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Aula 17

Integrais definidas e o
Teorema Fundamental do Cálculo

17.1 A integral definida


Seja y = f(x) uma função contı́nua em um intervalo fechado [a, b].
Subdividamos o intervalo [a, b] através de n + 1 pontos x0, x1, x2 , . . . , xn−1 , xn ,
tais que
a = x0 < x1 < x2 < · · · < xn−1 < xn = b
O conjunto de pontos ℘ = {x0 = a, x1, x2 , . . . , xn−1 , xn = b} constitui uma subdivisão
ou partição do intervalo [a, b].
Tomemos ainda pontos c1 , c2, c3 , . . . , cn−1 , cn em [a, b], tais que
c1 ∈ [x0, x1] = [a, x1],
c2 ∈ [x1, x2],
..
.
ci ∈ [xi−1 , xi],
..
.
cn ∈ [xn−1 , xn ].
Sejam
∆x1 = x1 − x0
∆x2 = x2 − x1
..
.
∆xi = xi − xi−1
..
.
∆xn = xn − xn−1

146
Integrais definidas e o Teorema Fundamental do Cálculo 147

E formemos a soma
n
P
S = f(c1 )∆x1 + f(c2 )∆x2 + · · · + f(cn )∆xn = f(ci )∆xi .
i=1

Esta é uma soma integral de f, no intervalo [a, b], correspondente à partição ℘, e


à escolha de pontos intermediários c1, . . . , cn .
Pn
Note que, quando f(x) > 0 em [a, b], a soma integral de f, S = f(ci )∆xi, é
i=1
a soma das áreas de n retângulos, sendo o i-ésimo retângulo, para 1 ≤ i ≤ n, de base
∆xi e altura f(ci ). Isto é ilustrado na figura 17.1.

Figura 17.1.

Seja ∆ o maior dos números ∆x1, ∆x2, . . . , ∆xn . Escrevemos

∆ = max{∆x1, ∆x2, . . . , ∆xn} = max ∆xi

Tal ∆ é também chamado de norma da partição ℘.


É possı́vel demonstrar que, quando consideramos uma sucessão de subdivisões
a = x0 < x1 < · · · < xn = b, do intervalo [a, b], fazendo com que ∆ = max ∆xi torne-
se mais e mais próximo de zero (e o número n, de sub-intervalos, torne-se cada vez
maior), as somas integrais S, correspondentes a essas subdivisões, vão tornando-se cada
vez mais próximas deRum número Rreal γ, chamado integral definida de f, no intervalo
b b
[a, b] e denotado por a f, ou por a f(x) dx.
Em outras palavras, quando formamos uma seqüência de partições ℘1, ℘2 , . . .,
℘k , . . . , do intervalo [a, b], de normas respetivamente iguais a ∆1, ∆2, . . ., ∆k , . . . ,
associando a cada partição um conjunto de pontos intermediários (os ci ’s), e forman-
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do então uma seqüência de somas integrais S1 , S2, . . . , Sk , . . ., sendo lim ∆k = 0,


k→+∞
Rb
teremos lim Sk = γ = a f, para algum número real γ.
k→+∞

De modo mais simplificado, a integral definida de f, de a até b (ou no intervalo [a, b])
é o número real
Z b X n
γ= f(x) dx = lim S = lim f(ci )∆xi
a ∆→0 max ∆xi →0
i=1

Observação 17.1 Se f(x) > 0 no intervalo [a, b], quando max ∆xi → 0, o número k,
de sub-intervalos tende a ∞.
Os retângulos ilustrados na figura 17.1 tornam-se cada vez mais estreitos e nu-
merosos à medida em que max ∆xi torna-se mais e mais próximo de 0.
Pn
Neste caso, lim i=1 f(ci )∆xi definirá a área compreendida entre a curva
max ∆xi →0
y = f(x), o eixo x, e as retas verticais x = a, x = b.
Sumarizando,
Se f(x) > 0 em [a, b], temos
Z b
f(x) dx = (área sob o gráfico de f, de x = a até x = b)
a

Rb
Observação 17.2 Por outro lado, se f(x) < 0 para todo x ∈ [a, b], teremos a f(x) dx
= −A, sendo A a área (positiva) da região plana compreendida entre o eixo x, o gráfico
de f, e as retas x = a e x = b.
Note que, neste caso, feita uma subdivisão a = x0 < x1 < x2 < · · · < xn = b, e
escolhidos os pontos c1 , c2, . . . , cn , com ci ∈ [xi−1, xi ], para i = 1, 2, . . . , n, teremos
n
X
f(ci )∆xi < 0
i=1

pois f(ci ) < 0 para cada i, e ∆xi > 0 para cada i.

Observação 17.3 Se o gráfico de f, no intervalo [a, b], é como o gráfico esboçado


na figura 17.2, então, sendo A1, A2, A3 e A4 as áreas (positivas) indicadas na figura,
teremos Z b
f(x) dx = A1 − A2 + A3 − A4
a

Observação 17.4 Pode-se demonstrar que se f é contı́nua em [a, b], o limite


Pn Rb
lim i=1 f(ci )∆xi = a f não depende das sucessivas subdivisões a = x0 < x1 <
max ∆xi →0
· · · < xn = b, e nem das sucessivas escolhas de pontos c1, c2 , . . . , cn , com ci ∈ [xi−1 , xi]
para cada i.
Integrais definidas e o Teorema Fundamental do Cálculo 149

Rb
Figura 17.2. a
f = A1 − A2 + A3 − A4 .

Observação 17.5 Se, para uma Pfunção g, definida em [a, b], não necessariamente
n
contı́nua, existir o limite lim i=1 g(ci )∆xi (xi ’s e ci ’s tal como antes), dizemos
max ∆xi →0
que g é integrável em [a, b], e definimos, tal como antes,
Z b n
X
g(x) dx = lim g(ci )∆xi
a max ∆xi →0
i=1

R1
Exemplo 17.1 Sendo f(x) = x2 , calcular 0 f(x) dx, ou seja, determinar a área com-
preendida entre a parábola y = x2 e o eixo x, no intervalo 0 ≤ x ≤ 1.

Para calcular a integral pedida, vamos primeiramente subdividir o intervalo [0, 1] em n


sub-intervalos de comprimentos iguais a ∆x = 1/n, ou seja, tomaremos
x0 = 0, x1 = 1/n, x2 = 2/n, . . . , xn−1 = (n − 1)/n e xn = n/n = 1.
Neste caso, ∆x1 = ∆x2 = · · · = ∆xn = 1/n.
Tomaremos ainda ci = xi = i/n, para i = 1, 2, . . . , n.
Teremos a soma integral
n n
X X 1
S= f(ci )∆xi = f(i/n) ·
i=1 i=1
n
n  2 n
X i 1 X i2
= · =
i=1
n n i=1
n3
n
1 X 2 12 + 22 + · · · + n2
= 3 i =
n i=1 n3

Pode ser demonstrado que 12 + 22 + · · · + n2 = 16 n(n + 1)(2n + 1), fato que usaremos
aqui.
Assim, como ∆x → 0 se e somente se n → ∞, temos
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Z 1 Z 1 n
X
2
f(x) dx = x dx = lim f(ci )∆xi
0 0 max ∆xi →0
i=1
12 + 22 + · · · n2
= lim
n→∞ n3
n(n + 1)(2n + 1) 2 1
= lim 3
= =
n→∞ 6n 6 3
A área procurada é igual a 1/3 (de unidade de área).

Proposição 17.1 Se f é contı́nua no intervalo [a, b], sendo m e M os valores máximo


e mı́nimo de f, respectivamente, no intervalo [a, b], então
Z b
m(b − a) ≤ f(x) dx ≤ M(b − a)
a

Rb
Figura 17.3. m(b − a) ≤ a
f ≤ M(b − a).
Abaixo, faremos uma demonstração da proposição 17.1. Antes porém, daremos
uma interpretação geométrica dessa proposição, no caso em que f > 0 em [a, b]. Da
figura 17.3, em que m e M são, respectivamente, os valores mı́nimo e máximo de f(x)
para x ∈ [a, b], temos
área ABB ′A′ ≤ (área sob o gráfico de f, no intervalo [a, b]) ≤ área ABB ′′A′′.
Daı́, Z b
m(b − a) ≤ f(x) dx ≤ M(b − a)
a

Demonstração da proposição 17.1. Tomando-se uma subdivisão qualquer de [a, b],


a = x0 < x1 < · · · < xn = b
e tomando-se pontos ci ∈ [xi−1, xi ], para i = 1, 2, . . . , n, temos
Xn Xn
f(ci )∆xi ≤ M∆xi
i=1 i=1
Integrais definidas e o Teorema Fundamental do Cálculo 151

pois f(ci ) ≤ M, e ∆xi > 0, para cada i. Daı́,


n
X n
X n
X
f(ci )∆xi ≤ M∆xi = M ∆xi = M(b − a)
i=1 i=1 i=1

pois
n
X
∆xi = ∆x1 + ∆x2 + · · · + ∆xn = b − a
i=1
Logo,
n
X
lim f(ci )∆xi ≤ M(b − a)
max ∆xi →0
i=1
e portanto Z b
f(x) dx ≤ M(b − a)
a
Rb
Analogamente, deduzimos que a
f(x) dx ≥ m(b − a).

Assumiremos sem demonstração as seguintes propriedades.

Proposição 17.2 Se f e g são contı́nuas em [a, b], então, sendo k uma constante e
a < c < b,
Rb Rb Rb
1. a (f(x) + g(x)) dx = a f(x) dx + a g(x) dx
Rb Rb
2. a k · f(x) dx = k · a f(x) dx
Rc Rb Rb
3. a f(x) dx + c f(x) dx = a f(x) dx
Rb Rb
4. se f(x) ≤ g(x), para todo x ∈ [a, b], então a f(x) dx ≤ a g(x) dx

Observação 17.6 Sendo f contı́nua em [a, b], são adotadas as seguintes convenções
(definições).
Ra
(i) a f(x) dx = 0
Ra Rb
(ii) b f(x) dx = − a f(x) dx
Adotadas essas convenções, a proposição 17.2, acima enunciada, continua ver-
dadeira qualquer que seja a ordem dos limites de integração a, b e c, podendo ainda dois
deles (ou os três) coincidirem.

Teorema 17.1 (Teorema do valor médio para integrais) Se f é contı́nua no in-


tervalo [a, b], existe c ∈ [a, b] tal que
Z b
f(x) dx = f(c) · (b − a)
a
152 Aula 17

Adiante faremos a demonstração deste teorema. Uma interpretação geométrica


do teorema do valor médio para integrais, no caso em que f(x) > 0 em [a, b], é feita na
figura 17.4.

Rb
Figura 17.4. Teorema do valor médio para integrais: a
f = (área sob o gráfico de f)
= (área ABB ′A′) = f(c)(b − a).

Para demonstrarmos o teorema do valor médio para integrais, usaremos o Teorema


do valor intermediário.

Figura 17.5. Para cada y0, tal que f(a) ≤ y0 ≤ f(b), existe x0 ∈ [a, b] tal que
f(x0 ) = y0 .

Teorema 17.2 (Teorema do valor intermediário) Seja f uma função contı́nua no


intervalo [a, b]. Para cada y0 , tal que f(a) ≤ y0 ≤ f(b), existe x0 ∈ [a, b] tal que
f(x0 ) = y0.
Ilustramos geometricamente o teorema do valor intermediário na figura 17.5.
Como conseqüência do teorema do valor intermediário, temos o teorema do anu-
lamento, já explorado na aula 7, à página 66:
Integrais definidas e o Teorema Fundamental do Cálculo 153

(Teorema do anulamento) Sendo a < b, e f contı́nua em [a, b], se f(a) < 0 e


f(b) > 0 (ou se f(a) > 0 e f(b) < 0), então a função f possui uma raiz no intervalo
[a, b].
Demonstração. Como f(a) < 0 < f(b), pelo teorema do valor intermediário, existe
x0 ∈ [a, b] tal que f(x0) = 0.
Demonstração do teorema 17.1. Sendo f contı́nua no intervalo [a, b], pelo teorema de
Weierstrass, página 69, aula 8, existem m, M ∈ R tais que m = min{f(x) | x ∈ [a, b]}
e M = max{f(x) | x ∈ [a, b]}. Além disso, existem pontos x1 , x2 ∈ [a, b] tais que
f(x1 ) = m e f(x2 ) = M.
Pela proposição 17.1,
Z b
m(b − a) ≤ f(x) dx ≤ M(b − a)
a

Daı́,
b
1
Z
m≤ f(x) dx ≤ M
b−a a
1
Rb
Sendo α = b−a a
f(x) dx, como f(x1 ) = m ≤ α ≤ M = f(x2 ), pelo teorema do valor
intermediário, existe c ∈ [a, b] (c entre x1 e x2) tal que f(c) = α. Logo,
Z b
1
f(c) = f(x) dx
b−a a
e portanto Z b
f(x) dx = f(c)(b − a)
a

17.2 O teorema fundamental do cálculo


Teorema 17.3 (Teorema fundamental do cálculo, primeira versão) Seja f
uma função contı́nua no intervalo [a, b]. Para cada x ∈ [a, b], seja
Z x
ϕ(x) = f(t) dt
a

Então
ϕ′ (x) = f(x), ∀x ∈ [a, b]

Uma das conseqüências imediatas do teorema fundamental do cálculo é que


Toda função contı́nua f, em um intervalo [a, b], possuiRuma primitiva (ou anti-derivada)
x
em [a, b], sendo ela a função ϕ, definida por ϕ(x) = a f(t) dt, para cada x ∈ [a, b].
154 Aula 17

Demonstração do teorema fundamental do cálculo, primeira versão.


Para x em [a, b], e ∆x 6= 0, com x + ∆x em [a, b], temos
Z x+∆x Z x
∆ϕ = ϕ(x + ∆x) − ϕ(x) = f(t) dt − f(t) dt
a a
Z x+∆x Z a Z x+∆x
= f(t) dt + f(t) dt = f(t) dt
a x x

(Veja figuras 17.6a e 17.6b.)

(a) (b)

Figura 17.6. (a) Interpretação geométrica de ϕ(x), x ∈ [a, b]. (b) Interpretação ge-
ométrica de ∆ϕ, para ∆x > 0.

Pelo teorema do valor médio para integrais, existe w entre x e x + ∆x tal que
Z x+∆x
f(t) dt = f(w) · [(x + ∆x) − x]
x

Assim sendo,
∆ϕ = ϕ(x + ∆x) − ϕ(x) = f(w)∆x
o que implica
∆ϕ
= f(w), para algum w entre x e x + ∆x
∆x
Temos w → x quando ∆x → 0. Como f é contı́nua,

∆ϕ
ϕ′ (x) = lim = lim f(w) = lim f(w) = f(x)
∆x→0 ∆x ∆x→0 w→x

Como conseqüência do teorema fundamental do cálculo, primeira versão, temos a


sua segunda versão, também chamada fórmula de Newton-Leibniz. Ele estabelece uma
conexão surpreendente entre as integrais indefinidas e as integrais definidas.
Integrais definidas e o Teorema Fundamental do Cálculo 155

Teorema 17.4 (Teorema fundamental do cálculo, segunda versão) Sendo f


uma função contı́nua no intervalo [a, b],
Z Z b
se f(x) dx = F (x) + C então f(x) dx = F (b) − F (a)
a

Demonstração.
R x Pelo teorema fundamental do cálculo, primeira versão, temos que
a função ϕ(x) = a f(t) dt, a ≤ x ≤ b, é uma primitiva de f(x) no intervalo [a, b], ou
seja, ϕ′ (x) = f(x).
R
Se f(x) dx = F (x) + C, temos também F ′(x) = f(x). Logo, pela proposição
15.1 existe uma constante k tal que

ϕ(x) = F (x) + k, para todo x em [a, b]


Ra
Agora, ϕ(a) = a
f(t) dt = 0. Logo, F (a) + k = 0, de onde então k = −F (a).
Assim sendo, Z x
f(t) dt = ϕ(x) = F (x) − F (a)
a

Quando x = b, temos
Z b
f(x) dx = F (b) − F (a)
a

É costume denotar [F (x)]ba = F (x)|ba = F (b) − F (a).


Rb
Ou seja, sendo f(x) dx = F (x) + C, temos a f(x) dx = F (x)|ba = F (b) − F (a).
R

Exemplo 17.2 Calcular a área compreendida entre a curva y = sen x e o eixo x, para
0 ≤ x ≤ π.

Solução.
Como sen x ≥ 0 quando 0 ≤ x ≤ π,
temos que a área
R π procurada é dada pela
integral A = 0 sen x dx.
R
Temos sen x dx = − cos x + C.


Logo, A = 0
sen x dx = [− cos x]π0 = (− cos π)−(− cos 0) = 1+1 = 2 (unidades
de área).
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17.2.1 Integração definida, com mudança de variável

Veremos agora que, quando fazemos mudança de variável (integração por substituição),
no caso de uma integral definida, podemos finalizar os cálculos com a nova variável
introduzida, sem necessidade de retornar à variável original. Para tal, ao realizarmos a
mudança de variável, trocamos adequadamente os limites de integração.
Suponhamos que y = f(x) define uma função contı́nua em um intervalo I, com
a, b ∈ I, e que x = ϕ(t) é uma função de t derivável em um certo intervalo J ⊂ R,
satisfazendo

1. f(ϕ(t)) ∈ I quando t ∈ J .

2. ϕ(α) = a, ϕ(β) = b, para certos α, β ∈ J ;

3. ϕ′ (t) é contı́nua em J ;

R
Sendo F (x) uma primitiva de f(x) em I, temos f(x) dx = F (x) + C, e como
vimos, tomando x = ϕ(t), teremos dx = ϕ′(t) dt, e
R
f(ϕ(t))ϕ′(t) dt = F (ϕ(t)) + C.
Então, Pelo teorema fundamental do cálculo,

Z b
f(x) dx = F (x)|ba = F (b) − F (a) = F (ϕ(β)) − F (ϕ(α))
a
Z β
β
= F (ϕ(t))|α = f(ϕ(t)) · ϕ′ (t) dt
α

R1 √
Exemplo 17.3 Calcular −1
x 1 + x2 dx.

R √ √
Fazendo u = 1 + x2 , calculamos x 1 + x2 dx = 13 1 + x2 + C.
Pelo teorema fundamental do cálculo,
R1 √ √ 1 √ √
x 1 + x 2 dx = 1 1 + x2 = 8
− 8
= 0.
−1 3 −1 3 3

Por outro lado, poderı́amos ter trocado os limites de integração, ao realizar a


mudança de variável. O resultado seria:
para x = −1, u = 2; e para x = 1, u = 2 (!). Então
R1 √ R2√
−1
x 1 + x2 dx = 2 u · 21 du = 0.

Exemplo 17.4 Calcular a área delimitada pela circunferência de equação x2 + y 2 = a2.


Integrais definidas e o Teorema Fundamental do Cálculo 157

Para√calcular a área A desse cı́rculo, basta calcular a área sob o semi-cı́rculo


y = a2 − x2, acima do eixo x, entre os pontos x = −a e x = a, ou seja, calcular

Z a
A/2 = a2 − x2 dx
−a

Faremos a substituição x = a sen t, −π/2 ≤ t ≤ π/2.


Para t = −π/2, x = −a; para t = π/2, x = a.
Teremos√então dx = a cos t dt, a2 − x2 = a2 cos2 t e, como cos t ≥ 0 no intervalo
[−π/2, π/2], a2 − x2 = a cos t.
Ra √ R π/2
Logo, −a a2 − x2 dx = −π/2 a2 cos2 t dt.
Temos cos2 t + sen2 t = 1 e cos2 t − sen2 t = cos 2t, logo
cos2 t = 12 (1 + cos 2t).
Assim,
Z a√ Z π/2
2 2
a − x dx = a2 cos2 t dt
−a −π/2
π/2
a2
Z
= (1 + cos 2t) dt
2 −π/2
π/2
a2

1
= t + sen 2t
2 2 −π/2
2
a2 πa2
   
a π 1 π 1
= + sen π − − + sen(−π) =
2 2 2 2 2 2 2
E portanto a área do cı́rculo é A = πa2.

17.2.2 Integração definida, por partes

Suponhamos que u = u(x) e v = v(x) são funções deriváveis no intervalo [a, b], com as
derivadas u′(x) e v ′(x) contı́nuas em [a, b].
Temos (u · v)′ = u′ · v + u · v ′ = uv ′ + vu′, e então
Rb Rb Rb
a
[u(x)v(x)]′ dx = a u(x)v ′(x) dx + a v(x)u′(x) dx.
Rb
Pelo teorema fundamental do cálculo, a [u(x)v(x)]′ dx = u(x)v(x)|ba . Portanto
Rb b Rb
a
u(x)v ′(x) dx = u(x)v(x)|a − a v(x)u′(x) dx.
Em notação abreviada,
Z b Z b
u dv = uv|ba − v du
a a
158 Aula 17

17.3 Problemas
Calcule as integrais definidas listadas abaixo.

R1 dx
1. −1 1+x2
. Resposta. π/2.
R √2/2
2. √ dx . Resposta. π/4.
0 1−x2
R π/3
3. 0
tg x dx. Resposta. ln 2.
Rx dt
4. 1 t
. Resposta. ln x.
Rx
5. 0
sen t dt. Resposta. 1 − cos x.
R π/2
6. 0
sen x cos2 x dx. Resposta. 1/3.
x
R π/2 dx π 1−tg2
7. 0 3+2 cos x
.
Resposta. 2√ 5
. Sugestão. Use a identidade cos x = 1+tg2
2
x , faça
2
x x
u= tg 2 , e 2
= arc tg u.
R 4 dx √
8. 1 √x2+4x . Resposta. 3 2/2.
R1 dx π
9. −1 (1+x2 )2
. Resposta. 4
+ 12 . Sugestão. Faça x = tg u.
R5 √
x−1
10. 1 x
dx. Resposta. 4 − 2 arc tg 2.
R π/2 cos x dx
11. 0
Resposta. ln 43 .
6−5 sen x+sen2 x
.
Rt√
12. Calcule a integral 0 a2 − x2 dx (0 ≤ t ≤ a), sem usar antiderivadas, interpre-

tando-a como área sob a curva (semi-cı́rculo) y = a2 − x2, e acima do eixo x,
no intervalo [0, t] (figura 17.7).

Figura 17.7.
√ 2
Resposta. 2t a2 − t2 + a2 arc sen at . Sugestão. Subdivida a área a ser calculada
em duas regiões, como sugere a figura.

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