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Matemática
3ª Edição
Vice-Presidente da República
Michel Miguel Elias Temer Lulia
Ministro da Educação
Henrique Paim
Vice-Reitora
Maria de Fátima Freire Melo Ximenes
FICHA TÉCNICA
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS
Marcos Aurélio Felipe
PROJETO GRÁFICO
Ivana Lima
ISBN 978-85-425-0369-2
CDU 501
M538i
Todos as imagens utilizadas nesta publicação tiveram suas informações cromáticas originais alteradas a fim de adaptarem-se
aos parâmetros do projeto gráfico © Copyright 2005. Todos os direitos reservados a Editora da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte – EDUFRN. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa do Ministério da Educação – MEC
Sumário
Apresentação Institucional 5
A
Secretaria de Educação a Distância – SEDIS da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte – UFRN, desde 2005, vem atuando como fomentadora, no âmbito local, das
Políticas Nacionais de Educação a Distância em parceira com a Secretaria de Educação
a Distância – SEED, o Ministério da Educação – MEC e a Universidade Aberta do Brasil –
UAB/CAPES. Duas linhas de atuação têm caracterizado o esforço em EaD desta instituição: a
primeira está voltada para a Formação Continuada de Professores do Ensino Básico, sendo
implementados cursos de licenciatura e pós-graduação lato e stricto sensu; a segunda volta-se
para a Formação de Gestores Públicos, através da oferta de bacharelados e especializações
em Administração Pública e Administração Pública Municipal.
Para dar suporte à oferta dos cursos de EaD, a SEDIS tem disponibilizado um conjunto de
meios didáticos e pedagógicos, dentre os quais se destacam os materiais impressos que são
elaborados por disciplinas, utilizando linguagem e projeto gráfico para atender às necessidades
de um aluno que aprende a distância. O conteúdo é elaborado por profissionais qualificados e
que têm experiência relevante na área, com o apoio de uma equipe multidisciplinar. O material
impresso é a referência primária para o aluno, sendo indicadas outras mídias, como videoaulas,
livros, textos, filmes, videoconferências, materiais digitais e interativos e webconferências, que
possibilitam ampliar os conteúdos e a interação entre os sujeitos do processo de aprendizagem.
Assim, a UFRN por meio da SEDIS integra-se ao grupo de instituições que assumiram
o desafio de contribuir com a formação desse “capital” humano e incorporou a EaD como
modalidade capaz de superar as barreiras espaciais e políticas que tornaram cada vez mais
seleto o acesso à graduação e à pós-graduação no Brasil. No Rio Grande do Norte, a UFRN
está presente em polos presenciais de apoio localizados nas mais diferentes regiões, ofertando
cursos de graduação, aperfeiçoamento, especialização e mestrado, interiorizando e tornando o
Ensino Superior uma realidade que contribui para diminuir as diferenças regionais e transformar
o conhecimento em uma possibilidade concreta para o desenvolvimento local.
Nesse sentido, este material que você recebe é resultado de um investimento intelectual
e econômico assumido por diversas instituições que se comprometeram com a Educação e
com a reversão da seletividade do espaço quanto ao acesso e ao consumo do saber E REFLETE
O COMPROMISSO DA SEDIS/UFRN COM A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA como modalidade
estratégica para a melhoria dos indicadores educacionais no RN e no Brasil.
5
Desenvolvendo o
raciocínio lógico-dedutivo
Aula
1
Apresentação
A
disciplina Instrumentação para o Ensino de Matemática III foi concebida para orientar
os futuros licenciados em Matemática quanto à elaboração, seleção e uso de atividades
que favoreçam uma melhor compreensão de conceitos matemáticos, além de seus
resultados e aplicações. Os critérios de escolha do material a ser utilizado nas atividades,
assim como a própria atividade a ser desenvolvida, deverão levar em conta os objetivos que
se pretende alcançar, devendo ser interessante, fácil de manipular e instigante, enquanto a
atividade deve ser desafiadora, significativa e prazerosa. A inclusão do uso de material concreto
como elemento facilitador do processo ensino-aprendizagem de Matemática é atribuída à
professora (médica) italiana Maria Montessori (1870-1952), no trabalho com crianças com
dificuldades especiais. Dentre os materiais que essa pesquisadora criou, o mais conhecido é o
Material Dourado, amplamente utilizado no ensino de sistemas de numeração, frações, volume
etc. Outro educador que contribuiu significativamente nessa área foi Zoltan Paul Dienes, com
os Blocos Lógicos, amplamente usados no desenvolvimento de habilidades lógico-matemáticas
e no ensino das operações com conjuntos. Vários outros pesquisadores defendem o uso de
material concreto enquanto instrumento facilitador no processo ensino-aprendizagem, como
Bruner, Piaget, Castelnuovo e Carraher & Schilemann, dentre outros.
Nesta disciplina, iremos abordar tópicos ligados à aritmética, à álgebra e à geometria, sempre
com o propósito de tornar seu estudo mais agradável, mais significativo e mais interessante.
As atividades propostas podem ser melhoradas e adaptadas para situações específicas, ficando
a critério do professor, de acordo com o nível da turma e os objetivos a serem alcançados. A
primeira aula é dedicada ao uso do raciocínio lógico, uma vez que consideramos uma habilidade
vital ao ensino-aprendizagem de matemática. Várias atividades são propostas, algumas simples
e outras mais complexas, dando uma ideia de como os temas podem ser trabalhados. A mesma
abordagem metodológica será adotada e desenvolvida nas outras aulas, mostrando que a
liberdade do professor é importante para que ele possa criar suas próprias tarefas.
Objetivos
Utilizar o raciocínio lógico-dedutivo na interpretação de
1 situações que exigem o uso de pensamento, prática ou
linguagem matemática.
N
esta primeira aula, apresentaremos algumas atividades voltadas para o desenvolvimento
do raciocínio lógico-dedutivo, destacando que as constatações de natureza perceptual
não representam uma prova da veracidade dos fatos. Discutiremos alguns sofismas,
falácias e paradoxos para mostrar que conclusões baseadas apenas na intuição ou nos sentidos
táteis e visuais podem não ser verdadeiras. Esse tipo de discussão é importante para que
os alunos comecem a questionar os resultados que lhes são apresentados e compreendam
o valor das demonstrações e do rigor na Matemática. Nas discussões paralelas à execução
dessas atividades, devemos mostrar a importância da persistência em busca das soluções,
destacando os registros de estratégias e tentativas, no sentido de evitar “andar em círculo”.
Outra postura relevante é a atenção, procurando encontrar detalhes e dados valiosos que
possam estar “escondidos”.
Exemplo 1
É proibido dividir por zero!
A não observância desse fato leva a resultados inesperados e absurdos. Veja, por exemplo,
a argumentação seguinte:
Como 2 – 2 = 3 – 3?
Solução
Segue que 2(1 – 1) = 3(1 – 1). Dividindo os dois membros dessa equação pelo fator
comum (1 – 1), obtemos que 2 = 3. Mas, isso é um absurdo!
Esse exemplo mostra que devemos tomar cuidado com o que fazemos. Isso é possível?
Isso é permitido? Devemos adotar essa postura crítica em tudo que fazemos!
Exemplo 2
Ilusões visuais
As demonstrações que envolvem decomposição/recomposição de figuras geométricas
podem esconder imprecisões. Descubra o que há de errado na afirmação a seguir:
3 I 3
II 8 5
3 5 I
3
IV
5 5 5 5
III IV III
3
II
5 3 5 8
Figura 1 Figura 2
Embora visualmente as peças pareçam se encaixar bem para formar o retângulo, pode-se
provar que existe uma “brecha” na diagonal do retângulo, já que a tangente do triângulo retângulo
de catetos 3 e 8 é diferente da tangente do triângulo retângulo de catetos 5 e 13, provando que
a hipotenusa do triângulo menor não está sobre a hipotenusa do triângulo maior. Percebeu?
Atividade 2
Confecção de peças
Esse exemplo é tão interessante que sugerimos a confecção das peças em madeira ou
cartolina grossa. As peças devem ser feitas a partir do quadrado da Figura 1, mantendo as
dimensões sugeridas ou dimensões proporcionais.
Atividade 3
O mistério dos segmentos
A Figura 3 a seguir mostra nove segmentos de retas paralelos e equidistantes, traçados
num pedaço de papel (ou cartolina) retangular. Cortando-se o papel pela sua diagonal, conforme
ilustra a Figura 4, obtemos dois triângulos.
Figura 3 Figura 4
Desloque (deslize) um dos triângulos ao longo da diagonal, conforme ilustra a figura 5, pelo
espaço de um intervalo entre dois segmentos consecutivos, de forma que a nova figura
apresente apenas oito segmentos.
Com relação à primeira pergunta, essa atividade requer apenas atenção, mas essa postura
é de fundamental importância, pois, em alguns casos, é o suficiente para se resolver o problema.
Atividade 4
Olhar atento
A Figura 6 a seguir é uma circunferência de centro O e raio R. A figura OACB é um
retângulo e o ponto C pertence à circunferência.
C
B B C
0 A
0 A
Figura 6 Figura 7
Qual a medida do segmento AB? Olhe só para o retângulo e suas diagonais, mostradas
na figura 7. Descobriu a medida de AB? Veja que a solução depende apenas de um “olhar
atento”, conforme destacamos na Atividade 4.
Figura 8
Uma traça comeu o papel dos livros, partindo da página 1 do volume 1 até a última
página do volume três, percorrendo uma linha reta perpendicular à superfície das páginas.
Que distância ela percorreu?
Chamamos sua atenção para os seguintes fatos: você entendeu o enunciado? Sabe o
que significa linha reta perpendicular à superfície das páginas? Essa é outra questão que
consideramos de suma importância para se solucionar um problema: compreender o
enunciado!
Atividade 6
O problema da moeda falsa
Em cinco caixas cúbicas, de mesmo peso, estão colocadas 20, 30, 40, 50 e 60 moedas
de R$1,00. Veja a ilustração a seguir.
Figura 9
De uma das caixas, retira-se uma moeda, sem que ninguém perceba. Descubra, sem
contar as moedas, apenas usando uma balança de dois pratos e fazendo apenas duas pesagens,
de qual caixa a moeda foi retirada.
Se a balança não ficar em equilíbrio teremos que fazer a segunda pesagem. Se o prato
que ficou mais baixo contiver as caixas de 20 e 60 moedas, faça a segunda pesagem colocando
num dos pratos a caixa com 60 moedas e no outro prato a caixa de 20 moedas e a de 40
moedas. Se o prato que ficar mais baixo for aquele que contém a caixa de 60 moedas, essa é
a caixa onde está a moeda mais pesada. Caso contrário, a moeda mais pesada está na caixa
de 20 moedas. Correto? Você consegue explicar por quê?
Veja como proceder a questão quando a balança apresentar o prato mais baixo com as
caixas de 30 e 50 moedas. Se conseguiu, parabéns! Se não, entre em contato conosco.
As atividades a seguir mostram alguns problemas resolvidos com material concreto, por
meio de experiências, e depois com uma demonstração formal.
Atividade 7
Soma dos ângulos internos de um triângulo
Experiência 1
Desenhe um triângulo numa folha de cartolina, como na Figura 10, e recorte-o em três
partes, juntando-as, como sugere a Figura 11.
2 3 1
1 2
Figura 10 Figura 11
Experiência 2
Desenhe um triângulo numa folha de papel ofício (ou papel A4), como na Figura 12, e
depois dobre-o formando um envelope, como sugerem as Figuras 13 e 14.
3 3
1 3 2
1 2 1 2
Para ver a demonstração formal de que a soma dos ângulos internos de um triângulo
é 1800, veja a Proposição 3 da aula 5 (O mundo das paralelas) da disciplina Geometria Plana
e Espacial.
Atividade 8
Teorema de Pitágoras
Há mais de 300 demonstrações conhecidas do Teorema de Pitágoras, sendo muitas delas,
experimentais. Veja, por exemplo, a experiência a seguir.
IV
I III
V
I II
II
V
III
IV
Figura 15 Figura 16
Isso nos diz que a área do quadrado grande é igual à soma das áreas dos outro dois
quadrados.
A
B
Figura 17
Solução
A Figura 17 mostra uma possível disposição dos pontos e a 18 mostra a solução do
problema, em que os triângulos retângulos de hipotenusas AM e MC são congruentes.
A
B
Figura 18
A Figura 18 sugere que para resolver o problema temos que obter o ponto M.
Exemplo 4
O problema da medição do leite
Como é possível retirar exatamente 6 litros de leite de um tambor, se só se dispõe de dois
baldes com capacidades volumétricas de 4 e de 9 litros?
Note que, usando o balde menor é possível colocar 8 litros de leite no balde maior.
Enchendo o balde menor mais uma vez e completando o nono litro do balde maior, o menor fica
com 3 litros. Por outro lado, enchendo o balde maior e despejando seu conteúdo até encher o
balde menor, o maior fica com 5 litros de leite. Mas, como obter 6 litros de leite no balde maior?
Vamos começar pela solução, ou seja, vamos examinar a situação em que no balde
maior encontram-se 6 litros de leite e vamos tentar descobrir como foi possível chegar a essa
situação. Isso é, essencialmente, o método da regressão!
Figura 19
Solução
Veja como, analisando a Figura 20 a seguir.
9 6
4
1
Figura 20
Percebeu? Passamos três litros de leite do balde maior para o balde menor.
Resta uma explicação: como colocar 1 litro de leite no balde menor? Isso não é difícil.
Encha o balde maior e despeje 4 litros no balde menor, ficando com 5 litros no balde maior.
Despeje, outra vez, 4 litros do balde maior no menor (vazio), ficando 1 litro no maior.
9
4 4
1
Figura 21
Dessa forma, descobrimos como resolver o problema: deixamos o balde menor com 1
litro, enchemos o balde maior e passamos 3 litros para o balde menor, ficando o maior com
exatamente 6 litros.
As atividades a seguir são quebra-cabeças, que, como o nome já diz, exigem muito
raciocínio para resolvê-las.
Atividade 11
Contar triângulos
Quantos triângulos você enxerga na figura abaixo?
Figura 22
Figura 23 Figura 24
A Figura 25 a seguir corresponde a um cercado circular, num terreno plano. Uma pessoa
entra no cercado e anda 60 m na direção norte até a cerca e em seguida anda mais 80 m na
direção leste.
O L
Figura 25
Atividade 14
Cortar e remontar
Faça a figura a seguir em cartolina, sem a parte tracejada, e corte-a em três partes, através
de dois cortes.
Atividade 15
Ângulo no cubo
A figura a seguir é um cubo. EG e EB são diagonais das faces EFGH e EFBA,
respectivamente.
H
G
E F
D
C
A B
Figura 27
Mais uma vez, chamamos a atenção para uma coisa: a importância dos conhecimentos
prévios, do entendimento dos dados do problema, do conhecimento dos termos usados etc.
Assim, a pessoa que não souber o que é um cubo, que suas faces são quadrados congruentes,
o mesmo ocorrendo com suas diagonais, jamais resolverá o problema.
Atividade 16
Tabuleiro sem duas casas
O tabuleiro a seguir foi obtido de um tabuleiro de xadrez, retirando-se dois quadradinhos.
No tabuleiro de xadrez, temos 64 quadradinhos. Usando peças de dominó, podemos cobrir
todos os quadradinhos do tabuleiro de xadrez com 32 peças de dominó, concorda?
Figura 28
Atividade 17
O rei
O baralho que vamos usar nessa atividade possui cartas com verso azul e cartas com
verso vermelho. Quatro cartas são colocadas sobre uma mesa de modo que duas fiquem com
as faces para cima e duas com as faces para baixo, conforme o exemplo a seguir.
azul vermelho
K Q
Rei Dama
K Q
Figura 29
É possível decidir, nesse exemplo, se as cartas com verso azul têm o rei como figura,
1 virando apenas duas cartas?
A maioria das pessoas, apressadamente, vira a carta que tem o rei na frente. Isso, no
entanto, não resolve o problema, pois, mesmo que o verso do Rei seja azul, nada nos garante
que o verso da Damas não seja azul. Portanto, a segunda carta que devemos virar é a Damas.
Veja a sutileza do problema: mesmo que o verso do Rei seja vermelho, isso não é
problema, já que o que se pedia para provar é que “carta com verso azul deveria ter o rei
como face”. Isso não impede que a carta com face rei tenha verso vermelho.
Essa atividade é um exercício de lógica sensacional. Tente compreendê-la, pois isso lhe
dará mais capacidade de raciocínio dedutivo. Para melhor compreensão, use cartas de um
baralho tradicional.
Leituras complementares
DIENES, Z. P.; GOLDING, E. W. Lógica e jogos lógicos. 2. ed. São Paulo: EPU; Brasília: INL,
1974. (Coleção Os primeiros passos em Matemática).
Este livro faz parte de uma coleção destinada aos professores que atuam no ensino
de Matemática desde as séries iniciais até o Ensino Médio. Seus autores consideram
imprescindível que qualquer atividade matemática esteja associada aos princípios e habilidades
lógicas. Consideram, também, a necessidade do uso pedagógico dos jogos e atividades com os
blocos lógicos, tendo em vista a apreensão e o exercício de estratégias de pensamento e ação
que impliquem um comportamento lógico-matemático que contribua para a aprendizagem da
Matemática nos diversos níveis de ensino.
RÊGO, R. G.; RÊGO, R. M. Matematicativa. João Pessoa, PB: Editora Universitária, 1997.
Os autores deste livro apresentam uma contribuição prática para a melhoria do ensino
de Matemática, por meio de uma série de atividades, quebra-cabeças e jogos matemáticos,
frutos de suas experiências didáticas.
RÊGO, Rogéria Gaudêncio; RÊGO, Rômulo Marinho. Matemáticativa II. João Pessoa:
EDUFPB, 1999.
Este livro contém uma coleção de figuras mágicas que se configuram como quebra-
cabeças de diferentes formas e níveis de dificuldades. Pode constituir um importante material
de apoio do trabalho docente, desde que bem utilizado pelo professor, no sentido de explorar as
suas possibilidades cognitivas para o desenvolvimento de habilidades e raciocínio matemático
dos estudantes.
Resumo
Nesta aula, apresentamos atividades que exploram o raciocínio lógico. Abordamos
assuntos direcionados à aritmética e geometria, sempre com o cuidado de mostrar
a importância do professor em trabalhar a disciplina de matemática com prazer
e liberdade. Introduzimos uma série de atividades como sugestões para tornar
as aulas mais significativas e interessantes. Utilizamos exemplos e situações
em que o aluno participa ativamente da resolução do problema observando ou
manipulando materiais concretos. Nossa intenção em trabalhar com os diversos
tipos de materiais foi mostrar que essa abordagem favorece uma melhor relação
entre professor, aluno e conhecimento, na construção dos saberes.
Autoavaliação
Com base nos estudos e atividades desenvolvidas, faça uma análise do que você aprendeu,
considerando os seguintes aspectos.
Quais os pontos considerados mais importantes para sua aprendizagem nesta aula?
1
Que relações podem ser estabelecidas entre as atividades propostas nesta aula e o
4 ensino de Matemática a ser desenvolvido por você como professor?
Você é capaz de criar alguma atividade para sua sala de aula, a partir do que você
5 aprendeu nesta aula? Elabore pelo menos uma atividade e entregue-a ao seu tutor.
DIENES, Z. P.; GOLDING, E. W. Lógica e jogos lógicos. 2. ed. São Paulo: EPU; Brasília: INL,
1974. (Coleção Os primeiros passos em Matemática).
FIORENTINI, D.; MIORIM, M. A. Uma reflexão sobre o uso de materiais concretos e jogos no
Ensino da Matemática. Boletim SBEM-SP, ano 4, n. 7, 1992.
MENDES, I. A.; BEZERRA, J. Q. Geometria plana e espacial. Natal: Editora da UFRN, 2005.
RÊGO, R. G.; RÊGO, R. M. Matematicativa. João Pessoa, PB: Editora Universitária, 1997.
RÊGO, Rogéria Gaudêncio; RÊGO, Rômulo Marinho. Matematicativa II. João Pessoa:
EDUFPB, 1999a.
Aula
2
Apresentação
O
uso de materiais concretos no ensino da Matemática é uma ampla alternativa didática
que contribui para a realização de intervenções do professor na sala de aula durante
o ano letivo. Os materiais são usados em atividades que o próprio aluno, geralmente
trabalhando em grupos pequenos, desenvolve na sala de aula. Essas atividades têm uma
estrutura matemática a ser redescoberta pelo aluno que, dessa forma, torna-se um agente
ativo na construção do seu próprio conhecimento matemático. Infelizmente, o professor
frequentemente usa o material concreto de forma inadequada, como uma peça motivadora
ocasional, ou, pior, como uma demonstração feita por ele, em que o aluno é um mero espectador.
Nesta aula, veremos algumas atividades envolvendo um material concreto muito utilizado
para o desenvolvimento de habilidades lógico-matemáticas nos estudantes de diversos níveis
de ensino e suas possibilidades de uso em sala de aula. Trata-se dos blocos lógicos, um
material muito difundido por Zoltan Paul Dienes, no qual os jogos lógicos constituem a principal
matriz de estruturação do material.
Objetivos
Exercitar o raciocínio lógico-dedutivo com apoio dos
1 blocos lógicos.
A
utilização dos blocos lógicos em jogos surgiu a partir dos trabalhos do educador Zoltan
Paul Dienes, por volta de 1965, em pesquisas que ele realizou no Canadá, com seu
grupo de trabalho, disseminando suas experiências em vários lugares do mundo, com
a finalidade específica de desenvolver o raciocínio lógico-matemático segundo a perspectiva
de Jean Piaget.
Os blocos lógicos são compostos de 48 peças ou blocos (Figura 1), com quatro
características ou atributos – cor, forma, tamanho e espessura:
três cores: vermelho, azul e amarelo;
quatro formas: quadrado, retângulo, círculo e triângulo;
dois tamanhos: grande e pequeno;
duas espessuras: grosso e fino.
Embora saibamos que essas peças não representam figuras planas, pois possuem
espessura, elas são consideradas um recurso importante para que os alunos tenham uma
primeira familiarização com os nomes e características das figuras. Além disso, o trabalho com
As atividades com os blocos lógicos permitem que o aluno reconheça as formas e perceba
as propriedades de cada peça e possa classificá-las a partir de semelhanças ou diferenças. A
classificação é uma estrutura lógica que, no caso da geometria, está relacionada à formação
das noções do que são as figuras geométricas e de suas propriedades. A ideia de conjunto
e suas operações podem ser introduzidas em atividades com os blocos lógicos, de maneira
que o passo de abstração para conjuntos quaisquer se dá de forma compreensível e objetiva.
Sugestão de atividades
A seguir, apresentaremos alguns exemplos de atividades encabeçadas com seus
respectivos títulos, a fim de que você possa se habituar e conhecer alguns métodos lógico-
matemáticos que podem ser aplicados em sala de aula. Logo após cada modelo de atividade,
você encontrará exercícios requisitando o que foi estudado anteriormente com vistas a que você
entenda esses modelos para, a partir daí, aplicá-los em sala de aula. Esses exercícios servirão
para experimentar a apreensão, o desenvolvimento ou o aperfeiçoamento das habilidades
lógico-matemáticas dos alunos. Além disso, essas atividades podem ser utilizadas durante o
seu estágio supervisionado. Vale ressaltar que a maioria das atividades desta aula foi adaptada
a partir das obras de Dienes (como você poderá ver nas referências ao final da aula).
Orientações inicias
para realização das atividades
Separar os blocos por cor.
Repetir a sequência montada pelo professor, utilizando uma só característica.
Ordenar as peças utilizando critério predeterminado.
1. Reconhecimento
Apresente uma peça e solicite que os alunos apontem suas características. Em seguida,
distribua as 48 peças entre os alunos da turma e descreva as características de uma peça
qualquer, solicitando que quem tiver a referida peça que a apresente.
O jogo começa pelo sorteio de um dos jogadores para iniciar a partida. Esse jogador coloca
uma das peças sobre a mesa e solicita que o próximo faça o mesmo, sendo que sua peça deve
ser diferente da primeira apenas por um atributo. O terceiro a jogar deve colocar uma peça que
seja diferente da segunda por uma única característica. A partida continua dessa maneira até que
as peças que atendam ao critério de ser diferente da anterior por apenas um atributo acabem.
Uma variação para esse jogo é usar como critério para a jogada seguinte que a peça se
diferencie da anterior por dois e apenas dois atributos. Assim, se num determinado estágio um
jogador colocou a peça quadrado grande vermelho grosso, o jogador seguinte poderá colocar
o quadrado pequeno vermelho fino ou o triângulo fino vermelho grosso. A peça não poderia
ser círculo grande vermelho grosso nem círculo pequeno amarelo grosso, pois, no primeiro
caso, temos apenas um atributo diferente e no segundo temos três atributos diferentes.
Atividade 2
Repita os passos de 1 a 3 da seção “Explorando os blocos lógicos” e descreva
os resultados. Cite as facilidades e dificuldades ao realizar esse tipo de exercício
e descreva possibilidades de trabalho em sala a partir desta atividade.
Peça aos alunos que observem o que tem de especial nessa sequência. Se eles não
conseguirem perceber a sequência, coloca-se um outro exemplo, até que eles percebam o
padrão presente.
O jogo consiste de duas equipes, cada uma com 24 peças dos blocos lógicos, distribuídas
aleatoriamente, de forma que cada equipe não enxergue as peças da outra. É um jogo de pura
atenção. Em cada jogada um membro da equipe solicita uma peça da outra equipe, explicitando
seus quatro atributos. Se a descrição da peça foi correta e a mesma encontra-se com a outra
equipe, essa peça deve ser repassada para a equipe que fez a solicitação. Caso contrário, não
é repassada e a vez de solicitar a peça passa para a outra equipe. Combina-se um tempo para
o fim do jogo e a equipe vencedora será aquela que conseguiu maior número de peças ou, a
qualquer momento, estipulando-se um número de peças a se conseguir do adversário.
O objetivo desse jogo é que os participantes percebam que, quando uma peça está
com uma equipe, não poderá está com a outra e, se uma peça não está com uma equipe,
obrigatoriamente, estará com a outra. Enfim, cada peça tem que está com uma equipe ou com
a outra, jamais em ambas.
Para tirar suas conclusões, os alunos farão deduções do tipo, “se não é grande, então,
é pequeno”, “se não é azul, então, é amarelo ou vermelho” ou “se não é azul nem vermelho,
então, é amarelo”.
Note que o jogo pode terminar logo ou não, dependendo das perguntas e respostas. Se a
primeira pergunta for “é azul?” e a resposta for “SIM” a possibilidade do aluno acertar é uma
em 16, mas, se a resposta for “NÃO”, a chance do aluno acertar é uma em 32. Se a turma já
estudou probabilidade, o professor pode formular questões sobre o tema.
Redondas I II
Não-redondas III IV
Figura 2
8) Qual o número máximo de peças que podemos colocar nesse diagrama?
A cada grupo, o professor faz perguntas diferentes, inclusive perguntas que não estejam
na lista anterior. O grupo que obtiver o maior número de acertos será o vencedor.
Redondas I II
Não-redondas III IV
Figura 3
Figura 4
Figura 5
O professor convida outro grupo e pede para executarem o que se pediu ao grupo anterior,
agora com novos atributos.
Após todos os grupos executarem a tarefa, ganha aquele que fez a distribuição das peças
corretamente, ou o que menos errou. Nesse momento, o professor faz suas intervenções,
esclarecendo as dúvidas e apresentando suas conclusões.
O objetivo dessa atividade é dar sentido ao uso das palavras “e” e “não”, além de preparar
o aluno para o conceito de intersecção de conjuntos.
Uma variação desse jogo é feita colocando-se três circunferências, em cada uma coloca-se
todas as peças com um único atributo. As possibilidades de perguntas agora são bem maiores.
Cor
Não-vermelhas Vermelhas
Forma
Redondas II
Não-redondas III IV
I = Redondas e não-vermelhas
Figura 6
Leituras complementares
DIENES, Z. P.; GOLDING, E. W. Lógica e jogos lógicos. 2. ed. São Paulo: EPU; Brasília: INL,
1974. (Coleção Primeiros passos em Matemática).
Este livro aborda aspectros essenciais da lógica por meio de suas ideias fundamentais.
Concretiza tais aspectos com a apresentação e uso das peças lógicas (blocos lógicos). Dentre
as atividades de desenvolvimento do pensamento e habilidades lógicas propostas, os autores
apresentam os jogos das diferenças; o jogo dos pares; os jogos de negação; o jogo das vinte
DIENES, Z. P.. As seis etapas da aprendizagem em matemática. 2. ed. São Paulo: EPU;
Brasília: INL, 1974. (Coleção Os primeiros passos em Matemática).
Neste livro, Dienes faz uma análise sobre o processo de abstração distinguindo seis
etapas diferentes: a influência do meio, o jogo livre, a percepção de restrições, o jogo do
„isomorfismo“, a representação, a descrição de uma representação, a demonstração e a
compreensão das propriedades e/ou reconstrução de fórmulas. O livro oferece ao professor
condições não só de utilizar recursos manipulativos e audiovisuais disponíveis para enriquecer
a construção de conceitos matemáticos pelos alunos como também de produzir materiais que
facilitem e reforcem a aprendizagem matemática.
Resumo
Nesta aula, você realizou algumas atividades envolvendo os blocos lógicos, um
material concreto muito utilizado para o desenvolvimento de habilidades lógico-
matemáticas úteis para a formação do pensamento matemático de estudantes
de quaisquer níveis de ensino. Percebeu o quanto tais atividades apresentam
um grande potencial didático de uso em sala de aula. Aprendeu, também, o
quanto os blocos lógicos podem contribuir para o desenvolvimento de alguns
tópicos matemáticos como, por exemplo, conjunto, formas geométricas e
pensamento combinatório.
Autoavaliação
A partir da leitura do material, da realização das atividades previstas nesta aula e das
suas reflexões, sugerimos que você analise os objetivos previstos nesta aula considerando os
seguintes questionamentos.
Quais as possibilidades didáticas de uso dos blocos lógicos em sala de aula com
3 estudantes do Ensino Fundamental e Médio?
Referências
COSTA, Maria da Piedade Resende da. Matemática para deficientes mentais. São Paulo:
EDICON, 1997. (Coleção Acadêmica. Série Comunicação).
DIENES, Z. P. As seis etapas da aprendizagem em matemática. 2. ed. São Paulo: EPU; Brasília:
INL, 1974. (Coleção Os primeiros passos em Matemática).
DIENES, Z. P.; GOLDING, E. W. Lógica e jogos lógicos. 2. ed. São Paulo: EPU; Brasília: INL,
1974. (Coleção Primeiros passos em Matemática).
FALZETTA, Ricardo. Construa a Lógica Bloco a Bloco. Revista Nova Escola, ano XIII, v. 13, n.
111, p. 24-29, out. 1998.
FERRARI, Márcio. A criança como protagonista. Revista Nova Escola, v. 18, n. 164, p. 32-34,
ago. 2003.
Aula
3
Apresentação
M
uitos trabalhos foram feitos sobre o assunto que você vai estudar nesta aula: o
Tangran. Alguns enfatizam seu caráter lúdico para motivar os alunos a utilizá-lo
como um quebra-cabeça e montar formas humanas, formas de utensílios, de
animais ou outras formas. Outros apresentam o material para enfatizar alguns aspectos
essencialmente geométricos. Qualquer das duas formas de uso do Tangran apresenta muitos
aspectos positivos.
Nesta aula, apresentamos o Tangran desde a sua origem e sua construção, de modo
a provocar sua participação na exploração dos aspectos matemáticos envolvidos, lançando
algumas questões desafiadoras que os levem a perceber as propriedades de cada uma das
figuras que surgem. Várias informações, em nível de conteúdo, encontram-se presentes nesta
aula à medida que o material é construído e utilizado. Nossa diretriz básica é possibilitar o
exercício da ação-reflexão, a observação de que as propriedades geométricas antecedem as
definições e demonstrações, as quais devem ser construídas por cada um durante as atividades.
Vejamos a seguir algumas considerações iniciais sobre o Tangran.
Objetivos
Reconhecer as peças do Tangran e suas relações
1 de semelhança, congruência e proporcionalidade.
O
Tangran é um material de origem chinesa cujas características geométricas oferecem
condições ao professor de explorar, com bastante eficácia, conceitos geométricos nas
aulas de Matemática. A sua utilização prevê a exploração do espaço geométrico pelo
aluno, o conhecimento das formas geométricas mais comuns, bem como o desenvolvimento
de habilidades de observação, experimentação, comparação e levantamento de hipóteses,
entre outros.
É um material composto por sete peças, cujas formas geométricas são cinco triângulos,
um paralelogramo e um quadrado, originados na decomposição de um quadrado maior. Alguns
conhecedores desse material o chamam de “sete pedras teimosas”, “sete pedras mágicas”, ou
ainda, “sete tábuas de argúcia” (habilidade, destreza), pois seu nome originou-se do chinês
Tch’i Tch’ião Pan.
Figura 1 – Tangran.
Fonte: <http://www.alunosonline.com.br/matematica/tangram/>. Acesso em: 18 jun. 2009.
A construção das peças do Tangran deve ser feita por meio do uso de dobraduras e
recortes de papel conectando-se aos conceitos geométricos que vão emergindo nessa
construção. Para isso, é aconselhável utilizar papel de espessura média para não rasgar nem
causar dificuldade em dobrá-lo. A exploração de alguns conceitos geométricos será vista nas
atividades experimentais a seguir.
Atividade 1
Lado menor
Lado maior
Neste momento, você deve ter percebido que a diagonal do quadrado representa
a bissetriz que divide o ângulo reto (90°) em duas partes iguais (dois ângulos de 45°) – veja
a Figura 3. Recorte a figura bem na direção da diagonal, de modo a obter duas figuras novas.
Se tiver dúvidas, sugerimos que você marque o ponto médio da hipotenusa ou a base do
triângulo isósceles, tomado para dividir e, em seguida, dobre ou trace um segmento, tendo
como extremos esse ponto e o vértice oposto (ângulo de 90°).
2 Esses novos triângulos são congruentes e/ou semelhantes? Justifique sua resposta.
Qual a relação entre a área desse triângulo menor e o quadrado inicial (Figura 4
5 antes de cortar)?
Os dois triângulos obtidos, nesse momento, são as duas primeiras peças do Tangran
(peças 1 e 2).
A terceira peça do Tangran será gerada quando você tomar a outra metade do quadrado
original (triângulo retângulo isósceles da Figura 4). Trace o segmento que liga os pontos
médios dos catetos deste triângulo e recorte as partes, gerando um novo triângulo, conforme
ilustra a figura a seguir.
Existe uma relação entre a área do triângulo menor e a outra figura surgida? Justifique
5 sua resposta.
A comparação entre as figuras obtidas e a anterior será uma excelente forma de permitir a
construção ou aprimoramento dos conceitos de trapézio isósceles e trapézio retângulo. Basta,
para isso, comparar lados e ângulos dessas figuras com perguntas como:
todos os ângulos possuem mesma medida?
os lados possuem mesma medida?
os lados são paralelos?
5
4
7
6
A figura do paralelogramo surge pela primeira vez (peça 6 da Figura 6). Assim, é
importante que os alunos tenham a oportunidade de explorá-Ia e ainda fazer comparações
com as demais peças construídas.
Com as sete peças do Tangran, monte o quadrado do qual elas foram recortadas. A
1 resposta deve ser a Figura 7 a seguir.
Analisando o Tangran
e suas peças
Um trabalho elaborado por Mendes e Silva (1995) apresenta algumas possibilidades
pedagógicas de uso do Tangran no ensino de geometria e frações. Trata-se de um material
que pode ser usado em diferentes níveis de escolaridade.
4) um quadrado;
5) um paralelogramo.
Sugerimos que você explore todas as formas geométricas representadas pelas peças do
Tangran, bem como os conceitos geométricos sugeridos na caracterização de cada peça. Além
disso, é possível explorar os conceitos de proporcionalidade e congruências, favorecendo o
estudo de frações, equivalência de áreas e perímetros.
Esse material pode ser utilizado em todo o Ensino Fundamental, de modo a contribuir para
que os estudantes formulem suas ideias acerca dos conceitos geométricos e os aprofundem
através de atividades estruturadas a serem desenvolvidas em sala de aula após a manipulação
do material. Para tanto, você pode explorar, por exemplo:
os vértices, ângulos e soma de ângulos;
a rotação e translação de figuras;
os conceitos de simetria, entre outros aspectos.
Exercício proposto 1
1) Explorando ângulos, perímetros e semelhanças
a) Justifique por que os triângulos do Tangran são semelhantes. Faça o mesmo para os que
são congruentes.
b) A partir da medida do lado do quadrado que originou o Tangran, determine o perímetro
de cada peça.
c) A partir do perímetro das peças, determine o perímetro do quadrado que originou
o Tangran.
a) Com a peça quadrada do Tangran, desenhe numa folha de papel um retângulo que contenha
10 dessas peças.
b) Tomando o quadrado do Tangran como unidade de área, qual é a área do retângulo que
você desenhou?
c) Tome o triângulo pequeno do Tangran e veja quantos cabem dentro do retângulo que você
desenhou. Supondo que sua unidade de medida agora é o triângulo pequeno, qual é a área
do retângulo? Percebeu o significado de “unidade de área”?
a) Você concorda que qualquer figura construída com as sete peças do Tangran tem a
mesma área?
Considere o quadrado que originou as peças do Tangran como sendo uma unidade.
Você concorda que o peso de um objeto é proporcional ao seu volume (área)? Admitindo que
o Tangran pese 240 gramas, quanto pesa cada peça?
a) Você sabe o que é a fronteira de uma região (pense num mapa geográfico)? O que você
entende por “região triangular”? E “região retangular”?
Leituras complementares
MENDES, I. A.; SILVA, N. O. Tangran: construção como processo de ensino-aprendizagem.
Belém: NPADC/UFPA, 1995. (Série Matemática, Diversão e Arte, 1).
SOUZA, E. R. de et al. A matemática das sete peças do Tangran. 3. ed. São Paulo: IME-USP,
2003.
Resumo
Nesta aula, abordamos o Tangran desde a sua origem e construção.
Apresentamos sugestões de atividades construtivas que lhe levaram à exploração
de aspectos geométricos, como formas geométricas, perímetros e áreas, além
das relações de composição e decomposição de formas geométricas planas.
O exercício manipulativo do material contribuiu para a sua ação e reflexão
acerca das propriedades das figuras geométricas, bem como de suas definições
e demonstrações.
Como se deu a sua compreensão a respeito das construções das figuras geométricas
1 planas, como triângulo, retângulo, quadrado, paralelogramo, trapézio e suas relações
entre si?
Referências
FAINGUELERNT, E. K.; NUNES, K. R. A. Fazendo arte com a matemática. Porto Alegre:
Artmed, 2006.
SOUZA, E. R. de et al. A matemática das sete peças do Tangram. 3. ed. São Paulo:
IME-USP, 2003.
Aula
4
Apresentação
N
esta aula apresentamos um material didático muito utilizado no desenvolvimento de
conceitos e princípios sobre contagem e combinação: a Torre de Hanói. Trata-se de um
material didático potencialmente rico no desenvolvimento do raciocínio combinatório
e das habilidades de processamento de contagem, cuja exploração pode contribuir para que
os estudantes formulem e/ou ampliem suas estratégias cognitivas de resolução de problemas.
A partir da exploração da Torre de Hanói, bem como das orientações presentes nesta aula,
você poderá construir seu próprio material, suas atividades didáticas e utilizá-lo durante suas
aulas de Matemática no Ensino Médio, envolvendo princípios de contagem e de combinação.
Objetivos
Identificar princípios de contagem e combinação a partir da
1 exploração da Torre de Hanói.
A
Torre de Hanói é um quebra-cabeça que consiste em uma base contendo três pinos ou
hastes, conforme apresenta a Figura 1, onde num deles são dispostos alguns discos, uns
sobre os outros, em ordem decrescente de diâmetro, de cima para baixo. O problema
consiste em passar todos os discos de um pino para outro, um de cada vez, usando o
terceiro pino como auxiliar, de maneira que um disco maior nunca fique em cima de outro
menor. O número de discos pode variar de 3 a n, onde n é um número natural maior que 3.
A
Torre de Hanói, assim como outros quebra-cabeças interessantes, tem sido
amplamente usada em sala de aula como atividade indutora de postura para a solução
de problemas. Atitudes desejáveis numa pessoa que pretende resolver um problema,
como persistência, observação e registro dos erros, compreensão dos dados e hipóteses e,
principalmente, formular uma estratégia para alcançar o objetivo pretendido, são inerentes a
esse tipo de atividade. Por isso, recomenda-se o uso desse tipo de material concreto, porque
entende-se que sua prática educa seus praticantes, transferindo os comportamentos adquiridos
para outras situações, como a resolução de problemas. Além disso, o problema de transferir
os dicos da Torre de Hanói de um pino para outro, qualquer que seja a quantidade de discos,
é um excelente exemplo de um problema de indução matemática, uma das mais poderosas
técnicas de demonstração em matemática.
E
xistem várias lendas a respeito da origem da Torre de Hanói. A mais conhecida diz
respeito a um templo cosmopolita holandês, situado no centro do universo subaquático
oceânico. Diz-se que o Deus Brahma supostamente havia criado uma torre com 64 Brahma
discos de ouro e mais duas estacas equilibradas sobre uma plataforma. Brahma ordenou aos Há um mito indiano
monges que movessem todos os discos de uma estaca para outra segundo as suas instruções. segundo o qual o centro do
As regras eram simples: apenas um disco poderia ser movido por vez e nunca um disco maior mundo está sob a cúpula
do templo de Benares.
deveria ficar por cima de um disco menor. Segundo a lenda, quando todos os discos fossem Ao criar o mundo, o Deus
transferidos de uma estaca para a outra, o templo desmoronaria e o mundo desapareceria. O Brahma colocou, em uma
número mínimo de movimentos para se transferir os discos para uma das estacas é 264 – 1 dessas agulhas, sessenta e
quatro discos de ouro puro
e, se cada movimento durasse um segundo, seria necessário aproximadamente um bilhão de de tamanhos diferentes,
séculos para se mover todos os discos! estando o maior junto à
placa e o menor no topo.
Em 1883, o matemático francês Edouard Lucas inventou o famoso puzzle das Torres de Seguindo as imutáveis Leis
de Brahma, os sacerdotes
Hanói, também conhecido pelas Torres de Brahma.
do templo mudam os discos
de uma agulha para outra,
dia e noite, sem cessar,
e cada sacerdote move
apenas um disco por vez,
V
http://cmlemjua.blogspot.
amos examinar os procedimentos necessários para se transportar os discos da primeira com/2009/07/lenda-da-
haste para a terceira (da esquerda para a direita). Embora a passagem de um único torre-de-hanoi.html.
disco não constitua um problema, tamanha a sua simplicidade, vamos começar nossa
discussão por esse caso, pois a partir dele percebe-se que o transporte de k discos é possível
desde que se saiba como transportar k –1 discos. Esse fato, por sua vez, é o Princípio de
Indução Matemática, que nos fornece uma das mais poderosas técnicas de demonstração
em Matemática, a demonstração por indução.
Na Figura 2, temos a torre com um disco na primeira haste. Para transportar esse disco
para a terceira haste é muito simples e direto, como mostra a Figura 3.
Na Figura 4, vemos a torre com dois discos na primeira haste. Para transportá-los para a
terceira haste, primeiro, colocamos o disco menor na segunda haste, como mostra a Figura 5.
Note que para alcançar nosso objetivo fizemos três movimentos: um da Figura 4 para a
Figura 5, outro da Figura 5 para a Figura 6 e mais um da Figura 6 para a Figura 7.
Vejamos, agora, como transportar três discos da primeira haste para a terceira, conforme
mostrado inicialmente na Figura 8.
Em seguida, colocamos o disco médio na segunda haste, conforme mostra a Figura 10.
O passo seguinte é colocar o disco menor, que está na terceira haste, na segunda haste,
como ilustra a Figura 11.
Observe que até esse momento não mexemos no disco maior. O que fizemos foi
transportar dois discos da primeira para a segunda haste.
Agora, transportamos o disco maior da primeira haste para a terceira, como ilustra a
Figura 12.
Para concluir nossa tarefa, vamos transportar os outros dois discos. O que se encontra
na segunda haste para a terceira e o que se encontra na primeira haste também para a terceira,
respectivamente. Ou seja, vamos repetir os passos desenvolvidos na Figura 8 para a Figura 11.
Atividade 1
Analise os passos utilizados para transportar os três discos da haste
1 1 para a haste 3 e diga qual o número de movimentos utilizados para
transportar os três discos.
É óbvio que a omissão dos passos é para economizar espaço no texto, mas esses passos
devem ser seguidos pelo seu aluno que estará efetuando os movimentos na torre.
Neste momento, chamamos a sua atenção para o que fizemos até aqui. Para transportar
três discos, usamos nosso conhecimento para transportar dois discos; para transportar quatro
discos, aplicamos o procedimento utilizado para transportar três; e assim percebemos que
podíamos continuar desta forma.
Atividade 2
Para termos certeza que o problema da Torre de Hanói tem solução para qualquer
quantidade de discos, teremos que recorrer a uma técnica de demonstração muito útil em
Matemática, chamada demonstração por indução, citada nesta aula, no tópico “Objetivos da
Torre de Hanói na sala de aula”. A técnica consiste no seguinte: se pretendemos provar que
uma proposição P(n) é verdadeira para todo n natural, basta provar que P(1) é verdadeira
e P(n+1) é verdadeira se P(n) também o for.
Para uma melhor compreensão, vamos aplicar essa técnica de demonstração a um exemplo.
Solução
Se n =1, isto é, se dispomos de 21 = 2 moedas, basta colocarmos uma moeda em cada
prato da balança e perceberemos qual é a mais pesada.
Suponhamos, agora, que sabemos determinar, com n pesagens, a moeda mais pesada
quando temos 2n moedas. Então, se tivermos 2n+1 moedas, separaremos em dois grupos de
2n, já que 2n+1= 2. 2n, e colocaremos cada grupo num prato da balança, descobrindo, com
uma única pesagem, em qual grupo se encontra a moeda mais pesada. Como sabemos com
n pesagens qual a moeda mais pesada do grupo com 2n moedas, totalizamos n+1 pesagens
para descobrir a moeda mais pesada entre as 2n+1 moedas.
Já vimos que P(1) é verdadeira e agora vamos supor que P(n) também é verdadeira
para algum n; isto é, é possível transportar n discos e provar que dessa hipótese decorre a
veracidade de P(n+1).
A Figura 20 mostra a torre com n+1 discos, e a Figura 21 exibe a torre com n discos na
segunda haste, situação essa que por hipótese é possível.
n
1
n
1
Para concluir nosso objetivo, basta transportar os n discos que se encontram na segunda
haste para a terceira, pois, como sabemos da hipótese de indução, isso é perfeitamente
possível. A Figura 23 mostra todos os discos na terceira haste.
Atividade 3
A partir das orientações presentes nesta aula, você é capaz de construir
1 sua própria Torre de Hanói? Como você construirá seu material?
Leitura complementar
MACHADO, N. J. Matemática e educação: alegorias, tecnologias e temas afins. São Paulo:
Cortez, 1995.
Neste livro, o autor dedica um capítulo para discutir o jogo da Torre de Hanói, mencionando
os elementos envolvidos na transferência de certos hábitos e atitudes cultivados ao longo da
utilização dos jogos, para o conjunto de atividades educativas, levadas a efeito na escola ou
fora dela. Discute ainda a importância que esse quebra-cabeça tem no desenvolvimento e
aprimoramento da intuição matemática e qual o papel do professor no uso desse quebra-cabeça
durante o processo de elaboração de estratégias cognitivas para a obtenção de boas soluções
para os problemas de contagem e de combinação que envolvem esse jogo.
Autoavaliação
A partir das orientações presentes nesta aula, você é capaz de construir sua própria
1 Torre de Hanói? Detalhe a construção de sua Torre de Hanói.
Como você poderá ajustar as orientações presentes nesta aula, durante suas aulas de
4 Matemática no Ensino Médio, envolvendo princípios de contagem e de combinação?
5 De que maneira você poderá utilizar o conteúdo desta aula em sua prática docente?
WATANABE, R. Uma lenda: Torre de Hanói. In: Druck, S. (Org.). Explorando o ensino da
Matemática: atividades. Brasília: Ministério da Educação; Secretaria de Educação Básica, 2004.
p. 132-135. v 2.
Apêndice
Para saber mais...
Alguns links sobre a Torre de Hanói
www.obm.org.br/eureka/artigos/hanoi.ps
http://www2.mat.ua.pt/rosalia/cadeiras/ADA/THpaper.pdf
http://www.ufrgs.br/faced/slomp/edu01136/hanoi.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Torre_de_hanoi
http://www.profcardy.com/desafios/aplicativos.php?id=1&width=1024
http://www.ime.usp.br/~leo/imatica/programas/hanoi/index.html
http://www.cut-the-knot.org/recurrence/hanoi.shtml
http://en.wikipedia.org/wiki/Tower_of_Hanoi
http://www.espacociencia.pe.gov.br/areas/matematica/hanoi.php
http://www.gamesetwatch.com/2007/03/column_beyond_tetris_the_tower.php#more
http://hanoitower.mkolar.org/HTonWebE.html
http://www.cs.wm.edu/~pkstoc/biblio2.pdf
http://www.lawrencehallofscience.org/Java/Tower/towerhistory.html
http://www.superkids.com/aweb/tools/logic/towers/
http://www.haubergs.com/scripts/hanoi/hanoi.html
http://greschak.com/twlegend.htm
http://puzzlemuseum.com/month/picm07/2007-03_hanoi.htm
http://chemeng.p.lodz.pl/zylla/games/hanoi5e.html
http://www.youtube.com/watch?v=hVVjEKn21Lo
http://www.youtube.com/watch?v=a3WWzn-u9YI
http://www.youtube.com/watch?v=aGlt2G-DC8c
http://www.youtube.com/watch?v=H5bCcREEL9g
Aula
5
Apresentação
A
construção do conceito de número, pela criança, estrutura-se a partir das diferentes
operações com quantidades e agrupamentos. Isso proporciona a formação da noção
de números naturais, bem como a composição do sistema de numeração decimal. A
partir dessa estruturação, a criança constrói a ideia inicial de fração até chegar ao conceito de
número decimal, tomando como base a representação formal das quantidades utilizadas nas
atividades realizadas em situações reais, como o Material Dourado, por exemplo.
O professor pode elaborar e desenvolver em suas aulas atividades que viabilizem o alcance
de uma aprendizagem significativa dessas noções matemáticas, tendo em vista a sua utilização
nas diferentes atividades sociais, de forma que os alunos possam vivenciar essa construção
e possam ter uma compreensão relacional das noções de números.
Objetivos
Compreender o processo de composição lógica do
1 sistema de numeração decimal.
H
istoricamente, os números fracionários surgiram no momento em que o homem
sentiu a necessidade de medir grandezas para as quais os números naturais eram
insuficientes. Nos mais antigos registros matemáticos encontrados, já se evidenciavam
noções de frações, embora com características próprias da época. Os babilônios antigos,
por exemplo, usavam frações, escrevendo-as na forma posicional característica, do mesmo
modo como hoje se faz visando registrar suas transações comerciais através de importâncias
monetárias próprias.
Para isso, existe um material didático apropriado disponível chamado FRAC-SOMA 235,
que pode ser encontrado em lojas especializadas ou em lojas de brinquedos. Opcionalmente,
o professor pode sugerir que os alunos produzam esse material em casa, apresentando a
Figura 1 a seguir e algumas instruções complementares, como as características das peças
e a escolha das cores.
Branco
Vermelho Vermelho
Roxo Roxo Roxo Roxo Roxo Roxo Roxo Roxo Roxo Roxo
Observando a relação lógica existente na divisão das barras e na distribuição das cores na
Figura 1 você pode perceber quais as cores das barras seguintes e o porquê desse processo.
Você deve ter percebido que as Figuras 1 e 2 totalizam 18 barras horizontais que
compõem, juntas, o FRAC-SOMA 235, sendo a branca a única inteira; as demais estão
divididas em pedaços proporcionais e mantendo sempre relações entre as cores. Conte o
número de pedaços de que é feita cada barra das duas figuras e registre esse número e a cor
ao lado da barra correspondente.
Coloque lado a lado as peças vermelhas grandes e laranjas e faça comparações entre
3 três partes de cor laranja e uma parte vermelha grande. Faça o mesmo comparando
quatro partes vermelhas pequenas com três partes laranjas. O que você observa?
Descreva suas conclusões.
Na Atividade 1 você utilizou peças de cores diferentes para compará-las, mas, na hora
de efetuar as operações, só trabalhou com peças de mesma cor, ou seja, frações de mesmo
denominador. Veremos a seguir, na Atividade 2, que a comparação entre as peças é fundamental
para efetuar operações com frações de denominadores diferentes.
Atividade 2
Utilize as peças do material para comparar as seguintes frações:
1 1 1 2 2 2 3 3 4 1 2 2 4
··· ··· ··· ··· ··· ···
2 3 3 4 3 4 4 5 2 4 3 6
Você deve ter notado que os dois últimos pares de frações do item 1 representam,
2 cada um, uma mesma quantidade ou medida. Frações que representam uma mesma
quantidade são chamadas de _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ .
1 1 1 2 3 5 2 2 4 1 2 1
+ + + + − −
2 3 2 3 4 8 3 6 5 2 3 6
Você deve ter percebido que, para somar frações de denominadores diferentes utilizando
as peças do material, surgiu um embaraço: como somar (ou subtrair) peças de cores distintas?
Para fazer essas operações, precisamos trabalhar com peças de mesmas cores, e isso é feito
trocando-se peças de uma cor por peças equivalentes de outra cor, conforme discutimos na
Atividade 1. Usar uma única cor, nesse caso, equivale a usar um denominador comum
nas frações!
Atividade 3
3 Por que não dividimos a barra em 7, 11, 13, 14, 17, 19, 21, 22, 23, 26, 28, 29 partes?
Justifique por que as barras correspondentes aos números entre 1 e 30, indicadas
5 na questão 2, quando decompostas em fatores primos, não têm os fatores 7, 11,
13, 14, 17, 19, 21, 22, 23, 26, 28, 29.
Atividade 4
A
partir desse momento, você pode retomar aspectos referentes aos conceitos de
frações já estudados anteriormente, explorá-los novamente com o material e explorar
a comparação, adição e subtração de frações; equivalência; números primos, múltiplos,
divisores; MMC e MDC; entre outros.
Agora que você já conhece todas as barras coloridas, utilize cada uma delas para
organizar as frações presentes no material, sob forma de grupos de equivalência, conforme
solicitamos a seguir.
Atividade 5
Agrupe todas as barras que possam corresponder à medida da primeira barra
1 1
vermelha (a barra que corresponde à fração 2 ) e escreva o esquema de
cores equivalentes.
Como você explica a relação entre a primeira barra vermelha e três laranjas? Qual o
3 fator de multiplicação para que essa relação ocorra? Analise a mesma situação que
ocorre para a relação entre a primeira barra vermelha e cinco roxas.
Como você explica a relação entre a primeira barra azul e a primeira verde?
5
Atividade 6
Compreensão numérica
das frações decimais e centesimais
Para que possamos construir a ideia de fração decimal e números decimais,
consideremos os questionamentos a seguir, visando comentar as discussões a
respeito do assunto nelas evidenciadas. Admita que as Figuras 1 e 2 estão divididas em
partes iguais.
Represente sob a forma de fração a menor parte em que foi dividida a Figura 3.
2
Quantas partes da Figura 4 são necessárias para completar uma parte da Figura 3?
9
Figura 5 Figura 6
Se você ainda não adotou a notação de fração decimal, sugerimos que o faça.
Figura 7
A
B
D
F
Figura 8
c) E A e C juntas?
i) Represente por meio de uma subtração a parte da Figura 6 que ficou em branco.
A
s figuras que utilizamos nas atividades anteriores podem ser substituídas por um
material didático chamado Material Dourado, fabricado em madeira, disponível
em muitas escolas, que deve ser explorado no estudo das frações decimais, tanto
na representação como nas operações. Esse material é excelente, pois esclarece de forma
objetiva as características do sistema de numeração decimal, especialmente a questão do
valor posicional dos algarismos.
Nas figuras a seguir, apresentamos as peças do Material Dourado para se trabalhar com
números naturais:
Cubo
Placa 1 milhar ou
Barra 1 centena ou 10 centenas ou
Cubinho 1 dezena ou 10 dezenas ou 100 dezenas ou
1 unidade 10 unidades 100 unidades 1000 unidades
Observe que uma barra equivale a 10 cubinhos, uma placa equivale a 10 barras ou 100
cubinhos e um cubo equivale a 10 placas, 100 barras ou 1000 cubinhos.
Um estudo realizado por Fonseca (2004) apresenta muitas atividades com o Material
Dourado que lhe podem ser muito úteis no ensino de números decimais, tomando-se como
referência os aspectos conceituais aqui mencionados.
Leituras complementares
ASIMOV, Isaac. No mundo dos números. 4. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1989.
Este livro tem como finalidade tornar mais simples e compreensível a noção de número
entre as pessoas que não têm uma relação mais profunda com a Matemática. Através de uma
abordagem mais atraente para o leitor não acadêmico, ele descreve os aspectos conceituais
do número, suas diversas formas de contagem e operações, bem como os princípios em que
se baseiam determinadas explicações para os mecanismos operacionais. Seus 10 capítulos
abordam temas como: dígitos e dígitos; nada e menos que nada; evitando a adição; números
quebrados; quebra por dezenas; a forma dos números; à procura das raízes; os números muito
grandes e os muito pequenos; da série numérica para o setor numérico; infinidade.
RAMOS, Luiza Faraco. A descoberta da matemática: frações sem mistério. São Paulo:
Ática, 2002.
Resumo
Nesta aula, você realizou uma série de atividades voltadas ao ensino e à
aprendizagem de frações, números decimais e operações com esses números,
tendo em vista o desenvolvimento de habilidades de utilização didática de
materiais concretos como o FRAC-SOMA 235, o Material Dourado e outros
materiais que podem viabilizar o seu trabalho docente nas aulas de Matemática.
Se for necessário ajustar algumas atividades para o seu trabalho docente, como
3 você fará isso?
MENDES, Iran Abreu. Matemática e investigação em sala de aula: tecendo redes cognitivas
na aprendizagem. 2. ed. São Paulo: Livraria da física, 2009.
RAMOS, Luiza Faraco. A descoberta da matemática: frações sem mistério. São Paulo:
Ática, 2002.
Aula
6
Apresentação
A
Matemática aparece frequentemente como um conjunto de conhecimentos com uma
série de resultados que respondem a numerosas perguntas acerca do espaço, dos
números, das formas, das operações e dos movimentos, entre outros. Não há dúvida de
que não são apenas esses tipos de problemas e respostas que interessam aos professores de
Matemática e aos alunos em sala de aula. Há, nesse entremeio, necessidade de compreender
os processos de solução envolvidos nas formulações de respostas.
Objetivos
Aplicar procedimentos matemáticos que contribuíram
1 para o exercício manipulativo e dinâmico da multiplicação.
U
m quadrado mágico é um conjunto de números distintos distribuídos no interior de
um quadrado, sem repetição, de forma que a soma dos números de cada linha, cada
coluna e cada diagonal seja igual a uma constante. Os matemáticos antigos atribuíam
aos quadrados mágicos atributos místicos e até os usavam como amuletos. A Figura 1 a seguir
mostra o exemplo de um quadrado mágico 3 × 3.
6 7 2
1 5 9
8 3 4
Atividade 1
Descubra por que a soma é 15.
1
Se os números usados fossem 1, 3, 5, 7, 9, 11, 13, 15 e 17, qual seria a soma?
2
Há mais de uma maneira de distribuir esses números de modo a se obter um
3 quadrado mágico?
1.
2.
3.
6.
7.
Se você observar com atenção, verá que, em certo sentido, as várias maneiras “diferentes”
que você conseguiu nas atividades anteriores são todas “iguais”, já que correspondem a obtê-
las a partir da Figura 1, através de rotações, reflexões em torno das diagonais ou em volta das
retas que passam pelos pontos médios dos lados opostos do quadrado. Experimente fazer
esses movimentos!
Quanto à posição do número 5, tente colocar outro número na posição central e veja o
que acontece. Observe também que o número 9 não pode ficar em qualquer posição.
4 9 2
3 5 7
8 1 6
Atividade 2
Qual dos algarismos tem possibilidade de estar presente no cruzamento entre as
1 duas linhas, entre as duas colunas e entre as duas diagonais, ou seja, em quatro
situações distintas?
Construa um quadrado mágico 3×3 com os números 0,1; 0,2; 0,3; 0,4; 0,5; 0,6;
8 0,7; 0,8; e 0,9.
Mostre que a soma de dois quadrados mágicos (como se soma matrizes) ainda é
10 um quadrado mágico. Verifique se o produto de dois quadrados mágicos também
é um quadrado mágico.
X1 X2 X3 12 7 8
X4 X5 X6 5 9 13
X7 X8 X9 10 11 6
Figura 4 Figura 5
O
painel multiplicativo tem como objetivo explorar as noções de múltiplos e divisores de
um número natural entre 1 e 100. Esse material didático pode ser confeccionado com
uma folha de cartolina, uma folha de papel cartão ou em papelão revestido. Os números
devem ser escritos de forma legível, geralmente com pincel atômico. Para sua confecção, é
necessário o uso de tesoura, régua e cola.
Na folha de cartolina inteira (parte frontal do painel; Figura 6), traça-se 100 quadrados,
nos quais serão escritos os dez primeiros múltiplos dos números de 1 a 10.
Na folha de papel cartão ou papelão revestido (parte de trás do painel; Figura 7), traça-se
outros 100 quadrados, onde serão colocados os múltiplos dos números presentes na cartolina,
conforme a posição ocupada por cada um desses números.
Observe as Figuras 6 e 7 a seguir. Na Figura 6, você tem o esquema a ser feito na cartolina,
e na Figura 7 o esquema a ser feito no papel cartão ou papelão revestido. Os quadrados devem
ter um tamanho adequado, de modo a aproveitar toda a folha de cartolina e de papel cartão,
deixando apenas uma faixa superior para que se possa colocar o nome do material.
Cada quadrado da parte frontal da Figura 6 deve ser recortado isoladamente e colado na
parte superior de cada quadrado da parte de trás do painel (Figura 7), de modo a relacionar os
fatores da multiplicação (multiplicador, multiplicando e produto).
Na terceira coluna da Figura 7, por exemplo, você tem os dez múltiplos de 3 desde o
próprio 3. Isso significa que você colará, nessa coluna, todos os quadrados com o número
3, de modo que, ao suspender qualquer casa representada pelo 3, você terá como resultado
a soma de todos os valores 3 desde a primeira linha até a casa escolhida. Se, por exemplo,
você tomar a quarta casa da coluna do 3, verificará que o valor oculto é o número 12, pois:
3 + 3 + 3 + 3 = 4 × 3 = 12.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Figura 6
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
3 6 9 12 15 18 21 24 27 30
4 8 12 16 20 24 28 32 36 40
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
6 12 18 24 30 36 42 48 54 60
7 14 21 28 35 42 49 56 63 70
8 16 24 32 40 48 56 64 72 80
9 18 27 36 45 54 63 72 81 90
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Figura 7
3) Tomando qualquer linha da Figura 7 do painel multiplicativo, você obtém uma sequência
numérica sob a forma de uma progressão aritmética.
Se tomarmos, por exemplo, a 5ª linha, teremos: 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35, 40, 45.
Multiplique esse valor (40) pela diferença D existente entre o último número da sua PA
(45) e o número anterior da referida coluna (36) e obtenha 40 × 9 = 360.
Se dividirmos o produto entre S e D pelo número de termos das PA’s menos 1, obteremos
o valor do último termo da PA, ou seja: 360: (9 – 1) = 45.
Atividade 3
Verifique o fato apresentado no último parágrafo com a PA de outra linha. Como
explicar esse resultado?
A
criação dos logaritmos por John Napier (1550-1617) constituiu-se em uma das grandes
contribuições da Matemática para a compreensão do processo de quantificação dos
fenômenos físicos investigados nos séculos XVI e XVII. No final do século XVI, Napier,
preocupado porque seus cálculos eram grandes e difíceis, e freavam o progresso científico,
concentrou todos os seus esforços para desenvolver métodos que pudessem simplificá-los.
Rabdologia Com esse fim, escreveu sua Rabdologia, na qual descreve a utilização de barras e quadrinhos
Trata-se de um livro
para efetuar somas de parcelas parciais. Os quadrinhos de Napier eram tábuas de multiplicações
publicado por Napier, montadas sobre barras de secções quadradas obtidas da Figura 3 a seguir. Essas barras foram
em 1617, cujo título se utilizadas na Escócia durante mais de um século em todos os cálculos que incluíam multiplicações.
refere a um método de
multiplicação baseado em
O apêndice da Rabdologia descreve um aperfeiçoamento dos quadradinhos representados por
um conjunto de réguas lâminas perfuradas que permite efetuar multiplicações de números grandes (COLLETTE, 1985).
numéricas baseado nas
barras de multiplicar
obtidas em livros
publicados anteriormente
em Treviso (Itália),
no século XV.
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 1 1 1
2 4 6 8 0 2 4 6 8
Gelosia 1 1 1 2 2 2
3 6 9 2 5 8 1 4 7
Alguns historiadores 1 1 2 2 2 3 3
consideram que esse 4 8 2 6 0 4 8 2 6
método teve origem 1 1 2 2 3 3 4 4
na Índia, tendo sido 5 0 5 0 5 0 5 0 5
transmitido para 1 1 2 3 3 4 4 5
o ocidente pelos 6 2 8 4 0 6 2 8 4
comerciantes árabes. 1 2 2 3 4 4 5 6
Este método era utilizado 7 4 1 8 5 2 9 6 3
para efetuar multiplicações 1 2 3 4 4 5 6 7
de números com mais de 8 6 4 2 0 8 6 4 2
dois dígitos. Ver detalhes 1 2 3 4 5 6 7 8
em http://educamat.ese. 9 8 7 6 5 4 3 2 1
ipcb.pt/0607/images/PDF/
Mater_1C/sessao_
Figura 8 – Representação das Barras de Napier
05_gelosia.pdf.
Essa invenção teve uma influência profunda na maneira em que os cálculos passaram a ser
realizados, especialmente na engenharia e nas ciências. Conhecidas como “as barras Napier”
(ou, às vezes, por “os ossos de Napier”), eram o precursor de nossa régua de cálculo moderna.
a) Dado que o multiplicador é 6, então, selecione as barras 2, 7 e 8 para formar o número 287.
1
2 8 7
1 1 2
4 6 4
2 2 3
6 4 1
3 2 4
8 2 8
1 4 3
5
0 0 5
1 4 4 6
2 8 2
1 5 4
4 6 9
1 6 5
6 4 6
1 7 6
8 2 3
c) Observe que cada número das diagonais se organiza de acordo com a posição decimal
ocupada. Assim, você deverá adicioná-los conforme a casa decimal em que pertencem.
d) Você somará da seguinte maneira: repita o 2 da casa das unidades; some os números da
casa das dezenas (8 + 4 = 12); e some os números da casa das centenas (2 + 4 = 6).
M C D U
2 2 da primeira casa
1 2 8+4
6 2+4
1 1 da primeira casa
1 7 2 2 Resultado
Atividade 4
Vejamos agora como é possível realizar uma divisão utilizando o algoritmo representado
pelas barras de Napier. Ilustraremos o método com a divisão de 3.922 por 53.
a) Selecionamos as barras do 5 e do 1 para obter os múltiplos de 53, conforme Figura 10.
5 3
1
0 6
1
5 9
2 1
0 2
2 1
5 5
3 1
0 8
3 2
5 1
4 2
0 4
4 2
5 7
e) Observando o quadro, vemos que na quarta linha temos esse valor, e como 212 – 212 = 0,
concluímos que a divisão é exata.
f) Assim sendo, teremos como quociente da divisão o valor da sétima linha (7) multiplicado
por 10 e somado com o valor da quarta linha (4).
g) Portanto, Q = (7 × 10) + 4, isto é, o quociente da divisão de 3.922 por 53 é igual a 74.
Observe que, se a divisão fosse de 3.925 por 53, ao efetuarmos o passo “d ” teríamos
obtido 215 e a diferença 215 – 212 = 3 seria o resto da divisão.
Atividade 5
1.
3.
(1) 25
(2) 50
(3) 75
(4) 100
(5) 125
(6) 150
(7 ) 175
(8) 200
(9) 225
(10) 250
Atividade 6
Experimente, então, dividir 1.807 por 13, usando o método derivado
1 das barras de Napier.
1.
2.
Após esse exercício experimental com outros métodos de exploração dos números e
operações, você pode explorar mais ainda essa variedade de possibilidades de algoritmos
para as operações matemáticas.
Este livro apresenta uma abordagem didática muito adequada ao ensino de logaritmos e
função logarítmica para estudantes do Ensino Médio. Contém explicações acerca das relações
entre os logaritmos, progressões aritméticas e geométricas, tais como abordados por Napier
na criação do seu método de multiplicação em barras.
ASIMOV, Isaac. No mundo dos números. 4. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1989.
Este livro tem como finalidade tornar mais simples e compreensível a noção de número
entre as pessoas que não têm uma relação mais profunda com a Matemática. Através de uma
abordagem mais atraente ao tipo de leitor não acadêmico, descreve os aspectos conceituais
do número, suas diversas formas de contagem e operações, bem como os princípios em que
se baseiam determinadas explicações para os mecanismos operacionais. Seus 10 capítulos
abordam temas como: dígitos e dígitos; nada e menos que nada; evitando a adição; números
quebrados; quebra por dezenas; a forma dos números; à procura das raízes; os números muito
grandes e os muito pequenos; da série numérica para o setor numérico; infinidade.
Neste livro, seu autor aborda um capítulo dedicado à discussão dos quadrados mágicos e
suas relações matemáticas, apontando as relações dos quadrados mágicos 4x4 com o jogo de
xadrez. O livro contém vários capítulos muito importantes para que o professor de Matemática
possa se esclarecer acerca dos diversos tópicos matemáticos a serem abordados no Ensino
Fundamental e Médio.
Resumo
Nesta aula, abordamos alguns procedimentos matemáticos que contribuíram
para o exercício manipulativo e dinâmico da multiplicação, a partir de alguns
materiais concretos que poderão ser utilizados nas suas aulas de Matemática.
Esses materiais apresentam um forte apelo ao desenvolvimento de estratégias e
habilidades matemáticas que poderão contribuir para superar as dificuldades de
seus futuros alunos. Esperamos que você tenha se envolvido com bastante afinco
e disciplina e tenha descoberto alguns princípios e propriedades matemáticas
presentes no material e nas atividades que lhe apresentamos.
Se for necessário ajustar algumas atividades para o seu trabalho docente, como
3 você fará isso?
Referências
ASIMOV, Isaac. No mundo dos números. 4. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1989.
COLLETTE, J. P. Historia de las matemáticas I. Tradução Pilar González Gayoso. Madrid: Siglo
XXI de España Editores, 1985.
MENDES, Iran Abreu. Investigação histórica no ensino de matemática. Rio de Janeiro: Ciência
Moderna, 2009a.
Aula
7
Apresentação
Nesta aula, trataremos da descrição e sugestão de algumas experiências possíveis
de serem desenvolvidas com estudantes do Ensino Fundamental ou Médio, visando o
desenvolvimento de abstrações matemáticas ao longo do seu caminho construtivo na
Matemática escolar.
Nesse sentido, as abstrações aqui mencionadas poderão ser alcançadas por meio de
observação e generalização de padrões, manipulação de expressões, linguagem simbólica,
entre outros aspectos abordados pela Álgebra Elementar, explorada na Matemática do Ensino
Fundamental. Esses aspectos são essenciais para a compreensão de outros tópicos da
Matemática do Ensino Médio, como equações do segundo grau, relações, funções, matrizes,
determinantes e sistemas lineares.
Objetivos
Observar padrões que permitam a manipulação e representação de
1 situações-problema por meio de expressões algébricas.
Se a experiência é uma das fontes de conhecimento, como se pode esperar que os alunos
aprendam Álgebra no sentido da apreensão da estrutura matemática em uma atividade apenas
formal, se não houver qualquer experiência que contribua para que ele tenha uma relação
concreta com a estrutura algébrica a ser apreendida?
Explorando a
propriedade distributiva
Comecemos explorando a propriedade distributiva da multiplicação em relação à adição, pois
essa é uma boa chance para que possamos verificar a riqueza dos aspectos algébricos que surgem.
x2 x
Figura 1
c) Como você não conhece o valor de “x”, não pode determinar precisamente o perímetro e
a área. Supondo que x = 5, qual será o resultado para o perímetro e a área?
e) Que diferença você observa entre as duas expressões algébricas relativas ao perímetro
total e a área total apresentadas?
g) Construa agora dois retângulos, um de lados “x” e “y” e outro de lados “x” e “4”, conforme
a Figura 2 a seguir:
x x
y 4
Figura 2
Qual o polinômio (qual o seu grau) relativo à soma dos perímetros das duas figuras?
Atividade 2
Figura 3
Como você faria para juntar essas duas figuras de modo a construir outro retângulo
2 maior que o segundo?
1
a2
a
Figura 4
Uma identidade sempre estabelece um fato que é verdadeiro para todos os valores
atribuídos ao termo desconhecido da sentença aberta, enquanto que uma igualdade apresenta
o problema de termos de encontrar os valores dos termos desconhecidos para os quais a
sentença passa a ser verdadeira.
Situações como essas podem ser experimentadas pelos alunos antes de poder abstrair
qualidades ou atributos em sentenças abertas, chamadas de equações. Daí então é que
o simbolismo formal de uma equação poderá representar uma linguagem expressando a
matematização da experiência.
a+1 a a2 a
= = a2 + 2a + 1
1 a 1
Figura 5
Atividade 3
a) 5 (a + 2) e 3 (a +1)
b) (a + 1) (a + 1)
c) (a + 1) (a + 2)
d) 4a2 + 4a + 1
a) (a + b)2
b) (a – b) 2
c) (a +b)(a – b)
Seguindo o mesmo raciocínio, você pode construir pequenos cubos e barras similares ao
material dourado e representar geometricamente expressões do tipo x3, tal como sugerimos a seguir:
x
x
Figura 6
1
x
x 1
x 1
1 1
x x 1
x 1 1
Figura 7
b) (x + y)3
c) (x – y) 3
O material sugerido acima pode ser feito por um bom marceneiro. É preciso, no entanto,
que as peças sejam bem acabadas para não deixar dúvidas, conforme comentamos na primeira
aula dessa disciplina. Também é possível elaborar material que represente as situações b e c
desta atividade. Finalmente, chamamos sua atenção para softwares que simulam essas mesmas
situações, inclusive com animação. Pesquise na internet.
A balança matemática
V
ocê pode construir uma balança com ganchos colocados em iguais intervalos do fulcro
(ponto de fixação dos braços), tal como mostramos na Figura 8 a seguir. O princípio
norteador dessa balança é que a força exercida por uma argola é proporcional à distância
do gancho ao fulcro. Além disso, a distância do fulcro às argolas mais próximas é a mesma
distância entre duas argolas consecutivas.
9 8 7 6 5 4 3 2 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9
As atividades com a balança matemática têm como objetivos fazer com que o aluno
reconheça as propriedades de equivalência de equações e compreenda os princípios
matemáticos que estabelecem as igualdades em uma sentença matemática do tipo equação.
Além disso, as atividades pretendem aproveitar o instrumento para a resolução prática das
equações como pré-requisito para a sua representação em linguagem algébrica.
Atividade 5
Este livro contém uma série de sugestões didáticas ao professor para que possa
desenvolver atividades didáticas voltadas ao ensino de conceitos algébricos como variáveis,
equações e funções. O método utilizado pelo seu autor baseia-se no intuicionismo como
perspectiva de construção de conceitos matemáticos. Trata-se de um livro muito útil para a
formação conceitual e didática de todo professor de matemática.
SOUZA, Eliane Reame de; DINIZ, Maria Inez de Souza Vieira. Álgebra: das variáveis às equações
e funções. 4. ed. São Paulo: IME/USP, 2003.
ASIMOV, Isaac. No mundo da álgebra. Tradução João Guilherme Linke. 2. ed. Rio de Janeiro:
Francisco Alves, 1989.
No livro, seu autor mostra as belezas que o uso das estratégias algébricas pode trazer para
as atividades matemáticas, levando o leitor a uma compreensão mais plena das explicações
dos fenômenos da natureza, da sociedade e da cultura, tão imbricados na estruturação do
conhecimento matemático.
Autoavaliação
A partir das atividades realizadas nesta aula, como você avalia sua aprendizagem
1 acerca de alguns conceitos algébricos?
Se for necessário ajustar algumas atividades para o seu trabalho docente, como
4 você fará isso?
Utilizando o material apresentado nessa aula, construa uma outra atividade que
5 represente uma operação algébrica.
COXFORD, Arthur F.; SHULTE, Albert P. As idéias da álgebra. Tradução Hygino H. Domingues.
São Paulo: Atual, 1994.
DIENES, Zoltan Paul. Aprendizado moderno de matemática. Tradução Jorge Enéas Fortes. 2.
ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1974.
FISHER, Robert.; VINCE, Alan. Investigando las matemáticas. Tradução Monteserrat Tiana
Ferrer. Madri: Akal, 1989.
SOUZA, Eliane Reame de; DINIZ, Maria Inez de Souza Vieira. Álgebra: das variáveis às equações
e funções. 4. ed. São Paulo: IME/USP, 2003.
Aula
8
Apresentação
N
a busca de explicação/compreensão dos fenômenos ocorridos no seu cotidiano, as
pessoas usam estratégias cognitivas que expressam representações do seu modo
de ver e viver no mundo. A Geometria é um exemplo característico dessa leitura de
mundo, pois suas linhas, formas e padrões geométricos configuram expressões poliformais
que comunicam e evidenciam aspectos sociocognitivos e culturais de cada grupo social que
os elaborou. As relações matemáticas presentes nos ornamentos geométricos nos oferecem
possibilidades pedagógicas de uso da arte no ensino de Geometria. É importante explorarmos
os ornamentos geométricos visando perceber os padrões geométricos na arte da cerâmica,
nas rendas, na tapeçaria, nos traçados em fibras vegetais (cipós e palha), pois os mesmos
evidenciam um domínio de saberes que caracterizam a cultura dos ornamentos geométricos.
Nesta aula, você vai identificar e compreender os processos matemáticos presentes nos
ornamentos geométricos em trabalhos artesanais como bordados, rendas, vasos cerâmicos,
tapetes, entre outros. Para que os objetivos desta aula sejam alcançados, é necessário
abordarmos inicialmente alguns princípios matemáticos referentes aos estudos sobre simetria,
como os casos de translação, rotação, transformações geométricas e suas aplicações em
atividades de sala de aula.
Objetivos
Entender alguns princípios matemáticos referentes
1 aos estudos sobre simetria.
No caso da Figura 2, onde a figura (unidade básica) é um quadrado, à medida que você
fizer qualquer movimento (direita, esquerda, cima, baixo etc.), o quadrado mover-se-á para
os lugares adequados, como se observa na Figura 3 seguinte.
c) o quadrado deslocou-se para a direita três casas e para cima em uma casa.
Atividade 1
Não há nada de especial acerca do quadrado sombreado. Você pode, portanto, tentar sombrear
alguma outra figura como, por exemplo, um paralelogramo, como na malha a seguir (Figura 4).
Atividade 2
Desenhe, na malha da figura 4, a posição que será ocupada pelo paralelogramo após
1 o movimento esquerda 2 e baixo 1.
a) Direita 1
b) Esquerda 1
d) Cima 1
b c
d a
Você deve ter concluído que é impossível cobrir todo o plano com
2 triângulos usando apenas os movimentos permitidos, correto? De
que modo essa figura poderá cobrir todo o plano sem se sobrepor?
É preciso outros tipos de movimentos, não é verdade? Quais?
180°
Estas duas condições significam que o centro O é o ponto médio do segmento PP’.
A simetria central de centro O corresponde a um giro de centro O e de amplitude 180°, ou
seja, qualquer ponto ou objeto faz uma trajetória angular de 180° de P a P’. É óbvio que, se
variarmos o ponto P, o ponto P’ também varia. Observe também que P e P’ equidistam do
centro O. Veja a Figura 8 a seguir.
O
P
180° F’
O
F
F’
O
F
Podemos dizer, então, que o eixo s é a mediatriz do segmento PP’ e que P’ é homólogo
ao ponto P.
P’
Q R
s
R’
P’
Q’
Q
S r
Ornamentos geométricos
As Figuras 13 e 14 a seguir exemplificam a criação de ornamentos geométricos
com base em movimentos de translação e rotação, além dos princípios de simetria
abordados anteriormente.
Figura 13 Figura 14
1 2 3 4 5
a
1 2 3 4 5
b 1 2 3 4 5
c 1 2 3 4 5
d 1 2 3 4 5
1 4 5 8
2 3 6 7
f 1 4 5 8
g 2 3 6 7
Atividade 7
a b
a b
c d
Leituras complementares
BIEMBENGUT, Maria Salett; SILVA, Viviane Clotilde da; HEIN Nelson. Ornamentos x criatividade:
uma alternativa para ensinar geometria plana. Blumenau: Editora da FURB, 1996.
FARMER, David W. Grupos e simetria: um guia para descobrir a matemática. Tradução Cristina
Isabel Januário. Lisboa: Gradiva, 1999. (A matemática em construção).
Este livro apresenta ao leitor a parte mais excitante da Matemática: o processo de invenção
e descoberta. Através de uma grande diversidade de tarefas, o leitor será levado a descobrir
exemplos interessantes, a inventar regras para explicar padrões e a descobrir a Matemática por
si próprio. O assunto estudado vai da Matemática Subjacente à ideia da simetria, mas os métodos
e ideias apresentados são aplicáveis a toda a Matemática. O livro é indicado para estudantes
universitários ou para aprofundamento dos professores de Matemática sobre o assunto.
Este livro aborda aspectos matemáticos referentes à exploração do universo dos padrões,
fornecendo elementos para uma compreensão intuitiva a partir de uma série de atividades
envolvendo a investigação dos padrões numéricos em várias situações, dentre as quais
encontramos aspectos relacionados à simetria, a exemplo dos quadrados mágicos.
Resumo
Nesta aula, você identificou e compreendeu os movimentos de simetria presentes
na criação de ornamentos geométricos, geralmente utilizados na elaboração de
trabalhos artesanais como bordados, rendas, vasos cerâmicos, tapetes, grades
de ferro, entre outros. Para que nossos objetivos fossem alcançados, abordamos
alguns princípios sobre simetria, como os casos de translação, rotação,
transformações geométricas e suas aplicações em atividades de sala de aula.
Autoavaliação
A partir da leitura e reflexão realizada nesta aula e com base nas atividades realizadas,
1 como você avalia sua aprendizagem acerca dos princípios e conceitos referentes aos
casos de simetria?
Se for necessário ajustar algumas atividades para o seu trabalho docente, como
3 você fará isso?
BIEMBENGUT, Maria Salett; SILVA, Viviane Clotilde da; HEIN Nelson. Ornamentos x criatividade:
uma alternativa para ensinar geometria plana. Blumenau: Editora da FURB, 1996.
FARMER, David W. Grupos e simetria: um guia para descobrir a matemática. Tradução Cristina
Isabel Januário. Lisboa: Gradiva, 1999. (A matemática em construção).
IVES, Rob. Pavimentar ladrilhos. Tradução grupo de trabalho de centro de recursos da APM.
Lisboa: Associação de Professores de Matemática/APM, 1995.
MENDES, Iran Abreu. Matemática e Investigação em sala de aula: tecendo redes cognitivas
na aprendizagem. 2. ed. rev. e ampliada. São Paulo: Livraria da Física, 2009. (Coleção Contextos
da Ciência).
ZASLAVSKY, Claudia. The multicultural math classroom: bringing in the world. Portsmout:
Heinemann, 1996.
Aula
9
Apresentação
E
sta aula tem como principal finalidade subsidiar o exercício cognitivo do aluno a respeito
das relações entre os aspectos geométricos e numéricos relacionados ao Teorema de
Pitágoras e suas implicações no desenvolvimento de outros campos da Matemática, como
a trigonometria e o estudo dos números irracionais. Apresentaremos algumas atividades que
envolvem a compreensão e aplicação do Teorema de Pitágoras, bem como a exploração de
algumas demonstrações do referido teorema em sala de aula. Para isso, solicitamos que você
realize as atividades sugeridas, experimentando, construindo e utilizando os materiais propostos.
Através dessa prática você poderá reconstruir alguns princípios que talvez não estejam bem
esclarecidos/assimilados na sua formação Matemática e, assim, por meio da abordagem dinâmica
e significativa desses tópicos, você possa compreendê-los com maior segurança.
Objetivos
Compreender o Teorema de Pitágoras através de manipulação de
1 material concreto.
O
s triângulos retângulos são fundamentais para a trigonometria plana e lembram
imediatamente o nome de Pitágoras, pois se atribui a ele um dos feitos mais importantes
relacionados a esse tipo de triângulo - o Teorema Pitagórico. Além disso, acredita-se
que ele tenha obtido estes conhecimentos com os agricultores egípcios, chamados esticadores
de cordas, que demarcavam as margens do rio Nilo quando as águas baixavam, visando
utilizá-las na agricultura.
Por volta de 2000 a.C. os egípcios já sabiam que um triângulo cujos lados mediam 3, 4
e 5 unidades de comprimento possuía um ângulo de 90o, ou seja, era um triângulo retângulo.
Eles também observaram que 32 + 42 = 52, mas não sabiam como provar que o ângulo oposto
ao lado de comprimento 5 é um ângulo reto, embora usassem esse fato nos seus cálculos.
Essa observação corresponde à recíproca do Teorema de Pitágoras, que afirma o seguinte:
em qualquer triângulo retângulo, a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado
da hipotenusa.
SH
SC
SC
b) Construa, a partir dos lados do triângulo, três quadrados e determine a área
A distância entre uma questão e outra é de 10 mm, o bloco de texto
de cada um deles.
deverá ter um recuo de 25 mm a esquerda e 10 mm. Quando ocorrer
da atividade só possuir uma questão, não haverá caixa com número,
c) Considerando A1 a área do quadrado formado pela hipotenusa, A2 e A3 as
ficando apenas a caixa de atividade com o texto.
áreas dos quadrados formados pelos catetos, verifique que A1 = A2 + A3.
d) Escreva a relação anterior em função dos lados do triângulo. A que conclusão
você chegou?
c
a
a2 a
c
c a
cc c
b b2 b
a b a b
Atividade 2
A partir do quadrado representado na Figura 2(a), considere que a, b e c
1 representam os comprimentos dos segmentos, tal como está indicado
na referida figura.
c) Qual o tipo dos quatro triângulos preenchidos de (a) e qual é a área
de cada um deles?
d) Explique por que a área do quadrado externo da Figura 2(a) menos
a área dos quatro triângulos é igual à área do quadrado interno.
K
E
C
L
90˚
α
A F B
90˚
H G J
Como os triângulos ABE e AHC são congruentes, suas áreas são iguais. Como a área
de ABE é igual à área de ACE e a área de AHC é igual à área de AHF, segue que a área de
ACDE é igual à área de AHGF. De maneira análoga se mostra que a área de CBLK é igual
à área de FGJB. Portanto, a área de AHJB é igual à soma das áreas de ACDE e CBLK.
Atividade 3
Justifique, também, por que as áreas dos triângulos ABE e AHC são,
respectivamente, iguais às áreas dos triângulos ACE e AHF.
2
Atribua valores a, b, c etc. para as medidas dos segmentos da Figura 3 e
3 tente escrever a demonstração de Euclides em uma linguagem algébrica.
S
abemos que o Teorema de Pitágoras é de grande utilidade nas aplicações práticas e
que vários estudos realizados ao longo da nossa história mostraram que esse teorema
não é válido apenas para o quadrado, mas para três figuras semelhantes com parte
da fronteira sobre os lados de um triângulo retângulo. Desse modo, o teorema poderia ser
reformulado da seguinte maneira:
Dadas três figuras semelhantes, com parte de suas fronteiras sobre os lados
de um triângulo retângulo, a área da figura correspondente à hipotenusa é igual
à soma das áreas das figuras associadas aos catetos.
Atividade experimental 1
I III
V
I
II
II
V
III
VI
Figura 5
1) Pegue uma folha de cartolina ou de papelão e desenhe um triângulo retângulo com lados
medindo 5, 12 e 13cm;
3) Pelo centro do quadrado médio (encontro das diagonais) trace os dois segmentos
(mostrados na Figura 5) paralelos aos lados do quadrado grande;
4) Pelos pontos médios dos lados do quadrado maior trace os segmentos sugeridos pela
Figura 5, paralelos aos catetos do triângulo;
5) Recorte as peças e verifique que as peças I, II, III, IV e V cobrem, perfeitamente, o quadrado
grande.
Dicas:
Capriche nos desenhos e nos cortes para que a experiência seja convincente!
A experiência anterior pode ser feita colorindo as peças em vez de numerá-las.
b c
Figura 6
A argumentação é a seguinte: as cinco peças formam um novo quadrado cuja área é igual
à soma das peças que lhe deram origem.
Figura 7
1) Pegue uma folha de cartolina ou de papelão e desenhe um triângulo retângulo com lados
medindo 5, 12 e 13 cm.
3) Recorte as peças obtidas e verifique que as peças dos catetos cobrem, perfeitamente, o
quadrado da hipotenusa.
Essa última prova do Teorema de Pitágoras que vamos apresentar é creditada ao próprio
filósofo grego.
C C
Passo 1
Pas
A B A B
D
so 2
C C
Passo 3
A B
D D
Figura 8
Vamos à prova!
2) Faça uma cópia do triângulo desenhado, ou seja, desenhe outro triângulo congruente
ao primeiro.
4) Recorte o primeiro triângulo ABC e os triângulos ADC e DBC, como mostra o Passo
2 da Figura 8.
5) Sobreponha os três triângulos obtidos, como mostra o Passo 3, e conclua que eles são
semelhantes.
BC BD 2
= ∴ BC = AB × BD ( usando o triângulo pequeno e o grande )
AB BC
2 2 2
Use os dois resultados acima para concluir que AB = AC + BC
Leituras complementares
GERDES, Paulus. Pitágoras africano: um estudo em cultura e educação matemática.
Maputo: UP, 1992.
O livro aborda a hipótese de que Pitágoras, grego de nascimento, ter passado 22 anos no
Egito, localizado no Continente Africano. O autor tem como principal objetivo mostrar diversos
ornamentos e artefatos africanos que podem ser usados para criar um contexto para a descoberta
e demonstração do “Teorema de Pitágoras” e de ideias e proposições com ele relacionadas.
Trata-se de uma abordagem cultural acerca do teorema de Pitágoras a partir das práticas sócias
e culturais de comunidades não alfabetizadas, como alguns grupos da cultura africana.
IMENES, Luiz Márcio; LELIS, Marcelo. Descobrindo o teorema de Pitágoras. São Paulo:
Scipione, 2000.
Autoavaliação
A partir das atividades realizadas, quais os conceitos e propriedades da geometria
1 abordadas nesta aula?
Durante a realização das atividades, foi possível alcançar sua aprendizagem acerca
2 do desenvolvimento das relações métricas, numéricas e algébricas relacionadas ao
Teorema de Pitágoras? De que maneira?
Se não foi possível aprender, quais os fatores que interferiram no alcance dos
3 objetivos previstos nas atividades?
Se for necessário ajustar algumas atividades para o seu trabalho docente, como
5 você fará isso?
IMENES, Luiz Márcio; LELIS, Marcelo. Descobrindo o teorema de Pitágoras. São Paulo:
Scipione, 2000.
MENDES, Iran Abreu. Atividades históricas para o ensino da trigonometria. In: MIGUEL, Antonio
et al. História da matemática em atividades didáticas. São Paulo: Livraria da Física, 2009.
(Coleção Contextos da Ciência).
TAHAN, Malba. As maravilhas da matemática. 2. ed. Rio de Janeiro: Bloch editores, 1972.
Aula
10
Apresentação
N
esta aula apresentaremos algumas atividades que envolvem o uso de materiais
concretos para a introdução de alguns conceitos trigonométricos no Ensino Médio.
Sua principal finalidade é subsidiar o exercício cognitivo do aluno em sala de aula. Para
isso, solicitamos que você experimente construir e utilizar os materiais sugeridos de modo que
lhe seja possível reconstruir alguns princípios que talvez não estejam bem esclarecidos na sua
formação conceitual. Assim, você poderá desenvolver melhor suas aulas de Matemática no
Ensino Médio e contribuir para que seus alunos construam seus conhecimentos partindo das
experiências aqui propostas. Desse modo, você será capaz de formular/reformular conceitos ou
propriedades e interpretar essas formulações na aplicação e na solução de problemas práticos
que assim o exijam, bem como nos exercícios de fixação do conteúdo.
É importante que você não se limite à execução pura e simples do que está sendo proposto
aqui, mas reflita sobre cada experiência vivenciada, bem como sobre os resultados obtidos.
Daí sim será possível extrair conclusões ricas e essenciais a uma aprendizagem sólida e plena
dos tópicos contidos nas atividades.
Objetivos
Formular e/ou reformular conceitos ou propriedades
1 da trigonometria.
sen tg
1 cotg
1
90˚
0,5 60˚
45˚
30˚
0˚
cos
0 0,5 1
cotg X D
1 cotg
C
P
B
tg X
sen X
0 cos X A 1 cos
Figura 2
Nesse caso, você deve construir seu próprio painel trigonométrico, numa folha de papel
milimetrado, colocando o ponto O (centro do arco) na parte inferior esquerda da folha, para
que os eixos das tangentes e cotangentes possam se estender um pouco mais que na Figura 1.
Importante: O raio do arco que você vai desenhar tem que ser igual a 1 unidade.
Assim, para facilitar a visualização na folha milimetrada, use R = 1dm (10cm).
1.
2.
4.
5.
O trigonômetro
A
Figura 3 a seguir é um objeto conhecido por trigonômetro. Esse instrumento de medição
das razões trigonométricas tem uma relação íntima com o astrolábio, cuja origem se
atribui aos inventos astronômicos de Hiparco. Através da prática com esse instrumento,
os estudantes podem repetir prováveis experiências vivenciadas pelos matemáticos antigos e,
como eles, construir seu próprio conhecimento.
1 4
5 2
MATERIAIS
1. Transferidor.
2. Régua milimetrada plástica, com borda superior nivelada com o centro do
transferidor, ou seja, com 0° e 180°.
Figura 4 – Trigonômetro
Observe que um triângulo retângulo fica determinado pelo segmento que contém
os furos da régua móvel, o fio e a borda superior da régua plástica. O uso do
trigonômetro para o cálculo das razões trigonométricas consiste em movimentar
a peça 4 e fazer a medição dos lados desse triângulo.
Explorando o Trigonômetro
Meça, com outra régua, cada vez que você movimentar a peça 4, o
3 comprimento do barbante até a borda superior da régua plástica;
Razões trigonométricas
Ângulo (grau)
Seno Cosseno Tangente Cotangente
0°
30°
45°
60°
90°
Sugestão:
1) Pegue uma lata cilíndrica qualquer e coloque-a sobre uma superfície plana, conforme
mostra a Figura 5 a seguir.
Figura 5
2) Corte um pedaço de barbante e contorne a base da lata, marcando as posições, no cordão,
que correspondem a uma volta completa na lata, conforme mostra a Figura 6 a seguir.
Figura 6
5) Com a régua, determine o diâmetro de cada lata e, depois, preencha a tabela a seguir.
6) O que você pode concluir sobre os valores encontrados? Relacione esses valores ao
número ¼ (Pi).
Sugestão: Consulte o texto de Geometria Plana e Espacial, onde você estudou perímetro de
uma circunferência, e reflita sobre essa atividade.
Nessa atividade, vamos explorar o ciclo trigonométrico estendido, isto é, vamos calcular
valores para o seno, cosseno, tangente e cotangente de um arco (ângulo) qualquer. Vamos
relacionar os valores trigonométricos encontrados no 1º quadrante com os demais quadrantes
do ciclo trigonométrico para que possamos interpretar suas variações.
120˚ 60˚
135˚ 45˚
150˚ 30˚
0˚
180˚
Eixo Coseno
210˚ 330˚
225˚ 315˚
240˚ 300˚
270˚
Radianos 0 ¼ 2¼
Você consegue apontar alguma relação entre os valores de seno, cosseno e tangente
2 encontrados no 1º quadrante e os demais quadrantes? Quais?
Quais os arcos que apresentam os mesmos valores para seno, para o cosseno e
4 para a tangente? Como você explica esse fato?
O quadrante
O quadrante é um instrumento de madeira, latão ou ferro que permite medir alturas
inacessíveis. Foi muito utilizado pelos navegadores portugueses do século XVI, principalmente
para medir a altura de astros, mas também com o objetivo de se orientarem nas viagens
marítimas. O quadrante é mais antigo que o astrolábio.
O quadrante tem a forma de um quarto de círculo, como mostra a Figura 8 a seguir, tendo
numa das arestas retilíneas duas pínulas ou um tubo, por onde se “vê o astro”. Um fio, com
um pequeno peso na extremidade, é fixado ao centro do arco (Figura 9) e intercepta a escala
graduada de 0° a 90°.
As medições serão mais precisas se o quadrante for preso a um tripé, como se faz com
o Teodolito ou câmeras fotográficas.
Figura 9 – Quadrante
Atividade 4
Explorando as razões trigonométricas com o quadrante
Para medir a altura angular de um astro ou outro objeto qualquer (um poste, por exemplo),
aponte o quadrante e veja o alvo através do tubo, como ilustra a Figura 10. A altura angular
será indicada pelo fio. As leituras do quadrante devem ser feitas com o plano do quadrante na
vertical, de modo que o fio não encoste na escala, nem fique muito afastado.
H
L
Figura 10
Meça a altura angular (H) do poste. Se o quadrante não estiver preso a um tripé,
4 peça a alguém para fazer a leitura da escala enquanto você aponta.
O primeiro relógio que se tem notícia - cerca de 5.000 anos - foi o relógio do Sol, o que
leva a crer que o primeiro medidor de tempo conhecido e realmente usado pelo homem tenha
sido um simples e rústico bastão fincado no solo, para posterior observação do movimento
de sua sombra (Figura 11).
15˚
P
ara construir um relógio de Sol, é importante escolher um local onde haja incidência
direta do Sol na maior parte do dia, evitando a projeção de sombras de árvores e prédios.
O pedestal ou coluna deverá ser assentado rigorosamente na vertical sobre uma base
rigorosamente nivelada e a orientação deverá ser aquela em que o alinhamento do gnomon
coincide com a direção norte/sul verdadeira.
Uma construção alternativa pode utilizar uma placa de compensado, isopor ou similar
(60cm 60cm), uma haste de madeira (30cm) e o procedimento sugerido na Figura 13 a seguir.
Atividade 5
1.
2.
3.
4.
5.
Ao final, apresenta o seno (sinus) como uma razão entre dois segmentos, desenvolvida
pelos árabes e disseminada juntamente com a sua cultura por todo o Mediterrâneo, ao longo
das suas conquistas e relações comerciais. Propõe problemas de fixação do conteúdo histórico
apresentado, com o objetivo de provocar a imaginação matemática dos estudantes. O livro é
útil para o Ensino Fundamental, embora não seja suficiente para uma compreensão ampla do
assunto. Deve ser usado como introdução ou complemento das atividades de sala de aula e
do livro-texto adotado para o Ensino Fundamental e Médio.
HOBEN, Lancelot. Maravilhas da matemática. 2. ed. Tradução Paulo Moreira da Silva, Roberto
Bias e Henrique Carlos Pfeifer. Rio de Janeiro: Globo, 1956.
MENDES, Iran Abreu. Atividades históricas para o ensino da trigonometria. In: MIGUEL, Antonio
et al. História da matemática em atividades didáticas. São Paulo: Livraria da Física, 2009.
(Coleção Contextos da Ciência).
O livro consta de três capítulos nos quais se encontram atividades de ensino elaboradas
e testadas em sala de aula. Tais atividades, a partir da história da Matemática, buscam levar
o aluno a construir conceitos que historicamente são considerados entraves no ensino de
Matemática. Tais atividades podem ser adaptadas, quando necessário, para as diferentes
realidades de sala de aula.
Materializa toda sua proposta por meio de um bloco com 11 atividades para a trigonometria
abordada no Ensino Médio. Sua principal finalidade é subsidiar o exercício cognitivo discente em
sala de aula. Para isso, sugere que o professor conduza o processo construtivo da Matemática
escolar, orientando as atividades para que os estudantes construam seu conhecimento partindo
dos conhecimentos históricos resgatados das fontes históricas primárias ou secundárias.
Resumo
Nesta aula você realizou algumas atividades manipulativas voltadas à introdução
de conceitos trigonométricos no Ensino Médio. Nossa finalidade foi favorecer seu
exercício cognitivo acerca do assunto, bem como lhe dar subsídios metodológicos
para abordar o assunto em sala de aula. As experiências construtivas aqui
apresentadas propõem que se utilize as atividades e os materiais de modo a
reconstruir alguns princípios trigonométricos que ampliem sua formação
conceitual em trigonometria partindo das experiências aqui propostas.
Acreditamos que, desse modo, seja possível a formulação de conceitos e
propriedades, bem como sua interpretação e aplicação na solução de problemas
práticos presentes em outras disciplinas.
Se for necessário ajustar algumas atividades para o seu trabalho docente, como
3 você fará isso?
Referências
GUELLI, O. Dando corda na trigonometria. São Paulo: Ática, 1993. (Série Contando a História
da Matemática).
HOBEN, Lancelot. Maravilhas da matemática. 2. ed. Tradução Paulo Moreira da Silva, Roberto
Bias e Henrique Carlos Pfeifer. Rio de Janeiro: Globo, 1956.
MENDES, Iran Abreu. Ensino da matemática por atividades: uma aliança entre o construtivismo
e a história da Matemática. Lisboa: APM, 2001. (Colecção Teses).
______. Atividades históricas para o ensino da trigonometria. In: MIGUEL, Antonio et al.
História da matemática em atividades didáticas. São Paulo: Livraria da Física, 2009. (Coleção
Contextos da Ciência).
MENDES, Iran Abreu; FOSSA, John A.; VALDÉS Juan E. Nápoles. A história como um agente
de cognição na educação matemática. Porto Alegre: Sulina, 2006.
TROTA, F.; IMENES, L. M.; JAKUBOVIC, J. Matemática aplicada: 2º grau. São Paulo: Moderna,
1979. v 1.