Disciplina: Geografia III
Prof.: Fabrício Américo
Aula: Migrações
 Introdução
 Causas das Migrações
Aluno (a):
1- Introdução
As grandes migrações populacionais
(deslocamentos de pessoas) remontam a tempos pré-
históricos.
Os seres humanos parecem estar sempre à procura
de novos horizontes, visto que todas as evidências
arqueológicas levam a crer que a humanidade surgiu na
África há 100.000 ou 150.000 anos. Ramos desses povos
se separou, dando início a grandes "andanças" – as
primeiras migrações – espalhando-se, no decorrer dos
séculos, por todos os continentes.
As migrações ocorrem ainda hoje. O crescimento
demográfico ou total de um país resulta do crescimento
vegetativo acrescido do contingente de imigração (pessoas
que entram em outro país para nele viver) e com a
subtração do contingente de emigração (pessoas que saem
de seu país de origem para viver em outro país). .
Mas afinal, por que as pessoas migram?
Os fatores que levam as pessoas a migrar são
vários. Observe-os a seguir:
2- Causas das Migrações
Muitos motivos ocasionam migrações, mas os
fatores que mais comumente levam as pessoas a migrar
podem ser:
 Fatores Políticos e Ideológicos
Como por exemplo, problemas de fronteira,
formação de novas nações ou ainda guerras civis que gera
divergências, perseguições – como é o caso dos curdos – e
até a expulsão de populações inteiras de seu território
(desterritorialização).
Durante a ascensão do regime nazista na
Alemanha, muitos judeus (ainda que alemães de nascença)
fugiram das perseguições para outros países.
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 Tipos de Movimentos Migratórios
 Os Reflexos dos Movimentos
Migratórios
 Fatores Étnicos e Religiosos
Muitas vezes a cultura e a religião se confundem.
Algumas migrações tiveram as diferenças religiosas como
sendo seu propulsor. Um exemplo, ainda que antigo, foram
os Pilgrin Fathers (Pais Peregrinos), conhecidos no século
XVII como puritanos, que fugiram de perseguições
religiosas na Inglaterra predominantemente anglicana e
foram para o Novo Mundo em busca de um novo lar.
Conflitos étnico-raciais, como os que ocorreram
na Bósnia (1992) e na Iugoslávia (1999), também
originaram migrações de civis que não mais suportavam as
agruras da guerra e fugiam de seus países para as nações
vizinhas em busca de abrigo até que o conflito chegasse ao
fim.
 Fatores Naturais
Ainda que não seja muito comum, algumas
migrações podem vir a serem provocadas por catástrofes
de ordem natural, tais como: bruscas mudanças climáticas,
enchentes, terremotos e erupções vulcânicas.
Pode ser citado como um exemplo de migração
por fatores naturais aquela que ocorreu em meados dos
anos 1990 quando o vulcão Soufrière Hills entrou em
erupção na ilha caribenha de Montserrat levando grande
parte de sua população a migrar para o Reino Unido.
 Fatores Econômicos
No que diz respeito á ocorrência dos movimentos
populacionais, os fatores econômicos são sem dúvida os
fatores predominantes.
As pessoas muitas vezes migram em busca de
trabalho e de melhores condições de vida. Nas primeiras
décadas do século XX, devido a uma crise econômica, o
Japão tornou-se um país de emigração (repulsão). Em
poucas décadas, com a recuperação econômica, ele
passou a ser um país de imigração (atração).
 As migrações não são movimentos populacionais
aleatórios nem desvinculados do contexto socioeconômico
mundial e do contexto regional. Na verdade, as migrações,
sobretudo os grandes movimentos migratórios, são de-
correntes de condições econômicas estruturais e
conjunturais.
Os fatores estruturais (que fazem parte da estrutura
econômica de um país) responsáveis pelas migrações
podem ser, por exemplo, a estagnação da economia ou a
falta de maiores perspectivas de progresso, e ocorrem
geralmente em países subdesenvolvidos.
Já os fatores conjunturais resultam de situações cir-
cunstanciais, como crises políticas e econômicas,
revoluções, perseguições etc., que podem atingir também
um país desenvolvido.
Se da Europa emigraram 60 milhões de pessoas até
por volta da Segunda Guerra Mundial, foi porque as
condições socioeconômicas encontravam-se desfavoráveis
após a Primeira Guerra Mundial.
Por outro lado, o fato de a grande maioria ter
migrado para a América é explicado pelas condições
(estruturais ou conjunturais) favoráveis que esse continente
apresentava na época. O centro-sul brasileiro tem
apresentado condições estruturais e conjunturais mais
favoráveis do que o nordeste, o que justifica movimentos
migratórios desta última região para a primeira.
3-Tipos de Movimentos Migratórios
As migrações costumam ser classificadas quanto ao
espaço de deslocamento e quanto ao tempo de duração.
Em relação ao tempo de duração, as migrações
podem ser:
 Migrações Definitivas
Quando o migrante se estabelece de forma
permanente no local de seu destino, como é o caso, no
Brasil, dos imigrantes italianos, japoneses, e das migrações
de nordestinos para outras regiões do país.
 Migrações Temporárias
O ponto mais importante que vem a distingui-la da
anterior é que a mesma não ocorre em caráter definitivo,
pois o migrante tende a voltar ao seu lugar de origem. São
exemplos de migrações temporárias:
 Migração pendular: é um fenômeno, muito
comum em grandes cidades, pelo qual milhões de
pessoas saem de sua cidade no período da
manhã (geralmente antes do horário comercial)
para cumprir jornada de trabalho em outra,
retornando somente à noite para casa.
Outra modalidade de deslocamento classificada
como migração pendular é o commuting, que consiste no
deslocamento de pessoas de um país para outro para
trabalhar ou procurar um emprego.
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 Migração sazonal ou transumância: as
migrações sazonais são aquelas que ocorrem
dependendo da estação do ano, como por
exemplo, as realizadas no Brasil pelos bóias-frias,
que em épocas de colheita se deslocam para
locais onde há trabalho; o tempo de sua duração é
indeterminado, mas ainda assim, temporário. A
palavra transumância, que vem do
latim trans (além de) e humus (a terra, a região)
significa a migração periódica de pastores com
seus rebanhos em função das condições
climáticas, e, portanto, da sazonalidade.
 Peregrinações: migrações por motivos religiosos,
nas quais milhares de pessoas se deslocam com
o objetivo de visitar lugares sagrados como Meca
(muçulmanos) e Jerusalém (católicos, judeus e
muçulmanos).
Em relação ao espaço de deslocamento, as
migrações podem ser:
 Migrações Internas ou Nacionais
São chamadas de migrações internas ou
nacionais, quando ocorrem dentro de um mesmo país. A
migração pendular, assim como a sazonal e de
transumância anteriormente citadas são também
consideradas como migrações internas.
Quando realizadas dentro de uma mesma região do
país, as migrações internas são chamadas intra-regionais;
quando feitas de uma região para outra, num mesmo país,
são chamadas inter-regionais. São exemplos de migrações
internas ou nacionais:
 Rural-Urbana (Êxodo rural): é um dos mais
importantes exemplos de migração interna,
constitui-se no deslocamento de pessoas do
campo para a cidade. Via de regra, o êxodo rural
tem caráter definitivo, e suas principais causas
têm sido a industrialização, a expansão do setor
terciário e a mecanização da agricultura.
O êxodo rural ocorreu primeiro nos países
desenvolvidos. A partir do século XVIII, com a Revolução
Industrial, que provocou o desenvolvimento urbano e indus-
trial e a progressiva mecanização da agricultura; o êxodo
rural gerou mão-de-obra para as cidades.
 Urbana-Rural: migração que se caracteriza pela
saída de pessoas das cidades e seu deslo-
camento para o campo, com caráter variante entre
permanente ou temporário. Seus principais
motivos são a busca por trabalho e em casos de
aposentadoria.
 Urbana-Urbana: migração que ocorre entre
cidades pequenas e médias próximas. As pessoas
que as realizam normalmente tem como objetivos
a conquista de novos empregos, a melhoria nas
condições de educação e saúde, etc.
  Rural-Rural: migração que acontece entre áreas
rurais vizinhas, onde trabalhadores do campo vão
prestar serviços em fazendas próximas. Esse tipo
de migração está diretamente relacionado com a
colheita e o replantio ou ainda com o arrebanhar
de animais para serem vacinados, marcados ou
vendidos.
 Nomadismo: se caracteriza pelo deslocamento
constante de povos ou tribos em busca de
alimentos, pastagens etc. Os povos nômades não
têm habitação fixa, morando quase sempre em
tendas desmontáveis. Esse tipo de migração, que
já foi o modo de vida da maior parte da
humanidade num passado remoto, está
atualmente em extinção, limitando-se a poucos
povos. Podemos citar como exemplos os povos
das estepes semiáridas do Saara (Sahel) e alguns
povos da Ásia central, que se deslocam com o
gado em busca de pastos, devido ao processo de
desertificação dessas regiões, e povos do Oriente
Médio, em geral comerciantes que se instalam nas
proximidades das feiras e depois se deslocam,
procurando novos lugares para comercializar
produtos.
 Migrações Externas ou Internacionais
O desenvolvimento do capitalismo acelerou os
movimentos migratórios.
Entende-se por emigração a saída de indivíduos de
seu país de origem, enquanto que por imigração
compreende-se a entrada de indivíduos em um
determinado país.
Com a colonização dos séculos XVI e XVII,
ocorreram migrações espontâneas de povoamento
(resultado da política de expansão imperialista e da partilha
dos impérios coloniais) e migrações forçadas, como foi o
caso do comércio de escravizados africanos, atividade que
transferiu milhares de pessoas de seu continente de origem
para outros continentes. Outras migrações não exatamente
forçadas, mas que resultam de constrangimentos podem
ocorrer em consequência de guerras, perseguições
políticas, falta de condições que satisfaçam as
necessidades básicas (o desemprego, por exemplo) e
negação do acesso à terra, etc.
A partir do século XVIII, em especial durante o
século XIX e na primeira metade do século XX, o mundo
conheceu um movimento migratório de grandes
proporções. Nesse período, cerca de 60 milhões de
europeus migraram para todas as partes do mundo,
sobretudo para a América e para a Oceania. Milhões de
asiáticos (chineses, indianos, japoneses e árabes) também
migraram para a América (chineses para os EUA; indianos
para as Guianas, japoneses para o Brasil) e outros
continentes.
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Podemos dizer, então, que durante muito tempo a
Ásia e a Europa desempenharam um papel tipicamente
emigratório ou de repulsão populacional, ao passo que
a América e a Oceania foram imigratórios ou de atração
populacional. Na África, além das migrações forçadas
relacionadas ao processo de colonização, um grande
número de trabalhadores (marroquinos, argelinos etc.) tem
se dirigido principalmente para a Europa.
A superação de um longo período marcado por
constantes epidemias, fome, guerras, perseguições
políticas e religiosas e a prosperidade alcançada no perío-
do pós-Segunda Guerra Mundial fizeram com que a Europa
passasse de área tradicionalmente repulsiva para uma das
mais importantes áreas de atração populacional da
atualidade.
As melhores condições estruturais dos países
desenvolvidos ajudam a compreender que não foi por
acaso que esses países se transformaram em áreas de
atração, enquanto países subdesenvolvidos ou mercados
emergentes, como o Brasil e a Argentina, tradicionais áreas
atrativas, são agora repulsivas.
Nas últimas décadas do século XX, presenciamos
não somente a ida de milhares de pessoas em direção à
Europa (principalmente Alemanha) e ao Japão, mas
também o seu retorno.
Os Estados Unidos são um dos países que mais
recebem imigrantes. Devido a problemas econômicos e à
falta de oportunidades, uma grande escalada migratória
tem se estabelecido do México pra os Estados Unidos.
Existe hoje um número estimado de 11,6 milhões de
imigrantes ilegais nos Estados Unidos, 61% dos quais são
Mexicanos. O número de imigrantes ilegais hoje ainda é
quase três vezes maior do que em 1990 quando se estima
que o número de imigrantes ilegais se encontrava em torno
de 4 milhões.
4- Os Reflexos dos Movimentos
Migratórios
Nem todos os imigrantes entram de forma legal aos
países a que se dirigem, mas mesmo sendo legalizados os
deslocamentos desses grupos humanos terminam gerando
consequências tanto para seus países de origem, quanto
para aqueles a que os mesmos se dirigem.
Podemos identificar a seguir algumas das
consequências dos movimentos migratórios internacionais:
 O fenômeno da “fuga de cérebros”;
 A remessa de capitais para os países de origem
dos imigrantes;
 O suprimento de mão-de-obra local, e
consequente exploração da mesma;
 O aumento do número de refugiados;
 A intensificação da xenofobia;
 O processo de miscigenação e difusão cultural
(multiculturalismo);
 EXERCÍCIOS PROPOSTOS 8- Observe a charge:

1- Defina uma área de repulsão populacional mostrando

suas características marcantes.

2- Defina uma área de atração populacional mostrando

suas características marcantes.

3- Podemos afirmar que regiões consideradas de atração

ou repulsão populacional, sempre tiveram essas
características? Justifique.
("A Gazeta", 22 de setembro de 2001.)
4- Explique como o Crescimento Demográfico e do Produto
Nacional Bruto de um país podem vir a serem influenciados a) Conceitue xenofobia.
pela migração populacional.
b) Relacione o conceito dado acima com a busca de
transformação representada na charge.
5- O que tornou países como Estados Unidos, Alemanha,
França e Reino Unido, verdadeiros focos para os
deslocamentos humanos internacionais? Anotações

6- Explique as seguintes consequências das migrações

internacionais:
a) O processo de ocupação;
b) O fenômeno da “fuga de cérebros”;
c) A remessa de capitais para os países de origem dos
imigrantes.

7- Caracterize as migrações internas:

a) Transumância
b) Pendular
c) Êxodo rural