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SOBRE A INFÂNCIA E A CLÍNICA PSICANALÍTICA

VORCARO, Ângela. A criança na clínica psicanalítica. Rio de Janeiro: Companhia de Freud,


2004.

INTRODUÇÃO – (Páginas 11 a 20)

“Na proliferação de seus modos, a clínica psicanalítica de crinças submete-se a impasses e


sustenta querelas suficientes para que seja muitas vezes localizada na fronteira da capacidade
operatória da psicanálise.” (pag.11)

“Consideramos, entretanto, a hipótese de que as manifestações da criança situam-se no


campo da linguagem e, portanto, no exercício da função significante, que julgamos capaz de
dissolver os paradoxos implicados na clínica psicanalítica de crianças, no mesmo movimento
em que recupera a dignidade enigmática do que a criança confina de real, condição da
hipótese do inconsciente.” (pag. 11)

IMPORTANTE DESTACAR A NECESSIDADE DE IR PARA A TOPOLOGIA PARA PODER FALAR DESTE


TEMPO DA CRIANÇA:

“A segunda parte desenvolve uma hipótese da constituição subjetiva, onde são feitas algumas
operações sobre a obra de Lacan, privilegiando alguns eixos, constituindo uma ordenação se
transpondo essa ordem para o registro da topologia que ele mesmo propõe. É o que parece
essencial para poder contemplar a especificidade da constituição subjetiva que conta com a
hipótese do inconsciente e a concepção de tempo que está em jogo.” (pag. 12)

JEAN ALLOUCH: transcrição (transformação das manifestações em um código – psiquiatria e


teoria do desenvolvimento), tradução (transformação das manifestações num sentido a elas
atribuído – hiper interpretação)e transliteração (considera as manifestações como um texto
cujos traços são desconhecidos. Seu deciframento implica recuperar a lógica que estabelece os
valores de cada cifra).(pag. 12 e 13) LER JEAN ALLOUCH: LETRA A LETRA

O recurso da transliteração foi utilizado para “poder considerar que as manifestações da


criança são uma leitura de sua relação com o Outro. Para que a clínica com crianças seja
possível, é necessário distinguir as operações envolvidas no deciframento deste texto.” (pag.
13)

“Concluiu-se que a criança mostra a Freud que lê a experiência vivida num outro registro, onde
opera substituições, constrói mitos, desloca-se, pratica figuras de linguagem, usa elementos
como significantes, ordena séries e estabelece uma sintaxe, num reordenamento e numa
transposição de registros centrados na lógica de suas urgências.” (pag. 14)

“No mesmo movimento em que interroga e articula essas manifestações, Freud ressalta a
posição secundária de observação de crianças, em relação às investigações sobre o infantil,
realizada através da análise. Para ele (Freud), a observação de crianças, não responde pelo
infantil; e ele chega mesmo a dizer que, se os homens pudesse aprender com a observação
direta, os três ensaios não precisariam ter sido escritos. A observação de crianças é, para ele,
fonte de equívocos, por elaborar objetos que originam mal-entendidos.”(pag 14)

É possível ler na obra de Freud três incidências diferentes das crianças:

A criança constituída pelo adulto: quando ele supõe o que ele teria sido, ou seja, o
infantil do adulto.

A criança depositária do ideal parental: “(...)a criança depositária do ideal parental


podem ser considerados como a criança imaginária. O filho, ou seja, a criança como fruto
materno, é encontrado na obra de Freud como termo numa equação inconsciente, onde ele
tem equivalência simbólica a presente-excremento-dinheiro-pênis; isso nos permite considerar
que Freud atribui uma função simbólica à criança.” (pag. 14)

A criança inapreensível para a psicanálise: que seria função para analistas mulheres
(pag 14)

“Considerar a constituição do sujeito como uma trama confeccionada pelo Real, Simbólico,
Imaginário implica abrir as descontinuidades encobertas pela concepção de desenvolvimento,
que explica o sujeito pela evolução de um sistema de necessidades, num corpo que tenderia à
acumulação adaptativa. Afinal, a noção de desenvolvimento se pauta pela maturação ou pela
complexificação de um equilíbrio cada vez maior, superador do que o precede e a que jamais
retornaria. Trata-se, enfim de dar vigência à afirmação de Freud de que o primitivo é
imperecível.” (pag. 15)

“Tratou-se, assim, de seguir a trilha pela qual a unidade biológica de um ser, que está
inicialmente no lugar de coisa operada por uma alteridade estruturada, reverter-se num
sujeito estruturado, capaz de transmitir uma herança simbólica.” (pag. 15) DISCUTIR COM O
TEXTO DA FERNANDA SOBRE ESTRUTURA E RESPONSABILIDADE

“A criança é tomada como um lugar de relações que amarram um organismo irredutível, uma
articulação de significante e uma consistência ideal: três heterogêneos que se deixam ler como
coincidência que os sobrepõe num mesmo ponto. A rota desse ponto mergulhado no espaço,
que lhe impõe alteridade radical, é então traçada. Considerou-se uma posição zero, que
precede o início do trançamento e que lhe dá condição de possibilidade.” (pag. 15)

“Trata-se do lugar em que o real do organismo neonato é inserido na realidade psíquica do


agente materno, equivalendo ao termo simbólico que o localizava no campo discursivo antes
que ele nascesse e equivalendo ainda à consistência dos sentidos que interpretam suas
manifestações, supondo-lhes intencionalidade subjetiva. Essa superposição real do
organismomà posição simbólica investida imaginariamente pela alteridade de um agente
produz uma espécie de regularidade automática de alternância. Essa alternância é o
mecanismo que opõe tensão e apaziguamento, ao mesmo tempo que articula essa descarga
orgânica de tensão, com o apaziguamento da resposta dada pelo agente materno.” (pag. 15 e
16)
“Podemos, assim, distinguir o organismo como algo de real, alternância entre os termos
(tensão e apaziguamento) como simbólica e a consistência dos sentidos em eu o agente
materno interpreta o organismo como imaginária. É o que nos permite planificar R,S,I como
três linhas vizinhas e maláveis, que sofrerão deformações contínuas.” (pag. 16)

CITAÇÃO DE TODA A ELABORAÇÃO RSI DA PÁGINA 16 A PARTIR DO SEGUNDO PARÁGRAFO ATÉ


A PÁGINA 17.

A CONSTITUIÇÃO SUBJETIVA (PAG. 65-134)

“A escrita lógica psicanalítica do processo de estruturação do sujeito insere-se na hipótese de


que as manifestações da criança são atos que escrevem o texto que cifra a leitura da sua
relação com a alteridade, constituindo sua realidade psíquica. Portanto, seus atos resgatam o
equacionamento da determinação da estrutura que a implica numa impossibilidade do acesso
à plenitude do gozo e que a intimam imperativamente a desejar sem que nada o assegure.”
(pag. 65)

“Assim a investigação conceitual, tributária da urgência da clínica, trabalhará aqui na


perspectiva de diferenciar as dimensões em que o ser se constitui em sujeito, que restitui a
dignidade de enigma às cifras que constituem a criança por seus atos. Nesta perspectiva, o
caráter simbólico da teoria se distingue nodulado ao registro imaginário, que apresenta sua
consistência, e à materialidade real que o causa.” (pag. 65)

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