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LIVRO DO

ENSINO MÉDIO

4
PROFESSOR

FORMAÇÃO
GERAL BÁSICA

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HORÁRIO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO

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DADOS

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HORÁRIO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO

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LIVRO DO
ENSINO MÉDIO

4
PROFESSOR

FORMAÇÃO
GERAL BÁSICA

FILOSOFIA
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SISTEMA COC DE ENSINO

Diretor de produtos e conteúdo Vinícius Santos Daltro


Direção editorial Alexandre Ferreira Mattioli
Gerência de produtos editoriais Matheus Caldeira Sisdeli
Gerência de design Cleber Figueira Carvalho
Coordenação de produtos editoriais Cláudia Dourado Barbosa
Coordenação editorial-pedagógica Felipe A. Ribeiro
Coordenação de design Vanessa Cavalcanti
Coordenação editorial de conteúdo Fábio Geraldo Romano
Autoria Amir Abdala
Editoria responsável Paula Garbellini de Barros Rodrigues
Editoria de conteúdo Bruna Kocsis Dorés, Marco Aurélio Caetano Oliveira, Tiago Bessa de Oliveira
Controle de produção editorial Lidiane Alves Ribeiro de Almeida
Assistência de editoria Alexandre Novaes Lopes Filho, Ana Carolina de Almeida Duarte,
Flávia Darre Barbosa
Preparação e revisão gramatical Fabiana C. Cosenza Oliveira, Jurema Aprile, Murilo Oliveira de Castro Coelho
Organização de originais Luzia Helena Fávero, Marisa Aparecida dos Santos e Silva
Editoria de arte Ruddi Carneiro
Coordenação de pesquisa e licenciamento Maiti Salla, Thiago Fontana
Pesquisa e licenciamento Catia Trancoso, Cristiane Gameiro, Heraldo Colon Jr.,
Maricy Queiroz, Natalie Coppola, Paula Quirino, Rebeca Fiamozzini,
Selma Braz, Selma Nagano da Silva
Ilustrações Dayane Cabral, Estúdio Calamares, Estúdio K10
Capa e projeto gráfico Equipe Design Pearson (Product Design), APIS Design
Diagramação e arte final Casa Editorial Maluhy & Co.
Coordenação multimídia Alberto Rodrigues
Produção multimídia Cristian Zaramella
PCP George Romanelli Baldim, Paulo Campos Silva Jr.

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SUMÁRIO
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FILOSOFIA
249 DOS
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FILOSOFIA
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CAPÍTULO

4 DA FILOSOFIA MEDIEVAL AO
RENASCIMENTO CULTURAL

SUMÁRIO
1. A formação da filosofia medieval 252
2. Características da filosofia cristã 255
3. As transformações culturais:
o Renascimento 260

HABILIDADES
• Identificar, analisar e comparar diferentes
fontes e narrativas expressas em diversas
linguagens, com vistas à compreensão e à
crítica de ideias filosóficas e processos e
eventos históricos, geográficos, políticos,
econômicos, sociais, ambientais e culturais.
• Identificar, analisar e discutir as
circunstâncias históricas, geográficas,
políticas, econômicas, sociais, ambientais
e culturais de matrizes conceituais
(etnocentrismo, racismo, evolução,
modernidade, cooperativismo/
desenvolvimento etc.), avaliando
criticamente seu significado histórico
e comparando-as a narrativas que
contemplem outros agentes e discursos.
• Elaborar hipóteses, selecionar evidências e
compor argumentos relativos a processos
políticos, econômicos, sociais, ambientais,
culturais e epistemológicos, com base na
sistematização de dados e informações de
diversas naturezas (expressões artísticas,
textos filosóficos e sociológicos, documentos
históricos e geográficos, gráficos, mapas,
tabelas, tradições orais, entre outros).
• Analisar objetos e vestígios da cultura
material e imaterial, de modo a identificar
conhecimentos, valores, crenças e
práticas que caracterizam a identidade
e a diversidade cultural de diferentes
sociedades inseridas no tempo e no espaço.

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A

BRIDGEMAN IMAGES / EASYPIX BRASIL


filosofia medieval forma-se sob a ascendência sociocultural do cris-
tianismo. A busca pela harmonização do saber racional com as su-
postas verdades reveladas da religião resulta na filosofia cristã.
Essa vinculação entre atividade filosófica e a doutrina do cristianismo
seria abertamente questionada com as transformações culturais renascen-
tistas dos séculos XIV, XV e XVI. O Renascimento Cultural anunciava a subs-
tituição dos referenciais filosóficos escolásticos pela filosofia moderna.

FILOSOFIA
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

Interior de uma igreja em Milão, na Itália.

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1. A FORMAÇÃO DA FILOSOFIA MEDIEVAL repressão ao cristianismo não impediu seu cresci-
mento, sua difusão entre as populações submetidas ao
Em nossos estudos anteriores, observamos as mu- poder de Roma. No curso do tempo, o cristianismo per-
danças da filosofia na Antiguidade, indicando os vín- meava cada vez mais as relações sociais e organizava-se
culos entre as modificações no percurso histórico da institucionalmente na Igreja Católica.
CAPÍTULO 4

atividade filosófica e as transformações mais amplas


da sociedade grega. Registramos a ênfase cosmológi-
ca das especulações racionais no intitulado Período VOCABULÁRIO
Pré-Socrático, a conversão temática para os proble- Implícito: o que não se manifesta abertamente; o que
mas antropológicos, na Época Clássica, com os sofis- é subentendido.
tas e Sócrates (470 a.C.-399 a.C.), o aprofundamento e
a ampliação das investigações filosóficas nas teorias
de Platão (427 a.C.-347 a.C.) e de Aristóteles (384 a.C.- NOTA HISTÓRICA
322 a.C.). Também sublinhamos o impacto do fim da
autonomia política das cidades gregas, com sua incor- A consolidação cultural e institucional do
poração ao Império Macedônico, nas reflexões das es- cristianismo
colas filosóficas helenísticas. No decorrer da antiga história romana, o cristianismo
Considerando-se a periodização tradicional da his- consolida-se no plano cultural e institucional. Em 313, o
tória, os últimos séculos da Antiguidade são marca- Édito de Milão, decretado pelo imperador Constantino
dos pelo Império Romano. Roma torna-se o centro (272-337), concede liberdade de culto aos cristãos. No
geopolítico do mundo antigo, estendendo seu poder ano de 380, o imperador Teodósio (346-395), com o Édito
sobre diferentes territórios e civilizações. O território de Tessalônica, associa o poder imperial à fé cristã,
grego é convertido em uma das regiões submetidas à transformando o cristianismo em religião oficial do
autoridade imperial romana. Império Romano. Em 476, como resultado de um longo
processo de crises econômicas, sociais e políticas, de-
GIVAGA/ISTOCK

sagrega-se o Império Romano do Ocidente. Institucio-


nalizada na Igreja Católica, a religião cristã persistiria
como elemento central na dinâmica sociocultural do
Período Medieval.

PUGUN-PHOTO/ISTOCK
A cultura cristã desenvolveu-se no interior do Império Romano,
geograficamente composto por vastas regiões da Europa, África
e Ásia. Na imagem, vemos o Coliseu, em Roma.

Quais as repercussões dessa nova realidade político-


-administrativa no pensamento filosófico? No Império
Romano, prosseguem as pesquisas filosóficas a partir
do legado transmitido pelos gregos. Entretanto, a no-
vidade mais significativa para a filosofia nesse perío-
do procede de uma transformação de ordem religiosa
A transição do mundo antigo para a medievalidade foi culturalmente
nas sociedades antigas, que seria decisiva, inclusive, caracterizada pelo cristianismo.
na posterior configuração das sociedades medievais
europeias: o surgimento, a difusão e a consolidação
do cristianismo. A disseminação e a intensificação da religiosidade
cristã são aspectos centrais na passagem da filoso-
A. Cristianismo e filosofia: a tensão inicial fia antiga para a filosofia medieval. O cristianismo
A religião cristã, em seus primeiros séculos, é sistema- delineou um horizonte sociocultural no qual se redi-
ticamente perseguida pelos representantes do poder mensionou a atividade filosófica. Para compreender
imperial romano. A adesão à fé e aos valores cristãos im- o sentido dessas mudanças, é preciso, inicialmente,
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plicava, de algum modo, a contestação, mesmo que de considerar a tensão conceitual estabelecida entre o
modo implícito, às crenças tradicionais dos romanos suposto saber revelado do cristianismo e o conheci-
e à autoridade suprema do imperador. Porém, a mento racional proposto pela filosofia.

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viam-se obrigados a tomar posição em face da sabedoria
APRENDER SEMPRE pagã, fosse para combatê-la, absorvê-la ou utilizá-la na for-
1. A expansão do cristianismo no mundo antigo estabelece mulação dos dogmas e na defesa da fé. Colocava-se, assim,
a tensão inicial entre a religião cristã e o conhecimento filo- o grande problema das relações entre razão e fé, que iria
sófico, pois permear todo o Período Medieval.
a. o ceticismo da doutrina cristã contrasta com a confiança
INÁCIO, Inês; LUCA, Tania Regina de. O pensamento medieval.
filosófica na salvação espiritual dos seres humanos. São Paulo: Ática, 1991. p. 18.
b. o suposto saber revelado do cristianismo diferencia-se da
proposta filosófica de conhecimento racional. Em termos esquemáticos, o conteúdo do trecho cita-
c. a atitude piedosa do cristianismo revela-se superior à ar- do pode ser assim descrito:
rogância características dos filósofos e de suas teorias.
• Sob o prisma da religiosidade cristã, o saber reve-
d. a racionalidade das crenças cristãs confrontam-se com o lado e registrado nos textos sagrados é absoluto
espírito acrítico das especulações filosóficas.
e suficiente, sabedoria superior a todas as espe-
e. o discurso católico comprova experimentalmente as ilu- culações racionais dos seres humanos, acima de
sões presentes em todas as explicações filosóficas. todas as teorias filosóficas.
Resolução • A convicção cristã sobre a plenitude das verdades
A noção cristã de verdades reveladas distinguiu-se do projeto reveladas explica a postura inicial de desprezo de
filosófico de conhecimento racional, instaurando uma tensão muitos teólogos pela tradição filosófica herdada
inicial entre essas diferentes perspectivas. dos gregos, por eles julgada dispensável ou mesmo
Alternativa correta: B nociva diante do saber sagrado do cristianismo.

O cristianismo é uma religião revelada, que se presu- • A postura de simples desconsideração pela filoso-
me portadora de verdades sobre o Universo, a natureza fia não perdura, sobretudo em função da presen-
e a alma humana, comunicadas mediante expedientes ça, no interior da cultura, de explicações racionais
sagrados, por Deus à humanidade. A aceitação do saber sobre o mundo que não poderiam ser meramente
cristão repousa na fé. A filosofia, por sua vez, orienta-se descartadas pelos teólogos. Seria preciso, pelo
pelo empenho racional dos seres humanos em conhecer menos, examinar a validade das teorias filosófi-
a realidade, isto é, consiste em atividade intelectual cas sob o critério do cristianismo.
comprometida com a elaboração de conhecimentos
racionalmente demonstrados, sustentados em discursos • Estudos sobre as teses filosóficas sob a perspec-
explicativos e logicamente coerentes. tiva dos preceitos cristãos são elaborados no
esforço para conjugar o conhecimento racional
O surgimento do cristianismo é posterior à filoso-
com o saber revelado e a dedicação intelectual à
fia, quer dizer, o desenvolvimento da religião cristã,
em seus primeiros séculos, efetua-se em um contex- conciliação entre verdades racionais e verdades
to histórico no qual há uma sólida tradição filosófica reveladas.
construída nos séculos anteriores. Entre os estudiosos Nesse processo histórico delineado pela tensão e, ao
cristãos – os teólogos pertencentes à Igreja – era ne- mesmo tempo, pela compatibilização entre razão e fé,
cessário, portanto, assumir um posicionamento em constitui-se a filosofia medieval, definida, essencial-
relação à filosofia. mente, como filosofia cristã. Religiosidade cristã e
No livro O pensamento medieval, redigido por Inês pensamento filosófico cristão são, evidentemente,
Inácio e Tania Regina de Luca, encontramos uma in- realidades intimamente vinculadas, entretanto não
dicação sobre a evolução dessas relações entre saber são sinônimos. O cristianismo católico, como religião,
revelado e conhecimento filosófico ou, se preferirmos, pressupõe a fé e o compromisso pessoal com os prin-
entre fé e razão. cípios doutrinários do catolicismo. A filosofia cristã
O cristianismo apresentava-se como revelação de verdades corresponde a um complexo conjunto de investigações
FILOSOFIA

sobrenaturais, que não resultavam das reflexões humanas, racionais que, assimilando a herança intelectual grega,
e, embora tivesse uma concepção de vida e do destino do examinam o mundo, os eventos da natureza, a huma-
homem garantida pela revelação divina, não podia afirmar- nidade, enfim, a totalidade do real em consonância
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

-se como filosofia. O conteúdo do Evangelho era um saber com as supostas verdades reveladas do cristianismo.
de salvação, e não de conhecimento, pois a rigor dispensa-
va, para ser compreendido e aceito, o auxílio de qualquer
filosofia. Desde muito cedo, uma dupla atitude desenhou- VOCABULÁRIO
-se entre os padres da Igreja: uns rejeitaram em bloco a
herança dos filósofos pagãos; outros esforçaram-se para Consonância: concordância; conformidade; harmonia.
Pagão: sob o ponto de vista do cristianismo, esse termo refere-
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salvar dela tudo o que poderia ser preservado sem dano


-se, em geral, a quem não é cristão; refere-se àquele que cultua
para a autoridade da revelação. Esta última postura foi
vários deuses.
gradativamente fortalecendo-se à medida que os cristãos

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THOMAS MUCHA/SHUTTERSTOCK

ALIAKSANDR MAZURKEVICH/DREAMSTIME
CAPÍTULO 4

A filosofia medieval forma-se a partir dos estudos de teólogos católicos.


Na imagem, vemos um membro do clero escrevendo uma carta.

ARTE
O nome da rosa
Este filme, com direção de Jean-Jacques Annaud, apresenta de
forma interessante as nuances da época medieval e a influência
das questões eclesiáticas sobre a ciência. É importante identi-
ficar alguns tópicos essenciais para o período, como a cultura Estátua de Paulo de Tarso na Praça de São Pedro, no Vaticano.
renascentista, a questão do riso etc., de forma a criarmos uma Para ele, as especulações filosóficas são dispensáveis em face
visão crítica. da revelação do cristianismo.

Sabemos, porém, que a crítica à filosofia não seria


A.1. O percurso formativo da filosofia cristã predominante entre os estudiosos identificados com
Com as observações anteriores, assinalamos que a for- o catolicismo, prevalecendo o exame das teorias fi-
mação da filosofia medieval efetua-se no horizonte losóficas sob critérios do cristianismo. Nesse mo-
cultural delimitado pelo predomínio do cristianismo, vimento intelectual, no qual a tradição filosófica foi
tendo como ponto de partida o problema das relações reformulada sob o prisma cristão, merece menção
entre o saber sagrado e o conhecimento que tem como a postura original de Flávio Justino (100-165), teólogo
base a racionalidade. Nesse itinerário, surge a filosofia que, antes de sua conversão à religião cristã, percorre
cristã, perspectiva filosófica que caracteriza intelec-
diferentes escolas de pensamento filosófico.
tualmente a medievalidade europeia.
O primeiro posicionamento cristão explícito acerca
da filosofia foi apresentado pelo apóstolo Paulo de PARA IR ALÉM
Tarso (c. 9-64). Isso foi abordado pelo francês Étienne A patrística
Gilson, estudioso da atividade filosófica desenvolvi-
O período de formação da filosofia cristã e os primeiros séculos
da na Idade Média, em seu livro O espírito da filosofia
da filosofia medieval é denominado patrística. Em linhas gerais,
medieval, de 2006. Para Paulo, a sabedoria cristã não é portanto, patrística designa o conjunto inicial de formulações
uma simples modalidade de conhecimento entre tan- intelectuais dos padres da Igreja, dos teólogos que pretendem
tas teorias que pretendem descrever os fundamentos promover o ajuste do conhecimento conquistado intelectual-
da realidade, mas o verdadeiro saber, superior a todos mente aos conteúdos sagrados do cristianismo.
os discursos explicativos produzidos pelos filósofos.
Paulo de Tarso defendeu a substituição dos apa- Justino afirma que as respostas para suas inquieta-
rentes conhecimentos oferecidos pelas teorias filosó- ções, antes procuradas por ele nas teorias filosóficas,
ficas pelo autêntico e supremo saber do cristianismo. encontram-se na sabedoria revelada do cristianismo.
Dessa forma, elaborou sua concepção de que as teses O ambiente intelectual da filosofia, segundo esse pen-
da filosofia sobre o mundo, a natureza e os seres sador, é caótico, pois a atividade filosófica tradicional
humanos são preteridas pelas verdades revela- não reconhece seus limites, as limitações do próprio
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das pela religião cristã. Para ele, a salvação da hu- intelecto humano. Essa desordem da filosofia se ma-
manidade oferecida pelo cristianismo seria, então, o nifesta no antagonismo das múltiplas explicações
verdadeiro conhecimento. filosóficas sobre a realidade: os filósofos pretendem

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tratar de todas as questões e desenvolvem, em torno fé evita os erros filosóficos, sendo a sabedoria sagrada
delas, modelos teóricos que, confrontados, revelam-se do cristianismo o autêntico fundamento das pesqui-
incompatíveis entre si. sas racionais sobre a realidade.

VOCABULÁRIO

Antagonismo: oposição; incompatibilidade; disputa; contrariedade.

ZTS/DREAMSTIME
Contudo, Justino observa que, precisamente pelo
fato de o conjunto da filosofia reunir diferentes ex-
plicações em torno da realidade, entre suas muitas
teses situam-se algumas proposições verdadeiras
sobre a natureza e a humanidade, verdades que se-
riam confirmadas pela revelação cristã. Dessa for-
ma, ele concede importância à história que precede
o cristianismo, admitindo que muitos seres humanos
viveram virtuosamente antes mesmo do advento da A filosofia medieval delimita-se na conciliação das pesquisas
racionais com os textos sagrados do cristianismo, que estão
religião cristã e que certas teorias filosóficas anteci- reunidos na Bíblia Sagrada.
param verdades do Evangelho.
Em sentido semelhante, desenvolvem-se as refle-
xões de Lúcio Lactâncio (240-320). Estudando dife- O que, afinal, podemos constatar com essas breves in-
rentes teorias filosóficas, esse teólogo sentencia que dicações acerca das relações entre o cristianismo e a filo-
nenhum sistema racional apresenta uma explica- sofia na transição do mundo antigo para a Idade Média?
ção consistente e verdadeira sobre o mundo, mas Sob a crescente supremacia cultural do cristianis-
pondera que elas apresentam fragmentos de verdade. mo, modificam-se os parâmetros da atividade filo-
De sua concepção, podemos extrair um relato consis- sófica, subordinando-se a racionalidade à fé. Nesse
tente e verdadeiro sobre a totalidade do real median- contexto, a filosofia é compreendida na conjugação
te a reunião das múltiplas teses filosóficas existentes. do conhecimento racional ao saber revelado, cons-
Não se trata simplesmente de somar as diferentes filo- tituindo-se a filosofia cristã. Essa filosofia, típica do
sofias, sendo necessário, após agrupá-las, diferenciar, pensamento medieval, não se resume à recepção e
nesse todo, o que é verdadeiro do que é falso. adequação de teses filosóficas antigas à doutrina
Entretanto, como é possível distinguir o falso do do cristianismo.
verdadeiro entre essas sentenças filosóficas? Para res- As teorias filosóficas cristãs recolhem a herança
ponder, recorre-se novamente a Étienne Gilson, em O intelectual da Antiguidade e as redimensionam no
espírito da filosofia medieval, que explica a posição de plano do cristianismo, produzindo reflexões originais
Lactâncio a esse respeito. sobre o Universo, a natureza e a humanidade. Na fi-
losofia medieval, ainda que nos limites fixados pela
Lactâncio frequenta os filósofos. Persuadido de que há muita
teologia cristã, desenvolvem-se perspectivas filosófi-
coisa boa em Sócrates, em Platão, em Sêneca, esse cristão
cas que ampliam o debate intelectual – por exemplo,
chega a reconhecer que, no fundo, cada um deles apreen-
as teses de Agostinho de Hipona (354-430) e de Tomás
de uma parte da verdade total e que, se essas partes fossem
de Aquino (1225-1274) e a polêmica em torno dos uni-
reunidas, acabar-se-ia reconstituindo a verdade inteira [...].
versais, temas sobre os quais discorreremos introdu-
Suponhamos, pois, que alguém recolhesse esses fragmentos
toriamente no próximo módulo.
dispersos pelos escritos pelos filósofos e os reunisse num
corpo de doutrina; o que obteria por esse método seria um
equivalente da verdade total. Mas, e esse é o ponto essencial, 2. CARACTERÍSTICAS DA FILOSOFIA CRISTÃ
FILOSOFIA

ninguém pode realizar essa triagem do verdadeiro e do falso


nos sistemas dos filósofos, a não ser que conheça de ante- O cristianismo é elemento essencial da cultura medie-
mão a verdade, e ninguém a conhece de antemão se Deus val europeia. Esse primado cultural cristão deve ser
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

não a ensinar pela revelação, isto é, se não a aceitar pela fé. compreendido tanto sob o ponto de vista institucio-
nal, com a autoridade social exercida pela Igreja Ca-
GILSON, Étienne. O espírito da filosofia medieval. Tradução de
Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2006. p. 38. tólica, quanto na esfera mais ampla da mentalidade e
Define-se, assim, a revelação cristã como saber su- das relações cotidianas na sociedade.
premo e medida de discernimento das verdades pro-
duzidas pela filosofia, o critério sem o qual os discur- VOCABULÁRIO
EM-L4-43B-22

sos filosóficos permaneceriam no ceticismo – em que


não seria viável afirmar a verdade ou a falsidade de Primado: referente ao que tem maior importância; ao que está em
primeiro lugar; predomínio.
suas teses. De acordo com esse pressuposto, somente a

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A. O cristianismo medieval e a filosofia cristã apropriam-se do legado filosófico da Antiguidade e
A cultura cristã medieval tem seu eixo institucional desenvolvem especulações teóricas sob parâmetros do
na Igreja Católica Apostólica Romana. Na Idade Média, cristianismo. Em outras palavras, a filosofia medieval
o cristianismo oficialmente vigente é regido pela dou- aspira à concordância entre as investigações racionais
trina e pelos rituais do catolicismo. A importância e da realidade e os conteúdos sagrados da religião cristã.
CAPÍTULO 4

o poder dessa instituição revelam-se na própria estru- Étienne Gilson descreve a atitude filosófica cristã
tura da sociedade, no interior da qual os sacerdotes ca- com as seguintes palavras:
tólicos constituíam um grupo social específico, situado O que o filósofo cristão se pergunta é simplesmente se, en-
no nível hierárquico mais elevado. Nas sociedades eu- tre as proposições que ele crê verdadeiras, não há um certo
ropeias do período, as ordens sociais, na hierarquia, número que sua razão poderia saber verdadeiras. Enquanto
eram clero, nobreza e plebe. funda suas asserções na convicção íntima que sua fé lhe con-
fere, o crente continua sendo um simples crente e ainda não
NOTA HISTÓRICA ingressou no domínio da filosofia; mas, assim que encontra
entre as suas crenças verdades que podem se tornar objetos
Desigualdade social e discurso católico de ciência, ele se torna filósofo, e, se é à fé cristã que ele deve
A desigualdade nessas sociedades era culturalmente ex- essas novas luzes filosóficas, ele se torna um filósofo cristão.
plicada pelo discurso católico, que conferia funções sociais
GILSON, Étienne. O espírito da filosofia medieval.
específicas aos diferentes grupos, cada qual realizando Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2006. p. 44.
sua finalidade e contribuindo para o conjunto. O clero era
responsável pela direção espiritual dos cristãos, a nobreza Portanto, em linguagem concisa, a filosofia cristã
encarregava-se da proteção militar, e a plebe trabalhava pelo delimita-se pela pesquisa racional de temas da rea-
sustento material de todos. lidade, investigação intelectual orientada pelos prin-
cípios religiosos do cristianismo. A razão filosófica,
Entre as diferentes funções atribuídas às ordens so- então, subordina-se à fé, ou seja, os limites espe-
ciais, concedia-se valor absoluto às atividades do cle- culativos da filosofia medieval são apresenta-
ro, dado que o corpo sacerdotal católico representava dos pela doutrina cristã. O pensamento filosófico
a conexão do mundo físico com o mundo espiritual, a medieval produz reflexões, referências conceituais e
mediação entre os seres humanos e Deus. Em socie- discussões teóricas com significativos desdobramen-
dades nas quais a realidade terrena era importante tos na história da filosofia.
sobretudo como caminho para a salvação dos seres
humanos – quer dizer, a reconciliação dos homens e B. Agostinho de Hipona e Tomás de Aquino
mulheres com o ser supremo e criador do Universo – a A convergência entre verdades estabelecidas racio-
atuação da Igreja Católica era decisiva e interferia em nalmente e verdades sagradas do cristianismo é o
todas as instâncias sociais. aspecto comum às diferentes explicações filosóficas
Dessa forma, o conjunto da vida social era profunda- dos pensadores medievais. Nesse sentido, nota-se, por
mente condicionado pelo cristianismo católico: a pro- exemplo, a preocupação de Anício de Boécio (480-524)
dução intelectual; a educação formal; as relações dos em demarcar os diferentes níveis de conhecimento
seres humanos com seus corpos; a sexualidade; os có- em conformidade com seus campos temáticos e suas
digos de moralidade; enfim, a totalidade das práticas exigências de abstração.
sociais e existenciais das pessoas – seus pensamentos,
Referenciando-se em suas interpretações de textos
sentimentos e comportamentos. É nesse cenário socio-
aristotélicos, Boécio distingue os saberes dedicados
cultural que se desenvolve a filosofia cristã.
aos fenômenos da natureza, o conhecimento de teor
Porém, conforme adiantamos, a filosofia medieval
matemático e a teologia. Na inspeção intelectual do
cristã não é simplesmente uma expressão da crença
mundo natural, os temas contemplados consistem em
nos princípios doutrinários do cristianismo. No mó-
dulo anterior, destacamos o contraste entre o suposto objetos materiais e suas expressões físicas. A mate-
saber revelado do cristianismo e o conhecimento filo- mática, por seu turno, remete a conhecimentos puros
sófico. A sabedoria cristã não resulta da atividade in- de conceitos, destituídos de materialidade, ainda que,
telectual e, portanto, não procede propriamente de de- eventualmente, relacionados a seres fisicamente ob-
monstrações racionais. De acordo com o ponto de vista serváveis. A teologia, forma integralmente abstrata
religioso, trata-se de verdades transmitidas por meios de atividade intelectual, trata das questões especifica-
divinos e cuja aceitação exige fé. O conhecimento filo- mente divinas, das especulações sobre o que é plena-
sófico, por sua vez, caracteriza-se pela busca racional mente e em si mesmo, isto é, Deus.
de explicações verdadeiras sobre o mundo. Os filósofos cristãos que atingem maior projeção na
Notamos, então, que a tensão inicial entre revelação história da filosofia são Agostinho de Hipona (354-
EM-L4-43B-22

religiosa e teses racionais evolui para a incorporação de -430) e Tomás de Aquino (1225-1274). O primeiro é o
reflexões filosóficas pelo cristianismo, quer dizer, para principal expoente da patrística, que, como vimos,
a formação de uma filosofia cristã. Pensadores cristãos são os pensadores cristãos que iniciam o movimento

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intelectual de integração da filosofia aos pressupostos Na filosofia de Agostinho de Hipona, essa tese platô-
teológicos do cristianismo. O segundo é o representan- nica é reformulada na teoria da iluminação divina.
te mais conhecido da escolástica – termo que desig- Esse filósofo discrimina a memória dos sentidos da
na os estudos filosóficos realizados especialmente na memória intelectual. A memória associada aos senti-
Baixa Idade Média (séculos XI-XV), reflexões desenvol- dos do corpo – tato, olfato, paladar, visão e audição –
vidas principalmente no ambiente das universidades é formada por recordações derivadas de impressões
fundadas nesse período. recolhidas do mundo, de sensações experimentadas
Em livros como Confissões e A cidade de Deus, Agosti- pelos seres humanos. A memória intelectual, diferen-
nho faz uma espécie de síntese entre filosofia e cristia- temente, não procede de dados recepcionados pelos
nismo, examinando diferentes problemas filosóficos sentidos, consistindo em noções originariamente pre-
sob a perspectiva cristã. Temas como a elaboração do sentes na alma humana, ideias que expressam reali-
conhecimento, a natureza humana, a memória, a feli- dades essenciais e eternas.
cidade e a temporalidade são tratados em seus escri- É neste ponto que se situa a teoria agostiniana da
tos. Ele se apropria de elementos da filosofia platônica, iluminação divina: as verdades eternas estão no inte-
redimensionando-os em sua visão cristã de mundo. rior dos seres humanos, porque são comunicadas por
Deus, quer dizer, estão na memória pela luz eterna da
Essa ascendência da filosofia platônica sobre o pen-
razão. Os seres humanos devem, portanto, utilizar sua
samento de Agostinho pode ser notada, por exemplo,
capacidade racional para desvendar as verdades pre-
em sua concepção de conhecimento como iluminação
sentes em sua memória intelectual, em sua alma.
divina, inspirada na tese de Platão acerca da reminis-
Nos textos do filósofo Tomás de Aquino, a explicação
cência. O que é a tese da reminiscência? Em linhas
sobre a constituição do conhecimento é diferente da
gerais, para Platão, a faculdade racional da alma hu-
tese de Agostinho. Autor de livros como Suma contra os
mana é eterna e, antes de sua encarnação nos seres
gentios, O ente e a essência e Suma teológica, esse pen-
humanos, está em contado direto com as ideias – os
sador escolástico compara o intelecto humano a uma
seres em si. Assim, os seres humanos nascem com o
tábula rasa, ou seja, a alma humana, incialmente, é
conhecimento em sua alma, sendo necessário, con- como uma página em branco, que não apresenta con-
tudo, um longo percurso racional e de superação dos teúdos do saber.
sentidos para realizá-lo efetivamente. Para a filosofia
de Platão, portanto, o processo de conhecimento é

STEFANIA VALVOLA/DREAMSTIME
uma complexa rememoração, recordação.

VOCABULÁRIO

Reminiscência: o que se encontra na memória; recordação.


JOZEF SEDMAK/DREAMSTIME

Sacerdote católico e professor, Tomás de Aquino recolhe aspectos


centrais da filosofia de Aristóteles no desenvolvimento de seu
FILOSOFIA

pensamento filosófico cristão.

De que forma, então, os seres humanos adquirem


CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

conhecimento? Segundo Tomás de Aquino, a alma


humana é preenchida por informações recebidas sen-
sorialmente, isto é, pelos dados transmitidos pelos
sentidos corporais. Assim, as experiências dos seres
humanos no mundo são o ponto de partida do co-
nhecimento: os dados recolhidos sensorialmente são
EM-L4-43B-22

Agostinho converteu-se ao cristianismo por volta de


transformados em conhecimento por intermédio do
386 e, posteriormente, exerceu o bispado na cidade intelecto agente, a saber, da atividade racional dos se-
de Hipona – atual Annaba, na Argélia. res humanos.

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um grau maior ou menor, caracterizando-se, então,
PARA IR ALÉM por um termo comparativo, tendo como parâmetro o
Filosofia e saber sagrado no tomismo máximo e absoluto: Deus.
Tomismo é o nome do sistema filosófico de Tomás de Aquino. A quinta via, ou argumento teleológico, diz respeito
Seu pressuposto é de que as temáticas da filosofia e do saber à noção de finalidade, ou causa final. Todas as coisas
CAPÍTULO 4

revelado são comuns, versando sobre Deus, a humanidade e tendem a um fim; nesse sentido, há uma consciência
o mundo. Porém, o saber racional tem limitações. O intelecto inteligente dessa determinação: Deus.
humano não é capaz de explicar determinados conteúdos co- Essa breve explanação sobre aspectos das filosofias
municados pela revelação divina.
de Agostinho de Hipona e de Tomás de Aquino nos
enviam à constatação de que a filosofia medieval
Essa postura gnosiológica de Tomás de Aquino se cristã não é uma perfeita unidade teórica, com-
explicita na argumentação filosófica pela qual esse portando, isto sim, pontos de vista distintos e diver-
filósofo pretende demonstrar racionalmente a exis- gências conceituais. Essas distintas perspectivas filo-
tência de Deus por meio de “cinco vias”. Nessas vias sóficas cristãs se evidenciam plenamente em debates
argumentativas, pronuncia abertamente que utiliza filosóficos e na controvérsia intelectual em torno
conceitos centrais do sistema filosófico aristotélico. dos universais.
Sua filosofia, aliás, pode ser compreendida como uma
interpretação cristã do pensamento filosófico de Aris- C. As disputas teóricas e a polêmica dos universais
tóteles, razão pela qual muitos estudiosos afirmam
que Tomás de Aquino “cristianizou” as teses aristoté- Embora nos limites fixados pelo cristianismo, a filo-
licas. Qual é a base de sua explicação a respeito dessa sofia medieval caracteriza-se por intensas discussões
questão? A observação da realidade natural, dos fatos teóricas. Nos círculos universitários da Baixa Idade
do mundo, parte da análise dos efeitos concretamen- Média, era muito frequente a realização de debates em
te percebidos na natureza para a identificação de sua torno de temas previamente selecionados. De maneira
causa, o ser supremo, necessário e criador de todas as geral, essas disputas, nas quais argumentos contrários
coisas: Deus. se confrontavam sobre o problema filosófico escolhido,
eram organizadas por um mestre, que escolhia a ques-
tão a ser discutida. Seus alunos, então, preparavam-se
VOCABULÁRIO para oferecer soluções contrárias à interrogação a ser
examinada. No debate, as argumentações eram apre-
Gnosiológico: relacionado ao ato de conhecer a partir de um su-
sentadas e inspecionadas pelos participantes. Poste-
jeito e um objeto; teoria do conhecimento; vem do grego gnosis
(conhecimento) e logos (discurso, teoria). riormente, o mestre explanava sobre o tema e apresen-
tava sua sentença intelectual ao problema debatido.
Vejamos essas vias argumentativas desenvolvidas Alfredo Storck, no livro Filosofia medieval, exemplifi-
por Tomás de Aquino para provar racionalmente a ca esses debates filosóficos medievais:
existência de Deus. Na causa primeira, ou causalida- Normalmente, uma disputatio começava com o mestre
de eficiente, ele observa a multiplicidade de eventos propondo um tema, por exemplo, “Se o mundo é eterno”.
da natureza e averigua a presença invariável de cau- Seguia-se a apresentação de teses sustentando uma cer-
sas e efeitos. Os fenômenos do mundo são efeitos de ta posição, por exemplo: “De acordo com os ensinamentos
acontecimentos anteriores, suas causas, que, por sua dos filósofos, o tempo foi criado juntamente como o mun-
vez, são também consequências de outros fatos prece- do. Logo, nunca houve um tempo no qual o mundo não
dentes, e assim por diante. Nessa linha de raciocínio, existia. Logo, o mundo é eterno.” Em seguida, entrava em
esse filósofo conclui que essa complexa concatenação cena um oponente encarregado de apresentar objeções
de causas e efeitos atesta a existência de uma causa à tese proposta. Por exemplo: “O argumento confunde as
primeira, um ser que é a causa fundamental de todos noções de eternidade, propriedade específica e exclusi-
os seres e eventos, sem que ele próprio seja efeito de va de Deus, ser absolutamente imóvel e atemporal, e a
algo anterior. Esse ser ou causa primeira é Deus. noção de infinito temporal. Portanto, mesmo sendo in-
A segunda via é como se fosse uma confirmação finito do ponto de vista temporal, o mundo não é eter-
acentuada das causas e efeitos. As causas são sempre no.” Surgia, então, o respondedor, cuja função era opor
causadas por outras; nesse sentido, há uma causa que contra-objeções, à medida que o oponente apresentava
não foi causada por ninguém e da qual as coisas pro- suas objeções.
cedem. Essa causa é Deus, o ser supremo. STORCK, Alfredo. Filosofia medieval. Rio de Janeiro:
A terceira via diz respeito à ideia de que existência Zahar, 2003. p. 36-37.
da verdade é autoevidente, pois não se nega a verda- Para concluir essa apresentação sobre a filosofia
de. Deus é a verdade, portanto a existência de Deus é medieval, mencionaremos uma das questões filosó-
EM-L4-43B-22

autoevidente. ficas polêmicas do período, conhecida como querela


A ponto de partida da quarta via são os graus dos universais. Sob o ponto de vista da lingua-
existentes nas coisas. Todas elas têm qualidade, em gem, os universais são termos que se referem a uma

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multiplicidade de individualidades, agrupando-as e mesas são reproduções individualizadas das
com base na convicção de que há alguma identidade ideias, que lhes são anteriores e exteriores, de
entre elas. Para utilizar alguns entre os incontáveis ser humano, cavalo e mesa.
exemplos: as expressões ser humano, cavalo e mesa • O nominalismo: para essa teoria, defendida por fi-
são vocábulos universais, referentes, de algum modo, lósofos como Roscelino de Compiègne (1050-1125),
a todos os seres humanos, cavalos e mesas efetiva- os universais são apenas vocábulos sem conteúdo,
mente existentes no mundo. ou seja, termos que pretendem agrupar individua-
lidades, de fato, muito diferentes entre si. Portanto,
VOCABULÁRIO somente os indivíduos são reais: os universais não
são realidades, mas apenas palavras. Nega-se,
Querela: divergência; conflito; debate. assim, o valor de verdade dos universais.
• O conceitualismo ou realismo moderado: é
uma tese intermediária, elaborada inicialmente

STEFANIA VALVOLA/DREAMSTIME
por Pedro Abelardo (1079-1142). Para esse filó-
sofo, os indivíduos são realidades compostas por
matéria e forma e não há, objetivamente, uma
realidade universal separada das individualida-
des – por exemplo, não existe uma essência de
ser humano realmente separada dos indivíduos
humanos. Porém, há qualidades comuns nas in-
dividualidades de uma mesma espécie, caracte-
rísticas que são abstraídas pelo pensamento e
que se expressam em conceitos. Os universais,
então, são reais como conceitos no intelecto
humano, noções que remetem a uma multi-
plicidade de indivíduos unidos por determi-
nados aspectos.

PARA EXPLORAR

Leia o texto que fala da querela dos universais.


Neste texto, também é proposto um vídeo.
Disponível em: <coc.pear.sn/FLUhhS8>.

A expressão “ser humano”, empregada para se referir a todos os


indivíduos humanos, é exemplo de universalidade.

A controvérsia sobre os universais tem sua origem APRENDER SEMPRE


na filosofia antiga, especificamente nas teorias filo-
sóficas de Platão e de Aristóteles, sendo amplamente 2. (UFU-MG) Leia o fragmento da obra Lógica para principiantes,
retomada na escolástica medieval. A questão que mo- de Pedro Abelardo.
biliza as discussões filosóficas é a seguinte: os univer- Uma palavra universal, entretanto, é aquela que é apta
sais são realidades objetivas ou apenas palavras uti- pela sua descoberta para ser predicada singularmente
lizadas para nomear uma diversidade de indivíduos de muitos seres, tal como este nome homem, que se
existentes? Em torno desse problema filosófico, que pode ligar com os nomes particulares dos homens se-
FILOSOFIA

diz respeito às relações entre linguagem e realidade, gundo a natureza das coisas sujeitas (substâncias) às
são estas as concepções básicas desenvolvidas na fi- quais foi imposto.
losofia medieval: ABELARDO, P. Lógica para principiantes. Tradução de: COSTA
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

• O realismo: essa tese, cujo principal repre- NUNES, Ruy Afonso da. São Paulo: Nova Cultural, 1988. p. 230.
Coleção “Os pensadores” – grifos do autor.
sentante é Guilherme de Champeaux (1070-
1121), argumenta que os universais são reali- Para Abelardo, a palavra universal
dades objetivas, essências reais e imateriais, a. sempre tem existência real e ela própria é a mais autênti-
das quais provêm os seres individualmente ca realidade, pois emana do mundo inteligível e contras-
existentes no mundo. Sob esse prisma, os uni- ta com o mundo sensível.
b. é tão só uma emissão da voz humana, que designa unica-
EM-L4-43B-22

versais são modelos dos quais derivam as


individualidades. Repetindo os exemplos an- mente a coleção dos seres criados por Deus e que estão
dispostos na natureza.
teriores, os diferentes seres humanos, cavalos

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STEFANIA VALVOLA/DREAMSTIME
c. é uma mera ideia abstrata, sem vínculo algum com a rea-
lidade corpórea das coisas existentes na natureza.
d. por si mesma não existe, mas se refere a seres reais e de-
signa uma pluralidade de indivíduos semelhantes, o que
CAPÍTULO 4

é constatado no nome homem.

Resolução
Para Pedro Abelardo, os universais são abstrações intelec-
tuais com as quais os seres humanos identificam aspectos
comuns em diferentes indivíduos. Assim, os universais são
conceitos reais.
Alternativa correta: D

3. AS TRANSFORMAÇÕES CULTURAIS:
O RENASCIMENTO
A periodização tradicional da historiografia divide a
Época Medieval em Alta Idade Média (séculos V a X) e
Baixa Idade Média (séculos XI a XV). A Baixa Idade Mé- Nascido em território italiano, Leonardo da Vinci é personagem emble-
dia envolve um conjunto de transformações sociais, mático do Renascimento Cultural, destacando-se tanto nas artes plásticas
quanto em seus estudos originais nos campos da Física, Engenharia e
econômicas e políticas, caracterizadas por aconteci- Biologia. Na gravura reproduzida, vemos sua provável feição.
mentos históricos, tais como o Renascimento Comer-
cial e Urbano, o surgimento da burguesia e a formação
dos Estados Nacionais europeus. Em seu sentido geral, A. O humanismo renascentista
essas mudanças apontam para a crescente desarticu- As profundas transformações culturais e intelec-
lação das relações sociais feudais e para a emergência tuais renascentistas orientam-se pela recusa da cul-
do capitalismo. tura medieval e pela inspiração em valores da Anti-
Nesse processo, notam-se igualmente substanciais guidade Clássica. O Renascimento Cultural classifica a
modificações na esfera da cultura em sua acep- Época Medieval como período marcado pelo obscuran-
ção antropológica, isto é, compreendida como as tismo – “Idade das Trevas” – e pela repressão às ver-
formas pelas quais os seres humanos vivem, pen- dadeiras qualidades humanas. Essa rejeição aos ele-
sam e sentem suas vidas em sociedades, seus valo- mentos socioculturais medievais é acompanhada pelo
res, conhecimentos, hábitos e crenças sobre a rea- resgate de princípios artísticos, culturais e intelectuais
lidade. Essas transformações são conhecidas como
legados pelo antigo mundo greco-romano. Porém, esse
Renascimento Cultural. Sua origem data do século
apreço pelos fundamentos culturais das chamadas
XIV, em prósperas cidades comerciais da Península
civilizações clássicas não deve ser confundido com uma
Itálica, e suas expressões mais consistentes e articu-
simples reprodução desses padrões pelo Renascimento
ladas ocorrem no século XVI, em diferentes regiões
Cultural: é mais adequado dizer que os artistas e intelec-
do continente europeu.
tuais renascentistas apropriam-se de aspectos culturais
O Renascimento Cultural manifesta-se na li-
antigos para construir sua própria visão de mundo, sua
teratura, nas artes plásticas, na dramaturgia e
interpretação do Universo, da natureza e da humanidade
na filosofia. Dante Alighieri (1265-1321), Nicolau
em conexão com a realidade de sua época.
Maquiavel (1469-1527), Michelangelo (1475-1564),
William Shakespeare (1564-1616) e Leonardo da
Vinci (1452-1519) são alguns dos principais expoen- ARTE
tes renascentistas. Observado sob o ponto de vista
O termo Renascimento Cultural
da história da filosofia, a cultura renascentista é o
marco inicial das tendências filosóficas modernas, Com a expressão “Renascimento Cultural”, as lideranças desse
movimento de transformação pretendiam destacar seu despre-
que substituem os parâmetros intelectuais vigentes
zo pela Época Medieval, equiparada a um período sem cultura.
na filosofia cristã medieval.
O termo, porém, não deve ser aceito em sua literalidade, dado
que em todas as sociedades humanas existem relações cultu-
rais. Além disso, a avaliação negativa da cultura medieval pelos
VOCABULÁRIO
renascentistas é passível de críticas sob o argumento de que
EM-L4-43B-22

Dramaturgia: escrita, composição e apresentação de peças tea- criações intelectuais e artísticas relevantes foram formuladas
trais. durante a Idade Média.

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Durante muito tempo a Idade Média foi conhecida como
A diferença entre o teocentrismo medieval e o an-
a “Idade das Trevas”, um período de obscurantismo e
tropocentrismo renascentista é explicada pelo histo-
ideias retrógradas, marcado pelo atraso econômico e po-
riador Nicolau Sevcenko em seu livro O Renascimento:
lítico do feudalismo, pelas guerras religiosas, pela “peste Os teólogos tinham a preocupação voltada para as almas
negra” e pelo monopólio restritivo da Igreja nos campos e para Deus, o mundo dos fenômenos espirituais e imate-
da educação e da cultura. Entretanto, a arte gótica com riais. Os humanistas, por sua vez, voltavam-se para o aqui
suas catedrais, a poesia lírica dos trovadores e a obra de e o agora, para o mundo concreto dos seres humanos em
filósofos de grande originalidade como [...] são Tomás de luta entre si e com a natureza, a fim de terem um controle
Aquino [...] mostram o quão errônea é esta imagem. maior sobre o próprio destino. Por outro lado, a pregação
MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da Filosofia – Dos pré-
do clero tradicional reforçava a submissão total do ho-
-socráticos a Wittgenstein. 12. ed. Zahar: Rio de Janeiro. 2008, p. 105. mem, em primeiro lugar à onipotência divina, em segundo,
à orientação do clero, e em terceiro, à tutela da nobreza,
O contraste entre a cultura renascentista e a cultura exaltando, no ser humano, sobretudo, os valores da pieda-
medieval revela-se na diferença entre as perspectivas de, da mansidão e da disciplina. A postura dos humanistas
antropocêntrica e teocêntrica. Enquanto as sociedades era completamente diferente, valorizava o que de divino
medievais europeias são marcadas pelo teocentrismo, havia em cada homem, induzindo-o a expandir suas forças,
o Renascimento Cultural, por seu turno, pauta-se pelo a criar e a produzir, agindo sobre o mundo para transformá-
antropocentrismo. -lo de acordo com seu interesse.
Teocêntrica é a cultura estruturada em torno da no- SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. São Paulo: Atual, 1994. p. 16-17.
ção de Deus. No teocentrismo da cultura medieval,
os seres, os fatos e as relações do mundo terreno são

IRYNA KUZNETSOVA/DREAMSTIME
considerados em função de seus vínculos com uma su-
posta realidade superior e transcendente. O Universo
é considerado, sobretudo, criação divina, os eventos
naturais são descritos como fenômenos fundamenta-
dos na supranaturalidade, e a existência no plano físi-
co é interpretada essencialmente como possibilidade
de salvação espiritual, de reconciliação com Deus.
Antropocêntrica é a cultura que tem na humanida-
de e em suas articulações com a realidade o núcleo
de suas atenções. O antropocentrismo renascentista
desloca o enfoque cultural da esfera sobrenatural para
o mundo em que, de fato, os seres humanos vivem,
relacionando-se entre si e com a natureza. De forma
resumida, podemos afirmar que o Renascimento Cul-
tural interessa-se pela vida terrena em si mesma, con-
cebendo os seres humanos como criaturas capazes de
conhecer o mundo e de transformá-lo criativamente
em conformidade com as suas expectativas. Para o Renascimento, os seres humanos são, em certo sentido, autores
de si mesmos.
NU1983/DREAMSTIME

O antropocentrismo renascentista configura-se


como humanismo, isto é, como valorização dos seres
humanos e de suas potencialidades. A cultura medie-
val enfatizava a dimensão do pecado na humanida-
de e a necessidade de resignação dos seres humanos
à ordem divina. O humanismo, transferindo a ênfase
FILOSOFIA

cultural para as interações entre os seres humanos e


o mundo terreno, deposita elevada confiança na in-
teligência e na criatividade humanas. Esse otimismo
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

renascentista entende as pessoas como protagonistas


de sua própria realidade.
De acordo com o Renascimento, os seres humanos
são criadores de sua humanidade. Essa perspectiva,
embora muito distinta do teocentrismo medieval, não
é sinônimo de ateísmo. Os humanistas, de maneira
EM-L4-43B-22

geral, preservam sua fé em Deus, entretanto, como ob-


serva Nicolau Sevcenko, destacam o que há de divino
A cultura medieval privilegiava o plano celestial.
nos próprios seres humanos.

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Essa noção de que os seres humanos são autores da
humanidade é muito nítida no pensamento do filó- PARA IR ALÉM
sofo renascentista Giovanni Pico Della Mirandola O sentido do racionalismo renascentista
(1463-1494), em seu livro Discurso sobre a dignidade do O racionalismo do Renascimento Cultural diz respeito à tese de
homem. Esse pensador afirma que Deus criou a huma- que o conhecimento se desenvolve intelectualmente. Ele não
CAPÍTULO 4

nidade sem uma natureza previamente definida. Di- se relaciona com uma posição sobre a fonte do conhecimento
ferentemente das demais criaturas, que recebem seu – razão ou sentidos. Portanto, não estamos versando sobre a
ser pronto, fixado pela providência divina, os seres concepção racionalista de que o conhecimento tem sua raiz no
humanos são, inicialmente, indeterminados, ou seja, intelecto, e não nos sentidos corporais. Aliás, em torno dessa
o criador concede à humanidade a prerrogativa de questão, muitos pensadores formados na cultura renascentista
construir o próprio ser. Com suas escolhas no mun- são empiristas.
do, os seres humanos, artífices de si mesmos, podem
elevar-se à condição de criaturas celestiais ou rebai- A revolução científica que se inicia no século XVI
xar-se à natureza da estupidez. desenvolve-se na esfera cultural do Renascimento.
Referindo-se aos intelectuais renascentistas e às suas
VOCABULÁRIO pesquisas sobre a natureza, Nicolau Sevcenko observa
o seguinte:
Ateísmo: de forma geral, ausência de crença em divindades;
negação da existência de Deus. Nessa linha, eles desenvolveram um pensamento e uma
Prerrogativa: vantagem; privilégio; direito concedido espe- atividade voltados para o estudo e a observação da na-
cialmente. tureza, acompanhados de experimentos e de pesquisa
empírica, fundando, assim, um procedimento que pode-
ríamos chamar de científico e cujos desdobramentos nos
A.1. Racionalismo e naturalismo renascentistas trazem até a época contemporânea. [...] O desenvolvimen-
O humanismo intersecciona-se com o racionalismo to de uma atitude que hoje se poderia chamar de cientí-
e o naturalismo, características igualmente impor- fica deve ser compreendida, portanto, como um aspecto
tantes na cultura renascentista. O teor humanista do indissociável de todo o conjunto da cultura renascentista.
Renascimento exprime o otimismo perante a humani- Se com Copérnico a astronomia e a cosmologia eram ain-
dade, a confiança nas habilidades cognitivas, criativas da um campo teórico, mais explorado pela matemática e
e transformadoras dos seres humanos. Nesse sentido, pela reflexão dedutiva, com Galileu e Kepler, pouco mais
entende-se que os seres humanos são capacitados ao de cinquenta anos após, elas já eram objetos de observa-
conhecimento da natureza e ao uso desse saber em fa- ções sistemáticas e apoiadas por instrumentos e experi-
vor da humanidade. O antropocentrismo, então, con- mentos arrojados. A mesma evolução ocorre nos demais
verge com o racionalismo e o naturalismo. domínios do saber.
O que é, precisamente, o racionalismo renascen- SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. São Paulo:
tista? O racionalismo do Renascimento estabelece-se Atual, 1994. p. 20-21.

em oposição à cultura medieval, que subordinava a

GORODENKOFF/ISTOCK
razão à doutrina cristã: trata-se, então, de recuperar
a autonomia intelectual dos seres humanos. Sen-
do assim, esse pensamento remete à noção de que
o conhecimento do mundo se realiza sempre como
processo racional, atividade intelectual dos seres
humanos, sem o amparo e a tutela de expedientes
teológicos.
O racionalismo interpenetra-se com o naturalis-
mo à medida que estimula o conhecimento racional
dos fenômenos naturais. Os eventos da natureza,
por sua vez, são concebidos como realidade regida
por suas próprias regras, e não como manifestações
reguladas por princípios sobrenaturais. A atitude
intelectual renascentista, então, compromete-se com
a identificação das leis da natureza, sustentada na
sistemática e criteriosa observação dos fatos natu-
rais. O saber racional conjuga-se com a realização de
experimentos com os fenômenos do mundo, anun-
ciando-se, no âmbito da cultura renascentista, o es- O espírito científico moderno emerge no universo da cultura
EM-L4-43B-22

renascentista.
pírito da Ciência moderna.

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Essa ambição renascentista de conhecimento das
APRENDER SEMPRE
leis naturais conjuga-se com a expectativa de domí-
nio humano sobre a natureza, de utilização do saber 3. (UEL-PR) O Renascimento, amplo movimento artístico, li-
para a geração de tecnologias que efetivem o pri- terário e científico, expandiu-se da Península Itálica por quase
toda a Europa, provocando transformações na sociedade.
mado dos seres humanos no mundo. Tal pretensão
Sobre o tema, é correto afirmar
de controle sobre a natureza procede, em certa me-
a. O racionalismo renascentista reforçou o princípio da au-
dida, das relações socioeconômicas capitalistas que toridade da ciência teológica e da tradição medieval.
se desenvolvem no período e recebem elaborações b. Houve o resgate, pelos intelectuais renascentistas, dos
filosóficas em autores clássicos da Filosofia moder- ideais medievais ligados aos dogmas do catolicismo, so-
na, como Francis Bacon (1561-1626) e René Descartes bretudo da concepção teocêntrica de mundo.
(1596-1650). René Descartes sentencia que é preciso c. Nesse período, reafirmou-se a ideia de homem cidadão,
produzir conhecimentos realmente úteis para a hu- que terminou por enfraquecer os sentimentos de identi-
dade nacional e cultural, os quais contribuíram para o fim
manidade. Francis Bacon, ainda mais enfático, de-
das monarquias absolutas.
clara que saber é poder, isto é, o conhecimento cientí-
d. O humanismo pregou a determinação das ações huma-
fico deve proporcionar o triunfo da humanidade no nas pelo divino e negou que o homem tivesse a capaci-
mundo natural. dade de agir sobre o mundo, transformando-o de acordo
Nesse ambiente cultural e intelectual forjado pelas com sua vontade e interesse.
transformações renascentistas, delineiam-se o itine- e. Os estudiosos do período buscaram apoio na observação,
rário e as tendências da Filosofia moderna. O pensa- no método experimental e na reflexão racional, valori-
zando a natureza e o ser humano
mento moderno promove novas perspectivas investi-
Resolução
gativas e conceituais na Filosofia, redefinindo as bases
Sob o prisma renascentista, os seres humanos são capazes de
especulativas sobre diferentes problemas filosóficos conhecer a natureza aplicando a razão à observação dos fatos
relativos ao conhecimento, à humanidade, à natureza, do mundo.
à dimensão moral e às relações políticas. Alternativa correta: E

Anotações
Anotações

FILOSOFIA
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
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I A MEDIE VA L AO
DA FILOSOF NTO CULTUR AL
RENASCIME

As transformações
A formação da filosofia Características da
culturais:
medieval filosofia cristã
o Renascimento

Consolidação cultural do Conciliação da atividade Renascimento Cultural e


cristianismo filosófica com as supostas antropocentrismo
verdades reveladas

Tensão entre o saber racional Humanismo, racionalismo e


e o saber revelado Agostinho de Hipona e naturalismo
Tomás de Aquino

Primeiras considerações Renascimento Cultural e


Disputas filosóficas medievais
cristãs acerca da filosofia pensamento moderno
e a questão dos universais

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CAPÍTULO 4
MÓDULO 10 ■ A FORMAÇÃO DA FILOSOFIA MEDIEVAL
Exercícios de APLICAÇÃO

1. Trata-se de aspecto decisivo na formação da filosofia 2. (Enem)


medieval. Esta foi a regra que eu segui diante dos que me foram de-
a. A consolidação dos métodos experimentais da nunciados como cristãos: perguntei a eles mesmos se eram
Ciência moderna. cristãos; aos que respondiam afirmativamente, repeti uma
b. A exclusão da religiosidade no âmbito das relações segunda e uma terceira vez a pergunta, ameaçando-os com
socioculturais. o suplício. Os que persistiram, mandei executá-los, pois eu
não duvidava que, seja qual for a culpa, a teimosia e a obs-
c. O desenvolvimento das cidades-Estado gregas.
tinação inflexível deveriam ser punidas. Outros, cidadãos
d. A expansão cultural do cristianismo. romanos portadores da mesma loucura, pus no rol dos que
e. O fortalecimento da cidadania nas relações políticas. devem ser enviados a Roma.
Correspondência de Plínio, governador de Bitínia, província
Resolução romana situada na Ásia Menor, ao imperador Trajano. Cerca
O surgimento, a expansão e a consolidação do cristianismo de 111 d.C.
repercutem na atividade filosófica, ensejando a formação da
filosofia cristã medieval. Disponível em: <www.veritatis.com.br>. Acesso em:
17 jun. 2015. Adaptado.
Alternativa correta: D
É nossa vontade que todos os povos regidos pela nossa
administração pratiquem a religião que o apóstolo Pedro
transmitiu aos romanos. Ordenamos que todas aquelas
pessoas que seguem esta norma tomem o nome de cris-
tãos católicos. Porém, o resto, os quais consideramos de-
mentes e insensatos, assumirão a infâmia da heresia, os
lugares de suas reuniões não receberão o nome de igrejas
e serão castigados em primeiro lugar pela divina vingança
e, depois, também pela nossa própria iniciativa.
Édito de Tessalônica, ano 380 d.C. In: PEDRERO-SÁNCHEZ, M. G.
História da Idade Média: textos e testemunhas.
São Paulo: Unesp, 2000.
Nos textos, a postura do Império Romano diante do
cristianismo é retratada em dois momentos distintos.
Em que pesem as diferentes épocas, é destacada a
permanência da seguinte prática:
a. Ausência de liberdade religiosa.
b. Sacralização dos locais de culto.
c. Reconhecimento do direito divino.
d. Formação de tribunais eclesiásticos.
e. Subordinação do poder governamental.

Resolução
Ambos os textos explicitam a ausência de liberdade religiosa,
FILOSOFIA

o primeiro proibindo o cristianismo, e o segundo tornando-o


religião oficial do Império Romano – impedindo o livre exercício
de outras religiões. O domínio cultural e institucional do cris-
tianismo persistiria na Idade Média, repercutindo na atividade
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

filosófica.
Alternativa correta: A

Habilidade
Analisar objetos e vestígios da cultura material e imaterial, de
modo a identifi car conhecimentos, valores, crenças e práticas
que caracterizam a identidade e a diversidade cultural de dife-
EM-L4-43B-22

rentes sociedades inseridas no tempo e no espaço.

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CAPÍTULO 4
Exercícios EXTRAS
CAPÍTULO 4

3. Assinale a alternativa que se refere corretamente à c. A patrística corresponde à superação da filosofia


distinção entre conhecimento filosófico e saber reli- antiga e da filosofia medieval pela síntese da filo-
gioso do cristianismo. sofia moderna.
a. O conhecimento filosófico trata de temas huma- d A patrística é a atitude característica dos filósofos
nos, e o saber religioso despreza as questões refe- que rejeitam vínculos entre saber racional e teolo-
rentes à humanidade. gia.
b. O conhecimento filosófico resume-se à crença, e e. A patrística consiste na absoluta rejeição da ati-
o saber religioso possui dimensão exclusivamente vidade filosófica pelos teólogos pertencentes à
Igreja Católica.
lógica.
c. O conhecimento filosófico nega a existência de di- 5. Sobre a transição da filosofia antiga para a filosofia
vindades, e o saber religioso nada afirma além da medieval, é correto afirmar que
existência de Deus. a. as tentativas de eliminação do cristianismo por
d. O conhecimento filosófico concentra-se nas ques- vias filosóficas determinam a natureza do pensa-
tões éticas, e o saber religioso dedica-se somente mento filosófico medieval.
aos temas políticos. b. as alianças políticas que resultam na formação dos
e. O conhecimento filosófico constrói-se com de- Estados nacionais condicionam a direção das re-
monstrações racionais, e o saber religioso requer flexões filosóficas.
a fé. c. as pesquisas experimentais promovidas pelo po-
der imperial romano conjugam filosofia e saber
4. Identifique a alternativa que se refere corretamente científico.
ao significado da patrística. d. as transformações culturais verificadas durante o
a. A patrística é a totalidade de teorias filosóficas an- Império Romano afetam os rumos da história da
teriores ao surgimento do cristianismo. filosofia.
b. A patrística consiste no esforço inicial dos teólogos e. as práticas rituais do cristianismo conferem valor
para conjugar filosofia e cristianismo, na primeira de verdade às antigas cosmologias pré-socráticas,
fase da filosofia medieval. recuperadas na filosofia medieval.

Seu Espaço

Sobre o módulo
Neste módulo, são abordadas as mudanças que marcam a passagem da filosofia antiga para a medieval, da filosofia cristã na Idade
Média e do Renascimento Cultural. No módulo inicial, destacamos a cultura cristã como aspecto decisivo nas reorientações especulativas
da filosofia. Deve-se ressaltar o confronto inicial entre o suposto saber revelado do cristianismo e o conhecimento racional proposto pela
filosofia, assim como os primeiros esforços de teólogos cristãos em direção à conciliação dessas diferentes perspectivas. Dessa forma, é
possível compreender a constituição da filosofia cristã que caracteriza as investigações intelectuais do Período Medieval.
As atividades percorrem os pontos centrais da teoria. O exercício “Desafio” exige a compreensão ampla da temática estudada.
Estante
GILSON, Étienne. O espírito da filosofia medieval. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
Étienne Gilson dedica o segundo capítulo, intitulado “A noção de filosofia cristã”, ao período formativo da filosofia medieval.

Obra O nome da rosa, de Umberto Eco. Lançado por algumas editoras, este livro conta uma minuciosa crônica da vida religiosa do século XIV
e dos anos da Inquisição, por meio de uma reflexão sobre o destino do homem. O filme lançado por Jean-Jacques Annaud é uma adptação
desta obra-prima da literatura.
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Exercícios PROPOSTOS

Da teoria, leia os tópicos 1, 1.A e 1.A.1. c. diagnosticar a incapacidade cognitiva humana, re-
Exercícios de: Tarefa Reforço Aprofundamento Lidere! velada na incoerência filosófica.
d. encontrar considerações verdadeiras, discrimina-
6. O apóstolo Paulo de Tarso, em suas considerações das com base no saber revelado.
sobre o pensamento filosófico, afirma que a filosofia e. determinar a igualdade de valor entre filosofia e
a. é apoio indispensável para a fé religiosa no cristia- cristianismo, comprovada na filosofia cristã.
nismo. 10. Aspecto cultural decisivo na passagem da filoso-
b. é superior aos aspectos doutrinários da religião fia antiga para a filosofia medieval. Trata-se
cristã. a. do cristianismo.
c. é a síntese dos saberes revelados por Deus. b. da democracia.
d. é preterida pelas verdades reveladas pelo conteú- c. da monarquia absolutista.
do cristão.
d. do politeísmo.
e. é o percurso intelectual necessário para a fé.
11. Sobre a religião cristã no Império Romano, é cor-
7. O teólogo Flávio Justino declara que a atividade reto afirmar que
filosófica antiga se caracteriza a. ela encontra poucos adeptos para sua doutrina.
a. pela falsidade de todas as suas proposições sobre b. ela reproduz integralmente a religiosidade romana.
a realidade.
c. ela se difunde culturalmente entre o povo.
b. por explicações que, em seu conjunto, revelam-se
contraditórias. d. ela não se organiza institucionalmente.
c. pelo reconhecimento dos limites do conhecimen- 12. A atividade filosófica diferencia-se da religião
to racional. cristã, pois
d. por demonstrar a ingenuidade da crença religiosa a. defende a exclusividade do saber revelado.
cristã.
b. declara a inviabilidade do conhecimento.
e. por sua incapacidade de produzir discursos inteli-
c. preconiza a existência de Deus.
gentes.
d. propõe a explicação racional do conhecimento.
8. Assinale a alternativa que se refere corretamente
ao posicionamento de Flávio Justino sobre a filosofia 13. A formação da filosofia medieval caracteriza-se
e o saber revelado do cristianismo. a. pela exclusão da fé em benefício da razão.
a. Para Justino, o conhecimento filosófico torna dis- b. pela retomada das teses pré-socráticas.
pensáveis as verdades sagradas da religião cristã. c. pela harmonização da atividade racional com a fé.
b. De acordo com Justino, as teorias filosóficas são d. pela recusa do pensamento filosófico grego.
expressões artísticas que manifestam a dimensão
criativa da humanidade. 14. Declare a verdade ou a falsidade da afirmação
seguinte, justificando sua escolha:
c. Justino afirma que algumas das proposições filo-
sóficas antecipam verdades confirmadas pela re- 15. Explique a concepção de Flávio Justino sobre as
velação cristã. relações entre atividade filosófica e saber sagrado do
d. Justino declara que o conhecimento filosófico possi- cristianismo.
FILOSOFIA

bilita o surgimento do saber sagrado do cristianismo.


16. Explique a seguinte afirmação:
e. Para Justino, não há diferenças significativas entre
Para Lúcio Lactâncio, o saber cristão é o critério de
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

a proposta filosófica de conhecimento e a religião


distinção entre o falso e o verdadeiro no pensamento
cristã.
filosófico.
9. Lúcio Lactâncio considera que, reunindo as dife-
Desafio
rentes teorias filosóficas, é possível
a. demonstrar a falsidade de todas as suas explica- 17. Nos últimos séculos da Antiguidade, sur-
ções, desmentidas pela ciência. ge, expande-se e consolida-se o cristianismo.
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Explique a repercussão da cultura cristã na ativida-


b. identificar a superioridade de suas teses, compa-
de filosófica.
radas com o saber religioso.

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CAPÍTULO 4
MÓDULO 11 ■ CARACTERÍSTICAS DA FILOSOFIA CRISTÃ
CAPÍTULO 4

Exercícios de APLICAÇÃO

1. Assinale a alternativa que se refere corretamente à 2. Sobre as disputas teóricas desenvolvidas nas univer-
filosofia medieval. sidades medievais, é certo dizer que
a. A filosofia medieval caracteriza-se pela ausência a. expressam a rejeição filosófica da religião católica.
de debates e de espírito crítico. b. revelam divergências conceituais no interior da fi-
b. Na filosofia medieval, todas as teses filosóficas re- losofia cristã.
jeitam os dogmas cristãos. c. manifestam a completa identidade entre filosofia
c. A filosofia medieval limita-se a reproduzir as teo- e religião cristã.
rias de Platão e de Aristóteles. d. revelam a submissão total da Igreja Católica ao
d. Na filosofia medieval, elaboram-se diversas pers- pensamento filosófico.
pectivas filosóficas cristãs. e. expressam concordâncias que negam a própria
e. A filosofia medieval realiza-se como corpo teórico natureza do debate.
absolutamente homogêneo.
Resolução
Resolução As disputas teóricas expressam a diversidade de tendências
A filosofia medieval é marcada pelo desenvolvimento de dife- teóricas no âmbito da filosofia cristã. Ainda que nos limites fi-
rentes explicações sobre a realidade, teses diversas que se de- xados pelo cristianismo, a filosofia medieval comporta intensas
senvolvem no horizonte cultural do cristianismo. discussões teóricas.
Alternativa correta: D Alternativa correta: B
Habilidade
Analisar objetos e vestígios da cultura material e imaterial de
modo a identificar conhecimentos, valores, crenças e práticas
que caracterizam a identidade e a diversidade cultural de dife-
rentes sociedades inseridas no tempo e no espaço.

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Exercícios EXTRAS

3. Identifique a alternativa que se refere corretamente c. o intelecto humano é capaz de, mediante a obser-
à filosofia de Agostinho de Hipona. vação dos fatos do mundo, demonstrar racional-
a. Agostinho rejeita a fé cristã, empenhando-se em mente a existência de Deus.
elaborar um sistema filosófico descomprometido d. a fé é superior à filosofia, pois o raciocínio filosófico
com o cristianismo. não nos conduz a nenhuma verdade sobre o mundo.
b. Agostinho procura articular a racionalidade filosó- e. o intelecto humano explica todos os temas per-
fica com os princípios cristãos, examinando temas, tencentes à fé, tornando dispensável o saber sa-
como a origem do mal e a temporalidade. grado cristão.
c. Agostinho não desenvolve propriamente uma teo- 5. (UFU-MG) Sobre a questão dos universais, todas as
ria filosófica, limitando-se a registrar os pressu- afirmativas a seguir são falsas, exceto:
postos doutrinários do catolicismo. a. Pedro Abelardo sustenta a tese de que as palavras
d. Agostinho separa completamente filosofia e teo- nada significam, porque são simples emissão da
logia, argumentando que elas tratam de temáticas voz humana, sendo por isso que os universais de-
diferentes. vem ser necessariamente incorpóreos.
e. Agostinho inspira-se na filosofia de Platão, razão b. O realismo sustenta a tese de que apenas as pa-
pela qual rejeita todos os princípios religiosos do lavras são reais, porque são corpóreas enquanto
cristianismo. som, e os universais nada significam, porque são
incorpóreos, isto é, não possuem realidade física.
4. De acordo com o filósofo medieval Tomás de Aquino, c. O nominalismo sustenta a tese de que os univer-
a. o intelecto humano nasce com conteúdos verda- sais são corpóreos, porque o gênero e a espécie
deiros, sendo o conhecimento, então, um processo não podem estar separados dos indivíduos a que
de rememoração. pertencem.
b. a filosofia é superior à fé, uma vez que a crença d. Pedro Abelardo sustenta a tese de que, por si mes-
que não se fundamenta na racionalidade é mera mo, os universais existem apenas no intelecto,
superstição. mas eles referem-se a seres reais.

Seu Espaço

Sobre o módulo
Este módulo apresenta características básicas da filosofia medieval, permeada pelo esforço de conjugação das reflexões racionais com
os preceitos do cristianismo. Nesse sentido, realizam-se breves apontamentos sobre o pensamento filosófico de Agostinho de Hipona e
a filosofia de Tomás de Aquino. Na sequência, mencionam-se as disputas teóricas no interior da filosofia medieval e as divergências em
torno do problema dos universais. É imprescindível ressaltar que a filosofia cristã medieval não se reduz à doutrina católica, embora,
evidentemente, desenvolva-se em conformidade com o cristianismo. Deve-se registrar que a filosofia cristã medieval oferece contribuições
significativas para o pensamento filosófico.
O exercício “Desafio” exige a compreensão da discussão filosófica medieval acerca dos universais.
Estante
STORCK, Alfredo. Filosofia medieval. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.
A obra de Alfredo Storck apresenta uma introdução pertinente ao pensamento filosófico medieval.

INÁCIO, Inês; LUCA, Tania Regina de. O pensamento medieval. São Paulo: Ática, 1991. p. 18.
FILOSOFIA

Entre outros aspectos, a obra pode auxiliá-lo na compreensão da relação entre saber revelado e conhecimento filosófico no pensamento
medieval.
Na web
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

Baixe o pdf e leia o texto O problema dos universais em Guilherme de Ockham em: <coc.pear.sn/XFuHOOV>.
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CAPÍTULO 4
Exercícios PROPOSTOS
CAPÍTULO 4

Da teoria, leia os tópicos 2, 2.A, 2.B e 2.C. ( ) A posição de Roscelino ficou conhecida como
Exercícios de: Tarefa Reforço Aprofundamento Lidere! nominalismo.
( ) A posição mais representativa no século XI ficou
6. (UFU-MG) Pedro Abelardo foi um filósofo medie- conhecida como nominalismo.
val que participou de uma acirrada disputa filosófica ( ) Segundo o realismo, os universais têm algum
no século XII. Essa disputa centrava-se sobre tipo de existência na realidade.
a. a existência de Deus. ( ) A posição de Pedro Abelardo pode ser considera-
da rigorosamente como realista.
b. o predomínio da fé sobre a razão.
c. a questão da existência dos universais. 9. No debate medieval sobre a questão dos univer-
d. a presença do mal no mundo. sais, uma das concepções é o realismo, segundo
e. a morte da alma. o qual
a. os universais são simplesmente palavras, dado
7. (UFU-MG) Para responder à questão, leia o seguin- que apenas os seres individuais são reais, existem
te texto. efetivamente.
O universal é o conceito, a ideia, a essência comum a to- b. os universais são realidades metafísicas realmente
das as coisas (por exemplo, o conceito de ser humano). Em existentes, os modelos dos quais procedem os se-
outras palavras, pergunta-se se os gêneros e as espécies res individuais.
têm existência separada dos objetos sensíveis: as espécies
c. os universais são conceitos com os quais o in-
(por exemplo, o cão) ou os gêneros (por exemplo, o animal)
telecto humano, mediante abstração, explica a
teriam existência real? Ou seriam apenas ideias na mente
realidade.
ou apenas palavras?
d. os universais existem, de fato, como seres mate-
ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. Filosofando. 3. ed. São Paulo:
Moderna, 2003. p. 126. riais, que podem ser fisicamente observados no
A resposta nominalista à pergunta formulada no texto mundo.
acima, sobre os universais, é: e. os universais não existem porque o intelecto hu-
a. Segundo os nominalistas, as espécies e gêneros mano é incapaz de produzir raciocínios realmente
universais são meras palavras que expressam um inteligentes.
conteúdo mental, sem existência real. 10. (UFU-MG)
b. Segundo os nominalistas, os universais são concei- Leia o texto a seguir e responda ao que se pede.
tos, mas têm fundamento na realidade das coisas.
O grande inspirador da questão (dos universais) foi o neo-
c. Segundo os nominalistas, os universais (gêneros e platânico Porfírio, que em sua obra Isagoge afirma: ‘Não
espécies) são entidades realmente existentes no tentarei enunciar se os gêneros e as espécies existem por si
mundo das ideias, sendo as coisas deste mundo mesmos ou somente na inteligência, nem, no caso de sub-
meras cópias dessas ideias. sistirem (existirem por si), se são corpóreos ou incorpóreos,
d. Segundo os nominalistas, os gêneros e as espé- nem se existem separados dos objetos (que nomeiam), for-
cies universais existem realmente, mas apenas na mando partes dos mesmos’. Esse problema gerou muitas
mente de Deus. disputas. Era a grande discussão sobre a existência ou não
das ideias gerais, isto é, os chamados universais de Aris-
8. (UFU-MG) A respeito da questão dos universais na tóteles. Tal discussão ficou conhecida como a questão (ou
Idade Média, leia o texto a seguir. querela) dos universais.
A tendência no século XI era dizer que os universais têm
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia.
algum tipo de existência na realidade, fora do pensamento São Paulo: Saraiva, 1993. p.31.
humano. Roscelino foi um dos primeiros pensadores medie- a. O que é um universal?
vais a sustentar que os universais são meras palavras. Pedro
b. O que foi a questão dos universais na Idade Média?
Abelardo, utilizando-se de novas teorias lógicas e novos ins-
Quais as posições em debate?
trumentos dialéticos, procurou expor uma solução interme-
diária, dizendo que os universais não podem ser coisas que 11. Agostinho desenvolve sua tese da iluminação di-
existem realmente nem são apenas nomes, mas nomes com vina inspirando-se
um significado, isto é, os universais são conceitos.
a. no pensamento de Aristóteles.
NASCIMENTO, Carlos Arthur Ribeiro. O que é filosofia medieval.
b. na filosofia de Heráclito.
EM-L4-43B-22

São Paulo: Brasiliense, 1992. p. 40-42. Adaptado.


Marque, para as afirmativas a seguir, (V) verdadeira ou c. na tese platônica da reminiscência.
(F) falsa. d. no pensamento dos sofistas.

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12. Para Tomás de Aquino, o intelecto humano Aristóteles (na escolástica), de forma submissa e
dogmática.
a. é, inicialmente, como uma página em branco.
02. Santo Agostinho (354-430) é o maior represen-
b. é incapaz de conhecer a realidade.
tante da filosofia patrística. A patrística preo-
c. é, inicialmente, repleto de ideias. cupava-se em encontrar justificativas racionais
d. é capaz de esclarecer todas as verdades reveladas. para as verdades reveladas.
04. Segundo a filosofia patrística, a revelação divina
13. Sobre a filosofia medieval, é certo dizer que ensina quem tem fé a utilizar corretamente o co-
a. não é mais do que uma doutrina religiosa. nhecimento sensível.
b. envolve discordâncias e debates. 08. Tomás de Aquino (1225-1274) considera a filoso-
c. não é mais do que repetição da filosofia grega. fia como conhecimento racional e tem como um
dos seus principais temas filosóficos a adequa-
d. envolve unicamente concepções filosóficas mate- ção entre as coisas e o entendimento.
rialistas.
16. O problema de maior relevância para a filosofia
14. Explique as concepções de Agostinho de Hipona do século XIII é a querela dos universais, doutri-
na filosófica segundo a qual os realistas prepon-
e de Tomás de Aquino sobre o processo de constitui-
deram sobre os nominalistas.
ção do saber intelectual.
16. Explique a seguinte afirmação:
15. (UEM-PR)
Embora o cristianismo não seja uma filosofia, ele afeta de A filosofia cristã medieval não se caracteriza como
forma profunda o pensamento filosófico da época [Idade unidade teórica plena, comportando, isto sim, diver-
Média], uma vez que o filósofo cristão se depara com o pro- gências teóricas e debates.
blema da sua realidade finita e imperfeita diante da divin-
dade infinita e perfeita. Desafio
ARANHA, M. L. de A. Temas de filosofia. 3. ed. rev. São Paulo:
Moderna, 2005. p.110.
17. Na filosofia medieval, desenvolve-se a polêmi-
ca sobre os universais, formando-se, em torno des-
Sobre a patrística e a escolástica, assinale o que for
sa questão, três pontos de vista filosóficos: realis-
correto.
mo, nominalismo e conceitualismo. Explique essas
01. A filosofia medieval assume a herança dos filó- diferentes concepções sobre os universais.
sofos gregos, sobretudo Platão (na patrística) e

Anotações

FILOSOFIA
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
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CAPÍTULO 4
MÓDULO 12 ■ AS TRANSFORMAÇÕES CULTURAIS: O RENASCIMENTO
CAPÍTULO 4

Exercícios de APLICAÇÃO

1. Leia o texto e resolva a questão proposta. 2. (UNIFESP) O Renascimento Cultural iniciou-se na


Os teólogos tinham toda a preocupação voltada para as Itália, no século XIV, e expandiu-se para outras partes
almas e para Deus, ou seja, para o mundo transcendente, da Europa nos séculos seguintes. Uma de suas carac-
o mundo dos fenômenos espirituais e imateriais. Os huma- terísticas é a
nistas, por sua vez, voltavam-se para o aqui e o agora, para a. adoção de temas religiosos, com o objetivo de
o mundo concreto dos seres humanos em luta entre si e auxiliar o trabalho de catequese.
com a natureza, a fim de terem um controle maior sobre b. pesquisa técnica e tecnológica, na busca de novas
o próprio destino. [...] A postura dos humanistas era com- formas de representação.
pletamente diferente, valorizava o que de divino havia no
c. recusa dos valores da nobreza e a defesa da cultu-
homem, induzindo-o a expandir suas forças, a criar e a pro-
ra popular urbana e rural.
duzir, agindo sobre o mundo para transformá-lo de acordo
com sua vontade e interesse. d. manutenção de padrões culturais medievais, na
busca da imitação da natureza.
SEVCENKO, Nicolau. O renascimento. São Paulo: Atual, 1994. p. 16-17.
e. rejeição da tradição clássica e de seu princípio an-
As características renascentistas descritas no texto re- tropocêntrico.
metem diretamente
a. à submissão da filosofia ao saber científico. Resolução
b. à subjetividade filosófica inaugurada por Descartes. O humanismo, o racionalismo e o naturalismo renascentistas
convergem com a expectativa de desenvolvimento tecnológico
c. à crítica à noção iluminista de progresso. e de domínio humano sobre a natureza.
d. à perspectiva libertária das religiões protestantes. Alternativa correta: B
e. às críticas humanistas à cultura medieval. Habilidade
Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos
Resolução relativos a processos políticos, econômicos, sociais, ambientais,
O texto-base da questão contrasta o humanismo renascentista culturais e epistemológicos, com base na sistematização de da-
com o teocentrismo medieval. dos e informações de diversas naturezas (expressões artísticas,
textos filosóficos e sociológicos, documentos históricos e geo-
Alternativa correta: E gráficos, gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros).

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Exercícios EXTRAS

3. (UECE) A atividade crítica foi uma das características e. Hamlet apresenta uma elegia ao homem, ilustran-
mais notáveis do humanismo do Renascimento. Nes- do o antropocentrismo característico do Renasci-
se sentido, podemos afirmar que os humanistas mento Cultural.
a. estavam mais atentos aos aspectos de continui-
5. (UFF-RJ) O italiano Pico Della Mirandola foi um
dade e permanência do que aos de modificação e
importante filósofo humanista do Renascimen-
variação da natureza e da sociedade.
to dos séculos XV e XVI. Seu livro Sobre a dignidade
b. defendiam os valores da lgreja e da cultura medie- do homem enaltece a importância do ser humano
val à semelhança dos teólogos tradicionais. e narra um mito da criação do homem. Segundo o
c. dedicavam-se à crítica da cultura tradicional e autor, quando decidiu criar o ser humano, Deus já
à elaboração de um novo código de valores e de havia utilizado na criação dos outros seres todos
comportamentos. os modelos e qualidades de que dispunha. Então,
d. formavam um grupo de eruditos voltados, exclusiva- o criador falou assim a Adão: “Se não te conferi um
mente, para a renovação dos estudos universitários. lugar fixo, uma forma que te fosse própria e um dom
especial, Adão, foi para que tu mesmo, escolhendo
4. (UPE) segundo teu desejo e tua determinação o lugar, a
Que obra de arte é o homem! Que nobre na razão, que in- forma e o dom que quiseres, possas fazê-los teus.
finito nas faculdades, na expressão e nos movimentos, que Todos os outros seres receberam uma natureza
determinado e admirável nas ações; que parecido a um rigidamente definida e ficaram sob o meu poder,
anjo de inteligência, que semelhante a um deus! segundo leis previamente estabelecidas. Somente a
SHAKESPEARE, William. Hamlet. São Paulo: Abril Cultural, 1976. p. 87. ti não te prendem laços, exceto tu mesmo, segundo
Partindo da análise da fala da personagem shakespea- a vontade que te concedo”.
riana, assinale a alternativa que a associa às caracterís- Marque a sentença que expressa ideais do humanismo
ticas do Renascimento Cultural. renascentista e que é mais adequada ao pensamento
a. A fala de Hamlet ilustra o teor teocêntrico do Re- de Pico Della Mirandola.
nascimento ao associar o homem a anjos e deuses.
a. O ser humano é inacabado e livre e por isso pode
b. O texto apresenta Deus como centro do Universo ao se aperfeiçoar.
explorar a semelhança entre o homem e o divino.
b. A imperfeição impede o aperfeiçoamento do ser
c. Hamlet apresenta o homem como uma obra-pri- humano.
ma nata, dialogando com a perspectiva filosófica
do empirismo. c. A imperfeição humana o impede de ser livre.
d. O texto explora o hedonismo ao destacar o ho- d. A liberdade impede o aperfeiçoamento humano.
mem como “infinito nas faculdades, na expressão e. Somente se fosse perfeito é que o ser humano se-
e nos movimentos”. ria livre.

Seu Espaço

Sobre o módulo
Este módulo versa sobre o Renascimento Cultural, assinalando suas diferenças em face da cultura medieval e indicando o horizonte
intelectual e gnosiológico instaurado pelas transformações renascentistas, que delineariam a formação da filosofia moderna. Trata-se,
assim, de uma espécie de transição explicativa da filosofia medieval para a filosofia moderna, tema do próximo capítulo deste material.
Assim, recebem ênfase o humanismo, o racionalismo e o naturalismo, bem como as suas relações na constituição de uma postura cultural
FILOSOFIA

e intelectual com implicações determinantes para o pensamento filosófico moderno.


O exercício “Faça junto” exige a compreensão dos temas estudados no capítulo, de modo que os alunos consigam contrapor os principais
aspectos do Renascimento à filosofia medieval cristã.
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

Estante
SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. São Paulo: Atual, 1994.
O livro do historiador Nicolau Sevcenko discorre sobre as características gerais da cultura renascentista.
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CAPÍTULO 4
Exercícios PROPOSTOS
CAPÍTULO 4

Da teoria, leia os tópicos 3, 3.A e 3.A.1. ele se realizar com sabedoria, eu poderia quase dizer que
Exercícios de: Tarefa Reforço Aprofundamento Lidere! resultaria em um ser semelhante a Deus.”
Erasmo de Roterdã
6. (UERN) No trecho anterior, datado de 1529, do filólogo e pen-
O Vaticano inaugurou a nova iluminação do interior da sador da cidade holandesa de Roterdã, encontra-se
Capela Sistina, que valoriza os detalhes de obras-primas da manifesta a presença do pensamento
história da arte. Quando O juízo final, a parede de afrescos a. teocentrista, priorizando a ideia do sobrenatural e
considerada a maior obra do humanismo, foi restaurada, da ligação do Homem com o divino.
há 20 anos, talvez o efeito obtido não fosse como o de hoje. b. experimentalista, em que todo e qualquer conhe-
Sete mil leds, com luz difusa e ao mesmo tempo intensa, cimento humano se daria por meio da investiga-
permitem uma valorização sem precedentes das cores. ção científica.
Disponível em: <http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2014/10/
c. escolasticista, doutrina que admitia a fé como a
vaticano-inaugura-nova-iluminacao-do-interior-da-capela-sistina.html>.
única fonte verdadeira de conhecimento.
Patrimônio da humanidade, a obra de Michelangelo é
um dos símbolos máximos do Renascimento. Sobre o d. antropocentrista, valorizando o homem e suas
contexto histórico em que foi produzida essa obra, é obras como base para uma visão mais racional do
correto afirmar que mundo.
a. o artista retratou o resgate das culturas helenís- e. epicurista, apontando para uma postura ideológica
ticas, principalmente no que se refere às concep- que configurou a transição para a Idade Moderna.
ções mitológicas e politeístas. 10. Assinale a característica do Renascimento
b. Michelangelo, autor de O juízo final, manteve em Cultural.
sua obra-prima o princípio básico da arte renas- a. antropocentrismo.
centista: o teocentrismo.
b. teocentrismo.
c. os humanistas preconizavam o estabelecimento c. misticismo.
de dogmas cristãos dissolvidos desde a expansão
vertiginosa da Igreja Ortodoxa. d. ceticismo.
d. a obra retrata ainda temas cristãos, retirados da 11. O humanismo renascentista caracteriza-se
Bíblia, mas contém o realismo, humanismo e natu- a. pela valorização da caridade.
ralismo característicos da Renascença.
b. pelo temor a Deus.
7. Explique a seguinte afirmação: c. pela confiança nos seres humanos.
A Ciência moderna surge no contexto cultural renas- d. pelo respeito aos dogmas católicos.
centista.
12. Na cultura renascentista, projeta-se a expectati-
8. (UFC-CE) Os séculos XV e XVI foram marcados pelo va de
auge do Renascimento cultural na Itália. a. domínio de alguns seres humanos sobre o conjun-
Esse movimento cultural teve por características a to da humanidade.
01. inspiração crítica nos valores e ideais da Antigui- b. salvação da alma pela realização de boas obras.
dade Clássica. c. domínio humano sobre a natureza.
02. defesa de uma reforma educacional, valorizando d. eliminação das crenças religiosas.
o estudo das “humanidades”.
04. descrença em relação às potencialidades da ciên- 13. Marque o fenômeno histórico diretamente arti-
cia e da razão. culado com a cultura renascentista.
08. interpretação da vida baseada em uma visão an- a. Retomada da arte moderna.
tropocêntrica do mundo. b. Expansão do cristianismo católico.
16. valorização dos ideais místicos e geocêntricos da c. Revolução científica.
“Idade das Trevas”.
d. Formação do feudalismo.
9. (UPM-SP) 14. (UEL-PR) Considere os itens a seguir.
“A natureza, ao dar-vos um filho, vos presenteia com uma I. “... a busca da perfeição no retratar o homem le-
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criatura rude, sem forma, a qual deveis moldar para que se vou a uma simbiose entre arte e ciência, desen-
converta em um homem de verdade. Se esse ser moldado se volvendo-se estudos de anatomia, técnicas de
descuidar, continuareis tendo um animal; se, ao contrário, cores, perspectivas...”

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II. “ ... o teocentrismo, o coletivismo, a tradição marca- 16. Considerando o Renascimento Cultural, explique as
ram as obras de arte do período e estiveram pre- relações entre humanismo, racionalismo e naturalismo.
sentes na pintura, na arquitetura e na escultura...”
III. “ ... procuram explicar o mundo através de novas Desafio
teorias, fugindo às interpretações religiosas típi-
cas do período anterior. O grande destaque é a 17. (UEM-PR) Sobre o Renascimento, assinale o
utilização do método experimental...” que for correto.
O Renascimento é identificado em: 01. Foi um movimento de renovação cultural, que
a. somente II. surgiu principalmente na Península Itálica e se
b. somente I e II. estendeu por outras regiões da Europa, nos sé-
culos XIV a XVI.
c. somente I e III.
02. Os renascentistas inventaram a escrita cunei-
d. somente II e III. forme, que revolucionou a imprensa a partir do
e. I, II e III. século XVII.
15. Leia o texto e resolva a questão proposta. 04. O humanismo foi uma das expressões culturais
do Renascimento, por colocar o homem como
Essa luta cultural deve ser compreendida [...] como uma o centro das preocupações dos pensadores, e
das dimensões da luta da luta da burguesia para afirmar-se representou uma forte oposição ao pensamen-
diante do clero e da nobreza e de seus ideais de submis- to teocêntrico da Igreja Católica.
são piedosa e da cavalaria medieval. A atividade artística,
portanto, acaba se tornando um dos focos principais desse
08. O Renascimento estimulou o surgimento das
confronto. As atividades e os campos de reflexão que mais
universidades, com a fundação da Universi-
preocupavam os pensadores renascentistas aparecem con-
dade de Bolonha (Itália, no ano de 1088 – a
densados nas artes plásticas: a filosofia, a religião, a histó-
primeira universidade do mundo), da Univer-
rica, a arte, a técnica e a ciência.
sidade de Paris (França, no ano de 1170), da
Universidade de Oxford (Inglaterra, no ano de
SEVCENKO, Nicolau. O renascimento. São Paulo: Atual, 1994. p. 26.
1249) e da Universidade de Coimbra (Portugal,
Nesse trecho, o historiador Nicolau Sevcenko destaca no ano de 1308).
a. a superioridade da estética manifesta nas artes 16. O Príncipe, tratado que faz uma reflexão sobre
sobre a pretensão de conhecimento da filosofia. a natureza do poder político, escrito por Nico-
b. a cultura renascentista como reflexo da infraestru- lau Maquiavel, representa uma das obras mais
tura socioeconômica de transição feudo-capitalista. significativas do Renascimento.
c. a subordinação do pensamento religioso ao cam- Faça junto
po criativo expresso nas artes renascentistas.
18. Formem grupos e, sob orientação do professor,
d. a contextualização do pensamento renascentista
nas relações socioculturais de sua época. organizem uma apresentação oral que trate das carac-
terísticas do Renascimento Cultural, destacando suas
e. a filosofia renascentista e moderna como mero
diferenças em relação à cultura medieval.
instrumento na luta burguesa por poder social.

Anotações

FILOSOFIA
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
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PARA
CONFERIR
1. A formação da filosofia medieval é marcada
a. pelo desenvolvimento da Ciência moderna.
b. pelas tentativas de conjugação do conhecimento filosófico com o saber cristão.
c. pelo desprezo às elaborações teóricas de filósofos como Platão e Aristóteles.
d. pelas produções intelectuais descomprometidas com o cristianismo.

2. A filosofia medieval comporta


a. divergências conceituais que rejeitam o cristianismo.
b. discordâncias teóricas no interior da perspectiva filosófica cristã.
c. discordâncias quanto à importância da razão para a filosofia.
d. divergências sobre a Ciência moderna.

3. O antropocentrismo renascentista
a. valoriza o que há de divino nos seres humanos.
b. nega a existência de Deus.
c. defende integralmente a cultura medieval.
d. despreza os valores da Antiguidade Clássica.

Seu Espaço

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RESPOSTAS

CAPÍTULO 4 tudo, Justino observa que, precisamente pelo fato de o conjunto da


filosofia reunir as mais diferentes explicações acerca da realidade,
Para Conferir entre suas muitas teses, situam-se algumas proposições verdadeiras
1. B sobre a natureza e a humanidade, verdades que seriam confirmadas
pela revelação cristã. Dessa forma, ele concede importância à história
a. Incorreta. O surgimento da Ciência moderna é posterior à filoso- que precede o cristianismo, admitindo que muitos seres humanos
fia medieval. viveram virtuosamente antes mesmo do advento da religião cristã
e que certas teorias filosóficas anteciparam verdades do Evangelho.
c. Incorreta. A filosofia medieval inspira-se em teses de Platão e de
Aristóteles. 16. Lúcio Lactâncio sentencia que nenhum sistema racional apresen-
ta uma explicação consistente e verdadeira sobre o mundo, mas pon-
d. Incorreta. A passagem da filosofia antiga para a medieval efetua- dera que tais teses apresentam fragmentos de verdade. Em sua con-
-se sob influxo do cristianismo. cepção, podemos extrair um relato consistente e verdadeiro sobre a
totalidade do real mediante a reunião das múltiplas teses filosóficas
2. B
existentes. Para tanto, é necessário discriminar o que é verdadeiro do
a. Incorreta. A filosofia medieval é essencialmente cristã. que é falso na filosofia. A revelação cristã é o saber supremo, a medi-
da de discernimento das verdades produzidas pela filosofia, critério
c. Incorreta. Os filósofos medievais são unânimes no reconhecimento sem o qual os discursos filosóficos permaneceriam no ceticismo.
da razão para a filosofia.
17. A consolidação cultural do cristianismo no mundo antigo ins-
d. Incorreta. A Ciência moderna não é uma pauta da filosofia medieval. taura o contraste entre a noção de saber revelado da religiosidade
cristã e a tradição filosófica, transmitida pelos gregos, de busca
3. A por conhecimentos racionalmente demonstráveis. Inicialmente,
b. Incorreta. Os renascentistas, em geral, não são ateus. os adeptos do cristianismo tendem, simplesmente, a descartar o
conhecimento filosófico em virtude de sua crença na superiorida-
c. Incorreta. O Renascimento se opõe à cultura medieval. de sagrada da revelação cristã. Porém, com o passar do tempo, os
teólogos dedicam-se a conjugar o conhecimento filosófico com a
d. Incorreta. Os renascentistas inspiram-se em valores da Antigui- fé cristã. Nesse movimento, as reflexões filosóficas desenvolvem-se
dade Clássica. nos limites culturais fixados pelo cristianismo. Forma-se, assim, a
filosofia cristã que caracteriza o pensamento filosófico medieval.
Módulo 10
Módulo 11
Exercícios Extras
Exercícios Extras
3. E
3. B
De maneira geral, o conhecimento filosófico baseia-se na busca racional
pela verdade, enquanto o saber religioso cristão ampara-se na fé. Agostinho desenvolve reflexões que procuram efetuar uma síntese
entre procedimentos investigativos da filosofia e preceitos doutri-
4. B
nários cristãos.
A patrística consiste nos primeiros esforços dos padres da Igreja
em compatibilizar a filosofia com a fé cristã. Esse termo designa 4. C
também os primeiros séculos da filosofia medieval.
Tomás de Aquino desenvolve argumentos que pretendem provar
Habilidade racionalmente a existência de Deus. Para tanto, esse filósofo parte
da observação dos fenômenos da natureza.
Analisar objetos e vestígios da cultura material e imaterial, de modo
a identificar conhecimentos, valores, crenças e práticas que carac- Habilidade
terizam a identidade e a diversidade cultural de diferentes socieda-
Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas ex-
des inseridas no tempo e no espaço.
pressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão e à crí-
5. D tica de ideias filosóficas e processos e eventos históricos, geográfi-
cos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.
As transformações culturais no interior do Império Romano, espe-
cialmente o surgimento do cristianismo, influenciam decisivamente 5. D
na formação da filosofia medieval.
Para o conceitualismo de Pedro Abelardo, os universais existem
como conceitos, abstrações efetuadas pelo intelecto humano, que
FILOSOFIA

Exercícios Propostos
extrai dos seres individuais suas qualidades comuns.
6. D 8. C 10. A 12. D
Exercícios Propostos
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

7. B 9. D 11. C 13. C 6. C 8. V – F – V – F
14. A afirmação é falsa. Embora a tradição filosófica grega e a fé 7. A 9. B
cristã sejam perspectivas muito distintas entre si, é possível buscar a 10. a. Os universais são termos que se referem a uma multiplici-
sua conciliação. Nesse sentido, compreende-se a formação da filoso- dade de individualidades, agrupando-as com base na convicção de
fia cristã como empenho em compatibilizar o conhecimento racional que há alguma identidade entre elas.
da filosofia com os pressupostos doutrinários do cristianismo.
b. Os universais envolviam o debate entre os realistas, os nomina-
15. Justino afirma que a atividade filosófica tradicional não reconhe- listas e os realistas moderados. Debatiam o seguinte: são realidades
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ce seus limites cognitivos. Para ele, os filósofos pretendem tratar de objetivas ou apenas palavras utilizadas para nomear uma diversi-
todas as questões e desenvolvem, em torno delas, modelos teóricos dade de indivíduos existentes? Eles, enquanto palavras ou termos,
que, confrontados, revelam-se incompatíveis uns com os outros. Con- são a própria realidade ou são abstrações da realidade? As questões

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debatidas eram: o realismo, que afirmava que os universais exis- 4. E
tem na realidade, são essência material existente em si mesmo, A passagem citada do texto de Shakespeare enaltece o ser humano e
expressando uma concepção platônica da questão, ou, opondo-se
suas ações, atitudes que convergem com o humanismo renascentista.
ao realismo, era o nominalismo, afirmando que os universais não
passam de nomes que nada significam, sendo apenas emissão de Habilidade
voz, sendo a realidade constituída de indivíduos? O realismo mo-
derado busca um equilíbrio, afirmando que, enquanto conceitos os Analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em
universais, não existem na realidade, sendo puros conceitos, mas diversas linguagens, com vistas à compreensão e à crítica de ideias
apontam seres que existem na realidade. filosóficas e processos e eventos históricos, geográficos, políticos,
econômicos, sociais, ambientais e culturais.
11. C 12. A 13. B
5. A
14. De acordo com a tese agostiniana da iluminação divina, as verda-
des eternas estão no interior dos seres humanos, porque são comuni- Mirandola, destacando o ser humano como criatura inacabada,
cadas por Deus, quer dizer, estão na memória pela luz eterna da razão. enfatiza-o como ser livre, capaz de efetuar escolhas, construindo
Os seres humanos devem, portanto, utilizar sua capacidade racional o próprio ser.
para desvendar as verdades presentes em sua memória intelectual, em
sua alma. Tomás de Aquino, por sua vez, compara o intelecto humano Exercícios Propostos
a uma tábula rasa. A alma humana, incialmente, é como uma página 6. D
em branco, vazia de conteúdos do saber, sendo preenchida por infor-
mações recebidas sensorialmente, isto é, pelos dados transmitidos 7. A atitude intelectual renascentista compromete-se com a identifica-
por meio dos sentidos. Assim, as experiências dos seres humanos no ção das leis da natureza, sustentada na sistemática e criteriosa observa-
mundo são o ponto de partida do conhecimento: os dados recolhidos ção dos fatos naturais. O saber racional conjuga-se com a realização de
sensorialmente são transformados em conhecimento por intermédio experimentos para investigar os fenômenos do mundo, anunciando, no
do intelecto agente, a saber, da atividade racional dos seres humanos. âmbito da cultura renascentista, o espírito da Ciência moderna.
15. 14 (02 + 04 + 08) 8. 11 (01 + 02 + 08) 12. C
16. A filosofia cristã medieval é marcada pela heterogeneidade, isto 9. A 13. C
é, pelo desenvolvimento de linhas teóricas e conceituais discordan-
tes, efetuando-se, nesse sentido, um conjunto de debates. As dis- 10. A 14. C
cordâncias e as argumentações contrárias são um traço importante
11. C 15. D
no pensamento filosófico medieval, ainda que limitadas no univer-
so cultural do cristianismo. 16. O humanismo renascentista exprime o otimismo perante a hu-
17. O realismo compreende os conceitos como realidades objetivas, manidade, a confiança nas habilidades cognitivas, criativas e trans-
entidades metafísicas originariamente situadas além das individuali- formadoras dos seres humanos. Nesse sentido, entende-se que os
dades concretas, indivíduos que, aliás, seriam reproduções singulares seres humanos são capacitados ao conhecimento da natureza e ao
de uma conceituação universal. Em sentido oposto, o nominalismo uso desse saber em favor da humanidade. O antropocentrismo, en-
entende que os termos universais são somente palavras sem conteú- tão, converge com o racionalismo e o naturalismo. O racionalismo do
do real, que não se referem com pertinência à realidade, pois o que Renascimento remete à noção de que o conhecimento do mundo se
realmente existe são as individualidades que efetivamente observa- realiza sempre como processo racional, atividade intelectual dos
mos no mundo. O conceitualismo é uma tese intermediária, segundo seres humanos, sem o amparo e a tutela de expedientes teológicos.
a qual as individualidades são compostos inseparáveis. Os elementos O racionalismo interpenetra-se com o naturalismo à medida que
que formam os indivíduos, suas características universais e suas carac- estimula o conhecimento racional dos fenômenos naturais, sendo
terísticas singulares, não são objetivamente dissociáveis, existem con- que os eventos da natureza, por sua vez, são concebidos como rea-
cretamente nas composições individuais. Entretanto, esses diferentes lidade regida por suas regras, e não como manifestações reguladas
elementos são discernidos pelo intelecto humano que, mediante o por princípios sobrenaturais.
procedimento da abstração, identifica os aspectos.
17. 21 (01 + 04 + 16)
Módulo 12
18. A apresentação oral tem o propósito de sistematizar os conhe-
Exercícios Extras cimentos desenvolvidos sobre o Renascimento, devendo destacar o
humanismo, o racionalismo e o naturalismo como suas caracterís-
3. C
ticas essenciais. Nessa atividade, é importante, também, demarcar
O Renascimento Cultural rejeita a tradicional cultura medieval e as diferenças da cultura renascentista em relação aos princípios
pretende produzir novos valores com base no humanismo. culturais e filosóficos medievais.
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HORÁRIO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO

ESCOLA:
DADOS

NOME:

TURMA: NÚMERO:

HORÁRIO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO

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LIVRO DO
ENSINO MÉDIO

4
PROFESSOR

FORMAÇÃO
GERAL BÁSICA

<AADDAA DDAA DDABACCBBACCBBACADDACABCAADB> FILOSOFIA


101415187
w w w.co c .co m. b r

101415187 CO EM 111 INFI 22 222 LV 04 MI DFIL PR CAPA.indd 1-2 03/12/2021 22:38

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