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CURITIBA
2018
BRUNA DE MATTOS PELLIN
LARISSA BRUNETTA GUZZI
LUANA IZIDIO FLORES
MATEUS OLTRAMARI TOLEDO
PATRICIA CRISTINA PAGNONCELLI
STELA MAZIERO GAZABINE
CURITIBA
2018
Resumo
Diversas são as atividades industriais que empregam a técnica de leito fluidizado. Em
face do aumento da área de contato sólido-fluido, que propicia uma grande melhoria nas
taxas de transferência associadas à fenômenos físicos e químicos, sua utilização cresceu
exponencialmente desde a década de 1940. Tendo em vista a importância do assunto, foi
conduzido um estudo prático, em escala piloto, a partir da fluidização com água líquida
de um leito formado por partículas irregulares de areia. Dados experimentais de relação
entre perda de carga e velocidade superficial foram utilizados para obtenção da velocidade
mínima de fluidização, bem como as equações empíricas de Leva e Ergun – sendo que aquela
apresentou excelente predição de valores; a porosidade do leito foi associada à velocidade
superficial experimentalmente e as relações de Richardson-Zaki, Rowe e Massarani foram
utilizadas, comprovando a lei de potência que associa as duas variáveis.
Cd Coeficiente de arrasto
g Aceleração da gravidade
Re Número de Reynolds
V̇ Vazão volumétrica
Porosidade do leito
µ Viscosidade do fluido
ρf Densidade do fluido
ρp Densidade do sólido
ψ Esfericidade da partícula
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.2 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.1 Fluidização de Sólidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.2 Regime de Fluidização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.3 Variáveis de Importância e Cálculos Associados à Fluidização . . . . 21
2.3.1 Velocidade Superficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.3.2 Porosidade do Leito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.3.3 Perda de Carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.3.4 Velocidade Mínima de Fluidização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3 MATERIAIS E MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.1 Procedimento Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.2 Divisão de Tarefas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
5 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Introdução
1 Objetivos
2 Revisão Bibliográfica
velocidade superficial (vs ) do fluido, aquela associada ao escoamento livre dentro da coluna,
algo semelhante à Figura 1 é obtido.
a) Fluidização Homogênea
A fluidização homogênea ou particulada ocorre quando o sólido e o fluido
possuem densidades próximas, se não iguais em fluidização com líquidos, ou
quando as partículas são muito grandes. Neste caso não há expansão significativa
do leito estático antes da fluidização e a densidade do leito permanece uniforme
(GOMIDE, 1983).
b) Fluidização Heterogênea
A fluidização heterogênea, agregativa ou particulada ocorre quando a diferença
entre as densidades do fluido e dos sólidos é expressiva (fluidização com gases),
2.3. Variáveis de Importância e Cálculos Associados à Fluidização 21
b) Regime permanente;
f) Escoamento unidimensional.
V̇ 4V̇
vs = = (2.2)
A πD2
ρf vs Dp
Re ≡ (2.3)
µ
Vf
= (2.4)
Vf + Vp
1
Do inglês, void-fraction.
2.3. Variáveis de Importância e Cálculos Associados à Fluidização 23
4Mp
=1− (2.5)
ρp πD2 L
ρf vt Dp
Ret ≡ (2.9)
µ
No caso de partículas não-esféricas com diâmetro médio maior que 100 mícrons,
Richardson e Zaki (1954) argumentam que n tem dependência apenas do formato
da partícula.
!0.16
πDs3
n = 2.7 (2.10)
6Dp3
em que Ds é o diâmetro da esfera de mesmo volume da partícula.
4.7 − n
= 0.175Ret0.75 (2.11)
n − 2.35
desde que 9.5 < Ret < 700 e a esfericidade (ψ) pertença ao seguinte intervalo:
[0.47 : 0.80]. Mais informações podem ser encontradas em Massarani (2002).
Deve ser feito um pequeno adendo ao final desta subseção: o método de cálculo
para velocidade terminal. A estratégia sugerida por Cardoso (2018) será utilizada; ela se
baseia no cálculo do adimensional Cd Re2t , para não-esferas:
já que o balanço de forças deve ser satisfeito em um elemento do leito. Na Equação 2.15,
o sub-índice m representa a condição de início da fluidização. Gomide (1983) comenta
que a perda de carga durante a fluidização em batelada fica aproximadamente constante,
mantendo o valor de ∆Pm . De qualquer forma, a Equação 2.15 pode ser escrita para
quaisquer outras condições durante a fluidização – constituindo-se em um bom elemento
para se calcular a porosidade e a densidade do leito nas condições de operação (GOMIDE,
1983):
∆P
=1− (2.16)
(ρp − ρf )Lg
Observa-se que a Equação 2.16 é uma outra alternativa à Equação 2.5 para o
cálculo experimental da porosidade. Enquanto esta tem dependência apenas de L, a altura
do leito, aquela também agrega a dependência da perda de carga, que, ao que tudo indica,
varia pouco durante a fluidização em batelada.
O cálculo teórico da perda de carga em um leito fluido tem amparo de muitas
correlações empíricas. Duas delas, de Leva et al. (1948) e (ERGUN, 1952), serão adotadas
neste estudo, sendo que ambas são válidas para leitos fixos e fluidizados – além de se
basearem na equação de Fanning:
2f Lvs2 ρf
∆P = (2.17)
ψDp
26 Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
forma da partícula, a razão entre o fator de forma para a área (ψa ) e para o
volume (ψv )). Segundo Gomide (1983), a primeira parcela da Equação 2.21
corresponde às perdas por atrito superficial do fluido com as partículas sólidas.
A segunda corresponde às perdas cinéticas, provocadas pelas mudanças de
direção, expansões e contrações pelo interior do leito.
Uma vantagem da equação proposta por Ergun (1952) é não necessitar de tabelas
ou gráficos adicionais para busca de parâmetros. Entretanto, ser generalizada,
com base na esfericidade, pode ser uma desvantagem na previsão de valores.
c) Equação de Leva modificada
Gomide (1983) expõe a seguinte equação, válida tanto para leitos fixos como
fluidizados – em regime laminar:
" #m0
200µLvs 3
∆P = (2.22)
ψ 2 Dp2 (1 − )2
Há pouca diferença entre a Equação 2.18 e esta apresentada. Nota-se que houve
substituição do fator de forma pelo termo de esfericidade e a inserção de um
parâmetro m0 para contabilizar a dependência da porosidade. Para leitos fixos
m0 assume o valor de −1.
3 Materiais e Métodos
A viscosidade da água pode ser obtida através de uma correlação indicada pelo
professor:
247.8
µ [cP] = 0.02414 × 10 T [K]−140 (3.2)
4 Resultados e Discussão
A partir das alturas medidas1 pelo “manômetro” (∆h) foi possível contabilizar as
perdas de carga,
∆P = ρf g∆h (4.1)
Figura 5 – Perdas de Carga (∆P ) como Funções da Velocidade Superficial (vs ): Através
de Valores Experimentais
∆P (total) ∆P (leito)
∆P (coluna) Ajuste
2.5
2
∆P (kPa)
1.5
0.5
0
0 1 2 3 4 5 6
vs (mm/s)
1
Todos os dados experimentais se encontram no Apêndice A
34 Capítulo 4. Resultados e Discussão
! !
kPa · s2 kPa · s
∆P (coluna) = 0.01826 · vs2 + 0.1278 · vs (4.2)
mm2 mm
exclusão dos dois últimos pontos. Entretanto, os valores diferiram em menos de 5%, como
pode ser observado:
1.4
1.2
∆P (kPa)
0.8
0.6
0.4
0.2
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
vs (mm/s)
Dado o baixo desvio foi assumido como valor experimental a média entre os dois
obtidos:
vm = 0.21453 mm/s ∆Pm = 1.2727 kPa
Tais valores indicam que a perda de carga mínima na fluidização está associada a
uma coluna de água com cerca de 13 cm de altura e uma vazão de 9.6 mL/min.
Os números de Froude (Equação 2.1) foram calculados para todas as velocidades
superficiais medidas experimentalmente. Todos ficaram muito abaixo de um – o maior
valor apresentado foi de 0.012 –, indicando uma fluidização particulada. Tal constatação
concorda com a teoria exposta por Gomide (1983), sendo que a pequena diferença de
densidades entre a areia e a água é, mais uma vez, a responsável por tal comportamento.
Na Figura 7 a relação entre a porosidade experimental, calculada pela Equação 2.5,
e a velocidade superficial pode ser visualizada. Nela foram plotados os pontos referentes
tanto ao leito fixo quanto ao leito fluido.
36 Capítulo 4. Resultados e Discussão
Figura 7 – Porosidade Obtida pela Equação 2.5 em Função da Velocidade Superficial (vs )
0.8
0.75
0.7
0.65
0.6
0.55
0.5
0.45
0.4
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
vs (mm/s)
8
Experimental
Ajuste
7 Richardson-Zaki
Rowe
6 Massarani
5
vs (mm/s)
0
0.45 0.5 0.55 0.6 0.65 0.7 0.75 0.8
m = 0.4535 Lm = 0.1352 m
1.4
Experimental
Leva (λL = 1.520)
1.2 Leva (λL = 1.425)
Leva Modificado
Ergun
1
∆P (kPa)
0.8
0.6
0.4
0.2
0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.2
vs (mm/s)
por uma areia de caráter intermediário entre a fina e a média. Além disso, concorda com
os valores apresentados por Leva et al. (1948).
Interessante é o comportamento da equação de Leva modificada (Equação 2.22):
a substituição do parâmetro de forma (λL ) pela esfericidade (ψ) e a inserção de uma
potência (m0 = −1) no termo da porosidade parece representar igualmente bem a perda
de carga em um leito fixo.
Tanto a equação de Ergun quanto a de Leva com o fator de forma para areia fina
angulosa tiveram uma má predição, mas que não deixa de ser razoável. A estimativa
superior da perda de carga fornecida pela equação de Leva se deve à consideração de
não-esfericidade das partículas, que provavelmente é levada a um extremo pelo fator de
forma; o que também indica a compatibilidade do segundo fator utilizado, que atenua o
caráter “anguloso” das partículas. Apesar da equação de Ergun não representar bem o
comportamento observado os valores apresentados foram coerentes, sendo que o termo de
perdas viscosas teve influência majoritária no resultado obtido – ver Apêndice A.
Por fim, foi previsto o ponto crítico de fluidização pelas equações anteriormente
avaliadas – todos os resultados obtidos são coerentes frente aos dados experimentais
(Tabela 7 4 ). Novamente o maior desvio apresentado é relacionado à equação de Ergun.
4
Os valores de rmsd estão associados com os desvios apresentados para o leito fixo.
40 Capítulo 4. Resultados e Discussão
Não foram encontradas justificativas para o desvio apresentado pela equação de Ergun.
3.5
Experimental
Ajuste de m0
3
2.5
2
1−
vs
1.5
ln
0.5
(1−)2
h i
vs
0 ln 1−
= 0.61024 − 1.1631 ln 3
−0.5
−2.5 −2 −1.5 −1h −0.5 0 0.5 1
2
i
ln (1−)
3
De acordo com Lewis e Bowerman (1952) e com a Fig. VIII.9 de Gomide (1983) o
resultado obtido para m0 fica próximo daqueles apresentados em fluidizações com líquidos.
O bom ajuste também ressalta a aplicabilidade da equação de Leva modificada, não só
para leitos fixos, mas também para leitos fluidos.
43
5 Conclusão
Referências
GELDART, D. Gas fluidization technology. John Wiley & Sons Inc., New York, 1986.
Citado na página 15.
Tabela 10 – Perdas de Carga do Leito Fixo (kPa) – Valores Comparativos para Equação
de Ergun
vs (mm/s) Viscosas Cinéticas Total
0.059 243.16 0.04 243.19
0.087 360.75 0.08 360.83
0.110 455.79 0.13 455.91
0.143 593.38 0.21 593.60
0.151 671.55 0.25 671.80
0.190 828.73 0.39 829.12