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Integrais definidas e o
Teorema Fundamental do Cálculo
146
Integrais definidas e o Teorema Fundamental do Cálculo 147
E formemos a soma
n
P
S = f(c1 )∆x1 + f(c2 )∆x2 + · · · + f(cn )∆xn = f(ci )∆xi .
i=1
Figura 17.1.
De modo mais simplificado, a integral definida de f, de a até b (ou no intervalo [a, b])
é o número real
Z b X n
γ= f(x) dx = lim S = lim f(ci )∆xi
a ∆→0 max ∆xi →0
i=1
Observação 17.1 Se f(x) > 0 no intervalo [a, b], quando max ∆xi → 0, o número k,
de sub-intervalos tende a ∞.
Os retângulos ilustrados na figura 17.1 tornam-se cada vez mais estreitos e nu-
merosos à medida em que max ∆xi torna-se mais e mais próximo de 0.
Pn
Neste caso, lim i=1 f(ci )∆xi definirá a área compreendida entre a curva
max ∆xi →0
y = f(x), o eixo x, e as retas verticais x = a, x = b.
Sumarizando,
Se f(x) > 0 em [a, b], temos
Z b
f(x) dx = (área sob o gráfico de f, de x = a até x = b)
a
Rb
Observação 17.2 Por outro lado, se f(x) < 0 para todo x ∈ [a, b], teremos a f(x) dx
= −A, sendo A a área (positiva) da região plana compreendida entre o eixo x, o gráfico
de f, e as retas x = a e x = b.
Note que, neste caso, feita uma subdivisão a = x0 < x1 < x2 < · · · < xn = b, e
escolhidos os pontos c1 , c2, . . . , cn , com ci ∈ [xi−1, xi ], para i = 1, 2, . . . , n, teremos
n
X
f(ci )∆xi < 0
i=1
Rb
Figura 17.2. a
f = A1 − A2 + A3 − A4 .
Observação 17.5 Se, para uma Pfunção g, definida em [a, b], não necessariamente
n
contı́nua, existir o limite lim i=1 g(ci )∆xi (xi ’s e ci ’s tal como antes), dizemos
max ∆xi →0
que g é integrável em [a, b], e definimos, tal como antes,
Z b n
X
g(x) dx = lim g(ci )∆xi
a max ∆xi →0
i=1
R1
Exemplo 17.1 Sendo f(x) = x2 , calcular 0 f(x) dx, ou seja, determinar a área com-
preendida entre a parábola y = x2 e o eixo x, no intervalo 0 ≤ x ≤ 1.
Pode ser demonstrado que 12 + 22 + · · · + n2 = 16 n(n + 1)(2n + 1), fato que usaremos
aqui.
Assim, como ∆x → 0 se e somente se n → ∞, temos
150 Aula 17
Z 1 Z 1 n
X
2
f(x) dx = x dx = lim f(ci )∆xi
0 0 max ∆xi →0
i=1
12 + 22 + · · · n2
= lim
n→∞ n3
n(n + 1)(2n + 1) 2 1
= lim 3
= =
n→∞ 6n 6 3
A área procurada é igual a 1/3 (de unidade de área).
Rb
Figura 17.3. m(b − a) ≤ a
f ≤ M(b − a).
Abaixo, faremos uma demonstração da proposição 17.1. Antes porém, daremos
uma interpretação geométrica dessa proposição, no caso em que f > 0 em [a, b]. Da
figura 17.3, em que m e M são, respectivamente, os valores mı́nimo e máximo de f(x)
para x ∈ [a, b], temos
área ABB ′A′ ≤ (área sob o gráfico de f, no intervalo [a, b]) ≤ área ABB ′′A′′.
Daı́, Z b
m(b − a) ≤ f(x) dx ≤ M(b − a)
a
pois
n
X
∆xi = ∆x1 + ∆x2 + · · · + ∆xn = b − a
i=1
Logo,
n
X
lim f(ci )∆xi ≤ M(b − a)
max ∆xi →0
i=1
e portanto Z b
f(x) dx ≤ M(b − a)
a
Rb
Analogamente, deduzimos que a
f(x) dx ≥ m(b − a).
Proposição 17.2 Se f e g são contı́nuas em [a, b], então, sendo k uma constante e
a < c < b,
Rb Rb Rb
1. a (f(x) + g(x)) dx = a f(x) dx + a g(x) dx
Rb Rb
2. a k · f(x) dx = k · a f(x) dx
Rc Rb Rb
3. a f(x) dx + c f(x) dx = a f(x) dx
Rb Rb
4. se f(x) ≤ g(x), para todo x ∈ [a, b], então a f(x) dx ≤ a g(x) dx
Observação 17.6 Sendo f contı́nua em [a, b], são adotadas as seguintes convenções
(definições).
Ra
(i) a f(x) dx = 0
Ra Rb
(ii) b f(x) dx = − a f(x) dx
Adotadas essas convenções, a proposição 17.2, acima enunciada, continua ver-
dadeira qualquer que seja a ordem dos limites de integração a, b e c, podendo ainda dois
deles (ou os três) coincidirem.
Rb
Figura 17.4. Teorema do valor médio para integrais: a
f = (área sob o gráfico de f)
= (área ABB ′A′) = f(c)(b − a).
Figura 17.5. Para cada y0, tal que f(a) ≤ y0 ≤ f(b), existe x0 ∈ [a, b] tal que
f(x0 ) = y0 .
Daı́,
b
1
Z
m≤ f(x) dx ≤ M
b−a a
1
Rb
Sendo α = b−a a
f(x) dx, como f(x1 ) = m ≤ α ≤ M = f(x2 ), pelo teorema do valor
intermediário, existe c ∈ [a, b] (c entre x1 e x2) tal que f(c) = α. Logo,
Z b
1
f(c) = f(x) dx
b−a a
e portanto Z b
f(x) dx = f(c)(b − a)
a
Então
ϕ′ (x) = f(x), ∀x ∈ [a, b]
(a) (b)
Figura 17.6. (a) Interpretação geométrica de ϕ(x), x ∈ [a, b]. (b) Interpretação ge-
ométrica de ∆ϕ, para ∆x > 0.
Pelo teorema do valor médio para integrais, existe w entre x e x + ∆x tal que
Z x+∆x
f(t) dt = f(w) · [(x + ∆x) − x]
x
Assim sendo,
∆ϕ = ϕ(x + ∆x) − ϕ(x) = f(w)∆x
o que implica
∆ϕ
= f(w), para algum w entre x e x + ∆x
∆x
Temos w → x quando ∆x → 0. Como f é contı́nua,
∆ϕ
ϕ′ (x) = lim = lim f(w) = lim f(w) = f(x)
∆x→0 ∆x ∆x→0 w→x
Demonstração.
R x Pelo teorema fundamental do cálculo, primeira versão, temos que
a função ϕ(x) = a f(t) dt, a ≤ x ≤ b, é uma primitiva de f(x) no intervalo [a, b], ou
seja, ϕ′ (x) = f(x).
R
Se f(x) dx = F (x) + C, temos também F ′(x) = f(x). Logo, pela proposição
15.1 existe uma constante k tal que
Quando x = b, temos
Z b
f(x) dx = F (b) − F (a)
a
Exemplo 17.2 Calcular a área compreendida entre a curva y = sen x e o eixo x, para
0 ≤ x ≤ π.
Solução.
Como sen x ≥ 0 quando 0 ≤ x ≤ π,
temos que a área
R π procurada é dada pela
integral A = 0 sen x dx.
R
Temos sen x dx = − cos x + C.
Rπ
Logo, A = 0
sen x dx = [− cos x]π0 = (− cos π)−(− cos 0) = 1+1 = 2 (unidades
de área).
156 Aula 17
Veremos agora que, quando fazemos mudança de variável (integração por substituição),
no caso de uma integral definida, podemos finalizar os cálculos com a nova variável
introduzida, sem necessidade de retornar à variável original. Para tal, ao realizarmos a
mudança de variável, trocamos adequadamente os limites de integração.
Suponhamos que y = f(x) define uma função contı́nua em um intervalo I, com
a, b ∈ I, e que x = ϕ(t) é uma função de t derivável em um certo intervalo J ⊂ R,
satisfazendo
1. f(ϕ(t)) ∈ I quando t ∈ J .
3. ϕ′ (t) é contı́nua em J ;
R
Sendo F (x) uma primitiva de f(x) em I, temos f(x) dx = F (x) + C, e como
vimos, tomando x = ϕ(t), teremos dx = ϕ′(t) dt, e
R
f(ϕ(t))ϕ′(t) dt = F (ϕ(t)) + C.
Então, Pelo teorema fundamental do cálculo,
Z b
f(x) dx = F (x)|ba = F (b) − F (a) = F (ϕ(β)) − F (ϕ(α))
a
Z β
β
= F (ϕ(t))|α = f(ϕ(t)) · ϕ′ (t) dt
α
R1 √
Exemplo 17.3 Calcular −1
x 1 + x2 dx.
R √ √
Fazendo u = 1 + x2 , calculamos x 1 + x2 dx = 13 1 + x2 + C.
Pelo teorema fundamental do cálculo,
R1 √ √ 1 √ √
x 1 + x 2 dx = 1 1 + x2 = 8
− 8
= 0.
−1 3 −1 3 3
Suponhamos que u = u(x) e v = v(x) são funções deriváveis no intervalo [a, b], com as
derivadas u′(x) e v ′(x) contı́nuas em [a, b].
Temos (u · v)′ = u′ · v + u · v ′ = uv ′ + vu′, e então
Rb Rb Rb
a
[u(x)v(x)]′ dx = a u(x)v ′(x) dx + a v(x)u′(x) dx.
Rb
Pelo teorema fundamental do cálculo, a [u(x)v(x)]′ dx = u(x)v(x)|ba . Portanto
Rb b Rb
a
u(x)v ′(x) dx = u(x)v(x)|a − a v(x)u′(x) dx.
Em notação abreviada,
Z b Z b
u dv = uv|ba − v du
a a
158 Aula 17
17.3 Problemas
Calcule as integrais definidas listadas abaixo.
R1 dx
1. −1 1+x2
. Resposta. π/2.
R √2/2
2. √ dx . Resposta. π/4.
0 1−x2
R π/3
3. 0
tg x dx. Resposta. ln 2.
Rx dt
4. 1 t
. Resposta. ln x.
Rx
5. 0
sen t dt. Resposta. 1 − cos x.
R π/2
6. 0
sen x cos2 x dx. Resposta. 1/3.
x
R π/2 dx π 1−tg2
7. 0 3+2 cos x
.
Resposta. 2√ 5
. Sugestão. Use a identidade cos x = 1+tg2
2
x , faça
2
x x
u= tg 2 , e 2
= arc tg u.
R 4 dx √
8. 1 √x2+4x . Resposta. 3 2/2.
R1 dx π
9. −1 (1+x2 )2
. Resposta. 4
+ 12 . Sugestão. Faça x = tg u.
R5 √
x−1
10. 1 x
dx. Resposta. 4 − 2 arc tg 2.
R π/2 cos x dx
11. 0
Resposta. ln 43 .
6−5 sen x+sen2 x
.
Rt√
12. Calcule a integral 0 a2 − x2 dx (0 ≤ t ≤ a), sem usar antiderivadas, interpre-
√
tando-a como área sob a curva (semi-cı́rculo) y = a2 − x2, e acima do eixo x,
no intervalo [0, t] (figura 17.7).
Figura 17.7.
√ 2
Resposta. 2t a2 − t2 + a2 arc sen at . Sugestão. Subdivida a área a ser calculada
em duas regiões, como sugere a figura.