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“Os nomes têm pronuncia diferenciadas da escrita”,

Por exemplo:

Kasher pronuncia-se: (kasrrer)

Aksue pronuncia-se (Akissue)

Skidlan pronuncia-se (Iskidilan)szs

APRESENTAÇÃO

Durante muitos anos houve batalhas entre magos e bruxos,


existiam vários reinos e varias cidades habitadas.
Kasher e Aksue nasceram nesta época de confrontos onde os
egoísmos, o orgulho e a ambição tiravam à paz do mundo.
Estes irmãos foram criados por reinos e magias diferentes
acreditando serem inimigos um do outro sem imaginarem que
eram irmãos.
De vários reinos e de vários magos escolhi contar-lhes á
trajetória destes irmãos que viveram em magias diferentes em
meio ás vinganças trazidas de tempos atrás entre os magos
Akidber e Skidlan, Mas, mesmo assim estes irmãos não
conseguem se odiar, pois o sangue que correm pelas veias de
um é o mesmo que corre pelas veias do outro.
Através destas linhas vocês entrarão num mundo de magias e
sabedorias onde tudo depende do ponto de vista em que se
está. Mostra-nos que o ódio, o orgulho, a vingança e a
ambição nos levam para caminhos muitas das vezes sem volta,
desfazendo sonhos bonitos que nos cega para o que é belo.
Entrem nesta história emocionante e cheia de mistérios que
nos envolve do inicio ao fim e mostra-nos que só o amor
verdadeiro nos livra dos perigos que se colocam nossa frente.
Você irá se apaixonar por Kasher um menino bom e
Extremamente obediente que qualquer mago adoraria tê-lo
como seu aprendiz. Certamente irá compreender Aksue que
foi vitima do egoísmo e da ambição de Akidber.
Kasher, Aksue, Akidber, Skidlan, Lauvia, Xogum, Atus, Minela e
Maqueria levaram vocês a um mundo diferente e verdadeiro
onde cada um deles dará um grande exemplo de virtude; Até
mesmo Kener um dos maiores e mais temido feiticeiro de toda
á época dará um dos maiores exemplos ao abnegar-se de sua
vingança se rendendo a maior prova de amor da providência
divina à.
“Reencarnação”.

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ÍNDICE

A DISPUTA POR MIDITI /


A INFÂNCIA DE KASHER E AKSUE /
A GRANDE INVASÃO /
NA ALDEIA DE XOGUM /
O BRACELETE /
O PRIMEIRO ENCONTRO /
NO REINO DE LUANDA /
A CONQUISTA DE AKDBER /
DE VOLTA Á CIDADE-ESCOLA /
VINGANÇA A MIDITI /
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ENCONTRANDO ATUS /
O REENCONTRO COM KENER /
O SOFRIMENTO DE LAUVIA /
O CONFRONTO FINAL /
UM NOVO DIA /

A DISPUTA POR MIDITI

O Sino da igreja bate as seis da manha acordando todos os


habitantes da cidade, Miditi possui um povo católico que é
admirador das ciências ocultas muitos trabalham na lavoura
cultivando ervas e extraem delas remédios para diversos fins.
Além das ervas os moradores cultivam arroz, feijão, soja,
legumes e verduras para o próprio sustento e criam cabras e
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cavalos. Miditi esconde muitas pedras preciosas debaixo do
seu solo, mas somente os moradores mais antigos sabem
destes imensos valores, a população de Miditi é de gente
simples e humilde.
Todos os dias após retornarem das lavouras seus habitantes se
reúnem na igreja, próxima á praça na entrada da cidade, lá
estes agradecem pelo dia de trabalho e pela colheita,
enquanto os adultos assistem as missas, as crianças brincam
na praça e todos vivem em total harmonia.
Para o lado que o sol se Põe a mais ou menos uns quarenta
quilômetros de distancia abaixo de Miditi, Akidber um bruxo
astuto e perigoso formou um reino chamado Surim, um reino
tão grande quanto à cidade de Miditi, porém não tinha como
plantar e nem colher, Surim foi amaldiçoada pelos antigos
mestres do bruxo, seu solo era infértil, não possuía uma só
arvore.
Por este motivo Akidber não tinha como se alimentar,
passando então a devastar as lavouras e roubar os animais de
Miditi aterrorizando aquela gente simples e humilde.
Em Surim Akidber distribuía os alimentos e em troca os
moradores construíram o seu imenso e assustador castelo.
Todos de Surim temiam Akidber que não tinha compaixão por
ninguém.
Os moradores de Miditi estavam desesperados com aquela
situação tudo que eles plantavam e criavam Akidber roubava-
lhes. Com isto o povo começou a passar fome o que lhes
sobrava era muito pouco. Com a situação que Miditi
atravessava a notícia se espalhou até que chegou a cidade-
escola, onde residia Skidlan um mago experiente e bondoso,
Skidlan conhecia muito bem Akidber, pois viveram juntos por
muitos anos até que Akidber tomou-o como inimigo. O mago
sabia que se não entrevisse por Miditi o bruxo iria destruí-la.

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Skidlan pediu permissão ao conselho da escola e criou um
reino próximo a Miditi para o lado em que o sol nasce acima
da cidade. Luanda ficava a uma distância aproximada de uns
vinte quilômetros, era um reino pequeno e todo gramado,
possuía imensas árvores frutíferas, todo cercado com grades
douradas e um gigantesco portão, ao meio ficava seu castelo
todo branco. Em volta do castelo ficavam as casas das
mulheres fadas e todos de Luanda eram vegetarianos,
cultivavam ervas, arroz, verduras e legumes.
As mulheres fadas durante o dia cuidavam de suas casas e de
suas famílias e durante a noite quando se transformavam em
fadas ficavam responsáveis por vigiar o reino. Todas usavam
magias que saiam de suas mãos em forma de raios de luzes
aquecidos e possuíam também o dom da telepatia.
Além das fadas Skidlan precisava de alguém que tivesse o dom
da vidência e da telepatia para ficar morando em Miditi e
lembrou-se de seu avô materno que vivia em um reino
distante e solitário viajou por vários dias até encontrá-lo,
implorou-o para que ele fosse morar em Miditi. A princípio
Xogum não quis aceitar gostava de viver só por isso havia
criado um reino solitário. Xogum era um mago muito sábio e
experiente e viu que seu neto Skidlan e a cidade de Miditi
realmente precisavam de sua ajuda, antes de aceitar impôs a
condição de morar num local distante do centro da cidade.
Skidlan levou Xogum para morar em uma aldeia que ficava ao
lado norte da cidade. Lá construíram uma casa de barro, e a
chamaram de choupana. Nesta aldeia viviam duas famílias,
mas xogum não se importou em deixá-las ali.
Apenas Skidlan e alguns moradores de Luanda sabiam que o
objetivo de Xogum está na cidade, era para ajudar a vigiá-la.
Depois de tudo acertado Skidlan foi ate a Praça de Miditi e
avisou aos moradores que daquele dia em diante poderiam

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contar com ele para qualquer urgência chamando-o a
qualquer hora.
Todos ficaram satisfeitos com a presença do mago e sentiram-
se mais seguros. Chamavam por Skidlan até mesmo quando
algum morador sentia-se mal e o mago não hesitava em ajudar
estava sempre pronto para qualquer ocasião. Os moradores se
reuniram e deram ao mago um cavalo tordilho que facilitava
sua vinda de Luanda.
Os reinos Luanda e Surim possuíam vibrações opostas. Luanda
era protegida pelas vibrações da magia branca, enquanto
Surim era protegida pelas vibrações da magia negra, possuindo
um aspecto obscuro. Com estas vibrações opostas nenhuns
dos dois magos conseguiam enxergar o reino um do outro nem
mesmo através da bola de cristal.
Com a chegada de Skidlan o bruxo ficou furioso, pois sabia que
seu antigo amigo atrapalharia os seus planos, então,
selecionou alguns homens sendo eles os mais fortes e valentes
e os preparou para serem destemidos guerreiros. Usavam
espadas, correntes e flechas. Entre estes o mais respeitado era
Atus, moreno de cabelos negros e olhos verdes o mais valente
de todos e o braço direito de Akidber. Estava sempre pronto
para defender o bruxo.
Passado alguns meses após a chegada de Skidlan, Akidber
resolveu invadir novamente Miditi. Seus suplementos haviam
acabado, Mas, o bruxo tinha um plano em mente para poder
enfrentar Skidlan! Mandou seus guerreiros roubarem os
alimentos e, além disto, deveriam maltratar alguns moradores.
Sabia que com esta atitude Skidlan ia para Miditi com muita
raiva, Akidber conhecia bem seu antigo amigo. Invadiram
Miditi no silêncio da noite e enquanto seus guerreiros
cumpriam suas ordens, Akidber e Atus aguardavam Skidlan
próximo à entrada de Miditi, o bruxo estava ansioso pelo
reencontro.
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Ao longe Akidber avistou alguns vultos brancos que vinham
em sua direção, sem saber o que era segurou as pontas de sua
capa e manteve sua mente firme. Para sua surpresa viu que
aqueles vultos eram na verdade mulher fadas pensou
rapidamente que se travasse uma batalha com as fadas
poderia sair prejudicado, pois daria tempo de Skidlan chegar;
Caso Skidlan chegasse Akidber sabia que poderia perder a
batalha, pois, seus guerreiros não estavam preparados para
lutar contra fadas; Num ato rápido Akidber balançou sua capa
agitando-a e ao mesmo tempo dizia algumas palavras em voz
alta, criando assim uma ventania na qual impediu as fadas de
se aproximarem e de usarem seus poderes deixando-as
desnorteada.
Miditi possuía árvores de um lado e outro, muitas fadas
bateram contra estas arvores e caíram desacordadas, Akidber
aproveitou a ocasião e pegou uma das fadas que estava caída
próxima a ele, colocando-a em seu cavalo negro fugindo
imediatamente para Surim, Atus que estava próximo, seguiu
Akidber, dando um galope em seu cavalo, partindo também
para Surim.
Por muito pouco Skidlan não encontrou com Akidber e Atus no
caminho, a encruzilhada que separava os reinos e a cidade de
Miditi estava toda coberta pela poeira por conta do vendaval e
dos galopes do cavalo, Skidlan pressentiu que algo estranho
havia acontecido ali. Entrou na estrada para Miditi e logo após
alguns galopes avistou uma de suas fadas se levantando em
meio ás árvores, apeou de seu cavalo e correu ao encontro da
fada.
Skidlan olhou para fada sentindo uma tristeza profunda e
perguntou:
- Mas o que foi que aconteceu aqui?
-Há meu senhor!Fomos pegas de surpresa pelo bruxo.

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Com a capa ele criou uma ventania levantando muita poeira e
nos jogando contra as árvores. Não conseguimos detê-lo, não
devíamos tê-lo subestimado.
-Tenha calma, vamos ver como estão às outras fadas [Skidlan
segurava a fada pelas mãos procurando acalmá-la].
Apos reunir todas as fadas Skidlan deu por falta de Minela.
Telepaticamente perguntou a Xogum e como resposta soube
que Akidber havia raptado-a. Skidlan ficou arrasado com a
perda de Minela sentia raiva e tristeza ao mesmo tempo, sabia
que não podia fazer nada para salvá-la.
Furioso Skidlan seguiu para a cidade e expulsou os soldados de
Akidber, mandando um recado em alto e bom tom por uns dos
soldados:
-Avise para Akidber que a partir de hoje ele terá realmente um
inimigo.
O guerreiro ouviu o recado e seguiram imediatamente para
Surim. Em Surim foi aquele alvoroço com a chegada de Minela.
O povoado de Surim nunca tinha visto uma moça tão bela.
Minela tinha longos cabelos ruivos e cacheados, olhos azuis da
cor do céu, lábios carnudos e rosados e sua pele era aveludada
como pêssego.
Akidber mandou prendê-la em uma gaiola grande, toda
prateada, Minela ficou muito assustada ao ver aquela gente
maltrapilha de aparência horrenda e comportavam-se como
animais. Atus foi quem ficou responsável por cuidar de Minela.
Sentiu-se apaixonado desde primeiro momento que há viu
Além da beleza da fada, Atus se apaixonou pela doçura e
meiguice com que Minela o tratava.
Havia se passado seis meses que Minela estava presa na
gaiola. Atus não suportava mais vê-la presa ali e tomou uma
atitude, foi até o castelo de Akidber e pediu permissão para
levar Minela para uma das casas do reino. Akidber concordou
com Atus, mas impôs uma condição, Atus deveria colocar
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grades nas portas e janelas. Atus providenciou as grades e
levou Minela para seu novo lar. Somente Atus possuía a chave
da grade da porta.
Após aqueles meses de convivência Minela passou a admirar
Atus e o amor entre eles cresceu. Depois de vários encontros
Minela engravidou...
No dia dez de agosto do ano 800, Minela deu á luz a dois belos
meninos Gêmeos, um deles tinha cabelos negros e olhos
verdes muito parecidos com Atus, o outro também tinha olhos
verdes e cabelos ruivos como o de Minela.
Atus ficou maravilhado com o nascimento dos filhos, seu
coração batia forte, sua respiração estava ofegante queria
explodir de tanta felicidade. Minela estava cansada e sentia-se
muito fraca, pois se alimentava muito mal.
Sentia que não ia resistir após o parto e sem muita força pra
falar sussurrou ao ouvido de Atus:
- Por favor, Atus, salve nossos filhos...
-Mas por que esta me dizendo isto Minela? Atus não
conseguia entender o porquê daquele pedido.
-Sei que não vou resistir; - continuou Minela, sinto-me muito
fraca, daqui à uma hora Akidber virá buscar um de nossos
filhos.
-Não pode ser!- Interrompeu Atus.
-Por favor, Atus deixe-me concluir - implorou Minela em meio
à angústia: - Faça como vou dizer: pode entregar um dos
meninos, mas por piedade não sacrifique o outro, você deverá
levá-lo para Skidlan, ele estará te esperando na encruzilhada
dos dois reinos, farei este pedido a ele assim que eu partir,
Skidlan é bom de coração além de proteger nosso menino, ele
vai protegê-lo também, confie nele. Atus segurava as mãos
de Minela com força sentindo dentro do peito uma dor imensa
e o medo de perdê-la junto com seus filhos. Logo após, Minela
veio a desencarnar enquanto amamentava os gêmeos. Atus
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ajoelhado a sua frente chorava com toda força de seus
pulmões. Logo ao desencarnar Minela em espírito foi para
Luanda pedir para skidlan salvar Atus e seu outro filho e
contou-lhe que a outra criança estava sob a guarda de
Akidber, Skidlan nem hesitou, montou em seu cavalo e seguiu
para o local onde Minela havia pedido.
Em Surim Atus chorava pela perda de Minela quando escutou
a voz de Akidber do lado de fora da porta com grade.
- Quero um desses meninos para mim... Entregue-me agora!
- Mas Akidber são dois meninos não pode separá-los.
-Quero apenas um - reafirmou Akidber - se eu ficar com os
dois, mais tarde terei dois inimigos não poderei controlar os
dois ao mesmo tempo, e como castigo pelo seu erro terás de
sacrificar o outro e como garantia vai me entregar o corpo do
recém nascido.
Atus fechou os olhos e baixou a cabeça, lembrou-se do que
Minela havia lhe dito...
- Sim mestre, farei o que mandou, deve pagar pelo que fiz.
Atus se aproximou de Minela e pegou o filho mais parecido
com ele e entregou para o bruxo.
-Agora mate a outra criança - gritou Akidber furioso.
-Por piedade, deixe-me despedir de Minela, preciso apenas de
meia hora, logo levarei a outra criança até o castelo para que
tenha certeza do meu feito.
Akidber pensou por um instante e aceitou deixá-lo pelo tempo
pedido, mas com um tom forte retrucou:
-Nem pense em me trair novamente, vou esperar-te no castelo
se acaso não chegar dentro de meia hora voltarei aqui e
acabarei com todos vocês.
-Sim senhor, pode confiar em mim-respondeu Atus com
firmeza.
Atus seguiu Akidber escondido para ter certeza que o bruxo
havia entrado no castelo. Voltou ligeiro para o quarto onde
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estava Minela e pegou em seus braços seu outro filho,
enrolou-o num pedaço do vestido de Minela e montou em seu
cavalo. Num só galope seguiu para a encruzilhada onde Skidlan
esperava-o.
No Castelo Akidber estava inquieto. Passado uns vinte
minutos, retornou para o quarto onde estava Atus e Minela,
queria ter certeza que Atus havia cumprido suas ordens. Ao
chegar encontrou a grade da porta aberta e deu por falta do
cavalo de Atus, percebendo logo que ele havia fugido com a
criança, juntou rapidamente seus soldados e seguiram para
Miditi. Procuraram por toda à noite, os olhos de Akidber
pareciam duas bolas de fogo, estava tomada pelo ódio, sua
busca foi inútil ninguém da cidade havia visto um homem
fugindo com uma criança nos braços. Akidber retornou para
Surim quando clareava
O dia. .
Maqueria, uma antiga governanta do castelo, foi quem cuidou
do filho de Atus e o batizou de nome AKSUE.

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A INFÂNCIA DE KASHER E AKSUE

Skidlan apresentou o menino ao seu povo e a batizou de KASHER.


Todos de Luanda ficaram muito felizes com a chegada de Kasher.
Ele foi amamentado pelas mulheres fadas. Cresceu forte e
robusto. Brincava por todo o reino com as outras crianças,
sempre muito alegre e feliz.
Aksue sempre fora criado preso no castelo e sua única
companhia era Maqueria e Akidber. Aprendeu a andar e falar
muito cedo, aos cinco anos sabia ler e escrever. Possuía um
dom natural, sua única distração eram os livros.
Kasher aos cinco anos conhecia algumas ervas importantes,
aprendia entre uma brincadeira e outra todos os segredos das
ervas, Skidlan não lhe forçava a nada, deixava-o brincar por
todo o reino junto de sua amiga Ágata, filha de uma das
mulheres fadas. Enquanto Kasher era falante e brincalhão,
Aksue era quieto e sério, raramente sorria.

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DEZ ANOS DEPOIS...

Skidlan estava sentado à grama observando Kasher brincar e


admirando como Kasher era parecido com Minela e sentia um
enorme orgulho de tê-lo como filho, Kasher sempre foi muito
ativo e adorava conversar:
- Pai, posso ir brincar com Ágata?
-Pode sim, Kasher, mas não se demore você já tem 10 anos de
idade precisa se dedicar mais ao estudo das ervas, pois daqui
pra frente você será responsável pelo preparo dos remédios.
-Sim, pai. Não vou me demorar, mas antes queria te fazer uma
pergunta.
-Faça meu filho, o que quer saber?
-Por que o senhor me ensina estas coisas? Está me preparando
para ser um mago como o senhor?
-Sim Kasher todo o universo é feito de magias, as estrelas, os
planetas tudo gira em órbita através de alguma magia, o
mundo tem energias boas e ruim você precisa aprender a se
proteger destas magias ruins.
Kasher pensou por uns instantes e perguntou novamente:
-Ágata me falou sobre Aksue; Filho de seu maior inimigo é
verdade que um dia terei de enfrentá-lo? [Kasher perguntou
num tom triste e angustiado].
Skidlan refletiu sobre o que Kasher havia lhe falado e procurou
a melhor forma de explicar:
- Eu e Akidber estudamos na mesma cidade escola, mas
Akidber deixou a ambição e o egoísmo tomarem conta dele.
Aksue é apenas uma vítima de Akidber, mas um dia ele vai
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descobrir sua verdadeira origem e vai trabalhar para o bem,
como você, ainda é cedo para você se preocupar com isto meu
filho, vá brincar com sua amiga.
Kasher pediu a benção ao seu pai e foi encontrar Ágata.
-O que foi Kasher por que está triste assim-Perguntou Ágata.
-Não sei Ágata, mas sinto tanta pena de Aksue, pois sei que ele
é um prisioneiro em Surim, queria conhecê-lo, mas sei que
Akidber nos odeia.
-Você não deveria sentir estas coisas Kasher - repreendeu
Ágata - Aksue é nosso inimigo ele é filho de Akidber e não se
esqueça que um dia você terá de enfrentá-lo, pois nossa paz
depende de você e do mago Skidlan.
Com as palavras de Ágata Kasher se sentiu ainda mais
deprimido. Ágata percebeu que tinha deixado o amigo ainda
mais triste e pediu a ele que esquece aquele assunto e fossem
brincar. Mais tarde Kasher retornou para o castelo, Skidlan
percebeu que o filho estava angustiado, preferiu não fazer
perguntas. Pediu para Kasher tomar um banho de ervas e
vestir seu manto de aprendiz indo encontrá-lo posteriormente
no quarto de magias.
Skidlan colocou no centro do quarto um caldeirão com ervas
deixando-as ferver, à frente do caldeirão colocou uma cadeira
de frente para um espelho e pediu á Kasher para olhar
fixamente para o espelho. Enquanto Kasher olhava para o
espelho, Skidlan despejou dentro do caldeirão alguns líquidos
de várias cores e logo após foi subindo uma fumaça densa. No
mesmo instante que á fumaça subia foi se formando no
espelho á figura de um senhor de cor mulato com cabelos e
bigodes longos e grisalhos, testa franzida e com estatura
média.
-Quem é este, pai?-Perguntou Kasher ansioso.
-Este é Akidber o bruxo com quem venho lutando por Todos
estes anos, você nunca deverá subestimar o seu poder.
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Akidber é um bruxo muito experiente, pena que se dedicou á
magia negra.
-E Aksue? Quero conhecê-lo também.
-Ainda não pode Kasher, Akidber não permite. Assim como eu
também não permito que o veja. Vocês estão sob nossa
guarda, somos seus escudos, ainda são muito jovens.
-Sim, pai, eu entendo, esperarei a oportunidade certa.
Espero que Aksue não seja tão feio quanto Akidber.
Skidlan sorriu e abraçou Kasher...
- vamos sair hoje Kasher, iremos até Miditi ajudar uma moça
que está em trabalho de parto.
Rapidamente montaram em seus cavalos e seguiram para
Miditi. Ao chegarem à casa da jovem, Skidlan pediu para que
todos saíssem ficando apenas ele e Kasher. A criança que a
jovem carregava estava atravessada em seu ventre e a moça
gritava de dores por não conseguir concluir o parto. Skidlan
pediu para Kasher energizar suas mãos e colocá-las sobre o
ventre da gestante fazendo movimentos em círculos, Skidlan
colocou um manto azul cobrindo da metade da barriga até os
joelhos da jovem, que imediatamente sentiu suas dores se
acalmar, Skidlan foi puxando o pano azul lentamente e assim
que o retirou por completo a criança havia nascido. Era um
belo menino forte e robusto. Kasher ficou maravilhado com o
que tinha acabado de ver. Pegou a criança no colo e colocou
nos braços da mãe...
No caminho de volta para Luanda, Skidlan percebeu que
Kasher estava quieto e pensativo estranhou o comportamento
do filho então lhe perguntou:
-O que houve Kasher. Nunca te vi tão quieto?
-Não foi nada de mais meu pai, mas hoje percebi que tenho
muitas coisas para aprender. Será que um dia saberei tanto
quanto o senhor?

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-Mas é claro meu filho!Mas tudo tem seu tempo certo. A partir
de hoje você terá que se dedicar mais tempo aos seus
estudos.Você já está com dez anos de idade e terá de
aprender tudo que sei até completar seus dezoito anos, este é
o tempo máximo que se aprende sob magia, depois é apenas
se aperfeiçoar e aprimorar seus dons.
Kasher passou a se dedicar mais aos estudos em tempo
integral, não saía nem para brincar com Ágata.
Aksue com seus dez anos de idade já era respeitado em Surim.
Possuía seu próprio exército, maioria crianças e adolescentes.
Aksue forçava-lhes o trabalho escravo. Trabalhavam o dia
inteiro debaixo de sol e chuva sem tempo para descansarem,
aqueles que desistiam ou desobedecia a suas ordens, Aksue
mandava castigá-los. Todos se revoltavam, mas nada podiam
fazer.
Aksue mandou arar mais de dois mil hectares de terra, dizendo
que ia tornar o chão de Surim fértil, Akidber olhava com
preocupação aquela situação e dizia para o filho:
-Aksue... Aksue, você não pode ficar maltratando aqueles
meninos assim, mais tarde quando se tornarem homens, eles
poderão formar um exército contra você.
-Não se preocupe com isto meu pai, aquela gente me respeita
e vão respeitar ainda mais quando o chão de Surim torna-se
fértil, aqui será o maior reino de ervas de toda a redondeza, eu
hei de aprender um feitiço que você nunca conseguiu.
Akidber ficava preocupado e ao mesmo tempo orgulhoso com
a altivez de Aksue e acabava concordando com tudo que ele
dizia e fazia, pois seu maior desejo era conseguir o que Aksue
almejava.
Durante cinco anos seguintes, Aksue mandou que
preparassem a terra para o plantio e organizou um exercito
para uma invasão a Miditi para roubar ervas e animais para
fazer o feitiço que ele havia aprendido.
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Antes do nascer do dia, Aksue e seu exército seguiram em
direção a Miditi. Skidlan ficou sabendo da invasão, mas
preferiu não intervir, pois naquele mesmo dia Kasher iria
aprender a usar as energias através das mãos, seria um
importante aprendizado. Todos de Luanda se reuniram em
volta das árvores criando um círculo de muitas energias, o
treinamento durou dois dias e uma noite até Kasher aprender
a controlar perfeitamente seus poderes.
Somente após o treinamento de Kasher foi que Skidlan
procurou saber através da bola da vidência qual o motivo da
invasão e então percebeu o verdadeiro motivo de Aksue.
Chamou Kasher até o quarto de magia e lhe explicou que se
Aksue conseguisse o que tanto queria não poderia ser bom
para o povo de Miditi, pois Akidber ganharia mais força e não
precisaria mais invadir Miditi a procura de alimentos e com
isto acarretaria outros problemas. Em Surim Aksue preparou o
feitiço usando o sangue dos animais trazidos de Miditi,
misturou-o as ervas fazendo todo um ritual. Depois de pronto
espalhou o preparo sobre a terra arada no primeiro dia da lua
cheia e logo em seguida plantou as mudas que havia trazido
também de Miditi para obterem resultado teriam de esperar
por sete luas. Enquanto Aksue e Akidber esperavam ansiosos
pelo tempo necessário, Skidlan passava mais ensinamentos
para Kasher para que ele estivesse preparado caso houvesse
uma batalha.

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SETE LUAS DEPOIS...
Não posso acreditar que as mudas pararam de crescer, o que
pode ter faltado ?. Tenho certeza que fiz tudo certo - Aksue
estava furioso.
-Calma Aksue, vamos tenta novamente, esperamos por muitos
anos, nós ainda vamos conseguir.
- Eu não quero esperar, quero que dê certo agora - retrucou
aos berros.
-Fique calmo meu filho-pediu novamente Akidber.
-Não aceito... Não aceito e não aceito.-Aksue repetia estas
palavras aos gritos saindo ferozmente do castelo, seguindo
para a plantação.
Akidber estava arrasado com o acontecido, ficou pensativo por
alguns minutos e foi para o quarto de magias relê alguns livros
antigos que ficavam bem guardados. Entre um livro e outro
Akidber descobriu que faltava apenas uma pedra mágica
conhecida com pedra-Dara. Possuidora de um imenso poder
que existia em Miditi.
-Descobri meu filho, descobri o que faltou no feitiço se
acharmos uma pedra conhecida como pedra - Dara que está
em Miditi, nós conseguirá tornar o chão de Surim fértil.
-Mas onde está esta pedra - Dara? O senhor pode usar seu
dom da vidência para achá-la
-Não Aksue, as coisas não são tão simples assim, as pedras -
Dara deve esta protegida por algum encanto. Ela própria tem
poderes, devemos ir com calma.
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-Não vou ficar calmo meu pai vamos revirar cada canto
daquela cidade e só voltaremos de lá com esta pedra em
minhas mãos e não perdoarei quem atravessar meu caminho.
Em Luanda, Kasher pressentiu que algo sério estava para
acontecer, seus poderes estavam mais aguçados. Foi então
que procurou por Skidlan no quarto de magias e pediu para
usar a bola da vidência:
-Pai!Será que já posso ver através da bola da vidência?[Kasher
estava com um semblante aflito].
-Mas por que quer usá-la?[Skidlan estranhou o pedido].
-Não sei bem te explicar, mas estou sentindo uma tristeza em
meu peito, eu estava sentado na pedra da cachoeira e uma
imagem se formou á minha frente.
-Uma imagem?Perguntou Skidlan preocupado.
-Sim!Era a forma de um rapaz aparentando uns quinze ou
dezesseis anos vestindo um roupão negro com uma túnica que
cobria seus olhos. Então ele veio em minha direção soltando
bolas de fogo que saiam de suas mãos. Estranho foi que não
tive coragem de atacá-lo, procurei me defender e pedia para
que ele parasse, pois não queria machucá-lo e de repente a
imagem sumiu.
Skidlan viu que se tratava de aksue e logo teriam uma batalha
á enfrentar. Decidiu que seria o momento certo para contar
toda verdade para Kasher:
-Meu filho escute com atenção, preciso lhe contar algo que diz
respeito a você e a Aksue. Há quinze anos, peguei você em
Miditi das mãos de um guerreiro de Akidber um homem forte
e decidido que fugia para salvar sua vida, seu nome era Atus, o
mais valente guerreiro que Akidber teve. Minela uma das
fadas do reino Luanda foi raptada por Akidber após uma
batalha em Miditi, Atus foi quem cuidou de Minela em Surim.
Depois de algum tempo eles se apaixonaram e Minela
engravidou dando a luz a dois meninos gêmeos não idênticos.
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Logo após o parto ela faleceu. Esses meninos foram separados,
um ficou com o bruxo Akidber e o outro a pedido de Minela
veio até mim ao qual batizei de Kasher.
-Sendo assim, eu e Aksue somos irmãos? [Kasher não conteve
as lagrimas...]...
-Sim meu filho, um dia você irá conhecê-lo.
-Então é por isto que nunca consegui odiar Aksue. Ao contrário
sempre senti tanta pena dele sinto que ele não é feliz assim
como eu.
-E Atus ainda está vivo?
-Está sim. Um dia você irá encontrá-lo.
-Pai! Será que Aksue sabe que somos irmãos?
-Não Kasher. Akidber nunca contará a verdade a ele e você
não pode esquecer que Aksue aprendeu a trabalhar para o mal
e foi criado por nosso maior inimigo. Portanto Aksue também
nos tem como seu inimigo.
Kasher então percebeu o dilema em que se encontrava,
colocou as mãos sobre seu rosto e chorou copiosamente,
Skidlan olhou para o filho cheio de compaixão, percebendo a
dor que ele estava sentindo. Naquele momento para amenizar
a dor de Kasher, Skidlan propôs-lhe um acordo:
-Meu filho, nas batalhas que virão eu vou guerrear com
Akidber e você com Aksue, mas sem machucá-lo e sem deixar
que ele te machuque, procure apenas mobilizá-lo. Tenha
muito cuidado, pois Aksue é um oponente forte e ele não sabe
que vocês são irmãos. Na hora certa ele saberá toda a
verdade. Tudo tem hora e momento certo.
Kasher sentiu-se mais aliviado com o acordo, foi
imediatamente ao encontro das fadas e contou a elas toda sua
história e o acordo que fizera com seu pai e ordenou a todas
para não machucarem seu irmão procurando apenas mobilizá-
lo caso Aksue estivesse ganhando a batalha. , Ficando, assim,
tudo acertado.
27
Em Surim estavam todos prontos para a grande invasão a
Miditi, precisavam encontrar a pedra - Dara Reuniram cerca de
mil homens sendo eles os mais fortes. Todos tinham ordens de
invadir cada casa e cada canto da cidade e usar de violência
com aqueles que os impedissem e só voltariam para Surim
com a pedra - Dara em mãos. Maqueria assistia a tudo muito
preocupada e falou para Akidber:
-Pode se preparar para a batalha meu senhor, pois Aksue
declarou guerra.

28
A GRANDE INVASÃO

Aksue e Akidber acompanhado de seu exército entraram na


cidade pela madrugada, cada casa foi sendo invadida alguns
moradores tentavam impedir e eram atacados pelos soldados. Ao
amanhecer, a cidade já estava toda tomada, ouviam-se gritos de
pavor. A terra estava molhada pelo sereno e pelo sangue de
alguns moradores, as crianças gritavam assustadas e
amedrontadas. Aksue mandou o povo da cidade se reunir na
praça e se dirigiu ao palanque que ficava próximo a igreja, em alto
e bom tom falou para todos:
-De hoje em diante ficaremos na cidade, o tempo que
precisarmos comeremos, e dormiremos em vossas casas,
esperamos a melhor hospitalidade por parte de vocês e
aqueles que não estiverem satisfeito com nossa presença
venham até a mim que darei uma solução.
Todos permaneceram calados, pois eles conheciam a fama de
Aksue, sabiam do que ele era capaz. Entre o povo que ali
assistia ao discurso de Aksue estava uma linda jovem
destemida que pediu passagem e foi até ao palanque se
ajoelhou à frente de Aksue e falou:
- Meu senhor porque está fazendo isto com nossa pacata
cidade, o senhor um jovem tão bonito, mas com tantas
maldades em seu coração, deixe-nos em paz, não queremos
guerra sempre pegastes o que quisestes em nossa terra para

29
que usar de tanta violência, leve o que quiser, mas não
machuque essas pessoas.
Aksue ficou sem reação naquele momento, pois a jovem que
lhe falava era deslumbrante e encantadora, possuía um rosto
lindo e delicado, com belos olhos azuis e longos cabelos loiros.
Mesmo diante de tanta beleza Aksue não demonstrou
fraqueza, olhou para a bela jovem que o fitava e falou
seriamente:
-Pela sua coragem vou poupar sua vida neste momento.
Aksue dirigiu seu olhar para seus soldados e gritou em alto e
bom tom:
-Levem-na daqui e a tranque no velho quarto da floresta e não
toquem em um só fio de seu cabelo, passarei por lá mais tarde
e decidirei o que fazer com esta insolente.
Logo após Aksue mandou a tropa se dividir, uma parte foi para
o lado leste e a outra para o oeste com Akidber. Ao entardecer
Aksue foi até o quarto onde estava a bela jovem, ao entrar a
jovem gritou desesperada:
-Não me faça nenhum mal, tenha piedade.
-Não precisa assustar-se assim com minha presença, não te
farei mal algum apenas quero saber o seu nome, além de você
ser corajosa, és também linda?
-Me chamo Lauvia, por piedade não me faça mal algum sou
moça direita nascida de família honesta e trabalhadora.
-Fique calma Lauvia, já disse que não te farei mal algum. Pode
confiar em mim apenas vou mantê-la aqui trancada.
Aksue vendo Lauvia apavorada sentiu-se deprimido. Ali então
foi que ele percebeu o que sua presença causava aos outros.
Aproximou-se mais de Lauvia e a segurou com as mãos
olhando-a carinhosamente, saiu sem nada dizer trancou a
porta pelo lado de fora e retornou para a cidade. Mais tarde,
quando anoitecia, Aksue voltou à floresta levando comida e

30
água para Lauvia e passou a noite toda vigiando o quarto pelo
lado de fora.
Em Luanda Skidlan e Kasher assistiam a tudo perceberam que
Aksue estava apaixonado por Lauvia, criaram então uma
estratégia para conseguirem entrar na cidade, pois se
invadissem de repente causariam uma guerra violenta e
sangrenta e os moradores seriam os mais prejudicados.
Skidlan combinou com as fadas de sumirem com pelo menos
cinqüenta soldados por noite.
Kasher e Skidlan, só iriam atacar quando Akidber tivesse um
menor numero de soldados para evitar uma batalha violenta,
o mago ficou vigiando dia e noite a cidade através da bola de
cristal, acompanhando também o trabalho das fadas.
Kasher treinava todos os dias seu poder sabia que teria de
enfrentar Akidber e seu irmão nos próximos dias. Aprendeu
não só atacar como também a se defender. Skidlan estava
muito preocupado com o futuro confronto, temia por Kasher
de como seria a reação de seu filho ao ficar frente a frente
com seu único irmão.
Em Miditi Akidber estava decidido em encontrar a pedra -
Dara, mas estava muito preocupado com o entusiasmo de
Aksue por Lauvia. Já haviam passado duas noites e dois dias,
que eles estavam na cidade e nada tinham encontrado.
Akidber reuniu alguns homens e seguiram para o lado norte, lá
encontraram a aldeia de Xogum e expulsaram as duas famílias
que ali moravam. Xogum assistia a tudo calado, Akidber se
aproximou da cabana e deu ordem para aquele senhor de
cabelos brancos, estatura baixa e franzina preparar comida
para todos, não imaginava quem seria aquele senhor, estava
tão obcecado por encontrar a pedra que mal conseguia
pensar, ao entrar na cabana Akidber sentiu-se mal e uma
energia diferente perturbou-lhe a mente, pressentiu algo
estranho, mas aquela energia confundia seus pensamentos
31
retirou-se imediatamente Aksue estranhou o comportamento
de seu pai, mas nada falou Akidber foi se afastando ainda mais
da choupana e de longe mandou seus homens vasculharem o
local, Xogum não dizia uma só palavra continuou em total
silêncio, preparava uma sopa com os legumes de sua
plantação e assistia os soldados revirarem suas terras.
Assim que todos tomaram a sopa depois de terem lá
procurado a pedra, Akidber ordenou a todos para retornarem
para o centro da cidade. Aksue foi o único que ficou, dizendo
que estava cansado por demais para voltar naquele momento,
esperou a tropa se afastar e foi até Xogum pedir para que ele
ficasse com Lauvia por algum tempo. Xogum, sendo um mago
experiente e vivido percebeu logo que Aksue estava
apaixonado e aceitou em ficar com Lauvia. Rapidamente
Aksue foi buscá-la e retornou para aldeia já de noite. Xogum
preparou uma das casas para eles passarem a noite juntos.
Aksue voltou ao centro da cidade ao amanhecer, se reuniu
com seu pai e foram juntos para a plantação que ficava ao sul
da cidade. Lá reviraram toda á terra e nada encontraram,
Akidber estava obcecada em encontrar á pedra, mas Aksue só
pensava em Lauvia.
Akidber estava impaciente já haviam se passado uns cinco dias
que estavam à procura da pedra, perceberam que Aksue já
não estava tão interessado em procurá-la somente se
preocupava com Lauvia e tentou resolver a situação
conversando com Aksue:
-Meu filho, você está se esquecendo do nosso objetivo aqui
em Miditi por causa de Lauvia, espero que você ponha suas
idéias no lugar e não se perca por causa dela, viemos até aqui
para encontrarmos a pedra - Dara e não para você se
apaixonar pela primeira moça que apareceu na sua frente.
Aksue olhou para Akidber com as sombracelhas cerradas e
percebeu que seu pai tinha Lauvia como uma ameaça,
32
apontou o dedo indicador para Akidber e com um tom
ameaçador falou:
-Pai, fique longe de Lauvia ela não está interferindo em nada,
eu gosto muito dela e quando acharmos esta bendita pedra
levarei Lauvia para Surim.
Akidber viu que a situação era mais séria do que ele
imaginava, achou melhor não tocar mais naquele assunto, pelo
menos naquele dia.
Na aldeia, Lauvia implorava para Xogum deixá-la ir, sentia
saudades de seus pais e ao mesmo tempo em que gostava de
estar com Aksue sentia medo dele. Xogum a encorajava
dizendo que Aksue realmente á amava e que se ela deixasse
esse amor crescer seria bom para todos. Lauvia percebeu em
Xogum um verdadeiro amigo e aceitou os seus conselhos.
Em Luanda, Kasher viu através da bola de cristal que Lauvia
seria a chance de mudar seu irmão, viu que o amor que ela
sentia por Aksue era verdadeiro. Foi até seu pai e pediu para
que ele o levasse para aldeia de Xogum. Skidlan não aceitou
em levá-lo e disse a ele que tivesse calma, pois na hora certa ia
levá-lo para lá. Kasher acalmou sua ânsia e esperou
pacientemente o momento certo.
Após três dias Aksue voltou para a aldeia, encontrou Lauvia
mais calma e mais carinhosa. Naquela noite, os dois
entregaram-se ao amor; no dia seguinte Aksue não voltou para
a cidade, Akidber ficou furioso, mas achou melhor não ir atrás
do filho, partiu com seus soldados para o lado oeste
novamente, numa área de mata fechada muito extensa e
ficaram por lá umas três noites, dividindo após seu exército
em três partes, uma parte ficaria com ele, a outra seguiria para
o centro da cidade e a outra seguiria para o lado norte onde
estava Aksue, Akidber sabia que a qualquer momento Skidlan
apareceria.

33
Com esta divisão ficou mais fácil para as fadas agirem, Akidber
se embrenhou mata adentro, na ganância de encontrar a
pedra - Dara mandou que queimassem e cavassem toda á
mata destruindo toda vegetação. Encontraram algumas pedras
preciosas, mas não que lhe interessava.
Quando recuou com a tropa Akidber foi direto para a aldeia ao
lado norte para encontrar Aksue, Akidber estava com tanto
ódio que nem deu por falta dos homens que havia mandado
para lá. Akidber invadiu a aldeia e encontrou Aksue junto de
Lauvia na varanda de uma das casas. O bruxo caminhou em
direção de Aksue e o suspendeu pelo pescoço imprensando-o
contra a parede e aos berros dizia:
-Você já encontrou a pedra - Dara, Aksue?- Eu passei três dias
e três noites na mata procurando pela pedra e quando volto
encontro vocês aqui de namorico, você e eu voltaremos juntos
para a cidade, se não me obedecer você não verá mais esta
jovem.
Aksue se manteve firme, percebeu que Akidber estava
transtornado e falava sério, achou melhor concordar com ele
naquele momento. Aquela cena o deixou com muito ódio, mas
não podia revidar, pois se fizesse colocaria a vida de Lauvia em
perigo. Xogum ficou próximo de Lauvia que estava
aterrorizada com aquela cena. Aksue seguiu com seu pai. Logo
após sua saída Lauvia estava decidida a ir embora, temia por
sua própria vida. Xogum lhe implorou que ficasse e disse-lhe
que se ela fizesse isto naquele momento estaria também
colocando em risco a vida de Aksue, pois ele ia se revoltar com
Akidber e tentaria enfrentá-lo. Lauvia se viu sem saída, amava
por demais Aksue e não ia se perdoar se algo acontecesse a
ele.
No caminho para a cidade, Aksue não dizia uma só palavra,
Akidber também se manteve calado. Todos estavam em total
silêncio. Ao chegarem á Praça Akidber reuniu toda a tropa, foi
34
quando deu por falta de alguns homens, perguntou ao demais
o que havia acontecido, mas nem eles mesmos sabiam explicar
o sumiço dos outros. Akidber entendeu que o sumiço dos
soldados tivera sido por culpa de Skidlan e principalmente
pelas fadas. Criou então um plano para encontrar-se com seu
velho inimigo Skidlan e ao mesmo tempo afastar Aksue de
Lauvia. Novamente Akidber dividiu a tropa que restava em
duas partes. Mandou Aksue seguir com os homens para o lado
sul a parte mais longe do centro de Miditi e voltar de lá só
depois que tivesse escavado e queimado toda á área, Akidber
ficou com a outra metade no centro da cidade vasculhando
todas as casas.

¤
NA ALDEIA DE XOGUM

Com a divisão Skidlan viu que seria o momento certo


para irem a Miditi e seguiram direto para a aldeia. Logo
ao entrarem na porteira Xogum gritou lá da plantação: -
Skidlan meu filho, como demorou a chegar, traga logo este
belo rapaz para me conhecer.
Skidlan abriu um sorriso e caminhou de braços aberto até
Xogum dando-lhe um abraço apertado, Lauvia e Kasher
ficaram meio que sem entender de como eles eram tão
amigos, mas nada perguntaram, mantiveram-se parados
apenas observando. Xogum colocou as mãos sobre os ombros
de Kasher e falou:

35
-Você se tornou um belo rapaz meu jovem Kasher, espero que
seu pai tenha lhe passado bons ensinamentos sobre magia
para que se torne um grande mago.
-Sim senhor - respondeu Kasher. -Meu pai me ensinou o
suficiente pelo menos para eu me defender, tenho certeza que
não vou decepcionar.
-Muito bem, és bom também com as palavras. Faça
companhia a Lauvia enquanto converso com Skidlan na
cabana.
Xogum e Skidlan seguiram para a choupana e ao chegar lá,
Skidlan iniciou a conversa:
-Estou muito preocupado com a vinda de Akidber e Aksue aqui
para a aldeia eles estão muito próximo da pedra - Dara só não
descobriu ainda por falta de experiência de ambos, e ainda
temos um outro problema que é esta moça estar aqui ao
mesmo tempo em que ela pode nos ajudar ela pode também
complicar as coisas.
-Sim já pensei sobre isto, mas Lauvia é não me preocupa,
devemos nos preocupar mesmo é com Akidber sei que ele
pressentiu algo diferente, desta vez consegui confundi-lo, mas
nós sabemos como ele é tinhoso, temo que ele volte a
vasculhar aqui. Acredito que não o fez ainda porque Aksue
está ficando aqui com Lauvia. No fundo ele teme o filho sabe
que ensinou mais do que devia.
-Tem razão - Skidlan falou muito preocupado - sinto que algo
sério está por vir, estranho Akidber ter mandado Aksue para o
local mais longe da cidade, no mínimo o rapaz ficará por lá uns
cinco dias, isto é realmente preocupante.
Xogum analisou bem o que acabara de ouvir e lançou uma
pergunta:
-O que devemos fazer?
Skidlan se levantou e andou de um lado para outro
procurando uma resposta, e disse para Xogum:
36
-Devemos tirar Lauvia daqui o bruxo virá atrás dela, ainda esta
noite.
Pedirei para Kasher levá-la para casa, vamos enfrentar Akidber
e seus poucos homens que restaram, será uma ótima
oportunidade de combatê-lo sem Aksue por perto, ainda temo
pela reação de Kasher ao ver o irmão.
-Entendo o que quer dizer - retrucou Xogum - vamos até a
plantação falar com eles.
Ao chegarem à plantação, xogum ficou surpreso ao ver Lauvia
feliz correndo entre as hortaliças e comentou.
-Vejo que se tornaram grandes amigos, fazia tempo que não
via Lauvia tão feliz, você está fazendo muito bem á ela Kasher.
Agora temos de ir almoçar e conversaremos um pouco.
Skidlan aproveitou que todos estavam à mesa e explicou a
Lauvia que ela teria de retornar para a casa de seus pais,
dizendo que Aksue iria demorar a voltar e se ela ficasse na
aldeia estaria correndo um grande perigo, pois Akidber estava
para aparecer. Xogum Prometeu a Lauvia que Kasher iria
buscá-la antes de Aksue voltar. Lauvia ficou muito feliz, fazia
dias que ela não via seus pais.
Kasher levou Lauvia até a casa dos pais dela e retornou para a
aldeia antes do anoitecer, foi direto até seu pai para saber o
que estava realmente acontecendo. Skidlan explicou-lhe tudo
inclusive que a pedra-Dara estava ali mesmo na aldeia, Kasher
assustou-se ao saber que Akidber e Aksue estavam tão
próximos da pedra e sentiu-se ao mesmo tempo aliviado por
saber que não ia enfrentar Aksue.
-Pai, pode fazer-te uma outra pergunta?
-Claro que sim, meu filho -respondeu Skidlan suavemente.
-Quem é Xogum, percebi que são velhos amigos, porque o
senhor nunca me contou sobre ele?
-Porque ainda é muito cedo para você saber, deixe esta
curiosidade para uma outra hora.
37
Skidlan estava tão preocupado com a vinda de Akidber que
nem percebeu que havia magoado seu filho. Kasher ficou sem
entender o porquê daquela resposta, mas procurou respeitar.
Skidlan tinha avisado as fadas por telepatia, dizendo que elas
teriam de enfrentar uma batalha na aldeia, todas ficaram de
sobre aviso. Mais tarde durante á noite chegaram na aldeia e
se posicionaram logo á entrada sua missão era de combater os
soldados de Akidber.
Na calada da madrugada, Akidber e seus homens chegaram à
aldeia. Ele deixou seus homens lutando contra as fadas e
seguiu à diante, logo no caminho estavam Skidlan e Kasher.
Akidber ao vê-lo sentiu ódio e um enorme desejo de vingança,
esquecendo até mesmo de se preocupar com Skidlan.
Enxergava somente Kasher á sua frente.
Akidber levantou suas mãos criando um raio poderoso e
lançou em direção de Kasher, atingindo-o no peito que caiu
desacordado. Skidlan ficou desesperado ao ver seu filho ali
caído, olhou dentro dos olhos de Akidber e gritou:
-Nunca mais faça mal ao meu filho. Ele é apenas um menino,
enfrente a mim e lhe darei um castigo que você nunca mais
esquecerá.
Enquanto gritava Skidlan criou cargas elétricas em suas mãos e
lançou no peito de Akidber que balanceou, mas encontrou
forças para contra atacar. Enfrentaram-se bravamente, Skidlan
estava enfurecido e lutou como nunca tivera lutado antes,
deixando Akidber caído no chão e mesmo assim, com Akidber
caído, Skidlan não parava de atacar.
Kasher ainda meio zonzo abriu os olhos e viu Akidber caído,
sem defesa e Skidlan atacando-o, num gesto de desespero
gritou:
-Pare meu pai. Akidber já está caído, o senhor não pode
continuar a atacá-lo assim, pois estará traindo seus princípios,
pense também em Aksue.
38
Skidlan olhou para Kasher ainda atordoado, fito-o bem e
correu para abraçá-lo.
Akidber sentindo-se fraco olhou para aquela cena e saiu se
arrastando para que não fosse percebido, mas escutou Skidlan
lhe falar:
-Nunca mais tente prejudicar o meu filho, pois poderei acabar
com você num piscar de olhos, só não fiz isto hoje porque
Kasher esta bem e me implorou para que tivesse piedade de
você, mas se tentar novamente esquecerei meus princípios e
você terá um inimigo de verdade, não terei nenhuma
compaixão por você.
Akidber ouviu calado e continuou se arrastando, conseguiu
montar em seu cavalo e sozinho seguiu para Surim, precisava
recuperar suas forças, mas seu ódio havia aumentado ainda
mais...
Estava quase amanhecendo quando tudo havia acabado. As
fadas retornaram para Luanda, Kasher e Skidlan seguiram para
a choupana de Xogum, todos estavam fracos e cansados.
Antes de adormecer Skidlan disse á Kasher que assim que
acordassem eles teriam uma longa conversa, Kasher sentindo
que o pai queria se explicar respondeu com ternura:
-O senhor pode dormir tranqüilo. O que eu assisti hoje é
perfeitamente compreensivo.
Skidlan deu um leve sorriso sentindo-se aliviado e em seguida
pegou no sono. Kasher acordou antes de seu pai e encontrou
Xogum acendendo á lenha para preparar o café da manhã.
Xogum sentiu Kasher apreensivo e procurou conversar com
ele:
-Se quiser conversar serei todo ouvido meu filho:
Kasher olhou meio sem jeito. Colocou uma das mãos no rosto
apoiando o cotovelo nas pernas e falou olhando para o chão.
- Sim Xogum gostaria de lhe falar sobre o acontecido.
-É sobre seu pai, estou certo?[Interrompeu xogum].
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- Sim é sobre meu pai. Como o senhor sabe não te vi por perto
ontem à noite?
-Sei de muitas coisas meu filho, mas o que importa é que
Skidlan te ama de verdade, todo sentido de sua vida é ver você
feliz. Qualquer pessoa que ama seu filho de verdade agiria da
mesma forma. Para te ver feliz Skidlan abre mão da própria
felicidade e ate mesmo da própria vida.
Diante do que acabou de ouvir Kasher ficou mudo e muito
pensativo. Até então não tinha idéia do tamanho do amor que
seu pai sentia por ele...
Xogum aproveitou e pediu a kasher para ir até a plantação
buscar legumes para prepara o almoço. Kasher agradeceu os
conselhos e saiu para colher os legumes.
No caminho para á plantação Kasher encontrou um bracelete
de pele de animal com alguns símbolos. Não deu muita
importância para aquele objeto colocou-o no bolso e seguiu
em frente. Colheu os legumes colocando-os na cesta e
retornou para a choupana. A alguns passos Kasher sentiu suas
vista escurecer e tudo foi ficando cada vez mais longe, caiu
desacordado sobre a terra vermelha e quente.

O BRACELETE

X ogum estranhou a demora de Kasher. Foi atrás


dele encontrando-o caído com a cesta. Xogum
retirou a cesta de seus braços e o carregou ate a
choupana. Ao chegar deitou Kasher em uma esteira de
40
palha no momento em que Skidlan estava acordando;
Quando viu Kasher desmaiado ajoelhou-se perto do filho
e começou a gritar seu nome. Xogum prontamente
colocou as mãos sobre o ombro de Skidlan e falou: -Fique
calmo meu filho, ele está sobre uma forte carga negativa.
Prepare um banho de ervas frias para ele.
Enquanto Skidlan preparava o banho de ervas, Xogum
encontrou no bolso de Kasher o bracelete. Logo assim, o
reconheceu. Estranhou encontrar aquele bracelete, ali, em
suas terras. Sabia que aquele objeto estava trancado a sete
chaves na cidade-escola e somente o conselho tinha acesso ao
baú.
Skidlan ao voltar com o banho pronto viu o bracelete nas mãos
de Xogum e rapidamente perguntou?
-Onde encontrou este objeto?- Pela sua fisionomia está me
parecendo que esta o reconhecendo.
-Sim Skidlan. [respondeu Xogum prontamente]. - eu conheço
este bracelete, Seu verdadeiro dono foi o feiticeiro mais
temido da minha época na cidade-escola. Seu nome era Kener,
muito estranho este bracelete vir parar no bolso de Kasher.
Mais deixaremos este assunto para uma outra hora. Devemos
acordar Kasher e pedir a ele para ir buscar Lauvia, amanhã
Aksue estará de volta.
-O que faremos com este bracelete [perguntou Skidlan com
preocupação].
-Deixe-o comigo. Guarda-lo-ei até achar-mos as respostas que
preciso, terei de achar bem depressa, pois, pressinto que este
bracelete estava em poder de Akidber e se for realmente isto,
ele virá atrás dele.
Skidlan banhou Kasher com as ervas e aos poucos foi
despertando-o.
-O que aconteceu meu pai. [perguntou Kasher ainda meio
sonolento].
41
-Fique um pouco deitado meu filho. Você está bem deve ter
desmaiado por causa do calor e ainda está fraco por causa do
golpe de Akidber hoje de madrugada, assim que estiver se
sentindo melhor terá de ir á cidade buscar Lauvia. Logo após
recuperar as forças, Kasher tomou a benção a seu pai e foi
para cidade buscar Lauvia.
Skidlan seguiu para Luanda, precisava pegar alguns objetos e
pedir para as fadas ficarem preparadas para ajudarem em
miditi. Na aldeia Xogum ficou preparando a janta para Lauvia e
Kasher.
Em Surim. Akidber estava louco com o sumiço do bracelete e
gritava para todo o reino ouvir:
-Skidlan. Você vai me pagar bem caro por isto. Você e este
fedelho de nome Kasher. Acabarei com vocês dois nem que
seja a ultima coisa que faço!
Os olhos de Akidber estufavam de tanto ódio. Estava
preparando um ataque violento, estava certo que não voltaria
de Miditi sem a pedra, Aksue e o bracelete. Estava disposto a
tudo para conseguir seu objetivo.
Em Miditi Lauvia e Kasher chegaram ao entardecer na aldeia
de Xogum que os aguardava logo na entrada da aldeia. Lauvia
deu um abraço apertado em seu velho amigo.
-Como passou estes dias com sua família? [Xogum perguntou
carinhosamente].
-Passamos bem. Apesar de eu ter sentido muitas saudades do
senhor. E Aksue já voltou?
-Ainda não, mas amanhã ele estará aqui. Venha, vamos entrar
vocês devem estar cansados.
Tanto Lauvia como Kasher estavam ansiosos pela volta de
Aksue principalmente kasher que nunca tivera visto o irmão
pessoalmente. Kasher estava também preocupado com a
demora de seu pai e perguntou a Xogum:

42
-Meu pai está demorando pra voltar de Luanda, será que
aconteceu algo a ele.
-Não aconteceu nada Kasher. Logo ele estará aqui; Skidlan
sabe se cuidar muito bem. Vá com Lauvia para ajudá-la limpar
a casa enquanto vou prepara a mesa para jantarmos.
Enquanto Kasher e Lauvia foram ajeitar á casa, Xogum pegou o
bracelete e foi para o lago. Retirou um pouco do barro de
dentro do lago e misturou com o bracelete dando a forma de
um porta-jóias. Levou para a choupana e colocou no meio das
brasas para secar. Na hora do jantar. Xogum entregou o porta-
jóias para Lauvia e pediu para que ela guardasse em seu
quarto ao lado da cama. Lauvia adorou o presente guardando-
o com carinho.
Após o jantar kasher estava ainda mais preocupado com a
demora de seu pai. Pediu licença e se retirou para esperá-lo do
lado de fora.
Lauvia percebeu o nervosismo de Kasher, mas, preferiu não
perguntar nada a ele. Esperou até que ele saísse e perguntou
para Xogum:
-O que está deixando Kasher tão nervoso? Notei que ele está
assim desde que foi me buscar. Perguntou-me sobre Aksue o
tempo todo.
Xogum aproveitou que Lauvia havia tocado no assunto. Sentiu
que seria o momento certo para contar toda verdade a ela.
Então iniciou toda a história:
-Vejo que você se apegou muito a Kasher e está amando de
verdade Aksue. Sinto que posso confiar um segredo a você.
Porém peço-lhe que nunca revele este segredo a ninguém.
-Pode confiar em mim Xogum. [Lauvia entendeu que o assunto
era sério por demais e ouvia atenta a que xogum lhe dizia]
Então Xogum continuou:
-Num lugar distante existe uma cidade-escola destinada a
ensinar e aperfeiçoar os dons para-normais. Quase todos os
43
moradores da redondeza deixam lá seus filhos desde
pequenos. Eles só saem de lá depois de completarem dezoito
anos de idade. Logo após completarem, eles podem optar em
continuar na escola como professores ou saírem para formar
seu próprio reino. Nesta cidade-escola existem muitas regras e
o conselho é coercitivo, punem os alunos que perturbam a
conduta da escola dependendo da gravidade alguns são até
mesmo expulsos. Skidlan e Akidber foram pra esta cidade-
escola desde pequenos.
Foram ficando cada vez mais unidos. Dormiam no mesmo
alojamento, estudava na mesma classe, enfim, eram como
irmãos, a diferença era que Skidlan sempre fora mais
obediente e mais estudioso que Akidber e sempre era elogiado
pelo conselho da escola. Akidber era pretencioso e muito
astuto queria sempre aprender mais do que podia. Então,
Akidber começou a usar seus poderes para prejudicar os
alunos novatos, com estas atitudes Akidber passou a ser
detestado por todos os outros. Skidlan para não ser
prejudicado achou melhor se afastar do amigo até mesmo
para não ser punido junto com ele. Decidiu ir até o conselho e
pediu para trocar de alojamento. Akidber passou a ficar
isolado, ninguém mais da escola falava com ele, isto, o deixou
enfurecido e seu alvo passou a ser Skidlan, perseguia-o por
toda a escola sentindo-se traído pelo seu único amigo. Com
estas atitudes, Akidber começou a perturbar a conduta da
escola e o conselho decidiu expulsá-lo mandando-o para um
lugar primitivo de terra infértil, neste lugar Akidber criou seu
reino hoje conhecido como Surim, lá passou a escravizar os
moradores antigos. Mas tarde Skidlan ficou sabendo que
Akidber estava prejudicando as pessoas daqui de Miditi,
Decidiu ir até o conselho da escola e pediu para criar seu
próprio reino perto da cidade. Os conselheiros aceitaram seu
pedido e deram-lhe o reino Luanda e uma porção mágica para
44
transformar mulheres em fadas. Logo após, ter ajeitado seu
reino Skidlan me procurou e me deu este lugar onde moro,
sou eu quem ajuda a vigiar a cidade. Quando cheguei neste
lugar, enxerguei no fundo do lago a pedra - Dara esta pedra é
muito especial.
Se esta pedra cair em mãos erradas seria muito perigoso para
todos nós. Então peguei esta pedra e misturei no barro do
próprio lago e construí esta velha choupana. Poucos sabem
que o barro depois de energizado funciona como um isolante,
nem mesmo, os videntes conseguem enxergar Através dele.
Hoje Akidber sabe desta pedra, pois, somente através dela é
que ele pode concluir o feitiço para tornar sua terra fértil
quebrando a maldição.
Lauvia escutava a tudo silenciosamente. Mas uma coisa ainda
á intrigava, o que poderia ter entre, Kasher e Aksue, então
perguntou a Xogum:
-Agora sim entendo o porquê da rivalidade entre Akidber e
Skidlan, mas o que Kasher e Aksue têm em comum?
Xogum evitou rodeios e respondeu diretamente: - Eles são
irmãos gêmeos.
Lauvia deu um salto da cadeira e exclamou! –Irmãos gêmeos,
isto seria impossível.
-Calma minha filha. Eu lhe explico. Eles são filhos de Minela
uma fada de Skidlan que foi capturada por Akidber e filhos de
Atus um guerreiro valente que se apaixonou pela beleza e
meiguice de Minela Atus foi obrigado a entregar um de seus
filhos para Akidber. Graças a Minela e Skidlan Atus conseguiu
salvar a vida do outro filho. Hoje são dois belos rapazes, mas
Aksue, não sabe ainda que tem um irmão, tem Kasher como
seu inimigo por causa de Akidber.
Lauvia ficou pálida, estarrecida com o que ouviu e começou a
chorar, lembrou-se que Aksue estava por vir e teve medo de

45
perdê-lo. A angustia tomou conta de seu peito naquele
momento.
Kasher e Skidlan entraram na choupana e logo entenderam
que Lauvia acabava de saber toda a verdade. Kasher
aproximou-se de Lauvia e passou as mãos sobre seus longos
cabelos dizendo-lhe:
-Não precisa ficar assim. Não vou machucar meu próprio
irmão. Precisamos que você seja forte, vamos contar muito
com sua ajuda. Quero muito me aproximar de Aksue, está é
minha grande chance. Não há perigo de ele me ver aqui nós
nunca nos encontramos, ele conhece apenas meu pai Skidlan,
mas. Ele não estará aqui. Preciso muito de sua ajuda, esta será
nossa única chance de estarmos juntos sem que seja para nos
enfrentar.
Lauvia respirou aliviada temia que Skidlan e Kasher estivessem
armando uma emboscada para Aksue, segurou firme nas mãos
de Kasher e disse á ele que, estava muito feliz pôr tê-lo como
cunhado. Logo em seguida pediu licença a todos e se retirou
para sua casa.
-Será que Lauvia vai agüentar guardar este segredo?
[perguntou Skidlan preocupado].
-Sim [respondeu Xogum - fique tranqüilo sei o que estou
fazendo, este foi o momento ideal]. Lauvia será muito útil para
todos vocês, somente ela acabará com a rivalidade de Aksue
contra Kasher.
Skidlan não questionou Xogum, sabia que seu avô era sábio o
bastante.
Antes do amanhecer, Aksue chegou ao centro de miditi
acompanhado de seus homens. Procurou por Akidber, queria
contar que havia sumido mais soldados, procurou pela cidade
vazia, achou muito estranho aquele silêncio todo, mais,
esperou até o clarear do dia. Acordou alguns moradores e
estes lhe disseram que Akidber havia voltado para Surim
46
depois de ter perdido uma batalha contra Skidlan no lado
norte da cidade.
Imediatamente Aksue lembrou-se que Lauvia estava ao lado
norte da cidade. Partiu imediatamente para a aldeia deixando
seus soldados pela cidade.
Ao entrar na aldeia. Aksue gritava em alto e bom tom pelo
nome de Lauvia, que ao ouvir a voz de Aksue correu
imediatamente ao seu encontro:
-Aksue meu amor, eu estava cheia de saudades. Dê-me um
abraço apertado. [Lauvia estava muito feliz por ver Aksue,
mais, ao mesmo tempo estava preocupada com a presença de
kasher ali].
-Estou bem Lauvia. Fiquei preocupado foi com você, soube que
meu pai esteve por aqui e travou uma batalha com Skidlan.
Prometo nunca mais deixá-la sozinha, vamos ficar por aqui uns
três dias. Pois, preciso descansar. Depois partiremos para
Surim.
-Vamos deixar este assunto para mais tarde Aksue. Agora você
precisa descansar. Depois conversaremos sobre isto.
-Mas Lauvia! - Temos de ir para Surim, não posso ficar aqui
para sempre. Meu pai deve está precisando de mim.
-Entendo Aksue. Mais tarde nós resolvemos isso. Vamos
entrar, estou cheia de saudades. [Lauvia procurou esconder
seu nervosismo].
Kasher assistiu a chegada de Aksue por uma fresta da janela.
Esperou acordado a noite inteira pela chegada do irmão, ao
vê-lo, correu para avisar Skidlan:
-Acorde pai. Aksue está aqui na aldeia. Vi quando ele chegou.
Skidlan viu através dos olhos de seu filho a felicidade que ele
estava sentindo naquele momento. A reação de Kasher o
deixou ainda mais preocupado.

47
¤

-
O PRIMEIRO ENCONTRO

Pai ,como faremos para que Aksue não descubra quem eu


sou?

Kasher não sabia qual seria a reação de Aksue ao vê-lo. A


imensa vontade de conhecer o irmão vinham junto com
certo receio, como fazer para que seu irmão não
desconfiasse dele.

-Faremos assim Kasher!- Eu trouxe a bola de cristal para você se


proteger, deverá usá-la sempre. Através dela você vai ver quem
entra e quem sai de miditi. Eu retornarei para Luanda e de lá
estarei vigiando vocês. Se por acaso eu sentir qualquer perigo,
volto imediatamente. Procure praticar sua magia e a todo tempo
olhe pela bola de cristal, além disto, pode contar com Xogum ele
também é um mago muito sábio e experiente.
Kasher deu um leve sorriso a seu pai e falou:

-Eu já havia percebido que Xogum também é um mago. Só não


descobri ainda, qual o segredo entre vocês. Mas, pode ficar
tranqüilo, não serei curioso de novo.

48
Skidlan sorriu e colocou as mãos sobre a cabeça de Kasher e
deu-lhe a benção. Ao se despedir de Xogum, pediu a ele que o
avisasse a qualquer sinal de perigo. Xogum acenou com a
cabeça num gesto afirmativo e Skidlan partiu para Luanda com
o coração apertado.
Lauvia esperou Aksue pegar no sono e foi rapidamente para a
choupana. Estava muito nervosa e acabou gritando na soleira
da porta:

-Kasher. Kasher... Seu irmão esta aqui. [Kasher ficou muito


assustado com os gritos de Lauvia Teve medo que Aksue
ouvisse].
-Por favor, Lauvia; Não grite o meu nome alto assim. Aksue
poderá ouvir.

-Me perdoe Kasher. Mas estou muito nervosa com esta


situação. Prometo que não irá se repetir esta cena.

-Tudo bem Lauvia, Temos de combinar o que fazer. Você vai


dizer a Aksue que eu moro em Miditi e vim para a aldeia
ajudar Xogum na plantação já que ele tem idade avançada
para cuidar sozinho.
Xogum ao ouvir Kasher lhe chamar de velho achou engraçado.
Mais achou a idéia muito boa.
-Mais você está se esquecendo de uma coisa [repreendeu
Xogum á Kasher]. - Você terá de mudar seu nome o que você
acha de KILI?
-Kili! [retrucou Kasher].
- Sim. É um nome que combina com você. [Respondeu Xogum]
-Está bem. Meu nome por enquanto será Kili.
Assim ficou tudo combinado. Kasher pegou a enxada e foi para
a plantação. Por volta do meio dia, Aksue acordou procurando
por Lauvia, foi até a casa de Xogum encontrando-a. Lauvia
49
estava ajudando-o a preparar o almoço, Xogum pediu para
Aksue entrar e sentar-se em uma cadeira, conversaram por um
longo tempo sobre a ida de Aksue para o lado sul da cidade:
aproveitou a conversa para falar sobre Kasher:
-Sabe Aksue. Lauvia sentiu muitas saudades sua. Estava tão
triste que procurei uma forma de ficar mais tempo com ela.
Fui até a cidade e busquei um rapaz para cuidar de minha
plantação. Eu também já estou velho de mais para este tipo de
trabalho.
-Um rapaz? [Aksue serrou as sobrancelhas e em tom alto
tornou a perguntar - Que rapaz é este, como ele se Chama,
quantos anos ele tem?].
-Calma Aksue. Eu garanto a você, que Kili é um rapaz bom e
honesto, vai fazer dezesseis anos na semana que vem. Não
precisa se exaltar tanto.
Aksue estava tão nervoso, que o fato de Kili fazer ano na
mesma semana que ele nem lhe chamou a atenção.
- Me leve agora até este Kili. Quero vê-lo de perto. [exigiu
Aksue].
Lauvia olhou para Xogum com uma expressão preocupada e
apreensiva.
Xogum prontamente respondeu a Aksue, que o levaria até kili,
foram juntos para a plantação. Lauvia preferiu esperar na
Choupana, estava fazendo um enorme esforço para se
controlar.
Kasher estava cavando a terra quando de - repente ouviu
Xogum gritar:
-Kili... Kili... Kili... Por favor, venha até aqui, tem um rapaz que
quer muito te conhecer.
Kasher sentiu suas pernas tremerem, seu coração disparar e
suas mãos suar frio. Respirou fundo e tomou coragem. Indo
até eles. Ao se aproximar, olhou bem nos olhos de Aksue

50
esticando as mãos para cumprimentá-lo. Aksue nem se
manifestou e foi logo perguntando:
-Há quanto tempo está aqui na aldeia?
-Estou há uns três dias. Vim somente para ajudar Xogum na
plantação. Você deve ser Aksue não é mesmo. Sua esposa
falou-me muito bem de você. Tenho uma grande admiração
por vós, por ter uma esposa tão linda e muito apaixonada.
Tenho muito respeito por ela e por você também.
Com aquelas palavras, Kasher conseguiu quebrar a raiva e o
ciúme que Aksue estava sentindo. Logo após, Aksue esticou as
mãos e cumprimentou-o dizendo que seria bom ter um amigo
por perto. Xogum aproveitou para chamar Kili para almoçar.
No caminho de volta foram os três conversando.
Lauvia ao ver todos juntos, senti-se mais aliviada e preparou a
mesa para todos almoçarem. Durante o almoço Aksue
comentou a Xogum:
-Soube que meu pai esteve aqui e travou uma batalha com
Skidlan, mais, perdeu porque tentou acabar com Kasher.
Tenho pra mim, que ele veio foi atrás de Lauvia, mais, por
sorte, Skidlan e seu filho apareceu. Foi sorte por um lado; bem
que meu pai podia ter acabado com eles.
Kasher ao ouvir o que Aksue havia acabado de falar quase não
consegui engolir á comida e não agüentou ficar calado:
-Vejo que tem muita raiva deles. Por um acaso você conhece
Kasher, o filho de Skidlan?
-Não, Nunca vi. Nem mesmo através da bola da vidência. Sei
que temos a mesma idade e acho isto um pouco estranho,
mas, o que importa é que somos inimigos e aprendi todas as
magias necessárias para um dia acabar com ele.
Xogum percebeu que Kasher estava tenso. Preferiu
interromper a conversa pedindo a Lauvia para preparar um
pouco de café. Mais Kasher não se conteve e continuou á falar:

51
-Sabe Aksue. Aqui em Miditi, todos gostam de Kasher.
Sabemos que ele é um rapaz de bom coração. Você deveria
conhecê-lo pessoalmente; Quem sabe, se tornarão até mesmo
amigos, pois, pelo que sei inimigos são os seus pais e não
vocês.
-NUNCA... [gritou Aksue ao mesmo tempo em que se
levantava, dando um soco na mesa]. -De jeito algum seremos
amigos, de onde você tirou esta sandice. Se meu pai é inimigo
deles eu também sou.
Xogum procurou acalmar os ânimos que estavam se
exaltando. Pediu a Lauvia que trouxesse o café. Kasher sentiu
uma enorme tristeza não esperava ver tanto ódio e rancor em
seu irmão. Levantou-se da mesa e pediu licença a todo. Antes
de sair dirigiu novamente á palavra a Aksue:
-Me desculpe por deixar-te tão irritado. Esta não foi a minha
intenção, esqueça o que te falei. [Kasher estava com um
semblante e uma voz triste].
Aksue ficou surpreso com tamanha simplicidade. Pediu a Kili
que o procurasse mais tarde, assim que voltasse da plantação.
Kasher sentiu que ainda poderia haver uma aproximação entre
eles; Apesar de ter assistido aquela cena que o magoou muito.
Já era noite quando Kasher voltou da lavoura. Foi direto para a
choupana ver através da bola de cristal. Estava tudo em paz
em Miditi, aproveitou para pedir alguns conselhos a Xogum:
-Xogum!Olhei através da bola de cristal que tenho pouco
tempo para me entender com Aksue. Ele esta pretendendo
voltar para Surim. Tenho medo que Akidber volte aqui antes
de eu tentar resolver as coisas, não sei por onde começar.
Preciso muito de seus conselhos.
-Compreendo o que você esta sentindo Kasher. Deixe seu
coração falar por você. Por mais ódio que Aksue sinta vocês
tem o mesmo sangue que correm dentro das veias. Esqueça
por um momento, toda a rivalidade que existe entre vocês.
52
Enxergue apenas seu irmão nada mais que isto. Seja firme e
procure falar sempre com sabedoria e sempre mantenha seus
ouvidos atentos.
Kasher agradeceu pelos conselhos. Foi á casa onde estava
Aksue e gritou seu nome na varanda. Enquanto esperava
olhou para o céu e pediu para sua mãe Minela para que o
ajudasse naquele momento tão importante e decisivo.
Talvez esta, seria sua primeira e única chance de estar junto de
seu irmão. Pediu com tanto fervor, que conseguiu enxergar a
imagem de sua mãe entre as estrelas. Um rosto angelical que
sorria para ele; Neste momento, Sentiu seu coração se
acalmar, sabia que sua mãe Minela protegia-o naquele
momento tão difícil.
-Olá Kili! [Aksue chegou por trás colocando as mãos sobre os
ombros Kasher]. O que está vendo no céu. Além das estrelas.
Vejo que se sente feliz.
-Sim estou muito feliz [respondeu Kasher]. - acredito que cada
estrela no céu é um espírito de luz que nos protege você um
dia vai ver também, então me diga: Vai ficar por aqui por
muito tempo?
-Não Kili. Daqui a uns dois dias partirei para Surim levando
Lauvia comigo.
- Mas seu pai vai aceitá-la?
-Ainda não sei Kili, Isto me preocupa muito. Meu pai acha que
mudei por causa dela. Uns dias atrás, ele ameaçou sumir com
Lauvia. Eu nem posso imaginar uma coisa dessas. Se você
estivesse no meu lugar o que você faria?
-Preferia ficar por aqui mesmo. Conheço bem a fama de seu
pai e não arriscaria a vida da mulher que amo.
-Pensando assim acho que você tem razão Kili. Melhor não
cutucar onça com vara curta. [Os dois irmãos cairão aos risos].
-Se seu pai tentasse prejudicar Lauvia. Qual seria sua reação
Aksue?
53
-Com certeza, ia me esquecer de quem ele é.
Kasher sentiu que aquela conversa estava deixando Aksue
tenso. Procurou mudar o rumo da conversa:
- Me fale um pouco de você Aksue. Você tem irmãos?
-Não sou filho único. Meu pai diz que não é bom ter irmãos
para evitar as rivalidades.
-E sua mãe. Você a conhece?[insistiu Kasher].
-Não. Só sei que ela se chamava Minela. Meu pai me proíbe de
perguntar sobre ela, sei o nome dela por causa de Maqueria
minha governanta. Prefiro não contrariá-lo...
A conversa foi até tarde. Kasher sempre fazendo perguntas
praticamente descobriu toda vida de Aksue em uma só noite,
os dois se tornaram grandes amigos. Por sorte de Kasher
Aksue respondia mais do que perguntava.
Kasher se despediu dizendo que teria de acordar cedo para
trabalhar na lavoura. Aksue marcou um novo encontro para o
outro dia.
Ao entrar em casa, Aksue comentou com Lauvia que tinha
arranjado um grande amigo e não entendia porque se sentia
tão bem ao lado de Kili. Lauvia abraçou Aksue e
carinhosamente o levou para o quarto.
Kasher foi para a lavoura ao amanhecer. Pouco mais tarde,
Aksue apareceu com uma enxada nas mãos dizendo que ia
ajudá-lo. Lauvia aproveitou a ausência de Aksue e foi para a
choupana para conversar com Xogum:
-Estou tão feliz Xogum! [exclamou Lauvia]. - As coisas estão
saindo melhor do que pensávamos. Aksue falou de Kasher
quase a noite toda.
Xogum muito experiente viu que Lauvia estava entusiasmada
por demais. Disse á ela que ainda era cedo para tanto
entusiasmo. Estava entardecendo, Lauvia começou a se
preocupar com á demora de Aksue, resolveu ir até a plantação
e para sua surpresa encontrou-os correndo entre as
54
plantações, bastante felizes. Lauvia preferiu não interromper,
ficou apenas observando de longe por uns instantes. Nunca
imaginava ver Aksue tão feliz como estava naquele momento.
Em surim, Akidber preparava seu manto para a batalha e
aperfeiçoava ainda mais seus poderes. Estava preparando sua
volta a Miditi. Preocupado com Aksue, Akidber foi para o
quarto de magia olhar pela bola da vidência; Espantou-se ao
ver Aksue correndo em meio à plantação com um outro rapaz.
Akidber estranhou a atitude de Aksue e Aproximou ainda mais
a imagem para ver com quem Aksue estava. Ao ver o rosto de
Kasher, Akidber entrou em desespero e começou a gritar por
Maqueria:
-Maqueria... Maqueria... Venha depressa Maqueria, veja com
quem aquele infeliz de Aksue está.
-O que foi meu senhor. Por que está tão desesperado assim?
[Maqueria chegou ao quarto de magias quase que sem
fôlego].
-Olhe você mesma. [respondeu Akidber grosseiramente].
Maqueria se aproximou da bola de cristal. Viu Aksue feliz ao
lado de um outro rapaz e fez um comentário:
-Ora meu senhor. Vejo Aksue feliz ao lado de um rapaz, o que
há de mal nisto?
Akidber se enfureceu. Segurou Maqueria pelo pescoço e aos
berros respondeu:
-Você está louca sua velha. Aquele é Kasher filho de Skidlan.
Você acha isto normal? Aksue está correndo perigo. Kasher e
Skidlan podem acabar com ele a qualquer momento. Onde
Aksue está com a cabeça. Uniu-se logo a seu inimigo. Não
posso acreditar que ele esteja contra mim. Pode até ser, que
Aksue seja inocente. Isto está parecendo coisa daquela Lauvia.
Mais se for isto me vingarei dela para punir Aksue.
Akidber seguiu imediatamente pra Miditi. Vestindo seu manto
negro e levando também, seis bravos guerreiros.
55
Maqueria olhava apavorada para Akidber. Temia pela vida de
Aksue ao qual cuidou como filho. Já não sabia se Aksue corria
perigo ao lado de Kasher ou nas mãos de Akidber.
Na aldeia. Xogum pressentiu o retorno de Akidber para Miditi.
Mandou Lauvia buscar Kasher e Aksue na plantação o mais
depressa possível. Aksue não queria voltar para a choupana,
estava se divertindo como nunca. Mais, Kasher percebeu que
se tratava de algo muito sério e convenceu Aksue a voltar.
Aksue era muito bom em magias e sabia guerrear como
ninguém, mas, não havia desenvolvido sua vidência e nem sua
audição para-normal. Este era um aprendizado muito
importante para quem é medianeiro das forças ocultas.
Kasher percebeu que Xogum estava tentando avisar algo a
respeito do bruxo. Desde cedo treinava seus dons de visão,
audição e telepatia.
Ao chegarem à choupana. Xogum pediu para Aksue ir com
Lauvia para casa e retornasse mais tarde para a choupana.
Aksue estava muito feliz. Por isso, Nem percebeu que o clima
estava tenso.
Kasher aproveitou a ausência de Aksue e perguntou a Xogum:
-Vejo que o senhor está pálido. O que está acontecendo tem a
ver com Akidber?
-Sim meu filho [respondeu Xogum diretamente]. - Akidber está
vindo para cá. E esta decidido, acabar com você e Lauvia. Ele
viu você e Aksue juntos. Estamos correndo um grande perigo.
-O senhor já avisou a meu pai? [Perguntou Kasher com os
olhos arregalados].
-Avisei agora pouco. Logo ele estará aqui.
-E agora o que faremos Xogum? Alem de Akidber, tem Aksue,
que não vai me perdoar assim que souber toda verdade.
-Tente ficar calmo meu filho, vou achar uma boa saída. Agora
vamos esperar Aksue e Lauvia voltar. Enquanto aguardamos a

56
vinda dele, você deve ir para mata treinar suas magias. Deixe
que eu resolva a situação com Aksue.
Mais tarde, Lauvia e Aksue chegaram. Xogum pediu para eles
sentarem á mesa, pois, o assunto era sério por demais. Foi
então, Que Aksue percebeu que xogum estava muito tenso e
preocupado.
-Diga-me logo o que está acontecendo. [Aksue ficou nervoso
com tanto mistério]. - Que assunto é tão importante para
deixar o senhor assim?
-É sobre Akidber. Ele está vindo para a aldeia e está
enlouquecido de tanto ódio. Peço que tome muito cuidado,
pois, ele vem decidido á se vingar.
-Mais, por qual motivo ele está tão furioso. Será por causa de
Lauvia. Como o senhor está sabendo disto se nem ao menos
saiu daqui?
-Á muitas coisas que você ainda não sabe. Mais te asseguro
que saberá em breve.
Aksue olhou estranhamente para Xogum não entendendo
aquela resposta. Aksue mudou de fisionomia, seu semblante
ficou aflito. Sabia do que Akidber era capaz. Levantou-se da
cadeira e disse a Xogum:
- Não vou esperar meu pai chegar. Irei agora mesmo para
Surim.
Xogum colocou as mãos sobre os ombros de Aksue e falou:
-Acho melhor que fique aqui mesmo; seu pai já está a caminho
Será mais seguro para você, encontrá-lo aqui.
Com a reação de Xogum, Aksue ficou ainda mais aflito e Não
conseguia entender porque seu pai estava tão furioso com ele.
Levantou-se da cadeira e começou a andar de um lado para
outro, tentando achar uma explicação, sentia um medo
enorme do que poderia vir a acontecer e temia principalmente
por Lauvia.

57
Xogum explicou toda a situação a Lauvia e pediu para que ela
esperasse com Aksue na casa deles para Skidlan poder entrar
na aldeia sem ser visto.
Ao anoitecer, Skidlan chegou à aldeia acompanhado das
mulheres fadas, Entraram todos silenciosamente para não
serem visto por Aksue, logo, na entrada da choupana, Skidlan
encontrou Kasher chorando. Viu que seu filho estava sofrendo
muito com aquela situação, aproximou-se dele e o abraçou
demoradamente.
-E agora pai. Como vai ser daqui pra frente. Eu estava tão
próximo de meu irmão, agora tenho medo da reação dele ao
saber toda á verdade.
-Fique calmo meu filho. Tudo vai acabar bem. Não vou
machucar Aksue e você também não pode deixar que ele te
machuque fisicamente. Só peço que se defenda se for
necessário.
Skidlan pediu para as fadas ficarem vigiando na entrada da
aldeia, a chegada de Akidber. Enquanto todos estavam
aguardando, Xogum separou alguns objetos que teria de usar
caso houvesse urgência, principalmente seu manto dourado
que usava somente em situações de perigos. Uma das fadas
voltou à choupana e avisou que Akidber estava entrando na
aldeia acompanhado de seis soldados, Skidlan. Mandou as
fadas recuarem para a choupana deixando á passagem livre
para Akidber.
Akidber seguiu direto para a casa, onde Lauvia e Aksue
ficavam. Deixou seus soldados a postos, pelo lado de fora.
Bateu com os pés na porta, derrubando-a, indo direto na
direção de Aksue e imprensando-o contra a parede.
Agarrando-o pelo pescoço, deixando os pés de Aksue
suspensos. Lauvia gritava desesperada por socorro. Akidber a
mandava se calar, pois, se continuasse, á mataria também.

58
Akidber Olhou fixamente nos olhos de Aksue e disse aos
berros:
-Até você está me traindo te criei e te ensinei tudo que sabe
sinceramente não esperava esta atitude de você.
-Espere pai. Por favor, me explique o que esta acontecendo.
-Explicar! Você é quem me deve explicações, vi você junto de
kasher o filho bastardo de Skidlan na plantação.
-Kasher! [exclamou [Aksue] - nunca estive junto dele, sabes
que somos inimigos, jamais me verá junto dele o senhor se
enganou].
-Ora Aksue, nunca estive enganado. Eu os vi na plantação hoje
cedo.
-Não meu pai, eu estava com Kili, um rapaz que esta
trabalhando aqui na aldeia, pode perguntar a Lauvia ela
também o conhece.
Lauvia estava imóvel encostada na parede. Como se quisesse
entrar dentro dela. Não conseguia dizer uma só palavra, seus
olhos estavam arregalados sem ao menos piscar.
Akidber soltou Aksue e foi na direção de Lauvia, apontando o
dedo em seu peito e falou:
-Isto está me parecendo armação sua. Pois sei que conhece
Kasher, todos aqui de Miditi o conhecem.
Aksue ao ver que Akidber iria machucar Lauvia, entrou na
frente dela tentando defendê-la, mas Akidber estava irado e
deu uma tapa na face de Aksue mandando-o sair. Aksue sentiu
ódio e ao mesmo tempo a dor física e moral. Apenas olhou
seriamente para Akidber e sem dar uma palavra se afastou.
Akidber Continuou á pressionar Lauvia.
-Diga-me a verdade. Tenho certeza que está por trás desta
armação.
Lauvia viu que não podia continuar calada, tomou coragem e
falou:

59
-Não sei do que o senhor está falando. O rapaz de quem fala se
chama kili e não Kasher.
Akidber deu uma enorme gargalhada e retrucou:
-Kili! Não existe Kili nenhum. Você sabe muito bem, que
aquele rapaz é Kasher nosso inimigo. Aksue pode até ter sido
enganado, pois nunca tivera visto ele, mas com certeza você
sabe quem ele é. Você vai me pagar bem caro por esta traição.
Aksue estranhou a reação de Lauvia quando seu pai a acusou.
Percebeu que Akidber falava com convicção e Lauvia não se
defendia. , se aproximou dela calmamente e perguntou:
-Então é verdade o que meu pai esta dizendo? Aquele rapaz
que conheci como Kili é na verdade Kasher?
-Lauvia não conseguiu responder. Baixou a cabeça por não ter
coragem de encarar Aksue. Com aquela atitude, Aksue não
teve mais dúvidas. Dirigiu-se a Akidber e falou:
-Vou tirar esta história a limpo. Não pode ser verdade, que Kili
seja Kasher.
-Mas é claro que sim Aksue, porque eu mentiria pra você.
Quando vi vocês juntos, através da bola de cristal, me senti
traído, mas na verdade, quem foi traído foi você.
Aksue olhou novamente para Lauvia, estava pasmo com
aquela situação. No fundo Aksue queria que tudo não passasse
de um engano. Como acreditar que estava sendo enganado
pela mulher que ele amava.
Rapidamente Aksue Puxou Lauvia pelos braços e a levou junto
até a choupana. Ao saírem da casa encontraram os soldados
caídos. Alguns estavam mortos, outros feridos, mas nem
Akidber e nem Aksue deram importância para aquela cena.
Passaram por cima dos soldados e seguiram a diante. Alguns
passos à frente, Aksue e Akidber se depararam com Skidlan
que gritou:
-Volte com seu filho para Surim Akidber, Será sua única chance
de sobreviver, Poupe sua vida e a vida dele.
60
-Desta vez vai ser diferente Skidlan. [respondeu Akidber
ironicamente]. - Estamos dispostos a acabar de vez com você e
seu filho.
Akidber não quis mais esticar a conversa. Lançou bolas de fogo
na direção de Skidlan. Aksue lançava flechas de fogo na
direção das fadas. Atingindo muitas fadas ao mesmo tempo.
Kasher assistia a tudo da choupana. Preocupado com Skidlan,
decidiu e sair para ajudá-lo. A caminho da batalha, Kasher
gritou:
-Estou aqui Aksue. Você tem de resolver algo comigo e não
com meu pai.
Skidlan ao ver o filho, implorou-o para que voltasse para
dentro da choupana, mas, Kasher não estava disposto a
recuar. Disse que estava pronto para aquele combate.
-Então você é realmente Kasher. [gritou Aksue]. - Achou que
podia me enganar para sempre. Enganou-me uma vez, mas
não te deixarei vivo para enganar-me de novo.
Aksue lançou vária flechas de fogo na direção de Kasher, que
se defendia lançando as flechas para o alto. O duelo durou
por um bom tempo, a luta estava empatada. Por falta de sorte
de Kasher e Skidlan, chegaram até á aldeia os soldados de
Aksue que haviam ficado pela cidade. Seguiram para a aldeia a
mando de Akidber quando estava a caminho. Eram pra mais
de duzentos homens.
Akidber quando viu seus homens chegar, disse para Skidlan
com ar de vitorioso:
-Esta batalha só vai terminar depois da sua morte e a morte de
Kasher, desta vez me vingarei de vocês.
Xogum ao ver os soldados chegar, percebeu que Skidlan e
Kasher não iriam agüentar. Pegou seu manto dourado e correu
em direção de Skidlan cobrindo-o por inteiro e pediu para
Kasher que agüentasse por alguns segundos, pois voltaria para

61
pegá-lo. De repente xogum e Skidlan desapareceram. Xogum
tele-transportou Skidlan para Luanda.
Akidber ao ver a tele-transportação, olhou para Kasher e deu
várias gargalhadas!Com um enorme deboche falou para ele:
-Há coitadinho... Seu pai te abandonou Kasher... Ele foi muito
covarde te deixando aqui sozinho, Talvez ele não te ame o
suficiente, ou, então, preferiu não assistir a sua morte.-
Akidber tornou a gargalhar.
Kasher se enfureceu com aquelas palavras e encarou Akidber
dizendo:
-Não fale assim de meu pai. Jamais me abandonaria. Ele não é
ruim como você, jamais me escravizou como você faz com
Aksue.
Akidber franziu a testa e num tom agressivo retrucou:
-Moleque insolente. Acabaria com você num estalar de dedos,
mas, deixarei este prazer para Aksue.
A batalha começou novamente, mas desta vez, foi somente
entre os irmãos. Aksue atacava e Kasher se defendia. Kasher
por um momento de distração, por ver Lauvia se aproximar,
foi atingido por uma flecha de fogo que atravessou seu peito
do lado direito. Caiu na frente de Aksue, que não satisfeito,
colocou seu pé direito em cima da ferida de Kasher.
Aksue tomado pela raiva criou em suas mãos uma energia
mortal, quando ia lançar sobre Kasher, ali caído, Lauvia
desesperada gritou:
-Não faça isso Aksue, Kasher é seu irmão.
Aksue olhou imediatamente para Lauvia. Surpreso com o que
tinha ouvido perguntou:
- Irmãos... De onde você tirou esta idéia absurda?
Antes que Lauvia respondesse, Akidber interrompeu dizendo:
- Não dê ouvido a esta traidora, termine logo com isto. Ela esta
inventando esta historia porque deve está apaixonada por
Kasher.
62
Com a explicação de Akidber, Aksue sentiu ainda mais ódio de
Kasher, Tornou a criar uma energia mortal e quando ia lançar,
foi interrompido mais uma vez por Lauvia.
-Pare Aksue. Poupe a vida de seu irmão, em troca lhe entrego
a pedra - Dara.
Akidber mandou que Aksue parasse imediatamente. Caminhou
até Lauvia e como quem estava desconfiado, perguntou?
-E por acaso sabes onde está a pedra?
-Sim eu sei onde ela está. [respondeu Lauvia com voz firme]. -
Mas só direi se deixar Kasher livre.
Akidber olhou para Aksue que estava pronto para dar o golpe
final. Pensou por uns instantes e pediu para Aksue deixar
Kasher caído ali mesmo e foram conversar sobre a troca.
Neste momento xogum conseguiu voltar para tele-transportar
Kasher. Ao se abaixar para pegá-lo Lauvia correu até ele e se
ajoelhou a sua frente. A tristeza estava estampada em seu
rosto, Lauvia segurou nas mãos de xogum e falou:
-Me perdoe meu amigo por ter traído sua confiança. Mais não
vi outra maneira de salvar Kasher.
-Tudo bem minha cara Lauvia, quando confiei a você este
segredo, sabia que iria usá-lo no momento certo. Você fez o
que tinha de ser feito. [Xogum limpou as lagrimas de Lauvia
com suas mãos e beijou-lhe a testa]. Antes de se tele-
transportar com Kasher, pediu para Lauvia se manter firme,
dizendo que a encontraria em Surim.
Kasher e Xogum sumiram na frente de Lauvia que continuou
ajoelhada e chorando muito.
Akidber se aproximou de Lauvia e com um gesto bruto a
levantou dizendo:
-Está disposta a dar sua vida em troca da vida de kasher. Pois,
se mentiu para mim, não vou poupar-lhe a vida.
Lauvia enxugou suas lágrimas e respondeu seguramente:

63
- Dei a minha palavra e não voltarei atrás. A pedra que tanto
deseja está na choupana, ela foi misturada com o barro, estava
lá o tempo todo.
Akidber com um tom de ironia a repreendeu:
-Você acha que sou idiota minha jovem! Porque uma pedra de
tamanha importância estaria dentro de uma parede de barro?
Lauvia olhou bem nos olhos de Akidber e falou:
-O senhor sendo um bruxo tão experiente, deveria saber mais
sobre o barro, o julgava mais inteligente...
Akidber num ato inesperado. Deu uma tapa na face de Lauvia,
ao tentar fazer novamente, Aksue entrou na frente e impediu,
empurrando-o pelo peito:
-Pare meu pai. Não encoste as suas mãos novamente em
Lauvia.
-Tudo bem Aksue. Diga a esta moça, que mais um ato
insolente como este, a deixará sem á língua.
Aksue envolveu Lauvia em seus braços e afastou-se dali.
Akidber seguiu na direção da choupana, mas não consegui
entrar, a vibração que protegia o ambiente o perturbou
novamente.
Ordenou a seus homens que queimasse a choupana e as
outras casas da aldeia ao longe se via o clarão do fogo.
Estava nascendo um dia cinzento e triste. Akidber e os outros
aguardavam ali, o apagar da ultima chama. Akidber procurou a
pedra - Dara entre os destroços da choupana não demorando
encontrá-la. Aksue assistia a tudo de longe se mantendo
calado. Sua mente estava confusa, não sabia se acreditava em
Lauvia quando disse que Kasher era seu irmão ou se acreditava
em Akidber que dizia que Lauvia havia inventado esta historia
por estar apaixonada por ele. Aksue estava perdido em seus
pensamentos, Despertou quando escutou Akidber gritar:
- Conseguimos... Conseguimos... Conseguimos á pedra - Dara.
Finalmente é minha. Veja meu filho, agora sim podemos
64
tornar o chão de Surim fértil, vamos voltar imediatamente
para o castelo e concluir o feitiço...

65
NO REINO DE LUANDA

Em Luanda. Xogum e Skidlan passaram a noite toda


cuidando de Kasher. Prepararam chás e ungüentos com
ervas e casca das árvores para curar a ferida. Kasher
estava fraco e precisava de muitos cuidados. Xogum
explicou a Skidlan que teriam de voltar á aldeia para pegar o
bracelete que estava na casa de Lauvia. Deixaram Kasher aos
cuidados das fadas, montaram em seus cavalos e seguiram
imediatamente para lá.
Ao entrarem na cidade encontraram os moradores
apavorados, pedindo a Skidlan que os ajudassem. Xogum
vendo o anseio daquele povo, falou a todos com muita
firmeza:
-Peço a compreensão de todos, Skidlan está passando por um
momento muito difícil, seu filho Kasher foi atingido ontem em
batalha e perdemos também muitas mulheres fadas. Melhor
voltarem para suas casas e retornem as suas rotinas. Akidber
não virá a Miditi por um bom tempo, eu lhes garanto.
O povo silenciou com as explicações de Xogum e foram-se
dispersando. Xogum e Skidlan seguiram para a aldeia
conversando pelo caminho:
Você tem idéia do que pode vir acontecer com esta pobre
gente Skidlan, agora que Akidber possui a pedra - Dara?
66
-Sim Xogum, mas, prefiro não assustar esta gente, eles não
têm para onde ir. Esta é a terra deles, eu sou a única
esperança que eles têm. Infelizmente na hora em que eles
mais precisam de mim, eu não posso lhes garantir esta ajuda.
Xogum sentiu que Skidlan sofria com aquela situação, preferiu
manter-se calado até chegarem à aldeia. Logo á entrada da
aldeia, Xogum viu o estrago que Akidber tinha feito. Apeou do
seu cavalo e chamou Skidlan para procurarem pelo porta-jóias,
encontrando-o em meio ás cinza. Skidlan pediu para voltarem
rápido para Luanda estava muito preocupado com Kasher...
Assim que passaram pelo portão do reino Luanda, Skidlan
encontrou Kasher conversando com Ágata no jardim. Kasher
ainda estava frágil e caminhava devagar. Skidlan pensou em
reprimir o filho, mas, não conseguiu e foi abordado por Ágata
que lhe falou:
-Senhor, preciso lhe pedir algo muito importante. Estou
próxima de completar dezoito anos, será daqui a dois dias.
Gostaria muito que o senhor me treinasse para ser uma fada
que nem minha mãe foi.
Skidlan foi pego de surpresa com o gesto de Ágata, então
pediu á ela que o procurasse mais tarde no castelo e mandou
que ela levasse os cavalos pra poder ir caminhando com o
filho. Kasher aproveitou para falar com Skidlan:
-Pai, não permita que Ágata se torne uma fada. Eu gosto muito
dela, não queria perdê-la. [Kasher estava muito abatido por
saber sobre o que tinha acontecido as fadas].
-Vejo que realmente gosta muito da moça. [falou Xogum com
um leve sorriso]. Tenho certeza que ela se tornará uma fada.
Percebi que ela é muito decidida e não vai desistir facilmente,
na verdade, acho que ela quer ficar mais próxima de você.
Xogum percebeu que Kasher havia ficado envergonhado com
aquela situação, e para mudar o rumo da conversa, falou para
Skidlan:
67
-Skidlan! Precisamos conversar sobre o bracelete e sobre
nossa ida a cidade-escola.
-Cidade-escola![Exclamou Skidlan]. - vamos até o quarto de
magias Xogum, lá conversaremos melhor. Antes disto colocarei
Kasher para descansar. Logo após Skidlan foi direto ao quarto
de magias:
-Diga-me Xogum, o que você tem em mente?
-Devemos seguir o mais depressa para a cidade-escola, só lá
teremos as respostas que precisamos. Temos de descobrir
como este bracelete foi parar nas mãos de Akidber.
-Mas a quem pertenceu este bracelete, porque saberemos a
seu respeito somente na cidade-escola?
-É como já te disse Skidlan, este bracelete pertenceu a Kener
um grande feiticeiro da minha época, viveu muito antes de
você e Akidber ter nascido. Kener foi morto e queimado por
sete grandes magos da escola que após queimarem seu corpo,
guardaram suas cinzas junto de seus pertences em um baú,
somente estes magos possuem as chaves. Cada um deles tem
uma chave, temos de encontrar estes mestres, pois, só as sete
chaves juntas abrirão o baú.
-Mas quanto tempo levará até á cidade-escola. Tenho medo
de me ausentar por muito tempo de Luanda, sabe que perdi
muitas fadas, temo pelo Meu reino. [Skidlan falava com uma
expressão de preocupado].
-Entendo, mas será nossa única chance de destruir Akidber.
Agora ele está mais forte que antes, se partimos amanhã bem
cedo, ganharemos tempo. Não tenho como te dizer o tempo
exato que ficaremos por lá, mais é de extrema importância a
nossa ida.
Skidlan não tinha alternativa, a não ser concordar com Xogum.
Skidlan Mandou chamar os moradores do reino e avisou-lhes
que iria se ausentar por um tempo. Pediu para que todos

68
ficassem atentos. Ágata aproveitou o ensejo e pediu para
Skidlan:
-Mestre, me leve com vocês. Prometo não atrapalhar, ficarei
cuidando de Kasher.
Skidlan viu que Ágata era realmente decidida e não ia desistir
facilmente. Sabia que ela era a melhor amiga de Kasher e
poderia ajudá-lo a se recuperar mais rápido. Acabou
concordando com seu pedido.
-Sim Ágata, deixarei que você siga conosco. Kasher vai precisar
de uma companhia e não vejo ninguém melhor do que você,
que sempre foi unida a ele.
Ágata deu um grande sorriso e ficou muito agradecida.
Na manha seguinte, antes do clarear do dia, partiu os quatros
de Luanda para á cidade-escola. A viagem era longa e
cansativa, levariam de três a quatro dias a cavalo para
chegarem ao destino. Os moradores e as fadas ficaram
responsáveis por cuidar e vigiar o reino.

69
A CONQUISTA DE AKDBER

Na primeira noite de lua cheia, o céu estava com um clarão tão


forte que a noite parecia dia. Akidber preparou-se para o ritual
vestindo um manto dourado. Aksue vestia-se com um manto
negro e todos os outros que iam participar do ritual vestiam-se de
manto roxo, com barras verticais douradas. Ao todo, eram oito
homens e todos seguravam uma tocha acesa, formava um círculo
em volta de Akidber e Aksue. No centro do circulo estava um
caldeirão de ferro em cima de uma fogueira que seria acesa pelas
tochas, dentro deste caldeirão Akidber colocou a pedra - Dara
misturando com ervas e sangue dos animais.
Todos cantavam e dançavam em volta do caldeirão. Os
encantamentos eram falados em dialetos por Akidber e Aksue,
o ritual varou a madrugada. Foi terminar por volta do meio dia
seguinte...
Akidber e Aksue espalharam a mistura pela terra arada e
teriam de esperar por sete dias para obterem resultados.
Ficaram aguardando ansiosos principalmente Akidber que não

70
conseguia dormi e nem se alimentar. Queria ver de perto o
nascer das primeiras mudas.
Lauvia não saía do castelo, ficava trancada o tempo todo em
seu quarto, sentia-se culpada pela vitória de Akidber.
Maqueria era quem levava comida para Lauvia.
Aksue não a procurava desde que voltaram de Miditi. Lauvia
sentia-se prisioneira naquele imenso castelo.
Akidber ficou sabendo que Skidlan havia saído de Luanda
depois de três dias, não tinha idéia para onde o mago havia ido
e procurou tirar proveito da situação. Procurou Aksue para
contar seu plano:
-Tenho novidades Aksue... Estamos com o caminho livre. Assim
que o feitiço der resultados, Miditi será meu primeiro alvo e
quem sabe tomamos até mesmo Luanda.
-Sim meu pai, tenho certeza que o feitiço vai dar certo. Mais
conversaremos depois sobre Miditi e Luanda, agora me deixe
ir ter uma conversa com Lauvia, desde que voltamos para
Surim não a procurei mais...
Akidber percebeu que Aksue nem deu importância aos seus
assuntos e que estava mais preocupado com Lauvia. Procurou
lançar uma semente de intriga na mente de Aksue para afastar
de vez os dois:
-Tenha cuidado meu filho, Lauvia é esperta o bastante poderá
te enrolar novamente, não se esqueça que ela o traiu.
-Fique tranqüilo meu pai, sei me cuidar...
Aksue bateu na porta do quarto de Lauvia, pediu para entrar e
esperou alguns minutos ate que Lauvia o recebesse.
Lauvia estava muito abatida e com um semblante de quem
acabava de chorar.
Aksue não sabia por onde começar á conversa, mas Lauvia
percebeu seu anseio e iniciou:

71
-Sei que está decepcionado comigo. Dei motivos para isto,
mais, quero dizer-te que o amo de verdade e não poderia
deixá-lo sofrer por ter matado seu próprio irmão.
-Lá vem você novamente com esta história. [Interrompeu
Aksue] não consigo entender, como podemos ser irmãos,
ainda mais gêmeos. Somos tão diferentes, vivemos em magias
contrárias, não consigo achar lógica nisto.
-Mas é a pura verdade Aksue! [insistiu Lauvia ajoelhada na
frente de Aksue].
-Fale a verdade Lauvia, você deve está realmente apaixonada
por Kasher, como meu pai disse, por isso inventou que somos
irmãos só pra eu não matar ele.
-Claro que não é isto Aksue –[suplicava Lauvia]. - Kasher é um
rapaz maravilhoso, você o conheceu pessoalmente. Somos
somente amigos, jamais olhei para Kasher com algum
interesse. Eu amo você Aksue e não a seu irmão.
As palavras de Lauvia acalmaram coração de Aksue e fez com
que pensasse mais sobre seu possível parentesco com Kasher.
Aksue Segurou Lauvia pelas mãos e perguntou:
-Como poderei ter certeza que Kasher é meu irmão? Sinto que
você fala sobre este assunto com muita certeza, mas preciso
de provas para acreditar em você.
Lauvia cerrou seus olhos para se lembrar do que Xogum havia
lhe dito e lembrou-se de Atus que vivia escondido em Miditi.
-Sim!Lembrei-me de algo! Ou melhor, de alguém que tem
como te provar que você e Kasher são irmãos. Seu nome é
Atus um guerreiro de Akidber, foi ele quem cuidou de sua mãe
Minela, mas teve de fugir com Kasher para salvá-lo, hoje ele
vivi em Miditi, mas não sei onde. Se encontrarmos Atus, você
terá a certeza que precisa.
Aksue pensou por uns instantes e lembrou-se de ter ouvido na
sua infância o nome de Atus. Com esta lembrança Passou
acreditar mais em Lauvia, então concluiu:
72
-Acharei este Atus, nem que seja a ultima coisa que faço.
Vamos esperar até o feitiço completar os setes dias, então
iremos procurá-lo.
-Devemos ter cuidado com Akidber, se ele desconfiar disto, ele
nos mata [concluiu Lauvia].
-Terei cuidado, não deixarei Akidber te machucar, serei
bastante astuto.
Aksue beijou as mãos de Lauvia e saiu do quarto. Logo no
caminho, deparou-se com Akidber indo à direção do quarto.
- Estou indo falar com Lauvia a sós, espere-me no quarto de
magias. [Akidber falou com tom de voz arrogante].
- Mas o que houve?[Perguntou Aksue preocupado].
-Isto não lhe diz respeito, vá e faça o que mandei.
Lauvia estava sentada na cama com a cabeça baixa quando viu
Akidber á sua frente, sentiu todo seu corpo gelar, suas mãos
suar frio, Seu coração disparou de temor.
Akidber estava com um semblante fechado, apontou o dedo
na direção de Lauvia dizendo:
-Vou te avisar pela primeira e ultima vez. Deixe este assunto
de irmãos morrerem aqui. Não vou aceitar que interfira em
nossas vidas. Aksue é meu filho e não quero nenhum irmão
para ele, pois, mais tarde ficaram todos contra mim; Por mais
amor que sinto por Aksue, não permitirei tê-lo como inimigo
por isso, não pouparei a vida dele e muito menos á sua. Espero
ter sido bem claro, em troca do seu silêncio posso poupar a
vida de seus pais trazendo-os para cá; Esta é minha oferta e
aproveite porque estou sendo generoso.
Ao terminar a conversa, sem ao menos deixar que Lauvia
falasse, Akidber saiu batendo a porta com toda força. Lauvia
entrou em desespero, pois, já havia convencido Aksue de ser
irmão de Kasher. Lauvia começou a andar de um lado para
outro, sem saber como resolver aquela situação.

73
Akidber seguiu direto para o quarto de magias para falar com
Aksue, encontrando-o junto de maqueria que tentava acalmá-
lo. Ao ver Akidber, Aksue foi logo perguntando:
-Como foi sua conversa com Lauvia, estou que não me
agüento de tanta aflição.
-Não houve nada de mais, agora tenho certeza que ela te ama
de verdade. Ela está a sua espera no quarto.
Aksue correu imediatamente para vê-la. Maqueria balançou a
cabeça como quem sabia que Aksue havia sido ludibriado
novamente, conhecia Akidber como as palmas de sua mão.
Ao chegar ao quarto Aksue encontrou Lauvia impaciente e
chorando muito e perguntou:
-O que houve Lauvia; Akidber lhe encostou as mãos?
-Foi pior Aksue. Ele ameaçou matar meus pais e a mim se eu
continuar a te convencer, que você e Kasher são irmão, e o
pior é que ele ameaçou matar até mesmo você.
Com muito carinho Aksue aconchegou Lauvia em seus braços e
falou:
-Não fique assim meu amor, não vai acontecer nada conosco,
só precisamos fingir e não tocaremos mais neste assunto, até
eu descobrir toda verdade. Continuarei a fingir que não
acreditei em uma só palavra do que me falou.
Lauvia sentiu que Aksue realmente havia acreditado nela e
passou a confiar totalmente nele. Ao completar os sete dias
após o feitiço, todo o reino de Surim ouvia ao raiar do dia, as
gargalhadas de Akidber deparando-se com uma plantação
verde e viçosa e gritava para todo reino ouvir:
-Conseguimos!Conseguimos!De agora em diante serei o
mestre supremo, me vingarei de todos que tentaram me
prejudicarem, principalmente Skidlan e Kasher.
No castelo Lauvia acordou com os gritos de Akidber, se
Assustou ao ouvir os nomes Kasher e Skidlan:

74
-Acorde Aksue... Acorde Aksue. Estou ouvindo seu pai gritar o
nome de Kasher, vai até lá e veja o que esta acontecendo.
Aksue se levantou ainda zonzo de sono e foi até Akidber.
Encontrou-o ajoelhado, segurando entre o peito algumas ervas
e dando muitas gargalhadas. Ao olhar para frente, viu toda
aquela vegetação de cor verde radiante que o deixou
deslumbrado. Arregalou seus olhos e gritou:
-Conseguimos meu pai... Agora temos nossas próprias ervas e
nossos alimentos, podemos até mesmo criar nossos próprios
animais!
-Sim Aksue! Dá-me um abraço meu filho, se não fosse você eu
nunca teria conseguido. Mas o melhor da festa ainda está por
vir, de agora em diante não precisamos sair de Surim para
roubar alimento, podemos destruir Miditi e nunca mais
teremos de encontrar com Kasher e Skidlan. Estaremos livres
deles para sempre.
Aksue deu um sorriso forçado e ficou pensativo no que
Akidber havia falado destruir Miditi não estava nos seus
planos.
-Vamos para o castelo meu pai, temos de avisar Lauvia e
maqueria que tudo deu certo, elas ficaram muito felizes.
- Ora Aksue, não se engane, somente Maqueria ficará feliz.
Lauvia vai odiar saber disto, escute o que estou lhe dizendo.
Vamos até lá e terá a prova, não sei por que ela ainda está
aqui se no fundo ela queria mesmo é está com Kasher.
Aksue ficou muito irritado com Akidber e o repreendeu num
tom sério:
-Nunca mais fale isto de Lauvia, sei que tenta encher minha
mente com esta besteira, mas, daqui a diante não vou admitir
mais isto.
Akidber com tamanha ironia respondeu:
-Tudo bem, não esta mais aqui quem falou. Depois não diga
que não te avisei.
75
No castelo Maqueria acordou com os gritos de Akidber.
-Maqueria... Maqueria... Maqueria prepare uma mesa farta
para todos de Surim, iremos comemorar nossa vitória. Todo o
reino ficará em festa por cinco dias, mande buscar algumas
moças para te ajudar no preparo das comidas. Vamos
comemorar a nossa vitória.

DE VOLTA A CIDADE-ESCOLA

Depois de três dias de viagem, Xogum e seus companheiros


entraram na cidade-escola. Logo na entrada, estava um senhor de
estatura alta, magra de rosto comprido e veste branca, que os
abordou:
-O que desejam nesta cidade?
Xogum olhou demoradamente para a pessoa que lhe falava,
como se estivesse conhecendo-o e perguntou:
-Jandue? Por acaso se chama Jandue?
-Sim sou eu mesmo. O senhor também não me é estranho.
-Eu sou Xogum. Trabalhamos na mesma época na escola.
-Xogum, meu velho amigo, como pude não te reconhecer.
Venha me dê um abraço, por onde tem andado este tempo
todo?

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-É uma longa história meu amigo, preciso muito lhe falar, mas
deixe-me apresentar meus companheiros. Este é neto Skidlan,
meu bisneto Kasher e Ágata a melhor amiga da família.
-Skidlan?[Jandue ficou intricado]. - Este é aquele menino que
viveu aqui conosco por um bom tempo? Devo está ficando
velho mesmo, como não o reconheci. Agora me lembro bem,
você era o único amigo de Akidber.
Skidlan olhou bem para Jandue e não se recordando
perguntou:
-Não me lembro do senhor. Em qual setor da escola
trabalhava?
-Ora, você realmente não tem como se lembra de mim, tinha
apenas cinco anos de idade, quando veio para cá. Trabalhei
por mais cinco anos na diretoria e quando saí você ainda era
uma criança.
-Jandue desviou seu olhar para Kasher e perguntou
novamente:
-Seu filho é um belo rapaz. Você o treinou bem?
-Sim, dei o melhor de mim [respondeu Skidlan orgulhoso].
-Venham, Vamos até minha casa. Vocês devem estar exausto
da viajem.
Todos acompanharam jandue, no caminho, Xogum foi
explicando por que havia ido para Miditi.
Ao entrarem na casa, Xogum foi logo retirando o porta-jóias
do bolso e entregou á Jandue que ficou curioso com aquele
objeto e perguntou:
-O que é isto Xogum?
-Quebre este porta-jóias e verás.
Jandue pegou uma pedra e quebrou o porta-jóias em vários
pedaços encontrando o bracelete, ao vê-lo lançou
rapidamente uma pergunta:
-Como este objeto foi parar em suas mãos?Eu reconheço este
bracelete, pertencia ao Feiticeiro Kener.
77
-Sim Jandue, é este mesmo, preciso que me ajude a encontrar
os mestres para abrirmos o baú.
Jandue ficou com uma expressão de preocupação. Viu que o
assunto era realmente Sério. Xogum percebeu que o velho
amigo estava confuso e explicou-lhe como havia encontrado o
bracelete e com quem supostamente estava. Acrescentando
ainda sobre a pedra - Dara...
Jandue ficou ainda mais preocupado, pois, sabia que Akidber
com os poderes da pedra - Dara poderia vir a atacar até
mesmo a cidade-escola. Preferiu deixar Kasher e Ágata em sua
casa e partiu junto com Skidlan e Xogum atrás dos mestres que
guardavam as chaves. A procura seria demorada, pois nem
todos os mestres moravam mais na cidade.
Skidlan ficou preocupado em ter deixado Kasher e Ágata
sozinhos e retornou para junto do filho depois de dois dias de
procura pela cidade. Xogum e Jandue continuaram á viajem
sozinhos.
Já haviam se passados sete dias que Xogum havia partido com
Jandue. Skidlan estava ansioso pela volta deles, pressentia que
Akidber estava se preparando para atacar Miditi. Skidlan
sempre entrava em contato com suas fadas durante a noite
para ter notícias do reino Luanda, durante o dia, levava Kasher
e Ágata para conhecer a cidade e os alunos que viviam lá.
Reencontrou vários amigos e alguns mestres que os
receberam muito bem e permitiram que Kasher participasse
das sessões de curas. Colocaram-no sobre a mesa e vários
alunos e mestres passavam-lhe energias com as mãos
restabelecendo suas forças. Ágata assistia a tudo e colheu
grandes aprendizados.
Kasher fez várias sessões ficando completamente revigorado.
Passado dez dias após a partida de Xogum, Skidlan teve
notícias que seu avô estava voltando acompanhado dos
mestres, ficou aguardando ansiosamente a chegada deles.
78
¤

A VINGANÇA Á MIDITI

Depois das comemorações, Akidber começou a por seus planos


em prática, Colheu algumas ervas venenosas e as levou para o
quarto de magias se trancando por lá, o dia inteiro, não
permitindo nem mesmo á entrada de Aksue. Estava desconfiado
com as atitudes do filho que não quis participar da comemoração
ficando trancado no quarto com Lauvia.
Durante a noite, Akidber saiu do quarto de magias e mandou
Aksue separar algumas moringas de barros e as amarrar nos
cavalos. Deixando Aksue muito intrigado, mas, preferindo não
fazer perguntas precipitadas.
-Pronto pai, as moringas já estão nos cavalos, o que vai colocar
dentro delas?

79
-Sem perguntas Aksue, me siga e verá o que tenho em mente.
Tenho certeza que você vai gostar.
Aksue ficou ainda mais curioso para saber o que Akidber
estava planejando, mas já imaginava que não seria boa coisa.
Estava uma noite fria e sombria, o vento parecia uma lâmina
cortando a pele. O bruxo colocou o líquido dentro das
moringas e montou em seu cavalo seguindo para Miditi junto
de Aksue.
Akidber não falou uma só palavra durante toda á viajem,
deixando Aksue ainda mais intricado do que já estava.
Ao chegarem à beira da nascente, Akidber apeou de seu
cavalo e mandou Aksue desamarrar as moringas. Akidber
pegou as moringas e despejou o liquido na nascente. Uma a
uma...
-Agora sim saberás o que vim fazer, amanhã bem cedo assim
que esse povo acordar e beber da água, que abastece a
cidade, eles sentirão no corpo a minha doce vingança.
Aksue entendeu rapidamente o que Akidber estava fazendo o
ódio lhe subiu a cabeça e num instinto agressivo segurou o
bruxo pela roupa e gritou em alto e bom tom:
-Você está louco pai?- Vai matar esta gente inocente por
simples capricho seu?
-Ora Aksue estou te estranhando, está tão preocupado com
esta gente, logo você que castigou tanto garotos de Surim, não
precisa se preocupar com os pais de Lauvia prometi á ela que
os levaria para Surim.
Aksue sentiu-se culpado pelo que estava acontecendo, a
angustia apertava seu peito e não consegui achar palavras
para justificar o que akidber fazia.
-Vamos Aksue. [gritou Akidber montado em seu cavalo]. -
temos de pegar os pais de Lauvia para levá-los conosco.

80
Eram por volta de quatros horas da manhã quando Akidber
entrou em Surim trazendo os pais de Lauvia. Aksue não dirigiu
a palavra a ninguém em um só momento.
Ficou perdido em suas reminiscências não se conformando
com que Akidber tinha feito. Retirou-se imediatamente para
seu quarto, não agüentava olhar para Akidber.
Lauvia percebeu que Aksue estava muito perturbado e
abatido, procurou acalmá-lo segurando em suas mãos e
docilmente perguntou:
-O que está acontecendo Aksue Por que está tão abatido?
-Não sei o que está acontecendo comigo Lauvia [Aksue
respondia com os olhos rasos de água]. - estou me
preocupando com as pessoas, hoje lá em Miditi meu pai foi até
a nascente do rio que abastece a cidade e despejou várias
moringas contendo ervas venenosas e enfeitiçadas. Quando as
pessoas beberem desta água sabe-se lá o que pode acontecer,
estou me sentindo muito culpado por tudo.
-Mas isto é terrível![reprimi Lauvia - seu pai vai matar muitas
gentes, inclusive minha família, precisamos avisá-los
imediatamente, não podemos permiti isto Aksue].
-Sua família esta a salva, mas não sei o que fazer para ajudar
aquele povo todo. Quando insisti com meu pai, para tornar o
chão de Surim fértil, minha intenção era para usar a plantação
em nosso beneficio e não para matar pessoas.
Lauvia estava estarrecida, mas entendeu que Aksue Estava
ainda pior, sentindo-se culpado por tudo que estava
acontecendo. Lauvia procurou ajudá-lo em vez de julgar.
-Precisamos ir agora para Miditi e encontrar Atus. Se ele beber
á água, você nunca mais, descobrira toda verdade. Já esta
amanhecendo e temos obrigação de ajudar o povo da cidade.
-Tem razão Lauvia seus pais e Akidber já devem ter ido dormi,
vamos sair escondidos.

81
¤

ENCONTRANDO ATUS

Aksue e Lauvia prepararam os cavalos, colocaram água fresca nas


moringas e seguiram para Miditi, sem que ninguém os visse.
Assim que entraram na estrada para Miditi Lauvia lembrou-se de
um homem que vivia na floresta e se vestia com roupas de tiras
que cobria até a cabeça e tinha o rosto pintando com borras de
carvão. O povo da cidade chamava-no de louco. Lauvia parou seu
cavalo e ficou demoradamente olhando para a floresta.
-O que foi Lauvia. Porque está olhando para a floresta? .
-Veja Aksue, ali entre as árvores, aqui em Miditi todos sabem
que mora um louco nesta floresta, mas é estranho que ele
82
esteja aqui exatamente há dezesseis anos é muita coincidência
ter o mesmo tempo que a idade de você e Kasher. Quando eu
era pequena minha mãe me colocava medo, dizendo que o
louco da floresta ia me pegar...
-Esta doida Lauvia!Está querendo dizer que aquele louco pode
ser meu pai?
-Sim Aksue, ninguém nunca viu seu rosto, pois ele se esconde
atrás das borras de cinzas e dos retalhos, tenho certeza que
ele é quem procuramos. Vou chamá-lo, se for ele mesmo ele
virá ate nós.
-Senhor Atus... Senhor Atus... Se for mesmo o senhor, por
favor, venha até aqui, seu filho Aksue precisa muito falar com
o senhor, não precisa ter medo, Aksue já sabe de toda á
verdade, precisamos muito de sua ajuda.
Lauvia e Aksue ficaram aguardando resposta por alguns
minutos mais ninguém apareceu.
-Veja Lauvia, não pode ser ele, se fosse teria vindo até nós,
temos de seguir viagem há esta hora o povoado de Miditi já
deve ter bebido da água.
-Acho que você tem razão Aksue, vamos seguir á diante. Mas
tenho certeza que o louco da floresta é Atus, mas, não
podemos esperar mais.
Assim que entraram na cidade Lauvia não conseguiu conter o
choro, encontraram pessoas agonizando pelas ruas, crianças
gritando ao lado dos corpos dos pais, uma cena que fez até
mesmo Aksue chorar pela primeira vez. Sentiu um imenso ódio
por Akidber naquele momento, entrou em desespero por não
saber o que fazer para ajudar aquela gente.
Aksue Caminhou na direção de uma menina que estava
agonizando e pedia por ajuda. Abaixou-se para pegá-la em
seus braços quando sentiu uma mão forte e pesada em seu
ombro e uma voz rouca que lhe disse:
- Levante-se meu filho...
83
Aksue virou-se rapidamente e viu diante de seus olhos um
homem maltrapilho com o rosto coberto pela borra de
carvão... Com a voz trêmula Aksue perguntou:
-A t u s?
- Sim, sou eu, meu filho...
Aksue deu um leve sorriso e comentou:
-Então foi assim que o senhor conseguiu se esconder por todos
estes anos. Akidber jamais desconfiaria de você vestindo
assim.
-Sim, mas agradeço a Skidlan, que foi quem me ajudou, a
pedido de sua mãe Minela. Akidber me procurou por muito
tempo, mais acabou desistindo. Achou que eu tivesse fugido
para uma outra cidade. Nunca perdi a esperança de um dia
poder chamá-lo de meu filho e hoje senti muito orgulho de
você Aksue. Vi vocês na nascente do rio hoje cedo e tive
certeza que você não se moldou á Akidber.
-Você nos viu na nascente do rio? Porque não avisou esta
gente sobre o perigo?
-Não pude meu filho, as pessoas não iriam acreditar em mim,
acham que sou louco. Tome muito cuidado com Akidber.
Trabalhei para ele por muitos anos e sei do que ele é capaz,
mesmo que ele diga que te ama tentará acabar com você e
com Lauvia se vocês for uma ameaça para ele.
-Não se preocupe meu pai, agora sei do que ele é capaz -
[respondeu Aksue com firmeza].
A menina que estava agonizando no chão segurou na veste de
Aksue pedindo para que ele á salvasse, Aksue se abaixou para
pegá-la e quando se levantou não viu mais Atus. Com a
menina nos braços, Aksue procurou por Lauvia encontrando-a
perto da igreja, sentada no chão, segurando uma senhora
aparentando uns setenta anos de idade. Lauvia chorava
desesperadamente alisando os cabelos brancos daquela
senhora já desfalecida, Aksue colocou o corpo da menina que
84
carregava no chão, próximo a Lauvia e se aproximou tentando
acalmá-la.
- Veja aksue [falou Lauvia aos soluços]. - Esta é minha avó
materna, minha vovozinha querida. Como Akidber pôde ter
coragem para tantas maldades, que será desta gente toda.
-Entendo o que esta sentindo Lauvia, mais teremos de correr
por toda Miditi, avisando aos moradores sobre a água. Talvez
assim salvemos mais vidas. No Máximo em 7 dias a água de
Miditi voltará ao normal para ser consumida.
Aksue não sabia como usar sua magia para salvar aquela
gente, pois, nunca tivera usado para fazer o bem. Preferiu
avisar a todos pessoalmente, levando dois dias duas noites até
que todos estivessem avisados.
Em surim, Akidber deu por falta de Aksue ao entardecer do dia
seguinte da vingança. Trancou-se em seu quarto de magias e
viu Aksue e Lauvia através da bola de cristal ajudando as
pessoas de Miditi. Ficou enraivecido com aquela situação,
pensou em ir atrás de Aksue, mas, preferiu esperar pela volta
deles, preparando uma vingança.
Mandou seus soldados cortarem três troncos de eucalipto na
estrada de Miditi e estacar no centro de Surim, colocando em
volta dos troncos, palhas e galhos secos, para formar uma
fogueira. Ficou aguardando ansioso pela volta de Lauvia e
Aksue.

85
O REENCONTRO COM KENER

Xogum e Jandue chegaram à cidade-escola antes do sol nascer,


acompanhados dos sete mestres que guardavam as chaves do
baú. Foram direto para a casa de Jandue para uma rápida reunião
com Skidlan, logo Após conversarem, seguiram todos para a
cripta da escola.
Ao chegarem à cripta, jandue e Xogum pegaram o baú que
estava todo empoeirado pelo tempo e o colocaram sobre a
mesa que ficava ao centro da sala. Antes de abrirem, os
mestres pediram para todos se sentarem á mesa formando um
circulo, todos os mestres colocaram as chaves
86
correspondentes nas fechaduras ao mesmo tempo abriram o
baú. Após sua abertura, entrou um vento forte pelas frestas
das janelas espalhando as cinzas de Kener.
Ágata e Kasher ficaram muito assustados com os olhos
arregalados, Jandue percebendo que aquela situação os
apavorava, pediu para que Skidlan que os retirassem da sala.
Assim que a ventania se acalmou, Jandue retirou de dentro do
baú os pertences do feiticeiro, entre eles, estava um bracelete
de metal com os mesmos símbolos que o bracelete de pele de
animal. Ao aproximá-los, percebeu que havia setas opostas,
como se fossem imãs, os braceletes se uniram tornando-se um
só. Jandue tentou separá-los mais seu esforço foi inútil.
-Agora entendo o que significa este bracelete [comentou um
dos mestres] através do bracelete de pele de animal Kener
conseguia controlar a mente de quem o usava para, depois
consegui-lo unir com o de metal. Assim viveria novamente
através de um outro corpo.
-Sim agora me lembro. [interrompeu Skidlan - Eu presenciei
quando Akidber ganhou este bracelete]. Estávamos no
alojamento, já era de madrugada, eu estava sonolento e vi
uma fumaça negra entrando por debaixo da porta e seguiu até
a cama de Akidber. A fumaça se transformou em uma pessoa
que vestia o mesmo manto que está no baú e uma túnica que
cobria todo seu rosto. Lembro-me vagamente sobre o que
conversavam, mas lembro-me de ter ouvido este espírito
dizer, que Akidber seria expulso da escola e que quando ele
saísse deveria usar o que tinha lhe dado, prometeu passar
forças e conhecimentos para Akidber. Na época não dei muita
importância, logo após adormeci e quando acordei perguntei a
Akidber se ele tinha visto alguém no alojamento e ele disse
que não tinha visto nada e que eu estava está sonhando logo
depois aquela cena sumiu da minha mente.

87
-[Claro que sim - respondeu Jandue - Kener deve ter apagado
de sua memória e logo depois você pediu para trocar de
alojamento deixando assim o caminho livre para ele].
-Então foi o próprio Kener que permitiu que Akidber perdesse
o bracelete. [concluiu Xogum].
-Mas porque ele faria isto?[Perguntou um dos mestres a
Xogum].
-Akidber sempre foi tão astuto quanto Kener. Ele usava o
bracelete somente quando lhe interessava e quando sentia
que Kener tentava dominá-lo retirava-o do braço.
-Isto quer dizer que Akidber enganou até mesmo Kener.
[comentou Jandue].
-Sim, pude sentir quando peguei o bracelete no bolso de
Kasher, estava totalmente impregnado de ódio e possuindo
uma carga muito pesada. Por isto meu bisneto desmaiou
quando pegou o bracelete. Kasher tem vibrações da magia
branca e por ser ainda aprendiz, não suportou a carga. Tenho
pra mim que Kener escolheu Kasher para destruir Akidber,
pois, por mais que ele seja um menino bom, no seu interior ele
deve sentir desejo de se vingar do bruxo. Talvez ele mesmo
não saiba deste desejo, mais, Kener percebeu este ódio em
seu interior.
Todos os mestres procuraram analisar as explicações dadas
por Xogum e chegou á uma conclusão. Decidiram invocar
Kener para lhe fazer uma proposta que todos sabiam que seria
de grande risco para Kasher.
Iniciaram a invocação, colocando sobre á mesa as vestes de
Kener. Um dos mestres profetizou o chamado:
-Espírito das trevas, senhor do mal. Está preso ás forças da
magia branca por mais de setenta décadas. Invocamos por vós
Kener, que deixaste por onde passou o medo e o terror. Hoje,
aqui e agora terás a oportunidade de se ver livres das amarras

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que o prende á terra. Ajudai-nos a vencer o mal e em troca,
terás a chance de viver novamente...
Após o mestre proferir as palavras, os vidros das janelas se
estilhaçaram e as vestes sobre á mesa se levantaram e uma
gargalhada rouca se ouviu:
-Querem me libertar depois de tantos anos?- Os mestres aqui,
não são valentes o bastante para resolverem sozinhos seus
problemas?
-Escute com muita atenção Kener. [falou um dos mestres com
firmeza]. - sabes que já não temos idades para entrarmos em
batalhas, estamos te dando uma grande oportunidade.
Akidber ficou forte o bastante depois de conseguir a pedra -
Dara e somente você poderá vencê-lo, pois, viveu junto dele
por muitos anos e conhece bem suas fraquezas.
-O que querem dizer em ficar livre?- Poderei viver através de
um outro corpo?[Perguntou Kener].
-Não exatamente. [respondeu Jandue]. - terá um corpo
emprestado por alguns dias e logo após cumprir sua missão
terás de deixá-lo.
-E como ficarei livre? [Perguntou Kener novamente].
-Terá seu espírito livre para reencarnar novamente, se cumprir
com o trato, soltaremos a corrente que o prende a esta terra.
Ficará livre para nascer de novo. [Concluiu Xogum].
-Mas seu eu quiser morar no corpo que me emprestarem?-
Como vocês mesmo falaram estão muito velhos para entrar
em batalha.
-Ora Kener [repreendeu Xogum]. - Não se esqueça que foram
eles quem os venceu e são eles também, que mantiveram seu
espírito preso ate o dia de hoje. Se não cumprir com o acordo
eles poderão facilmente prender-te novamente e nunca mais
terá outra oportunidade de poder reencarnar.

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Um silêncio assustador tomou conta da cripta, dava pra
escutar o som da respiração, de repente Kener quebrou este
silêncio:
- Mostre-me quem irá me emprestar o corpo!
Todos os mestres olharam imediatamente para Skidlan, que
Rapidamente se levantou e disse:
- Não podem me usar! Não deixarei meu filho sozinho.
Jandue que estava ao lado de Skidlan se levantou e colocou as
mãos sobre seus ombros. Dizendo-lhe:
-Mas não será você Skidlan e sim Kasher. Kener precisa de um
corpo jovem e uma mente mais fraca para possuir.
- Kasher! Meu filho! .Não deixarei de jeito nenhum.
-Mas terá de aceitar Skidlan [retrucou xogum - será nossa
única chance de vencermos Akidber].
- Definitivamente não Xogum. Kasher é muito jovem e não
posso deixar que corra esse risco. [Skidlan saiu da sala e foi
encontrar Kasher que aguardava em outra sala com Ágata].
-O convence Xogum [Falou Jandue]. Mas seja rápido, será a
única chance que daremos a vocês.
-Sim Jandue... Vou conversar com Skidlan, me dê alguns
minutos.
Xogum saiu da cripta e foi ao encontro de Skidlan,
encontrando-o visivelmente abalado. Iniciou a conversa com
muita calma para que Skidlan não sofresse mais do que já
estava sofrendo.
-Skidlan meu filho, pense bem, não teremos outra
oportunidade como esta.
-Não posso Xogum, não permitirei que meu filho corra este
risco, sinto meu peito doer só de pensar em perdê-lo.
-Me perder? [Perguntou Kasher]. - porque estão falando isto?
-Não é nada meu filho, vamos voltar para Luanda
imediatamente [respondeu Skidlan].

90
-Calma Skidlan. [Insistiu Xogum] - não tome decisões
precipitadas. Não poderá manter Kasher o tempo todo,
escondido embaixo de sua capa. Ele já está com dezessete
anos de idade e daqui a um ano seu filho terá de tomar suas
própria decisões.
Skidlan olhou para kasher consternado. Segurou nas mãos de
Xogum e Falou:
-Prometa-me Xogum, que nada de mal vai acontecer a Kasher,
não conseguirei viver sem ele.
-Dou-lhe minha palavra Skidlan, os mestres disseram que
podiam protegê-lo, confie neles como confia em mim.
Skidlan conversou rapidamente com Kasher e pediu para que
ele fosse forte o bastante e que só permitia aquela situação
por que não tinha outro modo de vencer Akidber. Kasher não
entendeu bem o que ia lhe acontecer, mais confiou em seu pai
procurando não fazer perguntas.
Na cripta, colocaram Kasher sentado na cabeceira da mesa e o
cobriram com a capa de Kener. Em alguns segundos, Kasher
começou a se debater e seus olhos ficaram brancos. Skidlan ao
ver aquela cena ficou estarrecido, Xogum segurou suas mãos
mantendo-o firme.
Aos pouco Kasher foi se levantando, estava com a face pálida,
olhos esbranquiçados e falou com uma voz rouca:
-Estou pronto para a batalha...
Ágata que até então não havia percebido o que estava
acontecendo perguntou:
-O que ouve Kasher? Porque você está assim?
-Ora jovem tola, não sou Kasher, me chamo Kener o maior e
mais temido feiticeiro de toda a redondeza, Kasher se foi e
talvez você nunca mais o Veja.
-Não fale isto![Repreendeu Skidlan aos gritos]. - você fez um
trato com os mestres e terá de cumprir.
Kener deu uma demorada gargalhada e logo após falou:
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-Fiz um trato, mas ainda sim tenho escolhas.
Skidlan olhou para os mestres que se mantiveram calados,
olhou para xogum que estava com os olhos cerrados tentando
lhe transmitir em pensamento que Kener estava apenas
blefando. Skidlan procurou manter a calma para não criar
atritos.
Antes de seguirem, Kener exigiu seu bracelete e sua espada.
Os cavalos estavam prontos para conduzi-los ate Surim.
Durante a viajem Skidlan tentava conversar com Kener que
não permitia que dirigisse á palavra a ele. Deixando Skidlan
ainda mais aflito com aquele silêncio todo. Xogum por
telepatia pedia a Skidlan para se manter firme para não atrair
pensamentos negativos. Ágata se manteve firme o tempo
todo e ficava sempre perto de Skidlan passando-lhe segurança.
A viajem seguiu em total silêncio.

O SOFRIMENTO DE LAUVIA

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Apos terem conseguido salvar muitas vidas em Miditi, Lauvia e
Aksue retornaram para Surim tendo certeza que Akidber sabia do
feito deles. Estavam preocupados com a reação do bruxo e
uniram suas forças para entrarem no castelo.
Aksue estranhou o silêncio que estava em Surim nem mesmo
Akidber havia aparecido para recebê-los, abriram à porta do
castelo e entraram sem chamar a atenção. Apenas Maqueria o
esperava na sala:
-O que aconteceu meu filho, Onde você e Lauvia estavam?
-Depois lhe explico Maqueria, quero saber de Akidber onde
posso encontrá-lo?
-Não o vejo a três dias, ele esteve trancado este tempo todo
no quarto de magias.
Aksue ficou preocupado com as palavras de Maqueria, deixou
Lauvia na sala e foi ao encontro de Akidber. Ao chegar à porta
do quarto, antes de bater, escutou Akidber dizer:
-Entre Aksue, sei que esta aí.
Aksue sentiu um nó na garganta, mas tomou coragem e
entrou. Akidber foi logo dizendo:
-Pensei que não fosse mais voltar, estava aqui sentado
assistindo você e Lauvia numa cena deprimente.
-Escute pai...
-Escute você Aksue [interrompeu Akidber aos berros] nada do
que você me falar vai me fazer mudar de idéia. Você já deve
saber que este ato impensado vai lhe trazer conseqüências.
-Mas do que o senhor está falando?[Perguntou Aksue
preocupado].
-Saberá mais tarde, agora saia daqui.
-Não irei a lugar nenhum, enquanto não saber o que esta
planejando. Se tiver de punir alguém, que seja eu, não deixarei
que machuque Lauvia.
-Você está me ameaçando Aksue?

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-Que seja uma ameaça, mas não vou permiti que a
machucasse.
Akidber levantou-se ficando de frente para Aksue e disse-lhe:
-Então faça agora o que tem em mente, pois colocarei Lauvia e
os pais dela ainda hoje na fogueira. Os troncos já estão
prontos no centro de Surim.
-Você só pode está brincando. [falou Aksue desnorteado].
-Não estou não Aksue. Vá até o centro de Surim e veja com
seus próprios olhos.
Aksue não pensou duas vezes, correu ate o centro de Surim e
viu plantado no chão os troncos de eucalipto com galhos e
palhas secas em volta. Entrou em pânico ao ver aquilo, o ódio
consumiu sua mente dando-lhe coragem de enfrentar Akidber.
Voltou correndo para o castelo. Entrou no quarto de magia
com veemência. Akidber manteve-se de costa para ele e falou:
-Agora acredita em mim?
Aksue nem respondeu aquela pergunta, olhou a sua volta e
pegou uma lança que estava pendurada na parede do quarto,
jogando em direção de Akidber, que Num ato de magia, virou-
se e segurou a lança. Olhou diretamente nos olhos de Aksue e
falou novamente:
-Isto seria o suficiente para que eu acabasse com sua vida. Mas
sei que você agiu assim porque Lauvia mudou sua mente e
quando ela se for terei você de volta.
Akidber lançou uma magia em Aksue fazendo-o desmaiar.
Akidber Saiu calmamente trancando a porta pelo lado de fora
e foi à procura de Lauvia não a encontrando em seu quarto.
Então seguiu até o quarto onde estavam os pais dela e disse-
lhes que Lauvia esperava-os do lado de fora do castelo. Ao
saírem foram agarrados por dois soldados que os arrastaram
até os troncos. Akidber mandou que os amarrassem nos
troncos laterais, deixando o tronco do meio para Lauvia.

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Akidber voltou ao castelo procurando por Lauvia, olhou por
todo o castelo e por ultimo lembro-se de procurar no único
lugar que não costumava ir, A cozinha. Ao entrar na cozinha
Akidber encontrou Lauvia ajudando Maqueria á preparar á
janta.
-Onde está Aksue?[Perguntou Lauvia preocupada].
-Aksue foi para o centro de Surim onde estão preparando uma
festa. Ele me pediu para vir buscá-la.
Maqueria tentou avisar Lauvia que Akidber estava tramando
algo, mais, foi impedida pelo olhar que Akidber. Lauvia sem
desconfiar de nada seguiu o bruxo. Ao sair do castelo, lauvia
percebeu que havia soldados seguindo seus passos e já não
havia como voltar atrás. Respirou fundo e seguiu em frente.
De longe Lauvia viu os troncos expostos e reconheceu seus
pais amarrados a eles, gritou apavorada:
-São meus pais, o que vocês estão fazendo com eles, tira-os de
lá, por favor. Onde esta Aksue?
-Não adianta gritar por Aksue minha cara Lauvia, ele não
poderá te ouvir.
Lauvia correu em direção de seus pais para tentar soltá-los
sendo inúteis seus esforços. Olhava para Akidber como quem
implorava clemência. Akidber friamente gritou para os
soldados:
-Amarrem Lauvia no tronco, em meio a seus pais, voltarei à
noite para acender a fogueira.
Akidber voltou para o castelo e assim que entrou foi abordado
por Maqueria:
-Onde está Aksue?
-Ora Maqueria, não interfira nos meus assuntos, não lhe devo
satisfação, volte para seus afazeres.
Maqueria calou-se naquele momento, mas planejou algo para
ajudar Lauvia e seus pais.

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Ao entardecer, Akidber preparou suas vestes e seguiu para o
centro de Surim. Maqueria esperou o bruxo sair e foi até o
quarto de magias, ao tentar abrir, viu que a porta estava
trancada e teve certeza que Akidber estava mantendo Aksue
preso lá dentro. Chamou por Aksue várias vezes não obtendo
nenhuma resposta.
Maqueria vivia há muitos anos no castelo e lembrou-se que
Akidber guardava em seu quarto, dentro do criado mudo,
todas as cópias das chaves. Correu até o quarto de Akidber e
pegou o molho de chaves depressa, voltando logo em seguida
para o quarto de magias. Eram pra mais de cinqüenta chaves,
Maqueria foi tentando uma a uma e a cada tentativa maqueria
ficava ainda mais nervosa, temia não conseguir salvar Lauvia e
seus pais. Quando tentou a penúltima chave, á porta se abriu.
Maqueria encontrou Aksue caído no chão ainda desacordado,
se abaixou perto dele e ficou chamando-o pelo nome, ao
mesmo tempo o balançava.
-Aksue... Aksue... Aksue, por favor, acorde meu filho Lauvia
está precisando de você.Acorde por favor,...
Maqueria abraçou Aksue apertando-o em seu peito e implorou
para Minela intervir pelo filho naquele momento
desesperador. Sentiu um vento frio passando entre eles, aos
poucos Aksue foi despertando meio atordoado.
-O que houve Maqueria, porque esta chorando?
-Acorde depressa meu filho. Akidber foi para o centro de Surim
acender a fogueira, ele vai matar Lauvia e os pais dela.
-Aksue se levantou rapidamente e sentiu um vento gelado
passando por todo seu corpo, arrepiando-o dos pés a cabeça.
- Sim, agora me lembro. Eu vi os troncos na praça e vim direto
para cá e tentei enfiar esta lança nas costa de Akidber. Mais
ele segurou a lança e me jogou um feitiço. Como você
conseguiu reverter o feitiço?

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-Agora não temos tempo, te explico em outra hora. Vamos
depressa antes que seja tarde de mais.
Aksue pegou a lança e maqueria pegou uma espada antiga. Os
dois saíram correndo para salvar Lauvia e os pais delas.
Maqueria como era idosa mandou Aksue correr na frente não
estava agüentando acompanhá-lo, Aksue a deixou para trás e
chegou há poucos minutos ao centro do reino, a tempo de
impedir que Akidber acendesse a fogueira. O bruxo já estava
com a tocha nas mãos e caminhava na direção da palha seca,
quando ia atear o fogo, escutou Aksue gritar com a lança
apontada.
-Pare agora Akidber ou não sobreviverá.
Akidber virou-se bem devagar, segurando a tocha em uma das
mãos. Aksue jogou a lança em direção de seu peito, num
reflexo Akidber segurou a lança. Aksue vendo que akidber
estava com as duas mãos ocupadas lançou-lhe uma carga que
atingiu bem no peito do bruxo, que ao cair lançou a tocha
acesa na palha, acendendo á fogueira.
Aksue desesperado tentava apagar as chamas que se lastrou
rapidamente, Gritava por socorro, mais ninguém tentou ajudá-
lo. Lauvia olhava para Aksue através das chamas, como quem
estava se despedindo, sentia que seria o seu fim.

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O CONFRONTO FINAL

Poucos metros de Surim, Xogum avistou á fogueira e falou para


Skidlan:
-Devemos nos apressar, sei que Lauvia esta presa naquela
fogueira!
-Mas não chegaremos a tempo de salvá-la, temos de arrumar
outra maneira para apagar aquelas chamas. [respondeu
Skidlan].
Xogum pensou por uns instantes e disse:
-Fique aqui com Ágata e invoque os espíritos das fadas para
apagarem o fogo, eu e Kener seguiremos adiante para
impedirmos Akidber.
Num só galope, Xogum e Kener foram para Surim.
Skidlan e ágata se ajoelharam no chão de terra na direção da
fogueira. Levantaram as mãos para o alto e olhando para o
infinito fez uma a invocação:
-Espírito de luz, fadas da noite, escute as minhas súplicas...
Ajudai aos inocentes, combatendo o mal. Vós que estão no
mais alto plano espiritual intercedas agora por aquela pobre
alma que as chamas tentam aniquilar...
Enquanto Skidlan pronunciava as palavras, em cima da
fogueira formou-se um círculo estupendo. Dentro deste círculo
se via vultos brancos se movendo de um lado para outro,
formando assim uma enorme nuvem cinzenta, de repente, um

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barulho estrondoso se ouviu, caindo logo em seguida, uma
enorme tempestade sobre a fogueira apagando as chamas.
Quase Todos que estavam no reino se apavoraram com aquele
enorme circulo, muitos fugiram para suas casas, Aksue e
maqueria permaneceram estáticos. Akidber acordou a tempo
de ver a cena e ficou enfurecido. Tentava reverter à magia
jogando raios para o enorme círculo, mais nenhum dos raios
que Akidber jogava, surtia efeito.
Kener e Xogum deixaram os cavalos na entrada do reino e
seguiram a pé até o centro de Surim. Akidber não acreditava
no que seus olhos estavam vendo. Estranhou ao ver Xogum
entrar no seu reino sozinho com Kasher. Com ironia Akidber se
aproximou deles, falando em voz alta:
-Kasher e Xogum aqui em meu reino. Chegaram numa péssima
hora. Vejo que estão sozinhos, por acaso Skidlan os
abandonou também. [Dando em seguida uma enorme
gargalhada].
-Se eu fosse você Akidber não ficaria muito feliz em me ver.
Akidber ficou imediatamente sério, a voz que lhe falava era
familiar. Olhou bem para o rosto que estava coberto pela
túnica. Sem que Akidber esperasse, Kener levantou a túnica
mostrando todo o rosto para ele.
-Reconhece-me agora Akidber?
-Kener?[Perguntou Akidber ao mesmo tempo em que se
afastava].
-Esperei muito tempo por esta oportunidade, hoje me vingarei
daquele que me prometeu lealdade há muitos anos atrás.
Tenho certeza que ainda se lembra disto não é mesmo
Akidber?
-Mas o que é isto Kener, somos amigos te ajudei estes anos
todos usando seu bracelete.

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-Me ajudou?[Repreendeu Kener exaltado]. - Você me traiu
Akidber, te ensinei muitas coisas e fizemos um trato, daria a
você á eternidade e em troca teríamos á vida compartilhada.
Akidber tentou argumentar, mais Kener não quis ouvi-lo.
Mandou que Xogum se afastasse e criou um círculo de fumaça
negra condensada em volta deles. Akidber tentou fugir, mas a
fumaça o impediu, deixando-o apenas uma alternativa, lutar
ou morrer.
Aksue depois de ter cuidado de Lauvia viu Xogum parado
assistindo á batalha, correu até ele para pedir que não
deixasse Kasher lutar contra Akidber, Xogum segurou nos
braços de Aksue e falou:
-Não podemos interromper á batalha, aquele não é Kasher. Ele
esta possuído por Kener um feiticeiro que viveu há muitos
anos atrás. Agora ninguém entra neste circulo, somente irá se
desfazer depois que restar apenas um.
Aksue entendeu que nada podia fazer, há não ser torcer pelo
irmão. Ágata e Skidlan juntaram-se a eles. De longe se via os
clarões da batalha que durou toda à noite e continuou durante
o dia. Akidber estava enfraquecido e de vez em quando
balanceava de um lado ao outro, mais ainda assim, encontrava
forças para continuar lutando.
Todos de Surim foram para assistir a batalha. Skidlan não se
agüentava de tanta aflição, temia pela vida do filho. Já estava
entardecendo e Akidber já não se agüentava em pé ficava o
tempo todo cambaleando de um lado para outro. Kener
desembainhou sua espada e deu o golpe final em Akidber O
silêncio tomou conta do reino.
Aos poucos o cordão de fumaça foi se desfazendo e Kener
gritou para a multidão que assistia.
-Este reino, agora pertence ao mago Aksue, todos terão de
respeitá-lo e umedece-lo. De hoje em diante, Aksue será um

100
mago mais forte que Akidber e seu nome será famoso assim
como o meu.
Kener se aproximou de Aksue e lhe entregou a espada e o
bracelete, dizendo:
-Esta espada irá te defender de seus inimigos e este bracelete
te dará á vida eterna enquanto usá-lo. Por isso nunca o tire do
braço, somente você poderá arrancá-lo.
-Mas porque eu? - meu irmão é quem merece esta
homenagem.
-Vivi com Akidber por muitos e presenciei seu crescimento.
Você tem muita força em seu interior e não vejo ninguém
melhor que você para entregar os meus pertences. Realmente
seu irmão foi muito valente e corajoso, possui também muito
poder. Deixarei para ele, minha capa para que se torne
invencível e na cicatriz que você deixou nele, colocarei a inicial
do meu nome e através desta marca ele ganhará muitos
conhecimentos sobre todo tipo de magia, tudo que eu e
Akidber sabemos passarei para Kasher Para isto, preciso que
queime o corpo de Akidber e me entregue suas cinzas.
Aksue mandou cremar o corpo de Akidber e entregou as cinzas
para Kener. O feiticeiro colocou um pouco das cinzas na ferida
de Kasher e queimou-a com brasas formando em seguida a
letra “K” em seu peito. Passando assim todo conhecimento e
força para Kasher.
Skidlan estava muito aflito com aquela situação. Aproximou-se
de Kener e implorou para que deixasse o corpo de Kasher,
pois, o prazo estava se esgotando. Kener antes de partir falou
para Skidlan:
- Deixarei esta capa com a túnica para seu filho Kasher e
sempre que ele for entrar em batalha, peça a ele para usá-la.
-Cumprirei seu pedido Kener, agora precisa partir, já é noite e
kasher esta enfraquecido demais, precisa descansar.
- Então partirei, mas nos veremos em breve...
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Kener partiu deixando o corpo de Kasher caído no chão.
Lentamente Kasher foi despertando do transe e ainda deitado,
abriu os olhos e viu dentro do clarão que estava acima da
fogueira o rosto de Minela que sorria serenamente para ele.
Aksue percebeu a emoção de Kasher e olhou para o circulo. Ao
ver o rosto de Minela não conseguiu conter as lagrimas, sem
ao menos conhecê-la sentia que aquela era sua mãe. Aos
poucos a imagem foi desaparecendo junto com o clarão. O
circulo se desfez aparecendo um céu todo estrelado.
Aksue se abaixou e abraçou ternamente Kasher, ajudando-o a
se levantar:
-Venha meu irmão, vamos para o castelo descansar.
Skidlan olhou para Xogum e ágata, estava com um leve sorriso
no rosto como quem estava com o dever cumprido. Skidlan,
Xogum e Ágata acompanharam aksue e Kasher para o castelo
e foram recebidos por Maqueria:
-Onde esta Lauvia?[Perguntou Xogum a maqueria].
-Está em seu quarto descansando, amanhã vocês poderão vê-
la. Preparei os quartos para todos vocês descansarem, sejam
bem vindo a este castelo e se sintam à vontade.
Aksue agradeceu a Maqueria e pediu para todos se
acomodarem, indo logo em seguida ficar com Lauvia. Surim
teve uma noite silenciosa, nenhum morador do reino saiu de
casa, estavam ainda assustados com o que tinha acontecido.

UM NOVO DIA

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Em Surim o dia amanheceu radiante, o sol brilhava forte, o céu
azul com pássaros voando pela primeira vez naquele lugar.
Maqueria foi á primeira a se levantar. Preparou uma mesa farta
para os convidados, que foram despertando de um a um. Lauvia
aguardou que todos estivessem á mesa para dizer algumas
palavras:
-Agora sim a família esta toda reunida [concluiu Lauvia]
-Ainda não [interrompeu Aksue].
-Mas, quem está faltando? [Perguntou Maqueria].
-Atus. [respondeu Aksue].
-Atus, Você o conhece? [Perguntou Kasher].
-Sim meu irmão, ele estava o tempo todo em Miditi escondido
na floresta, se passando por um andarilho louco. Foi Skidlan
quem o salvou.
-Porque o senhor não me contou isto antes, meu pai?
[Perguntou kasher a Skidlan].
-Eu disse que um dia, vocês iriam se encontrar lembra-se!
-Sim me lembro. Gostaria de conhecê-lo. [Kasher falava com
um semblante triste].
Enquanto conversavam maqueria escutou alguém bater na
porta e foi atender. Tendo uma enorme surpresa...
- Atus! Há quanto tempo não nos vemos, Já soube o que se
passou aqui?
-Estou sabendo Maqueria, não se fala em outra coisa na
cidade, também estou muito feliz em revê-la novamente.
-Por favor, Entre. Estão todos na cozinha. Todos terão uma
enorme surpresa ao vê-lo.
Atus estava trêmulo, apoiou-se nos braços em Maqueria e a
seguiu. Ao chegar à porta da cozinha aksue se levantou
rapidamente abraçando-o. Sem dizer uma palavra. Kasher
olhou desconfiado e perguntou a Skdlan:

103
-Quem é este meu pai, Porque Aksue foi correndo para abraçá-
lo?
-Você deveria fazer o mesmo Kasher!
-Mas porque eu deveria?
-Aquele homem se chama atus.
Kasher arregalou seus olhos e sua respiração ficou ofegante,
não conseguia se levantar.
Atus caminhou até Kasher e se aproximou bem devagar.
Olhou carinhosamente para seu rosto e perguntou:
-Não vai me dar um abraço, meu filho?
Kasher olhou para Skidlan, como quem pedia permissão.
-Levante meu filho. [pediu Skidlan]. - Dê um abraço em seu pai
Atus.
Kasher levantou-se ligeiro e o abraçou com ternura, Atus não
conteve ás Lágrimas.
-Sente-se conosco Atus, você esta em casa. (falou Xogum)
-Obrigado pelo convite. Hoje está sendo o segundo dia mais
feliz da minha vida, o primeiro foi quando assisti meus filhos
nascer.
Lauvia ficou muito emocionada com as palavras de Atus
levantou-se da mesa e foi abraçá-lo:
-Estamos muito felizes pelo senhor esta aqui, sua presença
fará muito bem a Aksue que merece ser feliz tão quanto a
Kasher.
Aksue queria compartilhar sua alegria com todos, mandou que
preparassem uma imensa mesa pelo lado de fora do castelo,
tendo assento para mais de trezentas pessoas. As mulheres do
reino fizeram um banquete com muita fartura de carnes,
verduras, legumes e frutas.
Aksue ficou em pé, na cabeceira da mesa aguardando que
todos terminassem a refeição, pediu um minuto de silêncio
iniciando um discurso:

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-Desde que nasci, fui criado por Akidber para se tornar um dos
mais temidos bruxos da magia negra. Talvez chegasse a ser,
mais, acordaram-me a tempo, evitando que eu entrasse para
um caminho sem volta. Aprendi a enxergar que só o amor e a
caridade dignificam uma pessoa. A maldade, o egoísmo, o ódio
e a vingança nos consomem a cada dia, arrancando de dentro
de nós, tudo de bom que trazemos quando nascemos; como a
inocência e o amor verdadeiro. Então nos tornamos ocos por
dentro.
Hoje posso dizer que me tornei uma pessoa melhor, talvez,
nem tanto como meu irmão Kasher. Ele foi paciente e
persistente para comigo. Consegui enxergar através dele que
vale á pena lutar pelo bem, mesmo, que isto nos machuque
profundamente, me mostrou que é melhor lutar do que deixar
uma pessoa se afundar na lama da maldade.
De hoje em diante defenderei junto dele, todos aqueles que
precisarem de nossa ajuda, juntos vamos combater o mal a
qualquer custo.
Todos ouviam atentas, as palavras de Aksue, que após o
discurso se dirigiu até Kasher abraçando-o. Kasher caminhou
até a cabeceira da gigantesca mesa e pediu para dizer algumas
palavras:
-Através do meu exemplo digo a vocês para que nunca deixe
que as mágoas de ontem lhes tirem a alegria de hoje, saibam
que tudo na vida passa por momentos às vezes difíceis, mas
com inteligência e calma tudo que parece impossível torna-se
superável e de fácil resolução.
Agradeço de coração a meu pai Skidlan pelo amor que sempre
me dedicou ao meu avô Xogum pelos sábios conselhos e
principalmente a Lauvia pela a chance de pôde está aqui hoje,
junto de meu irmão. Não poderia também deixar de agradecer
a meu pai Atus pela coragem e o amor que teve por mim, por

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aksue e pela nossa mãe Minela. Desejo a minha eterna amiga
ágata, o dobro da felicidade que sinto hoje, obrigado a todos.
Após o discurso de Kasher, todos se levantaram e aplaudiram,
sendo uma verdadeira comemoração que terminou ao raiar de
um novo dia.
Kasher e Aksue se viam todos os dias, cada dia um ia até o
reino do outro e juntos foram dividindo ensinamentos. Seus
nomes circularam por todos os reinos e cidades conquistando
muitos admiradores e adquirindo também muitos inimigos...

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Meryna Machado

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