Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SUMÁRIO EXPEDIENTE
Diretor de Ensino da Marinha
V Alte Renato Garcia Arruda
Coordenadora
CF (T) Suzana Ramos Baptista Azeredo
Conselho Editorial
CMG Eduardo Pimentel Jorge de Souza
CMG (RM1-T) Luiz Claudio Medeiros Biagiotti
CMG (RM1-T) Alexandre César P. Guimarães
CC (T) Luiza de Sousa Ferreira de Mendonça
CC (RM1-T) Cesar dos Santos Mesquita
Revisão
CC (T) Camila da Silva Neto Arruda
3ºSG-PD Lílian Santana Alves
Equipe Técnica
CC (T) Mozara Campos Cortez
CC (T) Luiza de Sousa Ferreira de Mendonça
CT (T) Tiago Silva de Amorim
SO-ES Silvio Jerônimo Santana
1ºSG-AE Leandro Dias Pinto
2ºSG-ES Bruno Silva do Carmo
Colaboradores
CF (RM1-T) Rosa Neira Dopcke
CC (T) Camila da Silva Neto Arruda
1T (T) Raquel Aparecida Pinto Martins
3ºSG-GR Vanessa Simões Pereira
CB-SI Edielson Nunes de Oliveira
CB-ES Helton Medeiros Braga Neto
EDITORIAL
Caríssimo leitor,
Neste ano, a Diretoria de Ensino da
Marinha (DEnsM) comemora 90 anos de
existência. Momento oportuno para registrar
e eternizar fatos ocorridos ao longo dessa
trajetória que demonstram a evolução do
Sistema de Ensino Naval. Foram muitas
as decisões e adequações durante esse
período, principalmente pelas demandas
da Administração Naval e pela necessidade
de acompanhamento das evoluções
tecnológicas.
Por isso, nesse momento de júbilo,
surgiu a ideia desta revista, planejada em
cada detalhe para dividir com você, leitor,
as nossas atividades, conquistas, supera-
ções e progressos. Começaremos a cele-
brar essa data tão significativa contando a
história da aniversariante ao longo desse
quase um século, o que permitiu que se
atingisse o padrão de ensino observado
nos dias de hoje.
A importância das Organizações Militares (OM) subordinadas também se materia-
liza nos diferentes artigos e nas curiosidades aqui apresentadas. São narrativas que
aprofundam temas que fizeram e fazem parte da missão de capacitar. Dentre outros
assuntos, o leitor também conhecerá um pouco mais sobre o aprimoramento do itine-
rário formativo; a relevância da avaliação institucional dos nossos cursos e OM de en-
sino; a comunicação digital no recrutamento do nosso pessoal; e a evolução do ensino
a distância e do ensino de idiomas.
A cada página, “Ensino em Revista” conduz o leitor a uma expedição virtual para
informar, relembrar e enaltecer os rumos da DEnsM, na busca incansável pela excelência
no cumprimento da sua missão, e dentro de um cenário de profunda e constante
transformação.
Portanto, caro leitor, você é nosso convidado para embarcar nesta viagem e compar-
tilhar deste momento significativo para o Ensino Naval.
Seja muito bem-vindo e boa leitura!
RENATO GARCIA ARRUDA
Vice-Almirante
Diretor 3
Rol de Diretores
Rol de Diretores
A história do Ensino Naval brasileiro tem sua gênese no século XVIII, com os nossos
colonizadores. Já naquela ocasião, foi criada a Academia Real da Marinha, que tinha
como finalidade proporcionar as bases acadêmicas para os oficiais da Armada. O século
seguinte também deu a sua contribuição, com a instituição das Companhias de Aprendizes
Marinheiros que, posteriormente, tornaram-se as Escolas de Aprendizes-Marinheiros.
No século XX, com a modernização da Esquadra, foi imperioso intensificar a
qualificação marinheira. Assim, a Administração Naval não apenas instituiu novos
cursos técnico-profissionais, mas também criou escolas, como, por exemplo, a Escola de
Especialistas, em Angra dos Reis, que posteriormente, destinou-se a instalar a Escola Naval,
entre os anos de 1914 a 1921.
Além disso, fazia-se necessário, ainda, acompanhar a evolução do Ensino Naval
que ocorria no mundo, pois algumas Marinhas já haviam instituído as suas diretorias
especializadas, para supervisionar os cursos de suas escolas.
Buscando o aprimoramento, a conjuntura interna apontava para a necessidade
de algumas correções, motivadas pela dispersão geográfica de algumas escolas. Por
isso, tornou-se relevante a nomeação de uma autoridade diretora de alta patente para
supervisionar o ensino na Marinha, pois a Sétima Divisão da Diretoria de Pessoal (DP-30),
que coordenava o Ensino Naval da Marinha, era chefiada por um Capitão de Fragata.
Nesse contexto, e fundamentado nessas razões, no ano de 1931, o Chefe do Governo
Provisório criou então, pelo Decreto nº 20.734-A,
de 27 de novembro, a Diretoria do Ensino
Naval, órgão da Administração Naval
destinado a auxiliar o Ministro da
Marinha nos assuntos afetos à
orientação, direção, fiscalização
e regulamentação do
ensino elementar, técnico
e profissional, bem como à
educação física do pessoal da
Marinha de Guerra¹.
À época, o Contra-Almi-
rante Tancredo de Gomensoro
foi nomeado como Diretor-Ge-
ral do Ensino Naval e elaborou
¹ Art. 1º, do Regulamento para a Diretoria do Ensino Naval, aprovado pelo decreto 20.893, de 31 de dezembro de 1931.
Acesse o filmete
da DEnsM.
O ensino sempre foi encarado pela Ma- Este grupo considerou que o problema
rinha do Brasil (MB) como uma atividade poderia ser solucionado com a adoção do
essencial para a adequada capacitação de EaD, inicialmente, em um curso de cunho
seu pessoal. Nesse sentido, quando o Insti- mais teórico, em que não fosse necessária
tuto Monitor implementou suas primeiras a realização de atividades práticas. Desse
ações de ensino a distância (EaD) no Brasil, modo, foi escolhido como projeto-piloto o
nos idos de 1939, a MB, por meio da Escola Curso Expedito de Organização e Métodos,
de Guerra Naval (EGN), ministrou o Curso de ministrado pela Escola de Administração e
Preparação para o Comando nessa modali- Intendência do CIAW.
dade de ensino, utilizando os serviços dos Para a implementação do projeto-piloto,
Correios para o envio do material didático e foi contratada uma empresa de consultoria,
para o contato entre os alunos e os instruto- que produziu o material didático e permitiu
res para sanar as dúvidas. que os membros do GT pudessem acompa-
A partir desse momento, outros cursos a nhar o desenvolvimento do trabalho. Nesse
distância foram implementados pela Força, momento, a maior dificuldade era a neces-
como o Curso Especial de Habilitação para sidade de utilização de um Ambiente Virtual
Promoção a Suboficial (C-Esp-HabSO), de Aprendizagem (AVA), tendo sido empre-
inicialmente conduzido pelo Centro de gado o AVA Learning Space, da IBM, utilizado
Instrução Almirante Wandenkolk (CIAW) por aquela empresa.
e, atualmente, pelo Centro de Instrução No ano 2000, foi divulgado o período
Almirante Alexandrino (CIAA). de realização da inscrição para o referido
A partir de 1999, com o advento da curso na modalidade EaD. Tendo em vista
Internet, a MB intensificou as atividades de a inexistência de inscrições voluntárias,
EaD. Nesse ano, o CIAW identificou que os provavelmente pelo desconhecimento dos
alunos que serviam fora do Rio de Janeiro militares, ou mesmo pelo receio do “novo”,
estavam solicitando o cancelamento de a estratégia foi mudada, distribuindo vagas
suas matrículas em virtude da escassez de entre os Comandos de Distrito Naval,
recursos financeiros para o deslocamento para que esses, por sua vez, indicassem
e realização dos cursos, não havendo, da os militares que realizariam o curso. Essa
mesma forma, recursos para custear a ida de ação também permitiu que fosse testada a
instrutores para outros estados. comunicação entre os alunos de diferentes
Com o objetivo de apresentar soluções localidades e o CIAW.
para a situação, diante da necessidade A primeira turma contou com 38 alunos,
de promover a capacitação dos militares dos quais 19 concluíram o curso com
que serviam fora do Rio de Janeiro, foi êxito. Os alunos que não foram aprovados
constituído um Grupo de Trabalho (GT). alegaram variados motivos, destacando-se
10
11
Além dos cursos do CIAW e CIAA, a EGN de realizar o curso por EaD, em vez de
ofereceu um módulo de um de seus cursos realizá-lo por correspondência. O mesmo
regulares em EaD, para verificar a eficácia da procedimento foi adotado em 2013, porém,
modalidade. como foi verificada a pouca adesão dos
Em 2004, começou o crescimento sargentos por essa modalidade de ensino,
exponencial do EaD na Marinha, com em 2014, passaram a ser inscritos apenas
diversas OM adotando a modalidade, o que aqueles que a solicitavam. A partir de
é demonstrado no gráfico e na tabela das 2019, constata-se um aumento acentuado
figuras 1 e 2. de alunos inscritos decorrente da criação
O aumento acentuado do número de do Curso de Assessoria em Estado Maior
alunos e de cursos realizados por EaD, para Suboficiais (C-ASEMSO), totalmente
ocorrido no ano de 2012, ocorreu em realizado a distância, e da reestruturação do
virtude da inscrição de todos os sargentos C-Esp-HabSO, que deixou de ser conduzido
matriculados pelo CIAA para realizar o por correspondência, sendo executado
C-EspHab-SO no AVA, ofertando-se a opção no AVA. Em 2020, esse quantitativo foi
12
14
15
16
18
19
20
Também houve mudanças para quem que passe a constar como curso de carreira.
ingressa com a habilitação técnica obtida As Organizações Militares Orientadoras
no meio civil. O Curso de Formação de Técnicas (OMOT) foram consultadas, a
Cabos (C-FCB), além de ter recebido fim de identificar lacunas de capacitação.
incremento no ensino militar-naval, passou Como resultado, novos cursos estão sendo
a contemplar o ensino profissional. A ideia desenhados e propostos. A intenção é
é que aprendizagem e experiências obtidos alcançar um quantitativo de cursos que
no âmbito civil sejam compatibilizados contemple todas as especialidades do
com as especificidades da carreira naval, Corpo de Praças da Armada (CPA) e do
alinhando o conhecimento técnico às Corpo Auxiliar de Praças (CAP). Em 2016,
particularidades exigidas pelas fainas iniciou-se o primeiro, em Automação, e até
marinheiras e pelos meios, equipamentos e o final de 2021, o SEN conduzirá treze cursos
sistemas em uso na Força. progressivamente. Há a intenção de se
Além disso, como parte das ações chegar a vinte e oito cursos.
de evolução do itinerário formativo de Aprimorar a capacitação dos nossos
praças, está em implementação o Curso militares é uma ação estratégica, “a fim
de Aperfeiçoamento Avançado de Praças de prover à Força a pessoa certa, com
(C-ApA). Atualmente, esse curso encontra- a capacitação adequada, no lugar e no
se em caráter experimental, com todas as momento certos, visando ao cumprimento
suas etapas sendo testadas e avaliadas, até da missão da MB” (PDS-Pessoal-2040,
2021, p.19). Essa é a missão! A Diretoria de
Ensino tem buscado ultrapassar fronteiras,
romper barreiras e, em conexão com os
avanços tecnológicos, inovar para ir além do
aprimoramento estratégico.
Acesse aqui a
Formatura HabSG
2020.
21
O Colégio Naval (CN) é uma tradicional internato. A rotina diária militar começa ao
instituição de ensino militar que, neste ano amanhecer, com o toque da alvorada às 6
de 2021, completa 70 anos de existência. horas, e termina às 22h, com o silêncio. Na
Conhecido também como Barco Amarelo, parte da manhã, são ministradas as aulas;
apelido carinhoso que recebeu em virtude na parte da tarde, as atividades físicas e
da tradicional cor amarelo-colonial que esportivas; e na parte da noite, o estudo
ornamenta a fachada do prédio principal, obrigatório, além das reuniões dos grêmios.
O entretenimento é promovido pela
Sociedade Acadêmica Greenhalgh
(SAG), criada em 1975, que, durante
o ano letivo, realiza vários eventos,
como a abertura e encerramento do
Ano Cultural com apresentações de
peças teatrais e stand-up comedy,
o Concurso de Oratória e o Festival
Interno da Canção.
É notável que as histórias do
Colégio Naval e da cidade de Angra
dos Reis estão entrelaçadas, sendo
possível identificar nas construções
das estradas e rodovias de acesso à
cidade o impacto positivo para sua
fica localizado na Enseada Batista das economia e, consequentemente, para o CN.
Neves, na cidade de Angra do Reis, estado Elas facilitaram o acesso dos alunos que, até
do Rio de Janeiro. Sua missão é assegurar a o início da década de 60, era realizado apenas
capacitação intelectual, física, psicológica, por transporte marítimo e, posteriormente,
moral e militar-naval dos alunos e incentivá- passou a ser feito também por meio
los para a carreira naval, a fim de prepará- ferroviário.
los e selecioná-los para o ingresso na Escola Exemplo disso, foi observado a partir
Naval. de 1951, quando os contratorpedeiros
Oriundos das cinco regiões do Brasil, seus atracavam no porto de Angra do Reis e traziam
alunos realizam, durante três anos, o Curso os alunos do Colégio Naval. Nessa época,
de Preparação de Aspirantes, em regime de também existiam caminhos e trilhas na mata,
22
23
sua casa dizendo que, por determinação do Santos (BR-101), os alunos que ingressavam
Diretor, ele precisava cortar o cabelo e se no CN tinham a opção de chegar mais rápido
apresentar o mais brevemente possível no ao Colégio. Considerada uma das rodovias
CN, pois havia saído a sua reclassificação. mais bonitas do Brasil, liga os municípios
Esse fato foi marcante na vida do CMG do Rio de Janeiro a Santos, litoral paulista,
Andrade Filho, sem contar o dia em que seu e continua até hoje sendo o trajeto mais
filho, que é médico, foi aprovado no concurso utilizado pelos alunos.
para o Corpo de Saúde da Marinha e passou Vale destacar que a BR-101 possibilitou
a dividir com ele a mesma Praça d’Armas do que a economia da cidade tivesse um grande
Colégio Naval, uma vez que o Comandante salto com a chegada da CNAAA, complexo
Andrade Filho trabalha como oficial veterano formado pelo conjunto das usinas Angra 1
contratado - Tarefa por Tempo Certo (TTC) - e 2, além de Angra 3, ainda em construção.
nesse estabelecimento de ensino. A central nuclear recebeu esse nome em
Nos anos 70, a cidade de Angra dos Reis, homenagem ao Almirante Álvaro Alberto, que
já considerada área de segurança nacional, sempre defendeu que o desenvolvimento
entrou para o noticiário, sendo uma das científico e tecnológico está intimamente
principais áreas do projeto do Plano ligado à prosperidade do país. O almirante,
Trienal de Desenvolvimento, elaborado patrono da ciência, da tecnologia e da
pelo governo militar. Nesse período, novos inovação da Marinha do Brasil, contribuiu
investimentos foram levados para a cidade, para a implementação do Programa Nuclear
entre eles: a rodovia Rio-Santos, a Central Brasileiro, sendo o primeiro presidente do
Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA) e o CNPq (órgão que tem como objetivo principal
Terminal de Petróleo da Baía da Ilha Grande incentivar a pesquisa científica no país). Em
(TEBIG). Com a abertura da rodovia Rio- virtude dessa tamanha importância para o
Acesse aqui o
Video Institucional
do CN.
24
país e para a MB, o primeiro submarino com Entre os diversos momentos incríveis
propulsão nuclear brasileiro será batizado vividos no CN, o Comandante Serafim
com o nome Almirante Álvaro Alberto. destacou a primeira vez que lá chegou e
Quem já aproveitou as melhorias pôde apreciar a bela paisagem da Enseada
ocorridas no deslocamento para o Colégio Batista das Neves, também conhecida como
com a implementação da BR-101 foi o Capitão “Costeirinha”. Essa cena foi repetida mais
de Mar e Guerra Emerson Augusto Serafim, duas vezes: a primeira como Comandante
que ingressou no CN em 1988, com 14 anos, de Companhia (ComCia), em 2002, e a
após concluir o primeiro grau. Integrante da segunda em 2018, quando assumiu o cargo
turma Almirante Eduardo Wandenkolk, o de Comandante do Colégio Naval. Dentre
CMG Serafim nasceu no subúrbio do Rio de tantas histórias e recordações engraçadas
Janeiro, no bairro de Irajá. O desejo de seguir nas três passagens pelo CN, que somam
a carreira militar surgiu durante as aulas aproximadamente 70 meses, o CMG Serafim
de um professor de matemática na Escola contou que, durante uma inspeção, quando
Municipal Conde Pereira Carneiro. Para já estava no terceiro ano escolar, viu um fio
ele, a possibilidade de traçar um caminho de linha no uniforme de um “campanha”
diferente de seus irmãos e familiares era o e, achando que poderia ajudar o amigo,
ingresso nas Forças Armadas, sendo que, a puxou-o e acabou tirando o botão da
princípio, estabeleceu como meta servir à camisa, motivo de risos e ao mesmo tempo
Força Aérea Brasileira. Como a vida
é feita de desafios, o CMG Serafim,
que na época tinha completado
13 anos, precisou dar aulas para
pagar o cursinho preparatório. Ele
intercalava os horários de estudo
com as aulas que ministrava nos
períodos da manhã e da tarde para
os alunos da faixa etária entre 9 e
13 anos. Sua completa dedicação
aos estudos possibilitou a ele ser
aprovado no concurso das três
Forças Armadas, sendo que optou
pela Marinha do Brasil, devido à
melhor qualidade de ensino. Quando chegou de preocupação, por receio de ser punido
ao Colégio Naval, encontrou uma realidade pelo seu ComCia.
bastante diferente e enfrentou dificuldades, Dos anos 90 até os dias de hoje, novas
principalmente na disciplina de matemática mudanças econômicas aconteceram na
que era ministrada pelo professor Novaes. cidade de Angra dos Reis. Uma delas foi a
25
26
27
28
para cada concurso público, desenvolvimento que é voltada a sanar dúvidas dos candidatos.
de pesquisas para compreensão do público, Hoje se encontra em teste o atendimento via
publicações constantes sobre o andamento dos WhatsApp, aplicativo de maior uso global, com 2
concursos com o uso de links para o site oficial, bilhões de usuários no mundo, de acordo com o
crescimento progressivo da base fãs e conexão site de estatísticas Statista. Esse tipo de serviço
entre calendários de temas em geral, como datas será um acréscimo aos tradicionais canais já
comemorativas de profissões, datas históricas e usados, como o telefone e e-mail.
o tema concursos públicos. O e-mail, outra ferramenta de comunicação
Ademais, quando os editais são publicados, digital utilizada, tem se mostrado muito eficaz
o SSPM envia mensagens pelo WhatsApp sobre na difusão de informações sobre os concursos e
os concursos e processos seletivos. O texto é processos seletivos, trazendo a oportunidade de
elaborado em uma linguagem coloquial, que estabelecer contato com instituições de ensino,
é construída utilizando-se linguagem verbal imprensa e candidatos. Além disso, é por e-mail
29
que pesquisas podem ser realizadas a fim de a publicação prévia, pela fan page Ingresso
identificar lacunas que aprimorem o processo na Marinha, sobre a participação da equipe de
de recrutamento. divulgação de concursos em um determinado
Não deixando de lado o caráter tradicional, local e horário, com o objetivo de aumentar a
no que tange aos meios impressos, como assertividade da comunicação presencial.
folders e cartazes, o SSPM mantém ligação Devido à necessidade de ampliação
com a comunicação digital QR code. Qualquer e demarcação das ações de recrutamento
interessado que estiver com um desses materiais mediante os diversos públicos, foi criada a
de divulgação em mãos pode acessar o site marca “Ingresso na Marinha”. O registro ocorreu
Ingresso na Marinha e ficar atualizado sobre os no dia 6 de agosto de 2019, no Instituto Nacional
concursos: basta apontar o celular para o código de Propriedade Industrial (INPI) e será lançada
impresso e pronto! em breve. A perspectiva é de que haja novos
Por outro lado, permanece, ainda, a produtos para seu lançamento: novo site com a
divulgação de concursos e processos seletivos utilização plena dos recursos de comunicação
de forma presencial, seja por meio de multimídia (podcasts, vídeos, apresentações,
palestras em instituições de ensino, seja por banners, folders e cartazes para downloads,
meio de participação em feiras de empregos jogos on-line para o público infantojuvenil,
e estágios, todos em contato direto com o e-books, infográficos, sala de imprensa e galeria
público, com explicações detalhadas sobre os de fotos), atendimento via chatbot, uso de
certames e distribuição de folders. A prática marketing de permissão (interessados poderão
da comunicação digital não exclui essa forma informar um e-mail para o recebimento de
de trabalho, ao contrário, enriquece-a com informações sobre os concursos), inscrições
seus inúmeros recursos. Um exemplo disso é por CPF e o aplicativo Ingresso na Marinha, que
30
terá assuntos divididos por área do candidato, de brasileiros que acessam a Internet usam o
formas de ingresso, provas anteriores, notícias celular, sendo que 58% conectam-se somente
e concursos. por esse dispositivo móvel. Além disso, as
Os desafios mais proeminentes para a atividades de comunicação por voz e vídeo são
captação de pessoal dizem respeito à falta de as mais realizadas, feitas por 79% da população.
acesso aos meios digitais – pois nem todos Isso demonstra a importância de se planejar a
os brasileiros têm acesso à Internet ou a comunicação digital de captação de pessoal via
computadores – e à absorção da cultura digital celular, por voz e vídeo.
por parte dos indivíduos. Tendo em vista todas essas considerações,
Segundo a pesquisa sobre o uso das verificou-se que a comunicação digital feita pela
Tecnologias da Informação e Comunicação Internet hoje, no SSPM, tem grande importância
nos domicílios brasileiros - (TIC) Domicílios para a captação de pessoal. Mesmo sendo um
2019, feita pelo Centro Regional de Estudos processo de trabalho já consagrado e bem-
para o Desenvolvimento da Sociedade da sucedido, as constantes evoluções tecnológicas
Informação (Cetic), 47 milhões de brasileiros demandarão continuadas adaptações que
não usam a Internet (26% da população). têm sido vislumbradas
Dessa forma, ressalta-se que as ações não e que deverão ser
são voltadas somente para o público-alvo dos implementadas pela
concursos da MB, mas também para todos ao equipe SSPM.
seu redor (familiares, professores, imprensa
e influenciadores digitais). O desafio, então, é
planejar a captação de pessoal nesse contexto e
em um país com dimensões continentais como
o Brasil, cujas necessidades mudam de região
para região. Assim, admite-se que a
comunicação digital tem sua validade,
mas, perante esses dados, percebe-
se que as atividades presenciais
também são necessárias em
determinadas situações.
A pesquisa feita pelo
Cetic em 2019 também aponta
que 99% dos 134 milhões
31
32
nada Rede de Trabalho do PQS (RTPQS), que grama de Qualificação, desde 2019, já foram
é formada por representantes de todos os realizadas mais de 6000 qualificações de mi-
Comandos de Força que possuem navios de litares.
superfície e tem como elemento central a Di- A esta altura é preciso deixar claro que,
retoria de Ensino da Marinha, representada desde sempre, os militares da Marinha do
pelo Grupo de Desenvolvimento e Controle Brasil são instruídos, treinados e preparados
para exercerem suas tarefas de bordo. O
mérito e foco do PQS está em padronizar,
formalizar e sistematizar esse processo de
capacitação de pessoal. Mais que isso, o fato
de o grupo de desenvolvimento e controle
do programa estar nucleado na Diretoria de
Ensino da Marinha (DEnsM) – Órgão Central
do Sistema de Ensino Naval – faz com que a
esfera de atuação do ensino na MB ultrapasse
os limites físicos de nossas escolas e centros
do PQS (GRDPQS). É a RTPQS que promove de instrução e adestramento e estabeleça
o aperfeiçoamento contínuo da documenta- uma nova fronteira a bordo dos navios de
ção que baliza as qualificações, supervisiona superfície, levando a expertise nos processos
a atuação dos coordenadores do PQS a bor- de capacitação da DEnsM para bordo dos
do dos navios e, por meio de um conjunto de navios e, sinergicamente, trazendo para
17 indicadores, acompanha o atingimento dentro das escolas as reais demandas dos
das metas estabelecidas. Sob a égide do Pro- meios navais de superfície.
Programa de
Qualificação para o
Serviço
34
35
38
39
40
41
IMPLEMENTAÇÃO DO CIRCUITO DE
LIDERANÇA NA FORMAÇÃO DAS PRAÇAS
Primeiro-Tenente (RM2-T) Thiago Teobaldo de Sousa
42
43
44
45
A era do conhecimento nos trouxe a va- dros os profissionais formados nas melhores
lorização do fator humano como principal universidades do país. A Marinha do Brasil
“ativo” de uma instituição que almeja se (MB), da mesma forma, atenta à importância
manter competitiva no ramo em que atua. O da formação acadêmica de excelência para a
indivíduo, com seu conhecimento associado capacitação da sua força de trabalho, realiza
e a forma como é empregado, torna-se foco parcerias no país com reconhecidas institui-
permanente das grandes corporações. Nesse ções do meio civil, seja por meio de convê-
contexto, a qualidade da formação acadêmi- nios, contratos ou acordos de cooperação.
ca continuada de seus colaboradores é um re- Algumas Organizações Militares de Ensino
quisito de relevância a ser considerado pelas (OME) recebem suporte acadêmico por meio
instituições, a fim de possuírem em seus qua- de parcerias para a condução de determina-
dos cursos que, pelos conteúdos curriculares
que abordam, exigem preparo docente espe-
cífico.
A representação gráfica nos mos-
tra o quanto as instituições civis
colaboram com a formação do
nosso pessoal. A Diretoria de
Ensino da Marinha (DEnsM)
mantém convênio com a
Universidade de São Pau-
lo (USP) para a formação
de engenheiros navais,
e com a Universidade
Federal de Itajubá (UNI-
FEI), para a formação de
engenheiros mecânicos
aeronáuticos. A Escola de
Guerra Naval (EGN) reali-
za parcerias com a Ponti-
fícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro (PUC-RJ),
em apoio ao Curso de Estado-
-Maior para Oficiais Superiores
(C-EMOS), e com o Instituto Brasilei-
46
48
Voluntariado
é doação, dedicação
e aprendizado.
Conheça o trabalho do Departamento
Voluntárias Cisne Branco.
Junte-se a nós!
Hoje, os C-ApA são uma grande ferra- que as demandas são atendidas e os proble-
menta de manutenção da mentalidade de mas resolvidos. Adicionalmente, obtém-se o
constante aprimoramento e permitem ao ganho com a replicação do conhecimento,
militar não se limitar aos cursos obrigató- por meio de treinamentos e cursos para ou-
rios exigidos para a continuidade da carreira, tros profissionais que compartilham o mes-
expandindo seus horizontes e possibilida- mo ambiente de trabalho. O resultado vem
des. Os ganhos se estendem desde o militar, sob forma de ganhos para a qualidade das
passando pela OM na qual está inserido, até atividades desempenhadas pelos militares
a Força como um todo. Simultaneamente, que passam a deter conhecimentos adqui-
quebram-se os paradigmas de continuidade ridos no curso, possibilitando, assim, uma
estagnada, passando-se à mentalidade de melhor assessoria aos chefes e encarrega-
que o conhecimento deve ser buscado inces- dos, além de mais autonomia para resolver
santemente. problemas cotidianos e extraordinários.
Atualmente, o Programa de Ensino do Concluindo, os C-ApA permitem à
CIAA prevê os C-ApA de Controle e Automa- Marinha do Brasil posicionar-se avante
ção, Pneumática e Hidráulica, Gestão do no tocante à preparação tecnológica e do
Ciclo de Vida e Segurança da Informação e conhecimento, para que seus militares
Comunicações, com duração de 12 semanas tornem-se mais bem qualificados para os
e com 30 alunos por turma. Seus currículos desafios dos desconhecidos mares que estão
contemplam disciplinas como: Controlador por vir e capacitados para propor soluções
Lógico Programável, Linguagem de Progra- inteligentes, a fim de otimizar recursos
mação Aplicada, Sistemas de Supervisão, materiais e de pessoal, evitando desperdício
Apoio Logístico Integrado, Processos de Ge- de tempo e de recursos financeiros, o que
renciamento Técnico do Ciclo de Vida, Fun- torna o trabalho mais produtivo e com uma
damentos de Lógica Digital, Pneumática e gama menor de esforço.
Hidráulica, Forense Computacional e Nor-
mas e Padrões de Segurança das
Informações. Estes são exemplos
de cursos que buscam contemplar
tanto o aprofundamento de assun-
tos já conhecidos, como também a
aquisição de ferramentas para ven-
cer novos desafios.
As OM em que já existem milita-
res com aperfeiçoamento avançado
têm relatado um grande ganho de
produtividade no trabalho, o que
reflete na eficiência e agilidade com
51
52
arquivos de texto, áudios e vídeos explicativos e promove a cooperação, à medida que os pro-
sobre as matérias; e realizou questionários no fessores aprendem ao mesmo tempo em que os
Google Forms. estudantes, e atualizam continuamente os sa-
Algumas das vantagens proporcionadas beres disciplinares e as competências pedagó-
pela implementação dessas tecnologias foram o gicas, incentivando o estudo e o pensamento. O
acesso ao conhecimento, a qualidade a menor docente centra a atividade no acompanhamen-
custo e a autonomia no estudo. Além disso, hou- to e na gestão das aprendizagens, estimula a tro-
ve maior interação entre as partes envolvidas, e ca de saberes, a mediação relacional e simbóli-
facilidade para registrar informações e aumen- ca e a pilotagem personalizada dos percursos de
tar os canais de disseminação, potencializando aprendizagem.
o processo de construção do conhecimento, in- Para um uso pedagógico do ambiente digi-
dependentemente do meio pelo qual a aprendi- tal, uma escolha minuciosa deve ser feita, não
zagem se desenvolveu. somente das tecnologias educacionais de que
Nessa sociedade da informação em rede, alunos e instrutores dispõem e das condições
caracterizada pela velocidade, o ensino está em de acesso à mídia que essas tecnologias supor-
sinergia com as organizações de aprendizagem tam, mas também da eficiência dos objetivos
53
54
55
O PROFISSIONAL PEDAGOGO
Capitão de Corveta (T) Luiza de Sousa Ferreira de Mendonça
Capitão-Tenente (T) Tiago Silva de Amorim
tos, visando à melhoria contínua do pro- de maneira que sua prática ultrapasse o
cesso de ensino e aprendizagem. “simples fazer” para um “fazer consciente”,
No que se refere especialmente ao a partir de uma visão mais abrangente,
trabalho de orientação pedagógica, mas não distanciada, do processo escolar.
esse profissional atua de forma mais Em relação à função específica de
direta com os docentes, orientando e orientação educacional, o pedagogo tem
acompanhando as atividades escolares. um compromisso com o desenvolvimen-
O objetivo é de fomentar possibilidades to integral do aluno, e sua atuação deve
para provisão de meios necessários ao ser cuidadosamente planejada e sistema-
incremento da ação docente e, sobretudo, tizada, de maneira a acompanhar os dis-
abordar a importância do processo centes na sua trajetória escolar ao longo
educativo desenvolvido de forma do processo educativo. Dessa forma, as
integrada no ambiente escolar. Para tanto, atividades desempenhadas pelo orienta-
é fundamental que apresente, além dos dor educacional são de extrema impor-
conhecimentos técnicos inerentes à sua tância, no sentindo de conhecer o perfil
atividade rotineira, competências como do aluno, identificar características e de-
escuta ativa, fornecimento de feedbacks, mandas que possibilitem uma assistên-
relacionamento interpessoal e liderança, cia mais direcionada aos discentes, não
58
59
60
nos anuais, perfazendo, nos últimos 5 anos, se deve selecionar, obtendo, ao final, o perfil
mais de 60.000 AP. psicológico, ou seja, o conjunto de caracte-
O processo de AP para seleção segue rísticas necessárias ao bom desempenho da
um modelo que se inicia pela análise do função. Realiza-se, então, a comparação do
trabalho a ser desempenhado e pelo levan- perfil do candidato - obtido com a aplicação
tamento das variáveis físicas, psicológicas e de técnicas e testes psicológicos - com o per-
ambientais inerentes à atividade para a qual fil da atividade previamente levantado. Des-
sa forma, os resultados da AP são emitidos
61
em termos de probabilidade de êxito dos candi- dos militares selecionados, realizada preferen-
datos examinados para aquela função/ativida- cialmente in loco, é o que possibilita o aprimo-
de. Quanto maior a semelhança entre os perfis, ramento de todo o processo seletivo realizado
maior a probabilidade de bom desempenho. pelo SSPM, refinando, também, os dados que
O controle de qualidade desses processos compõem o modelo de Análise do Trabalho, ade-
é feito por meio do acompanhamento dos quando-o às novas demandas da profissão. Essa
militares, ou seja, por intermédio da verificação outra vertente do acompanhamento é igualmen-
do desempenho prático dos profissionais te importante. De tempos em tempos e pelos
que foram submetidos à AP e estão no efetivo mais diversos motivos, as próprias característi-
desempenho das suas atividades. A comparação cas da atividade tendem a mudar. Um exemplo
entre o prognóstico emitido por ocasião da foi a mudança de perfil de algumas atividades
avaliação e o desempenho efetivo nas tarefas é um do Grupo Base da Estação Antártica Comandan-
indicador da validade da AP. Com base nos dados te Ferraz (EACF), com a inauguração da nova es-
levantados, todo o processo é retroalimentado, tação; ou mesmo a modernização das aerona-
com vistas ao seu aprimoramento. ves que hoje têm painéis totalmente digitais; ou
A atividade de acompanhamento consiste, ainda o advento dos submarinos nucleares. Tais
basicamente, na coleta, organização, análise e mudanças devem ser mapeadas e registradas,
armazenamento dos dados de desempenho do com foco na avaliação de seu impacto no desem-
pessoal tanto nas atividades operativas quanto penho dos militares, o que, consequentemente,
nas relativas aos ambientes inóspitos, bem como afetará as exigências da AP.
em cursos de formação na MB. Assim, é possível Ciente da importância em se obter esses
atualizar o banco de informações do SSPM, a dados, o SSPM busca ampliar a participação dos
fim de estabelecer indicadores para estudos e psicólogos nas atividades exercidas pelos milita-
pesquisas e para a garantia da confiabilidade res selecionados. Por meio da pesquisa de cam-
dos processos realizados pelo SSPM. po, pode-se colher dados importantes a serem
A verificação da execução dos trabalhos utilizados como indicadores do sucesso da AP
para fim de seleção. Além disso, os profissionais
que realizam as avaliações podem
se aproximar da atividade para a
qual devem escolher os candida-
tos mais indicados, de forma a
conhecer os aspectos envolvidos,
propor alterações no perfil e ve-
rificar os traços desejáveis e im-
peditivos para aquela atividade/
função.
Nesse sentido, o SSPM
embarcou duas oficiais psicólogas
na OPERANTAR XXXIX, visando a
62
acompanhar os militares aprovados para fazer busca-se a ampliação das pesquisas de campo,
parte do Grupo Base da EACF, possibilitando a visando a conhecer a fundo o ambiente onde as
avaliação in loco do ambiente e, assim, subsidiar atividades são realizadas. As informações obti-
o aprimoramento do processo seletivo. Além das são então registradas, com foco na avaliação
disso, as psicólogas puderam atuar diretamente de seu impacto no desempenho dos militares, o
na preparação dos militares para uma missão que, consequentemente, afetará as exigências
longa em ambiente inóspito, por meio de do processo seletivo, tornado-o cada vez mais
treinamentos e desenvolvimento interpessoal. eficaz.
Portanto, a fim de aprimorar
o processo de seleção de indiví-
duos habilitados com as melho-
res condições de se ajustarem
às diferentes demandas opera-
tivas, é relevante a inserção do
SSPM nas operações da MB. O
resultado dessa interação tam-
bém pode propiciar uma melhor
adaptação do homem à tarefa,
aumentando a produtividade, o
bem-estar e a segurança no exer-
cício das atividades. Para isso,
Visita de intercâmbio de conhecimentos afetos à psicologia militar junto ao Centro de Psicologia Aplicada do Exército.
63
METODOLOGIAS ATIVAS:
DESAFIOS NA PANDEMIA
Capitão de Mar e Guerra (RM1-T) Luiz Claudio Medeiros Biagiotti
Capitão de Fragata (T) Patrícia Pontes Bezerra Teixeira
Professor-Adjunto Wellington Dantas de Amorim
Capitão-Tenente (AA) Claudeniz Fernandes Guimarães
Primeiro-Tenente (T) Rafael Correia Dantas
64
tas; o fundamental seria ter um arsenal de nada em grande parte pelo avanço tecnoló-
instrumentos de análise e saber como apli- gico (além de aspectos sociais, econômicos
cá-los com o nível de adaptação necessário. etc). O entendimento da realidade para as
Além disso, o próprio processo de ensino, gerações que possuem um maior acesso à
no molde considerado tradicional, torna-se informação passou a ser mais por meio de
muitas vezes enfadonho, tendo em vista que imagens do que literal, mais digital do que
a relação professor-aluno é conduzida basi- analógica; além disso, a dissociação entre
camente por uma via única, ou seja, do pro- professores de uma geração e alunos de
fessor emissor para o discente receptor, sem outras provou ser um grande desafio. Cabe
uma interação maior. De modo a superar tal destacar que grande parte dos aspirantes da
situação, concebeu-se o conceito de Meto- Escola Naval (EN), dos alunos dos cursos de
dologias Ativas, com o objetivo de aumentar especialização do Centro de Instrução Almi-
consideravelmente a mencionada interação, rante Alexandrino (CIAA) e dos discentes do
além de propor maneiras adicionais de apre- Colégio Naval (CN) se enquadram na chama-
ensão e análise de conhecimentos que vão da Geração Z, nascida entre os últimos anos
além da sala de aula. do século XX e início do século XXI.
A segunda onda é derivada da mudança A terceira onda, a pandemia da
acelerada dos perfis geracionais, impulsio- COVID-19, impôs a necessidade de uma sé-
65
66
67
68
69
Aspirantes realizando
adestramento de navegação
no SIMPASS-MP.
70
71
poupados das saídas com aspirantes sem para um novo tempo, sendo, portanto, ine-
nenhuma experiência prática, as quais são vitáveis. Entretanto, é necessário ressaltar
normalmente mais demoradas e com baixo que nada substitui o balanço do navio, o ca-
aproveitamento. Da mesma forma, a simula- lor da praça de máquinas e o desconforto
ção de execução de tiro no CTTE permite que do peso do equipamento durante as longas
os aspirantes Fuzileiros Navais, por exem- marchas em campo para forjar os homens
plo, executem o tiro real apenas quando sua e mulheres que liderarão a Marinha do Bra-
técnica estiver mais apurada, otimizando, sil na defesa da Pátria ou na árdua tarefa
assim, o consumo de munição. Além da mi- de manter o Poder Naval sempre pronto. Os
tigação de riscos e custos, os simuladores simuladores reforçam os conceitos, mas o
permitem a repetição de exercícios com alto grande “teste de fogo” é o mundo real, onde
grau de periculosidade sem os riscos de aci- os futuros oficiais aplicarão os fundamen-
dentes, proporcionando, de forma didática, tos adquiridos em sala de aula, desenvol-
gradativa e atraente, a consolidação dos co- vendo, além de conhecimento técnico-pro-
nhecimentos apresentados em sala de aula. fissional, atributos de caráter emocional
O aspirante da EN poderá treinar que são essenciais ao exercício de uma li-
procedimentos de emergência, navegação derança efetiva. Ou seja, a realidade virtual
em condições meteorológicas desfavoráveis, e o mundo real são partes simbióticas ne-
bem como exercitar manobras para atracação cessárias para forjar a formação dos futuros
de embarcações sem sair da sala de aula, oficiais, inserindo-os nesse novo mundo
imerso num ambiente próximo da vida real, com elevadas tecnologias e onde o conhe-
mas completamente seguro, permitindo, cimento tecnológico e a experiência prática
assim, a reconstituição dos erros e acertos, serão cada vez mais exigidos.
que poderão ser analisados por mais
aspirantes, repetidos e corrigidos. Seguindo
o lema de que a prática leva à perfeição, no
caso dos simuladores, essa prática é bem mais
econômica do que se fosse realizada a bordo
de um navio ou de uma unidade operativa de
Fuzileiros Navais.
As tecnologias citadas são disruptivas
e direcionam o futuro das Forças Armadas Treinamento de aspirantes Fuzileiros Navais no CTTE.
73
75
navais e operativos, os resultados alcançados dos estágios de carreira das praças, permitindo
e a gestão institucional. Nesse contexto, está que os seus resultados fossem utilizados,
inserida a avaliação do Sistema de Ensino Na- exclusivamente, para a melhoria dos currículos
val (SEN), cujos princípios estão alicerçados, e da qualidade da capacitação oferecida nos
especialmente, na garantia de padrões cursos do SEN.
de qualidade e na avaliação inte- Além disso, também em 2019,
gral e contínua. Essa avaliação a avaliação pós-escolar dos
abrange cinco grandes di- militares do Corpo de Praças
mensões: corpo docente, da Armada (CPA) e do Corpo
corpo discente, organiza- Auxiliar de Praças (CAP),
ção didático-pedagógica, que até então era feita em
instalações e pós-escolar. fichas de papel, passou
Nesse momento, focare- a ser online, por meio do
mos a nossa atenção so- Sistema de Avaliação Pós-
bre esta última dimensão: a -Escolar, mais conhecido
avaliação pós-escolar. como SisAPE. Esse sistema
“Pós”, porque é posterior à foi desenvolvido pela DEnsM
formação “escolar”, porque possui com o objetivo de facilitar a exe-
caráter formativo e sistematizado, cução da avaliação e dar maior cele-
capaz de gerar evidências que orientem a ridade a esta, especialmente em relação ao
superação de lacunas detectadas nos currículos preenchimento, envio, compilação e análise
e nos processos de ensino e aprendizagem dos dados. Do total dos militares formados em
dos cursos. Também é interativa, uma vez que 2019, 98,84% foram avaliados pelo SisAPE, evi-
oportuniza o diálogo e o feedback entre os denciando a consolidação desse sistema junto
usuários do SEN: Organizações Militares (OM) aos seus usuários: cerca de 340 OM foram en-
de ensino, militares recém-formados (egressos volvidas nesse processo. Outrossim, ele tam-
dos cursos) e OM receptoras desses recém- bém contribuiu para a redução de gastos com
formados. papel e impressão e para um maior controle do
Ao longo dos anos, a avaliação pós-escolar recebimento das fichas de avaliação por parte
passou por mudanças em sua metodologia e das OM de ensino formadoras.
instrumentos avaliativos. A fim de reforçar o seu Na prática, então, como se dá esse pro-
caráter pedagógico, ela foi, em 2019, dissociada cesso? Em linhas gerais, ao concluir um curso
77
78
79
O artigo 4º da Constituição Federal (CF) mais intensa, tendo 23 militares formados, segui-
enuncia que a República Federativa do Brasil do de São Tomé e Príncipe com 20 alunos.
é regida por princípios em suas relações Quanto à execução, os militares das
internacionais, entre os quais deve buscar a nações amigas foram absorvidos nos Cursos de
cooperação entre os povos para o progresso da Especialização (C-Espc) e de Aperfeiçoamento
humanidade. Além disso, a Política Nacional de (C-Ap), de acordo com seus círculos hierárquicos
Defesa afirma que “o Brasil concebe sua Defesa e graduações nos países de origem. Receberam
Nacional segundo os seguintes pressupostos: instrução militar-naval, aulas de língua
buscar a manutenção do Atlântico Sul como zona portuguesa, além de conhecimentos técnico-
de paz e cooperação; (...) participar de organismos profissionais indispensáveis às suas habilitações.
internacionais, projetando cada vez mais o País Ademais, inseridos na mesma rotina dos alunos
no concerto das Nações.” brasileiros, vivenciaram e incorporaram valores
Nesse contexto, a Marinha do Brasil (MB) da MB.
intensificou a cooperação e o intercâmbio de Adicionalmente, cabe destacar que o
conhecimento para a formação de militares das Sistema de Ensino Naval (SEN) formulou
Marinhas Amigas. Buscando reforçar os laços um curso exclusivo à Marinha Namibiana: o
com essas nações, estabeleceu como prioridade Curso de Formação da Marinha da Namíbia
os países da América do Sul e do continente (C-FMN-NAM), perfazendo uma história de
Africano, mas não exclusivamente os de língua colaboração de mais de 20 anos com aquele país,
portuguesa. totalizando 891 militares capacitados de 1998
O CIAA, por meio da Divisão dos Cursos para a 2019, contribuindo para construção do Poder
Estrangeiros, vem gerenciando a condução dos Naval daquela nação.
diversos Cursos de Formação para militares es- Torna-se claro, portanto, que a MB, por meio
trangeiros e acompanhando o desempenho aca- do CIAA, tem contribuído com a política externa
dêmico dos alunos. No período de 2011 a 2021, nacional, estreitando as relações diplomáticas
foram 63 praças de Marinhas Amigas (Cabo verde, e construindo um ambiente de camaradagem,
São Tomé e Príncipe, Senegal, Venezuela, Uru- reforçando os vínculos com diversas Marinhas
guai e México) capacitadas. Ao longo do período Amigas com cooperação e intercâmbio de
de formação, Cabo Verde foi o país com relação conhecimento.
A Empresa Gerencial de Projetos Navais - EMGEPRON é uma empresa pública criada em 09/06/1982, vinculada
ao Ministério da Defesa por intermédio do Comando da Marinha do Brasil. Tendo em vista a necessária adaptação
da cultura organizacional vigente às transformações impostas pelas boas práticas de mercado, vem aperfeiçoando
para se tornar a empresa mais competitiva no seu âmbito. Nesse escopo, a Empresa delineou seus três focos de
negócios, que são:
Gerenciamento de Projetos Estratégicos da Economia do Mar, que engloba uma vasta gama Plataforma de Exportação de Produtos de
Marinha, como os Navios Classe Tamandaré e o de serviços relacionados aos segmentos de Defesa, em especial as Munições fabricadas pela
Navio de Apoio Antártico. negócio do mar. Marinha, e a Interveniência Técnica.
Desta forma, a Empresa se apresenta como uma propícia alternativa para as Forças Armadas e diversas
organizações públicas e privadas que buscam solucionar suas demandas específicas, que não fazem parte de
seus ambientes de negócios, mas fazem para a EMGEPRON.
www.emgepron.gov.br facebook.com/EMGEPRON
curso e das categorias estabelecidas para Mas ainda havia lacunas com questões
avaliação, por meio de análise das pergun- a serem respondidas, entre elas: qual o
tas que constituíam os inquéritos pedagó- significado dos resultados obtidos? O que
gicos. A partir de então, ocorreu a primeira representava o resultado obtido pela OM
iniciativa para a sistematização da avalia- em relação ao desempenho desejado? Em
ção para as OM do SEN, com a criação da função dos resultados, como considerar, de
Sistemática de Avaliação do Sistema de En- forma integrada, o desempenho da OM à luz
sino Naval (SAVSEN), que incorporou recur- do cumprimento de sua missão?
sos de informática na ação avaliativa. Foi a partir desses questionamentos
Nesse contexto, todas as OM do que teve origem o primeiro estudo relativo
SEN passaram a aplicar questionários a uma metodologia de avaliação específica
padronizados, mas ainda avulsos, já que para as OM do SEN, de forma que, por
destinavam-se à avaliação dos docentes, meio dos resultados obtidos na avaliação,
dos discentes, da organização didático- eram gerados subsídios para tomadas de
pedagógica e das instalações, ainda de forma decisão, na busca contínua de um ensino de
isolada. A sistemática de avaliação proposta qualidade. Estamos nos reportando ao ano
à época incorporou também uma avaliação de 2004, ocasião em que o Sistema Nacional
dos egressos dos cursos, denominada de de Avaliação da Educação Superior (SINAES)
era recém-implantado pelo Ministério de
avaliação pós-escolar, bem como uma
Educação (MEC) e quando foi realizado, na
autoavaliação, realizada pelos docentes
Escola Naval (EN), um estudo que conduziria
e discentes. Dessa forma, foram obtidos
ao embrião da Metodologia de Avaliação
resultados de avaliação que representavam do Sistema de Ensino Naval, tendo como
o momento da ação educativa de forma mais referência os indicadores estabelecidos no
abrangente, mesmo que de maneira não SINAES.
integrada.
83
Avaliação Institucional no Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval Almirante José Maria do Amaral Oliveira (CIAAN) 2021.
86
87
88
os exames passaram a ser mais abrangentes Exército solicitou a cessão de instrutores para
e elaborados pelo próprio pessoal especiali- compor seu quadro docente em algumas
zado da DEnsM; e o incentivo para a realiza- ocasiões.
ção de exames de proficiência por militares Em maio de 2017, o Gabinete do
e servidores civis em institutos credenciados Comandante da Marinha solicitou a criação
extra-MB. de um banco de dados com resultados de TSI
Para a preparação dos militares obtidos ao longo da carreira dos oficiais em
designados para CPE, a proposta foi capacitar diversos idiomas e em caráter voluntariado,
os futuros instrutores buscando a expertise visando acompanhar a proficiência dos
técnica junto a alguma organização já concorrentes às CPE. Essa demanda trouxe
consagrada. Assim, foi estabelecido um à tona a necessidade de aprimorar os
convênio com o Departamento de Ensino e estudos sobre: a ampliação da capacidade
Cultura do Exército, por meio do Centro de de aplicação de TSI; o aprimoramento do
Idiomas do Exército (CIdEx), para o estágio banco de dados para registro da proficiência
intensivo de oficiais da DEnsM, especializados em línguas; nova alteração das normas em
no ensino de línguas. Em contrapartida, o vigor; e a relevância da criação do Centro de
89
90
vida no exterior, sem falhas no processo co- suas famílias em diversas atividades nessa
municativo. No aspecto do trabalho, é ofere- nova perspectiva da vida no exterior.
cida aos alunos a oportunidade de vivencia- Ao longo desses três anos de existência,
rem simulações autênticas da necessidade verifica-se que o Curso de Imersão em Idiomas
do uso da língua em contextos de reuniões, tem sido motivo de grande reconhecimento e
negociações, debates e apresentações. Mui- um orgulho para a DEnsM que conseguiu so-
tas dessas simulações advêm de experiên- brepor as dificuldades apresentadas ao longo
cias trazidas por militares da MB em comis- do processo de implantação dessa nova siste-
sões no exterior ao longo desses dois anos mática. Ao entregar à MB militares qualifica-
de projeto-piloto. Além disso, é constante dos e aptos para representarem o bom nome
nas aulas a presença de militares nativos do da Instituição no exterior, é possível verificar
idioma-alvo, bem como são realizadas visi- os frutos de um trabalho realizado com com-
tas externas a espaços culturais do Rio de prometimento e dedicação. O valor agregado
Janeiro, em que toda conversação ocorre na deste resultado é o combustível que motiva a
língua estudada, visando, entre outras ques- equipe a buscar o aprimoramento contínuo,
tões, a estimular que a autoconfiança permi- tanto nos esforços de capacitação quanto na
ta que os militares e servidores civis insiram aplicação de testes de certificação.
91