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DEVOLUTIVAS PEDAGÓGICAS
CONSTRUÍDAS A PARTIR DAS ESCOLHAS
DAS ALTERNATIVAS PELOS CANDIDATOS
NOS ITENS DE FÍSICA DO ENEM
CAMPINAS
2019
GIULIANO PERINA SPAZZIANI
DEVOLUTIVAS PEDAGÓGICAS
CONSTRUÍDAS A PARTIR DAS ESCOLHAS DAS
ALTERNATIVAS PELOS CANDIDATOS NOS
ITENS DE FÍSICA DO ENEM
ESTE EXEMPLAR
CORRESPONDE À VERSÃO
FINAL DA DISSERTAÇÃO DE
MESTRADO DEFENDIDA PELO
ALUNO GIULIANO PERINA
SPAZZIANI E ORIENTADA PELO
PROF. DR. MAURÍCIO URBAN
KLEINKE.
CAMPINAS
2019
Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca do Instituto de Física Gleb Wataghin
Lucimeire de Oliveira Silva da Rocha - CRB 8/9174
trabalho.
meu desenvolvimento.
1APRESENTAÇÃO ............................................................................................ 10
1.1Avaliação .................................................................................................... 12
2REFERENCIAIS TEÓRICOS.......................................................................... 17
2.1Avaliação .................................................................................................... 18
2.1.1Definições ............................................................................................ 18
3METODOLOGIA ............................................................................................... 46
4RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................... 57
1 APRESENTAÇÃO
Estadual de Campinas.
Esse caminho teve início anos antes, durante minha formação inicial, que,
onde, na realidade, não tinha ideia do que fazer com uma graduação em Física. A
escolha do curso veio pelos mesmos motivos clássicos que são compartilhados
pelos estudantes de tal carreira: gosto pela ciência, facilidade com matemática, um
ótimo professor a que nos espelhamos. Escolher um curso como esse, em nosso
contexto social brasileiro, não é fácil. Em diversos aspectos pode-se afirmar que, no
Brasil, a ciência não é valorizada, o curso de Física propriamente dito não é um dos
universidade, onde pude ter contato direto com alunos da Educação Básica, e
Essa atividade foi fundamental para me ajudar a reconhecer que, mesmo formado
decidi voltar. Desta vez, mais focado e com um objetivo muito claro: a Licenciatura.
Era claro o que me motivava, o que eu queria fazer: ser professor. E o primeiro
na Oficina de Física “Cesar Lattes” que tive meu primeiro contato com trabalhos e
ensinar, do que eu, enquanto professor, gostaria de ter em minhas mãos para ser
ensino de Física.
linear. Não é uma rota com espectadores prontos para aplaudir e motivar, como os
12
para nos disciplinar, para que possamos continuar e concluir nossos objetivos.
Foi assim que pude concluir este trabalho aqui apresentado. Busquei
realizar uma pesquisa que pudesse contribuir para a formação de professores, que
isso, tive que estudar e aprender coisas que não imaginei que faria, durante minha
formação inicial, mas que se mostraram ser muito prazerosas. Apresento aqui,
1.1 Avaliação
No Brasil, durante todo o percurso escolar dos alunos pelo ensino básico,
proposto para ser cumprido dos 6 aos 17 anos, passando pelo Ensino Fundamental
aprendizagem de uma rede escolar, seja ela estadual ou nacional. Para esse tipo de
objetivo, os exames de larga escala são as ferramentas mais utilizadas, podendo ter
retorno de seus resultados aos interessados: uma avaliação com caráter somativo –
conhecido como Coleman Report (1966) foi realizado com vistas a estudar como as
classes sociais dos Estados Unidos. Os resultados desse estudo foram validados a
1.2 O Enem
superior (IES) federais. Com tal relevância, ele passa a ser cada vez mais disputado
realizam as provas do Enem, nos itens de Física?”, porém ela foi, de certa
órgãos oficiais ou não, por bancas elaboradoras de exames de larga escala, ou por
para as escolas, para uma prova onde existe um mínimo de contato e reflexão
desses resultados com o ambiente escolar. Essas reflexões conduziram a uma nova
candidatos para cada questão de física. A etapa seguinte foi propor possíveis
cenários que pudessem levar o candidato a escolher sua resposta. Essas análises
então foram organizadas em uma devolutiva pedagógica que foi apresentada, junto
frente ao Enem, bem como a percepção dos mesmos dizendo respeito à relação de
seus alunos para com o exame. Perguntamos a eles também sobre as devolutivas
Lawrence Bardin.
no quinto capítulo.
17
2 REFERENCIAIS TEÓRICOS
Enem.
Pierre Bourdieu, referencial que utilizaremos de base para nossas análises, que
2.1 Avaliação
seria uma boa avaliação -, como avaliar, o que avaliar, e qual o uso de seus
resultados datam pelo menos do século XVII, e perduram até os dias de hoje
ENEM. Não é objetivo deste trabalho, no entanto, fazer tais avaliações de forma
direta. Ainda assim, é fundamental que tenhamos ciência desse amplo panorama
2.1.1 Definições
avaliado dentro do seu contexto: uma progressão escolar, como mudança de ano
orientação própria para futuros estudos, e também até servir como contratação para
1999, p. 9)
juízo de valor que pretende dizer se, para os critérios analisados, o que é avaliado é
apto ou não a ter um determinado futuro. Esta linha de raciocínio segue a definição
de Scriven (1967):
processos educacionais.
essas medidas. Essa era inicial ocorreu no período entre 1900 e 1930, é após ela,
2009). Marcom (2015) traz em sua pesquisa que há um novo paradigma relacionado
às avaliações, trazido por Tyler, ao propor que estas tratem por descrever os
instrumentos para descrever pontos fortes e fracos dos alunos, e também quantificar
e qualificar seus resultados frente aos currículos. Dessa forma, a avaliação tem em
apresentam como objetivo verificar o aprendizado dos alunos, atribuindo uma nota
resultado das avaliações impacta no futuro acadêmico dos discentes, que pode
então apto a cursar o ano escolar seguinte. Uma característica marcante das
com Gatti (2003), o professor se torna responsável pela avaliação e pelo processo
com a avaliação.
preferência pessoal – mas também daquilo que se espera avaliar. Com uma ampla
com alternativas, dentre as quais os alunos devem escolher a que mais julgarem
alunos e dar a eles um retorno sobre esse desempenho, não apenas atribuindo uma
Fernandes (2009, p.33): “conhecer alguma coisa significa ter de interpretá-la e ter de
que não basta saber como desempenhar uma dada tarefa, mas é preciso saber
entre os anos de 1958 a 1972 que as ideias contemporâneas sobre avaliação e seus
processos avaliativos.
23
estabelecido, podendo a aferição ser utilizada por professores sobre seus alunos,
curriculares e sociais - e aqui cabe ressaltar que existe uma relação de reciprocidade
observa que, ainda que lentamente, ocorre uma mudança da busca pela excelência
em uma avaliação somativa representada pelas notas altas para uma avaliação mais
elucidado que antes desse propósito, a avaliação regula todo o modus operandi do
mais visíveis. Sob a ótica das análises de Bloom, a avaliação passa a ter um papel
24
devendo então o professor ter uma visão mais próxima e sensível perante seus
alunos.
definidas, cada vez mais, a partir de suas funções. Pode-se encontrar definições
ferramenta que oferece feedback aos avaliados interessados, que também é citado
por Black (2009). Para que haja o retorno construtivo, resultado das avaliações, aos
desempenho, é necessário que a avaliação não seja analisada por si só. Isto é, que
oferecido pelo feedback representa algo não de caráter probatório, mas sim como
25
uma ferramenta que serve para “harmonizar, apoiar, orientar, melhorar o processo
2006).
avaliação “torna-se uma ferramenta útil a favor do ensino” (BRITO, 2015), por
que fazem a prova, como também informações que possibilitem uma visão crítica
(2009), Brito aponta que a criação do CETPP resultou na primeira aplicação de uma
avaliação em larga escala a alunos do último ano do Ensino Médio, com conteúdos
Oficiais do Estado do Paraná (VIANNA & GATTI, 1988; VIANNA, 1989), em escalas
Rede Pública, que envolveu as cidades de Belém, São Luís, Natal, Recife, Aracaju,
sendo este projeto inclusive avaliado pela Organização das Nações Unidas para a
Foi em 1988 que o Ministério da Educação (MEC) aplica pela primeira vez
em nível nacional, bem como o desempenho dos alunos nos diversos ciclos de
para dar lugar ao recém-criado pelo MEC Sistema de Avaliação da Educação Básica
estudantes do ensino fundamental e médio. O SAEB foi criado com o objetivo de, a
existência. Num terceiro momento, em 1997, provas das Ciências Naturais (Biologia,
princípios e objetivos da educação nacional. A partir desta lei, em seu artigo 2º, fica
educação, que, como estabelecido no artigo 22º, tem como “finalidades desenvolver
educadores podem monitorar o ensino em cada escola, bem como reorientar seu
unidade escolar.
2.2 O ENEM
escolaridade básica: o ensino médio (INEP, 1998). Essa avaliação era proposta
sua cidadania.
pretendia oferecer uma auto-avaliação sobre seu aprendizado para que o próprio
futuras em relação aos seus estudos e/ou ingresso no mercado de trabalho, bem
1998).
Enquanto manteve sua estrutura de prova desde sua criação até 2008,
individuais do exame pudessem ser utilizados pelos candidatos para pleitear vagas
como critério definido por estas instituições, podendo ser critério de composição de
do Prouni, estes alunos devem ter realizado o ENEM na edição anterior ao seu ano
com 63 itens de múltipla escolha e uma redação, passa a ser composto por 4 provas
múltipla escolha cada, e uma redação. Essa mudança marca também o a utilização
dos resultados do ENEM para o ingresso ao ensino superior, por meio do Sistema
de Seleção Unificada (Sisu), que foi instituído pela portaria normativa número 21, de
seleção dos candidatos nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). com
ENEM passa a ser o maior exame de seleção para ingresso em IES. Acreditamos
que, devido ao fato do ENEM se tornar uma ferramenta de seleção cada vez mais
utilizada por diferentes IES, o interesse pelo exame por parte dos agentes
candidato no ENEM passa a ser critério para obtenção de auxílio financeiro para
que os resultados são padronizados, podendo estes serem comparados com uma
31
média geral ou qualquer grupo que possa ser de interesse, como por exemplo
trabalho;
e à Educação Superior;
programas governamentais;
uma referência para que o candidato faça uma autoavaliação do seu rendimento. Ao
mesmo tempo, a citada referência não está clara nem disponível de maneira direta
norteado por estes exames, como apresentado por Silveira e Esquinsani (2013).
qualquer aluno possa prestá-la - seja pela ampla geografia e logística de aplicação,
seja pelas condições financeiras acessíveis para a inscrição, como redução parcial
33
ou total da taxa de inscrição - o ENEM atrai para si maior atenção por parte da
números maiores que das edições do antigo ENEM. Apesar de não ser uma
12.000.000
10.000.000
8.000.000
Inscritos 6.000.000
4.000.000
2.000.000
0
Ano
Apesar de ter iniciado sem esse caráter, hoje o ENEM se tornou o maior
apenas do Gaokao (BRASIL, 2015), o exame vestibular nacional chinês. Mesmo não
(2017) aponta que ele foi realizado a partir da aplicação de 645 mil questionários,
socioeconômico dos alunos possui forte relação com seu desempenho escolar,
percurso escolar do indivíduo. É na junção desses dois fatores, então, que o status
mesmo que ele não seja tão acentuado a ponto de prejudicar as faculdades
cognitivas do indivíduo.
35
Bourdieu (2015) coloca uma forte crítica à visão social da escola como
que ele é um dos fatores mais eficazes de conservação social, pois fornece
Ainda neste trabalho, o autor traz dados que mostram que o ingresso no
culturais do círculo social dos alunos, de modo que “um jovem da camada superior
chances são, ainda, duas vezes superiores àquelas de um jovem de classe média”
(BOURDIEU, 2015). Isso se dá pelo fato de que cada família - e aqui cabe, para dias
próximo dos alunos - transmite aos estudantes, mais por vias indiretas que diretas,
afirmações, Clerc (1964) afirma que, para formações acadêmicas similares, a renda
dos pais não afeta o desempenho e o êxito escolar dos alunos. Em contrapartida,
também afirma que para rendas iguais, formações diferentes influenciam o êxito, de
36
modo que pais diplomados têm filhos com maior êxito acadêmico, uma maior chance
1960, essa análise ainda se mostra assertiva, podendo levar à conclusão de que os
fatores de êxito escolar estejam mais fortemente ligados a aspectos culturais dos
renda. Não se deve, no entanto, desprezar o fator renda. A questão aqui é como a
renda está atrelada à ocupação, e como essa ocupação traz como pressuposto um
capital cultural que, inclusive, diz muito sobre a própria relação da pessoa com a
diversos fatores que incluem a relação com a instituição escolar, o modo de encarar
a educação, que por sua vez é produto de transmissão de capital cultural do círculo
familiar do aluno.
também apreender a dominação social existente na sociedade, uma vez que são
grupos dominantes que possuem tal capital e legitimam sua dominância através
dessa posse (ALMEIDA, 2007). No entanto, não é apenas dessa posse que se faz a
último podendo ser entendido como “o conjunto de recursos atuais ou potenciais que
estão ligados à posse de uma rede durável de relações (...), ou, em outros termos, à
vinculação a um grupo, como conjunto de agentes que não somente são dotados de
propriedades comuns, mas também são unidos por ligações permanentes e úteis.”
(BOURDIEU, 2015(c)).
37
ele pode estar presente na vida social de um estudante. E essa presença tem três
estados: o estado incorporado, que envolve o que já está assimilado pelas pessoas
que o possuem, algo que requer tempo e trabalho de inculcação, uma propriedade
representado por itens materiais, tais como obras de arte, escritos, esculturas, etc., e
necessita investir tempo em contato com esse capital, que não se transfere via
cultural podem ser transferidas, mas isso não se torna suficiente para que este
estado obtido se torne incorporado pela pessoa. Por fim, deve-se entender que o
tal modo que essa quantificação acaba por estabelecer o “valor” de um diploma na
(BOURDIEU, 2015(d)).
um comportamento ativo dos portadores para com os não portadores, e que esse
trabalho pode ou não ser bem sucedido (SINGLY, 1996), confrontando a ideia de
(WALPOLE, 2005; HORVAT, 2001, apud OLIVEIRA, 2014). No Brasil, estudos como
que, analisado o acesso ao ensino superior pela renda, 60% dos jovens de 18 a 24
anos chegam ao ensino superior, se pertencerem ao grupo formado pelos 20% mais
ricos, enquanto o acesso é de apenas 3% para o grupo formado pelos 20% mais
pobres. Se analisado sob o aspecto étnico, a porcentagem dos jovens brancos que
proponham ser isentos e idôneos acabam por não estarem imunes à fatores que
afetem o desempenho escolar, que não a própria escola e percurso escolar, como
(2014).
avaliações, bem como com a qualidade do ensino e do êxito dos seus alunos nas
de que além da pressão sofrida pelos docentes em relação aos exames de larga
escala, a autora diz que “ficou evidente o despreparo e desamparo dos professores
funções das avaliações externas, bem como suas buscas por bons resultados da
2017. p. 33).
informações para interpretar os resultados das provas que lhes forem pertinentes,
publicados oficialmente pelo INEP, disponibilizados para download em seu site para
colunas descrevem os dados relativos àquele aluno; desde qual a escola onde
ano em que prestaram o exame (grupo analisado por este trabalho), ou por escola,
fato de que:
de ensino e das escolas que as integram, ou seja, por parte dos gestores
107)
ENEM. Mesmo que os dados sejam tratados, e as devolutivas sejam feitas por
dos fundamentos teóricos utilizados para a elaboração das devolutivas, bem como
atividades de ensino.
1
Acessível através do endereço eletrônico:
http://devolutivas.inep.gov.br/
42
da Prova Brasil2, um exame de larga escala que tem como função o diagnóstico da
Estado de São Paulo). É elaborada e aplicada pelo estado de São Paulo desde 1996
também apresenta em uma plataforma oficial 3 uma devolutiva acerca dos resultados
possível encontrar um “Relatório Pedagógico” 4, que traz dados gerais da prova, seus
2
Exemplo de uma devolutiva de item da Prova Brasil está apresentada
no Anexo V
3
Acessível através do endereço eletrônico:
http://saresp.fde.sp.gov.br/2015/
4
Acessível através do endereço eletrônico:
http://file.fde.sp.gov.br/saresp/saresp2015/Arquivos/MT_2015_online.p
df
43
acerca da prática docente. Navarro et al (2018) apontam que, reconhecer que uma
aos estudantes é, não apenas uma das tarefas que menos requer esforço em
relação a fornecer feedbacks, mas uma das mais importantes. Dentre outras tarefas,
estudante perante uma tarefa realizada, discriminar entre distintas intervenções, que
para promover a aprendizagem focando em dar ferramentas para que o aluno e/ou o
5
Acessível através do endereço eletrônico:
http://www.comvest.unicamp.br/vest_anteriores/2018/download/coment
adas/F1_fisica.pdf
44
estatístico, de modo que as avaliações seriam usadas apenas para produção dos
dados. Ainda diz que esses documentos atendem quase que exclusivamente o
das características de uma turma através dos exames. E concluem dizendo que nas
modo que permita aos usuários dos documentos o trânsito entre perspectivas
3 METODOLOGIA
do desempenho dos estudantes nos itens de Física das provas de 2014 e 2015 a
da identificação dos itens (questões) de Física, da análise das alternativas dos itens,
por 45 itens, divididos entre as disciplinas de Física, Química e Biologia. Não existe
nos itens de Física, tornou-se necessária a identificação destes itens. Para isso, a
pertencentes ao grupo de pesquisa ao qual o autor deste trabalho também faz parte,
resultados obtidos por cada um buscando os itens que foram identificados por cada
um deles.
valor numérico entre zero e um. Deste modo, se o item não foi identificado por
nenhum dos especialistas como sendo uma questão de Física, tem uma razão igual
razão tem valor igual a um. Caso essa razão esteja acima de 0,7 considera-se que
1989).
um deles no que diz respeito às resoluções dos mesmos, bem como um estudo dos
psicométrico) apresentada pela alternativa. Essa análise também foi feita através de
pares, que buscaram identificar e entender, para todos os itens de Física, quais os
tratamento estatístico dos dados de análise. Como cada pergunta apresenta apenas
48
dos estudantes em cada item, isto é, qual a porcentagem dos candidatos que acerta
como resposta para cada um dos itens, a partir dos microdados 6 fornecidos pelo
identificados, foi criado um banco de dados que, além de conter apenas a população
a ser estudada (grupo dos candidatos que, no ano do exame, eram concluintes do
para cada questão. Para a realização da leitura dos microdados fornecidos e trata-
los para criar o banco de dados foi utilizado o software SAS 9.2.
definições deste construto na literatura não são únicas, de modo que não há
6
Disponível em: http://portal.inep.gov.br/web/guest/microdados. Acesso em
20.03.2018
49
informações.
consumo das diferentes classes econômicas a partir de alguns indicadores tais como
aos utilizados pela ABEP, o que permite gerar um índice de status socioeconômico.
índice socioeconômico se deu pelo fato de ser uma metodologia direta, que permite
influência no desempenho dos alunos no exame não é tarefa simples, nem direta.
escala) - não são poucos, e também não são independentes entre si. Eles estão
Desta forma, não olhamos apenas para um fator específico, como a renda ou a
escolaridade da mãe, mas várias outras características dos alunos, que permitiram
tendo em vista a teoria de Bourdieu, que também coloca que os fatores que
exame nos anos de 2014 e 2015 estavam matriculados no último ano do Ensino
Médio (um milhão. trezentos e setenta e cinco mil e vinte e oito, para 2014; e um
Completou a 4ª série/5º
ano, mas não completou a
C 1
8ª série/9º ano do Ensino
Fundamental.
Completou a 8ª série/9º
ano do Ensino
D Fundamental, mas não 2
completou o Ensino
Médio.
Completou o Ensino
E Médio, mas não 4
completou a Faculdade.
Completou a Faculdade,
F mas não completou a 8
Pós-graduação.
Completou a Pós-
G 8
graduação.
H Não sei. 0
A Não. 0
Sim, um ou dois dias por
Em sua residência B 1
semana.
trabalha
Q007 Sim, três ou quatro dias
empregado(a) C 2
doméstico(a)? por semana.
Sim, pelo menos cinco
D 3
dias por semana.
A Não. 0
B Sim, um. 4
Na sua residência C Sim, dois. 5
Q008
tem banheiro? D Sim, três. 6
A Não. 0
B Sim, um. 4
Na sua residência C Sim, dois. 7
Q010
tem carro?
D Sim, três. 9
E Sim, quatro ou mais. 9
A Não. 0
B Sim, uma. 3
Na sua residência C Sim, duas. 4
Q012
tem geladeira?
D Sim, três. 5
E Sim, quatro ou mais. 5
Na sua residência A Não. 0
Q019
tem televisão em B Sim, uma. 1
53
a submissão, o projeto foi aceito e teve parecer positivo pelo CEP, sob CAAE
que nossas perguntas fossem respondidas e, para isso, ele foi dividido em grandes
voluntários.
Posterior à assinatura do termo, foi pedido aos professores para que eles
então, partiam para o segundo grupo, contendo os segundo e terceiro blocos. Esses
teve como missões a formulação das hipóteses e objetivos a serem alcançados pela
questionário junto aos professores, e até mesmo parte do tempo necessário para as
transcrições foram lidas e relidas para que se tomasse familiaridade com os textos,
pelos professores. Como o trabalho não precisou passar por uma seleção dos
leitura flutuante também serviu de base para a formulação das hipóteses e dos
objetivos.
“Uma afirmação acerca de um assunto. Quer dizer, uma frase, ou uma frase
singulares.”.
mas uma frase, uma ideia, uma representação dada pelo interlocutor que permita
de maneira qualitativa, pelo fato de que, de acordo com George (1959), “a análise de
inferências generalizantes. Por ser mais adaptável, inclusive a dados não previstos
de hipóteses, agindo ciclicamente como dito anteriormente. Por não se tratar de uma
é, analisar não apenas a fala - o texto, mas quem fala, de onde fala, como fala, quais
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
itens serão apresentados de maneira idêntica à que foram colocados aos alunos no
falhas na formação e/ou na compreensão dos alunos sobre os itens de física. Para
cada item analisado foi gerado um gráfico da taxa de resposta de cada alternativa
Por fim, analisamos e refletimos sobre possíveis falhas no processo de ensino que
poderiam estar associadas às duas alternativas erradas mais escolhidas por parte
apresentada a seguir.
paradas.
em:
(A)
59
(B)
(C)
(D)
(E)
paradas. Ele não leva em consideração a conservação de energia, que faz com que
paradas.
esferas.
taxa de resposta em torno dos 20% para as famílias mais pobres, próximo de uma
classe alta. A alternativa errada D apresentou uma taxa de resposta superior aos
25% para os candidatos pertencentes aos dois terços mais baixos dos índices
socioeconômicos. Para os candidatos mais ricos, essa taxa cai para níveis próximos
aos 20%. Esta alternativa ser a mais escolhida pelos candidatos mais pobres reforça
inferior a 20%, o que nos leva a crer que foi uma escolha aleatória.
62
apresentada a seguir.
(A) nulo.
Terra.
superfície da Terra.
hipotética de um objeto lançado com tal velocidade que passa a orbitar em torno da
Terra. O modelo mental para a resolução implica em considerar que com a ausência
de perdas por forças dissipativas e com a atração pela gravidade, o módulo da sua
vemos que sua velocidade, em módulo, não aumenta nem diminui e disso conclui-se
A.
alternativa errada mais escolhida pelos candidatos. Ela é escolhida caso o candidato
65
taxa de resposta.
apenas para valores acima de ISE acima deste essa taxa ficou abaixo dos 30%. Foi
a alternativa mais escolhida por mais de dois terços dos candidatos - os dois terços
candidatos, inicia com taxa de resposta inferior a 20% para os candidatos de menor
índice socioeconômico, ficando a taxa nesta faixa percentual para a metade mais
pobre dos candidatos. Para a metade mais rica, a taxa de resposta cresce em
Foi a alternativa mais escolhida pelos candidatos mais ricos. Nota-se que houve uma
tangencial.
Esta foi uma questão conceitual, que não envolvia nenhum cálculo,
vetorialmente.
66
apresentada a seguir.
Uma pessoa abre sua geladeira, verifica o que há dentro e depois fecha
a porta dessa geladeira. Em seguida, ela tenta abrir a geladeira novamente, mas só
consegue fazer isso depois de exercer uma força mais intensa do que a habitual. A
áreas. O candidato é confrontado com duas situações: a geladeira com porta aberta,
indica que, ao ser aberta a porta da geladeira o ar externo (que está a uma
multiplicada pela área da porta implica no surgimento de uma força que tende a
alternativa D.
comparação com o imã fixado na porta da geladeira. Porém, candidatos com pouco
tempo para resolver a prova, irão optar por uma alternativa que tem a mesma
palavra presente no enunciado da questão. Uma das hipóteses possíveis para essa
geladeira. Mas o número de candidatos que não possuem geladeira é ínfimo, o que
diferenciação entre possuir ou não possuir o objeto, ele não fornece nenhuma ideia
da condição desses itens nas residências dos candidatos, ou seja, a geladeira que
possuem pode ser velha, estar em más condições, de modo que esse efeito da
podendo interferir na análise do cenário exposto pelo enunciado, bem como das
problema de conhecimento em física que provocou o erro desses alunos, foi uma
apresentada a seguir.
70
recorde mundial dos 100 metros rasos mostrou que, apesar de ser o último dos
segundos. Até se colocar com o corpo reto, foram 13 passadas, mostrando sua
(adaptado)
Supondo que a massa desse corredor seja igual a 90 kg, o trabalho total
A) 5,4 × 102 J.
B) 6,5 × 103 J.
C) 8,6 × 103 J.
D) 1,3 × 104 J.
E) 3,2 × 104 J.
( ) ( )
constante, e que age sobre ele essa tal força F calculada. A alternativa D é
desempenho melhor que aqueles que não tem tanto preparo nesse tipo de
abordagem.
doutorado (2). No grupo que não possui pós-graduação nem está matriculado
encontram-se os docentes que ainda não terminaram a graduação (2) e outros (2)
que estão atuando como docentes na iniciativa privada - ressalta-se isso pelo fato de
que, no grupo que tem relação com a pós graduação, 3 atuam na iniciativa pública, e
anos.
professores.
identificação não se deu de forma direta e unívoca, mas sim de maneira recursiva
Exemplo: “parece que eles olham pras questões e não conseguem fazer a
interpretação da questão, fazer o link com as equações que eles estudam”.
Trechos que traziam informações acerca do professor (formação,
tempo de atuação, interesses ou outras características que o
descrevesse) e/ou que traziam informações que permitiam
identificar a independência (ou não) do professor em relação ao
Professor e sua andamento de suas aulas e aos conteúdos ministrados, em
atuação relação aos critérios de atribuição de nota, etc.
Exemplo: “a gente tem uma semana pra trabalhar ótica e onda, é muito difícil
você trazer a prática e trazer a teoria ali no meio, porque querendo ou não, é
bastante conteúdo pra uma aula por semana. Então é difícil você trazer
experimentos e tudo mais.”.
Trechos que trouxeram alguma informação acerca do status ou
condições socioeconômicas do professor, dos alunos, ou do
ambiente escolar em geral.
Socioeconômico
Exemplo: “tenho alunos que tem uma cultura acima da média, nível cultural e
social acima da média, que viaja sempre, vai a museus, e está sempre em
algum lugar, conhece muita coisa, fala inglês, tem passaporte...”
Trechos que trouxeram opiniões e visões dos professores acerca
do ENEM, enquanto exame de larga escala.
Visão do ENEM
Exemplo: “(...) a estrutura da escola é fazer experiências, como no ENEM,
mostrar exercícios baseados em experiências”.
Trechos que trouxeram opiniões e visões dos professores acerca
dos itens do ENEM especificamente, trazendo análises
individuais de cada questão.
Itens do ENEM
Exemplo: “Questões longas, questões grandes, às vezes questões confusas,
na minha opinião algumas questões são inclusive ruins do ponto de vista da
escrita, e da ideia”.
77
justificam ou pela frequência com, que aparecem nas respostas, ou pela relevância
da fala, isto é, algum comentário que trouxe uma visão crítica e/ou importante acerca
Analisando a primeira pergunta “1.1 – Você acha que suas aulas estão
professor #17
“numa escola (...) que dou aula, um colégio bilíngue, mas estou no currículo
brasileiro, e não conheço o internacional. No brasileiro conversa muito com
o ENEM, porque a estrutura da escola é fazer experiências, como no
ENEM, mostrar exercícios baseados em experiências, ir pra laboratório
muitas vezes, então lá se volta pra isso. Já aqui (...) a gente não tem tempo
pra isso. Eu não levo pro laboratório. (...) eu faço às vezes (...) uma
demonstração de como se liga em série e paralelo (...). Mas isso acontece
poucas vezes aqui, porque é mais voltado pra Unicamp, pra Fuvest, e não
pro ENEM.” - professor #1.
lá se volta pra isso” o professor revela sua visão inicial sobre o ENEM, mostrando
7
Os professores serão identificados por números atribuídos de maneira
aleatória.
78
ao ensino superior – ainda assim precisa “mostrar resultados” sendo natural que o
professor faça essa conexão entre o exame e suas aulas, visto que deve ser um dos
professor mostra novamente sua visão sobre o exame, mas dessa vez, sem falar
explicitamente dele. Neste segundo local de trabalho, após falar que as aulas
acontece poucas vezes aqui, porque é mais voltado pra Unicamp, pra Fuvest, e não
pro ENEM.”. Esse é mais um trecho de sua fala que esclarece sua visão do exame
experimentos, em contraste com outros exames vestibulares. Justamente por não ter
foco no ENEM, e por ter poucas aulas experimentais, o professor acredita que nesta
instituição suas aulas já não conversam muito com o conteúdo abordado no ENEM.
ministrado em sala de aula, claro que ele não está isento do cumprimento de
alguma familiaridade com o exame do ENEM: diz que suas aulas às vezes não tem
o mesmo enfoque do que aparece na prova, ao dizer que na prova aparecem itens
com um rigor matemático que não é a forma que ele privilegia ao lecionar,
A forma do professor #2 atuar, o modo que ele apresenta suas aulas, está
relacionada também às condições de trabalho que a sua escola fornece: com uma
diferentes das usuais, para atender uma demanda ou uma característica que seja de
características das turmas para as quais leciona e a liberdade que tem para escolher
trabalhar com um software que não apenas pode ter utilidade para um possível
80
futuro acadêmico, mas também pode fazer parte de um futuro profissional, para uma
“[em um local de trabalho] sou obrigada a seguir uma apostila do curso que
é para o vestibular (...). [no outro local de trabalho] sou coordenadora de
física, e aí não levamos muito em conta o que cai no ENEM. (...) não é
voltado para o vestibular, não quer ter uma fama de cursinho pré-vestibular.
Então o que a gente faz é que a gente pegou alguns livros didáticos, viu a
sequência didática que eles seguem, e na real a gente vai seguindo o ritmo
dos alunos. Quando chega a época do ENEM, a gente faz uma revisão dos
conteúdos pro ENEM”. - professora #3.
“ter uma fama de cursinho pré-vestibular”, ou seja, ao mesmo tempo que enxerga o
ENEM como um exame vestibular, o colégio se propõe a ser algo para além disso,
não sendo uma instituição que seja reconhecida e caracterizada como algo além da
preparação para uma prova, isto é, que seja enxergado como um local que ensina e
entender pelo trecho “a gente vai seguindo o ritmo dos alunos”. Contraditoriamente,
nas vésperas do ENEM, ele surge como foco, modificando a atitude dos professores,
“Nós temos o foco, sempre que preparamos a aula, de fazer algo um pouco
mais focado no ENEM. O caso é que os alunos estão muito defasados,
81
#7 afirma que por conta da defasagem dos seus alunos ele preparou exercícios em
opinião sobre os itens de física serem conteudistas e que isso é um empecilho para
ao conteúdo do EM, uma vez que para seus alunos, oriundos do EM ou no último
ano do EM, apenas a conclusão dessa etapa educacional não torna-os aptos a
encarar o exame, nem outros grandes vestibulares, como dito em “nos outros anos
eu focava em Fuvest, Unicamp e ENEM. Mas este ano comecei a ver que talvez não
adiantasse muito”.
sua independência enquanto docente e sua atuação do que alguma visão sobre o
material didático: ela se utiliza tanto dos livros didáticos quanto dos cadernos do
aluno que a rede pública do Estado de São Paulo fornece. Ao trabalhar dessa forma
com as duas séries, a professora tem que percorrer uma grande gama de
conteúdos, que, como disse, nem sempre é possível fazer uma articulação direta
pelo ENEM e o que se espera que seja ensinado nas propostas curriculares. Mas
“Acho que sim [há relação]. Na verdade, eu vejo que não são tão complexas
assim as questões. Eu pelo menos procuro olhar as questões, pra ver como
estão sendo discutidas. É a questão: qual a função do EM atualmente? O
PCN fala que é trabalho e cidadania, mas não é mais, porque tem todas as
provas externas, como o SARESP mesmo. O SARESP é o caderninho vivo.
Tudo que tá no caderninho cai no SARESP, não tem como fugir. Eu ensino
astronomia porque acho importante, mas não cai no ENEM. Esses dias uma
menina disse pra mim “porque eu to aprendendo esse negócio das colisões
do carro com o caminhão? pra que serve isso?”, já quando eu ensino
astronomia eles veem mais sentido, reclamam menos.”- professora #5.
conteúdos mais amplos, mais ligados às recomendações do PCN são mais bem
aceitos pelos alunos do que os conteúdos mais áridos dos exames de larga escala.
têm ao estudar um tópico difere, varia para outros. A professora se utiliza disso em
seu trabalho, conseguindo lecionar com mais facilidade (uma vez que “reclamam
menos”) assuntos que, para os alunos, “movem sua curiosidade” (BRASIL, 1999).
reflexão realizada acerca deste tópico por Langhi e Nardi (2010) onde afirmam que o
assuntos da física, que por vezes são trabalhados mais quantitativamente, em cima
de modelos matemáticos.
os três anos do Ensino Médio em uma escola particular, ela iniciou a entrevista já se
“eu tenho uma leve dificuldade em relação à sua pesquisa porque a escola
em que trabalho não está muito voltada ao vestibular” - professora #4.
do seu local de trabalho não estar “voltado” a exames vestibulares, ela se coloca
Com a última frase mostra a visão de que as contas num exercício estão
apresentados pela professora #4, juntamente com outros fatores já relatados, torna-
8
86
“Hoje sim. Porque o ensino médio é voltado pros vestibulares, ele ainda tem
o modelo dos vestibulares antigos, estilo Fuvest, provas mais antigas da
Unicamp, tudo mais. E hoje o ENEM aderiu a esse modelo de formato. E...
as questões do ENEM são difíceis, são questões bem teóricas, são
questões complicadas de fazer, às vezes as questões são grandes. E hoje o
Ensino Médio dialoga com o ENEM, antes ele era uma prova, uma prova
mais aplicada, mais interpretativa, mais... abordava mais a parte, a parte
teórica, em vez da parte prática, então eu acho que hoje conversa um
pouquinho mais.” - professor #8.
A fala revela que as suas aulas, possivelmente por causa das escolas
professor #8 o ENEM seguir o modelo das provas de acesso ao ensino superior faz
com que o conteúdo de suas aulas se aproxime dos temas e do estilo de questões
estrutura, onde ele faz uma comparação entre o modelo antigo do ENEM e o Novo
ENEM. Ao dizer que atualmente o exame tem questões “difíceis, (...) bem teóricas,
(...) complicadas de fazer”, o professor aponta para o fato de que elas exigem um
“teórica” que ele utiliza no trecho “abordava a parte mais teórica, em vez da parte
prática” no final da fala; neste momento ele faz uma diferenciação entre abordagens,
onde a parte prática traz não apenas itens de roupagem experimental - que se
tornou uma característica das provas do Novo ENEM - mas também questões
reflexão e nem sempre a utilização de equações, fórmulas e/ou cálculos para sua
ponto importante é a visão de que “hoje o Ensino Médio dialoga com o ENEM”:
escolar do professor.
compatível para o que você espera que seja ensinado?”, quando não respondida
de maneira implícita pelos professores (isto é, respondida sem que ela tivesse sido
O professor #1, desta vez, revela como sua opinião evoluiu com a
“Eu há um tempo era bem crítico ao ENEM. Ele cobrava assim, desculpe a
expressão, mas era assim que cobrava: “tinha uma árvore e um elefante, o
elefante está atrás da árvore e ele perguntava: cadê o elefante?”, era assim
que acontecia, perguntas até infantis. O ENEM dos últimos três, quatro
anos, tem se tornado cada vez mais conteudista, não é mais aquele ENEM
do passado. Então até brinco com eles (alunos) aqui, alguns amigos nem
gostam que eu fale isso, mas o ENEM parece uma Fuvest nos últimos dois,
três anos.” - professor #1.
ENEM, ou seja, antes de 2009. Nesse contexto, a fala do professor leva à uma
critério parcial de admissão em IES. Foi a partir da mudança ocorrida em 2009 que o
Em outro momento, ele reforça essa visão de que o exame está medindo
“Tem itens do ano passado que se você não soubesse teoria, você não
faria; se não tivesse a fórmula, você não faria. Então isso é um grande
problema, isso é complicado demais. As minhas aulas, às vezes teóricas,
funcionam muito melhor nesse sentido do que aula prática.” - professor #1.
“Não é compatível. Não diria em sua totalidade. Mas diria que talvez 30%,
40% do conteúdo que dentro da matriz de referência, não que
necessariamente apareça nos itens, mas que estão na matriz de referência,
eu diria que não bate. Não bate por uma questão temporal. Tempo de aula,
quantidade de aula. Aulas de Física no Ensino Médio na escola pública são
apenas duas aulas por semana. No Estado não tem frentes, isso ocorre na
particular. E ali você tem n frentes, tem tempo maior de sala de aula, então
temporalmente você tem mais condições para fazer essa discussão. (...).
Você tem ali um excesso de cálculo, um excesso de fórmulas que o aluno
tem que decorar, lembrar num momento de stress e a escola pública não
tem como principal objetivo lidar isso com o aluno. É diferente do objetivo da
escola particular, que é inserir o aluno na universidade. Isso, o treino para o
exame. A escola pública não tem isso como objetivo principal. Ela pode ter
esse objetivo? Pode, mas não é o principal.” - professor #2.
totalidade - por uma questão temporal, o professor revela sua opinião acerca do
89
ENEM, que conduzem os conteúdos abordados pelo exame. Ele deixa claro que em
candidatos de acordo com o perfil que as universidades hoje exigem, um aluno que
esteja apto e treinado a encarar uma prova dessa natureza. Esse não é o perfil
formado pela escola pública justamente por esse não ser o objetivo dela, pelo
menos a que ele trabalha e como ele enxerga que deveria ser, como já expresso por
ele na resposta de ensinar aos alunos conhecimentos que podem ser utilizados
Ele identifica que, apesar de ser um dos mais difíceis, é o exame que os
alunos têm maior índice de aprovação, utilizando não apenas para o ingresso em
IES públicas, mas para a utilização da sua nota em programas como o Prouni e o
“Eu acho que sim, é compatível com o que se espera. Não é uma prova que
se exige tantos conhecimentos que não são trabalhados, como alguns
vestibulares, por exemplo de universidades particulares cobram coisas que
não são conteúdo de Ensino Médio, ou universidades como o ITA por
90
exemplo, mas aí já é outra linha de ação. Mas o ENEM não, ele cobra
conteúdos que são de ensino médio. O único problema é que pra você fazer
o ENEM hoje, pra você ter acesso à uma prova no modelo do ENEM, você
tem que ter muito conteúdo. O ENEM virou então uma prova, pelo menos ao
meu ver, restrita ao ensino privado, você tem conteúdo mesmo. Não que
não tenha na educação pública, mas no ensino privado você tem condições
diferentes de sala de aula, número diferentes de aulas por semana, material
diferente. Eu vejo que o ENEM é uma prova pra esse modelo.” - professor
#8.
implicitamente em sua fala anterior: o ENEM hoje, em sua opinião, é uma prova
“restrita ao ensino privado”, seja por condições escolares de viés estrutural como de
número de aulas, de material didático, do foco das escolas da rede pública. É como
se o professor tivesse duas visões de EM: o da escola privada, que conversa com os
diversos motivos, e que não conversa com os grandes exames por não trazer esses
Foi natural que, durante as entrevistas, a partir das respostas dadas pelos
fosse feita antes do conteúdo. Apesar disso não ter sido uma regra, a lógica seguida
pelos professores apontava que a utilização dos itens era comum, mas que este uso
com dois motivos: um deles é familiarizar os alunos com o exame, o qual ele
identifica como sendo o vestibular deles. É interessante notar que o professor #2, ao
fazer essa observação, não adiciona outros exames vestibulares, como por exemplo
próximas aos alunos, inclusive por critérios geográficos. O outro motivo diz respeito
Essa é uma característica que já foi trazida implicitamente ao dizer que o professor
os detalhes que ele revelou sobre a pesquisa foram omitidos a fim de não
“simulado” junto às segundas séries, que tratou dos conteúdos da ótica, onde
especialmente nos dois primeiros anos do EM, onde os alunos ainda não estão com
os vestibulares como foco principal. É uma estratégia similar à que a professora usa
ao não utilizar o nome “prova” junto a seus alunos: ela não quer trazer todo o peso e
carga que o nome traz, e se utiliza de uma recomendação da rede pública para
pela escola, se ele se sente motivado para tal, a chance de que ele encare essa
possibilidade como real e se envolva a ela é maior do que numa situação onde o
aluno não enxerga no sistema escolar uma possibilidade de ascensão social. Lewin
(1948) escreve que “aquele que malogra (...) pode situar o seu alvo muito baixo,
frequentemente aquém do seu êxito passado (...), ou então ele situa seu alvo acima
engendra uma perspectiva temporal ruim, que, por sua vez, engendra um moral
ainda mais baixo; enquanto que um moral elevado não somente suscita alvos
por terem diferentes focos, os exercícios contidos nos materiais didáticos são
“O que eu faço sempre: como tenho memória boa - depois de vinte e três
anos [de aula] você lembra das coisas - às vezes eu não lembro a data -
caiu algo parecido com isso”, e eu puxo pro lado do ENEM. (...) Toda vez,
eu viro pro ENEM, tento virar pro ENEM. Como ele está conteudista, às
vezes falo “tá vendo essa questão da Fuvest? Parecida com o ENEM do
ano passado”. Infelizmente. Eu acho isso uma pena, porque é muito
conteudista. Eu era crítico no passado dessas questões bobas - como te
falei do elefante - mas quando o ENEM conseguiu trazer questões pra vida
real, foi bonito pra caramba. Mas é difícil fazer isso, não é fácil. Conteudista
é fácil fazer a questão. Vida real é bem mais complicado.” - professor #1.
seletivos. Ao mesmo tempo, revela que tem apreço pelas questões que julga como
“da vida real”, que fogem desse aspecto “conteudista”, mesmo que identifique e
entrevistado foi a 1.4, “Qual a sua percepção da dificuldade do ENEM para seus
94
alunos? / Qual o grau de dificuldade do ENEM para seus alunos? O que seria o
fácil? O que seria o difícil?”, como pode se depreender a partir das falas:
“Interpretação. “Eu não sei o que ele está pedindo”. [NE: como se fosse um
aluno dizendo para o professor]. O cara lê, lê, lê e fala assim “o que ele tá
pedindo?”, e eu falo assim “o galera, lê a última frase, ou seja lá onde
estiver a pergunta, lê a parte da pergunta com calma”. E o aluno “aaaahhh
tááá, é isso o que ele quer? Então eu sei fazer”. Eu sinto uma dificuldade
tremenda neles deles aprenderem a ler, porque a verdade, eles não leem
mais, não como a gente quer que eles leiam. Eles leem a questão assim:
“um móvel com velocidade de 10m/s blablablabla” e eu: “Calma! Você está
atropelando tudo! O que ele está te dando de informação? Um móvel, com
velocidade de 10 por segundo... pára! Anota, ou grifa”. Então a molecada lê
muito rápido, quer acabar rápido a questão, e acaba não entendendo.
Quem se dá melhor? Quem lê com calma. Às vezes eu vou até contra o
ENEM: “tá vendo esse texto aqui, te contextualizando? nem leia! lê
embaixo, a pergunta começa ali, o texto de verdade começa ali”. Só que
isso é mal, porque às vezes eles estão começando a ler e começando a
pensar na resolução, mas não tem mais paciência pra isso. Então eu digo
pra nem ler, o que é ruim, mas pra alguns funciona muito bem.” -
professor #1.
“Numa escala de 0 a 10, diria que é uns 8,5 de difícil. O difícil, acho que
primeiro eles já piram, só de ver que é do ENEM. Tipo, as questões mais
conceituais, eles não conseguem pensar em conceito. (...) Eles não leem,
eles chutam. Se eles leem uma palavra no meio do texto, por exemplo,
“floresta”, eles viram isso numa alternativa escrito “floresta”, eles vão chutar.
Nem leem o que está acontecendo. Eu digo “gente, me expliquem o que ele
está perguntando” e eles começam a repetir apenas o que está escrito. E eu
falo “não, gente, eu quero que vocês me EXPLIQUEM o que ele está
perguntando”.” - professora #3.
95
“(...) eles não conseguem interpretar o que a questão quer. Tem problemas
de cálculo puramente, mas também de interpretação de texto. A física em si
9
A professora se referiu à essa equação como “que macete”, recurso
mnemônico utilizado para memorização muito difundido no Ensino de Física.
96
Essas falas trazem visões não apenas acerca da dificuldade dos alunos,
mas também em relação aos itens do exame e do exame em si. Da fala do professor
de texto, o professor mostra sua percepção e opinião acerca dos hábitos de leitura
dos alunos: não são como ele gostaria que fosse - são curtos, rápidos, desatentos.
Ele reconhece que o treinamento para vestibulares gera stress nos alunos,
verdade começa ali”, o professor indica para que considera o “texto de verdade”;
juntando essa resposta com a fala anterior, o texto de verdade seria onde estão as
por Peduzzi e Peduzzi (1997). Há também uma contradição em sua fala, que ele
abordar a “vida real” eram “bonitas pra caramba”, ao mesmo tempo, em alguns
casos, incentiva a não leitura dos textos que remetem à contextualização dos itens,
mesmo que seja para apenas alguns alunos, para os quais diz que essa estratégia
Analisando a fala do professor #2, ao falar “por uma questão até cultural
deles de não ler com atenção”, o professor revela sua interpretação de uma relação
culturais dos alunos, é possível para o professor fazer inferências e relações deste
quantificar a dificuldade que seus alunos têm, mas também qualifica-la, associada a
“conceitual” para descrever as itens que não envolvem cálculos, cuja resolução não
que itens desse tipo são difíceis porque os alunos não conseguem pensar nos
“Se eles leem uma palavra no meio do texto, por exemplo, “floresta”, eles viram isso
problema, trazendo o ensino mais próximo ao aluno, que resulta em mais eficiência
Fernandes (2009).
interpretação do texto, mas apresenta essa falha na formação como também uma
questão a ser trabalhada também pelo professor de física. Esse é um problema que
alunos.
cálculo, mas um cálculo que saia de botar na fórmula... aí eles sentem dificuldade.”,
ressalta a dificuldade dos seus alunos em fazer uma extrapolação para além do que
conceitos e equações. Questões que exijam algo para além da pura aplicação de
relacionada a itens com cálculo, até porque as questões “teóricas” - como entendido
e textos que descrevem, instigam, perguntam sobre algum fenômeno físico. Afirmar
que “a Física em si não é o problema” remete a outra questão, que é como são
formados nossos professores, com uma visão focada em sua área, sem apresentar
seu aluno a ler e interpretar textos para os professores das disciplinas de linguagem.
professores utiliza muitos exercícios em sala de aula, seja por uma questão de
pouca carga horária, seja por uma formação com ênfase na transposição para a
Linguagens que permitam que o aluno se sinta mais à vontade para se apropriar do
conceito, discutir em sala, participar, dando respostas ao professor que, por sua vez,
ao ter maior participação dos alunos, possa conduzir o ensino de maneira que seus
ensino, dar aos conteúdos o rigor necessário que a Ciência cobra, sem que seja
ENEM em sala. Em relação, então, à sua percepção da dificuldade que seus alunos
têm, o professor relata que a reclamação dos alunos se dá de forma a dizer que o
prova se tornam desgastantes, e que por isso o ENEM se tornava “uma das piores
ao dizer que “às vezes eles [alunos] pegavam um exercício e não sabiam nem
como uma das dificuldades. O “não saber por onde começar” se mostra relevante
por ser indício de que a leitura do enunciado não consegue evocar no aluno
nenhuma questão, o aluno não consegue nem ao menos entender o que está sendo
resolver o problema.
são tarefas não triviais aos alunos. O professor, apesar de em alguns momentos
qualquer localidade do país. Essa é uma ideia forte, de que há diferenças entre
Há sim brechas nos PCN para que características locais, relacionadas ao cotidiano
da região possam ser inseridos nas aulas, nos ensinamentos, mas será mesmo que
essa diferença grande apontada pelo professor existe? E, se existe, deveria existir?
Ainda mais, se existe, como uma prova pode não estar sujeita à diferentes
102
enxerga suas aulas e o modelo de EM da iniciativa privada, ao dizer que “tem itens
que são difíceis porque são difíceis mesmo, porque são itens de vestibular, itens
complexas, itens com cálculo e tudo mais, e o ENEM ele aborda muito itens teóricas,
né, e o nosso modelo de ensino treina os alunos pra fugir disso. Um modelo
complicado porque ele treina o aluno pra parar de pensar na Física enquanto
enxergado como um vestibular, daí a sua relação cada vez mais próxima às suas
aulas, sua proximidade a outros grandes vestibulares e exames de larga escala. Ele
identifica que o exame traz “itens teóricas” que, como dito anteriormente, são
aquelas que não envolvem cálculos diretamente, que apenas a reflexão acerca do
correta, e mostra ainda que não é esse o modelo de ensino praticado pelas escolas.
equações da Física, e, portanto, o estilo da prova acaba por ser “complicado” aos
alunos, porque a Física desse tipo de questão seria a ciência em sua essência,
aprendiz não sabe por onde começar sua resolução, não consegue manipular
Física não olham para a resolução de problemas de lápis e papel com a devida
atenção, como uma atividade que “mereça uma discussão mais específica de sua
parte” (PEDUZZI, 1997). Isso é algo contraditório uma vez que para considerar o
comum que exames de larga escala cobrem essas habilidades dos alunos, mesmo
que não direta ou explicitamente - isto é, não haverá uma pergunta no exame que
fundamentais para a resolução dos problemas. Vê-se pelas respostas dadas pelos
holística do item para buscar a sua solução mais adequada, lembrando ainda que
não existe no ENEM uma divisão entre as áreas que compõe a Ciência da Natureza.
tipo, e os demais alegaram que não em um primeiro momento - cabe aqui ressaltar
105
que a metade que indicou já ter contato com devolutivas era composta pelos
terceira, e por fim, duas devolutivas relativas a questões do ENEM, elaborada pelos
ou vestibulares. Todos responderam que já haviam tido contato com esse tipo de
iniciativa. Assim, foi feita a pergunta 2.1.1, que tratou sobre como o contato com
Para a análise deste segundo bloco, assim como o primeiro, também foi
apresentados no Quadro 2.
106
Temas identificados
Trechos que traziam informações e opiniões do professor acerca
das questões apresentadas pelo entrevistador nas devolutivas e
Conteúdo e suas respectivas alternativas.
Alternativas da
Questão Exemplo: “O ENEM tem muito disso, eu falo pra eles: “olha, vocês tem itens
[N.E.: o professor chama as alternativas de “itens”] que são idiotas, e itens que
são verdadeiros, mas não respondem o que ele quer”. Essa é a dificuldade do
cara.”.
Trechos que relatavam em algum nível a visão docente sobre
seus alunos, em aspectos de características da turma (pontos
fortes ou fracos em relação à disciplina, ao ENEM e outros
Visão sobre os exames ou às questões apresentadas, por exemplo).
alunos
Exemplo: “Essa questão eu me lembro. Uma questão puramente teórica, uma
questão que pode até ser abordada dentro da química, né, e eles [N.E.:
alunos] têm muita dificuldade de fazer essa questão por conta de ser
puramente teórica.”.
Trechos que traziam informações e opiniões do professor acerca
das estruturas das devolutivas apresentadas a ele pelo
Estrutura da pesquisador.
Devolutiva
Exemplo: “de forma não agradável é essa parte dessa estatística mais técnica
que aparece aqui e pouco usual, esses gráficos da TRI, que de fato é pouco
usual.”.
Trechos que trouxeram alguma informação acerca do status ou
condições socioeconômicas do professor, dos alunos, ou do
ambiente escolar em geral.
Socioeconômico
Exemplo: “Ok, beleza. O que eu to percebendo é que, parece então, que
quanto mais o cara tem acesso a cultura e por aí vai, dinheiro que seja, o cara
acerta mais. (...) Eu não sabia que isso poderia acontecer não. Isso não
acontece sempre né?”.
Trechos que trouxeram opiniões e visões dos professores acerca
do ENEM, enquanto exame de larga escala.
Visão do ENEM
Exemplo: “o ENEM avalia muito a questão de habilidades, habilidades
atingidas e não atingidas...”.
justificam ou pela frequência, isto é, que apareceram várias vezes nas respostas
107
dadas, ou pela relevância, isto é, algum comentário que trouxe uma visão crítica e
Do quadro 2 tem-se que alguns temas são recorrentes, algo que ocorre
“Já ouvi, mas nunca vi algo desse tipo que você está me entregando aqui.” -
professor #1
“(...) até por motivos de que o estado de São Paulo tem uma plataforma de
devolutiva pedagógica dentro das suas avaliações externas, como também
por motivos da minha pesquisa de mestrado e doutorado lidarem com isso.”
- professor #2
“Como professora eu nunca vi. Entretanto, quando eu fiz estágio, pros meus
alunos, como eles não fazem Prova Brasil, eu nunca fui atrás de olhar nada.
Mas quando fiz estágio, pesquisei sobre a escola que trabalho, a escola que
fiz estágio - que eram diferentes, e olhei todos os resultados em relação a
isso, então eu vi como era o processo de... tudo. Eu nunca tinha visto de
uma questão. Tinha visto um geral, por área da prova. Como analisar por
questão para mim não era viável, procurei uma análise por área.” -
professora #4
Prova Brasil) ou exames vestibulares. Percebe-se, também por esses relatos, que os
docente, pode-se esperar que o efeito que elas acarretam em cada um também o
seja. Desse modo, a pergunta “2.1.1 – Se sim, isso modificou a sua forma de
“Ah, faz! Porque às vezes você pega uma questão e vem primeiramente
“será que eu dei essa matéria?”, dá um medo. Segundo: “como é que eu
expliquei essa matéria pra galera? Será que eu expliquei da maneira que
ele vai ler?”, (...) Será que eu não confundi a galera? É uma grande
pergunta pra mim também.” - professor #1
“Acho que foi porque assim, às vezes você sabe a física, mas está
ensinando de um jeito, e aí a prova quer que você pense de outro jeito. (...)
Ainda que você pode pegar questões específicas e usa-las de análise para,
por exemplo, “sei que estou trabalhando com alunos de baixa renda, então
talvez errem esse tipo de questão. Então vou pegar essas questões que
tem um índice de erro talvez maior para eles, e trabalhar isso”. - professor
#7
era pra ter, mas por que teve?”, então às vezes eu penso nisso”- professor
#8.
devolutivas pedagógicas, fica claro que cada reflexão está intimamente associada à
falas dos professores #1, #7 e #8 mostram que estão envolvidos com exames
isso acaba sendo um objetivo deles enquanto professores, uma vez que é objetivo
também das escolas em que atuam - ainda que o professor #8 deixe explícito que
questões não dizem respeito apenas à questão, mas também com relação às
familiar que estão inseridos que têm forte influência no aprendizado deles. E isso
tem que ter influência na preparação da minha aula”, ou de acordo com a professora
#4 “se esse ponto aqui está relacionado só com a minha disciplina, ou tem coisas
fora que eu estou considerando que o aluno viu, mas ele não viu e eu precisava ter
falado (...) Eu sei que não é meu papel, como professor de Física ensinar
matemática, mas se o aluno está com dificuldade, não posso fechar o olho e tocar
pra frente.” e também pela professora #6 “Ou seja, está totalmente fora, se for ver,
professores concordando ou não, eles não só pensam como agem para “fora dos
111
limites” da disciplina de Física para contribuir mais com o aprendizado dos alunos,
sem citar em suas respostas um objetivo final de exame de larga escala - apesar de
que, implicitamente, esse objetivo esteja nas falas da professora #6, mas a questão
instituição onde ele trabalha, que precisa ter “estatísticas”, isto é, precisa ter um
assunto escolar, mas também como aspectos motivacionais, trabalhando nos alunos
facetas que influenciam não apenas no desempenho nos exames, mas em seu
“(...) Eu sempre quando resolvo com eles na lousa, começo pelos itens
errados. E gosto de falar: “por que está errado?”, porque acho que eles
[alunos] aprendem muito mais olhando pro que está errado, do que a
resposta correta. Às vezes não dá tempo, às vezes a gente tem tanta
pressa que fala: “galera, item C é a resposta correta, as outras depois vocês
veem. Próxima questão.”, mas quando dá tempo, eu começo a falar dos
itens e pulo a alternativa certa, deixando-a para o final. (...) Eu acho que
112
falou pra mim assim oh: “erram mais isso, acertaram mais aquilo”, eu acho
que pra mim [o que gostaria de ter mais acesso]... socioeconômico eu acho
muito legal, até pra gente repensar nossas atitudes em sala de aula, mas às
vezes é difícil modificar esse tipo de coisa. (...) Pra mim, nas escolas que
dou aula, o mais relevante é “quantos por cento dos alunos marcaram a
letra a?” (...) Acho que olhar esse dado, pelo menos pra mim no universo
que estou - pode ser que no universo do professor de estado saber o
socioeconômico seja melhor - olhar pra quem acertou uma coisa e errou
outra é importantíssimo, seria relevante pra minha aula.” - professor #1
admite que, para ele, em seu local de atuação, o mais importante seria saber o
da dificuldade dela para os candidatos -, saber também qual a taxa de resposta para
sua vontade de entender o que leva o candidato a cada uma das alternativas
conceitos que julgue serem necessários, para que eles não cometam tais erros.
“de forma não agradável é essa parte dessa estatística mais técnica que
aparece aqui [N.E.: aponta para os gráficos da Prova Brasil] e pouco usual,
esses gráficos da TRI, que de fato é pouco usual. Apesar de eu entender o
que está sendo falado aqui por causa da minha formação, eu considero
ruim dentro de uma perspectiva como professor, que muitas vezes ou não
teve essa formação ou mesmo não tem tempo para passar a ter essa
formação e utilizar essas informações como forma de levantamento de
113
dados. Eu gosto dessa devolutiva que vocês propõem para o ENEM. Para
mim, as informações que seriam mais úteis, são aquelas que possibilitam
percebem como os índices socioeconômicos interferem no desempenho
dentro da questão. Até pelo fato de eu dar aula numa escola pública, então
se pressupõe que eu trabalhe com um nível socioeconômico mais baixo,
dentro de uma classe mais popular. Outra coisa que eu gosto é da forma
como vocês tratam da questão errada, da questão (N.E: alternativa) errada.
Vocês buscam explicar o porquê eles (N.E.: candidatos) estão indo na
questão errada. E normalmente na prova de física é onde você
normalmente tem as maiores taxas de assinalar, as questões de física em
geral têm baixo índice de acerto, e acho que isso é importante. Outra
questão é o fato de, felizmente, nenhuma delas ter um apontamento do tipo
“professor faça isso”. Não existir uma recomendação. No fundo é “professor,
saiba que isso está influenciando no aprendizado do aluno, que isso
influenciou o aprendizado do aluno, então os alunos estão saindo sem o
domínio desse determinado conhecimento, ou a influência do status
socioeconômico é muito grande no desempenho do aluno”, e isso pra mim é
outro ponto positivo. no fundo o que eu busco de um comentário
pedagógico, de algo desse tipo, é que ele tenha uma descrição daqueles
dados. E no fundo, não que ele chegue em resultados mais “rígidos”, mas
que ele apresente alguns resultados, algumas hipóteses do que acontece
com os alunos que eu como professor possa utilizar isso na produção das
minhas aulas, que eu trabalhe com os meus alunos.” - professor #2
apresentadas nas devolutivas, mas também apontou para uma possível existência
complexidade, para que a análise pudesse ser feita de maneira adequada por quem
fosse o agente interessado (uma devolutiva para alunos, outra para professores, ou
perfis mais baixos vão muito pior que os mais altos, mas você vê que em
questões mais complexas isso quase que se iguala, porque ninguém
trabalhou isso, né. Fica meio no chute. E nas questões você vê que também
tem um pouco disso de levar em conta onde o aluno pode errar e colocar
alternativas que, não induzam ele ao erro, mas que ao errar o aluno vai
achar que acertou. Olha, pode ser uma utopia? Eu acho que deveria ter
várias [devolutivas], sabe como quando você quer estudar? Deveria ter uma
parte mais básica, um resumão do negócio. Uma parte mais mediana e uma
mais profunda. A parte mais básica pra você afetar todos os professores,
coisa de uma, duas páginas, que tenha as principais conclusões sobre a
análise geral da prova, para que pelo menos o professor que fale assim “ah,
eu não vou olhar a devolutiva porque é muito comprida, dá muito trabalho,
não vou olhar” não tenha do que reclamar. Precisa ser uma coisa bem
objetiva, bem direta, e que pegue o espírito de tudo que foi possível analisar
na prova. Numa segunda parte, separado cada área, dentro de cada área
quais foram os principais problemas, elencar tudo muito mais detalhado que
foi nesse resumão geral. E na terceira parte, isso aqui. [mostra a devolutiva].
Eu acredito que se você fornece pro professor uma devolutiva muito bruta,
tipo “questões relacionadas a isso [um assunto específico], tive tantos por
cento de acerto”, sei que pra um professor vai ser complicado fazer uma
análise desses dados. (...) Até porque sabemos que um professor pega um
monte de aula, ele não vai gastar dias analisando gráficos pra ver qual o
resultado da escola X, sendo que dá aula em 50 escolas. Então se eu
pudesse falar uma utopia de devolutiva, seria essa.”. - professora #4.
das temáticas, dos assuntos, dentro de sala de aula, juntamente com uma
explicação dos possíveis raciocínios que levam à cada uma das respostas indicadas
“(...) Eu acho que essas daqui que tem faixa socioeconômica foram feitas
por algum site? Porque ela está bem diferente das demais. Ela seria bem
mais interessante principalmente porque devido a esse fator ia trazer um
contexto a mais, às vezes trás só a resolução e depois uma explicação...
(...) Seria bom trazer, além da resposta, potencialidades da questão pra se
trabalhar em sala de aula, também trazer a questão do desempenho
socioeconômico - estatísticas relacionadas à porque tal pessoa assinalou tal
115
item, o porquê disso. Isso se fosse vir para o professor, mas eu acho que
está meio distante disso. Porque o ENEM avalia muito a questão de
habilidades, habilidades atingidas e não atingidas...”. - Professora #6
“uma questão que tem as respostas como tabelas você consegue ter
distratores inclusive visuais. Interessante. Eu gostei da apresentação dessa
devolutiva porque olha, “os respondentes marcaram tantos essa alternativa,
tal...”, achei interessante ele desmembrar a informação. Os gráficos em si
eu achei muita informação, complicados.” - professor #8.
“Que maluco, né, ser linear assim [sobre o gráfico da taxa de resposta da
questão 63 da prova de 2015]. Uma questão puramente teórica, uma
116
questão que pode até ser abordada dentro da química, né, e eles têm
[alunos] muita dificuldade de fazer essa questão por conta de ser puramente
teórica. E de novo, né, eles [prova] separam a Física. É uma coisa
extremamente cotidiana, você fechar a geladeira e não conseguir abrir,
extremamente cotidiana, e é uma coisa que eles [alunos] não explicam por
conta de não ser algo calculável(...). Mas é muito maluco que você pode
analisar, por exemplo, pessoas com índice socioeconômico baixo, que
inclusive várias delas, você pode imaginar, que nem têm geladeira em casa.
Às vezes nunca viu uma geladeira. Pensei nisso porque é assustador essa
curva linear. Muito atrelado [ao socioeconômico].” - professor #8.
pela devolutiva é justamente o que este trabalho esperava que acontecesse com os
o professor, conhecendo sua sala, seus alunos, seu contexto, possa atuar de
naturalmente a opiniões de que pode até acontecer que alguns alunos não tenham
geladeira em suas residências, mas seria válido também pensar na idade desses
da prova não faria parte do cotidiano do aluno. Seria, portanto, um caso de uma
questão que até tenta e se propõe a ser contextualizada, mas que pode falhar neste
aspecto.
117
que não estejam familiarizados com dados apresentados das maneiras usuais de
devolutivas pedagógicas (gráficos, tabelas, figuras), uma vez que documentos desse
tipo podem tratar de quaisquer disciplinas, e, portanto, devem ser acessíveis para
para refletir sua prática, repensar suas atitudes e atuação docente para que as
eram aqueles. Talvez seja uma questão temporal: por mais que tenha sido deixado
claro que a entrevista duraria o tempo que o professor quisesse, e que ele poderia
questionamentos profundos acerca de um tema quando se tem contato com ele pela
decorrentes de uma não interferência docente junto aos alunos e turmas que
5 CONCLUSÕES
Por todo o texto desta pesquisa olhamos para dados obtidos através da
tabulação dos resultados do ENEM para os anos de 2014 e 2015, bem como para
do conteúdo pelo professor e pelo aluno, seu capital cultural - nos diversos estados
questão, a forma de apresentação dos dados pela prova, todos são fatores que, em
cada um desses diversos fatores citados depende não apenas deles em si, mas sim
não influenciam isoladamente, eles estão relacionados aos outros fatores citados
mais evidente e direta. Essa conclusão se baseia não apenas nas quatro questões
nesta pesquisa, mas também pela análise e entendimento dos distratores das
questões do ENEM. Saber o raciocínio que leva à escolha de cada um deles é uma
baixo desempenho dos candidatos nos itens de Física está relacionado apenas à
aluno/cidadão crítico, que saiba ler e interpretar textos com conteúdos científicos,
Isso nos faz refletir também sobre o próprio exame. Apesar de não ser
o que seria uma boa questão? O que seria uma questão discriminatória? O exame
ter se tornado conteudista nos últimos anos é algo bom ou ruim para o Ensino de
Física, e para a atuação dos professores dentro de sala de aula? E para os alunos,
aspectos, essas tentativas acabam por reforçar tais desigualdades. Esse tipo de
123
cuidado ao elaborar questões para exames de larga escala deve ser tomado, e pode
tornar o ENEM alvo de críticas, assim como outros exames - a citar, o Pisa - também
são.
aprendizagem dos seus alunos. Mostrar que existem condições fortemente ligadas
raciocínios (corretos e incorretos) de elaboração das respostas por parte dos alunos.
de Física por parte dos docentes. Eles reconhecem que existem diversas
dificuldades, mas, muitas delas são interpretadas como problemas alheios ao Ensino
Física, que, num ciclo vicioso, prejudicam a aprendizagem desta disciplina. Foi
entre outros. Esses problemas não estão, inicial nem diretamente, de acordo com os
baixo desempenho por parte dos alunos por consequência direta de uma falha de
Não houve - com uma breve exceção em uma das respostas de um único
professor entrevistado - uma fala que associasse essas dificuldades que os alunos
podem ter com a Física, com o ensino de Física que eles praticam em suas aulas.
ensino para que os alunos desenvolvam melhor seu pensamento crítico, suas
colocadas por esta pesquisa, podem explicitar diversos fatores e perfis de alunos
algo que, inicialmente, não era esperado: o não reconhecimento docente das
num geral, tenham maior crítica em relação à sua atuação profissional. É muito mais
aulas de Física caso não sejam colocadas em ação atitudes para correção delas.
professores informações importantes para que eles reflitam acerca de sua prática. É
dos erros mais comuns, potencialidades de se trabalhar tais questões dentro de sala
quadrinhos, filmes, músicas, etc - que possam ser utilizados ao se lecionar tal
conteúdo, etc.
larga escala. Mas isso não impede que os professores tenham um olhar crítico sobre
Acreditamos que esse olhar deve estar acompanhado de posterior reflexão e ação,
6 REFERÊNCIAS
Brasil? In: PAIXÃO, Lea Pinheiro; ZAGO, Nadir (Org.). Sociologia da educação:
pesquisas sociais: uma aplicação aos dados de uma pesquisa educacional. Opinião
<http://www.revistaensinosuperior.gr.unicamp.br/artigos/acesso-ao-ensino-superior-
didactique. In: Gather Thurler, M. et Perrenoud, Ph. Savoir évaluer pour mieux
132, 1999.
2015(c).
2015(b).
2015(d).
20 de dezembro de 1996.
63. 2009.
dezembro de 2018.
131
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11096.htm>. Acesso
http://www.brasil.gov.br/noticias/educacao-e-ciencia/2015/10/enem-a-segunda-
de 2018.
uma análise das itens de biologia do ENEM 2015 (150 p.). Dissertação (mestrado) -
MOOD, A.M.; WEINFELD, F.D. and YORK, R.L. 1966. Equality of Educational
básica brasileira. In: Flávia Obino Corrêa Werle (Org.).Avaliação em larga escala:
jan./jun. 2005
The Potential Contribution of Pierre Bourdieu. In: SMART, John C. (Edit.). Higher
Education: Handbook of Theory and Research. XVI. Agathon Press, 2001. p. 195-
238.
p. 601-608.
(2018).
<https://drive.google.com/file/d/1spgU2N5g8Eldo2buQwoTme2juOS7daK_/view>.
229-253, 1997.
2014.
http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/eventos/forumbnb2009/docs/qualidade.pdf>.
<https://drive.google.com/file/d/13eTR-2Sau78j8FMLhuFdSLc_zkR1NZnK/view>.
Universitaires. 1974.
137
56. 1989.
4ªs séries de Escolas Oficiais do Estado do Paraná. Educação e Seleção, n 18, pp.
5 -62, 1988.
7 ANEXOS
7.1 ANEXO I - Roteiro das Entrevistas
Alguma mais interessante, mais útil pra você pensar na sua aula, que
mais te chamou atenção? Por quê?
Dessas devolutivas sobre o ENEM, o que deveria ter a mais, a menos, ou
estar mais bem explicado?
3.3 – O que deveria ter, em sua opinião, uma devolutiva pedagógica
adequada para suas aulas? Questão, resposta, cálculos, análises, comentários,
alternativas erradas...
3.4 – Que tipo de informação sobre o ENEM você gostaria de ter acesso?
140
Prezado
professor(a):____________________________________________________.
Professores que lecionam a disciplina de Física em escolas públicas ou
privadas, para o terceiro ano do Ensino Médio, localizadas no estado de São Paulo,
estão convidados a participar como voluntários de uma Pesquisa de Mestrado
desenvolvida pelo pesquisador Giuliano Perina Spazziani. Este documento,
chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa assegurar seus direitos
como participante e é elaborado em duas vias, uma que deverá ficar com você e
outra com o pesquisador responsável pela pesquisa.
Por favor, leia com atenção, aproveitando para esclarecer suas
dúvidas. Se houver perguntas antes ou mesmo depois de assinar o Termo, você
poderá esclarecê-las com o pesquisador. Se preferir, pode levar para casa antes de
decidir autorizar a sua participação. Se você não quiser participar ou retirar esta
autorização a qualquer momento não haverá nenhum tipo de penalização ou
prejuízo.
Esta é uma pesquisa sobre o desempenho de estudantes do último ano
do Ensino Médio nos itens de Física do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM),
desenvolvida para a elaboração de uma dissertação de Mestrado, no Programa de
Pós-Graduação Multiunidades em Ensino de Ciências e Matemática junto ao
Instituto de Física “Gleb Wataghin” da UNICAMP.
O objetivo da pesquisa é analisar a influência do status
socioeconômico dos estudantes em seu desempenho nos itens de Física do ENEM.
141
____________________________________________Data: ____/_____/______.
(Assinatura do participante)
Responsabilidade do Pesquisador:
Asseguro ter cumprido as exigências da Resolução 466/2012 CNS/MS e
complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. Asseguro, também, ter explicado e fornecido
uma cópia deste documento ao participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo
CEP perante o qual o projeto foi apresentado. Comprometo-me a utilizar o material e
os dados obtidos nesta pesquisa exclusivamente para as finalidades previstas neste
documento ou conforme o consentimento dado pelo participante.
ITEM 451
Habilidades avaliadas pelo item
Comentário pedagógico
O item contempla a associação de dados percentuais sobre exportações brasileiras em
1996, fornecidos num gráfico de setores, para outro, de colunas simples. Para respondê-lo, o aluno
precisa analisar cada porcentagem apresentada no gráfico de setores e procurar as correspondências
150
no de colunas, fornecidos nas alternativas. Ele pode começar pela maior porcentagem, a da soja, e
verificar em quais gráficos esse produto aparece com a maior coluna: nos das alternativas D e E.
Depois disso, pode observar que as únicas diferenças entre os dois residem nas quantidades de café
em grão e turismo. Esse último é superior ao outro, como consta no gráfico de setores da alternativa
E.
Entre os respondentes, 62% marcaram o gabarito, que se tornou a alternativa mais
escolhida a partir do nível 225 da escala de proficiência. Acertaram o item 86% dos alunos com maior
desempenho no teste, enquanto entre os pertencentes ao grupo com menor desempenho essa
proporção caiu para 30%. Logo, foi alta a capacidade deste item em distanciar esses dois grupos de
desempenho.
O distrator mais atrativo foi D, marcado por 14% dos estudantes. Eles, provavelmente,
tiveram dificuldades na escolha entre essa alternativa e a E, já que ambas possuem quatro colunas
com a mesma altura. É possível que alguns deles tenham errado a ordenação dos valores
percentuais dados no gráfico de setores e, consequentemente, errado a ordenação das alturas das
colunas. As demais alternativas não apresentaram atratividade significativa, podendo ter sido
escolhidas aleatoriamente, principalmente entre os participantes com proficiência no nível 200.
Estatísticas
Nível do item na escala: 250
Posição do item na escala: 241
IInfluenza é um tipo de doença respiratória aguda, conhecida popularmente como gripe. Existem
vários tipos de vírus causadores de gripe; no caso da gripe A, o vírus responsável pelo processo infeccioso é o
H1N1. Esse novo tipo do vírus de gripe é transmitido de maneira direta, de pessoa para pessoa, principalmente
por meio da tosse, espirro e de contato com secreções respiratórias das pessoas infectadas. Observe o gráfico que
mostra a porcentagem de sinais ou sintomas apresentados pelos indivíduos que tiveram casos confirmados da
Influenza A.
Solução
Desse modo, para que o período de oscilação não varie, causando diferenças em
medidas de tempo, é necessário que o comprimento da haste, L, seja mantido
constante.
Essa resposta é apresentada pela alternativa A.
157
Alternativa Principal
A principal alternativa errada é a alternativa D. Ao escolher essa alternativa, o
candidato faz uma associação de palavras e conceitos que aparecem no tanto no
enunciado quanto no texto da resposta. Percebe que no enunciado é citada a
pontualidade dos relógios de pêndulo é baseada na regularidade de pequenas
oscilações do mesmo, e que uma inovação que deixou esses mecanismos mais
precisos foi uma liga que resiste melhor aos efeitos de temperatura. O candidato
juntou as palavras “oscilação”, “constante” e “temperatura”, fazendo uma associação
que a condição para que o relógio de pêndulo realize corretamente a contagem de
tempo é a sua invariância a fatores relacionados à temperatura.
Alternativa Secundária
A alternativa E foi a segunda alternativa errada mais assinalada pelos candidatos.
Ao escolher essa opção, os candidatos partiram do conceito de conservação da
energia, e, ao ler que uma “energia” deve se manter “constante”, enxergam a
alternativa como algo verdadeiro e assim a escolhem. Não atentam para o fato de
que a alternativa fala apenas da energia potencial gravitacional, e não da energia
total do corpo.
As famílias de classes mais altas estão no lado direito do gráfico, com valores do
índice socioeconômico mais altos, enquanto as famílias mais pobres situam-se no
lado esquerdo do gráfico.
A alternativa correta está apresentada em azul, com uma linha mais grossa.
159
É comum aos fotógrafos tirar fotos coloridas em ambientes iluminados por lâmpadas
fluorescentes, que contêm uma forte composição de luz verde. A consequência desse
fato na fotografia é que todos os objetos claros, principalmente os brancos,
aparecerão esverdeados. Para equilibrar as cores, deve-se usar um filtro adequado
para diminuir a intensidade da luz verde que chega aos sensores da câmera
fotográfica. Na escolha desse filtro, utiliza-se o conhecimento da composição das
cores-luz primárias: vermelho, verde e azul; e das cores-luz secundárias: amarelo =
vermelho + verde, ciano = verde + azul e magenta = vermelho + azul.
Disponível em: http://nautilus.fis.uc.pt. Acesso em 20 maio 2014 (adaptado).
Na situação descrita, qual deve ser o filtro utilizado para que a fotografia apresente
as cores naturais dos objetos?
(A) Ciano.
(B) Verde.
(C) Amarelo.
(D) Magenta.
(E) Vermelho.
O assunto é bem presente no cotidiano: fotografias, mas a questão não traz de fato
uma abordagem cotidiana: filtros de luz não são objetos dessa natureza. Pode-se
encarar o enunciado como confuso, uma vez que não há menção se o filtro utilizado
é de transmissão ou reflexão. Fazendo uma conexão entre o texto e a pergunta, era
possível encontrar a resposta correta mesmo sem ter domínio do assunto,
requerendo, portanto, uma conexão entre o enunciado e as alternativas. Poderia
também ser feita uma associação com “filtros” de papel celofane: que as luzes que
passam por eles têm a cor do filtro. No caso, um papel celofane magenta passaria luz
magenta, e filtraria a verde.
Solução
Deve-se diminuir a intensidade da luz de cor verde, ou seja, equilibrar a luz verde
com as luzes azul e vermelha. A associação de azul e vermelho remete ao magenta,
alternativa D.
160
Alternativa Principal
O que leva o candidato a escolher a alternativa A como resposta pode ser o fato do
candidato associar a cor do filtro, ciano, com a primeira cor que o compõe: o verde,
que é justamente o que se quer filtrar. Porém os candidatos não se atentaram que o
ciano é composto também pelo azul, e que o filtro não agiria da maneira desejada;
tendo então sido escolhida como resposta por uma associação das palavras.
Alternativa Secundária
A alternativa B foi a segunda errada mais escolhida pelos candidatos. Essa escolha
pode ser justificada pelo fato da associação entre a luz que se deve atenuar - verde -
e o filtro a ser escolhido ser o verde.
As famílias de classes mais altas estão no lado direito do gráfico, com valores do
índice socioeconômico mais altos, enquanto as famílias mais pobres situam-se no
lado esquerdo do gráfico.
A alternativa correta está apresentada em azul, com uma linha mais grossa.
162
Uma pessoa, lendo o manual de uma ducha que acabou de adquirir para a sua casa,
observa o gráfico, que relaciona a vazão na ducha com a pressão, medida em metros
de coluna de água (mca).
Nessa casa residem quatro pessoas. Cada uma delas toma um banho por dia, com
duração média de 8 minutos, permanecendo o registro aberto com vazão máxima
durante esse tempo. A ducha é instalada em um ponto seis metros abaixo do nível da
lâmina de água, que se mantém constante dentro do reservatório.
Ao final de 30 dias, esses banhos consumirão um volume de água, em litros, igual a
(A) 69 120.
(B) 17 280.
(C) 11 520.
(D) 8 640.
(E) 2 880.
Solução
( ) ( )
163
Pelo enunciado, a ducha está instalada a seis metros abaixo do nível da lâmina de
água, ou seja, a pressão estática sobre a ducha é de 6mca. Para essa pressão, de
acordo com o gráfico, a vazão é 12litros/minuto.
Como cada banho tem duração média de 8 minutos, basta substituir os valores
citados na equação para obter a resposta:
( ) ( )
Alternativa Principal
A alternativa B foi a principal alternativa errada escolhida pelos candidatos. Essa
opção é encontrada caso o candidato erre o cálculo do tempo de banho, que deveria
ser feito pelo produto entre o número de pessoas da casa (4), a quantidade de dias a
ser considerada (30) e o tempo de cada banho (8 minutos). Por desatenção,
confundindo os números apresentados pelo enunciado, se houver uma substituição
do tempo de cada banho de 8 minutos (correto) para 12 minutos (errado), ao
multiplicar esse valor (30 x 4 x 12 = 1440) pela vazão do chuveiro (12
litros/minuto), obtém-se o volume de 17280 litros.
Alternativa Secundária
A alternativa D foi a segunda alternativa errada mais escolhida pelos candidatos.
Para chegar ao valor apresentado nela, o candidato calculou corretamente o tempo de
uso do chuveiro pelo período a ser considerado, porém para o cálculo do volume
utilizou um valor incorreto de vazão: 9 litros por minuto. O que leva o candidato a
buscar esse número no gráfico é a informação do enunciado “A ducha é instalada em
um ponto seis metros abaixo do nível da lâmina de água”, e, ao olhar o gráfico,
percebe-se que o maior valor apresentado de “altura” (metros de coluna de água,
mca) é 9. Subtraindo 6 desse valor, tem-se 3mca, e pelo gráfico, a vazão associada a
essa pressão é justamente 9 litros por minuto, a vazão utilizada no cálculo do volume
para se chegar a essa resposta.
165
A alternativa correta, C, inicia com taxas de resposta oscilantes entre 20% e 30%.
Após essa oscilação, tem taxa crescente em função do aumento do índice
socioeconômico, até superar 60% para os candidatos de famílias de classe alta. Esse
percentual mostra que existe um treinamento maior destes candidatos para questões
deste tipo.
A alternativa B, principal alternativa errada, teve taxa de resposta de 20% para
candidatos com baixo índice socioeconômico, crescendo até 30% para valores
intermediários de índice socioeconômico, a partir dos quais volta a cair para
aproximadamente 20% nos altos valores de índice socioeconômico. Tem-se que não
foi um problema de conhecimentos em física que ocasionou este erro por parte dos
alunos, e sim desatenção e confusão na hora de organizar as informações fornecidas
com aquelas que deviam ser retiradas do gráfico.
As outras alternativas foram pouco escolhidas pelos candidatos, com índices
inferiores a 20%, ou seja, menos que as respostas ao acaso.
166
Solução
O brilho de uma lâmpada está relacionado à sua potência dissipada, podendo ser
avaliado de acordo com outras grandezas que se relacionam com a potência, como
uma alta corrente ou baixa resistência. Considere que as lâmpadas têm resistência R
e o gerador é ideal e fornece uma tensão U.
Com a chave na posição A, a resistência equivalente do circuito é calculada pela
associação em paralelo das lâmpadas 1 e 3:
( )
A corrente pela lâmpada 1 nesse cenário, i1A, é:
167
Sendo a potência elétrica P definida por , temos que PA > PB pois iA > iB.
Logo, a lâmpada brilha mais com a chave na posição A, como apresentado pela
alternativa A..
Alternativa Principal
A alternativa D foi a alternativa errada que mais foi escolhida pelos candidatos.
Para chegar a essa resposta o candidato associa o fato de que, com a chave na
posição B, as três lâmpadas devem estar ligadas e por isso o gerador deveria fornecer
uma tensão maior para que isso ocorra, que é um pensamento fisicamente incorreto.
Alternativa Secundária
A alternativa A foi a segunda alternativa errada mais escolhida pelos candidatos.
Nela o candidato escolhe erroneamente a posição B, porém a escolhe por um
pensamento correto: de que o maior brilho é consequência de uma maior potência
dissipada, que por sua vez é um efeito de uma maior corrente circulando pela
lâmpada.
As famílias de classes mais altas estão no lado direito do gráfico, com valores do
índice socioeconômico mais altos, enquanto as famílias mais pobres situam-se no
lado esquerdo do gráfico.
A alternativa correta está apresentada em azul, com uma linha mais grossa.
169
Solução
Ao dizer que o pistão se movimenta sem atrito e que o sistema é hermético, não há
perdas de energia de nenhuma natureza.
Utilizando a Lei dos Gases Ideais, , e identificando o volume em
função da altura Δh, tem-se que:
170
Tomando, do gráfico, um mesmo valor de calor fornecido, Q, tem-se que ΔhM >
ΔhV. Disso conclui-se que o gás M teve uma variação de temperatura maior que o
gás V, ou seja, ΔTM > ΔTV.
E como ΔTM > ΔTV, resta que CM < CV, conforme afirma a alternativa E.
No entanto,
Se a resolução tiver como princípio a primeira Lei da Termodinâmica, há uma
incompatibilidade com a resposta oficial.
Esta lei diz que a quantidade de calor fornecido a um gás é igual à soma da sua
variação de energia interna e do trabalho realizado sobre ou pelo gás. Em termos
matemáticos:
O trabalho realizado pelo gás M é maior que o realizado pelo gás V, τM > τV,
justamente pelo fato que ΔhM > ΔhV.
Desse modo, ΔUM < ΔUV.
Como a variação da energia interna ΔU é dada por , segue que ΔTM
< ΔTV, o que contraria uma conclusão anterior.
Ou seja, a questão traz informações incompatíveis.
172
O pêndulo de Newton pode ser constituído por cinco pêndulos idênticos suspensos
em um mesmo suporte. Em um dado instante, as esferas de três pêndulos são
deslocadas para a esquerda e liberadas, deslocando-se para a direita e colidindo
elasticamente com as outras duas esferas, que inicialmente estavam paradas.
(A) (B)
(C) (D)
(E)
A questão traz um típico problema de mecânica, exigindo conceitos de conservação
de energia, de quantidade de movimento e de colisões. Apresenta uma situação onde
há uma colisão elástica e pergunta o que acontece depois da colisão, tendo o
candidato que relacionar a conservação de energia com a colisão elástica para inferir
o que acontecerá. As informações estão presentes no texto quanto na figura
(quantidade de bolas envolvidas na colisão).
Solução
Considerando que o sistema de pêndulos está isolado da ação de forças externas, e
que, de acordo com o enunciado, a colisão é elástica, há conservação de energia e de
quantidade de movimento. Deste modo, após a colisão, a energia que as três esferas
que foram deslocadas tinham inicialmente se transferem para o sistema; essa energia
é justamente a necessária para que, após a colisão, a mesma quantidade de esferas se
movimente. Essa resposta é apresentada na alternativa C.
174
Alternativa Principal
A alternativa D foi a principal alternativa errada escolhida pelos candidatos. Ao
marcar essa resposta, o aluno mostra o raciocínio de que, após a colisão, as duas
esferas que estavam paradas começam a se movimentar, e as três que estavam se
movimentando ficam paradas. Ele não leva em consideração a conservação de
energia, que faz com que a esfera do meio também se movimente, junto às duas que
estavam inicialmente paradas.
Alternativa Secundária
A alternativa E foi a segunda alternativa errada mais escolhida pelos candidatos.
Essa resposta mostra que o candidato soube notar que haveria movimento após a
colisão, mas que apenas uma esfera das duas inicialmente paradas se movimenta.
Indica um pensamento que uma esfera “amortece” a colisão, permanecendo parada
com as esferas que inicialmente se movimentavam. Novamente não há o uso correto
das informações de ser uma colisão elástica e que disso provém conservação de
energia.
As famílias de classes mais altas estão no lado direito do gráfico, com valores do
índice socioeconômico mais altos, enquanto as famílias mais pobres situam-se no
lado esquerdo do gráfico.
A alternativa correta está apresentada em azul, com uma linha mais grossa.
176
A questão traz o assunto da poluição e produção de energia, temática cada vez mais
comum e presente no cotidiano e no ensino. Para a resolução é necessário que o
candidato se atente para a definição fornecida de poluição térmica, e encontre a
alternativa que cause essa poluição, identificando nas alternativas o processo físico
que seja capaz de causar tal poluição.
Solução
Alternativa Principal
A alternativa A, principal alternativa errada marcada pelos candidatos, tem em sua
escolha a justificativa da associação entre “as usinas nucleares” presente no
enunciado e algo que de fato acontecem nessas usinas, a “fissão do material
radioativo”. As usinas nucleares são primordialmente conhecidas pelas reações
atômicas com materiais radioativos, então a lembrança e associação desses termos
leva o candidato a escolher essa resposta, por identificar que esse evento é
verdadeiro e acontece em usinas deste tipo, sendo comumente associado à poluição.
Alternativa Secundária
A alternativa D, segunda alternativa errada mais escolhida pelos candidatos, tem
sua justificativa apoiada na leitura e associação dos termos e palavras presentes tanto
na alternativa quanto no enunciado: a definição de poluição térmica como o
aquecimento da água de lagos, rios e mares (enunciado) e o aquecimento da água
(alternativa).
178
A alternativa errada A foi a mais escolhida pelos candidatos mais pobres, com taxa
de resposta próxima a 30%. Essa taxa decresce com o aumento do índice
socioeconômico, para níveis próximos a 22% para os candidatos de classe mais alta.
Essa alternativa como a mais escolhida pelos candidatos mais pobres sugere que eles
não se atentaram para a solução da questão, ou seja, a busca de uma explicação física
para a poluição térmica. Buscaram nas alternativas algo que fosse pudesse ser
entendido como poluição, ou algum fenômeno relacionado à usinas nucleares, mas
que não se relacionavam à pergunta do problema.
A alternativa errada D inicia com taxas de resposta oscilando em torno dos 25%
para os candidatos mais pobres, e cresce em função do aumento do índice
socioeconômico dos candidatos, alcançando valores superiores a 35% para os
candidatos mais ricos. Essa alternativa mostra que a resposta foi escolhida como
uma associação entre palavras presentes no enunciado e na alternativa; o candidato
buscou como causa da poluição térmica (um aumento na temperatura de águas) o
aquecimento de uma água (texto presente na alternativa). Foi uma tentativa de
“truque” para escolher a resposta certa.
179
Solução
O enunciado informa que não há atrito. Como a força resultante FR é nula, o impulso
relativo a está força I, dado por , onde Δt é o intervalo de ação dessa
força, também será nulo. Desta forma, a esfera manterá sua velocidade constante,
como apresentado pela alternativa A.
180
Alternativa Principal
A alternativa C é escolhida por uma visão aristotélica da mecânica, impulso, força e
relação entre essas grandezas com a velocidade. O candidato identifica que não há
impulso agindo sobre a esfera, porém, de maneira equivocada, associa o impulso à
manutenção da velocidade, ou seja, sem o impulso, há uma diminuição da
velocidade.
Alternativa Secundária
A alternativa B é escolhida por candidatos que interpretam errado a relação entre
força e impulso, não identificando que, com uma força resultante sobre um corpo
sendo nula, não há impulso agindo sobre ele. Contudo, o candidato que escolhe esta
alternativa identifica, de maneira correta, que a velocidade se mantém constante.
As famílias de classes mais altas estão no lado direito do gráfico, com valores do
índice socioeconômico mais altos, enquanto as famílias mais pobres situam-se no
lado esquerdo do gráfico.
A alternativa correta está apresentada em azul, com uma linha mais grossa.
182
Solução
Trata-se do fenômeno da refração. A lei de Snell-Descartes para esse fenômeno diz
que
Onde n representa o índice de refração dos meios, (i) indica o ângulo de incidência
do raio de luz em relação à normal da superfície entre os dois meios, e (r) o ângulo
de refração em relação à mesma normal, como indicado na figura abaixo.
Alternativa Principal
As alternativas A, B e C tiveram comportamento similar de taxa de resposta para
candidatos de todas as classes. Por terem taxas de resposta inicialmente próximas à
25% e que decresceram com o aumento do índice socioeconômico, acredita-se que
tenham comportamento similar por terem sido escolhidas aleatoriamente.
Alternativa Secundária
A alternativa D pode ser assinalada caso o aluno confunda à normal à superfície de
separação com a própria superfície de separação. Pode também ter ocorrido
equívoco na montagem da Lei de Snell-Descartes para o caso com a gasolina
adulterada, de modo que o resultado encontrado se torna o inverso da resposta
correta.
Solução
O enunciado traz um fenômeno e pede para que o candidato identifique qual outra
opção - apresentada nas alternativas - que tem os mesmos resultados do fenômeno
inicialmente apresentado. Então, primeiramente, o candidato deve entender o que
acontece na situação inicial apresentada pela questão.
De acordo com a figura, há um afastamento entre o ímã e a espira. Com o polo norte
do ímã estando mais próximo à espira e com a diminuição do fluxo magnético que
passa por ela – em decorrência desse afastamento, pela Lei de Lenz surgirá uma
corrente induzida que gere um campo magnético a fim de “compensar” essa
diminuição no fluxo. Pode-se entender, portanto, que surge um polo sul na
extremidade da espira que está mais próxima ao ímã.
Desse modo, a questão pede para o aluno que ele identifique outra situação em que
há um surgimento de polo sul na extremidade da espira mais próxima ao ímã.
186
Para que isso ocorra, a espira deve ser aproximada ao ímã, fazendo com que haja um
aumento no fluxo magnético pela espira. Novamente, isso irá gerar uma corrente
induzida que produzirá um campo magnético a fim de compensar esse aumento.
Caso essa aproximação da espira seja feita em relação ao polo norte do ímã, surgirá
um polo norte na espira para que haja a compensação. Do mesmo modo, se a espira
se aproximar do polo sul do ímã, surgirá nela um polo sul, também para que haja a
compensação.
Logo, a espira deve se aproximar do ímã – ou seja, se mover para a esquerda, e o
ímã deve ter sua polaridade invertida, como apresentado pela alternativa A
Alternativa Principal
A alternativa B é a principal alternativa errada, tem como raciocínio a percepção
pelo candidato de que é a polaridade do ímã quem causa o efeito e surgimento da
corrente induzida. Não se atenta para o fato de que não é a polaridade, e sim a
variação do fluxo magnético pela espira que faz surgir a corrente. Ao inverter a
polaridade do ímã, e manter o movimento da espira, há ainda uma variação do fluxo,
porém essa faz surgir uma corrente em sentido contrário à apresentada e desejada
pela questão.
As famílias de classes mais altas estão no lado direito do gráfico, com valores do
índice socioeconômico mais altos, enquanto as famílias mais pobres situam-se no
lado esquerdo do gráfico.
A alternativa correta está apresentada em azul, com uma linha mais grossa.
188
Solução
A radiação emitida por uma pessoa, cuja temperatura corporal gira, em média, em
torno dos 37°C (310K), está na faixa do infravermelho, como apresentado pela
alternativa C.
Existe outra forma de abordar a questão, onde é possível verificar essa afirmação
através da Lei de Wien:
(A) nulo.
(B) paralelo à sua velocidade linear e no mesmo sentido.
(C) paralelo à sua velocidade linear e no sentido oposto.
(D) perpendicular à sua velocidade linear e dirigido para o centro da Terra.
(E) perpendicular à sua velocidade linear e dirigido para fora da superfície da Terra.
191
Solução
Alternativa Principal
A alternativa B foi a alternativa errada mais escolhida pelos candidatos. Ela é
escolhida caso o candidato não se atente para a informação que a velocidade do
coelhinho é constante; caso ele não tenha percebido isso, de fato haverá uma
aceleração tangencial paralela à velocidade linear, porém não há como concluir se no
mesmo sentido ou em sentido oposto.
Alternativa Secundária
A alternativa D é selecionada caso o candidato confunda aceleração tangencial
(perguntada pela questão) com aceleração centrípeta. Esta sim não é nula, é
perpendicular à velocidade linear, e está dirigida para o centro da Terra, exatamente
como mostra a alternativa.
As famílias de classes mais altas estão no lado direito do gráfico, com valores do
índice socioeconômico mais altos, enquanto as famílias mais pobres situam-se no
lado esquerdo do gráfico.
A alternativa correta está apresentada em azul, com uma linha mais grossa.
193
A questão traz uma situação de ondulatória. Para sua resolução, o candidato deveria
conhecer bem os fenômenos da ondulatória, entendendo como eles ocorrem e quais
as suas consequências. Com isso, conseguiria identificar quais dos fenômenos
apresentados nas alternativas representaria aquele que tem maior absorção de energia
em relação aos outros.
Solução
(A) frequência.
(B) intensidade.
(C) forma da onda.
(D) amplitude da onda.
(E) velocidade de propagação.
Solução
A diferença entre as notas se dá pela percepção dos sons num espectro de agudo para
grave. A frequência é a propriedade das ondas sonoras que determina o quão agudo
ou grave um som é, ou seja, é a frequência que permite a identificação e distinção
entre as notas. Essa opção é apresentada pela alternativa A.
Alternativa Principal
A alternativa B é a principal alternativa errada escolhida pelos candidatos. Ela pode
ser escolhida pelos candidatos que não conhecem as propriedades da ondulatória,
especialmente as da acústica, e associa a intensidade das ondas sonoras com a
diferença entre as notas, de maneira equivocada. A linguagem cotidiana associa a
diferença entre os sons como sendo mais alto ou mais baixo, e isso está relacionado à
intensidade. Há, portanto, uma confusão entre a linguagem técnica e a cotidiana.
197
As lentes fotocromáticas escurecem quando expostas à luz solar por causa de reações
químicas reversíveis entre uma espécie incolor e outra colorida. Diversas reações
podem ser utilizadas, e a escolha do melhor reagente para esse fim se baseia em três
principais aspectos: (i) o quanto escurece a lente; (ii) o tempo de escurecimento
quando exposta à luz solar; e (iii) o tempo de esmaecimento em ambiente sem forte
luz solar. A transmitância indica a razão entre a quantidade de luz que atravessa o
meio e a quantidade de luz que incide sobre ele.
Durante um teste de controle para o desenvolvimento de novas lentes
fotocromáticas, foram analisadas cinco amostras, que utilizam reagentes químicos
diferentes. No quadro, são apresentados os resultados.
A questão aborda um assunto da ótica, trazendo-a num contexto que é cotidiano por
tratar de uma situação que envolve milhões de pessoas: lentes e óculos. Para sua
resolução o estudante deve buscar entender quais as melhores alternativas,
embasando sua resposta de maneira lógica, associando três características entre si de
modo a escolher a melhor combinação delas. Não se trata de conhecimentos
específicos de ótica como os ensinados nos colégios, apenas uma leitura atenta e
interpretação dos dados apresentados na tabela bastariam para encontrar a resposta
correta.
Solução
Alternativa Principal
A alternativa E foi escolhida por 20% dos candidatos de todos os ISE. Excluindo-se
a alternativa correta, ela é a que tem os menores valores de tempo de escurecimento
e esmaecimento, porém, tem o maior valor de transmitância. Conclui-se disso que o
candidato não se atentou para este aspecto necessário para escolha da melhor
amostra. Há de se considerar também o fator chute: essa porcentagem pode indicar
que muitos candidatos chutaram ao escolher a resposta.
As famílias de classes mais altas estão no lado direito do gráfico, com valores do
índice socioeconômico mais altos, enquanto as famílias mais pobres situam-se no
lado esquerdo do gráfico.
A alternativa correta está apresentada em azul, com uma linha mais grossa.
200
Um carro solar é um veículo que utiliza apenas a energia solar para a sua locomoção.
Tipicamente, o carro contém um painel fotovoltaico que converte a energia do Sol
em energia elétrica que, por sua vez, alimenta um motor elétrico. A imagem mostra
o carro solar Tokai Challenger, desenvolvido na Universidade de Tokai, no Japão, e
que venceu o World Solar Challenge de 2009, uma corrida internacional de carros
solares, tendo atingido uma velocidade média acima de 100 km/h.
Considere uma região plana onde a insolação (energia solar por unidade de tempo e
de área que chega à superfície da Terra) seja de 1 000 W/m², que o carro solar
possua massa de 200 kg e seja construído de forma que o painel fotovoltaico em seu
topo tenha uma área de 9,0 m2 e rendimento de 30%.
Desprezando as forças de resistência do ar, o tempo que esse carro solar levaria, a
partir do repouso, para atingir a velocidade de 108 km/h é um valor mais próximo de
A) 1,0 s.
B) 4,0 s.
B) 10 s.
D) 33 s.
E) 300 s
Solução
( ) ( )
( )
Substituindo os valores:
Alternativa Principal
A alternativa C foi indicada por 25% dos candidatos, e estaria associada ao problema
que o aluno não considera o rendimento do painel fotovoltaico em sua solução.
Nota-se que a taxa de respostas se mantém constante em 25%, sendo que todas as
classes sociais erram da mesma maneira.
Alternativa Secundária
Já a alternativa B, que teve aproximadamente 20% de escolha para todos os ISE,
pode ser encontrada caso o candidato não converta a unidade da velocidade, e
também erre no cálculo da energia cinética, realizando-o como , e não na
forma correta .
203
Para selecionar um filtro solar que apresente absorção máxima na faixa UV-B, uma
pessoa analisou os espectros de absorção da radiação UV de cinco filtros solares:
Considere:
velocidade da luz = 3,0 x 108 m/s e 1 nm = 1,0 x 10-9 m.
A) V
B) IV
C) III
D) II
E) I
A questão aborda a temática da ondulatória, envolvendo a relação entre velocidade
de propagação de uma onda, sua frequência e seu comprimento de onda. É também
pedido para o aluno que identifique, num gráfico, a curva correspondente ao
comprimento de onda que ele deveria encontrar a partir da faixa de frequências
fornecida. Para a resolução, após os cálculos dos comprimentos de onda, é
necessário fazer a transformação das unidades, de metros para nanômetros, já que
essa é a unidade que aparece no eixo do gráfico apresentado.
205
Solução
Substituindo os valores
Resposta: entre 290 nm e 320 nm, o filtro que apresenta absorção máxima é o filtro
solar IV.
Alternativa Principal
A alternativa C mostra que a opção foi tomada ao se perceber qual filtro tinha
maior absorbância, não levando-se em conta a faixa da frequência para tal.
Alternativa Secundária
A alternativa D tem sua possível escolha justificada pela diagramação das provas:
ela mostra que a alternativa escolhida representa o filtro solar cuja absorbância
máxima está localizada, no gráfico, exatamente abaixo da representação das faixas
de frequência do UV-B. Este tipo de escolha é comum: os candidatos tomam suas
decisões baseados nas figuras, sem a construção de um pensamento analítico por
trás.
207
Certos tipos de superfícies na natureza podem refletir luz de forma a gerar um efeito
de arco-íris. Essa característica é conhecida como iridescência e ocorre por causa do
fenômeno da interferência de película fina. A figura ilustra o esquema de uma fina
camada iridescente de óleo sobre uma poça d’água. Parte do feixe de luz branca
incidente (1) reflete na interface ar/óleo e sofre inversão de fase (2), o que equivale a
uma mudança de meio comprimento de onda. A parte refratada do feixe (3) incide na
interface óleo/água e sofre reflexão sem inversão de fase (4). O observador indicado
enxergará aquela região do filme com coloração equivalente à do comprimento de
onda que sofre interferência completamente construtiva entre os raios (2) e (5), mas
essa condição só é possível para uma espessura mínima da película. Considere que o
caminho percorrido em (3) e (4) corresponde ao dobro da espessura E da película de
óleo.
A) λ/4
B) λ/2
C) 3λ/4
D) λ
E) 2λ
.
209
Solução
Para que haja interferência construtiva, a fase do raio 5 deve ser a mesma do raio 2. Como o
raio 2, durante a reflexão, sofre uma mudança de meio comprimento de onda, o raio 5
também deve sofrer uma mudança dessa natureza, em função da distância que percorre na
camada fina de óleo.
Ou seja:
( )
Alternativa Principal
A alternativa B é assinalada caso o pensamento do candidato relacione a interferência
construtiva desejada a um número inteiro de comprimentos de onda, que é um caso usual de
tal interferência. Neste caso, porém, o candidato não leva em consideração a inversão da
fase do raio na interface ar/óleo.
Alternativa Secundária
Já a alternativa C é encontrada caso o candidato, ao pensar corretamente na condição da
interferência construtiva, não considera que a espessura mínima é dada pelo menor valor
possível de oscilações (comprimentos de onda) da onda luminosa: zero. Ao considerar esse
valor como um, encontra-se a alternativa C.
O candidato deve observar que a distância percorrida em 3 e em 4, juntas, equivalem a duas
vezes a espessura, ou seja, 2E. Essa distância deve ser igual a um comprimento de onda λ
mais meio comprimento de onda λ - que resulta da inversão de fase. Em termos
equacionados:
( )
A alternativa correta, A, inicia com 15% de taxa de resposta para os candidatos mais
pobres e cresce em função do aumento do índice socioeconômico, alcançando taxas
próximas a 24% para os candidatos mais ricos. Pelo baixo índice de acerto geral, entende-se
que essa foi uma questão de nível difícil, até por tratar de um assunto pouco abordado no
ensino médio, cuja resolução analítica depende de uma análise teórica sofisticada do
fenômeno.
A alternativa errada C inicia com taxa de resposta próxima a 33% para os candidatos mais
pobres. Essa taxa decresce em função do aumento do índice socioeconômico, alcançando
taxas próximas a 20% para os candidatos de famílias de classe alta.
A alternativa errada B tem início com taxa de resposta de 25% para os candidatos de
classe baixa, e cresce em função do aumento do índice socioeconômico, para taxas próximas
a 35% para os candidatos de classe alta. Ela é encontrada por um erro teórico de
entendimento do fenômeno, o que sugere que análises qualitativas dos fenômenos podem ser
mais exploradas no ensino.
212
Uma pessoa abre sua geladeira, verifica o que há dentro e depois fecha a porta dessa
geladeira. Em seguida, ela tenta abrir a geladeira novamente, mas só consegue fazer
isso depois de exercer uma força mais intensa do que a habitual. A dificuldade extra
para reabrir a geladeira ocorre porque o (a)
A questão aborda assunto cotidiano que exige conhecimentos de termometria, das leis da
termodinâmica, e as relações entre as grandezas dessas áreas. O candidato deveria perceber
que a mudança entre as situações apresentadas: a geladeira com porta aberta, e a geladeira
após o fechamento da porta, para que pudesse explicar a presença de uma força contrária à
abertura da porta da geladeira
Solução
A diferença de pressão implica no surgimento de uma força que passa a atuar na porta da
geladeira, tendendo a mantê-la fechada. Existem alguns pequenos furos no plástico da porta
da geladeira, que permite em alguns minutos o equilíbrio entre a pressão interna e a pressão
atmosférica, facilitando a posterior abertura da porta.
A única alternativa errada que ultrapassou os 20% de escolha foi a alternativa C. De todas
as alternativas, é a única que fala sobre força, apesar de ser um pouco confusa a comparação
com o imã fixado na porta da geladeira. Porém, candidatos com pouco tempo para resolver a
prova, irão optar por uma alternativa que tem a mesma palavra presente no enunciado da
questão.
Provavelmente essa escolha não se deu por um erro de compreensão dos processos físicos
existentes, foi apenas uma relação associada a presença da palavra “força” no enunciado e
na alternativa.
214
A alternativa correta, D, inicia com 20% de taxa de resposta para candidatos de famílias
mais pobres, e cresce em função do aumento do índice socioeconômico, alcançando taxas
superiores a 70% de acerto para as famílias de classe alta. Nota-se que existe um
treinamento maior nas respostas de física por parte das classes mais altas, mesmo em
questões que não necessitam outros conhecimentos que não conceituais em física.
A alternativa errada C, que apresenta a palavra “força” em seu texto, inicia com taxa de
resposta de aproximadamente 35%, e tem queda contínua em sua taxa a partir do primeiro
terço do índice socioeconômico. A presença dessa alternativa com uma alta taxa de resposta
sugere que os alunos necessitem um reforço em sua formação para leitura, para não
basearem seus resultados unicamente na repetição de palavras entre o enunciado e a
alternativa.
Não foi um problema de conhecimento em física que provocou o erro desses alunos, foi uma
tentativa de utilizar um “truque” para escolher a resposta correta.
As outras alternativas foram pouco escolhidas pelos candidatos, com índices inferiores a
20%, ou seja, menos que as respostas ao acaso.
215
Supondo que a massa desse corredor seja igual a 90 kg, o trabalho total realizado nas
13 primeiras passadas é mais próximo de
A) 5,4 × 102 J.
B) 6,5 × 103 J.
C) 8,6 × 103 J.
D) 1,3 × 104 J.
E) 3,2 × 104 J.
A questão aborda uma situação da mecânica clássica. Para sua resolução bastaria a
aplicação do Teorema da Energia Cinética. Para isso, o candidato deveria identificar
quais os dados fornecidos e perceber qual a relação entre eles, sendo uma questão de
resolução direta.
Solução
Alternativa Principal
A alternativa C pode ser encontrada caso o candidato resolva a questão por um
caminho mais trabalhoso, que envolve o cálculo da aceleração do atleta a partir dos
dados de velocidade e tempo fornecidos. De posse da aceleração, calcula-se uma
força F através da 2ª Lei de Newton, para, em seguida, calcular o trabalho τ através
da relação τ = F . d. Neste caso, o candidato faz uma consideração implícita que a
aceleração do atleta é constante, e que age sobre ele essa tal força F calculada.
Alternativa Secundária
A alternativa D é encontrada através do cálculo da energia cinética de forma errada,
como sendo .
As famílias de classes mais altas estão no lado direito do gráfico, com valores do
índice socioeconômico mais altos, enquanto as famílias mais pobres situam-se no
lado esquerdo do gráfico.
A alternativa correta está apresentada em azul, com uma linha mais grossa.
218
Uma garrafa térmica tem como função evitar a troca de calor entre o líquido nela
contido e o ambiente, mantendo a temperatura de seu conteúdo constante. Uma
forma de orientar os consumidores na compra de uma garrafa térmica seria criar um
selo de qualidade, como se faz atualmente para informar o consumo de energia de
eletrodomésticos. O selo identificaria cinco categorias e informaria a variação de
temperatura do conteúdo da garrafa, depois de decorridas seis horas de seu
fechamento, por meio de uma porcentagem do valor inicial da temperatura de
equilíbrio do líquido na garrafa.
O quadro apresenta as categorias e os intervalos de variação percentual da
temperatura.
A) A
B) B
C) C
D) D
E) E
Solução
Com a mistura da água quente e da água fria ocorre uma troca de calor entre elas. A água
fria recebe calor da água quente. A quantidade de calor que a água fria recebe é igual, em
módulo, à quantidade de calor que a água quente cede. Desta maneira, o calor envolvido
nessa troca deve ser igual a 0. Como não há mudança de estado nessa troca de calor, o
balanço energético envolve apenas as variações de temperatura das águas frias e quentes.
Assim:
( ) ( )
Onde θeq corresponde à temperatura final de equilíbrio da mistura. Resolvendo essa equação
encontra-se que θeq = 30°C.
Alternativa Secundária
A alternativa C, segunda alternativa errada mais escolhida pelos candidatos, pode ser
encontrada caso ao realizar o balanço energético o candidato não se atente para as
proporções de água fria e água quente, um terço e dois terços respectivamente. Desse modo,
encontra uma temperatura final de 25°C, e ao fazer a variação percentual em relação à
temperatura final de 16°C, encontra 36% de variação.
221
A alternativa correta, D, inicia com 18% de taxa de resposta para candidatos de famílias
mais pobres, e cresce em função do aumento do índice socioeconômico, alcançando taxas
superiores a 50% de acerto para as famílias de classe alta. Nota-se que existe um
treinamento maior nas respostas de física por parte das classes mais altas.
A alternativa errada B inicia com 40% de taxa de resposta para os candidatos de classe
baixa, e decresce em função do aumento do índice socioeconômico, alcançando taxas
inferiores a 20% para os candidatos de classe alta. Ela é escolhida ao não se interpretar
corretamente o que é pedido pela questão, e buscar nas alternativas alguma informação que
seja igual às fornecidas pelo enunciado. Não foi um problema de conhecimento em física
que provocou o erro desses alunos, foi uma tentativa de utilizar um “truque” para escolher a
resposta correta.
Já a alternativa errada C inicia com 22% de taxa de resposta para os candidatos de classe
baixa, sofrendo pouca variação com o aumento do índice socioeconômico, tendo queda
apenas para o quartil mais elevado dos índices socioeconômicos, alcançando taxas inferiores
a 20% para estes candidatos. Foi uma alternativa escolhida por falta de atenção ao colocar as
informações fornecidas na equação..
222
Símbolos adotados:
A) B)
C) D)
E)
Solução
Alternativa Principal
A alternativa A foi a única alternativa errada que ultrapassou os 20% de escolha
pelos candidatos. Percebe-se que, para esta resposta, o candidato identificou que os
componentes estavam em paralelo, como deveriam, porém não se atentou para o fato
de que o interruptor não teria efeito nenhum sobre os componentes: eles estariam
sempre ligados e submetidos à tensão da rede.
Alternativa Secundária
Já a alternativa C, que teve aproximadamente 20% de escolha para valores
intermediários de ISE, percebe-se também que o candidato identificou que a
lâmpada e as tomadas deveriam estar em paralelo (mesmo que estas, por sua vez,
não estejam em paralelo entre si). Porém neste caso o interruptor coloca todos os
componentes sob a tensão de rede simultaneamente, estando todos “ligados” ou
“desligados” ao mesmo tempo, contrariando a orientação do enunciado.
.
As famílias de classes mais altas estão no lado direito do gráfico, com valores do
índice socioeconômico mais altos, enquanto as famílias mais pobres situam-se no
lado esquerdo do gráfico.
A alternativa correta está apresentada em azul, com uma linha mais grossa.
225
A razão entre os alcances Dd/Dm, referentes aos estilingues com borrachas “dura” e
“mole”, respectivamente, é igual a
A) 1/4.
B) 1/2.
C) 1.
D) 2.
E) 4.
Solução
Como não há forças externas agindo, há conservação de energia. A energia potencial
elástica, referente ao estilingue puxado, se transforma em energia cinética:
Substituindo v² no alcance D:
( )
( )
Alternativa Principal
Nota-se que a alternativa D tem como resposta o valor “2”, que é o inverso da
resposta correta: 1/2. Para chegar à alternativa D, o candidato cometeu equívoco
invertendo a relação de dobro citada no enunciado, ou algum outro erro de inverso
no momento do cálculo da razão procurada. Como é uma questão de muitos passos e
cálculos, torna-se difícil inferir onde exatamente está o erro, uma possibilidade é na
consideração que o deslocamento x do estilingue é o mesmo para os dois casos.
Considerando isso e desprezado a informação sobre a força utilizada, o candidato
encontraria a resposta com o valor “2”.
228
Essa é uma questão com múltiplos passos e cálculos, desse modo fica difícil a
identificação dos possíveis erros cometidos bem como a interpretação do
desempenho dos candidatos, que segue um padrão diferente das outras questões do
exame.
229
A questão aborda reações nucleares. É uma pergunta direta, que busca do candidato
uma definição da expressão “em cadeia” associada ao contexto das reações
nucleares. Para encontrar a resposta correta, bastaria o candidato então conhecer o
significado desta expressão.
Solução
Na bomba atômica de urânio ocorre a fissão do 235U com a liberação de nêutrons que
bombardeiam outros núcleos. A reação é dita “em cadeia” porque a fissão de um
átomo de 235U gera o bombardeamento de outros átomos, e assim sucessivamente.
Essa ideia é apresentada pela alternativa C.
Alternativa Principal
A alternativa E pode ser escolhida caso o candidato não conheça o mecanismo de
uma bomba atômica de urânio. O candidato buscou entre as alternativas alguma que
trouxesse uma ideia de sequência, de uma reação que se repete e, portanto, da a ideia
de “reação em cadeia”. Fez a analogia desta repetição, da “continuidade” da reação,
como apresentado pela alternativa, com o termo “em cadeia” do enunciado.
231
A alternativa correta, C, inicia com taxa de resposta que oscila entre 20% e 25%
para os candidatos com índices socioeconômicos mais baixos, mantendo-se
constante em 20% para candidatos de classe média, e com taxa de resposta crescente
em função do aumento do índice socioeconômico para a metade mais rica dos
candidatos, alcançando taxas de resposta próximas a 45% para os mais altos índices
socioeconômicos.
Será que uma miragem ajudou a afundar o Titanic? O fenômeno ótico conhecido
como Fata Morgana pode fazer com que uma falsa parede de água apareça sobre o
horizonte molhado. Quando as condições são favoráveis, a luz refletida pela água
fria pode ser desviada por uma camada incomum de ar quente acima, chegando até o
observador, vinda de muitos ângulos diferentes. De acordo com estudos de
pesquisadores da Universidade de San Diego, uma Fata Morgana pode ter
obscurecido os icebergs da visão da tripulação que estava a bordo do Titanic. Dessa
forma, a certa distância, o horizonte verdadeiro fica encoberto por uma névoa
escurecida, que se parece muito com águas calmas no escuro.
Disponível em: http://apod.nasa.gov. Acesso em: 6 set. 2012 (adaptado).
A) ressonância.
B) refração.
C) difração.
D) reflexão.
E) difusão.
Solução
Alternativa Principal
A principal alternativa errada, D, tem sua escolha baseada numa a associação
entre a alternativa e o texto que explicava o fenômeno. Na primeira há a palavra
“reflexão”, no segundo há o termo “luz refletida pela água”. O candidato não se
atentou para o restante do texto, que explicava que essa luz mudava sua direção ao
passar por meios de propagação diferentes, e sim para a existência desses termos
comuns, marcando, portanto, uma alternativa errada
234
Nota-se que houve não apenas a influência de um preparo dos candidatos mais ricos
para encontrar a resposta correta, mas também uma busca pela resposta ao associar
palavras repetidas no enunciado e nas alternativas, uma tentativa de utilizar um
“truque” para escolher a resposta.
235
As altas temperaturas de combustão e o atrito entre suas peças móveis são alguns dos
fatores que provocam o aquecimento dos motores à combustão interna. Para evitar o
superaquecimento e consequentes danos a esses motores, foram desenvolvidos os
atuais sistemas de refrigeração, em que um fluido arrefecedor com propriedades
especiais circula pelo interior do motor, absorvendo o calor que, ao passar pelo
radiador, é transferido para a atmosfera.
Qual propriedade o fluido arrefecedor deve possuir para cumprir seu objetivo com
maior eficiência?
Solução
O fluido de arrefecimento deve ter alto calor específico. Com isso, ele absorve muito
calor e sofre pequena variação de temperatura. Ao passar pelo radiador o calor é
transferido para a atmosfera. A alternativa A é a correta.
Alternativa Principal
As alternativas C, D e E tiveram comportamento similar para todas os valores de
índice socioeconômico, tornando-se difícil classificar uma ou outra como a principal
alternativa errada. Por terem a mesma taxa de resposta, pode-se acreditar que foram
escolhidas aleatoriamente pelos candidatos.
237
Solução
Para chegar à resposta correta, dada pela alternativa E, deve-se identificar que as
forças que agem na barra são:
241
A) íris
B) retina
C) pupila
D) córnea
E) cristalino
A questão traz uma associação entre uma situação apresentada numa figura e o
funcionamento do olho humano. É uma questão que pode ser entendida pelo viés da
Física, que estuda o funcionamento do corpo humano, e também pelo viés da
Biologia, que também estuda o olho humano e suas estruturas. Para a resolução,
bastaria o candidato conhecer cada estrutura do olho e qual a função de cada uma
delas sob a análise da óptica.
Solução
A alternativa correta, B, inicia com taxa de resposta em torno dos 20% para
candidatos de famílias mais pobres, e cresce em função do aumento do índice
socioeconômico, alcançando taxas próximas a 60% de acerto para as famílias de
classe alta.
Solução
Alternativa Principal
Questão considerada fácil, com o maior índice de acertos da prova. Todos os
distratores tiveram escolha abaixo de 20%, mostrando que os candidatos souberam
identificar a alternativa correta. As alternativas erradas, dadas suas taxas de resposta,
possivelmente foram escolhidas aleatoriamente, por quem não sabia qual a resposta
correta, uma vez que a pergunta é direta: ou se sabe, ou não se sabe, não havendo
caminhos ou relações físicas que o candidato possa estabelecer para inferir a resposta
correta.
Considerando que as torres e o celular são puntiformes e que estão sob o mesmo
plano, qual o número mínimo de torres necessárias para se localizar a posição do
telefone celular que originou a ligação?
a) Uma.
b) Duas.
c) Três.
d) Quatro.
e) Cinco.
A questão traz um problema de localização a partir da posição geográfica. Ela fornece uma
figura para que o aluno tenha uma visão da situação na qual ocorre o pedido da localização,
e a figura também se torna ferramenta auxiliar na resolução da questão. Para a resolução o
candidato deveria perceber que, para uma torre é possível determinar várias posições do
celular, para duas esse número se reduz a duas posições, e a partir de duas a localização se
torna possível de maneira exata. Não era uma questão que traz conceitos de Física
propriamente ditos, dos que são ensinados no ensino regular, mas as informações do
enunciado possibilitam, por si só, a resolução.
Solução
É possível encontrar a resposta para a pergunta analisando caso a caso, ou seja, qual o efeito
que uma torre tem para se encontrar a posição, duas torres, três torres, e assim
sucessivamente.
Considerando como d1 a distância entre o celular e a primeira torre, é possível, através do
tempo de resposta do sinal do celular, saber que ele está em várias posições que formam um
círculo.
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Seguindo o mesmo raciocínio, tem-se que, para 3 torres, que o celular só pode estar em um
ponto possível, ou seja, é possível determinar sua localização exata.
Alternativa Principal
A alternativa A pode ser assinalada se o candidato fizer a conexão entre a pergunta, que
pedia um “número mínimo” e a alternativa que apresentava o menor valor dentre todas.
Alternativa Secundária
A alternativa B, segunda alternativa errada mais escolhida pelos candidatos, pode ser
assinalada pelo candidato que percebeu que com apenas uma torre não é possível determinar
a posição do celular, mas com duas torres é possível determinar com mais exatidão onde o
celular pode estar.
Desempenho Socioeconômico e Taxa de Resposta
O gráfico a seguir apresenta as taxas de resposta nas distintas alternativas em função
de um indicador de status socioeconômico.
Esse indicador socioeconômico considera a escolaridade dos pais e os bens de
consumo que a família tem acesso, tais como automóveis, televisores, banheiros na
casa, dentre outros.
As famílias de classes mais altas estão no lado direito do gráfico, com valores do
índice socioeconômico mais altos, enquanto as famílias mais pobres situam-se no
lado esquerdo do gráfico.
A alternativa correta está apresentada em azul, com uma linha mais grossa.
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DADOS DO PARECER
Apresentação do Projeto:
Introdução: Apesar de existirem um grande número de exames associados às redes de ensino brasileiras
(Saresp, e Prova Brasil como exemplos de provas institucionais – além das diversas provas municipais e
estaduais – e o Pisa como exemplo de uma avaliação internacional) esses exames podem apresentar uma
baixa adesão dos candidatos, pois, para a maioria dos alunos que estão sendo avaliados é um exame sem
risco e/ou sem benefício
(WAINER e MELGUIZO, 2017). Já no caso do ENEM, existe a possibilidade de acesso ao ensino superior,
principalmente nas Universidades Federais, mas também apresentam vantagens em algumas Universidades
Estaduais (Unicamp e USP, por exemplo); além de ser necessário para
obtenção de bolsas de estudo via ProUni para Universidades Privadas e de intercâmbios financiados por
agências federais, como o CNPq e a CAPES. Todos esses benefícios sugerem que o exame do ENEM –
apesar de não ser um exame amostral nem tão pouco universal – é uma boafonte de informação sobre
quais são os conhecimentos e habilidades que os concluintes da educação básica conseguem mobilizar
durante a resolução dos itens do exame. É importante lembrar que estamos nos referindo a conhecimentos
e habilidades que possam ser aferidos em um exame de múltipla escolha de larga escala, o que limita a
avaliação a uma fração da formação dos candidatos.Com a ampliação de sua importância no cenário
educacional nacional, o número de trabalhos na área de ensino sobre a prova, bem como sobre seus itens
vem aumentando nos últimos anos. Apesar deste aumento, seja por dificuldades de tratamento dos
microdados; seja
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pela falta de cultura de avaliação em larga escala na área de ensino; existem poucos trabalhos quali-
quantitativos ou quantitativos associados ao ENEM, onde podemos citar alguns dos grupos de
pesquisadores que buscam estabelecer relações entre ensino e avaliações de larga escala, seja no aspecto
quali-quanti (GONÇALVES e BARROSO, 2014), (VIGGIANO, MATTOS e BARBOZA, 2013), (DA SILVA,
LAMB E BARBOSA, 2016) ou na análise qualitativa dos itens das provas (HERNANDES e MARTINS, 2013),
(SILVA e MARTINS, 2014), ou ainda discutindo o exame (SILVEIRA, BARBOSA e SILVA, 2015),
(ANDRIOLA, 2011).Contudo, não se pode discutir a validade de uma prova no século XXI, sem considerar
as observações realizadas em meados do século passado por Messick (1990), onde a validade de uma
prova também estava associada às consequências do resultado do exame para as escolas,alunos e
professores (TOFOLLI et al. 2016). Mais recentemente Taras (2010) discutiu que exames de larga escala,
os quais a princípio representam uma avaliação somativa, podem vir a se transformar em uma avaliação
formativa, se associados à um retorno das informações para as escolas, os professores e os alunos.Apesar
de hoje o ENEM ser um dos maiores exames de larga escala do mundo, a história brasileira relativa a
exames desta natureza é recente, existindo poucos estudos sobre o impacto que variáveis extra-classe e,
para além das trajetórias escolares, tem sobre o desempenho dos estudantes nas provas de acesso às
universidades públicas, principalmente nos cursos de alto status social, como Medicina, Engenharias e
Direito. Considerando as relações entre o ENEM e o acesso ao ensino superior hoje presentes, torna-se
ainda mais importante compreender as relações entre desempenho e classe social, visando uma melhor
compreensão do ENEM e de seu uso como política pública de acesso ao ensino superior.Em 2009, a prova
do ENEM foi modificada, buscando uma maior validade e confiabilidade para seus resultados, tendo em
vista que o ENEM passaria a substituir os antigos vestibulares em muitas universidades públicas,
principalmente após sua associação ao sistema de seleção unificada para as vagas das universidades
públicas federais, conhecido como SISU. Com sua nova função de processo seletivo para o ensino superior,
o ENEM torna-se um dos maiores exames de larga escala do mundo.Tem-se que o uso dos resultados dos
testes e consequências sociais dos exames podem ser obtidos, pelo menos em primeira aproximação, por
meio de tratamentos estatísticos envolvendo as alternativas de respostas escolhidas pelos alunos, bem
como o status socioeconômico dos respondentes.Status Socioeconômico, ENEM e ABEPCom a ampliação
do acesso à educação básica, temos um maior número de alunos das classes desfavorecidas
economicamente que completam a educação básica na rede pública de ensino, sendo que
aproximadamente metade desses prestam o ENEM.Reconhecer os erros mais comuns nos itens de Física
para alunos de distintas classes sociais pode vir a auxiliar os professores a
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estruturarem suas aulas em função do alunado que recebem, investindo nos tópicos com maiores
problemas de aprendizagem para a classe social dos seus alunos. As informações
socioeconômicas combinadas com o desempenho dos candidatos se tornam, então, ferramentas que
auxiliam os professores a promoverem aulas de Física mais inclusivas; ou mesmo ajudam na definição de
parâmetros curriculares e matrizes de referência, em um contexto mais geral do ensino de Ciências.Um
indicador socioeconômico muito conhecido é o critério de classificação econômica Brasil, que foi
desenvolvido e é mantido e atualizado pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP). Esse
índice avalia o poder de consumo das diferentes classes econômicas a partir de alguns indicadores tais
como o grau de instrução do/a chefe da família, o número de televisões, rádios, geladeiras, banheiros e
automóveis no domicílio, entre outros. Esses itens recebem uma pontuação variada, sendo associados a um
índice final.O questionário socioeconômico do ENEM apresenta indicadores similares aos utilizados no
critério Brasil para o ano de 2012, o que permite gerar um índice de status socioeconômico.
Metodologia Proposta: A partir das provas do ENEM disponibilizadas pelo INEP (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e também dos microdados referentes às provas , é
possível classificar os candidatos em função do seu status socioeconômico de acordo com a categorização
proposta pela ABEP e também verificar qual alternativa cada aluno assinalou como resposta aos itens de
sua prova. As provas do ENEM contem 45 itens de Ciências da Natureza, e, em média, 15 destes referentes
aos conteúdos curriculares da disciplina de Física.A partir da identificação dos itens torna-se possível sua
categorização quanto às competências necessárias para suas resoluções de acordo com a Matriz de
Referência ENEM (BRASIL, 2012), os caminhos possíveis para alcançar a resposta, bem como os desvios
que possam levar o candidato a alguma das alternativas errôneas (distratores). Analisando o desempenho
do conjunto de candidatos concluintes do Ensino Médio no ano em que prestaram o exame, torna-se
possível fazer aferições entre o desempenho do candidato e seu status socioeconômico, confrontando as
duas informações, estando elas suportadas pelas análises qualitativas dos itens.Em paralelo a isso,
entrevistas estruturadas (FODDY, 1996), com professores de Física do Ensino Médio que tratem sobre a
relação deles com devolutivas pedagógicas serão realizadas, a fim de preparar devolutivas referentes aos
itens das provas estudadas de maneira mais adequada para uso e análise dos professores, relacionando o
que se espera ter numa ferramenta desse tipo e as análises qualitativas dos itens. Estas entrevistas
ocorrerão após a aprovação do TCLE pelo Comitê de Ética, onde o pesquisador entrará em contato com
professores de Física do Ensino Médio, de escolas públicas ou particulares, convidando-os a participar da
pesquisa. As entrevistas ocorrerão em dias
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e locais de preferência dos professores voluntários que aceitarem participar da pesquisa, de modo que não
haja prejuízo para eles em sua profissão ou atividades particulares. As entrevistas serão realizadas de
maneira estruturada, com perguntas determinadas, e de respostas abertas. Como as perguntas tratarão
sobre aspectos educacionais do ENEM e de exemplos de devolutivas pedagógicas, o pesquisador
apresentará, no ato das entrevistas, exemplos de destas ferramentas de variadas fontes para apreciação e
familiarização por parte dos entrevistados. O pesquisador utilizará um gravador de voz para que sejam
coletadas as respostas dadas e depois transcritas para análise, deste modo, os riscos são mínimos, tanto
para os entrevistados quanto para o pesquisador. Ao final da análise e do término do projeto, o pesquisador
disponibilizará os resultados e suas análises para todos os participantes através de um documento
eletrônico disponibilizado na internet.
Objetivo da Pesquisa:
Verificar qual a influência dos fatores socioeconômicos no desempenho dos concluintes da educação básica
que realizam as provas do ENEM, nos itens de Física.
Avaliação dos Riscos e Benefícios:
Quanto aos riscos, os pesquisadores afirmam que toda pesquisa apresenta riscos, sendo considerado como
desconforto previsto o tempo despendido para a entrevista que os professores irão conceder, já que a
previsão é que dure de trinta a quarenta minutos. Em relação ao grupo de candidatos ao ENEM, considera-
se que os riscos são mínimos, já que o pesquisador irá trabalhar apenas com os microdados da plataforma.
Quanto aos benefícios, os pesquisadores afirmam que os professores podem se beneficiar das informações
obtidas através desta pesquisa, de modo a refletirem e modificarem sua práxis através de uma ferramenta
construída a partir de opiniões que eles mesmos expressaram. Não há previsão de benefícios para o grupo
de alunos analisado enquanto microdados.
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eletrônicas pelo INEP na internet. Também serão feitas entrevistas estruturadas com 20 professores de
física do ensino médio a fim de se elaborar devolutivas pedagógicas adequadas em relação aos itens da
prova. A pesquisa tem orçamento estimado em R$ 1.200,00, com financiamento próprio.
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- O CEP deve ser informado de todos os efeitos adversos ou fatos relevantes que alterem o curso normal do
estudo. É papel do pesquisador assegurar medidas imediatas adequadas frente a evento adverso grave
ocorrido (mesmo que tenha sido em outro centro) e enviar notificação ao CEP e à Agência Nacional de
Vigilância Sanitária – ANVISA – junto com seu posicionamento.
- Eventuais modificações ou emendas ao protocolo devem ser apresentadas ao CEP de forma clara e
sucinta, identificando a parte do protocolo a ser modificada e suas justificativas e aguardando a aprovação
do CEP para continuidade da pesquisa. Em caso de projetos do Grupo I ou II apresentados anteriormente à
ANVISA, o pesquisador ou patrocinador deve enviá-las também à mesma, junto com o parecer aprovatório
do CEP, para serem juntadas ao protocolo inicial.
- Relatórios parciais e final devem ser apresentados ao CEP, inicialmente seis meses após a data deste
parecer de aprovação e ao término do estudo.
-Lembramos que segundo a Resolução 466/2012 , item XI.2 letra e, “cabe ao pesquisador apresentar dados
solicitados pelo CEP ou pela CONEP a qualquer momento”.
-O pesquisador deve manter os dados da pesquisa em arquivo, físico ou digital, sob sua guarda e
responsabilidade, por um período de 5 anos após o término da pesquisa.
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Situação do Parecer:
Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP:
Não
Assinado por:
Renata Maria dos Santos Celeghini
(Coordenador)
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