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UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO


GRANDE DO SUL
DCEENG – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIAS
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA – CAMPUS PANAMBI

CRISTIAN ANDRÉ NOSCHANG

DEFINIÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE INDICADORES E CUSTO DE


MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL - TPM EM UMA EMPRESA DO SETOR
METAL MECÂNICO

Panambi
2013
2

CRISTIAN ANDRÉ NOSCHANG

DEFINIÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE INDICADORES DE MANUTENÇÃO


PRODUTIVA TOTAL - TPM E ANÁLISE DE CUSTOS EM UMA EMPRESA DO
SETOR METAL MECÂNICO

Trabalho de conclusão de curso apresentado à


banca avaliadora do curso de Engenharia
Mecânica da Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul –
UNIJUÍ, como requisito parcial para a
obtenção do título de engenheiro mecânico.

Banca Avaliadora:

1° Avaliador (Orientador): Prof. Dr. Gil Eduardo Guimarães

2° Avaliador: Profª. Patrícia Carolina Pedrali


3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus acima de tudo pelas oportunidades que tive e pela persistência para
seguir sempre em frente, superando todos os obstáculos.

À família, pai, mãe, irmão e namorada pela educação e pelo apoio fornecido em
todos estes anos.

Agradecer ao prof. Dr. Gil Eduardo Guimarães pela compreensão, dedicação e


empenho na orientação deste trabalho de forma clara e objetiva.

A todos os competentes professores que compõe o corpo docente do curso de


graduação de Engenharia Mecânica da UNIJUI, tanto os que já passaram pela instituição,
quanto os que estão atualmente repassando seus conhecimentos aos alunos.

Aos colegas e amigos que participaram desta caminhada e realização deste trabalho,
direta e indiretamente.
4

RESUMO

A realização da manutenção busca garantir a máxima disponibilidade das funções


dos equipamentos, afim de atender a um processo de produção ou serviço com confiabilidade.
O termo confiabilidade é muito usado na manutenção e teve origem na década de 50 nos
Estados Unidos para análise de falha em equipamentos eletrônicos de uso militar. É a
probabilidade que um item possa desempenhar sua função por um intervalo de tempo, sob
condições definidas de uso. Busca-se sempre a máxima disponibilidade dos equipamentos
produtivos e para isso recorremos a técnicas e ferramentas que nos auxiliam nesta busca. Uma
ferramenta conhecida é o TPM - Manutenção Produtiva Total a qual será conhecido formas de
aplicação do mesmo em uma empresa, além de analisar a implantação de indicadores de custo
da manutenção. Os custos são fundamentais para a tomada de decisão de se realizar ou não
uma determinada atividade. O que deve ser realizado é a comparação dos custos originados
pela falta de manutenção e os gerados pela realização de uma manutenção efetiva. Desta
forma, será apresentado a implantação de alguns pilares do TPM em uma empresa
demonstrando os benefícios que foram gerados, como melhora da disponibilidade dos
equipamentos e coleta dos dados de manutenção em tempo real.

Palavras-chave: TPM - Manutenção Produtiva Total, indicadores de manutenção,


confiabilidade.
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ABSTRACT

The implementation of maintenance seeks to ensure maximum availability of the


functions of equipment in order to meet a production process , or service reliability . The term
is widely used in reliability maintenance and originated in the 50s in the United States for
failure analysis on electronic equipment for military use . The probability that an item can
perform its function by an interval of time under defined conditions of use. The aim is always
maximum availability of production equipment and for this we use techniques and tools that
help us in this search. A well-known tool is the TPM - Total Productive Maintenance which
will be known forms of the same application in a company , and analyze the implementation
of indicators of cost of maintenance. Costs are fundamental for decision making whether or
not to perform a particular activity . What should be done is to compare the costs caused by
lack of maintenance and those generated by the realization of an effective maintenance. Thus ,
the deployment of some pillars of TPM in a company demonstrating the benefits that have
been generated , such as improved equipment availability and collection of maintenance data
in real time is presented .

Keywords: TPM - Total Productive Maintenance, maintenance indicators, reliability.


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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- As três Gerações de Evolução da Manutenção ......................................................... 13


Figura 2 - Ciclo PDCA ............................................................................................................. 14
Figura 3 - Os 5 's ....................................................................................................................... 15
Figura 4 - Os tipos de manutenção ........................................................................................... 16
Figura 5 - Resultados dos Tipos de Manutenção ...................................................................... 17
Figura 6 - Iceberg dos custos da manutenção ........................................................................... 23
Figura 7 - Ponto Ideal Custo ..................................................................................................... 24
Figura 8 - CMFB das Empresas Brasileiras ............................................................................. 26
Figura 9 - Limpeza não realizada ............................................................................................. 29
Figura 10 - Check-list manutenção autônoma .......................................................................... 31
Figura 11 - Croqui check-list manutenção autônoma ............................................................... 32
Figura 12 - Sistema para coleta de dados manutenção ............................................................. 34
Figura 13 - Sistema proposto de relatórios e gráficos .............................................................. 35
Figura 14 - Coletor de dados .................................................................................................... 36
Figura 15 – Indicador luminoso da manutenção ...................................................................... 37
Figura 16 - Gestão visual das máquinas em manutenção ......................................................... 37
Figura 17 - Proposta tempo padrão........................................................................................... 39
Figura 18 - Histórico de problemas na manutenção autônoma ................................................ 41
Figura 19 - Dados coletados pelo sistema ................................................................................ 44
Figura 20 - Disponibilidade dos Equipamentos ....................................................................... 45
Figura 21 - MTBF .................................................................................................................... 46
Figura 22 - MTTR .................................................................................................................... 46
Figura 23 - Relatório de manutenção ....................................................................................... 48
Figura 24 - Sistema de manutenção planejada ......................................................................... 49
Figura 25 - Resultados .............................................................................................................. 50
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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Aplicação dos Recursos por Tipo de Manutenção .................................................. 16


Tabela 2 - Mudança de Modelo Mental.................................................................................... 22
Tabela 3 - Classificação de máquinas ...................................................................................... 42
Tabela 4 - Máquinas com maiores paradas .............................................................................. 45
8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 9
1. REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................... 11
1.1. Manutenção Produtiva Total (TPM).............................................................................. 11
1.1.1. Evolução da Manutenção .............................................................................................. 12
1.1.2. Ciclo PDCA .................................................................................................................. 13
1.1.3. Programa 5S.................................................................................................................. 15
1.1.4. Tipos de Manutenção .................................................................................................... 16
1.1.5. Manutenção Autônoma ................................................................................................. 17
1.1.6. Manutenções Planejadas ............................................................................................... 18
1.1.7. Manutenção Preventiva ................................................................................................ 18
1.1.8. Manutenção Preditiva ................................................................................................... 20
1.1.9. Confiabilidade............................................................................................................... 21
1.1.10. Mudança de Modelo Mental ......................................................................................... 22
1.2. Estudo dos Custos.......................................................................................................... 23
1.2.1. Desempenho Financeiro da Manutenção ...................................................................... 25
1.2.2. Indicadores Financeiros da Manutenção ...................................................................... 25
1.2.3. Custo da Manutenção por Faturamento Bruto .............................................................. 25
2. MÉTODOS E PROCEDIMENTOS.................................................................................. 27
2.1. Treinamentos Específicos por Operação ...................................................................... 28
2.2. Treinamentos para as Lideranças .................................................................................. 33
2.3. Classificação de Máquinas ........................................................................................... 33
2.4. Sistema para Coleta de Dados de Manutenção ............................................................. 34
2.5. Definição dos Indicadores ............................................................................................ 36
2.6. Planejamento das Preventivas....................................................................................... 38
2.7. Tempo Padrão das Manutenções Preventivas ............................................................... 38
2.8. Análise dos Custos ........................................................................................................ 40
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 41
3.1. Indicadores de Manutenção .......................................................................................... 42
3.2. Planejamento das Preventivas....................................................................................... 47
3.3. Análise dos Custos ........................................................................................................ 47
4. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 50
5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 51
9

INTRODUÇÃO

Com a globalização da economia não se pode mais considerar apenas o mercado


local, mas sim, e principalmente, um mercado global, que a cada dia está forçando empresas
de todo o mundo a questionarem suas políticas e metas, para oferecerem ao mercado,
produtos com qualidade, a preços e prazos mais competitivos.

A implantação dos pilares do TPM no sistema produtivo é um novo modelo de


gestão do trabalho, dependente do envolvimento de toda a empresa e que possibilita melhorias
significativas de produtividade e qualidade da Manufatura. (Perez, 1997).

Atualmente, produzir cada vez mais, com menos custos e mais rapidamente,
passaram a ser desafios comuns para indústrias que pretendem permanecer no mercado. Por
esse motivo, a medição do sistema de manufatura vem sendo cada vez mais essencial para a
resolução de problemas e para a própria melhoria contínua desses sistemas de manufatura.

O trabalho apresenta melhorias desenvolvidas visando a redução do alto índice de


replanejamento das manutenções e a definição de um sistema para coleta e após elaboração de
indicadores de manutenção.

Segundo Chiaradia (2004), no Brasil, os custos de depreciação horária dos


equipamentos são em média maiores que os custos de mão-de-obra. No Japão, por exemplo,
esta relação entre os custos de depreciação dos equipamentos e os custos de mão-de-obra se
comporta de maneira contrária a do Brasil. Desse modo, o parque industrial brasileiro, com
sua capacidade instalada próxima ou, algumas vezes, menor que a demanda, necessita de
flexibilidade de recursos para maximizar sua utilização. Assim, sob este aspecto, faz-se
necessário que as empresas brasileiras busquem melhorar continuamente a eficácia de seus
equipamentos, identificando e eliminando perdas e, consequentemente, reduzindo custos de
fabricação.

O papel da manutenção mostra-se essencial na garantia tanto da qualidade quanto da


produtividade empresarial. A manutenção necessita ser vista como uma função estratégica na
obtenção dos resultados da organização e deve levar em conta os objetivos da empresa
(Kardec & Nasuf, 2001).
10

De acordo com Souris (1992), a estabilidade do processo e a qualidade do produto


passa pela eficiência da manutenção. A realização de uma manutenção com qualidade pode
evitar a deterioração das funções operacionais dos equipamentos.

A aplicação de alguns destes pilares e uma análise dos custos da manutenção,


possibilitou atender aos objetivos propostos de aumentar a disponibilidade dos equipamentos
em até 3% no primeiro ano de coleta de dados e de melhorar a eficiência dos equipamentos.
11

1. REVISÃO DA LITERATURA

1.1. Manutenção Produtiva Total (TPM)

A Manutenção Produtiva Total (TPM) é uma metodologia que tem como objetivo
melhorar a eficácia e a longevidade das máquinas. É uma ferramenta que ataca os maiores
desperdícios nas operações de produção. Esta metodologia se originou de uma necessidade de
um fornecedor atender os exigentes requisitos do Sistema Toyota de Produção. Atualmente o
TPM é utilizado em várias empresas em todo o mundo para melhorar a capacidade de seus
equipamentos e atingir metas para a redução de desperdícios, incluindo restauração e
manutenção de condições padrões de operação.

A metodologia TPM também promove melhorias no sistema do equipamento,


procedimentos operacionais, manutenção e desenvolvimento de processos para evitar
problemas futuros. Sua excelência está em atingir a máxima eficiência do sistema de
produção, maximizar o ciclo total de vida útil dos equipamentos aproveitando todos os
recursos existentes buscando perda zero. Esta metodologia se aplica a todos os departamentos
de uma empresa, envolve todos os funcionários e atua como gestão da produtividade e
performance total.

TPM (Total Productive Maintenance) iniciado no Japão, no qual tinha seu foco na
produção caracterizado pelo ideal de quebra zero e possuía cinco pilares. Aprimorado em
1989 como TPM 2ª geração traduzia a visão aplicada para toda a empresa sustentado em oito
pilares e trazia o compromisso de chegar a perda zero. A 3ª geração do TPM em 1997
propunha satisfação global adicionada no rendimento a redução de custos, também
desenvolvida em oito pilares.

A mentalidade e a metodologia da manutenção do sistema de produção foi


estabelecida inicialmente nos EUA que foi gradativamente sendo aprimorada no Japão da
seguinte forma:

A partir de 1951 (o que antecedia era manutenção pós quebra), desenvolveu-se a


Preventive Maintenance - PM (manutenção preventiva) definida como um acompanhamento
das condições físicas dos equipamentos, além de como um tipo de “medicina preventiva”
aplicada aos equipamentos. Do mesmo modo que a expectativa da vida humana foi ampliada
graças aos processos da medicina preventiva, a vida útil dos equipamentos industriais também
pode ser prolongada através da aplicação de medidas preventivas. A manutenção preventiva
12

visa evitar as interrupções de operações das funções desempenhadas por equipamentos ou dos
componentes; perda da função definida do equipamento, falhas e ausência de funcionamento
definitiva dos mesmos.

Em 1957, a mentalidade de se prevenir a quebras e falhas foi ainda mais


desenvolvida surgindo a Corrective Maintenance – CM (manutenção por melhoria), é um
sistema no qual o conceito de prevenção de defeitos em equipamentos foi ampliado, no
sentido de se aplicar os mesmos aperfeiçoamentos de modo tanto a eliminar as ocorrências de
defeitos quanto melhorar a capacidade de manutenção. A realização de melhorias para se
evitar as quebras e falhas propicia um aumento na confiabilidade e facilita a manutenção
(aumento da mantenebilidade).

A facilidade com que se pode realizar uma intenção de manutenção, probabilidade de


um item avariado voltar ao seu estado operativo em um período de tempo dado, traduz a
manutenibilidade onde, a manutenção se realiza em condições determinadas e com meios e
procedimentos estabelecidos.

A partir de 1960 a grande preocupação estava voltada aos novos projetos surgindo a
Maintenance Prevention – MP (prevenção contra manutenção). Os projetos eram elaborados
com a preocupação idealizada a não dar manutenção e assumia a união dos esforços para
aproximar desse ideal, sendo também conhecida por maintenance free.

1.1.1. Evolução da Manutenção

A necessidade de consertar ou reformar coisas sempre existiu, portanto é difícil


definir de forma precisa quando surgiu de fato a atividade de manutenção. Sabe-se que
historicamente na Europa em torno do século XVI, a fabricação dos primeiros relógios
mecânicos fez surgir também os primeiros técnicos de montagem e reparação. A revolução
industrial e a primeira guerra mundial deram espaço a expansão das tarefas de manutenção
emergenciais. Na segunda guerra mundial conceitos de disponibilidade e produtividade já
eram mais explorados e levaram ao que chamamos de manutenção preventiva e
posteriormente aos modernos tipos de manutenção.

Estes 3 momentos foram abordados por Moubray (2000), conforme figura 1.


13

Figura 1- As três Gerações de Evolução da Manutenção

1ª Geração (1930 - 1940)


- Conserto após a falha.
- Baixa disponibilidade do equipamento.
- Manutenção Corretiva de emergência.

2ª Geração (1940 - 1970)


- Monitoramento com base no tempo. Manutenção Planejada
- Disponibilidade crescente
- Planejamento e controle manuais

3ª Geração ( Desde 1970)


- Engenharia de Manutenção.
- Confiabilidade e Manutenabilidade.
- Softwares potentes de planejamento e controle.
- Grupos de trabalho multidisciplinares.

Fonte: Moubray, (2000).

1.1.2. Ciclo PDCA

Um grande sucesso na implantação do TPM foi a utilização da metodologia do


PDCA “(Plan, Do, Check, Action)” com grande resultado no alcance das melhorias no
planejamento, gerenciamento e aprimoramento de atividades em qualquer uma de suas
aplicações, criado pelo Sistema Toyota de Produção e hoje difundido em todo o mundo e
adotado por muitas organizações e gestores como um método mais eficaz e eficiente a ser
aplicado.

Plan (Planejar): estabelecer os objetivos e processos necessários para gerar


resultados de acordo com os requisitos do cliente e com as políticas da organização.

O planejamento é uma das fases mais importantes, para não se dizer a mais
importante do ciclo, para explicar isso JURAN (1992) no seu livro descrevia que a medida em
que o planejamento progride, ele coleta muitas informações, e estas combinações de
informações resultantes são tão numerosas que se torna necessário estabelecer um meio
14

estruturado para a organização das informações, visando a facilidade de interpretação e


acesso.

Do (Fazer): implementar os processos.

Check (Checar): monitorar e medir processos e produtos em relação às políticas, aos


objetivos e aos requisitos para o produto e relatar os resultados.

Act (Agir): executar ações para promover continuamente a melhora no desempenho


do processo.

O método PDCA permite criar, aprender, copiar e difundir conhecimento e que o


aprendizado é a alma de sua utilização. O PDCA transforma uma organização numa escola
pois a busca por resultados é paralela à busca do conhecimento. (CAMPOS, 2009).

Figura 2 - Ciclo PDCA

Fonte: Campos, 2009.


O padrão é o instrumento que indica a meta (fim) e os procedimentos (meios) para
execução dos trabalhos, de tal maneira que cada um tenha condições de assumir a
responsabilidade pelos resultados de seu trabalho. (CAMPOS, 1994).
15

(a) as metas devem ser suficientemente desafiantes, em todos os níveis gerenciais, de


tal modo a forçar a busca de conhecimento novo.

(b) as metas não podem ser estabelecidas de tal forma a desanimar a todos mesmo
antes do trabalho começar. As pessoas devem achar difícil atingir as metas, mas na devem
acreditar que seja possível.

(c) as metas são estabelecidas para ser atingidas. Este fato deve ser considerado no
Sistema de Avaliação do Desempenho.

(d) As metas devem estar alinhadas e amarradas no orçamento de organização.


(FALCONI, 2009).

1.1.3. Programa 5S

O TPM em seu primeiro pilar desenvolve uma determinação quanto a limpeza e


organização dos equipamentos para o local de trabalho, sendo assim, para a implantação desta
metodologia o primeiro pilar foi gerenciado pelo programa 5S.

Conforme Takahashi (1993), os propósitos da metodologia 5S são de melhorar a


eficiência através da destinação adequada de materiais (separar o que é necessário do
desnecessário), organização, limpeza e identificação de materiais e espaços e a manutenção e
melhoria do próprio 5S.

Os principais benefícios da metodologia 5S são:


 Maior produtividade pela redução da perda de tempo procurando por objetos.
Só ficam no ambiente os objetos necessários e ao alcance da mão;
 Redução de despesas e melhor aproveitamento de materiais. A acumulação
excessiva de materiais tende à degeneração;
 Melhoria da qualidade de produtos e serviços;
 Menos acidentes do trabalho;
 Maior satisfação das pessoas com o trabalho.

Figura 3 - Os 5 's

Fonte: O Autor.
16

1.1.4. Tipos de Manutenção

Figura 4 - Os tipos de manutenção

Manutenção

Corretiva não Corretiva Engenharia de


Preventiva Preditiva
Planejada Planejada Manutenção

Fonte: O Autor.

Na maioria das empresas brasileiras ainda é predominante o emprego de tipos de


manutenção que representam um baixo custo, sendo isso em grande parte por não se
considerar as áreas de manutenção como função estratégica dentro da empresa. Tipos como
corretiva e preventiva ainda dominam o cenário, conforme observado na tabela 1, que
apresenta a aplicação de recursos na manutenção por tipo de manutenção nas empresas
brasileiras.

Tabela 1 - Aplicação dos Recursos por Tipo de Manutenção

Aplicação dos Recursos na Manutenção


Ano Manutenção Manutenção Manutenção Outros
Corretiva Preventiva Preditiva
2011 27,40% 37,17% 18,51% 16,92%
2009 29,85% 38,73% 13,74% 17,68%
2007 25,61% 38,78% 17,09% 18,51%
2005 32,11% 39,03% 16,48% 12,31%
2003 29,98% 35,49% 17,76% 16,77%
2001 28,05% 35,67% 18,87% 17,41%
1999 27,85% 35,84% 17,17% 19,14%
1997 25,53% 28,75% 18,54% 27,18%
1995 32,80% 35,00% 18,64% 13,56%
Fonte: Documento Nacional da Manutenção, 2011.

Pela análise destes dados se observa que a maior média encontra-se na aplicação dos
recursos no tipo de manutenção preventiva, já o tipo de manutenção preditiva tem o menor
17

valor da série, provocados pelos custos necessários de investimento inicial e pelo paradigma
da mudança de cultura.

Segundo Kardec e Lafraia (2002), os resultados pelos tipos de manutenção podem


ser observados pela figura 5.

Figura 5 - Resultados dos Tipos de Manutenção

Fonte: Kardec e Lafraia, 2002.


Realizando uma comparação dos custos por tipo de manutenção, nos é apresentado
segundo Kardec e Nascif, (2012):
- Manutenção Corretiva Não Planejada = 2 x o custo.
- Preventiva = 1,5 x o custo.
- Preditiva e Corretiva Planejada = 1 x o custo.
Sendo que, o custo pela perda de produção é incomensuravelmente maior.

1.1.5. Manutenção Autônoma

Manutenção Autônoma também traduz como um processo de capacitação dos


operadores, com o propósito de torná-los aptos a promover no seu ambiente de trabalho
mudanças que garantam altos níveis de produtividade, sendo assim a manutenção autônoma
significa mudar o conceito de "eu fabrico, você conserta" para "do meu equipamento cuido
eu".

A Manutenção Autônoma é desenvolvida nas habilidades dos operadores em sete


passos.
18

1° passo Limpeza inicial.

2° passo Eliminação de fontes de sujeira e locais de difícil acesso.

3° passo Elaboração de normas provisórias de limpeza, inspeção e lubrificação.

4° passo Inspeção geral.

5° passo Inspeção autônoma.

6° passo Padronização.

7° passo Gerenciamento autônomo.

O ato de limpar, checar, lubrificar e reapertar porcas e parafusos de forma rotineira,


impede o desenvolvimento das falhas nos equipamentos. Estes esforços atribuídos aos
operadores posicionam o pessoal de manutenção a concentrarem nas atividades mais
sofisticadas.

1.1.6. Manutenções Planejadas

Da mesma forma que a Manutenção Autônoma busca desenvolver o pessoal da


operação para que tenha domínio sobre o seu equipamento e possa operá-lo e mantê-lo, da
melhor forma possível, a Manutenção Planejada desenvolve os mantenedores de forma que os
mesmos possam estabelecer um sistema de manutenção mais efetivo e juntamente com o
pessoal da operação, possam eliminar as perdas relativas às quebras e falhas, retrabalhos de
manutenção, falhas de operação e produtos defeituosos.

Embora o lema da Manutenção Planejada no TPM seja "Quebra Zero", a


Manutenção Planejada não é empregada com o objetivo de simplesmente evitar quebras, mas
sim com o objetivo de manter a função dos diversos sistemas existentes. Com isto não fica
apenas a atribuição de planejar os calendários e técnicas de manutenção, mas também planejar
os métodos para manter com eficácia a funcionalidade e confiabilidade esperada dos
equipamentos.

1.1.7. Manutenção Preventiva

A Manutenção Preventiva juntamente com a Corretiva Emergencial representam a


parte mais significativa do percentual das atividades de manutenção das empresas no Brasil
(Documento Nacional de Manutenção, Abraman, 2011).
19

Considerada o coração da manutenção, a Preventiva se caracteriza por atividades


periódicas como limpeza, lubrificação, inspeções simples, recuperação ou troca de
componentes, executadas de forma programada antes da quebra do equipamento.

As rotinas de manutenção preventiva compreendem:

a) Lubrificação.

b) Inspeção com a maquina parada.

c) Inspeção com a máquina operando.

d) Ajuste ou troca de componentes em períodos pré-determinados.

e) Revisão de garantia, isto é, o exame dos componentes antes do término de suas


garantias.

f) Cuidados com o transporte e armazenamento.

g) Instalação.

Objetivos da manutenção preventiva:

a) Distribuir equilibradamente cargas de trabalho.

b) Racionalizar estoque de sobressalentes.

c) Manter a disponibilidade máxima de máquinas e equipamentos.

d) Eliminar improvisações

e) Eliminar atrasos na produção.

Pré requisitos para implantação

Os pré-requisitos básicos para a implantação da manutenção preventiva são a


organização de dados por meio de um sistema de fichas eletrônicas. Esse sistema deve ser
baseado em um registro de dados que compreenda:

a) relação total dos materiais, máquinas o equipamentos constituintes do acervo da


empresa.

b) organização estrutural de coleta de dados para manutenções preventivas.


20

c) informações sobre o andamento dos trabalhos (relatórios).

d) formação de arquivos.

Implantação da manutenção preventiva

Antes de implantar a manutenção preventiva, é necessário avaliar se vale a pena sua


implantação, já que com alguns equipamentos ela se revela desvantajosa. O equipamento deve
ser bem estudado devendo possuir uma das seguintes características:

a) Equipamento valioso para a produção, cuja falha altera o programa.

b) Equipamento do qual depende a segurança pessoal e a segurança das instalações.

c) Equipamento que ao falhar exige muito tempo para o reparo.

d) Equipamento que ao falhar implica em perda de parte da produção.

1.1.8. Manutenção Preditiva

A premissa de manutenção é colocar qualidade no serviço, em nível mais adequado


e, consequentemente, aumentar a disponibilidade da máquina para a produção.

Problemas como desgastes e contaminações, podem ser detectados por meio de uma
análise físico-química dos lubrificantes em uso no equipamento, análise essa que leva o nome
de ferrografia. Atritos excessivos, falhas de isolamento e mau contato podem ser detectados
pela termografia, que analisa o espectro de temperatura das partes do equipamento. Alterações
de densidade e de espessura podem ser detectadas por ultrassonografia. Outras técnicas como
a fluorescência para detecção de trincas, a análise de vibração e o alinhamento a laser
completam o arsenal da Manutenção Preditiva (ANTUNES, 2001).

A manutenção preditiva não visa a eliminação dos dois métodos anteriores, mais
minimiza-los de forma prática, técnica e objetiva, através de acompanhamento e/ou
monitoração de parâmetros, com uso de equipamentos e instrumentação adequada. O
monitoramento por tendência é a contínua e regular medição e interpretação das informações
coletadas, durante a operação da máquina. Isto nos informa a ocorrência de variações nas
condições da máquina e seus componentes, tornando a operação mais segura e econômica.

O acompanhamento através do monitoramento envolve a seleção de parâmetros


mensuráveis e convenientes, instrumentação e métodos adequados. Na realidade, tudo que se
21

pode observar, de forma sensitiva natural, ou com uso de instrumentos que amplificam ou
auxiliam os sentidos humanos, pode transformar-se em parâmetro útil para o
acompanhamento e/ou monitoramento.

Vantagens: A manutenção preditiva oferece as seguintes vantagens:

a) Permite consertos programados que custam menos e evitam queda de produção.

b) Diminui ou elimina os equipamentos em “stand by”, reserva e estoque de peças


sobressalentes.

c) Oferece dados seguros sobre a frequência das falhas e as partes envolvidas, dando
margem para um dimensionamento mais perfeito do almoxarifado de manutenção.

d) Incentiva e fornece dados para a procura de peças e equipamentos de melhor


qualidade.

Aspectos econômicos: a principal economia se obtém com a aplicação da


manutenção preditiva, resulta da eliminação ou minimização das perdas de produção por
quebras do equipamento e, também pela redução dos custos de manutenção.

Perdas de produção podem ser estimadas, porém a economia é mais difícil de se


comprometer, principalmente no caso do custo de mão de obra nas manutenções acidentais.

Observa-se que o custo de implantação da manutenção preditiva parece elevado,


mas, em função dos benefícios proporcionados, são compensados logo nos primeiros anos.

1.1.9. Confiabilidade

Por confiabilidade entende-se a probabilidade de um equipamento operar


continuamente sem falhas por um período definido de tempo ou número de ciclos, dentro das
condições de desempenho especificadas em projeto (SAE, 1999).

A confiabilidade dos equipamentos pode ser expressa por (SAE, 1993):

MTBF (Mean Time Between Failures) que representa o tempo médio de operação
entre uma falha e outra do equipamento ou MCBF (Mean Cicles Between Failures) que
representa o número médio de ciclos entre uma falha e outra;

Por manutenabilidade entende-se a probabilidade de um reparo em um equipamento


ser executado dentro do tempo e dos procedimentos previamente determinados e está ligado
22

às condições de acesso ao equipamento, à habilidade para diagnóstico da falha além dos


recursos materiais e humanos disponíveis e adequados para a realização do reparo (SAE,
1999).

Pode se expressar a manutenabilidade de um equipamento por meio do termo MTTR


(Mean Time to Repair ou Mean Time to Replace) que representa o tempo médio para reparo
ou substituição de um componente em falha. Obtém se esse valor dividindo-se a somatória
dos tempos despendidos com reparos ou substituições pelo numero de vezes que se efetuou
essas tarefas.

A associação dos índices de confiabilidade e manutenabilidade permite definir a


disponibilidade (D) dos equipamentos em termos percentuais conforme mostrado na equação
abaixo:

(1)

Onde: D% = disponibilidade percentual do equipamento - MTBF = tempo médio


entre falhas - MTTR = tempo médio para reparo.

1.1.10. Mudança de Modelo Mental

Para atingirmos valores menores nos custos e agirmos de forma a mudar o paradigma
e a mudança de cultura, necessitamos de uma mudança na forma de pensar e agir, de modo
que possamos ter um retorno maior com os equipamentos em produtividade, eficiência,
segurança, tempo de operação e satisfação, conforme tabela 2.

Tabela 2 - Mudança de Modelo Mental


Mudança de Modelo Mental
De Para
- Manutenção Corretiva - Preditiva e Engenharia de Manutenção
- Foco na Quebra - Identificação e Bloqueio das Causas
- Contratos de Mão de Obra - Contratos de Serviços/Resultados
- Enfoque em Custo - Enfoque em Otimização/Resultados
- Vigilância Permanente - Confiabilidade
- Atividades Funcionais - Atividades Multidisciplinares
- Visão Isolada - Visão Sistêmica e Integrada
- Procedimentos - Princípios
- Gestão da Manutenção - Gestão de Ativos
Fonte: Kardec e Nascif, 2012.
23

1.2. Estudo dos Custos

Os custos da área de manutenção são apenas a ponta de um iceberg. Essa ponta do


iceberg representa apenas os custos com mão de obra, materiais e ferramentas aplicadas nos
reparos, pela equipe de manutenção. A parte não visível do iceberg é o que representa o maior
custo, como o da indisponibilidade, conforme figura 6.

O custo da indisponibilidade é o custo gerado pela perda de produção devida a


paradas dos equipamentos.

É necessário para a otimização dos custos da manutenção analisar a relação ente o


custo com a manutenção preventiva e o custo da falha e desta forma achar o ponto ideal,
conforme a figura 7.

Esta figura 7 demonstrado por Mirshawa & Olmedo (1993), mostra que
investimentos crescentes em manutenção preventiva reduzem os custos decorrentes das falhas
em consequência, diminuem o custo total da manutenção, que somam os custos da
manutenção preventiva e os custos da falha.

Figura 6 - Iceberg dos custos da manutenção

Fonte: O Autor.
24

Figura 7 - Ponto Ideal Custo

Fonte: Mirshawa & Olmedo, 1993.

Da mesma forma é possível observar que realizando mais investimentos, estes


trazem poucos resultados para a redução dos custos das falhas, consequentemente elevando o
custo total.

É importante que o ponto ótimo deve levar em consideração aspectos como a


importância do equipamento no processo, um exemplo é quando o custo da manutenção
corretiva é menor do que os custos da indisponibilidade, encontrado em equipamentos sem
influência no processo produtivo.

Podemos dividir os custos em três grupos:

1º - Custos diretos: são aqueles necessários para garantir a operação dos


equipamentos.

2º - Custos de perda de produção: são os custos oriundos da perda de produção por


falha de equipamentos por negligência do pessoal de manutenção.

3º - Custos indiretos: com a estrutura gerencial e de apoio administrativo, incluem


quaisquer aquisições feitas para fins de acompanhamento da manutenção.

Na maioria das vezes as empresas acabam não tendo uma apuração dos custos de
manutenção detalhada, e acabam apenas justificando, após o ocorrido o que gastaram e como
gastaram.

Acredita-se que todos entendem que a manutenção está fazendo o melhor possível, e
que todos deveriam aceitar o que foi gasto. Se acaba achando que o que foi gasto era
necessário e todos deveriam aceitar.
25

O que ocorre é que as áreas de manutenção acabam achando que não tem
concorrência, não se dando conta que poderiam trabalhar de modo diferente.

1.2.1. Desempenho Financeiro da Manutenção

Infelizmente alguns diretores e gerentes de produção desejam que a manutenção seja


medida pelo tempo que a equipe de manutenção levou para colocar as máquinas de volta em
serviço, não questionando a qualidade dos reparos.

Para ter o processo de manutenção sob controle, devemos ter domínio sobre o que
poderá acontecer, domínio sobre o que está acontecendo e ter condição de interferir para
corrigir eventuais desvios.

1.2.2. Indicadores Financeiros da Manutenção

O custo é um dos parâmetros da qualidade total e a manutenção deve cuidar para que
o custo seja o menor possível, considerando ainda o custo de acidentes, das perdas de
produção, das indenizações, das perdas de matéria prima, dos retrabalhos, dos danos
ambientais e consequentemente recuperação e limpeza.

Não se pode esquecer que todos os negócios tem um ponto de equilíbrio, nem
manutenção em excesso e nem manutenção em falta. Não podemos esquecer, então, que uma
parte necessária da avaliação da manutenção é a sua avaliação quanto ao desempenho
financeiro.

Existe uma grande quantidade de índices de custos, que devem estar sempre prontos
para serem divulgados, mas, de um modo geral, deve haver divulgação sistemática apenas de
alguns. Apesar da imensa quantidade de indicadores que podem ser calculados, sabemos que
não são usados todos, é necessário escolher o que melhor auxilia a entender o que se passa e
qual a tendência dentro das metas estabelecidas.

1.2.3. Custo da Manutenção por Faturamento Bruto

Este indicador é utilizado para conhecer a parcela das despesas de manutenção e da


manutenção no faturamento da empresa.

CMFB = Custo de Manutenção por Faturamento Bruto.

(2)
26

CMNT = Somatório de todas as despesas e gastos de manutenção, tanto de pessoal


próprio como de pessoal contratado, tanto de materiais técnicos e administrativos como
sobressalentes e lubrificantes, incluindo máquinas alugada e despesas de deslocamento para
atendimentos, estudos e treinamentos.

Segundo uma pesquisa realizada pela ABRAMAN - Associação Brasileira de


Manutenção, entre as empresas brasileiras a média do CMFB das empresas brasileiras é de
4,11%. Este valor com o passar dos anos tem apresentado uma tendência de queda à medida
que se emprega tipos de manutenção mais eficazes.

Figura 8 - CMFB das Empresas Brasileiras

Fonte: Documento Nacional da Manutenção, 2011 - ABRAMAN.


27

2. MÉTODOS E PROCEDIMENTOS

O setor metal mecânico é um dos mais extensos dentre todos os setores indústrias. Os
gêneros que o compõem - a metalurgia dos ferrosos e não ferrosos, a mecânica e os materiais
elétricos, de comunicações e de transportes - destacam-se pela grande heterogeneidade de
seus produtos. Boa parte deles é demandada como insumos que, ao se combinarem com
outros, viabilizam a manufatura de diversos bens intermediários, de capital, e de consumo
final, muitos destes últimos também produzidos no seu interior, como é o caso dos
automóveis.

Essa heterogeneidade de produtos, com níveis diversos de complexidade tecnológica,


promove a coexistência de processos produtivos que variam com relação: ao grau de
conhecimento tecnológico do fornecedor/produtor e a possibilidade de normatização dos
componentes; à continuidade do processo produtivo, incluindo-se aí a disposição e
funcionalidade do lay-out e a flexibilidade desse processo; e à escala ótima de produção.

As potencialidades da economia gaúcha, unidas a tecnologias avançadas, inserem o


Rio Grande do Sul em um cenário mundial competitivo. No Rio Grande do Sul a indústria
metalúrgica está dividida principalmente para atender o setor automobilístico-rodoviário e o
setor de máquinas e implementos agrícolas.

A implantação de alguns dos pilares da manutenção produtiva total e dos custos de


manutenção foram aplicados em uma empresa do setor metal mecânico, fabricante de peças
automotivas, rodoviárias, agrícolas e de construção, cujos processos existentes são bem
distintos um dos outros: estamparia, solda, tratamento de superfície e pintura.

Os objetivos propostos foram, aumentar a disponibilidade dos equipamentos, sua


eficiência e a redução dos custos.

Para estes objetivos serem alcançados foram definidas algumas etapas:

1. Treinamentos de manutenção específicos por operação;


2. Treinamentos de manutenção para as lideranças;
3. Estabelecer critérios de classificação de máquinas;
4. Desenvolver sistema de coleta de dados dos equipamentos;
5. Elaboração de indicadores;
6. Controle do planejamento das preventivas;
28

7. Levantamentos dos tempos das manutenções preventivas;


8. Análise dos custos de manutenção.

A Manutenção Produtiva Total é baseada na mudança de cultura dentro da empresa.


Assim define-se que a mudança seria o processo de transformar o comportamento de um
indivíduo ou de uma organização. Verifica-se, contudo, que existe a importância da realização
de mudanças planejadas e não ao acaso ou quando necessárias. Partindo do princípio que a
mudança exige que os membros da organização modifiquem as maneiras pelas quais
habitualmente se comportam ou trabalhem, os gerentes ou líderes precisam ser capazes de não
somente melhorar os relacionamentos estrutura-tecnologia-pessoas nas organizações, como
também identificar e trabalhar meios para que a mudança comportamental seja efetiva. Pois, a
verdadeira mudança ocorre quando não há retornos a comportamentos antigos em situações
de dificuldade. Pode-se afirmar que o diagnóstico da mudança esbarra nos paradigmas
organizacionais e culturais, que funcionam como barreiras intransponíveis para que as pessoas
possam atuar como agentes ativos da mudança organizacional.

A tecnologia somente funciona quando as pessoas estão plenamente habilitadas a


fazê-la funcionar e quando sabem e têm condições pessoais de fazê-la funcionar bem. Como a
tecnologia também muda rapidamente, as pessoas precisam aprender a mudar e a trabalhar em
um ambiente de mudança e inovação.

Com base em todas as avaliações feitas até aqui, propõem-se a seguir algumas etapas
para implantação de indicadores de manutenção. Metodologias podem e devem ser
questionadas, revistas e abandonadas sempre que não se provarem como as mais adequadas
para serem atingidos os fins para os quais foram propostas.

2.1. Treinamentos Específicos por Operação

Constatou-se a partir das auditorias de processo realizadas na produção que em 46%


das auditorias realizadas era verificado problemas com a realização das manutenções de rotina
dos operadores. Esta manutenção é a chamada manutenção autônoma na qual o operador por
conhecer seu equipamento realiza diariamente verificações e limpezas seguindo itens
detalhados em um check-list.

Desta forma utilizando ferramentas de solução de problemas, constatou-se que era


necessário duas ações para este problema:
29

1ª - Elaboração de treinamentos de manutenção autônoma diferenciados.

2ª - Reestruturação das rotinas seguidas pelos operadores nos check-list.

Sabendo as ações necessárias foi iniciado o desenvolvimento de treinamentos


específicos de manutenção de rotina aos operadores. Até então, o treinamento passado aos
operadores de manutenção autônoma era um genérico que era utilizado para todas as
operações, porém conforme já mencionado nossa diversidade de processos é grande e esta
estruturação não proporcionava um treinamento eficaz para o equipamento que o operador iria
utilizar.

O treinamento era baseado em uma máquina padrão e se focava como deveria ser
realizada a leitura do check-list não se dando ênfase as propriedades específicas de cada
equipamento.

Sendo assim, foi realizado em conjunto com as áreas técnicas de cada processo, áreas
de manutenção e centro de treinamento uma mudança nos treinamentos das operações dos
equipamentos. Foi incluído no treinamento de operação de cada equipamento como realizar a
manutenção autônoma, incluindo particularidades dos equipamentos, fotos e situações que
poderiam ocorrer caso não fosse realizado a manutenção adequada, conforme podemos
observar na figura 9a) e 9b) regiões de acumulo de cavaco, 9c) danos gerados devido ao
acúmulo de cavaco.

Figura 9 - Limpeza não realizada

Fonte: O Autor.
30

O segundo passo foi a reestruturação dos check-list seguidos pelos operadores,


devido aos mesmos apresentarem dificuldades no entendimento das informações ali
apresentadas. Muitos check-list foram elaborados somente a partir dos dados que continham
nos manuais dos equipamentos, contendo na maioria das vezes dados técnicos que não eram
compreendidos.

Cada check-list de manutenção era composto por 3 folhas, uma para o preenchimento
da realização, a segunda com os itens que eram necessários verificar e a terceira com o croqui
do equipamento. Com a alteração se teve a preocupação em proporcionar um check-list mais
dinâmico e que fosse de fácil interpretação. Desta forma o mesmo foi reduzido para duas
folhas, a primeira, figura 10, contêm o que deve ser verificado, os campos para o
preenchimento da verificação, o que deverá ser utilizado para realizar esta manutenção (pano,
produto de limpeza) e a forma de se realizar (com o equipamento ligado, desligado ou
operando) e a segunda folha, figura 11, apresenta o croqui detalhando os itens a serem
verificados.
31

Figura 10 - Check-list manutenção autônoma

Fonte: Check-list de manutenção da empresa.


32

Figura 11 - Croqui check-list manutenção autônoma

Fonte: Check-list de manutenção da empresa.


33

2.2. Treinamentos para as Lideranças

Outro ponto importante constatado durante a realização dos treinamentos específicos


de manutenção para cada operação foi que devido a muitos pontos não serem compreendidos
pelos operadores eles acabam recorrendo aos seus líderes, que é o correto, porém na maioria
dos casos os próprios líderes das áreas não conheciam como realizar as manutenções
autônomas nos equipamentos presentes em sua área, tendo que estes recorrer aos mecânicos.
Desta forma acabou-se tendo dois problemas: primeiro que devido a não conhecerem muitas
vezes os itens não era realizada a manutenção e segundo que era perdido muito tempo em
espera por um mecânico para simplesmente mostrar onde que era realizada a verificação
solicitada no check-list, sem contabilizar no que o mecânico deixava de atender neste período.

Para resolver este problema, foi desenvolvido um treinamento teórico e prático para
todas as lideranças da produção.

O treinamento teórico, apresenta os procedimentos da empresa quanto à realização


da manutenção, a importância da mesma, as etapas que os operadores necessitam realizar na
manutenção e exemplos de problemas que ocorrem da não realização do item solicitado,
conforme figura 7.

A parte prática do treinamento apresenta para cada liderança, as máquinas presentes


em sua área e desta forma é realizada na prática a verificação da manutenção autônoma de
cada equipamento, desta forma o líder conhece os pontos a serem verificados e sabe como
verificar, além de conhecer maiores particularidades do equipamento já que o treinamento
prático é ministrado por um mecânico da área.

2.3. Classificação de Máquinas

Durante o levantamento de dados já existentes dos equipamentos, constatou-se que


não havia uma classificação definida dos equipamentos chave, conforme é previsto no item
(4.5.1.4 da ISO/TS 16949), "a organização deve identificar os equipamentos-chave do
processo".

Verificando a importância destes dados para posteriormente elaborar os indicadores,


foi realizado as definições de criticidade dos equipamentos.

Máquinas críticas utilizadas pelas áreas de produção são as que influenciam


diretamente na capacidade de processo, sob identificação pelos responsáveis pelas áreas de
34

manutenção, usado como critério principal as máquinas gargalo de produção ou com forte
impacto na qualidade e segurança do produto. Também todos os equipamentos que impactam
diretamente no meio ambiente.

2.4. Sistema para Coleta de Dados de Manutenção

Com a implantação das definições de criticidade dos equipamentos, foi possível


partir para a elaboração dos indicadores, porém antes verificamos que era necessário um
sistema que coletasse as informações dos equipamentos em tempo real. Os dados que
utilizávamos até então eram atualizados somente trimestralmente, já que era um processo
manual que consistia em abrir todos os relatório de manutenção para coletar os tempos gastos
para a realização da manutenção, deixando muito sujeito a não termos dados confiáveis para
analisar.

Desta forma a empresa optou em desenvolver um módulo de manutenção em um


sistema que já estava conectado aos equipamentos para coletar dados de produtividade,
eficiência e performance.

Juntamente com o time de manutenção foram desenvolvidas diversas propostas de


formas que o sistema deveria funcionar, desde dados a coletar as telas do sistema, figura 12,
gráficos e relatórios.

Figura 12 - Sistema para coleta de dados manutenção

Fonte: O Autor.
35

O sistema no seu desenvolvimento foi pensado para que sua utilização fosse rápida e
simples, não se perdendo muito tempo na retiradas dos indicadores e relatórios, assim
montamos um layout de sistema que simplificou bastante a coleta de dados conforme figura
13. O uso de controles informatizados permite uma maior simplicidade operacional, pois o
levantamento de dados é executado através de uma forma muito mais confiável e de uso mais
amplo. Os indicadores sugeridos podem ser utilizados para monitoramento da estamparia,
solda e pintura ou pode ser realizado o monitoramento através dos equipamentos de forma
individual dos processos existentes. As vantagens do monitoramento por área ou individual é
que desta forma se consegue identificar os setores que mais fogem dos objetivos.

Figura 13 - Sistema proposto de relatórios e gráficos

Fonte: O Autor.

O tempo para desenvolvimento da proposta do sistema, aprovação, desenvolvimento


do sistema, treinamento das áreas envolvidas levou em torno de 1 ano e meio. Após isso, foi
iniciado a instalação dos coletores nos equipamentos chaves do processo que ainda não
tinham o sistema acoplado, conforme figura 14.
36

Figura 14 - Coletor de dados

Fonte: O Autor.

2.5. Definição dos Indicadores

Como visto no decorrer do trabalho pudemos perceber a importância de indicadores


para podermos medir os estado atual da manutenção, desta forma a proposta dos indicadores
foi a elaboração de indicadores de:

Tempo de Resposta: através dos dados coletados no sistema é possível se analisar o


tempo que as áreas de manutenção levam para atender a um chamado. Com este Indicador
poderemos verificar também se o atendimento está sendo ágil e se a linha notifica de imediato
a área de manutenção quanto ao problema. No momento que o colaborador informa no
sistema, parada por manutenção corretiva o programa começa a contar o tempo e o sistema
encaminha um aviso ao responsável pela manutenção da área. Assim que o mecânico começar
a trabalhar e registrar no sistema o contador para. O aviso desenvolvido foi pensado na gestão
visual, alertando a área através de uma lâmpada instalada na área de manutenção, conforme
figura 15, e após o mecânico verifica no computador qual o equipamento, em que área, qual a
especialidade que necessita e o tempo que está parada conforme figura 16.

O tempo de resposta representa o tempo entre a comunicação da indisponibilidade da


máquina ou equipamento e o momento do início do atendimento por parte da manutenção. É
importante acompanhar esse intervalo de tempo, para termos um controle mínimo sobre
eventual desperdício ou ainda verificar a organização básica da equipe.
37

Figura 15 – Indicador luminoso da manutenção

Fonte: O Autor.

Figura 16 - Gestão visual das máquinas em manutenção

Fonte: O Autor.

Comparativo de Manutenções: tem o objetivo de analisar quais os tipos de


manutenção que mais estão sendo realizados.

MTBF: o tempo médio entre falhas é um valor atribuído a um determinado


dispositivo ou aparelho para descrever a sua confiabilidade. Ele representa o tempo médio
entre a ocorrência de uma falha e a próxima. Quanto maior for este índice, maior será a
confiabilidade no equipamento.

MTTR: o tempo médio de reparo é o indicador que nos aponta o tempo que a equipe
de manutenção demanda para reparar e disponibilizar a máquina ou equipamento para o
sistema produtivo.
38

Disponibilidade: Esse indicador representa a probabilidade de em um dado momento


um equipamento estar disponível. Ele é o resultado do bom acompanhamento do indicador de
motivo de paradas.

Como visto nos indicadores, com o módulo de manutenção é possível aumentar a


confiabilidade das máquinas e equipamentos, reduzir custos através da análise dos
indicadores, (tomada de ação aos pontos críticos) e teremos dados concretos e reais da
situação dos equipamentos e máquinas da produção.

Realizando uma análise correta dos indicadores será possível também aumentar a
disponibilidade dos equipamentos e máquinas para produção, já que será possível mapear os
pontos críticos nos diversos equipamentos cadastrados.

2.6. Planejamento das Preventivas

Da mesma forma que constatado um índice alto de não realização da manutenção


autônoma durante as auditorias de processo, também verificou-se a necessidade de um
trabalho a ser desenvolvido no cumprimento das manutenções preventivas que apresentavam
uma média de 29% de reprogramação.

Trabalhou-se na alteração do sistema de preventivas com o intuito de incluir no


relatório a justificativa da necessidade de uma reprogramação da manutenção.

2.7. Tempo Padrão das Manutenções Preventivas

Um índice que auxilia no planejamento das manutenções e no levantamento dos


custos da equipe de manutenção é ter disponível o tempo padrão das manutenções
preventivas. Este tempo foi necessário ser coletado para termos os dados iniciais do tempo das
preventivas e assim possibilitar a avaliação do backlog da manutenção.

Conforme Branco (2006), backlog é utilizado para determinar o tempo que a equipe
de manutenção deverá trabalhar para executar os serviços pendentes, supondo que não
cheguem novos pedidos ou ordens de serviço durante a execução dos serviços.

Os dados foram coletados durante o ano de 2012, para cada manutenção realizada se
registrou o tempo do início ao fim da realização dos itens planejados, conforme figura 17 foi
elaborado uma proposta no sistema de manutenção para se lançar os dados coletados,
facilitando desta forma o acesso a estas informações pela manutenção e pela produção.
39

Figura 17 - Proposta tempo padrão

Fonte: O Autor.
40

2.8. Análise dos Custos

A análise dos custos visa demonstrar onde está sendo despendido o capital. Deve se
ter em conta que uma boa manutenção é responsável pelos gastos que efetua, assim se for uma
equipe perdulária, os custos de manutenção serão altos. Se for por demais ávara, poderemos
ter problemas de paradas frequentes devido à má qualidade de sobressalentes ou de
deficiência de mão de obra, em quantidade ou em qualidade. No entanto, deve ser dada
atenção ao fato de que ainda que a manutenção esteja bem dirigida, e se os operadores dos
equipamentos não dispensam cuidados que são importantes à máquina, o custo será sempre
maior que o indispensável.

Os trabalhos aqui desenvolvidos foram no desdobramento do custo da manutenção


pelo faturamento bruto. A proposta é poder emitir os indicadores de custo individualmente
para cada área. Possibilitando desta forma uma tomada de ação mais precisa. Hoje quando em
um mês o custo passa da meta estipulada não é possível saber exatamente onde ocorreu o
aumento, não tendo como realizar uma análise do motivo. A ideia é termos indicadores de
custo individuais por área.

Além destes indicadores é necessário um detalhamento maior de cada área, e de cada


máquina, como:

Avaliação dos principais pontos da área ou equipamento por período:

 Custo da mão de Obra (mecânicos);


 Custo de Peças;
 Custo por erro de Operação;
 Custo das Preventivas;
 Custo das Corretivas;

Com estes dados pode-se analisar melhor o ciclo de vida do equipamento. Avaliar se
é vantajoso realizar uma manutenção corretiva ou então encaminhar a compra de um novo
equipamento.
41

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados dos trabalhos realizados foram coletados no ano de 2012 e 2013 sendo
analisadas as melhorias nos processos, com o objetivo de aumentar a disponibilidade dos
equipamentos e sua eficiência.

Conforme apresentado as etapas do projeto, foram realizadas mudanças que geraram


mudanças no setores de manutenção e produção.

Conforme mencionado 46% das auditorias de processo apresentavam problemas de


realização das manutenção autônoma. Realizado a elaboração de treinamentos específicos de
manutenção autônoma para cada equipamento e reestruturado os check-list de manutenção
dos operadores. Com esta alteração foi possível reduzir os índices de manutenções não
realizadas, conforme figura 18 que demonstra a redução dos problemas detectados nas
auditorias de processo.

Figura 18 - Histórico de problemas na manutenção autônoma

50%
45%
46%
40%
35%
30%
25%
20%
15% 18%
10% 12%
5%
0%
2011 2012 1º sem /13

Fonte: O Autor.

Da mesma forma foi possível estruturar treinamentos específicos de manutenção para


as lideranças, possibilitando um atendimento mais rápido aos problemas ou dificuldades
detectados pelos operadores na linha de produção.

Realizando este novo treinamento foi possível diminuir em 36% os chamados


realizados a equipe de manutenção.
42

3.1. Indicadores de Manutenção

Para a definição e implementação dos indicadores de manutenção, iniciou-se os


trabalhos com o estabelecimento da criticidade dos equipamentos, para posteriormente
passarmos a coleta de dados dos indicadores.

A criticidade definida para priorizar a realização das atividades de manutenção dos


equipamentos são definidas na tabela 3, sendo os equipamentos de criticidade “A” de maior
prioridade, ou seja, prioridade 01. As manutenções dessas máquinas necessitam de atenção
especial, as execuções não poderão atrasar, caso ocorram, deverão ser justificadas no relatório
de manutenção programada.

Criticidade:

A - Máquinas S/L: São aquelas que produzem a características de segurança e


legislação em um produto.

B- Máquinas críticas: São consideradas únicas na planta da empresa, aquelas que não
possuem back-up para realização das atividades, também máquinas com aplicação única de
ferramental para produção de determinado produto.

C – Demais máquinas e equipamentos da empresa.

Legenda de Prioridade

S = Sim (Consideradas máquina S/L ou críticas)

N = Não (Não consideradas como máquinas S/L ou críticas)

Tabela 3 - Classificação de máquinas

CRITICIDADE Manutenção
Programada
A B C PRIORIDADES
S S N 01 (Alta)
S N N 01 (Alta)
N S N 02 (Alta)
N N N 03 (Média)
Fonte: O Autor.
43

A coleta de dados foi realizada a partir da elaboração da proposta de um sistema


ligado aos equipamentos que coletassem todas as informações em tempo real conforme figura
14 apresentada anteriormente.

Com o sistema elaborado iniciamos o controle de todas as ocorrências que fossem


geradas pela manutenção, como:

 Manutenção Corretiva;
 Manutenção Corretiva Programada;
 Manutenção Preventiva;
 Lubrificação;
 Manutenção Autônoma.

Conforme pode ser verificado na figura 19 é possível se verificar por equipamento,


grupo de equipamentos ou área os seguintes dados.

 Data inicial e data final da ocorrência;

 ; (3)

 ; (4)

 ; (5)

 Carga horária do recurso;


 Disponibilidade;

; (6)

 Tempo de ocorrência em % = Percentual que o tipo de manutenção representa do


total de manutenções.
Com o sistema é possível verificar quantos equipamentos estão com algum tipo de
problema no momento, se já foram atendidos, o nome dos mecânicos que estão atendendo as
ocorrências e uma diversidade de combinações de relatórios que são possíveis serem
realizados.
Tendo acesso a estes dados foi possível a elaboração dos indicadores de manutenção
conforme necessidade da empresa, a coleta dos dados nos possibilitou a definição dos
seguintes indicadores a serem utilizados pela empresa.
44

Figura 19 - Dados coletados pelo sistema

Fonte: Sistema de coleta de dados.


45

Obtive-se uma significativa melhora nos dados de disponibilidade dos equipamentos


a medida que foi possível estratificar quais eram as máquinas com mais problemas para serem
atacadas, conforme pode ser verificado no figura 20.

Figura 20 - Disponibilidade dos Equipamentos

Fonte: O Autor.

A tabela 4 nos apresenta as máquinas que ficaram maior tempo paradas no período.

Tabela 4 - Máquinas com maiores paradas


Estamparia - Ordenado pelo tempo de máquina parada
Nome Carga Horária Tempo de Tempo Médio Quantidade % de
A.I. Descrição Recurso
Recurso do Recurso Ocorrência Entre Falhas de Falhas Máquina
11561 3269 (1) PR.EXCENTRICA 80TON L-09 1.788,80 408,30 28,76 47 23%
4747 3104 (B) GUILHOTINA HIDR. 1/2" 1.788,80 320,20 81,59 17 18%
17269 3348 (24) CENTRO USINAGEM HCN 4000 1.788,80 300,27 57,25 25 17%
5437 3261 P.EXC.800T MAHNKE 3266/67 1.788,80 245,89 12,86 119 14%
13037 3327 TORNO CNC QTN 100 C/ALIM 1.788,80 241,54 67,27 22 14%
9096 3113 (H) MAQUINA LASER 4400 1.788,80 235,24 29,31 52 13%
6187 3280 (1) P.630T/TRANSF L-02 3287/8 1.788,80 234,12 16,03 96 13%
10838 3222 DESBOBINADOR ATE 8,0MM 1.788,80 228,92 20,52 75 13%
6201 3277 PR.250T BLANK C/DESB L-01 1.788,80 225,66 45,97 33 13%
8363 3275 P.EX.250T MAHNKE3276/8/93 1.788,80 174,78 22,42 71 10%

Fonte: O Autor.

Com estes dados foi possível verificar que as 10 máquinas presentes na tabela 4
representam juntas 26% do tempo de máquina parada, em um total de 135 máquinas. E que
estas horas paradas representam um total de 1,17% da disponibilidade da área. Tendo em
mãos estes dados ficou mais fácil de decidir onde agir.
46

Juntamente com estes dados foi elaborado ainda os dados de MTBF e MTTR
conforme figuras 21 e 22.

Figura 21 - MTBF

Fonte: O Autor.

Sabendo os dados de MTBF é possível podermos analisar a confiabilidade do


equipamento, como anteriormente não tínhamos estes indicadores, traçamos algumas metas
para a partir destes dados começarmos a tomar ações nas manutenções para aumentarmos o
tempo das máquinas em operação.

Figura 22 - MTTR

Fonte: O Autor.
47

Os dados apresentados na figura 22 demonstram o tempo médio que a equipe de


manutenção leva para reparar os equipamentos e disponibilizar os mesmos novamente a
produção.

3.2. Planejamento das Preventivas

No sistema de planejamento das manutenções preventivas conforme figura 23, foi


incluindo no sistema opções para que caso ocorra atrasos nas manutenções, seja necessário
informar a justificativa, informando se é pelo PCP/Produção que não liberou a máquina ou a
manutenção que não realizou. Após é dado o visto pelos responsáveis e planejado nova data
para a realização da manutenção.

Assim que selecionar uma das opções será emitido um aviso via sistema interno de
comunicação ao responsável da área para verificar a manutenção que está sendo
reprogramada, e preencher no relatório a justificativa do atraso.

Da mesma forma foi acordado com o time de manutenção que a negociação dos
equipamentos para a realização da preventiva somente seria realizada com o PCP, pelo
motivo do mesmo conhecer os pedidos dos cliente afim de não gerar problemas de entrega.
Contribuindo para um melhor agendamentos das manutenções a serem realizadas foi
coletado o tempo padrão das manutenções preventivas de todos equipamentos, incluindo estes
dados no sistema de planejamento das manutenções. Desta forma de forma rápida é possível
ser consultado pelo PCP e pela equipe de manutenção qual é o tempo padrão que lavará uma
determinada manutenção, conforme pode ser verificado na figura 24.

3.3. Análise dos Custos

Os trabalhos propostos na análise dos custos estão até o momento em fase de


elaboração, não tendo dados a serem apresentados.
48

Figura 23 - Relatório de manutenção

Fonte: Sistema de manutenção da empresa.


49

Figura 24 - Sistema de manutenção planejada

Fonte: Sistema de manutenção da empresa


50

4. CONCLUSÃO

Avaliando-se as melhorias estabelecidas e a tendência positiva dos índices estudados


quando contemplado todo o período, pode-se afirmar que foi definido corretamente os
indicadores aqui mostrados e que essa implementação serviu para impulsionar a melhoria da
disponibilidade dos equipamentos, conforme pode ser observado na figura 25 abaixo.

Figura 25 - Resultados

Fonte: O Autor.

É necessário um forte compromisso e disciplina por parte da gerência e do time da


manutenção, para que as ações definidas e implantadas não acabem diminuindo de ritmo.

Com base nesse trabalho, para elaboração de trabalhos futuros pode-se:

 Efetuar uma análise mais aprofundada das causas de variação da


disponibilidade do equipamento e das causas que mantiveram em patamares
muito baixos os índices de MTBF.

 Avaliar os indicadores de custo da manutenção.

A metodologia de implantação dos indicadores baseados no TPM envolve uma


mudança de comportamento e gera um ambiente mais atrativo para trabalhar onde cada
integrante tem papel fundamental no corpo da empresa. Esta metodologia é aplicável a
qualquer e a qualquer tipo de organização.
51

5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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