Você está na página 1de 9

Elegba, Elegbara, Legba, Léba

Para falar de Elegba, tenho que começar a falar do princípio da vida física
ou da matéria que ganha vida, do universo, do planeta e do princípio da vida
humana no ayê.
Elegba, hoje cultuado como um orixá nos ritos de cabinda, tem seu culto
inicial nos povos jejes, sendo na realidade uma divindade vodun. Não vou aqui me
aprofundar nessa parte teórica, pois meu intuito é falar sobre conhecimento sem
causar debate sobre o tema, uma vez que o lado Cabinda é considerado Nagô por
alguns e Bantu por outros. Como os povos nagôs cultuam Orixá como divindade,
acredito que quando esse vodun passou a ser cultuado por povos nagôs, passou a
ser cultuado como orixá, chamado de Exu Elegbá e mesmo tendo uma mescla de
culto entre vodun e orixá mantém sua legitimidade natural e espiritual, que passo a
seguir.

1
Licenciado para - Edgar de Vargas Filho - 91155207068 - Protegido por Eduzz.com
Elegbá ou Exu Elegbá, princípio fundamental que está presente em
todas as manifestações ativas e quentes, energia dinâmica que permeia o universo
físico, é o princípio masculino, permitindo que o material tenha animação,
movimento, ordem e vitalidade.

Ayê - Mundo físico, material. A matéria é energia concentrada, energia


que se agrupa por sua baixa vibração se solidifica ganhando forma, peso e espaço
no universo. Massa, matéria. A matéria é totalmente parada, passiva.
Orun - Mundo espiritual, energia pura e vibrante, energia viva e livre,
energia inteligente, eletricidade divina.
Vida - A matéria como o princípio feminino, magnético e inerte recebe a
energia espiritual como princípio masculino ativa, nessa união a matéria ganha vida.

Então para a vida acontecer, a energia de Orum ou energia sagrada,


inteligente e livre, precisa estar em constante ligação e fluxo com a matéria, ou seja,
a matéria é permeada por Orum. É necessária uma comunhão entre o Ayê e o Orun,
do físico com espírito em uma comunicação rítmica e harmoniosa pois a vida física
se faz na dualidade bipolar da energia espiritual (Orum) com o magnetismo do
material (Ayê).
Imagine a vida como um televisor. O televisor é a matéria (Ayê), um corpo
físico que ao ser ligado na tomada recebe energia elétrica (Orun), essa energia
permeia internamente o televisor, passando por vários dispositivos e permitindo que
ele tenha vida, seja um ser material, nesse momento animado pelo fluxo de energia
que passa pela matéria. Ao desligar da tomada, a TV perde a animação. Assim se
faz a vida, os corpos materiais recebem a energia espiritual e ganham animação. E
essa eterna comunicação entre Ayê e Orum é Exú. Exú é todo o caminho que
permite o fluxo da energia espiritual e vital em todos os seres vivos.
Exú é quem faz essa comunicação, comunhão acontecer entre Ayê e
Orum. É Exu, a comunicação entre os dois mundos. Em comparação a metáfora
passada, Exú são os cabos que permitem e direcionam a energia de Orum. Nesse
caso, os cabos são os caminhos.

Exú é a energia primária que cria caminhos internos na massa, onde a


energia sagrada possibilita a vida. A matéria que ganha consciência através da
energia consciente do Orum, viabilizando que a matéria consciente tenha
movimento e ciclos de vida. Enquanto Exú mantém o fluxo no caminho entre o Ayê e
o Orum, a vida é mantida em ordem. Por isso, Elegba (Exú) é a comunicação, o
princípio e o fim de cada ciclo. Assim como inicia, acaba, mas enquanto Exú estiver
mantendo a comunicação entre os pólos, o fluxo vital se faz, mantendo vivo tudo
que for material. Exu então se torna energia vital, fluxo vital da vida. Quando Iku

2
Licenciado para - Edgar de Vargas Filho - 91155207068 - Protegido por Eduzz.com
chega, Ikú corta esses caminhos de comunicação entre o Ayê e o Orum, e dessa
forma a energia de orum perde a comunicação com com Ayê, e a matéria, massa,
sem receber a energia de Orum, deixa de vibrar a vida, fica estática, parada, sem
vida, morta.

Elegbá

No início, o universo era o caos, onde a energia de Elegba, permeando o


universo, colocou tudo em ordem. Elegba fez caminhos no universo onde a energia
do Orun possa circular, transformando o universo material num organismo vivo,
pulsante, ordenado e auto-controlado. Elegba coloca ordem no caos, por isso muitos
o consideram o próprio caos, que na realidade ele é mas também é a própria ordem.
Existe um Itan que diz que Ogum criou o caminho entre o Orun e o Ayê,
mas que Exú deu movimento e ordem ao caminho. Então Exu Elegbá passa a ser a
energia vital da vida, ele mantém o fluxo.
Elegba é considerado a energia masculina, ativa que em contato com a
energia feminina (matéria e passiva) faz a vida acontecer, por isso Elegbá é o Orixá
da virilidade masculina tendo como símbolo o próprio falo. Esse fator leva muitas
famílias afro religiosas proibir a aproximação de mulheres ao culto de Elegba, já
outras famílias permitem mulheres cultuar e lidar com Elegba, não podendo se
aproximar apenas quando no seu ciclo menstrual. Essas famílias que permitem, tem
como base que todos somos homens e mulheres ao mesmo tempo, mesmo
pertencendo a um gênero, para existirmos como seres humanos, temos em nossa
origem duas células primárias, o óvulo (feminino) e espermatozóide (masculino) que
juntos formam nosso Ara, nosso corpo físico. Enfim, não se mexe no fundamento de
cada família, se faz como se aprende e tudo está certo dentro do que dá certo.
Elegba então movimenta os caminhos existentes em todo o universo,
entre os planetas e sistemas solares pela massa escura que compõe o universo e
isso faz de Elegba o único conhecedor de todos os caminhos, claros ou escuros ele
sabe onde e como ir. Para Elegba, o espaço é atemporal. Elegba faz o passado virar
presente, o presente virar futuro e o futuro virar passado. Ele é o grande e único
conhecedor do tempo pelos caminhos que só ele conhece, podendo ir e vir a
qualquer tempo, por isso um fantástico ditado yoruba diz: “Exú matou um pássaro
ontem, com uma pedra que só jogou hoje”.
Exú é o Orixá a receber por primeiro as oferendas, pois sem ele a
comunicação do Ayê com Orun não se faz. Assim, ao receber sua oferenda, o fluxo
de energia estará em ordem, Exú leva para o Orun nossos desejos, intenções e
pedidos. Acredita-se que se Exu não receber a oferenda primeiro, o caos se faz, o
fluxo pode não ser ordenado e o presente, passado e futuro se misturam com
caminhos divergentes e nada acontece do modo que deve acontecer.

3
Licenciado para - Edgar de Vargas Filho - 91155207068 - Protegido por Eduzz.com
Seguindo sobre Elegbara, quando nosso planeta começa a se formar,
ainda na era do caos, sem movimento de rotação ou translação, sem dia e noite
definido, sendo bombardeado por meteoros, enfim a terra na época de sua formação
recebe a energia de
Elegba como princípio masculino. Elegba permeia o planeta e permite que a vida
planetária se inicie, coloca ordem no caos. Elegba passa a ser obará do nosso
planeta. Elegba fazendo a comunicação entre o Orun e o Aiyê, faz do nosso planeta
um organismo ordenado, consciente e vivo, permitindo a movimentação e a vida do
planeta. A comunicação entre o dualismo que se faz necessária para vida acontecer,
existe em nosso planeta. A terra como princípio feminino, passivo e material, recebe
a energia ativa do orum através dos caminhos de Elegbá, que coloca na ordem a
energia vital que possibilita o fluxo e a vida.
Os Orixás passaram a habitar nosso planeta através da vida na natureza,
onde outro itan nos conta que "Olorum manda Oxalá à Terra, fazer oferendas aos
Orixás e chegando no Aye, Oxalá encontra Exu”. Imaginamos então que quando
Oxalá, o ar se manifesta no Aye, Exu ou Elegba já habita esse mudo, já havia
permitido a vida acontecer, sendo conhecedor de todos os caminhos do planeta.
Então, quando a terra ganha vida e ordem, Elegba já havia colocado ordem em todo
o universo.
A terra então, se torna um ser vivo, possibilitando a materialização da
energia de cada orixá fragmentado na natureza deste planeta. E nesse entrelaço
entre Elegba e a terra, cria-se a vida humana, a materialização de Olorum, onde ori
também pode se materializar em vidas humanas no planeta.
O homem é o 3° reino de vida na terra, reino hominal, ainda que todos os
reinos de vida anteriores possuírem consciência, apenas o reino hominal consegue
ter a inteligência provida do ori, que é constituído por partículas de luz, partículas de
olorun, energia ativa e criativa. Mas quando a vida humana se faz na terra, a energia
ou força de Elegbá é muito forte para ser Obara dos homens. Os corpos humanos
físicos não aguentam a força e potência de Elegba e então Elegba adentra o planeta
e se divide em várias partes. Em sua divisão espiritual, uma de suas partes é
conhecida como Buruku, exu guardião de todos os portais do submundo, de todos
os portais entre o mundo espiritual e material, por isso Buruku é o exu dos
caminhos espirituais, das feitiçarias, dos espíritos, etc… Até Ikú, para chegar no
caminho de alguém, pede para Buruku direcioná-lo, pois Ikú vem do mundo
espiritual para o material apanhar a energia vital de cada ser humano (Obara)
quando então chega o momento de sua morte.
Elegbara surge na crosta terrestre dividido em 4 partes, Olode, Olonã,
Dagué e Ijelu, literalmente se tornando o cruzeiro com 4 caminhos em sua
subdivisão e dessa forma os homens podem ter seu Obara (exu internamente) com

4
Licenciado para - Edgar de Vargas Filho - 91155207068 - Protegido por Eduzz.com
menos força e violência, permitindo que cada um tenha seu próprio caminho e
comunicação do seu Ará com seu Orí, ou seja, a ligação do espiritual com o
material.

Olode se torna o próprio destino dos homens, levando a vida para o


caminhos dos encontros, Olode ou Lodê é o próprio cruzeiro, onde dois caminhos,
duas pessoas se encontram, o final de Olodê como caminho é onde se encontra Ikú,
ou o cemitério, onde não haverá mais vida física.
Já Olonã é o próprio caminho, solitário, as decisões que tomamos, todas
as ruas entre um cruzeiro e outro está Olonã ou Lanã, tendo seu final no início do
mato, onde acaba as estradas, acaba o caminho acaba Olonã.
Exu Dagué ou Adague, é a longevidade, a ação após a decisão, a
estrada, ou o caminho longo entre uma cidade e outra, um bairro e outro, muito
rápido, pois assim que se decide algo é só fazer e isso é Dagué. Ele inicia onde ele
mesmo acaba, onde uns iniciam outros param como passageiros numa estação,
Dagué é o trem.
E Ijelu ou Agelú, é o caminho calmo, a conquista ou a vitória após a ação,
está totalmente ligado aos orixás de praia, pois é onde acaba Ijelu, na água, de onde
traz as vitórias de Oxalá, a sabedoria de Iemanjá e o ouro de Oxum, por isso
considerado o Exu do dinheiro, das vitórias e dos ganhos, por isso também o único
exu que leva mel em suas oferendas.

5
Licenciado para - Edgar de Vargas Filho - 91155207068 - Protegido por Eduzz.com
E isso fica explícito no início de um batuque de Cabinda, onde inicia a
roda com todos de lado um para o outro e de frente para o centro da roda enquanto
os Alabês tocam e cantam para Elegba e Buruku, se recria a origem da terra, no
início onde ainda não havia vida humana, nem caminhos, e quando inicia o toque a
Olode, então todos da roda se viram e em fila e dançam, um atrás do outro,
simbolizando o caminho, pois a partir daí já existem os caminhos da vida humana.
Sigo falando dessas qualidades no decorrer.
Voltamos a Elegba.
Elegba é o único ser que conhece todos os caminhos da terra, dos mais
elevados e evoluídos aos mais estáticos, por isso o ditado que diz “que Exu faz o
erro virar acerto e o acerto virar erro”.
Um ser humano, após sua partida, sua morte, seu “Ará volta à terra",
onde com e degeneração física, suas partículas vão retornando ao estado natural
mineral, o primeiro reino de vida na terra, seu orí retorna a Olorun, reconectando ao
Todo, chamado "a massa de origem", e sua alma ou o Egum, que é a memória de
sua existência, que muitos chamam de espírito, carrega em si uma carga energética,
uma consciência, que é a união de suas memórias emocionais com tudo aquilo que
fez durante a vida física, ganhando ou perdendo luz. Muitos desses espíritos, almas
ou eguns, que fizeram sua passagem praticamente sem luz, ou com pouca luz e
com o passar do tempo foram perdendo vibração, caem num limbo ou como se diz,
a terra da solidão, um local abaixo da crosta terrestre onde tudo é escuro e inerte, é
onde as partículas passam por longas épocas até conseguirem degenerar igual ao
corpo físico, deixando de existir, perdendo definitivamente suas memórias e
experiências anteriores de vida e voltando à vida através do mundo mineral (Há um
capítulo explicando bem isso, o que é egun, egungun, Babá egun e alma).
Inclusive nesse local, Elegba além de saber onde fica, é o único Orixá
que adentra, nesse caso não mais como Orixá e sim como uma entidade, a segunda
face de Elegba, chamado de Zambirá. Em Igbo Zambirá, “Zan bi ra” significa “eu
vou seguir”.
Achamos assentamentos de Elegba também como Zambirá em alguns
Igbalés ou em locais abaixo da terra, fazendo assim com que Elegba seja o único
Exú a adentrar, além da terra da solidão aos Igbalés, lembrando que Igbalé nada
tem a ver com a terra da solidão.
Essas consciências pouco vibrantes, almas perdidas ou eguns
esquecidos, podemos chamar de Anjos, Anjos caídos, Anjos da solidão, Anjos da
morte, etc. São esses seres que cultuamos como Anjos. Esse culto tem seu início na
cidade de Gravataí/RS (não tenho certeza dos nomes nem da veracidade dessa
história, pois ouvi numa conversa em Viamão/RS na casa de uma senhora que não
recordo o nome, mas me faz sentido). Uma senhora, espírita e clarividente, da

6
Licenciado para - Edgar de Vargas Filho - 91155207068 - Protegido por Eduzz.com
cidade de Gravataí, um dia diz a seu marido afro religioso, filho de Ogum, que na
igreja de Nossa Senhora dos Anjos, bem como em cemitérios existiam grandes
portais para a terra da solidão, e que verdadeiros mendigos espirituais ali nessa
Igreja imploravam por um pouco de luz para não caírem na terra da solidão. E que
qualquer feiticeiro poderia usar deles para seus pedidos que, com certeza, em nome
de ganharem um pouco de luz, eles atenderiam. Numa busca de comunicação com
esses seres, a pedido de seu marido, essa senhora descobre que dentro da terra da
solidão, as consciências já esquecidas poderiam trabalhar mais e melhor que esses
mendigos e isso se daria através de Isina, que significa em Igbo Isi Cabeça
(consciência) e Ina significa “em um” ou "clareza". IsiIna, Sina, Zina ou Tzina como
quiserem chamar, é a dor da mãe que perde um filho, seria a parte contrária da
alegria da vida, a dor da morte, a terra que perde seu filho para escuridão,
resumindo Isina é a própria dor de uma mãe que perde um filho, um ciclo que
acontece ao contrário da naturalidade. E que quando despertada essa consciência
de Isina, ou essa entidade, enfim quando através dela se oferta algo à algum filho
dela, ela se torna eternamente grata a essa pessoa ou feiticeiro, e pela luz recebida
ao despertá-la, ela consegue trazer de volta algum ou alguns de seus filhos,
chamados de Anjos, e esses passam a trabalhar para quem despertou Isina, de
modo a ganharem cada vez mais luz apenas por serem lembrados em seus
trabalhos e a eles ofertados ebós.
Existe uma associação do culto de Isina com "Aizã'', cujo nome significa
"a esteira da terra" é um vodum feminino dos mais importantes na cosmologia fom.
Ela é considerada a dona dos mercados e dos espaços públicos, onde as pessoas
se encontram e interagem. Para alguns, ela é considerada a primeira divindade
cultuada pelo primeiro ancestral. A ela também é atribuído o dom da palavra e da
comunicação e desta forma está estritamente ligada à Elegba, a quem muitas vezes
é associada como mãe ou esposa. Sua representação é um montículo de terra
colocado no meio das praças de mercado coberto de muitas rodilhas de dezan
(palmas ainda verdes e desfiadas de dendezeiro), onde os comerciantes fazem
oferendas.
Aizã também é cultuada nos humpame, onde é responsável pelos
neófitos em processo de educação, sendo seu montículo sagrado colocado no
abaçá (espaço mais externo ou ante-câmara), ou no abaji (espaço mais interno) dos
conventos. O culto de Aizã é de origem hwedá e é forte sobretudo na região de
Uidá, no Benim (fonte Wikipedia).
Nessa associação, Isina pode ser a parte de Aizã que perdeu seus filhos.
Existe também uma associação de Isina com Oyá ou Oyá Timboa, pela
aproximação desse Orixá ser considerada a donas dos Eguns ou também a Mãe de
Ikú, Mãe de Egum, enfim, várias aproximações dessa entidade com esse Orixá.

7
Licenciado para - Edgar de Vargas Filho - 91155207068 - Protegido por Eduzz.com
Mas Isina é a dor da Mãe que perde seus filhos que vai te agradecer por
lembrar e salvar seus filhos, dito por essa clarividente de gravataí, que ao trazer
todo o conhecimento desse culto, ensinando desde cantigas, comidas, modo de
culto até a oração para recolher em Igrejas e cemitérios essas entidades para serem
cultuadas em casas religiosas de magia.
O conselho dessa senhora era apenas que se achasse um sacerdote que
lidasse com sacralização de animais, tivesse o assentamento de Elegba e soubesse
lidar com Eguns, mas teria que ser um sacerdote de muita responsabilidade para
que esse culto não caísse em mãos de feiticeiros errôneos, que fossem usar desse
culto apenas para seu próprio crescimento material e esquecendo do propósito
inicial que seria a evolução dessas consciências ou anjos, pois Isina é muito
perigosa, uma mãe que sabe agradecer mas sabe ser severa, e muitos feiticeiros
poderiam perder tudo ao invés de ganhar tendo o conhecimento desse culto, o que
de fato aconteceu com alguns sacerdotes. Na época então, recorrem a uma grande
sacerdotisa de Cabinda, filha de Oxum, que junto a essa senhora faz todos os
preceitos e ritos e realmente descobre a grande benção que é ter esse fundamento
como auxílio espiritual. Desde então, muitas especulações e grandes estórias foram
inventadas em volta desses fundamentos que ao mesmo tempo em que são simples
também são muito complexos.
Para Isina, existe apenas um assentamento, mas existem várias
representações para tê-la em casa sem a necessidade do assentamento, pois Isina
tem nove filhos, nove anjos, e para fazer o assentamento de Isina, precisa fazer o
assentamento dos nove anjos juntos, numa casinha chamada de morofungbalé.
Geralmente cultua-se Isina através de vultos, recolhidos de cemitério com oração,
ebós e horários específicos.
Já os nove anjos, podem ser divididos em 3 cultos ou formas de cultuar.
Existem três anjos que são assentados junto à Elegba, como guardiões,
conhecidos como anjos caídos (dois homens e uma mulher), cada um com seu
nome. Antigamente eram assentados para serem os guardiões de uma casa
religiosa que não cultua exu quimbandeiro (catiço). Em alguns casos, inclusive,
Elegba era assentado em vulto, imagem de anjo ou santo. Um desses anjos seria a
representação de Isina. Geralmente levam o nome de Dein, Nein e Adesun. Tendo
Adesun com a representação de Isina. Adê significa coroa ou cabeça, Sun significa
dormir, então, cabeça que dorme. São cultuados para guarnecer e defender casas e
filhos de santo contra feitiçarias de baixa vibração lançadas contra as casas que os
acolhem e os tratam.
Em outro culto, busca-se dois vultos, duas imagens de anjo: uma na
igreja e outra no cemitério. Neste culto seriam os Anjos da Solidão, que juntos
trabalham sendo o equilíbrio, por isso alguns sacerdotes associam esse culto a
Xangô ou ao próprio Kamuka. São os Anjos do equilíbrio, pois o anjo da igreja,

8
Licenciado para - Edgar de Vargas Filho - 91155207068 - Protegido por Eduzz.com
olhando para baixo carrega em si a abundância, a riqueza e a prosperidade,
enquanto o anjo do cemitério, olhando para cima, carrega na sua essência a
escassez, a pobreza e a miséria. Tratando dessas consciências, teríamos o
equilíbrio em tudo que se pede, também despertados por IsiIna. Há orações, ebós e
horários específicos para seu culto e rituais. Com nomes de Aloim e Dezin, para
alguns sacerdotes, e Dein e Nein para outros. Seu culto tem que ter o mesmo
tratamento para ambos, pois para um ser rico e ganhar, o outro tem que perder. Aqui
existe esse grande mistério, em que muitos se perdem. Os dois anjos precisam ser
tratados iguais, com mesmo carinho, e com a mesma quantidade de ebós, o que
muda é a qualidade: um ganha o melhor e mais caro enquanto o outro ganha o pior
e mais barato, mas sempre na mesma quantidade.
O anjo que ganha melhor estará satisfeito e dividirá com seu feitor ou
cuidador, enquanto o que ganha o pior, vai trazer muito para ganhar o melhor.
Parece ser desonesto isso, mas não é, nem pode ter pena do pobre e nem agradar
mais o rico ou eles próprios não vão trabalhar de forma adequada e a seu cuidador
pode ter muitas perdas ao invés de ganhos com esse culto. Alguns sacerdotes os
cultuam como crianças, dando em seus ebós apenas doces e mamadeiras,
enquanto outros os cultuam como seres mais velhos, oferecendo-lhes cigarros e
bebidas alcoólicas, além de seus ebós diferentes aos que cultuam como crianças.
Existe ainda um terceiro culto, o menos conhecido e mais perigoso,
conhecidos como o Anjo da Morte, associado ao culto de Xapanã e Eguns. Nesse
culto, busca-se um vulto de anjo que seja oco, com dia, horário e oração
específicos. Esse vulto também representará Isina (aqui, prefiro não comentar o
nome desse anjo). O ritual segue na busca de elementos de três consciências de
pessoas que morreram de mortes específicas, também com orações e horários
específicos, onde se batiza esses elementos em missas dentro de igrejas. Após, são
colocados todos os elementos dentro do vulto, feitos os rituais e depois lacrado o
vulto. Esse culto, precisamente, lida com a morte e a desgraça, seja para
aproximá-las ou afastá-las de alguém. O culto menos falado e ensinado, pois é
muito perigoso, ainda mais em mãos de feiticeiros despreparados de egos
gigantescos.
___________________________________________________________________
* Esse é o início de um livro que estou escrevendo, sobre Exus, Bará, Ori, Bori,Eguns e Vida
humana.
* Não tenho o objetivo de passar fundamentos ou modo de feituras, nem oferendas ou
formas de culto, meu intuito foi de passar meu conhecimento sobre o tema, o que são, como
fazer acredito que cabe a cada família ter seu fundamento e forma de fazer, não existindo
uma forma exclusiva ou fundamento absoluto, uma vez que conheço várias formas e todas
dando grandes respostas a quem tenha esses fundamentos.
* Espero que apreciem a leitura e deixo meu contato para qualquer esclarecimento,
54-999261736. Pai Nado de Oxalá

9
Licenciado para - Edgar de Vargas Filho - 91155207068 - Protegido por Eduzz.com

Você também pode gostar