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O caso Lebach apresentado na notícia acima trouxe à tona um conflito de

caráter principiológico ao tratar sobre a veiculação de informações por meios


midiáticos que consequentemente viriam a trazer sérios prejuízos à vida particular de
um ex-detento em sua busca pela ressocialização após ter sido julgado e cumprido
pena por um crime. Os princípios jurídicos envolvidos nesse dilema foram o da
proteção à personalidade, de índole individual e o princípio da liberdade de
informação, de índole coletiva. Na situação, o Tribunal Constitucional Federal da
Alemanha (TCF) utilizou da teoria da ponderação de princípios de Robert Alexy, que
permite ao órgão jurídico atingir uma maximização da realização de um princípio
sem que seja necessário invalidar outro com o qual esteja em conflito. Tal
ponderação foi a única encontrada pelo direito e adapta-se à concepção de que
normas não se resumem a regras, e que devem ser ponderadas para alcançar a
proporcionalidade, adequação e necessidade na aplicação ao caso concreto, com o
objetivo de resguardar o máximo de direitos possíveis ao resolver um litígio.
O TCF, portanto, à fim de assegurar o direito à privacidade do preso ao
perceberem que a matéria a ser publicada pela Zweites Deutsches Fernsehen (ZDF)
poderia comprometer a vivência social deste, mesmo após ter quitado sua dívida
com a sociedade, decidiu por impedir a transmissão do documentário em questão.
Desta forma foi possível proteger a anonimidade e vida privada do indivíduo que
preveniu um possível linchamento ou difamação no ambiente em que reside. Ou
seja, para resolver o caso concreto utilizaram da ponderação dos princípios, situação
na qual o princípio da liberdade de informação foi então mitigado, à fim de
resguardar e maximizar o princípio da proteção à personalidade do indivíduo em
questão.
Ao analisar este caso é possível abstrair portanto que o conflito principiológico
pode vir a ocorrer em litígios jurídicos, e que neste caso cabe a ponderação entre os
princípios conflitantes, que ao invés de anular um dos dois resulta na mitigação de
um e o fortalecimento de outro, sempre observando os valores morais e éticos da
população e se conformando aos princípios da proporcionalidade, adequação e
necessidade à fim de resguardar de forma mais eficiente os direitos individuais e
coletivos dos membros de uma sociedade democrática.

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