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INTOLERÂNCIA RELIGIOSA X LIBERDADE DE EXPRESSÃO: A FARSA

DOS DISCURSOS
Fr. Rafael Peres Nunes de Lima

Nos últimos anos temos acompanhado um crescente número de casos


de intolerância religiosa contra as diversas religiões presentes no Brasil, de
modo que, também surgiram as dúvidas sobre a diferença entre uma crítica à
doutrina de determinada religião, sendo esta crítica, uma liberdade de
expressão garantida por lei, e ataques contra pessoas, sejam por meio de
palavras ou meios físicos enquadrando-se em atos de intolerância religiosa.
Primeiramente, o ato de liberdade de expressão garante ao cidadão,
uma total liberdade de expressar sua opinião diante de quaisquer temas que
ele almejar debater, até mesmo sobre as religiões. Partindo do princípio do
diálogo, colocar a própria opinião a respeito de uma religião ou doutrina torna-
se válido desde que não se hostilize e nem ofenda o credo do outro. A partir do
momento em que o indivíduo hostiliza ou ataca verbalmente ou fisicamente o
outro por causa de determinada religião, já se torna um crime de intolerância
religiosa.
Observamos que, hoje, existem variados discursos de ódio, que dividem
a sociedade e com isso surgem, também, discursos de intolerância religiosa.
No Brasil, o maior número de casos de intolerância religiosa está relacionado
contra as religiões de matrizes africanas. Ataques aos centros de culto de
Umbanda e Candomblé são exemplos claros da intolerância.
O fato de um individuo pertencer à determinada religião não lhe permite,
dentro da sociedade moderna, ofender, atacar e hostilizar seja verbalmente ou
fisicamente o outro que não segue o mesmo credo. Tal crime prescreve a lei nº
7.716, deverá ser punido com a reclusão e o pagamento de multa.
Portanto, a liberdade de expressão, sendo direito garantido pela
Constituição brasileira, garante que o cidadão possa expressar-se diante de
toda a sociedade sem ser descriminado ou penalizado por conta de sua
opinião, porém, a liberdade de expressão não dá o direito de ofender, atacar,
prejudicar um individuo que professe um credo religioso ou não. O crime de
intolerância religiosa não é um ato de liberdade de expressão, pois não dá
espaço para o debate de ideias e nem para o diálogo.

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