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O Propósito Eterno de Deus_________________________________

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_____ O Propósito Eterno de Deus

O PROPÓSITO ETERNO DE DEUS


APRESENTAÇÃO
Dentro da série de livretos, intitulada “Fazei discípulos”, este
trata de um tema fundamental, pois trata do alvo a que o próprio Deus
se dirige. A igreja de Jesus Cristo não pode ter uma meta diferente
daquela que Deus tem. É, pois, imperativo que todos os discípulos,
toda a igreja, estejam perfeitamente esclarecidos sobre o alvo, a meta,
o propósito eterno de Deus.

Temos recebido de Deus, com a ajuda de irmãos de outros


lugares, uma clara revelação de Seu eterno propósito, que não pode ser
um tema secundário entre nós, ou apenas mais um item do conselho de
Deus. É, de fato, o tema número um, pois, quando não sabemos o
propósito de nossa caminhada, erraremos o alvo, divorciando-nos do
propósito de nosso Pai e não chegamos a cousa alguma que O alegre e
Lhe dê glória.

Queremos que este livreto seja simples, claro e objetivo,


como foi o ensino de Jesus. Não pretendemos que seja perfeito,
mas cremos tê-lo produzido pela inspiração do Santo Espírito de
Deus, com nossos corações voltados para a formação dos
discípulos que estão sob nosso cuidado e, mais ainda, para o
constante e sólido ensino do Novo Testamento.

Esta é uma nova edição deste livreto, com nossa oração para
que o próprio Senhor da Igreja abençoe o uso dele, na multiplicação dos
discípulos, bem dirigidos ao Seu alvo. Neste espírito o entregamos à
igreja sob nosso pastoreio.

P. Alegre, novembro de 1999.


O presbitério.

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_____ O Propósito Eterno de Deus

INTRODUÇÃO
Temos uma tarefa prioritária, que nos foi dada por Jesus:
fazer discípulos. Jesus, porém, não apenas mandou fazer
discípulos. Deu-nos o como o poderíamos fazer: a) batizando-os; b)
ensinando-os a guardar todas as coisas que Ele nos ordenou
(Mateus 28.19,20).

Esta é uma tarefa simples e extraordinária. É um privilégio ser


cooperador de Deus, ao “fazer” um discípulo. Neste sentido, depois ou
mesmo antes de levar alguém a Cristo, devemos esclarecer muito bem
qual o propósito eterno de Deus. Sobre este assunto não pode haver
qualquer confusão. Esclarecido este ponto, tudo o mais se ajustará
devidamente.

Deus fala claramente sobre o Seu propósito, na Sua Palavra.


Cabe-nos abrir nossos corações para o que Ele nos diz. Isto não
pode ser apenas um estudo. Este assunto deve tomar conta de
nossa mente e coração. É o propósito de Deus que deve tomar
conta de nosso ser e direcionar completamente nossas vidas, pois,
queiramos ou não, a nossa vida toma o rumo do alvo que temos.

Se queremos ser cooperadores de Deus, devemos conhecer


os desejos de Seu coração, Seu propósito. Vamos, pois, estudar,
meditar e orar sobre este assunto.

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I O PROPÓSITO ETERNO DE DEUS


1. Qual o propósito eterno de Deus?

O propósito eterno de Deus é o mesmo pelo qual Ele nos


criou, e é este: Ter uma família de muitos filhos semelhantes a
Jesus, para a glória de Deus Pai.

2. Vejamos isto na Sua Palavra:

- “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o


criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse:
Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a” (Gn 1.27,28).

- “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os


predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de
que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8.29).

- “Porque convinha que aquele por cuja causa e por


quem todas as cousas existem, conduzindo muitos filhos à
glória, aperfeiçoasse, por meio de sofrimentos, o Autor da
salvação deles.” (Hb 2.10).

- “Pois tanto o que santifica como os que são


santificados, todos vêm de um só. Por isso, é que ele não se
envergonha de lhes chamar irmãos, dizendo: A meus irmãos
declarei o teu nome...” (Hb 2.11,12).

- “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo


que nos tem abençoado com toda sorte de bênção
espiritual...; ...e em amor nos predestinou para ele, para a
adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo a
aprovação de sua vontade, para louvor da glória de sua graça
que ele nos concedeu gratuitamente no Amado...” (Ef 1.3-6).

- “...segundo o eterno propósito que estabeleceu em


Cristo Jesus... Por esta causa, me ponho de joelhos diante do
Pai, de quem toma o nome toda família, tanto no céu como
sobre a terra...” (Ef 3.11,14,15).
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Portanto, o propósito eterno de Deus é ter uma família de


muitos filhos semelhantes a Jesus, para a glória de Deus Pai.

3. Vejamos isto por etapas:


A. Uma família. Isto nos fala de UNIDADE. Embora
unidade da igreja não esteja enfatizada nos textos acima, sabemos
que os filhos de Deus, à imagem de Jesus não podem ser brigões,
facciosos e sectaristas. São irmãos e glorificam a Deus em sua
unidade. Tal unidade está muito bem enfatizada nas seguintes
passagens: João 17.20-22; 1 Coríntios 1.10-12; 3.1-4; 10.16,17;
Efésios 4.1-6,11-16; Filipenses 1.27;2.1-4. (Há muitas outras mais.)
B. De muitos filhos. Isto nos fala de multiplicação, isto é, de
QUANTIDADE. Jesus quer discípulos, que fazem discípulos, que fazem
discípulos...e assim por diante. Aquele que tem a vida de Cristo frutifica
e reproduz esta vida em outros. Se os discípulos são bons não
continuam poucos. Tais discípulos sabem que Deus quer uma grande
família, com muitos filhos.

C. Semelhantes a Jesus. Isto nos fala de edificação de vidas,


isto é, de QUALIDADE. Deus não se alegra apenas com números. Ele
não deseja ter uma família de qualquer jeito. Não quer uma “massa” de
gente que vive de qualquer maneira. Quer seus filhos com uma qualidade
de vida semelhante à vida de Seu Filho Jesus: humildes e mansos como
Ele (Mateus 11.29), que sirvam como Ele (João 13.14-17), que amem
como Jesus amou (João 17.18), que preguem ao mundo como Ele o fez,
que perdoem como Ele perdoou (Colossenses 3.13), que sejam santos
como Jesus (1 Pedro 1.15), que andem como Ele andou (1 João 2.6).

D. Para glória de Deus Pai. Isto nos fala da FINALIDADE. O


coração dos discípulos é carregado do desejo de em tudo dar glória a
Deus. Se a família de Deus é formado de filhos semelhantes a Jesus,
tais filhos terão como alvo glorificar a Deus como Jesus o fez. Ele disse:
“Eu te glorifiquei na terra...” (João 17.4). Precisamos de clara revelação
de que todas as coisas são do Pai e para Sua glória, como diz Paulo, o
apóstolo: “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas.
A ele, pois, a glória eternamente. Amém.” (Romanos 11.36).
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4. Qual a nossa posição dentro do propósito de Deus?


Quando compreendemos e abraçamos o propósito de Deus,
este propósito se constitui em nosso chamado, nossa vocação (Rm
8.28-30; 2 Tm 1.8,9). Este chamado, esta vocação é para sermos
participantes do seu propósito em dois sentidos: a) sendo filhos, à
semelhança de Jesus, e b) tornando-nos cooperadores de Deus no
cumprimento de Seu propósito, levando outros a entrarem neste
mesmo propósito. Como já foi dito, o propósito eterno de Deus tem
que ser muito mais do que o estudo deste tema neste livreto. Se um
discípulo tem seus olhos iluminados pelo Espírito Santo, ele se verá
como extremamente apegado a este chamado (Filipenses 3.12-14),
desejará andar de modo digno deste chamado (Efésios 4.1-3), e se
esforçará para confirmar este chamado (2 Pedro 1.10).
5. Um engano muito comum
Muitos cristãos são batizados e vivem anos na igreja, sem
conhecer o propósito de Deus, conforme a Sua Palavra. Acreditam,
enganadamente, que nosso alvo é chegar ao céu. Ao invés de verem o
propósito de Deus do ponto de vista da Sua Palavra, mantêm uma idéia
humanista (o homem como centro de tudo), e pensam que o propósito
de Deus é a salvação dos homens. Assim, tudo gira em torno do
homem com suas necessidades.
Por que ocorre isto? Porque não vêem o propósito de Deus
como eterno, e sim como tendo começado com a queda, descrita no
Gênesis. É claro que o pecado interferiu no propósito de Deus, mas o seu
propósito é anterior à queda. É claro que Deus quer salvar todos os
homens (João 3.16; 1 Timóteo 2.3,4; 2 Pedro 3.9). Mas o Seu propósito,
como já descrevemos, estava no coração dele, antes da fundação do
mundo (Efésios 1.4). Ele sempre quis uma família, como a que Ele
mantinha com o Filho, no Espírito Santo. Ao criar o homem sem pecado,
queria que o homem se reproduzisse sem pecado, aumentando a família.
Imaginemos que o propósito de Deus fosse salvar os
homens. Neste caso, o pecado estaria dentro do próprio propósito
de Deus, fazendo Deus cúmplice do pecado. Ao dizer ao homem
“não coma deste fruto”, na verdade desejaria que o homem
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comesse e pecasse, ficando perdido e em trevas, para que Ele o


pudesse salvar, cumprindo seu propósito de salvar, revelando
assim o seu amor! Que tremenda confusão faz a igreja, quando
desconhece o propósito eterno de Deus!
Qual o lugar da salvação, então? A salvação é necessária
por causa da queda.
6. Como o pecado interferiu no propósito de Deus?
O pecado de Adão foi uma intromissão violenta e diabólica no
propósito de Deus. Por causa do pecado, o homem se tornou culpado,
alvo da ira de Deus, merecendo castigo eterno, sendo expulso da
presença de Deus, perdendo a comunhão com Ele (Romanos 5.12),
porque “o salário do pecado é a morte” (Romanos 6.23).
Além disso, a própria natureza do homem se corrompeu. Não
era mais o mesmo homem. Tornou-se uma criatura vil, corrompida.
Estava morto para Deus e inútil para a realização de Seu propósito
(Romanos 3.23). E não foi apenas Adão que se tornou inútil. Ele teve
filhos à sua semelhança, à sua imagem (Gênesis 5.3) e, assim, toda a
sua descendência ficou arruinada e inútil para o propósito de Deus
(Romanos 3.12).

7. Desistiu Deus de Seu propósito?

Não. Isaías, o profeta, diz: “Lembrai-vos das coisas


passadas da antigüidade...as coisas que ainda não sucederam; que
digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha
vontade” (Isaías 46.9,10). O propósito de Deus é imutável
(Hebreus 6.17). Aleluia! Aleluia!

Deus continua desejando ter uma família à sua semelhança!


Agora, como todos os descendentes de Adão se fizeram inúteis
para o seu propósito, Deus cria uma nova raça. Como? Pelo novo
nascimento (João 3.3,5,7; 1 Coríntios 15.45-49). Pelo nascimento
natural (carne e sangue) pertencemos à raça de Adão, estragada e
inútil. Pelo novo nascimento, nos tornamos participantes de Cristo,

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o último Adão, e pertencemos à família de Deus, restaurada a sua


imagem em nós, uma raça celestial.
Adão, por rebeldia, perdeu a imagem de Deus (Romanos
5.12). Jesus, o segundo Adão, pelo contrário, sempre fez a vontade
do Pai (João 4.34) e em tudo O agradou (João 8.29), sendo
obediente até a morte (Filipenses 2.8).
O homem agora, em Cristo, se torna uma nova criatura (2
Coríntios 5.17), recebe uma nova natureza (2 Pedro 1.4), segundo a
imagem daquele que o criou (Colossenses 3.10). isto acontece quando
crê naquele que o Pai enviou (João 6.29), nega-se a si mesmo, toma a
cruz e perde a vida para si mesmo (Mateus 16.24,25), recebe o
senhorio de Jesus (Romanos 10.9) e é batizado (Marcos 16.16). O
plano de Deus não se perdeu. Deus não desistiu de Seu bendito
propósito: “Cristo em vós, a esperança da glória” (Colossenses
1.27).
8. A salvação é um meio, não um fim.
A obra de Cristo é tão maravilhosa, tremenda, extensa,
grandiosa, que nós corremos o risco de confundi-la com o propósito
de Deus. O pecado fez um dano tão grande, que só uma obra como
a de Jesus poderia restaurar o homem. O propósito de Deus é
maior que a redenção do homem, mas a redenção do homem foi o
meio de trazê-lo de volta à finalidade de Deus de ter uma família à
Sua imagem.
Paulo expôs isto de forma esplêndida em Colossenses 1.26-
28: “...o mistério que estivera oculto dos séculos e das
gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos; aos
quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória
deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a
esperança da glória; o qual anunciamos, advertindo a todo
homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim
de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo”.

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Portanto, a obra apostólica não consistia somente em buscar


a redenção do homem, mas em apresentá-lo realmente restaurado
à imagem de Cristo.

ooooooooooooooooooooooooo

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MEMORIZAÇÃO (CATEQUESE)
P: Qual o propósito de Deus, quando criou o homem?
R: DEUS QUER UMA FAMÍLIA DE MUITOS FILHOS SEMELHANTES
A JESUS, PARA SUA GLÓRIA. (Gênesis 1.26)
P: Que aconteceu quando o homem pecou?
R: O HOMEM SE TORNOU INÚTIL PARA O PROPÓSITO DE
DEUS (Rm 3.12)
P: Deus desistiu do Seu propósito por causa do pecado?
R: NÃO. DEUS NÃO DESISTIU DO SEU PROPÓSITO!
P: Se o homem se tornou inútil, como Deus realiza o Seu propósito?
R: ELE NOS LEVA A UMA NOVA VIDA EM CRISTO (2Co 5.17).
A ESPERANÇA DA GLÓRIA É A VIDA DE CRISTO EM NÓS (Cl
1.27)
P: Então, qual é o propósito eterno de Deus?
R: DEUS QUER UMA FAMÍLIA DE MUITOS FILHOS
SEMELHANTES A JESUS, PARA SUA GLÓRIA (Rm 8.28,29)
P: Por que uma família?
R: PORQUE DEUS QUER UNIDADE
P: Por que muitos filhos?
R: PORQUE DEUS QUER QUANTIDADE

P: Por que semelhantes a Jesus?


R: PORQUE DEUS QUER QUALIDADE (Efésios 4.13)

P: Por que para a glória de Deus Pai?


R: PORQUE DEUS NADA FAZ SEM FINALIDADE (Rm 11.36)

P: Mas o propósito de Deus não é a salvação do homem?


R: NÃO. A SALVAÇÃO É O MEIO PARA ALCANÇAR O
PROPÓSITO.
SEU PROPÓSITO É QUE SEJAMOS SEMELHANTES A
JESUS.
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P: Como podemos ser semelhantes a Jesus?


R: VIVENDO POR MEIO DELE (1 João 4.9)

P: No que devemos ser como Jesus?


R: EM SER MANSOS E HUMILDES Mt 11.29
NO SERVIR Jo 13.14
NO AMAR Jo 13.34
NO PREGAR AO MUNDO Jo 17.18
NO PERDOAR Col 3.13
EM SER SANTOS 1 Pe 1.15
NO ANDAR 1 Jo 2.6

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II O SERVIÇO DA IGREJA PARA CUMPRIR


O PROPÓSITO DE DEUS
Quando temos um propósito, um alvo a alcançar, devemos
também dar passos para alcançá-lo. Não podemos agir de qualquer
maneira, usando qualquer estratégia, andando em qualquer direção.
Devemos ter meios e estratégias e devemos dar os passos que nos
conduzam ao alvo, ao propósito desejado.

Também Deus, para realização de Seu propósito, definiu


recursos, estratégias e passos que a igreja deve dar para cumpri-lo. A
igreja caminha no propósito de Deus e tem os recursos para cumpri-lo.

Vejamos alguns pontos importantes da estratégia divina para


a igreja.

1. No povo de Deus, todos são sacerdotes.

Desde o início da formação de Seu povo, Deus queria que todos


da nação de Israel fossem sacerdotes (Êxodo 19.6). O povo rejeitou seu
sacerdócio, porque ficou com medo de chegar à presença de Deus
(Êxodo 19.12,13; 20.18-20). Então, o Senhor tomou uma das dozes
tribos, a tribo de Levi, e a constituiu como tribo sacerdotal. Mas Seu
desejo ainda era que cada um do povo fosse sacerdote. Moisés, que
conhecia o coração de Deus, também suspirava que todo o povo
tivesse o Espírito do Senhor e fosse profeta (Números 11.26). Mais
tarde, o Senhor prometeu que um dia iria derramar Seu Espírito sobre
todos (Joel 2.28,29). E Jesus falou que a realização dessa promessa
capacitaria a todos os discípulos para servirem a Deus (Atos 1.8). Com
a vinda do Espírito Santo, estabeleceu-se a igreja, e cumpriu-se a
vontade de Deus de ter um povo de sacerdotes. Pedro, apóstolo na
igreja, afirma:

“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação


santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de
proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas
para a sua maravilhosa luz.” (1 Pedro 2.9)

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Tais palavras descrevem o rompimento da igreja com séculos


de tradição judaica, de uma “casta” sacerdotal, em que apenas alguns, e
por hereditariedade, podiam ser sacerdotes. Tal limitação mudou
completamente com a vinda de Jesus e a descida do Espírito Santo.
Percebe-se o tom de alegria exultante nas palavras de Pedro. Observe
as palavras “raça”, “nação”, “povo”. Todos são sacerdotes. Aleluia!
Mas a igreja, lamentavelmente, não soube preservar esta rica
revelação e voltou aos conceitos da Antiga Aliança. Por mais que se fale,
desde Lutero, especialmente, sobre o sacerdócio de todos os santos, a
igreja mantém, na prática, um povo dividido entre dois tipos de pessoas.
Muitas igrejas (romana, episcopal, metodista e outras) as dividem em
clérigos e leigos. Os clérigos são os “sacerdotes”, os leigos são o “povo
comum”. Os “evangélicos” as dividem em “servos de Deus” e “ovelhas”,
ou entre “os ungidos” e “os demais”. Pela tradição “evangélica”, os “servos
de Deus” devem negar a si mesmos, renunciar a tudo e consagrarem-se
totalmente ao Senhor, dedicando-se inteiramente à Sua obra. Os demais
só precisam assistir, ler a Bíblia, orar um pouco, e contribuir
financeiramente. Se alguns poucos fizerem mais do que isto, logo serão
destacados como pessoas muito consagradas. Tais fatos são doenças
que impedem o avanço do propósito de Deus.
Devemos recuperar agora a revelação que perdemos e que
Deus nos deu através de Seu apóstolo: somos uma nação de
sacerdotes. Há um só chamado, uma mesma condição para todos,
uma só vocação. Todos na igreja são servos de Deus, todos são
sacerdotes, todos são ministros. A igreja deve dar oportunidade para
que todos desenvolvam seu serviço, seu ministério. Se a igreja é
um lugar para alguns “astros” do público, enquanto os demais só
sentam e escutam; se ela não é um corpo onde todos podem exercer
seu serviço, então é um corpo mutilado ou atrofiado. Se a igreja for
assim, ela não passa de judaísmo reformado, meio caminho entre a
velha e a nova aliança e não poderá caminhar para o propósito de
Deus.
Quando Jesus disse “...edificarei a minha igreja, e as
portas do inferno não prevalecerão contra ela...” (Mt 16.18), não
estava pensando em alguns pastores, profetas, apóstolos ou
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evangelistas super-dotados. Estava pensando em todo o seu


povo, em você. Aleluia!

2. Como deve ser o serviço para a edificação da igreja?


Pelo que vimos acima, formou-se a tradição de que a igreja
é edificada pelos pastores. Mas não é isto o que vemos nas
Escrituras. Aprendemos sobre isto em Efésios 4.11-12. Vejamos
primeiramente o versículo 11:
“E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para
profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e
mestres”.
Observemos que Jesus não colocou na igreja apenas
pastores e evangelistas, como se pratica hoje. Há também
apóstolos e profetas. Assim deve ser a igreja agora.
Então, devemos perguntar-nos: para quê Jesus colocou
estes ministérios? Qual é a função deles? A resposta tradicional é:
foram colocados para edificar a igreja. Ao analisarmos o versículo
12, temos uma resposta clara:
“...com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o
desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de
Cristo...”
Aí aprendemos claramente qual a função dos ministérios do
versículo 11. O versículo doze tem três etapas:
1ª) “com vistas ao aperfeiçoamento (correto ordenamento)
dos santos”,
2ª) “para o desempenho do seu serviço (ministério)”,
3ª) “para a edificação do corpo de Cristo”.
Observação: A palavra “aperfeiçoamento” não traduz bem a
palavra “KATARTISMÓS” do grego, no original do Novo Testamento,
porque esta palavra realmente significa “equipar”, “coordenar” (como
juntar as peças de um todo, para que este funcione). Assim, a palavra
“KATARTISMÓS” traduz-se melhor por “CORRETO ORDENAMENTO”.

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Notemos como o texto se desenvolve em três etapas. A terceira


etapa é a edificação do corpo de Cristo. Quando dizemos que os
pastores é que edificam a igreja, estamos pulando do versículo 11 para
a última parte do versículo 12, deixando de fora algo muito importante: o
serviço dos santos.
Para que ocorra a edificação do corpo de Cristo tem que
haver, antes, o desempenho do serviço dos santos. A edificação
não pode ser apenas resultado do trabalho dos pastores, mas, sim,
o fruto do serviço de TODOS OS SANTOS. Somente quando cada
membro do corpo desempenhar seu serviço é que haverá a
edificação do corpo de Cristo. Por mais que os líderes se esforcem,
se não houver o serviço dos demais santos, não haverá a
edificação desejada do corpo de Cristo, cumprindo o propósito de
Deus.

Concluindo esta parte: Podemos, assim, entender qual seja


a função dos serviços do versículo 11. Eles contribuem para o
correto ordenamento dos santos. Fazendo isto, os santos irão
desempenhar o seu serviço. Então acontecerá a edificação do
corpo de Cristo. Por isso podemos afirmar:

O CORPO DE CRISTO É QUE


EDIFICA O CORPO DE CRISTO.

Para praticarmos isso, é necessário que rompamos com


muito daquilo a que estamos acostumados, porque a estrutura da
igreja hoje está voltada para o funcionamento de uns poucos
ministérios (serviços). Geralmente, tudo gira em torno da “pregação”
de uns poucos. A maior parte do tempo, das energias e dos
recursos, é canalizada para produzir grandes reuniões e grandes
eventos, onde uns poucos aparecem e a grande maioria senta e
ouve. Não podemos imaginar que a igreja primitiva era assim. Sem
tais coisas os primeiros cristãos transtornaram o mundo.
E isso aconteceu porque entendiam e praticavam que cada
santo era um sacerdote, cada um era um obreiro, cada um tinha um
serviço para desempenhar.
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3. Os ministérios específicos e os ministérios comuns a


todos

Os ministérios encontrados em Efésios 4.11 não são dados


a todos os santos. São específicos, mas surgem dos ministérios
comuns. O texto diz que Jesus deu tais serviços à igreja, colocando
pessoas específicas para realizá-los. Entretanto há serviços que
não são só para algumas pessoas. São para todos os irmãos, nos
quais todos devem ser instruídos, treinados, exercitados, para
funcionarem bem. Podem ser resumidos, basicamente, em dois:

1º) ser testemunha (Atos 1.8; 1 Pedro 2.9).


2º) edificar nas juntas e ligamentos (Efésios 4.15,16;
Colossenses 2.19).

Embora haja serviços e tarefas a serem realizadas


(hospedar irmãos, limpar e zelar pelos locais de reunião, preparar e
servir à mesa do Senhor, dirigir louvores, pregar, etc.), o serviço dos
santos é muito mais do que isso. Ninguém pode, por fazer tais
coisas aí citadas, afirmar que está cumprindo o seu ministério. O
ministério do corpo de Cristo é o de multiplicar a vida de Cristo, pelo
testemunho e por meio de seus vínculos no corpo. TODOS OS
SANTOS DEVEM PARTICIPAR DESTE MINISTÉRIO E PODEM
CONTAR COM A GRAÇA E A UNÇÃO DO SENHOR PARA ISSO.

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MEMORIZAÇÃO (CATEQUESE)
P: Quem são os sacerdotes na igreja de Cristo?
R: TODOS OS SANTOS SÃO SACERDOTES (1 Pedro 2.9)

P: Quem edifica o corpo de Cristo?


R: O CORPO DE CRISTO EDIFICA O CORPO DE CRISTO
(Efésios 4.11,12)

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III O MINISTÉRIO DE SER TESTEMUNHAS

Em Mateus 28.18-20 lemos que Jesus nos mandou fazer


discípulos. Quando, porém, começa este serviço de fazer discípulos?
Começa quando testemunhamos às pessoas, como testemunhas de
Jesus. Depois as pessoas que O recebem são batizadas, e aí temos
que ensiná-las a guardar tudo que Jesus ensinou.

Em Atos 1.8 está escrito que Jesus nos diz que a descida do
Espírito Santo tem uma finalidade bem clara: dar-nos o poder para
sermos suas testemunhas. Como o Espírito Santo, no Pentecoste, foi
derramado sobre todos, então este poder é para todos, para que todos
possam desempenhar este serviço que é comum a todos os santos,
sem exceção.

Em 1 Pedro 2.9, o apóstolo fala que nosso papel como


sacerdotes é o de proclamar as virtudes daquele que nos chamou.
Isto é o mesmo que ser testemunhas.

Em 2 Coríntios 5.20, Paulo nos diz que somos embaixadores


de Cristo, ou seja, representantes de Cristo, diante do mundo. Isto
também é ser testemunhas.

Como ser testemunhas? Vejamos alguns princípios que nos


ajudem.
1. Como começar? Como abordar as pessoas?

Lembremos que abordar é ir pelas bordas, sem violência.


Devemos abordar as pessoas com naturalidade e simplicidade.
Para isto, devemos compreender algo muito importante. NÓS NÃO
PODEMOS CONVERTER NINGUÉM. Esta é uma função do
Espírito Santo (João 16.7,8). Nós somos apenas COOPERADORES
de Deus. Nós cooperamos com o Espírito Santo dando nosso
testemunho. Vale uma pequena ilustração: não podemos fazer um
pintinho. Só Deus pode. Mas podemos colocar o ovo debaixo da
galinha. Assim, estamos HARMONIZANDO dois elementos da
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natureza: o ovo e a galinha. Esta tarefa é muito simples, mas


indispensável; sem ela o pintinho não nasce.

Para produzir uma nova vida em Cristo é a mesma coisa. Nós


não podemos fazê-lo. Só Deus o pode. Mas temos a tarefa de
harmonizar dois elementos espirituais: a Palavra de Deus com a fome
espiritual da pessoa. Não temos que produzir a fome. Isto é tarefa de
Deus. Somos apenas cooperadores. Nossa tarefa é procurar pessoas
que têm fome e sede de justiça, pessoas em quem o Espírito Santo está
trabalhando, para podermos cooperar com Ele. (Exemplo: Atos 16.14.)

Desta forma, no primeiro contato com as pessoas,


procuramos quem tem interesse em ouvir. É como se jogássemos o
anzol na água para ver se o peixe belisca. A este primeiro contato
chamamos de “gancho”.

A abordagem inicial deve ser assim: lançamos a palavra e


esperamos o retorno. Não devemos falar o tempo todo, nem forçar,
nem insistir, nem discutir. Não é hora de pregar, mas, sim, de
procurar. Devemos dar a palavra do Senhor e esperar a reação. Se
alguém mostra alguma abertura ou interesse, então damos
continuidade. Para estas pessoas devemos dar tudo: nosso tempo,
nossa dedicação, nossa amizade, nossa vida. Temos que ver estas
pessoas como vidas muito preciosas. Então vamos cooperar com
Deus, com todo nosso coração, envolvidos em amor e compaixão.
Devemos vê-las como Jesus as vê (Mateus 9.36).
Atenção: Algumas pessoas podem dar a impressão de que não
estão abertas, porque elas têm muitos questionamentos. Por isso,
devemos estar a tentos e procurar responder com amor e paciência às
perguntas que fazem, pois muitas vezes são pessoas sinceras e têm
dúvidas e perguntas coerentes.

2. Dando o testemunho pessoal

Uma “testemunha” é assim chamada porque pode contar


FATOS CONCRETOS, por ter participado deles ou por tê-los visto.
A coisa mais simples e concreta que temos para falar é o nosso
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O Propósito Eterno de Deus_________________________________

testemunho pessoal. Em Marcos 5.19, vemos como até mesmo


aquele homem recentemente libertado de demônios podia dar
testemunho de Jesus. Quando encontramos alguém que ouviu a
palavra do Senhor e mostrou alguma reação positiva, então
devemos dar a essa pessoa o nosso testemunho pessoal.

Chamamos de “testemunho pessoal” à experiência de


conversão de cada um, baseado na palavra que Jesus nos deu e o
que Ele fez conosco. Todos nós fomos gerados pela palavra de
Deus (1 Pedro 1.23). No testemunho pessoal, devemos contar de
forma simples a nossa conversão. Este testemunho é dado com
gozo e alegria, para comunicar aos outros a bênção da palavra de
Deus em nossas vidas.

3. Anunciando o Evangelho do Reino

Quando uma pessoa se abre para ouvir a palavra do Senhor,


e está disposta a nos receber, então devemos anunciar claramente
o Evangelho do Reino. Devemos falar tudo sobre Jesus e sobre a
porta do Reino (arrependimento, batismo nas águas e o dom do
Espírito Santo). É importante ajudar as pessoas a verem o amor de
Deus manifestado em Cristo Jesus, bem como ensinar-lhes o que é
o pecado, a independência de Deus, e a necessidade de negar-se a
si mesmo para se submeterem a Deus.
Observações:
1. Não existe uma regra fixa para o evangelismo. Cada pessoa é
diferente das outras. Algumas precisam de tempo para entender, para
meditar, para calcular o preço de seguir a Jesus. Não podemos apressá-
las. Devemos acompanhar o Senhor, cooperando e esperando que Ele
complete a obra. Entretanto, há outras pessoas que logo estão prontas,
pessoas que têm muita fome e sede. Podem converter-se até no primeiro
dia. Nesse caso, não devemos retardar a realização da obra de Deus.
Portanto, devemos estar sensíveis, procurando discernir no Espírito
a real situação de cada pessoa, para agirmos corretamente.
2. Quando um discípulo está anunciando o Evangelho pela
primeira vez, ele não deve fazer o contato sozinho, mas, sim, junto com
alguém mais experiente.
3. Orientamos, neste momento, o uso do “folder” Qual o propósito
da vida?
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_____ O Propósito Eterno de Deus

4. A estratégia de Jesus e da igreja primitiva

Como Jesus fez para formar seus discípulos no ministério de


ser testemunhas? Jesus estava com eles, na rua e nas casas, nas
casas e na rua. Eles aprenderam a ser testemunhas, estando
sempre em contato com outras pessoas. Eles estavam sempre
junto com Jesus, vendo como Ele fazia. A sala de aula dos
discípulos de Jesus era com as pessoas em qualquer lugar.

Até mesmo quando Jesus ensinava os doze apóstolos, Ele o


fazia na rua, diante das multidões. E as multidões também ouviam o
ensino de Jesus (Compare Mateus 5.1-2 com Mateus 7.28).

Por outro lado, vemos Jesus também usando a estratégia do


“oikos”, que significa casa, lar, família e relacionamentos íntimos, como
base de evangelismo e na obra de fazer discípulos, conforme Lucas
10.1-12 e Atos 20.20.

Alguns exemplos de Jesus usando a casa:

- Jesus com seus discípulos na casa dele (Mateus 13.1 e 36 e


João 1.35)
- Jesus com seus discípulos na casa deles (Marcos 1.29-34)
- Jesus com seus discípulos na casa do “contato”, recém
convertido (Marcos 2.13-15)
- Jesus na casa do contato (Lucas 19.5-10).
Depois que Jesus subiu ao Pai, os discípulos continuaram
usando a mesma estratégia dEle. Em Atos 2.46 e 5.12, vemos que
os irmãos costumavam encontrar-se diariamente no templo, no
“pórtico de Salomão”. Ora, este não era um lugar de reunião com
bancos e púlpitos, como temos hoje. Era um lugar público onde
havia muita gente. Era um lugar onde estava o povo da cidade.

Também no livro de Atos encontramos o Espírito Santo


usando os relacionamentos como base de conversão de “toda a
casa, a família”.

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O Propósito Eterno de Deus_________________________________

Encontramos inúmeros exemplos que nos enchem de fé


para salvação de toda a casa:

- Cornélio, parentes e amigos íntimos... “serás salvo, tu e toda a


tua casa...” (Atos 10.24 e 11.14)
- Lídia, ela e toda sua casa (Atos 16.13-15
- Carcereiro e todos os seus (Atos 16.25-34)
- Crispo, com toda a sua casa (Atos 18.8-11).

Se, hoje, quisermos que os irmãos sejam treinados para


serem testemunhas, falando aos homens com toda intrepidez, sem
timidez ou medo, devemos ir às ruas e nos contatos nas casas, com
eles, o maior tempo possível. Devemos “sair” de todas as formas,
em grupos pequenos, com alguns discípulos e também em grupos
maiores. Devemos estar com os discípulos, no meio do povo,
devemos ser como Jesus, amigo dos publicanos e pecadores
para que eles conheçam o Senhor (Mateus 9.10-13 e 11.19).

oooooooooooooooooo

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_____ O Propósito Eterno de Deus

MEMORIZAÇÃO (CATEQUESE)

P: Como iniciamos o serviço de fazer discípulos?


R: SENDO TESTEMUNHAS E PROCLAMADORES (Atos 1.8)

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O Propósito Eterno de Deus_________________________________

IV O MINISTÉRIO DE EDIFICAR NAS


JUNTAS E LIGAMENTOS

Este é outro ministério que Deus entregou a toda a igreja, a


todos os santos. Observamos o texto de Efésios 4.16, como
fizemos com o texto de Efésios 4.12: este versículo também se
desenvolve em três etapas distintas:

1º) “...de quem todo o corpo, bem ajustado e ligado pelo


auxílio de todas as juntas...”
2º) “...segundo a justa cooperação de cada parte...”
3º) “...efetua o seu próprio aumento para a edificação de si
mesmo em amor.”

Aqui temos uma seqüência das palavras apostólicas sobre o


edificar por meio de juntas e ligamentos. A terceira etapa do
versículo contém uma tremenda afirmação: é o próprio corpo que
produz o seu aumento, sua edificação. Por esta afirmativa do
Espírito Santo, vemos novamente que não são os ministérios de
Efésios 4.11 que produzem a edificação do corpo, mas, sim, o
próprio corpo.

Como o corpo produzirá esta edificação? Aqui, como no


caso dos versículos 11 e 12, não podemos chegar a essa terceira
etapa sem passar pela segunda: a justa cooperação de cada
parte (cada membro do corpo), e não apenas pela cooperação de
uns poucos.

Agora, porém, vamos à pergunta decisiva: como alcançar


isto? Como levar cada membro a dar a sua justa cooperação?
A resposta se encontra na primeira parte do versículo. Para que
cada membro possa fazer sua parte, é necessário que todo o corpo
esteja “bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas”.

Esta palavra, “junta”, foi esquecida pela igreja, mas o Espírito


Santo não está fazendo poesia sobre o corpo de Cristo. Não se trata de
uma “figura” apenas. O Espírito Santo usa de uma linguagem humana,
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_____ O Propósito Eterno de Deus

simples, para falar-nos de uma realidade espiritual importante e profunda.


Sabemos bem o que é um membro do corpo humano e, por isso,
podemos entender o que é ser um membro do corpo de Cristo. Então
devemos saber também o que é uma junta no corpo humano, para
sabermos como são as juntas no corpo de Cristo. Então, o que é uma
junta?

A junta é uma articulação que faz conexão entre os ossos. E


aqui somos ajudados pelo texto de Colossenses 2.19, onde lemos:
“...todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e
ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus.”
Conforme o dicionário de Aurélio B. de Holanda, ligamento é uma
“parte fibrosa muito resistente, que serve para ligar os ossos ou os
órgãos”.

Vemos então que as juntas são as articulações e os ligamentos


passam pelas juntas dando firmeza e resistência a elas. Juntas e
ligamentos, portanto, servem para harmonizar o corpo humano. Cada
membro do corpo deve estar no seu devido lugar de funcionamento,
firmado e consolidado com os outros membros, por um vínculo
específico, forte e resistente.

O corpo de Cristo, a igreja, é também assim. Seus membros


precisam estar unidos por vínculos fortes, resistentes, específicos.
Se a igreja não for assim, ela será mais como um amontoado de
membros, uma “sacola de membros”, como diz alguém. Se os
membros de um corpo não estiverem vinculados, será como um
corpo esquartejado, sem harmonia nem vida. Referindo-se à igreja,
que tremenda é a afirmação de Paulo em Colossenses 2.19! Se
alguém, um membro do corpo de Cristo, não estiver vinculado com
os demais membros, como pode nele haver vida? Paulo diz que tal
membro não está “retendo a cabeça”. Como pode a Cabeça, Jesus
Cristo, comandar um corpo esquartejado?
Portanto, a principal função dos ministérios (serviços) de
Efésios 4.11, e de todos os que os ajudam, é a de ordenar os
santos, em seus relacionamentos adequados, cada membro onde
Deus o colocou (1 Coríntios 12.18), para que os santos realizem
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O Propósito Eterno de Deus_________________________________

seu serviço e o corpo bem ajustado e com a cooperação de todos


os seus membros produza o seu próprio crescimento, sua própria
edificação.

Como isso se faz não está explicado em Efésios. Mas


podemos vê-lo claramente no Novo Testamento, onde encontramos
o ensino e exemplo de Jesus e dos apóstolos. Aí aprendemos sobre
como eles praticaram estas realidades espirituais.

oooooooooooooooooo

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_____ O Propósito Eterno de Deus

MEMORIZAÇÃO (CATEQUESE)

P: O que são as juntas e ligamentos no corpo de Cristo?


R: AS JUNTAS E LIGAMENTOS NO CORPO DE CRISTO SÃO OS
RELACIONAMENTOS FORTES E RESISTENTES ENTRE OS
SEUS MEMBROS (Colossenses 2.19).

P: Para que servem as juntas e ligamentos?


R: PARA UNIREM, ALIMENTAREM E EDIFICAREM O CORPO DE
CRISTO (Efésios 4.15,16).

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O Propósito Eterno de Deus_________________________________

V JUNTAS E LIGAMENTOS DE DISCIPULADO


As juntas e ligamentos no discipulado são a continuação do
ministério das testemunhas (Mateus 28.18-20). Para fazer
discípulos, começamos sendo testemunhas, mas depois temos que
formar a vida das pessoas que se convertem ao Senhor. Após o
batismo, vem a edificação do novo discípulo. É necessário ensiná-lo
a guardar todas as coisas que Jesus ordenou. Observações
importantes:

1. Formar é mais do que informar

Falando sobre o tema “A Luz do Mundo”, certo irmão disse: “A


luz não se ouve, a luz se vê”. Jesus, que se apresentou como a Luz do
mundo, sabia que não poderia transmitir a luz de Deus apenas com
palavras. Ele não era o som do mundo. Por mais que falasse, não
conseguiria transmitir toda a sua glória. Suas palavras eram espírito e
vida (João 6.63), mas a vida que estava nele era a Luz dos homens
(João 1.4). Ele sabia que esta luz deveria ser vista e observada de
perto. As pregações são necessárias e até indispensáveis, mas elas
apenas cooperam na formação, não formam. A informação é
importante, mas é uma pequena parte da obra. Então, como Jesus fez
discípulos?

2. Fazer discípulos não é realizar uma reunião de


discípulos

Observemos o chamado dos doze. Para que Jesus os chamou?


Não os chamou para uma reunião de estudo bíblico, ou de oração, nem
para uma escola bíblica. Conforme Marcos 3.14, Jesus chamou os
Doze para estarem com Ele, e depois os enviou a pregar e a
exercer autoridade sobre os demônios. A sentença “para estarem
com ele” define a estratégia de Jesus. Ele estava estabelecendo as
primeiras juntas e ligamentos do corpo, entre Ele e seus apóstolos. Ele
desejava uma relação estreita com seus discípulos para transmitir-lhes a
Sua vida, pelo exemplo, em vida. Jesus não era um homem do púlpito,
de mensagens elaboradas e entusiasmadas. Era um homem de
relacionamentos, e seus discípulos tudo aprenderam vendo.
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_____ O Propósito Eterno de Deus

Os discípulos viram como Jesus se relacionava com os pobres,


o que dizia aos ricos, como procedia com os enfermos, como respondia
aos hipócritas, como expelia os demônios, como fazia quando cansado,
como repreendia a tempestade no mar, como tratava as prostitutas,
como reagia às mentiras e calúnias, como amava a Israel, como orava
ao Pai... Estavam juntos quando ria, quando chorava, quando
esbravejava e derrubava mesas, quando foi preso e quando morreu.

Que tremenda experiência! João escreveu: “o que temos


ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que
contemplamos e as nossas mãos apalparam, com respeito ao
verbo da vida...” (1 João 1.1). Ah! Como isso é grandioso! Se não
houvesse esta relação estreita entre Jesus e os seus discípulos, as
multidões não permaneceriam nos seus ensinamentos por muitos
anos, depois de sua morte.

Quando Jesus mandou fazer discípulos, que entenderam os


discípulos dele? Eles nunca viram um salão cheio de bancos, um
conjunto musical para liderar louvores ou um púlpito. Que passou pela
mente deles, quando ouviram a ordem de Jesus? Certamente, para
eles era como se Jesus estivesse dizendo: “o que eu fiz com vocês,
façam com os outros”. Esta missão incluía a pregação, como Jesus
pregou, mas, essencialmente, referia-se a relações de discipulado.

Discipulado não é um método a mais. É a prática de Jesus.


O discipulado sustenta, edifica e ajusta ao corpo, a pessoa que se
converte. Tal vínculo surge de modo natural, quando, depois de
pregar a outro e batizá-lo, o discípulo se sente responsável pelo
“seu” novo convertido. Então cuida, ensina, vela, ampara, sofre e
leva a carga dele. Assim ninguém fica só. Todo o “recém-nascido”
tem um “pai” ou “mãe” espiritual que cuida dele e o alimenta. Isto é
vital para a igreja. Por isso, devemos estar sempre vigiando pelo
funcionamento destas relações (Filipenses 4.9).
Mas precisamos entender que tal relacionamento não é apenas
para os novos. Em 2 Timóteo 2.2, vemos que Paulo fala de várias
gerações de discípulos. Esse texto mostra claramente como tal
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O Propósito Eterno de Deus_________________________________

relacionamento prossegue para a formação de vários níveis de


ministério. É neste desenvolvimento que surgirão discipuladores sobre
discipuladores.

3. O que é necessário para se tornar um discípulo?

Quando estávamos no mundo, toda nossa vida era estruturada


com base em padrões humanos. Em 1 Pedro 1.18 lemos que fomos
“resgatados do nosso (vosso) fútil procedimento que nossos pais nos
(vos) legaram”. Em outra tradução diz que fomos “resgatados de uma vã
maneira de viver”. É que todas as áreas de nossa vida foram afetadas
pelo pecado. Agora, Deus quer ordenar nossas vidas pelo seu padrão,
até que sejamos semelhantes a Jesus. Esta transformação atinge
desde a nossa mente (Romanos 12.2) até os mínimos detalhes de
nossa conduta (Efésios 4.22-6.18). Nossa relação com Deus, as
relações familiares, trabalho, estudo, uso do dinheiro, preparo para o
casamento, lazer, santidade do corpo, uso da língua, etc., tudo deve
ser ordenado pelo padrão de Deus. Na verdade, passamos por um
processo de reeducação, como se lê em Tito 2.12.

Como Deus ordenará nossas vidas? Como Ele nos


aconselhará? Ele dispõe de muitos meios para isso, mas,
especialmente, Ele estabeleceu os relacionamentos entre os membros
do corpo para reorientar-nos. É para isto que existem os vínculos no
corpo: para que a vida de Deus passe de um membro para outro.

Para que alguém seja orientado é necessário que:

1º) renuncie à rebelião e à obstinação (1 Samuel 15.23);


2º) saiba dar ouvidos a conselhos (Provérbios 12.15);
3º) seja manso e humilde (Mateus 11.29);
4º) seja sujeito aos irmãos (1 Coríntios 16.16; Efésios 5.21);
5º) seja submisso aos que o presidem no Senhor (Hebreus
13.17).
Ninguém pode ser edificado por outro irmão, se mantiver
uma atitude de independência, orgulho ou auto-suficiência. Estas
são características de quem está nas trevas. A obstinação
(teimosia) é um grave pecado (1 Samuel 15.23). Alguém que se
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_____ O Propósito Eterno de Deus

considera correto aos seus próprios olhos não pode ser ensinado
ou corrigido (Provérbios 12.15).
Há alguns que são constantemente aconselhados, mas
fecham seus ouvidos e seguem seus próprios conselhos. Outros,
quando corrigidos e admoestados, se justificam com mais
argumentações. Invariavelmente os tais colhem amargo fruto do
seu procedimento, mas, mesmo assim, não querem enxergar.
Nunca aprendem, por obstinação e orgulho.

É IMPOSSÍVEL EDIFICAR QUEM


NÃO SE SUBMETE

Um discípulo não é assim. Ele é como ovelha e não como a


cabra que esperneia nos braços de quem a segura. É dócil à
repreensão e ama a correção. Os discípulos devem buscar ensino e
conselho, devem ouvir e praticar. Somos membros do corpo de
Cristo e as orientações da Cabeça vêm através dos membros. Deus
quer nos abençoar através dos irmãos.
4. Como deve ser aquele que discipula?
Existe um grande perigo neste ministério: o abuso da
autoridade. O discipulador precisa entender que ele é servo do
discípulo, não seu dono. Deve ensinar-lhe o conselho de Deus e
não seus gostos e costumes pessoais. O discipulador deve
preservar a iniciativa e as qualificações pessoais do discípulo e,
principalmente, sua relação e dependência pessoal do Senhor.
Devemos ter em mente a visão de Deus sobre a autoridade. No
mundo, a autoridade é tomada como oportunidade de posição e domínio.
No reino de Deus é o contrário disso. Disse Jesus: “quem quiser tornar-
se grande entre vós, será este o que vos sirva” (Marcos 10.43). Ele foi
o nosso exemplo. Foi quem mais se humilhou e quem mais serviu. Por
isso também o Pai lhe deu toda a autoridade (Filipenses 2.5-11).
Devemos distinguir bem entre estas três coisas:
1ª) A Palavra do Senhor (Mateus 28.18-20) – A esta o
discípulo deve uma submissão absoluta. Quando lhe damos a
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O Propósito Eterno de Deus_________________________________

palavra de Deus e ele não a recebe, está sendo rebelde e deve ser
disciplinado, se não se arrepender.
2ª) Nossos conselhos (Colossenses 3.16) – Não se trata
de uma palavra absoluta do Senhor. Exemplo: quando dizemos a
um discípulo que ele não pode casar com uma mulher incrédula,
estamos dando a palavra do Senhor. Mas, quando lhe dizemos que
não é bom que ele case com a irmã “fulana”, apenas estamos
dando um conselho. Se o discípulo rejeita o conselho, não é
necessariamente um rebelde. Entretanto, aquele que nunca aceita
conselhos é orgulhoso e auto-suficiente. Não pode ser edificado.
3ª) Nossas opiniões (Romanos 14.1,5) – Trata-se do nosso
parecer pessoal sobre este ou aquele assunto. O discípulo pode ou
não concordar com nossas opiniões ou segui-las.
Por fim, devemos entender que, como discipuladores,
devemos dar três coisas fundamentais ao discípulo:
1ª) Devemos dar a nós mesmos. Jesus não dava palavras
apenas, nem apenas reunia os discípulos; dava-se a si próprio
(João 13.1). Dar-se é dar o seu tempo, seu interesse, sua amizade,
deixar-se envolver, ter carga, zelar, orar. Temos que dar nossa
casa, nosso amor, nossa vida.
2ª) Devemos dar exemplo. Jesus era exemplo (João
13.15). Ele disse: “vinde e vede” (João 1.39), e não “vinde e ouvi”.
Nós também devemos dizer “vinde e vede”. Devemos chegar a
dizer: “Sede meus imitadores como eu sou de Cristo” (1 Coríntios
11.1). Isto não é pretensão. Jesus não era pretensioso, nem Paulo.
Deus é quem nos torna exemplos, pela vida de Cristo em nós.
3ª) Devemos dar a Palavra de Deus. Jesus instruiu com a
palavra (João 15.3). Ele constantemente mostrava a vontade do
Pai. Ensinava e orientava, em toda parte, em todo o tempo, no
templo, em casa, no caminho, no barco... Ele dava ensino para
todas as áreas da vida. Nós temos que ensinar aos discípulos a
guardarem todas as coisas que Jesus ordenou.
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_____ O Propósito Eterno de Deus

MEMORIZAÇÃO (CATEQUESE)
P: Qual a função do discipulador?
R: ENSINAR A GUARDAR TODAS AS COISAS QUE JESUS
ORDENOU (Mateus 28.19,20)

P: O que é necessário para ser discipulado?


R: SER MANSO, HUMILDE E SUBMISSO (Efésios 5.21)

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VI JUNTAS E LIGAMENTOS DE COMPANHEIRISMO


Jesus não apenas estabeleceu vínculos fortes entre Ele e seus
discípulos. Também relacionou os discípulos entre si. Várias vezes os
enviou dois a dois (Marcos 6.7). Saíam sem o Mestre! Que relação
profunda tinham que desenvolver! A oração, os conselhos, a paciência,
o perdão, o cuidado com o espírito de disputa, eram esses e tantos
outros os pontos em que o Espírito Santo trabalhava neles, enquanto
estavam nessa relação de companheirismo.

A relação de Jesus com eles era de discipulado, uma


relação vertical. Esta outra relação, dois em dois, é uma relação
horizontal a que chamamos companheirismo (Eclesiastes 4.9-12).
Na relação de discipulado, alguém mais maduro vela por um mais
novo. Na relação de companheirismo os dois se responsabilizam
mutuamente por edificarem um ao outro. Em Isaías 41.6, lemos:
“um ao outro ajudou, e ao seu companheiro disse: Esforça-te”
(versão corrigida).

O companheirismo deve ser um relacionamento sério diante


do Senhor. Não havendo isto, não haverá o desempenho de cada
parte para a edificação do outro. Quando há este relacionamento
específico, cada um sabe qual é sua responsabilidade. Quando não
há, pensa-se que todos são responsáveis por todos, mas, de fato,
ninguém se responsabiliza por ninguém.

1. Como deve ser o relacionamento no


companheirismo?

O relacionamento de companheirismo deve caracterizar-se por:


1º) AMOR (João 13.34) – Deus não criou o homem para andar
só, mas, sim, para ter um relacionamento de amigo que traga alegria e
prazer de estarem juntos. O amor carrega em si lealdade e fidelidade,
virtudes que nos capacitam a superar qualquer provação que possa
surgir. O amor também envolve atenção, cuidado, respeito e
responsabilidade. Amar é querer o bem do companheiro e o de sua
família. Neste relacionamento devemos poder dizer: “O que é meu é teu”.
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2º) HONRA (Romanos 12.10) – Isto é estar sempre disposto a


dar o primeiro lugar ao outro e ficar sempre na posição de servo. É
buscar sempre os interesses do outro, mesmo que eu venha a perder.
3º) TRANSPARÊNCIA (Tiago 5.16) – Isto significa
confessar os pecados um ao outro. Nada esconder. Colocar a vida
perante o outro sem barreiras.
4º) SUJEIÇÃO (Efésios 5.21) – Grande prova de humildade
é a submissão ao companheiro, pois muitas vezes é mais fácil se
submeter ao discipulador, por se tratar de alguém mais maduro.
5º) LONGANIMIDADE E PERDÃO (Colossenses 3.12,13) –
É neste relacionamento que várias áreas da vida irão se revelar e
receber tratamento. É aí que o companheirismo funcionará
profundamente. Diante das deficiências de caráter do outro, não
devemos desanimar, mas, sim, aprender a perdoar e suportar.
Então, o caráter de Cristo estará sendo formado em nós.
2. Que fazem os companheiros quando estão juntos?
A) Oram juntos (Mateus 18.19,20). Podem ter uma lista de
oração.
B) Saem juntos para pregar aos incrédulos (Marcos 6.7-12).
Visitam contatos juntos.
C) Servem um ao outro (Gálatas 5.13).
D) Edificam-se mutuamente com a Palavra (Colossenses 3.16),
revisando os textos, a catequese, o ensino dos pastores e
mestres, consolando-se, aconselhando-se, etc (1
Tessalonicenses 5.11).
E) Estimulam-se mutuamente a amar a outros e às boas obras
(Hebreus 10.24).
F) Cuidam de seus discípulos juntos (Atos 14.21 e 22).
Observação importante:

No companheirismo, a principal função é fazer a obra juntos. O


tratamento do caráter é conseqüência.

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3. Como iniciar o relacionamento de companheirismo?


Observemos os seguintes pontos:
1. Não é necessário buscar alguém com muita afinidade. Não
idealizar.
2. Não é preciso longo período de observação (Não é casamento!).
3. companheirismo pode ser com pessoas de idades bem
diferentes.
4. Pode ser uma dupla de companheiros, mas também três
pessoas.
5. Pode ser com alguém mais novo ou mais maduro na fé.
6. É importante que morem o mais perto possível, para que seja
funcional.
7. É necessário que sejam do mesmo sexo.
8. Orar e buscar conselho, antes de iniciar o relacionamento.

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MEMORIZAÇÃO (CATEQUESE)
P: Por que o discipulado e o companheirismo são tão importantes?
R: PORQUE UNEM O CORPO POR JUNTAS E LIGAMENTOS.

P: Quais são as principais atitudes no companheirismo?


R: AMOR, SUBMISSÃO, TRANSPARÊNCIA, HONRA E PERDÃO
(João 13.14)

P: Quais as principais atividades no companheirismo?


R: ORAR, ACONSELHAR, SERVIR E FAZER DISCÍPULOS
(Colossenses 3.16)

P: Qual o fruto de tudo isso?


R: A EDIFICAÇÃO DO CORPO, EM AMOR.

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VII A MULTIPLICAÇÃO DE DISCÍPULOS


1. A necessidade de dar frutos

Leiamos o texto de João 15.1-8,16. Que tremendas são


essas palavras de Jesus! Que advertência! Dar fruto não é uma
opção. É uma conseqüência inevitável, quando alguém permanece
em Cristo. Perguntamos, porém: que fruto é esse que devemos
dar? Certamente não se trata do fruto do Espírito sobre o qual
lemos em Gálatas 5.22,23. Neste sentido, há três considerações a
fazer:

1ª) A linguagem: em João 15, Jesus fala do fruto do


discípulo; na epístola aos Gálatas, Paulo fala do fruto do Espírito
Santo, em nós.

2ª) Se examinarmos a parábola dos talentos (Mateus 25.14-


30), notamos que o Senhor não vem buscar aquilo que Ele próprio
deu aos seus servos, mas, sim, o lucro que o servo obteve,
aplicando aquilo que recebeu do Senhor. Ora, o fruto do Espírito é
aquilo que Deus nos dá, através da vida de Cristo em nós. Amor,
alegria, paz, etc. são os talentos que Deus colocou em nossas
vidas. Mas não é isto que Ele busca. Busca, sim, o lucro do que Ele
deu: o fruto do discípulo.

3ª) O texto de Mateus 13.23 é claro e definitivo. Diz que o


dar fruto é reproduzir a cem, a sessenta e a trinta, por um. A
frutificação tem a ver com reprodução.

Conclui-se, então, que o fruto de que Jesus fala em João 15


é a reprodução, a multiplicação da sua vida. Como o discípulo dá
fruto? Quando o discípulo permanece em Cristo, anda com Cristo e
manifesta a vida dele, as pessoas que convivem com ele e aquelas
que ele busca são tocadas por sua palavra e por sua vida. Algumas
se convertem a Cristo. Outras, que já estão em Cristo, são
edificadas e crescem. Assim, a vida de Cristo se reproduz através
do discípulo. Este é o fruto do discípulo.
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_____ O Propósito Eterno de Deus

Quando entendemos isto, compreendemos melhor a


importância do ministério (serviço) dos santos. É através do
desempenho dos serviços comuns que cada discípulo
frutificará para o Senhor. Relacionando-se nas juntas e
ligamentos do corpo, edificando o companheiro, dando testemunho
e edificando discípulos, cada um multiplicará a graça do Senhor que
está na sua vida. Isto é frutificar.

2. Desenvolvendo o serviço dos santos nas casas

A igreja primitiva não se encerrava em templos. A única menção


a templo, no Novo Testamento, é a que refere ao templo de Jerusalém.
Em Jerusalém quase todos os irmãos eram judeus acostumados a
freqüentar o templo. E eles continuaram indo ali por uma questão de
estratégia, isto é, para estarem no meio do povo. Mas já em Jerusalém
a igreja começou a reunir-se nas casas (Atos 2.46; 5.42). Com o
crescimento numérico, esta prática se tornou cada vez mais necessária.

As igrejas que surgiram no mundo não judeu reuniam-se


apenas nas casas. Toda a estrutura da igreja estava estabelecida
sobre os lares (Romanos 16.5,10,11,14,15; 1 Coríntios 16.15,19;
Filipenses 4.22; Colossenses 4.15). Não há qualquer menção
acerca de templos, catedrais, etc. A única referência a um local de
encontro de discípulos é a da escola de Tirano, utilizada por Paulo,
provisoriamente, por apenas dois anos (Atos 19.9,10).

Por que o Espírito Santo dirigiu a igreja desta maneira? A


resposta parece óbvia. Tudo que o Senhor tem revelado sobre o
correto ordenamento dos santos, o desempenho de seu serviço, as
juntas, etc., não se pode praticar em grandes reuniões, com muita
gente. Só é possível em pequenos grupos de discípulos.

Logo, é muito importante que cada discípulo compreenda


muito bem qual é o objetivo da igreja nas casas. Cada irmão deve
entender que não estamos querendo multiplicar reuniões. Cada
grupo é um grupo de discípulos com seu discipulador. Não é uma
porção de gente que vem para fazer estudos e orar, apenas.

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O Propósito Eterno de Deus_________________________________

Portanto, todos são discípulos que estão aprendendo a


viver como tal, que estão sendo feitos à imagem de Jesus, sob
o cuidado de seus discipuladores. São soldados de Cristo que
se encontram para treinamento e para “limpar suas armas”.
São obreiros que se encontram para avaliar o serviço que estão
fazendo para o Senhor e para receber nova direção do Espírito
Santo. A igreja que se reúne na casa é uma equipe de adoração e
trabalho. Que Jesus nos dê a Vitória!

“PORTANTO, MEUS AMADOS IRMÃOS, SEDE FIRMES,


INABALÁVEIS, E SEMPRE ABUNDANTES NA OBRA DO
SENHOR, SABENDO QUE, NO SENHOR, O VOSSO TRABALHO
NÃO É VÃO.” (1 Coríntios 15.58)

oooooooooooooooooooo

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_____ O Propósito Eterno de Deus

MEMORIZAÇÃO (CATEQUESE)

P: O que o agricultor espera do ramo?


R: TODO RAMO DEVE DAR FRUTO.

P: Qual o fruto que o ramo deve dar?


R: A MULTIPLICAÇÃO DA VIDA DE CRISTO (João 15.16)

P: Qual o motivo do encontro de discípulos nas casas?


R: É O DESENVOLVIMENTO DO SERVIÇO DOS SANTOS.

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