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Beverly Jenkins
Sandra Pomi, Alessandra LK, Lili WZ, Elisete Portela e Myrely Alê
Dedicatória
Para a rainha Calafia e minha tripulação original de Cali: Shareeta, Angie,
Linda, Christine e Fedelies.
Quando a Srta. Worth saiu e fechou a porta, Liam correu para frente da
sala onde Mariah estava sentada, bateu-lhe no lado da cabeça e correu de volta
ao seu lugar. As crianças riram, não alto o suficiente para serem ouvidos no
corredor, mas as risadinhas só aumentaram sua vergonha. Liam era o aluno
maior e o mais velho da turma, porém, não passava um dia em que não
intimidasse alguém que fosse menor. Mariah o detestava porque parecia estar
de olho nela mais do que em qualquer outra pessoa.
Antes que pudesse se recuperar da dor aguda do primeiro golpe, ele
retornou para lhe bater novamente e desta vez bateu mais forte. Piscando e
determinada a manter as lágrimas sob controle, enquanto as crianças riam,
retrucou:
—Se você fizer isso, eu vou te pegar depois da escola, Bruxa Aveleira 1. —
Recebera aquele nome zombeteiro, por causa de seus olhos dourados. Achava o
nome tão abominável quanto Liam.
Para ter certeza de que Mariah levara sua ameaça a sério, correu e lhe
bateu novamente, no exato momento em que a professora entrava na sala de
aula.
1
Aveleira: planta da família amentáceas, seu fruto é uma glande, a avelã.
—Saia do meu caminho, Liam. Eu tenho que entregar este vestido para a
minha mãe.
—Bruxa Aveleira!
Até então, as pessoas estavam saindo para ver o que estava acontecendo
e a voz de um homem soou:
—Deixe-a em paz!
Liam congelou.
—Sim, senhor.
—Ela está certa, papai. —acrescentou Kathleen. —Ele bateu nela três
vezes hoje na escola.
—Kaye vai esperar com você enquanto eu pego minha carruagem. Nós
vamos levá-la até lá e garantir que você chegue em casa com segurança. Não
estou tão certo quanto à segurança, quando uma jovem não pode entregar uma
encomenda para sua mãe sem ser atacada por um rufião.
—Sim, ele é. Aposto que seu pai ficará zangado quando contar sobre
Liam.
—Eu não ri quando Liam bateu em você na escola. Você acha que
podemos ser amigas?
— Eu gostaria muito.
O Sr. Jennings retornou e levou Mariah e sua nova amiga para a casa da
Sra. Ainsley. Uma vez lá, ele explicou o que aconteceu e porque o papel estava
Fiel à sua palavra, o Sr. Jennings levou-a para casa e a acompanhou para
dentro. Sua mãe olhou para ele e Kaye, e então para Mariah e seu traje
lamacento, e perguntou friamente:
—Mariah. Explique.
Vendo o gelo nos olhos de sua mãe, Mariah contou a história lentamente,
esperando que entendesse.
—Nada do que aconteceu foi culpa da sua filha. O vestido não foi
danificado...
—Como você se atreve a voltar para casa coberta de lama. Sabe quanto
tempo passei fazendo esse vestido que você está usando?
—Sim.
—Mas, mamãe...
—Pegue a cinta!
Rancho Destino
Condado de Yolo, California
Abril 1885
Quando tinha quinze anos viajou muito pelo México e pela Europa e foi
prometida em casamento a Don José Ignácio, um homem trinta e cinco anos
mais velho do que ela. Ela o odiava. Ele e suas mãos suadas estavam sempre
tentando tocá-la, quando a encontrava sozinha, nos corredores de sua casa, sem
seus pais ou sua governanta.
Ele não tinha ideia de que ela tinha sentimentos tão fortes por ele, e disse
a ela que, se soubesse, teria gentilmente lhe apontado à verdade. Não tendo
nenhuma experiência com homens, ela entendera os sorrisos suaves que ele lhe
dava quando vinha ao rancho para cuidar dos cavalos de seu pai. Cada vez que
ele chegava, ela achava algum motivo absurdo para falar com o pai sempre que
os dois conversavam, apenas para se aquecer no sorriso de Abraham. Mas na
noite de seu casamento, percebeu que não era nada mais do que uma criança
vaidosa e mimada que havia envergonhado a si mesma e sua família, e que
havia forçado um homem austero, mas compassivo a ser ligado a ela até que a
morte os separasse. Sua humilhação, a culpa e a vergonha não conheciam
limites.
— Sim, Bonnie?
— O Sr. Logan e seus homens retornaram. Você deseja que o almoço seja
servido antes ou depois de recebê-lo em casa?
Abraham pode não tê-la amado, mas foi terno na cama, e como
resultado, deu à luz dois filhos que amava tanto quanto seu enteado. Andrew
Antonio, ou Drew, possuía um rosto divino, escolheu a lei como sua profissão e
as mulheres como seu hobby. Na aparência tinha muito de Alanza e seus
ancestrais espanhóis. Dois anos depois de seu nascimento, chegou Noé, o mais
novo. Cresceu e escolheu o mar, ou melhor, o mar o escolheu. Numa viagem a
San Francisco, quando tinha dezoito anos de idade, foi raptado. Sua família não
tinha ideia do que havia acontecido, Logan e Drew viraram a cidade de cabeça
para baixo em seus esforços para encontrá-lo, mas sem sucesso. Era como se
tivesse desaparecido da face da terra.
Durante dois longos e miseráveis anos, Alanza orou aos santos em nome
de seu filho desaparecido e finalmente chegou uma carta informando-os de seu
destino. Apesar de tudo o que aconteceu, o mar se tornou sua vida e ele agora
navegava em seu próprio navio, o Alanza.
Não, Abraham nunca a amou, mas o amor era o que ela mais queria para
eles. Amor com esposas que os adorassem e crianças que os amassem, tanto
quanto ela os amava.
— Também senti sua falta. É bom estar de volta. — Ela estava com
quarenta e tantos anos, era apenas nove anos mais velha que ele e estava bem
para a idade. Ele lembrou que na primeira vez que se encontraram, olhou para
seu cabelo preto e olhos combinando e pensou que ela era a mulher mais bonita
do mundo.
Quando ele não respondeu, seus lábios se afinaram, o que o fez tentar se
defender.
— Eu não preciso de uma, além disso, não é como se eu fosse receber
convidados.
— Mas você deveria. Aqui você é um líder, assim como seu pai era. É
muito bom que eu te ame tanto.
— Por quê?
— Porque se não fosse assim, eu teria trazido uma tocha para este lugar
meses atrás.
— Uma tocha?
— Abastecida com querosene. O cheiro aqui é suficiente para fazer as
pessoas decentes desmaiarem. Por favor, permita-me contratar alguém.
Alanza ainda estava olhando ao redor, sua aversão muda, mas clara.
— Por mim, tudo bem, porque eu não estou procurando por uma.
Valência era sua amante. Logan recebeu sua declaração sem reagir.
Depois de sua partida, Logan deu uma boa e honesta olhada ao redor e
supôs que poderia precisar de alguma ajuda. Embora nunca admitisse isso em
voz alta, ela estava certa sobre o mau cheiro também, foi à primeira coisa que
notou ao entrar. Mas a última coisa que queria era uma mulher tagarela da
costa leste, por perto lhe dando ordens. Ele dava as ordens, não as obedecia.
Logan se virou para ver seu parceiro e amigo, Eli Braden, entrando pela
parte de trás da casa. O texano de óculos era um dos melhores cavaleiros que
Logan já conhecera.
— Sim. O garanhão ainda está tendo um ataque, mas ele vai voltar. Você
vai mesmo contratar uma empregada?
— Eu desejo a ela sorte. Se fosse eu, daria uma olhada nessa bagunça e
sairia daqui como se minha sela estivesse em chamas.
— Vá para casa.
Cinco anos antes, seu joelho esquerdo quase foi despedaçado por um
coice de um garanhão parecido com o que agora estava levantando e berrando
— Prendendo, mãe.
— E pensar que essa garota idiota pretende se casar com meu Tillman.
Você pode imaginar ter um neto com seus olhos de bruxa?
As senhoras riram.
— Já estava na hora.
Era 1885, tinha trinta anos e o mundo parecia ter passado por ela. Ao
contrário de sua amiga Kaye, não haveria casamento ou filhos para ela, pelo
menos não a menos que Tillman crescesse na espinha, ou seja, tivesse coragem
para enfrentar a mãe. Pelo resto de sua vida, tudo o que tinha que esperar era
mais do mesmo. Quando não atendia os clientes vorazes de sua mãe, cozinhava
e limpava para ela. Tinha sido assim desde que Mariah ficou velha o suficiente
para lidar com o fogão e empurrar uma agulha através do tecido. De acordo
com Berenice, o pai de Mariah morreu quando ela tinha três anos de idade e,
por alguma razão desconhecida, Berenice encontrava defeitos em sua filha,
independentemente da tarefa.
Quando sua mãe entrou uma hora depois, o jantar estava feito, mas em
vez de receber um agradecimento, Mariah foi repreendida.
Contestar que ela era a única que tinha suportado o peso embaraçoso da
língua afiada de Julia Porter só iria evocar mais problemas, então, novamente,
ela manteve seus lábios fechados.
— Você se debruçou sobre essa bainha como se tivéssemos uma
despensa totalmente abastecida e sem necessidade de pagar as contas.
Era um homem bonito que se parecia muito com seu pai, um mensageiro
em um dos grandes hotéis do centro da cidade. Tillman formou-se no
ColégioHoward e atualmente trabalhava como contador do jornal negro da
cidade, The Tribune. Como seu editor, Christopher Perry, não podia pagar
— Nenhum beijo para você até que se posicione com sua mãe.
— Ah, Riah, vamos lá. Você sabe que não posso fazer isso. Pelo menos
não até eu ganhar o suficiente para poder sobreviver sozinho.
Ela estava prestes a responder quando sua mãe entrou pela porta. O
brilho nos olhos dela congelou os dois.
Tillman gaguejou:
— Por que você está encorajando-o a ir contra a mãe? A Sra. Porter não
deixou bem claro que acha você e seus olhos de bruxa, inaceitáveis? Tudo o que
o homem quer é o que está entre as suas pernas, e até ele ter uma esposa, você
fará. — avisou ameaçadoramente. — Traga uma criança bastarda para este
mundo, e você estará na rua. Você me ouve, garota!
— Sim, senhora. — Mariah odiava ser tão fraca, mas como Tillman, não
tinha escolha a não ser suportar. Seus fundos bancários não eram suficientes
para permitir que partisse sozinha. E mesmo se fossem, por todos os anseios
por outra vida em outro lugar, não sabia se tinha a coragem interior de
simplesmente sair. Berenice era sua mãe. A Bíblia declara especificamente que
se deve honrar esse vínculo, então, em vez de culpar Tillman pela visita, que era
o certo, Mariah fez o que lhe foi dito e voltou a coser a camisola de sua mãe.
No final de junho, havia rumores de que ele ficara noivo de uma jovem
de Boston. Como sua família viajava em diferentes círculos sociais e
frequentava o St. Thomas Episcopal em vez de Madre Bethel, Mariah não tinha
como saber a verdade. Ela não o via desde a malfadada visita de seis semanas
atrás, nem sua mãe tinha parado na loja para pedir novos vestidos. Supôs que
deveria estar feliz por ele, mas se viu irritada com o boato.
Seu dia foi iluminado pela visita de sua boa amiga Kathleen Jennings.
Depois de compartilhar um carinhoso abraço de saudação, elas sentaram-se nos
bancos da loja e Mariah disse ansiosa:
— Eu entendo, mas estou aqui para pedir que ela faça meu vestido de
casamento.
Mariah falou:
— Sim. É o mínimo que posso fazer para recompensá-la por sua amizade
todos esses anos.
— Mãe, eu...
— Quando seu nome estiver no letreiro, você poderá ser caridosa, mas
até então nada sai dessa loja de graça.
Agora, sua mãe estava tentando negar a Mariah à única maneira que ela
sabia para pagar Kaye por seus muitos anos de bondade, e por ser um dos
poucos pontos brilhantes em sua vida. Enquanto ela olhava para o rosto frágil,
algo lhe dizia que, se não se posicionasse ali, passaria o resto da vida com o pé
de Berenice no pescoço até que seu espírito desaparecesse.
— Vou fazer o vestido de Kaye e isso não terá nenhum custo para ela.
Comprarei o tecido e os fios do meu próprio dinheiro.
Ela não tinha respostas para o porquê desse ódio existir, mas em face da
satisfação que sua mãe demonstrou por ter dado o golpe, ficou claro que era
hora de ir embora. Bíblia ou não, ela se recusou a passar outro momento
vivendo com malevolência tão infundada. Fervendo com raiva, levantou-se.
Sem uma palavra, pegou sua bolsa e saiu pela porta. Sua mãe gritou para ela
voltar, mas Mariah não diminuiu os passos. Estava ferida, furiosa e precisando
de respostas para perguntas que a haviam atormentado por toda a sua vida. A
única pessoa que poderia esclarecê-la era a irmã mais velha de sua mãe, Libby.
Pegando um coche, Mariah ignorou os olhares curiosos dirigidos ao seu lábio
sangrando e atravessou silenciosamente a cidade.
— Posso te ajudar?
— Sim. Eu sou Mariah Cooper, sobrinha da Sra. Brown. Eu gostaria de
saber se eu poderia falar com ela?
Mariah concordou.
— Claro.
— Por que a mãe me odeia tanto? E, por favor, não me diga que é minha
imaginação, porque eu sei que não é.
— Você tem os olhos do seu pai, Mariah. Toda vez que Berenice olha
para eles, tenho certeza de que ela o vê e se lembra da dor dela.
— Eu sei, eu sei, mas isso não é verdade. Sua mãe recebeu uma carta
dele, logo após seu terceiro aniversário, dizendo que ele ficaria em Londres com
sua verdadeira esposa e filhos e que nunca mais voltaria para Filadélfia. Ele
desejou a você e a ela uma boa vida, e fugiu. Foi à última vez que ela ouviu
falar dele, tanto quanto eu sei.
—Sim, tanto antes como durante os tempos que passou na Filadélfia com
Berenice.
— Sua mãe não era como é atualmente. Naquela época de sua vida, era
uma das mulheres mais bonitas da Filadélfia, independente da raça ou classe.
— Ele disse do Egito para alguns e de Bengala para outros. Ouvi-o dizer
que era um mouro espanhol por um minuto e filho de um rei africano no outro,
mas cortejou Berenice como se ela fosse uma rainha, casou-se com ela e um ano
depois, você nasceu.
Libby assentiu.
— Por que vocês duas estão separadas? — Até onde sabia Berenice e
Libby não se falavam há anos.
— Não.
— Obrigada.
— Seja bem-vinda. Agora, suba antes que eu comece a chorar. Estou tão
feliz por você estar aqui. A vida será melhor a partir deste momento, minha
sobrinha. Eu prometo.
— Claro, e ela vai usar um tapa-olho por alguns dias como resultado.
Kaye veio falar no dia seguinte. Elas se retiraram para a sala de visitas,
onde Mariah lhe contou sobre o que aconteceu depois que ela visitou a loja
ontem.
— Oh, Riah. Eu sinto muito quando olho para o seu pobre lábio. Se há
algo que mamãe e eu possamos fazer para ajudá-la, é só nos avisar.
— Este.
Mariah assentiu com aprovação. Em termos de design, a escolha foi a
mais básica dos três esboços, mas com as pérolas, a peça de cabeça e o cortejo
baixo, era o mais elegante.
— Tudo bem, porque quanto mais cedo você começar a costura, mais
cedo eu vou ter meu lindo vestido.
— Não duvide. Eu sou sua melhor amiga e posso declarar essas coisas.
Você teve uma vida horrível e podre até agora, e meu amor por você como irmã
fará com que você tenha o seu.
— Seja bem-vinda.
Libby sorriu e virou para a próxima página. Ela leu em silêncio por
alguns minutos e perguntou.
— E?
— Então, você diz que é viúva. Quem mais saberia? A maioria das
mulheres pode limpar a casa, mas poucas possuem suas habilidades de agulha.
Ser capaz de fazer-lhe camisas e calças colocaria você no topo da lista, eu estaria
disposta a apostar.
— Você está dizendo que quer viajar e conhecer outros lugares, então por
que não a Califórnia, e mentir sobre ser viúva não vai mandar você para o
inferno, Mariah.
— Como faço para que ele saiba que eu estou interessada? Existe um
endereço?
Mas dois dias depois, sua tia entrou no quarto que havia permitido que
Mariah transformasse em uma sala de costura e entregou um envelope estreito.
— Soa mais como ter uma sobrinha que eu possa ir visitar na Califórnia.
— Ela lhe deu trinta dias para colocar seus negócios em ordem aqui, e
esperará você em Sacramento no final do próximo mês.
— Eu sugiro que você termine, porque você está indo para a Califórnia,
querida sobrinha.
Sua mãe correu para cumprimentar o que ela achava que seria um
cliente. Seu sorriso desapareceu ao ver Mariah.
— Tia Libby me contou a verdade sobre meu pai, que ele não morreu.
— Sinto muito por você. Vá para a Califórnia ou para onde diabos você
for e nunca mais volte aqui. Você entende?
— Sim, eu entendi.
Por um breve momento, elas olharam-se nos olhos. Mariah não tinha
ideia do que sua mãe via refletido nos dela, mas nos de Berenice, Mariah via
raiva, dor e o que parecia ser tristeza e perda.
— Se você precisar...
Libby disse:
— Avise-me quando chegar, para que eu saiba que você chegou em
segurança.
— Eu prometo.
O apito do trem explodiu. Era hora de partir. Deu às duas mulheres, que
significaram muito para ela, outro abraço apertado. Tendo já enviado seus baús
para o vagão de bagagem, embarcou. Através de outra rodada de lágrimas,
soprou um beijo e foi procurar seu lugar.
2
Lei Jim Crow: a lei mais importante exigia que as escolas públicas e a maioria dos locais públicos,
incluindo trens e ônibus, tivessem instalações separadas para brancos e negros.
Mariah recebera uma educação limitada e, por isso, não tinha ideia de
como responder a isso, mas, aparentemente, Daisy não precisava de uma
resposta, porque ela começou a contar com um entusiasmo que manteve
Mariah fascinada por quilômetros. Os contos de guerra travados pela rainha,
seu exército de guerreiros amazônicos, seus grifos treinados em batalhas e
frotas de navios, foram intercalados com verdades históricas sobre os primeiros
exploradores espanhóis, particularmente um espanhol negro com o nome de
Estático. Ele, juntamente com Cabeça de Vaca, vagou da Flórida para o sudoeste
em uma jornada de sete anos que lançou as bases para os exploradores que os
seguiram.
—Eu sempre disse aos meus alunos que Estático foi o primeiro homem de
ascendência africana a pôr os pés na América.
Mariah ficou muito feliz por Daisy ter escolhido se sentar ao lado dela.
Ela aprendeu muito.
— Muito obrigada.
3
Mórmon: movimento religioso -O Santo dos Últimos Dias-, movimento restaurista iniciado no século
XIX nos Estado Unidos.
— Eu me diverti.
— Aqui! — ela chamou e acenou com a mão enluvada para que pudesse
ser vista na estação lotada.
—Um cavalo?
— Não.
— Não.
A impaciência silenciosa apareceu em seu rosto em resposta e ele não se
incomodou em esconder isso também.
— Logan Yates.
— Obrigada.
Logan não tinha certeza do que fazer com essa mulher pequena e concisa
que parecia questionar suas maneiras de não se apresentar. Certamente não era
a mulher solteirona mais velha que ele esperava encontrar. Ela usava um
chapeuzinho e um vestido cinza de viagem com um corpete de mangas
compridas que enfatizavam suas belas curvas. Uma linha fina de renda branca
espiava por cima do colarinho alto e pelos pulsos. Os olhos de ouro estavam
presos em um rosto castanho claro que só poderia ser descrito como bonito. Ela
certamente não se parecia com nenhuma empregada que ele já tinha visto.
— Bem-vinda à Califórnia.
— Obrigada.
Ela assentiu.
— Preciso enviar um telegrama para minha tia para avisá-la que cheguei
em segurança. Existe um telégrafo perto da estação?
Logan não estava satisfeito com o pedido dela, porque isso atrasaria
ainda mais a longa viagem de volta, mas por sua postura, era óbvio que ela não
se importava como ele se sentia.
— Por aqui.
Uma vez que seus negócios com o agente do telégrafo foram cumpridos
e seus baús carregados na parte de trás da charrete, ele lhe ajudou a subir e foi
atraído pelo balanço suave de sua saia. Fora isso, tinha tido esperanças que ela
pudesse dirigir a carroça para que ele fizesse a viagem de quatro horas para
Destino a cavalo, em vez de ter sua bunda no assento, decididamente
desconfortável. Sendo um cavaleiro, preferia o conforto familiar de uma sela.
Resignado, lançou um olhar de desejo ao seu garanhão, Diablo, arrastou-se até a
traseira da carroça e depois se sentou. Olhando para o lado e recebendo uma
resposta inabalável dos olhos dourados, bateu as rédeas e guiou a parelha para
longe do depósito.
— Sim. — Que ele estivesse realmente falando com ela depois de quase
uma hora de silêncio foi agradável. — E você? Nasceu na Califórnia?
— Não, Texas. Os meus pais vieram aqui para trabalhar nas minas logo
depois de eu nascer.
— As minas de ouro?
— Sim.
— Sim.
Ela ficou fraca. Ele colocou os olhos nela apenas o tempo suficiente para
mostrar diversão antes de se concentrar em sua direção novamente.
— Entendo.
— Não.
— Você é casado?
— Tanto tempo?
Eles estavam na estrada por quase duas horas. Passaram por algumas
fazendas e grandes campos cercados, o que garantiu a ela que, embora
parecesse que Yates a escoltava para o meio do nada, havia outras pessoas por
perto. No entanto, ainda não viu nada parecido com uma cidade ou uma
pousada.
Mariah não tinha ideia de como perguntar a um homem sobre algo tão
pessoal.
Mariah, primeiro olhou para o monte de árvores que ele indicou, depois
para ele. Certamente deve ter entendido mal o pedido dela. No entanto, quando
ela encontrou seus traços ilegíveis, ocorreu-lhe que ele não tinha entendido mal.
Realmente esperava que ela fizesse isso... nas árvores!
— Já decidiu?
A luz de humor em seus olhos fez com que quisesse lhe socar bem no
nariz.
Ele veio para ajudá-la a descer. Esperando que seu olhar fulminante o
reduzisse a cinzas, Mariah educadamente estendeu sua mão apenas para tê-la
balançando, pois ele lhe pegou pela cintura e colocou-a em pé diante dele.
Surpresa guerreou com seu próprio temperamento, enquanto sentimentos
estranhos sem nome lhe inundavam, pois estava perto o suficiente para sentir o
calor do seu corpo, misturar-se ao dele.
— Eu esperarei aqui.
— Melhor?
Ela fechou os olhos e contou até dez. Como diabo iria trabalhar para esse
homem insuportável?
— Autoritária também.
— Obrigada.
Ele subiu de volta ao seu lugar e, sem dizer mais uma palavra, colocou a
charrete em movimento.
Mariah viu uma grande pedra cinzenta na beira da estrada. Parecia ter
escrito cinzelado na superfície.
— O que é isso?
— Obrigada.
— Sim. É batista.
— Você frequenta?
— Não.
Ele falou a palavra de forma tão sucinta, que não perguntou o motivo.
— O lugar precisa de muito trabalho. Uma vez que você dê uma boa
olhada, você pode não querer fazê-lo.
— Bem-vinda a Destino.
— Alanza é espanhola.
Isso a surpreendeu porque ele acabou de assumir que sua madrasta era
uma mulher de outra raça. Eles estavam agora passando pela casa, e a terra de
cada lado da estrada se abriu como quando saiu da estação de trem. Mais à
frente, montanhas surgiam à distância, mas a área imediata era uma pastagem
tão verde, quanto esmeralda. Ela viu cavalos, um pequeno rebanho de gado e
homens a cavalo cuidando de ambos. Ela viu pomares e um pequeno grupo de
trabalhadores que se movia entre as árvores.
— Limões?
— Uvas?
— Sim.
Em sua casa, ela viu as uvas crescendo, mas aquelas videiras tinham
pouca semelhança com a versão da Califórnia. As coisas eram certamente
diferentes.
Apenas quando ela pensou que o homem poderia ficar na sela, ele foi
enviado voando e ela levou sua mão à boca em sinal de apreensão. Ele caiu no
chão dentro do curral. O cavalo zangado o atacou, mas ele ficou de pé e abriu a
cerca curta um segundo depois. Os outros homens riram de sua situação
enquanto o cavalo corria de raiva. Mariah não tinha ideia do que fazer com isso.
Um olhar para o patrão mostrou sua diversão.
Ele sorriu.
— Sempre.
Ele pulou para o chão. Quando chegou ao seu lado, ela disse com
firmeza.
— Novamente, eu prefiro dar o meu próprio passo, se você não se
importa. — Ela não queria ser motivo de fofocas antes mesmo de cruzar seu
limite. Nem se importava em ser arrastada como um saco de farinha ou pior,
sua amante.
Ele obedeceu. Ainda ciente dos olhos curiosos dos homens, ela seguiu
Yates até a porta da casa e entrou.
— Não tive tempo para começar. — Mais uma vez, seus olhos não
ofereceram nenhuma reação discernível.
— Entendo.
Ele congelou.
— O que?
— Por quê? — Isso não estava indo do jeito que ele tinha imaginado.
— Eu não viajei até aqui para voltar para casa, Sr. Yates.
—Sua casa é um chiqueiro, mas pode ser corrigido. Agora, você pode
gentilmente me mostrar o resto, por favor.
A determinação em seu olhar fez com que ele a contemplasse
silenciosamente antes de se render rancorosamente.
— Tiros.
— Banheiro. Siga-me.
Ele a acompanhou por um corredor que levava à parte de trás da casa.
Decidiu que não só era mandona, mas era mandona e exigente. Porcelana
adequada, de fato.
A julgar por tudo que ela tinha visto até agora, se Mariah fosse uma
mulher menos formidável, já estaria planejando voltar para a Filadélfia o mais
rápido possível. Limpar este lugar e colocá-lo com alguma aparência de ordem
seria uma tarefa de proporções hercúleas.
Dentro do banheiro agora, olhou em volta para o grande espaço com sua
pia pedestal, galão de água e enorme banheira com pés.
— Sim.
Depois do encontro com as árvores, ela ficou grata por essa benção.
— Meu quarto.
Ele parecia estar esperando por algum tipo de reação dela, mas ela não
lhe deu nada. Ela tirou as luvas.
Ela não estava feliz com isso, mas vendo que não havia nada a ser feito,
deixou seus sentimentos de lado.
— Meu escritório.
Ficou claro que ele não apreciou a afirmação, mas ela não viu razão para
ficar ofendido com a verdade.
— E onde será meu quarto? A Sra. Yates disse que preferia que eu
morasse aqui.
Ele a deixou e Mariah saiu novamente para o pequeno pátio. Por todas as
pontas e restos de charuto espalhadas pelo chão, imaginou que o espaço fosse
usado por ele e seus homens. A área precisava de limpeza, mas uma vez que
isso fosse feito, o banco forneceria um bom local para recuperar o fôlego depois
de um longo dia, ou para trabalhar em seus desenhos. A vista era magnífica,
podia-se ver as montanhas e a borda baixa dos altos pinheiros, era de tirar o
fôlego. Podia ouvir os homens no curral, mas supôs que à noite não haveria
nada além de ecoar o silêncio. Definitivamente era algo que teria que se
acostumar.
— Não.
— Então, tire alguns dias para colocar as pernas para descansar. Tenho
certeza de que você está cansada da longa viagem de trem.
— Frequentemente.
Impasse.
Era bastante óbvio que Logan Yates estava acostumado a jogar seu peso
ao redor e jogar as pessoas com ele. E sim, a viagem de trem tinha tirado muita
coisa dela, mas essa casa precisava de atenção imediata, se não fosse por outra
razão, seria para se livrar do cheiro, que estava flutuando todo o caminho de
volta para seu pequeno quarto.
Lá fora, Logan foi até o curral. Dar ordens para a viúva mandona foi
bom. Ela trabalharia para ele, não o contrário.
— Bem?
Logan se recusou a reconhecer que ela era uma das mulheres mais
bonitas que já tinha visto. Os olhos dourados e a boca cheia já haviam ficado
marcados em sua mente.
— Realmente mandona.
— Ela está aqui para limpar o lugar, não para me dar ordens.
Do outro lado da porta ela veio de novo, desta vez, braços carregados de
camisas e jeans. Ela os jogou ao lado da estrutura da cama e voltou para a casa.
— Uma vez que a notícia se espalhe pela sua beleza, os homens estarão
alinhados daqui para a Baía para tirá-la de suas mãos — brincou Eli.
A última coisa que Logan queria era que seu rancho fosse invadido por
um bando de homens com olhos de peixe morto, mas qualquer homem louco o
bastante para se aproximar iria se arrepender, porque ela era obviamente
mandona demais, e surda demais, para o bem dela. Ele não tinha acabado de
explicar que queria que esperasse e ele decidiria quando a limpeza da casa
começaria?
— Qualquer coisa que ainda esteja na pilha pela manhã será usada para
acender uma fogueira.
Olhos arregalados.
Logan notou listras do que parecia ser sangue em seus dedos. Ele pensou
sobre ela arrastando a armação de metal da cama.
— Você se cortou?
— Não.
Mandona e mentirosa.
— Mostre-me suas mãos antes que eu te levante sobre o meu joelho e dê-
lhe umas palmadas em seu traseiro.
Seu rosto dizia que ela não se importava com aquela piada.
Mariah não tinha ideia do que seria isso, mas decidiu que tinha que ser
algo inventado por ele, até que explicou.
— O que é isso?
— Bruxa Aveleira.
— Para quem?
— Minha mãe. Você terminou? — Ela precisava que a soltasse para que
pudesse se livrar de sua reação perturbadora. Seu toque e proximidade estavam
afetando-a como nenhum homem antes, e não sabia o motivo ou como apagar
as sensações estranhas. Ele, no entanto, parecia ainda estar remoendo a resposta
dela. Ela presumiu que suas mãos calejadas não combinavam, com a visão dele
sobre como ela era, mas preferiu deixá-lo pensar o que quisesse, mesmo porque
duvidava que ele acreditasse na verdade, ainda que o acertasse na cabeça.
— Eu não sei como são feitas as coisas na Filadélfia, mas aqui, nós não
obrigamos as nossas mulheres a trabalhar até que suas mãos sangrem.
— Esses pequenos cortes não vão me fazer sangrar até a morte, Sr. Yates.
Certamente as mulheres daqui são feitas de coisas mais duras do que isso.
Logan se perguntou se havia algo que ela não gostasse de discutir. A
boca de fogo de artifício atrevida, provavelmente, levou seu falecido marido a
beber, e isso o fez se perguntar se ela levara o fogo para o leito nupcial. Ele
olhou para Eli e encontrou seu parceiro sorrindo como se tivesse lido a mente
de Logan.
— Volte para casa e espere por mim. Vamos andar e jantar com minha
madrasta em alguns minutos.
Como ele ousou! Ela queria voltar para o lado de fora e chutá-lo
novamente. Que desculpa insuportável, arrogante para um homem! Qualquer
mulher em sã consciência iria jogar o trabalho na cara dele como se fosse uma
lavagem molhada e dizer a ele para encontrar outra pessoa, mas, novamente,
não lhe daria a satisfação. Se ele a demitisse, bem, mas por enquanto, estava
hospedada, e se tivesse que chutá-lo da Califórnia para o inferno e vice-versa,
ela o faria.
— Não, obrigado. Só quero fazer uma ordem para alguns pés de tábua,
para que eu possa reconstruir meu barracão.
Logan acenou com a cabeça, girou Diablo e voltou lentamente para casa.
Embora estivesse determinado a não pensar nela, sua mente estava cheia
de imagens da incendiária, conhecida como Mariah Cooper. Ainda achava
difícil acreditar que ela realmente o chutou. Como havia notado antes, a maioria
das mulheres ria e piscava os olhos quando ele aparecia. Ninguém jamais
arrastou a mão sobre os lábios depois do beijo ou registrou sua queixa de uma
maneira tão dolorosa e memorável. Evidentemente, ele a provocou, mas ela
também o provocou, com aquela boca atrevida e de aparência beijável, que para
início de conversa foi o que colocou todo o episódio em movimento.
Não tinha nenhuma explicação lógica sobre o motivo de tê-la beijado
daquele jeito, além de ter sido conduzido para a curva por sua indecência.
Nunca fez nada tão insano para uma mulher antes. Estava na altura do joelho
— Uma longa história. Vou deixar a Sra. Cooper contar para você.
— Sim, senhora.
— Entendo.
— Tenho certeza que ele vai me demitir quando voltar, então se você não
se importa, eu gostaria de voltar para dentro e esvaziar a sala o máximo
possível antes que ele volte. Muito obrigada pela minha passagem de trem. Vou
telefonar à minha tia pela manhã para uma passagem de volta para a Filadélfia.
Foi um prazer conhecer você.
Logan rosnou.
Logan caminhou nessa direção. A sala de estar estava quase vazia, e ele
realmente podia atravessar o chão sem ter que assistir seu passo. Entrando na
sala de jantar, ficou surpreso ao ver a parte superior de sua mesa de jantar livre
das manchas de chuva e lonas que a cobriam no último ano. Também se foram
as bobinas de corda que outrora estavam nos cantos.
Na cozinha, a viúva e a madrasta olhavam para seus armários. O que
elas estavam planejando estava além da compreensão dele, mas percebeu que
logo descobriria.
— Certamente.
Logan esperava que ela mostrasse sinais de remorso, mas em vez disso
levantou o pequeno queixo em desafio. Ele notou o interesse divertido de
Ela parecia confusa e isso o agradou, porque duvidava que ela fosse pega
com frequência.
— Eu não estou te demitindo, mas se você quiser virar as costas e correr
de volta para a Filadélfia, eu vou entender.
— Uh-hum.
— Você comeu?
Sua boca caiu, mas antes que pudesse começar a atacá-lo, deixou-a com
um pequeno sorriso e caminhou de volta para dentro.
Mariah ficou sozinha na varanda. Tinha que ter ouvido mal. Próxima
vez? Certamente isso não significava que planejava beijá-la novamente. Jurou
para si mesma que se parecesse que ele estava decidido a fazer isso, chutaria
nos dois joelhos e lhe socaria o nariz. Que vaidoso... Egoísta... Decidida a não
deixá-lo surpreendê-la novamente, ela se acalmou e saiu da varanda para se
juntar a Sra. Yates.
— Logan quer que limpemos tudo, para que possa banhar e descansar o
joelho em paz. — Alanza disse a ela.
— Eu adoraria.
— Se ele aparecer para o jantar, tudo bem, e se não aparecer, tudo bem
também.
— Entre.
— Eu queria que você soubesse que irei para casa com a Sra. Yates.
— Tudo bem.
Ela nunca tinha visto o peito nu de um homem antes e jurou que a visão
de sua estrutura dura como pedra agora estava permanentemente gravada em
sua mente. Quem sabia que um homem poderia ser tão bem feito?
— Algo mais?
— Não.
Ela fugiu.
Depois de sua partida, Logan riu. Nunca viu uma mulher virar as costas
tão rapidamente. Ela nunca tinha visto Henry sem camisa? Por mais que ela
dissesse, ele tendia a pensar que não. Muitos casais foram para seus túmulos, e
nunca se viram totalmente nus, e até mesmo fizeram amor principalmente
vestidos. Ele, por outro lado, dormia nu e fazia amor da mesma maneira.
Mulheres como a Sra. Cooper poderiam considerar isso chocante, mas ele não, e
as mulheres que dividiram sua cama também não.
— Eu acredito que você será boa para o meu filho – a Sra. Yates estava
dizendo. — Além de mim, ele não está acostumado a uma mulher que seja
firme como você fez hoje.
— Espero que possamos encontrar uma maneira de nos dar bem. Eu não
quero gastar todo dia querendo fervê-lo em óleo.
— Apesar de cabeça dura, Logan é um homem decente e honesto. Você
poderia trabalhar para alguém pior.
Se tivesse força, Mariah poderia ter debatido sobre isso, mas o cansaço
estava pesando como um casaco de inverno grosso.
— Você parece pronta para cair, Mariah. — De repente olhou para cima e
sorriu por cima do ombro de Mariah. Sem se virar para ver quem poderia estar
se aproximando, Mariah de alguma forma sabia que era seu empregador.
— Boa noite, Logan — sua madrasta disse brilhantemente. — Você
comeu?
Mariah olhou para ele e lembrou o que havia visto quando entrou em
seu quarto e ele estava sem camisa e imediatamente olhou para outro lugar.
— Estão bem. — Mariah queria ficar longe e distante, mas era difícil fazê-
lo em torno de um bocejo grande o suficiente para enfiar uma montanha.
— É por isso que você deveria ter descansado hoje em vez de enfrentar a
casa.
— Obrigado por apontar isso, Sr. Yates — foi uma resposta fraca, mas
estava muito cansada para outra rodada de esgrima verbal com ele.
— Ela precisa de uma lâmpada e uma cadeira para o quarto dela. Você
tem alguma coisa que possa usar?
— Mulher tola.
— Leve-a para dentro. — disse Alanza. — Ela pode dormir aqui esta
noite.
De início, Alanza achou que poderia contestar sua decisão. Ela estudou o
conjunto determinado de suas feições e a maneira como ele segurava a jovem
contra seu coração e achou as duas ações bastante surpreendentes. Em vez de
questioná-lo sobre isso, levantou-se e o levou para dentro da casa.
— Pegue o que você acha que ela pode usar, e definitivamente substitua
o velho colchão. O quarto costumava ser o lugar onde a tachinha era guardada.
— Vá para casa e descanse seu joelho. Ela vai ficar bem aqui.
Tinha ido à estação de trem para pegar uma mulher, pensando que não
ficaria mais do que as mulheres anteriores que tinha empregado, mas ao invés
disso encontrou uma guerreira de olhos dourados, com mais temperamento do
que um terremoto, e tão espinhosa quanto um cacto do deserto. Em menos de
doze horas, acusou-o de não possuir boas maneiras, de ser muito crítico, deu-
lhe um chute no joelho digno de uma mula irada e o obrigou a comprar
madeira para um barracão que não tinha intenção de fazer por um bom tempo.
E agora, estava dormindo em um dos quartos de hóspedes de Alanza.
— Pensei que você tivesse ido para casa — Logan disse desconfiado.
— Que pena.
— Eu disse que tentar fazê-la ficar com ciúmes era uma ideia insensata.
Eli estava apaixonado por uma mulher chamada Naomi Pearl. Ela
possuía um restaurante nos arredores de Guinda, e era bem parecida com
Mariah Cooper.
— Uh-hum.
— Sim. Crane diz que estará pronta para nós pegarmos depois de
amanhã. E não me pergunte por que mudei de ideia. Eu não quero falar sobre
isso.
— O que foi?
Logan concordou.
— Não, ela não tem. Não tem medo de muito mais, aparentemente. —
Continuou se lembrando do peso suave dela em seus braços enquanto a levava
para a cama. Por alguma razão desconhecida, parecia certo e ele achou isso
estranhamente perturbador. — Eu posso ir ver Valencia em alguns dias.
Com isso, Eli montou em seu cavalo e galopou em direção a sua casa,
deixando Logan sozinho para contemplar as perguntas e o caos trazidos em sua
vida por sua governanta de olhos dourados.
No sonho era noite, a lua estava cheia, as estrelas cintilavam como diamantes no
céu, e Logan estava no assento da carroça lentamente abrindo os botões da blusa branca
de Mariah. Seus lábios separados e inchados de seus beijos. Movia sua boca até o oco de
sua garganta e inalava seu aroma doce enquanto sua língua saboreava a pele macia.
Sentiu-a tremer e suspirar com a crescente paixão. Tomando um momento para
recapturar seus lábios, ele lentamente começou a buscar mais respostas enquanto suas
mãos preguiçosamente exploravam sua forma. Mais botões foram conquistados e ele
cumprimentou cada pedaço de pele recém-exposto com movimentos rápidos de sua
língua até que nada ficou entre seus lábios e seus seios, retirou-os laços da parte superior
do espartilho que usava por baixo. Querendo-a com uma necessidade tão ampla quanto
as montanhas, afastou o espartilho para o lado e libertou uma beleza de ponta escura.
Abaixando a cabeça, saboreou-o com desejo. Sussurrou no silêncio, o nome dela, e
quando se satisfez, libertou o gêmeo, chupando, lambendo e mordendo-a suavemente.
Sua pele perfumada de lilás estava quente, a visão de seu seio nu ao luar era tão
excitante que queria mais, então gentilmente tirou sua saia e deslizou até suas coxas.
Quando a tocou no vale escuro que continha seus tesouros, ela estava molhada de desejo.
Ele brincou e se afastou e brincou com o minúsculo cume que ancorava o deleite de uma
mulher, até que ela estava ofegando, torcendo e arqueando contra a mão dele. Ele a
colocou em cima dele e gentilmente empurrou sua ereção quase em ebulição para dentro.
Acariciando-a com um ritmo crescente, encheu as mãos com seus quadris tentadores.
Momentos depois, ela gritou sua libertação e ele caiu logo em seguida, rendido por um
orgasmo que o fez gritar seu nome para a noite. E então acordou.
— Entre.
Mariah agora sabia onde estava, mas ficou surpresa por a governanta
gorda e ruiva estar esperando por ela como se Mariah fosse sua empregadora.
— Bom dia. Mas você não deveria estar me trazendo café da manhã. Eu
ajudo assim como você.
— Eu sei disso, e o mesmo acontece com a Senora, mas ela insistiu, e disse
que você deve comer antes de voltar para a casa do Sr. Logan.
— Mas...
— O Sr. Logan está lá fora esperando por você — disse ela, pegando a
bandeja oferecida por Mariah. —Se precisar de ajuda na casa dele, me avise. Oh,
a senora foi para a cidade. Ela disse que vai parar para te ver quando voltar.
— Bom dia.
— Você dormiu a mesa e Alanza achou melhor ficar com ela, então eu a
levei para o quarto.
— Você me carregou?
— Vamos indo.
Foi até o lado do passageiro da carroça. Ele deslizou pelo banco e
estendeu a mão para ajudá-la. Ela olhou para a mão dele e depois para ele, e
como não tinha outra escolha, deu a mão. Ele segurou enquanto ela encontrava
um local para colocar o pé e subia a bordo. Sua mão era forte e quente. Uma vez
sentada, escolheu mexer com as saias em vez de olhar na cara dele, mas não
resistiu por muito tempo. Uma rápida olhada mostrou seu perfil ajustado. Ele
colocou a parelha em movimento e os afastou.
Ele olhou em sua direção. Mesmo que parecesse irritado com alguma
coisa, tudo que ela conseguia pensar era na visão de seu peito nu. Os poucos
homens que conhecia no leste ficavam empalidecidos em comparação, tanto em
estatura quanto em beleza. Ele era tão avassalador quanto às montanhas que se
erguiam no horizonte.
— Eu posso ajudar.
— Tudo o que você precisa fazer é apontar e nos dizer onde quer que as
coisas fiquem. Acha que pode fazer isso?
Mas desta vez ele não lhe ajudou. Em vez disso, pegou-a e colocou-a de
pé diante dele. Ela queria castigá-lo por ir contra sua vontade novamente, mas
estava tão vividamente ciente de quão fora de equilíbrio ele a fazia sentir, que
não disse nada.
— Algum problema? — ele perguntou.
— Não.
Ela entrou.
— Seja bem-vinda.
— Sua mãe disse que eu deveria falar com você sobre a compra de um
fogão e sobre a contratação do carpinteiro para os novos armários.
— Sim. — Mariah não esperava que a conversa fosse tão fácil. Teve
visões dele trancando não apenas os preços, mas a necessidade de alguns dos
itens na longa lista que achava que a casa precisava. No entanto, eles não
trocaram uma palavra áspera, o que lhe fez se perguntar, se ele sofreu algum
tipo de doença cerebral como resultado do chute que ela dera nele ontem.
Ele deve ter visto um pouco do que estava pensando em seu rosto,
porque perguntou.
— Qual é o problema?
— Concordo.
— E eles são?
Logan tinha ficado mal-humorado a manhã toda por causa do sonho que
teve com ela na noite passada, e agora, sua conversa de cavalgar
instantaneamente o transportou de volta. Ela estava novamente montada nele e
ele tinha a doçura de seus mamilos endurecidos em sua boca. A razão pela qual
estava tão atraído por ela continuava a confundi-lo porque nem gostava de
mulheres baixas. No entanto, ela tinha a capacidade de desfazer o controle que
estava acostumado a exercer sobre si mesmo e que o deixava não só desejando-
a, mas ainda mais irritado.
Mariah ficou tão impressionada com a sua partida abrupta, queria trazê-
lo de volta para que pudesse sacudi-lo. Tentou o seu melhor para ser
cooperativa, mas ele parecia estar decidido a ser difícil.
Logan bufou.
Eli riu.
— Jim.
— Ouvi dizer que você contratou uma nova governanta. Como ela é?
— Por quê?
— Vendo como consegui uma das maiores extensões do condado, algo
sempre precisa ser limpo. Só queria saber se ela gostaria de trabalhar para mim,
se está procurando por dinheiro extra.
— Ouvi dizer que é bem bonita também. Alta, dourada e olhos prata
combinando. Val sabe que você tem uma mulher assim morando com você.
— Felicity sabe que você está tentando contratar alguém sem antes, pedir
permissão? — Felicity Deeb era uma boa mulher, mas montou em seu marido
como um cavaleiro numa corrida de cavalos.
Alanza era uma força da natureza; poucas mulheres podiam igualar sua
tenacidade e força. Se Logan escolhesse alguém para ocupar o lugar de seu pai
em sua vida, Maxwell Rudd teria seu voto, porque ele não tentaria mudá-la, ou
mais importante, domá-la.
— Estou indo.
Max riu.
— Cidade pequena... as pessoas não têm nada melhor para fazer do que
falar dos outros. Qualquer coisa nova é notícia.
— Drew está na Cidade do México. Noah está nas Índias, de acordo com
uma carta que recebemos há algumas semanas. Ambos devem chegar para a
festa de Alanza.
— Já que você parece não querer tocar no assunto, acho que preciso ir até
lá e vê-la sozinho.
— Então, você tem uma mulher que não gosta de você por perto,
mandando?
— Eu te vejo no rancho.
Ele se dirigiu para a porta do celeiro. Max seguiu rindo à sua saída.
Uma vez que Mariah tinha seu quarto em ordem, decidiu não estragar o
resto do dia, meditando sobre sua conversa com seu patrão. Tinha planejado
andar até a casa da Sra. Yates e pedir que lhe mostrasse os arredores. Não sabia
se a mulher estava em casa ou se tinha tempo, mas iria descobrir.
Quando saiu, era impossível não ouvir todo o barulho vindo dos cavalos
e dos homens aplaudindo no curral, então se aproximou para dar uma olhada
mais de perto. Os homens ainda estavam tentando domar o cavalo. O pobre
cavaleiro continuava sendo jogado para fora da sela e o cavalo continuava a
atacar com raiva.
— Bom dia de novo, Sra. Cooper. Algo que eu possa lhe ajudar?
— Não, eu acabei de vir dar uma espiada. Quanto tempo levará até que o
cavalo seja domado?
— É uma égua?
O cavaleiro foi jogado e seus companheiros saudaram o fracasso com
uivos de riso e gracejos bem-humorados. O homem sorriu e correu para a cerca
à frente da égua irada.
— Sim, senhora. Ela é uma beleza, não é? Assim que for selada, irá para
um fazendeiro perto de Stockton.
Mariah viu um homem diferente entrar no ringue e se aproximar do
cavalo de criação.
— Houston, Texas.
— Família?
— Fica perto?
— Ainda não.
— Naomi Pearl.
— Nome bonito.
Mariah sorriu.
— Obrigado.
Ele respondeu.
— A qualquer momento.
— Certo.
—Deixe-me falar com Logan primeiro. Ele pode pensar que é sua
responsabilidade, e eu não quero pisar nos calos dele.
Elas partiram na carroça de Alanza. Mariah viu o jeito que lidou com as
rédeas e queria perguntar se ela daria suas aulas de direção, mas já se sentia
como se estivesse ultrapassando seus limites fazendo com que a conduzisse no
passeio. Só esperaria e trabalharia com Logan.
Também conheceu seu marido, Hector, que era o motorista da Sra. Yates.
Ele, por sua vez, apresentou seus três filhos jovens: Marco, Eduardo e Juan.
Mariah notou uma pequena cabana perto das gaiolas e se perguntou se a
família morava lá.
Sua próxima parada foi nos pomares. Mariah ficou maravilhada com as
laranjeiras e limoeiros,e o cheiro glorioso no ar.
— Eu sabia que os limões cresciam nas árvores, mas não fazia ideia de
onde.
— Obrigada.
— Não, nós as preparamos para o chá, é muito bom para a tosse. Nós
usamos quase todas as partes do limão aqui. Nós fazemos o chá. Usamos o óleo
da casca em nossos pisos de madeira, e um limão cortado ao meio mergulhado
em um pouco de sal faz com que os potes de cobre brilhem como o sol.
— Ela era filha de uma das antigas famílias espanholas. Seu verdadeiro
nome era Apolinaria Lorenzana.
— Para quem todas as portas estão abertas e para quem todas as tristezas
são trazidas.
— Essa é uma pergunta que você deveria fazer a ele, mas vou lhe dizer
que ele adora torta de maçã e bifes grandes.
Outro celeiro segurava todos os tecidos que Logan mencionou e, pela
estimativa visual de Mariah, havia o suficiente para abastecer a loja de roupas
de sua mãe durante anos.
— Há muito aqui.
— Eu continuo dizendo a Noah para não trazer mais para casa, mas eu
acredito que ele é surdo. Eu sei que você costura, então, por favor, use o quanto
quiser.
— Certamente.
— Entendo.
— Eu não concordei, mas discutir com ele às vezes é inútil, como você
mesmo sabe.
— Eu entendo.
— Meu Deus.
Alanza a olhou durante tanto tempo, que Mariah pensou que poderia tê-
la ofendido, mas finalmente disse.
— E isso é?
— Oh.
— Meu filho mais novo, Noah, está em uma viagem marítima. Todos eles
estarão aqui no final do verão para ajudar a comemorar meu aniversário. Você
vai gostar deles, e pelo que você fez a Logan, eles também vão gostar de você.
— Bom. Agora, vamos voltar para minha casa e procurar algo para
comer e então eu vou levar você de volta para o Logan.
— Não pense nisso “de lugar”, tenho prazer em ter outra mulher aqui.
— Obrigada, novamente.
— Seja bem-vinda.
— Sr. Yates.
Como se fosse mágica, ela estava de pé na porta, e o feitiço o invadiu
mais uma vez.
— Sra. Cooper.
— Eu só queria avisar você sobre o meu retorno. Eu não queria
incomodá-lo.
— Você não está me incomodando. Eli disse que você pediu a ele aulas
de direção.
Ele jogou-lhe o par de luvas de trabalho que escolheu para ela mais cedo.
Logan tentou negar o jeito que o sorriso dela o fazia sentir, mas perdeu a
batalha também.
— Podemos?
Mariah logo descobriu que dirigir uma carroça não era tão simples
quanto parecia. Especialmente quando o instrutor não demonstrava paciência.
— Se você gritar comigo mais uma vez, eu vou voltar para dentro.
— Se você tivesse esperado até que suas mãos se curassem, você poderia
segurar as rédeas com mais força — apontou pela centésima vez.
Ela olhou para o seu caminho, mas manteve a boca fechada. Sim, suas
mãos incomodavam, mas o maior problema era a falta de força. Não sabia que
cavalos eram tão fortes. Tendo cortado madeira toda a sua vida não tinha
absolutamente nenhum peso na tensão queimando seus braços. Na verdade,
queria entregar as rédeas, mas se recusou a dar-lhe a satisfação.
O cavalo parecia paciente com as tentativas de guiá-lo na estrada no
início, mas deve ter se cansado, porque decidiu voltar para o celeiro.
Mariah não era uma mulher que amaldiçoava, mas naquele momento
desejava ser. Estava furiosa com ele e com o cavalo estúpido. Desceu da
charrete e saiu. Nunca deixaria que ele desse a ela aulas de outra coisa. Sua
paciência era menor que um mosquito.
— Eu lhe disse para esperar a melhora das suas mãos. Talvez agora você
veja por que.
Se ela fosse um dragão cuspidor de fogo, o teria queimado como um
pedaço de bacon, em vez disso, retrucou:
Não esperando por uma resposta, voltou a andar. Não tinha a menor
ideia para onde estava indo, mas tinha que colocar alguma distância entre eles
ou explodiria como fogos de artifícios, em quatro de julho. Braços balançando,
seus passos medidos, seus olhos dourados brilhando, ela navegou pelos currais,
fazendo com que os homens, incluindo Eli Braden, parassem o que estavam
fazendo.
Eli gritou.
— Vá embora!
— Oh!
Sua boca caiu com surpresa, não achava que realmente o acertasse.
Os homens estavam prendendo a respiração até aquele ponto, mas o
olhar atordoado no rosto de Logan os fez cair em gargalhadas uivantes.
— Droga, mulher! — Ele tocou o local para ver se tinha tirado sangue.
Tirou.
— Eu sinto muito.
Ele apontou.
— O que aconteceu?
— Você sabe — ela disse uma vez que ele terminou de falar ao seu lado
—, você realmente não tem muita paciência e provavelmente gritou.
— Você se desculpou?
— Por quê?
— Não.
— Não.
Alanza disse:
Logan sabia que isso era verdade por seus encontros no começo do dia.
Ela acrescentou:
Como ele podia alegar que não tinha gritado quando tinha sido alto o
suficiente para quebrar as vidraças em volta, e o motivo ia além de sua
compreensão, pois esta tinha sido sua primeira lição de direção. Certamente ele
não esperava que lidasse com as rédeas de forma perfeita logo de cara, mas
aparentemente ele tinha essa esperança.
Logan esteve tão ocupado, cantando sobre estar certo quanto a suas
mãos que não lhe deu absolutamente nenhum crédito por não deixar que isso
fosse um impedimento ou uma desculpa, que é o que a antiga Mariah poderia
ter feito.
— Não importa. Nós não nos damos bem, então, para salvar minha
sanidade e a sua, eu seguirei em frente.
— Para onde?
— Eu não sei, mas isso não está funcionando e nós dois sabemos disso.
— Eu deveria ter lembrado que era a primeira vez que você segurava as
rédeas e lhe dar crédito por querer aprender, mesmo com as mãos feridas.
Ela virou-se com surpresa escrita por todo o rosto. Seus olhos roçaram o
galo centrado em sua testa.
— Você me avisou.
— Você?
Ela assentiu.
— E...
Olhou para longe, como se estivesse pensando. Viu uma nuvem passar
por suas feições e perguntou gentilmente:
Logan congelou.
— Não houve casamento, Logan. Eu menti sobre ser viúva para poder
conseguir a posição e fugir.
Ele não tinha ideia de porque se sentia tão exultante, mas começou a rir
baixinho.
— Nada. Só você.
— Mas eu não vou, e vou manter o seu segredo se você decidir ficar.
— Obrigada.
Ele a viu então, sob uma nova luz. Poucas mulheres deixariam a
segurança de suas casas e partiriam pelo país para buscar uma nova vida, sem
saber o que encontrariam do outro lado. Ainda assim, ela se transformou de
rato de igreja em uma mulher muito formidável. Queria saber mais sobre o
relacionamento dela com a mãe, mas decidiu adiar isso por enquanto. Apenas
ouvir aquilo, e saber que era tão ingênua e tão inocente quanto parecia, era o
suficiente para digerir no momento.
— Tudo bem.
— Logan.
— Sim.
— Obrigada, novamente.
Enquanto andava, desejou que Kaye estivesse com ela para experimentar
tudo o que tinha visto e esperava que ela e Carson estivessem bem. Desejava o
mesmo para sua tia Libby. Se não fosse por ela e sua cópia do The Tribune,
Mariah ainda poderia estar na Filadélfia tentando descobrir o que fazer com seu
futuro. Por um momento pensou em sua mãe. Será que lhe importaria a forma
como Mariah estava se saindo? Era impossível saber. Desde que deixou a loja
naquele dia horrível, orava pela mãe todas as noites e prometeu a si mesma que
continuaria a fazê-lo.
— Sim, encontrou.
—Pretendo.
— Eu também.
Como não disse nada sobre isso antes, ela achou sua declaração
surpreendente, tendo em vista que ele não estava legalmente obrigado a
discutir suas idas e vindas com ela, então respondeu:
— Você sabe que eu cobro dois centavos por ler meus jornais sem
comprar.
Era Val.
— Claro que pode. Deixe-me dizer a Curtis que estou saindo por um
tempo. — Curtis Adams era um de seus dois funcionários.
— Mamãe está se sentindo mal, então vou sair amanhã à tarde para ir vê-
la.
— Eu penso que não, mas não terei certeza até chegar lá.
Logan não gostou de ouvir que sua mãe não estava bem, e ficou
desapontado que não pudessem passar mais de uma noite juntos.
Logan assentiu.
— Sim.
— Pobre camarada.
— Comparando-a a você?
— Sim, você é.
Mas ela não tinha planos de casar. Devido às leis que regem as esposas e
seus direitos de propriedade, temia que um marido pudesse ganhar o controle
de seus negócios.
— O que aconteceu com a sua testa?
Logan congelou.
Observou-a estudar um pouco mais antes de voltar para sua torta. Não
gostava de mentir para ela, mas a última coisa que queria era discutir ou ser
lembrado de seu confronto com sua governanta.
— Eu suponho que sim, mas foi contratada para limpar e cozinhar, nada
mais e Alanza disse que o reverendo Dennis perguntou por ela, então talvez ela
o agrade, já que ele está procurando por uma esposa.
Logan duvidou que o reverendo soubesse o que fazer com uma mulher
tão teimosa, mas guardou isso para si mesmo.
— Gostaria muito. Faz tempo desde a última vez que nos vimos. Estou
com saudade de você.
— Que tal eu fazer uma boa refeição na minha casa para não sermos
incomodados.
— Claro!
— Nunca soube que você se importasse com esses tipos de coisas antes.
— A governanta se importa.
Ela o estudou por um momento tão longo que ele quase se contorceu,
mas finalmente redobrou o papel e o enfiou no bolso da saia.
— Tudo bem. Considere isso feito. Vou enviar o pedido para a loja em
São Francisco e não deve demorar mais de uma semana.
— Sra. Yates, você continua agindo como se fosse à empregada e não eu.
— Senhora. Amante.
— Entendo.
— Você pode também saber quem é ela. O nome dela é Valência Stewart.
Ela é dona da maior loja da cidade e, embora seja muito amável e culta, prefiro
que ele se case com outra pessoa.
— E qual é a razão?
— Não é caliente.
— Que significa?
— Calor. Eles se conhecem há anos, mas, para mim, ela não tem a paixão
e a força que Logan precisará em uma esposa.
— Obrigada.
Mariah voltou sua atenção para seu prato e disse a si mesma, que o fato
de Logan ter uma amante não significava nada para ela, porém, uma pequena
voz gritou: — Mentirosa!
Logan estava sentado na beira da cama de Valência com a cabeça entre as
mãos. Ela ajoelhou-se atrás dele e acariciou suas costas gentilmente.
Ele estava envergonhado e com raiva. Nunca tinha acontecido isso antes.
Nunca.
Ele tinha ouvido falar sobre isso acontecendo com outros homens, mas
ele era Logan Yates e estava em seu auge, não era um velho que dançava à
noite, e precisava de um grito para ouvir. Que tipo de homem leva sua amante
para a cama só para não poder fazê-lo?... Executar... Estaria mortificado se não
estivesse tão furioso, como estava, e por isso agradecia por estar escuro e não
conseguir olhar no rosto de Valência.
— Sobre o que?
— Boston.
— O que?
— Irei me casar.
— Com quem?
— Não — ela respondeu baixinho. — Ele acredita que eu sou uma viúva
que vive com a mãe.
Ele suspirou em voz alta. Tinha algo muito errado com ele ultimamente,
tinha sido atingido por pedras, virado do avesso por sonhos com uma mulher
que jurava que nem gostava, e agora isso. Perguntou-se se esse dia poderia
piorar.
— Não é como se você já tivesse me feito uma oferta — ela apontou com
raiva.
Saiu para o corredor de madeira que ligava seu quarto à porta dos
fundos da cozinha e olhou para a lua gigante. A superfície estava manchada de
sombras, contra o céu noturno que parecia perto o suficiente para alcançar e
tocar. Não conseguia se lembrar de ter visto uma lua tão linda em todos os anos
que viveu no leste, e mais uma vez ficou feliz por ter tomado a decisão de
mudar as circunstâncias de sua vida.
— Mudança de planos.
Ela lutou para dominar os arrepios que subitamente reviravam sua pele,
e sentiu a necessidade de explicar por que estava lá fora com sua camisola fina.
Capítulo 10
Depois de sua noite agitada, Mariah ficou grata pelos raios rosados da
aurora, porque isso significava que poderia se levantar. A janela
definitivamente teria que ser consertada, não queria passar mais uma noite
jogando e virando. Na verdade, o calor não foi o único impedimento para um
sono repousante, mas se recusava a pensar nisso. O que quer que a noite
passada significasse, acabaria sendo revelado. A única questão que restava era:
tinha confiança para lidar com o resultado? E ela respondeu a si mesma com
um sim estimulante.
— Sim?
Era Logan.
Ela pulou da cama e rapidamente arrastou seu roupão para esconder sua
camisola.
— Sim.
— Obrigada.
— Eu vou falar com Lupe e pegar alguns ovos para que eu possa
preparar o café da manhã.
Ela assentiu.
— Bom dia.
— Você terá sua chance. Eu pedi seu fogão ontem e uma geladeira.
— Qual é o problema?
— Sim.
— Desculpe — disse, mas não saiu e quanto mais tempo ficou, mais seu
nervosismo foi substituído por aquele estranho despertar.
— Devo pedir desculpas pelo que eu disse a você na noite passada? —ele
perguntou baixinho.
— Eu perdi — ele sussurrou e correu um dedo pelo seu rosto. Estava tão
perto que o calor de seu grande corpo atravessou o tecido fino de sua roupa de
dormir e entrou em seus poros como se ela não tivesse usando nada.
Alguém sussurrou:
— Não, eu estou. Ela não sabe cozinhar no fogo aberto, pelo menos não
ainda. — Logan sabia que estaria recordando o som dela sem fôlego, oh, meu
senhor pelo resto de seus dias.
Alanza perguntou:
Lupe disse:
— Gracias.
— Eu não esperava vê-lo tão cedo — disse ela. —Valência está bem?
— Deixe a água seguir debaixo da ponte agora. — Ele não a amava, mas
se importava e achava que ela se importava com ele em troca. Obviamente, ele
estava errado.
— Sim.
— Você não está voltando seus olhos para ela agora, está?
Toda vez que Alanza ficava chateada ou exasperada, voltava para seu
espanhol nativo e o fazia neste momento.
Sua agitação o fez sorrir para ela com um terno divertimento. Ele tinha
dezesseis anos de idade na primeira vez que fora autorizado a viajar com seu
primo Francisco. Tinha sido um abridor de olhos. Durante um mês, foi
entretido por algumas das melhores cortesãs da cidade. Tudo o que Logan sabia
sobre agradar uma mulher poderia ser diretamente atribuído ao patrocínio de
Francisco. Quando Drew e Noah ficaram velhos o suficiente, também
começaram a passar os verões com ele. Infelizmente, cinco anos atrás, ele foi
colocado para descansar como resultado de um duelo pela desonra da filha
mais velha de um rico Don mexicano. Alanza poderia se arrepender de permitir
a seus filhos essas visitas, mas Logan ficaria grato pelo resto de sua vida.
— Estou indo para o pequeno rancho Wiyot para ajudar nos preparativos
e limpeza da festa de Pena.
Pena Verde, sua afilhada e jovem da tribo Wiyot. A Dança da Vassoura
estava sendo realizado em homenagem a ela por sair de casa para estudar no
Instituto Hampton, na Virgínia.
— Você poderia ir até lá e falar com ela hoje? Ela está com um pequeno
caso de medo e Água Doce está preocupada que possa voltar atrás e não ir.
— Certo.
— E qual seria?
— Deixe Mariah quieta, a menos que você planeje fazer dela sua esposa.
Como ele duvidava que casando com sua governanta obtivesse um bom
resultado, não disse nada.
Quando Mariah se juntou a ele do lado de fora, pode ver uma pequena
fogueira feita em um buraco cercado por pedras. Acima das chamas havia um
pedaço de metal no qual estavam duas frigideiras negras parecidas com as que
ela usava em casa para fritar frango. Uma frigideira continha fatias grossas de
bacon com cheiro perfumado e a outra um bife muito grande.
— O que você costuma comer de manhã? — ele perguntou, virando o
bacon com um garfo de cabo longo.
— E isso significa?
— Que iremos vistoriar as fronteiras do rancho. Precisamos ter certeza de
que as cercas estão intactas para que nosso gado não se perca, e aqueles que não
são nossos fiquem de fora.
— Pode ser quando você possui a maior área de água doce e mais capim
do que os outros. Tem um vizinho que acha que pode pôr seu rebanho para
pastar nas nossas terras porque ele não tem o suficiente.
Seu tom fez com que sentisse que tinha atingido um ponto fraco.
— Reverendo. O que te traz aqui, tão cedo esta manhã? — Pelo jeito que
os olhos do homem ficavam se desviando para Mariah, tinha certeza que sabia
a resposta.
— O prazer é meu.
— Sim, eu sou.
— Obrigada.
— Sim.
Antes que Logan pudesse exalar seu alívio e começar uma tentativa de
apressar Dennis a caminhar, Eli subiu.
— Bom dia. Eu podia sentir o cheiro desse bacon a uma milha de
distância.
— Sim.
Eli ainda estava tossindo e olhando Logan como se nunca o tivesse visto
antes. O que não foi dito foi que, embora Logan tenha generosamente pago a
maior parte dos custos de construção da igreja sete anos atrás, ainda não havia
colocado o pé lá dentro.
— Há algum problema?
— Hum, não. — E olhou para trás e para frente entre Logan e Mariah.
— Eu percebi, obrigada.
Ele continuou:
— Eu sei o quão ocupado você está, Logan, mas eu estava esperando
que você se voluntariasse para estar no comitê e encontrar uma substituta.
— Bem, eu tenho muito que fazer hoje, então, vou indo. — Mas antes,
virou-se para Mariah. — Sra. Cooper, foi um prazer conhecê-la.
Mariah perguntou.
— Sim, ele é. Faz muito para aumentar a igreja e está procurando por
uma esposa.
— É mesmo?
— Sim. Eu tenho que sair e ver Pena Verde, mas voltarei por aqui
quando terminar.
— Eu vou consertar isso mais tarde. — Era mais uma coisa a ser
adicionada à sua lista de tarefas do dia, quando tudo o que queria era estar em
casa com Mariah. — Ah, e obrigado por me fazer derramar o meu café da
manhã.
— Não tive nada a ver com isso. Mas aproveitei a visão do seu rosto.
Que houvesse água quente saindo das torneiras era algo que continuava
a surpreendê-la. Fez uma anotação mental para perguntar a Logan onde a
caldeira estava localizada, e o que seria necessário fazer para garantir que
tivesse água quente sempre que precisasse. Só então lhe ocorreu que não tinha
ideia de onde ele guardava o sabão, mas não importava, havia uma grande
quantidade de baldes, escovas e outros itens de limpeza deixados na varanda
dos fundos depois de organizada a bagunça. Uma busca rápida revelou um
pequeno balde de sabão. Esculpiu um pouco com uma colher, jogou as bolas na
água e usou a mão para girá-la até começar a espumar.
Assim que terminou, guardou tudo nos armários e decidiu fazer faxina.
Uma vez que a casa tivesse móveis e cortinas, teria que lavar as cortinas
semanalmente e limpar diariamente os móveis para livrá-los da fuligem, da
fumaça e do cheiro ruim do querosene.
Ficou tão arrasada com a visão, que queria se juntar a ele na morte, mas
sabia que tinha que permanecer estoica por causa de seus filhos, que estavam
igualmente devastados. Só depois de terem sido colocados na cama foi para a
margem do rio, e lá na escuridão chorou até o nascer do sol.
Max era apenas alguns anos mais velho que ela, e se fosse sincera tinha
que admitir que também era muito bonito. No entanto, após a morte de Abe,
prometeu nunca voltar seu coração para outro homem, não depois dos
resultados desastrosos de seu primeiro flerte com o que ela pensava ser amor.
Gostava de sua companhia, porque fora seus filhos, era quem conhecia melhor.
— Bom dia, Lanz. Bonnie me disse que você estava aqui em cima.
— É o aniversário de Abe.
— Saudades dele.
— Sim. Eu trouxe minhas fitas comigo para fazer algumas medições, mas
estou mais interessado em conhecer essa nova governanta. Imagino que deve
ser uma pistola se quer armários feitos.
— Imensamente.
— E Logan?
— Boa pergunta. Eu acho que gosta dela mais do que está disposto a
admitir no momento. Ela está dando trabalho a ele.
— Bom para ela. Já era hora dele conhecer uma mulher que não se
derretesse em sua boca.
De seus três filhos, Logan às vezes era o mais fácil de ler, mas também o
mais difícil quando se tratava de discernir como se sentia por dentro. Ela
pensou que poderia ser porque ele ficou sozinho por muito tempo depois que
sua mãe morreu no parto e tinha apenas a si mesmo para confiar.
Abe fez o que pôde com sua criação, mas tinha um rancho e cavalos para
cuidar, não dispunha de muito tempo para a criança, então Logan passou seus
primeiros anos com uma variedade de enfermeiras e mulheres que Abe pagava
para ficar de olho nele até que teve idade suficiente para estar no rancho
— Alanza disse que você organizou este lugar em seu primeiro dia.
— O prazer é meu.
— Obrigada, Max.
— Não seja por isso. Então, ele vai reconstruir o barracão também?
Ela assentiu.
— Sobre o que?
Ele montou.
— Nós dois sabemos que você é muito mais esperta do que isso, então
não faz sentido você ficar se fazendo de boba de repente.
Ainda fervendo por não tomar nenhum café da manhã e pela invasão de
Arnell Wiley e suas vacas, Logan deu de ombros e foi para o pequeno rancho
onde sua afilhada, Pena Verde, de quinze anos, morava com os pais. Ela era o
orgulho de seu povo, professores e da comunidade no entorno. Também era seu
orgulho e alegria, e se não pudesse comparecer a Hampton seria decepcionante.
Ela e sua família eram membros da tribo Wiyot, índios que habitavam a costa
da Califórnia. Com a chegada dos espanhóis, seguida pelo influxo das
multidões atraídas para a área por causa da febre do ouro, o modo de vida das
tribos nativas do estado foi irrevogavelmente alterado. Nenhum outro mais do
que a dos Wiyot.
Em 1860, um homem chamado Hank Larrabee, que muitas vezes se
gabava de ter assassinado crianças índias no passado, entrou na aldeia de
Wiyot enquanto os homens estavam fora e massacrou a maioria das mulheres e
crianças. Os poucos que sobreviveram mudaram-se para as tribos vizinhas de
Mattole e Yurok e agora viviam em fazendas, pequenas parcelas dadas a
algumas das tribos como compensação pelo confisco de suas terras ancestrais.
Nos pequenos ranchos, estabeleceram suas próprias leis e foram
autorizados a governar a si mesmos sem a interferência dos legisladores em
Sacramento.
— Bem, Passos Largos. E você? — Seu nome tribal era Passos Largos,
mas no mundo branco se chamava Enoch Redwood.
— Água Doce me faz correr do nascer ao pôr do sol enquanto se prepara
para a Dança da Vassoura. Tenho a honra de ser pai de Pena Verde, mas posso
não sobreviver a isso.
— Diz que sim. É claro que não há nada disso e me recuso a deixá-la
desistir, mas Pena é minha única filha e sempre teve meu coração, então estou
disposto a deixá-la decidir.
O nome cristão de Penna era Louise. Ambas, Pena e sua mãe, eram
pessoas de gênio forte. Logan havia desempenhado o papel de pacificador
antes.
— Me deseje sorte.
— Você sabe que eu desejo. Você vem para o Dança da Vassoura amanhã à
noite?
Ele assentiu.
— Você sabe que vou precisar de uma razão melhor do que isso, então
tente explicar para mim, se puder.
— Você nem era grande o suficiente para ver o topo da mesa de jantar,
mas tinha a sua opinião inventada e nos disse que não ia à escola porque seus
pais e seus irmãos estariam sozinhos sem você. Lembra-se?
Ele colocou os braços ao redor dos ombros dela e puxou-a para perto.
Ela se afastou.
— Mesmo?
Ele endureceu.
— Quem é o Carlos?
— Sim.
— Não.
— Mas...
— Eu sei.
Pelos próximos minutos, ela não disse nada, mas ele podia dizer pelo seu
rosto contemplativo e pela maneira desavisada que ela estava pensando
profundamente. Finalmente olhou por cima e disse:
— Acha mesmo?
— Estou surpreso que você lembre. Você não poderia ter mais de quatro
verões.
— Então, e Hampton?
— Eu acho que estou indo embora. Ainda estou com medo, mas falar
com você fez tudo parecer bem. Obrigada.
— Claro.
— Eu vou perguntar se ela quer vir. Ela pode gostar de conhecer a todos.
Ele olhou nos olhos escuros da jovem que uma vez se encaixava na dobra
de seu braço e falou de seu coração.
— Você vai longe, na vida, Pena. Mais do que qualquer um em sua tribo
já foi antes, então vá para a Virgínia e chute um pouco de traseiros por lá, por
você, por seus pais e seus antepassados que nunca tiveram essa chance, Está
bem?
— Eu vou.
— Boa menina.
Cavalgando para casa, sentia-se bem. Decidiu não parar e amaldiçoar
Arnell sobre sua invasão porque não queria arruinar seu humor, mas também
porque era o aniversário de seu pai, parou no cemitério.
Porque a mãe de Logan morreu ao dar à luz, nunca a viu. Conheceu seu
pai bem o suficiente para saber que sentiria falta do velho vaqueiro pelo resto
de sua vida. Colocando a mão em cima da grande lápide em forma de cruz,
Logan sorriu.
— Pare! —ele congelou. Ela estava na sala de joelhos com uma escova na
mão. —Eu estou esfregando o chão. A porta ainda está molhada.
As mangas de sua blusa estavam enroladas e alguns botões tinham
desabotoado, exatamente os que ele desejava retirar para se deleitar enquanto
trabalhava. Havia suor em sua testa e um tapete sob os joelhos para amortecer
sua posição. Ele nunca tinha visto uma mulher tão bonita.
— Sim.
— Não.
— Você pode voltar a fazer mais tarde. Não faz sentido cair de fome.
— Eu tenho um plano.
Ele gostava de brincar com ela e queria continuar, mas era impossível,
com ela atarefada.
— Não, porque você passaria por cima de mim como uma cavalaria.
Ele a reconhecia tanto por sua beleza, como pelos pequenos espetáculos
de força, que lhe pareciam igualmente intrigantes.
— Tudo bem. Você cuida dos baldes. Eu vou pegar a carroça e te esperar
na frente.
— Não.
— Então onde?
— É uma surpresa.
— Dê à senhora um charuto.
De certa forma, era cativante, mas não o suficiente para fazê-la mudar
sua postura.
Sim, seus beijos fizeram coisas que ela nunca teria sequer imaginado,
mesmo agora seu corpo ainda ardia com lembranças escandalosas. No entanto,
recusava-se a brincar de amante quando poderia haver um homem em algum
lugar que gostaria que ela fosse sua esposa. Queria ser valorizada e amada,
duas coisas que faltavam em sua vida, e não achava ridículo ou errado que uma
mulher de sua idade tivesse tais sonhos.
Quando o lento e acidentado caminho através da pastagem aberta
começou, deu-lhe alguns rápidos vislumbres de seu rosto, e ela pode perceber
que ele continuava com aquela expressão taciturna por ter sido ignorado, e ela
riu suavemente.
Seu conjunto hoje era uma saia de couro preta que terminava no meio da
panturrilha sobre botas pretas altas. Sua jaqueta curta, feita de feltro preto
bordado, era usada sobre uma blusa branca de mangas compridas com folhas.
Cobrindo o cabelo estava outro elegante chapéu espanhol que amarrara
embaixo do queixo.
Seu olhar escuro manteve-a cativa por alguns segundos antes dele se
virar e subir de volta ao seu lugar.
Mariah ficou feliz em receber notícias de sua tia e em saber que seus
pertences estavam a caminho. Ler sobre sua mãe, no entanto, trouxe-lhe um
suspiro de frustração e tristeza.
— Tudo bem? —perguntou Alanza, gentilmente.
— Só minha mãe.
— O que é um caro?
— Uma cesta que se parece com um tubo. Tem cerca de quatro galões.
— Os americanos foram tão cruéis com essa tradição que ela morreu. Eu
lhe digo isto para que você saiba que se precisar de ajuda, foi assim que fui
criada para fazer. Está no meu sangue, por assim dizer, então venha até mim se
precisar.
— É um assunto sério?
— Ele aparentemente acha que é. Você tem que me prometer que não vai
dizer a ele que nós falamos.
— Eu prometo.
— Ele está fazendo beicinho porque eu disse para tomar seus beijos em
outro lugar, se eu puder ser tão ousada.
— Você esperava que eu castigasse você por contar o que ele estava
precisando ouvir? As mulheres levantam suas saias para ele muito facilmente.
Com Andrew Antonio é do mesmo jeito.
— Isso é para você, amiga. Eu gostaria de ter lhe contratado para ser uma
companheira para mim em vez de sua governanta. Nós nos daríamos bem
juntas.
— Deixei uma amiga muito amada na Filadélfia e sinto muita falta dela.
— E isso é?
— Eu menti sobre ser uma viúva para que eu fosse considerada para o
cargo.
— Logan sabe?
— Então você pode colocar minha promessa ao lado da sua. Estou feliz
que você tenha mentido. Se você não tivesse, não estaria aqui.
Mariah estava tão agradecida por essa mulher tão pouco convencional.
— E agora que isso está resolvido, você deve realizar seus jantares
comigo e Bonnie até que Logan receba um fogão.
— Você é muito gentil. Espero que não tenha que me impor por muito
tempo. – Contou sobre o pedido de Logan por roupas para sua afilhada. —
Minha máquina de costura deve estar aqui em breve e, uma vez que esteja,
posso tirar suas medidas e começar a fazer os moldes.
— Sim.
— De quais tipos?
Mariah contou-lhe sobre seus desenhos de vestidos e roupas de dormir,
vestidos de dia e tudo mais, e como sua mãe muitas vezes vendia seu trabalho
para as costureiras bem-sucedidas da Filadélfia.
— Meu Deus. Eu sabia que você era uma excelente costureira, mas não
fazia ideia de que pudesse fazer tanto. Você também costuraria para mim?
— Casar. É por isso que não vou permitir que Logan me seduza.
— Eu sei que sou considerada velha demais, mas quero ter minhas
crianças, e amá-las da maneira que minha mãe nunca me amou.
— Venha sentar comigo na varanda e vou lhe contar por que vim para a
Califórnia.
— Pobre de você, querida. Como uma mãe pôde ser tão cruel?
— Certo.
— Amada.
— Ele é doce com uma mulher que o chutou no joelho e o atirou uma
pedra em sua testa.
— Fico feliz em ver você também, irmão. Eu pensei em vir cedo para a
festa de aniversário da mamãe. Talvez fique uma semana ou duas depois.
Logan o ignorou.
Eli desmontou e tirou dois pares de luvas do alforje. Jogou um par para
Drew e os três foram para o trabalho.
Logan bateu nas costas dele muito mais forte do que o necessário, mas
não ofereceu uma resposta verbal.
— Você nunca vai à igreja. Eu, pelo menos, vou no domingo de Páscoa.
— Qualquer mulher que tenha mexido tanto com você em menos de uma
semana, não posso deixar de conhecer. E estou apostando que ela não vai atirar
pedras em mim! —Ele subiu na sela e galopou para longe.
Não tinha ideia do que Drew pretendia, mas viu seu irmão deslumbrar
mais do que algumas mulheres com seus modos espanhóis corteses e seu
distinto diploma de direito. Mariah não tinha sido movida por seus próprios
encantos lendários e duvidava que fosse por Drew também, mas seria
amaldiçoado se ela ficasse com seu irmão ao invés dele.
Puxando sua égua para uma caminhada, Alanza foi para casa. A história
de Mariah ainda estava em sua mente. Achou o tratamento da mãe inconcebível
e só podia imaginar o quão doloroso deve ter sido crescer sem amor e sem
entender o motivo. Alanza crescera adorada por seus pais, especialmente por
sua mãe. Ela somente foi castigada, quando suas maneiras voluntárias
quebraram seus corações. No entanto, Mariah tinha sido castigada por
circunstâncias em que não tinha a menor culpa.
— Eu sei.
Mais risadas
— Obrigado, Eli.
Drew partiu. Logan não tinha certeza de que tipo de recepção ele teria,
mas entrou.
Mariah decidiu que teria que lavar a roupa em breve, porque estava com
a última peça limpa. Quando tirou as roupas que usava para esfregar, balançou
a cabeça ao lembrar-se da briga entre Logan e seu irmão. Nunca tinha visto
nada parecido antes em sua vida e se perguntou se era algo que eles faziam
frequentemente. Não tinha resposta, mas decidiu que era uma maneira muito
estranha de receber alguém em casa.
— Mariah?
Era Logan na porta dela.
Ela se aproximou e abriu.
— Sim. — Ele estava uma bagunça. Suas roupas estavam enlameadas,
tinha o lábio rachado e inchado, e um olho enegrecendo.
—Vou me limpar para podermos ir jantar com Alanza.
—Tem certeza de que ela vai te alimentar depois dessa apresentação?
Ele sorriu.
— Drew e eu nos perguntamos a mesma coisa. Esperamos que ela tenha
se acalmado quando chegarmos.
— Vocês dois brigam assim com frequência?
— Nós crescemos brigando, mas raramente o fazemos agora que
crescemos.
Mariah queria perguntar por que haviam brigado, mas na verdade, não
queria saber.
— Foi uma maneira interessante de ser apresentada.
— Eu percebi. Alanza costumava acabar com nossas brigas com seu
chicote da carroça, por isso sua água foi novidade, no mínimo.
— E o seu irmão mais novo, também participava dessas coisas
gratuitamente?
— Às vezes, mas na maioria das vezes não. Era o bebê, pegá-lo realmente
teria nos chicoteado. Espero que não tenhamos te assustado.
— Não.
— Bom. Os irmãos podem ser voláteis às vezes, mas nos importamos
profundamente um com o outro, mesmo que nossas ações pareçam o contrário.
— Sempre quis ter um irmão ou uma irmã e esperava que os homens de
Yates estivessem cientes de quão abençoados eram por ter tanto
companheirismo quanto amor.
— Quando eu terminar de limpar terá água suficiente para você tomar
um banho também.
Depois do ato selvagem e lamacento, um banho soou como algo
celestial.
Mariah foi até Alanza e pegou emprestado com a governanta, não apenas
uma grande quantidade de papel pardo, mas também uma fita métrica e uma
tesoura afiada. Enquanto conversavam, Alanza entrou e se ofereceu para levar
Mariah em casa, para que não tivesse que ir a pé carregando tudo.
— E a reação dele?
— Ele não está acostumado a ser rejeitado, mas vai superar isso.
— E isso seria?
Mariah não disse nada. Tudo o que queria era um longo banho na
banheira.
Alanza mostrou a caldeira e como colocar água no receptáculo de metal
baixo e achatado e como acender os carvões embaixo, de modo que as bobinas
conectadas transferissem a água aquecida para o grande tanque de
armazenamento.
— Dê uma hora ou mais e você deve ter o suficiente para o seu banho. E
misture um punhado de sais de banho. Isso sempre me faz sentir melhor.
— Não. Talvez uma vez que eu seja paga e tenha meus próprios fundos.
— Não queria ficar em dívida com Logan ou com qualquer outra pessoa por
algo tão trivial quanto sais de banho. Assim que fosse paga, consideraria
adicionar a frivolidade que Alanza achava que todo mundo precisava, mas até
então não.
— Saia!
— Fora!
Ele rapidamente tentou inventar algo para dizer que lhe permitisse ficar.
Mesmo de costas, ainda podia vê-la.
— Isso não é engraçado! Você pode ser um cavalheiro pelo menos uma
vez?
Mas ele não precisava falar sobre isso. A lembrança era tão clara quanto à
estrada à frente.
A jovem sorriu.
— Está tudo bem. A resposta é sim. Você gostaria de uma para você?
— Eu adoraria. O tio Logan disse que você é uma ótima costureira e que
pode fazer algumas coisas para eu levar para a escola.
— Será um prazer.
— Foi um prazer.
— Sim, eles são. Se eu tivesse uma filha, eu gostaria que fosse como Pena.
Mariah foi apresentada a tantas pessoas que tinha certeza de que nunca
se lembraria de todos os nomes, mas elas a saudaram com sorrisos e gentileza e
isso a deixou satisfeita.
— Vamos encontrar Alanza. Eu vou deixar você com ela para que
ninguém pense que você está aqui no meu braço.
— Obrigada.
— E nessa nota, acho que vou me juntar ao meu irmão no exílio — disse
rindo.
Ela e Alanza estavam conversando sobre onde poderia montar sua sala
de costura quando o reverendo Paul Dennis se aproximou.
— Estou vendo alguém com quem preciso falar. Reverendo, você pode
vigiá-la por um momento? — disse Alanza.
— Eu ficarei honrado.
— Eu adoraria.
— E você?
— Posso perguntar por quê? — Mariah não tinha planos de estar com
alguém que lhe negasse a chance de fazer o seu próprio caminho na vida, não
importava o quão bonito ele fosse. Se não quisesse fazer nada além de tarefas
domésticas, teria ficado na Filadélfia com a mãe.
— Não, não seria. Para ser sincera, gostaria de conhecer você melhor.
Logan o ignorou.
— Uma garota não pode dar errado com um pregador, ou pelo menos
assim me disseram.
Como não podia dizer para a mãe calar a boca também, não disse nada.
Ela acrescentou:
— Só fechando o inferno!
Logan atirou nele o mesmo olhar que deu a seu irmão um momento
antes, então, calmamente, tirou o prato da mão de Eli e se afastou.
— Ei!
Logan não sabia o que fazer com Mariah, mas ela e Dennis estavam
conversando por quase uma hora, tava na hora de encerrar essa conversa. Alto
e confiável, aproximou-se e disse a Dennis:
— Como?
— Por quê?
— Jantar. Mesmo?
Ele concordou, e uma vez que isso foi feito, colocou-a na charrete e foram
embora.
— Você é bem-vinda. — Ele não conseguia afastar sua irritação por ela
ter aceitado o convite para jantar com Paul Dennis.
— Agora me diga — ela falou —: você mentiu para Paul sobre o homem
que quer doar para a igreja?
— E se eu tiver mentido?
— E?
— Então estou supondo que você não vai me deixar preparar um banho
quente para que eu possa fazer amor com você como eu queria esta tarde.
— Tem certeza?
— Não.
— Era uma noite de lua cheia, como esta. O tempo estava quente.
Ele riu.
— Eu não quero nem pensar, pois esta é uma conversa muito egoísta,
você não acha?
— Por quê?
— Porque desde que você é uma autoridade, eu quero que você me
mostre o que eu preciso para julgar num futuro marido, e se ele não souber, eu
gostaria de poder ensinar-lhe o que precisa saber.
— Você quer que eu faça amor com você para que você possa ensinar
outro homem?
Sua voz cheia de calor brilhou como um relâmpago sobre sua pele. Ela
nunca tinha feito nada tão descarado antes, mas começou. Algo dentro dela
exultou com a ideia de poder excitá-lo tanto quanto ele a excitava. Então,
lentamente desfez a série de laços que mantinha seu espartilho fechado.
Quando terminou, ele afastou as metades para o lado e cumprimentou os seios
expostos com suaves lambidas, chupadas e mordidas. Aquilo a fez voar. O
tambor do desejo pulsou entre suas coxas. Como se ele pudesse ouvir a
cadência, deslizou a saia até as coxas e tocou-a através de suas calças. O
orgasmo a despedaçou como cacos de vidro, e seus gritos torturados encheram
o caminho escuro.
Logan sabia que se não tivesse essa mulher, certamente morreria, mas
prometera não comprometer sua inocência e ele se considerava um homem de
palavra, embora nesse momento, tudo que conseguia pensar era empalá-la
lentamente e fazê-la cavalgar em sua ereção até o amanhecer. Mas não seria
certo. Sua primeira vez não deveria acontecer no meio do campo. Então se
contentou em observar seu clímax e saborear o gosto de seus mamilos em sua
boca.
— Não.
Com uma expressão de adoração, ele correu um dedo por sua bochecha.
— E a sua inocência?
Logan era um homem grande, mas também era muito habilidoso na arte
do amor e usou essas habilidades ao máximo. Com movimentos lentos, entrava
e saia, provocando-a, enchendo-a, até que ela começou a se movimentar em seu
ritmo. Deus sabia, ele queria atacar seus portões com tudo o que tinha, pois o
beijo, seus mamilos doces e rijos, tudo isso aumentava sua necessidade, mas a
lenta conquista era necessária. Quando finalmente empurrou, ficou quieto por
um momento para deixá-la se acostumar com o tamanho e a sensação dele.
Com ela envolvendo-o com tanta força, não se mover era uma das coisas mais
difíceis que já tinha feito, mas respirou instável e segurou.
Por um momento Mariah sentiu uma pontada de dor, mas estava tão
excitada que tudo que conseguia pensar era: o quão bem ela se sentia nesse
momento e nos carinhos que baniam toda a dor e intensificavam sua fome de
desejos. Acariciou seus braços tensos e instintivamente trancou seus tornozelos
em torno da cintura dele. Então, ele aumentou a força e o ritmo, fazendo-a
querer tudo o que tinha para dar. Gemendo, levantou os quadris e de algum
lugar no fundo de sua alma o orgasmo se elevou, rápido e quente. Ela ouviu-se
chorar apenas alguns segundos antes de seu corpo se desfazer em pedaços. Um
segundo depois, ele estremeceu, e seu grito misturou-se ao dela. Ondas de
sensação os inundaram de novo e de novo, até que finalmente, ambos caíram
lentamente de volta à terra.
— Eu estou.
— Eu gostei. Muito.
O pensamento dela usando o que tinha experimentado com ele esta noite
para compartilhar paixão com outro homem o incomodava mais do que queria
admitir ou enfrentar.
— Que tal aquele banho agora? — ele perguntou como uma maneira de
escapar de seus pensamentos perturbados.
— Excelente ideia.
— Volto logo.
No entanto, estava preocupada que ele achasse que havia oferecido sua
inocência como meio de extrair uma proposta de casamento. Tinha que ser
honesta consigo mesma e admitir que seus sentimentos por ele, sem dúvida,
equivaliam ao amor, mas não seria ingênua o suficiente para acreditar que
admitir isso a ele serviria a qualquer propósito. Em vez disso, selou a noite
deles em um lugar especial em seu coração e a deixou lá.
— Arrependimentos?
Não tendo certeza do que ele estaria pensando, ela repetiu a pergunta.
— Arrependimentos?
— Não.
Ela correu para onde ele estava sentado. Encorajada por ele e o prazer
que compartilhavam, ficou de joelhos e segurou seu rosto.
— Pare com isso — disse ele, respirando fundo. Logan percebeu que ela
estava gostando do jogo, isso o excitou ainda mais, mas ela iria ficar dolorida e
não seria capaz de andar se não colocassem um fim nessas brincadeiras.
— O desmancha-prazeres.
Ele riu. Ela separou suas coxas, dando-lhe acesso aos segredos ali
escondidos.
— Sim.
— Centenas.
Ela olhou.
— Verdadeiramente?
Ele assentiu.
— Mostre-me outro.
Ele riu em voz alta.
— E de quem é a culpa?
— Oh, Logan.
— O que, querida?
— Tenho.
— Apenas oito.
Ele deu-lhe tanta alegria na noite passada, e agora, embora planejasse
continuar com sua vida, nada seria o mesmo. Enterrando a pequena tristeza e
— Eu quero, obrigada.
— Ou o que?
Logan perguntou a si mesmo, se foi assim que as mulheres que tratou tão
casualmente, durante a maior parte de sua vida, se sentiram quando foram
abandonadas por ele. Embora fosse homem o suficiente para aceitar sua decisão
de que seria apenas a noite passada, ele realmente queria chutar e gritar como
um garotinho até conseguir o que queria. Acrescente a isso o conhecimento de
que em algum momento no futuro ela estaria compartilhando seu corpinho
sensual com outro homem, estava decididamente infeliz, mas manteve tudo
mascarado. Como havia apontado antes, nunca em sua vida implorou a uma
mulher por sua afeição, embora neste momento essa beleza de olhos dourados o
deixasse à beira de fazer exatamente isso. O que lhe deu esperança, no entanto,
foi que eram bons juntos. Ele lhe daria alguns dias para deixar o desejo
aumentar e então a reivindicaria.
— O prazer foi meu. Vejo você do lado de fora para o café da manhã. —
Embora tivesse esperança de fazer amor com ela esta manhã, deixou a cama
sem tocá-la. Nu, foi até a cômoda vestir roupas limpas.
Ela perguntou-lhe.
Sorrindo, observou-a sair. Depois de se vestir, foi até a cama para tirar os
lençóis. Parou no meio do movimento ao ver as pequenas manchas de sangue.
Ela deu-lhe sua inocência. Se isso não fizesse uma aliança entre eles, não sabia o
que faria. Tirando os lençois da cama, disse em voz alta:
— Sim, obrigada. — Ela pegou seu prato e sentou-se na grama. Meio que
esperava que se juntasse a ela enquanto estava na banheira. As partes pensantes
e mais sãs de si mesma estavam contentes por ele não ter ido, enquanto as
partes dela excitadas por sua exibição masculina estavam decepcionadas.
Entender essas duas forças opostas era outro enigma que enfrentava. Decidiu
por um momento se concentrar em comer, e fez exatamente isso.
Ele assentiu.
Ela queria fingir ignorância, mas simplesmente estar perto dele fez seus
mamilos endurecerem em resposta.
Bonnie saiu.
— Sim, Bonnie.
— Sim, obrigado.
Ele pegou seu café preto e enquanto mexia para ajudar no resfriamento,
Alanza perguntou:
— Fui buscar alguns materiais que pedi de San Francisco e Jess Hopkins
perguntou se eu os traria. — Jess era um porteiro na estação e um velho amigo.
— Espero que contenha sua máquina de costura. Muitas mulheres estão
requerendo seus trabalhos. Senti sua falta na festa de Pena na noite passada.
Então, nos próximos momentos, contou a ele sobre a festa, quem estava
lá, quem não estava e o que ouviu através das fofocas. Falou de Mariah sentada
com o reverendo Dennis, e como todos estavam orgulhosos da convidada de
honra.
Ele assentiu.
— Não seja rude — repreendeu Alanza. — Drew, você é mais que bem-
vindo sente e se se junte a nós.
— Vou deixar meus irmãos saberem que você tem nossas bênçãos.
— Andrew!
— Sim.
— Bom dia! Vim ver se você precisa de alguma ajuda antes de eu ir a São
Francisco.
— Eu estava esperando obter alguma ajuda hoje, mas você não está
exatamente vestido para o trabalho manual.
— Não, eu não estou. Apenas ofereci minha ajuda para ser educado.
Logan riu.
— Max está com a mamãe. Eu aposto que ele ajuda se você o pegar antes
que saia. — Então disse a Logan sobre a declaração de Max.
— Sim, é verdade.
Logan riu.
— Só quero ter certeza de que não tem problema para você. Não que isso
importe.
— Não estamos mais discutindo a cada cinco minutos, se é isso que você
quer saber.
— Ouvi dizer que o reverendo passou algum tempo com ela na festa de
Pena na noite passada.
— Passou.
Mariah ficou tão satisfeita com a chegada de seus caixotes que poderia
ter beijado o Sr. Rudd por sua gentileza em entregá-los.
— Muito obrigada.
Ela se acalmou.
Docinho!
— Eu não vou.
Uma vez assegurado que estava sentado, ela praticamente correu para os
fundos da casa.
— É ele?
— Ele está na varanda da frente. Diz que veio me visitar para conversar
sobre casamento.
— Ele é são?
Max riu.
— Mas também tem dois dos garotos mais mal-educados do estado. Eles
têm nove anos agora. A sua mãe morreu quando ainda eram bebês. A última
esposa de Silas partiu há cerca de um ano.
— Vamos ver. Os garotos fugiram três, talvez quatro? — Ele olhou para
Logan como se estivesse procurando ajuda com sua memória.
— Oh, meu!
Logan tocou seu chapéu e, um segundo depois, ele e Max saíram pela
porta dos fundos.
Ela não se divertiu. Um, Silas Cook, referia-se a ela como docinho, e dois,
quando lhe disse que estava lisonjeada com a proposta dele, mas desinteressada
em se tornar sua próxima esposa, ele se recusou a levá-la a sério.
Mariah fechou os olhos e contou até dez. Quando os abriu, ele deu uma
piscadela.
— Sim.
— Meu nome é Beattie McDowell. — Ele tinha os olhos mais gentis que
já tinha visto.
— Achei que você diria. — Mas ele não parecia zangado ou apagado. —
Estar em sua presença tem sido mais que suficiente para fazer o dia deste velho
homem, adorável senhora.
Conversaram um pouco sobre o clima e seu trabalho na igreja. Parecia
contente em ouvir que ela iria estar lá no domingo.
Deu-lhe um aceno de cabeça e saiu para pegar sua carroça. Então, ela
entrou novamente na casa com um sorriso.
— Ela era a melhor mulher na face desta terra — explicou. —Se foi há
oito anos, mas sempre será a primeira em meu coração.
Isso não era algo que uma esposa em potencial queria ouvir, mas Mariah
não disse nada. Achou que seria melhor deixar alguém realmente interessado
em suceder Maebelle.
— Estou muito lisonjeada pela sua oferta, Sr. Rose, mas não acho que eu
seria capaz de chegar aos sapatos da sua Maebelle.
— Não conheci uma mulher que pode. Pelo menos você é honesta. —Ele
se levantou. — Obrigado pelo seu tempo, Sra. Cooper. Dê a Logan meus
cumprimentos.
— Darei.
— Sim.
Logan sorriu.
— Dex Sawyer.
— Sim. — Ela rezou para que essa não fosse outra proposta, mas sabia
que a oração não seria respondida.
— Você pode vir aqui por um minuto? Tenho uma música para você.
O brilho de humor em seus olhos fez com que Mariah quisesse tapar suas
orelhas, mas voltou sua atenção para o trovador.
Ele dedilhou o banjo com mais força do que talento, e ao som de: —Oh!
Susana. cantou em voz baixa.
— Oh! Mariah. Você não vai casar comigo?
Eu venho aqui com meu banjo, então, por favor, diga que você vai concordar!
Ela fechou os olhos por um momento. Quando os abriu, ele ainda estava
lá parecendo tão ansioso quanto antes.
— Então, o que você acha? — perguntou como se ela pudesse dizer sim.
— Eu posso lhe dizer que estou muito lisonjeada, mas vou me retirar
agora. Obrigada pela visita.
Ela se levantou.
Uma lembrança de algo que não pensava há anos, e com isso veio uma
dor antiga.
— Uma vez eu estava tão doente que o médico teve que ser chamado. Ele
disse o remédio que tinha para mim em sua bolsa e ela perguntou o preço.
Quando ele citou, achou muito caro, então perguntou o que aconteceria se eu
simplesmente ficasse sem. Lembro dele olhando para ela por um longo tempo e
depois para mim na cama. Ele pegou a bolsa, deu o remédio sem pedir o
dinheiro e foi embora.
— OK.
Logan ficou lá muito tempo. Estava dividido entre encontrar sua mãe e
amarrá-la em um formigueiro no deserto, ou pedir a Mariah que se casasse com
ele agora. Esperaria por um momento melhor. Ele se recusava a viver o resto de
sua vida sem ela. Ele, que toda a sua vida adulta evitara o casamento, de
repente se encontrava determinado a casar com uma mulher que conhecera há
Ele estava.
— Não achei que você voltasse agora. Ela escolheu algum deles?
Max riu.
— Mesmo?
— Sim, mas ela ainda não sabe. — Logan continuou a pensar qual seria o
momento correto.
— Sim.
— Boa sorte.
— Obrigado.
Uma vez que Mariah deixou tudo de lado, seu humor ainda sombrio foi
levantado por uma surpresa que encontrou dentro de uma pequena caixa de
madeira enfiada no fundo de uma das outras caixas. A abertura da caixa
Querida Mariah,
Eu sei que faz apenas alguns dias que você se foi, mas eu sinto terrivelmente sua
falta. Estou certa que nos encontraremos novamente. Carson continua a me amar e
estamos envolvidos com os preparativos para o casamento. Obrigada do fundo do meu
coração pelo meu vestido. Eu sei que te agradeci incessantemente antes de sair da
Filadélfia, mas parece que não posso parar. Por sua causa, eu serei uma noiva muito
bonita. Espero que você esteja bem e que a Califórnia seja ainda melhor do que você
esperava. Por favor, me escreva de volta assim que puder. Estou ansiosa para ler sobre
tudo o que você está fazendo e vendo.
K.
Querida Mariah,
Espero que esta carta te encontre bem. Eu não tinha ideia de que você saíra da
Filadélfia até depois que você se foi. Ao conversar com sua mãe, ela expressou sua
preocupação de que você fosse atraída por fontes nefastas. Sua preocupação afetou seus
negócios e minha mãe se preocupa que o vestido escolhido para o meu casamento não
esteja pronto se sua mãe não encontrar a paz. Então, para garantir que tudo corra bem
para todos os envolvidos, concordei em acompanhar sua mãe para a Califórnia, para que
possamos trazê-la de volta à Filadélfia, que é onde você pertence por direito.
Sempre seu,
Tillman Porter
Logan voltou para casa com quatro peixes gordos para o jantar e um
desejo ardente pela mulher com quem planejava se casar. Depois de desatrelar a
parelha da carroça e transportá-la até o pasto, pegou o balde com os peixes e fez
a caminhada de volta para a casa. A visão dela sentada na cadeira em seu pátio
encheu seu coração de sol, esta era a visão que ele desejava ter por toda vida.
Ao se aproximar, viu que ela estava zangada, seus olhos dourados pareciam
estar lançando fogo. Imaginando o que fez para merecer uma recepção tão
furiosa, diminuiu os passos, e decidiu enfrentá-la de frente.
— Leia isso.
— Ele está trazendo sua mãe, para que possam levá-la de volta para a
Filadélfia e fazer para a mãe dele um vestido?
— Alanza não vai reagir bem ao ser chamada de uma fonte nefasta.
— Excepcionalmente.
— Então para por fim em tudo isso, vou pedir que ela atire em Tillman
quando ele chegar.
— Gostaria.
— Então vamos.
Depois que comeram, mostrou-lhe como lançar pedras. Ela levou algum
tempo para descobrir o ângulo certo para fazer as pedras deslizarem pela
superfície da água, mas assim que ela dominou o lançamento, vibrou de alegria
e ele ficou feliz com a felicidade dela.
— Eu nunca fiz nada parecido antes. Não havia tempo para brincar
enquanto eu estava crescendo.
— Então eu vou ter que me certificar de que você tenha tempo agora.
Logan estava tão revoltado com essas revelações que nem sabia o que
dizer. Mesmo nos anos difíceis, sua família sempre comemorava. Que a mãe
dela não desse importância a sua data de aniversário era demais.
Mariah o achou muito gentil por querer conceder-lhe tal presente, mas
admitir que nunca teve uma festa era embaraçoso no sentido de que mostrava o
quão pouco sua mãe pensava nela. No entanto, escolheu não insistir nisso.
Tinha uma nova vida agora.
Tomando-a pela mão, ele a levou para longe do banco e de volta para o
gramado onde tinham comido.
—Deite-se.
Ele riu.
— Você não pode ver as nuvens se não se deitar. Eu não tenho motivos
nefastos. Eu juro.
— Não.
— Não, você não tem. Vamos ver. Você limpou todos os andares da casa
em menos de uma semana. Você é uma mulher muito preguiçosa.
Ela riu baixinho. A facilidade com que a conversa fluía entre eles, lhe fez
se perguntar se como casal seria assim. Tinha sido uma tarde animada,
lançaram pedras, deitaram na grama e discutiram humoristicamente se as
nuvens se pareciam com cabras ou elefantes. Ela sabia que não teria feito algo
assim com Tillman Porter, pois ele era perfeitamente inapropriado para perder
tempo com tal tolice, mas agora, por causa de Logan, queria um marido que
gostasse de um pouco de idiotice de vez em quando.
— Não?
— Não, eu era muito pobre e meus olhos eram muito estranhos. Ela
achava a ideia de ter netos que pudessem parecer comigo, terrível e Tillman não
gostava o suficiente de mim para ir contra ela. Quando saí da Filadélfia, ele
havia anunciado o seu casamento com uma mulher de Boston.
— Sim.
— Não até que eu lhe chicoteie com a língua afiada que recentemente
conquistei. E para o bem dele, espero que não haja pedras por perto.
Não estava ansiosa para o confronto com sua mãe. Rezou para que
resolvessem rapidamente e assim pudesse continuar com sua vida.
Ele perguntou:
Ele sentou.
— Desde que o seu castelo de nuvens foi a melhor forma do dia, eu
declaro você a vencedora, e os vencedores merecem uma coroa, então vamos lá.
— Sente-se — instruiu.
Ela estendeu a mão e gentilmente tocou sua coroa. Ninguém nunca tinha
feito uma coisa tão doce por ela. A emoção engrossou sua voz.
— Obrigada, Logan.
— De nada.
— Seus olhos são tão bonitos quanto o resto de você — ele sussurrou.
— O reverendo.
Ele riu.
— Uma semana atrás eu não queria. Agora eu quero, mas só com você.
Então o que você diz? Você quer se casar comigo?
Ela riu.
— Então, é sim.
Voltaram para casa, se beijando por todo o caminho. Ele levou-a para seu
quarto, lentamente livrou-a de tudo, exceto de sua coroa de flores, e fizeram
amor apaixonadamente até que nenhum deles pudesse se mover.
— Como estou?
— Bem o suficiente para que eu queira lhe comer. Você fez o vestido?
Ela assentiu.
— Estou impressionado.
Cavalgaram para a igreja em uma carroça preta que não havia usado
antes. Ele explicou que pertencia a Alanza e ela só usava em ocasiões especiais.
Uma vez que os portões foram abertos, ele os encaminhou para a estrada
principal.
Logan achou que ela estava muito atraente em seu conjunto azul e
chapéu de penas, ele sabia que os homens da igreja concordariam. Não estava
ansioso para as observações sarcásticas em torno de sua participação mais do
que todos os olhos masculinos voltados para ela. Ansiava por deixar claro que
planejavam se casar, e isso o fez sorrir.
Chegaram à igreja pouco antes das dez. Logan conduziu a carroça para o
campo aberto adjacente a ela, que estava cheio de vagões e carroças
estacionados e dos seus respectivos donos. A chegada deles atraiu muito
interesse, podia-se perceber pela maneira como as pessoas paravam e olhavam
em sua direção. Suspirando e determinado a ser agradável e não latir para
ninguém, estacionou e ajudou-a a descer.
Mariah olhou para ele e recebeu um sorriso. Queria dizer que iriam se
casar, mas decidiu deixá-lo fazer o anúncio quando estivesse pronto.
— Ele está.
— Bem, olá. Você deve ser a nova governanta de quem todos estão
falando.
— Prazer em conhecê-los.
Ambos acenaram com a cabeça, mas Felicity não ficou para conversar.
— Venha James. Parece que a igreja está lotada e eu não quero ter que
lutar para conseguir um lugar.
Ele não recuou, mas quando partiu, deu uma piscadela corajosa para
Mariah.
— Se Felicity tivesse visto essa piscadela, ele não seria capaz de enxergar
por uma semana.
Logan riu.
— Concordo.
Naomi acrescentou:
Logan disse:
— Então deixe o raio andar. Senhoras? Ofereceu seus braços para ambas.
Naomi sorriu e não hesitou. Mariah também não.
A congregação riu.
— Não!
Eli se virou para Naomi com um sorriso conhecedor, que ela ignorou
explicitamente. A reação fez com que Mariah se perguntasse qual seria a
história deles.
— Paul?
— O que posso fazer por você, Logan? —Sua voz era tão fria quanto seus
olhos.
Ele não soou nem um pouco sincero, mas Logan não deu importância.
— Não.
Mariah viu Dex Sawyer, mas ele passou sem dizer uma palavra. Ela
assumiu que ainda estava bravo com ela por não gostar de sua música. Beattie
McDowell lhe procurou e ofereceu sinceras congratulações pelo seu casamento,
assim como Orville Rose.
— Eu vou gritar tudo o que eu quero. Venha aqui! — Ele a agarrou pelo
braço. E de repente um punho encontrou seu rosto. Ele estava frio antes de
bater no chão.
— Eu estou.
Naomi riu.
Ele a pegou pela mão. Deu uma rápida olhada a Naomi. Quando a levou
embora, explodiram os aplausos.
Naquela tarde, ela estava sentada em seu pátio, trabalhando nos esboços
de Pena quando Logan se juntou a ela. Olhou para o que ela desenhou.
— Isso é meio a cara dele — disse Mariah. — Vocês ainda são amigos?
— Eu sei.
— Eu te amo, Logan.
— Com alguma sorte, do jeito que deveria. Todo mundo já está cansado
de Deeb.
Logan concordou.
Naomi estava fazendo Eli pagar por jantar com outra mulher em seu
restaurante, numa tentativa de deixá-la com ciúme.
Logan riu.
— Além de bater em Silas Cook por tentar humilhar Mariah, correu tudo
bem.
Ela parou. Ele explicou como viu Silas agarrar o braço de Mariah, mas
deixou de falar o motivo de Silas estar chateado com Mariah. Quando terminou
a narração abreviada, o descontentamento encheu seu rosto.
Então lhe contou sobre a reunião dos pecuaristas e sua nova posição.
— E isso é?
Ele riu.
Ela sussurrou:
— Desde o dia em que nos conhecemos, você sempre teve um lugar
especial no meu coração. Obrigada por me fazer tão feliz, não apenas hoje, mas
todos esses anos. Que Deus continue a abençoar você, meu filho mais velho.
— Boa viagem!
— Sim!
Quando entrou na casa, o lugar estava escuro. Não era muito tarde, mas
assumiu que Mariah estava na cama dormindo. Viu uma luz fraca por baixo da
porta do seu quarto. Abrindo a porta o mais silenciosamente que pôde para não
a perturbar, entrou e parou ao vê-la na banheira.
Logan não teve que fazer muito para convencer Mariah a concordar com
uma viagem para Sacramento, então partiram na manhã de segunda-feira.
No final do dia, a carroça estava carregada com sua linda mesa de jantar
e cadeiras, um par de poltronas, um armário que era uma obra de arte para os
talheres e copos feitos de cristal fino.
Ela começou a se recusar, mas o olhar dele a fez fechar a boca e caminhar
em silêncio ao seu lado. Escoltou-a pelas ruas congestionadas até chegar a uma
loja que obviamente visitara antes, porque a proprietária, uma mulher mais
velha e gorducha, que parecia ter ascendência espanhola, o saudou
entusiasticamente.
— Estou bem, Celestine. Quero que você conheça Mariah Cooper. Ela é
da Filadélfia.
— Oh, ela é tão linda. Olhe para esses olhos. Bem-vinda a Sacramento,
Mariah.
— Obrigada. — Mariah deu uma olhada rápida ao redor da loja e viu
vestidos, chapéus e outros trajes femininos finamente feitos.
— Logan, eu...
Logan perguntou:
— Então eu escolho.
Enquanto ela olhava, ele escolheu tantos que queria protestar que estava
desperdiçando dinheiro com tanta frivolidade, mas lembrando das palavras de
Alanza, novamente ficou quieta.
Quando ele terminou, tinha mais vestidos do que estrelas no céu, e
Celestine mostrou a conta com um sorriso.
— Se seus outros esboços são tão bonitos quanto o traje que você usa, eu
conheço várias costureiras que pagarão um bom preço por suas criações.
— Diablo.
— Diablo?
Ele balançou a cabeça como se ela não tivesse nem um pouco de bom
senso e abriu a porta para que ela pudesse entrar na frente. No interior, a
atmosfera tranquila da loja parecia fazer com que todas as lindas joias fossem
exibidas e, em alguns casos, ainda mais impressionantes. Ela viu colares de
esmeralda, pulseiras de diamantes e muitas peças feitas de ouro.
O vendedor se aproximou.
— Posso ajudá-los?
— Ela vai precisar de algo para todos os dias. Que tal um solitário e uma
corrente?
Ela assentiu.
Ele sorriu.
— Mas...
Com isso ela realmente começou a chorar. Ele tirou um lenço da bolsa.
— Eu estou. Obrigada.
— Vi suas lágrimas.
— Quem é?
— Mesmo?
Quando entrou na sala, uma mulher parecida com uma cegonha estava
parada no centro da sala com um ar impaciente e o homem estava olhando para
o vaso que tinha na mão.
Ele pulou. Vendo a raiva fria em seu rosto, rápido, mas cuidadosamente
o colocou de volta na prateleira.
— Quem é você?
Berenice respondeu:
— Para pegar minha filha Mariah e levá-la de volta à Filadélfia, onde ela
pertence.
— Em Sacramento.
— Ainda hoje.
Uma hora depois, Alanza olhou para os dois visitantes com uma
antipatia mal velada. Teve que suportar a presença deles em sua casa por mais
de uma hora. Sabendo o que sabia do relacionamento de Mariah com a mãe,
estava sendo difícil manter as mãos longe da espingarda. Mas, como Alanza
havia sido criada por uma mãe bondosa, pediu que Bonnie trouxesse chá e uma
bandeja de macarons.
— Quando?
— Eu tenho certeza que quando Mariah voltar, ela lhe explicará. — E
Alanza esperava que fosse em breve, caso contrário, Logan poderia ser forçado
a vasculhar os bordéis de YerbaBuena, a fim de encontrar Andrew para que ela
pudesse ser resgatada da prisão.
Pelo olhar em seu rosto, Mariah sabia que algo estava errado.
— Qual é o problema?
— Só espero que não demore mais do que alguns minutos para entender
o significado da palavra não.
— Muito arrogante.
— Obrigado.
Mariah percebeu que Tillman olhava para Logan com o que parecia ser
medo.
— Tillman, recebi sua carta, lamento informar, você veio até aqui por
nada. Eu não voltarei a Filadélfia.
Berenice falou:
— Sim, você vai. Pegue suas coisas para que possamos ir embora.
— Você não me ouviu? — Mariah perguntou friamente e continuou. —
Eu não voltarei. —Mariah olhou para Tillman. — E como você ousou mentir
para minha tia sobre suas intenções para que ela me enviasse sua carta? Depois
do modo como sua mãe me tratou, você deve estar louco para acreditar que eu
voltaria e ajudaria a fazer qualquer coisa para ela, muito menos um vestido
para o seu casamento.
— Mãe, você pode reclamar e falar tudo o que quiser, mas eu não irei.
Esta é minha casa agora e essas pessoas são minha família.
— O que você sabe sobre eles? Um bando de estrangeiros. Você está aqui
há menos de duas semanas.
— E eu recebi mais amor nessas duas semanas do que recebi nos trinta
anos que vivi com você.
Berenice atravessou a sala com fúria nos olhos. Ela levantou a mão e
Mariah pegou seu braço e segurou.
Berenice era mais alta e mais pesada, porém Mariah estava furiosa e essa
fúria lhe dava forças. Ela se inclinou para o rosto da mãe.
E ela a libertou.
— Está tudo bem. Ela está indo embora, não está, mãe?
Enquanto esperavam que ela voltasse com o gelo, Alanza disse a Mariah.
— Você pode ter sido sua filha de nascimento, mas você é minha filha de
coração. Sempre, lembre-se disso.
— Além da dor no meu rosto, estou bem, suponho. O dia começou tão
gloriosamente e depois...
— Eu não vou ser como ela. Nossos filhos terão mais bondade e amor do
que poderão aguentar. Ela se virou para poder distinguir suas feições na
escuridão.
Maria percebeu que nada nele era insignificante. Combinava com Logan
em altura, mas era mais magro. Também tinha uma cicatriz feia cortando sua
bochecha esquerda que dava ao seu rosto bonito uma expressão mordaz.
— Bem-vindo Noah.
— É verdade.
— Não tenho certeza se meu irmão mais velho merece alguém tão
amável, mas seja bem-vinda.
Andrew disse:
Noah acrescentou:
— Eles têm uma lista de trabalho para nós que chega a Los Angeles. Foi
um prazer conhecer você, Mariah.
Drew disse:
Os irmãos partiram.
Naquele dia, Alanza chegou mais tarde. Ela carregava em seu braço algo
envolto em papel pardo. Quando Mariah abriu a porta para ela entrar, sua
amiga e futura sogra deu um beijo em sua bochecha.
— O que é isso?
— Um vestido.
— Celestine. Eu não sabia se você tinha algo para usar, então tomei a
liberdade de providenciar. Espero não ter ofendido você ao fazê-lo.
— Sim. Eu tenho.
— Então, certifique-se de colocá-las. As mulheres da minha família
gostam de se vestir como se estivessem na corte da rainha Isabella. Haverá
muitos belos vestidos e joias.
— Você Conseguiria.
— Eu conheci Noah.
Mais tarde, no jantar, Logan olhou sua linda noiva em toda a sua
elegância e se perguntou o quanto estaria encrencado se acaso a levasse embora
— É tão óbvio?
— Pois é. Você tem que admitir que ela é a mulher mais linda por aí.
Andrew observou:
Mariah tinha lágrimas nos olhos. Ela que antes tinha se preocupado em
ser ou não aceita, agora de boa vontade experimentou a efusiva demonstração
de carinho. Graças a Logan era agora um membro da maior família que já teve o
prazer de conhecer. Olhou para o homem com quem se casaria daqui a alguns
meses e seu coração transbordou.
Ele sorriu.
— Nora.
— Mariah, vem.
Com as mãos na boca e lágrimas nos olhos, Mariah olhou para Logan e
depois para Alanza. Juntas, e de mãos dadas, as duas amigas estavam atrás do
grande e lindo bolo enquanto músicas de feliz aniversário, parabéns e os
brindes dos cinquenta convidados enchiam o ar.
— Surpreendente. Que tal você me levar de volta para casa e fazer amor
comigo até que eu não possa andar?
— Droga, verdade.
Então eles escaparam e Logan atendeu seu pedido até o sol nascer no
céu.
— De nada.
— Vou devolvê-la a você, porque sei que Logan vai ficar louco se não o
deixarmos entrar.
— Logan?
— Sim.
— Eu te amo tanto.
— E isso seria?
Ao vê-lo sair da sala, a feliz Mariah olhou para sua linda filha, agradeceu
ao céu tanto pela filha quanto pelo marido e adormeceu.
Fim