegemonia Gre-
Nal em xeque. Rivais do mesmo
município, Juventude e Caxias
levaram o título gaúcho apenas
uma vez na história. Neste ano,
as equipes chegam empolgadas
por acessos no Campeonato Bra-
sileiro. Enquanto o Jaconero saiu
da Segundona para a elite do
país, os caxienses foram promo-
vidos da D para a C. O sucesso fo-
ra do estado impulsiona as equi-
pes a fazerem mais em âmbito lo-
cal na temporada 2024.
Entre os times pequenos,
quem tem mais títulos gaúchos
é o Guanary de Bagé. O alvirru-
bro aproveitou o período inicial
do torneio, quanto Grêmio e In-
ternacional ainda não tinham so-
berania, para ganhar os títulos de
1920 e 1938. O topo, porém, vi-
rou sonho impossível desde en-
tão. A equipe, inclusive, está re-
tornando à elite do Rio Grande
do Sul apenas neste ano. Brasil
Bota e Fla vencem no Carioca
Primeiro dos grandes estaduais do Brasil a ter bola rolando, o
Campeonato Carioca registrou, ontem, as primeiras vitórias de
Botafogo e Flamengo. No Nilton Santos, o Glorioso sofreu e ouviu
até vaias da torcida, mas venceu o Madureira, por 1 x 0. Na Arena
da Amazônia, em Manaus, abarrotada, o rubro-negro teve sinergia
diferente e goleou o Audax, por 4 x 0. Hoje, mais dois gigantes jogam.
Às 19h30, o Vasco recebe o Boavista, em São Januário. Duas horas
depois, o Fluminense visita o Volta Redonda, no Estádio da Cidadania.
Angelo Pieretti/FGF
Agenda
1ª rodada
Sábado
16h30 Caxias x Grêmio
19h Santa Cruz x Juventude
19h São José x São Luiz
15h45 Brasil x Novo Hamburgo
Domingo
16h Internacional x Avenida
19h Guarany x Ypiranga
2ª rodada
Quarta-feira
19h São Luiz x Internacional
19h Ypiranga x Caxias
19h Novo Hamburgo x Santa Cruz
19h Juventude x Guarany
19h Avenida x Brasil
21h30 Grêmio x São José
Transmissão ao vivo: Globo
(RBS TV, do Rio Grande do Sul),
SporTV, Premiere e ge.globo
de Pelotas e Novo Hamburgo são
outros participantes donos do
Luiz Carlos Erbes/SER Caxias
Lucas Uebel/Grêmio
Ricardo Duarte/Internacional
Arthur Dallegrave/E.C Juventude
topo em algum momento da his-
tória. São José e Ypiranga (no ano
do centenário) também têm sta-
tus de Série C nacional entre os
envolvidos na luta pela taça. Ave-
nida, Santa Cruz e São Luiz com-
pletam a lista de 12 competido-
res da 104ª edição do Gauchão.
CAXIAS GRÊMIO INTERNACIONAL JUVENTUDE Preço alto
Esse cara sou eu Esse cara sou eu Esse cara sou eu Esse cara sou eu Protagonistas de mais uma
Peninha (foto) Cristaldo (foto) Alan Patrick (foto) Nenê (foto) edição do estadual, Grêmio e In-
Dono da prancheta Dono da prancheta ternacional não se influenciam
Dono da prancheta Dono da prancheta
Renato Gaúcho Roger Machado somente nos gramados. Nos bas-
Gerson Gusmão Eduardo Coudet
tidores, as ações de um afetam
O pé que balança a rede O pé que balança a rede O pé que balança a rede O pé que balança a rede diretamente nas movimentações
Vitor Feijão JP Galvão Enner Valencia Rildo do outro. E no mercado da bola
não é diferente. Se no ano passa-
A muralha A muralha A muralha A muralha
do o tricolor começou o estadual
Fabian Volpi Agustín Marchesín Rochet Renan
na frente com a chegada impac-
#tbt: melhor lembrança #tbt: melhor lembrança #tbt: melhor lembrança #tbt: melhor lembrança tante de Luis Suárez, em 2024 foi
Uma vez campeão 41 vezes campeão 45 vezes campeão Uma vez campeão a vez de o colorado abrir os cofres
para qualificar o elenco. Mesmo
Minha casa, minha vida Minha casa, minha vida Minha casa, minha vida Minha casa, minha vida contando com o poderio ofensi-
Estádio Centenário Arena do Grêmio Beira-Rio Alfredo Jaconi vo de Enner Valencia, o time do
Correio sincerão Correio sincerão Correio sincerão Correio sincerão Beira-Rio investiu pesado para ti-
Briga por semifinais Candidato ao título Candidato ao título Briga por semifinais rar o centroavante Rafael Santos
Borré do futebol alemão.
» Impulsionado pelo acesso à » Antes liderado por Suárez, o » Para sair da fila, o colorado » Time de Série A, o Jaconero O Grêmio começa a tempo-
Série C, o Caxias quer voltar às tricolor tinha o uruguaio como investiu forte em contratações. teve ajuste de rota forçado após o rada sem um grande substituto
finais, assim como em 2020 e 2023. referência. Na luta pelo octa, o Rafael Borré puxa a fila dos novos técnico Thiago Carpini ir para o São para Suárez, fora do clube des-
Uma das referências do acesso, o papel começa 2024 vago. Soteldo é responsáveis por recolocar o time Paulo. A força do elenco, porém, é de o fim do último Campeonato
brasiliense Peninha segue no time. a principal contratação. na rota das conquistas estaduais. trunfo para brilhar no Gauchão. Brasileiro. Enquanto vasculha o
mercado para encontrar um no-
me à altura do antigo dono da ca-
misa nove, o tricolor tem JP Gal-
vão como o pé responsável por
AVENIDA BRASIL GUARANY N. HAMBURGO colocar a bola na rede. A princi-
pal contratação da equipe para a
Esse cara sou eu Esse cara sou eu Esse cara sou eu Esse cara sou eu largada do Gauchão foi o meio-
Carlão Colheitadeira (ATA) Rafael Dumas (ZAG) Juninho Tardelli (MEI) Guilherme Garré (MEI) campista Yeferson Soteldo, ex-
nome de referência do Santos.
Correio sincerão Correio sincerão Correio sincerão Correio sincerão
Pode surpreender Luta contra a queda Luta contra a queda Pode surpreender A disputa
» Mesmo com vagas na Série D e » Após um 2023 ruim, o Xavante se » De volta à elite gaúcha, o » Último pequeno campeão, em O regulamento do Gauchão
na Copa do Brasil, o Periquito refez remontou para ir melhor. Apenas alvirrubro deseja, primeiro, se 2017, o Clube do Vale dos Sinos é simplório e dá enfase para a
o grupo de atletas. Com poder o zagueiro Rafael Dumas, ex-Fla, estabelecer na primeira prateleira. tenta repetir a história com nomes emoção de confrontos mata-ma-
de investimento maior aos rivais ficou. O objetivo é alcançar vagas O time manteve destaques do experientes. O time quer rodagem tas. Na primeira fase, todas as
menores, almeja o mata-mata. em torneios nacionais. acesso, mas reformulou o grupo. para também jogar a Série D. equipes jogam entre si. Ao fim
das 11 rodadas, os oito primei-
ros avançam para as quartas de
final. Essa fase será definida em
SANTA CRUZ SÃO JOSÉ SÃO LUIZ YPIRANGA jogo único. O time de melhor
campanha terá o direito de atuar
Esse cara sou eu Esse cara sou eu Esse cara sou eu Esse cara sou eu como mandante, além da vanta-
Marcelo Pitol (GOL) Marquinhos Calazans (ATA) Diogo Sodré (ATA) Gedeílson (LAT) gem do empate para ficar com a
vaga. Nas semifinais e na final, a
Correio sincerão Correio sincerão Correio sincerão Correio sincerão definição será em confrontos de
Luta contra a queda Briga por semifinais Pode surpreender Briga por semifinais ida e volta, sem gol qualificado.
Se houver empates, a disputa vai
para as penalidades. Todos os jo-
» De volta após 10 anos, o Galo » O Zeca sonha alto no Gauchão. » Bicampeão da Copa FGF, o » Ano do centenário do gos eliminatórios terão árbitro de
é outra a apostar em atletas O time vislumbra semifinal para Zangão quer ampliar a boa fase. Canarinho, 2024 está carregado vídeo. Em um primeiro momen-
rodados. O sonho com vaga em jogar a Copa do Brasil em 2025. Jogar a Copa do Brasil de 2024 é de expectativa. O clube investiu, to, não há previsão de premia-
torneios nacionais contrasta com a Para isso, manteve boa parte do impulso para o alvirrubro almejar trouxe 13 reforços e manteve ção financeira para o campeão
luta contra a queda. elenco da última Série C. uma campanha boa no estadual. destaques para surpreender. do torneio do Rio Grande do Sul.
20 • Esportes • Brasília, quinta-feira, 18 de janeiro de 2024 • Correio Braziliense

ESPORTES

COPA DO NORDESTE Empoderado por Bahia e Fortaleza, torneio sorteia fase de grupos ostentando contratações caras e prêmios
Fotos: Tiago Caldas /EC Bahia
GABRIEL BOTELHO*

O Bem
sorteio da fase de grupos
da 21ª edição da Copa
do Nordeste será realiza-
do hoje, no Teatro Silvio
Mendes, em Teresina, no Piauí,
sob uma nova ordem econômica.
O torneio regional mais badalado

na fita
do país expõe o poder financeiro
de sociedades anônimas do fute-
bol emergentes como as do Bah-
ia e do Fortaleza e a reconstrução
de times como o Vitória, de volta à
Série A do Campeonato Brasileiro.
Com balas nas respectivas agu-
lhas para investir pesado e mon-
tar elencos robustos, as equipes
prometem uma disputa acirrada
pelo título. O Bahia puxa a fila dos
ricos. O Tricolor de Aço é o mais
recente integrante do City Foo-
tball Group. A empresa é respon-
sável pela gestão de 12 clubes, in-
cluindo o Manchester City, e ad-
ministrado pela Abu Dhabi Uni-
ted Group. Os tetracampeões da
“Lampions League” foram adqui-
ridos, em maio do ano passado,
pela quantia de R$ 650 milhões.
Com investimento inferior
apenas ao do próprio clube de
Manchester, as pretensões são
cada vez mais ousadas. Segun-
do o ex-goleiro Emerson Ferretti,
novo presidente do Bahia, o orça-
mento para 2024 é de R$ 320 mi-
lhões. “A capacidade que eles têm
de investimento é muito grande,
e isso vai mudar o patamar do
Bahia, com certeza”, disse o diri-
gente, em entrevista ao podcast
PodZé, do portal BNews. Meia de 34 anos é
Nesta janela de transferências, abençoado pelas fitinhas
o Bahia é responsável pelas duas do Senhor do Bonfim: muito
maiores compras da história do axé para o maestro tricolor
futebol nordestino. A dupla Caio
Alexandre, ex-Fortaleza, e Jean
Lucas, ex-Santos, chegou por um
montante de R$ 48,5 milhões. O Cardona, vindo do Defensa y Jus- Transferências Sorteio “A capacidade Atlético Nacional-da Colômbia,
clube ocupa o quinto lugar no ticia, da Argentina; e o centroa- e ex-atleta do Milan, o clube é o
ranking dos times que mais in- vante Moisés, ex-Cruz Azul-MEX. mais caras Pote 1: Fortaleza, Ceará, Bahia e Sport que eles têm de mais novo candidato a recuperar
Pote 2: Náutico, CRB, Vitória e ABC
vestiram em contratações. Opor- O atacante foi um dos pilares da o meia Luan, campeão da Liber-
tunista, a equipe fechou com o equipe entre janeiro de 2022 e ju-
1 - Caio Alexandre (Bahia): 24,3 milhões
2 - Jean Lucas (Bahia): R$ 24, 2 milhões
Pote 3: Botafogo-PB, América-RN, Altos investimento é tadores com o Grêmio em 2017,
e Juazeirense
meia Éverton Ribeiro, ex-Flamen- nho de 2023. Nascido em Ceilândia, 3 - Moisés (Fortaleza): R$ 18,4 milhões
Pote 4: Treze, Itabaiana, River-PI e
muito grande, e e eleito o Rei da América. Após
go, cujo contrato estava no fim. o brasiliense Luquinhas, ex-atleta 4 - Jhoanner Chávez (Bahia): R$ 18 milhões passagem frustrada pelo Corin-
Atual vice-campeão da Copa é outro reforço reforço. Ele estava 5 - Cauly (Bahia): R$ 13,8 milhões
Maranhão isso vai mudar o thians e o retorno negativo ao
Sul-Americana, o Fortaleza per- no New York Red Bulls da Major 6 - Gilberto (Bahia): R$ 13,2 milhões Imortal, foi cedido, sem custos,
deu justamente Caio Alexandre League Soccer dos Estados Unidos. 7 - Rafael Ratão (Bahia): R$ 13,06 milhões patamar do Bahia, pelo clube gaúcho.
Agenda
para o Fortaleza, porém não se Ao todo, foram gastos R$ 33,7 mi- 8 - Ademir (Bahia): R$ 13 milhões
9 - Imanol Machuca (Fortaleza): Fase de grupos: 4/2 a 27/3 com certeza” Disputado por 16 clubes na fa-
manteve estático. Além de ga- lhões. A quantia é suficiente para se de grupos, a Copa do Nordes-
R$ 12,5 milhões Quartas: 10/4
rantir a permanência do técni- posicionar o Fortaleza em oitavo Emerson Ferretti, te tem o Ceará como atual cam-
10 - Caio Alexandre (Fortaleza): Semifinal: 24/4
co Juan Pabl Vojvoda, o segun- na lista dos maiores gastadores do peão. Com três títulos ao lado do
R$ 12 milhões Final: 5 e 9/6 novo presidente do Bahia
do mais estável do Brasil entre Campeonato Brasileiro. Sport, o Vozão tentará igualar os
os treinadores da primeira divi- Há clubes cujos gastos foram recordistas Bahia e Vitória, cole-
são nacional, manteve Yago Pika- menores, mas bem calculados. cionadores de quatro troféus, ca-
chu, Lucas Sasha e Pedro Rocha. Tricampeão da Copa do Nordes- artilheiro da Série B. Fez 14 gols. a R$ 11,75 milhões em compras divisão após o título da Série B da. O vencedor receberá PIX de
Mesmo sem o poder de inves- te, o Sport preencheu a vaga dei- Cedido pelo Fortaleza, foi vendi- nesta janela. Completam o car- em 2023, o Vitória consumiu R$ 2.102.254 como premiação.
timento do Bahia, o clube foi ao xada por Vágner Love, transferi- do ap Leão da Ilha na maior tran- rinho o atacante Romarinho, ex- pouco, mas adicionou peças co- O vice ficará com R$ 1.366.465.
mercado e tirou o goleiro San- do ao Atlético-GO, com Gustavo sação entre clubes nordestinos. Fortaleza, e o lateral-esquerdo nhecidas ao plantel. Além de
tos do Flamengo. O combo de re- Coutinho. O centroavante termi- Com os R$ 7 milhões aplicados Filipinho, ex-Artsul. buscar o zagueiro colombia- *Estagiário sob a supervisão de
forços inclui o zagueiro Tomás nou a temporada passada como no homem-gol, o time chegou Recém-promovido à primeira no Cristian Zapata, egresso do Marcos Paulo Lima
AFP

AUSTRALIA OPEN

Bia confirma vaga inédita na terceira fase

Beatriz Haddad Maia caminha
para mais um grande momento
na carreira e segue pela primei-
ra vez para a terceira rodada do
Aberto da Austrália. A brasileira
superou a jovem russa Alina Kor-
neeva, de apenas 16 anos, 179ª do
ranking da WTA, na madrugada
de ontem, por 2 sets a 0, com par-
ciais de 6/1 e 6/2, em 1h20min.
A partida foi disputada na
Rod Laver Arena, a quadra cen-
tral do complexo do torneio.
Inicialmente, Bia jogaria numa
quadra menor, porém a progra-
mação foi afetada pela chuva, o
que causou a mudança do local
da partida da tenista número 1
do Brasil e 12ª do mundo.
Na segunda partida neste
Aberto da Austrália, Bia come-
çou liderando a primeira parcial
com muita calma e sem dificul-
dade. A brasileira iniciou o pri-
meiro set quebrando o serviço
da adversária duas vezes segui-
das, a primeira no quarto game
abrindo 3/1 em 16 minutos.
Firme no saque e com Kornee-
va tentando acompanhar, Bia
chegou aos 5/1 com 28 minutos.
A russa cometeu 17 erros não
forçados contra seis de Bia, que
fechou o set com tranquilidade.
A segunda parcial veio logo
com um saque da jovem russa
quebrado por Bia, abrindo 2/0.
O sexto game que exigiu mais
da brasileira, ela precisou salvar
três break points. Mesmo com o
desafio, ela se manteve a frente
com 4/2. Com dupla falta de Ali-
na, Bia garantiu mais uma que-
bra e fechou com saque em 6/2.
“Ela é uma ótima jogadora.
Muito jovem e com um bom
saque. Estava jogando muito
bem durante esta semana. Eu vi
um pouco. Terá um grande futu-
ro e desejo a ela tudo de melhor.
Foi muito difícil. Cada vez que
entramos em quadra precisa-
mos respeitar e aceitar o que
estamos sentindo. Tentei fazer o
meu melhor com todas as emo-
ções que tinha. Estou feliz com
meu trabalho”, afirmou Bia.
A paulistana fez questão de
agradecer ao público presente
na quadra principal do Aberto da
Austrália. “Os brasileiros são incrí-
veis. Eles estão sempre em todos
os lugares torcendo por mim. Não
importa em que parte do mun-
do. Com certeza, há brasileiros
aqui. Estou muito feliz e orgulho-
sa de ser uma mulher brasileira e
de estar nas grandes quadras do
mundo e representá-los. Estou
feliz e espero poder trazer mais
felicidade para eles também.” Bia Haddad duelará com a russa Maria Timofeeva na próxima etapa
Por fim, Bia afirmou que o
bom desempenho em quadra
vem do trabalho das pessoas te ou um dia difícil. Tentamos tenho atrás de mim”, declarou.
fora dela. “Acho que tudo veio fazer o nosso melhor todos os Hoje, Bia enfrentará Maria
do meu coração. Eu sei o quan- dias. Eu tenho essa mentalidade Timofeeva, de 20 anos, número
to minha equipe, minha família por causa deles. Eu apenas tento 170 do mundo. A russa elimi-
e todos que estão atrás de mim ser a pessoa com a raquete aqui nou a ex-número um do mundo
trabalham todos os dias. Não (dentro de quadra) para repre- Caroline Wozniacki por 2 sets a
importa se está ventando, quen- sentar esse grupo especial que 1, com parciais de 1/6, 6/4 e 6/1.

Giro esportivo
Luis Ruas/Hipismo Brasil Claudio Villa/FIGC Eric Espada/AFP Conmebol/Divulgação Pedro Santana/Divulgação Leto Ribas/CBF

Saudi Pro Leagu
O Al-Hilal, do técnico Jorge Jesus e
de Neymar, anunciou, ontem, a
contratação do lateral-esquerdo
brasileiro Renan Lodi. Ele estava no
Olympique de Marselha. O contrato
termina em dezembro de 2027.
Daniel Alves
A defesa de Daniel Alves alegará que
o jogador estava bêbado quando foi
acusado de abusar sexualmente de
uma mulher na casa noturna Sutton,
em Barcelona. É a quinta versão
apresentada pelos advogados.
Obituário
Técnico e dirigente com passagem
marcante pelo vôlei brasileiro
por sete décadas, Helcio Nunan
Macedo morreu ontem, aos 94
anos, em Belo Horizonte. A CBV se
solidarizou com parentes e amigos.
Superliga feminina
Décimo colocado na Superliga
feminina com uma vitória e dez
derrotas, o Brasília Vôlei enfrenta
o Osasco, hoje, às 21h, no Ginásio
Municipal José Liberatti. Os canais
SporTV anunciam a transmissão.
NBB
Líder do Novo Basquete Brasil, o
Minas derrotou o Brasília por
111 x 68, ontem à noite, no Ginásio
Nilson Nelson. Amanhã, será a vez
de o Cerrado receber o adversário, às
19h, no Ginásio da Asceb.
Pré-Olímpico
A Seleção Pré-Olímpica de futebol
desembarcou ontem, em Caracas, na
Venezuela, para a disputa de duas
vagas para os Jogos de Paris-2024.
Endrick, Kennedy e companhia
estreiam dia 23 contra a Bolívia.
 Brasília, quinta-feira, 18 de janeiro de 2024 — CORREIO BRAZILIENSE Diversão & Arte — 21

HORÓSCOPO www.quiroga.net // astrologia@oscarquiroga.net CINEMA

elemento Z filmes/divulgacao

Por oscar Quiroga

Data estelar: mercúrio e
saturno em sextil.
a melhor educação que todos
poderíamos ter recebido
de nossos pais e tutores
teria sido a da liberdade de
experimentação, porque se
em vez de medo, proibições e
castigos severos tivéssemos
tido a compreensão de
que só se pode conhecer
o mistério da Vida por
meio da experimentação,
muitos recursos poderiam
ser poupados em terapia,
e ganharíamos tempo e
conhecimento ao longo
da existência. somos, os
humanos, um reino criativo,
e não há criatividade
possível sem liberdade para
experimentar, mas nossa
ÁRIES
21/03 a 20/04
Visões interessantes para seu
futuro são captadas pela alma,
mas ainda não dá para decifrar
o que elas transmitem, a não
ser pela carga emocional que
produzem. Por enquanto, desfrute
das emoções, sem nenhuma
preocupação.
TOURO
21/04 a 20/05
use os sentimentos para conhecer
melhor as pessoas, mas tenha a
delicadeza de comprovar
o que os sentimentos transmitirem,
porque em muitos casos
a alma sente tudo junto
e misturado, não tendo
discernimento.
GÊMEOS
21/05 a 20/06
Há horas em que dá para se
entregar à vida e deixar que ela
traga até você o destino, porém,
esse não é o caso da atualidade,
que, pelo contrário,
LEÃO
22/07 a 22/08
nem tudo que brilha é ouro e
nem tudo que seduz sua alma
conduziria a algo interessante. use
o discernimento para criar uma
demora entre o estímulo e a
reação que você apresentar
ao fato. Você se beneficiará
com isso.
VIRGEM
23/08 a 22/09
Quando você quer algo de alguém,
é melhor manter uma percepção
sincera da situação, isso evitará
que você se convença de que os
interesses não interessam,
e que tudo se resolve com
emoções de elevada
dignidade.
LIBRA
23/09 a 22/10
Quando as pessoas se atormentam,
melhor não intervir, porque você
dá de cara com certo apego que há
em nossa humanidade a respeito
dos tormentos interiores,
SAGITÁRIO
22/11 a 21/12
as fantasias são deliciosas, por isso
é tão difícil se livrar delas, porque
se fossem horrorosas, não
haveria dificuldade alguma. o
regozijo das delícias
é desejável, mas há
outras coisas
para fazer.
CAPRICÓRNIO
22/12 a 20/01
o divertimento próprio não há de
acontecer sobre a contrariedade
alheia, mas há momentos em que
é impossível segurar o
riso, dada a cena ridícula
que se desenvolve diante
de seus olhos.
como fazer? Cena do filme A floresta dos sussurros: em pré-estreia no Cine Brasília
AQUÁRIO
21/01 a 19/02
cada pessoa defende seus
interesses particulares e nem
sempre há um nível de civilidade
Apelo do desejo
para buscar que o espaço seja » ricardo daEHn Para o evento de hoje, os ingressos cus-
justo para todas as pessoas
tam R$ 15 (inteira) e há recomendação

civilização moralista imaginou
que a divindade nos colocou
entre o céu e a terra somente
para proibir de sermos quem
somos e nos castigar se nos
atrevermos a ser quem somos,
uma espécie criativa, que
precisa de ampla margem de
manobra para experimentar,
errar, consertar e recriar.
CRUZADAS
requer que você faça planos
e se atenha a eles o
tempo inteiro.
CÂNCER
21/06 a 21/07
talvez nem tudo lhe seja favorável,
mas tampouco a adversidade será
a nota dominante deste momento.
É preciso você se movimentar com
atenção e destreza, para intervir de
imediato em cada situação
que aparecer.
como se esses fossem um salva-
vidas em vez da âncora
que são.
ESCORPIÃO
23/10 a 21/11
Há pessoas que desejam ser
seduzidas, mas há também outras,
para as quais a sedução acende
alarmes interiores, suspeitas de
mentiras e jogos ocultos. melhor
conhecer um pouco mais as
pessoas que pretenda seduzir.
envolvidas. melhor você defender
seus interesses com as armas
disponíveis.
PEIXES
20/02 a 20/03
o esforço para fazer dar certo é
digno e necessário, mas não há de
ser seu ponto de apoio, porque o
cenário é muito mais amplo do que
a perspectiva de seus interesses
particulares, e anda acontecendo
muita coisa.
a
tração de hoje, às 20h, no Cine
Brasília, A floresta dos sussurros
traz um exemplo da diversidade
da produção de cinema na capi-
tal. O filme de Thiago Cazado, que conta
com ele e os atores Leo Carius e William
Ferreira no elenco, tem distribuidora in-
ternacional, e percorrerá circuito de pré
-estreias em cidades como Curitiba e Be-
lo Horizonte, além do eixo Rio-São Paulo.
Expressões de anseios sexuais repri-
midos, em locais públicos estampam a
tela. “A ideia é de representar quem recor-
re a lugares arriscados para resolução de
conflitos e dificuldades, além de mostrar
a hipocrisia, mas tudo sem julgamentos.
O filme não tem imagens indigestas, tu-
do foi simulado: tem nudez frontal, mas
é mais leve do que Vento seco, por exem-
plo”, observa o diretor.
Aos 37 anos, Thiago, que é formado
em artes cênicas pela Faculdade Dulcina,
passou um ano entre edição e pré-pro-
dução do longa inspirado em realidade
testemunhada no Parque da Cidade. “A
fotografia é bonita e representa uma flo-
resta. Não citamos diretamente o Parque,
ele nem existe exatamente igual, na te-
la. A verdade é que toda a cidade grande
tem lugares como esse”, comenta o dire-
tor que recorreu a região distante do cen-
tro da capital para filmagens em 25 dias.
para maiores de 18 anos.
Promessa de intenso debate despon-
ta na sinopse de Segredos de um escânda-
lo, já que esta outra estreia na telona se
detém no passado da personagem Gra-
cie Altherton-Yoo (Julianne Moore), uma
mulher que, há duas décadas, teria sedu-
zido, aos 36 anos, um rapaz de 13. Bas-
tante valorizado na bolsa de apostas da
temporada de premiações, o filme de To-
dd Haynes traz roteiro dos estreantes
Sammy Burch e Alex Mechanik. Na base
do filme dentro de um filme, a trama ex-
plora os horizontes da atriz Elizabeth Ber-
ry (Natalie Portman), que, escalada para
viver Gracie em um telefilme, se aproxima
da ex-estrela de cinema a fim de compor
a persona dela na telinha.
Concorrente à Palma de Ouro no Fes-
tival de Cannes com o longa Sem fôlego
(2017), que também tratava de enredos
paralelos, com muitas décadas de distan-
ciamento, Todd Haynes tem filmes mui-
to potentes em reflexão como O preço da
verdade (2019) que investiu no tema da
degradação ambiental. Também é bas-
tante lembrado por intensos filmes so-
bre paixão, entre os quais Carol e Longe
do paraíso. Ainda no elenco de Segredos
de um escândalo, na pele do jovem Joe,
Charles Melton se sobressai como forte
personagem coadjuvante.

TANTAS Palavras
Por JosÉ carLos ViEira

A ESPERANÇA ACORDA CEDO

O sereno deposita gotas nas palmas das plantas
O dia espreguiça seus primeiros raios
Os pássaros sacodem das penas a umidade
Há um lento balé nas palmas dos coqueiros
Bons-dias são gritados ao longe
Meninos e meninas esfregam os olhos
O galo cacarejou que é de manhã
Com a precisão natural dos galos
Batendo as asas barulhentas ao cantar
Invade os poros o cheiro do café
Do leite quente e do caldo de buriti
Todo dia costuma nascer assim

A certeza da imortalidade invade a esperança

Climério Ferreira

Esta sEção circuLa dE tErça a sáBado/ cartas: sig, Quadra 2, LotE 340 / cEP 70.610-901

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© Ediouro Publicações — Licenciado ao Correio Braziliense para esta edição

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Diversão&Arte
Editor: José Carlos Vieira
josecarlos.df@dabr.com.br
CORREIO BRAZILIENSE
Brasília, quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

laura Campanella

Turma da Mônica
Jovem: Reflexos
do medo

“Eu vejo o desenho desde mui-

to pequenininha e depois tive
coleção dos quadrinhos com
mais de 100 revistas da Turma
da Mônica Jovem. Estou com
boas expectativas para o filme!
Vi todos os anteriores e a série
também, confesso que fiquei
meio receosa sobre a mudança
do elenco, mas ainda tenho es-
peranças de ser um bom filme!”
Amanda Malta, 20,
estudante de Psicologia

» MAriA ClArA ABreu*

lançando pode ser um empurrão para
» riCArdo dAehn essa volta às salas de cinema, um esfor- “A expectativa está media-
na, não gostei muito do

A
pós os filmes Tur-
ma da Mônica: La-
ços e Turma da Mônica:
Lições, e uma série retra-
tando a infância da galera mais amada
do Brasil, a Turma da Mônica volta às te-
lonas, mas dessa vez inspirada na releitu-
ra das versões adolescentes de Mônica,
Cebola, Magali, Cascão e Milena. Turma
da Mônica Jovem: Reflexos do medo es-
treia hoje aos cinemas. “Vejo que a for-
mação de audiência para o cinema na-
cional tem muito a ver com identidade
e algo que sempre me preocupa.
Acredito que seja neces-
sário é sempre estarmos
fazendo um esforço a fim
de acostumar o público infantojuvenil a
ir ao cinema ver o nosso conteúdo. Co-
meçar desde cedo! Os personagens de
Mauricio de Souza sempre fizeram par-
te do cotidiano das vidas de tantas ge-
rações exatamente por serem simples,
leves e por terem formas dignas de ve-
rem o mundo e passarem lições e con-
ceitos muito legais para a criança e pa-
ra o jovem. Portanto, criar um conteúdo
como este filme que estamos lançando,
que além de entreter cria reflexões no es-
pectador, a meu ver, é muito necessário”,
avalia o diretor Maurício Eça, de longas
como Carrossel: O filme e Carrossel 2: O
sumiço de Maria Joaquina.
Com roteiro criado na parceria entre
Regina Negrini e Antonio Arruda, a pri-
meira aventura da Turma da Mônica Jo-
vem nos cinemas mantém um espírito
de amizade e promete inaugurar fran-
quia de quatro filmes para os fãs. A ver-
são reciclada dos personagens foi lan-
çada em 2008 pela Mauricio de Sousa
Produções, intitulada Turma da Mônica
Jovem, com estilo e traços que remetem
aos mangás japoneses. Na nova etapa, os
amigos cresceram e têm que lidar com os
diversos desafios da entrada na adoles-
cência. “Não vejo perda alguma na es-
sência dos personagens. Pelo contrário.
O DNA dos personagens, tudo que eles
CoM A trAJetóriA revitAlizAdA, A TURMA DA
MÔNICA ChegA Aos CINEMAS EM VERSÃO
JUVENIL. AlÉM de Medos dAs PersonAgens,
há enFrentAMento de Questões PessoAis
viveram na clássica e principalmente a
relação de amizade, de turma entre eles,
está dentro de cada um dos personagens.
Agora, eles estão em um momento dife-
rente da vida deles, em um rito de passa-
gem que é a entrada no Ensino Médio. E
deixar de ser criança e crescer, viver no-
vos desafios, mas sem deixar a crian-
ça que está dentro deles”, comenta o ci-
neasta. As aventuras tornam-se mais de-
safiadoras e agora envolvem adversida-
des que ameaçam o Bairro do Limoeiro,
como novidades tecnológicas, organi-
zações secretas e forças sobrenaturais.
“Espero que tenha alcançado um
equilíbrio em tudo isso — tanto da tec-
nologia quanto dos momentos de má-
gica empregados —, mas com o lúdico
ainda se fazendo bem presente. Tenho
dito que após a pandemia deixamos,
por exemplo, de ir aos cinemas e exis-
tem muitas idades que nunca foram ou
pouco foram, pouco sentiram essa ex-
periência. E acredito que o que estamos
ço que será muito bem-vindo, pois o es-
petáculo de sair com os amigos ou com elenco jovem. Mas amo a
a família para curtir essa experiência da saga de Umbra, então estou
sétima arte é fundamental como entre- animada para ver como vai
tenimento e reflexão de vida”, ressalta o ser o roteiro e os efeitos vi-
realizador Mauricio Eça. suais. Aprendi a ler com os
O longa-metragem narra a entrada gibis e peguei muita refe-
dos personagens ao Ensino Médio, no rência dos quadrinhos da
qual terão de lidar com os mis- Turma da Mônica Jovem
térios que cercam o Bairro do Li- para montar meu estilo de
moeiro. No primeiro dia de aula, a desenho.”
turma descobre que o Museu do Limoei- Ariel Guerra,
ro será leiloado e decide se unir em uma 23, artista visual
missão para tentar salvá-lo. E, enquan-
to investigam o que está acontecendo,
percebem que podem estar lidando com
uma ameaça muito maior do que ima-
ginam. O novo elenco inclui atores já
conhecidos da televisão, como Sophia
Valverde, que interpreta a proprie-
tária do coelho azul mais famoso do
mundo (Sansão). Xande Valois dá vi-
da ao Cebola, Bianca Paiva será Ma-
gali, Théo Salomão aparece no papel
de Cascão e Carol Roberto apresenta “Quando comecei a
Milena. A nova aventura também reú- aprender a ler, meus pais
ne nomes como Mateus Solano, que sempre compravam os
interpreta Licurgo, versão do Louco gibis. Depois de um tem-
na Turma da Mônica Jovem; Eliana po, a era digital se tor-
Fonseca como a tia Nena, que também nou mais presente na mi-
esteve nos outros live actions da tur- nha vida e eu descobri os
ma; Carol Amaral (O coro, sucesso aqui Cinegibis, filminhos da
Turma da Mônica que ti-
vou eu), como Denise e Bruno Vinícius
(Spider), à frente de Jerê. Há, ainda, par- nham no YouTube. Já as-
sisti mais vezes do que
ticipações de Júlia Rabello, Maria Bopp
e Rodrigo Fernandes. posso contar e creio que
Mauricio de Sousa, criador dos quadri- a Turma da Mônica foi
nhos homônimos, faz uma participação um grande marco na mi-
especial como o porteiro da Escola e brin- nha infância. Espero que
ca de ser ator pela terceira vez em um fil- o novo filme me traga es-
me baseado nos seus personagens. “Acre- se sentimento de nostal-
dito que o que se prega nesse universo do gia, de conforto e diver-
Mauricio de Sousa são valores muito essen- são pois era o que eu sen-
ciais, muito universais e que sempre contri- tia quando lia os meus
buíram com inúmeras gerações e seguem gibis da turminha.”
assim nos dias de hoje. A TMJ é realmente
Estela Campos,
um passo à frente, um conteúdo que agra- 20, estudante de engenha-
da idades mais adolescentes do que a clás-
ria da computação
sica turma e se conecta com eles em suas
questões e anseios”, pontua o diretor.

novidAdes, nA turMA, AgorA CresCidA

Fotos: divulgação

Mônica Cebola Cascão Magali Milena

» Por lArA oliveirA*
A turminha do bairro do limoeiro mais
amada do Brasil, cresceu! A série de revis-
tas em quadrinhos turma da Mônica Jo-
vem mostra as aventuras dos persona-
gens e a evolução de cada um na fase da
adolescência e agora chegam em um fil-
me live action. A seguir, algumas curio-
sidades sobre os protagonistas.
O glOw up de Mônica!
Baixinha, gorducha e dentuça? não Mais! A lí-
der da turma, a dona da rua, Mônica Souza,
apesar de ainda ser um pouco dentuça,
ao entrar na fase da adolescência, se tor-
nou uma garota esbelta e muito bonita. É
determinada, corajosa e sempre luta até o
fim quando deseja algo. Apesar de ainda
ter um gênio difícil, sempre está disposta
a ajudar seus amigos às vezes até deixan-
do seu próprio bem-estar de lado para isso.
cebOlinha agOra é cebOla!
Quando entra na fase da adolescên-
cia, o personagem Cebolinha, prefere
ser chamado apenas de Cebola, uma
abreviação de seu nome de batismo
que é Cebolácio Menezes da silva Jú-
nior. um fato curioso, é que diferente
de sua versão criança, o personagem
passou por sessões de fonoaudiologia
e não troca mais r por l. e fala tudo
certinho, exceto quando está nervoso.
cascãO nãO teM Mais MedO de água!
Cascão, o personagem da turma conhecido
pelo medo de água e nunca tomar banho,
quando entra na fase da adolescência não
teme água e, agora, apesar de desgostar,
não tomar banho tornou-se algo raro para
ele. Além disso, ele se tornou um amante
dos esportes radicais, sendo o skate e par-
kour os favoritos dele.
Magali nãO é Mais tãO cOMilOna!
Magali, a personagem da turma conhecida
por ser a menina que comia tudo o que via
pela frente, quando entra na fase adoles-
cente, ainda que bastante comer, ela pre-
za por degustar, essencialmente, alimen-
tos saudáveis. Além do mais, a dieta da
personagem é completada por exercícios
físicos. outra curiosidade é que Magali é
uma jovem bruxa. ela participa da ordem
dos Cozinheiros, da sua tia nena, que, se-
cretamente, é uma ordem de magia.
Milena: agOra cOM prOtagOnisMO
A turminha principal que antes era com-
posta por Mônica, Cebola, Cascão e Magali,
agora ganhou uma adição. Milena é a pri-
meira menina negra da turma e foi intro-
duzida em 2019 nos quadrinhos clássicos,
e, em 2021, nos quadrinhos da turma da
Mônica Jovem. A personagem entrou para
o time principal na terceira série dos qua-
drinhos da turma da Mônica Jovem, é uma
menina meiga, divertida, aventureira. ama
os animais e música, além de ser ligada em
ciência como o personagem Franja.
de rivais a naMOradOs!
em turma da Mônica Jovem, Mônica e Ce-
bola deixam a rivalidade de lado e percebem
que outros sentimentos afloram entre eles.
Ambos desenvolvem um romance durante as
três séries lançadas das revistinhas. na edi-
ção 50 da segunda série, os personagens, em
uma visão do futuro, até se casam! Mas todo o
casal às vezes passa por provações e a Môni-
ca em alguns momentos vê seus sentimentos
divididos entre Cebola e o amigo do Contra.
* Estagiárias sob a supervisão de
Severino Francisco
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ORGANIZAÇÃODASNAÇÕESUNIDAS PARA
A ALIMENTAÇÃO E A AGRICULTURA - FAO
PROJETO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA – UTF/BRA/089/BRA
EDITAL – CÓDIGO: TR CONS 12-2023 – INTERNACIONAL
1 VAGA – MODALIDADE PRODUTO
Formação: Ciências Humanas ou Ciências Agrárias, de acordo
com a tabela de áreas de conhecimento da CAPES. Experiência
Profissional: Experiência mínima comprovada de 8 (oito) anos
O Classificados do
em cooperação internacional, investimentos estrangeiros, acesso
a mercados e inclusão produtiva, domínio do idioma inglês, ou
Especialização e 06 anos de experiência, ou Mestrado e 05 anos
Correio Braziliense
é o lugar ideal
de experiência, ou Doutorado e 03 anos de experiência. Desejável
experiência em ações internacionais voltadas para a agricultura
familiar. Domínio do idioma espanhol. Vigência Contratual: 11
(onze) meses. Outras informações: Para participar da seleção, os
candidatos deverão se cadastrar no processo, impreterivelmente,
entre os dias 23/01/2024 e 05/02/2024 às 17h59min00seg
(horário de Brasília), no link da FAO: https://jobs.fao.org/
para quem deseja
careersection/fao_external/jobdetail.ftl?job=2400129&tz=GMT%
2B01%3A00&tzname=Europe%2FBudapest - A responsabilidade
pelo processo seletivo é de competência da entidade executora
fazer um bom
nacional, conforme legislação vigente. Não serão contratados
servidores públicos (federal, estadual, do Distrito Federal ou
negócio!
municipal) ativos da Administração Pública Direta ou Indireta.
Fundamento Legal: Decreto nº 5.151/2004; Portarias MRE Nº
8/2017, e MDA nº 47/2014. OS CURRÍCULOS DEVERÃO SER
PREENCHIDOS EM PORTUGUÊS. A comissão de seleção apenas
analisará os currículos que informarem o período (mês e ano)
de entrada e saída de cada experiência adquirida.
ORGANIZAÇÃODASNAÇÕESUNIDAS PARA
A ALIMENTAÇÃO E A AGRICULTURA - FAO
PROJETO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA – UTF/BRA/089/BRA
EDITAL – CÓDIGO: TR CONST 005/2023 – BIOINSUMOS
1 VAGA – MODALIDADE PRODUTO
Formação: Ciências Agrárias, de acordo com a tabela de áreas de
conhecimentos da CAPES/CNPq. Experiência Profissional: Mínimo Entre em contato para
de 05 anos em atividades relacionadas a desenvolvimento de
metodologias; e em gestão de projetos, programas e portfólios na
área de fitossanidade ou bioinsumos, ou Especialização e 03 anos
de experiência, ou Mestrado e 02 anos de experiência, ou Doutorado
maiores informações
e 01 ano de experiência. Desejável experiência com ações de
articulação entre governo, sociedade civil e setor privado; em
monitoramento e avaliação de projetos e programas; planejamento
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estratégico; e agricultura familiar. Vigência Contratual: 11 (onze)
meses. Outras informações: Para participar da seleção, os
candidatos deverão se cadastrar no processo, impreterivelmente,
entre os dias 23/01/2024 e 05/02/2024 às 17h59min00seg
(horário de Brasília), no link da FAO: https://jobs.fao.org/
careersection/fao_external/jobdetail.ftl?job=2400087&tz=GMT%2B
01%3A00&tzname=Europe%2FBudapest - A responsabilidade pelo
processo seletivo é de competência da entidade executora nacional,
conforme legislação vigente. Não serão contratados servidores
públicos (federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal)
ativos da Administração Pública Direta ou Indireta. Fundamento
Legal: Decreto nº 5.151/2004; Portarias MRE Nº 8/2017, e MDA
nº 47/2014. OS CURRÍCULOS DEVERÃO SER PREENCHIDOS
EM PORTUGUÊS. A comissão de seleção apenas analisará os
currículos que informarem o período (mês e ano) de entrada e
saída de cada experiência adquirida.
ORGANIZAÇÃODASNAÇÕESUNIDAS PARA
A ALIMENTAÇÃO E A AGRICULTURA - FAO
PROJETO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA – UTF/BRA/089/BRA
EDITAL – CÓDIGO: TR CONS 003-2023 –
COMERCIALIZAÇÃO – SETEQ
1 VAGA – MODALIDADE PRODUTO
Formação: Ciências Sociais Aplicadas, de acordo com a tabela
de áreas de conhecimentos da CAPES/CNPq. Experiência
Profissional: Experiência profissional comprovada de no mínimo
08 anos em políticas públicas voltadas para Povos e Comunidades
Tradicionais nas áreas de Agricultura Familiar e/ou Reforma Agrária
e Segurança alimentar. Desejável experiência em levantamento e
sistematização de dados em políticas públicas de comercialização,
crédito e mercados institucionais, Assistência Técnica e
Extensão Rural, e em análise e elaboração de textos normativos,
diagnósticos e documentos no âmbito da Administração Pública.
Vigência Contratual: 11 (onze) meses. Outras informações:
Para participar da seleção, os candidatos deverão se cadastrar
no processo, impreterivelmente, entre os dias 23/01/2024 e
06/02/2024 às 17h59min00seg (horário de Brasília), no link da
FAO: https://jobs.fao.org/careersection/fao_external/jobdetail.ftl?j
ob=2400186&tz=GMT%2B01%3A00&tzname=Europe%2FBudap
est - A responsabilidade pelo processo seletivo é de competência
da entidade executora nacional, conforme legislação vigente.
Não serão contratados servidores públicos (federal, estadual, do
Distrito Federal ou municipal) ativos da Administração Pública
Direta ou Indireta. Fundamento Legal: Decreto nº 5.151/2004;
Portarias MRE Nº 8/2017, e MDA nº 47/2014. OS CURRÍCULOS
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DEVERÃO SER PREENCHIDOS EM PORTUGUÊS. A comissão
de seleção apenas analisará os currículos que informarem o
período (mês e ano) de entrada e saída de cada experiência
adquirida.
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