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REVISTA

La herid
Revista Digital - 1° Edição - Volume 1

La herida
herida

ANO 21
Galeria
Galeria de

Mulhere
Mulheres
Artistas
Artista
a de
e
ses
s
GALERIA DE MULHERES ARTISTAS
@galerialaherida

as Revista Digital - 1° Edição - Volume 1


GALERIA DE MULHERES ARTISTAS
@galerialaherida

Autor: Larissa Cantarino

Diagramação: TulaDevi
Produçao: Nataly Mendes

Galeria de Mulheres Artistas La Herida


Revista Digital - 1° edição - volume 1
Goiânia - 2021

1 Bordado. 2 Colagem. 3 Fotografia. 4 Ilus-


tração. 5 Pintura.

ANO 21
EDITORI
EDITORIAL
A Galeria de Mulheres Artistas – La Herida, é um projeto que surgiu de uma neces-
sidade e inquietação quando eu Larissa Cantarino, ainda era graduanda do Curso
de Bacharelado em Artes Visuais na FAV/UFG. Em 2012, através de uma disciplina
de Arte e Feminismo eu assisti o documentário W.A.R – Women Art Revolution,
produzido pela artista Lynn Hershman Leeson, do ano de 2011. Esse documentário
despertou em mim uma tristeza e indignação, por está no fim da minha graduação
e nunca se quer ter ouvido sobre o movimento de Arte e Feminismo do final da dé-
cada de 60. Eu não fazia ideia de quem eram 99% das artistas que ali eram apresen-
tadas. Ficou evidente como a nossa sociedade machista e patriarcal atua no campo
das artes, silenciando nossas subjetividades, revelando apenas as representações
mulher e do que é feminino. Aceitos culturalmente.
Assim nasce a Galeria de uma necessidade, e de um desejo em construir um espa-
ço, mesmo que virtual, que divulgue, promova e fortaleça o trabalho de mulheres
artistas de diversas frentes e áreas de atuação. Dentro dessa proposta nascia em
abril de 2016 a Galeria digital de Mulheres Artistas La Herida, uma iniciativa inde-
pendente na cidade de Goiânia. Em seu lançamento então a galeria promoveu um
evento expositivo coletiva com artistas de várias regiões do país, performances e
música. Em 2017 realizamos nossa primeira exposição individual, da artista visual
Angie, tivemos também a mostra de videoarte e performance, mostra de mulheres
artistas negras, mostra itinerante de videoarte. Agora conseguimos concluir um
desejo antigo de produzir nossa Revista Digital seguindo nessa missão de divulgar e
promover o trabalho de mulheres de forma democrática para o que maior número
de artistas sejam contempladas. Nessa nossa primeira edição recebemos mais 150
envios de trabalhos das mais variadas linguagens e técnicas, com isso decidimos
soltar 3 edições da revista dividida em dois volumes cada.
Agradeço a todas artistas que estão conosco no início dessa jornada, pelo apoio
e por acreditarem em nossa iniciativa, muito obrigada por fazerem parte dessa
Revolução!
Vida longa a Galeria e a nossa Revista.

Larissa Cantarino
Artista Visual e Criadora da Galeria La herida.
3 BORDADO
Aiezha
Geovana Côrtes

9 colagem
Amanda frança
Bia Gonçalves

19 fotografia
daiana terra
diana tsonis

Aline luppi grossi


ana bia novais
denise ramalho
fer d’ ANDRADE
FLAVIANA BENJAMIM
GIOVANNA PIZZINI
GISLAINE COSTA
KALI
MICHELE MANOEL
PAULA FERNANDES

SUMARIO
41 ~
ilustracao

~
ana kawajiri
anne souza
juliana lapa
Nicole kouts & veronica laminarca
samara egle
sunsarara
tatiana cipoli

57pintura
aline neli
ana rosa nabuco
cecilia bichucher
clara rego
Gabrielle ‘Agah’ Haddad
JULLY GYEONGMI
runa
Galer
bord
Mulh
bordado

Artis
ria de
dado
heres
stas
Aiezha
1984, Belo Horizonte, Brasil.
Psicóloga e mestra em Psicologia Social pela UFMG-
MG. Sua pesquisa transita em diferentes linguagens
artísticas. Na literatura produz, poesia, contos, diá-
rios, auto -publicações em blog e zine. Pelas Artes
Visuais ressalta -se o bordado em papéis, materiais
têxteis, suportes e objetos variados. Sua investiga-
ção busca aprofundar, problematizar e ressignificar
memórias, principalmente em torno do eixo gênero.
Suas experimentações em Artes Visuais, a artista faz
uso do bordado como linguagem intertextual entre
os universos femininos (em múltiplos sentidos, des-
de o trabalho doméstico, experiências de gênero e
resistências poéticas que estão presentes na história aiezhamartins@gmail.com
do bordado) e o campo da arte, para a ressignifica- poeticadoar.com
ção da ancestralidade, das mulheridades e de me-
mórias individuais e coletivas.

Criada no Vale do Jequitinhonha, na cidade de Capelinha, conhecida como a ci-


dade do café, a cafeicultura e tudo que ela representa em termos patriarcais, foi
vivenciado e está presente em sua formação social e individual. Liberdade é com-
posta por um filtro de café que remete à história social, colonial e patriarcal, da
qual ainda se estrutura a economia do estado de Minas, a cafeicultura. A técnica
escolhida pela artista, bordado sobre cianotipia, é uma técnica alternativa de foto-
grafia dotada de um caráter eminentemente artesanal que à encanta, pois possi-
bilita criar impressões fotográficas a partir da exposição ao sol.
Bordado
6

Liberdade (2021)
bordado e cianotipia em
Revista La Herida

filtro de café
//

Geovana Cortes
Palmeiras, Bahia 1996)
A sua produção parte da escuta do corpo, passa pela
tradução do sentir e das emoções em imagens. Geo-
vana vem trabalhando com as linguagens de ilustra-
ção, fotografia, bordado, têxtil e aquarela.
A sua tomada de consciência pelo corpo atravessa
questões identitárias, de consumo, de impacto am-
biental e do ser mulher no mundo. Esse ponto de par-
tida é imaginário, às vezes abstrato e pouco palpável,
perpassa pela terra de onde vem, atravessa gerações,
pessoas e espaços diversos. É também, a relação que
estabelece com o ambiente, uma busca eterna pelo
encontro com a natureza em meio ao concreto, paisa-
gens corridas, barulhos externos e internos. https://geovanacortes.myportfolio.com/
Geovana tem interesse em construir uma narrativa au- geovanacortes3@gmail.com
tobiográfica que muda, extravasa e é atravessada pelo
contato com a/o outra/o existente e preexistente.

Os lenços bordados, costurados e engomados por sua mãe quando criança na


escola para a disciplina curricular: educação para o lar, são para ela grande ex-
pressão do que lhe foi ensinado e como nesse processo ela assimilei o que seria
correto, bonito, bem feito e regra. Nesse caminho Geovana se questiona,quais
discursos ela reproduz em suas criações e que nada têm a ver com sua postura
enquanto mulher no mundo? Como eles estão tão enraizados a ponto de repro-
duzi-los sem ao menos perceber e poder questionar?
Bordado
8

RESULTADO DA EDUCAÇÃO PARA O LAR Detalhe


PARA MULHERES OU SANGUE ESTANCADO, 2021
bordado e alfinetes sobre lenços
41,5 x 39,5cm
Revista La Herida
Galer
Cola
Mulh
Colagem

Arti
ria de
agem
heres
istas
Amanda franca
,
Amanda França (Amandita), formada em comunica-
ção pela Faap já atuou como fotógrafa e pesquisado-
ra iconográfica na Folha de S. Paulo e Editora Globo.
Suas colagens analógicas e digitais tem como principal
inspiração a mulher. Participou da exposição Interna-
tional Collage Art Exhibition, na Galeria Plexi 2019, em
São Paulo e a Arte in Box, na Universidade do Papel
(2019 -SP). Recentemente foi publicada numa coletâ-
nea de colagens na Espanha na publicação feminista
Vulva Fanzine e teve colagens publicadas em material
didático da Editora Somos Educação (2020).

amanditacolagem@gmail.com
@amandita_colagem

“Tatuagem” - Colagem Digital, 2020 “Dance” - Colagem Digital, 2021


Colagem
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Sua produção de colagens se deu por acaso. A fotografia em si sempre esteve na


em sua vida desde a época da faculdade de Comunicação. Certo dia, de férias
em casa, resolveu brincar com fotos de revistas e dar um novo significado a elas
recortando e colando de modo totalmente instintivo. Desde então não parou
mais: fez cursos na área, participou de exposições e feiras de arte, ilustrações
pra livros didáticos e capa para um livro de poesia que será lançado em breve. A
técnica de colagem é por si só surrealista, lúdica, e através dela, procura sempre
passar um conceito, uma mensagem, tendo como principal tema as mulheres.

“São Paulo, mon amour”


“Amor” - Colagem Digital, 2021 Colagem Digital, 2020

Revista La Herida

“Tímida” - Colagem Digital, 2020


Bia Goncalves
,
Criada em Duque de Caxias, atualmente mora em
Santa Marta, periferia do Rio de Janeiro. Graduada
em Artes Visuais pela Universidade do Estado do Rio
de Janeiro, está cursando a habilitação em Licencia-
tura (UERJ).
Possui formação artística por Artistas Latinas –Poéti-
cas Femininas na Periferia e Somos Muitas - Institu-
to Tomie Ohtake. Desenvolve a pesquisa artística no
espaço poético e questionador da Colagem Analógi-
ca. Sua pesquisa atual sobre a colagem resgata uma
questão importante na arte contemporânea: a possi-
bilidade de um novo olhar para o universo feminino
e feminista, trazendo referências da história da arte, bgoncalves.art@gmail.com
articulando dores e memórias pessoais, buscando a @biagoncalves.art
amplitude do engajamento político, conceitual e cul-
tural.

Pensada coletivamente, das imagens que não queremos mais ver, às


receitas de cura que temos para nós e para o mundo. A partir dessa
preposição, sua colagem é desenvolvida sob uma curadoria a partir
de revistas dos anos 50/60, do qual ela seleciona imagens que trazem
traumas, que reforça estereótipos sobre o corpo da mulher e que au-
tomaticamente anula outros corpos em nossa sociedade. “As imagens
que não queremos ver” é sobre identificar imagens que nos machu-
cam, é sobre ter poder de escolher e mostrar imagens que nos repre-
sentam. É sobre curar!
Colagem
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Imagens que não queremos ver


Colagem Analógica
21 x 29,7 cm (cada)
2021

Revista La Herida
Daiana terra
Artista Visual, comunicadora e escritora. Atuou
em diversas áreas culturais, bem como institutos
culturais, produção cultural, musical, teatral e ci-
nematográfica, durante sua formação em Rádio e
TV. A partir desse contato com diversas manifesta-
ções artísticas, decidiu que queria seguir a carreira
de artista visual. Graduanda em Artes Visuais, na
Unesp de Bauru, realiza pesquisas diaspóricas e
as incorpora em seus trabalhos com colagem ana-
lógica. Em seus trabalhos, Daiana Terra, ou como
assina, Subversiva, tem como sua maior temática
o corpo negro. E também levanta questões como: https://linktr.ee/daianaterra
ancestralidade, raça, gênero e política. Seu proces- @dai_anaterra
@sub___versiva
so de criação se dá a partir de recortes extraídos
de impressos como: revistas, jornais, folders, zines,
folhetos de mercados, exposições, ou qualquer ou-
tro impresso (em papel ou não), que julgar interes-
sante.

Subversiva abraça o desafio de realizar sua produção com colagem analógica. Atra-
vés dela, se constrói novos olhares e diferentes narrativas, baseadas em suas vi-
vências e trajetórias artísticas.Na série apresentada a artista ressignifica os corpos
negros, e os transporta de um imaginário social, em sua maioria marginalizado,
criando novas narrativas, para esses corpos. Ao longo da história, o corpo negro
fora negado, principalmente, sua humanidade. Com essa série, nos é oferecido
novos estados para esse corpo. Tratam-se de estados que foram retirados, mas que
aos poucos vão obtendo de volta.
Colagem
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Revista La Herida

Série Corpo
Dança - Descanso - Pujante
Diana Tsonis
Diana Tsonis é artista visual, poeta e produ-
tora cultural, é formada em Licenciatura em
Artes Visuais pela Universidade de São Pau-
lo. Tem uma trajetória não linear e atua em
áreas distintas. Em fotografia tem trabalhos
que retratam lutas sociais que foram expos-
tas no MIS-Campinas, no campo da ilustra-
ção faz desenhos com temáticas feministas
expostos na Virada feminista de Jundiai. Atua
expressivamente no campo da acessibilidade
para pessoas com deficiência visual. Realizou
o projeto interdisciplinar Duplo Acesso no no dianatsonis@gmail.com
CCSP e a exposição Sair da Superfície no Me-
morial da Inclusão.

Nuas entre tudo isso é um projeto formado por uma série com seis fotomontagens
realizadas a partir de desenhos desenvolvidos durante sessões de modelo vivo e foto-
grafias tiradas em uma manifestação ocorrida em 2012 na Universidade de SãoPaulo
contra a privatização da universidade. Apesar de deslocadas e distantes no tempo
as imagens quando unidas pela montagem se flexibilizam e criam novos significados
pela sobreposição das imagens. As paisagens tiradas nas fotografias e as figuras das
mulheres quando unidas tornam-se atemporais e passam a ter um sentido represen-
tativo.
O projeto traz ao debate público dois temas importantes na atualidade: o feminismo
e as lutas sociais. O desejo é pensar qual o papel da mulher diante desses conflitos
sociais.
A série aborda a nudez da mulher como algo impactante e estimulante da consciên-
cia pelo contexto em que está situada. A nudez nesse trabalho é trazer a fragilidade,
a verdade nua e crua à tona, é um protesto a violência do estado que oprime a luta
por direitos e essas mulheres que transitam entre esses cenários, ora como especta-
doras, ora como passantes, como se denunciassem o excesso de violência. A violên-
cia parece ilógica diante da mulher nua. Atacar alguém sem armas, sem proteção é
extremamente covarde. E isso fica evidente ao ter contato com essas imagens.Uma
violência sem razão e nem justificativas.
Colagem

O projeto Nuas coloca as mulheres como um personagem responsável por acionar


um ponto de mutação da sociedade.
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Revista La Herida

NUAS ENTRE TUDO ISSO


Fotomontagens
Galer
Mulh
FOTOG
Fotografia

Artis
ria de
heres
GRAFIA
stas
Aline Luppi Grossi
Performer que ganha a vida mostrando a bunda e
a banha. Artivista gorda, licenciada em Artes Cêni-
cas - Teatro pela Universidade Estadual de Maringá
(UEM). Inserida na nova geração de artistas críticos
de seu entorno, e ciente dos modos de fruição das
ações artísticas comprometidas com posições sub-
versivas, tem trabalhado sobre pedagogias e cons-
truções de sentido não assertivas, ruidosas e que
escapam à onda conservadora que tem tomado a
nossa época.
alinelupp@hotmail.com
linktr.ee/alineluppi
@alineluppigrossi

Duo Deusas faz parte do projeto Fotografe-me, em que a artista convida e é convidada
viaja pelo Brasil em busca de pessoas interessadas em fotografa-la.
De profissionais que criam varreduras de portfólio a parentes que nunca viram uma câ-
mera para além de fotos no grupo da família. O que á interessa é o visual, tensionar
certezas e questionar crenças para dialogar com o corpo gordo e ser arte.
O Projeto “Fotografe-me” vem sedo desenvolvido desde 2019, é uma ação efêmera e
constante, sempre mutável e nunca acabada, em que a investigação dos possíveis olha-
res para seu corpo existam enquanto ação, troca, registro, passagem, diálogos. De fotó-
grafos profissionais das mais diferentes linguagens, artistas independentes e suas visões
estéticas, à sua própria família, sem nenhum interesse ou formação artística. Sem ne-
cessariamente resultar em um processo acabado, com registros físicos ou virtuais a ar-
tista se coloco a disposição enquanto estudo de formas, volumes, imagens, signos, signi-
ficados e todas as suas variantes. O valor investigativo reside na troca, nos diálogos entre
os diferentes mundos e a quebra de dogmas e paradigmas muitas vezes já inexistentes.
A identidade imagética de suas propostas tendem a partir das relações visuais de volu-
mes e formas do corpo gordo com estruturas da natureza, animais e alimentos, princi-
palmente aqueles arquetípicamente associados ao escárnio com o corpo gordo, como
o porco, baleia, sujo, nojento, grande, volumoso, e como estrutura de desobediência
busco transformar tais imagens em prazerosas, viciosas, fascinantes, impossíveis de se-
Fotografia

rem desvistas, por meio dos própios elementos e da exploração dos cinco sentidos (tato,
olfato, paladar, visão e audição).
22

Série Duo Deusas


Vênus - Personificação da beleza.
Mato Grosso - MT/BR. 2021
Photo: Juliane, 36 anos, recepcionista,
minha prima.

Revista La Herida

Série Duo Deusas


Gaia - Gigantesca e Poderosa.
Mato Grosso - MT/BR. 2021
Photo: Juliane, 36 anos, recepcionista,
minha prima.
ANA BIA NOVAIS
Ana Bia Novais é Comunicadora Social, pós graduada
em Fotografia e Imagem pelo IUPERJ Artista visual, tem
a fotografia como base de seu trabalho e produz inter-
venções com colagem digital e bordado. Tem experi-
mentado e realizado produções através de instalações
materiais e de áudio.
Moradora de Ricardo de Albuquerque, Zona Norte ca-
rioca, encontrou ainda na adolescência o autorretrato
como ferramenta de aprendizado e investigação do
corpo e das técnicas fotográficas. Atualmente utiliza
como referência a trajetória de corpos e objetos qua-
se sempre periféricos promovendo novos encontros e
narrativas que, muitas vezes ressignificam e deslocam a
história de si das pessoas que fotografa e dos territórios
que observa. Sou
Autorretrato
Polaroid, linha, folha seca e pele
7,5 x 10,5cm

novaisanabeatriz@gmail.com
@abnovais

O bordado une as imagens como uma representação da força e da delicadeza


simultâneas que cada indivíduo carrega em si, com foco no que há de feminino
e sensível em cada uma dessas pessoas lidas pela sociedade como masculinas
e que são, muitas vezes, reprimidas pelas suas sensibilidades ou endurecidas
pelas exigências de uma sociedade patriarcal.

A miscelânea de corpos, palavras, linhas, gestos e olhares busca provocar o es-


pectador a se questionar sobre o que entendemos como masculino e feminino
e quais os papéis desses títulos em nossa sociedade. A quem servem e para
quê?
Fotografia
24

Detalhe
Série Rosa para Meninos , 2021
Fotografia instantânea, linha,
tecido e esmalte sobre foam
Díptico 70 x 50cm cada

Também deseja gerar identificação com as imagens ou, até mesmo, provocar
a imaginação do espectador para buscar dentro de si quais palavras e ações
seriam postas em foco caso fizesse parte da série. Assim, podemos dar um
passo a mais para longe dos estereótipos de gênero que tanto contribuem
para violências psicológicas e físicas enfrentadas diariamente por pessoas que
não se permitem enquadrar.
Revista La Herida
Denise Ramalho
Denise Westphalen de Souza Ramalho é for-
mada em Comunicação Social em 2006 pela
UniBrasil, com especialização em gestão de
negócios em 2009 pela UTFPR, iniciou os estu-
do em Produção Cênica em 2011 na UFPR. O
seu olhar fotográfico esta em desenvolvimento
desde a adolescência quando ganhou sua pri-
meira câmera fotográfica, foi no curso de co-
municação social que aprendeu sobre a técnica
e começou a trabalhar sua linguagem artística,
misturando: conceito, maquiagens especiais,
tintas, luz e muitas ideias. Denise é responsável
por um repertório de fotografia artística cultu-
ral que abrange desde termos abstratos a ter- www.behance.net/denise_ram37c5/projects
mos mais profundos como: saúde mental, cân-
cer de mama e transcendência dos seres. Com
exposições realizadas pela cidade de Curitiba e
premiação fotográfica nacional.

Roxo no Dourado é uma manifestação pela fotografia de maneira subjetiva, os


diferentes espectros desse trabalho são norteados com uso da cor, no aspec-
to grudento em uma pele dourada com a ideia de trazer diferentes maneiras
de repensar sobre sentimentos. O que tem dentro apresenta-se para fora? E o
que aparece de fora está dentro? Chega a escorrer em uma face e cobre todo o
ros¬to. Seria uma defesa? Seria uma agressão? “Melecar-se” é proteção, medo
ou liberdade?
Fotografia
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Revista La Herida

Série Conceitual - Roxo no dourado


Fotografia
Fer D'Andrade
Fer d’Andrade (SP) é fotógrafa documental indepen-
dente desde 2008, tendo começado suas atividades na
Open University em Kuala Lumpur, Malásia. Viveu na
Ásia e na Europa por seis anos, o que contribuiu de-
cisivamente para o desenvolvimento de suas escolhas
artísticas. De volta ao Brasil, interessa-se pelas possibi-
lidades de proporcionar uma visão contemporânea às
religiões de origem afro-brasileira. Participou da coleti-
va “Corpo imagem dos terreiros”, com curadoria de De-
nise Camargo, realizada na Caixa Cultural Brasília, em
2015. Desenvolve ensaios, séries e projetos de fotogra-
fia em continuidade. Formada pela Escola Panamerica-
na de Arte de São Paulo em 2011. Integra o Maná Foto
Coletivo desde 2019.
fer@ferdandrade.com
@ferdandradefoto

MEIO-DIA-MEIA-NOITE
Fotografia

Fotografia documental
28
Este ensaio foi exibido no festival Le Rencontre d’Arles deste ano. O texto é da curadora
Denise Camargo.

“Senhor dos caminhos, nos dê licença”, por Denise Camargo

A série “Meio-dia-Meia-noite” vem sendo realizada pela fotógrafa paulista Fer d’Andrade
desde 2013 para documentar os passos da divindade Exu. O protocolo para sua ação foto-
gráfica tem a centelha do acaso como bússola. Ao compreender as relações mitológicas da
divindade, ela a faz materializar-se em seu cotidiano para coletar o que percebe como seus
vestígios, seus traços, seu comportamento no profano das ruas: imagens.
Segundo os mitos compilados por Reginaldo Prandi (2000), sem Exu, orixás e humanos não
podem se comunicar. Assim todos devem obrigações a ele que, indistintamente, se diverte
com todos e para todos trabalha. Costuma causar confusão, pois, em sua natureza brinca-
lhona, quase irresponsável, inverte a ordem do mundo.
Também chamado de Legba, Bará, Eleguá foi identificado pelos europeus como o diabo,
em virtude de seu caráter “suscetível, violento, irascível, astucioso, grosseiro, vaidoso, inde-
cente” (Verger, 1998). Apesar disso tem, igualmente, seu lado bom. Dono das encruzilha-
das, sua morada é a rua – pode estar representado, assim, nas coisas mais prosaicas, mais
cotidianas, como as festas. É sempre o primeiro a comer e a ser louvado. Come de tudo e
deve ser servido de tudo o que for feito. Está sempre à entrada das casas, é um guardião,
companheiro oculto das pessoas. É aquele capaz de fazer a noite virar dia. Mensageiro, é a
ele que se deve pedir licença para que o movimento das coisas do mundo aconteça.
Em “Meio-dia-Meia-noite” Fer d’Andrade se referencia no candomblé, no qual é iniciada,
e honra o legado deixado por seus mais velhos, os fotógrafos como Pierre Verger e Mário
Cravo Neto, além de todos nós, os contemporâneos que viemos antes desta jovem e pro-
missora fotógrafa. Como eles, ela dá protagonismo à fortuna visual, simbólica e mítica das
tradições. Com isso, propõe a reflexão sobre o contexto cultural e social de um Brasil do
século XIX, que respondeu (e ainda responde) à beleza dos espaços sagrados e profanos
dos rituais com perseguições policiais e sociais ao longo da história. Na história recente,
somam-se, ainda, a castração à liberdade dos cultos impetrada por traficantes e suas rela-
ções com as milícias e a intolerância neopentecostal.
Ao colocar seu Exu em exibição procuro evidenciar as ancestralidades que marcam os cor-
pos já preparados para resistir. Como brisa ou ventania, Fer d’Andrade atravessa, invisível,
Revista La Herida

os caminhos que lhe fazem dar visibilidade a Exu. Muito além do mistério, ela procura
revelar o seu segredo (auô, diz-se em idioma ioruba): estar ao mesmo tempo em todos os
lugares e, como companheiro oculto das pessoas, andar sempre à nossa frente e nos per-
mitir a transformação. Há de se lembrar que é de bom tom saudá-lo: Láròyé!
Flaviana Benjamim
Flaviana Benjamin é artista. Tem pesquisa (UFOP/
USP/UNICAMP/FRANCHE-COMTÉ) e trabalhos no
Brasil e exterior. Se dedica a poética desconstrutiva
como desdobramento artístico e atua nos deslizes
das línguas (performance, teatro, dança, fotografia
e vídeo). Atualmente se desdobra em atos devorati-
vos nas composições artísticas.

https://issuu.com/flavianabenjamin/
docs/portfolio_2018

Relação do corpo feminino intervindo com eletrodomésticos e móveis


que permeiam o imaginário da sociedade em datas comemorativas.
Mulheres que são homenageadas com objetos do lar em momentos
de comemoração.
Fotografia
30

Revista La Herida

Corpo Doméstico
Fotoperformance
Giovanna Pizzini
Giovanna Pizzini natural de São Paulo, é forma-
da em Cinema e Audiovisual pela universidade
CEUNSP. Por meio da fotografia, desenho, foto
performance, instalação e colagem, a artista
investiga o feminino, a memória, a identidade,
a natureza e o corpo, dentro do seu espaço
emocional e físico.
Propõe reflexões sobre a construção e a des-
construção de imagens de si e seus processos
de ressignificações.

@giovannapizzini_

“Interessa-me os estudos dentro da psicanálise, o feminino, a memória


e o místico primitivo. Busco em minhas vivências, minhas próprias som-
bras, emerjo em mim em busca do inconsciente. Espaços que chamo de
“entre”, que se forma através do dialogo entre duas pessoas, ou entre si
mesmo, o espaço do corpo e do que chamamos de lugar, o espaço não
visível psicológico entre o imaginário, “real” e o obscuro. “
Fotografia
32

Não Lugar II, 2021.


Série : Não Lugar. Foto performance. Im-
pressão a jato de tinta sobre o papel algo-
dão. 42x59,4cm
Fotografia técnica:Larissa Forchetto.

“Em uma ação para a câmera, tenciono meu corpo sobre a terra, cavo,
empilho, afasto, como terra, água e no processo exploro a fisicalidade
do meu corpo, sua presença, peso, texturas, deidades e me conecto
as emoções e memórias disparadas pelo contato da terra com minha
pele e digo, eu me pertenço!”
Revista La Herida
gislaine costa
Gislaine Costa é uma artista multimídia e arte-
educadora que vive e trabalha em São Paulo. Os
principais suportes que utiliza são a fotografia,
desenho, vídeo e a performance.
Investiga o corpo partindo de suas experiências,
sobretudo a pele como suporte e interface entre
interno e externo, que gera ou revela suas cama-
das físicas e perceptivas, para falar dos desejos,
memórias e transformações.
A natureza também é um tema presente na sua
pesquisa, que se funde no corpo com desejo de
potência, pertencimento e conexão cíclica. https://www.artistaslatinas.com.br/artis-
Seu interesse está na sobreposição de lingua- tas-1/gislaine-costa-
gens, em desdobrar-se no tempo e encontrar http://cargocollective.com/gyza
experiências subjetivas e libertadoras.
Fotografia

Visões, 2016
Performance para câmera
34

Confecciono uma máscara e a coloco no rosto, faço o movimento de girar,


intercalando a face que tem olhos representados, em bordado, com os
olhos reais.
Os nativos norte-americanos dizem que a águia voa perto do Sol, signifi-
cando a iluminação do Grande Espírito, nos ajuda a ver acima da ignorân-
cia, para enxergar além.
O processo de girar as máscara, remete a visão 360º da águia, o olhar com
amplitude e profundo, e o olhar para dentro exercitando a intuição.
Na máscara existe um lado arquetípico, um lado animal, e o lado humano,
por vezes perdido, hipnotizado e que as vezes busca tirar os véus que co-
brem uma realidade cega para tentar enxergar o invisível.

Revista La Herida
kali
Kali Kali, é (mer)atriz, performer, dançarina de
dança cigana, ex produtora de projeto de arte e
saúde mental, escritora de guardanapo, cantora
de chuveiro, tarologa rocheda, mochileira das ga-
láxias e garçonete nas horas vagas. Nasceu em
Recife, Pernambuco, morou em Buenos Aires e
depois de andar pela América Latina, hoje em
dia, armou acampamento na casa da sua mãe.
Porque Kali que é Kali é bandoleira.

kalikaliart@gmail.com
www.kaliojodetigre.com
@kalikaliart

Seu trabalho se inscreve na pesquisa para uma linguagem pós-traumática, onde o


drama movimenta afetividades, o trauma lástima o corpo e pós-trauma pega caro-
na nessa cauda de cometa, ver a via-láctea, estrada tão bonita. É com as cores, as
lantejoulas, o glitter, os copos de plástico, os altares, as perucas neon que a artista
brinca com uma poética visual do camp, do kitsch, do brega, do glamour decadente,
mesclado a um trabalho de nonsense, do politicamente correto, das musicas de
80, 90 e inicio 2000, com o pa(t)drão institucional. Trabalhando linguagens como
teatro, performance, foto, video e intervenção urbana de maneira autoral, irônica,
sarcástica e humorada Kali faz do seu trabalho um glace no bolo de aniversário, que
lambuza tudo e quase ninguém come.

Em Memória do Meu Ovário Enfermo é um trabalho artístico de mapeamento da


minha menstruação. Tenho um cisto, uma suspeita de endometriose, uma dor que
as vezes passa, as vezes me atropela, as vezes me paralisa. Decidi então mapear
esse sangue com fotos, textos e videos durante o ano de 2017, com a ideia de
Fotografia

conhecer o caminho que esse sangue, de vida e morte, passa e como ele me fala,
me soca e me acalenta.
36

Em Memória do Meu Ovário Enfermo


Revista La Herida

Fotoperformance
2017
Michele manoel
Michele Manoel é fotógrafa com formação em
Processos Fotográficos pelo Senac São Paulo e
atua nas áreas de fotografia documental, autoral
e retratos. Em seu processo de pesquisa, relacio-
na-se intimamente com a escrita visual, tendo-a
como devir-trabalho, e acredita na construção
da imagem como processo de experimentação e
expressão.
No ano de 2020, teve fotos selecionadas para
compor exposições fotográficas organizadas pela
Companhia Paulista de Trens Metropolitanos
- CPTM e pelo Concurso FotoMantiqueira. Em
2021, foi uma das artistas convidadas para o Pro-
grama de Residências Artísticas da Usina da Ale-
gria Planetária, além ter sido selecionada para
integrar portfólio publicado pela Vogue Itália.
www.mmphoto.com.br
michelemanoel.photo@gmail.com

Prisão, sufocamento, dor... Palavras que, soltas, facilmente podem ser objeto de
maior repúdio. Mas, e quando escolhemos nos colocar neste não-lugar para aces-
sar o que de pior e melhor habita em nós? Para saber. Para entender. Para acolher.
Para, enfim, encontrar paz e liberdade. Para poder ver beleza, quiçá?

Casulo fala sobre o mergulho em si, sobre o encontro caótico com a própria sub-
jetividade. Fala sobre a violência da linha que precisa atravessar a agulha, sobre a
agulha que precisa furar repetidas vezes o tecido, maltratando-o, para que então,
enfim, o rasgo seja costurado.
Fotografia
38

{Casulo}
2021
Fotografia Digital
Admitida por Vogue Itália
https://www.vogue.it/en/photovogue/portfolio/?id=219426

Revista La Herida
Paula fernandes
Paula é uma pisciana nascida em Maceió, ca-
pital das águas alagoanas e criada em Penedo,
às margens do Rio São Francisco. Seculares ar-
ruados e antigos casarios a levaram a retornar à
capital para se tornar Arquiteta e Urbanista, atu-
ando no campo do Patrimônio Cultural. Há seis
anos encontrou na fotografia a possibilidade em
materializar e compartilhar o seu olhar para o
patrimônio além do tangível, utilizando a câme-
ra como recurso de linguagem para interpretar
aquilo que nem sempre é visto, mas que pode
ser sentido, atribuindo novos olhares.
Possui trabalhos publicados em jornais, sites, paulalouise93@gmail.com
catálogos, além de participações em exposições
coletivas.

Quantas histórias o silêncio de um lugar pode nos contar em uma imagem?


Este ensaio parte de um devaneio poético e fotográfico realizado no ano de 2021 no
Edifício Brêda, na cidade de Maceió.
As fotografias integram o romance fictício entre Abelardo, um jovem estudante de
engenharia, filho de um notável contador da cidade e Nadir, uma moça que mora no
interior e sonha em viver na capital.
Fotografia
40

Revista La Herida

Carta para Nadir


Fotografia e texto
2021
Galer
Mulh
~

ilustr
Ilustracao
~

Artis
ria de
heres
~

racao
stas
Ana Kawajiri
Ana Kawajiri é artista visual natural de Curitiba-PR.
Atualmente reside em São Paulo-SP. Realiza traba-
lhos em técnicas diversas como pintura, desenho,
colagem, arte postal, fotografia, arte objeto, borda-
do e ilustração. Cursou o técnico em Desenho Indus-
trial para em seguida ir para a Belas Artes. Estudou
História da Arte e fez mestrado em Museologia. Sua
produção começa por volta de 2004 e continua atu-
almente.

facebook.com/anakawaj
@anakawaj

A série Lida Diária é um conjunto de ilustrações sobre o tema do trabalho. A ar-


tista se inspirou nos livros infantis que sua avó guardou do tempo que seu pai era
criança, por volta dos anos 50 e 60, com seus desenhos lineares e suas paletas
de cores chapadas.
Lida Diária é uma fábula moderna, onde os animais andam em ônibus lotados e
trabalham em cubículos de escritório e outras atividades da vida moderna. Ela
questiona: “Será que os bichos se sujeitariam às regras que a sociedade impõe à
nossa espécie”?
Essas ilustrações foram originalmente publicadas no livro intitulado Lida Diária
em 2017, com poemas de Paulo Gabardo. Com a pandemia a artista adaptou os
personagens para fiquem de acordo com a realidade atual, inserindo máscaras.
Ilustração
44

Estágio
Nanquim e guache sobre
papel (com edição digital)
2017-2020
29,7 x 21 cm

Revista La Herida

Os Migrantes
Nanquim e guache sobre
papel (com edição digital)
2017-2020
29,7 x 21 cm
Anne souza
Ilustradora/Artista Urbana.
Anne tem 35 anos, nasceu em Recife mas re-
sidente em Olinda.
Desde 2011/2012 faz intervenções urbanas
com lambe lambe. Também faz muralismo
em mutirões de arte urbana. Faz ilustrações
em telas,adesivos,murais!!
Ilustrações sobre o feminino que mostram os
seus desejos e suas lutas no mundo.
donafiore@hotmail.com
@annesouzailustras

Deusas e Sereias são personagens marcantes em suas obras que retratam o


feminino em desejos e lutas. Seus trabalhos estão ocupando diversos luga-
res, como Curitiba, Vitória, Salvador, Belo Horizonte, Goiânia, São Paulo e no
Chile em Valparaíso e Santiago.
Ilustração
46

S/T
Látex sobre papel jornal
Lambe Lambe
Tamanho 97x66 cm
Tamanho 48x33 cm - as duas ultimas imagens
2021

Revista La Herida
Juliana lapa
JULIANA LAPA
Carpina, Pernambuco, 1985.

Seus trabalhos são trazidos da memória


a partir de sua relação com a natureza e
com as emoções.

É representada pela Amparo 60 Galeria de


Arte (Recife/PE).
Autorretrato no Breu,2018,
da série Breu, fotografia,
50 x 70 cm

www.cargocollective.com/julianalapa

BREU

Breu é uma série de desenhos, fotografias, vídeo, cadernos e sons, iniciados a


partir de visitas a florestas da Amazônia em 2015. O sentimento de iminência da
morte, o medo e fascínio pelo o mistério da floresta, a vulnerabilidade, a rápida
desintegração num ambiente úmido e fértil, foram os disparadores para o tra-
balho. Ao longo dos anos, o sentimento tomou aspectos de revolução interna,
iniciação, jornada alquímico.

Sobre o processo de Breu:


O lugar escuro, úmido, a lama, matéria orgânica rica em decomposição. O berço
dos vermes, pequenos seres minúsculos que trabalham, trabalham e a vida em
potencial pulsante que se reproduz e come a si própria.
O movimento repetitivo da mão que constrói o desenho e que prediz o traço, a
definição e a emoção numa busca por algo ainda não sabido até surgir uma outra
natureza de exaustão que não brota de mim, mas da imagem que se forma len-
tamente.
É o estado de desenho que desloca a mente para assistir o desenho enquanto
fenômeno. Deixando dialogar o que está posto com o que está por vir, sempre an-
Ilustração

dando na linha do limite entre o que pode ser completamente sem sentido para
algo novo e que vai injetar muita energia na vida.
48

Estou Viva, 2021 Oferenda 1, 2018 Oferenda 2, 2017


da série Breu, grafite sobre da série Breu, grafite sobre série Breu, grafite sobre
papel, 150 x 120 cm papel, 150 x 115 cm papel, 150 x 115 cm

Revista La Herida

Caderno Breu, frames do vídeo (https://www.youtube.com/watch?v=39AtvjTlDNo)


Nicole Kouts
Investigo a multidisciplinaridade das imagens como
meio de transporte de crenças ancestrais para tecno-
logias contemporâneas. Nos espaços ocupados pelo
digital e pelo analógico estão mutações de tempo e
memória: enquanto telas luminosas operam como
portais para a ficção do divino, do self e da infinitude,
mídias obsoletas tornam-se a face reversa de fantas-
mas, identidades e mitos esquecidos. Meu interesse
pela arqueologia das mídias e genealogia das ima-
gens parte de uma experiência autobiográfica, como
latino-americana, neta de imigrantes, crescida entre
o Brasil, a Grécia e a Internet. Dedico-me também ao
figurino, cenografia, bonecos/marionetes e projetos nicolekoutsantonis@gmail.com
experimentais em espaços digitais. https://www.nicolekouts.com/
@nicolekouts

Ser Internet (2021) é uma criatura mutante que habita o pequeno cômodo de um
website. Sua aparência é gerada randomicamente cada vez que a página é atuali-
zada, a partir de um compilado amorfo de imagens resgatadas em blogs pessoais
do início dos anos 2000. Criado pelas artistas Nicole Kouts e Veronica Laminarca,
ambas nascidas em 1997, este Ser emerge da nostalgia de uma época de bichinhos
virtuais, designs hipersaturados e programações rudimentares: um mundo esque-
cido dentro da própria Internet. Composto por fragmentos de ruínas, com partes
faltando e sentidos esvaziados, este trabalho é o abrigo para um personagem da
memória digital.
Podemos dizer que cada ser que aparece em Ser Internet é único, pois a probabili-
dade de alguém ver um como o seu é de 1 em 10 trilhões.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a população da Terra em 2020 é
de aproximadamente 7,79 bilhões. Para que todos os Seres apareçam na tela pelo
menos uma vez, em um cenário hipotético, cada pessoa na Terra precisaria atuali-
zar o site 1283 vezes.
Ilustração

Quando o site é acessado, há um contador que indica a quantidade de seres criados


desde o lançamento do projeto em 21/02/2021.
50

Veronica Laminarca
Veronica Laminarca, 1997, bacharela em artes visu-
ais pela Universidade de Belas Artes do Estado de
São Paulo (2018), é artista e fotógrafa residente em
São Paulo, SP.
Como artista multidisciplinar sua pesquisa explora o
lugar da imagem na arte, permeando seus diversos
modos de suporte e suas novas expressões diante
do constante movimento de digitalização dos tem-
pos atuais.
Em 2021 passou a integrar o grupo de artistas do
Acervo Rotativo, projeto criado pelo artista Laerte
Ramos.
veronica.laminarca@gmail.com
https://vlaminarca.com/
@outsidethemind

Revista La Herida

Ser Internet Acesso à obra: https://serinternet.site/


Website Link com vídeo de registro da obra: https://youtu.be/TJXx0VqQ2jk
2021
Samara Egle
Samara Egle França de Moraes é Arte Educadora, Pe-
dagoga Construtivista, Arte terapeuta, Artista Indepen-
dente, Mãe da Marina Luz e da Ana Dayo.
Cercada de música, giz de cera, imaginação e papel,
em suas experiência a Arte sempre foi o norteador de
suas maiores aspirações. Há 14 anos na área da Educa-
ção, atuou em capacitação para adultos, em projetos
sociais, em escolas tradicionais e, atualmente, na edu-
cação infantil construtivista.
Como Arte terapeuta ja esteve a frente de dois projetos
vinculados a Secretaria da Cultura para Cata-Vento: Os
Movimentos do Invisível , e, workshop para Mulheres
em 2015, e em 2019 na Biblioteca Rubens Borba Alves
de Morais - Brincando com a Natureza
@sam.egleart

PAREDES MARGINAIS – ARTE POSTAL


(CANSON MÉDIO,TINTA ACRILICO GIZ PASTEL,
Ilustração

PÁPEIS VARIADOS , LÁPIS AQUARELA) - 2020


52

SOLITUDE EQUATORIAL
(CANSON MÉDIO, TINTA ACRÍLICO, LAPIS GRAFITE,
LAPIS AQUARELA, CANETA PEN 0.4 ) -2020

Em seus processos artísticos, Samara resgata a compreensão abundante


do desejo de permanecer Mulher como fonte convergente, desencar-
cerando “ o corpo” da incapacidade humana de habitar os seus vazios
ao encarar de frente sua doença social. Seu fazer artístico está ligado ao
primordial sublimar o arquétipo do Feminino.
Livre de nomenclaturas, Samara se dedica as gravuras, no momento.
Revista La Herida
Sunsarara
Sun é Arteira Potiguar que através da arte constrói seu
processo de autoconhecimento e lugar no mundo. Seus
trabalhos abordam temas tabus, caningando a hipocrisia
da sociedade careta, catucando a fragilidade masculina,
exaltando as corpas com buceta, escarrando deboche so-
bre esse sistema e gozando cores sobre muros, objetos,
estradas e peles

sunsarara@gmail.com
ateliesunsarara@gmail.com
@sunsarara_
@ateliesunsarara
@precaria_
@satie_sara
Ilustração

Autonomia para Gozar


Ilustração digital
2021
54

Sem título
Pintura digital
2020

Revista La Herida

Sem título
Pintura digital
2020
Tatiana Cipoli
Tatiana Cipoli é Artista visual e Arquiteta, vive e
trabalha em São Paulo. Seu trabalho transita en-
tre o desenho, a pintura e a colagem. A cada sé-
rie a artista propõe uma nova linguagem estética.
Os lugares, suas memórias e a relação de iden-
tidade e afetividade entre esses dois elementos
são temas recorrentes em seus trabalhos.

httpswww.behance.nettatianacipoli
facebook.com/tatianacipoli
@tatianacipoli

O retrato de diferentes etapas da vida. O ato de desenhar o próprio rosto como


um momento de reflexão do passado, presente e futuro. A fragmentação e a so-
breposição dessas imagens. As diversas possibilidades de composição oferecida
por esses fragmentos. A formação do “eu”. A representação de um único ser de
forma repetida e multiplicada. Os diversos “eu(s)”. O ser formado de fragmentos
onde as experiências passadas, as reflexões do presente e os anseios futuros se
misturam e se transformam a cada instante e caminham para abstração.
Ilustração
56

Identidade nº 02
da série “Identidade”
Ano: 2016
Técnica/Material: Desenho em papel sulfite ou
vegetal e colagem sobre papel.
Dimensão: 55 x 95 cm

Revista La Herida
Galer
Mulh
PINT
PINTURA

Artis
ria de
heres
TURA
stas
aLINE nELI
Aline Neli é multiartista, neuropsicopedagoga, especia-
lista em Metodologia do Ensino de Artes e mestranda
no primeiro programa interdisciplinar em Artes, Urba-
nidades e Sustentabilidade da América Latina pela UFSJ.
Aline busca inspiração na vida, na biodiversidade e nas
diferentes culturas que acessa. Atuou/atua em diversos
projetos educacionais, sociais, artístico-culturais e am-
bientais. Em suas obras e processos artísticos, ela busca
um reencontro com o seu próprio corpo em relação ao
mundo e os objetos da natureza e do universo. Aline
pinta em conchas, cuias, papel, telas e outros materiais,
buscando sempre explorar as diferentes potencialidades
de diversas formas e texturas. A artista e pesquisadora
atuou por mais de 3 anos na Fundação Casa, prisão que @alineneli
atende crianças e adolescentes de 12 a 17 anos do sexo
masculino em conflito com a Lei. Recentemente, a artis-
ta atuou como atriz em um projeto de cinema pelo Sesc
de Ribeirão Preto/SP que contará a história da região
pela perspectiva negra, indígena e trabalhadora e não a
história dos barões do Café que permanece até hoje no
imaginário popular. A artista também dança nas moda-
lidades de jazz e sapateado e atualmente pesquisa mo-
vimentos da dança contemporânea e a dança afro com
intuito de se conectar com matrizes, gestos ancestrais e
descobrir a própria expansão na dança.
Pintura
60

Eu indo ao encontro do único fio de esperança


da lira quebrada de George F. Watts
Técnica mista
Tinta e lápis de cor sobre o papel
Dimensão: 297x210 mm
Ano: 2021
Revista La Herida
Ana Rosa nabuco
Ana Rosa Nabuco da Fonseca, nascida em
Alto Paraiso de Goiás, é artista multimídia
e se utiliza de desenho, pintura, animação
stop motion, relatos de sonhos e escultura.
Discente de Artes Visuais na UNB, Astrólo-
ga, Artista Visual e Arte-Educadora desen-
volve sua pesquisa visual pela associação
livre da forma e cor, pela exploração do Sub
e Inconsciente e da esfera onírica. Seu tra-
balho procura descobrir uma estética fresca
e infantil, brinca com a plasticidade sonora
da palavra escrita e falada. @coisasquesepassam

Usualmente o processo de feitura dos trabalhos se dá de forma totalmente


espontânea. Falando especificamente do trabalho “Intermitência”, ocorreu
durante uma conversa virtual com outra pessoa. Depois de fazer alguns dese-
nhos de aquecimento, eu comecei com o azul diluído e um pincel grande, de-
pois, os pincéis foram diminuindo e a concentração de pigmento aumentan-
do. As palavras me vieram, como lampejo, e ficaram imprimidas na mente,
durante todo o processo, posteriormente foram se imprimindo no papel. Eu
gosto de pensar que uma palavra contém também os sentidos não descober-
tos e virtualizados de quando são escritas “incorretamente”, como se fossem
faces ocultas da palavra. A palavra “intermitência” em si não está escrita, mas
ela é constante na experiência da própria leitura do trabalho, literalmente.
Pintura
62

Intermitencia 9/2020. Aquarela sobre papel reciclado. Dimensão: 12x24

Revista La Herida
Cecilia Bichucher
Cecilia é artista visual e poetisa. Explora várias
técnicas, como Aquarela, Colagem, Gravura e Bor-
dado e desenvolve uma temática poética tanto na
imagem como nas palavras. Nascida em São Paulo,
é Bacharel em Artes Plásticas, com especialização
em pintura pela Parsons School of Design – Nova
York (1985 a 1989) e Licenciatura em Artes Plásti-
cas (1986 a 1989) no Bank Street College. Trazida
a Fortaleza em 89, vive; cria filhos, raízes, trabalha
e expõe.

@ceciliabichucher

Precisamos ainda falar sobre as mulheres… e todas as minorias. Através da sutile-


za da aquarela, exploro o figurativo num tema sensível a percepção do feminino.
Esta série aborda o tema de quando uma mulher se permitir, após ter que lidar
com todas as cobranças externas e internas, estar sozinha. Diferente de como foi
retratada na história da arte, ela não que ser desejada, idolatrada, questionada ou
confrontada. Hoje, ela quer ter seu direito de ser, sem barreiras físicas e morais
paternalistas ou machistas. Permito ao espectador compartilhar deste momento
íntimo e particular. Através da aquarela reforço o caráter pessoal do trabalho, sem
a necessidade de descrever minuciosidades, deixo a água penetrar o mais íntimo
momento. A água é capaz de se fazer presente, sem alarde e sem perturbar o mo-
mento.
Pintura
64

Revista La Herida

Série - Deixada Sozinha _ Aquarela sobre papel


clara rego
Clara, é natural de Porto, estudou cerâmica dos 14
aos 18 em Portugal, cursou o Superior de Banda De-
senhada e Ilustração, em Guimarães. Aos 20, foi para
Londres onde trabalhou e estudou Belas Artes, na
University of East London.
Durante este período explorei maioritariamente a
ilustração digital e serigrafia, assim como um pouco
de instalação. De volta a Portugal, eventualmente,
começou a trabalhar profissionalmente com azu-
lejaria, durante 5, 6 anos, e no final deste período,
montou aos poucos o próprio ateliê, onde retomou
www.clara-rego.com
a prática de cerâmica. Durante a pandemia, se de- @e._.claire_
dicou 100% à cerâmica e a enveredou também por
trabalhos de cenografia e video-projeção da minha
arte em peças de dança e teatro, e projetos de ce-
râmica com a comunidade. Formou nesse ano de
pandemia uma associação cultural Selva, junto com
Vinicius Ferreira, através da qual temos trabalhado
com produção cultural, espetáculos de dança e per-
formance.

A Arte de Clara está intrinsecamente ligada à criação artística, todas as ex-


pressões que explorou até agora, se consolidaram na cerâmica, que a per-
mite imprimir toda sua experiência e conhecimento adquirido em sua tra-
jetória. O seu foco é criar objetos únicos que tragam a fantasia, o lúdico e o
surreal para ambientes comuns do cotidiano. Sua maior inspiração são os
seres estranhos da natureza, insetos, texturas de répteis, vistas microscó-
picas, personagens de contos fantásticos e toda a estética que a transporta
para o surreal. O seu lema é trazer um pouco de sonho para áreas, muitas
vezes, mecânicas do dia-a-dia.
Pintura
Azulejo
66

Revista La Herida
Gabrielle 'Agah' Haddad
Gabrielle ‘Agah’ Haddad, é de São Paulo capital. Ba-
charel em Artes Visuais com licenciatura; trabalhou
com educativo/monitoria de exposições em museus
e instituições culturais. É pós-graduanda em Arte-Te-
rapia, sendo voluntária de uma ONG local. Participará
da 1ª Mostra coletiva da Galeria Madá intitulada “O
primeiro gole d’água”, uma exposição física e virtual.
Atualmente a artista, produz nas linguagens da pin-
tura e colagem. Aprimorou-se em tinta óleo espatu-
lada. A técnica é muitas vezes mista, assim mesclan-
do materiais, superfícies, resultando na abstração da
própria imagem. Há um caráter de velamento/camu-
flagem, mistura de tintas, texturas, recortes, traços https://gabrielleagah.wixsite.com/
com a utilização de cores variadas. Seu trabalho faz portfolio
referência à estética surrealista, se apropriando do gabrielleagah@gmail.com
olhar onírico, das relações subjetivas acerca do auto- @gabrielleagah
matismo psíquico. A elaborar por fim intuitivamente,
quase como um arranjo processual. Hoje vive na ci-
dade de Londrina.

A temática traz a simbologia onírica, dos sonhos, de pólos quentes e frios que
se interligam como um todo. Por ser uma técnica com caráter mais abstrato, as
formas propositalmente são amórficas, com traços soltos que se mesclam sem
necessidade de realismo ou perspectiva exata. O olhar atento da personagem
central se contrasta ao seu outro olho fechado, apagado ou obscuro feito uma
visão perdida porém interna, que só consegue ser observada intuitivamente. Ela
se aquece com a chama da vela em terras desérticas, mas sua mente flutua em
ventos longe dali.
O processo não há referencias iniciais, sendo aos poucos finalizado. A principio
com toques de tinta óleo com espátula e pinceladas, posteriormente os deta-
lhes foram reforçados com giz pastel oleoso. Enfim foi inspirado em elementos
da Natureza, na relação do corpo nesta guerra individual que enfrentamos, de
pertencimento perante nossas raízes terrenas versus o espirito livre que voa sem
Pintura

rumo noite afora.


68

“Menina Cacto-Lua-Vela-Pássaro”,
tinta óleo espatulada e giz oleoso sobre tela
50x60cm. 2020.

Revista La Herida
Jully Gyeongmi
JULLY GYEONGMI MA é uma artista sul-coreana residente
em São Paulo e em Belo Horizonte e graduada em Artes Vi-
suais pela Universidade Federal de Minas Gerais. Sua poética
se encontra na fronteira entre várias mídias. A artista utiliza
multimídias – pintura, artes gráficas, fotografia, escultura e
performance, entre outras técnicas – para materializar o seu
pensamento sobre o relacionamento entre desconhecidos,
a conexão que eles fazem entre si e a essência que constrói
um indivíduo. Ou seja, realiza pesquisas sobre o indivíduo
em si mesmo. A artista utiliza o aspecto da superfície d’água
e retratos na pintura; objetos lúdicos, brinquedos ligados
à infância e embalagens de guloseimas são utilizados para
projetos de fotografia e performances que representam
sua pesquisa. Tudo isso, independentemente da técnica de
criação dos projetos e obras, gera ligações entre pessoas de
culturas diferentes através da empatia provocada por me-
mórias semelhantes, o que constitui seu principal material j.art.sensitivity@gmail.com
de trabalho. Inserindo a vida das pessoas nas suas obras, ela https://jullysart.hotglue.me
tenta se comunicar com todos e, afinal, com a sociedade.
Pintura
70
Vivemos numa época em que a comunicação presencial diminui cada vez
mais, em que cada um se encerra em seu próprio quarto, comunicando-se
através das pequenas telas.
Quanto tempo se passou desde que você trocou algumas palavras com al-
guém?
Quanto tempo se passou desde que você sentiu solidão nessa sociedade?
Esse diário e as pinturas aqui apresentados foram feitos entre 2017 e 2020
em Belo Horizonte e em São Paulo.
Nos textos do diário, - como eu estou escrevendo uma carta para você -
a narradora transcreve meus pensamentos surgidos naquele dia, às ve-
zes, também jogo perguntas no texto - ou para você - através da superfície
d’água e do caráter dela para me comunicar comigo mesma, com você,
com as pessoas ao nosso redor e mesmo com a sociedade.
Assim, através de imagens das pinturas e textos, é possível entender me-
lhor a si mesmo e, finalmente, nos aproximarmos uns dos outros nessa
sociedade fria.

Contemplar
Pintura acrílica s/ painel
Revista La Herida

50cm x 40cm
2020

A obra é ‘Entre Eu e Você - Naquele lugar’. É um livro feito com meus textos do diário e minhas
pinturas. Livro completo : https://jullysart.hotglue.me/Book
Runa
Rute Norte (Runa) é escritora e fotógrafa, ultimamen-
te tem se dedicado à crónicas de viagem que podem
ser vistas no seu website. Alguns dos seus quadros
revelam episódios dessas viagens, viagens essas que
normalmente são feitas em bicicleta, sozinha, em
destinos por África, Ásia, América, Austrália e Europa.
Atualmente Runa faz mestrado em Pintura na Facul-
dade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa.

www.rutenorte.com

A obra de um artista é uma espécie de diário – dizia Picasso. As pinturas refletem epi-
sódios que passam. Vidas e vivências expressas em tela, com tintas e pincéis. Os seus
quadros tanto podem remeter para um episódio ocorrido numa viagem – uma memó-
ria – como podem falar de comidas, ou do gato que apareceu no telhado. Ou serem
simples ideias e conceitos que passam no momento.

Runa usa habitualmente acrílico no primeiro layer, e óleo nos seguintes. Complemento
com pastel de óleo e barra de óleo. Por vezes desenho a lápis diretamente na tela, an-
tes de iniciar a pintura; outras vezes parte diretamente para as pinceladas, aplicando
tinta- em tela ou papel- com pincel, sem qualquer esboço prévio. Raramente pinta com
espátulas. A pintura vai sendo construída com layers sucessivos. Ocasionalmente um
primeiro e único layer basta. É raro mas acontece. Durante as pinturas realiza abundan-
tes estudos antes de avançar, antes de dar algum passo decisivo, e utiliza o computador
para planeamento.

Nem sempre escolhe as cores. Sem olhar, agarra num tubo de tinta ao acaso, dentro
da caixa de tintas. A cor que vier, é a que será usada. Mas a cor que vier define qual o
ponto do quadro que é pintado. Se vier a cor azul, talvez pinte a parte de cima. Se vier a
cor amarela, talvez pinte a parte de baixo. Aqui é um processo intuitivo. Todas as cores
são bonitas, e entendem-se entre si, é o olho humano que lhe dá mais valor ou não. E
Pintura

há muitos olhos humanos.


72

“Like a Fish in the Water”


Acrylic and oil on canvas
70 x 100 cm
2020

“Silver Tears”
Oil, acrylic and oil stick on
canvas
81 x 116 cm
2020

“Six fingers are better for holding a dog or a cat”


Acrylic, oil stick and oil pastel on canvas
81 x 116 cm
2020

“The Crying Caveman”


(Winner of an open call and exhibited in Milan
Design Week 2021)
Acrylic and oil pastel on canvas
81 x 116 cm
Revista La Herida

2020

“In My Thoughts”
Oil and acrylic on canvas
81 x 116 cm
GaleriaG
Galeria de

MulhereM
Mulheres
Artistas
ArtistaA
aGaleria
eGaleria de

Mulher
seMulheres
s Artistas
aArtista

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