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Jogo de Búzios por Odù - Mïrìndínlógún

OLÚWO IFÁÑOLÁ ÒTÚRÁ BÀLÉÏ


PROF. LUIZ CARLOS O. SILVA (LUIZ CARLOS DE ÒÒÑÀÁLÁ)

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Neste e-book você vai encontrar:

A origem do jogo de búzios.


Luz e trevas nos búzios e porque são 21 búzios.
Èñù, o dono do jogo de búzios.
Ordem de Ifá e as 5 sortes.
Os 16 Odù principais ( Baba Odù).
Ogbè Méjì (Ejionilê).
Ûyîkú Méjì, Bàbá Yëkú-Yëkú (Eji- Ologbon).
Ìwòrì Méjì (Eji-Laxeborá).
Ìdin Méjì (Odí Méjì)
Ûbàrà Méjì
Ûkanna (Ûkànràn Méjì)
Olósùn Odídërï (Olósùn Méjì) - Ìrosùn Méjì.
Ûwýnrín Méjì
Ògúndá Méjì.
Ûsá Ëlïyë (Ûsá Méjì)
Ìrëtî Méjì (Ogbeogunda).
Òtúrá Ëlïjý (Òtúrá Méjì) (Alafiá).
Òtúrúpûn Méjì (Eji-Oko).
Ìká Méjì.
Ûñï Méjì
Òfún Méjì.

Exemplos de consultas ao Mïrìndínlógún e rezas tradicionais para manipulação


oracular , o que geram os Odùs quando em um bom caminho(Ûnà Rere) ou
quando em um mal caminho (Ûnà Burúkú).
& Muito Mais!!

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“... Não Há Òrìñà que possa levar a gente ao infinito
há não ser o nosso Orí...”

- Ditado Yorùbá

“... Somente um Deus pode adorar Deus ...”

- Ditado Hindu

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ORIGEM DO JOGO DE BÚZIOS

Para podermos entender o porquê do jogo de búzios devemos retornar ao passado e


conhecer um pouco do verdadeiro oráculo de Ifá, pois é neste oráculo que o jogo de
búzios, tem sua origem.
De acordo com a tradição, Ûrúnmìlà é a divindade do oráculo de Ifá . Nos contam as
lendas, que Ûrúnmìlà veio ao mundo, enviado por Olódùmarè (Deus supremo e
absoluto), para acompanhar e aconselhar Öbàtálá (conhecido no Brasil como Oxalá)
na organização da terra.
Enquanto Òrìñà’nlá representava os atributos de Olódùmarè na terra, nas funções
ligadas a criação; Ûrúnmìlà é seu representante nos assuntos pertinentes a consciência
e sabedoria.

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Os instrumentos usados no oráculo de Ifá, de onde se originou o jogo de búzios são:

1- Öpýn Ifá: Tabuleiro ritual usado durante a divinação.


2- Ìrýkï Ifá: Bastão de madeira ou marfim, usado para “chamar” Ifá.
3- Ikin Ifá: coquinho de dendê, fetiche de Ûrúnmìlà. São usados em número de
dezesseis.
4- Ìyîrîosùn: Pó divinatório usado no Öpön Ìfà .
5-Ûpîlî Ifá: dispositivo auxiliar que representa a corrente mística que une o Ûrun
(espaço) ao Wayé (terra).
6-Olori Ikin: “vigia do jogo”, o décimo - sétimo Ìkín representado Èñù.
7- Ajé Ifá: Anel composto por 16 búzios aonde fica “sentado” o olorí –Ìkin. e vários
outros instrumentos. * 1.
A origem do Mïrìndínlógún (jogo de 16 búzios) , vem exatamente do
desmembramento do Ajé Ifá , anel de 16 búzios, aonde fica o olori ikin
(vigia do jogo) , simbolizando Èñù. Por isso é que somente Èñù “fala” pelo jogo de
búzios, sendo a “fala” de Ûrúnmìlà exclusiva, através do Oráculo de Ifá.

Outros Oráculos semelhantes:

Ëlïïrìndínlógún : Jogo de dezesseis Búzios

Ëlïïrin: Jogo de quatro Búzios

Ëlïïjö: Jogo de oito Búzios

Ifá era em sua prática, somente permitido aos homens, sendo o jogo de búzios em sua
origem, destinado as mulheres, filhas de Ûñun e nascidas no odù Ogbè Méjì, tornando-
se assim, Apîtîbí de Ifá “esposa de Ifá”. Este fato se deve , por ser Ûñun, mãe de
Àñëtúwá , personagem místico, o qual os Odùs Ûñï & Òtúrá fizeram nascer; sendo

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extremamente ligado a Èñù (por ser Ûñïòtúrá, o único Odù capaz de levar as oferendas
até Olódùmarè, por intermédio de Èñù (para maiores detalhes, leia a apostila: “Orixás
Africanos” da Leqashy Escola de Magia.

Esta é uma parte resumida, da origem histórica do jogo de búzios. Uma forma de
oráculo, destinado somente as mulheres dentro da tradição do Ifá. No Brasil por terem
sido mulheres as grandes fundadoras do culto aos Òrìñà, o jogo de búzios se difundiu
indiscriminadamente, sendo tanto homens, como mulheres dos mais variados Òrìñà,
jogarem búzios.

Isto não é errado, somente uma distorção do culto de origem, causada pela forma como
o culto aos Òrìñà chegou ao Brasil.

ATRAVÉS DA ESCRAVIDÃO!

Terrível momento da história, em que certamente morriam muitos homens pois, o


“tempo de produção”, ou seja, de vida útil para um escravo forte, era no máximo de
10 anos. Além disso o amigo leitor há de concordar comigo; uma pessoa que vivia
vitimada pela fúria da escravidão, não deveria ter nenhum motivo para ensinar ou
praticar em sua plenitude, um culto tão filosófico como é o de Ûrúnmìlà. Mas apesar
de tudo, o Ifá em sua forma mais tradicional não chegou a morrer no Brasil e hoje em
dia, por influência de Babaláwo Nigerianos e Cubanos acontece um renascimento e
ampla divulgação.

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LUZ E TREVAS NOS BÚZIOS

Todo o sistema do Ifá se baseia em conceitos de luz e trevas, ou melhor de expansão e


contração, na verdade é o princípio de respiração e inspiração. Movimento gerador de
vida e de criação universal ; Esta ideia é representada também na estrutura do jogo dos
búzios.
Por várias vezes esta ideia foi comparada com o Yin e Yang , símbolos de expansão e
contração ligados ao I - CHING Chinês. Um bom comentário sobre este assunto , nos
dá o Sr. Pierre Verger , Babaláwo inserido no grupo Iorubá sob o nome de Awo
Fa’lokum fatumbi :
“... Em termos metafísicos, expansão se manifesta como luz , e a contração se
manifesta como trevas.
Dentro da cosmogonia do Ifá , luz e trevas criam todas as coisas. É uma expressão da
ideia de que luz contrai para torna-se matéria e a matéria se dissolve em luz. No
Taoísmo, esta polaridade é simbolizada por um círculo preenchido com uma lágrima
caída negra e uma branca, chamadas Ying e Yang. Nem o Taoísmo nem o Ifá
consideram luz o bem e trevas o mal ; expansão e contração são simplesmente duas
manifestações de uma única forma da substância espiritual que emana da fonte...” .

A maioria das pessoas que já possuem algum conhecimento sobre o jogo de búzios,
costumam contar as “caídas” dos Odù pela quantidade de búzios que caem “abertos”
e “fechados”; esta forma é uma variação do sistema original do Ifá em luz e trevas.
Por isso o método mais coerente de se analisar os Odù quando “aparecem” no jogo é
seguinte:

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Búzio “Aberto – Luz”, Abertura Natural.

Búzio “Fechado – Sombra”, Abertura Artificial.

Portanto, através deste sistema conta-se a quantidade de “luzes” que existem em uma
determinada caída; ou seja , a quantidade de búzios que caíram com a abertura natural
para cima.

Para podermos entender melhor estas ideias, vamos mesmo que superficialmente,
conhecer um pouco da mitologia Iorubá em sentido, relacionado ao processo de criação
do cosmos.

Antes da existência de tudo, havia um “nada absoluto”, um “vazio” de onde tudo se


originou, de dentro desta não-existência manifestaram-se três aspectos diferentes, mas
únicos em sua essência : Öba Mimý “Rei Puro”, Ölýûrun Aláànú “Deus
Misericordioso” e Olódùmarè “Aquele que é Superior, Permanente & Imutável”, da
essência de Öba Mimý “Rei Puro” é gerada uma força, um princípio, chamado Ìwá que
é um princípio de existência genérica e não individualizada, principio este de
existência, do qual Öbàtálá é o Irúnmolî (Irúnmolî são os Deuses que desceram do céu
e viveram na terra por um tempo na era primordial), Öbàtálá é o Irúnmolî, portanto, o
ser intermediário de comunicação desta força na criação universal, assim sendo
Öbàtálá, o Òrìñà da criação universal, o representante da Criatividade Divina.

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Obs.: Òrìñà ou Òòñà, são as divindades Yorùbá, tais como Èñù, Ògún, Ûñýsì. Ûñun,
Ìyàmì Òñòròngá, Ñàngó, Ògìyán e Òñùmàrè entre outros.

Da essência de Ölýûrun Aláànú “Deus Misericordioso”, surge o Àbá, princípio de


orientação , direcionamento da criação. Sendo Ûrúnmìlà, o Irúnmolî responsável pelos
caminhos do processo criativo , daí ser considerado o Òrìñà da sabedoria , da
consciência individualizada na criação geral.

Da essência de Olódùmarè “Aquele que é Superior, Permanente & Imutável”, emana


o Àñë, princípio de movimento , impulso gerador de energia vital na realização da
criação geral e da consciência individualizada no cosmo; atributo este, exercido pôr
Èñù, O Òrìñà que controla e administra a energia vital de tudo o que existe.

O que devemos perceber, é o fato de que tanto o Àbá, quanto o Àñë, tem que estarem
sempre juntos, para que a existência individualizada, possa fluir , separar-se , mesmo
que momentaneamente do Ìwá (matriz existencial genérica).

No primeiro dia da criação ( tradicionalmente o mundo foi criado em 4 dias, sendo


cada dia dedicado a uma divindade, específica, a saber:

dia 1 (Öjý Ûrúnmìlà e Èñù), dia 2 (Öjý Ògún), dia 3 (Öjý D’Jakutá) e dia 4 (Öjý
Öbàtálá - título de Òrìñà’nlá), surgindo os conceitos de Ofú (luz) e Osa (trevas),
respectivamente, símbolos das manifestações de Ìwá , Àñë e Àbá.

Ìwá forma a energia Ofú

Àbá junto ao Àñë formam a energia Osa

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Ofú: Símbolo masculino utilizado no Öpön Ifá, representante do poder de expansão
universal.

Osa: Símbolo feminino do poder de contração universal.

Símbolos dos Odù de Ifá e sua interpretação Elemental:

Tenho certeza de estar revelando ao grande público pela primeira vez, estas
informações. Como iniciado e como estudioso do assunto, sei que ninguém nunca
comentou em público os odù desta forma, sendo está a chave que faz “a diferença” na
hora de fazer qualquer ritualidade.

Os Yorùbá contavam os dias da semana , exatamente como contavam os gregos , por


isso para um Yorùbá antigo, a semana terminava no quinto dia da sua semana de
quatro dias.

Exemplo:

Primeiro dia da semana: Öjý ( dia de ) Ûrúnmìlà e Èñù

Segundo dia da semana: Öjý Ògún

Terceiro dia da semana: Öjý D’jaKutá ( divindade Funfun ligada a Ñàngó )

Quarto dia da semana: Öjý Öbàtálá .

Quinto dia da semana: Öjý Ûrúnmìlà e Èñù

Semana Iorubá de 5 dias.

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Portanto ao quinto dia, repetição do primeiro, é que terminava a semana.

Este detalhe é importante para a localização dos elementos nas Önifá (Caminho de Ifá).

Análise da Önifá do Odù Ûbàrà Méjì :

Como o amigo leitor deve ter percebido, para uma pessoa acostumada ao lidar com as
Önifá ( signos visuais de Ifá ), não se torna necessário a escrita do quinto dia, já que
ela própria é uma repetição do primeiro dia. Na verdade, a escrita de “quatro andares”
das Önifá, sempre ajudou a preservar o Awo (segredo) da leitura correta. Veremos
quando analisarmos outros detalhes, que todo o desenvolvimento de Ifá, se baseia entre
outras coisas, nas classificações dos elementos característicos de cada Odù.

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Portanto sob este raciocínio, podemos afirmar que a Önifá do Odù Ûbàrà representa os
seguintes elementos em sua constituição:

Ar - no primeiro dia: Öjý Ûrúnmìlà e Èñù

Água - no segundo dia : Öjý Ògún

Água - no terceiro dia : Öjý D’Jakutá

Terra – no quarto dia : Öjý Öbàtálá

Um detalhe é que a terra do terceiro dia da criação em Ûbàrà, possui uma Natureza
diferente da terra do segundo dia! pois estes elementos estão relacionados as “Quatro
Almas Yorùbá”:

Òjììjì: (A Sombra, representação visível da essência espiritual, o Duplo, rege a força


de vontade)

Îmí: (Ar) Hálito vital, da primeira respiração ao último suspiro, rege a inteligência e
a vitalidade.

Ìpûnrí-Ësî: (Água) Ancestralidade, Linhagem familiar de 256 antepassados.


Rege os sentimentos e as emoções.

Ara: (Terra) Corpo, Alma física.

...,mas isto é um estudo a ser desenvolvido em outra oportunidade e em outra matéria.

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PORQUE SÃO 21 BÚZIOS

O nome mais tradicional do oráculo que conhecemos como Jogo de Búzios é:


Mïrìndínlógún, o que significa “Jogo com dezesseis búzios”, cada búzio neste oráculo
representa um dos 16 Odùs mais velhos da chamada ordem de Ifá. Mas qual seria o
significado disto?
Nos conta a tradição, que de acordo com que Òrìñà’nlá “Òrìñà da criação” criava o
mundo, fosse árvore, animal, pedra ou qualquer outro elemento. Ûrúnmìlà servia de
“Testemunha do Destino” daquilo que havia sido criado, ou seja , quando cada ser
criado passava a existir através das mãos de Òrìñà’nlá, Ûrúnmìlà testemunhava aquela
criação, dando a ela um símbolo visual correspondente. Este símbolo é chamado de
Önifá “caminho de Ifá”.

Existe uma quantidade imensa de Odù , podendo chegar até 65.536 Odùs. No jogo de
búzios utilizam-se apenas os 16 Bàbá Odùs (Odùs “pais” ) ou como são chamados
mais tradicionalmente : Odù Méjì (duplos).

Estes Odùs representam os 16 destinos principais de toda a criação Universal e são a


base do desenvolvimento do Universo , 16 X 16= 256/ 256 X 16= 4.096/ 4.096 X 16=
65.536 .

A ordem em que eles se apresentam pode variar bastante em cada região do continente
africano e principalmente de país para país, no entanto em sua forma mais tradicional
(de acordo com a tradição da cidade de Ilé Ifî, local de origem de toda a cultura
Yorùbá), possui a seguinte forma:

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Ordem de Ifá de Ilé Ifî:

1. Ogbè Méjì

2. Ûyîkú Méjì, Bàbá Yëkú-Yëkú

3. Ìwòrì Méjì

4. Ìdin Méjì

5. Ûbàrà Méjì

6. Ûkanna (Ûkànràn Méjì)

7. Olósùn Odídërï (Olósùn Méjì)

8. Ûwýnrín Méjì

9. Ògúndá Méjì

10.Ûsá Ëlïyë (Ûsá Méjì)

11.Ìrëtî Méjì

12.Òtúrá Ëlïjý (Òtúrá Méjì)

13.Òtúrúpûn Méjì

14.Ìká Méjì

15.Ûñï Méjì

16.Òfún Méjì

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• Na verdade, isto depende muito mais da técnica e do conhecimento de quem
joga, podendo-se chegar até 256 Odùs no mínimo.

No entanto, apesar de serem em número de 16 os Odùs principais, existe um décimo


sétimo elemento no oráculo que é exatamente Èñù, aquele que “responde” as perguntas
através dos búzios.

Os cincos búzios restantes ( 16 mais 5 = 21) , representam os 5 sentidos do ser humano,


sendo, os 2 olhos, 2 ouvidos, e a boca de Èñù, os quais sempre estão no assentamento
de Èñù representados como búzios.

“ ... Toda sacerdotisa, no momento de ser iniciada, receberá dois tipos de vasilhas_
“assentos” consagrados:

A que representa seu Elédá, isto é , seu Òrìñà, “Dono de sua cabeça”;

e facilmente, ela receberá seu Èñù Individual ao mesmo tempo, e até mesmo antes da
entrega do “assento” individual de seu Òrìñà....

Nos “terreiros nagô tradicionais, este Èñù Individual é representado por uma pequena
vasilha de barro, de boca larga, munida de uma tampa, chamada Kólobó contendo
vinte e um cauris (búzios). Esses vintes e um cauris simbolizam os elementos
constitutivos do destino pessoal, destino escolhido por cada orí no ûrun antes de
corporizar-se Wayé...”

• R.A .Santos (1988:208)

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ÈÑÙ, O DONO DO JOGO DE BÚZIOS

Öbàtálá, Òrìñà Nlá ou Òòñàálá como é mais conhecido no Brasil, é o Senhor do Ìwá (
Princípio de criação universal ), Ûrúnmìlà é o senhor do Àbá ( Princípio de
direcionamento da criação ) e Èñù é o senhor do Àñë (Princípio de dinamismo, energia
vital de tudo o que existe ).

Talvez a divindade mais polêmica e controvertida do panteão Afro-brasileiro; Èñù é


louvado tradicionalmente com vários títulos honoríficos, entre eles, temos por
exemplo: “LOGEMO ÒRÚN” que significa: “O indulgente filho do céu”. Sem falar
em frases de uma poética tão desconcertante como bela, por exemplo: “LÁARÓYE N
FI GBOGBO ARA MÌ BÍ ÀJÉRE” que significa: “Láaróye está respirando pelo corpo
inteiro, como uma peneira”.

Em vários dos poemas divinatórios (Îsï Ìtûn Odù s), da tradição do Ifá, Èñù aparece
como um “criador de casos”, como um elemento de ação para a maldade, o que levou
a algumas pessoas, associá-lo com o Diabo cristão ou o Satã Muçulmano. Para
podermos realmente compreender a natureza de Èñù e de seu atributo principal (Àñë),
desfazendo ideias preconceituosas e ás vezes, até mesmo ingênuas, basta lembrarmo-
nos de alguns detalhes.

1) O culto aos Òrìñà é uma religião natural, de comunhão com a natureza,


diferenciando-se das chamadas religiões reveladas, em que indivíduos
determinados foram eleitos por Deus para revelarem aos outros homens sua fé,
moral e bons costumes, para assim alcançarem a salvação individual, acima da
harmonia coletiva.

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Nas religiões naturais ( de comunhão ), cabe ao homem harmonizar-se com a
natureza, assim compreendendo-a, aceÎsï Ìtûn Odù do-a como ela é, de modo
intelectual, emocional e intuitivo, sem culpas nem pecados. ( Não é à toa que Carl
Jung observou:) “... Antes do Cristianismo, o mal não era assim tão mau...”.

2) Na medida em que destituímos de substância e conteúdo, o que é considerado “mal”,


impossibilitamo-nos de conciliarmos em nossa psique, os conceitos de Luz e Trevas,
expansão e contração; elementos básicos para o processo de individualização que nos
reintegra ao si mesmo, ao nosso ser ou Deus em nós. ( Basta percebemos que a
Natureza, está muito além do Bem ou do Mal, convivendo com estes dois princípios
em sábio equilíbrio).

Para podermos praticar o aprimoramento da consciência, é importante nos


defrontarmos com nossas tendências “sombrias”, elas são necessárias às pessoas que
desejam se tornar humanas, íntegras, pois se elas não existissem, que estímulos nossa
natureza sensível teria para se desenvolver e agir na realidade? Se Èñù é o
representante da energia vital de tudo, como poderia ser limitado? Ele “joga dos dois
lados” tanto na expansão como na contração, e é exatamente neste simbólico que ele
ensina a natureza do “Amor que move o sol e as outras estrelas”, amor este que é
“Aquele cuja grandeza se manifesta em todo lugar”! As maiores e mais profundas
afirmativas da Natureza, estão sempre, acima do conceito de bem e mal, ideias criadas
pelos homens, e mesmo assim, só após determinada época.

Èñù é uma divindade que possui vários títulos como forma de “elogios”. Levando a
muitas pessoas pensarem que existem vários “Exús”, no entanto, seu único nome pela
tradição do Ifá é :

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OLAALU OBA ALAKETU ÖMÖ OLOJÁ EKITI EFON

Que significa aproximadamente : “Joia da cidade, Rei que encobre a cidade de Ketu,
filho do dono do mercado de Ekiti Efon”. (Um dos títulos de OLAALU, por exemplo
seria ÌGBÁ-KETÁ, que significa: “Terceira cabaça” ou ÈNÙGBARIJÓ - “Boca
coletiva” e assim muitos outros, mas sempre referindo-se a uma só Divindade:

OLAALU

• as sacerdotisas do culto a Èñù são chamadas de Ìyábara, sendo sua presença e


poder, fundamentais em muitas ocasiões ritualísticas.

ÈTO ÀWÖN ODÙ NINÚ IFÁ ( A ORDEM DOS ODÙS EM IFÁ )

O Símbolo que é conhecido como “Ordem de Ifá”, representa a ordem de chegada dos
Odùs, quando vieram do céu para a terra, ou seja, é na verdade uma representação
numérica da forma como foi criado o universo e os graus de importância entre os vários
Odùs sobre si mesmos. Antes de nos aprofundarmos no significado real desta
organização, vamos conhecer algumas das mais comentadas “Ordens de Ifá” utilizadas
em todo o mundo:

Ordem de Ifá de Ilé Ifî:


1. Ogbè Méjì
2. Ûyîkú Méjì, Bàbá Yëkú-Yëkú
3. Ìwòrì Méjì
4. Ìdin Méjì
5. Ûbàrà Méjì
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6. Ûkanna (Ûkànràn Méjì)
7. Olósùn Odídërï (Olósùn Méjì)
8. Ûwýnrín Méjì
9. Ògúndá Méjì
10.Ûsá Ëlïyë (Ûsá Méjì)
11.Ìrëtî Méjì
12.Òtúrá Ëlïjý (Òtúrá Méjì)
13.Òtúrúpûn Méjì
14.Ìká Méjì
15.Ûñï Méjì
16.Òfún Méjì

Ordem de Ifá de Oyó:


1. Ogbè Méjì
2. Ûyîkú Méjì, Bàbá Yëkú-Yëkú
3. Ìwòrì Méjì
4. Ìdin Méjì
5. Olósùn Odídërï (Olósùn Méjì)
6. Ûwýnrín Méjì
7. Ûbàrà Méjì
8. Ûkanna (Ûkànràn Méjì)
9. Ògúndá Méjì
10.Ûsá Ëlïyë (Ûsá Méjì)

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11.Ìká Méjì
12.Òtúrúpûn Méjì
13.Òtúrá Ëlïjý (Òtúrá Méjì)
14.Ìrëtî Méjì
15.Ûñï Méjì
16.Òfún Méjì

Existem ainda muitas outras formas, no meu caso particular utilizo a ordem de Ilé Ifî,
por ser esta cidade, o marco de fundação do estado Iorubá e também por ser neste local,
que existe a forma de culto ao Ifá em sua expressão mais complexa e profunda, através
dos Divinadores do Rei – os Babaláwo Awöni.

A origem dos Divinadores de Ifá, se liga ao mito da fundação do estado Iorubá, quando
da chegada de Ûrúnmìlà juntamente com ODÙDUWÁ. Esta fundação foi baseada na
cidade de Ilé Ifî, sendo os “descendentes” de Ûrúnmìlà os 16 Babaláwo do Rei (Öni)
de Ifî.
Estes sacerdotes eram chamados de Awöni ( Awo + Öni = Segredos do Rei), este tipo
de instituição parece restrita a cidade de Ilé Ifî é e ao Öni (Rei) desta região.
Certamente outros Öni, também possuem seus Babaláwo, mas em nenhuma outra
localidade foi detectada complexidade de organização e conhecimentos no mesmo
nível. Os Awöni estão situados acima de todos os outros sacerdotes de Ifá, sendo todos
os demais, não importando a região do continente e muito menos a nacionalidade,
sacerdotes que nas palavras de um Awöni “NÃO CONTAM EM NADA”, pouco
importando o quanto de Ifá possam conhecer ou quão peritos sejam em divinação.

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Para se tornar um Awöni, algumas condições eram imprescindíveis:

1- Era estritamente necessário que o candidato a Awöni fosse nativo de Ilé Ifî.
2- Também era fundamental que o candidato fosse um Babaláwo Olódù, ou seja,
possuísse um Igbó’dù (Igbó Odù) Ifá.
3- Estes candidatos tinham que haver nascido em uma das 16 famílias tradicionais,
consideradas como fundadoras de Ilé Ifî.

Por isso independente da habilidade do Sacerdote de Ifá, se ele não cumprisse estas
exigências, ele seria considerado um Àjèjì Ifî, o que significa: “Estrangeiro em Ifî”.

Os Awöni, possuíam títulos específicos, listados abaixo segundo a ordem conhecida


em 1937.

1- ARABA: “Pai das árvores”, Awoni-chefe.


2- AGBONBON: “Aquele que vem primeiro”, nome do primeiro filho de Ûrúnmìlà.
3- AGESINYOWA: “Pessoa rica o suficiente para possuir um cavalo”.
4- ASEDA: “Aquele que faz criaturas” ou “Aquele que cria gente no céu”.
5- AKODA: “Portador de espada”, mas foi interpretado como uma corruptela de
AKODE, significando “o que chega primeiro”, por ser este Awoni que chama os
demais para o festival anual e, conseguinte os precede.
6- AMOSUN: “O que toma Osun”, referindo-se a lança de ferro (Osun, Ûpa Ûrîrî)
como também ao pó vermelho, Osùn ëlïdî.
7- AFEDIGBA: “Senhor do Ëdigba”, se referindo as contas que no Brasil são
conhecidas como Ladigbá, contas estas que todo Awoni possui. Este Awoni
arrumaria os Ëdigba do Araba, enquanto essa dança na festa anual em louvor a
Ûrúnmìlà.

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8- ADIFOLU: “O que divina todos os gêneros de Ifá”, misturando-os todos, conquanto
na prática ele procede à divinação tal qual os outros.
9- OBAKIN: “Rei Okin”, se referindo a um pássaro branco ( Okin ), a garça- real, a
qual no Egito era associada ao mito da ave-fênix, pássaro BENU. As penas deste
pássaro, sempre foram altamente valorizadas por serem usadas nas coroas dos Reis
Iorubás.
10- OLORI IHAREFA: “O cabeça dos Iharefa”, chefe dos funcionários
encarregados de Ifá no palácio real. Embora eles próprios não pratiquem divinação,
conhecem muito a respeito, frequentemente bastante mais que muitos Awoni.
11- LODAGBA: “Camareiro”, aquele que serve comida e bebida para os outros
Awoni, tomando conta de tudo o que não foi consumido.
12- JOLOFINPE: “O que deixa o Rei permanecer no poder”, a função deste Awoni
é cuidar do Rei quando está doente.
13- MEGBON: “Não sou sábio”, este título se refere ao fato de o primeiro ocupante
do cargo, haver sido respeitado mais por sua posição social, do que propriamente
por sua sabedoria.
14- TEDIMOLE: “O que comprime o peito contra o chão”, este título lhe era dado,
pois nos tempos mais antigos, o sacerdote que ocupava este cargo, jamais poderia
deixar sozinho o sacrário de Ifá, ou seja, este Awoni passava toda a sua vida a partir
do momento em que ocupasse a função de Awoni ao lado do “assentamento” de
Ûrúnmìlà.
15- ERINMI: “Elefante-d ’água”, hipopótamo, se refere a uma divindade Funfun,
responsável pela abundância de água doce, geradora de vida durante os tempos de
seca.
16- ELEÑI: “Aquele que possui o Eñi”, pedra esculpida ou estatueta de madeira,
preparada pelos sacerdotes para manter afastado o mal que mata as pessoas dos
centros urbanos.

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Cada um destes cargos são ocupados por uma determinada linhagem familiar, como
por exemplo no caso do Araba, este título somente seria conferido a alguém da
linhagem familiar da casa de oketase, ou aos homens, que mesmo de outra família
fossem ligados a esta casa pela descendência de suas mães. Este tipo de sacerdotes de
Ifá respondem a perguntas do seguinte gênero:
_ “o que precisa ser feito a fim de que o Öni possa viver por muito tempo, que a cidade
possa permanecer em paz, que não haja aborrecimentos entre nós Awoni , que as
mulheres de ìfé não fiquem estéreis, que não possa haver doença nem fome na cidade,
e que não haja mortes entre os jovens?”.
Esta seria a “alta cúpula” da tradição secular do Ifá sendo os outros sacerdotes –
Babaláwo, originários de outras regiões e também países, sacerdotes de outro nível
sacerdotal , independentemente de seus conhecimentos.
A origem da organização sacerdotal dos Babaláwo se refere a cidade de Ifé,
Por nesta cidade haver existido por mais de setecentos anos o principal templo da
“OSHOGBONI”, uma sociedade secreta religiosa que regia o culto dos Òrìñà em todo
o império Iorubá.
Tal sociedade secreta religiosa, a Oshogboni, tinha um sumo – Sacerdote, a quem
denominavam de Ekéni – Òrìñà (primeiro dos Deuses) e que era superior hierárquico
dos EK’EJI – Òrìñà (segundo dos Deuses), tendo sob sua direção os templos de suas
cidades e o comando dos demais sacerdotes.
Estes sacerdotes agrupavam-se em três ordens sacerdotais, com múltiplas subdivisões,
decrescentes em sua importância, sendo que a primeira e mais importante delas era a
ordem dos BÀBÁLAWÒS, por deterem o conhecimento dos sinais sagrados e o
processo divinatório de Ifá.

Mas, mesmo os Babaláwo pertenciam a quatro categorias principais, cada uma delas
com seus requisitos especiais, sendo elas , em ordem inversa de sua importância:

23
1 ELEGAN: o primeiro grau iniciatório a que todos os Babaláwo podiam ascender e
que , além da divinação podiam praticar a cura e o sortilégio pelas “EWE” ou folhas
sagradas.
2 ADOSU: O segundo grau iniciático que exigia que o Babaláwo pertencesse a um
conjunto habitacional ( vila ou cidade que dispusesse de um “ORIGI”, o montículo
consagrado a Ifá, alguns antiquíssimos, em sua área comunitária.
3 OLÓDÙ : O terceiro grau iniciático exigia que o Babaláwo possuísse o “Igbá Odù ”
ou “ Sacrário dos Odù”, mantido no cômodo principal do “Ilê Ifá” ou casa de Ifá,
recinto considerado tão consagrado que só podia ser adentrado por Homens iniciados.

Qualquer Babaláwo destes três principais graus poderia vir a ser denominado por
“OLUWO”, que significa “chefe dos segredos”, mas esta não era uma categoria, era
antes uma espécie de elogio, uma dignificação ou forma de reconhecimento por suas
habilidades ritualísticas.

O quarto e maior grau entre os Babaláwo era privativo da cidade de Ilé Ìfî, e eram
chamados Awöni. (Título este que já comentamos).

Ao analisarmos a ordem de Ifá, nós podemos perceber que existe um ritmo, uma
espécie de padrão , que nos ensina a chave do poder de Ifá, como um sistema de magia.

24
CLASSIFICAÇÃO ELEMENTAL GERAL DOS 16 BABA ODÙS DE IFÁ:

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26
AS CINCO SORTES:

Dentro do Oráculo de Ifá e portanto também no jogo de búzios, existem 5 símbolos


que servem entre outras coisas, para identificar o tipo de culto ao qual determinada
pessoa deveria se iniciar, qual a oferenda mais indicada para a solução do problema ao
qual Ifá foi consultado, qual é o Òrìñà ou Divindade responsável para solucionar
determinado problema e qual é a base do Îsï Ìtûn Odù a ser recitado na consultado.
(Estes 5 símbolos chamam-se Abiras)

Îsï Ìtûn Odù:

É o verso oracular que sempre é recitado em uma consulta ao Ifá; Nestes versos
tradicionais resumem-se praticamente toda a liturgia Iorubá em relação aos Òrìñà e
outras divindades. Toda pessoa que deseja conhecer profundamente o Ifá, deve
aprender a maior quantidade possível de Îsï Ìtûn Odù s, e este tipo de estudo dura
certamente toda a vida ( pela imensa quantidade de Îsï Ìtûn Odù s existentes ).

Os cinco símbolos básicos do Ifá são os seguintes:

- um pedaço de louça ou cabaça quebrada.

- Um osso de animal abatido em sacrifício para Egungun ou um pedaço de madeira


retirado de uma árvore aonde foram feitas oferendas aos antepassados do adivinho.

- Uma casca de Ìgbín (Caracol) que foi oferecido a Òrìñà’nlá, ou uma pedra de Ëfun.

- Dois Cauri (Búzios) grandes, unidos por um pedaço de colar de contas de Ûrúnmìlà
. ( verde e marrom )

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- Uma pedra que foi encontrada no mato ou de preferência um Ëdun Ara ( pedra
de meteorito, do culto de Xangô ).

Acredito que a melhor forma de explicar estes símbolos, seria primeiramente um


exemplo de consulta ao Ifá, para que o amigo leitor pudesse perceber, em sua essência
o método mais tradicional de consulta ao Ifá, o qual, transponho para o Mïrìndínlógún
( nome tradicional do jogo de 16 búzios ).

Primeiramente temos que definir quais serão “as nossas jogadas”, ou seja, quantos
búzios em luz ( abertura natural ), serão contados, em relação a cada Odù na ordem
original.

1. Ogbè Méjì: 8 Búzios abertos

2. Ûyîkú Méjì, Bàbá Yëkú-Yëkú: 13 Búzios abertos

3. Ìwòrì Méjì: 12 Búzios abertos

4. Ìdin Méjì: 7 Búzios abertos

5. Ûbàrà Méjì: 6 Búzios abertos

6. Ûkanna (Ûkànràn Méjì): 1 Búzios aberto

7. Olósùn Odídërï (Olósùn Méjì): 4 Búzios abertos

8. Ûwýnrín Méjì: 11 Búzios abertos

9. Ògúndá Méjì: 3 Búzios abertos

10.Ûsá Ëlïyë (Ûsá Méjì): 9 Búzios abertos

11.Ìrëtî Méjì: 11 Búzios abertos

12.Òtúrá Ëlïjý (Òtúrá Méjì): 16 Búzios abertos


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13.Òtúrúpûn Méjì: 2 Búzios abertos

14.Ìká Méjì: 14 Búzios abertos

15.Ûñï Méjì: 5 Búzios abertos

16.Òfún Méjì: 10 Búzios abertos

Primeiramente vamos ver quais são as informações que estes 5 símbolos, representam
no Ifá:

Pedaço de louça ou cabaça quebrada (APADI):

Como Divindade, este símbolo representa ORÍ e sua parte frontal.


Como Oferenda representa ANIMAL ABATIDO.
( Podendo também ser oferecido o pelo ou as penas dos animais, ao invés do sacrifício
sangrento )

Osso de animal ou um pedaço (graveto) de árvore ( IÑAN ):

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Como Divindade, este símbolo representa EGUNGUN ( ou qualquer outro tipo de
antepassado, neste símbolo também podemos ver se é uma entidade de Umbanda que
está falando)
Como oferenda significa o oferecimento de uma CABAÇA COM ÁGUA.

Casca de Ìgbín (caracol) ou pedra de Ëfun :

Como Divindade, este símbolo representa os Orixás Funfun , orixás “Brancos” ligados
a origem do universo, como por exemplo : Öbàtálá, Agballa, Öramfé, Àjalá e outros.
Como Oferenda este símbolo se refere a : DOIS PEIXES SECOS e/ou o próprio
ÌGBÍN.

Dois Cauri:

Como Divindade ,este símbolo nos diz que é o próprio Ûrúnmìlà que está falando;
Como Oferenda representa a oferta de : PÃES DE INHAME E CERVEJA DE MILHO
ou de forma mais geral : COMIDA.

Pedra (Ûkutá):

Como Divindade este símbolo afirma que é Orí (em sua parte occipital) ou um irúnmölî
que está falando, como por exemplo Ñàngó, Ògún, Ûñýsì, Ûñun, Öya etc.

Como Oferenda este símbolo representa : CARNE SECA.


Além destes fatores, estes símbolos também servem para podermos identificar qual
foi problema que levou a consulta, assim como também, para podermos perceber em
quais situações do destino da pessoa devemos cuidar.

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Exemplo:

Pedaço de louça ou cabaça quebrada


Nome: Ìñégun:

Representa a sorte de VITÓRIA na vida da pessoa, quando em aspecto positivo


conhecido mais tradicionalmente como Ûnà Rere que significa:
BOM CAMINHO, este símbolo nos fala de VITÓRIA SOBRE NOSSOS INIMIGOS
E DIFICULDADES.
Quando em aspecto negativo (conhecido mais tradicionalmente como : Ûnà Burúkú,
“caminho que leva a morte” ou mais simplesmente : Mal caminho, este símbolo
representa PERDA ou DERROTA na vida da pessoa.

Osso de animal ou pedaço de árvore


Nome: Egungun

Representa a relação entre ANCESTRALIDADE e DESCENDÊNCIA na vida da


pessoa , assim como a questão de FILHOS e FRUTOS DOS PROJETOS e
ATITUDES.
Quando em aspecto positivo, este símbolo nos fala de bons filhos e consequências
agradáveis nos planos que a pessoa pretende fazer. Quando em aspecto negativo , este
símbolo nos fala de morte e total frustração, assim como resultados negativos nos
planos da pessoa.

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Casca de Ìgbín ou pedra de Ëfun
Nome: Ifï

Este símbolo representa as questões de saúde e relações como casamento, sociedades


e amizades.

Dois Cauri
Nome: Ajé

Este símbolo representa as questões financeiras da vida da pessoa.

Pedra
Nome: Ûkutá

Este símbolo representa em seu aspecto positivo vida longa para aquele que consulta o
Ifá e em seu aspecto negativo, representa luta na vida da pessoa.

A forma de se colocar estes símbolos na “mesa de Ifá” seria o seguinte :

1) pedra, 2) Cauri, 3) Ìgbín, 4) osso, 5) caco.


Isto se dá, por ser esta a ordem de importância dada pelos Iorubás a vida, pois para um
Iorubá, se desejaria primeiramente uma vida longa porque, se ele morresse , tudo o
mais perderia o sentido; depois se ele tivesse dinheiro poderia obter uma boa esposa;
uma boa esposa lhe traria uma descendência e se continuasse a ter êxito no seu destino,
então só teria que se preocupar em vencer os inimigos, (obter vitória) sobre os
invejosos que todo homem bem- sucedido acaba por ter. O resumo geral do
procedimento a consulta ao Ifá é o seguinte:

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1- O primeiro arremesso é feito para determinar-se qual é o Odù para quem os versos
(Îsï Ìtûn Odù) são recitados.

Exemplos: Vamos imaginar que pegamos os 16 búzios e ao jogarmos, caíram 8 búzios


abertos (esta primeira jogada sendo feita com a mão direita), logo após jogarmos com
a mão esquerda os 16 búzios e desta vez abertos novamente.

Esta “jogada” refere-se ao odù Ogbè Méjì

Este Odù seria o responsável pela consulta.

1) Dois lançamentos são feitos para determinar se os prognósticos são positivos (Ûnà
Rere) ou negativos (Ûnà Burúkú).

A técnica usada para se determinar estas questões chama-se IGBOIGBO e é feita da


seguinte forma :

Coloca-se nas mãos daquele que consulta o Ifá dois símbolos diferentes, por exemplo:
uma pedra preta pequena e uma pedra branca também pequena. O consulente
aleatoriamente troca as pedras de mão em mão até que defina em qual mão vão ficar
33
as pedras. Como parte deste exemplo, vamos imaginar que o consulente ficou com a
pedra branca na mão esquerda e com a pedra preta na mão direita. Joga-se os Búzios
duas vezes, uma com a mão direita e outra com a mão esquerda.

Vamos imaginar que no lançamento da mão direita caíram 13 búzios abertos, o que
representa o Odù Ûyîkú Méjì e no lançamento da mão esquerda caíram 6 búzios
abertos, o que representa o Odù Ûbàrà Méjì.

Pela Ordem de Ifá em Ilé Ifî, o Odù Ûyîkú Méjì é o segundo em importância e o Odù
Ûbàrà Méjì é o quinto Odù a nascer. O que nos diz que o lançamento da mão direita
“ganhou”, por ser Ûyîkú Méjì , superior a Ûbàrà Méjì. (Ou melhor, Ûyîkú Méjì é
“mais velho” por ter sido o segundo Odù a chegar no mundo)

Desta forma então pedimos ao consulente que abra a sua mão direita , aonde estará a
pedra preta, significando que o Odù Ogbè Méjì está em um “Mal caminho”(Ûnà
Burúkú), ou seja, NEGATIVO.

MÃO ESQUERDA: MÃO DIREITA:

Ûbàrà Méjì Ûyîkú Méjì, Bàbá Yëkú-Yëkú

Cinco lançamentos são realizados para se descobrir que espécie de bem ou mal está
sendo indicado. Como em nosso exemplo, já sabemos que se trata de um mal aspecto,
teríamos as seguintes opções:

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1) PEDRA: Luta e dificuldade.
2) CAURI: Completa impossibilidade de ganho financeiro.
3) ÌGBÍN: Doenças e problemas nos relacionamentos.
4) OSSO: Morte e consequências desagradáveis nos planos pessoais.
5) CACO: Perda e derrota.

Vamos imaginar que nos 5 lançamentos “apareceram” os seguintes Odùs:

Pedra: Ûkanna (Ûkànràn Méjì) - 1 Búzio aberto


Cauri: Ìká Méjì – 14 Búzios abertos

Ìgbín: Òfún Méjì – 10 Búzios abertos

Osso: Ìwòrì Méjì – 12 Búzios abertos

Caco: Ogbè Méjì – 8 Búzios abertos

Pela Ordem de Ifá utilizada, veríamos então a seguinte organização:

1) Ogbè Méjì – Primeiro na ordem de Ifá


2) Ìwòrì Méjì – Terceiro na ordem de Ifá
3) Ûkanna (Ûkànràn Méjì) – Sexto na ordem de Ifá
4) Ìká Méjì – Décimo quarto na ordem de Ifá
5) Òfún Méjì – Décimo sexto na ordem de Ifá

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Por ser Ogbè Méjì, o primeiro Odù na Ordem de Ifá ( portanto o “mais velho”),
prevalece o símbolo CACO, ao que podemos deduzir que o problema se refere a
PERDA E DERROTA .

Uma sequência de lançamentos pode ser feita, para se determinar mais


pormenorizadamente que tipo de perda ou derrota .

Exemplo: através de alternativas escolhidas pela própria pessoa que está jogando.

Alternativa A): Perda financeira causada pelo jogo.

No lançamento feito para esta alternativa “caiu” o Odù Ûwýnrín Méjì.

- Alternativa B): Perda no casamento ( separação ) causada por adultério:


- No lançamento feito para esta alternativa “caiu” o Odù Ògúndá Méjì.
- Alternativa C): Perda de saúde causada por algum vício, nesta alternativa “caiu” o
Odù Ìká Méjì.
-
Pela Ordem de Ifá, podemos ver que a perda é financeira, sendo
Causada pelo vício do jogo. (Odù Ûwýnrín Méjì - oitavo na Ordem de Ifá)

Dois lançamentos são feitos para descobrirmos se uma oferenda é suficiente ou se é


necessário Àdìmú, esta palavra Àdìmú significa “Oferta de comida sem sangue a um
Òrìñà”, é um termo definido através da diáspora, em uma outra leitura, usam a palavra
Àdìmú, como se significasse “abrigar-se”, sendo está uma ritualidade complementar
a oferenda indicada.

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Vejamos um exemplo:

Na situação que estamos estudando, inevitavelmente será necessária uma oferenda no


Odù Ogbè Méjì para Èñù. Pois todas as oferendas no Ifá são sempre direcionadas a ele.
No entanto, pode haver a necessidade de um Àdìmú por exemplo, para Öbàtálá.

Este Àdìmú seria uma espécie de “reforço”, pois Èñù ao dinamizar o aspecto positivo
de Ogbè Méjì na alternativa Caco, trazendo Ìñégun (Vitória), a pessoa também estaria
se “abrigando” sob a força de Öbàtálá, também no Odù Ogbè Méjì, com a mesma
finalidade.

A forma como se saberia a quem o Àdìmú deve ser oferecido, também está ligada aos
5 símbolos Abira.

EXEMPLO:

• Pedra: lançamento 1 – Odù Ûkanna (Ûkànràn Méjì)


• Cauri: lançamento 2 – Odù Ûwýnrín Méjì
• Ìgbín : lançamento 3 – Odù Ogbè Méjì

Na medida em que surge o Odù Ogbè Méjì, torna-se desnecessário outros lançamentos,
pois este Odù é “o mais velho” e inevitavelmente, vai “ganhar” sempre.

Sabemos que o Ìgbín (Caracol) representa os Òrìñà Funfun, então selecionamos 3 Òrìñà
Funfun e jogamos para cada um.

• primeiro lançamento: alternativa Òrìñà Öbàtálá – “respondeu” Ûyîkú Méjì,


Bàbá Yëkú-Yëkú.

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• Segundo lançamento: alternativa Òrìñà Ògìyán (ou como é mais conhecido no
Brasil : Oxaguian) – “respondeu” Ûwýnrín Méjì.
• Terceiro lançamento: alternativa Òrìñà Ûrúnmìlà (ou como é mais conhecido no
Brasil: Bàbá Ifá) – “respondeu” Ògúndá Méjì.

Pela Ordem de Ifá, Òrìñà Öbàtálá “ganharia a alternativa”, pois foi nesta alternativa
que “caiu” o Odù mais velho (Ûyîkú Méjì, Bàbá Yëkú-Yëkú.- o segundo “mais velho”
entre os Odù de Ifá).
Cinco arremessos são realizados para se avaliar aquilo que é requerido como Àdìmú

Ire Àìkú Òkúta – Vida longa: Ìrëtî Méjì

Ajé: Cauri - Prosperidade: Òtúrá Ëlïjý (Òtúrá Méjì)


Ifï Ìgbín - Sorte de Relacionamentos afetivos e perfil emocional ou Ìlera (Saúde):
Ûñï Méjì

Egungun: Osso - Sorte de “Filhos & Frutos”, Realizações no destino: Olósùn Odídërï
(Olósùn Méjì)

Ìñégun Apadi (Caco - Vitória): Ûsá Ëlïyë (Ûsá Méjì)

Como pela ordem de Ifá, o Odù mais velho seria Olósùn Odídërï (Olósùn Méjì), na
sétima posição, assim podemos perceber que o Àdìmú indicado é Cabaça com água.

Vamos repetir agora, o significado completo de cada Abira:

Caco: Ìñégun: Apadi. Divindade: Orí. Oferenda: sacrifício. (Sorte de Vitória no


destino).

Cauri: Ajé: Divindade: Ûrúnmìlà. Oferenda: Pão de Inhame e Cerveja de Milho. (Sorte
de prosperidade no destino)
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Ìgbín: Caracol: Ifï: Divindade: Òrìñà Funfun. Oferenda: Ìgbín. (Sorte de
Relacionamentos afetivos e perfil emocional no destino), também representa Ìlera:
Ìgbín: A Sorte de Saúde no destino.

Pedra: Ire Àìkú: Òkúta. Divindade: Orixá. Oferenda de Carne-Seca. (Sorte de


Longevidade no destino)

Osso : Egungun: Divindade: Ancestrais. Oferenda de Cabaça com água. (Sorte de


“Filhos & Frutos”, Realizações no destino)

Obs.: Existem alguns detalhes na questão da escolha do Àdìmú, estes seriam os


seguintes: - sempre em que a divindade indicada for Òrìñà Funfun, é obrigatório a
inclusão de dois Ìgbín (Caracóis).

Se a pessoa não aceitar o sacrifício animal, pelo menos não podem faltar os dois peixes
secos do Àdìmú Ìgbín.

Sempre que a divindade indicada for Ori , é obrigatório a inclusão de pelo menos dois
Obi.

Sempre que a alternativa escolhida para o Àdìmú, for Pedra, deve-se perguntar, se deve
ou não incluir carne-seca, pois ela representa caça selvagem abatida por um caçador (é
um convite ao Òrìñà ir caçar aquilo que desejamos)

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Portanto como um resumo desta consulta, podemos dizer que:

A pessoa que consultou Ifá, está tendo grandes perdas causadas pelo vício de
jogar.

Para a solução de seu problema, Ifá indica uma cabaça com água para Èñù e outra
para Òrìñà’nlá, sendo que na de Òrìñà’nlá, acrescenta-se dois Ìgbín (caracóis)
e/ou dois peixes, como partes integrantes da oferenda.

Para o término da consulta, o adivinho deve recitar o Îsï Ìtûn Odù Ifá, o texto
da crônica, correspondente ao Odù principal ( neste exemplo: Ogbè Méjì), após
haver escolhido entre os vários Îsï Ìtûn Odù, o mais indicado para a situação.

Obviamente este é um exemplo muito simples, mas o importante é que o leitor


perceba que “NÃO EXISTE RECEITA DE BOLO”.

Toda ritualidade é sempre indicada pelo jogo, sem necessidade de decorar “Ebós
ou oferendas”.

TODO ÒRÌÑÀ “FALA” EM TODO E QUALQUER ODÙ!

40
COMENTÁRIOS SOBRE OS ODÙ MÉJÌ

Obs.: As informações que se seguem a partir deste ponto, estão relacionadas ao


modelo de associação interpretativa dos Odù Méjì no Candomblé (Brasil). Uma
leitura específica na tradição Yorùbá seria estruturada em outros modelos
interpretativos.

Ogbè Méjì

Ogbè Méjì conhecido no Mïrìndínlógún do Brasil como “Ejionilê”, é primeiro Odù na


ordem de Ifá. O que significa que este Odù representa a ideia da unidade e princípio,
expressa a força, a atividade, o poder do calor e da luz criadora universal. Ogbè Méjì é a
grande explosão que iniciou a criação do cosmos, é a ação dinâmica, estimulante e
energizadora. Potência masculina suprema, Ogbè Méjì é o símbolo Iorubá, para o que os
cristãos chamam de “FIAT-LUX”, ou seja, o momento em que a luz da criação, começou
a expandir todo o universo. Ogbè Méjì é associado as alturas e ao sol, por ser a luz solar,
o principal reservatório que promove a vida em nosso planeta. As águas fertilizantes que
caem em forma de chuva durante o dia também lhe pertencem. É o espírito e a força
masculina que, em todos os planos , depositada a centelha de fogo fecundante no óvulo
passivo e transforma a chance da vida, em desenvolvimento ativo e crescimento. Por ser
um Odù todo composto de fogo, ou seja, luz. Ogbè Méjì imprime tendências positivas e
dominadoras, além de irradiante magnetismo espiritual e vibrante aura simpática .
Proporciona enorme resistência ás moléstias, ferimentos a aos abalos morais. As pessoas
41
que nascem sob este Odù, quando podem desenvolver suas melhores qualidades naturais,
possuem como traço marcante de sua personalidade, uma vontade poderosa,

persistência inquebrantável, espírito indomável e coragem a toda prova. Em seus aspectos


inferiores, os filhos de Ogbè Méjì podem ser bajuladores, mentirosos , vaidosos até o
ridículo, convencidos , dominadores, despóticos para com os humildes e servis para
superiores. Ogbè Méjì rege a cabeça humana, o coração , a região dorsal da espinha, a aorta
e a veia cava superior e inferior. Seus filhos estão sujeitos as afecções cardíacas, angina do
peito, ataxia locomotora, afecções espinais e, pela natureza do Odù, febres violentas,
malignas e contagiosas. Como Ogbè Méjì pode induzir a luxúria, o abuso dos prazeres
também poderá encurtar a vida.

Ûyîkú Méjì, Bàbá Yëkú-Yëkú

ÛYÎKÚ MÉJÌ , conhecido no Mïrìndínlógún como “Èjí-Ologbon”, é o segundo na ordem


de Ifá. O que significa que este Odù representa o aspecto passivo da criação.
Ûyîkú Méjì não existe por si só , é o reflexo da unidade de Ogbè Méjì o princípio ativo
e masculino , enquanto Ûyîkú- Méjì é o princípio passivo gerador e feminino, ambos estão
presentes em tudo que existe; enquanto Ogbè Méjì é força, Ûyîkú Méjì é forma . (Se pode
parecer estranho ao leitor, falarmos tanto de Ogbè Méjì, enquanto estamos comentando
Ûyîkú, na verdade, isto se deve, por ser sob a luz de Ogbè Méjì, que melhor podemos
entender o que é Ûyîkú. Igualmente, teríamos muito mais a acrescentar sobre Ogbè Méjì
à nossa explicação, agora que temos ÛYÎKÚ Méjì para compará-la. As partes de pares

42
opostos se esclarecem mutuamente, e são incompreensíveis quando estudados em
separado. )
ÛYÎKÚ Méjì é a “grande mãe da forma”, ela é o útero por meio do qual a vida vem a
manifestação. Devemos lembrar, contudo, que incorporar-se em uma forma é, por
conseguinte, o início da morte na vida.
ÛYÎKÚ Méjì gera a partir de Ogbè Méjì, mas, no entanto, também contraia força dinâmica
de vida de Ogbè, para que a forma possa passar a existir, e é nesta relação que reside o
mistério da vida e da morte, da criação e destruição de tudo que existe.
Para algumas religiões, a mulher é considerada a raiz de todo mal, porque ela é a influência
que sujeita o homem, por seus desejos e através da geração, a uma vida de forma. O que é
material simboliza para estas religiões, o contrário de fé e espiritualidade, em uma espécie
de “luta” jamais resolvida.
O Ifá nos ensina um modo de pensar mais sábio. Sob a ótica de Ûrúnmìlà, todos os aspectos
da criação, ou seja, todos os Odùs são sagrados, todos eles são “filhos” ( na verdade
aspectos ) da potência OLOOFIN, a qual Ûrúnmìlà “coordena”.
Por ser um Odù todo composto por AGUA, ou seja, “Trevas” ( o que na verdade simboliza
contração ), ÛYÎKÚ MÉJÌ é a raiz da contração da luz que forma a matéria de tudo o que
existe em estado sólido. ( Por isso representado por terra, o elemento mais sólido entre os
quatro ).
As pessoas que nasceram sob o destino de ÛYÎKÚ Méjì, possuem intenso psiquismo e
desenvolvidas aptidões mediúnicas, proporcionando imaginação fértil e capacidade
criadora, mas com tendências a indecisão e comodismo.
Estas pessoas apesar de serem imaginativas e sonhadoras, estão sempre ás voltas com a
dificuldade de realizarem seus planos. Geralmente quase nunca chegam a realizar seus
sonhos, por faltar-lhes coragem para as lutas arriscadas e preferem deixar que sua vida
deslize mansa e sem grandes atribulações por um oceano de modesta prosperidade. Gostam
de antiguidades e das lembranças do passado. Se sua situação financeira permite, tornam-
se colecionadores fanáticos de antiguidades.

43
Possuem o instinto gregário da terra, muito evidenciado, amando o lar, o cônjuge e os
filhos, costumando centralizar toda sua vida neste amor.
Dotados de grande capacidade mediúnica, se não “trabalharem” corretamente seu Odù,
podem ser conduzidos a obsessão, possessão, alucinação e mania de perseguição pelos
seres elementares do plano astral. Possuidores de grande imaginação, os filhos de ÛYÎKÚ
Méjì poderão se interessar pelas artes, talvez a escultura, mas a principal tendência de seu
destino, estará sempre mais ligada ao campo, especialmente a agricultura ou a criação de
animais.

Ìwòrì Méjì

IWÒRÌ MÉJÌ, conhecido no Mïrìndínlógún como “Èjí-Laxeborá” e representado através


de 12 búzios abertos, é o terceiro Odù na ordem de Ifá. O que significa que este Odù
representa o ternário fundamental da constituição do Universo, este é o elemento que une
o ativo fecundador (Ogbè Méjì) ao passivo gerador (ÛYÎKÚ Méjì ), por isso ser ele
considerado o Odù das RELAÇÕES.
É através de ÌWÒRÌ Méjì, que podemos compreender o poder dos símbolos nas oferendas
e representações ritualísticas. Não é a toa que ÌWÒRÌ Méjì é o primeiro Odù da ordem de
Ifá a ser composto por quatro elementos, a saber: Água, Fogo, Ar e Terra. É através de
ÌWÒRÌ Méjì que a criação se expressa em sua forma mais dinâmica, este Odù é de
polaridade masculina, elétrica, quente, seca e positiva. Governa uma força construtiva de
energia diretora, proporcionando sabedoria e ótimo senso comercial.

44
Sob sua jurisdição encontramos a ordem, o protocolo, o ritualismo e o critério.
Fisiologicamente, domina o fígado, as glândulas supra renais, a circulação arterial e as
matérias graxas do organismo.
Os filhos deste Odù não costumam inventar nem criar, mas sabem utilizar com admirável
precisão todas as coisas criadas pelos outros. Possuem excepcional capacidade para
organizar e são dirigentes perfeitos, sabendo despertar a admiração dos superiores e o
respeito dos seus subordinados. Costumam ser justos e pessoas de palavra, conscientes e
ponderados em suas atitudes. Amam a cultura e a ciência; desconhecem o misticismo como
fé. São apegados ao protocolo, conservadores e dogmáticos por natureza e sempre
(ou quase sempre), compreendem e respeitam as leis e regulamentos. São determinados e
tenazes em suas resoluções, e com seu dinamismo e energia incutem ânimo nas pessoas
que os rodeiam. As pessoas inferiores de Ìwòrì Méjì, são licenciosos, hedonistas, gozadores
e cínicos. A gula é um dos seus grandes vícios, a libertinagem também.
Normalmente as posições das pessoas de ÌWÒRÌ Méjì são sempre de mando e organização.
Sob a influência de ÌWÒRÌ Méjì, estão os líderes religiosos, os políticos e os
administradores de casas comerciais.

Ìdin Méjì

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Ìdin Méjì é o quarto Odù na ordem de Ifá e é representado no jogo de búzios através de 7
búzios abertos. Possuindo a “fama” de maléfico e terrível entre os Odùs de Ifá, na verdade
a palavra chave para a compreensão de Ìdin Méjì é CONCENTRAÇÃO.

Ìdin Méjì por ser o quarto Odù na criação universal simbolizada pelo Ifá, é em sua essência
um Odù de harmonia. Sua ação é o momento em que a unidade exerce “pressão” sobre o
ternário da forma, representado por ÌWÒRÌ Méjì. É em Ìdin Méjì que as relações
estabelecidas por ÌWÒRÌ Méjì “ganham corpo”, tomam forma na criação do mundo. Este
Odù representa os quatro elementos em seus aspectos materiais e é através de Ìdin Méjì
que todas as coisas podem existir e interagir sobre si mesmas de modo sólido. Ìdin Méjì
concentra as relações de todas as coisas e é devido a Ìdin Méjì, que pode existir a atmosfera,
as galáxias e a gravidade. Todas as forças que unem e concentram os átomos e as células
estão sob sua atuação e influência. Ìdin Méjì possui uma natureza quente e aérea, governa
a intuição, a percepção e o sentido cósmico. Domina sobre as invenções ( por ser seu
atributo a concentração mental ), experiências e inovações. Seus filhos quando estão com
o seu Odù atuando de forma positiva são naturalmente inteligentes e com fortes tendências
as “artes mágicas”, astrológicas e científicas. No corpo humano sua principal influência
reside no corpo pituitário e os éteres. Através da grande intuição e poderosa mente analítica
que Ìdin Méjì fornece aos seus filhos, estas pessoas possuem forte capacidade de
penetrarem nos segredos cósmicos mais profundos, por reunirem em si a frieza, a
concentração e a capacidade analítica associados a elementos de audácia, coragem, mente
aguda, capacidade assimilativa e potência mental. Sua fama de maléfico, certamente
decorre do fato, de ao ser Ìdin Méjì, o Odù que concentra as formas de relações , este pode
tanto concentrar aspectos positivos, como também aspectos negativos. (Mas esta
ambivalência existe em todos os Odùs, e não somente em Ìdin Méjì). Os filhos de Ìdin
Méjì, quando conseguem manter positivamente as forças de seu Odù, são quase sempre
reformistas, amantes dos movimentos reformadores, cosmopolitas e universalistas
Desprezam as convenções e o protocolo, têm como orientação seu férreo e consciente
arbítrio e sua meta é perfeição. Dificilmente serão um dia acusados de plagio, pois a
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originalidade é seu traço principal. As profissões em que encontramos os filhos de Ìdin
Méjì, são geralmente aquelas onde entram o rádio, o ar, a eletricidade, a mecânica em geral,
as questões celestes, quer astronômicas quer astrológicas, cientificas ou filosóficas; ás
vezes são extrovertidos e confiantes e outras vezes suspicazes e reservados, ora se mostram
alegres e cheios de senso de humor, ora são acometidos por súbitas e inexplicáveis crises
de melancolia e depressão. Os filhos de Ìdin Méjì , normalmente custam a se afeiçoar, mas
depois que se apegam a uma pessoa são de uma dedicação e fidelidade a toda prova; nestes
casos ninguém consegue alterar seus sentimentos, sendo a teimosia, uma característica
bem marcante dos filhos de Ìdin Méjì. Os filhos inferiores de Ìdin Méjì, ao contrário não
se afeiçoam a ninguém. São frios, indiferentes, boêmios e cínicos. Desprezam a família e
não admitem laços de ternura; São indecisos , fracos e quase sempre desonestos, não tendo
capacidade para amarem, julgam que o amor das outras pessoas é falso e interesseiro. Ìdin
Méjì proporciona força de vontade, perseverança e determinação nas atitudes e
pensamentos, tanto para o bem como para o mal. Quando um dos filhos de Ìdin Méjì, possui
um desvio de caráter em sua formação, torna-se perigosamente prejudicial a humanidade,
pois seu poder de concentração em torno de um só objetivo, gera rebeldia e orientação num
sentido negativo, tornando sua principal meta destruir e desprezar, atacando todas as bases
nas quais se apoia a estrutura moral e social das comunidades as quais pertencem.

Ûbàrà Méjì

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Ûbàrà Méjì é o quinto Odù pela ordem de Ifá é representado no jogo por 6 búzios abertos.
Este Odù simboliza o princípio de vida e espírito criados, por ser o quinto Odù, Ûbàrà Méjì
se relaciona aos 5 sentidos do ser humano, foi neste Odù que foram criados os seres
humanos e as árvores. Nos conta uma muito antiga estória, que para cada ser humano
criado por Öbàtálá, era também criada uma árvore correspondente, sendo então as arvores
os ancestrais mais antigos e nelas residindo os espíritos primordiais Ìwín.
Ûbàrà Méjì está intimamente ligado a divindade Èñù...
pois através do comportamento de Ûbàrà Méjì, que Èñù adquire uma relação com B’áraa.

... *Nota do autor:


B’áraa é o “Espírito que acompanha o corpo e que lhe dá vida e movimento”, é o Elemental
físico da vitalidade e energia individual, que está associado ao conceito de pessoa.
B’áraa não é o Òrìñà ÈÑÙ...,no entanto, com este está profundamente relacionado. Èñù é o
mensageiro encarregado por Ölýûrun Alágbára (Deus Todo Poderoso) a ser o transmissor
universal do Àñe (energia de vida, movimento e vitalidade), distribuindo-o a todos os seres
e dimensões, seja material ou espiritual. Apesar de B’áraa não ser exatamente Èñù, este
cumpre uma função individualizada (no Microcosmos), paralela a função a qual Èñù realiza
genericamente (no Macrocosmos).
Portanto quando utilizamos neste material, a expressão “Èñù Bara” como é geralmente
descrito no Candomblé, não nos referimos a Èñù propriamente dito, mas ao termo popular
no Brasil que se refere a B’áraa... o “Espírito que acompanha o corpo e que lhe dá vida e
movimento”, mas que é ativado e fortalecido, quando em boa relação energética com o
Òrìñà Èñù, daí sua íntima relação. Obrigado & Àñe!...

Ûbàrà Méjì é essencialmente o Odù da magia masculina, por ser grandemente ligado a
Ûyîkú Méjì (A grande mãe da forma) Ûbàrà Méjì consegue captar através de si, o poder
da formação de todas as forças naturais e espirituais, mas em sentido dinâmico e agressivo
pois Ûbàrà Méjì é o “filho” que realiza em individualidade o que Ûyîkú Méjì apenas tenta,

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ao conter e equilibrar Ogbè Méjì. Todo e qualquer símbolo que representa alguma coisa é
uma atividade de Ûbàrà Méjì, pois um símbolo é um “corpo” de algo que não
necessariamente precisa “estar ali” para ser tocado. É através de Ûbàrà Méjì que podemos
compreender o mistério dos assentamentos dos Òrìñà, Ûbàrà Méjì nos ensina que o método
seria a formulação através da imaginação de um retrato mental que tivesse por fim
representar o Òrìñà que governa o fenômeno natural com que se deseja entrar em acordo;
a pessoa invoca este Òrìñà muitas e muitas vezes
( Por isto o valor dos assentamentos mais que centenários Iorubás ),
a pessoa o adora, o reverencia. Se a invocação é suficientemente correta, está se torna uma
força que fará com que a divindade irá interessar-se pelo o que a pessoa está fazendo; se
sua adoração e os sacrifícios lhe são agradáveis, a divindade passará a colaborar com a
pessoa. Aos poucos, a força da natureza a qual o Òrìñà comanda, poderá ser domada e
domesticada; e por fim, poderá ser persuadida a animar “dar vida” aquele assentamento,
tornando-se assim o seu “corpo”, ativado pelo Èñù Abra e impregnado da essência do Òrìñà
correspondente. Sendo este processo feito corretamente, conseguimos então, a
domesticação de uma parte da vida da natureza, encarnando-a na forma pela qual os seus
adoradores a conhecem. Enquanto a forma astral se mantém viva pelo tipo de adoração
apropriada empreendida pelos adoradores com a necessária capacidade para entrar em
comunhão com a divindade, passamos, portanto, a dispor de um Deus encarnado, que
desceu ao nível da percepção humana.
Este é o método que a tradição nos transmitiu desde tempos imemoriais e pode ser usado
em praticamente tudo, em toda e qualquer representação ou símbolo , este método mostra
sua validade, sempre fazendo com que os velhos cânticos ancestrais acordem e tragam a
nossa presença , novamente os velhos Deuses.
Por isto Ûbàrà Méjì ser o Odù da magia, principalmente a masculina, pois através do
“corpo” da divindade da tempestade, podemos por exemplo, controlar a tempestade.
Explicando assim os fenômenos “inexplicáveis” dos antigos magos de todas as culturas
milenares.

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Ûbàrà Méjì representa em sua essência: um fluxo de energias no Sentido de realização, é
este o seu principal atributo: Realização!
Ûbàrà Méjì é um Odù masculino que incute aos seus filhos bondade, compreensão e
imparcialidade, proporcionando sentimentos humanitários e fraternos. Seus filhos estão
sujeitos a crises de desânimo e incerteza, tornando-se, nestes períodos, silenciosos e
introvertidos. Estas crises, porém, são passageiras e logo voltam ao seu natural.
Embora sejam de índole afável e agradável, seu humor é muito variável. Porém, com a
mesma rapidez com que se deixam levar pela cólera, retornam ao seu normal estado de
calma. Embora se irritem com facilidade, são geralmente bondosos e compreensivos.
Sempre intelectualmente desenvolvidos, os filhos de Ûbàrà Méjì, mesmo quando não
possuem grande inteligência, são sempre dotados de grande capacidade de assimilação,
percepção e análise.
Os filhos de Ûbàrà Méjì , apesar da magnética e contagiante atividade que desenvolvem
constantemente, gostam dos momentos de ócio e tranquilidade. Não apreciam o esforço
físico, preferindo sempre o trabalho intelectual. Estas pessoas muitas vezes causam
estranheza até mesmo aos seus próprios familiares; em virtude de sua dualidade psíquica e
mental muito pronunciada, são sentimentais e, ao mesmo tempo, descrentes; idealistas e
céticos; comunicativos e reservados; têm súbitos acessos de expansão e outras vezes se
introvertem completamente.
Para vencer em seus esforços devem os filhos de Ûbàrà Méjì, aprender a concentrar suas
energias, dominar sua natureza versátil, buliçosa e inquieta, explorando ao máximo as
brilhantes qualidades conferidas por seu Odù.
Os tipos inferiores de Ûbàrà Méjì costumam utilizar sua poderosa inteligência em assuntos
pouco recomendáveis. Entre estas pessoas encontramos os trapaceiros, falsificadores e
espertalhões, capazes de convencer qualquer coisa a qualquer um, devido a sua brilhante
comunicação. Em sentido negativo, os agitadores de massas, os “escrevedores” de cartas
anônimas, os demagogos, enfim, todos aqueles que usam a palavra escrita ou falada em
prejuízo do indivíduo ou da comunidade também estão sob a influência de Ûbàrà Méjì.

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Os filhos de Ûbàrà Méjì, geralmente são inclinados a filosofia e literatura. Possuindo
excepcional capacidade de linguística e oratória. Possuem um sistema nervoso muito
delicado, devendo evitar os choques e motivos, assim como as grandes preocupações.

Ûkanna (Ûkànràn Méjì)

Ûkànràn Méjì é o sexto Odù na ordem de Ifá e é representado no Jogo de Búzios através
de 1 Búzio aberto. Ûkànràn Méjì é a imagem das relações existentes entre o que está acima
e abaixo, entre o céu e a terra. Enquanto Ìwòrì Méjì intermedia os aspectos de expansão e
contração da criação universal, Ûkànràn Méjì) é esta própria intermediação em outros
níveis, afetando as questões de equilíbrio e antagonismo, de bem e de mal. Sua palavra
chave é: Transformação.
Por isso sua principal característica é Instabilidade. Em seus aspectos positivos, Ûkànràn
Méjì está associado a afabilidade, ornamentação e sentido artístico. Em seus aspectos
negativos, Ûkànràn Méjì está associado a lascívia, vida desordenada e espírito
contraditório. Dentro de um sentido filosófico na criação do universo, Ûkànràn Méjì
representa a contradição da alma quando está sobre a domínio da matéria, se o ser humano
foi criado em Ûbàrà Méjì, é em Ûkànràn Méjì que surge a dualidade Homem e Mulher,
por isto este Odù é extremamente ligado a Ûbàrà Méjì (O poder da magia masculina) e a
Ûsá Ëlïyë - Ûsá Méjì (O poder da magia feminina). A este Odù se liga toda e qualquer
situação em que estão envolvidos jogos de opostos, nos quais é imprevisível o resultado.
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Por isto um de seus símbolos é a encruzilhada, caminho que sugere muitas opções, mas
não se define por nenhuma.
Os filhos de Ûkànràn Méjì possuem portanto, grandes extremos em sua personalidade,
quando alguém possui como seu Odù, ou prevalece em algum aspecto de seu destino o
Odù Ûkànràn Méjì, se esta pessoa tiver alguma tendência a maldade, será realmente
MUITO MAL !, no entanto, nos momentos de sensibilidade e compaixão, estes
sentimentos terão a mesma força radical e avassaladora.
As pessoas que nascem sob a força do Odù Ûkànràn Méjì, escondem violentas tempestades
sob uma aparência calma e controlada. Nunca se pode saber com certeza o que vai pela
cabeça ou o coração de alguém de Ûkànràn Méjì. O caráter dos filhos de Ûkànràn Méjì é
estranho, reservado e um pouco indiferente, individualista e independente. Ás vezes são
extremamente melancólicos achando felicidade no recolhimento, e prazer em suas
ocupações. Ambiciosos, os tipos mais elevados que nascem sob Ûkànràn Méjì são
batalhadores e lutam com toda força, contra a instabilidade natural de seu destino. São
pessoas extremamente propensas ao estudo da magia e geralmente possuem grande
influência dos seus ancestrais familiares.
As pessoas de tipo inferior que nascem sob Ûkànràn Méjì, são materialistas, fanáticos
religiosos, pervertidos tanto sexualmente como moralmente, também podendo serem
avarentos, trapaceiros e do tipo de pessoas que vivem “chorando de barriga cheia”, devido
a carência emocional gerada pela instabilidade afetiva.
Ûkànràn Méjì rege a pele, os joelhos, as articulações e os cabelos; Seus filhos estão sujeitos
a paralisias, reumatismo deformante ou articular, deslocações e fraturas, eczemas,
erisipelas e varizes.
Este Odù pode indicar longa vida e casamento feliz, mas traz pronunciada tendência para
a melancolia, tristeza, depressão, hipocondria e descontrole do sistema nervoso. Ûkànràn
Méjì anuncia sorte no jogo com possibilidade de enriquecimento súbito, estas pessoas terão
facilidade em especular e comercializar com todas as coisas. Os filhos de Ûkànràn Méjì,
devem sempre Ter muito cuidado com seus inferiores, subalternos e empregados

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domésticos. Pois poderão ser vítimas de intrigas e traições, existindo fortes probabilidades
de serem vítimas de perseguições cruéis, quase sempre através de fofocas e difamações.

Olósùn Odídërï, Olósùn Méjì, Ìrosùn Méjì

OLÓSÙN MÉJÌ é o sétimo Odù na ordem de Ifá e é representado no Jogo de búzios


através de 4 Búzios abertos. Em seu aspecto positivo, Olósùn Méjì sugere genialidade,
inspiração e introversão; entretanto, em seu aspecto negativo, podemos perceber
obsessão ( física e espiritual ), ofuscação dos sentidos e da razão, assim como
possibilidade de loucura. Dois tipos de pessoas bem definidas são os que nascem sob
o destino de Olósùn Méjì: o primeiro tipo é formado por indivíduos que se limitam a
viver agradavelmente, buscando sempre a satisfação de seus sentimentos e a realização
de seus sonhos, fazendo somente aquilo que possa trazer maior prazer em troca do
menor esforço; outro tipo é aquele composto por pessoas que buscam uma felicidade
diferente, isto é, aquela que é proporcionada pelo conhecimento, pela inteligência e
pela sensibilidade. Quase todos os filhos de Olósùn Méjì, são meticulosos e exigentes.
Embora possuam uma desordenada atividade, são exigentes e rigorosos, obrigando
aqueles que os servem a um trabalho organizado, metódico e perfeito em seus menores
detalhes.
Olósùn Méjì proporciona grande amor a natureza e aos animais, especialmente aos cães
e cavalos, e determina gosto pelos esportes e pela vida ao ar livre. Quando os filhos de
Olósùn Méjì atravessam crises de mau humor, geralmente fogem ao contato humano,
aspirando à solidão do campo e a companhia fiel de animais. Este Odù exerce forte
influência sobre o sistema nervoso, o que determina grande sensibilidade em seus
filhos. Estas pessoas como que “sentem” o ambiente ao seu redor e se irritam com a
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presença de determinadas pessoas. Os filhos de Olósùn Méjì que se encaminham para
o pior deste Odù, são preguiçosos, materialistas, glutões, sensuais ao extremo,
desonestos em política, fanáticos em religião e mistificadores em questões morais. A
fortuna dos filhos de Olósùn Méjì irá crescendo à medida em que os anos passam. Seu
progresso será lento, porém constante, o que é em si favorável, pois aquilo que vem
muito fácil ... facilmente se perde. Por força da profissão ou carreira que escolherem,
os filhos de Olósùn Méjì, estarão em contato com a as mais diversas camadas sociais.
Ver-se-ão, muitas vezes, obrigados a frequentar ambientes pouco recomendáveis e
dependerá de sua própria elevação espiritual, contaminarem-se ou não com as
influências e vibrações desses meios.
Olósùn Méjì rege os músculos, a região dorsal e os nervos ciáticos. Seus filhos estão
sujeitos ao reumatismo nas pernas e nas coxas, lumbago e perturbações nervosas. Estão
também sujeitos a acidentes frequentes acompanhadas de quedas e ferimentos. Olósùn
Méjì é um Odù de vitalidade, quente e masculino. Quando aparece muito
negativamente durante uma consulta, anuncia grande maldade e magia negativa, febres
altas e derramamento de sangue. Nos contam os antigos Îsï Ìtûn Odù s de Ifá, que foi
Olósùn Méjì que ensinou a Ògúndá Méjì, que o facão também poderia servir para cortar
cabeças, e não só, o mato na floresta.

Ûwýnrín Méjì

ÛWÝNRÍN MÉJÌ é o oitavo Odù da Ordem de Ifá e é representado através de 11 búzios


abertos. Ûwýnrín Méjì é a manifestação perfeita de todas as formas. É o equilíbrio em
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forma de atividade da luz-expansão assim como também das trevas-contração,
representa a involução material e a evolução material; a culminação do esforço físico
transformado em atividade mental. Indica predomínio do intelecto sobre a matéria, da
experiência sobre a força e do conhecimento organizado sobre o impulso. Dentre as
principais qualidades que Ûwýnrín Méjì concede a seus filhos, podemos destacar a
genialidade, a inspiração e o talento criativo introvertido, assim como os principais
defeitos seriam: a desconfiança exagerada, a falsidade e a insegurança.
As pessoas nascidas sob o Odù Ûwýnrín Méjì, refletem uma profunda dualidade; são
ao mesmo tempo, idealistas e práticos, artistas e comerciantes, desprendidos e
ambiciosos. Sendo Ûwýnrín Méjì, um Odù extremamente ligado a sexualidade, ou
melhor, ao erotismo e luxúria, seus filhos quase sempre se inclinam para as coisas que
possam trazer algum tipo de lucro ou prazer, isto é, que possam conjugar o útil ao
agradável. Salvo algumas pessoas mais sublimadas, os filhos de Ûwýnrín Méjì quase
sempre nada fazem que não traga alguma forma de compensação.
São pessoas alegres e bem humoradas, gostando de serem admiradas e estão sempre
muito satisfeitas consigo próprias, o que indica uma vaidade muito pronunciada,
característica que não sendo bem “trabalhada”, pode vir a trazer vários problemas,
principalmente em questões ligadas a relacionamentos mais íntimos. Os filhos de
Ûwýnrín Méjì não possuem muita capacidade para organizar ou dirigir. São valiosos
elementos de complementaridade, possuindo grande capacidade de apreensão,
integrando-se rapidamente nos mais complicados assuntos e familiarizando-se com as
mais intricadas organizações.
Os filhos de Ûwýnrín Méjì mais evoluídos espiritualmente possuem uma belíssima
vibração espiritual. São místicos, humanistas e compreensivos. Sem possuírem o rigor
crítico e ás vezes quase mesquinho dos tipos menos evoluídos espiritualmente, estas
pessoas, são, no entanto, auxiliares honestos e laboriosos, sempre prontos a colaborar
em qualquer empreendimento e a secundar qualquer atitude, em qualquer campo de
atividade, desde que a liderança seja de outra pessoa.

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Sendo pessoas bastante inteligentes, mas também, bastante orgulhosas. Melhor
caberiam aos filhos de Ûwýnrín Méjì, conhecerem um pouco melhor os seus próprios
limites. A fim de, assim, de uma forma coerente e verdadeiramente útil, auxiliarem na
construção de uma vida melhor e mais harmoniosa para si próprios, como também para
as outras pessoas.
Este Odù é extremamente ligado as forças da terra, tendo assim características, tanto
de passividade, como de teimosia e violência.
Seus filhos mais difíceis, podem ser de um purismo excessivo ou de uma moral frouxa
e depravada, podem errar pelo detalhismo cansativo assim como pela preguiça. Podem
vir a causar sérias inimizades, pelo hábito de condenarem nas outras pessoas, o que
praticam em suas próprias vidas, assim como podem vir a ser alvos de críticas severas,
exatamente por sua língua impiedosa e ferina, por seu julgamento injusto e
principalmente, pela grande dificuldade de assumirem seus próprios erros.
Quase sempre vingativos, é muito importante, a estas pessoas, a descoberta de um
caminho espiritual ou moral de verdadeira comunhão, espiritualidade, fé e esperança.
Sendo ás vezes a única chance que estas pessoas têm de se desenvolverem
completamente.

ÒGÚNDÁ MÉJÌ

ÒGÚNDÁ MÉJÌ é o nono Odù da Ordem de Ifá e é representado no jogo de búzios


através de 3 Búzios abertos.
A pessoa de Ògúndá Méjì é por sua própria natureza, o líder, o chefe, o comandante,
não apreciando interferências prefere seguir seu próprio julgamento, o qual nem
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sempre, é o mais indicado, (Este Odù é considerado pelo Ifá, como o “grande desafio
do comportamento”, pois ás vezes, nosso maior inimigo está dentro de nós mesmos!)
pois sofre os impulsos de seu temperamento irreflexivo e ao mesmo tempo os embates
de seu entusiasmo. Apesar de sua capacidade ativa e executiva, os filhos de Ògúndá
Méjì são inconstantes em seus esforços e dispersivos em seus interesses. A intensa
atividade que desenvolvem no princípio de qualquer interesse, vai-se diminuindo na
medida em que também o interesse diminui; normalmente só levam ao fim um projeto,
quando são forçados por alguma pressão financeira ou quando seu prestígio pessoal é
beneficiado.
Ògúndá Méjì nos ensina que a energia dinâmica é muito importante ao bem estar da
sociedade, tanto quanto a doçura, a caridade e a paciência. Não devemos esquecer (
assim nos ensina Ògúndá Méjì ) que a caridade em excesso é a atitude de um louco, na
mesma medida em que, paciência em excesso é o sinal de um covarde. Devemos
sempre, saber os limites da doação nas coisas da vida, não devendo jamais, arriscar
nossa própria saúde e sanidade em prol de um objetivo ou alguém que não seja
merecedor disto. Todo sonho deve na verdade ser construído dia a dia, passo a passo,
pois há um momento em que a paciência se torna fraqueza, desperdiçando o tempo do
amor próprio, assim como a misericórdia se torna loucura, expondo os puros de
coração, aos leões da realidade dura e difícil da vida, assim como ela é.
É errado aquele que pensa que Ògúndá Méjì é um Odù ruim ou negativo, na verdade,
é o melhor amigo que podemos Ter, se somos honestos. A sinceridade não teme a força
quase incontrolável de Ògúndá Méjì. Na prática, esta é a melhor proteção que podemos
ter contra a falsidade do próximo, pois não existe força mais apropriada para
desmascarar a intriga e o veneno das tramas obscuras, do que a benção de Ògúndá
Méjì.
Foi neste Odù em que nasceu a faca e todos os objetos de ferro, ou seja, através deste
Odù, Ûrúnmìlà registrou a descoberta da técnica de utilização do ferro; Por isto, ser
este Odù bastante ligado a ÒGÚN, Deus do ferro e da forja. Mas não necessariamente

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, apenas ser este Òrìñà que “fala” através de Ògúndá Méjì. ( Como já foi explicado
anteriormente )

Ûsá Méjì

Ûsá Ëlïyë (Ûsá Méjì) é o décimo Odù na ordem de Ifá e é representado no jogo de
Búzios através de 9 Búzios abertos. Ûsá Ëlïyë (Ûsá Méjì) abençoa seus filhos com
características ligadas a grande sensibilidade psíquica e emocional. São pessoas
normalmente crédulas e de uma boa fé quase ingênua, costumam amar a amizade e as
relações de uma forma geral ( seja em família , casamento ou espiritualidade) . As
pessoas que nascem sob este Odù, são imaginativas, sonhadoras, mas , no entanto,
possuem pouca capacidade de realização ou melhor ,de concretização de seus planos
pessoais. O sentimento fundamental na vida destas pessoas e exatamente por isso muito
verdadeiro, merecendo assim, grande proteção espiritual.

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Ûsá Ëlïyë (Ûsá Méjì) é o Odù da magia feminina, é o poder de geração das coisas
existentes. É representado pela lua e suas fases, portanto está intimamente ligado a
menstruação e a circulação sanguínea , assim como as marés e ao crescimento das
plantas. Este Odù representa nossas necessidades e nossos padrões mais profundos,
nossa sensibilidade e suscetibilidade, nosso enraizamento em nosso próprio ser e em
nosso passado; nele reside a sabedoria relacionada com a unidade da vida e morte, da
natureza e do espírito, com as leis do tempo, do destino e do crescimento. A sabedoria
de Ûsá Ëlïyë (Ûsá Méjì) não tem caráter abstrato, impessoal , universal e absoluto; não
especula, está próxima da natureza e da vida, ligada a geração de uma realidade
palpável. Suas visões em ilusão da realidade estão relacionadas com uma ação
auxiliadora alimentadora e confortadora. Este Odù é extremamente ligado com o ato
de dar forma, isto e, com a criatividade. Por esta razão se afirmar que este Odù e ligado
as divindades femininas, não há maior milagre do aquele de gerar uma criança.
Suprema magia que a mulher transforma em realidade, por isso Ifá, através de Ûsá
Ëlïyë (Ûsá Méjì) nos ensina que toda mulher é uma Àjï (Feiticeira).As pessoas de Ûsá
Ëlïyë (Ûsá Méjì), principalmente as mulheres, possuem forte inclinação ao estudo do
esoterismo e da magia, podendo vir a se destacar nesta área. Devido à forte intuição
dos filhos de Ûsá Ëlïyë (Ûsá Méjì), estas pessoas poderão na verdade vir a ser
excelentes profissionais, desde que desenvolvam uma força de vontade poderosa. Entre
os filhos de Ûsá Ëlïyë (Ûsá Méjì) encontramos os marinheiros, os negociantes de
gênero e líquidos em geral, os armadores, os importadores e os que ganham a vida
viajando. Também entre eles estão os pescadores e pessoas ligadas a medicina
alternativa.

Ìrëtî Méjì

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Ìrëtî Méjì é o decimo primeiro da ordem de Ifá e é representado através de 15 búzios
abertos no jogo de búzios, sendo então chamado de “Ogbeogunda”.
Coragem, audácia, decisão e energia são principais características proporcionais por
Ìrëtî Méjì , Odù de temperamento ardente e violento. Seus filhos são pessoas
impulsivas e dificilmente se deixam guiar pela razão ou pelo bom senso; agem quase
sempre de acordo com seus instintos, ou então, impelidos pelas necessidades do
momento. Os filhos de Ìrëtî Méjì devem corrigir sua irreflexão, que é seu ponto fraco;
suas qualidades são inúmeras e tudo possuem para vencer a luta pela vida.
Quase nenhum tipo de Odù tem a mesma intensidade e força, tanto volitiva quanto
emocional, que possuem os filhos de Ìrëtî Méjì . Tanto no amor quanto no ódio se
destacam os filhos de Ìrëtî Méjì pela, impetuosidade e violência. Gostando de dominar
e conquistar; possuem estas pessoas uma desmedida consciência de sua própria
potência e subordinam e protegem aqueles que estão sob sua responsabilidade .
São inteligentes e combativos e possuem excepcional capacidade para organizar e
dirigir. Sua natureza é dinâmica, impetuosa e ardente e os tipos positivos são capazes
de grandes realizações. Os tipos inferiores são dispersivos e destituídos de firmeza,
geralmente abandonam empresas antes de terminá-las, saindo assim em busca de novas
aventuras. Nos tipos degenerados de Ìrëtî Méjì , a violência se transforma em
brutalidade e o domínio em tirania cruel.
Estas pessoas acabam escolhendo profissões desagradáveis, aonde possam demonstrar
sua forca física, como por exemplo : Guardas penitenciárias, enfermeiros de hospícios
etc.
Nas pessoas mais evoluídas de Ìrëtî Méjì podemos perceber o sentido de justiça
fortemente pronunciado.
Por ser este Odù altamente ligado as forças do elemento terra e ser muito violento, ele
é associado ao vulcão. Além de ser o fogo um dos seus elementos de maior quantidade.
A saber, a formação de Ìrëtî Méjì é : Fogo, fogo, água e fogo.
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Òtúrá Ëlïjý (Òtúrá Méjì)

Òtúrá Ëlïjý (Òtúrá Méjì) é o decimo segundo Odù na ordem de Ifá e é representado no
jogo de búzios através de 16 búzios abertos. O Odù Òtúrá Ëlïjý (Òtúrá Méjì) dota seus
filhos de um caráter ardente e apaixonado, ao mesmo tempo ensina-os a temperar seus
arrebatamentos, proporcionando-lhes raciocínio e reflexão.
A sensibilidade artística é um dos traços marcantes dos filhos de Òtúrá Ëlïjý (Òtúrá
Méjì); mesmo quando não exercem nenhuma atividade no campo da arte, sabem
apreciá-la. São classicistas em suas preferências, buscando sempre a perfeição da
forma, a harmonia das cores e do ritmo .

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Os que nascem sob este Odù, geralmente são muito delicados e afáveis e apreciam
imensamente a vida social. Corteses no trato e possuindo uma personalidade agradável
e ardente, fazem muitos amigos facilmente e sabem conservá-los.
Sensibilidade artística, emotividade, compreensão e justiça são as principais qualidades
dos filhos de Òtúrá Ëlïjý (Òtúrá Méjì); vaidade, orgulho, indiferença egoísmo e
sensualidade podem se tornar alguns vícios característicos proporcionados por este
Odù Estas pessoas normalmente podem escolher ou combinar a ciência e a arte, pois
possuem a potência intelectual exigida pela primeira assim como a sensibilidade
requerida pela segunda.
Os negócios relacionados com líquidos e navegação, bem como as atividades ligadas
a fabricação de sedas, joias e objetos de adorno, trarão e fortuna aos filhos de Òtúrá
Ëlïjý (Òtúrá Méjì).
Torna-se aconselhável então, o empreendimento relativo a coisa de uso pessoal, isto é,
joias, perfumes, etc... Pois possuem inato bom gosto e facilmente alcançarão sucesso
neste meio profissional.
Os filhos de Òtúrá Ëlïjý (Òtúrá Méjì), apesar de sua estabilidade intima em relação a
família e as afeições e amizades, são ardentes, mas inconstantes em suas ações e
reações no mundo exterior. Apaixonam-se por determinadas atividades, mas mudam
de ideia com uma facilidade espantosa. Em virtude desta falta de perseverança em suas
atividades, e do amor ao conforto e ao luxo, raramente desfrutam de equilíbrio
financeiro em sua vida; antes que um negócio comece a dar certo, quase sempre o
abandonam, saindo em busca de outras novidade; além de não possuírem instinto
aquisitivo, também não sabem economizar.
Este Odù governa os rins, glândulas suprarrenais, a região lombar e o sistema
vasomotor. Por esta razão, os filhos de Òtúrá Ëlïjý (Òtúrá Méjì), estão sujeitos aos
cálculos renais, diabetes, suspensão da urina etc.
Também as nevralgias, congestões celebrais, vertigens e dores de dente estão entre os
problemas que os podem atingir. As mulheres de Òtúrá Ëlïjý (Òtúrá Méjì) são ,

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normalmente, sensíveis, emotivas, bonitas e atraentes, principalmente se forem filhas
de Ûñun; gostam demasiadamente de joias, perfumes e adornos, mas apesar de sua
grande vaidade, são companheiras dedicadas, fiéis e amorosas.
Os tipos mais elevados de Òtúrá Ëlïjý (Òtúrá Méjì) possuem grande força espiritual,
são compreensivos, justiceiros e equilibrados. Sua tendência mística é a orientação,
isto é, a elevação espiritual por meio da paz interior.

Òtúrúpûn Méjì

Òtúrúpûn Méjì é o décimo terceiro Odù na ordem de Ifá e é representado no jogo de


búzios através de 2 búzios abertos. Òtúrúpûn Méjì dota a seus filhos uma certa lentidão
em suas atitudes e pensamentos, possuindo grande dificuldade para elaborar ideias ou
iniciar qualquer atividade, estas pessoas, levam muito tempo para tomar uma decisão,
pensando bem todos os prós e contras e amadurecem cuidadosamente seus projetos.
Instintivamente detestam e repelem novas amizades, que seriam de grande utilidade,
ou que explorem suas capacidades naturais, mas quando impelidos a uma apresentação
ou forçados a convivência com pessoas estranhas, depois que quebram o gelo inicial,
demostram ser esplêndidos amigos, hospitaleiros e afáveis, sempre prontos a auxiliar
nas situações difíceis.

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Os instintos aquisitivos e cumulativos são bastante desenvolvidos nas pessoas de
Òtúrúpûn Méjì. Gostam das tarefas que tragam lucros certos e constantes. Desconfiam
das grandes aventuras e seus riscos financeiros, não acreditam Îsï Ìtûn Odù do no
enriquecimento súbito. Preferem a prosperidade lenta, mas segura, sendo os negócios
que iniciam, sempre aqueles em que o dinheiro entra devagar, mas constantemente.
Mesmo as pessoas mais ousadas deste Odù, são propensos a economia e gostam de
guardar o dinheiro que não possam aplicar em atividades seguras. Este Odù
proporciona admirável senso prático, seus filhos não sendo idealistas, raramente se
envolvem especulações literárias, artísticas ou científicas.
Aqueles nascidos sob Òtúrúpûn Méjì são de índole pacífica e tolerante. Raramente
discutem, dificilmente se exaltam e costumam fechar os olhos a muitas coisas erradas;
agem desta forma não porque gostam de serem incomodados e não porque sejam de
natureza compreensiva. Sua raiva, no entanto, pode ser devastadora.
Quando se consideram ofendidos podem explodir em terríveis acessos de cólera, e são
capazes de inesperados e perigosos atos de violência .Costumam aguardar o momento
da vingança com a mesma lentidão e paciência com que põem em todos seus atos e
muito raramente esquecem ou perdoam. Os tipos superiores de Òtúrúpûn Méjì grande
sensibilidade artística e espiritual, possuem forte tendência para a matemática e sua
vibração é harmoniosa e construtiva, além de serem dotados de calma reflexão e ações
inteligentes.
Nos tipos inferiores a sensibilidade se transmuda em sensualidade erótica; a calma em
preguiça; a faculdade acumulativa em avareza; a ação em inércia completa.
Òtúrúpûn Méjì rege a garganta, a laringe, as amígdalas as artérias carótidas e a glândula
tireoide. Estas pessoas estão sujeitas a sofrer de papeira, difteria, laringites,
amigdalites, inflamações nas glândulas e apoplexias. Este Odù promete longa vida ,
muita saúde e muita vitalidade.
O tempo de existência, porém, poderá ser diminuído por excesso de trabalho ou de
prazer.

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Apesar de discretos e bem humorados, os filhos de Òtúrúpûn Méjì gostarão de
diversões e terão forte inclinação aos jogos de azar, consequentemente se sujeitam do
a pequenos lucros e grandes perdas.
Cuidado !

Ìká Méjì

Ìká Méjì é o decimo quarto Odù na ordem de Ifá e é representado no jogo de búzios
através de 14 búzios abertos. Ìká Méjì é um Odù que determina a seus filhos um
temperamento ardente, impulsivo, ás vezes colérico, mas sempre muito audacioso. Fato
este que quando bem direcionado, acarretará uma tremenda energia concretizada a que
produzirá frutos abundantes e lucrativos.
Os filhos de Ìká Méjì espiritualmente são místicos, transcendentalistas, esoteristas ou
ascéticos; os tipos menos evolutivos são materialistas, negativistas, voluptuosos,
sensuais e egoístas. Os que nascem sob este Odù são violentos em suas atitudes e

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ardentes em seus desejos, possuem, porém, capacidade reflexiva, tenacidade
inquebrantável e muita força de vontade.
A união destas características torna-os bastante produtivos, entretanto, transforma-os
em elementos perigosos e prejudiciais, especialmente quando se encaminham num
sentido destrutivo e negativista.
Uma vez que começam uma tarefa, os filhos de Ìká Méjì não a abandonam jamais.
Dotados de uma persistência espantosa, são capazes dos mais extremados esforços e
da mais ardente atividade física.
Quando utilizam esta energia num sentido positivo, impressionam pela grandeza e
exatidão de suas realizações. Estas pessoas quando amam ou estimam alguém, não
hesitam em se arriscar em benefício de um amigo ou ente querido. No entanto como
inimigos, são perigosos e implacáveis. Se são lentos na cólera, também o são em
perdoar a ofensa recebida. Na maioria das vezes, para seu próprio mal, quase nunca
desistem da vingança. Sentem enorme curiosidade ligada aos mistérios místicos,
gostam das experiências psíquicas e alguns se inclinam para a magia e a ciência oculta.
Os filhos mais elevados de Ìká Méjì podem alcançar maravilhosos resultados e terão
sempre uma assistência espiritual muito grande em todos os seus empreendimentos: os
tipos inferiores, no entanto, facilmente se tornarão vítimas de seres do plano astral,
revelando assim o famoso ditado :
“O feitiço se virou contra o feiticeiro”.
Se os filhos de Ìká Méjì se inclinarem a filosofia, medicina, estudos sociais etc. Poderão
construir uma sólida carreira , o caminho militar lhes será grandemente favorável.
Podem se dedicar aos estudos religiosos. Os filhos de Ìká Méjì poderão sofrer sérias
decepções relacionadas aos assuntos artísticos, excesso de bebidas ou prazeres com o
sexo oposto.
É extremamente importante que estas pessoas procurem levar uma vida sadia, pois são
sujeitos a depressões íntimas que afetarão prejudicialmente a libido.

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Ìká Méjì rege a bexiga, uretra, próstata e os órgãos genitais; seus filhos estão sujeitos
a uremias, estreitamento da bexiga e da próstata e moléstias dos órgãos genitais.
Também poderão vir a sofrer de inflamações na garganta, nas amígdalas e disfunção
da glândula tireoide.

Ûñï Méjì

Ûñï Méjì é o decimo quinto na ordem de Ifá e é representado no jogo de búzios através
de 5 búzios abertos.
Ûñï Méjì , é na melhor das hipóteses, o grande Odù libertador, aquele que desperta, o
iluminador que resolve a vida interior e exterior de uma pessoa com tal intensidade que
as coisas nunca mais são as mesmas depois de sua atuação. Ûñï Méjì simboliza uma
força que se manifesta como mudança repentina no padrão de vida , alterações súbitas
de consciências, lampejos de insight, explosão ideias e concepções originais.
Sem sombra de dúvida trata-se de um canal em que fluem forças poderosas em direção
a consciência. As mudanças radicais realizadas por Ûñï Méjì desorganizam o velho e
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organizam o novo. Ûñï Méjì fornece grande sensibilidade psíquica e força intuitiva
além das barreiras de espaço e tempo e além da sabedoria convencional.
Em seu aspecto negativo, Ûñï Méjì confere a seus filhos uma intensa megalomania,
orgulho exaltado e total incapacidade de fazer alguém ou alguma coisa progredir, pois
neste aspecto Ûñï Méjì é o Odù da decomposição e degeneração, aspectos estes
imprescindíveis ao ciclo da vida . Ûñï Méjì é o grande transformador, aquele que faz
tudo retornar a sua verdadeira origem – Òfún Méjì. “dó pó vieste e ao pó retornarás” é
uma frase típica de Ûñï Méjì . Ûñï Méjì visto como um todo , revela que as formas
que servem ao espírito como ferramentas tendem a se tornar inferiores e a se solidificar
até que não permitam mais que a vida se revele em sua plenitude.
Esse é o grande perigo da magia, pois quando o orgulho e a presunção, características
típicas de um Ûñï Méjì negativo, atuam em “ocultistas e magos” que acreditam
dominar poderes astrais quando é na verdade, os poderes astrais que os dominam.
Expõem-se assim ao risco de perder a sanidade ou de serem levados à morte. Sob o
ponto de vista psicológico, Ûñï Méjì simboliza ação e reação: através da identificação
ilusória com os deuses da vaidade, o indivíduo pensa que é algo que não é nunca será;
é por isso que pode e deve ser destruído.
Ûñï Méjì separa o grosseiro do fino, para que este útil possa se tornar realmente útil
a natureza cósmica. Pode indicar uma certa reticência em levar a cabo grandes atitudes
e trabalhos, uma inteligência prática e saudável, além de um certo, mas importante bom
senso.

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Òfún Méjì

Òfún Méjì é o decimo sexto na ordem de Ifá e representado no jogo de búzios através
de 10 búzios abertos. Òfún Méjì é a origem de todas as coisas, é a grande mãe do
cosmos. A ela tudo retorna e recomeça.
Este Odù representa consciência cósmica, esclarecimento, alegria, capacidade de ver
significado eterno por trás da realidade dura e palpável.

Simboliza conhecimento vitalizado pelo entusiasmo e indica obediência adornada por


uma alegre aceitação. Em Òfún Méjì não existe forma, apenas puro ser , qualquer que
seja ele. Poderíamos dizer que trata de uma força suprema a apenas um passo da não
– existência.
Por isto a este Odù são relacionados os principais Òrìñà da criação.
( no entanto lembro mais uma vez ao amigo leitor, que durante uma consulta, todo e
qualquer Òrìñà pode falar através de um Odù, (não existindo obrigatoriamente um
Òrìñà específico ligado a determinado Odù – seja ele qual for !) .
Nos afirma a tradição, que existe uma grande disputa entre Òfún Méjì e Ûwýnrín Méjì,
por isso quando nas perguntas de respostas alternativas, hierarquicamente Òfún Méjì
ocupa a oitava posição juntamente com Ûwýnrín Méjì , sendo que quando surge em
uma mesma resposta os dois Odù, ganha quem aparece primeiro. Òfún Méjì,
contemplada sob o ponto de vista da forma, é a coroa do reino da criação universal.
A não ser que venhamos a compreender a natureza vital e extremamente poderosa da
luz branca, naturalmente sentiremos pouca afinidade ou tenção em lutar por esta coroa

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que absolutamente não é da mesma ordem e nível que se situa a consciência humana
normal. Certamente aquele que desenvolve sua percepção portanto a sua compreensão
do que é o universo e nossa posição nele, poderá estar livre da limitação imposta pela
manifestação contida e poderá falar e atuar sobre todas as formas, como realmente
merece e tem capacidade e autoridade para fazê-lo.
Está é grande lição de Òfún Méjì, seus filhos são dotados de extraordinária
sensibilidade; possuem um temperamento tranquilo e uma natureza meiga, devotada,
mística e idealista. Òfún Méjì determina um psiquismo sensível, o que muitas vezes
faz sofre seus filhos, que sentem demasiadamente as forças maléficas de ambientes ou
pessoas, que em outras pessoas não causariam impressão, mas que neles produzem
fortes reações psíquicas e físicas.
Entre os filhos inferiores de Òfún Méjì encontramos os alcoólatras, os viciados em
entorpecentes, os falsos profetas, os fanáticos religiosos, as vítimas da mediunidade e
os invertidos sexuais.
As ocupações dos filhos de Òfún Méjì, são quase sempre ligadas ao bem estar social;
entre eles encontramos os médicos, os missionários, os professores e educadores de
orfanatos, hospitais e abrigos de abandonados. Os gênios metafísicos e filósofos,
Os utopistas, os idealistas de um mundo melhor, os eremitas e ascetas estão certamente
sob a poderosa influência de Òfún Méjì.

EXEMPLOS DE CONSULTA AO MERINDINLOGUM

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EXEMPLO 1:

Vamos supor que em uma determinada consulta, o jogo de Búzios nos “fale” as
seguintes informações:
Uma senhora veio se consultar, mas não disse nada referente ao motivo que a levou ao
jogo de Búzios. Como Odù principal da consulta surgiu o Odù Ogbè Ìdin (ou seja,
surgiu um ömö Odù ou seja...um “Odù filho” do Odù Ogbè Méjì com Ìdin Méjì ).

Mas como surgiu este Odù, sendo o principal Odù da consulta ?

Isto se deve a seguinte técnica:

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Com a mão direita jogamos os 16 Búzios, dentre os quais caíram 8 Búzios abertos.
Após então, com a Mão esquerda jogamos novamente os dezesseis búzios, dentre os
quais caíram 7 búzios abertos.
Esta formação nos indica como Odù Öpölî (Odù da consulta) o ömö Odù : Ogbè odí,
portanto uma junção entre o Odù Ogbè e o Odù Ìdin.
Através da Igboigbo, devemos então analisar se o respectivo ömö Odù está atuando de
forma positiva ( Ûnà Rere “bom caminho” ou negativa, Ûnà Burúkú “mal caminho”).

Pegamos uma pedra branca pequena e uma preta também pequena e damos a pessoa
que veio se consultar. A pessoa troca várias vezes as pedras entre suas mãos, até que
ao acaso fique uma em cada mão. Jogamos então uma vez os 16 búzios para cada mão
da pessoa . Vamos supor que neste exemplo, para mão direita da pessoa caíram 9 búzios
abertos, indicando o Odù Ûsá Ëlïyë (Ûsá Méjì) e que para mão esquerda da pessoa
caíram 10 búzios abertos, indicando o Odù Òfún . Supondo também que na mão
esquerda da pessoa está a pedra branca e que na mão direita da pessoa está a pedra
preta. Podemos ver então que , pela ordem tradicional de Ifá o Odù Ûsá Ëlïyë (Ûsá
Méjì) é o “mais velho” que Odù Òfún ( Ûsá Ëlïyë (Ûsá Méjì) – decimo na ordem e
Òfún é o decimo sexto na ordem) mas que devido ao Îsï Ìtûn Odù contado no capítulo
referente ao Odù Òfún , seria na verdade este Odù que ganharia a disputa. ( lembre –
se que o Odù Òfún ganha hierarquicamente de todos os Odù até Ûwýnrín Méjì, na
oitava posição.) Indicando que foi a mão esquerda, a escolhida pela IGBOIGBO , ao
que pedimos para a pessoa abrir a mão esquerda aonde está a pedra branca.
Simbolizando desta forma que o Odù Ogbèìdin está atuando positivamente, portanto
está em Önà Rere ( bom caminho ) trazendo uma boa sorte.
O próximo passo então, será analisarmos que tipo de boa sorte este Odù está falando
na consulta, ao que vamos jogar uma vez para cada ABIRA (símbolos utilizados no
oráculo ) a saber :

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CACO MADEIRA CARACOL BÚZIOS PEDRA

Caco: 11 Búzios abertos – Odù Ûwýnrín Méjì – Oitava posição na Ordem de Ifá.
Madeira: 13 Búzios abertos – Odù Ûyîkú Méjì, Bàbá Yëkú-Yëkú– Segunda posição.
Caracol: 1 Búzio aberto – Odù Ûkanna (Ûkànràn Méjì) – Sexta posição.
Búzios: 8 Búzios abertos – Odù Ogbè Méjì – Primeira posição
Pedra: 16 Búzios abertos – Odù Òtúrá Ëlïjý (Òtúrá Méjì) – Décima Segunda posição.

Portanto teríamos a seguinte conclusão:

O Odù Ogbè Ìdin está “falando” de boa sorte referente a ganhos financeiros.
Significando que a pessoa está com boas chances de conseguir lucros, e o que está
acontecendo é uma grande impulsão ( Ogbè Méjì ) com aberturas de novos
empreendimentos, mas está havendo uma concentração de possibilidades
( Ìdin Méjì ). Desta forma então este Îsï Ìtûn Odù , fechando as oportunidades em uma
só possibilidade, talvez referente a dependência de resposta de outra pessoa, para que
os lucros comecem.

Ou seja, o mais complicado desta situação está em “dar o primeiro passo”.

Devemos então agora ver qual a divindade responsável em cuidar deste caso,
beneficiando a pessoa com a abertura de possibilidades ao fim desejado. Para tanto
devemos novamente jogar para cada ABIRA:

Vejamos o exemplo:

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- CACO: 5 Búzios abertos – Odù Ûñï Méjì – Décima Quinta posição
- MADEIRA: 3 Búzios abertos – Odù Ògúndá Méjì – Nona posição
- CARACOL: 4 Búzios abertos – Odù Olósùn Odídërï (Olósùn Méjì) –Sétima
posição
- BÚZIOS: 14 Búzios abertos – Odù Ìká Méjì – décima Quarta posição
- PEDRA: 11 Búzios abertos – Odù Ûwýnrín Méjì – Oitava posição

Podemos ver então que ganhou a alternativa foi CARACOL, indicando que é um Òrìñà
Funfun ( Branco ) que resolve esta questão.

Para a maioria das pessoas no Brasil, só existem 2 Òrìñà Funfun, os quais seriam
basicamente :

Oxalufan (Òrìñà Olúfýn Ajígúnà Koari - “ Aquele que grita quando acorda” ) e O (
Òrìñà Ògìyán Ewúléèjìgbò– “ Senhor de Ejigbò ” )

Entretanto citarei mais alguns ( 21 ), em nosso exemplo a título de informação,


pois existem no mínimo 55 Òrìñà Funfun obrigatoriamente representados no oráculo
de Ifá, todos eles com sua própria liturgia, sendo em África os Òrìñà Funfun cultuados
em número de 154 no mínimo.

NOMES DE ALGUNS ÒRÌÑÀ FUNFUN :

Òrìñà Öbàtálá, Òòñàálá, Òrìñà Nlá Òrìñà Ajagëmö


Òrìñà Aláñî Òrìñà Jayé
Òrìñà Olójo Òrìñà Ròwu
Òrìñà Àrówú Òrìñà Ëtëko Öba Dugbe
Òrìñà Oníkì Òrìñà Öbaníjìta

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Òrìñà Olúfýn
Òrìñà Oko
Òrìñà Ògìyán
Òrìñà Agballa
Òrìñà Öramfé
Òrìñà Erìnmí
Òrìñà Ûrúnmìlà
Òrìñà Ölýbà
Òrìñà Àkirè
Òrìñà Èguin
Òrìñà Odùduwà

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A técnica consiste então jogarmos para cada Òrìñà, obviamente dentro do
limite de conhecimento de quem está jogando. - Exemplo baseado em 2
Òrìñà Funfun:

Òrìñà Olúfýn (Oxalufan): 4 Búzios Abertos – Odù Olósùn Odídërï


(Olósùn Méjì) – Sétima posição
Òrìñà Ògìyán (Oxaguian): 6 Búzios abertos – Odù Ûbàrà Méjì –
Quinta posição

Automaticamente já sabemos que a Divindade responsável em resolver o


problema é Oxaguian. ( Pois foi nesta alternativa que “caiu” o Odù “mais
velho”)

Falta-nos agora somente analisarmos qual é a oferenda mais indicada a


Oxaguian, para que o problema seja definitivamente resolvido.

Lembremo-nos amigo leitor que para cada Abira, corresponde um tipo de


oferenda, a saber:

Caco: Animal abatido.


Madeira: Cabaça com água.
Caracol: Peixe e se for para Òrìñà Funfun , é obrigatório o oferecimento de
Ìgbín.
Búzio: Comida de uma forma em geral, mas principalmente cerveja de milho
e pão de inhame.
Pedra: Carne seca ( que representa caça abatida )

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Em nosso exemplo formaram-se as seguintes alternativas:

CACO: 3 Búzios abertos – Odù Ògúndá Méjì – Nona posição


MADEIRA: 10 Búzios abertos – Odù Òfún Méjì – Décima Sexta posição
CARACOL: 6 Búzios abertos – Odù Ûbàrà Méjì – Quinta posição
BÚZIOS: 4 Búzios abertos – Odù Olósùn Odídërï (Olósùn Méjì) – Sétima
posição
PEDRA: 14 Búzios abertos – Odù Ìká – Décima Quarta posição

Portanto para esta consulta, o oráculo nos passou as seguintes informações:

- Para que esta pessoa tenha uma abertura de caminhos com uma
EXPANSÃO RÁPIDA ( Ogbè Méjì ) e venha a CONCENTRAR ( Ìdin
Méjì ) lucros financeiros em suas mãos. Ela deve oferecer dois peixes e
Ìgbín a Oxaguian, não se esquecendo que o mesmo deve ser ofertado
primeiramente a Èñù, para que o mesmo dinamize a questão e leve a
mensagem até Olódùmarè.
-
Outro Detalhe extremamente importante é o fato de que toda e qualquer
oferenda, assim como toda ritualidade, deve ser feita com ervas
específicas, as quais são a base da magia a ser manipulada.
( Para maiores informações, leia nossa apostila: Poderes das Folhas )

Passarei então agora alguns pequenos exercícios, lembrando que será a


prática que vai desenvolver a técnica e que este pequeno exemplo dado,
nada mais é que um “simples rascunho”.
Existem muitas outras técnicas, as quais podem vir a ser desenvolvidas a
partir desta base analisada

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Exercício 1

Odù Öpölî: Ûbàrà Méjì


Igboigbo: Ûnà Burúkú (Negativo)
Abira para qual tipo de boa ou má sorte está acontecendo): Caracol Ìgbín
Abira para os Irúnmolî (Deuses que desceram do céu e viveram na terra
por um tempo na era primordial), qual Divindade está “falando na
consulta”: Cauri Búzio

Àdìmú (Oferenda ritual): Òkúta Pedra

Análise estas informações e deduza a ritualidade indicada.

Exercício 2:

Odù Öpölî: Ìká Ûyîkú


Igboigbo: Ûnà Rere (Positivo)
Abira para qual tipo de boa ou má sorte está acontecendo): Apadi Caco
Abira para os Irúnmolî (Deuses que desceram do céu e viveram na terra
por um tempo na era primordial), qual Divindade está “falando na
consulta”: Òkúta Pedra
Àdìmú (Oferenda ritual): Cauri Búzio

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Exercício 3:

Odù Öpölî: Òfún Nö’gbè (Òfún Ogbè)


Igboigbo: Ûnà Burúkú (Negativo)
Abira para qual tipo de boa ou má sorte está acontecendo): Òkúta Pedra
Abira para os Irúnmolî (Deuses que desceram do céu e viveram na terra
por um tempo na era primordial), qual Divindade está “falando na
consulta”: Apadi Caco
Àdìmú (Oferenda ritual): Caracol Ìgbín

Exercício 4:

Odù Öpölî: Ogbè Týmöpûn (Ogbè Òtúrúpûn)


Igboigbo: Ûnà Rere (Positivo)
Abira para qual tipo de boa ou má sorte está acontecendo): Iñan Osso
Abira para os Irúnmolî (Deuses que desceram do céu e viveram na terra
por um tempo na era primordial), qual Divindade está “falando na
consulta”: Ìgbín Caracol
Àdìmú (Oferenda ritual): Iñan Osso

Outro detalhe é que sempre se deve perguntar ao jogo, aonde colocar a


oferenda. Por exemplo:

1. Em uma encruzilhada de terra


2. Em uma ribanceira de estrada
3. Em uma árvore frondosa
4. Enterrada em local fértil etc.

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As quais devem sempre ser indicadas através do jogo.

Outra técnica importante é promover um diálogo com Èñù através do jogo,


pela técnica de respostas alternativas entre Sim ou Não.

Exemplo:

- Pergunta:
- Èñù, nesta oferenda devo acrescentar mel?
- Sim ou Não?

Se joga então duas vezes, uma vez para cada alternativa- sim ou não ?

SIM: 8 Búzios abertos – Odù Ogbè Méjì – primeira posição.


Torna-se desnecessário jogar de novo, pois Ogbè Méjì é o “mais velho”,
indicando a alternativa Sim!

DESTE MODO PODEMOS LITERALMENTE CONVERSAR COM ÈÑÙ E


ATRAVÉS DELE, COM TODO E QUALQUER IRUNMOLÈ.
PODEMOS OUVIR AS VOZES DOS DEUSES, POR TANTO TEMPO SUFOCADAS
E ESQUECIDAS.

É SÓ TERMOS A HUMILDADE SÁBIA DE PERGUNTAR E OUVIR.


E É PARA ISTO QUE SERVE O JOGO DE BÚZIOS.
PARA ESTABELECERMOS COMUNICAÇÃO !

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Saudação a Ìyàmì Òñòròngá

Ìbá Akodá
To da tie lori ewé
Ìbá Añedá
Ti te tie nile pénpé
Ìbá Ìyàmì Òñòròngá

Tradução

O MEU RESPEITO A AKÖDÁ


O PRIMEIRO SER CRIADO EM CIMA DE FOLHA
O MEU RESPEITO A ASEDÁ
AQUELE QUE CRIOU O SER HUMANO
O MEU RESPEITO AS GRANDES MÃES TODO PODEROSAS

Oração da Manhã para abertura do Jogo

Ifá dji’o Ûrúnmìlà


bi o ló Oko
ki o wa ilî ò
bi o ló li Ödë
ki o wa ilî ò
Ûrúnmìlà ti ju mó mi ki o wo mi re
bi o bá ti pé mo mi la ri re
Ölýjý Òní mo júbà rè
Olódùmarè mo júbà rè

Leqashy Escola de Magia. Apostila Jogo de Obí (Àyîwò Ifá Obí). Olúwo Oñó Ifáñolá Òtúrá Bàléï. Prof. Luiz Carlos de Òòñààlà. Página | 81
Mo júbà Ömödë
Mo júbà Agbà
Mo júbà awon Agbà Mïrìndínlógún
Moo júbà Ûrúnmìlà ogbaiye gborun
Ölýjý Òní ko òrò mi yèwò
Ìwá Àbá Àñë.

Tradução

IFÁ ACORDA ÛRÚNMÌLÀ


SE VOCÊ ESTA INDO PARA A FAZENDA
VENHA PARA MINHA CASA
SE VOCÊ ESTÁ INDO PARA O RIO
VENHA PARA MINHA CASA
SE VOCÊ ESTÁ INDO CAÇAR
VENHA PARA MINHA CASA
ÛRÚNMÌLÀ FIXA TEUS OLHOS SOBRE MIM E ME OLHES BEM
POIS QUANDO TU FIXAS TEUS OLHOS EM UMA PESSOA, ELA SE TORNA RICA
POIS QUANDO TU FIXAS TEUS OLHOS EM UMA PESSOA. É QUE ELA PROSPERA
SENHOR DO DIA DE HOJE, SUA BENÇÃO
SENHOR DA TERRA, SUA BENÇÃO
SUA BENÇÃO , CRIANÇAS
SUA BENÇÃO, MEUS MAIS VELHOS
PEÇO HUMILDEMENTE A PERMISSÃO AOS 16 ODÙS MAIS VELHOS
SUA BENÇÃO ÒRÚNMÍLÀ, QUE VIVE NO CÉU E NA TERRA
SENHOR DO DIA HOJE, ACEITE MINHA PALAVRA E VERIFIQUE...”

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Evocação a Èñù:

Èñù óòtá Òrìñà


Ûñï Òtúrá ni Orúkö baba mo ó
alágogo ija ni Orúkö iyá npe é
Èñù odara ömö Ökùnrin ìdolófin
o le sonso so orí ese elese
ko je ko je ki eni nje gbé mí
a kìì lowo lai um ti Èñù kúrò
a kìì láyò lai um ti Èñù kúrò
asontun se osi lai ni itiju
Èñù apata sömö sömö olömö lénu
o fi Òkúta dipo iyo
loogemo ûrun a nla kalu
páàpa wàrá a tuká máse sà
Èñù ma se mi ömö elomíran ni o se

TRADUÇÃO:

ÈÑÙ O CHEFE DE GUERRA DOS ORIXÁS


ÒSÉÒTÚRÁ É O NOME PELO QUAL SEU PAI LHE CHAMA
ALÁGOGO IJÁ É O NOME PELO QUAL SUA MÃE LHE CHAMA
ÈÑÙ ODARA, O HOMEM FORTE DE IDÓLÓFÍN
ÈÑÙ, QUE SENTA NO PÉ DOS OUTROS
QUE NÃO COME E NÃO PERMITE A QUEM ESTÁ COMENDO QUE ENGULA O
ALIMENTO
QUEM TEM DINHEIRO, RESERVA UMA PARTE PARA ÈÑÙ
QUEM TEM FELICIDADE, RESERVA UMA PARTE PARA ÈÑÙ
ÈÑÙ, QUE JOGA SEM CONSTRANGIMENTO NOS DOIS LADOS
ÈÑÙ, QUE FAZ UMA PESSOA FALAR COISAS QUE NÃO DESEJA
ÈÑÙ, AQUELE QUE COME PEDRA AO INVÉS DE SAL

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ÈÑÙ, O PODEROSO FILHO DE DEUS, CUJA GRANDEZA
SE MANIFESTA EM TODO LUGAR
ÈÑÙ, APRESSADO, INESPERADO, QUE QUEBRA EM PEDAÇOS O QUE NÃO PODE
SER COLADO
ÈÑÙ NÃO ME MANIPULE
MANIPULE O FILHO DE OUTRA PESSOA.

Evocação a Ògún

pàtàkì ògún láé láé


ògún ki a pèjó e e mo ní wo
l’ònòn lé igbó e ògún láe láé
ògún ki a pèjó e oba
ògún oníìré l’ònòn lé igbó ó ó
pàtàkì ògún láé láé
ògún ki a pèjó e e mo ní wo
l’ònòn lé igbó
ògún láé láé
e ògún ó ní yiyè yè
ògún olóònòn
olóojú ki ó ní yiyè yè
ògún oníìjà
olóònòn ki ó ní yíyè yè
e ní öba fún wa ó
olóògún e wá ó ló dé lé
olóògún olùtojú lóòde

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Tradução

ÒGÚN É SEMPRE IMPORTANTE


ÒGÚN A QUEM NOS UNIMOS PARA SUPRIR NOSSAS DEFICIÊNCIAS
A VÓS EU CULTUO
NO CAMINHO DE CASA E DA FLORESTA, É SEMPRE ÒGÚN
ÒGÚN A QUEM NOS UNIMOS PARA SUPRIR NOSSAS DEFICIÊNCIAS
ÉS MEU GRANDE REI
ÒGÚN SENHOR DE IRÈ
DOS CAMINHOS
DA CASA E DA FLORESTA
ÒGÚN É SEMPRE IMPORTANTE
ÒGÚN A QUEM NOS UNIMOS PARA SUPRIR NOSSAS DEFICIÊNCIAS
É A VÓS QUE CULTUO
NOS CAMINHOS DA CASA E DA FLORESTA
É SEMPRE ÒGÚN
ÒGÚN A QUEM NOS UNIMOS PARA SUPRIR NOSSAS DEFICIÊNCIAS
SOIS E SERÁ SEMPRE UM REI
E ÒGÚN SOBREVIVEU, SOBREVIVEU
ÒGÚN SENHOR DOS CAMINHOS
O GUARDIÃO QUE SOBREVIVE, SOBREVIVE
SOIS UM REI PARA NÓS
SENHOR ÒGÚN, VENHA, VENHA À NOSSA CASA
SENHOR ÒGÚN
GUARDIÃO DO LADO DE FORA.

ÀÑË OO!!

Leqashy Escola de Magia. Apostila Jogo de Obí (Àyîwò Ifá Obí). Olúwo Oñó Ifáñolá Òtúrá Bàléï. Prof. Luiz Carlos de Òòñààlà. Página | 85

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