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VISÕES DA VIDA

MUNDOS
VÉRTICES
Exposição Fotográfica

Curadoria
Ana Albano e Luanna Oliveira

ALINE CRIVELARI JOÃO TESTI PEDRO AL RABAY

ANA HELOIZAN ALBANO JOAQUIM BASTOS TAINÁ WANDERLEY

BRUNA DE SOUSA LUANNA OLIVEIRA THIAGO BRANDÃO

CAIO FONSECA MARCELLA SOUZA THIAGO GRANAI

CLEIA SHEIBLER MARIANA DE CARVALHO VANESSA LIBERATO

GIOVANNA COSTANZA MONIKE CARDOSO YASMIN DA COSTA

HELENA DALBONE PAULA CATHOUD YASMIN PATRÍCIO


VISÕES DA VIDA
MUNDOS
VÉRTICES Exposição Fotográfica

Abertura: 11 de março de 2019


12 de março a 25 de março de 2019
Galeria da BCE Curadoria
Ana Albano e Luanna Oliveira

ALINE CRIVELARI JOÃO TESTI PEDRO AL RABAY

ANA HELOIZAN ALBANO JOAQUIM BASTOS TAINÁ WANDERLEY

BRUNA DE SOUSA LUANNA OLIVEIRA THIAGO BRANDÃO

CAIO FONSECA MARCELLA SOUZA THIAGO GRANAI

CLEIA SHEIBLER MARIANA DE CARVALHO VANESSA LIBERATO

GIOVANNA COSTANZA MONIKE CARDOSO YASMIN DA COSTA

HELENA DALBONE PAULA CATHOUD YASMIN PATRÍCIO


Dos desafios e suas riquezas
Denise Camargo
São muitos os desafios quando inicio as atividades em uma turma para o ensino da Fo-
tografia. Se, por um lado, a fotografia é muito difundida nos dias de hoje, em especial
pelo uso da tecnologia, por outro, a conquista do repertório visual e dos modos de ver
o mundo parecem, ainda, ser o nó crítico dos estudos fotográficos, muitas vezes apenas
pautados pelo exercício da técnica.
Os trabalhos apresentados na exposição Visões da vida mundos vértices, resultado das
atividades da disciplina Oficina de Fotografia (primeiro semestre de 2018 e verão de
2019, ministrada no Departamento de Artes Visuais/Instituto de Artes da Universi-
dade de Brasília e reunidos neste volume, respondem a expectativas de um grupo de
estudantes-artistas em formação.
Entre eles e elas há os que buscam a fotografia apenas como registro – em sua função
mais habitual, é verdade. Mesmo assim ampliaram seus olhares para a exploração do
fotográfico em suas variadas acepções. Há aqueles e aquelas que venceram guerras pes-
soais com a fotografia, puramente pela falta de traquejo inicial com o sistema no qual
se baseia essa linguagem. Ao final saíram vencedores. Alguns, algumas, vieram apenas
pela curiosidade – afinal, o que seria uma boa fotografia? Ou por que fotografar uma
determinada coisa? Estes foram os que trouxeram temas cruciais para suas vidas, em
verdadeiros autorretratos. Outras, outros, já com alguma familiaridade nos processos
fotográficos, vieram em busca das discussões teóricas.
Com elas puderam embasar a reflexão sobre as imagens na contemporaneidade. Ti-
veram uma dura tarefa. Outros, outras, em busca de autoconhecimento e de uma iden-
tidade própria no ato de fotografar, encontraram-se com memórias e afetos para suas
poéticas visuais. Alguns, algumas, em busca da liberdade criativa, para além da técnica,
puderam enriquecer seus processos.
Em todos e todas o que vi, durante o percurso que tive a honra de acompanhar, fo-
ram olhos cheios de interesse e respeito pelo aprendizado e que encheram os meus da
certeza de que estar na Universidade pública e gratuita é o único caminho para dis-
solver as mazelas sociais, políticas e econômicas que assolam o País, afundado na ex-
trema-direita destes tempos de sucessivos golpes.
O resultado é esta fortuna em forma de imagens fotográficas. Que ela possa se multi-
plicar.
Visões da Vida Mundos Vértices
Visões da vida mundos vértices reúne a reflexão de 20
estudantes-artistas sobre temas que lhes são viscerais, mas que
envolvem também o homem contemporâneo. Trata-se daquele
algo que está lá, só não está visível. É o simples que se interliga
pelo olhar atento, ou seja, aponta para um algo de nós, ou do
que é também nosso e se materializa em fotografias.

São imagens que, em sua composição, compartilham as relações


do corpo com o espaço-tempo fotográfico, envolvem-se
por sentimentos, afetos, memórias, dilemas, intolerâncias,
contradições, utopias, estranhamentos, tensões e se refletem na
vida de pessoas próximas, ou na própria vida de seus autores.
Estes artistas evocam um espírito poético em suas construções,
e, com seus gestos fotográficos, desenham suas questões
existenciais.
Fazem, assim, uma entrega para o olhar e criam possibilidades
que surgem, muitas vezes, da romantização de seus objetos
ou de desejos despretensiosos. Fazem, assim, um entrega para
o olhar e criam possibilidades que surgem, muitas vezes, da
romantização de seus objetos ou de desejos despretensiosos.

O fato é que todos experimentaram modos de ver o


mundo e de encontrar, em seus inúmeros vértices, diferentes
visões para a vida. É isto que apresentam nesta exposição,
resultado das atividades e das profícuas discussões realizadas
nas disciplinas Oficina de Fotografia 01 e 02, do Departamento
de Artes Visuais/Instituto de Artes, conduzidas pela docente
Denise Camargo no primeiro semestre de 2018 e nas aulas deste
Verão de 2019.
Aline Crivelari
Esse trabalho foi produzido em resposta à atividade O escuro da madrugada
proposta em comum acordo pelos estudantes da discipli- vento puro, substância da minha alma
na de Oficina de Fotografia, naquele primeiro semestre O eu profundo e o silêncio das profundezas do plan-
de 2018, no sentido de produzirmos fotografias que rep- eta
resentassem como o nosso interior refletia-se em nosso A janela da minha casa, a janela do meu peito está
exterior durante os dias turbulentos que vivíamos no que escancarada
tange ao contexto político e social do país. A madrugada é minha camarada
É fato que faz alguns anos que me tornei animal noturno, Nela eu respiro bem
ora por necessidade – como ocorrera naquele ano de Não há segredos, mas também não há proteção
2018, em que trabalhando todo o dia, varei madrugadas Viver é deveras arriscado realmente
para concluir um mestrado e escrever um livro, entre Tudo acaba nos pensamentos sobre o universo, onde
outras tarefas cumpridas –, ora por necessidade também impera uma cor bruta,
– de me encontrar com uma parte de mim que exige o onipotente e multidimensional
silêncio, o frescor, a paz escura das madrugadas. Ela não tem nome
Voltando ao turbilhão daqueles dias: sentíamos todos, A verdade, a mentira sobre tudo
nós estudantes, grande cansaço. Alguns, tristeza profun- As regras do jogo, finalmente
da. Recolhíamos nossos cacos entre o ódio coletivo des- O código feito quebra-cabeça se espalha nas asas da
tilado nas ruas e as alegrias individuais que não podiam borboleta, nas correntes submarinas, na mandala da
fazer greve em nosso espírito jovem. Por minutos faltou goiaba cortada, na corrida do elefante na savana, no
esperança, e até ar. Nesses tempos produzi e também brilho do olho, no amor
meditei intensamente nas madrugadas. Num dia desses, _______________________________________
fotografei-me de onde inúmeras vezes ficava observando ¹ Título de poema de Thiago de Mello.
pela janela a vida quase estática da noite, seus sons sutis,
tomando banho de luz do poste de iluminação lá fora.
No mais, nessas noites fiz poesia:
Aline Crivelari. 2018 Faz escuro
mas eu canto¹
Impressão fine art
29,7cm x 42cm
Ana Heloiza Albano
Memórias da infância são representadas através de resíduos e novas
formas, que construímos em nossas lembranças, como imagens, sons,
cheiros e sabores que revivemos, porque estão vivos e pulsam.
Na fotografia, elas assumem o lugar dos sentimentos e ultrapassam a
forma, a distância e o tempo.
Ana Albano. 2019
Refexos I
Impressão fine art
26,5cm x 12cm
Ana Albano. 2019
Refexos II
Impressão fine art
26,5cm x 12cm
Ana Albano. 2019
Refexos III
Impressão fine art
26,5cm x 12cm
Bruna de Sousa
Fragmentos
Paredes descamadas, mofo, vidro, lixo, descaso?
Detalhes que passam despercebidos em meio ao caos, à correria,
à pressa. Quem, afinal, teria tempo para admirar esses pequenos
detalhes esteticamentes “desfavoráveis”?
Espero que meu trabalho possa trazer um pouco da estrutura do
hospital e suas pequenas particularidades através da relação entre meu
cotidiano e a fotografia.
Passei tempos imaginando como unir essas duas coisas. Vestígios de
vida? De momentos de desespero?
Quantas histórias essas paredes já presenciaram?
Quantas vidas passaram por aqui?
Bruna de Sousa. 2019
Sem Título
Impressão fine art
20cm x 24cm
Bruna de Sousa. 2019
Sem Título
Impressão fine art
20cm x 24cm
Bruna de Sousa. 2019
Sem Título
Impressão fine art
20cm x 24cm
Bruna de Sousa. 2019
Sem Título
Impressão fine art
20cm x 24cm
Bruna de Sousa. 2019
Sem Título
Impressão fine art
20cm x 24cm
Bruna de Sousa. 2019
Sem Título
Impressão fine art
20cm x 24cm
Caio Fonseca

Caio Fonseca. 2019


Sem Título
Impressão fine arte
42cm x 28cm
Caio Fonseca. 2019
Sem Título
Impressão fine arte
42cm x 28cm
Caio Fonseca. 2019
Sem Título
Impressão fine arte
42cm x 28cm
Caio Fonseca. 2019
Sem Título
Impressão fine arte
42cm x 28cm
Cleia Scheibler
Rodopio
O trabalho fotográfico consiste na tentativa de corporização de
sensações sofridas por pessoas com problemas de labirintite.
A falta de nitidez traduzida pela cor vermelha e a tremulação da
imagem, tentam refletir a incapacitação momentânea que os distúrbi-
os do equilíbrio e vertigens causam.
As fotos foram produzidas no quarto do enfermo para mostrar como
pode ser aterrorizante cada episódio. Ainda que aconteça no conforto
do lar, esse fator não elimina a sensação de insegurança que o doente
vivencia.
Cleia Scheibler. 2019
Rodopio Foto I
Impressão fine art
21,0cm x 29,7cm
Cleia Scheibler. 2019
Rodopio Foto VI
Impressão fine arte
29,7cm x 42,0cm
Giovanna Costanza

Acidente pensado
O trabalho é hermético. As fotografias fragmentadas aparentemente
não fazem sentido. Talvez não façam mesmo.
É um trabalho sem fins? Mas é sobre ver. É o ver vendo. É o que é e
talvez não seja um inteiro.
É um trabalho no escuro. Sim. Um trabalho no escuro e no silêncio.
É silencioso, por isso é tênue e precioso -para mim.
É sobre ver e o não-ver. É sobre estar em um não-lugar e permanecer
nele. Por escolha? Por acidente?
Talvez seja um trabalho acidental -ou um acidente pensado.
Giovana Costanza. 2019
Acidente Pensado Foto I
15cm x 21cm
Giovana Costanza. 2019
Acidente Pensado Foto II
15cm x 21cm
Giovana Costanza. 2019
Acidente Pensado Foto III
15cm x 21cm
Giovana Costanza. 2019
Acidente Pensado Foto IV
15cm x 21cm
Giovana Costanza. 2019
Acidente Pensado Foto V
15cm x 21cm
Helena Dalbone

“Nunca gostei de flores


As xícaras com formato de casinha foram exaustivamente negociadas
entre eu e minha avó, sem que nenhuma das duas cedesse. Hoje, o jogo
de chá está na minha estante, as louças são lindas, marrons e delicadas,
parecem pequenos chalés. Da casa de minha avó eu trouxe plantas,
plantas que viajaram do Rio até Brasília. Sempre me proibiram de ter
bichos e plantas no apartamento, tão artificial e sintético que me dá
ânsia. Sou rebelde e terei minhas plantas. “Você gosta de folhagem”
disse minha avó. Gosto, gosto pois tenho medo. Se eu cuido minima-
mente bem das plantas sempre terei flores. Vou acordar, vê-las e vou
sorrir porque consigo cuidar de algo. As flores precisam de condições
especiais para florescer, não quero mais decepções e mágoas. Nunca
gostei de flores. Quero um aconchego, o abraço que o cobertor dá no
frio e o gosto que me vem à boca quando escuto o nostálgico som do
ventilador.”
Helena Dalbone. 2019
Nunca gostei de flores I
Impressão fine art
26,5cm x 17,6cm
Helena Dalbone. 2019
Nunca gostei de flores II
Impressão fine art
26,5cm x 17,6cm
Helena Dalbone. 2019
Nunca gostei de flores III
Impressão fine art
26,5cm x 17,6cm
Helena Dalbone. 2019
Nunca gostei de flores IV
Ipressão fine art
26,5cm x 17,6cm
Helena Dalbone. 2019
Nunca gostei de flores V
Impressão fine art
26,5cm x 17,6cm
Helena Dalbone. 2019
Nunca gostei de flores VI
Impressão fine art
26,5cm x 17,6cm
João Testi

Cajazeiras é o maior bairro da amarica latina, localizado em


Salvador, marcado pelos seus conjuntos habitacionais e pela grande
atividade comercial. O bairro possui uma vida rica culturalmente,
porém com carências por parte da prefeitura de Salvador. O ensaio
nesse bairro traduz um pouco da vida numa periferia baiana, onde os
borrões ao mesmo tempo que trazem invisibilidade (produzida pela
falta de investimento governamental), também mostram uma cultura,
um povo e dessa forma sua movimentação, seu mercado, seu cotidi-
ano.
João Testi. 2019
Entrada
Impressão fine art
26,5cm x 17,6cm
João Testi. 2019
Dentro
Impressão fine art
26,5cm x 17,6cm
João Testi. 2019
Saída
Impressão fine art
26,5cm x 17,6cm
Luanna Oliveira

Trabalho fala da intolerância religiosa, um sentimento sombrio, que


disfarçado de fé, pune, maltrata e segrega. Na contramão dos valores
essenciais, muitos religiosos perdem o foco, e ultrapassam os limites,
numa visão distorcida da fé, e da própria identidade. Vivem nas
sombras, enquanto pregam a luz.
O objeto e a foto são um conjunto. E nos propõe reflexões sobre os
constantes incêndios em instituições religiosas de origem africana, e
tenta dissolver o repudio feito por grande parte da sociedade cristã di-
ante das outras formas de crença.
Existe mesmo tantas diferenças, quando falamos de fé?
Quando “verdades” são forcadas, não há fraternidade, não há crença,
não há esperança, nem ao menos há....
Verdade.
Luanna Oliveira. 2019
Ausência
Impressão fine art
21cm x 29,7cm
Luanna Oliveira. 2019
Ausência
Objeto
Marcella Souza

Maria
O meu trabalho é sobre não estar bem. É sobre encarar o monstro de
frente e procurar nos objetos do cotidiano algo que fuja da dor e dos
problemas que envolvem a minha casa e a minha avó. Ela é uma idosa
de 81 anos e a casa teve que se reconstruir para recebê-la.
Este trabalho é como um retrato desse lugar que se reformou e se
adaptou por alguém. Por muito tempo quis fugir da minha casa, aqui
a encarei de frente. Maria é nome de luta, resistência e sobrevivência
e que hoje ainda persiste em seus caminhos e em sua trajetória.
Marcella Souza. 2019
Maria I
Impressão fine art
21,95cm x 14,63cm
Marcella Souza. 2019
Maria II
Impressão fine art
21,95cm x 14,63cm
Marcella Souza. 2019
Maria III
Impressão fine art
21,95cm x 14,63cm
Marcella Souza. 2019
Maria IV
Impressão fine art
21,95cm x 14,63cm
Marcella Souza. 2019
Maria V
Impressão fine art
21,95cm x 14,63cm
Marcella Souza. 2019
Maria VI
Impressão fine art
21,95cm x 14,63cm
Marcella Souza. 2019
Maria VII
Impressão fine art
21,95cm x 14,63cm
Marcella Souza. 2019
Maria VIII
Impressão fine art
21,95cm x 14,63cm
Mariana Vasques

Bem te vi
Vejo uma montagem das coisas que me trazem paz. Vejo os lugares
que cresci, as mulheres que eu já amei , as comidas que um dia fiz.
Vejo sempre uma luz que permeia todos como se fossem o elo sutil
que junta tudo o que eu vejo a mim.
Penso que eu nunca poderia tirar a cor porque não consigo imaginar
um mundo em preto e branco uma vez que pra mim a alma de tudo
tem um pouco a ver com suas cores e gestos.
Mariana Vasques. 2019
Chamado ao retorno I
Impressão fine art
29,7cm x 42cm
Mariana Vasques. 2019
Chamado ao retorno II
Impressão fine art
29,7cm x 42cm
Mariana Vasques. 2019
Chamado ao retorno III
Impressão fine art
29,7cm x 42cm
Monike Cardoso

Refazendo caminhos importantes, registrei com a luz o movimento


desses ambientes.
O escuro também é matriz para o desenho e a forma. A luz como matéria
prima juntamente com os elementos não manuseáveis como o tempo
e espaço.
Tudo em conjunto para a recriação de ambientes que marcaram minha
história.
Monike Cardoso. 2019
Caminhos I
Impressão fine art
29,7cm x 42cm
Monike Cardoso. 2019
Caminhos II
Impressão fine art
29,7cm x 42cm
Monike Cardoso. 2019
Caminhos III
Impressão fine art
29,7cm x 42cm
Paula Cathoud
Afinidades Em associação ao bordado, o uso da fo-
tografia analógica, com filmes vencidos
O presente trabalho vislumbra dar significado, busca se relacionar com o trabalho ao ten-
ao olhar e a voz feminina da mulher artista, tar estabalecer a fotografia não como uma
por meio do uso de técnicas diversas, como a cópia quimicamente revelada da realidade,
fotografia analógica, bordado e colagem. nem apenas como um registro documen-
O uso do bordado vem com o intuito de res- tal e científico de palavras, mas como uma
significar o estabelecimento de um sistema realidade roubada e reinterpretado por
de classificação de modalidades artísticas um olhar feminino.
relacionadas à hierarquia do gênero, onde bor- O uso da linha e da agulha na intervenção
dado, história da arte, foi estabelecido como de cenas cotidianas, criando um mundo
modalidade dentro de outro, se associa às imperfeições
“baixa” de artes aplicadas vistas como domésti- do filme analógico, dialogando com a
ca, vezes marginalizada e por extensão, fem- liberdade das curvas, assim como com os
ininas, conforme ressalta Ana Paula Simioni acertos e erros das linhas, na tentativa de
(2010). rechear o trabalho com um carga simbóli-
Nesse sentido, num processo de reapropriação ca no cruzamento de tradições e práticas
do bordado, sua relação com o feminino e a não hegemônicas.
possibilidade de uso do mesmo como ferra- Cria-se portanto, uma relação sensori-
menta de subversão frente à lógica estrutur- al e sensitiva, quase que confessional, na
ante e historicamente estabelecida dos limites expectativa de parar o tempo e recria-lo
da arte, o trabalho discute questões relacion- sem futuro, levantando discussões con-
adas ao cotidiano, memória, melancolia e in- temporâneas relacionadas à intimidade e
timidade. o questionamento do ser.
Paula Cathoud. 2019
O imaginário do afeto
Impressão fine art
15cm x 20cm
Paula Cathoud. 2019
Yomu
Impressão fine art
15cm x 20cm
Pedro Al Rabay

Pedro al Rabay. 2019


Lixo não identificado I
Impressão fine art
29cm x 21cm
Pedro al Rabay. 2019
Lixo não identificado II
Impressão fine art
29cm x 21cm
Pedro al Rabay. 2019
Lixo não identificado III
Impressão fine art
29cm x 21cm
Tainá Wanderley

Uma tela ou página em branco. Um muro que divide, mostrando mais de uma
perspectiva. A dúvida, originária do latim dubius, “aquele que hesita entre duas pos-
sibilidades”. Balela, nada de duas, as possibilidades são infinitas. É daí que ela surge:
do desejo de se ter tudo, de ser tudo, de fazer tudo. Não exatamente tudo, mas uma
lista interminável o suficiente para chamar de “tudo”. Mas não se pode ter tudo, é o
que dizem. Não?
Incerteza, indecisão, hesitação, falta de crença, ceticismo, desconfiança, suspeita,
sensação de escrúpulo ou receio de fazer algo, vacilação, insegurança, irresolução,
oscilação, confusão, indeterminação, indefinição, imprecisão, ambiguidade, dubi-
edade. São várias as definições de dúvida, pois defini-la provoca dúvida também.
Nem sequer é possível escolher apenas uma ou duas dessas palavras para citar.
A dúvida. Não tenho certeza de ser exatamente ela, disso também tenho dúvida.
Mas uma coisa é certa: fragmentação. A sensação de se estar dividido, quebrado em
mil pedaços, já que as alternativas são inúmeras. Por que é tão difícil decidir? Medo.
Medo da perda, apego. Medo que pode paralisar, quando dele não se tem consciên-
cia. Consciência de que se pode eleger: afinal, o que mostrar, o que esconder? Ten-
do consciência do processo que é a dúvida, tudo muda, muda tudo. Muda? Sou a
própria dúvida, em carne e osso.
Tainé Wanderley. 2019
Dúvida I
Impressão fine art
29,7cm x 42cm
Tainé Wanderley. 2019
Dúvida II
Impressão fine art
29,7cm x 42cm
Tainé Wanderley. 2019
Dúvida III
Impressão fine art
29,7cm x 42cm
Tainé Wanderley. 2019
Dúvida IV
Impressão fine art
29,7cm x 42cm
Thiago Brandão

Ambas fotografias tiradas no mesmo dia, lugar, uma após a outra, sim na Parada
Gay de Brasília em 2018.
“Pride| Orgulho| Fierté”, celebra o amor, a diversidade, a reciproidade, as cores,
simplicidade, cumplicidade, felicidade, orgulho, ou seja, só sentimentos e coisas
boas.
Ao contrario da “ditador e o eleitor palhaço” que por mais que tirada em uma
cituação de celebração pela comunidade LGBT+, remete muito o nosso governo,
em pé o ditador e curvado o eleito que por muitas vezes, enganados por políticos ou
até mesmo sendo ele mesmo, um eleito que acha que esta correndo com o certo, mas
esta sendo um verdadeiro “palhaço” ao ecoar seu hino ao “mito”.
O local onde ocorreu o evento, foi na esplanada dos ministérios, na casa do
governo do Brasil, celebração da comunidade LGBT+, protesto contra a homofoia,
transfobia, corrupção, governantes... Mostrando as vozes que por muitas vezes são
caladas pela milícia.
Como diria Elis: “Por isso cuidado meu bem | Há perigo na esquina...”
Thiago Brandão. 2018
Pride | Orgulho | Fierté
Impressão fine art
25cm x 30cm
Thiago Brandão. 2018
Ditador e o Eleitor Palhaço
Impressão fine art
25cm x 30cm
Thiago Granai
P artindo de questões da imagem técnica
A imagem da personagem coexiste com
muitas outras imagens, dissolvendo as-
associadas às mídias digitais e ao sistema de pectos pessoais em vários avatares que
informações de busca na internet e pensado motivam narrativas singulares para diver-
da imagem pessoal como forma de auto pro- sas combinações de leitura do trabalho.
moção e de afirmação social dentro de deter- A construção da festa, da personagem e
minados contextos, o trabalho consiste em do percurso não dependem de tempo ou
criar uma cartografia narrativa a partir de um espaço determinados, deixando livre ao
evento publicado na revista GPS Brasília: a espectador do trabalho criar seu próprio
festa da Sophia. movimento para o mapa. Os artifícios
Sophia é uma pessoa anônima tratada com ce- cartográficos propostos estão jogados ao
lebridismo pela seção social da revista. Com a acaso, na esperança de que a busca de
proposta de guia para a cidade de Brasília, a cada um satisfaça a necessidades própri-
revista expõe a festa com o sensacionalismo as e leve a destinos particulares. A festa
de um evento relevante para quem está por da Sophia é um convite que lida com a
dentro do círculo social badalado da cidade. fantasia de um grande evento que moti-
Esse caráter excludente do guia motiva este va uma forma especial de exploração e
trabalho que tem a intenção de democra- interação com a cidade e propõe novas
tizar essa festa para todos que se disporem relações de buscas.
a procurá-la, criando em uma nova revista
uma cartografia visual que vulgariza não só
o evento como a própria persona de Sophia,
difundindo sua identidade em pesquisas de
nomes e rostos em mídias sociais para gerar
maior identificação entre seus exploradores.
Acesse a revista online
https://joom.ag/aXsa

Thiago Granai. 2019


GPS Brasília - #1 Sophia’s Party
Dimensões variáveis
Vanessa Liberato

O peixe sozinho morreu na praia e foi levado à terra pelas ondas, enquanto a filei-
ra de peixes morreram para serem expostos no mercado e assim comercializados.
Duas situações onde a morte se apresenta de forma inatural perante um animal que
carrega em si a simbologia da fertilidade, da vida e do inconsciente. A vida perdida
no olhar post mortem intensifica toda a força ainda presente na matéria destes seres
das águas.
Vanessa Liberato. 2019
Água rasa
Impressão fine art
21cm x 28cm
Yasmin Costa

Lembro do sino tocando ás 12:00 em ponto…ás vezes 13:00, era o chamado mais
esperado do dia. Era um dia diferente do habitual, um momento de paz e família,
um escape do cotidiano carregado de tarefas e correria, pois ali o tempo passava
mais devagar e tudo parecia mais sereno. Todos reunidos na chácara do meu avô,
antes sentados em muretas de tijolo, hoje em muretas de cimento. Eu era pequena,
mas ainda assim lembro claramente de ajudar vovó com a comida, colhendo e recol-
hendo verduras fresquinhas, que davam todo o sabor àquele almoço de domingo. E
junto a isso, lembro dos lugares, refaço os cenários e recordo detalhes que ficaram
gravados na minha memória. As texturas, os sons, os cheiros, as cores, o azul do
céu, o verde das folhas e a terra vermelha, os animais, os contrastes. Sempre gostei
do contraste. Da luz e sombra, das texturas, das cores vivas e alegres, mas também
do preto, sóbrio e para mim, tão elegante. Um conjunto de itens que compõem uma
cena, que mostram ou revelam volumes interessantes, que ganham novos significa-
dos. Como representar em imagens o que prende minha atenção no mundo? O que
de fato faz eu me sentir bem? Por algum motivo, quando penso nisso sempre me
parece que tenho como ponto de fuga a arte.. em sua total expressão e liberdade, em
sua fluidez e composição. Falo de toda forma de arte, os sons, as cenas, os desenhos
e representações…falo de imagens, reais, mentais, acrescidas ou não de sensações.
Yasmin da Costa. 2019
A cada olhar, uma memória I
Impressão fine art
29,7cm x 42cm
Yasmin da Costa. 2019
A cada olhar, uma memória II
Impressão fine art
29,7cm x 42cm
Yasmin da Costa. 2019
A cada olhar, uma memória III
Impressão fine art
15cm x 21cm
Yasmin da Costa. 2019
A cada olhar, uma memória IV
Impressão fine art
15cm x 25cm
Yasmin da Costa. 2019
A cada olhar, uma memória V
Impressão fine art
15cm x 21cm
Yasmin da Costa. 2019
A cada olhar, uma memória VI
Impressão fine art
15cm x 21cm
Yasmin Patrício

A esperança não vive mais em mim, sinto o vazio há algum tempo. Mais tempo
do que consigo lembrar, não está presente na minha memória mas prefiro acreditar
que um dia esteve lá. A cada dia que passa me sinto mais fraca e imponente, não
encontro a energia para me reerguer. Estou paralisada e fui atingida pela praga do
medo e do cansaço. A felicidade é passageira, mas eu sou fixa e enraizada comigo a
tristeza está estagnada sem poder sentir a esperança que me faz querer viver. E um
dia desabrochar.
Yasmin Patrício. 2019
A esperança morreu antes de
desabrochar
Impressão fine art
29,7cm x 42cm
Rodas de Conversa
Aline Crivelari e Helena Dalbone
12/03/2019, 19:00 hrs
Vivência como estudante de Artes Visuais, processos de criação na
disciplina de Oficina de Fotografia 1 e 2, entrelaçamentos do trabalho do artista
visual com o homem contemporâneo e seu contexto político-social.

Caio Fonseca
14/03/2019, 15:00 hrs
A câmera fotográfica. Primeiros contatos com uma câmera fotográfica, questões
mecânicas e técnicas. Experiências, processos e desafios do uso do equipamento.

Antônio Joffily
19/03/2019, 17:30 hrs
Processos históricos e alternativos de impressão, relação suporte-poética-obra.
Compartilhar experiências do processo de pesquisa em fotografia.

Luanna Oliveira e Ana Albano


21/03/2019, 18:00 hrs
Desafios e surpresas do processo curatorial da exposição. Curadoria, série e
diálogo.
ALINE CRIVELARI MARIANA DE CARVALHO
ANA HELOIZAN ALBANO MONIKE CARDOSO
BRUNA DE SOUSA PAULA CATHOUD
CAIO FONSECA PEDRO AL RABAY
CLEIA SHEIBLER TAINÁ WANDERLEY
GIOVANNA COSTANZA THIAGO BRANDÃO
HELENA DALBONE THIAGO GRANAI
JOÃO TESTI VANESSA LIBERATO
JOAQUIM BASTOS YASMIN DA COSTA
LUANNA OLIVEIRA YASMIN PATRÍCIO
MARCELLA SOUZA

Curadoria Montagem
Ana Albano e Luanna Oliveira Antônio Joffily, Yasmin Costa,
Yasmin Patrício
Produção
Thiago Brandão Impressão
Carambola-Birô
Design e Produção gráfica
João Testi e Thiago Brandão Coordenação de projeto
Denise Camargo
Oficina de Fotografia 01 e 02
Programa Educativo
Helena Dalbone

Plotagem
Opção Placas
Galeria da BCE
Bibioteca Central - Campos Universitário Darcy Ribeiro, Gleba A
CEP: 70910-900
Brasília/DF
61 3107 2676

Segunda a Sexta, DAS 7H ÁS 23:30H


SÁBADO E DOMINGO 7H ÁS 18:30H

Realização
oÉ~ä á ò~К ç ^Apoio
éçá Patrocínio
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