Você está na página 1de 36

DIMENSÃO

TÉCNICA
Antonio
Castelnou
Introdução
▪ CIÊNCIA – palavra que provém
do latim scientia (conhecimento;
habilidade) – consiste no conjunto
organizado de saberes relativos
a determinada área e que é
caracterizado por uma metodologia
específica, envolvendo tanto
conhecimentos teóricos quanto
práticos para serem usados a
uma certa finalidade.
▪ Geralmente, as ciências são
classificadas conforme seu objeto
de estudo, como por exemplo:
✓ HUMANAS, que estudam o Homem e seus
comportamentos individuais e/ou coletivos
(Antropologia, Filosofia, Psicologia, etc.);
✓ SOCIAIS, que estudam as sociedades
humanas, sua cultura e evolução (História,
Sociologia, Economia, Política, etc);
✓ NATURAIS, que estudam a Natureza
(Biologia, Química, Geologia, Astronomia);
✓ OBJETIVAS ou EXATAS, que estudam o
raciocínio lógico baseado em predições e
medições (Matemática, Física, Estatística)
▪ O termo TECNOLOGIA tem origem
grega e resulta da junção dos vocábulos
tekhno (mestria; arte) e logos (razão;
conhecimento), significando a ciência
aplicada às artes e ofícios, ou seja, o
“saber fazer” (know-how; savoir-faire).
▪ Portanto, trata-se do conjunto de
conhecimentos aplicados – ou
TÉCNICAS –, os quais são usados
para se fazer algo e que dependem
de teorias e descobertas científicas.
▪ Na antiguidade, muitos saberes eram cercados de mistério e, até a era
medieval, apenas a experiência individual era capaz de penetrar nas
questões sobre o mundo e a realidade humana, devido à desinformação
e ao misticismo, o que começou a se alterar no RENASCIMENTO.
▪ Na era moderna – a partir do século
XV e principalmente através da
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (1750-
1830) – a tecnologia ganhou grande
desenvolvimento e multiplicaram-se
as informações científicas adquiridas
em tempos cada vez menores.
▪ O crescimento é tal que atualmente já
é difícil estabelecer limites entre a
ciência e a tecnologia, devido ao
pequeno intervalo da descoberta do
fato científico e a sua aplicação.
Invenção Descoberta Aplicação Tempo
Fotografia 1727 1839 112 anos
Telefone 1820 1876 56 anos
Rádio 1867 1902 35 anos
Radar 1925 1940 15 anos
Televisão 1922 1934 12 anos
Bomba Atômica 1939 1945 6 anos
Transistor 1948 1953 5 anos
Raio Laser 1958 1961 2 anos
Videocassete 1970 1972 2 anos
Compact Disc 1989 1990 1 ano
Celular Digital 1991 1992 1 ano
▪ Hoje, os ramos da TECNOLOGIA
dividem-se de acordo com seus
elementos e problemas inerentes, além
das semelhanças segundo a aplicação
técnica das ciências, como por exemplo:
✓ Tecnologia agrária (Engenharia florestal,
Engenharia de pesca, Agronomia, Zootecnia);
✓ Tecnologia da saúde (Medicina, Odontologia,
Farmacologia, Fonoaudiologia, Fisioterapia);
✓ Tecnologia da construção (Engenharia Civil,
Elétrica, Hidráulica, Mecânica, Mecatrônica);
✓ Tecnologia do espaço (Arquitetura, Design,
Urbanismo, Paisagismo, Interiorismo, etc.);
▪ Envolvendo o estudo das ferramentas, dos processos e dos materiais
criados e/ou utilizados pelas ciências, nos dias atuais, a TECNOLOGIA é
essencial principalmente para a sobrevivência e, em segundo plano,
para o bem-estar do Homo sapiens. Isto se deve ao fato da adaptação
humana ao mundo ser mais tecnológica do que biológica.
Tecnologia na Arquitetura
▪ A componente vitruviana FIRMITAS refere-se a todos os aspectos
técnicos e construtivos de um projeto, relacionando-se assim às
questões ligadas à materialidade e estabilidade de uma obra de
arquitetura, o que abrange desde seu dimensionamento até suas
características estruturais, de instalações e de conforto ambiental.
▪ Esta dimensão corresponde à FORMA ARQUITETÔNICA, a qual
precisa ser estável, segura, sólida e construtivamente viável,
ocupando o espaço tridimensional e ligando-se portanto à
tecnologia necessária à sua execução e posterior utilização.
▪ Com o avanço da ciência, tornou-se
impossível ao ARQUITETO solucionar
sozinho todos os problemas técnicos
inerentes à construção, sendo hoje
fundamental o trabalho em equipe,
no qual atua como coordenador.
▪ Assim como um maestro não necessita
tocar todos os instrumentos da orquestra,
ele não precisa dominar todos os campos
da tecnologia construtiva, mas
necessita conhecer todas as suas
COMPONENTES TECNOLÓGICAS.
▪ A atual formação em Arquitetura e
Urbanismo (Ciências Sociais Aplicadas)
precisa ser GENERALISTA, já que é
necessário conhecer um pouco de todos
os campos complementares à profissão.
▪ O curso contemporâneo de graduação
comporta um elenco de DISCIPLINAS
que fundamentam o profissional nas
diversas áreas tecnológicas, divididas
em: Ciência das Estruturas, Técnicas
de Construção e Conforto Ambiental.
Ciência das Estruturas

▪ Refere-se à área da tecnologia que


abrange todos os conhecimentos
fundamentados em Matemática e
Física, os quais influenciam na
atividade de EDIFICAÇÃO de
espaços arquitetônicos, no que se
refere à Resistência dos Materiais,
à Estabilidade das Construções e
aos Sistemas Estruturais.
▪ ESTRUTURA – do latim structura (arranjo;
disposição) – é o sistema da edificação
destinado a proporcionar o equilíbrio de
um conjunto de forças, no qual as partes
estão organizadas de acordo com a sua
coerência e funcionalidade, visando sua
imobilidade e limitação de esforços.
▪ LANÇAMENTO DA ESTRUTURA
é a previsão do sistema estrutural
de uma obra, com sua definição,
localização e pré-dimensionamento.
O sistema estrutural
convencional é em
esqueleto PILAR-
VIGA-VIGA, cujo
lançamento é básico.

PILARES VIGAS
P01 V01
V02
P02 V03
P03 V04
P04 V05
P05 V06
P06 V07
P07 LAJES
P08 L01
L02
P09 L03
P10 L04
Richard Rogers (1933-)
Aeroporto de Barajas
(2005, Madrid | Espanha)

Memorial da América Latina


Miwaukee Art Museum (1989, São Paulo SP)
(2001, Michigan WI) Oscar Niemeyer
Santiago Calatrava (1907-2012)
(1951-)

▪ Denomina-se MORFOLOGIA ESTRUTURAL o estudo das estruturas


resistentes sob o ponto de vista de sua forma, ou seja, dos elementos que
irão condicionar seu aspecto, como: fatores funcionais, técnicos e estéticos.
▪ Por PROJETO ESTRUTURAL
entende-se o planejamento
intelectual e estratégico do sistema
dinâmico de peças (vigas, pilares,
lajes, cascas, arcos, cabos, etc.),
cuja finalidade é a de lutar com uma
multiplicidade de forças para garantir
a manutenção dos esforços nas
estruturas arquitetônicas abaixo
de limites toleráveis, garantindo
economia, estabilidade e segurança.
Técnicas de Construção

▪ Trata-se da área de tecnologia


que corresponde a todos os
conhecimentos e procedimentos
necessários para a EXECUÇÃO de
obras civis, o que reúne desde o
estudo da mecânica dos solos e
fundações até o conhecimento de
materiais e técnicas construtivas.
▪ Com a separação entre
concepção e execução, em
meados do século XVIII, os
CONSTRUTORES se tornaram
instrumentos acionados e
dirigidos pelo projeto
arquitetônico. Desde então, o
arquiteto passou a especificar,
coordenar e fiscalizar o trabalho
construtivo, sendo o responsável
pela sua integralização.
▪ Com vistas à viabilidade construtiva de
seus projetos, o arquiteto precisa ter
conhecimentos técnicos sobre:
✓ Aspectos geológicos e topográficos,
visando a sondagem de terrenos, sua
movimentação (cortes e aterros), realização
de compactações, taludes e fundações;
✓ Normas de limpeza e fechamento de
terrenos, implantação de CANTEIROS
DE OBRAS e suas ligações provisórias;
demarcação da obra (gabaritos) e execução
do sistema estrutural (montagem de formas
e armaduras, lançamento e adensamento
de concreto, cura e descimbramento);
✓ Procedimentos para execução de
coberturas, tanto em nível de estrutura
portante (madeiramento) quanto de
telhamento, isolamento e ventilação;
✓ Técnicas de execução de paredes em
alvenaria, relacionadas a assentamento
de tijolos, abertura de vãos (esquadrias)
e realização de pavimentações (pisos);
✓ Normas de execução de revestimentos
de paredes, impermeabilização e pintura;
✓ Normas de realização das instalações
complementares à edificação, tais como:
elétricas, hidráulicas, sanitárias, de gás,
contra incêndio, energia solar, etc.
▪ Denomina-se INSTALAÇÃO PREDIAL
ou COMPLEMENTAR o conjunto
de elementos tecnológicos que
proporcionam condições de
funcionamento a uma edificação,
em seu estado de uso normal.
▪ Além dos projetos arquitetônico e
estrutural, os chamados projetos
complementares visam auxiliar na
concretização e utilização do espaço
arquitetônico, aplicando conhecimentos
científicos e tecnológicos específicos.
Projeto Elétrico
Projeto Hidráulico
▪ Entre os principais projetos
complementares, cita-se os seguintes:
✓Projeto elétrico e luminotécnico
✓Projeto hidráulico e sanitário
✓Projeto de prevenção de incêndio
✓Projeto de telecomunicações
✓Projeto de condicionamento de ar
✓Projeto de vigilância e segurança
✓Projeto de interiores (decoração)
✓Projeto de comunicação visual
(sinalização e programação)
✓Projeto de paisagismo
✓Projetos especiais (gás, oxigênio,
energia solar, etc.)
▪ Atualmente, tornou-se praticamente
obrigatório para o arquiteto o
conhecimento dos MATERIAIS DE
CONSTRUÇÃO e ACABAMENTOS
(vidros, madeiras, tintas, pisos, telhas,
etc.), o que consiste no estudo da
matéria-prima da arquitetura e
urbanismo, em que se procura avaliar
suas qualidades e especificidades,
disponíveis natural ou industrialmente.
Conforto Ambiental
▪ Corresponde à área da
tecnologia que reúne todos
os conhecimentos necessários
para a HABITABILIDADE dos
espaços arquitetônicos, o que
envolve questões térmicas,
acústicas e lumínicas, além da
sua aplicabilidade através
das instalações prediais
complementares.
▪ Com vistas à melhoria das
condições de vida e bem-
estar do ser humano, o/a
arquiteto/a necessita
conhecer e reconhecer os
fatores que influenciam no
CONFORTO AMBIENTAL,
o qual está relacionado aos
sentidos humanos
(especialmente o visual,
o auditivo e o epidérmico).
▪ Esta área desenvolve disciplinas específicas que analisam fenômenos
como: trocas térmicas, ventilação, insolação, iluminação artificial e
isolamento acústico, ou seja, conhecimentos físicos (Ótica, Acústica,
Termodinâmica, etc.) aplicados ao AMBIENTE CONSTRUÍDO,
necessários para o projeto e controle do espaço a ser utilizado.
Conforto térmico
▪ Busca a criação de condições de
habitabilidade térmica aos indivíduos
nos espaços construídos, ou seja, a
manutenção em níveis satisfatórios
e agradáveis da sensibilidade às
variações de temperatura pelo
revestimento cutâneo do ser
humano. Envolve o estudo das
variabilidades climáticas, das
formas de transmissão de calor,
da insolação e da ventilação.
Conforto visual

▪ Procura criar condições ao indivíduo


de exercer suas tarefas visuais com
o menor esforço e com o máximo de
acuidade. Isso se traduz por um
conjunto de parâmetros a serem
atendidos, tais como: a iluminância
necessária, o controle do
ofuscamento causado pelas fontes
de luz, a existência ou não de
sombras, etc. (LUMINOTÉCNICA).
Conforto acústico
▪ Objetiva a criação de condições adequadas para transmissão e/ou
isolamento de ondas sonoras, através do estudo do comportamento
oscilatório e sua relação com materiais e acabamentos. Busca-se a
manutenção de níveis adequados de som nos espaços arquitetônicos.
Conclusão
▪ Hoje em dia, uma das áreas de
crescente interesse dos arquitetos
consiste na AVALIAÇÃO PÓS-
OCUPAÇÃO (APO), a qual
equivale à análise das condições
de funcionamento de um espaço
arquitetônico após a sua execução
e uso corrente, visando sua
melhoria e manutenção efetiva.
▪ Destaca-se que o avanço
tecnológico deve ser planificado
de modo que somente se introduza
inovações quando estas forem
necessárias, para que o Homem
se adapte gradativamente à evolução
do meio, evitando-se a preocupação
excessiva com o conforto (Tecnologia
do Comodismo), que raramente é
inofensiva, tanto para o ser humano
quanto para o meio ambiente.
Bibliografia
❑ APOSTILA – Capítulo 13.
❑ CHING, F. D. K. et alii. Técnicas de construção ilustradas. 5. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2016.
❑ ENGEL, H. Sistemas de estruturas. Barcelona: Gustavo Gili, 1980.
❑ FROTA, A. B.; SCHIFFER, S. R. Manual de conforto térmico. 5. ed.
São Paulo: Studio Nobel, 1995.
❑ GRAEFF, E. A. Arte e técnica na formação do arquiteto. São Paulo:
Studio Nobel, 1995.
❑ MASCARÓ, L. R. Tecnologia & arquitetura. São Paulo: Studio Nobel,
1990.
❑ ZERO, H. A. O edifício até sua cobertura. São Paulo: E. Blücher, 1997.

Você também pode gostar