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Centro Biomédico
Faculdade de Ciências Médicas
Rio de Janeiro
2021
Waston Gonçalves Ribeiro
Rio de Janeiro
2021
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/BIBLIOTECA CB-A
CDU 616-003.9
Bibliotecária: Ana Rachel Fonseca de Oliveira
CRB7/6382
Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta
tese, desde que citada a fonte.
______________________________________________ _____________________
Assinatura Data
Waston Gonçalves Ribeiro
________________________________________________________
Prof. Dr. Ruy Garcia Marques
Faculdade de Ciências Médicas
________________________________________________________
Prof. Dr. Eduardo Haruo Saito
Faculdade de Ciências Médicas
________________________________________________________
Prof. Dr. Orlando José dos Santos
Universidade Federal do Maranhão
________________________________________________________
Prof. Dr. Gutemberg Fernandes de Araújo
Universidade Federal do Maranhão
Rio de Janeiro
2021
DEDICATÓRIA
Aos meus pais: Elza e João Sabino; meus irmãos: Vicente, Watsan, Wesley e Lillian; minha
esposa Ana Raquel e aos meus filhos: João Vitor, Lucas e Ana Beatriz que sempre me
motivaram a buscar nos estudos uma oportunidade de crescimento, aprendizado e qualificação
profissional.
AGRADECIMENTOS
A Deus, o Senhor da História e de minha salvação que, com muita graça, amor e
misericórdia, tem sido fiel em todos os momentos de minha vida, que me tem abençoado com
sabedoria, discernimento e resiliência para superar os obstáculos e desafios da vida.
Ao Prof. Dr. Marcos Bettini Pitombo, orientador desta tese, pela receptividade e
atenção dispensada em todos os momentos que demandaram tutoria, orientação, conselhos,
sugestões e recomendações durante a realização da pesquisa, elaboração da tese e artigos para
publicação.
Ao Prof. Dr. Orlando Jorge Martins Torres, coorientador desta tese, amigo e grande
motivador de meu crescimento acadêmico, a quem devo parcela importante de meu
aprendizado cirúrgico, produção científica, em especial, o convite para participar do desafio
de desenvolver um projeto de pesquisa de doutorado.
Ao Prof. Dr. Ricardo Artigiani Neto, patologista do Departamento de Patologia da
Universidade Federal de São Paulo, por ter aceito o convite para realizar a avaliação
histológica da pesquisa e por todo tempo dispensado durante a leitura das lâminas, análises
microscópicas e obtenção de fotomicrografias que ilustram a tese e o artigo da microscopia
para publicação.
Ao Prof. Dr. Carlos Toshinori Maeda, cirurgião do Departamento de Cirurgia da
Universidade Federal de São Paulo, que participou ativamente da leitura das lâminas, análises
histológicas, obtenção de fotomicrografias e dedicou parte de seu precioso tempo para
ensinar-me a técnica de videomorfometria computadorizada do colágeno.
Ao Prof. Dr. Gyl Eanes Barros Silva, patologista do Serviço de Patologia do Hospital
Universitário da Universidade Federal do Maranhão, por facilitar o preparo das peças para
análise histológica e pelo tempo dedicado à obtenção de fotomicrografias que ilustram esta
tese e o artigo da microscopia para publicação.
À Prof.a Dra. Rita da Graça Carvalhal Frazão Corrêa, gerente de Ensino e Pesquisa do
Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão, pelo apoio, carinho e dedicação
aos mestrandos e doutorandos sob sua supervisão.
Aos médicos residentes do Programa de Cirurgia Geral do Hospital Universitário da
Universidade Federal do Maranhão, Adriana Carneiro Correia Nascimento, Diego Vinnicyus
Santos Rodrigues, Francisco Felipe Moreira Atta e Larissa Brito Ferreira, pela participação
nos procedimentos cirúrgicos experimentais.
Aos acadêmicos da Liga Acadêmica de Cirurgia Experimental da Universidade
Federal do Maranhão, Danilo Dallago De Marchi, Fabiola Nassar Sousa Frazão, Gustavo
Moraes Rego e Izabelle Smith Frazão Ramos, pela participação nos procedimentos cirúrgicos
experimentais e cuidados perioperatório dispensados aos animais de experimentação da
pesquisa.
Ao Sr. Victor Eduardo Maulen Contreras, técnico em patologia do Serviço de
Patologia do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão, pelo preparo das
lâminas utilizadas nas análises histológicas da pesquisa.
À Sra. Bianca Manoella Andrade de Lira Prazeres, representante da Ethicon em São
Luís do Maranhão, por doar as telas de polipropileno/poliglecaprone que foram utilizadas na
pesquisa.
À Sra. Suellen Bittencourt Gomes, representante da B.Braun em São Luís do
Maranhão, por doar as telas de polipropileno que foram utilizadas na pesquisa.
Ao Sr. Silmar Cândido da Silva Filho, representante da Covidien em São Luís do
Maranhão, por doar as telas de poliéster/colágeno suíno que foram utilizadas na pesquisa.
Ao professor Joaquim Ribeiro de Sousa Filho, Bacharel em Letras, docente do Colégio
Universitário da Universidade Federal do Maranhão, pela revisão gramatical da tese de
doutorado.
À Prof.a Maria de Lourdes Carvalho, enfermeira, Mestre em Ciências da Saúde,
supervisora de residência na área profissional da saúde do Hospital Universitário da
Universidade Federal do Maranhão, pela revisão gramatical da tese de doutorado.
À Sra. Vânia Serra da Silva, bibliotecária do Hospital Universitário da Universidade
Federal do Maranhão, pelo auxílio durante a etapa de normalização da tese de doutorado.
Não chores, meu filho; não chores, que a vida é luta renhida: viver é lutar. A vida é
combate, que os fracos abate, que os fortes, os bravos só podem exaltar.
Gonçalves Dias
RESUMO
% Porcentagem
cm Centímetro
n° Número
± Mais ou menos
g Gramas
x Multiplicação
® Marca Registrada
°C Graus Celsius
mg Miligrama
kg Kilograma
mm Milímetro
cm2 Centímetros quadrados
mL Mililitro
µm Micrometro
X Vezes
< Menor
= Igual
- Menos
> Maior
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................... 15
1 OBJETIVOS .................................................................................................... 22
1.1 Geral ................................................................................................................. 22
1.2 Específicos ........................................................................................................ 22
2 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................... 24
2.1 Estudo .............................................................................................................. 24
2.2 Local do estudo ................................................................................................ 24
2.3 Desenho do estudo ........................................................................................... 24
2.4 Procedimentos ................................................................................................. 26
2.4.1 Procedimento anestésico experimental ............................................................. 26
2.4.2 Procedimento cirúrgico experimental ............................................................... 27
2.4.3 Pós-operatório ................................................................................................... 30
2.4.4 Morte dos animais e avaliação das aderências intra-abdominais ..................... 31
2.5 Análises histológicas ....................................................................................... 33
2.5.1 Análise da resposta inflamatória tecidual e reação tipo corpo estranho ........... 34
2.5.2 Análise da fibroplasia e videomorfometria computadorizada .......................... 37
2.6 Análises estatísticas ......................................................................................... 40
3 RESULTADOS ............................................................................................... 42
3.1 Análises macroscópicas .................................................................................. 42
3.2 Análises microscópicas ................................................................................... 47
4 DISCUSSÃO .................................................................................................... 57
CONCLUSÕES ............................................................................................... 73
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 74
APÊNDICE A - Ficha protocolo do procedimento cirúrgico,
acompanhamento pós-operatório e avaliação
macroscópica das aderências .............................................. 80
APÊNDICE B – Ficha protocolo para avaliação microscópica ...................... 83
ANEXO A – Aprovação pela Comissão de ética no uso de animais (CEUA) . 85
ANEXO B – Formato final do primeiro artigo publicado ................................ 86
ANEXO C – Formato final do segundo artigo publicado ................................ 87
15
INTRODUÇÃO
A hérnia incisional abdominal pode ser definida como uma protrusão herniária que se
desenvolve na topografia de uma incisão cirúrgica prévia ou de um ferimento traumático na
parede abdominal. Constitui-se numa das mais frequentes complicações após cirurgias
abdominais eletivas ou de urgência, com incidência entre 10 a 20%, alcançando taxas mais
elevadas, até 30 a 40% nos pacientes com fatores de risco associados1-3. Nos Estados Unidos
da América (EUA), cerca de 4 a 5 milhões de cirurgias abdominais são realizadas anualmente,
determinando uma incidência aproximada de 500.000 novos casos de hérnias incisionais.
Cerca de 365.000 hernioplastias incisionais foram realizadas nos EUA em 2006 ao custo de
3,2 bilhões de dólares4.
Devido ao aumento na sobrevida dos pacientes com catástrofes abdominais
traumáticas e infecciosas, o número de grandes hérnias incisionais tem aumentado, bem como
a complexidade do manejo cirúrgico1-3,5. O reparo das grandes e complexas hérnias da parede
abdominal é tecnicamente desafiador e está associado com tempo de hospitalização
prolongado, alterações no processo de cicatrização, elevado risco de complicações infecciosas
e não infecciosas no sítio cirúrgico, alta taxa de reoperações, readmissões, dor crônica e
recorrências herniárias, com consequente elevação nos custos globais do tratamento1,3,6.
O surgimento das hérnias incisionais da parede abdominal está associado a vários
fatores de risco, com destaque para deiscência e infecção de sítio cirúrgico em operações
prévias, múltiplas abordagens cirúrgicas abdominais pela mesma incisão, a realização de
laparotomias medianas para acesso à cavidade abdominal, a utilização de peritoneostomias de
necessidade ou demanda, cirurgias de urgência ou emergências associadas à infecção intra-
abdominal ou traumatismos, desnutrição aguda ou crônica, diabetes melitus, doença pulmonar
obstrutiva crônica, obesidade, uso sistêmico de corticoide, hemotransfusão e tabagismo2,5,7. O
material de sutura e a técnica cirúrgica usados para a síntese da parede abdominal, após
laparotomias, são determinantes importantes do risco de desenvolvimento de hérnia
incisional. Portanto, a associação dos fatores que comprometem o processo de cicatrização
das feridas operatórias colabora proporcional e diretamente para o surgimento das hérnias
incisionais da parede abdominal2.
O tratamento definitivo das hérnias incisionais da parede abdominal é realizado
através das técnicas convencionais, videolaparoscópicas e robóticas de hernioplastia1,3. O
emprego dos princípios da técnica livre de tensão para correção das hérnias, que envolve o
16
implante de um material protético (tela ou malha), tem sido fortemente recomendado para
correção dos grandes defeitos da parede abdominal e está relacionado a menor risco de
recidiva herniária após tratamento primário1,8,9. O posicionamento da tela em relação ao
defeito herniário pode ser: onlay que envolve as técnicas nas quais a tela é fixada sobre o
plano musculoaponeurótico; inlay na qual a tela é fixada no interior do anel herniário e
sublay na qual a tela está posicionada no espaço retromuscular ou pré-peritoneal. Recomenda-
se que as técnicas inlay, ou mesmo, os reparos sem a utilização de telas devem ser evitados
em função das altas taxas de insucesso e recidiva herniária. Devido ao grau variado de
retração que as telas sofrem durante o processo de incorporação da malha, o tamanho da tela a
ser aplicado deve sobrepor cerca de 6 a 8 cm além do anel herniário, tanto na posição onlay,
quanto sublay, a fim de reduzir o risco de recorrência herniária após hernioplastia
incisional1,8,9.
A abordagem videolaparoscópica ou robótica das hérnias incisionais está
acompanhada dos benefícios comuns às técnicas minimamente invasivas, tal como menor dor
pós-operatória, retorno mais rápido às atividades habituais e profissionais, menor tempo de
permanência hospitalar, redução no risco e taxas de infecção de sítio cirúrgico com ou sem
comprometimento da tela quando comparada com a abordagem convencional10-12. Há vários
aspectos técnicos controversos no reparo laparoscópico das hérnias incisionais,
particularmente, a escolha da tela, a técnica de fixação e o fechamento do defeito10.
Comumente, a técnica videolaparoscópica para correção das hérnias incisionais implica
na colocação e fixação de uma tela intraperitoneal, em que a superfície visceral da malha está
em contato direto com os órgãos intra-abdominais3,10. Todavia, novas modalidades de reparo
videolaparoscópico e robótico permitem o implante da malha no espaço pré-peritoneal ou
retromuscular sem que haja o contato direto entre a superfície visceral da tela com os órgãos
intra-abdominais, como a técnica transabdominal pré-peritoneal, o reparo retromuscular
transabdominal ou totalmente extraperitoneal, técnica de separação dos componentes da
parede abdominal e liberação do músculo transverso do abdome10,11.
A utilização de telas para o reparo das hérnias da parede abdominal é um conceito
amplamente discutido e empregado pelas técnicas livre de tensão por via convencional,
videolaparoscópica ou robótica. O desenvolvimento e uso clínico das telas de polipropileno
no reparo herniário da parede abdominal é considerado um marco histórico no tratamento das
hérnias13. As próteses utilizadas nas hernioplastias abdominais podem ser biológicas ou
sintéticas. As telas sintéticas são compostas em sua grande maioria por polipropileno ou
poliéster, ou ainda, por politetrafluoretileno expandido (PTFEe) ou fluoreto de polivinilideno
17
(PVDF); por sua vez, as telas biológicas (biopróteses) são compostas por pericárdio bovino ou
suíno (xenogênicas) e matriz dérmica acelular humana (alogênicas)14,15. O emprego das telas
sintéticas no reparo das hérnias da parede abdominal trouxe uma importante contribuição,
pois é capaz de reduzir as taxas de insucesso e recidiva herniária após o tratamento cirúrgico
das mesmas, solidificando-se como padrão-ouro no manejo das hérnias abdominais1,6,8,16.
As características biológicas, químicas e físicas das telas sintéticas e biopróteses
diferenciam as malhas utilizadas para o reparo dos defeitos herniários da parede abdominal.
Idealmente esses implantes protéticos deveriam ser quimicamente inertes, apresentar uma
resposta inflamatória e de fibroplasia que leve à incorporação da tela, mas que não determine
uma intensa reação tipo corpo estranho ao ponto de comprometer a elasticidade da parede
abdominal ou limitar os movimentos, bem como, ser biocompatível, forte, resistente a
infecção, não imunogênica ou carcinogênica, apresentar mínima biorreatividade, moldável,
esterilizável, de fácil manejo e custo acessível6,14,16,17. A disponibilidade de uma variada
oferta dos mais diferentes tipos de telas para tratamento cirúrgico das hérnias abdominais traz
consigo uma conclusão inevitável: ainda não se dispõe da tela ideal, embora as telas
compostas de polipropileno ou poliéster sejam as mais comumente utilizadas para esse
propósito6,16.
Embora a utilização de telas para o reparo dos defeitos herniários da parede abdominal
seja amplamente aceito, difundido e apresente um impacto positivo na redução das taxas de
insucesso e recidivas, bem como, seja considerado o padrão-ouro na realização das técnicas
livre de tensão, o emprego intra-abdominal de grande parte das próteses disponíveis tem
indicação restrita, visto que, uma vez implantadas intraperitonealmente, podem determinar
importantes aderências entre a superfície da malha e as vísceras intra-abdominais, em especial
com o intestino delgado, cólon e epíplon, favorecendo o surgimento de dor abdominal
crônica, obstrução intestinal, fístulas enterocutâneas, infecção crônica da tela e consequente
necessidade de cirurgias para tratamento dessas complicações, ou mesmo dificultando
abordagens laparotômicas convencionais ou videolaparoscópicas após a hernioplastia,
implicando em importante morbiletalidade e custos adicionais18-21.
O tratamento videolaparoscópico ou robótico das hérnias incisionais comumente é
realizado com o emprego de telas implantadas intraperitonealmente, portanto, que entram em
contato direto com as vísceras abdominais. Nesse cenário, utilizam-se as telas denominadas
separadoras de tecidos, revestidas, compostas, dupla face, bilaminar ou de barreira
antiaderente3,20. As telas separadoras de tecidos apresentam uma face parietal, reticulada, que
em contato com o plano músculo-aponeurótico e peritôneo subjacente, favorece o processo de
18
corpo estranho poderão contribuir na recomendação e escolha da prótese com menor risco de
desenvolvimento de complicações que podem comprometer a malha implantada num cenário
clínico.
22
1 OBJETIVOS
1.1 Geral
1.2 Específicos
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Estudo
Nota: São comparados os achados macroscópicos e histológicos do implante intraperitoneal entre três tipos
diferentes de tela (polipropileno versus polipropileno/poliglecaprone versus poliéster/colágeno suíno)
e a sutura da aponeurose da parede abdominal com poliglactina (grupo Sham) em ratos Wistar
Fonte: O autor, 2021.
26
2.4 Procedimentos
Figura 7 - Síntese da pele com sutura transdérmica contínua não ancorada com fio de
poliglactina 4.0
2.4.3 Pós-operatório
Após 21 dias, os ratos foram mortos e avaliados. Foi realizada com uma mistura de
cloridrato de xilazina a 2% (Anasedan® injetável Ceva a 2%, São Paulo, Brasil) na dose de 40
mg/kg e cloridrato de cetamina a 10% (Quetamina® Injetável Vetnil 10%, São Paulo, Brasil)
na dose de 400 mg/kg por via intramuscular, conforme resolução nº 714, de 20 de junho de
2002, do Conselho Federal de Medicina Veterinária. A morte foi caracterizada por parada
respiratória e ausência completa de reflexos. Após a confirmação da morte, os animais foram
submetidos à nova epilação manual e reabordagem cirúrgica. Realizou-se uma incisão em “U”
envolvendo todos os planos anatômicos da parede abdominal anterior, margeando os limites
laterais da parede abdominal (limites laterais) e regiões inguinais (limite inferior),
permanecendo o retalho preso apenas ao rebordo costocondral (limite superior) (Figura 9).
Três observadores realizaram uma análise das eventuais aderências entre as estruturas
viscerais abdominais e a superfície visceral das telas implantadas, com avaliação do grau das
aderências conforme Lamber et al.22 (Tabela 1), bem como, estabeleceram quais órgãos foram
envolvidos nesse processo e quais setores da tela foram comprometidos, conforme a Figura
32
10. Cada tela implantada foi avaliada com uma grade de nove setores quadrangulares, oito
setores periféricos e um central.
Legenda: A) Gordura epididimal bilateral; B) Omento; C) Fígado; D) Liberação de aderências entre a tela e as
vísceras abdominais.
Fonte: O autor, 2021.
Na sequência, foram isoladas as peças cirúrgicas para análise patológica por meio da
secção da parede abdominal no perímetro da tela implantada. As carcaças dos animais mortos
foram encaminhadas à incineração, juntamente com o lixo hospitalar destinado a este fim.
Legenda: A) Reação inflamatória no tecido do hospedeiro; B) Fibroplasia e colágeno tecidual; C) Reação tipo
corpo estranho e gigantócitos ao redor dos filamentos da malha; D) Maturação tecidual.
Nota: HE 400X. Seta – área de interesse. Barra - 50μm.
Fonte: O autor, 2021.
36
D* - Maturação tecidual:
Legenda de pontos:
1 - Tecido intersticial, maduro, denso, semelhante ao conjuntivo ou adiposo normais.
2 - Interstício com vasos sanguíneos, fibroblastos e poucos macrófagos.
3 - Interstício com células gigantes e inflamatórias, mas com conjuntivo de permeio.
4 - Massa de células inflamatórias, sem tecido conjuntivo de permeio
E# - Presença de células gigantes:
Legenda de pontos:
1 - Ausente.
2 - Isoladas
3 - Em grupos de até 3.
4 - Em grupos superiores a 3.
Figura 12 - Fotomicrografia para análise do colágeno tipo I e tipo III após coloração com
Picrosirius Red*
Nota: *O colágeno tipo I é identificado pelas fibras de coloração vermelha ou alaranjadas e o colágeno tipo III
pelas fibras verdes ou amarelo-esverdeadas. Picrosirius Red 400X.
Fonte: O autor, 2021.
Legenda: A) Fotomicrografia de amostra corada pelo Picrosirius Red; B) Imagem binária do colágeno tipo I; C)
Imagem binária do colágeno tipo III; D) Imagem binária do colágeno total.
Nota: Picrosirius Red 400X.
Fonte: O autor, 2021.
3 RESULTADOS
O peso inicial (D1) médio dos animais foi de 310±38 g e o peso final (D21) médio dos
animais foi de 335±45 g. Não houve diferenças estatisticamente significantes em relação ao
peso inicial (D1) entre os quatro grupos (valor-p=0,78). Entretanto, houve uma diferença
estatisticamente significante em relação ao peso final (D21) entre o grupo Sham e o grupo
poliéster/colágeno suíno (valor-p<0,01), porém sem diferenças significantes entre os três
grupos com telas. Todos os grupos apresentaram um aumento significante do peso dos
animais ao final do estudo (D21) em comparação ao peso inicial (D1) (valor-p<0,005).
Houve complicações pós-operatórias em todos os grupos, com destaque para
deiscência parcial da ferida operatória, a qual foi diagnosticada entre o D7 e D9 de pós-
operatório (Tabela 2). Em relação ao número de animais com complicações e a deiscência
parcial da ferida operatória, houve diferença estatisticamente significante entre o grupo Sham
e o grupo polipropileno/poliglecaprone, respectivamente (valor-p=0,023 e valor-p=0,005).
Todavia, nenhuma diferença significante foi observada entre os grupos com telas. Três
animais apresentaram meshoma, um no grupo polipropileno/poliglecaprone e dois no grupo
poliéster/colágeno suíno (Figura 14). Não houve óbito em nenhum dos grupos do estudo.
43
Legenda: A) Deiscência parcial da ferida operatória; B) Úlcera em membro pélvico esquerdo no sítio da
anestesia; C) Meshoma da tela de poliéster/colágeno suíno após deiscência parcial da ferida
operatória.
Fonte: O autor, 2021.
Tabela 6 - Comparação da reação inflamatória e suas das variáveis entre os grupos Sham
versus polipropileno versus polipropileno/poliglecaprone versus poliéster/
colágeno suíno após coloração com Hematoxilina-Eosina e análise por
microscopia óptica
Grupo (I) Grupo (II) Grupo (III) Grupo (IV) Teste de Kruskal-
Sham Polipropileno Polipropileno Poliéster Wallis
Mediana Poliglecaprone Colágeno (Valor-p)
Min-Max Mediana Mediana Mediana Teste de Dunn
Min-Max Min-Max Min-Max (Valor-p)
A - Camadas de 1 2 1 1 p<0,0001
células na 1-1 1-2 1-2 1-2 I x II (p<0,05)
periferia dos * * * * II x III (p<0,05)
granulomas II x IV (p<0,05)
B - Reação 1 2 3 3 p<0,0001
inflamatória no 1-1 2-3 2-4 2-4 I x III (p<0,05)
tecido * * * I x IV (p<0,05)
hospedeiro
C - Resposta 1 4 4 3 p<0,0001
inflamatória na 1-1 3-4 3-4 3-4 I x II (p<0,05)
superfície da * * * * I x III (p<0,05)
tela I x IV (p<0,05)
D - Maturação 1 2 3 3 p<0,0001
tecidual 1-1 2-3 3-4 2-4 I x III (p<0,05)
* * * I x IV (p<0,05)
E - Presença de 1 3 4 3 p<0,0001
células gigantes 1-1 2-4 4-4 3-4 I x II (p<0,05)
* * * * I x III (p<0,05)
I x IV (p<0,05)
Escore total da 5 13 15 13 p<0,0001
inflamação 5-5 10-15 14-18 12-18 I x II (p<0,05)
* * * * I x III (p<0,05)
I x IV (p<0,05)
Nota: Teste de Kruskal-Wallis. Teste de comparações múltiplas post hoc (teste de Dunn). Nível de significância
bilateral de 5% (p<0,05);
* Grupos que apresentaram diferenças estatisticamente significantes em relação à variável analisada.
Fonte: O autor, 2021.
48
Legenda: A) Tecido fibroso e maduro no grupo Sham; B) Tecido fibroso imaturo, com fibroblastos e pouco
colágeno no grupo polipropileno; C) Tecido granuloso e denso, com fibroblastos e muitas células
inflamatórias no grupo polipropileno/poliglecaprone; D) Massa de células inflamatórias com
desorganização do tecido conjuntivo no grupo polipropileno/poliglecaprone.
Nota: H-E 400X. Seta – área de interesse. Barra - 50μm.
Fonte: O autor, 2021.
Legenda: A) Ausente no grupo Sham; B) Isoladas no grupo polipropileno; C) Grupo de até 3 células no grupo
poliéster/colágeno suíno; D) Grupos com mais de 3 células gigantes no grupo poliéster/colágeno suíno.
Nota: H-E 400X. Seta – área de interesse. Barra - 50μm.
Fonte: O autor, 2021.
modo, não houve diferenças estatisticamente significantes entre os grupos com telas, porém o
grupo polipropileno apresentou uma tendência a maior maturação tecidual em comparação
com as telas separadoras de tecidos (polipropileno/poliglecaprone e poliéster/colágeno suíno).
Legenda: A) Tecido intersticial maduro e denso no grupo Sham; B) Interstício com fibroblastos e poucos
macrófagos no grupo polipropileno; C) Interstício com células gigantes e inflamatórias no grupo
polipropileno/poliglecaprone; D) Massa de células inflamatórias no grupo polipropileno/
poliglecaprone.
Nota: H-E 400X. Seta – área de interesse. Barra - 50μm.
Fonte: O autor, 2021.
52
Gráfico 1 - Escore total de inflamação e comparação entre os grupos Sham (Grupo I) versus
polipropileno (Grupo II) versus polipropileno/poliglecaprone (Grupo III) versus
poliéster/colágeno suíno (Grupo IV) após coloração com Hematoxilina-Eosina e
análise por microscopia óptica
Nota: *Teste de Kruskal-Wallis.Teste de comparações múltiplas post hoc (teste de Dunn); Nível de significância
bilateral de 5% (p<0,05); Grupo Sham versus polipropileno (valor-p<0,05); Grupo Sham versus
polipropileno/poliglecaprone (valor-p<0,05); Grupo Sham versus poliéster/colágeno suíno (valor-p<0,05).
Fonte: O autor, 2021.
Em relação à proporção do colágeno tipo I/III entre a tela e o tecido hospedeiro, houve
uma diferença estatisticamente significante entre os grupos (valor-p=0,0015) (Gráfico 2). Essa
53
Gráfico 2 - Proporção de colágeno tipo I/III envolvendo o grupo Sham e os grupos com telas
(polipropileno, polipropileno/poliglecaprone e poliéster/colágeno suíno)
Nota:*Teste de Kruskal-Wallis. Teste de comparações múltiplas post hoc (teste de Dunn). Nível de significância
bilateral de 5% (p<0,05); Grupo Sham versus polipropileno (sem significância); Grupo Sham versus
polipropileno/poliglecaprone (valor-p<0,05); Grupo Sham versus poliéster/colágeno suíno (valor-p<0,05).
Fonte: O autor, 2021.
54
Figura 21 - Análise videomorfométrica do colágeno tipo I, tipo III e total após coloração com
Picrosirius Red
Legenda: A) Grupo I – Sham (A1, A2, A3, A4); B) Grupo II – Polipropileno (B1, B2, B3, B4); C) Grupo III –
Polipropileno/poliglecaprone (C1, C2, C3, C4); D) Grupo IV - Poliéster/colágeno suíno (D1, D2, D3,
D4)*.
*A1, B1, C1, D1 – Coloração pelo Picrosirius Red. A2, B2, C2, D2 – Imagem binária do colágeno tipo
I. A3, B3, C3, D3 – Imagem binária do colágeno tipo III. A4, B4, C4, D4 – Imagem binária do
colágeno total. Picrosirius Red 400X
Fonte: O autor, 2021.
55
Figura 22 - Fotomicrografias da análise do colágeno tipo I e tipo III após coloração com
Picrosirius Red
4 DISCUSSÃO
estudo experimental em ratas Wistar, comparando a tela de poliéster coberta com colágeno
suíno e a de polipropileno, chegaram a uma conclusão semelhante, onde ambas as telas
determinaram o surgimento de aderências, embora a tela separadora de tecidos apresentou
uma superfície de comprometimento bem menor que a tela de polipropileno sem barreira
antiaderente.
Araújo et al.18, numa revisão focada na escolha do material da tela para disposição
intraperitoneal no tratamento cirúrgico dos defeitos herniários da parede abdominal em ratos,
concluíram que não há consenso sobre qual é o melhor material a ser utilizado para a
composição das próteses que devem ser implantadas no interior da cavidade abdominal e em
contato direto com vísceras, embora tenham sugerido que a prótese deve ser feita
preferencialmente de material sintético, reticular e macroporoso para ficar em contato com a
musculatura e de outro material laminar e microporoso para ficar em contato com as vísceras.
As aderências pós-operatórias intraperitoneais são a expressão anatômica de um
processo de cicatrização patológico, que podem surgir após qualquer injúria que comprometa
o peritôneo parietal ou visceral, em especial, em função da manipulação cirúrgica da cavidade
e órgãos abdominais, e sua etiopatogenia está intimamente relacionada às alterações na
fibrinólise47. Esse processo envolve células inflamatórias como neutrófilos, monócitos e
macrófagos, bem como, a liberação de mediadores inflamatórios e citocinas como o fator de
necrose tumoral alfa, a síntese de fibrina, a migração de fibroblastos e a síntese do colágeno.
A elevação dos inibidores do fator de ativação do plasminogênio determina o
comprometimento na síntese da plasmina, o que reduz a degradação da fibrina formada
durante a fase inflamatória inicial do processo de reparo tecidual47. A consequente redução na
fibrinólise contribui para organização da matriz de fibrina, que determina o surgimento de
pontos de aderências entre duas superfícies peritoneais lesionadas que se contrapõem. A
migração de fibroblastos colabora para síntese de vários tipos de colágeno e maturação da
aderência, a qual é marcada também pela neovascularização e o surgimento de novas
ramificações nervosas e mesotelização. A presença de fios de sutura e as telas reticuladas
utilizadas no reparo dos defeitos da parede abdominal são considerados adjuntos que
contribuem para formação de aderências intraperitoneais47,48.
O comprometimento dos setores periféricos das telas por aderências com as vísceras e
estruturas intra-abdominais foi maior e estatisticamente significante (valor-p<0,005) na tela
composta exclusivamente de polipropileno em comparação às telas separadoras de tecidos
(polipropileno/poliglecaprone e poliéster/colágeno suíno), as quais não apresentaram
diferenças entre si. Entretanto, o número de setores periféricos comprometidos nas telas dupla
60
face foi elevado. De fato, a maior parte das aderências visualizadas nas telas separadoras de
tecido envolvia os setores periféricos da malha implantada, contudo, sem o comprometimento
do setor central. O preparo do fragmento de tela a ser implantado no modelo do experimento,
permitiu que a borda do mesmo não tivesse a proteção da camada antiaderente, expondo a
camada reticulada da tela, o que favoreceu o surgimento de aderências nesses setores
periféricos. Portanto, seccionar a tela separadora de tecidos a ser implantada a torna
vulnerável ao surgimento de aderências e compromete sua eficácia.
O comprometimento do setor central da tela por aderências com as vísceras e
estruturas intra-abdominais foi maior e estatisticamente significante (valor-p=0,003) na tela
elaborada exclusivamente de polipropileno em comparação às telas separadoras de tecidos
(polipropileno/poliglecaprone e poliéster/colágeno suíno), as quais não apresentaram
diferenças entre si. Ficou evidente que esse setor central é pouco comprometido nas telas
dupla face, onde a camada visceral da tela está íntegra e não foi comprometida pela secção da
prótese durante a realização do experimento. De fato, a maioria das telas separadoras de
tecidos implantadas não apresentaram aderências no setor central da tela. Creditou-se esse
comportamento à presença da película separadora de tecidos na superfície visceral da tela
dupla face, o que impediu de forma eficaz o surgimento de aderências. Embora, o emprego de
telas separadoras de tecidos reduza a probabilidade de aderências, isso não foi capaz de
neutralizar completamente o surgimento das mesmas.
A tela de polipropileno não apenas apresentou um comprometimento mais extenso de
sua superfície visceral por aderências com os órgãos e estruturas intra-abdominais, como
também implicou no surgimento de aderências mais intensas em comparação com as telas
separadoras de tecidos (polipropileno/poliglecaprone e poliéster/colágeno), com expressiva
significância estatística (valor-p<0,001). Esse desfecho, embora fosse esperado, ratifica o
risco associado ao emprego de telas de polipropileno em contato direto com as vísceras intra-
abdominais e o surgimento de extensas e firmes aderências entre a superfície visceral da tela e
os órgãos abdominais. Garcia et al.42 concluíram que a tela de polipropileno, embora seja
efetiva nos tratamentos dos defeitos da parede abdominal, causa uma intensa resposta
inflamatória local e reação tipo corpo estranho. Atribui-se o surgimento de aderências densas
e firmes com as vísceras intra-abdominais a esse processo de bioincorporação da tela
implantada intraperitonealmente.
Ricciardi et al.49, em um modelo experimental em ratos Wistar, ratificaram que o
implante da tela de polipropileno em contato direto com as estruturas intra-abdominais é
capaz de gerar aderências mais intensas, porém, quando envolta num tecido fibroso autólogo,
61
este é capaz de reduzir o grau das aderências. Portanto, não se recomenda o emprego de telas
sintéticas constituídas exclusivamente de polipropileno em reparos dos defeitos da parede
abdominal nos quais a prótese será posicionada intraperitoneal em contato imediato com as
vísceras intra-abdominais.
As telas separadoras de tecidos compostas de polipropileno/poliglecaprone e
poliéster/colágeno suíno apresentaram um comportamento semelhante no que tange ao
surgimento de aderências de grau moderado entre a superfície visceral da tela e os órgãos e
estruturas intra-abdominais, sem diferença estatisticamente significante (valor-p=0,289).
Entretanto, a tela de poliéster/colágeno apresentou um comportamento marcado por
aderências mais intensas em comparação à tela composta de polipropileno/poliglecaprone
associado à significância estatística (valor-p=0,035). Ambas as telas separadoras de tecidos
são sugeridas para o emprego em técnicas intraperitoneais de reparo dos defeitos herniários da
parede abdominal, porém a tela de polipropileno/poliglecaprone apresentou maior eficácia em
reduzir a intensidade das aderências no presente estudo.
Numa revisão acerca da composição, características e eficiência envolvendo oito
diferentes tipos de telas separadoras de tecido utilizadas para o reparo de hernia ventral,
Deeken et al.20 concluíram que as diferenças observadas entre as várias telas de barreira
antiaderência comumente são atribuídas à composição química ou condições necessárias para
reabsorção e metabolismo de seus componentes. Trata-se de um processo complexo, em que
vários fatores devem ser considerados. Habitualmente, os componentes dessas barreiras
determinam uma ampla variedade de resposta inflamatória e de fibroplasia que resulta numa
diversificada taxa de aderências entre a tela e as vísceras intra-abdominais50.
A performance das telas sintéticas disponíveis para o reparo das hérnias de parede
abdominal é determinada por fatores relacionados ao polímero utilizado na confecção da tela
e à conformação estrutural da mesma, que é influenciada pelo tipo de fibra polimérica que a
compõe, características têxteis e porosidade da prótese e a interação entre a tela e o tecido14.
Entretanto, essa visão mecanicista de que as propriedades biomecânicas das telas garantiriam
o sucesso da hernioplastia foi reformulada. A resposta biológica à presença da tela passou a
ter um papel-chave no desfecho do tratamento. O entendimento de que a tela determina
alterações estruturais sobre os tecidos com os quais entre em contato, bem como, a
contrapartida do impacto do processo biológico de incorporação da tela, marcado pelo
equilíbrio da resposta de inflamação e fibroplasia, influenciam decisivamente no resultado
final do reparo com telas sintéticas dos defeitos da parede abdominal, remetendo à
62
meshoma29. Num cenário clínico, esse desfecho representa um fator de risco importante para
complicações como aderências viscerais, dor crônica, obstrução intestinal, surgimento de
fístulas digestivas, recidiva herniário e reoperações19,21-51.
O implante de telas sintéticas intraperitoneais para correção de defeitos da parede
abdominal determina uma resposta tecidual do hospedeiro caracterizada por reação
inflamatória aguda acompanhada de fibroplasia, a qual é caracterizada pela deposição de
vários tipos de colágeno na matriz extracelular neoformada, em especial o colágeno tipo I e
tipo III em proporções variáveis e uma reação tipo corpo estranho sinalizada pela presença de
células gigantes ou gigantócitos ao redor dos filamentos da malha e de seus componentes
absorvíveis e inabsorvíveis25-28. A interação recíproca entre a tela e o tecido, que ocorre
durante o processo de incorporação da malha implantada, é capaz de impactar nas
propriedades biomecânicas da tela, do tecido hospedeiro influenciando diretamente nos
resultados e desempenho da tela utilizada para o reparo das hérnias da parede abdominal14,29.
No presente estudo, o implante intraperitoneal de telas separadoras de tecidos
elaboradas com polipropileno/poliglecaprone e poliéster/colágeno suíno associou-se à
resposta inflamatória tecidual mais intensa e durável, bem como, à resposta de fibroplasia
imatura, desorganizada, caracterizada por menor proporção tecidual de colágeno tipo I/III e
reação tipo corpo estranho marcada por maior quantidade de macrófagos e células gigantes
tipo corpo estranho em comparação ao reparo com sutura de poliglactina do plano
musculoaponeurótico.
A reação celular à superfície da tela de polipropileno foi marcada pela diferença
estatisticamente significante em comparação aos grupos com telas de
polipropileno/poliglecaprone, poliéster/colágeno suíno e ao grupo Sham, caracterizada por
maior número de camadas de células de inflamação e fibroplasia ao redor dos filamentos da
tela de polipropileno durante o processo de reação tipo corpo estranho e formação da placa de
cicatrização. Porém, a despeito da maior quantidade de material sintético nas telas
separadoras de tecidos, devido à presença da superfície antiaderente, houve um agrupamento
mais discreto de células organizadas em camadas ao redor da placa de cicatrização.
Questiona-se, assim, que a presença da barreira antiaderente na superfície visceral da
malha de polipropileno/poliglecaprone poderia minimizar a resposta celular que circunda a
face parietal da tela dupla face, ou mesmo, que o contato direto da tela de polipropileno com
as vísceras abdominais poderia desencadear uma resposta celular mais abundante na ausência
de uma película separadora de tecidos. Dessa forma, além de minimizar o surgimento e a
intensidade das aderências entre a face visceral da tela com o conteúdo intra-abdominal, a
64
significante em relação à reposta inflamatória sistêmica foi observada entre os grupos após
análise de citocinas pró-inflamatórias37.
Pascual et al.53 realizaram um estudo experimental em coelhos com o implante de
diferentes tipos de telas de polipropileno, incluindo uma tela mista parcialmente absorvível
elaborada com polipropileno e poliglecaprone; concluíram que o emprego de material
absorvível na confecção das telas poderia aumentar a produção de mediadores inflamatórios,
que contribuiria para uma resposta inflamatória aguda mais pronunciada com maior
percentual de macrófagos. Essas conclusões corroboram e criam uma explicação razoável
para a maior e significante resposta inflamatória tecidual identificada nos grupos com telas
separadoras de tecidos em comparação ao grupo Sham no presente estudo. No entanto, apesar
da tendência a maior resposta inflamatória nos grupos de polipropileno/poliglecaprone e
poliéster/colágeno suíno, não houve diferenças significantes em relação ao grupo
polipropileno.
Em contrapartida às diferenças observadas na resposta inflamatória tecidual entre o
grupo Sham e os grupos de polipropileno/poliglecaprone e poliéster/colágeno suíno do
presente estudo e aos achados descritos por Pereira-Lucena et al.38, Garcia et al.42 realizaram
um estudo experimental em coelhos com o implante intraperitoneal de dois tipos diferentes de
telas para correção de defeito induzido na parede abdominal após retirada de um feixe
musculoaponeurótico. Uma tela de polipropileno de baixo peso e macroporosa em
comparação com uma malha dupla face composta de polipropileno de baixo peso,
macroporosa e parcialmente revestida com colágeno bovino tipo I polimerizado e purificado.
Após análise microscópica para avaliação da reação inflamatória e quantificação da reação
tipo corpo estranho, concluíram que a tela separadora de tecidos reduziu significativamente as
aderências com as vísceras intra-abdominais, mas sem diferenças significantes entre os grupos
em relação ao grau de inflamação aguda ou crônica e reação tipo corpo estranho. Portanto, a
película de colágeno bovino tipo I polimerizado e purificado foi capaz de reduzir as
aderências entre as estruturas intra-abdominais com a superfície visceral revestida da tela,
porém, sem comprometer o processo de incorporação do componente parietal de
polipropileno leve e macroporoso.
A maturação tecidual avaliada pela análise das lâminas coradas pela Hematoxilina-
Eosina foi melhor no grupo Sham e estatisticamente significante em relação aos grupos
compostos por telas de polipropileno/poliglecaprone e poliéster/colágeno suíno, muito
embora, sem diferença significante em relação ao grupo de tela de polipropileno. Esse
gradiente de maturação tecidual foi caracterizado pela presença de tecido intersticial maduro,
66
denso, semelhante ao conjuntivo ou adiposo normais no grupo Sham. Por sua vez, o grupo da
tela de polipropileno, embora tenha apresentado uma tendência à melhor maturação tecidual,
não apresentou diferenças estatisticamente significantes em relação aos grupos com telas
compostas de polipropileno/poliglecaprone e poliéster/colágeno suíno, que também, não
apresentaram diferença significante entre si. Entende-se que a presença de maior conteúdo de
material sintético ou biológico biodegradável, especialmente nas telas separadoras de tecidos,
implicou numa resposta inflamatória mais prolongada que comprometeu e retardou a resposta
de fibroplasia em comparação ao grupo Sham.
Maeda et al.39, em um estudo experimental em ratos Wistar com implante
intraperitoneal de telas de polipropileno com e sem barreira antiaderente absorvível de
polidioxanona, concluíram que a tela de polipropileno leve e macroporosa favorece uma
reação inflamatória precoce mais intensa que a tela de polipropileno pesada e microporosa
porque permite um fluxo maior de células através dos poros nessa fase de incorporação da
prótese, que contribui para melhor deposição e maturação do colágeno numa fase mais tardia
à proporção que a intensidade da inflamação regride. Entretanto, a manutenção do processo
inflamatório por tempo prolongado, como ocorre com as telas separadoras de tecidos com
componentes absorvíveis, determina uma menor deposição de colágeno.
No presente estudo, no 21° dia de pós-operatório, realizou-se uma avaliação num
único momento com três tipos diferentes de telas macroporosas de baixa gramatura.
Questiona-se que num momento mais tardio, como descrito por Maeda et al.39, se esse
processo de inflamação tecidual reduziria e a fibroplasia melhoraria, respectivamente, com
redução da celularidade inflamatória e maturação do colágeno depositado, coerente com a
reação tipo corpo estranho que caracteriza o implante de malhas sintéticas no reparo de
hérnias e defeitos da parede abdominal.
Gruber-Blum et al.54 realizaram um estudo experimental em ratos Sprague–Dawley,
no qual uma tela macroporosa e mediopesada de polipropileno foi implantada
intraperitonealmente com ou sem a proteção com uma entre três tipos diferentes de barreira
antiadesiva fixada à tela com selante de fibrina. O emprego das películas antiadesivas à base
de colágeno suíno com polietilenoglicol e glicerol, bem como, hialuronato de sódio com
carboximetilcelulose, foram capazes de reduzir significativamente a quantidade e a
intensidade das aderências entre a superfície visceral da tela de polipropileno com as vísceras
intra-abdominais. A análise histológica evidenciou que o processo de cicatrização, reação tipo
corpo estranho e neovascularização foram observados em todos os grupos. A integração
tecidual da tela foi prejudicada nos grupos com cobertura à base de colágeno suíno e
67
polipropileno. Esse resultado foi semelhante ao descrito por Utrabo et al.32 que não
encontraram diferenças estatisticamente significantes no escore de reação inflamatória após
30 dias do implante pré-peritoneal em ratos com telas de polipropileno macro e microporoso e
polipropileno macroporoso com poliglecaprone. A presença da malha sintética com ou sem
película separadora de tecidos implica numa resposta inflamatória mais intensa e prolongada
que a simples sutura da aponeurose mediana da parede abdominal com fio de poliglactina.
Esse achado é compatível com a maior quantidade de material sintético ou biológico
necessários para confecção das telas, em especial, das telas separadoras de tecidos que
apresentam pelo menos duas faces18.
Maeda et al.39 realizaram um estudo experimental em ratos Wistar envolvendo a
criação de um defeito herniário na parede abdominal e o implante de quatro tipos diferentes
de telas em posição pré-peritoneal: polipropileno de alta densidade, polipropileno de baixa
densidade, polipropileno encapsulado com polidioxanona recoberto com celulose oxidada e
politetrafluoretileno expandido (PTFE-e). O escore de resposta inflamatória tardia (28 dias de
pós-operatório) foi menor no grupo de polipropileno leve em comparação aos demais grupos,
bem como, no grupo de polipropileno pesado em comparação ao grupo de polipropileno com
celulose.
Fuziy et al.40 realizaram um estudo experimental em ratos Wistar, no qual uma entre
quatro tipos diferentes de telas foram implantadas intraperitonealmente, sendo as malhas
compostas de politetrafluoretileno expandido (PTFE-e), polipropileno com celulose oxidada,
polipropileno com silicone e apenas polipropileno. Em relação ao escore de inflamação, o
grupo de telas de politetrafluoretileno expandido apresentou um escore mais elevado e
estatisticamente significante em comparação a todos os demais grupos; em contrapartida, o
grupo de telas de polipropileno com silicone apresentou o menor escore de inflamação com
significância estatística em comparação às telas de polipropileno com celulose oxidada e
politetrafluoretileno expandido, mas sem diferença significante às telas compostas
exclusivamente de polipropileno. Entretanto, no presente estudo, não se observaram
diferenças significantes em relação ao escore total de inflamação entre os grupos com telas,
embora o grupo de polipropileno apresentou tendência a valores menores em comparação aos
grupos com película antiaderente de poliglecaprone ou colágeno suíno.
O grupo Sham apresentou maior e significante proporção tecidual de colágeno tipo
I/III em comparação aos grupos com telas de polipropileno/poliglecaprone e
poliéster/colágeno suíno, muito embora não tenha havido diferença significante em relação ao
grupo polipropileno, que se destacou entre os grupos com tela como sendo o grupo com a
70
maior proporção tecidual de colágeno tipo I/III entre a tela e o tecido hospedeiro. O grupo
Sham foi por caracterizado pela presença de fibras de colágeno tipo I organizadas de maneira
mais alinhada, uniforme e agrupadas em densos feixes birrefringentes em relação aos demais
grupos. Essa apresentação denota um processo de fibroplasia e maturação do colágeno mais
avançados no grupo Sham em comparação aos grupos com telas. A maturação do colágeno no
grupo de tela de polipropileno foi semelhante ao grupo Sham na proporção tecidual do
colágeno tipo I/III e maturação do colágeno. Esses achados sugerem que, de alguma maneira,
a presença da película separadora de tecidos à base de poliglecaprone e/ou colágeno suíno
pode impactar negativamente na homeostase do colágeno maduro (colágeno tipo I) na matriz
extracelular neoformada.
A análise morfométrica descrita anteriormente por Maeda et al.39 demonstrou que o
grupo de politetrafluoretileno expandido apresentou maior quantidade de colágeno no 7° dia
de pós-operatório em relação aos grupos com telas de polipropileno de alta densidade,
polipropileno de baixa densidade, polipropileno encapsulado com polidioxanona recoberto
com celulose oxidada (separadora de tecidos dupla face); e o grupo de polipropileno com
celulose apresentou maior quantidade de colágeno em comparação ao grupo de polipropileno
pesado. Contudo, a análise morfométrica tardia, realizada no 28° dia de pós-operatório, não
evidenciou nenhuma diferença significante entre os grupos. Semelhante modo, no presente
estudo, apesar de uma tendência a maior proporção tecidual de colágeno tipo I/III no grupo
polipropileno, não houve diferenças significantes entre o grupo polipropileno em comparação
às telas de polipropileno/poliglecaprone e poliéster/colágeno suíno.
Biondo-Simões et al.56 realizaram um estudo experimental comparativo em ratos
Wistar com o implante pré-peritoneal de dois tipos diferentes de telas para correção de defeito
induzido na parede abdominal com manutenção da integridade do peritônio parietal.
Utilizaram-se uma tela de polipropileno pesada e uma tela parcialmente absorvível composta
de polipropileno leve com poliglecaprone. Avaliou-se em cinco intervalos de tempo diferentes
a quantidade e a qualidade do colágeno pela coloração de Picrosirius Red. Em relação à
fibroplasia, notou-se um ganho gradual e progressivo em ambos os grupos de telas em relação
à quantidade total de colágeno sem diferenças significantes entre os grupos, embora a nas
duas primeiras semanas houvesse o predomínio da deposição de colágeno tipo III; após esse
período de observação, a quantidade de colágeno tipo I aumentou regular e progressivamente,
superando a quantidade de colágeno tipo III, que se estabilizou. Embora a deposição de
colágeno tenha sido um pouco maior no grupo de tela de polipropileno em todos os
momentos, não se observou diferenças significantes. Notou-se uma disposição irregular das
71
fibras de colágeno nas primeiras semanas, seguida pela deposição de fibras mais espessas e
com disposição regular.
No presente estudo, notou-se essa irregularidade na disposição das fibras de colágeno
nos grupos com telas, especialmente, nos grupos com tela de polipropileno/poliglecaprone e
poliéster/colágeno suíno em comparação ao grupo Sham. Isso denota um retardo na fase de
fibroplasia e maturação do colágeno da matriz extracelular nos grupos com telas separadoras
de tecidos.
A estratificação dos escores de inflamação em três categorias (leve, moderada e
intensa) permitiu identificar que há uma correlação inversamente proporcional entre os
escores de inflamação e a proporção de colágeno tipo I/III entre a tela o tecido hospedeiro.
Muito embora a resposta inflamatória seja necessária para o processo de cicatrização,
reparação tecidual e incorporação das malhas sintéticas, uma resposta inflamatória acentuada
e prolongada é capaz comprometer a fase de fibroplasia subsequente e influenciar na
deposição dos diversos tipos de colágenos na matriz extracelular neoformada, determinando
um retardo na etapa de maturação do colágeno, caracterizado por menores proporções de
colágeno tipo I/III25,34,37,57.
O grupo Sham apresentou o menor escore de inflamação e a melhor proporção de
colágeno tipo I/III em relação aos grupos com telas separadoras de tecidos. Embora houvesse
uma diferença significante entre o grupo Sham e o grupo com tela de polipropileno no que
tange ao escore de inflamação, não se observou diferença significante em relação à proporção
de colágeno tipo I/III. Todavia, o aspecto da disposição das fibras de colágeno tipo I no grupo
Sham denota um estágio mais organizado de fibroplasia em relação a todos os grupos com
telas. Portanto, quanto maior e mais prolongada for a resposta inflamatória entre a tela e o
tecido hospedeiro, menor será a proporção de colágeno tipo I/III, e pior a resposta de
fibroplasia e maturação do colágeno na matriz extracelular37-39. Essa tendência foi observada
nos grupos com telas separadoras de tecidos em comparação ao grupo de polipropileno, em
especial ao grupo Sham.
O uso de modelos experimentais para avaliação da biocompatibilidade, resposta
inflamatória e fibroplasia locais, reação tipo corpo estranho, interação tela-tecido e alterações
das propriedades biomecânicas das malhas sintéticas com ou sem mecanismo de barreiras
antiaderentes é impraticável em seres humanos por questões éticas, portanto, só podem ser
avaliados em estudos com experimentação em animais58. Todavia há uma grande
variabilidade no que tange aos polímeros que compõem as malhas, porosidade, gramatura,
formato dos poros, propriedades biomecânicas das telas, tipo de implante e fixação das telas,
72
CONCLUSÕES
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80
Grupos
( ) Sham
( ) Polipropileno (Optilene mesh®)
( ) Polipropileno com poliglecaprone (Physiomesh®)
( ) Poliéster com colágeno suíno (Symbotex mesh®)
Técnica cirúrgica
Controle de peso
D0 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7
Peso
D8 D9 D10 D11 D12 D13 D14 D15
Peso
D16 D17 D18 D19 D20 D21
Evolução diária
D8
D9
D10
D11
D12
D13
D14
D15
D16
D17
D18
D19
D20
D21
Dia do óbito:
Causa:
Setores da tela
Borda
caudal
Borda Borda
direita esquerda
Borda
cefálica
Outros achados:
83
D* - Maturação tecidual.
Pontos legenda ( )
1 - Tecido intersticial, maduro, denso, semelhante ao conjuntivo ou adiposo normais.
2 - Interstício com vasos sanguíneos, fibroblastos e poucos macrófagos.
3 - Interstício com células gigantes e inflamatórias, mas com conjuntivo de permeio.
4 - Massa de células inflamatórias, sem tecido conjuntivo de permeio
E - Presença de células gigantes.
Pontos legenda ( )
1 - Ausente.
2 - Isoladas
3 - Em grupos de até 3.
4 - Em grupos superiores a 3.
Escore total ( )
84
Videomorfometria do colágeno
Animal: Gaiola:
Grupo:
( ) Sham (sem tela)
( ) Polipropileno (Optilene mesh®)
( ) Polipropileno com poliglecaprone (Physiomesh®)
( ) Poliéster com colágeno suíno (Symbotex mesh®)
% Colágeno tipo I
% Colágeno tipo III
Colágeno total
Relação colágeno tipo I/III
85