Você está na página 1de 34

MEU PRIMEIRO CULTIVO

por cultlight
Sumário:

1. Introdução

2. Cultivo orgânico simples

3. Biologia básica

a. Tipos de Cannabis
b. Tipos de sementes
c. Anatomia básica
d. Ciclo de vida

4. Cultivo indoor básico

a. Espaço
b. Iluminação
c. Ventilação
d. Temperatura
e. Umidade
f. Vasos
g. Receita de solo
h. Colheita, secagem, manicure e cura

5. Erros comuns

6. Links úteis
Introdução

Este ebook digital contém informações acerca do plantio


legal de Cannabis em espaços indoor1. No entanto, as infor-
mações são úteis para o cultivo de qualquer planta.

Formulado para aqueles indivíduos e pessoas jurídicas que


possuem autorização para o plantio, o ebook também é para
os curiosos. A informação é livre e cada indivíduo é respon-
sável pela utilização da mesma.

A Cannabis é uma planta com inúmeras aplicações. Alguns


irão cultivá-la como remédio essencial, enquanto outros a
utilizarão como droga de abuso. De uma forma ou de outra,
acreditamos que a regulamentação é a mais óbvia e sau-
dável alternativa à proibição.

Sublinhamos que o objetivo deste livro é apenas o de edu-


car e entreter. Qualquer que seja a opinião pessoal e ex-
clusiva do autor, este não apoia de forma alguma o uso,
a produção e muito menos a distribuição (remunerada ou

3
não) de quaisquer substâncias proibidas, mesmo que com
objetivo medicinal.

Sendo assim, não nos responsabilizamos pela utilização das


informações contidas neste livro.

Caso você, leitor, já esteja familiarizado com algumas ex-


plicações deste livro, sinta-se à vontade para pular certas
partes. Durante o livro há diversos links para que você pos-
sa aprofundar a leitura.

Divirta-se!

¹
Apesar deste guia ser direcionado ao cultivo indoor, todo o
conhecimento é válido para o outdoor.

4
Cultivo orgânico simples

Existem diversas formas de cultivar. Há modos mais comple-


xos e também mais simples. Alguns são mais caros, outros
mais econômicos. Todos eles possuem seus prós e contras.
Nesse guia, a recomendação será aquela que acreditamos
ser a mais simples para a maioria das pessoas começarem.

O cultivo orgânico é justamente aquele que utiliza princi-


palmente materiais orgânicos, ou seja, resultantes da vida e
morte de seres vivos. Também faz uso de elementos mine-
rais inorgânicos, ou seja, aqueles presentes nas rochas. Ou-
tro fator importante é a utilização de toda uma variedade de
microorganismos benéficos que vivem no solo e disponibili-
zam nutrientes para as plantas a partir de seu metabolismo.

Não precisamos complicar as coisas: cultivo orgânico é


aquele feito com terra, em vasos, com produtos comuns
para a maioria dos jardineiros. Apesar disso, o cultivo orgâ-
nico pode ser bastante complexo. Tentaremos simplificar
tudo para que você tenha um resultado legal, mesmo sem
ter tanto trabalho.

Antes de adentrarmos os temas mais específicos ao culti-


vo, começaremos com a biologia.

5
Biologia básica

O intuito é explicar a planta em si, suas especificidades,


anatomia e panorama geral.

Tipos de Cannabis

Embora seja muito comum classificarmos as plantas de


Cannabis por indica e sativa, essa categorização não é tão
simples quanto pode parecer. Dizem por aí que as sativas
são plantas altas com folhas finas e as indicas plantas baixas
de folhas grossas, né? Ouvimos que as sativas possuem um
efeito eufórico enquanto as indicas possuem efeito sedativo.

A verdade é que se trata mais de uma antiga confusão do


que qualquer outra coisa. As características químicas e vi-
suais podem facilmente se inverter no momento em que a
reprodução entre variedades ocorre (e ela vem ocorrendo
faz muito tempo).

No fim das contas, é tudo Cannabis, havendo diversas varie-


dades muito bem misturadas por aí. Já ouviu falar em strain?
É justamente uma variedade, e não uma espécie de planta.

6
As variedades têm composições químicas e características
físicas bastante distintas. Algumas possuem comportamen-
to específico quanto a floração, como as automáticas, outras
se dão bem no frio enquanto outras prosperam no calor.

A Cannabis é uma planta que se desenvolveu nos mais va-


riados locais do mundo e foi cultivada pelos mais variados
propósitos por muito tempo. É natural, portanto, que as plan-
tas, assim como seus efeitos, sejam diferentes.

É por isso que escolher uma strain é importante. Você pode


querer mais THC, CBD ou até CBG. Pode querer um sabor
doce ou azedo. Se você tem pouco espaço, vai escolher uma
variedade menor. Acreditamos que isso torna tudo muito
mais interessante.

7
Tipos de sementes

Nem todas as sementes são iguais. Quando se trata de Can-


nabis, elas podem ser regulares, feminizadas ou automáticas.

Sementes regulares são aquelas que seriam encontradas


“naturalmente”. Dão gênese a plantas fêmeas e machos,
numa proporção igual. Ao plantar uma semente regular, não
se sabe se será macho ou fêmea até a fase sexual da planta.

Sementes feminizadas darão origem a plantas femininas,


apenas. São o resultado de uma técnica sofisticada de pro-
dução de sementes. Esse tipo de semente é o mais prático
para o cultivador iniciante.

Geralmente possuem um vigor menor, se comparado à plan-


ta mãe (que gerou a semente), pois são fruto de depressão
consanguínea. A mãe é estressada com substâncias quí-
micas para produzir órgãos masculinos e se autopolinizar,
formando sementes 99% fêmeas XX (sem o Y, proveniente
do gene masculino).

Essa depressão consanguínea ocorre pois há um aumento


na chance de alelos recessivos se propagarem, o que resulta
em algum tipo de redução (impacto em seu fitness biológico).

8
Regulares e feminizadas estão contidas no que chamamos
de plantas fotoperiódicas, ou seja, são plantas sensíveis à
duração do dia e da noite (tanto as plantas macho quanto
as fêmeas). Em geral, as plantas permanecem no estágio
vegetativo enquanto recebem, por dia, 18h de luz e 6h de
escuridão. Entram em estágio de floração quando recebem
12h de luz seguidas de 12h de escuridão.

Já as sementes automáticas não se importam com a dura-


ção do dia. Crescem durante um determinado período e en-
tram em floração de forma independente do ciclo de luz. As
sementes automáticas podem ser regulares ou feminizadas,
embora seja incomum encontrarmos regulares automáticas.

De forma geral, recomendamos as sementes regulares ou


feminizadas ao cultivador iniciante. Enquanto as sementes
regulares possuem melhor carga genética, as feminizadas
trazem uma praticidade importante ao cultivo.

Plantas automáticas necessitam de um crescimento inicial


bastante cuidadoso, pois como irão florir independente da
escolha do cultivador, qualquer tipo de erro pode ser fatal
para seu desenvolvimento. É muito comum ver plantas au-
tomáticas florindo muito pequenas (resultantes de erros no
início do cultivo). Também, não podem ser clonadas, o que
torna o cultivador um recorrente comprador de sementes
(isso pode sair caro). Por isso, não recomendamos a sua uti-
lização, a princípio.

9
Anatomia básica

A Cannabis é uma planta icônica, geralmente reconhecida


por suas folhas. Algumas variedades são mais altas, outras
mais baixas. Da mesma forma, algumas possuem folhas
grossas ou finas, que podem ter poucas ou muitas pontas.
Até a cor da planta é bastante variada, indo do verde até o
roxo, vermelho, laranja. Vamos resumir o que você precisa
saber… como identificar quando uma planta é fêmea, macho
ou hermafrodita.

Até certa fase da vida, todas são iguais. É na fase reprodutiva


que a planta expressa suas características sexuais. Nas plan-
tas fotoperiódicas, a fase reprodutiva se inicia quando passam
a serem expostas a 12h de escuridão,seguidas de 12h de luz.

Plantas masculinas produzirão sacos de pólen, que por sua


vez irão polinizar as flores das plantas femininas. As plantas
femininas não produzem sacos de pólen. Eventualmente, é
possível que uma planta fêmea venha a produzir sacos de
pólen. Trata-se de uma hermafrodita. A característica princi-
pal das plantas fêmeas são as flores.

Para a maioria dos cultivadores individuais interessam ape-


nas as plantas fêmeas e sem sementes. Com elas, é possível

10
manter clones, (mudas) por diversas gerações, sem a neces-
sidade de gerar sementes e, por sua vez , de cultivar plantas
masculinas.

Quando uma planta fêmea é polinizada por uma planta macho,


ou por uma hermafrodita (fêmea que produz sacos de pólen),
grande parte da sua energia que iria para produção das flores,
dos terpenos e dos canabinóides, é utilizada para a produção
das sementes. Então, produzem poucas flores e com meno-
res níveis de THC. Por isso, caso o objetivo não seja produzir
sementes, você não quer suas fêmeas sendo polinizadas.

Durante a floração, a superfície das flores desenvolve uma


camada de resina. Essa resina assume uma cor transpa-
rente, depois leitosa, e vai aos poucos tornando-se âmbar
(alaranjada). Essa camada é composta pelos tricomas, que
são protuberâncias em forma de cogumelo, onde são ar-
mazenadas as moléculas de maior importância terapêutica:
canabinóides, terpenos e flavonóides. Na fase leitosa, turva,
os tricomas possuem a maior concentração dessas molé-
culas. Quando começam a oxidar, amarelam.

Canabinóides, terpenos e flavonóides são os compostos que


trazem os aspectos medicinais, terapêuticos, narcóticos, de
aroma e de sabor para as plantas.

11
À esquerda, sacos de pólen em planta macho. À direita,
flores em planta fêmea.

12
Ciclo de vida

Inicia-se na semente. Nessa fase, que dura de dois a oito


dias, a planta utiliza os nutrientes da semente para se de-
senvolver. Após a germinação e brotamento na terra, que
leva de 3 a 7 dias, a cannabis entra em sua fase de muda
(ou em inglês, seedling).

Nessa fase, ela já começa a desenvolver mais suas raízes e


folhas, já que consegue absorver mais nutrientes do solo,
apesar de bem sensível. Devemos ter muito cuidado e evitar
estressar a planta nessa fase delicada. Devemos, também,
regar pouco, pois ela não precisa de muita água. A planta
pode se manter na fase de muda por até seis semanas. Os
casos mais longos, em geral, ocorrem por conta de algum
tipo de estresse.

É possível identificar o fim da fase de muda quando a plan-


ta se mostra mais robusta, com o formato de suas folhas
já desenvolvido naquela forma cheia de pontas, que todos
conhecemos. A planta, quando entra em seu estágio vege-
tativo, alonga seu caule, desenvolve novos ramos, folhas e
seu sistema de raízes.

O crescimento das raízes é justamente o que possibilita o

13
crescimento do resto da planta, já que a partir delas se con-
segue absorver melhor os nutrientes e água presentes no
solo. Esse é o momento no qual se fazem treinamentos e
podas para aumentar seu rendimento final. Vai ser durante
essa fase, com o aparecimento dos primeiros sinais, que
você conseguirá identificar o sexo da sua planta.

O estágio vegetativo, no cultivo indoor, pode durar o quanto


quiser. Na floração, a planta pode crescer cerca de 30% em
altura, então fique ligado!

Durante toda a fase vegetativa o jardineiro pode manter 18-


24 horas de luz por dia. Porém, tratando-se do estágio de
floração, para fazer as plantas regulares e feminizadas pas-
sarem para essa fase, elas devem ser submetidas a 12 horas
de luz e 12 horas de escuridão, ao longo de um dia. A exce-
ção são as plantas automáticas, que já mencionamos ante-
riormente. Elas se desenvolvem e florescem independente
da quantidade diária de luz.

Enfim, chegamos na fase de floração, tão esperada por to-


dos os cultivadores. As duas primeiras semanas desta fase
são consideradas por alguns como a pré-flora, pois a planta
fica alguns dias ou até mais de uma semana sem mostrar si-
nais de floração, ou seja, sem o desenvolvimento dos buds.

No início da floração, enquanto muitas plantas não apresen-


tam significativo crescimento, outras “espicham”, ocorren-
do crescimento súbito dos ramos principais. Em sequência,

14
ocorre o crescimento dos buds e também a formação da
resina (tricomas).

As flores começam com uma coloração mais clara e con-


forme os pistilos vão se tornando mais laranjas, o bud e os
tricomas também ganham uma coloração parecida. Além
disso, os galhos tendem a ficar mais rígidos, para suportar o
peso dos buds.

A maioria das plantas de cannabis têm uma fase de floração


que dura de 6 à 12 semanas. Após isso, deve-se fazer a co-
lheita, secagem, manicure e cura (explicaremos mais a frente).

15
Cultivo indoor básico

Espaço

A quantidade de espaço disponível, desde que bem ilumi-


nada, irá ditar o quanto você será capaz de produzir. Por
isso, é essencial saber dimensionar bem a área de cultivo.

Um erro bastante comum entre cultivadores iniciantes é


projetar sua produção baseado no número de plantas, e
não no espaço ou na quantidade de luz.

Resumindo bastante:

Uma tenda 40x40cm com 65W produz 35-80g de flores medicinais.

Uma tenda 60x60cm com 120W produz 60-160g de flores medicinais.

Uma tenda 80x80cm com 240W produz 120-320g de flores medicinais.

Uma tenda 100x100cm com 320W produz 160-320g de flores medicinais.

Uma tenda 120x120cm com 480W produz 240- 580g de flores medicinais.

16
Neste resumo, levamos em consideração que, antes da flo-
ração, a tenda se encontra com toda a sua área composta
por plantas. A quantidade varia a depender de diversos fa-
tores: strain utilizada, nutrição adequada, condições ade-
quadas, experiência do cultivador, etc.

“Mas quantas plantas eu consigo colocar em cada espaço?”

A resposta é: depende. Como no cultivo de plantas femini-


zadas ou regulares quem escolhe o momento de floração
é o cultivador, é possível deixar uma única planta crescer
até tomar todo o espaço de cultivo. Mais plantas costumam
encher a área de cultivo rapidamente. No entanto, essa é
uma escolha bastante pessoal.

17
Iluminação

No último tópico falamos sobre o espaço de cultivo e so-


bre algumas sugestões de tendas e luzes para elas. Sabe
a razão de termos escolhido certa tenda com determinada
luz? A resposta é simples: até certo ponto, quanto mais luz,
mais resultados. As nossas recomendações equilibram es-
tes fatores para que não sobrem luz ou espaço.

Excesso de luz pode trazer alguns problemas. Em primeiro


lugar, pode esquentar demais o seu espaço. Segundo, pode
saturar as suas plantas de luz, apesar de isso ser raro. Ter-
ceiro, e mais comum, irá desperdiçar energia (e dinheiro).

Já a falta de luz irá apenas afetar o desenvolvimento das


suas plantas. Menos luz significa menos fotossíntese, ou seja,
menos crescimento. Você corre o risco de ter plantas muito
esticadas e produzindo pouco. A falta de luz pode também
fazer com que elas não se desenvolvam, simplesmente.

Por fim, falemos sobre porquê utilizar uma quantum board.


Resumidamente, vale a pena no longo prazo. Luzes menos
eficientes necessitarão de mais watts (W), ou seja, mais ener-
gia (potência) para emitirem a mesma quantidade de luz. No
tempo, você acabará pagando mais em cada conta de luz.

18
Outro fator é a fonte de alimentação deste equipamento.
Nas quantum boards, costumamos utilizar drivers bastante
eficientes e seguros, com qualidade internacional. Por fim,
você conta com uma garantia de até três anos em nossa loja.

Extra: qual o melhor espectro para o desenvolvimento das plantas?

19
Ventilação

A ventilação é outra parte essencial para qualquer cultivo.


Não apenas o ar deve circular no espaço, como ele deve ser
constantemente trocado por “ar novo”. Existem dois princi-
pais motivos para isso.

Em primeiro lugar, a circulação do ar ajuda a dispersar o ca-


lor no ambiente. Dessa forma, ele não se concentra direta-
mente em algum lugar da planta, causando problemas.

Em segundo lugar, a troca frequente de ar garante níveis


sempre razoáveis de CO2 para a respiração das plantas.
Lembre-se: a planta “respira” CO2 (gás carbônico), produ-
zindo O2 (gás oxigênio). Isso significa que, em algum mo-
mento, se não houver troca de ar, o ambiente irá saturar de
O2 e a planta não terá como respirar. Se ela não respirar,
não se desenvolve e trava.

Mesmo se não travar, a planta pode simplesmente se de-


senvolver mal. Como não queremos isso, precisamos circu-
lar e trocar o ar constantemente. O primeiro é feito com mi-
ni-ventiladores que podem ser facilmente encontrados na
internet. Já o último é feito com exaustores que irão puxar
ar da estufa para fora e também de fora para dentro.

20
Quanto a exaustão, é importante notar o seguinte:

O ar deve ser trocado de uma a duas vezes por minuto para


garantir que tenha CO2 suficiente para a planta atingir seu
potencial máximo de crescimento. Sabendo disso, qual
exaustor comprar? Existem diversos tamanhos e diferentes
potências no mercado. Para mensurar qual você deve com-
prar não é difícil, basta seguir o seguinte passo a passo:

Calcular o volume do seu espaço


(Altura x Comprimento x Largura).

Multiplicar esse valor por 01 (caso queira trocar o ar apenas


1 vez por minuto) ou por 02 (caso queira ser mais perfeccio-
nista e trocar o ar duas vezes por minuto).

Multiplicar esse valor por 1,25 caso utilize filtro de carvão.

Multiplicar esse valor por 60 (pois normalmente o valor dado


pelos fabricantes dos exaustores é em m3/h).

Segue o exemplo de um espaço de 80x80x160cm:

Cálculo do volume :0,8 x 0,8 x 1,6m (usar as medidas todas


em metro para facilitar cálculo) = 1,024 metros cúbicos.

1,024 x 1 x 1,25 x 60 = 76,8 m3/h

21
Esse deve ser o fluxo mínimo de um exaustor para seu es-
paço. Basta comprar algum exaustor acima ou bem próxi-
mo disso. Também é muito comum alguns fornecedores
passarem esse dado em CFM (cubic feet per minute), que
basicamente diz a mesma coisa de m3/h porém em unida-
des diferentes. Basta converter as unidades em qualquer
site de conversão.

Além da exaustão, também é importante colocar uma en-


trada de ar. Alguns jardineiros utilizam entradas passivas de
ar, enquanto outros cultivadores utilizam um exaustor com
metade da potência do exaustor de saída. A entrada de ar é
muito importante também.

22
Temperatura

Basicamente, de forma bastante resumida, ela deve ficar


entre 22-28 graus celsius.

Apesar da cannabis suportar temperaturas bastante eleva-


das, geralmente você conseguirá bons resultados dentro
dessa janela.

A temperatura é bastante importante por diversos motivos,


entre eles a respiração celular, sua relação com a umidade e,
“principalmente”, a conservação dos aromas e sabores das flo-
res. É justamente por conta dessa conservação que, no Brasil,
o inverno é a melhor estação para a maioria dos cultivadores.

A maneira mais simples de controlar a temperatura em um


espaço indoor é através da exaustão e circulação de ar. Com
elas, você consegue, na melhor das hipóteses, manter o
cultivo na temperatura ambiente.

No entanto, alguns cultivadores vivem em locais nos quais a


temperatura ambiente fica acima dos 30 graus e, portanto,
não é suficiente depender apenas de exaustão e circulação.
Nessas condições o uso de ar condicionado é fundamental.

23
E entenda, não é que não seja possível realizar uma colheita
nessa temperatura, mas que é muito arriscado (você pode
perder tudo para o mofo que se desenvolve melhor em tem-
peraturas e umidades superiores) e a qualidade pode ser
muito reduzida, pois o calor excessivo degrada os tricomas
e atrapalha o desenvolvimento das plantas. Mais especifi-
camente, algumas genéticas mais acostumadas a esse tipo
de clima podem ter resultados excepcionais, então caso vá
cultivar nesse tipo de clima e não possui ar, tente ao menos
possuir genéticas que lidam bem com isso para tentar au-
mentar suas chances.

24
Umidade

Acredite ou não, esta pode ser uma das maiores inimigas


do cultivo.

Durante o início da vida da planta, bem como em sua fase


vegetativa, a planta não possui muitos problemas com umi-
dade2. Mas ela influencia diretamente no desenvolvimento
da planta por conta da abertura dos estômatos, além disso,
ela pode te causar problemas muito infelizes caso você es-
teja na floração (mofo nos buds, ou seja, perda de flores).

Vamos tentar entender o porquê disso. Muito da água que a


planta utiliza é liberada no ar, como se fosse a gente se exerci-
tando. ‘‘Estima-se que os vegetais percam 99% da água absor-
vida para o meio na forma de vapor, ou seja, pela transpiração.’’

Na flora, a umidade tende a ficar mais alta porque ela está


usando mais energia, consumindo mais água, literalmente
trabalhando mais. O que acontece se você não realizar a
exaustão dessa umidade? Umidade alta e longos períodos
de escuridão (12 horas de escuridão porque está na flora-
ção) resultam no crescimento e desenvolvimento de fun-
gos que podem estragar suas flores.

25
Esse desenvolvimento fúngico ocorre ainda mais rápido no
calor. Calor e umidade altas durante a floração são sinôni-
mos de problemas. Reiterando a importância de realizar uma
boa exaustão e ventilação, o ar parado e que não é trocado
causa muita dor de cabeça aos jardineiros.

Portanto, eis a nossa recomendação para níveis de umidade


e temperatura:

Estágio Temperatura (c) Umidade

clones 23-28 aprox. 70%

estágio vegetativo 23-28 aprox. 60%

estágio floração 23-28 aprox. 50%

2 O equipamento utilizado para medir tanto temperatura quan-


to umidade chama-se termo-higrômetro.

26
Vasos

Existem diversos tipos de vasos. Alguns são mais respiráveis,


outros menos. O importante é que ele faça uma drenagem
suficiente. A drenagem é o processo de saída do excesso de
água no solo. Se o vaso estiver acumulando água em excesso,
você terá sérios problemas, pois estará literalmente afogando
as suas plantas. Quanto maior o vaso, melhor o desenvolvi-
mento das raízes. Vasos maiores comportam plantas maiores!

Eis algumas recomendações:

Uma tenda 40x40cm com 01 vaso de 15 litros, ou o maior que couber.

Uma tenda 60x60cm com 02 vasos de 10 litros, ou 01 vaso de 20 litros.

Uma tenda 80x80cm com 04 vasos de 10 litros, ou 02 de 20 litros.

Uma tenda 100x100cm com 04 vasos de 15 litros, ou 09 de 07 litros.

Uma tenda 120x120cm com 09 vasos de 10 litros, ou 04 de 20 litros.

Vasos variam bastante em largura e altura. É preciso medir


seu espaço e seus vasos para ter certeza de que tudo irá
caber confortavelmente.

27
Receita de solo:

Base:

1/3 húmus de minhoca


1/3 perlita
1/3 turfa de sphagnum

Para cada 30 litros de receita base, adicionar:

200 mL de torta de neem


200 mL de farinha de algas
200 mL de bokashi
200 mL de farinha de conchas
800 mL de pó de rocha
800 mL de biochar

É importante misturar tudo muito bem.

O solo, quando seco, possui um aspecto hidrofóbico (repele


água), então é importante ir molhando e misturando para
que toda terra esteja úmida e homogênea antes de ir para o
vaso final. A terra estará no nível correto de umidade quan-
do você conseguir pegar ela com uma única mão, apertar
e fazer uma pequena ‘’bola’’. Se o formato dessa ‘’bola’’ se

28
manter, é porque o nível de umidade está correto. Se essa
‘’bola’’ vazar água, você passou um pouco do ponto. Se es-
farelar, está faltando água. Após, basta colocar essa mistura
nos vasos, mantendo a terra úmida sempre³ (sem deixar se-
car e nem encharcar de água) e em temperatura ambiente.

Quanto mais tempo o solo descansar, melhor ele ficará. Três


meses é um tempo ideal, mas você não precisa esperar
para utilizá-lo. Só entenda que suas propriedades irão me-
lhorar com o passar dos meses. É possível que o segundo
ciclo de plantas no mesmo vaso seja superior ao primeiro.

3
Lembre-se, você cultiva num solo orgânico vivo. Se o solo
secar, toda a microvida que está ali presente terá sua ativida-
de reduzida e grande parte morrerá. É de extrema importân-
cia manter o solo na umidade correta durante todo o cultivo.
O excesso de umidade também é ruim pois beneficia seres
anaeróbicos não desejados.

29
Colheita, secagem, manicure e cura das flores:

Na colheita, o cultivador arranca as folhas maiores que se


estendem dos galhos principais. Em seguida, corta o ramo
principal da planta, em sua base. Depois, pendura a planta
de cabeça para baixo, a colocando para secar.

Durante a secagem, a planta irá perder água. De forma ge-


ral, ela não deve secar demais. Esse processo dura de 7 a
14 dias, a depender das condições atmosféricas. O cultiva-
dor então torce um dos galhos da planta e, caso ele quebre
(sem entortar, apenas), está completa a secagem.

Após a secagem, o cultivador então corta a planta em galhos


e começa o processo de manicure, que consiste em cortar
o excesso de folhas das flores com uma tesoura. Também
separa as flores dos galhos. No fim, temos as flores e algu-
ma quantidade de folhas com resina. Essas folhas podem
ser guardadas para alguma extração, sendo ideais para a
culinária cannábica.

Por fim, as flores são separadas e depositadas em um reci-


piente fechado. Durante as primeiras quatro semanas o reci-
piente deve ser aberto com alguma frequência. Após o pri-
meiro mês, pode ser aberto uma vez por semana. A partir do

30
terceiro mês, não é necessário abrir o pote (a não ser para
consumir as flores).

O processo não tem uma duração específica, mas podemos


afirmar que uma flor pode curar até um máximo de 6 a 8 meses.

Você irá perceber que os aromas e sabores serão afetados


diretamente pelo processo de cura. Isso ocorre pois as di-
versas substâncias presentes nas flores assumem outras
características com o processo. A clorofila, que dá a cor ver-
de das flores e folhas, após degradada, torna o sabor das
flores um tanto mais agradável. Durante a cura, as flores
vão de verdes a levemente amareladas.

31
Erros comuns:

É normal cometer alguns equívocos quando se está iniciando.

1. Excesso de água:

Talvez o erro mais comum de um iniciante. É muito mais fá-


cil matar uma planta por excesso de água do que por falta
dela. Geralmente confunde muitos iniciantes pois os sinto-
mas são muito parecidos com o sintoma de sede.

2. Falta de higiene:

Semanalmente dê uma limpeza no seu espaço. Retire as fo-


lhas que caírem, no chão. Limpe a terra entre os vasos. Deixe
as paredes da estufa sempre limpas. Água e sabão são sufi-
cientes para realizar uma limpeza mensal em seu cultivo. A
cada fim de ciclo, retire todas as plantas e limpe tudo, até o
teto da estufa. Isso irá evitar muitos problemas com pragas.

3. Trazer pragas:

Já falamos sobre a higiene, mas ela não é tudo. Além de


limpar o espaço, tente não adentrar o cultivo com roupas
que estão sujas de outros locais. Você não sabe o que pode

32
estar trazendo para o seu pequeno ambiente controlado.

4. Excesso de técnicas:

É comum que o cultivador iniciante utilize técnicas demais


para aumentar o rendimento da colheita. Geralmente isso
não dá muito certo. Evite estressar a sua planta. Algumas
podas aqui e ali, algumas amarras, se necessário, são mais
do que o suficiente. Parafuso no caule, gelo no solo, escuri-
dão antes da colheita, queimar partes da planta… tudo isso
é desnecessário.

5. DIY:

Construir seu equipamento de iluminação e tenda pode ser


muito bom, mas pode ser o seu maior inimigo e te deixar na
mão. Na dúvida, compre algo de qualidade e que irá te dar
praticidade. Lembre-se: o cultivo é uma atividade que exi-
ge muita paciência e previsibilidade. O seu tempo é valioso
e você não quer perdê-lo.

33
Links úteis:

Por fim, separamos pra você alguns links que podem te ajudar:

Devo construir uma estufa para o meu cultivo indoor?


Como escolho o substrato para o meu cultivo?
Como ter um rendimento maior e com mais qualidade?
Como lidar com o calor no cultivo?
Como lidar com o frio no cultivo?
Como controlar as pragas no cultivo?
Qual a altura ideal para pendurar a luz?
Qual o melhor tipo de luz para as plantas?
Qual o melhor estilo de cultivo indoor?
O que é uma Quantum Board?
O que preciso saber para começar o meu cultivo?
Por que cultivar indoor?
Errei no cultivo, e agora?

Você também pode gostar