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Aplicabilidade de instrumentos e testes de flexibilidade na educação física e


esporte

Thesis · December 2013


DOI: 10.13140/RG.2.2.27467.05924

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Pedro Pugliesi Abdalla


University of São Paulo
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE DE RIBEIRÃO PRETO

APLICABILIDADE DE INSTRUMENTOS E TESTES DE


FLEXIBILIDADE NA EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE

Pedro Pugliesi Abdalla

RIBEIRÃO PRETO
2013
APLICABILIDADE DE INSTRUMENTOS E TESTES DE FLEXIBILIDADE NA
EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE

PEDRO PUGLIESI ABDALLA

Monografia apresentada à Escola de Educação


Física e Esporte de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo, como requisito
parcial para a obtenção do grau de Bacharel em
Educação Física e Esporte.

ORIENTADOR: PROF. DR. DALMO ROBERTO LOPES MACHADO


Abdalla, Pedro Pugliesi
Aplicabilidade de instrumentos e testes de flexibilidade na educação
física e esporte / Pedro Pugliesi Abdalla. – Ribeirão Preto: [s.n.], 2013.
iv, 91p.

Monografia (Bacharelado em Educação Física e Esporte) - Escola de


Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Orientador: Prof. Dr. Dalmo Roberto Lopes Machado

1. Flexibilidade 2. Testes 3. Instrumentos 4.Avaliação I. Título.


AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a minha família pelo apoio total a realização


desta graduação e o trabalho de conclusão de curso, principalmente a minha mãe que auxiliou
na revisão e correção de todo o trabalho.
Ao meu orientador que possibilitou a construção e finalização desse estudo, efetuando
correções e auxiliando sempre que necessário.
A todos os professores com quem realizei disciplinas relacionadas ao tema deste
trabalho que foram essenciais na construção e transmissão do conhecimento.
Aos funcionários da Escola de Educação Física e Esporte: César Eduardo Lippi,
Eduardo Bergonzoni Junqueira e Filipe Gonçalves Mesquita que auxiliaram na organização.
Às modelos das fotos por contribuírem com as imagens.
Ao fotógrafo Luis Gomes da Silva.
A todos os amigos da Escola de Educação Física e Esporte pelo apoio e motivação.
RESUMO

Aplicabilidade de instrumentos e testes de flexibilidade na educação física e esporte

Autor: PEDRO PUGLIESI ABDALLA


Orientador: PROF. DR. DALMO ROBERTO LOPES MACHADO

INTRODUÇÃO: a flexibilidade pode ser definida como a amplitude de movimento


(ADM) disponível em uma articulação isolada ou mais. Baixos níveis de flexibilidade podem
levar a: dificuldades em aprender movimentos, predisposição à lesões, redução no
desenvolvimento de força, da velocidade e da coordenação além de reduzir a qualidade de
vida dada às limitações para a realização de atividades da vida diária. Esta capacidade motora
é relevante tanto à saúde quanto ao esporte que necessitam de instrumentos viáveis para serem
utilizados no cotidiano com o intuito de avaliar a flexibilidade. Seria desejável que tivessem
baixo custo, reduzido dispêndio de tempo na aplicação e com referências pré-estabelecidas na
literatura. OBJETIVOS: relacionar testes e instrumentos para medidas da flexibilidade
indicando as vantagens e desvantagens da praticidade e aplicabilidade no campo da educação
física e esporte auxiliando os profissionais desta área. MATERIAIS E MÉTODOS: revisão da
literatura a partir de periódicos relacionados ao tema nas bases Scielo e PubMed além de
livros e outras fontes relacionadas como teses e dissertações. RESULTADOS: o flexímetro
foi o instrumento que obteve o maior escore geral de acordo com os aspectos julgados pelo
estudo. CONCLUSÃO: sugere-se a utilização do flexímetro pelo profissional de educação
física e esporte para avaliação da flexibilidade.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Teste de Bloomfield, Adaptado de Bloomfield e Wilson (2000). .......................... 15


Figura 2 – Flexiteste, adaptado de Araújo (1986). ................................................................... 17
Figura 3 – Flexiteste, adaptado de Araújo (1986). ................................................................... 18
Figura 4 – Teste dos músculos grande dorsal, redondo maior e romboides. ............................ 19
Figura 5 – Teste do músculo peitoral maior. ............................................................................ 20
Figura 6 – Teste do músculo peitoral maior com ênfase nas fibras inferiores e esternais. ...... 20
Figura 7 – Teste do músculo peitoral menor. ........................................................................... 21
Figura 8 – Teste dos músculos rotadores médios dos ombros. ................................................ 22
Figura 9 – Teste dos músculos rotadores laterais dos ombros. ................................................ 22
Figura 10 – Teste dos músculos flexores dos quadris e sartório. ............................................. 23
Figura 11 – Teste dos tendões de jarrete. ................................................................................. 24
Figura 12 – Teste do músculo tensor da fáscia lata. ................................................................. 24
Figura 13 – Teste do músculo sóleo. ........................................................................................ 25
Figura 14 – Teste do músculo gastrocnêmio. ........................................................................... 25
Figura 15 – Teste de flexão do tronco. ..................................................................................... 26
Figura 16 – Teste de extensão do tronco. ................................................................................. 26
Figura 17 – Teste de sentar e alcançar. ..................................................................................... 27
Figura 18 – Posição inicial (à esquerda) e final (à direita) do teste de sentar e alcançar
modificado. ............................................................................................................................... 30
Figura 19 – Teste de sentar e alcançar em V. ........................................................................... 31
Figura 20 – Teste de sentar e alcançar preservando as costas. ................................................. 33
Figura 21 – Teste de sentar e alcançar preservando as costas em um banco. .......................... 35
Figura 22 – Teste de sentar e alcançar na cadeira para idosos. ................................................ 35
Figura 23 – Pontos referenciais do teste de Van Adrichem e Van Der Korst (1973). ............. 37
Figura 24 – Vista lateral (esquerda) e posterior (direita) da Execução do teste de Van
Adrichem e Van Der Korst (1973). .......................................................................................... 37
Figura 25 – Teste de flexão do tronco. ..................................................................................... 39
Figura 26 – Teste de extensão do tronco. ................................................................................. 39
Figura 27 – Teste de flexão lateral do tronco. .......................................................................... 40
Figura 28 – Medida entre o queixo e o esterno. ....................................................................... 40
Figura 29 – Teste de flexão do pescoço. .................................................................................. 41
Figura 30 – Teste de extensão do pescoço. .............................................................................. 41
Figura 31 – Teste de flexão lateral do pescoço, posição inicial à esquerda e posição final à
direita. ....................................................................................................................................... 42
Figura 32 – Teste de rotação lateral do pescoço, posição inicial à esquerda e posição final à
direita. ....................................................................................................................................... 42
Figura 33 – Posição inicial para avaliação da articulação do tornozelo, posição final para
avaliar a dorsiflexão e posição final para avaliar a flexão plantar respectivamente com a
utilização do goniômetro. ......................................................................................................... 44
Figura 34 – Posição inicial (acima) e posição final (abaixo) para avaliar a flexão do quadril
com o instrumento goniômetro. ................................................................................................ 44
Figura 35 – Posição inicial (acima) e posição final (abaixo) para avaliar a flexibilidade do
ombro pelo movimento de extensão com a utilização do goniômetro. .................................... 45
Figura 36 – Posição inicial (à esquerda) e posição final (à direita) para avaliar a flexibilidade
da coluna cervical através do movimento de flexão com o instrumento flexímetro. ............... 46
Figura 37 – Posição inicial (à esquerda) e posição final (à direita) para avaliar a flexibilidade
da coluna torácica e lombar com a utilização do flexímetro. ................................................... 46
Figura 38 – Posição inicial (à esquerda) e posição final (à direita) para avaliar a flexibilidade
do ombro pelo movimento de flexão com o instrumento flexímetro. ...................................... 47
Figura 39 – Posição inicial (acima) e posição final (abaixo) para avaliar a flexibilidade da
articulação do quadril pelo movimento de flexão utilizando o flexímetro. .............................. 47
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Flexíndice: escores de classificação dos resultados obtidos com o flexiteste. ....... 19
Tabela 2 – Escores de flexibilidade ativa em centímetros para o teste de sentar e alcançar. ... 29
Tabela 3 – Escores de flexibilidade ativa em centímetros para o teste de sentar e alcançar
modificado. ............................................................................................................................... 30
Tabela 4 – Escores em percentis de flexibilidade ativa para o teste de sentar e alcançar em V
para homens. Os valores estão em polegadas. .......................................................................... 32
Tabela 5 – Escores em percentis de flexibilidade ativa para o teste de sentar e alcançar em V
para mulheres. Os valores estão em polegadas......................................................................... 32
Tabela 6 – Escores em polegadas para o teste sentar e alcançar preservando as costas para
crianças e adolescentes. Os escores devem ser atingidos para aprovação neste teste na bateria
FITNESSGRAM. ..................................................................................................................... 34
Tabela 7 – Escores normais para o teste de sentar e alcançar na cadeira para idosos. Os
valores estão em centímetros. ................................................................................................... 36
Tabela 8 – Valores de referência para classificação do resultado no teste de Van Adrichem e
Van Der Korst (1973). .............................................................................................................. 38
Tabela 9 – Escores angulares para avaliação da flexibilidade ativa. Valores médios reportados
para diferentes condições da amplitude de movimento angular da flexibilidade ativa. ........... 49
Tabela 10 – Escores angulares para avaliação da flexibilidade passiva. Valores médios
reportados para diferentes condições da amplitude de movimento angular da flexibilidade
passiva. ..................................................................................................................................... 57
Tabela 11 – Síntese dos testes e instrumentos abordados neste estudo para avaliar
flexibilidade. ............................................................................................................................. 58
Tabela 12 – Resultados. ............................................................................................................ 79
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 10

2. METODOLOGIA ..................................................................................................... 11

3. REVISÃO DE LITERATURA................................................................................. 12

3.1 O que é uma medida........................................................................................... 12

3.2 O que é um teste/instrumento............................................................................. 12

3.3 O que é uma avaliação ....................................................................................... 12

3.4 O que é flexibilidade .......................................................................................... 12

3.5 O que é alongamento.......................................................................................... 12

3.6 Tipos de flexibilidade......................................................................................... 13

3.7 Os testes e instrumentos que avaliam a flexibilidade e suas vantagens e


desvantagens ........................................................................................................................ 13

3.7.1 Testes adimensionais .................................................................................. 13

3.7.2 Testes lineares ............................................................................................ 27

3.7.3 Testes angulares ......................................................................................... 43

3.7.4 Síntese dos testes e instrumentos para avaliar a flexibilidade utilizados


nesse estudo ..................................................................................................................... 58

3.8 Fatores intervenientes na flexibilidade .............................................................. 58

3.9 Importância da avaliação da flexibilidade ......................................................... 60

3.10 A aplicação da avaliação da flexibilidade nos diferentes campos e contextos 62

3.11 O treinamento da flexibilidade ......................................................................... 62

4. CONSIDERAÇÕES PRINCIPAIS .......................................................................... 66

4.1 Análises particulares de cada aspecto levando em conta os instrumentos e testes


............................................................................................................................................. 67

4.1.1 Não necessita de um auxiliar ...................................................................... 67

4.1.2 Não requer conhecimento aprofundado em anatomia ................................ 68

4.1.3 Envolve a possibilidade de avaliação ......................................................... 69


4.1.4 Há referencial bibliográfico para avaliar a flexibilidade ativa ................... 70

4.1.5 Há referencial bibliográfico para avaliar a flexibilidade passiva ............... 70

4.1.6 Resultados obtidos em unidades angulares ................................................ 71

4.1.7 Não requer treinamento prévio do teste...................................................... 72

4.1.8 Requer pouco tempo para a realização do teste.......................................... 73

4.1.9 Possibilidade de avaliar diversas articulações ............................................ 74

4.1.10 Possibilidade de avaliar a reserva de flexibilidade ................................... 75

4.1.11 Não requer instrumentos específicos ........................................................ 76

4.1.12 Baixo custo de instrumentos..................................................................... 77

4.1.13 Não apresenta exposição de riscos para a saúde ...................................... 77

5. DISCUSSÃO ............................................................................................................ 80

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 83

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 84


10

1. INTRODUÇÃO

A avaliação da flexibilidade pode ser feita por diversos testes e instrumentos. As


características desta capacidade possibilitam a existência de testes e instrumentos com
características distintas quanto ao modo de avaliar esta capacidade. Estas características
podem variar primeiramente quanto ao modo de expressão da capacidade: dinâmica ou
estática. Seguindo este raciocínio a flexibilidade possui diversas definições e possibilita
diferentes interpretações por cada uma destas definições e isto dá a margem para a criação das
diferentes ferramentas que avaliam a flexibilidade de maneira distinta.
Algumas características podem ser usadas para sentenciar a existência dos diferentes
testes e instrumentos, são algumas delas: custos, dispêndios de tempo para avaliação,
necessidades de acordo com a especificidade que o teste ou instrumento demanda do
profissional, escores estabelecidos na literatura para cada um dos testes ou instrumentos com
o intuito de avaliar a flexibilidade, a natureza dos resultados fornecidos por cada um dos
testes ou instrumentos, possibilidade de avaliar apenas uma ou mais articulações, entre outras
características que podem ser usadas para distinguir as diferentes ferramentas com o intuito de
avaliar esta capacidade.
O profissional de educação física e esporte necessita avaliar a flexibilidade dos
indivíduos da sociedade devido à importância desta capacidade tanto à saúde como o esporte.
Porém, como retratado anteriormente, existem diversas maneiras para se tanger os resultados
esperados e todo este contexto de variações e possibilidades pode trazer dúvida quanto à
certeza de utilização de um teste ou instrumento.
Para esclarecer e auxiliar o profissional, o presente estudo irá apresentar os diferentes
testes e instrumentos além de estabelecer alguns critérios de classificação para um possível
estabelecimento do método mais adequado. Para estabelecer os critérios de classificação o
enfoque será dado à contraposição entre as diferenças dos testes e instrumentos existentes na
literatura juntamente com diferenças importantes para a avaliação da flexibilidade no
cotidiano do profissional.
Os objetivos do estudo foram: a) indicar critérios para a eleição mais adequada de
testes de flexibilidade no cotidiano do profissional de educação física e esporte; b) eleger o
teste mais adequado para a área de educação física e esporte.
11

2. METODOLOGIA

Foi feita uma revisão de literatura a partir de periódicos relacionados ao tema nas
bases Scielo e PubMed além de livros, teses e dissertações. O tema principal dessa busca
envolveu testes de flexibilidade e aspectos importantes na utilização desses instrumentos
quanto à simplicidade, praticidade e baixo custo operacional (AMADIO; BARBANTI, 2000;
MACHADO, 2004) além da abrangência e especificidade. Para tais buscas, foram definidas
as palavras chave: testes, avaliação e flexibilidade.
Os livros consultados abordavam temas de medidas e avaliação, especificamente os
capítulos que tratavam a flexibilidade. Assim foi possível identificar os testes e instrumentos
mais tradicionais e utilizados na área da educação física e esporte.
Após a identificação dos testes e instrumentos, alguns aspectos foram eleitos
possibilitando uma clara identificação dos aspectos relevantes que um teste de flexibilidade
deve conter. Como exemplo, Maud e Kerr (2009) retratam alguns itens para a escolha
adequada de qual método utilizar na avaliação. Estes itens serviram para a concepção de
alguns aspectos, são alguns deles: objetivos, local da avaliação, quantidade de indivíduos,
equipamentos disponíveis e conhecimento do avaliador.
Para possibilitar a comparação entre os diferentes testes e instrumentos é preciso
estabelecer alguns escores para cada um dos aspectos elegidos. Os escores poderão ser
positivos ou nulos.
O aspecto quando presente em um determinado teste ou instrumento acrescenta um
ponto (+1) na pontuação geral deste, sendo considerado positivo. Já quando o aspecto é
ausente, não modifica em nada a pontuação geral, sendo considerado nulo.
Foi feita uma análise particular de cada aspecto e posteriormente uma análise
particular de cada instrumento ou teste com a ótica voltada ao aspecto, possibilitando a
contraposição entre os testes e instrumentos abordados por esse estudo.
12

3. REVISÃO DE LITERATURA

Alguns conceitos iniciais são determinantes para a leitura e compreensão deste


trabalho. Devido à recorrência de utilização durante todo o texto, é de fundamental
importância um esclarecimento inicial de cada um deles.

3.1 O que é uma medida


É toda atribuição de valores a alguma coisa onde se obtêm um escore, determinando
uma grandeza. Como exemplo pode-se citar: massa corporal, estatura, força, velocidade,
medidas lineares e angulares.

3.2 O que é um teste/instrumento


É um recurso ou procedimento utilizado para se obter/atribuir uma medida. Como
exemplo pode-se citar: balança, estadiômetro, dinamômetro, goniômetro, flexímetro,
inclinômetro e questionário (instrumentos) ou teste de Bloomfield, flexiteste e rast test
(testes).

3.3 O que é uma avaliação


É um julgamento ou comparação da medida obtida através de um teste com o intuito
de realizar uma classificação qualitativa ou quantitativa. Como exemplo pode-se citar: obeso,
magro, alto, baixo, flexível, forte, entre outros.

3.4 O que é flexibilidade


A flexibilidade é uma capacidade motora que descreve a amplitude de movimento
(ADM) que uma articulação pode realizar e é relacionada à saúde e também ao esporte
(CHARRO et al., 2010). Também pode ser descrita como a amplitude articular máxima em
uma articulação isolada ou mais (ANDERSON; BURKE, 1991). Hayward (2004) define a
flexibilidade como capacidade de uma ou mais articulações mover-se ao longo de
determinada ADM completa. Outra definição simples e objetiva: a flexibilidade é a ADM
disponível em uma articulação ou em um grupo de articulações (STONE; KROLL, 1991).

3.5 O que é alongamento


O alongamento é um exercício cujo objetivo é o aumento da ADM (KISNER;
COLBY, 2002), ou seja, aumento da flexibilidade por meio do alongamento dos tecidos
moles de uma articulação (BLOOMFIELD; WILSON, 2000). Envolve componentes osteo-
13

mio-articulares, controlando a posição do indivíduo com o objetivo de isolar um grupo


muscular a ser trabalhado (DURIGON, 1995). Portanto, é uma ferramenta utilizada no
treinamento de flexibilidade e pode melhorar o desempenho geral de atletas (BLOOMFIELD;
WILSON, 2000). Os exercícios de alongamento evitam encurtamentos musculares, lesões por
esforços repetitivos e alívio de tensões musculares (QUEIROGA, 2005).

3.6 Tipos de flexibilidade


A flexibilidade pode ser manifestada em duas maneiras: a flexibilidade ativa, onde o
indivíduo realiza a maior ADM possível com a ajuda de sua musculatura agonista e a
flexibilidade passiva, onde indivíduo realiza a sua maior ADM possível com a ajuda de
agentes exteriores como, por exemplo, outro indivíduo o ajudando.
Charro et al. (2010) retrata que estas manifestações podem ser expressas em modos
distintos: expressão estática, que é a máxima amplitude de uma articulação e expressão
dinâmica, significando a rapidez com que se atinge uma amplitude máxima (QUEIROGA,
2005).

3.7 Os testes e instrumentos que avaliam a flexibilidade e suas vantagens e desvantagens


Os testes contidos nesta revisão são estáticos, já que o propósito deste estudo seria
destacar aspectos favoráveis à prática profissional e reduzidos custos para a aplicação das
técnicas, pois, os testes para avaliar a flexibilidade dinâmica estão restritos à pesquisa devido
aos seus altos custos e prioritariamente voltados ao desempenho (MAUD; KERR, 2009).
A flexibilidade pode ser avaliada com testes que possuem três características distintas,
são eles, testes adimensionais (indireto), testes lineares (indireto) e testes angulares ou diretos
(CHARRO et al., 2010). Apresentaremos cada um deles com o intuito de esclarecer e auxiliar
o leitor a compreender as contraposições entre estes que foram realizadas.

3.7.1 Testes adimensionais


São do tipo indireto e pode-se dizer que os resultados não possuem uma unidade
numérica além de não ser necessário nenhum instrumento complexo para a sua realização.
Podem ser feitos através de:

3.7.1.1 Teste de Bloomfield


De Bloomfield e Wilson (2000), contêm 15 movimentos e as suas notas por cada um
destes movimentos variam entre 1 e 4, podendo-se admitir valores intermediários como 2,5 ou
3,5 por exemplo. Os movimentos desse teste devem ser realizados sem aquecimento e
qualquer assistência do avaliador para o avaliado invalida o teste e o avaliador só deve intervir
14

em caso de movimentos articulares não relacionados à articulação avaliada que podem afetar
o escore do teste e para manter o membro testado no plano de movimento correto
(BLOOMFIELD; ACKLAND; ELLIOT, 1994). Portanto conclui-se que o teste de
Bloomfield é um teste de flexibilidade ativa.
O teste não possui um escore de classificação geral da flexibilidade como o flexiteste e
possui a subjetividade da observação além de ser realizado sem aquecimento, o que pode
reduzir a capacidade elástica do sarcolema, tendões e ligamentos assim como a viscosidade do
sarcolema, subestimando o nível desta capacidade motora através do teste de Bloomfield.
Esse teste apresenta algumas vantagens: é de fácil aplicabilidade, possui um baixo custo e
permite a aplicação em vários locais e situações.
Bloomfield e Wilson (2000) relatam que por meio desse teste é possível realizar
classificação de hipermobilidade, quando o avaliado atinge o escore de nível 4 em algum dos
15 movimentos podendo ser considerado como hiperflexível daquela articulação testada. Isto
pode ser vantajoso para alguns esportes, como ginástica, natação e mergulho. Porém em
outros esportes como os de contato pode trazer prejuízos como lesões e perda da eficiência
técnica (maior tempo gasto na fase de recuperação).
Bloomfield e Wilson (2000) recomendam o treinamento intenso de força para técnicos
ou atletas que não desejam esta condição de hipermobilidade em determinada(s) articulação
ou articulações, com o intuito de fortalecer músculos e tendões associados a esta articulação
ou articulações estabilizando-a(s).
Os movimentos do teste de Bloomfield (figura 1) são: abdução horizontal dos ombros,
abdução dos ombros, flexão de cotovelo, hiperextensão do cotovelo, flexão do punho,
extensão do punho, flexão do quadril, hiperextensão do tronco, flexão lateral do tronco, flexão
da coxa, extensão da coxa, flexão da perna, hiperextensão da perna, dorsiflexão plantar e
flexão plantar.
15

Figura 1 – Teste de Bloomfield, Adaptado de Bloomfield e Wilson (2000).


16

3.7.1.2 Flexiteste
A partir da proposta de Bloomfield e Wilson (2000), o flexiteste foi retratado por
Araújo (1986), a partir da atribuição de uma nota de 0 a 4 para diferentes movimentos (figuras
2 e 3). No final do teste obtém-se um escore para classificação da flexibilidade geral do
indivíduo (tabela 1).
O flexiteste possui vantagens semelhantes ao teste de Bloomfield. Porém algumas
desvantagens também podem ser observadas: a observação é uma análise muito subjetiva para
a avaliação de movimentos e estruturas articulares (SANTOS et al., 2011). Não possibilita
julgar de maneira particular ou individual as articulações para o estabelecimento de possíveis
modificações, não permite a avaliação da flexibilidade ativa e ainda é um teste que pode ser
considerado invasivo, por envolver contato entre o avaliador e o avaliado devido às posições
de flexibilidade passiva que devem ser executadas.
É preciso constatar que algumas modificações realizadas com o flexiteste o tornam
muito condensado com apenas 4 ou 6 movimentos não sendo apropriadas para avaliar a
flexibilidade (ARAÚJO; ARAÚJO, 2004).
17

Figura 2 – Flexiteste, adaptado de Araújo (1986).


18

Figura 3 – Flexiteste, adaptado de Araújo (1986).


19

Tabela 1 – Flexíndice: escores de classificação dos resultados obtidos com o flexiteste.

Classificação Somatório dos 20 movimentos


Deficiente Menor ou igual a 20
Fraco 21 a 30
Médio (-) 31 a 40
Médio (+) 41 a 50
Bom 51 a 60
Excelente Maior que 60
Fonte: Araújo (1987).

3.7.1.3 Testes de comprimento muscular


Por meio destes testes é possível classificar o avaliado em questões de seus
comprimentos musculares que podem ser: normais (avaliado atinge posição exigida em
relação à superfície de apoio), restritos (músculo não é estendido ao seu comprimento normal)
ou excessivos. Maud e Kerr (2009) relatam a existência de testes para os músculos
glenoumerais e escapulares e também para os membros inferiores e músculos pélvicos. A
seguir retrataremos de forma individualizada sobre cada um deles:

3.7.1.3.1 Testes para os músculos glenoumerais e escapulares


Grande dorsal, redondo maior e romboides (figura 4): o avaliado deita sob um banco,
com os joelhos flexionados, sola dos pés e lombar em contato com o banco durante todo o
teste. Os braços ficam inicialmente na lateral do corpo, estendidos e com palmas das mãos
para baixo. Recruta-se o avaliado a estender os braços para trás junto as laterais da cabeça
com uma leve flexão. Com um comprimento muscular normal os braços ficam em posição
plana sob o banco, já encurtados os braços não ficam no nível do banco.

Figura 4 – Teste dos músculos grande dorsal, redondo maior e romboides.


20

Peitoral maior (figura 5): o avaliado deita sob um banco, com os joelhos flexionados,
sola dos pés e lombar em contato com o banco durante todo o teste além de ser necessário
atentar-se ao tronco do avaliado que não deve ser rotacionado em nenhum momento do teste.
Os braços ficam inicialmente na lateral do corpo, estendidos e com palmas das mãos para
cima. Para avaliar o comprimento das fibras superiores e claviculares o avaliado coloca o
braço em abdução horizontal, ombro em rotação lateral e cotovelo estendido. Com
comprimento normal o avaliado consegue repousar o braço em posição relativamente plana ao
banco, já no encurtamento o braço não ficará no nível do banco. Já para avaliar as fibras
inferiores e esternais (figura 6), repete-se todo o processo modificando apenas a abdução do
braço que deve ser um pouco maior, em torno de 135º. Com um comprimento normal a
condição do braço repete-se, ou seja, fica em posição plana relativamente ao banco e sem
arquear as costas, já no encurtamento o braço também não ficará no nível do banco.

Figura 5 – Teste do músculo peitoral maior.

Figura 6 – Teste do músculo peitoral maior com ênfase nas fibras inferiores e esternais.
21

Peitoral menor (figura 7): o avaliado deita sob um banco, com os joelhos flexionados,
sola dos pés e lombar em contato com o banco durante todo o teste e o tronco não pode
efetuar rotação em nenhum momento, os braços ficam inicialmente na lateral do corpo,
estendidos e com palmas das mãos para baixo. O avaliador observa se o avaliado consegue
repousar o diâmetro do ombro sob o banco de maneira plana. Caso o diâmetro do ombro
permaneça de maneira plana sob o banco não existe encurtamento, já se for observado que o
diâmetro de um dos ombros ou os dois ombros não permaneçam sob o banco existe o
encurtamento desta musculatura.

Figura 7 – Teste do músculo peitoral menor.

Rotadores médios dos ombros (figura 8): o teste avalia o músculo deltoide, redondo
maior e o subscapular. Para execução o avaliado deita sob um banco, com os joelhos
flexionados, sola dos pés e lombar em contato com o banco durante todo o teste, o tronco não
pode ser arqueado durante a execução do teste, braços em 90º de abdução, cotovelos em 90º
de flexão e antebraços perpendiculares ao banco. O movimento para avaliação deve ser feito
com o antebraço se movendo para trás em direção ao banco para ficar ao lado da cabeça. Com
comprimento muscular normal o avaliado consegue repousar o antebraço sob o banco, já com
músculos encurtados o avaliado não consegue repousar o antebraço sob o banco.
22

Figura 8 – Teste dos músculos rotadores médios dos ombros.

Rotadores laterais dos ombros (figura 9): o teste avalia o músculo deltoide, infra-
espinhal e o redondo menor. Para execução o avaliado deita sob um banco, com os joelhos
flexionados, sola dos pés e lombar em contato com o banco durante todo o teste, o tronco não
pode ser arqueado, braços em 90º de abdução, cotovelos em 90º de flexão e antebraços
perpendiculares ao banco. O movimento para avaliação deve ser feito com o antebraço se
movendo para frente em direção ao banco em sentido lateral ao tronco e o avaliador pode
auxiliar o avaliado estabilizando o diâmetro do ombro. Sem encurtamentos musculares o
antebraço fica em um ângulo aproximado de 20º do banco, já no encurtamento não se
consegue atingir essa posição.

Figura 9 – Teste dos músculos rotadores laterais dos ombros.


23

3.7.1.3.2 Testes para os músculos dos membros inferiores e músculos pélvicos


Flexores dos quadris (figura 10): o avaliado senta sob a extremidade de um banco e
com a ajuda do avaliador o avaliado deita no banco sendo a sua perna que será testada
segurada pelo avaliador, após essa etapa o avaliado é recrutado a colocar a outra perna o mais
próximo que conseguir do seu peito, sempre com o auxílio do avaliador. O movimento é feito
com o avaliado puxando sua perna não avaliada contra seu próprio peito deixando a outra
perna repousar sob o banco, é preciso tomar cuidado com a estabilização da lombar. Sem
encurtamento a perna que está sendo avaliada fica sob o banco e forma um ângulo de
aproximadamente 80º no joelho (entre a perna e coxa). Já no encurtamento, ou a coxa não
repousa sob o banco (encurtamento do iliopsoas) ou o joelho atinge uma angulação menor do
que os 80º (encurtamento do reto femoral ou tensor da fáscia lata).
Sartório (figura 10): os procedimentos são idênticos aos flexores dos quadris, porém a
mudança está nos sintomas de encurtamento muscular, que se demonstram na abdução e giro
externo da coxa e o joelho flexiona-se em mais de 80º.

Figura 10 – Teste dos músculos flexores dos quadris e sartório.

Tendões de jarrete (figura 11): o avaliado deita em um banco com toda a parte
posterior de seu corpo apoiada sob o banco durante todo o testem com exceção da perna
testada, braços estendidos ao longo do corpo com as palmas voltadas para baixo. Para
execução do teste o avaliador empurra uma perna contra o banco e eleva a outra que será
testada pela panturrilha até o avaliado sentir um pouco de desconforto, os joelhos das duas
pernas devem estar estendidos e os tornozelos relaxados. Sem encurtamentos a perna testada
24

atinge aproximadamente 80º comparada à perna não testada. Em caso de encurtamento não é
possível atingir esse valor.

Figura 11 – Teste dos tendões de jarrete.

Tensor da fáscia ou faixa iliotibial (Figura 12): o avaliado deve deitar de lado
flexionando os joelhos e quadris que estão em contato com o banco para um bom apoio
lateral. O avaliador segura a crista ilíaca empurrando-a para frente com o intuito de manter o
tronco em contato com o banco. O avaliador garante a posição correta do avaliado, e solta
suavemente a perna que está por cima do avaliado em direção ao banco. Se a perna descer 10º
é considerado um comprimento muscular normal. Com encurtamento a perna não desce com a
pelve estabilizada pelo avaliador.

Figura 12 – Teste do músculo tensor da fáscia lata.


25

Flexores plantares (sóleo e gastrocnêmio): para o teste do músculo sóleo (figura 13) o
avaliado deita-se em um banco em decúbito ventral, com joelho e quadril flexionados a 90º
(somente da perna testada). O avaliador apoia a perna testada e solicita o avaliado a fazer uma
flexão dorsal do pé. Em comprimento normal o pé deve ter uma dorsiflexão de 20º, já se não
conseguir o valor pode ser considerado encurtado. Para o teste do músculo gastrocnêmio
(figura 14) o avaliado permanece na mesma posição anterior, com a única diferença de
estender as duas pernas e deixar um pé livre, fora do banco. O avaliador segura a perna do
avaliado para impedir a flexão dos joelhos que não deve acontecer em nenhum momento e
solicita o avaliado a fazer uma flexão dorsal do pé. Em comprimento normal flexiona-se
dorsalmente o pé a aproximadamente 10º, no entanto se possuir os músculos encurtados não
conseguirá atingir esse valor.

Figura 13 – Teste do músculo sóleo.

Figura 14 – Teste do músculo gastrocnêmio.


26

3.7.1.3.3 Outros testes de comprimento muscular


Flexão do tronco (figura 15): o avaliado deita em decúbito dorsal e fica apoiado sob
seus antebraços, com os cotovelos a 90º e braços juntos ao corpo. Com uma flexão normal e
sem encurtamentos musculares, o avaliado flexiona o tronco tranquilamente com pelve
relativamente em posição plana comparada ao banco.

Figura 15 – Teste de flexão do tronco.

Extensão do tronco (figura 16): o avaliado deita em decúbito ventral apoiando-se sobre
os antebraços, com posição relativa do cotovelo a 90º e braços juntos ao corpo. Com uma
extensão normal e sem encurtamentos musculares o avaliado consegue realizar a posição
tranquilamente mantendo a pelve em contato com o banco, ou seja, cristas ilíacas superiores
anteriores em contato com o banco.

Figura 16 – Teste de extensão do tronco.

Os testes de comprimento muscular apresentam algumas vantagens: avaliam diversas


articulações do corpo humano, estabelecem um padrão do comprimento muscular (normal,
restrito ou excessivo), não necessita materiais com altos custos para sua execução. No entanto
pode se destacar também algumas desvantagens, como: alguns movimentos podem trazer
27

margem à dúvida para classificação (movimentos que necessitam de acompanhamento


angular), o avaliador deve ser treinado para possibilitar uma avaliação válida e estar atento a
todos os detalhes envolvidos, não estabelece um padrão numérico para classificação de alguns
movimentos, algumas posições podem ser consideradas invasivas por parte do avaliado ou do
próprio avaliador e é necessário um longo tempo para realizar todos os movimentos
propostos.

3.7.2 Testes lineares


Dentro dos testes lineares pode-se dizer que os resultados são obtidos em centímetros
(cm) ou polegadas e podem ser feitos através dos seguintes testes:

3.7.2.1 Teste de sentar e alcançar


Fontoura, Formentin e Abech (2008) classificam o sentar e alcançar (Sit and Reach)
como um teste ativo. Para realizar o teste é preciso a utilização de objetos específicos como a
caixa de madeira com medidas pré-estabelecidas: 30,5 x 30,5 x 30,5 cm com a parte superior
plana de 56,5 cm de comprimento, com uma escala de 50 cm (QUEIROGA, 2005).
O teste de sentar e alcançar (figura 17) é feito com o indivíduo sentado, joelhos
estendidos com a sola dos pés apoiadas na caixa de madeira no nível de 26 cm (CSTF, 1987)
ou 23 cm (ACSM, 2000) que é o mais utilizado no Brasil (QUEIROGA, 2005). Para execução
do teste são necessárias 3 tentativas. Desloca-se as mãos, uma sob a outra, sobre a régua
levando o tronco à frente até o máximo que conseguir, mantendo a posição por 2 segundos.
Não é permitida a flexão dos joelhos.

Figura 17 – Teste de sentar e alcançar.


28

O teste de sentar e alcançar possui algumas vantagens: avalia a flexibilidade do quadril


e coluna (CHARRO, 2010), dos músculos para vertebrais e os posteriores da coxa
(FONTOURA; FORMENTIN; ABECH, 2008) ou avalia somente os isquiotibiais
(QUEIROGA, 2005), é de fácil aplicação e execução e não requer recursos elevados
(QUEIROGA, 2005), necessita de pouco espaço, amplamente usado no meio científico
(FONTOURA; FORMENTIN; ABECH, 2008), além de possuir a vantagem de escores
estabelecidos na literatura para a flexibilidade ativa (tabela 2).
Contudo apresenta algumas desvantagens: não determina um nível de flexibilidade
específica para cada articulação e está restrito ao tronco e o quadril e ainda não possui escores
para a flexibilidade passiva. Alguns autores sentenciam a falta de correlação entre o teste de
sentar e alcançar e a flexibilidade de coluna lombar em adolescentes (JACKSON; BAKER,
1986), em adultos (JACSKON; LANGFORD, 1989) e também baixa correlação entre o teste
e a flexibilidade de isquiotibiais em mulheres além da influência no resultado do teste pela
articulação dos ombros, podendo subestimar ou superestimar a flexibilidade do quadril e
coluna.
29

Tabela 2 – Escores de flexibilidade ativa em centímetros para o teste de sentar e


alcançar.

Autor
CSTF (1987)
Fraca Abaixo da média Média Acima da média Excelente
Idade (anos) Feminino
15 - 19 ≤ 28 29 – 33 34 – 37 38 – 42 ≥ 43
20 - 29 ≤ 27 28 – 32 33 – 36 37 – 40 ≥ 41
30 - 39 ≤ 26 27 – 31 32 – 35 36 – 40 ≥ 41
40 - 49 ≤ 24 25 – 29 30 – 33 34 – 37 ≥ 38
50 - 59 ≤ 24 25 – 29 30 – 32 33 – 38 ≥ 39
60 - 69 ≤ 23 23 – 26 27 – 30 31 – 34 ≥ 35
Masculino
15 - 19 ≤ 23 24 – 28 29 – 33 34 – 38 ≥ 39
20 - 29 ≤ 24 25 – 29 30 – 33 34 – 39 ≥ 40
30 - 39 ≤ 22 23 – 27 28 – 32 33 – 37 ≥ 38
40 - 49 ≤ 17 18 – 23 24 – 28 29 – 34 ≥ 35
50 - 59 ≤ 15 16 – 23 24 – 27 28 – 34 ≥ 35
60 - 69 ≤ 14 15 – 19 20 – 24 25 – 32 ≥ 33

ACSM (2000)
Baixa Intermediária Elevada Muito Elevada
Idade (anos) Feminino
20 – 29 < 33 33 – 40 41 – 55 > 55
30 – 39 < 30 30 – 37 38 – 52 > 52
40 – 49 < 28 28 – 35 36 – 49 > 49
50 – 59 < 25 25 – 32 33 – 47 > 47
> 60 < 23 23 – 29 30 – 45 > 45
Masculino
20 – 29 < 25 25 – 32 33 – 48 > 48
30 – 39 < 23 23 – 29 30 – 46 > 46
40 – 49 < 20 20 – 27 28 – 43 > 43
50 – 59 < 18 18 – 24 25 – 41 > 41
> 60 < 15 15 – 22 23 – 38 > 38
30

3.7.2.2 Teste de sentar e alcançar modificado


Broer e Gales (1958) relataram que pessoas com medidas de tronco maiores e pernas
menores levavam vantagem no teste de sentar e alcançar tradicional. Hoeger e Hopkins
(1992) propuseram o teste de sentar e alcançar modificado (figura 18).

Figura 18 – Posição inicial (à esquerda) e final (à direita) do teste de sentar e alcançar


modificado.

Este é executado com pequenas diferenças em relação ao tradicional. O seu início é


com o indivíduo sentado e apoiado sob a parede com 90º entre o tronco e as pernas, colocando
as mãos uma sobre a outra na escala determinando o ponto zero. A escala parte do zero e vai
até 70 cm, ou seja, o banco de madeira é o mesmo que o tradicional, porém acrescido de 20
cm em sua parte superior. O indivíduo é recrutado a tentar o seu melhor resultado por 3
tentativas. Os escores do teste podem ser visualizados na tabela 3.

Tabela 3 – Escores de flexibilidade ativa em centímetros para o teste de sentar e


alcançar modificado.

Classificação Feminino Masculino


≤ 35 anos 36 – 49 anos ≤ 35 anos 36 – 49 anos
Precária < 15,4 < 14,5 < 15 < 13,4
Regular 15,8 – 16,2 14,5 – 15,2 15 – 15,8 13,4 – 13,9
Média 16,2 – 16,7 15,2 – 16,2 15,8 – 17 13,9 – 14,6
Boa 16,7 – 17,9 16,2 – 17,4 17 – 17,9 14,6 – 16,1
Excelente > 17,9 > 17,4 >17,9 > 16,1
Fonte: McArdle, Katch e Katch (2003).
31

O teste modificado possui algumas vantagens: relativiza o resultado de acordo com as


proporções segmentares de cada indivíduo, é de fácil aplicação e necessita de pouco espaço
para a avaliação.
Porém este teste modificado possui algumas desvantagens: não determina um nível de
flexibilidade específica para cada articulação e está restrito ao tronco e o quadril.

3.7.2.3 Teste de sentar e alcançar em V


Existe também o teste de sentar e alcançar em V (figura 19) proposto por Cooper
(1992) que utiliza uma régua fixada ao chão para estabelecer as graduações, que deve ser de
30 cm entre os calcanhares e 23 cm horizontalmente ao solo coincidindo com os calcanhares.

Figura 19 – Teste de sentar e alcançar em V.

É semelhante aos outros dois testes descritos anteriormente, entretanto não utiliza a
caixa de madeira e além das desvantagens já citadas com o teste padrão este ainda necessita
de demarcações anteriores a realização o que pode ser dispendioso a pessoas não
familiarizadas com o procedimento e é necessário lembrar o avaliado de manter o pé da perna
estendida em dorsiflexão. Os escores para o teste estão presentes nas tabelas 4 e 5.
32

Tabela 4 – Escores em percentis de flexibilidade ativa para o teste de sentar e alcançar


em V para homens. Os valores estão em polegadas.

Idade (anos)
18-25 26-35 36-45 46-55 56-65 >65
Classificação
Masculino
90 22 21 21 19 17 17
80 20 19 19 17 15 15
70 19 17 17 15 13 13
60 18 29 25 24 13 12
50 17 26 22 22 11 10
40 15 24 20 19 9 9
30 14 21 17 15 9 8
20 13 18 13 12 7 7
10 11 14 9 9 5 4
Fonte: YMCA (2000)

Tabela 5 – Escores em percentis de flexibilidade ativa para o teste de sentar e alcançar


em V para mulheres. Os valores estão em polegadas.

18-25 26-35 36-45 46-55 56-65 >65


Classificação
Feminino
90 24 23 22 21 20 20
80 22 21 21 20 19 18
70 21 20 19 18 17 17
60 20 32 30 29 16 17
50 19 30 28 27 15 15
40 18 28 26 26 14 14
30 17 25 23 23 13 13
20 16 22 21 20 11 11
10 14 18 16 16 9 9
Fonte: YMCA (2000)
33

3.7.2.4 Teste de sentar e alcançar preservando as costas


Algumas pessoas sentem muito desconforto nos músculos isquiotibiais e parte anterior
das vértebras realizando os testes descritos acima. Com o intuito de amenizar as dores foi
criado o teste de sentar e alcançar preservando as costas (figura 20).

Figura 20 – Teste de sentar e alcançar preservando as costas.

Ele é realizado como o tradicional, porém o indivíduo flexiona um joelho e a afasta de


5 a 7,5 cm da perna com o joelho estendido.
Esse teste apresenta as mesmas vantagens e desvantagens do teste tradicional,
incluindo apenas a vantagem de preservação da coluna e avaliação individual de um possível
encurtamento dos isquiotibiais de cada perna (PATTERSON et al., 1996).
Os escores presentes na tabela 6 fazem parte da bateria de testes FITNESSGRAM
(THE COOPER INSTITUTE, 2007) que foi criada para avaliação de adolescentes e crianças.
34

Tabela 6 – Escores em polegadas para o teste sentar e alcançar preservando as costas


para crianças e adolescentes. Os escores devem ser atingidos para aprovação neste teste na
bateria FITNESSGRAM.

Escores
Idade
Meninos Meninas
5 8 9
6 8 9
7 8 9
8 8 9
9 8 9
10 8 9
11 8 10
12 8 10
13 8 10
14 8 10
15 8 12
16 8 12
17 8 12
>17 8 12
Fonte: The Cooper Institute (2007).

3.7.2.5 Teste de sentar e alcançar preservando as costas em um banco


Alguns indivíduos ainda sentiam desconforto com o teste sentar e alcançar
preservando as costas, portanto, uma adaptação foi incorporada a ele.
O indivíduo senta em um banco e realiza o teste com uma perna estendida e a outra
flexionada em 90º repousando a sola do pé no solo. Uma fita métrica é posicionada ao nível
de 23 cm coincidentemente ao calcanhar em apoio no banco.
Esse teste (figura 21) apresenta os mesmos benefícios e as mesmas desvantagens que o
teste tradicional, incluindo apenas a vantagem de preservação da coluna e avaliação individual
de cada perna com relação aos músculos isquiotibiais e a desvantagem de ser necessário
lembrar o avaliado de manter o pé da perna estendida em dorsiflexão além de não possuir
escores para classificação (HEYWARD, 2004).
35

Figura 21 – Teste de sentar e alcançar preservando as costas em um banco.

3.7.2.6 Teste de sentar e alcançar na cadeira para idosos


Com o mesmo intuito de minimizar o estresse na coluna lombar e dorsal além da
dificuldade de agachar até o chão e levantar de alguns indivíduos, foi criado o teste de sentar e
alcançar na cadeira para idosos (figura 22) ou também chamado teste de sentar e alcançar os
pés (RIKLI; JONES, 2008).

Figura 22 – Teste de sentar e alcançar na cadeira para idosos.

Utiliza-se uma cadeira com assento de 43 cm e o avaliado senta próximo à


extremidade com uma perna estendida e a outra flexionada tentando alcançar com as duas
mãos uma sob a outra a ponta do pé que estará em leve dorsiflexão por volta de 90º. Quando o
36

avaliado não alcança a ponta do pé é adquirido um escore negativo, já quando passa com a
ponta dos dedos das mãos a ponta dos pés o escore é positivo. O teste deve ser realizado com
as duas pernas, anotando apenas o escore da melhor perna. Realizam-se mais duas tentativas
com a melhor perna e registra-se a melhor tentativa, sendo necessária a manutenção da
posição por 2 segundos (RIKLI; JONES, 2008).
As vantagens deste teste são: a possibilidade de aplicação em muitos locais, não existe
a necessidade de materiais com elevado custo, avalia tanto um lado como o outro do
organismo, existe escores para classificação e é específico para a população idosa.
As desvantagens são: avalia apenas a flexibilidade de uma única articulação e os
escores são em centímetros.
Os escores para classificação dos resultados obtidos através desse teste estão
disponíveis na tabela 7.

Tabela 7 – Escores normais para o teste de sentar e alcançar na cadeira para idosos. Os
valores estão em centímetros.

Idade (anos) Masculino Feminino


60-64 -6,3 a 10,1 -1,2 a 12,7
65-69 -7,6 a 7,6 -1,2 a 11,4
70-74 -7,6 a 7,6 -2,5 a 10,5
75-79 -10,1 a 5 -3,8 a 8,8
80-84 -13,9 a 3,8 -5 a 7,6
85-89 -13,9 a 1,2 -6,3 a 6,3
90-94 -16,5 a 1,2 -11,4 a 2,5
Fonte: Rikli e Jones (2008).

É necessário ressaltar que todos os testes de sentar e alcançar possuem a desvantagem da


obtenção das medidas em centímetros ou polegadas. Isto pode ser considerado uma limitação
comparado aos testes que fornecem medidas em unidades angulares.

3.7.2.6 Teste de extensão de pele


O assunto que envolve a flexibilidade relacionada dor lombar é controverso. Existem
estudos que rejeitam a associação entre flexibilidade lombar e dor lombar. No entanto existem
também pesquisadores que relacionam a falta de flexibilidade com a dor lombar. Com esta
última visão é preciso um teste que demonstre a possibilidade de fazer esta relação, pois os
testes vistos anteriormente não possibilitam estabelecer esta relação devido à falta de critério
37

de suas medidas, não estão relacionadas prioritariamente a flexibilidade lombar. Deste modo
o teste de extensão de pele está perfeitamente relacionado a essa abordagem. É possível a
afirmação graças a correlações traçadas desta avaliação com avaliações a partir da radiografia
(WILLIAMS et al., 1993).
O teste é o de Van Adrichem e Van Der Korst (1973) que é uma modificação do teste
de Schober e é feito da seguinte maneira: o avaliado fica de pé e o marco zero é estabelecido
entre as fossas laterais lombares ou “covinhas de Vênus”, 15 cm acima desta marca coloca-se
a segunda marca (figura 23). O avaliador solicita ao avaliado flexionar a coluna lombar e
mede-se novamente a distância entre as duas marcas (figura 24), que será maior que os 15 cm
iniciais, subtraem-se o resultado de 15 cm e registra-se o escore.

Figura 23 – Pontos referenciais do teste de Van Adrichem e Van Der Korst (1973).

Figura 24 – Vista lateral (esquerda) e posterior (direita) da Execução do teste de Van


Adrichem e Van Der Korst (1973).
38

O teste possui a vantagem de ter validade de critério e fornece um bom parâmetro para
avaliação da coluna lombar.
Mas o teste tem algumas desvantagens que obrigatoriamente devem ser levadas em
conta: o resultado é obtido em centímetros (tabela 8), o que já é um motivo de discordância na
literatura, fornece a avaliação de uma única articulação, exige conhecimentos de anatomia
para execução e exige treinamento do avaliador.

Tabela 8 – Valores de referência para classificação do resultado no teste de Van


Adrichem e Van Der Korst (1973).

Valor (centímetros) Classificação


<4 Baixo
5a6 Esperado
>8 Alto

A outra modificação do teste de Schober feita por Macrae e Wright (1969) não será
abordada devido à maior dificuldade em identificar os pontos anatômicos para realização do
teste.

3.7.2.7 Testes de medição indireta


Maud e Kerr (2009) trataram em seu livro de alguns testes que podem ser feitos de
maneira indireta, utilizando uma fita métrica ou uma régua rígida. Os testes são realizados a
partir de medidas em centímetros realizadas da seguinte maneira: distância entre um segmento
corporal e outro ou entre um segmento corporal e um objeto (solo, parede e banco).
Os testes que podem ser realizados são: flexão do tronco, extensão do tronco, flexão
lateral do tronco, flexão do pescoço, extensão do pescoço, flexão lateral do pescoço e rotação
do pescoço.
As explicações para execução de cada um dos testes estão descritas nos parágrafos
seguintes juntamente com suas respectivas ilustrações:
Flexão do tronco (figura 25): o avaliado deve ficar de pé e curvando-se para frente
com joelhos estendidos tentando alcançar o solo, a medida é feita a partir da distância entre a
ponta dos dedos do avaliado e o solo.
39

Figura 25 – Teste de flexão do tronco.

Extensão do tronco (figura 26): o avaliado fica de pé e inclina o seu tronco para trás,
deixando os dois braços estendidos. O avaliador mede a distância da ponta dos dedos das
mãos até o chão.

Figura 26 – Teste de extensão do tronco.

Flexão lateral do tronco (figura 27): o indivíduo fica de pé, com os membros inferiores
afastados igualmente na largura dos quadris e estendidos e os braços ficam também
estendidos colocados verticalmente nas laterais. O movimento para avaliação consta em o
40

avaliado se flexionar lateralmente estendendo a mão no sentido do membro inferior sem


deixar o corpo se movimentar no plano sagital. O avaliador mede a distância entre os dedos da
mão e o solo.

Figura 27 – Teste de flexão lateral do tronco.

Flexão do pescoço: o avaliado posiciona-se em uma cadeira com encosto para apoio
do tórax e coluna lombar, que devem manter este contato durante todo o período da avaliação
deste movimento. Primeiramente mede-se a distância entre o queixo e o esterno (figura 28).
Posteriormente o avaliador solicita o avaliado a flexionar o pescoço para frente,
posteriormente mede-se novamente a distância entre o queixo e o esterno (figura 29). Subtrai-
se a medida anterior desta realizada com a flexão e obtêm-se o arco de flexão do pescoço.

Figura 28 – Medida entre o queixo e o esterno.


41

Figura 29 – Teste de flexão do pescoço.

Extensão do pescoço (figura 30): o avaliado posiciona-se em uma cadeira com encosto
para apoio do tórax e coluna lombar, que devem manter este contato durante todo o período
da avaliação deste movimento. Primeiramente mede-se a distância entre o queixo e o esterno.
Posteriormente o avaliador solicita o avaliado a estender o seu pescoço para trás e mede-se
novamente a distância entre o queixo e o esterno. Subtrai-se uma medida da outra e obtêm-se
o arco de extensão do pescoço. Em um valor normal possibilita o avaliado a visualizar o teto.

Figura 30 – Teste de extensão do pescoço.

Flexão lateral do pescoço (figura 31): o avaliado posiciona-se em uma cadeira com
encosto para apoio do tórax e coluna lombar, que devem manter este contato durante todo o
42

período da avaliação deste movimento. Para realizar o movimento da avaliação, o avaliado


deve realizar a flexão lateral do pescoço sem a rotação. Mede-se a distância do processo
mastoide do crânio e processo acromial. Antes de realizar a medida da flexão lateral, mede-se
também em posição neutra como indicado no início da explicação. Em um arco normal deste
movimento a inclinação obtida pelo pescoço é de aproximadamente 45º.

Figura 31 – Teste de flexão lateral do pescoço, posição inicial à esquerda e posição final à
direita.

Rotação do pescoço (figura 32): o avaliado posiciona-se em uma cadeira com encosto
para apoio do tórax e coluna lombar, que devem manter este contato durante todo o período
da avaliação deste movimento. Efetua-se a medida entre o queixo e o processo acromial nesta
primeira posição neutra. Posteriormente o avaliado é recrutado a fazer o movimento de giro
do seu pescoço somente no plano horizontal e o avaliador efetua a medida novamente nas
mesmas referências. Um movimento normal de rotação permite o avaliado posicionar o seu
queixo quase sob a linha do ombro.

Figura 32 – Teste de rotação lateral do pescoço, posição inicial à esquerda e posição final à
direita.
43

Esses testes permitem algumas vantagens ao avaliador na aquisição dos resultados: são
medidas que respeitam os parâmetros de confiabilidade inter e intra-avaliadores (NEWTON;
WADDELL, 1991), envolvem a utilização de materiais simples e acessíveis, avalia-se mais de
uma só articulação e é possível traçar uma comparação intra-individual realizando-se uma
reavaliação.
Contudo também possuem algumas desvantagens: os resultados obtidos não possuem
unidades angulares, os resultados podem ser influenciados por variáveis antropométricas
individuais e não existem escores disponíveis na literatura para os testes retratados além de
medirem apenas a região superior do corpo humano.

3.7.3 Testes angulares


A partir dos testes angulares os resultados são obtidos em unidades angulares e podem
ser feitos através de vários movimentos articulares. É preciso a utilização de objetos
específicos como o goniômetro universal ou o pendular também chamado de flexímetro,
proposto inicialmente por Leighton (1966) como flexômetro de Leighton. São possíveis às
avaliações de muitas articulações como ombro, quadril, tornozelo, coluna cervical, coluna
torácica, coluna lombar, punho, joelho, cotovelo e radioulnar além de outras.
O modo de avaliação de cada articulação e dos vários movimentos possíveis de cada
uma delas não será abordado devido ao enfoque do estudo ser dado apenas aos instrumentos e
pela possibilidade de serem facilmente encontradas nas referências utilizadas durante esta
revisão como em Charro et al. (2010).
A seguir será feita uma análise particular dos instrumentos existentes para obtenção
das medidas angulares:

3.7.3.1 Goniômetro universal


Os testes realizados a partir do goniômetro universal possuem diversas vantagens:
pode avaliar diversas articulações de maneira passiva e ativa (FONTOURA; FORMENTIN;
ABECH, 2008), é de fácil utilização e obtenção de medidas rápidas dependendo logicamente
do número de articulações a serem avaliadas. Há na literatura níveis pré-estabelecidos para
várias articulações (KAPANDJI, 1980), para a flexibilidade ativa e passiva, sendo possível a
avaliação com intuito esportivo ou para os fins de saúde além de permitir obter a reserva de
flexibilidade.
Este instrumento também apresenta algumas desvantagens: é preciso alinhá-lo ao eixo
articular, dificuldade de medir movimentos com rotações e a necessidade de um assistente
além do avaliador para medir a flexibilidade passiva.
44

A seguir são retratados alguns dos movimentos que são possíveis de serem analisados
a partir do goniômetro:

Figura 33 – Posição inicial para avaliação da articulação do tornozelo, posição final para
avaliar a dorsiflexão e posição final para avaliar a flexão plantar respectivamente com a
utilização do goniômetro.

Figura 34 – Posição inicial (acima) e posição final (abaixo) para avaliar a flexão do quadril
com o instrumento goniômetro.
45

Figura 35 – Posição inicial (acima) e posição final (abaixo) para avaliar a flexibilidade do
ombro pelo movimento de extensão com a utilização do goniômetro.

3.7.3.2 Flexímetro
Além de todas as vantagens já retratadas com a utilização do goniômetro universal, o
flexímetro não possui a necessidade de ser alinhado com os eixos articulares, a avaliação de
movimentos de rotação que algumas articulações possuem são feitas com maior facilidade e o
avaliador não precisa de um assistente para realizar as medidas passivas além de poder
auxiliar os avaliados a realizar movimentos. Achour Junior (1997) retrata algumas vantagens
quando se utiliza o flexímetro para avaliação da flexibilidade: é um instrumento prático e de
fácil utilização por ser leve e pequeno, é resistente e pode ser transportado com facilidade.
Porém o flexímetro também possui desvantagens: ainda não existem testes capazes de
retratar uma pontuação geral e é necessário um treinamento prévio para tomar o conhecimento
dos locais de realização e também da leitura dos ângulos. Estas também são desvantagens que
um goniômetro apresentará em conjunto com o flexímetro, pois tratam de dois instrumentos
distintos, porém realizam os mesmos testes.
A seguir são retratados alguns dos movimentos que são possíveis de serem analisados
a partir do flexímetro:
46

Figura 36 – Posição inicial (à esquerda) e posição final (à direita) para avaliar a flexibilidade
da coluna cervical através do movimento de flexão com o instrumento flexímetro.

Figura 37 – Posição inicial (à esquerda) e posição final (à direita) para avaliar a flexibilidade
da coluna torácica e lombar com a utilização do flexímetro.
47

Figura 38 – Posição inicial (à esquerda) e posição final (à direita) para avaliar a flexibilidade
do ombro pelo movimento de flexão com o instrumento flexímetro.

Figura 39 – Posição inicial (acima) e posição final (abaixo) para avaliar a flexibilidade da
articulação do quadril pelo movimento de flexão utilizando o flexímetro.
48

3.7.3.3 Inclinômetro
Existe também um instrumento denominado inclinômetro que é semelhante ao
goniômetro e possui uma estrutura sensível à gravidade. O aparelho não precisa ser
criteriosamente alinhado às referências anatômicas como o goniômetro para a obtenção das
ADM´s (SANTOS et al., 2012). O inclinômetro conta com um disco de 360º, indicador com
peso ou fluído. Estes são os três tipos de inclinômetro existentes e em todos eles a gravidade é
o que determina a posição do disco, indicador ou fluido (MAUD; KERR, 2009).
Este instrumento é capaz de realizar as seguintes avaliações: flexão e extensão lombar,
flexão e extensão do tronco, flexão lateral do tronco, flexão e extensão do pescoço, flexão
lateral do pescoço, rotação do pescoço e outros movimentos que o flexímetro também é capaz
de avaliar (MAUD; KERR, 2009).
O uso é vantajoso devido à variedade articular que se pode avaliar através deste
instrumento. Entretanto ele necessita da ajuda de um auxiliar ao se tratar de medidas com
caráter passivo, uma vez que o avaliador necessita segurar o instrumento. Outra desvantagem
é a necessidade de utilização de dois instrumentos em algumas medidas (MAUD; KERR,
2009).

3.7.3.4 Radiografia
É possível também obter os resultados em valores angulares de cada articulação a
partir de uma radiografia, visualizando a articulação avaliada na imagem gerada pelo aparelho
de raios-X, obtendo a ADM a partir de um transferidor ou software de computador. Porém,
envolve altos custos para a aquisição do equipamento além de riscos para a saúde com
radiações frequentes ou escassez de cuidados quanto aos procedimentos que podem afetar o
avaliado ou o avaliador no caso da flexibilidade passiva.

3.7.3.4.1 Escores para classificação de flexibilidade em unidades angulares


Os instrumentos que retratamos nos testes angulares possibilitam a aquisição de
medidas em mesma unidade, ou seja, em graus. Assim é possível por meio dos testes
angulares obtermos medidas que possam ser classificadas em escores (CHARRO et al., 2010).
Esse trabalho, por ter o intuito de auxiliar o profissional de educação física e esporte
no contexto da praticidade, trará alguns dos escores encontrados na literatura para
classificação e avaliação da flexibilidade em unidades angulares (tabela 9 e 10).
49

Tabela 9 – Escores angulares para avaliação da flexibilidade ativa. Valores médios reportados para diferentes condições da amplitude de
movimento angular da flexibilidade ativa.

Articulações e
Flexibilidade ativa (graus)
Movimentos
Greene e
American American
Heckman
Rasch Medical Medical American
(1994) e
AAOS e Moore Kapandji Association Association Medical
* American
(1965) Burke (1987)¹ (1980)¹ (1984) e (1984) e Association
Medical
(1977)¹ Alter Alter (1984)²§
Association
(1996)¹† (1996)² ‡
(1988)¹
Pescoço/Coluna
cervical
flexão 0-65 40 45-60 <40
extensão 0-50 75 45-75 <50
flexão lateral 0-40 45
flexão lateral direita <30
flexão lateral esquerda <30
rotação 0-55 60-80
rotação direita <60
rotação esquerda <60

continua

*
AAOS (1965) apud MAUD E KERR (2009)

American Medical Association (1984) e Alter (1996) apud MAUD E KERR (2009)

American Medical Association (1984) e Alter (1996) apud MAUD E KERR (2009)
§
American Medical Association (1984) apud MAUD E KERR (2009)
50

Articulações e
Flexibilidade ativa (graus)
Movimentos
Greene e
American American
Heckman
Rasch Medical Medical American
(1994) e
AAOS e Moore Kapandji Association Association Medical
American
(1965)* Burke (1987)¹ (1980)¹ (1984) e (1984) e Association
Medical
(1977)¹ Alter Alter (1984)²§
Association
(1996)¹† (1996)² ‡
(1988)¹
Ombro
flexão 180 0-180 150-180 167 160
extensão 45 0-50 50-60 62 40
retorno
adução 40 da
abdução
abdução 180 0-180 180 184 160
rotação medial 90 0-90 70-90
rotação lateral 90 0-90 90
rotação interna 69 60
rotação externa 104 60

Cotovelo
0-145 a
flexão 145 145 140-150
160
retorno
extensão 145 0
da flexão

continuação

*
AAOS (1965) apud MAUD E KERR (2009)

American Medical Association (1984) e Alter (1996) apud MAUD E KERR (2009)

American Medical Association (1984) e Alter (1996) apud MAUD E KERR (2009)
§
American Medical Association (1984) apud MAUD E KERR (2009)
51

Articulações e
Flexibilidade ativa (graus)
Movimentos
Greene e
American American
Heckman
Rasch Medical Medical American
(1994) e
AAOS e Moore Kapandji Association Association Medical
American
(1965)* Burke (1987)¹ (1980)¹ (1984) e (1984) e Association
Medical
(1977)¹ Alter Alter (1984)²§
Association
(1996)¹† (1996)²‡
(1988)¹
Cotovelo
flexão e extensão 141 130
hiperextensão 5-10
pronação 90 85
supinação 90 90

Antebraço/Radioulnar
supinação 0-90 80 81 60
pronação 0-90 80 75 70

Pulso/Punho
flexão 90 0-90 60-80 75 50
extensão 70 0-70 60-70 74 50
adução 0-55 a 65
abdução 0-25
continuação

*
AAOS (1965) apud MAUD E KERR (2009)

American Medical Association (1984) e Alter (1996) apud MAUD E KERR (2009)

American Medical Association (1984) e Alter (1996) apud MAUD E KERR (2009)
§
American Medical Association (1984) apud MAUD E KERR (2009)
52

Articulações e
Flexibilidade ativa (graus)
Movimentos
Greene e
American American
Heckman
Rasch Medical Medical American
(1994) e
AAOS e Moore Kapandji Association Association Medical
American
(1965)* Burke (1987)¹ (1980)¹ (1984) e (1984) e Association
Medical
(1977)¹ Alter Alter (1984)²§
Association
(1996)¹† (1996)² ‡
(1988)¹
Pulso/Punho
desvio ulnar 30 35 25
desvio radial 20 21 15

Região torácica
flexão e extensão <30
rotação direita <20
rotação esquerda <20

Coluna
lombar/Coluna
toracolombar
flexão 0-95 60 60-80
extensão 0-35 35 20-30
flexão lateral 0-40 35-35
rotação 0-35 30-45

continuação

*
AAOS (1965) apud MAUD E KERR (2009)

American Medical Association (1984) e Alter (1996) apud MAUD E KERR (2009)

American Medical Association (1984) e Alter (1996) apud MAUD E KERR (2009)
§
American Medical Association (1984) apud MAUD E KERR (2009)
53

Articulações e
Flexibilidade ativa (graus)
Movimentos
Greene e
American American
Heckman
Rasch Medical Medical American
(1994) e
AAOS e Moore Kapandji Association Association Medical
American
(1965)* Burke (1987)¹ (1980)¹ (1984) e (1984) e Association
Medical
(1977)¹ Alter Alter (1984)²§
Association
(1996)¹† (1996)² ‡
(1988)¹
Região lombo sacral
flexão lateral direita <20
flexão lateral esquerda <20

Quadril
0-115 a
flexão 125 100-120 121 90
125
extensão 10 0-10 a 15 30 20 12
adução 15 0-10 a 15 20-30 27 10
abdução 45 0-45 40-45 41 30
rotação medial 45 0-45 40-45
rotação lateral 45 0-45 45-50
flexão com joelho
90
estendido
flexão com joelho
120
fletido
extensão com joelho
20
estendido
continuação

*
AAOS (1965) apud MAUD E KERR (2009)

American Medical Association (1984) e Alter (1996) apud MAUD E KERR (2009)

American Medical Association (1984) e Alter (1996) apud MAUD E KERR (2009)
§
American Medical Association (1984) apud MAUD E KERR (2009)
54

Articulações e
Flexibilidade ativa (graus)
Movimentos
Greene e
American American
Heckman
Rasch Medical Medical American
(1994) e
AAOS e Moore Kapandji Association Association Medical
American
(1965)* Burke (1987)¹ (1980)¹ (1984) e (1984) e Association
Medical
(1977)¹ Alter Alter (1984)²§
Association
(1996)¹† (1996)² ‡
(1988)¹
Quadril
extensão com joelho
10
fletido
rotação interna 30-40 44 30
rotação externa 60 44 40

Joelho
flexão e extensão 143 140
0-120 a
flexão 140 140 135-150
130
flexão com quadril
140
fletido
flexão com quadril em
140
extensão
retorno
extensão 0-10
da flexão
0-60 a
rotação
90

continuação

*
AAOS (1965) apud MAUD E KERR (2009)

American Medical Association (1984) e Alter (1996) apud MAUD E KERR (2009)

American Medical Association (1984) e Alter (1996) apud MAUD E KERR (2009)
§
American Medical Association (1984) apud MAUD E KERR (2009)
55

Articulações e
Flexibilidade ativa (graus)
Movimentos
Greene e
American American
Heckman
Rasch Medical Medical American
(1994) e
AAOS e Moore Kapandji Association Association Medical
American
(1965)* Burke (1987)¹ (1980)¹ (1984) e (1984) e Association
Medical
(1977)¹ Alter Alter (1984)²§
Association
(1996)¹† (1996)²‡
(1988)¹
Joelho
rotação interna 30
rotação externa 40

Subtalar
inversão 30-35
eversão 15-20

Pé/Tornozelo
flexão 0-20 20-30
flexão dorsal
20 20 13 10
(dorsiflexão)
flexão plantar
45 40-50 56 30
(plantiflexão)
extensão 0-45 30-50
adução 20 35
abdução 40 45

continuação

*
AAOS (1965) apud MAUD E KERR (2009)

American Medical Association (1984) e Alter (1996) apud MAUD E KERR (2009)

American Medical Association (1984) e Alter (1996) apud MAUD E KERR (2009)
§
American Medical Association (1984) apud MAUD E KERR (2009)
56

Articulações e
Flexibilidade ativa (graus)
Movimentos
Greene e
American American
Heckman
Rasch Medical Medical American
(1994) e
AAOS e Moore Kapandji Association Association Medical
American
(1965)* Burke (1987)¹ (1980)¹ (1984) e (1984) e Association
Medical
(1977)¹ Alter Alter (1984)²§
Association
(1996)¹† (1996)²‡
(1988)¹
Pé/Tornozelo
inversão 37 20
eversão 21 10
conclusão
¹ = Amplitude de movimento normal dos ângulos articulares
² = ADM com riscos de lesões

*
AAOS (1965) apud MAUD E KERR (2009)

American Medical Association (1984) e Alter (1996) apud MAUD E KERR (2009)

American Medical Association (1984) e Alter (1996) apud MAUD E KERR (2009)
§
American Medical Association (1984) apud MAUD E KERR (2009)
57

Tabela 10 – Escores angulares para avaliação da flexibilidade passiva. Valores médios


reportados para diferentes condições da amplitude de movimento angular da flexibilidade
passiva.

Flexibilidade passiva (graus)


Articulações e Movimentos Kapandji Biro, Gewanter e Baum
(1980)¹ (1983)³

Cotovelo
flexão 160
hiperextensão >10

Dedos da mão
hiperextensão >90

Quadril
flexão com joelho estendido 120
flexão com joelho fletido 140
extensão com joelho estendido 20
extensão com joelho fletido 30

Joelho
flexão 160
hiperextensão 5 a 10 >10
rotação interna 30-35
rotação externa 45-50
¹ = Amplitude de movimento normal dos ângulos articulares
³ = Valores para detecção de hipermobilidade
58

3.7.4 Síntese dos testes e instrumentos para avaliar a flexibilidade utilizados nesse estudo
Para facilitar a visualização dos testes e instrumentos para avaliação da flexibilidade
abordados nesse estudo a tabela 11 foi elaborada.

Tabela 11 – Síntese dos testes e instrumentos abordados neste estudo para avaliar
flexibilidade.

Testes adimensionais Testes lineares Testes Angulares


Teste de Bloomfield Teste de sentar e alcançar Goniômetro universal
Flexiteste Teste de sentar e alcançar Flexímetro
modificado
Testes de comprimento Teste de sentar e alcançar em V Inclinômetro
muscular
Teste de sentar e alcançar Radiografia
preservando as costas
Teste de sentar e alcançar
preservando as costas em um
banco
Teste de sentar e alcançar na
cadeira para idosos
Teste de extensão de pele
Testes de medição indireta

3.8 Fatores intervenientes na flexibilidade


Heyward (2004) classifica alguns fatores que afetam a flexibilidade, são eles: tipos
corporais, idade, sexo e o nível de atividade física.
Já Fontoura, Formentin e Abech (2008) colocam como fatores a distensibilidade da
capsula articular, temperatura e volume muscular. Além do volume muscular pode-se citar
também a quantidade de gordura corporal que pode ser uma barreira devido ao contato mais
imediato entre os eixos articulares.
A ADM ou flexibilidade de uma articulação dependerá do tipo de articulação que se
trata (deslizante, gínglimo, trocóidea, condilóide e esteróide) além de fatores morfológicos
59

como a geometria articular, cápsula articular, ligamentos, tendões e músculos desta


articulação a ser analisada (HEYWARD, 2004).
Achour Junior (2006) sentencia também alguns dos fatores que podem interferir na
flexibilidade de cada indivíduo, são eles: quantidade de tecido conjuntivo, dimensão e
arquitetura muscular, área transversal, tamanho muscular e ângulo muscular em relação à
articulação.
ACSM (2000) retrata a distensibilidade da cápsula articular, temperatura muscular,
viscosidade muscular, complacência de ligamentos e tendões como fatores intervenientes na
flexibilidade.
Outros fatores intervenientes de acordo com Alter (2010) seriam: variações genéticas,
padrões de atividades pessoais e esforços mecânicos especializados impostos ao tecido
conjuntivo.
Maud e Kerr (2009) julgam os seguintes fatores: congruência das articulações,
tendões, ligamentos, fáscia, cápsulas articulares, tecido adiposo juntamente com os músculos,
além da relação muscular agonista e antagonista.
Bloomfield e Wilson (2000) retratam os seguintes fatores: tipos físicos (ectomorfo,
endomorfo ou mesomorfo). Os autores citam o exemplo dos indivíduos mesomorfos que
possuem grandes massas musculares e limitam a expressão da capacidade. Além do tipo
físico, a expressão desta capacidade para estes autores depende também dos ligamentos,
músculos, tendões, cápsula articular, tamanho e forma dos ossos além de como são
articulados, idade, condições ambientais, aquecimento, efeitos psicológicos como coesão de
grupo onde alguns servem como modelos de correta execução e auxiliam os outros membros
do grupo, tecido ligamentar, fáscia, órgãos sensoriais ou proprioceptivos como fusos
musculares e Órgãos Tendinosos de Golgi, pois, dependendo de suas atividades podem
influenciar a manifestação da capacidade.
O aquecimento é um fator que deve ser levado em conta na avaliação e manifestação
da flexibilidade. É importante ressaltar que a avaliação e reavaliação devam ser feitas sempre
nas mesmas circunstâncias e isto remete ao uso de aquecimento antes do protocolo ou não.
Dependendo do protocolo a ser utilizado para realizar a avaliação há a necessidade de
aquecimento ou não.
Di Alencar e Matias (2010) relatam que o aquecimento é capaz de aumentar a
temperatura muscular e do metabolismo, aumentando assim a elasticidade do tecido muscular,
tendões e ligamentos, aumento da produção de líquido sinovial proporcionado lubrificação
das articulações. Estes fatores estão completamente relacionados à flexibilidade e ADM e são
60

ocasionados pelo aquecimento, conclusivamente sendo um fator interveniente na


flexibilidade.
Levando em conta a possibilidade de expressão dos tipos de flexibilidade (dinâmica e
estática), existem estudiosos que analisaram a influência de alguns fatores que dificultavam a
expressão desta capacidade de forma dinâmica: durante a execução de movimentos ocorre a
manifestação da flexibilidade dinâmica e assim a articulação encontra resistências para a
expressão desta capacidade, são estas: cápsula articular oferendo 47% de resistência ao
movimento, músculos oferecem 41%, tendões e ligamentos oferecem 10% e a pele oferece
apenas 2% de resistência (JOHNS; WRIGHT, 1962).
Todos os fatores podem ser relacionados e estudados. Entretanto na literatura é
estabelecido que a falta de flexibilidade é ocasionada principalmente pela inatividade física
(HEYWARD, 2004) ou declínio da atividade física diária com o passar do tempo
(QUEIROGA, 2005).

3.9 Importância da avaliação da flexibilidade


É importante não tirar o foco de uma avaliação do parâmetro desta capacidade motora,
pois um baixo nível de flexibilidade pode trazer consigo dificuldades em aprender
movimentos, em aperfeiçoar movimentos, predisposições a lesões e desenvolvimento afetado
da força, velocidade e coordenação (CHARRO et al., 2010) além de uma menor qualidade de
vida.
Heyward (2004) trata a flexibilidade como um importante componente da aptidão
física relacionada à saúde. Esta capacidade níveis adequados corrobora com a independência
funcional e em níveis reduzidos pode estar associada a dores lombares e lesões musculares.
Albino et al. (2012) trata a redução de flexibilidade como um dos principais fatores
relacionados às limitações das atividades da vida diária e elevados índices de quedas, sendo
assim muito importante a avaliação e observação desta capacidade motora em idosos
principalmente, sendo necessário também a atenção voltada aos adultos.
No contexto da saúde, Queiroga (2005) julga a flexibilidade importante por influenciar
na execução das atividades diárias, previne dores e conservação da estabilidade músculo-
articular.
Um conceito importante para avaliação é a reserva de flexibilidade, que pode ser
entendida como a diferença entre a flexibilidade ativa e a flexibilidade passiva. Quanto maior
for esta reserva, menores serão as dificuldades e predisposições a lesões. Do mesmo modo
61

maiores reservas de flexibilidade e maiores níveis de flexibilidade gerais facilitam execuções


de tarefas rápidas, enérgicas, fáceis e expressivas (BOMPA, 2002).
Outro fator que justifica a avaliação tanto no campo esportivo quanto na saúde é o
simples fato de estabelecer uma linha de base que serve para comparações posteriores a uma
intervenção com exercícios ou reabilitação no caso de lesões além de possibilitar a
comparação com valores normativos (MAUD; KERR, 2009).
Mais fatores podem ser relacionados quanto à necessidade de uma avaliação, como:
comparação com valores de referência, comparar a simetria entre os membros direito e
esquerdo, fornece informações importantes quanto à prescrição e necessidade de exercícios de
alongamento e fortalecimento (QUEIROGA, 2005).
Charro et al. (2010) retrata movimentos que são essenciais para uma boa avaliação de
flexibilidade nos parâmetros físicos e de saúde, são eles: articulação dos ombros – movimento
de flexão e extensão, articulação do quadril – movimento de flexão com o joelho fletido e
estendido, articulação da coluna torácica e lombar – movimento de flexão, articulação da
coluna cervical – movimento de flexão e articulação do tornozelo – movimento de flexão e
extensão. Já Queiroga (2005) enfatiza a os seguintes pontos: região do quadril e porção
inferior da coluna. A justificativa de avaliação destes locais é devido à lombalgia que está
muito presente na população em nosso cotidiano.
Acima é retratada a importância de avaliar a flexibilidade no contexto da saúde. No
esporte a importância da avaliação é um pouco diferenciada e deve ser feita de acordo com o a
modalidade a ser envolvida na avaliação, dependendo particularmente dos movimentos e
articulações que são envolvidos e valorizados. Assim a avaliação é extremamente dependente
dos movimentos mais frequentes e únicos de cada modalidade esportiva (ALTER, 2010).
Queiroga (2005) julga importante o equilíbrio entre força e flexibilidade devido a melhoria da
técnica nas ações motoras, mantêm integridade dos músculos e este equilíbrio está associado a
um menor índice de lesões nos membros inferiores.
É necessário saber exatamente os valores aceitáveis de flexibilidade para cada
articulação. A falta promove diversos danos, mas o treinamento em excesso também pode
trazer prejuízos aos praticantes. Com ele é possível desenvolver ADM´s superiores aos
valores aceitáveis o que leva a lassidão articular, um estado de instabilidade aumentando o
risco de lesões musculares. Em casos de insuficiência é necessário tomar esses cuidados, pois,
o treinamento regular aumenta significativamente os níveis desta capacidade e pode levar
assim a hiperflexibilidade ou hipermobilidade, condições que podem promover a instabilidade
articular e levar aos mesmos prejuízos (BLOOMFIELD; WILSON, 2000).
62

Concluindo, faz-se lógica a necessidade de avaliações regulares com o intuito de


verificar as mudanças ocasionadas pelo treinamento buscando a manutenção de níveis ótimos
de flexibilidade.

3.10 A aplicação da avaliação da flexibilidade nos diferentes campos e contextos


Este item tratará de alguns campos e contextos onde a avaliação é utilizada e
importante. Entretanto, como o propósito do trabalho não será o de unicamente a apresentação
destes, uma sucinta explanação será feita.
É relevante avaliar pacientes que passaram por cirurgias ortopédicas e se recuperam ou
que obtiveram uma lesão ortopédica (MORROW JUNIOR et al., 2003). Portanto esta
aplicação de avaliação fica a cargo dos profissionais de fisioterapia.
O flexímetro foi utilizado para verificar a recuperação dos movimentos articulares do
ombro de mulheres que foram submetidas à cirurgia devido ao câncer de mama pré e pós-
intervenção com exercícios (MELCHIOR, 2007). Este foi um estudo realizado por uma
enfermeira, mostrando que a avaliação pode ser utilizada no campo profissional da
enfermagem aplicado a saúde pública.
Barreiro (2003) utilizou a tecnologia na área de engenharia para a criação de um
método que faz o uso de sensores óticos que transmitem as informações adquiridas dos
ângulos articulares de membros superiores diretamente para um computador, auxiliando assim
todos os profissionais que necessitem fazer estas avaliações.
Finalizando, pode-se utilizar a avaliação em diversos campos e contextos. Essa revisão
encontrou profissionais da fisioterapia, enfermagem, engenharia e educação física como
usuários de avaliações da flexibilidade ou que contribuam para o seu progresso.

3.11 O treinamento da flexibilidade


A flexibilidade pode ser treinada através de três métodos: o balístico, facilitação
neuromuscular proprioceptiva (FNP) e o estático (VIVEIROS et al., 2004).
O método balístico consiste na tentativa de conseguir um movimento rápido, explosivo
a partir de insistências ou movimentos oscilatórios.
O método FNP consiste no alongamento de maneira passiva primeiramente, ativando
os fusos musculares provocando uma contração muscular involuntária, posteriormente
envolve a contração voluntária do indivíduo sem cessar o alongamento passivo (contração
isométrica), estimulando os Órgãos Tendinosos de Golgi a provocar o relaxamento desta
musculatura que é alongada de maneira estritamente passiva após esta contração voluntária
(BLOOMFIELD; WILSON, 2000).
63

O método estático consiste em realizar o alongamento até o início de um pequeno


desconforto muscular e sustentá-lo por um período de tempo.
Os três métodos englobam a possibilidade de melhora da flexibilidade. Todavia
encontra-se dificuldade em dizer qual seria o melhor deles para o treinamento de modo geral
devido às várias articulações e grupos musculares encontrados no corpo humano. Alguns
estudos apresentaram resultados envolvendo apenas uma ou duas articulações. São
necessários mais estudos para comprovar a eficácia dos métodos envolvendo grande parte
delas ou as principais.
Algumas informações já constam na literatura e podem ser cruciais para a escolha de
um destes métodos de treinamento. Heyward (2004) cita algumas vantagens e desvantagens
dos métodos muito importantes para a decisão na utilização de ordem prática, envolvendo
alguns aspectos: risco de lesão, grau de dor e praticidade. A partir da avaliação prévia de um
indivíduo e de suas condições físicas, psicológicas e disponibilidade de tempo é possível
conhecer quais destes aspectos podem ser valorizados ou negligenciados.
O limiar de dor de um indivíduo pode ser determinante na escolha do tipo de
exercício, uma vez que o método FNP envolve alto grau de dor, já o método estático envolve
baixo grau de dor e o método balístico médio grau de dor.
A ocorrência de lesões também pode ser um aspecto determinante, já que indivíduos
manifestam diferentes números e tipos de lesões e ainda a possibilidade de ocorrerem em
diferentes articulações, assim a escolha do exercício pode variar de articulação para
articulação. O método FNP apresenta médio risco de lesão se comparado ao método estático
que é de baixo risco, já o método balístico apresenta alto risco em contraposição aos dois
anteriores.
A disponibilidade de tempo de um indivíduo, o grau de adaptação e disponibilidade ou
não de um ajudante para execução do treinamento como um profissional de educação física
também pode ser determinante na escolha do método. O método FNP exige a disponibilidade
de um ajudante experiente para diminuir o risco de lesões devido à aplicação correta de tensão
(BLOOMFIELD; WILSON, 2000) e mais tempo para sua execução, já o método estático e o
método balístico podem não exigir para a sua execução um auxiliar e são realizados em menor
tempo.
A partir destes três aspectos existe a possibilidade de análise para a escolha do melhor
método dependendo da situação atual em que o aspirante ao treinamento de flexibilidade se
encontra.
64

Devem ser treinadas as articulações e grupos musculares com maiores necessidades de


acordo com os resultados obtidos através da avaliação. O início de um programa para o
treinamento desta capacidade fixa-se em um determinado volume, com o passar do tempo as
adaptações aos estímulos são notáveis e existe um meio no qual é possível melhores
resultados, a sobrecarga. Ela é obtida aumentando o volume de treinamento. Este pode ser
manipulado desde a duração do exercício, número de repetições, número de exercícios e até a
frequência semanal. Todas essas variáveis podem ser manipuladas objetivando uma boa
adaptação e, portanto, melhora na flexibilidade.
A cápsula articular e os ligamentos são compostos de um tecido não elástico. Já o
músculo é composto por um tecido mais elástico e o treinamento será mais efetivo neste
tecido ajudando a reduzir o nível de resistência imposto por este contribuindo a reduzirem os
níveis de resistências gerais.
O treinamento de flexibilidade aumenta a ADM de várias articulações em adultos mais
velhos (STATHOKOSTAS et al., 2012). Está é a justificativa para profissionais e
pesquisadores incluírem o treinamento desta capacidade motora, avaliação e tentativa de
estabelecer relações com outras capacidades.
Alter (2010) relata alguns benefícios que o treinamento pode propiciar aos praticantes:
relaxamento para diminuir o estresse e a tensão, relaxamento muscular, autodisciplina,
autoconhecimento, condicionamento, postura, simetria corporal, alívio da dor lombar, alívio
de cãibras musculares, alívio da dor muscular, prevenção de lesão, melhor estado do sono,
melhora do sexo, satisfação e prazer.
O treinamento para a saúde necessita ter o enfoque nas principais articulações do
corpo humano, as mesmas recomendadas para avaliação na saúde: ombros, quadril, coluna
cervical, coluna torácica, coluna lombar e tornozelos. Serão as mesmas articulações a serem
enfatizadas no treinamento, pois influenciam diretamente na qualidade de vida em longo
prazo. É correto reafirmar a importância da avaliação de todas estas articulações para detectar
possíveis desvios e corrigi-los. Caso o avaliador não encontre nenhum parâmetro com
necessidade de ajustes é indicado o treinamento generalizado para manutenção da capacidade,
sempre com cautela para não promoção da hipermobilidade.
O treinamento para o esporte também segue a mesma lógica da avaliação. É
extremamente dependente da modalidade, ou seja, dos movimentos únicos e mais frequentes
realizados em determinadas articulações. Deste modo o treinamento fica focado nestas
articulações que realizam os movimentos específicos (ALTER, 2010). Assim o princípio de
65

especificidade do treinamento esportivo é altamente valorizado no treinamento desta


capacidade motora.
O treinamento desta capacidade no esporte pode auxiliar na execução de movimentos
com maiores níveis de força, potência e velocidade. O que esclarece estas melhoras é uma
maior ADM, a qual possibilita aumento da distância e tempo para desenvolvimento da força
(CIULLO; ZARINS, 1983). O treinamento pode auxiliar na melhora da técnica e suavidade
de movimentos, o primeiro essencial a maioria das modalidades e o segundo específico a
esportes como ginástica, mergulho e patinação no gelo. Os árbitros destas modalidades
valorizam este aspecto para elaborar a pontuação do atleta (BLOOMFIELD; WILSON, 2000).
Bloomfield e Wilson (2000) retratam os exercícios específicos de alongamento para
desenvolver a flexibilidade adequada em cada modalidade esportiva, podendo ser visualizados
na página 319 do seu livro.
66

4. CONSIDERAÇÕES PRINCIPAIS

A literatura reporta algumas necessidades e aspectos importantes na concepção ou


seleção de um instrumento de avaliação. A principal necessidade é a aplicabilidade que por
definição deve ser algo de fácil utilização e deve envolver simplicidade e praticidade além de
baixo custo operacional (AMADIO; BARBANTI, 2000; MACHADO, 2004). Deve envolver
também abrangência nas medidas de diferentes flexibilidades, especificidade dos testes e
segurança do avaliado na sua aplicação.
Os aspectos a seguir foram derivados das necessidades que o instrumento ou teste
deve atender para possuir a aplicabilidade no cotidiano do profissional de educação física e
esporte. Abaixo estão agrupados cada um dos aspectos de acordo com cada necessidade que o
teste ou instrumento deve conter:
SIMPLICIDADE E PRATICIDADE
- Não necessita de um auxiliar
- Não requer conhecimento aprofundado em anatomia
- Requer pouco tempo para a realização do teste
- Não requer treinamento prévio do teste
ESPECIFICIDADE
- Resultados obtidos em unidades angulares
- Não requer instrumentos específicos
ABRANGÊNCIA
- Envolve a possibilidade de avaliação
- Há referencial bibliográfico para avaliar a flexibilidade ativa
- Há referencial bibliográfico para avaliar a flexibilidade passiva
- Possibilidade de avaliar a reserva de flexibilidade
- Possibilidade de avaliar diversas articulações
Baixo custo operacional
- Baixo custo de instrumentos
OUTROS
- Não apresenta exposição e riscos para a saúde
67

4.1 Análises particulares de cada aspecto levando em conta os instrumentos e testes


Para uma melhor reflexão e compreensão, foi feita uma análise particular de cada
aspecto e posteriormente a análise particular de cada instrumento ou teste com a ótica voltada
ao aspecto.

4.1.1 Não necessita de um auxiliar


Alguns testes e instrumentos podem requisitar um auxiliar para possibilitar e facilitar
as avaliações. Esse fato pode contestar a praticidade. A análise de cada um dos testes e
instrumentos é feita a seguir levando em conta a necessidade de um auxiliar ou não.
O teste de Bloomfield pode trazer a dificuldade de execução e estabilização de alguns
movimentos por parte do avaliado, assim um auxiliar pode ajudá-lo enquanto o avaliador
pode ter uma visão mais ampla e melhor para realizar uma correta classificação dos valores,
lembrando que estes podem ser intermediários dificultando ainda mais a certeza do resultado.
O flexiteste necessita de um auxiliar, a partir do momento que se conte com a
necessidade de uma visão distanciada do avaliado justificada pelo fato dos movimentos serem
de origem passiva o que obriga o avaliador a ficar muito próximo do avaliado não podendo
em alguns casos ter a visão clara da posição para a análise.
Em alguns dos movimentos dos testes de comprimento muscular o avaliador necessita
auxiliar o avaliado para correta execução, assim é preciso ter um auxiliar um pouco mais
distante do avaliado para poder julgar a posição adquirida por este.
Utilizando o goniômetro universal, os movimentos realizados de maneira ativa pelo
avaliado podem ser observados e registrados a uma distância correta, porém, a avaliação da
flexibilidade passiva não é possível ser realizada sem a ajuda de um auxiliar. O movimento
passivo requer a ajuda do avaliador que, dependendo do movimento, não tem a possibilidade
de visualizar o escore obtido pelo teste e assim o auxiliar visualiza e registra o escore.
O inclinômetro possui o mesmo princípio do goniômetro universal, ou seja, na
avaliação dos movimentos ativos este instrumento não traz a demanda de um auxiliar para
captar as medidas, porém, quando se deseja realizar medidas da flexibilidade passiva, o
avaliador necessita de um auxiliar para visualizar o escore devido à necessidade desse realizar
a manutenção da posição de algum eixo articular para possibilitar a avaliação da flexibilidade
passiva.
A radiografia segue os mesmos princípios do goniômetro universal e do inclinômetro.
Não há necessidade de um auxiliar em medidas com movimentos ativos, porém quando é
68

preciso realizar a avaliação da flexibilidade passiva, um auxiliar deve efetuar a manutenção da


posição articular para o avaliador realizar a radiografia.
Os testes e instrumentos que não necessitam de um auxiliar para sua execução são os
seguintes: sentar e alcançar, sentar e alcançar modificado, sentar e alcançar em V, sentar e
alcançar preservando as costas, sentar e alcançar preservando as costas em um banco, sentar e
alcançar na cadeira para idosos, teste de extensão de pele, testes de medição indireta e o
flexímetro, que ainda traz a vantagem de obtenção das medidas passivas além das medidas
ativas sem necessidade de um auxiliar.

4.1.2 Não requer conhecimento aprofundado em anatomia


Alguns testes e instrumentos requerem demarcações para a correta interpretação e
obtenção das medidas que mais tarde serão avaliadas. O avaliador necessita de bagagem
anatômica para a correta aplicação destes e isto pode retardar um pouco a praticidade quando
o avaliador não possui o expertise dos pontos e referências necessitando assim consultar livros
e atlas de anatomia para a avaliação. A análise de cada um dos testes e instrumentos é feita a
seguir levando em conta a necessidade ou não dos conhecimentos em anatomia.
Cada um dos testes de comprimentos musculares utilizam músculos ou grupos
musculares específicos para avaliação. Esse fator já é determinante para execução de uma
correta avaliação, pois, o avaliador necessita saber exatamente o que está testando para
prescrever exercícios de força ou alongamento para músculos específicos. Outro fator que
justifica o conhecimento em anatomia são as posições que o avaliado assume e o avaliador
interpreta-as de acordo com referências anatômicas e sua relação com as superfícies de
contato entre o avaliado e o ambiente.
Apesar de ser simples a visualização das referências no teste de extensão de pele, as
fossas laterais lombares ou “covinhas de Vênus” devem ser localizadas e demarcadas para a
execução do teste e exige um mínimo do conhecimento em anatomia.
Algumas medidas dos testes de medição indireta requerem referências simples como a
ponta dos dedos. Porém, outras medidas envolvem conhecimentos específicos em anatomia,
para isso é necessário saber referências como o esterno, processo mastoide do crânio e
processo acromial, referências que justificam a inclusão dos testes em necessidade de
conhecimentos anatômicos.
O goniômetro universal requer em alguns de seus movimentos eixos articulares
específicos para serem alinhados as hastes do próprio goniômetro (CHARRO et al., 2010) e
podem prejudicar a avaliação caso sejam mal posicionadas e não referenciadas em pontos
69

anatômicos específicos (PALMER; EPLER, 2000). Isto pode acontecer pela falta de
experiência do avaliador em conhecimentos anatômicos (MAUD; KERR, 2009) e também
pelo comprimento das hastes, algumas vezes as curtas dificultam a medida de algumas
articulações e as longas dificultam a medida de outras articulações. Portanto, os
conhecimentos em anatomia são pré-requisitos para utilização do instrumento.
Muitas das posições feitas a partir do inclinômetro para avaliação da flexibilidade
necessitam de conhecimentos específicos de ossos e suas localizações, como por exemplo,
para a medida da flexão do pescoço onde o avaliador necessita saber a posição do processo
espinhoso T1 para o correto posicionamento do instrumento (MAUD; KERR, 2009).
Após a obtenção das radiografias o avaliador necessita saber qual é a articulação
correta a ser avaliada e isto exige conhecimentos específicos de anatomia articular.
Os testes e instrumentos que não requerem conhecimentos aprofundados em anatomia
são os seguintes: teste de Bloomfield, flexiteste, sentar e alcançar, sentar e alcançar
modificado, sentar e alcançar em V, sentar e alcançar preservando as costas, sentar e alcançar
preservando as costas em um banco, sentar e alcançar na cadeira para idosos, flexímetro
(apenas é necessário o correto alinhamento do flexímetro comparado à posição anatômica e
assim não exige especificamente conhecimentos anatômicos).

4.1.3 Envolve a possibilidade de avaliação


Um teste ou instrumento essencialmente deve ter alguns parâmetros estabelecidos
como escores ou classificações para possibilitar o julgamento dos avaliados. Isso é um
conceito básico de avaliação e também para praticidade e aplicabilidade dos testes e
instrumentos que serão analisados abaixo.
O teste de Bloomfield possui a classificação individual das posições atingidas pelo
avaliado e propõe um escore apenas individual de cada uma dessas posições.
O flexiteste apresenta o nível de flexibilidade geral do indivíduo avaliado, denominado
flexíndice e assim possibilita a comparação aos níveis pré-estabelecidos na literatura.
O teste de sentar e alcançar, teste de sentar e alcançar modificado, teste de sentar e
alcançar em V e o teste de sentar e alcançar preservando as costas possuem níveis
estabelecidos para avaliação flexibilidade e ainda contam com a distinção entre gênero e
idade.
O teste de sentar e alcançar na cadeira para idosos possui um escore específico para a
população idosa.
O teste de extensão de pele possui um escore específico para a ADM lombar.
70

Há na literatura os ângulos comumente encontrados para ADM de pessoas saudáveis.


Assim é possível realizar a avaliação de diversas articulações, possibilitando a ação particular
para avaliar e intervir de maneira específica. Estes ângulos são utilizados através dos testes
angulares.
Os testes de comprimento muscular avaliam as posições atingidas pelo avaliado,
julgando a partir destas se a flexibilidade é normal, restrita ou excessiva.
Os testes que não têm referencial algum para efetuar uma avaliação ou julgamento são
os testes de medição indireta e o teste de sentar e alcançar preservando as costas em um
banco, uma vez que não possuem escores estabelecidos na literatura (HEYWARD, 2004;
MAUD; KERR, 2009). Através deles obtêm-se apenas medidas para comparações intra-
individuais.

4.1.4 Há referencial bibliográfico para avaliar a flexibilidade ativa


A possibilidade de avaliação da flexibilidade em suas diferentes manifestações é um
diferencial positivo. Portanto, os testes e instrumentos que apresentam escores ou
classificações para avaliar flexibilidade ativa são valorizados e contextualizados neste
aspecto.
Os testes e instrumentos que possuem escores para a flexibilidade ativa são: teste de
Bloomfield, todos os testes lineares com exceção dos testes de medição indireta e teste de
sentar e alcançar preservando as costas em um banco. Todos os testes angulares possuem
escores ativos. Os testes de comprimento muscular que apesar de não possuírem escores do
tipo ativo, possuem classificações para avaliação.
Já os que não apresentam a possibilidade desta classificação são o flexiteste e os testes
de medição indireta.

4.1.5 Há referencial bibliográfico para avaliar a flexibilidade passiva


A presença dos escores ou classificações possibilita avaliar um indivíduo no meio
profissional. Avaliar a flexibilidade em suas diferentes manifestações é relevante para
diversificar e aperfeiçoar a avaliação desta capacidade.
Com o flexiteste apesar de não se obter um escore individualizado para cada
articulação do corpo humano, este teste traz consigo um escore geral da flexibilidade passiva.
71

Com o goniômetro universal é possível a obtenção e classificação de escores para a


flexibilidade passiva de maneira individualizada para cada articulação. É presente na literatura
tabelas que possibilitam a avaliação da flexibilidade passiva de diversas articulações. Esses
escores são também utilizáveis pelos outros testes angulares. Na radiografia é necessário o
cuidado para a prevenção de problemas devido à radiação por parte do avaliado e do avaliador
que pode ter presença necessária no momento da obtenção de imagem pela característica da
flexibilidade passiva que pode envolver um auxiliar para a obtenção de seu escore. Além
deste, outro cuidado deve ser necessário, o avaliador deve se posicionar de maneira a não
intervir na obtenção da imagem da posição relativa da articulação a ser avaliada.
A partir desta revisão de literatura não foram encontrados escores ou classificações de
flexibilidade passiva para os seguintes testes e instrumentos: sentar e alcançar, sentar e
alcançar modificado, sentar e alcançar em V, sentar e alcançar preservando as costas, sentar e
alcançar preservando as costas em um banco, sentar e alcançar na cadeira para idosos,
extensão de pele (os escores deste teste são apenas de flexibilidade ativa), testes de medição
indireta (apesar de efetuarem-se algumas medidas, nenhuma delas é de flexibilidade passiva,
pois, os movimentos realizados pelo avaliado são de maneira ativa e não há na literatura
escores estabelecidos para esses testes) e o teste de Bloomfield que não pode envolver auxílio
do avaliador na mensuração da flexibilidade, apenas em casos que não atrapalhem o valor
final do resultado (BLOOMFIELD; ACKLAND; ELLIOT, 1994) além dos testes de
comprimento muscular.

4.1.6 Resultados obtidos em unidades angulares


É de suma importância a obtenção dos valores do teste ou instrumento na unidade
angular. Heyward (2004) trata a unidade angular como a melhor forma para obtenção dos
resultados para esta capacidade. Isto só é possível quando se realiza testes angulares. Os testes
adimensionais e lineares não capazes de atingir o resultado que vai de encontro à definição
para a flexibilidade: ADM de uma articulação, logicamente medida em graus. Para afirmar e
ter certeza deste aspecto é necessário observar que o padrão ouro na literatura é a radiografia e
os seus resultados são obtidos nas unidades angulares (FLORÊNCIO et al., 2010). Assim
ratificamos a necessidade deste item.
Os testes adimensionais e lineares não permitem a obtenção de medidas em unidades
angulares. Portanto, não atendem a esse aspecto: teste de Bloomfield, flexiteste, testes de
comprimento muscular, sentar e alcançar, sentar e alcançar modificado, sentar e alcançar em
72

V, sentar e alcançar preservando as costas, sentar e alcançar preservando as costas em um


banco, sentar e alcançar na cadeira para idosos, extensão de pele e testes de medição indireta.
Apenas os testes angulares atendem a esse aspecto e as medidas angulares podem ser
obtidas através dos seguintes instrumentos: goniômetro universal, flexímetro, inclinômetro e
radiografia.

4.1.7 Não requer treinamento prévio do teste


O treinamento prévio de um teste ou utilização de um instrumento são fatores que
devem ser considerados levando em conta a aplicabilidade e utilização desses. Quanto maior
for o tempo do treinamento prévio para a aplicação que o teste ou instrumento requisita menor
será a agilidade e velocidade para o seu uso no cotidiano.
O teste de Bloomfield e o flexiteste envolvem o relacionamento entre avaliador e
avaliado, exigindo o conhecimento prévio por parte do avaliador das diversas posições a
serem feitas com o avaliado. Assim é necessário um treinamento com o intuito de realizá-las
corretamente no dia do teste.
Ao todo são 11 testes de comprimento muscular. É preciso ter um bom conhecimento
de cada um deles para uma avaliação contínua e impreterivelmente é necessário o treinamento
para a classificação correta das posições atingidas pelo avaliado.
O teste de extensão de pele exige do avaliador demarcações específicas que envolvem
o conhecimento em anatomia e devem ser treinadas com o objetivo de não demarcar
incorretamente os pontos anatômicos e comprometer o resultado. Além disso, a demarcação
só é feita com o avaliado no local de avaliação e para execução com agilidade é necessário
também o treinamento prévio dessa etapa.
Os testes de medição indireta envolvem muitos movimentos, ao todo são realizados 7
testes e cada um tem um ponto anatômico específico a ser analisado. Com isto o avaliador
necessita de treinamento para conseguir realizar as avaliações de maneira dinâmica e não
comprometer outros aspectos importantes a serem avaliados.
Os testes angulares são instrumentos que disponibilizam suas aplicações em diversas
articulações, é preciso ter o conhecimento prévio de todos os movimentos a serem realizados
nas diferentes articulações e isto exige o treinamento prévio.
Os testes e instrumentos que não necessitam de treinamento prévio para sua aplicação
são os seguintes: sentar e alcançar, sentar e alcançar modificado, sentar e alcançar
preservando as costas, sentar e alcançar preservando as costas em um banco, sentar e alcançar
na cadeira para idosos (não é preciso nestes dois testes avaliadores especializados para
73

execução destes (QUEIROGA, 2005), é preciso apenas saber comandos triviais a serem
exigidos do avaliado) e sentar e alcançar em V (envolve uma demarcação do terreno anterior à
execução do teste, porém, esta demarcação pode ser feita antes das avaliações a serem feitas e
assim não compromete a agilidade do teste que também pode ser considerado de comandos
triviais para execução).

4.1.8 Requer pouco tempo para a realização do teste


Quando se faz uma avaliação, diversas capacidades são abordadas. De tal modo é
preciso testes ou instrumentos que não consumam muito o tempo hábil. Com este intuito, este
aspecto deve ser valorizado, considerando uma boa aplicabilidade e agilidade em nosso
cotidiano.
O teste de Bloomfield envolve a realização de 15 movimentos diferentes enquanto o
flexiteste envolve 20, os testes de comprimento muscular envolvem 11 para a avaliação
completa e os testes de medição indireta envolvem 7 movimentos a serem feitos pelo avaliado
com supervisão do avaliador. Mesmo o avaliador sendo treinado para realização correta de
todos os movimentos, é necessário ainda prever a possibilidade de um avaliado inexperiente
que ainda não tenha feito nenhum tipo de avaliação semelhante a estas e o tempo gasto para a
realização de todos os movimentos é ainda maior. Assim pode-se considerar que estes testes
envolvem um alto dispêndio de tempo para a sua realização.
Uma boa avaliação da flexibilidade em saúde leva em conta 6 movimentos que serão
feitos em articulações únicas como o quadril e coluna, mas também em articulações bilaterais
como os joelhos, tornozelos e ombros. Já para o esporte é preciso uma análise prévia das
articulações mais valorizadas de acordo com o contexto.
É possível afirmar que para a realização de uma avaliação completa, tanto no âmbito
da saúde como no âmbito do esporte, um tempo precioso de uma avaliação geral é consumido.
Nessas condições podem ser considerados os seguintes instrumentos: goniômetro universal,
flexímetro, inclinômetro e radiografia. Uma observação quanto à utilização da radiografia
deve ser feita: pode envolver o deslocamento do avaliado e avaliador ao local específico do
instrumento para sua utilização, solicitando ainda mais tempo.
Os testes que requerem pouco tempo para sua aplicação são os seguintes: sentar e
alcançar, sentar e alcançar modificado e sentar e alcançar em V consistem de apenas um
movimento. Sentar e alcançar preservando as costas, sentar e alcançar preservando as costas
em um banco, sentar e alcançar na cadeira para idosos consistem de apenas dois movimentos.
74

O teste de extensão de pele apesar de envolver a demarcação prévia dos pontos anatômicos
conta com apenas um movimento.

4.1.9 Possibilidade de avaliar diversas articulações


Este é um dos aspectos mais valorizados e referenciados da literatura consultada nesta
revisão.
Como podemos observar diversos autores citam a importância de avaliar
particularmente as articulações do organismo humano (ACHOUR JUNIOR, 2006; ALTER,
2010; BARBANTI, 2001). Não é possível afirmar a flexibilidade geral do organismo
efetuando-se um único teste, é uma capacidade altamente específica por articulação
(BLOOMFIELD; WILSON, 2000), assim conclui-se a necessidade de selecionar vários itens
a fim de tentar avaliar a flexibilidade geral do organismo e os pontos que necessitam ser
melhorados (HEYARD, 2004).
Corroborando com esta última ideia ACSM (2000) retrata a importância de nunca
estimar um resultado de flexibilidade geral a partir de um único teste, pois nenhum teste
isolado seria capaz desta avaliação. Queiroga (2005) desponta a importância de o
envolvimento de vários segmentos articulares quando se deseja avaliar a flexibilidade de um
indivíduo.
Finalizando, Morrow Junior et al. (2003) afirma a flexibilidade ser um fator específico
por cada articulação, não existindo um teste válido para avaliar a flexibilidade geral.
A ideia desse aspecto é em seu sentido estrito, portanto, o teste ou instrumento deve
possibilitar minimamente uma classificação qualitativa ou quantitativa de cada articulação
avaliada.
É possível através do teste de Bloomfield realizar os movimentos em várias
articulações e obter os escores de maneira separada, porém, a única informação que se obtêm
com o teste é a classificação da articulação que pode ser considerada com hipermobilidade ou
não. Para uma classificação ou avaliação é preciso incorporar uma escala subjetiva. Portanto é
possível considerar uma avaliação particular de cada articulação de maneira qualitativa.
Assim, esse fornece pontos interessantes na prescrição dos exercícios de força ou
flexibilidade, possibilitando a classificação de cada articulação para intervenção pelos
profissionais de educação física e esporte.
Os testes de comprimento muscular permitem avaliar várias articulações e ainda
possibilitam o profissional estabelecer diretrizes para prescrição de exercícios de flexibilidade
ou força individualmente de acordo com o resultado de cada articulação.
75

Os instrumentos goniômetro universal, flexímetro, inclinômetro e radiografia


permitem testar o nível de flexibilidade de diversas articulações e ainda fornecem
informações importantes para a prescrição do treinamento. Queiroga (2005) demonstra que o
flexímetro permite avaliar a ADM de 9 articulações com 32 ações articulares. Maud e Kerr
(2009) retratam a variedade de articulações que é possível avaliar com o inclinômetro que
possui uma amplitude de avaliação semelhante ao flexímetro.
Os teste e instrumentos que não atendem a possibilidade de avaliação de diversas
articulações são os seguintes: sentar e alcançar, sentar e alcançar modificado, sentar e alcançar
em V, sentar e alcançar preservando as costas, sentar e alcançar preservando as costas em um
banco e sentar e alcançar na cadeira para idosos, pois, o propósito destes testes é avaliar a
flexibilidade do quadril (músculos isquiotibiais) e lombar. Assim não podem ser considerados
testes abrangentes por esse aspecto. Além destes, o teste de extensão de pele tem o propósito
de avaliar apenas a flexibilidade da coluna lombar. Por meio dos testes de flexibilidade de
medição indireta é possível obter apenas medidas que retratam a flexibilidade dos membros
superiores.
Além de todos estes que não permitem avaliar diversas articulações, o flexiteste deve
ser incluído nesta lista, pois, é possível através dele fazer os movimentos em várias
articulações e obter os escores de maneira separada. Porém o escore final é o de flexibilidade
geral e assim não é possível avaliar, ou seja, classificar as flexibilidades das articulações de
maneira particular, a não ser que se faça subjetivamente e isso possibilita avaliar cada
articulação de maneira intuitiva. Mas seguindo a linha de raciocínio do trabalho, o teste deve
possibilitar estabelecer valores que ajudem na prescrição do treinamento de flexibilidade ou
para o treinamento de força, portanto o teste não atinge o ideal de fornecer auxílio ao
profissional na prescrição de exercícios.

4.1.10 Possibilidade de avaliar a reserva de flexibilidade


Com o escore de flexibilidade ativa e passiva obtidos existe a possibilidade da
avaliação da reserva de flexibilidade: diferença entre a flexibilidade passiva e a flexibilidade
ativa de uma mesma articulação, índice que pode auxiliar prevenir lesões e facilitar
movimentos necessários ao meio esportivo. Quanto maior a diferença entre a magnitude
destes valores melhor é a reserva de flexibilidade do indivíduo (CHARRO et al., 2010).
Neste aspecto é possível distinguir quais instrumentos ou testes permitirão a obtenção
da reserva de flexibilidade, assim será esclarecido qual deles possui escores estabelecidos na
76

literatura para flexibilidade ativa somente, passiva somente ou ativa e passiva


concomitantemente.
Os testes angulares possibilitam a aquisição e avaliação tanto da flexibilidade ativa,
quanto da flexibilidade passiva.
Os testes e instrumentos que não avaliam a flexibilidade ativa e passiva
concomitantemente são os seguintes: teste de Bloomfield que avalia apenas a flexibilidade
ativa do avaliado, pois o avaliado deve realizar os movimentos propostos pelo teste sem
auxilio do avaliador (BLOOMFIELD; ACKLAND; ELLIOT, 1994). Flexiteste (avalia apenas
flexibilidade passiva), testes de comprimento muscular (não fornecem informações de ordem
numérica para classificação do avaliado), sentar e alcançar, sentar e alcançar em V, sentar e
alcançar preservando as costas, sentar e alcançar preservando as costas em um banco e sentar
e alcançar na cadeira para idosos. Todos estes testes de sentar e alcançar, com exceção do
teste de sentar e alcançar preservando as costas em um banco, possuem escores para
flexibilidade ativa, contudo, podem ser executados de maneira passiva, porém nenhum deles
possui escores deste tipo na literatura e assim a avaliação da flexibilidade passiva por meio
destes testes é comprometida. As mesmas condições dos testes de sentar e alcançar são
retratadas com o teste de extensão de pele. Os testes de medição indireta não possuem escores
na literatura, suas medidas servem apenas para comparações intra-individuais.

4.1.11 Não requer instrumentos específicos


Alguns testes necessitam de elementos específicos para a realização e isto pode ser
determinante na escolha de um teste ou instrumento, uma vez que o profissional deve se
preocupar com outros parâmetros a serem avaliados.
A necessidade de elementos específicos dentro dos instrumentos fica clara e a seguir
está o detalhamento deste aspecto em cada um deles. Não serão levados em conta alguns itens
básicos como réguas, fitas métricas, papéis, canetas, fichas de coleta e outros equipamentos
que podem ser adquiridos com muita facilidade além de estarem disponíveis em muitos locais
e não especificamente em uma loja especializada em avaliação. Portanto estes itens não serão
considerados e estão fora do escopo desse aspecto.
Os testes sentar e alcançar, sentar e alcançar modificado e o sentar e alcançar
preservando as costas envolvem a necessidade de uma caixa de madeira com medidas pré-
estabelecidas.
O goniômetro universal, o flexímetro, o inclinômetro e a radiografia ou aparelho de
raios X são instrumentos e assim demandam a aquisição do equipamento para suas
77

utilizações. É válido lembrar que em alguns casos existe a necessidade de se usar dois
inclinômetros para uma correta obtenção das medidas de flexibilidade.
Os testes e instrumentos que não solicitam instrumentos específicos para a sua
execução são os seguintes: teste de Bloomfield, flexiteste, testes de comprimento muscular,
sentar e alcançar em V, sentar e alcançar preservando as costas em um banco, sentar e
alcançar na cadeira para idosos, extensão de pele (apesar da possibilidade de usar dois
inclinômetros para a realização deste) e os testes de medição indireta.

4.1.12 Baixo custo de instrumentos


Todos os instrumentos apresentados nesta revisão, com exceção da radiografia,
possuem um custo acessível para profissionais de educação física e esporte e podem ser
adquiridos com facilidade em qualquer estabelecimento especializado em avaliação física.
Queiroga (2005) retrata o flexímetro, por exemplo, ser um instrumento de baixo custo
operacional.
A radiografia é o método mais fidedigno para quantificar os ângulos formados entre as
articulações (NAYLOR et al., 2011; SPRIGLE et al., 2003). O instrumento que possibilita a
obtenção de uma radiografia seria o aparelho de raios X que possui um custo muito elevado,
tornando inapropriada sua obtenção e utilização frequente no cotidiano.

4.1.13 Não apresenta exposição de riscos para a saúde


A flexibilidade como toda capacidade, deve ser reavaliada para a observação das
modificações que ocorrem com o avançar da vida, com o treinamento, com a prática de
modalidades esportivas ou outras práticas diversas e também para verificar modificações
provocadas por doenças e lesões. Albino et al. (2012) relata que adultos perdem cerca de 8 a
10 cm de flexibilidade da região lombar e quadril durante a vida. Esta pode ser uma clara
modificação desta capacidade durante a vida.
As avaliações tendem a ser repetir com frequência devido à necessidade de verificar
melhoras com o treinamento ou pioras como uma lesão, por exemplo. Assim é preciso
garantir a segurança dos avaliados durante todas estas reavaliações executadas. Abaixo estão
relatados os riscos que cada um dos testes ou instrumentos envolvem com as suas utilizações.
Os testes e instrumentos utilizados de maneira correta não acarretam nenhum risco
eminente para a saúde dos avaliados e avaliadores. Há apenas uma exceção que deve ser
lembrada: a radiografia, que pode ser considerada padrão ouro para as medidas angulares de
flexibilidade (FLORÊNCIO et al., 2010), envolve exposição excessiva à radiação por parte
78

dos avaliados, um risco à sua saúde (GELALIS, 2009; HOVING et al., 2005; LANTZ;
CHEN; BUCH, 1999; LIND et al., 1989; MILLER, 1985) além de envolver também riscos
para o avaliador no caso de medidas de flexibilidade passiva.
Para facilitar a visualização de todas as análises e comparações de aplicabilidade dos
instrumentos e testes, foi elaborada a tabela 12 que sintetiza a relação entre estes e os aspectos
eleitos por esse estudo, mostrando os resultados obtidos.
79

Tabela 12 – Resultados.

Há referencial bibliográfico p/ avaliar a flex. passiva


Não requer conhecimento aprofundado em anatomia

Há referencial bibliográfico p/ avaliar a flex. ativa

Possibilidade de avaliar a reserva de flexibilidade


Requer pouco tempo para a realização do teste
Possibilidade de avaliar diversas articulações

Não apresenta exposição e riscos para saúde


Resultados obtidos em unidades angulares
Não requer treinamento prévio do teste
Envolve a possibilidade de avaliação

Não requer instrumentos específicos


Não necessita de um auxiliar

Baixo custo de instrumentos


Testes e instrumentos Aspectos

Escore geral
Teste de Bloomfield 1 1 1 1 1 1 1 7
Flexiteste 1 1 1 1 1 1 6
Testes de comprimento muscular 1 1 1 1 1 5
Teste de sentar e alcançar 1 1 1 1 1 1 1 1 8
Teste de sentar e alcançar modificado 1 1 1 1 1 1 1 1 8
Teste de sentar e alcançar em V 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9
Teste de sentar e alcançar preservando as costas 1 1 1 1 1 1 1 1 8
Teste de sentar e alcançar preservando as costas em um banco 1 1 1 1 1 1 1 7
Teste de sentar e alcançar na cadeira para idosos 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9
Teste de extensão de pele 1 1 1 1 1 1 1 7
Testes de medição indireta 1 1 1 1 4
Goniômetro universal 1 1 1 1 1 1 1 1 8
Flexímetro 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10
Inclinômetro 1 1 1 1 1 1 1 1 8
Radiografia 1 1 1 1 1 1 6
80

5. DISCUSSÃO

O relacionamento com dados da literatura e inclusão de novas ideias e aspectos como


sendo importantes para escolha do teste ou instrumento adequado para avaliação da
flexibilidade foi realizada entre os itens 4.1.1 e 4.1.13 que constam todas as comparações com
dados da literatura para estabelecer os escores positivos e nulos para cada teste e instrumento.
Vale ainda ressaltar que alguns dos aspectos foram criados de maneira interpretativa,
contando que alguns deles ainda não foram referenciados por nenhuma literatura consultada,
mas são importantes no momento de escolha do teste ou instrumento para utilização no
cotidiano. Contudo, os aspectos criados de maneira interpretativa possuem embasamento
teórico de acordo com as necessidades que os instrumentos e testes devem atender
(simplicidade e praticidade, especificidade, abrangência e outros).
Como consideração do estudo, o flexímetro apresentou-se como o instrumento com
maior pontuação, sugerindo ser o mais vantajoso no uso cotidiano do profissional para
avaliação da flexibilidade a partir de aspectos tomados como importantes na literatura e
também aspectos julgados importantes pela interpretação de experiência prática.
É necessário ressaltar alguns pontos importantes: o método mais utilizado para
avaliação da flexibilidade em educação física e esporte, ilustrar as convergências e
divergências encontradas na literatura quanto à utilização do flexímetro como instrumento
para avaliar a flexibilidade e posicioná-lo frente ao método com maior prevalência de
utilização.
Com o intuito de buscar o método mais utilizado para avaliação foi realizada uma
pesquisa específica sobre o tema nas bases de dados Scielo e PubMed, porém não foi
encontrada nenhuma referência sobre o tema. As únicas informações encontradas foram que o
método mais utilizado para avaliar a flexibilidade pelo profissional de educação física é o
teste de sentar e alcançar (SILVA; MATSUDO; RIVET, 1985) e que a maioria das baterias de
testes de aptidão física relacionada à saúde possuem o teste de sentar e alcançar para avaliação
da flexibilidade (PAYNE et al., 2000). Estas referências foram localizadas a partir da primeira
revisão feita anteriormente.
Assim conclui-se que são necessários estudos para realmente saber quais são os
métodos de avaliação da flexibilidade mais utilizados atualmente pelo profissional de
educação física e esporte.
81

Com relação à utilização do instrumento flexímetro para avaliação da flexibilidade


existem fatores positivos e negativos.
O primeiro fator positivo quanto à utilização do flexímetro: um instrumento de alta
precisão e um bom critério de referência para mensurar a flexibilidade (PETREÇA;
BENEDETTI; SILVA, 2011).
O segundo fator e o mais reverenciado na literatura é de que o flexímetro atende a
necessidade de avaliação particular de cada articulação do organismo humano, corroborando
com a ideia de não ser possível avaliar uma única articulação ou realizar um teste somente e
generalizar o nível de flexibilidade de um indivíduo (ACHOUR JUNIOR, 2000; ACSM,
2000; ALTER, 2010; BARBANTI, 2001; BLOOMFIELD; WILSON, 2000; HEYWARD,
2004; MORROW JUNIOR et al.,2003; QUEIROGA, 2005).
O terceiro fator é a utilidade do resultado obtido a partir do instrumento que seria um
teste direto fornecendo valores angulares, muito mais úteis comparados ao resultado de um
teste indireto, que fornece valores em cm (HEYWARD, 2004).
O quarto fator é a possibilidade de identificar articulações e grupos musculares que
precisem ser trabalhados no quesito flexibilidade (HEYWARD, 2004), legitimando o
primeiro fator citado: a possibilidade de avaliação individualizada com relação a grupos
musculares e articulações.
Esses fatores contrapõem a utilização do teste de sentar e alcançar, já que este possui o
propósito de avaliar apenas a flexibilidade dos músculos lombares e isquiotibiais (PAYNE et
al., 2000) ou quadril e coluna (CHARRO et al., 2010) e assim não abrange a possibilidade de
avaliação das diversas articulações além de obter a partir dele resultados em unidades lineares
e ainda não fornece a oportunidade de identificar outras regiões que necessitem de
intervenção além dos músculos lombares e isquiotibiais.
Todavia, o flexímetro apresenta algumas desvantagens que podem ser levadas em
conta para utilização de outro método alternativo como o teste de sentar e alcançar
dependendo da situação, por exemplo: requer o treino de todas as posições para avaliar as
articulações que serão executadas na avaliação e dependendo do número destas a exigência de
tempo pode ser grande além da necessidade de aquisição do instrumento flexímetro. Apenas
esta desvantagem pode ser comparada ao teste de sentar e alcançar que envolve a aquisição do
banco de madeira com medidas pré-estabelecidas.
Somados a todos os fatores contrapostos com o instrumento flexímetro, o teste de
sentar e alcançar não atende ao próprio propósito do teste, que é o de avaliar a flexibilidade
dos músculos lombares e isquiotibiais. É possível realizar essa afirmação devido a estudos
82

feitos com o intuito de checar a validade deste. Os resultados apontaram que ele está
moderadamente relacionado à flexibilidade dos isquiotibiais e insuficientemente relacionado à
flexibilidade lombar em crianças, adultos e idosos (HUI; YUEN, 2000; HUI et al., 1999;
JACKSON; LANGFORD, 1898; JONES et al., 1998; MARTIN et al., 1998; MINKLER;
PATTERSON, 1994; PATTERSON et al., 1996). Entretanto possui alguns fatores que podem
justificar a sua execução de acordo com a situação imposta: é de baixo custo, fácil aplicação,
não exige local amplo para sua execução, justificando sua utilização em ambientes de campo,
como escolas, academias e clubes (CHARRO et al., 2010).
É preciso reconhecer algumas limitações deste estudo: é possível a existência de mais
aspectos que sejam relevantes em uma avaliação de flexibilidade além da possibilidade de
pontuar os testes e instrumentos de maneira diferenciada, ou seja, estabelecer diferentes
escores para cada um dos aspectos.
Um exemplo seria avaliar a flexibilidade nas modalidades de raquete (tênis, badminton
e squash) e nas modalidades de ginástica. Nas primeiras a exigência do nível de flexibilidade
em determinadas regiões como os ombros, tronco, quadril e membros inferiores é crucial. Já
nas segundas é relevante desenvolver esta capacidade em todas as articulações do organismo
devido à extrema importância de realização das posturas estéticas essenciais (BLOOMFIELD;
WILSON, 2000).
Portanto a avaliação da flexibilidade em articulações específicas seria de fundamental
importância no esporte e o item possibilidade de avaliar diversas articulações, teria um escore
com maior magnitude com intuito de valorizar os aspectos que sejam importantes para
determinadas modalidades. Novos estudos são necessários no sentido retratar novos aspectos
e suas devidas importâncias de acordo com cada situação da prática profissional.
Nesse estudo procurou-se apresentar os aspectos positivos e negativos dos testes mais
utilizados para a avaliação da flexibilidade. O teste de sentar e alcançar embora ainda seja o
mais utilizado, o instrumento que nesse estudo reuniu o maior número de condições
favoráveis para a avaliação da flexibilidade no cotidiano do profissional de educação física e
esporte foi o flexímetro.
83

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos levantamentos do presente estudo, a sugestão de utilização do


flexímetro pelo profissional de educação física e esporte parece ser a mais vantajosa para a
avaliação da flexibilidade. É importante analisar sistematicamente instrumentos e testes à
medida que são criados, bem como os aspectos positivos e negativos de sua aplicabilidade no
campo da educação física e esporte. Todavia a escolha do instrumento mais adequado para
avaliar a flexibilidade depende da disponibilidade técnica e instrumental além da exigência
imposta pela situação e propósito de cada avaliação.
84

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