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CAMPUS TRINDADE
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS
CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MECÂNICA
Florianópolis
2021
Felipe Peron Goulart
Florianópolis
2021
Felipe Peron Goulart
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado e aprovado em sua forma final
pelo Curso de Graduação em Engenharia de Produção Mecânica, da Universidade Federal de
Santa Catarina.
________________________
Prof.(a) Mônica Maria Mendes Luna, Dr.(a)
Coordenadora do Curso
Banca Examinadora:
________________________
Prof. Carlos Manuel Taboada Rodriguez, Dr.
Orientador
Universidade Federal de Santa Catarina
________________________
Prof. Antônio Jorge Cunha Campos, Dr.
Avaliador(a)
Universidade Federal do Amazonas
________________________
Prof. Maurício Rodrigues de Magalhães, Me.
Avaliador
Universidade Federal de Santa Catarina
Este trabalho é dedicado aos meus pais e minha família, que
sempre estiveram presentes e me apoiaram durante toda a vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais, Antonio e Ivanise, por sempre me incentivarem a estudar e
apoiar minhas decisões. Sem eles eu não teria alcançado diversos objetivos em minha vida.
Agradeço minha avó, Maria Ivany, e meus tios, Tarcísio e Janea, por também sempre terem me
apoiado e dado conselhos durante minha jornada de estudos.
Agradeço aos amigos que fiz durante a graduação pelos momentos de alegria e estudos.
Desejo que nossa convivência se perpetue por muito tempo.
Agradeço ao professor Taboado e à Karine, pelo tempo de convivência durante o meu
ciclo como membro do GELOG e durante o desenvolvimento desta monografia, além de todos
os ensinamentos passados, os quais agregaram muito para o meu conhecimento e vida
profissional.
Agradeço ao GELOG por permitir que eu tivesse um contato mais profundo com a área
de logística e por me fazer ter a certeza de que esta é a área que desejo atuar como profissional.
Sou grato pelos amigos que nele conheci e pelos momentos de descontração e aprendizado
vivenciados.
Por fim, agradeço à Cassol pelas oportunidades que me ofereceu, e por me permitir
aplicar este trabalho em seu centro de distribuição.
RESUMO
A análise dos processos e operações em empresas tem se concentrado em questões como custo,
eficiência e na entrega de valor ao consumidor final. Fatores, como por exemplo, os riscos
operacionais não são levados em consideração pelas empresas na maioria dos casos. Identificar
os riscos existentes, além de tornar a operação mais segura, também permite ganhos na
eficiência e na redução de custos. Levando isso em consideração, o presente trabalho tem como
objetivo identificar os riscos logísticos no setor de recebimento do centro de distribuição (CD)
da Cassol Centerlar – SC, por meio da aplicação da ferramenta Failure Mode and Effect
Analysis (FMEA) e do Analytic Hierarchy Process (AHP) a fim de reduzir os impactos
negativos. Com a aplicação, foram levantadas, para as 12 atividades avaliadas, 12 modos de
falha, originados de 10 causas de falha distintas, que provocam 17 efeitos negativos, como falta
de estoque e produtos avariados. No total, 38 riscos foram avaliados a partir do seu índice RPN.
Dentre eles, riscos de contagem e identificação obtiveram estratégias de mitigação propostas,
como fitas de identificação visual e treinamentos periódicos.
The process and operations analysis in companies have been focused on issues such as costs,
efficiency and value delivery to the final customer. Factors like operational risks are not taken
into account by companies in most cases. Identifying existing risks, in addition to making the
operation safer, also allows to improve the efficiency and reduce costs. Therefore, this paper
aims to identify the logistic risks in the receiving sector of a Cassol’s distribution center, in
Santa Catarina, by applying the Failure Mode and Effect Analysis (FMEA) and the Analytic
Hierarchy Process (AHP) tools, chasing to reduce negative impacts. In this way, for the 12
activities evaluated, 12 failure modes were raised, originated from 10 different failure causes,
which makes 17 negative effects, such as lack of stock and damaged products. In total, 38 risks
were assessed from its RPN index. Among them, counting and identification risks obtained
proposed mitigation strategies, such as visual identification tapes and periodic trainings.
CD – Centro de distribuição
AHP – Analytic Hierarchy Process
FMEA – Failure Mode and Effect Analysis
CS – Cadeia de suprimentos
CSCMP – Council of Supply Chain Management Professionals
BPMN – Business Process Model and Notation
RC – Taxa de consistência
IC – Índice de consistência
RI – Consistência aleatória
ERP – Enterprise Resource Planning
TI – Tecnologia da informação
SKU – Stock Keeping Unit
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 16
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ..................................................................................... 16
3.2.4 FMEA.................................................................................................................... 37
4 DESENVOLVIMENTO ...................................................................................... 41
4.1 DESCRITIVO DA EMPRESA ............................................................................. 41
5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 73
6 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 76
APÊNDICE A – FMEA Tarefa 1a ..................................................................... 79
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
No início dos anos 90, manter um alto nível de estoques era uma prática comum para
tentar reduzir os riscos de indisponibilidade de produto, sem avaliar o trade-off entre a
quantidade de estoque e o tempo de entrega ao cliente, o qual variava entre 15 e 30 dias
(BOWERSOX, 2013). Na época, a interação cooperativa entre as entidades de uma cadeia de
suprimentos (CS) e o gerenciamento dos riscos envolvidos era distante, sendo que o foco de
gestão era em redução de custos. Com o estreitamento desta relação ao passar dos anos, surgiu
a necessidade de aperfeiçoar o gerenciamento das CS. Um dos exemplos de aperfeiçoamentos,
a fim de melhorar a articulação e coordenação entre os processos de diferentes entidades, foi a
concentração dos estoques apenas em CD, responsáveis por receber e distribuir de forma ágil
as mercadorias. Com isso, tornou-se possível entregar mais valor ao cliente, com o menor custo
e reduzir o estoque existente entre os elos da CS (CHRISTOPHER, 2011).
Os riscos logísticos estão presentes em todos os elos de uma CS. Caso algum risco
aconteça em uma destas entidades, todas as outras podem ser afetadas (TANG, 2006). No
entanto, dependendo da severidade do risco que venha a ocorrer em um CD, responsável por
gerenciar o fluxo de produtos, o impacto negativo gerado na performance das atividades pode
evoluir para um risco generalizado na CS, podendo até interromper atividades (SANTOS, 2006;
STANLEIGH, 2013).
Frequentemente, eventos demonstram que estas interrupções, ocasionadas pela
concretização de um risco, tem efeito direto na capacidade de uma empresa manter suas
operações ativas, entregar produtos finais ao mercado ou garantir serviços essenciais a seus
clientes. Além disso, organizações que pensam ter sob controle todos os riscos que estão
sujeitas, frequentemente negligenciam as exposições críticas ao longo de sua CS
(CHRISTOPHER; JÜTTNER; PECK, 2003).
O gerenciamento de riscos na CS é uma vertente da gestão de empresas que se mostra
cada vez mais presente, atuando desde os problemas mais comuns, como perda de fornecedores
ou problemas de qualidade, até com outros bem mais críticos, como desastres naturais ou
17
terrorismo. Esta gestão visa mitigar o impacto negativo de perturbações externas e tenta
controlar certos riscos dentro das CS (HOENIG; THUN, 2011).
A Cassol, empresa na qual está sendo aplicado este trabalho, é uma companhia de grande
porte do setor Home Center. Em seu portfólio de produtos, estão inclusos desde materiais
pesados, como cimento e cerâmica, até materiais mais frágeis, como lâmpadas e alguns
eletrodomésticos. Esta variedade de produtos gera uma enorme complexidade logística,
presente em todos os estágios de manipulação, pois isso exige diferentes procedimentos para
cada atividade operacional no CD. Estas diferenciações começam no recebimento de produtos
e se estendem até a entrega nas lojas ou nas casas dos clientes. Dessa forma, diversos riscos
logísticos permeiam nestes processos, os quais necessitam ser conhecidos por completo, a fim
de mitigá-los. Por se tratar de uma rede de varejo, a grande maioria dos riscos existentes têm
impacto direto na experiência de compra do cliente final, influenciando a sua fidelidade, além
de elevar os custos da companhia.
No entanto, o conhecimento dos riscos existentes, bem como seu tratamento, não é uma
rotina na empresa. Operações em CD envolvem vários riscos operacionais, como acuracidade
de estoque, produtos avariados, que podem ocorrer em todos os setores, permitindo o
surgimento de demandas de separação de produtos que não existam no estoque ou que o produto
não tenha a qualidade esperada. Dentre as cinco grandes etapas de um CD, a que mais pode
prevenir os riscos de se alastrarem e impactarem o cliente final é a etapa de recebimento de
produtos. Isso ocorre pois, se executado de maneira correta, o processo de recebimento irá
identificar divergências de quantidades de produtos, defeitos de qualidade, problemas de
cadastro, entre outros fatores que poderiam ocasionar transtornos nas etapas seguintes da
operação do CD. Dessa forma, a identificação dos riscos existentes no setor de recebimento
trará o pontapé inicial para o gerenciamento mais aprofundado dos riscos logísticos internos da
empresa.
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1.3 OBJETIVOS
Nas seções abaixo estão apresentados o objetivo geral e os objetivos específicos deste
trabalho.
Este trabalho trata dos riscos logísticos internos à Cassol, relacionados apenas aos
processos do setor de recebimento de produtos no CD de São José, Santa Catarina. Optou-se
por realizar o tratamento dos riscos logísticos do setor de recebimento, ao invés dos outros
setores do CD (movimentação, estocagem, separação e expedição), por ser o local de entrada
dos produtos. O recebimento é o local mais fácil para avaliar se a qualidade dos produtos está
de acordo com as expectativas e garantir que as quantidades recebidas estejam acuradas com o
sistema, evitando-se assim a propagação de erros na operação.
Dentro do setor de recebimento, serão analisadas todas as atividades do processo de
conferência de produtos, a fim de expor os riscos existentes e priorizá-los a partir da aplicação
da ferramenta FMEA. Não serão levados em consideração os riscos externos à Cassol, como
erros do fornecedor ou problemas no transporte até o CD.
Todos os modos de falha potencial, bem como suas causas, efeitos, modos de prevenção
e detecção, além dos índices da ferramenta FMEA, foram elaborados em concordância com o
supervisor do setor de recebimento. Para as atividades consideradas mais vulneráveis a partir
da aplicação da ferramenta FMEA, propôs-se medidas para mitigar os riscos nela existentes.
No entanto, este trabalho não tem como objetivo implementar estas medidas na operação do
CD.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No entanto, para Chopra e Sodhi (2004), os riscos podem ser classificados em nove
categorias diferentes:
a) rupturas: engloba desastres naturais, guerra, terrorismo, disputas trabalhistas e
falência de fornecedores;
b) atrasos: está atrelado à sobrecarga da capacidade, inflexibilidade ou baixa
qualidade dos fornecedores e à burocracia para realizar importações ou alterar o modal de
transporte;
c) sistêmica: ocorre a partir de colapsos na infraestrutura informacional e nas
vendas online;
d) previsão: refere-se à falta de acuracidade das previsões, devido a longos prazos
de entrega, variedade de produtos e produtos com curto ciclo de vida;
e) propriedade intelectual: trata da integração vertical de uma CS, da terceirização
global e dos mercados;
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Durante momentos de decisão sobre ações que tem por objetivo reduzir custos, como,
por exemplo, redução de estoques, frota, é essencial que o gestor analise esta decisão também
a partir dos riscos que estarão presentes e da forma que estes impactarão na empresa. Logo, é
necessário a criação de um processo de gestão que vise identificar o surgimento de riscos
potenciais, bem como suas probabilidades de ocorrência, maneiras de mitigá-las e de reduzir
seu impacto, caso venha a acontecer (CORRÊA, 2019).
A logística possui uma estrutura estratégica para o seu bom desempenho, chamada de
CD. Um CD é responsável por recepcionar e consolidar produtos de diversos fornecedores, os
quais poderão ser posteriormente distribuídos às diversas lojas de uma empresa (ARBACHE et
al., 2004).
O estudo elaborado por Yavas e Ozkan-Ozen (2020), menciona que um centro logístico
executa as seguintes atividades logísticas: gerenciamento de transportes (planejamento e
controle das atividades de transporte de uma empresa, como o gerenciamento de frota,
consolidação, roteirização, programação e auditoria de fretes), gerenciamento de manuseio
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sustentável, também é imprescindível que CDs gerenciem seus riscos e tracem medidas de
contingência, buscando mitigá-los (PAI et al, 2003).
Dentre as cinco atividades de um CD, a que mais gera impacto nos custos operacionais
e na qualidade no serviço ao cliente é a atividade de separação de produtos. Erros de separação
impactam desta forma, pois geram a necessidade de receber estes produtos pela segunda vez,
adiciona custos de mão-de-obra devido à manipulação e verificação das mercadorias ao retornar
para o CD, reembalagem, reentrega, custos administrativos e a possibilidade de avaria dos
produtos movimentados desnecessariamente (MUHA; ŠKERLIČ; ERČULJ. 2020). A Figura 5
mostra um comparativo do custo despendido para as atividades, elencadas de forma mais
detalhada, presentes em um CD.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
As seções abaixo irão descrever as etapas realizadas para elaboração deste trabalho.
Inicialmente será feito o enquadramento metodológico, seguido das descrições das ferramentas
utilizadas e da forma como foram coletados os dados.
Essa seção tem como objetivo classificar o trabalho no que se refere a “Natureza do
objetivo”, “Abordagem do problema”, “Procedimentos técnicos”, “Coleta de dados” e
“Ferramentas de análise”. As opções existentes, bem como a escolhida, para cada tópico
encontram-se na Figura 6.
FIGURA 6 - ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO.
Fonte: O autor.
3.2.1 Macrofluxo
Fonte: O autor.
3.2.2 Fluxograma
interpreta-se que o “Critério 1” possui 𝑎1,2 vezes a importância do “Critério 2” e 𝑎1,3 vezes a
1
importância do “Critério 3”. Por consequência, o “Critério 2” possui vezes a importância
𝑎1,2
do “Critério 1”. Além disso, por comparar o mesmo critério duas vezes, a diagonal da matriz
possui valor unitário.
A taxa de consistência (RC) serve para assegurar a consistência dos índices impostos,
ou seja, garantir que as comparações par a par não se contradigam em nenhum momento. O
primeiro passo para calcular este índice é normalizar a matriz comparativa. Para isso, somam-
se os índices de cada critério, conforme Quadro 4.
Critério 2 1⁄ 1 𝑎2,3
𝑎1,2
Critério 3 1⁄ 1⁄ 1
𝑎1,3 𝑎2,3
Total 1 + 1⁄𝑎1,2 + 1⁄𝑎1,3 𝑎1,2 + 1 + 1⁄𝑎2,3 𝑎1,3 + 𝑎2,3 + 1
Fonte: O autor.
Logo após, normaliza-se a matriz, dividindo o índice de cada comparação pela soma dos
índices da coluna (𝑇𝑗 ) em que ele se situa. Para exemplificar, a normalização do índice 𝑎1,3
resultaria na equação abaixo:
𝑎1,3
𝑎1,3𝑛 = 𝑎 (1)
1,3 +𝑎2,3 +1
O segundo passo é calcular o vetor de prioridade (W), também chamado vetor Eigen, o
qual avalia o peso relativo de cada critério. Cada vetor é calculado pela média aritmética dos
valores de cada critério da matriz normalizada. O Quadro 5 representa uma matriz normalizada
genérica (GOMEDE; DE BARROS, 2012).
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Para garantir que os índices estão consistentes, o valor de RC para cada matriz de
comparação deve estar em 0,1% e 10%. Para resultados acima de 10%, os índices das
comparações precisam ser revisados (SAATY, 2005).
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deste trabalho, o peso encontrado para cada alternativa será utilizado para compor a avaliação
final do método FMEA, descrito na próxima seção.
3.2.4 FMEA
A partir da descrição das funções de cada tarefa, são avaliados os possíveis modos de
falha, os quais são definidos como as formas em que um processo pode falhar e prejudicar a
execução do objetivo de um processo. Em outras palavras, um modo de falha potencial é a
forma como uma tarefa pode acontecer diferentemente do que foi planejado para ela. A listagem
dos modos de cada tarefa deve ser feita a partir do momento em que a falha possua chances de
ocorrer, mesmo que apenas em situações específicas, como época do ano ou em decorrência de
fatores externos. O levantamento de falhas em potencial de cada atividade ocorreu a partir de
um brainstorming, validando na operação as opções sugeridas.
Define-se como efeito de falha, as consequências advindas das ocorrências dos modos
de falha. Estes efeitos são percebidos pelos clientes da tarefa, podendo estes serem o
consumidor final ou um processo que ocorre posteriormente. No caso de impactar uma operação
subsequente, o efeito da falha causada neste momento do fluxo de processos pode se tornar a
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causa de falhas no decorrer das tarefas restantes. Sendo assim, para levantar os efeitos dos
modos de falha potencial já elencados, refletiu-se sobre o que poderia acontecer de errado ao
longo da operação e que fosse consequência de cada um destes modos.
Para cada efeito de falha listado é necessário atribuir um índice de severidade. Este
índice é imposto a partir da avaliação do impacto que um efeito pode causar na operação, ou
seja, as consequências que ocorrem quando o modo de falha potencial acontece. A mensuração
da severidade é feita por uma escala numérica, variando de 1 (menos severo) a 10 (mais severo).
As causas da falha são a raiz do problema. Logo, esta torna-se uma etapa crucial para a
aplicação do FMEA, exigindo que seja feita da melhor maneira possível. Dessa forma, faz-se
necessário que os envolvidos na construção da ferramenta possuam experiência nas tarefas.
Com isso, é possível levantar todas as possibilidades que dão origem a falhas no processo.
Para estabelecer os índices de detecção dos modos de falha potencial, novamente utiliza-
se uma escala numérica que varia de 1 a 10. No entanto, neste caso o menor valor da escala
representa a situação mais favorável, em que certamente o modo da falha será detectado,
enquanto o índice 10 descreve a situação em que os modos passarão despercebidos.
As estratégias de mitigação irão atuar nas tarefas julgadas como vulneráveis, atuando
na redução da severidade, ocorrência ou não detecção da sua falha. A elaboração destas
estratégias foi feita com a participação do supervisor do setor e com outros 2 experientes
colaboradores, os quais exercem a função de conferente de produtos. O foco durante as
discussões era buscar medidas que atingissem diretamente as causas da falha, atuando na raiz
do problema. Com isso, foram elaboradas 4 estratégias que impactaram em todas as tarefas
priorizadas.
4 DESENVOLVIMENTO
A Cassol é considerada atualmente como uma das maiores redes de varejo de material
de construção do Brasil e líder do mercado na região Sul. Em 2020, a empresa realizou
importantes conquistas, uma delas foi a indicação ao prêmio Reclame Aqui 2020, como uma
das maiores e mais admiradas varejistas do Brasil e também foi destaque como uma das
empresas mais lembradas pelos catarinenses no evento Top of Mind.
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Fonte: O autor.
Dois grandes fluxos de produtos ocorrem no CD, o de entrada e saída. O fluxo de entrada
é composto por dois inputs:
a) filiais: são todos os recebimentos de produtos que tiveram como origem outras
filiais, ou seja, lojas ou outros centros de distribuição;
b) fornecedores: são os produtos comprados pela Cassol e que são entregues em
algum dos centros de distribuição.
Já o fluxo de saída é composto por três outputs:
c) Filtrans: este fluxo consiste na transferência de produtos já vendidos para outras
filiais. Por exemplo, a venda de um determinado produto foi realizada por uma filial específica.
No entanto, no momento da venda, este produto não constava no estoque desta filial, apenas no
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estoque de outra. Logo, a transferência deste produto para a filial em que houve a venda é
chamado de Filtrans;
d) abastecimento: é um fluxo rotineiro, no qual diariamente são enviados produtos
para as filiais com o objetivo de ressuprir o estoque de produtos que já foram vendidos;
e) clientes: aqui é onde se concentra a maioria dos esforços da logística da empresa,
visto que este fluxo é responsável por realizar a entrega de produtos na casa do cliente final.
4.2 MACROFLUXO
Fonte: O autor.
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para aqueles produtos que não possuem quantidade suficiente para preencher um lastro do
palete. Neste caso, os produtos devem ser empilhados de forma a deixar uma distância
suficiente de outros tipos de produtos para facilitar a distinção visual dos mesmos (sem a
necessidade de verificar o código de barras).
Por fim, a saída da execução das três macroetapas são os produtos conferidos e prontos
para serem movimentados e estocados. Ao saírem das docas, onde os produtos são conferidos,
eles são movimentados até o estoque pulmão. Lá, eles aguardam até serem movimentados para
os seus endereços de estocagem ou picking.
4.3 FLUXOGRAMA
Fonte: O autor.
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A ponderação dos pesos dos três critérios utilizados na ferramenta FMEA para
priorização dos riscos mostrou-se relevante para que esta indicasse as atividades mais
vulneráveis no processo de recebimento, de acordo com a importância que estes três critérios
possuem na operação. Sendo assim, tendo como guia a explicação descrita na seção 3.2.3, foram
adotados como alternativas de decisão para a ferramenta AHP as opções de “Severidade”,
“Ocorrência” e “Detecção”.
Em seguida, a fim de comparar as alternativas, foram estabelecidos 3 critérios de
comparação, mostrados no Quadro 9. Ao debater com o supervisor do recebimento sobre como
comparar os critérios, foi mencionado três pilares nos quais estão baseadas a maioria das
decisões da empresa: o que uma mudança trará como consequência à empresa (impacto da
melhoria), custo de mão-de-obra ou com equipamentos (custo de melhoria), e do tempo de
dedicação (tempo da melhoria). Analogamente, esses pilares podem ser comparados a definição
de valor, descrita por Churchill e Peter (2000, p.327), em que o valor é definido como a razão
entre benefícios, que seriam as consequências à empresa, e esforços, que seriam os custos de
mão-de-obra, financeiro e tempo de dedicação para executar a melhoria.
Impacto da
Qualitativo
melhoria
Custo da
Qualitativo
melhoria
Tempo da
Qualitativo
melhoria
Fonte: O autor.
o critério de impacto possui importância três vezes maior que o critério de custo. Isto se justifica
porque o custo para execução de uma melhoria será aceito sempre que o impacto na operação
seja satisfatório. Nesta mesma linha lógica, ao comparar os critérios de “Impacto da melhoria”
e “Tempo da melhoria”, foi definido que o critério de impacto tem uma importância cinco vezes
maior que o critério de tempo, pois o tempo de execução pouco influencia na decisão de realizar
ou não uma melhoria quanto esta irá trazer um resultado benéfico à empresa. Por fim, o
comparativo entre os critérios “Custo da melhoria” e “Tempo da melhoria” mostrou que o
critério de custo apresenta uma importância três vezes maior que o critério de tempo. Um
exemplo hipotético que possibilitou tomar esta decisão junto ao supervisor do recebimento, foi
o de que se em uma situação de definição entre duas melhorias que proporcionarão o mesmo
impacto na operação, o custo de execução de cada uma delas terá uma pertinência muito maior
na decisão do que os respectivos tempos de execução. Essa distribuição de índices comparativos
convergiu para que o RC fosse de 3,32%, inferior ao máximo aceitável de 10%.
A outra etapa do método AHP envolve a comparação de cada alternativa, par a par, em
relação a cada critério de avaliação. A análise também foi realizada a partir dos índices da escala
fundamental de Saaty. No Quadro 11, avalia-se o impacto de uma melhoria sob as três
perspectivas trabalhadas, isto é, qual o horizonte de impacto de uma melhoria busca-se atingir
preferencialmente: reduzir a severidade, reduzir a ocorrência ou aumentar a detecção de um
risco?
Dessa forma, ao debater com o supervisor do recebimento sobre as consequências de
reduzir a severidade ou reduzir a ocorrência de um risco, concluiu-se que a redução da
severidade possui um impacto maior, tendo em vista o argumento de que um risco hipotético
com severidade máxima e frequência anual pode trazer consequências irreparáveis, enquanto
há a probabilidade de outro risco hipotético com severidade mínima e ocorrência diária ser
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irrelevante para os resultados operacionais do setor. A partir disso, optou-se por colocar uma
preferência cinco vezes maior para reduzir a severidade de um risco ao invés de sua ocorrência.
Já com relação à comparação entre os impactos da redução da severidade ou aumento
da detecção, fez-se novamente uma avaliação de dois riscos hipotéticos, com o objetivo de
decidir em qual deles a aplicação de uma melhoria seria mais benéfica à empresa. O primeiro
seria um risco com elevada severidade e detecção, enquanto o segundo possuiria baixa
severidade e detecção. Tendo em vista que as perdas e consequentes custos ocasionados
possuem alta relevância, entrou-se em acordo de que a atuação para reduzir a severidade de um
risco seria mais importante do que elevar a detecção de outro. No entanto, apenas com a
comparação destas duas alternativas, não se chegou a uma conclusão do grau de importância
da redução da severidade em relação à elevação da detecção de um risco.
Para isso, foi feita a comparação do impacto entre a redução da ocorrência ou elevação
da detecção de risco. Assim, ao novamente comparar cenários hipotéticos, percebeu-se que,
para a realidade da Cassol, as melhorias necessárias para reduzir a ocorrência de um risco com
alta ocorrência e detecção poderiam aumentar mais a produtividade do setor, se comparadas às
melhorias de aumento da detecção de riscos com baixa ocorrência e detecção. Isso ocorre pois,
com uma alta taxa de ocorrência de riscos, despende-se muito tempo para correção, perdendo-
se produtividade. Logo, concordou-se em afirmar que a redução das ocorrências é três vezes
mais importante que o aumento da detecção de riscos. Por consequência, optou-se por impor
que a redução da severidade teria grau de importância sete vezes maior que o aumento da
detecção. A partir destes índices, o valor do RC desta comparação foi de 5,59%.
para qual delas o custo de implementação de uma melhoria é menor? Com isso, quanto menor
for o custo, maior será o índice escolhido.
As duas primeiras alternativas a serem comparadas são “severidade” e “ocorrência”.
Tendo como base as experiências relatadas pelo supervisor, foi interpretado que os custos das
melhorias para reduzir a severidade dos riscos são três vezes maiores do que aquelas para
reduzir a ocorrência. Isso deve-se ao fato de que para reduzir as ocorrências, na maioria das
vezes, basta-se realizar uma sensibilização com os fornecedores, para ajustarem algum detalhe
da carga, como a organização dos produtos ou divergências com a nota fiscal, ou aplicar
treinamentos à equipe da operação. Essas ações demandam custos financeiros baixíssimos,
necessitando apenas de custos de mão-de-obra e tempo para aplicação destas soluções.
Os custos para implantação de melhorias para reduzir a severidade dos riscos são
menores, nesse caso, se comparados aos de aumento de detecção. Essa diferença ocorre, pois,
para a realidade da Cassol, a maioria das melhorias necessárias para elevar a detecção envolvem
o aumento do número de procedimentos de conferência, além da implantação de sistemas, como
o já implantado sistema de WMS, ambos exigindo o aumento dos custos operacionais. Assim,
impôs-se que os custos para elevar a detecção dos riscos são três vezes maiores do que os de
redução de severidade.
Melhorias para redução da ocorrência e aumento de detecção possuem uma disparidade
ainda maior com relação ao custo de implantação. Pelos mesmos motivos expostos nas
comparações destas duas alternativas com a alternativa de severidade, optou-se por determinar
que os custos para ampliar a detecção eram cinco vezes maiores do que para a ocorrência. Sendo
assim, como consequência destes índices, o RC dessas comparações foi de 3,32%.
Tendo sido finalizada as duas etapas da ferramenta AHP, foi possível determinar os
pesos entre as três alternativas avaliadas, conforme Quadro 14. Estes pesos serão utilizados
como fator multiplicador durante a aplicação da ferramenta FMEA.
Verificar se a quantidade
recebida de produtos Contagem incorreta da
1 - Conferir os produtos
corresponde à quantidade quantidade de produtos
apresentada na NF
4 - Solicitar que o
Carregar novamente no
motorista/ajudante Perder produtos durante o
caminhão os produtos não
recarregue os produtos recarregamento
conformes
divergentes no caminhão
Atraso no
recebimento de
Mover produtos até área
produtos
de espera para
12 - Levar produtos Esquecer produtos nas
movimentação ao Atraso na
até estoque pulmão docas de recebimento
respectivo local de movimentação e
estocagem estocagem de
produtos
Fonte: O autor.
produtos promove dois efeitos de falha: possuir produtos avariados no estoque ou produtos em
bom estado bloqueados no setor de avarias. O primeiro efeito poderá novamente impactar
negativamente a experiência de compra do cliente final, pois ele poderá receber um produto
com defeito em sua casa ou o prazo de entrega combinado poderá não ser cumprido. Logo,
produtos bons interpretados como avariados de maneira incorreta irão, eventualmente,
superlotar a região de produtos avariados, dificultando a movimentação de mercadorias ao seu
redor.
Após finalizar a conferência de produtos, é preciso que seja feita a movimentação até o
estoque pulmão (tarefa 12), região onde as mercadorias permanecem até serem movimentadas
para seus locais de estocagem definitivos. O modo de falha potencial desta tarefa envolve o
esquecimento de produtos, já conferidos, nas docas de recebimento. Este esquecimento pode
gerar atraso no recebimento de produtos, visto que ocupa espaço desnecessário nas docas,
ocasionando uma possível superlotação. Outro efeito deste esquecimento está vinculado ao
atraso dos processos subsequentes de movimentação e estocagem de produtos, pois eles só
poderão ser executados quando os produtos estiverem no estoque pulmão.
Com os efeitos de falha apontados, a etapa seguinte tem o intuito de elencar o grau de
severidade de cada um deles, a partir de um índice que varia de 1 a 10. O Quadro 17 descreve
qualitativamente cada um dos índices, sob a perspectiva de um efeito que atinja uma etapa
subsequente da operação ou o cliente final.
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Atrasos nos fluxos não críticos, os quais não Dificuldade em usar o serviço. O
4 impactam no prazo final do serviço. Aumento cliente precisa de suporte da
dos custos a médio-prazo empresa
Atrasos nos fluxos críticos, os quais impactam Perda definitiva do cliente. Perda
10 no prazo final do serviço. Aumento do custo a significativa da presença de
longo-prazo mercado.
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Os dois efeitos de falha que apresentaram maior índice de severidade foram a falta de
estoque (S=10) (tarefa 1) e produtos avariados no estoque (S=9) (tarefa 2). A falta de estoque,
na visão da empresa, traduz-se em possuir uma maior quantidade de um produto no sistema
WMS, quando comparada a quantidade física presente no estoque. Como explicado
anteriormente, este erro de acuracidade de estoque atua diretamente na experiência de compra
e, em alguns casos, pode ser decisivo para a perda definitiva do cliente, gerando uma perda
imensurável para a empresa. Do ponto de vista interno à empresa, ao deparar-se com a realidade
de falta de estoque de um produto, todo o fluxo operacional seguinte não é realizado, visto que
dependem do produto para serem executados.
Com relação aos produtos avariados no estoque, existem dois cenários que geram
impactos diferentes. O primeiro é quando durante os processos de separação, conferência e
expedição encontram-se produtos avariados, mas que possuem outras unidades em bom estado
do produto no estoque. Isso permite uma atuação rápida e que dificilmente será percebida pelo
cliente final, deixando apenas um custo financeiro para a empresa. O segundo e mais impactante
cenário é o de encontrar um produto avariado durante os processos da Cassol, porém sem haver
outras unidades em bom estado do produto no estoque. Esta falha será percebida pelo cliente
final, pois ele não será atendido no prazo estabelecido, prejudicando sua experiência de compra.
Este cenário possui consequências semelhantes ao efeito de falha de falta de estoque. No
entanto, optou-se por adotar um índice de severidade menor, pois, conforme relatado pelo
supervisor, o segundo cenário acontece em menos de 5% das ocorrências deste efeito.
Da perspectiva dos efeitos de falha com menor índice de severidade, citam-se a
devolução de produtos para o fornecedor com o motivo incorreto de divergência, referente à
tarefa de verificação da razão da divergência, e a necessidade de arcar com os custos de produtos
avariados, atrelado à tarefa de comunicar o fornecedor sobre a existência de uma divergência
do produto, ambos os efeitos com índice S=3. Estes dois efeitos foram ocasionados por falha
na comunicação, gerando mal-entendidos e também, no segundo caso, pequeno aumento dos
custos.
60
A determinação das causas das falhas foi feita com o objetivo de encontrar as
deficiências do processo, as quais geraram os modos de falha. Foram levantadas 10 causas
diferentes para as falhas que ocorrem nas 12 tarefas do setor de recebimento avaliadas no
FMEA. Dentre elas, existem tarefas que possuem apenas uma ou duas causas de falhas distintas,
podendo se repetir de acordo com a quantidade de modos de falha potencial de cada uma. A
causa que está mais presente é a distração dos colaboradores, tendo sido elencada em 7 tarefas,
sendo elas: “Conferir os produtos”, “Verificar se há produto avariado”, “Verificar razão da
divergência”, “Solicitar que o motorista/ajudante recarregue os produtos divergentes no
caminhão”, “Verificar se há divergência entre NF e carga do caminhão”, “Comunicar erro ao
fornecedor” e “Levar produto até local adequado para aguardar devolução”. A elevada presença
desta causa evidencia a necessidade constante de acompanhamento do supervisor. No entanto,
é impossível que este acompanhamento seja frequente com todos os colaboradores do setor,
acontecendo preferencialmente com aqueles que possuem menos experiência. Isso abre
margem para que algumas tarefas sejam feitas de forma incorreta, a fim de facilitar e agilizar o
trabalho dos funcionários, prejudicando e gerando diversos problemas nos processos
posteriores do CD.
Pelo fato do setor de recebimento ser o local de entrada de todos os produtos da empresa,
os erros não identificados poderão provocar prejuízos. O tempo de reação para eles torna-se
cada vez menor, conforme o processo em que ele for descoberto estiver próximo da saída da
mercadoria do CD.
As causas de falha das tarefas 11 e 12, que envolvem superlotação de espaços, estão
mais sujeitas a acontecer durante os meses de maior venda da Cassol. Nestes meses, os volumes
de recebimento de produtos chegam a dobrar, enquanto as áreas de estoque pulmão e de
produtos aguardando devolução permanecem iguais. Com isso, a necessidade de organização
dos espaços por parte do supervisor precisa ser feita constantemente, caso contrário a
probabilidade de ocorrência das falhas irá se elevar.
As demais causas das falhas podem ser analisadas no Apêndices A a L.
61
Número considerável de
ocorrências - Pessoas com Chance de ocorrência
6
experiências recordam-se de entre 8 e 15%
algumas ocorrências
A ferramenta de detecção que envolve a utilização dos coletores para, por exemplo,
conferência dos produtos possui índice D=2. Ao ser questionado sobre o motivo pelo qual este
controle não garante o maior grau de detecção possível (D=1), o supervisor informou que os
processos de leitura dos códigos de barra não exigem que sejam escaneados todas as caixas,
apenas uma caixa por tipo de produto e em seguida seja digitado o número de caixas observadas
visualmente pelo colaborador, pois com isso garante-se uma maior produtividade.
Após finalizar o levantamento dos modos de falha potencial, efeitos da falha, causas da
falha e controles de prevenção e detecção, bem como a definição dos índices S, O e D, o
seguinte passo da ferramenta FMEA é o do cálculo dos índices RPN de cada risco. De acordo
com a explicação feita na seção 3.2.4.9, o índice RPN é o resultado da aplicação da equação 8,
envolvendo a soma das multiplicações entre os índices S, O e D de cada risco e seus respectivos
pesos. A quantidade de índices RPN por tarefa irá depender da quantidade de combinações
existentes entre S, O e D.
A partir destas combinações, foram registrados 38 riscos diferentes no setor de
recebimento, cada um com seu respectivo índice RPN. Dentre eles, o risco com o menor índice
obteve um RPN=2,94, enquanto o maior atingiu um RPN=7,42. O RPN médio encontrado foi
igual a 4,74. Com isso, percebe-se que o valor médio está mais próximo ao RPN
mínimo, quando comparado ao máximo, indicando que a maioria dos riscos estão abaixo da
média e demandam menos preocupação.
Como reflexo destas análises e em concordância com a perspectiva do supervisor do
setor, estabeleceu-se que o índice de corte do RPN, para avaliação mais detalhada e elaborações
de estratégias de mitigação, seria igual a 5,00. Assim sendo, 12 riscos levantados foram
considerados críticos, o que representa cerca de 31% da quantidade total. Os Quadro 20 a 23
detalham cada uma das prioridades.
66
Segunda
conferência
Regulamento -
Colaborador de qualidade
9 2 Manual de 3 5,947
não treinado de produtos
Verificar se entregas
durante a
algum dos
2 - Verificar estocagem
produtos Identificação Produtos
se há
recebidos incorreta da avariados
produto
apresenta avaria no estoque
avariado Segunda
algum tipo de
conferência
avaria Regulamento -
Distração do de qualidade
9 5 Manual de 3 6,8818
colaborador de produtos
entregas
durante a
estocagem
Fonte: O autor.
69
estocagem ocorre ao longo de todo o dia e em um ritmo menor. Quando esta causa de falha
ocorre, cria-se um gargalo no fluxo de cargas.
A priorização e análise destas causas de falha gerou a necessidade de elaborar estratégias
para mitigá-las. Após discussões com o supervisor do setor de recebimento e com outros dois
colaboradores mais experientes da sua equipe, encontrou-se 4 ações que, somadas, impactam
em todas as causas de falha dos riscos priorizados. As ações estão mostradas no Quadro 24.
A estrutura divisória em paletes irá atuar para reduzir as falhas de contagem ocasionadas
a partir da mistura de SKUs diferentes em um mesmo palete. Esta estratégia terá efeito na tarefa
1. A divisória irá ser montada a partir do encaixe perpendicular entre duas placas planas (de
papelão, plástico ou acrílico). Dessa forma, será possível separar o palete em quatro divisões,
tendo apenas 1 SKU em casa divisão. Com esta medida, as chances desta causa de falha ocorrer
irão reduzir, mas serão necessários mais paletes para alocar todos os produtos. No entanto,
conforme exposto pelos colaboradores do setor, são raras as vezes em que existem mais de
quatro SKU diferentes em um mesmo palete.
Os treinamentos periódicos irão agir para reduzir as falhas decorrentes de faltas de
treinamento e distrações de colaboradores, impactando as tarefas 1, 2 e 11. Como dito
anteriormente, em alguns casos, não é possível realizar o treinamento minucioso de todas as
tarefas do setor de recebimento para um novo colaborador. A periodicidade das capacitações
irá garantir que este déficit de conhecimento seja sanado em um prazo máximo. Além disso,
nestes encontros também serão levados exemplos de casos em que foram encontradas avarias
de produtos, imagens de novos tipos de itens que começaram a ser recebidos pela Cassol,
72
expondo pontos de atenção para garantir a qualidade dos mesmos, bem como a revisão do
procedimento operacional padrão.
Fitas coloridas terão o objetivo de, também, reduzir falhas referentes à distração dos
colaboradores. Porém, esta estratégia de mitigação terá efeito apenas na tarefa 11. Ela irá agir
como medida de prevenção visual, sendo aplicada em todos os paletes que possuem produtos
para devolução. Com isso, ao surgir a necessidade de colocar paletes com mercadorias
aguardando devolução em uma área diferente da direcionada a estes casos, devido à
superlotação, os colaboradores irão identificar facilmente que estes paletes não devem ser
movimentados para o estoque comum.
A definição da área extra para o estoque pulmão será utilizada quando a área
normalmente usada para este fim estiver com toda a sua capacidade ocupada. Tendo em vista o
espaço limitado do setor de recebimento e levando em consideração que as docas de
recebimento estão ao lado das docas destinadas ao abastecimento das lojas, explicou-se a
situação para o supervisor do setor de expedição e concordou-se em utilizar o espaço de 3 docas
de abastecimento como espaço extra do estoque pulmão em picos de demanda. A utilização
deste espaço em nada irá afetar o fluxo de produtos nesta região, pois o carregamento dos
caminhões para abastecimento é feito pela manhã e, conforme dito pelo supervisor do
recebimento, a superlotação do estoque pulmão, quando acontece, ocorre no período vespertino.
As medidas de mitigação desenvolvidas reduzirão os índices O e D, prevenindo e
aumentando a detecção dos erros operacionais. Para garantir a implantação concreta destas
ações, será necessário um pequeno recurso financeiro, porém com maiores esforços gerenciais.
Este empenho será necessário para assegurar a utilização das divisórias de paletes, das fitas,
assim como para elaborar os treinamentos periódicos com informações de qualidade, agregando
ao conhecimento da equipe. O recurso das fitas visuais foi aprovado pelo supervisor da
expedição, podendo ser aplicado para situações pertinentes a este setor.
73
5 CONCLUSÃO
Ao fim deste trabalho, considera-se que seu principal objetivo foi alcançado, tendo
identificado, a partir da aplicação da ferramenta FMEA-AHP, os riscos logísticos atrelados ao
setor de recebimento de produtos, do CD de Santa Catarina, da Cassol Centerlar.
O mapeamento das atividades do setor de recebimento, o qual corresponde ao primeiro
objetivo, foi atingido com o desenvolvimento do macrofluxo (seção 4.2) e do fluxograma (seção
4.3). O macro entendimento dos processos colaborou para o desenho do fluxograma, resultando
na alocação de 15 tarefas em ordem de ocorrência e separadas entre as quatro diferentes funções
de quem as executa. Com este mapeamento finalizado, foi possível ter todos os insumos e
conhecimento dos processos para aplicação do AHP e do FMEA.
Com o amadurecimento do entendimento dos processos, foi possível atingir o segundo
objetivo, através da aplicação da ferramenta AHP (seção 4.4), buscando estabelecer pesos
condizentes com a perspectiva da Cassol, referentes aos três índices de avaliação do FMEA
(severidade, ocorrência e detecção). Para realizar esta comparação, levou-se em conta os três
pilares nos quais baseiam-se a maioria das decisões da empresa, resultando em três critérios
comparativos: impacto da melhoria, custo da melhoria e tempo da melhoria. Logo após, foram
comparados cada critério par a par e, em seguida, comparada cada alternativa, também par a
par, em relação a cada um dos critérios de avaliação. Todas estas comparações foram realizadas
a partir dos índices da escala fundamental de Saaty. A partir das definições de cada índice,
realizadas juntamente com o supervisor do setor de recebimento, encontrou-se os respectivos
pesos para cada índice do FMEA, permitindo que o resultado da priorização desta outra
ferramenta retratasse as reais necessidades de atenção.
Após a atribuição dos pesos aos índices do FMEA, conseguiu-se concluir o terceiro
objetivo, que visava identificar as atividades mais vulneráveis aos riscos presentes no setor de
recebimento, por meio da aplicação da ferramenta FMEA (seção 4.5). Após a exclusão de duas
tarefas da análise, por serem executadas externamente à empresa ou não apresentarem causas
de falha, avaliou-se com a ferramenta um total de 12 atividades. Para cada atividade, foram
descritos todos os possíveis modos, efeitos e causas de falhas, bem como seus possíveis
controles de prevenção ou detecção. Todas as atividades avaliadas apresentaram apenas 1 modo
de falha. No entanto, houve o registro de um total de 17 efeitos de falha distintos, como, por
74
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Planilhas de
Notas
Leitura
Fiscais com
incorreta do
6 2 - produtos 3 4,3177
protocolo de
pendentes
divergências
para
Gerar nota devolução
10 - Emitir Gerar nota de Atritos
de
nota de devolução com o
devolução
devolução incorretamente fornecedor
de produtos Comparativo
Leitura com o
incorreta do registro da
6 2 - 2 4,1724
protocolo de divergência
divergências no Sistema
WMS
89