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Primeiro Volume
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Sumário
Prefácio................................................................................................... 6
Introdução .............................................................................................. 8
Plataformas para acessar os áudios (clique nos links) ........................ 10
Homenagem .......................................................................................... 11
Apresentação do Grupo Marcos........................................................... 12
Acompanhe o Grupo Marcos ............................................................... 12
Capítulo 1
A videira que te desenhamos ................................................................... 13
Capítulo 2
O emblema do trabalho do Criador e a Primeira Revelação ................... 37
Capítulo 3
O emblema do trabalho do Criador e a Segunda Revelação ................... 58
Capítulo 4
O Espírito é o vinho ................................................................................. 82
Capítulo 5
O homem purifica o Espírito por meio do trabalho .............................. 102
Capítulo 6
O arquétipo humano .............................................................................. 123
Capítulo 7
O Homem-Deus ......................................................................................147
Capítulo 8
Eu venho, sou teu Salvador e teu juiz .................................................... 168
Capítulo 9
Escutai-me ............................................................................................. 189
Capítulo 10
A Verdade imutável ............................................................................... 209
Referências Bibliográficas.................................................................. 230
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Prefácio
A tradição literária, dentro e fora do gênero teológico, consagrou o termo luz como
representação do conhecimento e da sabedoria — conhecimento no sentido de
aquisição intelectual, instrução técnica, ciência, informação, erudição etc.; sabedoria,
no sentido de uma elevada consciência da necessidade e dever moral de bem aplicar
os conhecimentos.
Esta metáfora deve ser compreendida também pelo aspecto de que a luz física,
sendo o produto de recursos energéticos, é sempre fruto de um trabalho — portanto,
uma ação voluntária — empreendido sobre elementos materiais requeridos para tal
fenômeno: conhecimento e sabedoria igualmente são resultantes da vontade e do
esforço individual mediante as oportunidades das vivências físicas.
Comumente, a luz também está associada ao calor, que por sua vez figura um
sentimento afetivo, uma vontade forte e perseverança num determinado objetivo,
pelo que se diz, com relação ao propósito de manter um trabalho ativo, “manter a
chama acesa”.
A imagem das trevas está fartamente espalhada em nosso mundo atual — ainda
carregado das características de um mundo de expiação e de provas. Ignorância,
viciação e egoísmo são, infelizmente, paradigmas muito presentes no cotidiano
terreno. Tanto é que não são raras as pessoas que supõem não existir nenhuma luz
superior a esta condição terrível, e então estas pessoas transitam da penumbra para a
completa escuridão da alma, que se reflete na vida prática em forma do ateísmo,
pessimismo, rancor e assim por diante.
Todavia, felizmente, há uma luz maior. É desta “salvação”, desta “luz no fim do
túnel”, que se trata este presente trabalho intitulado Imagem da Luz.
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O personagem principal é Jesus — que em nosso português tem a feliz
coincidência de rimar com luz. Ele é o Cristo, o Messias, o arquétipo, o guia e
modelo para a humanidade, o representante direto de Deus para a coletividade
terráquea, a personificação da iluminação espiritual para a qual todos nós devemos
labutar em favor de nosso próprio aperfeiçoamento.
De forma extraordinária e assaz proveitoso, este estudo vem nos apontar os sinais
inequívocos da presença do Cristo em toda a trajetória evolutiva humana na Terra e
até mesmo antes disso, pois, como ficará bem evidente neste estudo, é patente a
participação do Messias Divino na própria gênese do nosso orbe.
Sim, Jesus está conosco e é por nós, todo o tempo! Cumpre-nos identificarmos a
graça que isto representa para todos nós.
Mister se faz reconhecer, a propósito, que há uma luta incessante em curso, entre
os missionários da luz e os agentes das trevas, refletida em cada um nós através da
luta entre os nossos lampejos de luz e as nossas más tendências.
Quem vencerá esta guerra? Certamente que a luz vencerá, porque, segundo a lei
divina de progresso, todos os seres estão fatalmente destinados à luz, à perfeição
espiritual. Porém, até lá, há um longo percurso a seguir. Por isso, faz bem
perquirirmos a nós mesmos: em mais quantas batalhas precisaremos ser derrotados
pelas forças trevosas até nos conscientizarmos da necessidade de aproximação com o
Cristo?
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Introdução
Querido leitor, querida leitora,
Este livro é vinho novo. À época do Cristo, antes das uvas serem esmagadas, era
retirado o primeiro suco que daria origem ao mosto, o vinho novo: doce e
concentrado. Assim entendemos o livro que você tem nas mãos. Talvez, seja a
primeira vez, que você vai conhecer as relações profundas entre as três Revelações
expressas pelo símbolo espírita da videira. Bem como, os luminosos termos
simbólicos que Allan Kardec utilizou para expressar a realidade espiritual do Cristo.
Pensamos que para os que tem sede da verdadeira espiritualidade, isso será uma
doce descoberta.
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Deus; publica a afirmação do apóstolo Paulo de que Jesus Cristo é o Homem-Deus.
Dos cinco livros da Codificação Espírita, todos registram a grandeza incomparável,
na Terra, de Jesus. Dos cinco livros, três são dedicados a discutir, quase que
exclusivamente, o Novo Testamento. Como aceitar que o mestre de Lyon não tinha
consciência de que sua missão era servir ao Mestre de Nazaré? Para Kardec, Jesus
não é rei, é o Rei com autoridade divina. O Cristo fala por Deus.
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Plataformas para acessar os áudios
(clique nos links)
https://grupomarcos.com.br/curso-imagem-da-luz-a-presenca-do-
cristo-nas-tres-revelacoes-2/
https://open.spotify.com/show/3jEQyC9Fg0uXbjw1AWkXZH
https://grupo-marcos-curso-a-imagem-da-luz.castos.com/
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8392f1f438a0/grupo-marcos---curso---a-imagem-da-luz
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3MuY29tL3d4djZt?hl=pt-br
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Homenagem
“Esse livro é uma homenagem ao extraordinário trabalho de Allan
Kardec que em meio a incompreensão do movimento espírita foi firme e
claro: sua missão era a de servir ao Consolador. À época de Kardec havia
um movimento espírita, em torno dele, mais cristão e verdadeiro, mas,
em escala mundial, verifica-se o bloqueio emocional daqueles que se
acham muito especiais para serem amigos de um carpinteiro.
Atualmente, esses “importantes” pensadores estão nas atividades
espíritas, achando-se vencedores, como sempre. Mas uma poderosa voz
os alerta: colherão frutos amargos. A época das experimentações acabou.
A métrica divina é precisa ao indicar o não mais, o basta. O Filho amado
deve ser honrado por todos que amam a Deus e a mentira, como sempre,
travestida de elevação e grandeza, será definitivamente desmascarada e
como Adão, que queria competir com o Criador, será despida, mostrar-
se-á em sua horrenda nudez. E os que se elevaram serão rebaixados.
Amigos, o tempo da colheita é o agora, atenção com vossas sementes,
atenção com vossas intenções. Esse é um apelo que vem do Alto:
abandonai vossos interesses inferiores, servi. Pois muitos se perderão,
por acharem que basta dizer, Senhor, Senhor.”
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Apresentação do Grupo Marcos
Eurípedes Barsanulfo é o coordenador espiritual
do Grupo Marcos. Fundador do primeiro colégio
espírita do mundo em Sacramento (MG), o Colégio
Allan Kardec.
Foi, à época do Cristo, um adolescente essênio
que ao encontrar com Jesus ainda na adolescência
tornou-se seu fiel seguidor, sendo morto em
Nazaré ao afirmar que Jesus era o Messias enviado
de Deus, tornando-se o primeiro mártir do
cristianismo no mundo. Sua vida está relatada no
livro psicografado por Corina Novelino e revisado
por Francisco C. Xavier com orientação de
Emmanuel. O livro chama-se A Grande Espera. Chamava-se Marcos.
Em sua última existência, nasceu em Sacramento em 1880 e desencarnou em 1918
aos 38 anos conforme anunciara. Não foi apenas um dos médiuns mais
extraordinários do cristianismo, mas também educador, estudioso e amigo de todos.
Psicografava e preparava mais de mil remédios por dia, além de cuidar de loucos e
obsidiados, realizar partos, inclusive, materializado. Eurípedes é o líder da Nova
Geração. Para conhecer a história de Eurípedes sugerimos a leitura Meu Amigo:
Eurípedes Barsanulfo, disponível para download gratuito no site do Grupo
Marcos.
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Capítulo 1
A videira que te desenhamos
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Allan
Kardec
A vaidade de certos homens que pensam tudo saber e querem explicar tudo à sua
maneira irá criar opiniões conflitantes, mas todos os que têm como referência
o grande princípio de Jesus se integrarão por terem o sentimento
idêntico de amor ao bem e se unirão por um vínculo fraternal que envolverá o
mundo inteiro. Eles abandonarão as miseráveis disputas de palavras para se
dedicarem exclusivamente às coisas essenciais.
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Iniciamos com o relato de um Espírito sobre sua última encarnação. Quando
encarnado, por motivos profissionais, foi contratado para morar em região erma, em
fazenda isolada, para acompanhar a construção de uma estrada de ferro, pois era
engenheiro. Era casado e acabara de ter um filho. O primeiro filho. Havia sempre a
preocupação em deixar as portas fechadas, dado que havia muitos animais
predadores na região. Ele conta que um dia, ao chegar em casa, encontrou a esposa
desacordada na sala; imediatamente lembrou do filho e correu para o quarto da
criança. Olhou e nada encontrou no berço, mas viu seu cão, que era de grande porte,
todo ensanguentado e deduziu rapidamente que o animal tinha atacado seu filho.
Ainda em choque, pegou a arma e matou o animal.
Após a esposa acordar, soube que ela desmaiou ao ver o cão lutar ferozmente
contra uma onça no quarto do filho e que o cachorro empurrou o bebê para debaixo
do berço, após ele ser tirado pelo animal predador. A criança estava salva. Relata
esse espírito: “até hoje, no mundo espiritual, ainda não tive a oportunidade de
encontrar meu amado e leal companheiro, que salvou a vida de meu filho…”
Eis o que temos que ter em mente ao tentar entender o Espiritismo: o julgamento
nervoso e apressado pode nos fazer cometer severas injustiças. Antes de tudo, é
preciso perguntar, afinal, o que aconteceu e como aconteceu para que o Espiritismo
fosse constituído no mundo. Ele não apareceu de forma imediata e mágica nem
desligado da história do mundo. Ao contrário, seu organizador no mundo sempre
insistiu que era indispensável entender sua natureza, suas raízes, para nos prevenir
de julgamentos apressados. Não façamos como o espírito do relato: não julguemos e
condenemos antes de saber o que aconteceu. Dessa forma evitamos perdê-lo, para
que depois não termos que procurar o amigo, que estava em nossa frente, e nós o
escorraçamos por achar que tudo entendemos… Afirma Allan Kardec já na primeira
edição de O Livro dos Espíritos, 1857.
Para aqueles que estudaram metodologia, seja filosófica ou científica, fica mais
fácil entender que toda área do saber tem seus critérios: seus pontos centrais e seus
princípios estruturadores, enfim, um paradigma e pressupostos. O que Kardec
institui com a afirmação acima e que irá desenvolver ao longo de toda sua vida: é que
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a moral do Cristo é o centro estruturador do Espiritismo. Não é uma questão de
opinião, para Kardec, o Cristo e a Segunda Revelação compõem a coluna mestra do
Espiritismo. Sem essa compreensão é impossível entender em profundidade a
Codificação, bem como, a estrutura do pensamento de Kardec. A moral do Cristo é a
régua que mede a evolução espiritual; é o critério de avaliação de todas as mensagens
que Kardec receberá; é o norte histórico-filosófico no qual a doutrina é construída. O
estudo do Espiritismo sem essa compreensão trará polêmicas infelizes, muitas vezes,
contra quem lutou e muito sofreu por nos amar.
Não entendemos o que significa o Espiritismo definido por Allan Kardec como o
Consolador; não sabemos o significado dos Espíritos terem desenhado uma videira e
ordenado que a colocasse no início de O Livro dos Espíritos; não suspeitamos que os
Espíritos da codificação são profundos conhecedores da Bíblia e que a valorizam a
cada resposta dada a Kardec. Por isso, matamos, num impulso infeliz, três mil anos
de história, de lutas, de amadurecimento, de revelações espirituais e ficamos
exaltados em discussões tão pueris que o único fruto será a nossa própria decepção,
quando nos dermos conta que abandonamos a busca do Reino pela loucura vaidosa
do mundo.
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Novo Testamento e o Espiritismo e assim poderemos entender o porquê de Allan
Kardec fazer questão em declarar que a primeira parte da Bíblia, Antigo Testamento,
contém a Primeira Revelação; que o Novo Testamento contém a Segunda Revelação
e que o Espiritismo é a Terceira Revelação. Bem como, compreenderemos que as
revelações aconteceram obedecendo uma ordem superior. Acredito que vamos
realizar descobertas que irão mudar nossa compreensão do Espiritismo e,
consequentemente, nossas vidas. Vamos ao trecho base de nosso estudo:
Jacó, depois de uma vida tumultuada e redentora, tem um encontro com o anjo
que, em nome de Deus, muda seu nome para Israel. No leito de morte - quando
comumente o espírito está mais desligado do corpo, ele pode ver a vida espiritual e,
às vezes, acontecimentos futuros – Jacó reúne seus doze filhos e profetiza. Em suas
profecias, ele faz uma referência direta sobre a videira e o Messias.
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Gênesis irá atravessar todo o Antigo Testamento, estará presente em abundância no
Novo Testamento e, também, a encontraremos no Apocalipse, onde lemos a seguinte
descrição de Jesus:
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Pintura: Retorno dos espiões da Terra da Promissão de Gustave Doré (1832-1883), contemporâneo
de Allan Kardec. Essa ilustração indica que era de conhecimento geral o símbolo da Terra de
Promissão: cacho de uvas.
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Esse episódio se dá, obviamente, muito antes do Cristianismo e, certamente, do
Espiritismo. Estima-se que a eleição do cacho de uvas como símbolo da Terra de
Promissão aconteceu cerca de mil e duzentos anos antes de Jesus; quer dizer,
aproximadamente três mil anos antes dos Espíritos da codificação desenharem a
videira e ordenarem Kardec a colocá-la no início de O Livro dos Espíritos. Esse fato é
suficiente para levar os estudantes sérios do Espiritismo a cogitarem que as
afirmações de Allan Kardec sobre a relação do Espiritismo com o Antigo Testamento,
são verdadeiras e indispensáveis para a compreensão aprofundada do Espiritismo.
Posteriormente, apresentaremos mais ligações entre a Primeira e as demais
revelações.
Supor que Allan Kardec tenha sido um auxiliar incompetente e desleixado, que
agia mecanicamente e sem consciência, ao executar as tarefas mais graves que
impactarão o destino da humanidade, isto é, que ele seguia sem reflexão e estudo a
orientação dos Espíritos, é assumir uma postura de lamentável arrogância e tornar-
se incapaz de entender a vida e a obra de um dos maiores missionários da história.
Três informações históricas podem nos auxiliar a não cometer tal loucura.
Historicamente, há três fatos que nos esclarecem: primeiro, Allan Kardec lidava com
os estudos bíblicos, desde a adolescência; segundo, ele sonhava em integrar as
religiões; terceiro, no dia 14 de agosto de 1832, uma terça-feira, o professor Rivail
[futuro Allan Kardec], então com 29 anos, responsável pelo Liceu Polimático, em
cerimônia que reuniu pais e alunos, deu como prêmio a um dos seus alunos um
Dicionário Bíblico.
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O primeiro e o segundo fatos estão registrados em uma pequena biografia
publicada em 1865, quando Kardec ainda estava encarnado, por Maurice Lachâtre
seu conhecido. Nesse pequeno relato biográfico escreve:
Lembremos que o Cristo nos alerta que sábios arrogantes se tornariam confusos e
não entenderiam a Revelação, mas que ele ajudaria aos simples e ignorantes, que o
buscassem com humildade compreender sua palavra. Assim também alertaram os
Espíritos a Kardec:
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A vaidade de certos homens que pensam tudo saber e querem
explicar tudo à sua maneira irá criar opiniões conflitantes.
Allan Kardec foi verdadeiramente humilde e, por isso, foi capaz de entender e
ensinar verdades espirituais que apenas começamos a compreender. Uma delas já
conhecemos: Jesus Cristo é o Enviado de Deus e o símbolo em destaque no
Espiritismo é a Videira verdadeira, nosso Mestre amado.
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Metodologia
Metodologia é segundo o dicionário: conjunto de regras ou princípios empregados
no ensino de uma ciência ou arte, bem como, parte da lógica que estuda os métodos
das diversas ciências. Quer dizer, é uma maneira, uma forma de ensinar ou de
pesquisar sobre algum tema. Quando falamos de metodologia científica falamos de
um conjunto de procedimentos de pesquisa.
Que metodologia utilizamos em nosso estudo? De onde ele surge? Nessa seção
vamos, pouco a pouco, apresentar como realizamos nossa pesquisa com o intuito de
te incentivar a realizar outras pesquisas ou aprofundar o que você acaba de estudar.
Estamos em um momento histórico que a compreensão do Evangelho e do
Espiritismo se torna indispensável a nossa própria sobrevivência física. Por isso, é
essencial entender.
Então Jesus lhes disse: “Como vocês são tolos! Como custam
a entender o que os profetas registraram nas Escrituras!
Não percebem que era necessário que o Cristo sofresse essas
coisas antes de entrar em sua glória?”
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Allan Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo e em A Gênese, os Milagres e as
Predições segundo o Espiritismo. Simplesmente porque é necessário entender a
Primeira Revelação para bem entender a Segunda Revelação. Também, é necessário
entender a Primeira e a Segunda Revelações para entender a Terceira. Por isso, são
chamadas Primeira, Segunda e Terceira.
Esse é o método exposto pelo Cristo e copiado por Kardec: saber primeiro o que já
foi ensinado, relacionar o que foi ensinado com a atualidade e apenas após essa séria
reflexão elaborar, em diálogo com a Primeira e Segunda Revelações, uma reflexão
atualizada. Esse método foi adotado pelos Apóstolos e por Allan Kardec.
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Experienciar
Não existe profunda compreensão intelectual sem vivência. Não há evolução
significativa sem a transformação dos sentimentos. Por isso, ao final de cada texto,
você é convidado a uma vivência, se você, de fato, pretende crescer espiritualmente
lidar com as emoções, é indispensável.
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Diálogo Mediúnico
Paz e Alegria em vossos corações! Vos felicitamos, porque já caminhamos até aqui.
E não é pouca coisa iniciar, porque cada início é também o sinal de uma conquista
anterior. Conquistamos a primeira etapa: que Deus nos ampare, para que cheguemos
confiantes e fiéis até a última.
Questão 1
Como o próprio Cristo vos ensinou: Ele disse que cuidaria individualmente de
cada uma de suas ovelhas. Vocês se espantam, porque o amor ainda é estranho nesse
mundo mesquinho. Mas, para nós, não poderia ser diferente: o Mestre conhece não
apenas o vosso nome atual, mas ele conhece todo o ciclo de vossas dores ao longo dos
séculos e dos milênios. Somos do Mestre, como ele mesmo diz, como um galho é da
planta. Não somos estranhos a Jesus, não somos aqueles seres que Ele toma conta
por obrigação.
Portanto, minha amiga, não há o que temer desse coração generoso. É preciso
abrir-se a Ele. E, sim, confessar ao Mestre todos os vossos medos, todos os vossos
receios, todas as vossas angústias, não como quem confessa a um sacerdote
tradicional, mas como quem diz: “Vede, Mestre! Vede como estou ferido! Vede como
há podridão em mim! Cura-me, cura-me! Eu não sei como sair dessa prisão mental
em que, por loucura, eu me meti. Mas Tu sabes, Senhor. Tu és o Senhor da vida.
Cura-me! Porque eu não posso, mas eu sei que Tu me conheces e que Teu amor tem
poder de me erguer, independente do abismo que eu tenha me jogado”.
Portanto, minha amiga, é infeliz aquele que nega ser conhecido do Cristo. Não se
trata de uma organização burocrática, se trata de um ser que desce para abraçar cada
um de vocês.
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Nosso Mestre não é um burocrata autoritário. Nosso Mestre não é uma
celebridade estúpida. Nosso Mestre é aquele que está disposto, se for para o nosso
bem, lavar os nossos próprios pés. Nosso Mestre está disposto a compartilhar
conosco a nossa dor, se essa dor for para nos curar.
Lede com atenção as mensagens do Cristo dadas a Allan Kardec, quando vos diz:
“No silêncio, eu cultivo as vossas almas”. Lembrai-vos do Novo Testamento, que diz:
“Ficai ligado a mim, porque, se a mim vós estiverdes ligados, muitos frutos nós
daremos”.
Questão 2
A poda deverá ser: a poda Divina, como o próprio João vos ensina, ao dizer que,
quando a videira dá fruto, o Pai – o agricultor a poda e purifica, e assim ela dará mais
frutos.
Obrigado!
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Questão 3
Meu amado irmão, obrigado pela oportunidade! Eu gostaria de saber, por que
foi escolhido para o símbolo da tribo de Judá a imagem do leão?
Muito obrigado!
Questão 4
Boa noite! Eu tenho uma questão. Para quem deseja estudar a tradição judaica,
por onde começar?
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Não se busque, em uma leitura rápida, a compreensão de todos os Evangelhos.
Não. É preciso familiaridade. É preciso ler e reler. E depois que esta barreira for
vencida, iniciai as pesquisas intelectuais, as buscas de explicação, os sentidos
possíveis de cada passagem. Mas não façais isso como quem busca um estudo de
erudição. Seria uma atitude, até certo ponto, de desrespeito.
Buscai ler a vida do Mestre, entregando o vosso coração. Que passagens vos
emocionam? Que passagens vos chocam? Que passagens causam dúvida? E aí está
um ponto central de um diálogo sadio com o vosso anjo da guarda. Não peçais como
uma criança mimada: “Venha, espírito amigo, tudo me explicar”. É muito pouco
para quem já tem muito. Peçais: “Leva-me às regiões onde eu possa melhor
compreender a vida do meu Mestre”. Nenhum anjo vos negará isso.
Mesmo que eu não lembre de sua experiência espiritual, ao acordar, um sentimento
de compreensão irá se formando, e, quando menos esperardes, pouco a pouco, cada
passagem irá ganhando um sentido e um contorno.
Não se deve abordar esse santo livro com a curiosidade superficial de um cientista
leviano. É preciso olhá-lo com carinho. É preciso entender que essas páginas foram
escritas com o testemunho de muitos dos grandes Espíritos da história do mundo. É
preciso entender: para que esta mensagem chegasse às vossas mãos, muitos
testemunhos foram dados, acima de tudo, os do Mestre e de muitos milhões de
indivíduos, que ousaram segui-Lo. É disso que se trata.
Como seria feliz que os espíritas desencarnassem com parte dessas questões
equacionadas e com muitas outras a equacionar, ao invés de ficarem vagando,
moribundos, nas zonas fétidas e inferiores da Terra, eles teriam alcançado regiões
sublimes e, como alunos dedicados, receberiam a atenção de mestres sublimes.
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“Caminhai. E um dia você estará no topo daquela montanha. E a sua vista é
deslumbrante!”
Muito obrigada!
Não precisamos das rotas e velhas batinas para sermos verdadeiros sacerdotes do
Cristo. Sejamos nós, com nossas dores e amarguras, amigos sinceros do Cristo. O
Cristo nada pede de vós, apenas a vossa amizade sincera, porque Ele já
conquistou o Reino dos Céus, mas Ele quer, por opção pessoal, trazer
cada um de vocês para esse Reino que Ele já desfruta.
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Capítulo 2
O emblema do trabalho do Criador e
a Primeira Revelação
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Allan
Kardec
Senhor! Se tiveste a bondade de lançar vosso olhar sobre mim para realizar
vossos desígnios, que seja feita a vossa vontade! Minha vida está em vossas mãos,
sou um servo a tua disposição.
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Vivemos em um mundo solitário, apesar de seus bilhões de habitantes. Esse fato é
explicado por importantes verdades espirituais que nos ensinam que o elemento
central dos problemas humanos não é a parte visível da realidade, o que é externo e
quantitativo. Isso é importante, mas o que é invisível, interior e qualitativo é o
que define nossas vidas. A solidão existe não porque conhecemos poucas
pessoas, mas é causada pela qualidade de nossas relações emocionais com as
pessoas, conosco e com Deus. É falta de profundidade em nossa relação com o
Universo que nos rodeia. Existe uma relação entre a nossa solidão e a nossa
incompreensão do símbolo da videira? Sim, pois entender o que significa a videira é
iniciar uma relação mais profunda com a vida: consigo mesmo, com as pessoas, com
o Espiritismo e com Deus.
Por que Kardec e os Espíritos superiores, que o dirigiam, adotaram a videira como
um destacado símbolo espírita? Para a tradição hebraica, a videira é o
símbolo da criação divina; da criação de Israel, que é o símbolo do povo
eleito; do povo que deve seguir a Deus, portanto de toda a Humanidade
obediente a Deus. Já nos Prolegômenos, temos a seguinte explicação:
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Deus disse:
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Antes de apresentarmos o que significa definir a videira como emblema do
trabalho do Criador a partir dos textos do Antigo Testamento, façamos uma breve
reflexão sobre essa obra. O Antigo Testamento é um conjunto de 39 Livros que
narram uma história que se desenrolou em torno de quatro mil anos até o
nascimento do Cristo. Dessa forma, esses livros cobrem um período histórico imenso
e, consequentemente, variados contextos de riquíssimas experiências. Por exemplo,
há períodos de glória e abundância, como o de Davi (1.000 anos a.C); há períodos de
escravidão como o do exílio da Babilônia (600 a.C.). Isso torna mais impressionante
a correlação entre os temas, imagens e símbolos que atravessam a história bíblica,
sem perder seus significados essenciais. O símbolo da videira, certamente, é um
destes símbolos como descobriremos a seguir.
No Gênesis, Jacó fala que da tribo de Judá virá alguém com autoridade e que
amarrará a jumenta e sua cria na videira mais excelente. A expressão “amarrar o
animal em uma árvore, na sombra”, na cultura hebraica significa estar em paz ou
alcançar a paz e a abundância. Em português, em algumas regiões do Brasil, há a
expressão, “amarrei meu burro na sombra”, que significa estou bem, em paz e em
abundância. Essa é a primeira relação: a videira proporcionará a sombra, no
sentido de espaço ambiente, pacífico e restaurador. Posteriormente, em
Números, como já sabemos, um imenso cacho de uvas é definido como o símbolo da
Terra da Promissão.
No Deuteronômio, temos algo novo: verificamos que se Israel é definido por seus
profetas como videira, também os outros povos são considerados videira, emblemas
do trabalho divino. O trecho que segue, do Deuteronômio, não deixa nenhuma
dúvida que para os profetas hebreus, todos os seres humanos são videiras criadas por
Deus e representam o Seu trabalho. Mas, há algo que os diferencia: eles podem ser
bons ou maus, contudo, continuam a ser considerados obras de Deus, verificaremos
que mesmo os piores inimigos de Israel, como Sodoma e Gomorra, são chamados de
videiras. Vejamos o quinto Livro do Legislador hebreu:
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São cepas da vinha [plantação de videiras] de Sodoma, dos
campos de Gomorra;
Vamos agora examinar o Livro dos Salmos que teve longo processo de elaboração,
pois, estima-se que os primeiros textos e os últimos foram escritos entre os anos de
1000 e 450 a.C. É um livro escrito em um período de 550 anos. O Salmos está
associado a várias passagens da vida do Cristo e foi citado por ele, inclusive, após a
crucificação. Vejamos o que este extraordinário livro tem a nos ensinar sobre o
desenho feito pelos Espíritos responsáveis pela Codificação:
e encheu o país.
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Pintura: A Vinha Encarnada de Vincent van Gogh (1853-1890). Inspirado pelas vinhas e
vinicultores no outono, a obra expressionista foi uma das últimas que o pintor fez e única obra
vendida do artista durante vida.
Bem, como sabemos, a libertação do Egito é tema central do livro do Êxodo, que
relata como Moisés, seguindo ordem divina, liberta os hebreus do Egito. É
considerado por estudiosos o livro “espelho” do Evangelho, quer dizer, o livro que
tem uma estrutura narrativa muito próxima dos Evangelhos, além de uma temática
comum. Claro está que a videira tirada do Egito e plantada em outro lugar - não é
uma planta, no sentido dado pela biologia - é o próprio povo hebreu que seguiu o
grande Legislador. Lembre-se, segundo a Codificação Espírita, a videira é o
“emblema do trabalho do Criador”.
O profeta Oséias viveu cerca de 800 a.C. Profetiza para alertar sobre graves erros
cometidos por Israel, mas inicia indicando que seu povo teve um período de glória,
que é sempre, de obediência a Deus:
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Israel era videira frondosa, que dava frutos […]
Em período próximo a Oséias, temos o profeta Isaías, cerca de 700 anos a.C, que é
considerado como o profeta do Messias, dado que muitas de suas profecias
anunciavam a vinda do Enviado de Deus ao mundo. Isaías, no capítulo 5 do livro de
mesmo nome, no item intitulado Canto à vinha, não apenas nos ensina o significado
da videira, mas explica que existem várias vinhas do Senhor, mesmo em Israel:
Isaías, como profeta do Messias, acerta de forma precisa ao afirmar que Judá é a
vinha preferida do Senhor. É uma forma de dizer: o Messias vem de Judá, que era
uma das doze tribos de Israel. Já sabemos que Judá, filho de Jacó, o qual recebeu de
seu pai a profecia que já estudamos, deu origem a tribo que tem por emblema o Leão,
que se torna, também, símbolo de Jesus Cristo.
Posteriormente, cerca de 600 anos a.C., é o período do profeta Jeremias que foi
açoitado e banido do Templo por anunciar que, devido a corrupção moral de seu
povo, haveria uma invasão conduzida pela Babilônia. Pouco tempo depois, os
Israelitas foram invadidos e escravizados pelo império Babilônico. Jeremias faz,
também, referência da plantação de videiras, como criação do ser humano e da
sociedade, pelo Criador e, mais uma vez, somos esclarecidos que existem videiras e
videiras.
46
Se existem viderias seletas e legítimas, claro, que deve existir as videiras ilegítimas
e de baixa qualidade. Essa compreensão bíblica é destacada por Northrop Frye, um
dos maiores críticos literários do século XX, que nos ensina que na Bíblia há a
compreensão de que o mesmo símbolo pode representar o que é elevado (que ele
chama de apocalíptico ou ideal) e o que é inferior (que ele chama de demoníaco).
Voltemos a reflexão sobre a solidão. Muitas vezes, somos induzidos a ter uma
relação superficial com a vida, é isso que nos deixa solitários. Quando abordamos os
escritos dos Espíritos superiores de forma superficial e, às vezes, até leviana, estamos
perdendo a oportunidade que eles nos dão de mudarmos nosso paradigma de relação
com as pessoas e com Deus. Simplesmente querer entender que o símbolo da videira
47
foi definido de forma arbitrária e superficial, é desprezar a misericórdia divina e
optar por uma compreensão de mundo superficial, geradora de solidão.
Como poderemos alcançar uma paz verdadeira, que o mundo é impotente para
nos dar, sem entendermos que somos videiras, mas que há a videira verdadeira,
Jesus Cristo, a fonte da verdadeira paz? Tratamos aqui, portanto, não de polêmicas
teóricas e vazias, mas buscamos uma compreensão verdadeira que nos vincula
intelectual e emocionalmente a Jesus e a Kardec, nossos amigos nessa jornada
milenar que temos trilhado e que nos conduz a Deus. Aprendamos com o Mestre a
dizer: que seja feita a Tua vontade. Repitamos com Kardec: Senhor, coloco minha
vida em tuas mãos, sou teu servo.
48
Metodologia
Como pesquisamos para escrever esse capítulo? Os Espíritos responsáveis pela
Codificação disseram: a videira é o emblema, o símbolo do trabalho do Criador.
Partimos da seguinte pergunta: o que os Espíritos dirigentes da Codificação disseram
a Kardec sobre a videira é igual ao que o Cristo, quando encarnado. afirmou sobre a
videira?
49
Experienciar
Qual foi a sua emoção ao dar-se conta de que os profetas Oséias, Isaías, Jeremias e
Ezequiel já haviam falado sobre a videira no mesmo sentido que os Espíritos da
Codificação?
Proponho que você tente sentir a ligação entre pessoas tão distantes, mas que já
atuavam no mundo para nos amparar. Sintamos a gratidão por esses trabalhadores
do Cristo, bem como, o amparo que temos recebido ao longo dos milênios.
Vale a pena meditar sobre isso. Em clima de prece, peçamos ao nosso anjo
guardião para sentirmos...
50
Diálogo Mediúnico
Paz e Alegria em vossos corações!
Como um amigo que vem de um lugar distante, chego feliz, disposto a apresentar a
cada um de vocês, tudo aquilo que aprendemos, no convívio maravilhoso, com as
revelações de Jesus de Nazaré, que já tivemos acesso, graças à misericórdia do
Mestre e que queremos compartilhar com cada um de vocês.
É preciso entender que o trabalho do nosso Mestre tão amado possui uma
característica diferenciada, e essa característica é: para o nosso Mestre o
coração de cada um de vocês, conta infinitamente.
Comecemos amigos.
Questão 1
Prezado irmão obrigado pela presença, gostaria de saber quando a gente está
estudando, como identificar um símbolo, e que tipo de pergunta podemos fazer,
para observar as dimensões deste símbolo?
Existe uma estrutura que precisa ser aprendida: antes que possais aprofundar na
compreensão simbólica, em particular do Novo Testamento e do Antigo, o estudo
atento da vida do Cristo vos aproximará dessa estrutura. É preciso não
apenas saber, mas é preciso sentir a profunda coerência que existe na obra de Deus.
Os vínculos, as relações com os vários níveis de significados, que são ordenados pelos
princípios elencados por Allan Kardec nas Leis Morais.
Existe todo um estudo da simbologia cristã, do qual Kardec vos deu as balizas
centrais e que, desejamos, iremos aprofundar esses tópicos em poucos anos, com
aqueles que se dispuserem não a ler, mas a amar as palavras do Mestre.
51
estar preparados, precisam estar com a veste adequada. Em uma linguagem espírita,
precisam estar com a vibração qualificada: não falamos de santos e santas, falamos
de devoção, falamos da capacidade de compreensão que deve ser ampliada com a
leitura do Novo Testamento e da capacidade de sentir piedade. Aquele que não é
capaz de sofrer junto aos seus irmãos, é incapaz de entender os símbolos
do Cristo. Aquele que não é capaz de sentir o amor de Deus ou pelo
menos de seu anjo guardião jamais penetrará na simbologia cristã.
Existem barreiras criadas pelo psiquismo inferior que nós estamos vos
estimulando a superar, porque o Cristo assim deseja. Portanto, além de leituras
sugerimos, inicie com as técnicas simples e transformadoras.
• Por que não ler a narrativa do Cristo que fala da festa de núpcias e pensar, e se
colocar nos vários lugares que aqueles personagens representam? É uma
técnica simples que todos poderão se assim desejarem fazer.
• Por que não fazer isto suplicando auxílio de vosso amigo espiritual mais
próximo? Como será? Como será que estava o Mestre quando contou essa
parábola? Como será que foi o tom de sua voz?
• Será que realmente como narram alguns Espíritos quando o Cristo falava,
muitas pessoas viam imagens? Que imagens viram estes Espíritos? Como você
imaginaria essa cena? Como seriam essas pessoas?
• É apenas uma técnica que tem um objetivo: qual a tua emoção em relação ao
Cristo? Como você se sentiria sendo o indivíduo que tentou entrar sem estar
com a roupa? Como se sentiria, sendo aquele que preferiu o comércio, que
preferiu o lazer? Sinta-se como cada um deles. Porque a verdade, meu irmão,
é a que todos nós já fomos cada um deles, este é o caminho de aprendizado
para um dia lidarmos adequadamente com os símbolos cristãos.
Obrigado irmão
Questão 2
Boa noite, obrigada pela presença. Tenho uma questão bem pessoal. Eu estou
tentando refazer as relações que eu desfiz ou rompi; fiquei e me sinto em dívida, em
alguns casos de família, bem próximas. Gostaria que o amigo me ajudasse, se isso
está correto, se esse é um caminho para começar a praticar a caridade ensinada
pelo Mestre?
52
que amadurece se apresenta com uma imensa complexidade, por isto, é preciso,
todas as noites, antes de deitar-se, indagar as esferas superiores da vida o que fazer e
é preciso fazer isso ao longo de muitos dias, semanas e meses: colocar-se
mansamente, acalmar o coração aguardando a sua própria compreensão.
É sempre difícil minha irmã, seguir ao Cristo. É preciso aprender a chorar, não
uma, não duas e não dez vezes... Nós crucificamos o Mestre, ele carregou a cruz por
horas de imensa aflição, nós o abandonamos quase que diariamente e ainda assim
ele nos diz “a minha mão ainda está estendida para ti”.
Confiemos, que nunca passaremos por dores insuportáveis, mas para que as dores
se tornem suportáveis é preciso que tenhamos a ousadia de buscar o Cristo como o
médico máximo, porque ele nos garantiu que jamais colocaria fardos insuportáveis
em nossos tão frágeis ombros, é difícil, confiemos: o Cristo tudo pode.
Questão 3
A melhor resposta que poderíamos dar: é com o seu Amor. Não falo em termos
teóricos, falo do sentimento que emana do Ser do Cristo, enquanto não
compreenderdes o poder do magnetismo, enquanto não estudardes que o homem,
mero espírito encarnado, é capaz de fazer brotar uma semente com suas mãos, não
podereis ter um paralelo mínimo do sentimento de um Espírito que regula as
principais questões da Terra. Mas de que adiantaria, neste instante, vos falar de
53
poderes que mal podeis alcançar, quando não tendes sequer uma analogia. Mas
posso vos dizer que o mundo estaria em situação tenebrosa, não fora o coração deste
Espírito. Posso vos dizer que ele é capaz de estruturar e reestruturar o fluido que
envolve toda a Terra, mas acima de tudo, devo vos dizer que, para o Cristo importa
vos ver chorando lágrimas que consola outro sofrimento. Para este Espírito é muito
mais importante que sejais capazes de renunciar ao vosso conforto tão limitado, para
amparar o mais desamparado de vossos irmãos...
O Cristo jamais exibiu seus imensos poderes porque nunca quis assustar seus
irmãos tão pequenos, mas vos digo minha amiga que não é lenda, os relatos variados
que tendes da dificuldade daqueles que não eram míopes em se aproximar deste
Espírito. Não é possível, ainda que para muitos Espíritos superiores,
compreender a grandeza do Mestre, e não esperamos que compreendais,
e nem é isto que Ele deseja. O Cristo hoje, deseja algo muito específico,
que todos vocês queiram verdadeiramente que ele vos proteja. Este é o
desejo desse Espírito, proteger a cada um de seus irmãozinhos, cada uma
de suas pequenas e rebeldes ovelhas. Porque ele não possui nenhuma
preocupação em mostrar sua grandeza, Ele apenas tem um objetivo: que
vossos corações aceitem o abraço protetor que ele dará em todos que o
buscarem.
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Capítulo 3
O emblema do trabalho do Criador e
a Segunda Revelação
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São
Luís
- São Luís, questão 1010 a [1011], em Le Livre des Esprits, traduzimos, grifamos.
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Estamos, agora, preparados para aprender algo ainda mais valioso: como o
símbolo da videira foi apresentado no Novo Testamento. O próprio Cristo, nosso
Mestre, foi quem mais e melhor usou esse símbolo extraordinário. Depois de uma
viagem de milênios, a videira-símbolo está nas mãos do maior Espírito desse planeta.
É com maestria incomparável que Jesus destaca, na Segunda Revelação, o símbolo
da videira, aos discípulos, momentos antes da crucificação, diz o Mestre, ao servir a
todos o produto da videira: este é o meu sangue, é o sangue de uma nova Aliança
que faço em nome do Criador. Quem poderia esquecer um acontecimento destes?
62
na Cruz, quando tem sede, lhe é dado para beber vinho amargo, vinagre. O fruto de
videiras más segundo o registro do Antigo Testamento.
Pintura: Representação da passagem evangélica das Bodas de Caná. Aqui, observamos a presença
de Maria e Seu filho Jesus, presenteando um jovem casal com a transformação de água em vinho.
63
O Reino dos Céus é semelhante a um pai de família que
saiu de madrugada, a fim de assalariar trabalhadores para
a sua vinha. Tendo convencionado com os trabalhadores que
pagaria um denário a cada um por dia, mandou-os para a vinha. Saiu
de novo à terceira hora do dia e, vendo outros que se conservavam na
praça sem fazer coisa alguma, disse-lhes: “Ide também vós outros
para a minha vinha e vos pagarei o que for razoável.” Eles foram.
Saiu novamente à hora sexta e à hora nona do dia e fez o mesmo.
Saindo mais uma vez à hora undécima, encontrou ainda outros que
estavam desocupados, aos quais disse: “Por que permaneceis aí o dia
inteiro sem trabalhar?”
— Ele então lhes disse: “Ide vós também para a minha vinha.”
Ao cair da tarde disse o dono da vinha àquele que cuidava dos seus
negócios:
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Para nós, que já conhecemos as referências do Antigo Testamento sobre a videira
e sobre a vinha, tudo fica muito claro: o pai de família é Deus e a vinha é a Criação,
nós somos as videiras, criados que fomos, Sua imagem e semelhança.
Mas, isso estava claro para Kardec e para os Espíritos da Codificação? Talvez seja
leviano perguntar, mas o faço, apenas, à título de reflexão: Allan Kardec e os
Espíritos da Codificação (João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo,
São Luís e o próprio Espírito da Verdade, para citar alguns) conheciam o Antigo e o
Novo Testamento tão bem quanto nós conhecemos? Seria razoável supor que eles até
conheçam a Primeira e a Segunda Revelação um tanto mais do que nós? Bem, não
precisamos responder. Basta dizer que, segundo Allan Kardec, os Espíritos, após o
desencarne, preservam sua individualidade, seus saberes e sua inteligência. Além
disso, aprendem muito mais na vida espiritual aprofundando as verdades conhecidas
e superando os erros de percepção. Enfim, estes Espíritos são as mesmas
individualidades, porém, mais sábias e cultas.
Constantino considera tão óbvio que a vinha é a obra de Deus que não se dá o
trabalho de explicar, mas fica evidente que ele assim entende esse símbolo. Por isso,
afirma que o trabalhador da última hora, de má vontade e sem devoção, ouvirá do
Senhor da vinha.
[...] O Senhor lhe dirá: “No momento não tenho trabalho para te
dar; desperdiçaste o teu tempo; esqueceste o que havias aprendido; já
não sabes trabalhar na minha vinha.
É fácil perceber que para esse Espírito – o Senhor da vinha, da plantação de videira, é
Deus. Basta associar o início da frase “o Senhor”, com o final, “minha vinha”. Esse é o
mesmo termo usado pelos profetas, lembra?
Na segunda instrução dos Espíritos temos algo mais surpreendente. Henri Heine,
como mestre das palavras, generosamente, faz uma breve revisão de tudo que
65
estamos tentando mostrar aqui. Com seus ensinos, torna-se inquestionável a ligação
histórica e espiritual entre a Primeira, a Segunda e a Terceira Revelação. Veja o que
ele escreve:
66
que o Apóstolo dos gentios revelou em vida: foi o Cristo quem sustentou Moisés e a
Primeira Revelação para, em seguida, nascer e conduzir diretamente a Segunda
Revelação. Porém, escrevendo no século 19, Henri Heine, pode acrescentar, que é o
mesmo Espírito, o Cristo o condutor do Espiritismo. Guardemos essa informação
para nossos estudos futuros, ele é muito valioso: todos os ensinos de Jesus referem-
se ao passado, ao presente e ao futuro. E esses ensinos são expressos por meio de
formas e imagens, quer dizer, símbolos simples em linguagem varonil.
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Pintura: Tempestade no Mar da Galileia de Rembrandt Harmenszoon van Rijn (1606 – 1669). A
pintura de características barroca e didática retrata de maneira dramática e intensa a essência de
parábolas bíblicas.
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Vamos agora para a mensagem do mais elevado Espírito de toda a Codificação, na
verdade, de toda a história humana. A instrução é intitulada - Obreiros do Senhor:
Parece claro que a vinha é o campo do Senhor, o que se integra perfeitamente com
o símbolo da videira como emblema do trabalho do Criador. Essa mensagem do
Espírito da Verdade integra inúmeras passagens do Novo Testamento, bem como,
trechos muito importantes do Apocalipse de João. Na parte final de nosso curso,
voltaremos a ela, pois, para ser bem compreendida, essa mensagem requer base
sólida sobre a relação entre a Primeira, a Segunda e a Terceira Revelações. Não é
possível entender o que diz o Espírito da Verdade em uma rápida leitura de poucas
horas. No final, o Mestre nos esclarece:
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Tomando a taça, pronunciou ação de graças e deu-a dizendo:
- Bebei todos dela, porque esse é o meu sangue da aliança, que se
derrama por todos para o perdão dos pecados. Eu vos digo que daqui
em diante não beberei deste produto da videira até o dia em que o
beberei convosco no reino de meu Pai.
- Tomai isto e reparti-o entre vós. Eu vos digo que daqui por diante
não beberei do fruto da videira até que chegue o reinado de Deus.
Mas, parece que coube a João, o Espírito que assina em primeiro lugar os
Prolegômenos, de O Livro dos Espíritos, a revelação mais impactante e
esclarecedora do símbolo da videira, assim ele registra a afirmação de Jesus:
70
Jesus é videira verdadeira simplesmente porque ele é o Espírito mais evoluído do
planeta, ele representa a Verdade. É a Videira [ou Espírito] da Verdade o que produz
os melhores frutos para Deus. É também o modelo que, de fato, deve ser seguido.
Como já aprendemos, existem videiras silvestres que nada produzem e existem
videiras de Sodoma que produzem vinho amargo e venenoso. Jesus é videira
verdadeira porque seus frutos são os de “vida eterna”, excelente e imperecíveis.
Portanto, o símbolo da videira em seu sentido mais elevado é a imagem do Cristo.
Esse é o símbolo do Espiritismo.
71
Metodologia
Como pesquisamos para escrever esse capítulo? Os Espíritos responsáveis pela
Codificação disseram: a videira é o emblema, o símbolo do trabalho do Criador.
Fizemos a seguinte questão: a definição simbólica do Cristo, quando encarnado, é
igual ou diferente da definição dada pelos Espíritos da Codificação a Allan Kardec?
72
Experienciar
Como você se sente ao saber que há milênios o Cristo está trabalhando para
estabelecer símbolos que possam te estimular a crescer espiritualmente, a entender
as verdades divinas e guiar as esferas superiores da vida?
73
Diálogo Mediúnico
Paz e alegria em vossos corações, queridos amigos e amigas!
Que o Cristo nos inspire neste instante. Que a sua Paz toque o nosso ser e percorra
todos os pontos doloridos e escuros de nossa alma. Porque sim, Ele é a Luz do
mundo, Ele pode nos iluminar.
Colocamo-nos fraternalmente à disposição para o nosso diálogo, que há de ser
sincero e produtivo.
Questão 1
Querido irmão, poderia esclarecer melhor a questão do Consolador? Ou uma
prova ou uma explicação melhor? A videira ficou claríssima. O Consolador
algumas pessoas ainda têm dúvidas.
Compreender que o Espiritismo é o Consolador e o significado disso do ponto de
vista histórico e pessoal requer reflexão, requer uma preciosa caminhada do ser.
Entendamos: se muitos daqueles que conviveram com o Cristo vendo e
ouvindo suas maravilhosas palavras, foram incapazes de reconhecê-lo
como o verdadeiro Messias não podemos nós, em atitude ousada, querer
demonstrar algo tão grandioso a corações que não buscaram a devida
preparação para entender um dos fatos mais significativos da história
humana.
Para uma compreensão adequada é necessário um estudo detalhado, ponto a
ponto, que há de ser um dia realizado, de todas as afirmações de Kardec
correlacionando-as com pontos de aprofundamento das verdades trazidas pelo
Cristo. Portanto, amigo, não nos agastemos com aqueles que pouco compreendem e
que quase nenhum esforço fazem para alargar a sua compreensão. Afirmar que o
Espiritismo explica, relembra e aprofunda o Evangelho de nosso amado Mestre é
afirmação que deve ser calcada com explicação detida para as mentes mais
grosseiras.
Contudo, quem seria o Consolador senão o Espiritismo? Como Kardec
coloca: relembramos os ensinos do Cristo, confirmando-o através de
método experimental e o desenvolvemos.
Aqueles que já tiveram contato com o Espiritismo não se recusam a reconhecer o
Consolador como a doutrina estruturada por Allan Kardec por falta de provas.
Existem variados motivos para se negar o Cristo, mas todos eles têm um
ponto em comum, a fuga da luz ofuscante que é o Cristo. A necessidade
de se manter nas sombras para, alimentando torpes ilusões, embriagar-
se com a falsa grandeza.
74
A esses amigos, prece e paciência, somente as dores excruciantes podem curá-los
neste momento da Terra.
Obrigado irmão.
Questão 2
Boa noite, amado, irmão Cairbar, eu gostaria de fazer uma pergunta. O uso do
livre-arbítrio pelos Espíritos superiores diminui de acordo com sua elevação, em
contrapartida aumentando-lhes a responsabilidade?
Como expõe o Mestre em seu Evangelho, Deus é amor e, sendo amor, Deus
concede tanto mais quanto é possível conceder. Portanto, a liberdade e as
possibilidades do Espírito se expandem com a sua capacidade de agir com sabedoria.
A única limitação que existe em relação aos Espíritos superiores é o seu desgosto
pela inferioridade. Não pratica o mal simplesmente porque lhes é proibido, mas
porque, como está no Evangelho segundo o Espiritismo, eles amam o bem e
desprezam a inferioridade.
É preciso entender que quando um Espírito atinge um patamar superior ele
constitui-se de uma nova psicologia. Os Espíritos superiores não gostam de mundos
como a Terra. Não lhes fascinam o brilho torpe do poder do mundo. Não lhes agrada
a violência necessária que tantas vezes é praticada no dia a dia para se sobreviver no
mundo torpe.
Isto não é tolhimento de livre-arbítrio, é elevação da própria sintonia que não mais
gosta, que não mais ama, aquilo que no mundo inferior é tido como desejável.
Respondendo diretamente: não, meu amigo, elevação amplia as
possibilidades, a elevação amplia as percepções, a elevação amplia os
sentimentos. A responsabilidade não é uma carga que esmaga aqueles
que já atingiram o amor. A responsabilidade é um gesto espontâneo de
gratidão por bênçãos indescritíveis em vossas palavras.
Os Espíritos superiores não vivem com medo de cometer erros, eles se alegram em
cada oportunidade de, seguindo a Lei do Pai, estar mais próximos dEle. Sentir mais o
Seu amor, sentir mais o Seu amparo.
A palavra dever em vosso mundo tem um significado completamente
diferente do que no nosso. Porque disse o Cristo que quem o buscasse
enfrentaria fardos leves e podemos vos assegurar: o dever de entidades
superiores é imenso, mas os fardos não apenas são leves, mas tendem a
ser agradabilíssimos, porque o prazer que usufruem na realização de
cada ato já justificaria todos os esforços. Não queirais medir a Criação divina
pelos padrões inferiores de um mundo que se esquece até da Paternidade Divina.
Muito obrigado.
75
Aguardamos, mais alguma questão?
Questão 3
Boa noite, eu gostaria de te pedir que nos esclarecesse um pouco melhor, quais
são os nossos comportamentos atualmente quando queremos matar o Cristo?
A fuga do Cristo se dá, minha querida irmã, quando renegais a vossa
cruz, quando buscai entorpecer a vossa consciência com drogas ou com
ilusões que vos distanciam do testemunho sincero. A recusa da vivência
íntima das próprias experiências poderá e em muitos casos irá constituir-se em
traição ao Cristo.
Não pensemos que a traição se dá apenas como fez Judas Iscariotes: em troca
objetiva por moedas de prata. A traição se dá quando, não desejando
enfrentar as vossas dores íntimas, buscais fugir de vossa consciência e de
vossos compromissos. Não é possível uma relação de barganha com o
Mestre. É preciso uma relação de amor, de entrega, de confiança e de
solicitação sincera de amparo para que suportemos a cruz deste mundo.
Negar-se a uma relação amorosa com o Cristo é traí-lo, por isso, a traição ao Cristo se
torna o padrão de vosso mundo.
Muitos, tantas vezes, pronunciando-lhe o nome divino, propõem o reino das
vantagens materiais, o reino da dominação das consciências, o reino da satisfação
dos desejos inferiores. Todos esses estão contados segundo a Lei de Deus como
grandes traidores, piores do que Judas porque muito mais receberam e
compreendem o grau de perversidade que realizam em suas mentes doentias para
fugirem da própria cura.
Por isso, se alastra no mundo e invade parte significativa do movimento espírita as
soluções fáceis, o riso barato, os acordos mórbidos. Todos faremos de conta que tudo
está bem. Todos nos portaremos como dignos fariseus, cumprindo normas
exteriores, repetindo bordões do cinismo para que, aprovando-nos uns aos outros,
sejamos glorificados. E assim o conseguem, e assim o conseguirão seus intentos até o
momento da justiça em que as suas feridas se tornarão visíveis e suas dores não
poderão mais ser entorpecidas com os prazeres infelizes. E aí veremos os
verdadeiros discípulos com as suas mãos ensanguentadas, com seus pés
doloridos, com a coroa da zombaria, mas em pé. Diante de todas as
tempestades, são esses que sofreram e amargaram no silêncio, para
vincularem-se ao Cristo, que irão regenerar o mundo e que estarão
contados como verdadeiros servidores.
Questão 4
O irmão poderia nos esclarecer sobre a qualidade da vigilância e da oração?
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Fiquemos com o Cristo e aprendamos com Pedro o que, em alguma medida, foi
ensinado por Santo Agostinho: a técnica do diálogo verdadeiro - apresentai ao
Cristo os vossos erros diários, apresentai ao Cristo os vossos sentimentos torpes,
apresentai ao Cristo as vossas feridas ocultas, diariamente, e Ele vos acolherá. Está é
a dificuldade extrema da criatura mundana: almeja o homem tolo apresentar-se a luz
deste mundo como um igual ou como um discípulo perfeito. E assim desperdiça
ainda uma vez a chance de ser curado. É como o indivíduo corroído por doenças
terríveis que finge ser saudável ao médico que poderia salvá-lo.
Dizemos que no capítulo da vigilância, a vossa consciência se ampliará se vos
entregardes a esta prática: contai ao Cristo as vossas torpezas, mostrai ao
Mestre a vossa podridão e Ele vos alertará momentos antes da queda,
porque você teve a grandeza de pedir o socorro amigo.
Acrescentamos ainda que é necessário uma vigilância ainda mais profunda em
relação aos vossos hábitos diários. A complexidade do ataque que sofreis, do terror
que se busca instalar em vossas sociedades, deve ser combatido com mais prece e
com mais vínculo com nosso Mestre que, como sabeis, tem poder mais do que o
necessário para fazer parar qualquer tempestade. E assim o fará no momento
adequado.
Obrigado.
Amigos, confiemos sempre. Não busquemos o privilégio torpe dos que fogem dos
próprios testemunhos. O nosso Mestre para nos ensinar, para nos salvar da
nossa própria ignorância, nasceu em nosso mundo rude. Não seria isso
uma prova de amor mais do que suficiente para emocionar os vossos
corações? Ainda mais, depois de curar e ensinar; depois de se confraternizar com
os mais sofridos; depois de assistir os mais poderosos que o procuraram, mereceu
como recompensa do mundo a cruz que lhe causou dores terríveis.
Pensemos nós, se não chega o momento em que é preciso, em obra individual e
solitária, comprometer-se com Jesus na transformação de si mesmo? Muitos
pensam em um movimento que perde o norte, como o movimento
espírita atual, que se trata de obras. Estúpidos aqueles que querem
conquistar o reino de Deus com meras atitudes exteriores. Trata-se da
obra. E isso vocês hoje já podem compreender: e o emblema do trabalho
do Criador é a criatura, que obra mais urgente do que a de trazer luz
para dentro de si mesmo? Não condenamos as atividades externas, mas elas são
limitadas e, às vezes negativas, se forem apenas atividades externas. É necessário que
em cada ação externa o vosso coração se ilumine. É necessário que em cada ação
externa o vosso amor se exteriorize.
Não é possível mais olharmos espíritas que vão socorrer o infeliz com o olhar
porco da superioridade do mundo, com as mãos imundas da arrogância, com a
postura torpe dos fariseus de antigamente.
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Se não sois capazes de beijar o enfermo, deveis, pelo menos em
espírito, vos ajoelhar e suplicar ao Cristo a cura da vossa arrogância. Se
não sois capazes de abraçar aquele que fede, devereis pelo menos no
silêncio de vossa alma fraca suplicar ao Mestre “Senhor ensina-me este
amor que eu desconheço”. Porque um dia tereis de investigar as vossas ações e
não interessa o vosso grau evolutivo, o fator decisivo será: estais tentando, em
conjunto com o Cristo, superar tuas limitações? Estais tentando com o Mestre
aprender uma dinâmica superior? Ou estais com os fariseus apresentando a pureza
externa, ensinando questões sociais e crucificando o Cristo quando é conveniente em
vossos corações?
Sejamos nós aqueles, a partir de hoje, a compreender: nada somos sem o Cristo e
Ele pessoalmente cuida de cada um de nós e aguarda um convite verdadeiro para
habitar o teu ser, teu coração e te elevar até Ele.
Paz do vosso irmão e amigo,
Cairbar de Souza Schutel
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Capítulo 4
O Espírito é o vinho
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Allan
Kardec
Vós conduzistes até aqui, pelo intermédio dos bons Espíritos, vossos
mensageiros, com uma suprema sabedoria, a marcha do Espiritismo, e eu vos
agradeço haverdes tido a bondade de me escolher como um de vossos instrumentos
sobre a Terra.
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Um símbolo bíblico pode expressar uma individualidade comum, uma
coletividade e ainda uma individualidade excepcional. Judá é um indivíduo, uma
tribo e Jesus é o representante máximo da tribo de Judá. A videira é o símbolo da
união corpo-espírito, quer dizer, é uma individualidade e uma coletividade (Israel), e,
também, é o símbolo do Cristo que é a videira verdadeira.
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[…]
de todos os rostos
- o Senhor disse.
No livro judeu 2 Baruc, 29:5, temos uma evidência de uma tradição muito antiga,
que assim se expressa sobre a chegada do Messias:
Além disso, a terra dará dez mil vezes mais frutos. Uma única
videira terá mil ramos, e um único ramo produzirá mil
cachos de uvas, e um único cacho de uvas produzirá mil uvas, e uma
única uva produzirá um kor [ 220 litros] de vinho.
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fruirá mosto [vinho novo e doce] pelos montes
e as colinas ondularão.
Diz-lhes:
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transformada em vinho (sem saber de onde procedia, embora o
soubessem os serventes que haviam retirado água), dirige -se ao
noivo. E lhe diz:
Com esse sinal, Jesus indica que ele é o Messias, aquele que traz
abundância das virtudes do Espírito. Há algo, porém mais sutil que necessitará que
além deste estudo, analisemos o livro do Gênesis de Moisés e início do Evangelho de
João para compreendermos. No sexto capítulo retornaremos a esse episódio
revelador.
Nos outros Evangelhos, há uma referência mais direta do Espírito como sendo o
vinho. É quando o Cristo fala na incompatibilidade entre vinhos novos e odres
velhos. O odre é um saco feito de pele de certos animais para transporte de vinho
conforme seu significado dicionarizado. Vejamos em Mateus, capítulo 9, versículo
17:
Fica claro que Jesus não está simplesmente falando de estocagem de vinho, mas
da relação entre o espírito novo ou renovado com as estruturas sociais
em que vive. O que alerta Jesus é sobre a impossibilidade de se servir a dois
senhores. Por exemplo, o indivíduo que passa a compreender suas responsabilidades
espirituais em relação a seu corpo e sua mente e se compromete em melhorar-se,
consequentemente, não pode mais se adaptar a um grupo de amizade que vive de
excessos e desequilíbrios, chamando-os de lazer.
Os cristãos, por terem uma maior compreensão espiritual, não podiam mais se
adequar às práticas sacrificiais do Templo de Jerusalém, nem as práticas sacrificiais
romanas e gregas. Por isso, foram perseguidos e maltratados. Os odres velhos são
instituições que se tornaram obsoletas para o Espírito renovado. Instituições onde
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reinam os modelos carcomidos da “política de corredor”, das intrigas e das fofocas,
nas quais predominam os interesses materiais e a satisfação da vaidade, tornam-se
incapazes de abrigar os indivíduos verdadeiramente renovados.
É o drama atual que enfrentamos. Desta forma parte das instituições do mundo
não estão aptas para acolher a Nova Geração, incluindo aquelas que se denominam
espíritas, mas que estão longes do Cristo.
Todas as instituições, mesmo as mais ricas e poderosas, que ousaram usar o vinho
novo, o Espírito renovador que é o Messias, para propósitos inferiores, destruíram-se
a si mesmos e condenaram-se a tormentos inimagináveis. Esse alerta também está
no Apocalipse, quando João descreve a falsa religião que “se embriaga com o sangue
dos eleitos”, quer dizer, são instituições que usam o testemunho dos verdadeiros
cristãos para angariar riquezas, prestígio social e vivenciar prazeres doentios.
Observe a relação simbólica que faz João entre sangue, vinho e verdadeiros cristãos.
O vinho novo que fruirá dos montes renovará a Terra. São Espíritos
descompromissados com as inferioridades do mundo, habitam regiões superiores e
não se interessam pelas torpezas encantadoras de nosso mundo. Eles terão apenas
uma instituição a servir: o verdadeiro Templo; eles terão apenas um senhor: o Leão
de Judá; eles terão apenas um modelo: a videira verdadeira. Por isso, são chamados
de Nova Geração, são vinhos novos.
90
Metodologia
Nesse capítulo, utilizamos metodologia de pesquisa semelhante à dos anteriores. A
consulta atenta a bons dicionários que nos guiaram em nossa leitura do Antigo e do
Novo Testamento.
91
Experienciar
Avaliemos quais são os hábitos que precisamos mudar para ampliar nossa
renovação. Talvez, essa pergunta ajude: como se dá minha relação com o Cristo? É
uma relação de medo ou de mero interesse material? Minha relação com o Cristo é
marcada pela convicção de sua presença amorosa em minha vida?
Jesus, para preservar a alegria dos que ele amava, foi capaz de transforma água
em vinho... É um Espírito generosa que nunca despreza as “pequenas questões” de
cada um de nós.
92
Diálogo Mediúnico
Paz e alegria a todos vocês!
Colocamo-nos à disposição para diálogo fraterno e amigo, para que o Cristo possa
estar mais presente em nossas vidas.
Questão 1
Boa noite, irmão. Gostaria de fazer uma pergunta. No estudo de hoje, nós
falamos a respeito dos odres. O vinho novo não pode ser colocado nos odres velhos.
Nós estamos em algum estágio em que poderíamos então ajudar a receber esse
novo vinho, essa Nova Geração. Nós temos condições no estágio em que nós
estamos de fazer isso, irmão?
Não precisa imaginar espíritos muito evoluídos que estarão no mundo, basta
apenas pensar nos exemplos que tendes. Que instituição hoje acolheria, com
respeito, ética e amparo necessário, médiuns como Francisco Xavier e Ivone do
Amaral Pereira, que desde a primeira infância psicografavam? Que orientações eles
receberiam e que tipo de exigências absurdas lhes seriam impostas? É triste, mas
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necessário reconhecer: não há nas estruturas atuais, em que a vaidade predomina e a
estupidez da arrogância invade todos os setores, espaço para acolhimento da Nova
Geração.
Estudamos todas essas realidades, e posso lhe dizer que em percentual assustador,
em nossas análises, transformariam jovens missionários em verdadeiros papagaios e
macacos de auditório, manipulariam suas intenções puras, para objetivos inferiores,
obviamente, travestidos de propaganda espírita e de divulgação da verdade,
esquecendo-se que a verdadeira verdade se propaga a custo de verdadeiros
testemunhos.
Muito obrigado.
Questão 2
Eu tenho uma dúvida também. Boa noite. Estou tentando trazer esses
ensinamentos dessa nova fase para minha vida pessoal. Na maioria das vezes, eu
sinto que é uma tarefa grande demais. Eu enfrento uma dificuldade grande nesse
sentido, então gostaria de uma ajuda sua, irmão, por favor. Obrigado.
94
por demais complexa para a compreensão de indivíduos nascidos na Terra. Podeis
mais sabiamente buscar uma ajuda que irá lhe curar ao longo dos séculos.
As imperfeições, minha amiga, são o fardo que deveis carregar - este é o maior
fardo do ser inferior. Muitos pensam em situações externas, mas nós sabemos: o pior
de todos os fardos é a inferioridade que vos distancia de Deus, que vos distancia da
verdadeira paz, que vos distancia do verdadeiro sentimento de confiança na vida.
Tenhamos a coragem, acima de tudo, de dar esse passo, apresentando ao Cristo os
problemas e aceitando com humildade, como aceitaram os discípulos, que Ele
cuidasse e limpasse os seus próprios pés.
“Senhor, eu sei que talvez eu não mereço. Eu sei que talvez eu tenha cometido
erros para mim imperdoáveis, mas também sei que o Teu amor é maior do que os
meus piores erros. Por isso, eu Te peço, ajuda-me.” Façamos isso continuadamente,
e o Cristo estará conosco e nos auxiliará nesta longa e imensa caminhada, que não
deve ser considerada pelos cristãos como um ato de mágica ou resolução fácil de
problemas que têm uma história milenar.
Questão 3
Como é que eu vou saber se a resposta que eu penso que estou recebendo é
correta ou se estou vendo o caminho certo? Porque muitas vezes é difícil saber se
alcancei mesmo uma sintonia suficiente para perceber a resposta.
Se o vosso desejo sincero é estar com Cristo, estareis certa, porque tomando um
caminho errado, Ele te pegará pela mão e te levará para o certo. Minha amiga, é
preciso aceitar que o Cristo te ama, ainda que você esteja no pior de todos os
caminhos, se deres espaço em teu coração, Ele estará contigo e, na hora certa, te
resgatará. Mais importante do que acertar é aprender a amar, e nós só
95
aprenderemos a amar com aquele que é o maior representante do amor
de Deus para todos nós.
Obrigada.
Questão 4
Boa noite, amado irmão e amigo. Hoje, pela manhã, na minha prece matinal,
estava lendo João e cheguei ao capítulo quatorze, versículo seis: "Eu sou o caminho,
a verdade e a vida." Poderia falar-nos mais sobre a vida?
A vida neste sentido se relaciona com a morte de Adão. É no sentido espiritual que
Adão foi advertido, que, caso comesse do fruto, ele morreria. E, como sabemos na
narrativa simbólica de Moisés, ele não morreu no sentido físico. Portanto, se Adão
morreu, o Cristo vem trazer a vida. Cristo é aquele que dá a vida superior, é aquele
que dá acesso ao que de mais extraordinário existe no universo. Comparemos com
as vossas próprias experiências e com as vossas palavras tão comuns no
dia a dia: muitas vezes dizes "eu não estava vivendo; aquilo não era
vida”, multipliquemos isso por um número imenso e assim podemos
dizer que a vida superior que o Cristo quer nos dar é tão elevada que o
que temos hoje se assemelha ao nada ou à morte. Portanto, trata-se desse
mesmo conjunto simbólico da morte espiritual, moral, inferiorizadora de Adão, que
caracteriza os Espíritos da Terra, com a vida ou a ressurreição, o ressurgimento em
um patamar extraordinariamente superior.
Obrigado.
Questão 5
Boa noite. Eu gostaria de perguntar, como nos vincularmos ao Cristo sem nos
integrarmos às estruturas falidas do nosso mundo?
Tereis que viver no mundo, como disse o Cristo, mas não precisareis ser do
mundo. O ponto central é o Evangelho como referência e, acima de tudo, o
desenvolvimento de um sentimento de amor e compreensão. Muitas vezes, o que
dificulta a vida dos candidatos a discípulos de Jesus é a postura do preconceito. Por
isso, Pedro tendo vivido os erros comuns do mundo, da condenação imediata, do
acovardamento ante o testemunho, se tornou capaz e grandioso, ao poder olhar para
todos os seus irmãos e dizer: São muito parecidos comigo. Apenas hoje eu
não faço isso porque eu tive Jesus de Nazaré. Não é uma postura de
apoio ao que é errado, não é uma postura de incentivo àquilo que viola as
leis de Deus. É uma atitude de compreensão de quem olha o outro e
96
lembra: Há pouco tempo, seja nessa ou em outra encarnação, estava
fazendo algo parecido ou pior. Alguém teve misericórdia de mim e me
resgatou do erro. Posso eu, pelo menos, ser um exemplo de abnegação, de
bondade, de prece e de ternura para que, através do meu exemplo, ainda que não
tenha efeitos imediatos, o Cristo ampare aqueles que estão ao meu lado e que não O
conhecem.
Questão 6
Querido irmão, eu gostaria de saber como não falamos muito sobre a parte do
sentimento. Haveria uma maneira prática da gente baixar a parte intelectual para
que suba a emoção, o sentimento?
O ponto que destacamos é que não se deve jamais se desincentivar ou baixar o que
estais chamando de dimensão intelectual. É necessário que o sentimento o alcance e
o supere e a auxilie a desenvolver-se. De fato, não é necessário que haja um elemento
de confrontação entre o intelecto e os sentimentos. Podemos dizer que eles são como
pernas ou asas, que devem ser proporcionais para que o indivíduo se locomova com
equilíbrio. A busca é continuar sim, o desenvolvimento intelectual sempre, e se o
vosso sentimento não acompanha, que se desenvolva mais o sentimento.
Mais uma dúvida, por favor. Eu posso continuar com o trabalho, com o anjo
guardião, posso pedir ajuda a ele para essa aproximação com o Cristo, porque
para mim é algo novo, esse movimento de fazer esse trabalho com um anjo. E aí eu
fico pensando como colocar nesse movimento os dois, guardando as devidas
proporções. Obrigado.
97
mais elevados e assim facilitar a vossa comunhão com o Mestre da vida
deste mundo.
Meus amigos, a grandeza do Cristo é inabarcável, mesmo por Espíritos que estão
numa situação muito superior à nossa. A grandeza do Cristo não é passível de
descrição por muitos, que são de fato Espíritos muito evoluídos.
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Capítulo 5
O homem purifica o Espírito por
meio do trabalho
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104
Allan
Kardec
“[…] o ponto essencial é que o ensino dos Espíritos é cristão no mais alto
grau, apoia-se na imortalidade, nas penas e recompensas futuras, na justiça de
Deus, no livre arbítrio, na moral do Cristo, consequentemente, não é antirreligioso.
- Comentário de Allan Kardec, questão 222, em O Livro dos Espíritos, traduzimos, grifamos.
105
Em João, temos a expressão do Cristo como a verdadeira videira, mas o que
surpreendente nesse trecho é a ligação profunda com a continuação do parágrafo que
estamos estudando nos Prolegômenos. Mais uma coincidência? Após a definição do
Espírito como o vinho e a uva como o Espírito unido ao corpo, Espírito encarnado, há
uma mudança de tema, de forma aparentemente abrupta, o novo tema é o da
purificação. Observe a mudança:
Essa mudança chama a atenção por ser semelhante a que acontece no Evangelho
de João, no mesmo trecho em que o apóstolo amado relata a afirmação de Jesus de
que ele é a verdadeira videira.
106
Eu Sou a vinha verdadeira e o meu Pai é o vinhateiro. Todo o ramo
em mim que não dá fruto Ele tira; e todo [o ramo] que dá fruto
Ele poda, para que dê ainda mais fruto.
ἐγώ εἰμί ὁ ὁ ἀληθινός ἄμπελος, καί ἐγώ ὁ πατήρ εἰμί ὁ γεωργός. πᾶς
κλῆμα ἐν ἐγώ μή φέρω καρπός αἴρω αὐτός, καί πᾶς ὁ φέρω καρπός
καθαίρω αὐτός ἵνα φέρω πολύς καρπός.
Segue a transliteração do texto grego, quer dizer, a transformação das letras gregas
para nosso alfabeto com base na semelhança fonética:
A palavra que mais nos interessa aqui é “kathairei” que é o verbo “kathairō” que
está conjugado. Esse verbo pode ser traduzido como podar, limpar ou purificar.
Segundo Lourenço, ao comentar essa passagem de João, o adjetivo “Katharós”, se
relaciona com o verbo “kathairō” que significa puro. Explica o tradutor:
107
Temos, portanto, uma palavra que significa podar, limpar, purificar que se relaciona
com os adjetivos podado, limpo e purificado. Vejamos com atenção: O homem
purifica o espírito por meio do trabalho. Aqui está a semelhança
extraordinária. João escreve em seu Evangelho que nós somos ramos da verdadeira
videira e quando nós trabalhamos, quer dizer, quando “damos frutos”, o agricultor -
Deus - nos poda, nos limpa, nos purifica. Dito de outra forma, produzir, dar fruto,
trabalhar é pedir ao Pai purificação! Portanto, é por meio do trabalho que o Espírito
se purifica, é por meio da produção que os ramos da videira são purificados ou dito
de outra forma: “O homem purifica o espírito por meio do trabalho…”
É razoável acharmos que esses Espíritos não conhecem o Evangelho? Será que
João, o discípulo amado, poderia ter esquecido a obra sublime a que se dedicou ao
lado do Cristo? Para nós, espíritas, o Espírito após desencarnar preserva a
individualidade. Portanto, é ignorar os ensinos mais básicos de Kardec, atribuir a
esse Espírito ignorância em relação a conhecimentos que já possuía quando
encarnado. Na verdade, defende Kardec que, após o desencarne, os Espíritos, em
geral, e os superiores, em particular, expandem seus conhecimentos de formas
inimagináveis na Terra.
Por isso, para nós, espíritas, é inquestionável que eles, hoje ou no século 19,
quando elaboraram a Codificação, eram mais sábios e tinham ainda mais
conhecimentos do que quando encarnados. É inaceitável que queiramos negar a
grandeza desses amigos que voltaram mais uma vez a atuar no mundo como vozes
proféticas superiores para nos amparar.
108
no primeiro item, Objetivo desta obra:
Não sei se você notou, mas Kardec é muito claro: os que estudam seriamente o
Espiritismo já se convenceram que o Espiritismo é a chave que torna compreensível
o Evangelho, a Bíblia e os autores sacros. Pelo menos, para o estudante sério do
Espiritismo. Para ampliar a clareza de nossa resposta, leiamos o parágrafo final da
mesma introdução:
Parece que para Kardec, o Espiritismo tem uma ligação inquebrantável com o
Cristianismo, os ensinos dos Espíritos superiores têm por objetivo tornar o
Evangelho guia das ações humanas. Mas, permanece a pergunta, se para Kardec a
Bíblia e os autores sacros são tão importantes, se o Espiritismo fornece a chave
completa para compreensão deles, como o Codificador demonstrou essa verdade?
Esse é a questão essencial para nós, seguidores de Allan Kardec. Desde já antecipo: o
Consolador jamais decepcionará os que amam o Cristo.
O fato é que Allan Kardec dedicou a maior parte da Codificação a temas bíblicos,
109
principalmente, evangélicos. Isso é fácil de entender e de provar.
110
Pintura: Christ driving the traders from the temple de El Greco (1571 – 1576). A técnica maneirista
utilizada na obra simboliza Cristo expulsando a ganancia e o pecado dos templos.
111
O Cristo e Moisés são os dois grandes reveladores que
mudaram a face do mundo e essa é a prova de suas missões divina.
Uma obra puramente humana não teria tanto poder.
- Allan Kardec, Capítulo IV: item 5 Le rôle de la science dans la genèse, no livro La
Genèse les Miracles et les Predictions selon le Spiritisme, traduzimos e destacamos.
112
A Bíblia contém fatos que a razão, desenvolvida pela ciência, não
os aceita, e outros que parecem estranhos e repulsivos, porque estão
ligados a costumes que não são os nossos. Mas, apesar disso, seria
injusto não reconhecer que ela possui grandes e belas
coisas. A alegoria ocupa um lugar de destaque e sob esse véu
ela guarda verdades sublimes que se revelam se
procurarmos a essência do pensamento, assim,
consequentemente, o absurdo desaparece.
- Allan Kardec, Capítulo IV: item 6, Le rôle de la science dans la genèse, no livro
La Genèse les Miracles et les Predictions selon le Spiritisme, traduzimos e
destacamos.
113
Metodologia
Nossa forma de pesquisar, nesse capítulo, foi um pouco diferente da anterior.
Fizemos uma exposição que considerou o paralelismo entre o trecho estudado dos
Prolegômenos e do Evangelho de João. Dividimos os trechos em duas parte.
2) Todo ramo em mim que não produz fruto, [Deus] o tira; e todo aquele que
produz fruto, [Deus] o purifica para que produza mais fruto.
114
mera informação, se assim desejarmos, esses recursos nos transportam para a época
do Cristo e nos aproxima dele.
115
Experienciar
Escolha uma cena do filme Jesus de Nazaré. Sugerimos o filme dirigido por
Franco Zeffirelli, mas pode ser outro de sua preferência. Assista-o, pelo menos três
vezes, observando os detalhes da cena. Em seguida, feche os olhos. Faça uma prece a
seu anjo guardião e imagine que você está presente na cena escolhida.
Aproxime-se do Cristo e interaja com ele. Permita-se sentir o Mestre, o amor que
ele tem por você.
116
Diálogo Mediúnico
Paz e alegria em vossos corações!
Iniciemos.
Questão 1
Boa noite, querido irmão. Voltando para Moisés, ele não entrou na Terra da
Promissão, pelo fato dele ter ferido a pedra, saído água. Aquilo foi um ato de
vaidade dele e gerado punição. Foi por isso?
O que chamais de punição deve ser sempre visto com um olhar educativo, e todos
os Espíritos sempre têm algo mais para aprender, quando medido do ponto de vista
do Criador do Universo. Também podemos entender que aquela experiência foi,
acima de tudo, uma experiência de abnegação. É a luta de uma vida de imenso
sacrifício e na hora de se apossar literalmente da conquista, você não o
faz. Entendamos que, neste mundo, o caminho da ascensão passa
necessariamente pelas grandes renúncias. Moisés, em alguma medida, nos
ensina também o mistério da crucificação. É a conquista imensa por uma renúncia,
do nosso ponto de vista, incalculável.
Obrigado, irmão.
117
Questão 2
Boa noite, irmão, no estudo de hoje, foi explicado que Kardec teria muitas outras
coisas a serem elucidadas, mas pelo tempo curto que tinha, prevaleceu o mais
importante. Gostaria de saber se haverá complementação dessas obras, através de
um outro Espírito. Será isso que irá acontecer ou já temos tudo o que precisamos, e
não há necessidade de mais nada?
Questão 3
118
confiança inabalável nos vossos guias. Eles são os Espíritos incumbidos de fazer cada
um de vocês se aproximar do Cristo. Eles apenas não estudam a Codificação,
eles apenas não estudam o Novo Testamento, eles estudam detidamente
o vosso psiquismo para que consigam em experiência comuns de vosso
dia a dia ir ampliando a vossa compreensão da grandeza do Mestre, mas
não caminhemos pelo caminho do falso misticismo. Preparemo-nos para
os testemunhos gloriosos; acordemos espiritualmente para viver o nosso
testemunho da cruz.
É necessário que vos prepareis de forma integrada com os vossos anjos guardiões,
porque a vida não vos punirá, a vida vos concederá oportunidade para alcançar a
grandeza espiritual. Não podemos mais, como crianças chorosas, como covardes
lastimosos, fugirmos da dor, negarmos as nossas necessidades e fraquezas em nome
de uma falsa superioridade. Precisamos desse contato profundo com esses amigos
verdadeiramente cristãos, para que quando chegar o momento sagrado de nossos
testemunhos, às vezes invisíveis ao mundo, termos um coração sofrido, mas aberto
ao Mestre.
No momento em que pensardes que não tendes saída, uma mão muito
poderosa vos aparecerá e dirá em vossa alma palavras inesquecíveis:
Vinde a mim, vós que sofreis, porque Eu tenho o bálsamo que cura todas
as feridas, vinde, Eu vos aliviarei, porque Eu quero que estejais ao meu
lado no Reino de meu Pai.
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Capítulo 6
O arquétipo humano
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125
Allan
Kardec
Jesus.
126
Estudamos apenas um parágrafo dos Prolegômenos de O Livro dos Espíritos.
Certamente, há muito mais conteúdo, mas é necessário, dado nosso objetivo, de um
estudo introdutório para eleger e destacar alguns pontos dessa obra magistral, a qual
merece um maior aprofundamento.
Paulo foi um dos maiores intelectuais da história. Hoje, é o autor mais comentado
de toda Antiguidade. Certamente, como Espírito, ele sabe ainda mais do que sabia na
Terra, enquanto encarnado. As longas noites de solidão e os testemunhos luminosos
desse Espírito estão impressos em sua mensagem em forma de elevada sabedoria,
por isso, estamos diante de um texto escrito por um verdadeiro sábio e que foi lido,
relido e aprovado por Allan Kardec e pela equipe do Espírito da Verdade. Publicado
pela primeira vez em 1860, continuou a ser publicado em cada nova edição de O
Livro dos Espíritos realizada ao longo da vida do Codificador, e continua até os dias
de hoje como uma das mais importantes mensagens da história do Espiritismo. É
preciso estar com o pensamento elevado, em contato com o Alto, para melhor
entender o Apóstolo.
127
livre-arbítrio, podemos seguir em direção ao Pai por uma trajetória, um caminho,
adequado ou resistir e assim nos desviarmos em tortuosos caminhos.
O caminho que leva à Deus é delimitado por três balizas: justiça, amor e
ciência. A ignorância é contrária e oposta à ciência. Quer dizer, Paulo fala de ciência
como saber e sabedoria, e não a restringe à atividade laboratorial, técnica.
Pintura: Ciência e Caridade de Pablo Picasso (1897). O artista desenvolveu essa obra realista
quando tinha apenas 16 anos. Observa-se o tratamento espiritual e médico científico de maneira
simultânea.
A injustiça opõe-se à justiça. Mais uma vez, não devemos limitar os conceitos do
Apóstolo: aqui Paulo não fala exclusivamente de tribunais e judiciário; fala das ações
128
de cada dia, de nos tratarmos de forma adequada, equilibrada, respeitando as obras e
as aquisições de cada um, de sermos justos uns para com os outros. A justiça não se
restringe a um conjunto de procedimentos técnicos nem é uma coleção de trejeitos
sociais do politicamente correto; é uma compreensão da essência do ser: igualdade
essencial perante Deus; inalienável filiação divina; imortalidade; responsabilidade
perante o Pai de tudo que fazemos.
129
[move-se em direção a] Deus.
Ainda nesse tópico, os Espíritos acrescentam nas questões 653 e 653a, que
adoração verdadeira é a do coração, mas que a adoração externa pode ser útil, se for
sincera. Na questão seguinte, Kardec indaga, qual o tipo de adoração que Deus
prefere, é uma pergunta ousada. Vejamos a resposta:
Para melhor entendermos o que o Apóstolo dos gentios está nos ensinando, é
preciso considerar que ele é um dos personagens centrais da Segunda Revelação. Por
isso, é preciso estudarmos o que ele escreveu, quando encarnado, para sermos
130
capazes de relacionar seus ensinos anteriores com os apresentados para a Terceira
Revelação.
Agora, você entende por que foi tão importante Kardec estudar, desde
a adolescência, a Bíblia? Se o Codificador não conhecesse profundamente a
Primeira e a Segunda Revelação, ele nunca poderia entender, em profundidade, o
que os Espíritos diziam.
Isso é surpreendente. Esse Espírito, após ter uma vida elevadíssima no tempo de
Jesus e aperfeiçoar-se por cerca de mil e oitocentos anos, volta ao mundo por
intermédio de mediunidade para nos afirmar: o Cristo é o idealizador, é o
Espírito que pensa, organiza, planeja e executa o Culto harmonioso que
nos possibilita alcançar a unidade com o Pai.
O segundo nível é bem mais profundo. O Apóstolo, quando encarnado, afirma que
o Cristo tudo fez: por meio dele, todas as coisas foram criadas, tanto nos céus como
na terra, todas as coisas que podemos ver e as que não podemos [...] Tudo foi criado
por meio dele e para ele. E que o Cristo tudo mantém em harmonia: Ele existia
antes de todas as coisas e mantém tudo em harmonia.
Enfatizamos que este “tudo” se refere à Terra e seu entorno. Esse é o ensino aos
Colossenses, é a Segunda Revelação.
- Allan Kardec, em A visão de Deus, no capítulo XII, item 9, do livro La Genèse, les
Miracles et les Prédictions selon le Spiritisme, traduzimos, destacamos .
Nesse momento, já temos o significado dos dois símbolos que utilizaremos: a água
é o símbolo do elemento gerador (Ver questão 27, O Livro dos Espíritos); o vinho é o
símbolo, já sabemos, do Espírito. O que fez o Mestre em Caná da Galileia?
Transformou água em vinho. O que isso, em sentido profundo, significa? O que
significa transformar a água, o elemento gerador, em vinho, o símbolo do Espírito?
Se você entendeu, você está espantado e maravilhado. Sim, nosso Mestre, é também
criador. Ele participa da criação dos Espíritos.
Antes de avançar nesse ponto, vamos verificar como essa revelação está registrada
na Primeira Revelação, dado que já conhecemos a carta de Paulo aos Colossenses —
Tudo foi criado por meio dEle e para Ele — e o início do Evangelho de João — Por
meio dEle Deus criou todas as coisas, e sem Ele nada foi criado — que tão bem
representa a Segunda Revelação.
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Deus disse:
Agora, é fácil entender: Cristo, em conjunto com Deus, cria os Espíritos, pelo
menos, no âmbito da criação de nosso mundo; por isso, Paulo diz: ele é o molde, o
modelo, a estrutura, o arquétipo humano ou arquétipo do homem. O Cristo cria
Espíritos em comunhão com Deus. Essa é a escala para entendermos a grandeza de
nosso Mestre. Segundo a ciência, a Terra tem cerca de 4,5 bilhões de anos, estima-se
que leva em torno de 1 bilhão de anos o desenvolvimento dos seres mais simples ao
ser humano. Jesus Cristo é o condutor desse processo, em nosso mundo, tanto na
dimensão material quanto no mundo espiritual.
134
A atuação do Cristo não é apenas externa, não se dá exclusivamente enviando
profetas, líderes e gênios ao mundo; não se restringe ao envio de artistas e cientistas
nem ao controle migratório e reencarnatório de bilhões de Espíritos. Talvez, a mais
emocionante atenção que o Mestre nos dá é essa: há algo dele em nosso ser, há uma
presença do Messias em nós; ele nos acompanha silenciosamente, nos observando e
nos amando, para um dia nos conduzir ao Reino de nosso Pai. É o que ensina Allan
Kardec sobre Jesus Cristo.
135
Metodologia
O tema que abordamos exigiu extensa pesquisa. Primeiro, foi necessário
entender o que o apóstolo Paulo poderia entender por arquétipo, termos hoje muito
utilizado em algumas áreas do saber. Aqui temos um excelente exemplo de como
precisamos estar atentos em relação a diferentes períodos históricos. Na atualidade,
o termo arquétipo é muito usado pelos estudiosos de Carl G. Jung, porém, quando
Paulo o emprega, Jung sequer tinha nascido. O Apóstolo o utiliza por volta de 1857, o
psicanalista suíço nasce em 1875. Portanto, precisamos buscar o sentido do termo em
fontes da época de Paulo ou anteriores.
Como fizemos? Pesquisamos em dois dicionários da época de Kardec. O
Dicionário da Academia Francesa de Letras e o Dicionário Littré. Ambos
considerados, na época e atualmente, dicionários confiáveis. Assim descobrimos os
possíveis significados do termo arquétipo. Após descobrir os significados do termo,
cabe-nos estudar a mensagem para entender quais significados mais se adéquam ao
sentido geral do texto.
Outras pesquisas que realizamos é buscar nos escritos de Paulo, na Segunda
Revelação, as referências que ele faz em relação a atuação do Mestre no tema
estudado. Essa pesquisa pode ser feita por meio de busca de palavras, consulta a
obras especializadas sobre o pensamento da Paulo e, acima de tudo, pelo
conhecimento íntimo do Novo Testamento.
136
Experienciar
Paulo nos fala da necessidade de vivenciarmos a justiça, o amor e a ciência...
Peço que você responda essas questões, escreva-as apenas para você.
1. Narra um episódio no qual você foi injusto com você. Lembre-se
excesso de rigor é também injustiça.
2. Narre um episódio no qual você foi injusto com outra pessoa.
3. Reescreve os dois episódios descrito de tal forma que você agirá de forma justa e
amorosa, quer dizer, com verdadeira sabedoria.
137
Diálogo Mediúnico
Paz e alegria em vossos corações!
Questão 1
Quando o Cristo anuncia essa parábola, ele descortina para a criatura humana um
panorama cósmico. Todos os seres do Universo, independentemente de seus erros,
serão recebidos pelos braços abertos de um Pai que não irá colocá-los em posição de
segunda categoria, mas irá vesti-los com as mais belas vestes, o que significa que o
Espírito arrependido que busca a Deus alcançará os mais altos postos da evolução do
Universo, porque para Deus aquele que erra e aquele que não erra é amado
igualmente.
Muito obrigada.
138
Questão 2
Boa noite, amigo, Cairbar, muito obrigada pela sua presença hoje. A minha
pergunta é sobre a afirmativa de que o Cristo fala que colocou uma semente sua em
nós, e que em algum momento essa semente será despertada e dará frutos. A minha
dúvida é: se este momento é o Cristo que vai fazer acontecer ou se somos nós que
devemos fazer algum esforço para que essa semente seja despertada e dê frutos. De
que forma isso poderá acontecer? Muito obrigada.
Muito obrigada.
Questão 3
139
percebemos que conhecemos muito pouco do Cristo. Então como vamos criar esse
vínculo verdadeiro e sincero com o Cristo conhecendo-o tão pouco? Como podemos
ir em busca de nos vincularmos de maneira verdadeira cada vez mais com o
Mestre?
Valorizando o que se tem acesso hoje, quantas reflexões são possíveis a partir de
cada uma das parábolas que o Mestre vos legou? Quantos estudos não existem que
vão destacando aspectos da sabedoria do Mestre? Certamente, não podereis
conhecer em profundidade algo que vos escapa de forma extraordinária, mas
podereis conhecer o suficiente para amar.
Façamos uma comparação, sem querer diminuir a quem quer que seja.
Imaginemos um cão fiel que ama verdadeiramente seu dono. Ele o conhece em
totalidade? É impossível para o animal amigo conhecer a complexidade dos
pensamentos e das emoções de seu dono. Contudo, poderá ele protegê-lo, amá-lo e
receber imensos benefícios daquele que o ama. E muitas vezes poderá achar que até
sofre algo quando o dono amorosamente tira-lhe alguns espinhos da carne.
Obrigada.
Questão 4
Amado irmão Cairbar, por favor, nós vimos na explanação de hoje o símbolo da
água e do vinho. Você poderia nos falar mais sobre elas e a relação entre as duas?
140
O poder da criação, das energias mobilizadas para o desenvolvimento
do ser espiritual, ultrapassa e muito as energias do sol como o conheceis.
Portanto, meu amigo, não seria oportuno que nos aventurássemos em
explicações complexas sobre algo que, de fato, não poderemos entender.
Mas podemos vos assegurar que o símbolo é verdadeiro, que os processos milenares
de transformação existem e que todos foram acompanhados e são acompanhados por
uma mente que ultrapassa as possibilidades humanas de conceber, pela mente de
Jesus de Nazaré.
Muito obrigado.
Questão 5
Obrigado irmão.
141
Questão 6
Boa noite, Cairbar, obrigada pela presença. Gostaria de saber como colocar em
prática os ensinamentos de Paulo. Eu fico pensando sempre como trazer isso para a
vida diária. A dimensão de Paulo é tão grande para mim, que fico quase que
imobilizada. Então eu fico perdida nisso. Que imagem que a gente vai usar, estou
pensando naquele livro do Tómas de Kempis, A imitação do Cristo. Já aquilo, já é
uma coisa imensa do meu ponto de vista. O que dirá fazer alguma coisa mais
próxima. Então se você puder esclarecer um pouco eu agradeço. Até assim em
coisas ínfimas, como no âmbito familiar, outras convivências diárias. Obrigada.
A piedade é essa virtude prática, é essa atitude emocional que considera que o
outro também carrega muitas dores, que o outro também se arrependerá de grande
parte de sua vida, que o outro também, no momento justo, irá se desculpar por seus
erros, da mesma forma que nós hoje ou no passado erramos gravemente. É triste o
espírita que não quer entender que também é um criminoso, que também matou,
que também caluniou, que também traiu. É triste ver a arrogância se transformando
em loucura, em indivíduos que pensam em exibir-se, em apresentar grandeza
espiritual, quando não se tornaram dignos sequer de ajoelhar emocionalmente
diante da cruz para pedir o perdão do Mestre. Quem o crucificou? O outro. Quem o
negou? Apenas Pedro. Quem o abandonou? Apenas os discípulos assustados; ou será
que nós também, em algum momento, fomos os traidores da luz? Entendamos, é
preciso reconhecer quem nós somos, é indispensável buscar a misericórdia do Cristo,
ao mesmo tempo em que aprendemos a nos condoer com a miséria de nossos irmãos.
142
austeridade de um Paulo que nunca se sentaria cinco minutos para fingir
grandeza espiritual como tantas vezes identificamos em grupos que se
afirmam espíritas cristãos.
Obrigada.
Amigos e amigas, anunciamos a nossa avaliação de tudo o que foi feito até hoje.
Estamos felizes. Vossos Anjos Guardiões se vinculam em profundidade à nossa
equipe de trabalho, e isso deve ser causa de imensa alegria para vós. Estamos
preparando um curso ainda mais amplo, ainda mais profundo, pois recebemos do
Alto, pelas mãos abençoadas de Eurípides, a autorização de aprofundar todos esses
temas.
143
144
145
146
Capítulo 7
O Homem-Deus
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148
149
Allan
Kardec
150
O termo Homem-Deus pode assustar, mas é o que Paulo usa e Kardec aprova.
Esse termo, naturalmente, possui inúmeros significados coerentes e verdadeiros,
antes de abordarmos alguns, vamos relembrar esse trecho da mensagem de O Livro
dos Espíritos que estamos estudando:
Após definir Jesus como arquétipo humano - a estrutura divina do ser humano -, o
apóstolo dos gentios apresenta a definição que iremos estudar nesse momento:
Homem-Deus. Homem com “H” maiúsculo e Deus com “D” maiúsculo. Claro, Paulo
de Tarso não está dizendo que Jesus é Deus, mas está mostrando uma relação tão
profunda entre o Cristo e Deus que não há palavras adequadas nas línguas humanas
para expressá-la com exatidão. De forma semelhante, Paulo assim se expressou,
quando encarnado, ao escrever aos Gálatas:
Fui crucificado com Cristo; assim, já não sou eu quem vive, mas
Cristo vive em mim.
151
exemplos são muitos e estão de acordo com a compreensão espírita da mediunidade.
Quando, por exemplo, o Apóstolo escreve aos Coríntios, ele ensina essa verdade em
um dos mais importantes episódios da história: a travessia do deserto realizada pelos
israelitas guiados por Moisés. Explica:
152
luminosidade deslumbrante, é possível que os Espíritos menos
elevados, encarnados ou desencarnados, impactados com o esplendor
que os envolvem, tenham acreditado ter visto o próprio Deus. É como
quem vê um ministro e o confunde com o soberano.
- Allan Kardec, em A visão de Deus, no capítulo II, item 36, do livro La Genèse, les
Miracles et les Prédictions selon le Spiritisme, traduzimos, destacamos.
- Allan Kardec, em Raça Adâmica, no capítulo XI, item 38, no livro La Genèse, les
Miracles et les Prédictions selon le Spiritisme, traduzimos, destacamos.
153
nesse momento que acontecem as imigrações e as
emigrações espirituais. Aqueles que, apesar de sua inteligência e
seu saber, se mantiveram no mal, em revolta contra Deus e suas leis,
se tornariam um obstáculo para o progresso moral e uma causa
permanente de perturbação da paz e da felicidade dos bons. É por isso
que eles serão expulsos e enviados para mundos menos avançados.
[…] A terra de onde foram expulsos não é para eles o paraíso
perdido? Não era um jardim de delícias em comparação com
o meio ingrato a que estarão ligados por milhares de séculos
até terem conquistado a libertação? A intuição, a vaga
lembrança, que conservam é como uma miragem que os faz recordar
o que perderam por sua própria culpa.
Quer dizer, o Jardim do Éden, o mundo do qual foi expulso o grupo adâmico, era
um Templo. Era um local onde o contato com Deus e com os Espíritos superiores se
realizava no dia a dia. Essa ideia é a mesma explicada no Apocalipse de João, por isso
ele diz ao descrever a Nova Jerusalém:
154
Fácil entendermos: Jesus Cristo e Deus são o Templo. Como o Cristo é o
representante de Deus no mundo, ele pode dizer, conforme está registrado na
Segunda Revelação:
Para a Segunda Revelação está claro: o corpo do Cristo é o Templo. Mas como
entender isso no âmbito da Terceira Revelação? É o que iremos fazer.
155
Pintura: Desenvolvida por Raffaello Gambogi em 1894, a tela Os Imigrantes representa a
imigração urbana.
Fica ainda a questão: o que entender quando se diz que o Templo é o corpo do
Homem-Deus, de Jesus Cristo? É o que vamos explicar.
Kardec ao tratar de questões tão elevadas, que tocam nas esferas mais altas de
vida, é sempre atento e humilde, pois não há linguagem adequada para explicar o que
está tão além de nossa capacidade de percepção e de entendimento. Por isso o
Codificador, de forma equilibrada, utiliza-se de analogias e comparações. Devemos
156
seguir o mesmo caminho, sempre conscientes de nossas limitações.
Existe um item, na última obra de Kardec, que merece atenção especial, pois nela
o Codificador aprofunda o tema central das três revelações: Deus. Após resgatar a
compreensão de Deus como Criador, no item Existência de Deus, e de explicar as
características de Deus, no item a Natureza Divina, retomando os temas das duas
revelações, no item, A Providência, o Codificador realiza um desenvolvimento
apenas possível pelos conhecimentos espíritas. Afirma Allan Kardec:
- Allan Kardec, em A Providência, no capítulo II, item 24, no livro La Genèse, les
Miracles et les Prédictions selon le Spiritisme, traduzimos, destaque de Allan Kardec.
Uma das dimensões de Deus, para Kardec, é estar em toda parte, preencher todo o
universo, toda a Criação; mas preencher como um fluido inteligente. Quer dizer,
estar em todos os lugares com consciência, percebendo o que acontece, analisando
cada pequena parte e o todo simultaneamente. Para fazer uma afirmação tão ousada,
Kardec se apoiou no ensino do Cristo, por isso escreve no mesmo parágrafo:
Nós estamos Nele [em Deus] como ele está em nós segundo a
palavra do Cristo.
- Allan Kardec, em A Providência, no capítulo II, item 24, no livro La Genèse, les
Miracles et les Prédictions selon le Spiritisme, traduzimos, destaque de Allan Kardec.
- Allan Kardec, em A Providência, no capítulo II, item 27, no livro La Genèse, les
157
Miracles et les Prédictions selon le Spiritisme, traduzimos, destacamos.
Quer dizer, apenas por analogia, podemos assim entender: da mesma forma que o
Espírito tem um corpo e controla-o por meio do corpo espiritual, o perispírito; Deus
teria um fluido inteligente que possibilita que Ele esteja em toda a Criação de forma
consciente.
Apenas com a integração sábia e inteligente das três revelações isso se torna
compreensível, pois apenas quem conhece o poder dos fluidos, explicado pela ciência
do magnetismo, bem como as revelações que são a base do Espiritismo, pode
compreender algo de tão elevada envergadura sem perder-se em cogitações
fantásticas. Eis o que podemos afirmar: o Homem-Deus envolve toda a Terra com
suas poderosas emanações fluídicas, que, também, transmitem informações e
sentimentos. São fluidos inteligentes nas palavras de Allan Kardec. Por isso, quando
sintonizarmos com essas harmoniosas vibrações que nos integram no belo e no bem,
estaremos gravitando verdadeiramente para a unidade divina, conduzidos pelo
Cristo, o idealizador do culto harmonioso do belo e do bem.
158
Metodologia
Esse seção de nosso capítulo tem dois objetivos: mostrar que o que apresentamos
tem um fundamento científico-espírita, quer dizer, pesquisamos com metodologia
científica, tendo por fundamento os princípios espíritas e os saberes revelados por
Allan Kardec. O outro objetivo é mostrar que é possível, caso você deseje, realizar
pesquisas semelhantes.
O que fazemos aqui é conhecido a longo tempo no mundo acadêmico: são métodos
simples que pesquisa como o estudo da relação entre textos diversos (chamada de
intertextualidade), a leitura atenta dos textos de Kardec que considera seriamente
tudo o que ele afirma sobre os fundamentos do Espiritismo como Terceira Revelação
e sobre seus principais precursores como Sócrates e Platão.
159
Experienciar
Um exercício meditativo.
Faça um segunda leitura, calma, pausada, imaginado toda a cena. Busque sentir
cada palavra proferida pelo Cristo.
Imagine...
O templo...
O Cristo no templo...
160
Diálogo Mediúnico
Paz e alegria em vossos corações!
Estejamos dispostos, estejamos a postos, porque a grandeza do Mestre é estímulo,
a grandeza do Mestre é consolação, a grandeza do Mestre é certeza que esse coração
maravilhoso jamais irá nos desamparar.
Comecemos!
Questão 1
Boa noite, querido irmão. Poderia explicar melhor a questão do Templo do
Cristo? Dá para entender que o fluido, tem muito a ver com nossas atitudes, nosso
modo de pensar e que não precisamos de paredes, mas que em qualquer lugar em
que nos encontrarmos, nós podemos fazer essa conexão. Poderia explicar melhor
isso?
Compreendendo a lei dos fluidos, fica muito fácil aos espíritas entenderem que sua
sintonia irá gerar as energias que o envolvem. E por isso, também, o conjunto das
energias das pessoas que frequentam determinados ambientes irão construir um
ambiente espiritual, fluídico e psíquico, que expressa esse conjunto.
É fácil entender, se recordarmos a vida do grande apóstolo Paulo. Onde estava seu
templo? Nas estradas, nas cidades, nas praças? É esta compreensão que precisa se
instalar em vossos corações. Paulo não tinha uma rede de igrejas ou templos
para acolhê-lo, quando ia pregar a palavra Divina. Por isso, ele também
se tornou um templo do Cristo. Essa é a proposta de Allan Kardec para
cada um de vocês. Tornem-se vós templos do Cristo, para que, onde
estiverdes, o Cristo possa ser apresentado às outras pessoas.
Não podemos, com desculpas que não cabem aos estudantes do Consolador, criar
ou recriar os dogmas, tão antigos, que só servem à vaidade humana. Se o teu coração
não se tornar templo do Cristo, todas as instituições de nada valerão no mundo.
Porque caminhamos, meu amigo, a passos largos para os testemunhos
derradeiros e para o início de uma era superior. Precisaremos de muitos
templos, de corações convertidos ao Cristo, para que consigamos
realizar tudo a contento.
Larguemos, portanto, as ilusões de que construções tão precárias possam, de fato,
ser a base da atuação do Cristo no mundo. Só há um espaço verdadeiramente cristão:
que é o espaço do coração e do sentimento. Se esse não houver, não haverá outro.
Obrigado, irmão.
161
Questão 2
Boa noite. Eu gostaria de perguntar: quando Jesus nos escolheu, para ser o
nosso Guia, Ele nos escolheu de forma individual?
Precisaríamos adentrar em numerosos detalhes para explicar adequadamente essa
situação. Mas podemos, a título de introdução a essa reflexão, dizer que o Cristo
amorosamente aceitou cuidar de cada um de vocês.
Vossas histórias nem sempre são semelhantes. Encontram-se na Terra Espíritos
que vieram de diversos mundos, e cometeram erros diferenciados, que possuem
bloqueios com gêneses muito diferentes. Mas há algo em comum: todos foram
aceitos por esse coração generoso.
As vossas tragédias fazem o Cristo sofrer, porque Ele é capaz de amar
cada um de vocês de forma particular. Seriam necessários estudos
extraordinários para que pudessem entender a capacidade de amar desse Espírito.
Dizemos apenas: existem Espíritos, de dezenas de mundos diferentes, que hoje
habitam na Terra, e todos eles são acompanhados com um carinho extraordinário. E,
acrescento algo mais: o Cristo não é só capaz de vos amar, mas Ele é
capaz de nos ensinar a vos amar, como um Mestre carinhoso que
consegue detectar o que há de belo e divino, mesmo no coração das
criaturas mais tenebrosas. E como a nos dizer: observe! Naquele
pequeno canto existe algo divino. Ama esse irmão e, um dia, essa
pequena virtude irá brilhar como um sol.
Questão 3
Boa noite amado irmão Cairbar! Ouvimos o nosso coordenador, Carlos, nos
passar uma série de informações há pouco e ele falou que o Cristo conseguia
esconder a sua grandeza. Porém, a minha pergunta… João disse que Ele participou
da criação de tudo o que há neste planeta. Como um Espírito deste nível pode
trabalhar num planeta tão atrasado como a Terra?
Só há uma explicação, meu irmão: porque Deus vos ama!
Muito obrigado.
Questão 4
Boa noite, querido irmão! Quando nós falamos e, como o irmão acabou de dizer,
que muitos de nós na Terra viemos de outras moradas, então provavelmente nós
também vivenciamos esse amor por outros Cristos, outros Espíritos superiores que
foram organizadores de outras moradas. Como nós nos esquecemos, então, desses
outros Espíritos superiores? Aqui nós temos o Cristo, chamado Jesus, como nosso
162
modelo, mas se viemos de outras moradas, também tivemos outros Cristos,
correto?
Seria preciso adentrar em histórias específicas, mas, em tese, é possível.
Mas então vos indago: como podeis vós, hoje, esquecer do Cristo Jesus de Nazaré?
É um fato que, mesmo no seio do Consolador, há aqueles que desvalorizam e até
desprezam a figura do nosso Mestre tão amado. É a revolta, minha irmã, é o
sentimento infeliz que leva a criatura aos extremos de amaldiçoar o Criador e seu
representante. Se sois ainda Espíritos pouco evoluídos, já possuis poder suficiente
para brilhar ou para se obscurecer. Os sentimentos do ódio, da vaidade, da
arrogância podem vos atingir de forma tão destrutiva, que levais a
esquecer até aquele que morreu crucificado, com o intuito de vos levar à
verdadeira felicidade.
Obrigada, irmão.
Questão 5
Boa noite, Cairbar. Boa noite. Muito obrigada por sua presença! Como a gente
pode tentar acertar mais, para uma vez que a gente tenha consciência, que tenha
clareza de que, de tanta coisa errada, de tantos erros e equívocos e por ignorância,
por falta de atenção, de interesse... Como a gente pode fazer para progredir mais
rápido dentro do tempo que a gente tem?
Suplicai, minha amiga, diariamente, que o Cristo viva em vosso coração.
Apresentai-lhe as vossas dores, pedir o seu amparo. Peça para sentir a suavidade do
amor do Cristo; peça para sentir as suas vibrações maravilhosas; peça para ser
preparada para suportar um amor que o mundo não pode dar. Todos nós
precisamos de um contato diário verdadeiro com o Mestre, porque as
nossas forças são sempre falhas, nossos juízos são sempre inseguros,
mas há uma certeza: o Cristo estará sempre ao nosso lado, quando
pedirmos o seu amparo e a sua ajuda.
Ok, está bem, obrigada!
Podemos ainda responder a uma última pergunta ou, no máximo, duas.
Questão 6
Então, eu gostaria de alongar um pouco a minha questão. A gente pode fazer
pedidos específicos? Deve fazer? Porque, às vezes, a gente acha que o problema é
um e pode ser outro.
Pedir, antes de tudo, compreensão. A criatura humana vive em um
nervosismo constante, porque acredita que deve, num mundo inferior
como a Terra, encontrar a felicidade. Ao espírita, ao cristão, sugerimos a prece
163
que solicita compreensão, que solicita sabedoria e, acima de tudo, que solicita o
amparo para que o testemunho se transforme em elevação espiritual. Todos sofreis!
É um mundo inferior, portanto, pensai que, acima de tudo, é necessário que haja um
aprendizado verdadeiro, antes de soar a vossa última hora neste mundo.
Pedir, acima de tudo, compreensão e coragem para agir da maneira
certa. E, quando não souberdes agir, orai ainda uma vez, suplicando
ajuda para que a situação seja compreendida. Entendei. Vossa vida possui
um planejamento, é necessário que aprendais com cada dor do caminho. É
necessário que as vossas virtudes se desenvolvam para que a vossa vida não seja vã.
Mesmo quando o sofrimento é de outra pessoa próxima, que a gente não tem
como alterar?
É importante, minha amiga, aprender a sofrer com o sofrimento do outro. Muitas
vezes, queremos, de forma automática, curar o sofrimento de alguém, para não
sofrermos também. O Cristo vos ensinou: é necessário sofrer também com
outro, é necessário sofrer pelo outro, é necessário sofrer com a dor do
outro. O sofrimento é a senha secreta da vossa libertação, que precisais
aceitar, compreender e viver e, assim, vos libertardes.
Obrigada!
164
165
166
167
Capítulo 8
Eu venho, sou teu Salvador e teu
juiz
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169
170
Allan
Kardec
- São Luís e Santo Agostinho, questão 495, em Le Livre des Esprits, traduzimos, grifamos.
171
Após estudarmos alguns trechos de O Livro dos Espíritos que provam a devoção
de Kardec e dos Espíritos superiores ao Cristo, podemos perguntar: estaria o Cristo
presente no Livro dos Médiuns? Existe uma relação direta desse livro com a Primeira
e a Segunda Revelações? Se entendermos que a mediunidade era a faculdade dos
Profetas e dos Apóstolos e que, no Espiritismo, ela se torna instrumento central para
assegurar a divulgação e a melhor compreensão da lei evangélica, como afirma
Kardec, constataremos que O Livro dos Médiuns é uma parte essencial de ligação
entre a três revelações.
Hoje estudaremos uma mensagem especial. É uma psicografia que está no Livro
dos Médiuns e, segundo Kardec, foi obtida por um dos nossos melhores médiuns da
Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Para o Codificador, tanto as ideias
expressas quanto a linguagem utilizada são marcas de uma superioridade
inquestionável. Quem assina a mensagem, publicada por Allan Kardec no Livro dos
Médiuns, é Jesus de Nazaré. Ela é tão rica em conteúdo, portadora de uma
linguagem simbólica tão reveladora que será impossível, em nosso curto texto,
abordá-la de forma completa. Na verdade, nesse momento, estudaremos a primeira
frase da mensagem. Acreditamos que ao entender essa frase compreenderemos
melhor o Espiritismo. Assim começa a mensagem:
- Jesus de Nazaré, capítulo XXXI, Sobre o Espiritismo, item IX, em Le Livre des
Mediums, traduzimos, grifamos.
172
frase a partir de outras partes da Codificação, vejamos o que está registrado na
Segunda Revelação: no Evangelho de João e no Evangelho de Mateus.
Em João, no encontro do Cristo com a mulher samaritana, que era avessa aos
judeus, temos o seguinte testemunho:
Em relação a definição do Cristo como juiz, há também uma longa tradição nos
Evangelhos e no Apocalipse. Leiamos o item O julgamento das nações em Mateus:
Essa passagem do Evangelho é muito conhecida dos espíritas, pois Kardec a utiliza
na abertura do capítulo 15, do Evangelho segundo o Espiritismo: Fora da caridade
não há salvação. O argumento central do Codificador, para fundamentar o lema
central do Espiritismo, é o critério utilizado no julgamento conduzido pelo Cristo, a
prática da caridade.
Em 1864, três anos após a publicação da mensagem que estamos analisando, algo
interessante acontece: uma comunicação espontânea de João Evangelista. Era
dezembro, a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas se reúne para uma sessão
comemorativa e, como sempre, Kardec dava espaço aos amigos espirituais,
colocando os médiuns à disposição da Espiritualidade. Eis um trecho da
173
comunicação do Apóstolo amado, aquele que escreveu tanto o Evangelho de João
como o Apocalipse:
174
Eu sou o bom pastor. O bom pastor sacrifica sua vida pelas
ovelhas.
175
Pintura: O bom pastor de Alfred Usher Soord (1868-1915). Representante da parábola da ovelha
perdida, a obra retrata um pastor que arrisca sua própria vida, pendurado em um penhasco, para
salvar a ovelha.
176
Analisemos, agora, a terceira parte da frase inicial da mensagem de Jesus - eu
venho trazer a verdade e dissipar as trevas. Jesus, nessa afirmação, faz uma
comparação reveladora: ele volta a se comunicar com o mundo, com a mesma
intenção que tinha quando encarnou: trazer a verdade e dissipar as trevas. Isso é
uma confirmação da missão do Cristo no mundo, conforme ele mesmo revelou a
Pilatos, momentos antes de sua morte:
Disse-lhe Pilatos:
- Então tu és rei?
Respondeu Jesus:
- É o que dizes. Eu sou rei; para isso nasci, para isso vim ao
mundo, para testemunhar a verdade. Quem está a favor da
verdade escuta a minha voz.
O outro tema é o da luz e das trevas, da luz que dissipa as trevas. Esse tema está na
famosa e muito comentada abertura do Evangelho de João:
Tudo existiu por meio dela, e sem ele nada existiu de tudo o que
existe.
177
A luz brilhou nas trevas,
Houve um homem enviado por Deus, chamado João, que veio como
testemunha, para dar testemunho da luz, de modo que todos
cressem por meio dele. Ele não era a luz, mas uma testemunha da
luz.
178
Por isso não podiam crer, então Isaías disse outra vez: Cegou-lhes
os olhos, e endureceu-lhes o coração,
E se convertam,
E eu os cure.
Isaías disse isto quando viu a sua glória e falou dele [de Jesus].
Aqui está uma revelação esclarecedora e difícil: muitas vezes, temos hostilidade
em relação ao Cristo para evitar que ele nos cure. Mas, por que não quereríamos que
ele nos curasse? Simplesmente, porque dói. A cura significa olhar para si mesmo,
reconhecer a própria inferioridade, avaliar erros e acertos, virtudes e vícios.
Normalmente, preferimos agir como se já tivéssemos superados nossas grandes
dores, fingindo que não somos portadores de significativa inferioridade espiritual.
Por isso, a luz nos incomoda.
- Allan Kardec em Caráter da Revelação Espírita, item 41, no livro La Genèse, les
Miracles et les Prédictions selon le Spiritisme, traduzimos, destacamos, sublinhamos.
179
Poderíamos acreditar, por descaso ou limitação, que o Espiritismo seria
simplesmente uma doutrina filosófica ou científica, mas isso seria um erro
lamentável. Ele é mais: é a continuidade da obra do maior Espírito que já veio ao
mundo, é a continuação da Revelação do Messias divino. Se Allan Kardec está certo -
confiamos que ele está - o Cristianismo é o tema mais importante a ser estudado e
praticado pelos espíritas e pelos Espíritos comprometidos com a própria evolução
- Jesus de Nazaré, capítulo XXXI, Sobre o Espiritismo, item IX, em Le Livre des
Mediums, traduzimos, grifamos.
180
Metodologia
Nosso método de pesquisa para compor esse capítulo foi bastante simples.
Partimos do princípio espírita de que os Espíritos, após o desencarne, mantêm a
individualidade, por isso, ao lermos a primeira linha da mensagem de Jesus - Eu
venho, sou teu Salvador e teu juiz; eu venho, como no passado, entre os filhos
perdidos de Israel; eu venho trazer a verdade e dissipar as trevas – indagamos: os
termos, símbolos e conceitos utilizados já foram utilizados por esse Espírito quando
encarnado? Como se trata de Jesus de Nazaré temos vários relatos de suas ações,
testemunhos e explicações. A partir dessa compreensão simples para os que
conhecem o Espiritismo, iniciamos nossa pesquisa.
Pesquisamos tanto por termos nos textos do Novo Testamento como procuramos
nos dicionários por referência bíblicas que permitissem que fizéssemos relações
significativas entre a mensagem de Jesus com a Primeira e Segunda Revelações.
Também pesquisamos no excelente livro de Koester que trata da simbologia do
Evangelho de João, chamado Symbolism in the Fourth Gospel (Simbolismo no
Quarto Evangelho) de Craig Koester da editora Fortress Press.
181
Experienciar
Após uma prece a seu anjo guardião, em ambiente de paz e tranquilidade, leia
calmamente essa frase:
Eu venho, sou teu Salvador e teu juiz; eu venho, como no passado, [quando
estive] entre os filhos perdidos de Israel; eu venho trazer a verdade e dissipar as
trevas.
Eu venho, sou teu Salvador e teu juiz; eu venho, como no passado, [quando
estive] entre os filhos perdidos de Israel; eu venho trazer a verdade e dissipar as
trevas.
182
Diálogo Mediúnico
Paz e alegria em vossos corações!
Podemos iniciar.
Questão 1
Boa noite, irmão. Eu gostaria que o irmão falasse um pouco para nós sobre a
fundamentação do Espiritismo, principalmente a frase muito usada no Espiritismo
“Fora da caridade não há salvação”, e nós não vemos a prática e o entendimento
correto no meio espírita, na minha opinião.
Muito obrigado.
183
Questão 2
Boa noite. Eu gostaria de perguntar sobre um trecho do texto onde está escrito –
ele volta a se comunicar com o mundo com a mesma intenção que tinha quando
encarnou. O que é essa volta a se comunicar com o mundo?
Questão 3
Querido irmão, poderia explicar melhor essa questão do ensino, que acabou de
falar, como é que o ensino dentro das casas espíritas poderia levar o Cristo aos
corações?
Fazei o que estamos fazendo, meu amigo: apresentai o Cristo como o verdadeiro
Salvador do mundo; colocai o Cristo no lugar que lhe é devido como nosso Mestre e
Senhor incontestável; derrubai os altares, hoje tão altos, da falsa intelectualidade que
invadiram o movimento espírita; expulsai os fariseus podres que aparentam elevação
em sua etiqueta social refinada, mas que nada tem a dar em termos de calor humano;
purificai os vossos corações; uni-vos àqueles que querem aprender a amar o Cristo,
aprender a servir em nome do Cristo e afastai-vos sim dos fariseus que nada podem
fazer a não ser vos distrair do ensino verdadeiro, poderemos ensinar quando formos
capazes de sentir.
O Cristo não requer nenhuma cátedra, mas o Cristo exige que vos
coloqueis como corações dóceis, que o procureis com o coração sincero,
para que ele alivie os vossos fardos e vos prepare para auxiliar àqueles
que mais sofrem
Obrigado irmão.
184
Questão 4
Boa noite, amado, irmão. Kardec se refere ao Cristo na Gênese como Messias
Divino. Você pode falar mais sobre o Messias Divino?
É muito difícil para nós encontrarmos alguma expressão possível que possa ser
entendida, do que, realmente, o que significa o Cristo, a sua extraordinária
grandeza, o seu amor que a tudo envolve, o seu carinho que a todos
consola, a sua verdadeira humildade, um ser capaz, como já vimos, de
sair das esferas mais resplandecentes do mundo para abraçar uma
criança leprosa e abandonada no lixo. Nós vimos isso. Talvez esse contraste
possa vos fazer sentir a grandeza do nosso Mestre, porque como ensina Allan Kardec,
ele conhece os segredos de Deus e não despreza nenhum dos pequeninos, nenhum
dos terríveis algozes da Terra, nenhuma criança abandonada é ignorada por esse
Espírito, capaz de amar de forma, para nós, indescritível.
Obrigado.
A luz do Cristo hoje possui mais espaço em vosso ser, por isso, agradecei ao Mestre
da única forma que realmente o agradará, amparai vossos irmãos, divulgai
tudo aquilo que vos ajuda a estar próximo do Cristo porque o nosso
Mestre só uma coisa deseja do mundo, que todos aprendamos a nos
amar para que um dia, ele possa pegar em nossas mãos e nos levar para desfrutar a
glória do Criador do Universo.
185
186
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Capítulo 9
Escutai-me
189
190
191
Allan
Kardec
- Allan Kardec em carta ao senhor Dijoud, em dezembro de 1863, publicado no projeto Allan
Kardec, destacamos, sublinhamos.
192
Escutai-me.
- Jesus de Nazaré, capítulo XXXI, Sobre o Espiritismo, item IX, em Le Livre des
Mediums, traduzimos, grifamos.
A riqueza dos significados desse verbo não poderá ser completamente explorada
em apenas um breve texto, mas, acreditamos ser possível iniciar um estudo que nos
proporcionará importantes reflexões e profundas intuições.
Allan , Kardec está familiarizado com o simbolismo evangélico a tal ponto que não
apenas o entende, mas utiliza-o frequentemente, como fazem os Espíritos mais
evoluídos da Codificação. Temos um exemplo logo na introdução do Livro dos
Espíritos, quando o Codificador com muita correção realiza emprego simbólico ao
citar uma passagem de Jesus. Vejamos:
193
O Cristo assim se define conforme registro no Evangelho de João:
https://www.youtube.com/watch?v=-Yx_0p9YHlE
Ao lermos essa frase de Jesus, de que ele tem ovelhas em outro local, inicialmente,
poderíamos pensar em outro local de nosso mundo, mas Jesus diz que essas outras
194
ovelhas escutam a sua voz, portanto, ele está se referindo a um grupo de Espíritos
evoluídos, Espíritos que tem com ele uma relação de proximidade parecida como a
relação que ele tem com Deus - conheço as minhas e elas me conhecem, como
o Pai me conhece e eu conheço o Pai; - são Espíritos que podem dizer como
disse o Apóstolo Paulo, o Cristo vive em mim! Portanto, o Cristo é o pastor, o líder
que dirige dois imensos grupos humanos: um na Terra composto por Espíritos ainda
rebeldes que não escutam sua voz e outro em um plano superior composto por
Espíritos muito evoluídos que o escutam, amam e obedecem.
Tudo fica mais interessante quando ele completa ao dizer que tem o objetivo de
formar um só rebanho. Quer dizer, unificar seus rebanhos, seus seguidores: os
evoluídos e os atrasados. Dito de outra maneira, Jesus tem seguidores em nosso
mundo e em outro mundo. Os seguidores deste mundo (Terra) ainda precisam
aprender a escutar sua voz. Ele quer ser escutado para que haja uma união e os
seguidores já maduros, evoluídos, juntem-se aos seguidores que, apesar de
atrasados, desejam segui-lo.
É por isso que podemos garantir que a transformação do mundo não depende de
nenhum movimento ou instituição em particular. Todos podem - e devem -
colaborar, mas ninguém é indispensável. É por esse motivo que João, que tão bem
entendeu o Cristo, no Apocalipse descreve a instauração do mundo de regeneração
na Terra, a Nova Jerusalém, como a descida de uma civilização inteira, vinda do Alto,
para habitar nosso mundo. É o reencarne em massa de Espíritos superiores que
escutam, há milênios, a voz do Cristo. É o Cristo o intermediador de toda a
regeneração planetária, é por ele que Espíritos iluminados nascerão em nosso
mundo; são suas ovelhas que vem transformar a face da Terra com suas descobertas
científicas, com suas obras de elevada arte, com sua devoção aos que sofrem de dores
físicas e emocionais. Esses Espíritos farão tudo isso por um motivo: eles escutam a
voz do Pastor.
195
Cristo fala do presente e do futuro da Humanidade, pois como afirmou João
Evangelista, em mensagem que estudamos, o Salvador carrega em seu seio toda a
revelação. Não estranhemos, portanto, ao ver que Kardec diz claramente que essa
parábola, também, aplica-se aos espíritas, a mim e a você. Leiamos com atenção:
196
jardineiro divino. Ele cuida da preciosa semente. Nós permanecemos como o terreno
no qual a semente foi lançada. É assim que o Cristo explica essa parábola. Vejamos:
Allan Kardec irá classificar os espíritas com esse critério: os que escutaram as
orientações dos Espíritos superiores e não entenderam, por isso, conservam-se frios
e indiferentes; os espíritas que escutam as orientações espirituais e as acham belas,
mas para serem aplicados aos outros, portanto, não tem profundidade nem
resistem as preocupações materiais ou a sedução da riqueza. Escutar a palavra do
Reino de Jesus ou dos Espíritos superiores é decisivo para nosso futuro
espiritual. Como vimos para o Cristo e para Kardec há diferentes formas de escutar.
A escuta indiferente; a escuta empolgada e superficial; a escuta invigilante e a escuta
que leva a seguir a voz do Pastor. Apenas um tipo de escuta permite que a semente
nasça e dê bons frutos.
197
Encerraremos com um episódio dramático da vida do Cristo. O Mestre está diante
de Pilatos, um homem inferior, um político interesseiro que se preocupa apenas
consigo, e que nesse momento, pensa ter em suas mãos a vida do Cristo. A acusação:
Jesus teria se declarado rei.
Para o Espiritismo, Jesus é rei. Allan Kardec defenderá essa ideia ao dizer que
Jesus é um rei superior aos reis da Terra, pois os reis terrenos sempre dependem de
mil circunstâncias sociais para se manterem no comando e Jesus é um rei que jamais
poderá ser derrubado pela ação humana, pois reina por vontade do Criador do
universo, Deus.
Disse-lhe Pilatos:
- Então tu és rei?
Respondeu Jesus:
-É o que dizes. Eu sou rei: para isso nasci, para isso vim ao mundo,
para testemunhar a verdade. Quem está a favor da verdade
escuta a minha voz.
As palavras do Cristo são claras: quem está a favor da verdade, quem a busca com
humildade e honestidade, sempre escutará Sua voz. Em um momento em que mesmo
o movimento espírita parece esquecer seu vínculo profundo com o Mestre, em que o
amor do Cristo por cada um de nós deixa de ser enfatizado; em que nossa relação
com o Messias divino não é mais entendida como decisiva, precisamos relembrar o
apelo generoso do Mestre:
Escutai-me.
- Jesus de Nazaré.
198
Metodologia
Nossa metodologia parte do princípio espírita de que existem Espíritos superiores
e inferiores; além disso, que existem Espíritos que se destacam dentre os Espíritos
superiores e ainda que existem Espíritos que são puros, quer dizer, pertencem a
categoria dos que superaram toda e qualquer inferioridade.
Dentre os Espíritos puros existem aqueles que estão mais avançados em evolução,
em conhecimento e em amor, deste pequeno grupo elevadíssimo, Jesus Cristo é o
mais evoluído de todos no que se refere a nosso mundo.
Ele é o líder de todos os outros Espíritos puros e Espíritos superiores. Além disso,
segundo Kardec, ele tem acesso aos segredos de Deus.
Cabe a todos nós, que conhecemos essa realidade, considerar muito atentamente a
mensagem dos Espíritos superiores e, acima de tudo, as mensagens atribuídas ao
Cristo. Caso elas não sejam reveladoras de profunda sabedoria, que uma
compreensão mais elevada do que tudo que conhecemos e ao mesmo tempo de uma
misericórdia e generosidade ímpar, devemos desconfiar. Por isso, é necessário ao
estudar uma mensagem atribuída ao Messias Divino, muito critério, muita atenção,
muito estudo e reflexão.
Como ensina um dito popular para quem sabe ler um pingo é letra, podemos
acrescentar, quem é sábio pode usar uma palavra que revela um universo de
significados. Assim consideramos a mensagem de Jesus.
199
Experienciar
Faça um prece, evocando seu anjo guardião. Peça sua ajuda, amparo e proteção
para esse momento. Isso é importante.
Leia com vagar e atenção em seu Novo Testamento o trecho do Evangelho de João,
capítulo 10, dos versículo 1 até 18.
Durante a leitura você pode ouvir uma música que lhe dê paz ou buscar um local
silencioso.
Ao ler, imagine as cenas que mais lhe tocam o coração... Viva cada cena com
envolvimento emocional.
Ao final, indague: que tipo de amor tem esse pastor, como é esse amor de quem dá
a própria vida para meu bem-estar...
200
Diálogo Mediúnico
Paz e alegria em vossos corações!
Que o Cristo, este amigo tão querido, esse coração tão meigo, esse Pastor tão
abnegado, possa nos inspirar neste instante em que aqui estamos, entendendo que
tudo que precisamos fazer é abrir nossos corações e escutar a mensagem daquele que
fala para todos nós em nome de Deus.
Questão 1
Boa noite, irmão. Eu gostaria, se pudesse me auxiliar, a ver por que caminho
devo seguir para ter mais confiança na providência do Pai, de enxergar, de aceitar,
de entender melhor os caminhos das pistas que são dadas. Se puder ajudar eu
agradeço, obrigada.
Tire quinze minutos por dia, minha irmã, a partir de amanhã, para refletir o
quanto Deus, a intervenção Divina, em sua vida, já lhe amparou todos os dias. Todos
os dias faça esse exercício. Embora inicialmente pareça difícil, ore, concentre-se e
registre a resposta a pergunta: “como Deus já me ajudou?” Dia a dia. E isso irá lhe
educar para perceber mais claramente que o amor de Deus sempre esteve presente
em sua vida.
Obrigada.
Questão 2
Poderia nos contar mais acerca da Nova Jerusalém que vai crescer aqui no
planeta e o envolvimento do Brasil nisto?
Certamente. Até porque é a área em que atuamos de uma maneira direta. Allan
Kardec, inclusive no livro O Céu e o Inferno, registra já à época dele, o relato de
Espíritos que trabalham em comunhão com Espíritos de planetas mais evoluídos.
O Brasil terá papel de destaque na renovação da Terra. Não apenas por conta de
suas riquezas naturais, mas porque aprenderá a ofertar generosamente essas
riquezas, também àqueles que mais sofrem. Nos preparamos, naturalmente, para um
embate árduo em que as forças das trevas, desesperadas com a renovação do mundo,
atuam de maneira a envolver maior número de incautos possível. Contudo, o plano
201
do Cristo é superior e vai muito além de um período de batalha que marcará apenas o
início de um processo de regeneração intensa.
Questão 3
Mesmo conscientes que somos dessa semente que devemos espargir, espalhar, da
semente que Jesus nos deixou, ainda assim existem muitos tropeços em nossos
caminhos. Sabemos que é necessário, mas essas dificuldades que encontramos, é
possível superá-las e seguir adiante?
Todas. Não disse o nosso Mestre que seu fardo é leve? Mas não penseis em superá-
las todas tão rapidamente, até porque outras viriam. O que é necessário é
perguntar ao Mestre “Senhor, o que preciso aprender com essa dor?”;
“Senhor ajuda-me a suportar a dor, porque eu sei que a tua dor foi
muito maior que a minha e Você soube suportar, portanto, tu entendes
de dor”; “ajuda-me a carregar essa cruz, que para os meus ombros
frágeis, parece tão pesada”. O nosso aprendizado, minha amiga, é de
saber sofrer, porque precisamos nós purificarmos a nós mesmos.
Precisamos, nós, elevarmos a nossa vibração. Precisamos, nós, corrigir os impulsos
egoístas que no passado tanto alimentamos.
Por isso, tantas vezes, a dor pode se fazer necessária. Não queiramos nós ser
sábios em relação a nós mesmos. Entreguemo-nos ao Pastor, abramos o coração,
mostrando a Ele as nossas dores. Alguém dirá “fiz isso uma vez” e eu direi: façais isto
todos os dias, porque todos os dias o Cristo vos ama, porque todos os dias Ele age
numa multidão de circunstâncias para que teu sofrimento não se amplie
excessivamente. Aprendamos que, se a dor é constante, ainda mais
constante deve ser a presença do Mestre. E quando o Mestre se instala em
nossos corações as dores se tornam bem-vindas, porque temos um Amigo tão
generoso e o Seu amor é tão intenso que até esquecemos o significado do sofrimento
enquanto desespero.
Obrigada
203
Questão 4
Como a gente vai diferenciar uma dor que seja ainda devida ao egoísmo ou a
uma visão mais limitada, mais estreita, daquela que está chegando para levar a
gente a nível mais aprofundado, mais evoluído?
Aceitando-a?
Se possível, amando-a.
Questão 5
Como eu sei se a semente que Cristo plantou em mim já, pelo menos, germinou?
O Cristo, meus amigos, não nos quer como servos, não nos quer como tarefeiros
que têm por meta realizar qualquer coisa específica para encerrar a jornada. O Cristo,
porque nos ama, já nos deu o título excelente de amigos. O Cristo não está aqui para
ensinar uma tabuada e cobrar a vossa memória adequada. O Cristo, por nosso
intermédio, diz a todos: eu quero ser amigo de cada um de vocês, eu
desejo conviver com vocês por milênios sem fim. Não é importante se a
204
situação A ou B foi feita de forma perfeita, uma coisa é importante: o
amor de Deus. E o Cristo sente por cada um de nós um amor Divino.
Não olhemos para o nosso Mestre como se fora feitor ou patrão exigente. Acima de
tudo, assim o desejou o Mestre, apresentar-se como amigo, mas como amigo muito
especial: um amigo Pastor, um amigo que nos guia e que está disposto mil vezes a
morrer para nos proteger. Assim o faz até hoje. O Cristo não busca
funcionários. O Cristo busca o vosso coração porque vos ama
infinitamente.
Obrigado
Encerramos neste instante, expressando, ainda uma vez, a alegria em ver tantos
corações sinceramente esforçados no bem. Trabalhemos, acima de tudo, para que o
Cristo se fortaleça em nós. Não nos interessa produções materiais sem amor, para
nós importa que vossos corações se elevem. Para nós importa que tudo o que seja
feito, seja feito sentindo a presença do Cristo.
Não temais em orar a este Espírito, Ele tem poder suficiente para abraçar a todos e
cuidar de toda a Terra. A nossa meta é simples: vamos ampliar a presença
do Bom Pastor em nossos corações, porque aqui estamos para realizar a
promessa do Cristo. Cabe a nós contribuirmos para que vocês integrem as ovelhas
que já escutam a voz do Cristo. Caberá apenas a decisão íntima, corajosa e ousada, no
silêncio de vosso ser, abrir-se e simplesmente dizer: Mestre, eu aceito o teu amor,
cuida de mim, vede minhas feridas e fragilidades, vede meus erros e minhas
confusões, vê quem eu sou, eu não tenho medo de me revelar a Ti, porque sei que
apesar de todas as feridas que carrego, em Ti existe um amor tão poderoso e tão
belo que é capaz de ver a beleza em mim, que eu mesmo ainda não enxergo. Mestre
me ensina a amar-Te, porque quando eu te amar eu já estarei salvo.
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207
208
Capítulo 10
A Verdade imutável
209
210
211
Allan
Kardec
- Allan Kardec, em A Providência, no Capítulo II, Deus, item 30, no livro La Genèse, les
Miracles et les Prédictions selon le Spiritisme, traduzimos, destacamos.
212
Para Allan Kardec e para Jesus de Nazaré, o Espiritismo vem ao mundo lembrar
uma verdade imutável: Deus é bom, Deus é grande, Deus cuida amorosamente da
criação em seus mínimos detalhes.
- Jesus de Nazaré, capítulo XXXI, Sobre o Espiritismo, item IX, em Le Livre des
Mediums, traduzimos, grifamos.
Após identificar-se claramente, Cristo apresenta uma ideia que, para Kardec, é o
centro, a essência da Revelação Cristã: uma nova compreensão de quem é o Criador.
213
A parte mais importante da revelação do Cristo, no
sentido em que ela origina algo novo, a pedra angular
[elemento central] de sua doutrina, é o ponto de vista
completamente novo a partir do qual ela nos faz ver a
Divindade. Já não é o Deus terrível, ciumento e vingativo de Moisés;
o Deus cruel e impiedoso que rega a terra com o sangue humano, que
ordena o massacre e a exterminação dos povos sem poupar as
mulheres, as crianças e os idosos e castiga os que poupam as vítimas;
já não é o Deus injusto que pune todo um povo pela falta de seu chefe;
que se vinga do culpado, punindo o inocente, que bate nos filhos pela
falta dos pais; mas é um Deus clemente, soberanamente justo e
bom, pleno de mansuetude e de misericórdia, que perdoa o
pecador arrependido e que dá a cada um segundo suas obras […]
Toda doutrina do Cristo tem como fundamento as
características que ele atribui a Divindade.
Essa verdade, segundo Jesus, está acima de todos os seres humanos revoltados
que negam o amor atento de Deus ou que negam mesmo sua existência. Além de
revelar, mais uma vez, essa verdade, o Cristo também insiste em um ponto essencial:
a manifestação do amor de Deus é algo objetivo, palpável e visível, é o amor Divino
que faz a planta dar frutos e as ondas se elevarem. Deus, além de ser bom e grande,
se preocupa com os pequenos seres da criação, cuida com amor e misericórdia de
todos os detalhes de Sua obra, tudo sustenta e tudo conduz.
Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos também trata do mesmo tema; a pergunta
do Codificador é surpreendentemente inteligente e a resposta, para mim, é a mais
tocante de toda a Codificação.
214
Deus cuida pessoalmente de cada homem? Ele não é tão grande e
nós tão pequenos para que cada indivíduo, em particular, tenha
qualquer importância a seus olhos?
Deus cuida de todos os seres que criou, por mais pequenos que
sejam; nada é tão pequeno para a sua bondade.
Nunca li uma frase tão comovente: nada é tão pequeno para a bondade de
Deus. Essa é a verdade imutável que jamais devemos esquecer.
215
sabem dar bons presentes a seus filhos, quanto mais seu Pai,
que está no céu, dará bons presentes aos que lhe pedirem!
- Paulo de Tarso, Carta aos Hebreus, 4:13, em Novo Testamento, NVT, grifamos.
216
Certamente, somos incapazes de entender de forma completa a atuação de Deus
no universo e em nossas vidas. Como ensina Kardec, saber que Deus nos ama
pessoalmente e cuida carinhosamente de nós é o essencial. Além do essencial, que é
a verdade imutável, anunciada há dois mil anos e repetida no século XIX, pelo
Cristo, o Espiritismo também nos indica algumas das incontáveis maneiras que o
Criador utiliza para cuidar de nós, seus filhos.
Uma das maneiras de Deus cuidar de nós está registrado em Livro dos Espíritos e
foi desenvolvido ao longo da vida de Allan Kardec, assim o codificador explica: Deus
tem Espíritos puros como seus mensageiros e ministros para a realização de suas
ordens amorosas.
- Allan Kardec, em Le Livre des Esprits, itens 112 e 113, traduzimos, destacamos.
O mais interessante para nosso estudo é o que vem a seguir. Kardec nos explicará
o que fazem esses Espíritos, isto é, a ocupação dos Espíritos puros.
217
A ocupação dos Espíritos puros é auxiliar Deus para manter a harmonia do
universo. Resumindo, Deus sabe de tudo o que acontece no universo e tem atenção
para cada pensamento nosso, para o que acontece com os animais e com plantas,
ainda cuida do reino mineral. Ele tudo sabe, tudo observa, tudo ama.
Uma das formas que o Criador utiliza para cuidar do universo - certamente não é a
única maneira de Deus cuidar de Sua Criação - é por meio de seus mensageiros e
ministros, que são os Espíritos puros. Esses Espíritos tudo fazem a partir das ordens
misericordiosas do Criador.
É preciso agora investigar o local de Jesus Cristo na Escala Espírita elaborada por
Allan Kardec, para que no final dessa exposição, poderemos compreender que Jesus
não é apenas um Espírito puro, mas, na classificação de Kardec, é superior aos
Espíritos puros, ou, dito de outra forma, ele está entre os mais evoluídos Espíritos
puros.
“Vede Jesus”
No Livro dos Médiuns, Santo Agostinho se refere a Jesus como divino Mestre.
218
Messias celeste
● No último capítulo, Coletânea de Preces Espíritas, assim se expressa
o Codificador: Senhor, Tu nos disseste pela boca de Jesus, o teu
Messias.
Por meio dele Deus criou todas as coisas, e sem ele nada foi
criado.
Aquele que é a Palavra possuía a vida, e sua vida trouxe luz a todos.
219
O que João está nos informando nesse texto é que o Cristo, aqui indicado como a
Palavra divina, em outras traduções como o Verbo divino, foi a individualidade pela
qual Deus fez todas as coisas, quer dizer, nada em nosso mundo foi criado sem Ele.
Vamos retomar nosso tema, a verdade imutável: Deus bom, grande e amoroso. O
Cristo é o Espírito que obedecendo as orientações do Criador do universo criou a
Terra e tudo que nela existe e, também, é o Espírito que recebe todas as ordens e
orientações de Deus para cuidar de cada um de nós. Além disso, é Ele quem decide
sobre todas as missões dos Espíritos puros e superiores relativas a Terra, seja no
plano material, seja nas dimensões espirituais que a envolvem. Essa é a explicação de
Allan Kardec no livro Céu e Inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo:
O Cristo, em nosso mundo, conhece todas as coisas, nada lhe é oculto. Nossos
pensamentos e sentimentos, nossas dores e alegrias, bem como, os problemas
ecológicos e sociais. Ele, o Mestre divino, cuida de cada ser de nosso mundo e em
particular de cada um de nós. Por isso, é verdadeiro quando ele afirma: sou o teu
Salvador e o teu juiz. Por conhecer os mistérios de Deus, Ele pode afirmar que há
uma verdade imutável: o Deus bom, o Deus grande que faz dar frutos a planta e
que eleva as ondas. Talvez, agora, entendamos melhor, porque o grande Apóstolo
Paulo de Tarso, em comunicação mediúnica direcionada a Kardec afirma: Jesus
Cristo é o Homem-Deus.
220
Metodologia
Como já havíamos compreendido a real situação espiritual do Cristo, o Messias de
Deus, realizamos a seguinte pesquisa. Buscamos o que esse Espírito que presidiu a
formação da Terra e que possui um percepção divina em relação a esse mundo que
ele criou, afirmou sobre Deus.
É também por isso que Kardec afirma sem medo: o Cristo não erra. Ele age com
plena lucidez e em contato direto com o Criador do universo. Assim sendo,
comparamos o que Jesus ensinou sobre Deus, naturalmente, utilizando-se de
símbolos e o que vem, em Espírito ensinar.
221
Experienciar
Faça uma prece evocativa para sua anjo guardião. Peça seu amparo, sua presença.
Após um tempo de contemplação, que pode ser de poucos minutos, faça uma
prece...
Peça a Deus para sentir o amor que Ele tem por você...
Peça a Deus que Ele permita que você conheça um pouco mais de Seu amor...
Sinta.
222
Diálogo Mediúnico
Paz e alegria em vossos corações!
Que o Cristo, o amigo que nunca esquece de ninguém, o Ser que nos acompanha
desde eras incontáveis, possa se fazer presente, acima de tudo, em vossos corações.
Pois se há comunicação mediúnica, há comunicações muito mais sutis que apenas
aqueles que rogam com humildade podem obter de forma plena, que é a mensagem
do Cristo no próprio coração.
Questão 1
Boa noite, Cairbar, muito obrigada por estar aqui. Uma das dificuldades
enormes para mim, é a da aceitação da vida, das coisas que estão acontecendo, dos
problemas, dos sofrimentos, principalmente das pessoas queridas, o meu próprio é
o de menos, é claro, mas dos outros é bastante difícil. Que caminho, que estratégia
para poder ganhar mais terreno nisso, nesta encarnação, já que estou tendo esse
privilégio, de ter acesso a tanto conhecimento, a tanta abertura. Que caminho
seguir para aumentar essa aceitação mesmo, de entender qual é a vontade de Deus,
qual o plano que está ali, de não ficar passiva demais e achar que é tudo porque
Deus quis, e por outro lado também, não ficar o tempo todo enraivecida, irada com
a situação e com a impotência de resolver isso? Obrigada.
223
Tudo cabe pedir a Deus quando é para o nosso bem, minha irmã. Podeis pedir fé,
podeis pedir paciência, podeis pedir a libertação dos vícios que tocam os vossos
corações, pedir a Deus com sinceridade jamais será uma atitude vã.
Obrigada.
Questão 2
Querido amigo, boa noite, muito obrigada pela sua presença. As nossas
perguntas representam muitas pessoas e as dúvidas que muitas pessoas possam vir
a ter, mas como nós, seres inferiores, podemos melhorar o nosso nível pessoal o
suficiente para fazer questionamentos pertinentes e atemporais nos nossos
encontros?
Ao fazer essas reflexões continuamente, a vossa percepção irá se alterar e você irá
compreender muito melhor as dúvidas e angústias daqueles que estão ao vosso
redor. Naturalmente, você poderá representá-las de maneira mais adequada, mas há
a necessidade também de se tentar; o medo de não fazer a pergunta adequada é um
erro, já que qualquer pergunta pode ser uma oportunidade de aprendizado. O
próprio Allan Kardec, como ele mesmo registra, aprendeu a fazer as indagações aos
Espíritos a partir de uma prática que começou com perguntas longe de serem as mais
adequadas.
Obrigada.
Questão 3
Querido irmão Cairbar, existe algum fermento que poderíamos utilizar para
percebermos a bondade de Deus em nossas emoções, mais do que no intelectual?
Podeis, por exemplo, buscar em vossa memória, que momento você sentiu Deus
mais presente. É o início de uma reflexão que pode se aprofundar muito; em seguida
podeis se perguntar quais as experiências do momento, que você vive ou que outros
vivem ao teu redor, que mais te aproxima da experiência de contato com Deus. Por
exemplo: em uma reunião mediúnica há diferentes experimentos onde
se sente um profundo bem-estar, será que seria assim estar mais
próximo de Deus? Podeis indagar aos vossos amigos espirituais,
perguntar-lhes oportunamente, como foi para eles, se eles poderiam
compartilhar alguma experiência, nas quais eles se sentiram mais
próximos do Criador, e podeis ao realizar esses passos pedir ao vosso
anjo guardião, preparando-vos de maneira adequada.
224
Hoje terei um período mais tranquilo, irei fazer atividades que elevem meu
pensamento, e depois em momento de prece profunda, solicitarei ao meu anjo
guardião que me ajude a sentir de forma mais intensa o amor de Deus. Imaginamos
que se isto fizesse parte da rotina dos espíritas, nosso movimento estaria em outro
patamar.
Obrigado irmão.
Questão 4
Boa noite, amado, irmão. Nós lemos que em Mateus, Jesus afirma que nós somos
mais valorosos que um bando de pardais. Você poderia explanar mais sobre este
tema?
A criatura, quanto mais sensível e mais consciente, requer mais cuidado daqueles
que a amam, esse é o ponto que devemos entender. Não se trata de uma postura de
privilégio, mas de uma postura que considera a necessidade de cada um.
Obrigado.
225
O Mestre continua abnegadamente atento, preocupado, devotado à felicidade de
cada indivíduo da Terra. Confiemos nesse amigo, entreguemos a Ele as nossas vidas
com altivez e confiança, Ele jamais nos decepcionará.
É a esse Mestre que nunca esqueceu dos seres mais infelizes do mundo, que
devemos render todas as nossas homenagens; é a esse Espírito luminoso que nunca
se preocupou em tornar-se um líder autoritário, mas sim, um Pastor amoroso
disposto a dar a vida, disposto a devotar-se por cada um de nós, que precisamos, com
muita lucidez, reconhecer como o Guia que, se ousarmos segui-lo, nos guiará ao Pai
para o Reino onde a paz, onde a fraternidade, onde a beleza ultrapassará as nossas
mais amplas e elevadas expectativas.
Por isso é, e será sempre um amigo indispensável da nossa felicidade, e que mais
do que qualquer outra coisa se preocupa com os nossos interesses eternos; é a Ele
que devemos recorrer a cada instante de dúvida e a cada instante de alegria. Em
nosso plano vemos claramente, o Cristo não é apenas a luz do mundo,
Cristo é a luz de nosso ser que deve brilhar cada vez mais ao vincular-se a
Ele.
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227
228
229
Referências Bibliográficas
BÍBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Paulus editora. S.d.
BÍBLIA. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. Tradução Frederico Lourenço.
KARDEC, Allan. Le livre des esprits, 1860. Nova edição conforme a edição de original
de 1860. Fonte: Le centre spirite lyonnais. Site: <http://spirite.free.fr>
LACHÂTRE, M. Allan kardec – uma breve biografia. São Paulo: Autores Clássicos &
Luz Espírita, 2021.
230
NOVO TESTAMENTO. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2020.Tradução Haroldo Dutra
Dias.
SETH, Carlos B. Espíritos sob investigação: Resgatando parte da história. São Paulo:
CCDPE, 2022. Edição do Kindle.
231
"Se o Cristo se tornar mais presente em sua vida por conta
deste livro, oferte-o a quem você ama e a quem você deseja que
esteja mais próximo do nosso Mestre amado"
www.grupomarcos.com.br
232