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LIVRO DO

ENSINO MÉDIO

5
PROFESSOR

FORMAÇÃO
GERAL BÁSICA

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HORÁRIO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO

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DADOS

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HORÁRIO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO

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LIVRO DO
ENSINO MÉDIO

5
PROFESSOR

FORMAÇÃO
GERAL BÁSICA

FILOSOFIA
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SISTEMA COC DE ENSINO

Diretor de produtos e conteúdo Vinícius Santos Daltro


Direção editorial Alexandre Ferreira Mattioli
Gerência de produtos editoriais Matheus Caldeira Sisdeli
Gerência de design Cleber Figueira Carvalho
Coordenação de produtos editoriais Cláudia Dourado Barbosa
Coordenação editorial-pedagógica Felipe A. Ribeiro
Coordenação de design Vanessa Cavalcanti
Coordenação editorial de conteúdo Fábio Geraldo Romano
Autoria Amir Abdala
Editoria responsável Paula Garbellini de Barros Rodrigues
Editoria de conteúdo Bruna Kocsis Dorés, Marco Aurélio Caetano Oliveira, Tiago Bessa de Oliveira
Controle de produção editorial Lidiane Alves Ribeiro de Almeida
Assistência de editoria Alexandre Novaes Lopes Filho, Ana Carolina de Almeida Duarte
Preparação e revisão gramatical Fabiana C. Cosenza Oliveira, Leandro Requena Pereira, Luzia Leite Rodrigues
Organização de originais Joice Leão, Luzia Helena Fávero, Marisa Aparecida dos Santos e Silva
Editoria de arte Ruddi Carneiro
Coordenação de pesquisa e licenciamento Maiti Salla, Thiago Fontana
Pesquisa e licenciamento Andrea Bolanho, Catia Trancoso, Cristiane Gameiro, Heraldo Colon Jr.,
Maricy Queiroz, Natalie Coppola, Paula Quirino, Rebeca Fiamozzini,
Sandra Sebastião, Selma Braz, Selma Nagano da Silva
Ilustrações Estúdio about Learn, Estúdio K10
Capa e projeto gráfico Equipe Design Pearson (Product Design), APIS Design
Diagramação e arte final Casa Editorial Maluhy & Co.
Coordenação multimídia Alberto Rodrigues
Produção multimídia Cristian Zaramella
PCP George Romanelli Baldim, Paulo Campos Silva Jr.

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SUMÁRIO
FO R M A Ç Ã O
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PÁG.
Seto r 43
FILOSOFIA
207 DOS
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FILOSOFIA
S H U M A N AS E
FORM AÇÃO CIÊNCIA I C ADAS
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GER AL BÁS SOC
Setor 43

f ilosof ia moderna
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CAPÍTULO 5
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CAPÍTULO

5 A FILOSOFIA MODERNA

SUMÁRIO
1. Perspectivas da Filosofia
moderna 210
2. Discussões acerca do
conhecimento 216
3. Movimento filosófico iluminista 220

HABILIDADES
• Identificar, analisar e comparar diferentes
fontes e narrativas expressas em diversas
linguagens, com vistas à compreensão e à
crítica de ideias filosóficas e processos e
eventos históricos, geográficos, políticos,
econômicos, sociais, ambientais e culturais.
• Elaborar hipóteses, selecionar evidências e
compor argumentos relativos a processos
políticos, econômicos, sociais, ambientais,
culturais e epistemológicos, com base na
sistematização de dados e informações de
diversas naturezas (expressões artísticas,
textos filosóficos e sociológicos, documentos
históricos e geográficos, gráficos, mapas,
tabelas, tradições orais, entre outros).
• Analisar os fundamentos da ética em
diferentes culturas, tempos e espaços,
identificando processos que contribuem
para a formação de sujeitos éticos que
valorizem a liberdade, a cooperação,
a autonomia, o empreendedorismo, a
convivência democrática e a solidariedade.

208

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A

THOMAS-SOELLNER/ISTOCK
filosofia moderna diferencia-se do pensamento filosófico medieval ao
dissociar a atividade racional de princípios teológicos cristãos. Em seu
desenvolvimento, destaca-se o exame dos problemas relativos à política,
à ética e ao conhecimento, inspecionados em perspectiva antropocêntrica. No
século XVIII, forma-se o movimento filosófico iluminista, que estende sua in-
fluência sobre a filosofia contemporânea.

FILOSOFIA
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

209

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1. PERSPECTIVAS DA FILOSOFIA MODERNA No horizonte sociocultural, merecem menção ain-
da as transformações religiosas do século XVI. As
No módulo final do capítulo anterior, estudamos as contestações à doutrina católica, com notável re-
transformações culturais renascentistas na Europa, percussão social em alguns países europeus, resul-
destacando como suas características básicas o tam em interpretações distintas do cristianismo e
CAPÍTULO 5

antropocentrismo, o racionalismo e o naturalismo. no surgimento de novas interpretações cristãs,


Em linhas gerais, o Renascimento Cultural assinala como o luteranismo, o calvinismo e o anglicanismo.
uma mudança de postura dos seres humanos diante Encerra-se, assim, o monopólio institucional da Igre-
da realidade, atitude intelectual que seria decisiva na ja Católica na Europa e instaura-se o pluralismo no
formação e no desenvolvimento da Filosofia moderna. interior do cristianismo. As chamadas religiões cris-
tãs protestantes alinham-se, em alguns aspectos, às
A. O contexto histórico da Filosofia moderna tendências sociais e culturais do período, conceden-
Sabemos que a história da Filosofia e a história das do valor positivo ao trabalho humano e sublinhando
sociedades humanas estão diretamente ligadas. As a religiosidade subjetivamente experimentada na
modificações econômicas, sociais, culturais e políticas dimensão individual.
influenciam a atividade filosófica, assim como as teorias As Reformas Religiosas ou Reformas Protestantes
elaboradas pelos filósofos repercutem nas relações têm como ponto de partida as críticas do monge
socioculturais. Dessa forma, é importante contextualizar alemão agostiniano Martinho Lutero (1482-1546)
o pensamento filosófico moderno. aos princípios doutrinários do catolicismo, fixadas
Qual é o contexto histórico da Filosofia moderna? na porta da Catedral de Wittenberg, na Alemanha,
De forma geral, nas sociedades ocidentais europeias, em 1517. Entre os dogmas criticados por esse teó-
o período entre os séculos XV e XVIII é marcado pelo logo está o preceito católico da salvação pelas boas
desenvolvimento de relações socioeconômicas de ações, que ele substitui pelo princípio da salvação
teor capitalista – empreendimentos burgueses e tra- pela fé, deslocando o fundamento da prática cristã para
balho assalariado – e pela persistência de tradições uma relação íntima e pessoal dos cristãos com Deus.
feudais – divisão social em ordens e servidão cam- Posteriormente, o suíço João Calvino (1509-1564)
ponesa. No plano político, formam-se e consolidam-se rejeita tanto a concepção católica quanto a lutera-
os Estados Nacionais como monarquias absolutistas: na de salvação, defendendo a tese da predestina-
o poder concentrava-se na realeza, sem contrapontos ção absoluta, que seria acompanhada pela noção de
institucionais e legais que limitassem o exercício de êxito profissional como sinal da graça divina. Em
sua autoridade governamental. 1534, na Inglaterra, o rei Henrique VIII (1491-1547)
Nessa época, iniciam-se modificações cognitivas e funda a Igreja Anglicana e rompe com o catolicismo
práticas nas relações entre os seres humanos e a na- romano com o Ato de Supremacia, formando uma re-
tureza. Sob influência do humanismo renascentista, ligião que combina aspectos rituais e eclesiásticos do
realiza-se a Revolução Científica com a qual se es- catolicismo com elementos da doutrina calvinista.
tabelecem as modernas Ciências Naturais, delineadas
pela realização de sistemáticos procedimentos experi-
DUNCAN1890/ISTOCK
mentais com os fenômenos pesquisados. A aspiração
ao conhecimento científico da natureza conflui com o
projeto de domínio humano sobre o mundo natural.
TRAVELER1116/ISTOCK

Galileu Galilei (1564-1642) é um dos


personagens fundamentais no surgimento
EM-L5-43B-22

da Ciência moderna. Suas observações


astronômicas o levaram a conclusões
que contrariavam o dogma medieval do O rei inglês Henrique VIII, fundador
geocentrismo. da Igreja Anglicana.

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Esses processos e fenômenos socioeconômicos, polí-
PARA IR ALÉM
ticos e culturais compõem o universo histórico no in-
terior do qual se produzem as tendências e o itinerário Filosofia moderna e cristianismo
do pensamento filosófico moderno. Ao afirmar que a Filosofia moderna distancia-se do cristianismo,
A Filosofia moderna pode ser compreendida, ini- não estamos declarando o desparecimento de perspectivas
cialmente, como um movimento intelectual que se filosóficas cristãs, mas sim o fato de que a atividade intelectual
afasta das teorias filosóficas medievais, ou melhor, não se orienta mais pelo compromisso de conjugação do saber
recusa a subordinação da atividade especulativa racional com o suposto saber revelado. Assim, essa observação
à teologia cristã, situação característica da medie- não significa que os filósofos modernos necessariamente re-
validade. Resgata-se, dessa forma, a autonomia da jeitam o cristianismo.
Filosofia diante do cristianismo. Nesses termos,
a Filosofia moderna, inspirada pelo humanismo Na sequência deste módulo, discorreremos sobre
renascentista, emancipa-se dos postulados teocên- tendências da Filosofia política moderna, com indica-
tricos e assume sentido antropocêntrico. Em ou- ções das teorias de Nicolau Maquiavel, Thomas Hob-
tras palavras, as diferentes questões filosóficas são bes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau, e sobre
examinadas, sobretudo, com referência aos seres a ética, a partir das teses de Immanuel Kant e do
humanos e suas relações com o mundo. utilitarismo de Jeremy Bentham e de John Stuart
Teoria do conhecimento, ética e política são áreas do Mill. Posteriormente, trataremos particularmente
saber filosófico que recebem especial atenção da Filoso- da teoria do conhecimento no moderno pensamen-
fia moderna. Nesses diferentes campos de investigação, to filosófico.
a orientação é antropocêntrica:
• As problematizações gnosiológicas não se baseiam A.1. A Filosofia política moderna
em supostos fundamentos divinos do conheci-
Nascido em Florença, território italiano, Nicolau
mento, reflexão típica da filosofia cristã medieval.
Maquiavel (1469-1527) redige o texto O príncipe, ava-
A teoria do conhecimento centra-se unicamente
liado por estudiosos como o livro inaugural do pensa-
no exame do conhecimento em suas possibilida-
mento político moderno.
des humanas, orientando-se, basicamente, pela
seguinte interrogação: como é possível o conhe- A originalidade da teoria política de Maquiavel se
cimento? Além disso, as inspeções filosóficas caracteriza pela crítica aberta à filosofia política an-
acerca do conhecimento consideram a dimensão tiga com o argumento de que autores como Platão e
do saber científico, com sua pretensão de identi- Aristóteles escreveram sobre sociedades políticas
ficar as leis da natureza. ideais, isto é, que não possuem lastro na realidade.
Além disso, criticando a cultura filosófica medieval,
• A problematização teórica da política retorna ao Maquiavel rejeita a interferência de princípios cris-
primeiro plano da filosofia. Na atividade filosófica tãos na análise do poder político. Sua proposta teórica,
antiga, a política constitui-se como área de saber denominada realismo político, consiste na reflexão
da filosofia, especialmente nas teorias de Platão sociopolítica fundamentada em fatos históricos, sem
(427 a.C.-347 a.C.) e de Aristóteles (284 a.C.-322 a.C.). incorrer em idealizações, quer dizer, sem especulações
O pensamento filosófico medieval examina sobre como deveria ser a política, mas sim consideran-
tangencialmente a temática política, conside- do-a como ela efetivamente é.
rando-a em seus vínculos com os desígnios di-
vinos para a humanidade. A Filosofia moderna,
estimulada pela realidade do poder estatal nas VOCABULÁRIO
nações europeias, tem na política um de seus
Lastro: base; fundamento.
principais temas de investigação. E as teorias po-
Tangencialmente: secundariamente; perifericamente; superfi-
FILOSOFIA

líticas modernas analisam o fenômeno do poder cialmente.


e as relações sociopolíticas com bases estrita-
mente humanas.
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

• A ética desvincula-se do cristianismo, isto é, suas Esse filósofo entende que a virtude política cor-
teorias não se conciliam necessariamente, como responde à capacidade de conquistar, preservar e
no Período Medieval, com máximas e valores do ampliar o poder. Dito de outra forma, virtuoso é o
cristianismo católico. As filosofias morais moder- governante que consegue assegurar a ordem social
nas têm seu eixo investigativo na humanidade e mediante o exercício da autoridade estatal, utilizan-
nas relações dos seres humanos entre si, procu- do todos os recursos necessários para tanto. Nes-
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rando estruturar suas concepções unicamente por sa perspectiva, condutas normalmente reprovadas
meio de procedimentos racionais, sem o apelo a pela moralidade da sociedade – por exemplo, o uso
princípios teológicos. da violência e a efetuação de falsas promessas –

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são expedientes legítimos na política quando contri-
buem para a estabilidade do poder do Estado sobre PARA IR ALÉM
a sociedade. Maquiavel republicano
Muitas vezes, Maquiavel é classificado como um teórico iden-

ALBINA GAVRILOVIC/ISTOCK
CAPÍTULO 5

tificado com o Absolutismo monárquico. Embora suas teses


apresentem pontos de convergência com o Absolutismo, esse
filósofo considera a república a forma de governo mais favorá-
vel à estabilidade sociopolítica, à medida que suas instituições
canalizam adequadamente os conflitos da sociedade. Sua pre-
ferência republicana é explicitada em seu livro Discursos sobre
a primeira década de Tito Lívio.

As investigações sobre os fundamentos das relações


sociopolíticas e as finalidades do poder estatal se de-
senvolvem consideravelmente com as teorias contra-
tualistas modernas, elaboradas por Thomas Hobbes
(1588-1679), John Locke (1632-1704) e Jean-Jacques
De acordo com Maquiavel, a realização de falsas Rousseau (1712-1778).
promessas é recurso legítimo se for útil ao exercício O que é o contratualismo? Em capítulo anterior,
do poder pelo governante.
indicamos o contraste entre o pressuposto político
contratualista e as teorias para as quais os seres hu-
Para Maquiavel, as ações eficientes dos governan- manos são seres naturalmente destinados à sociedade
tes são aquelas que consideram apropriadamen- política. Aristóteles, por exemplo, afirma que não há
te as exigências das circunstâncias e asseguram o humanidade sem vínculos sociopolíticos, ou seja, a so-
respeito dos seres humanos submetidos a seu po- ciedade política está inscrita na natureza humana. Por
der. Assim, em O príncipe, esse filósofo apresenta a outro lado, sob o prisma do contratualismo, a nature-
seguinte questão: para o monarca, é preferível ser za humana não comporta nenhuma inclinação para a
amado ou ser temido? Vejamos sua declaração a vida em sociedade politicamente organizada.
esse respeito: De maneira didática, podemos dizer que as filosofias
contratualistas se estruturam mediante duas caracte-
A resposta é que seria necessário ser uma coisa e outra;
rísticas básicas:
mas, como é difícil reuni-las, em tendo que faltar uma
• Conceituação de uma hipotética condição de
das duas, é muito mais seguro ser temido do que ama-
natureza: Trata-se de uma concepção de natureza
do. Isso porque dos homens pode-se dizer, geralmente,
humana que abstrai as relações sociopolíticas, isto
que são ingratos, volúveis, simuladores, tementes do
é, um conceito de natureza humana exterior à so-
perigo, ambiciosos de ganho; e, enquanto lhes fizerem
ciedade política. Em outras palavras, essa concep-
bem, são todos teus, oferecem-te o próprio sangue,
ção considera uma situação original – condição ou
os bens, a vida, os filhos, desde que [...] a necessida-
estado de natureza – em que os seres humanos vi-
de esteja longe de ti; quando esta se avizinha, porém,
veriam sem vínculos políticos. Denominamos essa
revoltam-se.
condição de hipotética porque os filósofos contra-
MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Rio de Janeiro: tualistas não afirmam que ela, de fato, seja consta-
Bertrand Brasil, 1988, p. 96.
tada na história, mas sim que expressaria a nature-
Notamos que, para Maquiavel, é conveniente que za humana – a essência dos seres humanos.
o governante conquiste a amizade dos súditos, • O caráter artificial – contratual – da sociedade
mas é imprescindível que seja temido. A explica- política: De acordo com o contratualismo, o Esta-
ção do filósofo para este fato está em sua noção de do é uma criação artificial dos seres humanos, um
natureza humana. Em suas observações históricas, poder construído por intermédio de um pacto, um
ele conclui que os seres humanos são predominante- contrato entre os seres humanos, que, dessa forma,
mente interesseiros, caprichosos e egoístas: não são renunciam à sua condição de natureza.
seres confiáveis. Sendo assim, a amizade pelo gover- Esses aspectos conferem certa unidade às teorias
nante é meramente circunstancial, e os súditos não políticas de Hobbes, Locke e Rousseau. Porém, suas
hesitariam em conspirar contra seu poder se a rebel- teses contratualistas são amplamente distintas: são
dia lhes parecesse interessante. Por outro lado, o sen- diferentes seus conceitos de natureza humana e de
timento de temor, ou seja, o medo da punição, inibe legitimidade do poder político. Na sequência, mencio-
EM-L5-43B-22

contestações à autoridade governamental. Portanto, naremos rapidamente a diversidade entre suas teses.
o medo dos súditos é indispensável para a preserva- Thomas Hobbes registra sua filosofia política con-
ção do poder político do governante. tratualista em seu livro Leviatã. Conforme sua teoria,

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o poder político é instituído por um acordo entre os
seres humanos para eliminar a insuportável, bruta e PARA IR ALÉM
miserável condição de natureza. Hobbes define a si-
O Leviatã
tuação natural da humanidade nesses termos, pois vê
Thomas Hobbes define o Estado como espécie de ser hu-
os seres humanos como essencialmente agressivos,
mano artificial e pleno de poder, e o chama de Leviatã, em
egoístas e movidos pela ambição de poder individual alusão ao monstro marinho, extremamente poderoso, citado
sobre todas as coisas do mundo. em texto bíblico.

GEORGIOSART/ISTOCK
LEITURA

A única maneira de instituir um tal poder comum,


capaz de defendê-los [os indivíduos] das invasões
dos estrangeiros e das injúrias uns dos outros, ga-
rantindo-lhes assim uma segurança suficiente para
que, mediante seu próprio labor e graças aos frutos
da terra, possam alimentar-se e viver satisfeitos, é
conferir toda sua força e poder a um homem, ou a
uma assembleia de homens, que possa reduzir suas
diversas vontades, por pluralidade de votos, a uma só
vontade. O que equivale a dizer: designar um homem,
ou a uma assembleia de homens, como representante
de suas pessoas, considerando-se e reconhecendo-se
Segundo o contratualismo de Hobbes,
o Estado deve possuir poder absoluto cada um como autor de todos os atos que aquela que
sobre a sociedade. representa sua pessoa praticar ou levar a praticar, em
tudo o que disser respeito à paz e segurança comuns;
todos submetendo assim suas vontades à vontade
Dessa forma, os seres humanos não têm nenhum
do representante, e suas decisões a sua decisão. Isso
apreço natural pelos demais indivíduos de sua espé-
é mais do que consentimento, ou concórdia, é uma
cie, identificando-os, isto sim, como obstáculos que
verdadeira unidade de todos eles, numa só e mes-
devem ser removidos, subjugados ou eliminados para
ma pessoa, realizada por um pacto de cada homem
a satisfação de suas ambições. Nesse contexto, obser-
com todos os homens, de um modo que é como se
va Thomas Hobbes, vigora a permanente disposição
cada homem dissesse a cada homem: ‘Cedo e transfi-
para a guerra generalizada, de todos contra todos.
ro meu direito de governar-me a mim mesmo a este
A condição de natureza é, portanto, absolutamente in-
homem, ou a esta assembleia de homens, com a con-
segura e inviabiliza a estabilidade das mínimas realiza-
dição de transferires a ele teu direito, autorizando de
ções humanas – por exemplo, agricultura e artesanato –, maneira semelhante todas as suas ações’. Feito isto, à
sempre suscetíveis à destruição em virtude da multidão assim unida numa só pessoa se chama Es-
violenta competição no interior da humanidade. tado, em latim, civitas.
MARCONDES. Danilo. Apud Leviatã, parte II cap. XVII. Iniciação à
história da Filosofia – dos pré-socráticos a Wittgenstein.
VOCABULÁRIO Rio de Janeiro: Zahar, 2008. p. 204.

Suscetível: o que está exposto a algo; o que é passível de receber


o impacto de certos acontecimentos. A filosofia política contratualista de John Locke,
por sua vez, confere um caráter liberal ao Estado,
FILOSOFIA

Em face dessa precariedade da condição de natu- compreendendo-o como uma associação de cidadãos
reza, os seres humanos estabelecem racionalmente o orientada pela finalidade de garantir direitos indivi-
pacto que funda o poder político. Segundo Hobbes, os duais. Locke parte de uma concepção de natureza hu-
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

indivíduos renunciam à sua liberdade natural em be- mana muito distinta do conceito de Thomas Hobbes.
nefício de sua segurança, transferindo suas aspirações Para ele, os seres humanos são naturalmente proprie-
individuais para uma instituição criada com a finali- tários de seus corpos, de suas vidas, enfim, de suas
dade de proteger suas vidas: o Estado. Esse filósofo próprias pessoas, e são capazes de reconhecer esses
entende que o poder do Estado sobre a sociedade é mesmos direitos naturais em todos os outros indiví-
absoluto e inquestionável, pois trata-se de uma auto- duos da espécie. Na condição de natureza, portanto,
EM-L5-43B-22

ria dos próprios seres humanos, que o projetam como cada indivíduo governa racionalmente a si mesmo e
instituição absolutamente poderosa e destinada a re- desfruta dos resultados de seu trabalho como sua legí-
primir a agressiva natureza humana. tima propriedade.

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Nessa situação natural, então, não há nenhuma in- Para Rousseau, teses filosóficas que explicam o
clinação à guerra generalizada. Porém, há inconve- egoísmo e a agressividade como traços naturais da
niências no estado de natureza, que seriam even- humanidade – por exemplo, a filosofia de Thomas
tuais crimes praticados por indivíduos contra esses Hobbes – confundem, na realidade, os seres humanos
direitos naturais e poderiam derivar em conflitos e naturais com os sentimentos que surgem na civiliza-
CAPÍTULO 5

punições desproporcionais, comprometendo a paz e ção. De acordo com esse filósofo, a condição de natu-
a efetividade da liberdade natural e dos seres huma- reza se caracteriza, sobretudo, pela comiseração, que
nos. Assim, em seu livro Dois tratados sobre o governo é a identificação natural entre os seres humanos, que
civil, John Locke declara que o contrato social funda sentem como seu próprio sofrimento a dor de outros
o Estado com o qual os indivíduos substituem as in- seres de sua espécie. Nessa condição de natureza, não
conveniências da condição natural por um poder po- há ambição e episódios regulares de violência. Vaida-
lítico que se responsabiliza pela produção e aplicação de, competição e desejo de poder são, isto sim, carac-
de leis que preservem os direitos individuais à vida, à terísticas artificiais, que se desenvolvem com os vín-
propriedade e à liberdade. culos sociais e o surgimento da propriedade privada,
com os quais se instauram as desigualdades no inte-
rior da humanidade.

PICTORE/ISTOCK

GEORGIOSART/ISTOCK
Para o filósofo John Locke, o poder do Estado não é
absoluto, pautando-se, isto sim, pelo respeito aos
direitos individuais dos cidadãos.

O filósofo Jean-Jacques Rousseau criticou profundamente


a civilização europeia de sua época.
NOTA HISTÓRICA

Hobbes, Locke e os conflitos sociopolíticos ingleses


Rousseau entende que a plena realização da huma-
Thomas Hobbes e John Locke elaboram suas teorias políticas
no contexto de disputas políticas inglesas do século XVII. Esses
nidade na sociedade civilizada, com a realização de
conflitos desenvolviam-se entre os partidários do Absolutismo suas qualidades morais, requer um contrato social em
monárquico e a burguesia em ascensão, que reivindicava poder que prevaleçam os interesses comuns dos cidadãos,
efetivo para o Parlamento. Thomas Hobbes posiciona-se favo- a vontade geral que expressaria a identidade natural
ravelmente à monarquia absolutista, e John Locke defende as dos seres humanos na esfera cívica da cidadania. Nes-
transformações políticas modernizadoras. Esse processo social sa perspectiva, o poder político atuaria para a elimi-
e político resultaria na Revolução Gloriosa, de 1688. nação dos aspectos negativos da civilização – as acen-
tuadas desigualdades e as constantes competições
Com o filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau, o tema entre os indivíduos.
das desigualdades sociais é objeto de especial atenção Essas diferentes teorias contratualistas dialogam
teórica. Em seus livros Discurso sobre a origem e os fun- com os problemas sociopolíticos de sua época, e suas
damentos da desigualdade entre os homens e O contrato considerações sobre as relações sociais e o sentido do
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social, ele explica sua definição de natureza humana poder estatal fixam referências relevantes para o de-
e sua proposta de pacto sociopolítico para a correção bate filosófico contemporâneo em torno das questões
dos problemas da sociedade civilizada. políticas.

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basear minha ação poder ser universalizado, isto é,
APRENDER SEMPRE constitui-se como referência para a conduta de todos
os seres humanos?
1. (PUC-PR) De acordo com o Discurso sobre a origem e os fun-
damentos da desigualdade, de Jean-Jacques Rousseau (1712- Ele exemplifica mencionando uma pessoa que, para
1778), é correto afirmar que escapar de uma situação difícil, está inclinada a reali-
a. no estado de natureza – fundamento do direito político –, zar uma promessa que não pretende cumprir, ou seja,
o homem natural era um ser livre, porém sem direitos está disposta a mentir. Entretanto, não se trata de um
iguais. princípio universalizável, pois, se todos os seres hu-
b. no estado de natureza – fundamento do direito político –, o manos estiverem moralmente autorizados a mentir,
homem natural era um ser de direitos iguais, porém não iria se dissolver a base lógica da credibilidade das
era livre. promessas. Assim, para atingir um imperativo
c. no estado de natureza, os direitos fundamentais do ho- categórico, devemos sempre dizer a verdade ou
mem eram: igualdade, liberdade e propriedade. jamais devemos mentir. Segundo Kant, essa lei mo-
d. no estado de natureza, já existe o direito de propriedade. ral, assim como todos os outros imperativos categóri-
e. no estado de natureza, os direitos fundamentais do ho- cos, deve ser observada e seguida sempre, indepen-
mem eram: igualdade e liberdade.
dentemente das circunstâncias da vida.
Resolução
A teoria ética utilitarista, por sua vez, avalia ra-
Para Rousseau, a condição de natureza é caracterizada pela
cionalmente os atos morais dos seres humanos por
liberdade e pela igualdade entre os seres humanos.
suas consequências. Essa filosofia moral, sistemati-
Resposta: E
zada pelos intelectuais britânicos Jeremy Bentham
(1748-1832) e John Stuart Mill (1806-1873), qualifica
como moralmente positivas as condutas humanas que
B. Teorias éticas modernas
produzem a felicidade das pessoas afetadas por elas e,
No universo da moderna filosofia moral, temos as teo- em contrapartida, classifica como moralmente negati-
rias éticas kantiana e utilitarista, ambas empenhadas vos os comportamentos cujo efeito é o sofrimento dos
em fundamentar as discussões sobre moralidade em seres humanos.
critérios lógicos e em discursos racionais, mas muito
distintas entre si – em certo sentido, opostas – quanto

MONKEYBUSINESSIMAGES/ISTOCK
ao conteúdo de suas proposições.
O filósofo prussiano Immanuel Kant (1724-1804)
observa que os seres humanos, em razão de sua facul-
dade racional, não se situam exclusivamente nos do-
mínios das leis naturais, sendo capazes de identificar,
isto sim, princípios morais acessíveis à sua inteligên-
cia. Para esse filósofo, a liberdade humana consiste
precisamente na condução racional dos comporta-
mentos dos seres humanos no mundo.
Em seu livro Fundamentação da metafísica dos
costumes, Kant situa a boa vontade como o bem
supremo e incondicionado. O filósofo a define não
como um sentimento, mas sim como a disposição
racional de agir por dever. Em outras palavras, os
seres humanos procedem com boa vontade quan- Conforme o utilitarismo, as decisões moralmente
corretas devem considerar a felicidade das pessoas.
do atingem racionalmente as leis morais e orien-
tam seus comportamentos pela obediência a essas
FILOSOFIA

regras universais morais, a despeito de suas incli- Por esse motivo, afirma-se que essa teoria é
nações e de seus interesses pessoais. Para Kant, os consequencialista, quer dizer, o eixo de suas reflexões
seres humanos são sempre fins em si mesmos, e ja- morais são as consequências dos atos humanos. Sendo
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

mais devem ser tratados como meios para outras assim, os filósofos utilitaristas defendem que os seres
finalidades. humanos, diante de diferentes possibilidades de ação,
Este pensador utiliza a expressão imperativos ca- devem calcular racionalmente os desdobramentos de
tegóricos para se referir a regras morais estabele- cada uma das alternativas disponíveis, escolhendo o
cidas no plano da razão. De acordo com Kant, todos comportamento que produzirá maior felicidade ou, em
os seres humanos, com sua racionalidade, possuem certos casos, o menor sofrimento. Na mesma medida, as
EM-L5-43B-22

condições de identificar essas leis, os imperativos ca- leis de uma sociedade devem se guiar por essa avalia-
tegóricos. Para tanto, o critério utilizado é o exame ção das consequências, fixando normas que favoreçam
da seguinte questão: o princípio no qual pretendo o bem-estar dos cidadãos.

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De acordo com esse ponto de vista filosófico, as
PARA IR ALÉM experiências sensoriais são o manancial de nos-
sas ideias, e o conhecimento racional está sempre
Utilitarismo e cálculo de consequências
amparado nos sentidos.
É indispensável compreender que o cálculo utilitarista das con-
CAPÍTULO 5

sequências deve considerar ampla e detalhadamente os efeitos


das condutas humanas, não se restringindo apenas aos seus VOCABULÁRIO
resultados mais imediatos, mas sim projetando suas derivações
futuras e suas implicações sobre todas as pessoas, de algum Manancial: nascente; fonte; ponto de partida.
modo, atingidas pela ação.

Pautando-se pelas consequências dos atos, o uti-

VIKTOR_GLADKOV/ISTOCK
litarismo diferencia-se significativamente da ética
kantiana. Para compreender essa distinção, pode-
mos, novamente, citar o exemplo da mentira. Sabe-
mos que a filosofia moral de Kant condena decisiva-
mente a mentira. E o utilitarismo? Sob a perspectiva
utilitarista, devemos examinar atentamente as ca-
racterísticas específicas das situações em que nos
encontramos e as consequência de dizer a verdade,
de omitir alguma informação e de mentir. Qual se-
ria, então, a escolha moralmente apropriada? A que
garantisse as melhores consequências. Assim, se
a mentira, em determinadas circunstâncias, evita
sofrimento ou promove bem-estar, estamos moral-
O verdadeiro ponto de partida do conhecimento
mente autorizados a praticá-la. está no intelecto ou nas experiências sensíveis?

2. DISCUSSÕES ACERCA DO CONHECIMENTO Na sequência, apresentaremos as modernas posi-


ções filosóficas de René Descartes, de John Locke e
A problematização acerca do conhecimento emerge de David Hume acerca da origem do conhecimento
ainda na filosofia antiga. Na moderna, verifica-se a humano. Descartes, dedicando-se à busca dos pro-
consolidação da teoria do conhecimento como área cedimentos de raciocínio capazes de conduzir a
central de investigações. Entre as questões gnosioló- conhecimentos seguros, identifica a existência da
gicas que recebem atenção metódica no pensamento mente humana como certeza primeira e fundamen-
filosófico, está o problema da raiz do conhecimento to do saber sobre o conjunto da realidade. Locke e
humano: o conhecimento tem sua fonte na razão ou Hume adotam o pressuposto empirista segundo o
nas experiências dos sentidos? qual os raciocínios humanos, mesmo os mais com-
No início de nossos estudos, registramos que, no plexos e abstratos, são provenientes das experiên-
debate sobre esse tema, delineiam-se, fundamen- cias dos sentidos.
talmente, duas perspectivas teóricas: o racionalis-
mo e o empirismo. Vamos recordar, então, as carac- A. O racionalismo de René Descartes
terísticas principais dessas diferentes explicações O francês René Descartes (1596-1650) estuda, de sua
gnosiológicas: infância ao início de sua juventude, no Colégio de La
• Para o racionalismo, o intelecto humano contém Flèche, prestigiada instituição educacional jesuítica.
previamente as ideias verdadeiras, o conteúdo do Posteriormente, alista-se no Exército e participa de
conhecimento, e as experiências recolhidas pelos expedições por meio das quais entra em contato com
sentidos corporais são fonte de equívocos e ilusões. diferentes povos e culturas. Ainda muito jovem, desis-
Segundo essa concepção gnosiológica, portanto, o te da carreira militar, decidido a dedicar-se integral-
conhecimento é inato, ou seja, está presente nos mente às investigações filosóficas e científicas, à bus-
seres humanos desde o seu nascimento, sendo ne- ca pelo conhecimento.
cessário desenvolvê-lo racionalmente de forma Em textos como Discurso do método, Regras para
adequada. a direção do espírito e Meditações metafísicas, Des-
• Para o empirismo, não há conteúdos na mente cartes empenha-se sistematicamente em formular
humana que antecedam as experiências, pois são o método de raciocínio pertinente à identificação
os dados recepcionados pelos sentidos corpo- de conhecimentos seguros, verdades que devem
EM-L5-43B-22

rais – audição, visão, tato, olfato e paladar – que ser racionalmente admitidas por todos os seres hu-
fornecem as informações indispensáveis para a manos. Essa sua proposta procede, pelo menos par-
construção do nosso conhecimento da realidade. cialmente, de sua decepção com os ensinamentos

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recebidos em sua educação formal. Em que pese

GEORGIOS KOLLIDAS/DREAMSTIME
sua declarada admiração pelos mestres do Colégio
de La Flèche, aos quais se refere de forma muito
respeitosa, o filósofo revela sua frustração com a
transmissão acrítica da tradição intelectual fixada
nos textos clássicos.
Descartes observa que as práticas pedagógicas mi-
nistradas na referida instituição limitam-se à repro-
dução do patrimônio literário e filosófico registrado
na cultura letrada, sem a necessária análise rigorosa René Descartes
da validade de suas proposições e de seus conteúdos. define regras
de raciocínio
Ele reconhece a sofisticação intelectual dos textos le- que considera
gados pela tradição, mas questiona seu efetivo valor necessárias
para atingir
gnosiológico: mais do que isso, para esse filósofo, esses certezas.
escritos clássicos não oferecem critérios apropriados
para a discriminação entre o falso e o verdadeiro. Em
Esse procedimento corresponde ao ceticismo me-
linguagem sucinta: não apresentam conhecimentos
todológico, que consiste precisamente em duvidar
seguros acerca da realidade.
de tudo o que é passível de suspeição, sendo então a
Esses conhecimentos, então, seriam encontrados
aplicação radical da dúvida. Segundo Descartes, tal
em meio à diversidade cultural da humanidade?
expediente evita a precipitação, afasta o risco de se
Descartes observa que diferentes grupos sociais e so-
confundir o falso com o verdadeiro.
ciedades cultivam os mais variados valores, noções
Para Descartes, então, o filósofo é um cético? Não. Sa-
e explicações sobre a realidade, visões de mundo
bemos que o ceticismo, em sua formulação clássica e ab-
muito diferentes e, em alguns aspectos, contrárias
soluta, sentencia que os seres humanos jamais são capa-
entre si. Além disso, sublinha o fato de que essas ex-
zes de identificar se uma hipótese é falsa ou verdadeira
pressões socioculturais são baseadas em costumes e
– não atingem conhecimentos efetivos sobre a realidade.
tradições irrefletidas, não em verdadeiros esforços
Para Descartes, o ceticismo é um método, um caminho
racionais comprometidos com a conquista do saber.
especulativo em que, utilizando-se ampla e sistema-
É imprescindível ainda notar que esse filósofo re-
ticamente a dúvida, pretende-se atingir verdades.
jeita os dados dos sentidos como fundamento do co-
Seu método tem a finalidade de encontrar ideias plena-
nhecimento. Descartes declara que as sensações
mente evidentes, que resistam às investidas da dúvida
não são guia confiável para quem pretende atingir
– conhecimentos dos quais não se pode duvidar.
conhecimentos inquestionáveis, conforme podemos
Assim, suspeitando racionalmente de todas as in-
observar em Meditações metafísicas:
formações fornecidas pelos sentidos, Descartes duvida
Mais tarde, muitas experiências anularam, paulatina- da existência de tudo o que costumamos perceber
mente, todos os créditos que eu dera aos sentidos. Já como indiscutivelmente real. Ele duvida da realidade,
que observei muitas vezes que torres, que de longe me do céu, do sol, da lua, das montanhas, dos rios, das pai-
pareciam redondas, de perto pareciam-me quadradas, e sagens naturais em geral, dos seres vivos, das cons-
que enormes estátuas, erigidas sobre os mais altos cimos truções humanas, enfim, da totalidade das coisas, do
dessas torres, pareciam-me pequenas quando as olhava Universo. Ele realiza uma comparação com os sonhos.
de baixo; e, desta maneira, em uma infinidade de outras Quando sonhamos, acreditamos que todos os fatos,
ocasiões, encontrei equívocos nos juízos baseados nos personagens e acontecimentos dos sonhos são reais,
sentidos exteriores. notando que eram simples ilusões ao acordarmos.
DESCARTES, René. Meditações metafísicas. Analogamente, devemos admitir a possibilidade de
São Paulo: Nova Cultural, 2000, p. 318. que objetos, seres e elementos que observamos no dia
FILOSOFIA

Para René Descartes, o caminho para a identifi- a dia sejam simplesmente fenômenos ilusórios.
cação de verdades é o uso correto do pensamento,
o procedimento metódico do raciocínio. Nesse
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

PARA IR ALÉM
sentido, ele apresenta como primeira regra para o
percurso em direção a conhecimentos seguros: não As regras para o pensamento
aceitar como verdadeiro o que não é suficiente- Além da regra mencionada – duvidar de tudo o que não é com-
mente conhecido. Dito de outra forma, essa nor- pletamente evidente –, Descartes estabelece mais três princí-
ma estabelece que somente se pode admitir como pios para a condução do pensamento: dividir as dificuldades
verdadeiro o que é evidente para o raciocínio. Se há de um problema em tantas partes quanto possível; partir dos
EM-L5-43B-22

uma dúvida, ainda que mínima, sobre algo, é preci- objetos de investigação mais simples para o mais complexo; e
efetuar completas e minuciosas revisões em todas as opera-
so desconfiar do seu valor de verdade – não se deve
ções do pensamento.
aceitá-lo como uma certeza.

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Por mais extravagante que nos pareça essa radicaliza- um princípio de malignidade e de malícia, que justa-
ção da dúvida, devemos observar que ela procede da pro- mente manifestasse sua mais requintada maldade ao
funda desconfiança de Descartes com as sensações. Para fazer com que o homem estivesse errando toda vez em
ele, somente devemos aceitar como verdadeiro o que é que tivesse a mais forte impressão de estar certo?
racionalmente comprovado, e não o que experimenta-
CAPÍTULO 5

mos com os sentidos. Aliás, seu ceticismo metodológico [...]


suspende a crença na existência do seu próprio corpo e A hipótese do gênio maligno faz, desse modo, pairar
de suas sensações. O que resta então? Há algo do qual não sobre o universo científico a ameaça de ele nada mais
se possa duvidar, uma verdade indiscutível, que resista à ser que uma ficção, uma criação apenas subjetiva, um
utilização generalizada da dúvida? sonho, embora o mais bem concatenado.
Com seu ceticismo metodológico, Descartes encon- Descartes. Coleção Os pensadores. São Paulo:
tra, finalmente, uma certeza. Escrevendo na primeira Nova Cultural, 1999. p. 18-19..

pessoa do singular, ele observa que se pode duvidar


de toda a aparente realidade, até mesmo da existên-
cia do próprio corpo, mas não se é capaz de duvidar B. O empirismo de John Locke e de David Hume
do fato de se exercitar a dúvida, de que se é um ser O inglês John Locke e o escocês David Hume (1711-1776)
que duvida, que pensa. A dúvida metódica e radical, estão entre os principais representantes do empirismo
portanto, encontra o seu limite na constatação do eu moderno. Em perspectiva oposta à de René Descartes,
pensante. Trata-se da primeira certeza cartesiana, ex- para quem as ideias verdadeiras estão previamente
pressa na sentença penso, logo existo. contidas na mente humana, esses filósofos entendem
Conforme o procedimento metodológico de Descar- que são as experiências sensíveis que produzem as
tes, portanto, o primeiro conhecimento seguro é a exis- informações com as quais o intelecto desenvolve
tência de sua mente, substância inextensa e pensan- conceitos e explicações sobre a realidade.
te. Esse é, segundo esse filósofo, o autêntico ponto de No módulo anterior, explanamos sobre a filosofia
partida de todos os saberes. É o sujeito humano, essen- política contratualista de John Locke. Esse filósofo
cialmente definido como substância que pensa, que se destaca-se igualmente na esfera da teoria do conhe-
lança, então, a examinar racionalmente a existência de cimento. Em seu livro Ensaio acerca do entendimento
outras mentes, dos corpos, dos seres vivos, da natureza, humano, ele critica a concepção gnosiológica raciona-
do Universo. A certeza fundamental da filosofia carte- lista e elabora sua teoria empirista do conhecimento.
siana é o sujeito pensante, a mente que contém em si Locke argumenta que os filósofos que defendem o
mesma as ideias verdadeiras sobre a realidade. ponto de vista racionalista confundem, na realidade,
capacidade com conteúdo ao afirmarem que as ideias
VOCABULÁRIO são inatas, que já nascemos com conhecimentos em
nossa mente. Em sentido diferente, ele observa que
Inextensa: o que não possui materialidade; o que não se configura nascemos com capacidade racional, mas não com
como corpo, matéria. conteúdo, a uma anteriormente utilizada por outros
filósofos, como Aristóteles, que compararam a mente
humana a uma tábula rasa, uma folha inicialmente
vazia, em branco, sem nenhum registro. Assim como
LEITURA
a folha é, aos poucos, preenchida com anotações e in-
formações, a mente, inicialmente sem conteúdo, recep-
Construída por sucessivas intuições ligadas por vínculo ciona os materiais fornecidos pelas experiências huma-
dedutivo, a perfeita sabedoria – aplicável a quaisquer nas, pelas sensações e por nossos sentidos internos.
objetos – deveria ser uma tessitura de ideias claras. A
clareza das ideias, porém, representa uma garantia ape-
LGUBARENKO/ISTOCK

nas subjetiva: porque são perfeitamente claras e distin-


tas é que as ideias se impõem com a força de evidências.
Mas quem garante que a tais ideias, embora claras, cor-
responda algo real?
Nesse ponto de seu esforço de fundamentação da cer-
teza científica, Descartes amplia a dúvida ao máximo,
tornando-a “hiperbólica”: passa a duvidar até mesmo
das ideias claras e distintas, que espírito espontanea-
mente admite como evidentes.
Para levar a dúvida a essa dimensão extrema, Descartes
EM-L5-43B-22

lança mão de um artifício: a “hipótese do gênio maligno”.


E se a realidade toda fosse regida por um malin génie, John Locke afirma que a mente humana é, originariamente,
como uma folha de papel sem informações.

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De acordo com John Locke, os seres humanos ex- Entretanto, Hume entende que todas as elabora-
traem diretamente das experiências as ideias simples ções intelectuais humanas, até mesmo suas ideias
sobre o mundo. Por meio da reunião e da comparação mais rebuscadas, se originam das experiências, das
de ideias simples, a mente confecciona ideias comple- recepções dos fatos do mundo mediante os sentidos
xas e gerais, em um movimento intelectual de abstra- corporais. Entre os exemplos oferecidos pelo filóso-
ção que transita das experiências particulares para fo em defesa dessa concepção, está a noção de Deus,
conceitos gerais. ideia abstrata que resulta da observação e da poten-
O filósofo e historiador John Yolton, em seu Dicioná- cialização de qualidades identificadas nos próprios
rio Locke, assinala um exemplo do filósofo acerca desse seres humanos. Em outras palavras, a projeção de
processo de abstração: um ser onisciente, onipotente e pleno de bondade
Locke sugeriu como um tal processo de particularidade é a ampliação de predicados identificados nos seres
para a generalidade pode operar numa criança. As ideias do mundo e convertidos em características absolutas
de uma criança sobre pessoas, como as próprias pessoas, de um suposto ser superior, criador do Universo e de
são particulares. Num dado momento de seu desenvolvi- toda a realidade.
mento, depois que a criança adquiriu mais experiência de
pessoas e coisas, ela apercebe-se de que “existem muitas VOCABULÁRIO
outras coisas no mundo” além daquelas pessoas e objetos
com que está familiarizada. Essas outras pessoas e objetos Onipotente: quem possui todo o poder; quem é completamente
poderoso.
compartilham de algumas qualidades: há semelhanças en-
Onisciente: condição de quem possui conhecimento total, saber
tre elas. Assim se formam a ideia de homem e o seu nome,
sobre todas as coisas.
que captam as qualidades e características captadas por
muitas pessoas. O processo é descrito por Locke como abs- Para Hume, a mente humana atua criativamente na
tração, deixando fora das ideias de “pessoas” a quem co- produção de ideias com os materiais recolhidos pelos
nhecem as características particulares de cada uma e con- sentidos em suas experiências, efetuando ainda a sua
siderando ou retendo unicamente o que é comum a todas. associação pelos princípios de semelhança, contigui-
YOLTON, John W. Dicionário Locke. Rio de Janeiro: Zahar, 1996, p. 124. dade e causalidade.
A concessão de ideias por semelhanças se realiza pela
FIZKES/ISTOCK

percepção de características comuns entre objetos dife-


rentes – por exemplo, os traços de uma paisagem em
uma pintura nos faz pensar em elementos da nature-
za ou a fotografia de alguém nos remete ao original, à
pessoa fotografada. A associação por contiguidade ve-
rifica-se nas situações em que o pensamento sobre algo
nos encaminha para uma ideia conjugada, pertencente
ao mesmo contexto – ao pensar em uma sala de aula,
somos conduzidos às ideias de outros compartimentos
da arquitetura escolar, como pátio e cantina.

DUNCAN1890/ISTOCK
Locke exemplifica a formação de ideias com o
desenvolvimento do pensamento na infância.

Notamos, dessa forma, que mesmo as ideias comple-


xas e gerais têm seu fundamento nos sentidos e nas
sensações humanas. Sendo assim, John Locke conclui
FILOSOFIA

que nossas explicações sobre a realidade são legítimas


somente nos limites da experiência, sendo incapazes
de examinar com propriedade questões que não são
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

informadas por nossas relações com o mundo.


David Hume, por sua vez, apresenta suas teses em-
piristas em textos como Tratado da natureza humana e
Investigações sobre o entendimento humano. Esse filó-
sofo nota que o pensamento humano é, aparentemen-
te, ilimitado, versando sobre os mais diversos temas e
EM-L5-43B-22

Pelo princípio de semelhança, a pintura de uma paisagem


realizando sofisticadas operações intelectuais, com as natural nos conduz, por exemplo, à ideia de montanha.
quais constrói explicações marcadas por elevada com- Gravura vintage de paisagem escocesa, Passagem de Leny.
Escócia, século XIX.
plexidade conceitual.

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David Hume atribui especial importância às co-
nexões de causalidade construídas pelo pensamen- PARA IR ALÉM
to humano, pois os raciocínios de causa e efeito são
Hume e o ceticismo moderado
muito utilizados para efetuar previsões cotidianas e
científicas. No universo das ciências, as relações de Hume entende que as relações de causa e efeito não são
CAPÍTULO 5

asseguradas sob o ponto de vista lógico, isto é, o fato de


causalidade consistem em explicações sobre os fenô-
certo evento sempre ter ocorrido na sequência de outro não
menos da natureza, teses com as quais se pretende revela propriamente conexões de causalidade: não há ga-
predizer e controlar acontecimentos futuros. rantia de que essa sucessão continuará a ocorrer no futuro.
Segundo Hume, de que forma os seres humanos A experiência nos permite relatar o passado, e não o futuro.
associam diferentes eventos nos termos de causa e Por esse motivo, os estudiosos costumam afirmar que a filo-
efeito? Para ele, a fonte desse raciocínio é, evidente- sofia de Hume é moderadamente cética, dado que, para esse
mente, a experiência. Devido ao fato de observarem filósofo, não podemos conhecer com segurança a natureza
que certos fenômenos são repetidamente seguidos e a realidade em geral.
por determinados acontecimentos, os seres humanos
qualificam os primeiros fatos como causa dos últi-
mos ou, se preferirmos, declaram que os eventos pos-
teriores são consequências, efeitos, dos anteriores. PARA EXPLORAR

Para saber mais sobre Hume, acesse:


GEORGIOSART/ISTOCK
<coc.pear.sn/8MZwo0v>.

APRENDER SEMPRE

2. De acordo com o filósofo John Locke, os seres humanos


a. possuem a capacidade de conhecer determinados objetos
da realidade, mas não possuem, de forma inata, ideias em
suas mentes.
b. assimilam conteúdos das experiências, com os quais ela-
boram verdadeiros conhecimentos acerca de temáticas
metafísicas.
c. partem das sensações para atingir o pleno conhecimento
intelectual dos seres inteligíveis, que são a causa do mun-
do sensível.
d. desenvolvem discursos antagônicos acerca da realidade,
sem que tenhamos condições de avaliar tais teses como
Para David Hume, os raciocínios de
causa e efeito, utilizados metodica- verdadeiras ou falsas.
mente no conhecimento científico, e. possuem poucas ideias inatas, que se multiplicam com a re-
são decorrentes da experiência.
cepção sensorial dos incontáveis aspectos que compõem as
experiências.
Vejamos um exemplo muito simples apresentado Resolução
por Hume: uma pessoa ergue um objeto e irá soltá- Locke distingue capacidade de conteúdo. Para ele, o ser huma-
-lo do alto. O que acontecerá em decorrência dessa no é intelectualmente capaz de conhecer aspectos da realidade,
ação? Responderemos, sem hesitar, que o objeto per- e suas ideias desenvolvem-se a partir de conteúdos extraídos
correrá um movimento descendente, isto é, cairá. da experiência.
Por que estamos confiantes em nossa resposta? Por- Alternativa correta: A
que, até hoje, sempre que presenciamos um fato do
tipo, notamos que, na sequência imediata, verifica-
-se a queda do objeto. Se uma pessoa, ainda que ex-
tremamente inteligente, jamais tivesse presenciado 3. MOVIMENTO FILOSÓFICO ILUMINISTA
um acontecimento dessa natureza, ela não saberia
a resposta. Afinal, é da experiência que extraímos No século XVIII, o pensamento filosófico moder-
EM-L5-43B-22

essa conexão com a qual vinculamos eventos distin- no é marcado pela filosofia iluminista. O que é
tos em uma relação de causalidade: noções de causa o Iluminismo? Esse termo não intitula uma escola fi-
e consequência são sugeridas pelo hábito. losófica, isto é, não consiste em uma teoria unificada

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e partilhada por pesquisadores que desenvolvem suas
reflexões com base em um universo conceitual comum; VOCABULÁRIO
trata-se, na realidade, de um movimento intelectual Eximir: isentar; não assumir a responsabilidade.
delimitado por algumas características básicas que Ultraje: afronta; insulto; desrespeito.
reúnem pensadores de diferentes tendências teóricas.
Já a maioridade, compreende a emancipação
A. A razão iluminista racional da humanidade em um ambiente social e
O Iluminismo, em certa medida, situa-se em continui- cultural delineado pela liberdade, que proporcione
dade com o humanismo renascentista, o avanço das as condições favoráveis ao uso público da razão pe-
Ciências Naturais e o desenvolvimento geral da Filoso- los indivíduos. Para Kant, a sua época é o momen-
fia moderna. Entre os muitos filósofos associados, de to histórico no qual está em curso a passagem da
alguma forma, ao movimento iluminista, estão John menoridade para a maioridade, a conquista da au-
Locke, Montesquieu (1689-1785), Voltaire (1694-1778), tonomia humana na construção de uma civilização
Jean-Jacques Rousseau, Denis Diderot (1713-1784), estruturada em parâmetros racionais.
Jean D’Alembert (1717-1783) e Immanuel Kant. Na explanação de Immanuel Kant, portanto, reve-
la-se a confiança iluminista no potencial emancipa-
tório da razão, seu projeto de substituição de todas
GEORGIOSART/ISTOCK as formas tradicionais de autoridade pela autorida-
de baseada exclusivamente na racionalidade. Te-
mos, então, um ponto de partida importante para
compreender o Iluminismo.
Contudo, se pretendemos indicar os aspectos cen-
trais do Iluminismo, é preciso situar sumariamen-
te o momento histórico em que se desenvolve essa
postura intelectual. Afinal, observando a valoriza-
ção da razão em ampla perspectiva histórica, cons-
tataremos que essa não é uma característica exclu-
siva da Filosofia do século XVIII. Na totalidade da
história do projeto clássico da Filosofia, é central o
postulado de aquisição racional do conhecimento.
A esse respeito, é suficiente mencionar a origem da
Filosofia entre os gregos, diferenciando-se da cul-
tura mítica, e o racionalismo do humanismo renas-
centista. Por um lado, portanto, o Iluminismo man-
Um dos destaques do movimento iluminista, tém sólidos laços com o longo percurso histórico da
François-Marie Arouet, conhecido pelo pseu-
dônimo Voltaire, defendeu com veemência a Filosofia; por outro, assume traços específicos, que
liberdade de expressão e o respeito à diversidade respondem aos desafios sociais, políticos, culturais
de ideias.
e intelectuais próprios de sua época.
Em linhas gerais, o contexto histórico do movi-
Encontramos o sentido mais geral do movimento mento iluminista é composto da articulação dos se-
iluminista em um ensaio escrito por Immanuel Kant, guintes fatores: os êxitos atingidos pelas modernas
intitulado Resposta à pergunta: que é Esclarecimento? ciências da natureza; a persistência de formas ab-
Nesse texto, o filósofo define o Iluminismo como pro- solutistas de poder político – o Absolutismo monár-
cesso intelectual em que a humanidade ultrapassa a quico – e a tensa coexistência de tradições feudais
menoridade em direção à maioridade. com o desenvolvimento de relações capitalistas.
FILOSOFIA

O que significam, nesse contexto, menoridade e Nesse cenário de transformações modernizadoras


maioridade? A menoridade é a recusa dos seres hu- e conflitos sociopolíticos, expande-se, nos círculos
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

manos em utilizar livre e publicamente a razão, con- intelectuais, o Iluminismo.


duzindo, assim, racionalmente as próprias vidas. Nes- Neste ponto, é interessante registrar uma definição
sa situação de menoridade intelectual, os indivíduos mais geral desse movimento intelectual na reprodu-
limitam-se a seguir padrões externos e autoridades ção do verbete sobre Iluminismo apresentado no
sociais estabelecidas pela tradição, eximindo-se, por Dicionário básico de Filosofia:
receio, de assumir a direção racional de si mesmos. Movimento filosófico, também conhecido como Escla-
EM-L5-43B-22

De acordo com Kant, a menoridade é um ultraje à recimento, Ilustração ou Século das Luzes, que se de-
natureza racional dos seres humanos, à inteligência senvolve na França, Alemanha e Inglaterra no século
que os capacita à realização de sua autonomia. XVIII, caracterizando-se pela defesa da ciência e da

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racionalidade crítica, contra a fé, a superstição e o dog-

DUNCAN1890/ISTOCK
ma religioso. Na verdade, o Iluminismo é muito mais
do que um movimento filosófico, tendo uma dimensão
literária, artística e política. No plano político, o Ilumi-
nismo defende as liberdades individuais e os direitos
CAPÍTULO 5

dos cidadãos contra o autoritarismo e o abuso do poder.


Os iluministas consideravam que o homem poderia se
emancipar através da razão e do saber, ao qual todos
deveriam ter livre acesso.
JAPIASSU, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de Filosofia.
Rio de Janeiro: Zahar, 1991, p. 128-129.

Nessa definição, mencionam-se as diretrizes fun-


damentais do Iluminismo: o preceito de que os ver-
dadeiros saberes são construídos racionalmente; a
conjugação da racionalidade com o que é objeto da
experiência; a rejeição a todas as formas tradicionais
de autoridade, que não se sustentam em princípios ra-
A física de Isaac Newton é uma espécie
cionais; a defesa da igualdade jurídica dos cidadãos; e de paradigma para o conhecimento
o conceito de progresso da humanidade em uma civi- iluminista.

lização universal.
Para o movimento filosófico iluminista, apenas os A atitude intelectual iluminista, portanto, segue
saberes tecidos intelectualmente e expostos ao exame os padrões científicos que fixa limites para o conhe-
racional são verdadeiros conhecimentos, descartan- cimento humano, restringindo-o à explicação dos
do-se, assim, as superstições, os dogmas das doutrinas fenômenos que podem ser observados pelos seres
religiosas e as tradições socioculturais reproduzidas humanos. Na mesma medida, porém, o Iluminismo,
acriticamente. A concepção iluminista de racionalida- estimulado justamente pelos resultados da Ciência
de inscreve-se no horizonte do espírito científico mo- Moderna, expande a racionalidade para a totalidade
derno, que limita o conhecimento ao que é observável, dos fatos do mundo, incluindo as relações sociais, o
amparando-o na experiência. poder político e as dimensões da vida humana. Essa
A razão do Iluminismo é predominantemente confiança na capacidade de conhecer e organizar ra-
empirista e antimetafísica. Ou seja, entre os filó- cionalmente os múltiplos aspectos observáveis da rea-
sofos iluministas, prevalece a tese gnosiológica em- lidade conduziria, no século XIX, ao surgimento das
pirista, segundo a qual o conhecimento se efetua Ciências Humanas e Sociais – Psicologia, Antropologia
e Sociologia, entre outras.
com a atividade racional sobre os dados recolhidos
pelos sentidos nas experiências humanas. Esse
empirismo iluminista fixa limites para o conheci- NOTA HISTÓRICA
mento racional: a razão não é capaz de apresentar
respostas para todos os questionamentos humanos, A Enciclopédia
ou seja, não é possível esclarecer problemas meta- A ambição de explicar racionalmente todos os fenômenos do
físicos – interrogações sobre a essência do mundo, mundo se exprime densamente na Enciclopédia, publicada
em vários volumes sob a coordenação de Denis Diderot e Jean
a existência de uma causa primordial para toda a
D’Alembert. Contando com a participação de diversos intelec-
realidade e a imortalidade ou não da alma humana. tuais, essa publicação contemplava conhecimentos sobre os
Compreende-se, então, a racionalidade como único mais variados temas, como música, física, biologia, química,
caminho legítimo para o saber, ao mesmo tempo política e diferentes ofícios. Sua proposta era reunir os conhe-
que se limita o conhecimento racional ao que é pas- cimentos humanos e formar pedagogicamente os cidadãos.
sível de experiência e demonstração prática.
É muito comum identificar a física do cientista
inglês Isaac Newton (1642-1727) como modelo de B. A contestação às formas tradicionais de autoridade
racionalidade para o movimento iluminista. As ex- e a noção de progresso
plicações desenvolvidas por esse físico acerca da Projetando a realização da autonomia humana pela
natureza são sustentadas pela experiência, procu- razão, o movimento iluminista recusa todas as moda-
rando unicamente descrever as leis naturais, sem lidades tradicionais de autoridade sociopolítica, isto é,
se lançar a questões que não se prestam à obser- formas de poder que não se justificam racionalmente.
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vação – Newton não se atreve a tentar identificar a Nesses termos, compreendem-se suas posições con-
causa fundamental da lei da gravidade ou a essên- trárias às instituições religiosas, à divisão social em
cia dos seres naturais. ordens e ao Absolutismo monárquico.

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A crítica iluminista à religião se concentra essen- uma esfera cívica que represente institucionalmente
cialmente nos seguintes aspectos: as alianças das igre- o conjunto dos cidadãos.
jas com o poder político em muitos países europeus,
a imposição de crenças doutrinárias, os dogmas das VOCABULÁRIO
doutrinas religiosas e a ingerência das instituições
cristãs sobre a conduta moral dos seres humanos. De Adversamente: contrariamente; de modo desfavorável.
acordo com o Iluminismo, convém destacar que a or-
ganização sociopolítica deve se fundamentar em cri-
térios racionais, já que a razão é a verdadeira medida
do saber, e a autêntica moralidade deve se efetivar em
um contexto social de liberdade, de debate e de con-
fronto de ideias.

DBVIRAGO/ISTOCK

BET_NOIRE/ISTOCK
A filosofia iluminista critica abertamente a autoridade
política dos reis – as monarquias absolutistas –,
defendendo a organização racional de uma sociedade
política de cidadãos.

Para encerrar essa exposição sobre o Iluminismo,


citaremos a noção de progresso, característica mar-
cante de sua postura filosófica. Francisco Falcon, em
O dogmatismo das religiões é criticado pela filosofia iluminista. seu livro Iluminismo, situa esse conceito nos seguin-
tes termos:
Os filósofos iluministas rejeitam as doutrinas reli- O tema do progresso é essencialmente moderno. Só é pos-
giosas sob o argumento de que elas não se baseiam sível pensá-lo se forem admitidas também a historicidade
em elaborações racionais e versam sobre conteúdos da existência humana, como realidade autônoma na pers-
que não estão sujeitos às experiências, portanto não pectiva de um desenvolvimento temporal, e a eficácia da
são conhecimentos legítimos. Isso não significa, po- ação do homem no mundo. Daí ser uma ideia que pressu-
rém, que todos os pensadores do movimento ilumi- põe a imanência. O progresso é fruto de uma tomada de
nista sejam adeptos do materialismo em seu senti- consciência capaz de perceber o movimento e a diferença,
do estrito. Há, entre eles, os filósofos deístas, para assim como o sentido de mudanças que têm no homem o
os quais a própria observação dos fatos do mundo
seu sujeito. [...]. A tomada de consciência que a noção de
conduz racionalmente à constatação da existência
progresso implica expressa-se numa hierarquização da hu-
de um ser supremo, criador do Universo. De acordo
manidade, no tempo e no espaço, sustentada, porém, pela
com o deísmo, a ordem da natureza e a perfeição das
tese da perfectibilidade infinita da espécie humana, que é
leis naturais são necessariamente produzidas por
o seu fundamento filosófico. A certeza do progresso permite
uma inteligência plena, Deus. Entretanto, os filósofos
encarar o futuro com otimismo.
deístas limitam-se precisamente a este ponto: não
FALCON, Francisco José Calazans. O Iluminismo.
avançam em especulações sobre a espiritualidade
FILOSOFIA

São Paulo: Ática, 1991, p. 61 e 62.


e supostas interferências divinas na vida dos seres
humanos. O conceito iluminista de progresso corresponde à
Em termos sociopolíticos, o Iluminismo posiciona-se sua expectativa de conquista da autonomia humana
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

adversamente à divisão social em ordens – estratifi- pela via da razão. Segundo essa concepção, o percur-
cação social em que os grupos sociais possuem direitos so histórico das sociedades humanas é orientado pelo
e deveres distintos – e ao Absolutismo monárquico. O aprimoramento institucional e intelectual cuja meta
movimento iluminista combate essa organização so- é uma civilização universal e superior, estruturada
cial e política tradicional sob o argumento de que ela em relações sociais, econômicas, culturais e políticas
procede de visões preconceituosas. Assim, os intelec- orientadas por critérios racionais. Sendo assim, o pro-
EM-L5-43B-22

tuais desse movimento defendem os direitos naturais gresso consiste no aperfeiçoamento da humanidade,
de liberdade dos seres humanos, a igualdade jurídica das condições materiais e espirituais da vida humana
e um poder político racionalmente estruturado em em sociedade.

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APRENDER SEMPRE

3. (UFSC) Sobre o Iluminismo, é correto afirmar que


01. contestou a hegemonia do cristianismo e defendeu a tolerância religiosa.
CAPÍTULO 5

02. o racionalismo, o cientificismo e o culto ao progresso, propostos pelo movimento iluminista do


século XVIII, são bases do pensamento contemporâneo.
04. do ponto de vista econômico, o movimento iluminista questionava absolutamente a emergência da
sociedade capitalista e suas práticas.
08. os iluministas exaltavam a importância do pensamento crítico dos indivíduos perante a autoridade.
16. constituiu uma doutrina secreta de caráter político que teve influência em diversos países.
32. para o movimento iluminista, a natureza deveria ser a base e a referência para as normas morais
e políticas.
64. os iluministas estavam convencidos de que os intelectuais deveriam governar por serem natural-
mente superiores aos demais homens.
Resolução
04. Incorreto. O Iluminismo questionava os tradicionais padrões feudais e suas teses convergiam, em
larga medida, com as aspirações capitalistas.
16. Incorreto. O Iluminismo é um movimento filosófico, e não uma doutrina. Além disso, esse movimento
não possuía caráter secreto.
64. Incorreto. Os iluministas defendiam a igualdade entre os seres humanos.
Resposta: 43 (01 + 02 + 08 + 32)

Anotações

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MODERNA
A FILOSOFIA

Perspectivas da Filosofia Discussões acerca do Movimento filosófico


moderna conhecimento iluminista

O contexto histórico da Teoria do conhecimento na O Iluminismo do século XVIII


Filosofia moderna Filosofia moderna

O projeto de emancipação
Antropocentrismo e O racionalismo de René racional da humanidade
pensamento filosófico Descartes
moderno
A razão iluminista, a crítica
O empirismo de John Locke e
às formas tradicionais de
Temas da Filosofia moderna de David Hume
autoridade e a noção de
progresso
Filosofia política: as teses
de Maquiavel e as teorias
contratualistas de Hobbes,
Locke e Rousseau

Ética: teoria kantiana e


utilitarismo
FILOSOFIA
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
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CAPÍTULO 5
MÓDULO 13 ■ PERSPECTIVAS DA FILOSOFIA MODERNA
CAPÍTULO 5

Exercícios de APLICAÇÃO

1. Explique a seguinte afirmação: 2. (UNESP)


A Filosofia moderna rejeita, em certa medida, a tradi- Aquele que ousa empreender a instituição de um povo
ção filosófica medieval. deve sentir-se com capacidade para, por assim dizer, mu-
dar a natureza humana, transformar cada indivíduo, que
Resolução por si mesmo é um todo perfeito e solitário, em parte de
A atividade filosófica moderna baseia-se no humanismo renas- um todo maior, do qual de certo modo esse indivíduo rece-
centista, assumindo, então, orientação antropocêntrica. Sendo be sua vida e seu ser; alterar a constituição do homem para
assim, nota-se certa ruptura com a cultura filosófica medieval, fortificá-la; substituir a existência física e independente,
marcada pelo teocentrismo e pelo compromisso de conciliar o
que todos nós recebemos da natureza, por uma existência
saber racional da Filosofia com as supostas verdades reveladas
do cristianismo. parcial e moral. Em uma palavra, é preciso que destitua o
homem de suas próprias forças para lhe dar outras […] das
quais não possa fazer uso sem socorro alheio.
Jean-Jacques Rousseau. Do contrato social, 1978.
De acordo com a teoria contratualista de Rousseau, é
necessário superar a natureza humana para
a. assegurar a integridade do soberano.
b. conservar as desigualdades sociais.
c. evitar a guerra de todos contra todos.
d. promover a efetivação da vontade geral.
e. garantir a preservação da vida.

Resolução
O conceito de vontade geral é extremamente importante na
teoria de Rousseau. Segundo o contratualismo rousseaunia-
no, é preciso eliminar as vontades individuais e controlar os
ímpetos que podem prejudicar o projeto de construção da
sociedade civil. Sendo assim, na representação da vontade
geral, o indivíduo passa a ter características do coletivo, do
todo, dando novos contornos à ideia de ser.
Resposta correta: D
Habilidade
Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argu-
mentos relativos a processos políticos, econômicos, sociais,
ambientais, culturais e epistemológicos, com base na siste-
matização de dados e informações de diversas naturezas
(expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos, do-
cumentos históricos e geográficos, gráficos, mapas, tabelas,
tradições orais, entre outros).
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Exercícios EXTRAS

3. (UECE) Atente para a seguinte citação que, em parte, Com base nestas informações e nos seus conhecimen-
reflete a concepção hobbesiana sobre a origem do tos sobre a obra de Hobbes, assinale a alternativa que
ordenamento social: caracteriza o pacto social.
Devemos, portanto, concluir que a origem de todas as a. Pelo pacto social, cria-se o Estado, que continua
grandes e duradouras sociedades não provém da boa von- sendo uma mera reunião de indivíduos, somente
tade recíproca que os homens tivessem uns para com os com laços de sangue.
outros, mas do medo recíproco que uns tinham dos outros. b. Pelo pacto social, a multidão de indivíduos passa a
HOBBES, Thomas. Do cidadão. São Paulo: Martins Fontes, 1992. p. 32. constituir um corpo político, uma pessoa artificial:
Com base na citação acima e atentando para a com- o Estado.
preensão que possuía Thomas Hobbes a respeito da c. Pelo pacto social, cria-se o Estado, mas os indiví-
origem da sociedade, é correto afirmar que duos que o compõem continuam senhores de sua
a. Hobbes, em concordância com os pensadores da liberdade e de suas propriedades.
antiguidade grega, entendia a sociabilidade como d. O pacto social pressupõe que o Estado deverá ga-
da natureza humana, boa em sua origem, mas tor- rantir a segurança dos cidadãos, mas em nenhum
nada má pela corrupção dos valores. momento fará uso da força pública para isso.
b. Hobbes, diferente de Locke, não aceitava a distin-
ção entre estado de natureza e estado civil. Para 5. Leia o trecho a seguir para responder à questão.
ele, os indivíduos eram obrigados a se submeter a Mas, embora os homens ao entrarem na sociedade renun-
um soberano e, assim, tornavam-se cidadãos. ciem à igualdade, à liberdade e ao poder executivo que
possuíam no estado de natureza, que é então depositado
c. Hobbes, da mesma maneira que seus contempo-
nas mãos da sociedade, para que o legislativo deles dis-
râneos, entendia que o estado de guerra de todos
ponha na medida em que o bem da sociedade assim os
contra todos era determinado pelo absolutismo,
requeira, cada um age dessa forma apenas com o objetivo
pela soberania absoluta que deveria ser combatida.
de melhor proteger sua propriedade e sua liberdade.
d. Hobbes defendia que a rivalidade de cada um com
LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo civil. Bragança Paulista:
cada um era a condição natural da humanidade. Ed. Universitária São Francisco; Petrópolis: Vozes, 2006, p. 159.
Uma nova arte política baseada na renúncia de di-
A leitura do texto permite inferir que, para o filósofo
reito natural e no medo de punição foi a solução.
John Locke, o contrato social tem a finalidade de
4. (UFU-MG) a. reduzir desigualdades econômicas.
Segundo Thomas Hobbes, o estado de natureza é caracte- b. promover a igualdade de crenças.
rizado pela “guerra de todos contra todos”, porque, não ha- c. superar a total brutalidade da vida natural.
vendo nenhuma regra ou limite, todos têm direito a tudo,
d. preservar direitos individuais.
o que significa que ninguém terá segurança de seus bens
e de sua vida. A saída desta situação é o pacto ou contrato e. estimular sentimentos criativos de liberdade.
social, “uma transferência mútua de direitos”.
HOBBES, T. Leviatã. Coleção Os Pensadores. Trad. João P. Monteiro
e Maria B. N. da Silva. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 78-80.

Seu Espaço

Sobre o módulo
FILOSOFIA

Neste capítulo, percorremos sumariamente a Filosofia moderna, situando-a historicamente e apresentando suas principais perspectivas in-
vestigativas. No módulo inicial, demarcamos as características básicas do pensamento filosófico moderno. Deve-se enfatizar suas diferenças
em relação à filosofia cristã medieval, especialmente por sua postura antropocêntrica, por sua inspiração no espírito cultural renascentista
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

e por sua comunicação com os fenômenos históricos situados entre os séculos XV e XVIII. A exposição sobre Filosofia política e Filosofia
moral moderna tem o propósito de indicar suas orientações predominantes, sem examinar em profundidade as diferentes teorias indicadas.
O exercício “Desafio” exige a compreensão básica das teorias éticas kantiana e utilitarista.
Estante
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: do humanismo a Kant. São Paulo: Paulus, 1990.
O livro apresenta detalhada e aprofundada exposição histórica e conceitual da Filosofia moderna.
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CAPÍTULO 5
Exercícios PROPOSTOS
CAPÍTULO 5

Da teoria, leia os tópicos 1, 1.A, 1.A.1 e 1.B. a. Segundo Locke, o estado de natureza se confunde
Exercícios de: Tarefa Reforço Aprofundamento Lidere! com o estado de servidão.
b. Para Locke, o direito dos homens a todas as coisas
6. (Unioeste-PR) independe da conveniência de cada um.
(...) nós, contemporâneos, enxergamos os antigos com c. Segundo Locke, a origem do poder político depende
admiração e grandiosidade. Sendo assim, deve-se desta- do estado de natureza.
car que, sempre no tempo presente, utilizamos de con-
d. Segundo Locke, a necessidade de solicitar permissão
ceitos que remetem à Antiguidade para batizar objetos
para agir é compatível com o estado de natureza.
novos, com o intuito de lhes dar grandeza. Por meio de
uma construção ideológica de Ocidente, o mais comum 8. (UFU-MG)
neste processo de busca do passado são as reivindica- Autonomia da vontade é aquela sua propriedade graças à
ções do passado correspondente à Antiguidade Clássi- qual ela é para si mesma a sua lei (independentemente da
ca, com a ideia de pertencimento ou legado da Grécia e
natureza dos objetos do querer). O princípio da autonomia
Roma Antigas.
é, portanto: não escolher senão de modo a que as máximas
BONFÁ, Douglas Cerdeira. Antiguidade, identidade e os usos do passado. da escolha estejam incluídas simultaneamente, no querer
In: Revista Estudos Filosóficos e Históricos da Antiguidade.
Campinas, nº 30, p. 13, jan-dez 2016.
mesmo, como lei universal.
Com base na afirmação acima, assinale a alternativa KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Tradução
de Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, 1986, p. 85.
incorreta.
De acordo com a doutrina ética de Kant,
a. Maquiavel é um grande exemplo de pensador que
rechaçou a valorização da Antiguidade, pois esta a. o imperativo categórico não se relaciona com
não fornecia bons exemplos para serem seguidos a matéria da ação e com o que deve resultar
em outras épocas. dela, mas com a forma e o princípio de que ela
mesma deriva.
b. Os estudos clássicos, principalmente durante os
séculos XIX e XX, desempenharam um papel cen- b. o imperativo categórico é um cânone que nos leva
tral no esforço de legitimação histórica da cultura a agir por inclinação, vale dizer, tendo por objetivo
europeia ocidental. a satisfação de paixões subjetivas.
c. A Antiguidade, a serviço da experiência totalitária c. inclinação é a independência da faculdade de
italiana na primeira metade do século XX, foi idea- apetição das sensações, que representa aspectos
lizada com um exaustivo apelo ao chamado mito objetivos baseados em um julgamento universal.
da romanidade. d. a boa vontade deve ser utilizada para satisfazer
d. Após o final da segunda grande guerra, o cine- os desejos pessoais do homem. Trata-se de fun-
ma (principalmente nos EUA) teve como uma das damento determinante do agir, para a satisfação
principais temáticas o gênero épico, em especial a das inclinações.
Roma Antiga.
9. Leia o texto e resolva a questão.
e. A ideia de império, em essência monárquico e com
Na perspectiva de J. Bentham, a ética é considerada como uma
um poder por vezes centralizado e sacralizado, tem
ciência exata; ela seria a ciência objetiva do comportamento
uma longa história que remonta à Antiguidade.
humano. Com esse objetivo em mente, Bentham sugere que o
7. (UFU-MG) cálculo dos prazeres e das dores se constitui na aritmética mo-
Para bem compreender o poder político e derivá-lo de ral. Esse cálculo instrumentaria o legislador na busca da norma
sua origem, devemos considerar em que estado todos capaz de expressar a economia dos prazeres e, portanto, a fe-
os homens se acham naturalmente, sendo este um es- licidade dos agentes.
tado de perfeita liberdade para ordenar-lhes as ações e PELUSO, Luis Alberto. Utilitarismo e ação social. In PELUSO, Luis
regular-lhes as posses e as pessoas conforme acharem Alberto (Org.). Ética e utilitarismo. Campinas: Alínea, 1998, p. 21.

conveniente, dentro dos limites da lei de natureza, sem O cálculo moral proposto por Jeremy Bentham expressa a
pedir permissão ou depender da vontade de qualquer a. dimensão consequencialista de sua teoria ética.
outro homem. b. semelhança do utilitarismo com o princípio kan-
LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo. tiano da boa vontade.
São Paulo: Abril Cultural, 1978.
c. associação utilitária entre felicidade e egoísmo.
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A partir da leitura do texto acima e de acordo com o


pensamento político do autor, assinale a alternativa d. identidade plena da moral com a matemática.
correta. e. separação absoluta entre moral e política.

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10. A filosofia moderna examina as questões éticas, 13. (UFU-MG)
políticas e gnosiológicas em uma perspectiva predo- [...] a condição dos homens fora da sociedade civil (condi-
minantemente ção esta que podemos adequadamente chamar de estado
a. antropocêntrica. c. teocêntrica. de natureza) nada mais é do que uma simples guerra de
b. irracionalista. d. autoritária. todos contra todos na qual todos os homens têm igual di-
reito a todas as coisas; [...].
11. Leia o texto e resolva a questão.
HOBBES, Thomas. Do cidadão. Campinas: Martins Fontes, 1992.
Seres racionais estão pois todos submetidos a esta lei que
De acordo com o trecho acima e com o pensamento de
manda que cada um deles jamais se trate a si mesmo ou aos
Hobbes, assinale a alternativa correta.
outros simplesmente como meios, mas sempre simultanea-
mente como fins em si [...] Mas um ser racional pertence ao a. Segundo Hobbes, o estado de natureza se confun-
reino dos fins como seu membro quando é nele, em verdade, de com o estado de guerra, pois ambos são uma
legislador universal, estando porém submetido a estas leis. condição original da existência humana.
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. b. Para Hobbes, o direito dos homens a todas as coi-
Lisboa: Edições 70, p. 79-80. sas está desvinculado da guerra de todos contra
Nesse trecho, o filósofo Immanuel Kant resume sua todos.
concepção de c. Segundo Hobbes, é necessário que a condição hu-
a. juízo analítico. d. filosofia da história. mana seja analisada sempre como se os homens
b. imperativo categórico. e. liberdade humana. vivessem em sociedade.
c. fenômeno. d. Segundo Hobbes, não há vínculo entre o estado de
natureza e a sociedade civil.
12. (UEL-PR) Leia o texto a seguir.
As leis da natureza (como a justiça, a equidade, a modéstia 14. A filosofia moral utilitarista recebe sua configu-
e a piedade) por si mesmas, na ausência do temor de algum ração nas teses de Jeremy Bentham e de John Stuart
poder capaz de levá-las a ser respeitadas, são contrárias às Mill. Sobre o utilitarismo, é certo afirmar que
nossas paixões naturais, as quais nos fazem tender para a par- a. preconiza o relativismo ético, à medida que recusa
cialidade, o orgulho e a vingança. Os pactos sem a espada não a existência de leis universais fixadas pela razão.
passam de palavras, sem força para dar qualquer segurança
a ninguém. Portanto, apesar das leis da natureza (que cada b. converge com o poder absoluto do Estado, consi-
um respeita quando tem vontade de respeitá-las e quando derando-o o meio adequado à proteção dos direi-
pode fazê-lo com segurança), se não for instituído um po- tos individuais.
der suficientemente grande para nossa segurança, cada um c. confirma a inviabilidade da teoria ética kantiana,
confiará, e poderá legitimamente confiar, apenas em sua pró- reabilitando pressupostos metafísicos da teoria
pria força e capacidade, como proteção contra todos os outros. platônica.
HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Victor Civita, 1974. p. 107. Adaptado. d. estabelece a diferença entre prazer e felicidade,
Um dos problemas enfrentados pela filosofia política valorizando os instintos em detrimento da racio-
diz respeito às razões que levam os indivíduos a se nalidade.
unirem com o objetivo de constituir uma ordem civil. e. defende a adequação das ações às exigências
Trata-se do problema da ordem política requerer ou
das circunstâncias, à produção de consequên-
não um elemento coercitivo a fim de garantir a vida
cias felizes.
civil. Com base no texto e nos conhecimentos sobre
Thomas Hobbes, assinale a alternativa correta. 15. Explique a diferença entre os conceitos de natu-
a. A ordem política é o fim natural para o qual os ho- reza humana elaborados por Thomas Hobbes e por
mens tendem, o que dispensa a força para fundar Jean-Jacques Rousseau.
e manter a associação política.
16. As teorias contratualistas de Thomas Hobbes e
FILOSOFIA

b. Uma multidão reunida em associação civil age espon-


taneamente com base na justiça e nas leis da nature- de John Locke concebem o contrato social em bases
za, o que leva ao respeito mútuo sem o uso da força. teóricas distintas. Explique as diferentes caracteri-
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

zações do Estado conforme as filosofias políticas de


c. Os seres humanos, natural e necessariamente, en-
tendem-se, uma vez que buscam concretizar na vida Hobbes e de Locke.
civil fins comuns, o que dispensa o uso da coerção.
d. Os seres humanos reúnem-se politicamente por- Desafio
que a vida civil, em que se cultiva o diálogo sem o
uso da força, realiza a perfeição humana. 17. Explique a seguinte afirmação: Tanto a
filosofia moral kantiana quanto a ética utilitarista
EM-L5-43B-22

e. Os seres humanos precisam se sujeitar e obedecer a


conferem importância essencial à razão no âmbito
um poder comum, que os mantenha em respeito, se
quiserem viver em paz e em ordem uns com os outros. da moralidade.

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CAPÍTULO 5
MÓDULO 14 ■ DISCUSSÕES ACERCA DO CONHECIMENTO
CAPÍTULO 5

Exercícios de APLICAÇÃO

1. (UFSJ-MG) Cogito ergo sum ou Penso, logo existo é 2. (Enem)


uma máxima do pensamento de René Descartes e Texto I
representa
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram en-
a. a matéria corporal como algo incontestável e mais ganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em
determinante que o próprio pensamento. quem já nos enganou uma vez.
b. uma mudança de paradigma, na qual, a partir de DESCARTES, R. Meditações Metafísicas.
Descartes, o objetivo suplanta qualquer pretensão São Paulo: Abril Cultural, 1979.
de subjetividade. Texto II
c. uma verdade absolutamente firme, certa e segura, Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma
que, por isso mesmo, deveria ser adotada como ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado,
princípio básico de toda a sua filosofia. precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva
d. a convicção cartesiana o filia irrevogavelmente ao esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qual-
determinismo, no qual o sujeito é consequência quer impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa
natural de toda a materialidade que o rodeia. suspeita.
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento.
Resolução São Paulo: Unesp, 2004. Adaptado.

A constatação racional da existência do eu pensante é a primeira Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a
certeza da filosofia de Descartes, ponto de partida da busca pelo natureza do conhecimento humano. A comparação
conhecimento da realidade. dos excertos permite assumir que Descartes e Hume
Alternativa correta: C
a. defendem os sentidos como critério originário
para considerar um conhecimento legítimo.
b. entendem que é desnecessário suspeitar do signi-
ficado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica.
c. são legítimos representantes do criticismo quanto
à gênese do conhecimento.
d. concordam que conhecimento humano é impossí-
vel em relação às ideias e aos sentidos.
e. atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos
no processo de obtenção do conhecimento.

Resolução
Descartes declara que os sentidos não são guias confiáveis para
o conhecimento. Hume, por sua vez, afirma que todos nossos
raciocínios se baseiam no que recepcionamos pelos sentidos.
Resposta: E
Habilidade
Analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em
diversas linguagens, com vistas à compreensão e à crítica de
ideias filosóficas e processos e eventos históricos, geográficos,
políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.
EM-L5-43B-22

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Exercícios EXTRAS

3. Sobre o ceticismo empregado pelo filósofo francês experiência metafísica, que transcende toda a rea-
René Descartes, é certo dizer que ele pretende lidade empírica.
a. comprovar a inviabilidade do conhecimento. d. Todas as nossas ideias já existem de forma inata, e
b. demonstrar a verdade das experiências. são apenas preenchidas pelas impressões quando
temos algum contato com a experiência.
c. identificar ideias indubitáveis.
d. confirmar o saber religioso. 5. Leia o trecho.
e. criticar o racionalismo. A crítica ao inatismo, realizada por Locke, levou-o a con-
ceber a alma humana, no momento do nascimento, como
4. (UFU-MG) O texto abaixo comenta a correlação entre uma “tábula rasa”, uma espécie de papel em branco, no
ideias e impressões em David Hume. qual inicialmente nada se encontra escrito. Chega-se, en-
Em contrapartida, vemos que qualquer impressão, da mente ou tão, à conclusão de que, se o homem adulto possui conhe-
do corpo, é constantemente seguida por uma ideia que a ela se cimento, se sua alma é um “papel impresso”, outros deve-
assemelha, e da qual difere apenas nos graus de força e vividez. A rão ser os seus conteúdos: as ideias provenientes – todas
conjunção constante de nossas percepções semelhantes é uma – da experiência.
prova convincente de que umas são as causas das outras; [...].
MARTINS, Carlos E; e MONTEIRO, João P. Locke: vida e obra.
HUME, D. Tratado da natureza humana. São Paulo: Editora da Unesp/ São Paulo: Nova Cultural, 2000. p. 10.
Imprensa Oficial do Estado, 2001. p. 29.
A leitura do texto permite constatar a
Assinale a alternativa que, de acordo com Hume, in-
a. oposição do empirismo de Locke ao racionalismo
dica corretamente o modo como a mente adquire as
cartesiano.
percepções denominadas ideias.
b. continuidade entre o empirismo de Locke e o de
a. Todas as nossas ideias são formas a priori da men-
Hume.
te e, mediante essas ideias, organizamos as res-
pectivas impressões na experiência. c. confluência do empirismo de Locke com o criticis-
mo kantiano.
b. Todas as nossas ideias advêm das nossas expe-
riências e são cópias das nossas impressões, as d. relação entre o empirismo de Locke e a teoria po-
quais sempre antecedem nossas ideias. lítica de Hobbes.
c. Todas as nossas ideias são cópias de percep- e. diferença entre o empirismo de Locke e o pensa-
ções inteligíveis, que adquirimos através de uma mento científico.

Seu Espaço

Sobre o módulo
Este módulo assinala a consolidação das problematizações gnosiológicas no interior da Filosofia moderna. Sendo assim, explana sobre o
racionalismo e o empirismo na moderna teoria do conhecimento. A concepção racionalista é exposta a partir da filosofia de René Des-
cartes. É importante indicar a influência desse autor na cultura filosófica moderna e sua noção de subjetividade humana – o sujeito como
base do conhecimento. O empirismo é apresentado com menções às teorias de John Locke e de David Hume. A explicação sobre a postura
desses autores quanto à discussão sobre o conhecimento deve enfatizar suas perspectivas segundo as quais as elaborações intelectuais
humanas sempre têm sua base nos sentidos, nos dados das experiências.
O exercício “Desafio” exige a compreensão da discussão filosófica medieval acerca dos universais.
Estante
FILOSOFIA

MOSER, Paul K.; MULDER, Dwayne H.; TROUT, J. D. A teoria do conhecimento: uma exposição temática. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
A obra explana, de forma densa e competente, as discussões filosóficas no âmbito da gnosiologia, incluindo a análise de suas perspectivas
na filosofia moderna.
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

Na web

Leia o texto Os contratualistas em Leia o texto O ceticismo esquecido de David


questão: Hobbes, Locke e Rousseau, Hume: o antídoto ao fanatismo , disponível
disponível em: <coc.pear.sn/TL8mseG>. em: <coc.pear.sn/hyprW73>.
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CAPÍTULO 5
Exercícios PROPOSTOS
CAPÍTULO 5

Da teoria, leia os tópicos 2, 2.A e 2.B. A leitura do texto remete diretamente à tese de Hume
Exercícios de: Tarefa Reforço Aprofundamento Lidere! de que
a. os raciocínios sobre causas e efeitos derivam do
6. (UECE) hábito.
Aliada ao rompimento das ideias do mundo medieval, b. as relações de ideias são diferentes das questões
rompeu-se também a confiança nos velhos caminhos de fato.
para a produção do conhecimento: a fé, a contemplação c. os conhecimentos metafísicos são uma impossibi-
não eram mais consideradas vias satisfatórias para se lidade.
chegar à verdade. Um novo caminho, um novo método
d. as reflexões matemáticas excedem a capacidade
precisava ser encontrado, que permitisse superar as in-
da razão.
certezas.
e. os pensamentos humanos são inferiores às sen-
ANDERY, Maria Amália, et al. Para compreender a Ciência.
Rio de Janeiro: Espaço e Tempo, 1988, p. 173.
sações.
Considerando o surgimento da Ciência moderna e sua 9. (Enem)
forma de abordagem da realidade, assinale a opção Quando analisamos nossos pensamentos ou ideias, por
que completa correta e respectivamente as lacunas do mais complexos e sublimes que sejam, sempre descobri-
seguinte enunciado: mos que se resolvem em ideias simples que são cópias de
1
O ____________ 2
e o ____________ foram correntes uma sensação ou sentimento anterior. Mesmo as ideias
filosófico-científicas que contribuíram para o surgi- que, à primeira vista, parecem mais afastadas dessa origem
mento das Ciências modernas. O primeiro valoriza o mostram, a um exame mais atento, ser derivadas dela.
raciocínio como fonte do verdadeiro conhecimento e HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano.
3
aborda a realidade a partir do ____________. O se- São Paulo: Abril Cultural, 1973.
gundo, por sua vez, valoriza a experiência e procura Depreende-se deste excerto da obra de Hume que o
produzir conhecimentos na lida com os fatos e as coi- conhecimento tem a sua gênese na
sas humanas e naturais, e analisa a realidade através a. convicção inata.
4
do ____________.
b. dimensão apriorística.
a. empirismo1; humanismo2; método dedutivo3; mé-
c. elaboração do intelecto.
todo qualitativo4
d. percepção dos sentidos.
b. racionalismo1; empirismo2; método dedutivo3; mé-
todo indutivo4 e. realidade transcendental.

c. racionalismo1; empirismo2; método empírico3; mé- 10. Racionalismo e empirismo são concepções filo-
todo indutivo4 sóficas que se desenvolvem especialmente no âmbi-
d. empirismo1; racionalismo2; método racional3; mé- to da
todo matemático4 a. cosmologia.
b. ética.
7. Explique os motivos pelos quais definimos como
empiristas as filosofias de John Locke e de David c. filosofia política.
Hume. d. teoria do conhecimento.

8. Leia o trecho para responder à questão. 11. René Descartes, com seu ceticismo metodológico,
Suponha-se que seja trazida de súbito a este mundo uma atinge como primeira certeza de sua filosofia o(a)
pessoa dotada, não obstante, das mais poderosas facul- a. experiência dos sentidos.
dades da razão e reflexão. É verdade que ela observaria b. existência de Deus.
imediatamente uma contínua sucessão de objetos e um c. eu pensante.
acontecimento seguindo-se a outro, mas não conseguiria
d corpo humano.
descobria mais nada além disso. Ela não seria, no início, ca-
paz de aprender, por meio de nenhum raciocínio, a ideia de 12. Para John Locke, os seres humanos nascem com
causa e efeito, já que os poderes específicos pelos quais se a. falsos conceitos no intelecto.
realizam todas as operações naturais jamais se manifestam
b. aversão ao conhecimento.
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aos sentidos [...].


c. capacidade intelectual.
HUME, David. Investigações sobre o entendimento humano e sobre
os princípios da moral. São Paulo: Unesp, 3002. p. 73. d. ideias na mente.

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13. (UEG-GO) No nascimento da razão moderna a menor razão de duvidar que eu nelas encontrar será su-
com a metafísica cartesiana e a revolução científica ficiente para me fazer rejeitá-las todas.
do séc. XVII, a questão ontológica grega que pergun- Descartes
tava pelo ser das coisas é substituída pela questão A partir da filosofia cartesiana, seguem as seguintes
gnosiológica que pergunta pelos limites e possibili- afirmações:
dades da razão. Nesse contexto surgem duas tendên- I. A dúvida cartesiana é uma dúvida sobre os fun-
cias fundamentais que pretendem explicar a fonte e damentos do conhecimento, e seu objetivo é ava-
a natureza do processo de conhecimento. A esse res- liar a possibilidade da conquista de algo evidente
peito tem-se o seguinte: e verdadeiro.
a. uma dessas tendências é o empirismo, que co- II. A primeira certeza que conquistamos é a de que,
loca como fonte do conhecimento a experiência embora nossos sentidos nos enganem às vezes,
sensível, dispensando o trabalho da razão na não é possível duvidar da existência das coisas
medida em que já há uma ordem implícita na que nos rodeiam.
realidade. III. A dúvida, quando generalizada ao máximo, será
autodestrutiva, uma vez que ela é um ato de pen-
b. tanto o racionalismo quanto o empirismo negam
sar e, portanto, requer como certa a existência de
que a fonte do conhecimento seja a experiência uma entidade que é sujeito desse ato.
sensível, pois o ser humano traz consigo ideias
IV. Generalizar ao máximo a dúvida é uma atitude
inatas, que são as fontes do conhecimento. irracional e meramente negativa.
c. o empirismo coloca como critério da verdade a evi- V. A dúvida cartesiana traz como resultado um fato
dência clara e distinta das ideias inatas, ao passo determinante para toda a filosofia moderna: só
que o racionalismo aposta na verificação/observa- temos acesso imediato às nossas percepções
ção dos fatos pelos sentidos. mentais, ao passo que o conhecimento de tudo o
d. tanto o racionalismo quanto o empirismo consi- mais (o mundo, Deus etc.) deve ser provado como
deram que a maior parte de nosso conhecimento possível, dada a distância que há entre nossos
pensamentos e as demais coisas.
advém de verdades reveladas por crenças que dis-
pensam o critério da evidência ou da verificação. Das afirmações feitas acima
e. uma dessas tendências é o racionalismo, que, a. apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas.
sem apoio da experiência sensível, coloca a razão b. apenas as afirmativas I e III estão corretas.
como fonte do conhecimento e a evidência como c. apenas as afirmativas I, III e V estão corretas.
critério da verdade, além de propor o inatismo
d. apenas a afirmativa IV está incorreta.
das ideias.
e. todas as afirmativas estão corretas.
14. (Unioeste-PR)
15. De acordo com Hume, os raciocínios humanos
Há já algum tempo dei-me conta de que, desde meus pri-
sobre causa e efeito procedem
meiros anos, recebera muitas falsas opiniões por verdadei-
ras e de que aquilo que depois eu fundei sobre princípios a. do hábito.
tão mal assegurados devia ser apenas muito duvidoso e b. de ideias inatas.
incerto; de modo que era preciso tentar seriamente, uma c. da inspiração divina.
vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões que d. da pura imaginação.
recebera até então em minha crença e começar tudo nova-
mente desde os fundamentos, se eu quisesse estabelecer 16. Declare a veracidade ou a falsidade da afirma-
alguma coisa de firme e de constante nas ciências. […] ção seguinte, justificando sua escolha: Para Locke e
Agora, pois, que meu espírito está livre de todas as preo- Hume, as ideias simples procedem dos sentidos, mas
cupações e que obtive um repouso seguro numa solidão as complexas elaborações racionais dos seres huma-
FILOSOFIA

tranquila, aplicar-me-ei seriamente e com liberdade a des- nos não têm origem na experiência.
truir em geral todas as minhas antigas opiniões. Ora, não
será necessário, para atingir esse propósito, provar que
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

Desafio
elas todas são falsas, o que talvez jamais realizasse até o
17. Explique a seguinte afirmação: A concepção ra-
fim; mas, visto que a razão já me persuade de que não
cionalista de René Descarte e o empirismo de John
devo menos cuidadosamente impedir-me de acreditar
Locke e de David Hume são teses contrárias acerca
nas coisas que não são inteiramente certas e indubitáveis
da origem do conhecimento humano.
do que nas que nos parecem ser manifestamente falsas,
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CAPÍTULO 5
MÓDULO 15 ■ MOVIMENTO FILOSÓFICO ILUMINISTA
CAPÍTULO 5

Exercícios de APLICAÇÃO

1. Explique o conceito de menoridade humana confor- 2. (UFSM-RS)


me a explicação do filósofo Immanuel Kant em suas A afirmação “Os homens libertam-se pouco a pouco da
considerações sobre o Iluminismo. brutalidade, quando de nenhum modo se procura intencio-
nalmente nela os conservar” foi usada por Immanuel Kant,
Resolução em 1784, para expressar uma importante reivindicação do
A menoridade é a recusa dos seres humanos em utilizar livre e iluminismo.
publicamente a razão, conduzindo, assim, racionalmente suas
próprias vidas. Nessa situação de menoridade intelectual, os KANT, I. Resposta à pergunta: que é o Iluminismo?
indivíduos limitam-se a seguir padrões externos e autoridades A citação se refere à passagem
sociais estabelecidas pela tradição, eximindo-se, por receio, de
I. da superstição à religião.
assumir a direção racional de si mesmos. De acordo com Kant, a
menoridade é um ultraje à natureza racional dos seres humanos, II. do mito ao conceito.
à inteligência que os capacita à realização de sua autonomia. III. da heteronomia à autonomia.
Está(ao) correta(s)
a. I apenas.
b. II apenas.
c. III apenas.
d. I e III apenas.
e. II e III apenas.

Resolução
O texto refere-se à conquista da autonomia racional pelos seres
humanos.
Alternativa correta: C
Habilidade
Analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em
diversas linguagens, com vistas à compreensão e à crítica de
ideias filosóficas e processos e eventos históricos, geográficos,
políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.

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Exercícios EXTRAS

3. Explique a seguinte afirmação: De maneira geral, de menoridade. É tão confortável ser menor! Tenho à dis-
para o Iluminismo, a razão deve se conjugar com a posição um livro que entende por mim, um pastor que tem
experiência. consciência por mim, um médico que prescreve uma dieta
etc.: então não preciso me esforçar. A maioria da humani-
4. Assinale a alternativa que se refere corretamente ao dade vê como muito perigoso, além de bastante difícil, o
movimento filosófico iluminista.
passo a ser dado rumo à maioridade, uma vez que tutores
a. Os intelectuais iluministas rejeitavam os dogmas já tomaram para si de bom grado a sua supervisão. Após
religiosos e as superstições. terem previamente embrutecido e cuidadosamente prote-
b. Os filósofos iluministas defendiam a aquisição de gido seu gado, para que estas pacatas criaturas não ousem
conhecimentos metafísicos. dar qualquer passo fora dos trilhos nos quais devem an-
c. Os pensadores iluministas condenavam a organi- dar, os tutores lhes mostram o perigo que as ameaça caso
zação racional da realidade sociopolítica. queiram andar por conta própria. Tal perigo, porém, não é
d. Os teóricos iluministas posicionavam-se contraria- assim tão grande, pois, após algumas quedas, aprenderiam
mente ao espírito da ciência moderna. finalmente a andar; basta, entretanto, o perigo de um tom-
bo para intimidá-las e aterrorizá-las por completo para que
e. Os filósofos iluministas defendiam a submissão da
razão à fé. não façam novas tentativas.
Immanuel Kant, apud Danilo Marcondes. Textos básicos de ética –
5. (UNESP) de Platão a Foucault, 2009. Adaptado.

Preguiça e covardia são as causas que explicam por que O texto refere-se à resposta dada pelo filósofo Kant
uma grande parte dos seres humanos, mesmo muito após à pergunta sobre “O que é o Iluminismo?”. Explique
a natureza tê-los declarado livres da orientação alheia, ain- o significado da oposição por ele estabelecida entre
da permanecem, com gosto, e por toda a vida, na condição “menoridade” e “autonomia intelectual”.

Seu Espaço

Sobre o módulo
Este módulo versa sobre o movimento intelectual iluminista do século XVIII. O estudo desse tema deve priorizar os seguintes pontos: a
contextualização do Iluminismo na Filosofia moderna e no ambiente histórico europeu do período; a projeção iluminista de emancipação
racional da humanidade; a delimitação da razão no horizonte filosófico do Iluminismo; as críticas iluministas aos dogmas e às formas tra-
dicionais de autoridade; e a noção iluminista de progresso. Recomendamos a ênfase no fato de que a postura iluminista, historicamente
pertencente à Filosofia moderna, exerceria ascendência sobre a formação do pensamento filosófico contemporâneo.
O exercício “Desafio” exige uma compreensão ampla do Iluminismo.
Para realizar o “Faça junto”, os alunos deverão ter compreendido o movimento iluminista e suas consequências e influências no conceito
de progresso.
Estante
FALCON, Francisco José Calazans. Iluminismo. São Paulo: Ática, 1991.
A obra oferece pertinente introdução histórica e filosófica ao movimento intelectual iluminista.

FILOSOFIA
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
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CAPÍTULO 5
Exercícios PROPOSTOS
CAPÍTULO 5

Da teoria, leia os tópicos 3, 3.A e 3.B. e. contesta integralmente os métodos aplicados pela
Exercícios de: Tarefa Reforço Aprofundamento Lidere! ciência moderna.

8. (UEM-PR)
6. (UFF-RJ) O escritor e filósofo francês Voltaire, que
viveu no século XVIII, é considerado um dos grandes Desde sempre, o Iluminismo, no sentido mais abrangente
pensadores do Iluminismo ou Século das Luzes. Ele de um pensar que faz progressos, perseguiu o objetivo de
afirma o seguinte sobre a importância de manter livrar os homens do medo e de fazer dele senhores. Mas,
acesa a chama da razão: completamente iluminada, a Terra resplandece sob o signo
do infortúnio triunfal. O programa do Iluminismo era o de
Vejo que hoje, neste século que é a aurora da razão, ainda re-
livrar o mundo do feitiço. Sua pretensão, a de dissolver os
nascem algumas cabeças da hidra do fanatismo. Parece que
mitos e anular a ilusão, por meio do saber.
seu veneno é menos mortífero e que suas goelas são menos
devoradoras. Mas o monstro ainda subsiste e todo aquele HORKHEIMER, M.; ADORNO, T. Conceito de iluminismo. In: COTRIM, G.
Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 166.
que buscar a verdade arriscar-se-á a ser perseguido. Deve-
-se permanecer ocioso nas trevas? Ou deve-se acender um
Com base nesse excerto e nos seus conhecimentos so-
archote onde a inveja e a calúnia reacenderão suas tochas?
bre o Iluminismo, assinale o que for correto.
No que me tange, acredito que a verdade não deve mais se 01. A palavra medo, no texto, diz respeito ao desco-
esconder diante dos monstros e que não devemos abster- nhecido.
-nos do alimento com medo de sermos envenenados. 02. A razão esclarecida depende de Deus, entidade
transcendente que banha a Terra de luz resplan-
Identifique a opção que melhor expressa esse pensa-
decente.
mento de Voltaire.
04. Pertence ao projeto iluminista a célebre afirma-
a. Aquele que se pauta pela razão e pela verdade não ção de Immanuel Kant: “Ousai saber. Tenha a co-
é um sábio, pois corre um risco desnecessário. ragem de servir-se da própria razão”.
b. A razão é impotente diante do fanatismo, pois 08. Constituem uma ameaça ao Iluminismo o inatis-
esse sempre se impõe sobre os seres humanos. mo, o misticismo e toda forma de pensamento
c. Aquele que se orienta pela razão e pela verdade dogmaticamente estabelecido.
deve munir-se da coragem para enfrentar o obs- 16. O pensamento ilustrado acreditava na autono-
curantismo e o fanatismo. mia da razão, segundo a qual o homem atingiria
maioridade.
d. O fanatismo e o obscurantismo são coisas do pas-
sado e por isso a razão não precisa mais estar alerta. 9. (Enem)
e. A razão envenena o espírito humano com o fana- Os direitos civis, surgidos na luta contra o Absolutismo real,
tismo. ao se inscreverem nas primeiras constituições modernas,
aparecem como se fossem conquistas definitivas de toda
7. Leia o texto a seguir.
a humanidade. Por isso, ainda hoje invocamos esses velhos
A própria noção de Iluminismo, Ilustração, ou ainda Escla- “direitos naturais” nas batalhas contra os regimes autoritá-
recimento, como o termo é por vezes traduzido, indica, rios que subsistem.
através da metáfora da luz e da claridade, uma oposição
QUIRINO, C. G.; MONTES, M. L. Constituições.
às trevas, ao obscurantismo, à ignorância, à superstição, ou São Paulo: Ática, 1992. Adaptado.
seja, à existência de algo oculto, enfatizando, ao contrário, a O conjunto de direitos ao qual o texto se refere inclui
necessidade do real, em todos os seus aspectos, tornar-se
a. voto secreto e candidatura em eleições.
transparente à razão.
b. moradia digna e vagas em universidade.
MARCONDES, Danilo. Introdução à história da filosofia. Rio de Janeiro:
Zahar, 2007, p. 207. c. previdência social e saúde de qualidade.
Sua leitura remete à constatação de que o Iluminismo d. igualdade jurídica e liberdade de expressão.
a. representa o verdadeiro surgimento da filosofia e. filiação partidária e participação em sindicatos.
na história humana.
10. Amparados por critérios racionais, os filósofos
b. cumpre integralmente suas promessas na civiliza-
iluministas defendem
ção contemporânea.
a. ordens do poder absolutista.
c. concede importância central à razão na emancipa-
b. direitos individuais.
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ção da humanidade.
d. valoriza a metafísica como base do conhecimento c. doutrinas religiosas.
racional. d. superstições.

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11. De forma geral, o Iluminismo rejeita o(a) 14. (UEM-PR) Coordenada por Denis Diderot, a
a. conceito de cidadania. Enciclopédia, cuja primeira edição é de 1751, repre-
senta a caracterização das ideias iluministas, que
b. noção de progresso.
exerceram uma influência sobre a Revolução Francesa
c. livre uso da razão. de 1789. Sobre o enciclopedismo, assinale o que for
d. noção de verdades reveladas. correto.
01. O Iluminismo como doutrina filosófica funda-
12. Para a filosofia iluminista, menta os seus pressupostos na teologia e filoso-
a. todas as questões elaboradas pelos seres huma- fia de Santo Agostinho, para quem a busca pelo
nos podem ser solucionadas racionalmente. conhecimento de Deus é iluminada pela graça
divina e pela fé.
b. todas as dúvidas humanas estão acima de nossa
02. A revolução científica que ocorre com Copérnico,
capacidade racional. Kepler e Galileu, durante o Renascimento, in-
c. todas as certezas humanas são reveladas por ins- fluenciou a Filosofia do Iluminismo.
piração divina. 04. No século XVIII, conhecido como o Século das
d. todos os fenômenos da realidade podem ser co- Luzes, Immanuel Kant tenta superar a dicotomia
racionalismo/empirismo, que alimentava a polê-
nhecidos racionalmente.
mica entre muitos filósofos do Iluminismo.
13. (UNESP) 08. Entre os objetivos da Enciclopédia, encontramos o
desejo de renovar o pensamento de forma crítica
O alvo dos ataques extremistas é o Iluminismo. E a me-
e ilustrá-lo para o grande público.
lhor defesa é o próprio Iluminismo. “Por mais que seus
16. Na França, Luís XVI incentivou D’Alembert, Diderot
valores estejam sendo atacados por elementos como os
e Condillac a publicar a Enciclopédia, pois acre-
fundamentalistas americanos e o islamismo radical, isto ditava que a razão iluminista poderia ajudar na
é, pela religião organizada, o Iluminismo continua sendo manutenção da ordem do Antigo Regime.
a força intelectual e cultural dominante no Ocidente. O
Iluminismo continua oferecendo uma arma contra o fa- 15. De acordo com o Iluminismo, o
natismo”. Estas palavras do historiador britânico Anthony a. sofrimento humano procede da razão.
Pagden chegam em um momento em que algumas for- b. aperfeiçoamento da humanidade é uma ilusão.
ças insistem em dinamitar a herança do Século das Luzes. c. progresso humano se realiza racionalmente.
“O Iluminismo é um projeto importante e em incessante
d. sentido da liberdade humana é dado pela fé.
evolução. Proporciona uma imagem de um mundo capaz
tanto de alcançar certo grau de universalidade quanto de 16. (UEM-PR) Leia o trecho a seguir e assinale o que
libertar-se das restrições do tipo de normas morais ofere- for correto sobre o Iluminismo.
cidas pelas comunidades religiosas e suas análogas ideo- “Um dos traços mais admiráveis do Iluminismo é o seu ca-
logias laicas: o comunismo, o fascismo e, agora, inclusive, ráter cosmopolita. Os pensadores ilustrados queriam que
o comunitarismo”, afirma Pagden. suas ideias e suas obras, concebidas como um instrumento
Winston Manrique Sabogal. “O Iluminismo continua oferecendo uma para o esclarecimento dos povos e para a libertação das
arma contra o fanatismo”. www.unisinos.br. Adaptado. amarras da ignorância, não fossem úteis apenas à França,
No texto, o Iluminismo é entendido como ou mesmo à Europa, mas pudessem também contribuir
a. um impulso intelectual propagador de ideologias para o progresso de todas as nações do mundo. Isso acon-
teceu de fato, como se pode ver no caso do Brasil.”
políticas e religiosas contrárias à hegemonia do
Ocidente. NASCIMENTO, M. M. do; NASCIMENTO, M. das Graças. Iluminismo:
a revolução das Luzes. São Paulo: Ática, 1998, p. 61.
b. um movimento filosófico e intelectual de valoriza- 01. O Iluminismo reforçou a ideia de progresso con-
FILOSOFIA

ção da razão, da liberdade e da autonomia, restrito tínuo, da saída do homem da menoridade para a
ao século XVIII. maioridade, servindo-se da razão.
02. Leonardo da Vinci foi um dos mais completos
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

c. uma tendência de pensamento legitimadora do


domínio colonialista e imperialista exercido pelas pensadores do Iluminismo.
nações europeias. 04. Trata-se de um movimento cultural e filosófico
que inspirou diretamente os movimentos cultu-
d. um projeto intelectual eurocêntrico baseado em
rais das décadas de 60 e 70 do século XX.
imagens de mundo dotadas de universalidade
08. Trata-se um movimento que contribuiu para a
teológica. derrubada do Antigo Regime.
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e. uma experiência intelectual racional e emancipa- 16. Os pensadores iluministas afirmavam que as de-
dora, de origem europeia, porém passível de uni- cisões políticas deveriam ter como base a fé em
versalização. Deus, verdadeira fonte de luz.

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CAPÍTULO 5
Desafio
CAPÍTULO 5

17. No século XVIII, a filosofia moderna caracteriza-se pelo predomínio do movimen-


to filosófico iluminista. Discorra sobre as articulações entre Iluminismo, Renascimento
Cultural e Revolução Científica.
Faça junto
18. Formem grupos e, sob orientação do professor, organizem uma apresentação oral
que trate das características essenciais do movimento filosófico iluminista, consideran-
do-as em seus vínculos com o conceito de progresso.

Anotações

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PARA
CONFERIR
1. Assinale a alternativa que se refere corretamente à Filosofia moderna.
a. O pensamento filosófico moderno orienta suas investigações intelectuais pelo compro-
misso com a teologia cristã.
b. Situa-se em plena linha de continuidade com a atividade filosófica cristã do período
medieval.
c. Rejeita o conjunto de temáticas anteriormente investigadas pelas filosofias antiga e
medieval.
d. O pensamento filosófico moderno confere muita importância às questões políticas, éti-
cas e gnosiológicas.

2. Sobre o empirismo de John Locke e de David Hume, é certo dizer que


a. afirma que todas as ideias são provenientes da experiência.
b. despreza profundamente a capacidade intelectual dos seres humanos.
c. declara o inatismo do conhecimento na mente humana.
d. reproduz as principais teses filosóficas de René Descartes.

3. De acordo com o movimento filosófico iluminista


a. os seres humanos são capazes de conhecer racionalmente os fenômenos da realidade.
b. a iluminação intelectual dos seres humanos é fornecida diretamente pelo intelecto divino.
c. os seres humanos são capazes de desenvolver conhecimentos consistentes no campo
da metafísica.
d. a capacidade intelectual dos seres humanos não se vincula ao progresso da humanidade.

Seu Espaço

FILOSOFIA
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
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RESPOSTAS

CAPÍTULO 5 Habilidade
Para Conferir Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos
1. D relativos a processos políticos, econômicos, sociais, ambientais,
culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados
A Filosofia moderna se debruça sobre ética – estruturando suas e informações de diversas naturezas (expressões artísticas, textos
concepções unicamente por meio de procedimentos racionais, sem filosóficos e sociológicos, documentos históricos e geográficos, grá-
o apelo a princípios teológicos –, política – analisando o fenômeno ficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros).
do poder e as relações sociopolíticas em bases estritamente huma-
nas – e questões gnosiológicas – concentrando-se unicamente no 5. D
exame do conhecimento em suas possibilidades humanas e con-
Para John Locke, a finalidade legítima da sociedade política é a pre-
siderando a dimensão do saber científico, com sua pretensão de
servação de direitos individuais.
identificar as leis da natureza.
Exercícios Propostos
a. Incorreta. O pensamento filosófico moderno não se subordina
aos princípios cristãos. 6. A 8. A 10. A 12. E 14. A

b. Incorreta. A Filosofia moderna rompe com o teocentrismo preva- 7. C 9. A 11. E 13. E


lecente na Filosofia medieval.
15. Para Thomas Hobbes, os seres humanos são naturalmente
c. Incorreta. A Filosofia moderna examina temas tratados nas agressivos, egoístas e ambiciosos, querendo todo o poder para si e
filosofias antiga e medieval. sem nenhum apreço pelos demais indivíduos de sua espécie. Assim,
a condição de natureza seria marcada pela propensão à guerra ge-
2. A neralizada. Já Rousseau afirma que essas características dos seres
humanos são geradas pela sociedade civilizada. Para ele, no estado
Locke e Hume são empiristas. de natureza, prevalece a identificação natural entre os seres huma-
b. Incorreta. O empirismo não despreza a capacidade intelectual nos, sem disputas frequentes e conflitos prolongados.
humana, e sim afirma, que ela atua sobre os dados da experiência. 16. Thomas Hobbes, com base em sua conceituação da condição
c. Incorreta. O inatismo do conhecimento é defendido pelos racio- de natureza como situação de guerra generalizada, compreende o
nalistas, e não pelos filósofos empiristas. pacto social como renúncia à liberdade e transferência de poder
absoluto para o Estado. Nessa perspectiva, os seres humanos não
d. Incorreta. O empirismo de Locke de Hume é, em larga medida, podem contestar o poder do Estado, criado por eles em busca de
contrário ao racionalismo de Descartes. segurança. Locke, por sua vez, considerando a sociedade política
como pacto para superar inconvenientes da condição natural, afir-
3. A ma que o poder do Estado tem a finalidade de preservar direitos
individuais, não se caracterizando, então, como poder absoluto.
A base de todo o pensamento iluminista é a razão. É ela quem ofe-
rece meios para se conhecer os fenômenos da realidade. 17. A teoria ética kantiana e a teoria ética utilitarista são filosofias
morais nas quais a razão ocupa posição central, embora sob pers-
b. Incorreta. O Iluminismo não se vincula a pressupostos teológicos.
pectivas diferentes. De acordo com Kant, os seres humanos, por sua
c. Incorreta. De maneira geral, os iluministas vinculam o conheci- racionalidade, devem identificar intelectualmente as leis morais e
mento à experiência, descartando questões metafísicas. segui-las em suas condutas. Para o utilitarismo de Bentham e Stuart
Mill, os seres humanos devem calcular racionalmente as conse-
d. Incorreta. O movimento iluminista projeta o progresso racional quências de seus possíveis atos, escolhendo as ações que oferecem
da humanidade. bem-estar para as pessoas.
Módulo 13 Módulo 14
Exercícios Extras Exercícios Extras
3. D 3. C
Para Thomas Hobbes, os seres humanos são essencialmente agres- A aplicação radical da dúvida tem o propósito de encontrar ideias
sivos, egoístas e movidos pela ambição de poder individual sobre claras e distintas, das quais não mais se pode duvidar.
todas as coisas do mundo. Então, a condição de natureza é absolu-
tamente insegura e inviabiliza a estabilidade das mínimas realiza- 4. A
ções humanas. Por isso, os seres humanos estabelecem racional-
mente o pacto que funda o poder político. Os indivíduos renunciam O texto, registrando a noção da mente humana como tábula rasa,
à sua liberdade natural em benefício de sua segurança, transferin- permite constatar a oposição do empirismo de Locke à concepção
do suas aspirações individuais para uma instituição criada com a cartesiana de inatismo das ideias.
finalidade de proteger as suas vidas: o Estado. 5. B
4. B De acordo com Hume, as nossas ideias são procedentes de nossas
Hobbes caracteriza o estado de natureza por sua propensão à guer- experiências sensoriais.
ra generalizada, de todos contra todos, dado o direito natural de Habilidade
todos os seres humanos sobre todas as coisas. O contrato social,
segundo o filósofo, funda-se na renúncia dos seres humanos à sua Analisar objetos e vestígios da cultura material e imaterial de modo
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liberdade natural e na transferência de seu poder para um ser ar- a identificar conhecimentos, valores, crenças e práticas que carac-
tificial, o Estado, que, concentrando poder absoluto em si, oferece terizam a identidade e a diversidade cultural de diferentes socieda-
segurança à vida em sociedade. des inseridas no tempo e no espaço.

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Exercícios Propostos O Iluminismo rejeita doutrinas religiosas e superstições, defenden-
do a razão como único critério de conhecimento e condução da vida
6. B humana.
7. John Locke declara que as experiências sensoriais são a fonte Habilidade
de nossas ideias. Para ele, a mente humana seria como uma tá-
Analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em
bula rasa, uma página inicialmente em branco, que se preenche
diversas linguagens, com vistas à compreensão e à crítica de ideias
com os materiais recolhidos pelos sentidos. David Hume argu-
filosóficas e processos e eventos históricos, geográficos, políticos,
menta que mesmo as nossas ideias mais complexas têm origem
econômicos, sociais, ambientais e culturais.
nas experiências dos sentidos. Para esses filósofos, portanto, as
ideias procedem das sensações e nossos conhecimentos são li- 5. Para Kant, a menoridade consiste na recusa dos seres humanos
mitados pelas experiências, motivos pelos quais definimos como em fazer uso da razão na condução de suas vidas. A autonomia se
empiristas as suas teses filosóficas. realiza precisamente na utilização livre e pública da razão, em um
8. A 10. D 12. C 14. C ambiente social de liberdade. Na definição de Kant, o iluminismo é
a emancipação racional da humanidade.
9. D 11. C 13. E 15. A
Exercícios Propostos
16. A afirmação é falsa. Para Locke e Hume, toda as ideias de-
senvolvidas pelos seres humanos, incluindo as mais complexas, 6. C 12. D
abstratas e gerais, procedem dos sentidos, das experiências hu-
7. C 13. E
manas no mundo.

17. Racionalismo e empirismo assumem posições opostas so- 8. 29 (01 + 04 + 08 + 16) 14. 14 (02 + 04 + 08)
bre a fonte do conhecimento humano. Para o racionalismo de 9. D 15. C
Descartes, a razão é o ponto de partida legítimo do conhecimen-
to, e as ideias verdadeiras sobre a realidade estão previamente 10. B 16. 09 (01 + 08)
contidas na mente humana. Pare ele, os sentidos são fonte de
confusões. O empirismo de Locke e de Hume, em sentido con- 11. D
trário, afirma que as sensações e experiências são a verdadeira
17. O movimento filosófico iluminista recolhe a herança renascentis-
raiz das ideias humanas, quer dizer, nascemos com capacidade
ta – antropocentrismo, racionalismo, naturalismo –, reelaborando-a
racional e desenvolvemos explicações sobre a realidade a partir
em sua concepção de que a humanidade tende à emancipação racio-
das informações recepcionadas por nossos sentidos.
nal e ao aprimoramento racional das instituições sociais, bem como
Módulo 15 em sua recusa a todas as formas tradicionais de autoridade – que não
se sustentam racionalmente. Nesses termos, o Iluminismo concede
Exercícios Extras elevado valor ao moderno conhecimento científico, entendido como
3. Em sintonia com o espírito científico moderno, o Iluminismo enten- imprescindível ao progresso da humanidade.
de que somente os conhecimentos racionais limitam-se ao que é obje-
to de experiência. Somente conhecimentos racionais são efetivamente 18. A apresentação oral deve ter o propósito de sistematizar os co-
válidos, mas a razão não é capaz de solucionar questões metafísicas. nhecimentos desenvolvidos sobre o Iluminismo, devendo articular
suas características em torno da concepção Iluminista de emanci-
4. A pação racional da humanidade.

FILOSOFIA
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
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HORÁRIO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO

ESCOLA:
DADOS

NOME:

TURMA: NÚMERO:

HORÁRIO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO

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LIVRO DO
ENSINO MÉDIO

5
PROFESSOR

FORMAÇÃO
GERAL BÁSICA

<AADDAA DDAA DDABACCBBACCBBACADCADABADA D> FILOSOFIA


101415422
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