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AULA 1
Ele foi o grande responsável pelo crescimento da região que antes da sua chegada já era
conhecido pelos comerciantes vindos do Egito.
Quando Odùduwà chega em uma cidade chamada de Ifé em uma região conhecida hoje como
parte do território Yorùbá já existia um rei Chamado Ọbàtálá.
Cidade de Ifé é conhecida desde o século VI por ter comércio com os Nupes e os povos
muçulmanos.
Os moradores desta cidade produziam contas de vidro que foram encontradas pelos
arqueólogos, essas joias eram muito desejadas e foram usada em trocas no comercio.
Odùduwà estava com o seu povo fugindo da guerra religiosa que tinha tirado a vida de seu pai.
Consultar os Òrìṣà através do jogo de búzios em nosso país é uma coisa muito comum, mas
não é Ifá.
Oráculo
A consulta ao conhecido jogo de búzio é muito diferente de uma consulta a Ọ̀ pẹ̀lẹ̀ ou Ikin, no
jogo de búzio o Òrìṣà que orienta o consulente é Ọ̀ ṣun, e em uma consulta a Ifá, quem orienta
o consulente é Ọ̀ rúnmìlà.
Jogo de búzios
Èlà
Na Religião Tradicional Yorùbá, um mesmo Òrìṣà tem vários nomes, Ọ̀ rúnmìlà é um Òrìṣà que
quando atua na intuição do sacerdote recebe o nome de Ẹ̀là.
Ọ̀ rúnmìlà
Ọ̀ rúnmìlà tem vários nomes, o mais conhecido é Ifá, essa denominação acontece quando
Ọ̀ rúnmìlà é invocado em forma de Oráculo.
Ifá
O Oráculo de Ọ̀ rúnmìlà através dos odùs e dos versos sagrados é conhecido como Ifá. As
palavras de Ọ̀ rúnmìlà são sagradas e constituem uma vertente de infinita sabedoria como
extensão de Deus.
Odú
Versos de Ifá
Todo odù é composto de inúmeros versos que contam histórias dos Òrìṣà e de vários
personagens que retratam a palavra de Ọ̀ rúnmìlà.
Conta a história que entre todos os discípulos de Ọ̀ rúnmìlà o que mais se destacou chamava-se
Agbọnnìrègún, esse sacerdote é conhecido como a reencarnação de Ọ̀ rúnmìlà.
Bàbáláwo
O Bàbáláwo é o sacerdote que consulta Ọ̀ rúnmìlà através do oráculo conhecido pelo nome de
Ifá com um instrumento conhecido pelo nome de Ọ̀ pẹ̀lẹ̀.
Ọ̀ pẹ̀lẹ̀
Instrumento usado nas consultas a Ifá que consiste em uma espécie de corrente com quatro
sementes cortadas a o meio.
Ikins
Os ikins são uma espécie de semente de palmeira (Elaeis guineensis) que também é usado por
Bàbáláwos e Ìyánífás como Oráculo de Ifá.
Ìyánífás
As Ìyánífás são sacerdotisas de Ọ̀ rúnmìlà que também consultam a Ọ̀ rúnmìlà com o Oráculo de
Ifá, Ọ̀ pẹ̀lẹ̀ e Ikin.
A Testemunha
De acordo com a Religião Tradicional Yorùbá, Ọ̀ rúnmìlà é o único Òrìṣà que estava presente
quando escolhemos o nosso destino, Ọ̀ rúnmìlà é aquele que tudo sabe.
Conforme o Odù Ìwòrì Òdí toda pessoa pode ser iniciada em Ifá, não devemos confundir com
ser um Bàbáláwo (sacerdote de Ifá).
Não existe nenhuma mulher que dê à luz a filhos que não possa dar à luz a um Sacerdote de
Ifá.
Não existe nenhuma mulher que dê à luz a filhos que não possa dar à luz a Ọ̀ rúnmìlà.
Nosso pai, se ele nos dá à luz em plenitude, inevitavelmente nós devemos em tempo dar à luz
a ele em retribuição.
Nossa mãe, se ela nos dá à luz em plenitude, inevitavelmente nós devemos em tempo dar à luz
a ele em retribuição.
O Ifá foi consultado por Ọ̀ rúnmìlà, quando ele disse que “Ele trará os Céus abaixo para a Terra,
Ele trará a Terra acima para os Céus.”
De forma que ele possa realizar com sucesso sua missão, a Ele foi dito para oferecer tudo em
dois, um macho e uma fêmea.
Um carneiro e uma ovelha, um bode e uma cabra, um galo e uma galinha etc.
Nos últimos anos se tornou muito comum ouvir dizer que diminuiu a qualidade do ensino nas
escolas, também se ouvi muito falar que diminuiu a segurança e que aumentou muito o risco
de assalto.
Além disso o perigo no trânsito aumentou muito e os acidentes quase que triplicaram nos
últimos anos, fala-se que os alimentos nunca estiveram com os preços tão elevados.
A soma dos fatores acima citados exerce uma enorme pressão no homem e o resultado disso é
o aumento de pessoas com distúrbios do sistema nervoso.
A Religião Tradicional Yorùbá classifica de forma diferente esses problemas da vida moderna
considerando os fatores de influência como Ajogúns e Elénìnì.
Ajogúns são elementos externos que podem penetrar na mente e no corpo do homem
influenciando a sua qualidade de vida. Os Ajogúns são a morte, as doenças e os problemas de
um modo geral. Infelizmente quando Ìyá mi Òṣòròngà permite a entrada dos Ajogúns na vida
dos homens existem reações negativas e positivas é o que popularmente descrito como
aprender pela dor.
Ikú (morte) e Àrùn (doença) são bastante conhecidos por suas forças transformadoras, o ideal
seria que a transformação acontecesse através das iniciações e não com os sofrimentos.
Bẹ̀rù (medo) é principal barreira para a superação dos bloqueios, sendo o principal sintoma da
presença de Elénìnì. O medo é desenvolvido como forma de defesa em momentos de dor
profunda, Elénìnì se aproveita desses traumas para enfraquecer o indivíduo abrindo a porta
para os Ajogúns. Quando o medo se instala ele automaticamente cria a insegurança e a
insegurança gera a inibição e traumas.
Quando os Ajogúns começam a agir, Elénìnì é fortalecido criando uma série de sentimentos
negativos, como o egoísmo, embora muitas vezes a presença do Ajogún também auxilie na
transformação positiva.
Quando o indivíduo não reage de forma positiva a um trauma ou uma experiência negativa o
caráter poderá ser abalado e as reações exteriorizadas dificilmente serão controladas.
Para controlar as reações de Elénìnì em primeiro lugar, deve ser desenvolvido a busca pelo
autoconhecimento. Embora exista uma outra forma de combater esse problema conhecida
como a transmissão do àṣẹ.
O Àṣẹ (energia) é uma energia que pode ser transmitido de várias maneiras. Primeiramente
como já citamos, o autoconhecimento, adquirido nas iniciações é a transmissão de àṣẹ mais
eficiente. O Bọrí também pode oferecer uma forma de tratamento diferenciada com grandes
resultados em alguns casos.
O ẹbọ é método mais comum e o menos eficaz nesses casos de tratamento da elénìnì, pois,
não se trata de uma construção negativa externa.
Podemos compreender que os Ajogúns e Elénìnì são obstáculos que podem ser superados com
um conjunto de ações interligadas que contribuem para a evolução do espírito. Sendo assim, o
tratamento da pessoa afetada deve ser simultâneo a recuperação do equilíbrio e o
aprimoramento do caráter. Quem acreditar que existe uma fórmula mágica vai sofrer uma
grande decepção.
Sempre me fazem a mesma pergunta quando abordo esse tema, é possível mesmo diante de
tantos acontecimentos externos manter a paz interna?
Esse texto é uma forma de explicar de acordo com a filosofia religiosa Yorùbá como isso é
possível.
Significado da saudação:
Que significa:
Meu sacrifício será autorizado, meu sacrifício será aceito, meu sacrifício se manifestará
respectivamente.
Ogbó Atọ́ é a contração das palavras: A Ìyá gbé, A Ìyá tọ́, que significa, que você tenha
prosperidade e longevidade.
Àsúre Ìwòrì Òfún, significa: que tenhamos uma vida longa, saudável e que recebamos as
bênçãos do Odù Ìwòrì Òfún.
Àbọ̀rú Àbọ́yẹ́ Àbọ́ṣíṣẹ (meu sacrifício será autorizado, aceito e se manifestará respectivamente)
– Ogbó Atọ́ Àsúre Ìwòrì Òfún (que tenhamos uma vida longa, saudável e que recebamos as
bênçãos de Ìwòrì Òfún).
AULA 5 O BABALAWO BRASILEIRO
“Um dia foi me perguntado se poderia haver um Bàbáláwo Brasileiro, e isso me fez pensar, que
trauma de inferioridade nosso povo vive ao longo da história, que só o que é estrangeiro é
bom.”
Agboola, Ifagbaiyin.
Se um brasileiro, que passa pelas mesmas cerimônias que um iorubano, o que o torna menos
capaz diante dos olhos de Ọ̀ rúnmìlà? Nada.
O ritual conhecido como Ìtẹ̀fá, qualifica a pessoa para ser um sacerdote e dar início a uma
jornada de aprendizado e qualificação sacerdotal para o resto da vida, no qual, dependendo
dos esforços, dedicação e estudos o recém iniciado poderá levar mais ou menos tempo para
sua formação como Bàbáláwo.
Antigamente dizia-se que o iniciado em Ifá, deveria estudar no mínimo 15 anos para se tornar
um Bàbáláwo. Hoje, com tantos mecanismos disponíveis que auxiliam para o desenvolvimento
do ensino-aprendizagem, os sacerdotes conseguem reduzir bastante esse tempo de
aprendizado.
Todo o iniciado que se submete as devidas cerimônias de iniciação deve obrigatoriamente ser
reconhecido pelo título que recebeu. Se ele vai ser um sacerdote qualificado ou não irá
depender muito dos seus próprios esforços, assim como, em qualquer outra profissão. É
importante ressaltar que o fato do iniciado passar por certos rituais, não o habilita a realizar os
mesmos, mas, o torna reconhecido como o tal.
Dizer que todo brasileiro não pode ser um Bàbáláwo, é no mínimo imprudência, porque Ifá,
ensina que generalizar não é inteligente. Devemos estar abertos ao diálogo e as mudanças,
pois, até a natureza está em constante transformação. Uma das missões que Ifá, deu aos
Bàbáláwos, é que ele ande pelo mundo e inicie novos sacerdotes.
Agboola, Ifagbaiyin.
É difícil de acreditar que existem pessoas que utilizam o nome do Òrìṣà, para benefício próprio.
Em nome dos Òrìṣà, atos são proferidos e verbas são liberadas, documentos são assinados,
acordos ignorados, diante tudo isso, pessoas são iludidas.
O indivíduo que é honesto procura agir dentro de uma lógica que implica em manter uma
postura digna e coerente com a prática religiosa que professa. A obediência incondicional às
regras existentes dentro e fora da religião, faz de um sacerdote um exemplo de
comportamento, um elemento em permanente destaque.
Exercer o sacerdócio com honestidade em caráter amplo é muito difícil, mas, é o mínimo que o
Òrìṣà espera do sacerdote. Não existe um procedimento onde possa burlar a verdade e mudar
a realidade, os Òrìṣà jamais mentem, poderá acontecer até uma má interpretação do
sacerdote, porém, nunca um erro do Òrìṣà, o Òrìṣà não erra, o Òrìṣà não mente.
Para muitas pessoas ser honesto é aquele indivíduo que não mente, não furta, não rouba, que
respeita os outros, enfim, mas, isso não é suficiente, você deve ser uma pessoa confiável e
fazer tudo que os Òrìṣà indicam, sem criar artifícios para benefício próprio. Para ser um
sacerdote você precisa ser verdadeiro, precisa acreditar e praticar tudo aquilo que você
intermedia entre o Òrìṣà e a pessoa, caso contrário nada fará sentido.
Todo ser merece ser respeitado, todos nós temos um Orí e Òrìṣà, sendo assim, não minta em
nome dos Òrìṣà, pois, você estará ofendendo seus próprios antepassados. Faça somente aquilo
que você está habilitado a fazer, não invente, não minta e não crie.
Isso é o mínimo necessário para você se dizer um sacerdote, é o que as pessoas esperam de
você quando lhe procuram para uma consulta, honre a sua religião, honre seu Òrìṣà, seja digno
de seus antepassados, pois, aquele que fala em nome dos Òrìṣà, tem a obrigação de dizer
sempre a verdade.
Agboola, Ifakemi.
O primeiro contato com a religião dos Òrìṣà é tudo muito bonito. E é nesse exato momento
que os maiores erros poderão ser cometidos.
A religião afro-brasileira é belíssima com suas cores, seus sabores e com seus ritmos, a pessoa
se encanta com o conjunto, mas muitas vezes, desconhece alguns aspectos importantes, como
por exemplo, uma consulta de búzios que implica um ẹbó.
Feito o jogo de búzios, começa ali sua caminhada de descobertas dentro da religião, que na
maioria das vezes, o que era para te levar ao encontro com o sagrado harmoniosamente acaba
em um total desencontro e desarmonia, pois, isso irá depender muito da seriedade e do
conhecimento do sacerdote ao qual você confiou.
Eu levanto aqui a seguinte pergunta: Quantos de vocês, na primeira vez, que foram consultar o
oráculo, lhes disseram que o Òrìṣà deveria ser feito e você iniciado? Causando assim, a
impressão de que você deveria ser feito para determinado Òrìṣà, após, a primeira consulta.
Sendo assim, a sua busca pela descoberta da religião, aquela na qual você acredita ser capaz
de suprir todos os seus vazios dentro de seu interior, acaba se tornando um mundo de magias,
com um Òrìṣà já estabelecido na sua cabeça, revelado em minutos, como um passe de mágica.
Logo em seguida, através da primeira consulta, a pessoa sai em busca de tudo sobre o Òrìṣà
que lhe foi atribuído. Paralelamente, a pessoa começa um processo de transformação para
receber (incorporar) o seu Òrìṣà. Sendo que não houve tempo para compreender nem mesmo
o significado do próprio Òrìṣà.
Ao longo do tempo, alguns problemas vão se intensificando e tornando ainda maiores e o que
antes era para ser uma solução passa a ser um verdadeiro embaraço. E não para por aí, o fato
de a pessoa ter se vinculado a uma religião que muito das vezes desconhece, juntamente com
sacerdotes despreparados, potencializam ainda mais o problema que já se encontra instalado.
Vários fatores podem contribuir para essa sequência de falhas, mas, os mais comuns são: a
pressa e a desinformação, tanto por parte da pessoa que busca uma consulta, quanto a falta
de preparo do sacerdote. É importante ressaltar que todos esses problemas podem ser
evitados por um sacerdote bem qualificado e com o real conhecimento sobre a religião,
evitando assim, o sofrimento e a desilusão.
8- O DESPREPARO E O PERIGO
“A preparação de um Bàbáláwo, é demorada além de exigir muito estudo e dedicação, o awo
(iniciado), que deseja atender com Ọ̀ pẹ̀lẹ̀ Ifá ou Ikin Ifá, deve estar muito bem-preparado, pois,
veremos alguns perigos e danos causados pela falta de preparo. Um exemplo é alguns odùs
que são bastante conhecidos para a prosperidade que estão sendo utilizados indistintamente,
como o caso do odù Ìrẹtẹ̀ Alàjé, que é um odù bastante conhecido por facilitar o ganho
financeiro, porém, deixa de ser citado, como um odù de risco de morte…”
Agboola, Ifagbaiyin.
O odù Òtúrúpọ̀n Ìwòrì, é um odù que requer um tratamento especial, pois, ele inviabiliza
naquele momento o uso do Ọ̀ pẹ̀lẹ̀ Ifá, já o odù Òfún Ọ̀ sá, indica que o consulente não tem
saída, a não ser uma iniciação imediata. O odù Ọ̀ yẹ̀kú Ọ̀ ṣẹ́, assim como, Ìrẹtẹ̀ Ọ̀ yẹ̀kú, alerta que
a morte está próxima. Assim como esses odùs, existem vários outros, que requer muita
atenção e conhecimento por parte do sacerdote. Pois, um Bàbáláwo com uma má formação,
poderá levar a ruína a sua própria vida, assim como, das pessoas que o seguem.
Como forma de esclarecimentos, citarei aqui alguns princípios básicos que norteiam a nossa
religião Ifá. São eles:
Olúwo, Bàbáláwo e Ìyánífá, consultam Ifá, através de um oráculo chamado Ọ̀ pẹ̀lẹ̀ Ifá.
Ifá não responde no Ẹ̀rindílógún, ou seja, jogo de búzios, quem responde no jogo de búzios é o
Òrìṣà Ọ̀ ṣun.
Nenhum sacerdote poderá iniciar outra pessoa em um Òrìṣà que ele não seja iniciado, salvo
em uma única exceção, quando o sacerdote possui Ìyá Òdù.
Se a pessoa iniciada não possuir o Òrìṣà Èṣù e Ọ̀ ṣun, é impossível que atenda com jogo de
búzios (Ẹ̀rindílógún).
Se a pessoa iniciada não possuir o Òrìṣà Ògún, é impossível que se utilize a faca.
Um Bàbáláwo, em processo de aprendizagem poderá utilizar o Ọ̀ pẹ̀lẹ̀ Ifá somente para suas
questões pessoais.
O conhecido pano de cabeça, como o próprio nome diz, é utilizado para cobrir a cabeça e
jamais deverá deixar os cabelos à mostra.
Um Ọ̀ jẹ̀ iniciado poderá iniciar outro Ọ̀ jẹ̀, somente depois de vestir o principal Egúngún de sua
casa.
Um iniciado em Ìyá Mi, poderá iniciar outra pessoa, somente depois de cumprir todos os
ìmulẹ̀s.
E para finalizar nossa pequena lista de esclarecimentos quero deixar claro que somente os
iniciados em Ifá podem usar o Idẹ e Ìlẹ̀kẹ̀ Ifá, ou seja, a pulseira e o colar de Ifá.
Agboola, Ifagbaiyin.
Se o universo fosse uma empresa, Olódùmarè seria o presidente, Ọ̀ rúnmìlà, o diretor administrativo, Ìyá
mi, a diretora executiva, os Òrìṣà, seriam os fornecedores de matéria prima, e por fim, nós seres
humanos, seríamos os representantes dos fornecedores de matéria prima, ou seja, representantes dos
Òrìṣà, onde, a nossa função é mantermos a empresa em perfeito funcionamento.
Ìyá mi, por sua vez, tem a função de delegar funções para seus chefes de departamentos, que
conhecemos pelo nome de Ajogún, na qual ela ordena a execução do positivo e o negativo. Ìyá mi, por
ter esse cargo, assim como Ọ̀ rúnmìlà, possuem uma relação bastante estreita com Olódùmarè, pois, é
uma função, onde, exige uma confiança incondicional, e assim, deve ser a relação entre Ọ̀ rúnmìlà, Ìyá
mi, e Olódùmarè.
Com um organograma já pré-estabelecido o fornecimento de matéria prima deve ser constante, pois, na
falta dela, a função dos diretores deixa de existir. Se a matéria prima for enviada para um departamento
que não deveria, à produção será dificultada e o produto adulterado. Agora, se a matéria prima for
devidamente enviada ao departamento responsável, a produção será facilitada, além da autenticidade e
excelente qualidade do produto.
Não existe Òrìṣà errado. Independente do Òrìṣà feito. Porém, somente o Òrìṣà, que facilita a prodùção,
como citado anteriormente, nos proporcionará melhores resultados.
Seguindo o raciocínio, temos Orí (cabeça), como chefe de controle de qualidade, onde, possui vários
departamentos, sendo um deles, Ìwà (caráter), que influencia diretamente em seu desempenho.
Dependendo do caráter o desempenho de toda a prodùção da empresa poderá ser alterado.
Quando o departamento de controle de qualidade (Òrí), comete erros influenciados pelo chefe de setor
ìwà (caráter), toda a empresa continua sua prodùção, porém, algumas peças produzidas serão de baixa
qualidade gerando, assim, problemas futuros, comprometimentos e prejuízos.
Em um período de crise essas falhas se tornarão mais claras necessitando, assim, da requalificação do
chefe de controle de qualidade (Orí), já que é impossível a sua substituição.
Egúngún, tem uma função importantíssima, ele representaria o departamento do meio ambiente, que
fiscaliza a reintegração dos dejetos da prodùção e encaminha os restos de matéria prima usada
reciclando-as e introduzindo-as novamente no local apropriado para um futuro reaproveitamento.
Entenda-se: ciclo de vida e morte.
E você deve estar se perguntando e Èṣù? Como seria descrito nessa visão?
Èṣù exerce a mesma função que os outros Òrìṣà, podemos compará-lo com um executivo que transita
em vários seguimentos por conta da sua intimidade com o presidente.
Ele é o sujeito que substitui vários dos chefes de setores no período de férias, como um gerente em
treinamento. Ele entra na sala da presidência como aqueles filhos do patrão que tem intimidade com o
presidente, está ali a trabalho, porém, usa da prerrogativa de ser íntimo em todos os setores.
Agboola, Ifagbaiyin.
Para que o rito de Ìtẹ̀fá, seja realizado, é necessário mais de um Bàbáláwo, na Nigéria, é comum vermos
vários Bàbáláwos, participando de um Ìtẹ̀fá, respeitando as diferenças familiares, ritualísticas e
convivendo em harmonia. Conforme segue a orientação de Ọ̀ rúnmìlà Ifá. Poderemos perceber o porquê,
da necessidade da participação de várias pessoas para a realização de um Ìtẹ̀fá.
No Brasil, uma tradução do ponto de vista dos leigos e mal interpretada a referência ao Igbódù (floresta
sagrada), fez muitos indivíduos acreditarem na necessidade de iniciar a pessoa em Ifá no meio das
matas, porém, ninguém fica no meio do mato abandonado por três dias e três noites e muito menos em
um local que não foi devidamente preparado para aquela finalidade.
O Ìtẹ̀fá poderá ser realizado de duas maneiras, a primeira é onde o Igbódù é construído somente com
folhas e a segunda é um cômodo separado exclusivamente para essa finalidade, onde, ambas abrigam o
Òrìṣà Ìyá Òdù. O fato de que as mulheres não podem ter acesso a esse assentamento, na Nigéria, é
comum que Ìyá Òdù, seja mantida em uma pequena construção de alvenaria ou de madeira.
Após a autorização através da consulta a Ifá, o sacerdote identifica o início da cerimônia após a chegada
da pessoa que será iniciada, com todos os materiais que foram previamente comprados de acordo com
a orientação do Bàbáláwo, dá-se então início a cerimônia, que dependendo da família gira em torno de
50 rituais diferentes.
Um ou dois Bàbáláwos, são encarregados de preparar o Igbódù, onde, um deles após a preparação do
local, alimenta a terra e pede permissão para construir o caminho que conduzirá até o ambiente
sagrado, onde, será depositado na terra búzios juntamente com mais dois ou três elementos, em
número par de um lado e ímpar do outro, do caminho que acabara de ser construído que dará acesso ao
local previamente preparado.
O grupo que irá participar da iniciação se divide em tarefas, enquanto a Ìyá Apẹ̀tẹ̀bí cuida dos pertences
do iniciado, a Ìyánífá, prepara o carrego para a entrada no Igbódù, paralelamente, o Olúwo e o
Bàbáláwo, amarram simultaneamente em um dos braços e uma das pernas um pedaço de tecido virgem
branco que contém uma parte do dinheiro que representa o pagamento para o início dos rituais.
Começa então um cortejo que se desenvolve em direção ao Igbódù, com o Olúwo, na frente conduzindo
o Ọ̀ pá Osú (antepassado), que representa o reconhecimento dos antepassados para o ritual que se
inicia, seguido pelo Bàbáláwo e a Ìyá Apẹ̀tẹ̀bí, com o yangí de Èṣù, sobre a cabeça, esse ritual que
apresenta o iniciado aos antepassados dos familiares retrata o esforço que ele faz para agradar as
divindades, em um carrego bastante amplo, amostras de cada um dos elementos a serem usados na
iniciação, são conduzidas sobre a cabeça do iniciado, acompanhados dos membros da Ẹgbẹ́ Ifá,
amparado pela Ìyánífá, que agrada com dendê e gim, algumas divindades durante o cortejo.
Na entrada do Igbódù, o iniciado vai estar vendado, pois, até que sejam formalizados os rituais para que
ele entre na parte que antecede o Igbódù, muitas coisas acontecem, ele é envolvido em um clima de
expectativa, sentado segurando os animais e o material, enquanto o Olúwo e o Bàbáláwo, oferecem obì
e orógbó para Èṣù Ọ̀ dàrà e Ọ̀ rúnmìlà. Após a autorização a venda é retirada, todo o material é colocado
dentro do Igbódù, e se inicia a raspagem do iniciado.
Agboola, Ifagbaiyin.
A probabilidade de você se perder ou traçar um caminho errado ao sair para uma viagem sem
ter o conhecimento da estrada ou até mesmo um mapa para te guiar é muito alta. O fato de
você receber um mapa da estrada através do processo de iniciação irá certamente facilitar
bastante o seu deslocamento. Em qualquer momento da vida a pessoa poderá ser iniciada em
Ifá, independentemente de sua religião, pois, ela terá vários benefícios sendo um dos mais
importantes a descoberta do autoconhecimento.
É importante ressaltar que quando você é iniciado por um Bàbáláwo, em Ifá, você não perde a
ligação com o seu Bàbálórìṣà, caso você pertença a outras vertentes, o culto de Òrìṣà e Ifá
poderá acontecer paralelamente. Durante a iniciação a pessoa receberá várias informações
sobre o seu destino o que tornará o caminho a ser seguido mais claro. Respeitando èèwọ̀
(proibições), de seu Odù Ifá, e as normas de conduta no seu cotidiano espiritual e material,
para a sua total harmonia entre o profano e o sagrado.
Na verdade, cada pessoa tem um destino e naquele momento a orientação de Ifá, não segue
uma regra ou receita milagrosa, para cada pessoa os rituais podem exigir uma sequência
completamente diferente da outra, onde, o objetivo final é alinhar a pessoa com o seu destino,
transmitir para ela a Orientação de Ọ̀ rúnmìlà Ifá, trazendo a luz na vida do iniciado.
Sair de viagem sem conhecer a estrada, sem ter um mapa é uma grande temeridade, ser
iniciado em Ifá, torna a sua vida muito mais segura, onde, se reduz bastante o percentual de
erros que associado de forma correta com o seu Òrìṣà, as chances de você cumprir o seu
destino com êxito na Terra, aumentam consideravelmente.
O fato de você descobrir que foi iniciado para um Òrìṣà, não mencionado pelo seu odù, não é
motivo para entrar em desespero, pois, você terá mais informações sobre o seu verdadeiro
Òrìṣà, possibilitando assim, uma dedicação paralela ao Òrìṣà, anteriormente cultuado e o
Òrìṣà, indicado por Ifá, em um nível de igualdade, corrigindo assim, o desvio cometido, em que
na maioria dos casos a pessoa desconhece.
Em um ritual teoricamente simples, com o assentamento do seu Ifá, você poderá mudar a sua
história. Em um Igbá com número mínimo de dezoito Ikins, pode estar a resposta as perguntas
de toda a sua vida.
Àràbà: é o título mais importante dentro do culto a Ifá, normalmente em terras Yorùbás um
Àràbà é escolhido com base em três critérios, que são eles: conhecimento inquestionável,
conduta ilibada e apoio unânime. O Àràbà representa o grupo de Bàbáláwos de uma cidade ou
de um país, o que nos leva à seguinte conclusão: as cidades com maior população de
Bàbáláwos, tem um critério de escolha mais exigente do que as cidades de pequenas
populações. Em uma cidade grande para que um Bàbáláwo, se torne Àràbà, ele será
questionado por um grupo maior de sacerdotes. Esses questionamentos podem durar dias e
somente quando todos os Bàbáláwos estiverem satisfeitos com as respostas, a data da
cerimônia será marcada. Vale ressaltar que em uma cidade muito pequena com um grupo de
Bàbáláwos reduzidos, a escolha de um Àràbà poderá ser imediata desde que exista o apoio do
grupo.
Como forma afetuosa de intitular o Bàbáláwo mais velho em um Ilé Ifá, carinhosamente o
sacerdote mais velho, dentro dessa família poderá ser chamado de Àràbà, é importante não
confundir esse título familiar restrito há casa da família, com o Àràbà de uma cidade ou de um
país.
Akọ́dá: Bàbáláwo Àgbàlágbà, preparado para substituir o Àràbà, em caso de morte ocupa
imediatamente o cargo do Àràbà, mantendo os rituais mesmo no período de luto.
Erìnmì: Bàbáláwo, com conhecimento inquestionável sobre os rituais secretos no Ilé Ifá.
Awiṣe: Bàbáláwo, bastante experiente que fala em nome da família autorizado pelo seu Olúwo
ou Àràbà.
Alakeji: Bàbáláwo, muito experiente que substitui o Olúwo, dentro do Ilé Ifá, em todas as
situações com exceção das iniciações.
Aranisan: Bàbáláwo, experiente que orienta a cerimônia diante de Osú, no ritual de Ìtẹ̀fá.
Amukinro: Bàbáláwo, experiente que orienta os iniciados dentro do Ilé Ifá, em cerimônias que
é consultado Ikin.
Kawolehin: Bàbáláwo, experiente que orienta os iniciados em rituais e festejos internos e
externos.
Olúwo: existem dois títulos diferentes descritos pela palavra Olúwo, um dentro de Ifá, e outro
dentro da sociedade Ògbóni, imediatamente superior ao título de Apènà na hierarquia. Nessa
abordagem iremos analisar o título restrito ao culto de Ọ̀ rúnmìlà Ifá. O Olúwo, é um Bàbáláwo
que tem autorização para iniciar outro Bàbáláwo, não devemos confundir com Olòdù, ou seja,
Bàbáláwo, que possui o assentamento de Ìyá Òdù, o fato isolado de possuir Ìyá Òdù, não o
torna um Olúwo. O Olúwo, é o sacerdote que tem a responsabilidade sobre as cerimonias de
Ìtẹ̀fá e Ìtẹ̀lodù, sendo assim, consultar Ifá, com Ọ̀ pẹ̀lẹ̀ ou Ikin, submeter-se a ẹbọ ou ètùtù,
participar de iniciações ou festejos referentes ao culto de Ọ̀ rúnmìlà e Òrìṣà, fazer iniciações e
consultas é necessário a autorização prévia de seu Olúwo.
Ojúgbọ̀nà: é o Bàbáláwo, que participou da iniciação que tem a função de treinar, mas, não o
poder de autorizar o novo awo para que faça iniciações ou consultas.
Balógun: título muito importante, onde, o Bàbáláwo, escolhido para essa função deve ser
muito experiente para lidar com as questões que envolvem os rituais e as relações internas e
externas da família, referentes a proteção do Ilé Ifá, e seus membros.
Ṣokinloju: esse título deve ser dado a um Bàbáláwo, antigo dentro da Ẹgbẹ́, é uma espécie de
observador com autoridade para corrigir erros e procedimentos no dia a dia do Ilé Ifá.
Akogun: esse título só poderá ser dado para um Bàbáláwo, experiente, normalmente o
akogun, auxilia ou substitui o balógun.
Surepawo: esse título poderá ser ocupado por um Bàbáláwo, jovem. O surepawo, é
encarregado de pagamentos, compras e afazeres fora do Ilé Ifá.
Ìyánífá: Toda mulher submetida ao Ìtẹ̀fá é uma Ìyánífá, esse termo também pode ser utilizado
para a sacerdotisa de Ifá.
Ìyánífá e Ìyá Apẹ̀tẹ̀bí: no caso da mulher que é Ìyánífá e Ìyá Apẹ̀tẹ̀bí, esposa do Olúwo, da Ẹgbẹ́
Ifá, as exigências são maiores em razão da alteração na hierarquia, considerando que o título é
superior aos demais remetendo imediatamente a Ìyá Apẹ̀tẹ̀bí e Ìyánífá, ao segundo cargo
dentro da Ẹgbẹ́ Ifá.
Agboola, Ifagbaiyin.
Quando falamos de fé, nós não podemos ver o Òrìṣà e nem sabermos ao certo que dia que ele
irá atuar em nossa vida, porém, você reza todos os dias, cuida de seu Òrìṣà, com amor e
carinho, partindo do princípio que ele também está cuidando de você. Muitas vezes aos nossos
olhos ele demora para interferir e nos auxiliares em nossas dificuldades do dia a dia, mas, na
verdade o Òrìṣà, é que sabe a hora certa de interceder por nós. O Òrìṣà, interfere em nossas
vidas constantemente, nós, que não temos a sensibilidade de perceber o que está
acontecendo em nossa volta, por sermos seres imperfeitos, onde, estamos mais preocupados
com as nossas dívidas, com as nossas aparências, a beleza da casa, da roupa, do carro, do que
vamos adquirir e que na maioria das vezes não percebemos as mudanças do mundo espiritual.
Baseando-se nesse contexto elucidaremos alguns aspectos importantes que norteiam a vida
do iniciado e do sacerdote dentro da casa de Òrìṣà.
É direito dos iniciados, entrar nos quartos dos Òrìṣà, para saudá-los e fazer suas orações. É
dever do sacerdote permitir a entrada, saudar e respeitar o Òrìṣà do iniciado, caso ele
incorpore.
O procedimento correto é recolher o Òrìṣà, para dentro de um dos quartos colocar uma roupa
adequada, retirar os calçados e levar o Òrìṣà, para saudar o ojúbọ do Òrìṣà, dono da casa, para
depois saudar o sacerdote.
Na casa de Òrìṣà, é dever do iniciado auxiliar nas atividades, assim como na limpeza,
manutenção e conservação de todas as instalações.
É um direito do iniciado, em caso extremo, ser atendido em consulta mesmo que não disponha
naquele momento de dinheiro.
É dever do sacerdote, auxiliar os iniciados que não disponham de materiais para a manutenção
dos Igbá de seus Òrìṣà
É direito dos iniciados, fazerem as refeições na casa de Òrìṣà, durante o período que eles
estejam em rituais e cerimônias.
Demonstra boa educação, o iniciado que sirva seu alimento durante as refeições, após o
sacerdote ter se servido
É dever dos iniciados, informar, caso decidam participar de alguma cerimônia religiosa em
outra casa, sendo assim, é um dever do sacerdote orientar seus iniciados de como devem se
comportar em visitas a outras Casas de Òrìṣà.
Assim sendo, podemos observar, que o sacerdote não é o dono da casa de Òrìṣà, e sim o
próprio Òrìṣà, por isso sempre será cumprimentado primeiro. Quando o iniciado entra no
terreno do Ilé Òrìṣà, deverá primeiramente se dirigir ao Èṣù, da casa e pedir permissão para
adentrar, posteriormente, se necessário for deverá se trocar com uma roupa adequada e
cumprimentar o Òrìṣà, dono da casa, logo em seguida o sacerdote principal, para que
finalmente cumprimente os demais membros da Ẹgbẹ́, seguindo a hierarquia. O cumprimento
ao sacerdote que iniciou o iniciado deverá ser feito com o ato de colocar a cabeça no chão
(foríbalẹ̀), já para os demais essa reverência poderá ser ou não substituída por uma saudação.
As mulheres iniciadas deverão se vestirem de acordo com as cerimônias usando saia, pano da
costa e pano de cabeça. É dever dos iniciados se vestirem de forma adequada ao ambiente da
casa de Òrìṣà, sendo proibido o uso de bermudas, shorts e roupas cavadas. É dever dos
homens iniciados auxiliar as mulheres iniciadas nos trabalhos que exijam uma maior força
física e também não é nenhum demérito auxiliar em atividades teoricamente femininas. No
período de iniciações pressupondo que o novo iniciado não disponha de condições financeiras
para as compras referentes a sua iniciação é dever dos iniciados mais antigos e do sacerdote
contribuírem com trabalho e dinheiro facilitando assim a situação do necessitado.
Em caso de visita de membros de outras famílias é dever do sacerdote abrir os quartos dos
Òrìṣà, para que sejam saudados e junto dos iniciados receber os visitantes com o máximo de
respeito. Para melhor compreensão a partir de agora definiremos aqui assentamento coletivo
como Ojúbọ e assentamento particular como Igbá. É dever de todos os iniciados participar do
Ọ̀ sẹ̀ dos ojúbọs da casa de Òrìṣà, assim como, é um direito do iniciado desfrutar de silêncio
durante o Ọ̀ sẹ̀ em seus Igbás para que possa fazer suas orações. Ọ̀ sẹ̀ (semana), é o dia em que
completa uma semana Yorùbá, período referente de quatro em quatro dias, Ọ̀ sẹ̀, o primeiro
dia da nova semana que se inicia, para maior compreensão é o quinto dia após o primeiro Ọ̀ sẹ̀.
O Ọ̀ sẹ̀ dos ojúbọs deverá ser feito pelos iniciados que já tenham permissão do sacerdote para
esse ritual, é impossível que o sacerdote mantenha todos os Òrìṣà, da casa limpos e tratados
sozinho, a participação de todos os membros é fundamental para que se estabeleça o conceito
de família.
Com exceção do seu Òrìṣà, principal, quase todos os assentamentos devem ser tratados como
ojúbọ, salvo Ọ̀ rúnmìlà, o Èṣù pessoal, Ìyá mi e Egúngún, Òrìṣà esses individuais, no caso igbá
Òrìṣà. É importante ressaltarmos que não podemos confundir com assentamento coletivo de
Egúngún, Ìgbàlẹ̀ ou Ojúbọ.
O igbá do Òrìṣà, do iniciado é de propriedade dele, é dever do sacerdote entregar o igbá para o
iniciado que deve providenciar um local adequado para manter o assentamento. Jamais, o
assentamento do Òrìṣà, deverá ser retido na casa de Òrìṣà, por falta de qualquer tipo de
pagamento, os pagamentos são feitos por rituais e não por igbá, o assentamento do Òrìṣà,
jamais poderá ser usado como garantia de um pagamento futuro.
14 BABALAWO
“No Brasil, a grande maioria da população não conhece os verdadeiros Bàbáláwos, por uma
questão histórica, em nosso país praticamente não existiram sacerdotes de Ọ̀ rúnmìlà…”
Agboola, Ifagbaiyin
Nos últimos anos o culto a Ọ̀ rúnmìlà Ifá, ficou muito popular fora da Nigéria, a necessidade de
conhecer melhor a Religião Tradicional Yorùbá, impulsionou a procura por esses sacerdotes.
Ọ̀ rúnmìlà, é o único Òrìṣà, que conhece o nosso destino, e seus sacerdotes os Bàbáláwos, são
grandes conhecedores dos odùs e da palavra de Ọ̀ rúnmìlà. Os Bàbáláwos no território yorùbá,
são homens muito responsáveis e respeitados por suas atitudes, em suas comunidades são
considerados exemplos para todos os cidadãos.
São muitos os episódios envolvendo falsos sacerdotes de Ifá nigerianos e brasileiros em nosso
país. Porém, nos últimos 30 anos, chegaram ao Brasil, alguns bons sacerdotes de Ọ̀ rúnmìlà,
isso inspirou inúmeros brasileiros a serem iniciados em Ifá. É interessante esse raciocínio, pois,
tantos foram aqueles sem escrúpulos que prejudicaram a imagem do culto a Ọ̀ rúnmìlà, que
teoricamente não deveriam existir pessoas dispostas a serem iniciadas em Ifá, no entanto,
bastou que poucos, porém, verdadeiros Bàbáláwos, chegassem até o nosso território para que
a Religião Tradicional Yorùbá, se tornasse respeitada e o número de iniciações em Ifá, se
multiplicasse.
Um Bàbáláwo, tem compromisso com a verdade, com a ancestralidade, para isso ele estuda a
vida toda, aprendendo a usar o conhecimento de seus antepassados e baseando o seu
comportamento nas orientações de Ifá.
Confundir o sacerdote com um Deus é comum, mas a não aceitação do sacerdote como homem, isso
sim, causa estranheza.
Para um grande número de pessoas é difícil separar o sacerdote do homem e entender que ele tem a
sua vida particular.
As curiosidades são muitas e a maldade contribuem para uma enorme confusão, algumas pessoas não
conseguem entender que o sacerdote também adoece, ama e tem problemas como todo ser humano.
É comum ouvir a frase absurda: “Se ele não tem nem para ele, como é que ele vai me ajudar a adquirir
alguma coisa.” A incapacidade ou a ignorância, não permite que as pessoas compreendam que cada ser
humano tem um odù e um destino, e que isso não implica diretamente na capacidade ou no
discernimento do sacerdote na hora de analisar o problema do consulente.
Vamos analisar a seguinte hipótese: um Bàbálórìṣà, com um baixo poder aquisitivo, pode dar um Bọrí
em uma pessoa que possui muito dinheiro?
Bem, alguns acreditam que caso isso aconteça a pessoa que tem muito dinheiro poderá ter prejuízos
levando-o a ruína, na verdade, a falta de conhecimento provoca tais equívocos.
Cada pessoa tem seu próprio odù e seu destino, se uma pessoa que tem muito dinheiro, tomar um Bọrí,
com um milionário ou com alguém sem dinheiro, não há diferença no aspecto financeiro.
Tudo que existe na terra nasce de um odù, alguns odùs beneficiam mais a situação financeira, como o
caso do odù Ogbè Méjì, que é o odù mais rico que existe.
Se não existir a pessoa com o poder de cura, com o àṣẹ para afastar a doença, o bem-nascido, regido por
um belo odù, poderá perder sua vida e deixar de encontrar a cura para o seu problema. É como dizem
os antigos: “o caixão não tem gavetas”, e todo o seu dinheiro não resolverá o seu problema de saúde.
Na cultura yorùbá, somente o odù Ọ̀ ṣẹ́ Òtùrá, tem o privilégio de chegar aos pés de Olódùmarè
carregando as nossas súplicas. Na Religião Tradicional Yorùbá, não se invoca Deus a todo o momento, é
diferente das outras religiões, para isso temos os Odùs e os Òrìṣà. Os sacerdotes são homens escolhidos
pelos Òrìṣà para estabelecer essa ligação entre o divino e o profano.
Em nosso país, sacerdotes enfrentam um grande número de proibições que em território yorùbá eles
desconhecem essas interdições, em razão do sincretismo religioso yorùbá cristão criado no Brasil,
podemos citar como exemplo o famoso preceito, onde, o iniciado precisa cumprí-los antes, durante e
após a feitura de Òrìṣà. Confundir um sacerdote com um Deus é esperar dele milagres, um homem não
faz milagres, nem realiza graças, isso é tarefa das divindades. Conforme o merecimento das pessoas
algumas coisas podem ou não acontecer, acreditar no contrário é o mesmo que acreditar que nossa
senhora é Ọ̀ ṣun. O homem e o sacerdote nunca podem ser confundidos com Deus.
A pessoa que faz Ìtẹ̀fá, deixa de incorporar as entidades que até então ela incorporava?
R: Não. Somente quem faz Ìtẹ̀lodù, não incorpora mais, o Ìtẹ̀fá, é muito indicado para
Bàbálórìṣàs e Ìyálórìṣàs, fortalecendo assim o elo entre sacerdote e Òrìṣà.
R: Sim. Existem dois tipos de iniciação para as mulheres, uma que ela se torna Ọmọ Ifá e a
outra que ela se torna Ìyánífá, as duas partem da cerimônia do Ìtẹ̀fá.
R: Não. O iniciado é pintado com ẹfun, (elemento masculino) e osùn (elemento feminino), essa
interação representa a fecundidade e a prosperidade, assim como a transcendência e a
evolução espiritual.
R: Sim. Quem faz Iṣẹ́fá recebe nome e é considerado um membro da família do Bàbáláwo que
o iniciou, sendo caracterizado um elo de ligação que responsabiliza o sacerdote pelo pré-
iniciado, considerando o Ìtẹ̀fá, como a iniciação propriamente dita.
R: Não necessariamente, a Ìyá Apẹ̀tẹ̀bí, é a mulher do Bàbáláwo, que deverá ser submetida a
um Iṣẹ́fá ou Ìtẹ̀fá, porém, isso não configura uma iniciação de Ìyá Apẹ̀tẹ̀bí.
R: Não. Àràbà e Olúwo, são funções exercidas por Bàbáláwos, mas isso não quer dizer que
todo Bàbáláwo poderá um dia a vir a ser um Olúwo ou um Àràbà.
Existe a possibilidade que exista um Àràbà ou Olúwo que não seja Ògbóni?
R: Não. Caso isso aconteça, esse sacerdote não terá acesso a muitas informações
fundamentais para exercer o seu cargo.
R: No odù Ogbè Méjì, Ifá diz, que um Bàbáláwo deve ser um exemplo e que ele deve cumprir
as leis, sendo assim, um Bàbáláwo brasileiro, que reside no Brasil, não poderá ter mais de uma
mulher. No odù Ọ̀ sá Ìròsùn, Ifá diz, o adultério não faz parte da vida daquele que segue Ifá.
R: Tanto para homens quanto para mulheres existe apenas um tipo de roupa que é usada na
iniciação de Ifá, que é um tecido branco que deverá envolver o corpo finalizando com um nó
sobre o ombro esquerdo.
Depois de quanto tempo, um iniciado em Ifá, submetido ao Ìtẹ̀lodù, poderá iniciar outras
pessoas?
R: Cada caso é um caso, mas, em média depois de quatro a cinco anos, esse tempo pode ser
considerado a partir do momento que o iniciado é submetido a um segundo ritual após o Iṣẹ́fá,
onde, ele recebe um ọ̀pẹ̀lẹ̀ para praticar.
Existe algum ritual que envolve a liberação do uso do ọ̀pẹ̀lẹ̀, para consultas de clientes?
R: É importante compreendermos que existem mais de um tipo de ọ̀pẹ̀lẹ̀, o awo para praticar,
recebe um único ọ̀pẹ̀lẹ̀ que poderá ser de cabaça ou fava. A consagração do ọ̀pẹ̀lẹ̀ para
estudos, envolve o ritual onde, o ọ̀pẹ̀lẹ̀ é alimentado junto com o Ifá do iniciado. Já o ọ̀pẹ̀lẹ̀
para consulta de clientes é submetido a um ritual completamente diferente, onde, o
Bàbáláwo, recebe no mínimo dois ọ̀pẹ̀lẹ̀s, considerando que alguns odùs queimam o ọ̀pẹ̀lẹ̀.
R: Não. Nem mesmo sendo uma Ìyánífá, a mulher jamais poderá ver Ìyá Òdù.
R: Sim. Pois, através da iniciação em Ifá, ela conhecerá seus èèwọ̀s, e saberá identificar
claramente os Òrìṣà, na qual ela deverá cultuar.
Uma pessoa que não é feita para um Òrìṣà, pode ser iniciada e receber um assentamento?
R: Sim. Não é comum, mas acontece de pessoas que não são feitas, serem iniciadas para um
Òrìṣà específico, um exemplo é o Iṣẹ́fá, onde, a pessoa não é feita e recebe o assentamento de
Ọ̀ rúnmìlà.
R: Sim. Em um caso específico quando o odù indica a necessidade de Ìtẹ̀lodù, o ọ̀pẹ̀lẹ̀ para
praticar é consagrado para o uso de estudo até a preparação para o Ìtẹ̀lodù.
R: Normalmente não, somente quem faz Ìtẹ̀lodù, recebe esses instrumentos que são usados
por Bàbáláwos e Ìyánífás.
R: Não. A orientação do Ọ̀ sẹ̀ semanal, é indicada para alguns odùs, em outros, Ifá alerta que o
assentamento não deverá ser limpo, enquanto o compromisso assumido de um Ìtẹ̀fá, não seja
realizado.
Os ẹbọs feitos no ọpọ́n seguem alguma regra? E quem pode fazer esses ẹbọs?
R: Os Bàbáláwos e Ìyánífás, podem fazer ẹbọ rírù, seguindo uma regra básica, que consiste em
seguir uma ordem pré-estabelecida dentro da Ẹgbẹ́, louvando Olódùmarè, Ọ̀ rúnmìlà, os Òrìṣà
e os Antepassados da família. Cada família segue uma sequência, o Bàbáláwo recebe
diretamente dos seus iniciadores os nomes e os odùs a serem louvados dentro da sequência
da Ẹgbẹ́, assim como os odùs de Èṣù, que devem ser usados e os odùs transformadores de
negativos para positivos.
R: Não. Não se usa azeite de oliva, popularmente conhecido como azeite doce, para nenhum
Òrìṣà.
R: Não. Somente Ògún é o dono da ọ̀bẹ, que serve para os outros Òrìṣà.
R: Não. Em alguns Òrìṣà, utiliza a quartinha com água, os principais são: Ọ̀ ṣun, Yemọja e
Ọbàtálá.
R: Não. Ògún poderá ser arrumado somente em vasilha de ferro ou ser assentado, jamais, em
vasilha de barro.
R: Não. Os búzios abertos servem somente para o jogo, os búzios das vasilhas sempre devem
ser fechados.
R: Não. O culto a Ìyá mi está ligada a fecundidade, sendo assim, não poderia haver
fecundidade sem a presença de ambos os sexos.
R: Não. Pois, toda mulher tem antepassados masculinos que devem ser homenageados.
R: Não. Ìyá Apẹ̀tẹ̀bí, é uma função da mulher do Bàbáláwo, independente do Òrìṣà que ela
cultue.
R: Não. O que existe são nomes diferentes atribuídos aos Òrìṣà, devido a região e grupos
familiares.
O orógbó deve ser aberto com faca e descascado para oferecer ao Òrìṣà?
R: Não. O orógbó não deve ser aberto com faca e nem descascado para oferecer ao Òrìṣà.
R: Sim. Não só pode como deve iniciar seus filhos carnais. Existe odù que fala sobre a iniciação
dos próprios filhos.
As pessoas que não foram feitas para o seu Òrìṣà, iniciados como se diz no Brasil, podem ser
iniciadas no Culto Egúngún?
R: Sim. Se após uma consulta a Ifá, houver a necessidade, uma pessoa poderá ser iniciada até
como Ọ̀ jẹ̀, pois, todas as pessoas possuem antepassados.
R: Sim. Se essa for a orientação de Ọ̀ rúnmìlà, uma mesma pessoa pode ser iniciada em vários
Òrìṣà, assim como, Egúngún, Ìyá mi, Orò, podendo também ser Ọ̀ jẹ̀ ou até mesmo um Apènà
Ògbóni, tudo depende do seu odù, assim como tem pessoas que devem ser feitas e outras
somente iniciadas.
R: Deveria ser, mas em nosso país as pessoas desconhecem essa necessidade, supondo-se que:
o Òrìṣà é o veículo que irá te transportar por toda a vida, Ifá é o mapa da estrada, a orientação,
o caminho pelo qual você deve seguir.
Existe a necessidade de ter um Igbá Orí, para dar comida a minha cabeça?
R: Não existe essa necessidade. Na realidade o Igbá Orí, deveria ser montado somente após a
pessoa consultar Ifá e ter conhecimento de seu odù. Na consagração do Igbá é fundamental
conhecer o odù e os Òrìṣà que devem ser cultuados.
Uma pessoa pode usar uma ọ̀bẹ em rituais de Òrìṣà, sem ser iniciado em Ògún?
R: Não. Uma pessoa que não foi iniciada em Ògún, não pode usar ọ̀bẹ, assim como, uma
pessoa que não foi iniciada em Ọ̀ ṣun, jamais poderá atender alguém com o jogo de búzios e
uma pessoa que não foi iniciada como Alágbè, jamais deve tocar um instrumento de ritual
religioso que foi devidamente consagrado.
Durante os rituais de feitura de Òrìṣà, pessoas que não foram feitas para aquele determinado
Òrìṣà em questão, mas que são iniciadas em Òrìṣà, poderão participar? R: Uma pessoa iniciada,
poderá participar de iniciação de Òrìṣà, porém, jamais poderá participar de uma feitura de
Òrìṣà.
R: Toda ọ̀bẹ deve ser consagrada em Ògún, sendo assim, não existe diferença entre uma e
outra, a diferença é uma opção de escolha ou uma questão de prática no uso, conforme o
ritual que irá ser praticado.
Existe uma regra que deve ser seguida na ordem dos rituais para os Òrìṣà?
R: Cada situação é determinada por Ifá, se houver a necessidade de culto a um Òrìṣà que
normalmente não é cultuado no dia a dia, devemos seguir a orientação de Ọ̀ rúnmìlà, não
existe uma receita, cada pessoa tem seu próprio Orí e cada Orí pode exigir um ritual diferente
do outro, assim, como cada Òrìṣà.
R: Na religião como na vida de um modo geral, existem diferentes funções, mas cargos,
poderão ser determinados somente por Ifá.
É necessário ser feito para Òrìṣà, para ser iniciado no culto de Ìyá mi?
R: Não. Ifá é quem determina essa iniciação, normalmente isso acontece quando aparece na
consulta a Ifá, um determinado odù.
R: Não. Todas as pessoas, sejam homens ou mulheres, necessitam da indicação de Ifá, para tal
iniciação.
R: Não. Não existe qualidade e nem caminho de Òrìṣà, no Brasil, se usa muito essa expressão,
porém, na verdade toda Ọ̀ ṣun é uma só, o rio de Ọ̀ ṣun em Òṣogbo é um só, existe sim, várias
denominações para o mesmo Òrìṣà.
R: Existe somente uma maneira de você saber se precisa ou não ser feito ou iniciado para um
Òrìṣà, em uma consulta a Ifá ou através do Ẹ̀rindílógún.
R: Essa prática foi inventada no Brasil, na Religião Tradicional Yorùbá, o jogo de búzios
(Ẹ̀rindílógún), é preparado no exato momento da feitura do Òrìṣà. Deve existir sim, a
autorização para o atendimento, se a pessoa não estiver preparada para isso, o jogo deve ser
usados para um contato pessoal do iniciado com seu Òrìṣà. A autorização para atender outras
pessoas varia de pessoa para pessoa.
Quantos anos são necessários para abrir uma casa de culto afro?
R: Cada pessoa é uma história diferente, existem pessoas que nunca poderão abrir uma casa,
porque não nasceram para isso. A dedicação e o conhecimento devem servir de base para essa
autorização acontecer.
Dentro do barracão, é verdade que os àbíkús tem apenas que serem confirmados no santo e
não raspados?
R: Mito. Existem várias pessoas que nasceram àbíkú que foram raspados e continuam suas
vidas normalmente, o àbíkú pode ser feito, iniciado ou confirmado, dependendo da indicação
de Ifá.
R: Não. Todas as pessoas podem cultuar Ìyá mi, independente do Òrìṣà que seja feito.